Você está na página 1de 62

Universidade Ceuma – Campus Imperatriz

CIÊNCIA DOS
MATERIAIS

Prof. MSc. Diogo Ramon N. Brito


Aula 02 - ESTRUTURA
CRISTALINA

2
Estrutura de Sólidos Cristalino

Por que estudar?


 As propriedades de alguns materiais estão
diretamente associadas à sua estrutura
cristalina;
 Existem diferenças significativas de
propriedades entre materiais cristalinos e não
cristalinos que possuem a mesma composição;
 Por exemplo, as cerâmicas e os polímeros não
cristalinos são, em geral, opticamente
transparentes enquanto o mesmo material na
forma cristalina tende a ser, na melhor das
hipóteses, translúcido.
3
INTRODUÇÃO

Os materiais sólidos podem ser classificados em


cristalinos e não cristalinos de acordo com a
regularidade na qual os átomos ou íons se
dispõem em relação à seus vizinhos.

4
INTRODUÇÃO
Conceitos fundamentais

 Material cristalino : É aquele no qual os átomos estão


posicionados em um arranjo periódico ou repetitivo ao
longo de grandes distâncias atômicas: isto é, existe uma
ordem de longo alcance, tal que quando ocorre
solidificação, os átomo se posicionarão em um padrão
tridimensional repetitivo, no qual cada átomo está
ligado aos seus átomos vizinhos mais próximo.
 Todos os metais, muitas cerâmicas e alguns polímeros
formam estruturas cristalinas sob condições normais
de solidificação
5
INTRODUÇÃO
Conceitos fundamentais
 Materiais não cristalinos ou amorfos: Não existe
ordem de longo alcance na disposição dos átomos
 As propriedades dos materiais sólidos cristalinos
depende da estrutura cristalina, ou seja, da maneira
na qual os átomos, moléculas ou íons estão
espacialmente dispostos.
 Há um número grande de diferentes estruturas
cristalinas, desde estruturas simples exibidas pelos
metais até estruturas mais complexas exibidas pelos
cerâmicos e polímeros

6
INTRODUÇÃO
Os materiais se dividem em amorfos e cristalinos:
Material cristalino (a): ordem a longa distância
Material amorfo (b): ordem a curta distância

7
INTRODUÇÃO
Conceitos fundamentais
 Nas definições de estruturas cristalinas, os átomo
(ou íons) serão considerados esferas sólidas com
diâmetros bem definidos.
 Modelo Atômico da Esfera Rígida no qual as esferas
que representam os átomos vizinhos mais próximos
se tocam umas nas outras.

8
Células Unitárias
 A ordenação dos átomos nos sólidos indica que
pequenos grupos de átomos formam um padrão
repetitivo.
 Ao descrever as estruturas cristalinas, frequentemente
é conveniente subdividir a estrutura em pequenas
entidades repetitivas, chamadas células unitárias.

9
Células Unitárias
 Consiste num pequeno grupos de átomos que
formam um modelo repetitivo ao longo da
estrutura tridimensional (analogia com elos da
corrente)
 A célula unitária é escolhida para representar a
simetria da estrutura cristalina

10
Células Unitárias

Células Unitárias: É a unidade estrutural básica, ou bloco


construtivo, da estrutura cristalina e define a estrutura
cristalina por meio da sua geometria e das posições dos
átomos no seu interior.

11
Estruturas Cristalinas em Metais
Três Estruturas Cristalinas relativamente
simples são encontradas para a maioria dos
metais comuns:

 Cúbico de face centrada (CFC)

 Cúbico de corpo centrado (CCC)

 Hexagonal Compacta (HC)

12
Estruturas Cristalinas em Metais

13
Estrutura Cristalina CFC
 O PARÂMETRO DE REDE E O RAIO
ATÔMICO ESTÃO RELACIONADOS
PARA ESTE SISTEMA POR:

acfc =2R 2

 Na est. CFC cada átomo dos


vertices do cubo é dividido com 8
células unitátias
 Já os átomos das faces pertencem
somente a 2 células unitárias
 Há 4 átomos por célula unitária na
estrutura CFC
Filme 25
 É o sistema mais comum
encontrado nos metais (Al, Fe, Cu,
Pb, Ag, Ni,...)

14
Demonstrando que acfc = 2R 2

 a2 + a2 = (4R)2
2 a2 = 16 R2
a2 = 16/2 R2
a2 = 8 R2
a= 2R 𝟐

15
Número de Coordenação para CFC
 Número de coordenação corresponde ao número de
átomos vizinhos mais próximo.
 Para a estrutura CFC o número de coordenação é
12.

16
Fator de Empacotamento Atômico
(FEA) para CFC
Fator de empacotamento (FEA) : É a soma dos volumes
das esferas de todos os átomos no interior de uma célula
unitária dividida pelo volume da célula unitária:

O FATOR DE EMPACOTAMENTO PARA A EST. CFC É O,74

18
Exercício Rápido

A partir do valor da aresta da est. CFC, calcule o volume


da célula unitária e depois calcule o fator de
empacotamento atômico para a estrutura CFC

19
DEMONSTRE QUE O FATOR DE EMPACOTAMENTO
PARA A EST. CFC É O,74

4𝑅3
Vol. dos átomos=Vol. Esfera=
3
Vol. Da célula=Vol. Cubo = a
3

(4)

4 𝑅3
3
Fator de empacotamento =
16 R3 𝟐

Fator de empacotamento = 0,74


20
Estrutura Cúbica de Corpo
Centrado (CCC)
 O PARÂMETRO DE REDE E O RAIO
ATÔMICO ESTÃO RELACIONADOS NESTE
SISTEMA POR:
4𝑅
accc=
3

 Na est. CCC cada átomo dos vertices do


cubo é dividido com 8 células unitárias
 Já o átomo do centro pertence somente a
sua célula unitária.
 Cada átomo de uma estrutura CCC é
Filme cercado por 8 átomos adjacentes
 Há 2 átomos por célula unitária na
estrutura CCC
 O Fe, Cr, W cristalizam em CCC
21
RELAÇÃO ENTRE O RAIO ATÔMICO
(R) E O PARÂMETRO DE REDE (a)
PARA O SITEMA CCC
 No sistema CCC os
átomos se tocam ao
longo da diagonal do
cubo: 3.a=4R

4𝑅
accc= 3

22
Número de Coordenação para
CCC

 Número de coordenação corresponde


ao número de átomos vizinhos mais
próximos
 Para a estrutura CCC o número de
coordenação é 8.

23
Número de Coordenação para
CCC
1/8 de átomo

1 átomo inteiro

Para a estrutura CCC o número de coordenação é 8

24
FATOR DE EMPACOTAMENTO
ATÔMICO PARA CCC

O FATOR DE EMPACOTAMENTO PARA A EST. CC É O,68

(demonstre)

25
Est. Hexagonal Compacta (HC)

 Os metais em geral não cristalizam


no sistema hexagonal simples por
que o fator de empacotamento é
muito baixo, exceto cristais com
mais de um tipo de átomo
 O sistema Hexagonal Compacta é
mais comum nos metais (ex: Mg,
Zn)
 Na HC cada átomo de uma dada
camada está diretamente abaixo ou
acima dos interstícios formados
entre as camadas adjacentes

26
Est. Hexagonal compacta (HC)

 Cada átomo tangencia 3


átomos da camada de cima, 6
átomos no seu próprio plano
e 3 na camada de baixo do
seu plano
 O número de coordenação
para a estrutura HC é 12 e,
portanto, o fator de
empacotamento é o mesmo
da CFC, ou seja, 0,74.
Relação entre R e a:
a= 2R
27
Cálculo da Massa Específica - Metais

O conhecimento da estrutura cristalina


permite o cálculo da densidade ():
𝑛𝐴
= 𝑉𝑐 .𝑁𝐴

n= número de átomos da célula unitária


A= peso atômico
Vc= Volume da célula unitária
NA= Número de Avogadro (6,02 x 1023 átomos/mol)
28
EXEMPLO:
Cobre têm raio atômico de 0,128 nm (1,28 Å), uma
estrutura CFC, um peso atômico de 63,5 g/mol.
Calcule a densidade teórica e compare a resposta com
a densidade experimental.
 Resposta: 8,89 g/cm3
 Valor da densidade medida= 8,94 g/cm3

29
EXEMPLO:
O ródio possui raio atômico 0,134 nm, estrutura
cristalina CFC e peso atômico de 102,91g/mol. Calcule
sua massa específica.

30
Polimorfismo
 Alguns metais e alguns ametais, podem ter
mais de uma estrutura cristalina dependendo
da temperatura e pressão. Esse fenômeno é
conhecido como polimorfismo.
 Geralmente as transformações polimórficas
são acompanhadas de mudanças na
densidade e mudanças de outras propriedades
físicas.

32
Polimorfismo ou alotropia
Um exemplo familiar é encontrado no carbono:
 A grafita é o polimorfo estável sob as
condições ambientes, enquanto o diamante é
formado sob pressões extremamente
elevadas.

33
EXEMPLO DE MATERIAIS QUE
EXIBEM POLIMORFISMO
 Ferro
 Titânio
 Carbono (grafite e diamante)
 SiC (chega ter 20 modificações cristalinas)
 Etc.

34
ALOTROPIA DO FERRO

 Na temperatura ambiente, o
CCC De 1390°C-PF Ferro puro têm estrutura CCC,
número de coordenação 8, fator
de empacotamento de 0,68 e um
raio atômico de 1,241Å.
CFC De 912-1390°C  A 912 °C, o Ferro passa para
estrutura CFC, número de
coordenação 12, fator de
empacotamento de 0,74 e um
CCC Até 910°C
raio atômico de 1,292Å.
 A 1394°C o ferro passa
novamente para CCC.

35
SISTEMAS CRISTALINOS

 As estruturas cristalinas são subdividas em


classes, de acordo com as configurações das
células unitárias e/ou arranjos atômicos.
 A geometria da célula unitária é
completamente definida em termos de seis
parâmetros: os comprimentos das três arestas
a, b, c, e os três ângulos internos α, β, γ
Esses são os parâmetros de rede cristalina.

36
SISTEMAS CRISTALINOS

37
SISTEMAS CRISTALINOS

 Estes sistemas incluem todas as possíveis


geometrias de divisão do espaço por
superfícies planas contínuas.
 As estruturas de todos os cristais que
conhecemos podem ser classificadas de
acordo com a simetria das células unitárias e
existe um total de sete tipos
fundamentalmente distintos dessas células
que diferem nos comprimentos relativos das
arestas e dos ângulos formados entre elas.
38
OS 7 SISTEMAS CRISTALINOS
A estrutura cristalina é caracterizada pelos comprimentos
a, b e c, e pelos três ângulos α, β e γ que são denominados
parâmetros de rede cristalina.

Entre os sistemas cristalinos, o sistema cúbico é o que


apresenta maior grau de simetria, enquanto o sistema triclínico
apresenta a menor simetria. 39
REDES BRAVAIS

 Embora existam apenas sete sistemas de


cristais ou formas, existem catorze redes
cristalinas distintas, chamadas rede de
Bravais, em homenagem a Auguste Bravais
(1811-1863), que foi um dos primeiros
cristalógrafos franceses.
REDES BRAVAIS
A rede de Bravais apresenta as seguintes
redes cristalinas: 3 tipos cúbicos, 1 tipo
romboédrico, 4 tipos ortorrômbicos, 2 tipos
tetragonais, 1 tipo hexagonal, 1 tipo
triclínico e 2 tipos monoclínicos.

Pontos, Direções e Planos Cristalográficos

As propriedades físicas de alguns materiais dependem da


direção cristalográfica na qual as medições são feitas.
Por exemplo:
 O módulo de elasticidade, a condutividade elétrica e o
índice de refração podem ter valores diferentes nas
direções [100] e [111].
 Essa direcionalidade é chamada de anisotropia e é
associada à variação do espaçamento atômico em função
da direção cristalográfica.
 As substâncias nas quais as propriedades medidas são
independentes da direção da medida são isotrópicas.
Pontos, Direções e Planos Cristalográficos
Deformação sob carga;
Condutividade elétrica e térmica;
Módulo de elasticidade.
A posição de qualquer ponto dentro da célula unitária
pode ser especificada em termos de suas coordenadas na
forma de múltiplos fracionários dos comprimentos das
arestas da célula unitária.
Coordenadas dos Pontos
 A posição de qualquer ponto localizado em uma célula
unitária pode ser especificado em termos de suas
coordenadas na forma de múltiplos fracionários dos
comprimentos das arestas das células unitárias em termos
de a, b, c.
Exercício Rápido
DIREÇÕES NOS CRISTAIS
Uma direção cristalográfica é definida como uma
linha direcionada entre dois pontos, ou um
vetor.

1- Um vetor com comprimento conveniente é posicionado


tal que ele passe através da origem do sistema de
coordenadas. Pode ser movido desde que se mantenha
o paralelismo;
2- São determinados os comprimentos das projeções do
vetor sobre cada um dos três eixos; esses comprimentos
são medidos em termos das dimensões da célula
unitária, a ,b e c;
3 – Esses três números são multiplicados ou divididos
por um fator comum, para reduzi-los aos menores
valores inteiros;
4 – Os três índices são colocados entre colchetes.
46
DIREÇÕES NOS CRISTAIS

Vamos representar as direções [100], [110] e [111]:

47
DIREÇÕES NOS CRISTAIS

Determinar os índices para a direção que está


mostrada a figura abaixo.

48
DIREÇÕES NOS CRISTAIS
Exercício:
Esboce uma direção [110] em uma célula
unitária cúbica.
Planos cristalográficos

 São representados de maneira similar às direções;


 São representados pelos índices de Miller = (ℎ𝑘𝑙)
 Planos paralelos são equivalentes tendo os mesmos
índices.

50
Planos cristalográficos
 Se o plano passa através da origem selecionada,
deve ser construído outro plano paralelo ao
anterior da célula unitária para uma translação
apropriada ou de ser estabelecida uma nova
origem no vértice de outra célula unitária;
 Se necessário, esses três números são
modificados para o conjunto de menores números
inteiros, pela multiplicação ou divisão por um
fator comum;
 Os índices não são separados por vírgula e são
colocados entre parênteses, obtendo-se (ℎ𝑘𝑙).
51
PLANOS CRISTALINOS

52
PLANOS CRISTALINOS
Planos (010)
 São paralelos aos eixos
x e z (paralelo à face)
 Cortam um eixo (neste
exemplo: y em 1 e os
eixos x e z em )
 1/ , 1/1, 1/  = (010)

53
PLANOS CRISTALINOS
Planos (110)
 São paralelos a um eixo (z)
 Cortam dois eixos
(x e y)
1 1
 , ,
1 1
1/  = (110)

54
PLANOS CRISTALINOS

Planos (111)

 Cortam os 3 eixos
cristalográficos
 1/ 1, 1/1, 1/ 1 = (111)

55
PLANOS CRISTALINOS

 Quando as
intercessões
não são óbvias
desloca-se o
plano até obter
as intercessões
corretas

Fonte: Prof. Sidnei Paciornik, Departamento de


Ciência dos Materiais e Metalurgia da PUC-Rio

56
FAMÍLIA DE PLANOS <110>
É paralelo a um eixo

57
FAMÍLIA DE PLANOS <111>
Intercepta os 3 eixos

58
Exercícios
 No interior de uma célula unitária cúbica,
esboce as seguintes direções:
a) [110]
b) [121]
c) [012]
d) [133]
e) [122]
f) [103]
Exercícios
 Quais são os índices para os dois planos
apresentados a seguir?
Exercícios
 Esboce no interior de uma célula unitária cúbica
os seguintes planos:
a) (011)
b) (112)
c) (102)
d) (131)
e) (111)
f) (122)
g) (123)
h) (013)

Você também pode gostar