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Revolução em Dagenham / Made in Dagenham

Revolução em Dagenham/Made in Dagenham mostra a vida de uma operária, mãe


de família, que de repente se vê envolvida na luta por direitos trabalhistas e
femininos; como Norma Rae, a operária inglesa Rita O’Grady acaba deixando em
segundo plano seu papel de esposa e mãe, e enfrenta, é claro, duros problemas
com isso.
A Revolução em Dagenham relata uma história real, que aconteceu em um
passado muito recente, 1968 – e que acabaria tendo um impacto importantíssimo
na história das relações trabalhistas e na
vida das mulheres da Inglaterra, com
influência sobre diversos outros países.
1968 – é de fato uma história muito
recente. Como diz o grande Bob
Hoskins, um dos atores principais do
filme: aquilo tudo aconteceu quando ele
estava começando sua carreira; ele se
lembra de ter acompanhado as notícias
nos jornais.
Baseado em fatos reais, Revolução em Dagenham é muito mais do que
uma simples reprodução do fato histórico que marcou as relações trabalhistas na Inglaterra em 1968 quando uma
operária, Rita O’Grady, comandou uma greve por igualdade salarial. Sem ser exarcebado,consegue com simplicidade
e clareza mostrar a situação das mulheres operárias do fim da década de 60. É um dos grandes filmes inéditos dos
cinemas que você deve pegar nas locadoras da cidade
Rita O’Grady (Sally Hawkins) é uma costureira da fábrica da Ford. Fora ela existem mais 186 mulheres trabalhando
na mesma fábrica. Homens são 55 mil. Rita é uma mulher comum, que passa até despercebida quando está ao lado
de Sandra – a divertida aspirante à modelo – ou de Brenda – a exuberante desbocada. É casada, mãe de dois filhos
e nem de longe parece com uma líder sindical. Mas ela, assim como as outras costureiras, está insatisfeitas com as
condições de trabalho da fábrica, e com os salários que recebem.
Mas aos poucos Rita cresce. Cresce em espírito, cresce em liderança e cresce em princípio. Seu mentor é Albert,
interpretado pelo talentosíssimo Bob Hoskins, um funcionário da empresa
que participa do movimento sindical. É Albert que faz crescer em Rita uma
chama que ela não sabia que existia e que nós, honestamente, duvidamos
que ela tivesse. Mas a pequena vai ganhando a torcida a cada diálogo, a
cada atitude e a cada vez que defende seu ideal de igualdade. Ela não quer
ser melhor que os homens, ela quer o que é seu por direito, como explica ao
marido numa discussão no meio da rua. Direito é diferente de privilégio. Ela
trabalha tanto quanto um homem, porque então recebe menos?
Também temos outra história, que começa bem de mansinho, de Lisa
Hopkins (a deslumbrante Rosamund Pike), a esposa de um clássico homem
de negócios da década de 60. Ela, também, uma clássica esposa da época:
linda, bem educada e subestimada. Como ela mesma diz no filme, seu marido a trata como uma idiota. A história de
Lisa vai se cruzar com a de Rita e começa fora da greve, mas é nela que essa história ganha significado e é nela que
se fortifica. E, depois, ganha espaço com chegada da forte e real Barbara
Castle, interpretada sem erros pela incrível Miranda Richardson. A cena dela
conversando com Rita sobre vestidos é impagável.
A direção de arte de Ben Smith (A Rainha) é apurada e concisa. O figurino de
Louise Stjernsward e a cenografia de Anna Lynch-Robinson formam uma
parceria perfeita. O figurino é rico, colorido e traz uma aura de fábula à história,
sem que assim perca seu caráter verdadeiro. Os cenários funcionam
perfeitamente como uma moldura, enriquecendo o visual da cena. Não
racionalizamos sua presença, sentimos.
O roteiro de Willian Ivory é bem estruturado e não pesa a mão no drama, como
fazem muitos maximizando a dor dos personagens e, assim, aumentando o seu heroísmo. Rita não precisa disso.
Seu heroísmo é sua integridade. As mulheres aqui não se apresentam mais fortes ou mais brutas para assim serem
levadas à sério. Pelo contrário, se mantêm femininas e vaidosas. Mostram que a luta delas não é para serem iguais
aos homens, mas, sim, para terem os mesmos direitos.
Ficha técnica
REVOLUÇÃO EM DAGENHAM (Made in Dagenham, Inglaterra, 2010), de Nigel Cole. Com Sally Hawkins, Bob Hoskins, Miranda Richardson,
Rosamund Pike e Richard Schiff. Sony. 113 minutos.
Disponível em: http://blogs.diariodonordeste.com.br/blogdecinema/geral/dvdcritica-revolucao-em-dagenham-reconstitui-rebeliao-
feminina/ Acesso em: 20.05.2017.

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