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A MÍDIA COMO FERRAMENTA ESTRATÉGICA NA

POLÍTICA NORTE-AMERICANA

Autor: Larissa Conceição dos Santos 

A globalização trouxe consigo muitos avanços econômicos,


sociais, políticos..etc. e a partir do anos 80 e 90 abarcou ideais de uma
democracia como forma de que as decisões públicas pudessem ser
controladas pelos cidadãos, além, é claro, da ênfase no livre mercado, o
conhecido neolibelaralismo.(BARBOSA, 2003)
Mas dentre os aspectos relevantes que surgiram com a
globalização, quero destacar neste trabalho os avanços tecnológicos, como a
facilidade e rapidez ao acesso de notícias e a transmissão de informações
em rede mundial.
“O avanço na velocidade das comunicações e a presença da mídia
globalizada, endossando a vantagem dessas novas idéias, contribuíram para
que elas se expandissem e influenciassem a maioria dos países”.
(BARBOSA, 2003, pg 38)
Entro, portanto, aqui na esfera da mídia que irei abordar no seu
todo englobando tanto os veículos e meios de comunicação formais como
também os efeitos midiáticos e a repercussão desse advento no que
chamamos de “opinião pública”.
Apesar de terem sido feitos diversos estudos e análises sobre a
“Opinião Pública”, hoje, ainda não há uma real definição para este conceito,
entretanto, é possível afirmar que ele está diretamente relacionado a soma
das opiniões da massa, uma média comum que é capaz de influenciar os
demais na mesma proporção em que também é influenciado por eles.
Ou seja, teoricamente uma maioria de opiniões forma a Opinião
pública, mas, o que foi observado através de constantes estudos é que essa
Opinião vem sendo moldada por uma minoria influenciadora, capaz de, com
sua voz, fazer-se representar o todo.
A mídia entra nessa prática para estabelecer as discussões,
organizar o cenário e divulgar os chamados “atores sociais” que são os
representantes influenciadores. Os Estados Unidos reconhecem essa técnica
e sabe a importância de terem o completo domínio da Opinião Pública, e a
fazem, principalmente, através do controle dos meios de comunicação.


Graduanda do Curso de Comunicação Social Habilitação em Relações Públicas da
Universidade Federal de Santa Maria – UFSM.
Acerca do “terror” vale frisar que a violência não decorre dessa
década, tampouco da passada, não é novidade para ninguém, mas então
como justificar este pânico existente entre os americanos?E agora, de forma
tão insistente, essa obsessiva busca pelo combate ao “terrorismo”?E quem
foi o criador desse chamado “terrorismo”?
Uma breve explicação, como propôs o francês Jacques Derrida,
(2004) seria de que
“O significado estrito, por demais estrito, dado comumente hoje à
palavra ‘terrorismo’ circula de várias maneiras no discurso que domina o espaço
público, antes de tudo por intermédio do poder tecnoeconômico da mídia.”(pg 118)

Muitas dessas respostas seriam encontradas partindo de uma


análise do que muitos estudiosos denominaram a “Cultura do Medo” muito
difundida pelos meios de comunicação atualmente pelos Estados Unidos e
criada como um meio de controle e coerção da população norte-americana.
Ou seja, novamente a mídia foi utilizada de maneira estratégica
como forma de destacar a vulnerabilidade dos Estados Unidos trazendo o
foco para o seu interesse central: o de despertar o medo entre os norte-
americanos e o desejo de proteção a uma ameaça tão próxima e visível.
Acerca disso Derrida (2004) novamente acrescenta
“não há nada de puramente ‘moderno’ na relação entre mídia e terror,
um terrorismo que opera propagando dentro do espaço público imagens ou
rumores, buscando aterrorizar a chamada população civil.” (pg 118)

A violência sempre existiu, fez parte do desenvolvimento de


praticamente todas as nações e, se destacarmos os EUA veremos que estes
foram os maiores aliados nos principais confrontos mundiais, seja em
disputa direta ou mesmo fornecendo armamentos, como fora o caso do
apoio ao Iraque na Guerra do Golfo. Porém agora, aquele que financiou as
armas e treinou diversos combatentes e estrategista em terras alheia, os quer
exterminar.
Disparate ou não o próprio causador e apoiador de inúmeras
guerras, os EUA, vem argumentar que “hoje” sente a ameaça do terrorismo,
mas se o mesmo em ocasiões anteriores treinou estrategicamente Osama
Bin Laden para lutar em seu favor, como justifica agora persegui-lo com o
título de “terrorista”? Se na verdade ele não passa de um legítimo produto
da milícia americana?Eis uma belíssima interpretação de George W. Bush,
digna de prêmio.
Bush, na verdade, é atualmente o mais exímio “ator social”, ao
qual os pesquisadores nomeiam àquele responsável pelo domínio da opinião
por ser capaz de exercer influência na massa, na arena midiática em que se
promovem os debates e na qual se institui a pseudo-opinião pública
americana.
Mas, segundo Habermas (2004), se torna bastante difícil e também
pouco improvável que os cidadãos norte-americanos venham a questionar
tais atitudes os mesmo desconfiar deste mascarado “terrorismo de estado”
utilizado por Bush, pois, “como pode público colocar em ação um processo
crítico através dos próprios meios de comunicação de massa que o
manipulam e controlam?” ( BORRADORI, 2004, pg 70)
Ostentando a bandeira de combate ao terrorismo e apreensão de
armas químicas, a Imagem consolidada do líder quer denotar um americano
nato, que luta por uma sociedade mais justa e busca o fortalecimento da
honra e do orgulho americano, os quais lhes foram tirados naquele 11 de
setembro de 2001 quando terroristas árabes atacaram as tão conhecidas
Torres Gêmeas.
Acerca deste acontecimento ARANHA & MARTINS (2003)
destacam
“A súbita descoberta da vulnerabilidade em seu próprio território,
ainda mais a um inimigo invisível cuja ação não pôde ser prevista pelo requintado
serviço de inteligência, abalou a confiança nas instituições norte-americanas e
despertou as mais recônditas formas de intolerância.” (pg 292)

Esse esquema fora previamente arquitetado pela equipe,


profissionalíssima, responsável pela campanha de Bush, como forma de
legitimar sua imagem nacionalista e patriótica à sociedade norte-americana.
Certamente, através do uso eficaz da mídia, divulgando a violência,
as guerras, os atentados e ameaças a outros países, logicamente o cidadão
americano iria sentir-se ameaçado, vitimado e, especialmente, após o
incidente do World Trade Center, profundamente fragilizado. Bingo! Era
tudo o que a máquina publicitária de Bush desejava, pois então quem viria
para salvar os americanos do perigo, o único capaz de derrotar o inimigo e
livrar o mundo das terríveis armas químicas?Ele, o destemido George W.
Bush.
Isso de fato explica porque após tamanhas atrocidades no
Afeganistão, bombardeios no Iraque a respeito de cujo jamais se encontrou
sequer alguma arma química, mas, no entanto, serviu como belo álibi para a
posse de reservas petrolíferas daquele país, o nobre patriota americano
ainda consegue reeleger-se, pateticamente, usando de discursos ufanistas e
táticas de defesa contra uma população que ali se encontrava desprotegida e
amedrontada.
Foi a “sacada” perfeita. Somente um governante corajoso e
disposto a armar fogo contra o inimigo “imaginário” (pois eles ainda não
perceberam que tal inimigo realmente não existe) seria suficientemente
capaz, e para tal posto e dotados dessas “competências” restava somente
Bush.
Assim, diante de tantas evidências, é inconcebível que ao ser
presenciado um fato como o da Escola em Columbine, ainda existam
dúvidas sobre as verdadeiras raízes que geraram essa violência. A culpa não
se deve somente a indústria armamentista, e, tampouco às bandas de rock,
mas sim, concentra-se na híbrida cultura instituída pela “Ideologia Bush”
que vem regendo a América, gerando o medo para posteriormente trazer a
sua governança como única solução para sana-lo, que mascara seus reais
interesses de controle econômico e, atualmente, forma mais explícita busca
o controle total das principais bases de petróleo mundiais, usando por
justificativa (para não utilizar a palavra “desculpa”) a “Guerra contra o
terrorismo”.
Essa é a política americana que usa da máquina pública para o uso
privado, como forma de legitimar a Imagem política de um candidato e
parte do ideal “a América para os americanos” entoando um novo ar para
esse século, e a liberdade (tão almejada) diz-se real e legítima, mas, em todo
o caso, por via das dúvidas, tranquemos as portas e soltemos os cachorros,
pois, como diria o poeta Renato Russo “o terror continua só mudou de
cheiro e de uniforme” ¹.

BIBLIOGRAFIA

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires.


Filosofando: introdução à filosofia. 3º edição.São Paulo: Moderna, 2003.

BORRADORI, Giovana. Filosofia em tempo de terror: diálogos com


Habermas e Derrida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004.

BARBOSA, Alexandre de Freitas. O mundo globalizado. São Paulo:


Contexto, 2003.

¹ Trecho da música La Maison dieu do álbum Uma outra estação da banda


Legião Urbana.

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