Sumário:
Apresentação do programa das disciplinas de Física Geral II e de Complementos de
Física.
Introdução ao estudo das ondas. Descrição matemática de um pulso unidimensional
A Fig. 1.1 mostra ondas numa corda quando se agita a sua extremidade para
cima e para baixo. Cada ponto da corda move-se para cima e depois para baixo,
novamente para cima, para baixo, e assim sucessivamente…
Figura 1.1
É o efeito da agitação que se desloca, sem que a corda se desloque como um todo de
um sítio para o outro! Algo semelhante acontece com as ondas de mar.
Figura 1.2
A Fig. 1.2 representa uma onda de mar que se desloca da esquerda para a direita
(mostram-se duas imagens tomadas em instantes diferentes). A bóia apenas oscila
verticalmente.
Uma onda é, portanto, a propagação de uma "perturbação". No caso da Fig. 1.1 a
"perturbação" é o deslocamento vertical dos pontos da corda e no caso da Fig. 1.2 é o
deslocamento (também vertical) dos pontos da superfície do líquido.
As ondas, sejam elas quais foram − na corda, no mar, no ar (ondas sonoras) na
Terra (ondas sísmicas) − precisam de um meio para se propagar. Mas as ondas
electromagnéticas, não! Propagam-se mesmo no vazio. Apesar de o espaço entre o Sol e
a Terra ser vazio, a radiação solar − constituída por ondas electromagnéticas − chega à
Terra. A sua velocidade de propagação é a velocidade da luz, que se representa por c, e
tem o valor 300 000 km/s. Estudaremos mais pormenorizadamente as ondas
electromagnéticas adiante neste curso. Para já, vamos abordar aspectos genéricos
relativos a todos os tipos de ondas, independentemente da sua natureza mas tomaremos
preferencialmente, a título de exemplo e para tornar as ideias mais concretas, ondas em
meios materiais.
1
Quando as ondas se propagam em meios materiais falamos muitas vezes de
ondas mecânicas. A velocidade de propagação destas ondas depende da natureza do
meio. No ar, por exemplo, as ondas sonoras propagam-se com velocidade de cerca de
340 m/s. Na água as ondas propagam-se a cerca de 1500 m/s e no aço a mais de
6000 m/s.
Se tivermos uma corda sob tensão, a velocidade de propagação das ondas nessa
corda depende de dois factores: da tensão na corda, T e da massa por unidade de
comprimento, que designamos por µ . Demonstra-se (não o fazemos aqui) que a
velocidade de propagação é dada por
T
v= (1.1)
µ
Quanto mais tensa estiver a corda, mais rápida é a propagação. Por outro lado, para
cordas do mesmo material, a que tiver menor massa por unidade de comprimento, é a
que propaga a onda com maior velocidade. As maiores velocidades de propagação
conseguem-se, pois, em cordas finas e muito tensas.
y ( x,0) = f ( x ) . (1.2)
S y
Figura 1.3
Um pulso assim pode ser gerado num corda com uma só agitação vertical de vaivém (e
não com repetidas agitações como na Fig. 1.1).
2
Para obtermos a descrição matemática do pulso consideremos agora um novo
referencial móvel, S’, que acompanha o pulso: se a velocidade do pulso for v também o
referencial S’ se desloca com velocidade v na direcção positiva do eixo dos x. No
referencial S’ (de eixos coordenados x 'e y ') a perturbação é simplesmente descrita por
uma função não depende do tempo y '= f ( x ') pois o referencial acompanha a
perturbação e esta não muda do ponto de vista do referencial S’.
S y S' y'
vt v
f(x) f(x')
x x'
Figura 1.4
Como relacionar y com y’ e x com x’? A Fig. 1.4 figura permite concluir que
essa relação é
y = y' e x = x'
+ vt (1.3)
Esta equação descreve um pulso de uma forma qualquer descrita pela função f que se
propaga na direcção positiva do eixo dos xx. Se nos deslocarmos de tal forma que
x − vt = constante , (1.4)
1
A transformação acima deve ser complementada com a equação t = t ' , ou seja, o tempo flui da mesma
maneira nos dois referenciais. Tal já não acontece na Teoria da Relatividade em que os tempos, não são
iguais.
3
dx
=v (1.5)
dt
y ( x, t ) = f ( x + vt ) (1.6)
1
φ (x, t ) = , onde v é um parâmetro, descrever um fenómeno ondulatório?
1 + [x ( vt + 1)]
2
1
y (x, t ) = , (1.7)
1 + ( x − vt ) 2
ainda com v um parâmetro, trata-se ou não de uma onda? A resposta é agora afirmativa.
Vale a pena, por exemplo, para v = 2 representar as duas funções2 em instantes
diferentes, tais como t = 0 , t = 1 e t = 2 .
2
Estamos a usar unidades arbitrárias (do sistema internacional ou outras quaisquer).
4
1.0
0.8
t=0
0.6
φ
t=1
0.4
t=2
0.2
0.0
-10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10
x
Figura 1.5
t=1
1.0
t=2
0.8 t=0
0.6
y
0.4
0.2
0.0
-10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10
x
Figura 1.6
No caso da Fig. 1.5 não há qualquer onda. Mas já se tem uma onda no caso da Fig. 1.6:
há um pulso que se propaga para a direita (ler do gráfico a velocidade de propagação
atendendo à posição do pico nos instantes considerados). A Fig. 1.6 foi gerada a partir
do ficheiro Excel ondapro.xls disponível para download. Nesse ficheiro é possível
modificar a velocidade de propagação da onda.