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E M E N T A – MANDADO DE SEGURANÇA – CONCURSO PÚBLICO –

AGENTE PENITENCIÁRIO ESTADUAL – ÁREA DE SEGURANÇA E


CUSTÓDIA – CANDIDATA REPROVADA POR NÃO POSSUIR ACUIDADE
VISUAL – AUSÊNCIA DE RAZOABILIDADE E DE PROPORCIONALIDADE –
USO DE LENTES CORRETIVAS – EXAME DE LEGALIDADE – CORREÇÃO
PASSÍVEL PELO PODER JUDICIÁRIO –SEGURANÇA CONCEDIDA.

01. O mandado de segurança é via adequada a proteger direito líquido e certo,


não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável
pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.

02. A reprovação de candidato por falta de acuidade visual ofende os princípios


da razoabilidade, da proporcionalidade e também da legalidade, uma vez que é
possível ao candidato o uso de lentes corretivas. Diante disso, tal ilegalidade é
passível de correção pelo Poder Judiciário, a fim de admitir que o candidato
participe das demais etapas do certame.

03. Segurança concedida, com o parecer.

(Mandado de Segurança 1412703-12.2016.8.12.0000, Rel. Des. Vladimir Abreu


da Silva. Julgamento em 20/02/2017).
E M E N T A –MANDADODESEGURANÇA – CONCURSO PMMS – EXCLUSÃO
DE CANDIDATO QUE APRESENTOU ÍNDICE DE MASSA CORPORAL
SUPERIOR AO MÁXIMO PERMITIDO NO EXAME ANTROPOMÉTRICO E
DIMINUIÇÃO DA ACUIDADE VISUAL ACIMA DO ÍNDICE TOLERADO NA
AVALIAÇÃO OFTALMOLÓGICA – LIMITAÇÕES QUE FEREM OS PRINCÍPIOS
DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE – IMPOSSIBILIDADE –
SEGURANÇA CONCEDIDA.

O mandado de segurança é via adequada a proteger direito líquido e certo, não


amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. A limitação de índice de
massa corporal e de acuidade visual para posse e exercício de determinados
cargos, além da previsão legal, deve atendera os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade.

(Mandado de Segurança 1412753- 09.2014.8.12.0000, Rel. Des. Odemilson


Roberto Castro Fassa. Julgamento em 01/02/2015)

MANDADO DE SEGURANÇA CONCURSO PÚBLICO PARA INGRESSO NA


CARREIRA DE SOLDADO DA POLÍCIA MILITAR CANDIDATO
CONSIDERADO INAPTO EM EXAME OFTALMOLÓGICO EXIGÊNCIA DE
ÍNDICES MÍNIMOS DE ACUIDADE VISUAL EM EDITAL OFENSA AOS
PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE
IMPERFEIÇÃO QUE PODE SER CORRIGIDA COM USO DE ÓCULOS,
LENTES DE CONTATO OU MESMO POR CIRURGIA SEGURANÇA
CONCEDIDA.

(Mandado de Segurança - Nº 1406734- 84.2014.8.12.0000 - Campo Grande,


Rel. Des. Atapoã da Costa Feliz. Julgamento: 8.9.2014)

E M E N T A – MANDADO DE SEGURANÇA – CONCURSO PÚBLICO –


CARGO DE AGENTE PENITENCIÁRIO DA ÁREA DE ASSISTÊNCIA E
PERÍCIA NA FUNÇÃO DE PSICÓLOGA – EXIGÊNCIA EDITALÍCIA DE
ALTURA MÍNIMA – APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E
PROPORCIONALIDADE – SEGURANÇA CONCEDIDA.

Para os cargos de segurança e custódia, o requisito legal de altura mínima se


relaciona com o desempenho da função, motivo pelo qual é legal a exigência de
porte físico devido à necessidade de vigilância, disciplina e controle social dos
presos. Desse modo é possível a exigência de certos requisitos para investidura
em cargos públicos quando a natureza do cargo exigi-la com relação lógico
razoável com a função a ser exercida. No entanto, para o cargo de habilitação
em Psicologia, não se mostra razoável a exigência de estatura mínima, como
estabelece no edital do certame, dadas as circunstâncias das atividades a serem
desenvolvidas no exercício do cargo. Logo, o discrímen de altura se mostra
incompatível e violador dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade.

(TJMS - Mandado de Segurança - Nº 1411562-55.2016.8.12.0000, Rel. Des.


Fernando Mauro Moreira Marinho, 4ª Seção Cível, DJ 12 de dezembro de 2016)

MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. CARGO DE SOLDA-DO


MILITAR. EXAMES MÉDICO E ODONTOLÓGICO. ALEGADA
INAPTIDÃO.PATOLOGIA "CERATOCONE". DOENÇA ESTABILIZADA.
ACUIDADE VISUALNORMAL COM USO DE LENTES. LAUDOS MÉDICOS
FAVORÁVEIS AO IM-PETRANTE. PREVISÃO EDITALÍCIA. "REQUISITOS DE
NORMALIDADE ". AUSÊNCIA DE CLAREZA. FALTA DE RAZOABILIDADE NA
DESCLASSIFICA-ÇÃO. CONCESSÃO DA SEGURANÇA.

I - À luz dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, há de se


conceder a segurança, para afastar medida administrativa de desclassificação
em concurso público, quando, encontrando-se o edital bastante genérico ao
dispor que, "nos exames médico e odontológico, o candidato que não preencher
os requisitos de normalidade será eliminado", demonstrar o impetrante que,
apesar de possuir doença corneana (ceratocone), se encontra com a patologia
estabilizada e com a acuidade visual normal com uso de óculos ou lentes de
contato, através de laudos médicos, expedidos inclusive pela própria médica que
o examinou para o concurso;

II - "[..] mesmo sendo legal a exigência de boa visão aos candidatos à carreira
policial militar, casos há em que problemas visuais não podem ser considerados
doença incapacitante ou defeito físico, quando passíveis de correção por óculos,
lentes de contato ou cirurgia, não sendo, portanto, causa suficiente de exclusão
do candidato. Não especificadas em lei as doenças e debilidades incompatíveis
com o cargo de policial militar, à Administração é vedado estabelecê-las, para
restringir o acesso a cargo público. [...]

III - segurança concedida em definitivo. (TJDFT. Acórdão n.140055,


19980110559972EIC, Relator GEORGE LEITE, 1ª Câmara Cível, julgado em
21/03/2001, DJ 27/06/2001 p. 64).

MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. POLÍCIA MILITAR.


TATUAGEM E ACUIDADE VISUAL. I. CANDIDATO PORTADOR DE
TATUAGEM. INTERPRETAÇÃO ANCORADA NA LIBERDADE DE
EXPRESSÃO E NA APLICAÇÃO HARMÔNICA DO INC. XXV EDO § 2º DO
ART. 2º DA LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL N. 587/13. INEXISTÊNCIA, NO
CASO, DE ÓBICE AO INGRESSO NA CORPORAÇÃO. II. INAPTIDÃO
DEFLUENTE DE BAIXA ACUIDADE VISUAL SEM O USO DE LENTES
CORRETIVAS. VISÃO CONSIDERADA NORMAL COM O EMPREGO DAS
DITAS LENTES. PREVALÊNCIA DO SOBREPRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE.
PRECEDENTES DA CORTE. III. ORDEM CONCEDIDA.

(TJ-SC - MS: 20130425549 SC 2013.042554-9 (Acórdão), Relator: João


Henrique Blasi, Data de Julgamento: 11/03/2014, Grupo de Câmaras de Direito
Público Julgado).
MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. CURSO DE
FORMAÇÃO DE OFICIAIS DO CORPO DE BOMBEIROS. IMPETRANTE
CONSIDERADO INAPTO NO EXAME MÉDICO POR NÃO TER A ACUIDADE
VISUAL MÍNIMA EXIGIDA PELO EDITAL. AVALIAÇÃO QUE REGISTROU A
INAPTIDÃO APENAS SEM O USO DE CORREÇÃO QUANDO TAMBÉM
DEVERIA CONSIDERAR O NÍVEL DE VISÃO COM CORREÇÃO.
REALIZAÇÃO DE PROCEDIMENTO CORRETIVO PELO CANDIDATO. NOVO
EXAME QUE ATESTOU A SUA APTIDÃO PARA AS FUNÇÕES. DIREITO
LÍQUIDO E CERTO RECONHECIDO. PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE.
PRECEDENTES DESTE TRIBUNAL DE JUSTIÇA. SEGURANÇA
CONCEDIDA.

(TJ-SC - MS: 20130653258 Capital 2013.065325-8, Relator: Stanley da Silva


Braga, Data de Julgamento: 09/07/2014, Grupo de Câmaras de Direito Público).

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. CONCURSO PÚBLICO. POLÍCIA


RODOVIÁRIA FEDERAL. CANDIDATO PORTADOR DE DEFICIÊNCIA VISUAL
PASSÍVEL DE CORREÇÃO. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. PRELIMINAR
REJEITADA. IMPROPRIEDADE DA REPROVAÇÃO DO CANDIDATO.
SENTENÇA MANTIDA. APELAÇÃO E REMESSA OFICIAL DESPROVIDAS.

1. Não procede a alegada inadequação da via eleita, pois os documentos que


instruem a lide são suficientes para a apreciação do mérito da impetração.
2. A Instrução Normativa n. 3/2002, ao disciplinar os requisitos oftalmológicos
admite a possibilidade de submissão do candidato a cirurgia refrativa, a qual será
aceita desde que tenha resultado na visão mínima necessária à aprovação.
3. É pacífico o entendimento de que não é razoável excluir de concurso público
candidato portador de deficiência visual corrigível por meio de óculos, lentes ou
intervenção cirúrgica. Precedentes.
4. Sentença mantida.
5. Apelação e remessa oficial desprovidas.
(TRF-1 - AC 266425920024013400, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL
DANIEL PAES RIBEIRO, Data de Julgamento: 04/08/2014, SEXTA TURMA,
Data de Publicação: 18/08/2014)
Decisão: Trata-se de agravo cujo objeto é a decisão que negou seguimento ao
recurso extraordinário interposto em face do acórdão do Tribunal de Justiça do
Distrito Federal e Territórios, assim ementado (fls. 301): “Administrativo.
Concurso público. Polícia Civil. Deficiência visual. Correção. Revelia

1 – A presunção de veracidade, efeito da revelia, é relativa. Depende do


conjunto probatório, de forma que apenas os fatos que não necessitam de
prova são atingidos.

2 – Se a deficiência visual da candidata não a impede de exercer a função


de policial civil, não se pode considerá-la inapta no exame médico.

3 – Apelação provida. ” Os embargos de declaração foram rejeitados (fls. 315-


318). No recurso extraordinário, com fundamento no art. 102, III, “a”, do
permissivo constitucional, aponta-se ofensa aos arts. 5º, II, e 37, caput e incisos
I e II, da Constituição Federal. Nas razões recursais, sustenta-se, em suma,
que o acórdão recorrido fere os princípios da isonomia, impessoalidade e
legalidade, porquanto afastou regra expressa no edital do concurso público,
conferindo à recorrida situação privilegiada em relação aos demais candidatos.
Alega também, que todos os candidatos tiveram que observar a relação de
condições médicas incapacitantes previstas no edital do certame, de forma que
ignorá-la para beneficiar a recorrida, prejudicaria o princípio da isonomia.
Registra ainda, que a exigência de acuidade visual dentro dos padrões
definidos pela Administração é absolutamente adequada e compatível com a
natureza das funções do cargo. A Presidência do Tribunal de origem inadmitiu
o recurso extraordinário por entender que a alegada ofensa à Constituição seria
indireta ou reflexa e em virtude do óbice da Súmula 282 do STF. (fls. 336v). É
o relatório. Decido. A irresignação não merece prosperar. Conforme se
depreende da leitura do acórdão recorrido, o TJDFT, com base nos fatos e
provas e nas normas do edital do certame, concluiu que deve ser assegurada
a nomeação e posse da recorrida no cargo de agente da Polícia Civil do Distrito
Federal. De fato, nos termos do art. 1 da Convenção Internacional sobre os
Direitos das Pessoas com Deficiência, promulgada pelo Decreto 6.949/2009, o
requisito médico é insuficiente para, por si só, determinar a exclusão da
recorrida. Nesse sentido, é preciso que o juízo de origem examine a exclusão
à luz da evidência dos autos. Nesse sentido, o Tribunal assentou (fl. 303): “A
questão que se coloca é se, com deficiência visual, a autora pode desempenhar
as atribuições do cargo de agente de polícia para o qual concorreu. O exercício
da função policial pressupõe perfeitas condições físicas do candidato, o que,
contudo, não significa que, candidatos com visão monocular, a exemplo da
autora, não possa exercê-la. A limitação da visão não impede o desempenho
das atribuições do cargo, incluindo a atividade que a banca considerou que a
autora não tem aptidão – dirigir veículos (f. 115). Basta dizer, a propósito, que
habilitada, categoria B, dirige veículos (f. 22).” Eventual divergência em relação
ao entendimento adotado pelo Tribunal a quo demandaria o reexame de fatos
e provas e das normas editalícias, o que inviabiliza o processamento do apelo
extremo, tendo em vista a vedação contida nas Súmulas 279 e 454 do STF.
Além disso, ressalta-se que o Supremo Tribunal Federal já assentou
entendimento de ser a visão monocular deficiência física autorizativa a seu
portador de concorrer às vagas destinadas aos deficientes físicos nos
concursos públicos: “AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO
EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. CONCURSO PÚBLICO. DEFICIENTE
FÍSICO. CANDIDATO COM VISÃO MONOCULAR. CONDIÇÃO QUE O
AUTORIZA A CONCORRER AS VAGAS DESTINADAS AOS DEFICIENTES
FÍSICOS. PRECEDENTES. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal
assentou o entendimento de que o candidato com visão monocular é deficiente
físico. Ausência de argumentos capazes de infirmar a decisão agravada.
Agravo regimental a que se nega provimento” (ARE 760.015-AgR, Relator o
Ministro Roberto Barroso, Primeira Turma, DJe 6.8.2014). Ante o exposto,
conheço do agravo, para negar seguimento ao recurso extraordinário, nos
termos dos arts. 544, § 4º, II, “b”, CPC e 21, § 1º, RISTF.
Publique-se.
Brasília, 26 de novembro de 2015.
Ministro Edson Fachin Relator Documento
(STF - ARE: 918360 DF - DISTRITO FEDERAL 0066437-63.2014.8.07.0001,
Relator: Min. EDSON FACHIN, Data de Julgamento: 26/11/2015)

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