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a) monumentos: obras de arquitectura, composições 3. Todos os bens podem ainda ser classificados como de
importantes ou criações mais modestas, notá- valor local, regional, nacional ou internacional.
veis pelo seu interesse histórico, arqueológico, 4. O enquadramento orgânico, natural ou constituído
artístico, científico, técnico ou social, incluindo dos bens culturais imóveis que afecte a percepção e a leitu-
as instalações ou elementos decorativos que ra de elementos e conjuntos ou que com eles esteja directa-
fazem parte integrante destas obras, bem como mente relacionado, por razões de integração especial ou
as obras de escultura ou de pintura monumental; motivos sociais, económicos ou culturais deve ser sempre
b) conjuntos: agrupamentos arquitectónicos urbanos definido de acordo com a importância arqueológica, histó-
ou rurais de suficiente coesão, de modo a pode- rica, etnológica, artística, arquitectónica, urbanística ou
rem ser delimitados geograficamente e notáveis, paisagística do lugar, por constituir parte indispensável na
simultaneamente, pela sua unidade ou integra- defesa dos mesmos.
ção na paisagem e pelo seu interesse histórico,
arqueológico, artístico, científico ou social; ARTIGO 8.º
nha à sua classificação, pode determinar-se a expropriação 1. Os imóveis classificados dispõem sempre de uma
desse bem, nos termos da lei. zona especial de protecção delimitada, nos termos da Lei
n.º 3/04, de 25 de Junho — Lei do Ordenamento do
ARTIGO 16.º
Território e do Urbanismo, através do seu órgão compe-
(Alienação)
tente.
1. A alienação de bens classificados deve ser comuni- 2. Deve ser fixada uma zona especial de protecção, nos
cada previamente ao Ministério de tutela, considerando-se, termos da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho - Lei do Ordena-
no caso dos bens imóveis, tal notificação como requisito mento do Território e do Urbanismo, ouvidos os Governos
essencial para a inscrição de transmissão no registo predial. Provinciais e nela podendo incluir-se uma zona de edifica-
2. O Estado, através dos Governos Provinciais e os pro- ção proibida, em todos os casos, salvo naqueles cujo enqua-
prietários de parte de bens classificados gozam, pela ordem dramento fica perfeitamente salvaguardado com a zona de
indicada, de direito de preferência em caso de venda de protecção tipo.
bens classificados ou em vias de classificação, bem como 3. Enquanto não for fixada uma zona especial de pro-
dos imóveis situados em zonas de protecção. tecção, os imóveis classificados devem beneficiar de uma
zona de protecção de 50m, contados a partir dos limites
3. Sendo a alienação feita em hasta pública, o Estado,
exteriores do imóvel.
através do Ministério de tutela e os Governos Provinciais
podem usar do direito de preferência, contanto que o efecti- 4. Aos proprietários de imóveis abrangidos pelas zonas
vem dentro do prazo de cinco dias a contar da data da adju- de edificação proibida é assegurado o direito de requerer ao
dicação. Governo a sua expropriação, nos termos da lei e regula-
mentos em vigor por utilidade pública.
4. Os bens classificados pertencentes ao Estado só
podem ser alienados através de decretos executivos espe- ARTIGO 20.º
cialmente elaborados para o efeito e assinados conjun- (Competência na delimitação de zonas de protecção)
tamente pelos Ministérios das Finanças, do Planeamento e 1. A delimitação da área dos conjuntos e sítios deve ser
o de tutela, ouvidos previamente os serviços competentes. fixada nos termos da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho — Lei do
Ordenamento do Território e do Urbanismo.
5. A presente lei estabelece as limitações incidentes
sobre a transmissão de bens classificados ou em vias de 2. Cabe aos órgãos dos Governos Provinciais a delimi-
classificação pertencentes a pessoas colectivas públicas ou tação relativa a conjuntos e sítios que se inserem no âmbito
a outras pessoas colectivas tituladas ou subvencionadas das suas competências jurisdicionais, para o que devem dis-
pelo Estado ou pelos Governos Provinciais e adminis- por da colaboração, se for caso disso, de outros serviços
trações locais. governamentais.
2482 DIÁRIO DA REPÚBLICA
3. Para delimitação relativa aos bens de valor local é pode o Ministério de tutela ordenar que os referidos móveis
competente a administração municipal respectiva, que pode sejam transferidos, a título de depósito, para a guarda de
recorrer à colaboração de outras entidades, sempre que jul- bibliotecas, arquivos ou museus.
gar útil.
ARTIGO 21.º 4. Fica expressamente proibido o tráfico de bens cultu-
(Interdições às zonas de protecção) rais classificados ou em vias de classificação.
Nenhum monumento classificado ou em vias de classi- 2. Sempre que se prove risco de dispersão das referidas
ficação pode ser deslocado, em parte ou na totalidade, do colecções, o Ministério de tutela deve tomar as medidas
lugar que lhe compete, excepto no caso de a salvaguarda necessárias e adequadas à salvaguarda, devendo ouvir, para
material do mesmo o exigir imperativamente, devendo a o efeito, os serviços competentes.
autoridade competente fornecer todas as garantias neces-
sárias quanto à desmontagem, à remoção e à reerecção do ARTIGO 28.º
monumento em lugar apropriado. (Permuta e transferência)
2. Se as medidas conservatórias importarem para o res- 3. No caso de permuta definitiva com outros países de
pectivo proprietário a obrigação de praticar determinados bens móveis classificados ou em vias de classificação, a
actos, devem ser fixados os prazos e as condições da sua autorização deve revestir a forma de decreto.
execução, nomeadamente a prestação de apoio financeiro
por parte do Estado. ARTIGO 29.º
(Isenção de direitos aduaneiros)
3. Sempre que quaisquer medidas cautelares forem jul-
gadas insuficientes ou as medidas conservatórias não forem 1. Ficam isentas de direitos aduaneiros, emolumentos
acatadas ou executadas no prazo e condições impostas, gerais aduaneiros e demais imposições, excepto do paga-
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3. A exportação ilegal dos bens culturais implica sem 2. A autoridade local deve assegurar a salvaguarda des-
embargo da aplicação das demais penalidades previstas na ses testemunhos, nomeadamente recorrendo a entidades
lei em relação aos infractores, a apreensão dos bens em científicas de reconhecida idoneidade que efectuem estudos
causa e a sua incorporação nas colecções do Estado ou a na província sem prejuízo da imediata comunicação ao
devolução aos países de origem, quando for caso disso. Ministério de tutela.
2484 DIÁRIO DA REPÚBLICA
2. Com a finalidade de se proteger a eventual riqueza a) os arquivos que se encontrem a qualquer título na
arqueológica do subsolo das áreas urbanas, o Ministério de posse ou à guarda do Estado;
tutela deve promover a publicação da legislação cautelar b) os arquivos que venham a ser doados ou apresen-
tados pelos respectivos possuidores, se outro
específica que contemple as diversas situações.
não for o motivo invocado para a respectiva
inventariação nos termos do regime geral de
3. Qualquer particular que prove ter sido directamente
protecção dos bens culturais.
prejudicado por efeito do disposto no n.º 1 pode requerer
indemnização à entidade responsável pelo estabelecimento
3. Cada arquivo inventariado, ou apresentado para
da reserva arqueológica. inventariação, deve ser descrito de acordo com as normas
gerais definidas pelo Arquivo Histórico de Angola.
SUBSECÇÃO V
Regime Específico do Património Arquivístico SUBSECÇÃO VI
Regime Específico do Património Audiovisual
ARTIGO 37.º
(Conceito e âmbito do património arquivístico) ARTIGO 39.º
(Património Audiovisual)
1. Integram o Património Arquivístico todos os arquivos
produzidos por instituições angolanas ou estrangeiras quan- 1. Integram o Património Audiovisual as séries de ima-
do as mesmas versarem sobre questões relativas a Angola gens, fixadas sobre qualquer suporte, bem como as geradas
que se revistam de interesse cultural relevante. ou reproduzidas por qualquer tipo de aplicação informática
ou informatizada, também em suporte virtual, acompanha-
2. Entende-se por arquivo o conjunto orgânico de docu- das ou não de som, as quais, sendo projectadas, dão uma
mentos de qualquer época, em qualquer forma e tipo de impressão de movimento e que, tendo sido realizadas para
suporte material, produzidos por uma pessoa física ou jurí- fins de comunicação, distribuição ao público ou de docu-
dica, pública ou privada no exercício das suas funções e mentação, se revistam de interesse cultural relevante e
actividades e conservados como testemunho e como fonte preencham pelo menos um de entre os seguintes requisitos:
de informação para os fins administrativos e científicos.
a) hajam resultado de produções nacionais;
3. Entende-se também como integrantes do Património b) hajam resultado de produções estrangeiras distri-
Arquivístico: buídas, editadas ou teledifundidas comercial-
mente em Angola;
c) integrem, independentemente da nacionalidade da
a) conjuntos não orgânicos de documentos de arqui-
produção, colecções ou espólios conservados
vos que se revistam de interesse cultural rele-
em instituições públicas ou que, independen-
vante para a investigação científica; temente da natureza jurídica do detentor, se dis-
b) entende-se por arquivos não orgânicos os tingam pela notabilidade.
documentos cuja origem é aleatória, porém, as
suas características sendo comuns, os assuntos 2. Integram, nomeadamente o património audiovisual as
neles versados, o suporte e tipologia, a sua pro- produções cinematográficas, as produções televisivas e as
tecção torna-se imperiosa para os fins da inves- produções videográficas.
tigação científica.
3. Sem prejuízo do regime geral, devem ser objecto de
ARTIGO 38.º classificação como de interesse nacional:
(Formas de protecção do património arquivístico)
a) os elementos matriciais das obras de produção
1. São objecto de classificação: nacional abrangidas pela previsão do n.º 1 do
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presente artigo ou das que para este efeito lhes c) os manuscritos autógrafos, bem como todos os
sejam equiparadas pela legislação de desenvol- documentos que registem as técnicas e os hábi-
vimento; tos de trabalho de autores e personalidades notá-
b) cópias conforme aos elementos matriciais referi- veis das letras, artes e ciência, seja qual for o
dos na alínea anterior, quando estes já não exis- nível de acabamento do texto ou textos neles
tirem; contidos;
c) cópias de obras de produção estrangeira, mas que d) as colecções e espólios de autores e personali-
foram distribuídas em território nacional inte- dades notáveis das letras, artes e ciência, consi-
grando novos elementos escritos ou orais que os derados como universalidades de facto reunidas
diferenciam dos elementos matriciais, nomea- pelos mesmos ou por terceiros.
damente por lhe terem sido agregados, por
legendagem ou dobragem em língua portu- ARTIGO 41.º
guesa, elementos naturais da realidade cultural (Inventariação do Património Bibliográfico)
angolana.
1. Devem ser objecto de inventário todas as espécies
4. Devem ser objecto de inventário todas as obras abran- enunciadas nas alíneas a) e b) do n.º 3 do artigo 40.º, bem
gidas pela previsão do n.º 1 do presente artigo e as séries de como as referidas nas alíneas c) e d) da mesma disposição,
imagens amadoras apresentadas voluntariamente pelos res- que venham a ser voluntariamente apresentadas pelos res-
pectivos possuidores que sejam portadores de interesse cul- pectivos possuidores, se outro não for o motivo invocado
tural relevante. para a respectiva inventariação, nos termos do regime geral
de protecção de bens culturais.
SUBSECÇÃO VII
Regime Específico do Património Bibliográfico
2. Cada espécie bibliográfica inventariada ou apresen-
tada para inventariação, deve ser descrita de acordo com as
regras estabelecidas pela Biblioteca Nacional de Angola,
ARTIGO 40.º
(Património Bibliográfico)
providenciando-se para que as respectivas descrições sejam
compatibilizadas e validadas.
1. Integram o Património Bibliográfico as espécies,
colecções e fundos bibliográficos que se encontrem, a qual-
SUBSECÇÃO VIII
quer título, na posse de pessoas colectivas públicas, inde-
Regime Específico do Património Fonográfico
pendentemente da data em que foram produzidos ou reuni-
dos, bem como as colecções e espólios literários.
ARTIGO 42.º
(Património Fonográfico)
2. Devem igualmente integrar o Património Biblio-
gráfico:
1. Integram o Património Fonográfico as séries de sons
a) as espécies, colecções e fundos bibliográficos de fixadas sobre qualquer suporte, bem como as geradas ou
pessoas colectivas de utilidade pública, produzi- reproduzidas por qualquer tipo de aplicação informática ou
dos ou reunidos há mais de 25 anos, se outro informatizada, também em suporte virtual, e que, tendo sido
não for o valor invocado para a respectiva realizadas para fins de comunicação, distribuição ao públi-
inventariação; co ou de documentação, se revistam de interesse cultural
b) as colecções e espólios literários pertencentes a relevante e preencham pelo menos um de entre os seguintes
pessoas colectivas de utilidade pública, se outro requisitos:
não for o valor invocado para a respectiva
inventariação; a) hajam resultado de produções nacionais ou de pro-
c) as espécies, colecções e fundos bibliográficos que duções estrangeiras relacionadas com a realida-
se encontrem, a qualquer titular, na posse priva- de e a cultura angolana;
da, produzidos ou reunidos há mais de b) integrem, independentemente da nacionalidade da
50 anos, bem como as colecções e espólios lite- produção, colecções ou espólios conservados
rários, se outro não for o valor invocado para a em instituições públicas ou que, independen-
respectiva inventariação. temente da natureza jurídica do detentor, se dis-
3. Podem ser objecto de classificação as espécies biblio- tingam pela sua notabilidade;
gráficas com especial valor de civilização ou de cultura e c) representem ou testemunhem vivências ou factos
em particular: nacionais relevantes.
2. O Património Natural é protegido nos termos da pre- 3. Para a sua conservação devem ser criadas instituições
sente lei, da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho - Lei do Ordena- especializadas.
mento do Território e do Urbanismo e demais legislação
aplicável. CAPÍTULO III
SECÇÃO II Fomento da Conservação e
Bens Imateriais Valorização do Património Cultural
1. Entende-se por Património Cultural Imaterial o con- 1. A protecção, conservação, valorização e revitalização
junto das manifestações culturais tradicionais e populares do Património Cultural devem ser consideradas obrigatórias
que são criações colectivas emanadas de uma comunidade, no ordenamento do território e na planificação a nível
fundadas na tradição e transmitidas fundamentalmente por nacional, provincial e local.
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ARTIGO 52.º
1. Os órgãos da administração central, provincial e local
(Promoção de acções educativas)
devem consignar nos seus orçamentos uma percentagem de
fundos proporcional à importância dos bens que integram o
Património Cultural sob sua responsabilidade e de acordo 1. O Governo deve empreender e apoiar acções educati-
com os planos de actividade previamente estabelecidos, vas capazes de fomentar o interesse e respeito público pelo
com o objectivo de acorrer à protecção, conservação, estu- Património Cultural, como testemunho de uma memória
do, valorização e revitalização desses bens e participar colectiva definidora da identidade nacional.
financeiramente, quando for caso disso, nos trabalhos reali-
zados nos mesmos pelos seus proprietários, quer sejam 2. Devem ser tomadas medidas adequadas à promoção e
públicos ou privados. realce do valor cultural e educativo do Património Cultural,
como motivação fundamental da sua protecção, conser-
2. As despesas respeitantes à salvaguarda de bens cultu-
vação, revalorização e fruição, sem deixar de ter em conta o
rais postos em perigo pela execução de obras do sector
público, incluindo trabalhos arqueológicos preliminares, valor sócio-económico desse mesmo património, na sua
são suportadas pelas entidades promotoras do respectivo qualidade de recurso activo a ter em conta na dinâmica de
projecto, as quais devem, para o efeito, considerar nos orça- desenvolvimento do País.
mentos a previsão desses encargos.
3. O Governo deve facilitar e estimular a criação de
3. Tratando-se de obras de iniciativa privada, os encar- organizações voluntárias destinadas a apoiar as autoridades
gos podem ser suportados, em comparticipação, pelas enti- nacionais e locais no exercício pleno dos seus poderes e
dades promotoras do projecto e pelas entidades directamen- objectivos de salvaguarda e vitalização em matéria de pro-
te interessadas na salvaguarda desse património mediante tecção do Património Cultural, de forma a regulamentar
prévia concertação.
posteriormente.
ARTIGO 49.º
(Regimes fiscais)
4. Devem ser asseguradas as modalidades de informa-
ção e de exposição destinadas a explicar e divulgar as
O Governo deve promover o estabelecimento de regi- acções projectadas, em curso ou realizadas no campo do
mes fiscais apropriados a mais adequada salvaguarda e ao estudo e da salvaguarda do Património Cultural, designada-
estímulo à defesa do Património Cultural Nacional que se mente a promoção da publicação de inventários do
encontra na posse de particulares. Património Cultural.
2488 DIÁRIO DA REPÚBLICA
ARTIGO 58.º
(Multas)
Os crimes praticados contra o Património Cultural
devem obedecer ao critério previsto na presente lei, sem
Nos casos em que o dano causado ao Património Cultural prejuízo das disposições gerais previstas no Código Penal.
seja susceptível de avaliação pecuniária ou económica, deve
ser punido com a multa de 10 vezes mais acrescida do valor ARTIGO 63.º
atribuído pelos especialistas ou o do mercado. (Crime contra o património)
ARTIGO 59.º
1. Comete o crime contra o património aquele que pro-
(Aplicação das multas)
ceda de forma a sonegar, a obstruir, a destruir, a alienar
ou a apropriar-se de bens classificados como sendo de
1. A aplicação das multas por infracções contra o
Património Cultural compete aos organismos que por razões interesse patrimonial concluído regularmente por entidades
de competência específica lhes cabe tutelar o Património públicas especializadas.
Cultural, sem prejuízo dos princípios da cooperação e inter-
dependência orgânica. 2. A prática de actos previstos no n.º 1 do presente arti-
go é qualificável como crime punível com pena de prisão de
2. A aplicação de multas por infracções contra o dois a oito anos.
Património Natural compete aos organismos que por razões
de competência específica lhes cabe tutelar o ordenamento 3. É ainda qualificado como crime contra o património:
do território, o urbanismo e o ambiente, as pescas, a geolo-
gia e minas, a agricultura e o desenvolvimento rural.
a) o auxílio ou a passagem de informações de dados
ARTIGO 60.º sobre bens susceptíveis de classificação ou em
(Procedimento para aplicação das multas) vias de classificação;
b) a exportação ou expedição de um bem classifi-
1. A aplicação das multas contra infracções sobre o cado como de interesse patrimonial cultural;
Património Cultural, exceptuando-se o Património Natural, c) o deslocamento de um bem imóvel classificado ou
compete ao Ministério da Cultura, sem afastar o previsto no em vias de classificação;
artigo anterior, cabendo-lhe o pedido de informação ou d) a destruição de vestígios que facilitem a identi-
dando informações oficiosas aos Ministérios das Finanças,
ficação do bem;
Justiça, Urbanismo e Ambiente e Obras Públicas.
e) a aquisição ou destruição de um imóvel classifi-
2. Ao Ministro cabe praticar todos os actos necessários cado ou em vias de classificação;
para a boa resolução do litígio, atendendo os interesses f) a alienação ou destruição do imóvel ou móvel de
superiores do Estado. valor histórico-cultural;
g) a obstrução, sonegação ou destruição de um bem
3. É vedada a aplicação de multas sem que se apure a que, pelo seu valor histórico, deva ser classifi-
verdade material dos factos ou sem a resolução final dos cado, ou tenha sido classificado ou em vias de
peritos ou especialistas, e a audição prévia do infractor nos classificação como fazendo parte do Património
termos do Decreto-Lei n.º 16-A/95, de 15 de Dezembro, Cultural por razões étnicas ou regionais;
sobre as Normas do Procedimento Administrativo, bem h) a amputação ou deformação da tradição oral;
como a prática de actos com intuito dilatório.
i) a designação incorrecta voluntária do Património
Onomástico.
ARTIGO 61.º
(Reparação e prescrição)
4. A prática de factos previstos nas alíneas a), c), d) e e)
1. As sanções previstas no presente capítulo não impli- deve ser punida com uma pena adicional de 1/3 sobre a pena
cam a falta de restituição do bem, sempre que possível, prevista no n.º 2 do presente artigo, quando se tratar de ins-
obrigando os infractores à reparação e restituição das coisas tituições ou pessoas que pelo seu estatuto devem contribuir
no estado em que se encontrarem. para a protecção, zelo e divulgação do Património Cultural.
2490 DIÁRIO DA REPÚBLICA
1. Os funcionários ou agentes públicos do Estado, dos Vista e aprovada em Conselho de Ministros, em Luanda,
Governos Provinciais e das administrações locais são res- aos 13 de Julho de 2005.
ponsabilizados civil, administrativa e criminalmente pelos Publique-se.
prejuízos comprovados em bens classificados decorrentes
de acto ou omissão que lhes sejam directamente imputáveis, O Primeiro Ministro, Fernando da Piedade Dias dos
por dolo ou negligência. Santos.