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Acho que é o riso.

Deve ser o riso,


no riso esta contido
o mistério que se confina ao riso
e se mantém estático,
e se mantém eléctrico
e nada diz para alem do riso.
E contudo o riso fala,
como falam os franceses,
em cascata,
e riem com vontade, e dizem-me
isto:
o riso encerra a alma,
e portanto engana,
porque a alma é o que eu imagino
que ela seja:
alegre, ufana, cristalina e solta
e o que eu desejo que ela diga.

E o que eu desejo é que ela diga tudo


e que o seu riso me engane
e seja doce o meu engano
e seja ufano.
Porque eu acho que está certo
a vista alegre do meu poiso.
É que eu acho que convém
olhar as coisas desta forma
ouvir o riso,
agradecer,
ouvir o riso e estremecer.

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