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PROCESSO

PEnal I

mais celeridade se o acusado estiver preso, ser informado de todos os do Presidente da República ou os crimes praticados por
PRInCÍPIOS PROCESSUaIS atos, ter acesso à defesa técnica, de ter a imutabilidade das decisões brasileiros no exterior.
PEnaIS E aPlICaÇÃO Da que sejam favoráveis ao réu. O CPP concretiza este princípio quando, lInK aCaDÊMICO 1
lEI PROCESSUal PEnal no art. 261,
foragido, estabelece
será que ou
processado “nenhum
julgadoacusado, ainda que
sem defensor”, e noausente ouque
art. 263,
dispõe que, “se o acusado não tiver defensor, o juiz lhe nomeará um, InQUÉRITO POlICIal
o Processo Penal brasileiro
1. Princípios processuais penais: ressalvando o direito do acusado de nomear outro ou de defender-se
é regido por princípios, alguns inclusive constitucionais, que pessoalmente, caso tenha habilitação”. 1. Conceito:o inquérito policial é o procedimento administrativo
norteiam o processo, dão-lhes a base, as diretrizes fundam entais 1.9. Oficialidade:os órgãos incumbidos da persecução criminal de caráter inquisitório e sigiloso, que visa buscar a materialidade
para o seu desenvolvimento válido. Vejamos: serão sempre oficiais. Assim, quem investiga é a Autoridade e autoria acerca de uma infração penal. Trata-se de um proce-
1.1. Verdade Real:diferentemente do processo civil, o Juiz Policial, quem acusa (em regra) é o Ministério Público e quem dimento preparatório para a ação penal. A palavra inquérito não
criminal não ca adstrito às provas trazidas pelas partes aos julga é o Judiciário. Esse princípio traz duas r egras importan- existe somente para o procedimento policial. Existem outros
autos, podendo ir atrás de outras provas porque ele não se tes: a da oficiosidade e da autoritariedade. Pela oficiosidade, inquéritos.
convence da verdade formal ou convencional. No processo entenda-se que os órgãos incumbidos da persecução devem
penal, a verdade é real ou material. Por conta desse princípio, agir de ofício, ou seja, sem aguardar provocação. Por autorita- 2. Inquéritos extrapoliciais : a) inquérito policial militar: ca a
até mesmo testemunhas que não foram arroladas podem ser riedade, leia-se que aqueles que estão à frente da persecução cargo de um ocial dapolícia militar, hierarquicamente superior ao
ouvidas, a conssão como qualquer outra prova não tem valor estarão sempre revestidos de autoridade (com exceção da policial envolvido na infração militar;
b) inquéritos das comissões
absoluto, porque a justiça criminal clama por descobrir o que ação penal privada). parlamentares de inquérito (CPI) : são comissões investigatórias
realmente aconteceu. 1.10. Indisponibilidade: o inquérito policial é indisponível. A autoridade formadas pela Câmara dos Deputados, Senado Federal ou ambas
1.2. Ampla Defesa e Contraditório: os princípios do contra- policial não poderá arquivá-lo. A ação penal é indisponível. Não pode conjuntamente. Elas têm um poder de requisição semelhante ao
ditório e da ampla defesa têm previsão constitucional (art. 5º, o Ministério Público desistir da ação. Essa regra da indisponibilidade, das requisições judiciais (têm muito mais poder que o inquérito
LV, da CF). O contraditório está irmanado com o princípio da todavia, não se aplica à ação penal privada e às infrações de menor policial) e se destinam também a apuração de infrações penais
ampla defesa, eis que a Constituição Federal visou a dar ao potencial ofensivo. (art. 58, § 3°, CF);c) inquérito instaurado pela Câmara dos
réu todas as possibilidades de defesa permitidas em direito. 1.11. Inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos:Deputados ou Senado Federal visando a apuração de infração
Para esse exercício, deve o réu ter conhecimento pleno da no processo penal são inadmissíveis as provas obtidas por meios penal praticada em suas dependências ; d) inquérito judicial:
acusação que lhe pesa para que dela possa se defender. ilícitos, de acordo com dispositivo constitucional ( art. 5º, LVI, CF). As presidido pelo juiz nos crimes falimentares.
Daí a necessidade da regular denúncia, citação, intimações, provas não podem ser produzidas com violação as regras penais, Nota:o verbete 397 da Súmula do STF dispõe que o poder de
oportunidades de manifestação, laudos etc., sob pena de civis, administrativas ou mesmo as de natureza processual. Por esse polícia da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, con-
nulidade absoluta por violação aos princípios em apreço. prisma, a interceptação telefônica sem autorização, o documento soante ao regimento interno, compreende a prisão em agrante
Desse modo, o defensor não pode ter um desempenho sim- inédito mostrado no julgamento do Tribunal do Júri, a busca e apre- e a instauração do inquérito.
plesmente formal, contemplativo, sob pena de considerar-se ensão noturna, são casos de inadmissibilidade.
o réu indefeso. Nota: a lei 11.690 de 09 de junho de 2008 modicou o CPP, para 3. Processo x procedimento: o inquérito policial não pode ser
1.3. Duplo Grau de Jurisdição: para Ada Pellegrini Grinover, que constasse no seu art. 157 que “são inadmissíveis, devendo ser chamado de processo (o que pressupõe uma relação jurídica
Antonio Magalhães Gomes Filho e Antonio Scarance Fernandes desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as preestabelecida). É somente um procedimento, ou seja, uma
é princípio
“Maior, constitucional
que estrutura autônomo,
os órgãos decorrente
da chamada da própria
jurisdição Lei
superior. também em
obtidas fez constar
violaçãonoaparágrafo
normas constitucionais
primeiro do referido
ou legais”.
artigo que:
A nova
“são lei partesdetêm
série atosdireitos
seqüenciados
e obrigações;
cronologicamente.
aplicam-se princípios
No processo,
próprios
as
Em outro enfoque, que negue tal postura, a garantia pode ser também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando do processo (princípios constitucionais do processo - ampla de-
extraída do princípio constitucional da igualdade, pelo qual todos não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando fesa, contraditório, motivação das decisões judiciais, publicidade,
os litigantes, em paridade de condições, devem poder usufruir ao as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das juiz natural etc.), em que haja relação jurídica. No inqué
rito policial
menos de um recurso para a revisão das decisões, não sendo primeiras”. Dessa forma, a discussão que era acalorada sobre a prova nada disso ocorre: nele não há partes e, então, estas não têm
admissível que venha ele previsto para algumas e não para derivada, parece encontrar solução na nova lei. direitos. É mero procedimento, simples conseqüência de atos
outras.” (Recursos no Processo Penal , p. 23) 1. 12. Princípio da Identidade Física do esse Juiz:princípio, que ordenados, procedimentais. Como se trata de um procedimento
1.4. “Favor rei”:a dúvida deve pesar em favor do réu. Se as sempre esteve restrito à esfera cível, passou a vigorar no Brasil com administrativo, está a cargo da administração pública, mais
provas forem dúbias, testemunhas indo em direção oposta, a a promulgação da Lei 11.719 de 20 de junho de 2008 também na precisamente sob a presidência da autoridade policial. Dessa
ponto de se inviabilizar a verdade real, deverá o Juiz absolver esfera criminal, ao determinar que o CPP, no seu artigo 399, §2º que: forma, os atos irão se suceder, sempre em busca da materiali-
o acusado, pois certamente é melhor absolver um culpado do “O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença.” Dessa dade e autoria da infração, de acordo com o pensamento, tutela
que condenar um inocente. Por esse princípio, verica-se que forma, o Juiz que procede a colheita de provas, e por isso recebe as e orientação do Delegado que estiver presidindo o inquérito.
no processo penal a defesa tem mais recursos e meios a sua impressões e a força do convencimento das mesmas, julgará com Observe-se que, o Ministério Público poderá ter uma participação
disposição (como os embargos infringentes, os embargos de maiores condições de ser justo nesse ato. no inquérito na medida em que poderá requerer algumas dili-
nulidade, a revisão criminal). gências para esclarecimento dos fatos, mas a condução sempre
1.5. Juiz Natural: quando da ocorrência de uma infração penal 2. Aplicação da lei processual no tempo e no espaço estará a cargo da autoridade policial por previsão expressa da
já existe toda uma estrutura jurisdicional apta para processar 2.1. Lei Processual Penal no Tempo:publicada a lei processual Constituição Federal e do CPP.
e julgar o infrator. No Brasil é vedado o chamado “Tribunal de penal, poderá entrar em vigor na data da publicação ou poderá haver
Exceção” em que primeiro ocorre o fato para depois se compor, uma previsão de “vacatio legis”, período em que a lei já foi publicada, tem o inquérito policial caráter inquisitório.
4. Inquisitoriedade:
se escolher, o Juiz ou o Tribunal a julgar o infrator. Dessa mas não entra em vigor, passa por um tempo de publicidade, para Nesse sentido, não há contraditório. Por conta desse caráter, as
forma, ocorrendo a infração, naturalmente aquele fato chegará vir a entrar em vigor posteriormente, em data programada. Segundo diligências efetuadas no inquérito seguem os critérios estabele-
ao conhecimento e tutela do Juiz competente para analisar a regra do art. 2º do CPP, “a lei processual penal aplicar-se-á desde cidos pela autoridade policial, não sofrendo inuência por parte
aquele caso. Juiz natural signica o juízo pré-constituído, ou logo, sem prejuízo dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.” do averiguado. Assim, se o averiguado quer ouvir testemunhas
seja, denido por lei antes da prática do crime. Garantia consti- Desse modo, ainda que o crime tenha sido praticado anteriormente no inquérito poderá pedir a sua oitiva, mas o Delegado poderá
tucional que visa a impedir o Estado de direcionar o julgamento, à nova lei, ainda que o processo tenha se iniciado sob a égide da decidir se ouve ou não de acordo com o seu entendimento. Já
afetando a imparcialidade da decisão. Nesse sentido: STJ – HC lei anterior, as leis novas valem imediatamente, ainda qu e para fatos em juízo, poderá a parte produzir a prova que deseja e participar
4931/RJ – Órgão Julgador: 6ª. Turma – Rel. Min. Luiz Vicente anteriores. P.ex., a lei 11.689/08 extinguiu o protesto por novo júri. das demais, que deverão ser refeitas, para passarem pelo crivo
Cernicchiaro – DJU 20.10.1997, p. 53.136 Se um processo do Júri se iniciou antes que a referida lei entrasse do contraditório. Exceção:a exceção se encontra nas provas
1.6. Presunção de Inocência: também chamado de princípio da em vigor, quando o réu for levado a julgamento, o mesmo não periciais que, embora possam ser complementadas em juízo,
inocência ou do estado de inocência é aquele pelo qual ninguém poderá mais valer-se desse expediente. Entretanto, vale lembrar não serão refeitas. Em relação às perícias efetuadas no inquérito
pode ser considerado culpado antes do trânsito em julgado da que algumas regras processuais têm efeito material, pois afetam existe o princípio do contraditório diferido ou postergado, que
sentença condenatória. Também tem assento constitucional deliberadamente a liberdade do réu, configurando verdadeira determina que as provas periciais, embora sejam elaboradas na
(art. 5º, inc. LVII da CF). Discutiu-se a constitucionalidade das pena. Diante disso, regras que alterem questões como liberdade fase de inquérito, poderão ser discutidas na fase judicial.
prisões provisórias em face desse princípio, mas o verbete 9 da provisória ou prisão provisória só se aplicarão a fatos anteriores à
Súmula do STJ dispõe que essas espécies de prisões não ferem lei para beneciar o réu. 5. Nulidades:como no inquérito não tem contraditório, os
o princípio da presunção de inocência porque também elas foram 2.2. Lei Processual Penal no Espaço: sendo a infração cometida eventuais vícios de procedimento não induzem nulidade e
previstas na Constituição Federal e, numa análise contextual no território nacional, a lei processual penal será aplicada sem somente interferem no valor probatório da prova ou do indício
devem ser tidas como exceções ao princípio. prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional colhido. Por isso, não há nulidade no Inquérito Policial. Nesse
1.7. Publicidade: os atos processuais, em regra geral, devem e as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos sentido: STF, RHC 56.092, DJU 16.6.78, p. 4394)
ser públicos como um corolário do princípio do devido processo Ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da Nota: acrescente-se que uma diligência não poderá ser
legal, pois quanto mais públicos os atos, maior legitimidade República, e dos Ministros do Supr emo Tribunal Federal, nos crimes negada pela Autoridade Policial: o exame de corpo de delito
eles ganham. No Brasil, vigora a publicidade absoluta, em que de responsabilidade, os processos da competência da Justiça Militar, no próprio averiguado.
todos os atos processuais, audiências, julgamentos, consulta os processos de competência de Tribunal Especial e os processos
aos autos, são públicos. Só não serão públicos, por exceção, por crimes de imprensa. É considerado em território nacional o crime 6. Sigilo:o inquérito policial deve ser sigiloso, para preservar
os atos que puderem causar escândalo, inconveniente grave cuja ação, omissão ou resultado, no todo ou em parte, se deu no a apuração dos fatos. Mas não é sigiloso para o averiguado e
ou perigo de perturbação da ordem, processos esses que território brasileiro. É a chamada teoria da ubiqüidade ou teoria para o seu advogado, que poderão consultar os autos e inclusive
correrão em sigilo. mista. Para efeitos penais, é considerado território as embarcações trasladar cópias. Negado o acesso, cabe mandado de segu rança
1.8 Devido Processo Legal: ninguém será privado de sua e aeronaves públicas ou a serviço do governo brasileiro, onde quer na esfera criminal. A consulta aos autos por advogadoum é direito
liberdade e de seus bens, sem que haja o devido processo legal. que se encontrem, e as embarcações e aeronaves particulares que assegurado pela Lei n. 8.906, de 4.7.94, art. 7º, XIV (EAOAB).
É o que reza o art. 5º, LIV da Constituição Federal. O princípio se achem no espaço aéreo ou marítimo brasileiro, ou em alto-mar
do devido processo legal (“due processo of law”) assegura que ou espaço aéreo correspondente. Ressalte-se que o Código Penal, o inquérito tem uma dupla nalidade: buscar a
7. Finalidades:
todos os processos serão desenvolvidos da mesma forma, em seu art. 7º, adotou a extraterritorialidade, sendo que alguns materialidade (certeza da infração penal) e autoria (pelo menos
com as mesmas garantias, sem inovações personalistas. crimes cometidos em território estrangeiro deverão ser julgados indícios de autoria) acerca de uma infração. Tendo em vista o
Compreende o direito de ser julgado brevemente, e ainda com no Brasil. É o caso, p. ex., dos crimes contra a vida ou a liberdade entendimento da nalidade, se conclui que o inquérito é dispen -
sável (p. ex., quando já estiver formada a materialidade e autoria,
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como ocorre muito nas autuações scais), que cabe inquérito (que o magistrado poderá receber ou não) e; c) Não se convencer fatos delimitam o âmbito de apreciação do Juiz. O Juiz não pode
para a ação pública, para a ação privada, para o crime e para a da materialidade, da autoria ou dos dois e requerer o arquivamento julgar além dos fatos - importaria em julgamento “ultra petita”.
contravenção, independente do crime ou da contravenção. do inquérito. nem fora dos fatos - “extra-petita”. Assim, no processo penal o
Nota: a Autoridade Judicial poderá não concordar com o pedido de réu se defende de fatos, pouco importando a classicação jurídica
8. “Notitia Criminis”:o início do inquérito se dará quando arquivamento do inquérito policial existindo, nesse caso, um conito, dada a eles. O juiz pode dar classicação que quiser quanto aos
chegar à autoridade policial a “notitia criminis” (notícia da tendo em vista o magistrado não ter capacidade postulatória. Diante fatos, ainda que importe em infração penal mais grave e, para
ocorrência de uma infração). A “notitia criminis” será espontânea disso, o conito deve ser dirimido pelo Procurador Geral de Justiça, tanto, não precisa abrir prévia vista para a defesa se manifestar:
quando alcançada pela Autoridade Policial em suas atividades que é aquele que exerce o cargo mais alto do Ministério Público “emendatio libelli” (não há surpresa para o réu); d) qualicação
rotineiras (p. ex., encontro de corpo de delito, notícia por meios Estadual. O Procurador-Geral poderá concordar com o Promotor e do acusadoou, caso esta seja desconhecida, dados pelos
de comunicação, comunicação por funcionários subalternos) ou determinar o arquivamento dos autos do inquérito, devolvendo os quais se possa identicá-lo (dados físicos característicos); e)
será provocada quando a notícia for dada pela vítima, membro autos ao Juiz que não terá outra alternativa que não seja arquivar os classicação jurídica dos fatos narrados: tipo incriminador
do Ministério Público, Autoridade Judicial ou mesmo em caso autos. Concordando com o Juiz e achando que é caso de denúncia, o no qual se enquadra a conduta. É irrelevante que a classicação
de agrante. próprio Procurador-Geral elaborará a denúncia ou nomeará um outro seja errada, já que o juiz pode condenar o réu por qualquer
8.1. Espécies:a) “notitia criminis” de cognição direta ouPromotor para fazê-la, respeitando o entendimento daquele Promotor classicação jurídica. Se o promotor não classica: inépcia; f)
imediata:é o conhecimento da infração penal pela autoridade que não estava convencido da materialidade ou da autoria (em razão pedido de condenação e o rito procedimental a ser seguido;g)
policial no exercício de suas atividades rotineiras (através da tevê, do princípio da independência funcional previsto na Constituição rol de testemunhas , quando houver: se o promotor não arrolar
jornal, delação anônima etc.);b) “notitia criminis” de cognição Federal – art. 127). testemunhas por ocasião da denúncia, opera-se a pre clusão tem-
indireta ou mediata: a autoridade policial toma conhecimento É imperioso compreender que a Autoridade Policial não requer e poral - o juiz não mais estará obrigado a ouvir quem a acusação
através de alguém ou de alguma outra autoridade como p. ex., nem arquiva os autos do inquérito, o membro do Ministério Público deseje. A acusação deverá pedir que o juiz ouça a testemunha
a requisição do Juiz, do MP, do Ministro da Justiça nos crimes de não arquiva, requer o arquivamento e, quem efetivamente arquiva o como simples informante do juízo, sem o compromisso de dizer
ação pública condicionada (crime contra a honra do presidente inquérito é a Autoridade Judicial. a verdade: ca a critério do juiz. Se o juiz indeferir a testemunha
etc.), representação do ofendido, requerimento do ofendido Saliente-se que, da decisão do magistrado que arquiva os autos do arrolada na denúncia, pode interpor correição parcial; h) nome,
nas ações penais privadas; c) “notitia criminis” de cognição inquérito não cabe recurso, mas os autos poderão ser desarquivados, cargo e a posição funcional do acusador ; i) assinatura: não
coercitiva:no caso de prisão em agrante. a qualquer tempo, antes da prescrição, mediante o concurso de havendo dúvida quanto à autenticidade da denúncia, trata-se
novas provas. de mera irregularidade.
9. Procedimento: quando se tratar de infração de ação penal lInK aCaDÊMICO 2 Saliente-se que a queixa tem dois requisitos a mais que a
privada ou pública condicionada à representação, não se inicia denúncia não tem: deve ser assinada por um advogado, repre-
o inquérito sem a autorização por parte da vítima. Requerida a sentando a vítima, ou quem a substituiu e deve vir acompanhada
instauração e indeferida pela Autoridade Policial, caberá recurso aÇÃO PEnal de procuração com poderes especiais.
administrativo ao Secretário de Segurança Pública, que em última Em análise mais detida, por essa ótica, vericamos que são
instância é o “chefe de polícia” nos termos do art. 5º, §2º, do 1. Conceito:acionar é processar. No tema ação penal, o que se busca essenciais: a exposição do fato criminoso com todas as suas
CPP. Esse recurso é inominado e também a lei não menciona denir é quem tem a capacidade de processar o responsável pelo circunstâncias, bem como a qualicação do acusado ou escla -
prazo. Ao revés, no caso de instauração do inquérito, tem-se cometimento da infração penal. Trata-se do direito do Estado (revestido recimentos pelos quais se possa identicá-lo, o endereçamento
admitida a impetração de ordem de “habeas corpus” por parte no papel de acusador) ou da vítima de, baseado no mandamento ou cabeçalho, o requerimento de citação e condenação do
do averiguado, quando, p.ex., o fato não constituir crime. Assim, constitucional (art. 5º, inc. XXXV, CF) que diz que ‘a lei não excluirá acusado, ser a inicial escrita em vernáculo, ser subscrita pelo
é possível o trancamento de inquérito policial com fundamento da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”, solicitar querelante; e não são essenciais: a classicação do crime e o
no conjunto probatório, quando agrante a divergência entre o a prestação jurisdicional, para que sejam aplicadas ao caso concreto, rol de testemunhas.
conjunto dos fatos descritos na prova e a imputação feita aos as normas de Direito Penal. 3.2. Denúncia alternativa : é aquela que se funda no princípio
indiciados (TACrimSP, HC 342.256, 2ª Câm., Rel. Juiz Rulli da eventualidade. Consiste na exposição alternativa de 2 ou
Júnior, RJTACrimSP 44/279). De início, a Autoridade Policial 2. Espécies:em regra, no Direito brasileiro, a ação penal é pública, + condutas cometidas pelo indiciado em que a acusação se
pode ter várias linhas de investigação. Porém, com o transcur- estando a cargo do Ministério Público que tem legitimação ordinária satisfaz com o acolhimento de apenas uma delas. É defendida
so das diligências, quando os indícios apontarem o principal para ingressar com a ação penal. Em poucos casos, em que não está por Afrânio da Silva Jardim, mas o princípio da ampla defesa não
suspeito da prática delituosa, é o momento de se providenciar presente o interesse público, a ação será privada e estará a cargo da permite a denúncia alternativa, se a imputação deve ser precisa,
o indiciamento do suspeito. vítima o processamento do ofensor. Nesse caso, se diz que a vítima não pode ser genérica, nem vaga, como admitir que o réu possa
9.1. Indiciamento: o indiciamento não macula o agente. Não tem legitimação extraordinária para a ação penal. ser denunciado por isto ou aquilo? O réu não poderia conduzir a
gera reincidência e sequer induz maus antecedentes. O indicia- 2.1. Ação penal pública:incondicionada:
a) será pública incondicio- sua defesa corretamente. A súmula 01 das mesas de processo
mento é mero ato administrativo, próprio do inquér ito, conseqüên- nada quando, para ingressar com a ação penal, o Ministério Público penal da USP considera-a ofensiva à ampla defesa.
cia das atividades policiais e conclusão, por parte da autoridade, não tiver que se submeter à vontade ou autorização de outrem. 3.3. Representação:a representação oferecida pela vítima
que o agente é o principal suspeito nos autos do inquérito. Mas Independente da vontade da vítima ou do poder público, o Ministério para que o Ministério Público possa atuar na ação pública
é uma formalidade, e como qualquer formalidade, é cercado de Público poderá ou não ingressar com a ação penal, dependendo condicionada é apenas e tão somente uma manifestação de
atos burocráticos. Na esteira desse raciocínio, importa dizer que exclusivamente de sua convicção e das provas que venham a alicerçar vontade e, por isso, é informal. É tão informal que poderá ser
no momento do indiciamento, a Autoridade Policial deverá ouvir essa convicção;b) condicionada:a ação continuará sendo pública, feita até verbalmente. É tão informal que pode ser oferecida
o indiciado (ainda que já tenha sido ouvido), não necessitando mas estará vinculada a uma autorização para que o Ministério Público ao Delegado de Polícia, ao membro do Ministério Público ou
da presença de advogado (que é indispensável na fase judicial), possa atuar. Trata-se de uma condição de procedibilidade, sem a qual, ao Juiz de Direito. Feita a representação, a vítima poderá se
mas com a segurança do acompanhamento de testemunhas o Ministério Público é parte ilegítima para ingressar com ação. Essa arrepender e se retratar (voltar atrás) e não autorizar mais o
instrumentárias (aquelas que ouvem a autoridade policial ler o autorização terá o nome de representação quando quem autoriza Ministério Público, contanto que se retrate antes do oferecimento
depoimento reduzido a termo para o depoente que, em
o assina). Deverá também indagar do indiciado acerca de suaseguida oquando
Ministério
quemPúblico a atuar
autoriza é a vítima
o “parquet” e terá oda
é o Ministro nome de requisição
Justiça (em casos da
serádenúncia. Após o oferecimento da denúncia, a representação
irretratável.
vida pregressa, individualizando o seu comportamento pessoal, políticos determinados na Lei). Nota 1:na lei que protege a mulher da violência doméstica (Lei
familiar e societário e o seu sentimento e comportamento antes e 11.340/06 – Lei Maria da Penha) há a possibilidade de retr atação,
após os fatos. O Delegado de Polícia também colherá a identica - 3. Petição Inicial: na ação pública, a petição inicial é a denúncia e o conquanto seja antes do oferecimento da denúncia em uma
ção dactiloscópica do indiciado. Após a Constituição Federal de Ministério Público terá o prazo de 5 (cinco) dias após o encerramento audiência especial para esse m, ouvido o Ministério Público e
1988, se o indiciado estiver portando uma identicação civil, está do inquérito para oferecê-la quando o indiciado estiver preso e o prazo perante o Juiz de Direito (art. 16 da Lei 11.340/06).
dispensada a identicação dactiloscópica. Todavia, mesmo com de 15 (quinze) dias quando o indiciado estiver solto. Passado esse Poderá caber retratação da retratação, ou seja, a vítima voltar
a identicação civil será colhida a identicação dactiloscópica prazo, surge para a vítima (se a infração tiver uma vítima em potencial) a querer processar o ofensor, o que será possível, se dentro do
quando o indiciado for suspeito de prática de homicídio doloso, o direito de ingressar com ação no lugar do Ministério Público. É a prazo decadencial.
crimes contra o patrimônio praticados mediante violência ou ação penal privada subsidiária da pública , hipótese em que a ação Nota 2: para a identicação da ação penal a ser seguida em
grave ameaça, crime de receptação qualicada, crimes contra era pública, mas se tornará privada. Nesse caso, o Ministério Público determinada infração, deve-se socorrer da própria lei penal. No
a liberdade sexual ou crime de falsificação de documento poderá aditar a queixa, repudiá-la ou oferecer denúncia substitutiva, silêncio da lei,a ação penal é pública incondicionada (regra) .
público, houver fundada suspeita de falsicação ou adulteração mas, se a queixa-crime estiver tecnicamente perfeita, o Ministério Quando após a denição do crime no tipo penal, no mesmo
do documento de identidade, o estado de conservação ou a Público gurará apenas como o scal da lei, aguardando eventual má artigo, em artigos seguintes ou mesmo mais à frente em dispo-
distância temporal da expedição de documento apresentado gerência por parte da vítima que ingressou com a ação penal, mas sições comuns o legislador expuser que tal crime “procede-se
impossibilite a completa identicação dos caracteres essenciais, não a promoveu adequadamente, caso em que o Ministério Público mediante representação”, a ação será pública condicionada
constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes retomará a ação penal como parte principal. à representação ; quando o dispositivo mencionar que a ação
qualicações, houver registro de extravio do documento de No capítulo “ação penal”, a vítima tem participação efetiva quando “procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça”, é
identidade e o indiciado não comprovar, em quarenta e oito ingressa com a ação penal (queixa-crime) ou quando autoriza o pública condicionada a essa requisição ; e nalmente, quando
horas, sua identicação civil. (Lei 10.054/00). Ministério Público (representação). Porém, a vítima tem que exercer o dispositivo legal mencionar que tal crime “procede-se mediante
9.2. Relatório Final: o último ato do inquérito, aquele que encerra esses direitos num prazo que, se não for obedecido, induzirá a queixa”, a ação penal é privada .
o procedimento, é o relatório nal da autoridade que presidiu decadência (causa de extinção da punibilidade prevista no art. 107, 3.4. Causas de extinção da punibilidad ainda
e: sobre a ação
o inquérito. Poderão existir outros relatórios no decorrer do IV do Código Penal). penal, é imperioso lembrar que existem várias causas de extinção
inquérito, mas serão parciais, pois o que encerra o procedimento O prazo decadencial em regra é de 6 (seis) meses a contar do da punibilidade que estão diretamente relacionadas com o tema
é o relatório nal. O relatório nal não é peça de acusação. Na conhecimento da autoria por parte da vítima, mas nos crimes de em testilha. Existe a renúncia ao direito de queixa , quando
verdade, trata-se de um índice, um resumo, de tudo que se imprensa o prazo é de 3 (três) meses a contar da veiculação da notícia o ofendido, na ação penal privada, demonstra que não tem
passou no inquérito. Embora não seja acusatória e nem induza a e de 1 (um) mês após a homologação do laudo nos crimes contra a interesse em processar o ofensor. Ela poderá ser expressa (por
obrigatoriedade de ação penal, poderá a autoridade representar propriedade imaterial. escrito) ou tácita (com atos que se demonstram incompatíveis
pela decretação da prisão preventiva. 3.1. Requisitos da petição inicial: a denúncia e a queixa são pe- na atitude de quem está ofendido). A renúncia se dá antes do
9.3. Prazo:o prazo para encerramento do inquérito policial, tições iniciais e, como todas petições iniciais são formais, cercadas processo, ou seja, antes do recebimento da queixa. Também se
em
e deregra, é dedias
10 (dez) 30 (trinta)
quandodias quandoestiver
o indiciado o indiciado
preso.estiver
Quandosoltoo de requisitos que,
Tecnicamente, se nãoa diferença
baldada obedecidos,
de tornam essas peças
ações penais, ineptas.e
a denúncia fala
que em perdão mas
a renúncia, do ofendido que após
é efetuada tem aso recebimento
mesmas características
da queixa e,
indiciado estiver solto, poderão ocorrer sucessivas prorrogações queixa são iguais (feitas da mesma forma). O ponto principal da de- por isso, é um ato bilateral, ou seja, para valer, o perdão terá que
no prazo do inquérito, enquanto não decorrer o prazo prescricio- núncia e da queixa é que elas devem descrever pormenorizadamente ser aceito pelo pretenso ofensor. A renúncia ou o perdão a um dos
nal. Já quando o indiciado estiver preso e houver necessidade os fatos, para, com isso, dar plenas condições de o acusado entender ofensores aproveitará a todos. Temos ainda perempção
a , que
de prorrogação, ela poderá ser feita, desde que o indiciado a acusação e com isso poder se defender (princípio do contraditório). só ocorrerá quando a ação for exclusivamente privada. Quando a
seja colocado em liberdade, por conta do excesso de prazo Com isso, fatos mal expostos geram nulidade absoluta. vítima ingressa com a ação exclusivamente privada, ela assume
e conseqüente ilegalidade da prisão. Há prazos diferenciados Tecnicamente, devem constar da denúncia:a) endereçamento da o ônus de promover o andamento regular do processo. Se a
em leis especiais: Economia Popular é de 10 dias estando o inicial:o juízo a quem deve ser dirigida a denúncia - o endereçamento vítima, investida na função de querelante, não cumprir aquilo
réu preso ou não; Justiça Federal é de 15 dias; drogas é de 30 equivocado não traz conseqüências jurídicas - mera irregularidade que lhe cabia na condução da acusação, será sancionada com a
(trinta) dias quando o indiciado estiver preso e 90 (noventa) dias (a denúncia não será rejeitada). Nesse caso importante é o aspecto extinção da punibilidade do querelado e arquivamen to dos autos.
quando o indiciado estiver solto (nesse caso sendo renovável “competência”; b) número do inquérito policial ; c) exposição do O artigo 60 do CPP informa que se considerará perempta a ação
por igual prazo). fato criminoso com todas as suas circunstâncias: o réu se defende penal exclusivamente privada quando: a) iniciada esta, o quere-
9.4. Conclusão: encerrado o inquérito policial e em se tratando de fatos. o que xa e delimita a acusação são os fatos narrados na lante deixar de promover o andamento do processo durante 30
de infração de ação penal privada, os autos carão à disposição denúncia e não a tipicação jurídica atribuída pelo promotor. Não se (trinta) dias seguidos; b) falecendo o querelante, ou sobrevindo
do requerente (vítima ou na sua ausência ou morte ascendente, admite a imputação vaga - a imputação genérica viola o princípio da sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir
descendente, cônjuge ou irmão). Por outro lado, quando a infra- reserva legal. A imputação deve ser circunscrita no tipo penal. No caso no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer
ção for de ação penal pública, os autos serão encaminhados ao de concurso de agentes, a denúncia deve descrever em que consistiu das pessoas a quem couber fazê-lo; c) o querelante deixar de
Ministério Público, que poderá tomar três atitudes: a) considerar a conduta de cada co-autor ou partícipe. Pode até ser feita de forma comparecer, sem motivo justicado, a qualquer ato do processo
que o inquérito está carecendo de uma complementação e por sucinta - mas tem que discriminar a conduta. Deve, também, ser a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de
isso requerer novas diligências (hipótese em que os autos serão colocado o liame subjetivo (...com unidade de desígnios, visando ao condenação nas alegações nais;d ) sendo o querelante pessoa
devolvidos à Autoridade Policial para complementação); b) se mesmo m, identidade de propósitos etc.). É importante lembrar que jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.
convencer da materialidade e autoria, oferecendo a denúncia os fatos narrados na denúncia constituem a própria acusação e os Nota:transitada em julgado a sentença condenatória, poderão
promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da repa-

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ração do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus her- do Presidente da República e do Vice), dos membros dos Tribunais De acordo com o artigo 301 do CPP, sempre que alguém estiver
deiros (ascendente, descendente, cônjuge ou irmão). O próprio Superiores, os do Tribunal de Contas da União e dos Chefes de Missão em estado de agrância (art. 302, CPP) qualquer um do povo
art. 91 do Código Penal diz que a sentença condenatória tem o Diplomática de caráter permanente; c) Superior Tribunal de Justiça : pode e a Autoridade Policial e seus agentes devem prendê-lo
efeito de tornar certa a reparação do dano causado pelo crime. infrações comuns dos Governadores do Estado e do Distrito Federal; em agrante. A expressão “agrante” vem do latim “agrantis”
Mesmo com a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil infrações comuns e de responsabilidade dos Desembargadores dos que signica ardente, brilhante, ou do italiano “agrare” queimar,
poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, dos membros crepitar, ou seja, é o crime que está “queimando”. Para alguns,
reconhecida a inexistência material do fato, ressalvando-se o dos Tribunais de Conta dos Estados, dos membros e conselhos o agrante é a certeza visual do crime.
fato de que faz coisa julgada no cível a sentença penal que dos Tribunais de Conta dos Municípios, dos membros dos Tribunais Como se disse, as hipóteses de estado de agrância estão
reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, Regionais Federais, dos membros dos Tribunais Regionais Eleitorais, previstas no art. 302 do CPP, e são elas:a) estar cometendo a
em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no dos membros dos Tribunais Regionais do Trabalho e dos memb ros dos infração;b) acabar de cometer a infração;c) ser perseguido após
exercício regular de direito. Quando o titular do direito for pobre, Ministérios Públicos que ociem nos Tribunais; d) Tribunais Regionais cometer a infração; d) ser apanhado, num momento posterior,
a sentença condenatória poderá ser executada na esfera cível Federais: infrações comuns e de responsabilidade dos Juízes da área com instrumentos, armas ou objetos que façam presumir ser o
pelo Ministério Público, em nome da vítima. de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militarda e Justiça do Trabalho agente o autor da infração.
lInK aCaDÊMICO 3 e nas infrações comuns dos membros do Ministério Público da União, Não prevista no CPP, há outra hipótese de prisão em agrante na
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral. lei que regula a investigação e repressão aos crimes organizados
JURISDIÇÃO E COMPETÊnCIa As Constituições dos Estados também fazem previsão de competência (Lei 9.034/05) que é o agrante retardado .
pela prerrogativa da função. Nesse prisma, p. ex., o Estado de São Nota: a Lei 9.034/95 possibilitou a inltração de agentes de
Paulo prevê a competência para o e) Tribunal de Justiça : infrações inteligência em organizações criminosas, o que facilita o desbara-
1. Conceito:jurisdição etimologicamente vem do latim “iuris” penais comuns do Vice-Governador, dos Secretários de Estado, do tamento da organização (que é muito difícil quando se investiga
“dicere”, ou seja, dizer o direito. No aparelho estatal, aquele que Procurador-Geral de Justiça, dos Deputados Estaduais, do Procurador- de fora). Dessa forma, quando o agente inltrado percebe a
tem a função de dizer o direito é a Autoridade Judiciária.Assim, Geral do Estado, do Defensor Público-Geral e dos Prefeitos Municipais; ocorrência de um crime e pelo CPPd everiaprender em agrante
quem tem jurisdição é o Juiz. O membro do Ministério Público infrações comuns e crimes de responsabilidade dos juízes de Direito, (art. 301,CPP) na investigação de crimes organizados poderá
tem atribuição. A Autoridade Policial tem circunscrição. Dessa dos juízes auditores, dos membros do Ministério Público (salvo do continuar investigando e deixar para prender depois.
forma, se um crime estadual ocorrer dentro de determinado Procurador-Geral de Justiça), do Delegado-Geral de Polícia e do a) Prisão em flagrante nos crimes de menor potencial
Estado da Federação, quem tem jurisdição para aquele caso é Comandante-Geral da Polícia Militar. não é possível, pois estando o agente
ofensivo (Lei 9.099/95):
a Justiça do respectivo Estado. Se for um crime federal quem em estado de agrância, será conduzido à delegacia onde será
tem atribuição é a Justiça Federal daquela região. a) Jurisdição: 5. Competência por Conexão e Continência: conexão e a continên- lavrado o termo circunstanciado (TC) que será encaminhadoos- p
é o poder atribuído ao Estado para que esse possa aplicar a lei cia não são exatamente causas de competência, mas são importantes teriormente ao JECRIM, sendo o agente liberado; b) Prisão em
ao caso concreto, resolvendo as lides. na medida em que determinam alteração de competência, atraindo agrante nos crimes permanentes: sempre é possível, anal
Acontece que, na Justiça do Estado ou na região da Justiça para determinado Juízo um processo que seria de competência de o agente estará “cometendo” a infração, tendo em vista que no
Federal, existem milhares de Autoridades Judiciárias e nem outro. crime permanente a consumação se protrai (prolonga) no tempo;
todas cuidarão de todos os casos. Surge, então, a idéia de b) 5.1. Conexão: é o nexo, a ligação, o liame entre duas ou mais infr ações c) Prisão em agrante nos crimes habituais: é possível, desde
Competência:nada mais é do que a delimitação do poder juris- ou entre dois ou mais agentes. A conexão poderá ser: a) material(ou que vericada com antecedência a habitualidade; d) Prisão em
dicional. Através de sucessivas regras de competência se chega substantiva): quando as duas ou mais infrações estiverem ligadas por agrante no crime de ação penal privada: é possível, desde
a quem, dentro do poder judiciário, efetivamente julgará aquele laços circunstanciais e,b ) processual(ou instrumental): quando não que a vítima ratique a prisão em agrante.
crime especíco. Por isso, é muito importante entender que na houve nexo entre as infrações, mas no que diz respeito à prova. 1.1.1 Flagrante preparado ou provocado: é ilegal. Ocorre essa
esfera processual penal não existe uma só regra de competência. 5.2. Continência: signica que uma coisa está contida na outra, sendo espécie de prisão quando a vítima ou a polícia provoca, estimula
Temos diversas e muitas vezes aplicadas concomitantemente impossível a separação, p. ex., quando duas ou mais pessoas forem a atitude do agente, que não teria agido se não fosse esse estí-
regras de competência, como em razão do lugar e da matéria, acusadas pela mesma infração ou quando houver concurso de crimes mulo. A Súmula 145 do STF xa, por analogia, essa espécie de
pela prerrogativa da função, pela conexão, pela continência, pela formal. A regra é que o crime mais grave (em termos de pena) atrai prisão como relacionada a um crime impossível.
distribuição e pela prevenção. o menos grave. Por exemplo, a conexão estabelecida entre roubo e 1.1.2. Flagrante esperado: é legal. Nesse caso, a polícia tem
receptação (prevalece o roubo). Se os crimes tiverem a mesma gravi- informação de que um crime ocorrerá, mas não intervém na
2. Competência em Razão do Lugar: o lugar competente para dade, a competência se rmará por prevenção, salvo se houver mais atuação do agente, só espera a atitude.
julgar determinada infração é o lugar da consumação da mesma, infrações em um dos lugares. Por exemplo, dois roubos em uma cidade Nota 1:é importante lembrar que a Autoridade Policial no prazo
independente de onde se deu a atividade. Acontece que essa e um roubo em outra cidade (prevalece a cidade com dois crimes). de 24 (vinte e quatro) horas da lavratura do auto de prisão
regra comporta exceções. O Tribunal do Júri atrai todos os crimes conexos ou continentes aos em agrante deverá encaminhar cópia à Autoridade Judicial,
2.1. Exceções:a) Quando o crime for tentado: competente será dolosos contra a vida, menos os crimes eleitorais, os crimes militares encaminhar cópia à Defensoria Pública (se o preso for pobre e
o lugar em que foi praticado o último ato de execução; b) Nos próprios e as infrações praticadas pelos menores infratores. não tiver condições de constituir defensor) e entregar ao preso
crimes consumados no estrangeiro: se esse tiver sido iniciado a nota de culpa que é a informação ao preso do motivo de sua
no Brasil, competente será o lugar do último ato praticado no 6. Competência pela Distribuição: a competência se rmará pela prisão e quem a determinou.
Brasil. Se praticado integralmente no estrangeiro, competente distribuição (sorteio) na hipótese de haver mais de uma vara, dentro Nota 2:quando da apresentação espontânea do acusado, não
será a capital do Estado em que o acusado tiver endereço e se da mesma comarca como competentes. Por exemplo, a 1ª e 2ª Vara poderá haver prisão em agrante.
o acusado não tiver endereço no Brasil, o processo correrá na Criminal de determinada comarca são igualmente competentes. É 1.2. Prisão Preventiva: das espécies de prisão provisória, a
capital federal; c) Nos crimes contra a vida e nas infrações de feito um sorteio entre elas. Em casos excepcionais, todavia, não será prisão preventiva é a que mais se aproxima da idéia de prisão
menor potencial ofensivo, competente será o lugar da atividade, feito o sorteio, tendo em vista o acúmulo de distribuições para um cautelar e, como todas as cautelares, para o decreto dessa me-
independente do lugar em que se der a consumação; d) Nos determinado juízo em detrimento de outro, o que também ocorrerá dida extrema são necessários dois requisitos: “fumus boni iuris”
crimes de estelionato por meio de cheque sem provisão
fundos (art. 171, §2º, VI do CP) competente será o lugar em de entre as Câmaras
processos que derem ou entrada
Turmasserão
dos Tribunais.
distribuídosNesse caso,
à Vara, Câmarafuturos
ou eciada
“periculum in mora”. A efumaça
na materialidade do bomdedireito
nos indícios estáMas
autoria. consubstan-
não ba
sta o
que o cheque deveria ser compensado; e) Quando o crime se Turma que não vem sendo sorteada e por isso, comparada com outras, “fumus boni iuris”, é preciso também o “periculum in mora”, que
consuma em mais de um lugar (o que é possível, Por exemplo tem escassez, sem o sorteio. está representado por um dos fatores a seguir expostos:
, nos crimes permanentes ou continuados), a competência se a) Garantia da ordem pública ou econômica : há situações
rmará por prevenção (Juiz que tomar a primeira providência, 7. Conito de Jurisdição: o Capítulo IV do título VI do primeiro livro que fazem com que a sociedade saia de sua rotina, faz com
mesmo na fase de inquérito). Igualdestino terá o caso de infração do CPP menciona a questão do conito de jurisdição. Quando houver que as pessoas quem apreensivas, quem comentando o fato
que ocorrer na divisa de dois ou mais municípios e houve r dúvida dúvida acerca da competência, não é só o mecanismo “exceção criminoso ocorrido ou aspectos atinentes ao seu autor. Para
sobre a ocorrência no território de um ou outro; f) Quando não se de incompetência” que irá dirimir essa questão. Há a possibilidade se restabelecer a ordem pública, como verdadeira resposta
souber onde a infração se consumou será competente o lugar de ocorrer o conito de jurisdição, positivo ou negativo. a) Conito do judiciário à sociedade, o magistrado determina a prisão
em que o acusado tiver o seu endereço (residência ou domicílio). positivo:ocorrerá quando duas ou mais autoridades se derem por do acusado. É o que ocorre, Por exemplo, com os bandidos
Na hipótese do acusado ter mais de um endereço ou nenhum competentes para um mesmo processo.b) Conito negativo: se dará perigosos ou com crimes graves, violentos. Outras vezes, o
endereço, a competência se rmará por prevenção; g) No caso quando duas ou mais autoridades se negarem a julgar determinado que tem abalado a rotina é o mercado nanceiro, em crimes e
da ação exclusivamente privada aquele que vai entrar com a ação processo por não se acharem competentes. O conito poderá ser criminosos que podem abalar a economia. Também, nesse caso,
(vítima ou substituto) poderá optar pelo lugar da consumação ou suscitado pela parte interessada, pelos órgãos do Ministério Público deve ser dada uma resposta do judiciário, não à sociedade e sim
pelo endereço do acusado. junto a qualquer dos juízos em dissídio ou por qualquer dos juízes ou ao mercado nanceiro;
Tribunais da causa em divergência. A lei menciona que quem dirimirá b) Conveniência da instrução criminal : a prisão preventiva é
3. Competência em Razão da Matéria: matérias especiais, jus- o conito é o Tribunal competente. Por Tribunal competente, leia-se decretada por esse motivo quando o agente atrapalha a instru-
tiças especializadas. Assim, se o crime for eleit oral, a justiça será aquele que a Constituição Federal prevê para o caso em concreto ou ção criminal, ou seja, quando a colheita de provas é dicultada
a eleitoral. Se o crime for militar próprio, a justiça será a militar aquele que as regras de organização judiciária determinar. pelo agente, ameaçando testemunhas, sumindo com provas,
(Obs.: se o crime praticado pelo militar for comum, a competência lInK aCaDÊMICO 4 burlando perícias.
será da justiça comum). Para os crimes dolosos contra a vida, c) Assegurar a aplicação da lei penal : quando o agente pode se
o Tribunal do Júri. Para os menores infratores, a vara especial furtar à aplicação da lei penal, fugindo do distrito da culpa, a Auto -
da infância e juventude. Importante divisão de competência pela PRISÃO E lIBERDaDE ridade Judicial pode decretar a prisão do acusado; d) Assegurar
matéria se dá entre a justiça estadual e a justiça federal. o cumprimento das medidas protetivas de urgência : inserida
A competência da justiça estadual será sempre residual, ou seja, 1. Prisão Provisória: também chamada de prisão processual ou prisão pela Lei 11.340/06 (Lei de Combate à Violência Doméstica – Lei
todo o resíduo da justiça federal será da justiça estadual. Então, cautelar se destaca no processo penal brasileiro por ser uma forma de Maria da Penha), as medidas protetivas de urgência são decre-
primeiro se verica se o crime é federal. Não sendo, é estadual. isolar o agente da sociedade antes de esteser condenado com trânsito tadas pelo magistrado para a suspensão da posse ou restrição
A competência da Justiça Federal está prevista na Constituição em julgado. Após a Constituição Federal de 1988, com a previsão do porte de armas, com comunicação ao órgão competente,
Federal em seu art. 109. constitucional do princípio da inocência (ou presunção de inocência) nos termos da Lei nº. 10.826/03, o afastamento do lar, domicílio
Saliente-se que as contravenções são sempre de natureza as prisões provisórias foram questionadas e editada a Súmula n. 9 ou local de convivência com a ofendida, a proibição de determi-
estadual
economiaemista
também sãoo Banco
como da justiça estadual
de Brasil as sociedades de
e a Petrobrás. do STJ, dizendo
da presunção que as prisões
de inocência, provisórias
exatamente porquenãoasofendem o princípio
prisões provisórias nadas condutas,e entre
seus familiares as quais: aproximação
das testemunhas, da ofendida,
xando o limite mínimo de
Segundo a Súmula 38 do STJ, compete à Justiça Comum também estão previstas na Constituição Federal. distância entre estes e o agressor, contato com a ofendida, seus
Estadual, após a Constituição de 1988, o processo por con- Ressalte-se, também, que existem várias outras formas de prisão familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação;
travenção penal. no ordenamento jurídico nacional, como: a) prisão civil:decretada a freqüentação de determinados lugares a m de preservar a
na esfera cível por prazo determinado para o devedor de alimentos integridade física e psicológica da ofendida, a restrição ou sus-
pessoas es-
4. Competência por Prerrogativa de Função: e para o depositário inel; b) prisão disciplinar: é a prisão do militar pensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe
peciais têm foros privilegiados. Aqueles que estão no primeiro que inclusive não é passível dehabeas corpus; c) prisão adminis- de atendimento multidisciplinar ou serviço similar e a prestação
escalão dos três poderes têm foros privilegiados. Nesse aspecto, trativa:embora em desuso, ainda está prevista no CPP e se aplica de alimentos provisionais ou provisórios. Se o agente se opuser
destacam-se as seguintes cortes como competentes para julgar: ao funcionário público remisso ou omisso (que retarda ou deixa de a essas medidas, poderá ser preso preventivamente.
a) Senado Federal : infrações de responsabilidade do Presidente recolher ao erário quantia que recebeu pela sua função) e; d) prisão 1.2.1. Decretação: a) a prisão preventiva poderá ser decretada
da República e do Vice-Presidente da República, dos Comandan- denitivaou prisão-pena:se dá quando o agente se recolhe à de ofício ou a requerimento da Autoridade Policial, do Ministério
tes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mes- prisão para cumprir a pena imposta, após o trânsito em julgado da Público ou da vítima; b) poderá ser decretada tanto na fase de
ma natureza, conexo com aqueles, dos Ministros do Supremo sentença condenatória. inquérito quanto na fase judicial e não tem prazo estipulado,
Tribunal Federal, dos membros do Conselho Nacional de Justiça Nota: após a redação dada ao CPP pela lei 11.689/08, as espécies ou seja, o agente poderá car preso preventivamente até a
e do Conselho Nacional do Ministério Público, do Procurador de prisão provisória passaram a ser 4 (quatro): prisão em agrante, sentença. Na verdade, o prazo que existe quando o réu está
Geral da República, do Advogado-Geral da União; b) Supremo prisão preventiva, prisão temporária e prisão decorrente de sentença preso não é o da prisão e sim o do inquérito, para encerramento
Tribunal Federal : infrações comuns do Presidente da República, condenatória sem trânsito em julgado, excluindo-se a prisão pela da instrução processual etc; c) existe previsão para a prisão
do Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, dos pronúncia, pois a previsão doravante é que se o magistrado entender preventiva somente para crimes dolosos, e nã o para os culposos;
Ministros do STF e do Procurador Geral da República; infrações necessária a prisão do réu no momento da decisão de pronúncia, d) para a prisão preventiva está prevista a cláusula “rebus sic
comuns e de responsabilidade dos Ministros de Estado e dos deverá decretar a sua prisão preventiva . stantibus”, ou seja, diante de fatos novos poderá ser reavaliada
Comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica (ressalvada 1.1. Prisão em agrante: das espécies de prisão provisória, a prisão a necessidade ou não da prisão preventiva. Por isso, a prisão
a hipótese dos crimes de responsabilidade conexos com os em agrante é a única que não é decretada pela Autoridade Judiciária. preventiva poderá ser decretada e revogada quantas vezes

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forem necessárias. a concessão de liberdade provisória independentemente de ança do magistrado errado. É o caso de se suscitar a exceção de
a prisão temporária não está prevista
1.3. Prisão Temporária: sempre que o juiz entender que não estão presentes as hipóteses incompetência. Saliente-se que a questão da competência/
no CPP, mas na Lei 7.960/89 (Lei de Prisão Temporária). Essa que autorizam a prisão preventiva (arts. 311 e 312 do CPP). Mesmo incompetência é de ordem pública e pode ser levantada de ofí-
prisão, em primeiro lugar, visa facilitar as investigações de não havendo ança para essa hipótese, o acusado estará submetido cio e pode o Ministério Público manifestá-la. Se o juiz se reco-
crimes graves, previstos na lei ou quando o indiciado não tiver às condições estabelecidas pelo art. 327, que são as de: a) compa- nhecer incompetente, dessa decisão cabe recurso em sentido
residência xa ou não fornecer elementos necessários para o-es recer perante a autoridade toda vez que for intimado; b) não mudar estrito. Porém, o contrário não é verdadeiro: se o juiz se der por
clarecimento de sua identidade. Osc rimes passíveis de prisão de residência sem prévia autorização; c) não se ausentar de sua competente, dessa decisão não cabe recurso.
temporária são: homicídio doloso, seqüestro ou cárcere privado, residência por mais de 8 dias sem indicar o lugar onde possa ser 2.3 Exceção de Ilegitimidade de Parte: a ilegitimidade que se
roubo, extorsão, extorsão mediante seqüestro, estupro, atentado encontrado. argüi em exceção é a do pólo ativo. E nem poderia ser diferente
violento ao pudor, rapto violento, epidemia com resultado morte, 2.2. Liberdade provisória com ança: a ança é um depósito em porque a ilegitimidade do pólo passivo diz respeito ao mérito.
envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou garantia. Garantia real de que o acusado que estava preso, ao ser Portanto, a questão é se vericar se quem entrou com a ação
medicinal qualicado pela morte, quadrilha ou bando, genocídio, solto não se furtará à aplicação da lei penal, ao revés, acompanhará penal tinha capacidade para fazê-lo ou não. Diante disso, deve
tráco de drogas e crimes contra o sistema nanceiro. o processo até o nal. Esse depósito (a ança), portanto, acaba ser- ser analisada e relembrada a questão da ação penal (Pública
1.3.1. Decretação:essa prisão só é decretada em fase de vindo como uma caução, que garante o cumprimento das obrigações Incondicionada, Pública Condicionada e Privada). Dependendo
inquérito (facilitar a investigação). Diferentemente da prisão processuais por parte do acusado, pois, se não as cumprir, pode- do tipo de ação penal o Ministério Público ou a Vítima poderão
preventiva, que pode ser decretada de ocio ou requerimento, a rá não resgatar o valor depositado, por conta de quebramentoda ser os titulares, sem contar que, quando pública condicionada
prisão temporária deve ser requerida pela Autoridade Policial ou ança (não comparecimento a ato processual regularmente intimado o Ministério Público só terá legitimidade se for legitimado pela
pelo Ministério Público. Uma vez requerida a prisão temporária, imotivadamente) ou perdada ança (não se recolher à prisão após o condição de procedibilidade representação da vítima ou requi-
o magistrado tem um prazo de 24 (vinte e quatro) horas para trânsito em julgado da sentença condenatória). O valor da ança tem sição do ministro da justiça.
decidir se decreta ou não a prisão temporária. Se o juiz decretá- como base o art. 325 do CPP que xa o seu mínimo e o seu máximo 2.4 Exceção de Litispendência: pelo princípio do “non bis in
la, sempre fundamentadamente, esta será por um prazo certo tendo em vista a pena em abstrato de cada infração e sua referência idem” ninguém pode ser processado duas vezes pelo mesmo
e determinado. O prazo da temporária, em regra geral, será de é o salário-mínimo , sendo de um a cem salários-mínimos depen- fato. Essa exceção, então, visa impedir que alguém responda
5 (cinco) dias e poderá ser renovado por mais 5 (cinco) dias. dendo do caso, podendo ser reduzida de dois terços ou aumentada a dois processos ao mesmo tempo pelo mesmo fato, diga-se,
Contudo, para casos de crimes hediondos ou equiparados a he- até o décuplo. Com relação aos crimes contra o sistema nanceiro o processos idênticos. Os elementos que identicam a igualdade
diondos, o prazo será de 30 (trinta) dias que poderá ser renovado valor da ança varia de dez mil a cem mil BTN’s, podendo ser redu- dos processos são: pedido, as partes e a causa de pedir.
por mais 30 (trinta) dias. Esgotado o prazo da temporária e, se o zida em nove décimos e aumentada até o décuplo. O valor da ança 2.5 Exceção de Coisa Julgada: fundado no princípio do “ne
preso não car detido por outro motivo, deverá ser colocado em quem diz é o Juiz para todas as infrações aançáveis. No entanto, o bis in idem” ninguém pode ser sentenciado duas vezes pelo
liberdade independentemente de alvará de soltura. Delegado pode arbitrar o valor da ança se a infração for punida com mesmo fato. As regras são as mesmas da exceção de litispen-
1.4. Prisão decorrente de sentença condenatória sem detenção ou prisão simples. dência, com a diferença que na exceção de coisa julgada o
trânsito em julgado: no momento da sentença condenatória, 2.2.1. Infrações legalmente inaançáveis (arts. 323 e 324, CPP): réu já foi processado com trânsito em julgado por outro pro-
o magistrado poderá deixar o condenado apelar em liberdade, a) as infrações punidas com reclusão cuja pena mínima seja supe- cesso idêntico. Foi condenado ou absolvido ou teve extinta a
ou não. Se não deixar, estará decretando uma espécie de rior a dois anos; b) nas contravenções de vadiagem e mendicância; punibilidade, mas, enm, já foi julgado. Não poderá ser julgado
prisão provisória, obrigando o condenado, se quiser ver revista (OBS: texto incoerente com a legislação atual que prevê para as novamente pelo mesmo fato.
a decisão, a recorrer no cárcere. É importante lembrar, que não contravenções o procedimento sumaríssimo do JECRIM com a im-
existe nenhum crime que obrigue a prisão quando da condenação possibilidade de prisão em agrante); c) nos crimes dolosos punidos 3. Restituição de Coisas Apreendidas: as coisas apreendi-
(não há vedação em recorrer em liberdade). Até a novíssima lei com privação de liberdade, se o réu já tiver sido condenado por outro das no inquérito policial ou na fase judicial e que já não interes-
de drogas (Lei 11.343/06) no seu artigo 59 diz que nos crimes crime doloso, em sentença transitada em julgado; d) quando o réu sem mais ao processo poderão ser restituídas ao proprietário.
previstos nos arts. 33, “caput” e § 1 , e 34 a 37 daquela Lei, o
o
for vadio; nos crimes punidos com reclusão, que provoquem clamor Através de uma busca, que pode ser pessoal ou domiciliar, po-
réu não poderá apelar sem recolher-se à prisão, salvo se for público ou que tenha sido cometido com violência ou grave ameaça dem ser apreendidos e periciados objetos importantes ao feito.
primário e de bons antecedentes, assim reconhecido na à pessoa; e) no caso do réu ter quebrado ança anteriormente no Alguns deles serão conscados. O consco de bens, previsto
sentença condenatória. Verica-se, portanto, que até nesses mesmo processo; f) em caso de prisão civil, disciplinar, administrativa no art. 91, II do Código Penal, é um dos efeitos da sentença
casos, ou mesmo em crimes hediondos ou outros equiparados ou militar;g) se o acusado estiver em gozo de suspensão condicional condenatória, qual seja a perda, em favor da União, ressalvado
a hediondos, poderá o condenado apelar em liberdade. Desse da pena ou livramento condicional, salvo se estiver sendo processa- o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé, os instrumentos
modo, o magistrado decretará a prisão do condenado no mo- do por crime culposo ou contravenção aançável; h) nos casos que do crime, os produtos do crime ou qualquer bem que constitua
mento da sentença também seguindo os mesmos parâmetros estiverem presentes os requisitos da prisão preventiva. proveito auferido pela prática delituosa. Porém, os objetos que
da prisão preventiva. 2.2.2. Infrações legalmente inaançáveis previstas constitucio - não serão conscados podem ser devolvidos.
nalmente:a) racismo; b) tráco de entorpecentes; c) terrorismo; d) Não havendo dúvidas quanto ao direito do interessado, a re-
2. Liberdade Provisória: é um benefício que possibilita ao acu- crimes hediondos; e) ação de grupos armados civis ou militares con- querimento ou por ordem da autoridade policial (no inquérito)
sado, que estava preso, acompanhar o restante do processo em tra a ordem constitucional e o Estado democrático. ou da autoridade judicial (no processo) e se não houver infra-
liberdade. No entanto, não é a única forma de soltura de presos 2.2.3. Infrações legalmente inaançáveis previstas em- leis ção, es o bem é devolvido imediatamente. Mas, no caso de haver
no Processo Penal. Existem outras formas de se soltar o preso. parsas:a) Lei 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento) : tornou ina- infração, o meio para a restituição das coisas apreendidas é
Temos o“habeas corpus”, que só cabe quando houver coação ançável o porte ilegal de arma com uso permitido e disparo de arma através de um processo incidental (pedido de restituição de
ou ameaça de coação ao direito de ir, vir e permanecer. Podemos de fogo. Obs: o STF tem posicionamento de ser cabível a ança ; b) coisas apreendidas) perante o juiz competente.
mencionar o pedido derelaxamento da prisão como uma forma Lei 9.613/98 (Lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores). Nota:da decisão sobre restituição de coisas apreendidas cabe
de soltura. A CF. no art. 5º, LXV diz que a prisão ilegal deverá ser Nota:sendo aançável a infração, a liberdade provisória é um direito apelação, nos termos do art. 593, II do CPP.
imediatamente relaxada pela autoridade judiciária. A prisão será do acusado preso. Conjugando-se tal assertiva com o mandamento
considerada ilegal quando ela não seguir os parâmetros
(Por exemplo, acusado preso em agrante que não estava no de lei Constitucional de que “ninguém será levado à prisão ou nela
tido, quando a lei admitir liberdade provisória com ou sem ança”man- 4. Medidas Assecuratórias:
são tomadas na esfera criminal existem algumas medidas
para possibilitar que
uma futura
estado de agrância) ou quando houver excesso de prazo (Por (CF, art. 5º, LXVI), a liberdade provisória se torna verdadeiro direito indenização à vítima na esfera cível, o pagamento de despesas
exemplo, excesso de prazo para o encerramento do inquérito subjetivo do réu, assim entendido quando seus atributos pessoais – processuais ou penas pecuniárias ao Estado, ou ainda evitar
policial de réu preso ou o excesso de prazo na instrução proces- relacionados ao sujeito – e o crime em si possibilitem o benefício. que o agente obtenha lucro com a prática da infração. São as
sual – criação jurisprudencial dos 81 dias). Consideremos, ainda, lInK aCaDÊMICO 5 chamadas medidas assecuratórias. As medidas assecuratórias
o pedido de revogação de prisão . Por vezes, contando com as são: seqüestro, arresto e hipoteca legal.
provas que chegam ao seu conhecimento, o Juiz entende por QUESTÕES E PROCESSOS 4.1 Seqüestro: toda vez que houver indícios sucientes de au -
decretar a prisão preventiva, p. ex.. Nesse caso, a impetração toria e materialidade e de que o acusado adquiriu bens com o
de uma ordem de “habeas corpus” não terá efeito, em razão de
não haver coação. Assim, talvez a opção correta seja pedir a
InCIDEnTES proveito do crime, poderá ser determinado o seqüestro de bens.
O seqüestro pode ser determinado de ofício ou a requerimento
revogação da prisão decretada, levando ao magistrado novos 1. Questões prejudiciais: por vezes, no processo penal, surgem do Ministério Público, do ofendido ou mediante representação
documentos que comprovem a desnecessidade da medida questões que devem ser resolvidas antes de o processo chegar ao da Autoridade Policial tanto de bens móveis quanto de bens
extrema. O Juiz, por sua vez, poderá analisar os documentos seu termo, por se ligarem ao mérito. Dentre essas questões está a imóveis, tanto na fase de inquérito quanto na fase judicial quan-
e revogar a prisão ou simplesmente ignorá-los. Se ignorá-los, prejudicial que é um impedimento ao desenvolvimento regular do do houver indícios veementes de que o(s) bem(ns) foi(ram)
surge a coação sanável por “habeas corpus” E há a Liberdade
. processo. adquirido(s) com o proveito do crime (sem contar a necessida-
Provisória. a) Questão prejudicial homogênea: quando pertence ao mesmo de de indícios de materialidade e autoria). O seqüestro é autu-
Nota: até o advento da Lei 11.464/07 os crimes hediondos ou ramo do direito da questão prejudicada (Por exemplo, a exceção da ado em apartado e admite embargos de terceiro nos moldes do
equiparados a hediondos não eram passíveis de liberdade provi- verdade nos crimes contra a honra que a admitem); b) Questão pre- Código de Processo Civil. Não haverá decisão nos embargos
sória. Tanto é, que a própria Lei 11.343/06 (Lei de Drogas) prevê judicial heterogênea: quando pertence a ramo diverso da questão antes de transitar em julgado a sentença condenatória.
que o acusado de tráco de entorpecentes não poderá ter esse prejudicada (Por exemplo, a ação civil discutindo a propriedade de Nota: da decisão de seqüestro cabe apelação, nos termos do
benefício. Todavia, a Lei 11.464/07 modicou a Lei dos Crimes um bem prejudicando a ação penal para punição pelo furto). art. 593, II do CPP.
Hediondos para fazer com que os acusados pelos mesmos e Nota: de acordo com o art. 92 do CPP que se a decisão sobre a 4.2 Arresto e Hipoteca Legal: a expressão “arresto” não
pelos equiparados a hediondos possam gozar desse benefício. existência da infração depender da solução de controvérsia que o existia no CPP e foi inserida no sistema pela Lei 11.435/06.
Assim, embora a lei continue vedando a liberdade provisória par a juiz repute séria e fundada, sobre o estado civil de pessoas, o curso A condenação no processo penal dá o direito ao ofendido de
alguns casos (Comércio ilegal de armas, Lavagem e ocultação da ação cará suspenso até que no juízo cível seja a controvérsia ingressar com uma ação civil “ex delicto” para o ressarcimento
de bens, direitos e valores, Tráco de drogas, Racismo e Ação dirimida por sentença passada em julgado, sem prejuízo, entretanto, de seus danos. Ocorre que, muitas vezes, o acusado, ainda
de Grupos Armados Civis ou Militares Contra a Ordem Consti- da inquirição das testemunhas e de outras provas de natureza urgen- durante o processo criminal, começa a dilapidar os seus bens.
tucional e o Estado Democrático de Direito), após a mudança te. Em suma, esses incidentes processuais são questões e procedi- Para que não reste frustrada a indenização na esfera cível (in-
que ocorreu na Lei dos Crimes Hediondos (considerados os mentos secundários que incidem sobre uma questão ou procedimento cluindo as despesas processuais e penas pecuniárias), poderá
crimes mais graves), a tendência da jurisprudência é estender a principal, merecendo deslinde antes da principal. ser promovida uma atitude cautelar ainda na esfera criminal. É
possibilidadeprovisória
A liberdade de liberdade provisória
poderá para todoscom
ser concedida os casos.
ou sem outra questão que pode surgir no processo é uma defesa
2. Exceções: omóveis
caso dosujeitos
arrestoaoupenhora.
da hipoteca legal. Olegal
A hipoteca arresto
os grava os bens da
bens imóveis
ança. indireta apresentada pelo acusado em regra no momento da defesa mesma forma. Também dessas medidas assecuratórias corre-
2.1. Liberdade Provisória sem ança: cabe a liberdade provi- prévia chamada exceção, ou “exceptio”. As exceções são defesas rão em autos apartados. Será levantado o arresto ou cancelada
sória sem ança primeiramente para: a) crimes aançáveis, em indiretas porque não atacam o mérito da causa. Temos 5 (cinco) es- a hipoteca legal se, por sentença irrecorrível, o réu for absolvido
que o acusado for pobre e não tiver condições de depositar o pécies de exceções: suspeição, incompetência, ilegitimidade de parte, ou for considerada extinta a punibilidade.
valor da ança (Art. 350 do CPP); b) pela regra do “caput” do litispendência e coisa julgada.
artigo 310 do CPP, caberá a liberdade provisória quando o réu 2.1 Exceção de Suspeição: é argüida para recusar o juiz suspeito, ou por escrito, pode ser argüida a fal-
5. Incidente de Falsidade:
tiver cometido a atitude acobertado por uma excludente de ilici- seja, sobre aquele que paira a possibilidade de ser parcial, decorrente sidade de documento constante nos autos. O juiz também, de
tude (art. 23 do Código Penal - estado de necessidade, legítima de interesses pessoais, sentimentais (amor, paixão, ódio, vingança, ofício, poderá proceder a vericação da falsidade. O incidente
de defesa, exercício regular de direto e estrito cumprimento do cobiça etc.) que o mesmo venha a nutrir eplas partes ou pela causa em será autuado em apartado e a outra parte será ouvida em 48
dever legal); c) pela regra do parágrafo único do artigo 310 do si. A causa de suspeição também poderá se dar nos Tribunais. Julgada (quarenta e oito) horas. Se for reconhecida a falsidade por de-
CPP, cabe liberdade provisória sem ança para qualquer infra- procedente essa exceção, cam nulos os atos principais e obriga o juiz cisão com trânsito em julgado (dessa decisão cabe recurso em
ção quando não estiverem presentes os requisitos da prisão ao pagamento das custas no caso de erro inescusável. Se uma das sentido estrito), o juiz mandará desentranhar o documento e
preventiva (art. 312, 313 do CPP). Para se argumentar esse partes deu causa à suspeição, a mesma não será declarada. Deve ser remetê-lo, com os autos do processo incidente ao Ministério
pedido de liberdade provisória, é necessária a demonstração argüida na forma de suspeição também o impedimento do Juiz, que se Público. A importância desse incidente é nítida, tendo em vista
de que, se o acusado estivesse em liberdade, o Juiz não teria dará por uma relação objetiva estabelecida como o parentesco, a re- que a formação das provas no processo penal deverá ser legíti-
motivos para decretar a sua prisão preventiva, ou seja, não é lação contratual, comercial, empregatícia etc. As causas de suspeição ma, leal, buscando a verdade real. Destaque-se que da decisão
caso de garantia da ordem pública ou econômica, conveniência (e também de impedimento) se estendem aos membros do Ministério baseada em documento comprovadamente falso, caberá a re-
da instrução criminal, assegurar a aplicação da Lei Penal e ga- Público, aos Peritos, Jurados ou Auxiliares da Justiça. visão criminal, nos termos do art. 621, II do CPP.
rantir o cumprimento das medidas protetivas de urgência. Em 2.2 Exceção de Incompetência: diante dos vários critérios que
suma, por vezes até mesmo crimes inaançáveis são passíveis determinam a competência para o processamento e julgamento da tanto na fase de inquérito
6. Incidente de Insanidade Mental:
de liberdade provisória sem ança, pois o parágrafo único do ação penal, determinado processo pode por erro estar sob a tutela quanto na fase judicial, de ofício ou a requerimento da Autori-
art. 310 do CPP, acrescentado pela Lei 6.416/1977, possibilitou dade Policial, do Ministério Público, do defensor, do curador,

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do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, perícia exatamente para a vericação da extensão das lesões (leves,
pode o juiz determinar a instauração do incidente de insanidade graves, gravíssimas). Tratando-se de perícia complexa que abranja 9. Indícios:previsto art. 239 do CPP. Indício não é prova. É
mental do acusado. Esse incidente na verdade é uma perícia mais de uma área de conhecimento especializado, poder-se-á desig- uma circunstância que pode levar a uma prova. O indício
que será realizada no acusado com o objetivo de vericar a sua nar a atuação de mais de um perito ocial, e a parte indicar mais de autoriza que, por indução, se conclua que há outra ou outras
sanidade mental no momento da perícia, mas, principalmente, um assistente técnico. circunstâncias sobre os fatos. Em regra, só os indícios de auto-
no momento do crime (ação ou omissão), pois, dependendo ria (p. ex, “ouvir dizer”) não levam à condenação, embora haja
do resultado, poderá ser afastada a culpabilidade do acusado. o interrogatório do acusado tem uma natureza
4. Interrogatório: pequena parte da jurisprudência que a admita em casos mais
Embora seja uma perícia, tem esse incidente algumas peculia- mista. É uma forma de defesa, mas também tem força probatória. O complexos e de difícil prova.
ridades: a peça inaugural do incidente é uma portaria do Juiz interrogatório é uma prova que não alcança preclusão, isso porque,
determinando a sua instauração e autuação em apartado; a o acusado poderá ser interrogado mais de uma vez, tanto na fase de 10. Busca e Apreensão
portaria xa alguns detalhes como a extração de cópias dos inquérito, quanto na fase processual e até mesmo após a sentença. salvo quando a própria Autoridade realizar a
10.1. Domiciliar:
autos principais, a nomeação de curador e vista às partes para Na fase de inquérito , por não passar pelo crivo do contraditório, está diligência, a busca e apreensão domiciliar seráprecedida da ex-
apresentarem quesitos; após os autos apartados, são encami- dispensada a presença do defensor do acusado. Contudo, na fase pedição de mandado. O mandado de busca e apreensão domici-
nhados para os peritos que farão a avaliação do acusado ela- processual, a presença do advogado de defesa é indispensável. liar será determinado de ofício ou a requerimento e só poderá ser
borando laudo; após a feitura do laudo, os autos são devolvidos Se o acusado não tiver condições de constituir advogado, ser-lhe-á cumprido durante o dia, salvo quando o morador consentir que
ao juízo, as partes se manifestam e o incidente será apensado nomeado um, mas o interrogatório não será realizado sem a sua pre- se realizem à noite. O corpo do mandado deve indicar, da forma
aos autos principais. Os autos do processo carão suspensos sença. O interrogatório será dividido em duas partes: sobre a pessoa mais precisa possível, a casa em que a diligência ira se realizar
até a elaboração do laudo, salvo quanto às diligências que pos- do acusado e sobre os fatos, sendo que as partes poderão fazer e o nome do respectivo proprietário ou possuidor e o motivo e os
sam ser prejudicadas pelo adiamento. perguntas para maiores esclarecimentos. ns da diligência.
lInK aCaDÊMICO 6 4.1. Direito ao silêncio: o acusado tem o direito de permanecer ca- 10.2. Pessoal: a busca pessoal independe de mandado e será
lado no interrogatório e, esse silêncio não será interpretado como realizada sempre que houver suspeita de que alguém oculte
conssão. consigo arma proibida ou objetos obtidos por meios criminosos,
PROVaS E MEDIDaS 4.2. Oralidade:no interrogatório, está presente o princípio da orali- instrumentos de falsicação, munições, instrumentos utilizados
aSSECURaTÓRIaS dade. As perguntas e respostas deverão ser orais, não se levando para prática delituosa, objetos necessários para prova proces-
depoimento por escrito. Todavia, não está vedada a consulta a sual penal e cartas que possam elucidar os fatos. É imperioso
1. Princípios que regem as provas:
existem três princípios apontamentos. Se o réu for estrangeiro, ser-lhe-á nomeado tradu- ressaltar que a busca pessoal na mulher será feita por outra mu-
fundamentais que regem as provas no processo penal. tor interprete, salvo se o estrangeiro conseguir se fazer entender lher, se não importar em retardamento ou prejuízo da diligência,
1.1. Relatividade das provas : toda prova no processo penal na língua portuguesa. O analfabeto depõe normalmente e, se não ou seja, a busca poderá ser feita por um homem.
tem valor relativo, ou seja, nenhuma prova no processo penal souber assinar o seu nome, é colhida a digital do depoente e tes- lInK aCaDÊMICO 7
tem valor absoluto. Até mesmo provas contundentes como é o temunhas devem atestar a leitura do depoimento ao depoente. Se
caso da conssão tem valor relativo. Isso signica que toda pro - o interrogado não puder, por problemas físicos e de locomoção, SUJEITOS
va, para valer, precisa de um respaldo no contexto probatório, comparecer ao fórum para ser interrogado, poderá ser ouvido em
não podendo estar isolada. Diante disso, e diferentemente do
processo civil, se o acusado confessar poderá ser absolvido, se
diligência no local em que se encontrar.
4.3. Conssão:não tem valor absoluto porque deve guardar respal-
PROCESSUaIS
as demais provas indicarem essa possibilidade. Assim, pode- do nos demais elementos probatórios. O CPP reserva um título (VIII do Livro I) para cuidar das par-
se armar que não existe hierarquia de provas. Toda prova tem tes envolvidas no processo penal. Relembrem-se, nesse ponto,
o mesmo valor: relativo. qualquer pessoa poderá ser testemunha
5. Prova Testemunhal: os aspectos atinentes ao impedimento e suspeição que estão
1.2. Verdade real : a prova incumbirá a quem a alegar (art. 156 no processo penal. Até mesmo os menores ou as crianças pode- sujeitas as partes processuais.
do CPP), mas, também em dissonância com o processo civil, rão ser testemunhas. É bem verdade que o menor de 14 (quatorze)
no processo penal o Juiz não ca adstrito às provas produzidas anos não prestará o compromisso de dizer a verdade e, por isso, 1. Juiz:sobre o Juiz, manifestou o Código que o mesmo deverá
pelas partes (princípio da verdade formal). No processo penal não estará sujeito a ser processado criminalmente ou perante a Le- promover a regularidade do processo e manter a ordem no trans-
a verdade é real (ou material), sendo que o magistrado pode gislação Especial do Estatuto da Criança e do Adolescente. Porém, correr dos atos. Há singular dúvida na doutrina, todavia, acerca
determinar a produção de provas que não foram requeridas o seu depoimento é válido como prova. As testemunhas, uma vez de ser o Juiz parte ou não no processo penal.
pelas partes (como a oitiva de testemunha que não foi arrolada convocadas, deverão comparecer para depor, sob pena de serem
ou a feitura de perícia não solicitada), porque o juízo não ca conduzidas coercitivamente e se sujeitarem a responder por crime de 2. Ministério Público:ao Ministério Público, segundo o man-
vinculado àquilo que as partes trouxeram, o seu objetivo é a desobediência, multa e pagamento de custas da diligência. damento legal (n ova redação do art. 257 do CPP dada pela
verdade real. a) Dispensados de depor:ascendente, descendente, cônjuge, ), caberá promover, privativamente, a ação penal
lei 11.719/08
1.3. Livre apreciação da prova (que além de princípio é irmão, sogro, sogra, genro e nora do acusado, salvo se não for pública e scalizar a execução da lei.
uma regra estabelecida no art. 155 do CPP): para formar a possível, por outro modo, se obter ou se integrar à prova do fato e
convicção do Juiz. Por esse princípio, no processo penal, o de suas circunstâncias; b) Proibidos de depor:aquelas pessoas sobre o acusado, se ressalte que
3. Acusado e seu defensor:
Juiz aprecia a prova livremente, não estando vinculado a uma que tem conhecimento dos fatos por conta de uma relação de sigilo nenhum poderá ser processado sem defensor. Assim, se não
delas. Assim, ainda que tenham duas testemunhas imputando que se estabeleceu entre a testemunha e a parte interessada, por tiver condição de constituir defensor, ser-lhe-á nomeado um de-
a culpa ou inocência ao acusado e somente uma dizendo o conta de função, ministério, ofício ou prossão, que devam guardar fensor público ou dativo. O momento para a constituição de de-
contrário, o Juiz poderá preferir a uma em detrimento das duas, segredo. Todavia, essas testemunhas poderão depor se forem de- fensor no processo penal era o do interrogatório e bastava que o
se essa prova foi mais convincente a ele em consonância com sobrigadas pela parte interessada. réu dissesse que determinado advogado(a) era seu defensor(a),
as demais provas produzidas nos autos. Por esse princípio, o Cabem para as testemunhas as mesmas observações feitas ao inter- independente de mandato procuratório. Todavia, com os novos
magistrado
convenceu. poderá
É claro até
que,mesmo rejeitar umconstitucional
por dispositivo laudo, se esse não93,o
(Art. rogatório no queo diz
apontamentos, respeito ao
depoimento princípio da do
do estrangeiro, oralidade, a consulta
analfabeto e a oitivaa procedimentos trazidos pelas leis1 1.689 e 11.719 de junho de
2008, o réu é citado para apresentar defesa escrita e, para esse
IX, CF) toda decisão tem que ser fundamentada, sendo certo em diligência. c) Testemunhas instrumentárias: quando do interro- ato, precisa de defensor, senão, ser-lhe-á nomeado um. Assim,
que o Juiz, para rejeitar uma prova deverá expor claramente gatório do averiguado no inquérito policial, que exige a participação esse é o novo momento da constituição de defensor.
os motivos do seu convencimento (ou de sua falta de conven- de pessoas que tenham ouvido a leitura do auto de interrogatório rea-
cimento), mas terá a livre apreciação da prova para formar a lizado, com a nalidade de dar a esse depoimento maior idoneidade, 4. Ofendido:o ofendido poderá ter uma postura passiva e ativa
sua convicção. afastando eventuais abusos. no processo penal. Passivamente ele poderá aguarda r eventuais
Observe-se que a testemunha instrumentária não ouviu o depoimen- intimações, depor quando necessário e até me smo ingressar com
2. Prova emprestada: muitas vezes, a prova produzida em to do acusado, ouviu a leitura do termo de depoimento escrito do acu- recurso em sentido estrito e apelação, após o prazo do Ministério
outro processo poderá valer no processo que está se desen- sado para o próprio acusado, considerando que é esse documento Público. Poderá, por outro vértice, ter uma postura ativa e se ha-
volvendo, através da reprodução documental. A prova é válida, que será assinado posteriormente. bilitar como Assistente de Acusação. Ainda como Assistente de
mas o Juiz deve tomar um cuidado especial: vericar se a prova Acusação, podem se habilitar o representante legal do ofendido,
formada em outro feito, de onde foi transferida, houve o indis- 6. Reconhecimento de pessoas e coisas: o CPP regula o reco- ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do mesmo. Como
pensável devido processo legal, com a participação efetiva das nhecimento de pessoas e coisas a partir do art. 226, mas não regula Assistente poderá propor meios de prova, requerer perguntas a
partes, inclusive sujeitando-se ao contraditório. o reconhecimento fotográco e o reconhecimento de sons. Para o testemunhas, aditar o libelo, participar do debate oral e arrazoar
reconhecimento de pessoas, aquele que for fazer o reconhecimento recursos interpostos por ele mesmo ou pelo Ministério Público.
3. Prova Pericial: os crimes que não deixam vestígios são cha- será convidado a descrever a pessoa a ser reconhecida, o reconheci- Do despacho que admitir ou não Assistente de Acusação não
mados de crimes transeuntes . Por outro lado, aqueles que do será colocado, se possível, ao lado de outros que com ela tiverem caberá recurso. Quando for ouvido, o ofendido será qualicado
deixam vestígios são chamados de crimes não-transeuntes . qualquer semelhança, se houver receio por parte do reconhecedor, a e perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou
Pois bem, toda infração que deixar vestígios (crimes não-tran- autoridade providenciará para que o reconhecido não veja o reconhe- presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar, tomando-
seuntes) devem ser objeto de perícia e nem mesmo a conssão cedor e deve ser lavrado auto pormenorizado do reconhecimento. se por termo as suas declarações, sendo certo que se não com-
supre a sua falta. Se um crime que deixar vestígios não passar Essas mesmas cautelas devem ser tomadas para o reconhecimento parecer à audiência, poderá ser conduzido coercitivamente.
por uma perícia, o processo estará eivado de nulidade. As mar- de objetos. Mas, como se disse, o reconhecimento fotográco e de Nota 1:a lei 11.690/08 alterou o CPP no que diz respeito à pes-
cas, os vestígios deixados pelo crime são chamados de corpo sons não está regulado pelo CPP e, por isso, não podem ser tomadas soa do ofendido, dando-lhe a garantia de que será comunicado
de delito e o exame para a sua detecção é chamado de exame como provas, servindo apenas para a investigação. Contudo, não se dos atos processuais relativos ao ingresso e à saída do acusado
de corpo de delito , que terá várias modalidades: necroscópico pode confundir essa lacuna de regulamentação com a possibilidade da prisão, à designação de data para audiência e à sentença e
(no cadáver), lesões corporais (no corpo de alguém vivo), sexo- de interceptação telefônica que é regular e prevista legalmente (Lei respectivos acórdãos que a mantenham ou modiquem. Essas
lógico (para a vericação de crimes sexuais) etc. 9296/96) para crimes punidos com reclusão, por determinação da comunicações deverão ser feitas no endereço por ele indicado,
Nota 1: com a redação dada pela lei 11.690 de 09 de junho Autoridade Judiciária, pois, na interceptação telefônica as vozes não admitindo-se, por opção do ofendido, o uso de meio eletrônico.
de 2008, as perícias no processo penal, em regra, são feitas serão reconhecidas por um “reconhecedor” e sim será efetuada uma Outras garantias dadas ao ofendido pela referida lei é que antes
por um perito ocial e, na falta desses, dois peritos não ociais. perícia para a identicação. do início da audiência e durante a sua realização, será reservado
Para
sitos: ser um perito
a pessoa deveránãoser
ocial são necessários
idônea, portadoras dealguns requi-
diploma de 7. Acareação:é um meio de prova que pode ser produzido tanto espaço separado para
poderá encaminhar o ofendido,
o ofendido paraseatendimento
o juiz entender necessário,
multidisciplinar,
curso superior preferencialmente na área especíca, dentre as na fase de inquérito quanto na fase judicial, sempre que houver especialmente nas áreas psicossocial, de assistência jurí-
que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do conitos de depoimentos. É admitida a acareação entre acusados, dica e de saúde, a expensas do ofensor ou do Estado e
exame, sendo certo que os peritos não ociais prestarão o com- entre acusado e testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou o juízo tomará as providências necessárias à preservação
promisso de bem e elmente desempenhar o encargo. testemunha com a pessoa ofendida e entre pessoas ofendidas. O da intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido,
Nota 2: em se tratando de processos por entorpecentes objetivo da acareação é buscar a verdade real, ou seja, saber, diante podendo, inclusive, determina r o segredo de justiça em rela-
existem dois laudos. O primeiro, que é um laudo preliminar, da contradição, quem está falando a verdade, mas, se os depoen- ção aos dados, depoimentos e outras informações constan-
chamado de constatação é subscrito por um só perito, e não tes mantiverem a contradição, ou seja, seus depoimentos, deverá tes dos autos a seu respeito para evitar sua exposição aos
precisa ser ocial, e é suciente para o recebimento da denún- a Autoridade vericar a reação do depoente quando reperguntado meios de comunicação.
cia. Todavia, para a sentença, é necessário o laudo denitivo, sobre os pontos controversos e, com isso, rmar convicção acerca
ou toxicológico, que é mais aprofundado e técnico do que o dos depoimentos. os funcionários da Justiça (au-
5. Funcionários da Justiça:
primeiro, seguindo as regras do CPP. xiliares, escreventes, escrivão, ociais de justiça) têm todas
Nota 3: as perícias poderão ser feitas de forma direta– ana- documento para o processo penal é qualquer
8. Prova Documental: as prescrições sobre suspeição dos juízes, no que lhes for
lisando diretamente o objeto, local ou pessoa a ser periciada corporicação do pensamento (escritos, instrumentos ou papéis). A aplicável, não pod endo, por exemplo, o escrivão atuar em pro-
– ou indireta– quando houve a destruição ou desaparecimento fotocópia autenticada de documento tem o mesmo valor que o srci- cesso que foi testemunha. Os peritos seguem a mesma linha,
do objeto da perícia. A perícia indireta terá por base outros ele- nal e, em função do princípio da relatividade das provas, mesmo o com as mesmas sujeições.
mentos de provas como documentos e testemunhas. documento sem autenticação é válido, relativamente. Os documen- lInK aCaDÊMICO 8
Nota 4:regra que não existia antes do advento da lei 11.690/08 tos poderão ser juntados ao processo a qualquer momento, salvo
- as partes no processo penal poderão nomear assistentes nas proibições expressas da lei como na fase de alegações nais no
técnicos e formular quesitos (art. 159, §3º do CPP). Há casos rito do Tribunal do Júri e a vedação de juntada nos 3 (três) dias que CITaÇÃO E InTIMaÇÕES
de perícias que demandam complementação, como é o caso antecedem o julgamento pelo Plenário do Júri.
do exame de corpo de delito lesões corporais que, após trinta 1. Citação:é um momento de extrema formalidade no proces-
dias da primeira perícia, muitas vezes tem que ser feita outra

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so penal. E como todo ato formal é burocrático, cercado de de- se-á diretamente pelo escrivão, por mandado, ou via postal com
talhes, que se não forem cumpridos pode gerar nulidade. Quem comprovante de recebimento, ou por qualquer outro meio idôneo; 9. Extinção da Punibilidade: a sentença que extingue a punibi-
é citado na esfera criminal é o acusado. Só em uma hipótese b) Intimação do Ministério Público e do defensor nomeado : lidade não é nem condenatória e nem absolutória, é declaratória,
o acusado não é a pessoa a quem a citação se dirige: quan- será pessoal. não extinguindo o crime e sim a capacidade do Estado de punir
do o acusado tiver problemas mentais, quando será citado na lInK aCaDÊMICO 9 o agente (“ius puniendi”). As causas de extinção da punibilidade
pessoa de seu representante legal. A citação, para ser válida, estão listadas em rol meramente exemplicativo no artigo 107 do
deverá cumprir uma dupla nalidade: comunicar e chamar. a) Código Penal.
Comunicarnão é somente informar, é acima de tudo informar SEnTEnÇa
com qualidade, é dar todos os detalhes ao acusado do que está 10. Efeitos da sentença criminal na esfera a sentença
cível: con-
se passando no processo, com o inteiro teor da acusação para 1. Modalidades:as decisões ou sentenças em sentido amplo são denatória gera efeitos na esfera cível (faz coisa julgada no cível),
que, com isso, o mesmo possa se defender adequadamente, as- de três categorias: As decisões interlocutórias simples, as decisões pois faz surgir à vítima o direito de indenização, o direito de pleitear
segurado o princípio constitucional do contraditório; b) Chamar: interlocutórias mistas e as denitivas.a) Decisões interlocutórias esse direito em uma ação civil “ex delicto”, cabendo ao Juiz cível
é demonstrar a importância ao réu de responder ao processo simples:são as que dirimem questões relativas ao regular anda- apenas denir o valor daindenização. Por outro lado, a sentença
penal; esclarecer ao acusado que no processo penal não existe mento processual, sem entrar no “meritum caus ae” (p. ex., recebimento absolutória poderá interferir (fazer coisa julgada) na esfera cível ou
somente a defesa técnica - também existe a autodefesa (que tem da denúncia ou queixa; decretação da prisão preventiva); b) Decisões não, dependendo do motivo da absolvição. Assim, por exemplo a
praticamente o mesmo peso que a defesa técnica), mostrar que interlocutórias mistas ou decisões com força de denitiva: são as falta de provas da existência do fato, de ter o réu concorrido para a
o réu poderá arrolar testemunhas, contraditar as arroladas pela que encerram uma fasedo procedimento, ou a própria relação processu- infração e para a condenação não impedem a discussão na esfera
acusação, constituir advogado e se não tiver condições, ser-lhe al, sem atacar o mérito (p.ex., rejeição da denúncia ou queixa e pronún- cível. A absolvição pelo fato não constituir infração penal (poderá
nomeado um. cia);c) Decisões denitivas ou sentenças em sentidosão as
próprio: ser civil) e a absolvição pela legítima defesa putativa também não
Frustrado um dos objetivos da citação, esse ato é consideradoque solucionam a lide julgando o mérito da causa (p. ex., condenatóriasimpedem o processo civil. Mas a absolvição pela inexistência do
inválido. Aliás, o art. 363 do CPP informa que o processo terá com-ou absolutórias) ou aquelas que julgam o mérito denem
e o juízo, mas fato, ou pela legítima defesa real, p. ex., impedem o desdobramen -
pletada a sua formação quando realizada a citação do acusado. não se condena e nem se absolve (p. ex. sentença de extinção da pu-to da discussão na esfera cível. A sentença de extinção da punibi-
Para cumprir essa dupla nalidade, o funcionário encarregado da nibilidade). lidade, com exceção daquela que homologa a composição civil no
citação (Ocial de Justiça ou Escrevente Técnico) terá que cumprir Juizado Especial Criminal, não faz coisa julgada na esfera cível.
requisitos intrínsecos e extrínsecos. Requisitos Intrínsecos:são 2. Classicaçãodoutrinariamente,
: as sentenças são classicadas em:
requisitos que devem constar no corpo do instrumento próprio daa) condenatórias (caso da condenação do réu e imposição de pena), b) 11. Intimação da sentença: no rigor do artigo 392 do CPP, a inti-
citação como no Mandado de Citação ou no Edital.Requisitos declaratórias (como as que extinguem a punibilidade, anulam o processo, mação da sentença será feita:a ) ao réu, pessoalmente, se estiver
Extrínsecos: dizem respeito ao comportamento que deve teresse de pronúncia de impronúncia), c) declaratórias negativas (como as que preso;b) ao réu, pessoalmente, ou aodefensor por ele constituído,
funcionário no momento da citação. absolvem) e asd) constitutivas (como as que concedem a reabilitação). quando se livrar solto, ou, sendo aançável a infração, tiver -presta
1.2. Citação pormandado de citação : quando o acusado do ança;c) ao defensor constituído pelo réu, se este, aançável,
tiver endereço certo na comarca do processo, mediante a 3. Requisitos: a sentença é elaborada em três partes: relatório, funda- ou não, a infração, expedido o mandado de prisão, não tiver sido
entrega pessoal do documento por meio de Ocial de Jus - mentação e parte dispositiva. a) Relatório ou exposição : é passado encontrado, e assim o certicar o ocial de justiça; d) mediante
tiça. São requisitos da citação por mandado: a) leitura do todo o histórico e cronologia do processo, com o resumo da marcha pro- edital, nos casos do item “b”, se o réu e o defensor que houver
mandado ao citando pelo ocial e entrega da contrafé, na cedimental e seus incidentes; b) Fundamentação ou motivação : o Juiz constituído não forem encontrados, e assim o certicar o ocial de
qual se mencionarão dia e hora da citação; b) declaração do fará uma exposição dos motivos que o levaram a decidir. Na verdade, se justiça;e) mediante edital, nos casos do item “c”, se o defensor que
ocial, na certidão, da entrega da confrafé, e sua aceitação segue o preceito constitucional de que todas as decisões deverão sero réu houver constituído também não for encontrado, e assim o
ou recusa; motivadas (art. 93, IX daCF). Nesse diapasão, qualquer decisão, ainda certicar o ocial de justiça; f) mediante edital, se o réu, não ten-
1.3. Citação por precatória (ou carta precatória): quando que interlocutória, total ou parcial, que decida sobre
algum benefício, que do constituído defensor, não for encontrado, e assim o certicar
o acusado tiver endereço certo em outra comarca diversa aplique a pena, que fale sobre a culpabilidade ou inocência do acusado,o ocial de justiça.
da comarca do processo, mediante a entrega pessoal do que revogue outra decisão, que movimente o processo etc. deverá ser lInK aCaDÊMICO 10
documento por meio de Ocial de Justiça. Observe-se que o fundamentada.Desse modo, a falta de fundamentação, por violação à
termo “carta precatória” não é utilizado somente com o ob- Constituição, constitui nulidade absoluta. c) Dispositivo: o Juiz decide,
jetivo de proceder a citação, mas sempre que o Juiz de uma dene o seu pensamento conclui, determinando algo (condenando,
comarca (Juízo Deprecante) solicitar algum ato processual absolvendo, extinguindo a punibilidade, recebendo a denúncia, pronun-
ao Juiz de outra comarca (Juízo Deprecado); ciando etc.).
1.4. Citação porrogatória (ou carta rogatória): quando o Nota:a sentença deverá ter umacorrelação com a denúncia ou queixa,
acusado tiver endereço certo em outro País. Também, vale entre o fato descrito na peça acusatória e o fato pelo qual o réu está
salientar que a “carta rogatória” será expedida sempre que sendo condenado. Trata-se de uma garantia da defesa que se violada
um Juiz no Brasil necessitar de uma providência de um Juiz acarreta nulidade. Os requisitos da sentença estão descritos no artigo
no estrangeiro. Não correrá o prazo prescricional no curso 381 do CPP.
da carta rogatória;
1.5. Citação por carta de ordem : quando a superior ins- 4. “Emendatio libelli”: é a emenda (concerto, ajuste) na acusação. Por
tância, em processos de competência srcinária, solicita r a vezes, a acusação padece de um erro eeste erro não foi visto durante a A coleção Guia Acadêmico é o ponto de partida dos es-
diligência de citação à inferior instância; tramitação processual, somente sendo visualizado no momento da sen- tudos das disciplinas dos cursos de graduação, devendo
1.6. Citação porrequisição: quando o acusado for militar, tença. Se esse erro não prejudicar a defesa doréu, o Juiz, no momento ser complementada com o material disponível nos Links
em respeito às regras militares o Juiz expedirá um ofício ao da sentença, poderá corrigir o erro e dar a sentença de imediato, sem e com a leitura de livros didáticos.
Comandante do militar, para que o mesmo possa interceder
e providenciar a citação de seu comandado. Esse ofício é precisar baixar os autos para amanifestaçã o do réu. É a “emendatio li-
belli”, nos moldes do art. 383 do CPP. Ressalte-se que o Juiz poderá até Processo Penal I – 2ª edição - 2009
chamado de requisição. mesmo dar uma denição jurídica mais grave do que a dada na acusa -
Nota 1: a citação do réu preso será sempre feita por man- ção, pois o acusado em nenhum momento teve prejudicada a sua defesa Coordenadores:
dado, se estiver preso na mesma comarca do processo ou (p. ex. se o Promotor na denúncia por um crime deroubo, descrito por- Carlos Eduardo Brocanella Witter, Professor universitário e
por precatória, se estiver preso em outra comarca diferen- menorizadamente o roubo na inicial, pede a condenação por furto – erro de cursos preparatórios há mais de 10 anos, Especialista
te da comarca do processo. Frustrada a citação pessoal, na acusação – como o réu se defendeu do roubo –se defende dos fatos em Direito Educacional; Mestre em Educação e Semió-
o acusado deverá ser citado por edital, também chamada e não da capitulação – o Juiz poderá condená-lo pelo roubo, mesmo com tica Jurídica; Membro da Associação Brasileira para o
de citação cta ou presumida. A citação por edital deverá o erro na denúncia). Progresso da Ciência; Palestrante; Advogado e Autor
obedecer a um prazo. O prazo do edital será de 15 (quin- Nota:a nova redação do art. 383 do CPP (dada pela lei 11.719/08) , se de obras jurídicas.
ze) dias quando o acusado estiver em local incerto e não for possível, na nova capitulação o Juiz proporá a suspensão condicional Autor:
sabido. O edital de citação indicará: a) o nome do juiz que do processo, também podendo, se cabível, encaminhar os autos para o Rodrigo Julio Capobianco é advogado militante especia-
a determinar; b) o nome do réu, ou, se não for conhecido, Juiz competente. lizado em Tribunal do Júri, pós-graduado “lato sensu” em
os seus sinais característicos, bem como sua residência e Moderna Criminologia pelo IBCCrim/Apamagis, em Direito
prossão, se constarem do processo; c) o m para que é 5. “Mutatio libelli”: também no momento da sentença, poderá o Juiz Empresarial pela FMU e em Direito Imobiliário pela FMU,
feita a citação; d) o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o vericar que no decorrer da tramitação processual, surgiu uma nova - si é Árbitro do TBAM - Tribunal Brasileiro de Arbitragem e
réu deverá comparecer; e) o prazo, que será contado do dia tuação, elementar ou circunstância, que não estava prevista implícita ou Mediação, foi Presidente do IBDF - Instituto Brasileiro de
da publicação do edital na imprensa, se houver, ou da sua explícita na denúncia ou queixa. Dessa forma e não tendo o acusado se Defesa do Fornecedor gestão 2006/2007, é Professor
axação. Além disso, o edital será axado à porta do edifício defendido dessa situação nova (que não estava implícita ou explícita na em cursos preparatórios da área jurídica desde 1998 nas
onde funcionar o juízo e será publicado pela imprensa, onde denúncia), o magistrado terá que baixar os autos para que em cinco dias áreas de Direito Penal e Processo Penal, é autor das obras
houver, devendo a axação ser certicada pelo ocial que o Ministério Público adite a denúncia. Se o mesmo não proceder dessa “Coleção Como se Preparar para o Exame de Ordem - Di-
a tiver feito e a publicação provada por exemplar do jornal forma, suscitar-se-á um conito, que serádirimido pelo Procurador Geral reito Penal” (5a Edição) e “Decisões Favoráveis à Defesa”
ou certidão do escrivão, da qual conste a página do jornal de Justiça, nos moldes do art. 28 do CPP. No caso de “mutatio libelli” (3a Edição) ambas da Editora Método, São Paulo.
com a data da publicação. Quando o acusado for citado por cada uma das partes poderão arrolar até 3(três) testemunhas.
edital, não comparecer e não constituir defensor, cará sus - Nota:a Súmula 453 do STF impõe a impossibilidade da “mutatio libelli” A coleção Guia Acadêmico é uma publicação da Memes
penso o curso do processo e do prazo prescricional. em segundo grau Tecnologia Educacional Ltda. São Paulo-SP.
Nota 2: inovação trazida pela lei 11.719 de 20 de junho de Endereço eletrônico: www.memesjuridico.com.br
2008, quando o réu não é encontrado para a citação pessoal 6. Pedido de absolvição feito pela acusação: quando a ação penal for
e o ocial de justiça verica que ele está se ocultando para privada o querelante, em alegações nais deverá, sob pena de peremp- Todos os direitos reservados. É terminantemen te proibida
a reprodução total ou parcial desta publicação, por qual-
não ser citado, o ocial de justiça certicará a ocorrência e ção, pedir a condenação do querelado.Contudo, na ação pública, nada quer meio ou processo, sem a expressa autorização do
procederá à citação com hora certa , na forma estabelecida impede o Ministério Público de pleitear a absolvição doEréu. o magis- autor e da editora. A violação dos direitos autorais caracte-
o
nos arts. de
- Código 227Processo
a 229 da Lei
Civil.nCompletada
5.869, de 11a citação
de janeiro
comdehora
1973 trado não estará
(Ministério Públicovinculado
e Defesa)apodendo
ao pedido deabsolviç
condenar ão feito pelas partes
o acusado. riza crime, sem prejuízo das sanções civis cabíveis.
certa, se o acusado não comparecer, ser-lhe-á nomeado
defensor dativo. condenando o acusado, o Juiz mencionará as circuns-
7. Condenação:
Nota 3: réu que não comparece ao processo é contumaz e tâncias agravantes e atenuantes e circunstâncias judiciais previs-
o efeito da contumácia é a revelia. Entretanto, a revelia no tas no Código Penal, aplicará as penas, declarará a periculosi-
processo penal tem disparidades com a revelia do processo dade e determinará a publicação da sentença. O juiz, ao proferir
civil. Aqui, não se entende como verdadeiros os fatos ale- sentença condenatória deverá: a) mencionar as circunstâncias
gados pelo autor. A revelia no processo penal tem o condão agravantes ou atenuantes definidas no Código Penal, e cuja
de não intimar o réu para os demais atos do processo, com existência reconhecer; b) mencionar as outras circunstâncias
exceção da sentença. apuradas e tudo o mais que deva ser levado em conta na apli-
cação da pena, de acordo com o disposto nos arts. 59 e 60
2. Intimação: diferentemente da citação, qualquer pessoa do Código Penal; c) aplicar as penas, de acordo com essas
que tiver que tomar ciência de um ato processual será inti- conclusões; d) fixará valor mínimo para reparação dos danos
mado. Na prática as nomenclaturas “intimação” e “notica - causados pela infração, considerando os prejuí zos sofridos pelo
ção” se misturam no processo penal. Mas há uma diferença ofendido. Ressalte-se que o magistrado também decidirá funda-
técnica entre elas: a pessoa é noticada “para” algum ato mentadamente se é caso de decretar-se a prisão preventiva do
e é intimada “de” algum ato. a) Intimação do defensor acusado ou outra medida cautelar.
constituído, do advogado do querelante e do assisten-
te: far-se-á por publicação no órgão incumbido da publici- a sentença absolutória está prevista no artigo 386 do
8. Absolvição:
dade dos atos judiciais da comarca, incluindo, sob pena de CPP, que traz sete hipóteses de absolvição. Vale lembrar que não se
nulidade, o nome do acusado. No caso não haja órgão de trata de um rol taxativo.
publicação dos atos judiciais na comarca, a intimação far-

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