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qual o elipsóide que melhor se adaptava h num ponto da superfície terrestre, a normal
Terra, a Academia das Ciências de Paris a um elipsóide dado. Contudo, sempre que o
mandou, em 1735, duas expedições para re- elipsóide escolhido seja uma boa aproximação
giões de latitude elevada com o objectivo de da superfície terrestre, a vertical desse lugar
aí medirem arcos que se podessem comparar é uma linha vizinba da normal referida.
com o da Europa Central. Uma das expe- É por isso que todas as observações geo-
dições, enviada para a Patagônia, depois de désicas são baseadas nessa vertical.
inúmeras peripécias, ficou impossibilitada de Assim, nas observações astronómicas deter-
chegar a resultados conclusivos. A outra, minam-se os parâmetros da vertical que passa
enviada para a planície de Lapland, pôde pelo lugar de observação.
provar ter a Terra uma forma mais próxima Na triangulação geodésica medem-se recti-
dum^ elipsóide achatado do que dum alon- líneos de diedros cujas arestas são tangentes
gado* a verticais.
Com a controvérsia acima referida ficou No nivelamento geométrico determina-se a
posto nm dos problemas fundamentais da equidistência dos planos horizontais (Planos
geodesia: a determinação do elipsóide que perpendiculares à referida vertical) que pas-
melhor se ajusta à superfície da Terra. sam em lugares vizinhos.
Este problema é duma importância capital Finalmente nas medições da gravidade de-
pois ó sobre uma tal superfície que, na geo- termina-se qual a superfície equipotencial
desia clássica, se efectuam os cálculos das (superfície normal às verticais) que passa por
observações geodésicas. Portanto, estes con- um lugar dado.
duzem a resultados diferentes conforme o Desta forma, nas observações geodésicas
elipsóide escolhido, afastando-se tanto maia que referimos, ressalta a importância qne tem
dos valores observáveis quanto mais diferir o campo da gravidade terrestre, já qne a ver-
a snperfície terrestre desse elipsóide. Evi- tical dura lugar não é senão a tangente, nesse
dentemente não se pode pensar que toda a lugar, à linba de corrente desse campo que
massa de observações, feita ou a fazer, possa passa por ele.
ser referida automaticamente a um elipsóide Aparece-nos assim, como segundo objec-
satisfatório. Escolhido nm, ele é conservado tivo da geodesia, o estado do campo da gra-
dnrante o maior tempo possível, já que a vidade terrestre.
mudança de milhares de dados observados, Da determinação das diferentes superfícies
dam elipsóide para outro é uma operação equipotenciais e das linhas de corrente desse
muito dispendiosa. Além disso, não sendo a campo deduz-se uma superfície (a superfície
Terra ama superfície regular, pode haver equipotencial de nível zero) que é uma melhor
um elipsóide que se ajuste melhor a uma aproximação da superfície terrestre do que
dada região e que não seja satisfatório para o elipsóide. Ela será a superfície que contém
outra. a superfície de equilíbrio dos oceanos. Em
Fixado um elipsóide de referência, todo geodesia dá-se o nome de geoide a uma tal
o ponto do espaço pode ser determinado pela snperfície.
normal ao elipsóide que passa por ele e Ficam assim definidas em geodesia três
pela distância do ponto (afectada dum sinal) superfícies: a superfície terrestre, o geoide
a esse elipsóide. Em particular, podem ser e o elipsóide de referência. A geodesia
referidos a essa superfície todos os ponto» clássica desenvolve-se usando-as alternada-
da superfície terrestre. Na prática, é porém mente : as observações são feitas sobre a
impossível, duma maneira simples, determinar primeira em relação à segunda $ calculadas
GAZETA DE MATEMATICA 89
sobre a terceira. Das vantagens e inconve- Em Berlim nos anos de 1864 e de 1807,
nientes dom tal método teremos ocasião de era Viena (1871), em Dresde (1870), em
falar no decorrer deste trabalho. Stutgart (1877), em Munique (1880), em Roma
(1883), novamente em Berlim (1886), em
Paris (1889), em Copenhague (1903), em
2, A Associação Internacional de G e o - Budapeste (1906), em Cambridge (19U9).
desia- Com esta reunião terminou a primeira fase
da vida desta organização.
O estudo da figura da Terra não se pode Se q u i s e s s e m o B apontar os nomes da al-
compreender sem observações que abranjam, guns geodetas que se distinguiram durante
senão a totalidade, pelo menos uma grande este período três aparecem imediatamente
extensão da superfície terrestre. Para a rea- destacados: G A U S S , B E S S E L e H E L M E R T .
lização de tais observações ó fundamental Porém, numa organização deste tipo, é o
um perfeito acordo entre as nações, não só trabalho contínuo de observação, sistemati-
para que aquelas tenham sensivelmente a zação e cálculo que mais convém destacar.
mesma precisão mas, principalmente, para Durante o primeiro período de actividade
que se possam interligar. da organização pode-se apresentar como obra
O trabalho de coordenação e de sistemati- realizada:
zação das observações, bem como a compi- A Convenção Internacional do Metro que
lação dos estudos acerca da forma da Terra, permitiu uniformizar as unidades de compri-
tem sido realizado pela Associação Interna- mento.
cional de Geodesía (AIG). O Serviço Internacional de Latitudes ao
A A I G que tem hoje, pràticamente, repre- qual está entregue a conservação da hora.
sentações de todas as nações completou há A repetição, com precisão muito maior,
poucos anos o seu primeiro centenário. Criada da observação dos arcos em regiões de lati-
com o nome de Associação Geodésica Inter- tude elevada, a que já fizemos referência no
nacional, funcionou desde 1862 até 1914, inicio deste trabalho.
altura em que a guerra interrompeu a sua A medição de diversos arcos de paralelos
actividade. Tornada a criar em 1922, já com e de meridianos.
o nome de AIG, a sua actividade tem-se DetermiuaçOes de desvios da vertical, pes-
mantido até à actualidade. quisas sobre isostasia e sobre marés terres-
Apraz-nos salientar que o bom entendi- tres, etc.
mento entre as secções das diferentes nações A seguir á guerra de 1914-1918 voltou a
permitiu colocar ao serviço da A I G assuntos pôr-se a necessidade da Instituição. A mesma
tais como as coordenadas geográficas de pon. foi integrada numa União Geodésica e Geo-
tos bem definidos, os quais até há bem pouco física Internacional da qual passou a ser uma
tempo eram classificados como segredo militar. das Associações.
A A I G foi primitivamente criada para in- Realizaram-se as Assembleias Gerais de
terligar os países do centro da Europa mas Roma (1922), Madrid (1924), Praga (1927),
tornou-se rapidamente uma organização à Estocolmo (1930), Lisboa (1933), Edinburgo
escala planetária, podendo hoje reeuvidicar (1936), Washington (1939), e a seguir à se-
com orgulho o titulo da mais antiga organi- gunda guerra mundial, Oslo (1948), Bruxelas
zação cientifica mundial. (1951), Roma (1954), Toronto (1967), Hel-
A sua actividade foi estructurada numa sínquia (1960) e Berkeley (1964),
sequência de congressos; A estructura da A I G tem evoluído sendo
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actualmente formada por cinco secções: de- trictos os membros da A I G a que ele inte-
terminação geométrica de posições, nivela- resse. O problema é estudado por esse grupo
moDto e movimentos dos solos, astronomia duma forma permanente e, quando se justi-
geodésica e satélites artificiais, gravimetria e fique, em sessões de trabalho.
geodesia física. A seguir ao congresso de Berkeley as
Para dar uma primeira ideia da problemá- comissões permanentes ficaram a ser:
tica da geodesia contemporânea, damos a se-
guir um apanhado dos principais problemas 1." Comissão: Nova compensação de con-
que são o objecto de cada uma destas sec- junto das triangulações europeias. 2.* Comis-
ções : são : Estabelecimento duma rede europeia de
nivelamento unificada (REUN). 3.* Comissão:
I Secção: Triangulações e trilaterações, c o m i s s ã o gravimétrica internacional. 4.*
poligonais de alta precisão, bases, medições Comissão : marés terrestres. 5.* Comissão:
electromagnéticas e ópticas de distâncias, bibliografiia geodésica. 6." Comissão: movi-
nivelamento trigonométrico, refracção atmos- mentos recentes da crusta terrestre. 7. 1
férica, cálculo. Comissão: satélites artificiais.
II Secção: Altitudes, definições, nivela-
mento de precisão, métodos e instrumentos, Quanto aos grupos de estudo foram criados
resultados, precisões e cálculos, movimentos os seguintes (indicamos entre parêntesis a
horizontais e verticais do solo. secção a que o grupo diz respeito):
III Secção. Métodos de observação em
astronomia geodésica, variação das latitudes GEE 1 (I) Problemas teóricos respeitantes
e das longitudes, problemas da hora, utiliza- ao cálculo e à compensação das grandes
ção geométrica dos satélites artificiais. triangulações. GEE 2 (I) Cálculo das redes
IV Secção: Medições absolutas erelativas de S H O R À N (e de processos análogos) e das
da gravidade, estabelecimento duma rede grandes geodésicas. GEE 3 (II) Estudo dos
gravimétrica mundial homogénia, bases de erros sistemáticos dos nivelamentos de pre-
calibração, estabelecimento de cartas de ano- cisão por métodos de análise estatística.
malias da gravidade, utilização, prática dos GEE 4 (III) Estudo crítico dos métodos de
métodos de redução. astronomia geodésica. GEE 5 t (IV) Deter-
V Secção: Desvios da vertical, reduções minações absolutas da gravidade. Ligações
da gravidade, interpretação física das ano- entre estações absolutas. Fórmula da gravi-
malias da gravidade, determinação do poten- dade normal. G E E 5 2 Técnica das observa-
cial exterior e do campo gravítico terrestre, ções gravimétricas. GEE 6 (IV) Estabeleci-
utilização dinâmica dos satélites artificiais, mento duma base europeia de calibração de
marés terrestres. gravímetros. Bases de calibração GEE 7 (IV)
Sobre a oportunidade da adopção dum sis-
tema único de decomposição em zonas para
A estruturação da A I G em cinco secções
o cálculo das reduções topográficas (e isos-
não é suficiente para abordar os diferentes
táticas) e para o cálculo dos desvios absolutos
problemas da geodesia moderna. Por isso,
da vertical. G E E 8 (V) Reduções das obser-
sempre que um problema o justifique, é criada
vações gravimétricas com vista à sua utiliza-
uma Comissão Permanente ou, pelo tempo
ção na fórmula de S T O K E S . GEE 9 (III)
que for julgado necessário, um Grupo Espe-
Emprego em geodesia dos resultados das
cial de Estudo (que pode eventualmente ser
observações lunares e de satélites artificiais
desdobrado em Bubgrupos) a que ficam ades-
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ções ópticas de satélites em detrimento das minação dos coeficientes Jn, Jnm, e Kn„i
observações baseadas no efeito U O P P L E H - Essa determinação faz-se pela análise daB
- F I Z E A U . O segundo tipo de observações reve- perturbações causadas no movimento dos
la-se de momento mais preciso do que o satélites artificiais devido à existência do
primeiro. potencial de perturbação.
Como resultado de tal precisão, a geodesia Torna-se então necessário separar as per-
por satélites encontra-se de momento dife- turbações causadas pelo campo de pertur-
renciada em dois sectores. Um, o da «geo- bação daquelas devidas a diversos efeitos
desia ricas utiliza satélites activos do tipo parasitários. Destes, os mais importantes são
GEOS e SECOEt. É a geodesia dos Estados o atrito da atmosfera, a atracção do Sol e da
Unidos e da União Soviética. O outro, o da Lua e a pressão da radiação solar. Destas
a geodesia pobre», utiliza satélites passivos perturbações parasitárias as de mais difícil
do tipo ECO, PAGEOS ou Diamante. É a controle são a pressão de radiação e o atrito
geodesia da Europa. atmosférico pois dependem grandemente da
actividade solar. A fim de minimizar os seus
efeitos, são escolhidos satélites cujas órbitas
tenham um perigeu não muito pequeno 6 um
ELEMENTOS apogeu não muito grande, pois a acção da
DE GEODESIA DINÂMICA atmosfera faz-se sentir quando o satélite está
mais próximo da Terra e a perturbação cau-
sada pela pressão de radiação é tanto maior
I. Introdução. quanto mais afastado está o satélite da Terra.
Além disso escolhem-se para estudo satélites
Mostramos nos dois últimos capitulos a pequenos e pesados.
importância que tinha em geodesia a deter- A órbita é escolhida em conformidade com
minação do potenciai do campo da gravidade. a perturbação a analisar. Para isso procura-se
Essa determinação fazia-se decompondo o uma órbita que torne máximas as perturba-
campo da gravidade Dura campo de gravi- ções de interesse geodésico e mínimas as
dade normal e num campo de perturbação. perturbações parasitárias. Em geral, uma dada
Ao primeiro correspondia nm potencial de perturbação não é estudada só relativamente
gravidade normal e ao segundo um potencial a uma dada órbita. Procuram-se observar
de perturbação, T . satélites em diversas órbitas, com diferentes
A geodesia dinâmica tem por objectivo estu- inclinações (afastadas em geral da inclinação
dar o campo de gravitação terrestre. Para crítica), para ee obter uma determinação sufi-
isso, decompõe este num campo de gravitação cientemente precisa. Ura método a usar é o
normal e num campo de perturbação. Para da escolha de satélites onde os harmónicos
campo de gravitação normal toma-se um em estudo criem fenómenos de ressonância.
campo de simetria esférica. Em tais condi-
ções, o potencial de perturbação é o mesmo
usado em geodesia fisica quando se toma 2. As equações do movimento dum
como superfície de referência uma esfera. satélite.
Se desenvolvermos o potencial de pertur-
bação em série de L E O E N I X I E A Í I O S , tal como As equações do movimento dum satélite
o fizemos nos capítulos anteriores, o problema artificial sob a acção dum campo criado por
central da geodesia dinâmica será o da deter- um potencial da forma
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onde as segundas igualdades são uma conse- r" _ r 0'2 — r cos 2 0 y{* + = 0
quência de ser o trabalho realizado pelo r
campo, quando o satélite sofre um desloca-
mento d P , igual a — C1"2 0 7 + r cos 9 sen 9 n' 2 = 0 (II)
( 4 ) 4- « — m = 0
d 02 (6) r = a( 1 — Ô C O S Í Í ) .
GAZETA DE MA T E M A T I Ç A 95
Será
M = n (í — t)
1— es = (l + e cos v) • (1 — e cos E) E = e sen E = M
+
/— — e . E
8 portanto tg X — tg —
2
2 ~ VM 1 L—e (Ill)
cos E — e r *= a (1 — c cos E)
( 7 ) coa r : tg (« — fi) = cos i tg (w 4- v)
1 — e cos E
sen <í = sen i sen (M + r ) .
Vl - e 3 s e n E
sen v =
X — e cos E
1 — cos v 1 + í
(8) tgs te 2 -
2 1 + cos v 1 — e "" 2
dv (1 — í^sen^
sent)-
dE (1 — e c o s Ef
ou seja
dv Vi — e*
Usando (6), (9) e (10) vemos que
e cos E
( 9 )
~dE
/drV
f 1 4- r2 ( |= (, a 2o — a aa»e 2 c o so2 Í77i\
í),
Utilizando esta relação e (6) para fazer \dt) \dt)
uma mudança de variável em (3), somos con-
duzidos a Usando novamente (6) podemos formar a
constante das forças vivas
(10) k = a s y T ^ ë ? (1 —e cos E)-^ ^
dt dt
(12) 2h - - n* a? nV a' = f M .
(11) E — eaenE = n(t — T) .
Finalmente, a partir de (10), vemos que o
A posição do corpo atraído será então momento cinético da unidade de massa, cons-
determinada por meio de tantemente normal ao plano da orbita, tem
96 GAZETA DE MATEMATICA
d<a l/l — d T , S 2 d T
~dt n a2e de + na2)/1 —<2
+.-Í5.JÍ
dt ò T l — e2 d T 1G
dt n2 a da w3 a 3 e d e
d (á 1 y T (5cosaí — 1).
2
dt 4 \ l - t 2 J
Vários outros sistemas equivalentes têm
sido usados. Entre eles destaca-se o obtido
por DELAUNAY para o estudo do movimento A segunda destas equações mostra-nos a
lunar. Em todos esses sistemas, bem como importância que têm as órbitas com a incli-
nos que já referimos, torna-se necessário nação i —* 63,4° para as quais 5 c o s a i ' = l .
exprimir o segundo membro em função dos É de notar que um grande número de satéli-
elementos elípticos e do tempo. tes soviéticos têm uma inclinação próxima.
As perturbações a estudar são decompostas Isso permite diminuir as perturbações cau-
como habitualmente, em perturbações perió- sadas por J 2 no movimento do perigeu.
dicas e seculares. No estudo das perturbações A utilização de (3), calculado para diferen-
seculares não é necessário entrar em consi- tes satélites em órbitas distintas, e com incli-
deração com os coeficientes J„M e Knm pois, nações variadas, permite, depois de determi-
a existência do movimento de rotação da nado ^^ por observações determinar os
Terra, ó suficiente para fazer com que as per- dt
turbações correspondentes sejam periódicas. coeficientes Jn, K I Ü G - H E L E , por exemplo, faz
O potencial de perturbação causa pertur- uma determinação simultânea de J 2 , J\ o
bações mais sensíveis no movimento do peri- Je usando o Sputnik 2 (i = 65°), o Van-
geu e do nodo ascendente. Daí, utilizarem-se guard 1 (t = 34") e o Explorer 4 (t = 50°).
98 GAZETA DE MATEMATIÇA
Em 1963 melhora o resultado obtido pelo valores estes que são de muito menor pre-
estudo do movimento do nodo de sete satélites cisão.
com inclinações variando de 28,8° até 97,4°. Poderá snpor-se, pelos valores dados, que
KOZAI em 1962 utiliza igualmente sete saté- os métodos da geodesia dinâmica vêm subs-
lites mas com um número menor de órbitas. tituir, com vantagem, os métodos da gravi-
metria. Isso só em parte é verdade. Com
Breve análise dos resultados obtidos. efeito, a observação de satélites permite de-
terminar, com uma muito grande precisão, os
Foram já realizadas várias determinações harmónicos de ordem inferior. A precisão
dos coeficientes ./„. Assim, dos valores comu- com que se fazem estas determinações vai
nicados ao congresso de Berkeley, destacamos diminuindo à medida que a ordem dos har-
os de K I H S - H E L E e K O S A I a que já fizemos mónicos vai aumentando. Pelo contrário, a
referência. precisão com que se fazem as determinações
Ambas as determinações foram feitas pelo pelos métodos gravimétricos é independente
estudo do movimento secular do nodo ascen- da ordem dos harmónicos. Além disso, cer-
dente. Os valores obtidos foram: tamente essa precisão melhorará à medida
que forem aumentando o número de obser-
(Entre parêntesis indicam-se as precisões vações gravimétricas realizadas. Desta forma,
obtidas) é de esperar que os métodos gravimétricos
e os métodos da geodesia dinâmica se comple-
Jj.106 J i . W Je.106 Jg.10» ./„.IO« Ju. 10» tem harmoniosamente para, conjuntamente,
KOSAI determinarem o potencial terrestre.
+ 1082.48 —1.84 +0.39 +0.002
(0.04) (0.09) (0.09) (0.07)
5. Conclusão.
KISO-HILE
+ 1082 86 -1.03 +0.72 + 0.34 - 0.50 + 0.44 Ao apresentar os diferentes métodos usa-
(0.1) (0.2) (0.2) (0.2) (0.2) (0.2) dos para determinar a forma da Terra, pro-
curamos mostrar os problemas ligados a cada
Os coeficientes de ordem ímpar foram es- nm. Para isso tivemos que os eBtudar sepa-
cudados por meio das variações periódicas radamente desarticulando em parte a ciência
do perigeu, da excentricidade, da inclinação geodésica. Na verdade esta, para fazer esse
e do nodo ascendente. K O S A I dá-nos os valores estudo, não recorre alternadamente a um e
outro método mas, bem ao contrário, procura
Jj.ioo J5.106 J-,.106 Js.lO» utilizá-los simultaneamente.
—2.562 —0.064 -0.470 -0.117 Já demos alguns exemplos da colaboração
(0.007) (0.007) (0.010) (0.011) existente entre os diferentes métodos utiliza-
dos. Assim, vimos como o conceito de cota
Estes resultados melhoram muito os que geopotencial era obtido a partir do nivela-
tinham sido obtidos por métodos gravimétri- mento e da gravimetria. Vimos igualmente
cos. Com efeito J E F F K E Y S tinha chegado aos no fim do parágrafo anterior, que o potencial
valores: terrestre era determinado pela colaboração
da gravimetria e da geodesia dinâmica. Outros
j t ... ( + 1 0 9 3 + 5 ) . I O " « , J3 - ( - 0 . 4 + 2 . 8 ) . I O ' 0 exemplos de trabalho conjunto dos diferentes
J4 — (— 2 , 2 + 2.1).10- s ramos da geodesia podem ser apresentados.
GAZETA DE MATEMAT1CÀ 99
Neste caso, ao contrário do que acontecia dentes vectores direccionais C[, e 2 , «3, • *• •
no método de triangulação por meio de saté- O ponto P será então determinado pelas
lites, as observações não têm de ser simultâ- equações vectoriais
neas visto serem conhecidas as coordenadas
do satélite observado, A precisão obtida não St- P = \St-P\Z.
é contudo tão grande como no referido mé-
todo, visto o satélite estar sugeito a perturba- A introdução de coordenadas aproximadas
ções que nem sempre são controláveis, Para do ponto P permite formar as equações de
que a precisão seja o maior possível, importa observação.
que as observações sejam realizadas em oca- O método que acabamos de indicar foi uti-
siões em que as coordenadas do satélite sejam lizado pelo Instituto Smitbsoneano para inter-
bem conhecidas, Para isso observa-se, do ligar as principais redes geodésicas.
ponto desconhecido, o satélite pouco depois
dele ter sido coordenado na rede adoptada.
BIBLIOGRAFIA
Neste caso o movimento do satélite foi pouco
perturbado pelos valores mal conhecidos do
W. A, HEISKANÍN AND F. A, VÍHISO-MEINIEZ, The
potencia). Pode ainda observar-se o satélite Earth and its gravity field. Bonford Geodesy.
depois dele ter dado uma revolução completa M . S . MOLOOENSKII, V . E . IÍHKUEEV M . I. YUILKINA, Met-
pois neste caso sé há a considerar, apenas, tods for study of the external gravitational field and
as perturbações seculares. figure of the Earth.
I. I. MUELLER, Introduction to Satellite Geodesy.
O problema da determinação das coorde- G. VEIS, Geodetic uses of artificial satellites.
nadas dum ponto terrestre pela observação Comunicações aos congressos da Associação Interna-
dum satélite reduz-se então a : cional de Geodesia.
Determinar as coordenadas dum ponto P The use of Artificial Satellites for Geodesy.
Contemporary Geodesy.
quando dele se observaram satélites nas posi- Geodesy io Space Age.
ções 5",, , Ss, , Sn, conhecidas, Foram ainda consultados diversos artigos de «Bulle-
A observação do satélite sobre um campo tin GtSodésiques.
de estrelas permite determinar os correspon- Survey Review.