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Boa Esperança/ES
Pedra da Botelha

Ética Empresarial
Uma pergunta reveladora

O famoso psiquiatra e fundador da escola analítica de psicologia,


Carl Jung, perguntou a um soba africano qual era a diferença
entre o bem e o mal. Este não teve dúvidas. Disse com todas as
letras:
“Quando roubo as mulheres de meu inimigo, isso é bom. Quando
ele rouba as minhas, isso é mau.”
Por que será?

No dia a dia das empresas, as questões morais deixam


poucos à vontade, desde empresários a gestores,
desde membros dos conselhos de administração a
auditores, desde oficiais de compliance ou de
controles internos a integrantes de comitês de Ética.
Conceito

A Ética Científica, como conjunto de conhecimentos,


tem a virtude de nos fornecer conceitos precisos e
seguros, que transcendem as especulações
ideológicas, sem deixar de reconhecer o caráter
histórico das moralidades, que permite abordar e
tornar inteligíveis os fatos morais.
Lidando com o “bem” e o “bem”

Em vez de escolher entre o bem e o mal, como é


costume fazer, podemos enfrentar situações em que
“se faz opção entre o bem e o bem”.

Acredite, tarefa delicadíssima e nada incomum.


Lidando com o “bem” e o “bem”

 Pagar uma dívida em dia ou emprestar dinheiro a


um amigo necessitado?
 Solidarizar-se com um colega injustiçado, assumindo
o risco de ser demitido, ou não se comprometer
para manter o emprego?
 Denunciar a empresa que o emprega pela descarte
irresponsável de resíduos químicos ou participar de
um grupo de trabalho encarregado de encontrar
soluções de manejo adequado?
 Aceitar fontes anônimas de denúncia de malfeitos
ou admitir tão somente fontes identificadas de
denúncia?
Qual posição tomar?

 Nesses casos, não existem regras preestabelecidas.


 Tomar posição ou definir preferências supõe um
conjunto de discernimento, seja para fixar uma
tábua de valores, seja para avaliar consequências e
calibrar custos e benefícios.
 Em ambas as hipóteses, as escolhas provocam
desgastes, porque ninguém sai ileso ao abordar
dilemas do gênero.
Em alto mar (estudo de caso)

Numa plataforma petrolífera, eclode um princípio


de incêndio. Os funcionários acorrem para
debelar o fogo. Na refrega, e surpreendendo a
todos, um dos petroleiros se lança em meio à
fornalha. Seu corpo fica carbonizado. Todos
sabem que o colega sofria de depressão crônica
e que não largava o emprego porque tinha
mulher e dois filhos para sustentar. O que fazer?
Como relatar a ocorrência à companhia?
Declarar que foi um suicídio ou um acidente? No
primeiro caso, a família não seria indenizada e
ficaria à míngua; no segundo, não.
Uma análise rápida

Esses dois cenários nos levam a graves


questionamentos:
Será que o bem de poucos justifica o mal de muitos?
Ou, será que o bem de muitos justifica o mal de
poucos?
Em quais circunstâncias podem prevalecer os
interesses da maioria em relação aos da minoria? Ou,
quais interesses da minoria devem ser considerados
intocáveis?
Uma análise rápida

Para enfrentar estes dilemas, uma chave pode iluminar


as questões: (1) Perguntar-se a respeito da natureza
dos fins ou saber a quem servem os eventos; (2) Quais
interesses estão sendo perseguidos?
Interesses particularistas que se valem de práticas
abusivas ou interesses universalistas que se valem de
práticas consensuais?
Uma resposta ao caso anterior salta aos olhos. Em todas as
situações retratadas, interesses particularistas prevalecem
em detrimento de interesses universalistas: perdem as
empresas (acionistas e investidores) com a omissão dos
funcionários ...
Atividade sobre perfil da postura
moral.

Preencher o questionário e fazer a contagem de


pontos no final.
Como tomar uma decisão ética?

Quando prevalecem interesses universalistas ou


quando a razão ética triunfa, resta saber qual
modo de tomar decisão será adotado:
Devo usar a tolerância zero, que corresponde à
teoria ética da convicção, ou a análise
situacional, que corresponde à teoria ética da
responsabilidade?
Prestação de contas (Texto para
leitura em sala)
Otaviano é gerente comercial de uma grande companhia
do setor eletroeletrônico há dois anos. Seu conceito é de
um executivo jovem, promissor e brilhante. Seu chefe, o
diretor comercial da empresa, está bem satisfeito com ele,
pois aprecia sua energia, ambição e vontade de superar os
outros. Enxerga no Audi, que Otaviano comprou com os
bônus recebidos, uma demonstração de que, como
homem de resultados, ele não se contenta com nada
menos que o melhor Nos dois anos em que Otaviano
trabalhou sob sua chefia, o diretor comercial lhe concedeu
três aumentos em função do belo desempenho. Afinal, o
moço só lhe deu boas notícias. Pelo menos até a semana
passada: uma auditoria interna constatou que, numa
viagem que fez à Alemanha, indo representar a empresa
num congresso, Otaviano apresentou uma conta de hotel
adulterada. Redondos, foram 500 euros.
Continuação...
O auditor desconfiou do valor da conta em função das diárias:
em vez de €1.350 (quatro diárias a €300, mais uns extras), a
conta deu €1.850. O número 3 foi adulterado para 8. Cuidadoso,
o auditor telefonou para a administração do hotel alemão para
checar. De fato, foram pagos €1.350 em dinheiro vivo. Ele então
solicitou uma cópia do documento da tesouraria, que lhe foi
imediatamente remetida por fax. De posse dessas informações,
foi falar com Otaviano. Este, aparentemente surpreso, lhe disse
que na correria da saída pagou sem ver. O auditor procurou lhe
mostrar a divergência. Otaviano confirmou saber que a diária
era de €300 e ficou irritado com o jeito inquiridor do auditor.
Finalmente, alegou em sua defesa que o caixa do hotel podia
ter alterado o original da nota fiscal para induzi-lo a erro. O
auditor não insistiu mais e foi pesquisar as prestações de conta
anteriores do gerente. Nada achou. Foi então ter com o diretor
comercial, apresentando-lhe educadamente toda a situação e
pedindo-lhe providências. O diretor reagiu com rispidez.
Continuação...
O que foi que Otaviano lhe disse? Que pode ter havido um
engano, não é isso? Por que insistir? O sujeito é o homem de
ouro do departamento! Vai vir com essa mixaria de €500 para
fazer uma tempestade num copo d´água? O auditor
ponderou que não se trata da quantia, mas do ato em si. E
recebeu como troco: não me venha com purismos nessa
altura do campeonato! Que ato? Uma presunção, uma
especulação! O que tem de comprovado? Nada! Esse moço
vale milhões! Se ele disse que não conferiu a nota fiscal, para
mim chega! (Mais tarde, essa conversa foi confirmada pelo
diretor comercial numa reunião com seus pares.) O auditor se
retirou e, com a aprovação de seu próprio gerente, decidiu
levar o caso para o comitê de ética. O comitê de ética se
reuniu e emitiu um parecer que foi submetido à apreciação
da diretoria executiva. Quais as recomendações e como
serão fundamentadas?
Análise do comitê de ética

• Analisados os fatos, uma dúvida crucial paira sobre


quem adulterou o documento: o gerente comercial
ou o caixa do hotel alemão?
• Quanto à conta, sabe-se que o gerente comercial é
um profissional afeito a cifras e a cálculos. Assim,
mesmo premido pela pressa, bastaria um relance
para ele checar a nota fiscal: quatro diárias a €300,
mais algumas pequenas despesas, não poderiam
somar €1.850! Daí a certeza de que, no mínimo, o
gerente foi negligente com o dinheiro da empresa.
Análise do comitê de ética

O comitê de ética só poderá basear suas recomendações


em evidências irrefutáveis. Nesse caso, há quatro delas:
1. o documento foi adulterado;
2. houve negligência do gerente;
3. não há precedente nas demais prestações de
conta do gerente;
4. a conduta do diretor comercial foi inaceitável
porque passou a ideia de que pequenos
desfalques não têm importância, sobretudo
quando cometidos por um gestor que, ademais,
proporciona bons lucros à empresa.
Análise do comitê de ética

O comitê pode optar por dois caminhos:


1.pela teoria ética da convicção que se guia por
valores universalistas e opera de forma maniqueísta
(tolerância zero);
2.pela teoria ética da responsabilidade. Esta também
seguia por valores universalistas, mas opera com base
em análise de riscos (análise situacional).
Atividade sobre a razão ética

Tema: O que fazer?


Descrever quais decisões são relevantes para
cada um dos caminhos adotados pelo comitê.

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