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O Currículo.

A palavra currículo tem origem em Scurrere, palavra latina que quer dizer correr, e
refere a curso (ou carro de corrida). A partir dessa ideia, podemos entender currículo
como um percurso a ser seguido.

O currículo escolar abrange as experiências de aprendizagens implementadas pelas


instituições escolares e que deverão ser vivenciadas pelos estudantes. Nele estão contidos
os conteúdos que deverão ser abordados no processo de ensino-aprendizagem e a
metodologia utilizada para os diferentes níveis de ensino.(infoescola)

O currículo também pode ser entendido como um campo social se visto a partir da
construção intelectual e prática de estudiosos, políticos e sociedade civil.

O currículo não é um elemento neutro de transmissão desinteressada de


conhecimento. O currículo implica em relações de poder, transmite visões sociais
particulares e produz identidades.

De acordo com Goodson (1995), o currículo surgiu “numa época em que a


escolarização estava se transformando em atividade de massa”.

No Brasil, apenas no início do século XX, com o início da industrialização americana,


e nos anos 1920, com o movimento da Escola Nova no Brasil, a ideia de que era
necessário decidir sobre o que ensinar ganha força e, para muitos autores, aí se iniciam
os estudos curriculares (LOPES, 2013).

De lá pra cá, devemos entender que o currículo se apresentou de modos diversos,


sendo algumas vezes visto como o conteúdo do programa a ser ministrado por professores
e aprendido por seus alunos (perspectiva tradicional), outras vezes, numa perspectiva
mais “moderna”, visto como um conjunto de experiências a serem vividas pelos alunos
na escola. Mistura-se, ainda, a ideia de currículo com grade curricular e planos de ensino.
Todavia, independentemente da perspectiva, podemos perceber que há um entendimento
comum por trás de todas essas visões, no sentido de que currículo se refere a ideia de
organização, prévia ou não, de experiências de aprendizagem realizadas por professores
ou escolas de forma a levar a cabo um processo educativo.

Atenção, pessoal!

Embora, muitas vezes as ideias se misturem (e se misturam mesmo e vocês


perceberão isso ao longo do nosso estudo, que foi construído a partir da visão de diversos
autores da pedagogia, por isso é fundamental termos bom senso na resolução das
questões da prova), para concursos temos que ter clareza:

Currículo = conjunto de ações pedagógicas.

Para Lopes (2013):

O currículo é definido como as experiências de aprendizagem planejadas e


guiadas e os resultados de aprendizagem não desejados formulados através da
reconstrução sistemática do conhecimento e da experiência sob os auspícios da
escola para o crescimento contínuo e deliberado da competência pessoal e social
do aluno.

Já, a grade curricular = disciplinas e conteúdos do currículo.

Assim, podemos perceber a teoria curricular nos possibilita compreender os objetivos


de um grupo social, ou seja, a função da teoria curricular é compreender e descrever
os fenômenos da prática curricular. Portanto, o currículo é que liga a teoria
educacional à prática pedagógica.

Vamos repetir!

O currículo faz a ligação entre a teoria educacional e a prática


pedagógica.

Teorias tradicionais do currículo.


Nas bibliografias é comum serem apresentadas três correntes teóricas sobre
currículo. Essas teorias são muito cobradas em concursos, portanto, você já sabe: preste
atenção!

Na virada do século XIX para o XX, os Estados Unidos vivenciam uma nova concepção
de sociedade que se baseia no modo industrial. Assim, o currículo vem a ser desenvolvido
a partir de ideias vindas do Taylorismo. Professores, mas o que é Taylorismo?

Taylorismo se refere a um sistema de organização do trabalho concebido pelo


engenheiro norte-americano Frederick Winslow Taylor, conhecido como o pai da
“Administração Científica”. Por meio do estudo conhecido como “tempos e movimentos”,
Taylor propôs a organização racional do trabalho, por meio da qual pretendia, por meio
da divisão das tarefas nas indústrias e especialização dos operários, alcançar o máximo
de produção e rendimento com o mínimo de tempo e de esforço, ou seja, o máximo de
eficiência. Os estudos de Taylor trouxeram diversos avanços para a Administração, no
entanto, também há muitas críticas, entre elas, o fato de que o homem seria visto como
uma máquina, apenas mais uma engrenagem do sistema produtivo.

Voltando.

Assim, nesse período, a escola é vista como meio relevante para promover a
adaptação das novas gerações às mudanças culturais, sociais e econômicas que estavam
acontecendo. Havia, nesse período uma grande preocupação com o planejamento
propriamente dos currículos.
Quem se destaca nos Estados Unidos nesta época é Franklin Bobbitt (1876-1956),
que escreveu “The Curriculum”, no qual expressa ideias relacionadas a eficiência e a
padronização que vinham da ciência da Administração que estava se desenvolvendo. Na
visão de Bobbitt, a escola deveria formar as pessoas para o trabalho.

Já John Dewey (1859-1952) focava na experiência dos alunos. Dewey se


contrapunha à memorização valorizada na época. Preocupavase com a ligação da teoria
com a prática. Assim, o currículo deveria oportunizar aos alunos uma escola ativa e
democrática. Todavia, cabe esclarecer que Dewey não consegue ultrapassar a visão
tradicional do currículo, embora considerado progressista, posto que não foi um
intelectual envolvido na luta por uma transformação social radical.

Outro pensador importante da Teoria Tradicional é Ralph Tyler (1902-1994). Tyler


focava na técnica, preocupava-se com princípios da Administração Científica, como
racionalidade e eficiência. Por isso ficou conhecido como tecnicista.

O tecnicismo, que surgiu no final da primeira metade do século XX, buscou planejar
a educação de modo a organiza-la racionalmente para que as interferências subjetivas
fossem diminuídas e não colocassem em risco sua eficiência. Para isso, os processos
precisariam ser mecanizados, fato que levou ao surgimento de propostas pedagógicas
com enfoque sistêmico e as que utilizavam o micro-ensino, o tele-ensino, a instrução
programada, etc.

Enfim, fez com que surgisse a padronização do sistema de ensino a partir de uma
organização racional planejamento em esquemas formulados para se ajustarem a
diferentes disciplinas e práticas pedagógicas.

Resumindo, temos que:

As teorias tradicionais tiveram origem nos Estados Unidos e são do tipo conservadora.
Fundamentava-se nos princípios de Taylor, que igualava o sistema educacional ao modelo
organizacional e administrativo das empresas. As teorias tradicionais buscam preparar o
indivíduo para o desenvolvimento de habilidades intelectuais por meio de práticas de
memorização. Os principais representantes das teorias tradicionais são Taylor, Bobbit,
Dewey e Tyler.

Assim, temos que:

 O currículo das teorias tradicionais buscava garantir o controle social, preparando


futuros trabalhadores;

 As teorias tradicionais visavam a eficiência, focando em questões técnicas e ideias


vindas das indústrias;

 Os currículos buscavam manter a objetividade e neutralidade, no sentido de fazer da


escola um ambiente a parte de temas sociais, tais como pobreza e desigualdade social.
Teorias críticas do currículo.
Na década de 1960 emergem movimentos nos Estados Unidos,
Inglaterra e Franças fazendo muitas críticas às teorias tradicionais. Esses movimentos são
parte de um processo de reflexões teóricas e empíricas sobre educação que vinha se
caracterizando na Inglaterra desde o século XIX.

Nos Estados Unidos desenvolve-se um campo de pesquisa sobre currículo que


buscava realçar uma compreensão mediada pelo entendimento de questões sociais, sendo
que, para os currículos, pretendiam identificar e, se possível, extinguir aspectos que, na
visão desses críticos, contribuíam para a limitação da liberdade do indivíduo e de grupos
sociais.

A partir de uma conferência na Universidade de Rochester (E.U.A), em 1973,


especialistas desenvolveriam uma análise sobre o currículo baseada no neomarxismo e
na teoria crítica e uma outra análise baseada numa tradição humanista e
hermenêutica, mas que, no fim, ambas as análises passaram a ser conhecidas como
reconceitualistas.

Para Moreira e Silva (apud Santos e Machado), os reconceitualistas tinham


divergências importantes que os separavam, pois, para os neomarxistas, os humanistas
davam pouca importância a base social e ao caráter contingencial da experiência
individual. Já os humanistas entendiam que os neomarxistas subordinavam a experiência
humana à estrutura de classes, dela eliminando a especificidade e a inventividade.

Estes estudos contribuíram para que o currículo fosse visto como uma construção
social e auxiliaram na compreensão das ligações entre currículo, cultura e poder, de forma
que, hoje, percebe-se no currículo a sua parcialidade ou a sua não neutralidade.

Em 1971, Michael Young lança o livro “Nova Sociologia da Educação” (Knowlegde


and Control). A obra traz uma análise a respeito da formação do conhecimento e a relação
do poder com o controle social.

Assim, nesse contexto, observa-se nas pesquisas de currículo a busca do


entendimento das instituições como lugares de organização do material cognitivo
e simbólico, bem como, das questões relevantes para diferenciar o sucesso e o
fracasso escolar.

Na parte metodológica, valoriza-se a observação comportamental e a pesquisa de


campo. Busca-se compreender os saberes cotidianos e, na sociologia da educação, o
homem passa a ser visto dentro de um contexto, como construtor de sua identidade
e não como mero produto do meio.

Já na França, neste período, destacaram-se os trabalhos de Pierre Bourdieu (1930-


2002) e o de Louis Althusser (1918-1990) que construíram uma crítica que ficou
conhecida como “crítico-
reprodutivista”. Essa crítica surgiu a partir da tentativa de revolução cultural dos jovens
de maio de 1968, que pretendia realizar a revolução social por meio da revolução cultural.
Esse movimento se espalhou por diversos países, inclusive Brasil, mas foi mais forte na
França.

Para os reprodutivistas há um processo que mantém as desigualdades


sociais. Na teoria educacional entende-se que a educação é importante no processo de
reprodução social, mas há também nas escolas um processo de subordinação das culturas
dominadas à cultura dominante.

Justamente essa questão da valorização da cultura dominante é o que levanta


Bourdieu em seus estudos. Para ele, essa valorização acaba sendo refletida no currículo,
sendo que a escola acaba por menosprezar a cultura e os costumes dos
dominados, legitimando as regras sociais pré-estabelecidas pelos dominantes.
Assim, o currículo dificulta o aprendizado das crianças de classe dominada, levando-as,
muitas vezes, a não completar seus estudos.

Althusser foi, nas décadas de 1960 e 1970, um dos responsáveis pela inserção das
teorias marxistas no campo do currículo. Para este filósofo francês a educação era um
dos principais aparelhos de disseminação das ideias das classes dominantes e que, com
isso, contribuía para a manutenção da estrutura social vigente. Assim, as escolas
funcionariam como responsáveis pela formação de operários submissos enquanto os
estudantes vindos das famílias da classe dominante se formavam para ser chefes.

No que se refere ao currículo, Althusser entende que esse instrumento seria


utilizado para garantir a transmissão da ideologia dominante, sendo as disciplinas e
conteúdos trabalhados nas escolas uma seleção interessada e articulada para assegurar
o domínio e a reprodução social. Nesse sentido, depreende-se que refletir sobre currículo
e ideologia seria refletir sobre o poder político que pode se manifestar nas escolas; seria
pensar como o conhecimento implantado no currículo escolar contribui na formação das
identidades sociais e individuais; bem como, entender que esse conhecimento pode
favorecer alguns e se estabelecer contra outros.

Dessa forma, entende-se que uma teorização crítica em educação precisa ser
reflexiva quanto a manutenção de estruturas e a possibilidade de modificá-las.

Resumindo, temos que:

A teoria crítica começou a se aparecer na década de 1960, a partir de movimentos que


foram mais significativos nos Estados Unidos, Inglaterra e França. Fundamentava-se no
estudo das desigualdades sociais e é influenciada pelo marxismo. Argumenta que
não há uma teoria neutra, pois as teorias refletem as relações de poder. Mostra que o
currículo pode ser um campo para pregar a liberdade e um espaço cultural e
social de lutas. Os representantes dessas teorias que se destacaram são Pierre Bourdieu
Louis Althusser, Henry Giroux, Jean Claude Passeron, Michael Apple, Basil Bernstein e
Bowles e Gintis e, no Brasil, Paulo Freire.

Assim, temos que as teorias críticas:


 Fizeram com que surgisse uma nova forma de pensar o currículo e,
consequentemente, a educação e suas implicações sociais.

 Fazem-nos perceber que o currículo não é neutro e suas propostas não são
desinteressadas.

 Mostram que os sujeitos são atores e não simplesmente produtos do meio social onde
vivem.

 Manifestam que há uma relação direta entre o conhecimento e o controle das camadas
subalternas e uma reprodução social e cultural sendo legitimada no currículo, por
meio dos conhecimentos tidos como indispensáveis.

Teorias pós-críticas do currículo.


O século XX foi um período marcado por mudanças sócio-culturais relevantes. Nesse
século, marcado pelas duas grandes guerras, o mundo passou a questionar os
preconceitos e seus limites, a mulher ganhou espaço no mercado de trabalho, o excesso
de controle e de domínio passaram a ser questionados, o questionamento de paradigmas
ganhou seu espaço.

Nesse contexto de transformações, a lógica positivista, tecnocrática e racionalista,


passou a ser questionada na busca de abrir espaço para as minorias. No campo
educacional, as teorias pós-críticas, que emergiram pelas décadas de 1970 e 1980,
começaram a se desenvolver pelo multiculturalismo.

O multiculturalismo entende que as sociedades contemporâneas devem ser


percebidas como multiculturais, pois, nos mais diversos espaços, notamos uma
pluralidade expressa nas classes, cultura, etnias, cultura, religião, sexualidade
decorrente da própria dinâmica social. Há quem entenda que a problemática multicultural
faz com que nos sintamos privilegiados diante de sujeitos históricos que muito sofreram,
mas que, resistentes, continuam a afirmar sua identidade.

Para Candau (apud Santos e Machado), existem diversas abordagens para tratar
sobre o multiculturalismo, no entanto, a autora destaca duas abordagens a descritiva e a
propositiva. Nesse sentido temos as seguintes definições:

* Abordagem descritiva - o multiculturalismo é uma qualidade das


sociedades atuais, porém os arranjos multiculturais dependem dos contextos histórico,
político e sociocultural e das características das nações, países e continentes. Enfatiza,
portanto, a descrição e a compreensão das construções multiculturais.

* Abordagem propositiva - percebe o multiculturalismo não apenas como


uma característica da nossa realidade, mas como uma forma de atuar, de intervir e de
transformar a dinâmica social. Trata-se, portanto, de uma espécie de projeto político-
social, que busca melhorar as relações culturais e sociais em cada espaço. Essa
abordagem possui três perspectivas:
• Abordagem assimilacionista - nossa sociedade é multicultural, mas nela não há
espaço para todos. Assim, a sociedade busca incorporar os excluídos à cultura
hegemônica, universalizando a educação, mas focando no monoculturalismo, inclusive
nos conteúdos dos currículos.

• Abordagem diferencialista - propõe o reconhecimento das diferenças e a garantia


da liberdade de expressão. Valoriza o acesso a direitos sociais e econômicos, porém há
um estímulo ao estabelecimento de comunidades culturais homogenias, ou seja, pessoas
com similaridades culturais se aproximariam formando sua comunidade, que viveriam
mais separadamente de outras comunidades com culturas diferentes.

• Abordagem intercultural – vê as culturas como um processo contínuo de


elaboração, construção e reelaboração, não fixando as pessoas em padrões engessados.
Assim, nenhuma cultura seria pura. Estimula o reconhecimento do outro, encoraja o
diálogo e percebe as diferenças como características a serem valorizadas na construção
de uma sociedade democrática.

Assim, entende-se que, dentro da abordagem multicultural, é importante que o


currículo considere as diversas identidades culturais, permitindo o desenvolvimento de
práticas pedagógicas em um processo de troca cultural, destacando a construção histórico
e social dos conteúdos, de modo que a escola possa ser um espaço de produção cultural
e de crítica.

Outra perspectiva que possibilitou o desenvolvimento das teorias pós-crítica foram


os estudos de gênero. Estes mostram que o poder na sociedade é influenciado pelo
“patriarcado”. Nesse sentido, o mundo social sempre valorizou muito os interesses, os
pensamentos e outras qualidades masculinas. Assim, os currículos acabam sendo
influenciados pelas desigualdades entre homens e mulheres. Portanto, ao
considerar questões de gênero, o currículo precisa ir além desses reflexos existentes na
sociedade para não tornar natural condutas e estereótipos vistos como normais.

Nas teorias pós-críticas também é necessário referenciarmos a questão étnico-


racial. Essas teorias focalizam a dinâmica da raça e da etnia, focando em narrativas sobre
o acesso e a exclusão. Argumenta-se, por exemplo, que a identidade étnica e racial está
bastante ligada às relações de poder que contrapõem o homem europeu às populações
de países colonizados por esses homens.

No currículo, a abordagem possibilita o entendimento das desigualdades e a


desmistificação de preconceitos sociais.

Resumindo, temos que:

As teorias pós-críticas começaram a se aparecer nas década de 1970 e 1980, sendo


influenciadas por uma série de transformações ocorridas no século XX. Baseou-se,
em princípio, no multiculturalismo, estendendose para os estudos de gênero e
étnico-raciais. Essa teoria questiona conceitos da modernidade, como razão e ciência, e
aponta a problemática da desvalorização do desenvolvimento cultural e histórico de
alguns grupos étnicos. Os representantes que temos que lembrar são Derrida, Foucault,
Lyotard, Deleuze, Cheryholmes.

Assim, temos que as teorias pós-críticas:

 Modificam os debates gerados pela tendência crítica; embora haja alguma semelhança,
seus fundamentos são diferentes;

 Fundamentam-se no pós-estruturalismo, que acredita que o conhecimento é algo


incerto e indeterminado;

 Questiona o conceito de verdade, pois considera o processo pelo qual algo se tornou
verdade.

Uma dica para entender a diferença existente entre as teorias críticas e as pós-
críticas é perceber que, no geral, o foco nas teorias críticas está na análise do
poder relacionado a questões econômicas; já nas pós-críticas, as análises
baseiam-se em toda uma rede social, levando em conta temas subjetivos,
inerentes, segundo essas teorias, ao que constitui o meio social.

Concepções de organização curricular.


Os modos de materialização das intenções pedagógicas caracterizam concepções
de organização curricular e determinam os tipos de currículo. É importante
entendermos esses conceitos, pois podem ser pedidos na prova. As concepções mais
conhecidas são:

Currículo tradicional.
Se refere ao conjunto de disciplinas a serem estudadas pelos alunos ao longo dos anos
escolares. O currículo tradicional não se atenta para a contextualização. Esse currículo
organiza as disciplinas com seus conteúdos de forma fragmentada. Por isso, a educação
ocorre de modo linear, sem articulação entre os temas.

Currículo tecnicista ou racional tecnológico.


Foca na difusão de conhecimentos e habilidades voltados para o mercado produtivo.
Baseia-se na tecnologia para selecionar e organizar os objetivos e as experiências de
aprendizagem, os materiais didáticos, os instrumentos de avaliação. Pretende fazer do
ensino um “processo eficiente”.

Currículo progressista ou escolanovista.


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No currículo progressista sobressai o desenvolvimento das capacidades cognitivas.
Nessa concepção, o professor atua como facilitador e o ritmo de cada aluno deve ser
respeitado, pois as experiências dos próprios alunos é que permitem a aprendizagem.
Assim, ganham destaque as necessidades dos alunos e o interesse deles nas
atividades.
Currículo construtivista.
Esta concepção foca mais na construção do conhecimento pelo próprio aluno e
menos na influência da cultura e do próprio professor, assim, o professor deve atuar
como facilitador do aprendizado. As disciplinas somente aparecem como um valor
instrumental para a aprendizagem de habilidades cognitivas, devendo o professor
garantir a integração do educando com os objetos de aprendizagem.

Currículo sociocrítico ou histórico-social.

O currículo sociocrítico busca estimular a liberdade de pensamento. A concepção


entende que os temas pedagógicos podem contribuir para uma formação política. Dá
destaque a responsabilidade social, no sentido de desenvolver cidadãos capazes de
transformar sua realidade. Confere valor à prática.

Currículo integrado e globalizado.


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O currículo globalizado é interdisciplinar, pois relaciona as disciplinas de forma holística.


Percebe a prática curricular como um processo de investigação. Assim, por meio da
definição de um tema como gerador, as disciplinas se associam, gerando um
conhecimento integrado a respeito do tema definido.

Quando da preparação da proposta curricular, com base nessas concepções e tipologias,


deve-se decidir entre currículos fechados e currículos abertos. Conforme apresentado a
seguir:

Currículos fechados.
São aqueles que trazem as disciplinas de forma isolada. Os conhecimentos e
competências dos professores não são considerados na sua elaboração e os
professores ficam limitados a seguir os objetivos e os conteúdos definidos no
currículo.

Currículos abertos.
Preocupam-se com a integração entre as disciplinas e ações pedagógicas. Os
professores participam do processo de elaboração e seus saberes são respeitados,
por isso, acabam tendo mais flexibilidade na definição dos objetivos e
competências a serem trabalhados. Os conteúdos podem ser organizados em áreas e
temas geradores, de forma que subtemas e disciplinas poderão ser associados ao tema
focal.

Importante: Por conta dessa divergência entre as teorias curriculares e tipologias de


currículo é que a escola deve avaliar cuidadosamente qual currículo irá adotar para
chegar ao seu objetivo. Essa escolha deve ser pensada a partir da concepção do seu
Projeto Político Pedagógico, o qual deve basear-se na prática teórica da instituição
e as necessidades dos alunos.
Prática pedagógica.
Embora já tenhamos discorrido em alguns momentos sobre a prática, pois, como
argumenta Lopes, a prática é uma temática que acompanha o desenvolvimento da
teoria curricular, assumindo diferentes sentidos. Mas, vamos especificar melhor o tema
para seu b melhor entendimento.

De acordo com Freire, a construção do conhecimento se dá pela interação


entre professor e aluno. Assim, a prática pedagógica pode ir além do especificado no
currículo. Há a prática intencional de ensino e aprendizagem, que não se reduz à questão
didática ou às metodologias de estudo e aprendizado, mas deve estar articulada à prática
social, numa relação dialética entre prática-teoria.

Assim, a aula desenvolve-se num tempo e em determinado espaço por meio de


relações e conflitos, onde professor e aluno, ensinam e aprendem, construindo e
reconstruindo o conhecimento juntos.

Na prática, o professor aprende com o aluno ao pesquisar sua realidade, seu


desenvolvimento cognitivo e afetivo. Já o aluno aprende por meio dos conhecimentos que
o professor têm e busca compartilhar. Todavia, deve-se destacar que isso não deve excluir
a autoridade do professor em sala.

Desse modo, entende-se que uma boa prática pedagógica deve ser pautada pela
ética. Afinal, como percebemos ao estudar as teorias do currículo, quando o professor
ensina uma disciplina, o professor está ensinando mais que os conteúdos especificados.
Ele etá ensinando sobre o mundo e as atitudes diante deste, sobre as relações sociais e
o convívio.

Assim, tendo melhor entendimento da prática pedagógica, fica mais fácil visualizar e
entender as diferentes expressões dos currículos. Veja os conceitos que poderão ser
cobrados em sua prova:

Currículo formal, oficial, explícito ou prescrito.


É aquele documentado, estabelecido pelos sistemas de ensino.

Currículo real ou em ação.


É aquele que, de fato, acontece dentro da sala de aula.

Currículo implícito, nulo ou oculto.


São os saberes e competências desenvolvidos no ambiente escolar, mas que não
aparecem nos 9 programas oficiais, seja porque contém um viés ideológico, seja
porque essas manifestações simplesmente escapam do controle institucional,
firmando-se nas zonas sombrias do currículo prescrito.
No geral, podemos perceber ao longo do estudo que:

 Os currículos, no geral, refletem um sistema de valores sociais, uma cultura,


características históricas, opiniões políticas, uma filosofia educacional;

 O currículo implica uma seleção, uma escolha (tipo de currículo, se aberto ou fechado,
entre outras);

 A elaboração do currículo requer determinada estruturação de conteúdos;

 Para escolher conteúdos e métodos, algum critério tem que ser utilizado, podendo este
estar implícito ou explícito;

 Os currículos envolvem metodologia e as diretrizes concretas para uma avaliação eficaz.

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