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ENGENHARIA CIVIL
Junho, 2017.
APLICAÇÃO DA TECNOLOGIA BIM NA COMPATIBILIZAÇÃO DE
PROJETOS
Banca Examinadora:
___________________________________
Profa. Dr.a Daiane De Sena Brisotto
Coordenador do Projeto Final de Curso I
RESUMO
iii
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 1
1.1. Objetivos ........................................................................................................................ 2
1.1.1. Objetivo geral ....................................................................................................... 2
1.1.2. Objetivos específicos ............................................................................................ 2
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................... 4
2.1. Projeto ............................................................................................................................ 4
2.1.1. Disciplinas de projeto .......................................................................................... 6
2.1.2. Equipes de projeto ............................................................................................. 13
2.2. Compatibilização de projetos ..................................................................................... 16
2.3. Tecnologia BIM ........................................................................................................... 18
2.3.1. Interoperabilidade ............................................................................................. 21
2.3.2. Modelagem paramétrica .................................................................................... 22
2.3.3. Ferramentas BIM .............................................................................................. 23
3. METODOLOGIA........................................................................................................ 25
3.1. Descrição do empreendimento ................................................................................... 26
3.2. Ferramentas ................................................................................................................. 28
3.3. Modelagem dos projetos ............................................................................................. 28
3.3.1. Projeto arquitetônico ......................................................................................... 28
3.3.2. Projeto estrutural ............................................................................................... 35
3.3.3. Projeto de instalações hidrossanitárias ............................................................ 39
3.3.4. Projeto de instalações elétricas ......................................................................... 42
3.4. Compatibilização dos projetos ................................................................................... 45
3.5. Correção das incompatibilidades ............................................................................... 47
3.6. Levantamento de custos .............................................................................................. 47
4. RESULTADOS PRELIMINARES ............................................................................ 48
4.1. Estrutura x Arquitetura ............................................................................................. 48
4.2. Estrutura x Hidrossanitário ....................................................................................... 51
iv
4.3. Estrutura x Elétrico .................................................................................................... 53
5. CONCLUSÕES............................................................................................................ 56
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 57
ANEXO A – PROJETOS ORIGINAIS EM CAD ............................................................... 62
v
ÍNDICE DE FIGURAS
vi
Figura 3.12 – Detalhe estrutural: (a) modelagem 2D (b) modelagem 3D no Tekla Structures.
.................................................................................................................................................. 38
Figura 3.13 – Projeto em CAD: (a) água fria (b) esgoto do pavimento tipo. ........................... 40
Figura 3.14 – Modelagem projeto hidrossanitário no Revit. .................................................... 41
Figura 3.15 – Detalhe da instalação hidrossanitária em banheiro no Revit. ............................. 42
Figura 3.16 – Projeto de instalações elétricas pavimento tipo, em CAD ................................. 43
Figura 3.17 - Modelagem projeto elétrico no Revit. ................................................................. 44
Figura 3.18 - Detalhe da instalação elétrica Revit. ................................................................... 44
Figura 3.19 – Modelo final compatibilizado no Tekla BIMSight. ............................................ 45
Figura 3.20 – Detalhe do modelo compatibilizado................................................................... 46
Figura 3.21 – Ferramenta Conflict Checking............................................................................ 46
Figura 4.1 – Incompatibilidade de níveis entre estrutura e arquitetura. ................................... 49
Figura 4.2 – Incompatibilidade nas sacadas entre estrutura e arquitetura. ............................... 50
Figura 4.3 – Incompatibilidade no shaft entre estrutura e arquitetura. ..................................... 50
Figura 4.4 – Incompatibilidade de níveis entre estrutura e hidrossanitário. ............................. 51
Figura 4.5 – Incompatibilidades na passagem da tubulação hidrossanitária: (a) em viga e laje
(b) em vigas. ............................................................................................................................. 52
Figura 4.6 - Incompatibilidades na passagem das tubulações hidrossanitárias nos shafts. ...... 53
Figura 4.7 - Incompatibilidade de níveis entre estrutura e elétrica. ......................................... 54
Figura 4.8 - Incompatibilidades na passagem das tubulações elétricas nos shafts. .................. 55
vii
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 2.1 – Softwares com interface BIM. (Fonte: Costa, 2013) ........................................... 23
Tabela 3.1 – Modelos a serem compatibilizados para verificação de interferências. .............. 46
Tabela 4.1 – Comparação dos níveis do projeto original em CAD. ......................................... 49
viii
ABREVIATURAS E SIGLAS
ix
SÍMBOLOS
x
1. INTRODUÇÃO
1
serão utilizados softwares que possuam a tecnologia BIM e que já são de conhecimento do
aluno.
A estruturação do trabalho se dá em cinco capítulos. Neste primeiro capítulo
apresenta-se a introdução da temática a ser desenvolvida e os objetivos a serem alcançados. A
revisão bibliográfica é abordada no segundo capítulo, onde são abordados conceitos,
definições e demais estudos realizados sobre o tema. O terceiro capítulo expõe a metodologia
empregada para execução do estudo, iniciando pela modelagem de cada disciplina de projeto,
a compatibilização, a correção das incompatibilidades e levantamento de custos. Os resultados
preliminares obtidos são apresentados e discutidos no quarto capítulo e, em sequência, no
quinto capítulo são realizadas as conclusões finais e descritas as atividades a serem
executadas na fase II do estudo.
1.1. Objetivos
2
e) Difundir entre o meio acadêmico a importância da compatibilização de projetos
para identificação das interferências entre as disciplinas de projeto.
3
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Projeto
4
processo de projeto é compreendido como um dispêndio de recursos antes do início da
execução da obra, sendo considerado como uma despesa a qual deve ser minimizada.
Figura 2.1 – Potencial de influência no custo final de um empreendimento de edifício e suas fases.
(Fonte: CII, 1987 apud MELHADO, 2005)
Entretanto, de acordo com Silva & Souza (2003), sabe-se que o projeto possui
elevado impacto sobre os custos diretos referentes à aquisição dos insumos e ao prazo de
execução da obra, e ainda, influência nos custo ao longo da vida útil da edificação, sendo
estes definidos durante a concepção do mesmo, conforme apresenta a Figura 2.2. O
desenvolvimento do projeto é uma fase do processo com elevada influência na determinação
dos custos e as despesas ainda são baixas ao comparar-se ao custo global acumulado. Ao
avançar o processo de produção, os projetos passam a ter baixa a possibilidade de influir
sobre os custos, já as despesas de construção, elevam-se rapidamente.
5
Figura 2.2 – Nível de influência das fases do processo de produção sobre os custos. (Fonte: BARRIE
& PAULSON, 1978 apud SILVA & SOUZA, 2003)
6
A Figura 2.3 apresenta um exemplo de projeto arquitetônico, sendo representada a planta
baixa do pavimento térreo de uma edificação.
7
capacidade resistente, ao desempenho em serviço e à durabilidade da estrutura, levando em
consideração as condições arquitetônicas, funcionais, construtivas e de integração com os
demais projetos (elétrico, hidráulico, ar-condicionado e outros) explicitadas pelos
responsáveis técnicos de cada especialidade. A Figura 2.4 apresenta um exemplo de projeto
estrutural.
8
2.1.1.3 Projeto de Instalações Hidrossanitárias
O projeto de instalações hidrossanitárias engloba o projeto hidráulico de
instalação predial de água fria e/ou quente e de esgoto sanitário.
A NBR 5626 (ANBT, 1998) define que a instalação predial de água fria é o
sistema composto por tubos, reservatórios, equipamentos e outros componentes destinados a
conduzir água fria da fonte de abastecimento aos pontos de utilização. Logo, o projeto deve
respeitar os princípios de bom desempenho da instalação, preservar a potabilidade da água,
garantir o fornecimento de água de forma contínua, evitar níveis de ruídos inadequados, além
de proporcionar conforto aos usuários. O projeto de instalação predial de água quente é
normatizado pela NBR 7198 (ABNT, 1993), a qual determina que este deve seguir as
exigências técnicas quanto à higiene, segurança, economia e conforto dos usuários,
respeitando que a temperatura máxima de água quente para uso humano é de 70°C. A Figura
2.5 apresenta um exemplo do projeto de instalação de água fria.
9
Figura 2.5 - Exemplo de projeto de instalação predial de água fria. (Fonte: Autor)
10
Figura 2.6 - Exemplo de projeto de sistema de esgoto sanitário. (Fonte: Autor)
11
conservação dos bens, observando as normas para fornecimento de energia estabelecidas
pelas autoridades reguladoras e pelas empresas distribuidoras de eletricidade. A Figura 2.7
apresenta um exemplo de projeto de instalações elétricas.
12
2.1.2. Equipes de projeto
Melhado (2005) ressalta que o setor de projetos vêm sofrendo mudanças ao passar
dos anos, agregando novas disciplinas de projeto, devido à inserção de tecnologias, métodos e
sistemas construtivos, o que tornou o processo multidisciplinar. Tal característica, trouxe
complexidade à gestão de projetos e reformulação ao tradicional arranjo aplicado às equipes
de projetos, conforme mostra a Figura 2.8.
13
Figura 2.9 - Arranjo de equipe multidisciplinar de projeto. (Fonte: Melhado, 2005)
14
Figura 2.10 – Arranjo de equipe multidisciplinar com BIM. (Fonte: López & Rojas, 2013)
López & Rojas (2013) explicam que através do BIM a equipe trabalha
conjuntamente em um único modelo composto pelas diversas disciplinas, onde todas
informações são coordenadas e atualizadas a cada modificação realizada, permitindo assim,
unificar e interligar o modelo arquitetônico com os demais projetos (instalações, estruturas,
topografia, medições e orçamentos, planejamentos, analises de eficiência energética, entre
outros).
Campestrini (2015) complementa que:
“Com BIM é possível contratar uma única equipe de projetos e ainda ter
inúmeros projetos diferentes até a definição das melhores soluções para o
projeto a ser executado no canteiro de obras. Esta é a possibilidade oferecida
pelo BIM. Utilizando um modelo computacional, a equipe colaborativa do
projeto pode propor inúmeras soluções para as diversas necessidades do
empreendimento, e, mantendo no projeto apenas as melhores soluções
encontradas, tem-se um projeto melhor.”
15
membro da equipe possua todas as informações necessárias para desenvolver seu trabalho
(CAMPESTRINI, 2015).
É necessário ainda diferenciar a coordenação de um projeto e a sua
compatibilização. Melhado (2005) distingue esses termos explicando que a coordenação
envolve a integração entre os diversos profissionais, promovendo discussões até a
viabilização da solução do projeto, podendo conter incoerências entre as informações
produzidas pelos diferentes membros da equipe de projeto. Já a compatibilização, enfatiza a
busca por interferências através da sobreposição dos projetos, e os erros são encontrados para
que a coordenação possa solucioná-los.
16
integração e comunicação entre as equipes envolvidas, facilitando a identificação de possíveis
falhas ocasionadas pelo distanciamento da equipe.
Silva (2004) indica que avaliar, compatibilizar e integrar os projetos de um
empreendimento são os aspectos que devem ser abordados no processo de compatibilização
durante as fases de estudo preliminar, anteprojeto e projeto executivo, conforme apresenta a
Figura 2.11.
17
inércia às alterações no processo, gerando assim, fatores negativos como má qualidade da
edificação, maior índice de retrabalhos, acréscimo no custo da obra.
18
- B (building = edifício): remete à todo o ciclo de vida da edificação, ou seja,
desde o estudo de zoneamento, concepção, projeto, processo construtivo, operação,
reabilitação e, até mesmo, demolição;
- I (information = informação): refere-se à toda informação gerada a partir de um
banco de dados único, contendo projetos, plantas, cortes, detalhamentos, memórias de cálculo,
quantitativos, contratos, orçamentos, cronogramas, memoriais;
- M (modeling = modelagem): compreende um modelo virtual de construção
composto por todas as disciplinas de uma edificação (arquitetura, estrutura, topografia,
fundação, instalações, paisagismo, urbanismo).
Assim sendo, um modelo gerado na plataforma BIM concentra todas as
informações de todas as disciplinas de um projeto, de modo a otimizar a manipulação dos
dados e o processo de projeto. Além do desenvolvimento do projeto, integra também toda a
cadeia produtiva da construção, de modo a promover uma relação de interdependência entre
os participantes do setor de maneira direta, iniciando no projeto, planejamento,
subcontratados de obra, obra, pós-ocupação e manutenção (ADDOR, 2010), conforme
demonstra a Figura 2.12.
Figura 2.12 – Esquema da utilização da plataforma BIM na cadeira produtiva da construção civil.
(Fonte: Manzione, 2014)
19
Ao modelar o ciclo de vida de uma edificação por meio da tecnologia BIM, o
processo de projeto e construção torna-se mais integrado e proporciona grandes desafios e
oportunidades para os profissionais na área de projetos. Como resultado, obtém-se
construções de melhor qualidade com custo e prazo de execução reduzidos, sendo esta
qualidade do projeto duradoura, trazendo benefícios para toda a vida útil do edifício
(EASTMAN et al., 2014).
Salienta-se que o modelo desenvolvido pela plataforma BIM é uma construção
virtual, através da qual pode-se quantificar, planejar, coordenar, recuperar informações em
qualquer período da vida do empreendimento, verificar interferências, testar alternativas de
projeto e ensaiar o comportamento do modelo sob ação dos diversos agentes (ADDOR,
2010). Segundo Eastman et al.(2014), esta tecnologia é sintetizada como “uma simulação
inteligente da arquitetura” pela M.A. Mortenson Company, uma construtora que tem usado
extensamente ferramentas BIM em seus empreendimentos, que afirma também que essa
simulação deve apresentar seis características principais:
- Digital: ser paramétrica;
- Espacial: simular o processo em três ou mais dimensões;
- Mensurável: ser quantificável, dimensionável e consultável;
- Abrangente: conter o máximo de informações da edificação, incorporando e
comunicando a intenção de projeto, o desempenho da construção, o comportamento dos
sistemas, e incluir aspectos sequenciais e financeiros de meios e métodos;
- Acessível: ser de fácil acesso à toda a cadeia produtiva, equipes do
empreendimento e ao proprietário, por meio de uma interface interoperável de softwares;
- Durável: ser utilizada em todo o ciclo de vida do empreendimento.
Neste propósito de ter todas as informações para a gestão de um projeto, obra e
toda a vida útil de uma edificação, em uma mesma plataforma, surgem as chamadas
dimensões do BIM (MATTOS, 2014). Segundo Campestrini (2015), essas dimensões
referem-se a como a ferramenta está programada e que tipo de informação poderá ser retirada,
por consequência.
BIM 3D: é a consolidação dos projetos da obra em um ambiente virtual em três
dimensões. Contém todos os elementos necessários para sua caracterização e posicionamento
espacial, permitindo a sua visualização e compatibilização a fim de identificar possíveis
inconsistências entre os diversos projetos, como uma esquadria posicionada de forma errada,
20
uma instalação passando por um elemento estrutural, etc. É possível extrair informações sobre
especificações de materiais e acabamentos, quantitativo de materiais, soluções para
revestimento, entre outros. (ADDOR, 2010; MATTOS, 2014; CAMPESTRINI, 2015).
BIM 4D: os elementos gráficos são complementados com o cronograma da obra,
por meio de informações de prazos, número e produtividade das equipes, sequência
construtiva. Permite ao gestor acompanhar o avanço físico da execução e, no ponte de vista
mercadológico, propicia a gravação de vídeos da evolução da obra para os clientes
(MATTOS, 2014; CAMPESTRINI, 2015).
BIM 5D: acrescenta-se ao modelo a dimensão do custo, ou seja, custos dos
serviços, materiais, mão de obra, equipamentos, despesas diretas e indiretas. Possibilita retirar
informações como o custo de cada atividade e curvas ABC, e ainda, no caso de alterações de
projeto, o orçamento é atualizado (MATTOS, 2014; CAMPESTRINI, 2015).
BIM 6D: este modelo permite programar as informações sobre o uso da edificação
e o gerenciamento do seu ciclo de vida. Pode-se controlar a garantia dos equipamentos, planos
de manutenção, dados de fabricantes e fornecedores, consumos de água e energia, e até
mesmo fotos (MATTOS, 2014; CAMPESTRINI, 2015).
Em suma, quanto mais dimensões tiver o modelo, maiores serão os tipos de
informações possíveis de serem modeladas a partir deles, tornando as tomadas de decisão
mais complexas e acertadas (CAMPESTRINI, 2015). De acordo com Eastman et al. (2014)
desta maneira, a tecnologia BIM dá suporte e incrementa muitas práticas do setor da
construção, gerando inúmeros benefícios e ganhos significativos.
2.3.1. Interoperabilidade
O modelo BIM é composto por diversos modelos específicos como arquitetura,
estruturas, instalações, planejamento, custos, os quais são desenvolvidos em softwares
específicos e, após, integrados em uma única plataforma (CAMPESTRINI, 2015). Para este
fim, tornou-se necessária a criação de padrões que tornassem possível a troca de dados entre
os diferentes aplicativos, mantendo a consistência das informações (CHECCUCCI et al.,
2011). Sendo assim, a interoperabilidade trabalha com a criação de normas para que esse
processo de importação/exportação ocorra sem ocasionar a perda de dados (COSTA, 2013).
Eastman et al. (2014) explicam que a interoperabilidade representa a necessidade
de passar dados entre aplicações, de forma a permitir que diversos profissionais participem do
21
trabalho em questão, desta forma não é necessário replicar a entrada de dados, facilitando o
fluxo de trabalho. Com a finalidade de possibilitar a interoperabilidade, Campestrini (2015)
explica que instituiu-se uma linguagem padrão internacional, chamada Industry Foundation
Classes (IFC).
O IFC é o padrão neutro estabelecido para troca de dados, gerado pela
BuildingSMART International, que tem por objetivo permitir a representação de toda a
edificação em um modelo numérico, por meio de estruturas de dados chamadas classes,
através da decomposição dos objetos em componentes básicos: geometria, relações e
propriedades (CHECCUCCI et al., 2011). Portanto, independentemente do software utilizado
pelos profissionais envolvidos, a partir do IFC do modelo é possível gerar um modelo
integrado (CAMPESTRINI, 2015).
López & Rojas (2013) acrescentam que a interoperabilidade proporciona uma
grande economia de horas de trabalho e comunicação ágil e em tempo real entre os
profissionais envolvidos de maneira colaborativa em um projeto. O simples fato de poder
importar toda a geometria de um edifício, com suas instalações e estrutura, faz com que os
projetos adquiram outro nível de eficiência e qualidade para seu desenvolvimento.
22
EASTMAN et al. (2014) acrescenta que não são permitidas inconsistências nos
objetos BIM paramétricos. Portanto, uma planta e uma elevação de dado objeto devem
sempre ser consistentes. Outra facilidade da parametrização é que as regras paramétricas são
associadas, e dessa forma a geometria dos objetos modifica-se quando inserido em um
modelo de construção ou quando modificações são feitas em objetos associados.
23
vista, por exemplo, simultaneamente ocorrerá esta mudança nas outras vistas (SAUGO,
2013).
O Tekla Structures é um software capaz de modelar estruturas de aço, concreto
pré-moldado e armado, madeira e para engenharia estrutural. Esta versatilidade em modelar
estruturas que incorporam todos os tipos de materiais estruturais e detalhamento é um de seus
pontos fortes, juntamente à sua habilidade em dar suporte em operações simultâneas no
mesmo projeto com múltiplos usuários ao mesmo tempo (EASTMAN et al., 2014).
EASTMAN et al. (2014) acrescentam que existem muitas outras ferramentas de
projeto, análise, verificação, exibição e relatórios que podem exercer papel importante nos
procedimentos BIM.
24
3. METODOLOGIA
25
as correções das incompatibilidades, averiguado o custo estimado de material e mão de obra
para a execução das correções das interferências encontradas.
A seguir apresenta-se a descrição do empreendimento, as ferramentas utilizadas
e a metodologia adotada para a modelagem de cada disciplina, compatibilização e
levantamento de custos. Ressalta-se que não será avaliado o dimensionamento de cada
disciplina de projeto, mas sim as interferências que poderão ocorrer entre as mesmas.
26
(a)
(b)
Figura 3.2 – Fachadas: (a) lateral (b) principal.
27
3.2. Ferramentas
28
(a)
29
(b)
30
(c)
Figura 3.3 – Plantas baixa em CAD: (a) subsolo (b) térreo (c) tipo.
31
serão revestidas com revestimento cerâmico. As esquadrias compreendem portas e janelas
compostas de madeira ou alumínio com vidro. Os pisos empregados serão cerâmico e
laminado, enquanto que no subsolo, bloco de concreto intertravado permeável. O forro será de
gesso e o telhado possuirá estrutura de madeira e telha de fibrocimento.
O primeiro passo para a modelagem da arquitetura no Revit foi a criação dos
níveis de projeto para a posterior importação das plantas bidimensionais. Os níveis de projeto
representam a altura vertical dos andares da edificação, sendo que foram criados um nível
para cada pavimento. Em seguida, iniciou-se a modelagem dos elementos construtivos
(paredes, esquadrias, pisos, revestimentos, telhado e outros) no software.
A modelagem das paredes foi realizada a partir de um modelo já existente no
programa, sendo alteradas as características de materiais e espessuras, criando as camadas que
compõe cada parede. A estrutura de cada parede foi definida como sendo composta por cinco
camadas, conforme apresenta a Figura 3.4 e Figura 3.5.
32
Figura 3.5 – Composição da parede de alvenaria com acabamento final de revestimento cerâmico.
33
Em sequência, foram inseridas as esquadrias, sendo as portas e janelas
configuradas quanto ao seu material e dimensões. Por fim, foi inserido o telhado, adotando-se
telha de fibrocimento e definindo suas inclinações, bem como, os pisos.
A Figura 3.7 apresenta a modelagem final do projeto arquitetônico, composta por
paredes, esquadrias, pisos, revestimentos e elementos de fachada. A Figura 3.8 mostra um
detalhe da modelagem bi e tridimensional, no software Revit.
34
(a) (b)
Figura 3.8 – Detalhe arquitetônico: (a) modelagem 2D (b) modelagem 3D no Revit..
35
Figura 3.9 – Planta de forma do pavimento tipo, em CAD.
36
de forma, sem efetuar alterações. A volumetria dos elementos foi lançada, iniciando-se pelas
sapatas, seguido pelos pilares, vigas e lajes de todos os pavimentos. Para cada elemento
estrutural, informou-se dados referentes às suas dimensões, seção e comprimento. A Figura
3.10 apresenta a modelagem de uma viga no software Tekla Structures, com a tecnologia BIM
37
Figura 3.11 – Modelagem da estrutura no Tekla Structures.
Figura 3.12 – Detalhe estrutural: (a) modelagem 2D (b) modelagem 3D no Tekla Structures.
38
3.3.3. Projeto de instalações hidrossanitárias
O projeto de instalações hidrossanitárias é composto pelos projetos de água fria e
esgoto. Cada um destes inclui componentes específicos como tubulações, conexões,
reservatórios, hidrômetros, registros, ralos, caixas de passagem, bombas, entre outros. A
Figura 3.13 apresenta os projetos de instalações do pavimento tipo em CAD
39
(a)
(b)
Figura 3.13 – Projeto em CAD: (a) água fria (b) esgoto do pavimento tipo.
40
Para a modelagem do projeto hidrossanitário, empregou-se o software Revit,
seguindo as dimensões do projeto original. Destaca-se que no projeto não havia indicações
referentes às inclinações das tubulações e, portanto, foi necessário consultar a NBR 8160
(ABNT, 1999) a fim de adequar as inclinações.
Primeiramente, configurou-se os diâmetros para os sistemas de tubulação e tipos
de conexão entre as tubulações. A partir destas configurações, pode-se iniciar a instalação dos
equipamentos hidrossanitários das cozinhas, lavanderias e banheiros. Posteriormente,
instalou-se os reservatórios e as entradas de água de descida das prumadas. Tendo todos os
equipamentos instalados e os diâmetros de entrada e saída de cada um destes, pode-se inserir
as tubulações. Seguindo procedimento semelhante, as tubulações de água fria foram
modeladas, onde para cada uma das instalações, adotou-se uma cor para o sistema (marrom
para esgoto e azul para água fria).
A Figura 3.14Figura 3.7 apresenta a modelagem final do projeto hidrossanitário,
composto pelo projeto de água fria e esgoto, no software Revit. A Figura 3.15 mostra um
detalhe da modelagem bi e tridimensional, também software Revit.
41
Figura 3.15 – Detalhe da instalação hidrossanitária em banheiro no Revit.
42
Figura 3.16 – Projeto de instalações elétricas pavimento tipo, em CAD
43
A Figura 3.17Figura 3.7 apresenta a modelagem final do projeto elétrico no
software Revit. A Figura 3.18 mostra um detalhe da modelagem bi e tridimensional, também
software Revit.
44
3.4. Compatibilização dos projetos
45
Figura 3.20 – Detalhe do modelo compatibilizado.
46
Por último, após serem identificadas as interferências, o software gerou um
relatório com a quantidade de conflitos, sendo possível selecionar e visualizar cada um dos
elementos incompatíveis.
47
4. RESULTADOS PRELIMINARES
48
Figura 4.1 – Incompatibilidade de níveis entre estrutura e arquitetura.
49
Figura 4.2 – Incompatibilidade nas sacadas entre estrutura e arquitetura.
Verificou-se também que, no projeto estrutural não foram previstos os locais onde
o projeto arquitetônico locou os shafts, observado na Figura 4.3. Esta incompatibilidade irá
gerar problemas para a passagem das tubulações das instalações hidrossanitárias e elétricas.
50
4.2. Estrutura x Hidrossanitário
51
(a)
(b)
Figura 4.5 – Incompatibilidades na passagem da tubulação hidrossanitária: (a) em viga e laje (b) em
vigas.
E ainda, devido ao erro no projeto estrutural que não previu a abertura dos shafts,
gerou-se incompatibilidades com a passagem das tubulações, necessitando-se executar
diversos furos na laje para poder passar a tubulação, conforme observado na Figura 4.6.
52
Figura 4.6 - Incompatibilidades na passagem das tubulações hidrossanitárias nos shafts.
53
(a)
(b)
Figura 4.7 - Incompatibilidade de níveis entre estrutura e elétrica.
54
Figura 4.8 - Incompatibilidades na passagem das tubulações elétricas nos shafts.
55
5. CONCLUSÕES
56
REFERÊNCIAS
ADDOR, M. R. A. Colocando o “I” no BIM. Arq.Urb. São Paulo, SP, n. 04, p. 104-115,
2010.
______. NBR 5626: Instalação predial de água fria. Rio de Janeiro, 1998.
______. NBR 8160: Sistemas prediais de esgoto sanitário – Projeto e execução. Rio de
Janeiro, 1999.
______. NBR 5410: Instalações elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro, 2004.
______. NBR 14039: Instalações elétricas de média tensão de 1,0kV a 36,2kV. Rio de
Janeiro, 2005.
______. NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto - Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.
______. Guia AsBEA boas práticas em BIM. Fascículo II. São Paulo, 2015.
57
CAMPESTRINI, T. F. Entendendo BIM: uma visão do projeto de construção sob o foco da
informação. 1ed. Curitiba, 2015.
EASTMAN, C.; TEICHOLZ, P.; SACKS, R.; LISTON, K. Manual de BIM. Porto Alegre:
Bookman, 2014.
58
MANZIONE, L. Interoperabilidade: quebrando paradigmas. In: SEMINÁRIO ESTADUAL
BIM, 1, 2014, Florianópolis, SC.
MATTOS, A. D. BIM 3D, 4D, 5D e 6D. São Paulo: PINI, 2014. Disponível em:
<http://blogs.pini.com.br/posts/Engenharia-custos/bim-3d-4d-5d-e-6d-335300-1.aspx>
Acesso em: 10 mai. 2017.
59
TAVARES, W. Jr. Desenvolvimento de um modelo para compatibilização das interfaces
entre especialidades do projeto de edificações em empresas construtoras de pequeno
porte. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, 2001.
60
ANEXOS
61
ANEXO A – PROJETOS ORIGINAIS EM CAD
62