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onuigi yy umn ap acsqusg | |. eysdoungl eoyprmnl emapym5 |: Fyuedespy anu opugmmy, / i +o 0 ce ‘la ri so ape Sprotpdadn ees rfl hel deseo ere poles gu as eso np ci "i jit eteder mtr oe ctneeceda cit, ANTOWIO MANUEL HESPANI Do ns Unvesidade Nova de Limon, foi Preerte ds Como fn» Comemract dos Desc ets Portage, dct em fae aoe frag foo ha Ant6nio Manuel Hespanha CULTURA JURIDICA EUROPEIA: \& Sintese de um milénio javowry Ue Aro Mam Hag Scape ect Pano Ahab) ut Ara Mane pn pa. aa ea in rugpba "Range unico Bae 38 1 ioe cou-suoom ‘ia ep Ona Cas CRT EDTTORAFUNDAGAO BOKTEDX Ft fe aero Lt ees Fe Mtge Tigo (ents gp SC— a ‘onan 6 135) Fa pac Stinhotinacnatcer den C=C a “Creo que verdadero trabalo pic, numa Sociedade como 4 nossa, 0 de crticar 0 funcionamento de Snstiaigdes que parent neutraise independents eis de modo qu violencia policn qu sempre se terce, obscuramente por meio delas sea desmascarada poss ser combat” Michel Foucault “Human nature: justice versus power (debate with Noam Chomsky) Nora p41 g01cKo Brasiina ‘Surg finalmente a oportunidade -esperada e algo bus cada de editar est ivione Brasil, Devoissoa um honroso con- viteda Fundacao Boiteux igada a Universidade Federal de Sane ta Catarina convite que foi resultado do empenhiamento con junto des Profs. Ato Dal Ri Junior e rides Mezzarobs, “Aproveite a oeasito pare inovar um poco, acrescentan- do uma referéncia mais extensa ao common law e refazendo al- {guma cosa da historia juricica do primero sée_ XIX, que pade- fla de algunas hipotecns hoje para mim problematcas as ver- es historiogrficas mais correnes. Aa cantario do que acantece com as verses italiana @cas- ‘ethana, mantive aqui as nétulasfinais de cada capitulo sobre al- gumas especialidades da historia do dirito portapues. Ea dso fit os colegas brasiezos a nua préxima edi, colaborarem ‘com nétulasidéntias sobre ahistéra do direito brasileiro. ‘into que a publicacia deste livo ~ sobretudo por estar cenquadraca num peojacto mais vasto de colaboragio enteehis- tortadores do dreto dos dois pases - pode serum sinal de re- pronimagio académica que ultapasse a usual retrica Lisboa, Janeito de 2008, force 1. A historia do direito na formagio dos juristas/21 1.1. A historia do dreito como discuro legitimmador/22 1.2. historia etica do dteto/33 121. A percepgio dos poderes“perficos 1.22, Oditeto como um produto socal/38 1.23, Contra ateleoloyia/ 41 2. Aimportincia da historia juridico-nsttucional como discurso histérico/45 3. Linhas deforga de uma nova historia politica einsitucional/49 34. Oobjecto da historia politico institucional, [A précompreensio do "polio" /49 3.11. Acrse politica docstadualismo/ 49 3.12. A préscomprensio pés-moderna do poder/52 3.13, Contra uma historia politico institucional actualizante/ 54 3.13.1.A politica implica da ideia ‘de"coatinwidade”(Kontinttsdenken)/54 3.132. A critica do atemporalismo /56 3.14, A descoberta do pluralismo politico / 62 32. Uma leiura densa das fotes/ 69 321, Respeitar a logica das fontes/70 5.22. A hteratua ico juridica, como fonte ‘de uma antropologia poiticn {da Epoca pre-Contemporines /75 35 323. ‘Caleulos pragmaticos” confltuais ‘apropragses socials dos discursos /82 3.24, Texto contexto. Modelos politicos ‘econdicionalismes praticos. ‘A sacologiahistérica das formas polticas/85 325. Intorprtacio densa dos dscursos, histvia dos dogmas ehistria das ideas / 88 43, Uma nota sobre "relativism metodolopico”| fe “relativismo moral” e sobre o papel dos jristas neste contexto/ 89 4.0 imaginstio da sociedade e do poder/99 41 Imaginsrios poitios /99 442. Aconcepso corporativa da sociedade /101 421, Ordemecracio /101 4.22. Ondem ocult,ordem aparente/104 423. Ordem e vontade 105 4.24 Ordemedesigualdade /108 425. Ordeme "estados" /111 4.26, Ordem e pluralism politco/114 43. dissolugio do corporativismo ‘eoaadvento do paradigms inaividualista/116 5.A formagio do “direito comum” /121 51. Factores de unificagzo dos direitos europeus/123 5111. Ateadigio comanistica/123, 5.111. Diteito romano clissco, diteitabizantino e direito romano valgar/123, 5:11.11. Smal das 6pocas Instrieas do direitoromano/ 127 511.12 Sistomatizacao e método de ita do Corpus urs Cis 129 5:11.13 Sistematieagso.e método {de citago do Corpus furs Cononicis/131 5.1.1.1. Osestudos romanisticos no ‘quad da formagso dos jurists /152 51.1.5. Stimalacronologica da “evolugao do diteto romano /139 51:12. 0 diteito romano na historia ‘do direito portugués/ 140, 5.113. A recepeia do dirito romano/ 141 51.14. A inflnca doieito romano ‘na propria legislagio local/147 52. Atradigio canonistica/148 5.21, O lugar do direitocandnico ‘no sei da direito comurn/ 152 5.22.0 diteito canénico como limite “ovale dos direitos temporais/153 5.23.0 direitocandnico ma historia do direto portugues / 155 5.24, Ditetorecebidoe diceito tradicional 158 533, Resultado; uima order juridica pluralist /160 53:1. Uma constelacto de ordens normativas/163, 5.32 Direitocandnicoedicitocivil/166 533. Diretocomume direitos dos reinos 166 534, Diteitos dos rinos ‘ditetos dos corposinfviores/ 168, 535. Direto comum e prvilégios /17E 536, Direito anterior e direto posterior/ 172 1337. Normas de confito de“ geometria varavel”/173 538, Uma ordem judica flexvel /174 538.1, Flexibiidade por meio da graga/175, 5382 Flexilidade por meio da equidade/179 54 Direita do reino em Portugal ‘Epocas medieval e moderna/ 185, 5.41. Dineitovisgotico/ 183, 54.2. Feudalism e diretofeudal/ 183 54.21, Bibliografia/189 543, Ocostume/ 189 5.44, A legislagto/190 5.44.1. Bibliogratia/196 55.A unificacso pea “cientfcizagio" ‘Asescolas da tradi jridica medieval 197 55.1. A Escola dos Glosadores/197 552. A Escola dos Comentadores/209 56, O modelo discursive do dreito comm europe /220 5.61. Ginese do modelo do ‘diseurso juriico medieval / 220 5.61.1. Factores filosstics /222 5.61.2. Factores lgados 8 natureza ‘do sstema medieval das Fontes de direito/226 5.613. Factores institucionais/228 5.52, Acstrutura diseursva/229 5621. A oposigto do “esplrto” a “letra” da lei/230 5.522, A interpretagio logics / 251 5.623. A utiizagéo da diolécticaaistotélico- escoisticae, especialmente, da topica/ 233, 5624, Conclusio/ 202 6.A-crise do séeulo XVI eas ‘otientagdes metodoldgicas subsequentes/245 6.1, Uma nova ealidade normativa/ 245, {62.0 desenvolvimento interno do sistema do saber juriico/ 251 663. Asescolasjurdicastardo-medievais e modemas/ 255 63:1, Escola cuts, humanista ou “mos galicus tra docend” /255, 632. Escola do “usus modernus Pandectarum’” /259 64, ls commune e comment iw 262 65. Acultua juriica popular/270 66, A doutrina em Portugal {(epocas medieval e moderna) /279 6.61. Bibiografia/286 7. As escola juridicasscicentistas esetecentistas: jusnaturatismo, jusracionaismo, {ndividualisme e contatualismo/289 7A. Osjusnaturalismos/ 289 7.1.0 jusnaturaismo da escostcatomista/ 289 ‘TAL. A Escola Trica de Dreto Natural/291 7212. Ojusnatualismo racionalista(jusracionalismo)/293 7:13. Ojustacionalisme moderno/296 72. Algumas escolasjusnaturlista/297 721, Osjusnaturalismosindividulistas/301 721.1. A tworia dos direitos subjectivos/ 306 72.12 Voluntariemo/ 310 72.13, Cientificizagio/ 38 7.22. Atradigho do jusnaturalismo cbjectivista /320 723. Acéncin de polcia/325, 7.24, Aide decodifcasa0/ 329 173. praticajuridia /382 74.0 dieito racionalista eas suas repercussdes/336 75.0 dieito racionalista em Portugal/338 ‘751. Bibliografig/339 8.0 direto na Epoca Contemporinea/341 8.1. Ocontexto politico/341 82 Entre vontade erazso/ 345 {821. Democracia representativa lepalismo / 385 8.21.2, "Razko jridica” vs. “roadie popular” /351 8212 Tradigio/353 8.213, Direitosindividuais /356 82.14, Eltismo social/362 8215. Estaduaismo e“ieita igual” /368 8.2.16,0"método jaridico” /366 8.217. "Positvism'conceitual” Estado constitucional” 369 18.22, Pesitivismo ecientismo/373 83. Asescolasclssicas do steulo XIX/376 83. A Escolar Exegese. A origem dolegalismo/376 832. A Esco Mitra Alena ‘A vertente organics e tradicionalista/383 8321. A cultura jurdica portaguess «da primeira metade dose, XIX/ 388 833.A Escola Histvice Alma. A vertente formalista ou conceitualista, A jurisprudéncia dos concetos(Berifsjunaprudens) ‘ou Pandectistica (Pandelienwissenscluf) [381 83.3.1, Os dogmas do conceitualismo/399 8332, Oconcetualismo em Portugal /00 184, Asescolas ant-conceitualstas eant-formalistas Naturalism, vitaismo e organicismo /402 84.1. Ajurisprudéncia teleologica /408 B42. A Escola do Direto Livre/ 06 8.43. Ajurispradéncia dos interesses/408 8431. Ajurisprudéncia dos interesses em Portugal/ 410 844.0 positivismo sociologico ‘eo institucionalismo/411 1844.1, Positivism sociolgico ‘insiticionalisma em Porkagal/ 427 845, Areacedo anti-natualista Valores ealidade/ 482 £8.46. Oapoges do forralismo. ‘A Teoria ra cdo dito (435, 8461, A reaccto ‘anti-sociologista em Portugal /437 85. Asescolasertcas /442 85,1. O socilogisme marssta ‘clisicn no dominio do dieito/ 443 £852, O mara ocidental das anos sessonta/ 449 853. A“cttca do direito" /451 854, O“uso alternative do dieito”/453 854.1, Ascorrentes critica em Portugal /462 156, Asescolas anté-logalistas /466 86.1 Sentidos geais do ‘ant-legalismo contemporaneo / 467, '86.2 Em busca de wma “ustica material” /469 {863, Osjusnaturalismos cista0s/ 479 ‘862.1. jusnaturalismo em Portugal/484 864.0 pés-modernismojuridico/486 86441. Direto do quotidiano/492 8.64.2. 0 diteto como universo simbslico/496 364.3, Um ditito flextvl /499 8.64.4, 0 pluralismo juridico/302 864.5. Construtivismo auto-referercial/507 9, Bibliografia/513, Prericio © texto que agora thes apresento tem sido wtilizado, em sucessivas verses provisbras, nos meus cursos cle Historia do Direito e, nssas mesmas versbes, tem crculado entre pessoas proximas, Depois deste virios anos de curso provisrio,em que Toi crescendo e sendlo posto a prova, parece que paso os f= tes minimos eque pade ser editado, Decidireditar mais um manual de historia do direitocare- cede uma boa #2230. Creia que poss apresentaralgumas para justiicara ediao dest. 1, em primeiro ugar, um texto que me parece inverter a teniléncia comum de privilegiar, na histéria do dirito, as epo- cas mais recuadas, com sacrificio das mais recentes. Neste tex to, pelo contrrio,osséculos XDXeXX acupam quase motade do texto. Podendo, por eutro lado, dizer-se que os tltimos capt Tos ratam exclusivamente do presente, para no dizer que ta tam do futuro Isto porque, tendo eu muito gosto e muito respeito pela historia ~ minha prfissio e minha devogao~ neste veo estou ‘menos inteessado em invocar antigualhas de que em despes= tars leitores para uma refleio sobre o diteto de hoje w sobre 0s seus problemas. Neste sentido, como explico na intioduezo, este livro sua manera, mais uma obra de propedéuticajurk dica do que um simples manual de historia. E, endo me enga- no, esta uma segunda boa razio para oeditar. Finalmente, o texto esta concebido como uma introducao historia ao direito da Europa. Na verdade, de umaccrrta Europa Por um lado, esta dele excluidaa Europa de Leste, subdir «de uma comm matriz romanista, mas marcada por uma cso, ‘a0 mesmo tempo linguistia, politica e eligiosa, que Ihe confe- Flu um perfil ustorico absolutamentedistinto do Osidente, De- pols, 0 mundo anglo-saxsnico ainda mal étocado, embora, na Oe lesrigo dos fundamentes politics do dieitocontemporaneo, ‘lego ingles (enorte-americano) soja necessariamenterefer- do Porfim,omndo doSul da Europa (inluindo a Teva Iti- line, parcialmente, a Franca) gan, na economia desta expos- ‘so, um relevo muito pronanciado: no se esquecendo todavia © peso importantissimo que tem tido, nas suas configurasees jufidicas mais recentes, ocontribto da doutina alema do di- reitoe do Estado ‘\opet por uma descricio “eutopela" ~ endo “nacional” = da histérin do direito nso se deveu, por certo, a preocupacces| teditorinis de rentabilizar 0 iavestimento, nem, 1 pouco, 20 ‘modismo europelsa, Plo contéri, tem a ver mesmo com 0 ‘object de extud Como se vera, em quase toda a sua histor ‘diteto desta Europa fo um diet com, emaque alguns et lose especficidades locals apenas 2 destacavam sobre um es ‘magador fundo de caracerstica partihadas, Ecerrara hist tia do dteto da Europa nas fronteiras dos Estados & por isso, “umartifiilistno © uma fone de apreciagbeserradas. ‘Algunscolegese ang eram ete roe trabalharamcom cle, Asia actual versio pode benefciar muito das suas suges- toes, Ente eles esto, naturalmente, os colegas que, ha varios ‘anos colaboram nos meus cusos-a Ana Cristina Nogueira da Silva, o Luis Nuno Rodrigues, a Maria Carla Aratjo, a Ma (Catarina Madeira Santos, a Joana Estornnna, Mais recentemen te, 0 Zhang Yong Chin, que também ajuou na preparagio da versio chinesa deste texto. Em Espana, os Professores Carlos Petit Huelva) AnténioSerrano Gensler (Barcelona) tstaran- rnocom os seus alunos e deram-me sugestBes importants, tn

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