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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS – UEMG

UNIDADE ITUIUTABA
Disciplina: Português Jurídico / 1° período/ Noturno
Docente: Dra Leila Maria Franco

1.LINGUAGEM COMO INTERAÇAO

Quando interagimos por meio da linguagem - quando nos propomos a jogar o jogo –
temos sempre objetivos, fins a serem atingidos; há relações que desejamos estabelecer;
efeitos que pretendemos causar; comportamentos que queremos ver desencadeados, isto
é, pretendemos atuar sobre o outro de determinada maneira; obter dele determinadas
reações. É por isso que se pode afirmar que o uso da linguagem é essencialmente
argumentativo. Ainda de acordo com Dik (1989), a interação social por meio da
linguagem é uma forma de atividade cooperativa estruturada. É atividade estruturada
porque é regida por normas, regras e convenções (Argumentos de Competência
Linguística). É atividade cooperativa por necessitar de dois (ou mais) participantes a fim
de atingir seus objetivos.

As expressões linguísticas são os instrumentos usados por esses participantes durante


a interação verbal e são, também, entidades estruturadas, regidas por regras e princípios
que determinam sua construção.

Na Tradição do Discurso clássico – Grécia: o domínio da expressão verbal (


Oratória).

A arte de dominar a palavra: a eloquência, a gramática e a retórica.


O manejo hábil das estratégias argumentativas com a finalidade de lograr a
persuasão dos auditórios (retores, tribunos, aqueles que iam às praças públicas, aos
foros inflamar multidões, alterar pontos de vista, mudar conceitos pré-formados).

→Ong (1998.p. 17): Retórica (tecne rhetorike - a arte do discurso: o ato de falar em
público ou ORATÓRIA

Os gestos do orador, o tom e as inflexões de sua voz são puramente oratórios. Figuras
de estilo como a metáfora (a capacidade de fazer presente imagens e emoções; dar
visibilidade emocional aos argumentos), a hipérbole, a antítese são oratórias também por
contribuírem para agradar ou comover, além disso, são argumentativas por tornarem um
argumento mais contundente.
Elementos da Oratória:

O marcador conversacional - elemento que auxilia no desenvolvimento interacional


da atividade em pauta - serve para designar não só elementos verbais, mas também
prosódico não-linguísticos que desempenham uma função interacional qualquer no oral.
Podem ser produzidos tanto pelo emissor (aquele que edita (legislador) ou aquele que o
diz (juízes) como pelo receptor (a quem se dirige o Direito).
Marcadores verbais - elementos como: claro, certo, quer dizer, eu creio, então, daí, aí,
etc.
Marcadores prosódicos - abrangem os contornos entonacionais (ascendente,
descendente, constante; as pausas (silenciosas ou preenchidas); o tom de voz, o ritmo, a
velocidade, os alongamentos de vogais.
Marcadores não-linguísticos ou paralinguísticos, como por exemplo, o riso, o olhar, a
gesticulação, exercem também função fundamental na interação face a face, na medida
em que estabelecem, mantêm e regulam o contato entre os participantes no contexto
jurídico.
Recursos prosódicos ou suprassegmentais - como as pausas e o tom de voz, são de
natureza linguística, mas não apresentam caráter verbal.
Damião e Henriques (2015) - o jurista deve levar em conta não só a composição ou o
conteúdo a ser desenvolvido, mas também os auxiliares da expressão oral: o timbre da
voz, a altura da emissão vocal, a postura, o jogo rítmico do corpo, dos braços, da
fisionomia, a entonação da frase, ou seja, traços paralinguísticos que caracterizam o ato
oratório. Alertam, ainda, que “a comunicação do corpo é operador funcional de suma
importância como mediadora de ‘leituras’ interpretativas” (p.222).

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