Para tornar explícita a diferença entre as características das cargas, diz-se que,
para uma carga indutiva, o fator de potência é indutivo ou atrasado, indicando que
a corrente está atrasada em relação à tensão. E para a carga capacitiva, o fator
de potência é capacitivo ou adiantado, indicando que a corrente está adiantada em
relação à tensão.
Zm = 100∠30o Ω ~ Û Zm Zc
Zc = -j300 Ω
Figura 7.16
Û 440∠0 o
Iˆ f = Iˆm = = = 4,4∠ − 30 o A
Z m 100∠30 o
Note que a corrente está atrasada em relação à tensão, pois a carga é indutiva e a
potência complexa suprida pela fonte é igual à potência exigida pela carga:
Como Q>0, conclui-se que a fonte está suprindo uma potência reativa de 968 VA,
necessária para o funcionamento da carga além da potência ativa de aproximadamente
1,7 kW.
Com a chave fechada, a corrente na carga não se altera, pois a tensão aplicada
sobre ela permanece a mesma (circuito paralelo).
Î f = Î m + Î c = 3,8804∠ − 10,89 o A
Importante:
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A potência complexa no capacitor vale:
∗
Û U2 440 2
S c = Û ⋅ Iˆc∗ = Û ⋅ = = = 645,3333∠ − 90 o = − j 645,3333 VA
∗
Z
c Zc 300∠90 o
Importante:
Î f = Î m + Î c = 3,8804∠ + 10,89 o A
Note que com o novo capacitor, a corrente na fonte está adiantada em relação à
tensão.
A potência complexa neste capacitor vale:
∗
Û U2 440 2
S c = Û ⋅ Iˆc∗ = Û ⋅ = = = 1290,6667∠ − 90 o = − j1290,6667 VA
∗
Zc Z c 150∠90 o
Como o capacitor não consome potência ativa, a fonte continua fornecendo os mesmos
1,7 kW que são consumidos pela carga, a qual também continua demandando 968 VA de
potência reativa.
Û (a)
Î=Îm
Îc
Î Û (b)
escalas
Îm 10 V/cm
Îc 2 A/cm
Î
Û (c)
Îm
Figura 7.19 - Diagramas fasoriais
Note que quanto menor for a reatância do capacitor, maior será a corrente por ele,
a qual, somada à corrente na carga, resulta em uma corrente total na fonte que
pode refletir um comportamento indutivo, resistivo ou capacitivo da combinação
carga-capacitor.
74
No circuito da Figura 7.16, com a chave aberta, sabe-se que a fonte deve suprir
uma potência ativa de 1,7 kW e uma potência reativa de 968 VA. Se assumirmos que o
capacitor a ser conectado em paralelo deve fornecer toda a potência reativa
requerida pela carga, a fonte será responsável somente pelo fornecimento de
potência ativa, e portanto:
S c = − j 968 VA
Considere que no circuito da Figura 7.16, com a chave aberta, a tensão aplicada
pela fonte tem um valor eficaz de 15 kV e a carga é do tipo indutiva, com P=1 MW e
Q=1 MVA. Esta é a situação normalmente encontrada em instalações industriais, onde
a indústria representa uma carga indutiva para a concessionária de energia
elétrica, devido à instalação de motores, equipamentos de refrigeração, iluminação
fluorescente, transformadores, condicionadores de ar, etc. A potência complexa
proveniente da rede elétrica (Sr) é igual à potência complexa da carga (SZ):
S r = S Z = P + jQ = 1 + j1 = 2∠45o MVA
O fator de potência global é igual ao cosseno do ângulo de defasagem entre a
tensão aplicada e a corrente total, ou ainda igual ao cosseno do ângulo da
potência complexa Sr. Assim:
P
fp = cos( φ ) = = cos 45 o = 0,7071
Sr
O valor eficaz da corrente total é:
P Sr 2 ⋅ 10 6
I ef = = = = 94 ,3 A
U ef ⋅ fp U ef 15 ⋅ 10 3
Sf=P+jQ Sc=P+jQ
Figura 7.20 - Fluxo das potências ativa e reativa para uma carga
Através dos cálculos realizados, percebe-se que quanto maior for a potência
reativa suprida pela fonte, menor será o valor do fator de potência. Como a fonte
é projetada para atender à potência aparente requerida, um baixo fator de potência
75
significa que uma pequena porcentagem da potência aparente fornecida pela fonte
corresponderá à potência ativa, referente à dissipação de potência nos elementos
resistivos do circuito. Percebe-se também que quanto mais baixo for o fator de
potência maior será a corrente nos condutores, nos quais há perdas do tipo Joule
(R.I2), e portanto, quanto maior for a corrente, maiores serão as perdas na
transmissão da potência da fonte à carga. Finalmente, quanto maior a corrente,
maior será a queda de tensão nos condutores e menor a tensão aplicada sobre a
carga, pois os condutores têm suas próprias impedâncias.
capacitor(es)
condutor Q
P P P + P
fonte carga
Q
S'f = P Sc=P+jQ
A nova potência aparente fornecida pela rede elétrica será: Sr' = P = 1 MVA, que é
menor que a potência aparente fornecida anteriormente.
P
O novo fator de potência global será: fp' = = 1,0
S r'
e a corrente total passa a ser:
S 'f 1 ⋅10 6
I ef' = = = 66,7 A
U ef 15 ⋅10 3
que é menor que a corrente fornecida anteriormente. A diminuição da corrente deve-
se à eliminação da componente de potência reativa que era transferida da fonte
para a carga.
Exemplo 7.7
Considerar o circuito alimentado em 60 Hz mostrado na Figura 7.22, em que um motor
de uma indústria é submetido a testes de desempenho.
Solução:
a) As potências aparente e reativa fornecidas ao motor são calculadas por:
2
S = U ⋅ I = 127 ⋅ 5 = 635 VA Q= S − P 2 = 391,4 VA
U
b) O módulo da impedância do motor é facilmente calculado por: Z = = 25,4 Ω
I
Q
O ângulo da impedância é dado por: tgφ = → φ = 38,1o
P
ou seja: Z = 25,4∠38,1o Ω
77
φ Û escalas
30 V/cm
Î 2,5 A/cm
Figura 7.23 - Diagrama fasorial para o circuito do exemplo 7.7
Como a tensão de entrada permanece a mesma, a corrente pelo motor também não se
altera (IM cte.), mas a corrente de entrada (IF), cujo valor eficaz é medido pelo
amperímetro vale:
Î F = 5∠ − 38,1o + 1,58∠90o = 4 ,21∠ − 20,9o A
Îc escalas
30 V/cm
Î Û
2,5 A/cm
Figura 7.24 - Diagrama fasorial para o circuito do exemplo 7.7 – chave fechada
78
Exemplo 7.8
Uma indústria é alimentada pela empresa distribuidora de energia elétrica conforme
mostra a Figura 7.25.
Î Îc carga
ÎL ÎR
chave
entrada Û
XL R
C
distribuidora indústria
de energia
Figura 7.25 - Circuito para o exemplo 7.8
A indústria é alimentada com uma tensão de 15 kV, 60 Hz, e sua carga total é
representada por um circuito RL paralelo:
R = 100 Ω XL = 150 Ω
Solução:
a) As correntes pelo circuito são calculadas por:
Û 15 ⋅10 3 ∠0 0
IˆR = = = 150∠0 o A
R 100
Û 15 ⋅10 3 ∠0 0
IˆL = = = 100∠ − 90 o A
X L ∠90 0
150∠90 0
79
Na Figura 7.26 tem-se o triângulo de potências para esta situação.
S
Q
φ
P
Figura 7.26 - Triângulo de potências com a chave aberta
Com relação à potência reativa, esta será fornecida em parte pelo capacitor e em
parte pela fonte. O novo ângulo da potência complexa é obtido a partir do fator de
potência desejado:
φ' = cos −1 0,92 = ±23,1o
Como deseja-se um fator de potência indutivo, adota-se φ' = −23,1o .
P 2,25 ⋅ 10 6
S' = = = 2,45 MVA
fp ' 0,92
∆Q
S
|S’| Q’
Q
φ φ’
P
Figura 7.27 - Triângulo de potências com a chave fechada
Pode-se obter o valor do capacitor a partir da potência reativa ∆Q que ele deve
fornecer ao circuito.
Para uma tensão Û = U ef ∠α , a corrente no capacitor corresponde a Iˆ = I ef ∠(α + 90 o )
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A potência complexa fornecida ao capacitor vale:
Pcap = 0
S cap = U ef ⋅ I ef ∠ − 90 o →
Qcap = −U ef ⋅ I ef
U ef U ef
I ef = = = w.C.U ef
Zc Xc
E a corrente fornecida pela fonte vale 163,3 ∠-23,1o A, sendo portanto, menor que
a corrente total na carga.
Îc
φ’ Û
Î’
φ
Î
Figura 7.28 - Diagrama fasorial para o exemplo 7.8
Quanto maior for o valor do capacitor, maior será a corrente Îc fazendo com que a
defasagem entre Û e Î’ diminua ainda mais. A extremidade do fasor da corrente
segue o lugar geométrico representado pela linha pontilhada da Figura 7.26.
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