Você está na página 1de 26

ANIMAÇÃO CULTURAL:

CONCEITOS LAZER- Conectado com a realidade social / diferente de


alienação e fuga ANIMADOR CULTURAL- é um facilitador, um interlocutor
entre o público e o trabalho cultural, entre o público e a produção cultural
de uma determinada sociedade. PERSPECTIVA DE ATUAÇÃO – Contribuir
para o questionamento da ordem social e promover qualidade de vida
individual e social COMO ATUAR NESSA PERSPECTIVA? CULTURA- Espaço
contraditório/ com elementos de manutenção, transgressão e resistência
a ordem social, onde o ANIMADOR CULTURAL irá promover uma
INTERVENÇÃO. INTERVENÇÃO EDUCACIONAL- Com a busca de novas
formas para encarar a realidade social (Indivíduo AGENTE e humanizado),
oferecida pelo acesso a NOVAS LINGUAGENS CULTURAIS Despertar para o
equilíbrio entre CONSUMO e PARTICIPAÇÃO DIRETA nos momentos de
lazer. ATUAÇÃO Recuperação de bens culturais (degradados) pela acção
da Indústria Cultural Com uma intervenção flexível, considerando os
diferentes interesses culturais Trabalho de MEDIAÇÃO, onde seu
programa de intervenção busque a participação activa de todos
Intervenção duplo aspecto: A educação PELO lazer e a educação PARA O
lazer A educação pelo lazer Actividade como veículo de educação
Aproveita o potencial para trabalhar valores, condutas e comportamentos,
através da PROBLEMATIZAÇÃO Indivíduo reelabora seus pontos de vista
da realidade (POSICIONAMENTO) Ex. Hip-hop A educação para o lazer
Aborda três grandes padrões de organização cultural (não estático)
Ambiente cultural é heterogéneo (conflitos de poder, tensão, conflito,
circularidade, troca) Padrão da cultura ERUDITA, MASSA e POPULAR A
EDUCAÇÃO PARA O LAZER PADRÃO DA CULTURA ERUDITA- estabelece
parâmetros normativos (modelos estéticos) Poder e prestígio das classes
abastadas Acesso é dificultado pela própria forma de organização dos
bens culturais. Ex. Onde concentra-se o maior número de cinemas,
teatros, museus, bibliotecas? PADRÃO DA CULTURA DE MASSA- produzida
pela indústria cultural (consumo em larga escala, modismo, descartável,
substituível, padronizado, superficial, unidimensional) LIXO CULTURAL Por
trás da acção da Industria Cultural existe um Projecto Político Definido
Venda de produtos distorcidos. Ex. Forró de raiz e os “neo forrós”
Destinado a esvaziar a capacidade crítica Esse processo não é linear
PADRÃO DA CULTURA POPULAR Produção local/ tradição/ resistência
DESAFIOS DO PROFISSIONAL DE LAZER Difundir a cultura erudita, difundir
e recuperar a cultura popular e aprender a lidar criteriosamente com os
elementos da cultura de massa. ANIMAÇÃO CULTURAL- Três perspectivas
de atuação: I- PARADIGMA TECNOLÓGICO/ manutenção ordem social
Desconsidera a individualidade Descreve e prescreve todas as acções e
soluções que julgar necessário/ adequação à ordem social PARADIGMA
INTERPRETATIVO Reformas na ordem social. Objectiva a formação
cultural. Convida à reflexão construída da experiência de cada um. Acção
relacional e criadora. Proposta frágil diante de um ambiente de lutas.
Guias-instrutores/ olhar direccionado Ex. Trabalho do SESC PARADIGMA
DIALÉTICO Transformador e libertador Animação como construção de
uma democracia cultural Não impõe uma programação e não somente
oferece opções Busca organizar uma acção comunitário (negociações,
concessões, mediações) O animador crê na transformação social pelo
desenvolvimento da consciência e responsabiliza díade que são
simultaneamente INDIVIDUAIS e COLETIVAS. 9 PARADIGMA DIALÉTICO
EDUCAÇÃO ESTÉTICA Trabalhar com valores, percepções e sensibilidades,
aceita a diferença e diversidade A análise estética é sempre aberta para
observar e procurar o novo Estabelece novos olhares, mais tolerantes e
multirreferenciais sobre a vida e a realidade Redução da capacidade de
pensar/ ligada a capacidade de sentir/ ligada a intolerância à diversidade
O MODO DE ENDEREÇAMENTO O animador deve estimular o despertar de
novos olhares Nada é neutro, nem um diálogo O animador cultural deve
educar para sensibilidades que procura “bagunçar”o instituído O modo de
enquadramento não é estático e depende do “USO” que o público faz do
produto O PAPEL DO SUJEITO Sujeitos não submissos, activos, que possam
se expressar e posicionar-se Auto descoberta- pelo questionamento dos
excessos de disciplina e controle IDEAL ASCÉTICO e disciplinador ( prático)
X HEDONISMO ( prazer ) Animador cultural deve promover o
REENCANTAMENTO do mundo, deve despertar para a descoberta
SUBJETIVA do prazer como princípio transformador da vida, deve
promover a construção de SUBJETIVIDADES FORTES.
ACÇÃO CULTURAL E EDUCAÇÃO EM MUSEUS

Resumo

As preocupações com a educação em museus são já muito antigas,


embora frequentemente se considere ser o Abbé Gregoire, fundador do
Conservatoire des Arts et Métiers em Paris (1794 - finais do século XVIII), o
grande impulsionador destas questões, preocupado que estava com a
formação técnica dos artífices franceses.

No entanto, só a partir do início do nosso século é que se começaram a


fazer os primeiros trabalhos de observação dos visitantes e avaliação do
tipo e a qualidade das informações fornecidas nos museus, podendo ainda
dizer-se que os problemas envolvidos nas questões da acção cultural nos
museus só nas últimas duas décadas, têm sido tratados com maior
profundidade.

A preocupação com estas questões, têm vindo a ser acompanhada por um


esforço visível de renovação das exposições, tornando-as mais apelativas,
informativas e acessíveis e, ao mesmo tempo, assiste-se à implementação
e desenvolvimento de Serviços Educativos nos grandes museus,
agregando técnicos com formação pedagógica. A função destes serviços é
sobretudo a de descodificar as mensagens contidas nos discursos
expositivos e promover acções de animação que permitam ao visitante
atingir facilmente os objectivos "educacionais" da exposição.

O que é Ação Cultural

Missão:

Estimular, difundir e preservar a manifestação artística do ser humano,


como forma de materialização da sua identidade cultural, através do
desenvolvimento de projetos, pesquisas e ações, independente e em
associação com outras entidades governamentais e não governamentais,
buscando a melhoria da qualidade de vida do cidadão.

Objetivos:

I - Pesquisar, planejar, executar, apoiar e incentivar projetos de


desenvolvimento da cultura produzida no âmbito regional, promovendo o
intercâmbio tecnológico e a variedade na forma, no estilo e na estética,
através de mostras, feiras, cursos teóricos e práticos, concursos, shows e
outras formas de manifestação e publicação do pensamento artístico;

II – Produzir, promover, difundir e distribuir projetos de desenvolvimento


da cultura, visando expandir o seu alcance, através de todas as formas de
publicação, difusão e materialização do fazer artístico;

III - Evidenciar a capacidade da produção cultural como gerador de rendas


e empregos, inserindo-a no contexto econômico da sociedade;

IV – Planejar, executar e apoiar projetos de proteção e preservação ao


patrimônio artístico, histórico e cultural, na forma de capacitação de
pessoal e produção de eventos visando a perfeita integração entre
homem e a cultura;

V – Planejar, executar e incentivar projetos de desenvolvimento do


turismo cultural, visando o fortalecimento do mercado cultural;

VI – Planejar, construir, ampliar, organizar e administrar os bens públicos


sob sua responsabilidade através de contratos de gestão, com objetivo de
otimizar a consecução dos seus objectivos

Ação Cultural, ação Artística. Se há duas palavras... Há duas coisas!

Há alguns anos no Togo, encontramos estagiários africanos em um centro


de formação em torno da direção de projetos culturais. Durante duas
horas discutimos sobre cultura, política cultural, ação cultural...
convencidos de estarmos nos compreendendo perfeitamente, quando, no
final dessas trocas, um deles, que até então tinha ficado em silêncio,
finalmente tomou a palavra para dizer: “A discussão dos senhores é muito
interessante, mas na minha língua, em Madagascar, a palavra cultura não
existe. Ela é, portanto, intraduzível”. Naquele instante, tudo o que
tínhamos dito com grande convicção, desmoronou. Se a palavra não
existe, será que a coisa pode existir? Mistério !

Na França, mas também em outros países fala-se frequentemente em


cultura, política cultural, ação cultural... A implantação de instituições
(teatros, bibliotecas, museus...), a organização de eventos (festivais,
manifestações...), o apoio a artistas, companhias, criações... tudo isso
participa da ação dita cultural. Nosso ministério é o das questões culturais
ou da cultura, de acordo com a época a qual nos referirmos. No domínio
da educação, mais precisamente no que se refere à presença da arte e dos
artistas em processos educativos, fala-se de educação artística e cultural
(EAC), sem nunca precisar exatamente o que distingue a dimensão
artística da dimensão cultural, como se esses dois termos fossem
idênticos, ou mesmo permutáveis entre si. Mas no entanto...

Durante muitos anos evitei a pretensão de definir essas duas palavras, por
serem tão polissêmicas. Milhares de páginas foram escritas ao longo dos
tempos por filósofos, etnológos, especialistas em linguística ou estética no
mundo inteiro, para tentar trazer uma definição de arte ou de cultura..
Determinados sociólogos franceses encontraram 117 definições do termo
cultura. Tanto por modéstia quanto por prudência, coloquei-me então
atrás de todos aqueles – inúmeros - que se contentam em deixar essas
noções em uma confortável vaguidão artística e cultural. Mas vejam só !
Na prática, nas ações concretas que propomos a crianças e jovens (e
mesmo aos menos jovens), permanecer no campo dessas incertezas acaba
embaralhando tanto os projetos quanto a reflexão. O que nós temos feito
exatamente: uma ação cultural ou uma ação artística? Onde está a
diferença? Onde estão as complementaridades? De que estamos falando
exatamente?

Qual arte? Qual cultura?

O que é a arte? A arte, diz-se aqui, é o que seria artístico! Obviedade ! A


arte, afirma-se por outro lado, seria o conjunto das obras da humanidade!
Ou ainda, a arte seria simplesmente o resultado da história da arte! A arte
seria ainda, para outros, uma maneira de fazer as coisas com excelência:
arte da cozinha, da cirurgia ou do futebol ! Tudo é arte, somos todos
artistas. A própria política, bem conduzida, seria uma arte de excelência !
Mas então, se tudo é arte... nada é arte! O raciocínio morde a própria
cauda ! Como definir uma ação coerente nesse pântano?

E a cultura? É uma maneira de viver, pensar, comer, vestir-se, acreditar?


Abordagem etnológica bem conhecida: cada grupo humano, ou até cada
indívíduo teria “sua cultura”, elemento essencial de sua identidade,
individual e coletiva. Cultura jovem, cultura urbana, cultura regional,
cultura de empresa, cultura religiosa, cultura sindical, cultura popular... E
assim por diante ! Tratar-se-ia de uma mala a ser enchida, de uma massa
de conhecimentos a serem adquiridos, de uma bagagem a ser constituída?
Uma pessoa que conhece todos os autores do mundo, os músicos e
pintores de séculos passados, os criadores mais contemporâneos, seria
muito culta. E aquela outra, que cultura, comprovada pelas citações que
utiliza a cada frase. E há essa outra que é tão desprovida de cultura que se
quer a todo custo lhe "dar acesso” ao museu, ao concerto, ao teatro e à
biblioteca, a ponto de organizar para ela jornadas de portas abertas nas
instituições, festivais de teatro, entradas gratuitas, cheques-cultura para
suas crianças...? E o fato de atribuir eficácia à ação tomando como único
critério a contabilidade do número de pessoas atingidas? Atingidas,
portanto cultivadas?

Nada disso é completamente falso, mas nenhuma dessas concepções


considerada isoladamente é útil para a elaboração e para a realização de
uma nova política. Na realidade, estamos falando de outras coisas.

Digamos, para simplificar, que a arte é “a coisa” e que a cultura é “a


relação com a coisa”. Explico-me.

A arte é uma atividade humana vertical

A arte é antes de mais nada uma atividade: uma ação do homem, um


gesto, um som produzido, um movimento executado, uma forma
realizada, uma palavra enunciada, uma frase redigida... Seja individual ou
coletiva, esta ação é indispensável à constituição mesma da arte. Desde os
primeiros traços manuais nas paredes das grutas de Lascaux até as
produções virtuais mais sofisticadas, dos cantos guturais das mulheres
inuítes aos filmes em 3D, em todas as sociedades os indivíduos se
mobilizam para agir, cantar, traçar, escrever, dizer... Ou seja, formular, dar
forma a uma palavra, a uma emoção, a um discurso, a um sentido com a
ajuda de uma linguagem simbólica particular. Eles efetuam assim uma
atividade artística. Fora dessa atividade concreta pode haver sonho,
fantasma, imaginário, transe ou loucura. Mas não arte !
A arte, uma atividade humana: os homens, mais precisamente a
humanidade, é a única que produz expressão artística. Se a estética ou a
beleza podem ser encontradas na natureza (tal paisagem, tal luz, tal voo
de pássaro), apenas os humanos agem conscientemente para produzir
determinado efeito estético sobre o modo da representação. Os pássaros
frequentemente cantam muito bem, mas eles sabem disso? Eles são
capazes de intenção, inovação, criação em sua maneira de cantar? É
possível imaginar um festival de criação contemporânea de cantos de
pássaros? Augusto Boal, grande diretor teatral brasileiro afirmava que a
arte – o teatro especialmente – é o que funda a própria humanidade: " O
que distingue o humano do animal é ser capaz de olhar para si mesmo,
portanto de representar um personagem, de fazer teatro”. Arte e
humanidade estão estreitamente ligados, o que implica inúmeras
consequências pedagógicas e políticas.

A arte é, enfim, uma atividade vertical, que não cessamos de erigir e de


aprofundar. De aprofundar para erigir. Não há atividade artística sem
aprofundamento permanente da pesquisa e da formação, sem assumir
riscos, sem imaginação, sem tateamentos e tentativas repetidas, sem um
trabalho subterrâneo o mais das vezes invisível, nutrido por formações e
técnicas adquiridas ou inventadas. Essa dimensão da atividade artística é
frequentemente ignorada. Se atribuirmos aos artistas tempo para
pesquisa e formação, a arte irá melhor. A arte também é, evidentemente,
realização de obras diversas, inesperadas, às vezes opacas, expressões
múltiplas e singulares que podem ao mesmo tempo nos satisfazer e nos
inquietar, responder aos nossos questionamentos mais profundos ou, ao
contrário, avivar nossas angústias individuais ou coletivas. Não há arte
sem obras , a não serem quando confundidas com os produtos
estandardizados que a indústria dita cultural nos propõe com tanta
frequência. Não há arte sem crescimento permanente da criação.

Esta visão da atividade artística, concebida como dialética permanente


entre a pesquisa e a criação, a formação e a realização, o invisível e o
visível fundamenta a própria essência de uma ação artística. Uma ação
artística oferece a grande quantidade de pessoas a possibilidade de uma
atividade artística pessoal autêntica: às crianças das escolas, às pessoas
envolvidas com práticas de amador, e, naturalmente, aos artistas
profissionais. Precisamos oferecer a todos condições as mais adaptadas à
experiência artística que eles pretendem realizar, sem demagogia e sem
confusão.

A cultura é uma relação com o mundo

Ação cultural, educação cultural, acesso à cultura, democratização


cultural, política cultural: o termo cultura parece, também, ao mesmo
tempo evidente e indefinível. Evidente porque indefinível! A incerteza que
pesa sobre sua definição permite todas as confusões, tanto quanto
autoriza todas as concessões. Maneira de pensar, de viver, de comer, de
falar, de se vestir, de estar no mundo: é nossa cultura no sentido
etimológico do termo ! Massa dos saberes, dos conhecimentos teóricos ou
livrescos ingurgitados, “o que resta quando se esqueceu de tudo”: é a
cultura, no sentido intelectual da palavra ! Podemos nos satisfazer com
essas duas concepções dominantes: de um lado, o simples
reconhecimento das diversidades de modos de vida ou de pensamento;
de outro lado, apenas a busca sempre inacabada de saberes novos,
principalmente no domínio do patrimônio ou da criação artística
contemporânea? Concepção “bancária”, dizia o pedagogo brasileiro Paulo
Freire. Nenhuma dessas perspectivas pode nos convir.

Se a arte é uma atividade humana vertical, a cultura me parece ser, antes


de tudo, uma atitude, uma aptidão, uma relação com o mundo, com o
pensamento e especialmente com as obras artísticas, que permite a cada
um se situar no mundo das ideias e dos símbolos. Ela se inscreve em uma
dimensão horizontal quedemanda, de um lado, a sensibilização, a
educação; de outro lado, a frequentação regular e diversificada das obras,
o trabalho do espectador, do leitor ou do ouvinte. Nesse sentido, a cultura
é sempre um trabalho tanto quanto um lazer, um esforço distante dos
prazeres fáceis do consumo cultural, uma atitude de curiosidade e de
abertura, de tolerância tanto quanto de espírito crítico, enfim, uma
construção lenta e perseverante do indivíduo por ele mesmo quando se
encontra confrontado com as obras mais complexas do espírito. “ O que
distingue um homem culto de um homem não culto não é somente a
posse de um bem: é um caminho que não foi percorrido, um trabalho que
não foi feito” escreve Danièle Sallenave (Le Don des morts. Gallimard,
1991).

Se as definições aqui propostas forem aceitas, a distinção entre arte e


cultura, ação artística e ação cultural torna-se mais clara.

Acção artística ou cultural

A acção artística passa essencialmente por uma prática, por uma


actividade pessoal e/ ou colectiva que permita a cada um se confrontar
com as restrições da formalização de uma ideia, de uma emoção, de um
sentido simbólico. Não se pode imaginar uma acção ou uma educação
para a arte (ou pela arte) que não abra espaço para a actividade real dos
participantes. É preciso se movimentar, pintar, desenhar, dançar... Enfim,
agir para que a arte possa acontecer. Há milhares de maneiras possíveis
para se conseguir isso, desde o desenho infantil até o desempenho mais
sofisticado de um grande artista profissional, passando por todas as
aventuras intermediárias: cada um ao seu modo, todos fazem arte,
mesmo que a realização seja, evidentemente, muito diferente. A ação
artística é, portanto, a organização concreta dessas possibilidades de agir,
de experimentar a actividade artística.

A acção cultural é de outra natureza; seu objectivo principal é desenvolver


a cultura dos indivíduos, ou seja, sua relação com as ideias, as formas, os
símbolos, as obras. Esse trabalho passa inicialmente, no que diz respeito à
cultura artística, pela relação com as obras de arte: é preciso assistir a
espectáculos, ler livros, ouvir música, visitar museus... enfim, confrontar-
se o mais intimamente e o mais regularmente possível com obras de
artistas de ontem e de hoje. Para isso, inúmeras possibilidades são
oferecidas e é preciso inventar outras sem cessar, em função do território,
dos públicos em questão. É preciso oferecer todas as oportunidades de
alargar o campo cultural, de um lado pela educação e sensibilização,
desde a mais tenra idade, especialmente em meio escolar. É o que
chamamos às vezes de “escola do espectador”. Mas é preciso também
trabalhar na difusão das obras, na mediação, tanto quanto em torno de
elementos muito concretos: o preço, o transporte, o espaço, o tempo...
Sem proximidade com obras de arte é muito difícil forjar para si mesmo
uma cultura artística, mesmo que a internet e as novas tecnologias da
comunicação ofereçam agora novos meios para isso.

De acordo com as concepções expostas, um projeto ideal é


evidentemente um projeto que leve em consideração as duas dimensões
ao mesmo tempo: a artística e a cultural. Pouco importa a maneira de
entrar no projeto, pela prática ou pela relação com as obras, o importante
é apenas poder associar essas duas dimensões ao longo da abordagem,
para que elas se alimentem mutuamente, completem-se, enriqueçam-se.

O Educador Social e o Animador Sociocultural. O que é a Educação Social?

O Educador Social e o Animador Sociocultural

O que é a Educação Social.

“Historicamente a educação social teve uma conceção sociologista da


educação (Durkheim, Natorp, Barth, Kerschenteiner, Dewey, O.
Willmann”. (Ernesto Martins. Revista espaço S).

Segundo Ernesto Martins, quando falamos em educação social devemos


analisar as características do meio social envolvente ao sujeito a intervir,
já que essa educação é uma resposta à realidade social provocada pelo
impacto das novas tecnologias (sociedade da informação e da
comunicação), da transformação dos meios de sociabilidade tradicionais
(familiar, profissional, cultural, valores, desestruturação dos movimentos
sociais, entre outros), meios de comunicação social, do consumo, das
novas bolsas de pobreza, da exclusão social, da crise do Estado de Bem-
estar, entre outros.

Compreendemos desta forma que o conceito de educação social é de


difícil precisão e definição, já que varia com a ideologia vigente, o
paradigma teórico prático e com as perspetivas profissionais.

Já para Faure (1972, citado por Serrano, 2008) afirma que “a educação,
pelo conhecimento que proporciona do ambiente onde se desenvolve,
pode ajudar a sociedade a tomar consciência dos seus próprios problemas
e que, na condição de dirigir os seus esforços para a formação de Homens
completos, comprometidos conscientemente no caminho da sua
emancipação coletiva e individual, pode contribuir, em grande medida,
para a transformação e humanização das sociedades”.

Desta forma, a Educação Social, está condicionada pela sua história, mas
parte dela realizada a partir de políticas sociais, próprias da sociedade de
bem-estar. Dai a importância do conhecimento de determinados aspetos
dessa sociedade.

As ideias de educação social surgiram após o séc. XVIII e no séc. XX na qual


surge a emergência da educação social.

As regalias sociais como o ramo para o assistencialismo vão contribuir


para o surgimento da educação social. Este será um grande contributo
para a justiça social, para melhorar o progresso, atenuar as desigualdades,
sendo pressupostos e valores que conduzem a objectivos como preparar o
indivíduo para viver em sociedade.

As necessidades humanas surgem de acordo com cada sociedade e época,


em que determinado nível de desenvolvimento dos valores e da forma
especifica entre o individuo e comunidade.

A partir da segunda guerra mundial é que se configurou e generalizou a


forma de organização social com o estado de bem-estar. A Educação
Social como disciplina autónoma só começa em meados do séc. XX com a
Alemanha a pioneira, Espanha mais cedo anos 80 e em Portugal nos anos
90, assim, para perceber os fatores da Educação Social temos que
perceber a sua raiz histórica humana que passou por várias fases até
chegar à atual.

Segundo Adalberto Dias de Carvalho e Isabel Batista, “A educação social é,


a expressão da responsabilidade da sociedade diante dos problemas
humanos que a percorrem e que ela não pode radicar”

Assim sendo, e de acordo com as recomendações da UNESCO, neste novo


século cabe à Educação Social promover junto dos sujeitos de todas as
idades, a capacidade de apropriação critica do seu presente de modo a
poderem tomar decisões sobre um futuro que responda aos interesses, e
desejos, pessoalmente construídos segundo uma lógica de solidariedade e
justiça.
Segundo Carvalho, “ No contexto de uma sociedade que se deseja
educativa, a educação deverá corresponder ao tesouro a descobrir, por
todos e por cada um”. (p. 60).

Entende-se assim, que as metas da educação social não são redutíveis a


uma pedagogia de urgência.

Desta forma os problemas sociais são reflexões, às quais podemos


recorrer ao conceito de educação social, sendo que esta abrange um
campo de intervenção num espaço-comunitário, com características
diferentes, tanto no âmbito social como no carácter pedagógico.

O educador social estabelece-se intervindo com as mais diversas faixas


etárias desde crianças, jovens, adultos e idosos, e nos mais diversificados
contextos sociais, culturais, educativos e económicos. A lógica da
educação social, impôs-se sobre certos conflitos e interesses não
científicos. As distintas realidades sociais exercem um poder, tendo um
espaço envolvido.

A educação numa perspectiva teórico prática define-se como uma mesma


realidade, na qual as acções deverão ser analisadas e estudantes, na
actualidade esta ocupa um espaço próprio e abrange a cultura de cada
um, desta forma podemos recorrer a vários métodos para descobrirmos a
nossa realidade.

A definição como educadores sociais, é uma realidade completa,


determina um espaço na sociedade, transmite valores próprios de uma
determinada sociedade, tem ainda, uma influência dos poderes públicos,
com fins políticos para a vida social.

O facto é que a aprendizagem ocorre sempre em qualquer lado na qual


podemos concluir que tudo é aprendizagem, logo o que varia é o modelo
pelo qual essa aprendizagem decorre. Os modelos de Educação dividem-
se em três principais grupos, na educaçao formal, na educaçao não-formal
e na educaçao informal.

Fazendo alusão a Órtega (1999), o autor refere que há muito mais


educação fora do que dentro do sistema escolar e que este deverá
procurar sempre o objetivo da educação “ao longo da vida”, devendo
assim, a educação social, ajudar a ser e a conviver com os outros.

Para o autor, é necessário que a educação social, se sintetize no


contributo para que o indivíduo se integre no meio social á sua volta,
tendo assim aptidão para melhorar e transformar.

Por ter um perfil facilitador e de mediador, e principalmente ser um


profissional da condição humana, ajusta-se assim de forma bastante
qualificada.

O educador social “assume na relação o duplo estatuto de algum que está


diretamente implicado e, ao mesmo tempo, impedido de tomar partido
ou de dar a solução. Cabe-lhe, sobretudo, escutar e estar atento, criando
situações de encontro e de proximidade favoráveis à emergência de
respostas pessoais por parte dos educandos, os verdadeiros protagonistas
da ação.” (Carvalho, 2004 O Educador como ator e mediador social, p.93,
em Educação Social: Fundamentos e Estratégias).

A educação social pode ser definida como um conjunto fundamentado de


práticas educativas orientadas para o desenvolvimento da socialização dos
indivíduos, com vista a dar resposta adequadas aos seus problemas e
necessidades.

A educação social está intimamente ligada a uma função de ajuda


educativa a pessoas e grupos que fazem parte da realidade social. É o
processo de transformação do indivíduo biológico no indivíduo social
através da transmissão e aprendizagem da cultura e da sociedade, é
igualmente devido a este processo de socialização que o indivíduo vai
adquirindo a capacidade de participação e integração social no grupo em
que vive.

A educação social pode ser entendida como a aquisição de competências


sociais como por exemplo a pertença a um grupo, pressupõe a valorização
dos indivíduos, a intervenção sociocomunitária e um instrumento para a
socialização e para a correta inserção social.

A educação social será assim, um conjunto de procedimentos utilizados


pelas sociedades mais desenvolvidas com a finalidade que todos os seus
membros observem aquelas normas de conduta aceites e consideradas
como necessárias para o atingir da ordem social.

O que é a Animação Sociocultural.

Segundo a UNESCO, “A Animação Sociocultural é um conjunto de práticas


sociais que têm como finalidade estimular a iniciativa, bem como a
participação das comunidades no processo do seu próprio
desenvolvimento e na dinâmica global da vida sociopolítica em que estão
integrados".

Assim sendo o aparecimento da Animação Sociocultural esteve


diretamente relacionado com a revolução industrial e com todas as
transformações e mudanças que dai resultaram, tais como a saída dos
campos para as cidades, na qual originou o crescimento da população
urbana e à desertificação rural provocando grandes alterações no sistema
familiar e o sistema social. Desta forma, o incremento do tempo livre foi
uma conquista da revolução industrial através do conhecimento da sua
importância e da sua inscrição enquanto direito do ser humano e dai a
ligação á Animação Sociocultural.

Dai o discurso teórico da Animação Sociocultural é o da cultura, na qual


nos remete para uma dimensão cultural.

Etimologicamente, “cultura deriva do verbo latim “colere”, que significa o


ato de “cultivar a terra”, como também é o de honrar, render culto,
tributo, em especial aos deuses”. (Ander-Egg, sd: 18).

A Animação Sociocultural surgiu para ajudar os indivíduos a adaptarem-se


à comunidade e para prevenir e estar atenta a fenómenos de “subre
adaptação” na qual provocam a despersonalização, o conformismo, a
alienação e a passividade.

Assim, pretende a Animação Sociocultural a transformação da


comunidade a partir da dinamização, mobilização e implicação dos
indivíduos para atingir o desenvolvimento dessa mesma comunidade.
Assim, a Animação Sociocultural colabora para o progresso cultural da
sociedade, sejam eles por ordem tradicional, musical, artesanal, entre
outras. Trabalhando sempre na comunidade, importante referir que este
técnico prefere esta designação do que o conceito sociedade “porque,
enquanto intervenção não afeta "toda a sociedade", mas sim grupos ou
coletivos inseridos num contexto de uma "comunidade" específica, num
território concreto.” (Calvo, 2002, citado por APDASC, 2006).

O animador Sociocultural é um técnico que investiga o seu grupo alvo, de


forma a perceber quais são as suas necessidades e atuando sobre as
mesmas, no sentido de combater as fraquezas patentes, através da
implementação de projetos de intervenção comunitária, sempre com a
pretensão de melhorar a qualidade de vida social. Deve integrar equipas
multidisciplinares.

As atividades dinamizadas por este técnico podem ser de carácter cultura,


desportivo, lúdico, educativo, social, recreativo, comunitário, institucional,
entre outros.

Desta forma, a Animação Sociocultural é uma estratégia de intervenção


que, trabalhando por um determinado modelo de desenvolvimento
comunitário, tem como finalidades promover a participação e
dinamização social a partir dos processos de responsabilização dos
indivíduos na gestão e direção dos seus próprios recursos, assim, a
Animação Sociocultural segundo Trilla, 2002, citado por APDASC, 2006, “ a
Animação Sociocultural poderá ser vista como um “antídoto eficaz” contra
as patologias de uma sociedade que resultam de ruturas comunicacionais”
… “de perda de referências e de todas as garantias sociais que davam a
segurança existencial ao indivíduo”.

Assim sendo, a Animação Sociocultural tem três tipos de dimensões, a


cultural, a social e a educativa. Já referente á dimensão educativa, é assim
inegável que o animador Sócio Cultural insere a sua prática em
componentes educativas, tendo uma dimensão educativa apesar de
educação e Animação Sociocultural não serem “conceitos equiparáveis
por terem extensões semânticas desproporcionalmente desiguais”,
segundo (Trilla, 2002, citado por APDASC, 2006).

Assim, o universo educativo é dividido em três áreas, a formal, a não


formal e a informal. “É habitual situar a Animação Sociocultural
basicamente no sector não formal” (Trilla, 1997: 28, citado por APDASC,
2006). Mais tarde o mesmo autor refere que “ face à inclusão da
Animação Sociocultural no âmbito educativo ouve a necessidade de
enquadrar a animação nas três áreas, a formal, a não formal e a informal,
pelos contextos em que actua e pelas atividades que promove”. Segundo
(Trilla, 2002, citado por APDASC, 2006).

Segundo Ander-Egg (1999), “A Animação Sociocultural é uma metodologia


participativa, que implica por isso mesmo a participação de todos os
envolvidos na intervenção”. Esta teve origem na promoção de atividades
de ocupação do tempo livre, corrigir o desenraizamento cultural,
promover o diálogo e a aproximação entre gerações e sectores sociais.

Assim sendo, os seus objetivos centram-se na melhoria da qualidade de


vida e bem-estar da comunidade e dos seus cidadãos, principalmente dos
que se encontram em situação de marginalização, pela sua participação
ativa, diminuindo as assimetrias sociais. A nível das transformações
sociais, tem como foque alteração de comportamentos, atitudes, valores e
mentalidade. Dai dizer-se que esta profissão é um grande desafio na
medida em que é difícil lidar com mentalidades, com populações
problemáticas.

Qual o perfil de competências do técnico de Educação Social.

O Educador Social, tem como competências, (re) construir saberes,


competências e práticas conducentes ao desenvolvimento, educar
significa intervir, com uma finalidade, um objetivo concreto e bem
delineado, com intenção de provocar algum efeito.

Dai uma educação, como politica socioeducativa é inseparável do


progresso social e humano, onde o risco deixa de ser uma ameaça global e
passa a ser a razão para a mudança, para o desenvolvimento integral do
“EU” e do “Outro”, com o “Outro”, uma resposta de mudança e
crescimento pessoal e social.

A educação social assume assim, responsabilidades na formação cívica das


pessoas e esta supõe uma diversidade complexa e integrada de
aprendizagem.
Cabe ao Educador Social tornar-se assim um terapeuta no e pelo
acontecimento quotidiano bem como intervir a nível de competências na
mudança de mentalidades e desta forma educar. Educar é em grande
parte, levar a pessoa do “ser” ao “dever ser”. Deste modo, tornou-se
crucial desenvolver novas metodologias de intervenção como a pedagogia
social e a educação social, como crescimento completo de cada pessoa,
como membro estratégico de uma sociedade regida pela cooperação e
pela solidariedade, mas também pela desigualdade e marginalização
social, provocada pelo risco social.

Ser Educador Social é, questionar práticas e refletir sobre o seu próprio


papel profissional, ser capaz de se aproximar da pessoa e de lhe conferir
um destaque legítimo na construção do seu percurso de vida, valorizando
as suas capacidades de aprender a aprender, o seu reportório de
experiências.

“Educar consiste em procurar influenciar o outro, e influenciar o outro


implica transmitir valores, dar uma direção e um sentido à vida
convidando à adesão a uma certa visão do mundo” (Adalberto Dias de
Carvalho, 2006, p.54).

Cabe ao Educador Social, apadrinhar a pessoa, ajudando-a a interpretar o


mundo e a desenvolver formas de relacionamento com outros, assente
em princípios de entendimento e respeito pela diferença que caracteriza a
individualidade e unicidade inerente à vida.

A educação social assume assim, responsabilidades na formação cívica das


pessoas e esta supõe uma diversidade complexa e integrada de
aprendizagem.

Os Educadores Sociais são profissionais de intervenção social, que visam


restabelecer o bem-estar dos seres humanos, recorrendo a todos os meios
suscetíveis de responderem às necessidades e aspirações dos indivíduos e
dos grupos, tendo sempre como referencia o respeito pelos direitos
humanos e pelos princípios da democracia e da liberdade.

O Educador Social é um profissional que não se limita só a satisfazer as


necessidades básicas das pessoas, pois o seu dever é também o de
socializar e integrar pessoas em risco de exclusão e marginalização. Este
profissional é o mediador entre os indivíduos e a sociedade, articulando e
ajudando o indivíduo à sua sociedade.

Enquanto mediador social, o educador terá que criar espaços de


mediação, onde se mostre possível criar e desenvolver alternativas que
conduzam a um equilíbrio entre o indivíduo e a sua comunidade.

Desta forma faz parte do conteúdo funcional do Educador Social, a ação


direta com as pessoas, pautada pelo princípio da educabilidade,
permitindo criar um espaço profissional com sentido, logo com futuro,
visto serem profissionais de terreno.

Os problemas sociais tais vão fragilizando o Homem, aniquilando os seus


horizontes e propósitos futuros. É nesta linha de reflexão que emerge a
educação social, como crescimento absoluto de cada pessoa e como
membro estratégico de uma sociedade regida pela cooperação e
solidariedade, onde a educação é inseparável da evolução social e
humana. Adalberto Dias de Carvalho. (2006).

A educação tem de ser vista como um projeto pluricultural, ou seja,


aprendizagem de pluralidade, desta forma as transformações sociais que
se tem verificado levam a que os limites da educação se tenham
modificado.

Como resposta a este fenómeno tem surgido novas formas de trabalho


social, novos destinatários e novos agentes educativos.

Assim educar é uma reflexão permanente, uma troca de experiencias,


dialogar, e os modelos de educação serão tantos como as culturas
existentes.

Desta forma compete ao educador, perceber quais são as necessidades de


cada educando, quais os valores culturais e sociais, e com o fim de
proporcionar condições de desenvolvimento de competências pessoais e
sociais.
Os valores que devem complementar esta combinação de atitudes e
competências são a tolerância, a justiça, a igualdade, o respeito pelos
outros e a solidariedade.

A tarefa do educador numa sociedade multicultural não é nada mais


lógico que aceitar as diferenças culturais como fatores positivos e dai
partir para um desenvolvimento equilibrado, igualmente conseguir
reconhecer as diferenças culturais dos educandos e encontrar estratégias
de adaptação e desenvolvimento que todos respeitem e a todos de
incluam.

O educador social é um trabalhador social especializado em intervenções


diretas no campo com qualquer faixa etária, um pedagogo, cuja missão é
ensinar a vida, um “psicoterapeuta” envolvido na realidade diária do seu
educando, um “sociólogo”, colocado muitas vezes na rua e intervindo
diretamente com vista à prevenção da delinquência e do consumo das
drogas por exemplo.

Segundo (Ginger, 1990), “O educador social é um técnico que intervêm


com as famílias e com a sociedade em geral, a sua “especialidade” é não
ter nenhuma. A formação polivalente e generalista e a sua experiencia no
terreno habilita-o a ser, de certa forma, o “capitão” da equipa de
prevenção e intervenção socioeducativa, encarregue do dever de mudar o
jogo enquanto coordena uma estratégia de intervenção mais global”.

O educador social faz intervenção socioeducativa e esta intervenção deve


ser interdisciplinar. Desta forma o educador social atua ao nível das
necessidades socioeducativas, na qual estas necessidades podem ser,
sociais, a integração, participação, transformação, dinamismo, mudança,
todas centradas no grupo ou na comunidade. Educativas, a nível do
desenvolvimento pessoal, mudança de atitudes, responsabilidade, tomada
de consciência, motivação, sensibilização, sentido crítico, isto centrado na
pessoa.

Assim, as funções do educador social são dar respostas a necessidades e


gerar novas necessidades, e objetivos é potencializar os recursos pessoais
do cidadão seja qual for a sua situação social e estimular o
desenvolvimento e o uso dos recursos comunitários.
A educação social tem assim como objetivos, facilitar o acesso dos
cidadãos a esses recursos, facilitar a relação interpessoal entre os
membros de um grupo social, facilitar e possibilitar o crescimento pessoal
e comunitário do grupo social, facilitar a aquisição de normas de
convivência social, ser um agente de mudança e adaptar estratégias de
intervenção com a finalidade de combater o desequilíbrio social.

Os educadores sociais têm como âmbito de intervenção em contexto


aberto as ruas, bairros e cidades, fechados, escolas, centros de
acolhimento, centros educativos, hospitais entre outros, e mistos como as
instituições de índole social, cultural e religiosas.

Assim, a educação social surge para dar resposta a novas necessidades


educativas que o sistema escolar não pode satisfazer devido ao
formalismo e rigidez do sistema educativo. Assim a educação social tem
como intervenção, uma intervenção multidisciplinar na qual existem
dificuldades em demarcar os limites da intervenção em relação aos outros
trabalhadores sociais.

Assim, o educador social é um agente de mudança, que trabalha com


pessoas a responsabilização com vista á autonomização, traça objetivos
para que as populações alvo possam evoluir enquanto pessoas, desta
forma o perfil do educador tem que ter como características
fundamentais, incentivar, guiar, orientar, agir, escutar. Tem como ação
aprender, partilhar conhecimento e dinamizar, e vai ensinar a ser, a fazer,
a conhecer e a viver com os outros.

É assim fundamental que o educador social tenha em conta, os limites da


sua intervenção, trabalhar a autonomia, em todos estes processos o
educador deverá valorizar e aceitar as diferenças culturais e não
uniformizar as medidas aplicadas, não esquecer as diferentes
competências e conteúdos funcional de cada técnico que se trabalhe em
conjunto, bem como encontrar o espaço de intervenção do educador
social.

Nunca esquecer que não existem regras para atuar, para educar e intervir.
No entanto, bom senso, humildade e maturidade fazem parte dos traços
do educador social.
A intenção do Educador Social é a promoção das competências do
indivíduo e do seu meio envolvente, competências essas que se centram
na criação de mecanismos atenuantes e de condições de vida adaptadas à
situação, permitindo assim à pessoa viver de forma equilibrada no seu
meio com as suas dificuldades e os seus problemas.

A pedagogia da Educação Social,

“Educar para o mundo, educar para a vida, educar para as relações,


educar para as dificuldades, educar para os sonhos, educar para as
transformações, educar para as diversidades, educar para as descobertas,
educar para o tempo, educar para as mudanças, educar para o
discernimento, educar para o pensar, educar no próximo, o pensar na
troca, o pensar em uma sociedade mais justa, mais pedagogia, mais social
….”.

Qual o perfil de competências do técnico Superior de Animação


Sociocultural.

O Animação Sociocultural tem como missão a promoção e o


desenvolvimento sociocultural de grupos e comunidades, organizando e
coordenando o desenvolvimento de atividades facilitadores de animação,
quer de carácter cultural, quer educativo, quer social, lúdico e recreativo.

A nível de atividades estuda, integrado em equipas multidisciplinares, o


grupo alvo e o seu meio envolvente, diagnosticando e analisando
situações de risco e áreas de intervenção sob as quais atuar.

Planeia e implementa em conjunto com a equipa técnica multidisciplinar,


projetos de intervenção sociocomunitária.

Planeia e organiza, atividades de carácter educativo, cultural, desportivo,


social, lúdico, turístico e recreativo, em contexto institucional, na
comunidade ou ao domicílio, tendo em conta o serviço em que está
integrado e as necessidades do grupo e dos indivíduos, com vista a
melhorar a sua qualidade de vida e a qualidade da sua inserção e
interação social.
Promove a interação grupal e social, incentiva, fomenta e estimula as
iniciativas dos indivíduos para que organizam e decidam o seu projeto
lúdico ou social, dependendo do grupo alvo e dos objetivos da
intervenção, fomentando igualmente a interação entre os vários atores
sociais da comunidade.

Acompanha as alterações que se verifiquem na situação dos clientes/


utilizadores que afetem o seu bem-estar e atua de forma a ultrapassar
possíveis situações de isolamento, solidão entre outros.

Assim, “o animador deve pensar global e agir localmente, defendendo as


culturas locais e populares, salvaguardando as identidades regionais,
resistindo à globalização nos seus efeitos mais perversos e redutores da
riqueza ou pobreza, términos absolutos, da ausência de igualdade de
oportunidades. O animador deve ajudar a compreender e a enfrentar um
mundo cada vez mais inteligível, descodificando assim, os seus sinais,
apetrechando os menos preparados na revolução da sociedade do
conhecimento e da informação”. (Tracana, 2006: 13).

O animador tem desta forma um papel libertador, fazendo frente à


globalização e favorecendo assim a reprodução social e cultural de cada
comunidade.

Cabe ainda ao animador Sociocultural, a nível do seu perfil, reforçar o que


é único dentro do que é padronizado pela globalização, para que se
atenuem as assimetrias e todos tenham oportunidades dentro da mesma
sociedade, tendo ainda a missão de levar os indivíduos a refletir sobre
fenómenos e acontecimentos atuais, porque segundo Fragoso, “ a
globalização é um fenómeno muitíssimo complexo que está a acontecer e
que se relaciona fortemente com o local” (p. 78).

Assim, sendo há uma relação direta entre as mudanças macro e micro,


havendo uma influência recíproca.

O animador Sociocultural é o agente que põe em funcionamento e dá


continuidade à aplicação dos processos de animação. É um dinamizador
de mobilidade social que está ao serviço de uma instituição pública ou
privada de carácter administrativo ou associativo e de modo voluntario ou
profissional, promove a intervenção sócio cultural na comunidade em que
atua.

Segundo Cavalcanti, “O seu trabalho técnico atua apoia-se na relação


pessoal com os destinatários, a sua integração no grupo e o de facilitar
nele processos de coesão, vivencias ou experiencias e tomar posições
ativas sobre o meio em que se realiza a animação” (p. 107).

“Perfil do animador Sociocultural - animar-se, antes de pretender animar


qualquer ambiente ou situação, é um grande desafio para o Animador
Sociocultural. Entusiasmar-se com a Vida para tornar-se auto confiante do
seu papel na sociedade. A tarefa de despertar o Entusiasmo, de criar um
ambiente harmonioso, pleno de Vida, começa por ai mesmo. É preciso
confiar na Vida, na sua generosidade”.

(Cavalcanti, 2007: 11).

O que diferencia e ao mesmo tempo completa os dois técnicos.

Fala-se muitas vezes de um desconforto relativamente á “sobreposição”,


quer de funções e papéis dos trabalhadores nas áreas sociais, de facto
existe uma fragilidade tanto dos técnicos como das estruturas da
educação social, a singularidade do nosso perfil profissional. Quer os
técnicos de educação social quer da animação sociocultural, há de facto
uma similitude nos perfis.

Estes dois técnicos compartilham alguns saberes teóricos e práticas, bem


como existem as tais diferenças práticas que a principal é sem dúvida os
perfis profissionais diferentes, que já referi anteriormente na definição
destes dois técnicos, alem das diferenças a nível do ensino académico.

Assim sendo, o Animador Sociocultural tem uma componente mais lúdica


e cultural promovendo a dinamização do coletivo e da comunidade para
os seus tempos livres, enquanto o Educador Social tem uma componente
mais educativa e com uma base mais individual de acordo com o projeto
de vida de cada indivíduo, sempre assente numa prática pedagógica e
social, onde a minimização de problemas ou necessidades é a grande
finalidade deste técnico. Promovendo desta forma, as competências do
indivíduo, sejam elas pessoais, sociais e profissionais.
Quanto ao que diferencia os dois técnicos, o Animador Sociocultural
assume uma importante função de mediador e facilitador das práticas
culturais nos tempos livres, de forma a contribuir para o desenvolvimento
cultural de um coletivo, grupo ou comunidade.

O facto do Animador Sociocultural se centrar num coletivo, grupo ou


comunidade revela à partida a sua dimensão social, desta forma, é por
desenvolver uma ação contextualizada e enraizada em ambos territoriais,
quer a nível da “sociedade”, quer a nível da “comunidade”, logo aqui se
diferencia dos restantes técnicos de intervenção social.

O Animador Sociocultural promove ainda a intervenção sócio cultural na


comunidade em que atua e atenuar as desigualdades, sendo pressupostos
e valores que conduzem a objetivos como preparar o indivíduo para viver
em sociedade.

Ambos pertencem à esfera da Educação Não formal, este compreende


toda a atividade que envolve um currículo e uma atividade organizada e
sistemática.

Embora a base educativa esteja presente, a animação, não pode contudo


ser confundida com o conceito puro de educação pois, não são conceitos
equiparáveis por terem extensões semânticas desproporcionalmente
desiguais.

Ambos trabalham o Social mas em perspetivas diferentes, como já


referido anteriormente. Enquanto o Animador Sócio Cultural se move
numa perspetiva mais coletiva e cultural, o Educador Social promove no
indivíduo a mudança e o atingir determinadas competências para se
adaptar à sociedade.

O trabalho executado pelos dois técnicos em muito se assemelha, sendo o


trabalho de ambos bastante importantes numa equipa multidisciplinar.

Os dois acabam por ter uma componente educativa extensa e a


importância é a transmissão dos valores, as questões do saber ser, saber
estar, saber fazer, o sentido da responsabilidade e cooperação no grupo.
Quanto a mim para uma melhor compreensão das diferenças entre a
educação social, animação sociocultural bem como outras profissões na
área do social, é fazer-se uma análise dos currículos dos diferentes cursos,
e aqui sim tentar perceber a “lógica educacional”.

Os Educadores Sociais têm um perfil único no sentido das competências


pedagógicas, sociais, pessoais e profissionais dos cidadãos com vista a
autonomia das pessoas nos seus processos de vida, ou projetos de vida,
permitindo-o crescer e aperfeiçoar-se enquanto pessoa e melhorando
desta forma a sua qualidade de vida.

A educação está intimamente ligada ao processo de socialização (à


transmissão de valores, normas, crenças e comportamentos) e de uma
forma mais restrita "o termo educação designa todo ato ou ação
intencional, sistemática e metódica que o educador realiza sobre o
educando para favorecer o desenvolvimento das qualidades morais,
intelectuais ou físicas que toda pessoa possui em estado potencial.

(Ander-Egg, 1999, citado por APDASC, 2006)

Qual a potencialidade do trabalho realizado por estes dois profissionais na


intervenção.

A potencialidade do trabalho realizado por estes dois profissionais, quer


dos Educadores Sociais, quer dos Animadores Socioculturais, na
intervenção é a nível do contexto da intervenção social, ou seja do
empowerment na qual é, atualmente, um conceito muito falado no
contexto da intervenção social.

O empowerment é complexo, ou seja, o olhar para o umbigo da


intervenção social que levamos a cabo e refletir à luz de um modelo que
oferece, ao utente, a chave para a mudança.

O empowerment é tanto um valor de orientação no trabalho comunitário


como um modelo teórico para compreender os processos e as
consequências dos esforços e energias para exercer influência e controlo
nas decisões que afetam tanto a vida das pessoas, como o funcionamento
organizacional e a qualidade de vida de uma comunidade, ou seja,
fundamental como base para o trabalho deste dois técnicos, uma vez que
é fundamental uma participação ativa destes técnicos.

John Friedmann (1992), defende que “políticas de desenvolvimento


baseadas numa doutrina económica conservadora oferecem poucas
perspectivas de uma vida melhor para os excluídos, isto é, para a maioria
da população mundial”. Assim, o autor sugere uma abordagem alternativa
do desenvolvimento com base na ideia de empowerment.

Na realidade do nosso dia-a-dia, além de trabalharmos para a autonomia


das populações alvo na qual intervimos, é feito simultaneamente um
trabalho que torna as famílias em agentes ativos no seu processo de
mudança, sempre com vista a sua autonomização. Ou seja, que se sinta
capacitado para de um modo autónomo ou com os devidos elementos ou
instrumentos auxiliares, possa receber no seio familiar os seus educandos.

Para tal, empreendemos junto dos progenitores, ou de outros membros


da família um processo de empowerment, isto é:

« (…) um processo de reconhecimento, criação e utilização dos recursos e


de instrumentos pelos indivíduos, grupos ou comunidades em si mesmo e
no meio envolvente, que se traduz num acréscimo de poder psicológico,
sociocultural, político e económico, que permite a estes sujeitos aumentar
a eficácia no exercício da sua cidadania». (Barata: 1998:247).

Pretende-se, mediante uma estratégia de empowerment, exercer uma


acção junto da família com a finalidade de aliviar tensões mediante uma
tomada de consciência dos intervenientes (reconhecer os limites e as
forças em presença).

Receitas mágicas não existem. Mas evolução é possível, dando sempre


controlo, para que se sintam ativos e responsáveis na resolução dos seus
reais problemas e dentro das competências que demonstram ou possam
vir a demonstrar.

Você também pode gostar