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O ORÇAMENTO DE OBRA
Ele é, sim uma estimativa. Mas se trata de uma estimativa com bases conceituais muito
sólidas. Ou seja, com um sólido suporte teórico e conceitual de engenharia.
Por isso, tão importante como fazer orçamento de obra, é ter a contribuição de áreas
diversas de toda a empresa. Somente envolvendo departamentos como compras, conta-
bilidade ou recursos humanos, por exemplo, é possível contemplar todas as necessidades
da obra.
Isso torna o orçamento da obra muito mais preciso e confiável. Ou seja, um verdadeiro
diferencial competitivo, capaz de proporcionar, dentre outros benefícios:
- Controle de custos;
- Maior poder de negociação junto a fornecedores;
- Registro histórico evolutivo obra a obra;
- Compatibilização de projetos;
- Participação assertiva em licitações.
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O orçamento de obras tem 4 atributos principais que
precisam ser respeitados:
Poder de representação
Certamente o mais importante, pois proporciona segurança de que o orçamento reflete a
matriz de decisões de obra. Da mesma maneira, um orçamento só tem poder de representa-
ção quando reflete os pré-requisitos, premissas, riscos e responsabilidades do projeto. Daí a
importância de envolver a engenharia no processo de fazer orçamento de obra.
Atributo de exclusividade
Este atributo reflete as peculiaridades da obra, pois não é possível adotar um modelo de
orçamento que se adeque perfeitamente à obra. Cada projeto tem fatores característicos que
afetam o orçamento diretamente.
O propósito deste texto é elucidar o melhor possível sobre orçamento de obra e não com-
plicar mais as coisas. Então vamos te explicar alguns detalhes. Primeiro, você precisa ter em
mente que, como fazer orçamento de obra é um processo, há um termo estratégico a ser
conhecido neste momento: Orçamentação.
Logo, quando falamos “como fazer orçamento de obra” estamos querendo dizer “como fazer
orçamentação para obter o orçamento”.
E a orçamentação pode ter como resultado final orçamentos de três tipos diferentes:
1- Estimativa de custos
Trata-se de uma avaliação aproximada de custos de um projeto de engenharia. Os resultados
de uma estimativa de custos são levantados a partir de projetos anteriores. Ou seja, com base
em obras semelhantes realizadas anteriormente na mesma região.
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Para isso, a estimativa de custos é feita com uso de tabelas desenvolvidas ou fornecidas por
empresas privadas ou públicas.
Diferente das outras duas classificações, esta sequer leva o nome de orçamento. É, como o
nome diz, uma mera estimativa. Logo, atende apenas um momento muito preliminar do pro-
jeto. Como proporciona baixo nível de precisão, sua função é apenas de balizar gastos.
Uma das ferramentas que podem vir a ser usadas para a elaboração de uma estimativa de
custos é o CUB. O chamado Custo Unitário Básico da construção é um valor aferido pelos Sin-
duscons estaduais. O CUB representa o valor médio gasto por metro quadrado construído por
construtoras de cada Estado.
- Tipo de construção;
- Quantidade de pavimentos;
- Quantidade de quartos;
- Padrão de acabamento.
Embora seja muito útil para determinadas aplicações, o CUB não contempla custos muito
importantes para um orçamento. Ficam de fora, por exemplo, custos com projetos, fundações,
terreno, paisagismo, dentre outros. Outros dois custos muito importantes que o CUB não con-
templa e sobre os quais falaremos adiante são: lucro e impostos.
2 - Orçamento preliminar
Este tipo de orçamento é, em geral, feito após a elaboração do anteprojeto e antes dos proje-
tos básicos. Proporciona um nível de detalhamento um pouco mais elevado do que a estimati-
va de custos.
Como resultado, o orçamento preliminar traz uma noção aproximada de quantidades de ma-
teriais básicos, como concreto, madeira, blocos, dentre outros.
3 - Orçamento analítico
O orçamento analítico toma como ponto de partida as chamadas composições de custos uni-
tários. Mais do que isso, se aprofunda em cada etapa da obra, leva em conta todos os insu-
mos que serão necessários para sua execução.
Ou seja, o orçamentista vai utilizar composições de custo para cada um dos serviços previstos.
Logo, serão discriminadas absolutamente todas as quantidades de materiais, equipamentos e
mão de obra.
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Tipos de custos para se considerar no orçamento
São 3 os principais tipos de custos que devem estar presentes em orçamentos realmente rele-
vantes:
1 - Custos diretos
Como o próprio nome diz, são aqueles custos que estão diretamente relacionados ao serviço a
ser executado. Há livros inteiros sobre este assunto e é recomendável que você se aprofunde
no tema. No entanto, neste momento, vamos adotar um conceito que nos servirá bem aqui:
Vamos considerar que custos diretos de construção são os gastos com materiais, equipamen-
tos e mão de obra. A determinação dos custos diretos é, portanto, feita a partir da composi-
ção de custos com as quantidades determinadas de insumos e de mão de obra.
Importante!
Somente os custos com a mão de obra diretamente envolvida na execução é que são consi-
derados custos diretos. E eles contemplam, inclusive, os encargos com esses profissionais.
A execução de uma obra envolve também profissionais que não estão diretamente envolvidos
com o canteiro. E como fazer orçamento de obra é o momento de contemplar todos os custos,
o salário desses profissionais também precisa ser considerado.
No entanto, não como custos diretos. Estes entram na tabela de custos indiretos.
2 - Custos indiretos
Estes custos não estão, necessariamente, ligados aos serviços que são executados no canteiro
de obras.
Por isso, é suficiente considerar que custos indiretos são aqueles gastos com a administração
da empresa como um todo. Envolve, portanto, custos com despesas administrativas, taxas de
seguro e riscos, por exemplo.
O café do escritório! Ele até pode dar mais disposição para os trabalhadores. Mas ele não
contribui diretamente para a execução da obra. Ainda assim, o café tem um custo a ser consi-
derado no orçamento para que este retrate a realidade da obra.
Logo, precisa ser especificado adequadamente na tabela de custos indiretos. Alguns outros
conceitos e cálculos, como o BDI serão explicitados mais adiante.
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3 - Composições de custos unitários
As composições são as ferramentas que indicam as quantidades de insumos e de mão de obra
necessárias para cada serviço.
Por meio delas é possível saber quantos blocos, quanta argamassa, quantas e quais ferramen-
tas são necessárias para levantar cada m² de alvenaria, por exemplo. Mais que isso, quantas
horas/homem são demandadas.
Para se aprofundar na composição dos custos unitários, temos esse ebook gratuito que entra
em mais detalhes: 6 Passos para uma Composição de Custos Unitários Certeira
Ainda assim, mesmo que sistemas sejam usados, é importante entender os procedimentos fun-
damentais para fazer o orçamento de obra. Para elaborar uma planilha de orçamento de obras é
preciso seguir alguns passos. E estes podem ser resumidos da seguinte maneira:
1 - Composições de custos
As Composições de Preços Unitários determinam os custos diretos da obra.
Trata-se de etapa estratégica para fazer o orçamento de obra, sendo um pré-requisito para o seu
desempenho.
Neste processo podem ser usadas composições de custos disponíveis no mercado, como o Sinapi,
a base do DER, da FDE ou o TCPO, por exemplo. Há, inclusive, regras para utilizar o Sinapi corre-
tamente. Há, ainda, sistemas informatizados que aceleram e otimizam o processo de composição
de custos de obra.
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A montagem das composições em si é feita com a discriminação de todos os materiais, equi-
pamentos e mão de obra necessários para cada serviço. Atente para a importância de conhe-
cer a produtividade das equipes envolvidas.
Os custos indiretos variam muito de obra para obra. Afinal, cada canteiro tem características
específicas de acesso. Isso remete à extrema importância da visita técnica no processo de
orçamentação. A diligência ao local do canteiro permite ao orçamentista identificar condições
desfavoráveis e que, consequentemente, impactam diretamente nos custos indiretos.
Da mesma maneira, cada construtora tem uma cultura diferente com relação à segurança, por
exemplo. O prazo imposto pelo cliente também influencia os custos indiretos.
Além disso, é importante saber como receber e fazer a equalização das propostas solicitadas.
Prazo e local de entrega, por exemplo, são informações que nem sempre estão presentes
na proposta, e podem gerar transtornos futuros quando as obras começarem. O objetivo da
equalização é completar propostas incompletas para compará-las com as que envolvem infor-
mações mais amplas ou detalhadas.
Crie um checklist que deve ser aplicado em cada proposta recebida, com os itens necessários
para a execução do serviço do ponto de vista do orçamento. Alguns itens que devem ser leva-
dos em conta na montagem da equalização são:
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Adicionar frete: necessário quando um fornecedor cotou o material entregue no canteiro,
enquanto outro o cotou sem entrega.
Completar escopo: necessário quando uma proposta vai muito além do que a outra em ter-
mos de abrangência.
Compatibilizar moedas: necessário em obras com insumos importados, onde pode haver
cotações em reais e em dólares.
Adequar quantitativos: necessário em obras onde o levantamento de quantidades fica por
conta do fornecedor.
Em seguida, confira cada uma das propostas recebidas, preencha o checklist e faça a compa-
ração. No caso de propostas incompletas, mas com valores aparentemente vantajosos, você
pode devolvê-las para as empresas e solicitar a adição das informações faltantes.
4 - Impostos em orçamento
É muito comum haver equívocos no momento de atribuir os respectivos impostos em orça-
mentos de obra.
Como o Brasil é um dos países com as cargas tributárias mais elevadas do planeta, esta é uma
etapa estratégica para o sucesso do orçamento. Erros ou negligências ao atribuir os impostos
devidos podem resultar em distorções severas no orçamento. Além, é claro, de resultar em
multas e punições às empresas envolvidas.
5 - Definição de lucro
Lucro é a diferença entre o faturamento obtido com o serviço prestado e os custos de execu-
ção do trabalho. É importante calcular a margem de lucro para entender, com base em dados
históricos, qual o percentual de lucro sobre o montante de custos da empresa.
A definição do lucro nem sempre é simples na construção. Para chegar a este valor as empre-
sas precisam considerar suas características internas, as peculiaridades da obra e, é claro, o
cenário do mercado.
6 - Curva ABC
Este documento concentra os serviços ou insumos de uma obra a partir da ordem decrescen-
te de custos. A Curva ABC é importante por permitir identificar os itens que mais pesam no
orçamento de uma obra. Por meio dela é possível priorizar a negociação com fornecedores de
materiais ou serviços que custam mais.
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A Curva ABC é usada, em alguns casos, como elemento de governança durante a execução de
uma obra. Além disso, ela permite avaliar os impactos de aumentos de preços.
Entramos em bem mais detalhes sobre ela nesse ebook gratuito: Curva ABC - Como utilizá-la
para melhorar seu orçamento de obras
7 - Cálculo do BDI
O BDI ajuda as empresas a garantir um bom custo global e a cobrir as despesas da administra-
ção central, custos financeiros, impostos, garantias, seguros, tributos e a margem de incer-
teza. Numa outra definição, o BDI é o rateio do Lucro mais os Custos Indiretos aplicado aos
Custos Diretos e também pode ser admitido pela sigla LCI – Lucro e Custo Indireto.
É neste momento em que o lucro desejado para o trabalho será incorporado à planilha. E isso
é feito na forma de percentual em relação aos custos diretos. Obras públicas costumam ter re-
gras bastante rígidas para determinação do BDI. O recurso adotado para maximizar os ganhos,
nestes casos, é enxugar os custos indiretos.
De toda forma, não é recomendável adotar um BDI fixo para todas as obras. Certamente ha-
verá peculiaridades difíceis de prever e que vão influenciar este índice.
Para calcular o BDI, portanto, é necessário indicar na planilha o custo unitário e o preço de
venda. Há modelos de planilhas para cálculo de BDI disponíveis gratuitamente na internet.
8 - Preço de venda
O preço de venda é calculado com base na seguinte fórmula:
Como se vê, o BDI é determinante para o cálculo do preço de venda na construção civil. Um
dos conceitos envolvidos na determinação do preço de venda é o VGV (Valor Geral de Ven-
das).
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Você pode se aprofundar no cálculo dele nesse post.
Em todo caso, é usual apresentar ao cliente uma planilha com as quantidades de preços unitá-
rios. É este documento que concentra as informações sobre quantidades e unidades de cada
serviço, bem como os custos unitários, o BDI e o custo total.
É parte da boa prática, ainda, apresentar o BDI de forma clara, incluindo a incidência dos cus-
tos indiretos. Há clientes que exigem, ainda, o cronograma físico-financeiro, a apresentação
de cotações de insumos e a curva ABC, por exemplo.
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CONCLUSÃO
Créditos:Adobe Stock
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SOBRE O SIENGE
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