Você está na página 1de 30

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES

Centro de Ciências Sociais Aplicadas – CCSA


Departamento de Ciências Contábeis
Curso de Ciências Contábeis

Eliciana Francisco dos Santos


Luciana Ferreira Guimarães
Maria Elane Silveira Silva
Milene Alves de Oliveira
Taislane Francisca Dos Santos Silva
Tauane Terez Pereira dos Reis

EVIDENCIAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS EM AMBIENTE


INTERNACIONAL E O RELATÓRIO DA ADMINISTRAÇÃO

Salinas - MG
Julho/2018
Eliciana Francisco dos Santos
Luciana Ferreira Guimarães
Maria Elane Silveira Silva
Milene Alves de Oliveira
Taislane Francisca Dos Santos Silva
Tauane Terez Pereira dos Reis

EVIDENCIAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS EM AMBIENTE


INTERNACIONAL E O RELATÓRIO DA ADMINISTRAÇÃO

Trabalho apresentado como requisito parcial


para obtenção de nota na disciplina de Teoria
da Contabilidade, referente ao 5º período do
Curso de Ciências Contábeis.
Professor: Sidnei Pereira da Silva

Salinas - MG
Julho/2018
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 3
2. OBJETIVOS .................................................................................................................................. 4
2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................................. 4
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................................. 4
3. EVIDENCIAÇÃO CONTÁBIL ................................................................................................... 5
3.1 Características e objetivos ........................................................................................................ 5
3.2 Formas ........................................................................................................................................ 5
3.3 Métodos de divulgação .............................................................................................................. 6
4. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ........................................................................................... 7
5. NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE ......................................................... 8
5.1 Contexto Histórico..................................................................................................................... 8
5.2 Adoção de Normas Internacionais no Brasil .......................................................................... 9
5.3 Principais Órgãos normativos ................................................................................................ 11
5.3.1 FASB - Financial Accounting Standards Board ............................................................... 11
5.3.2 IASB - International Accounting Standards Board ......................................................... 11
5.3.3 IAS 1 – Apresentação das demonstrações financeiras ..................................................... 11
5.4 CPC 26 (R1) ......................................................................................................................... 12
5.5 Características gerais das demonstrações contábeis ............................................................ 13
5.6 Estrutura e conteúdo............................................................................................................... 15
5.7 Demonstração de posição financeira - Balanço Patrimonial ............................................... 15
5.8 Demonstração do resultado abrangente ................................................................................ 16
5.9 Demonstração das mutações do patrimônio líquido ............................................................ 16
5.10 Demonstração do fluxo de caixa ............................................................................................ 17
5.11 Notas explicativas .................................................................................................................... 18
5.12 Principais diferenças entre o CPC 26 (R1) e a IAS .............................................................. 19
6. RELATÓRIO DA ADMINISTRAÇÃO .................................................................................... 21
6.1 Obrigatoriedade ...................................................................................................................... 21
6.2 Padronização ........................................................................................................................... 22
6.3 Elaboração ............................................................................................................................... 22
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................... 25
3

1. INTRODUÇÃO

A evidenciação financeira tem como objetivo apresentar aos distintos usuários da


contabilidade, informações corretas e fidedignas para a correta tomada de decisões
(IUDÍCIBUS, 2010).
A Contabilidade Brasileira passa por constantes mudanças em vários aspectos,
dentre essas mudanças destaca-se a harmonização das normas internacionais, conhecida como
International Financial Reporting Standars (IFRS). Essa mudança vem afetando vários setores,
como os órgãos governamentais, faculdade, empresas, dentre outras, que tem que se adaptar a
essa nova realidade (SLAVIERO; PASTRE; DEDONATTO, 2014).
No decorrer deste trabalho irão ser apresentados os principais pontos a respeito
desta harmonização dos padrões internacionais, assim como assuntos relacionados ao Relatório
de Administração que tem como objetivo melhorar a qualidade das informações prestadas aos
usuários de forma mais clara.
4

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

O presente trabalho tem como objetivo apresentar a evidenciação financeira das


demonstrações contábeis no ambiente internacional, bem como as respectivas orientações com
relação às normas as quais as demonstrações contábeis são elaboradas.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Evidenciar as demonstrações contábeis em ambiente internacional;


 Apresentar as principais diferenças entre o CPC 26 (R1) e o IAS 1;
 Conceituar e exemplificar o Relatório de administração;
5

3. EVIDENCIAÇÃO CONTÁBIL

3.1 Características e objetivos

A evidenciação contábil é a parte da contabilidade que tem como objetivo divulgar


as informações contábeis de forma clara, não enviesada, possibilitando a compreensão por parte
dos usuários (DANTAS; VIEIRA, 2015).
De acordo com Iudícibus (2010), as informações contábeis não devem apresentar
exageros no que está sendo analisado, deve ser evidenciado o que for necessário e
disponibilizado em tempo hábil para as tomadas de decisões.
(IUDÍCIBUS 2010, p. 13) ainda ressalta que:

A Contabilidade integra, hoje, um setor muito importante do conhecimento e constitui


parte do que se convencionou chamar a ciência da informática. Ela não esgota, em si,
todas as informações necessárias a tomada de decisões, mas dispõe de recursos que
lhe permitem registrar dados, levantar posições e apresentar demonstrações do
resultado de gestão das entidades.

As informações fornecidas pela Contabilidade não se limitam apenas no balanço


patrimonial e nas demonstrações do resultado como é julgado por muitos. Além dessas
demonstrações básicas a Contabilidade fornece aos administradores um fluxo contínuo de
informações sobre os mais variados aspectos da gestão financeira e econômica das empresas.
O administrador que sabe utilizar as informações contábeis e que conhece a suas limitações
possui um poderoso instrumento de trabalho que lhe permite tomar decisões corretas
(IUDÍCIBUS, 2010).

3.2 Formas

A contabilidade na busca de transparência nas informações vem desenvolvendo


diferentes formas de evidenciar as demonstrações elaboradas pelas empresas, podendo ser
apresentadas em seus relatórios de forma obrigatória e/ou voluntárias (DANTAS; VIEIRA,
2015).
6

A Lei 6404/1976 em seu artigo 176 diz que ao final de cada exercício social a
diretoria precisa elaborar as demonstrações financeiras que são o Balanço patrimonial;
demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; demonstração do resultado do exercício;
demonstração dos fluxos de caixa; se companhia aberta, demonstração do valor adicionado.
As informações voluntárias são todas aquelas que não estão compreendidas no
escopo das informações obrigatórias que devem ser divulgadas pelas empresas. São divulgadas
com a finalidade de fornecer uma maior transparência aos usuários (UMPIERRI; OTT, 2010).

3.3 Métodos de divulgação

A exposição das informações contábeis pode ser realizada pela utilização de vários
métodos, que têm como finalidade evidenciar tanto aspectos quantitativos quanto qualitativos
relacionados às atividades realizadas pela empresa (HENDRIKSEN E VAN BREDA, 1999).
Hendriksen e Van Breda (1999) salienta que a evidenciação está ligada com a
maneira de divulgar as informações contábeis. No entanto, existem vários meios de divulgação
que podem ser utilizados, e a escolha do método mais adequado depende do tipo e da
importância relativa da informação que se pretende evidenciar. Os métodos mais comuns de
divulgação são:
 Formato e disposição das demonstrações formais
São nas demonstrações contábeis tradicionais (Balanço Patrimonial, Demonstração
de resultado, Demonstrações dos Lucros ou prejuízos acumulados, dentre outras) que estão
contidas as informações mais relevantes acerca da situação econômico-financeira da empresa.
As formas como essas informações estão formatadas podem variar a fim de permitir que os
dados mais significativos sejam evidenciados (HENDRIKSEN E VAN BREDA, 1999).
 Terminologia e apresentações detalhadas
O emprego correto de termos contábeis e a utilização de apresentações detalhadas
podem contribuir para o melhor entendimento das informações divulgadas, por parte do leitor.
Em relação à terminologia, os autores ressaltam que é necessário ter cuidado para que os termos
técnicos não confundam os usuários da informação, por isso é importante utilizar termos que
sejam de conhecimento do leitor (HENDRIKSEN E VAN BREDA, 1999).
 Informações entre parênteses
7

Considerando que é necessário que as informações contábeis sejam relevantes, a


contabilidade pode utilizar do recurso “informação entre parênteses” quando o título utilizado
na definição de algum item contábil não estiver autoexplicativo (HENDRIKSEN E VAN
BREDA, 1999).
 Notas explicativas
As notas explicativas têm como objetivo divulgar informações que não foram
suficientemente evidenciadas ou que não constam nas demonstrações contábeis, a fim de
auxiliar na sua análise e compreensão, sempre atentando que não deve ser utilizado em excesso
(HENDRIKSEN E VAN BREDA, 1999).
 Demonstrações e quadros complementares
As demonstrações complementares são utilizadas na evidenciação de informações
adicionais, não são necessariamente mais detalhadas que as contidas nas demonstrações
tradicionais, mas são organizadas de maneira diferente. Como exemplo de demonstrações
complementares tem-se a DVA e o Balanço Social. Os quadros complementares não são
demonstrações propriamente ditas e sim um recurso utilizado pela contabilidade para divulgar
informações (HENDRIKSEN E VAN BREDA, 1999).
 Parecer de auditoria
Embora não seja especificamente um método de divulgação elaborado e
apresentado pela empresa na evidenciação das informações, caracteriza-se mais como um
aprimoramento da informação contábil e serve para conferir a credibilidade das informações
prestadas pelas empresas (HENDRIKSEN E VAN BREDA, 1999).
 Relatório da administração
Este relatório é o documento utilizado pela administração da empresa para se
comunicar com o público externo (investidores, credores, clientes e sociedade)
(HENDRIKSEN E VAN BREDA, 1999).

4. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

As demonstrações contábeis são instrumentos que fornecem informações aos


usuários sobre o desempenho econômico, a situação patrimonial e financeira da entidade,
através de comparativos internos e pela publicação dos balanços, disponibilizando uma visão
mais ampla do mercado para prover tanto aos seus usuários internos e externos de informações
8

úteis e em tempo hábil, sendo o grande instrumento que auxilia a administração a tomar
decisões e o faz através de relatórios que expõem resumida e ordenadamente os dados coletados
(MARION, 2009).
A análise das demonstrações contábeis representa a situação econômico-financeira
da entidade, onde demostra sua situação patrimonial, permitindo identificar os aspectos que
necessitam ser melhorados e os que estão trazendo retorno. As informações devem ser de
qualidade, para ter uma conclusão relevante no processo decisório em uma análise. Sendo
assim, é necessário a exatidão dos valores nos registros, visando aos lançamentos, conforme os
princípios e normas contábeis à disposição do analista (SLAVIERO; PASTRE; DEDONATTO,
2014),

5. NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE

As normas trazem consigo regulamentação de certo ponto específico, que restringe


propositalmente algumas escolhas de atividades de determinada pessoa em ambiente social
(CARDOSO et al, apud 2009 PASINI, 2015).
Sendo assim, as Normas Internacionais de Contabilidade IFRS (International
Financial Reporting Standards), emitidas pelo IASB (International Accounting Standards
Board) desenvolveram-se com o objetivo de criar um padrão, em nível mundial, de normas
contábeis, tendo em vista o crescimento da economia globalizada. Essa padronização das
normas abrange a adoção de um novo padrão contábil que oferece mudanças na forma de
evidenciação, mensuração, reconhecimento e divulgação de fatos contábeis. Isso conduz a
impactos na representação do cenário patrimonial, econômico e financeiro das empresas
(PONTE; FREITAS; OLIVEIRA, 2013 apud PASINI, 2015).

5.1 Contexto Histórico

A primeira influência internacional na contabilidade brasileira, veio da Itália, o


método das partidas dobradas em 1494 cujo codificador foi um frei franciscano chamado Irmão
Luca Pacioli (SILVA, 2016).
9

A obra de Luca Pacioli representou a principal inspiração da Escola Contista, cuja


preocupação principal remetia ao enfoque nas contas, decorrentes da ligação com as
origens do Crédito, o qual foi uma consequência do fim do feudalismo, do aumento
dos meios de produção e do aumento de transações praticadas pelas mesmas pessoas
(SÁ, 2010 apud SILVA, 2016, p. 26).

A Escola Contista foi estendida pela Escola Administrativa também conhecida


como Lombarda, marcada pela Revolução Industrial e pelo crescimento dos meios de produção,
tendo como finalidade saber qual administrador seria responsável pelo patrimônio, esta escola
aplica partidas dobradas na forma real, por aprofundar a teoria personalista. A Escola Contábil
italiana foi perdendo visibilidade e, a partir do no ano 1920, com a ascensão econômica e
cultural norte-americana, ocorreu a invasão norte-americana (SILVA, 2016).
No século XX os Estados Unidos se destacava devido o surgimento de grandes
corporações, constitui um campo fértil para o avanço das teorias e práticas contábeis
americanas, vale ressaltar que os Estados Unidos herdou um conhecimento magnífico no campo
de auditoria da Inglaterra, onde foi possível criar sólidas raízes na área Contábil (SILVA, 2016).
Uma das importantes contribuições dos EUA foi em 1894, através do AAPA
(American Association of Publici Accountants) onde adotou uma resolução a qual instituía que
o balanço fosse do item mais líquido ao menos líquido, demonstrando aos credores de forma
mais clara possível (HENDRIKSEN; VAN BREDA, 1999).

5.2 Adoção de Normas Internacionais no Brasil

Consoni; Colauto (2016) retrata a adoção obrigatória do conjunto de normas


internacionais de contabilidade, International Financial Reporting Standards (IFRS). O
International Accounting Standards Board (IASB) assumiu integralmente em 2001 a
responsabilidade pela configuração dessas normas, a fim de criar princípios contábeis comuns,
compreensíveis e exigíveis globalmente.

No Brasil, diferentemente dos demais países, o processo de convergência ocorreu em


fases distintas e sucessivas. A primeira fase, caracterizada como de transição, teve
início em 2008, após a criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), a
alteração da Lei 6.404/76 e a instituição do regime de transição tributária. A segunda
fase começou em 2010, com a obrigatoriedade das empresas de adotarem plenamente
as novas normas contábeis (CONSONI; COLAUTO, 2016, p. 659).
10

Silva (2016) descreve que a necessidade de convergência das normas contábeis


brasileiras com as normas internacionais originou com a globalização, visto que este processo
de normatização aqui no Brasil foi impulsionado por dois importantes fatores: a criação do
Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) e a publicação da lei 11.638/07.
No Brasil, o processo de normatização foi com a lei 11.638/2007 onde revoga partes
da lei 6.404/74, sendo essa norma embasada nas Normas Internacionais de Contabilidade, que
são IFRS. A lei foi elaborada com base na legislação dos Estados Unidos e de países da Europa,
dentre as modificações da lei destaca se que a norma baseia muito mais em princípios do que
em regras (SAIKI; ANTUNES, 2010 apud PASINI, 2015).
Com a legislação 11. 638/07, a qual revoga partes da lei 6.404/76 trouxe consigo
um maior poder de julgamento dos fatos contábeis, onde exige dos profissionais contábeis uma
postura mais ativa na forma de pensar, a referida lei tem por desígnio trazer maior credibilidade
aos investidores, que agora conseguem avaliar o resultado financeiro e econômico das
organizações e podem ainda comparar os resultados alcançados com os resultados planejados,
bem como, amparar o processo de tomada de decisão e confecção de relatórios gerenciais
(PEREIRA FILHO; RIBEIRO, 2010 apud REIS, 2017).
O direito Brasileiro é baseado no direito code Law com o processo de convergência
das normas contábeis brasileiras às IFRS houve uma migração do direito code Law para o
common Law, em que neste predomina a essência sobre a forma onde as normas são baseadas
mais em princípios do que em regras (MACEDO et al., 2011 apud PASINI, 2015).
Segundo Iudícibus (2010, p.21).

A adoção das IFRS e a prevalência da essência sobre a forma devem ser de amplo
conhecimento tanto do contador quanto do auditor, no que tange à operação a ser
contabilizada e as circunstâncias que as cercam. Não basta apenas contabilizar o que
está escrito, ou seja, há que ter certeza de que o documento formal represente, de fato,
a essência econômica dos fatos sendo registrados.

Conforme Silva (2016) o grande avanço pela harmonização aconteceu em 2005


com a criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) aprovado pela Resolução CFC
1.055/05, na qual proporcionava às empresas, principalmente as listadas em bolsa, a posse de
suas informações contábeis fáceis de comparabilidade, gerando uma confiança maior dos
investidores.
11

5.3 Principais Órgãos normativos

5.3.1 FASB - Financial Accounting Standards Board

FASB foi derivado do órgão AICPA (American Institute of Certified Public


Accountants — Instituto Americano de Contadores Públicos Certificados) que surgiu nos
Estados Unidos em meados de 1917 cuja denominação era AIA (Amercican Institute of
Accountants) tornando definitivamente AICPA no ano de 1957, e em 1973 o FASB (Financial
Accounting Standard Board) tendo como finalidade proporcionar padronização, melhorar a
eficiência na economia e nas decisões tomadas pelas empresas, fornecendo maior clareza nas
informações (SILVA, 2016).

5.3.2 IASB - International Accounting Standards Board

O IASB surgiu através do IASC (International Accountig Standard Comitte) sendo


este fundado em 1973 baseado na linha anglo-saxônica, em 2000 deu origem ao IASB sendo
este como finalidade promover harmonização internacional das normas contábeis para diminuir
as diferenças nas práticas contábeis entre os países (SILVA, 2016).

5.3.3 IAS 1 – Apresentação das demonstrações financeiras

A Norma Internacional de Contabilidade - IAS 1 consiste em um pronunciamento


emitido pelo IASC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis Internacionais) que em 2001 foi
substituído pelo IASB (Colegiado de Padrões Internacionais de Contabilidade), cuja
organização busca formular e divulgar padrões contábeis a serem seguidos na apresentação de
relatórios financeiros, além de promover a aceitação e observação de tais normas em âmbito
internacional (SILVA, 2016).
Para Ernst & Young e Fipecafi (2010) o principal objetivo da IAS 1 é definir de
forma clara e objetiva as demonstrações financeiras bem como a sua finalidade, estabelecendo
12

assim requisitos gerais para a apresentação de demonstrações financeiras, bem como as


diretrizes para sua estrutura e os requisitos mínimos para apresentação de seu conteúdo.
De acordo com Ernst & Young e Fipecafi (2010), a atual versão da IAS 1, revisada
em 2007, entrou em vigor no dia 1º de janeiro de 2009, substituindo a IAS 1, versão 2003, que
foi complementada em 2005 e vigorou até 31 de dezembro de 2008.

5.4 CPC 26 (R1)

O CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis), foi criado pela resolução CFC nº


1.055/05 e tem como intuito a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de
Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza. Os órgãos reguladores do CPC
são: ABRASCA- Associação Brasileira das Companhias Abertas; APIMEC NACIONAL –
Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais;
BM&FBOVESPA S.A. Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros; CFC – Conselho Federal de
Contabilidade; IBRACON – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil; FIPECAFI –
Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuarias e Financeiras (CONSELHO FEDERAL
DE CONTABILIDADE).

A partir dos pronunciamentos técnicos, orientações e interpretações emitidos pelo


CPC, os órgãos reguladores irão emitir suas normas próprias, permitindo a uniformização do
processo de produção de normas (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE).

O CPC 26 (R1) surgiu da alteração do CPC 26, que trata da apresentação das
demonstrações contábeis, foi formalizado pelo Conselho Federal de Contabilidade na
Resolução CFC nº 1.185/2009 que aprova a NBC TG 26, alterada e consolidada em
11/dez/2013 como NBC TG 26 (R1), e posteriormente - NBC TG 26 (R5), quinta revisão
publicada no Diário Oficial da União em 22 de dezembro de 2017 (ERNST & YOUNG E
FIPECAFI, 2010).
De acordo CPC 26 (R1), as demonstrações contábeis são fundamentais para
apresentar apropriadamente a posição patrimonial e financeira, o desempenho financeiro e os
fluxos de caixa da entidade, bem como definir:
a base para a apresentação das demonstrações contábeis, para assegurar a
comparabilidade tanto com as demonstrações contábeis de períodos anteriores da
mesma entidade quanto com as demonstrações contábeis de outras entidades. Nesse
cenário, este Pronunciamento estabelece requisitos gerais para a apresentação das
13

demonstrações contábeis, diretrizes para a sua estrutura e os requisitos mínimos para


seu conteúdo (CPC 26 (R1), p. 2).

Segundo Ernst & Young e Fipecafi (2010) o CPC 26 (R1) é substancialmente a


tradução da IAS 1, pois a adotou praticamente em sua totalidade, se diferenciando apenas em
alguns aspectos por imposições legais.

5.5 Características gerais das demonstrações contábeis

Segundo Ernst & Young e Fipecafi (2010), a IAS 1 define um conjunto completo
de demonstrações financeiras compreendendo os seguintes relatórios:
(a) Uma demonstração da posição financeira no final do período; (No Brasil, no
CPC 26 (R1) essa demonstração da posição financeira é denominada Balanço Patrimonial).
(b)Uma demonstração do resultado abrangente para o período; segundo IAS 1;
(c) Demonstração das mutações no patrimônio líquido;
(d) Demonstração dos fluxos de caixa;
(e) Notas explicativas.
As entidades poderão utilizar títulos diferentes daqueles utilizados pelo IAS 1 para
denominar as demonstrações desde que não contrarie a legislação societária vigente (ERNST
& YOUNG E FIPECAFI, 2010).
A apresentação pelas entidades de outros relatórios, tais como o relatório da
administração, demonstração do valor adicionado e balanço social são aceitos, no entanto estão
fora do escopo do IAS 1 (ERNST & YOUNG E FIPECAFI, 2010).
De acordo o CPC 26 (R1) p. 6, as demonstrações contábeis devem fornecer
informações sobre:

(a) ativos;
(b) passivos;
(c) patrimônio líquido;
(d) receitas e despesas, incluindo ganhos e perdas;
(e) alterações no capital próprio mediante integralizações dos proprietários e
distribuições a eles; e
(f) fluxos de caixa.

Ainda com base no CPC 26 (R1), as informações contábeis devem ser apresentadas
conforme algumas características gerais:
A) Apresentação apropriada e conformidade com as práticas contábeis brasileiras:
14

As demonstrações contábeis devem representar a posição financeira e patrimonial,


o desempenho e fluxos de caixa da entidade. Para que seja apresentada de forma adequada é
necessário a representação verdadeira das transações de acordo com os critérios estabelecidos
na Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro. As
entidades cujas demonstrações contábeis estão de acordo com os Pronunciamentos Técnicos,
Interpretações e Orientações do CPC devem declarar de maneira explicita essa conformidade
nas notas explicativas (CPC 26 (R1)).
B) Pressuposto de continuidade:
As demonstrações contábeis devem ser elaboradas no pressuposto da continuidade,
a não ser que a administração tenha finalidade de cessar seus negócios ou descontinuidade das
suas atividades. Quando a administração tiver dúvidas sobre a capacidade que a entidade terá
em continuar operando no futuro previsível, essas incertezas devem ser divulgadas (CPC 26
(R1)).
C) Regime de competência:
As demonstrações contábeis devem ser elaboradas utilizando-se o regime de
competência, em que as transações são reconhecidas quando ocorrem e são lançados nos
registros contábeis no período a que se refere; exceto a demonstração dos fluxos de caixa (CPC
26 (R1)).
D) Materialidade a agregação:
As demonstrações contábeis resultam do processamento de transações ou eventos
que são agregados em classes de acordo com a sua natureza ou função (CPC 26 (R1)).
E) Compensação de valores:
Os ativos e os passivos, as receitas e as despesas devem ser informadas
separadamente pela entidade. A compensação desses elementos no balanço patrimonial ou na
demonstração do resultado prejudica a compreensão das transações e eventos por parte dos
usuários (CPC 26 (R1)).
F) Informação comparativa:
A menos que um Pronunciamento Técnico, Interpretação ou Orientação do CPC
permita ou exija de outra forma, a entidade deve divulgar informação comparativa com período
anterior para todos os montantes apresentados nas demonstrações contábeis do período corrente
(CPC 26 (R1)).
15

5.6 Estrutura e conteúdo

De acordo com o CPC 26 (R1), as demonstrações financeiras deverão ser


claramente identificadas e diferenciadas de outras informações publicadas no mesmo
documento. Para a devida compreensão das informações a serem divulgadas, é necessário
apresentar de forma destacada as seguintes informações:
(a) o nome da entidade às quais as demonstrações contábeis dizem respeito ou outro
meio que permita sua identificação, bem como qualquer alteração que possa ter ocorrido nessa
identificação desde o término do período anterior;
(b) se as demonstrações contábeis se referem a uma entidade individual ou a um
grupo de entidades;
(c) a data de encerramento do período de reporte ou o período coberto pelo conjunto
de demonstrações contábeis ou notas explicativas;
(d) a moeda de apresentação, tal como definido no Pronunciamento Técnico CPC
02 (R2) – Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações
Contábeis IAS 21; e
(e) o nível de arredondamento usado na apresentação dos valores nas
demonstrações contábeis.

5.7 Demonstração de posição financeira - Balanço Patrimonial

O IASB, em 2007, alterou o nome do balanço patrimonial para Demonstração da


Posição Financeira, pois esse novo nome reflete de maneira mais apropriada o objetivo da
demonstração. No entanto, o IASB não impossibilita a utilização da nomenclatura antiga, no
Brasil esta demonstração continua sendo denominada como Balanço Patrimonial (ERNST &
YOUNG E FIPECAFI, 2010).
O CPC 26 (R1) não determina uma ordem ou formato que deva ser utilizado na
apresentação das contas do balanço patrimonial, no entanto a ordem legalmente instituída no
Brasil deve ser observada, o CPC 26 (R1) nas páginas 17-18 apenas lista itens que são
suficientemente diferentes na sua natureza ou função para assegurar uma apresentação
individualizada no balanço patrimonial, que são:
16

(a) caixa e equivalentes de caixa;


(b) clientes e outros recebíveis;
(c) estoques;
(d) ativos financeiros (exceto os mencionados nas alíneas “a”, “b” e “g”);
(e) total de ativos classificados como disponíveis para venda e ativos à disposição para
venda de acordo com o CPC 31 – Ativo Não Circulante Mantido para Venda e
Operação Descontinuada;
(f) ativos biológicos dentro do alcance do CPC 29;
(g) investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial;
(h) propriedades para investimento;
(i) imobilizado;
(j) intangível;
(k) contas a pagar comerciais e outras;
(l) provisões;
(m) obrigações financeiras (exceto as referidas nas alíneas “k” e “l”);
(n) obrigações e ativos relativos à tributação corrente, conforme definido no
Pronunciamento Técnico CPC 32 – Tributos sobre o Lucro;
(o) impostos diferidos ativos e passivos, como definido no Pronunciamento Técnico
CPC 32;
(p) obrigações associadas a ativos à disposição para venda de acordo com o
Pronunciamento Técnico CPC 31;
(q) participação de acionistas não controladores apresentada de forma destacada
dentro do patrimônio líquido; e
(r) capital integralizado e reservas e outras contas atribuíveis aos proprietários da
entidade.

Quando for necessário deverão ser apresentadas rubricas adicionais, títulos e


subtotais para melhor compreensão da posição financeira da entidade (CPC 26 (R1)).

5.8 Demonstração do resultado abrangente

Conforme o CPC 26 (R1) resultado abrangente é a alteração que acontece no


patrimônio líquido durante um período que resulta de transações e outros eventos que não sejam
derivados de transações com os sócios na sua qualidade de proprietários.
A demonstração do resultado abrangente deve iniciar com o resultado líquido
apurado na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), seguido de outros resultados
abrangentes que compreendem itens de receita e despesa (incluindo ajustes de reclassificação),
classificados conforme sua natureza (CPC 26 (R1)).

5.9 Demonstração das mutações do patrimônio líquido


17

Ernst & Young e Fipecafi (2010, p.3) “A posição financeira da entidade é afetada
pelos recursos econômicos que ela controla, sua estrutura financeira, sua liquidez e solvência,
e sua capacidade de adaptação às mudanças no ambiente em que opera”.
Ernst & Young e Fipecafi (2010) retrata que as demonstrações financeiras
demandam uma avaliação da capacidade que a entidade tem em gerar caixa ou equivalente
caixa, tendo informações acerca da época e do grau de certeza dessa geração, conforme
retratado pelo autor os usuários poderão avaliar com melhor aptidão a capacidade do caixa, se
lhe forem fornecidas informações que centralize a posição financeira, as mutações e o
desempenho na posição financeira da entidade.
Conforme o CPC 26 (R1) as informações a serem apresentadas na demonstração
das mutações do patrimônio líquido inclui as seguintes informações:

(a) o resultado abrangente do período, apresentando separadamente o montante total


atribuível aos proprietários da entidade controladora e o montante correspondente à
participação de não controladores;
(b) para cada componente do patrimônio líquido, os efeitos da aplicação retrospectiva
ou da reapresentação retrospectiva, reconhecidos de acordo com o Pronunciamento
Técnico CPC 23 – Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro;
(c) para cada componente do patrimônio líquido, a conciliação do saldo no início e no
final do período, demonstrando-se separadamente (no mínimo) as mutações
decorrentes: (Alterada pela Revisão CPC 12);
(i) do resultado líquido;
(ii) de cada item dos outros resultados abrangentes; e
(iii) de transações com os proprietários realizadas na condição de proprietário,
demonstrando separadamente suas integralizações e as distribuições realizadas, bem
como modificações nas participações em controladas que não implicaram perda do
controle.

Segundo Ernst & Young e Fipecafi (2010) os ativos, os passivos e o patrimônio


líquido são elementos diretamente relacionados a mensuração da posição financeira.
O CPC 26 (R1) retrata que as mutações patrimoniais são formadas por dois
conjuntos de valores: transações de capital com os sócios e resultado abrangente total.
Ernst & Young e Fipecafi (2010) as mutações na posição financeira da entidade são
benéficas para estimar-se as suas atividades de investimento, de financiamento e operacionais
durante o período abrangido pelas demonstrações financeiras.

5.10 Demonstração do fluxo de caixa


18

De acordo SALOTTI e YAMAMOTO (2008), a Demonstração do Fluxo de Caixa,


nos moldes em que é apresentada atualmente, é extremamente nova no campo da contabilidade.
Sendo que suas primeiras aparições dataram na década de 80 e surgem substituindo à DOAR
(Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos), que, em ambiente internacional, também
é conhecida como Demonstração das Mutações da Posição Financeira.

No Brasil, essa tendência de substituição da DOAR pela DFC (Demonstração de


Fluxo de Caixa) também sempre existiu, porém, até 2007, a divulgação da DFC ainda
não era obrigatória, mas incentivada. Esse processo de estimulação foi iniciado pela
CVM (Comissão de Valores Mobiliários) no parecer de orientação nº 24, de 15 de
janeiro de 1992, que já citava a publicação da DFC como uma demonstração
complementar. Com a Lei nº 11.638/07, a divulgação da DFC passou a ser obrigatória,
inclusive substituindo a da DOAR (SALOTTI e YAMAMOTO,2008, p. 02).

A Demonstração do Fluxo de Caixa: A informação sobre fluxos de caixa


proporciona aos usuários das demonstrações contábeis uma base para avaliar a capacidade da
entidade para gerar caixa e seus equivalentes e as necessidades da entidade para utilizar esses
fluxos de caixa (CPC 26 (R1)).
De acordo Farber et al (2014) o Fluxo de Caixa é uma ferramenta financeira que
auxilia na análise e na tomada de decisões no que diz respeito ao comprometimento das
disponibilidades e caso haja necessidade seleciona de maneira eficaz a captação de recursos.

5.11 Notas explicativas

O Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1) – Apresentação das Demonstrações


Contábeis, se expressa ao apresentar as Notas Explicativas que contêm informações adicionais
em relação às apresentadas nas demonstrações contábeis, as mesmas oferecem descrições
narrativas ou segregações e aberturas de itens divulgados nessas demonstrações, informações
esses acerca de itens que não se enquadram nos critérios de reconhecimento apresentados nas
demonstrações contábeis.

.De acordo o item 112 do CPC 26 (R1), as notas explicativas devem:

(a) apresentar informação acerca da base para a elaboração das demonstrações


19

contábeis e das políticas contábeis específicas;


(b) divulgar a informação requerida pelos Pronunciamentos, Orientações e
Interpretações que não tenha sido apresentada nas demonstrações contábeis; e
(c) prover informação adicional que não tenha sido apresentada nas
demonstrações contábeis, mas que seja relevante para sua compreensão.

5.12 Principais diferenças entre o CPC 26 (R1) e a IAS

Segundo Ernst & Young e Fipecafi (2010) existem diferenças entre a IAS 1 e o
CPC 26 (R1), no entanto tais diferenças não são consideradas relevantes, as mesmas são
decorrentes de imposições legais que não puderam ser ainda contornadas, no entanto as
companhias brasileiras com registro em bolsas estrangeiras devem levar em consideração sua
divulgação especial no esforço da boa relação com os investidores, algumas diferenças tais
como:
a) O CPC 26 (R1) utiliza o termo Balanço Patrimonial (como consta na Lei nº
6.404/76), enquanto o IAS 1 utiliza o termo Demonstração da Posição Financeira.
b) Assim como a IAS 1, o CPC 26 (R1) determina que outros resultados abrangentes
compreendem itens de receita e despesa (incluindo ajustes de reclassificação) que não são
abrangidos na demonstração do resultado como requerido ou permitido por outros
Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações.
c) A IAS 1 permite que se preparem demonstrações financeiras para períodos
quebrados, por exemplo, 52 semanas. Enquanto no Brasil essa prática não é permitida
legalmente. Salienta-se que a lAS 1 e o CPC 26 (R1) mencionam que períodos superiores e
inferiores a 12 meses são permitidos, porém no Brasil isso só ocorre quando há mudança da
data de encerramento do exercício social, desde que se divulguem e justifiquem as razões para
tanto.
d) O CPC 26 (R1) não prescreve a ordem ou o formato que deva ser utilizado na
apresentação das contas do balanço patrimonial, mas devem ser respeitadas a ordem legalmente
instituída no Brasil. Já o IAS 1 não determina a ordem ou formato para a apresentação das
contas patrimoniais.
e) No CPC 26 (R1) a DVA (Demonstração do Valor Adicionado) deve ser
apresentada, sempre que exigida por lei ou órgão regulador, assim como permite sua
apresentação voluntária. Sua obrigatoriedade no Brasil é válida para as companhias aberta,
enquanto que no IAS 1 essa demonstração financeira não é requerida.
20

5.13 Vantagens e desvantagens

Segundo Alezander e Jermakowicz (2006) apud Dantas et al (2010) sobre as


demonstrações financeiras, destaca que as informações podem ser percebidas, apresentadas e
interpretadas por pessoas distintas e de forma distinta e pode considerar a flexibilidade e a
inventividade da mente humana, regulamentos detalhados podem nunca ser suficientes,
completos, nem considerado relevantes para dizer adequadamente o que os contadores devem
fazer. Com isso, uma harmonização absoluta seria considerada impossível tanto quanto sua
natureza e filosoficamente.
Conforme Pasini (2015) a adoção das normas internacionais de contabilidade
aumenta a relevância da informação para o mercado de capitais brasileiros. Em decorrência da
importância dos números contábeis associados com o disclousure dos ajustes de reconciliação
do lucro líquido e do patrimônio líquido no período de transição entre o padrão contábil
brasileiro e as normas de IFRS, demonstrando que tais eventos econômicos quando apurados
por diferentes normas aumenta as expectativas dos investidores, em decorrência valoriza o
preço das ações.
Conforme IASB (2015) apud SILVA (2016, p.31) as vantagens de adoção das IFRS
são:
 Transparência, reforçando a comparabilidade e a qualidade da informação
financeira internacional, permitindo que investidores e outros participantes do
mercado possam tomar decisões com base nas informações financeiras;
 Estímulo da responsabilização através da redução de lacuna de informação
entre os fornecedores de capital e as pessoas a quem tenha sido confiado o seu
dinheiro;
 Estabelecimento de uma fonte de informações globalmente comparáveis, por
ser também de vital importância para os reguladores de todo o mundo;
 Contribuição para a eficiência econômica, ajudando os investidores a
identificar oportunidades e riscos em todo o mundo, aprimorando assim a alocação de
capital. Para as empresas, o uso de uma única linguagem contábil confiável reduz o
custo de capital e diminui os custos internacionais de relato.

As críticas a esse modelo concentram-se, na subjetividade de julgamento


profissional, o que pode induzir ou facilitar o gerenciamento de resultados, bem como a perda
da comparabilidade, tendo em vista que cada profissional pode julgar questões se assemelhar
de forma divergente (DANTAS et al 2010).
De acordo Santos Junior; Silva (2011) apud Pasini (2015), devido as demonstrações
posteriores a transição terem sido elaboradas conforme a IFRS com base no princípio da
essência econômica sobre a forma, a comparabilidade entre os exercícios anteriores será
21

prejudicada por mudanças nas métricas dos balanços e escolhas contábeis dos diferentes
adotantes.

6. RELATÓRIO DA ADMINISTRAÇÃO

Conforme Martins et al (2013, p. 816):

O relatório deve ser um forte instrumento de comunicação entre a entidade, seus


acionistas e a comunidade na qual se insere, posto que sua adequada elaboração
proporcionará tomadas de decisões de melhor qualidade.

O Relatório da Administração é um informe que apresenta os principais resultados


alcançados pela entidade, bem como as informações úteis para a correta tomada de decisões,
tais como os objetivos e políticas adotadas pela empresa, em complemento às peças contábeis
e notas explicativas contidas nas Demonstrações Financeiras, o RA possui grande relevância
no sistema de divulgação dos resultados aos acionistas, investidores, órgãos governamentais e
credores (MARTINS et al , 2013).

6.1 Obrigatoriedade

O Relatório da Administração expõe um quadro completo das posturas e do


desempenho da administração na gestão e alocação dos recursos que se encontram a ela
confiado, embora não faça parte das demonstrações. Conforme Martins et al (2013, p. 816):
Sua exigência em empresas de capital aberto e a obrigatoriedade da sua divulgação
ocorrem de acordo com a Lei nº 6.404/76, alterada pela Lei n.º 10.303/ 2001 no art. 133, diz
que:
Os administradores devem comunicar, até 1 (um) mês antes da data marcada para a
realização da assembléia-geral ordinária, por anúncios publicados na forma prevista
no artigo 124, que se acham à disposição dos acionistas:
I - o relatório da administração sobre os negócios sociais e os principais fatos
administrativos do exercício findo;

Além da obrigatoriedade básica descrita no inciso I, temos na citada lei mais as


seguintes exigências de divulgação no Relatório de Administração, conforme quadro a seguir:
22

Quadro 1 – Itens de divulgação no RA conforme Lei n.º6.404/1976

ITENS DE DIVULGAÇÃO NO RA CONFORME LEI N.º 6.404/1976


a) art. 55, § 2º (aquisição de debêntures de emissão própria);
b) art. 118, § 5º (política de reinvestimento de lucros e distribuição de dividendos, constantes de acordo de
acionistas);
c) art. 243 (modificações ocorridas no exercício nos investimentos em coligadas e controladas).

d) relação dos investimentos em sociedades coligadas e/ou controladas evidenciando as modificações ocorridas
durante o exercício (art. 243).

Fonte: Lei n.º 6.404/1976 (Elaborado pela autora).

6.2 Padronização

Não existe um modelo padrão para elaboração do RA, sendo a responsabilidade


designadas as companhias, o que favorece flexibilidade para sua elaboração (MUNARIA E
LORANDI, 2014).

6.3 Elaboração

A elaboração do Relatório da Administração deve se atentar a sua certificação, ou


seja, as informações nele contidas devem apresentar de fato e de forma real a situação da
empresa naquele período, a elaboração deste relatório é de livre posição do profissional que o
estrutura, devido ao fato de não estar estabelecida a regulamentação quanto ao processo de
elaboração. Sendo assim, o mesmo está sujeito a adequações conforme o interesse da
organização (MUNARIA E LORANDI, 2014).
Segundo Martins et al (2013, p. 816):

Existe um consenso preliminar quanto à forma de apresentação do Relatório da


Administração. Essa forma não significa uma padronização, para não prejudicar a
flexibilidade que esse relatório deve apresentar, mas inclui os requisitos básicos a
serem observados em sua elaboração. O guia é dividido em cinco sessões:
1. divulgação financeira;
2. divulgação não financeira;
3. assembleias;
4. calendário e meios de divulgação;
5. boas práticas para cumprimento.

Ainda conforme Martins et al (2013), o objetivo do guia é de ilustrar a convergência


de opiniões a respeito do conteúdo das divulgações de governança corporativa, onde se insere
o Relatório de Administração, o mesmo incentiva também que os países e empresas apliquem,
23

da melhor forma, as práticas internacionais de divulgação, sem deixar de atender às exigências


legais.
Conforme Parecer de Orientação do CVM n.º 15/1987, o relatório deve apresentar
em seu contexto os seguintes itens, relacionados no quadro a seguir:

Quadro 2 – divulgação no RA conforme Parecer de Orientação n.º 15/1987 CVM


ITENS DE DIVULGAÇÃO NO RA CONFORME PO n.º 15/1987 CVM
a) Descrição dos negócios, produtos e serviços: histórico das vendas físicas dos últimos dois anos e vendas em
moeda de poder aquisitivo da data do encerramento do exercício social. Algumas empresas apresentam
descrição e análise por segmento ou linha de produto, quando relevantes para a sua compreensão e avaliação.
b) Comentários sobre a conjuntura econômica geral: concorrência nos mercados, atos governamentais e outros
fatores exógenos relevantes sobre o desempenho da companhia.
c) Recursos humanos: número de empregados no término dos dois últimos exercícios e " turnover" nos dois
últimos anos, segmentação da mão-de-obra segundo a localização geográfica; nível educacional ou produto;
investimento em treinamento; fundos de seguridade e outros planos sociais.
d) Investimentos: descrição dos principais investimentos realizados, objetivo, montantes e origens dos
recursos alocados.
e) Pesquisa e desenvolvimento: descrição sucinta dos projetos, recursos alocados, montantes aplicados e
situação dos projetos.
f) Novos produtos e serviços: descrição de novos produtos, serviços e expectativas a eles relativas.
g) Proteção ao meio-ambiente: descrição e objetivo dos investimentos efetuados e montante aplicado
h) Reformulações administrativas: descrição das mudanças administrativas, reorganizações societárias e
programas de racionalização.
i) Investimentos em controladas e coligadas: indicação dos investimentos efetuados e objetivos pretendidos
com as inversões.
j) Direitos dos acionistas e dados de mercado: políticas relativas à distribuição de direitos, desdobramentos e
grupamentos; valor patrimonial das por ação, negociação e cotação das ações em Bolsa de Valores.
k) Perspectivas e planos para o exercício em curso e os futuros: poderá ser divulgada a expectativa da
administração quanto ao exercício corrente, baseada em premissas e fundamentos explicitamente colocados,
sendo que esta informação não se confunde com projeções por não ser quantificada.

Ainda conforme Parecer de Orientação n.º 15/1987 CVM, quando se tratar de


companhia de participações, o relatório deve contemplar as informações acima mencionadas,
mesmo que de forma mais simplificada, relativas às empresas investidas, no entanto convém
observar que essas sugestões não devem inibir a criatividade da administração em elaborar o
seu relatório.
A CVM emitiu a Deliberação nº 676/2011 que aprovou o pronunciamento CPC 26
(R1), e que aborda, dentre outros quesitos, sobre o conteúdo mínimo do Relatório de
Administração publicado pelas companhias abertas (MARTINS et al, 2013.).
Conforme o CPC 26 (R1), p. 07,
muitas entidades apresentam, fora das demonstrações contábeis, comentários da
administração que descrevem e explicam as características principais do desempenho
e da posição financeira e patrimonial da entidade e as principais incertezas às quais
está sujeita.
Esse relatório pode incluir a análise:
24

(a) dos principais fatores e influências que determinam o desempenho, incluindo


alterações no ambiente em que a entidade opera, a resposta da entidade a essas
alterações e o seu efeito e a política de investimento da entidade para manter e
melhorar o desempenho, incluindo a sua política de dividendos;
(b) das fontes de financiamento da entidade e a respectiva relação pretendida entre
passivos e o patrimônio líquido; e
(c) dos recursos da entidade não reconhecidos nas demonstrações contábeis de acordo
com os Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações do CPC.
25

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As informações contábeis evidenciam o quão importante são as divulgações das


demonstrações contábeis para os diversos usuários da contabilidade, visto que em face do atual
cenário que as empresas tendem a enfrentar, as tomadas de decisões são ferramentas de sucesso
para determinar a saúde financeira da empresa.
O presente trabalho abordou sobre a harmonização das demonstrações contábeis
em ambiente internacional, que tem sido um longo processo, no entanto sempre buscando
respeitar as diferenças de cada país, visto que a contabilidade é afetada por vários aspectos
como economia, cultura, política, dentre outras. Esse processo de harmonização tem como
intuito projetar as empresas brasileiras em ambiente internacional, a fim de uma maior captação
de recursos no exterior, e além disso possibilitar uma maior compreensão e transparência das
demonstrações contábeis brasileiras em vários países.
No decorrer do trabalho também foi abordado sobre o relatório de administração
que é uma ferramenta importante, pois expõe todos os resultados de uma empresa durante um
período, sendo que as informações contidas nesse relatório devem ser transparentes e fidedignas
para a que os usuários possam tomar as decisões corretas.
26

8. REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei n.º 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Brasília, DF. Disponível


em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm>. Acesso em 28 de Maio
de 2018.

BRASIL. Lei n.º 10.303, de 31 de outubro de 2001. Brasília, DF. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10303.htm>. Acesso em 28 de Maio
de 2018.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Disponível em: <


http://cfc.org.br/tecnica/perguntas-frequentes/cpc/ > Acesso em 05 de Julho 2018.

CVM- Comissão de Valores Mobiliários. Parecer de Orientação n.º 15, de 28 de dezembro


de 1987. Sítio oficial. Disponível em: <http://www.cvm.gov.br>. Acesso em 28 de Maio de
2018.

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento Técnico CPC


26(R1). Apresentação das Demonstrações Contábeis Correlação às Normas Internacionais de
Contabilidade – IAS 1 (IASB – BV 2011). Disponível em:
<http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/312_CPC_26_R1_rev%2012.pdf>. Acesso em 28
de Maio de 2018.

CONSONI, S; COLAUTO, R. D. A divulgação voluntária no contexto da convergência às


Normas Internacionais de Contabilidade no Brasil. Rev. bras.gest.neg., São
Paulo,v.18, n.62, p.658677, dez. 2016Disponívelemhttp://www.scelo.br/scielo.php?script=sci
_arttext&pid=S180648922016000400658&lng=pt&nrm=iso. Acesso 01 de Junho de 2018.

DANTAS, E. D. M.; VIEIRA, A. S. Evidenciação obrigatória e voluntária: um estudo de


caso junto às empresas do setor energético listadas na BM&FBOVESPA. Revista
Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental Santa Maria, v. 19, n. 2, mai-ago.
2015, p. 636−648. Disponível em
:<https://periodicos.ufsm.br/reget/article/viewFile/17204/pdf>. Acesso em 28 de Maio de
2018.

DANTAS, J, A et al. Normalização Contábil Baseada em Princípios ou em Regras?


Benefícios, Custos, Oportunidades e Riscos. RCO – Revista de Contabilidade e Organizações
– FEA-RP/USP, v. 4, n. 9, p. 4-29, mai-ago 2010. Disponível em: <
http://www.revistas.usp.br/rco/article/view/34765/37503>. Acesso 01 de Junho de 2018.
27

ERNST & YOUNG; FIPECAFI. Manual de Normas Internacionais de Contabilidade -


IFRS Versus Normas Brasileiras. 2 ed. São Pulo: Atlas, 2010.

FARBER, J.C et al. Análise da Demonstração do Fluxo de Caixa em Empresas do Ramo


Agrícola com Relatórios Publicados pela CVM. Revista Ampla de Gestão Empresarial,
Registro. SP, V. 3, N° 1, art. 10, p 162-178, abril 2014, Disponível em:<
www.revistareage.com.br/artigos/quarta_edicao/10.pdf>. Acesso em 04 de Junho de 2018.

HENDRIKSEN, E. S. Van BREDA, M. F. Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas, 1999.

MARTINS, E; GELBECK, E. R; SANTOS, A :IUDÍCIBUS, S. Manual de contabilidade


societária. São Paulo: Atlas, 2º Edição, 2013.

IUDÍCIBUS, S. de. Contabilidade Introdutória. 11. Ed. São Paulo: Atlas, 2010.

MARION, J. C. Contabilidade empresarial. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2009.

MUNARIA, D e LORANDI, J. A. Estudo das informações que compõem o relatório da


administração das empresas catarinenses segundo a ótica do parecer de orientação da
CVM. Congresso UFSC de Controladoria e Finanças & Iniciação Cientifica em Contabilidade.
Disponível em:< http://dvl.ccn.ufsc.br/congresso_internacional/anais/5CCF/62_14.pdf>.
Acesso em 03 de Junho de 2018.

PASINI, A. K. As Normas Internacionais de Contabilidade - IFRS: Adoção no Brasil.


RISUS - Journal on Innovation and Sustainability v. 6, número 3 2015. Disponível
em:<https://revistas.pucsp.br/index.php/risus/article/viewFile/20396/19159>. Acesso 01 de
Junho de 2018.

REIS, L. H. da S. Mudanças nos princípios contábeis, na evolução da teoria e normas de


contabilidade. 2017. 128 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis e Atuariais) -
Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Contábeis e Atuariais, Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2017. Disponivel em: <<
https://tede2.pucsp.br/handle/handle/20304>. Acesso 31 de Maio de 2018.

SALOTTI, B.M e YAMAMOTO, M.M. Divulgação voluntária da demonstração dos fluxos


de caixa no mercado de capitais Brasileiro. R. Cont. Fin. USP. São Paulo. v. 19 n. 48 p.
37- 49, setembro/dezembro 2008. Disponível em: <
http://www.scielo.br/pdf/rcf/v19n48/v19n48a04.pdf>. Acesso em 05 de Junho de 2018.
28

SILVA, F. A. B. Da. Estudo do impacto da primazia da essência sobre a forma nas


demonstrações financeiras em IFRS dos cinco maiores conglomerados financeiros do
Brasil. 2016. 166 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis e Atuariais) - Programa de
Estudos Pós-Graduados em Ciências Contábeis e Atuariais, Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo, São Paulo, 2016. Disponivel em:< https://tede2.pucsp.br/handle/handle/19144>.
Acesso em 05 de Junho de 2018.

SLAVIERO, C; PASTRE, F; DEDONATTO, O. Os Principais Impactos à Aplicabilidade


das Normas Internacionais de Contabilidade – reflexos nas demonstrações contábeis do
segmento frigorífico e transporte. Congresso UFSC de Controladoria e Finanças & Iniciação
Cientifica em Contabilidade.
Disponível em:<http://dvl.ccn.ufsc.br/congresso/anais/5CCF/20140425092431.pdf>. Acesso
em 03 de Junho de 2018.

UMPIERRI, M. B; OTT, E. Informações Contábeis Voluntárias e as Recomendações de


Investimento em Ações. XXXIV Encontro do ANPAD. Rio de Janeiro. 2010. Disponível em:<
http://www.anpad.org.br/admin/pdf/con2692.pdf>. Acesso em 28 de Maio de 2018.
29

ANEXOS

Você também pode gostar