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VOZES em defesa da fé

CADERNO

Vale a Pena
ser Católico?

EDITORA VOZES ITDA.


ir
VALE A PENA SER
CATÓLICO?
Os que vivem de acordo tólica pede, qualquer ca­
com suas obrigações co­ tólico que conhece e com­
mo católicos sabem por ex­ preende o que a sua re­
periência que a Religião ligião e as práticas des­
Católica não é uma reli­ ta podem fazer por êle,
gião fácil. Os católicos também sabe que conti­
devem obedecer a algumas nua sendo católico porque
leis muito sérias e cum­ vale a pena ser católico.
prir pesados deveres, o Sem dúvida, os não-ca-
que não teriam de fa­ tólicos muitas vêzes se
zer se não fôssem ca­ •admiram disto, e pergun­
tólicos. tam : “ Que é que há na
Porém milhões de católicos con­ Religião Católica que compele à
tinuam obedecendo a essas leis aceitação de deveres religiosos
e cumprindo êsses deveres, mes­ de caráter tão exigente?" E mui­
mo sabendo que, pertencendo a tos dêles tomam-se curiosos a
alguma outra religião, menos respeito do Catolicismo e se per­
lhes seria exigido. guntam: “ Terá a Religião Cató­
E por que continuam obede­ lica algo a me oferecer?”
cendo? Porque os católicos es­ Para benefício de qualquer um
tão convencidos de que a Reli­ que procure uma resposta para
gião Católica é a única religião esta pergunta, o que se segue
verdadeira, a nós dada pelo pró­ tornará claras as razões pelas
prio Deus para nos habilitar a quais dizemos que vale a pena
cumprir as nossas obrigações, co­ ser católico.
mo criaturas, para com êle, nosso
Criador, e para nos ajudar a ser­ 1. Por que os católicos estão cer­
mos tão felizes como podemos sê- tos daquilo que creem.
lo aqui na terra, e a sermos feli­ Nós estamos persuadidos de
zes com êle para sempre no céu. que Jesus Cristo existiu e era
Mas não é esta a única razão Deus; de que fundou uma Igreja
por que os católicos continuam para todos os homens; de que
sendo católicos. Qualquer cató­ enviou o Espírito Santo, o Es­
lico que presta a Deus o servi­ pírito de Vex^dade, para guiar
ço razoável que a Religião Ca­ essa Igreja; de que, conseguin­
VOZES N. 56 - 1 1
temente, a sua Igreja é infalí­ por alto a grande dificuldade de
vel quando ensina o que deve­ libertar-se da culpa do pecado
mos crer e fazer a fim de ver­ que o homem é capaz de co­
dadeiramente servirmos a Deus. meter após o Batismo. Como ob­
Sabemos que, a despeito de todos ter perdão para êsse? Os Sa­
os poderes na terra e no infer­ cramentos católicos incluem o
no, a Igreja de Cristo não pode Sacramento da Penitência ou
nem nos enganar nem nos faltar. Confissão, o qual é razoável e
Todos os ensinamentos e prá­ cumpre a incumbência de Cristo
ticas essenciais da Religião Ca­ aos seus apóstolos e aos suces­
tólica estão contidos no peque­ sores dêstes: “ Àqueles a quem
no catecismo. São tão simples, perdoardes os pecados, ser-lhes-
que uma criança pode fàcilmen- ão perdoados” .
te ser ensinada a compreendê-los,
e, no entanto, respondem às mais 3. A Igreja Católica está do la­
do direito das coisas.
profundas indagações e às mais
altas dúvidas dos sábios, filó­ Além da direção puramente es­
sofos ou teólogos. As lições do piritual que recebe da sua Igre­
Catecismo católico traçam a úni­ ja, o católico sente-se seguro se­
ca verdadeira filosofia da vida. guindo a direção da Igreja em
Através dos séculos, ateus, ag­ matérias de conduta cotidiana.
nósticos e zombadores têm ata­ A Igreja Católica está invaria­
cado o catecismo, mas nem uma velmente do lado direito, mesmo
só vez conseguiram provar como em questões que não são total­
falsa uma só das suas doutrinas. mente religiosas, mas que têm
efeitos duradouros sôbre a pros­
2. O ensino católico concorda com peridade do homem, prosperida­
o bom-senso. de quer temporal quer espiritual.
Em tôda á linha da fé cató­ Por exemplo:
lica não há uma só contradição.
Governo:
Todos os ensinamentos combi­
nam-se juntos como as partes de A Declaração de Direitos e a
um modêlo ou de um bem deli­ Constituição dos Estados Uni­
neado plano que invoca em seu dos, p. ex., poderiam ter sido
apoio a razão do homem e o bom- escritas por um filósofo católi­
senso. Por exemplo, em regra co, tão de perto estão de acor­
geral outras seitas cristãs se­ do com o tradicional ensino ca­
guem a prática de alguma es­ tólico sôbre ciência política. A
pécie de batismo para a remo­ Igreja Católica, quer por procla­
ção do pecado original, mas ne­ mação quer por ação, tem sem­
gam que Cristo tenha estabele­ pre resistido firmemente à tira­
cido qualquer outro sacramento nia, seja esta na forma do di­
para remover os pecados come­ reito divino dos reis, seja na
tidos depois do Batismo, especial­ forma do Estado totalitário que
mente a Confissão. Isto passa procura converter os cidadãos

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livres em escravos privados dos Educação:
seus direitos humanos básicos. A Igreja Católica defende fir­
Justiça económica: memente o direito dos pais a
terem seus filhos educados em
Nos dias em que os trabalha­ escolas que ensinem religião e
dores tinham pouca proteção, fo­ moralidade.
ram homens da Igreja tais como
o Papa Leão XIII, o Cardeal 4. A Igreja Católica não transige.
Manning e o Cardeal Gibbons
que lutaram em favor dêles e Todos nós admiramos um ho­
ganharam para êles o reconhe­ mem de princípios. Porém mui­
cimento legal do seu direito de tos de nós não temos senão des-
organizar-se. Hoje, enquanto a prêzo por alguém que transija
Igreja Católica ainda favorece com as suas convicções por al­
as uniões operárias, lembra tan­ gum ganho indigno. Assim suce­
to ao capital como ao trabalho de também em matéria de reli­
as suas solenes obrigações de jus­ gião. A Igreja instituída por Cris­
tiça e de caridade um para com to não pode mudar nos seus en­
o outro e para com os seus sinamentos básicos e nos seus pos
concidadãos. tulados morais, para se conforme
com as mutáveis práticas /iuwi]
Justiça inter-racial:
nas e com as variantes opiniõ
Onde quer que a educação e dos homens. Fazê-lo destruiria
cultura católica têm plena li­ seu direito ao respeito e à con
berdade, os direitos e a digni­ fiança dos homens pensantes.
dade do homem como criatura
de Deus são amparados sem dis­ Em tôda a sua história, a Igre­
criminação de côr ou de naciona­ ja Católica nunca transigiu nas
lidade. O católico que, em razão suas doutrinas e princípios mo­
de preconceito racial, praticasse rais. Houve ocasiões em que ela
a discriminação em direitos bá­ poderia ter afastado a persegui­
sicos faltaria à sua religião. ção ou salvado para si nações in­
teiras, se houvesse cedido sobre
Paz mundial:
certos pontos de crença e de mo­
A Igreja Católica tem inces­ ral. Porém ela não poderia tran­
santemente trabalhado pelo afas­ sigir e ao mesmo tempo ficar fiel
tamento da guerra, e, quando à sua missão divina de “ ensinar
ocorrem guerras, tem trabalhado todas as nações tudo aquilo que
pelo alívio da miséria que elas eu vos mandei” .
causam. Desde a ruptura da uni­
dade cristã em consequência da Muito mais fácil para a Igreja
sua divisão em múltiplas seitas, Católica, e muito mais fácil para
os esforços dela para evitar a os membros da Igreja Católica
guerra e estabelecer uma paz seria, por exemplo, se ela pudes­
justa e duradoura tem sido se- se aprovar o divórcio e o impe­
voramente estorvados. dimento da natalidade, ou conten­

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tar-se com a educação secular das dicar Cristo como seu fundador.
escolas públicas. Mas, para fazê- A mais antiga seita cristã não-
lo, a Igreja teria que transigir católica data dc pouco menos de
com os preceitos da Bíblia, com 400 anos atrás, enquanto que ou­
o seu ensino tradicional, e com tras são de mais recente origem.
a lei moral natural e revelada. Assim sendo, entre Cristo e es­
Uma vez que a Igreja Católi­ sas seitas não-católicas há, his­
ca transigisse sobre estas e ou­ toricamente, uma brecha de cer­
tras verdades fundamentais, fal­ ca de 1.600 anos.
searia o seu direito de ser a úni­
ca e únicamente verdadeira Igreja 6. A Igreja Católica tem ordem
de Jesus Cristo, e os seus mem­ e disciplina.
bros, tanto como o povo no mun­ Qualquer organização, no cam­
do inteiro, não poderiam ter con­ po quer *de negócios, quer civil,
fiança nela. quer social, que não tem dis­
ciplina e ordem, não tarda a
5. Só a Igreja Católica remonta cair em ruína. Assim também
aos Apóstolos. numa religião. Se os ministros
Quando os católicos dizem o podem desafiar o seu bispo, e
Credo dos Apóstolos, sabem com os leigos ditar regras a um pas­
certeza estarem professando fé tor, dificilmente se poderia achar
em verdades fundamentais exata­ nela a paz e a autoridade suave '
mente com a mesma interpreta­ do manso, mas intransigente,
ção com que o fizeram os primi­ Cristo.
tivos mártires cristãos e os pri­ A Igreja Católica tem ordem
meiros convertidos dos apóstolos. e disciplina, não raro para es­
Quando os católicos assistem à panto de um mundo cruel, obs­
Missa ou recebem qualquer um tinado. Dois fatores contribuem
dos sete Sacramentos, sabem es­ para isso: um conjunto de leis
tarem assistindo à mesma Missa conhecido como Direito Canóni­
e recebendo os mesmos sacramen­ co, o qual foi experimentado e
tos qual o fizeram os primeiros achado benéfico por séculos, e
cristãos. Quando os católicos obe­ a profunda reverência que todo
decem ao Papa como ao supremo católico fervoroso nutre pelo seu
governante espiritual. da cristan­ pastor, pelo seu bispo e pelo San­
dade na terra, sabem estarem to Padre. Êste espírito de obe­
fazendo a mesma coisa que fi­
diência inteligente habilita os
zeram os primitivos cristãos, os
chefes católicos a realizarem ma­
quais sempre escutaram o bis­
po de Roma como o sucessor di­ ravilhas nos campos tanto do­
reto de S. Pedro. méstico como das missões es­
A história fàcilmente prova que trangeiras, como ainda nas pa­
só a Igreja Católica remonta, róquias estabelecidas nas dioce­
através dos séculos, aos Após­ ses organizadas da Igreja Ca­
tolos, p que só ela pode reivin­ tólica.

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7. A Igreja Católica ensina que seus membros o que é moralmen­
todos os sêres humanos têm di­ te certo e o que é errado, a Igre­
reito à liberdade de consciência. ja Católica não lhes perturba a
Os católicos são educados no consciência declarando serem pe­
respeito às convicções religiosas caminosos razoáveis prazeres e
dos outros, mesmo se com elas formas de recreação humana. Sem
não concordam. Aprendem que dúvida, por excessos e imoderação,
é pecado ridicularizar, despre­ certos indivíduos às vezes detur­
zar ou caluniar a religião de pam até mesmo prazeres sadios,
outra pessoa. Contudo, esta to­ tal como alguns convertem o seu
lerância não se estende a ne­ “ pão de cada dia” em gulodice.
nhum êrro que esteja contido A pecaminosidade não está no
na religião da outra pessoa. próprio prazer ou divertimento,
Por esta razão, pode o católico mas sim na amoral ou imoral con­
manifestar-se contra doutrinas descendência do indivíduo. O en­
que reconhece como falsas, mas sino católico é “tranchant” e ada­
não em condenação daqueles que mantino na condenação dêsses ex­
sustentam essas falsas crenças. cessos.
Os sacerdotes e o povo católicos
contentam-se com propagar a ver­ 9. A Religião Católica ajuda na
dade da sua própria religião, dor.
estando convencidos de que o me­ E* especialmente em tempo d(
lhor meio de granjear a confian­ tristeza e na morte que um cató
ça, o respeito e a convicção dos lico mais aprecia a sua fé. Pod
não-católicos é ostentar diante êle contar com a sua religião pa
deles o ensino real e prático da ra aliviar muito da sua dor, nã<
Igreja Católica e o edificante apenas por solidariedade, mas
exemplo de milhões de católicos por auxílio positivo. Se se tratar
fervorosos. de um infortúnio mundial, a Igre­
ja lá estará usualmente para con­
8. A Religião Católica apresen­ fortar e aliviar; se fôr dor fí­
ta uma sadia visão da vida. sica, tantas vêzes a Igreja lá es­
Alguns dos prazeres e recrea­ tará à cabeceira do leito no há­
ções da vida que por muitos cris­ bito de uma freira-enfermeira;
tãos são considerados como sa­ se fôr angústia moral ou mental,
dios e inofensivos, por outros são o confessionário e a sacristia es­
condenados como pecaminosos. tão sempre abertos; se fôr mor­
Dançar, jogar cartas, até mesmo te, lá estará o padre, com os úl­
ir a um jôgo de futebol no do­ timos sacramentos e orações pelo
mingo, são coisas condenadas por moribundo. Não sem razão nós pa­
alguns como violações das leis dres tantas vêzes ouvimos esta ex­
de Deus e dos princípios da vida pressão brotada de lábios contur­
cristã. bados: “ Padre, eu não sei o que
Enquanto é inflexível em ma­ faria se não fôsse a minha Fé
téria de princípios, em dizer aos católica”.

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10. A Religião Católica traz paz graças de Deus, não tornarem a
de consciência. pecar, os católicos não têm dú­
Gilbert K. Chesterton, famoso vidas sobre o perdão dos seus
escritor inglês, interrogado so­ pecados. Também o bom-senso
bre a razão por que se fêz ca­ está do lado dêles, como ante-
tólico, respondeu: "Por querer riormente indicamos, pois êles
estar seguro de que os meus pe­ confiam em que, se Cristo deu à
cados foram perdoados”. Todo sua Igreja um sacramento (Batis­
ser humano adulto, a não ser mo) para os prover da graça
que tenha pervertido a sua cons­ no comêço, certamente deve ter
ciência por graves pecados re­ instituído outro sacramento pe­
lo qual êles pudessem obter com
petidos, tem um senso de culpa,
certeza o perdão dos pecados co­
e isto em proporção do número
metidos depois do batismo, e as­
de pecados graves que tenha co­
sim ser restituídos à graça e
metido. O problema agora é as-
à amizade de Deus.
segurar-se de que êsses pecados
são perdoados. 11. A Igreja Católica ajada a
Para um pagão ou um incré­ fazer bons cidadãos.
dulo, deve êste ser um proble- Alega-se às vêzes que os ca­
na embaraçoso. A mera nega­ tólicos devem vassalagem a um
rão de Deus não vai mudar a governante estrangeiro e portan­
natureza humana. A consciência to não podem ser leais cidadãos
acusa até mesmo o homem que do seu país. Esta acusação tem
não crê em Deus, e para êsse sido refutada desde muito tem­
homem nãq há ninguém para po pela repetida demonstração
quem se volver em busca de per­ de lealdade dos cidadãos católi­
dão. Os que não reconhecem o cos para com qualquer nação a
Sacramento da Penitência como que devem fidelidade. Exemplos
administrado pela Igreja Cató­ notáveis desta lealdade têm sido
lica nem por isto estão em po­ dados, por exemplo, pelos ca­
sição mais favorável. Porque só tólicos dos Estados Unidos e do
a Igreja Católica reivindica o Canadá, desde que os primeiros
direito de conceder o perdão de colonos brancos vieram para a
Deus para os pecados, em vir­ América.
tude da nítida incumbência de A autoridade que S. Pedro e
Cristo: "Àqueles a quem perdoar­ seus sucessores, os Papas, rece­
des os pecados ser-lhes-ão per­ beram de Cristo era inteiramen­
doados, e àqueles a quem os re­ te do reino espiritual. Isto subs­
tiverdes ser-lhes-ão retidos” . crevem completamente os cató­
Depois de sinceramente pro­ licos do mundo inteiro, com razão
curarem fazer uma boa confis­ persuadidos de que as suas con­
são, com verdadeiro pesar dos vicções religiosas não são assun­
seus pecados e com firme deter­ to de nenhum govêrno. Agora
minação de, com o auxilio das como no passado, é necessário

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ao Papa ser independente de qual­ liz de um lar desfeito. Agora
quer governante civil. Por essa não é incomum, para uma juven­
razão êle agora tem a Cidade tude refletida, hesitar muito tem­
do Vaticano, um estado sobera­ po antes de empenhar a sua
no reconhecido pelas nações do vida perante um altar. Leis di­
mundo e cujos cidadãos são só vo rcistas frouxas, imorais, hipó­
aquêles que moram dentro dos critas têm contribuído para ês­
seus limites. Os católicos em to­ te descalabro. Outro inconveni­
das as partes do mundo devem ente são os fáceis e prontos meios
fidelidade civil à autoridade le­ de casar-se que pessoas desajui-
galmente constituída sob a qual zadas frequentemente usam pa­
vivem. ra contrair não somente o seu
A Igreja Católica molda bons primeiro vínculo conjugal, po­
cidadãos porque ensina que o rém não raro um segundo, um
patriotismo é uma virtude mo­ terceiro ou mais. E por trás de
ral que obriga em consciência. tudo isso está, muitas vêzes, uma
Isto é fundado na doutrina ca­ visão grosseira, material, que ti­
tólica, e é um conveniente reco­ ra do Matrimónio tudo o que
nhecimento dos direitos do govêr- nêle é santo e moral e divino
no civil de governar para o bem e obrigatório.
comum temporal. Ademais, a Só a Igreja Católica defende
Igreja Católica apóia ativamen­ o casamento como êle deve sei
te êste ensino quando inculca e como Deus ordenou que êh
respeito a Deus, do qual tôda fôsse. Isto não é coisa nova pa­
autoridade legítima deriva o seu ra a Igreja; é tão velho como
direito de governar, e respeito as palavras de Nosso Senhor e
às leis morais de Deus, sem as como a Bíblia, que clara e for­
quais a obediência à lei civil em çosamente condenam o recasa-
última análise entraria em co­ mento depois do divórcio, a su­
lapso. Ao católico ensina-se es­ pressão da natalidade, o des­
pecialmente respeito ao juramen­ caso dos filhos e o adultério. Se
to, do qual depende a integrida­ a Igreja Católica houvesse sido
de dos nossos Tribunais, dos nos­ condescendente com Henrique
sos funcionários civis e dos nos­ VIII e houvesse permitido que
sos concidadãos. êle repudiasse sua legítima mu­
lher Catarina, para desposar Ana
12. A Igreja Católica apóia a Bolena, provàvelmente teria con­
família. servado tôda a Inglaterra na fé e
E* evidente que em muitos ca­ evitado três séculos de persegui­
sos o casamento e a vida de fa­ ção. Sem embargo, a Igreja não
mília estão em triste estado ho­ podia transigir com a lei divina
je em dia. Em prova disto, in­ concernente ao matrimónio, como
terrogue-se qualquer das milha­ também não poderia incentivar
res de vítimas dos tribunais de uma violação de qualquer outi'o
divórcio, ou qualquer filho infe­ dos dez mandamentos.

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Os católicos que ingressam no o companheiro a ir para o céu,
matrimonio crêem que estão li­ o outro companheiro o esteja ar­
gados pelo seu voto conjugal, rastando para o inferno. Deve
aconteça o que acontecer, até à ser um sentimento incomodo ve­
morte. Por isso os casamentos rificar que se está ligado por
católicos geralmente perduram e voto a um parceiro que pode não
são bem sucedidos. se sentir ligado dêsse mesmo mo­
Os católicos crêem, e é sua do. Êstes fatores, e uma quan­
convicção, que o casamento en­ tidade de outros, obrigam a Igre­
tre pessoas batizadas é um sa­ ja a desaconselhar casamentos
cramento. Por isto encaram re­ mistos que envolvem um cató­
verentemente a sua vida conju­ lico.
gal como um estado santo, com­ Um católico devoto achará que
parável, nas palavras de S. Pau­ a melhor escolha para um ca­
lo, à união de Cristo com a sua samento duradouro e feliz é a
Igreja. união com outro bom católico.
Os católicos crêem que, no exer­ Então ambas as partes combi­
cício dos seus direitos conjugais, nam nos essenciais de um ca­
Deus coopera com êles em trazer samento feliz — vida juntos até
ao mundo uma nova vida. Con- à morte, na boa e na má for­
leguintemente, os casamentos ca- tuna; compreensão mútua do
ólicos geralmente são abençoa- certo e do errado no casamen­
.os com filhos. to; uma mútua boa-vontade pa­
Via de regra, os jovens ca­ ra rezarem juntos, confessarem-
tólicos não são precipitados no se juntos, receberem juntos a
casamento. A sua educação e as Sagrada Comunhão. Melhor do
leis da Igreja dão lugar a que que tudo, no meio das durezas
êles só assumam essas solenes e ciladas da vida de família,
obrigações após devida instru­ um homem e uma mulher as­
ção, reflexão e oração. Êste é o sim unidos têm a consoladora
casamento como deveria ser; êste segurança de que o seu casa­
é o casamento como é aos olhos mento é um santo sacramento,
de Deus. de que, na fidelidade de um ao
Na completa intimidade do ma­ outro e nos cuidados da vida, a
trimónio, é difícil viver felizmen­ família será constantemente aju­
te com um parceiro juntamente dada por graças especiais onde
com o qual o outro não possa quer que o esforço humano sozi­
ajoelhar-se e rezar. Ainda mais nho certamente falharia.
difícil deve ser permanecer ver­ 13. A Religião Católica ajuda
dadeiramente satisfeito com um os pais a dcurem aos filhos uma
marido ou uma mulher dos quais educação verdadeira.
se discorde sobre princípios mo­
rais, tais como o controle da na­ Os pais católicos sentem que
talidade, e ter a torturante cer­ têm uma decidida vantagem so­
teza de que, em vez de ajudar bre os pais não-católicos na edu­

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cação dos filhos. Muitos pais não- e de uma instrução escolar ca­
católicos interessam-se profunda­ tólica. Através dos seus anos, te­
mente pela educação de seus fi­ ve a vantagem da direção e do
lhos, o contudo não têm outra incentivo de especialistas em bem-
escolha senão mandá-los para estar humano e divino, os seus
uma escola pública onde, não ra­ sacerdotes. Ele participa da com­
ro, o ensino moral e religioso panhia e da ajuda dos santos no
é barrado pela lei. Os pais ca­ céu, os quais ganharam a sua
tólicos podem sentir-se seguros partida por tôda a eternidade e
de que seus filhos estão tendo intercederão por êle junto a Deus
não somente uma sã instrução no céu. E todo católico está con­
acadêmica, mas também prote­ vencido de que tem a oportuni­
ção contra quaisquer influências dade e o auxílio de que neces­
materialistas que possam colidir sita para se tornar um santo, tal
com a filosofia católica básica. como muitos católicos se torna­
Os pais católicos crêem, de fa­ ram santos antes dêle.
to, que, com religião proibida Em sentido geral, um santo é
nas escolas públicas, as únicas alguém que morre em estado de
escolas realmente democráticas graça e ganha a felicidade eter­
são as escolas particulares, on­ na. Porém mui freqiientemente a
de os pais podem exercer o seu palavra “ santos” pretende signi
direito de educar seus filhos de ficar os santos canonizados e d<
acordo com a sua consciência, clarados pela Igreja como tei
direito dado por Deus e garan­ do atingido, com certeza, um a.
tido pela Constituição. Certa­ to lugar no céu. Tal declaraçãd
mente, em países como os Es­ só é feita pela Igreja após exa­
tados Unidos, a manutenção do me muito crítico dessas vidas he­
vasto sistema escolar paroquial, roicas, e dos milagres que Deus
com o seu duplo ónus de taxação, operou em resposta às preces
é uma pesada carga para os pais dêles.
católicos. Todavia, êstes se dão
por felizes de suportá-lo, visto Dificilmente alguém nega que
êle garantir que seus filhos re­ houve santos na idade apostóli­
cebam instrução experiente, es- ca e durante os primeiros sécu­
, pecialmente em matéria de mo­ los do cristianismo. Porém mui­
ralidade e religião. tos dizem que nos tempos moder­
nos a santidade já não é alcan­
14. Os católicos podem tomar- çada. Uma religião que não con­
\ se,1 e realmente se tomam, santos. tinuasse a ter santos deveria ser
Nessa luta com as dificulda- classificada conio morta. Portan­
. des e perigos da vida, o católico to, se nós admitimos que a Igreja
está certo de não estar sòzinho. Católica foi fundada por Cris­
Mui freqiientemente, na sua ju ­ to, podemos esperar que tenha ha­
ventude, êle teve a inapreciável vido santos em todos os séculos.
vantagem de um bom lar católico E foi justamente o que aconte­

U 9
ceu, até mesmo na primeira me­ a vantagem de uma vida de trei­
tade deste último século vinte. namento para as apreensões do
Para se tornar um santo, òb- fim da vida, e ainda a seguran­
viamente uma pessoa deve ser ça dos últimos sacramentos da
ajudada, pois a santidade é uma Igreja. Enquanto, por natureza,
meta sobrenatural que exige, em para os católicos não é mais fá ­
aditamento ao esfôrço humano, cil contemplarem a morte do que
ajuda sobrenatural na forma da o é para os outros, êles são gran­
graça de Deus. Na Igreja Cató­ demente ajudados a encontrar-se
lica os santos têm sido inspira­ com ela calma e confiantemente
dos, na sua busca de sublime vir­ por causa do seu treinamento re­
tude, não somente pelo ideal cris­ ligioso e da segurança dos sacra­
tão dos Evangelhos, como tam­ mentos. Os católicos rezam dia
bém pelas numerosas vidas de he­ após dia para terem uma morte
róis cristãos que houve antes de­ feliz, e procuram viver de modo
les. Ademais, os santos tiveram que estejam prontos para a morte
o benefício da oração coletiva e quando quer que esta venha.
do culto da Igreja, e os meios de Um funeral católico não é uma
graça no santo Sacrifício da Mis- coisa fria, sem esperança. Os en­
sa e nos sete sacramentos. Sem lutados, embora sob o pêso da per-
as graças manantes da Missa, do da e separação mais amarga na
Batismo, da Confissão e da Co­ terra, são alentados por uma fir­
munhão, cremos que nenhum cris­ me confiança de reunião, um dia,
tão pode vir a ser santo. no céu. Semelhantemente, sabem
Todo católico hoje em dia tem que podem ajudar o morto por
todos os auxílios que os santos meio da oração e ser por êle aju­
tiveram, e todas as oportunidades dados em troca, consolo que ali­
para vir a ser um santo. via o pêso da dor quando a mor­
te chega. Os amigos vêm ao ve­
15. A Igreja Católica ajuda na lório não apenas para exprimi­
morte. rem a sua condolência, mas para
Não há sermão que mais cla­ se ajoelharem e rezarem juntos
ramente pregue a precariedade do o têrço pela alma do defunto. Há
homem do que a morte. Muita um real conforto nisso. A Mis­
gente procura evitar os pensamen­ sa de Réquiem, a bênção da se­
tos da morte, e, quando esta che­ pultura, a inteira cerimónia do
ga para êles, ou para um ? ente funeral — tudo respira esperan­
amado, no mundo puramente ma­ ça, que é mais forte do que o po­
terialista, êles não acham nada der da morte.
para os tranquilizar ou consolar. Sem dúvida, o mundo todo pro­
O velho adágio de que “ a Re­ cura a felicidade. Alguns experi­
ligião Católica é dura para viver, mentam achá-la no trabalho, ou­
porém cômoda para morrer” en­ tros no prazer, alguns na ociosi­
cerra um quinhão de verdade. Os dade e no repouso, outros numa
católicos em face da morte têm atividade febril; alguns fazendo

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a vontade de Deus, outros caindo a andar cm unidade com Deus.
no pecado. Ninguém está perfeita­ Deles é o especial privilégio e dig­
mente satisfeito na terra; muitos, nidade de fazerem parte do cor­
como lá diz o poeta, “ vivem vidas po ou organismo vivo do qual
de tranquilo desespêro” . Nós não Cristo é a Cabeça e êles são os
podemos ser completamente con­ membros. Para êles a graça não
tentados enquanto não alcançar­ é apenas uma segurança contra
mos o céu, mas só poucos quere­ o inferno, mas uma participação
rão reconhecer este fato. Muita da vida de Deus.
gente vive como se existisse na A certeza de pertencer ao ver­
terra para sempre. dadeiro aprisco, a paz de cons­
Os católicos estão seguros de ciência após uma boa confissão, o
que no céu nós seremos perfei­ deleite de receber a Sagrada Co­
tamente felizes, porque os anseios munhão, o senso de segurança e
da nossa mente e do nosso cora­ de fortaleza no Santo Sacrifício,
ção serão completamente satisfei­ a guia dos seus sacerdotes em
tos. Contemplaremos Deus como todos os perigos e dificuldades,
a Verdade Infinita, e o nosso in­ a companhia dos santos aqui na
telecto ficará satisfeito; contem- terra e especialmente no céu, i
plá-lo-emos também como o Bem especial proteção de nossa Sar
Infinito, e a nossa vontade esta­ tíssima Mãe, a evidência do am<
rá em repouso. Nesta união com de Nosso Senhor a cada um <
o nosso Criador, todos os bons e nós — todos êstes e muitos o
razoáveis desejos da nossa natu­ tros fatores contribuem para
reza humana serão satisfeitos. definida finalidade de uma vidí,
Não haverá rebelião das paixões, católica. Embora a sua religião
como aqui na terra, não haverá seja estrita e exigente em tudo
frustração, nem insuficiência, nem aquilo que Deus pede, uma fé que
fastio daquilo que temos — por exige penitência, sacrifício pes­
outras palavras, no cumprimento soal e disciplina, todo católico sa­
do nosso destino haverá ordem be que a recompensa da sua fé
perfeita. contrabalança de longe todas as
Os católicos devem ser as pes­ dificuldades e deveres que essa
soas mais felizes na terra, por­ fé lhe impõe.
que já desde esta vida começam

11
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1
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DEVE VOCÊ SER CATÓLICO? ::

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Por certo, muitos não- religião não cristã. 3) Ou
católicos ficariam indigna­ então pode ser cristão de
dos. se lhes fizessem tal uma das seitas não-católi­
pergunta. Contudo, é uma cas, caso em que sustenta­
pergunta que acreditamos rá que a Igreja apostólica
razoável e merecedora de falhou, coisa que Cristo
razoável consideração. prometeu que ela não po­
A ênfase na pergunta deria fazer. Se você sus­
está na palavra deve. Não tenta que qualquer uma
estamos perguntando se é ou tôdas as seitas cris­
*oa coisa ser católico, tãs não-católicas são igual­
u coisa legal, ou coisa mente autênticas na sua
,iompensadora. Estamos-lhe pedin- interpretação dos ensinamentos
io considerar se está obrigado a de Cristo, então é contrastado
ser católico, se essa é a única coi­ pelo fato perturbador de nem
sa que você pode ser se está in­ tôdas elas concordarem nas suas
teressado em salvar sua alma. interpretações.
Haverá alguma espécie de fôrça
Portanto, estas são as quatro
que o deve estar impelindo para
escolhas que você tem diante de
dentro da Igreja Católica?
si: ser católico, ser irreligioso,
Quando nós dizemos “Deve vo­ ser religioso sem aceitar Cristo,
cê ser católico?”, queremos dizer: ou ser um cristão não-católico.
"Há razões compulsórias que tor­ Não há nada mais que você pos­
nam ilógico, desarrazoado e pes­ sa ser; e, se você pertence a uma
soalmente desastroso, para você, destas quatro classes, não pode
ser outra coisa senão católico?” pertencer a nenhuma das outras.
Há algumas outras coisas que E* nossa pretensão que a evidên­
você pode ser além de católico. cia, o raciocínio lógico, os fatos
1) Pode ser uma pessoa irreligio­ históricos, a vontade expressa de
sa, que não crê que a religião seja Cristo, tudo o obriga a fazer-se
necessária. Neste caso, você ou católico. Você bem sabe que po­
sustenta que não há Deus ou en­ deria estar logicamente convenci­
tão não sabe nada sôbre Deus. 2) do de dever ser católico e, no
Pode prestar sua fidelidade, teó­ entanto, poder não vir a sê-lo
rica ou prática ou ambas, a uma por falta da graça de Deus. Con­

12
tudo, a graça necessária ser-lhe-á sob o fundamento de que aos que
dada se você a pedir humilde- tal crêem não aproveitaria nenhu­
mente enquanto considerar a evi­ ma das outras conclusões lógicas
dência aqui apresentada para aju­ aqui oferecidas.
dar a sua consciência fazer a Podemos ser igualmente breve
escolha de uma religião. quanto à noção de que a exis­
As razões para você ser cató­ tência de Deus não pode ser re­
lico estão inevitàvelmente ligadas conhecida, e sê-lo-emos sôbre o
às razões pelas quais você não fundamento de que quem quer
deve pertencer a nenhuma das ou­ que olhe para um efeito e decla­
tras três classes em que os ho­ re que não pode saber absoluta­
mens estão divididos em razão da mente nada sôbre a causa dêle
sua atitude para com a religião. não está pronto para uma discus­
Portanto, se você pode estar con­ são razoável do que quer que seja.
vencido de que não deve ser 1) O possuidor de um “ Cadillac” que
irreligioso, 2) uma pessoa religio­ afirma não poder ter por certo
sa não-cristã, 3) um cristão sec­ que exista um fabricante de “ Ca­
tário, então achar-se-á na feliz dillac” não seria diferente de al­
situação de saber exatamente o guém que, observando a Criação
que deve ser, isto é, um católico. pretendesse que ela não tenha t:
Considere brevemente as razões do um Criador.
que devem convencê-lo:
Deus o ama
Necessidade da Religião O fato de Deus interessar-se
1. Você não deve ser irreligio­ por você está escrito por todos
so, porque não pode fugir a uma os lados. Está escrito no fato de
relação essencial entre você mes­ o haver êle feito senhor da cria­
mo e Deus, relação que exige tan­ ção, de o haver feito um ser pen­
to reconhecimento como ação. sante no meio de um milhão de
A mais simples definição geral objetos sem mente da sua Cria­
de religião é esta: “ A comunica­ ção. Está evidente no fato de lhe
ção do homem com Deus baseada haver êle pôsto, na sua própria
na comunicação de Deus com o natureza, a capacidade e o an­
homem” . Se você está justificado seio de uma felicidade ilimitada.
em rejeitar tôda religião, só o Deve êle ter querido que algo
pode estar, na presunção de que de maravilhoso acontecesse a vo­
Deus não lhe fêz nenhuma comu­ cê, e isto certamente equivale a
nicação. Nesse caso, deve dizer ou “ interessar-se por você”.
que não há Deus, ou que Deus Mas será que êle lhe comunicou
não pode ser reconhecido, ou que alguma coisa? Por enquanto, to­
Deus não se interessa por você, me apenas uma só resposta a es­
ou que Deus nunca lhe comuni­ ta pergunta. Êle lhe comunicou
cou coisa alguma. algumas tremendas verdades prá­
Por brevidade, passemos pela ticas pela mesma maneira como
negação da existência de Deus, o criou. Deu-lhe uma voz, e as­

13
sim informou-o de que queria que a um só meio essencial de pro­
você falasse, e falasse a verda­ var a você que era Deus, antes
de. Deu-lhe braços e pernas e de lhe comunicar qualquer coisa.
olhos e ouvidos, destinados a cer­ Tinha de mostrar que êle mesmo
tos fins, como as partes de qual­ era o senhor do universo e das
quer objeto talhado por um ser suas leis. E fêz isso por meio dos
inteligente, e quis que você os seus milagres. Manifestou domí­
usasse para esses fins. nio e suprema autoridade sôbre o
Sobretudo, deu-lhe uma mente vento e as ondas; sôbre os ani­
que pode reconhecer finalidades, mais e as árvores; sôbre corpos
e um senso urgente de obrigação doentes e almas dementes; sôbre
moral chamado consciência, e um a morte e o túmulo. Que sinal
livre arbítrio para obedecer a es­ mais suficiente poderia você pen­
sas obrigações morais reconheci­ sar em pedir-lhe?
das. Assim comunicou-lhe êle a Você não pode razoavelmente
sua vontade. Religião significa dizer: "Mas eu não acredito em
fazer o que Deus quer que você milagres, e portanto não sou obri­
faça, e você pode ver a vontade gado a crer que Cristo era Deus”.
de Deus do próprio modo como Isto poderia ser uma objeção ló­
êle o criou. E é por isto que é gica se não houvesse milagres pa­
absurdo e ilógico ser irreligioso. ra prová-lo. Mas, em face da evi­
2. Você não deve ser religiosodência, dizer que não acredita em
sem nenhum reconhecimento de milagres c deliberadamente fechar
Cristo como Deus, porque, se Cris­ os olhos e a mente à evidência
to era Deus encarnado, intelectual de uma verdade suscetível de ser
ou moralmente você não é livre provada.
de ignorar esta verdade. Nem é
livre de procurar comunicar-se A sua escolha
com Deus invisível quando Deus
3. Você não deve ser um cris­
realmente se fêz visível em Cris­
tão não-católico, 1) se a Bíblia
to para proporcionar os meios de
lhe diz que Cristo estabeleceu uma
comunicação que êle deseja que
Igreja com autoridade; 2) se a
empreguemos. Se religião signi­
história lhe diz que, depois de
fica comunicação do homem com
1.500 anos, os homens desafiaram
Deus baseada na comunicação de
essa autoridade e introduziram en­
Deus com o homem, então Deus
sinamentos contrários aos da Igre­
só poderia ter-se feito homem pa­
ra comunicar alguma coisa a to­ ja de Cristo; 3) se a sua razão
dos os homens. o convencer de que nenhuma seita
religiosa pode pretender ser o ca­
Milagres minho de salvação proporciona­
A sua razão dir-lhe-á que não do por Cristo se essa seita fôr
há nada contrário à onipotência de sem autoridade, sem unidade, sem
Deus na afirmação de que, se imutabilidade e sem universali­
Cristo era Deus, estêve limitado dade.
14
Quase tôdas as seitas cristãs sário fornecer uma Bíblia com­
( n ã o - c a t ó l i c a s ) denominam-se pleta até muitos anos depois da
“ Cristãos da Bíblia”. Com isto sua morte. Êle sabe que Cristo
querem êles dizer duas coisas: mandou seus apóstolos “ ensina­
primeiro, que a confiança na Bí­ rem tôdas as nações”, ensinarem
blia elimina a necessidade de uma “com autoridade” ( “ Quem crer
Igreja com autoridade; segundo, será salvo, quem não crer será
que a Bíblia c dada por Deus aos condenado” ) ; ensinarem com guia
indivíduos com liberdade para lhe divina e com proteção contra o
interpretarem o texto como me­ êrro ( “ E eis que estou convos­
lhor puderem, de acordo com as co todos os dias” ; “as portas do
suas próprias luzes e inspirações. inferno não prevalecerão contra
Os que neste sentido se denomi­ ela” — a Igreja). A Igreja que
nam Cristãos da Bíblia usualmen­ Cristo fundou esteve ensinando
te pensam que a Bíblia veio ao tôdas as nações antes que o Nôvo
mundo de alguma maneira mi­ Testamento fôsse composto; a
lagrosa que substituiu tôdas as Igreja que Cristo fundou deter­
outras comunicações de Deus ao minou quais eram os livros ins­
homem. pirados e que pertenciam à Bí­
Entretanto, aqui estão os fatos, blia como a temos hoje; e essa
que cada um pode comprovar por Igreja usou a Bíblia, depois qu
si mesmo: 1) Uma Igreja com esta foi composta e autenticad
autoridade para ensinar em nome como mais uma fonte aditada :
de Cristo assim esteve ensinando seu ensino e tradição orais. Ce
antes que o Nôvo Testamento in­ tamente a Igreja que precedeu
teiro fôsse escrito, e muito mais Bíblia, que deu ao mundo a Bi
tempo antes de a Igreja declarar blia, a Igreja que é descrita na
inspirados por Deus êsses escri­ Bíblia, essa é a única que repre­
tos; 2) Com a sua suprema au­ senta a verdadeira religião de
toridade, essa Igreja decidiu o que Cristo no mundo.
realmente pertencia à Bíblia e o A segunda condição que toma
que não pertencia, e isto foi só ilógico ser você qualquer coisa
quando os escritos inspirados fi­ senão cristão-católico é o fato de
caram finalmente completos, uns “ a história nos dizer que, nas suas
sessenta ou setenta anos depois versões da Bíblia, os homens mu­
da morte de Cristo. 3) Essa Igre­ daram muita coisa que tinha si­
ja acha a Carta de outorga para do aceita como cristianismo es­
a sua existência e para a sua sencial vários séculos antes de
autoridade nas páginas da Bíblia, êles virem à existência”.
mesmo nas páginas de versões Você está vivendo no século vin­
não-católicas da Bíblia. te, e, digamos, está convencido de
Genuíno “ Cristão da Bíblia” é que Cristo é Deus. Está conven­
realmente o católico. Na própria cido de que a coisa mais impor­
Bíblia acha êle a explicação de tante na vida para você é saber
não haver Cristo julgado neces­ o que foi que Cristo lhe comuni­
15
cou. Você não pode puí&r por so­ cidisse haver sido o ensino dêlc
bre as cabeças de cem gerações nvil compreendido desde o come­
de humanidade para interrogar ço — por quinze séculos. O fato
Cristo, você mesmo. Mas pode vol­ do terem vindo homens que mu­
tar para trás, através dessas daram os ensinamentos aceitos
gerações, para saber quais ensi­ pelos discípulos de Cristo durante
namentos de Cristo, quais inter­ quinze séculos não é matéria de
pretações das suas palavras e da simples opinião. E ’ fato histórico.
Bíblia chegaram até você inalte­ E também é fato que há um só
rados. lugar, uma só Igreja, onde as dou­
trinas alijadas por esses preten­
Os sacramentos sos reformadores foram conserva­
Se, olhando para trás, através das invioladas desde o começo do
da história, você verificar que al­ Cristianismo.
guma doutrina, como p. ex. a
dos sete sacramentos, ou a da Doutrina imutável
Missa como renovação incruenta A defesa para as mudanças fei­
do sacrifício de Cristo na cruz, foi tas pelos Reformadores é que al­
firmemente sustentada durante guns homens da Igreja haviam-
luinze séculos ininterruptos, a co- se corrompido. Mas essa alegada
neçar do século de Cristo, e que corrupção era uma questão moral
lepois, mil e quinhentos anos mais que envolvia indivíduos, e que não
tarde, alguém começou a ensinar reclamava mudanças de doutrina
só ter havido três sacramentos, tais como foram propostas nos sé­
ou não ter havido sacramentos, culos quinze e dezesseis. Isto não
ou que a Missa era uma supersti­ era mais lógico do que teria sido
ção, que é que você pode logica­ para os Apóstolos reclamarem
mente concluir? Òbviamente teria uma mudança nos ensinamentos
de concluir que esses novos "mes­ de Cristo pelo fato de um dos dis­
tres” haviam rompido com Cris­ cípulos de Nosso Senhor, Judas,
to, por haverem alijado ensina­ havê-lo traído. Daí dever neces-
mentos que gerações haviam con­ sàriamente a Igreja de Cristo ser
servado inalterados desde o tem­ a única que tem pregado e con­
po de Cristo. tinua a pregar sem alteração as
Isto não é, como pode parecer, doutrinas de Cristo, sem levar em
uma super-simplificação. E* sim­ conta as faltas pessoais dos indi­
ples no sentido de que Cristo deve víduos para continuar sendo ver­
ter tornado fácil a tôdas as ge­ dadeira para êles.
rações o saberem o que êle disse
A terceira condição que forçaria
e o que quis dizer com o que
disse. Se êle era verdadeiramen­ a sua mente a uma aceitação da
te Deus, é absurdo pensar que êle Igreja Católica como sendo a Igre­
devesse fazer-se homem, ensinar ja de Cristo é "se a sua razão o
a humanidade, e depois esperar convence de que, sem autoridade,
quinze séculos por alguém que de­ unidade, imutabilidade e univer­

16
salidade, nenhuma seita pode ser Igreja dêle assinalada pela imu­
declarada caminho da salvação tabilidade de doutrina através de
para todos”. todos os anos. Assim como Cristo
pregou a todos os homens sem ex­
Contradição
ceção, assim também os seus se­
Como desculpa para não enca­ guidores serão assinalados pela
rarem os fatos da religião, algu­ identidade das suas crenças e prá­
mas pessoas sustentam que a ver­ ticas essenciais em qualquer par­
dade religiosa transcende a com­ te do mundo. Só uma Igreja lhe
preensão humana. Contudo, essas oferece o preenchimento destas
mesmas pessoas manifestam com­ condições. Sua mente deve dizer-
pleta confiança na sua capacidade lhe que; onde quer que elas não
para raciocinarem sôbre outras forem preenchidas, você não acha­
complexas matérias, práticas e in­ rá a religião de Jesus Cristo.
telectuais. O banqueiro agnóstico, E’ triste que a compulsória sim­
que diz que não pode aprender plicidade de todas essas provas
ou saber coisa alguma sôbre re­ tenha sido turvada por objeções
ligião porque a sua mente não é que distraem os indivíduos d
capaz de conhecer, deposita na sua questão essencial. A questão e
mente tôda confiança quando se sencial é: onde posso achar Cr
aplica às regras e práticas da ar­ to ainda ensinando, fortalecem
te bancária. Soma algarismos e guiando e salvando a minha s
fica certo das suas conclusões; ma hoje em dia? Qu/xndo voc
calcula o valor dos investimentos quase o está vendo, na Igreja Ca­
e os juros de empréstimos, e age tólica, operando através de ins­
confiantemente baseado nas suas trumentos e representantes huma­
conclusões. nos, como os seus doze primeiros
Semelhantemente pode você cer- apóstolos, para salvar a sua al­
tificar-se da verdadeira religião ma, alguém lhe murmura algu­
cristã de acordo com algumas sim­ ma razão pela qual a Igreja Ca­
ples condições. Cristo falava com tólica não é o lugar onde você
autoridade; você não achará a pode achar Cristo.
religião dêle em nenhuma Igreja
que não continue a falar com a A razão lhe diz
autoridade dele. Cristo não deu Êsses cochichos são, muitas vê-
a ninguém ocasião de dizer: “ Não zes, puras falsidades — por exem­
importa o que você crê”. Antes, plo, quando lhe dizem que a hie­
disse: “ Quem crer (aquilo que eu rarquia e o clero católicos pro­
ensinei) será salvo” . Assim, todos curam conquistar o poder políti­
os seus discípulos devem crer as co e temporal. Às vêzes êles di­
mesmas coisas. Cristo não ofere­ zem a verdade, mas para distraí-
ce às gerações vindas depois dêle lo da verdade. Dizem que o clero
ensejo para alterarem ou contra­ não é tão santo como deveria ser,
dizerem qualquer coisa do que êle ou que êste ou aquêle clérigo caiu
disse. Portanto você achara a em pecado. Mesmo se isso fosse

17
verdade, .não é argumento contra do, receber o Corpo e o Sangue de
a verdade da Igreja Católica, co­ Cristo, escutar a Igreja de Cristo.
mo tampouco a queda de Judas E então lhe oferecem a conforta­
foi argumento contra a divindade dora conclusão de que você só pre­
de Cristo. A Igreja como meio ofe­ cisa é crer firmemente em Cristo,
recido por Cristo para salvar sua para ser salvo. Òbviamente, st
alma não está na dependência dos você crê firmemente em Cristo,
atos pessoais de nenhum membro pretende crer tudo o que êle dis­
individual do seu clero. se e pô-lo em prática. Simples­
Algumas vêzes êsses cochichos mente crer, isto claramente não
distraem-no da verdade citando basta.
um texto individual da Bíblia e Êste esboço da razão pela qual
torcendo-lhe o significado real em todos os homens são chamados a
relação a outros textos. Assim, ser católicos não pode por si mes­
alguns organizam uma lista de mo convencer aquêles que foram
textos nos quais Cristo ou outros “ distraídos” da verdade. Sobeja­
escritores inspirados falam for­ mente sabemos que o simples co­
temente da necessidade da fé pa­ nhecimento não basta para fazer
ra a salvação. Então aditam à alguém católico. A graça de Deus,
*alavra “ fé” a palavra “ sozinha” ; só obtida pela oração humilde e
então descontam ou afastam as submissa, é necessária se alguém
.nuitas outras diretrizes para a quiser achar e seguir a trilha de
salvação dadas por Cristo, tais co­ Cristo para a salvação. Possa vo­
mo as de dever você ser batiza­ cê ser cumulado dessa graça.

18
Será difícil a alguém
fazer-se católico?
— »=L~wr-1■■
Não é fora do comum sificar em três catego­
encontrar pessoas que, em­ rias as dificuldades de se
bora não tenham antipa­ fazer alguém católico. E
tias arraigadas contra a são as seguintes: 1. Aci­
Igreja Católica, e possam dentalmente, há certas di­
mesmo sentir-se atraídas ficuldades graves que po­
para ela, têm entretanto dem erguer-se no caminho
a impressão de que é mui­ de uma pessoa que quer
to difícil a uma pessoa fazer-se católica. 2. Essen­
fazer-se católica. E* até cialmente ou substancial­
mais comum encontrarmos mente, nunca há dificul-
católicos que têm uma ______ dades demasiado grandes
idéia fixa de que é excessivamen­ que impeçam alguém de se fa­
te difícil servir de instrumento zer católico. 3. Pràticamente, hi
para conduzir os não-católicos ao sempre as dificuldades que na
longo da senda para a Igreja una, turalmente deveriam ser espe
santa, católica e apostólica. radas e corajosamente vencida!
Que há dificuldade, isto é in­ em perseguir tão importante ob­
teiramente verdadeiro. Mas, quan­ jetivo como êsse de achar a re­
do a gente separa e encara as ligião verdadeira.
espécies de dificuldades que real­ Discutindo êstes vários tipos de
mente há, torna-se aparente que dificuldades, deve-se ter por pres­
elas são dificuldades capazes de suposto que a graça de Deus es­
ser encaradas, analisadas e su­
tará à mão para todos aqueles
peradas. Realmente, se isto não
que sinceramente a pedirem. Nem
fôsse verdade, não haveria pro­
pósito no convite que constante­ mesmo aquêles que têm o menos
mente é dirigido aos não-católicos de dificuldades a enfrentar po­
para se aproximarem e verem se dem fazer-se católicos sem a gra­
não podem achar a paz e a sal­ ça de Deus. Ao mesmo tempo, o
vação no seio da Igreja Católica. principal fica sendo sempre que
Com base no exame de dife­ àqueles que por si mesmos fazem
rentes tipos de indivíduos e na o que podem Deus nunca nega
experiência feita com grande nú­ quaisquer graças de que êles ne­
mero dêles, torna-se possível clas­ cessitem.

19
1. Dificuldades acidentais. Pe­rado fazê-lo. Que a Igreja Cató­
lo termo “ acidental" pretendemos lica é terrivelmente e perigosa­
caracterizar dificuldades que sur­ mente má faz tanta parte das con­
gem de algumas circunstâncias vicções intelectuais dêles como o
especiais na vida de uma pessoa, faz qualquer outra informação
circunstâncias que criam um tro­ que êles recebem e consideram
peço extraordinário à sua apro­ correta. Òbviamente, isto cria uma
ximação da Igreja Católica. Elas dificuldade extraordinária no ca­
nada têm que ver com o apelo es­ minho da eventual disposição dê­
sencial da verdade à mente hu­ les para estudar por que razão
mana, nem com o poder da mente a Igreja Católica reivindica ser
para achar e abraçar a verdade. a única verdadeira religião de
Antes, usualmente impedem uma Cristo.
pessoa sequer de fazer um comê- b) Outra dificuldade acidental
ço no sentido de considerar se a que impede alguns de examina­
. verdade pode ser achada na Igre­ rem a Igreja Católica é um modo
ja Católica. de vida que êles sabem ser con­
Eis aqui vários exemplos des­ trário àquilo que a Igreja Cató­
sas dificuldades acidentais ou cir­ lica estabelece como sendo a lei
cunstanciais : de Cristo para todos os seus fi­
lhos. Muitos sacerdotes têm depa­
Falsidades rado não-católicos divorciados e
a) De muito a mais comum é recasados que exprimem essa di­
i que se origina do fato de por ficuldade de algum modo por es­
muitos anos haver a pessoa esta­ tas palavras: “ Eu pendo para a
do sujeita a uma corrente de má Igreja Católica. Realmente, eu
informação e má educação a res­ gostaria de saber mais sobre ela.
peito da Igreja Católica. Milhões Mas, como o sr. vê, divorciei-me
de pessoas tiveram trombeteado de uma mulher e casei-me com
nas suas mentes desde a infân­ outra. Sei que pessoas divorciadas
cia que certas doutrinas e práti­ e recasadas não podem ser mem­
cas católicas são contrárias aos en­ bros da Igreja Católica reais e
sinamentos de Cristo e da Bíblia, praticantes. Ao mesmo tempo não
e que os sacerdotes e bispos e che­ posso e não quero despedir mi­
fes leigos católicos são caracteres nha companheira atual. Assim,
sinistros que só procuram a es­ não há muita utilidade em cogi­
cravização e o empobrecimento da­ tar de me fazer católico”.
queles que lhes estão sujeitos. A mesma dificuldade está pre­
Esses indivíduos, na realidade, sente para alguns não-católicos
nunca examinaram os ensinamen­ que praticam habitualmente a pre­
tos da Igreja, nem jamais conhe­ venção da natalidade, ou que vi­
ceram pessoalmente quaisquer sa­ vem em contínuo estado de adul­
cerdotes ou bispos. A sua educa­ tério. Êles têm propensão para a
ção foi tal que êles não quiseram Igreja, mas sabem que os seus
fazê-lo, ou sentiram que seria er­ pecados habituais, que êles recu­

20
sam abandonar, os impediriam de Você deve decidir
ser bons católicos de qualquer mo­ Se há uma só religião verda­
do. Por isto não seguem a sua deira, se há alguma Igreja à qual
inclinação. Cristo quer que todos os sêres
Uma escolha difícil humanos pertençam e por meio da
qual devam ser salvos, para qual­
c) Uma terceira dificuldade quer ser humano deve ser essen­
acidental que alguns não-católicos cialmente fácil achar essa Igre­
acham custosíssima de vencer é ja, aprender-lhe os ensinamentos
a posse de muitos contactos hu­ e leis essenciais, e fazer-se mem­
manos, sociais e rendosos que te­ bro dela. Todavia, o fato de ser
riam de ser perdidos ou abando­ isso fácil não elimina a necessi­
nados se êles se fizessem cató­ dade de algum esforço da parte
licos. Para muitos, a perspectiva do indivíduo para acertar com a
de tais perdas é justamente uma verdade e agir com base nela
dificuldade grande demais para quando convencido de que a re­
ser vencida, embora pràticamente ligião de Cristo não é um mero
êles estejam convencidos de que clube ou irmandade a que “ade­
a religião católica é a única ver­ rir” como matéria de conveniência.
dadeira religião de Jesus Cristo.
A experiência prova que, para
d) Uma dificuldade mais aci­ ninguém, em qualquer modo de
dental é simplesmente interesse vida, com qualquer lastro de edu
demasiado por coisas sensíveis, cação, é essencialmente difíci
materiais e mundanas. O seu ne­ achar a verdade da Igreja Cató
gócio e as suas ambições, o seu lica e submeter-se a ela. Os con­
lar e os seus confortos, as suas vertidos à Igreja alinham-se des­
recreações e divertimentos, as suas de homens e mulheres do traba­
festas e férias, permitem-lhes en­ lho, com apenas um mínimo de
cher a sua vida. Êles absoluta­ instrução escolar, até muitos dos
mente não têm tempo nem inte-
maiores gênios e gigantes intelec­
rêsse para se ocuparem de re­
tuais de todas as épocas. Todos
ligião.
vêm aos mesmos simples atos de
2. Dificuldades essenciais. Por fé e submissão. Todos aprendem
dificuldades “ essenciais” para que que Cristo era Deus, o único Re­
alguém se faça católico entende­ dentor e Mestre da humanidade;
mos as que poderiam ligar-se ao
que êle fundou uma Igreja para
próprio processo de se preparar
distribuir os méritos da sua re­
para se fazer católico e submeter-
denção e continuar o seu ensino,
se à Igreja Católica. Na realida­
sem desvio, até o fim dos tempos;
de, estas são dificuldades em
grande parte imaginárias, e ne­ que a única Igreja que correspon­
nhuma delas é grande demais pa­ de às palavras do seu fundador e
ra que qualquer pessoa normal à finalidade e tarefas que êle lhe
não possa vencê-la. confiou é a Igreja Católica.

21
A Feliz escolha lhares de convertidos prontamente
Por ser coisa essencialmente atestarão, é a maior coisa que pos­
fácil fazer-se católico é que mui­ sa acontecer a alguém. Isso trans­
tos são capazes de vencer até mes­ forma a inteira visão de uma pes­
mo as dificuldades acidentais ex­ soa sôbre a vida; dá uma meta
traordinárias anteriormente men­ gloriosa pela qual lutar como
cionadas. Muitos que desde a in­ fim da vida, e erige metas meno­
fância foram ensinados a temer, res para cada dia da vida.
suspeitar e odiar a Igreja Cató­ De fato, isso não poderia ser
lica, mediante leitura ou associa­ coisa tão maravilhosa se não re­
ção com católicos vieram finalmen­ queresse algum esforço para ser
te a conhecer-lhe as verdadeiras alcançado. Fazer-se católico não
doutrinas, e o seu real ministério, é como um acidente que sobre­
e a relação de tudo nela à von­ vém a alguém, nem uma mera ex­
tade de Cristo, e tornaram-se os periência emocional. E* fruto de
convertidos mais felizes de todos. um esforço humano pessoal co­
Muitos cujos pecados por longo roado pela graça de Deus. Todos
tempo os mantiveram afastados os esforços humanos envolvem di­
da Igreja foram finalmente im­ ficuldades proporcionais ao fim
pelidos, pelo remorso e pela ne­ a ser atingido. Fazer-se católico
cessidade do perdão de Deus, aos assinala o mais alto fim concebí­
braços da Igreja de Deus. Muitos vel que cada um possa algum dia
que viveram para o mundo e pa­ atingir; e quer dizer tornar-se fi­
ra as suas coisas boas, viveram lho de Deus, membro do Corpo
o bastante para verem o seu mun­ Místico de Cristo, uma alma guia­
do ruir à volta de si, e então da segura e tranqiiilamente, atra­
buscaram refúgio no único lugar vés da vida, rumo ao céu, pela
onde êle poderia ser achado, isto vontade do Filho de Deus. Há
é, na Igreja que Cristo fundou trabalho implicado em atingir ta­
para todos. manha meta.
Na verdade, é tão essencialmen­ O que fazer
te fácil a alguém fazer-se cató­ As dificuldades que os não-ca-
lico, e tantos com um milhão de tólicos podem esperar encontrar
diferentes lastros o tem feito, que no processo de se fazerem cató­
é triste que tantos outros deixem licos originam-se de três fontes
de vencer as dificuldades aciden­ não relacionadas com as dificul­
tais que topam no seu caminho, dades acidentais anteriormente
ou não se movam a si mesmos nu­ descritas. Aqui estamos conside­
ma séria procura da verdade. rando o não-católico que sente
3. Dificuldades práticas. Em­ que deveria saber mais do que sa­
bora seja essencialmente fácil fa ­ be sôbre a Igreja Católica, o não-
zer-se católico, não quer isto di­ católico que sente talvez uma in­
zer que tal coisa não requeira es­ sistente curiosidade a respeito de­
forço. Fazer-se católico, como mi­ la. Tais pessoas podem experi­
mentar as seguintes dificuldades o mais tremendamente importan­
naturais cm aproximar-se da te na vida inteira do homem.
Ig reja : b) A dificuldade de frequentar
a) A dificuldade de estabele­ aulas de instrução c de fazer al­
cer o primeiro contacto com al­ gum estudo e leitura privada.
guém que possa ajudá-lo a ficar Nenhum sacerdote pode aceitar
sabendo mais a respeito da Igreja. na Igreja Católica um não-católi­
co enquanto não estiver razoà-
Muitos não-católicos que sen­ velmente convencido de que êsse
tem sincera curiosidade a respeito não-católico conhece todos os en­
da Igreja ou inclinação para ela sinamentos essenciais de Cristo
adquiriram-nas lendo material ca­ como são transmitidos através da
tólico ou conversando com católi­ sua Igreja e exprime a sua sub­
cos. Mas vem o tempo em que missão intelectual e moral àqui­
eles não podem ir mais além no lo que aprendeu. Quer isto dizer
seu estudo sem procurarem um que ordinàriamente um sacerdo­
padre. E, para muitos, pode isto te deve instruir um futuro con­
ser uma coisa terrivelmente difí­ vertido sozinho ou em grupo. O
cil de fazer. número de períodos de instrução
Aguarda-o uma boa acolhida requeridos variará de acordo com
o que o não-católico já conheci
Essa dificuldade origina-se de sôbre os ensinamentos de Crist
uma combinação de várias coisas. e da sua Igreja. Usualmente, ei
Há sempre um pequeno receio que qualquer parte, serão necessái
murmura: “ Talvez as horríveis rios de dez a vinte períodos di
coisas que dizem sôbre a Igreja instrução.
e sôbre os padres sejam verdadei­ Assim, o não-católico tem de
ras”. Há outra espécie de timidez tomar suas providências para fre­
que murmura: “ Talvez êles não quentar as instruções, e de apli­
queiram incomodar-se comigo”. Às car a sua mente para aprender o
vêzes há a noção equivocada de que está sendo ensinado. Isto é
que aproximar-se de um padre e uma dificuldade para alguns, es­
pedir-lhe maior informação é co­ pecialmente para os que pensa­
mo mergulhar no abismo; isto se vam que tudo o que tinham a fa ­
baseia na superstição de que, por zer era dizer que queriam ser ca­
algum meio oculto, o padre forçá- tólicos, para serem imediatamente
lo-á a ser católico mesmo contra a recebidos na Igreja.
sua vontade. Nenhuma destas di­
ficuldades deve-se permitir que Instrução
prevaleça. Ir a um padre e pedir Mas, se tais pessoas pensarem
maior instrução sôbre a Igreja de­ por um momento, compreenderão
ve ser olhado com a mesma calma como são indispensáveis as ins­
que se poria em pedir informação truções. Cristo veio ao mundo tan­
a um agente de viagens, mesmo to para redimir a humanidade
se o real desfecho aí envolvido é como para ensinar a humanidade.

23
Levou quase três anos ensinando, c) A dificuldade de fazer o ato
e tudo o que disse, seja o que final de submissão à autoridade
está registado nos Evangelhos, da Igreja Católica como à ver­
seja o que êle confiou aos após­ dadeira Igreja de Cristo no
tolos, de alguma maneira deve ser mundo.
repassado por aquêles que dese­ Alguns convertidos terão pouca
jam tornar-se seus fiéis seguido­ dificuldade em fazer o seu ato fi­
res. nal de submissão. Uma vez que
De outro ângulo, a necessida­ lhes tenham sido explicadas
de de instruções deve ser clara. as doutrinas da Igreja e êles
Ser um verdadeiro seguidor de tenham visto como elas são per­
Cristo ou um membro da Igre­ feitamente razoáveis, êles anseiam
ja que êle fundou constitui um pela chegada do dia em que se­
modo de vida — um nôvo modo rão aceitos no seio da Igreja e
de vida, um modo sobrenatural de terão concedidos a si todos os su­
vida, um caminho que leva à vi­ blimes privilégios disponíveis aos
são de Deus no céu. Certamente, filhos da Igreja.
alguém que pense em entrar nesse Alguns, porém, têm grande di­
nôvo caminho deve ficar sabendo ficuldade em fazer a sua submis­
em que é que êle consiste, quais são final, a despeito do pleno re­
são os deveres que êle impõe, conhecimento, por parte da sua
quais os auxílios e recompensas mente, de que a Igreja represen­
que oferece. E* isto que é ensina­ ta a verdade em matéria de re­
do nas instruções ministradas a ligião. O Cardeal Newman lutou
um convertido em perspectiva. com esta dificuldade por uma por­
Êle não pode com razão crer em ção de anos antes de vir a ser
Cristo senão conhecendo o que o grande católico que foi. Esta
Cristo ensinou; não pode ser obe­ dificuldade pode ser devida a an­
diente às leis estabelecidas por tecedentes de família, a pressão
Cristo, diretamente ou através da de amigos, ou aos últimos esfor­
sua Igreja, senão conhecendo es­ ços do demónio para suscitar uma
sas leis. perturbação na alma.
Seja qual fôr a causa, o único
A estrada verdadeira meio seguro de resolver esta di­
E' trágico haver algumas pes­ ficuldade é a oração. Realmente,
soas que sentem inclinação para todo não-católico que começa a
a Igreja e, no entanto, permitem pensar na Igreja Católica, ou a
que a dificuldade implicada em tomar instruções sôbre ela, deve­
tomar instruções as mantenha ria formular diàriamente preces
afastadas disso. O tempo gasto pedindo a guia e a graça de Deus,
nessas instruções e a energia des­ mesmo antes de haver aprendido
pendida no estudo é um preço bastante sôbre a Igreja para es­
pequeno a pagar pelo privilégio tar seguro de que precisa fazer-
de achar a única estrada verda­ se católico. A graça de Deus virá
deira para o céu. em abundância a quem lha peça
diàriamente, e fará parecerem soas que por longo tempo têm vi­
como nada todas as dificuldades, vido oom o pensamento de apren­
cm face daquilo que finalmente der mais acêrca da Igreja, mas
deverá ser ganho. nada têm feito sôbre isso.
Pode, portanto, este artigo fi­ Êle é também um lembrete aos
car como uma repetição do per- católicos sôbre os muitos meios
.pétuo convite endereçado pela pelos quais podem ser capazes de
Igreja Católica a todos os que es­ ajudar um amigo não-católico sô­
tão fora do seu aprisco — para bre algumas das dificuldades que
virem e verem se ela não tem êste último deve enfrentar. E* fá­
aquilo que as suas mentes estão cil, para um não-católico, fazer-se
buscando e os seus corações dese­ católico, se alguém que já possui
jando e as suas almas necessi­ a alegria da verdadeira fé o aju­
tando. Especialmente é êle diri­ dar nos momentos em que isso
gido aos muitos milhares de pes­ parece ser tão difícil.

26
Como travar conhecimento
com a Igreja Católica

Alguns anos atrás, um plesmente porque não sc


môço timidamente tocou a pode ser genuíno católi­
campainha da casa de um co sem compreender o que
padre. Quando a porta se a Igreja Católica ensina
abriu, disse o môço: e quais são as provas que
“ Padre, eu não sou ca­ apoiam os seus ensinamen­
tólico, mas gostaria de fa­ tos. Para alguém que quei­
zer um curso de instruções ra converter-se à fé cató­
sôbre a religião católica” . lica, há novas verdades a
“ Terei muito prazer em serem aprendidas e apre­
ministrar-lhas” , disse o ciadas, novas obrigações a
padre. serem assumidas e novas
“ Compreenda-me bem agora, Pa­ práticas a serem observadas.
dre”, continuou o môço. “ Eu não Nos primeiros séculos do Cris­
quero fazer-me católico. Quero só tianismo, aos candidatos ao Ba­
verificar se são verdadeiras to­ tismo era ministrado um longo pe­
das as coisas horríveis que meu ríodo de instrução e um ainda
pai costumava dizer sôbre a Igre­ mais longo período de provação.
ja Católica”. Isto era devido ao fato de aquê-
Desnecessário é dizer que o pa­ les neófitos (como êles eram cha­
dre sorriu e combinou o tempo mados) saírem de um mundo pa­
para as instruções. gão, imoral, para buscar admis­
Cada ano, mais de 100.000 não- são à vida, mais alta e espiritual,
católicos a m e r i c a n o s estão-se oferecida por Jesus Cristo, o F i­
aproximando de sacerdotes e pe­ lho de Deus. Hoje em dia, o cur­
dindo instruções sôbre a Religião so de instrução e provação mui­
Católica. Variados podem ser os tas vêzes é consideràvelmente en­
seus motivos imediatos, mas, no curtado, porque muitos converti­
principal, êles estão simplesmen­ dos são grandemente católicos em
te buscando a verdade no negócio pensamento e em sentimento, e já
mais importante da vida huma­ conhecem muitas doutrinas cató­
na — a religião. licas antes de se aproximarem da
Para um não-católico, seria pou­ Igreja.
co honesto aceitá-lo na Igreja Ca­ Um não-católico pode pedir a
tólica sem lhe ministrar antes um um amigo católico que o leve a um
curso de instrução, e isso sim­ padre e o apresente a êle. Se você

26
não tem amigo católico, não he­ vezes, se assim o desejar, possa
site em ir ter com um padre e o candidato juntar-se a uma clas­
apresentar-se por si mesmo. Pode se, a um grupo de pessoas que
estar certo de uma amável aco­ estão sendo instruídas tôdas ao
lhida, porque a instrução de con­ mesmo tempo. Via de regra, não é
vertidos é uma das tarefas fa­ exigido que se decore, exceto as
voritas de todo padre zeloso e orações. O objetivo importante é
apostólico. compreender cada coisa profun­
Muitos padres usam um livri- damente. Para êste fim as instru­
nho para instrução chamado o ções são tornadas mais semelhan­
Catecismo. Em forma de pergun­ tes às de um clube de discussão,
tas e respostas, contém êle tôda no ambiente de conversa amigável.
a instrução essencial sôbre a Igre­
ja Católica: o que é que os ca­ Curso de instrução
tólicos crêem, com que é que de­ Quando o não-católico se apro­
vem viver em conformidade, como xima do padre, decidem ambos
é que rezam e prestam culto. No sôbre o tempo mais conveniente
curso de instrução o padre expli­ para as instruções. Êste será, or-
cará e suprirá as perguntas e res­ dinàriamente, de uma ou duas ve­
postas, e responderá a objeções e zes por semana, geralmente por
dúvidas que os convertidos susci­ uma hora de cada vez. O curso
tem. A finalidade da instrução inteiro levará de quatro a seis
não é somente que o convertido meses, dependendo da frequência
conheça tudo o que a Igreja Ca­ à instrução, da regularidade com
tólica ensina, mas também que que o candidato vem, e do conhe­
fique completamente convencido cimento que êle já tem da ver­
de que a Igreja Católica é a úni­ dade católica. Em casos de emer­
ca Igreja verdadeira, que o aju­ gência, pode êsse tempo ser consi-
dará a resolver os problemas da deràvelmente encurtado; realmen­
vida e o levará a Deus no céu. te, quando um não-católico mui­
to doente ou moribundo chama
Fácil de compreender o padre, só alguns minutos são
Um dos aspectos satisfatórios precisos para ministrar as ins­
do Cristianismo é o fato de as truções essenciais para o batismo
mais profundas verdades de fé e e para a recepção dos outros sa­
de moral poderem ser expressas cramentos. Se um doente, assim
em palavras que até mesmo uma batizado, se restabelece, deve en­
criança pode compreender. Isto, tão procurar as instruções mais
sem dúvida, é devido ao fato de completas e detalhadas.
Deus, que é a Fonte de tôda ver­ Em via de regra, os candida­
dade, ser o autor dos ensinamen­ tos vão ter com o padre para as
tos da Igreja Católica. instruções. Contudo, no caso de
Usualmente as instruções são não-católico doente ou inválido,
ministradas privada e individual­ qualquer sacerdote terá satisfa­
mente pelo sacerdote, embora às ção em ministrar o curso de ins­

27
truções na casa da própria pes- tem permissão para se confes­
soa. No caso de desejar um não- sar ou receber a Sagrada Comu­
católico fazer-se católico antes de nhão senão depois que tiver sido
um casamento, deve iniciar as batizado ou recebido na Igreja.
instruções ao menos seis meses O padre presume que todos os
antes da data do casamento. Sob candidatos vêm a êle com pro­
algumas condições, pode êste tem­ pósito de investigar a verdade da
po ser algo encurtado. Igreja Católica. Tem prazer em
A finalidade de tomar instru­ ajudar nisso tanto quanto puder,
ções é ficar sabendo tudo sôbre a mas nunca deseja forçar ninguém
Igreja Católica. Se você não com­ a fazer-se católico. Pelo contrá­
preender um ponto, ou se lhe acu­ rio, a nenhum padre é lícito re­
dir uma objeção contra algum ceber na Igreja uma pessoa que
ponto de ensino, não hesite em admissivelmente não está conven­
interromper o padre e perguntar cida da verdade das pretensões
sôbre isso. O único interêsse dê- católicas. Se uma pessoa se faz
le é que você aprenda e fique católica ou não, isto depende da
convencido. Via de regra, os sa­ sua própria consciência e con­
cerdotes recebem com satisfação vicção.
perguntas e objeções, visto mos­ Fora da Igreja Católica há mui­
trarem estas interêsse e since­ tas noções supersticiosas sôbre
ridade. a fé. Algumas pessoas conside­
Cada igreja católica é um san­ ram-na um estado emocional em
tuário de culto e de instrução que elas apenas se sentem perto
católica. Há muitos pequenos atos de Deus. Outras parecem confun­
acidentais de devoção católica que dir fé com superstição; crêem cer­
o padre não terá tempo de lhe en­ tas coisas sôbre Deus e religião
sinar mesmo num curso profun­ quase como uma pessoa acredita­
do de instruções. Para ficar tran­ ria no poder de certos encantos
quilo, êle lhe ensinará plenamen­ ou objetos misteriosos, sem pos­
te o significado da Missa, dos suir nenhum fundamento racio­
sacramentos, etc. Mas há muitas nal ou inteligente para a sua
pequenas práticas devocionais que crença. Outras crêem que a fé é
você pode aprender observando dada a alguns e recusada a ou­
os católicos e interrogando-os. tros por uma espécie de decreto
tirânico da parte de Deus, e que
Em igreja o indivíduo nada pode fazer sô­
Quando você entrar numa igre­ bre isso.
ja católica, faça como fazem os
outros à volta de si. Ninguém Que é a fé?
prestará especial atenção a você, Para o não-católico, o acesso
nem notará que você não é cató­ natural à fé é considerá-la como
lico. Pode você ali orar e rece­ um modo de aprender a verdade
ber alguns dos frutos espirituais sôbre religião.
da Missa, mas, sem dúvida, não Na educação comum, há três

28
modos de aprender. Um é vendo e é infundido na alma por ocasião
ouvindo alguma coisa suceder: is­ do Batismo. Mas, por um adul­
to é aprender por experiência. Ou­ to, a preparação para esse dom
tro é raciocinando sôbrc as coi­ só é convenientemente feita me­
sas, tal como provar que um ser diante o uso da sua razão em
humano tem uma alma espiritual: chegar a uma compreensão e acei­
isto é aprender pelo raciocínio, O tação das palavras de Deus.
terceiro modo e o mais comum
é lendo um livro de confiança ou Simples lógica
escutando um mestre fidedigno: Às vêzes as pessoas são muito
isto é aprender pela fé. lógicas e razoáveis sôbre algumas
Aplicada à religião, a fé é, poi%
- coisas, mas parece perderem a
tanto, um modo de aprender as sua lógica e até mesmo o seu bom-
verdades de Deus com base na senso quando se vem à religião.
palavra e na autoridade de Nosso Assim, considerariam idiota uma
Senhor e Salvador Jesus Cristo, pessoa que dissesse que dois e dois
que as ensina por intermédio da fazem quatro e que dois e dois
sua Igreja infalível. também fazem cinco. Todavia, ao
mesmo tempo, dirão que uma re­
Assim pode-se ver que, de um ligião é tão boa como outra, ou
ponto de vista humano, a fé que tôdas as religiões são igual
religiosa é primeiramente uma mente verdadeiras, mesmo se ei
questão do intelecto e da vonta­ sinam doutrinas contraditória]
de, e não uma cega emoção ou Deus não pode ensinar doutrim
sentimento. Enquanto os católi­ contraditórias, e, uma vez qui
cos aceitam tôdas as verdades ca­ uma pessoa aceite o fato de qui
tólicas com base na palavra de a fé significa a racional aceita­
Cristo que as ensinou, também ção daquilo que Deus realmente
aprendem o por quê de cada coi­ disse, ficará sabendo que só pode
sa, porque a religião católica é haver uma única religião verda­
mui racional em todos os seus deira. As mesmas regras concer­
ensinamentos. Nas suas instru­ nentes à verdade aplicam-se à re­
ções, os convertidos são incenti­ ligião como a todos os outros ra­
vados a exigirem prova de toda mos da ciência e da instrução.
doutrina cristã. Tal prova pode
estar disponível na razão ou no O auxilio da oração
claro ensino de Jesus Cristo. Deixado a si mesmo, o intelecto
Sem dúvida, deve ser notado humano é sujeito ao erro e fà-
que há uma fé sobrenatural, isto cilmente afetado por sentimentos
é, uma fé capaz de merecer os e preconceitos. Por esta razão, o
maravilhosos favores e recompen­ sincero perquiridor da verdade
sas sobrenaturais que só Deus po­ em matéria de religião deve re­
de dar e que êle preparou para zar ardentemente a Deus em bus­
os homens. Essa fé é, com razão, ca de auxílio. E* por isto que usu­
chamada um dom de Deus que almente um padre pede ao can­

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didato sob instrução dizer cada se está convencido da verdade da
dia uma prece em busca da guia Igreja Católica e se deseja tor-
de Deus e da coragem para se­ nar-se um membro desta. Se êle
guir as suas convicções. Quando deseja fazer-se católico, é priva­
um não-católico sinceramente bus­ damente recebido numa cerimónia
ca a verdade e reza, não será que hoje em dia é, em muito, a
deixado sem iluminação e sem co­ mesma que nos primeiros séculos
ragem. cristãos.
Durante o último século, um
O batismo
clérigo notável, uma das mais bri­
lhantes sumidades da Inglaterra, Se o convertido nunca foi an-
ficou desgostoso e começou a pro­ teriormente objeto de uma ceri­
curar a verdade. Finalmente monia batismal, é imediatamente
achou o seu caminho na Igreja batizado, e lhe é dado um nome
Católica e mais tarde veio a ser cristão. Esta função de vinte mi­
o afamado Cardeal John Henry nutos é uma das mais belas ce­
Newman. Enquanto tateava em rimonias da Igreja, compreenden­
busca da verdade, êle compôs e do orações e atos que simbolizam
muitas vêzes usou esta oração, que a libertação da pessoa humana do
também pode ser usada por qual­ poder de Satanás, a purificação
quer não-católico: e enobrecimento da alma pela
graça santificante, e a resultante
A oração de um cardeal consagração ao cuidado e servi­
“ O* meu Deus, confesso que Vós ço de Deus, culminando tudo no
derrame da água batismal sôbre
podeis iluminar as minhas trevas.
a sua cabeça com as palavras:
Confesso que só Vós o podeis. De­
“ Eu te batizo em nome do Pai e
sejo que minhas trevas sejam ilu­
minadas. Não sei se o quereis; do Filho e do Espírito Santo”.
mas que Vós o possais e que eu Se o candidato já foi batizado
o deseje são razões suficientes numa seita cristã, então o pro­
para que ao menos eu peça aquilo cesso é ligeiramente diferente. O
que não proibistes que eu pedisse. seu batismo pode ter sido váli­
Abraçarei seja o que fôr que fi­ do, e, se isto puder ser provado,
nalmente eu sinta com certeza o sacramento não deve ser repe­
ser a verdade, se algum dia eu tido. Por isto, pelo Direito Ca­
chegar a essa certeza. E, pela vos­ nónico da Igreja o padre é man­
sa graça serei guardado contra dado investigar até onde possível
toda ilusão que me leve a tomar o batismo anterior. Em muitos
aquilo que a natureza quereria casos, entretanto, é pràticamente
ter, de preferência àquilo que a impossível saber se o batismo an­
razão aprova” . terior foi válido ou não. Nestes
Quando um candidato termina casos, ou sempre que houver qual­
as suas instruções, é-lhe dada quer dúvida sôbre a validade de
oportunidade de dizer ao padre um batismo anterior, o converti-

30
do 6 convidado privadamente a cados cometidos desde esse batis­
ler com o padre uma profissão mo. Assim, tudo é feito para não
de fé, depois é batizado condi­ deixar o convertido sem a plena
cionalmente, e depois faz uma con­ riqueza da graça santificante. Es­
fissão desde o tempo do seu pri­ tá ele então pronto para receber
meiro batismo. Esta confissão é a Sagrada Comunhão. E então é
uma medida de segurança; se o membro da única verdadeira, san­
batismo anterior foi realmentc ta e apostólica Igreja estabeleci­
válido, só por meio da confissão da por Cristo.
é que podem ser perdoados os pe­

81
Vale a pena ser Católicot

Conteúdo:

• Vale a pena ser católico?

• Devo ser católico?

• E’ difícil a alguém fazer-se católico?

• Como travar conhecimento <_om a Igreja Ca­


tólica.

Êste caderno foi preparado pelos Cavaleiros de Co­


lombo e traduzido para o português com a devida
autorização.
Cum approbatione ecclesiastica

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