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Este eBook foi adquirido por ANA PAULA TORQUATO DA COSTA - CPF: 628.848.913-15.

A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Ernani Pimentel • Márcio Wesley • Júlio Lociks • Fabrício Sarmanho • Eduardo
Muniz Machado Cavalcanti • Luis Guilherme Gomes Winther Neves • Edgard
Antônio Lemos Alves • Welma Maia • Maurício Nicácio • Saulo Fontana
Raquel Mendes de Sá Ferreira • Gladson Miranda

PREPARATÓRIA

Língua Portuguesa • Matemática • Noções de Direito Constitucional • Ética no


Serviço Público • Noções de Direito Administrativo • Noções de Direito Penal

“O que é uma apostila preparatória? É uma apostila elaborada antes da


publicação do edital, com base nos concursos anteriores, ou no último edital,
para permitir ao aluno antecipar seus estudos. Comece agora a se preparar”.

2016

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© 2016 Vestcon Editora Ltda.

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da obra, bem como às suas características gráficas.

Título da obra: PRF – Polícia Rodoviária Federal


Policial Rodoviário Federal
Conhecimentos Básicos e Específicos – Nível Superior – Módulo 1
Atualizada até 5-2016 (AP488)

(Baseada no Edital nº 1 – Prf – Policial Rodoviário Federal, de 11 de Junho de 2013 – Cespe)

Língua Portuguesa • Matemática • Noções de Direito Constitucional • Ética no Serviço Público


Noções de Direito Administrativo • Noções de Direito Penal

Autores:
Ernani Pimentel • Márcio Wesley • Júlio Lociks • Fabrício Sarmanho
Eduardo Muniz Machado Cavalcanti • Luis Guilherme Gomes Winther Neves
Edgard Antônio Lemos Alves • Welma Maia • Maurício Nicácio
Saulo Fontana • Raquel Mendes de Sá Ferreira • Gladson Miranda

GESTÃO DE CONTEÚDOS
Welma Maia

PRODUÇÃO EDITORIAL
Dinalva Fernandes

Revisão
Dinalva Fernandes
Érida Cassiano

CAPA
Lucas Fuschino

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Marcos Aurélio Pereira

www.vestcon.com.br

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PRF

SUMÁRIO

Língua Portuguesa

Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados.............................................................................................. 3

Reconhecimento de tipos e gêneros textuais........................................................................................................................ 6

Domínio da ortografia oficial


Emprego das letras............................................................................................................................................................ 18
Emprego da acentuação gráfica........................................................................................................................................ 29

Domínio dos mecanismos de coesão textual


Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conectores e outros elementos de
sequenciação textual ........................................................................................................................................................ 11
Emprego/correlação de tempos e modos verbais ............................................................................................................ 32

Domínio da estrutura morfossintática do período


Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração........................................................................... 42/52
Relações de subordinação entre orações e entre termos da oração.......................................................................... 42/52
Emprego dos sinais de pontuação..................................................................................................................................... 61
Concordância verbal e nominal......................................................................................................................................... 68
Emprego do sinal indicativo de crase................................................................................................................................ 75
Colocação dos pronomes átonos...................................................................................................................................... 81

Reescritura de frases e parágrafos do texto


Substituição de palavras ou de trechos de texto. Retextualização de diferentes gêneros e níveis de formalidade..... 7/65

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Língua Portuguesa
Ernani Pimentel / Márcio Wesley

Ernani Pimentel Interpretação


Interpretação significa dedução, inferência, conclusão,
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE ilação. As questões de interpretação não querem saber o
TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS que está escrito, mas o que se pode inferir, ou concluir, ou
deduzir do que está escrito.
Textum, em latim, particípio do verbo tecer, significa
tecido. Dessa palavra originou-se textus, que gerou, em Comandos para Questão de Interpretação
português, “texto”. Portanto, está-se falando de “tecido” de
frases, orações, períodos, parágrafos... Uma “tessitura” de Da leitura do texto, infere-se que...
ideias, de argumentos, de fatos, de relatos... O texto permite deduzir que...
Da fala do articulista pode-se concluir que...
Intelecção (ou Compreensão) Depreende-se do texto que...
Qual a intenção do narrador quando afirma que...
Intelecção significa entendimento, compreensão. Os Pode-se extrair das ideias e informações do texto que...
testes de intelecção exigem do candidato uma postura muito
voltada para o que realmente está escrito. Questão

1. Observe a tirinha a seguir, da cartunista Rose Araújo:


Comandos para Questão de Compreensão
O narrador do texto diz que...
O texto informa que...
Segundo o texto, é correto ou errado dizer que...
De acordo com as ideias do texto...

Questão

1. Assinale a opção correta em relação ao texto. (www.fotolog.com/rosearaujocartum)

O Programa Nacional de Desenvolvimento dos Recur- Infere-se que o humor da tirinha se constrói:
sos Hídricos – PROÁGUA Nacional é um programa do a) pois a imagem resgata o valor original do radical que
Governo Brasileiro financiado pelo Banco Mundial. O compõe a gíria bombar.
Programa originou-se da exitosa experiência do PRO- b) pois o vocábulo bombar foi dito equivocadamente
5
ÁGUA / Semiárido e mantém sua missão estruturante, no sentido de “bombear”.
com ênfase no fortalecimento institucional de todos os c) pois reflete o problema da educação no país, em
atores envolvidos com a ges­tão dos recursos hídricos que os alunos só se comunicam por gírias, como é
no Brasil e na implantação de infraestruturas hídricas o caso de fessor.
viáveis do ponto de vista técnico, financeiro, econômico, d) porque a forma fessor é uma tentativa de incluir na
10
ambiental e social, promovendo, assim, o uso racional norma culta o regionalismo fessô.
dos recursos hídricos. e) porque o vocábulo bombar não está dicionarizado.

(http://proagua.ana.gov.br/proagua) Gabarito
a
a) O PROÁGUA / Semiárido é um dos subprojetos de-
rivados do PROÁGUA/Nacional.
b) A expressão “sua missão estruturante” (l. 5) refere- Preste, portanto, atenção aos comandos para não errar.
-se a “Banco Mundial” (l. 3). Se o texto diz que o rapaz está cabisbaixo, você não pode
“deduzir”, ou “inferir”, que ele está de cabeça baixa, porque
c) A ênfase no fortalecimento institucional de todos os
isso já está dito no texto. Mas você pode interpretar ou con-
atores envolvidos com a gestão de recursos hídricos cluir que, por exemplo, ele esteja preo­cupado, ou tímido, em
é exclusiva do PROÁGUA/Semiárido. função de estar de cabeça baixa.
d) Tanto o PROÁGUA/Semiárido como o PROÁGUA/
Nacional promovem o uso racional dos recursos
Comandos para Medir Conhecimentos Gerais
Língua Portuguesa

hídricos.
e) A implantação de infraestruturas hídricas viáveis do Tendo o texto como referência inicial...
ponto de vista técnico, financeiro, econômico, am- Considerando a amplitude do tema abordado no texto...
biental e social é exclusiva do PROÁGUA/Nacional. Enfocando o assunto abordado no texto...

Gabarito Nesses casos, o examinador não se apega ao ponto de


vista do texto em relação ao assunto, mas quer testar o
d conhecimento do candidato a respeito daquela matéria.

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Questões Aqui a questão pretende medir o conhecimento grama-
tical do candidato e pode abordar assuntos de morfologia,
Texto para os itens de 1 a 11. sintaxe, semântica, estilística, coesão e coerência...

Os oceanos ocupam 70% da superfície da Terra, Questões


mas até hoje se sabe muito pouco sobre a vida em suas
regiões mais recônditas. Segundo estimativas de ocea- Considerando as estruturas linguísticas do texto, julgue os
nógrafos, há ainda 2 milhões de espécies desconhecidas itens seguintes.
5
nas profundezas dos mares. Por ironia, as notícias mais 6. No trecho “até hoje se sabe” (l.2), o elemento linguís-
frequentes produzidas pelas pesquisas científicas relatam
tico “se” tem valor condicional.
não a descoberta de novos seres ou fronteiras marinhas,
mas a alarmante escalada das agressões impingidas
aos oceanos pela ação humana. Um estudo recente do 7. O trecho “muito pouco sobre a vida em suas regiões
10
Greenpeace mostra que a concentração de material mais recônditas” (ls.2-3) é complemento da forma
plástico nas águas atingiu níveis inéditos na história. Se- verbal “sabe” (l.2).
gundo o Programa Ambiental das Nações Unidas, existem
46.000 fragmentos de plástico em cada 2,5 quilômetros 8. A palavra “recônditas” (l.3) pode, sem prejuízo para
quadrados da superfície dos oceanos. Isso significa que a informação original do período, ser substituída por
15
a substância já responde por 70% da poluição marinha profundas.
por resíduos sólidos.
9. O termo “mas” (l.8) corresponde a qualquer um dos
Veja, 5/3/2008, p. 93 (com adaptações). seguintes: todavia, entretanto, no entanto, conquanto.

Tendo o texto acima como referência inicial e considerando a 10. Na linha 9, a presença de preposição em “aos oceanos”
amplitude do tema por ele abordado, julgue os itens de 1 a 5. justifica-se pela regência do termo “impingidas”.

1. Ao citar o Greenpeace, o texto faz menção a uma das 11. O termo “a substância” (l.15) refere-se ao antecedente
mais conhecidas organizações não governamentais “plástico” (l.11).
cuja atuação, em escala mundial, está concentrada na
melhoria das condições de vida das populações mais Gabarito
pobres do planeta, abrindo-lhes frentes de trabalho no
setor secundário da economia. Itens 6, 7 e 9 errados; itens 8, 10 e 11 certos.

2. Por se decompor muito lentamente, o plástico pas-


sa a ser visto como um dos principais responsáveis Erros Comuns de Leitura
pela degradação ambiental, razão pela qual cresce o
movimento de conscientização das pessoas para que Extrapolação ou ampliação
reduzam o consumo desse material. A questão abrange mais do que o texto diz.
O texto disse: Os alunos do Colégio Metropolitano es-
3. Considerando o extraordinário desenvolvimento cien- tavam felizes.
tífico que caracteriza a civilização contemporânea, é A questão diz: Os alunos estavam felizes.
correto afirmar que, na atualidade, pouco ou quase Explicação: o significado de “alunos” é muito mais amplo
nada da natureza resta para ser desvendado. que o de “alunos de um único colégio”.
4. A exploração científica da Antártida, que enfrenta enor-
mes dificuldades naturais próprias da região, envolve Redução ou limitação
a participação cooperativa de vários países, mas os A questão reduz a amplitude do que diz o texto.
elevados custos do empreendimento impedem que O texto disse: Muitos se predispuseram a participar do
representantes sul-americanos atuem no projeto. jogo.
A questão diz: Alguns se predispuseram a participar do
5. Infere-se do texto que a Organização das Nações Unidas jogo.
(ONU) amplia consideravelmente seu campo de atuação Explicação: o sentido da palavra “alguns” é mais limitado
e, sem deixar de lado as questões cruciais da paz e da que o de “muitos”.
segurança internacional, também se volta para temas
que envolvem o cotidiano das sociedades, como o meio Contradição
ambiente. A questão diz o contrário do que diz o texto.
O texto disse: Maria é educada porque é inteligente.
Gabarito A questão diz: Maria é inteligente porque é educada.
Explicação: no texto, “inteligente” justifica “educada”; na
Itens 1, 3 e 4 errados; itens 2 e 5 certos. questão se inverteu a ordem e “educada” é que justifica
Língua Portuguesa

“inteligente”.
Comandos para Medir Conhecimentos
Linguísticos Desvio ou Deturpação
O texto disse: A contratação da funcionária pode ser
Considerando as estruturas linguísticas do texto, julgue considerada competente.
os itens. A questão diz: A funcionária contratada pode ser consi-
Assinale a alternativa que apresenta erro gramatical. derada competente.
Aponte do texto a construção que não foge aos preceitos Explicação: no texto, “competente” refere-se a “contra-
da norma culta. tação” e não a “funcionária”.

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Leia o Texto 6. Errado Por quê? Primeiro, o texto não abrange as-
sunto nacional, mas internacional. Segun-
Em vida, Gustav Mahler (1860-1911), tanto por sua per- do, não se pode deduzir que haja unanimi-
sonalidade artística como por sua obra, foi alvo de intensas dade, mas uma boa ou grande aceitação.
polêmicas – e de desprezo por boa parte da crítica. A incom-
preensão estética e o preconceito antissemita também o 7. Certo
acompanhariam postumamente e foram raros os maestros 8. Certo
que, nas décadas que se seguiram à sua morte, se empe- 9. Certo
nharam na apresentação de suas obras. [...]
10. Certo
Julgue os itens a seguir. 11. Certo Por quê? Conforme o texto, tais críticos,
além de não compreenderem o lado esté-
1. Deduz-se do texto que Gustav Mahler foi alvo de inten- tico do artista, incorreram em preconceito.
sas polêmicas.
2. Deduz-se do texto que o personagem central (Mahler)
foi um compositor. IDEIA PRINCIPAL E SECUNDÁRIA
3. Deduz-se do texto que o personagem central (Mahler)
era de origem judaica. Em vida, Gustav Mahler (1860-1911), tanto por sua per-
4. Pode-se deduzir do texto que o personagem central sonalidade artística como por sua obra, foi alvo de intensas
(Mahler) foi um compositor de músicas eruditas. polêmicas – e de desprezo por boa parte da crítica. A incom-
5. Pode-se inferir do texto que só depois de se terem preensão estética e o preconceito antissemita também o
passado algumas ou várias décadas desde sua morte acompanhariam postumamente e foram raros os maestros
é que Mahler acabou por ser admirado artisticamente que, nas décadas que se seguiram à sua morte, se empenha-
e deixou de ter sua obra segregada. ram na apresentação de suas obras.
6. Pode-se inferir do texto que hoje a avaliação positiva da
obra de Mahler constitui uma unanimidade nacional. Julgue os itens.
7. Intelecção, ou entendimento do texto é a captação 12. O parágrafo lido constitui-se de dois períodos, residindo
objetiva das informações que o texto traz abertamente, a ideia principal no segundo.
explicitamente. 13. A ideia principal está contida no primeiro período,
8. Interpretação, ilação, dedução, conclusão, percepção representando o segundo um desenvolvimento das
do texto é resultado de raciocínio aplicado, permitindo ideias do primeiro.
captar-lhe tanto as informações explícitas, quanto as
implícitas. 14. Qual a ideia principal do texto?
9. A aplicação do raciocínio lógico às informações contidas a) Mahler foi um compositor.
no texto, expostas ou subentendidas, permite ao leitor b) Mahler tinha origem judaica.
tirar dele conclusões ou interpretá-lo corretamente. c) Mahler compunha música erudita.
10. A leitura de um texto deve levar em consideração o mo- d) O valor de Mahler só foi reconhecido devidamente
mento e as circunstâncias em que foi construído, bem a partir de algumas décadas após seu falecimento.
como à finalidade a que se propõe. e) A finalidade do texto é dizer que boa parte da críti-
11. Segundo opinião dedutível do texto, os críticos que ca foi contrária a Mahler.
desprezaram o compositor estavam errados.
Gabarito Comentado
Gabarito Comentado
12. Errado A questão seguinte esclarece o assunto.
1. Errado. Por quê? Esta informação – “foi alvo de in- 13. Certo
tensas polêmicas” – não “se deduz” do tex- 14. d
to, está claramente expressa nele.
2. Certo Por quê? Esta dedução se origina da infor- Nesta questão 14, todas as cinco alternativas exprimem
mação de que “maestros” apresentaram informações contidas no texto dado. Contudo, entre as
obras dele. ideias lançadas em qualquer texto, existe uma hierarquia,
uma gradação de importância. Daí os conceitos de IDEIA
3. Certo Por quê? A informação de que ele foi alvo CENTRAL OU PRINCIPAL e IDEIAS SECUNDÁRIAS OU PERIFÉ-
de ”preconceito antissemita” leva à conclu- RICAS. A ideia central ou principal será a responsável pelo
são de que ele era “de origem judaica”. TEMA, que não se define por uma só palavra, mas por uma
4. Certo Por quê? A palavra “maestro” tem uma co- AFIRMAÇÃO. Pode-se dizer que o tema do trecho lido é a
notação diferente (sem vírgula) de “cantor”, valorização póstuma da obra mahleriana. As demais ideias,
“compositor”, “DJ”, “intérprete” etc. Maes- secundárias, servem para dar maior compreensão ao texto
tro pressupõe erudição, por sua própria for- e propiciar ao leitor uma visão mais detalhada do assunto.
mação acadêmica; por isso, “pode-se dedu-
zir que as músicas sejam eruditas, pois ‘eru-
Língua Portuguesa

COMO ACHAR A IDEIA PRINCIPAL OU O TEMA


ditos’ se empenham na sua apresentação”.
O “pode-se deduzir” é aceitável, porque não Tratando-se de texto expositivo, argumentativo, os exa-
impõe que seja uma “dedução obrigatória”. minadores buscam avaliar no candidato a capacidade de
5. Certo Por quê? Essa inferência (dedução) nasce captar o mais importante. Quando você tem pouco tempo
da informação de que “foram raros os ma- na prova e precisa responder a uma questão que indaga
estros que, nas décadas que se seguiram à sobre o tema ou a ideia central de um longo texto, ou de
sua morte, se empenharam na apresenta- um texto completo, basta concentrar-se na leitura do último
ção de suas obras.” parágrafo. Necessariamente lá está a resposta da questão.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Normalmente, num parágrafo, a ideia principal se encon- Subentendidos
tra na parte inicial sendo seguida de um desenvolvimento, Os subentendidos se formam por dedução subjetiva do
em forma de explicação, detalhamento, exemplificação etc.. leitor, pois baseiam-se em sua visão de mundo, por isso são
Essa ideia principal também é conhecida por TÓPICO FRASAL. discutíveis.
Mais raramente, pode ser encontrada no final do parágrafo, Ex.: Teresa voltou da Índia.
sob a forma de conclusão das informações ou explanações
que a antecedem. Repetindo: a ideia central ou principal de Subentendidos: Teresa gastou muito (discutível, pois
um parágrafo se situa no início ou no final. Nas outras partes, pode alguém ter pago tudo); ela é uma felizarda, aproveitou
aparecem os argumentos. bastante (discutível, porque pode ter ido a trabalho, com
Quando a abordagem é não apenas de um parágrafo, pouco dinheiro, e ter ficado hospitalizada o tempo todo).
mas de um texto completo, o tema ou ideia principal se Exercícios
encontra no último parágrafo, podendo também aparecer
no primeiro, conhecido como parágrafo introdutório. Os Assinale C ou E nos parênteses.
parágrafos centrais são reservados às argumentações, que Na frase Carlos mudará de profissão,
contribuem para dar suporte à principal ideia. 1. ( ) tem-se como pressuposto que ele ganha pouco.
2. ( ) tem-se como pressuposto que ele tem profissão.
3. ( ) é possível que ele esteja contrariado.
Intertextualidade 4. ( ) é possível que ele tenha profissão.
Chama-se intertextualidade a relação explícita ou implí-
Gabarito
cita de um texto com outro.
Quando Chico Buarque diz, na música Bom Conselho, “de- 1. E 2. C 3. C 4. E
vagar é que não se vai longe”, “quem espera nunca alcança”,
cria uma intertextualidade implícita com os ditos populares
“devagar se vai ao longe” e “quem espera sempre alcança”. Tipologia Textual

Veja a estrofe seguinte: Narração ou história


Minha terra tem palmares Texto que conta uma história, curtíssima ou longa, tendo
Onde gorjeia o mar personagem, ação, espaço e tempo, mas o tempo tem de
Os passarinhos daqui estar em desenvolvimento.
Não cantam como os de lá Ela chegou, abriu a porta, entrou e olhou para mim. (As
(Oswald de Andrade) ações acontecem em sequência)

E responda C (certo) ou E (errado): Descrição ou retrato


( ) Esses versos lembram “Minha terra tem palmeiras, / 1. Texto que mostra um ambiente.
Onde canta o sabiá; / As aves, que aqui gorjeiam, / Não O Sol estava a pino, as portas trancadas, as janelas
gorjeiam como lá. /”, de Gonçalves Dias. escancaradas, as ruas vazias, os carros estacionados, os
( ) A criação de Oswald de Andrade constitui um combate galhos das árvores e o capim absolutamente parados.
à estética romântica.
( ) trata-se de bom exemplo de intertextualidade. 2. Texto que mostra ações simultâneas.
Enquanto ela falava, o cachorro latia, a criança cho-
Gabarito rava, o vizinho aplaudia. (As ações acontecem no
mesmo momento, o tempo está parado)
C, C, C
Dissertação ou ideias
IMPLÍCITOS: PRESSUPOSTOS E SUBENTENDIDOS
Texto construído não para contar história ou fazer um
retrato, mas para desenvolver um raciocínio.
Implícitos É sábio dizer-se que o limite de um homem é o limite de
Implícitos constituem informações que não se encontram seu próprio medo.
exteriorizadas (ou escritas ou pronunciadas) no texto, estando
apenas sugeridas por um ou outro índice linguístico. É a leitura Na prática, um texto pode misturar as tipologias, por isso
atenta e competente que permite ao leitor a percepção do que é comum classificá-lo com base em qual tipologia predomina,
ficou implícito, ou se mostra apenas nas entrelinhas. ou seja, para atender a qual tipologia o texto foi feito.

Pressupostos O tipo DISSERTAÇÃO modernamente vem sendo subs-


Língua Portuguesa

Os pressupostos são identificados por estarem sugeridos tituído, conforme o caso, por Argumentação, Exposição, ou
por palavras ou outros elementos do texto, não são difíceis Injunção:
de encontrar-se e não podem ser desmentidos pelo uso do • Argumentação: apresenta argumentos na defesa
raciocínio lógico. de um ponto de vista:
Ex.: Teresa voltou da Índia. A sua expansão industrial e comercial ocorreu muito antes
dos países vizinhos, não só porque dispunha de extensa
Pressupostos: ela foi à Índia (indiscutível); a viagem teve rede de ferrovias, hidrovias e rodovias, mas também por-
início há mais que dois dias (indiscutível). que detinha maiores recursos para investimento.

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• Exposição: apenas expõe as ideias, sem apresentar Texto 5.
argumentos: ( ) A manhã estava radiosa e cálida. Sequer uma nuvem.
A Bulgária se tornou membro da União Europeia em As folhagens das árvores, dos arbustos e das gramíneas
janeiro de 2007, após dez anos de negociação. oscilavam suavemente. Juritis, sabiás e bemtevis har-
• Injunção: orienta o comportamento do receptor: monizavam seus cantares, vez por outra salpicados por
Manuais de utilização de equipamentos. Orientações latidos um tanto quanto lentos e preguiçosos. O perfu-
de como tomar um remédio. Como ligar e desligar a me do jasmim ocupava a beira da piscina, envolvendo
irrigação do jardim... o tom rosado da pele de Janaína.

( ) Ponha nestes parênteses o número do texto que faz uso


Exercícios do diálogo em sua organização.
Use as letras iniciais das cinco frases seguintes para identificar
nos parênteses, os cinco textos que as acompanham. Gabarito
N. Constitui exemplo de narração. Texto 1 (I)
D. Predomina o caráter de descrição. Texto 2 (N)
I. Tem como base um parágrafo injuntivo. Texto 3 (A)
E. Exemplifica dissertação expositiva. Texto 4 (E)
A. Classifica-se como dissertação argumentativa. Texto 5 (D)
Texto 1
Atenção para as partes em itálico.

Texto 1 (EP). Formalidade OU Informalidade


( ) Quando Clarice se mostrou chateada com algumas es-
trias no seio, Rogério prontamente informou: Níveis de Fala (Tipos de Norma)
– Tenho solução para isso.
– É verdade que você tem?
Registro formal ou adloquial
– Claro! No registro formal (adloquial, culto, padrão), as circuns-
– Então me ensina. tâncias exigem do emissor postura concentrada e adequada
– Ponha duas colheres de sopa de azeite numa frigi- a um grupo sofisticado de falantes. Tende ao uso da norma
deira. Amasse três dentes de alho, depois de tirar a culta (também chamada de padrão, ou erudita), que se
casca, e misture-os ao azeite. Deixe a mistura no fogo estuda nas gramáticas normativas.
médio por cinco minutos e apague o fogo. Aguarde que Por favor, entenda que seria importante para nós sua
ela esfrie um pouco até a temperatura ficar suportável presença.
ao tato. Durante oito minutos, embeba quantas vezes
necessárias um algodão naquele azeite, e passe-o su-
avemente em movimentos circulares no seio estriado. Registro informal ou coloquial
A informalidade ou coloquialismo acontece quando o
Vá ao espelho e veja o resultado.
ambiente permite ao emissor uma postura mais à vontade,
– As estrias vão embora?
sem preocupações gramaticais.
– Podem ir, mas se não forem, você pode estrear um
Vem, que sua presença é importante. (A gramática orien-
peitinho a alho e óleo.
ta: Vem, que tua presença... ou Venha, que sua presença...)
Na informalidade, a língua é usada na forma de cada
Texto 2 (EP).
região, profissão, esporte, gíria, internet...
( ) Paulo abriu a porta devagar, observou com calma o
ambiente, caminhou pé ante pé até a janela, abriu a
cortina, esperou que os olhos se acostumassem à clari- Registro vulgar
dade que invadiu o quarto, só então deitou-se no chão Normalmente envolve uso de calão ou gíria.
e vasculhou com os olhos a parte embaixo da cama. Oi, cara, pinta lá no pedaço.
Teve certeza de que o bicho não estava lá.
Registro de baixo calão
Texto 3 (EP). É o nível das gírias pesadas e dos palavrões.
( ) Berenice percebeu que André não lhe estava sendo fiel Naquele cafofo só vai ter piranha e Zé-mané, porra.
porque ele dissera não conhecer Isaura, mesmo depois Cada texto deve obedecer a um nível de formalidade
de ter dormido na casa dela. Além disso, as duas vezes ou informalidade, com a escolha do vocabulário e de cons-
que Berenice citou o nome de Isaura, André desviou truções frásicas adequada ao público e ao ambiente a que
primeiro o olhar, em seguida mudou de assunto. Sem se destina.
falar no perfume que o acompanhava quando entrou
em casa: o preferido de Isaura. Variação linguística
Língua Portuguesa

Uma língua se realiza na fala de grupos diferentes, no


Texto 4. tempo (compare os escritos da carta de Caminha, de José
( ) Para investigadores, há indícios de que parte do dinheiro de Alencar e de hoje), no espaço (veja as diferenças de ex-
desviado tenha sido usado por Collor para compra de pressão das várias regiões brasileiras), nas profissões (atente
carros de luxo em nome de empresas de fachada. Al- para seus jargões ou expressões características), em grupos
guns desses automóveis foram apreendidos pela Polícia de relacionamentos (cada um com suas gírias e constru-
Federal na Operação Politeia, um desdobramento da ções frásicas identificadoras: DJs, políticos, cantores de rap,
Lava Jato, realizada em 14 de julho. religiosos, surfistas, tatuadores, traficantes, escaladores...)

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Já houve o tempo em que se considerava certo apenas o dramas...; 2. Gêneros oficiais: cartas, ofícios, memorandos,
uso da norma então conhecida como culta ou erudita, porém anais, tratados, textos de lei, documentos de escritório...; 3.
a sociolinguística substituiu o conceito de certo/errado pelo Gêneros científicos: pesquisas, relatórios, críticas, análises,
de adequado/inadequado. Em termos de comunicação, teses, ensaios... 4. Gêneros Jornalísticos: notícia, matéria,
certo é o emissor adequar seu código ao do receptor para entrevista, charge ... 5. Gêneros outros como dos círculos
se fazer entender bem. Por isso, tanto o “nós vai”, como o artísticos, sócio-políticos, retóricos, jurídicos, políticos,
“nós vamos” podem ou não estar adequados, dependendo publicísticos, esportivos...
do ambiente ou do grupo de falantes a que se destine.
Eis alguns tipos explorados em provas elaboradas pelo
Tipos de Discurso Cespe:

Discurso Direto Crônica


Reprodução exata da fala do personagem. Texto curto dissertativo, comentando fato ou situação
Julieta respondeu: Estou satisfeita com sua resposta. do momento.
Pode vir entre aspas: “Estou satisfeita com sua resposta.”
Pode vir após travessão: – Estou satisfeita com sua Conto
resposta. História curta com poucos personagens em torno de um
núcleo de ação.
Discurso Indireto
O narrador traduz a fala do personagem. Novela
Julieta respondeu que estava satisfeita com a resposta História mais longa que o conto e que também envolve
dele. só um núcleo de ação.
Julieta respondeu estar satisfeita com a resposta dele.
Romance
Discurso Indireto Livre História longa e complexa em que os personagens atuam
A fala do personagem se confunde com a do narrador. em torno de vários núcleos de ação. As chamadas novelas de
Mariana sentou-se em frente ao guri, o que se passava televisão literariamente são romances porque revezam vários
naquela cabecinha? Que sorrisinho maroto... núcleos temáticos, revezando também como protagonistas
grupos diferentes de personagens.
Discurso do Narrador
É a fala de quem conta a história. Parábola
Julieta respondeu: Estou satisfeita com sua resposta. Narrativa que transmite uma mensagem indireta, geral-
mente de cunho moral, por meio de comparação ou analogia.
Monólogo Cristo falava por parábolas, como a do Filho Pródigo e a
Fala de um personagem consigo mesmo. do Joio e do Trigo.
Paulo atravessou o bar, resmungando: “Não acredito no
que acabei de ver”. Fábula
Tipo de parábola curta, em prosa ou verso, que apresenta
Diálogo animais como personagens e que ilustra um ensinamento
Conversa entre dois ou mais personagens. moral. Famosas são as fábulas de Esopo, como A Raposa e
– Você devia ser mais suave na sua fala. as Uvas, O Lobo e o Cordeiro.
– Vou tentar.
Sátira
Gêneros do Discurso, Gêneros Textuais Texto crítico, picante, sarcástico, maledicente, irônico,
zombeteiro para criticar instituições, costumes ou ideias.
Desde os estudos de Bakhtin até os de Koch, chegou-se
à percepção de certas sequências relativamente estáveis de
enunciados, voltadas a atender necessidades diferentes da
Apólogo
Narrativa didática, em prosa ou verso, em que se animam
vida social, sequências essas definidoras do que se conven-
e dialogam seres inanimados. Um bom exemplo é o texto de
cionou chamar Gêneros do Discurso, adaptáveis à sociedade
Machado de Assis intitulado A Agulha e a Linha.
e seus comportamentos.

Gêneros primários Lenda


História com base em informações imaginárias. São len-
São os que se desenvolvem primeiro, realizados em situa-
dários o saci-pererê, a boiuna, a mula sem cabeça...
ções de comunicação, no âmbito social cotidiano das relações
humanas: diálogo, telefonema, bilhete, carta, piada, oração,
Língua Portuguesa

comando militar rápido, situações de interação face a face.. Anedota


História curta engraçada ou picante.
Gêneros secundários
Referentes a circunstâncias mais complexas, públicas, de Paródia
interação social, muitas vezes escritas, monologadas, capazes Imitação artística, jocosa, satírica, bufa; arremedo de
de incorporar e transmutar os gêneros primários. Necessitam outro texto. Vejam-se os segundos textos.
de instrução formal e aparecem sob a forma de 1. Gêneros Quem com ferro fere com ferro será ferido.
literários: provérbios, crônicas, contos, novelas, romances, Quem confere ferro, com ferro...

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Penso, logo existo. Oboé, melodia, contralto... pertencem ao campo semân-
Penso, logo desisto. tico da música.
Aeromoça, aterrissar, taxiar... pertencem ao campo se-
Paráfrase ou frase paralela mântico da aviação.
É um texto criado na tentativa de reproduzir o sentido
de outro. É um texto sinônimo, de sentido semelhante. Veja Contexto
o segundo texto. As palavras ou signos podem estar soltos ou contextua-
Todo dia ela faz tudo sempre igual / Me sacode às três lizados. O contexto é a frase, o texto, o ambiente em que a
horas da manhã / Me sorri um sorriso pontual / E me beija palavra ou signo se insere. Normalmente, uma palavra solta,
com a boca de hortelã... (Chico Buarque) fora de um contexto, desperta vários sentidos (polissemia)
Dia após dia ela faz as mesmas coisas. Me tira da cama e os dicionários tentam relacioná-los, apresentando cada
às três da madrugada. Me dá um sorriso rotineiro e um beijo um dos sentidos (monossemia) ligado a um determinado
com gosto de pasta de dente... contexto.
Obs.: a paráfrase sempre altera algo no sentido subjetivo No Dicionário Houaiss, a palavra ponto tem 62 significa-
do texto. dos e contextos; linha tem outros 58, sendo que, em cada
um desses contextos, a monossemia prevalece.
Epígrafe Nos textos literários ou artísticos, ambiguidade e po-
Inscrição que antecede um texto (no frontispício de um lissemia são valores positivos. O texto artístico pode ser
livro, no início de um capítulo, de um poema, de uma crô- considerado tão mais valioso quanto mais plurissignificativo.
nica...). Nos textos informativos (jornalísticos, históricos, cien-
tíficos... ), a monossemia é valor positivo, enquanto a ambi-
guidade e a polissemia devem ser evitadas.
Título: EPICÉDIO III

Epígrafe: À morte apressada de um amigo Sinonímia


Existência de palavras ou termos com significados con-
Texto: Comigo falas; eu te escuto; eu vejo vergentes, semelhantes: vermelho e encarnado, brilho e
Quanto apesar de meu letargo, e pejo, luminosidade, branquear e alvejar...
Me intentas persuadir, ó sombra muda,
Que tudo ignora quem te não estuda. Antonímia
Existência de palavras ou termos de sentidos opostos:
(Cláudio Manuel da Costa) claro e escuro, branco e negro, alto e baixo, belo e feio...

Semântica Homonímia
Palavras iguais na escrita ou no som com sentidos dife-
Sema rentes: cassa e caça, cardeal (religioso), cardeal (pássaro),
É unidade de significado. A palavra “garotas” tem três cardeal (principal)...
semas:
1. garot é o radical e significa ser humano em formação; Paronímia
2. a é desinência e significa feminino; Palavras parecidas: eminência e iminência, vultoso e
3. s é desinência e significa plural. vultuoso...

Monossemia ou unissignificação Qualidades do Texto


É o fato de uma expressão ter no texto apenas um sig-
nificado. Um texto bem redigido deve ter algumas qualidades.
A seguir, cada tópico apresenta uma dessas qualidades e,
Polissemia ou plurissignificação também, seu defeito, o oposto.
É o fato de uma expressão, no texto, ter múltiplos sig-
nificados. Clareza
Clareza é a qualidade que faz um texto ser facilmente
Ambiguidade ou anfibologia entendido. Obscuridade é o seu antônimo.
Significa duplo sentido.
Questões
Denotação
Sentido objetivo da palavra – Teresa é agressiva. O menino e seu pai foram hospedados em prédios diferentes
o que o fez ficar triste.
Língua Portuguesa

Assinale C para certo e E para errado.


Conotação 1. ( ) A estruturação da frase se dá de maneira clara e
Sentido figurado da palavra – Teresa é um espinho. objetiva.
2. ( ) A leitura desse trecho se torna ambígua em virtude
Campo Semântico do mau uso do pronome oblíquo “o”.
Área de abrangência ou de interpenetração de 3. ( ) Colocando-se o oblíquo “o” no plural, caberia plu-
significado(s). ralizar “ficar triste” (o que os fez ficarem tristes) e a
Chuteira, pênalti, drible, estádio... pertencem ao campo clareza se restaura porque o “triste” passa a se referir
semântico do futebol. a ambos, “o menino” e “seu pai”.

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4. ( ) Substituindo-se o oblíquo “o” por “este” (o que fez 5. ( ) No período II, “mos” funciona como objeto indireto e
este ficar triste ), também se elimina a ambiguidade, direto, porque representa a fusão de dois pronomes
passando a significar que só o pai ficou triste. oblíquos átonos (me + os).
5. ( ) Substituindo-se o oblíquo “o” por “aquele” (o que
fez aquele ficar triste) comete-se uma incorreção Gabarito
gramatical.
6. ( ) Substituindo-se o oblíquo “o” por “aquele” (o que Itens 1, 2, 3 e 5 certos; item 4 errado.
fez aquele ficar triste) resolve-se também a obscu-
ridade, pois afirma-se que só o menino ficou triste, Correção Gramatical
porque o demonstrativo “aquele” refere-se ao subs- Correção é o ajuste do texto a um determinado padrão
tantivo mais distante. gramatical. Tradicionalmente as provas sempre visaram a
medir o conhecimento da norma culta (também chamada de
Gabarito erudita ou padrão), por isso, quando simplesmente pedem
para apontar o que está certo ou errado gramaticalmente,
Itens 2, 3, 4 e 6 certos; itens 1 e 5 errados. estão-se referindo à adequação ou inadequação do texto a
essa norma culta.
Coerência
Se as ideias estão entrelaçadas harmoniosamente em Questões
termos lógicos, encontra-se no texto coerência. O seu an-
tônimo é ilogicidade, incoerência. I – Nóis num é loco, nóis só véve ansim pruquê nóis qué.

Questões II – Não somos loucos, só vivemos assim porque queremos.

I – Toda mulher gosta de ser elogiada. Se queres agradar a Assinale C ou E, conforme julgue a afirmação certa ou errada.
uma, mostra-lhe suas qualidades. a) O texto I está correto em relação ao padrão popular
regional e errado relativamente ao culto.
II – Toda mulher gosta de ser elogiada. Se queres agradar a b) O texto II está certo de acordo com o padrão culto e
uma, mostra-lhe seus defeitos. errado se a referência for o popular regional.

Assinale C para certo e E para errado. Gabarito


1. ( ) O texto I exemplifica raciocínio incoerente.
2. ( ) O texto II desenvolve raciocínio coerente. Ambas as afirmações estão corretas.
3. ( ) A incoerência se faz presente em ambos os parágrafos.
4. ( ) Os dois parágrafos são perfeitamente coerentes. Coesão
5. ( ) O raciocínio do texto I é perfeitamente lógico e Coesão é a inter-relação bem construída entre as partes
coerente. de um texto. Seu antônimo é a incoesão ou desconexão.
6. ( ) O desenvolvimento racional do texto II peca por
incoerência. Coesão e conectores
Gabarito Coesão é a inter-relação bem construída entre as partes
Itens 1, 2, 3 e 4 errados; itens 5 e 6 certos. de um texto e se faz com o uso de conectores ou elementos
coesivos.

Concisão Coesão gramatical (ou coesão referencial


Concisão é a capacidade de se falar com poucas palavras. endofórica)
O seu oposto é prolixidade.
Os componentes de um texto se inter-relacionam, referin-
Questões do-se uns aos outros, evidenciando o que se chama coesão
referencial endofórica, ou coesão gramatical. Além do uso das
I – Andresa trouxe Ramiro e Osvaldo à minha presença, no preposições e conjunções, eis alguns recursos de coesão refe-
meu escritório e me apresentou essas duas pessoas. rencial endofórica e seus elementos coesivos ou conectores:

II – Andresa trouxe-me ao escritório Ramiro e Osvaldo e


mos apresentou.
Nominalização
Substantivo que retoma ideia de verbo anteriormente
expresso.
Língua Portuguesa

Assinale C para certo e E para errado. Os alunos esforçados foram aprovados e a aprovação
1. ( ) Os dois textos apresentam o mesmo teor informativo. lhes trouxe euforia.
2. ( ) O primeiro é mais prolixo (dezessete palavras, uma Elemento coesivo: “aprovação” retoma “foram apro-
vírgula e um ponto final). vados”.
3. ( ) O segundo é mais conciso (onze palavras e um ponto
final). Pronominalização
4. ( ) A última oração da frase II deve ser corrigida para Pronome retomando ou antecipando substantivo.
“e nos apresentou”. Conector: na frase anterior, “lhes” retoma “alunos”.

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Repetição vocabular Catáfora
Repetição de palavra. Palavra ou expressão que antecipa o que vai ser dito.
A mulher se apoia no homem e o homem na mulher.
Elemento coesivo: na segunda oração repetem-se os Não se esqueça disto: já estamos comprometidos.
substantivos “homem” e “mulher”. Conector catafórico: “disto” antecipa a oração “já esta-
mos comprometidos”.
Sintetização
Uso de expressão sintetizadora. Obs.: a coesão é uma qualidade do texto e sua falta cons-
Viagens, passeios, teatros, espetáculos... Tudo nos mos-
titui erro. Desconexo ou incoeso é o texto a que falta coesão.
tra o mundo.
Conector: na segunda oração, a expressão “tudo” sinte-
tiza “Viagens, passeios, teatros, espetáculos...”. Domínio dos Mecanismos de Coesão
Textual
Uso de numerais
São possíveis três situações. A primeira é ela estar sendo Os mecanismos de coesão textual exigem conhecimentos
sincera. A segunda é estar mentindo. A terceira é não saber outros, como uso dos pronomes, regência, concordância,
o que fala. colocação...
Elemento coesivo: os ordinais, “primeira”, “segunda” e
“terceira” retomam o cardinal “três”. Resolva as questões seguintes, onde aparecem 10 co-
esões bem feitas e 10 imperfeitas, com relação à norma
Uso de advérbios padrão oficial.
Hesitando, entrou no quarto de Raquel. Ali deveria estar
escondida a resposta.
Conector: o advérbio “Ali” recupera a expressão “quarto Qual dos dois textos está mais bem escrito, levando em con-
de Raquel”. sideração os mecanismos de coesão textual?
1. a) O cavalo, o ganso e a ovelha andavam lado a lado;
Elipse enquanto este relinchava, aquele grasnava e ela
Omissão de termo facilmente identificável. balia.
Nós chegamos ao jardim. Estávamos sedentos. b) O cavalo, o ganso e a ovelha andavam lado a lado;
Elemento coesivo: a desinência verbal “mos” retoma o enquanto aquele relinchava, esse grasnava e esta
sujeito “nós” expresso na primeira oração. balia.

Sinonímia 2. a) Atenção a este aviso: “Piso Escorregadio”.
Palavras ou expressões de sentidos semelhantes. b) Atenção a esse aviso: “Piso Escorregadio”.
O extenso discurso se prolongou por mais de duas horas.
A peça de oratória cansativa foi responsável pelo desinte- 3. a) Silêncio e respeito. Essas palavras se viam por toda
resse geral. parte.
Conector: o sinônimo “peça de oratória” retoma a ex- b) Silêncio e respeito. Estas palavras se viam por toda
pressão “discurso”.
parte.
Hiperonímia 4. a) Encontrei o artigo que você falou.
Hiperônimo é palavra cujo sentido abrange o de outra(s).
b) Encontrei o artigo de que você falou.
Roupa constitui hiperônimo em relação a calça, vestido,
paletó, camisa, pijama, saia...
Ela escolheu a saia, a blusa, o cinto, o sapato e as meias... 5. a) Foi essa a frase que você falou.
Aquele conjunto estaria, sim, adequado ao ambiente. b) Foi essa a frase de que você falou.
Elemento coesivo: o hiperônimo “conjunto” retoma os
substantivos anteriores. 6. a) Era uma situação que ele fugia.
b) Era uma situação de que ele fugia.
Hiponímia
Hipônimo é palavra de sentido incluído no sentido de 7. a) Estamos diante de um texto que falta coesão.
outra. Boneca, pião, pipa, bambolê, carrinho, bola de gude... b) Estamos diante de um texto a que falta coesão.
são hipônimos de brinquedo.
Naquela disputa havia cinco times, contudo apenas o 8. a) Finalmente chegou ao quarto onde estava escondido
Flamengo se pronunciou. o dinheiro.
Conector: o hipônimo “Flamengo” cria coesão com a
b) Finalmente chegou ao quarto aonde estava escon-
palavra “times”.
dido o dinheiro.
Língua Portuguesa

Anáfora 9. a) Veja o local onde você chegou.


chama-se anafórico ao elemento de coesão que retoma
algo já dito. b) Veja o local aonde você chegou.

O lobo e o cordeiro se olharam; aquele, com fome; este, 10. a) Convide para a mesa as senhoras cujos os maridos
com temor. estão presentes.
Coesivos anafóricos: “aquele” e “este” retomam “lobo” b) Convide para a mesa as senhoras cujos maridos estão
e “cordeiro”. presentes.

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Gabarito Paradoxo
Aparente contradição – Esta sua tia é uma beleza de
1. b. Uso dos demonstrativos: aquele, para o mais dis- feiura.
tante; esse, para o intermediário; este, para o mais
próximo.
Ironia
2. a. Uso dos demonstrativos: este refere-se ao que se Afirmação do contrário – O animal estava limpo, com
vai falar; esse, ao que já foi dito. os cascos reluzentes, firme, saudável... Muito maltratado!
3. a. Uso dos demonstrativos: este refere-se ao que se
vai falar; esse, ao que já foi dito.
Eufemismo
4. b (falar de um artigo). Suavização do desagradável – Passou desta para a me-
5. a (falar uma frase). lhor (= morreu).
6. b (fugir de algo).
7. b (falta coesão a algo).
8. a (o dinheiro estava escondido no quarto).
Hipérbole
Exagero – Já repeti cem mil vezes.
9. b (você chegou a um local).
10. b (cujo não vem seguido de artigo).
Perífrase
Substituição de uma expressão mais curta por uma mais
Dêixis e Exófora longa e pode ser estilisticamente negativa ou positiva, de-
pendendo do contexto.
A dêixis é uma referência de dentro do texto, que aponta
Texto: Apoio sinceramente sua decisão.
para o sujeito, o alvo ou as circunstâncias do enunciado; em
Perífrase: Antes de mais nada, é importante que você
outras palavras, os elementos dêicticos apontam o locutor ou
me permita neste momento comunicar-lhe meus sinceros
emissor, o interlocutor ou o destinatário, as circunstâncias de
sentimentos de apoio ao resultado de suas meditações.
tempo, espaço etc. que se situam na realidade exterior a um
determinado ato comunicativo. Por “apontarem para fora Também constitui perífrase o uso de duas ou mais pala-
do texto”, as expressões dêiticas chamam-se “exofóricas”. vras em vez de uma:
Por exemplo, no WhatsApp, comunicam-se Carlos e Ester, titular da presidência (= presidente); a região das mil e
como segue: uma noites (= Arábia)
– Eu1 queria que você2 me3 ouvisse4 já5.
– Agora6 não estou7 tranquila8, como não estava9 on-
tem10. Pode ser amanhã11? Figuras de Sintaxe
Com base no diálogo acima, analise os enunciados de 1 a 7 São as figuras relacionadas à construção da frase.
e responda C ou E para aprender e apreender bem.
1. ( ) Eu1 e me3 = dêiticos que se referem ao enunciador Elipse
Carlos. Omissão de termo facilmente identificável – (eu) cheguei,
2. ( ) você2 e ouvisse4 = dêiticos que se referem ao desti- (nós) chegamos.
natário Ester.
3. ( ) já5= dêitico que se refere ao momento da enunciação.
4. ( ) estou7, tranquila8 e estava9 = dêiticos que se referem Zeugma
ao enunciador Ester. Elipse de termo já dito – Comprei dois presentes; ela, três.
5. ( ) Agora6 e estou7 = dêiticos que se referem ao mo- – José chegou cedo; Maria, não.
mento da enunciação.
6. ( ) estava9 e ontem10 = dêiticos que se referem a um Hipérbato
tempo anterior à enunciação. Inversão da frase – Para o pátio correram todos.
7. ( ) amanhã11= dêitico que se refere a um tempo poste-
rior à enunciação. Pleonasmo vicioso
Repetição desnecessária de ideia – Chutou com o pé,
Gabarito roeu com os dentes, saiu para fora, lustro de cinco anos...
Todas certas.
Pleonasmo estilístico
A mim, não me falaste. Aos pais, lhes respondi que...
Figuras de Linguagem
Podem-se subdividir em Figuras de Pensamento, Figuras Assíndeto
de Sintaxe, Figuras de Sonoridade, e ainda Tropos (Uso de Ausência de conjunção coordenativa – Chegou, olhou,
Sentido Figurado ou Conotação). sorriu, sentou.
Língua Portuguesa

Figuras de Pensamento Polissíndeto


Repetição de conjunção coordenativa – Chegou, e olhou,
São as figuras que atuam no campo do significado. e sorriu, e sentou.

Antítese Gradação
Aproximação de ideias opostas – O belo e o feio podem Sequência de dados em crescendo – Balbuciou, sussur-
ser agressivos ou não. rou, falou, gritou...

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Paralelismo Sintático Origem x produto
Obediência a um mesmo padrão. Comeu um bauru. (Bauru é a origem do sanduíche)
Sem paralelismo: Quero de você admiração, honestidade
e que me obedeça. Causa x efeito
Ela é alta, inteligente e tem beleza. Cigarro incomoda os vizinhos. (A fumaça é que incomoda)
Com paralelismo: Quero de você admiração, honestidade
e obediência. (todos, substantivos) Autor x obra
Ela é alta, inteligente e bela. (todos, adjetivos) Vamos curtir um Gilberto Gil? (Curtir a música)

Silepse Abstrato x concreto


Concordância com a ideia, não com a palavra. Estou com a cabeça em Veneza. (O pensamento em Veneza)

Silepse de Gênero: Vossa Senhoria está cansado? Símbolo x simbolizado


A balança impôs-se à espada. (Justiça... Forças Armadas)
Silepse de Número: E o casal de garças pousaram tran-
Instrumento x artista
quilamente.
O cavaquinho foi a grande atração. (O artista)
Silepse de Pessoa: Todos deveis estar atentos.
Parte x todo
Havia mais de cem cabeças no pasto. (Cem reses)
Figuras de Sonoridade
Catacrese
São as figuras relacionadas ao trabalho com os sons das Metáfora estratificada, que já faz parte do uso comum.
palavras. Asa da xícara, asa do avião, barriga da perna, bico de
bule, pé de limão...
Aliteração
Repetição de sons consonantais próximos – “Gil engendra Prosopopeia ou Personificação
em Gil rouxinol” (Caetano Veloso). O céu sorria aberto e cintilante... As folhas das palmeiras
sussurravam aos nossos ouvidos.
Assonância
Repetição de sons vocálicos próximos – Cunhã poranga Ponto de Vista DO AUTOR
na manhã louçã.
Todo e qualquer autor, ao produzir um texto, falado,
cantado ou escrito, seja para descrever uma cena, narrar
Onomatopeia um fato, ou desenvolver um raciocínio, coloca nesse texto,
Tentativa de imitação do som – coxixo, tique-taque, zum- mesmo que não o perceba, sua visão de mundo, sua posição
-zum, miau... política, religiosa, artística, econômica, social etc., além de
sua preferência por este ou aquele assunto, este ou aquele
Paronomásia ou trocadilho personagem. A linguística textual levanta com base nos vo-
Contudo... ele está com tudo. cábulos escolhidos e na organização dos enunciados, o que
se denomina Ponto de Vista do Autor.

Tropos (Uso do Sentido Figurado ou INTENCIONALIDADE


Conotação)
Paralelamente ao ponto de vista, o autor também mani-
festa uma intencionalidade, ou tendência psicológica, a favor
Comparação ou Analogia ou contra determinada realidade, personalidade ou atitude,
Relação de semelhança explícita sintaticamente. o que se pode deduzir, também, das palavras utilizadas e/ou
Ele voltou da praia parecendo um peru assado. da organização das frases. Nos cartazes das ruas e da im-
Teresa está para você, assim como Júlia, para mim. prensa, duas frases usando as palavras “impeachment” e
Corria qual uma lebre assustada. “golpe” se opuseram insistentemente: 1) Impeachment sem
Sua voz é igual ao som de panela rachada. crime é golpe e 2) Impeachment não é golpe. Por trás de
cada uma está a intencionalidade do emissor. A intenção da
frase 1 é impedir o impeachment, enquanto a frase 2 tem
Metáfora como propósito a sua aprovação.
Relação de semelhança subentendida, sem conjunção
ou palavra comparativa. Leia com atenção o depoimento de duas testemunhas
Voltou da praia um peru assado. sobre o fato que presenciaram.
Língua Portuguesa

A sua Tereza é a minha Júlia. Testemunha A: o irmão Antônio, com frieza, gestos con-
Correndo, ele era uma lebre assustada. trolados, voz macia e baixa, olhar de Madalena arrependida,
Sua voz era uma panela rachada. consciente da importância de sua postura no convencimento
dos irmãos, desfiava um rosário de mentiras que convencia os
presentes. Em dado momento, deixou escapar, numa fração
Metonímia de segundo, um esboço de sorriso vitorioso que fez o irmão
Relação de extensão de significado, não de semelhança. Lauro levantar-se e se aproximar dele. De repente estavam os
Continente x conteúdo dois no chão, irmão Antônio por cima, irmão Lauro por baixo
Só bebi um copo. (Bebeu o conteúdo e não o copo) e com dificuldade foram separados pelos outros.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Testemunha B: Seu Antônio estava falando, Seu Lauro substituída pelo par quer (...) quer, indicam termos
voou pra cima dele com um soco armado que passou no sintaticamente dependentes entre si.
vazio. Seu Antônio, mais forte e mais pesado, atracou-se ao
agressor, derrubou-o no chão e o dominou completamente, Por não estar limitada pelas injunções do mercado é
segurando-lhe ambos os punhos, numa montada completa, que a universidade pública pode cumprir o seu papel histó-
sem desferir um golpe sequer, mas incapaz de impedir que o rico e social de produção e disseminação do conhecimento.
subjugado lhe mandasse, de baixo para cima, uma cusparada Pode também manter com a cultura uma relação intrínseca
no rosto. Eu e um colega caímos sobre eles, seguramos os que se [...]
dois e os separamos.
16. (Cespe) Sem prejuízo para as ideias e a correção gra-
Exercícios matical, o primeiro período poderia ser reescrito da
seguinte forma: A universidade pública, por não estar
Veja agora como os pontos de vista das duas testemunhas são limitada pelas injunções do mercado, pode cumprir o
diferentes, respondendo C ou E para as afirmações seguintes seu papel histórico e social de produção e dissemina-
e conferindo suas respostas com as do gabarito. ção do conhecimento.
1 ( ) O fato motivador de ambas as narrativas foi o mes- 17. (Cespe) A substituição de “é que” por vírgula prejudi-
mo: uma briga entre dois indivíduos. caria a correção gramatical do período.
2 ( ) Ambas as narrativas indicam que as duas testemu-
nhas demonstram bom nível de escolaridade pelo De acordo com pesquisas realizadas em vários
domínio do padrão linguístico apresentado. países, inclusive no Brasil, especialistas em recursos
3 ( ) No trecho “o irmão Antônio, com frieza, gestos con- humanos identificaram os atributos que um funcioná-
trolados, voz macia e baixa, olhar de Madalena arre-
rio, ou candidato a emprego, deve ter para agradar os
pendida, consciente da importância de sua postura 5 superiores e ter sucesso em sua carreira profissional.
no convencimento dos irmãos, desfiava um rosário
Excelência na escrita e na expressão verbal é obrigató-
de mentiras”, a testemunha A descreve psicologica-
mente Antônio como frio, calculista e mentiroso. rio. Saber se comunicar de forma clara e precisa, tanto
4 ( ) as expressões “o irmão”, “Madalena arrependida”, na modalidade escrita quanto na falada, faz toda a di-
“dos irmãos”, ”rosário”, “o irmão”, “outros irmãos” ferença. Ser capaz de redigir corretamente relatórios e
e a própria repetitividade, refletem repertório reli- 10 textos é um atributo valorizado pelos empregadores.
gioso e caracterizam o autor do texto como conviva Hoje em dia, saber lidar com os computadores também
do mesmo grupo dos demais personagens. é um item essencial. [...]
5 ( ) No segundo período a testemunha A indica que
Antônio agrediu moralmente com “um esboço de No que se refere à tipologia textual e às estruturas linguísticas
sorriso vitorioso” a Lauro, tendo provocado a briga. do texto acima, julgue o item seguinte.
6 ( ) A testemunha A se mostrou imparcial. 18. (Cespe) Ao se substituir “De acordo com” (l. 1) por Con-
7 ( ) Com a descrição psicológica (item 3) e a agressão forme, mantêm-se a correção gramatical e os sentidos
moral (item 5), pode-se perceber, na testemunha A, a do texto.
tendência para construir a culpabilidade de Antônio. 19. (Cespe) Mantém-se a correção gramatical do texto se
8 ( ) A testemunha A narra em 3ª pessoa, como obser- o trecho “Ser capaz de redigir corretamente relatórios
vadora dos acontecimentos. e textos é um atributo valorizado pelos empregadores”
9 ( ) O tratamento “Seu” usado em “Seu Antônio” e “Seu (l. 9 a 10) estiver reescrito da seguinte forma: Redigir
Lauro” indica pouca intimidade e distanciamento corretamente relatórios e textos são atributos valori-
respeitoso da testemunha B. zados pelos empregadores.
10. ( ) A linguagem da testemunha B não indica ponto de
vista religioso, mas de quem entende ou convive A votação paralela é um mecanismo adotado pela
com ambiente de luta (“voou pra cima dele com justiça eleitoral para confirmar a credibilidade do sis-
um soco armado que passou no vazio”, “mais forte tema de voto eletrônico. Na véspera da eleição, em
e mais pesado, atracou-se ao agressor, derrubou”, cada um dos vinte e sete tribunais regionais eleitorais
“dominou completamente”, “montada completa”, 5 (TREs), são sorteadas uma seção da capital e de duas a
“desferir golpe” , “subjugado” ). quatro seções do interior em cada estado e no Distrito
11. ( ) Segundo a testemunha B, “Seu Lauro” agrediu duas Federal (DF) para a cessão de urnas a serem testadas.
vezes “Seu Antônio”: uma fisicamente (“voou pra Logo a seguir, os equipamentos são retirados dos
cima dele com um soco armado”) e outra física e seus locais de origem e levados, ainda no sábado, para
moralmente (“uma cusparada no rosto”). 10 as sedes dos TREs, onde permanecem sob vigilância.
12. ( ) A testemunha B mostrou-se imparcial.
Na semana que antecede o dia da votação, repre-
13. ( ) Pode-se perceber na testemunha B a intencionali-
sentantes de partidos políticos são convocados pelos
dade de culpar “seu Lauro”.
14. ( ) A testemunha B, como narrador de 1ª pessoa (Eu TREs para preencherem certa quantidade de cédulas
e um colega caímos sobre eles, seguramos os dois de votação. Esses votos em cédulas são depositados
em urnas de lona lacradas.
Língua Portuguesa

15
e os separamos), coloca-se na cena como um dos
personagens, ou seja, como narrador participante. Na votação paralela, o conteúdo das cédulas é digi-
tado nas urnas eletrônicas sorteadas. Ao final, confron-
Ser objeto de referência, seja na Web, seja em publi- tam-se os resultados do boletim das urnas eletrônicas
cações científicas, constitui fator importante em avaliações com aqueles obtidos no computador.
globais. 20 Os juízes eleitorais, após serem informados pelos
magistrados dos TREs de que urnas de sua seção foram
15. (Cespe) As relações estabelecidas pelo emprego da ex- sorteadas, providenciam a substituição dos equipamen-
pressão “seja (...) seja”, que poderia ser corretamente tos por outros do estoque de reserva.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Em cada estado e no DF, há uma comissão de vo- Gabarito
25 tação paralela para cuidar da organização e condução
dos trabalhos, composta por um juiz de direito e quatro 1. V 4. V 7. V 10. V 13. V
servidores da justiça eleitoral. 2. V 5. V 8. V 11. V 14. V
Por dentro da urna. Brasília: Tribunal Superior Eleitoral, 3. V 6. F 9. V 12. F
2010, 2.a ed., rev. e atual., p. 15-16. Internet:
<www.tse.jus.br> (com adaptações).
Conclusão:
Analise as questões a seguir e julgue os itens com base no Pela leitura dos dois textos, percebem-se pontos de vis-
texto lido. ta diferentes dos dois autores, no caso os dois narradores.
20. (Cespe) “A votação paralela (...) de voto eletrônico” Ponto de vista do narrador A: usa a 3ª pessoa, fala
(l. 1-3): O mecanismo adotado pela justiça eleitoral como observador, visão de fora; demonstra bom domínio
para confirmar a credibilidade do sistema de voto ele- linguístico; posta-se como integrante de uma irmandade;
trônico é chamado de votação paralela. considera agressor e provocador o “irmão Antônio””.
21. (Cespe) “são sorteadas (...) e no Distrito Federal (DF)” Ponto de vista do narrador B: usa a 1ª pessoa, fala como
(l. 5 a 7): é sorteada uma seção da capital e entre um dos personagens; demonstra bom domínio linguístico;
duas e quatro seções do interior em cada estado e no posta-se como entendedor de luta; mostra distanciamento
Distrito Federal (DF). e pouca intimidade com os envolvidos na briga; considera
22. (Cespe) “Logo a seguir, (...) sob vigilância” (l. 8 a 10): Em agressor e provocador o “Seu Lauro”.
seguida, retiram-se os equipamentos dos seus locais
de origem e levam-se, ainda no sábado, para as sedes 15. errado 24. errado
dos TREs, onde as quais permanecem sob vigilância. 16. certo 25. certo
23. (Cespe) “Na semana (...) cédulas de votação” (l. 11
17. errado. 26. errado
a 14): Na semana precedente ao dia do sufrágio, os
18. certo 27. certo
TREs convocam representantes de partidos políticos
para preencher determinada quantidade de cédulas 19. errado 28. errado
de votação. 20. errado 29. certo
24. (Cespe) “Na votação paralela, (...) nas urnas eletrônicas 21. certo
sorteadas” (l. 16 e 17): Na votação paralela, o conte- 22. errado
údo das cédulas são digitados nas urnas eletrônicas 23. certo
sorteadas.
25. (Cespe) “Os juízes eleitorais (...) estoque de reserva”
(l. 20 a 23): Os juízes eleitorais, após serem informa- Exercícios
dos pelos magistrados dos TREs de que urnas de sua
seção foram sorteadas, procedem à substituição dos Uma das formas de se cobrar paráfrase e conhecimentos
equipamentos por outros do estoque de reserva. de redação nas provas são exercícios de reescrita de textos ou
26. (Cespe) “Em cada estado (...) da justiça eleitoral” (l. trechos, que adaptamos de prova para Auditor-Fiscal da Re-
24 a 27): Para cuidar da organização e condução dos ceita Federal do Brasil – AFRFB, com base no seguinte texto:
trabalhos de cada estado há uma comissão de votação
paralela, as quais são compostas por um juiz de direito A demanda doméstica depende de vários fatores, e da
e quatro servidores da justiça eleitoral. perspectiva do seu aumento depende a produção industrial.
É normal, então, dar atenção especial ao nível do emprego e
Até fins do século XIX, as leis nacionais somente à evolução da massa salarial real, sem deixar de acompanhar
conferiam proteção aos inventores do próprio país, as receitas e despesas do governo federal. Enquanto a ligeira
inexistindo a possibilidade de proteção de invento- retomada da economia norte-americana é acompanhada por
res estrangeiros. A ampliação da proteção além das aumento do desemprego, no Brasil o quadro é diferente. Os
5 fronteiras nacionais (ou seja, proteger em um país as dados de julho, nas seis principais regiões do País, mostram
pessoas não residentes em seu território) foi induzida redução do desemprego de 8,1% para 8%, o que significa
pelo crescimento e pela consolidação do comércio in- a geração de 185 mil postos de trabalho. Essa taxa de de-
ternacional e tinha o intuito de evitar que os produtos semprego, em julho, é a menor da série desde 2002. Para-
viessem a ser copiados em outros países que não o de lelamente, houve melhora na qualidade do emprego, e 142
10 origem da invenção. Surgiu, assim, o chamado Sistema mil postos foram criados com carteira de trabalho assinada.
(O Estado de S. Paulo, Editorial, 21/8/2009)
Internacional de Patentes, mediante acordo multilateral
firmado em 1883, na cidade de Paris.
M. F. G. Macedo e A. L. F. Barbosa. Patentes, pesquisa e Assinale a opção em que a reescrita de segmento do texto
desenvolvimento: um manual de propriedade intelectual. não mantém as informações originais.
Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2000, p. 17-8. Internet: 1. A demanda doméstica depende de vários fatores, e a
<http://static.scielo.org> (com adaptações). produção industrial depende da perspectiva do aumen-
to dessa demanda.
27. “Até fins do século XIX (...) inventores estrangeiros.” 2. Essa taxa de desemprego é a menor em julho de 2002.
(l. 1 a 4): As leis nacionais, até fins do século XIX, confe- Paralelamente, em 142 mil postos, a carteira de trabalho
riam proteção somente aos inventores do próprio país, assinada melhorou a qualidade do emprego já existente.
Língua Portuguesa

não havendo a possibilidade de proteção a inventores 3. O aumento do desemprego acompanha a ligeira re-
estrangeiros. tomada da economia norte-americana, enquanto no
28. “tinha o intuito (...) origem da invenção.” (l. 8 a 10): a Brasil o quadro é diferente.
mesma objetivava impedir que os produtos tornassem 4. Nas seis principais regiões do País, os dados de julho
a ser copiados em países diferentes daquele onde a mostram a geração de 185 mil postos de trabalho, o
invenção teve origem. que significa redução do desemprego de 8,1% para 8%.
29. (Cespe) Mantém-se a correção gramatical ao se reescrever 5. É normal, então, dar atenção especial tanto ao nível do
o trecho “As obras de dragagem objetivam” da seguinte emprego e à evolução da massa salarial real quanto às
forma: As obras de dragagem têm o objetivo de. receitas e despesas do governo federal.

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Texto 1 (extraído de Natália Petrin in www.estudopratico. Assinale C ou E:
com.br/satira-literatura-ant) 12. ( ) Podem-se atribuir ao trabalho do Ziraldo caracte-
rísticas de charge.
13. ( ) Trata-se de texto bimidiático, pois usa duas lingua-
gens, ou dois meios de comunicação: um verbal e
um não verbal.
14. ( ) O recurso comunicativo em que se baseia o texto é
o diálogo.

Preencha os parênteses das afirmações a seguir, relacionan-


do-as aos três últimos textos. (Dilma, Monalisa e Ziraldo)
15. Assim como Manuel Bandeira, quando disse ”O sapo-
-tanoeiro,/Parnasiano aguado,/ Diz: - ‘meu cancioneiro/É
bem martelado...’, satirizou os poetas tradicionais, nota-
-se um exemplo de sátira no texto número ( ).
16. Muito frequente na imprensa, a charge constitui um tipo
de ilustração em traços de caricatura, geralmente para
criticar ou satirizar personagens ou fatos do cotidiano.
Assinale C ou E: Pode-se ver exemplo de charge no texto número ( ).
6. ( ) O texto mistura linguagem escrita e icônica (letra 17. Paródia, tipo de criação muito frequente não só na
e imagem visual). literatura, mas também na internet e na televisão,
7. ( ) Trata-se de um banner divulgado por meio eletrônico. vem a ser uma releitura irônica, debochada, cômica
8. ( ) Pode-se ver ironia e sátira na mensagem. de outro texto. Pode-se apontar exemplo de paródia
no texto número ( )
Texto 2 (Propaganda da BomBril, baseada na Monalisa de
Leonardo Da Vinci) Estamos no trânsito de São Paulo, ano 2030. E não é
preciso apertar os cintos: nosso carro agora trafega sozinho
pelas ruas, salvo de acidentes, graças a um sistema que o
mantém em sincronia com os demais veículos lá fora. O vo-
lante, item de uso opcional, inclina-se de um lado para outro
como se fosse manuseado por um fantasma. Mas ninguém
liga pra ele - até porque o carro do futuro está cheio de
novidades bem mais legais. Em vez dos tradicionais quatro
assentos, o que temos agora é uma verdadeira sala de estar,
com poltronas reclináveis, mesa no centro e telas de LED.
As velhas carrocerias de aço foram substituídas por redomas
translúcidas, com visibilidade total para o ambiente externo.
Se você preferir, é possível torná-la opaca e transformar o
carro em um ambiente privado, quase como um quarto
ambulante. Como o sistema de navegação é autônomo,
basta informar ao computador aonde você quer ir e ele faz
o resto. Resta passar o tempo da forma que lhe der na telha:
lendo, trabalhando, assistindo ao seu seriado preferido ou
até dormindo. A viagem é agradável e silenciosa. (Superin-
teressante, novembro de 2014).
Assinale C ou E: 18. (FGV/TJ-RJ/Analista Judiciário/2014) O texto deve ser
9. ( ) A propaganda é só o quadro maior, pois o menor, incluído, por suas marcas predominantes, entre o se-
com finalidade didática, mostra como é a Mona Lisa, guinte modo de organização discursiva:
de Miguel Ângelo. a) narrativo.
10. ( ) Trata-se de propaganda bimidiática, pois usa duas b) dissertativo-expositivo.
linguagens, ou dois meios de comunicação: um ver- c) dissertativo-argumentativo.
bal e um não verbal. d) dissertativo-informativo.
11. ( ) A sugestão base dessa mensagem propagandística e) descritivo.
é a comparação.
Julgue o próximo item, como C ou E, em relação ao texto
que o segue.
Texto 3 (Trabalho de Ziraldo, colhido na internet)
19. (Cespe/Polícia Federal/Agente de Polícia Federal/2014)
O texto, que se classifica como dissertativo, expõe a
articulação entre o tráfico internacional de drogas e o
sistema financeiro mundial.
Língua Portuguesa

O tráfico internacional de drogas começou a desenvolver-


se em meados da década de 70, tendo tido o seu boom na
década de 80. Esse desenvolvimento está estreitamente
ligado à crise econômica mundial. O narcotráfico determina
as economias dos países produtores de coca e, ao mesmo
tempo, favorece principalmente o sistema financeiro
mundial. O dinheiro oriundo da droga corresponde à lógica
do sistema financeiro, que é eminentemente especulativo.
Este necessita, cada vez mais, de capital “livre” para girar, e o

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tráfico de drogas promove o “aparecimento mágico” desse 1. (Cespe/PRF) A forma verbal “podem” (l.8) está empre-
capital que se acumula de modo rápido e se move velozmente. gada no sentido de têm autorização.
A América Latina participa do narcotráfico na qualidade 2. (Cespe/PRF) O objetivo do texto, de caráter predomi-
de maior produtora mundial de cocaína, e um de seus paí- nantemente dissertativo, é informar o leitor a respeito
ses, a Colômbia, detém o controle da maior parte do tráfi- do surgimento da “bomba limpa” (l.9).
co internacional. A cocaína gera “dependência” em grupos 3. (Cespe/PRF) A visão do autor do texto a respeito das
econômicos e até mesmo nas economias de alguns países, “bombas n” (l.19) é positiva, o que é confirmado pelo
como nos bancos da Flórida, em algumas ilhas do Caribe ou uso da palavra “lisura” (l.19) para se referir a esse tipo
nos principais países produtores – Peru, Bolívia e Colômbia, de bomba, em oposição ao emprego de palavras como
para citar apenas os casos de maior destaque. Na Bolívia, os “indisciplinadas” (l.17) e “mal-educadas” (l.17-18) em
lucros com o narcotráfico chegam a US$ 1,5 bilhão contra referência às bombas que liberam “estrôncio 90” (l.12),
US$ 2,5 bilhões das exportações legais. estas sim consideradas desastrosas por atingirem indis-
Na Colômbia, o narcotráfico gera de US$ 2 a 4 bilhões, en- tintamente países considerados amigos e inimigos.
quanto as exportações oficiais geram US$ 5,25 bilhões. Nes-
ses países, a corrupção é generalizada. Os narcotraficantes Todos nós, homens e mulheres, adultos e jovens,
controlam o governo, as forças armadas, o corpo diplomático passamos boa parte da vida tendo de optar entre o
e até as unidades encarregadas do combate ao tráfico. Não certo e o errado, entre o bem e o mal. Na realidade,
há setor da sociedade que não tenha ligação com os trafican- entre o que consideramos bem e o que consideramos
tes e até mesmo a Igreja recebe contribuições destes. 5 mal. Apesar da longa permanência da questão, o que
Osvaldo Coggiola. O comércio de drogas hoje. In: Olho se considera certo e o que se considera errado muda ao
de História, nº 4. Internet: < www.oolhodahistoria.ufba.br> longo da história e ao redor do globo terrestre.
(com adaptações). Ainda hoje, em certos lugares, a previsão da pena
de morte autoriza o Estado a matar em nome da justiça.
10 Em outras sociedades, o direito à vida é inviolável e
Gabarito nem o Estado nem ninguém tem o direito de tirar a
vida alheia. Tempos atrás era tido como legítimo espan-
1. Errado, porque mantém as informações do 1º período carem-se mulheres e crianças, escravizarem-se povos.
do texto. Hoje em dia, embora ainda se saiba de casos de espan-
2. Certo, porque contraria o que diz o último período do 15 camento de mulheres e crianças, de trabalho escravo,
texto. esses comportamentos são publicamente condenados
3. Errado, porque mantém as informações do 3º período na maior parte do mundo.
do texto. Mas a opção entre o certo e o errado não se coloca
4. Errado, porque mantém as informações do 4º período apenas na esfera de temas polêmicos que atraem os
do texto. 20 holofotes da mídia. Muitas e muitas vezes é na solidão
5. Errado, porque mantém as informações do 4º período da consciência de cada um de nós, homens e mulheres,
do texto. pequenos e grandes, que certo e errado se enfrentam.
6. C 10. C 14. C 18. e E a ética é o domínio desse enfrentamento.
Marisa Lajolo. Entre o bem e o mal. In: Histórias sobre a
7. C 11. C 15. (1) 19. C ética. 5ª ed. São Paulo: Ática, 2008 (com adaptações).
8. C 12. C 16. (3)
9. C 13. C 17. (2) A partir das ideias e das estruturas linguísticas do texto acima,
julgue os itens que se seguem.
4. (Cespe/PRF) No texto, a expressão “pequenos e gran-
Questões de provas des” (l.22) não se refere a tamanho, podendo ser in-
terpretada como equivalente à expressão “adultos e
Leio que a ciência deu agora mais um passo defi- jovens” (l.1), ou seja, em referência a faixas etárias.
nitivo. É claro que o definitivo da ciência é transitório, 5. (Cespe/PRF) O trecho “Tempos atrás era tido como legí-
e não por deficiência da ciência (é ciência demais), que timo espancarem-se mulheres e crianças, escravizarem-
se supera a si mesma a cada dia... Não indaguemos para -se povos” (l.12-13) poderia ser corretamente reescrito
5 que, já que a própria ciência não o faz — o que, aliás, é a da seguinte forma: Há tempos, considerava-se legítimo
mais moderna forma de objetividade de que dispomos. que se espancassem mulheres e crianças, que se escra-
Mas vamos ao definitivo transitório. Os cientis- vizassem povos.
tas afirmam que podem realmente construir agora a 6. (Cespe/PRF) Infere-se do texto que algumas práticas
bomba limpa. Sabemos todos que as bombas atômicas sociais são absolutamente erradas, ainda que o conceito
10 fabricadas até hoje são sujas (aliás, imundas) porque, de certo e errado seja variável do ponto de vista social
depois que explodem, deixam vagando pela atmosfera e histórico.
o já famoso e temido estrôncio 90. Ora, isso é desa- 7. (Cespe/PRF) Sem prejuízo para o sentido original do
gradável: pode mesmo acontecer que o próprio país texto, o trecho “esses comportamentos são publica-
que lançou a bomba venha a sofrer, a longo prazo, as mente condenados na maior parte do mundo” (l.16-17)
15 consequências mortíferas da proeza. O que é, sem dú- poderia ser corretamente reescrito da seguinte forma:
vida, uma sujeira. publicamente, esses comportamentos consideram-se
Pois bem, essas bombas indisciplinadas, mal-edu- condenados em quase todo o mundo.
Língua Portuguesa

cadas, serão em breve substituídas pelas bombas n, 8. (Cespe/PRF) Infere-se do período “Mas a opção (...) da
que cumprirão sua missão com lisura: destruirão o mídia” (l.18-20) que nem todos “os temas polêmicos”
20 inimigo, sem riscos para o atacante. Trata-se, portanto, recebem a atenção dos meios de comunicação.
de uma fabulosa conquista, não?
Ferreira Gullar. Maravilha. In: A estranha vida banal. Rio Gabarito
de Janeiro: José Olympio, 1989, p. 109.
1. E 3. E 5. C 7. E
No que se refere aos sentidos e às estruturas linguísticas do
texto acima, julgue os itens a seguir. 2. E 4. C 6. C 8. C

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Márcio Wesley • Nos sufixos gregos “ese”, “ise”, “ose” (de aplicação
científica, ou erudita – culta):
DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL trombose, análise, metamorfose, virose, exegese, os-
mose etc.
O Alfabeto • Nos vocábulos derivados de outros primitivos que são
escritos com “s”:
Com a nova ortografia, o alfabeto passa a ter 26 letras.
análise – analisar, analisado
Foram reintroduzidas as letras k, w e y. atrás – atrasar, atrasado
casa – casinha, casarão, casebre
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ
Porém há algumas exceções:
As letras k, w e y, que na verdade não tinham desapare- catequese – catequizar
cido da maioria dos dicionários da nossa língua, são usadas síntese – sintetizar
em várias situações. Por exemplo: batismo – batizar
a) na escrita de símbolos de unidades de medida: km
(quilômetro), kg (quilograma), w (watt); • Nos diminutivos “inho”, “inha”, “ito”, “ita”:
b) na escrita de palavras e nomes estrangeiros (e seus Obs.: Se a palavra primitiva já termina com “s”, basta
derivados): show, playboy, playground, windsurf, kung fu, acrescentar o sufixo de diminutivo adequado:
yin, yang, William, kaiser, Kafka, kafkiano. pires – piresinho
casa – casinha, casita
Emprego das Letras empresa – empresinha

• Ortho = Correta • Usa-se o “s” nos substantivos cognatos (pertencentes


Graphia = Escrita à mesma família de formação) de verbos em “-dir” e
• No Português atual, segue-se o sistema ortográfico “-ender”.
aprovado em 12 de agosto de 1943 pela Academia dividir – divisão
Brasileira de Letras. Esse sistema sofreu algumas al- colidir – colisão
terações em 18 de dezembro de 1971. aludir – alusão
• A Nova Ortografia está em fase de implantação no rescindir – rescisão
Brasil desde 2009. A data limite para a transição é iludir – ilusão
31/12/2015. Portanto, em 2016, vigora a nova grafia
como forma obrigatória. Exercícios

Emprego do “S” 1. Assinale a alternativa em que, na frase, a palavra subli-


nhada esteja escrita incorretamente.
• O “s” intervocálico tem sempre o som de “z”: a) Paula saiu da sala muito pesarosa.
casa, mesa, acesa etc. b) Esta água possui muita impuresa.
c) Faça a gentileza de sair rapidamente.
• O “s” em início de palavras tem sempre o som de “ss”:
d) A nossa amizade é muito sólida.
sílaba, sabonete, seno etc.
e) A buzina do meu carro disparou, o que faço?
Usa-se o “S”
2. Assinale a alternativa em que, na frase, a palavra subli-
nhada esteja escrita incorretamente.
• Depois de ditongos: a) O rapaz defendeu uma tese.
Neusa, Sousa, maisena, lousa, coisa, deusa, faisão, b) O teste será realizado amanhã.
mausoléu etc. c) Comerei, mais tarde, um sanduíche misto.
d) Deixe os parafusos em uma lata com querozene.
• Adjetivos terminados pelos sufixos “oso”, “osa” (indi- e) A usina de açúcar fica distante da fazenda.
cadores de abundância):
cheiroso, prazeroso, amoroso, ansioso etc. 3. O sufixo “isar” foi usado incorretamente na alternativa:
a) É necessário bisar muitas músicas.
• Palavras com os sufixos “es”, “esa” e “isa” (indicadores b) De longe, não consigo divisar as coisas.
de títulos de nobreza, de origem, gentílicos ou pátrios, c) É necessário pesquisar incansavelmente.
cargo ou profissão): d) É muito importante paralisar as obras, agora.
duquesa, chinês, poetisa etc. e) Não há erro em nenhuma alternativa.

• Nas palavras em que haja “trans”: 4. Há palavra estranha em um dos grupos abaixo:
Língua Portuguesa

transigir, transação, transeunte etc. a) pesaroso – previsão – empresário.


b) querosene – gasolina – música.
• Nos substantivos não derivados de adjetivos: c) celsa – virose – maisena.
marquesa (de marquês), camponesa (de camponês), d) quiser – puser – hipnotizar.
defesa (de defender). e) anestesia – dosagem – divisa.

• Nos derivados dos verbos “pôr” e “querer”: 5. Assinale a frase em que a palavra sublinhada esteja es-
ela não quis; se quiséssemos; ela pôs o disco na estante; crita incorretamente.
compus uma música; se ela quisesse; eu pus etc. a) Eu não quero acusar ninguém.

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b) Ela é uma mulher obesa. 4. Todas as alternativas abaixo estão corretas em relação
c) Ela está com náusea, está grávida. à ortografia, exceto:
d) Ao dirigir, cuidado com os transeuntes. a) utilizar.
e) Devemos suavisar o impacto. b) grandeza.
c) certeza.
Gabarito d) orgulhoza.
e) agonizar.
1. b 2. d 3. e 4. d 5. e
5. Complete os espaços do período abaixo com uma das
alternativas que se seguem de forma correta e ordenada.
Emprego do “Z” “Ela era ______ de ______ e ______ o trabalho com
______.”
Usa-se o “z” a) incapaz – atualizar – finalizar – presteza
b) incapás – atualisar – finalisar – prestesa
• Nas palavras derivadas de uma primitiva já grafada c) incapas – atualizar – finalizar – presteza
com “z”: d) incapaz – atualisar – finalisar – presteza
cruz ‑ cruzamento – cruzeta – cruzeiro e) incapaz – atualizar – finalizar – prestesa
juiz – juízo – ajuizado – juizado
desliza – deslizamento – deslizante Gabarito
• Nos sufixos “ez/eza” formadores de substantivos abs-
tratos e adjetivos com o acréscimo dos sufixos citados:
1. c 2. d 3. e 4. d 5. a
beleza – belo + eza
gentileza – gentil + eza
insensatez – insensato + ez
Emprego do “G”
• Nos diminutivos “inho” e “inha”:
• Nas palavras que representam o mesmo som de “j”
Obs. 1: Se a palavra escrita primitiva já termina com “z”,
quando for empregada antes das vogais “e” e “i”:
basta acrescentar o sufixo de diminutivo adequado:
gente, girafa, urgente, gengiva, gelo, gengibre, giz etc.
juiz – juizinho
Obs.: apenas nesses casos, surgem dúvidas quanto ao
raiz – raizinha
xadrez – xadrezinho uso. Nos demais casos, usa-se o “g”.

Obs. 2: Se a palavra primitiva não tiver “s” nem “z”; • Nas palavras derivadas de outras que já são escritas
então se acrescenta: “zinho” ou “zinha”: com “g”:
sofá – sofazinho ágio – agiota – agiotagem
mãe – mãezinha gesso – engessado – engessar
pé – pezinho exigir – exigência – exigível
afligir – afligem – afligido
Exercícios
• Nas terminações “agem”, “igem” e “ugem”:
1. Em todas as alternativas abaixo as palavras são grafadas margem, coragem, vertigem, ferrugem, fuligem,
com “z”, exceto: garagem, origem etc.
a) limpeza – beleza.
b) canalizar – utilizar. Exceção:
c) avizar – improvisar. pajem, lajem, lambujem.
d) catequizar – sintetizar.
e) batizar – hipnotizar. Note bem:
O substantivo viagem escreve-se com “g”, mas viajem
2. Complete corretamente os espaços do período a seguir (forma verbal de viajar) escreve- se com “j”:
com uma das alternativas abaixo.
“Nossa ______ não tem ______ para terminar, disse a Dica:
______.” Quando podemos escrever artigo antes (a, uma), temos
a) amizade – praso – meretriz o substantivo “viagem”, com “g”.
b) amisade – prazo – meretris A viagem para Búzios foi maravilhosa.
c) amizade – prazo – meretris Quando podemos ter o sujeito e conjugar, então tere-
d) amizade – prazo – meretriz mos o verbo, escrito com “j”:
e) amisade – praso – meretriz Que eles viajem muito bem.
Língua Portuguesa

3. Há, nas alternativas abaixo, uma palavra diferente do • Nas terminações “ágio”, “égio”, “ígio”, “ógio”, “úgio”,
grupo em relação à ortografia: “ege”, “oge”:
a) avidez, beleza. pedágio, relógio, litígio, colégio, subterfúgio, estágio,
b) algoz, baliza. prodígio, egrégio, herege, doge etc.
c) defesa, limpeza.
d) gozado, bazar. • Nos verbos terminados em “ger” e “gir”:
e) miudeza, jeitoza. corrigir, fingir, fugir, mugir etc.

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Exercícios • Nas palavras de uso um tanto e quanto discutíveis:
manjerona, jerico, jia, jumbo etc.
1. Todas as palavras sublinhadas nas frases abaixo são es-
critas com “g”, exceto: • A terminação “aje” é sempre com “j”:
a) Joga esta geringonça no lixo. ultraje, laje etc.
b) A geada foi muito forte na região Sul do Brasil.
c) A giboia é uma serpente não venenosa. Exercícios
d) Guarde a tigela no armário da sala.
e) Pessoas cultas não falam muita gíria. 1. Assinale a alternativa incorreta em relação à ortografia.
a) pajem.
2. Todas as palavras das alternativas abaixo estão corretas b) varejo.
em relação à ortografia, exceto: c) gorjeta.
a) gengiva – Sergipe – evangelho. d) ajiota.
b) trage – ogeriza – cangica. e) rijeza.
c) giz – monge – sargento.
d) vagem – ogiva – tangerina. 2. Assinale a alternativa correta em relação à ortografia.
e) gim – ogiva – sugestão. a) refújio.
b) estájio.
3. Todas as palavras das alternativas abaixo estão incorretas c) rijeza.
em relação à ortografia, exceto: d) pedájio.
a) ultrage – lage – berinjela. e) ferrujem.
b) cangerê – cafageste – magé.
c) refúgio – estágio – ferrugem. 3. Observe as frases que se seguem:
d) geca – girau ‑cangica. I – Minha coragem é algo incontestável.
II – O jiló é um fruto amargo, mas delicioso.
4. Todas as alternativas abaixo estão corretas em relação III – A giboia é uma serpente brasileira.
à ortografia, exceto: Agora, responda, em relação à ortografia das palavras
a) fuselagem. sublinhadas.
b) aflige. a) Todas estão corretas.
c) angina. b) Somente a III está correta.
d) grangear. c) Todas estão incorretas.
e) fuligem. d) Somente a III está incorreta.
e) Somente a I está correta.
5. Todas as palavras das alternativas abaixo são grafadas
com “g”, exceto:
4. Assinale a alternativa correta em relação à ortografia.
a) ceregeira.
a) Jertrudes.
b) cingir.
b) jestão.
c) contágio.
c) jerimum.
d) algema.
d) jesso.
e) página.
e) jerminar.
Gabarito 5. Assinale a alternativa incorreta em relação à ortografia.
a) jereré.
1. c 2. b 3. c 4. d 5. a b) jeropiga.
c) jenipapo.
d) jequitibá.
Emprego do “J” e) jervão.
Usa-se o “j”:
Gabarito
• Nos vocábulos de origem tupi:
maracujá, caju, jenipapo, pajé, jerimum, Ubirajara etc. 1. d 2. c 3. d 4. c 5. e

Exceção:
Mogi das cruzes, Mogi-guaçu, Mogi-mirim, Sergipe. Emprego do “ch”

• Nas palavras cuja origem latina assim o exijam: O “ch” provém da evolução de grupos consonantais la-
majestade, jeito, hoje, Jesus etc. tinos:
Língua Portuguesa

CI ‑ clave / Ch – Chave
• Nas palavras de origem árabe: FI – Flagrae / Ch – Cheirar
alforje, alfanje, berinjela. PI – Plenu / Ch – Cheio
PI – Planu / Ch – Chão.
• Nas palavras derivadas de outras já escritas com “j”:
gorja – gorjeio, gorjeta, gorjear • Na palavra derivada de outra que já vem escrita com
laranja – laranjinha, laranjeira, laranjeirinha “ch”:
loja – lojinha, lojista charco / encharcar, encharcado
granja – granjear, granjinha, granjeiro chafurda / enchafurdar

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chocalho / enchocalhar – “s” em final de sílabas seguido de consoante:
chouriço / enchouriçar extático, externo, experiência, contexto etc.
chumaço / enchumaçar
cheio / encher, enchimento – “z” em palavras com prefixo “ex”, seguido de vogal:
enchova / enchovinha exame, exultar, exequível etc.

• Nas palavras após “re”: – “ss” como “ss” intervocálico:


brecha, trecho, brechó trouxe, próximo, sintaxe etc.

• Nas palavras aportuguesadas, oriundas de outros idio- – “ch” no início ou no interior de algumas palavras:
mas: xícara, xarope, luxo, ameixa etc.
salsicha / do itálico “salsíccia”
sanduíche / do inglês “sandwich” – “cs” no meio ou no fim de algumas palavras:
chapéu / do francês “chapei” fixo, tórax, conexão, tóxico etc.
chope / do francês “chope” e do alemão “Schoppen”
Obs.:
• O “ch” provém, também, da formação do dígrafo “ch” Quando no final de sílabas o “x” não for precedido da
latino que se originou da evolução ao longo dos tempos: vogal “a”, deve-se empregar o “s” em vez de “x”:
cheirar, cheio, chão, chaleira etc. misto, justaposição etc.
• Em vocábulos de origem árabe e castelhana:
Exercícios xadrez, oxalá, enxaqueca, enxadrista etc.
1. Todas as palavras das alternativas abaixo estão correta- • Em palavras de formação popular, africana ou indígena:
mente grafadas, exceto: xepa, xereta, xingar, abacaxi, caxumba, muxoxo, xa-
a) enchumaçar. vante, xiquexique, xodó etc.
b) cachumba.
c) chave. • Geralmente é usado após a sílaba inicial “en”, em pa-
d) brecha.
lavras primitivas:
e) galocha.
enxada, enxergar, enxaqueca, enxó, enxadrezar, enxam-
brar, enxertar, enxoval, enxovalhar, enxurrada, enxofre,
2. Todas as palavras abaixo estão incorretamente grafadas,
exceto: enxovia, enxuto etc.
a) faicha. Exceções:
b) fachina. encher, derivada de cheio
c) repuchão. anchova ou enchova e seus derivados etc.
d) chuteira.
e) relachado. Obs.:
Se a palavra é derivada, dependerá da grafia da primitiva.
3. Assinale a alternativa incorreta em relação à ortografia. charco – encharcar; chocalho – enchocalhar
a) chilindró. chafurda – enchafurdar; chouriço – enchouriçar
b) estrebuchar. chumaço – enchumaçar (estofar) etc.
c) facho.
d) chafurdar. • Emprega-se o “x” após ditongos:
e) chamego. ameixa, caixa, peixe, feixe, frouxo, deixar, baixa, rou-
xinol etc.
4. Assinale a afirmação incorreta.
a) A palavra “boliche” está corretamente grafada. Exceções:
b) A palavra “rocho” está corretamente grafada. caucho, cauchal, caucheiro, recauchutar, recauchuta-
c) A palavra “mecha” está corretamente grafada. gem etc.
d) A palavra “richa” está incorretamente grafada.
e) A palavra “chereta” está incorretamente grafada. • Emprega-se “ex” quando seguido de vogal:
exame, exército, exato etc.
5. Assinale a alternativa correta.
a) tachinha (prego). • Emprega-se “ex” quando se segue:
b) chilindró. PLI – exPLIcar
c) cocho (manco). CI – exCItante
d) muchocho. CE – exCElência
e) muchiba. PLO – exPLOrar
Língua Portuguesa

Gabarito Exercícios

1. b 2. d 3. a 4. b 5. a 1. Assinale a alternativa incorreta.


a) enxada.
b) enxaqueca.
Emprego do “X” c) enxova.
d) enxofre.
• O “x” representa cinco fonemas tradicionais: e) enxertar.

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2. Assinale a alternativa correta. c) quase.
a) enxarcar. d) cadiado.
b) enxocalhar.
c) enxouriçar. 2. Assinale a alternativa correta em relação ao uso do “e”
d) enxurrada. e do “i”:
e) enxumaçar. a) criolina.
b) cemitério.
3. Assinale a alternativa incorreta em relação ao uso do c) palitó.
“X”: d) orquídia.
a) cambaxirra.
b) flexar. 3. Todas as alternativas abaixo estão corretas em relação
c) taxar (preço). ao uso do “e” e do “i”, exceto:
d) explicar. a) seringa.
b) seriema.
4. Todas as palavras abaixo estão corretas em relação ao c) umedecer.
uso do “X”, exceto: d) desinteria.
a) enxerto.
b) sintaxe. 4. Todas as alternativas abaixo estão incorretas em relação
c) textual. ao uso do “e” e do “i”, exceto:
d) síxtole. a) crâneo.
b) meretíssimo.
5. Complete as lacunas das palavras, com uma das alter- c) previlégio.
nativas que se segue: d) Filipe.
e__pontâneo; e__terior; e__perto; e__cessivo.
a) x – s – x – s 5. Quanto às palavras
b) s – x – s – x I – impigem;
c) s – s – x – x II – terebentina;
d) x – x – s – s III – pinicilina.

podemos afirmar:
Gabarito a) somente a I está correta.
b) somente a II está correta.
1. c 2. d 3. b 4. d 5. b c) todas estão incorretas.
d) todas estão corretas.
Uso do “E” Gabarito
• Nos verbos terminados em “uar”, “oar”, nas formas do
1. d 2. b 3. d 4. d 5. a
presente do subjuntivo:
continuar – continue – continues
efetuar – efetue – efetues
habituar – habitue – habitues
Uso do “O” e do “U”
averigue – averigues
A letra “o” átono pode soar como “u”, acarretando he-
perdoar – perdoe – perdoes
sitação na grafia.
abençoar – abençoe – abençoes Pode-se recorrer ao artifício da comparação com palavras
da mesma família:
• Palavras formadas com o prefixo “ante”: abolir – abolição
antecipar, anterior, antevéspera tábua – tabular
comprimento – comprido
Uso do “I”. cumprimento – cumprimentar
explodir – explosão
• Nos verbos terminados em “uir” nas segunda e tercei-
ra pessoas do singular do presente do indicativo e a Exercícios
segunda pessoa do singular do imperativo afirmativo:
constituir – constitui – constituis 1. Todas as palavras das alternativas abaixo estão corretas
possuir – possui – possuís em relação à grafia, exceto:
influir – influi – influis a) nódoa.
fluir – flui – fluis b) óbolo.
diminuir ‑diminui – diminuis
Língua Portuguesa

c) poleiro.
instituir – institui – instituis d) pulir.

Exercícios 2. Todas as palavras das alternativas abaixo estão corretas


em relação à grafia, exceto:
1. Assinale a alternativa incorreta em relação ao uso do a) capueira. 
b) embolo.
“e” e do “i”: c) focinho.
a) destilar. d) goela.
b) cumeeira.

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3. Em relação às seguintes palavras: Modifica o substantivo a que se relaciona:
I – muleque; “Um bom romance nos diz a verdade sobre o seu herói,
II – mulambo; mas um mau romance nos diz a verdade sobre seu
III – buate, autor”. (Chesterton Apud Josué Montello)
“Quando a previsão diz tempo bom, isso é mau.” (Leon
podemos afirmar: Eliachar)
a) todas estão corretas.
b) somente a I e II estão corretas. Como substantivo
c) somente a I e III estão corretas. Normalmente vem precedido de artigo:
d) todas estão incorretas. “Por que não prender os maus para vivermos tranqui-
los?”
4. Em relação às seguintes palavras: “O Belo e o Feio... O Bom e o Mau... Dor e Prazer”.
I – bueiro; (Mário Quintana)
II – manoel;
“... só que viera a pé e foi-se sentado, cansado talvez
III – jaboticaba
de cavalgar por montes e vales do Oeste, e de tantas
lutas contra os maus”. (CDA)
podemos afirmar como verdadeiro:
a) somente a II e III estão incorretas.
b) somente a II e III estão corretas. Notações sobre o uso de “a”, “há” e “ah”
c) somente a I está correta.
d) todas estão corretas. • Usa-se “há”
e) somente II está incorreta. Com referência a tempo passado:
“Estou muito doente. Há dez anos venho sofrendo de
5. Assinale a alternativa de palavra incorretamente grafada. mal súbito”. (Aldu)
a) custume. “Isso aconteceu há quatro ou cinco anos”. (Rubem Braga)
b) tribo. Quando é formado do verbo haver:
c) romênia. “Já não há mais tempo. O futuro chegou”.
d) buliçoso. “O garçom era atencioso, você sabia que há garçons
atenciosos?” (CDA)
Gabarito
• Usa-se “a”
1. d 2. a 3. d 4. e 5. a Com referência a tempo futuro:
“... mas daí a pouco tinha a explicação”. (Machado de
Assis)
Algumas Dificuldades Gramaticais “Fui casado, disse ele, depois de algum tempo, daqui
a três meses posso dizer outra vez: sou casado”. (Ma-
Notações sobre o uso de “mal” e “mau”: chado de Assis)

• Usa-se “mal” nos seguintes casos: • Usa-se “ah”


Como interjeição enfatizante:
Como substantivo (opõe-se a “bem”) “Ah, ia-se me esquecendo: um escritório funcional deve
Assim varia de número (males) e, geralmente, vem ter também uma secretária funcional”. (Leon Eliachar)
precedido de artigo: “Ah! Disse o velho com indiferença”. (Machado de Assis)
“O chato da bebida não é o mal que ela nos pode trazer,
são os bêbados que ela nos traz.” (Leon Eliachar) Notações sobre o uso de “mas”, “más” e “mais”
“Para se trilhar o caminho do mal, é indispensável não
se importar com o constrangimento.” (Fraga) • Mas
É conjunção adversativa (dá ideia de oposição, retifi-
Como advérbio (opõe-se a “bem”) cação):
Nesse caso, modifica o verbo, o adjetivo e o próprio “Sinto muito, doutor, mas não sinto nada”. (Aldu)
advérbio: “O dinheiro não traz felicidade, mas acalma os nervos”.
“Andam mal os versos de pé quebrado.” (Jaab)
(Aldu)
“Varam o espaço foguetes mal intencionados.” (Cecília
Meireles)
• Más
“Mendicância vai muito mal: falta de verba.” (Sylvio
Abreu) Plural feminino de “MAU”
“Não tinha más qualidades, ou se as tinha, eram de
Como conjunção pouca monta”. (Machado de Assis)
Equivale a quando, assim que, apenas: “Não há coisas, na vida, inteiramente más”. (Mário
Língua Portuguesa

“Mal o Flamengo entrou em campo, foi delirantemente Quintana)


aplaudido”.
“Mal colocou o papel na máquina, o menino começou • Mais
a empurrar a cadeira pela sala, fazendo um barulho Advérbio de intensidade
infernal”. (Fernando Sabino) “As fantasias mais usadas no carnaval são: homem
vestido de mulher e mulher vestida de homem”. (Leon
• Usa-se “mau” nos seguintes casos Eliachar)
Ele nunca está satisfeito. Sempre quer mais do que
Como adjetivo (opõe-se a bom) recebe.

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Notações sobre o uso do porquê (e variações) “Tal prática era possível na cidade, aonde ainda não
haviam chegado os automóveis.” (Manuel Bandeira)
• Porque – Conjunção causal ou explicativa: “Se chegares sempre aonde quiseres, ganharás”. (Paulo
“Vende-se um segredo de cofre a quem conseguir abrir Mendes Campos)
o cofre, porque o dono não consegue”. (Leon Eliachar)
“Os macróbios são macróbios porque não acreditam • Donde
em micróbios”. (Mário Quintana) Equivale a “de onde” e apresenta ideia de afastamento;
corresponde a lugar do qual (unde, em latim):
• Por que – Nas interrogações “Tomás estava, mas encerrara-se no quarto, donde só
“ – Diga-se cá, por que foi que você não apareceu mais saíra...” (Machado de Assis)
lá em casa?” (Graciliano Ramos) (Interrogativa direta) “Às vezes se atiram a distantes excursões donde regres-
“Não sei por que você foi embora”. (Interrogação indi- sas com uma enorme lava.” (Manoel Bandeira)
reta)
Como pronome relativo, equivalente a o qual, a qual, Notações sobre o uso de “senão” e “se não”
os quais, as quais.
“Não sei a razão por que me ofenderam”. • Senão
“Contavam fatos da vida, incidentes perigosos por que Conjunção adversativa com o sentido de “em caso
tinham passado”. (José Lins do Rego) contrário”, “de outra forma”:
“Cala a boca, mulher, senão aparece polícia”. (Raquel
• Por quê – No final da frase. de Queiroz)
“Mas por quê? Por quê? Por amor? (Eça de Queiroz) Com o sentido de “mas sim” e com o sentido de “a não
“Sou a que chora sem saber por quê”. (Florbela Espanca) ser”:
“Ele, a quem eu nada podia dar senão minha sincerida-
• Porquê de, ele passou a ser uma acusação de minha pobreza”.
É substantivo e, então, varia em número; normalmen- (Clarice Lispector)
te, o artigo o precede:
“Eu sem você não tenho porquê”. (Vinícius de Morais)
Quando substantivo com o sentido de “falha”, “defei-
“Só mesmo Deus é quem sabe o porquê de certas von-
to”, “imperfeição”. Admite, então, flexão de número:
tades femininas, se é que consegue saber.” (CDA)
“Esfregam as mãos, têm júbilos de solteiras histéricas, dão
pulinhos, apenas porque encontram senões miúdos nas
Notações sobre o uso de “quê” e “’que”
páginas que não saberiam compor”. (Josué Montello)
• Quê
Como interjeição exclamativa (seguida de ponto de • Se não
exclamação): Quando conjunção condicional “se”:
“Quê! Você ainda não tomou banho?” ‘’Se não fosse Van Gogh, o que seria do amarelo?”
(Mário Quintana)
No final de frases:
Zombaria de todos, mesmo sem saber de quê. Quando advérbio de negação “Não”
“Medo de quê?” (José Lins do Reco) “Os ex-seminaristas, como os ex-padres, permanecem
Como substantivo ligados indissoluvelmente à Igreja. Se não, pela fé –
“Um quê misterioso aqui me fala.” (Gonçalves Dias) pelo rito”. (Josué Montello)
“A arte de escrever é, por essência, irreverente e tem ‘’Se não fosse Van Gogh, o que seria do amarelo?”
sempre um quê de proibido...” (Mário Quintana) (Mário Quintana)

• Que Notações sobre “afim” e “a fim de”


Em outros casos usa-se a forma sem acento:
“Da igreja – exclamou. Que horror.” (Eça de Queiroz) • Afim
“E que sonho mau eu tive.” (Humberto de Campos) Adjetivo com o sentido de parente, próximo:
“... era meu parente afim, [...] interrogou-nos de cara
Notações sobre o uso de “onde”, “aonde” e “donde” amarrada e mandou-nos embora.” (CDA)
Naquele grupo todos eram afins; por isso brigavam
• Onde tanto.
É estático. Usa-se com os verbos chamados de repouso,
situação, fixação, como o verbo “ser” e suas modali- • A fim
dades (estar – permanecer) e outros (ficar, estacionar Locução prepositiva; dá ideia de finalidade; equivale
etc.); corresponde a “lugar em que” (ubi, em latim): a “para”:
“Onde foi inventado o feijão com arroz? (Clarice Lis- Viajou a fim de se esconder.
Língua Portuguesa

pector) “Metade da massa ralada vai para a rede da goma, a fim


“Vende-se uma bússola enguiçada. Infelizmente não de se lhe tirar o excesso de amido”. (Raquel de Queiroz)
sei onde estou, senão não venderia a bússola”. (Leon
Eliachar) Notações sobre o uso de “a par” e “ao par”

• Aonde • A par
É dinâmico. Usa-se com os verbos chamados de mo- Tem o significado de conhecer, saber, tomar conheci-
vimento, como ir, andar, caminhar etc.; corresponde mento:
a lugar em que (quo, em latim): Estamos a par da evolução técnica.

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• Ao par Velha Regra Nova Regra
Tem o significado de igual, equilibrado, paralelo:
ante-sala antessala
O câmbio está ao par.
anti-reumatismo antirreumatismo
Exercícios auto-recuo autorrecuo
contra-senso contrassenso
1. Preencha as lacunas com “mal”, “mau”, “má”: extra-rigoroso extrarrigoroso
a) Foi um _______ resultado para a equipe. infra-solo infrassolo
b) Foi um ______ irrecuperável. ultra-rede ultrarrede
c) Não me interprete _____ quando lhe digo _____ que ultra-sentimental ultrassentimental
responderá pelo que fez a esta criança. semi-sótão semissótão
d) ______ entrou no campo, deu um _______ jeito no supra-renal suprarrenal
pé, devido à _______ condição do gramado. supra-sigiloso suprassigiloso
e) Uma redação _______ escrita pode ser, apenas, o
resultado de uma _______ organização de ideias. Os prefixos hiper-, inter- e super- se ligam com hífen a
f) Ele organizou ______ o texto. elementos iniciados por r.
g) Sua _______ redação foi um negócio ________ para hiper-risonho, hiper-realidade, hiper-rústico, hiper-regu-
ela. lagem, inter-regional, inter-relação, inter-racial, super-
h) Este menino é _______ porque sempre aprendeu a -ramificado, super-risco, super-revista.
praticar o _______.
i) Se não tivesse recebido ______ exemplos, evitaria os b) Passa a ser usado o hífen, agora, quando o prefixo
______ que tem causado. termina com a mesma vogal que inicia o segundo elemento.
j) Há pessoas que têm o _____ costume de fazer ______ Lembremos que, nas regras anteriores ao acordo ortográfico,
juízo dos outros, ______ os conhecem. os prefixos abaixo eram grafados sem hífen diante de vogal.
Observe o quadro:
2. Preencha as lacunas com porque, por que, porquê, por
quê, ou quê: Velha Regra Nova Regra
a) Você não disse _________ veio, ontem, à festa. antiinflacionário anti-inflacionário
b) Não sei ________ você não veio, ontem, à festa. antiictérico anti-ictérico
c) Você sabe se José não veio à aula hoje, ________ não antiinflamatório anti-inflamatório
chegou ainda do passeio de final de semana?
arquiinimigo arqui-inimigo
d) Todos temos direitos inalienáveis, ________ somos arquiinteligente arqui-inteligente
pessoas humanas.
e) _________ se questiona tanto o progresso e se ques- microondas micro-ondas
microônibus micro-ônibus
tionam pouco os responsáveis pela ampliação desu-
microorganismo micro-organismo
mana da técnica? ___________?
f) Os caminhos __________ temos andado, os valores Exceção:
_________ temos lutado, podem não ser os mais Não se usa hífen com o prefixo co-, mesmo que o segundo
certos, porém são aqueles em que acreditamos. elemento comece com a vogal o:
g) Há um _______ misterioso em tudo isso. coordenação, cooperação, coocorrência, coocupante,
h) Não consigo perceber o _________ de tudo isso, mas coonestar, coobrigar, coobrar.
as razões ________ não consigo perceber tudo isso
já estão bem identificadas. c) Não será mais usado quando o prefixo termina em
vogal diferente da que inicia o segundo elemento. Lem-
Gabarito bremos que, nas regras anteriores ao acordo ortográfico, os
prefixos abaixo eram sempre grafados com hífen antes de
1. a) mau 2. a) por que vogal. Observe o quadro:
b) mal b) por que
c) mal, mal c) porque Velha Regra Nova Regra
d) Mal, mau, má d) porque auto-análise autoanálise
e) mal, má e) Por que, Por quê auto-afirmação autoafirmação
f) mal f) por que, por que auto-adesivo autoadesivo
g) má, mau g) porquê
h) porquê, por que auto-estrada autoestrada
h) mau, mal
i) maus, males auto-escola autoescola
j) mau, mau, mal auto-imune autoimune
Língua Portuguesa

extra-estatutário extraestatutário
extra-escolar extraescolar
Emprego do Hífen extra-estatal extraestatal
(Conforme a Nova Ortografia) extra-ocular extraocular
extra-oficial extraoficial
a) Não será usado hífen quando o prefixo termina em extraordinário* extraordinário
vogal e o segundo elemento começa com r ou s. Essas letras extra-urbano extraurbano
serão duplicadas. Observe as regras no quadro abaixo. extra-uterino extrauterino

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
infra-escapular infraescapular • Com topônimos iniciados por grão- e grã- e forma ver-
infra-escrito infraescrito bal ou elementos com artigo:
infra-específico infraespecífico Grã-Bretanha, Santa Rita do Passa-Quatro, Baía de
infra-estrutura infraestrutura Todos-os-Santos, Trás-os-Montes etc.
infra-ordem infraordem • Com os advérbios mal e bem quando formam uma
unidade sintagmática com significado e o segundo
intra-epidérmico intraepidérmico elemento começa por vogal ou h:
intra-estelar intraestelar bem-aventurado, bem-estar, bem-humorado, mal-
intra-orgânico intraorgânico -estar, mal-humorado.
intra-ósseo intraósseo Obs.: Os compostos com o advérbio bem se escrevem
neo-academicismo neoacademicismo sem hífen quando tal prefixo é seguido por elemento
neo-aristotélico neoaristotélico iniciado por consoante:
neo-aramaico neoaramaico bem-nascido, bem-criado, bem-visto (ao contrário de
neo-escolástica neoescolástico “malnascido”, “malcriado” e “malvisto”).
neo-escocês neoescocês • Nos compostos com os elementos além, aquém, recém
neo-estalinismo neoestalinismo e sem:
neo-idealismo neoidealismo além-mar, além-fronteiras, aquém-oceano, recém-
neo-imperialismo neoimperialismo -casados, sem-número, sem-teto.
semi-erudito semierudito
supra-ocular supraocular Hífen em locuções
* Observe que a palavra extraordinário já era escrita sem hífen antes
do novo acordo. Não se usa hífen nas locuções (substantivas, adjetivas,
pronominais, verbais, adverbiais, prepositivas ou conjunti-
d) Não se usa mais o hífen em palavras compostas por vas), como em:  cão de guarda, fim de semana, café com leite,
justaposição, quando se perde a noção de composição e pão de mel, pão com manteiga, sala de jantar, cor de vinho,
surge um vocábulo autônomo. Observe o quadro: à vontade, abaixo de, acerca de, a fim de que.
São exceções algumas locuções consagradas pelo uso. É
o caso de expressões como: água-de-colônia, arco-da-velha,
Velha Regra Nova Regra
cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao-deus-dará, à
manda-chuva mandachuva queima-roupa.
pára-quedas paraquedas
pára-lama, pára-brisa paralama, parabrisa Exercícios
pára-choque parachoque
Responda conforme as novas regras da ortografia.
Devemos observar que continuam com hífen: ano-luz,
arco-íris, decreto-lei, és-sueste, médico-cirurgião, tio-avô, 1. Nas frases que seguem, indique a única que apresente a
mato-grossense, norte-americano, sul-africano, afro-luso- expressão incorreta, levando em conta o emprego do hífen.
-brasileiro, primeiro-sargento, segunda-feira, guarda-chuva. a) Aqueles frágeis recém-nascidos bebiam o ar com
aflição.
e) Fica sendo regra geral o hífen antes de h: b) Nunca mais hei-de dizer os meus segredos.
anti-higiênico, circum-hospitalar, co-herdeiro, contra- c) Era tão sem ternura aquele afago, que ele saiu mal-
-harmônico, extra-humano, pré-histórico, sub-hepático, -humorado.
super-homem. d) Havia uma super-relação entre aquela região deserta
e esta cidade enorme.
O que não muda no hífen e) Este silêncio imperturbável, amá-lo-emos como uma
alegria que não deixa de ser triste.
Continua-se a usar hífen nos seguintes casos:
• Em palavras compostas que constituem unidade sin- 2. Suponha que você tenha que agregar o prefixo sub- às
palavras que aparecem nas alternativas a seguir. Assinale
tagmática e semântica e nas que designam espécies:
aquela que tem que ser escrita com hífen.
ano-luz, azul-escuro, conta-gotas, guarda-chuva,
a) (sub) chefe.
segunda-feira, tenente-coronel, beija-flor, couve-flor,
b) (sub) entender.
erva-doce, mal-me-quer, bem-te-vi.
c) (sub) desenvolvido.
• Com os prefixos ex-, sota-, soto-, vice-, vizo-:
d) (sub) reptício.
ex-mulher, sota-piloto, soto-mestre, vice-campeão, e) (sub) liminar.
vizo-rei.
• Com prefixos circum- e pan- se o segundo elemento 3. Assinale a alternativa errada quanto ao emprego do hífen:
começa por vogal h e m ou n: a) O semi-analfabeto desenhou um semicírculo.
circum-adjacência, pan-americano, pan-histórico.
Língua Portuguesa

b) O meia-direita fez um gol sem-pulo na semifinal do


• Com prefixos tônicos acentuados pré-, pró- e pós- se campeonato.
o segundo elemento tem vida à parte na língua: c) Era um sem-vergonha, pois andava seminu.
pré-bizantino, pró-romano, pós-graduação. d) O recém-chegado veio de além-mar.
• Com sufixos de base tupi-guarani que representam for- e) O vice-reitor está em estado pós-operatório.
mas adjetivas: -açu, -guaçu, e -mirim, se o primeiro
elemento acaba em vogal acentuada ou a pronúncia 4. Em qual alternativa ocorre erro quanto ao emprego do
exige a distinção gráfica entre ambos: hífen?
amoré-guaçu, manacá-açu, jacaré-açu, paraná-mirim. a) Foi iniciada a campanha pró-leite.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
b) O ex-aluno fez a sua autodefesa. EMPREGO DO HÍFEN
c) O contra-regra comeu um contrafilé. (Conforme a Nova Ortografia)
d) Sua autobiografia é um verdadeiro contrassenso.
e) O meia-direita deu início ao contra-ataque. a) Não será usado hífen quando o prefixo termina em
vogal e o segundo elemento começa com r ou s. Estas letras
5. Uma das alternativas abaixo apresenta incorreção quan-
serão duplicadas. Observe as regras no quadro abaixo.
to ao emprego do hífen.
a) O pseudo-hermafrodita não tinha infraestrutura para
assumir um relacionamento extraconjugal. VELHA REGRA NOVA REGRA
b) Era extra-oficial a notícia da vinda de um extraterreno. ante-sala antessala
c) Ele estudou línguas neolatinas nas colônias ultrama- anti-reumatismo antirreumatismo
rinas. auto-recuo autorrecuo
d) O antissemita tomou antibiótico e vacina antirrábica. contra-senso contrassenso
e) Era um suboficial de uma superpotência. extra-rigoroso extrarrigoroso
infra-solo infrassolo
6. Assinale a alternativa errada quanto ao emprego do
hífen. ultra-rede ultrarrede
a) Pelo interfone ele me comunicou bem-humorado que ultra-sentimental ultrassentimental
estava fazendo uma superalimentação. semi-sótão semissótão
b) Nas circunvizinhanças há uma casa mal-assombrada. supra-renal suprarrenal
c) Depois de comer a sobrecoxa, tomou um antiácido. supra-sigiloso suprassigiloso
d) Nossos antepassados realizaram vários anteprojetos.
e) O autodidata fez uma auto-análise. Os prefixos hiper-, inter- e super- se ligam com hífen a
elementos iniciados por r. Vejamos:
7. Fez um esforço ______ para vencer o campeonato hiper-risonho, hiper-realidade, hiper-rústico, hiper-re-
_________. gulagem, inter-regional, inter-relação, inter-racial, super-
a) sobre-humano – inter-regional -ramificado, super-risco, super-revista.
b) sobrehumano – interregional
c) sobreumano – interregional b) Passa a ser usado o hífen, agora, quando o prefixo
d) sobrehumano – inter-regional
termina com a mesma vogal que inicia o segundo elemento.
e) sobre-humano – inter-regional
Lembremos que, nas regras anteriores ao acordo ortográfico,
8. Usa-se hífen nos vocábulos formados por sufixos que re- os prefixos abaixo eram grafados sem hífen diante de vogal.
presentam formas adjetivas, como açu, guaçu, e mirim. Observe o quadro:
Com base nisso, marque as formas corretas.
a) capim-açu. VELHA REGRA NOVA REGRA
b) anajá-mirim. antiinflacionário anti-inflacionário
c) paraguaçu. antiictérico anti-ictérico
d) para-guaçu. antiinflamatório anti-inflamatório
arquiinimigo arqui-inimigo
9. Marque as formas corretas.
arquiinteligente arqui-inteligente
a) autoescola.
b) contra-mestre. microondas micro-ondas
c) contra-regra. microônibus micro-ônibus
d) infraestrutura. microorganismo micro-organismo
e) semisselvagem.
f) extraordinário. Exceção:
g) proto-plasma. Não se usa hífen com o prefixo co-, mesmo que o segundo
h) intra-ocular. elemento comece com a vogal o:
i) neo-republicano. coordenação, cooperação, coocorrência, coocupante,
j) ultrarrápido. coonestar, coobrigar, coobrar.

10. Marque, então, as formas corretas. c) Não será mais usado quando o prefixo termina em
a) supra-renal. vogal diferente da que inicia o segundo elemento. Lem-
b) supra-sensível. bremos que, nas regras anteriores ao acordo ortográfico, os
c) supracitado. prefixos abaixo eram sempre grafados com hífen antes de
d) supra-enumerado. vogal. Observe o quadro:
Língua Portuguesa

e) suprafrontal.
f) supra-ocular.
VELHA REGRA NOVA REGRA
Gabarito auto-análise autoanálise
auto-afirmação autoafirmação
1. b 4. c 7. a 10. c, e auto-adesivo, autoadesivo
2. d 5. b 8. a, b, c auto-estrada autoestrada
3. a 6. e 9. a, d, e, f, j auto-escola autoescola
auto-imune autoimune

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
extra-estatutário extraestatutário 4) Com prefixos tônicos acentuados pré-, pró- e pós- se
extra-escolar extraescolar o segundo elemento tem vida à parte na língua:
extra-estatal extraestatal pré-bizantino, pró-romano, pós-graduação.
extra-ocular extraocular
extra-oficial extraoficial 5) Com sufixos de base tupi-guarani que representam
extraordinário* extraordinário formas adjetivas: -açu, -guaçu, e -mirim, se o primeiro
extra-urbano extraurbano elemento acaba em vogal acentuada ou a pronúncia
extra-uterino extrauterino exige a distinção gráfica entre ambos:
infra-escapular infraescapular amoré-guaçu, manacá-açu, jacaré-açu, paraná-mirim.
infra-escrito infraescrito
infra-específico infraespecífico 6) Com topônimos iniciados por grão- e grã- e forma
infra-estrutura infraestrutura verbal ou elementos com artigo:
infra-ordem infraordem Grã-Bretanha, Santa Rita do Passa-Quatro, Baía de
intra-epidérmico intraepidérmico Todos-os-Santos, Trás-os-Montes etc.
intra-estelar intraestelar
intra-orgânico intraorgânico 7) Com os advérbios mal e bem quando formam uma
intra-ósseo intraósseo unidade sintagmática com significado e o segundo
neo-academicismo neoacademicismo elemento começa por vogal ou por h:
neo-aristotélico neoaristotélico bem-aventurado, bem-estar, bem-humorado, mal-
neo-aramaico neoaramaico -estar, mal-humorado.
neo-escolástica neoescolástico Obs.: Mas nem sempre os compostos com o advér-
neo-escocês neoescocês bio bem se escrevem sem hífen quando tal prefixo é
neo-estalinismo neoestalinismo seguido por elemento iniciado por consoante:
neo-idealismo neoidealismo bem-nascido, bem-criado, bem-visto (ao contrário de
neo-imperialismo neoimperialismo “malnascido”, “malcriado” e “malvisto”).
semi-erudito semierudito
supra-ocular supraocular 8) Nos compostos com os elementos além, aquém, re-
* O caro leitor deve notar que “extraordinário” já era escrito sem hífen cém e sem:
antes do novo acordo. além-mar, além-fronteiras, aquém-oceano, recém-
-casados, sem-número, sem-teto.
d) Não se usa mais o hífen em palavras compostas por
justaposição, quando se perde a noção de composição e Hífen em Locuções
surge um vocábulo autônomo. Observe o quadro:
Não se usa hífen nas locuções (substantivas, adjetivas,
Velha Regra Nova Regra pronominais, verbais, adverbiais, prepositivas ou conjunti-
manda-chuva mandachuva vas), como em:  cão de guarda, fim de semana, café com leite,
pára-quedas paraquedas pão de mel, pão com manteiga, sala de jantar, cor de vinho,
à vontade, abaixo de, acerca de, a fim de que.
pára-lama, pára-brisa paralama, parabrisa São exceções algumas locuções consagradas pelo uso. É
pára-choque parachoque o caso de expressões como: água-de-colônia, arco-da-velha,
cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao-deus-dará, à
Devemos observar que continuam com hífen: ano-luz, queima-roupa.
arco-íris, decreto-lei, és-sueste, médico-cirurgião, tio-avô,
mato-grossense, norte-americano, sul-africano, afro-luso-
-brasileiro, primeiro-sargento, segunda-feira, guarda-chuva ... EXERCÍCIOS

e) Fica sendo regra geral o hífen antes de h: Responda conforme as novas regras da ortografia.
anti-higiênico, circum-hospitalar, co-herdeiro, contra-
-harmônico, extra-humano, pré-histórico, sub-hepático, 1. Nas frases que seguem, indique a única que apresente
super-homem. a expressão incorreta, levando em conta o emprego do
hífen.
O que não Muda no Hífen a) Aqueles frágeis recém-nascidos bebiam o ar com
aflição.
Continua-se a usar hífen nos seguintes casos: b) Nunca mais hei-de dizer os meus segredos.
1) Em palavras compostas que constituem unidade sin- c) Era tão sem ternura aquele afago, que ele saiu mal-
tagmática e semântica e nas que designam espécies: -humorado.
ano-luz, azul-escuro, conta-gotas, guarda-chuva, d) Havia uma super-relação entre aquela região deserta
segunda-feira, tenente-coronel, beija-flor, couve-flor, e esta cidade enorme.
Língua Portuguesa

erva-doce, mal-me-quer, bem-te-vi. e) Este silêncio imperturbável, amá-lo-emos como uma


alegria que não deixa de ser triste.
2) Com os prefixos ex-, sota-, soto-, vice-, vizo-:
ex-mulher, sota-piloto, soto-mestre, vice-campeão, 2. Suponha que você tenha que agregar o prefixo sub- às
vizo-rei. palavras que aparecem nas alternativas a seguir. Assinale
aquela que tem que ser escrita com hífen.
3) Com prefixos circum- e pan- se o segundo elemento a) (sub) chefe.
começa por vogal e m ou n: b) (sub) entender.
pan-americano, circum-adjacência. c) (sub) desenvolvido.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
d) (sub) reptício. 10. Marque, então, as formas corretas:
e) (sub) liminar. a) supra-renal.
b) supra-sensível.
3. Assinale a alternativa errada quanto ao emprego do c) supracitado.
hífen: d) supra-enumerado.
a) O semi-analfabeto desenhou um semicírculo. e) suprafrontal.
f) supra-ocular.
b) O meia-direita fez um gol sem-pulo na semifinal do
campeonato.
GABARITO
c) Era um sem-vergonha, pois andava seminu.
d) O recém-chegado veio de além-mar. 1. b 5. b 9. a, d, e, f, j
e) O vice-reitor está em estado pós-operatório. 2. d 6. e 10. c, e
3. a 7. a
4. Em qual alternativa ocorre erro quanto ao emprego do 4. c 8. a, b, c
hífen?
a) Foi iniciada a campanha pró-leite.
b) O ex-aluno fez a sua autodefesa. EMPREGO DA ACENTUAÇÃO GRÁFICA
c) O contra-regra comeu um contrafilé.
d) Sua autobiografia é um verdadeiro contrassenso. Regras Básicas
e) O meia-direita deu início ao contra-ataque.
Importante!
5. Uma das alternativas abaixo apresenta incorreção quan- A nova ortografia não mudará estas regras básicas de
to ao emprego do hífen. acentuação.
a) O pseudo-hermafrodita não tinha infraestrutura para
assumir um relacionamento extraconjugal. Posição da
Terminação Exemplos
b) Era extra-oficial a notícia da vinda de um extraterreno. sílaba tônica
c) Ele estudou línguas neolatinas nas colônias ultrama- Proparoxítonas todas lúcido, anátema, arsê-
rinas. nico, paralelepípedo.
d) O antissemita tomou antibiótico e vacina antirrábica.
Monossílabas a(s), e(s), o(s) lá, ré, pó, pás, mês,
e) Era um suboficial de uma superpotência. tônicas cós.
6. Assinale a alternativa errada quanto ao emprego do Oxítonas a(s), e(s), o(s), crachá, Irecê, trenó,
hífen. em, ens ananás, Urupês, retrós,
a) Pelo interfone ele me comunicou bem-humorado que armazém, parabéns.
estava fazendo uma superalimentação. Paroxítonas r, n, l, x, ditongo, fêmur, próton, fácil,
b) Nas circunvizinhanças há uma casa mal-assombrada. ps, i, is, us, um, látex, colégio, pônei,
c) Depois de comer a sobrecoxa, tomou um antiácido. uns, ão(s), ã(s). bíceps, júri, lápis, bô-
d) Nossos antepassados realizaram vários anteprojetos. nus, álbum, fóruns,
e) O autodidata fez uma auto-análise. acórdão, ímã, órfãs.

Obs. 1:
7. Fez um esforço ______ para vencer o campeonato Monossílabo tônico é a palavra (sílaba) com sentido pró-
______________. prio. Continua com seu sentido mesmo que fora da frase.
a) sobre-humano – inter-regional Geralmente, verbos, advérbios, substantivos e adjetivos.
b) sobrehumano – interregional Quando não possui sentido, o monossílabo é átono.
c) sobreumano – interregional Tenho dó do menino.
d) sobrehumano – inter-regional dó: monossílaba tônica
e) sobre-humano – inter-regional do: monossílaba átona (de + o)
Os nomes das notas musicais são monossílabos tôni-
8. Usa-se hífen nos vocábulos formados por sufixos que cos: dó, ré, mi, fá, sol, lá, si. Apesar de serem todos tônicos,
representam formas adjetivas, como açu, guaçu, e mi- acentuam-se apenas: dó, ré, fá, lá.
rim.
Dica:
Com base nisso, marque as formas corretas. O sistema de acentuação da Língua Portuguesa se baseia
a) capim-açu. nas terminações a(s), e(s), o(s), em, ens.
b) anajá-mirim. Memorize!
c) paraguaçu. As paroxítonas terão acento quando a terminação for
d) para-guaçu. diferente de a(s), e(s), o(s), em, ens.

9. Marque as formas corretas: Obs. 2:


a) autoescola O sinal til (~) não é acento. É apenas o sinal para indicar
vogal com som nasal. Portanto: rã (monossílaba tônica sem
Língua Portuguesa

b) contra-mestre
c) contra-regra acento), sã (feminino de são = saudável), irmã (oxítona sem
acento), ímã (paroxítona com acento agudo e final ã).
d) infraestrutura
e) semisselvagem Obs. 3:
f) extraordinário O único caso de palavra com dois acentos no Português
g) proto-plasma é verbo no futuro com pronome mesoclítico:
h) intra-ocular Cantará o hino → Cantará + o → Cantar + o + á → Cantá-lo-á.
i) neo-republicano Note acima a forma verbal oxítona em “cantará” e em
j) ultrarrápido “cantá”.

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Regras Especiais
As regras especiais resolvem casos que as regras básicas não resolvem.
Atenção!
Estas regras mudam com a nova ortografia.

Dica:
Só muda na penúltima sílaba da palavra.
Lembrete: a pronúncia não se altera.

Velha Ortografia Nova Ortografia


Acentuavam-se os ditongos abertos tônicos: éi, ói, éu: Nos ditongos abertos tônicos ei, oi perdeu-se o acento na
idéia, asteróide, jóia, factóide, platéia, colméia, esquizóide, penúltima sílaba:
Eritréia, fiéis, corrói, chapéu. ideia, asteroide, joia, factoie, plateia, colmeia, esquizoide, Eritreia.

Note que a regra básica das paroxítonas não acentuaria: Cuidado!


ideia, asteroide, plateia, colmeia, esquizoide, Eritreia. Continuam acentuados éi e ói de oxítonas e monossílabas
tônicas de timbre aberto:
corrói, dói, fiéis, papéis, faróis, anéis, anzóis.

Note que é a sílaba final. Não muda, continua acentuada.


Lembre-se: Só muda na penúltima sílaba da palavra.

Também se conserva o acento do ditongo de timbre aberto éu:


céu, véu, chapéu, escarcéu, ilhéu, tabaréu, mausoléu.
Note que é a sílaba final. Não muda.

Atenção!
Na palavra “dêitico” temos proparoxítona. O acento deve-se
à regra das proparoxítonas. Continua acentuado.

Velha Ortografia Nova Ortografia


Acentuavam-se a penúltima sílaba das terminações ee e oo. Perdeu-se o acento na penúltima sílaba das terminações ee
Verbos crer, dar, ler, ver e seus derivados: e oo.
Eles crêem, eles dêem, eles lêem, eles vêem. Eles descrêem, Verbos crer, dar, ler, ver e seus derivados:
eles relêem, eles prevêem. Eles creem, eles deem, eles leem, eles veem. Eles descreem,
Lembrete: são verbos do credelever. eles releem, eles preveem.
Lembrete: são verbos do credelever.
Velha Ortografia Nova Ortografia
Verbos com final -oar, -oer: Verbos com final -oar, -oer:
perdoar: perdôo, perdoar: perdoo,
voar: vôo, voar: voo,
moer: môo, moer: moo,
roer: rôo. roer: roo.

Note que o acento é na penúltima sílaba. São paroxítonas.


A regra básica não acentuaria essas palavras.

Velha Ortografia Nova Ortografia


Acentuavam-se í e ú na 2ª vogal diferente do hiato, tônico, Perdem o acento o i e o u tônicos na penúltima sílaba, se
sozinho na sílaba ou com s, não seguido de nh: precedidos de ditongo.
caído, país, miúdo, baús, ruim (com m não acentuamos), sair, Lembre-se: só muda na penúltima sílaba:
Saul, tainha, moinho, xiita, Piauí (Pi-au-í), tuiuiú (tui-ui-ú). sau-í-pe (velha) → sau-i-pe (nova regra)
bo-cai-ú-va (velha) → bo-cai-u-va (nova regra)
Outros na nova regra:
bai-u-ca, fei-u-ra.
Cuidado!
Língua Portuguesa

Em friíssimo e seriíssimo temos proparoxítonas. É outra re- Note que o acento dessas palavras desaparece da penúltima
gra. Não é a regra do hiato com i ou u. sílaba após ditongo.
Atenção:
Em Pi-au-í e tui-ui-ú, o acento está na sílaba final. Não muda
nada.

Cuidado!
Em fri-ís-si-mo, se-ri-ís-si-mo, pe-rí-o-do continuamos tendo
proparoxítonas acentuadas. Não é a regra do hiato com i ou u.

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Velha Ortografia Nova Ortografia
Trema ( ¨ ) O trema está extinto das palavras portuguesas e aportu-
Era usado sobre a semivogal u antecedida de g ou q, e se- guesamentos. Lembre que a pronúncia continua a mesma.
guida de e ou i: O acordo é só ortográfico.
seqüela, tranqüilo, agüenta, argüir, argüir, delinqüir, tran-
qüilo, cinqüenta, agüentar, pingüim, seqüestro, qüinqüênio.Porém, é mantido o trema em nomes próprios estrangeiros
e seus derivados:
Obs.: Quando temos vogal u tônica, nesses grupos, surge um Müller, mülleriano, Hübner, hübneriano, Bündchen.
acento agudo diferencial:
obliqúes, apazigúe, argúi, averigúe. Atenção:
Como o trema foi extinto, então perdeu o acento o u tônico
de formas verbais rizotônicas (com acento na raiz) quando
parte dos grupos que e qui, gue e gui:
obliques, apazigue, argui, averigue.

Velha Ortografia Nova Ortografia


Acento Diferencial Acento Diferencial
Morei no Pará. → oxítona final “a”, nome do Estado. Regra Fica extinto na penúltima sílaba (palavras paroxítonas ho-
básica. mógrafas):
Vou para casa. → paroxítona final “a” não tem acento pela para (verbo) x para (prep.); coa, coas (verbo) x coa, coas (com
regra básica. +a); pelo, pelos (subst.), pelo (verbo) x pelo, pelos (per + o);
Pára com isso. → paroxítona final “a” não deveria ter acento pela, pelas (subst. ou verbo) x pela, pelas (per + a; arcaico);
pela regra básica, mas recebe acento para diferenciar a forma polo, polos [filhote de gavião], polo, polos [extremidade]
verbal “pára” e a preposição “para”. (substantivos) x polo, polos (por + o; arcaico); pera (subst.) x
pera (= para; arcaico).
Lista de palavras com acento diferencial:
pára (verbo) x para (prep.); côa, côas (verbo) x coa, coas (com
+a); pêlo, pêlos (subst.), pélo (verbo) x pelo, pelos (per + o); Entretanto, é mantido pôde e pôr. Além desses, também
péla, pélas (subst. ou verbo) x pela, pelas (per + a; arcaico); ficam mantidos têm e tem, vêm e vem.
pôlo, pôlos [filhote de gavião], pólo, pólos [extremidade] pôde (passado) x pode (presente); pôr (verbo) x por (prep.);
(substantivos) x polo, polos (por + o; arcaico); pêra (subst.) têm (eles), tem (ele); vêm (eles), vem (ele).
x pera (= para; arcaico), mas peras (plural da fruta “pêra”).

Atenção:
Para os verbos ter, vir e derivados: têm (eles), tem (ele),
vêm (eles), vem (ele).

Cuidado com pôde (passado) e pode (presente).

Atenção! 1. Está correto o seguinte agrupamento de palavras do


Apesar de não serem obrigatórias, as novas regras podem texto pela regra de acentuação:
ser objeto de questões que perguntem qual palavra será • Regra das proparoxítonas: Sócrates/genética/físico.
modificada com o novo acordo ortográfico. As regras ve- • Regra das paroxítonas terminadas em ditongo cres-
lhas valem até 31/12/2015, segundo o Decreto nº 7.875, cente: contrário/ caráter/ suicídio/ compulsório/ sá-
de 27/12/2012. bios/ gênios/ tédio/ ciência/ própria/ experiência/
Então, estude as regras antigas e saiba o que muda com equilíbrio.
as novas. • Regra das oxítonas: você/ está/ também.
• Regra dos monossílabos tônicos: há.
Curiosidade!
O caso da proparoxítona eventual
2. Os vocábulos têm e também seguem a mesma regra
Palavras paroxítonas terminadas em ditongo crescente
(semivogal + vogal) podem ser pronunciadas como se fosse de acentuação.
hiato no final. 3. As palavras paroxítonas língua e discórdia são acentua­
História → duas pronúncias: his-tó-ria ou his-tó-ri-a das porque terminam em ditongo.
Vácuo → duas pronúncias: vá-cuo ou vá-cu-o
Cárie → duas pronúncias: cá-rie ou cá-ri-e 4. A acentuação das palavras arquitetônico, hábitos, invó-
Colégio → duas pronúncias: co-lé-gio ou co-lé-gi-o lucro, hóspede, íntima e âmago atende a uma mesma
regra, já que todas essas palavras são proparoxítonas.
E com hiato final, tais palavras são chamadas proparoxí-
tonas eventuais. As duas pronúncias são aceitas. A pronúncia 5. As palavras abundância, quilômetros, território, climá-
Língua Portuguesa

como hiato no final atende ao uso regional de Portugal. Note ticas, árida, biogeográficas e ecológicas estão grafadas
bem: são duas pronúncias, mas apenas uma separação si- com acento agudo porque são todas proparoxítonas.
lábica correta (como ditongo final).
6. Pôde é uma palavra que leva acento a fim de indicar ao
EXERCÍCIOS leitor que se trata do pretérito perfeito e não da forma
pode, do presente do indicativo; o vocábulo abaixo que
Acentuação com a velha ortografia. recebe acento obrigatoriamente é:
a) Numero. c) sede. e) segredo.
Julgue C (certo) ou E (errado). b) egoista. d) ate.

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7. (Funiversa/CEB/Administrador) Assinale a alternativa em Emprego/correlação de tempos e
que todas as palavras são acentuadas pela mesma razão.
a) Brasília, prêmios, vitória. modos verbais
b) elétrica, hidráulica, responsáveis.
c) sérios, potência, após. Tempos Verbais
d) Goiás, já, vários.
e) Solidária, área, após. Para visualizar e memorizar melhor, vamos esquematizar os
tempos e modos verbais com suas desinências (terminações).
8. (Funiversa/Sejus/Atendente de Reintegração Social) No esquema a seguir, observe as letras a, b, c, d, e, f, g,
Assinale a alternativa que contenha apenas palavras h, i. Essas letras representam os tempos verbais.
acentuadas pela aplicação da mesma regra de acentu- Já as letras I e S representam os modos indicativo e sub-
ação gráfica. juntivo, respectivamente.
a) Assistência, públicas, após.
b) políticas, referência, jurídica. Em cada tempo, observe a terminação que o verbo ado-
c) caráter, saúde, após. tará, conforme a conjugação.
d) jurídica, responsável, públicas. 1 – primeira conjugação: final – ar. Cantar.
e) referência, beneficiários, indivíduo. 2 – segunda conjugação: final – er. Comer.
3 – terceira conjugação: final – ir. Sorrir.
9. (Funiversa/Terracap/Técnico Administrativo) As palavras
crítica, irônica e saudável têm o acento gráfico justifi- I – Modo Indicativo S – Modo Subjuntivo
cado pela mesma regra.
a – presente g – presente
10. (Funiversa/Sejus/Administrador) As palavras país, físico b – futuro do presente h – futuro
e presídios são acentuadas pela mesma razão: o acento c – futuro do pretérito i – pretérito imperfeito
recai sobre a vogal i.
d – pretérito imperfeito
11. (Funiversa/Terracap/Administrador) A palavra quê, na e – pretérito perfeito
frase “Paixonite é uma inflamação do quê?”, aparece f – pretérito mais-que-perfeito
acentuada porque está inserida em uma pergunta.
12. (Funiversa/HFA/Assistente Técnico Administrativo) A Padrão dos Verbos Regulares
sílaba tônica da palavra recordes é a penúltima, assim
como ocorre na palavra executivos. Na primeira pessoa singular (EU)
Responda às questões 13 a 17 conforme as novas regras de c b
acentuação. 1 – ria 1 – rei
13. Assinale a alternativa de vocábulo corretamente acentuado: 2 – ria 2 – rei
a) hífen. c) itens. e) ítem. 3 – ria 3 – rei
b) hífens. d) rítmo.

14. Assinale a alternativa que completa corretamente as frases:


I – Normalmente ela não ... em casa. a
II – Não sabíamos onde ... os discos. 1–o
III – De algum lugar ... essas ideias. 2–o
a) pára / pôr / provém d) para / pôr / provêm 3–o
b) para / pôr / provém e) para / por / provém
c) pára / por / provêem

15. Assinale a alternativa onde aparecem os vocábulos que


completem corretamente as lacunas dos períodos: d (antigamente) e (ontem) f (outrora)
I – Os professores ... seus alunos constantemente. 1 – ava 1 – ei 1 – ara
II – Temos visto, com alguma ... fatos escandalosos nos 2 – ia 2 – i 2 – era
jornais. 3 – ia 3 – i 3 – ira
III – Estudam-se as ... da questão social.
a) arguem / freqüência / raízes
b) argúem / freqüência / raízes h
c) arguem /freqüência / raízes
d) argüem /freqüência / raízes 1-r
e) arguem / frequência / raízes 2-r
(se/ quando) 3-r
GABARITO
1. E 3. C 5. E 7. a 9. E
Língua Portuguesa

2. E 4. C 6. b 8. e 10. E

11. E. Trata-se de substantivo monossílabo tônico. Note g 1–e


o artigo. Isso substantiva a palavra. Lembre-se de que (que) 2–a
substantivos são palavras significativas por si mesmas. 3–a
Monossílabo tônico tem sentido próprio.
i (se) 1-asse
2-esse
12. C 13. a 14. d 15. e
3-isse

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Exercícios Nas provas de concursos em geral, podemos observar
que basta conhecer a conjugação de nove verbos irregulares.
Conjugue os verbos cantar, vender e partir em todos os E, melhor ainda, basta conhecer bem três tempos verbais
tempos simples. em que as questões incidem mais. É claro que não ficamos
dispensados de conhecer todos os tempos verbais.
Esses verbos mais importantes formam famílias de verbos
Verbos irregulares sofrem mudança de letra e som no derivados deles. O resultado é que ficamos sabendo, por
radical e ou nas terminações padronizadas acima, para ver- tabela, um número grande de verbos.
bos regulares. Repito: muda letra e som. Não basta mudar São eles: ser, ir, ver, vir, intervir, ter, pôr, haver, reaver.
letra para ser verbo irregular.
Certa vez a prova do concurso do Senado perguntou se Conjugação dos Verbos Irregulares Ver e Vir
o verbo “agir” é irregular. Vamos fazer o teste?
O teste consiste em conjugar o verbo em uma pessoa c b
qualquer, no presente, no passado e no futuro. Se for regu- 2 – veria 2 – verei
lar, o verbo passa no teste completo, mantém-se inalterado. 3 – viria 3 – virei
Talvez mude letra, mas não muda o som.
a
Já para ser irregular, o verbo só precisa de uma mudança
em um desses tempos. 2 – vejo
3 – venho
TESTE:
d (antigamente) e (ontem) f (outrora)
Verbo Presente Passado Futuro Classifi- 2 – via 2 – vi 2 – vira
cação 3 – vinha 3 – vim 3 – viera
Agir Eu ajo Eu agi Eu agirei Regular
(muda só (no padrão) (no padrão) h
(se / quando) 2 – vir
letra) 3 – vier
Fazer Eu faço Eu fiz Eu farei Irregular
(mudou (mudou Observe
letra e letra e som) que perde g
som) o “z”. (que) 2 – veja
3 – venha
Observação:
Alguns verbos sofrem tantas alterações que seu radical i
desaparece e muda totalmente ao longo da conjugação. Cha- (se) 2 – visse
mamos tais verbos de anômalos: SER e IR. 3 – viesse
Exercícios
Conjugação dos Dois Verbos Anômalos: Ser e Ir Conjugue os verbos ver e vir em todos os tempos simples.
c b Conjugação dos Verbos Irregulares Haver, Ter e Pôr
2 – seria 2 – serei
3 – iria 3 – irei c b
haveria haverei
teria terei
a poria porei
2 – sou
3 – vou a
hei
tenho
d (antigamente) e (ontem) f (outrora) ponho
2 – era 2 – fui 2 – fora
3 – ia 3 – fui 3 – fora d (antigamente) e (ontem) f (outrora)
havia houve houvera
h tinha tive tivera
(se / quando) 2 – for punha pus pusera
3 – for
h
(se / quando) houver
tiver
g puser
(que) 2 – seja
3 – vá
Língua Portuguesa

g
i (que) haja
(se) 2 – fosse tenha
3 – fosse ponha
i
Exercícios (se) houvesse
tivesse
Conjugue os verbos ser e ir em todos os tempos simples. pusesse

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Exercícios Os tempos podem assumir duas formas:
• Simples: um só verbo: Estudo Francês. Terminamos o
Conjugue os verbos haver, ter e pôr em todos os tempos livro. Faremos revisão.
simples. • Composto: verbos “ter” ou “haver” com particípio:
tenho estudado, tínhamos estudado, haveremos feito.
Verbos defectivos apresentam falhas na conjugação. Mas
tenha cuidado: a falha ocorre apenas no presente. Esses
Flexão de Modo
verbos não serão defectivos no passado, nem no futuro.

Flexão Verbal Modo Indicativo

Verbo é a palavra variável que expressa: Indica atitude do falante e condições do fato.
• ação (estudar) O modo indicativo traduz geralmente a segurança: Estu-
• posse (ter, possuir) dei. Não agi mal. Amanhã chegarão os convites.
• fato (ocorrer)
• estado (ser, estar) Tempos do Modo Indicativo
• fenômeno (chover, ventar), situados no tempo: chove Presente: basicamente significa o fato realizado no mo-
agora, choveu ontem, choverá amanhã. mento da fala. Ele estuda Francês. A prova está fácil.
Pode significar também:
Conjugação é a distribuição dos verbos em sistemas con- • Permanência: O Sol nasce no Leste. José é pai de Jesus.
forme a terminação do infinitivo: A Constituição exige isonomia.
-ar → cantar, estudar: primeira conjugação • Hábito: Márcio leciona Português. Vou ao cinema todos
-er → ver, crer: segunda conjugação os domingos.
-ir → dirigir, sorrir: terceira conjugação. • Passado histórico: Cabral chega ao Brasil em 1500.
Militares governam o Brasil por 20 anos.
As vogais a, e, i dessas terminações chamam-se vogais • Futuro próximo: Amanhã eu descanso. No próximo ano,
temáticas. Somente “pôr” e derivados (compor, repor) ficam o país tem eleições.
sem vogal temática no infinito, mas têm nas conjugações: • Pedido: Você me envia os pedidos do memorando
põe, pusera etc.
amanhã.
• Radical: é a parte invariável do verbo no infinitivo, re-
tirada a vogal temática e a desinência “-r”: cant-, cr-,
dirig-. O presente dos verbos regulares se forma com adição ao
• Tema: é o resultado de juntar a vogal temática ao ra- radical das terminações:
dical: canta-, cre-, dirigi-. • 1a conjugação: -o, -as, -a, -amos, -ais, -am: canto, can-
• Rizotônica: é a forma verbal com vogal tônica no radi- tas, canta, cantamos, cantais, cantam.
cal: estUda, vIvo, vImos. • 2a conjugação: -o, -es, -e, -emos, -eis, -em: vivo, vives,
• Arrizotônica: é a forma verbal com vogal tônica fora vive, vivemos, viveis, vivem.
do radical: estudAmos, vivEis, virIam. • 3a conjugação: -o, -es, -e, -imos, -is, -em: parto, partes,
• Flexão verbal: pode ser de número (singular e plural), parte, partimos, partis, partem.
de pessoa (primeira, segunda, terceira) ou de tempo e
modo. Pretérito imperfeito
– flexão de número: no singular, eu aprendo, ele che- Passado em relação ao momento da fala, mas simultâneo
ga; no plural, nós aprendemos, eles chegam. em relação a outro fato passado. Pode significar:
– flexão de pessoa: na primeira pessoa, ou emissor • Hábitos no passado: Quando jogava no Santos, Pelé
da mensagem, eu canto, nós cantamos; eu venho, fazia gols espetaculares.
nós vimos. Na segunda pessoa, o receptor da men- • Descrição no passado: Ela parecia satisfeita. A estrada
sagem: tu cantas, vós cantais; tu vens, vós viestes. fazia uma curva fechada.
Obs.: Quando “vós” se refere a uma só pessoa, indica • Época: Era tempo da seca quando Fabiano emigrou.
singular apesar de tomar a flexão plural: Senhor, Vós • Simultaneidade: Paulo estudava quando cheguei. Es-
que sois todo poderoso, ouvi minha prece. tava conversando quando a criança caiu.
• Frequência, causa e consequência: Eu sorria quando
Flexão de Tempo
ela chegava.
Situa o momento do fato: presente, pretérito e futuro. • Ação planejada, mas não feita: Eu ia estudar, mas
São três tempos primitivos: infinitivo impessoal, presente chegou visita. Pretendíamos chegar cedo, mas houve
do indicativo e pretérito perfeito simples do indicativo. congestionamento.
• Fábulas, lendas: Era uma vez um professor que canta-
Derivações: va...
• Do infinitivo impessoal, surge o pretérito imperfeito • Fato preciso, exato: Duas horas depois da prova, o ga-
barito saía no site da banca.
Língua Portuguesa

do indicativo, o futuro do presente do indicativo, o


futuro do pretérito do indicativo, o infinitivo pessoal,
o gerúndio e o particípio. O imperfeito se forma com adição ao radical das termi-
• Da primeira pessoa do singular (eu) do presente do nações a seguir (exceto ser, ter, vir e pôr):
indicativo, obtemos o presente do subjuntivo. • 1a conjugação: -ava, -avas, -ava, -ávamos, -áveis, -avam:
• Da terceira pessoa do plural do pretérito perfeito sim- cantava, cantavas, cantava, cantávamos, cantáveis,
ples do indicativo, encontramos o pretérito mais que cantavam.
perfeito do indicativo, o pretérito imperfeito do sub- • 2a e 3a conjugação: -ia, -ias, -ia, -íamos, -íreis, -iam:
juntivo e o futuro do subjuntivo. vivia, vivias, vivia, vivíamos, vivíeis, viviam.

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Pretérito perfeito simples Futuro do presente composto
Ação passada terminada antes da fala. Forma-se, nos Indica:
verbos regulares, com adição ao radical das terminações: • Futuro realizado antes de outro futuro: Já teremos lido
• 1ª conjugação: -ei, -aste, -ou, -amos, -astes, -aram: can- o livro quando o professor perguntar.
tei, cantaste, cantou, cantamos, cantastes, cantaram. • Possibilidade: Já terão chegado?
• 2ª conjugação: -i, -este, -eu, -emos, -estes, -eram: vivi,
viveste, viveu, vivemos, vivestes, viveram. Forma-se com o futuro do presente de ter (ou haver)
• 3ª conjugação: -i, -iste, -iu, -imos, -istes, -iram: parti, mais o particípio: teremos lido, haveremos lido.
partiste, partiu, partimos, partistes, partiram.
Futuro do pretérito simples
Pretérito perfeito composto • Futuro em relação a um passado: Ele me disse que
Indica repetição ou continuidade do passado até o pre- estaria aqui até as 17h.
sente: Tenho feito o melhor possível. Não temos nos preju- • Hipóteses, suposições: Iríamos se ele permitisse.
dicado. • Incerteza sobre o passado: Quem poderia com isso?
Forma-se com o presente do indicativo de ter (ou haver) Ele teria 25 anos quando se formou.
mais o particípio. • Surpresa ou indignação: Nunca aceitaríamos tal humi-
lhação! Seria possível uma crise assim?
Pretérito mais que perfeito simples • Desejo presente de modo educado: Gostariam de sair
Fato concluído antes de outro no passado. Usa-se: conosco? Poderia me ajudar?
• Em situações formais na escrita: Já explicara o conte-
údo na aula anterior. Forma-se com adição ao infinitivo de: -ia, -ias, -ia, -íamos,
• Para substituir o imperfeito do subjuntivo: Comportou- -íeis, -iam:
-se como se fora (=fosse) senhora das terras. cantaria, cantarias, cantaria, cantaríamos, cantaríeis,
• Em frases exclamativas: Quem me dera trabalhar no cantariam.
Senado. viveria, viverias, viveria, viveríamos, viveríeis, viveriam.
(Exceto fazer, dizer, trazer, que trocam “z” por “r”: faria,
diria, traria)
Forma-se trocando o final –ram (cantaram, viveram, par-
tiram) por: -ra, -ras, -ra, -ramos, -reis, -ram:
Futuro do pretérito composto
cantara, cantaras, cantara, cantáramos, cantáreis, can-
• Suposição no passado: Se os juros caíssem, o consumo
taram.
teria aumentado.
vivera, viveras, vivera, vivêramos, vivêreis, viveram.
• Incerteza no passado: Quando teriam entregado as
partira, partiras, partira, partíramos, partíreis, partiram. notas?
• Possibilidade no passado: Teria sido melhor ficar.
Pretérito mais que perfeito composto
O mesmo sentido da forma simples. Usado na língua fa- Forma-se com o futuro do pretérito simples de ter (ou
lada e também na escrita, sem causar erro, nem diminuir o haver) mais o particípio: teria aumentado, teriam entregado.
nível culto: Já tinha explicado o conteúdo na aula anterior.
Forma-se com o imperfeito de ter ou haver mais o par- Modo Subjuntivo
ticípio: havia explicado, tinha vivido (=vivera), havia partido
(partira). Indica incerteza, dúvida, possibilidade. Usado sobretudo
em orações subordinadas: Quero que ele venha logo. Gosta-
Futuro do presente simples ria que ele viesse logo. Será melhor se ele vier a pé.
Fato posterior em relação à fala: Trabalharei no Senado
em dois anos. E também: Tempos do Modo Subjuntivo
• Fatos prováveis, condicionados: Se os juros caírem,
existirá mais consumo. Presente
• Incerteza, dúvida: Será possível uma coisa dessas? Por Indica presente ou futuro: É pena que o país esteja em
que estarei aqui? crise. (presente) Espero que os empregos voltem. (futuro)
Forma-se trocando o final -o do presente (canto, vivo,
Forma-se com adição ao infinitivo das seguintes termi- parto) por:
nações: -ei, -ás, -á, -emos, -eis, -ão: • 1a conjugação: -e, -es, -e, -emos, -eis, -em: cante, can-
cantarei, cantarás, cantará, cantaremos, cantareis, tes, cante, cantemos, canteis, cantem.
cantarão. Viverei, viverás, viverá, viveremos, vivereis, • 2a e 3a conjugação: -a, -as, -a, -amos, -ais, -am: viva,
viverão. vivas, viva, vivamos, vivais, vivam.
partirei, partirás, partirá, partiremos, partireis, partirão. Exceção: dar, ir, ser, estar, querer, saber, haver: dê, dês,
(Exceto fazer, dizer e trazer, que mudam o “z” em “r”.) dê, demos, deis, deem; vá, vás, vá, vamos, vais, vão; seja...;
queira...; saiba...; haja...
Língua Portuguesa

Obs.: Locuções verbais substituem o futuro do presente


simples. Veja: Pretérito imperfeito
• com ideia de intenção: Hei de falar com ele até do- Ação simultânea ou futura: Duvidei que ele viesse. Eu
mingo. queria que ele fosse logo. Gostaríamos que eles trouxessem
• com ideia de obrigação: Tenho que falar com ele até os livros.
domingo. Forma-se trocando o final -ram do perfeito simples do
• com ideia de futuro próximo ou imediato: verbo “ir” indicativo (cantaram, viveram, partiram) por: -sse, -sses,
mais infinitivo (exceto ir e vir): Que fome! Vou almoçar. -sse, -ssemos, -sseis, -ssem: cantasse, cantasses, cantasse,
Corre, que o carro vai sair. (vou ir, vou vir – erros) cantássemos, cantásseis, cantassem; vivesse...; partisse...

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Pretérito perfeito b) Negativo
• Suposta conclusão antes do tempo da fala: Talvez ele Copia exatamente o presente do subjuntivo: não
tenha chegado. Duvido que ela tenha saído sozinha. deixes tu, não deixe você, não deixemos nós, não
• Suposta conclusão antes de um futuro: É possível que deixeis vós, não deixem vocês.
ele já tenha chegado quando vocês voltarem. ð Verbos sem “eu” no presente indicativo não pos-
suem imperativo negativo.
Forma-se com o presente do subjuntivo de ter (ou haver)
mais o particípio: tenha chegado, tenha saído. Formas Nominais

Pretérito mais que perfeito Não exprimem tempo nem modo. Valores de substantivo
Passado suposto antes de outro passado: Se tivessem ou adjetivo. São: infinitivo, gerúndio e particípio.
lido o aviso, não se atrasariam. Infinitivo é a pura ideia da ação. Subdivide-se em infini-
Forma-se com o imperfeito do subjuntivo de ter (ou ha- tivo impessoal e pessoal.
ver) mais o particípio: tivessem lido. 1. Infinitivo impessoal: não se refere a uma pessoa, ne-
nhum sujeito próprio. É agradável viajar. Posso falar
Futuro simples com João. Usos:
Suposição no futuro: Posso aprender o que quiser. Poderei • Como sujeito: Navegar é preciso, viver não é preciso.
aprender o que quiser. • Como predicativo: Seu maior sonho é cantar.
Forma-se trocando o final -ram do perfeito do indicati- • Objeto direto: Admiro o cantar dos pássaros.
vo (cantaram, viveram, partiram) por: r, res, r, rmos, rdes, • Objeto indireto: Gosto de viajar.
rem. Quando/que/se cantar, cantares, cantar, cantarmos, • Adjunto adnominal: Comprei livros de desenhar.
cantardes, cantarem. Quando/que/se viver, viveres, viver, • Complemento nominal: Este livro é bom de ler.
vivermos, viverdes, viverem. • Em lugar do gerúndio: Estou a pensar (=Estou pen-
sando).
Futuro composto • Valor passivo: O dano é fácil de reparar. Frutas boas
Futuro suposto antes de outro: Isso será resolvido depois de comer.
que tivermos recebido a verba. • Tom imperativo: O que nos falta é estudar.
Forma-se com o futuro simples do subjuntivo de ter (ou
haver) mais o particípio: tivermos recebido. Duas formas do infinitivo impessoal:
Simples (valor de presente). Ações de aspecto não con-
Modo Imperativo cluído: Estudar Português ajuda em todas as provas. Perder
o jogo irrita.
Composto (passado). Ações de aspecto concluído: Ter es-
Expressa ordem, conselho, convite, súplica, pedido, a de-
tudado Português ajuda nas provas. Ter perdido o jogo irrita.
pender da entonação da voz. Dirige-se aos ouvintes apenas:
tu, você, vós, vocês.
2. Infinitivo pessoal: refere-se a um sujeito próprio. Não
• Quando o falante se junta ao ouvinte, usa-se a primeira
estudou para errar. Não estudei para errar. Não estu-
pessoa plural (nós): cantemos, vivamos.
damos para errarmos. Não estudaram para errarem.
• O imperativo pode ser suavizado com: Usos:
a) Presente do indicativo: Você me ajuda amanhã. • Mesmo sujeito: Para nós sermos pássaros, precisa-
b) Futuro do presente: Não matarás, não furtarás. mos de imaginação.
c) Pretérito imperfeito do subjuntivo: Se você falasse • Sujeitos diferentes: (Eu) Ouvi os pássaros cantarem.
baixo! (eu x os pássaros)
d) Locução com imperativo de ir mais infinitivo: Felipe • Preposicionado: Nós lhes dissemos isso por sermos
rasgou a roupa; não vá brigar com ele. amigos. Nós lhes dissemos por serem amigos.
e) Expressões de polidez (por favor, por gentileza etc.): • Sujeito indeterminado: Naquela hora ouvi chegarem.
Feche a porta, por favor.
f) Querer no presente ou imperfeito (interrogação), Duas formas do infinitivo pessoal:
ou imperativo, mais infinitivo: Quer calar a boca? Simples (presente). Aspecto não concluído: Por chegar-
Queria calar a boca? Queira calar a boca. mos cedo, estamos em dia. Por chegarmos cedo, obtivemos
g) Infinitivo (tom impessoal): Preencher as lacunas uma vaga.
com a forma verbal adequada. Composto (passado). Aspecto concluído: Por termos
• O imperativo pode ser reforçado: chegado cedo, estamos em dia. Por termos chegado cedo,
a) Com repetição: Saia, saia já daqui! obtivemos uma vaga.
b) Advérbio e expressões: Venha aqui! Repito outra
vez, fique quieto! Suma-se, seu covarde! Gerúndio é processo em ação. Papel de adjetivo ou de
• O imperativo pode ser: advérbio: Chegou com os olhos lacrimejando. Vi-o cantando.
a) Afirmativo Usos:
1. Tu e vós vêm do presente do indicativo, retiran- • Início da frase para: I) ação anterior encerrada (Jurando
do-se -s final: deixa (tu), deixai (vós). vingança, atacou o ladrão.); II) ação anterior e continu-
Língua Portuguesa

ð Exceção: “ser” forma sê (tu) e sede (vós). ada (Fechando os olhos, começou a imaginar a festa.).
ð Verbo “dizer” e terminados em -azer e -uzir • Após um verbo, para ação simultânea: Saí cantando.
podem perder “-es” ou só “-s”: diz/dize (tu), Morreu jurando inocência.
traz/traze (tu), traduz/traduze (tu). • Ação posterior: Os juros subiram, reduzindo o consumo.
2. Você, nós e vocês vêm do presente do subjunti-
vo: deixe (você), deixemos (nós), deixem (vocês). Duas formas de gerúndio:
ð Verbos sem a pessoa “eu” no presente indi- Simples (presente): aspecto não concluído. Sorrindo, olha
cativo terão apenas tu e vós: abole (tu), aboli para o pai. Ignorando os perigos, continuou na estrada. =>
(vós). Forma-se trocando o -r do infinitivo por -ndo.

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Composto (passado): aspecto de ação concluída. Tendo • Auxiliar são os verbos anteriores na locução. Servem
sorrido, olhou para o pai. Tendo compreendido os perigos, para matizar aspectos da ação do verbo principal:
abandonou a estrada. ser, estar, ter, haver, ir, vir, andar. Devo estudar.
Comecei a sorrir. O carro foi lavado. Temos vivido.
Particípio Ando estudando. Vou lavar.
Com verbo auxiliar
• ter ou haver, locução verbal chamada tempo composto Ser: forma a voz passiva de ação. O livro será aberto
(não varia em gênero e número): A polícia tem pren- pelo escolhido.
dido mais traficantes. Já havíamos chegado quando
você veio. Estar:
• ser ou estar, locução verbal (varia em gênero e nú- ð Na voz passiva de estado: O livro está aberto.
mero): Muitos ladrões foram presos pela milícia. Os ð Com gerúndio, ação duradoura num momento
corruptos estão presos. preciso: Estou escrevendo um livro.

Sem verbo auxiliar ter e haver


Estado resultante de ação encerrada: Derrotados, os sol- ð Nos tempos compostos com particípio: Já tinham
dados não ofereceram resistência. (ou haviam) aberto o livro. Se tivesse (ou houvesse)
Forma-se trocando o -r do infinitivo por -do: beber ⇒ ficado, não perderia o trem.
bebido, aparecer ⇒ aparecido, cantar ⇒ cantado. ð Com preposição “de” e infinitivo, sentido de obriga-
ção (ter) ou de promessa (haver): Tenho de estudar
Atenção! mais. Hei de chegar cedo amanhã.
• Vir e derivados têm a mesma forma no gerúndio e no Ir
particípio: Tenho vindo aqui todo dia. (particípio) Estou ð Com gerúndio, indicando:
vindo aqui todo dia. (gerúndio) – ação duradoura: O professor ia entrando devagar.
• Se apenas estado, trata-se de adjetivo: A criança as- – ação em etapas sucessivas: Os alunos iam chegando
sustada não dorme. a pé.
• Pode ser substantivado: A morta era inocente. Muitos ð No presente do indicativo mais infinitivo, indicando
mortos são enterrados como indigentes. intenção firme ou certeza no futuro próximo: Vou
encerrar a reunião. Corra! O avião vai decolar!
Vozes do Verbo
Vir
Verbos que indicam ação admitem voz ativa, voz passiva, ð Com gerúndio, indica:
– ação gradual: Venho estudando este fenômeno há
voz reflexiva. A voz verbal consiste em uma atitude do sujeito
tempo.
em relação à ação do verbo.
– duração rumo à nossa época ou lugar: Os alunos
Lembrete! Sujeito é o assunto da oração. Não precisa ser
vinham chegando, quando o sinal tocou.
o praticante da ação.
ð Com infinitivo, sentido de resultado final: Viemos
a descobrir o culpado mais tarde.
1. Voz ativa: o sujeito só pratica ação.
O governo aumentou os juros. Andar, com gerúndio, sentido de duração, continui-
2. Voz passiva: o sujeito só recebe ação. dade: Ando estudando muito. Ele anda escrevendo
Os juros foram aumentados pelo governo. livros.
Note que o sentido se mantém nas duas frases acima.
Há dois tipos de voz passiva: b) Pela Flexão: regular, irregular, defectivo e abundante.
a) Passiva analítica: com verbo ser (passiva de ação) • Regular: o radical e as terminações do padrão de
ou estar (passiva de estado): Os juros foram au- cada conjugação não mudam letra e som. Pode até
mentados pelo governo. O ladrão foi preso pelos mudar letra, mas o som permanece: agir ⇒ ajo, agi,
guardas. O ladrão está preso. agirei; ficar ⇒ fico, fiquei, ficarei; tecer ⇒ teço, teci,
Repare: tecerei.
• O agente da voz passiva (pelo governo, pelos • Irregular: o radical e/ou as terminações mudam letra
guardas) indica o ser que pratica a ação sofrida e som. Não basta mudar letra. Deve mudar também
pelo sujeito. Preposição “por” ou “de”: Ele é o som: fazer ⇒ faço, fiz, farei.
querido de todos. Obs.: fazer é capaz de substituir outro verbo na
• Locuções: temos sido amados. Tenho sido ama- sequência de frases. Veja: Gostaríamos de reverter
do. Estou sendo amado. o quadro do país como fez (=reverteu) o governo
b) Passiva sintética: a partícula apassivadora “se” anterior.
com verbo transitivo direto (não pede preposi- • Defectivo: não possui certas formas, em razão de
ção): Não se revisou o relatório = O relatório não eufonia ou homofonia.
foi revisado. Grupo 1: impessoais e unipessoais, conjugados
3. Voz reflexiva: o sujeito pratica e recebe ação. Ocorre apenas na terceira pessoa. Indicam fenômenos da
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pronome oblíquo reflexivo (me, te, se, nos, vos): Eu me natureza, vozes de animais, ruídos, ou pelo sentido
lavei. Ele se feriu com facas. Nós nos arrependemos tarde. não admitem certas pessoas. chover, zurrar, zunir.
Grupo 2: verbos sem a primeira pessoa do singular
Classificando os Verbos no presente do indicativo e suas derivadas: abolir,
jungir, puir, soer, demolir, explodir, colorir.
a) Pela função: Grupo 3: adequar, doer, prazer, precaver, reaver,
• Principal é sempre o último verbo de uma locução urgir, viger, falir.
(verbos com o mesmo sujeito): Devo estudar. Co- • Abundante: possui mais de uma forma correta.
mecei a sorrir. Diz/dize, faz/faze, traz/traze, requer/requere, tu

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destruis/destróis, tu construis/constróis, nós he- c) Os consumidores se absteram de comprar produtos
mos/havemos. A maioria possui duplo particípio: de empresas que não consideram a sustentabilidade
Tinha expulsado os invasores. Os invasores foram do planeta.
expulsos. A gráfica havia imprimido o livro. O livro d) A constatação de que a vida humana estaria compro-
está impresso. Tínhamos entregado a encomenda. metida deteu a exploração descontrolada daquela
A encomenda será entregue. área de mata nativa.
Como regra: ter e haver pedem o particípio regular e) Com a alteração climática sobreviu o excesso de chuvas
(-ado/-ido); ser e estar pedem o particípio irregular. que destruiu cidades inteiras com os alagamentos.

EXERCÍCIOS 6. (FCC/Bagas) Ambos os verbos estão corretamente fle-


xionados na frase:
1. (FCC/TCE-SP) “... quando há melhoria também em fa- a) O descrédito sofrido pelo mais recente relatório so-
tores de qualidade de vida ...”. O verbo flexionado nos breviu da descoberta de ter havido manipulação dos
mesmos tempo e modo em que se encontra o grifado dados nele apresentados.
está na frase: b) As informações que comporam o relatório sobre
a) que levou nota máxima... Mudanças Climáticas contiam erros só descobertos
b) O destaque, aqui, cabe ao Tocantins. depois de algum tempo.
c) era um dos estados menos desenvolvidos do país. c) Os relatórios sobre o aquecimento global, sem que
d) ainda que siga como um dos mais atrasados ... se queresse, troxeram conclusões pessimistas sobre
e) conseguiu se distanciar um pouco dos retardatários. a vida no planeta.
d) Alguns cientistas de todo o mundo tiveram sua repu-
2. (FCC/Bagas) “De um lado, havia Chega de Saudade, de tação abalada por fazerem previsões aleatórias, sem
Tom Jobim e Vinicius de Morais”. A frase cujo verbo está base científica.
flexionado nos mesmos tempo e modo que o grifado na e) Ninguém preveu com segurança as consequências
frase é: que o derretimento de geleiras poderia trazer para
diversas populações.
a) A “Divina” era uma cantora presa ao sambacanção...
b) um compacto simples que ele gravou em julho de
7. (FCC/Bagas) Transpondo-se o segmento “João Gilberto
1958.
segue as duas estratégias” para a voz passiva, a forma
c) A batida da bossa nova, por sua vez, aparecera no
verbal resultante é:
LP...
a) eram seguidos.
d) Quando se pergunta a João Gilberto por que...
b) segue-se.
e) Ele recompõe músicas tradicionais e contemporâneas.
c) é seguido.
d) são seguidas.
3. (FCC/PBGAS) “Assim, mesmo que tal evolução impacte e) foram seguidas.
as contas públicas ...”. O verbo flexionado nos mesmos
tempo e modo em que se encontra o grifado está tam- 8. (FCC/Sergas) Transpondo-se para a voz passiva a cons-
bém grifado na frase: trução “um artista plástico pesquisando linguagem”, a
a) Entre os fatores apontados pela pesquisa, deve ser forma verbal resultante será:
considerado o controle dos índices de inflação. a) sendo pesquisada.
b) Com a valorização do salário mínimo, percebe-se um b) estando a pesquisar.
aumento do poder de compra dos trabalhadores mais c) tendo sido pesquisada.
humildes. d) tendo pesquisado.
c) A última pesquisa Pnad assinala expressiva melhoria e) pesquisava-se.
das condições de vida em todas as regiões do país.
d) É desejável que ocorra uma redução dos índices de 9. (FCC/Bagas) “Os relatórios do IPCC são elaborados por
violência urbana, consolidando as boas notícias tra- 3000 cientistas de todo o mundo ...”. O verbo que ad-
zidas pela pesquisa. mite transposição para a voz passiva, como no exemplo
e) Segundo a pesquisa, a renda obtida por aposentados grifado, está na frase:
acaba sendo veículo de movimentação da economia a) Cientistas de todo o mundo oferecem dados para os
regional. relatórios sobre os efeitos do aquecimento global.
b) As geleiras do Himalaia estão sujeitas a um rápido der-
4. (FCC/PBGAS) “Apesar do rigor científico das pesquisas retimento, em virtude do aquecimento do planeta.
que conduzira ...”. O tempo e o modo em que se encontra c) Os cientistas incorreram em erros na análise de dados
o verbo grifado acima indicam sobre o derretimento das geleiras do Himalaia.
a) ação passada anterior a outra, também passada. d) Populações inteiras dependem da água resultante do
b) fato que acontece habitualmente. derretimento de geleiras, especialmente na Ásia.
c) ação repetida no momento em que se fala. e) São evidentes os efeitos desastrosos, em todo o mun-
d) situação presente em um tempo passado. do, do aquecimento global decorrente da atividade
e) situação passada num tempo determinado. humana.
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5. (FCC/Assembl.Leg./SP) Os verbos grifados estão corre- 10. (FCC/PBGAS) “... de como se pensavam essas coisas antes
tamente flexionados na frase: dele”. A forma verbal grifada acima pode ser substituída
a) Após a catástrofe climática que se abateu sobre a corretamente por
região, os responsáveis propuseram a liberação dos a) havia pensado.
recursos necessários para sua reconstrução. b) deveriam ser pensadas.
b) Em vários países, autoridades se disporam a elaborar c) eram pensadas.
projetos que prevessem a exploração sustentável o d) seria pensada.
meio ambiente. e) tinham sido pensados.

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11. (FCC/Assembl.Leg./SP) Quanto à flexão e à correlação instâncias internacionais, como a Organização Mundial do
de tempos e modos, estão corretas as formas verbais Comércio (OMC).
da frase: 15. Pelo emprego do subjuntivo em “estivesse”, estaria de
a) Não constitue desdouro valer-se de uma frase feita, a acordo com a norma culta escrita a substituição de “ti-
menos que se pretendesse que ela venha a expressar nha de apelar” por teria de apelar.
um pensamento original.
b) Se os valores antigos virem a se sobrepor aos novos, a (Cespe/IRBr/Diplamata) Píndaro nos preveniu de que o futu-
sociedade passaria a apoiar-se em juízos anacrônicos ro é muralha espessa, além da qual não podemos vislumbrar
e hábitos desfibrados. um só segundo. O poeta tanto admirava a força, a agilidade
c) Dizia o Barão de Itararé que, se ninguém cuidar da e a coragem de seus contemporâneos nas competições dos
moralidade, não haveria razão para que todos não estádios quanto compreendia a fragilidade dos seres huma-
obtessem amplas vantagens. nos no curto instante da vida. Dele é a constatação de que o
d) Para que uma sociedade se cristalize e se estaguine, homem é apenas o sonho de uma sombra. Apesar de tudo,
basta que seus valores tivessem chegado à triste con- ele se consolará no mesmo poema: e como a vida é bela!
solidação dos lugares-comuns. 16. Embora o efeito de sentido seja diferente, no lugar do
e) Não conviria a ninguém valer-se de um cargo público futuro do presente em “consolará”, estaria gramatical-
para auferir vantagens pessoais, houvesse no hori- mente correto e textualmente coerente o emprego do
zonte a certeza de uma sanção. futuro do pretérito consolaria ou do pretérito perfeito
consolou.
12. (FCC/Bagas) Está correta a flexão verbal, bem como
adequada a correlação entre os tempos e os modos na (Cespe/STJ/Ttécnico) Tudo o que signifique para os negros
frase: possibilidades de ascensão social mais amplas do que as
a) Zeus teria irritado-se com a ousadia de Prometeu e oferecidas pelo antigo e caricato binômio futebol/música
o havia condenado a estar acorrentado ao monte popular representará um passo importante na criação de
Cáucaso. uma sociedade harmônica e civilizada.
b) Seu sofrimento teria durado várias eras, até que Hér- 17. O emprego do tempo futuro do presente do verbo re-
cules intercedera, compadecido que ficou. presentar é exigência do emprego do modo subjuntivo
c) O sofrimento de Prometeu duraria várias eras ainda, em signifique.
não viesse Hércules a abater a águia e livrá-lo do su-
plício. A opinião é de Paul Krugman, um dos mais importantes e
d) Irritado com a ousadia que Prometeu cometesse, polêmicos economistas do mundo, atualmente. Segundo ele,
Zeus o teria condenado e acorrentado ao monte países emergentes como o Brasil embarcaram, durante a dé-
Cáucaso. cada passada, na ilusão de que a adoção de reformas liberais
e) Prometeu haveria de sofrer por várias eras, quando resolveria todos os seus problemas. Isso não aconteceu. E,
Hércules o livrara do suplício, e abateu a águia. segundo ele, está claro que faltaram políticas de investimento
em educação e em saúde.
13. (FCC/Sergas) Está plenamente adequada a correlação 18. Como introduz a ideia de probabilidade, se a forma ver-
entre tempos e modos verbais na frase: bal “resolveria” fosse substituída por poderia resolver,
a) Se separássemos drasticamente o visível do invisível, estariam preservadas as relações semânticas e a corre-
o efeito de beleza das obras de arte pode reduzir-se, ção gramatical.
ou mesmo perder-se.
b) Diante do frêmito que notou na relva, o autor com- O Brasil ratificou o Protocolo de Kyoto, para combater o au-
pusera um verso que havia transcrito nesse texto. mento do efeito estufa, e apresentou uma proposta à Rio+10
c) Ambrosio Bierce lembraria que houvesse sons inau- de aumento da participação de energias renováveis na matriz
díveis, da mesma forma que nem todas as cores se energética em todo o mundo. Se os líderes mundiais não
percebam no espectro solar. foram capazes de dar um passo significativo em prol das
d) Se o próprio ar que respiramos é invisível, argumenta energias do futuro, o Rio de Janeiro demonstrou que não
Mário Quintana, por que não viéssemos a crer que aceita mais os impactos ambientais negativos da energia do
pudesse haver cor na passagem do tempo? passado, apontando a direção a ser seguida por uma política
e) A caneta esferográfica, de onde saírem as mágicas energética realmente sustentável no país.
imagens de um escritor, é a mesma que repousará 19. Por fazer parte de uma estrutura condicional, a forma
sobre a cômoda, depois de o haver servido. verbal “foram” pode ser substituída por fossem.

(Cespe/Anatel/Analista) Durante muitos anos discutiu-se (Cespe/TRT-PE/Analista Judiciário) Talvez o habeas corpus da
apaixonadamente se as empresas multinacionais (EMNs) iam saudade consinta o teu regresso ao meu amor.
dominar o mundo, ou se serviam aos interesses imperialistas 20. O advérbio “Talvez” admite que a forma verbal “Consin-
de seus países-sede, mas esses debates foram murchando, ta” seja alterada para Consente, no modo indicativo.
seja porque não fazia sentido econômico hostilizar as EMNs,
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seja porque elas pareciam, ao menos nas grandes questões, (Cespe/TRT 9 R/Técnico) O material orgânico presente no
alheias e inofensivas ao mundo da política. lixo se decompõe lentamente, formando biogás rico em
14. A substituição das formas verbais “iam” e “serviam” por metano, um dos mais nocivos ao meio ambiente por con-
iriam e serviriam preserva a coerência e a correção textual. tribuir intensamente para a formação do efeito estufa. No
Aterro Bandeirantes, foi instalada, no ano passado, a Usina
(Cespe/Anatel/Analista) Até agora, quando os países-mem- Termelétrica Bandeirantes, uma parceria entre a prefeitura
bros divergiam sobre assuntos comerciais, era acionado o e a Biogás Energia Ambiental. Lá, 80% do biogás é usado
Tribunal Arbitral. Quem estivesse insatisfeito com o resul- como combustível para gerar 22 megawatts, energia elétrica
tado do julgamento, no entanto, tinha de apelar a outras suficiente para atender às necessidades de 300 mil famílias.

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Em relação às ideias e a aspectos morfossintáticos do texto 28 superintendências e sua modernização tecnológica tam-
acima, julgue os itens a seguir. bém foram algumas das ações realizadas no período. Foram
21. A substituição de “se decompõe” por é decomposto nomeados 1.300 servidores aprovados no concurso realizado
mantém a correção gramatical do período. em 2005. Somado aos nomeados desde 2003, o número de
22. A substituição de “foi instalada” por instalou-se preju- novos servidores passou para 1.800, o que representa um
dica a correção gramatical do período. aumento de mais de 40% na força de trabalho do Instituto.
Em questão, nº 481, Brasília, 14/2/2007 (com adaptações).
(Cespe/TRT 9 R) Relação é uma coisa que não pode exis-
tir, que não pode ser, sem que haja uma outra coisa para 25. Estão empregadas em função adjetiva as seguintes pala-
completá-la. vras do texto: “investidos”, “aplicados”, “beneficiando”
23. O emprego do modo subjuntivo em “haja”, além de ser e “assentados”.
exigido sintaticamente, indica que a existência de “uma 26. O vocábulo “Somado” é forma nominal no particípio e
outra coisa” é uma hipótese ou uma conjectura. introduz oração reduzida com valor condicional.

É preciso sublinhar o fato de que todas as posições existen- (TCU)


ciais necessitam de pelo menos duas pessoas cujos papéis Veja – Dez anos não é tempo curto demais para mudanças
combinem entre si. O algoz, por exemplo, não pode continuar capazes de afetar o clima em escala global?
a sê-lo sem ao menos uma vítima. A vítima procurará seu Al Gore – Não precisamos fazer tudo em dez anos. De qual-
salvador e este último, uma vítima para salvar. O condicio- quer forma, seria impossível. A questão é outra. De acordo
namento para o desempenho de um dos papéis é bastante com muitos cientistas, se nada for feito, em dez anos já não
sorrateiro e trabalha de forma invisível. teremos mais como reverter o processo de degradação da
24. O uso do futuro do presente em “procurará” sugere mais Terra. (Veja, 11/10/2006, com adaptações).
uma probabilidade ou suposição decorrente da situação 27. O emprego do futuro-do-presente do indicativo em “te-
do que uma realização em tempo posterior à fala. remos” indica que a preposição “em”, que precede “dez
anos”, tem o sentido de daqui a.
(TRE-AP)
Nesse período foram implantados 2.343 projetos de Época – Em seu livro, o senhor diz que todos os países devem
assentamento (PA). A criação de um PA é uma das etapas ter uma estratégia para se desenvolver.
do processo da reforma agrária. Quando uma família de Vietor – Qualquer país precisa ter uma estratégia de cres-
trabalhador rural é assentada, recebe um lote de terra para cimento.
morar e produzir dentro do chamado assentamento rural. 28. A locução verbal “devem ter” expressa uma ação ocor-
A partir da sua instalação na terra, essa família passa a ser rida em um passado recente.
beneficiária da reforma agrária, recebendo créditos de apoio
(para compra de maquinários e sementes) e melhorias na (Cespe/Prefeitura de Rio Branco/AC) As sociedades indígenas
infraestrutura (energia elétrica, moradia, água etc.), para se acreanas dividem-se de maneira desigual em duas grandes
estabelecer e iniciar a produção. O valor dos créditos para famílias linguísticas: Pano e Arawak. Alguns desses povos
apoio à instalação dos assentados aumentou. Os montantes encontram-se também nas regiões peruanas e bolivianas
investidos passaram de R$ 191 milhões em 2003 para R$ fronteiriças ao Acre.
871,6 milhões, empenhados em 2006. 29. A substituição de “dividem-se” por são divididas man-
Também a partir do assentamento, essa família passa a tém a correção gramatical do período.
participar de uma série de programas que são desenvolvidos 30. Em “encontram-se”, o pronome “se” indica que o sujei-
pelo governo federal. Além de promover a geração de renda to da oração é indeterminado, o que contribui para a
das famílias de trabalhadores rurais, os assentamentos da impessoalização do texto.
reforma agrária também contribuem para inibir a grilagem
de terras públicas, combater a violência no campo e auxiliar A história do Acre começou a se definir em 1895, quando
na preservação do meio ambiente e da biodiversidade local, uma comissão demarcatória foi encarregada de estabelecer
especialmente na região Norte do país. os limites entre o Brasil e a Bolívia, com base no Tratado de
Na qualificação dos assentamentos, foram investidos R$ Ayacucho, de 1867.
2 bilhões em quatro anos. Os recursos foram aplicados na No processo demarcatório foi constatado, no ponto inicial
construção de estradas, na educação e na oferta de luz elétri- da linha divisória entre os dois países (nascente do Javari),
ca, entre outros benefícios. O governo também construiu ou que a Bolívia ficaria com uma região rica em látex, na época
reformou mais de 32 mil quilômetros de estradas e pontes, ocupada por brasileiros. Internet: <www.agenciaamazonia.
beneficiando diretamente 197 mil assentados. Além disso, o com.br> (com adaptações).
número de famílias assentadas beneficiadas com assistência 31. A substituição de “se definir” por ser definida prejudica
técnica cresceu significativamente. Em 2006, esse número a correção gramatical e a informação original do período.
foi superior a 555 mil. 32. O emprego do futuro do pretérito em “ficaria” justifica-
O Programa Nacional de Educação na Reforma Agrá- -se por se tratar de uma ideia provável no futuro.
ria (PRONERA), que garante o acesso à educação entre os
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trabalhadores rurais, promoveu, mediante convênios com O Brasil tem-se caracterizado por perenizar problemas, para
instituições de ensino, a realização de 141 cursos. Com o os quais não se encontram soluções ao longo de décadas.
programa Luz Para Todos – parceria do Ministério do Desen- Ellen Gracie e Paulo Skaf. Folha de S. Paulo, 18/3/2007
volvimento Agrário, INCRA e Ministério das Minas e Energia 33. Para o trecho “não se encontram soluções”, a redação
–, os assentamentos também ganharam luz elétrica. Mais de não são encontradas soluções mantém a correção gra-
132 mil famílias em 2,3 mil assentamentos já foram benefi- matical do período.
ciadas com o programa.
O fortalecimento institucional do INCRA, com a realiza- Na região entre Caravelas, sul da Bahia, e São Mateus, norte
ção de dois concursos públicos, e o aumento no número de do Espírito Santo, a plataforma continental prolonga-se por

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mais de 200 quilômetros para fora da costa, formando 25 Os pequenos tecercam, perguntam se você será o pai delas,
extensos planaltos submersos com profundidades médias disputam o teu colo ou a garupa como que implorando pelo
de 200 metros. toque físico, TE convidam para voltar, te perguntam se você
34. A redação para fora da costa e forma em lugar de “para irá passear com elas.
fora da costa, formando” mantém a correção gramatical 43. O pronome “te” destacado pode ser corretamente subs-
do período. tituído por lhe.

A Petrobras e o governo do Espírito Santo assinaram um “Ações que não emancipam os usuários, pelo contrário, re-
protocolo de intenções com o objetivo de identificar opor- forçam sua condição de subalternização perante os serviços
tunidades de negócios que potencializem o valor agregado prestados.”
da indústria de petróleo e gás no estado. 44. O fragmento ações que não emancipam os usuários,
35. O emprego do modo subjuntivo em “que potencializem” pelo contrário, reforçam a condição deles de subalter-
justifica-se por tratar-se de uma hipótese. nização perante os serviços prestados substitui corre-
tamente o original.
(PM-ES) A economia colonial brasileira gerou uma divisão
de classes muito hierarquizada e bastante simples. No topo (Terracap) A respeito do fragmento “qualquer país que passe
da pirâmide, estavam os grandes proprietários rurais e os pela nossa mente – e alguns outros de cuja existência sequer
grandes comerciantes das cidades do litoral. No meio, loca- desconfiávamos.”
lizavam-se os pequenos proprietários rurais e urbanos, os 45. O pronome “cuja” tem valor possessivo, já que equivale
pequenos mineradores e comerciantes, além dos funcioná- a sua.
rios públicos.
36. A substituição de “localizavam-se” por estavam locali- Ao coração, coube a função de bombear sangue para o res-
zados prejudica a correção gramatical do período. to do corpo, mas é nele que se depositam também nossos
mais nobres sentimentos. Qual é o órgão responsável pela
(Petrobras/Advogado) Cabe lembrar que o efeito estufa saudade, pela adoração? Quem palpita, quem sofre, quem
existe na Terra independentemente da ação do homem. É dispara? O próprio.
importante que este fenômeno não seja visto como um pro- 46. A repetição do pronome na frase “Quem palpita, quem
blema: sem o efeito estufa, o Sol não conseguiria aquecer sofre, quem dispara?” cria destaque e certo suspense
a Terra o suficiente para que ela fosse habitável. Portanto o na informação.
problema não é o efeito estufa, mas, sim, sua intensificação. 47. A resposta “O próprio.”, dada às perguntas feitas ante-
37. Preservam-se a coerência da argumentação e a correção riormente, omite o nome (coração) ao qual se refere o
gramatical do texto ao se substituir “que este fenômeno adjetivo, o que valoriza enfaticamente o termo “próprio”.
não seja” por este fenômeno não ser.
(Terracap) Foi pensando nisso que me ocorreu o seguinte:
Trabalho Semiescravo se alguém está com o coração dilacerado nos dois sentidos,
biológico e emocional, e por ordens médicas precisa de um
Autoridades europeias ameaçam impor barreiras não tari- novo, o paciente irá se curar da dor de amor ao receber o
fárias ao etanol e exigir certificados de que, desde o cultivo, órgão transplantado?
são observadas relações de trabalho não degradantes e pro- Façamos de conta que sim. Você entrou no hospital com o
cessos autossustentáveis. coração em frangalhos, literalmente. Além de apaixonado por
38. No fragmento intitulado “Trabalho semiescravo”, pre- alguém que não lhe dá a mínima, você está com as artérias
servam-se a correção gramatical e a coerência textual obstruídas e os batimentos devagar quase parando. A vida
ao se empregar forem em lugar de “são”. se esvai, mas localizaram um doador compatível: já para a
mesa de cirurgia.
(Inmetro) Atualmente, o PEFC é composto por 30 membros Horas depois, você acorda. Coração novo.
representantes de programas nacionais de certificação flo- 48. O pronome “Você” é empregado na frase como forma
restal. de indeterminar o agente da ação, traço característico
39. A substituição da expressão “é composto” por com- da oralidade brasileira. Assim, “Você entrou no hospital”
põem-se mantém a correção gramatical do período. corresponde a Entrou-se no hospital.
49. A sequência “a mínima”, à qual falta o nome importân-
Em dezembro de 2004, foi editado o Decreto nº 5.296. cia, faz do qualificativo “mínima” o núcleo, o foco da
40. A substituição de “foi editado” por editou-se mantém informação.
a correção gramatical do período.
(Adasa) Na história da humanidade, a formação de grandes
O Inmetro tem realizado estudos aprofundados que visam comunidades, com a sobrecarga do meio natural que ela
diagnosticar a realidade do país e encontrar melhores solu- implica, priva cada vez mais os seres humanos de seu acesso
ções técnicas para que o Programa de Acessibilidade para livre aos recursos de subsistência de que eles necessitam e re-
Transportes Coletivos e de Passageiros seja eficaz. Idem, cai, necessariamente, sobre a sociedade enquanto sistema de
ibidem (com adaptações). convivência, a tarefa (responsabilidade) de proporcioná-los.
41. O segmento “tem realizado” pode, sem prejuízo para Essa tarefa (responsabilidade) é frequentemente negada com
Língua Portuguesa

a correção gramatical do período, ser substituído por algum argumento que põe o ser individual como contrário ao
qualquer uma das seguintes opções: vem realizando, ser social. Isso é falacioso. A natureza é, para o ser humano, o
está realizando, realiza. reino de Deus, o âmbito em que encontra à mão tudo aquilo
de que necessita, se convive adequadamente nela.
(MS/Agente) Não ingira nem dê remédio no escuro para que 50. O pronome demonstrativo ‘Isso’ tem como referência
não haja trocas perigosas. anafórica o termo “ser social” do período anterior.
42. Em “para que não haja trocas perigosas”, o emprego do
modo subjuntivo justifica-se por se tratar de situação (Iphan) Os povos da oralidade são portadores de uma cul-
hipotética. tura cuja fecundidade é semelhante à dos povos da escrita.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Em vez de transmitir seja lá o que for e de qualquer ma- SINTAXE DA ORAÇÃO
neira, a tradição oral é uma palavra organizada, elaborada,
estruturada, um imenso acervo de conhecimentos adquiridos Relações Morfossintáticas e Semânticas no
pela coletividade, segundo cânones bem determinados. Tais
conhecimentos são, portanto, reproduzidos com uma meto- Período Simples
dologia rigorosa. Existem, também, especialistas da palavra
cujo papel consiste em conservar e transmitir os eventos do Conceituando frase, período e oração
passado: trata-se dos griôs.
51. O termo “cujo” refere-se a palavra. Frase precisa ter sentido completo. Sem verbo, é frase
nominal. Com verbo, é frase verbal. Início com maiúscula, fim
(Terracap) Há cinquenta anos, a cidade artificial procura en- com ponto, exclamação, interrogação ou reticências.
contrar uma identidade que lhe seja natural. “Nós queremos Psiu! Chuva, fogo, vento, neve, tudo de uma vez. (frases
ação! Acabar com o tédio de Brasília, essa jovem cidade mor- nominais)
ta! Agitar é a palavra do dia, da hora, do mês!”, gritava Renato Choveu, ventou, nevou, tudo de uma vez. (frase verbal)
Russo, com todas as exclamações possíveis, no fim dos anos 70, O governo descobriu que mais sanguessugas havia. (frase
quando era voz e baixo da banda punk Aborto Elétrico. Em verbal)
meio à burocracia oficial, o rock ocupou o espaço urbano, os
parques, as superquadras de Lucio Costa, cresceu e apareceu. Período é frase com verbo, ou seja, é frase verbal. Sen-
Foi a primeira manifestação cultural coletiva a dizer ao país tido completo. Início com maiúscula, fim com ponto, excla-
que a cidade existia fora da Praça dos Três Poderes e que, mação, interrogação ou reticências.
além disso, estava viva. O período é simples quando tem só uma oração. Esta
52. A palavra “que” pode ser substituída por o(a) qual em oração é chamada de oração absoluta.
todas as ocorrências do primeiro parágrafo. Entre as várias oportunidades de trabalho no mercado,
destacam-se as vagas em concurso público. (período simples
Texto: A alternativa existente seria o aproveitamento da tem apenas um verbo ou locução, com o mesmo sujeito; a
energia elétrica da Usina Hidroelétrica de Cachoeira Dourada oração é absoluta)
53. O tempo do verbo indica um fato passado em relação a
outro, ocorrido também no passado.
O período é composto quando tem mais de uma ora-
ção. Haverá oração principal, oração coordenada e oração
Texto: No que se refere às práticas assistenciais, tem sido
comum a confusão na utilização dos termos assistência e subordinada.
assistencialismo. Choveu, ventou, nevou, tudo de uma vez. (período com-
54. O fragmento Referindo-se às práticas assistenciais, era posto tem dois ou mais verbos independentes. Orações in-
comum a confusão na utilização dos termos assistência dependentes são coordenadas)
e assistencialismo é uma reescrita correta, de acordo O governo descobriu que mais sanguessugas havia. (perí-
com as normas gramaticais, do original acima. odo composto. Uma oração tem função sintática para outra:
uma é subordinada e a outra é principal).
(Terracap) A respeito do fragmento “qualquer país que passe
pela nossa mente – e alguns outros de cuja existência sequer Oração só precisa ter verbo. O sentido não precisa ser
desconfiávamos.”, julgue. completo.
55. A forma verbal “desconfiávamos” indica a ideia de tempo Choveu, ventou, nevou, tudo de uma vez. (três orações,
passado inacabado. porque são três verbos independentes)
56. A forma verbal “passe” indica a ideia de possibilidade, O governo descobriu que mais sanguessugas havia. (duas
um fato incerto de acontecer. orações, porque são dois verbos com sentidos próprios, in-
dependentes, ou seja, não formam locução verbal)
(Iphan) Pode-se dizer que ele assume o papel de historiador Entre as várias oportunidades de trabalho no mercado,
se admitirmos que a história é sempre um reordenamento destacam-se as vagas em concurso público. (uma oração
dos fatos proposto pelo historiador. absoluta)
57. A forma verbal “é” pode ser substituída por seja.
Exercícios
GABARITO
Identifique frases, períodos e orações
1. b 16. C 31. E 46. C
2. a 17. E 32. C 47. C 1. Casa de ferreiro, espeto de pau.
3. d 18. C 33. C 48. C 2. Todos os que lançam mão da espada, à espada perece-
4. a 19. E 34. C 49. C rão. (Mt. 26, 52)
5. a 20. E 35. C 50. E 3. O temer ao Senhor é o princípio da sabedoria.
6. d 21. C 36. E 51. E 4. Foi escolhido o projeto que tinha sido mais bem elaborado.
7. d 22. E 37. C 52. E 5. Dentre as mais belas histórias, uma não tão bela.
Língua Portuguesa

8. a 23. C 38. E 53. C 6. Sobre a mesa, um copo de leite.


9. a 24. C 39. E 54. E 7. O candidato da oposição está melhor do que os da situação.
10. c 25. E 40. C 55. C
11. e 26. E 41. C 56. C
Termos da Oração
12. c 27. C 42. C 57. C
13. e 28. E 43. E
• Termos essenciais: sujeito e predicado.
14. C 29. C 44. C
• Termos integrantes: objeto, complemento nominal,
15. C 30. E 45. C
agente da passiva.

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• Termos acessórios: adjunto adnominal, adjunto ad- 26. ( ) Assaltaram um banco na cidade.
verbial, aposto. 27. ( ) Já é muito tarde.
• Vocativo. 28. ( ) São sete horas da noite.
29. ( ) ( ) Convém que o país cresça.
Estudo dos Termos em Sequência Didática 30. ( ) Abre a porta, Maria!
31. ( ) Chegaste antes da hora marcada.
1) Sujeito 32. ( ) Devagar, caminhavam os tropeiros na estrada.
33. ( ) Aquelas aves azuis cruzavam o céu cinzento.
O primeiro passo para uma análise sintática correta é 34. ( ) Nada o aborrecia.
encontrar o sujeito. 35. ( ) Poucos entenderam a palavra do chefe.
Para encontrar o sujeito, lembremos que o sujeito é o 36. ( ) Brincavam na calçada os meninos e as meninas.
assunto da oração. 37. ( ) Chegaram os primeiros imigrantes italianos.
Uma pergunta bem feita ajuda a encontrar o sujeito com 38. ( ) Ouviu-se uma voz de choro dentro da noite brasi-
segurança. Devemos perguntar antes do verbo: O que é que leira.
+ verbo? ou Quem é que + verbo? 39. ( ) Ao longe, tocavam os sinos da aldeia.
Aqui faltava um caderno. 40. ( ) Atropelaram um cão na estrada.
Pergunte: O que é que faltava?
Resposta (sujeito): um caderno. 41. (MJ/Adm.) Aparece uma oração sem sujeito em:
a) “... há uma linha divisória entre o trabalho formal e
A resposta pode estar onde estiver (antes ou depois do informal...”
verbo). Ela será o sujeito. Só depois de encontrar o sujeito, b) “No entanto, creditam à prática apenas um ‘jeito de
podemos procurar complementos para o verbo. ganhar a vida’ sem cometer crimes.”
c) “Todos gostariam de trabalhar tendo um patrão...”
São quatro casos de sujeito inexistente d) “Isso é quase um sonho para muitos”
e) “São pouquíssimos os que ganham mais de R$ 300
VERBO SENTIDO por mês.”
= existir 2) Predicativo Versus Aposto
haver = ocorrer
= tempo decorrido Observe a Questão:
= tempo (Cespe/Abin) A criação do Sistema Brasileiro de Inteligência
fazer (Sisbin) e a consolidação da Agência Brasileira de Inteligên-
= clima cia (Abin) permitem ao Estado brasileiro institucionalizar a
= tempo atividade de Inteligência, mediante uma ação coordenadora
ser = data, hora do fluxo de informações necessárias às decisões de governo,
= distância no que diz respeito ao aproveitamento de oportunidades,
aos antagonismos e às ameaças, reais ou potenciais, relativos
Fenômenos naturais: chover, ventar, nevar etc.
aos mais altos interesses da sociedade e do país.
Coloque nos parênteses que precedem as orações: 42. As vírgulas que isolam a expressão “reais ou potenciais”
(S) para sujeito simples (um só núcleo). são obrigatórias, uma vez que se trata de um aposto
(C) para sujeito composto (dois ou mais núcleos). explicativo.
(O) para sujeito oculto, elíptico ou implícito (subentendido
no contexto). Veja o quadro:
(I) para sujeito indeterminado (3ª plural; ou com índice e
verbo na 3ª singular). Predicativo Aposto
(SS) para sujeito inexistente ou oração sem sujeito. É adjetivo ou equivalente. É substantivo ou equivalente.
(SO) para sujeito for uma oração (sujeito oracional).
Refere-se a um substantivo Refere-se a um substantivo
ou equivalente. ou equivalente.
8. ( ) Voavam, nas alturas, os pássaros.
9. ( ) Entraram, apressadamente na sala, o diretor e o Estado passageiro ou perma- Explica, resume, restringe,
secretário. nente. enumera.
10. ( ) Deixaremos a cidade amanhã. Separado explica, junto res-
Separado do nome.
11. ( ) Havia muitas pessoas no gabinete do diretor. tringe.
12. ( ) Todos os dias passavam muitos vendedores pelas
estradas. Exemplos de Predicativo
13. ( ) Entregaram a ela um bilhete anônimo.
14. ( ) Choveu copiosamente no dia de ontem. Nós somos estudantes. (substantivo na função de pre-
15. ( ) Apareceu um pássaro no jardim. dicativo)
16. ( ) Hoje, pela manhã, telefonaram muitas vezes para você. Nós somos vinte. (numeral na função de predicativo)
Língua Portuguesa

17. ( ) A mente humana é poderosa arma contra o mal. Eu sou seu. (pronome na função de predicativo)
18. ( ) A vida e a morte são os extremos da raça humana. Nós somos esforçados. (adjetivo na função de predicativo)
19. ( ) Necessitamos de muita paz. Nós somos de ferro. (locução adjetiva na função de pre-
20. ( ) O querer e o fazer são alcançáveis. dicativo)
21. ( ) ( ) ( ) Querer e fazer é alcançável. A solução é que você venha. (oração não função de pre-
22. ( ) Todos necessitam de ajuda. dicativo)
23. ( ) O valor do homem é medido pela cultura.
24. ( ) Houve dias de sol em pleno inverno. (SGA-AC/Administrador) Uma decisão singular de um juiz
25. ( ) Caíram ao solo os lápis e os cadernos. da Vara de Execuções Criminais de Tupã, pequena cidade a

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534 km da cidade de São Paulo, impondo critérios bastante 53. A mãe carinhosa observava o filho.
rígidos para que os estabelecimentos penais da região pos- Morfologia:
sam receber novos presos, confirma a dramática dimensão Sintaxe:
da crise do sistema prisional. Semântica:
43. O trecho “pequena cidade a 534 km da cidade de São
Paulo” encontra-se entre vírgulas por exercer a função 54. A mãe, carinhosa, observava o filho.
de aposto. Morfologia:
Sintaxe:
(MS/Agente) A diretora-geral da OPAS, com sede em Washing- Semântica:
ton (EUA), Mirta Roses Periago, elogiou a iniciativa de estados
e municípios brasileiros de levar a vacina contra a rubéola 55. A mãe era carinhosa.
aos locais de maior fluxo de pessoas, especialmente homens, Morfologia:
como forma de garantir a maior cobertura vacinal possível. Sintaxe:
44. O nome próprio “Mirta Roses Periago” funciona como Semântica:
aposto de “A diretora-geral da OPAS”.
56. O trem atrasado chegou.
Indique se o termo destacado é aposto ou predicativo. Morfologia:
45. A moça, bonita, chegou. Sintaxe:
Morfologia: Semântica:
Sintaxe:
Semântica: 57. O trem chegou atrasado.
Morfologia:
46. A moça, chefe da seção, chegou. Sintaxe:
Morfologia: Semântica:
Sintaxe:
Semântica: 58. O trem, atrasado, chegou.
Morfologia:
47. A mãe, carinhosa, observava o filho. Sintaxe:
Morfologia: Semântica:
Sintaxe:
Semântica: 59. O trem continua atrasado.
Morfologia:
48. A mãe, fonte de carinho, observava o filho. Sintaxe:
Morfologia: Semântica:
Sintaxe:
Semântica: 60. Os inquietos meninos esperavam o resultado.
Morfologia:
49. As ameaças, reais ou potenciais, ainda existem. Sintaxe:
Morfologia: Semântica:
Sintaxe:
Semântica: 61. Os meninos esperavam o resultado inquietos.
Morfologia:
3) Adjunto Adnominal Versus Predicativo Sintaxe:
Semântica:
Adjunto adnominal Predicativo
62. Os meninos, inquietos, esperavam o resultado.
É adjetivo ou equivalente. É adjetivo ou equivalente.
Morfologia:
Refere-se ao substantivo. Refere-se ao substantivo. Sintaxe:
Estado passageiro ou perma- Semântica:
Estado permanente.
nente.
Restrição. Explicação. 63. O furioso Otelo matou Desdêmona.
Morfologia:
Indique se o termo sublinhado é adjunto adnominal ou Sintaxe:
predicativo. Semântica:
50. A moça bonita chegou.
Morfologia: 64. Otelo estava furioso.
Sintaxe: Morfologia:
Semântica: Sintaxe:
Semântica:
Língua Portuguesa

51. A moça, bonita, chegou.


Morfologia: 4) Adjunto Adnominal Versus Predicativo do Objeto
Sintaxe:
Semântica: Técnica. Fazer a voz passiva. Ver se fica junto ou separado,
quando faz mais sentido.
52. A moça parece bonita. Lembrar que junto é adjunto adnominal.
Morfologia: Lembrar que separado é predicativo.
Sintaxe: Obs.: separado significa fora do objeto, quando anali-
Semântica: samos.

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65. O juiz considerou a jogada ilegal. Analise os termos destacados colocando ADN para adjunto
Na voz passiva: A jogada foi considerada ilegal pelo juiz. adnominal e ADV para adjunto adverbial.
Note: “ilegal” separado de “a jogada”. Então: 74. Muitos animais da floresta são perigosos.
Morfologia: adjetivo. 75. Estes belos animais vieram da floresta.
Sintaxe: predicativo do objeto. 76. Ele é um narciso às avessas.
Semântica: estado. 77. Ele sempre agiu às avessas.
78. Investigaram em sigilo os escândalos de alguns políticos.
66. O juiz observou a jogada ilegal. 79. Uma investigação em sigilo desvendou alguns mistérios.
Na voz passiva: A jogada ilegal foi observada pelo juiz. 80. É saudável caminhar de manhã.
Note: “ilegal” junto de “a jogada”. Então: 81. Passeios de manhã fazem bem à saúde.
Morfologia: adjetivo.
82. Devemos dirigir com cautela.
Sintaxe: adjunto adnominal.
83. Manobras com cautela são mais seguras.
Semântica: característica.
84. As enchentes causam muito prejuízo à população.
67. O edital deixou a turma agitada. 85. A população sofre muito com as enchentes.
Morfologia:
Sintaxe: 6) Adjunto Adverbial
Semântica:
Indique a circunstância expressa pelos adjuntos adverbiais
68. Um fraco rei faz fraca a forte gente. destacados.
Morfologia: 86. No Pátio do Colégio afundem meu coração paulistano.
Sintaxe: 87. As cores das janelas e da porta estão lavadas de velhas.
Semântica: 88. Clara passeava no jardim com as crianças.
89. Ainda era muito cedo, não podia aparecer ninguém.
69. Gosto de vocês alegres. 90. Foi para vós que ontem colhi, senhora, este ramo de
Morfologia: flores que ora envio.
Sintaxe: 91. A gente não pode dormir com os oradores e os perni-
Semântica: longos.
92. Quando Ismália enlouqueceu, pôs-se na torre a sonhar...
70. O pai tornou o filho um vencedor. 93. És tão mansa e macia, que teu nome a ti mesma acaricia.
Morfologia: 94. Sigo depressa machucando a areia.
Sintaxe: 95. Saio de meu poema como quem lava as mãos.
Semântica: 96. O céu jamais me dê a tentação funesta de adormecer
ao léu, na lomba da floresta.
71. Helena virou professora.
97. A bunda, que engraçada. Está sempre sorrindo, nunca
Morfologia:
é trágica.
Sintaxe:
98. Talvez um dia o meu amor se extinga.
Semântica:

72. A vida fez dele um lutador. 7) Predicativo Versus Adjunto Adverbial


Morfologia:
Sintaxe: Predicativo Adjunto adverbial
Semântica: É advérbio ou locução ad-
É adjetivo ou equivalente.
verbial.
73. (Idene-MG/Analista) No fragmento a seguir (...) não con- Refere-se a um verbo, um
sidero desertor um jogador que, por qualquer motivo, Refere-se ao substantivo.
adjetivo ou um advérbio.
não queira defender a seleção de seu país), o termo Estado passageiro ou perma- Tempo, modo, lugar, causa,
“desertor” desempenha a função de nente. intensidade etc.
a) predicativo do sujeito.
Varia. Não varia.
b) predicativo do objeto direto.
c) predicativo do objeto indireto.
Analise os termos destacados colocando PDV para predica-
d) adjunto adverbial de modo.
tivo e ADV para adjunto adverbial.
e) adjunto adverbial de causa.
99. A moça chegou bonita.
5) Adjunto Adnominal Versus Adjunto Adverbial 100. A moça chegou rápido.
101. A moça chegou rápida.
102. A moça chegou rapidamente.
Língua Portuguesa

Adjunto adnominal Adjunto adverbial


103. A cerveja desceu redondo.
É advérbio ou locução ad- 104. A cerveja desceu redonda.
É adjetivo ou equivalente.
verbial. 105. Dona Vitória entrou lenta.
Refere-se a um verbo, um 106. Dona Vitória lentamente entrou.
Refere-se a um substantivo.
adjetivo ou um advérbio. 107. Dona Vitória, lento, entrou.
Varia. Não varia. 108. Dona Vitória, lenta, entrou.
Tempo, modo, lugar, causa, 109. Vivem tranquilos os anões do orçamento.
Estado, situação.
intensidade etc. 110. Vivem na tranquilidade os anões do orçamento.

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8) Complemento Nominal Versus Adjunto Adnominal d) “de jovens e idosos” é locução adjetiva e funciona
como complemento nominal de ingresso.
Complemento nominal Adjunto adnominal e) O emprego dos parênteses em “(o que acho válido)”
deve-se à intercalação de um comentário à margem.
Pode ser agente, posse ou
É alvo, é passivo.
espécie. 129. (Idene-MG/Analista) O segmento inicial do Hino Na-
Completa adjetivo, advérbio cional Brasileiro diz o seguinte: “Ouviram do Ipiranga
Só determina substantivo.
ou substantivo abstrato. as margens plácidas// De um povo heroico o brado
retumbante”. Mantendo o sentido original do excerto,
Identifique os termos destacados conforme o código: CN reescrevendo seus versos a partir do sujeito da oração
para complemento nominal e ADN para adjunto adnominal. original e desfazendo as inversões nele ocorrentes, o
111. Foi forte o chute do jogador na bola. texto resultaria em
112. O mergulho do atleta no mar causou espanto. a) As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado
113. A comunicação do crime à polícia deixou revoltada a retumbante de um povo heroico.
população do bairro. b) As plácidas margens ouviram do Ipiranga o heroico
114. O ataque dos EUA ao Iraque promoveu inimizade do brado retumbante de um povo.
povo árabe contra o Ocidente. c) As margens do Ipiranga, plácidas, ouviram de um
115. Nenhum de nós seria capaz de tanto. povo o retumbante brado heroico.
116. Rumor suspeito quebra a doce harmonia da seta. d) Do Ipiranga as margens plácidas ouviram o brado
117. As outras filhas do latim se mantiveram mais ou menos retumbante de um povo heroico.
fiéis às suas tradições. e) Ouviram as margens plácidas do Ipiranga de um povo
118. Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos! o heroico brado retumbante.
119. As leis de assistência ao proletariado ainda não são
muito eficientes. 9) Função Sintática dos Pronomes Oblíquos
120. O interesse do povo não diminuiu.
121. Minha terra tem macieiras da Califórnia. Indique a função sintática dos pronomes oblíquos destaca-
122. Os vigilantes, enérgicos, regularizavam a ocupação dos dos:
(OD) objeto direto
lugares.
(OI) objeto indireto
123. O tempo rodou num instante nas voltas do meu coração.
(CN) complemento nominal
124. (...) fez o paraíso cheio de amores e frutos, e pôs o (ADN) adjunto adnominal
homem nele. (S) sujeito
125. O olho da vida inventa luar.
126. Lá vem o acendedor de lampiões da rua! Técnica: trocar o pronome por o menino e analisar.
127. O estudante de Direito elogiou o leitor de alfarrábios.
130. Agora, meu filho, diga-me toda a verdade.
(Jucerja/Administrador)
Trocando por “o menino”: Agora, meu filho, diga toda a
“Velhos e novos” verdade AO MENINO.
Assim, temos “diga” como VTDI e “AO MENINO” como
Rio de Janeiro, 22 de outubro de 2006. objeto indireto. Portanto, o pronome “me” também será
objeto indireto.
Quero discutir uma questão que vem há muito me in-
comodando. Há alguns anos, o governo e a sociedade se 131. O vento batia-me gostosamente no rosto.
preocupam com o ingresso no mercado de trabalho de jovens
e idosos (o que acho válido). E a faixa intermediária, como Trocando por “o menino”: O vento batia gostosamente
fica? Sendo velhos para o mercado de trabalho e novos para no rosto DO MENINO.
se aposentarem, ficam esquecidos, sujeitos a todo tipo de Assim, temos “DO MENINO” conectado a “rosto”, que
humilhação, caindo muitas vezes na depressão, no alcoolis- é substantivo concreto. Portanto, “do menino” só pode ser
mo, com baixa autoestima. Por que até o momento ainda adjunto adnominal e, portanto, o pronome “me” também
não foram lembrados? Alguém já fez alguma pesquisa a esse será adjunto adnominal.
respeito, para saber o número dos cidadãos brasileiros que
passam por esse momento? Agora, continue seguindo o modelo acima.
132. Aquele mal atormentou-me durante muito tempo.
133. Deixei-me ficar ali em paz.
Atenciosamente,
134. O processo me foi favorável.
Jussimar de Jesus
135. Comuniquei-lhe os fatos ontem de manhã.
136. Os meus conselhos foram-lhe bastante úteis.
128. Com referência às palavras e expressões empregadas
Língua Portuguesa

137. Vejo-lhe na fronte uma certa amargura.


no texto, está incorreto o que se afirma em: 138. Confiei-lhe todos os meus segredos.
a) A carta foi escrita em linguagem formal, e as inter- 139. Sempre te considerei um grande amigo.
rogações cumprem um papel retórico. 140. Vocês devem ser-me sempre fiéis.
b) A maioria dos verbos está no presente do indicativo, 141. Contou-nos essa jovem uma triste história.
mas “ainda não foram lembrados” está no pretérito 142. Deixou-nos o moribundo uma bela obra.
perfeito passivo. 143. Eles nos viram entrar aqui.
c) “que vem há muito me incomodando”, que refere-se 144. O resultado nos será benéfico.
à questão e é sujeito de vem. 145. Chora-lhe de saudade o coração.

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146. O leitor deve permitir-se repousar um pouco. a cidadania, muitas vezes com o hino nacional de fundo, seja
147. O leitor deve perguntar-se a razão da leitura. exercida em outras atividades do dia-a-dia. Por exemplo? Na
148. O professor deu-se férias. cobrança de transparência das ações de políticos, no con-
149. A minha paz vos dou. trole do dinheiro arrecadado pelos impostos, no banimento
150. Esta regra vos permitirá entender o caso. da vida pública daqueles que nos roubam recursos, mas,
151. Batei na porta e abrir-se-vos-á. sobretudo sonhos.
153. Os pronomes pessoais são muito versáteis quanto aos
(Jucerja/Administrador) valores sintáticos que expressam, em função dos con-
textos frasais em que se encontrem. Considerando essa
Operário em construção (fragmento) reflexão, compare, nos dois fragmentos retirados do
texto de Grecco, o emprego dos pronomes pessoais
Era ele que erguia casas nele presentes e indique a alternativa que contém a
Onde antes só havia chão. indicação correta das funções que eles desempenham
Como um pássaro sem asas nas orações.
Ele subia com as casas I. “que nos roubam recursos”
Que lhe brotavam da mão. II. “que me incomodam”
Mas tudo desconhecia Ambos os termos desempenham a função de:
De sua grande missão: a) objeto direto tanto de roubar quanto de incomodar.
Não sabia, por exemplo b) objeto indireto tanto de roubar quanto de incomodar.
Que a casa de um homem é um templo c) objeto direto e indireto, respectivamente.
Um templo sem religião d) objeto indireto e direto, respectivamente.
Como tampouco sabia e) adjunto adnominal e complemento nominal.
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade 10) Podem ser Verbos de Ligação
Era a sua escravidão.
Veja o mnemônico: CAFÉ SPP MTV
De fato, como podia
Um operário em construção C Continuar
Compreender por que um tijolo A Andar
Valia mais do que um pão?
F Ficar
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria E Estar
Quanto ao pão, ele o comia... Obs.: somente serão verbos de liga-
Mas fosse comer tijolo! S Ser ção se tiverem predicativo do sujeito.
E assim o operário ia P Parecer
Com suor e com cimento Nota: Outros verbos sinônimos des-
Erguendo uma casa aqui P Permanecer tes podem ser de ligação.
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente M Manter-se
Um quartel e uma prisão: T Tornar-se
Prisão de que sofreria
V Virar
Não fosse, eventualmente
Um operário em construção. Classifique os verbos.
154. Ana estava tranquila.
(MORAES, Vinícius de. Poesia completa e prosa. Org.
Eucanaã Ferraz. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004, p. 461)
155. Ana estava em casa.
156. Fernando foi elogiado.
152. Considere as afirmações a seguir sobre o emprego dos 157. Fernando era calmo.
pronomes nos versos. 158. O país anda preocupado.
159. O país anda depressa com as reformas.
I – “Era ele que erguia casas” – pronome pessoal reto,
160. João continua esforçado.
em função de sujeito.
161. João continua no trabalho.
II – “Que lhe brotavam da mão.” – pronome pessoal
162. A moça chegou bonita.
oblíquo, em função de objeto indireto. 163. A moça chegou rápido.
III – “Que a casa que ele fazia” – pronome relativo, em 164. A moça chegou a piloto.
função de objeto direto. 165. Ela vive despreocupada.
IV – “Sendo a sua liberdade” – pronome possessivo, 166. Ela vive bem aqui.
em função de adjunto adnominal. 167. Ele tornou o setor mais produtivo.
168. Ele tornou-se mais produtivo.
É correto apenas o que se afirma na alternativa:
Língua Portuguesa

a) I e II. 11) Termo Essencial: Predicado


b) I e III.
c) I, II e IV.
d) I, III e IV. V.LIG. + P.S. => P.N.
e) I, II e III. SUJEITO V. NÃO LIG. + SEM P.S. => P.V.
V. NÃO LIG. + COM predvo.=> P.V.N.
(Prefeitura Cel. Fabriciano-MG/) Há duas expressões no fute-
bol que me incomodam. (...) Sem ditar regras, e muito menos Classifique os predicados: verbal, nominal ou verbo-nominal.
sem a pretensão de dar aula de educação cívica, prefiro que 169. Todo aquele monumento foi restaurado.

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170. Muitos vícios são curados pelas boas leituras. • Aposto resumitivo consiste de termo que sintetiza uma
171. Ana continua a mesma doçura. lista de elementos já citados. Veja:
172. Elogiaram Pafúncio. Lemos Castro Alves, Casimiro de Abreu, Álvares de Azevedo,
173. Faz quatro noites que me estão observando. todos poetas do Romantismo.
174. A cantora apareceu sorridente e parecia cansada. Obs.: aposto resumitivo: todos.
175. Alguém chegou atrasado.
176. Eles falaram sério. 194. A cidade, os campos, as plantações, as montanhas, tudo
177. Elas falaram sérias. era mar.
178. Joana e eu entramos apressados no cinema. 195. João, Maria, Lúcio e Teresa, ninguém acreditava.
196. Piratas modernos, os sequestradores precisam ser de-
12) Aposto Versus Vocativo tidos.
197. Piratas modernos, os sequestradores, serão detidos.
Aposto Vocativo 198. Nem todos estavam escalados. Restavam alguns: Robi-
Fala sobre. Fala com. nho, Fernando e Franco.
Explica, resume, restringe ou enumera. Chama.
EXERCÍCIOS
Identifique predicativos, adjuntos adnominais, apostos e
vocativos nas orações. (Idene-MG/Analista)
179. Bem-vindo sejas às terras dos Tabajaras, senhores da 199. O termo “Brasil”, presente no estribilho a seguir repro-
aldeia. duzido, desempenha a função sintática de
180. Bem-vindo sejas às terras dos Tabajaras, senhor da al-
deia. Terra adorada,
181. A mãe, dona de bela voz, entre cantos dizia: Entre outras mil,
– Vá ao mercado para mim, filho! És tu, Brasil,
182. Durante sete anos, Jacó serviu Labão, pai de Raquel, Ó Pátria amada!,
serrana, bela.
183. Jacó serviu ao pai de Raquel, serrana bela. a) adjunto.
b) aposto.
Tipos de Aposto c) predicativo.
d) sujeito.
Aposto Explicativo Versus Aposto Restritivo e) vocativo.

Restrição significa atributo dado a uma parte do todo. 200. (Ibama/Analista) No período que se inicia abaixo, o su-
Explicação significa atributo dado à totalidade. jeito da oração principal está posposto ao verbo.
“E ela veio na quarta-feira 10, no palco do Teatro Plácido
Entendendo restrição e explicação de Castro, em Rio Branco, na forma de uma portaria
184. homem honesto. assinada pelo ministro da Justiça, Tarso Genro. Antes,
185. homem mortal. porém, realizou-se uma sessão de julgamento da Co-
186. pedra amarela. missão de Anistia, cujo resultado foi o reconhecimento,
187. pedra dura. por unanimidade, da perseguição política sofrida por
188. homem fiel. Chico Mendes no início dos anos 80 do século passado.
189. céu azul. A viúva do líder seringueiro, Izalmar Gadelha Mendes,
vai receber uma pensão vitalícia de 3 mil reais mensais,
Entendendo aposto explicativo e aposto restritivo
além de indenização de 337,8 mil reais.”
• Aposto restritivo é nome próprio atribuído a um substan-
tivo anterior, com a finalidade de particularizar um ser
(M.C.) Do sucesso no circuito comunicacional dependem a
entre outros.
• Aposto explicativo repete o sentido com outras palavras, existência e a felicidade pessoal.
igualando o sentido das expressões. 201. Na assertiva, o sujeito composto – “a existência e a feli-
cidade pessoal” – está posposto ao núcleo do predicado
190. Gosto do poeta Fernando Pessoa e do Drummond, mi- verbal.
neirão ensimesmado.
191. A obra de Drummond é orgulho da citada de Itabira. (MMA/Analista) O bom momento que vive a economia na-
192. O rio São Francisco nasce na serra da Canastra, no es- cional estimula suas vendas, mas a indiscutível preferência
tado de Minas Gerais. do consumidor pelo modelo flex tem outras razões.
193. O rio Amazonas nasce na Cordilheira dos Andes, maior 202. No trecho “O bom momento que vive a economia nacio-
acidente geográfico das Américas. nal estimula suas vendas”, o sujeito das formas verbais
“vive” e “estimula” é o mesmo.
Língua Portuguesa

Aposto Enumerativo Versus Aposto Resumitivo


(MS/Redação Oficial) Segundo a observação de H. von Stein,
• Aposto enumerativo constitui lista de seres que especifica ao ouvir a palavra “natureza”, o homem dos séculos XVII e
um termo genérico antecedente. Veja: XVIII pensa imediatamente no firmamento; o do século XIX
Lemos autores românticos: Castro Alves, Casimiro de pensa em uma paisagem.
Abreu, Álvares de Azevedo. 203. Em “o homem dos séculos XVII e XVIII pensa imediata-
=> Aposto enumerativo: Castro Alves, Casimiro de Abreu, mente no firmamento; o do século XIX pensa em uma
Álvares de Azevedo. paisagem”, o núcleo do sujeito está elíptico, na segunda
Termo genérico antecedente: autores românticos. ocorrência do verbo pensar.

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(PM/Vila Velha-ES) Apenas 1% de toda a água existente no do petróleo, que chega a US$ 114 o barril, e dos fertili-
planeta é apropriado para beber ou ser usado na agricultura. zantes; o aumento do consumo em países como China,
O restante corresponde à água salgada dos mares (97%) e Índia e Brasil; a seca e a quebra de safras em vários
ao gelo nos pólos e no alto das montanhas. Administrar essa países; e a crise norte-americana, que levou investi-
cota de água doce já desperta preocupação. dores a apostar no aumento dos preços de alimentos
204. A oração “Administrar essa cota de água doce” exerce em fundos de hedge. Foi de olho nessa situação que o
função sintática de sujeito. diretor-geral do FMI rompeu o silêncio constrangedor
que pairava sobre os escritórios de Washington.”
(Sebrae-BA) Falido e perplexo, o homem que descobriu a lei
da gravidade, conjecturou: “consigo calcular os movimentos (Banco do Brasil/Escriturário) O código de acesso exigido em
dos corpos celestes, mas não a loucura dos homens”. Pode transações nos caixas eletrônicos do Banco do Brasil é uma
ser discurso de mau perdedor, mas na verdade foi uma gran- sequência de letras, gerada automaticamente pelo sistema.
de sacada. Sem saber, Newton estava prevendo a criação de Até o dia 17/12/2007, o código de acesso era composto por
uma nova ciência, cujas descobertas podem ajudar a enten- 3 letras maiúsculas. Os códigos de acessos gerados a partir
der a crise atual: a neuroeconomia, que vasculha a mente de 18/12/2007 utilizam, também, sílabas de 2 letras – uma
humana em busca de explicações para o comportamento letra maiúscula seguida de uma letra minúscula.
do mercado. Exemplos de código de acesso no novo modelo:
205. O “homem que descobriu a lei da gravidade” é o sujei- Ki Ca Be; Lu S Ra; T M Z.
to enunciador da sentença “Pode ser discurso de mau 212. Os termos “automaticamente” e “a partir de
perdedor, mas na verdade foi uma grande sacada”. 18/12/2007” acrescentam, às orações em que se in-
serem, informações circunstanciais de modo e tempo,
(Detran/Analista de Trânsito) O poluente associado à maior respectivamente.
probabilidade de morte dos fetos é o monóxido de carbono
(CO), um gás sem cor nem cheiro que resulta da queima (Abin/Analista) Do esquema grego, montado em colabora-
incompleta dos combustíveis. ção com sete países – Estados Unidos da América (EUA),
206. O trecho “um gás sem cor nem cheiro que resulta da Austrália, Alemanha, Inglaterra, Israel, Espanha e Canadá
queima incompleta dos combustíveis” exerce a função –, faz parte o sistema de navegação por satélite da Agência
de aposto. Espacial Europeia.
213. A presença da preposição em “Do esquema grego” é
(MCT) O pesquisador Lambert Lumey, principal autor do estu- uma exigência sintática justificada pela regência da pa-
do, afirmou que o resultado dessa pesquisa “é a prova, mais lavra “sistema”.
uma vez, de que o ambiente tem um poder muito grande
sobre os nossos genes. Da terra, ar e água, 70 mil policiais, bombeiros, guarda cos-
207. A expressão “principal autor do estudo” tem natureza teira e mergulhadores da Marinha vão zelar pela segurança.
explicativa e faz referência ao termo que a antecede. Até a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em-
prestará sua experiência militar no combate ao terrorismo.
(Min. Esportes) Talento só não basta”, disse Phelps na entre- 214. A substituição do trecho “Da terra, ar e água” por Da
vista coletiva após a sexta medalha de ouro. “Muito trabalho, terra, do ar e da água representaria uma transgressão ao
muita dedicação, é uma combinação de tudo... Tentar dormir estilo próprio do texto informativo, pois se trata de um
e se recuperar, armar cada sessão de treino da melhor forma recurso de subjetividade próprio dos textos literários.
possível e acumular muito treino.
208. No último parágrafo, o sujeito dos verbos “Tentar”, “re- A alternativa existente seria o aproveitamento da energia
cuperar”, “armar” e “acumular” é o pronome “tudo”, elétrica da Usina Hidroelétrica de Cachoeira Dourada, das
que funciona como aposto. Centrais Elétricas de Goiás S/A-CELG, no Rio Parnaíba, divisa
dos estados de Minas Gerais e Goiás, distante quase 400 km
(MPE-RR/Analista) Mais preocupante, no entanto, é a situa- de Brasília.
ção criada pelo relator da ONU para o direito à alimentação, 215. A expressão “divisa dos estados de Minas Gerais e Goi-
Jean Ziegler, que classificou os biocombustíveis como “um ás” está entre vírgulas por ser um vocativo.
crime contra a humanidade”,...
209. O nome “Jean Ziegler” está entre vírgulas por constituir Na perspectiva de quem não tem o mínimo, o fundamental
um vocativo. é não morrer de fome e ver supridas certas necessidades
básicas.
(TCE-TO) Marx, herdeiro e defensor das postulações do Ilu- 216. Na frase “o fundamental é não morrer de fome e ver
minismo, indagou se as relações de produção e as forças supridas certas necessidades básicas.”, os verbos “mor-
produtivas do capitalismo permitiriam, de fato, a realização rer” e “ver” têm sujeitos diferentes.
da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade.
210. O trecho “herdeiro e defensor das postulações do Ilumi- (Funiversa/Sejus) Os resultados mostram que os adolescen-
nismo” exerce, na oração, a função sintática de vocativo. tes são induzidos ao encontro da marginalidade pela de-
Língua Portuguesa

sestrutura familiar, dos quais quase a metade (48%) vem


211. (TCE-AC/ACE) Nos trechos “cinco fatores estão atuan- de famílias com pais separados; pela baixa escolaridade,
do, em escala mundial, nessa crise”, “e a crise norte- quando a maioria (81%) é excluída do sistema educacional;
-americana” e “o diretor-geral do FMI rompeu o silêncio pela entrada precoce no mundo do trabalho, pois 83% dos
constrangedor...”, os termos sublinhados qualificam os adolescentes já tinham experiência laborativa antes de co-
nomes aos quais se referem. meter o ato infracional e pelo uso de drogas lícitas e ilícitas
“Em geral, cinco fatores estão atuando, em escala mun- por 97,6% dos meninos. No atual sistema, após entrar no
dial, nessa crise: o aumento da produção subsidiada de mundo infracional e de proferida a sentença de internação,
biocombustíveis; o incremento dos custos com a alta passam a vivenciar a violência dentro do centro educacional,

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que não os profissionaliza, não os torna livres da dependên- águas transparentes.”, assinale a alternativa que apre-
cia química, e onde inexistem programas que os reintegrem senta termos exercendo a mesma função sintática.
saudavelmente e os acompanhem após o desligamento. a) “submersa” – “transparentes”
217. O sujeito do verbo “passam” é “resultados”. b) “ondulados” – “traçando”
c) “de areia” – “desenhos”
(Funiversa/Terracap) A partir da análise morfossintática da d) “por baixo” – “Bancos”
frase “Só em Brasília se anda de camelo ou de baú”, julgue: e) “de areia” – “das águas”
218. Brasília é o sujeito da oração, pois protagoniza a frase.
219. As expressões “de camelo” e “de baú” transmitem ideia GABARITO
de lugar.
1. frase nominal.
O português de todas as origens, 2. frase verbal, período composto, duas orações.
o modo de falar da capital 3. frase verbal, período simples, oração absoluta.
4. frase verbal, período composto, duas orações.
O sotaque não é carioca. Mesmo assim, o erre é carrega- 5. frase nominal.
do. Não é nordestino, mas, ao ser contrariado, o brasiliense 6. frase nominal.
imediatamente dispara um “ôxe”. Brasília tem ou não tem 7. frase verbal, período composto, duas orações (note
sotaque, afinal? Sim e não. Stella Bortoni, doutora em linguís- verbo subentendido: estão).
tica e organizadora do livro O Falar Candango, a ser publicado 8. S 27. SS
pela Editora Universidade de Brasília em 2010, explica: “A 9. C 28. SS
marca do dialeto do Distrito Federal é justamente a falta de 10. O 29. SO,S
marcas. A mistura faz com que os sotaques das diferentes 11. SS 30. O
regiões do país percam muito de sua peculiaridade”. 12. S 31. O
13. I 32. S
220. (Funiversa/Terracap) Ao se analisar a frase “Não é nor- 14. SS 33. S
destino, mas, ao ser contrariado, o brasiliense imedia- 15. S 34. S
tamente dispara um ‘ôxe’, é correto afirmar que 16. I 35. S
a) o sujeito do verbo “é” é inexistente. 17. S 36. C
b) o sujeito referente a “ser contrariado” é simples e está 18. C 37. S
alocado de acordo com a ordem direta da oração. 19. O 38. S
c) as expressões verbais “é”, “ser contrariado” e “dis- 20. C 39. S
para” possuem o mesmo sujeito. 21. I,I,SO 40. I
d) a expressão “ôxe” está entre parênteses por ser um 22. S 41. a
neologismo muito conhecido no Brasil. 23. S 42. E
e) o sujeito da oração “Não é nordestino (...)” pode ser 24. SS 43. C
recuperado na primeira oração do texto. 25. C 44. C
26. I
221. (Funiversa/Adasa) No trecho “Onde a chuva caía, quase 45. Morfologia: adjetivo
todo dia, já não chove nada”, a expressão sublinhada Sintaxe: predicativo
desempenha a função de sintática de Semântica: estado
a) objeto direto. 46. Morfologia: substantivo (chefe)
b) complemento nominal. Sintaxe: aposto
c) conectivo conjuntivo. Semântica: explicação
d) adjunto adnominal. 47. Morfologia: adjetivo
e) adjunto adverbial. Sintaxe: predicativo
Semântica: estado
222. (Funiversa/Adasa) O rio que desce as encostas, já quase 48. Morfologia: substantivo (mãe)
sem vida, parece que chora. O sujeito do verbo “parece” é Sintaxe: aposto
a) “as encostas”. Semântica: explicação
b) “a vida”. 49. Morfologia: adjetivo
c) “O rio”. Sintaxe: predicativo
d) “o lamento das águas”. Semântica: estado
e) “o triste lamento”. 50. Morfologia: adjetivo
Sintaxe: adj. adn.
223. (Funiversa/Adasa) Assinale a alternativa em que o termo Semântica: característica
sublinhado desempenha a função a ele relacionada. 51. Morfologia: adjetivo
a) “A segunda campanha do Projeto Brasil das Águas” Sintaxe: predicativo
– objeto direto. Semântica: estado
52. Morfologia: adjetivo
Língua Portuguesa

b) “Mas também encontramos muitos outros” – conec-


tivo prepositivo. Sintaxe: predicativo
c) “várias coletas foram feitas” – sujeito paciente. Semântica: estado
d) “Cientes da preocupação dos índios” – adjunto ad- 53. Morfologia: adjetivo
nominal. Sintaxe: adj. adn.
e) “houve um incidente” – sujeito. Semântica: característica:
54. Morfologia: adjetivo
224. (Funiversa/Adasa) Quanto ao trecho “Bancos de areia Sintaxe: predicativo
submersa traçando desenhos ondulados por baixo das Semântica: estado

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55. Morfologia: adjetivo 85. ADV
Sintaxe: predicativo 86. lugar
Semântica: estado 87. causa
56. Morfologia: adjetivo 88. companhia
Sintaxe: adj. adn. 89. tempo, intensidade, tempo, negação
Semântica: característica 90. finalidade
57. Morfologia: adjetivo 91. causa
Sintaxe: predicativo 92. lugar
Semântica: estado 93. intensidade
58. Morfologia: adjetivo 94. modo
Sintaxe: predicativo 95. lugar
Semântica: estado 96. negação, lugar, lugar
59. Morfologia: adjetivo 97. tempo, negação/tempo
Sintaxe: predicativo 98. negação
Semântica: estado 99. PDV
60. Morfologia: adjetivo 100. ADV
Sintaxe: adj. adn. 101. PDV
Semântica: característica 102. ADV
61. Morfologia: adjetivo 103. ADV
Sintaxe: predicativo 104. PDV
Semântica: estado 105. PDV
62. Morfologia: adjetivo 106. ADV
Sintaxe: predicativo 107. ADV
Semântica: estado 108. PDV
63. Morfologia: adjetivo 109. PDV
Sintaxe: adj. adn. 110. ADV
Semântica: característica 111. CN
64. Morfologia: adjetivo 112. ADN, CN
Sintaxe: predicativo 113. CN, CN, ADN
Semântica: estado 114. AND, CN, ADN, CN
65. Morfologia: adjetivo 115. CN
Sintaxe: predicativo do objeto 116. ADN
Semântica: estado 117. CN
66. Morfologia: adjetivo 118. ADN
Sintaxe: adj. adn. 119. CN
Semântica: característica 120. ADN
67. Morfologia: adjetivo 121. ADN
Sintaxe: predicativo 122. CN
Semântica: estado 123. ADN
68. Morfologia: adjetivo 124. CN
Sintaxe: adj. adn. 125. ADN
Semântica: característica 126. ADN
69. Morfologia: adjetivo 127. ADN, ADN
Sintaxe: predicativo do objeto 128. D (ADN)
Semântica: estado. 129. A
70. Morfologia: substantivo (vencedor) 130. OI
Sintaxe: predicativo do objeto 131. ADN
Semântica: estado 132. OD
71. Morfologia: substantivo 133. S
Sintaxe: predicativo do sujeito 134. CN
Semântica: estado 135. OI
72. Morfologia: substantivo 136. CN
Sintaxe: predicativo do sujeito 137. ADN
Semântico: estado 138. OI
73. b 139. OD
74. ADN 140. CN
75. ADV 141. OI
76. ADN 142. OI
Língua Portuguesa

77. ADV 143. S


78. ADV 144. CN
79. ADN 145. ADN
80. ADV 146. S
81. ADN 147. OI
82. ADV 148. OI
83. ADN 149. OI
84. ADN 150. OI

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151. OI SINTAXE DO PERÍODO
152. D
153. D Relações Morfossintáticas e Semânticas no
154. VL Período Composto
155. VI
156. VTD (loc. verbal) Período Composto por Coordenação
157. VL
158. VL
No período composto por coordenação, as orações re-
159. VI
cebem o nome de orações coordenadas e podem ser assin-
160. VL
déticas ou sindéticas.
161. VI
• São assindéticas quando não são introduzidas por co-
162. VI
nectivos (conjunções).
163. VI
• São sindéticas quando são introduzidas por conectivos
164. VL
(conjunções).
165. VL
166. VI
Observe:
167. VL
No período:
168. VL
Compramos, vendemos, fazemos qualquer negócio.
169 - PV
Há quatro orações coordenadas e todas assindéticas.
170. PV
171. PN Porém no período:
172. PV As casas estavam fechadas e as ruas desertas.
173. PV, PV Há duas orações coordenadas, sendo a primeira assin-
174. PVN, PN dética e a segunda sindética.
175. PVN
176. PV As orações coordenadas sintédicas podem ser:
177. PVN
178. PVN 1. Orações coordenadas sindéticas aditivas
179. aposto Quando simplesmente ligadas à anterior, sendo introdu-
180. vocativo zidas por conjunções ou locuções conjuntivas coordenativas
181. aposto, vocativo aditivas, que são: e, nem, e não, mas também, bem como,
182. aposto também etc.
183. aposto Ele não toma uma atitude nem nos apoia.
184. restrição A casa foi vendida e o carro trocado.
185. explicação Ele comprou o carro e não comprou a casa.
186. restrição
187. explicação 2. Orações coordenadas sindéticas adversativas
188. restrição Quando o seu sentido se opõe ao da anterior, sendo in-
189. explicação troduzidas por conjunções ou locuções conjuntivas coorde-
190. restritivos: Fernando Pessoa, Drummond. nativas adversativas, que são: mas, porém, todavia, contudo,
Explicativo: Mineirão ensimesmado. entretanto, no entanto, não obstante etc.
191. ADN: de Drummond. Queremos lutar, mas ninguém nos apoia.
Aposto restritivo: de Itabira. Estou estudando, porém preciso parar.
192. apostos restritivos: São Francisco, da Canastra, de Ele estudou, contudo não passou.
Minas Gerais. ADV: no estado de Minas Gerais.
193. apostos restritivos: Amazonas, dos Andes. 3. Orações coordenadas sindéticas alternativas
Aposto explicativo: maior acidente geográfico das Quando têm significados que se excluem (ou um ou ou-
Américas. ADN: das Américas. tro), sendo introduzidas por conjunções ou locuções conjun-
194. aposto resumitivo: TUDO. tivas coordenativas alternativas, que são: ou, ou... ou, já...
195. aposto resumitivo: NINGUÉM. já, ora... ora, seja... seja, quer... quer etc.
196. aposto explicativo: piratas modernos. Ou ele resolve tudo, ou tenho de ir eu mesmo.
197. aposto explicativo: os sequestradores. Quer estude, quer trabalhe, ele não muda.
198. aposto enumerativo: Robinho, Fernando e Franco. Esta terra é assim mesmo, ora chove, ora faz sol.
199. e 212. C
200. E 213. E 4. Orações coordenadas sindéticas conclusivas
201. C 214. E Quando exprimem uma conclusão, sendo introduzidas
202. E 215. E por conjunções ou locuções conjuntivas coordenativas con-
203. C 216. E
Língua Portuguesa

clusivas, que são: logo, portanto, então, por isso, por con-
204. C 217. C seguinte, pois (depois do verbo) etc.
205. E 218. C Houve algum engano, por isso vamos verificar.
206. C 219. E Ele estudou muito, logo venceu na vida.
207. C 220. E Ele pagou seus compromissos, então merece crédito.
208. E 221. E
209. E 222. E 5. Orações coordenadas sindéticas explicativas
210. E 223. E Quando encerram uma explicação daquilo que vem ex-
211. C 224. E presso na anterior, sendo introduzidas por conjunções ou

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locuções conjuntivas coordenativas explicativas, que são: Período Composto por Subordinação
pois (antes do verbo), que, porque, por quanto etc.
Saia logo, pois já são nove horas. Vimos no período composto por coordenação que as
Ele está lutando, pois precisa vencer. orações são independentes, não havendo nenhuma ligação
Não a prejudique, porque ela é doente. de subordinação entre elas, ou seja, uma principal e uma,
ou várias subordinadas.
Quanto ao período composto por subordinação, haverá
Exercícios uma espécie de dependência entre elas, havendo é claro,
uma principal e uma ou mais subordinadas.
Coloque nos parênteses que precedem os períodos a seguir, As orações de um período composto por subordinação
em relação às orações sublinhadas: podem ser.
(A) para oração coordenada assindética. • substantivas
(B) para oração coordenada sindética adversativa. • adjetivas
(C) para oração coordenada sindética aditiva. • adverbiais
(D) para oração coordenada sindética alternativa.
(E) para oração coordenada sindética explicativa. • Orações Subordinadas Substantivas
(F) para oração coordenada sindética conclusiva.
As orações subordinadas substantivas, além de desempe-
1. ( ) O vaqueiro do Sul ou está cavalgando ou está par- nharem as funções de substantivo, desempenham também
ticipando de corrida. as funções dos elementos de um período simples, ou seja:
2. ( ) Havia muita gente na sala, mas ninguém socorreu a) Sujeito – oração subordinada substantiva subjetiva
Desempenha a função de sujeito da oração principal.
a vítima.
Veja:
3. ( ) O vaqueiro no Norte conhece bem os seus espaços, Período simples:
pois nasceu nas caatingas. É necessário a morte do peru.
4. ( ) Ele devia estar muito enfraquecido, pois desmaiou. (sujeito)
5. ( ) O trabalho do vaqueiro é duro, portanto ele tem de Período composto:
ser um homem forte. É necessário que o peru morra.
6. ( ) Você vem comigo, ou vai-se embora com eles? (oração subordinada substantiva subjetiva)
7. ( ) Telefonei-lhe ontem, mas você tinha saído.
8. ( ) Meus amigos, o verdadeiro homem não foge, en- b) Objeto direto – oração subordinada substantiva ob-
frenta tudo. jetiva direta
Desempenha a função de objeto direto da oração prin-
9. ( ) Ele foi a São Paulo de automóvel e voltou de avião.
cipal.
10. ( ) Passou a noite, veio o novo dia e ele continuava Veja:
dormindo. Período simples:
11. ( ) Você não estuda, portanto não passará de ano. Eu quero a tua colaboração.
12. ( ) Tudo parecia difícil, mas ela não reclamava, nem (objeto direto)
perdia o ânimo. Período composto:
13. ( ) Havia problemas, mas ninguém tentava resolvê-los. Eu quero que tu colabores.
14. ( ) Ninguém nos atendeu; ou estavam dormindo, ou (oração subordinada substantiva objetiva direta)
tinham saído.
15. ( ) Não perturbes teu pai, que ele está trabalhando. c) Objeto indireto – oração subordinada substantiva
16. ( ) Nós o prevenimos; portanto ele acautelou-se. objetiva indireta
Desempenha a função de objeto indireto da oração
17. ( ) Ele não só me atrapalha, como também me preju-
principal.
dica. Veja:
18. ( ) Nós o prevenimos, mas ele descuidou-se. Período simples:
19. ( ) Vocês sentem-se prejudicados; ninguém, no entan- Eu preciso de tua colaboração.
to, protesta. (objeto indireto)
20. ( ) Certamente ele acautelou-se, pois nós o prevenimos. Período composto:
21. ( ) Tudo já está terminado, portanto vamo-nos embora. Eu preciso de que tu colabores.
22. ( ) Provavelmente seremos punidos, porque transgre- (oração subordinada substantiva objetiva indireta)
dimos a lei.
23. ( ) O professor não veio; logo não haverá aula. d) Complemento nominal – oração subordinada subs-
tantiva completiva nominal
24. ( ) Transgredimos a lei, logo seremos punidos.
Desempenha a função de complemento nominal da
25. ( ) Você se diz meu amigo, todavia nem sempre o en- oração principal.
tendo. Veja:
Período simples:
Gabarito Sou favorável à execução da fera.
Língua Portuguesa

(complemento nominal)
1. D 8. A 15. E 22. E Período composto:
2. B 9. C 16. F 23. F Sou favorável a que executem a fera.
(oração subordinada substantiva completiva nominal)
3. E 10. A 17. C 24. A
4. E 11. F 18. B 25. B e) Predicativo – oração subordinada substantiva pre-
5. F 12. B 19. B dicativa
6. D 13. A 20. E Desempenha a função de predicativo do sujeito da ora-
7. B 14. D 21. F ção principal.

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Período simples: 13. Observe as orações sublinhadas nos períodos seguintes:
Meu desejo é a vossa felicidade. I – Era necessário que Tistu compreendesse.
(predicativo do sujeito) II – Todos esperavam que vencêssemos.
Período composto: III – Tistu precisava de que o ajudassem.
Meu desejo é que sejais feliz.
(oração subordinada substantiva predicativa) São respectivamente:
a) objetiva direta, objetiva direta e subjetiva.
f) Aposto – oração subordinada substantiva apositiva b) subjetiva, objetiva direta e objetiva indireta.
Desempenha a função de aposto da oração principal. c) subjetiva, subjetiva e completiva nominal.
Veja: d) predicativa, completiva nominal e subjetiva.
Período simples: e) subjetiva, objetiva indireta e objetiva direta.
Só quero uma coisa: a tua absolvição.
(aposto) 14. Numere corretamente, de acordo com a classificação
Período composto: das orações subordinadas substantivas:
Só quero uma coisa: que sejais absolvido. (1) Subjetiva
(oração subordinada substantiva apositiva)
(2) Objetiva direta
(3) Objetiva indireta
Observação: (4) Predicativa
Você deve ter notado que as orações subordinadas subs- (5) Completiva nominal
tantivas começaram todas por: (6) Apositiva
• Conjunção integrante: que ou se
Todavia podem também ser introduzidas por: ( ) Fabiano viu que tudo estava perdido.
• Advérbio interrogativo: por que? onde? quando? ( ) O seu desespero era que os bichos se finavam.
como? ( ) Era preciso que chovesse.
• Pronomes interrogativos: que? quem? qual? quanto? ( ) Tudo dependia de que Deus fizesse um milagre.
• Pronomes indefinidos: quem? quantos? ( ) Eles só esperavam uma coisa: que chovesse.
( ) Sinhá Vitória fez referência a que Fabiano a acom-
Exercícios panhasse.

Coloque nos parênteses que precedem os períodos a seguir, Assinale a sequência obtida:
analisando o que estiver sublinhado. a) 2 – 4 – 1 – 3 – 6 – 5
(OSSSU) para oração subordinada substantiva subjetiva. b) 2 – 4 – 3 – 1 – 5 – 6
(OSSSOD) para oração subordinada substantiva objetiva direta. c) 1 – 2 – 3 – 4 – 5 – 6
(OSSSOI) para oração subordinada substantiva objetiva in- d) 2 – 4 – 1 – 6 – 5 – 3
direta.
(OSSSPR) para oração subordinada substantiva predicativa. Gabarito
(OSSSAP) para oração subordinada substantiva apositiva.
(OSSSCN) para oração subordinada substantiva completava 1. OD 5. CN 9. SU 13. b
nominal. 2. SU 6. AP 10. PR 14. a
1. ( ) Ali, bem ali, esperávamos que os balões caíssem. 3. OD 7. PR 11. c
2. ( ) É necessário que você colabore. 4. CN 8. SU 12. d
3. ( ) Alberto disse que não morava na cidade.
4. ( ) Ficamos à espera de que o barco se aproximasse.
5. ( ) Somos gratos a quem nos ajuda. • Orações Subordinadas Adjetivas
6. ( ) Reconheço-lhe uma qualidade: você é sincera.
7. ( ) O sonho do pai era que o filho se formasse. A oração subordinada adjetiva é aquela que tem o valor
8. ( ) Convém que te justifiques. de um adjetivo e funciona como adjunto adnominal de um
termo que a antecede. Observe:
9. ( ) Está provado que esta doença já tem cura.
Na hora da despedida, o japonês disse uma frase co-
10. ( ) Roberto era quem mais reclamava.
movente.
A palavra sublinhada funciona como adjunto adnominal
11. No período: “Que conversassem de amores, é possível”.
da palavra frase.
A primeira oração classifica-se como:
a) subordinada substantiva predicativa.
Veja agora a substituição:
b) subordinada substantiva apositiva.
Na hora da despedida, o japonês disse uma frase que
c) subordinada substantiva subjetiva. me comoveu.
d) subordinada substantiva objetiva direta. O termo sublinhado, que substitui a palavra comovente
e) Principal. da oração, recebe o nome de oração subordinada adjetiva,
Língua Portuguesa

e está sendo introduzida pelo pronome relativo que.


12. A oração sublinhada em: “Não permita Deus que eu
morra...” tem: Veja outros exemplos:
Valor de função sintática de Restavam-se as conversas interrompidas à noite.
a) adjetivo objeto direto Restavam-se as conversas que eram interrompidas à noite.
b) substantivo sujeito Algumas fábricas liberam gases prejudiciais à saúde.
c) advérbio adjunto adverbial Algumas fábricas liberam gases que prejudicam à saúde.
d) substantivo objeto direto As orações subordinadas adjetivas são introduzidas por
e) adjetivo sujeito um pronome relativo (que, quem, qual, cujo, onde, quando).

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Que: Mulher que muito se mira, pouco fiado tira. • Oração Subordinada Adjetiva
Quem: Sou eu quem perde.
1. Restritiva
Observação:
Para analisar orações em que entre o relativo quem, é Características
necessário desdobrá-lo em: aquele que. a) Restringe a significação do substantivo ou do pronome
Qual: Dê-me o troco do dinheiro com o qual você pagou antecedente .
a entrada. b) É indispensável ao sentido da frase.
Cujo: Xadrez é um jogo cujas regras nunca entendi. c) Não se separa por vírgula da oração principal.
Onde: Conheço a rua onde mora o professor. O livro que ela lia era a loucura do homem agoniado.

Observação: 2. Explicativa
Onde = em que
Quanto: Tudo quanto existe é obra divina. Características
a) Acrescenta uma qualidade acessória ao antecedente.
A oração subordinada adjetiva pode ser: b) É dispensável ao sentido da frase.
c) Vem separada por vírgulas da oração principal.
Restritiva ou Explicativa Jorge de Lima, que foi um poeta da segunda fase, do
Modernismo brasileiro, escreveu uma obra junto com
É restritiva quando restringe ou limita o sentido do nome Murilo Mendes.
ou pronome a que se refere. A qualidade ou propriedade
expressa pela oração subordinada adjetiva, nesses casos, não Exercícios
é intrínseca, não é essencial ao nome ou pronome a que se
reporta a oração. Coloque nos parênteses que precedem os períodos seguin-
O homem que crê, nunca se desespera. tes, em relação à oração que estiver sublinhada.
Oração principal: O homem nunca se desespera. (R) para oração subordinada adjetiva restritiva.
Oração subordinada adjetiva: que crê. (E) para oração subordinada adjetiva explicativa.
Justificativa: Nem todo homem crê.
Logo, a crença não é qualidade comum a todos os ho- 1. ( ) Os alunos que chegarem atrasados serão advertidos.
mens. 2. ( ) A vida, que é curta, deve ser bem aproveitada.
3. ( ) A perseverança, que a marca dos fortes, leva a su-
A oração restringe ou limita o sentido do termo homem, cessos na vida.
pois o autor refere-se somente ao homem que crê, e não a
4. ( ) Quero somente as fotos que saírem perfeitas.
todo e qualquer homem.
5. ( ) Pedra que rola fica lisa.
6. ( ) O carro que bateu vinha a mais de oitenta.
É explicativa quando exprime uma qualidade inerente,
7. ( ) O Amazonas, que é o maior rio do mundo em vo-
essencial ao nome com que se relaciona.
O homem, que é mortal, tem no túmulo o epílogo da vida. lume d’água, nasce nos Andes.
Oração principal: O homem tem no túmulo o epílogo da 8. ( ) O cavalo que ganhou o grande prêmio Brasil chama-
vida. -se Sun Set.
Oração subordinada adjetiva explicativa: que é mortal. 9. ( ) Os carros que não tiverem placa serão multados.
Justificativa: todo homem é mortal. 10. ( ) O homem, que é um ser mortal, tem uma missão
Logo, a morte é inerente à natureza do homem. sobre a terra.
11. ( ) A lua, que é um satélite da terra, recebe a luz solar.
Os exemplos apresentados revelam-nos que a adjetiva 12. ( ) O negro que está faminto precisa de cuidados especiais.
restritiva é indispensável ao sentido do período, enquanto 13. ( ) A vida, que é boa, deve ser aproveitada.
que a adjetiva explicativa pode ser retirada do período sem 14. ( ) Ali fica o consultório que pertence a meu amigo.
prejudicar o sentido. A adjetiva explicativa vem sempre en- 15. ( ) As justificativas, que escutei, são do pobre coitado.
tre vírgulas e as restritivas aceitam vírgulas apenas, onde 16. ( ) Ontem vi o amigo que vai viajar comigo.
terminam. 17. ( ) O médico, que está a serviço do povo, atendeu a
um chamado.
Importante: 18. ( ) Era um homem que tinha muita coragem.
Se, no entanto, as palavras: quem, qual, onde, quan- 19. ( ) O médico prestou favores que não podem ser esti-
to, quando e como figuram na oração, sem antecedente mados.
expresso, as orações por eles introduzidas não mais serão 20. ( ) É deliciosa a sensação inusitada que senti.
adjetivas, mas sim, subjetivas. 21. ( ) Ontem examinei a senhora gorda que está diabética.
Exemplifiquemos comparando adjetivas com subjetivas: 22. ( ) O cliente que chegar atrasado será advertido.
Conheço a rua onde mora o professor. 23. ( ) O médico que ajudou o preto chama-se Jamur.
Antecedente expresso: rua 24. ( ) O Rio de Janeiro, que é a cidade rica em belezas
Or. sub. adj. restr.: onde mora o professor naturais, é hospitaleira.
25. ( ) O homem que desmaiou vinha mal intencionado.
Língua Portuguesa

Diga-me onde mora o professor.


oração sub. sub. ob. direta Gabarito
Ficamos admirados todos quantos o viram. 1. R 6. R 11. E 16. R 21. R
Antecedente expresso: todos 2. E 7. E 12. R 17. E 22. R
Or. sub. adj. restr.: quantos o viram 3. E 8. R 13. E 18. R 23. R
4. R 9. R 14. R 19. R 24. E
Veja quanto pode emprestar-me. 5. R 10. E 15. E 20. R 25. R
or. sub. sub. obj. direta

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• Orações Subordinadas Adverbiais toras são: antes que, quando, assim que, logo que, até que,
depois que, mal, apenas.
Além das orações subordinadas substantivas e adjeti- Assim que deu o sinal, os alunos saíram.
vas, existem as adverbiais, que exercem a função de adjunto
adverbial, ou seja, funcionam como adjunto adverbial de Exercícios
outras orações e vêm, normalmente, introduzidas por uma
conjunção subordinativa (com exceção das integrantes). 1. No período: “As nuvens são cabelos crescendo como
São classificadas de acordo com a conjunção ou locução rios” (JCMN).
conjuntiva que as introduz. A oração sublinhada é classificada como:
1) Causal a) adverbial consecutiva.
Indica a causa da ação expressa pelo verbo da oração b) adverbial final.
principal. As principais conjunções introdutoras são: porque, c) adverbial proporcional.
visto que, já que, uma vez que, como. d) adverbial comparativa.
Só não morri à míngua, porque o povo daqui me socorreu.
2. Nos versos:
“... delas se emite um canto
2) Comparativa
de uma tal continuidade
Estabelece uma comparação com a ação indicada pelo que continua cantando (1)
verbo da oração principal. As principais conjunções introdu- se deixa de ouvi-lo a gente;
toras são: que e do que (precedidos do mais, menos, melhor, como a gente às vezes canta (2)
pior, maior, menor), como. para sentir-se existente” (3)
Obs.: frequentemente, omite-se nas comparativas o ver- (J.C.M.N.)
bo da oração subordinada.
Ela é tão bela como uma flor. Temos nos versos (1), (2) e (3) sublinhados, respectiva-
mente, orações subordinadas adverbiais:
3) Concessiva a) consecutiva ‑ comparativa – final.
Indica uma concessão às ações do verbo da oração prin- b) final – proporcional – comparativa.
cipal. Isto é, admite uma contradição ou um fato inesperado. c) Causal – conformativa – final.
As principais conjunções introdutoras são: embora, a menos d) causal – comparativa – final.
que, se bem que, ainda que, contanto etc.
Fiz a prova, embora tivesse chegado atrasado. 3. No período: “Não permita Deus que eu morra sem que
eu volte para lá”. (Gonçalves Dias)
4) Condicional A oração subordinada adverbial deve ser classifica como:
Indica a situação necessária à ocorrência da ação do a) comparativa.
verbo da oração principal. As principais conjunções condi- b) consecutiva.
cionais que as introduzem são: se, salvo se, exceto, desde c) condicional.
d) final.
que, contanto que, sem que.
Só irei com vocês, se me pagarem a passagem.
4. No período: “Como havia pouca gente presente, a reu-
nião foi suspensa”.
5) Conformativa A oração destacada apresenta uma circunstância de:
Indica uma conformidade entre o fato que expressa e a a) tempo.
ação do verbo da oração principal. As principais conjunções b) condição.
introdutórias são: como, consoante, segundo, conforme. c) causa.
Como havíamos previsto, a festa esteve ótima. d) consequência.

6) Consecutiva 5. Coloque nos parênteses que precedem os períodos


Indica a consequência resultante da ação do verbo da abaixo, em relação às orações subordinadas adverbiais
oração principal. As principais conjunções introdutórias são: sublinhadas:
(tão)... que, (tanto) ... que, (tamanho)... que etc. (1) para causal
Tremia tanto, que mal podia andar. (2) para comparativa
(3) para concessiva
7) Final (4) para condicional
Indica o fim, o objetivo a que se destina o verbo da oração (5) para conformativa
principal. As principais conjunções que as introduzem são: (6) para consecutiva
para que, afim de que, (= para que). (7) para final
Fiz-lhe sinal, para que viesse. (8) para proporcional
(9) para temporal
8) Proporcional
a) ( ) À medida que o trem se aproximava, o barulho
Língua Portuguesa

Indica uma relação de proporcionalidade com o verbo aumentava.


da oração principal. As principais conjunções introdutoras b) ( ) Ele agia, como devia.
são: à medida que, enquanto, quanto mais... mais, quanto c) ( ) Nada farei, sem que me auxilies.
mais... menos, à proporção que. d) ( ) Leem, como analfabetos.
À medida que caminhávamos, víamos aparecer a casa. e) ( ) Sempre que posso, leio alguma coisa.
f) ( ) Ainda que as estatísticas comprovem, não acre-
9) Temporal dito no que dizem.
Indica a circunstância de tempo em que ocorre a ação do g) ( ) A inflação está tão acelerada, que os preços dos
verbo da oração principal. As principais conjunções introdu- gêneros alimentícios aumentam diariamente.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
h) ( ) Os preços dos gêneros alimentícios aumentam (Teresina-PI/Agente Fiscal) A produtividade industrial, que
diariamente, porque a inflação está acelerada. se mede dividindo o volume da produção pelo número de
i) ( ) Semeie hoje, para que colha bons frutos amanhã. trabalhadores, vem crescendo há bastante tempo, mas, até
j) ( ) Os deveres tomam-se agradáveis, se os cumpri- recentemente, o crescimento era fruto da redução do nível
mos com boa vontade. de emprego.
k) ( ) Os outros nos tratam, conforme os tratamos. 5. A oração “que se mede dividindo o volume da produ-
l) ( ) À proporção que lemos, vamos adquirindo mais ção pelo número de trabalhadores” está entre vírgulas
cultura. porque tem natureza restritiva.
m) ( ) Só valorizamos certas coisas, quando as perdemos.
n) ( ) Tanto vai o vaso à fonte, que um dia se rompe. Emprego das Conjunções
o) ( ) O amor só floresce, se o regarmos com muito
carinho. 1) Conjunções subordinativas e locuções prepositivas
p) ( ) O silêncio pode comunicar tanto, quanto a palavra. Causais: porque, pois, visto que, já que, na medida em
q) ( ) Habituai-vos a obedecer, para aprender a mandar que, que, visto como, uma vez que, como (anteposto à oração
(R.R.) principal), porquanto.
r) ( ) Se eu não fosse imperador, desejaria ser profes- Os turistas desistiram da visita, visto que chovia.
sor (D. Pedro II) Já que o país não crescia, o investidor se retirava.
s) ( ) Os olhos nunca enganam; nem mesmo quando
pretendem enganar. Concessivas: embora, ainda que, se bem que, mesmo
t) ( ) Se os espelhos falassem, haveria menos gente que, posto que, apesar de que, por mais que, por menos que,
diante deles.
apesar de, não obstante, malgrado, conquanto.
Embora chova, sairei.
Gabarito Por mais que tente, não te entendo.
A fé ainda move montanhas, posto que esteja abalada.
1. d c) 4 i) 7 o) 4 Malgrado seja domingo, ela está trabalhando.
2. a d) 2 j) 4 p) 2
3. c e) 9 k) 5 q) 7 Condicionais: se, caso, desde que, contanto que, a não
4. c f) 3 l) 8 r) 4 ser que, sem que.
5. a) 8 g) 6 m) 9 s) 9 O amor não se rompe, desde que sejam fortes os laços.
b) 5 h) 1 n) 6 t) 4 Se viagens instruíssem homens, os marinheiros seriam
o mais sábios.
A não ser que trabalhe, não prosperará.
Exercícios
Consecutivas: tal que, tanto que, de sorte que, de modo
(MMA) Foram expedidas cerca de 7 mil cartas de expulsão que, de forma que, tamanho que.
de brasileiros no ano passado. O medo faz parte da rotina A fé era tamanha que muitos milagres se operavam.
de boa parte dos cerca de 60 mil brasileiros sem papéis, Choveu tanto que a ponte caiu.
que vivem de casa para o trabalho e do trabalho para casa,
receosos de serem detidos e repatriados. Conformativas: conforme, como, segundo, consoante.
1. O uso das vírgulas justifica-se por isolar oração subor- Chorarão as pedras das ruas, como diz Jeremias sobre as
dinada adjetiva restritiva.
de Jerusalém destruída.
(MMA/Analista) Quando, há cerca de cinco anos, chegou ao
Comparativas: como, assim como, tal qual, que, do que,
mercado brasileiro o primeiro modelo de carro bicombustí-
(tanto) quanto / como.
vel, que pode utilizar gasolina e álcool em qualquer propor-
ção, ninguém apostava no seu êxito imediato e muito menos Janete estuda mais que trabalha.
na sua permanência no mercado por muito tempo. Elias canta tal qual Zezé.
2. A vírgula após “bicombustível” isola oração subordinada Jesus crescia tanto em estatura quanto em sabedoria.
adjetiva explicativa.
Finais: para que, porque, a fim de que, para, a fim de.
(MPE-RR/Atendente) Os Estados Unidos da América (EUA), O gerente deu ordens para que nada faltasse aos hós-
que desde a última década vinham relegando para um segun- pedes.
do plano esforços direcionados à conservação de energia – os Estudei porque vencesse na vida.
carros grandes têm hoje maior participação relativa, no total
da frota norte-americana, que a registrada antes do primeiro Proporcionais: à medida que, à proporção que, ao pas-
choque do petróleo, em 1973/1974 –, até estabeleceram me- so que, quanto mais... mais, quanto mais... menos, quanto
tas ambiciosas de redução do consumo de óleo no setor de menos... mais, quanto menos... menos.
transportes, contando com expressiva produção de etanol. Quanto mais conhecia os homens, mais Pafúncio confiava
3. A vírgula empregada após “transportes” isola oração em Deus.
adjetiva restritiva. À medida que enxergava, o ex-cego se alegrava.
Língua Portuguesa

(MRE/Assistente de chancelaria) Segundo o ex-assessor es- Temporais: quando, enquanto, logo que, antes que, de-
pecial de Lula, Frei Betto, que chegou recentemente de Cuba, pois que, mal, sempre que.
onde esteve com Raúl Castro, de quem é amigo pessoal, os Sempre que corríamos à janela, assistíamos ao pôr-do-sol.
cubanos fazem sérias ressalvas ao processo chinês, exata- Mal as provas chegaram, os alunos se agitaram.
mente por valorizar o crescimento econômico sem levar em
conta o desenvolvimento social. 2) Conjunções coordenativas (para comparar e distin-
4. O trecho “que chegou recentemente de Cuba” está entre guir)
vírgulas por tratar-se de oração subordinada adjetiva Aditivas: e, nem ( = e não), mas também.
restritiva. Astolfo não cantou nem dançou.

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Anita trabalhou e estudou. contra 1.044 da Boeing. No entanto, a Airbus entregou 434
O povo não só exige respeito, mas também paga im- aviões a jato; sua concorrente, 398.
postos. 10. O termo “enquanto” pode, sem prejuízo para a correção
gramatical do período, ser substituído por ao passo que.
Adversativas: mas, porém, todavia, contudo, no entanto,
entretanto, não obstante. (Banco do Brasil/Escriturário) Uma pesquisa realizada em 16
O país cresceu, mas não gerou empregos. países mostrou que os jovens brasileiros são os que colecio-
nam o maior número de amigos virtuais. A média brasileira
Alternativas: ou, ou...ou, ora...ora, quer...quer, seja...seja. de contatos é mais do que o dobro da mundial, que tem como
Ou saio para ir com você ou fico em casa. base países como Estados Unidos da América (EUA) e China.
11. Em “mais do que”, a eliminação de “do” prejudica a cor-
Conclusivas: logo, pois (após o verbo da oração e entre reção gramatical do período.
vírgulas), portanto, assim, por isso, por conseguinte, dessar-
te/destarte, posto isso. (Banco do Brasil/Escriturário) O século XX testemunhou o
Mílvio estuda Português faz dois anos, portanto já sabe desenvolvimento de grandes eventos esportivos, tanto em
muito. escala mundial – como os Jogos Olímpicos e a Copa do Mun-
do – quanto regional, com disputas nos vários continentes.
Explicativas: pois (antes do verbo), que ( = porque), por- 12. O emprego de “tanto” está articulado ao emprego de
que, porquanto. “quanto” e ambos conferem ao período o efeito de sen-
Feche a porta, que está frio. tido de comparação.
O país cresceu, porque o desemprego diminuiu. 13. Subentende-se após “quanto” a elipse da expressão
como.
Exercícios
(CBM-ES/Soldado) Exigências da paz
(Banco do Brasil/Escriturário) As empresas que pretendem
fazer um investimento social mais eficaz tendem a não ser as 1 Acredito na paz e na sua possibilidade como forma
executoras dos projetos, contratando consultores ou orga- normal de existência humana. Mas não acredito nas ca-
nizações especializadas para desenvolvê-los. Ao adotar essa ricaturas de paz que nos são constantemente propostas,
estratégia, a empresa compartilha o papel de produtora so- 4 e até inculcadas. Há por aí uma paz muito proclamada,
cial com a organização executora. mas que na realidade atrapalha a verdadeira paz.
6. A substituição de “Ao adotar” por Quando adota man- A paz não é uma abstração. É uma forma de convi-
tém a correção gramatical e o sentido original do perí- 7 vência humana. Expressa o modo existencial como os
odo. homens trabalham, se relacionam e conduzem o destino
da História.
(Banco do Brasil/Escriturário) O número de mulheres no 10 Sendo assim, não adianta apregoar a sublime paz.
mercado de trabalho mundial é o maior da História, tendo Que não passe de fórmula sem conteúdo. Pois o
alcançado, em 2007, a marca de 1,2 bilhão, segundo relatório que importa são as situações concretas em que vive a
da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Em dez anos, 13 humanidade.
houve um incremento de 200 milhões na ocupação feminina. Sociedade pacífica não é a sociedade que usa e con-
Ainda assim, as mulheres representaram um contingente some slogans de paz, mas a que desenvolve concreta-
distante do universo de 1,8 bilhão de homens empregados. 16 mente formas de existência social em que os homens
7. O desenvolvimento das ideias do texto confere à ora- vivam com dignidade, e possam participar dos valores
ção reduzida iniciada por “tendo alcançado” um valor materiais e espirituais que respondam às necessidades
adjetivo, correspondente a que tem alcançado. 19 básicas da vida humana.
8. A relação de sentidos entre as orações do 1º parágrafo Se a humanidade quiser a paz efetiva, deve estar
do texto permite substituir “Ainda assim” por No en- disposta a remover tudo aquilo que a impede. E a buscar
tanto ou por Apesar disso, sem prejuízo da correção 22 tudo aquilo que a possibilita. Antes de tudo, remover a
gramatical do texto. falsa paz: A paz concordista que aceita, com tolerância
descabida, situações injustas.
(Banco do Brasil/Escriturário) Vale notar, também, que os 25 A paz conformista que adia soluções contorna pro-
bons resultados dos bancos médios brasileiros atraíram gran- blemas, silencia dramas sob a alegação de que o mun-
des instituições do setor bancário internacional interessa- do sempre foi assim, e de que é preciso esperar com
das em participação segmentada em forma de parceria. O 28 paciência.
Sistema Financeiro Nacional só tem a ganhar com esse tipo A paz alienante que distrai a consciência para que
de integração. Dessa forma, o cenário, no médio prazo, é não se percebam os males que machucam o corpo e
de acelerado movimento de fusões entre bancos médios, 31 encolerizam a alma da humanidade. A paz cúmplice que
processo que já começou. Será um novo capítulo da história disfarça absurdos, desculpa atrocidades, justifica opres-
bancária do país. sões e torna razoáveis espoliações desumanas.
9. A relação semântico-sintática entre o período que ter- 34 A paz não tem a missão de camuflar erros, mas
mina em “parceria” e o que começa com “O Sistema de diagnosticá-los com lucidez. Não é um subterfúgio
Língua Portuguesa

Financeiro” seria corretamente explicitada por meio da para evitar a solução reclamada. Existe para resolver o
conjunção Entretanto. 37 problema.
Pode haver paz onde há fome crônica? Pode haver
(Banco do Brasil/Escriturário) A Airbus mantém 4.463 aerona- paz no lar em que a criança está morrendo por falta de
ves em operação, enquanto a Boeing tem 24 mil – incluindo 40 remédios? Pode haver paz onde há desemprego? Pode
5 mil Boeing 737, o principal rival do Airbus 320, o mesmo haver paz onde o ódio domina? Pode haver paz onde a
modelo do envolvido em recente acidente aéreo. As duas perseguição age bem acobertada? Nesses casos, o pri-
empresas travam um duelo à parte pelo mercado da aero- 43 meiro passo é suprimir a fome, a doença, o desemprego,
náutica. No ano passado, a Airbus recebeu 791 encomendas o ódio, a perseguição.

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E então a paz começa a chegar. 23. As ocorrências da preposição “para” nas linhas 7 e 18
46 A paz é uma infatigável busca de valores para o bem introduzem, no desenvolvimento da argumentação, fi-
de todos. É o esforço criador da humanidade gerando nalidades para as ações centradas em “relacionar” (l. 6)
recursos econômicos, culturais, sociais, morais, espiri- e em “desenrolaram-se” (l. 20), respectivamente.
49 tuais, que são indispensáveis à subsistência, ao cresci-
mento e ao relacionamento consciente e fraterno da (MMA/Analista) Por ironia, as notícias mais frequentes pro-
humanidade. duzidas pelas pesquisas científicas relatam não a descober-
ta de novos seres ou fronteiras marinhas, mas a alarmante
Acerca das ideias e da sintaxe do texto, julgue os itens. escalada das agressões impingidas aos oceanos pela ação
14. A oração “Pois o que importa são as situações concretas” humana.
(l.11-12) estabelece uma relação de causa com a oração 24. O termo “mas” corresponde a qualquer um dos seguin-
anterior.
tes: todavia, entretanto, no entanto, conquanto.
15. A oração “Se a humanidade quiser a paz efetiva” (l. 20)
estabelece uma relação de condição.
16. Nos períodos “A paz conformista que adia soluções” (MPE-RR/Atendente) Enquanto autoridades internacionais
(l. 25), “A paz alienante que distrai a consciência” (l. 28) vêm condenando duramente a expansão da produção de
e “A paz cúmplice que disfarça absurdos” (l. 31), o vo- biocombustíveis, o governo federal arma-se, acertadamente,
cábulo “que” é um pronome relativo que exerce função para enfrentar a onda de rejeição daí nascida.
de sujeito. 25. A substituição do termo “Enquanto” por À medida que
17. Na oração “A paz é uma infatigável busca de valores” prejudica a correção gramatical do período.
(l. 46), a expressão sublinhada é predicativo do sujeito.
(MRE/Assistente de Chancelaria) O boom no preço das com-
Julgue os itens subsequentes, relativos à sintaxe do trecho: modities exportadas pelo Brasil amplia o fôlego da economia
“Expressa o modo existencial como os homens trabalham, nacional para absorver importações crescentes sem ameaçar
se relacionam e conduzem o destino da História”. o equilíbrio externo. O nível do câmbio, entretanto, também
18. Subentende-se a expressão essa forma de convivência produz efeitos adversos, não neutralizados pela política eco-
como sujeito da forma verbal “Expressa”. nômica.
19. Antes de “se relacionam” e de “conduzem” subentende- 26. O termo “entretanto” pode, sem prejuízo para a corre-
-se o conector “como”. ção gramatical e a informação original do período, ser
20. A expressão “o destino da história” é complemento substituído por qualquer um dos seguintes: contudo,
direto das formas verbais “trabalham”, “relacionam” e mas, porém, todavia, conquanto.
“conduzem”.
(MRE/Assistente de Chancelaria) Certamente, o recorde de
(CPC) Se a Holanda tivesse vencido os portugueses no Nor-
atração de investimentos externos confirmado agora tem
deste no século XVII, nosso herói não seria Matias de Albu-
relação direta com o fato de o país ter-se transformado de
querque, mas Domingos Fernandes Calabar, senhor de terras
e contrabandista que traiu os portugueses e se passou para devedor em credor internacional. Ao assegurar um volume
o lado dos batavos. de reservas cambiais superior ao necessário para garantir o
21. A substituição de “Se a Holanda tivesse vencido” por pagamento da dívida externa, o Brasil tranquilizou os credo-
Tivesse a Holanda vencido preserva a correção e o sig- res sobre a sua possibilidade de honrar os compromissos.
nificado. 27. A substituição de “Ao assegurar” por Quando assegurou
prejudica a correção gramatical do período e altera as
(Seplag/DFTrans/Técnico) suas informações originais.

1 A compreensão dos processos históricos relacio- (MRE/Assistente de Chancelaria) O afastamento de Fidel Cas-
nados a determinados assuntos é possível quando se tro, como quer que deva ser analisado de diversos pontos
levam em consideração manifestações concretas que de vista, tem certamente significado simbólico. Ele aponta
4 acontecem na vida das pessoas, contextualizando-as no para o fim de uma singular experiência revolucionária no
espaço e no tempo. Assim sendo, é de suma importância hemisfério, que, não obstante o que aparece como sobrevi-
relacionar fatos históricos brasileiros ao desenvolvimen- da melancólica nas condições de hoje, ao nascer incendiou
7 to dos meios de transporte para facilitar o entendimento romanticamente a imaginação de muitos de nós e nos mo-
da participação e da importância destes na integração bilizou.
das regiões brasileiras e no seu desenvolvimento so- 28. O termo “não obstante o” pode, sem prejuízo para a
10 cioeconômico. correção gramatical e para as informações originais do
Tão antigos quanto a existência do próprio homem período, ser substituído por apesar do ou a despeito do.
são o desejo e a necessidade humanos de se deslocar, de
13 se mover, de transportar, enfim, de transitar, fato que se
(Teresina-PI/Agente Fiscal) No ano passado, a produção in-
antecipa mesmo ao surgimento dos meios de transporte.
dustrial cresceu 6%, enquanto o emprego aumentou 2,2% e o
Foi exatamente pela necessidade de transitar que, há
16 500 anos, os europeus chegaram ao continente ameri- total de horas pagas pela indústria aumentou 1,8%. Isso quer
cano e fizeram do território que hoje se chama Brasil o dizer que a produtividade cresceu sem necessidade de de-
Língua Portuguesa

seu espaço de exploração. Entretanto, para descobrir as missões de trabalhadores, como ocorreu entre 1990 e 2003.
19 potencialidades de um país com tamanha vastidão terri- 29. O termo “enquanto” pode, sem prejuízo para a correção
torial e conhecê-lo em sua totalidade, desenrolaram-se gramatical e para as informações originais do período,
muitas histórias. ser substituído por qualquer um dos seguintes: ao passo
que, na medida que, conquanto.
22. A relação que o período iniciado por “Assim sendo”
(l. 5-6) mantém com as ideias do período imediatamente (Teresina-PI/Agente Fiscal) A despeito da desaceleração
anterior permite que esse termo seja substituído por econômica nas nações ricas, as cotações das commodities
Desse modo ou Por isso. agrícolas, minerais e energéticas persistem em ascensão.

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30. A expressão “A despeito da” pode, sem prejuízo para a e) “Os preços dos bens duráveis (fogões, geladeiras e
correção gramatical e as informações originais do perí- carros, por exemplo, que são impactados pela de-
odo, ser substituída por qualquer uma das seguintes: cisão dos juros) não estão aumentando”, disse ele
Apesar da, Embora haja, Não obstante a. a jornalistas. O ministro avaliou, entretanto, que o
impacto maior se dará nas operações de comércio
(Prefeitura de Vila Velha-ES) O restante corresponde à água exterior. Isso porque a decisão sobre juros tende a
salgada dos mares (97%) e ao gelo nos polos e no alto das trazer mais recursos para o Brasil “Isso porque a de-
montanhas. Administrar essa cota de água doce já desperta cisão sobre juros tende a trazer mais recursos para
preocupação. o Brasil”. (conclusão)
31. A oração “Administrar essa cota de água doce” exerce
função sintática de sujeito. (SGA-AC) A sentença determina, entre outras medidas, que
as penitenciárias somente acolham presos que residam em
Ele só descobre que um bem é fundamental quando dei- um raio de 200 km. Segundo o juiz, as medidas que tomou
xa de possuí-lo. Preso naquele porão, eu descobria que a são previstas pela Lei de Execução Penal. Sua sentença foi
liberdade mais importante que existia era a liberdade de ir muito elogiada. Contudo, o governo estadual anunciou que
e vir, a liberdade de movimento. Eu tinha todas as outras irá recorrer ao Tribunal de Justiça.
liberdades, preso no porão. 37. As orações subordinadas “que as penitenciárias somente
32. A oração “que um bem é fundamental” exerce a mesma acolham presos”, “que tomou” e “que irá recorrer ao
função sintática que “todas as outras liberdades”. Tribunal de Justiça” desempenham a função de com-
plemento do verbo.
33. No trecho “de que me adiantava isso”, o pronome “isso”
complementa a forma verbal “adiantava”. (SGA-AC) Sua sentença foi muito elogiada. Contudo, o gover-
no estadual anunciou que irá recorrer ao Tribunal de Justiça.
(Abin/Analista) A criação do Sistema Brasileiro de Inteligência 38. O emprego da conjunção “Contudo” estabelece uma
(Sisbin) e a consolidação da Agência Brasileira de Inteligência relação de causa e efeito entre as orações.
(Abin) permitem ao Estado brasileiro institucionalizar a ativi-
(SGA-AC) Falara com voz sincera, exaltando a beleza da pai-
dade de Inteligência, mediante uma ação coordenadora do
sagem e revelando que, se dependesse só dele, passaria o
fluxo de informações necessárias às decisões de governo, no
resto da vida ali, morreria na varanda, abraçado à visão do
que diz respeito ao aproveitamento de oportunidades, aos
rio e da floresta. Era isso o que mais queria, se Alícia estivesse
antagonismos e às ameaças, reais ou potenciais, relativos
ao seu lado.
aos mais altos interesses da sociedade e do país. 39. As orações “se dependesse só dele” e “se Alícia estivesse
34. O primeiro período sintático permaneceria gramatical- ao seu lado” estabelecem circunstância de condição em
mente correto e as informações originais estariam pre- relação às orações às quais se subordinam.
servadas com a substituição da palavra “mediante” por
qualquer uma das seguintes expressões: por meio de, (SGA-AC) Não parecia estar no iate, e sim em sua casa, em
por intermédio de, com, desencadeando, realizando, Manaus: sentado, pernas e pés juntos, tronco ereto, a cabeça
desenvolvendo, empreendendo, executando. oscilando, como se fizesse um não em câmera lenta.
40. A oração “como se fizesse um não em câmera lenta”
O dinheiro foi aplicado em um poderoso esquema para evitar expressa uma comparação estabelecida pelo narrador.
ataques terroristas, como ocorreu nos Jogos de Munique, em
1972, quando palestinos da organização Setembro Negro (SGA-AC) Eu esperava o fim da tarde com ansiedade.
invadiram a Vila Olímpica e mataram dois atletas israelenses. 41. A correção gramatical e o sentido do texto seriam manti-
35. A inserção de o que imediatamente antes de “ocorreu” dos se a preposição a fosse incluída após a forma verbal
prejudicaria a sintaxe do período e modificaria o sentido “esperava”: Eu esperava ao fim da tarde com ansiedade.
da informação original.
(DFTrans/Analista) Acho que se compreenderia melhor o
36. (TRT 1ª R/Analista)As conjunções destacadas nos trechos funcionamento da linguagem supondo que o sentido é um
a seguir estão associadas a uma determinada interpre- efeito do que dizemos, e não algo que existe em si, inde-
tação. Assinale a opção que apresenta trecho do texto pendentemente da enunciação, e que envelopamos em um
seguido de interpretação correta da conjunção desta- código também pronto.
cada. 42. O valor condicional da oração iniciada por “supondo”
a) A série de dados do Caged tem início em 1992. Con- permite sua substituição, no texto, por se supusermos,
tra os três primeiros meses de 2007, quando foram sem que sejam prejudicadas a coerência ou a correção
criadas 399 mil vagas (recorde anterior), segundo gramatical.
informações do MTE, o crescimento no número de
empregos formais criados foi de 38,7%. (proporcio- (MS/Agente) Para aumentar o volume de doações e trans-
nalidade) plantes de órgãos no país, o ministro da Saúde lançou a Cam-
b) “Esse primeiro trimestre, como dizem meus filhos, panha Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos.
bombou”, afirmou o ministro do Trabalho a jornalis- 43. A primeira oração do texto estabelece com a segunda
Língua Portuguesa

tas. (comparação) uma relação de tempo.


c) “É um erro imaginar que há inflação no Brasil. ‘É um
erro imaginar que há inflação no Brasil’. (consequência) (MS/Agente) Acredito que todos possam fazer uma reflexão
d) “Os preços dos bens duráveis (fogões, geladeiras e diante disso: 28,6% das intoxicações por medicamentos ocor-
carros, por exemplo, que são impactados pela decisão ridas com 25 crianças são acidentais, portanto, poderiam ser
dos juros) não estão aumentando”, disse ele a jorna- evitadas, observa a coordenadora.
listas. O ministro avaliou, entretanto, que o impacto 44. O termo “portanto” estabelece uma relação adversativa
maior se dará nas operações de comércio exterior. entre as informações da oração que o precede e as da
(oposição) oração subsequente.

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(Abin/Oficial de Inteligência) Há histórias, no plural; o mundo Emprego dos sinais de pontuação
tornou-se intensamente complexo e as respostas não são
diretas nem estáveis. Mesmo que não possamos olhar de
um curso único para a história, os projetos humanos têm um Aspectos Sintáticos, Semânticos, Estilísticos –
assentamento inicial que já permite abrir o presente para a Prática Aplicada
construção de futuros possíveis.
45. A relação que a oração iniciada por “e as respostas” man- Vírgula
tém com a anterior mostra que a função da conjunção
“e” corresponde à função de por isso. • Separa objeto direto ou indireto antecipado e com
pleonástico.
(Detran/Analista de Trânsito) Construções e usos de interesse Ao injusto, nada lhe devo.
particular desrespeitam sistematicamente os códigos de obra • Separa adjunto adverbial longo e deslocado.
e as leis de ocupação do solo. Invadem o espaço público, e Antes do início do mês, começam as obras.
o resultado é uma cidade de edificação monstruosa e hostil • Separa predicativo do sujeito deslocado, com verbo
ao transeunte. É preciso, portanto, que o espírito da blitz na intransitivo ou transitivo.
avenida Paulista seja estendido para toda a cidade. Descrente, chorou. Ivo, aflito, pedia explicações.
46. A palavra “portanto” estabelece relação de condição • Separa aposto explicativo.
entre segmentos do texto. Salvador, minha cidade natal, tem muitas igrejas.
• Separa vocativo.
(Detran/Analista de Trânsito) Há, porém, outras mais graves, Não diga isso, Mariana.
que se instalam lentamente no organismo, como o aumento • Separa expressões explicativas e corretivas.
da pressão arterial e a ocorrência de paradas cardíacas. Estas Falei, quer dizer, explodi! São, aliás, somos felizes.
podem passar despercebidas, já que nem sempre apresen- • Separa nome de lugar antes de data.
tam uma relação tão clara e direta com o fator ambiental. Brasília, 17 de janeiro de 1998.
De imediato, existe o alerta: onde morar em metrópoles? • Entre elementos enumerados.
47. A locução “já que” estabelece uma relação de compa- Estão aí Júlio, Carlos, Maria e Sílvia.
ração no período. • Indica verbo oculto.
O pai trabalha na capital; a mãe, no interior.
(Detran/Analista de Trânsito) Todavia, foi somente após a • Antes de subordinada substantiva apositiva.
Independência que começou a se manifestar explicitamente, Teve um pressentimento, que morreria jovem.
no Brasil, a preocupação com o isolamento das regiões do • Antes de subordinada adjetiva explicativa.
país como um obstáculo ao desenvolvimento econômico. Esta é a minha casa, que recebeu tanta gente.
48. O termo “Todavia” estabelece uma relação de causa • Separa subordinada adverbial deslocada.
entre as ideias expressas no primeiro e no segundo pe- Se perder o emprego, vou para outra cidade.
ríodos do texto. • Entre coordenadas assindéticas.
Entrou no carro, ligou o rádio, ficou à espera.
(Detran/Analista de Trânsito) Observe o trecho: • Separa conjunção coordenativa deslocada.
linguagem. S.f. 1. o uso da palavra articulada ou escrita como Não se defende; quer a própria condenação, portanto.
meio de expressão e de comunicação entre as pessoas. • Antes de conjunção coordenativa.
49. No texto do verbete de dicionário, o valor de comparação Decida logo, pois seu concorrente age rápido.
da palavra “como” deixa subentender uma expressão • Antes de e e nem só em oração com sujeito diferente
mais complexa: assim como. do da anterior.
A vida continua, e você não muda.
(Ibama/Analista) Preso em diversas ocasiões, só foi defini- • Antes de mas também, como também (em correlação
tivamente absolvido em 1º de março de 1984, quatro anos com não só).
depois, portanto, de iniciadas as perseguições. De acordo Não só reclama, mas também torce contra nós.
com a conselheira Sueli Bellato, embora o relatório não tenha
se aprofundado na questão, foi possível constatar que Chico Ponto e vírgula
Mendes também foi torturado enquanto estava sob custódia
de policiais federais. • Para fazer uma pausa maior que a da vírgula e menor
50. Os termos “portanto” e “enquanto” estabelecem idên- que a do ponto.
ticas relações de sentido. A sala está cheia de móveis; o quadro cheira a mofo.
• Separa coordenadas adversativas e conclusivas com
GABARITO conjunção deslocada.
Não estuda; não quer, pois, a aprovação.
1. E 14. E 27. E 40. C • Separa orações que já tem vírgula no seu interior.
2. C 15. C 28. C 41. E Ivo, sozinho, lutava; Ana, sem forças, rezava.
3. E 16. C 29. E 42. E • Separa coordenadas que formam um paralelismo ou
4. E 17. C 30. C 43. E um contraste.
5. E 18. E 31. C 44. E Muitos entendem pouco; poucos entendem muito.
Língua Portuguesa

• Aparece no final dos itens de uma enumeração.


6. C 19. C 32. C 45. C
Há duas hipóteses para o seu gesto: a) não conseguiu
7. E 20. E 33. E 46. E
o emprego; b) saúde da filha pirou.
8. C 21. C 34. C 47. E
9. E 22. C 35. E 48. E
10. C 23. C 36. d 49. E
Dois-pontos
11. E 24. E 37. E 50. E
• Antes de aposto (explicativo ou enumerativo) e de
12. C 25. E 38. E oração apositiva.
13. E 26. E 39. C Tem um sonho: viajar. Leu três itens: “a”, “c” e “i”.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
• Antes de citações. • Separa o latinismo sic (confirma algo exagerado ou
Ana gritava: “Eu faço tudo!”. improvável).
• Antes de explicação ou esclarecimento. Levava na mala US$20 milhões (sic).
Sombra e água fresca: as férias começaram. • O ponto sempre vem após o segundo parêntese, salvo
Festa no prédio: o síndico se mudou. se um período inteiro estiver entre parênteses.
• Depois da invocação nas correspondências. Todos votaram contra (alguns rasgaram a célula).
Cara amiga: O perigo já passara. (A mão ainda tremia.)
• Depois de exemplo, nota, observação.
Nota: aos domingos o preço será maior. Travessão
• Depois de a saber, tais como, por exemplo.
Combate doenças, tais como: dengue, tifo e malária. • É usado, duplamente, para destacar uma palavra ou
expressão.
Aspas A vida – quem sabe? – pode ser melhor.
• Aparece, nos diálogos, antes da fala de um interlocutor
• No início e no final das transcrições. e, depois dela, quando se segue uma identificação de
O preso se defendia: “Não fui eu”. quem falou.
• Só aparecem após a pontuação final se abrangem o – Agora? – indaguei.
período inteiro. – imediatamente! – explodiu Júlio.
“Fica, amor”. Quantas vezes eu te disse isso. • Liga palavras ou expressões que indicam início e final
• Destacam palavras ou expressões nos enunciados de de percurso.
regras. Inaugurada a nova estrada Rio-Petrópolis.
A preposição “de” não cabe aqui. • É usando duplamente quando um trecho extenso se
• Indicam estrangeirismos, gírias, arcaísmos, formas po- intercala em outro.
pulares etc. (tais expressões podem vir sublinhadas ou Vi Roma – quase me perdi pelas vielas – e Paris.
em itálico).
Você foi muito “legal” com a gente.
Ortografia é o seu maior “problema”. Ponto
• Destacam palavras empregadas em sentido irônico.
Foi “gentilíssimo”: gritou comigo e bateu a porta. • Aparece no final da frase, quando se conclui todo o
• Destacam títulos de obras. pensamento.
“Quincas Borba” é o meu livro preferido. Mudemos de assunto. O povo espera fortes medidas.
• É usado nas abreviaturas.
Gen., acad., ltda.
Reticências
• Estando a abreviatura no final da frase, não há outro
• Indicam interrupção ou suspensão por hesitação, sur- ponto.
presa, emoção. Comprou ações da Multimport S.A.
Você... Aqui... Para sempre... Não acredito! • Separa as casas decimais nos números, salvo os indi-
• Para realçar uma palavra ou expressão seguinte. cativos de ano.
Abriu a caixa de correspondência e... nada. 127.814; 22.715.810. Nasceu em 1976.
• Indicam interrupção por ser óbvia a continuação da
frase. Questões de Concursos
Eu cumpro cada um dos meus deveres; já você...
• Indicam a supressão de palavras num texto transcrito. (TST) Os trabalhadores cada vez mais precisam assumir novos
Ficar ou fugir, “... eis a questão”. papéis para atender às exigências das empresas.
• Podem vir entre parênteses, se o trecho suprimido é 1. Por constituir uma expressão adverbial deslocada para
longo. depois do sujeito, seria correto que a expressão “cada
“São onze jogadores: José, Mário (...) e Paulo”. vez mais” estivesse, no texto, escrita entre vírgulas.

Parênteses (TST) O cenário econômico otimista levou os empresários


brasileiros a aumentarem a formalização do mercado de
• Separam a intercalação de uma explicação ou de um trabalho nos últimos cinco anos.
comentário. 2. Preservam-se a coerência e a correção do texto ao se
Ativistas (alguns armados) exigiam reforma. deslocar o trecho “nos últimos cinco anos” para depois
• Separam a indicação da fonte da transcrição. de “brasileiros”, desde que esse trecho seja seguido de
“Todo óbvio é ululante.” (Nelson Rodrigues). vírgula.
• Separam a sigla de estado ou de entidade após seu
nome completo. (TJDFT) Investir no país é considerado uma burrice; constituir
Vitória (ES). Programa de Integração Social (PIS). uma família e mantê-la saudável, um atraso de vida.
Língua Portuguesa

• Separam uma unidade (moeda, peso, medida) equi- 3. A vírgula depois da oração “e mantê-la saudável” indica
valente a outra. que essa oração constitui um aposto explicativo para a
O animal pesaria 10 arrobas (150 kg). oração anterior.
• Separam números e letras, numa relação de itens, e
asterisco. (MS) Pílulas coloridas, embalagens e garrafas bonitas, bri-
(1), (2), (a), (b), (*). lhantes e atraentes, odor e sabor adocicados despertam a
• Deslocado para a linha seguinte, basta usar o segundo atenção e a curiosidade natural das crianças; não estimule
parêntese. essa curiosidade; mantenha medicamentos e produtos do-
1), 2), a), b). mésticos trancados e fora do alcance dos pequenos.

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4. A substituição dos sinais de ponto e vírgula por ponto b) É muito comum que as pessoas valendo-se do sen-
final, no último tópico, mesmo com ajuste na letra ini- so comum, vejam o pessimismo e o otimismo como
cial para maiúscula da palavra seguinte, prejudicaria a simples oposições: no entanto, não é esta a posição
correção gramatical do período. do autor do texto.
c) Talvez, se não houvesse a expectativa da suprema
(Banco do Brasil) Representantes dos maiores bancos brasi- felicidade, também não haveria razão para sermos
leiros reuniram-se no Rio de Janeiro para discutir um tema pessimistas, ou otimistas, eis uma sugestão, das en-
desafiante. trelinhas do texto.
5. Mantendo-se a correção gramatical e a coerência do d) O autor nos conta que outro dia, interessou-se por um
texto, é possível deslocar a oração “para discutir um fragmento de um blog; e o transcreveu para melhor
tema desafiante”, que expressa uma finalidade, para explicar a relação entre otimismo e pessimismo.
o início do período, fazendo-se os devidos ajustes nas e) Quem acredita que o pessimismo é irreversível, não
letras maiúsculas e acrescentando-se uma vírgula logo observa que, na vida, há surpresas e espantos que
após “desafiante”. deveriam nos ensinar algo, sobre a constante impre-
visibilidade de tudo.
6. (Pref. Mun. S.P.) A frase corretamente pontuada é:
(DFtrans) As estradas da Grã-Bretanha tinham sido constru-
a) Nas cidades europeias; onde foram implantados pe-
ídas pelos romanos, e os sulcos foram escavados por carru-
dágios o fluxo de automóveis se reduziu, diminuindo agens romanas:
o número, e a extensão dos engarrafamentos. 10. A vírgula que precede a conjunção “e” indica que esta
b) Nas cidades, europeias onde foram, implantados pe- liga duas orações de sujeitos diferentes; mas a retirada
dágios o fluxo de automóveis se reduziu; diminuindo desse sinal de pontuação preservaria a correção e a co-
o número e a extensão dos engarrafamentos. erência textual.
c) Nas cidades europeias onde foram implantados pe-
dágios o fluxo de automóveis se reduziu diminuindo, (TCU/Analista) Ao apresentar a perspectiva local como infe-
o número e a extensão, dos engarrafamentos. rior à perspectiva global, como incapaz de entender, de ex-
d) Nas cidades europeias onde foram implantados pe- plicar e, em última análise, de tirar proveito da complexidade
dágios; o fluxo de automóveis se reduziu diminuindo do mundo contemporâneo, a concepção global atualmente
o número, e a extensão dos engarrafamentos. dominante tem como objetivo fortalecer a instauração de um
e) Nas cidades europeias onde foram implantados pe- único código unificador de comportamento humano, e abre o
dágios, o fluxo de automóveis se reduziu, diminuindo caminho para a realização do sonho definitivo de economias
o número e a extensão dos engarrafamentos. globais de escala.
11. A supressão da vírgula logo após o termo “humano” não
7. (TCE-AL) Está inteiramente correta a pontuação da se- prejudica a correção gramatical do texto.
guinte frase:
a) É realmente muito difícil, cumprir propósitos de Ano 12. (TRT 18 R) Está inteiramente adequada a pontuação da
Novo, pois não há como de fato alguém começar algo seguinte frase:
inteiramente do nada. a) Quem cuida da saúde, conta com os recursos do
b) É realmente muito difícil: cumprir propósitos de Ano corpo, já quem cultiva uma amizade, conta com o
Novo; pois não há como, de fato, alguém começar conforto moral.
algo inteiramente do nada. b) No que me diz respeito, não me interessam os amigos
c) É, realmente, muito difícil – cumprir propósitos de de ocasião: prezo apenas os verdadeiros, os que me
Ano Novo: pois não há como de fato, alguém começar apoiam incondicionalmente.
algo inteiramente do nada. c) De que pode valer, gozarmos um momento de felici-
d) É, realmente, muito difícil cumprir propósitos de Ano dade, se não dispomos de alguém, a quem possamos
estendê-la?
Novo, pois não há como, de fato, alguém começar
d) Confio sempre num amigo; pois minha confiança
algo inteiramente do nada.
nele, certamente será retribuída com sua confiança
e) É realmente muito difícil, cumprir propósitos de Ano
em mim.
Novo; pois não há como de fato alguém começar algo, e) São essas enfim, minhas razões para louvar a amiza-
inteiramente do nada. de: diga-me você agora quais as suas?
(MMA) O alívio dos que, tendo a intenção de viver irregular- 13. (TCESP/Agente Fiscal) O emprego das vírgulas assinala
mente na Espanha, conseguem passar pelo controle de imi- a ocorrência de uma ressalva em:
gração do Aeroporto Internacional de Barajas não dura muito a) onde é vista como a pequena, mas muito respeitada,
tempo. A polícia está pelas ruas, uniformizada ou à paisana, irmã.
e constantemente faz batidas em lugares que os imigrantes b) que a Petrobras já detém, com reconhecido mérito,
frequentam ou onde trabalham. Foram expedidas cerca de no restrito clube...
7 mil cartas de expulsão de brasileiros no ano passado.
Língua Portuguesa

c) de que as reservas de gás de Bahia Blanca, ao sul de


8. As vírgulas da primeira linha justificam-se por isolar ora- Buenos Aires, se estão esgotando.
ção reduzida de gerúndio intercalada na principal. d) abrindo, ao mesmo tempo, novas oportunidades.
e) O gás associado de Tupi, na proporção de 15% das
9. (TRF 5 R) A frase cuja pontuação está inteiramente cor- reservas totais, é úmido e rico em etano...
reta é:
a) Momentos de extrema felicidade, sabe-se, costumam (TST/Técnico) É preciso “investir no povo”, recomenda o Per
ser raros e efêmeros; por isso, há quem busque tirar Capita — um centro pensante, criado recentemente na Aus-
o máximo proveito de acreditar neles e antegozá-los. trália —, com seus dons progressistas.

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14. No segundo parágrafo do texto, os dois travessões de- d) indica a aceitação de um fato real e comum, sem
marcam a inserção de uma informação que define o que qualquer observação particular.
é “Per Capita”. e) introduz enumeração das possibilidades decorrentes
das descobertas antes citadas.
(STF/Analista) A ação ética só é virtuosa se for livre e só o
será se for autônoma, isto é, se resultar de uma decisão
interior do próprio agente e não de uma pressão externa. (Banco do Brasil/Escriturário) Os brasileiros com idade entre
Evidentemente, isso leva a perceber que há um conflito entre 14 e 24 anos têm em média 46 amigos virtuais, enquanto
a autonomia da vontade do agente ético (a decisão emana a média global é de 20. No mundo, os jovens costumam
apenas do interior do sujeito) e a heteronomia dos valores ter cerca de 94 contatos guardados no celular, 78 na lista
morais de sua sociedade (os valores são dados externos ao de programas de mensagem instantânea e 86 em sítios de
sujeito). relacionamento como o Orkut.
15. Os sinais de parênteses têm a função de organizar as 20. O emprego da vírgula após “celular” justifica-se por iso-
ideias que destacam e de inseri-las na argumentação do lar oração de natureza explicativa.
texto; por isso, sua substituição pelos sinais de travessão
(Banco do Brasil) Nas Américas, os jogos estimulam a reflexão
preservaria a coerência textual e a correção do texto.
sobre as possibilidades de um continente unido, pacífico,
próspero, com a construção de uma rede de solidariedade
(STF/Analista) Muito da experiência humana vem justamente e cooperação por meio do esporte, uma das principais ex-
de nos constituirmos como sujeitos. Esse papel é pesado. Por pressões do pan-americanismo.
isso, quando entra ele em crise — quando minha liberdade 21. O emprego de vírgulas após “unido” e após “pacífico”
de escolher amorosa ou política ou profissionalmente resulta tem justificativas diferentes.
em sofrimento —, posso aliviar-me procurando uma solução
que substitua meu papel de sujeito pelo de objeto. 22. (Metrô-SP/Téc.Segurança) Apontado por entidades
16. O deslocamento do travessão para logo depois de “pro- internacionais como um dos mais bem estruturados e
fissionalmente” preservaria a correção gramatical do bem geridos programas ambientais do mundo, o Projeto
texto e a coerência da argumentação, com a vantagem Tietê está sob ameaça de ser interrompido. Sua segunda
de não acumular dois sinais de pontuação juntos. etapa está terminando e, apesar do cumprimento do
cronograma e do vulto das obras – que permitiram sig-
(Banco do Brasil/Escriturário) O século XX testemunhou o nificativo avanço nos serviços de coleta e de tratamento
desenvolvimento de grandes eventos esportivos, tanto em de esgoto –, a diretoria de Controle Ambiental da Cetesb
escala mundial — como os Jogos Olímpicos e a Copa do Mun- alerta: a meta de aumentar o número de empresas no
do — quanto regional, com disputas nos vários continentes. monitoramento de efluentes despejados no rio não foi
17. A substituição dos travessões por parênteses prejudica cumprida. O não atendimento dessa exigência do con-
a correção gramatical do período. trato de financiamento, firmado pelo governo estadual
com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID),
18. (SADPB/Agente Seg.Penitenciaria) “O estudo do cérebro poderá impedir a liberação dos recursos para a terceira
conheceu avanços sem precedentes nas últimas duas etapa do programa. Essa fase prevê a universalização da
décadas, com o surgimento de tecnologias que permi- coleta de esgoto e o combate à poluição nos afluentes
tem observar o que acontece durante atividades como do rio.
o raciocínio, a avaliação moral e o planejamento. Ao
mesmo tempo, essa revolução na tecnologia abre novas Considere as afirmativas seguintes, a respeito dos sinais
possibilidades para um campo da ciência que sempre de pontuação empregados no texto.
despertou controvérsias de caráter ético – a interferên- I – Os travessões isolam um segmento explicativo, mar-
cia no cérebro destinada a alterar o comportamento de cado por uma pausa maior do que haveria caso esse
segmento estivesse separado por vírgulas.
pessoas.
II – Os dois-pontos (9ª linha) assinalam a causa da amea-
– a interferência no cérebro destinada a alterar o com-
ça referida anteriormente, introduzida pela forma verbal
portamento de pessoas”.
alerta.
III – A vírgula que aparece após a expressão do mundo
O emprego do travessão indica, considerando-se o con- (3ª linha) pode ser corretamente substituída por ponto-
texto, -e-vírgula.
a) enumeração de fatos de caráter científico.
b) retomada resumida do assunto do parágrafo. Está correto o que se afirma em
c) repetição destinada a introduzir o desenvolvimento a) I e II, somente.
posterior. b) I e III, somente.
d) retificação de uma afirmativa feita anteriormente. c) II e III, somente.
e) especificação de uma expressão usada anteriormente. d) III, somente.
Língua Portuguesa

e) I, II e III.
19. (Metrô-SP) No trecho “– e comerciais, por meio das pa-
tentes.” O emprego do travessão (Banco do Brasil) A turbulência decorrente do estouro de
a) confere pausa maior no contexto, acrescentando mais essa bolha ainda não teve suas consequências totalmen-
sentido de crítica ao segmento. te dimensionadas. A questão que se coloca é até que ponto
b) introduz segmento desnecessário no contexto, pois é possível injetar alguma previsibilidade em um mercado tão
repete o que foi afirmado anteriormente. interconectado, gigantesco e que tem o risco no DNA. O único
c) assinala apenas escolha pessoal do autor, sem signi- consenso é que o mercado precisa ser mais transparente.
ficação importante no parágrafo. (Veja, 12/3/2008 0 com adaptações).

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23. Preservam-se a coerência da argumentação e a correção Assinale aquela em que a reescritura não apresenta erro
gramatical do texto ao se inserir um sinal de dois-pontos de pontuação.
depois da primeira ocorrência de “é” e um ponto de a) A cooperação entre seus países, permitiria à região
interrogação depois de “DNA”. fazer frente a outras potências, como os Estados Uni-
dos e o Japão, e assim, assegurar o bem-estar social
24. (TCEAM/Analista Controle Externo) Está inteiramente e a segurança da população.
correta a pontuação da seguinte frase: b) Com o passar dos anos o bloco incorporou nações
a) A realização de estudos com primatas não humanos, menos desenvolvidas do continente; e instituiu uma
tem revelado que a inteligência ao contrário do que moeda única – o euro que atraiu investidores e che-
se pensa, não é nosso dom exclusivo. gou a ameaçar o domínio do dólar como reserva in-
b) A conclusão é, na verdade, surpreendente: a cons- ternacional de valor.
ciência humana, longe de ser um dom sobrenatural, c) Mas, a crise financeira mundial fez emergir as fragi-
emerge da consciência dos animais. lidades na estrutura econômica de algumas nações
c) Ernst Mayr, eminente biólogo do século passado não do bloco: à medida que, a turbulência dos mercados
teve dúvida em afirmar que, a nossa consciência, é se acentuou, veio à tona a irresponsabilidade fiscal
uma evolução da consciência dos animais. de alguns países, sobretudo a Grécia.
d) Sejam sinfonias sejam equações de segundo grau, há d) Diante do risco de que o deficit crescente no orça-
operações que de tão sofisticadas, não são acessíveis mento grego pudesse contaminar outros europeus
à inteligência de outros animais. com situação fiscal semelhante e pôr em xeque a
e) O que caracteriza efetivamente o verdadeiro altruís- confiabilidade do bloco, líderes regionais reuniram-
mo, é o comportamento cooperativo que se adota, -se, às pressas, na semana passada.
de modo desinteressado. e) Levar as reformas adiante terá um custo político. Na
semana passada, as ruas de Atenas, foram tomadas
25. (GOVBA/Soldado/PMBA) Analise as frases a seguir: por manifestantes e os funcionários públicos entra-
I – Este quadro moral levou a duas situações dramáticas: ram em greve.
o gosto do mal e o mau gosto.
II – O grande desafio de hoje é de ordem ética: construir (Funiversa/HFA/Ass.Téc.Adm.) Na frase: “As demissões re-
uma vida em que o outro não valha apenas por satisfazer cordes nas companhias americanas devido à crise fizeram
necessidades sensíveis. vítimas inusitadas – os próprios executivos de recursos hu-
manos.”
Considerando-se o emprego dos dois-pontos nos perí- 30. Não haverá incorreção gramatical, caso o travessão seja
odos acima, é correto o que se afirma em: substituído por vírgula.
a) Os dois-pontos introduzem segmentos de sentido
enumerativo e conclusivo, respectivamente, assina- Reescritura de Frases e Parágrafos – Substituição de
lando uma pausa maior em cada um deles. palavras ou de trechos de texto
b) Os segmentos introduzidos pelos dois-pontos apre-
sentam sentido idêntico, de realce. Texto para responder à questão seguinte.
c) Os sinais marcam a presença de afirmativas redun-
dantes no contexto, mas que reforçam a opinião do O suprimento de energia elétrica foi um dos sérios pro-
autor. blemas que os responsáveis pela construção da Nova Capital
d) Os dois-pontos indicam a interferência de um novo da República enfrentaram, desde o início de suas atividades
interlocutor no contexto, representando o diálogo no Planalto Central, em fins de 1956.
com o leitor. A região não contava com nenhuma fonte de geração de
e) Os dois segmentos introduzidos pelos dois-pontos energia elétrica nas proximidades, e o prazo, imposto pela
são inteiramente dispensáveis, pois seu sentido está data fixada para a inauguração da capital — 21 de abril de
exposto com clareza nas afirmativas anteriores a eles. 1960 —, era relativamente curto para a instalação de uma
fonte de energia local, em caráter definitivo.
Na frase: “Ela encontrou um bebê recém-nascido em um A alternativa existente seria o aproveitamento da ener-
terreno baldio em frente de sua casa, em Curitiba.” gia elétrica da Usina Hidroelétrica de Cachoeira Dourada, das
26. No trecho “de sua casa, em Curitiba”, a eliminação da Centrais Elétricas de Goiás S/A-CELG, no Rio Parnaíba, divisa
vírgula e a substituição da preposição “em” por de man- dos estados de Minas Gerais e Goiás, distante quase 400 km
têm o sentido original da frase. de Brasília. Assim, tendo em vista o surgimento da nova Ca-
pital do Brasil, as obras foram aceleradas, e a primeira etapa
27. (Funiversa/Terracap) A vírgula da frase “Ao coração, cou- da Usina de Cachoeira Dourada foi inaugurada em janeiro de
be a função de bombear sangue para o resto do corpo” 1959, com 32 MW e potência final prevista para 434 MW.
justifica-se pelo deslocamento do termo “Ao coração”, Entretanto, paralelamente à adoção de providências
com finalidade estilística de criar ênfase. para o equacionamento do problema de suprimento de ener-
gia elétrica da nova Capital após sua inauguração, outras me-
Língua Portuguesa

(Funiversa/Terracap) Acerca da frase “São emissoras trans- didas tiveram de ser tomadas pela Companhia Urbanizadora
mitidas de qualquer país que passe pela nossa mente – e da Nova Capital do Brasil — NOVACAP — objetivando à ins-
alguns outros de cuja existência sequer desconfiávamos.” talação de fontes de energia elétrica necessárias às ativida-
28. O travessão foi usado para enfatizar trecho do enuncia- des administrativas desenvolvidas no gigantesco canteiro de
do. Efeito similar se conseguiria com o uso de negrito, obras. Assim sendo, já nos primeiros dias de 1957, a energia
ou, no discurso oral, com entonações enfáticas. elétrica de origem hidráulica era gerada, pela primeira vez,
no território do futuro Distrito Federal, pela usina pioneira
29. (Funiversa/Sejus/Téc. Adm.) Cada uma das alternativas do Catetinho, de 10 HP, instalada em pequeno afluente do
a seguir apresenta reescritura de fragmento do texto. Ribeirão do Gama.

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Hoje, a Capital Federal conta com a CEB, Companhia O Programa Ecoelce de troca de resíduos por bônus na
Energética de Brasília, que já recebeu vários prêmios. Em conta de luz gerou créditos de R$ 570 mil a 88 mil clientes res-
novembro de 2009, ela conquistou uma importante vitória ponsáveis pelo recolhimento de pouco mais de quatro mil tone-
em seu esforço pela melhoria no atendimento aos clientes. ladas de lixo reciclável, como vidro, plástico, papel, metal e óleo.
Venceu o prêmio IASC - Índice Aneel de Satisfação do Con- A COELCE instalou 62 pontos de coleta no Ceará a partir
sumidor, pela quinta vez. A empresa foi escolhida a melhor de pesquisas em comunidades de baixa renda de Fortaleza e
distribuidora de energia elétrica do Centro-Oeste, a partir região metropolitana da capital, para montar a arquitetura
de pesquisa que abrange toda a área de concessão das 63 do programa.
distribuidoras no Brasil. Para participar, o cliente procura o posto de coleta ou a
Na premiação, que ocorreu na sede da Aneel, a CEB associação comunitária e solicita o cartão do Programa Ecoel-
foi apontada como uma das cinco melhores distribuidoras ce. A cada entrega, o operador do posto registra o volume de
de energia elétrica do País. O Índice Aneel de Satisfação do resíduos, com informações sobre o tipo de material e peso, e,
Consumidor para a CEB, de 70,33 pontos, ficou acima da mé- por meio da máquina de registro de coleta, calcula o bônus a
dia nacional, de 66,74 pontos. Anteriormente, a Companhia ser creditado na conta do cliente. Os resíduos recebidos são
obteve o Prêmio IASC em 2003, 2004, 2006 e 2008. separados e encaminhados para a indústria de reciclagem.
Entre suas importantes iniciativas sociais, destaca-se o Reconhecido pela Organização das Nações Unidas
Programa CEB Solidária e Sustentável, um projeto de inser- (ONU), o programa tem como vantagens estimular a eco-
ção e reinserção social de crianças, denominado “Gente de nomia de energia com melhoria da qualidade de vida das
Sucesso”, que foi implementado em parceria com o Instituto comunidades envolvidas, tanto pela diminuição da conta
de Integração Social e Promoção da Cidadania — INTEGRA de luz quanto pela redução dos resíduos nas vias urbanas.
e com a Vara da Infância e da Juventude do Distrito Federal. Alberto B. Gradvohl et alii. Programa Ecoelce de troca de
Internet: <http://www.ceb.com.br> (com adaptações). resíduos por bônus na conta de energia. Agência Nacional de
Acesso em 3/1/2010. Energia Elétrica (Brasil). In: Revista pesquisa e desenvolvimento
da ANEEL, n.º 3, jun./2009, p. 115-6 (com adaptações).
31. (Funiversa/CEB – Adaptada) Em cada uma das alternativas
a seguir, há uma reescritura de parte do texto. Assinale 32. (Funiversa/CEB – Adaptada) Em cada uma das alternativas
aquela em que a reescritura altera o sentido original. a seguir, há uma reescritura de uma parte do texto. Assi-
a) A empresa foi escolhida a melhor distribuidora de nale aquela em que a reescritura mantém a ideia original.
energia elétrica do Centro-Oeste / Escolheu-se a em- a) A preocupação com o planeta intensificou-se a partir
presa como a melhor distribuidora de energia elétrica dos anos 1970, com a crise petroleira, ocasião em que
do Centro-Oeste. as questões ambientais começaram a ser tratadas de
b) A partir de pesquisa que abrange toda a área de con- forma relevante e participativa nos diversos setores
cessão das 63 distribuidoras no Brasil / A partir de socioeconômicos. / A preocupação com o planeta
pesquisa que abrange todas as áreas de concessão intensificou-se com a crise petroleira, a partir dos
de todas as distribuidoras no Brasil. anos 1970, pois as questões ambientais começaram
c) O suprimento de energia elétrica foi um dos sérios a ser tratadas de forma relevante e participativa nos
problemas que os responsáveis pela construção da diversos setores socioeconômicos.
Nova Capital da República enfrentaram / O suprimen- b) O processo de reciclagem é muito relevante na medi-
to de energia elétrica foi um dos sérios problemas da em que o lixo recebe o devido destino, retornan-
enfrentados pelos responsáveis pela construção da do à cadeia produtiva. / O processo de reciclagem é
Nova Capital da República. muito relevante à medida que o lixo recebe o devido
d) O prazo, imposto pela data fixada para a inauguração destino, retornando à cadeia produtiva.
da capital – 21 de abril de 1960 –, era relativamente c) A COELCE instalou 62 pontos de coleta no Ceará a
curto para a instalação de uma fonte de energia local / partir de pesquisas em comunidades de baixa renda
O prazo (...) era relativamente curto para a instalação, de Fortaleza e região metropolitana da capital, para
em caráter definitivo, de uma fonte de energia local. montar a arquitetura do programa. / Por causa de
e) Paralelamente à adoção de providências / Paralela- pesquisas em comunidades de baixa renda de For-
mente ao fato de se adotarem providências. taleza e região metropolitana da capital, a COELCE
instalou 62 pontos de coleta no Ceará, para montar
Texto para responder à questão seguinte. a arquitetura do programa.
d) Para participar, o cliente procura o posto de coleta
A preocupação com o planeta intensificou-se a partir ou a associação comunitária e solicita o cartão do
dos anos 1970, com a crise petroleira, ocasião em que as Programa Ecoelce. / O cliente, para participar, assim
questões ambientais começaram a ser tratadas de forma que procura o posto de coleta ou a associação comu-
relevante e participativa nos diversos setores socioeconômi- nitária, solicita o cartão do Programa Ecoelce.
cos. Preservar o ambiente e economizar os recursos naturais e) Reconhecido pela Organização das Nações Unidas
tornou-se importante tema de discussão, com ênfase no uso (ONU), o programa tem como vantagens estimular
a economia de energia com melhoria da qualidade
Língua Portuguesa

racional, em especial de energia elétrica.


O processo de reciclagem é muito relevante na medida de vida das comunidades envolvidas, tanto pela di-
em que o lixo recebe o devido destino, retornando à cadeia minuição da conta de luz quanto pela redução dos
produtiva. resíduos nas vias urbanas. / Reconhecido pela ONU,
Uma economia de 15,3 gigawatts.hora (GWh) em dois o programa tem como vantagens estimular a econo-
anos foi um dos resultados do projeto desenvolvido pela mia de energia com melhoria da qualidade de vida
Companhia Energética do Ceará (COELCE). O montante é das comunidades envolvidas, em virtude tanto da
equivalente ao suprimento de quase oito mil residências diminuição da conta de luz quanto da redução dos
com perfil de consumo da ordem de 80 kilowatts.hora/mês. resíduos nas vias urbanas.

66 Este eBook foi adquirido por ANA PAULA TORQUATO DA COSTA - CPF: 628.848.913-15.
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Em uma manhã de inverno de 1978, a assistente social Zé- Um homem vai devagar.
lia Machado, 49 anos de idade, encontrou um bebê recém- Um cachorro vai devagar.
-nascido em um terreno baldio. Um burro vai devagar.
33. A expressão “a assistente social”, caso seja colocada após
o substantivo próprio a que se refere, cria, necessaria- Devagar... as janelas olham.
mente, uma falha gramatical. Eta vida besta, meu Deus.

Essa é uma questão delicada, daí a importância que se tenha Carlos Drummond de Andrade. Reunião, 10.ª ed.
Rio de Janeiro: José Olympio, 1980, p. 17.
clareza sobre ela.
34. A frase Essa é uma questão delicada, por isso é impor-
tante que se tenha clareza sobre ela é uma reescrita 40. (Funiversa/Iphan) Com base no texto, assinale a alter-
adequada da original registrada. nativa incorreta.
a) Para o autor, em uma visão integral, porém dinâmica
da cidade, a ausência de artigos na primeira estrofe
Parte da população torna-se receptora de “benefícios” não
do texto reflete a similaridade conceitual estabele-
no sentido do patamar do direito e, sim, na perspectiva da
cida entre os substantivos.
troca votos-favores.
b) A fusão dos elementos humanos à paisagem natu-
35. A frase parte da população torna-se receptora de “be-
ral, em uma visão panorâmica, ratifica a ausência de
nefícios” não somente no sentido do patamar do direi-
artigos na primeira estrofe.
to, mas também na perspectiva da troca votos-favores
c) Ao longo do texto, quase não há inserção de adje-
é uma reescrita adequada da original.
tivos, dado o fato de a dinamicidade do texto não
promover espaço para o detalhamento.
(Funiversa/Terracap) Acerca da frase “São emissoras trans- d) O emprego da pontuação ao longo do texto sugere
mitidas de qualquer país que passe pela nossa mente – e ausência de conhecimento sintático, promovendo
alguns outros de cuja existência sequer desconfiávamos.” lentidão e morosidade na leitura.
36. A sequência “de qualquer país” pode ser reescrita, sem e) É empregada a sinonímia de estruturação sintática e
perda de sentido, como por seja qual for o país. lexical na segunda estrofe.
(Funiversa/Terracap) A respeito do fragmento “qualquer país 41. (Funiversa/Iphan) Com base no texto, assinale a alter-
que passe pela nossa mente – e alguns outros de cuja exis- nativa incorreta.
tência sequer desconfiávamos.” a) Se, ao penúltimo verso, for dada a seguinte redação:
37. A conjunção “e” poderia ser substituída, sem perda de Devagar... às janelas olham ter-se-á modificação se-
sentido, pela locução além de. mântica da estrutura textual.
b) A variação da abordagem semântica na estrutura
(Funiversa/Terracap) A vida se esvai, mas localizaram um sintática do texto tornou-o incoeso e inacessível ao
doador compatível: já para a mesa de cirurgia. leitor.
38. A seguinte reescritura do trecho está gramaticalmente c) Nenhum atributo é legado aos substantivos da se-
correta: localizaram um doador compatível; portanto, gunda estrofe, porém, apesar desta característica, é
vá urgente para a mesa de cirurgia. Porém, ela perde em perceptível a introdução de movimentação espacial.
qualidade para a original, mais sintética e mais expressiva. d) No texto, é possível verificar a ocorrência de artigo
indefinido.
39. (Funiversa/Adasa) O trecho “É a conduta dos seres hu- e) No trecho “Devagar... as janelas olham.”, foi emprega-
manos, cegos entre si mesmos e ao mundo na defesa da da a personificação, processo que humaniza objetos.
negação do outro, o que tem feito do presente humano
o que ele é.” pode ser reescrito, sem que haja alteração Partindo-se desse entendimento, vê-se que um bom “trata-
de sentido, da seguinte forma: mento penal” não pode residir apenas na abstenção da vio-
a) É o agir humano, cego ao outro e ao mundo na negação lência física ou na garantia de boas condições para a custódia
de outro mundo, o que faz do presente o que ele é. do indivíduo, em se tratando de pena privativa de liberdade:
b) É o mal inerente ao homem, que o torna cego em deve, antes disso, consistir em um processo de superação de
relação ao próximo e ao mundo, que faz do presente uma história de conflitos, por meio da promoção dos seus
o que ele é. direitos e da recomposição dos seus vínculos com a socie-
c) É a maneira de agir do homem, alienado ao negar o dade, visando criar condições para a sua autodeterminação
outro seja na forma do semelhante ou na forma do responsável.
mundo, que faz do presente o que ele é.
d) É a forma de agir dos homens que se tornam cegos 42. (Funiversa/Sejus) Nas alternativas a seguir, são apresen-
para com os outros e para com o mundo que faz deste tadas reescrituras de trechos do segundo parágrafo do
mundo o que ele é. texto. Assinale aquela em que se preserva o sentido do
e) É a conduta da humanidade, cega entre si e ao mundo trecho original.
por negar o outro, o que torna o homem mau como a) Um tratamento eficaz da pena não pode dispensar
Língua Portuguesa

o presente em que ele vive. a agressão física ou a garantia de uma permanência


prolongada do indivíduo por um certo tempo privado
Texto para responder às questões 40 e 41. de sua liberdade.
b) A abstenção da violência física e a garantia de boas
Cidadezinha qualquer condições para a custódia do indivíduo correspondem
a um bom “tratamento penal”.
Casas entre bananeiras c) Em se tratando de pena privativa de liberdade, um bom
mulheres entre laranjeiras “tratamento penal” não é garantido pela falta de vio-
pomar amor cantar. lência física ou pela boa guarda do detento na prisão.

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d) Um bom “tratamento penal” resiste a um processo CONCORDÂNCIA VERBAL
de superação de uma história de conflitos.
e) Um bom “tratamento penal” supõe a superação dos • Sujeito composto com pessoas gramaticais diferentes.
conflitos da história, promovendo direitos e recom- Verbo no plural e na pessoa de número mais baixo.
pondo os vínculos da sociedade, para que o sujeito Carlos, eu e tu vencemos.
se torne mais responsável. Carlos e tu vencestes ou venceram.

1 A União Europeia inaugurou um novo patamar de • Sujeito composto posposto ao verbo. Verbo no plural ou
integração política e econômica no globo. A cooperação de acordo com o núcleo mais próximo.
entre seus países permitiria à região fazer frente a outras Vencemos Carlos, eu e tu. Ou:
4 potências, como os Estados Unidos e o Japão, e, assim, Venceu Carlos, eu e tu.
assegurar o bem-estar social e a segurança de sua po-
pulação. Com o passar dos anos, o bloco incorporou na- • Sujeito composto de núcleos sinônimos (ou quase) ou em
7 ções menos desenvolvidas do continente e instituiu uma gradação. Verbo no plural ou conforme o núcleo próximo.
moeda única, o euro, que atraiu investidores e chegou a A alegria e o contentamento rejuvenescem. Ou:
A alegria e o contentamento rejuvenesce.
ameaçar o domínio do dólar como reserva internacional
Os EUA, a América, o mundo lembraram ontem o Onze de
10 de valor. Mas a crise financeira mundial fez emergir as
Setembro. Ou:
fragilidades na estrutura econômica de algumas nações Os EUA, a América, o mundo lembrou ontem o Onze de
do bloco. À medida que a turbulência dos mercados Setembro.
13 se acentuou, veio à tona a irresponsabilidade fiscal de
alguns países, sobretudo a Grécia. Diante do risco de que • Núcleos no infinitivo, verbo no singular.
o deficit crescente no orçamento grego pudesse conta- Obs.: artigo e contrários, verbo no plural.
16 minar outros europeus com situação fiscal semelhante e Cantar e dançar relaxa.
pôr em xeque a confiabilidade do bloco, líderes regionais Obs.: O cantar e o dançar relaxam.
reuniram-se às pressas na semana passada. Ao fim do Subir e descer cansam.
19 encontro, chegou-se a um acordo para ajudar a Grécia.
Ainda que não tenha sido feita menção formal a um • Sujeito = mais de, verbo de acordo com o numeral.
resgate financeiro, a reunião serviu para acalmar o te- Obs.: repetição ou reciprocidade, só plural.
22 mor dos investidores internacionais. In: Veja, 17/2/2010, Mais de um político se corrompeu.
p. 57 (com adaptações). Mais de dois políticos se corromperam.
Obs.: Mais de um político, mais de um empresário se cor-
43. (Funiversa) Cada uma das alternativas a seguir apresenta romperam. Mais de um político se cumprimentaram.
reescritura de fragmento do texto. Assinale aquela em
que a reescritura mantém a ideia original. • Sujeito coletivo, partitivo ou percentual, verbo concorda
a) A União Europeia lançou um novo andar para a inte- com o núcleo do sujeito ou com o adjunto.
gração política e econômica no globo (linhas 1 e 2). Obs.: coletivo distante do verbo fica no singular ou no plural.
b) A cooperação entre seus países faria que a região O bando assaltou a cidade (assaltar, no passado).
O bando de meliantes assaltou ou assaltaram a cidade.
esbarrasse em outras potências, como os Estados
A maior parte das pessoas acredita nisso. Ou:
Unidos e o Japão (linhas de 2 a 4).
A maior parte das pessoas acreditam nisso.
c) A crise, contudo, trouxe à tona a solidez da econo- A maior parte acredita.
mia de certos países que integram a União Europeia Oitenta por cento da turma passaram ou passou.
(linhas de 10 a 12). Obs.: O povo, apesar de toda a insistência e ousadia, não
d) Diante do risco de que o deficit crescente no or- conseguiu ou conseguiram evitar a catástrofe.
çamento grego pudesse influenciar outros países
europeus que apresentam situação fiscal similar e • Sujeito = pronome pessoal preposicionado
comprometer a confiabilidade da União Europeia, lí- a) núcleo singular, verbo singular.
deres regionais encontraram-se às pressas na semana Algum de nós errou. Qual de nós passou.
passada (linhas de 14 a 18). b) núcleo plural, verbo plural ou com o pronome pessoal.
e) Ainda que não tenha sido discutida uma solução fi- Alguns de nós erraram ou erramos. Quais de nós
nanceira, o encontro teve como objetivo reduzir o erraram ou erramos.
medo dos investidores internacionais (l. 20 a 22).
• Sujeito = nome próprio que só tem plural
GABARITO a) Não precedido de artigo, verbo no singular.
Estados Unidos é uma potência. Emirados Árabes fica
1. C 12. b 23. C 34. C no Oriente Médio.
2. E 13. a 24. b 35. E b) precedido de artigo no plural, verbo no plural.
3. E 14. C 25. a 36. C Os Estados Unidos são uma potência. Os Emirados Ára-
Língua Portuguesa

4. E 15. C 26. E 37. C bes ficam no Oriente Médio.


5. C 16. E 27. C 38. E
6. e 17. E 28. C 39. c • Parecer + outro verbo no infinitivo, só um deles varia.
7. d 18. e 29. d 40. d Os alunos parecem gostar disso. Ou:
8. C 19. a 30. C 41. b Os alunos parece gostarem disso.
9. a 20. E 31. b 42. c
• Pronome de tratamento, verbo na 3ª pessoa.
10. C 21. E 32. e 43. d
Vossas Excelências receberão o convite.
11. C 22. a 33. E
Vossa Excelência receberá seu convite.

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• Sujeito = que, verbo de acordo com o antecedente. EXERCÍCIOS
Fui eu que prometi.
Foste tu que prometeste. Regra Básica
Foram eles que prometeram.
O núcleo do sujeito conjuga o verbo.
• Sujeito = quem
a) verbo na 3ª pessoa singular; ou Dica:
Fui eu quem prometeu. (prometer, passado) Núcleo do sujeito começa sem preposição.
Foste tu quem prometeu. Foram eles quem prometeu.
b) verbo concorda com o antecedente. 1. (TRT 1ª R/Analista) Julgue os fragmentos de texto apre-
Fui eu quem prometi. Foste tu quem prometeste. Foram sentados nos itens a seguir quanto à concordância verbal.
eles quem prometeram. I – De acordo com o respectivo estatuto, a proteção
à criança e ao adolescente não constituem obrigação
• Dar, bater, soar exclusiva da família.
a) Se o sujeito for número de horas, concordam com nú- II – A legislação ambiental prevê que o uso de água para
mero. o consumo humano e para a irrigação de culturas de
Deu uma hora. Deram duas horas. subsistência são prioritários em situações de escassez.
Soaram dez horas no relógio. III – A administração não pode dispensar a realização
b) Se o sujeito não for número de horas. do EIA, mesmo que o empreendedor se comprometa
O relógio deu duas horas. Soou dez horas no relógio. expressamente a recuperar os danos ambientais que,
porventura, venham a causar.
• Faltar, restar, sobrar, bastar, concordam com seu sujeito IV – A ausência dos elementos e requisitos a que se
normalmente. referem o CPC pode ser suprida de ofício pelo juiz, em
Obs.: sujeito oracional, verbo no singular. qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não for
Faltam cinco minutos para o fim do jogo. proferida a sentença de mérito.
Restavam apenas algumas pessoas.
Sobraram dez reais. A quantidade de itens certos é igual a
Basta uma pessoa. a) 0.
Obs.: Ainda falta depositar dez reais. (note o sujeito ora- b) 1.
cional) c) 2
d) 3.
• Com os verbos mandar, deixar, fazer, ver, ouvir e sentir e) 4.
a) seguidos de pronome oblíquo, o infinitivo não se fle-
xiona. Obs.: 1
Mandei-os sair da sala. Ele deixou-as falar. O professor Depois que o primeiro núcleo do sujeito já está escrito,
o segundo que houver deve estar escrito ou representado
viu-os assinar o papel. Eu os senti bater à porta.
por um pronome.
b) seguidos de substantivo, o infinitivo pode se flexionar
O uso de água e o de combustível são prioritários. (dois
ou não.
núcleos)
Mandei os rapazes sair ou saírem. Ele deixou as amigas
Veja a repetição do “o”. O segundo é pronome. Sem
falar ou falarem. O professor viu os diretores assinar ou
preposição. É núcleo.
assinarem.
Mas em: O uso de água e de combustível é prioritário.
c) seguidos de infinitivo reflexivo, este pode se flexionar (um só núcleo = uso)
ou não.
Cuidado: Na locução verbal, o infinitivo é impessoal Obs.: 2
(sem variação). O pronome relativo pode exercer a função de sujeito,
Vi-os agredirem-se no comício. Ou: Vi-os agredir-se no de objeto, de complemento etc., sempre dentro da oração
comício. Ele prefere vê-las abraçarem-se ou abraçar-se. adjetiva.
Cuidado: Os números da fome podem ficar piores. (fi-
carem: errado) Cuidado!
O pronome relativo refere-se a um termo antes, mas
• Concordância especial do verbo ser. esse termo faz parte de outra oração. O termo referido pre-
a) se sujeito indica coisa no singular, e predicativo indica enche, supre apenas o sentido. Esse termo referido não é o
coisa no plural, ser prefere o plural, mas admite o sin- sujeito, o objeto etc. da oração subordinada adjetiva.
gular. A casa / que comprei / era velha.
Tua vida são essas ilusões. (presente). Ou: Tua vida é
essas ilusões. Oração principal: A casa era velha
b) se sujeito ou predicativo for pessoa, ser conforme a Sujeito = A casa
Língua Portuguesa

pessoa. Oração subordinada adjetiva: que comprei


Você é suas decisões. Seu orgulho eram os velhinhos. Sujeito = eu
O motorista sou eu. Ou: Eu sou o motorista. Objeto direto (sintático) = que
c) data, hora e distância, verbo conforme o numeral.
É primeiro de junho. (presente) São ou é quinze de maio. Atenção:
É uma hora. São vinte para as duas. É uma légua. São Somente o sentido é que nos leva a ver que: comprei a casa.
três léguas. Porém, o pronome relativo está no lugar da casa. O pronome
d) indicando quantidade pura, verbo na 3ª pessoa singular. relativo é o objeto sintático.
Quinze quilos é pouco. Três quilômetros é suficiente. Podemos chamar de objeto semântico o termo “A casa”,

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mas apenas pelo sentido, jamais pela análise sintática. A aná- 12. ( ) Na sala, existiam vinte pessoas.
lise sintática deve ser feita dentro de cada oração. 13. ( ) Na sala, existia vinte pessoas.
14. ( ) No carnaval, houve menos acidentes.
(TCU) “Se virmos o fenômeno da globalização sob esta luz, 15. ( ) No carnaval, houveram menos acidentes.
creio que não poderemos escapar da conclusão de que o pro- 16. ( ) No carnaval, ocorreram menos acidentes.
cesso é totalmente coerente com as premissas da ideologia 17. ( ) No carnaval, ocorreu menos acidentes.
econômica que têm se afirmado como a forma dominante 18. ( ) Haverá dois meses que não o vejo.
de representação do mundo ao longo dos últimos 100 anos, 19. ( ) Haverão dois meses que não o vejo.
aproximadamente.” 20. ( ) Jamais pode haver incoerências no texto.
2. A forma verbal “têm” em “têm se afirmado” estabele- 21. ( ) Jamais podem haver incoerências no texto.
ce relação de concordância com o termo antecedente 22. ( ) Jamais podem existir incoerências no texto.
“ideologia”. 23. ( ) Jamais pode existir incoerências no texto.
3. Qual é o sujeito sintático de “têm”? 24. ( ) Haviam sido eleitos novos presidentes.
4. Qual é o sujeito semântico de “têm”? 25. ( ) Havia sido eleito novos presidentes.
5. Qual é a função sintática de “as premissas da ideologia”?
Julgue os fragmentos de texto apresentados nos itens a se-
(TCU) “Dentro de um mês tinha comigo vinte aranhas; no guir quanto à concordância verbal.
mês seguinte cinquenta e cinco; em março de 1877 contava
quatrocentas e noventa.” 26. (TRT 9ª R) Na redação da peça exordial, deve haver indi-
6. O verbo ter está empregado no sentido de haver, existir, cações precisas quanto à identificação das partes bem
por isso mantém-se no singular, sem concordar com o como do representante daquele que figurará no polo
sujeito da oração – “vinte aranhas”. ativo da eventual ação.

Obs.: Verbo sem sujeito chama-se verbo impessoal. (TCU) “O melhor é afrouxar a rédea à pena, e ela que vá
A regra é ficar na 3ª pessoa do singular. Ver verbo haver. andando, até achar entrada. Há de haver alguma”.
27. Na expressão Há de haver verifica-se o emprego impes-
“Novos instrumentos vêm ocupar o lugar dos instrumentos soal do verbo haver na forma “Há”.
velhos e passam a ser utilizados para fazer algo que nunca
tinha sido imaginado antes.” (DFTrans) “As estradas da Grã-Bretanha tinham sido cons-
7. É gramaticalmente correta e coerente com a argumen- truídas pelos romanos, e os sulcos foram escavados por car-
tação do texto a seguinte reescrita para o período final: ruagens romanas”.
Cada novo instrumento que vêm ocupar o lugar dos ins- 28. Devido ao valor de mais-que-perfeito das duas formas
trumentos antigos passam a ser utilizados para fazer algo verbais, preservam-se a coerência textual e a correção
que ainda não fôra imaginado. gramatical ao se substituir “tinham sido” por havia sido.

“Agora, ao vê-lo assim, suado e nervoso, mudando de lugar (PMDF) “Jamais houve tanta liberdade e o crescimento das
o tempo todo e murmurando palavras que me escapavam, democracias foi extraordinário”.
temia que me abordasse para conversar sobre o filho.” 29. A substituição do verbo impessoal haver, na sua forma
8. A forma verbal “temia” concorda com o sujeito de tercei- flexionada “houve”, pelo verbo pessoal existir exige
ra pessoa do singular ele, que foi omitido pelo narrador. que se faça a concordância verbal com “liberdade” e
“crescimento”, de modo que, fazendo-se a substituição,
9. A substituição de “teria” por teriam não altera o sentido deve-se escrever existiram.
nem a adequação gramatical do trecho “o valor de suas
casas, que serviam de garantia para os empréstimos, (Abin) “Melhorar o mecanismo de solução de controvérsias
teria de continuar subindo indefinidamente”. é um dos requisitos para o fortalecimento do Mercosul, vide
as últimas divergências entre Brasil e Argentina”.
Regras Especiais 30. Mantém-se a obediência à norma culta escrita ao se
substituir a palavra “vide” por haja visto, uma vez que
Verbo haver com sujeito. as relações sintáticas permanecem sem alteração.
Eles haviam chegado.
Outros Verbos Impessoais
Verbo haver sem sujeito tem o sentido de existir, acon-
tecer ou tempo decorrido. Verbo fazer indicando tempo ou clima.

Regra: 31. (Metro-DF) Assinale a opção correspondente ao período


Verbo sem sujeito (impessoal) fica no singular (3ª pessoa). gramaticalmente correto.
Aqui havia uma escola. → Aqui existia uma escola. a) Fazem dez anos que eles iniciaram as suas pesquisas,
uma escola = objeto direto mas até agora eles não tem nenhum resultado con-
uma escola = sujeito clusivo.
Língua Portuguesa

b) Faz dez anos que eles iniciaram suas pesquisas. En-


Aqui havia duas escolas. → Aqui existiam duas escolas. tretanto, até agora, eles não têm nenhum resultado
Cuidado: Aqui haviam duas escolas. (errado) conclusivo.
c) Fazem dez anos que eles iniciaram as suas pesquisas,
Obs.: O verbo haver no sentido de existir é invariável. mas, até agora eles não têm nenhum resultado con-
clusivo.
Certo ou errado? d) Faz dez anos que eles iniciaram suas pesquisas en-
10. ( ) Na sala, havia vinte pessoas. tretanto, até agora, eles não tem nenhum resultado
11. ( ) Na sala, haviam vinte pessoas. conclusivo.

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Sujeito com Núcleo Coletivo, Partitivo ou Percentual Sujeito Composto Escrito após o Verbo

Regra: Regra:
O núcleo conjuga o verbo, ou o adjunto adnominal Os núcleos conjugam o verbo no plural, ou o núcleo
conjuga o verbo. próximo conjuga o verbo.

(Ibram-DF) “Um caso de amor e ódio. A maioria dos estudio- “Palavra puxa palavra, uma ideia traz outra, e assim se faz
sos evita os clichês como o diabo foge da cruz, mas as frases um livro, um governo, ou uma revolução”.
39. No trecho “assim se faz um livro”, a expressão “um livro”
feitas dão o tom do uso da língua.”
exerce a função de sujeito.
32. No segundo período do texto, a forma verbal “evita”, em-
pregada no singular, poderia ser substituída pela forma Atenção:
flexionada no plural, evitam, caso em que concordaria Com a palavra se, o verbo de ação não tem objeto direto.
com “estudiosos”, sem que houvesse prejuízo gramatical Quando temos a palavra se, o objeto direto vira sujeito pacien-
para o período. te. Então, chamamos a palavra se de partícula apassivadora.

(MPU) “A maioria dos países prefere a paz.” “Acho que se compreenderia melhor o funcionamento da lin-
33. Está de acordo com a norma gramatical escrever “pre- guagem supondo que o sentido é um efeito do que dizemos,
ferem”, em lugar de “prefere”. e não algo que existe em si, independentemente da enun-
ciação, e que envelopamos em um código também pronto.
(PF) “Hoje, 13% da população não sabe ler.” Poderiam mudar muitas perspectivas: se o sentido nunca
34. A forma verbal “sabe”, no texto, está flexionada para é prévio, empregar ou não um estrangeirismo teria menos a
concordar com o núcleo do sujeito. ver com a existência ou não de uma palavra equivalente na
língua do falante. O que importa é o efeito que palavras es-
trangeiras produzem. Pode-se dar a entender que se viajou,
(PCDF) “Uma equipe de policiais está junta por dez anos e
que se conhecem línguas. Uma palavra estrangeira em uma
aprenderam a investigar.”
placa ou em uma propaganda pode indicar desejo de ver-se
35. Está adequada à norma culta a redação do texto. associado a outra cultura e a outro país, por seu prestígio.”
40. Para se manter o paralelismo com o primeiro e o último
(TCU) “Os meus pupilos não são os solários de Campanela períodos sintáticos do texto, o segundo período também
ou os utopistas de Morus; formam um povo recente, que admitiria uma construção sintática de sujeito indeter-
não pode trepar de um salto ao cume das nações seculares.” minado, podendo ser alterado para Poderia se mudar
36. A forma verbal “formam” está flexionada na 3ª pessoa muitas perspectivas.
do plural para concordar com a ideia de coletividade
que a palavra “povo” expressa. Atenção:
Muito cuidado com as duas opções de análise! Em lo-
Cuidado com a exceção! cução verbal com a palavra SE na função de partícula apas-
Quando o núcleo coletivo, partitivo ou percentual está sivadora, podemos analisar como sujeito simples nominal,
após o verbo, somente o núcleo conjuga o verbo. (regra: o núcleo conjuga o verbo) ou como sujeito oracional,
(regra: o verbo fica no singular).
(Iema-ES) “Quando se constrói um transgênico, os objetivos
41. A flexão de plural em lugar de “Pode-se” respeita as
são previsíveis, bem como seus benefícios. Entretanto, os
regras de concordância com o sujeito oracional “dar a
riscos de efeitos indesejáveis ao meio ambiente e à saúde
entender”.
humana são imprevisíveis, a não ser que se gere também
uma série de estudos para avaliar suas reais consequências.” Regra:
37. Seria mantida a correção gramatical do período caso a Sujeito oracional pede verbo no singular.
forma verbal “gere” estivesse flexionada no plural, em Cantar e dançar relaxa. (certo) => O sujeito de “relaxa”
concordância com a palavra “estudos”. é oração: cantar e dançar.
Cantar e dançar relaxam (errado).
Sujeito com Núcleos Sinônimos ou Quase
Atenção:
Regra: Caso os verbos do sujeito oracional expressem sentidos
Os núcleos conjugam o verbo no plural, ou o núcleo opostos, teremos plural.
próximo conjuga o verbo. Subir e descer cansam. (certo) => Note os opostos: subir
A paz e a tranquilidade descansam a alma. e descer.
A paz e a tranquilidade descansa a alma. Subir e descer cansa. (errado)

Verbo no Infinitivo
(Abin) “A criação do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin)
Língua Portuguesa

e a consolidação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin)


Regra 1:
permitem ao Estado brasileiro institucionalizar a atividade de Como verbo principal, não pode ser flexionado.
Inteligência.” Temos de estudarmos. (errado)
38. Como o sujeito do primeiro período sintático é formado Temos de estudar. (certo)
por duas nominalizações articuladas entre si pelo sentido
– “criação” e “consolidação” –, estaria também gramati- Observe:
calmente correta a concordância com o verbo permitir Os países precisam investir em novas tecnologias e oti-
no singular – permite. mizarem os processos burocráticos. (errado)

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Os países precisam investir em novas tecnologias e oti- Regra:
mizar os processos burocráticos. (certo) A flexão volta a ser opcional, mesmo que o sujeito
do infinitivo seja representado por pronome.
Note: Mandei-os abraçar-se. (certo)
Subentendemos “precisam” antes de “otimizar”. Então, Mandei-os abraçarem-se. (certo também)
“otimizar” é verbo principal. Forma locução verbal. Note que o sentido de “abraçar” é fazer ação um ao
outro (recíproca).
Dica:
O verbo principal é o último da locução verbal. O pri- (MI) “A primeira ideia do Pádua, quando lhe saiu o prêmio,
meiro é auxiliar. Conforme o padrão da Língua Portuguesa, foi comprar um cavalo do Cabo, um adereço de brilhantes
só o verbo auxiliar se flexiona. para a mulher, uma sepultura perpétua de família, mandar
vir da Europa alguns pássaros etc.”
Regra 2: 45. Em “mandar vir da Europa alguns pássaros”, a forma
Como verbo que complementa algum termo, o infinitivo verbal “vir” poderia concordar com a expressão nominal
pode se flexionar ou não. É facultativo. Claro que precisa se “alguns pássaros”, que é o sujeito desse verbo.
referir, pelo menos, a um sujeito semântico no plural.
Regra 4:
(TRT 9ª R) “E a crise norte-americana, que levou investidores Infinitivo após o verbo parecer.
a apostar no aumento dos preços de alimentos em fundos
de hedge.” Regra:
42. No trecho “que levou investidores a apostar no aumento Flexionamos o verbo parecer, mas não o verbo no infini-
dos preços de alimentos em fundos de hedge”, a substi- tivo; ou deixamos o verbo parecer no singular e flexionamos
tuição de “apostar” por apostarem manteria a correção o verbo no infinitivo.
gramatical do texto. Os meninos parecem brincar. (certo)
Os meninos parece brincarem. (certo também)
(Iema-ES) “O Ibama tem capacitado seus quadros para au-
xiliar as comunidades a elaborarem o planejamento do uso Atenção:
sustentável de áreas de proteção ambiental, florestas nacio- Somente quando flexionamos apenas o verbo auxiliar é
nais e reservas extrativistas.” que se pode considerar de fato uma locução verbal.
43. Se a forma verbal “elaborarem” estivesse no singular Os meninos parecem brincar.
elaborar, a correção gramatical seria preservada.
Portanto, não temos locução verbal em
(HFA) “Essa fartura de tal modo contrasta com o padrão de Os meninos parece brincarem.
vida médio, que obriga aquelas pessoas a se protegerem Trata-se de uma figura de linguagem de ordem sintáti-
do assédio, do assalto e da inveja, sob forte esquema de ca que consiste em antepor a uma oração parte da oração
segurança.” seguinte (prolepse).
44. Se o infinitivo em “se protegerem” fosse empregado, Traduzindo: a oração subordinada substantiva subjetiva
alternativamente, na forma não flexionada, o texto man- tem seu sujeito escrito antes do verbo da oração principal,
teria a correção gramatical e a coerência textual. mas o predicado da oração subordinada substantiva subjetiva
permanece após o verbo da principal.
Regra 3:
Muita atenção com os verbos causativos mandar, fazer, Os meninos parece brincarem. É o mesmo que, na ordem
deixar e semelhantes e os sensitivos ver, ouvir, notar, per- direta: Os meninos brincarem parece.
ceber, sentir, observar e semelhantes. Oração principal: parece.
Esses verbos não são auxiliares do infinitivo, ou seja, não Oração subordinada substantiva subjetiva: Os meninos
formam locução verbal como verbo principal do infinitivo. brincarem.
É simples: basta ver que o sujeito de um, geralmente,
não é o mesmo do outro. E verbos que formam locução Regra especial do verbo ser.
verbal devem possuir o mesmo sujeito sintático.
Sujeito “Ser” varia Predicativo
Vejamos as regras em três situações diferentes:
a) O sujeito do infinitivo é representado por substantivo.
Regra: Coisa Singular Singular ou Plural Coisa Plural
A flexão do infinitivo é opcional. Obs.: o plural é preferível.
Mandei os meninos entrar. (certo) Seu orgulho são os livros.
Mandei os meninos entrarem. (certo também) Seu orgulho é os livros.

b) O sujeito do infinitivo é representado por pronome. Cuidado!


Língua Portuguesa

Regra: Se o plural vier primeiro, somente verbo no plural.


A flexão do infinitivo é proibida. Os livros são seu orgulho.
Mandei-os entrar. (certo)
Coisa Com a Pessoa Pessoa
Mandei-os entrarem. (errado)
Obs.: a ordem não importa.
Observação: Seu orgulho eram os filhos.
Note o pronome “OS” no lugar de “os meninos”. Os filhos eram seu orgulho.
As alegrias da casa será Gabriela.
c) O sentido do infinitivo é de reciprocidade. Gabriela será as alegrias da casa.

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Sem Sujeito Com o Numeral Hora Substantivos + Adjetivo
Distância Adjetivo concorda com substantivo mais próximo ou com
Data todos. No plural, o masculino prevalece sobre o feminino.
Acordo e relação diplomática / diplomáticos
São nove horas.
Proposta e relação diplomática / diplomáticas
Eram vinte para a uma da tarde.
Relação e acordos diplomáticos
É uma e quarenta da manhã.
Até lá são duzentos quilômetros.
Adjetivo + Substantivo
Adjetivo concorda com substantivo mais próximo.
Obs.: nas datas, o núcleo do predicativo conjuga o verbo.
Novo acordo e relação, nova relação e acordo.
Hoje são 19.
Amanhã serão 20.
Substantivo + Adjetivos
É dia 20.
Artigo e substantivo no plural + adjetivos no singular.
(núcleo = dia)
Artigo e substantivo no sing. + adjetivos no sing. (2º com
Quantidade pura Singular Nada artigo)
Pouco As embaixadas brasileira e argentina.
Bastante... A embaixada brasileira e a argentina.
Dois litros é bastante. O mercado europeu e o americano.
Vinte milhões de reais é muito. Os mercados europeu e americano.
Três quilômetros será suficiente.
Quinze quilos é pouco. Ordinais + Substantivo
Ordinais com artigo => substantivo no singular ou no plural.
(PMDF) “Antes da Revolução Industrial, um operário só pos- Só o 1º ordinal com artigo => substantivo no plural.
suía a roupa do corpo. Sua maior riqueza eram os pregos O penúltimo e o último discurso / discursos
de sua casa.” O penúltimo e último discursos.
46. A flexão de plural na forma verbal “eram” deve-se à
concordância com “os pregos”; mas as regras gramaticais É bom, é necessário, é proibido
permitiriam usar também a flexão de singular, era. Não variam com sujeito em sentido vago ou geral (sem
artigo definido, pronome...)
Gabarito É necessário aprovação rápida do acordo.
É necessária a aprovação rápida do acordo.
1. a 20. C
2. E 21. E Um e outro, nem um nem outro
3. que, pronome relativo 22. C Substantivo seguinte no singular, adjetivo no plural.
com função de sujeito 23. E Um e outro memorando foi encaminhado.
sintático. 24. C O governo não aprovou nem uma nem outra medida
4. As premissas da ideolo- 25. E provisória.
gia econômica, referen- 26. C
te do pronome relativo. 27. C Particípio
5. Complemento nominal 28. E Só não varia nos tempos compostos (com ter ou haver)
do adjetivo “coerente”. 29. E – voz ativa.
6. E 30. E O Ministério havia obtido informações.
7. E 31. b Informações foram obtidas. Terminada a conferência,
8. E 32. C procedeu-se ao debate.
9. E 33. C
7. C 34. E De + Adjetivo
8. C 35. E Adjetivo não varia ou concorda com termo a que se refere.
9. E 36. E Essa decisão tem pouco de sábio / de sábia.
10. C 37. E
11. E 38. E Meio, bastante, barato e caro
12. C 39. C Variam quando adjetivos (modificam substantivo).
13. E 40. E Não variam quando advérbios (modificam verbo ou ad-
14. C 41. E jetivo).
15. E 42. C Bastantes índios invadiram o Ministério. Reivindicações
16. C 43. C de meias palavras, porém protestos meio confusos.
17. E 44. C Atendê-las custa caro, pois não são baratos os prejuízos.
18. C 45. C
19. E 46. C Possível
Língua Portuguesa

O mais, o menos, o maior... + possível.


Os mais, os menos, os maiores... + possíveis.
CONCORDÂNCIA NOMINAL Quanto possível não varia.
Haverá reuniões o mais curtas possível.
Regra Geral Haverá reuniões as mais curtas possíveis.
As reuniões serão tão curtas quanto possível.
Adjetivo concorda com substantivo
Acordo diplomático, relação diplomática, acordos diplo- Só
máticos, relações diplomáticas. Varia = sozinho.

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Não varia = somente. Julgue os itens seguintes.
Não estamos sós na sala. “Ainda estava sob a impressão da cena meio cômica entre
Só nós estamos na sala. sua mãe e seu marido”.
21. O vocábulo meio é um advérbio, por isso não concorda
Variam com cômica.
• Mesmo, próprio
Os membros mesmos / próprios ignoram a solução. “Existe toda uma hierarquia de funcionários e autoridades re-
• mesmo = realmente ou até: não varia presentados pelo superintendente da usina, o diretor-geral,
A solução será mesmo essa. o presidente da corporação, a junta executiva do conselho
Mesmo os membros criticaram. de diretoria e o próprio conselho de diretoria.”
• extra 22. Com relação à norma gramatical de concordância, o
As horas extras serão pagas. autor poderia ter usado, sem incorrer em erro, a forma
• quite funcionários e autoridades representadas.
Os servidores estão quites com suas obrigações.
• nenhum “Não podia tirar os olhos daquela criatura de quatorze anos,
Não entregaremos propostas nenhumas. alta, forte e cheia, apertada em um vestido de chita, meio
• obrigado desbotado.”
– Obrigada, disse a secretária. 23. No texto lido seria gramaticalmente correta a construção
• anexo, incluso apertada em uma roupa de chita, meia desbotada.
As planilhas estão anexas / inclusas.
Em anexo não varia (Iades) “Oitenta e cinco por cento dos casos estudados foram
As planilhas estão em anexo. muito bem-sucedidos”.
• todo 24. O verbo ser, conjugado como “foram”, pode ser empre-
As regras todas foram estabelecidas. gado também no singular.
Não variam (Iades) “O fundamental é não morrer de fome e ver supridas
• alerta certas necessidades básicas”.
Os vigias do prédio estão alerta. 25. O termo “supridas” poderia ser usado no masculino
• menos
singular, sem prejuízo gramatical.
Essas eram nações menos desenvolvidas.
• haja vista
(Iades) “Essa é uma questão delicada, daí a importância que
Haja vista as negociações, os americanos não cederão.
se tenha clareza sobre ela, pois, quando se trabalha com a
• em via de
Os europeus estão em via de superar os americanos. política de assistência social nos espaços”,
• em mão 26. O verbo “trabalha” poderia ser usado no plural, sem
Entregue em mão os convites. prejuízo gramatical.
• a olhos vistos
A reforma agrária cresce a olhos vistos. (Funiversa/Terracap) “São emissoras transmitidas de qual-
• de maneira que, de modo que, de forma que quer país que passe pela nossa mente – e alguns outros de
Os ouvintes silenciaram, de maneira que estão do nosso cuja existência sequer desconfiávamos.”
lado. 27. A forma verbal “passe”, se usada no plural, provocaria
• cor com nome proveniente de objeto mudança inaceitável de sentido, uma vez que remeteria
Papéis rosa, tecidos abóbora. Carros vinho. a emissoras, e não mais a país.

Exercícios (Funiversa/Terracap) “Já existem vários portais ativos e em


crescimento que disponibilizam para o internauta canais de
Julgue os itens seguintes quanto à concordância nominal. televisão. O wwitv, por exemplo, oferece atualmente nada
1. É proibida entrada de pessoas não autorizadas. menos de 1.827 estações on-line (número de 4 de dezembro,
2. Fica vedada visita às segundas-feiras. crescendo à razão de duas por dia). São emissoras transmiti-
3. Os consumidores não somos nenhuns bobocas. das de qualquer país que passe pela nossa mente – e alguns
4. Traga cervejas o mais geladas possível. outros de cuja existência sequer desconfiávamos.”
5. Houve menas gente no comício hoje. 28. A forma verbal “São” é usada no plural porque concorda
6. Vai inclusa à relação o recibo dos depósitos. com o sujeito implícito duas por dia.
7. Era deserta a vila, a casa, o campo.
8. É necessária muita fé. (Funiversa/Terracap) “Em meio à burocracia oficial, o rock
9. Em sua juventude, escreveu bastantes poemas. ocupou o espaço urbano, os parques, as superquadras de
10. Ele usava uma calça meia desbotada. Lucio Costa, cresceu e apareceu.”
11. A Marinha e o Exército brasileiro participaram do desfile. 29. Os verbos “cresceu” e “apareceu” deveriam vir flexio-
12. A Marinha e o Exército brasileiros participaram do desfile. nados no plural para concordar com seus referentes, os
13. Remeto-lhe incluso uma fotocópia do certificado. parques e as superquadras.
14. O garoto queria ficar a só.
Língua Portuguesa

15. Os Galhofeiros é um ótimo filme dos Irmãos Marx. Gabarito


16. Descontado o imposto, restou apenas R$10.000,00.
17. Muito obrigada – disse-me ela – eu mesma resolverei o 1. E 7. C 13. E 19. E 25. E
problema: vou comprar trezentos gramas de presunto. 2. C 8. E 14. E 20. E 26. E
18. Necessitam-se de leis mais rigorosas para controlar os 3. C 9. C 15. C 21. C 27. E
abusos dos motoristas inescrupulosos. 4. C 10. E 16. E 22. C 28. E
19. Já faziam duas semanas que a reunião estava marcada,
5. E 11. C 17. C 23. E 29. E
mas os diretores não compareciam para concretizá-la.
6. E 12. C 18. E 24. E
20. Senhor diretor, já estamos quite com a tesouraria.

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EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE d) Submeterei _________ alunos a uma prova.
CRASE e) Nunca me prestaria a isso nem ____________.
f) Ficaram todos obrigados ____________ horário.
Crase é a contração de a + a = à. g) Já não amava __________ moça.
O acento (`) é chamado de acento grave, ou simplesmen- h) Ofereceu uma rosa _______ moça.
te de acento indicador de crase. i) Reprovo _______ atitude.
Gostei de + o filme. = Gostei do filme. j) Não teremos direito ______ abono.
Acredito em + o filho. = Acredito no filho. k) Não se negue alimento _______ que têm fome.
Refiro-me a + o filme. = Refiro-me ao filme. l) ___________ hora tudo estava tranquilo.
Refiro-me a + a revista. = Refiro-me à revista. m) Deves ser grato _______ que te fazem benefícios.
n) Traga-me _____ cadeira, por favor.
Exercitando e fixando a diferença entre a letra “a” como ar- o) Diga _______ candidatos que logo os atenderei.
tigo somente e a letra “a” como preposição somente. p) É isso que acontece ______ que não têm cautela.
1. Ponha nos parênteses P se o a for preposição, A se for q) Ofereça uma cadeira ______ senhora.
artigo: r) Abra ___________ janelas: o calor está sufocante.
a) A nave americana Voyager chegou a ( ) Saturno. s) Compareceste ________ festa?
b) O Papa visitou a ( ) nação brasileira.
c) Admirava a ( ) paisagem. Exercitando e fixando a regra prática de crase com a(s) =
d) Cabe a ( ) todos contribuir para o bem comum. aquela(s).
e) Ele só assiste a ( ) filmes de cowboy. Faça o exercício a seguir observando as comparações entre
f) Procure resistir a ( ) essa tentação. parênteses. Onde tiver a + o no masculino, você usará crase
g) Ajude a ( ) Campanha. (a + a) no feminino.
h) O acordo satisfez a ( ) direção do Sindicato. 4. Preencha as lacunas com a, as, quando se tratar do artigo
i) Falou a ( ) todos com simpatia contagiante. ou do pronome demonstrativo; e com à, às, quando hou-
j) O acordo convém a ( ) funcionários e a ( ) funcionárias. ver crase da preposição a com artigo ou o demonstrativo
a, as:
Exercitando e fixando a regra prática de crase com artigo. a) Estavam acostumados tanto ____ épocas de guerra
2. Complete as lacunas com a, as, à ou às junto dos subs- quanto ____ de paz. (Compare: Estavam acostumados
tantivos femininos, observando as correspondências tanto aos tempos de guerra quanto aos de paz.)
necessárias: o = a; os = as; ao = à; aos = às. b) Confiava ____ tarefas difíceis mais _____ velhas
Observe o paralelismo. amizades do que _____ novas. (Compare: Confiava
a) Dava comida aos gatos e ____ gatas. os trabalhos difíceis mais aos velhos amigos do que
b) Estimava o pai e ____ mãe. aos novos.)
c) Perdoa aos devedores e ___ devedoras. c) ______ espadas antigas eram mais pesas que ___ de
d) Prefiro o dia para estudar; ela prefere ____ noite. hoje. (Compare: Os rifles antigos eram mais pesados
e) Terás direito ao abono e ____ gratificação. que os de hoje.)
f) Confessou suas dúvidas ao amigo e ___ amiga. d) _____ forças de Carlos Magno eram tão valentes como
g) Nunca faltava aos bailes e _____ festas de São João. ____ do Rei Artur. (Compare: Os soldados de Carlos
h) Sempre auxilio os vizinhos e __ vizinhas. Magno eram tão valentes como os do Rei Artur.)
i) Tinha atitudes agradáveis aos homens e ___ mulheres. e) _____ forças de Bernardo deram combate ____ que
defendiam Carlos Magno. (Compare: Os homens de
Pronomes aquele(s), aquela(s), aquilo Bernardo deram combate aos que defendiam Carlos
Magno.)
Método prático f) Esta moça se assemelha ____ que você me apresentou
Entregue o livro a este menino. ontem. (Compare: Este rapaz se assemelha ao que
Note: a + este  a + aquele (veja que temos a + a). você me apresentou ontem.)
g) ______ Medicina dá combate ____ doenças dos ho-
Então: mens e ____ dos animais. (Compare: Os médicos dão
Entregue o livro àquele menino. combate aos males dos homens e aos dos animais.)
h) Esta tinta não se compara ___ que usaram antes.
Leia este livro. (Compare: Este papel não se compara ao que usaram
Note: só temos este, sem preposição a. Então ficará sem antes.)
crase com “aquele”: i) Prestava atenção ___ palavras dos velhos, mas não
Leia aquele livro. ____ dos jovens. (Compare: Prestava atenção aos
ensinamentos dos velhos, mas não aos dos jovens.)
Exercitando e fixando a regra prática de crase com pronome
aquele(s), aquela(s), aquilo. Importante:
Língua Portuguesa

3. Preencha as lacunas com aquele, aqueles, aquela, aque- Precisamos enxergar situações em que o artigo definido
las, aquilo, se não houver preposição a; ou então com pode ser suprimido corretamente. Apenas o sentido mudará.
àquele, àqueles, àquela, àquelas, àquilo, se ocorrer a Todo o país comemorou.
preposição a exigida pelo termo anterior regente. Sentido: país definido.
a) A verba aprovada destinava-se apenas ________ des- Todo país comemorou.
pesas inadiáveis. Sentido: país qualquer.
b) Prefiro este produto __________.
c) As providências cabem ________ que estejam inte- Todo Brasil comemorou. (errado)
ressados. Todo o Brasil comemorou. (certo)

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Conclusão: lecionar e dar visibilidade __1___ experiências em todo
O artigo definido é necessário para acompanhar nomes o país que estão contribuindo para o cumprimento dos
já definidos, únicos, específicos. Mas é facultativo, do ponto Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), como
de vista de correção gramatical, quando o nome não está __2__ erradicação da extrema pobreza e __3__ redu-
definido, não é específico. Apenas o sentido se altera. ção da mortalidade infantil. Os ODM fazem parte de um
compromisso assumido, perante __4__ Organização das
5. (TJDFT) Quanto ao emprego do sinal indicativo de crase, Nações Unidas, por 189 países de cumprir __5__ 18 me-
julgue os fragmentos apresentados nos itens a seguir. tas sociais até o ano de 2015.
a) Direito a trabalho e a remuneração que assegure con- 1 2 3 4 5
dições de uma existência digna. a) a à à a às
b) Direito à unir-se em sindicatos. b) as a a à as
c) Direito a descanso e à lazer. c) às à a à às
d) Direito à uma segurança social. d) a a a a as
e) Direito à proteção à família. e) as a a à às
f) Assistência para a mãe e às crianças.
g) Direito à boa saúde e à educação de qualidade. Casos Especiais de Crase
(TST) “São parâmetros hoje exigidos pelo mercado no que Sinal de Crase em Locuções Femininas
se refere à empregabilidade.”
6. Ocorre acento grave em “à” antes de “empregabilida- 1. Locuções adverbiais
de” para indicar que, nesse lugar, houve a fusão de uma Risquei o lápis.
preposição, exigida pelo vocábulo antecedente, com um Risquei a caneta.
artigo definido, usado antes dessa palavra feminina. Risquei a lápis.
Risquei à caneta.
(TJDFT) “A fé crescente na revolução científica gerava otimis-
mo quanto às futuras condições da humanidade.” Regra:
7. O acento indicativo de crase é opcional no texto; por- O sinal de crase distingue entre a locução adverbial fe-
tanto, pode ser retirado sem prejuízo para a correção minina e o objeto direto.
gramatical da frase. Vendo a prazo.
Vendo à vista.
(HUB) “Há contradições entre o mundo universitário tradi- Vendo a vista.
cional e as aspirações dos estudantes e de seus familiares Dobrei a direita.
quanto a possibilidades finais de inserção profissional no Dobrei à direita.
mundo real.”
8. O emprego do sinal indicativo de crase (à) em “quanto Nota:
a possibilidades” dispensaria outras transformações no Será facultativo o sinal de crase somente com a locução
texto e manteria a correção gramatical do período. adverbial feminina de instrumento, apenas no caso de não
haver duplo sentido sem o sinal de crase.
(PRF) “Muitos creem que a Internet é um meio seguro de Risquei o muro a caneta. (certo)
acesso às informações.” Risquei o muro à caneta. (certo)
9. A omissão do artigo definido na expressão “acesso às Perceba que se trata de locução adverbial de instrumen-
informações”, semanticamente, reforçaria a noção ex- to, mesmo sem ter visto o sinal de crase.
pressa pelo substantivo em plena extensão de seu sig-
nificado e, gramaticalmente, eliminaria a necessidade 2. Locuções prepositivas
do emprego do sinal indicativo de crase, resultando na A espera de vagas terminou.
seguinte forma: acesso a informações. Consegui matricular-me.
À espera de vagas, ficamos todos.
Julgue os itens 10, 11 e 12 quanto ao uso da crase. Ainda não nos matriculamos.
10. (TRF) “O TCU quer avaliar o controle exercido pela Supe-
rintendência da Receita Federal sobre à rede arrecada- Regra:
dora de receitas federais. O sinal de crase é necessário para indicar a locução pre-
positiva feminina. O sinal distingue entre a locução e outras
11. (AFRF) Para os membros da Comissão de Assuntos Eco- estruturas.
nômicos do Senado (CAE), a qual os acordos internacio-
nais são submetidos, cabe ao Brasil novas solicitações de Quais outras estruturas?
empréstimos ao FMI. Sujeito, objeto, complemento não constituem locução
prepositiva.
12. (AFRF) As Metas de Desenvolvimento do Milênio preve-
em a redução da pobreza a metade até 2015. Dica:
Língua Portuguesa

De modo geral, a locução prepositiva introduz locução


13. Assinale a opção que preenche corretamente as lacunas adverbial.
do texto. Os trabalhadores já concluíram a cata de cocos.
Para incentivar o cumprimento dos Objetivos de Desen- Os trabalhadores saíram cedo à cata de cocos.
volvimento do Milênio no Brasil, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva lançou o Prêmio ODM BRASIL. A iniciativa Observação:
do governo federal em conjunto com o Movimento Na- Locução prepositiva possui a seguinte estrutura:
cional pela Cidadania e Solidariedade e o Programa das Preposição + substantivo + preposição
Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) vai se- à custa de

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à maneira de Vi até a praia. (certo)
à beira de Vi até à praia. (errado)
à procura de
Sinal de Crase diante de Pronomes de Tratamento
Locução adverbial possui a seguinte estrutura:
Preposição + substantivo Vossa Senhoria deve comparecer. (certo)
à vista A Vossa Senhoria deve comparecer. (errado)
a prazo
a lápis Regra:
à caneta De modo geral, não se pode empregar artigo antes de
pronomes de tratamento.
3. Locução adjetiva Refiro-me a Vossa Senhoria. (certo)
Estrutura: preposição + substantivo Refiro-me à Vossa Senhoria. (errado)
Relação: qualifica, especifica um substantivo.
Houve pagamento à vista. Observe também:
Houve pagamento a prazo. O senhor deve comparecer. (certo)
O risco à caneta não sai. Senhor deve comparecer. (errado)
O risco a lápis sai.
Regra:
4. Locução conjuntiva Exigem artigo os pronomes de tratamento: Senhor, Se-
à proporção que / à medida que nhora, Madame, Senhorita.
Ele enriqueceu à medida que investiu na bolsa. Refiro-me ao Senhor.
Foi grande a medida que ele investiu na bolsa. (Notemos Refiro-me à Senhora.
aqui o sujeito: a medida foi grande)
À proporção que estudava, surgiam dúvidas. Mas, cuidado!
Os matemáticos estudam a proporção que existe entre Visitarei o Senhor.
os números. (Note aqui o objeto direto de “estudam”: estu- Visitarei a Senhora.
dam o quê? Resposta: estudam a proporção..., como alguém
estuda o limite e a derivada). Atenção:
O artigo é opcional com o tratamento dona.
Sinal de Crase na Indicação de Horário Dona Maria chegou.
A Dona Maria chegou.
Regra:
Ocorre crase somente se indicarmos a hora como horário Então:
quando algo ocorre, ocorreu ou ocorrerá. Refiro-me a Dona Maria.
Não ocorre crase quando indicamos quanto tempo pas- Refiro-me à Dona Maria.
sou ou passará.
Nós vamos chegar lá às duas horas. Vamos analisar uma questão interessantíssima!
Compare com: Nós chegaremos lá ao meio-dia. (MI/Agente Adm.) A expressão nominal “D. Fortunata” é em-
Nós vamos estar lá daqui a duas horas. (quantidade de pregada, no texto, sem artigo. Por essa razão, caso a palavra
tempo que vai passar) sublinhada em “deu joias à mulher” fosse substituída por “D.
Nós estamos aqui há duas horas. (quantidade de tempo Fortunata”, o acento grave sobre o a que sucede “joias” não
que já passou, tempo decorrido) deveria ser empregado.
Resposta: Certo
Sinal de Crase após a Palavra “Até”
(MJ/Analista) “Às vezes faz bem chorar / E nas velhas cordas
Vou ao clube. procurar / Notas e acordes esquecidos / Os dedos calejados
Vou até o clube. deslizar / Recordar, saudoso, um samba antigo”.
Vou até ao clube. 14. A letra de Ivor Lancelllotti emprega adequadamente o
acento de crase. Também está correto esse uso do acento
Nota: em
Após “até”, será facultativa a preposição pedida pelo a) Deixei o carro no lava à jato e fui à confeitaria escolher
termo anterior. uns doces.
b) Quando saímos à cavalo estamos apenas à procura
Então: de paz e sossego.
Vou à praia. c) Retiraram-se às pressas para não responderem às
Vou até a praia. perguntas da mídia.
Vou até à praia. d) Daqui à uma hora e meia irei até à piscina para exa-
minar a água e o cloro.
Língua Portuguesa

Conclusão: e) Encaminhamos ontem à V. Sa. os convites para a re-


Crase facultativa após “até”, desde que seja pedida pre- cepção à família.
posição pelo termo anterior.
(MJ/Economista) Presente à entrevista de apresentação da
Mas, cuidado! pesquisa, o secretário de Educação Continuada, Alfabetiza-
Vi o clube. (certo) ção e Diversidade do MEC, André Luiz Lázaro, admitiu que
Vi até o clube. (certo) há um desafio de qualidade a ser superado no EJA.
Vi até ao clube. (errado) 15. A supressão do acento grave em “presente à entrevista”
Vi a praia. (certo) manteria a correção gramatical e o sentido do texto.

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Sinal de Crase diante de Pronome Possessivo Feminino: a) O pesquisador deu maior atenção à cidade menos
minha, sua, tua, nossa, vossa privilegiada.
Meu livro chegou. (certo) b) Este resultado estatístico poderia pertencer à qual-
O meu livro chegou. (certo) quer população carente.
c) Mesmo atrasado, o recenseador compareceu à entre-
Conclusão: vista.
O artigo definido é facultativo antes de pronomes pos- d) A verba aprovada destina-se somente àquela cidade
sessivos. sertaneja.
Minha revista chegou. (certo) e) Veranópolis soube unir a atividade à prosperidade.
A minha revista chegou. (certo)
Sinal de Crase diante de Nomes Próprios de Lugar (To-
Aplicação (Como o artigo fica facultativo, então a crase pônimos)
ficará também facultativa):
Refiro-me a meu livro. (certo) Regra Prática:
Refiro-me ao meu livro. (certo) Se volto da, crase no a.
Refiro-me a minha revista. (certo) Se volto de, crase pra quê.
Refiro-me à minha revista. (certo)
Saímos de Brasília, fomos a Fortaleza (voltamos de Forta-
Informação: leza), depois fomos a Natal (voltamos de Natal), descemos
Artigo pressupõe substantivo escrito ao qual se refere à Bahia (voltamos da Bahia). Então retornamos a Brasília
na sequência. (voltamos de Brasília).
O uso de água e o de combustível são prioritários.
Mas:
Note: Saímos de Brasília, fomos à Fortaleza dos sonhos (volta-
Substantivo “uso”. Artigo “o”, que acompanha “uso”. mos da Fortaleza dos sonhos), depois fomos à Natal dos
Mas, em “o de combustível”, apenas subentendemos holandeses (voltamos da Natal dos holandeses), desce-
“uso”. Não está escrito. Então, não temos aqui artigo defini- mos à Bahia (voltamos da Bahia). Então retornamos à
do. Trata-se de pronome demonstrativo “o = aquele”. bela Brasília (voltamos da bela Brasília).

Observe ainda: 18. (IBGE) Assinale a opção em que o a sublinhado nas duas
Meu livro chegou e o seu não. frases deve receber acento grave indicativo de crase.
Note que o artigo é facultativo, porém o pronome “o” a) Fui a Lisboa receber o prêmio. / Paulo começou a falar
não é. O pronome é obrigatório para representar o termo em voz alta.
“livro” não repetido. b) Pedimos silêncio a todos. Pouco a pouco, a praça cen-
tral se esvaziava.
Aplicação (Onde o pronome “o” ou “a” for obrigatório, c) Esta música foi dedicada a ele. / Os romeiros chegaram
então a crase também será obrigatória): a Bahia.
Refiro-me a meu livro e não ao seu. (certo) d) Bateram a porta! Fui atender. / O carro entrou a direita
Refiro-me a meu livro e não a seu. (errado) da rua.
Refiro-me ao meu livro e não ao seu. (certo) e) Todos a aplaudiram. / Escreve a redação a tinta.
Refiro-me ao meu livro e não a seu. (errado)
Gabarito
Então:
Refiro-me a minha revista e não à sua. (certo)
1. a) P c) àqueles f) à
Refiro-me a minha revista e não a sua. (errado)
b) A d) aqueles g) a,às,às
Refiro-me à minha revista e não à sua. (certo)
c) A e) àquilo h) à
Refiro-me à minha revista e não a sua. (errado)
d) P f) àquele i) às,às
e) P g) aquela
16. (MJ/Agente) “À margem das rodovias de grande movi-
f) P h) àquela 5. CEEECCC
mento...” Diferente do exemplo destacado, o único caso
g) A i) aquela 6. C
em que o acento grave foi usado de forma ERRADA, nas
h) A j) àquele 7. E
alternativas abaixo, é
i) P k) àqueles 8. E
a) Ficamos à vontade no evento.
j) PP l) àquela 9. C
b) Refiro-me à minha irmã.
m) àqueles 10. E
c) Chegarei à uma hora, não ao meio-dia.
2. a) às n) aquela 11. E
Nota:
b) a o) àqueles 12. E
Aqui temos o numeral “uma”. Só ele pode ter crase
c) às p) àqueles 13. d
antes de si. Não há crase antes do artigo indefinido
d) a q) àquela 14. c
Língua Portuguesa

“uma”.
e) à r) aquelas 15. E
d) Dirija-se à qualquer moça do balcão.
f) à s) àquela 16. d
Nota:
g) às 17. b
Proibido crase diante de palavras indefinidas. Lembre
h) as 4. a) às, às 18. d
que o artigo que a crase contém é definido.
i) às b) as,às,às
e) À medida que os anos passam, fico pior.
c) as,as
3. a) àquelas d) as,as
17. (IBGE) Assinale a opção incorreta com relação ao empre-
b) àquele e) as,às
go do acento indicativo de crase.

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QUADRO-RESUMO DE CRASE

CRASE OBRIGATÓRIA CRASE PROIBIDA CRASE FACULTATIVA


Antes de hora = trocar por ao meio-dia. Antes de palavra masculina. Antes de pronome possessivo adjetivo
Chegou às duas horas. (ao meio-dia) Andava a pé. feminino.
Espero desde as três horas. (o meio-dia) Foi assassinato a sangue-frio. Refiro-me à/a sua tia.
Escreveu a lápis.

Com as palavras moda ou maneira Antes de verbo. Antes de nome de mulher.


ocultas. Estava decidido a fugir. Dei o carro à/a Maria.
Quero bife à milanesa. (à moda milanesa) Tudo a partir de 1,99.
Estilo à Rui Barbosa. (à maneira de Rui
Barbosa)

Subentendendo as palavras faculdade, A (no singular) + palavra no plural. Depois da preposição Até.
universidade, escola, companhia, em- Só faço favor a pessoas dignas. Fui até à / a praia.
presa e semelhantes. Dê isto a suas irmãs. Mas: Visitei até a praia. (VTD)
O Governo não fez concessões à Ford.
Preferiu a Faculdade de Letras à Hélio
Afonso.
Antes da palavra distância, quando de- Antes de pronome indefinido ou pala- Antes de Europa, Ásia, África, Espanha,
terminada. vra por ele modificada. França, Inglaterra, Escócia e Holanda
Fiquei à distância de dez metros. Disse isso a toda pessoa.
Fiquei a distância. Não irei a festa alguma.

Aqui não cabe crase, pois a palavra “fes-


ta” está determinada por pronome in-
definido. Compare com masculino: Não
irei a baile algum.
Nas locuções com palavras femininas. Antes de pronome de tratamento, salvo Antes do tratamento dona.
Choveu à noite. Dona, Senhora, Madame, Senhorita. Ele dirigiu a palavra a / à dona Maria.
Ele melhora à medida que é medicado. Enviarei tudo a Vossa Senhoria.
Houve um baile à fantasia.
Antes de terra, salvo quando antônimo Antes de terra antônimo de bordo. Em locuções adverbiais femininas de
de bordo. Mandou o marinheiro a terra. instrumento.
O agricultor tem apego à terra. Galdesteu matou o rei a / à faca.
Do céu à terra. Voltou à terra onde nasceu. Antes de quem e cujo(s), cuja(s). Mas: Preencher à máquina ou em letra
O prêmio cabe a quem chegar primeiro. de forma. (crase obrigatória para evitar
Esta é a autora a cuja peça me referi. duplo sentido)
Antes de Senhora, Madame, Senhorita. Entre palavras repetidas.
Ninguém resiste à Senhora Neide. (Mas: Estavam cara a cara.
Vi a Senhora Neide. – VTD) Venceu a corrida de ponta a ponta.
Antes de nomes de lugar especificados Depois de preposições (ante, após, com,
ou que aceitem artigo. conforme, contra, desde, durante, entre,
Fui à bela Brasília. mediante, para, perante, sob, sobre, se-
Fui à Bahia. gundo).
Após as aulas, conforme a ocasião, para
a paz; segundo a lei etc.
Quando ocorre as diante de pronome Quando se subentende um indefinido
possessivo adjetivo no plural. entre a preposição a e o substantivo
Refiro-me às suas tias. feminino.
Estacionamento sujeito a multa. (a uma
multa)
Antes da palavra casa, quando deter- Antes de casa = lar.
minada por adjunto de posse. Retornei a casa.
Chegamos à casa de Pafúncio.
Língua Portuguesa

Antes de nomes de lugar que não ad-


mitem o artigo.
Fui a Brasília.
Chegamos a Maceió.
Antes de numerais.
O número de acidentes chegou a 35.
Antes de nomes de santas.
Sou grato a Santa Clara.

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EXERCÍCIOS No texto “A simplicidade sempre foi criadora de excelên-
cia espiritual e de liberdade interior. Henry David Thoreau
(Funiversa/Terracap) Acerca da frase “Às vezes até esqueço (+1862), que viveu dois anos em sua cabana na floresta junto
que fui adotada”. a Walden Pond, atendendo estritamente às necessidades
1. O verbo esquecer está empregado com traços tipica- vitais, recomenda incessantemente em seu famoso livro-
mente coloquiais, pois a forma padrão culta exige que, -testemunho: Walden ou a vida na floresta: “simplicidade,
na frase, ele seja acompanhado de pronome me e pre- simplicidade, simplicidade”.”
posição de. 9. O acento indicativo de crase antes de “necessidades vi-
tais” é exigência da palavra “estritamente”.
(Funiversa/Terracap) Acerca da frase “São emissoras trans-
mitidas de qualquer país que passe pela nossa mente – e (Funiversa/HFA) Na frase: “As demissões recordes nas com-
alguns outros de cuja existência sequer desconfiávamos.” panhias americanas devido à crise fizeram vítimas inusitadas
2. A troca da preposição “de”, na segunda ocorrência, – os próprios executivos de recursos humanos.”
por em provocaria uma falha na regência do verbo 10. O uso da crase em “à crise” deve-se ao fato de ser uma
desconfiar. locução adverbial feminina.

(Funiversa/Terracap) A respeito do texto “Cada órgão do 11. (Alesp) Orientação espiritual ...... todas as pessoas é um
nosso corpo tem uma função vital e precisa estar 100% em dos propósitos ...... que escritores e pensadores vêm se
condições.” dedicando, porque a perplexidade e a dúvida são inevi-
3. A expressão “em condições”, segundo a gramática da táveis ...... condição humana.
língua portuguesa, exige um complemento que integre As lacunas da frase acima estarão corretamente preen-
o seu sentido. Porém, no texto, a ausência desse com- chidas, respectivamente, por:
plemento não promoveu prejuízo para a compreensão a) à - a – à
da informação. b) à - à - a
c) a - a – à
Por maiores que sejam os esforços e a generosidade dos d) a - à - à
e) a - a - a
que lhes oferecem atenção e cuidado, essas crianças estarão
desprovidas do fundamental: carinho e referência familiar.
12. (Bagas) Tomando a melodia ...... música europeia, ao
4. O termo “lhes” pode ser substituído pela expressão à
mesmo tempo em que a harmonia era inspirada no jazz
elas, com acento indicativo de crase, pois o pronome
americano, a bossa nova foi buscar o ritmo na música
elas remete a “crianças”, substantivo feminino utilizado africana, o que resultou numa mistura que parece encan-
no texto. tar ...... todos os estrangeiros que vêm ...... conhecê-la.
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na
(Funiversa/Iphan) Os povos da oralidade são portadores de ordem dada:
uma cultura cuja fecundidade é semelhante à dos povos da a) à - a – a
escrita. b) à - a - à
5. O acento indicativo de crase em “semelhante à dos povos c) a - à – a
da escrita” pode ser eliminado, pois é opcional. d) a - à - à
e) à - à - a
6. (Funiversa/Sejus) Cada uma das alternativas a seguir
apresenta reescritura de fragmento do texto. Assinale 13. (TCE/SP) A alimentação diária, ...... base de feijão com
aquela em que a reescritura apresenta erro relacionado arroz, fornece ...... população brasileira os nutrientes
ao emprego ou à ausência do sinal indicativo de crase. necessários ...... uma boa saúde.
a) Seu desenvolvimento pode ser atribuído a violações As lacunas da frase acima estarão corretamente preen-
de direitos humanos. chidas, respectivamente, por:
b) O legado do nazismo foi condicionar a titularidade de a) a - à – à
direitos aquele que pertencesse à raça ariana. b) à - a - a
c) Pelo horror absoluto à exterminação. c) à - à – a
d) A ruptura do paradigma deve-se à barbárie do totali- d) a - a - à
tarismo. e) à - à - à
e) É necessária a reconstrução dos direitos humanos.
14. (FCC/TRE-RN) Graças ...... resistência de portugueses e
7. (Funiversa/Terracap) No trecho: “Em meio à burocracia espanhóis, a Inglaterra furou o bloqueio imposto por Na-
oficial, o rock ocupou o espaço urbano, os parques, as poleão e deu início ...... campanha vitoriosa que causaria
superquadras de Lucio Costa, cresceu e apareceu.”, o uso ...... queda do imperador francês.
do sinal indicativo de crase é Preenchem as lacunas da frase acima, na ordem dada,
a) facultativo, pois antecipa palavra feminina seguida de a) a - à - a
adjetivo masculino. b) à - a - a
b) inadequado, pois não indica contração. c) à - à - a
c) proibido, porque não se admite crase antes de subs- d) a - a - à
Língua Portuguesa

tantivos abstratos. e) à - a - à
d) obrigatório, pois indica uma vogal átona representada
por um artigo. 15. (DNOCS) Muitos consumidores não se mostram atentos
e) adequado, pois representa a contração da preposição ...... necessidade de sustentabilidade do ecossistema e
a e do artigo definido feminino a. não chegam ...... boicotar empresas poluentes; outros
se queixam de falta de tempo para se dedicarem ......
(Funiversa/Terracap) Na frase “O que se opõe à nossa cultura alguma causa que defenda o meio ambiente. As lacu-
de excessos e complicações é a vivência da simplicidade”. nas da frase acima estarão corretamente preenchidas,
8. O acento indicativo de crase é facultativo. respectivamente, por

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a) à - a - a c) à - à - a e) a - à – à Pronomes
b) à - a - à d) a - a - à
Pronome substitui e/ou acompanha o nome.
16. (SP/BIBLIOT) Alguns atribuem ...... linguagem as infindá- Pedro acordou tarde. Ele ainda dormia, quando sua mãe o
veis possibilidades de comunicação entre os homens. chamou.
Mas é comum que durante uma conversa o falante faça Pronomes: Ele = Pedro (só substitui).
alusões ...... conteúdos implícitos que ultrapassam aquilo Sua = de Pedro (substitui Pedro e acompanha “mãe”).
que está de fato sendo dito; tais conteúdos podem ser O = Pedro (só substitui Pedro).
corretamente inferidos pelo interlocutor, devido, por
exemplo, ...... entonação usada pelo falante. Existem seis tipos de pronomes:
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na • pessoais
ordem dada: • demonstrativos
a) a − à − à c) a − a − à e) a − à − a • possessivos
b) à − a − à d) à − à − a • relativos
• interrogativos
17. (TJ-SE/Técnico Judiciário) A frase inteiramente correta, • indefinidos
considerando-se a colocação ou a ausência do sinal de
crase, é: As provas cobram muito os pronomes relativos, os de-
a) Brigas entre torcidas de times rivais se iniciam sem- monstrativos e os pessoais “o” e “lhe”.
pre com provocações de parte à parte, à qualquer
momento. Pronomes Substantivos e Pronomes Adjetivos
b) O respeito as medidas de segurança tomadas em um
evento de grande interesse garante à alegria do es- Quando um pronome é empregado junto de um subs-
petáculo. tantivo, ele é chamado de pronome adjetivo; e quando um
c) Uma multidão polarizada pode ser induzida à atitudes pronome aparece isolado, sozinho na frase, ele é chamado
hostis, tomadas em oposição às medidas adotadas. de pronome substantivo.
d) Com a constante invasão às sedes de clubes, os diri- Ninguém pode adivinhar suas vontades?
gentes passaram a monitorar a presença de torcedo- Ninguém → pronome substantivo (pois está sozinho).
res, até mesmo nos treinos. suas → pronome adjetivo (pois está junto do substantivo
e) As pessoas, enfurecidas, iam em direção à um dos vontades).
dirigentes, quando os policiais conseguiram controlar
toda a multidão.
Encontrei minha caneta, mas não a apanhei.
minha → pronome adjetivo.
18. (TRT 16 R) Lado ...... lado das restrições legais, são im-
a → pronome substantivo.
portantes os estímulos ...... medidas educativas, que
permitam avanços em direção ...... um desenvolvimento
sustentável do setor da saúde. Exercício
As lacunas da frase acima estarão corretamente preen-
chidas, respectivamente, por Coloque: (1) para pronome substantivo e (2) para pro-
a) a − à − à c) à − a − a e) a − à − a nome adjetivo.
b) à − a − à d) a − a − a a) Estas montanhas escondem tesouros.
b) Aquilo jamais se repetirá.
19. (TRT 7 R) Pela internet, um grupo de jovens universitários c) Qualquer pessoa o ajudaria.
buscou a melhor formar de ajudar ...... vítimas de en- d) Nossa esperança é que ele volte.
chentes em Santa Catarina, e um deles foi ...... Itapema,
disposto ...... colaborar na reconstrução da cidade. Pronomes Pessoais
As lacunas da frase acima estarão corretamente preen-
chidas, respectivamente, por: Vamos supor que a Gorete esteja com fome e que ela
a) as - a - a c) as - à - à e) as - a – à queira contar isso para uma outra pessoa que a esteja ouvin-
b) às - à - a d) às - a - à do. É claro que, numa situação normal de comunicação, não
usaria a frase Gorete está com fome, e sim a frase:
20. (TRT 20) Exportadores brasileiros lançaram-se ...... con- Eu estou com fome.
quista de vários mercados internacionais, após ...... mo- • eu designa o que chamamos de 1ª pessoa gramatical,
dernização do setor agropecuário, que passou a oferecer isto é, a pessoa que fala.
...... esses mercados produtos de qualidade reconhecida. Se, no entanto, fosse mais de uma pessoa que estivesse
As lacunas da frase acima estarão corretamente preen- com fome, uma delas poderia falar assim:
chidas, respectivamente, por Nós estamos com fome.
a) à - a - a c) a - a - à e) à - à – a
b) à - a - à d) a - à - à Vamos supor, agora, que Gorete esteja conversando com
Língua Portuguesa

um amigo e queira saber se tal amigo está com fome. Ela,


GABARITO então, usaria a seguinte frase:
Tu estás com fome? ou: Você está com fome?
1. E 6. b 11. c 16. b • Tu (você) designa o que chamamos de 2ª pessoa gra-
2. C 7. e 12. a 17. d matical, isto é, a pessoa com quem se fala.
3. C 8. C 13. c 18. d
4. E 9. E 14. c 19. a Se, por outro lado, Gorete estiver conversando com mais de
5. E 10. E 15. a 20. a uma pessoa e quiser saber se elas estão com fome, falará assim:
Vós estais com fome? ou: Vocês estão com fome?

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Vamos imaginar, agora, que Gorete esteja conversando sujeito. Nas frases em que isso ocorre, tais pronomes são
com um amigo e queira afirmar que o cão que acompanha chamados pronomes reflexivos.
esse amigo está doente. Ela pode se expressar assim: Eu me machuquei. me (= a mim mesmo) → pronome
O cão está doente, ou então, Ele está doente. reflexivo.
• ele designa o que chamamos de 3ª pessoa gramatical,
isto é, a pessoa, o ser a respeito de quem se fala. b) Os pronomes oblíquos si e consigo são sempre re-
flexivos.
eu, nós, tu, vós, ele, eles são, nas frases analisadas, exem- Márcia só pensa em si. (= pensa nela mesma)
plos de pronomes pessoais. Ele trouxe consigo o livro. (= com ele mesmo)

Podemos concluir, então, que pronomes pessoais são Note, portanto, que frases como as exemplificadas a se-
aqueles que substituem os nomes e representam as pessoas guir são gramaticalmente incorretas.
gramaticais. Marcos, eu preciso falar consigo.
São três as pessoas gramaticais: Eu gosto muito de si, minha amiga.
• 1ª pessoa (a que fala): eu, nós
• 2ª pessoa (com quem se fala): tu, vós c) Os pronomes oblíquos nos, vos e se, quando significam
• 3ª pessoa (de quem se fala): ele(s), ela(s). um ao outro, indicam a reciprocidade (troca) da ação. Nesse
caso são chamados de pronomes reflexivos recíprocos.
Quadro dos pronomes pessoais Os jogadores se abraçavam após o gol. Onde: se (= um
ao outro) → pronome reflexivo recíproco.
Caso oblíquo (outras funções)
Caso reto
(sujeito) Átonos (sem Tônicos (com d) Eu x mim: eu (pronome reto) só pode funcionar como
preposição escrita) preposição escrita) sujeito, enquanto mim (pronome oblíquo) só pode ter outras
Singular: funções, nunca sujeito. Daí termos frases como:
eu, me, mim, comigo Ela trouxe o livro para eu ler. (correto)
tu te, ti, contigo
ele(a) se, o, a, lhe si, consigo, ele, ela Sujeito

Plural: Ela trouxe o livro para mim. (correto)


nós, nos, nós, conosco
vós, vos, vós, convosco Não pode ser sujeito
eles(as) se, os, as, lhes si, consigo, eles, elas Ela trouxe o livro para mim ler. (errado)

Observações: Não pode ser sujeito
1. Um pronome pessoal é pronome reto quando exerce a
função de sujeito da oração e é um pronome oblíquo e) Entre todos os pronomes pessoais somente os pro-
quando exerce função que não seja a de sujeito da nomes eu e tu não podem ser pronomes oblíquos (reveja
oração. o quadro). Esses dois pronomes só podem exercer a função
Ela pediu ajuda para nós. de sujeito da oração. Nas frases em que não for para exercer
Ela: pronome reto (funciona como sujeito). a função de sujeito, tais pronomes devem ser substituídos
nós: pronome oblíquo (não funciona como sujeito). pelos seus pronomes oblíquos correspondentes.
Eu → me, mim; Tu → te, ti.
Nós jamais a prejudicamos.
Nós: pronome reto (sujeito). Eu e ela iremos ao jogo. (correto)
a: pronome oblíquo (não sujeito).
Sujeito
2. Os pronomes oblíquos átonos nunca aparecem pre-
cedidos de preposição. Uma briga aconteceu entre mim e ti. (correto)
A vida me ensina a ser realista.
Sujeito não sujeito

pron. obl. átono Não houve nada entre eu e ela. (errado)
Não houve nada entre mim e ela. (correto)
3. Os pronomes oblíquos tônicos sempre aparecem
precedidos de preposição. Pronomes Pessoais de Tratamento
Ela jamais iria sem mim.
Os pronomes de tratamento* são pronomes pessoais
prep. pron. obl. tônico usados no tratamento cerimonioso e cortês entre pessoas.
Língua Portuguesa

Os principais são:
4. Os pronomes oblíquos tônicos, quando precedidos da Vossa Alteza (V.A.) → Príncipe, Duques
preposição com, combinam-se com ela, originando as Vossa Majestade (V.M.) → Reis
formas: comigo, contigo, consigo, conosco, convosco. Vossa Santidade (V.S.) → Papas
Vossa Eminência (V.Emª.) → Cardeais
Emprego dos Pronomes Pessoais Vossa Excelência (V.Exª.) → Autoridades em geral

a) Os pronomes oblíquos me, nos, te, vos e se podem * Ver Manual de Redação da Presidência da República, para usos
indicar que a ação praticada pelo sujeito reflete-se no próprio conforme normas de redação oficial.

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Observação: Pronomes Indefinidos
Existem, para os pronomes de tratamento, duas formas
distintas: Vossa (Majestade, Excelência etc.) e Sua (Majesta- Pronomes indefinidos são pronomes que se referem à 3ª
de, Excelência etc.). Você deve usar a forma Vossa quando pessoa gramatical (pessoa de quem se fala), quando consi-
estiver falando com a própria pessoa e usar a forma Sua derado de modo vago e indeterminado.
quando estiver falando a respeito da pessoa. Acredita em tudo que lhe dizem certas pessoas.
Vossa Majestade é cruel. (falando com o rei)
Sua Majestade é cruel. (falando a respeito do rei) Quadro dos pronomes indefinidos

Pronomes Possessivos
Variáveis Invariáveis
Pronomes possessivos são aqueles que se referem às algum(ns); alguma(s) alguém
três pessoas gramaticais (1ª, 2ª e 3ª), indicando o que cabe nenhum(ns); nenhuma(s) ninguém
ou pertence a elas. todo(s); toda(s) tudo
Tuas opiniões são iguais às minhas. outro(s); outra(s) outrem
• tuas: pronome possessivo correspondente à 2ª pessoa muito(s); muita(s) nada
do singular (tu). pouco(s); pouca(s) cada
• minhas: pronome possessivo correspondente à 1ª certo(s); certa(s) algo
pessoa do singular (eu). tanto(s); tanta(s)
quanto(s); quanta(s)
É importante fixar bem que há uma relação entre os pro- qualquer; quaisquer
nomes possessivos e os pronomes pessoais.
Observe atentamente o quadro abaixo: Observação:
Um pronome indefinido pode ser representado por ex-
pressões formadas por mais de uma palavra. Tais expressões
Pronomes pessoais Pronomes possessivos
são denominadas locuções pronominais. As mais comuns
eu → meu, minha, meus, minhas são: qualquer um, todo aquele que, um ou outro, cada um,
seja quem for.
tu → teu, tua, teus, tuas Seja qual for o resultado, não desistiremos.
ele → seu, sua, seus, suas
nós → nosso, nossa, nossos, nossas Pronomes Interrogativos
vós → vosso, vossa, vossos, vossas Pronomes interrogativos são aqueles empregados para
eles → seu, sua, seus, suas fazer uma pergunta direta ou indireta. Da mesma forma que
ocorre com os indefinidos, os interrogativos também se re-
Emprego dos Pronomes Possessivos ferem, de modo vago, à 3ª pessoa gramatical.
Os pronomes interrogativos são os seguintes:
a) Quando são usados pronomes de tratamento (V.Sª, Que, quem, qual, quais, quanto(s) e quanta(s).
V.Excia etc.), o pronome possessivo deve ficar na 3ª pessoa
Que horas são? (frase interrogativa direta)
(do singular ou do plural) e não na 2ª pessoa do plural.
Gostaria de saber que horas são. (interrogativa indireta)
Vossa Majestade depende de seu povo.
Quantas crianças foram escolhidas?

Pron. tratamento 3ª pessoa
Pronomes Relativos
Vossas Majestades confiam em seus conselheiros?
Vamos supor que alguém queira transmitir-nos duas in-
Pron. tratamento 3ª pessoa formações a respeito de um menino. Esse alguém poderia
falar assim:
b) Os pronomes possessivos seu(s) e sua(s) podem se Eu conheço o menino. O menino caiu no rio.
referir tanto à 2ª pessoa (pessoa com quem se fala), como
à 3ª pessoa (pessoa de quem se fala). Mas essas duas informações poderiam também ser trans-
Sua casa foi vendida (sua = de você) mitidas utilizando-se não duas frases separadas, mas uma
Sua casa foi vendida (sua = dele, dela) única frase formada por duas orações. Com isso, seria evitada
a repetição do substantivo menino. A frase ficaria assim:
Essa dupla possibilidade de uso de tais pronomes pode

gerar ambiguidade ou frases com duplo sentido. Quando isso
Eu conheço o menino que caiu no rio.
ocorrer, você deve procurar trocar os pronomes seu(s) e sua(s)
por dele(s) ou dela(s), a fim de tornar a frase mais clara.
Língua Portuguesa

1ª oração 2ª oração
c) Os pronomes seu(s) e sua(s) são usados tanto para 3ª
pessoa do singular como para 3ª pessoa do plural (confira Observe que a palavra que substitui, na segunda oração,
tal afirmação no quadro acima). a palavra menino, que já apareceu na primeira oração. Essa
é a função dos pronomes relativos.
d) Os pronomes possessivos podem, em muitos casos, Podemos dizer, então, que pronomes relativos são os que
ser substituídos por pronomes oblíquos equivalentes. se referem a um substantivo anterior a eles, substituindo-o
A chuva molha-me o rosto. (= molha meu rosto). na oração seguinte.

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Quadro dos pronomes relativos Exercícios
Variáveis
Invariáveis (Cespe/Prefeitura do Rio Branco) À semelhança do Brasil, o
Masculino Feminino Acre compõe-se de uma grande diversidade de povos indí-
o qual, os quais, a qual, as quais, genas, cujas situações frente à sociedade nacional também
que, quem, são muito variadas.
cujo, cujos, quanto, cuja, cujas,
onde, como 1. A substituição de “cujas” por as quais mantém a correção
quantos quanta, quantas
gramatical do período e as relações lógicas originais.
Observações:
• Como relativo, o pronome que é substituível por o qual, Analisando o emprego do pronome relativo CUJO
a qual, os quais, as quais. • acompanha substantivo posterior;
Já li o livro que comprei. (= livro o qual comprei) • refere-se a substantivo anterior;
• sentido de posse;
• Há frases em que a palavra retomada, repetida pelo • varia com a palavra posterior.
pronome relativo, é o pronome demonstrativo o, a,
os, as. Observo os povos indígenas cujo líder é guerreiro.
Ele sempre consegue o que deseja. Observo os povos indígenas cuja cultura é milenar.
Observo as tribos indígenas cujos líderes são guerreiros.
pron. dem. pron. relativo Observo as tribos indígenas cujas culturas são milenares.
(= aquilo) (o qual)
Cuidado!
• O relativo quem só é usado em relação a pessoas e São estruturas inadequadas as seguintes:
aparece sempre precedido de preposição. Observo os povos indígenas que o líder é guerreiro.
O professor de quem você gosta chegou. Observo os povos indígenas que o líder deles é guerreiro.

pessoa preposição Regra:
Para “ligar” dois substantivos com relação de posse entre
• O relativo cujo (e suas variações) é, normalmente, em- si, somente é correto no padrão da Língua Portuguesa o
pregado entre dois substantivos, estabelecendo entre emprego do relativo cujo e suas variações.
eles uma relação de posse e equivale a do qual, da
qual, dos quais, das quais. (PMVTEC/Analista) Na saúde, o município destaca o proje-
Compramos o terreno cuja frente está murada. (cuja to MONICA – Monitoramento Cardiovascular –, em que se
frente = frente do qual) quantificou o risco de a população de Vitória na faixa de 25
a 64 anos ter problemas cardiovasculares.
Note que após o pronome cujo (e variações) não se 2. Mantendo-se a correção gramatical do período, o trecho
usa artigo. Por isso, deve-se dizer, por exemplo: “em que se quantificou” poderia ser reescrito da seguinte
Visitei a cidade cujo prefeito morreu, e não: maneira: por meio do qual se quantificou.
Visitei a cidade cujo o prefeito morreu.
(PMVSEMUS/Médico) Texto dos itens 3, 4 e 5:
• O relativo onde equivale a em que. Preocupam-se mais com a AIDS do que os meninos e as me-
Conheci o lugar onde você nasceu. ninas da África do Sul, onde a contaminação segue em ritmo
alarmante. Chegam até a se apavorar mais com a gripe do
(em que) frango do que as crianças chinesas, que conviveram com a
epidemia. Esses dados constam de uma pesquisa inédita que
• Quanto(s) e quantas(s) só são pronomes relativos se ouviu 2.800 crianças com idade entre 8 e 15 anos das classes
estiverem precedidos dos indefinidos tudo, tanto(s), A e C em catorze países.
tanta(s), todo(s), toda(s). 3. Preservam-se as ideias e a correção gramatical do texto
Sempre obteve tudo quanto quis. ao se substituir o pronome “onde” por cuja, apesar de
o texto tornar-se menos formal.
indefinido relativo
Estudando o pronome relativo ONDE
Outros exemplos de reunião de frases por meio de pro- Observe:
nomes relativos: Visitei o bairro. Você mora no bairro.
Eu visitei a cidade. Você nasceu na cidade. Note que no = em + o.
Então: Visitei o bairro no qual você mora.
onde Note que no qual = em + o qual.
Eu visitei a cidade em que você nasceu.
na qual Empregando onde, teremos:
Visitei o bairro onde você mora.
Observe que, nesse exemplo, antes dos relativos que e
qual houve a necessidade de se colocar a preposição em, que é Regras:
Língua Portuguesa

exigida pelo verbo nascer (quem nasce, nasce em algum lugar). • onde só pode se referir a um lugar;
Você comprou o livro. Eu gosto do livro. • podemos substituir onde por no qual e suas variações;
• podemos substituir onde por em que.
de que
Você comprou o livro eu gosto.
do qual ONDE versus AONDE
Observe:
Da mesma forma que no exemplo anterior, aqui houve Visitei o bairro onde você mora. (Quem mora, mora em...)
a necessidade de se colocar a preposição de, exigida pelo Visitei o bairro aonde você foi. (Quem foi, foi a...)
verbo gostar (quem gosta, gosta de alguma coisa). Então: aonde = a + onde.

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Pronomes Demonstrativos Senhor Governador,
Informo a V. Exa. que esta Casa colocará em pauta na
Pronomes demonstrativos são os que indicam a posição quarta-feira próxima a análise do projeto que destina
ou o lugar dos seres, em relação às três pessoas gramaticais. verba para reforma do Ginásio Américo de Almeida.
Aquela casa é igual à nossa. Essa Governadoria pode aguardar informativo na
quinta-feira.
Pron. dem.
Exemplo 2:
Quadro dos pronomes demonstrativos Aqui nesta sala onde estamos, às vezes, escutamos vo-
zes vindas daquela sala onde estão tendo aula de Finanças
Variáveis Invariáveis Públicas.
este, esta, estes, estas isto
2) Para referência a termos anteriores e posteriores
esse, essa, esses, essas isso
Regra:
aquele, aquela, Para termos a serem mencionados: este, esta, isto.
aquilo
aqueles, aquelas Para termos já mencionados: esse, essa, isso.
o, a, os, as o
3) Para referência a termos anteriores separadamente
Atenção! Regra:
Também podem funcionar como pronomes demonstra- Para referência ao primeiro mencionado: aquele, aquela,
tivos as palavras: o(s), a(s), mesmo(s), semelhante(s), aquilo.
tal e tais, em frases como: Para referência ao último mencionado: este, esta, isto.
Chegamos hoje, não o sabias? (o = isto) Para referência ao termo entre o primeiro e o último:
Quem diz o que quer, ouve o que não quer. (o = aquilo) esse, essa, isso.
Tais coisas não se dizem em público! (tais = estas)
4. (AFRF) Em relação aos elementos que constituem a coe­
É importante saber distinguir quando temos artigo o, são do texto abaixo, assinale a opção correta.
a, os, as e quando pronomes demonstrativos o, a, os, as.
O livro que você trouxe não é o que te pedi. 1 O caráter ético das relações entre o cidadão e o
– Note que o equivale a aquele. poder está naquilo que limita este último e, mais que
A revista que você trouxe não é a que te pedi. isso, o orienta. Os direitos humanos, em sua primei-
– Note que a equivale a aquela. 4 ra versão, como direitos civis, limitavam a ação do
Pode fazer o que você quiser. Estado sobre o indivíduo, em especial na qualidade
– Note que o equivale a aquilo. que este tivesse, de proprietário. Com a extensão
7 dos direitos humanos a direitos políticos e sobretudo
Cuidado! sociais, aqueles passam – pelo menos idealmente
Artigo pressupõe um substantivo ligado a ele na expressão. – a fazer mais do que limitar o governante: devem
O livro, a revista, o grande e precioso livro, a nova e in- 10 orientar sua ação. Os fins de seus atos devem estar di-
teressante revista. recionados a um aumento da qualidade de vida, que
não se esgota na linguagem dos direitos humanos,
São três situações de uso dos pronomes demonstrativos: 13 mas tem nela, ao menos, sua condição necessária,
este, esta, estes, estas, isto, esse, essa, esses, essas, isso, ainda que não suficiente.
aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo.
1) Para referência a objetos em relação às pessoas que a) Em “o orienta” (l. 3), “o” refere-se a “cidadão” (l. 1).
participam de um diálogo (pessoas do discurso). b) Em “este tivesse” (l. 6), “este” refere-se a “Estado” (l. 5).
c) Em “aqueles passam” (l. 8), “aqueles” refere-se a “di-
Regra: reitos políticos” (l. 7).
Primeira pessoa: eu, nós (pessoa que fala). Deve-se em- d) “sua ação” (l. 10) e “seus atos” (l. 10) remetem ao
pregar este, esta, isto com referência a objeto próximo de mesmo referente: “proprietário” (l. 6).
quem fala. e) “sua condição” (l. 13) refere-se a “um aumento na
Segunda pessoa: tu, vós, você (pessoa que ouve). Deve- qualidade de vida” (l. 11).
-se empregar esse, essa, isso com referência a objeto pró-
ximo de quem ouve. (PMDF/Médico)
Terceira pessoa: ele, ela, eles, elas (pessoa ou assunto
da conversa). Deve-se empregar aquele, aquela, aquilo com 1 Notaria apenas que, em nossos dias, as regiões
referência a objeto distante tanto de quem fala, como de onde essa grade é mais cerrada, onde os buracos
quem ouve. negros se multiplicam, são as regiões da sexualidade
4 e as da política: como se o discurso, longe de ser
Língua Portuguesa

Exemplo 1: elemento transparente ou neutro no qual a sexua-


• Correspondência do Governador para o Presidente da lidade se desarma e a política se pacifica, fosse um
Assembleia Legislativa. 7 dos lugares onde elas exercem, de modo privilegiado,
Senhor Presidente, alguns de seus mais temíveis poderes. Por mais que
Solicito a V. Exa. que essa Casa Legislativa analise com o discurso seja aparentemente bem pouca coisa, as
urgência o projeto que destina verba para reforma do 10 interdições que o atingem revelam logo, rapidamen-
Ginásio Estadual Américo de Almeida. te, sua ligação com o desejo e com o poder.
• Resposta do Presidente da Assembleia Legislativa para Nisto não há nada de espantoso, visto que o
o Governador. 13 discurso — como a psicanálise nos mostrou — não

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é simplesmente aquilo que manifesta (ou oculta) o 13. Os pronomes “essa” e “dela” são flexionados no feminino
desejo; é, também, aquilo que é objeto do desejo; e porque remetem ao mesmo referente do pronome em
16 visto que — isto a história não cessa de nos ensinar “completá-la”.
— o discurso não é simplesmente aquilo que traduz 14. Preservam-se a correção gramatical e a coerência textual,
as lutas ou os sistemas de dominação, mas aquilo por ao se retirar do texto a expressão “que são”.
19 que, pelo que se luta, o poder do qual nos queremos
apoderar. É preciso sublinhar o fato de que todas as posições existen-
ciais necessitam de pelo menos duas pessoas cujos papéis
Julgue os itens, relativos às estruturas linguísticas do texto. combinem entre si. O algoz, por exemplo, não pode continuar
5. Preservam-se a correção gramatical e o sentido do texto a sê-lo sem ao menos uma vítima. A vítima procurará seu
se o pronome “onde” (l. 2) for substituído por as quais. salvador e este último, uma vítima para salvar.
6. A expressão “no qual” (l. 5) tem como referente a ex- 15. O pronome “cujos” atribui a “pessoas” a posse de uma
pressão “elemento transparente ou neutro”. característica que também pode ser expressa da seguinte
7. O pronome “aquilo” (l. 14 e 17) pode ser substituído maneira: com papéis que combinem entre si.
por o, sem prejuízo do sentido original e de correção
gramatical. (MS/Agente) “Tempo é Vida” é o bordão da campanha, que
8. O pronome “isto” (linha 16) recupera o sentido do trecho expressa o apelo daqueles que estão à espera de um trans-
“visto que o discurso (…) desejo”. (l. 12-15) plante.
16. A substituição de “daqueles” por dos prejudica a correção
(TCE-AC/Analista) Há umas ocasiões oportunas e fugitivas, gramatical e a informação original do período.
em que o acaso nos inflige duas ou três primas de Sapucaia;
outras vezes, ao contrário, as primas de Sapucaia são an- (TRT1ª R/Analista) A raça humana é o cristal de lágrima / Da
tes um benefício do que um infortúnio. Era à porta de uma lavra da solidão / Da mina, cujo mapa / Traz na palma da mão.
igreja. Eu esperava que as minhas primas Claudina e Rosa 17. A respeito do emprego dos pronomes relativos, assinale
tomassem água benta, para conduzi-las à nossa casa, onde a opção correta.
estavam hospedadas. a) É correto colocar artigo após o pronome relativo cujo
9. Na oração “em que o acaso nos inflige duas ou três pri- (cujo o mapa, por exemplo).
mas de Sapucaia”, a substituição de “em que” por onde b) O relativo cujo expressa lugar, motivo pelo qual apare-
manteria o sentido original e a correção gramatical do ce no texto ligado ao substantivo mapa na expressão
texto. “cujo mapa”.
c) O pronome cujo é invariável, ou seja, não apresenta
(Cariacica/Assistente Social) Em alguns segmentos de nossa flexões de gênero e número.
d) O pronome relativo quem, assim como o relativo que,
sociedade, o trabalho fora de casa é considerado inconve-
tanto pode referir-se a pessoas quanto a coisas em
niente para o sexo feminino. É óbvio que a participação de
geral.
um indivíduo em sua cultura depende de sua idade. Mas é
e) O pronome relativo que admite ser substituído por o
necessário saber que essa afirmação permite dois tipos de
qual e suas flexões de gênero e número.
explicações: uma de ordem cronológica e outra estritamente
cultural. (DFTrans/Analista) Ao se criticar a concepção da linguagem
10. A expressão “essa afirmação” retoma a ideia de que o como representação do outro e para o outro, não se a de-
trabalho fora de casa pode ser considerado inconveniente sautoriza nem sequer a refuta.
para as mulheres. 18. Mantêm-se a coerência e a correção da estrutura sintá-
tica e das relações semânticas do texto ao se inserir o
(Iema-ES/Advogado) O destino dos compostos orgânicos pronome se logo após “sequer”.
no meio ambiente, dos mata-matos aos medicamentos, é
largamente decidido pelos micróbios. Esses organismos que-
Pronomes Pessoais Oblíquos
bram alguns compostos diretamente em dióxido de carbono
(CO2), mas outros produtos químicos permanecem no meio (Emprego e Colocação Pronominal)
ambiente por anos, absolutamente intocados.
o, a, os, as → somente no lugar de trechos sem prepo-
11. O termo “Esses organismos” está empregado em referên-
sição inicial.
cia a “mata-matos” e “medicamentos”, ambos na mesma
lhe, lhes → somente no lugar de trechos com preposição
linha.
inicial.
Devemos dar valor aos pais. → Devemos dar-lhes valor.
(BB/Escriturário) Em meio a uma crise da qual ainda não sabe
Amo os pais. → Amo-os.
como escapar, a União Europeia celebra os 50 anos do Tra- Apertei os pregos da caixa. → Apertei-lhe os pregos.
tado de Roma, pontapé inicial da integração no continente. Apertei os pregos da caixa. → Apertei-os.
12. O emprego de preposição em “da qual” atende à regência
do verbo “escapar”.
Língua Portuguesa

Cuidado!
Pronomes que podem ficar no lugar de trechos com ou
(TRT 9ª R/Analista) Relação é uma coisa que não pode exis- sem preposição: me, te, se, nos, vos.
tir, que não pode ser, sem que haja uma outra coisa para Eu lhe amo. (errado)
completá-la. Mas essa “outra coisa” fica sendo essencial Eu te amo. (certo)
dela. Passa a pertencer à sua definição específica. Muitas Eu a amo. (certo)
vezes ficamos com a impressão, principalmente devido aos Dei-lhe amor. (certo)
exemplos que são dados, de que relação seja algo que “une”, Dei-te amor. (certo)
que “liga” duas coisas. Dei-a amor. (errado)

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Alterações gráficas dos pronomes Correção: Tenho-me dedicado. (Portugal)
Verbo com final -r, -s, -z, diante de pronomes o, a, os, as. Tenho me dedicado. (Brasil)
Vamos cantar os hinos. →Vamos cantá-los.
Cantamos os hinos. → Cantamo-los. • Não escrever esses pronomes após verbo no futuro:
Fiz o relatório. → Fi-lo. Ele faria-me um favor. (errado)
Ele me faria um favor. (correto)
Verbo com final -m, -ão, -õe, diante de pronomes o, a,
os, as. Casos de próclise obrigatória
Eles cantam os hinos. → Eles cantam-nos. 1. Advérbios.
Pais dão presentes aos filhos. → Pais dão-nos aos filhos. 2. Negações.
Põe o livro aqui. → Põe-no aqui. 3. Conjunções subordinativas (que, se, quando, embora
etc.).
19. (S. Leopoldo-RS/Advogado) A substituição das palavras 4. Pronomes relativos (que, o qual, onde, quem, cujo).
grifadas pelo pronome está incorreta em: 5. Pronomes demonstrativos (este, esse, aquele, aquilo).
a) “que transpõe um conceito moral” – que o transpõe. 6. Pronomes indefinidos (algo, algum, tudo, todos, vários
b) Em “a democracia convida a um perpétuo exercício de etc.).
reavaliação. Isso quer dizer que, para bem funcionar, 7. Exclamações.
exige crítica. Substituir “exige crítica” por exige-a. 8. Interrogações.
c) “o que expõe o Brasil” – o que o expõe. 9. Em mais pronome mais gerúndio (-ndo).
d) “seria extirpar suas camadas iletradas” – seria extir-
par-lhes. Observação:
e) “mais apto a exercer a crítica” – mais apto a exercê-la. Em caso de não ser obrigatória a próclise, então ela
será facultativa.
20. (Guarapari/Técnico de Informática) A substituição do
segmento grifado pelo pronome está feita de modo in- 22. Julgue os itens seguintes, quanto à colocação pronominal.
correto em: a) Jamais devolver-te-ei aquela fita.
a) “o privilégio de acessar o caminho da universidade” b) Deus pague-lhe esta caridade!
= o privilégio de acessá-lo. c) Tenho dedicado-me ao estudo das plantas.
b) “no final têm que saltar o muro do vestibular” = no d) Ali fazem-se docinhos e salgadinhos.
final têm que saltar-lhe. e) Te amo, Maria!
c) “ficam impedidos de desenvolver seus talentos” = f) Algo vos perturba?
ficam impedidos de desenvolvê-los. g) Eu me feri.
d) “perdendo a proteção de escolas especiais desde a h) Eu feri-me.
infância” = perdendo-a desde a infância. i) Eu não feri-me.
e) “Injusta porque usa seus recursos” = injusta porque j) O rapaz que ofendeu-te foi repreendido.
os usa. k) Em me chegando a notícia, tratarei de divulgá-la.
Colocação dos pronomes oblíquos átonos: me, te, se, Colocando pronomes na locução verbal
nos, vos, o, a, os, as, lhe, lhes.
Pronome antes do verbo chama-se próclise: Regra:
Eu te amo. Você me ajudou. • Se não houver caso de próclise, o pronome está livre.
Pronome depois do verbo chama-se ênclise: • Se houver caso de próclise, o pronome só pode ficar
Eu amo-te. Você ajudou-me. antes do verbo auxiliar ou após o verbo principal, sem-
pre respeitadas as regras básicas.
Pronome no meio da estrutura do verbo chama-se me-
sóclise: 23. Julgue as alternativas em C ou E.
Amar-te-ei. Ajudar-te-ia. a) Elas lhe querem obedecer.
b) Elas querem-lhe obedecer.
21. (Seplan/MA) Quanto aos jovens de hoje, falta a estes c) Elas querem obedecer-lhe.
jovens maior perspectiva profissional, sem a qual não d) Elas não querem-lhe obedecer.
há como motivar estes jovens para a vida que os espera. e) Elas não querem obedecer-lhe.
Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituin-
do-se os elementos sublinhados, na ordem dada, por: Casos de ênclise obrigatória
a) faltam-lhes - motivar-lhes. 1. Verbo no início de oração:
b) falta-lhes - motivar-lhes. Me trouxeram este presente. (errado)
c) lhes falta - lhes motivar. Trouxeram-me este presente. (certo)
d) falta-lhes - motivá-los.
e) lhes faltam - os motivar. 2. Verbo no imperativo afirmativo:
Vá ali e me traga uma calça. (errado)
Língua Portuguesa

Colocação Pronominal Vá ali e traga-me uma calça. (certo)

Pronomes oblíquos átonos: me, nos, te, vos, se, o, a, lhe. Casos de mesóclise obrigatória
A mesóclise é obrigatória somente se o verbo no futuro
Regras básicas: iniciar a oração:
• Não iniciar oração com pronome oblíquo átono: Te darei o céu. (errado)
Me dedico muito ao trabalho. (errado) Dar-te-ei o céu. (certo)
• Não escrever tais pronomes após verbo no particípio: Eu te darei o céu. (certo)
Tenho dedicado-me. (errado). Eu dar-te-ei o céu. (certo)

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Observação:
Se houver caso de próclise, prevalece o pronome antes
do verbo.
Eu não te darei o céu. (certo)
Eu não dar-te-ei o céu. (errado)

Cuidado!
Verbo no infinitivo fica indiferente aos casos de próclise.
É importante não se irritar à toa. (certo)
É importante não irritar-se à toa. (certo)

24. “Encontrará lavrado o campo”. Com pronome no lugar


de “campo”, escreveríamos assim:
a) encontrará-o lavrado
b) encontrará-lhe lavrado
c) encontrar-lhe-á lavrado
d) lhe encontrará lavrado
e) encontrá-lo-á lavrado

(Abin/Analista) Em 2005, uma brigada completa, atualmente


instalada em Niterói – com aproximadamente 4 mil soldados –,
será deslocada para a linha de divisa com a Colômbia.
25. A substituição de “será deslocada” por deslocar-se-á
mantém a correção gramatical do período.

26. (Metrô-SP/Advogado) O termo grifado está substituído


de modo incorreto pelo pronome em:
a) Como forma de motivar funcionários = como forma
de motivar-lhes.
b) De que todos na empresa tenham habilidades múlti-
plas = de que todos as tenham.
c) Para obter sucesso = para obtê-lo.
d) Essas mudanças causam perplexidade = essas mudan-
ças causam-na.
e) As pessoas buscam novas regras = as pessoas bus-
cam-nas.

27. (TRT 19 R) Antonio Candido escreveu uma carta, fez có-


pias da carta e enviou as cópias a amigos do Rio. Substi-
tuem de modo correto os termos sublinhados na frase,
respectivamente,
a) destas – enviou-as
b) daquela – os enviou
c) da mesma – enviou-lhes
d) delas – lhes enviou
e) dela – as enviou

28. Assinale abaixo a alternativa que não apresenta correta


colocação dos pronomes oblíquos átonos, de acordo com
a norma culta da língua portuguesa:
a) Eu vi a menina que apaixonou-se por mim na juven-
tude.
b) Agora se negam a falar.
c) Não te afastes de mim.
d) Muitos se recusaram a trabalhar.

Gabarito
Língua Portuguesa

1. E 9. E 17. e 24. e
2. C 10. E 18. C 25. C
3. E 11. E 19. e 26. a
4. e 12. C 20. b 27. e
5. E 13. E 21. d 28. a
6. C 14. C 22. E E E E E
7. C 15. C CCCEEC
8. E 16. E 23. C C C E C

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PRF

SUMÁRIO

Matemática
Números inteiros, racionais e reais
Problemas de contagem.................................................................................................................................................. 3

Sistema legal de medidas...................................................................................................................................................... 8

Razões e proporções; divisão proporcional


Regras de três simples e composta. Porcentagens........................................................................................14/16/19/23

Equações e inequações de 1º e 2º graus


Sistemas lineares........................................................................................................................................................... 26

Funções
Gráficos......................................................................................................................................................................... 39

Sequências numéricas......................................................................................................................................................... 37

Progressão aritmética e geométrica................................................................................................................................... 37

Noções de probabilidade e estatística................................................................................................................................ 53

Raciocínio lógico:
problemas aritméticos.................................................................................................................................................. 89

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Matemática
Júlio Lociks

Conjuntos e Intervalos Numéricos Conjunto dos Números Inteiros Negativos

A seguir recordaremos alguns dos principais conjuntos Z*- = {... -6, -5, -4, -3, -2, -1}
numéricos.
Conjunto dos Números Inteiros não Positivos
Conjunto dos Números Naturais
Z- = {... -6, -5, -4, -3, -2, -1, 0}
N = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12...}
Observe que o número zero pertence a este conjunto
As reticências que aparecem à direita significam que e, portanto, chamá-lo de inteiros negativos seria incorreto
o conjunto dos números naturais tem infinitos elementos. dado que zero não é um número negativo.
Se n é um número natural qualquer, então n+1 é o
sucessor de n. Conjunto dos Números Inteiros Positivos
O número natural n pode ser chamado antecessor de
Z*+ = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12...}
n+1.
Todo número natural tem um sucessor. O uso do asterisco (*) junto ao símbolo de um conjunto
No lugar do termo sucessor também se pode empregar numérico qualquer que compreenda originalmente o elemen-
sucessivo e seguinte. to zero indica que este elemento foi retirado do conjunto.
Os números naturais n e n+1 são chamados consecuti- Alguns exemplos são:
vos.
N* = {1, 2, 3, 4, 5...}
Exemplos:
52 é o sucessor de 51; Z* = {...-4, -3, -2, -1, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7...}
33 é o antecessor de 34;
17 e 18 são números naturais consecutivos. Conjunto dos Números Inteiros não Negativos

Pode-se estender o conceito de consecutivos para três Z + = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12...}
ou mais números naturais de várias maneiras que se mos-
tram úteis na resolução de certos problemas envolvendo Veja que o número zero também pertence a este con-
esses números. junto e, portanto, chamá-lo de “inteiros positivos” seria
Veja a seguir alguns casos mais comuns: incorreto porque zero não é um número negativo.
Note também que os elementos do conjunto Z + são os
Três números naturais consecutivos: mesmos do conjunto N. Portanto, podemos dizer que o con-
junto Z + é igual ao conjunto N ou, ainda, que o conjunto dos
n, n+1, n+2 números inteiros não negativos e o conjunto dos números
ou naturais são o mesmo conjunto.
n−1, n, n+1
Z+ = N
Três números pares (ou ímpares) consecutivos:

n, n+2, n+4
Conjunto dos Números Racionais
ou É o conjunto de todos os números x tal que b ⋅ x = a, para
n−2, n, n+2 algum par de números inteiros a e b, com a ≠0.
Veja que podemos usar as mesmas representações a
para números pares consecutivos e para números ímpares Q = {x = / b ⋅ x = a , a ∈ Z, b ∈ Z*}
b
consecutivos, pois a diferença entre dois pares consecutivos a
ou dois ímpares consecutivos é sempre igual a 2. A representação , com a e b inteiros e b ≠ 0, é
b
denominada forma fracionária de um número racional ou
Conjunto dos Números Inteiros (ou Inteiros
simplesmente fração.
Relativos) Todas as frações cujo numerador seja um múltiplo do
denominador pertencem ao conjunto Z e, portanto, corres-
Z = {... -4, -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7...}
pondem a números inteiros.
Observe que todos os elementos do conjunto N também
Se m ∈ Z e se a = m⋅ b, então:
pertencem ao conjunto Z. Portanto, N é um subconjunto de
Z e podemos dizer que N está contido em Z. a m ⋅ b m ⋅ b/ a
= = = m ⇒ ∈Z
N⊂ Z b b b/ b
Matemática

Veja bem: Assim, vemos que todos os números inteiros pertencem


ao conjunto Q e, desse modo, podemos dizer que o conjunto
-3 > -6 (-3 é maior que -6) Z está contido em Q.
-8 < -2 (-8 é menor que -8)
0 > -5 (0 é maior que -5) Z⊂Q

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Todos os números com uma quantidade finita de alga- A radiciação de um número natural qualquer ou resul-
rismos depois da vírgula (decimais simples) pertencem ao tará também em um número natural ou resultará em um
conjunto Q. número irracional.
São exemplos:
 núm. natural
3 
0,3 = ⇒ 0,3 ∈ Q n
núm. natural =  ou
10
núm. irracional
516 
5,16 = ⇒ 5,16 ∈ Q
100
Exemplos:
2
0,022 = ⇒ 0,022 ∈ Q 36 = 6 (racional)
1000

37 = 6,0827625 ... (irracional)


Todas as dízimas periódicas pertencem ao conjunto Q.
Alguns exemplos são:
100 = 10 (racional)
2
0,222... = ⇒ 0,222... ∈ Q
9 1000 = 31,622777 ... (irracional)

1 Representação de Números Reais por Pontos na Reta


0,1666... = ⇒ 0,1666... ∈ Q
6 Orientada

Podemos representar todos os números reais como


21,434343... = 2122 ⇒ 21,434343... ∈ Q
9 pontos em uma reta orientada denominada reta numérica.
Inicialmente, escolhe-se um ponto sobre a reta para
indicar o número zero.
Conjunto dos Números Reais

O conjunto dos números reais compreende todos os


números que permitam representação na forma decimal,
periódica ou não periódica. Isso compreende todos os
números inteiros, todos os números racionais e mais os Depois, marcam-se os demais números inteiros, man-
números irracionais (que não permitem representação tendo sempre a mesma distância entre dois inteiros conse-
decimal periódica). cutivos quaisquer, sendo:
São exemplos de números reais:
• os positivos, à direita de zero, a partir do 1 e em
ordem crescente para a direita;
2 = 2,000...
• e os negativos à esquerda de zero, a partir do −1 e
em ordem decrescente para a esquerda;
1/5 = 0,2000...

4/9 = 0,444...

π = 3,141592653...
Todos os demais números reais não inteiros, racionais
2 = 1,414213...
ou irracionais, podem ser localizados entre dois números
inteiros.
Números Irracionais Observe, por exemplo, onde estão localizados os núme-
ros − 2 , 3/5 e π:
Os números decimais não periódicos de expansão infi-
nita, ou seja, aqueles que possuem infinitas casas decimais
em sua representação decimal, mas que nunca formam − 2 = −1,41421356237...
período, não pertencem ao conjunto Q. Estes números são
denominados irracionais. 3/5 = 0,6
São exemplos de números irracionais:
π = 3,1415926535...
Matemática

2 = 1,4142135623731...

π = 3,1415926535...

log10 (3) = 0, 477121254719662

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Intervalos de Números Reais Representação com colchetes: ]−∞;9]
Intervalo ilimitado à esquerda e fechado à direita em 9.
Denominamos intervalo de números reais qualquer
subconjunto do conjunto dos números reais que corresponda Repare bem que nos exemplos acima sempre temos:
a segmentos ou semirretas da reta dos números reais.
- uma bolinha cheia ( • ) no extremo de um intervalo,
Exemplos: que significa que o número associado a esse extremo
Observe as representações dadas a cada um dos inter- pertence ao intervalo. Na representação que usa
valos seguintes: colchetes, será representada por um colchete voltado
“para dentro” no lado correspondente;
1) Representação de conjuntos: {x ∈R / 5 ≤ x ≤ 9} - uma bolinha vazia ( o ) no extremo de um intervalo,
Representação gráfica: que significa que o número associado a esse extremo
não pertence ao intervalo. Na representação que usa
colchetes, será representada por um colchete voltado
“para fora” (invertido) no lado correspondente;
- os colchetes do lado de +∞ e de −∞ são sempre
Representação com colchetes: [5;9] voltados “para fora”.
Intervalo limitado, fechado, de extremos 5 e 9.
Observações:
2) Representação de conjuntos: {x ∈R / 5 < x < 9} 1) Os símbolos +∞ e −∞ podem ser lidos como “mais
infinito” e “menos infinito”, respectivamente;
Representação gráfica:
2) No caso dos intervalos semiabertos também se pode
empregar um parêntese no lugar do colchete que está vol-
tado “para fora”.
Assim, podemos escrever:
Representação com colchetes: ]5;9[ [−5; 12[ = [−5; 12)
Intervalo limitado, aberto, de extremos 5 e 9.
]−5; 12] = (−5; 12]
3) Representação de conjuntos: {x ∈R / 5 < x ≤ 9}
3) Não use parênteses para representar intervalos
Representação gráfica:
abertos, pois o resultado se confundiria com a representação
de par ordenado.
(−5; 12) é o par ordenado de abscissa x = −5 e ordenada
y = 12.
Representação com colchetes: ]5;9]
Intervalo limitado, aberto à esquerda em 5 e fechado à EXERCÍCIOS PROPOSTOS
direita em 9 (é semiaberto).
1. Considere as seguintes afirmativas a respeito dos nú-
4) Representação de conjuntos: {x ∈R / 5 ≤ x < 9} meros naturais.
Representação gráfica: I – Todo número natural tem um sucessor.
II – Todo número natural tem um antecessor.
III – Todos os números da forma 2n (com n ∈ N) são
números pares.
IV – Todos os números da forma 2n+1 (com n ∈ N) são
Representação com colchetes: [5;9[ números ímpares.
Intervalo limitado, fechado à esquerda em 5 e aberto à Assinale a alternativa correta.
direita em 9 (é semiaberto). a) Somente as afirmativas I e III são corretas.
b) Somente a afirmativa IV é incorreta.
5) Representação de conjuntos: {x ∈R / x ≥ 5} c) Somente a afirmativa II é incorreta.
Representação gráfica: d) Todas as afirmativas são corretas.
e) Todas as afirmativas são incorretas.

2. Um caixa automático de banco está operando somente


com notas de 5 e de 10 reais. Um usuário fez um saque
Representação com colchetes: [5;+∞[ de R$100,00. Pode-se concluir que dentre as notas
Intervalo fechado à esquerda em 5 e ilimitado à direita. retiradas:
a) o número de notas de R$10,00 é par.
Matemática

6) Representação de conjuntos: {x ∈R / x ≤ 9} b) o número de notas de R$5,00 é par.


Representação gráfica: c) o número de notas de R$10,00 é ímpar.
d) o número de notas de R$5,00 é ímpar.
e) o número de notas de R$5,00 é par e o de R$10,00
é ímpar.

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3. Se p e q são números inteiros quaisquer, com q ≠ 0, b) Se p for um número irracional, então d deverá ser,
então é correto afirmar que: também, um número irracional.
p c) O produto pd é necessariamente um número irracio-
a) é um número inteiro.
q nal.
p d) A soma (p + d) pode ser um número racional.
b) p + q é um número inteiro. e) Se p for um número inteiro, então d será, também,
p+q um número inteiro.
c) é um número inteiro.
q
8. Considerando as convenções usuais para os conjuntos
p
d) é um número inteiro se, e somente se, existir numéricos, o conjunto Z+ pode ser corretamente deno-
q minado:
um inteiro k tal que p = kq. a) Conjunto dos números inteiros não nulos.
p q b) Conjunto dos números naturais positivos.
e) sendo inteiro, tem-se também que é inteiro.
q p c) Conjunto dos números inteiros positivos.
d) Conjunto dos números racionais positivos.
4. Considere as afirmativas abaixo para responder o que e) Conjunto dos números naturais.
se pede.
I – Entre dois números racionais quaisquer, p e q, com 9. Sejam R o conjunto dos números reais, Q o conjunto dos
p ≠ q, existe sempre um outro número racional. números racionais e N o conjunto dos números naturais,
II – Não se pode determinar qual é o menor número assinale a única afirmativa falsa.
racional positivo. a) Q∪N ⊂ R
III – O conjunto Q+ reúne todos os números racionais b) Q∩N ⊂ R
positivos. c) Q∪N = R
IV – A soma e o produto de dois números racionais d) Q∩R = Q
quaisquer é sempre um número racional. e) Q∩R ≠ ∅

O número de afirmativas corretas é: 10. Se A={x∈R / −1 < x < 2} e B={x∈R / 0 ≤ x < 3}, então o
a) 0. conjunto A∪B corresponde ao intervalo:
b) 1.
a) [ 0 ; 2 [
c) 2.
b) ] 0 ; 2 [
d) 3.
c) [−1 ; 3 ]
e) 4.
d) ]−1 ; 3 [
5. O intervalo de números reais definido como: e) ] −1 ; 3 ]

{x ∈R / −2 < x ≤ 9} 11. Sejam intervalos de números reais A = ( −∞ ; 2] e


B = [ 0 ; +∞), então A∩B é igual a:
É corretamente representado por: a) (−∞ ; 0]
a) ] −2;9] b) {0, 1, 2}
b) [ −2;9] c) [ 0 ; 2 ]
c) [ −2;9[ d) { 1 }
d) ] −2;9[ e) ∅
e) ( −2;9)
12. Seja Z o conjunto dos números inteiros e A e B dois de
6. O intervalo de números reais definido como: seus subconjuntos definidos como:
A = {x∈Z / 2 ≤ x ≤ 5}
] −∞;−6] B = {x∈Z / x > 4}
Pode-se afirmar que:
É corretamente representado por: a) A−B ⊂ B
a) {x ∈R / −∞ ≤ x ≤ −6} b) A−B ⊂ A
b) {x ∈R / −∞ < x ≤ −6} c) B−A ⊂ {x∈Z / 4 > x}
c) {x ∈Q / x < −6} d) A−B={x∈Z / 2 < x < 5}
d) {x ∈Q/ x ≤ −6}
e) B−A={x∈Z / x ≥ 5}
e) {x ∈R / x ≤ −6}
13. Sejam x e y dois números reais tais que 0<x<y<1.
7. Considere p e d, respectivamente, as medidas do
perímetro e do diâmetro de uma circunferência. Sa- O produto xy é, necessariamente:
Matemática

p a) maior que um.


bendo que a razão é igual ao número irracional b) um número compreendido entre y e um.
d
c) um número compreendido entre x e y.
π = 3,1415926535..., identifique a alternativa correta. d) um número compreendido entre zero e x.
a) p e d são números racionais. e) menor que zero.

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14. Dentre as proposições dadas a seguir, assinale a única d) Se o quadrado de um número x é um número
falsa. racional, então x é também um número ra­cional.
a) 3,999... não é um número inteiro, mas um número e) As equações do tipo x2 = n, onde n é um número
racional. inteiro qualquer, sempre têm raízes reais.
b) Não existe um número racional x tal que x2 = 10.
c) O número π = 3,14... é irracional e, portanto, sua 19. Considere os conjuntos
representação decimal tem infinitas casas, mas não
é uma dízima periódica.
A = {x∈N/ x é primo e x<15}
d) O número x = 12.793 não é inteiro nem é racional,
B = {x ⋅ y / x∈A , y∈A e x≠y}
mas pertence ao conjunto dos números reais.
e) Se n é um número natural qualquer, então ou n é
O número de elementos do conjunto B é:
um número natural ou n é um número irracional.
a) 15.
15. Todas as alternativas sobre números inteiros dadas b) 20.
abaixo estão corretas, exceto: c) 25.
a) Todo número par pode ser escrito como 2n, onde n d) 30.
é um número inteiro. e) 35.
b) Todo número ímpar pode ser escrito como 2n+7, onde
n é um número inteiro. 20. O número (0,444...)1/2 é:
c) A soma de dois números inteiros ímpares é sempre a) natural.
um número inteiro par. b) inteiro positivo.
d) Todo número inteiro ou é par ou é ímpar.
c) inteiro não negativo.
e) Todo número inteiro par pode ser escrito como n2+2.
d) irracional.
16. Todas as alternativas sobre números inteiros dadas e) decimal periódico.
abaixo estão corretas, exceto:
a) A soma de dois números inteiros pares é sempre um 21. O número representado pela raiz quadrada positiva de
número inteiro par. três encontra-se no intervalo:
b) O produto de dois números inteiros pares é sempre a) ] -∞ ; 0 ]
um número inteiro par. b) ] 0 ; 1 ]
c) A soma de dois números inteiros ímpares é sempre c) ] 1 ; 2 ]
um número inteiro ímpar. d) ] 2 ; 3 ]
d) O produto de dois números inteiros ímpares é sempre
e) ] 3 ; +∞ [
um número inteiro ímpar.
e) O quadrado de um número inteiro ímpar é sempre
um número inteiro ímpar. 22. Assinale a opção falsa.
a) O produto de dois números irracionais positivos pode
17. Dados dois números distintos quaisquer, x e y, tais que x ser um número racional.
e y pertençam ao conjunto R−Q, considere as afirmativas b) A soma de dois números irracionais não nulos pode
abaixo. ser um número inteiro.
1- O produto xy e o quociente x÷y são irracionais. c) O produto de dois números irracionais positivos pode
2 - A soma x+y e a diferença x−y são irracionais. ser um número inteiro.
3 - Os Quadrados x2 e y2 são irracionais. d) O quociente entre dois números racionais não nulos
y pode ser um número racional.
4 - As raízes quadradas x e são irracionais.
e) A soma de dois números racionais não nulos pode
Pode-se afirmar sobre as afirmativas dadas: ser um número irracional.
a) Todas estão certas.
b) Todas estão erradas. GABARITO
c) Somente 1 e 4 estão certas.
d) Somente 3 está errada.
e) Somente 4 está certa. 1. c 12. b
2. b 13. d
18. Sobre os conjuntos numéricos usuais, N, Z, Q e R, é 3. d 14. a
correto afirmar: 4. e 15. e
a) O quociente da divisão de 1 por 17 tem infinitas casas 5. a 16. c
decimais e é aperiódico. 6. e 17. e
Matemática

b) Toda fração irredutível cujo denominador seja di­ 7. d 18. b


visível por algum fator primo diferente de 2 e de 5 é 8. e 19. a
necessariamente geratriz de uma dízima periódica. 9. c 20. e
c) O valor da fração 355/113 é 3,141592... que é igual 10. d 21. c
ao número π e, portanto, π é um número racional. 11. c 22. e

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SISTEMA LEGAL DE MEDIDAS unidade fundamental

Medir uma grandeza significa compará-la com outra deci = d


grandeza da mesma natureza, tomada como unidade de
medida. centi = c
Para exemplificar, vejamos na tabela seguinte apenas
as mais comuns entre as unidades decimais de medidas. mili = m

NATUREZA NOME DA UNIDADE SÍMBOLO
DA FUNDAMENTAL Medidas de Comprimento
GRANDEZA DE MEDIDA
comprimento metro m A unidade fundamental das medidas de comprimento
superfície metro quadrado m2 é o metro.
volume metro cúbico m3
(capacidade) litro  Os múltiplos do metro são:
massa grama g
decâmetro (dam) hectômetro (hm) quilômetro (km)
1dam = 10m 1 hm = 100m 1 km = 1.000m
Atenção:
Os símbolos são sempre invariáveis. Portanto, não
Os submúltiplos do metro são:
mudam para indicar plural, nem admitem outras formas
de escrita. decímetro (dm) centímetro (cm) milímetro (mm)
1dm = 0,1m 1cm = 0,01m 1mm = 0,001m
Exemplos:
Estão certos: 20m, 30, 16g. Conversão entre unidades de comprimento
Estão errados: 20mts, 30lts, 16grs. Comparando os múltiplos e submúltiplos do metro,
verificamos que cada um deles é 10 vezes maior ou 10 vezes
Múltiplos e submúltiplos das unidades fundamentais menor que as unidades imediatamente vizinhas a eles.
de medidas decimais
Exemplo:
Para tornar mais cômodas as expressões de valores 1km = 10hm = 100dam = 1.000m = ...
muito grandes ou muito pequenos em relação ao valor da e
1mm = 0,1cm = 0,01dm = 0,001m = ...
unidade fundamental de uma grandeza, podemos indicar
o valor da grandeza medida utilizando um múltiplo ou um Assim sendo, se quisermos trocar a unidade em que uma
submúltiplo da unidade fundamental. medida de comprimento está representada por qualquer
Os múltiplos de uma unidade de medida decimal po- outra, poderemos usar a seguinte regra prática:
dem ser 10, 100, 1.000 etc. vezes maiores que a unidade
fundamental. A vírgula sempre se desloca para o lado da menor das
Cada múltiplo da unidade fundamental é identificado duas unidades consideradas, sendo uma casa para cada
por um prefixo e um símbolo correspondente que são jus- vez que mudarmos do nome de uma unidade para o nome
tapostos ao nome e ao símbolo da unidade fundamental, da unidade vizinha.
respectivamente.
Exemplos:
1º) Converter 6,78dm para milímetros.
quilo = k Para usar a regra prática, precisamos montar uma
igualdade que começará sempre pela unidade dada
hecto = h e terminará sempre pela unidade desejada:
6,78dm = ....? mm
deca = da A unidade menor (mm) está à direita.
Então, a vírgula será deslocada para a direita:
unidade fundamental
6,78dm = 6 78 mm
,

Ao descer a “escada” dos submúltiplos indo de
Os submúltiplos de uma unidade de medida decimal
decímetros para milímetros mudamos de unidade
podem ser 10, 100, 1.000 etc. vezes menores que a unidade duas vezes:
Matemática

fundamental.
Cada submúltiplo da unidade fundamental é identifica-
do por um prefixo e um símbolo correspondentes que são
justapostos ao nome e ao símbolo da unidade fundamental,
respectivamente.

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Assim sendo, o deslocamento da vírgula para a direita Os submúltiplos do grama são:
será de duas casas:
decigrama (dg) centigrama (cg) miligrama (mg)
6,78dm = 6 78, mm
1dg = 0,1g 1cg = 0,01g 1mg = 0,001g
2 casas
Conversão entre Unidades de Massa
Ou seja, 6,78dm representam o mesmo que 678mm.
As conversões entre duas unidades quaisquer de massa
2º) Converter 65.300dm para hectômetros. são feitas do mesmo modo que as conversões entre unidades
de comprimento que vimos anteriormente.
65.300dm = 65 300 hm
, Exemplos:
1º) Converter 2.630cg para hg.
A menor unidade (dm) está à esquerda. Então, a vírgula
será deslocada para a esquerda. º

Dos decímetros para os hectôme­tros, na “escada” dos º


múltiplos e submúltiplos, mudamos de unidade 3 vezes: º
º

2.630cg = 0,2630 hg = 0,263hg

4 casas
Assim, o deslocamento da vírgula para a esquerda será
de três casas: Medidas de Volume
65.300dm = 65,300hm Frequentemente, o metro cúbico é apresentado como
unidade fundamental das medidas de volume, apontando-se
Ou seja: 65.300dm representam o mesmo que 65,3hm. o litro como unidade fundamental das medidas de capacida-
Atenção: de. A diferença é feita por motivos meramente didáticos, uma
Para efetuar qualquer operação entre medidas de uma vez que as transformações entre os múltiplos e submúltiplos
mesma grandeza, devemos ter todas as medidas numa do metro cúbico têm comportamento bem diverso das trans-
mesma unidade. formações entre os múltiplos e submúltiplos do litro, como
veremos adiante. Além disso, 1 metro cúbico é 1000 vezes
Exemplo: maior que 1 litro. Entretanto, volume e capacidade indicam
Qual é o perímetro, em metros, de um terreno retangular grandezas de mesma natureza e devem ser entendidas como
que tem 0,75hm de comprimento por 305dm de largura? palavras sinônimas.

Solução: O litro
0,75hm = 75m (comprimento)
Os múltiplos e submúltiplos do litro são:
305dm = 30,5m (largura)
perímetro (soma das medidas dos lados):
decalitro (da) hectolitro (h) quilolitro (k)
1dal = 10 1h = 100 1k = 1.000

decilitro (d) centilitro (c) mililitro (m)


1d = 0,1 1c = 0,01 1ml = 0,001

Observe que cada múltiplo ou submúltiplo do litro é 10


per = 75m + 30,5m + 75m + 30,5m = 211m vezes maior ou 10 vezes menor que aqueles imediatamente
vizinhos a ele. Assim, para converter uma medida de volume
Portanto, o perímetro do terreno é de 211m. de um múltiplo ou submúltiplo qualquer do litro para outro,
podemos aplicar a mesma regra prática que vimos para a
conversão entre medidas de comprimento.
Medidas de Massa
O metro cúbico
A unidade fundamental das medidas de massa é o gra-
ma (g). Nos enunciados das questões de provas de concursos Os múltiplos e submúltiplos do metro cúbico são:
é bastante comum encontrarmos o uso incorreto da palavra
Matemática

peso como sinônimo de massa. decâmetro cúbico (dam3)


Os múltiplo do grama são: 1 dam3 = 1.000m3

decagrama (dag) hectograma (hg) quilograma (kg) hectômetro cúbico (hm3)


1dag = 10g 1hg = 100g 1kg = 1.000g 1hm3 = 1.000.000m3

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quilômetro (km3) Medidas de Superfície
1km3 = 1.000.000.000m3
A unidade fundamental das medidas de superfície é o
(Cada múltiplo é 1.000 vezes maior que o anterior.) metro quadrado.
decímetro cúbico (dm3) Os múltiplos e submúltiplos do metro quadrado são:
1dm3 = 0,001m3

múltiplos
RS decâmetro quadrado: 1 dam2 = 100 m2
hectômetro quadrado: 1 hm2 = 10.000 m2
centímetro cúbico (cm3)
1cm3 = 0,000.001m3
T quilômetro quadrado: 1 km2 = 1.000.000 m2

RS decímetro quadrado: 1 dm2 = 0,01 m2


milímetro cúbico (mm )
1mm3 = 0,000.000.001m3
3 submúltiplos
T centímetro quadrado: 1 cm2 = 0,000.1 m2
milímetro quadrado: 1 mm2 = 0,000.001 m2

Cada múltiplo ou submúltiplo do metro quadrado é 100


(Cada submúltiplo é 1.000 vezes menor que o anterior.)
vezes maior ou 100 vezes menor que aqueles ime­diatamente
vizinhos a ele.
Conversão entre múltiplos e submúltiplos do metro
cúbico Regra prática para transformações:
Como cada múltiplo ou submúltiplo do metro cúbico é
1.000 vezes maior ou 1.000 vezes menor que aqueles ime- A vírgula sempre se desloca para o lado da menor unidade,
sendo duas casas para cada “degrau”.
diatamente vizinhos a ele, poderemos usar a seguinte regra
prática para as conversões. Exemplos:
1º) Converter 23.450 dm2 para decâmetros quadrados.
A vírgula sempre se desloca para o lado da menor das
duas unidades consideradas, sendo três casas para cada Solução:
vez que mudarmos do nome de uma unidade para o nome De dm2 para dam2 mudamos de unidade duas vezes:
da unidade vizinha.
dam2 Os expoentes nos lembram que deve-
mos deslocar a vírgula 2 casas para
Exemplos: m2
cada degrau:
1º) Converter 68.320dm3 para decâmetros cúbicos. dm2 (2 degraus) x (2 casas) = 4 casas

Solução:
De decímetros cúbicos para decâme­tros cúbicos muda- 23.450 dm2 = dam2 = 2,345 dam2
mos de unidade duas vezes: 4 casas

os expoentes nos lembram que 2º) Converter 0,32 km2 em metros quadrados.
devemos deslocar a vírgula 3 casas
para cada “degrau”: Solução:
(2 degraus) x (3 casas) = 6 casas
De km2 para m2 são 3 “degraus”.

68.320dm3 = 0,068.320 dam3 = 0,06832dam3 (3 degraus) × (2 casas) = 6 casas

6 casas
0,32 km2 = m2 = 320.000 m2

2º) Converter 0,00032m3 para milímetros cúbicos. 6 casas

Solução: Foi preciso acrescentar mais quatro “zeros” para com-


De metros cúbicos para milímetros cúbi­cos descemos pletar as seis casas necessárias.
três “degraus”:
CORRESPONDÊNCIAS ENTRE UNIDADES DE
MEDIDAS
(3 degraus) × (3 casas) = 9 casas

Unidades de Volume

Frequentemente, são exploradas nas questões de con-


cursos as seguintes equivalências entre unidades de volumes:
0,00032m3 = 0.000.320.000,mm3 = 320.000mm3
1m3 = 1k 1dm3 = 1 1cm3 = 1m
Matemática

9 casas
Atenção:
Obs.: As casas que faltaram para 9 foram completadas com Como as equivalências acima mostram correspondência
zeros enquanto os zeros que sobraram à esquerda do de 1 para 1 entre unidades de mesma natureza (volu-
número, antes da vírgula, foram eliminados. mes), as grandezas equivalentes deverão, nestes três

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casos, ser usadas como sinônimas. Portanto, dizer 32 Solução:
dm3 é rigorosamente o mesmo que dizer 32; dizer Como cada kg de água corresponde a 1, devemos
470 m é exatamente o mesmo que dizer 470 cm3; 2 determinar a capacidade do aquá­rio em litros:
k é o mesmo que 2 m3.
60cm = 6dm
40cm = 4dm
RS volume = 6×4×3 = 72dm = 72
T
3
Exemplo:
30cm = 3dm
Um reservatório tem o formato de paralelepípedo e
suas dimensões são 2m, por 3m por 5m. Determine a 72 de água pesam 72 kg.
capacidade deste reservatório em litros.
Portanto, o peso do aquário mais a água nele contida é:
Solução: 3kg + 72kg = 75kg
Se transformarmos as três dimensões dadas para decí-
metros, obteremos o volume diretamente em decíme- Medidas Não Decimais
tros cúbicos (e sabemos que dm3 = ):
Medidas de tempo
2m = 20 dm RS Volume = 20×30×50 = 30.000 dm
3m = 30 dm
T
3
De maneira geral, os múltiplos e submúltiplos das me-
5m = 50 dm didas de tempo não se relacionam por fatores de 10, 100,
1.000 etc.
Portanto, a capacidade do reservatório é de 30.000 . Cada uma das medidas de tempo relaciona-se com as
outras por fatores que dependem da medida considerada,
Unidades de Volume e de Massa conforme veremos:
1 segundo (1s) = subdivide-se em décimos, centésimos etc.
Quando se propõe alguma correspondência entre a
1 minuto (1 min) = 60s
massa de uma substância e o seu volume, admite-se que
1 hora (1 h) = 60min
elas são diretamente proporcionais entre si. 1 dia = 24h
1 semana = 7 dias
Sendo assim, diremos que:
1 mês = 30 dias (mês comercial)
Se 10m3 de uma substância pesam 4.000kg,
1 ano = 12 meses = 360 dias (ano comercial)
então, 5m3 da mesma substância pesarão 2.000kg
e 20m3 da mesma substância pesarão 8.000kg.
Outras unidades de tempo frequentemente utilizadas
A razão constante entre a massa e o volume corres- são:
pondente de uma substância é chamada densidade da 1 quinzena = 15 dias
substância. 1 decêndio = 10 dias
1 bimestre = 2 meses
densidade =
massa 1 trimestre = 3 meses
volume 1 quadrimestre = 4 meses
1 semestre = 6 meses
Exemplo: 1 biênio = 2 anos
Para determinarmos qual é a densidade da substância 1 triênio = 3 anos
discutida linhas acima, basta calcular a razão entre a 1 quinquênio = 5 anos
massa e o volume correspondente: 1 década = 10 anos
1 século = 100 anos
4.000 kg
densidade = = 400 kg / m 3 1 milênio = 1000 anos
10 m 3
Medidas de Ângulo
O caso especial da água
Existem três sistemas de medidas para ângulos.
Para a água pura e sob condições especiais de tem- As unidades fundamentais de cada um destes três sis-
peratura e pressão (temperatura de 4°C e pressão de 1 temas são o grau (°), o grado (gr) e o radiano (rd).
atmosfera), vale a seguinte correspondência: Pode-se encontrar a equivalência entre duas quaisquer
destas três medidas, sabendo-se que:
1 litro de água pesa 1kg

Esta correspondência também é a base de muitas ques- 180° = 200gr = π rd (onde π ≅ 3,14)
tões de concursos públicos, embora as condições necessárias
de temperatura e pressão raramente sejam lembradas. O sistema de medida de ângulos em graus é o único
dos três a caracterizar-se como sistema sexagesimal. Isto
Matemática

Exemplo: significa que a relação de grandeza entre as unidades deste


Um aquário tem o formato de um paralelepípedo e suas sistema dá-se por um fator igual a 60.
dimensões são 60 cm de largura, 40 cm de altura e 30 cm
de comprimento. Quantos quilogramas o aquário pesará • Cada grau vale 60 minutos: 1° = 60’
depois que estiver cheio d’água se, vazio, ele pesa 3 kg? • Cada minuto vale 60 segundos: 1’ = 60”

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Conversão entre unidades de medidas não decimais EXERCÍCIOS PROPOSTOS
Para converter uma unidade de medida não-decimal I. Medidas de Comprimento
em outra, é preciso observar quantas vezes a unidade menor
cabe dentro da maior. 1. Transformar para metros:
a) 6,12km c) 0,52hm
Exemplos: b) 6,4dm d) 8.200cm
1) Quantos minutos há em 1 dia?
2. Transformar para centímetros:
Solução: a) 1,3m c) 28mm
1d = 24h RS
1d = 24h = 24×(60min) = 1.440min
b) 42,7dm d) 1,036dam
1h = 60min T 3. Um retângulo tem 30 cm de largura por 0,5m de com-
primento. Calcule, em decímetros, o perímetro deste
2) Quantos segundos há em 3 dias? retângulo.
4. O perímetro de um quadrado é igual a 0,48m. Deter-
Solução: mine, em centímetros a medida de cada lado deste
1d = 24h
RS
1h = 60min 3d = 3×24×60×60s = 259.200s
quadrado.

1min = 60s T 5. Calcule, em metros, o perímetro de um terreno retan-


gular de 3 dam de frente (largura) por 400dm de fundos
(comprimento).
3) Quantos minutos mede um ângulo de 4°? 6. Um terreno retangular tem 720dm de perímetro. Calcule
suas dimensões, em metros, sabendo que uma delas é
Solução: o dobro da outra.
7. As dimensões de um terreno retangular estão entre si
1° = 60’ ⇒ 4° = 4 × 60’ = 240’ assim como 3 está para 4. Determine a maior delas, em
metros, sabendo que o perímetro do terreno é igual a
4) Quantos segundos mede um ângulo de 3°? 0,98hm.
8. Um terreno retangular tem 0,2km de perímetro. Saben-
Solução: do que ele é 300 dm mais comprido que largo, calcule
qual é a largura deste terreno, em metros.
1° = 60’ RS
3° = 3 × 60 × 60” = 10.800” 9. No ar seco, o som percorre 340m por segundo. Nestas
1’ = 60” T condições, quantos quilômetros o som percorreria em
1 hora?
5) Quantos segundos há em 5h 40min? 10. Um terreno retangular com 50m de frente por 0,4hm de
fundos deve ser cercado com 3 voltas de fio. Quantos
Solução: metros de fio serão necessários?
5h = 5 × 60min = 5 × 60 × 60s = 18.000s RS 11. A iluminação de uma auto-pista é feita por lâmpadas
que estão em postes colocados a cada 30m, todos do
40min = 40 × 60s = 2.400s T mesmo lado da pista. Se o primeiro e o último postes
ficam afastados exatamente 15km, quantos postes
5h 40min = 18.000 + 2.400 = 20.400s fazem a iluminação desta pista?
1 12. A placa que anuncia o nome de certa loja tem 3m de
6) Quantas horas e minutos há em de um dia? largura por 2m de comprimento e é cercada de peque-
10 nas lâmpadas que são colocadas a cada 10cm umas das
Solução: outras, ao longo de cada lado, ficando uma lâmpada em
cada canto da placa. Deste modo, quantas lâmpadas ao
1dia 24 h
= = 2h +
4h U| todo são empregadas?
13. Um terreno retangular com 96m de perímetro será cer-
10 10 10 1dia
4 h 4 × 60 min 240 min 10
V|
= 2 h 24 min cado com estacas de 10cm de largura, deixando sempre

10
=
10
=
10
= 24 min
|W entre elas um vão livre de 4dm. Quantas estacas ao todo
serão necessárias?

14. Uma fábrica comprou 1.500 m de tecido R$ 2.700,00.
Portanto, 1 de um dia é igual a 2h 24min. Após o tingimento e secagem, constatou-se que a peça
10 1
original tinha encolhido de . Nestas condições, de
10
7) Quantas horas, minutos e segundos há em 1 de um
dia? 100 quanto foi o custo real (após o encolhimento) do metro
de tecido?
1 dia 24 h 24 × 60 min 1.440 min 40 min 15. Um comerciante desonesto vendeu 48m de tecido
= × = = 14 min + como se fossem 50m, pois usou um “metro” mais curto.
100 100 100 100 100 Quantos centímetros tinha, realmente, o “metro” deste
comerciante?
Matemática

40 min 40 × 60s 2.400s


= = = 24s
100 100 100 II. Medidas de Área
1. Transformar para metros quadrados:
1 a) 0,03km2 c) 6,4dam2
Portanto, de um dia é igual a 14min 24s.
100 b) 0,58hm2

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2. Transformar para decâmetros quadrados: 7. Um tanque tem formato de paralelepípedo e suas di-
a) 580m2 c) 53.700cm2 mensões são diretamente proporcionais aos números
b) 68.000dm2 2, 3 e 4. Determine a capacidade, em decalitros, deste
tanque, sabendo que a maior de suas dimensões supera
3. Transformar para centímetros quadrados: a menor em 0,04hm.
a) 0,06m2 c) 480mm2 8. Calcule, em hectolitros, a capacidade de um reservatório
b) 53dm2 com formato de paralelepípedo cujo comprimento é o
triplo da largura e esta, o dobro da altura, sabendo que
4. Um quadrado tem 20dm de lado. Qual é a sua área, em a soma das três dimensões é igual a 18m.
metros quadrados? 9. A capacidade total de dois reservatórios juntos é de 20hl.
5. Um quadrado tem 2.400cm de perímetro. Qual é a área 3
O primeiro contém água até de sua capacidade e o
desse quadrado, em metros quadrados? 4
6. A área de um quadrado é igual a 1,44m2. Quantos cen- segundo, até a metade. Se colocamos a água do primeiro
tímetros mede cada um de seus lados? no segundo, este ficará cheio. Qual é a capacidade total
7. A área de um terreno quadrado é de 6.400dm2. Quantos do segundo, em metros cúbicos?
metros de tela serão necessários para cercar este ter- 10. Na construção de uma piscina cavou-se um fosso que
reno, se quisermos deixar apenas uma abertura de 3m mede 50m de comprimento, por 12m de largura, por 2m
para o portão de entrada? de profundidade. Quantas viagens, ao todo, devem dar
8. As dimensões de um terreno retangular estão na pro- 5 caminhões para transportar a terra retirada, se esta
porção de 3 para 5. Determine o tamanho do lado maior aumenta de 1 o seu volume ao ser revolvida e cada
deste terreno, sabendo que sua área é de 240m2. 5
9. Um terreno retangular com 750m2 de área tem os seus caminhão leva somente 12m3 em cada viagem?
lados na proporção de 5 para 6. Quantos metros de fio
de arame serão gastos para cercá-lo com 4 voltas de fio? IV. Medidas de Massa
10. Determine a medida do menor lado de um retângulo,
sabendo que suas dimensões estão entre si assim como 1. Transformar para decigramas:
2 para 3 e que a diferença entre o número que expres- a) 0,03kg
sa a sua área, em metros quadrados, e o número que b) 3.200mg
expressa o seu perímetro, em metros, é igual a 24. c) 5,2hg
11. Ao medir uma sala, encontrei 10 passos mais 2 pés de d) 200cg
comprimento e 6 passos mais 1 pé de largura. Conside-
rando que o comprimento do meu passo é de 40 cm e o 2. Se um litro de óleo pesa 920g, qual o volume ocupado
de meu pé, 20cm. Quantos metros quadrados tem esta por 1.840kg deste óleo em litros?
sala? 3. Quantos metros cúbicos correspondem a uma massa de
12. Um terreno de 200m2 foi dividido em duas partes. A 3.000kg de água?
quarta parte da primeira é igual em área à sexta parte 4. Um quilograma de água ocupa o mesmo volume que
da segunda. Quantos metros quadrados tem a primeira 400g de certo sorvete. Quantos quilogramas deste
parte? sorvete poderão ser acomodados num pote que tem
capacidade para 5 litros?
III. Medidas de Volume 5. Um vaso cheio de um determinado liquido pesa 1kg a
mais do que se estivesse cheio de água. Sabe-se que 1dal
1. Transformar para metros cúbicos: desse líquido pesa 12kg. Quantos quilogramas desse
a) 7.500dm3 c) 35.800.000cm3 líquido o vaso pode comportar?
b) 0,002hm
3
6. A massa de certo volume de tinta é de 6kg. Se substituir-
mos metade do volume desta tinta por água, a massa da
2. Transformar para litros: mistura será de 5kg. Quanto pesa cada litro desta tinta?
a) 13,52hl c) 5,72dl 7. Sabe-se que 1 litro de tinta pura pesa 1.200g. Numa
b) 32.000cl mistura de tinta e água, cada litro pesa 1.120g. Qual é a
razão entre a massa de água e a de tinta, nesta ordem,
3. Transformar para a unidade pedida: que estão presentes na mistura?
a) 23,5m3 para kl e) 2,85dl para cm3
b) 4,3dm3 para l f) 32,7hl para dm3 V. Medidas Não Decimais
c) 58,6cm para ml
3
g) 0,6dam3 para kl
d) 16,7m para dal
3
h) 3.200mm3 para dl 1. Transforme para horas, minutos e segundos:
a) 5,125h d) 190,8min
4. Uma caixa d’água de formato cúbico tem 0,60m de b) 3,6h e) 5684s
aresta. Qual é o volume, em litros, que ela conterá se c) 14,3min f) 3400s
2
estiver cheia até de sua capacidade total? 3
3 2. Quantos minutos há em de uma hora?
4
5. As dimensões internas de uma geladeira são de 6dm
Matemática

3
de largura, 50cm de profundidade e 0,8m de altura. 3. Quantas horas há em de um dia?
4
Determine, em litros, a capacidade total desta geladeira.
6. Vinte e quatro metros cúbicos de certo produto devem 4. Que fração da hora corresponde a 5 minutos?
ser acondicionados em frascos de 800ml. Quantos fras-
cos serão necessários? 5. Que fração do dia corresponde a 6 horas?

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6. Uma emissora de televisão põe 2min de intervalo Razões E proporções
comercial para cada 20min de filme, precisamente.
Sabendo que um filme com duração original de 2 horas Chama-se razão de dois números, dados numa certa
será apresentado por esta emissora a partir das 19h de ordem e sendo o segundo diferente de zero, ao quo­ciente
certo dia, a que horas o filme deverá terminar? do primeiro pelo segundo.
Assim, a razão entre os números a e b pode ser dita
Sistemas de Medidas “razão de a para b” e representada como:
I. Medidas de Comprimento a
ou a : b
b
1. a) 6.120m 6. 12m e 24m
b) 0,64m 7. 28m Onde a é chamado antecedente enquanto b é chamado
c) 52m 8. 35m consequente da razão dada.
d) 82m 9. 1.224km/h Ao representar uma razão frequentemente simplifi-
2. a) 130cm 10. 540m
b) 427cm 11. 501 postes camos os seus termos procurando, sempre que possível,
c) 2,8cm 12. 100 lâmpadas torná-los inteiros.
d) 1.036cm 13. 192 estacas
3. 16dm 14. R$ 2,00 Exemplos:
4. 12cm 15. 96 cm A razão entre 0,25 e 2 é:
5. 140m 1F I
II. Medidas de Área
0,25
=
4H K
1 1 1
= ⋅ = (1 para 8)
2 2 4 2 8
1. a) 30.000m2 4. 4m2
b) 5.800m2 5. 36m2 F 1I
c) 640m2 6. 120cm 1
A razão entre e
5
é:
H 6 K = 1 ⋅ 12 = 2 (2 para 5)
2. a) 5,8dam2 7. 29m 6 12 F 5I 6 5 5
b) 6,8dam2
c) 0,0537dam2
8. 20m
9. 440m
H 12 K
3. a) 600cm2 10. 6m 6 5 30
b) 5.300cm2 11. 11,44m A razão entre 6 e 1 é: = 6⋅ = (30 para 1)
12. 80m2 5 1 1FI1

c) 4,8cm2
5 HK
III. Medidas de Volume
Proporção é a expressão que indica uma igualdade entre
1. a) 7,5m 3
4. 144 duas ou mais razões.
b) 2.000m3 5. 240 A proporção a = c pode ser lida como “a está para b
c) 35,8m3 6. 30.000 frascos b d
2. a) 1.352 7. 19.200da

b) 320 8. 960h assim como c está para d” e representada como a : b : : c :
c) 0,572 9. 1,2m3 d. Nesta proporção, os números a e d são os extremos e os
3. a) 23,5k 10. 120 viagens números b e c são os meios.
b) 4,3
c) 58,6m Em toda proporção o produto dos extremos
d) 1.670da é igual ao produto dos meios.
e) 285cm3
f) 3.270dm3 Quarta proporcional de três números dados a, b e c
g) 600k nesta ordem, é o número x que completa com os outros
h) 0,032d três uma proporção tal que:

IV. Medidas de Massa a c


=
b x
1. a) 300dg 3. 3m3
b) 32dg 4. 2kg Exemplo:
c) 5.200dg 5. 6kg Determinar a quarta proporcional dos números 3 , 4 e
d) 20dg 6. 1,5kg 6 nesta ordem.
2. 2000 7. 5/9
Solução:
V. Medidas Não Decimais 3 6
= → 3x = 4 × 6 → x = 8
4 x
1. a) 5h 7min 30s 2. 45min
Matemática

b) 3h 36min 3. 18h Proporção contínua é aquela que tem meios iguais.


c) 14min 18s 4. 1/12 de uma hora
d) 3h 10min 48s 5. 1/4 de um dia Exemplo:
e) 1h 34min 44s 6. 21h 10min A proporção 9 : 6 : : 6 : 4 é contínua pois tem os seus
f) 56min 40s meios iguais a 6.

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Numa proporção contínua temos: Agora que descobrimos que cada parte vale 14 (p = 14),
• O valor comum dos meios é chamado média propor- podemos concluir que:
cional (ou média geométrica) dos extremos. o valor de x é → x = 2p = 2⋅(14) = 28
Ex.: 4 é a média proporcional entre 2 e 8, pois 2 : o valor de y é → y = 5p = 5⋅(14) = 70
4::4:8
• O último termo é chamado terceira proporcional. x y z
3. Na proporção múltipla = = , determinar os valores
Ex.: 5 é a terceira proporcional dos números 20 3 5 6
e 10, pois 20 : 10 : : 10 : 5 de x, de y e de z sabendo que x + y + z = 112.

Proporção múltipla é a igualdade simultânea de três Solução:


ou mais razões. A proporção múltipla nos mostra que:
x tem 3 partes.....................................(x = 3p)
enquanto y tem 5 partes....................(y = 5p)
Exemplo: e z tem 6 partes ............................... (z = 6p)
2 3 4 5 Como a soma das três partes vale 112, temos:
= = = 3p + 5p + 6p = 112
4 6 8 10
14p = 112
Razões inversas são duas razões cujo produto é igual a 1. p = 112 ÷ 14
p=8
Exemplo: Agora que descobrimos que cada parte vale 8, podemos
3 10 concluir que:
× = 1 então dizemos que “3 está para 5 na razão
5 6 o valor de x é → x = 3p = 3⋅(8) = 24
o valor de y é → y = 5p = 5⋅(8) = 40
inversa de 10 para 6’’ ou então que “3/5 está na razão
o valor de z é → z = 6p = 6⋅(8) = 48
inversa de 10/6’’ ou ainda que “3/5 e 10/6 são razões
inversas”. 4. Sabendo que a está para b assim como 8 está para 5 e
que 3a – 2b = 140, calcular a e b.
Quando duas razões são inversas, qualquer uma delas
forma uma proporção com o inverso da outra. Solução:
Pela proporção apresentada, a tem 8 partes enquanto
Exemplo: b tem 5 partes:
3/5 e 10/6 são razões inversas. Então, 3/5 faz proporção a = 8p e b = 5p
com 6/10 (que é o inverso de 10/6) enquanto 10/6 faz
então teremos: 3a = 3 × (8p) = 24p e 2b = 2 × (5p) = 10p
proporção com 5/3 (que é o inverso de 3/5).
portanto: 3a – 2b = 140 → 24p – 10p = 140 → 14p =
140 → p = 10
Exercícios Resolvidos como p = 10 temos: a = 8p = 8 × 10 = 80 e b = 5p =
5 × 10 = 50
1. Numa prova com 50 questões, acertei 35, deixei 5 em
branco e errei as demais. 5. Dois números positivos estão entre si assim como 3 está
Qual é a razão do número de questões certas para o de para 4. Determine-os sabendo que a soma dos seus
erradas? quadrados é igual a 100.
Solução: Solução:
Das 50 questões, 35 estavam certas e 5 ficaram em Se os números estão entre si na proporção de 3 para 4,
branco. Logo, o número de questões erradas é: então um deles é 3p e o outro é 4p.

50 – 35 – 5 = 10 Deste modo, a soma dos quadrados fica sendo:


(3p)2 + (4p)2 = 100
Assim, a razão do número de questões certas (35) para 9p2 + 16p2 = 100
25p2 = 100
35 7 p = 4 → p = 2 (pois os números
2
o de erradas (10) é = ou 7 para 2.
10 2 são positivos)

2. Calcular dois números positivos na proporção de 2 para Portanto, os dois números são:
5 sabendo que a diferença do maior para o menor é 42.
3p = 3 × 2 = 6
Solução: e
Sejam x o menor e y o maior dos números pro­curados. 4p = 4 × 2 = 8
A proporção nos mostra que x está para 2 assim como
y está para 5. eXErcícios PROPOSTOS
Então, podemos dizer que:
x tem 2 partes ....................... (x = 2p) 1. Calcule a quarta proporcional dos números dados:
Matemática

enquanto y tem 5 partes ........ (y = 5p) 1 1 1


a) 2; 5 e 10 b) 3; 4 e 5 c) ; e
Mas como a diferença y – x deve valer 42, teremos: 2 3 4
42 2. Calcule a terceira proporcional dos números dados:
5p − 2p = 42 → 3p = 42 → p = → p = 14 1 1
3 a) 3 e 6 b) 4 e 12 c) e
y x 2 4

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3. Calcule a média proporcional entre os números dados: Divisão proporcional
1
a) 3 e 12 b) 6 e 24 c) e 128
2
Grandezas Diretamente Proporcionais
4. Determine dois números na proporção de 3 para 5,
sabendo que a soma deles é 48.
5. Determine dois números na proporção de 3 para 5, sa- Dada a sucessão de valores (a1, a2, a3, a4, ...), dizemos
bendo que o segundo supera o primeiro em 60 unidades. que estes valores são diretamente proporcionais aos cor-
6. A razão entre dois números é igual a 4/5. Determine-os respondentes valores da sucessão (b1, b2, b3, b4, ...) quando
sabendo que eles somam 72. forem iguais as razões entre cada valor de uma das sucessões
7. A razão entre dois números é igual a 4/5. Determine- e o valor correspondente da outra.
-os sabendo que o segundo supera o primeiro em 12
unidades.
a1 a 2 a 3
8. Determine dois números na proporção de 2 para 7 sa- = = =.....
bendo que o dobro do primeiro mais o triplo do segundo b1 b 2 b 3
resulta igual a 100.
9. Determine dois números na proporção de 2 para 7 sa- O resultado constante das razões obtidas de duas su-
bendo que o quíntuplo do primeiro supera o segundo cessões de números diretamente proporcionais é chamado
em 48 unidades. de fator de proporcio­nalidade.
10. Dois números positivos encontram-se na proporção de
11 para 13. Determine-os sabendo que a soma de seus
quadrados resulta igual a 29.000. Exemplo:
11. Dois números negativos encontram-se na proporção Os valores 6, 7, 10 e 15, nesta ordem, são diretamente
de 7 para 3. Determine-os sabendo que o quadrado do proporcionais aos valores 12, 14, 20 e 30 respectiva-
primeiro supera o quadrado do segundo em 360. 15
12. Dois números inteiros encontram-se na proporção de mente, pois as razões 6 , 7 , 10 e são todas iguais,
12 14 20 30
3 para 5. Determine-os sabendo que o produto deles é
1
igual a 60. sendo igual a o fator de proporcionalidade da primeira
13. Encontre os três números proporcionais a 5, 6 e 7, sa- 2
bendo que a soma dos dois menores é igual a 132. para a segunda.
14. Encontre os três números proporcionais a 3, 4 e 5, tais
que a diferença entre o maior deles e o menor é igual a
40. Como se pode observar, as sucessões de números
15. Três números proporcionais a 5, 6 e 7 são tais que a diretamente proporcionais formam proporções múltiplas
diferença do maior para o menor supera em 7 unida- (já vistas no capítulo de razões e proporções). Assim sendo,
des a diferença entre os dois maiores. Quais são estes podemos aproveitar todas as técnicas estudadas no capítulo
números? sobre proporções para resolver problemas que envolvam
16. Três números são tais que o primeiro está para o se- grandezas diretamente proporcionais.
gundo assim como 2 está para 5 enquanto a razão do
terceiro para o primeiro é 7/2. Quais são estes números,
se a soma dos dois menores é igual a 49? Grandezas Inversamente Proporcionais
17. Para usar certo tipo de tinta concentrada, é necessário
diluí-la em água na proporção de 3 : 2 (proporção de Dada a sucessão de valores (a1, a2, a3, a4, ...), todos dife-
tinta concentrada para água). Sabendo que foram com- rentes de zero, dizemos que estes valores são inversamente
prados 9 litros dessa tinta concentrada, quantos litros
de tinta serão obtidos após a diluição na proporção proporcionais aos correspondentes valores da sucessão (b1,
recomendada? b2, b3, b4, ...), todos também diferentes de zero, quando forem
18. Três números são proporcionais a 2, 3 e 5 respectiva- iguais os produtos entre cada valor de uma das sucessões e
mente. Sabendo que o quíntuplo do primeiro, mais o o valor correspondente da outra.
triplo do segundo, menos o dobro do terceiro resulta
18, quanto vale o maior deles? Exemplo:
19. Dois números estão entre si na razão inversa de 4 para
Os valores 2, 3, 5 e 12 são inversamente proporcionais
5. Determine-os sabendo que a soma deles é 36.
20. A diferença entre dois números é 22. Encontre estes aos valores 30, 20, 12 e 5, nesta ordem, pois os produtos
números, sabendo que eles estão entre si na razão 2 × 30, 3 × 20, 5 × 12 e 12 × 5 são todos iguais.
inversa de 5 para 7.
Relação entre Proporção Inversa e Proporção
GABARITO
Direta
1. a) 25; b) 20/3; c) 1/6 2. a) 12; b) 36; c) 1/8
3. a) 6; b) 12; c) 8 4. 18 e 30 Sejam duas sucessões de números, todos diferentes
5. 90 e 150 6. 32 e 40 de zero. Se os números de uma são inversamente propor-
7. 48 e 60 8. 8 e 28 cionais aos números da outra, então os números de uma
9. 32 e 112 10. 110 e 130
Matemática

11. –21 e –9 12. 6 e 10 ou –6 e –10 delas serão diretamente proporcionais aos inversos dos
13. 60, 72 e 84 14. 60, 80 e 100 números da outra.
15. 35, 42 e 49 16. 14, 35 e 49 Esta relação nos permite trabalhar com sucessões de
17. 15 litros 18. 10 números inversamente proporcionais como se fossem dire-
19. 20 e 16 20. 77 e 55 tamente proporcionais.

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Divisão em Partes Proporcionais Indicando as partes procuradas por:

1º caso: Divisão em partes diretamente proporcionais A = 2p, B = 3p e C= 4p


Dividir um número N em partes diretamente A+B+C = 45 → 2p + 3p + 4p = 45 → 9p = 45 →
proporcionais ao números a, b, c, ..., significa p=5
encontrar os números A, B, C, ..., tais que
Assim, concluímos que: A = 2p = 2 × 5 = 10,
A B C
= = =... B = 3p = 3 × 5 = 15 e
a b c C = 4p = 4 × 5 = 20
A + B + C + ... = N
2º caso: Divisão em partes inversamente proporcionais
Exercícios Resolvidos
Dividir um número N em partes inversamente
1. Dividir o número 72 em três partes diretamente propor­ proporcionais a números dados a, b, c,..., significa
cionais aos números 3, 4 e 5. encontrar os números A, B, C, ... tais que
a × A = b × B = c × C = ...
Indicando por A, B, e C as partes procuradas, temos que:
e
A = 3p, B = 4p, C = 5p e A+B+C = 72
A + B + C + ... = N
portanto: 3p + 4p + 5p = 72 → 12p = 72 → p = 6
valor de A → 3p = 3 × 6 = 18 4. Dividir 72 em partes inversamente proporcionais aos
números 3, 4 e 12.
valor de B → 4p = 4 × 6 = 24
valor de C → 5p = 5 × 6 = 30 Usando a relação entre proporção inversa e proporção
direta vista na página 70, podemos afirmar que as
Portanto, as três partes procuradas são 18, 24 e 30. partes procuradas serão diretamente proporcionais a
1 1 1.
2. Dividir o número 46 em partes diretamente proporcio- , e
1 2 3 3 4 12
nais aos números , e .
2 3 4 Reduzindo as frações ao mesmo denominador, teremos:
Reduzindo as frações ao mesmo denominador, teremos: 4 3 1
, e
12 12 12
6 8 9
, e
12 12 12
Desprezar os denominadores (iguais) manterá as pro-
porções e ainda simplificará nossos cálculos.
Desprezar os denominadores (iguais) não afetará os Então, poderemos dividir 72 em partes diretamente
resultados finais, pois a proporção será mantida e ainda proporcionais a 4, 3 e 1 (numeradores).
simplificará nossos cálculos. Indicando por A, B e C as três partes procuradas, te-
Então, poderemos dividir 46 em partes diretamente remos:
proporcionais a 6, 8 e 9 (os numeradores).
Indicando por A, B e C as três partes procuradas, te- A = 4p, B = 3p, C = 1p
remos: A + B + C = 72 → 4p + 3p + 1p = 72 →
8p = 72 → p = 9
A = 6p, B = 8p, C = 9p
Assim, concluímos que: A = 4p = 4 × 9 = 36,
A + B + C = 46 → 6p + 8p + 9p = 46 → 23p = 46 → p = 2
B = 3p = 3 × 9 = 27 e
Assim, concluímos que: A = 6p = 6 × 2 = 12, C = 1p = 1 × 9 = 9.
B = 8p = 8 × 2 = 16 e
Portanto, as partes procuradas são 36, 27 e 9.
C = 9p = 9 × 2 = 18
3º caso: Divisão composta direta
As partes procuradas são 12, 16 e 18.
Chamamos de divisão composta direta à divisão
3. Dividir o número 45 em partes diretamente proporcio- de um número em partes que devem ser direta-
nais aos números 200, 300 e 400. mente proporcionais a duas ou mais sucessões
de números dados, cada uma.
Inicialmente dividiremos todos os números dados por Para efetuarmos a divisão composta direta,
100. Isto não alterará a proporção com as partes procu- devemos:
radas, mas simplificará os nossos cálculos. 1º) encontrar uma nova sucessão onde cada
Matemática

valor será o produto dos valores correspon-


(200, 300, 400) ÷ 100 = (2, 3, 4) dentes das sucessões dadas;
2º) efetuar a divisão do número em partes dire-
Então poderemos dividir 45 em partes diretamente tamente proporcionais aos valores da nova
proporcionais aos números 2, 3 e 4. sucessão encontrada.

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5. Dividir o número 270 em três partes que devem ser dire- Exercícios PROPOSTOS
tamente proporcionais aos números 2, 3 e 5 e também
diretamente proporcionais aos números 4, 3 e 2, respec-
1. Determine x, y e z de modo que as sucessões (15, x, y,
tivamente.
z) e (3, 8, 10, 12) sejam diretamente propor­cionais.
Indicando por A, B e C as três partes procuradas, devemos ter: 2. Determine x, y e z de modo que as sucessões (x, 32, y,
z) e (3, 4, 7, 9) sejam diretamente proporcionais.
A será ser proporcional a 2 e 4 → 2 × 4 = 8 → A = 8p
3. Determine x e y de modo que as sucessões (20, x, y) e
B será ser proporcional a 3 e 3 → 3 × 3 = 9 → B = 9p
(3, 4, 5) sejam inversamente proporcionais.
C será ser proporcional a 5 e 2 → 5 × 2 = 10 → C = 10p
4. Determine x, y e z de modo que as sucessões (6, x, y, z)
e (20, 12, 10, 6) sejam inversamente propor­cionais.
A + B + C = 270 → 8p + 9p + 10p = 270
5. Determine x e y de modo que as sucessões (3, x, y) e (4,
27p = 270 → p = 10
6, 12) sejam inversamente proporcionais.
A = 8p = 8 × 10 = 80
6. Dividir 625 em partes diretamente proporcionais a 5, 7
B = 9p = 9 × 10 = 90
e 13.
C = 10p = 10 × 10 = 100
7. Dividir 1.200 em partes diretamente proporcionais a 26,
34 e 40.
Portanto, as três partes procuradas são: 80, 90 e 100.
8. Dividir 96 em partes diretamente proporcionais a 1,2;
2 e 8.
4º caso: Divisão composta mista
5
Chamamos de divisão composta mista à divisão 9. Dividir 21 em partes inversamente proporcionais a
de um número em partes que devem ser direta- 3 e 4.
mente proporcionais aos valores de uma sucessão 10. Dividir 444 em partes inversamente proporcionais a 4,
dada e inversamente proporcionais aos valores 5 e 6.
de uma outra sucessão dada. 11. Dividir 1.090 em partes inversamente proporcionais a
Para efetuarmos uma divisão composta mista,
devemos: 2 4 7
, e .
1º) inverter os valores da sucessão que indica 3 5 8
proporção inversa, recaindo assim num caso
de divisão composta di­reta; 12. Dividir 108 em partes diretamente proporcionais a 2 e
3 e inversamente proporcionais a 5 e 6.
2º) aplicar o procedimento explicado anterior-
mente para as divisões compostas diretas. 13. Dividir 560 em partes diretamente proporcionais a 3,
6 e 7 e inversamente proporcionais a 5, 4 e 2.
6. Dividir o número 690 em três partes que devem ser direta- 14. Repartir uma herança de R$ 460.000,00 entre três pes-
mente proporcionais aos números 1, 2 e 3 e inversamente soas na razão direta do número de filhos de cada uma e
proporcionais aos números 2, 3 e 4, respectivamente. na razão inversa das idades delas. As três pessoas têm,
respectivamente, 2, 4 e 5 filhos e as idades respectivas
Invertendo os valores da sucessão que indica proporção são 24, 32 e 45 anos.
inversa, obtemos: 15. Dois irmãos repartiram uma herança em partes direta-
mente proporcionais às suas idades. Sabendo que cada
1 1 1 um deles ganhou, respectivamente, R$ 3.800,00 e R$
, e 2.200,00, e que as suas idades somam 60 anos, qual é
2 3 4
a idade de cada um deles?
Reduzindo as frações a um denominador comum, teremos:
GABARITO
6 4 3
, e → 6, 4 e 3
12 12 12 1. X = 40, Y = 50 e Z = 60
2. X = 24, Y = 56 e Z = 72
3. X = 15 e Y = 12
Então, indicando por A, B e C as três partes pro­curadas,
4. X = 10, Y = 12 e Z = 20
devemos ter:
5. X = 2 e Y = 1
A será proporcional a 1 e 6 → 1 × 6 = 6 → A = 6p 6. 125, 175 e 325
B será proporcional a 2 e 4 → 2 × 4 = 8 → B = 8p 7. 312, 408 e 480
C será proporcional a 3 e 3 → 3 × 3 = 9 → C = 9p 8. 12, 4 e 80
9. 12 e 9
A + B + C = 690 → 6p + 8p + 9p = 690 10. 180, 144 e 120
Matemática

→ 23p = 690 → p = 30 11. 420, 350 e 320


A = 6p = 6 × 30 = 180, B = 8p = 8 × 30 = 240 e 12. 48 e 60
C = 9p = 9 × 30 = 270 13. 60, 150 e 350
14. R$ 120.000,00, R$ 180.000,00 e R$ 160.000,00
Portanto, as três partes procuradas são: 180, 240 e 270. 15. 38 anos e 22 anos

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Regra de três Exemplo:
Considere as duas grandezas variáveis:
Chamamos de regras de três ao processo de cál­culo
utilizado para resolver problemas que envolvam duas ou mais FH
Velocidade de
um automóvel
IK FH
Tempo de duração
da viagem
IK
grandezas direta ou inversamente proporcionais.
Quando o problema envolve somente duas grandezas é
costume denominá-lo de problema de regra de três simples. A 20 km/h............ a viagem dura.......... 6 horas
A 40 km/h............ a viagem dura.......... 3 horas
Exemplos: A 60 km/h............ a viagem dura.......... 2 horas
Se um bilhete de ingresso de cinema custa R$ 5,00, então,
quanto custarão 6 bilhetes? Observamos que quando a velocidade tornou-se o
As grandezas são: o número de bilhetes e o preço dos dobro, o triplo do que era, o tempo de duração da viagem
bilhetes. tornou-se correspondente­mente a metade, a terça parte
do que era. Portanto, as grandezas “velocidade” e “tempo
Um automóvel percorre 240 km em 3 horas. Quantos de duração da viagem” são inversamente proporcionais.
quilômetros ele percorrerá em 4 horas?
As grandezas são: distância percorrida e tempo ne- Cuidado!
cessário. Não basta observar que o aumento de uma das gran-
dezas implique no aumento da outra. É preciso que
Poderemos chamar a regra de três simples de direta exista proporção.
ou inversa, dependendo da relação existente entre as duas
grandezas envolvidas no problema. Por exemplo, aumentando o lado de um quadrado, a
Quando o problema envolve mais de duas grandezas
área do mesmo também aumenta. Mas não há pro-
é costume denominá-lo de problema de regra de três
porção, pois ao dobrarmos o valor do lado, a área não
composta.
dobra e sim quadruplica!
Exemplo:
Se 5 homens trabalhando durante 6 dias constroem Grandezas Proporcionais a Várias Outras
300m de uma cerca, quantos homens serão necessários
para construir mais 600m desta cerca em 8 dias? Uma grandeza variável é proporcional a várias outras se
A grandezas são: o número de homens, a duração do for diretamente ou inversamente proporcional a cada uma
trabalho e o comprimento da parte construída. dessas outras, quando as demais não variam.

Para resolver um problema qualquer de regra de três Exemplo:


devemos ini­cialmente determinar que tipo de relação de O tempo necessário para construir certo trecho de uma
proporção existe entre a grandeza cujo valor pretendemos ferrovia é diretamente proporcional ao comprimento
determinar e as demais grandezas. do trecho considerado e inversamente proporcional ao
número de operários que nele trabalham.
Relação de Proporção Direta
Observe:
Duas grandezas variáveis mantêm relação de propor- 1º) Vamos fixar o comprimento do trecho feito.
ção direta quando aumentando uma delas para duas, três, Em 30 dias, 10 operários fazem 6 km.
quatro etc. vezes o seu valor, a outra também aumenta res- Em 15 dias, 20 operários também fazem 6 km.
pectivamente para duas, três, quatro etc. vezes o seu valor. Em 10 dias, 30 operários também fazem 6 km.

Exemplo: Aqui, observa-se que o tempo é inversamente


Considere as duas grandezas variáveis: propor­cional ao número de operários.

(comprimento de um tecido) (preço de venda da peça) 2º) Agora vamos fixar o número de operários.
30 operários, em 10 dias, fazem 6 km.
1 metro ............custa .......................... R$ 10,00 30 operários, em 20 dias, farão 12 km.
2 metros.............custam ....................... R$ 20,00 30 operários, em 30 dias, farão 18 km.
3 metros ............custam ....................... R$ 30,00
4 metros ............custam ....................... R$ 40,00 Agora, vemos que o tempo é diretamente propor-
cional ao comprimento do trecho feito.
Observamos que quando o comprimento do tecido
tornou-se o dobro, o triplo etc., o preço de venda da peça PROPRIEDADE
também aumentou na mesma proporção. Portanto as gran-
dezas “comprimento do tecido” e “preço de venda da peça” Se uma grandeza for diretamente proporcio­nal a algu-
são diretamente proporcionais. mas grandezas e inversamente proporcional a outras,
então, a razão entre dois dos seus valores será igual:
Relação de Proporção Inversa ao produto das razões dos valores correspon-
Matemática

dentes das grandezas diretamente proporcionais a


Duas grandezas variáveis mantêm relação de proporção ela...
inversa quando aumentando uma delas para duas, três, ... multiplicado pelo produto das razões in-
quatro etc. vezes o seu valor, a outra diminuir respectiva- versas dos valores correspondentes das grandezas
mente para metade, um terço, um quarto etc. do seu valor. inversamente proporcionais a ela.

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Exemplo: A flecha do x indica que seu valor, inicialmente, era
Vimos no exemplo anterior que o tempo necessário para R$ 30,00:
construir certo trecho de uma ferrovia é diretamente inicialmente tinha-se x = 30
proporcional ao comprimento do trecho considerado
e inversamente proporcional ao número de operários A outra flecha (a da quantidade de tecido) indica uma
que nele trabalham. fração, apontando sempre do numerador para o deno-
minador. Como neste exemplo a flecha aponta do 33
Vimos também, entre outros, os seguintes valores 33
correspondentes: para o 5 a fração é . Esta fração nos dá a variação
5

(Tempo (Comprimento do (Número de causada em x (o preço) pela mudança da outra grandeza


necessário) trecho construído) operários) (a quantidade de tecido comprado).

30 dias 6 km 10 Multiplicando o valor inicial de x por esta fração pode-


20 dias 12 km 30 mos armar a igualdade que nos dará o valor final de x:

Aplicando a propriedade vista acima, teremos: 33


x = 30 × ⇒ x = 198
5
30 6 30
= × (verifique a igualdade!)
20 12 10 Portanto, os 33 metros de tecido custarão R$ 198,00.

Exercícios Resolvidos 2. Em 180 dias 24 operários constroem uma casa. Quantos


operários serão necessários para fazer uma casa igual
1. Se 5 metros de certo tecido custam R$ 30,00, quanto em 120 dias?
custarão 33 metros do mesmo tecido?
Solução:
Solução: O problema envolve duas grandezas, tempo de constru-
O problema envolve duas grandezas, quantidade de ção e número de operários necessários.
tecido comprada e preço total da compra. Montaremos, então uma tabela com duas colunas, uma
Podemos, então, montar a seguinte tabela com duas para cada grandeza:
colunas, uma para cada grandeza:
Tempo (em dias) Nº de operários
Quant. de tecido Preço total 180..................................... 24
(em metros) (em R$) 120.......................................x
5..................................... 30,00
33........................................x Na coluna onde a incógnita x aparece, vamos colocar
uma flecha apontada para o valor inicial do x que é 24:
Na coluna onde a incógnita x aparece, vamos colocar
uma flecha: Tempo (em dias) Nº de operários
180..................................... 24
Quant. de tecido Preço total 120.......................................x ↑
(em metros) (em R$)
5..................................... 30,00 Lembre-se que esta flecha está indicando que se o tem-
33........................................x ↑ po de construção permanecesse o mesmo, o número de
operários necessá­rios, x, continuaria sendo 24.
Note que a flecha foi apontada para o R$ 30,00 que é Agora, devemos avaliar o modo como a variação no
o valor inicial do x indicando que se a quantidade de tempo de construção afetará o número de operários
tecido comprado não fosse alterada, o preço total da necessários:
compra, x, continuaria sendo R$ 30,00.
Agora devemos avaliar o modo como a variação na - Quanto menos tempo houver para realizar a obra,
quantidade de tecido afetará o preço total: proporcionalmente maior será o número de operários
necessários. Assim as grandezas tempo de construção e
- Quanto mais tecido comprássemos, proporcionalmente número de operários são inversamente proporcionais.
maior seria o preço total da compra. Assim as grandezas
preço total e quantidade de tecido são diretamente Na tabela onde estamos representando as variações das
proporcionais. grandezas, isto será indicado colocando-se uma flecha
na coluna da quantidade de tecido no sentido inverso
Na tabela onde estamos representando as variações das ao da flecha do x.
grandezas, isto será indicado colocando-se uma flecha
na coluna da quantidade de tecido no mesmo sentido Tempo (em dias)................ Nº de operários
da flecha do x. 180..................................... 24
Matemática

↓ 120.......................................x ↑
Quant. de tecido Preço total
(em metros) (em R$) A flecha do x indica que seu valor, inicialmente, era 24:
5..................................... 30,00
↑ 33........................................x ↑ inicialmente, tinha-se x = 24

20 Este eBook foi adquirido por ANA PAULA TORQUATO DA COSTA - CPF: 628.848.913-15.
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Como no exercício anterior, a outra flecha indica uma EXERCÍCIOS PROPOSTOS
fração que nos dá a variação causada em x (o número de
operários) pela mudança da outra grandeza (o tempo) 1. Julgue os itens abaixo em Certos ou Errados.
apontando sempre do numerador para o denominador. ( ) Dadas duas grandezas diretamente proporcionais,
Como neste exemplo a flecha aponta do 180 para o 120 a quando uma delas aumenta a outra também au-
180
fração é . menta na mesma proporção.
120 ( ) Dadas duas grandezas diretamente proporcionais,
quando uma delas diminui a outra aumenta na
Multiplicando o valor inicial de x por esta fração, arma- mesma proporção.
mos a seguinte igualdade que nos dará o valor final de x: ( ) Dadas duas grandezas inversamente proporcionais,
quando uma delas aumenta a outra diminui na
180 mesma proporção.
x = 24 × ⇒ x = 36
120 ( ) Dadas duas grandezas inversamente proporcionais,
quando uma delas diminui a outra também diminui
Portanto, serão necessários 36 operários para fazer a na mesma proporção.
casa em 120 dias.
2. Julgue os itens abaixo em Certos ou Errados.
3. Em 12 dias de trabalho, 16 costureiras fazem 960 calças. ( ) Se duas grandezas A e B são tais que ao duplicarmos
Em quantos dias 12 costureiras poderão fazer 600 calças o valor de A, o valor de B também duplica então A
iguais às primeiras? e B são grandezas diretamente proporcionais.
( ) Se duas grandezas A e B são tais que ao reduzirmos
Solução: para um terço o valor de A, o valor de B também
O problema envolve três grandezas, tempo necessário reduz-se para um terço, então A e B são grandezas
para fazer o trabalho, número de costureiras emprega- inversamente proporcionais.
das e quantidade de calças produzidas. ( ) Se duas grandezas A e B são tais que ao triplicarmos
Podemos, então, montar uma tabela com três colunas, o valor de A, o valor de B fica reduzido para um terço
uma para cada grandeza: do que era, então A e B são grandezas inversamente
proporcionais.
Tempo Nº de Quantidade ( ) Se A é uma grandeza inversamente proporcional à
(em dias) costureiras de calças grandeza B, então B é diretamente proporcional a A.
12 16 960 ( ) Se duas grandezas A e B são tais que ao aumen-
↑ x 12 600 tarmos o valor de A em x unidades, o valor de B
também aumenta em x unidades então A e B são
Para orientar as flechas das outras duas grandezas é grandezas diretamente proporcionais.
preciso compará-las uma de cada vez com a grandeza
do x e de tal forma que, em cada comparação, conside- 3. Determine, em cada caso, se a relação entre as grandezas
raremos como se as demais grandezas permanecessem é de proporção direta (D) ou inversa (I).
constantes. a) O número de máquinas funcionando e a quantidade
- Quanto menos costureiras forem empregadas maior de peças que elas produzem durante um mês. ( )
será o tempo necessário para fazer um mesmo servi- b) O número de operários trabalhando e o tempo que
ço. Portanto, número de costureiras é inversamente levam para construir uma estrada de 10 km. ( )
proporcional ao tempo.
c) A velocidade de um ônibus e o tempo que ele leva
- Quanto menor a quantidade de calças a serem fei-
para fazer uma viagem de Brasília a São Paulo. ( )
tas menor também será o tempo necessário para
d) A velocidade de um ônibus e a distância percorrida
produzi-las com uma mesma equipe. Portanto, a
quantidade de calças produzidas e o tempo ne­ por ele em três horas. ( )
cessário para fazê-las são diretamente proporcionais. e) A quantidade de ração e o número de animais que
podem ser alimentados com ela durante uma sema-
Tempo Nº de Quantidade na. ( )
(em dias) costureiras de calças f) O tamanho de um tanque e o tempo necessário para
12 16 960 enchê-lo. ( )
↑ x ↓ 12 ↑ 600 g) O número de linhas por página e o total de páginas
de um livro. ( )
A flecha do x, como sempre, está indicando o seu valor h) A eficiência de um grupo de operários e o tempo
inicial (x = 12). necessário para executarem certo serviço. ( )
As outras duas flechas indicam frações que nos dão as i) A dificuldade de uma tarefa e o tempo necessário
variações causadas em x (o tempo) pelas mudanças das para uma pessoa executá-la. ( )
outras grandezas (o número de costureiras e a quantida- j) A facilidade de uma tarefa e o tempo necessário para
de de calças). Lembre-se de que elas apontam sempre uma pessoa executá-la. ( )
do numerador para o denominador. k) O número de horas trabalhadas por dia e a quanti-
Multiplicando o valor inicial de x por estas frações, temos dade de trabalho feito em uma semana. ( )
a igualdade que nos dará o valor final de x: l) O número de horas trabalhadas por dia e o número
Matemática

de dias necessário para fazer certo trabalho. ( )


16 600
x = 12 × × ⇒ x = 10
12 900 4. (Cespe/MPU/Assistente/1996) É comum em nosso
cotidiano surgirem situações-problema que envolvem
Portanto, serão necessários 10 dias para fazer o serviço relações entre grandezas. Por exemplo, ao se decidir a
nas novas condições do problema. quantidade de tempero que deve ser usada na comida,

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a quantidade de pó necessária para o café, a velocidade 18. Um gato está 72m à frente de um cão que o persegue.
com que se deve caminhar ao atravessar uma rua etc., Enquanto o gato corre 7m, o cão corre 9m. Quantos
está-se relacionando, mentalmente, grandezas entre si, metros o cão deverá percorrer para diminuir a metade
por meio de uma proporção. Em relação às proporções, da terça parte da distância que o separa do gato?
julgue os itens abaixo. 19. Um gato persegue um rato. Enquanto o gato dá dois pulos,
( ) A quantidade de tinta necessária para fazer uma o rato dá 3, mas, cada pulo do gato vale dois pulos do rato.
pintura depende diretamente da área da região a Se a distância entre eles, inicialmente, é de 30 pulos de
ser pintada. gato, quantos pulos o gato terá dado até alcançar o rato?
( ) O número de pintores e o tempo que eles gastam 20. Um gato e meio come uma sardinha e meia em um
para pintar um prédio são grandezas inversamente minuto e meio. Em quanto tempo 9 gatos comerão uma
proporcionais. dúzia e meia de sardinhas?
21. Se 2/5 de um trabalho foram feitos em 10 dias por
( ) A medida do lado de um triângulo equilátero e o
24 operários que trabalhavam 7 horas por dia, então
seu perímetro são grandezas diretamente propor-
quantos dias serão necessários para terminar o trabalho,
cionais. sabendo que 4 operários foram dispensados e que o
( ) O número de ganhadores de um único prêmio de restante agora trabalha 6 horas por dia?
uma loteria e a quantia recebida por cada ganhador 22. Um grupo de 15 mineiros extraiu em 30 dias 3,5 tone-
são grandezas inversamente proporcionais. ladas de carvão. Se esta equipe for aumentada para 20
( ) A velocidade desenvolvida por um automóvel e mineiros, em quanto tempo serão extraídos 7 toneladas
o tempo gasto para percorrer certa distância são de carvão?
grandezas diretamente proporcionais. 23. Dois cavalos, cujos valores são considerados como
diretamente proporcionais às suas forças de trabalho
5. Se 3 kg de queijo custam R$ 24,60, quanto custarão 5 e inversamente proporcionais às suas idades, têm o
kg deste queijo? primeiro, 3 anos e 9 meses e o segundo, 5 anos e 4
6. Se 3 kg de queijo custam R$ 24,60, quanto deste queijo meses de idade. Se o primeiro, que tem 3/4 da força
poderei comprar com R$ 53,30? do segundo, foi vendido por R$ 480,00, qual deve ser o
7. Cem quilogramas de arroz com casca fornecem 96 kg preço de venda do segundo?
de arroz sem casca. Quantos quilogramas de arroz com 24. Se 27 operários, trabalhando 6 horas por dia levaram
casca serão necessários para produzir 300 kg de arroz 40 dias para construir um parque de formato retangular
sem casca? medindo 450m de comprimento por 200m de largura,
8. Em 8 dias 5 pintores pintam um prédio inteiro. Se fossem quantos operários serão necessários para construir um
3 pintores a mais, quantos dias seriam necessários para outro parque, também retangular, medindo 200m de
pintar o mesmo prédio? comprimento por 300m de largura, em 18 dias e traba-
lhando 8 horas por dia?
9. Um veículo trafegando com uma velocidade média de 60
25. Uma turma de 15 operários pretende terminar em 14
km/h, faz determinado percurso em duas horas. Quanto
dias certa obra. Ao cabo de 9 dias, entretanto, fizeram
tempo levaria um outro veículo para cumprir o mesmo somente 1/3 da obra. Com quantos operários a turma
percurso se ele mantivesse uma velocidade média de original deverá ser reforçada para que a obra seja con-
80 km/h? cluída no tempo fixado?
10. Uma roda-d’água dá 390 voltas em 13 minutos. Quantas
voltas terá dado em uma hora e meia?
11. Duas rodas dentadas estão engrenadas uma na outra.
GABARITO
A menor delas tem 12 dentes e a maior tem 78 dentes.
Quantas voltas terá dado a menor quando a maior der 1. C-E-C-E
10 voltas? 2. C-E-C-E-E
12. Qual é a altura de um edifício que projeta uma sombra 3. D-I-I-D-D-D-I-I-D-I-D-I
de 12m, se, no mesmo instante, uma estaca vertical de 4. V-V-V-V-F
1,5m projeta uma sombra de 0,5m? 5. R$ 41,00
13. Se um relógio adianta 18 minutos por dia, quanto terá 6. 6,5kg
7. 312,5kg
adiantado ao longo de 4h 40min?
8. 5 dias
14. Um relógio que adianta 15 minutos por dia estava mar-
9. 1h 30min
cando a hora certa às 7h da manhã de um certo dia. 10. 2.700 voltas
Qual será a hora certa quando, neste mesmo dia, este 11. 65 voltas
relógio estiver marcando 15h 5min? 12. 36m
15. Um comerciante comprou duas peças de um mesmo 13. 3min 30s
tecido. A mais comprida custou R$ 660,00 enquanto a 14. 15h
outra, 12 metros mais curta, custou R$ 528,00. Quanto 15. 60 metros
media a mais comprida? 16. Para 3/4 da quantidade original
16. Um navio tinha víveres para uma viagem de 15 dias. 17. 110m
Três dias após o início da viagem, contudo, o capitão do 18. 54m
navio recebe a notícia de que o mau tempo previsto para 19. 120 pulos
o resto da viagem deve atrasá-la em mais 4 dias. Para 20. 3 minutos
Matemática

quanto terá de ser reduzida a ração de cada tripulante? 21. 21 dias


17. Um rato está 30 metros à frente de um gato que o per- 22. 45 dias
segue. Enquanto o rato corre 8m, o gato corre 11m. Qual 23. R$ 450,00
a distância que o gato terá de percorrer para alcançar o 24. 30 operários
rato? 25. 39 operários

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PORCENTAGENS Logo:

Razão Centesimal x 20
x é 20% de 250 ↔ =
250 100
Chamamos de razão centesimal a toda razão cujo con- 100 . x = 20 × 250
sequente (denominador) seja igual a 100.
20 × 250 5000
x= = = 50
Exemplos: 100 100
37 em cada 100 → 37/100 x = 50
19 em cada 100 → 19/100
Então, 20% de 250 dá 50.
Diversas outras razões não centesimais podem ser facil-
mente reescritas na forma centesimal. 2) 30 é igual a 20% de quanto?

Exemplos: Solução: Da definição de porcentagem temos:


3 em cada 10 → 3/10 = 30/100 → 30 em cada 100
30 20
2 em cada 5 → 2/5 = 40/100 → 40 em cada 100 30 é 20% de x ↔ =
1 em cada 4 → 1/4 = 25/100 → 25 em cada 100 x 100
20 . x = 30×100
Outros nomes usados para uma razão centesimal são
razão porcentual, índice porcentual e percentil. 100 × 30
x= = 150
20
Forma Porcentual Portanto, 30 é igual a 20% de 150.

Uma razão centesimal pode ser indicada na forma por- 3) 21 representa quanto por cento de 15?
centual anotando-se o antecedente (numerador) da razão
centesimal seguido do símbolo % (lê-se “por cento”). Solução: Da definição de porcentagem temos:
21 x
21 é x% de 15 ↔ =
Exemplos: 15 100

12 15 . x = 21 × 100
100
= 12% (doze por cento)
2100
3 x= = 140
= 3% (três por cento) 15
100

Porcentagem Logo, 21 representa 140% de 15.

Dados dois números quaisquer, A e B (B ≠ 0) dizemos Forma Unitária


que A é igual a p% de B quando a razão A/B for igual a p%.
Além da forma porcentual, existe uma outra forma de
A p expressarmos uma razão porcentual a qual chamamos de
A é p% de B ↔ = forma unitária.
B 100 A forma unitária da razão p/100 é o número decimal
que obtemos dividindo o valor p por 100.
Na expressão acima, o valor B é a referência do cálculo
porcentual. Dizemos então que A é uma porcentagem do Exemplos:
número B. 23% = 23/100 = 0,23
Todo problema de porcentagens depende, basicamente, 6% = 6/100 = 0,06
de determinarmos um dos valores dados na expressão acima, 133% = 133/100 = 1,33
A, B ou p em função dos outros dois. 0,5% = 0,5/100 = 0,005

Observação: Aumentos e Reduções Porcentuais


Nas questões de concursos públicos é comum en-
contrarmos: Quando queremos calcular um aumento ou uma re-
- lucro, rendimento, desconto, abatimento, prejuízo dução de p% sobre determinado valor, é comum calcular o
etc. indicando uma porcentagem em situações resultado em duas etapas:
específicas;
- a expressão “principal” indicando o valor de refe- 1ª – Calculamos a porcentagem p% do valor dado.
rência que corresponde a 100%. 2ª – Adicionamos ou subtraímos do valor original a
porcentagem encontrada, para obter, respectivamente,
Matemática

o valor aumentado ou reduzido em p% do valor dado,


Exemplos:
conforme o caso desejado.
1) Calcular 20% de 250. Usando a forma unitária, poderemos calcular au­men­tos
e reduções percentuais de modo mais rápido, usando um
Solução: O número procurado é igual a 20% de 250. dos seguintes raciocínios:

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Para Calcular um Aumento de p%: Exercícios Resolvidos
Quando aumentamos em p% um valor V, ficamos com 1. A conta de um restaurante indicava uma despesa de R$
(100+p)% de V. 26,00 e trazia a seguinte observação: “Não incluí­mos os
Então, basta multiplicar o valor V pela forma decimal de 10% de serviço”. Calcular, em dinheiro, os 10% de serviço
(100+p)% para termos o resultado desejado. e o total da despesa se nela incluirmos a porcentagem
referente ao serviço.
Exemplos:
1) Aumentar o valor 230 em 30%. Solução:
Solução: (100+30)% = 130% = 1,30 Serviço =10% de 26,00 = 2,60
→ 230 × 1,30 = 299 Portanto, os 10% cobrados como serviço representam
R$ 2,60.
2) Aumentar o valor 400 em 3,4%. Incluindo esta porcentagem na despesa original, teremos:
Solução: (100+3,4)% = 103,4% = 1,034
→ 400 × 1,034 = 413,6 26,00 + 2,60 = 28,60
Assim, o total da despesa passa a ser de R$ 28,60.
Para Calcular uma Redução de p%:
2. Num laboratório, 32% das cobaias são brancas e as
Quando reduzimos em p% um valor V, ficamos com outras 204 são de cor cinza. Quantas cobaias há neste
(100 – p)% de V. laboratório?
Então, basta multiplicar o valor V pela forma decimal de
(100 – p)% para termos o resultado desejado. Solução:
O total de cobaias corresponde a 100%:
Exemplos:
1) Reduzir o valor 300 em 30%. brancas (32%) + cinza (x%) = total (100%)
Solução: (100 – 30)% = 70% = 0,70 32% + x% = 100%
→ 300 × 0,70 = 210 x% = 100% – 32% = 68%

2) Reduzir o valor 400 em 2,5%. Então, as 204 cobaias de cor cinza são 68% do total.
Solução: (100 – 2,5)% = 97,5% = 0,975 Chamando o total de cobaias de C, poderemos escrever:
→ 400 × 0,975 = 390
68% de C = 204
Aumentos Sucessivos: 68
× C = 204
100
Para aumentarmos um valor V sucessivamente em p1%, 204 ×100
p2 %, ...., pn %, de tal forma que cada um dos aumentos, a C= = 300
68
partir do segundo, incida sobre o resultado do aumento
C = 300
anterior, basta multiplicar o valor V sucessivamente pelas
formas unitárias de (100+p1 )%, (100+p2)%, ..... , (100+pn)% .
Portanto, há 300 cobaias no laboratório.
Exemplos: 3. O preço de um produto A é 30% maior que o de B e o preço
1) Aumentar o valor 2.000 sucessivamente em 10%, deste é 20% menor que o de C. Sabe-se que A, B e C custa-
20% e 30%. ram, juntos, R$ 28,40. Qual o preço de cada um deles?
Solução: 2.000 × 1,10 × 1,20 × 1,30 = 3.432
Solução:
2) Se o valor 4.000 sofrer três aumentos sucessivos de Digamos que os preços de A, B e C são a, b e c, respec-
5%, qual será o valor resultante? tivamente:
Solução: 4.000 × 1,05 × 1,05 × 1,05 = 4.630,5 a = (100%+30%) de b = 130% de b → a = 1,3 b
Reduções Sucessivas: b = (100% - 20%) de c = 80% de c → b = 0,8 c
Comparando as duas igualdades acima, temos:
Para reduzirmos um valor V sucessivamente em p1%,
p2 %, ...., pn %, de tal forma que cada uma das reduções, a b = 0,8c e a = 1,3b, portanto a = 1,3 × 0,8c
partir da segunda, incida sobre o resultado da anterior, basta a = 1,04c
multiplicar o valor V sucessivamente pelas formas decimais
de (100 – p1)%, (100 – p2)% , ..... , (100 – pn )% . O preço dos três, juntos, é R$ 28,40:

Exemplos: a + b + c = 28,40
1,04c + 0,8c + 1c = 28,40
1) Reduzir o valor 5.000 sucessivamente em 10%, 20%
2,84c = 28,40
e 30%.
Matemática

c = 10,00 (valor de C)
Solução: 5.000 × 0,90 × 0,80 × 0,70 = 2.520 b = 0,8c = 0,8 × 10 = 8,00 (valor de B)
a = 1,04c = 1,04 × 10 = 10,40 (valor de A)
2) Se o valor 4.000 sofrer três reduções sucessivas de
5%, qual será o valor resultante? Então, os preços são: A custa R$ 10,40, B custa R$ 8,00
Solução: 4.000 × 0,95 × 0,95 × 0,95 = 3.429,5 e C custa R$ 10,00.

24 Este eBook foi adquirido por ANA PAULA TORQUATO DA COSTA - CPF: 628.848.913-15.
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4. Uma mercadoria foi vendida com um lucro de 20% sobre EXERCÍCIOS PROPOSTOS
a venda. Qual o preço de venda desta mercadoria se o
seu preço de custo foi de R$ 160,00? 1. Em um concurso havia 15.000 homens e 10.000 mulhe-
res. Sabe-se que 60% dos homens e 55% das mulheres
Solução: foram aprovados. Do total de candidatos, quantos por
cento foram reprovados?
2. Uma cidade possui uma população de 100.000 habi-
A expressão “sobre a venda” significa que o valor de tantes, dos quais alguns são eleitores. Na eleição para a
referência para o cálculo porcentual do lucro, neste prefeitura da cidade havia 3 candidatos. Sabendo-se que
exercício, deverá ser o preço de venda (ao contrário o candidato A obteve 20% dos votos dos eleitores, que o
do que é comum!). Portanto, devemos fazer o preço de candidato B obteve 30%, que os votos nulos foram 10%,
venda corresponder a 100%. que o candidato C obteve 12.000 votos e que não houve
abstenções, a parte da população que não é eleitora é
Observe, então, o esquema: de quantos habitantes.
3. (Metrô/Técnico de Contabilidade/2ºG-IDR/1994) João,
Antônio e Ricardo são operários de uma certa empresa.
(Preço de Custo) + (Lucro) = (Preço de Venda)
Antônio ganha 30% a mais que João, e Ricardo, 10% a me-
x % + 20% = 100% nos que Antônio. A soma dos salários dos três, neste mês,
foi de R$ 4.858,00. Qual a quantia que coube a Antônio?
x % + 20% = 100% 4. Fiz em 50min o percurso de casa até a escola. Quanto
logo: x% = 80% tempo gastaria na volta, se utilizasse uma velocidade
20% menor?
Então, o preço de custo (R$ 160,00) corresponde a 80% 5. A população de uma cidade aumenta à taxa de 10% ao
do preço de venda (V): ano. Sabendo-se que em 1990 a população era de 200.000
hab.. Quantos habitantes esta cidade terá em 1994?
80% de V = 160,00 (custo) 6. (UnB/1993) A soma de dois números x e y é 28 e a razão
entre eles é de 75%. Qual é o maior desses números?
Resolvendo, nos dá: 7. Calcular:
a) 30% de 20% de 40% b) 81%
160 × 100
V= = 200 8. Um depósito de combustível de capacidade de 8m3
80 tem 75% de sua capacidade preenchida. Quantos m3
de combustível serão necessários para preenchê-lo?
O preço de venda foi de R$ 200,00 9. (CEF/1991) Num grupo de 400 pessoas, 70% são do
sexo masculino. Se, nesse grupo, 10% dos homens são
5. Para atrair fregueses, um supermercado anuncia por R$ casados e 20% das mulheres são casadas. Qual o número
10,00 um determinado produto que lhe custou R$ 13,00. de pessoas casadas?
Determine a taxa porcentual de prejuízo sobre o preço 10. (CEB/Contador/IDR/1994) Para obter um lucro de 25%
sobre o preço de venda de um produto adquirido por
de venda. R$ 615,00, o comerciante deverá vendê-lo por quanto?
11. (Metrô/Assist. Administrativo/IDR/1994) Uma merca-
Solução: doria custou R$ 100,00. Para obter-se um lucro de 20%
sobre o preço de venda, por quanto deverá ser vendida?
A expressão “sobre o preço de venda” significa que o 12. (TTN/2ºG/1989) Antônio comprou um conjunto de sofás
valor de referência para o cálculo porcen­tual do prejuízo com um desconto de 20% sobre o preço de venda. Saben-
deverá ser o preço de venda: do-se que o valor pago por Antônio foi de R$ 1.200,00,
de quanto era o preço de venda da mercadoria?
13. (TTN/1989) Um produto é vendido com um lucro bruto
Observe o esquema:
de 20%. Sobre o preço total da nota, 10% correspon­dem
a despesas. De quantos por cento foi o lucro líquido do
(Preço de Custo) – (Prejuízo) = (Preço de Venda) comerciante?
(100 + x) % – x% = 100% 14. Um cliente obteve de um comerciante desconto de 20%
no preço da mercadoria. Sabendo-se que o preço de
O valor do prejuízo, em dinheiro, pode ser determinado venda, sem desconto, é superior em 20% ao do custo,
pela diferença entre os preços de custo e de venda: pode-se afirmar que houve, por parte do comerciante
um lucro ou um prejuízo e de quanto?
13,00 – 10,00 = 3,00 15. Quanto por cento sobre o custo corresponde a um lucro
de 60% sobre a venda?
Assim, podemos dizer que o prejuízo (R$ 3,00) é igual a
x% do preço de venda (R$ 10,00): GABARITO
x% de 10 = 3 1. 42% 8. 2m3
2. 70.000 9. 52
Resolvendo a expressão, encontramos: 3. R$ 1.820,00 10. R$ 820,00
Matemática

4. 62min 30s 11. R$ 125,00


100× 3 5. 292.820 hab. 12. R$ 1.500,00
x= = 30
10 6. 16 13. 8%
7. a) 2,4% 14. Prejuízo de 4%
O porcentual de prejuízo sobre a venda é de 30%. b) 90% 15. 150%

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Equação 6. Não existem raízes para a equação

Equação é toda sentença matemática que representa 3x+7−3x = +18


uma igualdade e na qual existe uma ou mais letras que
indicam um número desconhecido. Visto que

Exemplos: 3x+7−3x = +18


3x−3x+7 = +18
3x+7 = 40 0+7 = +18
12−5x = 2x−3 (nunca será verdade)
−3x2+15x = 18
4x2−12xy+9y2 = 0 Conjunto-Universo

Incógnita Denomina-se conjunto-universo de uma equação ao


conjunto numérico no qual se deve buscar raízes para uma
As letras que indicam os números desconhecidos equação.
chamam-se incógnitas da equação. De modo geral, o conjunto-universo de uma equação
costuma ser um dos conjuntos numéricos fundamentais
Exemplos: como o conjunto dos naturais, o dos inteiros, o dos racionais
As três equações seguintes têm uma única incógnita ou o dos reais.
que é x.
Conjunto-Solução ou Conjunto-Verdade
3x+7 = 40
12−5x = 2x−3 Denomina-se conjunto-solução ou conjunto-verdade de
−3x2+15x = 18 uma equação ao conjunto que compreende todas as raízes
de uma equação num dado conjunto-universo.
A equação seguinte tem duas incógnitas que são x e y. Resolver uma equação em um dado conjunto-universo
significa determinar o conjunto-solução da equação para o
4x2−12xy+9y2 = 0 conjunto-universo dado.
Assim, dizer que uma equação deve ser resolvida em Z
significa que se deve descobrir o conjunto que com­preende
Raiz todos os elementos de Z que sejam raízes da equação.
Raiz é o nome que recebe qualquer valor numérico que
Exemplos:
seja capaz de produzir uma igualdade verdadeira quando 1- Resolvendo em Z a equação
substituído na equação.
2x+7 = −13
Exemplos:
1. O valor x = 11 é raiz da equação
Percebemos que só existe uma única raiz que é x = −10.
2. 3x+7 = 40
Assim, o conjunto-solução da equação dada, em Z é:
Uma vez que
S = {−10}
3(11)+7 = 40
33+7 = 40
2- Resolvendo em R a equação
(verdade)
x2= −9
3. O valor x = 3 é raiz da equação
4. −3x2+15x = 18
Percebemos que nenhum número real poderá ser raiz,
uma vez que o quadrado de qualquer número real resultará
Dado que sempre positivo.
Assim, o conjunto-solução da equação dada, em R é
−3(3)2+15(3) = 18 vazio:
−3⋅9+45 = 18
−27+45 = 18 S=∅
(verdade)
Tipos Notáveis de Equações
5. O valor x = 1 não é raiz da equação
O caminho para a resolução de uma equação pode
−3x2+15x = 18 variar muito de um tipo para outro de equação. Por isso
procuramos agrupar as equações por tipos de modo a fim
Visto que
Matemática

de poder estudar melhor as técnicas para a resolução de


cada um desses tipos.
−3(1)2+15(1) = 18 Abaixo, ilustramos brevemente os nomes de alguns
−3⋅1+15 = 18 destes tipos, lembrando que a apresentação das técnicas de
−3+15 = 18 resolução deste ou daquele tipo específico será deixada para
(falso) capítulos futuros, limitando-nos ao conteúdo de nossa prova.

26 Este eBook foi adquirido por ANA PAULA TORQUATO DA COSTA - CPF: 628.848.913-15.
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Equações 2. Julgue os itens em certos (C) ou errados (E).
- do 1º grau a uma variável; Dada a equação do primeiro grau Ax + B = 0, pode-se
- do 2º grau a uma variável; afirmar, quanto à sua raiz, que:
- Biquadradas; 1) será positiva semlpre que A e B tenham o mesmo sinal.
- Modulares; 2) será negativa sempre que A e B tenham sinais opostos.
- Polinomiais; 3) será inteira sempre que A for igual a 1.
- Inteiras; 4) será inteira somente se A for igual a 1.
- Racionais; 5) será igual a zero somente se B for igual a zero.
- Irracionais;
- do tipo Produto; 3. Resolvendo a equação
- do tipo Quociente;
- Exponenciais; x + 3 x + 2 −1
- Logarítmicas; − =
2 3 2
- Trigonométricas.
obteremos:
1) x = −8
Equações do 1º Grau 2) x = +8
3) x = −5
São todas as equações redutíveis à forma: 4) x = +5
5) x = −5/8
ax + b = 0 (com a ≠ 0)
4. Resolvendo a equação
Raiz
1+ x 2 − x 1
− − =0
É qualquer valor para x que satisfaça a equação. 6 3 2
Toda equação do 1o grau na forma dada acima tem uma
obteremos:
única raiz real dada por
a) x = 1
b) x = 2
- b/a
c) x = 3
d) x = 4
Exercício Resolvido e) x = 5
1. Resolva a equação 3x + 7 = 2x - 15. 5. Resolvendo a equação
Solução:
3+ x x −1
Subtraindo 7 de cada membro da equação teremos: − (1 + x) =
2 4
5x + 7 = 2x - 14 obteremos:
-7 -7 a) x = −1
5x = 2x - 21 b) x = 1
c) x = 3
Subtraindo 2x de cada membro da equação vem: d) x = 5
e) x = 7
5x = 2x - 21
-2x -2x 6. Resolvendo a equação
3x = - 21
2( x − 1) 3(1 + x) 1 x − 1
Dividindo por 3 cada membro da equação obtemos: + = −
3 2 2 3
3x = − 21
÷3
÷3 obteremos:
x = − 7 a) x = −1,75
b) x = 3/4
Então a raiz da equação dada é x = −7. c) x = 2,8
d) x = 0
e) x = 0,3333....
Exercícios PROPOSTOS
GABARITO
1. Julgue os itens em certos (C) ou errados (E).
A raiz da equação 5x + 3 = 3x + 19 é: 1. E, E, C, E, C
Matemática

1) um quadrado perfeito. 2. E, E, E, E, C
2) um número primo. 3. 1
3) um cubo perfeito. 4. b
4) a raiz cúbica de 2. 5. b
5) um número par. 6. d

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Equações do 2º grau Depois daremos os sinais aos fatores, do seguinte modo:
1º - o Sinal da Soma Sempre na Segunda coluna;
Denominamos equação do 2º grau a toda equação da 2º - na primeira coluna usaremos:
forma • mesmo sinal de S - se P é positivo.
ax2 + bx + c = 0, (a ≠ 0) • sinal oposto de S - se P é negativo.

P = 24
ou qualquer equação redutível a esta forma.
mesmo sinal R| + 1 + 24 R| Sinal da Soma na
Exemplos:
a) x2 – 5x + 6 = 0


de S, pois
P = (+) S| + 2
+ 3
+ 12
+8 S| Segunda Coluna
S = (+)
b) 3x2 + 2 = 0 T + 4 +6 T
c) –3x2 + 27 = 0
Finalmente, procuramos em qual das linhas se encon-
Resolver uma equação do 2º grau significa determinar tra o par que nos dá a soma correta (S = 10), pois aí
valores da incógnita que tornem a equação verdadeira. estarão as raízes:
Cada valor nestas condições será então chamado raiz
da equação. P = 24

Resolução Algébrica + 1 + 24
+ 2 + 12
A determinação algébrica das raízes de uma equação + 3 + 8
na forma ax2 + bx + c = 0, com a ≠ 0, pode ser obtida com a Este par faz S = 10 → + 4 + 6 → As raízes são
fórmula de Báskara: +4 e +6

b) 2x2 + 28x + 48 = 0
−b ± ∆
x=
2a − b −28
S= = = − 14
onde ∆ = b – 4ac (discriminante da equação)
2 a 2
c 48
P= = = 24
O sinal do discriminante, ∆, determina a quantidade de a 2
raízes da equação do segundo grau:
• ∆ > 0 ↔ duas raízes reais e distintas; Fazendo a lista dos produtos e colocando os sinais,
• ∆ = 0 ↔ uma única raiz real (duas raízes iguais); teremos:
• ∆ < 0 ↔ nenhuma raiz real.
P = 24
Determinação de Raízes usando a Soma e o R|
– 1 – 24 R|
Produto Mesmo sinal,
de S, pois
– 2
– 3
S| – 12
– 8 S|
Sinal da Soma na
Segunda Coluna
Frequentemente, as raízes das equações quadráticas com P = (+) – 4 T – 6 S = (–) T
que nos deparamos são números racionais ou até inteiros.
Nestes casos, podemos usar um “atalho” para determi- A segunda linha nos deu a soma correta (S = –14).
nar as raízes, comparando o produto e a soma das mesmas,
como ilustraremos a seguir. Portanto:

1º caso – Raízes Inteiras as raízes são –2 e –12.

Vamos determinar as raízes das equações nos exemplos c) –5x2 + 25x + 120 = 0
a seguir:
− b −25
S= = = 5
a) –3x + 30x - 72 = 0
2
a −5
c 120
− b −30 P= = = − 24
S= = = 10 (soma das raízes) a −5
a −3
c −72 Fazendo a lista dos produtos e colocando os sinais:
P= = = 24 ( produto das raízes)
a −3
P = –24
Começaremos pelo produto, fazendo uma lista ordenada
de todos os produtos possíveis e iniciando sempre pelos R|
– 1 + 24 R|
menores fatores: Sinal oposto
de S, pois
S|
– 2
– 3
+ 12
+ 8
S|
Sinal da Soma na
Segunda Coluna
P = 24 P = (–) – 4 T + 6 T
S = (+)
Matemática



A terceira linha nos deu a soma correta (S = 5).


deste lado

R| 2 12
1 24


ficam os
menores
S| 3 8 Logo:
T 4 6 As raízes são –3 e +8.

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2º caso – Raízes Fracionárias (usando Soma e Produto) 2º) Resolvendo a nova equação: x2 + 9x – 10 = 0

a) –12x2 + x + 6 = 0 P = –10
+1 –10 ← raízes da equação
Se você já estudou este assunto anteriormente, +2 –5 nova: +1 e –10
provavel­mente ouviu dizer que casos como este
eram”impossíveis” ou “muito difíceis” de se re-
3º) Dividindo as raízes encontradas por |a| = +2:
solver por soma e produto. Mas não é bem assim.
+1 −10 1
Na verdade é até bem fácil. Veja como: e , ou sejam: e −5
2 2 2
• Método “Locikiano”
1
Então as raízes de 2x2 + 9x – 5 = 0 são: e −5
Primeiro, devemos sempre trabalhar com o coe- 2
ficiente principal (a) positivo.
Isto é feito multiplicando a equação por –1, que
não altera as raízes: EXERCÍCIOS PROPOSTOS
× ( −1) 1. Resolva as seguintes equações incompletas do segundo
–12x2 + x + 6 = 0  → 12x2 – x – 6 = 0
grau:
Agora “passaremos” o coeficiente principal (a = a) x2 – 25 = 0
12) para o termo independente, multiplicando-os b) 3x2 – 108 = 0
e conseguindo uma nova equação: c) 5x2 – 980 = 0
d) x2 – 1225 = 0
 nova equação
 e) 2x2 – 16 = 0
12 × ( −6 ) = − 72 2 f) –3x2 + 60 = 0
12x – x – 6 = 0
2    → x − x − 72 = 0

2. Resolva as seguintes equações incompletas do segundo
Nesta equação nova, procuraremos as raízes: grau:
x2 – x – 72 = 0 a) x2 – 6x = 0
b) x2 + 6x = 0
−b 1 c) 2x2 – 3x = 0
S= = =1
a 1 d) –5x2 + 7x = 0
c −72 e) 19x2 – 15x = 0
P= = = − 72 f) 0,5x2 + 3x = 0
a 1

3. Resolva as seguintes equações completas do segundo


P = –72 grau.

– 1 + 72 a) x2 – 13x + 12 = 0
– 2 + 36 b) x2 – 8x + 12 = 0
– 3 + 24 c) x2 + 7x + 12 = 0
– 4 + 18 d) x2 – 20x + 36 = 0
– 6 + 12 e) x2 + 15x + 36 = 0
– 8 + 9 → raízes da equação f) x2 – 11x – 12 = 0
nova: –8 e +9. g) x2 + 11x – 12 = 0
h) x2 – x – 12 = 0
Finalmente, obteremos as raízes da equação original
dividindo as raízes da equação nova por |a| (|a| = +12). i) x2 + x – 12 = 0
j) x2 – 9x – 36 = 0
−8 +9 −2 +3 k) –x2 + 8x + 20 = 0
e que, simplificadas, dão: e
12 12 3 4 l) –x2 + x + 20 = 0
m) –x2 + x + 12 = 0
Então, as raízes da equação –12x2 + x + 6 = 0 são: n) –x2 – 35x + 36 = 0
o) –x2 + 37x – 36 = 0
−2 +3
e
3 4
4. Resolva as seguintes equações completas do segundo
grau.
b) 2x2 + 9x – 5 = 0
a) 2x2 + 3x – 2 = 0
Matemática

1º) “Passando” o coeficiente principal (que já é po- b) 15x2 – 8x + 1 = 0


sitivo) c) 3x2 + 4x + 1 = 0
d) 2x2 – 5x + 2 = 0
nova equação
 
2x + 9x – 5 = 0
2 2 × ( −5 ) = −10
  → 2
x + 9x − 10 = 0 5. Verifique se –2 é raiz da equação 2x2 – 5x – 18 = 0.

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6. Calcular m na equação mx2 – 3x + (m – 1) = 0, de modo Equações Racionais
que uma de suas raízes seja igual a 1.
Uma equação que envolve expressões onde a incógnita
7. Determine m na equação 2x2 – mx + x + 8 = 0, de modo ocorre também do denominador de uma fração é denomi-
que a soma de suas raízes seja igual a 5. nada equação racional.

Exemplos:
8. Determine m tal que as raízes de 4x2 + (m + 1)x +
(m + 6) = 0 sejam iguais. 3 2 1
− =
9. Determine dois números cuja soma seja –2 e o produto 2+ x x x
seja –15.
1
2x + = 1717
10. Decompor o número 21 em duas parcelas tais que o 3x
produto entre elas seja 110.
Para obtermos a resolução de uma equação racional,
11. A soma de um número natural com o seu quadrado é procuramos transformá-la de modo a poder eliminar a
igual a 72. Determine este número. incógnita dos denominadores e recair numa equação mais
simples, como as equações do primeiro grau, as do segundo
grau e as biquadradas.
12. A soma de certo número inteiro com o seu inverso é
igual a 50/7. Qual é esse número? Exemplo:
4 2 1
13. Determine dois números inteiros e consecutivos tais que Resolver a equação: − =
a soma dos seus inversos seja 5/6. 2+ x x x
Solução:
14. Determine dois números pares, positivos e conse­cutivos – igualando os denominadores:
cujo produto seja 120.
4 x 2 2+ x 1 2+ x
⋅ − ⋅ = ⋅
15. A diferença entre o quadrado e o triplo de um mesmo 2+ x x x 2+ x x 2+ x
número natural é igual a 54. Determine esse número.
4x 2(2 + x) 2+ x
− =
GABARITO (2 + x) x x(2 + x) x(2 + x)
– cancelando os denominadores:
1. a) ± 5 2. a) {0; 6}
b) ± 6 b) {0; –6}
4 x − 2(2 + x) = 2 + x
c) ± 14 c) {0; 3/2}
d) ± 35 d) {0; 7/5} 4x − 4 − 2x = 2 + x
e) ± 2 2 e) {0; 15/19}
2x − 4 = 2 + x
f) ± 2 5 f) {0; –6}
2x − x = 2 + 4
x=6

3. a) {1; 12} 4. a) {1/2; –2} – conjunto-solução:


b) {2; 6} b) {1/3; 1/5}
S = {6}
c) {–3; –4} c) {–1/3; –1}
d) {2; 18} d) {1/2; 2} Atenção!
e) {–3; –12} Se o valor de alguma das raízes encontradas tornar igual a
f) {–1; +12} 5. –2 é raiz. zero algum dos denominadores da expressão original da equa-
g) {1; –12} 6. m = 2 ção dada, ela não poderá ser aceita como raiz da equação.
h) {–3; 4} 7. m = 11 Exemplo:
i) {3; –4} 8. m = –5 ou m = 19 x 6x + 9 1
j) {–3; 12} 9. 3 e –5 Resolver a equação: − =
x − 3 x( x − 3) x
k) {–2; 10} 10. 10 e 11
l) {–4; 5} 11. 8 Solução:
Matemática

m) {–3; 4} 12. 7 – igualando os denominadores:


n) {1; –36} 13. 2
o) {1; 36} 14. 10 e 12
x2 6x + 9 ( x − 3)
− =
15. 9 x( x − 3) x( x − 3) x( x − 3)

30 Este eBook foi adquirido por ANA PAULA TORQUATO DA COSTA - CPF: 628.848.913-15.
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– cancelando os denominadores: c) x = −1 e x = 4
d) x = −4 e x = 1
x2 − 6x + 9 = x − 3 e) x = ∅

x2 – 7x + 12 = 0 GABARITO
– cujas raízes são 3 e 4. 1. c
2. d
Cuidado! O valor x = 3 não poderá ser aceito como raiz 3. a
da equação racional porque, ao substituirmos na expressão 4. a
original da equação, esse valor produz denominadores
iguais a zero:

3 6⋅3+ 9 1 Problemas com Números Inteiros


− =
3 − 3 3(3 − 3) 3 1. Certo prêmio será distribuído entre três vendedores de
33 27 1
1
27 modo que o primeiro receberá R$ 325,00; o segundo
− = receberá R$ 60,00 menos que o primeiro; o terceiro
0 0 3 receberá R$ 250,00 menos que o primeiro e o segundo
juntos. Qual o valor total do prêmio repartido entre os
– denominadores iguais a zero! três vendedores?
2. Um dicionário tem 950 páginas; cada página é dividida
O mesmo não ocorre quando usamos a outra raiz, em 2 colunas; cada coluna tem 64 linhas; cada linha tem,
x = 4, (verifique!). Portanto, o conjunto solução da equação
em média, 35 letras. Quantas letras há nesse dicionário?
dada será:
3. Uma pessoa ganha R$ 40,00 por dia de trabalho e gasta
S = {4} R$ 800,00 por mês. Quanto ela economizará em um ano
se ela trabalhar, em média, 27 dias por mês?
4. Um negociante comprou 8 barricas de vinho, todas
Exercícios PROPOSTOS com a mesma capacidade. Tendo pago R$ 7,00 o litro e
vendido a R$ 9,00, ele lucrou, ao todo R$ 1.760,00. Qual
3 1 1 era a capacidade de cada barrica?
1. Resolvendo a equação − = , obteremos:
x + 2 x 5x 5. Em um saco havia 432 balinhas. Dividindo-as em três
a) x = −4/3 montes iguais, um deles foi repartido entre 4 meninos
b) x = 3/4 e os dois montes restantes foram repartidos entre 6
c) x = 4/3 meninas. Quantas balinhas recebeu cada menino e cada
d) x = −3/4 menina?
e) x = 12 6. Marta, Marisa e Yara têm, juntas, R$ 275,00. Marisa tem
R$ 15,00 mais do que Yara, e Marta possui R$ 20,00 mais
72 que Marisa. Quanto tem cada uma das três meninas?
2. O conjunto-solução da equação x + 1 = é:
x 7. Do salário de R$ 3.302,00, Seu José transferiu uma parte
a) S = ∅
para uma conta de poupança. Já a caminho de casa,
b) S = {−9}
c) S = {8} Seu José considerou que se tivesse transferido o dobro
d) S = {−9; 8} daquele valor, ainda lhe restariam R$ 2.058,00 do seu
e) S = {−8; 9} salário em conta corrente. De quanto foi o depósito
feito?
3. O conjunto-solução da equação 8. Renato e Flávia ganharam, ao todo, 23 bombons. Se
Renato comesse 3 bombons e desse 2 para Flávia, eles
4 10 5 ficariam com o mesmo número de bombons. Quantos
+ =
x x(x – 2) x – 2 é: bombons ganhou cada um deles?
9. Dois homens, três mulheres e seis crianças conseguem
a) S = ∅ carregar juntos um total de 69 quilos. Cada homem
b) S = {−1} carrega tanto quanto uma mulher e uma criança,
c) S = {0}
enquanto cada mulher consegue carregar tanto quanto
d) S = {1}
e) S = {2} três crianças. Quanto cada um deles consegue carregar?
10. Num atelier de costura empregam-se 4 gerentes, 8
4. Resolvendo a equação costureiras e 12 ajudantes. Cada gerente ganha por dia
tanto quanto 2 costureiras ou 4 ajudantes. Qual o valor
x 1 2 da diária de cada gerente, costureira e ajudante, se a
+ = 2 folha mensal desta equipe é de R$ 26.400,00?
Matemática

x − 2 x − 4 x − 6x + 8 11. O dono de uma papelaria adquiriu um certo número de


pastas escolares que seriam revendidas ao preço unitário
obteremos como raízes: de R$ 5,00. Ao conferir as pastas constatou que entre
a) x = −1 elas havia 15 com defeito. Fazendo as contas, descobriu
b) x = 4 então que se ele vendesse as pastas restantes ao preço

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unitário de R$ 8,00, a sua margem de lucro continuaria 29. Numa lista de números há dez números primos distintos,
sendo a mesma de antes. Quantas pastas perfeitas o dez números pares distintos e dez números ímpares
dono da papelaria recebeu? distintos. Qual é a menor quantidade de números que
12. Se eu der 4 balinhas a cada um dos alunos de uma classe essa lista pode ter?
sobram-me 7 das 135 que eu tenho. Quantos alunos há 30. Dois pintores, A e B, são capazes de pintar o mesmo
nessa classe? muro em 20 e 24 horas, respectivamente. Em cada metro
13. Quero dividir 186 figurinhas igualmente entre certo quadrado do muro, o pintor B leva 5 minutos a mais que
número de crianças. Para dar duas dúzias a cada criança o pintor A. Quantos metros quadrados tem esse muro?
faltariam 6 figurinhas. Quantas são as crianças? 31. O produto de dois números naturais, A e B, é 600. Qual
14. A soma de dois números inteiros e consecutivos é 91. é o maior valor possível para o máximo divisor comum
Quais são eles? de A e B?
15. A soma de dois números pares e consecutivos é 126. 32. Sophia guardou 972 figurinhas em várias caixas de tal
modo, que a segunda caixa ficou com o dobro do número
Quais são eles?
de figurinhas da primeira; a terceira caixa ficou com o
16. A soma de três números inteiros e consecutivos é 249.
dobro do número de figurinhas das duas primeiras caixas
Quais são eles?
juntas; a quarta, com o dobro do total de figurinhas das
17. A soma de três números ímpares e consecutivos é 303. três primeiras; e assim por diante até a última caixa.
Quais são eles? Sabendo que o número de caixas empregado foi o maior
18. A soma de onze números inteiros e consecutivos é 352. possível, quantas caixas Sophia usou ao todo?
Qual é o maior deles? 33. Considere todos os números inteiros e positivos m tais
19. A fim de receber um mês de serviços prestados, um que divisões 120 ÷ m tenham sempre resto igual a 18.
lavrador aceita que o fazendeiro lhe dê como parte do Nessas condições, qual é o valor da soma de todos os
pagamento, uma vaca ou um bezerro. O fazendeiro, valores possíveis de m ?
estimando que a vaca e o bezerro, juntos, valham R$ 34. Se o dia 1º de janeiro de um ano bissexto for uma
600,00, diz que se desse o bezerro, ainda ficaria devendo segunda-feira, em que dia da semana cairá o dia 7 de
R$ 100,00 ao empregado e que o lavrador é que ficaria dezembro desse mesmo ano?
devendo ao fazendeiro R$ 100,00 se recebesse a vaca.
Qual é a quantia devida ao lavrador? GABARITO
20. Quatro sócios dividiram um lucro de R$ 1.570,00 de tal
modo que ao 2o coube R$ 70,00 a menos que ao 3o e 1. R$930,00
R$ 50,00 a mais que ao 1o, enquanto, ao quarto coube 2. 4.256.000
R$ 80,00 a mais que ao 3o. Quanto recebeu cada um 3. R$ 3.360,00
dos quatro sócios? 4. 110 litros
21. Dois peões recebem diárias de igual valor. O fazendeiro 5. Cada menino recebeu 36 e cada menina 48
pagou a um deles R$ 200,00 e mais 4 kg de carne por 6. Marta: R$ 110,00 Marisa: R$ 90,00 e Yara: R$ 75,00
20 dias de serviço e pagou ao outro R$ 390,00 e mais 7. R$ 622,00
10 kg de carne por 40 dias de serviço. Qual o valor da 8. Renato: 15 e Flávia: 8
diária paga a cada peão? 9. Homem: 12 kg, mulher: 9 kg e criança: 3 kg
22. Um floricultor encomendou certo número de dúzias 10. Gerente: R$ 80,00; costureira: R$ 40,00; ajudan-
de rosas. O fornecedor mandou-lhe, como cortesia, te: R$ 20,00
duas rosas a mais em cada dúzia encomendada, de tal 11. 25
modo, que o floricultor acabou recebendo um total de 12. 32
42 dúzias. Quantas dúzias de rosas foram encomendadas 13. 8
pelo floricultor? 14. 45 e 46
23. Um pai tem 32 anos e seus três filhos, 10, 7 e 5 anos. 15. 62 e 64
Daqui a quantos anos a soma das idades dos três filhos 16. 82, 83 e 84
será igual à idade do pai? 17. 99, 101 e 103
24. Qual é o menor número inteiro positivo cujo triplo é 18. 37
divisível por 9, 11 e 14? 19. R$ 300,00
25. Com os algarismos x, y e z formam-se os números de 20. 1º: R$ 300,00; 2º: R$ 350,00; 3º: R$ 420,00 e
dois algarismos xy e yx, cuja soma é o número de três 4º: R$ 500,00
algarismos zxz. Quanto valem x, y e z ? 21. R$ 11,00
26. O percurso de um autódromo é de 20 km. Os pontos 22. 36 dúzias
marcantes do autódromo são: A, que é o ponto de 23. 5 anos
partida; B, que dista 5 km de A; C, que dista 3 km de B; 24. 462
D, que dista 4 km de C e E, que dista 5 km de D. Todas as 25. x =2; y = 9 e z = 1
distâncias indicadas foram tomadas no mesmo sentido 26. O ponto C
de percurso. Um carro percorre nesse autódromo 367 27. 144
km nesse mesmo sentido de percurso e pára. Qual o 28. 14
ponto marcante mais próximo de onde esse carro parou? 29. 20
Matemática

27. Quantos números inteiros positivos e não maiores que 30. 48 m2


432 são primos relativos com 432? 31. 10
28. Qual o menor número natural não nulo que se deve 32. 6 caixas
multiplicar por 4.500 para se obter um número divisível 33. 187
por 2.520? 34. Em um domingo

32 Este eBook foi adquirido por ANA PAULA TORQUATO DA COSTA - CPF: 628.848.913-15.
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Equações do Segundo Grau Inequações do 1º Grau
Resolver uma inequação num dado conjunto-numérico U
1. As raízes da equação x2 + 5x + 3 = 0 são p e q. Se a
(universo) significa encontrar o conjunto de todos os valores
equação x2 + ax + b = 0 tem raízes p2 e q2, então quais de U que tornam verdadeira a inequação. Este subconjunto
são os valores de a e b ? de U é chamado conjunto-solução ou conjunto-verdade da
2. Quantas raízes reais e distintas tem a equação 1998x2 + inequação.
1997x + 1996 = 0 : nenhuma, uma ou duas? Inequações do 1º Grau são as inequações redutíveis a
uma das seguintes formas:
3. Ao multiplicar dois números positivos, sendo que um é
maior que o outro em 36 unidades, um aluno cometeu
ax + b < 0
um erro diminuindo em 8 unidades o algarismo das
ax + b ≤ 0
dezenas do produto. Em seguida, com o objetivo de ax + b > 0
tirar a prova da operação realizada dividiu o produto ax + b ≥ 0
encontrado pelo menor dos fatores encontrando ax + b ≠ 0
quociente 53 e resto 4. Sabendo que esta divisão não
estava errada, qual era o produto correto dos dois (todas com a > 0)
números?
4. Considere a igualdade x4y4 –10x2y2 + 9 = 0. Quantos pares Obs.: É sempre possível multiplicar os dois lados de
de números naturais (x, y) satisfazem esta equação? uma inequação por -1 para obter a > 0, lembrando que ao
multiplicar a inequação por -1 os sinais > e < serão sempre
5. Se f é uma função do segundo grau tal que f(x – 1) = x2 trocados um pelo outro.
, então qual é o valor de f( 2 ) ?
6. As raízes da equação x2 –7x + c = 0 são números inteiros Sendo a > 0 teremos:
e consecutivos. Qual é o valor de c ?
7. Duas torneiras enchem um tanque em 6 horas. A ax + b < 0 ⇔ x < - b/a
primeira gasta 5 horas mais do que a segunda para ax + b ≤ 0 ⇔ x ≤ - b/a
encher o tanque sozinha. Em quanto tempo a segunda ax + b > 0 ⇔ x > - b/a
torneira, sozinha, enche o tanque? ax + b ≥ 0 ⇔ x ≥ - b/a
ax + b ≠ 0 ⇔ x ≠ - b/a
8. Um tonel estava cheio com 100 litros de vinho puro.
Um comerciante desonesto retirou certa quantidade
Exercícios PROPOSTOS
do vinho deste tonel completando-o com água. Em
seguida retirou desta mistura uma quantidade igual 1. Resolvendo a inequação
àquela retirada na primeira vez e completou novamente
com água. Uma análise feita posteriormente revelou 2x +16 < 0
que restaram no tonel apenas 64 litros do vinho puro
original. Quantos litros (vinho ou mistura) foram é correto dizer que:
retirados de cada vez? 1) O conjunto-solução da inequação apresentada é
9. Uma quantia de R$ 1.200,00 foi paga a dois grupos, {x ∈ R / x < −8}.
um de carpinteiros e outro de auxiliares. A diferença 2) O conjunto- solução encontra-se no intervalo real onde
entre o valor pago a cada carpinteiro e aquele pago a se tem x < +8.
3) Se x é um valor que satisfaz à inequação então
cada auxiliar foi de R$ 80,00. Entretanto o total pago ao
x < −10.
grupo de carpinteiros resultou igual ao total pago aos
4) Para qualquer valor de x tal que x > +8 a inequação
auxiliares. Entre carpinteiros e auxiliares, eram ao todo
não será satisfeita.
20 trabalhadores. Quantos eram os carpin­teiros? 5) Se −12 < x < −9 então x satisfaz à inequação.

A soma dos números que indicam os itens coretos é:
a) 10 b) 15 c) 17 d) 27 e) 31
GABARITO
2. Resolvendo a inequação
1. a = –19 ; b = 9
2. duas -5x +10 ≤ 0
3. Resp. 1.197
4. Três: (1 ; 1), (1 ; 3) e (3 ; 1) obteremos:
Matemática

5. 9 a) x > 2
6. 12 b) x ≤ 2
7. 10 horas c) x ≥ 2
8. 20 litros d) x < 2
9. 5 carpinteiros e) −2 ≤ x ≤ +2

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3. Resolvendo a inequação Inequações do 2º Grau
3x +4 ≥ 2x +5 São as inequações redutíveis a uma das seguintes
formas:
obteremos:
a) x < 0 ax 2 + bx + c < 0
b) x < −1 ax 2 + bx + c ≤ 0
c) x < 1 ax 2 + bx + c > 0
d) x ≥ 1 ax 2 + bx + c ≥ 0
e) x > 0 ax 2 + bx + c ≠ 0

4. Resolvendo a inequação (todas com a > 0)

9x +4 > 11x -3 Sejam a > 0 e ∆ = b 2 - 4ac:

obteremos: ∆ > 0 → ax 2 + bx + c será positiva para todo x fora


a) x < +2/7 do intervalo limitado pelas duas raízes, igual a zero para x
b) x < 7/2 igual a uma das raízes e negativa para x dentro do intervalo
c) x > −7/2 limitado pelas duas raízes.
d) x > +2/7
e) x < −7/2 ∆ = 0 → ax 2 + bx + c será igual a zero quando x for a
raiz e será positiva para outros x.
5. Resolvendo a inequação
∆ < 0 → ax 2 + bx + c será sempre positiva.
3x − 6 5 x − 9
≠ Exercícios PROPOSTOS
4 6
obteremos: Nos exercícios 1 a 5, resolva as inequações do 2o grau:
a) x ≠ +72 d) x > 0
b) x ≠ 0 e) x < 0 1. x 2 +11x -12 > 0
c) x ≠ 36
2. -x 2 +x +12 ≥ 0
6. Numa certa cidade os taxistas podem fixar livremente
quando cobrarão de seus passageiros por uma corrida. 3. x 2 -6x +9 > 0
Um cliente aproxima-se de três taxistas e lhes pergunta
quanto cobrariam por uma corrida ouvindo o seguinte: 4. - x 2 -16x -64 ≥ 0
Taxista A: Cobro R$1,00 por km rodado mais R$7,00 de
bandeirada. 5. 3x 2 +42 < 0
Taxista B: Cobro R$0,80 por km rodado mais R$7,60 de
bandeirada.
Taxista C: Cobro R$0,60 por km rodado mais R$10,20 de
GABARITO
bandeirada.
Sabendo que a bandeirada é um valor fixo cobrado por 1. { x ∈ R / x < –12 ou x > 1} 4. {x = 8}
eles em qualquer corrida, julgue os itens seguintes: 2. { x ∈ R / –3 ≤ x ≤ 4} 5. ∅
1) O intervalo para o qual uma corrida com o taxista A 3. { x ∈ R / x ≠ 3}
seria a mais barata é x < 3 km.
2) No intervalo 3 km ≤ x ≤ 8 km uma corrida com o taxista
A seria mais barata do que com o taxista B e mais cara Sistemas de equações do
do que com o taxista C. 1º grau com duas variáveis
4) No intervalo 8 km ≤ x ≤ 13 km uma corrida com o
taxista C seria mais barata do que com o taxista A e mais Um sistema de equações com duas variáveis, x e y, é um
cara do que com o taxista B. conjunto de equações do tipo
8) O intervalo para o qual uma corrida com o taxista B
seria a mais barata é 3 ≤ x ≤ 13, onde x indica a distância ax + by = c (a, b, c ∈ R)
percorrida, em km.
16) No intervalo x >13 km a corrida mais barata seria feita ou de equações redutíveis a esta forma.
com o taxista C enquanto a mais cara seria com o taxista A.
Exemplo:
A soma dos números que indicam os itens corretos é:
a) 3 b) 5 c) 10 d) 22 e) 31 RS2x − 3y = 1
Matemática

T3x + 3y = 9
GABARITO
Resolver um sistema significa encontrar todos os pares
1. d 2. c 3. d 4. b 5. b ordenados (x; y) onde os valores de x e de y satisfazem a
6. e
todas as equações do sistema ao mesmo tempo.

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Exemplo: B) Método da Substituição
No sistema indicado no exemplo anterior, o único
par ordenado capaz de satisfazer às duas equações 1º passo: isolamos uma das variáveis em uma das
simultaneamente é equações dadas:

(x; y) = (2; 1) RS2x + y = 7 → y = 7 − 2x


Ou seja, x = 2 e y = 1 T3x + 2y = 12
2º passo: a variável isolada é substituída na outra equação
Resolução Algébrica
e, então, resolvemos a equação resultante que
Dentre os vários métodos de resolução algébrica tem somente uma va­riável:
aplicáveis aos sistemas do 1º grau, destacamos dois:
• método da adição; 3x + 2y = 12
• método da substituição. 3x + 2(7 – 2x) = 12
3x + 14 – 4x = 12
Para exemplificá-los, resolveremos o sistema seguinte 3x – 4x = 12 – 14
pelos dois métodos: –1x = –2
x=2
RS2x + y = 7 (I)
T3x + 2y = 12 (II) 3º passo: levamos o valor encontrado para a equação
que tem a va­riável isolada e calculamos o valor
A) Método da Adição desta:

1º passo: multiplicamos as equações por números y = 7 – 2x


escolhidos de forma a obtermos coeficientes y = 7 – 2 (2)
opostos em uma das variáveis. y=7–4
y=3
No caso, poderemos multiplicar a equação (I)
por –2: 4º passo: escrevemos o conjunto-solução:
×( −2)
2 x + y = 7   → −4 x − 2 y = −14 S = {(2; 3)}


RS−4x − 2y = −14 (I) Sistema Indeterminado
T 3x + 2y = 12 (II)
Se, ao tentarmos encontrar o valor de uma das variá­veis,
Observe que a variável y tem, agora, coe­fi­ chegarmos a uma expressão do tipo
cientes opostos.
0=0
2º passo: somamos membro a membro as equações ou
encontradas: 3=3
–4x – 2y = –14
+ 3x + 2y = 12 ou qualquer outra que expresse uma sentença sempre ver-
–1x + 0 = –2 dadeira, o sistema terá infinitas soluções e diremos que ele
é possível mas indeterminado.
A variável y foi cancelada restando apenas a
variável x na última equação. Sistema Impossível
3º passo: resolvemos a equação resultante que tem Se, ao tentarmos encontrar o valor de uma das variá­veis,
somente uma variável: chegarmos a uma expressão do tipo
–1x = –2
0=3
x=2
ou
4º passo: o valor da variável encontrada é substituído 2=5
numa das equações iniciais que contenha
também a outra variável e, então, resolvemos ou qualquer outra que expresse uma sentença sempre falsa,
a equação resultante: o sistema não terá qualquer solução e diremos que ele é
2x + y = 7 impossível.
2(2) + y = 7 O conjunto-solução de um sistema impossível é vazio.
4+y=7
y=7–4 Resolução Gráfica
Matemática

y=3 Vamos considerar um sistema do 1º grau com duas


variáveis e duas equações:
5º passo: escrevemos o conjunto-solução:
RSax + by = c (r) Cada equação do sistema
S = {(2; 3)} T
mx + ny = p (s) representa uma reta.

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Cada ponto comum às retas do sistema corresponde a 4. Numa gincana cultural, cada resposta correta vale 5
uma solução. Então, as pergunta-chaves são: pontos, mas perdem-se 3 pontos para cada resposta
As retas do sistema têm algum ponto em comum? errada. Em 20 perguntas, minha equipe só conseguiu
Quantos? 44 pontos. Quantas perguntas ela acertou?
5. Somando-se 8 ao numerador, uma fração fica equiva-
Graficamente, existirão três situações possíveis:
lendo a 1. Se, em vez disso, somássemos 7 ao denomi-
1º) Retas Concorrentes nador, a fração ficaria equivalente a 1/2. Qual é a fração
Se as retas forem concorrentes o sistema terá uma única original?
solução. Será um sistema possível e determinado. 6. Num quintal encontram-se galinhas e coelhos, num total
de 30 animais. Contando os pés seriam, ao todo, 94.
Quantos coelhos e quantas galinhas estão no quintal?
7. Quando o professor Oliveira entrou na sala dos profes-
Somente um ponto sores, o número de professores presentes ficou igual
coincidente. ao triplo do número de professoras. Se, juntamente
com o professor, entrasse também uma professora,
o número destas seria a metade do número de pro-
fessores (homens). Quantos professores (homens e
mulheres) estavam na sala após a chegada do professor
2º) Retas Paralelas Coincidentes Oliveira?
8. A soma dos valores absolutos dos dois algarismos de
Se as retas forem coincidentes o sistema terá infinitas um número é 9. Somado com 27, totaliza outro número,
soluções. Será um sistema possível mas indeterminado. representado pelos mesmos algarismos dele, mas na
ordem inversa. Qual é este número?
9. Um colégio tem 525 alunos, entre moças e rapazes.
Infinitos pontos A soma dos quocientes do número de rapazes por
coincidentes. 25 e do número de moças por 30 é igual a 20. Quantos
são os rapazes e quantas são as moças do colégio?
10. José Antônio tem o dobro da idade que Antonio José
tinha quando José Antônio tinha a idade que Antonio
José tem. Quando Antônio José tiver a idade que José
3º) Retas Paralelas Distintas Antônio tem, a soma das idades deles será 63 anos.
Quantos anos tem cada um deles?
Se as retas forem paralelas e distintas o sistema não terá
qualquer solução. Será um sistema impossível.
GABARITO
1. a) (3; 2)
Nenhum ponto b) (5; 1)
coincidente. c) (7; 2)
d) (4; 3)
e) (3; -1)
f) (2; -2)
g) (2; -1)
EXERCÍCIOS PROPOSTOS h) (6; 1)
2. 53 e 32
1. Resolva os seguintes sistemas:
RS
x+y=5
e) x + 2 y = 1 RS
3. 15 e 18
4. 13 perguntas.
T
a) x − y = 1
T
2x − y = 7 5. 15/23
RS
x + 2y = 7
b) x − 2 y = 3
x + 3y =
f) 
−4 6. 13 galinhas e 17 coelhos.
T 2x − y = 6 7. 8 professores.
c) RS
x + 2 y = 11
RS
g) 3x − 7y = 13 8. 36
T
x−y=5
TR
4 x + 5y = 3 9. 375 rapazes e 150 moças.
d) RS
2 x + y = 11
h) 2 x + 5y = 17 ST 10. José Antônio tem 28 anos e Antônio José tem 21 anos.
T
2 x − 3y = −1 3x − 2 y = 16
SISTEMAS DE EQUAÇÕES DO 2º GRAU
2. Dividir o número 85 em duas partes, tais que a maior
Matemática

exceda a menor em 21 unidades. Dizemos que um sistema de equações é do segundo


3. Dois números são tais que multiplicando-se o maior por grau quando a sua solução envolve uma ou mais equações
5 e o menor por 6 os produtos serão iguais. O menor, do segundo grau.
aumentado de 1 unidade, fica igual ao maior, diminuído Os sistemas do segundo grau com duas variáveis podem
de 2 unidades. Quais são estes números? ser resolvidos pelo método de substituição de variáveis.

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Exemplo: GABARITO
 x⋅ y = 3
Resolver o sistema  1. S={ (15;2) ; (2;15) } 4. S={ (1;1) }
2 x − y = −1
2. S={ (4;9) ; (9;4) } 5. S={ (1/5;1/2) }
3. S={ (8;9) ; (9;8) } 6. S= { (4;2) ; (−4;−2) }
Solução:
Isolando a incógnita y da segunda equação temos:
y = 2x –1 PROGRESSÕES ARITMÉTICAS E
GEOMÉTRICAS
Substituindo o y da primeira equação pela expressão
encontrada acima, teremos: Progressões Aritméticas
x⋅(2x +1) = 3
Definição
Desenvolvendo o membro esquerdo desta equação
Dados os números reais a e r, denominamos progressão
teremos:
aritmética (P.A.) a toda sequência (a1 , a2 , a3 , ...) tal que:
2x2 +1x = 3
que dá:
a 1 = a
2x2 +1x –3 = 0 a = a + r ( para n ≥ 1)
 n +1 n

Resolvendo as raízes desta equação do segundo grau


obteremos: Onde r é chamado razão da P.A.
x = –3/2 e x = 1
Exemplos:
Agora, substituindo cada um dos valores que encontra- 1º) A sequência (3, 7, 11, 15, 19) é uma P.A. com
mos para x na expressão que nos dá o valor de y teremos: 5 termos onde a1 = 3, a2 = 7, a3 = 11, a4 = 15,
Para x = –3/2 : y = 2(–3/2) +1 → y = –2 a5 = 19 e a razão é 4.
Para x = 1 : y = 2(1) +1 → y = 3
2º) Numa P.A. de 20 termos onde a1 = 50 e r = –2, os
Então o sistema dado apresenta duas soluções distintas quatro primeiros termos são a1 = 50, a2 = 48, a3 =
e o conjunto-solução do sistema tem, portanto, dois 46 e a4 = 44.
pares ordenados:
Propriedades
S = { (−3/2; –2) ; (1;3) }
• A diferença entre um termo qualquer, a partir do
EXERCÍCIOS PROPOSTOS segundo, e o termo anterior é igual à razão da P.A.

Resolva os seguintes sistemas de equações do segundo grau: a n +1 − a n = r

 x − y = 13 • Qualquer termo, a partir do segundo, é a média


1.  aritmética dos termos vizinhos a ele (antecedente e
 xy = 30 sucessor).

a n −1 + a n +1
 x + y = 49 an =
2.  2 2 2
 x + y = 1681
• Considerando n termos consecutivos de uma P.A., a
 x + y = 17 soma de dois termos equidistantes dos extremos é
3.  2 igual à soma dos termos extremos.
 x + xy + y 2 = 217
Termo Geral de uma P.A.
x+ y =2
4. 
1 1 Numa P.A. de razão r, vale a seguinte igualdade:
+ =2
 x y
a n = a k + (n − k) ⋅ r

 1 1 Exemplos:
 x − y = 3
5.  1º Numa P.A. de razão 3, cujo 8º termo vale 10, o valor
1 1
Matemática

 2 − 2 = 21 do 15º termo é:
 x y a15 = a8 + (15 – 8) ⋅ 3
a15 = 10 + 7 ⋅ 3
 xy = 8 a15 = 10 + 21
6.  2 2
 x + y = 20 a15 = 31

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2º Se o 5º termo de uma P.A. é 13 e o 9º termo é 45, 5. Determine a razão de cada P.A. seguinte:
pode-se determinar a razão da seguinte forma: a) a1 = 5 e a11 = 85 e) a5 = 50 e a15 = 150
a9 = a5 + (9 – 5) ⋅ r b) a1 = 10 e a26 = 135 f) a10 = 105 e a25 = 135
45 = 13 + 4 ⋅ r c) a1 = 100 e a16 = 40 g) a20 = 200 e a100 = 240
45 – 13 = 4r d) a1 = 50 e a13 = –10 h) a45 = 300 e a100 = 190
32 = 4r ⇒ r = 8 6. Determine o número de termos de cada uma das
progres­sões aritméticas seguintes:
3º Numa P.A. de razão 6, o valor do 8º termo é 40 e a) (1, 7, 13, ..., 121) d) (108, 117, ... 999)
o último termo vale 106. Pode-se deter­minar o b) (74, 95, ..., 200) e) (1, 3, 5, ..., 99)
número de termos da P.A. como segue:
c) (-3, 0, ..., 39) f) (2, 4, 6, ..., 100)

dados
RS oitavo
último termo: a = 106
n

7. Determine o quarto termo de cada sequência resultante
T razão: termo:
6
a = 40
8


nas seguintes interpolações aritméticas:
a) Interpolar 3 meios aritméticos entre 12 e 28.
an = a8 + (n – 8) ⋅ r b) Inserir 5 meios aritméticos entre 10 e 40.
106 = 40 + (n – 8) ⋅ 6 c) Interpolar 6 meios aritméticos entre 20 e 90.
66 = (n – 8) ⋅ 6 d) Inserir 10 meios aritméticos entre 10 e 109.
11 = n – 8 ⇒ n = 19
e) Interpolar 5 meios aritméticos entre 40 e 10.
Soma de n termos consecutivos de uma P.A. (Sn) 8. Sabendo que os três primeiros termos de uma P.A. são,
respectivamente, x – 1, x + 5 e 4x – 4, encontre o valor
Para calcularmos a soma de n termos conse­cutivos de numérico do quarto termo.
uma P.A., devemos:
9. Determine a razão da P.A. (5 – x, x + 1, 3x – 3) em função
1º Calcular a média aritmética dos dois extremos; de x.
2º Multiplicar a média pelo número de termos somados. 10. Determine o valor da soma dos 100 primeiros números
inteiros positivos.
Fa 1 + an I⋅n 11. Determine o valor da soma dos 30 primeiros números
Sn =
H 2 K ímpares positivos.
Exemplo: 12. Determine o valor da soma dos 20 primeiros termos da
sucessão (10, 13, 16, 19, ...).
Numa P.A. com 30 termos o primeiro é 12 e o último, 13. Determine o valor da soma de todos os múltiplos de 7
58. Qual o valor da soma de todos eles? compreendidos entre 10 e 100.
14. Determine o valor da soma de todos os múltiplos de 11
Solução: compreendidos entre 30 e 200.
F 12 + 58 I ⋅ 30 15. Numa urna há 1000 bolinhas. Retirando 3 bolinhas na
S30 =
H 2 K primeira vez, 6 bolinhas na segunda, 9 na terceira, e
assim por diante, quantas bolinhas restarão na urna
F 70 I ⋅ 30 após a vigésima retirada?
S30 =
H2K GABARITO
S30 = 35 ⋅ 30 = 1.050
S30 = 1.050 1. a) 7 2. a) 97 3. a) 30 4. a) 118
b) 5 b) 123 b) 75 b) 440
c) –2 c) 1 c) 150 c) 25
EXERCÍCIOS PROPOSTOS d) 3 d) –3 d) –760 d) 21
e) 1/3 e) 13/3 e) 818 e) 948
1. Determine a razão de cada uma das seguintes pro- f) 200 f) 370
gressões aritméticas: g) –3
a) (34, 41, 48, 55, 62) d) (-30, -27, -24, -21) h) 35
b) (78, 83, 88, 93, 98) e) (4/3, 5/3, 2, 7/3)
c) (19, 17, 15, 13, 11) 5. a) r = 8 6. a) n = 21 7. a) 24
b) r = 5 b) n = 7 b) 25
2. Determine o 10º termo de cada uma das progressões c) r = –4 c) n = 15 c) 50
aritméticas do exercício anterior. d) r = –5 d) n = 100 d) 37
e) r = 10 e) n = 50 e) 25
3. Determine o termo indicado em cada uma das seguintes f) r = 2 f) n = 50
progressões aritméticas: g) r = 1/2
a) a6 = 2, r = 2, a20 = ? d) a20 = 40, r = –10, a100 = ? h) r = –2
b) a10 = 15, r = 3, a30 = ? e) a40 = 18, r = 20, a80 = ?
8. 22
c) a8 = 100, r = 5, a18 = ? f) a37 = 56, r = 12, a49 = ?
9. 2x – 4 (para todo x)
10. 5050
Matemática

4. Determine o primeiro termo das progressões aritméticas


11. 900
em cada caso:
12. 770
a) a10 = 190 e r = 8 e) a100 = 750 e r = –2 13. 728
b) a15 = 580 e r = 10 f) a46 = 280 e r = –2 14. 1.848
c) a20 = 120 e r = 5 g) a10 = -30 e r = –3 15. 370
d) a8 = 70 e r = 7 h) a8 = 0 e r = –5

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FUNÇÕES Existem muitas funções importantes que recebem
nomes especiais na Matemática e são representadas de
O conceito de função envolve três coisas: maneira particular. A tabela abaixo mostra alguns exemplos:
1ª Um conjunto não vazio de partida, A;
2ª Um conjunto não vazio de chegada, B; Nome da função Representação
3ª Uma regra, dada por uma relação definida em A×B,
que determina como encontrar um único y ∈ B para cada Polinomial P(x), Q(x), R(x), etc
x ∈ A. Logarítmica de base 10 log(x)
Logarítmica de base e Ln(x)
Definição
Fatorial n!
Dados dois conjuntos não vazios, A e B, chama‑se função Seno sen(x)
de A em B a qualquer relação de A×B onde: Tangente tg(x)
cada um dos elementos do conjunto A Domínio e Contradomínio
corresponde pela relação dada a um
único elemento do conjunto B.
Dada a função f : A → B o conjunto A é chamado domínio
Exemplos: da função f e o conjunto B é o seu contradomínio.

1. Dados os conjuntos: Domínio de f : D( f ) = A

A = {1, 2, 3, 4} e B {1, 2, 3, 4, 5} Contradomínio de f : CD( f ) = B

E as quatro relações seguintes definidas em A×B: Quando o domínio e o contradomínio de uma função são
bem conhecidos, podemos indicar a função simplesmente
R = {(1,2), (2,3), (3,4), (4,5)} pela letra ou nome que a representa.
S = {(1,2), (2,2), (3,4), (4,4)} Assim, se uma particular função tem domínio e contra-
T = {(1,2), (1,3), (3,4), (4,5)} domínio definidos tradicionalmente como o conjunto R dos
U = {(1,2), (2,3), (3,3)} números reais, poderemos nos referir a ela simplesmente
como a função f em vez de f : R → R.
Das quatro relações apresentadas acima temos que:
As relações R e S são funções de A em B porque, nelas, Imagem
cada um dos elementos do conjunto A foi associado a um
único elemento do conjunto B. Cada y que aparece num par ordenado (x,y) de uma
A relação T não é função de A em B porque o elemento função é denominado imagem do correspondente x na
1 do conjunto A foi associado mais de um elemento do função dada.
conjunto B (2 e 3 como se pode ver nos dois primeiros pares
ordenados). Exemplo:
A relação U também não é função de A em B porque 1. Na função g : A → B, definida nos domínio
o elemento 4 do conjunto A não foi associado a qualquer A = {1, 2, 3, 4} e contradomínio B {1, 2, 3, 4, 5} pela
dos elementos do conjunto B (deveria estar associado a um relação:
único elemento do conjunto B).
g = {(1,2), (2,2), (3,4), (4,4)}
2. O conceito de função não se aplica somente a nú-
meros. Na verdade, o conceito de função é muito flexível
podendo ser encontrado em qualquer situação em que seja Temos que y = 2 é imagem de x = 1 e de x = 2 enquanto
possível comparar dois conjuntos. Assim, vamos chamar de y = 4 é imagem de x = 3 e também de x = 4.
P ao conjunto de todas as pessoas e de M ao conjunto de Notamos também que os valores 1, 3 e 5 não são ima-
todas as mulheres que já existiram. Agora, vamos considerar gens na função g porque não aparecem como y em qualquer
a relação R que associa, a cada uma das pessoas, a mulher dos pares ordenados pertencentes à função g.
que é a mãe daquela pessoa. Podemos escrever isto como: Quando um y é imagem de algum x numa função f,
podemos escrever:
R = {(x,y) ∈ P×M / y é mãe de x}
y = f (x)
Esta relação R é uma função porque a cada um dos ele- (lê‑se “y é igual a f de x”)
mentos x de P (cada pessoa) sempre corresponde um único
elemento y de M (uma mulher) tal que y seja a mãe de x. Conjunto‑Imagem

Representações Usuais Chamamos de conjunto‑imagem de uma função o


conjunto que reúne todos os y que são imagem de algum x
Quando uma relação é uma função, é comum represen- na função dada.
tá‑la por uma letra minúscula. Assim, se a relação h é uma
Matemática

função de A em B podemos escrever: Exemplo:


1. Na função g do exemplo anterior o conjunto‑imagem
h:A→B é o conjunto {2, 4} e anotamos isto como:
ou
y = h(x) Im(g) = {2, 4}

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Lei de uma Função 2. A função f : R→R, onde R é o conjunto dos números
2
reais, definida pela lei f ( x) = x − 4 x + 3 tem o gráfico
Para o nosso estudo, interessam principalmente as
funções definidas para conjuntos numéricos cujas relações cartesiano ilustrado abaixo:
sejam determinadas por alguma regra matemática específica
como uma operação ou uma expressão algébrica.
Exemplos:
1. Seja N o conjunto dos números naturais, a função f :
N → N definida pela lei f(x) = 3x +2 associa a cada x
∈ N o número y = 3x +2 ∈ N. Nessa função, imagem
do elemento x = 5 será y = 17, pois este será o valor
numérico da expressão 3x +2 para x = 5.
y = f(x)
f(x) = 3x +2
f(5) = 3(5)+2
f(5) = 15+2
f(5) = 17
(lê‑se “f de 5 é igual a 17”)
2. Na função g : Z → N definida por g(x) = 3x2+2, a ima-
gem do elemento x = – 2 será 14, pois:
y = g(x)
g(x) = 3x2+2
g(–2) = 3(–2) 2 +2 f ( x) = x 2 − 4 x + 3
g(–2) = 3×4+2 =14
g(–2) = 14
Teste da Linha Vertical
Gráfico de uma Função
Considere todos os pares ordenados (x,y) pertencentes Da definição de função decorre a seguinte regra prática
à função f : A → B. para reconhecimento do gráfico cartesiano de uma função:
O gráfico cartesiano de uma função numérica f é a
representação gráfica onde:
1º o domínio da função é representado no eixo horizon- O gráfico cartesiano de uma função y = f(x)
tal (eixo das abscissas ou eixo dos “x”) nunca terá dois ou mais pontos quaisquer
2º o contradomínio da função é representado no eixo sobre uma mesma reta vertical.
vertical (eixo das ordenadas ou eixo dos “y”)
3º cada um dos pares ordenados da função corresponde Exemplos:
a um ponto do plano cartesiano.
Exemplos: 1. O gráfico cartesiano abaixo apresenta dois pontos
sobre uma mesma reta vertical. Logo, não pode ser
1. O gráfico cartesiano da função h : A→B definida pela gráfico de uma função.
lei h(x) = x onde A ={1, 2, 3, 4} e B={1, 2, 3, 4, 5} é:
Matemática

h(x) = x Não representa uma função

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2. O gráfico cartesiano seguinte nunca tem dois ou mais Função Par
pontos sobre uma mesma reta vertical. Portando, ele
representa uma função. Uma função f: A→B é dita par se, e somente se, quais-
quer valores opostos de x sempre tiverem imagens iguais.

f: A→B é par ⇔ ∀ x∈D( f ), f (x) ≠ f (−x)

O gráfico de uma função par é sempre simétrico em


relação ao eixo das ordenadas (eixo Y).

Representa uma função.

Mais adiante discutiremos detalhes algumas funções


de interesse para o nosso estudo, fazendo a análise de seus
gráficos.

Função Sobrejetora
Função Ímpar
Uma função f: A→B é dita sobrejetora se, e somente se,
seu conjunto‑imagem é igual ao seu contradomínio. Uma função f: A→B é dita ímpar se, e somente se,
quaisquer valores opostos de x sempre tiverem imagens
f: A→B é sobrejetora ⇔ Im( f ) = CD( f ) também opostas.

Função Injetora f: A→B é par ⇔ ∀ x∈D( f ), f (−x) ≠ −f (x)

Uma função f: A→B é dita injetora se, e somente se, O gráfico de uma função ímpar não se altera quando é
quaisquer valores diferentes de x sempre tiverem imagens girado de 180º (virado de “cabeça para baixo”).
também diferentes.

f: A→B é injetora ⇔ x1 ≠ x2 ⇒ f (x1) ≠ f (x2)

Função Bijetora

Uma função f: A→B é dita bijetora se, e somente se, f


é sobrejetora e também injetora.

Im( f ) = CD( f )
f: A→B é injetora ⇔ 
 x1 ≠ x2 ⇒ f ( x1 ) ≠ f ( x2 )

Número de Funções Distintas

Se os conjuntos A e B são, respectivamente, o domínio


e contradomínio de uma função e têm a elementos e b ele-
mentos, também respectivamente, então o total de funções
distintas f: A→B possíveis será #f = b a.
Função Crescente
Exemplo:
Dados A={1, 2, 3} e B={1, 2}. Uma função f: A→B é dita crescente se, e somente se:

O número de funções distintas possíveis f: A→B é igual a: ∀ x1 , x2 ∈D( f ), x1 ≤ x2 ⇔ f (x1) ≤ f (x2)


Matemática

#f = 23 = 8 Função Decrescente
O número de funções distintas possíveis g: B→A é Uma função f: A→B é dita decrescente se, e somente se:
igual a:

#f = 32 = 9 ∀ x1 , x2 ∈D( f ), x1 ≤ x2 ⇔ f (x1) ≥ f (x2)

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Função Estritamente Crescente Exemplo:
O gráfico da função constante definida por f(x) = 9 é:
Uma função f: A→B é dita estritamente crescente se,
e somente se:

∀ x1 , x2 ∈D( f ), x1 < x2 ⇔ f (x1) < f (x2)

Função Estritamente Decrescente

Uma função f: A→B é dita estritamente decrescente


se, e somente se:

∀ x1 , x2 ∈D( f ), x1 < x2 ⇔ f (x1) > f (x2)

Função Definida por Várias Sentenças


Funções Polinomiais
Dizemos que uma função f: A → B é definida por Uma função f : R → R é dita polinomial de grau n se,
n sentenças (n ≥ 2) se, e somente se, existirem n fun- e somente se, f é definida como:
ções, g1(x), g2(x), ...., gn(x), definidas respectivamente em
n intervalos de números reais, I1, I2, ..., In , com I1 ∪ I2 ∪ ... ∪ f(x) = anxn + an−1x n−1 + a n−2xn−2 +...+a0 (com an ≠ 0)
In = A de tal forma que:
Exemplos:
 g1 ( x), se x ∈ I1 ; Algumas funções polinomiais são:
 g ( x), se x ∈ I ;

f ( x) =  2 2
f(x) = −2x+8 – polinomial de grau 1 ou do 1º grau.
 
 g n ( x), se x ∈ I n
f(x) = 3x2 +5x−7 – polinomial de grau 2 ou do 2º grau.

Exemplos: f(x) = 12 – polinomial de grau zero ou constante.


Observe o gráfico da função f: R→R é definida por:
Função do 1º Grau
 x + 2, se x ≤ −2; Uma função do 1º grau, também chamada função afim,

f ( x)  x 2 , se − 2 < x ≤ 2;
= é qualquer função f : R → R tal que:

 x + 2, se x > 2
f(x) = ax + b (com a ≠ 0)

O gráfico de uma função do 1o grau é sempre uma reta


inclinada que encontra o eixo vertical quando y = b.
A constante b da expressão ax+b é chamada coeficiente
linear.
O coeficiente a da expressão ax+b é chamado coeficien-
te angular e está associado à inclinação que a reta do gráfico
terá (na verdade o valor de a é igual à tangente de certo
ângulo que a reta do gráfico forma com o eixo horizontal).
Se a > 0 a função será crescente, ou seja, quanto maior
for o valor de x, maior será também o valor correspondente
de y e o gráfico vai ficando mais alto para a direita.

x1 > x2 ⇒ f(x1) > f(x2)

Função Constante

Denominamos função constante a qualquer função f :


R → R tal que:
Matemática

f(x) = b
(onde b é uma constante qualquer)
Se a < 0 a função será decrescente, ou seja, quanto maior
O gráfico de uma função constante é sempre uma reta for o valor de x, menor será o valor correspondente de y e
horizontal que encontra o eixo vertical na altura de y = b. o gráfico vai ficando mais baixo para a direita.

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x1 > x2 ⇒ f(x1) < f(x2)

Discriminante da Função Quadrática


Função Identidade
O valor ∆ = b2 – 4ac é chamado discriminante da função
Uma função do 1º grau, f : R → R, é chamada função f(x) = ax 2 + bx + c.
identidade quando tem coeficiente angular b = 0 e coefi-
Dependendo dos sinais de ∆ e do coeficiente do termo
ciente linear a = 1, ou seja:
do segundo grau (também chamado termo principal), ocor-
f(x) = x rerá sempre uma das três seguintes situações:

1a : ∆ > 0

A equação f(x) = 0 terá duas raízes reais e a parábola


encontrará o eixo horizontal (eixo do x) em dois pontos
distintos.

2a : ∆ = 0

A equação f(x) = 0 terá há uma só raiz real e a parábola


encontrará o eixo horizontal em um único ponto.
Função Identidade

Função do 2O Grau
Uma função do 2º grau, ou função quadrática, é qual-
quer função f : R → R tal que:

f(x) = ax 2 + bx + c (com a ≠ 0)
O gráfico de uma função do 2o grau é sempre uma
parábola.
O que é exatamente uma parábola? Embora nem sempre
se diga, as parábolas são curvas especiais construídas de tal 3a : ∆ < 0
modo que cada um dos infinitos pontos que a formam fica
à mesma distância de uma determinada reta (a diretriz da A equação f(x) = 0 terá não há raízes reais e o gráfico
parábola) e de um determinado ponto (o foco da parábola)
não encontrará o eixo horizontal.
que está fora da reta diretriz.
Matemática

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Vértice da Parábola O gráfico de uma função recíproca é sempre formado
por duas hipérboles.
O vértice de uma parábola é um ponto da parábola com
várias características interessantes. Ele será o ponto mais
alto (ponto de máximo) ou o ponto mais baixo (ponto de
mínimo) da parábola. Além disto, o vértice da parábola divide
a parábola em duas partes simétricas, sendo uma crescente
e outra decrescente.

f(x) = 1/x

Funções Compostas
Coordenadas do Vértice
Dadas duas funções quaisquer, f e g, tais que f(x) exista
para todos os valores possíveis de g(x), então define‑se a
As coordenadas do vértice podem ser obtidas com as
função composta fg (lê‑se ‘f composta com g’) como sendo:
seguintes expressões:
fg(x) = f(g(x))
−b
xv =
2a Exercício resolvido
Dadas as f(x) = 2x + 3 e g(x) = x2, determine as funções:
−∆ I) fg(x);
yv =
4a II) gf(x)
III) ff(x).
Uma forma alternativa de se conseguir estas coorde-
nadas é: Solução:
I)
fg(x) = f(g(x))
1o Conhecidas as raízes da função, o x do vértice pode
ser calculado como a média aritmética das raízes da função; fg(x) = 2(g(x)) + 3
r +r
xv = 1 2
2 fg(x) = 2(x2) +3

fg(x) = 2x2 + 3
2o conhecido o valor de xv pode‑se calcular o y do vértice
como o valor que a função assume para x = xv : II)
gf(x) = g(f(x))
y v = a ( xv ) 2 + b( xv ) + c
gf(x) = (2x+3)2

Distância Entre as Raízes Reais gf(x) = 4x2 + 6x + 9

Se a função do segundo grau f(x) = ax 2 +bx +c tem raízes III)


reais, então a distância entre essas raízes, dr, será igual a: ff(x) = f(f(x))

ff(x) = 2(2x+3) + 3

dr =
a ff(x) = 4x+6 + 3

(com ∆ = b 2 − 4a
c ) ff(x) = 4x + 9

Função Inversa
Função Recíproca
Matemática

Dada uma função bijetora, f ,define‑se como função


Uma função recíproca é qualquer função f : R → R inversa de f a função f – 1 (lê‑se função inversa de f, e não “f
tal que: elevado a menos um”) tal que:

f(x) = 1/x f – 1f (x) = x , para todo x do domínio de f.

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Determinação da lei da função inversa Considere a função y = f(x) cujo gráfico está representado
Na prática pode‑se procurar a lei da função inversa de abaixo:
uma função dada com o seguinte procedimento:
1o escrevemos f(x) = y
2o trocamos todo x por y e todo y por x
3o representamos y em função de x

Exemplo:

Determinar a inversa da função f(x) = 2x + 6

Solução:
2x+6 = y (função f) Nessas condições é correto afirmar que:
6. f(0) = 0
2y+6 = x (função f – 1)
7. f(x1) = f(x3) = f(x5) = 0
2y = x – 6 8. A função é crescente no intervalo de x3 a x5.
y = 12 x − 3 9. A função é decrescente no intervalo de x3 a x5.
10. f(x2) = f(x4) = 0
−1
logo: f ( x) = 12 x − 3 Julgue cada uma das afirmativas abaixo como Certa (C) ou
Errada (E).

Exercícios Propostos 11. A função f : R → R é definida por f(3x) = 3f(x) para todo
x de seu domínio. Nessas condições, se f(9) = 45 então
(Cespe) Nos exercícios 1 a 5 julgue cada uma das afirmativas f(1) = 5
dadas como Certa (C) ou Errada (E). 12. Uma função f : R → R tem a seguinte propriedade: para
toda constante real m f(mx) = mf(x) em todo o domínio
1. A figura abaixo é o gráfico de uma função y = f(x). de f. Assim sendo, o  valor de f(0) é necessariamente
igual a zero.
13. Sejam V = {(X1,X2) / X1 e X2 são vértices distintos de
um hexágono regular com lado medindo m} e f uma
função que associa a cada par (X1,X2) de V a distância
de X1 a X2. Assim sendo, o número de elementos do
conjunto‑imagem de f é superior a 5.
14. Considere a função s = (5p+28)/4 onde p é o compri-
mento do pé de um indivíduo, medido em centímetros,
e s é o valor mais próximo do número do sapato que ela
usa. Nessas condições, se o pé de uma pessoa tem 24
cm de comprimento então o número do sapato que esta
pessoa usa é 37.
15. Com relação à função definida no item anterior, existe
um número x tal que uma pessoa cujo comprimento do
pé seja de x cm usará sapatos de número x.

16. O gráfico da função f(x) = 3x – 9 encontra o eixo das


abscissas (horizontal) quando x é igual a:
a) –9
b) –3
c) 0
d) 3
e) 9

2. Se A = {1, 2, 3} e B = {1, 4, 7, 9} então é correto afirmar 17. O gráfico da função f(x) = – 2x – 14 encontra o eixo das
que o total de funções de A em B distintas possíveis é ordenadas (vertical) quando y é igual a:
igual a 34 = 81. a) –14
3. Seja f(x) = ax5+bx3+cx+10, com a, b e c ∈ R. Nessas b) –7
condições se f(2) = 2 então f(−2) = 18 c) 0
4. Se f(x) = x2−2x+1, então f(a+1) é igual a f(1−a) para todo d) 7
e) 14
Matemática

a pertencente ao domínio de f.
5. Se f(x) = 4x+5, então para todo x1 e todo x2 pertencentes 18. A  função do primeiro grau f(x) = ax +8 é crescente e
ao domínio de f vale encontra o eixo das abscissas (horizontal) quando x é
igual a – 4. Então o valor de a é:
f(x1+x2) = f(x1)+f(x2) a) – 4 b) – 2 c) 2 d) 4 e) 8

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19. Considere que a função do primeiro grau definida por O lucro de uma empresa é dado pela função L(x) = 120(12
f(x) = ax + 10 seja crescente. Assinale a opção que indica − x)(x − 40), em que x representa a quantidade de unidades
um valor impossível para a raiz desta função. de produtos vendidos.
a) – 25 b) – 4 c) – 3π d) – 2 e) 4
27. (UEG/Agente Legislativo) Assim, é correto afirmar que
20. (Cescem) Para que os pares (1; 3) e (3; – 1) pertençam o lucro é
ao gráfico da função dada por f (x) = ax + b, o valor de a) positivo para qualquer quantidade de unidades ven-
b – a deve ser: didas.
a) 7 b) 5 c) 3 d) –3 e) –7
b) positivo apenas para quantidades vendidas entre 12
21. Uma função real f do 1º grau é tal que : e 40.
c) o maior possível se a quantidade vendida for exata-
f (0) = 1 + f (1) mente 28.
e d) positivo para qualquer quantidade vendida, desde
f (–1) = 2 – f (0) que essa quantidade seja maior que 12.

Então, f (3) é: 28. (FCC/Nível Médio) Depois de várias observações, um


a) –3 b) –5/2 c) –1 d) 0 e) 7/2 agricultor deduziu que a função que melhor descreve a
produção (y) de um bem é uma função do segundo grau
22. Para que a função do 1º grau dada por f (x) = (2 – 3k) x y = ax2 + bx +c, em que x corresponde à quantidade de
+ 2 seja crescente, é necessário que: adubo utilizada. O gráfico correspondente é dado pela
a) k = 2/3 figura abaixo.
c) k > 2/3
e) k > – 2/3
b) k < 2/3
d) k < – 2/3

Um passageiro recebe de uma companhia aérea a seguinte


informação em relação à bagagem a ser despachada: por
passageiro, é permitido despachar gratuitamente uma baga-
gem de até 20kg; para qualquer quantidade que ultrapasse
os 20kg, será paga a quantia de R$ 8,00 por quilo excedente.

23. (UnB/95-STJ) Sendo P o valor pago pelo despacho da


bagagem, em reais, e M a massa da bagagem, em kg,
em que Tem‑se, então, que:
M > 20, então: a) a = −3, b = 60 e c = 375
a) P = 8M b) a = −3, b = 75 e c = 300
b) P = 8M – 20 c) a = −4, b = 90 e c = 240
c) P = 20 – 8M
d) P = 8(M – 20) d) a = −4, b = 105 e c = 180
e) P = 8(M + 20) e) a = −6, b = 120 e c = 150

24. (FCC/Nível Médio) Seja y =12,5x −2000 uma função 29. (FCC/Nível Médio) Uma empresa, após vários anos de
descrevendo o lucro mensal y de um comerciante na estudo, deduziu que o custo médio (y) em reais de sua
venda de x unidades de um determinado produto. Se, produção e venda de x unidades de um determinado
em um determinado mês, o lucro auferido foi de R$ 20 produto é uma função do segundo grau y = x2 + bx + c
000,00, significa que a venda realizada foi, em número representada pelo gráfico a seguir:
de unidades, de
a) 1.440
b) 1.500
c) 1.600
d)) 1.760
e) 2.000

25. A função do segundo grau f(x) = x 2 +bx +c encontra o


eixo horizontal em x = 2 e em x = 5. Então os valores de
b e de c são, respectivamente:
a) –7 e – 10
b) 7 e 10
c) –7 e 10 Tem‑se, então, que:
d) 7 e – 10
Matemática

a)) b = −6 e m = 3
e) 10 e 7
b) b = −6 e m = 6
26. O gráfico de f(x) = x 2 +bx +9 encontra o eixo das abscissas c) b = −3 e m = 6
em um único ponto. Então o valor de b é: d) b = 3 e m = 6
a) ±36 b) ±6 c) 36 d) 6 e) –6 e) b = 6 e m = 3

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30. Considere o gráfico da parábola da figura abaixo. Gabarito
Funções

1. E 18. c
2. C 19. e
3. C 20. a
4. C 21. b
5. E 22. b
6. E 23. d
7. C 24. d
8. E 25. c
9. E 26. b
10. E 27. b
A única equação que pode representar este gráfico é: 11. C 28. a
12. C 29. a
a) y = x2 + 3x;
13. E 30. a
b) y = x2− 3x; 14. C 31. E, C, C, E, E
c) y = x2; 15. E 32. E, E, C, C, C
d) y = x2 − 3; 16. d 33. C, C, E, E
17. a
e) y = x2 + 3;

31. As raízes de f(x) = 2x 2 +bx +c têm sinais opostos. Nessas


condições, julgue cada um dos itens abaixo como Certo Exercícios Propostos
ou Errado:
a) b 2 – 8c pode ser igual a zero. Composição de Funções
b) b 2 – 8c não pode ser negativo.
c) c < 0 1. Se f(x) = 3x + 1 e g(x) = x + 5, então a expressão que
define a função composta fg(x) é:
d) b < 0
a) 3x + 6
e) b < c b) 3x + 16
c) 4x + 6
32. As raízes de f(x) = – 3x 2 +bx +c são positivas e distintas. d) 3x + 5
Assim sendo, julgue cada um dos itens abaixo como e) 5x + 3
Certo ou Errado:
a) b 2 – 12c pode ser igual a zero. 2. Se f(x) = 3x2 + 1 e g(x) = x – 1, então a expressão que
define a função composta fg(x) é:
b) b 2 – 12c pode ser negativo.
a) 3x2
c) c < 0 b) 3x2 – 1
d) b > 0 c) 3x2 – 2x +1
e) b > c d) 3x2 – 6x +2
e) 3x2 +6x +2
33. (Cespe) A demanda D por um produto que custa p re-
ais é definida como a quantidade do produto que será 3. Se f(x) = 4x +1 e g(x) = 2x , então o valor de fg(1) +
vendida quando se praticar o preço p. A oferta O de um gf(1) é:
produto ao preço de p reais é a quantidade do produto a) 25 b) 27 c) 41 d) 43 e) 52
que o produtor está disposto e apto a vender pelo preço
4. A função real f(x) = ax + b é tal que ff(x) = x +1 para
p. O preço de equilíbrio de mercado ocorre quando a
todo x real. Nestas condições é correto afirmar:
demanda e a oferta coincidem, e a quantidade vendida a) a = 1 e b = 0,5
é chamada quantidade de equilíbrio. Com base nesses b) a = – 1 e b = 0,5
conceitos, considerando que a demanda por um produto c) a = 1 e b = 2
seja dada pela função D(p) = 49 – p2 e que a oferta desse d) a = 1 e b = – 2
produto seja dada pela função O(p) = 11p – 11, julgue e) a = 1 e b = 1
cada um dos itens seguintes em Certo ou Errado.
a) Existem valores de p para os quais há mais demanda 5. Sejam f e g duas funções reais tais que f(2x – 1) = 3x2 – x
que oferta. +25 e g(x – 1) = 2x +3. O valor de f(g(–1)) é:
a) 27 b) 29 c) 31 d) 33 e) 35
Matemática

b) O preço de equilíbrio ocorre para algum valor de p


tal que 3 < p < 6.
c) Para os valores de p maiores que o preço de equilí-
Gabarito
brio, existe menos oferta que demanda.
1. b 2. d 3. c 4. a 5. e
d) A quantidade de equilíbrio é inferior a 30 unidades.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Funções transcendentais: 4a) 4x – 5 ⋅ 2x + 4 = 0
Exponenciais e Logarítmicas
22x –5 ⋅ 2x + 4 = 0 ⇒ (2x)2 –5 ⋅ 2x + 4 = 0
Função Exponencial Chamando a expressão 2x de y, teremos y –5y + 4 = 0
(eq. do 2o grau) que nos dá:
É toda função f de R em R tal que:
y = 4 ou y = 1 ⇒ 2x = 4 ou 2x = 1
f(x) = ax, com 0 < a ≠ 1
(a positivo e diferente de 1) 2x = 4 ⇒ 2x = 22 ⇒ x = 2 ou
Exemplos: 2x = 1 ⇒ 2x = 20 ⇒ x = 0
f(x) = 3x – função exponencial com base a = 3.
f(x) = – função exponencial com base a = 1/5. Resolução de Inequações Exponenciais
A função exponencial será crescente sempre que a > 1. Existem duas situações possíveis que precisamos di-
ferenciar quando procuramos resolver uma inequação
Exemplos: exponencial:
f(x) = 2x é crescente.
1ª situação – Quando a base da função exponencial é
maior que 1 (a > 1), a função exponencial será cres-
cente. Portanto, quando a > 1, o sinal da desigualdade
é mantido.

Se a > 1:
ax > az
⇓ (mantém)
x > y
e
A função exponencial será decrescente sempre que 0 ax < az
< a < 1. ⇓ (mantém)
Exemplos:
x < y
x
1
f(x) = 2 decrescente. Exemplos:
 
Observe a resolução de algumas das inequações expo-
nenciais com base maior que 1:

1a) 2x < 64

2x < 64
2x < 26
⇓ (mantém)
x < 6

2a) 32x–2 > 81

32x–2 > 81
Resolução de Equações Exponenciais 32x–2 > 34
⇓ (mantém)
Observe algumas das equações exponenciais mais co- 2x–2 > 4
muns e suas soluções: 2x > 6
x > 3
1a) 2x = 64

2x = 26 ⇒ x = 6 3a) 34x + 1 < 27x + 2

2a) 32x–2 = 81 34x + 1 < 27x + 2


34x + 1 < (33)x + 2
32x–2 = 34 ⇒ 2x–2 = 4 ⇒ 2x = 6 ⇒ x = 3
Matemática

34x + 1 33x + 6
⇓ (mantém)
3a) 34x + 1 = 27x + 2t
4x + 1 < 3x + 6
3 = (3 )
4x + 1
⇒ 3 =3
3 x+2 4x + 1 3x + 6
⇒ 4x + 1 = 3x + 6 ⇒ 4x – 3x < 6–1
4x – 3x = 6 – 1 ⇒ x = 5 x < 5

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2ª situação – Quando a base da função exponencial é po- 3. O valor de x que satisfaz a equação 8x–1 = 4x é:
sitiva e menor que 1 (0 < a < 1), a função exponencial a) 1. d) 5.
será decrescente. Portanto, quando 0 < a < 1, o sinal b) 3. e) 6.
da desigualdade é invertido. c) 4.

Se 0 < a < 1: 4. O valor de x que satisfaz a equação 2x–1 + 2x+1 = 80 é:


a) 2. d) 5.
b) 3. e) 6.
ax > az c) 4.
⇓ (inverte)
x < y 5. Uma das soluções da equação exponencial 22x – 6 ⋅ 2x + 5
e = 0 é x = 0. A outra solução, não é inteira, é um número
ax < az real compreendido entre:
(inverte) a) 0 e 1. d) 3 e 4.

b) 1 e 2. e) 4 e 5.
x > y c) 2 e 3.
Exemplos: 2 x + y = 16
6. As soluções do sistema  são raízes da equação:
Observe a resolução de algumas das inequações expo-
( )
x y
 2 =8
nenciais com base positiva menor que 1:
a) a2 + 3a – 4 = 0 d) a2 – 4a + 3 = 0
b) a2 – 3a – 4 = 0 e) a2 + 4a + 3 = 0
1a) (1/2)x < 1/8 c) a2 – 4a – 3 = 0

(1/2)x < 1/8 7. O conjunto-solução da inequação


(1/2)x < (1/2)3 x +3 2 x −5
3 3
⇓ (inverte)   <  é:
x > 3 7 7

2a) (1/3)2x–2 > 1/27 a) {x ∈ R / x > 8}


b) {x ∈ R / x > 2}
c) {x ∈ R / x < 8}
(1/3)2x–2 > 1/27
d) {x ∈ R / x > 8/3}
(1/3)2x–2 > (1/3)3 e) {x ∈ R / x < 2}
⇓ (inverte)
2x–2 > 3 8. O conjunto-solução da inequação 5x–3 > 0 é:
2x > 5 a) {x ∈ R / x > 3}
b) {x ∈ R / x < 3}
x > 5/2
c) {x ∈ R / x > 0}
3a) (1/3)4x + 1 < (1/27)x + 2 d) {x ∈ R / x > –3}
e) {x ∈ R}
(1/3)4x + 1 < (1/27)x + 2 9. Para que a função exponencial f(x) = (a–3)x seja de-
(1/3)4x + 1 < ((1/3)3)x + 2 crescente, é necessário, mas não suficiente que:
(1/3)4x + 1 < (1/3)3x + 6 a) a > 4
⇓ (inverte) b) a < 3
c) a > 3
4x + 1 > 3x + 6 d) a < –3
4x – 3x > 6–1 e) a < 0
x > 5
10. Para que a função exponencial f(x) = (a–3)x seja cres-
cente, é suficiente, mas não necessário, que:
EXERCÍCIOS a) a > 5
2
b) a < 5
1. Se 2 x −2 = 128 então: c) a > 3
a) x = 3. d) a < 3
b) x = 2 ou x = 1. e) a > 0
c) x = 81.
d) x = 3 ou x = –3. GABARITO
e) a equação não tem raízes em R.
Matemática

1. d 6. d
2. d 7. c
2. O valor de x que satisfaz a equação 3 x–1
= 81 é:
3. b 8. e
a) 1. d) 5.
4. d 9. c
b) 3. e) 6.
5. c 10. a
c) 4.

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Logaritmos Antilogaritmo

Denomina-se logaritmo a todo e qualquer expoente de Chama-se antilogaritmo de k na base b à k-ésima po-
potência cuja base seja positiva e diferente de 1. tência da base b.
antilog b(k) = bk
Exemplos:
Representação de Logaritmos Decimais
3 = 9 ⇔ 2 é o logaritmo de 9 na base 3 → log 3 9 = 2
2
Chamam-se logaritmos decimais aos logaritmos de base
dez.
2–3 = 1/8 ⇔ –3 é o logaritmo de 1/8 na base 2 → A representação dos logaritmos decimais é feita indican-
do-se apenas log (x).

EXERCÍCIOS
Na expressão log b (a ) = x ,
a é o logaritmando – o resultado da potência bx; 1. Calcular log 2(8).
2. Calcular log 3(81).
b é a base;
3. Calcular log 8(2).
x é o logaritmo – o expoente da potência bx. 4. Calcular log 25(56).
5. Calcular log 8(2).
Condições de Existência dos Logaritmos
6. Calcular log2(326).
O logaritmando e a base de um logaritmo devem ser sem-
pre positivos e a base ainda deve ser sempre diferente de 1. 7. Calcular .

logb(a) existe se, e somente se:  23 


8. Calcular log 1  3  .
 4
2
a>0
b>0
9. Calcular log (26)×log (56).
b≠1
10. Dados log(x) = 5 e log(y) =8, calcule log(x3×y2).
11. Sabendo que log(x) = 2 e log(y) = 5, calcule log(x8÷y3).
Exemplos:
1o) Determinar x para que exista log2(2x–10). GABARITO
2x–10 > 0
1. 3 5. 1/3 9. 6
x>5
2. 4 6. 30 10. 31
3. 1/3 7. 1/10 11. 1
2o) Determinar o valor de x para que exista logx–9(8).
4. 3 8. −7/3
x–9 > 0 e x–9 ≠ 1
x > 9 e x ≠ 10 Funções Logarítmicas

Propriedades dos Logaritmos *


É toda função f: R+ → R tal que:
Sejam M, N e b positivos e b ≠ 1, tem-se: y = log b(x)
1a) log b(b) = 1
2a) log b(1) = 0 Uma função logarítmica pode ser crescente ou decres-
3a) log b(M) = log b(N) ⇔ M = N cente, dependendo do valor de b (base do logaritmo).
4a) log b(bk) = k
5a) log b(M×M) = log b(M) + log b(N) Sempre que b > 1, a função logarítmica será crescente.
6a) log b(M÷M) = log b(M) – log b(N)
Exemplos:
7a) log b(Mk) = k×log b(M)
f(x) = log 2(x) é crescente.
Cologaritmo

Chama-se cologaritmo de um número ao oposto do


logaritmo deste número.
Matemática

Colog b(N) = – log b(N)

Exemplo:
Colog 8(64) = – log 8(64) = –2

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Portanto, sempre que b > 1 teremos: Observe algumas das equações logarítmicas mais comuns
e suas soluções.
log b(x) > log b(z)
⇓ 1. log (2x−2) = log (x−6)
x>z
e
log b(x) < log b(z) A base não foi escrita → a base é 10
⇓ log 10 (2x−2) = log10 (x−6)
x<z ⇓
2x−2 = x−6
(o sinal da desigualdade é sempre mantido quando b > 1)
x = 8
Sempre que 0 < b < 1, a função logarítmica será de- Verificando as condições de existência:
crescente. (I) todos os logaritmandos positivos;
Exemplos:
2x−2 > 0 e x−6 > 0
x
2x>2 x>6
f(x) =  1  é decrescente.
2 x>1

Como x = 8 obedece às duas condições acima, a primeira


parte das condições está satisfeita.

(II) todas as bases positivas e diferentes de 1;

As bases dos logaritmos dados é 10 e, portanto, satisfa-


zem à condição de existência 0 < b ≠ 1.

2. log 2 (3x−9) = log 2 (x−5)

Portanto, sempre que 0 < b < 1 teremos: log 2 (3x−9) = log 2 (x−5)

log b(x) > log b(z)
⇓ 3x−9 = x−5
x<z 2x = 4
e x = 2
log b(x) < log b(z)
⇓ Verificando as condições de existência:
x>z (I) todos os logaritmandos positivos;
(o sinal da desigualdade será sempre invertido quando
0 < b < 1) 3x−9 > 0 e x−5 > 0
3x > 9 x>5
Resolução de Equações Logarítmicas
x>3
Quando procuramos resolver uma equação loga­rítmica, O valor encontrado como solução da equação (x = 2) não
a estratégia é procurar obter uma igualdade entre dois lo- obedece às condições de existência para os logaritmandos.
garitmos de bases iguais. A partir daí, basta igualarmos os Assim, esta equação logarítmica não admite solução e
logaritmandos. seu conjunto-solução é vazio.
log b (M) = logb (N) (II) todas as bases positivas e diferentes de 1;
⇓ É desnecessário verificar esta parte, dado que as primei-
M = N ras condições já não foram obedecidas.

Condições de existência EXERCÍCIOS


Sempre que resolvermos uma equação logarítmica é Resolva as equações logarítmicas seguintes.
importantíssimo que as condições de existência de todos os 1. log3(2x+5) = 2.
logaritmos dados na expressão original sejam obedecidas. 2. log(2x+6) = 2.
3. 3log(x) = 2 log(8).
Estas condições dividem-se em dois grupos: 4. log 3 (x) + log 9 (x) = 1.
5. (log 2 (x))2 − log 2 (x2) −8 = 0.
(I) todos os logaritmandos devem ser positivos; 6. log 21 (x+2) − log 21 (x+6) = 1.
Matemática

log b (A) ⇒ A > 0 GABARITO


(II) todas as bases dos logaritmos devem ser positivas e 1. x=2 4. x= raiz cúbica de 9
diferentes de 1; 2. x=47 5. x=1/4 ou x=16
3. x=4 6. x=1
log b (A) ⇒ 0 < b ≠ 1

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Progressões Geométricas Exemplo:

Definição Numa P.G. com 10 termos, o primeiro vale 25 e a razão


é 2. Determinar a soma destes termos.
Dados os números reais não nulos a e q, denominamos
progressão geométrica (P.G.) a toda sequência (a1 , a2, a3 , ...) Solução:
tal que:
210 − 1
S10 = 25 ⋅ = 25 ⋅ 1023
RSa 1 =a 2 −1

Ta n +1 = a n ⋅ q ( para n ≥ 1)
S10 = 25 ⋅ 1.023
Onde q é chamado razão da P.G.
S10 = 25.575
Exemplos:
1º A sequência (3, 6, 12, 24) é uma P.G. onde a1 = 3, a2 Soma-limite de uma P.G. infinita
= 6, a3 = 12, a4 = 24 e a razão é q = 2.
2º Numa P.G. onde a1 = 320 e , os quatro primeiros Numa P.G. onde o módulo da razão seja menor que
termos são a1 = 320, a2 = 160, a3 = 80 e a4 = 40 1, a soma dos seus infinitos termos será um número finito
dado por:
Propriedades
a1
S∞ = (para |q| < 1)
• o quociente entre um termo qualquer, a partir do 1− q
segundo, e o termo anterior é igual à razão da P.G.;
Exemplo:
a n +1
=q
an Determinar a soma-limite da expressão
• qualquer termo, a partir do segundo, é, em módulo, 1 1 1
a média geométrica dos termos vizinhos a ele 2 +1+ + + +...
2 4 8
(antecedente e sucessor);
Solução:
a n = a n −1 × a n +1 1º termo: 2
1
• considerando n termos consecutivos de uma P.G., o razão:
2
produto de dois termos equidistantes dos extremos
é igual ao produto dos termos extremos.
a1
S∞ =
1− q
a1 × a n = a1+ k × a n − k 2 2
S∞ = =
1 1
1−
Termo geral de uma P.G. 2 2
S∞ = 2 ⋅ 2 = 4
Numa P.G. de razão q, vale a seguinte igualdade: S∞ = 4

a n = a k ⋅ q n−k
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
Exemplo:
1. Identifique a razão de cada uma das seguintes pro­
Numa P.G. de razão 3, cujo 5º termo vale 8, o valor do gressões geométricas:
9º termo é: a) (3, 6, 12, 24)
a9 = a5 × q9 – 5
b) (24, 12, 6, 3)
a9 = 8 × 34 = 648
c) (1/2, -1, 2, -4, 8)
Soma de n termos consecutivos de uma P.G. d) (65, 0, 0, 0, 0)
e) (4, -8, 16, -32, 64)
A soma de n termos consecutivos de uma P.G. é dada
Matemática

f) (128, -64, 32, -16)


pela seguinte expressão:
g) (6, 6 2 , 12, 12 2 )
qn −1
3
h) (3, 33 2 , 3 4 , 6, 63 2 )
Sn = a1 ⋅ (para q ≠ 1)
q −1
i) (-1, 2 , -2, 2 2 , -4)

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2. Determine o sétimo termo de cada uma das seguintes noções de estatística
progressões geométricas:
a) (4, 8, 16, 32, ...) Conceitos Iniciais
b) (10, 30, 90, ...)
c) (5, 20, 80, 320, ...) Estatística
d) (10.000, 1.000, 100, ...)
e) (128, 64, 32, ...) A estatística é um método de observação de fenôme-
f) (1, -2, 4, -8, ...) nos coletivos que se ocupa da coleta, organização, resumo,
apresentação e análise de dados, com o objetivo de obter
3. Determine o termo pedido de cada P.G., conhecendo a informações que permitam uma descrição de tais fenôme-
razão e um de seus termos. nos, bem como a tomada de decisões fundamentadas em
a) a3 = 10, q = 2, a8 = ? tais informações.
b) a3 = 8, q = 3 , a10 = ?
Estatística Descritiva
c) a6 = 12.500, q = -5, a1 = ?
5 1
d) a12 = , q = , a1 = ? Estatística descritiva ou dedutiva é a parte da estatística
8 2 que se limita a descrever os dados do conjunto estudado,
4. Determine a razão de cada P.G. conhecendo dois de seus sem procurar fazer generalizações ou inferências a respeito
termos: da população de onde os dados foram retirados, nem pre-
a) a1 = 6 e a6 = 192 visões a respeito de fatos futuros relacionados ao conjunto
b) a1 = 10 e a8 = -1.280 estudado.
c) a3 = 8 e a7 = 5.000
Estatística Inferencial
d) a1 = 25 e a7 = 1.600
e) a3 = -125 e a7 = -2.000
2 Estatística inferencial ou indutiva é a parte da estatística
f) a5 = e a9 = 54 que permite fazer generalizações e previsões a respeito da
3 população de onde os dados foram retirados, a partir de
processos de inferência, ou seja, processos que se baseiam
5. Determine o segundo termo de cada sequência resul- na experiência de observação de casos ante­riores.
tante das interpolações geométricas indicadas.
a) Inserir 4 meios geométricos entre 4 e 1/8. População
b) Interpolar 4 meios geométricos entre 3 e -96.
c) Inserir 2 meios geométricos entre 2 e 10. Em toda pesquisa estatística procura-se conhecer uma ou
d) Inserir 3 meios geométricos entre 2 e 32, de modo a mais características a respeito de um conjunto de coisas ou
obter uma P.G. alternante. de pessoas. Assim, poderíamos estar interessados em deter-
minadas características das provas dos concursos anteriores
e) Interpolar 3 meios geométricos entre 4 e 36, de modo
para AFTN. O conjunto de todas estas provas seria, então, a
a obter uma P.G. crescente.
população ou o universo da nossa pesquisa.
População ou universo estatístico é qualquer conjunto
6. Determine o número de termos de cada P.G. indicada: que compreenda todos os elementos que tenham pelo me-
a) (2/3, 2, 6, ..., 486) nos uma característica em comum.
b) (1/9, 1/3, ..., 729) Alguns outros exemplos de populações seriam:
c) (100, 20, ..., 0,0064) • o conjunto de todos os alunos da universidade X;
d) (2, 8, 32, ..., 2.048) • o conjunto de todos os automóveis vendidos no Brasil
e) (1, 5, ..., 3.125) em 1996;
f) (0,125, 0,5, ..., 128) • o conjunto de todas as jogadoras da liga brasileira de
voleibol.

GABARITO Quanto ao número de elementos que possam compor


uma população, esta pode ser considerada finita (veja os
1. a) 2 2. a) 256 3. a) 320 exemplos dados acima) ou infinita. Neste último caso, há
b) 1/2 b) 7.290 b) 216 3 três situações possíveis.
c) –2 c) 20.480 c) –4 1) O número de elementos da população é efetivamente
d) 0 d) 0,01 d) 1.280 ilimitado, como no caso de todos os resultados pro-
e) –2 e) 2 duzidos por sucessivos lançamentos de uma moeda
f) –1/2 f) 64 (cara, coroa, cara, cara, coroa, ...).
g) 2 2) O número de elementos da população é finito, mas
h) 3 2 muito grande, como é o caso do conjunto de todos
i) − 2 os eleitores brasileiros (mais de 80 milhões).
3) O número de elementos da população é finito, mas
4. a) 2 5. a) 2 6. a) 7
Matemática

a pesquisa é feita com reposição, como é o caso de


b) –2 b) –6 b) 9 uma pesquisa feita numa urna que contém apenas
c) ±5 c) 23 5 c) 7 dez bolas de cores diversas, mas, após a retirada de
d) ±2 d) –4 d) 6 cada uma delas para observação da cor resultante, a
e) ±2 e) 4 3 e) 6 mesma é reposta na urna, podendo, assim, vir a ser
f) ±3 f) 6
retirada mais de uma vez.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Censo estatísticas da população que a originou. Assim, uma amostra
perfeitamente representativa deveria apresentar valores de
Denomina-se censo à pesquisa estatística onde todos frequências relativas, média, desvio padrão etc. idênticos aos
os elementos da população são observados, e não apenas da população de onde ela foi retirada.
parte deles. As estatísticas amostrais são estimativas dos verdadeiros
A pesquisa censitária (censo) tem como principal van- parâmetros da população e, como tais, elas tanto podem
tagem produzir resultados descritivos absolutamente con- resultar em valores bastante próximos dos verdadeiros parâ-
fiáveis (os parâmetros), uma vez que toda a população foi metros (ou até iguais) como podem resultar em valores não
observada. Entretanto, quando o número de elementos da tão próximos quanto seria desejável. Assim, não dizemos
população for grande, um censo poderá significar a neces- simplesmente que uma determinada amostra é ou não é
sidade de emprego de muitos recursos, o que normalmente
representativa, mas, sim, que a amostra tem maior ou menor
exige mais tempo e implica frequentemente em custos mais
representatividade dependendo de termos conseguido uma
elevados.
estimativa mais próxima ou menos próxima do parâmetro
Parâmetros desejado.
Na prática, não podemos comparar diretamente uma
Quando as medidas estatísticas que descrevem o con- estimativa com o seu parâmetro, pois raramente dispomos
junto em estudo (tais como médias, percentuais etc.) forem deste último. Mas, frequentemente, é possível estimar a
resultantes de um censo, elas serão genericamente denomi- probabilidade de que o verdadeiro parâmetro esteja dentro
nadas de parâmetros. de um dado intervalo construído a partir da nossa estimativa.
Assim, a maior ou menor representatividade de uma amostra
Amostra pode ser discutida em termos de probabilidades.

O uso das técnicas estatísticas permite que diversas ca- Experimentos Aleatórios
racterísticas de uma população sejam estimadas por meio da
observação de apenas uma parte de seus elementos. Assim, Experimentos aleatórios são aqueles que, mesmo
pode-se, por exemplo, estimar o percentual de eleitores que quando repetidos em idênticas condições, podem produzir
pretende votar no candidato X observando-se apenas uma resultados diferentes. As variações de resultado são atri-
parte da população de eleitores. Esta parte da população que buídas a uma multiplicidade de causas que não podem ser
é utilizada na pesquisa é denominada amostra. controladas, às quais, em conjunto, chamamos de acaso.
Amostra é qualquer subconjunto finito e não vazio de
uma população, que não compreenda todos os elementos Exemplos:
desta. a) O resultado do lançamento de uma moeda.
b) A soma dos números encontrados no lançamento de
Pesquisa por Amostragem
dois dados.
Denomina-se pesquisa por amostragem ou simples- c) A escolha, ao acaso, de 20 peças retiradas de um lote,
mente amostragem à pesquisa estatística onde apenas uma que contenha 180 peças perfeitas, e 15 peças defeituosas.
amostra é observada. d) O resultado do sorteio de uma carta de um baralho
com 52 cartas.
Estatísticas
Espaço Amostral (S)
Quando as medidas estatísticas que descrevem o conjun-
to em estudo (médias, percentuais etc.) forem resultantes de Embora não se possa determinar exatamente o resultado
uma pesquisa por amostragem, elas serão genericamente de um experimento aleatório, é possível descrever o con-
denominadas de estatísticas. junto de todos os resultados possíveis para o experimento.
As estatísticas são estimativas dos parâmetros popula- Este conjunto é chamado de espaço amostral ou conjunto
cionais. universo do experimento aleatório.
Nas pesquisas por amostragem, as estimativas que são
feitas nunca são totalmente confiáveis, havendo sempre Exemplos:
algum risco de que tais estimativas não caracterizem preci- a) Lançar uma moeda e observar a face superior:
samente a população. Entretanto, quando o número de ele-
mentos da população for grande, a opção pela pesquisa por S = {cara, coroa}
amostragem poderá significar uma considerável economia
de recursos, exigindo menos tempo e implicando em custos b) Lançar dois dados e observar a soma dos números
mais baixos em relação a um censo. Além disso, o uso correto das faces superiores:
das técnicas de amostragem (técnicas estatísticas utilizadas
na composição de amostras), pode reduzir este risco, produ-
zindo amostras capazes de apresentar resultados bastante
S = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12}
confiáveis para a maioria das aplicações de ordem prática.
O risco que se corre com a utilização de uma amostra pode, c) Extrair, ao acaso, uma bola de uma urna que contém 3
em certos casos, ser calculado como uma probabilidade e bolas vermelhas (V), 2 bolas amarelas (A) e 6 bolas brancas
(B), e observar a cor da bola retirada:
Matemática

indicado em termos percentuais.

Representatividade de uma Amostra S = {V, A, B}

A representatividade de uma amostra está ligada à capa- O espaço amostral de um experimento aleatório pode,
cidade que ela tenha de apresentar as mesmas características às vezes, ser descrito de mais de uma maneira.

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Evento Normalmente, decidimos que um espaço amostral é
equiprovável a partir da observação de certas características
Evento é qualquer um dos subconjuntos possíveis de um do experimento aleatório.
espaço amostral. É costume indicarmos os eventos por letras
maiúsculas do alfabeto latino: A, B, C, ..., Z. Exemplos:
Pode-se demonstrar que, se um espaço amostral tiver 1. O lançamento de um dado com a observação do
n elementos, então, existirão 2n eventos distintos associa- número da face superior é descrito por um espaço
-dos a ele. amostral equiprovável.
2. Já o lançamento de dois dados com observação da
Exemplo: soma dos números das faces superiores pode ser
O espaço amostral associado ao lançamento de uma descrito por um espaço amostral não equiprovável,
moeda é S = {cara, coroa}. Como este espaço amostral S = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12}, pois a proba-
tem dois elementos, existirão 22 = 4 eventos associados bilidade de que a soma seja 7 é maior do que a
a ele: ∅, {cara}, {coroa}, {cara, coroa}. Observe que o probabilidade de que a soma seja 12, por exemplo.
primeiro e o último eventos indicados são, respectiva-
mente, o conjunto vazio e o próprio espaço amostral. Teoria da Amostragem
Evento Elementar O uso das técnicas estatísticas permite que diversas ca-
racterísticas de uma população sejam estimadas por meio da
Um evento é chamado elementar sempre que possuir observação de apenas uma parte de seus elementos. Assim,
um único elemento (conjunto unitário). pode-se, por exemplo, estimar o percentual de eleitores que
pretende votar no candidato X observando-se apenas uma
Evento Certo parte da população de eleitores. A parte da população que
é utilizada na pesquisa é denominada amostra.
Evento certo é aquele que compreende todos os elemen-
Amostra é qualquer subconjunto finito e não vazio de
tos do espaço amostral.
uma população que não compreenda todos os elementos
desta.
Se A é um evento certo, então A = S.
Pesquisa por Amostragem
Evento Impossível
Denomina-se pesquisa por amostragem ou simplesmen-
Evento impossível é aquele que não possui elementos. te amostragem a pesquisa estatística em que uma amostra
Se A é um evento impossível, então A = ∅. é observada.

Ocorrência de um Evento Estatísticas Amostrais

Dizemos que um evento A ocorre se, e somente se, ao Quando as medidas estatísticas que descrevem o conjun-
realizarmos o experimento aleatório, o resultado obtido to em estudo (médias, percentuais etc.) forem resultantes de
pertencer ao conjunto A. Caso contrário, dizemos que o uma pesquisa por amostragem, elas serão genericamente
evento A não ocorre. denominadas de estatísticas.
As estatísticas são estimativas dos parâmetros popu-
Eventos Mutuamente Exclusivos lacionais.
Nas pesquisas por amostragem as estimativas que são fei-
Se A e B são dois eventos tais que A ∩ B = ∅, então, A e tas nunca são totalmente confiáveis, havendo sempre algum
B são chamados eventos mutuamente exclusivos. risco de que tais estimativas não caracterizem precisamente
Esta denominação decorre do fato de que, uma vez que a população. Entretanto, quando o número de elementos da
a interseção de A com B seja vazia, não será possível que população for grande, a opção pela pesquisa por amostragem
ocorram ambos simultaneamente, isto é, a ocorrência de um poderá significar uma considerável economia de recursos,
deles exclui a possibilidade de ocorrência do outro exigindo menos tempo, implicando em custos mais baixos em
relação a um censo. Além disso, o uso correto das técnicas de
Evento Complementar amostragem (técnicas estatísticas utilizadas na composição
de amostras) pode reduzir este risco produzindo amostras
Dado um evento A, então, A (lê-se “complemento de A” capazes de apresentar resultados bastante confiáveis para
ou “não-A”) também será um evento, chamado evento com- a maioria das aplicações de ordem prática. O risco que se
plementar de A, e ocorrerá se, e somente se, A não ocorrer. corre com a utilização de uma amostra pode, em certos
casos, ser calculado como uma probabilidade e indicado em
O conjunto A compreende todos os elementos de S que termos percentuais.
não pertencem ao conjunto A:
Representatividade de uma Amostra
A =S–A
A representatividade de uma amostra está ligada à capa-
Matemática

Espaço Amostral Equiprovável cidade que ela tenha de apresentar as mesmas características
estatísticas da população que a originou. Assim, uma amostra
Dizemos que um espaço amostral é equiprovável se, perfeitamente representativa deveria apresentar valores de
e somente se, cada um de seus elementos tiver idêntica frequências relativas, média, desvio padrão etc. idênticos aos
probabilidade de ocorrência. da população de onde ela foi retirada.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
As estatísticas amostrais são estimativas dos verdadeiros capaz de tornar previsível o próximo número da sequência.
parâmetros da população e, como tais, tanto podem resultar Assim, o resultado obtido pelo uso da tábua é semelhante
em valores bastante próximos dos verdadeiros parâme- ao de um sorteio imparcial.
tros (ou até iguais) como podem resultar em valores não
tão próximos quanto seria desejável. Assim, não dizemos Amostragem Sistemática
simplesmente que uma determinada amostra é ou não é
representativa, mas sim que a amostra tem maior ou menor A amostragem sistemática é o processo de obtenção de
representatividade dependendo de termos conseguido uma amostras no qual os elementos são selecionados seguindo-
estimativa mais ou menos próxima do parâmetro desejado. -se intervalos regulares de tempo ou tomando-se o k-ésimo
Na prática, não podemos comparar diretamente uma elemento de cada uma das n sequências de elementos em
estimativa com o seu parâmetro, pois raramente dispomos que a população de N elementos será dividida, em que n é
o tamanho da amostra e k é um inteiro escolhido aleatoria-
deste último. Mas frequentemente é possível estimar a pro-
mente entre 1 e o resultado da divisão N÷n.
babilidade de que o verdadeiro parâmetro esteja dentro de
um dado intervalo construído a partir da nossa estimativa. Exemplo:
Assim, a maior ou menor representatividade de uma amostra Se desejarmos retirar uma amostra de n = 50 elementos
pode ser discutida em termos de probabilidades. de uma população composta por 1000 elementos que se
encontram listados numa certa ordem, então, fazendo
Técnicas de Amostragem uma amostragem sistemática, o procedimento será o
seguinte:
Denominam-se técnicas de amostragem os diversos 1o – dividiremos os 1000 elementos da população em n
processos utilizados na obtenção de amostras. = 50 sequências. Assim, cada uma delas terá 1000 ÷50
O uso das técnicas de amostragem busca a obtenção de = 20 elementos;
amostras representativas. Entretanto, é preciso deixar claro 2o – sorteamos uma posição k, em que 1 ≤ k ≤ 20.
que nenhuma técnica de amostragem é capaz de garantir 3o – de cada uma das 50 sequências retiraremos sempre
representatividade a uma amostra. o elemento que estiver na posição k.
As diversas técnicas de amostragem podem ser subdivi-
A diferença da amostragem sistemática para a amostra-
didas em dois grupos: as técnicas de amostragem probabi-
gem aleatória simples é que na amostragem sistemática os
lísticas e as não probabilísticas.
elementos da população já devem encontrar-se previamente
As técnicas de amostragem probabilísticas (ou objetivas) organizados segundo algum critério, tal como peças em uma
são aquelas em que todos os elementos da população têm linha de montagem, fichas em um fichário, nomes em uma
probabilidades conhecidas de serem incluídos na amostra. lista telefônica etc.
Somente a amostragem probabilística permite o controle O inconveniente deste processo é que ele pode produzir
objetivo da representatividade, ou seja, permite controlar amostras que não detectem eventos cíclicos (sazonalidades)
a margem de erro de uma estimativa em termos de proba- tais como falhas que ocorram periodicamente em uma linha
bilidades. de produção.

Técnicas de Amostragem não Probabilísticas Amostragem Estratificada

São quatro as técnicas de amostragem probabilística: A amostragem estratificada procura subdividir os ele-
• aleatória simples; mentos de uma população heterogênea em subgrupos mais
• sistemática; homogêneos, denominados estratos.
• estratificada; Diversas características da população podem ser utili-
• por conglomerados. zadas para a determinação dos estratos, tais como idade,
sexo, grau de instrução, classe social, profissão, nível de
renda, religião, etnia.
Amostragem Aleatória Simples (Casual ou Randômica)
Quanto mais homogêneo for cada subgrupo, menor será
a dispersão (variabilidade) dentro dele. Assim, a amostra-
Na amostragem aleatória simples todos os elementos da
gem estratificada permite trabalharmos com amostras de
população devem ter a mesma chance de serem escolhidos
tamanhos menores.
para compor a amostra. Uma amostragem estratificada pode ser:
São consequências da amostragem aleatória simples:
• proporcional: quando o número de elementos que
1) amostras de mesmo tamanho têm iguais probabilida-
compõe cada estrato da população ocorrer com a
des de ocorrência; mesma proporção na amostra;
2) a probabilidade de um dado elemento ser incluído
• ótima: quando cada parte da amostra que correspon-
numa amostra é proporcional ao tamanho da amostra; der a um dado estrato tiver um número de elementos
3) no caso de termos uma variável contínua, pode-se que seja proporcional ao número de elementos daque-
dizer que a probabilidade de incluir um dado intervalo de le estrato na população (estratificada proporcional) e
valores na amostra é igual à porcentagem de elementos da também à dispersão dos valores da variável de estudo
população que está naquele intervalo. naquele estrato.
Se a população for finita, de tal modo que possamos
enumerar todos os seus elementos, a escolha dos elemen-
Matemática

Amostragem por Conglomerados


tos que comporão a amostra será feita por algum tipo de
sorteio universal ou, alternativamente, utilizando uma tábua A amostragem por conglomerados é aquela que consi-
de números aleatórios. Uma tábua de números aleatórios dera a população subdividida em subgrupos de elementos
é construída com a finalidade de gerar uma sequência de geograficamente (fisicamente) próximos, que são denomi-
números que não apresente qualquer padrão de formação nados conglomerados.

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São exemplos de conglomerados as pessoas de um bair- Variáveis de Estudo
ro, os bairros de uma cidade, os municípios de um estado.
Os conglomerados não são necessariamente grupos Já dissemos anteriormente que todos os elementos de
homogêneos dos valores da variável de estudo, ao contrário uma população devem possuir pelo menos uma característica
do que acontece com os estratos. comum a todos eles.
A amostragem por conglomerados é mais vantajosa que Chamamos de variável de estudo à característica dos
a amostragem aleatória simples quando os elementos da elementos da população que estiver sendo objeto de um
população estiverem geograficamente muito dispersos, pois estudo estatístico. A denominação justifica-se uma vez que
seria mais rápido e mais barato pesquisar os conglomerados os dados apurados variam, podendo assumir qualquer valor
do que alcançar todos os elementos da população. dentre os existentes num conjunto de resultados possíveis.
Este conjunto é denominado domínio da variável de estudo
Técnicas de Amostragem não Probabilísticas e corresponde àquilo que chamamos, em estudos sobre
probabilidades, de espaço amostral.
As técnicas de amostragem não probabilísticas (ou sub-
jetivas) são aquelas em que a escolha dos elementos é feita Classificação da Variável de Estudo
de modo não aleatório, deliberadamente.
São duas as técnicas de amostragem não probabilística: Numa pesquisa estatística, a variável de estudo pode
• amostragem por julgamento; ter natureza qualitativa ou quantitativa.
• amostragem por quotas.
Variáveis Qualitativas
Amostragem por Julgamento A natureza da variável é qualitativa quando ela re-
presenta uma qualidade ou um atributo qualquer dos ele-
Amostragem por julgamento é aquela em que os ele- mentos da população. As variáveis qualitativas são sempre
mentos da amostra são selecionados de modo intencional. distribuídas em grupos mutuamente excludentes.
Este tipo de amostragem poderá ser preferível às técnicas
de amostragem probabilísticas, dependendo das caracterís- Exemplos:
ticas particulares da população, do tema da pesquisa a ser Religião, sexo, estado civil, nível de escolaridade,
feita ou do grau de conhecimento que o pesquisador tenha classe social.
da população e da característica pesquisada. Isso ocorre, por
exemplo, quando houver necessidade de utilizar amostras As variáveis qualitativas subdividem-se em dois grupos:
muito pequenas, quando se depende de voluntários para a variáveis nominais e variáveis ordinais.
pesquisa, ou quando o tema da pesquisa seja tão delicado
que o entrevistado tenda a não responder a verdade ou • Variável Nominal ou Categórica
simplesmente se recuse a responder.
Dizemos que a variável qualitativa é nominal ou cate-
Amostragem por Quotas górica quando não existe nenhuma relação de ordenação
entre os valores da variável.
A amostragem por quotas é aquela e que a amostra
é composta por subgrupos segundo características que Exemplos:
sejam (ou se presuma que sejam) fatores capazes de afetar Religião: católico, protestante, espírita, judeu, budista
os valores da variável a ser estudada. Tais subgrupos terão etc.
seus elementos escolhidos por julgamento e em número Sexo: masculino ou feminino.
proporcional àquele em que se encontrem na população. Estado civil: solteiro, casado, viúvo, divorciado etc.
Amostragem com Reposição e sem Reposição Variável Ordinal ou por Postos
Dizemos que uma amostragem é feita com reposição
Dizemos que uma variável qualitativa é ordinal ou por
quando cada elemento selecionado é devolvido à população
postos quando existe uma relação de ordenação entre os
depois de ser observado. Em caso contrário, dizemos que a
valores da variável que permite distinguir “quem está antes
amostragem é feita sem reposição.
de quem”, mas não permite identificar a magnitude das di-
Em populações finitas a probabilidade de incluirmos de-
ferenças entre dois valores quaisquer. A classificação envolve
terminado elemento em uma amostra depende de estarmos
um critério de julgamento que é subjetivo ou mesmo pessoal.
fazendo uma amostragem com ou sem reposição pois, a
medida que vamos retirando elementos de uma população
finita, sem reposição, a probabilidade de retirada de um Exemplo:
dos elementos restantes vai aumentando. Entretanto, se a Numa pesquisa de opinião sobre um determinado
amostra for pequena em relação ao tamanho da população filme, poderíamos classificar as respostas em ruim,
(não mais que 5% do tamanho da população) a diferença regular, bom ou excelente. Entretanto, se Bruna clas-
entre as probabilidades para amostragens feitas com e sem sificasse o filme como ruim e Míriam, como bom, não
reposição será desprezível. poderíamos determinar quanto Míriam gostou mais
O controle da representatividade de uma amostra em do filme que Bruna.
Matemática

termos de probabilidade pressupõe que todos os elementos


da amostra tenham igual probabilidade de participarem da Observe que os valores da variável, neste exemplo,
amostra. Assim, em tese, toda amostragem deveria ser feita não são números e sim conceitos. Mas os valores de uma
com reposição. Porém, algumas vezes a amostragem com variável ordinal poderiam ser representados por números,
reposição é impossível como nos casos de pesquisas que como seria o caso se pedíssemos uma “nota de 0 a 10” para o
envolvam testes destrutivos. filme. Isto, contudo, não mudaria a caracterização da variável

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como ordinal, pois a nota atribuída ainda seria resultante de Rol
um julgamento subjetivo.
Rol é uma lista em que os valores observados de uma
Outros exemplos de variáveis ordinais são: variável de natureza numérica estão organizados em ordem
Nível de escolaridade: não alfabetizado, primário, crescente ou decrescente.
secundário, superior. Deve ficar claro que, num rol, cada valor será escrito o
Classe social: baixa, média, alta. mesmo número de vezes que ele ocorrer.
Assim, ao jogarmos um dado oito vezes seguidas, pode-
ríamos obter a seguinte sequência de resultados:
Variáveis Quantitativas
3, 5, 2, 3, 6, 4, 1, 5
Uma variável é quantitativa quando ela representa
uma quantidade ou uma grandeza medida em uma escala Nesse caso, o rol crescente seria:
qualquer, que permita a identificação da magnitude das
diferenças entre dois valores quaisquer. 1, 2, 3, 3, 4, 5, 5, 6

Exemplos: Dados Estatísticos


• estaturas dos atletas de uma equipe de atletismo;
• idades dos alunos de uma faculdade; Dados estatísticos são todas as informações coletadas
• duração das lâmpadas de 60 watts; que servirão de base para a análise estatística. Frequen­te­
• número de passageiros embarcados diariamente no mente, referimo-nos a eles simplesmente como dados.
aeroporto de Brasília.
Dados Brutos
As variáveis quantitativas subdividem-se em dois gru-
pos: o das variáveis discretas e o das variáveis contínuas. Chamamos de dados brutos aos dados ainda não orga-
nizados sistematicamente.
• Variável Discreta
Normas para Apresentação Tabular
Uma variável quantitativa é dita discreta quando os de Dados
valores da variável são números tais que:
a menor diferença possível entre dois valores Introdução
distintos quaisquer nunca é menor que uma
certa constante positiva. Apresentação tabular de dados diz respeito à apresen-
tação de dados em tabelas.
Na prática, porém, as variáveis discretas são quase A publicação e divulgação de dados estatísticos em
sempre oriundas de processos de contagem, fornecendo forma de quadros e de tabelas deve seguir alguns padrões
valores inteiros que são expressos por números naturais. sugeridos pelo Conselho Nacional de Estatística e pelo IBGE.

Exemplo: Elementos Essenciais


Ao registrarmos o número de filhos em cada família
residente no Plano Piloto, em Brasília, estaremos re- Título – Deve figurar sempre na parte superior da tabela,
gistrando valores de uma variável discreta. definindo o quê, onde e quando.

Corpo – É formado pelas linhas (horizontais) e colunas


Variável Contínua (verticais) nas quais são dispostas as informações da tabela.
Uma variável quantitativa é dita contínua quando os Cabeçalho – Situado no alto de cada coluna, deve indicar
valores da variável são tais que: a natureza do conteúdo da coluna.
qualquer número real compreendido entre
dois valores distintos da variável pode, teo­ Coluna indicadora – Situada à esquerda das demais
ricamente, ocorrer. colunas, indica a natureza do conteúdo das linhas da tabela.

Quase sempre, as variáveis contínuas resultam de pro- Elementos Complementares


cessos de mensuração (medida). Nestes casos, os valores
registrados dependerão do grau de precisão do aparelho Fonte – Situada no rodapé da tabela, deve indicar a
usado para se tomar as medidas. fonte de origem dos dados da tabela.

Exemplo: Notas explicativas – Devem ficar no rodapé da tabela.


Ao registrarmos as estaturas dos atletas de um time Prestam-se a esclarecimentos de natureza geral a fim de
de basquete, estaremos trabalhando com uma variável facilitar o entendimento de algum detalhe da tabela.
Matemática

contínua, pois os registros poderão assumir qualquer


valor de comprimento, inteiro ou decimal, entre dois Chamadas – Também devem ficar no rodapé da tabela.
valores distintos de altura dados. Na prática, porém, o Prestam-se a esclarecimentos de natureza técnica.
registro dos valores será limitado pelo grau de precisão Na construção das tabelas devemos procurar, ainda,
do aparelho usado para se medir as alturas dos atletas. observar as seguintes orientações.

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• As tabelas não deverão ser fechadas lateralmente. Séries Geográficas
• As linhas da tabela não devem apresentar traços se-
paradores. As séries geográficas, também chamadas de espa­ciais,
• A linha indicativa de subtotais e de totais, quando territoriais ou de localização, descrevem o comportamento
existir, deve fazer parte do corpo da tabela. da variável de estudo em função de sua localização (onde
• Um traço horizontal ( − ) deve ser usado quando o ocorrem os valores), mantendo-se fixas a época (quando
valor de uma medida ou frequência observada for ocorrem) e a natureza do fenômeno (o que ocorre).
exatamente igual a zero.
Exemplo:
• O algarismo zero ( 0 ) deve ser usado quando o valor de A tabela abaixo apresenta uma série geográfica sobre
uma medida for diferente de zero mas for muito peque- a variação dos preços da cesta básica em algumas
no para ser expresso na unidade de medida utilizada na cidades do Distrito Federal.
tabela. Caso os valores sejam indicados sempre com uma
ou mais casas decimais, deve-se escrever um número PREÇOS DA CESTA BÁSICA NAS CIDADES-SATÉLITES
DO DISTRITO FEDERAL - 1997
correspondente de zeros (0,0 ou 0,00 ou 0,000; etc). Cidade Preço (R$)
• Três pontos ( ... ) devem ser empregados quando não Guará 6,10
se dispõe de um dado. Taguatinga 6,20
• Ponto de interrogação ( ? ) deve ser usado para indicar Sobradinho 5,90
dúvida quanto à exatidão de um dado. Gama 5,80
Brazlândia 5,80
Exemplo: Fonte: Instituto de Pesquisas J.L.

A figura abaixo exemplifica os Séries Especificativas


elementos de uma tabela.
As séries especificativas, também chamadas de sé­ries
específicas, categóricas ou qualitativas, descrevem o compor-
tamento da variável de estudo em função de especificações
ou de categorias próprias da natureza da variável de estudo
(o que ocorre), mantendo-se fixas a época (quando ocorrem)
e o local (onde ocorrem).

Exemplo:
A tabela abaixo apresenta uma série especificativa
sobre o volume da produção de grãos no Brasil:
PRODUÇÃO AGRÍCOLA NO BRASIL - 1984
Especificação Produção (1.000 ton)
Séries Estatísticas Arroz 22.165
Café 3.220
Em qualquer estudo estatístico de um fenômeno, há Milho 17.284
sempre interesse em sabermos quando, onde, o quê e com Soja 7.876
que frequência tal fenômeno ocorre. Trigo 2.858
Uma série estatística é uma tabela ou gráfico que Fonte: Dados fictícios
apresente a distribuição de valores de uma variável de es-
tudo em função de época, local, espécie ou frequência de Distribuições de Frequências
ocorrência da variável.
As distribuições de frequências descrevem o comporta-
Séries Temporais mento da variável de estudo em função da frequência de ocor-
rência de seus valores, mantendo-se fixas a época (quando)
Também chamadas de séries históricas, cronológicas, o local (onde) e a natureza do fenômeno observado (o que).
evolutivas ou marchas, as séries temporais descrevem os
valores de uma variável ao longo de intervalos de tempo Exemplo:
consecutivos (quando ocorrem os valores), mantendo-se A tabela abaixo apresenta uma distribuição de frequ-
fixas a localização (onde ocorrem) e a natureza do fenômeno ências sobre o número de filhos de 1.000 famílias do
(o que ocorre). Embaré, em Santos – SP:

Exemplo: Número de Filhos por Família


A tabela abaixo apresenta uma série temporal sobre a no Embaré, Santos – SP em 1983
variação dos preços da cesta básica no Distrito Federal. Nº de Filhos Frequência
por família Absoluta Simples
PREÇOS DA CESTA BÁSICA – DISTRITO FEDERAL
1993 - 1997 Nenhum 132
Ano Preço (R$) 1 183
2 275
Matemática

1993 6,30
1994 6,15 3 174
1995 5,70 4 107
1996 5,75 5 86
1997 6,10 6 43
Fonte: Dados fictícios Fonte: Instituto de Pesquisas J.L.

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Em vista de sua importância para o nosso estudo, ve- Tabelas de Distribuição de
remos a seguir maiores detalhes sobre as distribuições de Frequências
frequências.
Conforme vimos, uma tabela de distribuição de frequên-
Frequência Absoluta Simples ( f ) cias é uma série estatística que mostra as frequências de
ocorrência dos valores de uma variável.
A frequência absoluta simples de um valor da variável Uma tabela de distribuição de frequências pode apre-
indica o número de ocorrências daquele valor numa amostra sentar dados não agrupados ou pode apresentar dados
ou numa população. agrupados em classes.

Exemplo: Dados não agrupados


Considere a seguinte amostra composta por dez ele-
mentos: 1, 2, 3, 2, 1, 2, 2, 3, 1, 2. A tabela com dados não agrupados apresenta um único
Contando o número de ocorrências de cada um dos valor da variável de estudo em cada linha.
valores observados, encontraremos as frequências
absolutas simples de cada um deles: Exemplo:
• a do valor 1 é 3, pois o valor 1 ocorreu 3 vezes;
• a do valor 2 é 5, pois o valor 2 ocorreu 5 vezes; Ofertas de Aluguel de Apartamentos
de 1 a 4 quartos no Plano Piloto – Brasília – DF
• a do valor 3 é 2, pois o valor 3 ocorreu 2 vezes.
Nº de quartos do % de imóveis
Atenção: apartamento oferecidos
Em algumas provas de concursos podemos encon- 1 24
trar palavra frequência empregada com o sentido 2 36
de frequência absoluta simples. Muito embora isto 3 27
seja comum nos textos de estatística, entendemos 4 13
que esta seja uma atitude criticável em provas de
Fonte: J.L. Pesquisa Imobiliária
concursos, em vista de que o uso impreciso de um
termo, nas circunstâncias envolvidas em tais pro-
vas, pode gerar dúvidas sobre a interpretação do Dados Agrupados em Classes
mesmo.
A tabela com dados agrupados apresenta uma faixa de
Frequência Relativa Simples ( fr ) valores da variável a cada linha. Estas faixas de valores são
chamadas intervalos de classes.
Exemplo:
A frequência relativa simples de um valor da variável
indica a razão do número de ocorrências daquele valor pelo
número total de valores existentes numa dada população
ou numa amostra da mesma.
Na prática, podemos representar as frequências re-
lativas na forma de razão, de número decimal ou como
porcentuais.

Exemplo:
Com relação à amostra de dez elementos do exemplo
anterior (1, 2, 3, 2, 1, 2, 2, 3, 1, 2), temos:

a frequência relativa simples do valor 1 é


3/10 = 0,3 = 30%; No exemplo acima, os valores da variável tempo de
a frequência relativa simples do valor 2 é auditoria, que é contínua, estão agrupados em cinco classes.
5/10 = 0,5 = 50%; A representação das classes é feita utilizando-se uma
a frequência relativa simples do valor 3 é nomenclatura especial (observe o símbolo | que aparece
2/10 = 0,2 = 20%. em cada linha de valores da variável). O entendimento do
conceito de classe bem como de outros conceitos relaciona-
De acordo com um princípio conhecido como lei dos dos a ela é fundamental para a interpretação correta das ta-
grandes números, quanto maior for a amostra, maior será belas com dados agrupados. Veremos a seguir tais conceitos.
a chance de que as frequências relativas obtidas a partir
dela sejam iguais àquelas que obteríamos se tivéssemos Classe de Frequências
feito um censo.
Numa população, as frequências relativas podem ser As classes de frequências, ou simplesmente classes, são
interpretadas como probabilidades. Assim, se a frequência os conjuntos de valores obtidos a partir do agrupamento dos
Matemática

relativa de um valor em uma dada população for igual a dados de um rol. Estes agrupamentos devem ser feitos por
30%, diremos que a probabilidade de ocorrência daquele faixas de valores próximos.
valor é de 30%. Caso os dados sejam obtidos a partir de uma No exemplo anterior, a primeira classe compreende
amostra, as frequências relativas serão interpretadas como todas as ocorrências de valores de tempo que estejam no
estimativas das probabilidades correspondentes. intervalo 4 | 6 horas, ou seja, desde 4 h (inclusive) até 6 h

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(exclusive, ou seja, até 5 h 59 min 59 s). Cada classe é re- Deste modo, o ponto médio da 2ª classe, no exemplo
presentada por um intervalo onde são indicados apenas os dos tempos de auditoria, é 7 horas, pois este valor representa
valores limites. a média aritmética entre os dois limites da 2ª classe que são
6 horas e 8 horas, isto é:
Limites de Uma Classe (l, l)  2 + L2 6 + 8
X2 = = =7
São os valores extremos de uma classe, sendo que cha- 2 2 horas
mamos de limite inferior ( l ) ao menor deles e chamamos
de limite superior (L) ao maior deles. Escolha do número de classes
Assim, na 4ª classe da tabela sobre os tempos de audi- O número de classes de uma tabela de distribuição de
toria dada anteriormente, o limite inferior é 10 h e o limite frequências para dados agrupados deve ser adequado à
superior é 12 h. Observe que o valor 12 h não pertence à quantidade de dados observados.
4a classe mas, ainda assim, é o limite superior da mesma. Se o número de classes utilizado for muito pequeno
em relação ao volume total de dados, estes ficarão muito
Limites reais compactados dentro de cada classe e perderemos informa-
ções sobre eles. Se o número de classes for muito grande, a
Dizemos que os limites indicados em cada linha de uma distribuição tenderá a mostrar-se irregular, podendo ocorrer
tabela de distribuição de frequências são os limites reais até algumas classes sem elementos e a interpretação do
quando o limite superior de cada classe coincide com o limite fenômeno em estudo se tornará mais difícil.
inferior da classe seguinte. Frequências Simples e Acumuladas
No exemplo dado sobre a distribuição dos tempos de
auditoria, os limites são reais, cada limite superior de uma Considere a distribuição de frequências das alturas de
classe coincide com o limite inferior da classe seguinte. Vale uma amostra de 50 estudantes do Colégio J.L., indicadas na
observar que o uso do símbolo | só é possível com os tabela abaixo:
limites reais de classe.
Alturas de 50 alunos do Colégio J.L.
Amplitude do Intervalo de Classe (c) Alturas Frequências absolutas
(cm)
Renda Familiar Anual (R$)
simples
Freqüência relativa simples
A amplitude do intervalo de classe pode ser entendida Renda Familiar Anual
164 (R$)
160 | 15.000
10.000 Freqüência50,20
relativa simples
como sendo o comprimento do intervalo que a representa Renda Familiar Anual
168 (R$)
164 | 15.000
15.000
10.000 20.000 Freqüência100,20
relativa simples
0,18
e é calculada pela diferença entre o limite superior real e o Renda20.000
Familiar
15.000
10.000 25.000
Anual
172 (R$)
168 | 15.000
20.000 Freqüência140,24
relativa simples
0,18
0,20
limite inferior real da classe. Renda25.000
20.000
172 |
15.000
10.000 30.000
| 15.000
Familiar 25.000
Anual
176 (R$)
20.000 Freqüência110,20
0,14
relativa simples
0,24
0,18
No exemplo sobre a distribuição dos tempos de audi- Renda30.000
25.000
20.000
Familiar
15.000
10.000 40.000
30.000
176 | 25.000
Anual
180 (R$)
20.000
15.000 0,12
Freqüência60,24
0,14
relativa simples
0,18
0,20
toria, todas as classes têm amplitude igual a 2 horas. Na 3a 40.000
30.000
25.000
20.000 50.000
40.000
30.000
| 15.000
25.000 4 0,08
0,12
0,14
0,24
180 |
15.000
10.000 20.000
184 0,18
0,20
0,04
classe, por exemplo, os limites superior e inferior são, res- 50.000
40.000
30.000
20.000
15.000 60.000
50.000
| 40.000
25.000 | 30.000
25.000
20.000 0,08
0,12
0,14
0,24
0,18
Fonte:30.000
Colégio
50.000 |
40.000 J.L.60.000
50.000
| 25.000
40.000 0,04
0,08
0,12
pectivamente: L = 12 horas e l = 10 horas. Então, temos 25.000
20.000 30.000 0,14
0,24
50.000 | 60.000
40.000 | 30.000
30.000
25.000 50.000
40.000 0,04
0,08
0,12
0,14
c = 12 − 10 = 2 horas. Anteriormente, tivemos a oportunidade
50.000 | 40.000
40.000
30.000 60.000
50.000 0,04de estudar os
0,08
0,12
conceitos de frequência
50.000 | 50.000
40.000 60.000 absoluta e relativa simples para um
0,04
0,08
Amplitude Total (At) rol. Vamos rever estes conceitos, agora aplicados
50.000 | 60.000 0,04 ao caso de
uma tabela com dados agrupados.
A amplitude total é a diferença entre o maior e o menor
valor observados para a variável de estudo. Frequência absoluta simples
Numa tabela de distribuição de frequências, a frequ-
At = (Valor Máximo) − (Valor Mínimo)
ência absoluta simples de uma classe representa o total de
ocorrências dos valores compreendidos no intervalo que
Numa tabela de distribuição de frequências, calculamos limita aquela classe.
a amplitude total como a diferença entre o limite superior da Na tabela apresentada anteriormente, a frequência
última classe e o limite inferior da primeira classe. absoluta simples da 4a classe é 11. Isto significa que temos
Assim, no exemplo sobre a distribuição dos tempos de um total de 11 ocorrências de valores na faixa 172 | 176,
auditoria, a amplitude total é igual a 10 horas, pois L = 14 que é o intervalo da 4ª classe.
horas e l = 4 horas e 14 − 4 = 10. A soma de todas as frequências absolutas simples de
uma tabela de distribuição de frequências é chamada de
Ponto Médio de Uma Classe (Xi) frequência total (normalmente indicada por n) que pode ser
interpretada como sendo o tamanho do conjunto pesquisa-
do, ou seja, o número total de elementos da população ou
O ponto médio de uma classe é o valor que a representa da amostra considerada.
e é utilizado para calcularmos certas medidas como as médias Matematicamente, podemos indicar a soma de todas
e a moda bruta nas tabelas de distribuição de frequências as frequências absolutas simples como:
com dados agrupados em classes.
k
Para determinarmos o valor do ponto médio de uma
∑( f ) = f
Matemática

classe, basta calcularmos a média aritmética dos limites i 1 + f 2 + f 3 + ... + f k = n


i =1
da classe.
Onde: k = total de classes,
 i + Li
Xi = fi = frequência absoluta da classe i e
2 n = frequência total

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Frequência Relativa Simples Devemos, portanto, contar o número total de ocorrên-
cias nestas três classes.
A frequência relativa simples de uma classe representa
a proporção da frequência absoluta simples daquela classe 5 + 10 + 14 = 29
em relação à frequência total (n).
O total assim determinado é chamado de frequência
Por exemplo, na tabela de distribuição de alturas apre-
absoluta acumulada crescente da 3a classe (fac3−), uma
sentada anteriormente, a frequência relativa simples da 4a
vez que todas as classes até aquela foram contadas.
classe é igual a 0,22, pois:
fac3− = 5 + 10 + 14 = 29
f 4 11
fr4 = = = 0,22
n 50 A frequência absoluta acumulada crescente de uma
determinada classe é o número que representa o total de
A soma de todas as frequências relativas simples de ocorrências de todos os valores menores que o limite supe-
uma distribuição é sempre igual a 1. rior da classe considerada.
Matematicamente, podemos escrever isto como: A indicação da frequência absoluta acumulada cres-
cente é dada matematicamente por:
k
f1 f 2 f 3 f
∑ ( fr ) = + + + ... + k = 1 m
facm− = ∑ ( f i ) = f1 + f 2 + ... f m
i
i =1 n n n n
i =1
Frequência Relativa Simples na Forma Percentual
(f%) Na tabela a seguir podemos observar os valores das
frequências absolutas acumuladas crescentes de cada classe
Pode-se expressar a frequência relativa simples na for- para o exemplo considerado:
ma de um percentual, multiplicando o valor da frequência
Alturas de 50 alunos do Colégio J.L.
relativa simples por 100.
Alturas Freqüências absolutas
f i % = 100 × fri (cm) acumuladas crescentes
160 | 164 5
Exemplificando, se a frequência relativa simples de
uma classe é igual a 0,22, então a sua forma percentual é 164 | 168 15
22%, pois: 168 | 172 29

fi% = 100 × fri = 100 × 0,22 = 22% 172 | 176 40

176 | 180 46
Frequências Acumuladas
180 | 184 50
Frequência acumulada crescente ou “abaixo de” (fac ) –
Fonte: Colégio J.L.

Numa tabela com dados agrupados em classes, Frequência acumulada decrescente ou “acima de” (fac+)
denomina-se frequência acumulada crescente àquela que
indica a frequência de todos os valores menores que um Numa tabela com dados agrupados em classes,
determinado limite de classe dado. Pode ser apresentada denomina-se frequência acumulada decrescente aquela
em termos absolutos (frequên­cia absoluta) ou em termos que indica a frequência de todos os valores maiores que um
relativos (fre­quência relativa). determinado limite de classe dado. Pode ser apresentada
em termos absolutos (frequên­cia absoluta) ou em termos
Exemplo: relativos (frequência relativa).
Na tabela de distribuição de alturas dada anteriormente,
quantas ocorrências de alturas abaixo de 172 cm foram Exemplo:
registradas? Quantas ocorrências de alturas acima de 172 cm foram
registradas na tabela seguinte?
Alturas de 50 alunos do Colégio J.L.
Alturas Freqüências absolutas Alturas de 50 alunos do Colégio J.L.
(cm) simples Alturas Freqüências absolutas
160 | 164 5 (cm) Simples
164 | 168 10 160 | 164 5
168 | 172 14 164 | 168 10
172 | 176 11 168 | 172 14
176 | 180 6 172 | 176 11
180 | 184 4 176 | 180 6
Fonte: Colégio J.L. 180 | 184 4
Fonte: Colégio J.L.
Matemática

Observando a tabela, podemos perceber que os va-


lores abaixo de 172 cm, isto é menores que 172 cm, Observando a tabela, podemos perceber que os valores
encontram-se nas três primeiras classes, isto é: 160 acima de 172 cm, isto é maiores que 172 cm, encon-
| 164 , 164 | 168 e 168 | 172. Com efeito, estas tram-se nas três últimas classes, isto é: 172 | 176, 176
são as únicas classes que abrangem valores menores | 180 e 180 | 184. Estas são as únicas classes que
que 172 cm. abrangem valores maiores que 172 cm.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Devemos, portanto, contar o número total de ocorrên- Considere a distribuição de frequências abaixo, referente a
cias nestas três classes. salários pagos a funcionários de uma empresa, para respon-
der à próxima questão.
11 + 6 + 4 = 21
Salários Freqüências
(em salários mínimos) Simples
O total assim determinado é chamado de frequên­cia
1 || 5 5
acumulada decrescente da 4a classe (fac4+), uma vez que 6 || 10 20
todas as classes a partir daquela foram contadas. 11 || 15 50
16 || 20 20
fac4+ = 11 + 6 + 4 = 21 21 || 25 5

A frequência acumulada decrescente de uma determi-


2. Assinale o item correto.
nada classe é o número que representa o total de ocorrências
a) O limite inferior da terceira classe é 15.
de todos os valores maiores que o limite inferior da classe b) O limite superior da primeira classe é 6.
considerada. c) O ponto médio da quarta classe é 18.
A indicação da frequência absoluta acumulada decres- d) A amplitude do quinto intervalo de classe é 25.
cente para uma distribuição com k classes é dada matema- e) O segundo intervalo de classe é a classe modal.
ticamente por:
3. (ESAF/TTN) De acordo com a distribuição de frequência
k
transcrita a seguir, pode-se afirmar que
fac = ∑ ( f i ) = f m + f m+1 + ... f k

m
i =m
Diâmetro Frequências simples
Na tabela abaixo podemos observar os valores das (cm)
Renda Familiar Anual (R$)
absolutas
Freqüência relativa simples
frequências acumuladas decrescentes de cada classe para Renda Familiar Anual
4 | 15.000
10.000 6 (R$) 6 0,20
Freqüência relativa simples
o exemplo considerado: Renda Familiar Anual
6 | 15.000
15.000
10.000 8
20.000(R$) 8 relativa
Freqüência 0,18 simples
0,20
Renda 20.000
Familiar
8 |
15.000
10.000 25.000
Anual
10 (R$)
20.000
| 15.000 12 0,20
Freqüência relativa
0,18 simples
0,24
Alturas de 50 alunos do Colégio J.L. Renda 25.000
20.000
Familiar
10 |
15.000
10.000 30.000
25.000
Anual
12 (R$)
| 15.000
20.000 10 0,20
Freqüência 0,14 simples
relativa
0,24
0,18
30.000
25.000
20.000
12 |
15.000
10.000 40.000
30.000
| 15.000
25.000
14
20.000 0,12
4 0,20
0,14
0,24
0,18
Alturas Frequências absolutas 0,08
40.000 |
30.000
25.000
20.000
15.000 50.000
40.000
| 20.000
30.000
25.000 0,12
0,14
0,24
0,18
(cm)
Renda Familiar Anual (R$)
acumuladas decrescentes
Freqüência relativa simples 0,04
0,08
50.000
40.000
30.000
25.000
20.000 | 60.000
50.000
40.000
30.000
25.000 0,12
0,14
a) 75% das| observações 0,24
estão no intervalo
0,046 | 12.
Renda Familiar
10.000 Anual
164 (R$)
160 | 15.000 500,20
Freqüência relativa simples 50.000 |
40.000
30.000
25.000 60.000
| 30.000
50.000
40.000 0,08
0,12
0,14
b) a soma dos pontos médios dos intervalos 0,04 de classe
Renda Familiar
15.000
10.000 Anual
168 (R$)
164 | 15.000
20.000 450,20
Freqüência relativa simples
0,18 50.000 | 40.000
40.000
30.000 60.000
50.000 0,08
0,12
é inferior à soma das frequências absolutas
0,04 simples.
20.000
Renda Familiar 25.000
Anual
172 (R$)
168 | 15.000
15.000
10.000 20.000 350,18
Freqüência relativa simples
0,24
0,20 50.000 | 50.000
40.000 60.000 0,08
c) 28% das observações estão no quarto intervalo de
0,04
25.000
20.000
Renda Familiar
172 |
15.000
10.000 30.000
| 15.000
25.000
Anual
176 (R$)
20.000 210,14
Freqüência relativa simples
0,24
0,18
0,20 50.000 | 60.000
30.000 40.000 0,12 classe.
25.000
20.000
Renda | 20.000
Familiar
176 |
15.000
10.000 30.000
25.000
Anual
180 (R$)
15.000 100,24
Freqüência 0,14
relativa simples
0,18
0,20
40.000
30.000 50.000
40.000 0,08
0,12 d) menos de 25 observações têm diâmetro abaixo de
25.000
20.000
180 |
15.000
10.000 30.000
| 15.000
25.000
20.000
184 4 0,14
0,24
0,18
0,20
50.000 | 60.000
40.000
30.000
25.000 50.000
40.000 0,04
0,08 0,12
0,14
10 cm.
20.000 | 30.000
15.000 25.000
20.000 0,24
0,18
50.000
40.000
30.000
Fonte:20.000 |
Colégio|
25.000 60.000
50.000
40.000
J.L.25.000
30.000 0,04
0,08
0,12
0,14
e) mais de 85% das observações têm diâmetro não
0,24
50.000
40.000 60.000
30.000 | 50.000
25.000 40.000
30.000 0,04
0,08
0,12
0,14
inferior a 6 cm.
50.000 | 40.000
40.000
30.000 60.000
50.000 0,04
0,08
0,12
Exercícios Propostos
50.000 | 50.000
40.000 60.000 0,04
0,08
4. (ESAF/TTN) Os intervalos de classes podem ser apresen-
0,04 tados de várias maneiras. Dentre as situações abaixo, a
50.000 | 60.000
1. Com base na tabela de frequências acumuladas de correta é:
salários abaixo, assinale a opção incorreta. a) 2  6 compreende todos os valores entre 2 e 6,
exclusive os extremos.
b) 2 || 6 compreende todos os valores entre 2 e 6,
Salários Frequência exclusive os extremos.
(em cruzeiros reais) Acumulada c) 2 | 6 compreende todos os valores entre 2 e 6,
abaixo de 50.000 0 exclusive o 2 e inclusive o 6.
abaixo de 60.000 25 d) 2 | 6 compreende todos os valores entre 2 e 6,
abaixo de 70.000 45 inclusive o 2 e exclusive o 6.
abaixo de 80.000 65 e) 2  6 compreende todos os valores entre 2 e 6,
abaixo de 90.000 80 inclusive os extremos.
abaixo de 100.000 90 5. (ESAF/TTN) De acordo com a distribuição de frequência
abaixo de 110.000 95 transcrita a seguir, pode-se afirmar que
abaixo de 120.000 100
Pesos Freqüências simples
(kg) absolutas
a) Apenas cinco funcionários ganham salários iguais ou
2 | 4 9
superiores a CR$ 110.000,00. 4 | 6 12
b) Um quarto dos funcionários ganha menos de CR$ 6 | 8 6
Matemática

60.000,00. 8 | 10 2
c) Setenta por cento dos funcionários ganham mais 10 | 12 1
de CR$ 60.000,00 e menos de CR$ 80.000,00.
d) Mais da metade dos funcionários ganha menos a) 8% das observações têm peso no intervalo de classe
de CR$ 80.000,00. 8 |10.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
b) 65% das observações têm peso não inferior a 4 kg e Geralmente estes gráficos são usados em séries tempo-
inferior a 10kg. rais, geográficas, especificativas ou em distribuições de frequ-
c) mais de 65% das observações têm peso maior ou ência onde a variável não é numérica ou é numérica inteira.
igual a 4kg. Quando as legendas dos retângulos forem breves, os
d) menos de 20 observações têm peso igual ou supe­rior retângulos poderão ser dispostos verticalmente originando
a 4kg. o gráfico em colunas.
e) a soma dos pontos médios dos intervalos de classe
é inferior ao tamanho da população. Exemplo:

GABARITO Volume negociado na bolsa de valores


de São Paulo - 1993
(R$ milhões)
1. c 2. c 3. a 4. a 5. c 47,5
47
46,5
46
Gráficos 45,5
45
O objetivo da apresentação de dados na forma gráfica
44,5
é facilitar a compreensão e a comparação dos mesmos –
uma imagem vale mais que mil palavras. Sendo assim, os 44
gráficos devem realçar as diferenças de magnitude entre as 1° Trim. 2° Trim. 3° Trim. 4° Trim.
grandezas, propiciando uma representação global, dinâmica (Dados fictícios)
e agradável dos dados.
Na composição de um gráfico podem ser utilizadas as Quando as legendas das bases forem longas, os retân-
mais diversas formas, cores e estilos, como se pode obser- gulos poderão ser dispostos horizontalmente, originando o
var frequentemente lendo jornais, e revistas. Entretanto, gráfico de barras.
alguns tipos de gráficos ajustam-se melhor a determinadas
situações que outros. Exemplo:
Percentuais das intenções de voto em 20/07/82
Classificação dos Gráficos (dados fictícios)

Quanto à forma: outros


- de pontos
- de linhas candidato D
- de superfícies
- pictogramas (figuras) candidato C
- estereogramas (tridimensionais)
- cartogramas (mapas) candidato B

Quanto à função: candidato A


• gráficos de informação:
- colunas ou barras
0% 10% 20% 30% 40% 50%
- porcentagens complementares
- composição (retangular ou de setores)
- cartograma Pictogramas
- pictograma
- estereograma Os pictogramas são gráficos que usam figuras para
• gráficos de análise: representar quantidades.
- histograma Observe o pictograma seguinte:
- polígono de frequências
- curva de frequência Número de alunos de 5a a 8a série do 1o grau matricu-
- ogiva lados no colégio X em 1998.
- diagrama cartesiano
- curva de Lorenz
• de controle: Série Número de alunos
- gráfico em “Z” 5a

- de ponto de equilíbrio 6a
7a
Detalharemos a seguir alguns dos gráficos mais utili- 8a
zados.
Legenda: = 50 alunos
Matemática

Gráficos em Barras e em Colunas


A legenda explica que cada símbolo representa uma
São gráficos que comparam grandezas por meio de re- contagem de 50 alunos. Assim, este pictograma mostra
tângulos de mesma largura e de comprimentos diretamente contagens de 150 alunos na 5a série, 250 na 6a série, 300
proporcionais a estas grandezas. na 7a e 400 na 8a.

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Gráficos de Setores Histogramas

Os gráficos de setores são gráficos de superfí­cies re- São gráficos de superfícies utilizados para representar
presentados por um círculo que é subdividido em regiões distribuições de frequências com dados agrupados em
(setores), tais que as áreas das regiões representadas sejam classes.
proporcionais aos números que desejamos indicar. O histograma é composto por retângulos justapostos
(denominados células), cada um deles representando um
Exemplo: conjunto de valores próximos (as classes).
Produção anual de grãos no A largura da base de cada célula deve ser proporcional
interior paulista em 1970. à amplitude do intervalo da classe que ela representa e a
área de cada célula deve ser proporcional à frequência da
mesma classe.
Se todas as classes tiverem igual amplitude, então as
alturas dos retângulos serão proporcionais às frequên­cias
das classes que eles representam.
Considere a distribuição de frequências apresentada a
seguir e observe o histograma obtido a partir dela:

Distribuição das idades dos funcionários


da empresa J.L. em 01/01/98

Idades Frequências relativas


Uma das vantagens do gráfico de setores é que ele per- (anos) simples
mite identificar facilmente as proporções entre os diversos 10 | 20 2%
valores nele representados e o todo. 20 | 30 28%
30 | 40 46%
40 | 50 21%
Gráficos de Linhas 50 | 60 3%

Denominam-se gráficos de linhas (ou de retas) àqueles


onde uma linha poligonal indica as variações nos valores de
um determinado fenômeno que é observado em intervalos
regulares de tempo.

Exemplo:
A tabela seguinte mostra as temperaturas de um pacien-
te tomadas de 4 em 4 horas ao longo de um dia:

Hora 0.30 4.30 8.30 12.30 16.30


Temperatura (ºC) 39,5 40,0 38,5 38,0 37,5

O gráfico de linhas correspondente seria: Polígono de Frequências


40,5 O polígono de frequências é o gráfico que obtemos
40 unindo pontos dos lados superiores dos retângulos de um
39,5 histograma por meio de segmentos de reta consecutivos.
39 Retomando o histograma apresentado no item anterior,
38,5
obtemos o seguinte polígono de frequências:
38
37,5
37
36,5
36
0:30h 4:30h 8:30h 12:30h 16:30h

Os vértices da linha poligonal indicam os valores das


temperaturas observadas.
Os pontos de cada um dos segmentos que se encontram 0 10 20 30 40 50 60 anos
Matemática

entre dois vértices seguidos da poligonal indicam estimativas


das temperaturas entre duas observações consecutivas. Ogivas
Deste modo, observando o gráfico podemos estimar que
a temperatura do paciente às 6h30 deveria estar próxima Chamamos de ogivas aos gráficos que indicam frequên­
dos 39 graus. cias acumuladas, ou seja, aqueles que indicam quantos casos

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estão acima de um certo valor ou quantos estão abaixo de Diagrama de ramo e folhas
um certo valor. As frequências acumuladas podem ser apre-
sentadas na forma absoluta (quantos casos) ou na forma 1 7 8 9 9
relativa (proporção). 2 3 5 7 9 8 6 5 7
Consideremos a tabela de distribuição de fre­quências 3 7 8 5 6 2 6 4 1 3 5
de idades que foi dada anteriormente. Calculando as fre­ 4 6 2 3 0 4 1
quências relativas acumuladas abaixo de cada limite de classe 5 2 4 6 0 3
6 8 3
(frequências acumuladas crescentes) teremos:

Idades Frequências relativas Frequências relativas Diagramas de Caixa


(anos) simples (%) acumuladas crescentes
10 | 20 2% 2%
O diagrama de caixa, também chamado de box plot,
20 | 30 28% 30% foi proposto inicialmente em 1977 por Tukey e é montado
30 | 40 46% 76% a partir de um conjunto especial de valores denominado
40 | 50 21% 97% esquema de cinco números e que compreende:
50 | 60 3% 100% - o valor mínimo do rol (min);
- o primeiro quartil (Q1);
- a mediana (Md);
O histograma construído com estas frequências acumu- - o terceiro quartil (Q3);
ladas nos dá a seguinte ogiva crescente: - o valor máximo do rol (máx).

100% A construção do diagrama de caixa é feita sobre um


segmento de reta onde se marcam os cinco números:
80%

60%

40%

20%

0%
15 25 35 45 55 Exercícios Propostos
1. O gráfico seguinte representa os volumes negociados
Diagramas de Ramos e Folhas numa bolsa de valores, em milhões de reais, durante
os cinco dias úteis de uma determinada semana:
O diagrama de ramo e folhas, descrito por Tukey, permite 49
visualizarmos a forma de uma distribuição de frequências, 48
porém, sem perdermos informação sobre os dados, como
47
ocorreria se usássemos um histograma.
46
A construção do ramo e folhas é feita dividindo-se cada
valor observado em duas partes: 45
– os ramos mostram um ou mais dos algarismos mais 44
significativos (mais à esquerda) de cada valor que são organi- 43
zados à esquerda de uma linha vertical e em ordem crescente segunda terça quarta quinta sexta
de cima para baixo;
– as folhas mostram os algarismos menos significativos Qual foi, em milhões de reais, o volume médio diário
de cada valor observado, listados ao lado dos respectivos negociado nestes cinco dias?
ramos.
A construção do ramo e folhas nos permite a rápida 2. O gráfico a seguir representa o número médio de voos
ordenação dos dados o que é útil em cálculos como o da mensais em quatro aeroportos:
mediana, dos quartis, dos decis e dos percentis.
Aeroporto Número de Voos Mensais
Exemplo: A 
Compare os 30 valores listados a seguir com o diagrama de B
ramo e folhas correspondente:

C  
Valores D 
Matemática

23 17 37 38 52 46 18
42 35 25 43 54 36 68 Legenda:  = 250 voos
56 40 32 27 63 44 29
Com base nestas informações, pode-se afirmar que o
41 50 19 36 28 34 53
aeroporto C é responsável por qual percentual de voos
26 31 33 25 19 35 27 em relação ao total de voos destes quatro aeroportos?

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3. Gráficos são instrumentos úteis na análise estatística. c) gráfico de setores.
Assinale a definição/afirmação incorreta. d) cartograma.
a) Um histograma representa uma distribuição de e) gráfico polar.
frequências para variáveis do tipo contínuo.
b) O gráfico de barras representa uma distribuição de 7. (Esaf/TTN) O tipo de gráfico onde mapas são usados
frequências para variáveis categóricas. para apresentar séries geográficas denomina-se
c) O gráfico de setores é apropriado quando se quer a) gráfico de setores.
representar as divisões de um montante total. b) mapoteca.
d) Um histograma pode ser construído utilizando-se, c) organograma.
indistintamente, as frequências absolutas ou relati- d) cartograma.
vas dos intervalos de classe. e) gráfico pictórico.
e) Uma ogiva é obtida ligando-se os pontos médios dos
topos dos retângulos de um histograma.
8. (Cespe/TCDF) Em relação aos tipos de gráficos, assinale
a opção correta.
Considere a distribuição de frequências abaixo, referente a
a) Uma série categórica é melhor representada por um
salários pagos a funcionários de uma empresa, para respon- gráfico de linha.
der à próxima questão.
b) Uma série cronológica é melhor representada por
um gráfico de setores.
Salários Frequências c) Se uma distribuição de frequências apresenta inter-
(em salários mínimos)
Renda Familiar Anual (R$)
simples
Freqüência relativa simples valos de tamanhos desiguais, o melhor gráfico para
Renda 1 | Anual
10.000
Familiar 5
15.000 (R$) 5 relativa
Freqüência
representá-la é um polígono de frequências.
0,20 simples
Renda15.000
10.000 |
Familiar 20.000
6 | 15.000
10 (R$)
Anual 20 0,18 simples
Freqüência 0,20
relativa
d) O gráfico de barras é usado somente para séries
20.000
15.000 |
| 25.000
20.000 50 0,24 simples
0,18
geográficas.
Renda 11 | 15.000
10.000
Familiar 15
Anual (R$) Freqüência 0,20
relativa
25.000 |
20.000
15.000 | 30.000
| 20.000
25.000 20
0,14
0,24
0,18
e) O gráfico de setores é usado para comparar pro-
Renda 16 |
10.000
Familiar
30.000 20 (R$)
15.000
Anual
40.000 Freqüência 0,20
relativa
0,12 simples
25.000
20.000 |
|
| 30.000
25.000 0,14 porções.
15.000
21
10.000
40.000 |
|
| 20.000
25
15.000
50.000 5 0,24
0,18
0,08
0,20
0,12
30.000
25.000 | 40.000
| 30.000
20.000 | 25.000 0,14
15.000
50.000 |
| 20.000
60.000 0,24
0,04
0,18
40.000 | 50.000 0,08
0,12
30.000
25.000 | 40.000
20.000 |
| 30.000
25.000 0,14
0,24 Para responder às duas próximas questões, considere a
4. Assinale o item
50.000
40.000 | correto.
60.000 0,04
0,08
30.000
25.000 | 50.000
|
| 40.000
30.000 0,12
0,14 tabela abaixo, que representa as notas finais obtidas por 30
a) A 50.000
frequência
| relativa
60.000 da segunda 0,04
classe
0,08é 0,25.
40.000 | 50.000
30.000 | 40.000 0,12 alunos de uma classe, em um exame de Língua Portuguesa.
b) Os40.000
dados|
50.000 |acima são insuficientes para0,04
60.000
50.000 a construção
0,08
de50.000
um polígono
| 60.000de frequências. 0,04 NOTAS 0 | 1 1 | 2 2 | 3 3 | 4 4 | 5 5 | 6 6 | 7 7 | 8 8 | 9 9 | 10

c) Os dados acima são insuficientes para a construção Nº DE


ALUNOS 4 3 6 3 0 6 3 2 2 1
de uma ogiva.
d) A frequência relativa acumulada crescente do se-
gundo intervalo de classe é 0,25. 9. Ao construir o gráfico de setores relativo à tabela dada,
o setor correspondente à classe 5 | 6 será de:
5. As áreas dos vários continentes do mundo, em milhões a) 48°
de quilômetros quadrados, estão apresentadas na b) 55°
tabela abaixo. c) 60°
d) 66°
e) 72°
ÁREA
CONTINENTE (em milhões de quilômetros
quadrados) 10. Num gráfico de setores um valor que corresponda a
40% do total de valores da distribuição deve ser repre-
África 30,3 sentado por um setor de:
Eurásia 54,3 a) 9°
América 42,1
b) 40°
Oceania 9,0
Antártida 13,8 c) 144°
d) 162°
Graficamente, estes dados seriam melhor representa-
dos por GABARITO
a) histograma.
b) gráfico de linha.
1. 46,4 milhões
c) ogiva. 2. 35%
d) polígono de frequências. 3. e
e) gráfico de setores. 4. d
5. e
Matemática

6. (Esaf/TTN) O tipo de diagrama de área que procura 6. c


demonstrar a proporção de partes em um todo repre- 7. d
sentado por um círculo é: 8. e
a) gráfico cartesiano. 9. e
b) ogiva de Galton. 10. c

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Medidas de Posição O cálculo da média aritmética para uma série com dados
agrupados em classes é frequentemente denominado de
Introdução média aritmética ponderada, sendo as frequên­cias simples
denominadas, então, de pesos.
As medidas de posição buscam resumir em si carac-
terísticas significativas de distribuição de frequências, de Exemplos:
modo que se conhecermos um conjunto apropriado dessas 1º Determine a média aritmética do seguinte conjunto
medidas tenhamos uma noção razoável da distribuição de de valores: (4, 10, 12, 12, 28, 30)
frequências que as produziu.
São medidas de posição as médias (aritmética, geomé- Solução:
trica, harmônica etc.), a moda, a mediana, os quartis, decis
e os percentis. 4 + 10 + 12 + 12 + 28 + 30 96
Podemos subdividir as medidas de posição em dois x= = = 16
6 6
grupos:
Medidas de tendência central – média 2º Determinar a média aritmética das idades na se-
moda guinte distribuição de frequências:
mediana
Idades Freqüências absolutas
Medidas separatrizes – mediana
quartis (anos) simples
decis 10 | 20 1
percentis
20 | 30 14
Medidas de Tendência Central 30 | 40 23
Entre as diversas medidas de posição destacam-se as 40 | 50 10
chamadas medidas de tendência central ou promédias, assim 50 | 60 2
denominadas porque é em torno desses valores que os dados
observados tendem a se concentrar.
Solução:
Média Aritmética ( ) Numa tabela com dados agrupados, o cálculo da
média usa os pontos médios dos intervalos de
Dada uma série de valores numéricos, chamamos de classes ( Xi ) que são:
média aritmética ao quociente obtido pela divisão da soma
de todos os valores da série pelo número total desses valores. X1 = 15, X2 = 25, X3 = 35, X4 = 45 e X5 = 55

Cálculo da Média Aritmética para Dados não Obs.: Conforme foi visto, o ponto médio é obtido calcu-
Agrupados lando-se a média aritmética entre os limites de sua classe.

Dada uma série numérica com dados não agrupados Assim, a média aritmética das idades será:
(x1, x2, x3, ...., xn), a média aritmética destes n valores será
dada pela expressão: x=
∑( f ⋅ X ) =
1 i

x=
∑x i
=
x1 + x2 + ...+ xn n
1 × 5 + 14 × 25 + 23 × 35 + 10 × 45 + 2 × 55
n n =
50
1.730
onde: x = média aritmética dos valores xi = = 34,6 anos
xi = cada um dos valores observados 50
n = quantidade de valores observados
Propriedades da Média Aritmética
Cálculo da Média Aritmética para Dados Agrupados
1a Se adicionarmos (ou subtrairmos) uma mesma constante
Dada uma distribuição de frequências com dados a todos os valores de uma série, a média aritmética da
agrupados em k classes, a média aritmética dos valores da nova série obtida será igual à média aritmética da série
distribuição será dado pela expressão: original adicionada (ou subtraída) da mesma constante.

x=
∑( f i ⋅ Xi)
=
f1 ⋅ X 1 + f 2 ⋅ X 2 + ... + f k ⋅ X k Exemplo:
n n Calcular a média aritmética da série de valores (5, 15, 25,
35, 75).
onde: fi = frequência absoluta simples da classe i
(poderia ser a relativa) Solução:
Matemática

x = média aritmética Subtraindo 5 de cada um dos valores da série, obteremos


Xi = ponto médio do intervalo de classe i (0, 10, 20, 30, 70) cuja média aritmética é:
k = total de classes da distribuição de frequên­
cias 0 + 10 + 20 + 30 + 70 130
x= = = 26
n = frequência total ( Σfi ) 5 5

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Como os valores da série original são todos 5 unidades Idades Frequências
maiores, sua média aritmética será:
(anos)
Renda Familiar Anual (R$)
absolutas simples
Freqüência relativa simples
Renda 10 | 15.000
10.000
Familiar 20 (R$)
Anual 3 0,20
Freqüência relativa simples
x = 26 + 5 = 31 15.000
10.000
Renda Familiar 20.000
| 15.000
20 | 30 (R$)
Anual 42 0,20
Freqüência 0,18
relativa simples
20.000
15.000 | 25.000
20.000
| 15.000 0,24
69 0,20
0,18
2a Se multiplicarmos (ou dividirmos) por uma mesma cons- 30 |
10.000
Renda Familiar 40
Anual (R$) Freqüência relativa simples
25.000
20.000 |
| 30.000
25.000 0,14
0,24
tante todos os valores de uma série, a média aritmé­tica
15.000
Renda 40
10.000 | 20.000
|
Familiar 50
15.000
Anual (R$) 30 0,18
Freqüência relativa simples
0,20
0,12
30.000
25.000
20.000 |
|
| 40.000
30.000
25.000 0,14
15.000 | 20.000 6 0,24
0,18
da nova série obtida será igual à média aritmética da série 50
10.000 |
40.000 |
30.000 | 60
15.000
50.000
| 30.000
40.000 0,08
0,20
0,12
25.000
20.000 | 25.000 0,14
0,24
15.000
50.000 |
| 20.000
60.000 0,04
0,18
0,08
original multiplicada (ou dividida) pela mesma constante. 40.000
30.000 |
|
25.000 | 50.000
40.000
30.000
| 25.000 0,12
0,14
20.000 0,24
0,04
50.000
40.000
30.000 |
|
| 60.000
50.000
40.000 0,08
0,12
25.000 | 30.000
Solução: 0,14
Exemplo: 50.000 |
40.000 | 60.000
50.000
| 40.000 0,04
0,08
30.000 0,12
Calcular a média aritmética da série de valores (1,7; 3,2; Os pontos médios
50.000 | das classes são: 15, 25,0,08
60.000 35, 45 e 55.
0,04
40.000 | 50.000
Escolhendo k = 35, obteremos os seguintes desvios –20,
0,04
4,5; 4,6) 50.000 | 60.000
–10, 0, 10 e 20, cuja média é:
Solução: ∑( f i ⋅ di ) 3 ⋅ (−20) + 42 ⋅ (−10) + 69 ⋅ (0) + 30 ⋅ (10) + 6 ⋅ (20) − 60
d (35) = = = = −0,4
Multiplicando por 10 os valores da série, obteremos (17, n 150 150
32, 45, 46) cuja média aritmética é:
Então a média real da distribuição é:
17 + 32 + 45 + 46 140
x= = = 35
4 4 x = k + d (k )
x = 35 + (–0,4)
Como os valores da série original são todos 10 vezes
menores, sua média aritmética será: x = 34,6

5a A soma dos quadrados dos desvios calculados em relação


x = 35 ÷ 10 = 3,5 a uma constante k assumirá o seu menor valor (valor
mínimo) quando k for a média aritmética da série.
3a Seja d = x–k o desvio do valor x calculado em relação
à constante k. A soma dos desvios de todos os valores
x de uma série, calculados em relação a uma constante Comentário:
Se considerarmos graficamente o conjunto de todos
k será igual a zero se, e somente se, k for igual à média
os resultados da soma dos quadrados dos desvios para
aritmética da série. cada um dos valores possíveis de k, obteremos uma
parábola cujo ponto de mínimo ocorre exatamente
∑(x i − k) = 0 ⇔ k = x quando k é a média aritmética da série.

Exemplo: Esta propriedade encontra importantes aplicações no


estudo de medidas de dispersão e no método dos míni-
Na série (31, 37, 39, 42, 56) a média aritmética é igual a mos quadrados.
41.
Calculando os desvios de cada um dos valores em relação
Média Geométrica (Mg)
à média da série obtemos:
Numa série numérica com n valores não negativos, (x1;
31−41 = −10 , 37 −41 = −4 , 39 −41 = −2 , x2; ...; xn ), a média geométrica destes n valores será dada
42 −41 = +1 e 56−41 = +15 pela expressão:
m g = n x1 ⋅ x2 ⋅ .....⋅ xn
Como se pode conferir, a soma dos desvios, é igual a zero.

Σ( d ) = (−10)+( −4)+( −2)+( +1)+( +15) = 0 Exemplo:


Calcular a média geométrica da série (1; 2; 32).
4a Seja k um valor qualquer arbitrado como média dos va-
Solução:
lores de uma série ( k = média arbitrada). Se calcular­mos
a média dos desvios em relação a esta média arbitrada, m g = 3 1 ⋅ 2 ⋅ 32 = 3 64 = 4
então a média real da série ( x ) será igual à soma da
média arbitrada com a média dos desvios calculados em
relação a ela. Propriedades da Média Geométrica
x = k + d (k ) , onde d ( k ) =
∑ (x − k)
1a A média geométrica de uma série será igual a zero se
Matemática

n
pelo menos um dos valores da série for zero.

Exemplo: 2a Os valores das médias geométrica e aritmética de um


Determinar a média aritmética das idades na seguinte série serão iguais somente quando todos os valores
distribuição de frequências: da série forem iguais.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
3a Se uma série numérica tiver pelo menos dois valores Deste modo, uma lista de dados numéricos pode, even-
diferentes entre si, então a média aritmética da série tualmente, apresentar uma única moda (unimodal), duas
será maior que a sua média geométrica. modas (bimodal) ou mais (multimodal), podendo também
não ter moda (amodal).
4a Se multiplicarmos todos os valores de uma série nu- A determinação de valores modais deve ser evitada
mérica por uma mesma constante k (k>0), a média quando o número de observações é pequeno. No entanto,
geométrica da nova série assim obtida será igual à objetivando esclarecer o conceito de moda, são comuns as
média geométrica da série original multiplicada pela ilustrações que utilizam listas pequenas.
mesma constante k, ocorrendo situação análoga
quanto à divisão por k. Exemplos:
– A série (2, 2, 3, 3, 3, 4, 5, 6, 7, 8) é unimodal:
5a Se calcularmos a k-ésima potência de todos os termos Mo = 3
de uma série numérica, a média geométrica da nova – A série (10, 11, 11, 13, 13, 13, 14, 15, 15, 15, 15, 16)
série assim obtida será igual à média geométrica da tem duas modas, 13 e 15, sendo por isso denominada
série original elevada à k-ésima potência, ocorrendo série bimodal.
situação análoga quanto à operação de radiciação. – A série (3, 3, 4, 4, 5, 5, 6, 6, 7, 7) não tem moda, sendo
denominada série amodal.
Média Harmônica (Mh)
Determinação da Moda no Caso de Dados
Numa série de números com n valores positivos ( x1; Agrupados
x2; ...; xn), a média harmônica destes n valores será dada
pela expressão Considere a distribuição de frequências das idades de
n n um grupo de 120 indivíduos:
mh = =
 1  1 + 1 + ... + 1
∑  x  x1 x2 xn Idades Nº de
 i
(anos) Indivíduos
10 | 15 8
Em palavras:
15 | 20 22
20 | 25 34
“a média harmônica é o inverso da média aritmé­tica
25 | 30 26
dos inversos dos valores da série”. 30 | 35 15
35 | 40 11
Exemplo: 40 | 45 4
Calcular a média harmônica da série (3; 4; 6).

Solução: Assumimos que a moda está compreendida na classe 20


3 3 12 | 25, pois é a que reúne o maior número de indivíduos. Esta
mh = = = 3× = 4 classe é denominada classe modal, enquanto a fre­quência
1 1 1  9  9
 + +    simples da mesma é chamada de frequência modal.
 3 4 6   12  É muito importante observarmos que, numa tabela com
dados agrupados em classes, a determinação da classe modal
Propriedades da Média Harmônica a partir da comparação direta dos valores das frequências
simples só é possível quando todas as classes tiverem a
1a Se multiplicarmos (ou dividirmos) por uma mesma mesma amplitude. Este é o caso mais comum, sendo, aliás,
constante todos os valores de uma série, a média o único citado pela grande maioria dos autores.
harmônica da nova série obtida será igual à média Caso as classes tivessem amplitudes distintas, a deter-
harmônica da série original multiplicada (ou dividida) minação da classe modal deveria levar em conta a densidade
pela mesma constante. de cada classe, que é determinada dividindo-se a frequência
simples da mesma pela sua amplitude.
2a Os valores das médias harmônica, geométrica e arit- Apresentaremos, a seguir, três métodos distintos de
mética de uma série serão iguais somente quando determinação da moda.
todos os valores da série forem iguais.
Moda Bruta
3a Se uma série numérica tiver, pelo menos, dois valores
diferentes entre si, então a média aritmética da série A moda bruta é o ponto médio da classe modal.
será maior que a sua média geométrica e esta será Portanto, para a distribuição de frequências apresen­
maior que a média harmônica da série. tada anteriormente, a moda bruta é 22,5 anos, pois este é
o ponto médio do intervalo 20 | 25, que é o intervalo da
Moda (Mo) classe modal.
Embora seja bastante simples, o cálculo da moda bruta
Dada uma série estatística qualquer, chamamos de é muito impreciso, pois não considera a influência das fre-
moda ou valor modal o valor da série para o qual se verifica quências das classes vizinhas sobre o valor da moda.
Matemática

a maior frequência simples.


No caso de dados numéricos, o conceito de moda é es- Fórmula de Czuber
tendido para qualquer valor do rol que apresente frequência
simples maior que as dos valores vizinhos a ele. Dizemos que A fórmula de Czuber é considerada a mais precisa para
tais valores estão associados a picos de frequência. o cálculo da moda numa tabela com dados agrupados em

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classes. Nela, consideram-se as variações das frequên­cias No mesmo exemplo usado anteriormente, temos:
das classes vizinhas à classe modal em relação à frequência
da própria classe modal. lmo = 20
Dada uma distribuição de frequências com dados agru- c = 5
pados em classes de mesma amplitude, a determinação da fant = 22
moda, pela fórmula de Czuber, será obtida pela expressão: fpos = 26

Assim, a fórmula de King nos dá:


 ∆1 
Mo =  mo + c ⋅  
 ∆1 + ∆ 2   26 
Mo = 20 + 5 ⋅  
 22 + 26 
onde: lmo = limite inferior da classe modal. Mo = 20 + 2,708 ...
c = amplitude do intervalo da classe modal. Mo ≅ 22,7 anos
∆1 = diferença entre as frequências simples
das classes modal e anterior à modal. (Compare também este resultado com os valores
∆2 = diferença entre as frequências simples obtidos com as fórmulas de Czuber e da moda bruta)
das classes modal e posterior à modal.
Determinação Gráfica da Moda
Na distribuição apresentada anteriormente, temos:
Pode-se determinar graficamente a posição da moda
lmo = 20 no histograma representativo de uma distribuição de fre-
quências simples.
c =5
O método descrito a seguir é o equivalente geométrico
∆1 = 34 – 22 = 12 da fórmula de Czuber.
∆2 = 34 – 26 = 8

Portanto: A B
D
 12 
Mo = 20 + 5 ⋅  
 12 + 8  C
12
Mo = 20 + 5 ⋅
20
60
Mo = 20 + Mo
20
Mo = 20 + 3 = 23 anos 1o A partir dos vértices superiores do retângulo cor-
respondente à classe modal (A e B), traçamos os
segmentos concorrentes AC e BD, ligando cada um
(Compare o resultado obtido com o valor da
deles ao vértice superior adjacente do retângulo
moda bruta, observando a diferença) correspondente a uma classe vizinha, conforme
ilustrado na figura.
Fórmula de King 2o A partir da interseção dos segmentos AC e BD, bai-
xamos uma perpendicular ao eixo horizontal, deter-
A fórmula de King baseia-se apenas na influência das minando o ponto Mo que indica a moda.
frequências das classes adjacentes à classe modal sobre o
valor da moda, não considerando a frequência da própria Mediana (Md)
classe modal. É menos precisa que a fórmula de Czuber,
devendo, portanto, o seu uso ficar restrito aos casos onde Mediana é o valor que separa um rol em duas partes
com a mesma quantidade de ocorrências.
seja expressamente pedida.
A mediana, portanto, será sempre um número que,
Dada uma distribuição de frequências com dados agru- num conjunto ordenado de dados, tenha 50% dos valores
pados em classes, a determinação da moda, pela fórmula de menores ou iguais a ele , sendo os outros 50% maiores ou
King, será dada pela expressão: iguais a ele. Ocupa, quanto ao número de elementos do rol,
uma posição central no mesmo.
 f pos 
Mo =  mo + c ⋅   Cálculo da Mediana numa Série com Dados Não
f +f 
 ant pos  Agrupados
I - Quando a quantidade de dados for ímpar:
onde: lmo = limite inferior da classe modal.
Neste caso a mediana será o valor do dado que, no
Matemática

c = amplitude do intervalo da classe modal. rol, tem a mesma quantidade de ocorrências antes
fant = frequência da classe anterior à classe e depois de si.
modal.
fpos = frequência da classe posterior à classe Exemplo:
modal. Na série (5, 10, 15, 16, 20, 40, 40) a mediana é 16.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
II - Quando a quantidade de dados for par: Podemos observar na tabela anterior que a classe
Neste caso a mediana será a média aritmética dos mediana será a terceira, pois ali encontramos o
dois valores mais centrais do rol, quanto ao número primeiro valor de frequência acumulada crescente
de ocorrências. com pelo menos 50% das ocorrências.

Exemplo: 3º O valor de ∆ é o valor que deveríamos ter na fre-


Na série (13, 15, 17, 19, 25, 30) os dois valores quência simples da classe mediana para conseguir
mais centrais do rol são 17 e 19, sendo 18 a média uma frequência acumulada de 50% (13 ocorrências,
aritmética entre eles. Assim, a mediana é 18. em vez das 15 que ali encontramos):

Note que, neste caso, a mediana é um valor teórico, Alturas Frequências


Freqüências Frequências
Freqüências
(cm) simples acumuladas
isto é, que não pertence realmente ao rol.
50 | 60 2 2
60 | 70 5 7
Cálculo da Mediana numa Distribuição com
70 | 80 ∆=6 13
Dados Agrupados em Classes 80 | 90 - -
90 | 100 - -
Dada uma distribuição de frequências com dados agru-
pados em classes, o valor da mediana pode ser obtido com
a seguinte expressão: 4o Resumindo os valores encontrados e substituindo-
-os na fórmula que nos dá a mediana temos:
 ∆ 
Md =  md + c ⋅  
 f md  l md = 70
c = 10
onde: lmd = limite inferior da classe mediana, isto é, fmd = 8
da 1a classe que apresentar frequências ∆= 6
acumuladas maiores ou iguais a 50%
6
c = amplitude do intervalo da classe me­diana Md = 70 + 10 ⋅  
fmd = frequência simples da classe mediana 8
∆ = parcela da fmd necessária para acumular Md = 70 + 7,5
50% na classe mediana
Md = 77,5 centímetros
Exemplo:
A tabela abaixo apresenta a distribuição das alturas de Determinação Gráfica da Mediana
26 pés de certo arbusto, aos quatro meses de idade.
Determinar a altura mediana desta distribuição. Uma vez que os números de elementos abaixo e acima da
mediana são iguais, podemos concluir que a media­na é o valor
para o qual as frequências acumuladas crescente e decres-
Alturas
Frequências simples cente são iguais, o que nos permite localizar graficamente a
(cm)
Renda Familiar Anual (R$)
Freqüência relativa simples mediana utilizando as ogivas, que são os gráficos que registram
Renda Familiar Anual
60 (R$)
50 | 15.000
10.000 2 0,20
Freqüência relativa simples as frequências acumuladas, conforme observamos abaixo.
Renda Familiar Anual
70 (R$)
60 | 15.000
15.000
10.000 20.000 5 0,20
Freqüência relativa simples
0,18
20.000
Renda Familiar 25.000
Anual
80 (R$)
70 | 15.000
15.000
10.000 20.000 8 0,20
Freqüência relativa simples
0,24
0,18 Ogivas - Crescente e Decrescente
25.000
20.000
Renda Familiar 30.000
25.000
Anual
90 (R$)
80 | 20.000
15.000
10.000 15.000 7 0,18
Freqüência 0,14
relativa simples
0,24
0,20
30.000
25.000
20.000 40.000
30.000
90 | 25.000
15.000
10.000 100
20.000
15.000 0,12
4 0,24
0,14
0,18
0,20
40.000 | 30.000
30.000
25.000
20.000
15.000 50.000
40.000
25.000
20.000 0,08
0,12
0,14
0,24 fac
0,18
50.000
40.000
30.000
25.000 | 60.000
50.000
40.000
30.000 0,04
0,08
0,12
0,14
20.000
Solução: 25.000 0,24 100%
50.000 | 50.000
40.000
30.000
25.000 60.000
40.000
30.000 0,04
0,08
0,12
0,14
50.000
40.000
30.000 | 60.000
50.000
40.000 0,04
0,08
0,12
1º A mediana deve ter 50% das ocorrências
0,04
0,08
menores
50.000 | 50.000
40.000 60.000 50%
ou iguais a ela. Como o total de ocorrências
0,04 da
50.000 | 60.000
tabela acima é 26 devemos ter:

50% de 26 = 13 ocorrências Md
2º Na prática, em vez de calcularmos as frequên­cias
acumuladas crescentes e as decrescentes, podemos A linha vertical traçada a partir do ponto de cruzamento
tomar a primeira classe que apresentar frequência das duas ogivas, indica a localização da mediana sobre o
acumulada crescente com pelo menos 50% das ocor- eixo da variável.
rências. No nosso exemplo, 13 ou mais ocorrências.
Posições Relativas entre Média Aritmética, Moda
Alturas Frequências
Freqüências Frequências
Freqüências e Mediana
(cm) simples acumuladas
acumuladas
Matemática

50 | 60 2 2 Dada uma distribuição de frequências unimodal, uma,


60 | 70 5 7 e somente uma, das três situações abaixo ocorrerá:
70 | 80 fmd = 8 15
1o A distribuição é simétrica – neste caso, teremos um
80 | 90 7 22
mesmo valor para a média aritmética, a moda e a
90 | 100 4 26 mediana.

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f O segundo quartil, Q2, será o valor que, num conjunto
ordenado de dados, tenha 50% dos elementos menores ou
iguais a ele, sendo os outros 50% maiores ou iguais a ele.
Corresponde, portanto, à mediana.
O terceiro quartil, Q3, será o valor que, num conjunto
ordenado de dados, tenha 75% dos elementos menores ou
iguais a ele, sendo os outros 25% maiores ou iguais a ele.

Cálculo dos Quartis numa Distribuição com Dados


Agrupados em Classes
Mo = Md = x
Numa distribuição de frequências com dados agrupados
2o A distribuição é assimétrica à direita – neste caso, a em classes, o valor de um quartil pode ser obtido com a mes-
média aritmética será maior que a mediana e esta, ma fórmula apresentada para o cálculo da mediana, bastando
maior que a moda. apenas lembrar que o valor de ∆ passa a ser a frequência
simples de uma dada classe necessária para obter-se uma
f frequência acumulada crescente igual a 25%, 50% ou 75%,
conforme queiramos calcular Q1, Q2 ou Q3, respectivamente.

Decis
Denominamos decis aos valores D1, D2 .... D9 que se-
param um rol em dez partes com a mesma quantidade de
ocorrências em cada uma (10% em cada uma).
O primeiro decil, D1, será o valor que, num conjunto
Mo Md x ordenado de dados, tenha 10% dos elementos menores
ou iguais a ele, sendo os outros 90% maiores ou iguais a ele.
O quinto decil, D5, será o valor que, num conjunto
3o A distribuição é assimétrica à esquerda – neste caso, ordenado de dados, tenha 50% dos elementos menores ou
a média aritmética será menor que a mediana e esta, iguais a ele, sendo os outros 50% maiores ou iguais a ele.
menor que a moda. Corresponde, portanto, à mediana.
f
Centis ou Percentis

Denominamos centis ou percentis aos valores C1, C2


.... C99 que separam um rol em cem partes com a mesma
quantidade de ocorrências em cada uma (1% em cada uma).
O segundo centil, C2, será o valor que, num conjunto
ordenado de dados, tenha 2% dos elementos menores ou
iguais a ele, sendo os outros 98% maiores ou iguais a ele.
x Md Mo O quinquagésimo centil, C50, será o valor que, num
conjunto ordenado de dados, tenha 50% dos elementos
menores ou iguais a ele, sendo os outros 50% maiores ou
Relação de Pearson entre Média Aritmética, iguais a ele. Corresponde, portanto, à mediana.
Moda e Mediana
Cálculo de Decis e Centis em Distribuições com
Se uma distribuição de frequências com dados agru-
pados em classes for unimodal e pouco assimétrica, então Dados Agrupados em Classes
pode ocorrer a seguinte relação:
Nas distribuições de frequências com dados agrupados
em classes, o valor de um decil ou de um centil qualquer
x − Mo ≅ 3 ⋅ ( x − Md ) pode ser obtido com a mesma fórmula apresentada para o
cálculo da mediana, procedendo-se de forma análoga àquela
Interpretada graficamente, esta relação mostra que indicada para o cálculo dos quartis.
a distância da média aritmética até a moda é o triplo da
distância da média aritmética até a mediana. Propriedade das Medidas de Posição
Por ser uma relação empírica, seu uso deve ficar restrito
aos casos onde seja expressamente pedida. 1a Se adicionarmos (ou subtrairmos) uma mesma
constante a todos os valores de uma série, a média
Quartis aritmética, a moda e as separatrizes (mediana,
quartis, decis e centis) ficarão todas adicionadas (ou
subtraídas) da mesma constante.
Denominamos quartil a cada um dos valores Q1, Q2
Matemática

e Q3 que separam um rol em quatro partes com a mesma 2a Se multiplicarmos (ou dividirmos) por uma mesma
quantidade de ocorrências em cada uma (25% em cada uma). constante todos os valores de uma série, a média
O primeiro quartil, Q1, será o valor que, num conjunto aritmética, a moda e as separatrizes (media­na,
ordenado de dados, tenha 25% dos elementos menores ou quartis, decis e centis) ficarão todas multiplicadas
iguais a ele, sendo os outros 75% maiores ou iguais a ele. (ou divididas) pela mesma constante.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Exercícios Propostos 11. No cálculo da média aritmética pelo processo breve, a
parcela de correção representa
Médias a) a moda dos desvios.
b) o somatório dos desvios.
1. A média aritmética, operacionalmente, é a razão entre c) a média dos desvios.
a) o número de valores e o somatório deles. d) a mediana dos desvios.
b) o somatório dos valores e o número deles.
c) os dois valores centrais. 12. (Esaf/TTN) Em uma corretora de valores foram nego-
d) os valores extremos. ciados os seguintes títulos:

2. A soma algébrica dos desvios entre cada valor e a média DESCRIÇÃO QUANTIDADE
aritmética TÍTULOS DE CR$ 20.000 18
a) é sempre diferente de zero. TÍTULOS DE CR$ 10.000 8
b) pode ser igual a zero. TÍTULOS DE CR$ 4.000 2
c) é sempre positiva.
d) pode ser negativa. Corretamente calculado, o valor médio dos títulos
negociados é
3. Na série (100, 80, 90, 70, 60, 5, zero), a grandeza dos a) Cr$ 15.000. d) Cr$ 13.000.
dois últimos valores (5 e zero) prejudica b) Cr$ 16.000. e) Cr$ 12.000.
a) o cálculo da mediana. c) Cr$ 14.000.
b) a representatividade da média aritmética.
c) a determinação do lugar mediano. Para responder à próxima questão, considere a tabela abaixo,
d) o cálculo da moda. que representa as notas finais obtidas por 30 alunos de uma
classe, em um exame de Língua Portuguesa.
4. A média aritmética deve ser utilizada quando
a) se quer o valor que divide a série em duas partes NOTAS 0 | 1 1 | 2 2 | 3 3 | 4 4 | 5 5 | 6 6 | 7 7 | 8 8 | 9 9 | 10
Nº DE
iguais. ALUNOS 4 3 6 3 0 6 3 2 2 1
b) não houver valores extremos influenciando no seu
resultado. 13. (Metrô-DF) A média aritmética da turma é
c) se quer saber qual o valor mais frequente. a) 4,2 b) 4,5 c) 4,6 d) 4,7 e) 5,0
d) se quer saber o valor mais alto.
14. (IDR-DF/AFCE) Uma repartição pública realizou uma
5. Considerando a série de valores (50, 80, 70, 40, 30) tomada de preços antes de adquirir uma grande quan-
cuja média é 54, a soma algébrica dos desvios em tidade de grampeadores de mesa. Seis fornecedores
torno dela é apresentaram propostas com preços unitários de: 12;
a) 10. b) zero. c) 10. d) 20. 12; 10; 8; 9 e 9 reais, respectivamente. Pode-se afirmar
que a média destes preços é
6. Comparando a soma das distâncias entre a média a) 8 b) 9 c) 10 d) 12
aritmé­tica e os valores acima dela com a soma das
distâncias entre a média aritmética e os valores abaixo 15. (Esaf/TTN)De acordo com a distribuição de frequência
dela, podemos dizer que serão iguais transcrita a seguir, pode-se afirmar que
a) qualquer que seja a média aritmética da série.
b) quando a média for igual à mediana.
c) quando a média for baixa. Diâmetro Frequências simples
d) quando a média for alta. (cm)
Renda Familiar Anual (R$)
absolutas
Freqüência relativa simples
Renda Familiar Anual (R$) 6 0,20
Freqüência relativa simples
4
10.000 | 6
15.000
7. O valor 50 é a média aritmética da série Renda Familiar Anual (R$) 8 relativa
Freqüência
a) 20, 30, 40, 50, 60. c) 20, 50, 50, 60, 70. 6 | 15.000
15.000
10.000 8
20.000 0,20 simples
0,18
20.000
Renda Familiar
15.000
10.000 25.000
Anual
10 (R$)
| 15.000
8 | 20.000 12 0,20
Freqüência relativa
0,24 simples
0,18
b) 20, 50, 50, 60, 80. d) 20, 50, 70, 80, 90. 25.000
20.000
Renda Familiar 30.000
25.000
Anual 10 0,20
0,14 simples
10 |
15.000
10.000 12 (R$)
| 15.000
20.000 Freqüência relativa
0,24
0,18
30.000
25.000
20.000
12 |
15.000
10.000 40.000
30.000
| 15.000
25.000
14
20.000 0,12
4 0,20
0,14
0,24
0,18
8. Numa série de dados numéricos a média arbitrária é 0,08
40.000 |
30.000
25.000
20.000
15.000 50.000
40.000
| 25.000
30.000
20.000 0,12
0,14
0,24
0,18
escolhida 0,04
0,08
50.000
A média
30.000
25.000
20.000 60.000da distribuição é igual
aritmética
40.000 50.000
| 25.000
| 40.000
30.000 0,12
a
0,14
0,24
a) entre os dados da série. 0,04
0,08
50.000
a) 9,15cm.
40.000
30.000
25.000 |
| 60.000
30.000 c) 8,80cm.
50.000
40.000 e) 8,90cm.
0,12
0,14
b) verificando-se qual é o maior dado. 0,04
0,08
c) calculando-se o lugar mediano. b) 9,00cm.
40.000
30.000 60.000 d) 8,70cm.
50.000 | 40.000
50.000 0,12
50.000
40.000 | 60.000
50.000 0,04
0,08
d) como um dos seus dados extremos. 16. (Esaf/TTN)
50.000 De
| acordo
60.000 com a distribuição 0,04
de frequência
9. No cálculo da média aritmética pelo processo breve, transcrita a seguir, pode-se afirmar que:
escolhendo-se uma média arbitrária maior que a ver-
Pesos Freqüências simples
dadeira, a parcela de correção será (kg) absolutas
a) nula. c) positiva. 2 | 4 9
b) igual à unidade. d) negativa. 4 | 6 12
6 | 8 6
Matemática

10. A soma algébrica dos desvios, calculados em torno da 8 | 10 2


média arbitrária 10 | 12 1
a) é sempre igual a zero.
b) pode ser igual a zero. A média aritmética da distribuição é igual a
c) é sempre negativa. a) 5,30kg. c) 5,24kg. e) 5,19kg.
d) é sempre positiva. b) 5,27kg. d) 5,21kg.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
17. Para uma série composta de 6 elementos foram cal­ Moda
culados os seguintes desvios em relação à média arit-
mética da mesma: −16, −11, −5, 4, 13 e 16. Com base 1. A curva “X” representa uma distribuição de frequências:
nestas informações podemos afirmar que
a) o cálculo da média está necessariamente incorreto.
b) o cálculo dos desvios está necessariamente incorreto.
c) se o cálculo da média estiver correto então o cál­culo
dos desvios estará necessariamente incorreto.
d) nada se pode afirmar sobre a média ou sobre os
desvios apresentados.

18. Uma série composta de 6 elementos teve a sua média


arbitrada em 16 e, a partir dela, foram calculados os
seguintes desvios: −14, −10, −8, −8, 10 e 6. O valor real a) bimodal. c) multimodal.
da média aritmética é b) amodal. d) unimodal.
a) 24 b) –8 c) 12 d) 20
2. A empresa ‘‘Cerrado’’ distribuiu seus empregados nas
19. Os rendimentos mensais de quatro indivíduos são: faixas salariais abaixo, em salários mínimos:
R$ 200,00, R$ 230,00, R$ 250,00 e R$ 970,00. Sobre a
média aritmética destes rendimentos pode-se afirmar Faixa Salarial Número de
que (sal. mínimos) Empregados
a) é uma medida típica dos valores dados.
b) é uma medida bastante representativa dos valores 1 5 15
dados. 5 9 40
c) não é uma medida representativa dos valores dados 9 13 10
pois está afetada pelo valor extremo R$ 970,00. 13 17 5
d) é mais representativa que a mediana da série.
O salário modal da empresa é aproximadamente
20. Dados os conjuntos A (1, 2, 3, 4, 5) e B (201, 202, 203, a) 7 salários mínimos.
204, 205), é correto afirmar que b) 40 salários mínimos.
a) as médias aritméticas de A e B são iguais. c) 6,82 salários mínimos.
d) 9 salários mínimos.
b) a média aritmética de A é 200 unidades maior que
a de B.
3. Na série (50, 80, 70, 50, 40), a moda será
c) a média aritmética de A é 200 vezes menor que a
a) 40 b) 50 c) 56 d) 80
de B.
d) a média aritmética de A é 200 unidades menor que 4. (Esaf/TTN) Dada a seguinte distribuição, onde fi é a
a de B. frequência simples absoluta da i-ésima classe, então
21. A média aritmética de um conjunto com 20 elementos é Classes f1
30 e a média aritmética de um outro com 80 elementos 2 | 4 2
é 70. Então a média aritmética dos elementos dos dois 4 | 6 8
conjuntos reunidos é igual a 6 | 8 10
a) 62 b) 50 c) 46 d) 41 8 | 10 8
10 | 12 4
22. Sejam X = média aritmética, Y = média harmônica e Z =
média geométrica de um mesmo conjunto de valores,
a) a distribuição é simétrica e o número de classes é 5.
é correto afirmar que
b) a distribuição é assimétrica e bimodal.
a) X ≥ Y ≥ Z. c) X ≥ Z ≥ Y. c) a média aritmética é 6,4.
b) Z ≥ Y ≥ X. d) Y ≥ Z ≥ X. d) por ser a maior frequência, a moda é 10.
e) o ponto médio da 3ª classe e a moda são iguais.
23. A média harmônica dos números 12, 15, 30 e 60 é
igual a 5. (Esaf/TTN)De acordo com a distribuição de frequência
a) 18 b) 20 c) 22 d) 25 transcrita a seguir, pode-se afirmar que:

GABARITO Diâmetro Frequências simples


Médias (cm)
Renda Familiar Anual (R$)
absolutas
Freqüência relativa simples
Renda Familiar Anual
4 | 15.000
10.000 6 (R$) 6 0,20
Freqüência relativa simples
1. b 9. d 17. c Renda Familiar
15.000
10.000 Anual
8
6 | 20.000
15.000 (R$) 8 relativa
Freqüência 0,18 simples
0,20
2. b 10. b 18. c 20.000
Renda Familiar
8 |
15.000
10.000 25.000
Anual
10 (R$)
20.000
| 15.000 12 0,20
Freqüência relativa
0,24 simples
0,18
3. b 11. c 19. c 25.000
20.000
Renda Familiar
10 |
15.000
10.000 30.000
| 15.000
25.000
Anual
12 (R$)
20.000 10 0,20
Freqüência 0,14
relativa
0,24 simples
0,18
30.000
25.000
20.000 | 40.000
30.000
25.000 4 0,12
0,14
Matemática

4. b 12. b 20. d 12 15.000


15.000
10.000 | 14
20.000 0,24
0,18
0,20
40.000
30.000 |
25.000
20.000
15.000 50.000
| 20.000
40.000
30.000
25.000 0,08
0,12
0,14
0,24
5. b 13. a 21. a 0,18
0,04
0,08
A moda 50.000
40.000
30.000
25.000
20.000 |
| 60.000
50.000
40.000
30.000
25.000
da distribuição 0,12
0,14
0,24
é aproximadamente igual a
6. a 14. c 22. c 0,04
0,08
50.000
40.000
30.000
25.000
a) 9,5 cm. |
| 60.000
50.000
40.000
30.000 d) 9,6 cm. 0,12
0,14
7. c 15. e 23. b 0,04
0,08
50.000
b) 9,740.000
30.000
cm. 60.000 e) 9,4 cm.
| 50.000
40.000 0,12
8. a 16. b 50.000 60.000 0,04
0,08
40.000
c) 9,3 cm. | 50.000
50.000 | 60.000 0,04

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6. A série (40, 60, 70, 80 ,90, 40, 70) é O salário mediano da empresa é
a) amodal. a) 7 salários mínimos.
b) bimodal. b) 40 salários mínimos.
c) unimodal. c) 6,82 salários mínimos.
d) multimodal. d) 9 salários mínimos.

7. A moda bruta é 5. (Esaf/TTN) Considere as medianas dos grupos abaixo.


a) o ponto médio da classe central. Grupo I: 10, 6, 30, 2, 5, 8.
b) o ponto médio da classe de maior frequência. Grupo II: 7, 4, 2, 10, 7, 15.
c) um ponto médio qualquer escolhido arbitraria­mente. Grupo III: 5, 9, 7, 33, 18, 4.
d) nenhuma das respostas acima. Grupo IV: 6, 9, 4, 10, 10, 11.

8. A moda de Czuber é calculada utilizando Os grupos que têm a mesma mediana são
a) todos os dados da distribuição. a) I e II.
b) os dados centrais da distribuição. b) II e III.
c) os dados que estão em torno da classe de maior c) III e IV.
frequência. d) I e III.
d) os dados extremos. e) II e IV.

9. Se as frequências das classes adjacentes à classe modal 6. Na série (20, 30, 40, 60, 50, 80, 80) a mediana será
forem iguais, poderemos afirmar que a) 40 b) 50 c) 60 d)80
a) a moda de Czuber será maior que a moda bruta.
b) a moda de Czuber será maior que a moda de King. 7. (Esaf/TTN) De acordo com a distribuição de frequência
c) a moda bruta será igual à moda de Czuber. transcrita a seguir, pode-se afirmar que:
d) a moda bruta será maior que a moda de King.
Pesos Frequências simples
10. Se a frequência da classe anterior à classe modal for (kg) absolutas
Renda Familiar Anual (R$) Freqüência relativa simples
maior que a frequência da classe posterior à classe
modal, poderemos afirmar que Renda Familiar Anual
2 | 15.000
10.000 4 (R$) 9 0,20
Freqüência relativa simples
a) a moda de King será menor que a moda de Czuber. Renda Familiar Anual
4 | 15.000
15.000
10.000 6
20.000 (R$) 12 0,20
Freqüência relativa simples
0,18
b) a moda de Czuber será menor que a moda de King. 20.000
Renda Familiar 25.000
Anual
6 | 20.000
15.000
10.000 8
15.000 (R$) 6 0,24
Freqüência relativa simples
0,18
0,20
c) a moda de King será menor que a moda bruta.
25.000
20.000
Renda Familiar
8 |
15.000
10.000 30.000
| 15.000
25.000
Anual
10 (R$)
20.000 2 0,20
Freqüência 0,14
relativa simples
0,24
0,18
30.000
25.000
10 |
20.000
15.000
10.000 40.000
30.000
25.000
12
| 20.000
15.000 0,12
1 0,18
0,14
0,24
d) as modas de King, Czuber e bruta serão iguais. 0,20
40.000 |
30.000
25.000
20.000
15.000 50.000
| 25.000
40.000
30.000
20.000 0,08
0,12
0,14
0,24
0,18
50.000
40.000
25.000 |
30.000 da 60.000
50.000
40.000 0,04
0,08
0,12
0,14
20.000
A mediana | 30.000
25.000
distribuição é igual a 0,24
GABARITO 50.000
40.000
30.000
25.000
a) 5,20kg. | 60.000
50.000
40.000
30.000 0,04
0,08
0,12
0,14
50.000
40.000
30.000 | 60.000
50.000
40.000 0,04
0,08
0,12
b) 5,30kg. 0,04
50.000
40.000 | 60.000
50.000 0,08
1. c 3. b 5. c 7. b 9. c c) 5,00kg.
50.000 | 60.000 0,04
2. c 4. e 6. b 8. c 10. c d) um valor inferior a 5kg.
e) 5,10kg.
Mediana 8. (Esaf/TTN) De acordo com a distribuição de frequência
transcrita a seguir, pode-se afirmar que:
1. Na série (15, 20, 30, 40, 50) há, abaixo da mediana,
a) 2 valores. c) 3,5 valores.
Diâmetro Frequências simples
b) 3 valores. d) 4 valores.
(cm)
Renda Familiar Anual (R$)
absolutas
Freqüência relativa simples
2. Na série (10, 20, 40, 50, 70, 30, 0), a mediana será Renda Familiar Anual
4 | 15.000
10.000 6 (R$) 6 0,20
Freqüência relativa simples
a) 20 b) 30 c) 40 d) 50 Renda Familiar Anual
6 | 15.000
15.000
10.000 8
20.000 (R$) 8 relativa
Freqüência 0,18 simples
0,20
20.000
Renda Familiar
15.000
10.000 25.000
Anual
10 (R$)
| 15.000
8 | 20.000 12 0,20
Freqüência relativa
0,24 simples
0,18
3. (IDR-DF/AFCE) Um órgão público divide suas despesas 25.000
20.000
Renda Familiar
10 |
15.000
10.000 30.000
25.000
Anual
12 (R$)
| 15.000
20.000 10 0,20
Freqüência 0,14 simples
relativa
0,24
0,18
em doze rubricas diferentes. Os valores (em 1.000 reais) 30.000
25.000
20.000
12 |
15.000
10.000 40.000
| 15.000
30.000
25.000
14
20.000 0,12
4 0,20
0,14
0,24
0,18
40.000 |
30.000
25.000 50.000
40.000
| 25.000
30.000 0,08
0,12
0,14
orçados por rubrica para o próximo ano, em ordem 20.000
15.000 20.000 0,24
0,18
50.000
40.000
30.000
25.000 60.000
| 25.000
50.000
40.000
30.000 0,04
0,08
0,12
0,14
crescente, são: 20; 22; 28; 43; 43; 43; 61; 61; 61; 64; 20.000 |
A mediana da distribuição 0,24
50.000
40.000
30.000
25.000 |
| 60.000
50.000
40.000
30.000 0,04
0,08
0,12
0,14
72 e 82. Pode-se afirmar, então, que a mediana destes a) é equidistante da média aritmética e 0,04
da moda.
50.000
40.000
30.000 | 60.000
50.000
40.000 0,08
0,12
valores é b) é igual à média aritmética.
50.000 0,04
0,08
a) 43 b) 50 c) 52 d) 61 40.000 |
c) é inferior à 60.000
50.000
média aritmética. 0,04
50.000 | 60.000
d) coincide com o ponto médio de um intervalo de
4. A empresa ‘‘Cerrado’’ distribuiu seus empregados nas classe.
faixas salariais abaixo, em salários mínimos: e) pertence a um intervalo de classe distinto do que
contém a média aritmética.
Faixa Salarial Número de
Matemática

(Sal. mínimos) Empregados GABARITO


1 | 5 15
5 | 9 40
10 1. a 3. c 5. a 7. c
9 | 13
5
2. b 4. a 6. b 8. d
13 | 17

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Exercícios Complementares sobre c) A amplitude total é 7 e a moda é 8.
d) A média aritmética é 10 e amplitude total é 7.
Médias, Moda e Mediana e) A mediana é 12 e a amplitude total é 7.
1. As medidas de tendência central
11. (IDR-DF/AFCE) As afirmativas abaixo
a) separam a distribuição em duas partes iguais.
I - Metade dos valores de um conjunto são maiores e
b) representam o valor mais frequente da série.
metade são menores que ela.
c) resumem a série com valores representativos.
d) dão o centro de equilíbrio da série. II - Ela é influenciada pelos valores extremos dos con-
juntos.
2. Os valores típicos (média aritmética, moda e me­diana) III - Ela é o valor mais frequente em um conjunto.
tendem a se localizar correspondem, respectivamente, a
a) entre os maiores valores da série. a) mediana, moda e média.
b) entre os menores valores da série. b) média, mediana e moda.
c) na região central da série. c) moda, mediana e média.
d) nos extremos da série. d) média, moda e mediana.
e) mediana, média e moda.
3. A medida que tem o mesmo número de valores abaixo
e acima dela, num rol, é 12. (Esaf/TTN) Assinale a opção correta.
a) a moda. a) A moda é uma medida de posição que permite dividir
b) a média. a distribuição em duas partes de igual fre­quência.
c) a mediana. b) A média harmônica é a média geométrica dos inver-
d) o lugar mediano. sos das determinações da variável.
c) A média aritmética não é influenciada pelos valores
4. Quando queremos verificar a questão de uma prova extremos da distribuição.
que apresentou maior número de erros, utilizamos d) A moda e a mediana são influenciadas pelos valores
a) média. extremos da distribuição.
b) mediana. e) A moda, a mediana e a média aritmética são expres-
c) moda. sas na mesma unidade de medida da variável a que
d) qualquer uma delas. se referem.

5. Num rol, cinquenta por cento dos dados de uma distri- 13. A tabela abaixo mostra a distribuição de frequências
buição se situam do número de dependentes para um conjunto de 100
a) abaixo da média aritmética. trabalhadores.
b) abaixo da moda.
c) acima da média aritmética. Número de Dependentes Frequências
d) acima da mediana.
1 10
6. O centro de equilíbrio de uma série é apresentado 2 10
através 3 10
a) da média aritmética. 4 10
b) do lugar mediano. 5 20
c) da mediana. 6 40
d) da moda.
Assinale o item correto.
7. Na série (90, 95, 100, 85, 0), a medida tendência central a) A mediana da distribuição acima é igual a 6.
mais adequada é b) A moda da distribuição acima é igual a 40.
a) a média. c) Trinta por cento dos trabalhadores têm 2 ou menos
b) a mediana. filhos.
c) a moda. d) A moda da distribuição acima é igual a 6.
d) qualquer uma delas. e) Na distribuição acima, a média, a moda e a mediana
coincidem.
8. Na série (20, 70, 50, 70, 80, 90, 100, 30), o dado 70 é:
a) média aritmética, mediana e moda. 14. A distribuição de frequências abaixo refere-se a salários
b) média aritmética e mediana. pagos a funcionários de uma empresa.
c) média aritmética e moda.
d) mediana e moda. Salários
Frequências
(em salários mínimos)
9. Na série (70, 60, 80, 90, 100), o valor 80 será a
a) média e a mediana. 1 5 5
b) média e a moda. 6 10 20
c) mediana e a moda. 11 15 50
16 20 20
Matemática

d) a média, a moda e a mediana.


21 25 5
10. (ESAF/TTN) Assinale a alternativa correta, considerando
a série: 8, 5, 14, 10, 8 e 15. Assinale o item incorreto.
a) A média aritmética é 10 e a mediana é 12. a) O salário médio pago aos funcionários da empresa
b) A mediana é 9 e a amplitude total é 10. está entre 11 e 15 salários mínimos.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
b) A distribuição é unimodal. d) Entre os três indicadores de posição apresentados,
c) A classe modal é dada pelo intervalo de classe 11 a média aritmética é a melhor medida de tendência
| 15 salários mínimos. central.
d) A mediana da distribuição de salários está entre 11 e) O segundo quartil dos dados acima é dado por $
e 15 salários mínimos. 0,25.
e) A moda da distribuição é igual a 50.
19. (UnB/TCU) Considere a distribuição de fre­quência dos
15. Luís obteve as seguintes notas mensais: tempos de auditoria.

Meses Português Matemática


abril 20 75 Tempo de auditoria
Frequência
maio 90 80 (min)
junho 80 80 10 – 19 10
agosto 95 65 20 – 29 20
setembro 95 80 30 – 39 40
outubro 70 70 40 – 49 20
50 – 59 10
Comparando as notas das duas disciplinas, Luís obteve
em Português Assinale a opção incorreta.
a) média mais alta. a) O intervalo de classe modal é dado por (30;39).
b) média mais baixa. b) O tempo médio de auditoria é dado por 34,5 minu-
c) mediana mais alta. tos.
d) mediana mais baixa.
c) A mediana, a moda e a média da distribuição são
coincidentes.
16. (Esaf/TTN) Marque a assertiva correta.
d) A distribuição acima é assimétrica.
a) Os intervalos de classes de uma distribuição de fre-
quências têm o ponto médio equidistante dos limites e) Trinta por cento das auditorias demoraram menos
inferior e superior de cada classe e sua amplitude ou de trinta minutos.
é constante ou guarda uma relação de multiplicidade
com a frequência absoluta simples da mesma classe. 20. (Cespe/TCDF) A tabela a seguir apresenta a distribuição
b) O intervalo de classe que contém a moda é o de maior da renda familiar anual, em uma determinada cidade.
frequência relativa acumulada (crescen­temente).
c) A frequência acumulada denominada “abaixo de” Renda Familiar Anual Freqüência relativa
resulta da soma das frequências simples em ordem (R$) simples
decrescente de valor da variável. 10.000 | 15.000 0,20
d) Em uma distribuição de frequência existe uma frequ- 15.000 | 20.000 0,18
ência relativa acumulada igual a um, ou no primeiro, 20.000 | 25.000 0,14
ou no último intervalo de classe. 25.000 | 30.000 0,12
e) O intervalo de classe que contém a mediana é o de 30.000 | 40.000 0,14
maior frequência absoluta simples. 40.000 | 50.000 0,14
50.000 | 60.000 0,08
17. (Esaf/TTN) Analisando-se corretamente a figura abaixo,
conclui-se que em uma distribuição de frequência deste
Analisando os dados apresentados, é correto afirmar que
tipo:
a) a distribuição é assimétrica negativa;
b) a renda familiar anual mediana encontra-se na classe
de R$ 15.000 a R$ 20.000;
c) 64% da população ganham abaixo de R$ 30.000,00;
d) é impossível calcular a renda familiar anual média,
pois se desconhece o número total de famílias en-
trevistadas;
e) o intervalo de R$ 40.000,00 a R$ 50.000,00 inclui
a) a moda é maior que a mediana. todas as famílias entrevistadas que ganham entre
b) a média é menor que a moda. R$ 40.000,00 e R$ 50,000,00, inclusive.
c) a mediana é maior que a média.
d) a mediana é maior que a moda. 21. (Esaf/TTN) De acordo com a distribuição de frequência
e) média, moda e mediana são iguais. transcrita a seguir, pode-se afirmar que:
18. (TCU) Os montantes de venda a um grupo de clientes de
um supermercado fornecem os seguintes sumários: Pesos Frequências simples
média aritmética = $ 1,20 , mediana = $ 0,53 e (kg) absolutas
Matemática

moda = $ 0,25. 9
2 4
Com base nestas informações, assinale a opção correta. 4 6 12
a) A distribuição é assimétrica à direita. 6 8 6
b) A distribuição é assimétrica à esquerda. 8 10 2
10 12 1
c) A distribuição é simétrica.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
A moda da distribuição: O resultado da moda é, segundo a relação de Pearson:
a) pertence a um intervalo de classe distinto do da a) 55 b) 51 c) 59 d) 54
média aritmética;
b) coincide com o limite superior de um intervalo de 26. Numa prova de concurso aplicada a 5.000 candidatos
classe; obteve-se: x = 72; Md = 70 e Mo = 68.
c) coincide com o ponto médio de um intervalo de Portanto, podemos afirmar que 2.500 candidatos obti-
classe; veram nota:
d) é maior do que a mediana e do que a média geo­ a) abaixo de 68.
métrica; b) abaixo de 70.
e) é um valor inferior à média aritmética e à mediana.
c) acima de 72.
22. (Cespe/TCU) Analise o quadro abaixo e responda. d) abaixo de 72.

Distribuições de frequências (simples e acumuladas) da 27. Numa distribuição de frequências que apresenta assi-
variável idade (em anos completos) dos empregados metria positiva teremos
das empresas Alfa, Beta e Gama. a) x < Mo < Md. c) Mo < Md < x .
b) x < Md < Mo. d) Mo = Md = x .
Classes (Freqüências simples) (Freqüências acumuladas)
de Alfa Beta Gama Alfa Beta Gama
Idade 28. Numa distribuição de frequências tem-se x = 42 e Md
18 a 22 1 - - - - - = 40. Pode-se afirmar que
23 a 27 6 - 1 7 - 1 a) a distribuição é simétrica.
28 a 32 13 1 1 20 1 2 b) a distribuição é assimétrica à esquerda.
33 a 37 12 4 2 32 5 4 c) a distribuição é assimétrica à direita.
38 a 42 6 10 3 38 15 7 d) a distribuição é irregular.
43 a 47 4 4 5 42 19 12
48 a 52 3 1 8 45 20 20 29. Numa distribuição de frequências, os valores da me-
53 a 57 2 - 13 47 20 33 diana e da moda são, respectivamente 42 e 40. Com
58 a 62 2 - 6 49 20 39 base nestas informações, pode-se afirmar que o valor
63 a 67 1 - 1 50 20 40 da média aritmética desta distribuição
TOTAIS 50 20 40 a) é igual a 43.
Fonte: Arquivos das Empresas, Alfa, Beta e Gama. b) é maior que 42.
c) é menor que 40.
É correto afirmar que d) está compreendido entre 40 e 42.
a) as modas da variável idade, nas três empresas, são
tais que: 30. Julgue os itens abaixo em certos ou errados.
moda em Beta < moda em Alfa < moda em Gama. a) 75% dos valores de uma distribuição situam-se acima
b) as medianas da variável idade, nas três empresas, do terceiro quartil.
são tais que: b) O quinto decil corresponde à mediana.
mediana em Beta < mediana em Gama < mediana c) O sexto decil corresponde ao sexagésimo percentil.
em Alfa. d) 90% dos valores de uma distribuição situam-se acima
c) na empresa Gama, a variável idade apresenta moda do nono decil.
> média > mediana. e) Os quartis, decis e percentis são medidas de tendên-
d) na empresa Beta, a variável idade apresenta média,
cia central.
mediana e moda iguais.
e) na empresa Alfa, a variável idade apresenta moda <
A distribuição de frequências abaixo refere-se a salários
média < mediana.
pagos a funcionários de uma empresa.
23. Numa distribuição de frequências sabe-se que a média
aritmética e a mediana valem, respectivamente, 60 Salários
Frequências
e 65. O valor da moda, de acordo com a relação de (em salários mínimos)
Renda Familiar Anual (R$) Freqüência relativa simples
Pearson, é: Renda Familiar Anual
1 | 15.000
10.000 5 (R$) 5
Freqüência relativa simples
0,20
a) 70 b) 75 c) 65 d) 80
Renda Familiar Anual
10 (R$)
5 | 15.000
15.000
10.000 20.000 20
Freqüência relativa simples
0,18
0,20
20.000
Renda Familiar 25.000
Anual
15 (R$)
10 | 20.000
15.000
10.000 15.000 50
Freqüência relativa simples
0,24
0,18
0,20
24. Numa distribuição de frequências de 29 elementos, o 25.000
20.000
Renda
15.000
10.000 30.000
15 | 25.000
Familiar Anual
20 (R$)
20.000
15.000 20
Freqüência 0,14
relativa simples
0,24
0,18
0,20
valor do 15º é 60, logo, 60 é, seguramente, 30.000 40.000 0,12
25.000
20.000
15.000
10.000 | 30.000
20 | 25.000
25
20.000
15.000 5 0,14
0,24
0,18
0,20
a) a média aritmética da série. 40.000 |
30.000 50.000 0,08
0,12
25.000
20.000
15.000 | 40.000
30.000
25.000
20.000 0,14
0,24
0,18
b) o lugar mediano da série. 50.000
40.000
30.000
25.000 | 60.000
50.000
40.000
30.000 0,04
0,08
0,12
0,14
c) a mediana da série. Utilizando os 20.000
dados| da25.000 0,24
tabela acima responda as0,04 questões
50.000
40.000 |
30.000
25.000 | 60.000
50.000
40.000
30.000 0,08
0,12
0,14
d) a moda da série. 31, 32 e 33. 0,04
0,08
50.000 | 40.000
40.000
30.000 60.000
50.000 0,12
50.000 | 50.000
40.000 60.000 0,04
0,08
25. No estudo das notas de uma prova aplicada a 100 alunos 31. O valor do primeiro quartil da distribuição é0,04
Matemática

50.000 | 60.000
foram encontrados os seguintes resultados: a) 5 salários mínimos.
b) 10 salários mínimos.
média arbitrária = 55; c) 15 salários mínimos.
mediana = 52; d) 20 salários mínimos.
parcela de correção = – 4. e) 25 salários mínimos.

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32. O valor do terceiro quartil da distribuição é Medidas de Dispersão
a) 5 salários mínimos.
b) 10 salários mínimos. As medidas de dispersão são utilizadas para avaliar o
c) 15 salários mínimos. grau de variabilidade (dispersão, heterogeneidade) dos va-
d) 20 salários mínimos. lores de uma variável em relação a um valor fixo escolhido
e) 25 salários mínimos. como referência na série.
Muitas medidas de dispersão usam como referência
a média aritmética da série, auxiliando, assim, a estimar a
33. Se x é o valor que está acima de 30% dos dados da representatividade da média aritmética.
distribuição e abaixo dos 70% restantes , então o valor O que devemos entender é que numa série onde os
de x é valores concentram-se fortemente em torno da média
a) 10,0 salários mínimos. aritmética dará a esta um significado muito maior como
b) 10,5 salários mínimos. valor resumitivo da série do que poderia ocorrer caso a série
c) 11,0 salários mínimos. apresentasse valores mais dispersos em relação à média.
d) 11,5 salários mínimos.
e) 12,0 salários mínimos. Exemplo:
As séries (10, 20, 20, 20, 20, 30) e (10, 15, 20, 20, 25, 30)
têm, ambas, média aritmética igual a 20. Entretanto,
34. A tabela a seguir apresenta a distribuição da renda a primeira é muito mais homogênea que a segunda.
familiar anual, em uma determinada cidade. Dizemos, assim, que a primeira apresenta dispersão
menor que a segunda.
Renda Familiar Anual (R$)
Renda Familiar Anual (R$)
Frequência relativa simples
Freqüência relativa simples As medidas de dispersão podem ser absolutas (quando
Renda Familiar
10.000
10.000 Anual
15.000
| 15.000 (R$) 0,20 simples
Freqüência 0,20
relativa seu resultado se expressa em alguma unidade de medida) ou
Renda Familiar
15.000
15.000
10.000 Anual
20.000
20.000
| 15.000 (R$) 0,18 simples
Freqüência 0,20
relativa
0,18 relativas (quando seu resultado é adimensional, isto é, vem
20.000
Renda
20.000
15.000
10.000 | 25.000
Familiar Anual
25.000
20.000
15.000 (R$) 0,24 simples
Freqüência 0,20
relativa
0,24
0,18 expresso por um número sem unidade de medida).
25.000
20.000
Renda
25.000
15.000
10.000 |
Familiar
| 30.000
25.000
Anual
30.000
20.000
15.000 (R$) Freqüência 0,14 simples
0,14
relativa
0,24
0,18
0,20 Entre as medidas de dispersão absolutas encontram-se:
30.000
25.000
20.000
Renda
30.000
15.000
10.000 | 40.000
|
Familiar 30.000
25.000
Anual
40.000
20.000
15.000 (R$) Freqüência 0,12
0,12 simples
0,14
relativa
0,24
0,18
0,20
40.000
30.000 50.000
| 25.000
40.000 0,08
0,12 - amplitude total;
25.000
20.000
Renda Familiar
40.000
15.000
10.000 | 30.000
Anual
50.000
20.000
15.000 (R$) 0,08 simples
0,14
Freqüência 0,24
relativa
0,18
0,20
50.000
30.000
25.000
20.000 | 60.000
40.000 | 50.000
40.000
30.000
25.000
0,04
0,08
0,12
0,04
0,14
0,24
- desvio médio;
50.000
15.000
10.000 | 60.000
20.000
15.000 0,18
0,20
0,04
50.000
40.000
30.000
25.000 |
20.000
15.000 60.000
50.000
| 40.000
30.000
25.000
20.000 0,08
0,12
0,14
0,24
0,18
- desvio quartil (ou amplitude semi-interquartílica);
50.000 |
40.000
30.000
25.000 60.000
50.000
| 25.000
40.000
30.000 0,04
0,08
0,12
0,14 - variância;
20.000
Com base nos dados da tabela acima, 0,24
julgue os itens
50.000 | 60.000
40.000 | 30.000
30.000
25.000 50.000
40.000 0,04
0,08
0,12
0,14 - desvio padrão.
seguintes em CERTOS
50.000 | 40.000
40.000 60.000
50.000
ou ERRADOS. 0,04
0,08
0,12
30.000 Entre as medidas de dispersão relativas encontram-se:
a) 40.000
A mediana
50.000 encontra-se na classe central.
60.000
| 50.000 0,04
0,08 - coeficiente de variação de Pearson;
b) 50.000
O terceiro quartil encontra-se na 4ª
| 60.000 0,04
classe. - coeficiente de variação de Thorndike;
c) O valor do segundo decil é R$ 15.000,00. - coeficiente quartílico de variação;
d) A mediana coincide com o ponto médio de uma - desvio quartil reduzido.
classe.
e) Mais de 95% das famílias têm renda anual infe­rior a Destas, as mais importantes são a variância, o desvio
R$ 50.000,00. padrão, e o coeficiente de variação de Pearson.

GABARITO Amplitude Total (At)


A amplitude total é a diferença entre o maior e o menor
1. c 20. c
valor do rol.
2. c 21. e
At = xmáx – xmín
3. c 22. d
4. c 23. b Embora de cálculo extremamente simples, a amplitu-
5. d 24. c de total é pouco sensível como medida de dispersão, pois
6. a 25. d baseia-se apenas nos valores extremos do rol, não levando
7. b 26. b em conta a variação dos valores internos do mesmo.
8. d 27. c
9. a 28. c Desvio Médio (Dm)
10. b 29. b
11. e 30. E, C, C, C, E O desvio médio é a média aritmética dos valores abso-
12. e 31. b lutos dos desvios calculados em relação à média aritmé­tica
13. d 32. c da série.
14. e 33. b
15. c 34. E, C, C, E, C ∑x −x
Matemática

i
Dm =
16. d n
17. d
18. a Pode-se interpretar o desvio médio como a média arit-
19. d mética das distâncias de cada valor de x à média aritmé­tica
da série.

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Desvio Quartil (Dq) Exemplo:
Calcular a variância da seguinte amostra de idades
O desvio quartil ou amplitude semi-interquartílica é a num grupo de funcionários de certa empresa: 46
metade da diferença entre os valores do 3o quartil, Q3 , e do anos, 48 anos, 52 anos, 55 anos.
1o quartil, Q1.
Q − Q1 Solução:
Dq = 3 Subtraindo 50 de cada um dos valores da amostra
2 obteremos a nova série:

Variância (S2) (–4, –2, 2, 5)

A variância é definida como sendo a média aritmética Nela, a variância será a mesma da série original mas
dos quadrados dos desvios calculados em relação à média os cálculos serão bem mais “confortáveis”.
Usando a fórmula breve (2a fórmula) para o cál­culo
aritmética dos valores da série.
da variância teremos:

S2 =
∑(x i − x)2 Média dos quadrados das idades:
n 16 + 4 + 4 + 25 49
x2 = = = 12,25 anos2
4 4
Fórmula Breve para o Cálculo da Variância
Quadrado da média de idades:
Pode-se demonstrar que a fórmula dada acima é equi-
valente à seguinte:
anos2

Em palavras: A variância é igual à diferença entre a Variância:


média aritmética dos quadrados dos valores da série e o
quadrado da média aritmética da mesma.
O uso da fórmula acima permite chegarmos ao mesmo anos2
resultado da primeira fórmula apresentada, sem necessidade
de calcularmos os desvios.
Observe que a unidade de medida que indicou a
Cálculo da Variância numa Amostra variância é anos2 (anos ao quadrado).

A qualidade da estimativa do valor da variância a partir A unidade de medida que expressa uma variância é
dos dados de uma amostra sofre influência do número de sempre o quadrado da unidade de medida da variável
elementos disponíveis na amostra, tendendo a apresentar estudada.
resultados menos precisos para amostras com pequeno
número de elementos. 2a Se multiplicarmos (ou dividirmos) todos os valores
de uma série por uma mesma constante, a variância
Para obtermos uma melhor estimativa do valor da vari-
ficará multiplicada (ou dividida) pelo quadrado do
ância, devemos empregar um fator de correção:
valor daquela constante.
n
fator de correção de Bessel = Exemplo:
n −1 Considere as séries A = (1, 3, 6, 8) e B = (10, 30, 60,
Deste modo, ao multiplicarmos o valor resultante de 80). Se o valor da variância da série A for igual a 9,
667, qual será o valor da variância da série B?
S2 pelo fator de correção de Bessel, obteremos uma esti-
mativa melhor para a variância, usualmente indicada pela
Solução:
expressão S n2−1 : A série B pode ser obtida multiplicando-se todos os
n valores da série A por 10. Deste modo, a variância da
S n2−1 = S 2 ⋅ série B será igual à variância da série A multiplicada
n −1
por 102, ou seja:
Na prática, quando n é grande (n > 30) não há diferen-
2 (Variância da série B) = 102 × (Variância da série A)
ça significativa entre os valores obtidos por S2 e por S n −1 ,
possibilitando, assim, que desprezemos o uso do fator de (Variância da série B) = 100 × 9,667 = 966,7
correção. Entretanto, deve-se dar preferência ao cálculo de
S n2−1 sempre que estivermos trabalhando com uma amostra Desvio Padrão (S)
com menos de 30 elementos, pois desta forma teremos uma
estimativa melhor para a variância. Vimos que a unidade de medida de uma variância é igual
Matemática

ao quadrado da unidade de medida da variável estudada. A


Propriedades da Variância fim de eliminarmos este inconveniente, criamos uma nova
medida de dispersão, o desvio padrão, que é definido como
1a Se adicionarmos (ou subtrairmos) uma mesma cons- sendo a raiz quadrada da variância, e representado por Sn–1
tante a todos os valores de uma série, a variância ou por S, conforme seu cálculo use o fator de correção ou
permanecerá inalterada. não, respectivamente.

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Média dos quadrados:
S = S2
e 2 ⋅ (−2) 2 + 4 ⋅ (−1) 2 + 6 ⋅ (0) 2 +5 ⋅ (1) 2 + 3 ⋅ (2) 2
2 x2 =
S n−1 = S n −1 20
2 2 ⋅ 4 + 4 ⋅1 + 6 ⋅ 0 + 5 ⋅1 + 3 ⋅ 4 29
x = = = 1,45 cm2
O desvio padrão indica, em termos absolutos, o afasta- 20 20
mento dos valores observados e relação à média aritmética
da série estudada. Quadrado da média:

Propriedades do Desvio Padrão

1a Se adicionarmos (ou subtrairmos) uma mesma cons-


tante a todos os valores de uma série, o desvio padrão
permanecerá inalterado. Variância:

Exemplo:
As séries (2, 3, 5, 8, 10) e (40, 41, 43, 46, 48) têm
desvios padrões iguais, pois os elementos da segun- 20
da podem ser obtidos dos elementos da primeira, S n2−1 = (1,45 − 0,0225 ) ⋅
19
adicionando-se 38 a cada um deles.

2a Se multiplicarmos (ou dividirmos) por uma mesma S n2−1 = 1,4275 × 1,05263 = 1,50263 cm2
constante todos os elementos de uma série, o desvio
padrão ficará multiplicado (ou dividido) pelo valor Desvio Padrão:
absoluto daquela constante.
S n−1 = S n2−1
Exemplo:
Calcular o desvio padrão da distribuição de diâmetros S n−1 = 1,50263 = 1,2258 cm
fornecida na tabela abaixo:
Então o desvio padrão da série dada será o produto
Diâmetros Freq. absolutas do valor encontrado por 5, ou seja:
(cm) simples
10 | 15 2 5 × 1,2258 = 6,129 cm
15 | 20 4
20 | 25 6 Coeficiente de Variação de Pearson
25 | 30 5
3 O coeficiente de variação de Pearson é o quociente entre
30 | 35
o desvio padrão e o valor absoluto da média aritmética do
conjunto de valores estudados.
Solução:
Como se trata de uma tabela de distribuição de S
CVP =
frequências com dados agrupados em classes, os x
cálculos devem ser executados utilizando-se os
pontos médios dos intervalos de classes (12,5, 17,5,
Por tratar-se de uma medida de dispersão relativa, é
22,5, 27,5 e 32,5), com suas respectivas frequências adimensional, isto é, não apresenta unidade de medida.
simples como pesos para os cálculos de média. Seu resultado pode ser representado na forma porcentual,
bastando para tanto multiplicar o seu resultado por 100.
Se subtrairmos 22,5 de todos os valores dos pontos
médios, o desvio padrão não será alterado. CVP% = CVP × 100
Dividindo, em seguida, todos os resultados por 5
(que é a amplitude dos intervalos de classe), o desvio Propriedades do Coeficiente de Variação de
padrão ficará igualmente dividido por 5, mas nossos Pearson
cálculos serão menos trabalhosos. Assim, teremos a
seguinte tabela: 1a Se multiplicarmos ou dividirmos por uma mesma
constante todos os elementos de uma série, o coefi-
Freq. absolutas ciente de variação permanecerá inalterado.
(X–22,5)÷5 Simples
Exemplo:
Matemática

–2 2
Os coeficientes de variação de Pearson das séries (2,
–1 4 3, 5, 8, 10) e (40, 60, 100, 160, 200) são iguais, pois
0 6 os elementos da segunda podem ser obtidos dos
1 5 elementos da primeira, multiplicando-se por 20 cada
2 3 um dos elementos da primeira.

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2a Se adicionarmos (ou subtrairmos) uma mesma (4) A amplitude semi-interquartílica é a semidife­ren­ça
constante positiva a todos os valores de uma série, entre o terceiro e o primeiro quartis.
o coeficiente de variação de Pearson ficará, respec- (5) A média aritmética dos quadrados dos desvios to-
tivamente: mados em relação à média aritmética dos valores
- menor (ou maior), se a média for positiva; de uma série nos dá o desvio padrão da série.
- maior (ou menor), se a média for negativa.
2. O desvio médio da série (3,4, 5, 6, 7) é
Comparação de Dispersões a) 12.
b) 6.
O coeficiente de variação de Pearson é útil quando ne- c) 5.
cessitamos de comparar dispersões em algumas situações.
d) 1,2.
O quadro abaixo resume as três situações possíveis
e) zero.
quando procuramos comparar as dispersões de duas sé­ries
de valores:
3. Na série (2, 2, 3, 4, 6, 6, 8, 10) o valor do desvio quatil é
a) 5,25.
Unidades de Valores absolutos das A comparação b) 4,25.
medidas das médias aritméticas nas será feita c) 3,25.
duas séries: duas séries: utilizando-se: d) 2,25.
Iguais Iguais ou muito próximos S ou CV e) 1,25.
Iguais Significativamente distintos CV
4. Sobre o coeficiente de variação de Pearson é correto
Diferentes Quaisquer CV afirmar que
a) é uma medida de dispersão absoluta.
Outras Medidas de Dispersão Relativa b) é uma medida de posição relativa.
Coeficiente de Variação de Thorndike c) deve ser usado para comparar duas medidas que
apresentem unidades de medida distintas.
O coeficiente de variação de Thorndike é o quociente d) é o quociente da divisão da média aritmética pelo
entre o desvio padrão e o valor absoluto da mediana. desvio padrão da série.
e) não será expresso na mesma unidade de medida da
S variável estudada.
CVT =
Md
5. O quadro abaixo apresenta a renda média mensal per
Coeficiente Quartílico de Variação capita de duas localidades, A e B, com os respectivos
desvios padrão:
O coeficiente quartílico de variação é o quociente entre
a diferença positiva e o valor absoluto da soma dos quartis Localidade Renda média mensal Desvio padrão
extremos (Q1 e Q3).
A R$ 500 R$ 100
Q − Q1 B R$ 750 R$ 150
CVQ = 3
Q3 + Q1
Com base nos dados apresentados pode-se afirmar que
a) a renda da localidade A é mais homogênea que a da
Desvio Quartil Reduzido
localidade B.
O desvio quartil reduzido é o quociente entre o desvio b) a renda da localidade A é mais heterogênea que a
quartil e o valor absoluto da mediana. da localidade B.
c) o coeficiente de variação da renda da localidade A
Dq Q3 − Q1 é 5.
Dqr = = d) os coeficientes de variação das rendas das localida-
Md 2 ⋅ Md
des A e B indicam que as rendas mensais das duas
localidades são igualmente heterogêneas.
Exercícios Propostos e) não se pode comparar as dispersões das rendas das
duas localidades, pois se desconhece o número de
1. Julgue os itens abaixo em Certo ou Errado. elementos pesquisados em cada uma delas.
(1) A amplitude total é uma medida de dispersão abso-
luta que indica a diferença entre valores extremos 6. Determinar o desvio padrão da amostra (10, 10, 11, 11).
do rol.
Matemática

1
(2) Define-se desvio médio como sendo a média a) 3
aritmé­tica dos valores dos desvios calculados em
1
relação à média aritmética da série. b) 4
(3) Denomina-se medida de dispersão absoluta àquela
que apresenta somente valores positivos. c) 10,5

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1 Probabilidades
d)
3
Experimentos Aleatórios
e) 1
4
Experimentos aleatórios são aqueles que, mesmo
quando repetidos em idênticas condições, podem produzir
7. Dados os conjuntos A = (–2, –1, 0, 1, 2) e B = (30, 35, 40,
resultados diferentes.
45, 50), pode-se afirmar em relação ao desvio padrão
As variações de resultado são atribuídas a uma multipli-
em B
cidade de causas que não podem ser controladas às quais,
a) é igual ao desvio padrão em A. em conjunto, chamamos de acaso.
b) é o quíntuplo do valor do desvio padrão de A.
c) é o quíntuplo do valor do desvio padrão de A, Exemplos:
somado com 40. a) O resultado do lançamento de uma moeda (cara ou
d) é 40 unidades maior que o desvio padrão de A. coroa).
e) não pode ser avaliado a partir do desvio padrão b) A soma dos números encontrados no lançamento
de A. de dois dados.
c) A escolha, ao acaso, de 20 peças retiradas de um lote
8. (BACEN/1994) Em certa empresa o salário médio era que contenha 180 peças perfeitas e 15 peças defeituosas.
de $ 90.000,00, com desvio padrão de $ 10.000,00. d) O resultado do sorteio de uma carta de um baralho
Todos os salários receberam um aumento de 10%. com 52 cartas.
Então o desvio padrão dos novos salários passou a ser
a) $ 10.000,00. Espaço Amostral (S)
b) $ 10.100,00.
c) $ 10.500,00. Embora não se possa determinar exatamente o resulta-
d) $ 10.900,00. do de um experimento aleatório, frequentemente é possível
e) $ 11.000,00. descrever o conjunto de todos os resultados possíveis para o
experimento. Esse conjunto é chamado de espaço amostral
ou conjunto universo do experimento aleatório.
9. (IDR/AFC/1994) Uma empresa que possui 5 copiadoras
registrou em cada uma delas no último mês (em 1.000
Exemplos:
unidades): 20, 23, 25, 27, 30 cópias, respectivamente.
a) Lançar uma moeda e observar a face superior:
O valor da variância desta população é
S = { cara, coroa }
a) 5 × 106.
b) Lançar dois dados e observar a soma dos números
b) 11,6 × 106. das faces superiores:
c) 14,5 × 106. S = { 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12 }
d) 25 × 106. c) Extrair ao acaso uma bola de uma urna que contém 3
e) 3,41 × 106. bolas vermelhas (V), 2 bolas amarelas (A) e 6 bolas brancas
(B), e observar a cor:
10. (IDR/AFC/1994) A média e a variância do conjunto de S = { V, A, B }
salários pagos por uma empresa eram de $ 285.000 Frequentemente, é possível descrevermos o espaço
e 1,1627×1010, respectivamente. O valor da variância amostral de um experimento aleatório de mais de uma
do conjunto dos salários após o corte de três zeros na maneira.
moeda é
a) 1,1627×107. Evento
b) 1,1627×106.
c) 1,1627×105. Evento é qualquer um dos subconjuntos possíveis de
d) 1,1627×104. um espaço amostral. É costume indicarmos os eventos por
letras maiúsculas do alfabeto latino: A, B, C, ...., Z.
e) 1,1627×103.
Pode-se demonstrar que se um espaço amostral tiver n
elementos, então existirão 2n eventos distintos associados
GABARITO a ele.

Exemplo:
1. C-E-E-C-E O espaço amostral associado ao lançamento de uma
2. d moeda é S = {cara, coroa}. Como esse espaço amostral tem
3. d dois elementos, existirão 22 = 4 eventos associados a ele:
4. e ∅, {cara}, {coroa}, {cara, coroa}. Observe que o primeiro e o
5. d último eventos indicados são, respectivamente, o conjunto
6. a vazio e o próprio espaço amostral.
Matemática

7. b
8. e Evento Elementar
9. b
10. d Um evento é chamado elementar sempre que possuir
um único elemento (conjunto unitário).

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Evento Certo I. 0 ≤ pi ≤ 1 para todo i.

Evento certo é aquele que compreende todos os ele- II. Σ (pi) = p1 + p2 + ....+ pn = 1.
mentos do espaço amostral.
Se A é um evento certo, então A = S. Dizemos que os números p1 , p2 , .... pn definem uma
distribuição de probabilidades sobre S.
Evento Impossível De fato, procuramos sempre definir cada uma das
probabilidades pi de modo que coincidam com o limite a
Evento impossível é aquele que não possui elementos.
que tenderia a frequência relativa (fr) de cada elemento
Se A é um evento impossível, então A = ∅.
correspondente, ei, quando o número de repetições do
Ocorrência de um Evento experimento crescesse ilimitadamente.
Numa amostra, as frequências relativas representam
Dizemos que um evento A ocorre se, e somente se, ao estimativas de probabilidades.
realizarmos o experimento aleatório, o resultado obtido
pertencer ao conjunto A. Caso contrário, dizemos que o Probabilidade de um Evento
evento A não ocorre.
Seja A um evento qualquer de S , define-se a pro­
Evento União babilidade do evento A, e indica-se P(A), da seguinte forma:
Dados dois eventos, A e B de um mesmo espaço amos-
I. Se A = ∅, então P(A) = 0.
tral, então A ∪ B (lê-se “A união B” ou ainda “A ou B”) tam-
bém será um evento, chamado evento união, e ocorrerá
se, e somente se, II. Se A ≠ ∅, então P(A) = P(e1) + P(e2) + .... + P(ei), para
todo ei ∈ A.
A ocorrer
ou Exemplo:
B ocorrer Seja S = {e1 , e2 , e3 , e4} um espaço amostral com a
ou seguinte distribuição de probabilidades: p1 = 0,2; p2 = 0,3;
ambos ocorrerem. p3 = 0,1 e p4 = 0,4. Nestas condições, qual será a probabilidade
de ocorrência do evento A={ e1 , e3 }?
Evento Intersecção
Solução:
Dados dois eventos, A e B, então A ∩ B (lê-se “A interse- P(A) = P(e1 ) + P(e3 )
ção B” ou ainda “A e B”) também será um evento, chamado
evento interseção, e ocorrerá se, e somente se, P(A) = 0,2 + 0,1
A e B ocorrerem simultaneamente.
P(A) = 0,3
Eventos Mutuamente Exclusivos
Espaço Amostral Equiprovável
Se A e B são dois eventos tais que A ∩ B = ∅, então A e
B são chamados eventos mutuamente exclusivos.
Esta denominação decorre do fato de que uma vez que Dizemos que um espaço amostral S = {e1 , e2 , e3 , .... , en}
a interseção de A com B seja vazia não será possível que é equiprovável se a ele estiver associada uma distribuição
ocorram ambos simultaneamente, isto é, a ocorrência de um de probabilidades tal que:
deles exclui a possibilidade de ocorrência do outro.
p1 = p2 = p3 ....= pn
Evento Complementar
Normalmente, decidimos que um espaço amostral é
Dado um evento A, então A (lê-se “complemento de A” equiprovável a partir da observação de certas características
ou “não-A”) também será um evento, chamado evento com- do experimento.
plementar de A, e ocorrerá se, e somente se, A não ocorrer.
O conjunto A compreende todos os elementos de S que Exemplos:
não pertencem ao conjunto A:
1. O lançamento de um dado com a observação do
número da face superior é descrito por um espaço amostral
A= S–A equiprovável.
Distribuição de Probabilidades Empíricas 2. Já o lançamento de dois dados com observação
da soma dos números das faces superiores pode ser
Consideremos um espaço amostral com n elementos: descrito por um espaço amostral não equiprovável,
S = { 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12 }, pois a probabilidade
Matemática

S = {e1 , e2 , e3 , ... , en} de que a soma seja 7 é maior do que a probabilidade de que
a soma seja 12, por exemplo.
A cada um dos eventos elementares { ei } de S será as- Sempre que possível, devemos procurar descrever os ex-
sociado um número, pi, chamado probabilidade do evento perimentos aleatórios por espaços amostrais equi­prováveis,
{ ei }, satisfazendo as seguintes condições: pois isso facilita a análise de diversos problemas.

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Probabilidade de um Evento num Espaço Amostral Equi- 2
provável  
P( A ∩ B)  6  2
P( A / B) = = =
Se S = {e1 , e2 , e3 , .... , en} é um espaço amostral equipro- P( B) 3 3
 
vável e A é um evento qualquer de S, então a probabilidade 6
de ocorrência de A será:
Eventos Independentes
n ° de elementos de A
P(A) =
n ° de elementos de S Se a probabilidade de ocorrência de um evento A não é
alterada pela ocorrência de outro evento B, dizemos que A
e B são eventos independentes.
Na prática, contamos o número de elementos de A como
o número de casos favoráveis ao evento A e contamos o nú- P(A/B) = P(A) ⇔ A e B são independentes.
mero de elementos de S como o número de casos possíveis.
Se A e B são eventos independentes, então a probabili-
Exemplo: dade de ocorrência de A e B será:
Um dado é lançado e observamos o número na face
superior do mesmo. Qual é a probabilidade de o número P(A∩B) = P(A) ⋅ P(B)
obtido ser par?
Esta última igualdade também é usada para verificarmos
Solução: a independência de dois eventos.
Espaço amostral: S = { 1, 2, 3, 4, 5, 6 }
Evento: Ocorrência de um número par = { 2, 4, 6 } Exemplos:
1. Considere o espaço amostral S = { 1, 2, 3, 4 }
n ° de casos favoráveis 3 e os eventos A={2, 3} e B={3, 4}. Mostre que os eventos A e
P(A) = = = 0,5 B são independentes.
n ° de casos p ossíveis 6 ou seja: 50%.
Solução:
Propriedades das Probabilidades Se A e B são independentes, então:

T-1. P(S) = 1 P(A∩B) = P(A) ⋅ P(B)


T-2. A ⊂ B ⇒ P(A) ≤ P(B) 1/4 = 2/4 . 2/4
T-3. P(A∪B) = P(A) + P(B) – P(A∩B) 1/4 = 4/16
1/4 = 1/4
T-4. A∩B = ∅ ⇒ P(A∪B) = P(A) + P(B)
T-5. P( A ) = 1 – P(A) Como a igualdade foi satisfeita, A e B são independentes.
Probabilidade Condicional 2. Em uma urna temos 6 bolas brancas e 4 bolas pretas.
São retiradas duas bolas, uma após a outra, com reposição.
Dados dois eventos, A e B, com B ≠ ∅. Denotamos por Qual é a probabilidade de as duas retiradas resultarem em
P(A/B) a probabilidade de ocorrência de A dado que B tenha bolas brancas?
ocorrido (ou que a ocorrência de B esteja garantida). A pro-
babilidade condicional pode ser calcula­da como: Solução:

P(A ∩ B) num. de elementos de A ∩ B 6 3


P(A / B)
= = A = { a 1ª bola é branca }, P(A) = =
P(B) num. de elementos de B 10 5
B = { a 2ª bola é branca }
Lembrando que a última igualdade na expressão acima
só será válida quando o espaço amostral for equipro­vável. Como houve a reposição da primeira bola retirada da
urna, a probabilidade de que a segunda bola seja branca,
Exemplo: após a retirada da primeira bola, não será afetada pela
Qual é a probabilidade de conseguirmos um número ocorrência de A.
menor que 4 no lançamento de um dado, sabendo que o
resultado é um número ímpar? 3
P(B/A) = P(B) =
5
Solução:
Isso significa que os eventos A e B são independentes.
Portanto, teremos:
Espaço Amostral: S = { 1, 2, 3, 4, 5, 6 }
A∩B = { as duas bolas são brancas }
Matemática

Evento: A = { resultado menor que 4 } = { 1, 2, 3 }


P(A∩B) = P(A) ⋅ P(B)
Condição: B = { ocorrer número ímpar } = { 1, 3, 5 }
3 3 9
P(A ∩ B) = ⋅ =
A ∩ B = { 1, 3 } 5 5 25

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Teorema de Bayes 5. Dois dados são lançados sobre uma mesa. A probabi-
lidade de ambos mostrarem números ímpares na face
Sejam A1, A2, A3, ...., An , n eventos mutuamente exclusivo superior é:
tais que sua união seja S. a) 1/2 b) 1/3 c) 1/4 d) 1/5

A1∪A2∪A3 ... ∪An = S 6. Num jogo com um dado, o jogador X ganha se tirar, no
seu lance, um número maior ou igual ao conseguido
Se B é um evento qualquer de S, nas condições acima, pelo jogador Y. A probabilidade de X ganhar é:
então pode-se calcular a probabilidade condicional de Ai a) 1/2 b) 2/3 c) 7/12 d) 19/36
dado B como:
7. Um dado é lançado e o número da face superior é ob-
P ( Ai ∩ B ) P ( Ai ∩ B ) servado. Se o resultado for par, a probabilidade dele ser
P( Ai / B ) = = maior ou igual a 5 é de:
P( B) P ( A1 ∩ B ) + P ( A2 ∩ B ) + ....+ P ( An ∩ B )
a) 1/2 b) 1/3 c) 1/4 d) 1/5

Exemplo: 8. As chances de obtermos, em dois lançamentos conse-


Um conjunto de 15 bolas, algumas vermelhas e outras cutivos de um dado, resultado igual a 6 somente em um
azuis, foi distribuído entre duas caixas de modo que a caixa dos dois lançamentos, são de:
I ficou com 3 bolas vermelhas e 2 bolas azuis, enquanto a a) 1 contra 12
caixa II ficou com 2 bolas vermelhas e 8 bolas azuis. Uma das b) 5 contra 8
caixas é escolhida ao acaso e dela sorteia-se uma bola. Se a c) meio a meio
bola sorteada é vermelha, qual a probabilidade de que ela d) 5 contra 13
tenha vindo da caixa I?
Para responder às questões 9 a 12, considere as seguintes
Solução: informações. A  e B são dois eventos de um certo espaço
I = {a caixa escolhida é a I}→ P( I ) = 1/2 e amostral tais que P(A) = 1/3 , P(B) = 1/2 e P(A e B) = 1/4.
II = {a caixa escolhida é a II}→ P( II ) = 1/2
9. A probabilidade de ocorrência de A ou B é:
P(I∩V) = P( I ) ⋅ P( V / I) = 1/2 ⋅ 3/5 = 3/10 a) 5/12 b) 1/2 c) 7/12 d) 2/3

P(II∩V) = P( II ) ⋅ P( V / II) = = 1/2 ⋅ 1/5 = 1/10 10. Qual é a probabilidade de ocorrência de não‑A , isto é,
a probabilidade de ocorrência de algo que não seja o
evento A ?
V = { a bola retirada é vermelha },
a) 5/12 b) 1/2 c) 7/12 d) 2/3
P(V) = P(I∩V) + P(II∩V) =3/10 + 1/10 = 2/5
11. Qual a probabilidade de ocorrência de A dado que B
3  3 tenha ocorrido?
P(I ∩ V)  10  3 a) 1/2 b) 7/12 c) 2/3 e) 3/4
P(I=
/ V) = 10
= = 
P(V) 3 1  4 4
+  10  12. Qual a probabilidade de que ocorra A, mas não ocorra B?
10 10   a) 1/4 b) 1/3 c) 1/12 e) 1/2

A probabilidade de que a caixa escolhida tenha sido a I 13. Uma urna I contém 2 bolas vermelhas e 3 bolas brancas
é igual a 3/4 = 75%. e outra, II, contém 4 bolas vermelhas e 5 bolas brancas.
Sorteia‑se uma urna e dela retira‑se, ao acaso, uma bola.
Exercícios PROPOSTOS Qual é a probabilidade de que a bola seja vermelha e
tenha vindo da urna I ?
a) 1/3 b) 1/5 c) 1/9 d) 1/14
1. Uma urna contém 50 bolinhas numeradas de 1 a 50.
Sorteando‑se uma delas, a probabilidade de que o nú-
14. Considere 3 urnas, contendo bolas vermelhas e brancas
mero dela seja um múltiplo de 8 é:
com a seguinte distribuição:
a) 3/25 b) 7/50 c) 1/10 d) 8/50
Urna I: 2 vermelhas e 3 brancas
Urna II: 3 vermelhas e 1 branca
2. Uma urna contém 20 bolinhas numeradas de 1 a 20. Urna III: 4 vermelhas e 2 brancas
Sorteando‑se uma bolinha desta urna, a probabilidade
de que o número da bolinha sorteada seja múltiplo de Uma urna é sorteada e dela é extraída uma bola ao
2 ou de 5 é: acaso. A probabilidade de que a bola seja vermelha é
a) 13/20 b) 4/5 c) 7/10 d) 3/5 igual a:
a) 109/180
3. Jogando‑se ao mesmo tempo 2 dados honestos, a pro- b) 1/135
babilidade de a soma dos pontos ser igual a 5 é: c) 9/15
a) 1/9 b) 1/12 c) 1/18 d) 1/36 d) 3/5
Matemática

4. Jogando‑se ao mesmo tempo dois dados honestos, 15. Existem três caixas idênticas. A primeira contém duas
a probabilidade de o produto dos pontos ser igual a 12 moedas de ouro, a segunda contém uma moeda de ouro
é de: e uma de prata, e a terceira, duas moedas de prata.
a) 1/3 b) 1/6 c) 1/9 d) 1/12 Uma caixa é selecionada ao acaso e dela uma moeda

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é sorteada. Se a moeda sorteada é de ouro, então pro- 22. (MRE/Oficial de Chancelaria/2002) Em um grupo de
babilidade de que a outra moeda da caixa selecionada cinco crianças, duas delas não podem comer doces. Duas
também seja de ouro é de: caixas de doces serão sorteadas para duas diferentes
a) 1/2 b) 1/3 c) 2/3 d) 1/5 crianças desse grupo (uma caixa para cada uma das
duas crianças). A probabilidade de que as duas caixas de
16. Numa equipe com três estudantes, A, B e C, estima‑se doces sejam sorteadas exatamente para duas crianças
que a probabilidade de que A responda corretamente que podem comer doces é:
uma certa pergunta é igual a 40%, a probabilidade de a) 0,10 b) 0,20 c) 0,25 d) 0,30 e) 0,60
B fazer o mesmo é 20%, enquanto a probabilidade de
êxito de C, na a mesma tarefa, é de 60%. Um destes estu- 23. (MPOG/Espec.Pol. Públ. e Gest. Gov./2002) Um juiz de
dantes é escolhido ao acaso para responder à pergunta. futebol possui três cartões no bolso. Um é todo amarelo,
Qual a probabilidade de que a resposta esteja correta? o outro é todo vermelho e o terceiro é vermelho de um
a) 20% b) 30% c) 40% d) 50% lado e amarelo do outro. Num determinado jogo, o juiz
retira, ao acaso, um cartão do bolso e mostra, também
17. No problema anterior, considere que a pergunta foi ao acaso, uma face do cartão a um jogador. Assim, a pro-
feita a um dos três estudantes e este a respondeu cor- babilidade de a face que o juiz vê ser vermelha e de a
outra face, mostrada ao jogador, ser amarela é igual a:
retamente. Qual é a probabilidade de que a resposta do
a) 1/6
estudante tenha sido B?
b) 1/3
a) 25%
c) 2/3
b) 33,3%
d) 4/5
c) 40% e) 5/6
d) 16,7%
24. (Esaf/Fiscal do Trabalho/1998) De um grupo de 200
18. (MPU/Técnico Administrativo/2004) Carlos sabe que estudantes, 80 estão matriculados em Francês, 110
Ana e Beatriz estão viajando pela Europa. Com as in- em Inglês e 40 não estão matriculados nem em Inglês
formações que dispõe, ele estima corretamente que a nem em Francês. Seleciona‑se, ao acaso, um dos 200
probabilidade de Ana estar hoje em Paris é 3/7, que a estudantes. A probabilidade de que o estudante sele-
probabilidade de Beatriz estar hoje em Paris é 2/7, e que cionado esteja matriculado em pelo menos uma dessas
a probabilidade de ambas, Ana e Beatriz, estarem hoje disciplinas (isto é, em Inglês ou em Francês) é igual a:
em Paris é 1/7. Carlos, então, recebe um telefonema a) 30/200
de Ana informando que ela está hoje em Paris. Com a b) 130/200
informação recebida pelo telefonema de Ana, Carlos c) 150/200
agora estima corretamente que a probabilidade de d) 160/200
Beatriz também estar hoje em Paris é igual a e) 190/200
a) 1/7. b) 1/3. c) 2/3. d) 5/7. e) 4/7.
25. (TCU/AFCE/1999) Um dado viciado, cuja probabilidade de
19. (MPU/Técnico de Controle/2004) Os registros mostram se obter um número par é 3/5, é lançado juntamente com
que a probabilidade de um vendedor fazer uma venda uma moeda não viciada. Assim, a probabilidade de se obter
em uma visita a um cliente potencial é 0,4. Supondo que um número ímpar no dado ou coroa na moeda é:
as decisões de compra dos clientes são eventos indepen- a) 1/5
dentes, então, a probabilidade de que o vendedor faça b) 3/10
no mínimo uma venda em três visitas é igual a: c) 2/5
a) 0,624. b) 0,064. c) 0,216. d) 0,568. e)0,784. d) 3/5
e) 7/10
20. (MPU/Técnico de Controle/2004) André está realizando
26. (Esaf/Fiscal do Trabalho/1998) De um grupo de 200
um teste de múltipla escolha, em que cada questão apre-
estudantes, 80 estão matriculados em Francês, 110 em
senta 5 alternativas, sendo uma e apenas uma correta.
Inglês e 40 não estão matriculados nem em Inglês nem
Se André sabe resolver a questão, ele marca a resposta
em Francês. Seleciona‑se, ao acaso, um dos 200 estu-
certa. Se ele não sabe, ele marca aleatoriamente uma dantes. A probabilidade de que o estudante selecionado
das alternativas. André sabe 60% das questões do tes- não esteja matriculado em Inglês é igual a:
te. Então, a probabilidade de ele acertar uma questão a) 0,25
qualquer do teste (isto é, de uma questão escolhida ao b) 0,30
acaso) é igual a: c) 0,35
a) 0,62. b) 0,60. c) 0,68. d) 0,80. e) 0,56. d) 0,40
e) 0,45
21. (MPU/Técnico de Controle/2004) Quando Lígia para
em um posto de gasolina, a probabilidade de ela pedir 27. (MPOG/Analista/2000) A probabilidade de ocorrer cara
para verificar o nível de óleo é 0,28; a probabilidade de no lançamento de uma moeda viciada é igual a 2/3. Se
ela pedir para verificar a pressão dos pneus é 0,11 e a ocorrer cara, seleciona‑se aleatoriamente um número
probabilidade de ela pedir para verificar ambos, óleo e X do intervalo {X  ∈  Ν   1 ≤ X ≤ 3}; se ocorrer coroa,
Matemática

pneus, é 0,04. Portanto, a probabilidade de Lígia parar seleciona‑se aleatoriamente um número Y do intervalo
em um posto de gasolina e não pedir nem para verificar {Y ∈ Ν  1 ≤ Y ≤ 4}, onde Ν representa o conjunto dos
o nível de óleo e nem para verificar a pressão dos pneus números naturais. Assim, a probabilidade de ocorrer um
é igual a: número par é igual a:
a) 0,25. b) 0,35. c) 0,45. d) 0,15. e) 0,65. a) 7/18 b) 1/2 c) 3/7 d) 1/27 e) 2/9

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28. (AFC/2002) Em uma sala de aula estão 10 crianças sendo NÚMEROS NATURAIS
6 meninas e 4 meninos. Três das crianças são sorteadas
para participarem de um jogo. A probabilidade de as três O conjunto dos números naturais é formado pelos
crianças sorteadas serem do mesmo sexo é: números cardinais, ou seja, aqueles que são usados para
a) 15% nos referirmos ao resultado de uma contagem de objetos.
b) 20% 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, ...
c) 25%
d) 30% Representamos o conjunto dos números naturais como N.
e) 35%
Sucessor
29. (Serpro/2001) Há apenas dois modos, mutuamente Sucessor de um número natural n é o número n + 1.
excluden­tes, de Ana ir para o trabalho: ou de carro ou • Todo número natural tem sempre um único sucessor.
de metrô. A probabilidade de Ana ir de carro é de 60% • O sucessor de n é maior que n, ou seja, n + 1 > n.
e de ir de metrô é de 40%. Quando ela vai de carro, • O sucessor também pode ser chamado de sucessivo
a probabilidade de chegar atrasada é de 5%. Quando ou de consecutivo.
ela vai de metrô a probabilidade de chegar atrasada é • Se n + 1 é o sucessor de n, então dizemos que n é o
de 17,5%. Em um dado dia, escolhido aleatoriamente, antecessor de n + 1.
verificou‑se que Ana chegou atrasada ao seu local de • O antecessor de n é n – 1.
trabalho. A probabilidade de ela ter ido de carro nesse • O antecessor também pode ser chamado de antece-
dia é: dente ou de precedente.
a) 10% • O antecessor de n é sempre menor que n, ou seja,
b) 30% n – 1 < n.
c) 40%
d) 70% Operações com números naturais
e) 82,5%
- Adição
30. (TFC/1997) A probabilidade de Agenor ser aprovado • A adição de dois números naturais sempre resulta
no vestibular para o curso de Medicina é igual a 30%. número natural.
A  probabilidade de Bento ser aprovado no vestibular a∈Neb∈N⇒a+b∈N
para o curso de Engenharia é igual a 10%. Saben-
do‑se que os resultados dos respectivos exames são • Numa adição temos:
independentes, então a probabilidade de apenas Agenor a+b=c
ser aprovado no vestibular para o curso de Medicina é: a e b são as parcelas
a) 0,10 c é a soma ou total
b) 0,27
c) 0,30 • O Elemento Neutro da adição é o zero:
d) 0,45 0+a=a+0=a
e) 0,50
• A adição é comutativa:
31. (AFTN/1998) Em uma cidade, 10% das pessoas possuem sempre vale a + b = b + a
carro importado. Dez pessoas dessa cidade são selecio-
nadas, ao acaso e com re­posição. A probabilidade de • A adição é associativa:
que exatamente 7 das pessoas selecionadas possuam sempre vale (a + b) + c = a + (b + c)
carro importado é:
a) (0,1)7 (0,9)3 - Subtração
b) (0,1)3 (0,9)7 • A subtração de dois números naturais nem sempre
c) 120 (0,1)7 (0,9)3 resulta número natural.
d) 120 (0,1) (0,9)7 • A subtração é definida como a operação inversa da
e) 120 (0,1)7 (0,9) adição:
a–b=c⇔c+b=a

Gabarito • Numa subtração temos:


a–b=c
a é o minuendo
1. a 13. b 25. e b é o subtraendo
2. d 14. a 26. e c é o resto ou a diferença entre a e b
3. a 15. c 27. a
4. c 16. c 28. b • A subtração não é comutativa:
5. c 17. d 29. b nem sempre vale a – b = b – a
6. c 18. b 30. b
7. b 19. e 31. c • A subtração não é associativa:
nem sempre vale (a – b) – c = a – (b – c)
Matemática

8. d 20. c
9. c 21. e
10. d 22. d - Multiplicação
• A multiplicação de dois números naturais sempre
11. a 23. a
resulta número natural.
12. c 24. d
a∈Neb∈N⇒a·b∈N

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
• Numa multiplicação temos: Divisor de um Número
a· b = c
a e b são os fatores Divisor de um número inteiro a é qualquer inteiro d tal
c é o produto que a = d × n para algum inteiro n.
• O Elemento Neutro da multiplicação é, o 1 (um): Deste modo, podemos indicar o conjunto dos divisores
1·a=a·1=a de um inteiro a por:
• A multiplicação é comutativa: D(a) = {d ∈ Z / ∃ n ∈ Z, d × n = a}
sempre vale a · b = b · a
• A multiplicação é associativa: • Quando d é um divisor de n diz-se que n é divisível
sempre vale (a · b) · c = a · (b · c) por d.
• O menor divisor positivo de um inteiro n qualquer é 1.
• A multiplicação é distributiva para a adição: • O maior divisor de um inteiro n qualquer é n.
a · (b + c) = (a · b) + (a · c) • O número 1 é divisor de todos os números inteiros (1
é o divisor universal).
• A multiplicação é distributiva para a subtração: • O zero não pode ser divisor de qualquer número
a · (b – c) = (a · b) – (a · c) inteiro.
- Divisão
• A divisão de dois números naturais nem sempre Critérios de Divisibilidade
resulta número natural.
• A divisão é definida como a operação inversa da Um critério de divisibilidade é uma regra que permite
multiplicação: decidir se uma divisão é exata ou não, sem que seja preciso
a÷b=c⇒c·b=a executar a divisão.

• Numa divisão temos: Divisibilidade por 2


a÷b=c Um número é divisível por 2 sempre que o algarismo
a é o dividendo das unidades for 0, 2, 4, 6 ou 8.
b é o divisor Assim, 91.596 é divisível por 2, pois seu algarismo das
c é o quociente de a por b unidades é 6.
• A divisão não é comutativa: Divisibilidade por 5
nem sempre vale a ÷ b = b ÷ a Um número é divisível por 5 sempre que o algarismo
das unidades for 0 ou 5.
• A divisão não é associativa:
Então 74.380 é divisível por 5, pois seu algarismo das
nem sempre vale (a ÷ b) ÷ c = a ÷ (b ÷ c) unidades é zero.
• A divisão é distributiva à direita para a adição:
(b ÷ c) ÷ a = (b ÷ a) + (c ÷ a) Divisibilidade por 10, 100, 1000 etc.
Um número é divisível por 10, 100, 1.000 etc. quando
• A divisão é distributiva à direita para a subtração: termina, respectivamente, com 1, 2, 3 etc. zeros à
(b – c) ÷ a = (b ÷ a) – (c ÷ a) direita.
Então 2.900, 14.000 e 780 são divisíveis, respectivamen-
Divisão Inteira (ou Divisão Euclideana) te, por 100, por 1.000 e por 10.

A÷D→ → A = (Q · D) + R e 0 ≤ R < D Divisibilidade por 4


Um número é divisível por 4 quando os seus dois últimos
A é o dividendo algarismos formam um número divisível por 4.
D é o divisor Deste modo, 73.996, que termina em 96, é divisível por
Q é o quociente 4, pois o próprio 96 é divisível por 4.
R é o resto
Divisibilidade por 8
Divisibilidade e Números Primos Um número é divisível por 8 quando os seus três últimos
algarismos formarem um número divisível por 8.
Múltiplo de um Número Assim, 158.960 é divisível por 8 porque os seus três
últimos algarismos formam o número 960 que é divi-
Múltiplo de um número inteiro é o produto deste nú- sível por 8.
mero por um inteiro qualquer.
Todo número inteiro não nulo tem infinitos múltiplos. Divisibilidade por 25
Assim, sendo n um número inteiro positivo qualquer, pode- Um número é divisível por 25 quando os seus dois últi-
mos indicar o conjunto dos múltiplos de n por: mos algarismos formam 25, 50, 75 ou 00. Portanto, os
M(n) = {0, ±1n, ±2n, ±3n, ±4n, ±5n, ±6n, ±7n, ±8n, ....} números 17.475, 854.325, 79.000 e 123.450 são todos
divisíveis por 25.
Matemática

• Qualquer número inteiro é um múltiplo de 1:


M(1) = {0, ±1, ±2, ±3, ±4, ±5, ...} Divisibilidade por 3
• Somente o próprio zero é múltiplo de zero: Um número é divisível por 3 quando a soma dos valores
M(0) = {0} absolutos dos algarismos do número é divisível por 3.
• O zero é múltiplo de todos os números inteiros (zero O número 74.022 é divisível por 3 pois 7 + 4 + 0 + 2 + 2
é o múltiplo universal). = 15 que é divisível por 3.

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Divisibilidade por 9 Exemplos:
Um número é divisível por 9 quando a soma dos valores O número 18 é composto pois tem mais que dois divi-
absolutos dos algarismos do número é divisível por 9. sores positivos: 1, 2, 3, 6, 9 e 18.
O número 8.514 é divisível por 9, pois 8 + 5 + 1 + 4 = 18 O número 1 não é composto pois tem apenas um divisor
que é divisível por 9. positivo: ele próprio.

Divisibilidade por 6 Reconhecimento de Números Primos


Um número é divisível por 6 quando for divisível por 2
e também por 3. Para saber se um inteiro n é primo ou não, pode-se
O número 317.100 é divisível por 2 porque é par e tam- proceder da seguinte forma:
bém é divisível por 3 pois 3+1+7+1+0+0 = 12.
Logo o número 317.100 é divisível por 6. 1o Consideramos as divisões de n por todos os nú-
meros primos p, tais que o quociente da divisão
Divisibilidade por 12 de n por p seja, em valores absolutos, maior que o
Um número é divisível por 12 quando for divisível por próprio p;
3 e também por 4. 2o n será primo se, e só se, nenhuma destas divisões
O número 231.456, por exemplo, é divisível por 3 pois 2 for exata.
+ 3 + 1 + 4 + 5 + 6 = 21 e também é divisível por 4, pois
os dois últimos algarismos formam o número 56 que é Exemplo:
divisível por 4. Logo 231.456 é divisível por 12. Deseja-se saber se o número 131 é ou não primo.
Ao considerarmos as divisões 131 ÷ 2, 131 ÷ 3, 131 ÷ 5,
Divisibilidade por 7 131 ÷ 7 e 131 ÷ 11, observamos (aproveitar os critérios
Um número é divisível por 7 quando a diferença entre de divisibilidade apresentados) que nenhuma delas é
as suas dezenas e o dobro do valor do seu algarismo exata e que a divisão 131÷13 já apresenta quociente
das unidades é divisível por 7. menor que o próprio 13. Então 131 é primo.
Assim, em 819 temos 81 dezenas e 9 unidades. Como
81 – (9 × 2) = 81 – 18 = 63 é divisível por 7, então o Decomposição de um número em fatores primos
número 819 também é divisível por 7.
Todo número composto pode ser expresso com um
Divisibilidade por 11 produto de dois ou mais fatores, todos primos.
Um número é divisível por 11 quando a diferença entre Para decompor um número composto qualquer em
a soma dos valores absolutos dos algarismos de ordem fatores primos, devemos:
ímpar (a partir das unidades) e a soma dos valores abso- • dividir o número dado pelo menor de seus divisores
lutos dos algarismos de ordem par é um múltiplo de 11. primos positivos;
No número 23.859, os algarismos de ordem ímpar, a • repetir este procedimento com cada um dos quocien-
partir das unidades, são 9, 8 e 2 cuja soma resulta 9 + 8 + tes obtidos, até que o quociente encontrado seja ±1;
2 = 19. Os algarismos de ordem par são 5 e 3 cuja soma • o número composto será igual ao produto de todos
nos dá 5 + 3 = 8. Como a diferença entre estas duas so- os divisores primos utilizados.
mas é 19–8 = 11, o número 23.859 será divisível por 11.
Exemplo:
Divisibilidade por 13 Decompor o número 126 em fatores primos.
Um número é divisível por 13 quando a soma das suas Anotando o menor divisor primo sempre à direita de
dezenas com o quádruplo do valor do seu algarismo cada valor considerado e cada quociente imediatamente
das unidades é divisível por 13. abaixo do dividendo anterior, poderemos apresentar a
O número 351 é divisível por 13 pois 35 + (1 × 4) = 35 fatoração como segue:
+ 4 = 39 que é divisível por 13.
÷2
126
Números Primos 63 ÷3
21 ÷3
Dizemos que um número inteiro é primo quando ele
tem exatamente dois divisores positivos. 7 ÷7
1
p é primo ↔ D(p) = {1, p}
Então a decomposição de 126 em fatores primos nos deu
Exemplos:
O número 19 é primo, pois tem exatamente dois divi- 2 × 3 × 3 × 7 = 21 × 32 × 71.
sores positivos, que são: 1 e 19.
Já o número 91 não é primo, pois tem mais de 2 divisores Total de Divisores Naturais de um Número Composto
inteiros: 1, 7, 13 e 91.
O número 1 também não é primo, pois tem apenas um Se a decomposição em fatores primos de um número
divisor positivo: ele próprio. composto N é
Existem infinitos números primos. Citando apenas os N = pa × qb × rc × .... × tn
primeiros números primos positivos, teríamos: 2, 3, 5, 7, 11,
Matemática

13, 17, 19, 23, 29, 31, 37, .... onde a, b, c, ...,n são os expoentes dos fatores primos
p, q, r, ..., t , então, o total de divisores naturais do número N é
Números Compostos
Denominamos número composto a todo número que (Nº de divisores naturais de N)
tenha mais que dois divisores positivos. = (a+1) × (b+1) × (c+1) × ..... × (n+1)

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Exemplo: 6. Decompor o número 1.260 em fatores primos:
Decompondo o número 12 em fatores primos obtemos:
12 = 22 × 31, onde os expoentes são 2 e 1. Solução:
Então, o total de divisores naturais de 12 é (2  +  1)  × 1260 ÷2
(1+1) = 3 × 2 = 6. 630 ÷2
315 ÷3
Exercícios Resolvidos 105 ÷3
35 ÷5
1. Determinar o algarismo de menor valor pelo qual se pode 7 ÷7
substituir a letra x em cada um dos números abaixo, de 1
modo que se obtenha o que é afirmado:
a) 872x é divisível por 2. Então, temos: 1.260 = 22 × 32 × 51 × 71
b) 872x é divisível por 2 e por 3.
c) 514x é divisível por 4 e por 9. Exercícios propostos
Soluções: 1. Qual o menor algarismo que deve ocupar o lugar de x no
a) 872x será divisível por 2 somente se x for 0, 2, 4, 6 ou número 2x59 para que se obtenha um múltiplo de 3?
8. O menor valor para x é 0. 2. Qual o maior algarismo que deve ocupar o lugar de x no
b) Se 872x é divisível por 2, então x é 0, 2, 4, 6 ou 8. Por número 259x para que se obtenha um múltiplo de 4?
outro lado, se 872x é divisível por 3, então 8 + 7 + 2 + x 3. Qual o algarismo que deve ocupar o lugar de x no nú-
= 17 + x também é divisível por 3. mero 432x para que se obtenha um múltiplo de 7?
Então x é 4, pois é o único valor de x que faz a soma 4. Determinar se o número 1.701 é primo ou se é composto.
divisível por 3: 17 + 4 = 21. 5. Determinar se o número 973 é primo ou se é composto.
­

c) 514x será divisível por 4 somente se 4x for divisível por 6. Determinar se o número 151 é primo ou se é com­posto.
4. Temos 40 → x = 0, 44 → x = 4, ou 48 → x = 8. 7. Qual é o menor número que se deve subtrair de 52.647
Por outro lado, se 514x é divisível por 9, então 5 + 1 + 4 para que se obtenha um múltiplo de 9?
+ x = 10 + x também é divisível por 9. 8. Decompor o número 6.600 em fatores primos.
Então x deverá ser 8, pois é o único valor de x que faz a 9. Qual é o menor número que se deve adicionar a 316.436
soma divisível por 9: 10 + 8 = 18. para que se obtenha um múltiplo de 5?
10. Determinar o conjunto de todos os divisores positivos
2. Qual é o menor número que se deve subtrair de 57.638 de 36.
para que se obtenha um múltiplo de 4? 11. Qual é o menor número inteiro positivo cujo triplo é
divisível por 9, 11 e 14?
Solução: 12. Qual o menor número natural não nulo que se deve
A divisão de 57.638 por 4 tem resto igual ao resto da multiplicar por 4.500 para se obter um número divisível
divisão de 38 (são os dois últimos algarismos) por 4, ou por 2.520?
seja, tem resto 2. Se subtraíssemos este 2 ao 57.638, a 13. Numa lista de números há dez números primos distintos,
diferença, 57.636, seria divisível por 4 e, portanto, seria dez números pares distintos e dez números ímpares
um múltiplo de 4. Assim, deve-se subtrair 2. distintos. Qual é a menor quantidade de números que
esta lista pode ter?
3. Qual é o menor número que se deve adicionar a 3.421 14. Sophia guardou 972 figurinhas em várias caixas de tal
para que se obtenha um múltiplo de 3? modo que a segunda caixa ficou com o dobro do número
de figurinhas da primeira; a terceira caixa ficou com o
Solução: dobro do número de figurinhas das duas primeiras caixas
A divisão de 3.421 por 3 tem resto igual ao resto da divi- juntas; a quarta, com o dobro do total de figurinhas das
são de 10 (que é 3 + 4 + 2 + 1) por 3, ou seja, tem resto três primeiras; e assim por diante até a última caixa.
1. O menor valor que se pode acrescentar a este 1 de Sabendo que o número de caixas empregado foi o maior
modo que a soma seja divisível por 3 é 2, pois 1 + 2 = 3. possível, quantas caixas Sophia usou ao todo?
Assim, deve-se adicionar 2. 15. Considere todos os números inteiros e positivos m tais
que as divisões do tipo 120 ÷ m tenham sempre resto
4. Determinar se o número 343 é primo ou se é composto. igual a 18. Nestas condições, qual é o valor da soma de
todos os valores possíveis de m?
Solução:
Utilizando os critérios de divisibilidade concluímos que GABARITO
343 não é divisível por 2, nem por 3, nem por 5, mas
a divisão dele por 7 será exata. Logo 343 não é primo.
1. x = 2 9. 4
2. x = 6 10. {1, 2, 3, 4, 6, 9, 12, 18, 36}
5. Determinar se o número 151 é primo ou se é composto.
3. x = 6 11. 462
Matemática

4. Composto 12. 14
Solução:
5. Composto 13. 20
Considerando as divisões de 151 por 2, por 3, por 5, por
6. Primo 14. 6 caixas
7, por 11 e por 13, observamos que nenhuma delas é
7. 6 15. 187
exata e ainda 151 por 13 tem quociente menor que o
8. 23 × 3 × 52 × 11
próprio 13. Então 151 é primo.

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Mínimo Múltiplo Comum e 2º Escrever à direita da linha vertical o menor número
primo capaz de dividir algum dos números da
Máximo Divisor Comum esquerda, anotando abaixo destes o resultado da
divisão (se divisível) ou repetindo o número (se a
Múltiplos Comuns e Mínimo Múltiplo Comum divisão não for exata), e repetir o procedimento até
que todos estes sejam reduzidos à unidade:
Dados dois ou mais números inteiros não nulos, os
conjuntos dos múltiplos destes números terão sempre infi- 36, 45, 60 2
nitos elementos comuns a todos eles, aos quais chamamos 18, 45, 30 2
múltiplos comuns. 9, 45, 15 3
Observe os conjuntos dos múltiplos dos números 3, 4 3, 15, 5 3
e 6, que são respectivamente: 1, 5, 5 5
1, 1, 1
M(3) = {0, ±3, ±6, ±9, ±12, ±15, ±18,
3º O MMC de 36, 45 e 60 será o produto de todos os
±21, ±24, ±27, ±30, ±33, ±36 ....}, números primos encontrados à direita:
M(4) = {0, ±4, ±8, ±12, ±16, ±20, ±24, MMC(36, 45, 60) = 2 × 2 × 3 × 3 × 5 = 180
±28, ±32, ±36, ±40, ±44, ...}
Divisores Comuns e Máximo Divisor Comum
e M(6) = {0, ±6, ±12, ±18, ±24,
±30, ±36, ±42,.........}. Dados dois ou mais números inteiros não nulos, os con-
juntos dos divisores destes números terão sempre dois ou
Neles podemos notar os primeiros múltiplos comuns mais elementos comuns a todos eles, aos quais chamamos
a 3, 4 e 6 que estão destacados em negrito nos conjuntos divisores comuns.
acima: 0, ±12, ±24 e ±36. Observe os conjuntos dos divisores dos números 12, 18
Denominamos mínimo múltiplo comum (MMC) e 30. Neles podemos notar os divisores comuns, que estão
de dois ou mais números inteiros e não nulos ao menor nú- destacados em negrito:
mero positivo que seja múltiplo de todos os números dados.
D(12) = {± 1, ± 2, ± 3, ± 4, ± 6, ± 12},
Assim, no exemplo dado o MMC dos números 3, 4 e 6
é o 12, pois ele é o menor número positivo que é múltiplo, D(18) = {± 1, ± 2, ± 3, ± 6, ± 9, ± 18}
simultaneamente, de 3, de 4 e de 6.
e D(30) = {± 1, ± 2, ± 3, ± 5, ± 6, ± 10, ± 15, ±30}.
MMC(3, 4, 6) = 12
Denominamos máximo divisor comum (MDC) de dois
Determinação do MMC por decomposições em fatores ou mais inteiros não nulos, ao maior dos divisores comuns
primos aos números apresentados.
Assim, o MDC dos números 12, 18 e 30 é 6, pois ele é
Determinar o MMC dos números 36, 45 e 60: o maior número que divide, simultaneamente, 12, 18 e 30.

MDC(12, 18, 30) = 6


1º Decompor os números dados em fatores primos:
O conjunto dos divisores comuns (DC) a dois ou mais
36 = 22 × 32 inteiros não nulos sempre coincide com o conjunto dos
45 = 32 × 51 divisores do MDC destes números:
60 = 22 × 31 × 51
DC(12, 18, 30) = D(6) = {± 1, ± 2, ± 3, ± 6}
2º O MMC de 36, 45 e 60 será o produto de todos os
fatores primos encontrados, tomados sempre com Determinação do MDC por decomposições em fatores
os maiores expoentes com os quais cada um deles primos
ocorreu dentre todos os números decompostos:
Determinar o MDC dos números 120, 140 e 200:
MMC(36, 45, 60) = 22 × 32 × 51
= 4 × 9 × 5 = 180 1º Decompor os números dados em fatores primos:
Determinação do MMC pelo processo simplificado 120 = 23 × 31 × 51
140 = 22 × 51 × 71
Determinar o MMC dos números 36, 45 e 60: 200 = 23 × 52
1º Traçar uma linha vertical, anotando à sua esquerda 2º O MDC de 120, 140 e 200 será o produto dos
Matemática

todos os números dados; fatores primos comuns, tomados sempre com


os menores expoentes com os quais cada um deles
36, 45, 60 ocorreu dentre todos os números decompostos:

MDC(120, 140, 200) = 22 × 51 = 4 × 5 = 20

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Determinação do MDC pelo processo simplificado Solução:
O menor número positivo que é múltiplo comum a 3, 4,
Determinar o MDC dos números 360, 420, 600: 5 e 7 é o MMC(3, 4, 5, 7).

1º Traçar uma linha vertical, anotando à sua esquerda 3, 4, 5, 7 2


todos os números dados; 3, 2, 5, 7 2
3, 1, 5, 7 3
360, 420, 600
1, 1, 5, 7 5
1, 1, 1, 7 7
1, 1, 1, 1

2º Escrever à direita da linha vertical o menor número MMC(3, 4, 5, 7) = 2 × 2 × 3 × 5 × 7 = 420


primo capaz de dividir todos os números da esquer-
da, anotando abaixo destes o resultado de cada 2. Determinar o menor inteiro positivo de três algarismos
divisão e repetir o procedimento até que algum que é divisível, ao mesmo tempo, por 2, por 3 e por 4.
deles seja reduzido à unidade ou que não seja mais
possível encontrar um número primo que divida Solução:
todos os números restantes: Ser divisível por 2, 3 e 4 é ser múltiplo de 2, 3 e 4. Assim,
procuramos o menor múltiplo comum a 2, 3 e 4 que seja
360, 420, 600 2
180, 210, 300 2 positivo e tenha três algarismos.
90, 105, 150 3 MMC(2, 3, 4) = 12
30, 35, 50 5
15, 7, 10
Como 12 não tem três algarismos, o número procurado
3º O MDC de 360, 420, 600 será o produto de todos os deverá ser um múltiplo de 12 que tenha três algarismos:
números primos encontrados à direita: 12 × 1 = 12 12 × 2 =24 12 × 3
= 36 ... 12 × 9 = 108
MDC(360, 420, 600) = 2 × 2 × 3 × 5 = 60
O menor múltiplo positivo de 12 com três algarismos é
Propriedades do MMC e do MDC
108, que, deste modo, é o número procurado.
• Se o MDC(a, b) = 1, então a e b são denominados
primos relativos ou primos entre si. 3. Sabe-se que os números 36, 48 e 204 têm vários divisores
Exemplo: MMC(25, 36) = 1. Então 25 e 36 são primos comuns, como, por exemplo, o 2 e o 4. Determinar o maior
entre si. dos divisores comuns a 36, 48 e 204.

• MMC(a, n × a) = n × a e MDC(a, n × a) = a. Solução:


Exemplo: MMC(15, 30) = 30 e MDC(15, 30) = 15, pois O maior dos divisores comuns a 36, 48 e 204 é o MDC
30 = 2 × 15. destes números, ou seja:

• MMC(a, b) × MDC(a, b) = a × b. 36, 48, 204 2


Exemplo: 84 × 90 = 7.560. Então MMC(84, 90) × 18, 24, 102 2
MDC(84, 90) = 7.560.
9, 12, 51 3
3, 4, 17
• Se MMC(a, b) = m, então MMC(ka, kb) = km (k ≠ 0).
Exemplo: MMC(6,8) = 24. Então MMC(60, 80) = 240
(que é 24 × 10). MDC(36, 48, 204) = 2 × 2 × 3 = 12

• Se MDC(a, b) = d então MDC(ka, kb) = kd (k ≠ 0). 4. Determine os menores números inteiros positivos pelos
Exemplo: MDC(6,8) = 2. Então MDC(60, 80) = 20 (que quais devem ser divididos os números 72 e 120 de modo
é 2 × 10). que se obtenham divisões exatas com quocientes iguais.
• Dois números consecutivos são sempre primos entre Solução:
si, ou seja, MDC(n, n + 1) = 1. O quociente comum às duas divisões deverá ser o
Exemplo: MDC(25, 26) = 1. MDC(72, 120), que é 24.
• Se dois ou mais números são, dois a dois, primos entre 72 ÷ 24 = 3 e 120 ÷ 24 = 5
si, o seu MMC será o produto deles.
Exemplo: MMC(4, 5, 9) = 4 × 5 × 9 = 180, pois 4, 5 e 9 portanto: 72 ÷ 3 = 24 e 120 ÷ 5 = 24
são, dois a dois, primos entre si.
Matemática

Assim, os números procurados são 3 e 5.


Exercícios Resolvidos
5. O número N é um inteiro positivo de três algarismos que
1. Determinar o menor número positivo que é múltiplo, ao deixa o mesmo resto 3 nas divisões por 6, por 8 e por 10.
mesmo tempo, de 3, de 4, de 5 e de 7. Qual é o menor valor possível para N?

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Solução: Números inteiros
Se N deixa resto 3 nas três divisões, então N–3 é divisível operações e propriedades
por 6, por 8 e por 10. Portanto, N–3 é um múltiplo comum
de 6, 8 e 10, que tem três alga­rismos. Neste capítulo será feita uma revisão dos aspectos
O MMC(6, 8, 10) é 120, que já tem três algarismos. Assim, mais importantes sobre as operações de adição, subtração,
o valor procurado é 120. multiplicação e divisão com números inteiros.

6. Quantos divisores inteiros têm em comum os números Adição


72 e 120?
Os termos da adição são chamados parcelas e o resul-
Solução: tado da operação de adição é denominado soma ou total.
Os divisores comuns de 72 e 120 serão os divisores do
1ª parcela + 2ª parcela = soma ou total
seu MDC, que é 24.
O número 24 tem, ao todo, 16 divisores: • A ordem das parcelas nunca altera o resultado de
uma adição:
± 1, ± 2, ± 3, ± 4, ± 6, ± 8, ± 12 e ± 24 a+b=b+a

Que são os divisores comuns de 72 e 120. • O zero é elemento neutro da adição:


0+a=a+0=a
Exercícios PROPOSTOS Subtração
1. Ao proceder-se a divisão de um certo número N por 12 O primeiro termo de uma subtração é chamado mi-
ou por 15 ou por 27, obteve-se sempre o mesmo resto nuendo, o segundo, subtraendo e o resultado da operação
4 e quocientes maiores que zero. Determinar o menor de subtração é denominado resto ou diferença.
valor positivo possível para N.
2. Quantos divisores positivos têm em comum os números minuendo − subtraendo = resto ou diferença
48 e 204?
3. Sejam A = 24 × 32 × 54 e B = 23 × 33 × 51 × 72, determinar • A ordem dos termos pode alterar o resultado de uma
o MMC(A, B). subtração:
4. Sejam A = 32 × 53 × 114 e B = 23 × 33 × 51 × 72, determinar a – b ≠ b – a (sempre que a ≠ b)
o MDC(A, B). • Se adicionarmos uma constante k ao minuendo, o
5. Sejam A = 32 × 53 × 72, B = 23 × 33 × 51 × 114 e C = 22 × 73 × resto será adicionado de k.
112 determinar o MDC(A, B, C). • Se adicionarmos uma constante k ao subtraendo, o
resto será sub­traído de k.
6. Sejam A = 23 × 3x × 5y e B = 104 × 38. Se o MDC(A, B) é
• A subtração é a operação inversa da adição:
360, então quanto vale x + y?
M − S = R ↔ R + S = M
7. Um trenzinho de brinquedo percorre uma pista circular • A soma do minuendo com o subtraendo e o resto é
parando de 6 em 6 estações. Quantas voltas na pista o sempre igual ao dobro do minuendo.
trenzinho deverá dar até parar novamente na estação M+S+R=2×M
de onde partiu se a pista tem ao todo 20 estações?
8. Um trenzinho de brinquedo percorre uma pista Valor absoluto
circular parando de 6 em 6 estações. Quantas paradas o
trenzinho fará até encontrar-se novamente na estação O valor absoluto de um número inteiro indica a distância
de onde partiu se a pista tem ao todo 20 estações? deste número até o zero quando consideramos a represen-
9. A soma de dois números maiores que 20 é 216. Deter- tação dele na reta numérica.
mine-os sabendo que o seu MDC é 18.
10. Quantos números inteiros positivos e não maiores que Atenção:
432 são primos relativos com 432? • O valor absoluto de um número nunca é negativo,
pois representa uma distância.
• A representação do valor absoluto de um número
GABARITO n é | n |. (Lê-se “valor absoluto de n” ou “módulo
de n”.)
1. 544
2. 6 divisores comuns
3. MMC(A,B) = 24 × 33 × 54 × 72
4. MDC(A,B) = 32 × 51 Números simétricos
5. MDC(A,B,C) = 1 Dois números a e b são ditos simétricos ou opostos
Matemática

6. x + y = 2 + 1 = 3 quando:
7. 3 voltas a+b=0
8. 10 paradas
9. 90 e 126 Exemplos:
10. 144 –3 e 3 são simétricos (ou opostos) pois (–3) + (3) = 0.
4 e – 4 são simétricos (ou opostos) pois (4) + (–4) = 0.

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O oposto de 5 é –5. • O primeiro fator também pode ser chamado multipli-
O simétrico de 6 é –6. cando enquanto o segundo fator pode ser chamado
O oposto de zero é o próprio zero. multiplicador.

Dois números simétricos sempre têm o mesmo módulo. • A ordem dos fatores nunca altera o resultado de uma
multiplicação:
Exemplo: a×b = b×a
|–3| = 3 e |3| = 3
• O número 1 é elemento neutro da multiplicação:
Operações com números inteiros (Z) 1×a = a×1 = a

Qualquer adição, subtração ou multiplicação de dois • Se adicionarmos uma constante k a um dos fatores,
números inteiros sempre resulta também um número inteiro. o produto será adicionado de k vezes o outro fator:
Dizemos então que estas três operações estão bem definidas a×b = c ↔ (a+k)×b = c+(k×b)
em Z ou, equivalentemente, que o conjunto Z é fechado para
qualquer uma destas três operações. • Se multiplicarmos um dos fatores por uma constante
As divisões, as potenciações e as radiciações entre dois k, o produto será multiplicado por k.
números inteiros nem sempre têm resultado inteiro. Assim, a×b = c ↔ (a×k)×b = k×c
dizemos que estas três operações não estão bem definidas
no conjunto Z ou, equivalente­mente, que Z não é fechado • Podemos distribuir um fator pelos termos de uma
para qualquer uma destas três operações. adição ou subtração qualquer:

Adições e subtrações com números inteiros a×(b±c) = (a×b) ± (a×c)

Existe um processo que simplifica o cálculo de adições Divisão Inteira


e subtrações com números inteiros. Observe os exemplos
seguintes: Na divisão inteira de N por D ≠ 0, existirá um único par
de inteiros, Q e R, tais que:
Exemplo1:
Calcular o valor da seguinte expressão: Q × D + R = N e 0 ≤ R < D(onde D é o valor
10 – 7 – 9 + 15 – 3 + 4 absoluto de D)

Solução: A segunda condição significa que R (o resto) nunca pode


Faremos duas somas separadas ser negativo.
– uma só com os números positivos: Os quatro números envolvidos na divisão inteira são
10 + 15 + 4 = +29 assim denominados:
– outra só com os números negativos: N é o dividendo; D é o divisor (sempre diferente de
(–7) + (–9) + (–3) = –19 zero);
Agora calcularemos a diferença entre os dois totais Q é o quociente; R é o resto (nunca negativo).
encontrados.
+29 – 19 = +10 Exemplos:
1) Na divisão inteira de 60 por 7 o dividendo é 60, o
divisor é 7, o quociente é 8 e o resto é 4.
Atenção!
É preciso dar sempre ao resultado o sinal do nú-
mero que tiver o maior valor absoluto! 8 × 7 + 4 = 60 e 0 ≤ 4 < 7

2) Na divisão inteira de – 60 por 7 o dividendo é – 60,


Exemplo2: o divisor é 7, o quociente é –9 e o resto é 3.
Calcular o valor da seguinte expressão:
–10 + 4 – 7 – 8 + 3 – 2 –9 × 7 + 3 = – 60 e 0 ≤ 3 < 7

1º passo: Achar os totais (+) e (–): • Quando ocorrer R = 0 na divisão de N por D, teremos
(+): +4 + 3 = +7 Q × D = N e diremos que a divisão é exata indicando-a
(–): –10 – 7 – 8 – 2 = –27 como N ÷ D = Q.
• Quando a divisão de N por D for exata diremos que N
2º passo: Calcular a diferença dando a ela o sinal do total é divisível por D e D é divisor de N ou, equivalente-
que tiver o maior mó­dulo: mente, que N é múltiplo de D e D é fator de N.
–27 + 7 = –20 • O zero é divisível por qualquer número não nulo: D ≠
0 → 0 ÷ D = 0.
Multiplicação • Todo número inteiro é divisível por 1: ∀N, N ÷ 1 = N.
Matemática

• Se multiplicarmos o dividendo (N) e o divisor (D) de


Os termos de uma multiplicação são chamados fatores uma divisão por uma constante k ≠ 0, o quo­ciente (Q)
e o resultado da operação de multiplicação é denominado não será alterado mas o resto (R) ficará multiplicado
produto. por k, se R × k < D, ou será igual ao resto da divisão
1º fator × 2º fator = produto de R × k por D, se R × k ≥ D.

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Multiplicações e divisões com números inteiros Exercícios PROPOSTOS
Nas multiplicações e divisões de dois números inteiros 1. Numa adição com três parcelas, o total era 58. Somando-
é preciso observar os sinais dos dois termos da operação: -se 13 à primeira parcela, 21 à segunda e subtraindo-se
10 da terceira, qual será o novo total?
Exemplos:
2. Numa subtração a soma do minuendo com o sub­traendo
e o resto resultou 412. Qual o valor do mi­nuendo?
SINAIS IGUAIS → (+) SINAIS OPOSTOS → (–) 3. O produto de dois números é 620. Se adicionássemos
(+5) × (+2) = +10 (+5) × (–2) = –10 5 unidades a um de seus fatores, o produto ficaria au-
(–5) × (–2) = +10 (–5) × (+2) = –10 mentado de 155 unidades. Quais são os dois fatores?
(+8) ÷ (+2) = +4 (+8) ÷ (–2) = –4 4. Numa divisão inteira, o divisor é 12, o quociente é uma
(–8) ÷ (–2) = +4 (–8) ÷ (+2) = –4 unidade maior que o divisor e o resto, uma unidade
menor que o divisor. Qual é o valor do dividendo?
Exercícios Resolvidos 5. Certo prêmio será distribuído entre três vendedores de
modo que o primeiro receberá R$ 325,00; o segundo
1. Numa adição com duas parcelas, se somarmos 8 à pri- receberá R$ 60,00 menos que o primeiro; o terceiro
meira parcela, e subtrairmos 5 da segunda parcela, o receberá R$ 250,00 menos que o primeiro e o segundo
que ocorrerá com o total? juntos. Qual o valor total do prêmio repartido entre os
três vendedores?
Solução:
6. Um dicionário tem 950 páginas; cada página é dividida
Seja t o total da adição inicial.
Ao somarmos 8 a uma parcela qualquer, o total é acres- em 2 colunas; cada coluna tem 64 linhas; cada linha tem,
cido de 8 unidades: em média, 35 letras. Quantas letras há nesse dicionário?
7. Uma pessoa ganha R$ 40,00 por dia de trabalho e gasta
t+8 R$ 800,00 por mês. Quanto ela economizará em um ano
se ela trabalhar, em média, 23 dias por mês?
Ao subtrairmos 5 de uma parcela qualquer, o total é 8. Um negociante comprou 8 barricas de vinho, to-
reduzido de 5 unidades: das com a mesma capacidade. Tendo pago R$ 7,00
o litro e vendido a R$ 9,00, ele ganhou, ao todo,
t+8–5 = t+3 R$ 1.760,00. Qual era a capacidade de cada barrica?
Portanto o total ficará acrescido de 3 unidades. 9. Em um saco havia 432 balinhas. Dividindo-as em três
montes iguais, um deles foi repartido entre 4 meninos
2. Numa subtração, a soma do minuendo com o subtraendo e os dois montes restantes foram repartidos entre 6
e o resto é igual a 264. Qual é o valor do minuendo? meninas. Quantas balinhas recebeu cada menino e cada
menina?
Solução: 10. Marta, Marisa e Yara têm, juntas, R$ 275,00. Mari-
Sejam m o minuendo, s o subtraendo e r o resto de uma sa tem R$ 15,00 mais do que Yara e Marta possui
subtração qualquer, é sempre verdade que: R$ 20,00 mais que Marisa. Quanto tem cada uma das
m–s=r →s+r=m três meninas?
(a soma de s com r nos dá m) 11. Do salário de R$ 3.302,00, Seu José transferiu uma
parte para uma conta de poupança. Já a caminho
Ao somarmos os três termos da subtração, m + s + r ,
de casa, Seu José considerou que se tivesse trans-
observamos que a adição das duas últimas parcelas, s +
r, resulta sempre igual a m. Assim poderemos escrever: ferido o dobro daquele valor, ainda lhe restariam
m + (s + r) = m + m = 2m R$ 2.058,00 do seu salário em conta corrente. De quanto
foi o depósito feito?
O total será sempre o dobro do minuendo. 12. Renato e Flávia ganharam, ao todo, 23 bombons. Se
Deste modo, temos: Renato comesse 3 bombons e desse 2 para Flávia, eles
m + s + r = 264 ficariam com o mesmo número de bombons. Quantos
2m = 264 bombons ganhou cada um deles?
m = 264 ÷ 2 = 132
Resp.: O minuendo será 132. GABARITO
3. Numa divisão inteira, o divisor é 12, o quociente é 5 e o 1. 82
resto é o maior possível. Qual é o dividendo? 2. 206
Solução: 3. 20 e 31
Se o divisor é 12, então o maior resto possível é 11, 4. 167
pois o resto não pode superar nem igualar-se ao divisor. 5. R$ 930,00
Assim, chamando de n o dividendo procurado, teremos: 6. 4.256.000
7. R$ 1.440
Matemática

n = (quociente) × (divisor) + (resto)


n = 5 × 12 + 11 8. 110 litros
n = 60 + 11 9. Cada menino recebeu 36 e cada menina, 48
n = 71 10. Marta: R$ 110,00, Marisa: R$ 90,00 e Yara: R$ 75,00
11. R$ 622,00
O dividendo procurado é 71. 12. Renato: 15 e Flávia: 8

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Números racionais 816
8,16 =
100
Operações e Propriedades
524
52,4 =
Conceito 10

Dados dois números inteiros a e b, com b ≠ 0, denomina- 0035 35


a 0,035 = =
mos número racional a todo número x =  , tal que x × b = a . 1000 1000
b
a 2o Caso -
Dízimas Periódicas
x= ↔ x ⋅ b = a (com a ∈ Z e b ∈ Z*) Seja a,bc...nppp... uma dízima periódica onde
b
os primeiros algarismos, indicados generica-
mente por a , b , c...n , não fazem parte do
Representação Fracionária período p.
abc... np − ab... n
A fração será uma gera­triz da
Denominamos representação fracionária ou simples- 99...900...0
mente fração à expressão de um número racional na forma
a. dízima perió­dica a,bc...nppp... se:
1o - o número de ‘noves’ no denominador for
b igual à quantidade de algarismos do período;
2o - houver um ‘zero’ no denominador para
Representação Decimal de um Número Racional cada algarismo aperiódico (bc...n) após a
vírgula.
A representação decimal de um número racional poderá
resultar em um do três casos seguintes: Exemplo:
período: 32 (dois “noves” no denomina-
Inteiro dor)
atraso de 1 casa (1 “zero” no denominador)
Neste caso, a fração correspondente ao inteiro é deno-
parte não-periódica: 58
minada fração aparente. fração geratriz:

14 –9 0 5832 − 58 5774
=7 = –1 =0 =
2 9 13
990 990

Expansão Decimal Finita período: 4 (1 “nove” no denominador)


atraso de duas casas (2 “zeros”)
Neste caso, há sempre uma quantidade finita de alga- parte não-periódica: 073
rismos na representação decimal. fração geratriz:

–3 5 3 0734 − 073 734 − 73 661


= –1,5 = 1,25 0,375 = =
2 4 8 900 900 900

Expansão Decimal Infinita Periódica período: 034 (três “noves” no denomi-


nador)
Esta representação também é conhecida como dízima não houve atraso do período (não ha-
periódica pois, nela, sempre ocorre alguma sequência finita verá “zeros” no denominador)
de algarismos que se repete indefinidamente. Esta sequência parte não periódica: 6
é denominada período. fração geratriz: 6034 − 6
999
1 1 período: 52 (dois “noves”)
= 0,333... = 0,1666... não houve atraso do período (não haverá
3 6
“zeros” no denominador)
Determinação de uma Fração Geratriz parte não periódica: 0
052 − 0 52
fração geratriz: =
Todos os números com expansão decimal finita ou infi- 99 99
nita e periódica sempre são números racionais. Isto significa
que sempre existem frações capazes de representá-los. Estas
frações são denominadas frações geratrizes.
Números Mistos
Matemática

Dados três números inteiros n, a, e b, com n ≠ 0 e 0 <


Como determinar uma fração geratriz a < b, denomina-se número misto à representação de um
número racional escrito sob a forma
1o Caso - Números com expansão decimal finita
A quantidade de algarismos depois da vírgula a a
n =n+
dará o número de “zeros” do denominador: b b

98 Este eBook foi adquirido por ANA PAULA TORQUATO DA COSTA - CPF: 628.848.913-15.
A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Se numa divisão inteira não exata o valor absoluto do Atenção:
dividendo for maior que o do divisor, então, pode-se repre- Não faça contas com dízimas periódicas.
sentar o seu resultado por um número misto. Troque todas as dízimas periódicas por frações geratrizes
antes de fazer qualquer conta.
Exemplo:
A divisão inteira de 30 por 7 não é exata, dando quo-
Exemplo:
ciente 4 e resto 2. Então, pode-se escrever:
30 2 Calcular:
=4
7 7 0,6 ÷ 0,222... = ?
6 2
Adição e Subtração de Frações = ÷
10 9

Com Denominadores Iguais 6 9 54


= × = = 2,7
10 2 20
Conserva-se o denominador, adicionando ou subtraindo
os numeradores.
Exercícios Resolvidos
3 5 7 3+5−7 1
+ − = =
20 20 20 20 20 1. Calcular os resultados das expressões abaixo:
1 2
a) 8 + 3 c) 2 1 × 4
Com Denominadores Diferentes 2 5 3 5

Substituem-se as frações dadas por outras, equivalentes, b) 15 5 − 2 3 d) 1 ÷ 1 3


6 4 2 4
cujo denominador será o MMC dos denominadores dados:

1 3 1 m.m.c(6, 4, 2 )=12 2 9 6 2+9−6 5


+ −  → + − = = Soluções:
6 4 2 12 12 12 12 12 F I F I F I
a) 8 + 1 + 3 + 2 = (8 + 3) + 1 + 2
5 1 1 10 3 6 10 + 3 − 6 7
H K H 5K
2 H 2 5K
+ − = + −
6 4 2 12 12 12
=
12
=
12 = 11 + F + I = 11 +
1 2 F 5 4I 9
H 2 5 K H 10 + 10 K = 1110
Multiplicação de Frações
F 5 I F3 I F5 3 I
Para multiplicar duas ou mais frações deve-se:
1o) multiplicar os numeradores, encontrando o novo
H
b) 15 +
6 K H
− 2+
4 K
= (15 − 2) +
H −
6 4 K
=

numerador; F 10 − 9 I = 13 1
2o) multiplicar os denominadores, encontrando o novo = 13 + H 12 12 K 12
denominador.
2 3 1 2 × 3 ×1 6 simplific. por 6 1 F 1 I
4 2 × 3 +1 4 7 4
× × = =
5 4 6 5 × 4 × 6 120
  →
20 H
c) 2 +
3 5K
× =
3
× = × =
5 3 5
7 × 4 28 13 13
1 2 7 1 × 2 × 7 14 simplif . por 2 7 = = =1+ =1
× × = =  → = 3 × 5 15 15 15
6 5 4 6 × 5 × 4 120 60

1 1 1 2 1 1× 2 ×1 2 1 F 3 I
1 1× 4 + 3 1 7
3
×2× = × × = =
5 3 1 5 3 × 1 × 5 15
d)
2 H
÷ 1+
4
= ÷
2 4K = ÷ =
2 4
1 4 4 simplif. por 2 2
Divisão Envolvendo Frações × =  →
2 7 14 7
Para efetuar uma divisão onde pelo menos um dos
números envolvidos é uma fração, devemos multiplicar o pri- 2. Determinar a fração geratriz de 0,272727... .
meiro número (dividendo) pelo inverso do segundo (divisor).
Solução:
2 4 2 7 2 × 7 14 simplif. por 2 7 1
÷ = × = =  → = 1 27 27 ÷ 9 3
3 7 3 4 3 × 4 12 6 6 0,272727...= = =
99 99 ÷ 9 11
1 4 1 5 1× 5 5
÷ = × = =
3 5 3 4 3 × 4 12 3. Quanto valem dois terços de 360?
Matemática

3 2 5 2 × 5 10 Solução:
2÷ = × = =
5 1 3 1× 3 3 2 2 2 × 360
de 360 = × 360 = = 240
1 1 1 1×1 1 3 3 3
÷5= × = =
6 6 5 6 × 5 30 Então, dois terços de 360 são 240.

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4. Se três quartos de x valem 360, então quanto vale x? Portanto, o valor inicial era:

Solução: 10x = 10 × 60 = 600,00 reais


3 de x 3⋅ x
= 360 → = 360
4 4 O rapaz tinha, inicialmente, R$ 600,00.
4 × 360
3 ⋅ x = 4 × 360 → x = = 480 1
3 8. De um reservatório, inicialmente cheio, retirou-se do
4
Então, x vale 480. 2
volume e, em seguida, mais 21 litros. Restaram, então
5
5. Determinar uma fração que corresponda a dois terços
de quatro quintos. do volume inicial. Qual a capacidade deste reservatório?

Solução: Solução:
Seja 20x o volume do reservatório (pois tem quartos e
2 4 2 4 2×4 8 quintos exatos).
de = × = =
3 5 3 5 3 × 5 15
Então, uma fração correspondente será
8
.
R|1ª retirada: 1 de 20x = 5x
15 | 4
20x S2ª retirada: 21 litros
6. Cínthia gastou em compras três quintos da quantia que
||resto: 2 de 20x = 8x
levava e ainda lhe sobraram R$ 90,00. Quanto levava T 5
Cínthia, inicialmente?
8  
inicial retiradas
20 x − 5x − 21 = 8x
resto

Solução:
O problema menciona quintos da quantia que Cínthia
isolando os termos em “x” tem-se:
levava. Pode-se indicar a quantia inicial por 5x (pois 5x
20x – 5x – 8x = 21
tem quintos exatos).
7x = 21

aInicialf R|Sgastos: 35 de 5x = 3x
x=3

5x |Tsobram: 90,00 Como a capacidade do reservatório foi representada


por 20x, tem-se:

Assim, tem-se: 20x = 20 × 3 = 60 litros


inicial gasto
  resto

5x − 3x = 90
2x = 90 1
9. Rogério gastou 2 do que tinha e, em seguida,
x = 45 3 4
do resto, ficando ainda com R$ 300,00. Quanto Rogério
Como a quantia inicial foi representada por 5x, tem-se:
possuía inicialmente?
5x = 5 × 45 = 225,00
Solução:
Cínthia levava, inicialmente, R$ 225,00.
Seja 12x a quantia inicial de Rogério:
7. Um rapaz separou 1/10 do que possuía para comprar 2 1
um par de sapatos; 3/5 para roupas, restando-lhe, ainda, − de 12x − de 4x
3 4
R$ 180,00. Quanto o rapaz tinha?
= 300,00 (resto)
Solução: (–8x) (–x)
Seja 10x a quantia inicial (pois tem décimos e tem
quintos exatos) 3x = 300
R|sapatos: 1 de 10x = x x = 100
10
|| 3 Logo, a quantia inicial de Rogério era:
10x Sroupas: de 10x = 6x
|| 5
12x = 12 × 100 = 1.200 reais
|Trestante: 180,00
Matemática

Rogério possuía, inicialmente, R$ 1.200,00.


7  7
inicial gastos resto
10 x − x − 6 x = 180 2
10. Um estojo custa a mais que uma caneta. Juntos eles
3x = 180 3
x = 60 valem R$ 16,00. Quanto custa cada objeto?

100 Este eBook foi adquirido por ANA PAULA TORQUATO DA COSTA - CPF: 628.848.913-15.
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Solução: 5. Quanto valem três quintos de 1.500 ?
Como o preço do estojo foi indicado para dois terços a 6. Se cinco oitavos de x são 350, então, qual é o valor de x?
mais que o preço da caneta, faremos: 7. Que fração restará de x se subtrairmos três sétimos do
seu valor?
caneta: 3x
8. Se subtrairmos três sétimos do valor de x e, em seguida,
2 retirarmos metade do restante, que fração restará de x?
estojo: 3x + de 3x = 3x + 2x = 5x
3 9. Determine o valor da expressão 6,666... × 0,6.
Juntos eles valem R$ 16,00: 10. Determine o valor da expressão 0,5 ÷ 0,16666... .
2
canetaestojo 11. Um garoto possui da altura de seu pai que correspon
  3
3x + 5x = 16
8x = 16 dem a 4 da altura de seu irmão mais moço. Qual é a
x=2 3
Então: altura deste último se a altura do pai é 180 cm?
a caneta custa: 3x = 3 × 2 = 6 reais 3
12. No primeiro dia de uma jornada, um viajante fez do
o estojo custa: 5x = 5 × 2 = 10 reais 5

11. Um pai distribui certo número de balas entre suas três percurso. No segundo dia, andou 1 do restante. Quanto
1 3
filhas de tal modo que a do meio recebe do total, a falta para completar a jornada se o percurso completo
3
mais velha recebe duas balas a mais que a do meio, é de 750 km?
enquanto a mais nova recebe as 25 balas restantes. 13. Se um rapaz separar o dinheiro que tem em três partes,
Quantas balas, ao todo, o pai distribuiu entre suas filhas? sendo a primeira igual à terça parte e a segunda igual à
metade do total, então a terceira parte será de R$ 35,00.
Solução:
Quanto dinheiro tem este rapaz?
Seja o total de balas representado por 3x: 1
14. A idade de Antônio é da idade de Benedito, César tem
R|a do meio: 1 de 3x = x 6
( total ) | 3 metade da idade de Antônio e Dilson tem tantos anos
3x |
S a mais velha: x + 2 quantos César e Antônio juntos. Quais são as idades de
|Ta mais nova: 25 cada um deles se a soma das quatro idades é 54 anos?
15. A soma de três números é 110. Determinar o maior deles
sabendo que o segundo é um terço do primeiro e que o
Juntando todas as balas tem-se: 3
terceiro é da soma dos dois primeiros.
3x = x + x + 2 = 25 8
isolando “x” na igualdade tem-se: 16. Dividir R$ 270,00 em três partes tais que a segunda seja
3x – x – x = 2 + 25 um terço da primeira e a terceira seja igual à soma de
x = 27 um duodécimo da primeira com um quarto da segunda.
17. Determine o preço de custo de uma mercadoria sabendo
Logo, o total de balas é: 3x = 3 × 27 = 81 balas. 1
que haveria um lucro de do preço de custo se ela fosse
Exercícios PROPOSTOS vendida por R$ 60,00. 5

1. Efetue as expressões abaixo. 1


18. Um comerciante gastou do que tinha em sua conta cor-
1 2 3 1 1 1 5
a) + − b) 5 + 2 − 4 2
2 3 4 3 5 2 rente. Em seguida, gastou do restante ficando ainda com
7
2. Efetue as multiplicações abaixo. um saldo de R$ 2.000,00. Considerando que havia inicial-
2 15 1 1
a) × b) 1 × 2
5 16 3 2 mente na conta corrente 5 do total que o comerciante
3. Efetue as divisões abaixo. 6
3 6 possuía entre uma conta de poupança e a conta corren-
a) ÷ b) 2 1 ÷ 1 1 te, determine o valor que havia na conta de poupança.
4 7 2 3 19. Se adicionarmos a terça parte de um número à sua
4. Julgue os itens abaixo em verdadeiros (V) ou falsos (F). metade o resultado obtido será 3 unidades menor que
( ) 0,321321321...= 107 o número inicial. Qual é este nú­mero?
333 20. Márcio tinha R$ 116,00 que estavam divididos em partes
Matemática

diferentes entre os dois bolsos da calça que usava. Se ele


( ) 0,00333...= 1 gastasse a quinta parte do que havia no bolso esquerdo
300
e a sétima parte do que havia no bolso direito restariam
1114
. 557 quantias iguais nos dois bolsos. Quanto havia em cada
( ) 12,37777... = =
90 45 bolso?

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GABARITO POTENCIACÃO E RADICIAÇÃO

5 3 Potenciação
1. a) 2. a) 3. a) 7
12 8 8 Seja a um número inteiro qualquer e n um número
1 1 7 inteiro positivo, definem-se:
b) 3 b) 3 b) 1
30 3 8
4. V, V, V 5. 900 6. 560 I. a 0 = 1 (com a ≠ 0)
4
8. 2
n n −1
7. 9. 4 II. a = a ⋅ a
7 7
10.3 11. 90 cm 12. 200km O número a é chamado base, n é o expoente e o resul-
13. R$ 210,00 tado, an, é chamado potência n-ésima de a.
14. Antônio: 6 anos, Benedito: 36 anos, César: 3 anos e
Dilson: 9 anos R|
base = 5
15. 60 S|
53 = 125 expoente = 3
16. R$ 180,00; R$ 60,00; R$ 30,00 T
potência = 125
17. R$ 50,00
18. R$ 700,00 Da definição anterior pode-se concluir que para todo n
19. 18 ≥ 2, o resultado de an será o produto de n fatores iguais a a.
20. R$ 60,00 no bolso esquerdo e R$ 56,00 no bolso direito
a n = a×
a × ....×
a × a
Expressões Numéricas n fatores

Resolver as seguintes expressões numéricas.


Propriedades Operatórias com Potências
1. 448 ÷ 8 + 64 ÷ 32 – 32 ÷ 16 – (16 ÷ 8 – 8 ÷ 4)
2. 11 × 3 – 5 + 1.700 ÷ 100 – (40 ÷ 10 – 6 ÷ 3) Para simplificar expressões envolvendo potências é útil
3. 7 × (29 – 3 × 7) + 5 × 4 – 8 × (5 + 32 ÷ 8) conhecermos as seguintes propriedades:
4. 7 × 3 – 18 × [28 – 7 × (8 – 24 ÷ 6)] 1. a n × a m = a n + m
5. [42 × 5 – (16 ÷ 2) ] × (42 – 5 × 8 – 1) + 2 × (70 – 35 ×2)
6. [7 × 5 – 24 ÷ (56 ÷ 8 – 2 × 3)] – [34 – 4 × 6 + 3 × (9 ÷ 3 – 18 ÷ 6)] 2. a n ÷ a m = a n − m
7. (3 + 5 × 9 – 4 × 7) × [52 ÷ 4 – (7 + 2 × 3)] 3. (a n ) m = a n × m
8. 3 × {18 – 16 ÷ 4 – 10 + [18 – (26 – 2 × 4)]}
9. 54 – 2 × {10 + 32 ÷ 4 – [8 × 6 – 40 × (17 – 4 × 4)]} 4. (a × b) n = a n × b n
10. 2 × 3 + 5 × {3 × 4 + 2 × [20 – (56 ÷ 8 – 3)]} 5. (a ÷ b) n = a n ÷ b n
11. (1 – 4)2 × (–2 + 1)3 × (–1)4
12. 13 – (–2 – 2)2 × (–3) + (– 4)2 ÷ 8
Regras de sinais nas potenciações
13. (–5) × (–2 – 2)2 – [–(6 + 2)2 ÷ (–2 + 3)2]
14. [(–2 – 3)3 ÷ (–1 – 4)] × [–2 + 3 × (–1)]
O sinal da potência depende sempre do sinal da base (+
15. {[(–8 + 2 – 3)2 ÷ (–3)3 + 5 × (–3)] – 32} – (–5 + 9)
ou –) e da paridade do expoente (par ou ímpar).
F I F I F I F I
16. −3 + 1 × − 3 − 2 + 1 − 3 − 1 ÷ − 11
2

H K H 2 4 5 K H K H K 4 4 O resultado de uma potenciação


L F 2I O 2
F 3 I
17. M−3 × H − K + 1P × ( −3) − H − − 0,5K
2
só é negativo em um único caso:

N 3 Q 2 Quando a base é negativa


e
18. F − 1 I ÷ L2 − 1 ÷ F1 − 1 I O
3

H 2 K MN 2 H 9 K PQ o expoente é ímpar.

19. 2 − × F −1 + 3 − I
1 1 −1 Exemplos:
−3
2 H 2K
(+2)4 = +16
(–2)4 = +16
20. F − 3 + 1 I × F − 5 I
−2
(+2)5 = +32
H 4 4K H 2K (–2)5 = –32 ← base negativa e expoente ímpar

GABARITO Cuidado!

Não confunda: (–2)4 = +16 enquanto que –24 = –16


Matemática

1. 56 6. 1 11. –9 16. 25/8


2. 43 7. 0 12. 63 17. –1 Vejamos por que o resultado da segunda expressão é
3. 4 8. 12 13. –16 18. –2/23 negativo:
4. 21 9. 34 14. –125 19. –5/24
5. 202 10. 226 15. –54 20. –2/25 –24 = –1 × 24 = –1 × 16 = –16

102 Este eBook foi adquirido por ANA PAULA TORQUATO DA COSTA - CPF: 628.848.913-15.
A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Como se vê no desenvolvimento da expressão, o sinal falta, do número formado pelos algarismos
negativo não é da base, mas, sim, um indicativo do número restantes no radicando. Este resultado será
–1 que multiplica a potência toda. o algarismo das dezenas da raiz procurada.
Da mesma forma também teremos: Como 13 está entre 32 = 9 e 42 = 16. Então,
13 , por falta, dá 3.
(–3)2 = +9 enquanto –32 = –1 × 32 = –9
(–10) = +10.000 enquanto –104 = –1 × 104 = –10.000
4
13 ≅ 3 ⇒ 1369 =3?

Radiciação 2o passo: Para determinarmos o algarismo das
unidades da raiz procurada, devemos
Seja a um número inteiro qualquer e n um número procurar responder à seguinte pergunta:
inteiro positivo, define-se a raiz n-ésima aritmética de a Qual o algarismo que, elevado ao quadra-
como sendo o número x = n a tal que: do, termina com o mesmo algarismo que
o das unidades do radicando?
n
I. a = x , quando xn = a e n for ímpar;
n No nosso caso o algarismo das unidades
II. a =| x| , quando xn = a e n for par. do radicando é 9.
R|radical: Qual o algarismo que termina em 9 quando
3
4 = 64 → 3
64 = 4 Sradicando: 64 elevado ao quadrado?
||índice: 3 Resposta: Há dois: o 3 e o 7.
Traiz cúbica de 64: 4 Portanto, a nossa raiz será 33 ou 37.
Atenção:
1) Devemos lembrar que a raiz aritmética, que é 3o passo:
Elevamos ao quadrado cada um dos dois
representada pelo radical ( ), é uma operação números encontrados. Aquele que resultar
aritmética e, como tal, deve apresentar resultado igual ao radicando, será a raiz procurada.
único sempre que estiver bem definida. É incorreto 332 = 1.089 (não serve)
afirmar, por exemplo, que 2 25 = ±5 . O certo é
2
372 = 1.369. Logo 1369
. = 37.
25 = 5 . Conforme se pode observar na definição
dada anteriormente, quando o radical apresenta Propriedades Operatórias com Radicais
um índice par o resultado da operação é um valor
absoluto (que nunca é negativo). Deste modo, (±5)2 Para simplificar expressões envolvendo radicais, é útil
= 25 → 2 25 = ±5 = 5. conhecermos as seguintes propriedades:
n n n
1. a × b = a × b
2) Nem sempre as radiciações têm resultados inteiros. n n n
2. a ÷ b = a ÷ b
Por exemplo, o valor de 30 não é um número
2

inteiro pois não existe um número inteiro cujo 3. d ai


n
m
= n am
quadrado seja igual a 30. Tais casos serão tratados n m
a = n×m a
com mais detalhes no capítulo sobre números 4.
n m n×k m×k
irracionais. 5. a = a
n
d n
6. a = a
d
Cálculo de Raízes Quadradas Exatas de números entre 100
e 10.000
Exercícios Resolvidos
O cálculo das raízes quadradas exatas de números me-
nores que 100 é considerado bastante simples pois exige 1. Simplificar as seguintes expressões com potências, indi-
somente o conhecimento dos resultados das tabuadas de cando os resultados com uma única potência:
multiplicação. Entretanto, para números maio­res que 100, a) x6 ÷ x–3
tal cálculo pode tornar-se bastante traba­lhoso. b) 25 × 43 × 162
Embora seja possível determinar qualquer raiz exata c) (x–2 × x5) ÷ (x–3)2
fatorando-se o radicando, apresentaremos, a seguir, um mé- d) (–22)3 × (–23)2
todo alternativo que “funciona” apenas para raízes quadra-
das de números entre 100 e 10.000, mas, em compensação, Soluções:
é muito mais rápido em tais casos que, aliás são os que mais a) x6 ÷ x–3 = x6 – (–3) = x6+3 = x9
ocorrem em exercícios de cálculos com radicais grandes.
b) 25 × 43 × 162 = 25 × (22)3 × (24)2 =
Exemplo: 25 × 22×3×24×2 = 25×26×28 = 25+6+8 = 219

Calcular 1369
. c) (x–2 × x5) ÷ (x–3)2 = x–2+5 ÷ x–3×2 =
Matemática

x3 ÷ x–6 = x3–(–6) = x3+6 = x9


Solução:
1o passo: Ignoramos sempre os dois últimos algaris- d) (–22)3× (–23)2 = (–1)3× (22)3× (–1)2× (23)2 =
mos do radicando (neste exemplo, são 6 e (–1)× 22×3×(+1)×23×2 = –1× 26×1×26 =
9), calculando a raiz quadrada inteira, por –1 × 26+6 = –212

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2. Determinar o valor de (0,222...)2. 3. Determine o valor da expressão

Solução: 1,777... ÷ 0,02777...

2
Como 0,222... = , pode-se escrever: 4. O valor de n que satisfaz à igualdade
9
2 8 × 10 n
 2 22 4 = 55 × 2 8
( 0,222...) 2
=  = 2 =
 9
= 0,0493827. .. 10 é:
9 81
a) –3 b) –1 c) 2 d) 5 e) 6
3. Simplifique as seguintes expressões com radicais:
5. Determinar, na forma decimal, o valor da potência
a) 12 × 3
(0,666...)2.
b) 50 ÷ 2
6 6. Se 2x + 2–x = 3 , então o valor de 4x + 4–x é:
c) x3 × 2 x3 a) 5 b) 6 c) 7 d) 9 e) 11
d) 3 8 + 7 50

Soluções: 7. O valor de 13 + 7 + 2 + 4 é:

a) 12 × 3 = 12 × 3 = 36 = 6 a) 4 b) 5 c) 6 d) 7 e) 8

8. Simplifique as expressões com radicais:


b) 50 ÷ 2 = 50 ÷ 2 = 25 = 5
a) 9 x 6 y 3
b) 3 5 + 2 20
c) 66
x 33 × 22 x 33 = 66÷÷ 33 x 33÷÷ 33 × 22 x 33 = c) 3 9m × 3 3m 2
d) 3 2 × 2 3
22
x 11 × 22 x 33 = 22 x 11 × x 33 = 22 x 44 = x 22 e) 5 4 x 3 × 10 x

d) 3 8 + 7 50 = 3 4 × 2 + 7 25 × 2 = 9. Determinar o valor de 0,111.... na forma decimal.


3 4 × 2 + 7 25 × 2 =
10. Calcule:
3 × 2 × 2 + 7 × 5 × 2 = 6 2 + 35 2 = a) 1764 c) 5476 e) 1089
(6 + 35) 2 = 41 2 b) 2304 d) 5776 f) 6561

11. O valor da expressão 1 FI 0,5


F 1I 0,2
é:
4. Calcular o valor de 2 0,444... . 4 HK ÷
H 32 K
a) 0,125
Solução:
4 b) 0,25
Como 0,444... = , pode-se escrever: c) 0,5
9
d) 0,75
2 4 4 2 e) 1
0,444... = 2 = = = 0,666...
9 9 3
gabarito
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
1. V, F, F, V, F
1. Julgue os itens abaixo em verdadeiros (V) ou fal­sos (F). 2. d
a) ( ) –23 = (–2)3 3. 8
b) ( ) (–5)2 = –52 4. e
c) ( ) a–6 ÷ a–3 = a–9 5. 0,444...
2 2
6. c
d) ( ) (82)2 = 8 7. a
3
3
e) ( ) (83)3 = 8 2
8. a) 3 x y d) 6 2 2 × 33 = 6 108
Matemática

b) 7 5 e) 5 x
2. Assinale a alternativa que corresponda ao valor da
expressão (22 × 9–6 )–1 × (25 × 93)2. c) 3 33 m3 = 3m
a) (23 × 92)2 d) (22 × 93)4 9. 0,333...
b) (2 × 9 )
7 –3 –2
e) (210 × 9–18)–2 10. a) 42 b) 48 c) 74 d) 76 e) 33 f) 81
c) (26 × 9–2)4 11. e

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Razões E proporções Numa proporção contínua temos:
• O valor comum dos meios é chamado média propor-
Chama-se razão de dois números, dados numa certa cional (ou média geométrica) dos extremos.
ordem e sendo o segundo diferente de zero, ao quo­ciente Ex.: 4 é a média proporcional entre 2 e 8, pois 2 :
do primeiro pelo segundo. 4::4:8
Assim, a razão entre os números a e b pode ser dita • O último termo é chamado terceira proporcional.
“razão de a para b” e representada como: Ex.: 5 é a terceira proporcional dos números 20
e 10, pois 20 : 10 : : 10 : 5
a
ou a : b
b Proporção múltipla é a igualdade simultânea de três
ou mais razões.
Onde a é chamado antecedente enquanto b é chamado
consequente da razão dada. Exemplo:
Ao representar uma razão frequentemente simplifi-
camos os seus termos procurando, sempre que possível, 2 3 4 5
torná-los inteiros. = = =
4 6 8 10
Exemplos: Razões inversas são duas razões cujo produto é igual a 1.
A razão entre 0,25 e 2 é:
1F I Exemplo:
0,25
=
4H K
1 1 1
= ⋅ = (1 para 8)
3 10
× = 1 então dizemos que “3 está para 5 na razão
2 2 4 2 8 5 6
inversa de 10 para 6’’ ou então que “3/5 está na razão
F 1I inversa de 10/6’’ ou ainda que “3/5 e 10/6 são razões
1
A razão entre e
5 H K 1 12 2
é: 6 = ⋅ = (2 para 5)
inversas”.
6 12 F 5I 6 5 5
H 12 K Quando duas razões são inversas, qualquer uma delas
forma uma proporção com o inverso da outra.
6 5 30
A razão entre 6 e 1 é: = 6⋅ = (30 para 1)
5 1 1FI1 Exemplo:
5 HK 3/5 e 10/6 são razões inversas. Então, 3/5 faz proporção
com 6/10 (que é o inverso de 10/6) enquanto 10/6 faz
proporção com 5/3 (que é o inverso de 3/5).
Proporção é a expressão que indica uma igualdade entre
duas ou mais razões.
Exercícios Resolvidos
A proporção a = c pode ser lida como “a está para b
b d 1. Numa prova com 50 questões, acertei 35, deixei 5 em
assim como c está para d” e representada como a : b : : c : branco e errei as demais.
d. Nesta proporção, os números a e d são os extremos e os Qual é a razão do número de questões certas para o de
números b e c são os meios. erradas?

Em toda proporção o produto dos extremos Solução:


é igual ao produto dos meios. Das 50 questões, 35 estavam certas e 5 ficaram em
branco. Logo, o número de questões erradas é:
Quarta proporcional de três números dados a, b e c 50 – 35 – 5 = 10
nesta ordem, é o número x que completa com os outros
três uma proporção tal que: Assim, a razão do número de questões certas (35) para
a c 35 7
= o de erradas (10) é = ou 7 para 2.
b x 10 2

Exemplo: 2. Calcular dois números positivos na proporção de 2 para


Determinar a quarta proporcional dos números 3 , 4 e 5 sabendo que a diferença do maior para o menor é 42.
6 nesta ordem. Solução:
Sejam x o menor e y o maior dos números pro­curados.
Solução: A proporção nos mostra que x está para 2 assim como
3 6 y está para 5.
= → 3x = 4 × 6 → x = 8
4 x Então, podemos dizer que:
x tem 2 partes ....................... (x = 2p)
Matemática

Proporção contínua é aquela que tem meios iguais. enquanto y tem 5 partes ........ (y = 5p)
Mas como a diferença y – x deve valer 42, teremos:
Exemplo:
42
A proporção 9 : 6 : : 6 : 4 é contínua pois tem os seus 5p − 2p = 42 → 3p = 42 → p = → p = 14
meios iguais a 6. y x
3

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Agora que descobrimos que cada parte vale 14 (p = 14), 3. Calcule a média proporcional entre os números dados:
podemos concluir que: 1
a) 3 e 12 b) 6 e 24 c) e 128
o valor de x é → x = 2p = 2⋅(14) = 28 2
o valor de y é → y = 5p = 5⋅(14) = 70 4. Determine dois números na proporção de 3 para 5,
sabendo que a soma deles é 48.
x y z 5. Determine dois números na proporção de 3 para 5, sa-
3. Na proporção múltipla = = , determinar os valores
3 5 6 bendo que o segundo supera o primeiro em 60 unidades.
de x, de y e de z sabendo que x + y + z = 112. 6. A razão entre dois números é igual a 4/5. Determine-os
sabendo que eles somam 72.
Solução: 7. A razão entre dois números é igual a 4/5. Determine-
A proporção múltipla nos mostra que: -os sabendo que o segundo supera o primeiro em 12
x tem 3 partes.....................................(x = 3p) unidades.
enquanto y tem 5 partes....................(y = 5p) 8. Determine dois números na proporção de 2 para 7 sa-
e z tem 6 partes ............................... (z = 6p) bendo que o dobro do primeiro mais o triplo do segundo
Como a soma das três partes vale 112, temos: resulta igual a 100.
3p + 5p + 6p = 112 9. Determine dois números na proporção de 2 para 7 sa-
14p = 112 bendo que o quíntuplo do primeiro supera o segundo
p = 112 ÷ 14 em 48 unidades.
p=8 10. Dois números positivos encontram-se na proporção de
11 para 13. Determine-os sabendo que a soma de seus
Agora que descobrimos que cada parte vale 8, podemos quadrados resulta igual a 29.000.
concluir que: 11. Dois números negativos encontram-se na proporção
o valor de x é → x = 3p = 3⋅(8) = 24 de 7 para 3. Determine-os sabendo que o quadrado do
o valor de y é → y = 5p = 5⋅(8) = 40 primeiro supera o quadrado do segundo em 360.
o valor de z é → z = 6p = 6⋅(8) = 48 12. Dois números inteiros encontram-se na proporção de
3 para 5. Determine-os sabendo que o produto deles é
4. Sabendo que a está para b assim como 8 está para 5 e igual a 60.
que 3a – 2b = 140, calcular a e b. 13. Encontre os três números proporcionais a 5, 6 e 7, sa-
bendo que a soma dos dois menores é igual a 132.
Solução: 14. Encontre os três números proporcionais a 3, 4 e 5, tais
Pela proporção apresentada, a tem 8 partes enquanto que a diferença entre o maior deles e o menor é igual a
b tem 5 partes: 40.
a = 8p e b = 5p 15. Três números proporcionais a 5, 6 e 7 são tais que a
diferença do maior para o menor supera em 7 unida-
então teremos: 3a = 3 × (8p) = 24p e 2b = 2 × (5p) = 10p des a diferença entre os dois maiores. Quais são estes
portanto: 3a – 2b = 140 → 24p – 10p = 140 → 14p = números?
140 → p = 10 16. Três números são tais que o primeiro está para o se-
como p = 10 temos: a = 8p = 8 × 10 = 80 e b = 5p = gundo assim como 2 está para 5 enquanto a razão do
5 × 10 = 50 terceiro para o primeiro é 7/2. Quais são estes números,
se a soma dos dois menores é igual a 49?
5. Dois números positivos estão entre si assim como 3 está 17. Para usar certo tipo de tinta concentrada, é necessário
para 4. Determine-os sabendo que a soma dos seus diluí-la em água na proporção de 3 : 2 (proporção de
quadrados é igual a 100. tinta concentrada para água). Sabendo que foram com-
Solução: prados 9 litros dessa tinta concentrada, quantos litros
Se os números estão entre si na proporção de 3 para 4, de tinta serão obtidos após a diluição na proporção
então um deles é 3p e o outro é 4p. recomendada?
18. Três números são proporcionais a 2, 3 e 5 respectiva-
Deste modo, a soma dos quadrados fica sendo: mente. Sabendo que o quíntuplo do primeiro, mais o
(3p)2 + (4p)2 = 100 triplo do segundo, menos o dobro do terceiro resulta
9p2 + 16p2 = 100 18, quanto vale o maior deles?
25p2 = 100 19. Dois números estão entre si na razão inversa de 4 para
p = 4 → p = 2 (pois os números
2
5. Determine-os sabendo que a soma deles é 36.
são positivos) 20. A diferença entre dois números é 22. Encontre estes
números, sabendo que eles estão entre si na razão
Portanto, os dois números são:
inversa de 5 para 7.
3p = 3 × 2 = 6
e
GABARITO
4p = 4 × 2 = 8
1. a) 25; b) 20/3; c) 1/6 2. a) 12; b) 36; c) 1/8
3. a) 6; b) 12; c) 8 4. 18 e 30
eXErcícios PROPOSTOS 5. 90 e 150 6. 32 e 40
7. 48 e 60 8. 8 e 28
1. Calcule a quarta proporcional dos números dados: 9. 32 e 112 10. 110 e 130
Matemática

1 1 1 11. –21 e –9 12. 6 e 10 ou –6 e –10


a) 2; 5 e 10 b) 3; 4 e 5 c) ; e
2 3 4 13. 60, 72 e 84 14. 60, 80 e 100
2. Calcule a terceira proporcional dos números dados: 15. 35, 42 e 49 16. 14, 35 e 49
1 1 17. 15 litros 18. 10
a) 3 e 6 b) 4 e 12 c) e 19. 20 e 16 20. 77 e 55
2 4

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Divisão proporcional Divisão em Partes Proporcionais

1º caso: Divisão em partes diretamente proporcionais


Grandezas Diretamente Proporcionais
Dividir um número N em partes diretamente
proporcionais ao números a, b, c, ..., significa
Dada a sucessão de valores (a1, a2, a3, a4, ...), dizemos encontrar os números A, B, C, ..., tais que
que estes valores são diretamente proporcionais aos cor-
respondentes valores da sucessão (b1, b2, b3, b4, ...) quando A B C
= = =...
forem iguais as razões entre cada valor de uma das sucessões a b c
e o valor correspondente da outra. A + B + C + ... = N

a1 a 2 a 3
= = =.....
Exercícios Resolvidos
b1 b 2 b 3
1. Dividir o número 72 em três partes diretamente propor­
O resultado constante das razões obtidas de duas su- cionais aos números 3, 4 e 5.
cessões de números diretamente proporcionais é chamado
de fator de proporcio­nalidade. Indicando por A, B, e C as partes procuradas, temos que:
A = 3p, B = 4p, C = 5p e A+B+C = 72
Exemplo:
portanto: 3p + 4p + 5p = 72 → 12p = 72 → p = 6
Os valores 6, 7, 10 e 15, nesta ordem, são diretamente
valor de A → 3p = 3 × 6 = 18
proporcionais aos valores 12, 14, 20 e 30 respectiva-
15 valor de B → 4p = 4 × 6 = 24
mente, pois as razões 6 , 7 , 10 e são todas iguais, valor de C → 5p = 5 × 6 = 30
12 14 20 30
1 Portanto, as três partes procuradas são 18, 24 e 30.
sendo igual a o fator de proporcionalidade da primeira
2
para a segunda. 2. Dividir o número 46 em partes diretamente proporcio-
1 2 3
nais aos números , e .
Como se pode observar, as sucessões de números 2 3 4
diretamente proporcionais formam proporções múltiplas Reduzindo as frações ao mesmo denominador, teremos:
(já vistas no capítulo de razões e proporções). Assim sendo,
podemos aproveitar todas as técnicas estudadas no capítulo 6 8 9
, e
sobre proporções para resolver problemas que envolvam 12 12 12
grandezas diretamente proporcionais.
Desprezar os denominadores (iguais) não afetará os
resultados finais, pois a proporção será mantida e ainda
Grandezas Inversamente Proporcionais
simplificará nossos cálculos.
Então, poderemos dividir 46 em partes diretamente
Dada a sucessão de valores (a1, a2, a3, a4, ...), todos dife- proporcionais a 6, 8 e 9 (os numeradores).
rentes de zero, dizemos que estes valores são inversamente Indicando por A, B e C as três partes procuradas, te-
proporcionais aos correspondentes valores da sucessão (b1, remos:
b2, b3, b4, ...), todos também diferentes de zero, quando forem
iguais os produtos entre cada valor de uma das sucessões e A = 6p, B = 8p, C = 9p
o valor correspondente da outra. A + B + C = 46 → 6p + 8p + 9p = 46 → 23p = 46 → p = 2

Exemplo: Assim, concluímos que: A = 6p = 6 × 2 = 12,


Os valores 2, 3, 5 e 12 são inversamente proporcionais B = 8p = 8 × 2 = 16 e
aos valores 30, 20, 12 e 5, nesta ordem, pois os produtos C = 9p = 9 × 2 = 18
2 × 30, 3 × 20, 5 × 12 e 12 × 5 são todos iguais.
As partes procuradas são 12, 16 e 18.
Relação entre Proporção Inversa e Proporção
3. Dividir o número 45 em partes diretamente proporcio-
Direta nais aos números 200, 300 e 400.

Sejam duas sucessões de números, todos diferentes Inicialmente dividiremos todos os números dados por
de zero. Se os números de uma são inversamente propor- 100. Isto não alterará a proporção com as partes procu-
cionais aos números da outra, então os números de uma radas, mas simplificará os nossos cálculos.
Matemática

delas serão diretamente proporcionais aos inversos dos


números da outra. (200, 300, 400) ÷ 100 = (2, 3, 4)
Esta relação nos permite trabalhar com sucessões de
números inversamente proporcionais como se fossem dire- Então poderemos dividir 45 em partes diretamente
tamente proporcionais. proporcionais aos números 2, 3 e 4.

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Indicando as partes procuradas por: 5. Dividir o número 270 em três partes que devem ser dire-
tamente proporcionais aos números 2, 3 e 5 e também
A = 2p, B = 3p e C= 4p diretamente proporcionais aos números 4, 3 e 2, respec-
A+B+C = 45 → 2p + 3p + 4p = 45 → 9p = 45 → tivamente.
p=5
Indicando por A, B e C as três partes procuradas, devemos ter:
Assim, concluímos que: A = 2p = 2 × 5 = 10, A será ser proporcional a 2 e 4 → 2 × 4 = 8 → A = 8p
B = 3p = 3 × 5 = 15 e B será ser proporcional a 3 e 3 → 3 × 3 = 9 → B = 9p
C = 4p = 4 × 5 = 20 C será ser proporcional a 5 e 2 → 5 × 2 = 10 → C = 10p
2º caso: Divisão em partes inversamente proporcionais
A + B + C = 270 → 8p + 9p + 10p = 270
Dividir um número N em partes inversamente 27p = 270 → p = 10
proporcionais a números dados a, b, c,..., significa A = 8p = 8 × 10 = 80
encontrar os números A, B, C, ... tais que B = 9p = 9 × 10 = 90
C = 10p = 10 × 10 = 100
a × A = b × B = c × C = ...
e
Portanto, as três partes procuradas são: 80, 90 e 100.
A + B + C + ... = N
4º caso: Divisão composta mista
4. Dividir 72 em partes inversamente proporcionais aos
números 3, 4 e 12.
Chamamos de divisão composta mista à divisão
Usando a relação entre proporção inversa e proporção de um número em partes que devem ser direta-
direta vista na página 70, podemos afirmar que as mente proporcionais aos valores de uma sucessão
partes procuradas serão diretamente proporcionais a dada e inversamente proporcionais aos valores
de uma outra sucessão dada.
1 1 1.
, e Para efetuarmos uma divisão composta mista,
3 4 12 devemos:
Reduzindo as frações ao mesmo denominador, teremos: 1º) inverter os valores da sucessão que indica
4 3 1
proporção inversa, recaindo assim num caso
, e de divisão composta di­reta;
12 12 12
2º) aplicar o procedimento explicado anterior-
mente para as divisões compostas diretas.
Desprezar os denominadores (iguais) manterá as pro-
porções e ainda simplificará nossos cálculos.
6. Dividir o número 690 em três partes que devem ser direta-
Então, poderemos dividir 72 em partes diretamente
mente proporcionais aos números 1, 2 e 3 e inversamente
proporcionais a 4, 3 e 1 (numeradores).
proporcionais aos números 2, 3 e 4, respectivamente.
Indicando por A, B e C as três partes procuradas, te-
remos:
Invertendo os valores da sucessão que indica proporção
A = 4p, B = 3p, C = 1p inversa, obtemos:
A + B + C = 72 → 4p + 3p + 1p = 72 →
8p = 72 → p = 9 1 1 1
, e
2 3 4
Assim, concluímos que: A = 4p = 4 × 9 = 36,
B = 3p = 3 × 9 = 27 e
Reduzindo as frações a um denominador comum, teremos:
C = 1p = 1 × 9 = 9.
6 4 3
Portanto, as partes procuradas são 36, 27 e 9. , e → 6, 4 e 3
12 12 12
3º caso: Divisão composta direta
Então, indicando por A, B e C as três partes pro­curadas,
Chamamos de divisão composta direta à divisão devemos ter:
de um número em partes que devem ser direta- A será proporcional a 1 e 6 → 1 × 6 = 6 → A = 6p
mente proporcionais a duas ou mais sucessões B será proporcional a 2 e 4 → 2 × 4 = 8 → B = 8p
de números dados, cada uma. C será proporcional a 3 e 3 → 3 × 3 = 9 → C = 9p
Para efetuarmos a divisão composta direta,
devemos: A + B + C = 690 → 6p + 8p + 9p = 690
1º) encontrar uma nova sucessão onde cada
Matemática

→ 23p = 690 → p = 30
valor será o produto dos valores correspon-
dentes das sucessões dadas; A = 6p = 6 × 30 = 180, B = 8p = 8 × 30 = 240 e
2º) efetuar a divisão do número em partes dire- C = 9p = 9 × 30 = 270
tamente proporcionais aos valores da nova
sucessão encontrada. Portanto, as três partes procuradas são: 180, 240 e 270.

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Exercícios PROPOSTOS Regra de três
Chamamos de regras de três ao processo de cál­culo
1. Determine x, y e z de modo que as sucessões (15, x, y,
utilizado para resolver problemas que envolvam duas ou mais
z) e (3, 8, 10, 12) sejam diretamente propor­cionais. grandezas direta ou inversamente proporcionais.
2. Determine x, y e z de modo que as sucessões (x, 32, y, Quando o problema envolve somente duas grandezas é
z) e (3, 4, 7, 9) sejam diretamente proporcionais. costume denominá-lo de problema de regra de três simples.
3. Determine x e y de modo que as sucessões (20, x, y) e
(3, 4, 5) sejam inversamente proporcionais. Exemplos:
Se um bilhete de ingresso de cinema custa R$ 5,00, então,
4. Determine x, y e z de modo que as sucessões (6, x, y, z)
quanto custarão 6 bilhetes?
e (20, 12, 10, 6) sejam inversamente propor­cionais.
As grandezas são: o número de bilhetes e o preço dos
5. Determine x e y de modo que as sucessões (3, x, y) e (4, bilhetes.
6, 12) sejam inversamente proporcionais.
6. Dividir 625 em partes diretamente proporcionais a 5, 7 Um automóvel percorre 240 km em 3 horas. Quantos
e 13. quilômetros ele percorrerá em 4 horas?
7. Dividir 1.200 em partes diretamente proporcionais a 26, As grandezas são: distância percorrida e tempo ne-
cessário.
34 e 40.
8. Dividir 96 em partes diretamente proporcionais a 1,2; Poderemos chamar a regra de três simples de direta
2 e 8. ou inversa, dependendo da relação existente entre as duas
5 grandezas envolvidas no problema.
Quando o problema envolve mais de duas grandezas
9. Dividir 21 em partes inversamente proporcionais a é costume denominá-lo de problema de regra de três
3 e 4. composta.
10. Dividir 444 em partes inversamente proporcionais a 4,
5 e 6. Exemplo:
11. Dividir 1.090 em partes inversamente proporcionais a Se 5 homens trabalhando durante 6 dias constroem
300m de uma cerca, quantos homens serão necessários
2 4 7 para construir mais 600m desta cerca em 8 dias?
, e .
3 5 8 A grandezas são: o número de homens, a duração do
trabalho e o comprimento da parte construída.
12. Dividir 108 em partes diretamente proporcionais a 2 e
3 e inversamente proporcionais a 5 e 6. Para resolver um problema qualquer de regra de três
13. Dividir 560 em partes diretamente proporcionais a 3, devemos ini­cialmente determinar que tipo de relação de
6 e 7 e inversamente proporcionais a 5, 4 e 2. proporção existe entre a grandeza cujo valor pretendemos
determinar e as demais grandezas.
14. Repartir uma herança de R$ 460.000,00 entre três pes-
soas na razão direta do número de filhos de cada uma e Relação de Proporção Direta
na razão inversa das idades delas. As três pessoas têm,
respectivamente, 2, 4 e 5 filhos e as idades respectivas Duas grandezas variáveis mantêm relação de propor-
são 24, 32 e 45 anos. ção direta quando aumentando uma delas para duas, três,
15. Dois irmãos repartiram uma herança em partes direta- quatro etc. vezes o seu valor, a outra também aumenta res-
mente proporcionais às suas idades. Sabendo que cada pectivamente para duas, três, quatro etc. vezes o seu valor.
um deles ganhou, respectivamente, R$ 3.800,00 e R$
2.200,00, e que as suas idades somam 60 anos, qual é Exemplo:
a idade de cada um deles? Considere as duas grandezas variáveis:

(comprimento de um tecido) (preço de venda da peça)


GABARITO
1 metro ............custa .......................... R$ 10,00
1. X = 40, Y = 50 e Z = 60 2 metros.............custam ....................... R$ 20,00
2. X = 24, Y = 56 e Z = 72 3 metros ............custam ....................... R$ 30,00
3. X = 15 e Y = 12 4 metros ............custam ....................... R$ 40,00
4. X = 10, Y = 12 e Z = 20
5. X = 2 e Y = 1 Observamos que quando o comprimento do tecido
6. 125, 175 e 325 tornou-se o dobro, o triplo etc., o preço de venda da peça
7. 312, 408 e 480 também aumentou na mesma proporção. Portanto as gran-
8. 12, 4 e 80 dezas “comprimento do tecido” e “preço de venda da peça”
9. 12 e 9 são diretamente proporcionais.
10. 180, 144 e 120
Relação de Proporção Inversa
Matemática

11. 420, 350 e 320


12. 48 e 60
13. 60, 150 e 350 Duas grandezas variáveis mantêm relação de proporção
inversa quando aumentando uma delas para duas, três,
14. R$ 120.000,00, R$ 180.000,00 e R$ 160.000,00
quatro etc. vezes o seu valor, a outra diminuir respectiva-
15. 38 anos e 22 anos
mente para metade, um terço, um quarto etc. do seu valor.

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Exemplo: Exemplo:
Considere as duas grandezas variáveis: Vimos no exemplo anterior que o tempo necessário para
construir certo trecho de uma ferrovia é diretamente
FH
Velocidade de
um automóvel
IK FH
Tempo de duração
da viagem
IK proporcional ao comprimento do trecho considerado
e inversamente proporcional ao número de operários
que nele trabalham.
A 20 km/h............ a viagem dura.......... 6 horas
A 40 km/h............ a viagem dura.......... 3 horas Vimos também, entre outros, os seguintes valores
A 60 km/h............ a viagem dura.......... 2 horas correspondentes:

Observamos que quando a velocidade tornou-se o (Tempo (Comprimento do (Número de


dobro, o triplo do que era, o tempo de duração da viagem necessário) trecho construído) operários)
tornou-se correspondente­mente a metade, a terça parte
do que era. Portanto, as grandezas “velocidade” e “tempo 30 dias 6 km 10
de duração da viagem” são inversamente proporcionais. 20 dias 12 km 30

Cuidado! Aplicando a propriedade vista acima, teremos:


Não basta observar que o aumento de uma das gran- 30 6 30
dezas implique no aumento da outra. É preciso que = × (verifique a igualdade!)
exista proporção. 20 12 10

Por exemplo, aumentando o lado de um quadrado, a Exercícios Resolvidos


área do mesmo também aumenta. Mas não há pro-
porção, pois ao dobrarmos o valor do lado, a área não 1. Se 5 metros de certo tecido custam R$ 30,00, quanto
dobra e sim quadruplica! custarão 33 metros do mesmo tecido?

Grandezas Proporcionais a Várias Outras Solução:


O problema envolve duas grandezas, quantidade de
Uma grandeza variável é proporcional a várias outras se tecido comprada e preço total da compra.
for diretamente ou inversamente proporcional a cada uma Podemos, então, montar a seguinte tabela com duas
dessas outras, quando as demais não variam. colunas, uma para cada grandeza:

Exemplo: Quant. de tecido Preço total


O tempo necessário para construir certo trecho de uma (em metros) (em R$)
ferrovia é diretamente proporcional ao comprimento 5..................................... 30,00
do trecho considerado e inversamente proporcional ao 33........................................x
número de operários que nele trabalham.
Na coluna onde a incógnita x aparece, vamos colocar
Observe: uma flecha:
1º) Vamos fixar o comprimento do trecho feito.
Em 30 dias, 10 operários fazem 6 km. Quant. de tecido Preço total
Em 15 dias, 20 operários também fazem 6 km. (em metros) (em R$)
Em 10 dias, 30 operários também fazem 6 km. 5..................................... 30,00
33........................................x ↑
Aqui, observa-se que o tempo é inversamente
propor­cional ao número de operários. Note que a flecha foi apontada para o R$ 30,00 que é
o valor inicial do x indicando que se a quantidade de
2º) Agora vamos fixar o número de operários. tecido comprado não fosse alterada, o preço total da
30 operários, em 10 dias, fazem 6 km. compra, x, continuaria sendo R$ 30,00.
30 operários, em 20 dias, farão 12 km. Agora devemos avaliar o modo como a variação na
30 operários, em 30 dias, farão 18 km. quantidade de tecido afetará o preço total:

Agora, vemos que o tempo é diretamente propor- - Quanto mais tecido comprássemos, proporcionalmente
cional ao comprimento do trecho feito. maior seria o preço total da compra. Assim as grandezas
preço total e quantidade de tecido são diretamente
PROPRIEDADE proporcionais.

Se uma grandeza for diretamente proporcio­nal a algu- Na tabela onde estamos representando as variações das
mas grandezas e inversamente proporcional a outras, grandezas, isto será indicado colocando-se uma flecha
então, a razão entre dois dos seus valores será igual: na coluna da quantidade de tecido no mesmo sentido
ao produto das razões dos valores correspon- da flecha do x.
Matemática

dentes das grandezas diretamente proporcionais a


ela... Quant. de tecido Preço total
... multiplicado pelo produto das razões in- (em metros) (em R$)
versas dos valores correspondentes das grandezas 5..................................... 30,00
inversamente proporcionais a ela. ↑ 33........................................x ↑

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A flecha do x indica que seu valor, inicialmente, era Como no exercício anterior, a outra flecha indica uma
R$ 30,00: fração que nos dá a variação causada em x (o número de
inicialmente tinha-se x = 30 operários) pela mudança da outra grandeza (o tempo)
apontando sempre do numerador para o denominador.
A outra flecha (a da quantidade de tecido) indica uma Como neste exemplo a flecha aponta do 180 para o 120 a
fração, apontando sempre do numerador para o deno- 180
fração é .
minador. Como neste exemplo a flecha aponta do 33 120
33
para o 5 a fração é . Esta fração nos dá a variação
5 Multiplicando o valor inicial de x por esta fração, arma-
mos a seguinte igualdade que nos dará o valor final de x:
causada em x (o preço) pela mudança da outra grandeza
(a quantidade de tecido comprado). 180
x = 24 × ⇒ x = 36
120
Multiplicando o valor inicial de x por esta fração pode-
mos armar a igualdade que nos dará o valor final de x:
Portanto, serão necessários 36 operários para fazer a
33 casa em 120 dias.
x = 30 × ⇒ x = 198
5 3. Em 12 dias de trabalho, 16 costureiras fazem 960 calças.
Em quantos dias 12 costureiras poderão fazer 600 calças
Portanto, os 33 metros de tecido custarão R$ 198,00. iguais às primeiras?

2. Em 180 dias 24 operários constroem uma casa. Quantos Solução:


operários serão necessários para fazer uma casa igual O problema envolve três grandezas, tempo necessário
em 120 dias? para fazer o trabalho, número de costureiras emprega-
das e quantidade de calças produzidas.
Solução: Podemos, então, montar uma tabela com três colunas,
O problema envolve duas grandezas, tempo de constru- uma para cada grandeza:
ção e número de operários necessários.
Montaremos, então uma tabela com duas colunas, uma Tempo Nº de Quantidade
para cada grandeza: (em dias) costureiras de calças
12 16 960
Tempo (em dias) Nº de operários ↑ x 12 600
180..................................... 24
120.......................................x Para orientar as flechas das outras duas grandezas é
preciso compará-las uma de cada vez com a grandeza
Na coluna onde a incógnita x aparece, vamos colocar do x e de tal forma que, em cada comparação, conside-
raremos como se as demais grandezas permanecessem
uma flecha apontada para o valor inicial do x que é 24:
constantes.
- Quanto menos costureiras forem empregadas maior
Tempo (em dias) Nº de operários será o tempo necessário para fazer um mesmo servi-
180..................................... 24 ço. Portanto, número de costureiras é inversamente
120.......................................x ↑ proporcional ao tempo.
- Quanto menor a quantidade de calças a serem fei-
Lembre-se que esta flecha está indicando que se o tem- tas menor também será o tempo necessário para
po de construção permanecesse o mesmo, o número de produzi-las com uma mesma equipe. Portanto, a
operários necessá­rios, x, continuaria sendo 24. quantidade de calças produzidas e o tempo ne­
Agora, devemos avaliar o modo como a variação no cessário para fazê-las são diretamente proporcionais.
tempo de construção afetará o número de operários
necessários: Tempo Nº de Quantidade
(em dias) costureiras de calças
- Quanto menos tempo houver para realizar a obra, 12 16 960
proporcionalmente maior será o número de operários ↑ x ↓ 12 ↑ 600
necessários. Assim as grandezas tempo de construção e
número de operários são inversamente proporcionais. A flecha do x, como sempre, está indicando o seu valor
inicial (x = 12).
Na tabela onde estamos representando as variações das As outras duas flechas indicam frações que nos dão as
grandezas, isto será indicado colocando-se uma flecha variações causadas em x (o tempo) pelas mudanças das
na coluna da quantidade de tecido no sentido inverso outras grandezas (o número de costureiras e a quantida-
ao da flecha do x. de de calças). Lembre-se de que elas apontam sempre
do numerador para o denominador.
Tempo (em dias)................ Nº de operários Multiplicando o valor inicial de x por estas frações, temos
a igualdade que nos dará o valor final de x:
180..................................... 24
Matemática

↓ 120.......................................x ↑ 16 600
x = 12 × × ⇒ x = 10
12 900
A flecha do x indica que seu valor, inicialmente, era 24:
Portanto, serão necessários 10 dias para fazer o serviço
inicialmente, tinha-se x = 24 nas novas condições do problema.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS a quantidade de pó necessária para o café, a velocidade
com que se deve caminhar ao atravessar uma rua etc.,
1. Julgue os itens abaixo em Certos ou Errados. está-se relacionando, mentalmente, grandezas entre si,
( ) Dadas duas grandezas diretamente proporcionais, por meio de uma proporção. Em relação às proporções,
quando uma delas aumenta a outra também au- julgue os itens abaixo.
menta na mesma proporção. ( ) A quantidade de tinta necessária para fazer uma
( ) Dadas duas grandezas diretamente proporcionais, pintura depende diretamente da área da região a
quando uma delas diminui a outra aumenta na ser pintada.
mesma proporção. ( ) O número de pintores e o tempo que eles gastam
( ) Dadas duas grandezas inversamente proporcionais, para pintar um prédio são grandezas inversamente
quando uma delas aumenta a outra diminui na proporcionais.
mesma proporção. ( ) A medida do lado de um triângulo equilátero e o
( ) Dadas duas grandezas inversamente proporcionais, seu perímetro são grandezas diretamente propor-
quando uma delas diminui a outra também diminui cionais.
na mesma proporção. ( ) O número de ganhadores de um único prêmio de
uma loteria e a quantia recebida por cada ganhador
2. Julgue os itens abaixo em Certos ou Errados. são grandezas inversamente proporcionais.
( ) Se duas grandezas A e B são tais que ao duplicarmos ( ) A velocidade desenvolvida por um automóvel e
o valor de A, o valor de B também duplica então A o tempo gasto para percorrer certa distância são
e B são grandezas diretamente proporcionais. grandezas diretamente proporcionais.
( ) Se duas grandezas A e B são tais que ao reduzirmos
para um terço o valor de A, o valor de B também 5. Se 3 kg de queijo custam R$ 24,60, quanto custarão 5
reduz-se para um terço, então A e B são grandezas kg deste queijo?
inversamente proporcionais. 6. Se 3 kg de queijo custam R$ 24,60, quanto deste queijo
( ) Se duas grandezas A e B são tais que ao triplicarmos poderei comprar com R$ 53,30?
o valor de A, o valor de B fica reduzido para um terço
7. Cem quilogramas de arroz com casca fornecem 96 kg
do que era, então A e B são grandezas inversamente
de arroz sem casca. Quantos quilogramas de arroz com
proporcionais.
casca serão necessários para produzir 300 kg de arroz
( ) Se A é uma grandeza inversamente proporcional à
grandeza B, então B é diretamente proporcional a A. sem casca?
( ) Se duas grandezas A e B são tais que ao aumen- 8. Em 8 dias 5 pintores pintam um prédio inteiro. Se fossem
tarmos o valor de A em x unidades, o valor de B 3 pintores a mais, quantos dias seriam necessários para
também aumenta em x unidades então A e B são pintar o mesmo prédio?
grandezas diretamente proporcionais. 9. Um veículo trafegando com uma velocidade média de 60
km/h, faz determinado percurso em duas horas. Quanto
3. Determine, em cada caso, se a relação entre as grandezas tempo levaria um outro veículo para cumprir o mesmo
é de proporção direta (D) ou inversa (I). percurso se ele mantivesse uma velocidade média de
a) O número de máquinas funcionando e a quantidade 80 km/h?
de peças que elas produzem durante um mês. ( ) 10. Uma roda-d’água dá 390 voltas em 13 minutos. Quantas
b) O número de operários trabalhando e o tempo que voltas terá dado em uma hora e meia?
levam para construir uma estrada de 10 km. ( ) 11. Duas rodas dentadas estão engrenadas uma na outra.
c) A velocidade de um ônibus e o tempo que ele leva A menor delas tem 12 dentes e a maior tem 78 dentes.
para fazer uma viagem de Brasília a São Paulo. ( ) Quantas voltas terá dado a menor quando a maior der
d) A velocidade de um ônibus e a distância percorrida 10 voltas?
por ele em três horas. ( ) 12. Qual é a altura de um edifício que projeta uma sombra
e) A quantidade de ração e o número de animais que de 12m, se, no mesmo instante, uma estaca vertical de
podem ser alimentados com ela durante uma sema- 1,5m projeta uma sombra de 0,5m?
na. ( ) 13. Se um relógio adianta 18 minutos por dia, quanto terá
f) O tamanho de um tanque e o tempo necessário para adiantado ao longo de 4h 40min?
enchê-lo. ( ) 14. Um relógio que adianta 15 minutos por dia estava mar-
g) O número de linhas por página e o total de páginas cando a hora certa às 7h da manhã de um certo dia.
de um livro. ( ) Qual será a hora certa quando, neste mesmo dia, este
h) A eficiência de um grupo de operários e o tempo relógio estiver marcando 15h 5min?
necessário para executarem certo serviço. ( ) 15. Um comerciante comprou duas peças de um mesmo
i) A dificuldade de uma tarefa e o tempo necessário
tecido. A mais comprida custou R$ 660,00 enquanto a
para uma pessoa executá-la. ( )
outra, 12 metros mais curta, custou R$ 528,00. Quanto
j) A facilidade de uma tarefa e o tempo necessário para
media a mais comprida?
uma pessoa executá-la. ( )
k) O número de horas trabalhadas por dia e a quanti- 16. Um navio tinha víveres para uma viagem de 15 dias.
dade de trabalho feito em uma semana. ( ) Três dias após o início da viagem, contudo, o capitão do
l) O número de horas trabalhadas por dia e o número navio recebe a notícia de que o mau tempo previsto para
o resto da viagem deve atrasá-la em mais 4 dias. Para
Matemática

de dias necessário para fazer certo trabalho. ( )


quanto terá de ser reduzida a ração de cada tripulante?
4. (Cespe/MPU/Assistente/1996) É comum em nosso 17. Um rato está 30 metros à frente de um gato que o per-
cotidiano surgirem situações-problema que envolvem segue. Enquanto o rato corre 8m, o gato corre 11m. Qual
relações entre grandezas. Por exemplo, ao se decidir a a distância que o gato terá de percorrer para alcançar o
quantidade de tempero que deve ser usada na comida, rato?

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
18. Um gato está 72m à frente de um cão que o persegue. PORCENTAGENS
Enquanto o gato corre 7m, o cão corre 9m. Quantos
metros o cão deverá percorrer para diminuir a metade Razão Centesimal
da terça parte da distância que o separa do gato?
19. Um gato persegue um rato. Enquanto o gato dá dois pulos,
o rato dá 3, mas, cada pulo do gato vale dois pulos do rato. Chamamos de razão centesimal a toda razão cujo con-
Se a distância entre eles, inicialmente, é de 30 pulos de sequente (denominador) seja igual a 100.
gato, quantos pulos o gato terá dado até alcançar o rato?
20. Um gato e meio come uma sardinha e meia em um Exemplos:
minuto e meio. Em quanto tempo 9 gatos comerão uma 37 em cada 100 → 37/100
dúzia e meia de sardinhas? 19 em cada 100 → 19/100
21. Se 2/5 de um trabalho foram feitos em 10 dias por
24 operários que trabalhavam 7 horas por dia, então Diversas outras razões não centesimais podem ser facil-
quantos dias serão necessários para terminar o trabalho, mente reescritas na forma centesimal.
sabendo que 4 operários foram dispensados e que o
restante agora trabalha 6 horas por dia? Exemplos:
22. Um grupo de 15 mineiros extraiu em 30 dias 3,5 tone- 3 em cada 10 → 3/10 = 30/100 → 30 em cada 100
ladas de carvão. Se esta equipe for aumentada para 20 2 em cada 5 → 2/5 = 40/100 → 40 em cada 100
mineiros, em quanto tempo serão extraídos 7 toneladas
de carvão? 1 em cada 4 → 1/4 = 25/100 → 25 em cada 100
23. Dois cavalos, cujos valores são considerados como
diretamente proporcionais às suas forças de trabalho Outros nomes usados para uma razão centesimal são
e inversamente proporcionais às suas idades, têm o razão porcentual, índice porcentual e percentil.
primeiro, 3 anos e 9 meses e o segundo, 5 anos e 4
meses de idade. Se o primeiro, que tem 3/4 da força Forma Porcentual
do segundo, foi vendido por R$ 480,00, qual deve ser o
preço de venda do segundo? Uma razão centesimal pode ser indicada na forma por-
24. Se 27 operários, trabalhando 6 horas por dia levaram centual anotando-se o antecedente (numerador) da razão
40 dias para construir um parque de formato retangular centesimal seguido do símbolo % (lê-se “por cento”).
medindo 450m de comprimento por 200m de largura,
quantos operários serão necessários para construir um Exemplos:
outro parque, também retangular, medindo 200m de
comprimento por 300m de largura, em 18 dias e traba- 12
100
= 12% (doze por cento)
lhando 8 horas por dia?
25. Uma turma de 15 operários pretende terminar em 14 3
dias certa obra. Ao cabo de 9 dias, entretanto, fizeram = 3% (três por cento)
100
somente 1/3 da obra. Com quantos operários a turma
original deverá ser reforçada para que a obra seja con- Porcentagem
cluída no tempo fixado?
Dados dois números quaisquer, A e B (B ≠ 0) dizemos
GABARITO que A é igual a p% de B quando a razão A/B for igual a p%.

1. C-E-C-E A p
A é p% de B ↔ =
2. C-E-C-E-E B 100
3. D-I-I-D-D-D-I-I-D-I-D-I
4. V-V-V-V-F Na expressão acima, o valor B é a referência do cálculo
5. R$ 41,00 porcentual. Dizemos então que A é uma porcentagem do
6. 6,5kg número B.
7. 312,5kg Todo problema de porcentagens depende, basicamente,
8. 5 dias
de determinarmos um dos valores dados na expressão acima,
9. 1h 30min
A, B ou p em função dos outros dois.
10. 2.700 voltas
11. 65 voltas
12. 36m Observação:
13. 3min 30s Nas questões de concursos públicos é comum en-
14. 15h contrarmos:
15. 60 metros - lucro, rendimento, desconto, abatimento, prejuízo
16. Para 3/4 da quantidade original etc. indicando uma porcentagem em situações
17. 110m específicas;
18. 54m - a expressão “principal” indicando o valor de refe-
19. 120 pulos rência que corresponde a 100%.
20. 3 minutos
Matemática

21. 21 dias Exemplos:


22. 45 dias
23. R$ 450,00 1) Calcular 20% de 250.
24. 30 operários
25. 39 operários Solução: O número procurado é igual a 20% de 250.

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Logo: Para Calcular um Aumento de p%:

x 20 Quando aumentamos em p% um valor V, ficamos com


x é 20% de 250 ↔ = (100+p)% de V.
250 100
Então, basta multiplicar o valor V pela forma decimal de
100 . x = 20 × 250 (100+p)% para termos o resultado desejado.
20 × 250 5000
x= = = 50 Exemplos:
100 100
1) Aumentar o valor 230 em 30%.
x = 50 Solução: (100+30)% = 130% = 1,30
→ 230 × 1,30 = 299
Então, 20% de 250 dá 50.
2) Aumentar o valor 400 em 3,4%.
2) 30 é igual a 20% de quanto?
Solução: (100+3,4)% = 103,4% = 1,034
Solução: Da definição de porcentagem temos: → 400 × 1,034 = 413,6

30 20 Para Calcular uma Redução de p%:


30 é 20% de x ↔ =
x 100
Quando reduzimos em p% um valor V, ficamos com
20 . x = 30×100 (100 – p)% de V.
100 × 30 Então, basta multiplicar o valor V pela forma decimal de
x= = 150 (100 – p)% para termos o resultado desejado.
20
Portanto, 30 é igual a 20% de 150. Exemplos:
1) Reduzir o valor 300 em 30%.
3) 21 representa quanto por cento de 15? Solução: (100 – 30)% = 70% = 0,70
→ 300 × 0,70 = 210
Solução: Da definição de porcentagem temos:
21 x
21 é x% de 15 ↔ = 2) Reduzir o valor 400 em 2,5%.
15 100 Solução: (100 – 2,5)% = 97,5% = 0,975
15 . x = 21 × 100 → 400 × 0,975 = 390

2100 Aumentos Sucessivos:


x= = 140
15
Para aumentarmos um valor V sucessivamente em p1%,
Logo, 21 representa 140% de 15. p2 %, ...., pn %, de tal forma que cada um dos aumentos, a
partir do segundo, incida sobre o resultado do aumento
Forma Unitária anterior, basta multiplicar o valor V sucessivamente pelas
formas unitárias de (100+p1 )%, (100+p2)%, ..... , (100+pn)% .
Além da forma porcentual, existe uma outra forma de
expressarmos uma razão porcentual a qual chamamos de Exemplos:
forma unitária. 1) Aumentar o valor 2.000 sucessivamente em 10%,
A forma unitária da razão p/100 é o número decimal 20% e 30%.
que obtemos dividindo o valor p por 100. Solução: 2.000 × 1,10 × 1,20 × 1,30 = 3.432

Exemplos: 2) Se o valor 4.000 sofrer três aumentos sucessivos de


23% = 23/100 = 0,23 5%, qual será o valor resultante?
6% = 6/100 = 0,06 Solução: 4.000 × 1,05 × 1,05 × 1,05 = 4.630,5
133% = 133/100 = 1,33
0,5% = 0,5/100 = 0,005 Reduções Sucessivas:

Aumentos e Reduções Porcentuais Para reduzirmos um valor V sucessivamente em p1%,


p2 %, ...., pn %, de tal forma que cada uma das reduções, a
Quando queremos calcular um aumento ou uma re- partir da segunda, incida sobre o resultado da anterior, basta
dução de p% sobre determinado valor, é comum calcular o multiplicar o valor V sucessivamente pelas formas decimais
resultado em duas etapas: de (100 – p1)%, (100 – p2)% , ..... , (100 – pn )% .
1ª – Calculamos a porcentagem p% do valor dado. Exemplos:
2ª – Adicionamos ou subtraímos do valor original a 1) Reduzir o valor 5.000 sucessivamente em 10%, 20%
porcentagem encontrada, para obter, respectivamente, e 30%.
Matemática

o valor aumentado ou reduzido em p% do valor dado,


Solução: 5.000 × 0,90 × 0,80 × 0,70 = 2.520
conforme o caso desejado.
Usando a forma unitária, poderemos calcular au­men­tos 2) Se o valor 4.000 sofrer três reduções sucessivas de
e reduções percentuais de modo mais rápido, usando um 5%, qual será o valor resultante?
dos seguintes raciocínios: Solução: 4.000 × 0,95 × 0,95 × 0,95 = 3.429,5

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Exercícios Resolvidos 4. Uma mercadoria foi vendida com um lucro de 20% sobre
a venda. Qual o preço de venda desta mercadoria se o
1. A conta de um restaurante indicava uma despesa de R$ seu preço de custo foi de R$ 160,00?
26,00 e trazia a seguinte observação: “Não incluí­mos os
10% de serviço”. Calcular, em dinheiro, os 10% de serviço Solução:
e o total da despesa se nela incluirmos a porcentagem
referente ao serviço. A expressão “sobre a venda” significa que o valor de
Solução: referência para o cálculo porcentual do lucro, neste
Serviço =10% de 26,00 = 2,60 exercício, deverá ser o preço de venda (ao contrário
do que é comum!). Portanto, devemos fazer o preço de
Portanto, os 10% cobrados como serviço representam venda corresponder a 100%.
R$ 2,60.
Incluindo esta porcentagem na despesa original, teremos: Observe, então, o esquema:
26,00 + 2,60 = 28,60
(Preço de Custo) + (Lucro) = (Preço de Venda)
Assim, o total da despesa passa a ser de R$ 28,60. x % + 20% = 100%

2. Num laboratório, 32% das cobaias são brancas e as x % + 20% = 100%


outras 204 são de cor cinza. Quantas cobaias há neste logo: x% = 80%
laboratório?
Então, o preço de custo (R$ 160,00) corresponde a 80%
Solução: do preço de venda (V):
O total de cobaias corresponde a 100%:
80% de V = 160,00 (custo)
brancas (32%) + cinza (x%) = total (100%)
32% + x% = 100%
Resolvendo, nos dá:
x% = 100% – 32% = 68%
160 × 100
Então, as 204 cobaias de cor cinza são 68% do total. V= = 200
Chamando o total de cobaias de C, poderemos escrever: 80

68% de C = 204 O preço de venda foi de R$ 200,00


68
× C = 204
100 5. Para atrair fregueses, um supermercado anuncia por R$
204 ×100 10,00 um determinado produto que lhe custou R$ 13,00.
C= = 300
68 Determine a taxa porcentual de prejuízo sobre o preço
C = 300 de venda.

Portanto, há 300 cobaias no laboratório. Solução:

3. O preço de um produto A é 30% maior que o de B e o preço A expressão “sobre o preço de venda” significa que o
deste é 20% menor que o de C. Sabe-se que A, B e C custa- valor de referência para o cálculo porcen­tual do prejuízo
ram, juntos, R$ 28,40. Qual o preço de cada um deles? deverá ser o preço de venda:
Solução:
Digamos que os preços de A, B e C são a, b e c, respec- Observe o esquema:
tivamente:
(Preço de Custo) – (Prejuízo) = (Preço de Venda)
a = (100%+30%) de b = 130% de b → a = 1,3 b (100 + x) % – x% = 100%

b = (100% - 20%) de c = 80% de c → b = 0,8 c O valor do prejuízo, em dinheiro, pode ser determinado
Comparando as duas igualdades acima, temos: pela diferença entre os preços de custo e de venda:
b = 0,8c e a = 1,3b, portanto a = 1,3 × 0,8c 13,00 – 10,00 = 3,00
a = 1,04c
Assim, podemos dizer que o prejuízo (R$ 3,00) é igual a
O preço dos três, juntos, é R$ 28,40:
x% do preço de venda (R$ 10,00):
a + b + c = 28,40
1,04c + 0,8c + 1c = 28,40 x% de 10 = 3
2,84c = 28,40
Resolvendo a expressão, encontramos:
Matemática

c = 10,00 (valor de C)
b = 0,8c = 0,8 × 10 = 8,00 (valor de B) 100× 3
a = 1,04c = 1,04 × 10 = 10,40 (valor de A) x= = 30
10
Então, os preços são: A custa R$ 10,40, B custa R$ 8,00
e C custa R$ 10,00. O porcentual de prejuízo sobre a venda é de 30%.

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EXERCÍCIOS PROPOSTOS
1. Em um concurso havia 15.000 homens e 10.000 mulhe-
res. Sabe-se que 60% dos homens e 55% das mulheres
foram aprovados. Do total de candidatos, quantos por
cento foram reprovados?
2. Uma cidade possui uma população de 100.000 habi-
tantes, dos quais alguns são eleitores. Na eleição para a
prefeitura da cidade havia 3 candidatos. Sabendo-se que
o candidato A obteve 20% dos votos dos eleitores, que o
candidato B obteve 30%, que os votos nulos foram 10%,
que o candidato C obteve 12.000 votos e que não houve
abstenções, a parte da população que não é eleitora é
de quantos habitantes.
3. (Metrô/Técnico de Contabilidade/2ºG-IDR/1994) João,
Antônio e Ricardo são operários de uma certa empresa.
Antônio ganha 30% a mais que João, e Ricardo, 10% a me-
nos que Antônio. A soma dos salários dos três, neste mês,
foi de R$ 4.858,00. Qual a quantia que coube a Antônio?
4. Fiz em 50min o percurso de casa até a escola. Quanto
tempo gastaria na volta, se utilizasse uma velocidade
20% menor?
5. A população de uma cidade aumenta à taxa de 10% ao
ano. Sabendo-se que em 1990 a população era de 200.000
hab.. Quantos habitantes esta cidade terá em 1994?
6. (UnB/1993) A soma de dois números x e y é 28 e a razão
entre eles é de 75%. Qual é o maior desses números?
7. Calcular:
a) 30% de 20% de 40% b) 81%
8. Um depósito de combustível de capacidade de 8m3
tem 75% de sua capacidade preenchida. Quantos m3
de combustível serão necessários para preenchê-lo?
9. (CEF/1991) Num grupo de 400 pessoas, 70% são do
sexo masculino. Se, nesse grupo, 10% dos homens são
casados e 20% das mulheres são casadas. Qual o número
de pessoas casadas?
10. (CEB/Contador/IDR/1994) Para obter um lucro de 25%
sobre o preço de venda de um produto adquirido por
R$ 615,00, o comerciante deverá vendê-lo por quanto?
11. (Metrô/Assist. Administrativo/IDR/1994) Uma merca-
doria custou R$ 100,00. Para obter-se um lucro de 20%
sobre o preço de venda, por quanto deverá ser vendida?
12. (TTN/2ºG/1989) Antônio comprou um conjunto de sofás
com um desconto de 20% sobre o preço de venda. Saben-
do-se que o valor pago por Antônio foi de R$ 1.200,00,
de quanto era o preço de venda da mercadoria?
13. (TTN/1989) Um produto é vendido com um lucro bruto
de 20%. Sobre o preço total da nota, 10% correspon­dem
a despesas. De quantos por cento foi o lucro líquido do
comerciante?
14. Um cliente obteve de um comerciante desconto de 20%
no preço da mercadoria. Sabendo-se que o preço de
venda, sem desconto, é superior em 20% ao do custo,
pode-se afirmar que houve, por parte do comerciante
um lucro ou um prejuízo e de quanto?
15. Quanto por cento sobre o custo corresponde a um lucro
de 60% sobre a venda?

GABARITO
1. 42% 8. 2m3
2. 70.000 9. 52
3. R$ 1.820,00 10. R$ 820,00
Matemática

4. 62min 30s 11. R$ 125,00


5. 292.820 hab. 12. R$ 1.500,00
6. 16 13. 8%
7. a) 2,4% 14. Prejuízo de 4%
b) 90% 15. 150%

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PRF

SUMÁRIO

Noções de Direito Constitucional

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988


Princípios fundamentais ..................................................................................................................................................... 9

Aplicabilidade das normas constitucionais


Normas de eficácia plena, contida e limitada .................................................................................................................... 6
Normas programáticas ....................................................................................................................................................... 6

Direitos e garantias fundamentais


Direitos e deveres individuais e coletivos......................................................................................................................... 12
Direitos sociais.................................................................................................................................................................. 27
Direitos de nacionalidade.................................................................................................................................................. 32
Direitos políticos............................................................................................................................................................... 35
Partidos políticos............................................................................................................................................................... 37

Organização político-administrativa do Estado


Estado federal brasileiro, União, estados, Distrito Federal, municípios e territórios............................................................ 38

Administração pública
Disposições gerais, servidores públicos ............................................................................................................................ 49

Poder executivo
Atribuições e responsabilidades do presidente da República .......................................................................................... 59

Poder judiciário
Disposições gerais............................................................................................................................................................. 66
Órgãos do poder judiciário – Organização e competências........................................................................................ 70/79
Conselho Nacional de Justiça – Composição e competências .................................................................................... 72/79

Funções essenciais à justiça


Ministério público............................................................................................................................................................. 84
Advocacia pública ............................................................................................................................................................. 88
Defensoria pública ............................................................................................................................................................ 88

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Noções de Direito Constitucional
Fabrício Sarmanho / Eduardo Muniz Machado Cavalcanti

INTRODUÇÃO AO DIREITO tendo sido, desde o final do século XX, o berço natural
da positivação dos direitos humanos.
CONSTITUCIONAL
Ainda segundo o autor, o Direito Constitucional, visto sob
Direito Constitucional: Natureza; Conceito e uma ótica pragmática “identifica-se como a análise de um
Objeto; Perspectiva Sociológica; Perspectiva conjunto normativo: a Constituição do Estado”.
Política; Perspectiva Jurídica; Fontes Formais; É possível perceber alguns pontos de convergência em
Concepção Positiva relação aos conceitos de Direito Constitucional dispostos:
• ramo do Direito Público;
Natureza • tem por objeto a Constituição do Estado;
• define normas de funcionamento estatal;
O Direito pode ser dividido dicotomicamente em Direito • estabelece limites à atuação do Estado.
Público e Direito Privado.
Objeto
O primeiro grupo tem como foco a relação estatal, tanto
entre dois entes estatais quanto entre um ente estatal e um
O objeto do estudo do Direito Constitucional é a norma
ente privado, desde que, no último caso, a relação seja enca‑ fundamental de organização estatal, que define aspectos
rada dentro de uma ótica publicista, levando em conta que o estruturais, como o funcionamento do Estado, a organização
Estado, ao defender interesses públicos, possui supremacia. dos Poderes, a  estrutura política e os direitos e garantias
Enquadram-se nessa classificação: Direito Administrativo, fundamentais.
Tributário, Penal, Processual, Financeiro, Econômico etc. Segundo José Afonso da Silva (2008, p. 34), o  Direito
O segundo preocupa-se com as relações entre particula‑ Constitucional, encarado como ciência, estabelece uma
res, sem envolver, portanto, a figura do Estado, que aparece forma de conhecimento sistematizado sobre as normas
como mero mediador em certos casos, a fim de resguardar fundamentais da organização do Estado, ou seja, sobre as
os interesses privados indisponíveis. São considerados ramos normas relacionadas à:
do Direito Privado o Direito Civil e o Direito Comercial.
O Direito Constitucional é, por excelência, um ramo do estrutura do Estado, forma de governo, modo de
Direito Público, já que rege a própria estruturação do Esta‑ aquisição e exercício do poder, estabelecimento
do, definindo normas de organização e limites de atuação de seus órgãos, limites de atuação, direitos funda‑
desse ente. mentais do homem e respectivas garantias e regras
É muito comum identificar o Direito Constitucional como básicas da ordem econômica e social.
o principal ramo do Direito Público, do qual emanariam os
demais ramos, que nele encontram apoio. Nesse sentido, por Ainda segundo o autor, esse estudo não deverá ter cará‑
exemplo, há o entendimento de José Afonso da Silva (2008, ter meramente expositivo, mas compreender uma investiga‑
p. 34), que chega a referir-se ao Direito Constitucional como ção valorativa, que leva em conta a dinâmica sociocultural
um Direito Público fundamental. envolvida na aplicação da norma constitucional instituída.
Apesar de ser clássica a divisão acima exposta, pode-se
ver que, em verdade, sob uma concepção mais moderna, Perspectivas
o Direito é uno, indivisível, sendo a sua divisão justificada
tão somente por finalidade didática (LENZA, 2008, p. 1). O Direito Constitucional pode ser concebido sob diversas
perspectivas. Sob o ponto de vista sociológico, é encarado
Conceito como um instrumento submetido à vontade da sociedade,
que o fundamenta e estrutura. Sob a ótica política, é visto
Como referencial, consideraremos o Direito Constitu‑ como ferramenta política, colocada sob o arbítrio estatal.
cional como o ramo do Direito Público que estuda o fenô- Segundo a perspectiva jurídica, é considerado um conjunto
meno do constitucionalismo, encarado como a tendência de normas e princípios que regulamentam as atividades
de formulação, em um texto constitucional ou por regras fundamentais do Es­tado.
costumeiras, das bases de funcionamento e dos limites da
atuação do Estado. Fontes Formais
Segundo José Afonso da Silva (2008, p. 34), o  Direito
Noções de Direito Constitucional

Constitucional pode ser definido como São fontes do Direito tradicionalmente conhecidas:
• Lei: é uma norma dotada de generalidade, abstração
[...] o ramo do Direito Público que expõe, interpreta e coercitividade.
As constituições, para que sejam consideradas a fonte
e sistematiza os princípios e normas fundamentais
formal do direito constitucional, devem emanar de
do Estado. Como esses princípios e normas funda‑
um poder constituinte democraticamente legitimado,
mentais do Estado compõem o conteúdo das cons‑ cuja vontade de criar ato compreendido em sua esfera
tituições (Direito Constitucional Objetivo), pode-se seja intencionalmente manifestada, e seja observado
afirmar, como o faz Pinto Ferreira, que o Direito o procedimento específico.1
Constitucional é a ciência positiva das constituições. • Doutrina: é formada por obras escritas por estudiosos
do Direito.
Para André Ramos Tavares (2008, p. 18), • Jurisprudência: é o conjunto de decisões reiteradas
o Direito Constitucional, ramo do Direito Público, vo‑ dos tribunais.
caciona-se à estruturação do Poder, fornecendo-lhe • Costumes: conjunto de práticas reiteradas.
os contornos de atuação e limites de sua atividade, 1
Cespe/TJ-RO/Técnico Judiciário/2012.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
• Princípios gerais do Direito: preceitos que orientam e constituição sob o aspecto formal como mera “constituição
servem de base à formação das regras jurídicas. de papel”, que não poderia prevalecer sobre a vontade da
sociedade.
É fonte direta ou imediata a lei, considerada em sua
concepção ampla, ou seja, abrangendo a Constituição, as leis Elementos
e as normas infralegais. São fontes indiretas ou mediatas
a doutrina, a  jurisprudência, os  costumes e os princípios
Segundo José Afonso da Silva (1998), uma constituição
gerais do Direito.
contém cinco tipos de elementos:
Concepção Positiva • Elementos orgânicos: definem a estrutura do Estado
(ex.: arts. 2º e 101 da CF).
O Direito Constitucional é considerado um ramo das • Elementos limitativos3: limitam a atuação do Estado,
ciências jurídicas. restringindo sua capacidade de intervenção na esfera
Sob a ótica científica, o Direito Constitucional pode ser privada (ex.: art. 5º da CF).
subdividido em três disciplinas: Direito Constitucional Positivo • Elementos socioideológicos: opções de ordem social,
ou Particular, que diz respeito ao estudo de um determinado econômica etc. (ex.: arts. 6º e 7º da CF).
sistema constitucional, de um determinado país; Direito Cons- • Elementos de estabilização constitucional: garantem
titucional Comparado, relacionado ao estudo comparativo a estabilidade da constituição (ex.: art. 60, § 4º, e art.
realizado entre diferentes ordens constitucionais, de Estados 102, I, a, da CF).
diferentes; e Direito Constitucional Geral, que aborda as
• Elementos formais de aplicabilidade: são verdadeiros
questões constitucionais comuns a todos os sistemas adotados
pelos vários Estados (SILVA, 2008, p. 35-36). “manuais de instrução” para a aplicação da constitui‑
ção. Definem, portanto, como a carta política deve ser
interpretada e aplicada (ex.: art. 5º, § 1º, da CF).
Conceito e Objeto de Constituição
Constituição é a Lei Maior, a reunião de todos os valores Estado
supremos de um Estado, instituída para regular a atuação
governamental, as relações jurídicas existentes na sociedade,
Soberania: capacidade de decidir em
bem como proteger os indivíduos de abusos do Poder Público. última instância, sem influências externas.
Para Alexandre de Moraes (2006, p. 2),
Povo: é o conjunto de pessoas que possui a
deve ser entendida como a lei fundamental e supre‑ nacionalidade de um determinado estado.
ma de um Estado, que contém normas referentes É composto, portanto, segundo critérios
Elementos
à estruturação do Estado, à formação dos Poderes de nacionalidade. Não deve ser confundi‑
que compõem
públicos, à forma de governo e à aquisição do poder do com a ideia de população, que segue
o Estado
critério demográfico, bem como com a
de governar, à distribuição de competências, direitos,
ideia de cidadão, que é determinada por
garantias e deveres dos cidadãos.
critério político.
Segundo José Afonso da Silva (2008, p. 37-38), Território: é o espaço físico no qual o
Estado exerce a soberania.
a constituição do Estado, considerada a sua lei
fundamental, seria, então, a  organização dos seus Classificação do Estado
elementos essenciais: um sistema de normas jurídi‑
cas, escritas ou costumeiras, que regula a forma do Forma de Estado
Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição Federação: Estado em que há uma descentralização
e o exercício do poder, o estabelecimento de seus ór‑ política, compondo‑se de entes dotados de autonomia.
gãos, os limites de sua ação, os direitos fundamentais Unitário: Estado em que não se verifica divisão em entes
do homem e as respectivas garantias. Em síntese, autônomos.
a constituição é o conjunto de normas que organiza A confederação se distingue da federação porque nela,
os elementos constitutivos do Estado. os entes que se reúnem possuem soberania, possuindo o
poder de secessão, podendo, assim, sair da confederação
Podemos identificar, nos conceitos citados anterior‑ quando bem entenderem.
mente, três objetos da Constituição: organização do Estado, Cabe lembrar que soberania não se confunde com au‑
estrutura política e direitos e garantias fundamentais.
Noções de Direito Constitucional

tonomia. A República Federativa do Brasil possui soberania,


enquanto a União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni‑
Concepção de Constituição cípios possuem autonomia.
O Brasil é uma federação.
Existem três principais concepções:
1ª Concepção (Jurídica): a Constituição é a lei maior do Forma de Governo
Estado. Concepção influenciada pelas ideias de Hans Kelsen. República: forma de governo caracterizada pela eleti‑
2ª Concepção (Política): a Constituição é vista como um vidade, temporariedade dos cargos e responsabilidade do
conjunto de opções políticas do Estado. Ideia baseada na governante.
corrente decisionista de Carlos Schmitt. Monarquia: é caracterizada pela hereditariedade, vitali‑
3ª Concepção (Sociológica): a Constituição é encarada ciedade e irresponsabilidade do governante.
como o conjunto de fatores reais de poder2. Esta concepção O Brasil é uma república.
é baseada na obra de Ferdinand Lassalle, que entendia a

Assunto cobrado na prova do Cespe/PRF/Agente Administrativo/Classe A/


2
Sobre o papel restritivo desses elementos, vide a aplicabilidade das normas
3

Padrão I/2012. constitucionais, em especial no que tange aos direitos de primeira geração.

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Sistema de Governo Regime Político
Presidencialismo: a figura central é o Presidente. Chefe Democrático: regime em que há a participação popular.
de Governo (chefia da Administração Pública) também atua Marcado pela ideia de soberania popular, segundo a qual
como Chefe de Estado (representa a figura estatal). Ex.: Brasil todo o poder emana do Povo.
Parlamentarismo: a figura central é o Parlamento, composto Autoritário: regime em que não há participação po­
por representantes do Povo. O Chefe de Governo necessita de pular.
apoio do Parlamento para se manter no Poder. Ex.: Inglaterra.
O Brasil adota o presidencialismo. Divisão do Regime democrático:

Plebiscito: consulta pública realizada previamente à edição de ato administra‑


tivo ou de lei.
Referendo: consulta pública realizada posteriormente à edição de ato admi‑
nistrativo ou lei.
Iniciativa Popular de Lei: possibilidade de o povo iniciar projeto de lei.
Direta
Ação Popular: ação ajuizada com a finalidade de se anular ato lesivo ao patri‑
DEMOCRACIA
mônio público, à moralidade administrativa, ao patrimônio histórico e cultural
e ao meio ambiente.
Denúncia direta ao TCU: possibilidade de o cidadão instaurar procedimento jun‑
to ao TCU para verificar a existência de irregularidade no trato da coisa pública.
Indireta (realizada por A democracia indireta é feita por meio do voto direto, secreto e com igual valor
meio de representantes) para todos.

Classificação da Constituição Promulgada: é a Constituição democrática, votada.


Cesarista: é a Constituição que depende de referendo
Existem diversos critérios para se classificar uma consti‑ popular.
tuição. Vejamos as principais classificações.
Quanto à Extensão7
Quanto ao Conteúdo
Prolixa/Analítica: trata de forma detalhada os temas
Formal: sob o aspecto formal, a Constituição é composta que aborda.
pelos elementos que são inseridos em seu texto, tratando Sintética: trata de forma resumida os institutos constan‑
ou não de questões fundamentais ao Estado. tes de seu texto.
A constituição formal consiste em um documento escrito
que foi estabelecido solenemente pelo poder constituinte Estabilidade
originário.4
Material: a Constituição sob o aspecto material envolve e Imutável: não admite alteração. É intangível.
é formada apenas por elementos essenciais à figura estatal, Rígida: permite alteração, mas exige um procedimento
tal como estrutura política, organização do Estado e direitos complexo, específico, como o da proposta de emenda consti‑
e garantias fundamentais. tucional que é adotado no Brasil. Para alguns autores, nossa
No mesmo sentido, conceitua-se a Constituição, quanto Constituição seria considerada superrígida, tendo em vista
ao aspecto material, como o conjunto de normas pertinen- que, além de ser rígida, possui certos pontos que sequer
tes à organização do poder, à distribuição da competência, podem sofrer alteração, como as cláusulas pétreas.
ao exercício da autoridade, à forma de governo e aos direi- Semirrígida ou Semiflexível: em parte é rígida e em
tos individuais e sociais da pessoa humana.5 outra é flexível.
Flexível: alterada por mero processo legislativo.
Quanto à Forma
Quanto ao Modelo
Escrita: formalizada em documento único, sistematizado.
Não Escrita: pode ser composta por leis esparsas, além Existem dois principais modelos de constituição: a
de usos e costumes. Não são sistematizadas em documento constituição-garantia e a constituição-dirigente.
único6. A constituição-garantia, que é o modelo clássico, preocupa‑
-se em estabelecer a divisão dos Poderes, os direitos fundamen‑
Noções de Direito Constitucional

Quanto ao Modo de Elaboração tais etc. Em suma, preocupa-se com a manutenção do status
quo, limitando os poderes do Estado em prol de uma ideologia
Dogmática: é elaborada em determinado momento liberal. A constituição-dirigente, além de estabelecer limitações
histórico, exprimindo os valores de uma determinada época. ao poder estatal, prevê metas de evolução política. É marcante,
Histórica: feita paulatinamente, por meio de um longo nas constituições dirigentes, a existência de normas progra‑
processo histórico. máticas, que estabelecem programas a serem cumpridos por
meio da atividade legislativa e da atuação do Poder Executivo.
Quanto à Origem
A Constituição Federal de 1988 é formal, escrita, dog-
mática, promulgada, analítica8 e rígida9.
Outorgada: é a Constituição imposta a um determinado
povo. 7
Assunto cobrado na prova do Cespe/PRF/Agente Administrativo/Classe A/
Padrão I/2012.
Cespe/TRE-MS/Técnico Judiciário/Programação de Sistemas/2013.
4 8
Assunto cobrado na prova do Cespe/PRF/Agente Administrativo/Classe A/
Cespe/TRT 10ª Região (DF e TO)/Técnico Judiciário/Administrativo/2013.
5
Padrão I/2012.
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/CNJ/Técnico Judiciário/Área
6 9
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/Ibama/Técnico Administrati‑
Administrativa/2013 e Cespe/Anac/Técnico Administrativo/2012. vo/2012 e Cespe/Anac/Técnico Administrativo/2012.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Poder Constituinte Tais normas podem assumir diversas funções, como a de
orientar as políticas públicas (normas programáticas) ou de
O poder constituinte atualmente concebido é uma forma criarem institutos jurídicos (normas institutivas). É possível
de manifestação da soberania popular. Consiste na elabora‑ ainda, que assumam diversas denominações segundo o grau
ção de normas constitucionais. Entende‑se que o povo é o de especificação ou de abstração. As normas que cuidam de
titular do poder constituinte. Esse poder é subdividido em temas de conteúdo princípiológico, abstratos, serão chama‑
poder constituinte originário e poder constituinte derivado. das normas-princípio, já que apenas definem uma linha de
Originário: existente quando se elabora uma nova Cons‑ atuação, deixando o intérprete livre para adequar esse valor
tituição. As normas dele derivadas são chamadas normas constitucional a uma situação concreta.
constitucionais originárias e possuem a característica de A norma que especifica a atuação do intérprete, definin‑
não poderem ser consideradas inconstitucionais, segundo do em pormenores a sua forma de agir, por outro lado, será
o entendimento do Supremo Tribunal Federal. chamada norma-regra.
São características desse poder:
• Inicial10: não decorre de nenhum outro. Classificação das Normas Constitucionais
• Ilimitado e Autônomo11: pode tratar de qualquer
aspecto de forma livre. Não há limitação de matéria As normas constitucionais podem ser classificadas se‑
para a criação de uma nova Constituição. Pode até gundo sua eficácia em normas de eficácia plena, contida
mesmo extinguir cláusulas pétreas. ou limitada.
• Incondicionado12: não depende de nenhum procedi‑ Eficácia Plena: são normas que possuem aplicabilidade
mento específico de criação. imediata, direta, sendo aptas a produzir efeitos desde a sua
edição.
Derivado: decorre do poder originário, permitindo a Eficácia Limitada: são normas que possuem aplicabilidade
alteração do texto constitucional ou a elaboração de cons‑ mediata, indireta, diferida. Possuem uma eficácia reduzida
tituições estaduais. enquanto não regulamentadas. Tal norma somente produzirá
São características desse poder: todos os efeitos após uma normatividade ulterior (exemplo:
• Derivado: deriva do originário, retirando dele seu art. 37, VII, da CF). As normas programáticas são exemplos de
fundamento de validade. normas de eficácia limitada. Tais normas apenas definem me‑
• Limitado ou Subordinado: obedece a limites materiais tas, objetivos do Estado, sem indicar, porém, os meios de sua
(como as cláusulas pétreas). concretização. Exemplo dessas normas é encontrado no art. 3º
• Condicionado: deve obedecer às regras como as
da Constituição Federal, que define os objetivos fundamentais.
Emendas Constitucionais.
Eficácia Contida: são normas que possuem aplicabilidade
O Poder Constituinte Derivado se divide em: imediata, direta, mas que deixam margem a que o legislador
infraconstitucional venha a reduzir seu alcance. Essas normas
possuem eficácia redutível ou restringível, já que lei pode vir
De Emenda (EC): consistente na edição de a reduzir seu campo de atuação. São exemplos os incisos XIII
emendas constitucionais, nos termos do e XXII do art. 5º.
art. 60 da Constituição Federal. As normas possuem como característica básica a sua
De reforma De Revisão (ECR): realizada por meio de pro‑ coercitividade. Possuem, portanto, um caráter obrigatório e
cedimento formalmente simplificado,mas vinculativo, funcionando como fonte primária do Direito. As
sujeito a limitação temporal (5 anos após normas podem ser classificadas como em sentido estrito, e
a promulgação da constituição, no caso da formal, ou em sentido amplo, e material. As normas formais
atual constituição brasileira). são aquelas que se submetem a um processo legislativo.
É o poder que os Estados Federados possuem São exemplos as leis ordinárias, as medidas provisórias etc.
de elaborarem suas próprias Constituições. Normas em sentido material têm caráter coercitivo, mas não
Tais constituições devem obedecer ao princí‑ passam por um processo formal de elaboração, tal qual os
pio da simetria, que consiste na obrigação de regimentos internos.
a constituição estadual obedecer ao modelo
Decorrente Análise do Princípio Hierárquico das Normas
federal. Certas regras da Constituição Federal
são consideradas de reprodução obrigatória
nas constituições federais. Exemplo de norma A adoção da concepção jurídica de constituição fez com
de reprodução obrigatória é a que define o que o texto da constituição fosse encarado com uma norma
processo legislativo. de superior hierarquia frente às demais normas14. Segundo
a estrutura escalonada ou piramidal das normas de um mes-
Noções de Direito Constitucional

Normas Constitucionais – Conceito e Funções mo sistema jurídico, no qual cada norma busca sua validade
em outra, situada em plano mais elevado, a norma consti-
As normas constitucionais são aquelas que possuem tucional situa-se no ápice da pirâmide, caracterizando-se
status constitucionais, seja porque inseridas no texto cons‑ como norma-origem, porque não existe outra que lhe seja
titucional positivado (normas formalmente constitucionais), superior.15 Assim, o ordenamento jurídico ficou dividido em
seja por tratarem de matérias eminentemente constitucio‑ normas constitucionais e normas infraconstitucionais, sendo
nais (normas materialmente constitucionais). estas de hierarquia inferior.
A norma constitucional é uma sobre-norma, porque
trata do conteúdo ou das formas que as demais normas Normas Programáticas
devem conter, apresentando princípios que servem de guias
supremos ao exercício das competências dos órgãos.13 As normas de eficácia limitada são subdivididas entre
normas de eficácia limitada de princípio institutivo e de
10
Assunto cobrado na prova do Cespe/MPS/Agente Administrativo/2010.
11
Assunto cobrado na prova do Cespe/MPS/Agente Administrativo/2010.
12
Assunto cobrado na prova do Cespe/MPS/Agente Administrativo/2010. Assunto cobrado na prova do Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2013.
14
13
Cespe/MPS/Agente Administrativo/2010. Cespe/MPS/Agente Administrativo/2010.
15

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princípio programático. As normas programáticas são aquelas da norma que estabelece a imposição, por lei complementar,
que expressam valores, objetivos, direções que devem ser de sanções contra a despedida involuntária ou sem justa
seguidas pelo Estado. A aplicação dessas normas é diferida causa (art.  7º, I, da CF). Tais normas somente se tornam
no tempo, não acontece de forma imediata. Por exemplo, completas com os elementos que são inseridos pelas leis
quando a Constituição prevê, no art. 23, que é dever do Estado que regulam o tema.
preservar as florestas, a fauna e a flora, isso não se reflete em
uma ação imediata e definida, mas, sim, em um “norte”, uma Normas Programáticas: Limites Mínimos e Máximos
indicação de que as ações governamentais devem sempre se Não se pode exigir que o Estado cumpra de forma ime‑
pautar na defesa do meio ambiente. A terminologia utilizada é diata e em mais alto grau todas as promessas constitucionais
bem didática: sempre que ouvirmos “normas programáticas”, expressas em termos de normas programáticas. Há uma
devemos nos lembrar de programas, programações, que nos reserva do que é financeira e tecnicamente possível. Essa
reportam à ideia de algo futuro, não imediato. reserva do possível constitui um limite máximo de exigência
As normas programáticas são voltadas a todos os Poderes da norma programática, não sendo admissível reconhecer a
da República, podendo ser alcançadas por meio de atuação existência de um direito público subjetivo aos jurisdicionados
legislativa ou por políticas públicas. Há que se ressaltar, po‑ que venham a reivindicar a execução de políticas públicas
rém, que papel destacado terá o Poder Legislativo, que terá além desse limite.
uma maior liberdade de escolha, no caso concreto, das ações Por outro lado, não se pode simplesmente desprezar as
capazes de tornar a norma realmente efetiva. normas programáticas sob o fundamento de que o Estado
A jurisprudência tem caminhado para, cada vez mais, não possui condições para concretizá-las. Há um parâmetro
reconhecer uma eficácia mínima imediata das normas pro‑ mínimo de respeito a tais normas, denominado mínimo
gramáticas, o que permitiria ao indivíduo reivindicar, junto existencial. Caso o Estado não esteja cumprindo com esse
ao Judiciário, efeitos concretos. Essa tendência é plenamente mínimo existencial, abre margem para a atuação do Poder
justificável, já que o Estado não pode simplesmente se omitir Judiciário, que, por meio do que se denomina ativismo judi-
diante de uma reivindicação constitucional, sob o argumento cial, tem interferido em políticas públicas para determinar o
de falta de regulamentação. O fato de a Constituição não cumprimento dessas promessas constitucionais.
normatizar todos os aspectos necessários para a sua plena Um clássico exemplo desse tipo de atuação diz respeito
aplicação não impede que, desde já, surtam efeitos na esfera ao fornecimento de medicamentos, quando o Judiciário
normativa. Tal conclusão é reforçada pela redação do § 1º determina o fornecimento imediato, independentemente
do art. 5º da CF, ao dispor que “as normas definidoras dos de trânsito em julgado ou da expedição de precatórios, dos
direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata”. recursos para o tratamento de saúde. Nessa hipótese não
As normas de princípio institutivo, por sua vez, consubs‑ se verifica, segundo o entendimento do Supremo Tribunal
tanciam regras que efetivamente serão aplicadas tão logo Federal, uma ofensa à Separação dos Poderes, já que se cuida
recebam uma peça essencial: a regulamentação. Cuida-se de injustificável inércia estatal a configurar uma abusividade
de um instituto, não de uma meta. É o caso, por exemplo, governamental.

Hierarquia das Leis

Noções de Direito Constitucional

Como é possível verificar no quadro acima, são normas O preâmbulo constitucional está assim redigido:
constitucionais aquelas que compõem o texto principal da
constituição, bem como as normas constantes do Ato das Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em
Disposições Constitucionais Transitórias (dispositivo no qual Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Es‑
são depositadas as normas que devem ter aplicabilidade ape‑ tado Democrático, destinado a assegurar o exercício
nas por um espaço de tempo), as emendas constitucionais, dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segu‑
as emendas constitucionais de revisão e os tratados e con‑
rança, o bem‑estar, o desenvolvimento, a igualdade e
venções internacionais de direitos humanos aprovados por
a justiça como valores supremos de uma sociedade
três quintos de cada uma das Casas do Congresso Nacional,
em dois turnos de votação em cada Casa. fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na
harmonia social e comprometida, na ordem interna
Preâmbulo Constitucional: esse texto, que introduz a e internacional, com a solução pacífica das contro‑
Constituição, não tem força de norma constitucional, segun‑ vérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a se‑
do o Supremo Tribunal Federal. Não precisa, portanto, sequer guinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO
ser reproduzido nas constituições estaduais. BRASIL.

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Normas Supralegais: são normas que se situam abaixo da como o que encontramos no art. 5º, LXX, estabelecendo que
Constituição, mas acima das demais normas legais. Cuidam‑ as associações precisam estar legalmente constituí­das há
-se dos tratados internacionais de direitos humanos que pelo menos um ano para poderem impetrar um mandado
não tenham sido internalizados por meio do procedimento de segurança.
do §3º do art. 5º da CF (que concederia ao tratado status Diversos princípios podem ser extraídos da base cons‑
constitucional), tal qual o pacto de São José da Costa Rica, titucional. Alguns, relacionados à teoria geral do Direito
que derrogou todas as normas legais, a ele submissas, que Constitucional, são chamados princípios gerais do Direito
disciplinavam a prisão civil do depositário infiel. Constitucional e se relacionam a conceitos básicos de
Normas Legais: essas normas inovam no ordenamento cunho científico. Outros, previstos no próprio texto ou dele
jurídico, criando, modificando ou extinguindo direitos. Elas deduzidos, são chamados princípios constitucionais posi-
formam, com as normas constitucionais, o que se deno‑ tivos. Desse modo, os primeiros seriam ligados ao Direito
mina normas primárias. São normas de cunho legal as leis Constitucional Geral, enquanto os últimos fazem referência
ordinárias, as leis complementares, as medidas provisórias, ao Direito Constitucional Positivo ou Particular.
as leis delegadas, os decretos legislativos, as resoluções e os José Afonso da Silva (2008, p. 92), adotando classificação
tratados internacionais que não disponham sobre direitos de José Joaquim Gomes Canotilho, divide os princípios cons‑
humanos. Também podem ser incluídos aqui os decretos titucionais positivos em princípios político‑constitucionais
autônomos, que são previstos no art. 84, VI, da CF. e princípios jurídico‑constitucionais.
Normas Infralegais: não podem inovar no ordenamento. Segundo o citado autor pátrio, os princípios político‑cons‑
Somente servem à fiel execução da lei. São consideradas titucionais seriam aquelas normas‑princípio que correspon‑
atos normativos secundários. São os decretos, instruções dem a “decisões políticas fundamentais” sintetizadas em
normativas, portarias, regulamentos etc. normas de direito positivo. Tais normas correspondem a
princípios constitucionais fundamentais, como os previstos
Princípios Constitucionais no Título I da Constituição brasileira.
Esses princípios, vistos na ótica da Constituição brasileira
Princípio indica, do ponto de vista literal, algo inicial, fun‑ de 1988, foram assim subdivididos pelo citado autor:
damental. Nesse sentido, José Afonso da Silva (2008, p. 91) a) princípios relativos à existência, forma, estrutura e
aponta para a existência de uma dupla interpretação sobre tipo de Estado: República Federativa do Brasil, soberania,
esse instituto. Ele pode ser interpretado como uma norma de Estado Democrático de Direito (art. 1º);
princípio (ou disposição de princípio), quando relacionada, b) princípios relativos à forma de governo e à organização
por exemplo, a normas de princípio institutivo ou de princípio dos poderes: República e separação dos poderes (arts. 1º
programático – aquelas que servem de ponto de partida para e 2º);
a criação de órgão, entidade ou programa. Por outro lado, c) princípios relativos à organização da sociedade: prin-
podem significar um mandamento nuclear de um sistema, cípio da livre organização social, princípio da convivência
como ocorre no caso do Título I da Constituição do Brasil. justa e princípio da solidariedade (art. 3º, I);
É possível estabelecer uma diferença nítida entre prin‑
d) princípios relativos ao regime político: princípio da
cípios e normas. Os  princípios representam valores que
cidadania, princípio da dignidade da pessoa, princípio do
inspiram todo o ordenamento jurídico, possuindo um caráter
pluralismo, princípio da soberania popular, princípio da
abstrato. As normas, por sua vez, buscam regular situações
representação política e princípio da participação popular
específicas, instituindo normas de comportamento, gerando
direitos e obrigações. As normas, por regularem situações direta (art. 1º, parágrafo único);
reais dentro da sociedade, possuem caráter mais concreto. e) princípios relativos à prestação positiva do Estado:
A abstração dos princípios gera um fator negativo: a falta princípio da independência e do desenvolvimento nacional
de objetividade, que torna imprescindíveis certos elementos (art. 3º, II), princípio da justiça social (art. 3º, III) e princípio
adicionais, presentes no sujeito cognoscente, com o objetivo da não discriminação (art. 3º, IV);
de se adquirir uma amplitude real. Por outro lado, o caráter f) princípios relativos à comunidade internacional: da
abstrato permite aos princípios adaptarem‑se a quaisquer independência nacional, do respeito aos direitos fundamen-
situações concretas, amoldando‑se a qualquer caso que a ele tais da pessoa humana, da autodeterminação dos povos,
se possa subsumir. Dessa forma, por expressar basicamente da não intervenção, da igualdade dos Estados, da solução
valores, tende a perpetuar‑se ao longo do tempo, evitando pacífica dos conflitos e da defesa da paz, do repúdio ao
tornar‑se anacrônico. As regras, que descem a detalhes da terrorismo e ao racismo, da cooperação entre os povos e o
situação que tendem a regular, ganham um fator positivo: da integração da América Latina (art. 4º).
a grande facilidade de concretização. Mas perdem em flexi‑ Os princípios jurídico‑constitucionais diriam respeito a
bilidade, somente alcançando situações análogas por meio “princípios constitucionais gerais”, que servem de base à
Noções de Direito Constitucional

de um exercício de interpretação ou de analogia. ordem jurídica nacional. Transcrevemos, por oportuno, as pa‑
O caráter abstrato dos princípios, porém, não represen‑ lavras de José Afonso da Silva (2008, p. 93), que exprimem
ta, necessariamente, falta de efetividade. Alguns princípios com exatidão o alcance desses princípios.
são aptos a gerar efeitos imediatamente, de forma cogente, São princípios constitucionais gerais informadores da
como no caso da separação dos poderes. ordem jurídica nacional. Decorrem de certas normas cons‑
Em alguns casos, porém, visando uma maior concretude titucionais e, não raro, constituem desdobramentos (ou
dos valores basilares da ordem jurídica, os  princípios são princípios derivados) dos fundamentais, como o princípio
positivados, gerando uma norma‑princípio. Sendo assim, da supremacia da constituição e o consequente princípio da
a relação dicotômica acima explorada pode ser representa‑ constitucionalidade, o princípio da legalidade, o princípio da
da pela comparação entre norma‑princípio e norma‑regra. isonomia, o princípio da autonomia individual, decorrente da
As normas‑princípio possuem maior grau de abstração, declaração dos direitos, o da proteção social dos trabalhado‑
veiculando um conceito aberto, passível de complementação res, fluinte de declaração dos direitos sociais, o da proteção
futura, por exemplo, o devido processo legal. As normas‑re‑ da família, do ensino e da cultura, o da independência da
gra, por sua vez, são mais concretas, aplicáveis a uma deter‑ magistratura, o da autonomia municipal, os da organização e
minada hipótese. São destacadas por seu conteúdo prático, representação partidária e os chamados princípios‑garantias

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(o do nullum crimen sine lege e da nulla poena sine lege, o do • Princípio da máxima efetividade ou da eficiência: deve‑
devido processo legal, o do juiz natural, o do contraditório en‑ -se buscar a interpretação que conceda mais eficácia
tre outros, que figuram nos incs. XXXVIII a LX do art. 5º) [...]. à norma constitucional.
• Princípio da conformidade funcional: os órgãos que
Princípios Constitucionais (Hermenêutica interpretam a Constituição não podem chegar a uma
Constitucional) conclusão que subverta, altere ou perturbe o esquema
organizatório-funcional constitucionalmente estabele‑
Interpretar significa extrair o alcance e o sentido da cido pelo constituinte originário.
norma. A norma em si mesma não existe, já que ela sempre • Princípio da harmonização ou da concordância prática:
deverá ser aplicada por um elemento humano, que tentará a interpretação deve evitar o sacrifício total de um dos
ser o mais fiel possível à vontade da lei (ratio legis). bens jurídicos em conflito.
Esse é o pensamento que prevalece na argumen­tação • Princípio da força normativa da Constituição: deve ser
jurídica contemporânea, que considera não existir a norma adotada a interpretação, entre as várias possíveis, que
em si, mas somente norma interpretada, tendo em vista que garanta maior eficácia, aplicabilidade e permanência
o Direito constitui uma ciência social, e não natural. Isso leva das normas constitucionais.
à conclusão de que, por mais claro que seja o ato normativo, • Princípio da interpretação conforme: segundo
não exclui a necessidade de interpretar uma norma jurídica, Bonavides (1994), deve-se proceder à declaração
pensamento que vai de encontro ao que preceituado tradi‑ de inconstitucionalidade de uma norma quando a
cionalmente pela escola da exegese no início do século XIX, sua única interpretação não puder ser declarada em
que via na clareza do texto a desnecessidade da interpretação harmonia com a Constituição. Se, por outro lado, tratar-se
(interpretatio cessat in claris). Esse dogma da completude de norma polissêmica ou plurissignificativa, ou seja,
foi a força motriz para a tentativa de codificação do direito se houver mais de uma forma de interpretação e uma
privado com o Código Napoleônico, em 1804. Com a finali‑ delas se apresentar compatível com a Constituição,
dade de diminuir a força política dos magistrados, criou-se esta deve ser utilizada em preterição às demais.
a ideia de que todas as normas estavam previstas no código, • Princípio da proporcionalidade (ou da proibição do
cabendo ao juiz apenas aplicar essas regras. excesso – Übermassverbot): engloba a análise de três
O dogma da completude mostrou-se falho ante as múl‑ elementos fundamentais: a adequação (uso do meio
adequado – Geeignetheit), a necessidade (utilização
tiplas possibilidades que a realidade impõe. A necessidade
apenas do meio necessário ao alcance das finalidades –
de preenchimento de lacunas ou de criação de novas vias
Erforderlichkeit) e a proporcionalidade em sentido
interpretativas não nasce da falha do legislador, mas da pró‑
estrito (o meio escolhido deve ser o mais vantajoso –
pria infinitude dos fenômenos sociais, econômicos, culturais,
Verhältnismässigkeitsprinzip).
físicos etc. São elucidativas, no que toca à inexistência de
relação causal entre obscuridade e interpretação, as palavras
Esses princípios podem ser aplicados concomitantemen‑
de Chaïm Perelman (1998, p. 51): “a impressão de clareza
te na atividade de interpretação das Constituições, integra‑
pode ser menos a expressão de uma boa compreensão que
dos até mesmo aos  princípios gerais definidos no âmbito
de uma falta de imaginação.” da teoria geral do Direito. Cabe asseverar, contudo, que o
Isso demonstra que a análise mais detida de uma asser‑ alcance da atividade do intérprete encontra parâmetros dico‑
tiva pode sempre conduzir a múltiplas impressões. tômicos no âmbito da doutrina. Dividem-se os doutrinadores
Daí a razão de a aplicação do Direito não poder ser feita em duas correntes: interpretativista e não interpretativista.
de forma automatizada por máquinas ou computadores, mas De acordo com a primeira corrente, interpretativista,
apenas pelo próprio ser humano. o trabalho do intérprete é restrito à captação do sentido dos
Dessa maneira, a atividade de interpretar a Constituição preceitos nela expressos ou, pelo menos, nela claramente
mostra-se extremamente importante no processo de im‑ explícitos. Ela decorre do princípio democrático, tendo em
plementação de sua eficácia social (capacidade de produzir vista que o juiz, por não possuir legitimidade política, não
efeitos práticos na sociedade). A hermenêutica constitucio- pode alterar o sentido da norma. O papel de instituir precei‑
nal (ou hermenêutica da Constituição) é um mecanismo que tos genéricos, abstratos e coercitivos é eminentemente do
busca efetivar a harmonização de normas constitucionais que legislador, não cabendo ao juiz estender ou restringir o real
entrem em conflito, bem como permitir a concretização dos alcance do dispositivo legal.
preceitos abstratamente previstos na Constituição. Por outro lado, a segunda corrente, não interpretativista,
Peter Häberle foi um dos maiores defensores da existên‑ com um caráter substancialista, conclui pela necessidade
cia de uma “Sociedade Aberta dos Intérpretes da Constitui‑ de o juiz invocar e aplicar valores e princípios substantivos,
Noções de Direito Constitucional

ção”. Para o autor, “todo aquele que vive a Constituição é seu a liberdade e a justiça, contra atos do Poder Legislativo que
legítimo intérprete”. Sendo assim, conclui que “não existe não estejam em conformidade com o projeto da Constituição.
norma jurídica senão norma jurídica interpretada”. Segundo Permite-se, assim, uma maior liberdade de atuação do órgão
tal vertente doutrinária, a atividade hermenêutica consiste jurisdicional em sua atividade hermenêutica.
em um processo dinâmico que extrapola os procedimentos
formais previstos na própria órbita do sistema constitucional. Princípios Fundamentais
Entende, dessa maneira, que “quem vive a norma acaba por
interpretá-la ou pelo menos por cointerpretá-la”. Fundamentos
Existem alguns princípios que devem sempre ser lem‑
brados ao interpretar a Constituição: Nosso País é denominado República Federativa do Brasil.
• Princípio da unidade: a interpretação deve evitar a República representa nossa forma de governo. Na repú‑
existência de contradições entre as normas. blica a figura estatal possui um caráter público, deixando,
• Princípio do efeito integrador: na resolução dos con‑ assim, de pertencer a uma monarca. A forma de governo
flitos, devem-se priorizar os critérios que favoreçam a republicana pressupõe alguns elementos que a diferenciam
integração política e social do Brasil. da forma monárquica:

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
• temporariedade dos cargos; funções do Estado (admi­nistrar, legislar e julgar) para que
• eletividade; sejam exercidas por três poderes.
• responsabilidade dos governantes. No Brasil foi adotada uma separação que, podemos dizer,
não se mostra absoluta, já que as funções não são exercidas
Federação é nossa forma de estado. A forma fe­derativa de maneira exclusiva por um dos agentes estatais. Define o
de estado traduz‑se na descentralização política do país, art. 2º da Constituição Federal que “são Poderes da União,
tornando‑o uma reunião de entes autônomos, que não podem independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Exe‑
se desvincular dessa união, ou seja, não podem exercer direito cutivo e o Judiciário”. Um poder não poderá, dessa forma,
de secessão. A autonomia dos entes fe­derados não pode ser intervir nas atividades do outro, mas a atuação dos poderes
confundida com a soberania que possui o país. A soberania será harmônica, envolvendo todos os poderes na execução
pressupõe a não sujeição a qualquer vontade externa. A autono‑ das políticas públicas.
mia, por sua vez, apenas impõe a existência de três elementos: Tendo em vista que a execução de uma função não
• auto‑organização (capacidade de estabelecer legisla‑ é atribuída de forma exclusiva a nenhum dos poderes,
ção própria); desenvolveu‑se a divisão de funções em típicas e atípicas.
• autogoverno (eleição de seus representantes); As funções típicas são aquelas para as quais um determinado
• autoadministração (prestação de serviços públicos). poder é criado, representando a vocação dessa estrutura
política. A função atípica representa uma atribuição exercida
No Brasil a federação compõe‑se pela união indissolúvel de maneira excepcional por um determinado poder, dado
dos Estados, Municípios e Distrito Federal16. que é concebida como uma função típica de outro poder.
É também um princípio fundamental de nosso país o O Poder Judiciário possui a função típica de julgar, exer‑
fato de constituirmos um Estado Democrático de Direito, cendo, porém, a função atípica de administrar quando, por
o que significa que o Estado obedece às imposições legais, exemplo, realiza um concurso público.
que são elaboradas de maneira democrática (feitas pelo O Poder Legislativo possui as funções típicas de legislar
povo e para o povo).17 e de fiscalizar, exercendo, por outro lado, a função atípica
O art. 1º da Constituição Federal define cinco fundamen‑ de julgar, quando julga os crimes de responsabilidade, bem
tos, quais sejam: como a função atípica de administrar, quando, por exemplo,
a) Soberania; realiza uma licitação22. Nesse sentido, observe a seguinte
b) Cidadania;18 assertiva de prova: no Brasil, as funções atípicas, relacio-
c) Dignidade da Pessoa Humana;19 nadas à teoria da separação de poderes, possibilitam ao
d) Valores Sociais do Trabalho e da Livre Iniciativa; Senado Federal julgar o Presidente da República por crime
Observe a seguinte assertiva cobrada em prova: caso de responsabilidade.23
o Governo Federal decidisse adotar medidas a partir das O Poder Executivo exerce função típica de administrar,
quais o Estado passasse a planejar e dirigir, de forma mas também exerce atividade atípica ao legislar, editando
determinante, a ordem econômica do país, inclusive em medidas provisórias ou leis delegadas24.
relação ao setor privado, essas medidas violariam o valor A busca pela harmonia das funções exercidas pelo
constitucional da livre iniciativa.20 Estado levou à adoção de um mecanismo denominado
e) Pluralismo Político21. checks and balances, checks and counter checks, ou freios
e contrapesos. O referido sistema consiste na previsão de
Importante observar que pluralismo político não é freios mútuos, que servem à manutenção do equilíbrio de
sinônimo de pluripartidarismo político. Pluralismo Políti- forças entre os Poderes.
co significa liberdade de adoção de concepções políticas.
O pluripartidarismo, por sua vez, que está previsto no art.
17 da Constituição Federal, traduz‑se na possibilidade de se Objetivos Fundamentais
criar, no País, mais de um partido político. De acordo com o art. 3º da Constituição Federal, são
No art. 1º, parágrafo único, da Constituição Federal já se objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
encontra traduzida a soberania popular. Segundo a Consti‑ • construir uma sociedade livre, justa e solidária;
tuição Federal, todo poder emana do povo, que o exerce • garantir o desenvolvimento nacional;
por meio de seus representantes eleitos ou diretamente, • erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
nos termos desta Constituição. desigualdades sociais e regionais25;
• promover o bem de todos, sem preconceitos de ori‑
Separação dos Poderes gem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
de discriminação.
Visando à limitação dos poderes estatais, desenvolveu‑se
Noções de Direito Constitucional

a teoria da tripartição dos poderes. Parte‑se do pressuposto As normas definidoras dos objetivos fundamentais são,
de que a divisão das principais funções estatais para serem por sua natureza, normas programáticas. Isso não significa
exercidas separadamente evita a formação de poderes ab‑ que elas possam ser esquecidas pelo poder público. As nor‑
solutos. Sendo assim, desenvolveu‑se, inspirada nas ideias mas programáticas vinculam o Estado mas são sujeitas à
de Montesquieu, a técnica de separação das três principais reserva do possível, que significa a necessidade de o Estado
implementar políticas públicas dentro do que é considerado
16
Assunto cobrado na prova da Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secretaria
Nacional de Defesa Civil/2012. economicamente viável. O princípio da reserva do possível
17
Assunto cobrado na prova da Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secretaria não pode servir de estímulo ao total desprezo das normas
Nacional de Defesa Civil/2012. programáticas, já que há um mínimo existencial a vincular a
18
Assunto cobrado na prova do Cespe/Câmara dos Deputados/Técnico Legislativo/
Técnico em Radiologia/2012.
19
Assunto cobrado na prova do Cespe/PRF/Agente Administrativo/Classe A/ 22
Assunto cobrado na prova da FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico
Padrão I/2012. Judiciário/Área Administrativa/2010.
20
Cesgranrio/Bacen/Técnico/2010. 23
FCC/Assembleia Legislativa-SP/Agente Técnico Legislativo/Direito/2010.
21
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/Câmara dos Deputados/Técnico 24
Assunto cobrado na prova da FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico
Legislativo/Técnico em Radiologia/2012; Esaf/Ministério da Integração Nacio‑ Judiciário/Área Administrativa/2010.
nal/Secretaria Nacional de Defesa Civil/2012 e FCC/Assembleia Legislativa-SP/ 25
Assunto cobrado na prova da Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secretaria
Agente Legislativo de Serviços Técnicos e Administrativos/2010. Nacional de Defesa Civil/2012.

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implementação de tais objetivos. Quando o Poder Judiciário VI – defesa da paz;
intervém na atuação administrativa para determinar o respeito VII – solução pacífica dos conflitos;
a tais objetivos, tem‑se o que é denominado ativismo judicial. VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX – cooperação entre os povos para o progresso da
Princípios Aplicáveis às Relações Internacionais humanidade;
X – concessão de asilo político.
Os princípios aplicáveis nas relações internacionais estão Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará
definidos no art. 4º da Constituição Federal. Tais princípios a integração econômica, política, social e cultural dos povos
são sempre aplicáveis com vistas à reciprocidade, princípio da América Latina, visando à formação de uma comunidade
geral que incide em nossas relações internacionais. Estão latino‑americana de nações.
listados no referido artigo os seguintes princípios:
• independência nacional26; Direitos e Garantias Fundamentais
• prevalência dos direitos humanos;
• autodeterminação dos povos27; Os direitos fundamentais ganham destaque principal‑
• não intervenção28; mente após a Revolução Francesa, momento em que diversas
• igualdade entre os Estados; correntes filosóficas e políticas como o racionalismo e o
• defesa da paz; contratualismo inspiram a vontade popular de impor limites
• solução pacífica dos conflitos; ao Estado, reconhecendo um núcleo mínimo de proteção do
• repúdio ao terrorismo e ao racismo; indivíduo perante o Estado. A ideia de direitos fundamentais
• cooperação entre os povos para o progresso da huma‑ surge da tentativa de se estabelecer um rol de direitos que
nidade; seria inerente à própria condição humana, que não depen‑
• concessão de asilo político. desse de uma vontade política. São, por isso, considerados
direitos naturais.
A República Federativa do Brasil buscará a integração Nossa Constituição relaciona os direitos fundamentais
econômica, política, social e cultural dos povos da América em seu Título II, denominado “Dos Direitos e Garantias
Latina, visando à formação de uma comunidade latino‑ame‑ Fundamentais”. A posição “geográfica” desse título, logo
ricana de nações. no início do texto constitucional, demonstra a importância
dos direitos fundamentais em nossa ordem constitucional.
Dispositivos Constitucionais Partindo do pressuposto de que o constituinte não utiliza
palavras inúteis, podemos concluir que direitos e garantias
TÍTULO I possuem diferenças axiológicas. Os direitos possuem um ca‑
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS ráter declaratório, enquanto as garantias possuem um nítido
sentido assecuratório. Os direitos se declaram, enquanto as
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela garantias se estabelecem, demonstrando que as garantias
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito são elementos instrumentais que garantem o respeito aos
Federal, constitui‑se em Estado Democrático de Direito e direitos que são declarados na Constituição Federal.
tem como fundamentos:
I – a soberania; Titularidade dos Direitos Fundamentais
II – a cidadania;
III – a dignidade da pessoa humana; Os direitos fundamentais podem ser exercidos tanto
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; pelas pessoas físicas quanto pelas pessoas jurídicas. Apesar
V – o pluralismo político. de o art. 5º, caput, da Constituição Federal referir‑se tão
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o somente aos brasileiros e estrangeiros residentes no país,
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, entende‑se que os estrangeiros em geral, ainda que apenas
nos termos desta Constituição. visitando a República Federativa do Brasil, também são
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmôni‑ titulares desses direitos.
cos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. A título de exemplo: Pablo, argentino e residente na Ar-
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República gentina, solteiro, de dezoito anos de idade, de passagem pelo
Federativa do Brasil: Brasil, com destino aos Estados Unidos da América, foi inter-
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária; ceptado em operação da PRF. Nessa situação hipotética, não
II – garantir o desenvolvimento nacional; obstante Pablo não seja residente no Brasil, todos os direitos
III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as individuais fundamentais elencados no caput do art. 5º da CF
desigualdades sociais e regionais; devem ser respeitados durante a referida operação policial.29
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de As pessoas jurídicas também podem ser titulares de
Noções de Direito Constitucional

origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de direitos fundamentais, mas apenas daqueles direitos que
discriminação. são com elas compatíveis. São, assim, impedidas de exercer
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege‑se nas suas certos direitos como os direitos políticos (votar, ser votado
relações internacionais pelos seguintes princípios: etc.). Até mesmo as pessoas jurídicas de direito público são
I – independência nacional; titulares de direitos fundamentais.
II – prevalência dos direitos humanos;
III – autodeterminação dos povos; Geração dos Direitos Fundamentais
IV – não intervenção;
V – igualdade entre os Estados; Os direitos fundamentais não surgiram de forma instantâ‑
nea. A conquista dos direitos fundamentais ocorreu ao longo
26
Assunto cobrado na prova da Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secretaria da história, de tal forma que podemos identificar diversas
Nacional de Defesa Civil/2012. gerações de direitos, que nada mais são do que a represen‑
27
Assunto cobrado nas seguintes provas: Esaf/MF/Assistente Técnico/Adminis‑
trativo/2012 e Cespe/Câmara dos Deputados/Técnico Legislativo/Técnico em tação de momentos históricos e os direitos ali conquistados.
Radiologia/2012.
28
Assunto cobrado na prova da FCC/Assembleia Legislativa-SP/Agente Técnico Assunto cobrado na prova do Cespe/PRF/Agente Administrativo/Classe A/
29

Legislativo/Direito/2010. Padrão I/2012.

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As gerações de direitos também podem ser denominadas Imprescritibilidade – Os direitos fundamentais não são
dimensões de direitos fundamentais, termo que deixa mais alcançados pela prescrição. A prescrição corresponde à perda
claro o fato de que as gerações não são superadas, mas sim de uma pretensão em virtude do decurso do tempo.
incorporadas às novas gerações de direitos fundamentais. Historicidade – Os direitos e garantias fundamentais
possuem origem histórica.
Primeira Geração Inviolabilidade – Não podem ser violados os direitos
fundamentais.
Surge no Século XVIII, no âmbito da Revolução Fran‑ Efetividade – O Estado deve primar por garantir o res‑
cesa. Os direitos fundamentais conquistados nessa época peito e a efetividade dos direitos fundamentais.
configuram liberdades negativas (status negativus), já que Universalidade – Os direitos fundamentais alcançam a
todos.
representam um impedimento à atividade estatal, uma
omissão, um não fazer. Trata‑se dos direitos civis e políticos. Obs.: os direitos e as garantias fundamentais consa-
grados constitucionalmente não são ilimitados, uma vez
Segunda Geração que encontram seus limites nos demais direitos igualmente
consagrados na mesma Carta Magna.30
Desenvolvem‑se no Século XIX, inspirados pela Revolu‑
ção Industrial, sendo reconhecidos constitucionalmente no Direitos e Deveres Individuais e Coletivos
Século XX. Tais direitos possuem um caráter positivo (status
positivus) e exigem uma prestação do Estado. Inserem, assim, Assim dispõe o art. 5º da Constituição Federal:
uma obrigação de fazer, uma ação do ente estatal. São os
direitos sociais, econômicos e culturais. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual‑
quer natureza, garantindo‑se aos brasileiros e aos
Terceira Geração estrangeiros residentes no País a inviolabi­lidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
Os direitos de terceira geração, desenvolvidos no Sé‑ e à propriedade, nos termos seguintes:
culo XX, voltam‑se à defesa dos interesses de titularidade
coletiva, denominados interesses difusos. Esses direitos Em primeiro lugar, há que se frisar que o dispositivo acima
são supraindividuais, já que não pertencem a um indivíduo transcrito reproduz o princípio da isonomia, que consiste
especificamente, mas sim a uma coletividade. São exemplos na proibição de criação de distinções que não sejam funda‑
o direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado mentadas. Assim, impõe a Constituição que os iguais sejam
e a proteção do idoso. tratados de forma igual e que os desiguais sejam tratados de
A primeira geração remonta ao ideal de liberdade. forma desigual. Assim, por exemplo, justifica‑se a existência
de critérios diferenciados para homens e mulheres em uma
A segunda geração volta‑se à igualdade. Por fim, a terceira
prova física em um concurso público ante as nítidas diferen‑
geração preocupa‑se com a fraternidade ou solidariedade. ças fisiológicas entre os gêneros.
Temos, assim, a célebre frase, que marcou a Revolução Fran‑ Denomina‑se igualdade material aquela que permite
cesa: “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. a existência de diferenciações, desde que devidamente
Há quem defenda a existência de quarta e quinta geração justificadas. A igualdade formal que impede a estipulação
de direitos fundamentais. Não há, porém, um consenso sobre de distinções em qualquer hipótese muitas vezes resultará
quais sejam esses direitos fundamentais. em injustiças, pois deixa de considerar as peculiaridades de
certas formações sociais.
Características dos Direitos Fundamentais A igualdade em nossa ordem constitucional deve ser le‑
vada em conta tanto na lei quanto perante a lei. A igualdade
Relatividade – Os direitos não são absolutos: eles podem na lei é verificada quando da elaboração legislativa, impondo
ser relativizados, principalmente quando entram em choque. a formação de leis que tenham como pilar a inexistência de
Até mesmo o direito à vida, que pode ser considerado o mais diferenciações odiosas. A igualdade perante a lei impõe o
fundamental dos direitos, pode ser relativizado. Exemplo tratamento igualitário por parte do aplicador do direito, ou
de relativização do direito à vida é encontrado no caso da seja, por parte daquele que venha a interpretar a norma e a
pena de morte, autorizada na hipótese de guerra declarada. aplicar a disposição abstrata a um caso concreto.
A relativização dos direitos fundamentais pode advir da
Passamos a comentar os setenta e oito incisos que com‑
capacidade de conformação que é dada ao legislador. Assim, põem o art. 5º da Constituição Federal.
mesmo nos casos em que não existe uma reserva legal, ou
seja, mesmo quando a constituição não faz referência à lei I – homens e mulheres são iguais em direitos e obriga-
Noções de Direito Constitucional

é possível que o legislador venha a delimitar a forma de ções, nos termos desta Constituição;
utilização dos direitos fundamentais.
No caso de choque de direitos fundamentais, teremos Comentário: trata‑se de mais uma decorrência do prin‑
de observar certos parâmetros. Em primeiro lugar, deve ser cípio da isonomia. A previsão acima, porém, não impede
observado o princípio da legalidade. Segundo esse princípio, a existência de distinções entre homens e mulheres. Tais
a atuação do intérprete deve ser pautada nos critérios de diferenciações podem ser feitas tanto no âmbito constitu-
necessidade e adequação. Além disso, a hipótese de choque cional quanto na órbita legal31. A Constituição Federal de
de direitos fundamentais também inspira a utilização do 1988 estabelece uma série de prerrogativas para as mulhe‑
princípio da harmonização ou da concordância prática, que res, como a proteção de seu mercado de trabalho, prazo
requer que o aplicador adote uma interpretação que evite diferenciado para a licença à gestante, prazo reduzido para
o sacrifício total de um dos direitos em conflito. a aposentadoria e inexistência de obrigação de alistamento
Inalienabilidade – Não é possível transferir um direito militar em tempos de paz.
fundamental.
Irrenunciabilidade – Não é possível renunciar totalmente Cespe/MPS/Agente Administrativo/2010.
30

Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-MS/Técnico Judiciário/Área Adminis‑


31
a um direito fundamental. trativa/2013.

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II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença,
alguma coisa senão em virtude de lei; sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto
Comentário: traduz esse inciso o princípio da legalida- e a suas liturgias36;
de32. Todos nós podemos fazer tudo o que a lei não proíba,
o que exprime a nossa capacidade de autodeterminação, Comentário: a liberdade acima descrita alcança os fenô‑
também chamada autonomia das vontades. menos, possibilitando o livre exercício das crenças religiosas e
a livre adoção de concepções científicas, filosóficas, políticas
A autonomia das vontades definida no art. 5, II, da Cons‑ etc. Sendo o Brasil um país laico, não é mais aceita a previsão
tituição Federal não pode ser confundida com o princípio da de religião oficial no País.
legalidade estrita ou restrita, que está descrito no art. 37
da Constituição Federal. O referido artigo, ao estipular a VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de
necessidade de observância da legalidade, impõe que o assistência religiosa nas entidades civis e militares de
administrador público apenas faça o que está previsto em internação coletiva37;
lei. Podemos assim distinguir as duas legalidades:
Comentário: são considerados locais de internação
Autonomia das vontades Legalidade estrita (art. 37 da CF). coletiva os hospitais, as prisões e os quartéis, por exemplo.
(art. 5º, II, da CF)
VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de
Vincula os particulares Vincula o administrador público. crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se
Permite que se faça tudo Apenas admite que se faça o que as invocar para eximir‑se de obrigação legal a todos imposta
o que a lei não proíba a lei prevê. e recusar‑se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei38;

O princípio da legalidade não pode ser confundido com Comentário: são consideradas obrigações a todos im‑
o princípio da reserva legal. A reserva legal impõe que certas postas, a obrigação de votar e o alistamento militar, que em
matérias sejam regidas apenas por lei em sentido estrito33. tempos de paz obriga a todos os homens de nacionalidade
É o caso, por exemplo, da previsão de crimes e cominação brasileira. Se alguém oferecer uma excusa de consciência
de penas, que somente pode ser feita por lei. para deixar de cumprir uma obrigação a todos imposta,
terá de se sujeitar ao ônus de uma obrigação alternativa.
III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamen- Se, porém, a obrigação alternativa não for cumprida, será
to desumano ou degradante34; aplicada, por exemplo, a pena de perda dos direitos políticos,
nos termos do art. 15, IV, da Constituição Federal.
Comentário: cuida o dispositivo da dignidade da pessoa
humana. Este inciso está em consonância com o que dispõe IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artís-
o art. 1º, III, da Constituição Federal. tica, científica e de comunicação, independentemente de
censura ou licença39;
IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo ve-
dado o anonimato35; Comentário: a proibição da censura não impede que o
Estado venha a limitar a atividade de comunicação social,
Comentário: a liberdade de expressão, como todo direito impedindo que os meios de comunicação venha a oferecer pro‑
fundamental, não é absoluta. Diversos limites serão encon‑ gramação que não seja condizente com os valores da sociedade
trados no exercício concreto de tais direitos. Primeiramente, ou que sejam ofensivos a determinados grupos. A classificação
não se pode utilizar a liberdade de expressão para cometer indicativa de diversões públicas e a limitação à publicidade de
atos ilícitos, ofendendo os direitos fundamentais. Assim, tabaco, bebidas alcoólicas, remédios, terapias e agrotóxicos são
impede‑se, por exemplo, a utilização desse direito com a in‑ exemplos desse tipo de atividade, que é plenamente legítima.
tenção de ofender alguém. A repressão contra a má utilização
dos direitos fundamentais somente é efetiva se acompanhada X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra
de identificação do responsável. O anonimato é vedado jus‑ e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização
tamente por impossibilitar a responsabilização daqueles que pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
venham a utilizar o direito fora dos limites constitucionais.
Comentário: a proteção ao direito de intimidade pode
ser relativizado quando entra em choque com outros direi‑
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao
tos, como o direito de informação, que será estudado mais
agravo, além da indenização por dano material, moral ou
à frente. A proteção da intimidade, como veremos a seguir,
à imagem;
é apta até mesmo para justificar o segredo de justiça, que
Noções de Direito Constitucional

Comentário: duas possíveis punições contra quem uti‑ impede a publicidade de atos processuais.
liza de forma errada sua liberdade de expressão estão aqui O direito de imagem envolve aspectos físicos, inclusive
dispostas. Primeiramente, temos o direito de resposta, que a voz. Fica configurada a proteção, por exemplo, com a utili‑
exige do ofensor a concessão de meios para que o ofendido zação comercial da imagem sem a autorização do titular do
venha a defender‑se publicamente. A segunda forma de direito. Pessoas públicas possuem uma tendência à relativi‑
punição corresponde à indenização por dano material, moral zação do direito de imagem frente ao direito de informação
ou à imagem. A Constituição não define parâmetros para a da sociedade.
fixação do valor da indenização, que deverá ser fixado, em
regra, pelo Poder Judiciário. 36
Assunto cobrado na prova da Vunesp/TJ-SP/Escrevente Técnico Judiciário/2012.
37
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário/Área Administra‑
tiva/2010.
38
Assunto cobrado nas seguintes provas: Esaf/Ministério da Integração Nacio‑
32
Assunto cobrado na prova da Funcab/MPE-RO/Técnico/Oficial de Diligên‑ nal/Secretaria Nacional de Defesa Civil/2012; FCC/Assembleia Legislativa-SP/
cias/2012. Agente Técnico Legislativo/Direito/2010 e FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário/Área
33
Assunto cobrado na prova do Cespe/TJ-RO/Técnico Judiciário/2012. Administrativa/2010.
34
Assunto cobrado na prova do Cespe/Anac/Técnico Administrativo/2012. 39
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/Ancine/Técnico Administrati‑
35
Assunto cobrado na prova do Cespe/Anac/Técnico Administrativo/2012. vo/2012 e FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2010.

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XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela Comentário: esse inciso dispõe sobre norma de eficácia
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo contida, já que a liberdade de exercício de trabalho, ofício ou
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar profissão pode ser restringida pela lei que venha a estabele‑
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial40; cer qualificações profissionais para determinada profissão.
Dessa forma, a inexistência de uma lei regulamentadora de
Comentário: a penetração sem o consentimento do mo‑ certa profissão não é impedimento ao seu exercício, mas
rador pode ocorrer a qualquer hora do dia quando se tratar sim a garantia de uma ampla liberdade de acesso à atividade
de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro. profissional.
Para que o ingresso no domicílio seja realizado mediante A liberdade profissional não engloba, porém, atividades
determinação judicial, porém, é necessário que ele ocorra ilícitas. O princípio da legalidade, anteriormente estudado,
durante o dia, considerado esse o período entre a aurora e permite que se faça tudo que não seja proibido por meio de
o crepúsculo, ou seja, aquele em que há luz solar. lei. Assim, não se pode exercer a “profissão” de traficante de
O ingresso por determinação judicial está limitado por drogas porque tal atividade é ilícita, proibida pela legislação.
reserva jurisdicional, o que significa que não poderá ocorrer Por outro lado, a prostituição é totalmente livre em nosso
por determinação de qualquer outra autoridade (polícia, País porque não existe lei regulamentando a atividade.
Ministério Público etc.) ou por comissão parlamentar de
inquérito. XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e
O conceito de casa para efeito de inviolabilidade de do‑ resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exer-
micílio não se limita ao conceito civil, alcançando os locais cício profissional43;
habitados de maneira exclusiva. São incluídos no conceito
os escritórios, as oficinas, os consultórios e, ainda, os locais Comentário: o direito de informação pode ser encarado
de habitação coletiva, como hotéis e motéis. sobre duas óticas.
A título de exemplo: no curso de uma investigação criminal, Sob o ponto de vista privado, o direito de informação da
a autoridade policial competente encontra indícios de que sociedade englobará, por exemplo, a atividade jornalística,
bens furtados há um ano de uma repartição pública estejam que pode divulgar informações, ainda que pessoais, que
guardados na residência dos pais de um dos investigados. A sejam de interesse da sociedade. Admite‑se, nessa atividade,
autoridade policial dirige-se, então, ao imóvel, durante o dia, porém, o sigilo da fonte, quando for necessário ao exercício
onde, sem o consentimento dos moradores e independen- profissional. Esse sigilo não impede, porém, a responsabi‑
temente de determinação judicial, efetua busca que resulta lização do responsável pela informação no caso de ela ser
na localização dos bens furtados. Nessa hipótese, será inad- inverídica, por exemplo.
missível, no processo, por ter sido obtida de maneira ilícita.41 O direito de informação sob o aspecto privado será es‑
tudado adiante, no inciso XXXIII deste artigo.
XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de entrar, permanecer ou dele sair com seus bens44;
investigação criminal ou instrução processual penal42;
Comentário: o direito de locomoção, como os demais
Comentário: os sigilos, assim como todos os demais direi‑ direitos fundamentais, não é absoluto.
tos fundamentais, não são absolutos. Eles podem sofrer limi‑ Primeiramente, há que se observar, para o seu exercício,
tação legal ou judicial. Em relação ao sigilo das comunicações a prevalência da paz. Em hipóteses de guerra, que suscitam
telefônicas, verifica‑se a previsão de uma reserva jurisdicional. a instituição de Estado de Sítio, é possível a restrição da
Sendo assim, somente por ordem judicial é possível quebrar liberdade de locomoção no território nacional. Além desse
o referido sigilo. Outra imposição posta em relação ao sigilo aspecto, há que se observar que o direito de locomoção
das comunicações telefônicas é a necessidade de que somente inclui os bens pertencentes ao seu titular. Isso não significa,
seja determinada a quebra para fins de investigação criminal porém, que os bens possuam de forma autônoma o direito
ou instrução processual penal. Não é possível quebrar o refe‑ de locomoção, mas sim que eles possam acompanhar o
rido sigilo em causas cíveis. Além disso, é necessário que seja proprietário que esteja se locomovendo.
observada a forma estabelecida em lei. O direito de locomoção é protegido pelo habeas corpus
O sigilo das comunicações telefônicas não pode ser e somente é garantido dentro do território nacional.
confundido com o sigilo dos dados telefônicos. O extrato das
ligações telefônicas é protegido pelo sigilo de dados, que não XVI – todos podem reunir‑se pacificamente, sem armas,
está sujeito à reserva jurisdicional. O conteúdo das ligações em locais abertos ao público, independentemente de autori-
é o que se denomina sigilo telefônico e está protegido pela zação, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
reserva jurisdicional. convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio
Noções de Direito Constitucional

O sigilo de dados engloba, por exemplo, os dados ban‑ aviso à autoridade competente45;
cários, fiscais e telefônicos.
Não estão sujeitos à reserva jurisdicional o sigilo da cor‑ Comentário: o direito de reunião, como se pode perce‑
respondência, das comunicações telegráficas e de dados. As‑ ber, depende do preenchimento de uma série de requisitos:
sim, é possível que a quebra seja determinada, nesses casos, a) ser realizada de forma pacífica;
por ordem de uma CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito. b) seus participantes não podem estar armados;
c) a reunião deve ocorrer em locais abertos ao públicos;
XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou d) exige um prévio aviso à autoridade competente, sem
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei a necessidade, porém, de autorização dessa autoridade;
estabelecer; 43
Assunto cobrado na prova do Vunesp/Tribunal de Justiça-SP/Escrevente Técnico
Judiciário/2010.
40
Assunto cobrado nas seguintes provas: Esaf/Ministério da Integração Nacio‑ 44
Assunto cobrado na prova do Cespe/PRF/Agente Administrativo/Classe A/
nal/Secretaria Nacional de Defesa Civil/201 e Vunesp/Tribunal de Justiça-SP/ Padrão I/2012.
Escrevente Técnico Judiciário/2010. 45
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/Câmara dos Deputados/Técnico
41
FCC/TJRJ/Técnico de Atividade Judiciária/2012. Legislativo/Técnico em Radiologia, Esaf/Ministério da Integração Nacional/
42
Assunto cobrado na prova do Vunesp/Tribunal de Justiça-SP/Escrevente Técnico Secretaria Nacional de Defesa Civil/2012. Vunesp/Tribunal de Justiça-SP/
Judiciário/2010. Escrevente Técnico Judiciário/2010.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
e) não pode frustrar uma reunião anteriormente convo‑ Comentário: assim como há a liberdade de criação de
cada para o mesmo local. associações, temos também a liberdade individual de inte‑
Outro requisito que pode ser inserido nesse rol é o de grar ou deixar de integrar a associação. Os integrantes da
que a reunião seja temporária e episódica, como nos ensina associação, portanto, não poderão ser compelidos a ingressar
o autor Alexandre de Moraes. na entidade ou de continuar compondo a associação.
O direito de reunião também engloba passeatas, carrea‑
tas, comícios, desfiles, assim como cortejos e banquetes de XXI – as entidades associativas, quando expressamente
caráter político, que são formas legítimas de reunião. Caso autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados
o direito de reunião seja desrespeitado, o remédio cabível judicial ou extrajudicialmente50;
será o mandado de segurança, ação cabível para a proteção
de direito líquido e certo. Comentário: a principal finalidade de uma associação é,
sem dúvida, a defesa de interesses dos associados. A defesa
XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, dos interesses pode ocorrer perante o poder judiciário ou
vedada a de caráter paramilitar46; de forma extrajudicial. A defesa de interesses por meio da
associação, porém, depende de autorização dos associados,
Comentário: o direito de associação permite que pessoas que podem se expressar de forma individualizada ou conce‑
físicas e jurídicas se agrupem em prol de um interesse comum. der uma autorização genérica.
Segundo o texto constitucional, é livre a formação de asso‑ A defesa de interesses dos associados é realizada por
ciações, desde que elas tenham um fim lícito e não possuam meio do instituto da representação processual. Na represen‑
caráter paramilitar. Para que uma associação tenha caráter tação processual a associação fala em nome do associado e,
paramilitar, é necessário que ela venha a ter características por tal razão, precisa da autorização desse associado.
similares às estruturas militares, tais como o uso de uniformes, Existe uma situação em que a associação atua de forma
palavras de ordem, hierarquia militarizada, táticas militares etc. extraordinária por meio da substituição processual. Trata‑se
da hipótese de impetração de mandado de segurança
coletivo. A associação, nesse caso, defende interesses dos
XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de
associados em nome próprio, razão pela qual não necessita
cooperativas independem de autorização, sendo vedada a
de autorização.
interferência estatal em seu funcionamento47;
XXII – é garantido o direito de propriedade;
Comentário: como visto no inciso anterior, é livre a
criação de associações. A associação de pessoas em um Comentário: o núcleo de direitos enumerados no caput
regime de cooperativa, porém, pressupõe o preenchimen‑ do art. 5º já dispõe sobre o direito de propriedade, consi‑
to de diversos requisitos legais, tendo em vista os diversos derado pela doutrina como inserido em norma de eficácia
benefícios que são concedidos a esse tipo de associativismo. contida. Isso significa que é possível que o legislador venha a
Não é permitida a interferência do estado no funcionamento restringir certos aspectos da propriedade, desde que não ve‑
das associações, o que não impede que o Poder Judiciário nha a reduzi‑la aquém de seu núcleo mínimo, ou seja, desde
venha a suspender ou dissolver uma associação no caso de que não venha a desconfigurar esse direito de propriedade.
se verificar a prática de uma atividade ilícita.
A título de exemplo: cinco amigos, moradores de uma XXIII – a propriedade atenderá a sua função social;
favela, decidem criar uma associação para lutar por me-
lhorias nas condições de saneamento básico do local. Um Comentário: a propriedade, como qualquer direito
político da região, sabendo da iniciativa, informa-lhes fundamental, não é absoluta, devendo ser garantida na pro‑
que, para tanto, será necessário obter, junto à Prefeitura, porção em que também garante o bem‑estar da sociedade.
uma autorização para sua criação e funcionamento. Nesta O descumprimento da função social da propriedade pode
hipótese, a informação que receberam está errada, pois a levar, por exemplo, à desapropriação do bem, destinando‑o
Constituição Federal estabelece que a criação de associa- a uma finalidade que atenda ao interesse social, como a
ções independe de autorização.48 reforma agrária.

XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente XXIV – a lei estabelecerá o procedimento para desapro-
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão ju- priação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse
dicial, exigindo‑se, no primeiro caso, o trânsito em julgado49; social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro,
ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
Comentário: como estudado no inciso anterior, as as‑
Comentário: a desapropriação não pode ser confundida
sociações podem ser compulsoriamente dissolvidas ou
com o confisco, que é uma forma de expropriação definida
terem suas atividades suspensas por uma decisão judicial.
no art. 243 da Constituição Federal. A desapropriação resulta
Noções de Direito Constitucional

A hipótese de dissolução, porém, mostra uma medida mais


na aquisição compulsória de uma propriedade por parte do
drástica, o que impõe que a decisão judicial seja revestida de Estado, que deverá fundamentar tal ato de força na neces‑
um caráter definitivo, sem possibilidade de reforma por meio sidade pública, na utilidade pública ou no interesse social.
de recurso. Por conta disso, exige‑se o trânsito em julgado Essa previsão demonstra bem a ideia do inciso anterior, que
de uma decisão judicial para que ela possa dissolver uma demonstra que o interesse do Estado está acima de interes‑
associação. Uma decisão terá trânsito em julgado quando ses particulares quando se trata de dar à propriedade uma
não for mais cabível a interposição de recurso contra ela. função social. A indenização devida pelo ente estatal será,
XX – ninguém poderá ser compelido a associar‑se ou a de regra, justa, prévia e em dinheiro. A própria Constituição
permanecer associado; Federal, porém, excepciona tal previsão, dispondo, em seus
arts. 182, §4º, III, e 184, acerca da desapropriação‑sanção,
na qual a indenização é recolhida com base em títulos da
46
Funcab/MPE-RO/Técnico/Oficial de Diligências/2012.
47
Assunto cobrado na prova da FCC/Assembleia Legislativa-SP/Agente Técnico Legis‑ dívida pública e títulos da dívida agrária.
lativo/2010 e Vunesp/Tribunal de Justiça-SP/Escrevente Técnico Judiciário/2010.
48
FCC/Instituto Nacional do Seguro Social/Técnico do Seguro Social/2012.
49
Assunto cobrado na prova da FCC/Assembleia Legislativa-SP/Agente Legislativo Assunto cobrado nas seguintes provas: Vunesp/TJ-SP/Escrevente Técnico Judi‑
50

de Serviços Técnicos e Administrativos/2010. ciário/2013 e FCC/Assembleia Legislativa-SP/Agente Técnico Legislativo/2010.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
XXV – no caso de iminente perigo público, a autoridade trata do direito de informação. O direito de fiscalização do
competente poderá usar de propriedade particular, assegu- aproveitamento econômico das obras é feito, por exemplo,
rada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano51; por meio do Ecad – Escritório Central de Arrecadação e Dis‑
tribuição, entidade que arrecada e distribui direitos autorais.
Comentário: esse inciso trata da requisição adminis‑
trativa, que permite ao Estado a utilização compulsória da XXIX – a lei assegurará aos autores de inventos indus-
propriedade particular. Existem duas diferenças quanto à triais privilégio temporário para sua utilização, bem como
indenização paga na requisição e na desapropriação. Pri‑ proteção às criações industriais, à propriedade das marcas,
meiramente, a indenização na requisição administrativa não aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo
representará o valor total do bem, mas apenas o valor do em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico
dano eventualmente causado. Em segundo lugar, tendo em e econômico do País;
vista que o perigo iminente não é previsível, temos que o pro‑
prietário somente será indenizado posteriormente ao uso, Comentário: apesar de se relacionar também com a
e não de forma prévia, como acontece na desapropriação. propriedade intelectual, a propriedade industrial se difere do
direito autoral em virtude do caráter pragmático da invenção,
XXVI – a pequena propriedade rural, assim definida em que se volta à utilidade da atividade criativa. Como a utilidade
lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de deve ser regulada segundo o interesse social e o desenvolvi‑
penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua ati- mento tecnológico e econômico do País, o privilégio de utili‑
vidade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar zação dessa propriedade será apenas temporário. Após um
o seu desenvolvimento; determinado período, uma invenção, por exemplo, poderá ser
produzida e comercializada sem necessidade de licença de seu
Comentário: a penhora consiste na utilização de bens do inventor ou do detentor do direito de propriedade industrial.
devedor para a quitação de sua dívida. O Poder Judiciário,
porém, não poderá utilizar‑se desse instituto para penhorar XXX – é garantido o direito de herança;
propriedades rurais se estiverem presentes alguns requisitos:
– tratar‑se de uma propriedade pequena, tal qual defi‑ Comentário: o direito de herança, como todos os de‑
nido em lei; mais direitos fundamentais, não é absoluto, podendo ser
– for a propriedade trabalhada pela família; relativizado, por exemplo, quando a ele se opõem débitos
– a obrigação objeto do inadimplemento referir‑se a decorrentes de atividades ilícitas praticadas pelo de cujus,
dívida contraída para a produção. como estudaremos no dispositivo a seguir.
Tendo em vista a impossibilidade de penhora dessas XXXI – a sucessão de bens de estrangeiros situados no
terras, torna‑se pouco interessante o empréstimo de valores País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge
aos respectivos produtores rurais. Por tal razão, dispõe a ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais
Constituição que a lei disporá sobre os meios de financiar seu favorável a lei pessoal do de cujus53;
desenvolvimento, que muitas vezes é fomentado pelo Estado.
Comentário: a Constituição brasileira tenta proteger
XXVII – aos autores pertence o direito exclusivo de cônjuge e filhos brasileiros quando da partilha de bens de
utilização, publicação ou reprodução de suas obras, trans- estrangeiros situados no Brasil. Para tanto, dispõe que deve
missível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar52; ser aplicada a lei mais favorável aos familiares brasileiros,
Comentário: a propriedade intelectual também é pro‑ mesmo que, para tanto, seja necessário afastar a legislação
tegida no âmbito constitucional. Aqui estamos a tratar dos civil brasileira para que seja aplicada a legislação do país de
direitos autorais, que protegem bens imateriais destinados origem do de cujus, ou seja, do estrangeiro falecido. Impor‑
essencialmente a uma função estética (obras literárias, tante salientar que essa regra, por questões de soberania,
músicas, pinturas etc.). Compete à legislação a definição somente é aplicável aos bens situados no Brasil.
do prazo o qual os herdeiros poderão usufruir dos direitos
patrimoniais da propriedade intelectual. XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa
do consumidor;
XXVIII – são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras co- Comentário: o Direito Constitucional constitui a base de
letivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive diversos ramos do Direito, instituindo as diretrizes necessá‑
nas atividades desportivas; rias para que o legislador venha a criar a base legal necessária
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico à plena eficácia de seus preceitos.
das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, Isso é exatamente o que ocorre com o Direito do Con‑
Noções de Direito Constitucional

aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e sumidor. Estudar o Direito Consumerista sob a ótica cons‑
associativas; titucional é visitar os preceitos que servem de base para a
instituição de diversas garantias, tal qual aquelas definidas
Comentário: a coautoria, por exemplo, também deve ser no Código de Defesa do Consumidor.
protegida, tendo em vista que o texto constitucional protege Sendo assim, não se cuida aqui de estudar o Direito do
as participações individuais em obras coletivas. A imagem e Consumidor, mas sim as disposições inseridas dentro da
a voz humanas também são protegidas, independentemente ótica constitucional. Esse é um ponto que merece destaque
de sua utilização comercial. Cabe lembrar, porém, que tanto a no presente estudo.
imagem quanto a voz podem sofrer divulgação, independen‑ A Constituição Federal começa a referir-se ao consumidor
temente de autorização, quando houver um interesse público em seu art. 5º, XXXII, que assim determina: “XXXII – o Estado
de informação. Nesse caso, a relativização desse dispositivo promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;”.
encontra amparo no art. 5º, XIV, da Constituição Federal, que Verifica-se que a Constituição Federal não elabora lista‑
gem sobre o que venha a ser o direito do consumidor. Por
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/PRF/Agente Administrativo/ outro lado, traz a obrigação constitucional de sua proteção
51

Classe A/ Padrão I/2012 e Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secretaria


Nacional de Defesa Civil/2012.
52
Assunto cobrado na prova do Cespe/Ancine/Técnico Administrativo/2012. FCC/Assembleia Legislativa-SP/Agente Técnico Legislativo/2010.
53

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pelo Estado. Tal defesa será efetivada por meio da edição de Interessante notar que os fundamentos para o sigilo das
leis, como se verifica no Código de Defesa do Consumidor informações constantes dos órgãos públicos recebeu funda‑
(Lei nº 8.078/1990). mento diverso do segredo de justiça, que, segundo o art. 5º,
O referido código também possui previsão no Ato das LX, da CF, será possível nos casos de proteção do interesse
Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). O ADCT, social ou da intimidade.
em seu art. 48, determina que o Congresso Nacional deveria
elaborar o Código de Defesa do Consumidor dentro de cento XXXIV – são a todos assegurados, independentemente
e vinte dias após a promulgação da Constituição Federal. do pagamento de taxas:
Esse dispositivo possui grande importância, já que criou a a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de
obrigação de legislar sobre a matéria, reduzindo, assim, a direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
discricionariedade do Poder Legislativo. b) a obtenção de certidões em repartições públicas,
O referido prazo não foi respeitado, visto a data de edição para defesa de direitos e esclarecimento de situações de
da Lei nº 8.078, 11 de setembro de 1990. interesse pessoal55;
Os consumidores também são protegidos pelo texto cons‑
titucional quando é estabelecida, no art. 24, VIII, da Constitui‑ Comentário: trata o presente inciso de uma gratuidade
ção Federal, a competência concorrente para a edição de lei constitucional incondicionada, o que significa dizer que a
que disponha sobre a responsabilidade por dano causado ao cobrança de taxas para o exercício do direito de petição ou
consumidor. Amplia-se, assim, a gama de normas que podem do direito de obter certidões será sempre inconstitucional.
ser editadas nesse sentido, nas órbitas federal e estadual. Há que se ressaltar que a constituição dispõe também sobre
Outro dispositivo de grande interesse para o direito do a gratuidade de duas certidões específicas: de óbito e de
consumidor é o que garante o esclarecimento acerca dos nascimento, no art. 5º, LXXVI, da CF, que no âmbito consti‑
impostos que incidem sobre mercadorias e serviços. Assim tucional alcança apenas os reconhecidamente pobres, nos
dispõe o art. 150, § 5º, da CF: termos da lei.

A lei determinará medidas para que os consumidores XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam lesão ou ameaça a direito;
sobre mercadorias e serviços.
Comentário: cuida‑se da inafastabilidade da jurisdição
Essa disposição constitucional ganha destaque pelo fato ou do princípio do amplo acesso ao Poder Judiciário, que
de consistir em obrigação destinada ao ente Estatal, que demonstra a intenção do constituinte de submeter ao Poder
institui tributos. Demonstra-se, assim, que o Direito do Con‑ Judiciário toda lesão ou amea­ça de lesão a direito, afastando,
sumidor não se restringe a impor obrigação ao fornecedor de assim, o modelo francês de contencioso administrativo, ou
bens ou serviços, mas também a todos aqueles que possam seja, de submissão de questões administrativas a tribunais
atingir a categoria dos consumidores. específicos. Sendo assim, seria inconstitucional, por exemplo,
Por fim, destacamos a disposição expressa no a estipulação de taxas judiciárias elevadas ou fixadas em per‑
art. 170, V, que estabelece a defesa do consumidor como um centuais sobre o valor da causa, sem limite, pois impedem o
dos princípios da ordem econômica. A inserção do direito amplo acesso da população ao Poder Judiciário.
consumerista em nossa ordem econômica representa um Em certos casos é possível transacionar acerca do direito
contrapeso ao liberalismo econômico, destacado pela liber‑ de acesso à máquina judiciária, por exemplo, nas hipóteses
dade de iniciativa. Demonstra que a atividade econômica, de convenção de arbitragem livremente acordada em um
apesar de livre, não se situa em posição de anarquia, tendo negócio jurídico. É possível também que a Fazenda Pública
em vista o papel cogente dos direitos fundamentais, como venha a condicionar um parcelamento tributário à renúncia
do consumidor. do direito de discutir o débito perante o Poder Judiciário.
Essas são as disposições constitucionais relacionadas ao Em alguns casos, o prévio acesso à via recursal adminis‑
Direito do Consumidor. trativa se mostra necessário para a configuração do interesse
de agir, condição para o ajuizamento de uma ação. Para
XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos a impetração de habeas data, por exemplo, é necessário
informações de seu interesse particular, ou de interesse que o interessado em obter acesso ou a retificação de seus
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob dados pessoais comprove a existência de prévia negativa do
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo detentor do banco de dados.
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado54; A justiça desportiva possui uma precedência sobre o
sistema judicial no que se refere às causas relativas à dis‑
Comentário: o direito de informação pode ser encarado ciplina e às competições desportivas. Nesse caso, a justiça
sob ótica pública ou privada. Sob o aspecto privado, refere‑se desportiva terá o prazo de 60 dias, a partir da instauração
ao direito de ser informado, independentemente de censu‑ do processo, para proferir sua decisão final. Somente após
Noções de Direito Constitucional

ra. Sob a ótica pública, podemos entender tal prerrogativa o esgotamento da instância desportiva é que será possível
como o direito que possuímos de obter, junto aos órgãos submeter a causa ao Poder Judiciário.
públicos, informações de interesse particular, ou de interesse
coletivo ou geral. Esse direito é essencial, tendo em vista a XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
adoção de forma de governo republicana, que insere a ideia jurídico perfeito e a coisa julgada;
de que o Estado é uma coisa pública, de todos, razão pela
qual deve imperar o princípio da publicidade. A lei definirá o Comentário: nosso sistema constitucional adota a ideia
prazo no qual, sob pena de responsabilidade, a informação de irretroatividade da lei, impedindo, assim, que uma nova
será prestada. Há, porém, exceções a esse princípio e que lei produza efeitos sobre atos anteriormente realizados, até
possibilitam a existência de informações sigilosas nos órgãos mesmo sobre os efeitos futuros desses atos. A irretroativida‑
públicos. Esse sigilo deverá estar amparado na segurança da de, porém, não é total. A proibição constitucional limita‑se
sociedade e do Estado. aos casos em que a aplicação retroativa da lei prejudica o
direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
Assunto cobrado nas seguintes provas: Vunesp/TJ-SP/Escrevente Técnico
54

Judiciário/2012 e Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secretaria Nacional Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secretaria Nacional de Defesa Ci‑
55

de Defesa Civil/2012. vil/2012.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
A Lei de Introdução ao Código Civil, o Decreto‑Lei a Carta Maior denomina plenitude de defesa. Também será
nº 4.657/1942, define o alcance dos referidos termos da garantido o sigilo da votação, o que impede que os juízes
seguinte forma: leigos sejam ameaçados ou que sejam feitas tentativas de
suborno, por exemplo. Por fim, cabe lembrar que o vere‑
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, dicto resultante do julgamento do conselho de sentença é
respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido soberano, o que impede que o juiz‑presidente do tribunal
e a coisa julgada. venha a alterar alguma conclusão decorrente da votação. Isso
§ 1º Reputa‑se ato jurídico perfeito o já consumado não impede, por outro lado, que sejam interpostos recursos
segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. contra a decisão proferida pelo tribunal do júri, ocasião na
§ 2º Consideram‑se adquiridos assim os direitos qual é possível que o julgamento seja desconstituído.
que o seu titular, ou alguém por êle, possa exercer,
como aquêles cujo comêço do exercício tenha têrmo XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem
pré‑fixo, ou condição preestabelecida inalterável, pena sem prévia cominação legal;
a arbítrio de outrem.
§ 3º Chama‑se coisa julgada ou caso julgado a decisão Comentário: trata‑se do princípio da reserva legal ou da
judicial de que já não caiba recurso. anterioridade da lei penal. A definição de crimes e a comina‑
ção de penas somente é possível por meio de lei em sentido
XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção; estrito, excluindo‑se portanto atos normativos primários,
como as medidas provisórias. A previsão constitucional
Comentário: a proibição da existência de juízo ou tribunal desse inciso, porém, não impede a existência de leis penais
de exceção impede que alguém seja julgado por um órgão em branco, que admitem a existência de complemento a ser
judicial que não seja aquele ordinariamente competente para veiculado por normas infraconstitucionais, como a Lei de
o julgamento da causa. A vedação do dispositivo, porém, não Tóxicos, por exemplo, que possui regulamento infraconstitu‑
se limita a esse aspecto, relativo à competência. A proibição cional no intuito de disciplinar quais substâncias devem ser
consideradas entorpecentes para efeitos penais.
também visa a evitar que no processo seja utilizado proce‑
dimento diverso daquele previsto em lei, ofendendo, assim,
XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
a legislação processual.
Comentário: trata‑se do princípio da irretroatividade da
XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, com a orga-
lei penal mais maléfica, da retroatividade da lei penal mais
nização que lhe der a lei, assegurados:
benéfica ou da ultratividade da lei penal mais benéfica.
a) a plenitude de defesa; Segundo o referido princípio, a legislação penal não pode
b) o sigilo das votações; ser aplicada a fatos produzidos antes de sua vigência, salvo
c) a soberania dos veredictos; quando tratar‑se de aplicação que beneficie o réu.
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos Dessa forma, se uma pessoa comete um crime quando
contra a vida; da vigência de uma Lei A e, posteriormente, surge uma lei
B, mais maléfica, a data do julgamento será aplicada a Lei A,
Comentário: o júri configura uma forma de exercício ainda que não mais tenha vigência, tendo em vista que não
direto da soberania popular, tendo em vista que assegura se trata de retroatividade em prol do réu.
ao povo o julgamento de crimes dolosos contra a vida. No
tribunal do júri, o conselho de sentença, formado por pes‑
soas leigas, do povo, será o juiz de fato, sendo que o juiz de
direito, togado, apenas terá a função de coordenar os atos
processuais.
Como foi dito, o tribunal do júri possui competência para
julgar os crimes dolosos contra a vida, que são aqueles crimes
cometidos intencionalmente e que se voltam diretamente No caso de a lei posterior ser mais benéfica, a condena‑
contra o bem “vida”. São exemplos de crimes contra a vida ção aplicar‑lhe‑á, ainda que não vigente à época da conduta
o homicídio, o aborto, auxílio ou a instigação ao suicídio e o delitiva. Essa retroação pode até mesmo desconstituir deci‑
infanticídio. Para que o crime seja julgado pelo júri, é neces‑ sões que já tenham transitado em julgado.
sário que ele se volte diretamente contra a vida, não sendo Cabe nota de que não se admite a Combinação de Leis.
cabível o julgamento de crimes que se destinam a ofender Se a lei posterior for em parte melhor e em parte pior que a
Noções de Direito Constitucional

outros valores, mas que acabam por atingir também a vida anterior, o juiz não pode se utilizar da parte benéfica de uma
da vítima, tais como o latrocínio e a lesão corporal seguida Lei W e da parte benéfica da Lei K, sob pena de agir como
de morte. um legislador positivo, já que criará uma terceira lei. O juiz
No júri, é admitida a utilização de quaisquer meios lícitos deverá, portanto, analisar qual das leis é mais branda para
para o convencimento do conselho de sentença, garantia que beneficiar o réu no caso concreto.

Ex. 1:

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Crime Permanente
Na hipótese de crime permanente, a prática criminosa se alonga no tempo. Como na extorsão mediante sequestro, a lei
será aplicada levando‑se em conta o último momento em que praticado ato executório do crime. Vejamos.

Ex. 2:

XLI – a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos Cabe lembrar que nada impede que a legislação venha a
direitos e liberdades fundamentais; ampliar as características aqui listadas, prevendo, por exem‑
plo, que outros crimes também sejam sujeitas a prescrição.
Comentário: trata‑se de cláusula genérica de proteção
ao próprio sistema de garantias fundamentais do cidadão. XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado,
podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do
XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
patrimônio transferido;
Comentário: primeiramente, há que se asseverar que o
Comentário: o princípio da pessoalidade da pena impede
racismo consiste em atitude de segregação, não se limitando a
que a condenação penal venha a ser estendida, subjetiva‑
ofensas verbais de conteúdo discriminatório. Ademais, o racis‑ mente, extrapolando a figura do autor. Nosso sistema repudia
mo não precisa estar atrelado a critérios biológicos, englobando a responsabilidade de pena objetiva, razão pela qual a pena
qualquer forma de discriminação baseada em critérios étnicos, somente pode ser aplicada a quem seja culpado (em sentido
religiosos etc. A inafiançabilidade impede a concessão de liber‑ lato) pela conduta delitiva. A referida limitação, porém, não
dade provisória mediante pagamento de fiança. A imprescriti‑ se aplica aos reflexos patrimoniais da atividade criminosa.
bilidade impede que o Estado venha a perder sua pretensão A obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento
punitiva em virtude do decurso do tempo. Por fim, a pena de de bens pode alcançar os herdeiros, desde que a execução
reclusão impõe a aplicação de regime de pena inicialmente da dívida se limite ao patrimônio efetivamente transferido.
fechado, sendo cabível, porém, a progressão de regime. Dessa forma, ainda que os reflexos patrimoniais sejam
transferidos aos sucessores, a obrigação nunca poderá ser
XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetí- cobrada em montante superior ao valor do patrimônio
veis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito transferido, o que, de certa forma, impede a existência de
de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos uma responsabilidade penal objetiva.
como crimes hediondos, por eles respondendo os mandan-
tes, os executores e os que, podendo evitá‑los, se omitirem; XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará,
entre outras, as seguintes:
Comentário: os delitos definidos nesse inciso não admitem a) privação ou restrição da liberdade;
o pagamento de fiança com a finalidade de se obter a liberdade b) perda de bens;
provisória, bem como a concessão dos benefícios da graça ou c) multa;
da anistia. Interessante notar que será cabível a modalidade d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
omissiva em relação àqueles que puderem evitar esses crimes.
Comentário: as penas descritas no presente inciso for‑
XLIV – constitui crime inafiançável e imprescritível a malizam um rol meramente exemplificativo das penas que
ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem podem ser adotadas em nosso ordenamento jurídico. Estabe‑
constitucional e o Estado Democrático56; lece a Constituição, ainda, o princípio da individualização da
pena, que impõe a pena adequada ao réu, segundo elemen‑
Comentário: o presente inciso disciplina o terceiro grupo tos objetivos (relacionados à conduta criminosa) e subjetivos
de crimes que mereceram do constituinte uma repressão (relativos ao perfil do réu). Segundo esse preceito, deve o juiz,
especial. Tal qual no racismo, foi excluída a possibilidade de ao proceder à dosimetria da pena, adequar a pena de forma
pagamento de fiança e de prescrição de tais delitos. a amoldar‑se perfeitamente à situação segundo critérios de
Noções de Direito Constitucional

Sendo assim, temos o seguinte panorama no que se quantidade, tipo e regime de cumprimento.
refere aos crimes com repressão especial, definidos cons‑ Por conta desse preceito já foi considerada inconstitucional
titucionalmente: a tentativa de se proibir a progressão de regime, que permite
– inafiançáveis: racismo, crimes hediondos, tráfico, ao réu progredir, passando do regime fechado, mais grave,
tortura, terrorismo e ação de grupos armados contra para os regimes semiaberto e aberto. A imposição de regime
a ordem constitucional e o Estado Democrático; integralmente fechado retira do juiz a possibilidade de indivi‑
– imprescritíveis: racismo e ação de grupos armados dualizar a pena segundo as peculiaridades existentes no caso,
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; aplicando o mesmo regime de pena em qualquer situação.
– sujeitos a reclusão: racismo;
– insuscetíveis de graça ou anistia: hediondos, tráfico, XLVII – não haverá penas:
tortura e terrorismo. a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/Assembleia Legislativa-SP/Agente
56
c) de trabalhos forçados;
Técnico Legislativo/2010; FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário/Área Administrati‑
va/2010 e FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico Judiciário/Área
d) de banimento;
Administrativa/2010. e) cruéis;

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Comentário: a pena de morte, como podemos perce- Por fim, registra a Constituição do Brasil a proibição
ber, somente é cabível quando o Presidente da República de aplicação de penas cruéis, já que ferem a dignidade da
declara guerra, sendo aplicada nas hipóteses previstas na pessoa humana.
legislação penal específica57.
Apesar de a Constituição Federal proibir a condenação XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos
em relação a penas de caráter perpétuo, é possível que uma distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o
sentença condenatória venha a impor pena de duzentos anos sexo do apenado;
de reclusão, por exemplo. Ocorre que, apesar de a sentença
impor pena que provavelmente extrapola a prazo de vida Comentário: a medida acima visa a resguardar a figura do
de um ser humano, impõe o Código Penal que a execução preso, evitando abusos em virtude da maior suscetibilidade
dessa pena não poderá ultrapassar o prazo de trinta anos, de certos presos. Evita também que a prisão deixe de ser
o que acaba por impedir que a condenação resulte em uma um local de ressocialização para se tornar uma verdadeira
penalidade de caráter perpétuo. escola de crime, já que os presos de menor periculosidade
A pena de trabalhos forçados impede que o condenado poderiam ser influenciados pelos presos de maior tendência
seja obrigado a trabalhar de forma desumana, sendo obri‑ à criminalidade.
gado a empreender esforços que extrapolem o limite da
capacidade humana. XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade
O banimento significa o exílio, o desterro de um nacional. física e moral;
Consiste na proibição de permanência no território de seu
país. Não pode ser confundido com a expulsão, que se refere Comentário: o preso fica sob a tutela do Estado, devendo
apenas aos estrangeiros e não é propriamente uma pena, ter resguardada sua integridade física e moral. O Estado será
mas uma medida de resguardo da soberania do país. Se fosse responsável tanto pelos danos gerados por seus agentes,
considerada uma pena, seríamos obrigados a obedecer a um quanto por aqueles que sejam gerados pelos demais presos,
devido processo legal para poder expulsar um estrangeiro, tendo em vista o dever de cuidar da integridade daqueles
o que não ocorre. Na expulsão, o estrangeiro é retirado do que estão sob sua custódia.
País por ter cometido ato contrário aos interesses nacionais.
Também não pode ser confundida com banimento a ex‑ L – às presidiárias serão asseguradas condições para
tradição, que consiste na entrega de um estrangeiro ou de um que possam permanecer com seus filhos durante o período
brasileiro naturalizado a um país estrangeiro, permitindo‑se, de amamentação;
assim, seu julgamento e a aplicação de pena naquele Estado.
Por fim, registramos que o banimento não pode ser Comentário: o direito à amamentação assegura, de certa
confundido com a deportação, que decorre da retirada do forma, a obediência ao princípio da pessoa­lidade da pena,
território brasileiro daqueles estrangeiros que não cumprem já que a criança não será afetada nem sofrerá prejuízo em
com os requisitos legais migratórios. virtude do fato cometido pela mãe.
Resumindo:
LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o na-
turalizado, em caso de crime comum, praticado antes da
naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei58;

Comentário: cuida‑se, aqui, da primeira distinção trazida


no texto constitucional acerca dos brasileiros natos e dos na‑
turalizados. Graficamente podemos representar a disposição
acima da seguinte maneira:
5758
Noções de Direito Constitucional

Assunto cobrado na prova do Cespe/Anac/Técnico Administrativo/2012.


57

Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/Câmara dos Deputados/Técnico Legislativo/Técnico em Radiologia/2012 e FCC/Assembleia Legislativa-SP/Agente
58

Legislativo de Serviços Técnicos e Administrativos/2010.

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LII – não será concedida extradição de estrangeiro por A doutrina e a jurisprudência reconhecem a regra da
crime político ou de opinião59; prova ilícita por derivação (teoria dos frutos da árvore en‑
venenada). Segundo tal regra, também serão inadmitidas no
Comentário: o disposto neste inciso impede que o ins‑ processo as provas que forem obtidas a partir de uma prova
tituto da extradição venha a ser utilizado como forma de obtida por meio ilícito. Vamos supor, por exemplo, que um
perseguição política. É respeitado, portanto, o pluralismo policial faça uma escuta clandestina, descobrindo que um
político, que é a liberdade de se optar por determinadas crime será cometido no dia seguinte, em tal lugar, em tal
concepções políticas. Cabe lembrar, ainda, que a Constituição hora. Se esse policial presenciar o crime e fotografar a cena,
Federal, em seu art. 4º, X, prevê a concessão de asilo políti‑ tais fotos também serão ilícitas, pois somente foram obtidas
co, que nada mais é do que um impedimento à extradição, a partir das informações colhidas na escuta clandestina,
concedido àqueles que sofrem de perseguição política em atividade criminosa que contamina as provas subsequentes.
país estrangeiro. Por fim, ressaltamos que o simples fato de existirem provas
obtidas por meios ilícitos em um processo não significa que
LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão haverá absolvição do réu. É possível, dessa forma, a conde‑
pela autoridade competente60; nação se existirem no processo outras provas independentes
e capazes de fundamentar eventual sentença condenatória.
Comentário: cuida‑se do princípio do juiz natural, que
garante ao jurisdicionado o direito a receber a prestação LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito
jurisdicional segundo as regras rigidamente estabelecidas em em julgado de sentença penal condenatória;
lei. Se uma causa é julgada em juiz incompetente, por exem‑
plo, estamos diante de nítida ofensa ao referido princípio. Comentário: cuida o presente inciso do que comumente
Há quem defenda a existência do princípio do promotor se denomina princípio da presunção de não culpabilidade
natural, que também seria um consectário do presente inci‑ ou da presunção de inocência. Com base nesse dispositivo,
so. Esse princípio diz respeito à impossibilidade de alteração, somente após o trânsito em julgado da sentença condenató‑
de forma arbitrária, do membro do Ministério Público desig‑ ria, o réu poderá ser considerado culpado. Isso não significa,
nado para uma causa, buscando‑se, dessa forma, a garantia porém, que ele não poderá ser preso antes disso. A prisão
da independência funcional, já que impede que os membros não é atrelada à culpa, já que pode ser uma medida de cau‑
do parquet sofram qualquer pressão. tela, evitando‑se a fuga do preso ou o risco de cometimento
de novos delitos.
LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens São exemplos de prisões cautelares as temporárias,
sem o devido processo legal; preventivas, por pronúncia etc.

Comentário: estamos diante do princípio do devido pro‑ LVIII – o civilmente identificado não será submetido a
cesso legal, que impõe a observância das normas processuais identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;
vigentes para que alguém seja privado de sua liberdade
ou de seus bens. A presente regra também é denominada Comentário: em nosso país, privilegiando‑se a presun‑
“devido processo legal substancial” e impõe a observância ção de legitimidade e a fé pública, adota‑se como regra a
da proporcionalidade de da razoabilidade. identificação feita por meio de documentos civis. Em casos
excepcionais, porém, desde que haja previsão legal, poderá
ser feita a identificação criminal, papiloscópica ou fotográfica,
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrati-
por exemplo.
vo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório
Assim, quando alguém é detido, somente será obrigado
e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
a proceder a uma identificação criminal se, por exemplo,
não possuir identificação civil, tiver identificação civil em
Comentário: este inciso explicita o conteúdo do devido mau estado de conservação ou cometer delitos específicos,
processo legal processual, estipulando duas regras básicas, previstos em lei.
que são o contraditório e a ampla defesa.
O contraditório consiste no direito de con­tra‑argumen­tar, LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação
ou seja, de apresentar uma versão que conteste as alegações pública, se esta não for intentada no prazo legal61;
feitas pela parte adversa.
A ampla defesa pressupõe a possibilidade de se produzir Comentário: esse é o caso da ação penal privada sub‑
provas no processo, juntando elementos fáticos à argumen‑ sidiária da pública. Vamos aqui, de forma sintética, resumir
esse trâmite.
Noções de Direito Constitucional

tação feita em sua defesa.


O Poder Judiciário somente age quando é provocado.
LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas A isso chamamos princípio da inércia. Dessa forma, para
por meios ilícitos; que o Estado possa condenar alguém pelo cometimento de
um crime, é necessário que o Judiciário seja provocado por
Comentário: no exercício da ampla defesa, não é possível meio de uma ação penal.
juntar aos autos provas que tenham sido obtidas por meios As ações penais podem ser ajuizadas pela vítima (ação
ilícitos. A presente medida busca evitar que a atividade de pro‑ penal privada) ou pelo Ministério Público (ação penal pú‑
dução de provas se torne um estímulo à prática de atos ilícitos. blica), quando for o caso. Quando proposta pela vítima,
Em certos casos, porém, essa proibição é relativizada, denominamos queixa‑crime; quando iniciada pelo Ministério
Público, denominamos denúncia.
desde que a prova obtida por meio ilícito seja o único meio
A lei penal possui o papel de definir qual será a forma de
de prova capaz de garantir o direito de defesa de pessoa que
propositura da ação, sendo mais comum a propositura pelo
esteja na condição de acusada. Ministério Público. Nesse caso, se o Ministério Público não
Vunesp/Tribunal de Justiça-SP/Escrevente Técnico Judiciário/2010.
59

Esaf/MF/Assistente Técnico/Administrativo/2012.
60
FGV/Senado Federal/Técnico Legislativo/Administração/2012.
61

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
apresentar denúncia no prazo legal, abrir‑se‑á oportunidade A segunda hipótese de prisão diz respeito à ordem
de a vítima substituir o Ministério Público, por meio da ação judicial escrita e fundamentada. Nesse caso, deverá o juiz
penal privada subsidiária da pública. determinar a expedição do respectivo mandado, que poderá
instrumentalizar diversos tipos de prisão (preventiva, tem‑
LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos porária etc.). Cabe notar o fato de que essa prisão, por ser
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse escrita, nada tem a ver com a voz de prisão, que pode ser
social o exigirem62; dada pelo juiz em uma audiência, por exemplo.
A terceira hipótese de prisão refere‑se à transgressão
Comentários: os atos processuais, via de regra, são militar ou crime propriamente militar, que, no caso, pres‑
públicos, assim como os julgamentos realizados no âmbito cindem de ordem judicial. Ressalte‑se que a Constituição
do Poder Judiciário (art. 93, IX, da CF). Excepcionalmente, expressamente proíbe a impetração de habeas corpus, que
porém, teremos o chamado “segredo de justiça”, que impõe é uma medida destinada à proteção do direito de ir e vir,
restrição à publicidade dos atos processuais. A Constituição nas hipóteses de punição disciplinar militar (art. 142, § 2º).
Federal traz duas hipóteses de restrição do acesso aos atos Por fim, cabe registrar uma hipótese bem específica de
processuais: prisão, que será criada no caso de decretação de Estado de
a) defesa da intimidade; Defesa. Trata‑se da prisão por crime contra o Estado, que
b) interesse social. tem previsão no art. 136, § 3º, da Constituição do Brasil.
É importante que o aluno não confunda esse segredo
com o segredo relativo às informações de caráter público. LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se
O art. 5º, XXXIII, da CF dispõe sobre o acesso às informações encontre serão comunicados imediatamente ao juiz com-
constantes de órgãos públicos. Naquele caso, as hipóteses de petente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada64;
sigilo são as relacionadas à defesa do Estado e da sociedade.
Interessante notar que a Constituição defenda a possi‑ Comentário: duas são, portanto, as comunicações obri‑
bilidade de um julgamento ser sigiloso para a proteção da gatórias relativas à prisão de uma pessoa e ao local onde
intimidade, mas dispõe que não será possível restringir a se encontre:
publicidade se a sua divulgação for necessária para o res‑ a) ao juiz competente. Essa comunicação justifica‑se, por
guardo do direito de informação (art. 5º, XIV, da CF), que exemplo, pelo fato de esse juiz possuir o poder de relaxar a
possui titularidade coletiva. prisão, quando ilegal.
b) à família do preso ou à pessoa por ele indicada. A co‑
LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou municação à família ou a pessoa indicada é essencial para
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária que o direito à assistência seja prontamente exercido.
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou Se, porém, o preso não indicar nenhuma pessoa, torna‑se
crime propriamente militar, definidos em lei63; irrelevante a previsão da segunda comunicação, segundo o
entendimento do Supremo Tribunal Federal.
Comentário: nesse ponto do texto constitucional, come‑
ça a ser tratado o instituto da prisão. A utilização do termo LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre
“ninguém será preso senão...” dá a entender que se trata os quais o de permanecer calado, sendo‑lhe assegurada a
de um rol taxativo, motivo pelo qual não há que se aceitar assistência da família e de advogado65;
hipóteses de prisão que não se ajustem às hipóteses previstas
constitucionalmente. Comentário: o presente dispositivo garante ao preso três
O presente inciso inicialmente dispõe sobre duas hipóte‑ prerrogativas: permanecer calado, assistência da família e
ses de prisão: prisão em flagrante e prisão por ordem judicial assistência de advogado.
escrita e fundamentada. O direito de permanecer calado deve ser garantido a
A prisão em flagrante, primeira hipótese tratada, pode todos, independentemente de serem presos. As testemu‑
ser feita por “qualquer do povo”, nos termos do que dispõe nhas, porém, somente possuem direito de permanecerem
o art. 301 do Código de Processo Penal. Está em situação caladas em relação às informações que possam servir para
de flagrante quem: sua incriminação. Essa determinação protege o direito que
• está cometendo a infração penal; temos contra autoincriminação (princípio do nemo tenetur
• acaba de cometê‑la; se detegere).
• é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofen‑ O direito de permanecer calado pode ser estendido
dido ou por qualquer pessoa, em situação que faça para alcançar também o direito de mentir sem incorrer em
presumir ser autor da infração; atividade ilícita.
• é encontrado logo depois com instrumentos, armas, A assistência da família impede, por exemplo, que o preso
Noções de Direito Constitucional

objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da fique incomunicável. A assistência do advogado é irrestrita,
infração. devendo ser assegurada proteção da defensoria pública ao
preso que não possua condições de contratar um advogado
Atenção! Nas infrações permanentes, como na de ex‑ às suas expensas.
torsão mediante sequestro, entende‑se o agente em fla‑
grante delito enquanto não cessar a permanência. Dessa LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsá-
forma, é possível sua prisão durante todo o período do veis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;
sequestro, sem necessidade de autorização judicial.
Comentário: a identificação dos responsáveis pela prisão
Como a prisão em flagrante pode ser feita por qualquer ou pelo interrogatório do preso é um instrumento necessário
do povo, ela será a única possibilidade de prisão que é con‑ à proteção contra abusos, já que intimida o agente público
cedida às Comissões Parlamentares de Inquérito.
64
Assunto cobrado nas seguintes provas: FGV/Senado Federal/Técnico Legisla‑
62
Assunto cobrado na prova da FGV/Senado Federal/Técnico Legislativo/Admi‑ tivo/Administração/2012 e FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário/Área Administrati‑
nistração/2012. va/2010.
63
FGV/Senado Federal/Técnico Legislativo/Administração/2012. 65
FGV/Senado Federal/Técnico Legislativo/Administração/2012.

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quanto às práticas abusivas ou ilícitas. Importante notar que tornou, na prática, inviável a utilização do instrumento de
a identificação será obrigatória mesmo nas hipóteses de cri‑ prisão nessas hipóteses.
minosos de alto grau de periculosidade, independentemente
de supostamente oferecerem risco de retaliação em relação LXVIII – conceder‑se‑á habeas corpus sempre que al-
aos agentes públicos. guém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou
LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela abuso de poder66;
autoridade judiciária;
Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico
Comentário: como já ressaltado, cabe ao juiz analisar “Remédios Constitucionais”.
a legalidade da prisão, podendo, de ofício, determinar o
relaxamento da prisão. LXIX – conceder‑se‑á mandado de segurança para prote-
ger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus
ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou
LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido,
abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
Comentário: a liberdade provisória consiste no direito de Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico
o preso responder ao processo em liberdade. A lei definirá “Remédios Constitucionais”.
quais são as hipóteses em que a liberdade provisória será
admitida, casos em que o acusado não poderá ser levado à LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser im-
prisão ou nela mantido. petrado por:
Existem duas modalidades de liberdade provisória: sem a) partido político com representação no Congresso
pagamento de fiança e mediante pagamento de fiança. Com‑ Nacional.
pete à lei definir quais serão as hipóteses em que a liberdade b) organização sindical, entidade de classe ou associa-
provisória exigirá o pagamento de fiança, que é um valor ção legalmente constituída e em funcionamento há pelo
dado em garantia pelo preso, assegurando sua colaboração menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros
nas investigações e na instrução. ou associados67.
Não admitem fiança: racismo, crime de grupos armados
contra o Estado Democrático e contra a ordem constitucional, Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico
crimes hediondos, tráfico de drogas, tortura e terrorismo. “Remédios Constitucionais”.

LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do LXXI – conceder‑se‑á mandado de injunção sempre que
responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício
de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania68;
Comentário: a prisão civil é aquela utilizada na cobrança
de dívidas. Não tem um caráter punitivo, mas sim coerciti‑ Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico
“Remédios Constitucionais”.
vo, voltado ao adimplemento da obrigação. A prisão civil é
admitida em duas hipóteses: LXXII – conceder‑se‑á habeas data:
a) inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação a) para assegurar o conhecimento de informações
alimentícia; relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros
b) depositário infiel. ou bancos de dados de entidades governamentais ou de
A prisão por obrigação alimentícia somente ocorrerá caráter público.
nos casos em que a dívida é voluntária, ou seja, quando não b) para a retificação de dados, quando não se prefira
houver um motivo de força maior para o inadimplemento fazê‑lo por processo sigiloso, judicial ou administra­tivo.
da obrigação.
O depositário infiel é responsável pelo bem, devendo Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico
devolvê-lo imediatamente nas hipóteses legais. “Remédios Constitucionais”.
Tais hipóteses eram definidas em nosso ordenamento
jurídico. Ocorre que o Supremo Tribunal Federal veio a consi‑ LXXIII – qualquer cidadão69 é parte legítima para propor
derar o Pacto de São José da Costa Rica, tratado internacional ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio pú-
que impede esse tipo de prisão, uma norma supralegal, ou blico ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
Noções de Direito Constitucional

seja, superior às demais normas legais. Isso fez com que administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico
fossem derrogadas as normas legais que dispunham sobre e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má‑fé, isento
a prisão civil do depositário infiel. de custas judiciais e do ônus da sucumbência70;
Antes desse entendimento, a prisão do depositário infiel
era justificada por uma obrigação processual ou por uma Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico
obrigação contratual. Na primeira situação, estando o bem “Remédios Constitucionais”.
em discussão perante o Poder Judiciário, determinava-se que
o detentor fosse nomeado depositário infiel. Na segunda si‑ 66
Assunto cobrado nas seguintes provas: Funcab/MPE-RO/Técnico/Oficial de
tuação, o depositário recebia o bem em virtude de uma obri‑ Diligências/2012 e FCC/Instituto Nacional do Seguro Social /Técnico do Seguro
gação contratual, como no contrato de alienação fiduciária. Social/2012.
Em resumo, a situação que temos hoje é a seguinte: 67
Esaf/MF/Assistente Técnico/Administrativo/2012.
68
Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secretaria Nacional de Defesa Ci‑
a prisão civil do depositário infiel é prevista na Constituição vil/2012.
nos casos previstos em lei. O Pacto de São José da Costa 69
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 10ª Região (DF e TO)/Técnico Judiciário/
Rica, porém, com seu status supralegal, derrogou todas as Administrativo/2013.
70
Assunto cobrado na prova da Vunesp/Tribunal de Justiça-SP/Escrevente Técnico
previsões legais de prisão do depositário, de tal forma que Judiciário/2010.

Este eBook foi adquirido por ANA PAULA TORQUATO DA COSTA - CPF: 628.848.913-15. 23
A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição
e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios
por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a
Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico República Federativa do Brasil seja parte.
“Gratuidades Constitucionais”.
Comentário: o presente dispositivo deixa claro que o rol
LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro judi- de direitos do art. 5º não possui caráter exaustivo, mas sim,
ciário, assim como, o que ficar preso além do tempo fixado exemplificativo. Fica, portanto, aberta a oportunidade de
na sentença; reconhecimento de novos direitos e garantias decorrentes
do regime e dos princípios constitucionais, bem como de
Comentário: essa indenização não poderá ser plei­teada tratados internacionais.
pela via do habeas corpus. Será necessário portanto que, Nesse sentido, já foi reconhecida a existência de direitos
além do habeas corpus liberatório, seja ajuizada ação ordi‑ e garantias individuais até mesmo no art.150 da Constituição
nária para demonstração da responsabilidade civil do Estado. Federal, que estabelece as limitações constitucionais ao
poder de tributar.
LXXVI – são gratuitos para os reconhecidamente pobres, Cabe lembrar que os tratados internacionais que apenas
na forma da lei: disponham de direitos e garantias fundamentais, sem se
a) o registro civil de nascimento; submeter ao procedimento de aprovação similar ao da pro‑
b) a certidão de óbito71. posta de emenda constitucional, não terá status de emenda
constitucional, mas força de norma supralegal.
Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico
“Gratuidades Constitucionais”. § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do
LXXVII – são gratuitas as ações de habeas corpus e Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos
habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao votos dos respectivos membros, serão equivalentes às
exercício da cidadania72. emendas constitucionais74.

Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico Comentário: o presente dispositivo, inserido pela Emen‑
“Gratuidades Constitucionais”. da Constitucional nº 45/2004, abriu a possibilidade de trata‑
dos e convenções internacionais possuírem força de emenda
LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são constitucional. Para tanto, será necessário preencher os dois
assegurados a razoável duração do processo e os meios que requisitos, de forma cumulada: tratar de direitos humanos
garantam a celeridade de sua tramitação. e ser aprovado por três quintos de cada Casa do Congresso
Nacional em dois turnos de votação.
Comentário: esse dispositivo foi inserido na reforma Os tratados que não cumprirem tais requisitos, como
constitucional de 2004 que, por meio da Emenda Constitucio‑ vimos, terão forma de lei ordinária ou força supralegal.
nal nº 45, realizou a chamada “reforma do Poder Judiciário”.
No caso, os processos judicial e administrativo passam a ter § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
a garantia da razoável duração do processo. Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão75.
Dois problemas surgem em relação a tal dispositivo.
Primeiramente, temos a dificuldade em definir qual será a Comentário: essa importante determinação acaba por
duração razoável do processo, principalmente pelo fato de colocar em discussão a noção clássica de soberania, que vê no
que as ações possuem múltiplos graus de complexidade. Estado Soberano um ente totalmente independente. Passa
Em segundo lugar, a dificuldade encontrada reside no fato o Brasil, a partir da inserção desse dispositivo pela Emenda
de o dispositivo possuir uma redação muito ampla, que não Constitucional nº 45/2004, a submeter‑se à jurisdição de um
especifica, no caso concreto, as medidas a serem adotadas. organismo internacional se houver manifestado adesão ao
A conclusão a que chegamos, portanto, é a de que se trata ato de criação. Cumpre ressaltar, porém, que essa previsão
de uma norma‑princípio, que exigirá concretização por meio se limita aos tribunais penais, não podendo ser estendida a
de políticas públicas e da atividade legislativa. outras áreas como a do comércio internacional.
O judiciário, em caráter excepcional, tem deferido pedi‑
dos de julgamento imediato da causa em respeito ao direito Remédios Constitucionais
à razoável duração do processo.
Os remédios constitucionais são garantias definidas no
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias corpo do art. 5º da Constituição Federal, que visam à prote‑
fundamentais têm aplicação imediata73. ção de valores também definidos na Carta Maior. Apesar de
Noções de Direito Constitucional

a maioria dos remédios tramitar perante o Poder Judiciário,


Comentário: o fato de as normas desse artigo terem apli‑ existem remédios, como o direito de petição, que podem
cação imediata significa dizer que podem ser aplicadas a um tramitar perante órgãos administrativos. Consideraremos,
caso concreto imediatamente, sem necessidade de norma em nosso estudo, os seguintes remédios constitucionais:
regulamentadora, por exemplo. Essa é a razão pela qual di‑ • habeas corpus;
versos remédios constitucionais, ainda que não tivessem seu • habeas data;
papel bem definido pela legislação, puderam ser utilizados • mandado de segurança;
imediatamente, como é o caso do mandado de segurança. • mandado de injunção;
A aplicação imediata, porém, não impede que uma nor‑ • ação popular;
ma tenha eficácia contida, ou seja, que admita a restrição • direito de petição.
de sua eficácia por meio da atuação do legislador ordinário.
74
Assunto cobrado nas seguintes provas: Vunesp/TJ-SP/Escrevente Técnico
71
FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico Judiciário/Área Administrati‑ Judiciário/2012; Cespe/Câmara dos Deputados/Técnico Legislativo/Técnico
va/2010. em Radiologia/2012 e FCC/Assembleia Legislativa-SP/Agente Técnico Legisla‑
72
FCC/TRT 9ª Região (PR)/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2013. tivo/2010.
73
FCC/TRT 9ª Região (PR)/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2013. 75
FCC/TRT 9ª Região (PR)/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2013.

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Habeas Corpus no que toca à atipicidade da atitude do réu, pode conceder
habeas corpus de ofício, para reconhecer que o crime está
Finalidade: este remédio constitucional, previsto no prescrito.
art. 5º, LXVIII, da Constituição Federal, visa à proteção da
liberdade de locomoção (direito de ir, vir e permanecer) Gratuidade: trata‑se de ação gratuita, independente‑
contra lesão ou ameaça causada por abusos de poder ou mente de qualquer condição.
ilegalidade76. Como se percebe, não há uma necessária
correlação desse remédio ao Direito Penal, motivo pelo qual Habeas Data
o habeas corpus poderá ser impetrado até mesmo no caso Finalidade: o presente remédio constitucional, previsto
de prisão civil por dívida, já que está envolvida, nesse caso, no art. 5º, LXXII, da Constituição do Brasil possui uma dupla
a liberdade de locomoção. finalidade. Vejamos no quadro abaixo.
Como já salientamos anteriormente, este remédio constitu‑
cional não se presta a discutir punições disciplinares militares. de informações relativas à pessoa do
O habeas corpus não se submete a prazo prescricional acesso impetrante, constantes de registros
Visa a
ou decadencial, sendo cabível enquanto durar a lesão ou
assegurar
ou  ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter
ameaça de lesão ao direito que se pretende proteger. retificação público.

Legitimidade ativa: possui legitimidade ativa aquele


que pode impetrar o habeas corpus, chamado, portanto, Portanto, uma das finalidades do habeas data é a pos-
de impetrante. Esse remédio é dos mais informais, já que sibilidade de retificação de dados, quando não se prefira
pode ser impetrado por qualquer pessoa, física ou jurídica, fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo.77
independentemente de capacidade civil, de advogado e de A impetração do habeas data exige, ainda, a demonstra‑
mandato outorgado pelo paciente. Exige‑se, porém, como ção de que houve uma prévia negativa administrativa. Em
um formalismo mínimo, que a petição seja assinada, já que outras palavras, o impetrante deve demonstrar que buscou
é considerado inexistente o habeas corpus apócrifo. previamente o acesso às informações diretamente junto ao
banco de dados, sem obter, porém, sucesso.
Paciente: será considerado paciente aquele que estiver a Legitimidade ativa: qualquer pessoa pode impetrar o
sofrer lesão ou ameaça a seu direito de locomoção e venha habeas data, desde que as informações pleiteadas se refiram
a ser protegido pelo remédio constitucional. O paciente exclusivamente ao impetrante. Trata‑se, dessa forma, de uma
será necessariamente uma pessoa física, já que as pessoas ação personalíssima.
jurídicas não possuem liberdade de locomoção, prerrogativa
que é incompatível com elas. Legitimidade passiva: apenas pode ser impetrado o
banco de dados de caráter público (Serasa, SPC etc.) ou
Legitimidade passiva: a legitimidade passiva é conferida respectiva entidade governamental (INSS, Receita Federal
àquele que age como coator, praticando atos ilícitos ou em do Brasil, Polícia Federal etc.).
abuso de poder, razão pela qual será considerado impetrado.
Gratuidade: trata‑se de ação gratuita, independente‑
Tipos: podemos classificar o habeas corpus como pre- mente de qualquer condição.
ventivo, que é aquele impetrado quando há uma amea­ça ao
direito de locomoção, ou repressivo, impetrado quando já Mandado de Segurança
se configura a ilegalidade ou o abuso de poder, e “de ofício”,
concedido pelo juiz independentemente de impetração. Finalidade: o mandado de segurança se presta à proteção
No habeas corpus preventivo, pode ser expedido salvo de direito líquido e certo contra abuso de poder ou ilegalida‑
conduto, que é instrumento que impede a prisão do paciente de. Direito líquido e certo é aquele que se mostra delimitado
nas hipóteses descritas na ordem judicial concessiva da ordem. quanto à extensão e inquestionável quanto à existência. De
Imaginemos uma situação em que o paciente será ouvido forma simplificada, podemos dizer que o direito líquido e
como acusado em uma Comissão Parlamentar de Inquérito certo é aquele que não demanda ampla instrução probatória,
e requer, por meio de um habeas corpus, a expedição de um motivo pelo qual a única prova admitida no mandado de
salvo conduto para garantia de seu direito de permanecer ca‑ segurança é a de caráter documental.
lado. Poderá o Supremo Tribunal Federal, nesse caso, conceder No mandado de segurança, o direito é facilmente aferí‑
o remédio para que o paciente não seja preso caso venha a vel a partir da leitura das normas legais aplicáveis ao caso.
legitimamente exercer seu direito sem que incida, portanto, Compete à parte, portanto, apenas demonstrar que se
em crime, caso recaia em falso testemunho. enquadra na situação descrita na lei. Cabe mandado de se‑
No writ repressivo, já existe a situação de coação e o gurança, portanto, para pleitear aposentadoria por tempo de
Noções de Direito Constitucional

paciente requer, portanto, a sua soltura, por exemplo. Tanto serviço, quando bastar a certidão de tempo de serviço para
no habeas corpus preventivo quanto no repressivo, há a comprovar que o impetrante preenche os requisitos legais
possibilidade de concessão de medida liminar. para usufruir do benefício. No caso, porém, de aposentadoria
A liminar é uma medida precária, que busca a proteção por invalidez, quando é necessário realizar perícias e ouvir
do bem quando exista perigo de dano irreparável ao bem testemunhas, o direito não é líquido e certo, motivo pelo qual
tutelado. Somente será concedida a liminar se houver a fu‑ não será possível, a priori, impetrar mandado de segurança.
maça do bom direito, ou seja, a plausibilidade das alegações Dessa forma, no mandado de segurança não se discute
feitas pelo impetrante. matéria probatória, de cunho fático. Por outro lado, mos‑
Por fim, o habeas corpus ex officio é aquele que é tra‑se plenamente possível discutir questões de direito, de
concedido pelo juiz independentemente de provocação. cunho abstrato. Nesse sentido, a Súmula nº 625/STF dispõe
Imaginemos que um impetrante ingressa com um recurso que “a controvérsia sobre matéria de direito não impede
requerendo a atipicidade da conduta do réu. Nesse caso, concessão de mandado de segurança”.
o magistrado, ainda que não concorde com o impetrante A impetração do mandado de segurança não está vincu‑
lado ao esgotamento da instância administrativa. Por conta
76
Assunto cobrado na prova do Cespe/MPS/Agente Administrativo/2010. 77
FCC/Assembleia Legislativa-SP/Agente Técnico Legislativo/Direito/2010.

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disso, dispõe a Súmula nº 430/STF que “pedido de reconsi‑ direito, já que o seu titular poderá pleitear seu direito por
deração na via administrativa não interrompe o prazo para meio de uma ação ordinária. Cabe lembrar que, no mandado
o mandado de segurança”. de segurança preventivo, não há prazo decadencial, tendo
em vista que o ato coator sequer foi produzido.
Legitimidade ativa: o mandado de segurança pode ser
ajuizado por qualquer pessoa, física ou jurídica. Súmula nº 512/STF: segundo entendimento jurispru‑
dencial do Supremo Tribunal Federal, não cabe condenação
Legitimidade passiva: somente pode ser impetrado em em pagamento de honorários advocatícios em Mandado
um mandado de segurança quem seja autoridade pública de Segurança. Em outras palavras, a parte que sucumbente
ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições não será obrigada a pagar à parte vencedora uma parcela
do Poder Público78, ou seja, a ela equiparado por atuar em do valor da causa para pagamento do advogado responsável
função eminentemente pública, mediante delegação. pelo êxito.
Tipos: o mandado de segurança pode ser classificado em
preventivo ou repressivo, e ainda em individual ou coletivo. Atenção! O prazo decadencial para impetração do man‑
O mandado de segurança preventivo presta‑se a evitar dado de segurança foi considerado constitucional pelo
ofensa a direito líquido e certo que seja e que se ache ame‑ Supremo Tribunal Federal, o que resultou na edição da
açado, ainda que não exista o ato lesivo. Súmula nº 632/STF.
O mandado de segurança repressivo volta‑se a afastar
ofensa já perpetrada contra direito líquido e certo. Já existe, Jurisprudência: vejamos alguns entendimentos jurispru‑
nesse caso, lesão ao bem jurídico que se quer tutelar. denciais acerca do cabimento do mandado de segurança.
O mandado de segurança individual busca a proteção
dos interesses do impetrante. O mandado de segurança será Cabe mandado de se­gurança Não cabe mandado de se­­
individual ainda que vários impetrantes optem por ajuizar gurança
uma só ação, na condição de litisconsortes. Para a proteção do direito de Contra lei em tese.
No mandado de segurança coletivo, previsto no art. 5º, reunião.
LXIX, da Constituição Federal, o impetrante defende, em
Para proteção do direito de Contra decisão judicial transi‑
nome próprio, um direito alheio. Cuida‑se de forma de subs‑
certidão. tada em julgado.
tituição processual, razão pela qual não há necessidade de
autorização dos titulares do direito protegido. Nesse sentido, Para a proteção de direito que Contra ato judicial passível
a Súmula nº 629/STF, que determina que a “impetração de esteja na pendência de decisão de recurso.
mandado de segurança coletivo por entidade de classe em na esfera administrativa.
favor dos associados independe da autorização destes”. Mandado de Injunção
São legitimados a impetrar o mandado de se­gurança
coletivo: Cabimento: o mandado de injunção, previsto no art. 5º,
• partido político com representação no Congresso LXXI, da Constituição Federal, pode ser impetrado sempre que
Nacional79; a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício
• organização sindical, entidade de classe ou associação dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania82.
um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou Cuida‑se, assim, de ação voltada à supressão de omissão
associados. legislativa relativa à regulamentação de direitos previstos cons‑
titucionalmente. Se tivermos uma norma de eficácia limitada,
Um partido político com representação no Congresso por exemplo, que ainda não produza totalmente seus efeitos
Nacional possui legitimidade para impetrar mandado de porque ainda não foi produzida lei regulamentadora, será
segurança coletivo apenas em defesa de seus filiados.80 cabível o mandado de injunção contra o órgão responsável
É possível a concessão de mandado de segurança cole- pela omissão, buscando‑se a edição da norma.
tivo impetrado por partido político com representação no Durante muito tempo defendeu‑se que o mandado de
Congresso Nacional, para proteger direito líquido e certo injunção não poderia dar ao Poder Judiciá­rio o poder de,
não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando persistindo a omissão, determinar qual será a disciplina legal
o responsável pelo abuso de poder for ministro de Estado.81 a ser aplicada ao caso concreto. Entendia‑se, nesse caso, que
Destaca‑se que a entidade de classe possui legitimidade estaríamos ferindo o princípio da separação dos poderes,
para impetrar o mandado de segurança ainda que a preten‑ motivo pelo qual era necessário adotar posicionamento não
são veiculada interesse apenas a uma parte da categoria concretista. Esse não é, porém, o atual entendimento do
(Súmula nº 630/STF). Supremo Tribunal Federal, que já admite que o Poder Judiciário
indique, no caso de omissão, quais serão as regras aplicáveis
Noções de Direito Constitucional

para que os impetrantes possam usufruir de forma plena os


Atenção! O mandado de segurança coletivo é hipótese iso‑ direitos que lhe foram conferidos pela Constituição do Brasil.
lada em que as associações fazem substituição processual. O desrespeito à determinação de regulamentação de um
Nas demais ações ajuizadas pelas associações, o que se dispositivo constitucional é denominada inconstitucionalida‑
pratica é a representação processual, que exige autorização de por omissão, e também pode ser combativa por meio da
dos representados. ação direta de inconstitucionalidade por omissão, que será
posteriormente tratada.
Prazo Decadencial: a impetração do mandado de se­
gurança deve ser feita no prazo de cento e vinte dias, con‑ Legitimidade ativa: o mandado de injunção pode ser
tados da data da ciência do ato ilegal ou cometido em abuso impetrado por qualquer pessoa que possua interesse direto
de poder. A perda desse prazo, porém, não leva à perda do na regulamentação do dispositivo constitucional.

78
Assunto cobrado na prova do Cespe/Anatel/Técnico Administrativo/2012.
Legitimidade passiva: será considerado impetrado aque‑
79
Assunto cobrado na prova da FCC/Assembleia Legislativa- SP/Agente Legislativo le que seja responsável pela omissão legislativa.
de Serviços Técnicos e Administrativos/2010.
80
Cespe/Anatel/Técnico Administrativo/2012. 82
FCC/Assembleia Legislativa-SP/Agente Legislativo de Serviços Técnicos e Admi‑
81
Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2013. nistrativos/2010.

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Tipos: são cabíveis o mandado de injunção individual e o Gratuidades Constitucionais
mandado de injunção coletivo. O segundo tipo de mandado O texto constitucional trata de diversas hipóteses de
de segurança é uma criação pretoriana, ou seja, foi reco‑ gratuidade, sendo de suma importância que o candidato
nhecido pelos tribunais, ainda que não houvesse disciplina identifique quais as condicionantes para a fruição desse
constitucional a respeito. Assim, devem ser aplicadas ao direito. Vamos esquematizar.
mandado de injunção coletivo as disposições do mandado
de segurança coletivo. Dispositivo Gratuidade Observações
5º, XXXIV Direito de peti‑ Incondicionada – independe
Ação Popular ção do pagamento de taxas
Finalidade: a ação popular é voltada à anulação de ato 5º, XXXIV Direito de certi‑ Incondicionada – independe
dão do pagamento de taxas
lesivo:
• ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado 5º, LXXIII Ação Popular Condicionada à boa-fé do autor
participe; 5º, LXXIV Assistência jurídi‑ Condicionada à comprovação
• à moralidade administrativa; ca integral da insufi­ciência de recursos
• ao meio ambiente; 5º, LXXVI Certidão de nas‑ Condicionada à comprovação
• ao patrimônio histórico e cultural. cimento de pobreza, na forma da lei
5º, LXXVI Certidão de óbito Condicionada à comprovação
Cumpre notar que a ação popular só se presta à anulação de pobreza, na forma da lei
desses atos, não sendo o instrumento adequado à punição 5º, LXXVII Habeas corpus Incondicionada
do agente público que causou um dano a interesses da socie‑
5º, LXXVII Habeas data Incondicionada
dade. A punição, no caso, poderá ser discutida em eventual
ação de improbidade. 5º, LXXVII Atos necessários Gratuitos na forma da lei
É possível declarar a inconstitucionalidade de uma lei ao exercício da
por meio da ação popular, desde que essa declaração não cidadania
seja o objeto principal da ação popular. Assim, a declaração
de inconstitucionalidade da lei pode ser um meio, nunca a Direitos Sociais
finalidade precípua da ação.
A ação popular deverá ter por objeto um ato adminis‑ A Constituição dedica um capítulo inteiro aos direitos
trativo. Não é cabível essa ação contra uma decisão judicial. sociais, quais sejam: a educação, a saúde, a alimentação o
Por permitir que o cidadão defenda diretamente os trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a
interesses do povo, pode‑se considerar a ação popular uma previdência social, a proteção à maternidade e à infância
forma de exercício da democracia direta. e a assistência aos desamparados84.
Não existe foro por prerrogativa de função em relação à Esses direitos, delineados no art. 6º da CF, possuem um
ação popular. Assim, ainda que a ação seja ajuizada contra caráter protetivo, assistencial. Trata‑se de direitos funda‑
o Presidente da República, não será julgada pelo Supremo mentais de segunda geração (introduzidos em larga escala
Tribunal Federal. no Brasil com a política social introduzida por Getúlio Vargas,
principalmente em 1934). Outros direitos sociais podem ser
Legitimidade ativa: só podem ajuizar ações populares encontrados no Título VIII do texto constitucional.
os cidadãos, ou seja, aqueles que possuam direitos políticos. Os direitos sociais consubstanciam, em sua grande maio‑
Ficam excluídas, portanto, as pessoas jurídicas e as pessoas fí‑ ria, normas programáticas. Esse tipo de norma possui eficácia
sicas que não estejam no pleno gozo de seus direitos políticos. limitada, exigindo, para seu alcance, a construção de políticas
públicas pelo legislador constituído. Questão tormentosa
Legitimidade passiva: a ação popular deve ser ajuizada que hoje se apresenta é aquela relativa à possibilidade de
contra a autoridade pública autora do ato impugnado. se limitar a efetividade dos direitos fundamentais em nome
do princípio da reserva do possível. Em outras palavras, isso
Gratuidade: a ação popular será gratuita, mas sua gratuida‑ resulta em saber se o Estado pode deixar de cumprir com
de é condicionada à boa‑fé. Se a ação for ajuizada com má‑fé, seu papel de garantir os direitos sociais à população, sob a
o autor será condenado ao pagamento das custas judiciais. alegação de não possuir recursos materiais para tanto.
Em contraposição à limitação da reserva do possível,
Direito de Petição encontra‑se a previsão de um mínimo existencial no que
tange à concretização dos direitos sociais. Esse contraponto
Finalidade: o direito de petição, previsto no art. 5º, XX‑ é reforçado pela proibição do retrocesso, outra teoria que
Noções de Direito Constitucional

XIV, da CF, também considerado um remédio constitucional, também impede que a reserva do possível sirva de justificati‑
difere‑se dos demais por não consistir em uma ação judicial. va ao abandono das previsões constitucionais programáticas.
Trata‑se de instrumento exercido perante o Poder Público A proibição do retrocesso impede que venha a reduzir
com o objetivo de: o montante de recursos voltados à execução de políticas
• defesa de direitos; públicas concretizadoras dos direitos fundamentais. Essa
• representação contra ilegalidade ou abuso de poder. teoria, porém, pode desenvolver um perigoso efeito colateral.
Caso reconhecida a proibição da diminuição dos recursos
Qualquer pessoa pode utilizar‑se do direito de petição, alocados em determinada atividade, é possível que o gestor
que não pode ser impedido por meio de obstáculos legais. evite aumentar a parcela orçamentária destinada à política
Dessa forma, segundo o novo entendimento do Supremo pública desenvolvida, com vistas a evitar uma vinculação nos
Tribunal Federal, é inconstitucional exigir depósito prévio orçamentos vindouros.
ou arrolamento de bens e direitos como condição de ad- Sobre a eficácia das normas programáticas, o Supremo
missibilidade de recurso administrativo83. Tribunal Federal vem expedindo alguns pronunciamentos no
Assunto cobrado na prova do Cespe/Anac/Técnico Administrativo/2012.
83
Assunto cobrado na prova do Cespe/Ibama/Técnico Administrativo/2012.
84

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
sentido de que o Estado não pode deixar de atender à popu‑ • Salário mínimo, fixado em lei e nacionalmente uni-
lação sob a alegação de que não possui receita orçamentária. ficado. Mesmo aqueles que recebem remuneração
A maioria dos casos se relaciona à atuação do Estado na área variável não podem receber nunca salário inferior ao
da saúde, nos quais o Tribunal tem julgado procedentes re‑ mínimo.
cursos interpostos com o objetivo de se autorizar a compra
de medicamentos. O salário mínimo deve ter aumentos periódicos, de modo
Conforme estudamos, o Brasil terá como um de seus fun‑ a manter seu poder aquisitivo. O reajuste, porém, deve ser
damentos a busca da função social do trabalho e, para tanto, veiculado por lei, nada impedindo que a matéria seja tratada
prevê a Constituição Federal alguns direitos do trabalhador. também por meio de medida provisória.
Os direitos dos trabalhadores podem ser divididos em duas O salário mínimo atender às necessidades básicas do
categorias: direitos individuais e direitos coletivos do trabalho. trabalhador e de sua família, com moradia, alimentação,
Os trabalhadores urbanos e rurais são tratados de forma igua‑ educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e
litária, sendo que a maioria dos seus direitos individuais está previdência social.
A economia não pode ser indexada ao salário mínimo. Em
descrita no art. 7º da CF, que passaremos a estudar.
outras palavras, o salário mínimo não pode servir de valor
Antes de visualizarmos os direitos em espécie, devemos
de referência, vinculando reajustes de preços e serviços. Isso
registrar que para o Direito do Trabalho não há uma total evita que os reajustes periódicos deixem de surtir efeitos
coincidência entre os termos “trabalhador” e “emprega‑ reais, já que, ao mesmo tempo em que o salário mínimo
do”, sendo que o segundo pressupõe o preenchimento de aumentasse, toda a economia sofreria um fenômeno infla‑
diversos requisitos, como a habitualidade, a onerosidade, cionário automático.
a subordinação e a pessoalidade. Para o Direito Constitu‑ A Suprema Corte entende que o salário mínimo não pode
cional, porém, de natureza marcantemente principiológica, servir de base de cálculo de nenhum adicional, inclusive do
essa distinção deixa de ter importância, de tal forma que adicional de insalubridade. Nesse julgamento foi aprovada a
utilizaremos os dois termos indiscriminadamente. quarta súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal, que
recebeu a seguinte redação:
Isonomia Trabalhista
Salvo os casos previstos na Constituição, o salário
A Constituição Federal se preocupou com a discriminação mínimo não pode ser usado como indexador de base
entre os trabalhadores que apresentam formas diferentes de cálculo de vantagem de servidor público ou de
de contratos. Sendo assim, cuidou o texto de impor o trata‑ empregado, nem ser substituído por decisão judicial.
mento igualitário entre os trabalhadores:
• urbanos e rurais; Nada impede que pensões, estipuladas em virtude de
• portador de deficiência; ato ilícito (morte de um pai de família, por exemplo), sejam
• trabalhador manual, técnico e intelectual; fixadas com base no salário mínimo, já que essas prestações
• trabalhadores com vínculo empregatício permanente buscam satisfazer as necessidades básicas tratadas pelo
e trabalhador avulso85; art. 7º, IV, da CF. Então, se alguém atropela um trabalhador,
• não pode, ainda, haver diferenças por motivos de sexo, pode ser obrigado a pagar um salário mínimo à viúva, du‑
idade, cor ou estado civil. rante o prazo provável em que a vítima teria de sobrevida,
sem que isso signifique ofensa à proibição de vinculação ao
Proteção da Relação de Trabalho salário mínimo.
• Piso salarial: é aquele valor considerado como o mí‑
nimo a ser pago por determinada empresa. Não deve
• Proteção contra a despedida arbitrária ou sem justa
ser confundido com o salário mínimo profissional.
causa, a ser definida em lei complementar, que deve
• Irredutibilidade do salário: não é possível ao em‑
prever indenização compensatória, entre outros direitos:
pregador diminuir o salário, salvo por meio acordo
atualmente, uma indenização compensatória imposta ao ou convenção coletiva de trabalho, que são acordos
empregador que promove a demissão arbitrária ou sem firmados entre o sindicato e o empregador ou entre o
justa causa é a multa de 40% sobre o saldo do FGTS do sindicato patronal e os sindicatos dos trabalhadores,
trabalhador, autorizada pelo art. 10 do ADCT. respectivamente.
• Seguro-desemprego, no caso de despedida involuntá‑ • Décimo terceiro salário.
ria do trabalhador. • Remuneração do trabalho noturno superior ao
• Aviso prévio proporcional, no mínimo de trinta dias, diurno. Para cumprir tal determinação a legislação
proporcional ao tempo de serviço, nos termos da lei. infraconstitucional prevê, além de um percentual
Noções de Direito Constitucional

• Proteção em face da automação: a evolução de ramos a mais no salário daquele que trabalha no período
da ciência, tal qual a mecatrônica, pode levar a uma noturno, também uma redução na contagem da hora
demissão em massa (exemplo: uso de catracas ele‑ trabalhada, que se reduz a 52 minutos e 30 segundos.
trônicas em ônibus coletivos). Deve o Estado cuidar • Proteção contra a retenção dolosa do salário, cons-
para que os trabalhadores se preparem para as novas tituindo crime o não pagamento sem justificativa86.
tecnologias e não se tornem “obsoletos” no mercado Proíbem‑se, assim, descontos no salário que não sejam
de trabalho. autorizados pelos trabalhadores. No caso de a empresa
estar passando por sérios problemas financeiros, o não
Prestações Pecuniárias pagamento do salário pode não ser doloso, e sim,
culposo, não constituindo, portanto, crime.
• Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, obri‑ • Participação nos lucros, ou resultados, desvinculada
gatório aos trabalhadores. da remuneração, e participação na gestão da empre-

Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário/Área Administra‑


85
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário/Área Administra‑
86

tiva/2010. tiva/2010.

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sa, conforme definido em lei, sendo que a participa- desse no acidente. As ações acidentárias atualmente são
ção na gestão tem um caráter excepcional87. julgadas na Justiça do Trabalho (art. 114 da CF).
• Salário‑família, pago por cada dependente do traba‑
lhador de baixa renda, nos termos da lei. Prescrição Trabalhista
• Remuneração das horas extras em pelo menos cin-
quenta por cento superior à hora normal88. A legisla‑ • A prescrição resulta da perda de uma pretensão em
ção, porém, pode determinar a aplicação de hora extra virtude da inércia de seu titular. O direito de ação, vi‑
em percentual superior em casos específicos. sando ao recebimento de créditos trabalhistas, existe
• Remuneração paga em virtude do gozo de férias, desde que o empregado busque a proteção jurisdi‑
correspondente a 1/3 (um terço) do salário normal, cional no prazo de cinco anos após o surgimento do
independentemente da remuneração ordinariamente direito reclamado, limitado tal prazo a dois anos após
devida no período. o término do contrato de trabalho. Anteriormente,
• Pagamento de adicional para as atividades penosas havia uma diferenciação para o prazo prescricional dos
(que exigem muito esforço do trabalhador), insalubres trabalhadores rurais. Porém, com a Emenda Constitu‑
(que oferecem risco à saúde do trabalhador) ou peri‑ cional nº 28/2000, o prazo passou a ser único para os
gosas (que apresentam risco de morte ao trabalhador). trabalhadores urbanos e rurais.
Interessante notar que, no caso de morte do trabalha‑
Jornada de Trabalho dor, se aplica apenas o prazo de cinco anos, sem se le‑
var em conta o prazo de dois anos. Assim, a prescrição
• Jornada de trabalho não superior a oito horas diá­rias total dos direitos ocorrerá apenas cinco anos após a
de forma a não ultrapassar, no total, quarenta e quatro morte do trabalhador.
horas semanais. Por meio de acordo ou convenção
coletiva é possível a compensação de horários ou Vejamos alguns exemplos de prescrição.
redução de jornada.
O turno ininterrupto de revezamento, hipótese na
qual o empregado não desfruta do intervalo intrajor‑
nada, exige jornada de trabalho máxima de seis horas,
salvo negociação coletiva89. O STF, no julgamento do
RE nº 205.815/RS firmou o entendimento de que o
fato de a empresa conceder intervalo para descanso
e refeição não descaracteriza o turno ininterrupto de
revezamento, com direito a jornada de seis horas,
prevista no art. 7º, XIV, da Constituição Federal.
• Repouso semanal remunerado. Tal repouso deve ser
concedido preferencialmente aos domingos.
• Férias anuais remuneradas, com o pagamento de um
adicional correspondente a 1/3 do salário normal,
conforme tratado anteriormente. Interessante notar
que, apesar de o direito de férias possuir fundamento
constitucional, o período de gozo das férias não tem Maioridade Trabalhista
cunho constitucional, sendo definido pela legislação.
Assim, uma eventual redução do período de férias, • Os menores de 18 anos não podem exercer trabalho
visando à flexibilização das relações trabalhistas, no noturno, perigoso ou insalubre90. Somente a legislação
ponto, sequer exigiria a edição de norma constitucio‑ infraconstitucional restringe o exercício de atividade
nal, bastando uma reforma legislativa. penosa pelo menor, não havendo, portanto, previsão
constitucional. Os menores de 16 anos só podem tra‑
Proteção à Saúde do Trabalhador balhar na condição de aprendiz, que é um contrato de
trabalho específico, o qual busca a profissionalização
• Licença-gestante, com garantia de manutenção do do educando. Por fim, temos que os menores de 14
emprego e do salário, pelo período de 120 (cento anos não podem exercer nenhum trabalho.
e vinte) dias e licença‑paternidade de acordo com
o que a lei estabelecer, que é atualmente de cinco Em resumo, temos o seguinte quadro:
dias. A licença‑paternidade pode, sob determinados
Noções de Direito Constitucional

Menores de Menores de Menores de


aspectos, se afastar de uma literal medida de proteção
18 anos 16 anos 14 anos
à saúde do trabalhador. Sua manutenção neste tópico
Proibição de trabalho Somente podem exer‑
se faz sob o ponto de vista didático. noturno, perigoso ou cer trabalho na condi‑
Não podem exercer
• Redução dos riscos de acidentes de trabalho, utilizan‑ atividade laborativa.
insalubre. ção de aprendiz.
do‑se de medidas eficazes na prevenção de acidentes
e de doenças profissionais. Outros direitos
• Seguro contra acidentes de trabalho, que deverá ser
pago pelo empregador, sem que isso exclua a possibili‑ • Incentivo ao mercado de trabalho da mulher.
dade de sua responsabilização civil quando houver culpa • Aposentadoria, desde que preenchidos os critérios
previstos na legislação.
87
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário/Área Ad‑
ministrativa/2010 e FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico Judiciário/
• Assistência gratuita aos filhos e dependentes desde
Área Administrativa/2010. o nascimento até cinco anos de idade em creches e
88
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário/Área Administra‑ pré‑escolas.
tiva/2010.
89
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário/Área Administra‑
tiva/2010. Assunto cobrado na prova da Vunesp/TJ-SP/Escrevente Técnico Judiciário/2012.
90

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Com a nova redação do art. 7º, parágrafo único, dada vínculo permanente e trabalhador avulso. Alguns desses não
pela EC nº 72/2013, foram assegurados aos trabalhadores são previstos, pois são incompatíveis com o vínculo domés‑
domésticos os seguintes direitos em total equiparação aos tico, como a distribuição de lucros e o trabalhador avulso.
demais trabalhadores: O rol de direitos aqui apresentado é meramente exem‑
• salário mínimo; plificativo, sendo que outros podem ser previstos na própria
• irredutibilidade de salário; Constituição ou pela legislação infraconstitucional. Nesse
• garantia de salário mínimo a quem percebe remune‑ sentido, o Supremo Tribunal Federal julgou constitucional
ração variável; o art. 118 da Lei nº 8.213/1991, que garante a manutenção
• décimo terceiro salário; do contrato de trabalho, em caso de acidente de trabalho,
• proteção do salário, constituinte crime sua retenção dolosa; pelo prazo mínimo de doze meses.
• jornada de trabalho não superior a 8 horas diárias e
quarenta e quatro semanais; Sindicatos
• repouso semanal remunerado; Em nosso País, é livre a associação profissional ou sin‑
• hora extra; dical, constituindo uma importante forma de proteção dos
• férias anuais remuneradas; direitos sociais. Assim, seria inconstitucional a estipulação
• licença à gestante; por meio da legislação de restrições à liberdade de criação
• licença-paternidade; de sindicatos ou associação profissional. Isso não significa,
• aviso prévio proporcional; porém, que não existam na Constituição inúmeras restri‑
• redução dos riscos inerentes ao trabalho; ções à sua atuação. O texto constitucional, por exemplo,
• aposentadoria; estipula que somente é permitida a criação de uma única
• reconhecimento das convenções e acordos coletivos organização sindical, para cada categoria profissional ou
de trabalho; econômica, em cada base territorial, que nunca será inferior
• proibição de diferença de salários, de exercício de à área de um Município. Não existe, portanto, concorrência
funções e de critério de admissão por motivo de sexo, entre sindicatos, já que cada trabalhador estará vinculado
idade, cor ou estado civil; a uma categoria, que, por sua vez, terá um único sindicato
• proibição de discriminação do trabalhador portador na base territorial.
de deficiência; Os sindicatos não dependem de autorização do Estado
• proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a para sua fundação, porém a Constituição impõe que sejam
menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores registrados no órgão competente. Dispõem, assim, de direito
de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a de auto‑organização, que impede a interferência e a inter‑
partir dos quatorze anos. venção estatal na organização sindical.
Além disso, cabe registro de que os trabalhadores tam‑
Outros direitos foram estendidos, porém com ressal‑ bém são livres para decidir se serão ou não inscritos nos
vas. A Constituição define que os direitos a seguir devem quadros do sindicato. Mesmo que não inscrito no sindicato,
ser conferidos às empregadas domésticas se atendidas as o trabalhador possui direito de ser protegido por essa ins‑
condições estabelecidas em lei e observada a simplificação tituição. A filiação ao sindicato pode trazer algumas prer‑
do cumprimento das obrigações tributárias, decorrentes da rogativas que não são previstas em lei como, por exemplo,
relação de trabalho doméstico e suas peculiaridades. Em a utilização de serviços assistenciais (clubes de recreação,
outras palavras, podemos dizer que são direitos que depen‑ planos de saúde etc.), que são um atrativo à filiação.
dem de regulamentação específica, que levará em conta as O objetivo do sindicato é a defesa dos interesses da
características e peculiaridades da relação doméstica, que é categoria, razão pela qual, por exemplo, é obrigatória a parti‑
marcada por um grau de informalidade e pela simplicidade cipação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho.
do empregador, que não possui tanto aparato econômico e Essa defesa de direitos e interesses coletivos ou individuais da
burocrático quanto uma empresa. São eles: categoria envolve tanto questões judiciais quanto administra‑
• relação de emprego protegida contra a despedida ar‑ tivas. Na defesa no âmbito judicial, os sindicatos exercem o
bitrária ou sem justa causa, inclusive com indenização que se denomina direito de substituição processual, no qual
compensatória, dentre outros direitos; se defende em nome próprio direito alheio. A substituição
• seguro-desemprego, em caso de desemprego involun‑ processual é feita sem a necessidade de autorização de seus
tário; filiados ou dos integrantes da categoria.
• fundo de garantia do tempo de serviço; Quanto à substituição processual, cabe notar que se for‑
• remuneração do trabalho noturno superior à do diur‑ maram duas correntes. A primeira entendia que os sindicatos
no; poderiam defender interesses coletivos (supraindividuais)
• salário-família; e individuais homogêneos, mas não teria a capacidade de
Noções de Direito Constitucional

• assistência gratuita aos filhos e dependentes desde executar a sentença, papel que caberia individualmente aos
o nascimento até cinco anos de idade, em creches e beneficiados. A segunda corrente, mais ampliativa, defendia a
pré-escolas; possibilidade ampla de os sindicatos defenderem os interesses
• seguro contra acidentes do trabalho, a cargo do em‑ da categoria. No julgamento do RE nº 210.029‑STF, a Supre‑
pregador, sem excluir a indenização no caso de dolo ma Corte, em votação por maioria, definiu a prevalência em
ou culpa; nosso País da segunda corrente, findando, assim, a discussão
• integração à previdência social. a respeito da amplitude do art. 8º, III, da CF. De acordo com o
Supremo Tribunal Federal, o art. 8º, III, da CF, assegura ampla
Continuaram sem previsão o piso salarial, a participa‑ legitimidade ativa ad causam dos sindicatos como substitutos
ção nos lucros, jornada reduzida para turnos ininterruptos, processuais das categorias que representam na defesa de di‑
proteção do mercado de trabalho da mulher, adicional por reitos e interesses coletivos ou individuais de seus integrantes.
atividades penosas, insalubres ou perigosas, proteção em A contribuição confederativa/assistencial, destinada
face da automação, ação trabalhista com prazo prescricional à manutenção do sistema confederativo, será fixada em
de cinco anos, proibição de distinção entre trabalho manual, assembleia, tem incidência facultativa aos trabalhadores
técnico ou intelectual e igualdade entre trabalhador com da categoria e não se confunde com a contribuição sindical,

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fixada em lei e de pagamento obrigatório por todos aqueles III – fundo de garantia do tempo de serviço;
que integram a categoria. IV – salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unifica‑
Os aposentados têm direito de votar e serem votados nas do, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às
organizações sindicais. A Carta Maior traz ainda a estabilida‑ de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde,
de sindical, que significa que o empregado sindicalizado não lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com
pode ser dispensado a partir do registro da candidatura a reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,
cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se V – piso salarial proporcional à extensão e à complexi-
cometer falta grave. dade do trabalho93;
Por fim, note‑se que as disposições constitucionais VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em
acerca dos sindicatos também se aplicam à organização de convenção ou acordo coletivo94;
sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as VII – garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para
condições que a lei estabelecer. os que percebem remuneração variável;
VIII – décimo terceiro salário com base na remuneração
Considerações Finais integral ou no valor da aposentadoria;
A Constituição Federal de 1988 assegura aos trabalha- IX – remuneração do trabalho noturno superior à do
dores o direito de greve91, que não deve, no entanto, ser diurno;
confundido com o direito de greve dos servidores públicos, X – proteção do salário na forma da lei, constituindo
o qual possui fundamento em norma de eficácia limitada, crime sua retenção dolosa;
prescrita no art. 37, VII, da Constituição Federal. XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada
Essa prerrogativa deverá ser utilizada segundo a vontade da remuneração, e, excepcionalmente, participação na ges‑
dos trabalhadores, não sendo admitida a greve do empre‑ tão da empresa, conforme definido em lei;
gador, chamada lock out. Dessa forma, compete aos traba‑ XII – salário‑família pago em razão do dependente do
lhadores decidir sobre a oportunidade de exercer o direito trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
de greve e os interesses que devam por meio dele defender. XIII – duração do trabalho normal não superior a oito
A lei deve definir os serviços ou atividades essenciais, dis‑ horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a
pondo sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da compensação de horários e a redução da jornada, mediante
comunidade, bem como deve prever penalidades para o caso acordo ou convenção coletiva de trabalho;
de cometimento de abusos no exercício do direito de greve. XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado
Dispõe ainda o texto constitucional, que é assegurada em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação
a participação dos trabalhadores e dos empregadores nos coletiva;
colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses XV – repouso semanal remunerado, preferencialmente
profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão aos domingos95;
e deliberação. XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no
Finalizando o rol do Capítulo II do Título II, dispõe o texto mínimo, em cinquenta por cento à do normal;
constitucional que é assegurada, nas empresas com mais XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo me‑
de duzentos empregados, a eleição de um representante nos, um terço a mais do que o salário normal;
dos trabalhadores com a finalidade exclusiva de promover XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do
o entendimento direto com os empregadores. Seria assim, salário, com a duração de cento e vinte dias;
um verdadeiro representante eleito pelos empregados para XIX – licença‑paternidade, nos termos fixados em lei96;
a defesa de seus direitos junto ao empregador. Cabe ressal‑ XX – proteção do mercado de trabalho da mulher, me‑
var que isso não retira a obrigatoriedade da intervenção do diante incentivos específicos, nos termos da lei;
sindicato nas negociações coletivas de trabalho. XXI – aviso prévio proporcional ao tempo de serviço,
sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei97;
XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio
Dispositivos Constitucionais de normas de saúde, higiene e segurança;
XXIII – adicional de remuneração para as atividades pe‑
TÍTULO II nosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
Dos Direitos e Garantias Fundamentais XXIV – aposentadoria;
............................................................................................. XXV – assistência gratuita aos filhos e dependentes
CAPÍTULO II desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches
Dos Direitos Sociais e pré‑escolas98;
XXVI – reconhecimento das convenções e acordos cole‑
Noções de Direito Constitucional

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimen‑ tivos de trabalho;


tação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, XXVII – proteção em face da automação, na forma da lei;
a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Re- do empregador, sem excluir a indenização a que este está
dação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 15/9/2015) obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das relações
além de outros que visem à melhoria de sua condição social: de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os
I – relação de emprego protegida contra despedida trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos
arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei comple‑ após a extinção do contrato de trabalho;
mentar, que preverá indenização compensatória, dentre
outros direitos; 93
Funcab/MPE-RO/Técnico/Oficial de Diligências/2012.
II – seguro‑desemprego, em caso de desemprego in- Assunto cobrado na prova da Funcab/MPE-RO/Técnico/Oficial de Diligên‑
94

cias/2012.
voluntário92; 95
Funcab/MPE-RO/Técnico/Oficial de Diligências/2012.
96
Funcab/MPE-RO/Técnico/Oficial de Diligências/2012.
Assunto cobrado na prova do Cespe/Anac/Técnico Administrativo/2012.
91 97
Funcab/MPE-RO/Técnico/Oficial de Diligências/2012.
Funcab/MPE-RO/Técnico/Oficial de Diligências/2012.
92 98
Vunesp/TJ-SP/Escrevente Técnico Judiciário/2013.

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a) e b) (Revogadas pela Emenda Constitucional nº 28, Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores
de 25/5/2000) e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que
XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto
funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, de discussão e deliberação.
cor ou estado civil; Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados,
XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante é assegurada a eleição de um representante destes com a
a salário e critérios de admissão do trabalhador portador finalidade exclusiva de promover‑lhes o entendimento direto
de deficiência; com os empregadores.
XXXII – proibição de distinção entre trabalho manual,
técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos; Nacionalidade
XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou
insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a Nacionalidade é o laço de caráter político e jurídico que
menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, liga um indivíduo a um determinado Estado, de forma a
a partir de quatorze anos; qualificá‑lo como parte integrante do povo. Esse laço traz em
XXXIV – igualdade de direitos entre o trabalhador com si muitos direitos e muitos deveres àqueles que se enquadram
vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso. nos requisitos necessários à aquisição de uma nacionalidade.
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos traba‑
lhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, Origem da Nacionalidade
VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI,
XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas A nacionalidade pode ser adquirida por um critério terri‑
em lei e observada a simplificação do cumprimento das torial ou por critério hereditário. No primeiro caso, trata‑se
obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes do ius soli, hipótese na qual se adquire uma nacionalidade em
da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos virtude do nascimento dentro do território de determinado
nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua in‑ Estado. Por outro lado, a aquisição de uma nacionalidade
tegração à previdência social. (Redação dada pela Emenda pode decorrer da nacionalidade dos pais do indivíduo, caso
Constitucional nº 72, de 2013) em que teremos um direito transferido de maneira consan‑
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, ob‑ guínea, hereditária, o que a doutrina denomina ius sanguinis.
servado o seguinte: Na maioria dos países, os critérios utilizados para a con‑
I – a lei não poderá exigir autorização do Estado para cessão do vínculo da nacionalidade combinam os critérios
a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão consanguíneo e territorial, como no caso do Brasil, que
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a veremos à frente.
intervenção na organização sindical; Cabe notar que o Direito Constitucional tem um caráter
II – é vedada a criação de mais de uma organização histórico muito marcante, decorrente da evolução gradativa
sindical, em qualquer grau, representativa de categoria pro‑ nos negócios do Estado. Dessa maneira, conseguimos per‑
fissional ou econômica, na mesma base territorial, que será ceber fatores históricos que influenciam demasiadamente
definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, na adoção dos critérios de nacionalidade. Por exemplo,
não podendo ser inferior à área de um Município; em países que tiveram forte movimento emigratório ou
III – ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses que apresentam baixa densidade demográfica, percebe‑se
coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões uma tendência à adoção do critério do ius sanguinis (ex.:
judiciais ou administrativas; Itália e Japão). Em outros, porém, que recebem um grande
IV – a assembleia geral fixará a contribuição que, em se contingente de imigrantes ou que possuem alta densidade
tratando de categoria profissional, será descontada em folha, demográfica, nota‑se que o critério do ius soli ganha mais
para custeio do sistema confederativo da representação sindical força (ex.: Estados Unidos da América).
respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;
V – ninguém será obrigado a filiar‑se ou a manter‑se Espécies de Nacionalidade
filiado a sindicato;
VI – é obrigatória a participação dos sindicatos nas Destacam‑se duas espécies de nacionalidade: a primária
negociações coletivas de trabalho99; e a secundária. A primária ou originária é aquela que resulta
VII – o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado do nascimento, por mais que o reconhecimento somente
nas organizações sindicais; ocorra posteriormente. Em nosso país denominamos bra‑
VIII – é vedada a dispensa do empregado sindicalizado sileiro nato aquele que possui esse tipo de nacionalidade.
a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou A nacionalidade secundária, derivada ou adquirida, se forma
representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até após o nascimento do indivíduo, caso em que brasileiros são
Noções de Direito Constitucional

um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave denominados naturalizados.
nos termos da lei.
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam‑se à Polipátridas e Apátridas
organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores,
atendidas as condições que a lei estabelecer. É possível que uma pessoa possua mais de uma nacio-
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos nalidade. Trata‑se do polipátrida, indivíduo que adquire,
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê‑lo de forma primária ou de forma secundária, nacionalidades
e sobre os interesses que devam por meio dele defender. diversas, mantendo‑as100. No caso do Brasil, as hipóteses de
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e dupla (ou múltipla) nacionalidade estão prevista no art. 12,
disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis § 4º, II, que estudaremos a seguir.
da comunidade. Por sua vez, os apátridas, também chamados heimatlos,
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às não possuem qualquer nacionalidade. Tal situação ocorrerá,
penas da lei. por exemplo, no caso de os pais possuírem a nacionalidade
Cespe/CNJ/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2013.
99
Assunto cobrado na prova do Cespe/Anatel/Técnico Administrativo/2013.
100

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de um país que adota exclusivamente o critério do ius soli e Segundo o Supremo Tribunal Federal, a opção pela na‑
terem seu filho em um país que apenas aceita o ius sanguinis. cionalidade tem caráter personalíssimo (só pode ser exercida
A criança não possuirá a nacionalidade do país de origem pelo titular do direito), só podendo ser exercida quando o
de seus pais nem a nacionalidade do país em que nasceu. indivíduo adquirir a capacidade civil, ou seja, o menor não
O art. 15 da Declaração Universal dos Direitos Humanos pode ser representado ou assistido pelos pais para exercer
estatui que todos têm direito a uma nacionalidade e proíbe a opção. Assim sendo, depois de atingir a maioridade civil,
que as pessoas sejam privadas de sua nacionalidade ou que a opção passa a ser condição suspensiva da nacionalidade
sejam obrigados a mudar a nacionalidade de forma arbitrária. brasileira, isto é, o direito só vale a partir do implemento da
condição. O menor, antes da opção, é, portanto, brasileiro
Formas de Aquisição de Nacionalidade no Brasil nato, sendo que, após a maioridade, a opção passa a cons‑
tituir condição para a continuidade do vínculo do indivíduo
Primária (brasileiros natos) com o Brasil. A necessidade da maioridade para a realiza‑
A Constituição brasileira denominou natos aqueles ção da opção foi positivada pela Emenda Constitucional
brasileiros que adquirem a nacionalidade primária. A na- nº 54/2007, que inseriu, ainda, a possibilidade de registro
cionalidade primária pode ser estabelecida pelo ius soli em repartição brasileira no exterior.
(critério territorial), que é aquele determinado pelo local
de nascimento, ou pelo ius sanguinis (critério hereditário), Secundária
quando a aquisição se dá pela ascendência, ou seja, pelo
Existem duas formas de se adquirir a nacionalidade
sangue101.
brasileira, que estão previstas na Constituição Federal. Há
No Brasil os critérios de ius soli e ius sanguinis foram
outras hipóteses de naturalização, que são previstas em lei,
adotados de forma mesclada, de tal maneira que diversas
hipóteses descritas no texto constitucional envolvem ques‑ mas não possuem cunho constitucional, estando afetas à
tões territoriais e hereditárias ao mesmo tempo. matéria Direito Internacional Público. Deixaremos de tratar
das hipóteses legais, referindo‑nos apenas às hipóteses
São brasileiros natos: previstas expressamente no texto constitucional.
1º caso: São brasileiros naturalizados:
• nascidos no Brasil; 1º Caso (naturalização ordinária)
• excetuando‑se os filhos de pais estrangeiros a serviço • ser um estrangeiro originário de país de língua por-
de seu país de origem. tuguesa;
2º caso: • residir há pelo menos um ano, sem interrupção, no
• nascidos no estrangeiro, filho de pai ou mãe brasilei- Brasil;
ro (não importa se nato ou naturalizado), a serviço • possuir idoneidade moral, ou seja, ter uma conduta
do Brasil102. Por exemplo, o filho de uma diplomata moralmente correta perante a sociedade.105
brasileira a serviço do Brasil em Cuba. A utilização do 2º Caso (naturalização extraordinária)
termo ou deixa claro que basta que um dos genitores • ser estrangeiro, de qualquer nacionalidade;
esteja na situação descrita para que o filho receba a • residir no Brasil há pelo menos quinze anos, sem
nacionalidade brasileira. interrupção;
Ex.: conforme disposição da CF, será brasileiro nato • não possuir condenação penal;
o filho, nascido em Paris, de mulher alemã e de em- • requerer a naturalização.106
baixador brasileiro que esteja a serviço do governo
brasileiro naquela cidade quando do nascimento do O primeiro caso de naturalização depende de um ato
filho.103 discricionário do Presidente da República, enquanto o se‑
3º caso: gundo caso configura um direito subjetivo do estrangeiro,
• nascidos no estrangeiro, de pai ou mãe brasileiros, ficando o Estado brasileiro obrigado a concedê‑la caso todos
desde que: os requisitos estejam preenchidos. A concessão da naturali‑
– sejam registrados em repartição brasileira compe‑ zação, portanto, não está sujeita a juízo de conveniência da
tente; ou administração, sendo um ato vinculado.
– venham a residir na República Federativa do Brasil e Importante lembrar que a naturalização sempre depen‑
optem, em qualquer tempo, após atingida a maiorida‑ derá de requerimento do estrangeiro, não existindo mais
de, pela nacionalidade brasileira. A jurisprudência do previsão para a naturalização automática, como a grande
STF diz que, nesse caso, a nacionalidade é primária, naturalização que ocorreu no governo provisório do marechal
pois existe desde o nascimento, ficando apenas sujeita Deodoro da Fonseca (1889‑1891).
a uma condição para o seu implemento.
Noções de Direito Constitucional

O STF decidiu que o requerimento de naturalização


possui caráter meramente declaratório. O que isso traz de
A título de exemplo: Eulina, nascida em 18 de novembro
efeito prático? Na prática, isso leva ao entendimento de que
de 2011 no Brasil, é filha de cidadão espanhol e de cidadã
os efeitos da naturalização retroagem à data da solicitação.
croata que estavam passando suas férias em passeio turís-
Assim, um estrangeiro que possua os 15 anos de residência
tico no Piauí. Carmem, nascida em 22 de fevereiro de 2012
ininterrupta e não tenha sido condenado criminalmente,
na Grécia, é filha de cidadãos brasileiros que estavam a
serviço da República Federativa do Brasil no mencionado nos termos do art. 12, II, b, da CF, poderá ser investido em
país. Neste caso, Eulina e Carmem são brasileiras natas104. um cargo público, mesmo que sua posse tenha ocorrido
antes da naturalização, desde que ele já tenha solicitado a
101
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 10ª Região (DF e TO)/Técnico Judiciário/ nacionalidade brasileira.
Administrativo/2013.
102
Assunto cobrado nas seguintes provas: Esaf/MF/Assistente Técnico/Adminis‑
trativo/2012 e Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secretaria Nacional de
Defesa Civil/2012. 105
Assunto cobrado nas seguintes provas: Esaf/MF/Assistente Técnico/Adminis‑
103
Cespe/TJ-DF/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2013. trativo/2012 e Esaf/Ministério da Intergação Nacional/Secretaria Nacional de
104
FCC/Ministério Público do Estado do Amapá/Técnico Ministerial/Auxiliar Ad‑ Defesa Civil/2012.
ministrativo/2012. 106
Assunto cobrado na prova da Esaf/MF/Assistente Técnico/Administrativo/2012.

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Observação: aos portugueses residentes no Brasil • adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos em que
podem ser atribuídos os mesmos direitos reservados é admitida a dupla nacionalidade:
aos brasileiros naturalizados107. Tal instituto, chamado – concessão de nacionalidade estrangeira de forma
de quase nacionalidade (a ser estudado a seguir), não originária pela lei estrangeira, ou seja, o brasileiro não
pode ser confundido com a naturalização ordinária. tenha optado por adquiri‑la. Ainda que o brasileiro se
esforce por reconhecer essa nacionalidade, esse reco‑
107
nhecimento não pode ser confundido com pedido de
Quase Nacionalidade naturalização, já que se trata de nacionalidade originá‑
ria. Tal situação é muito comum com os descendentes
É possível que os portugueses possuam todas as prerro‑ de italianos, caso em que a nacionalidade italiana é
gativas dos brasileiros naturalizados, caso em que teremos a concedida pelo critério do ius sanguinis, tornando o
figura do português equiparado. Para obter um certificado de brasileiro um polipátrida.
equiparação, é necessário que o português venha a residir – exigência da aquisição da nacionalidade estrangeira
no Brasil e que haja reciprocidade em relação aos brasileiros para que o brasileiro exerça seus direitos civis no país
que venham a residir em Portugal. Não há, como se pode estrangeiro, ou para que permaneça no território desse
perceber, um prazo mínimo de residência e sequer critérios país.
quanto à índole do português que requer a naturalização.
Cabe ressaltar que a quase nacionalidade não é concedida Dispositivos Constitucionais
a todos aqueles que sejam oriundos de países que adotem
o idioma português como língua oficial, mas apenas àqueles TÍTULO II
que sejam oriundos da República de Portugal. Dos Direitos e Garantias Fundamentais
Nesse caso, não teremos um português naturalizado .............................................................................................
brasileiro, mas sim, um português que, mesmo sem se natu‑ CAPÍTULO III
ralizar, possui todos os direitos que são conferidos aos brasi‑ Da Nacionalidade
leiros naturalizados, bastando um certificado de equiparação.
Art. 12. São brasileiros:
Distinções entre Natos e Naturalizados I – natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda
Não poderá haver distinções entre brasileiros natos e na‑ que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a
turalizados, salvo nos casos previstos na Constituição, a saber: serviço de seu país112;
• possibilidade de extradição apenas dos brasileiros b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe
naturalizados (art. 5º, LI, da CF); brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da
• restrições quanto à propriedade de empresas de República Federativa do Brasil;
comunicação social para os brasileiros naturalizados, c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe
consistente na exigência de um mínimo de dez anos brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasi‑
de naturalização (art. 222 da CF); leira competente ou venham a residir na República Federativa
• previsão de cargos privativos de brasileiros natos do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a
(art. 12, § 3º, da CF). maioridade, pela nacionalidade brasileira;
II – naturalizados:
São cargos privativos, ou seja, reservados apenas aos a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade
brasileiros natos: brasileira, exigidas aos originários de países de língua
• Presidente e Vice‑Presidente da República108; portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e
• Presidente da Câmara dos Deputados109; idoneidade moral;
• Presidente do Senado Federal; b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes
• Ministro do Supremo Tribunal Federal110; na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos
• Carreira diplomática; ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram
• Oficial das Forças Armadas111; a nacionalidade brasileira.
• Ministro de Estado da Defesa; § 1º Aos portugueses com residência permanente no
• Membros do Conselho da República (art. 89, VII), que País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão
define a existência de seis brasileiros natos a serem atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos
indicados para esse Conselho. previstos nesta Constituição.
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasi‑
Perda da Nacionalidade
Noções de Direito Constitucional

leiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta


Constituição.
Perderá a nacionalidade o brasileiro que: § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
• tiver contra si sentença judicial que cancele a naturali‑ I – de Presidente e Vice‑Presidente da República;
zação, por haver o brasileiro cometido atividade nociva II – de Presidente da Câmara dos Deputados;
ao interesse nacional (não alcança os natos). III – de Presidente do Senado Federal;
IV – de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
107
Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secretaria Nacional de Defesa Ci‑
vil/2012. V – da carreira diplomática;
108
Assunto cobrado na prova da FCC/Ministério Público do Estado do Amapá/ VI – de oficial das Forças Armadas;
Técnico Ministerial/Auxiliar Administrativo/2012. VII – de Ministro de Estado da Defesa.
109
Assunto cobrado na prova da FCC/Ministério Público do Estado do Amapá/
Técnico Ministerial/Auxiliar Administrativo/2012. § 4º Será declarada a perda da nacionalidade do brasi‑
110
Assunto cobrado nas seguintes provas: Vunesp/TJ-SP/Escrevente Técnico Judi‑ leiro que:
ciário/2012; FCC/Ministério Público do Estado do Amapá/Técnico Ministerial/ I – tiver cancelada sua naturalização, por sentença judi‑
Auxiliar Administrativo/2012; Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secre‑
taria Nacional de Defesa Civil/2012 e Vunesp/Tribunal de Justiça-SP/Escrevente cial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
Técnico Judiciário/2010.
111
Vunesp/TJ-SP/Escrevente Técnico Judiciário/2012. Vunesp/TJ-SP/Escrevente Técnico Judiciário/2013.
112

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II – adquirir outra nacionalidade, salvo no casos: é que, naquele, o Estado realiza a consulta pública antes de
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela editar o ato, enquanto no referendo, o ato é instituído an‑
lei estrangeira; teriormente à consulta pública. Tanto no plebiscito quanto
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, no referendo a decisão popular é soberana.
ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição Um exemplo prático de plebiscito decorreu da previsão
para permanência em seu território ou para o exercício de contida no art. 2º do ADCT. Em tal dispositivo, havia a pre‑
direitos civis. visão de um plebiscito a ser realizado com a finalidade de
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da Repú‑ se estipular a forma de governo (república ou monarquia
blica Federativa do Brasil. constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a ou presidencialismo). Tal plebiscito, que fora previsto ini‑
bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. cialmente para o dia 7 de setembro de 1993, acabou sendo
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios pode‑ transferido para a data de 21 de abril de 1993 pela Emenda
rão ter símbolos próprios. Constitucional nº 2/1992.
Quanto ao referendo, podemos citar aquele realizado em
Direitos Políticos outubro de 2005, com a finalidade de decidir a respeito do
fim do comércio de armas e munição no Brasil.
Esta parte da Constituição prevê uma série de regras De acordo com o art. 49, XV, da Constituição, compete
destinadas a delimitar a forma de atuação do indivíduo nas exclusivamente ao Congresso Nacional, independentemente
decisões políticas do Estado. Aquele que se enquadra nos de sanção do Presidente da República, autorizar o referendo
requisitos impostos pela Constituição para atuar ativamente e convocar plebiscito. A Lei nº 9.709/1998 regulamentou o
na vida política do País recebe a denominação “cidadão”. exercício do referendo e do plebiscito, assim definindo os
A atuação política é um direito público subjetivo que institutos em seu art. 2º:
confirma a opção feita no parágrafo único do art. 1º da
Constituição Federal, de um regime político democrático, Art. 2º Plebiscito e referendo são consultas formu‑
no qual “o poder emana do povo, que o exerce por meio de ladas ao povo para que delibere sobre matéria de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta acentuada relevância, de natureza constitucional,
Constituição”. legislativa ou administrativa.
A participação indireta do povo no poder ocorre com a § 1º O plebiscito é convocado com anterioridade a
representação. Nesta, o representante exerce um mandato ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo,
e não fica vinculado à vontade dos representados. Além pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido
disso, o eleito não representa apenas os seus eleitores, mas submetido.
toda a população de um território. Desse modo, o mandato § 2º O referendo é convocado com posterioridade a
é considerado livre e geral.113 ato legislativo ou administrativo, cumprindo ao povo
a respectiva ratificação ou rejeição.
A soberania popular é exercida pelo sufrágio universal
e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos114.
A iniciativa popular de lei é uma forma de os cidadãos
Deve‑se ter muito cuidado com esses termos:
iniciarem um projeto de lei, que será votado pelo Congresso
• Sufrágio é o núcleo básico do direito político, que se
Nacional, pelas Assembleias Legislativas ou pelas Câmaras
exprime pela capacidade de atuar politicamente, vo‑
Municipais de Vereadores, conforme a iniciativa seja de ato
tando, sendo votado etc. O sufrágio aqui adotado é o
legislativo federal, estadual ou municipal, respectivamente.
universal, que garante a todos o direito do voto com
Cabe ressaltar que o termo “iniciativa popular” não é o mais
peso único, contrapondo‑se ao sufrágio censitário ou
adequado, pois não é qualquer um do povo que pode iniciar
capacitário, em que há critérios discriminatórios para
o processo legislativo, mas tão somente os cidadãos.
o acesso à cidadania.
Os requisitos para a iniciativa popular variam segundo a
• Voto representa o próprio exercício do poder decisório. esfera, conforme quadro abaixo:
O voto é direto, secreto e tem valor igual.
• Escrutínio é o modo de exercício do direito de voto.
Iniciativa popular
Segundo o art. 60, § 4º, o voto direto, secreto, universal Ato normativo requisitos
e periódico é cláusula pétrea, ou seja, algo que não pode Assinatura de 1% do eleitorado nacional,
ser extinto por meio de emenda constitucional. Cabe res‑ dividido em pelo menos cinco Estados,
saltar que não é cláusula pétrea o voto obrigatório, o que Federal sendo que em cada Estado deve ser re‑
nos leva a pensar que podemos, por meio de uma emenda colhida assinatura de 0,3% (três décimos
Noções de Direito Constitucional

constitucional, instituir o voto facultativo como regra. Voto por cento) do eleitorado estadual.
universal significa o fim do voto censitário ou capacitário,
Os requisitos devem ser definidos em lei
no qual apenas aqueles que tinham riquezas podiam votar. Estadual
Outras formas de exercício da soberania popular são o estadual.
plebiscito, o referendo e a iniciativa popular. Tais instrumen‑ Assinatura de 5% (cinco por cento) do
Municipal
tos se apresentam como emanações da democracia direta, eleitorado do Município.
aquela por meio da qual os cidadãos definem diretamente
suas pretensões, sem a intervenção de representantes. Capacidade Eleitoral Ativa
Tanto o plebiscito quanto o referendo são formas de
perguntar aos cidadãos o que eles pensam sobre determi‑ Para votar é necessário o alistamento eleitoral. O alis‑
nada opção política do Estado (lei ou ato administrativo a ser tamento eleitoral é um procedimento administrativo feito
adotado). Tais formas de consulta pública, porém, não são junto à Justiça Eleitoral e que irá permitir a aquisição dos
idênticas. A grande diferença entre o plebiscito e o referendo direitos políticos àquele que preencher os requisitos legais
para ser eleitor.
Cespe/TRE-BA/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2010.
113 É obrigado a se alistar e a votar o brasileiro que possua
FGV/Senado Federal/Técnico Legislativo/Administração/2012.
114 mais de dezoito anos.

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Podem ou não se alistar e votar, ou seja, possuem alis‑ rada a vida pregressa do candidato, e a normalidade
tamento e voto facultativo o analfabeto, o maior de setenta e legitimidade das eleições contra a influência do
anos e os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. poder econômico ou o abuso do exercício da função,
Cabe lembrar que tanto o alistamento eleitoral quanto o voto cargo ou emprego na administração direta e indireta.
são facultativos. Assim, um cidadão que se aliste aos dezessete
anos, ainda assim, mantém a sua opção de votar ou não. Esse papel é exercido pela Lei Complementar nº 64/1990.
Não podem se alistar, sendo considerados, portanto, Não é possível a criação de inelegibilidade por lei ordi‑
inalistáveis, os estrangeiros e, durante o serviço militar nária ou medida provisória. Não cabe à lei complementar
obrigatório, os militares conscritos115. a criação de inelegibilidades absolutas, papel reservado à
própria Constituição.
Capacidade Eleitoral Passiva – Condições de Há vários tipos de inelegibilidade:
Elegibilidade • absoluta: são impedimentos para a eleição em qual‑
quer cargo.
Para que um cidadão possa se candidatar é necessário São absolutamente inelegíveis os inalistáveis (como os
comprovar sua elegibilidade. Para tanto, são necessários estrangeiros e militares conscritos116) e os analfabetos.
alguns requisitos: O rol de inelegibilidades absolutas é taxativo, sendo
• Nacionalidade brasileira. A nacionalidade brasi­leira impossível o seu implemento por meio de lei.
nata só é exigível para a candidatura a Presidente da • relativa: não são impedimentos relativos à própria
República e Vice‑Presidente da República. Nos cargos pessoa, mas a uma condição circunstancial que restrin‑
de senador e deputado federal, a nacionalidade nata ge o exercício da capacidade eleitoral passiva no que
só é exigida do presidente da respectiva Casa. tange a certos cargos. A Constituição Federal admite
• Pleno exercício dos direitos políticos. Se o cidadão a criação de novas inelegibilidades relativas por meio
sofre uma suspensão ou perda dos direitos políticos, de lei complementar. Tratando dessas inelegibilidades
por exemplo, não está apto a ocupar um cargo público legais, temos a Lei Complementar nº 64/1990.
eletivo.
• Alistamento eleitoral. É possível o exercício isola­do da Inelegibilidades Relativas
capacidade eleitoral ativa, ou seja, é possível que uma O doutrinador Alexandre de Moraes, em seu Direito
pessoa possa votar sem ter capacidade de ser votado, Constitucional, sintetizou com grande clareza as possíveis
tal qual os analfabetos. Por outro lado, o exercício da inelegibilidades relativas. Ousamos, porém, em discordar
capacidade eleitoral passiva depende do alistamento quanto à suposta inelegibilidade relativa referente aos mi‑
como eleitor, de tal forma que não é possível ser votado litares. As regras distintas, aplicadas aos militares com mais
sem ter a capacidade de votar. ou com menos de dez anos de serviço, não são, em verdade,
• Domicílio eleitoral na circunscrição. O domicílio inelegibilidades, tendo em vista que não impedem de ne‑
eleitoral, que não se confunde com o domicílio civil, nhuma forma o exercício da capacidade eleitoral passiva por
é aquela região onde o cidadão se alista e mantém parte daquele que compõe as forças armadas ou as forças
algum vínculo. militares estaduais. Trata‑se, como veremos, de uma regra
• Filiação partidária. Não é permitida a candidatura funcional castrense, que somente definirá a possibilidade de
de candidato não filiado a partido político. Existem permanência do candidato nas forças armadas.
regras próprias para a candidatura daqueles que não A primeira inelegibilidade que encontramos é a inele‑
podem exercer atividade político‑partidária, tais como gibilidade por motivos funcionais. Nesse caso, temos que
os militares. os chefes do Poder Executivo federal, estadual, distrital e
• Idade mínima. A idade mínima será definida de acor‑ municipal e quem os houver sucedido ou substituído ao
do com o cargo que o candidato pretende ocupar. longo do mandato somente poderão ser reeleitos para um
Segundo o art. 11, § 2º, da Lei nº 9.504/1997, o preen‑ único período subsequente.
chimento desse requisito será verificado com base na Essa possibilidade foi inserida pela Emenda Constitucio‑
data da posse, não do registro da candidatura. Vejamos nal nº 16/1997, beneficiando o então Presidente da República,
quais são as idades relativas a cada cargo eletivo de Fernando Henrique Cardoso (1995‑1998 e 1999‑2002). Tam‑
nossa república: bém foi reeleito o Presidente da República Luiz Inácio Lula da
– trinta e cinco anos para Presidente da República, Silva (2003‑2006 e 2007‑2010). A experiência mostrou que
Vice‑Presidente da República e senador; há forte tendência de que o povo venha a preferir a estabi‑
– trinta anos para governador e vice‑governador; lidade, evitando a quebra do ciclo iniciado pelo Presidente
– vinte e um anos para deputado federal, estadual e da República em seu primeiro mandato. Essa tendência tam‑
distrital, prefeito, vice‑prefeito e juiz de paz; e bém pode ser verificada em outros países, como os Estados
Noções de Direito Constitucional

– dezoito anos para vereador. Unidos da América do Norte.


O que se proíbe não é o exercício de mais de dois man‑
Inelegibilidade datos, mas que se exerça mais de dois mandatos de forma
sucessiva. Nesse ponto, a Constituição brasileira se distingue
As inelegibilidades são condições impeditivas do exercício da Norte Americana, que proíbe que alguém exerça o car‑
da capacidade eleitoral passiva. A Constituição traz algumas go de Presidente da República mais de uma vez, de forma
hipóteses de inelegibilidade e prevê que uma lei complemen‑ sucessiva ou não.
tar deverá estabelecer A renúncia antes do término do mandato não retira a
vedação a um terceiro mandato sucessivo, já que, do con‑
outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua ces‑ trário, a norma poderia ser facilmente burlada, bastando
sação, a fim de proteger a probidade administrativa, que se renunciasse em períodos muito próximos ao fim
a moralidade para o exercício do mandato, conside‑ do mandato. Além disso, essa vedação também alcança as

Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-BA/Técnico Judiciário/Área Adminis‑


115
Assunto cobrado na prova do Cespe/TJ-DF/Técnico Judiciário/Área Administra‑
116

trativa/2010. tiva/2013.

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eleições previstas no art. 81 da CF, que são aquelas abertas para cargos no Município, os parentes do governador ficam
no caso de vacância dos cargos de Presidente da República e impedidos de se elegerem pelo próprio Estado e os paren‑
Vice‑Presidente da República antes do término do mandato. tes do Presidente da República não podem se eleger para
Também não é possível que o titular de dois mandatos qualquer cargo no território brasileiro. Já houve decisão do
presidenciais sucessivos venha a se candidatar a Vice‑Presi‑ TSE que estendeu esse impedimento não só para o cônjuge,
dente, ainda que realize a desincompatibilização, pois o vice mas também para o companheiro, ou seja, aquele a que se
substitui e sucede o presidente. Assim, teríamos a possibilidade une por meio de uma união estável. Interessante notar que
de um indivíduo exercer o cargo três vezes consecutivas. a união estável entre pessoas do mesmo sexo, denominada
Diferente é a situação do vice, que possui interessantes homoafetiva ou homossexual, também resulta em inelegi‑
posicionamentos jurisprudenciais. Vejamos: bilidade, equiparando‑se ao casamento para tais efeitos.
• O vice, reeleito ou não, pode se candidatar ao cargo do A desincompatibilização (afastamento do cargo nos
titular, mesmo se houver substituído o titular durante seis meses anteriores ao pleito) também traz reflexos para
o mandato. a inelegibilidade reflexa. Assim, de acordo com o entendi‑
• Se o vice houver substituído o titular nos últimos seis mento do Tribunal Superior Eleitoral, caso o titular do cargo
meses anteriores à eleição, poderá se candidatar ao eletivo executivo renuncie ao mandato seis meses antes das
cargo do titular, mas não poderá buscar, posterior‑ eleições, seus parentes e cônjuge (ou companheiro) poderão
mente, a reeleição. A substituição já terá contado se candidatar para cargos eletivos no mesmo território de
como um primeiro mandato. Essa mesma regra, com jurisdição.
maior razão, também é aplicada no caso de sucessão, Cabe, porém, uma ressalva no sentido de que o parente
a qualquer tempo. somente poderá ocupar o mesmo cargo preenchido pelo
• Se o vice desejar disputar cargo que não seja o do seu renunciante por uma vez consecutiva. Então, se João, pai de
respectivo titular, deverá obedecer à norma descrita Marília, é prefeito de uma cidade e realiza a desincompati‑
no art. 1º, § 2º, da LC nº 64/1990, que assim dispõe:
bilização, Marília somente poderá ocupar o cargo por um
mandato. Essa regra se mostra de extrema importância, pois
o Vice‑Presidente, o Vice‑Governador e o Vice‑Pre‑
feito poderão candidatar‑se a outros cargos, preser‑ considera os parentes como um único candidato, mesmo que
vando os seus mandatos respectivos, desde que, pela via reflexa, evitando assim a perpetuação de oligarquias
nos últimos 6 (seis) meses anteriores ao pleito, não no poder pela técnica do revezamento entre membros da
tenham sucedido ou substituído o titular. mesma família. A possibilidade de ocupar o cargo de chefe
do Poder Executivo não será concedida ao parente, porém,
• Se o vice houver sucedido o titular, ele ocupará de se o atual ocupante estiver no segundo mandato, caso em
forma plena esse cargo e, com isso, recebe também que, efetuada a desincompatibilização por um prefeito, por
todas as incompatibilidades. Dessa forma, caso queira exemplo, o parente fica elegível, não podendo, entretanto, se
se candidatar a cargo diverso, deverá proceder à de‑ candidatar ao cargo de prefeito, nem mesmo de vice‑prefeito,
sincompatibilização. em respeito ao art. 14, § 5º e 7º, da CF.
Dessa forma, se o renunciante ao mandato for o prefeito
Estes mesmos chefes do Executivo, caso queiram se ele‑ reeleito do Município de Cabrobró, sua companheira poderá
ger para outros cargos, deverão renunciar ao mandato seis se candidatar a deputada federal, mas não a prefeita do
meses antes das eleições. Esta norma não se aplica para o referido Município.
caso de reeleição para o mesmo cargo, em que é inexigível O Supremo Tribunal Federal decidiu que não subsiste a
tal afastamento. Essa renúncia é o que a doutrina chama de inelegibilidade se havia separação de fato do cônjuge antes
norma de desincompatibilização do chefe do Poder Execu‑ do início do mandato, já que o que a norma busca é evitar
tivo, já que tem a função de retirar uma incompatibilidade, o monopólio do poder político por grupos hegemônicos
evitando o uso da máquina pública para favorecimento do ligados por laços familiares. No caso concreto analisado
candidato. pela Suprema Corte, a separação de fato foi reconhecida na
O vice que deseja se candidatar ao cargo de titular não sentença que decidiu o pedido de divórcio.
tem obrigação de proceder à desincompatibilização. Outra inelegibilidade é a denominada inelegibilidade por
A renúncia ou licença para o exercício de outros cargos motivo de domicílio, que deriva da condição para exercício
pode ser requerida, mas não é obrigatória e nem gerará da cidadania passiva e envolve a exigência de que, na forma
inelegibilidade do renunciante. da lei, o requisito do domicílio eleitoral seja preenchido. As‑
O Vice‑Presidente, vice‑governador e vice‑prefeito po‑ sim sendo, a legislação eleitoral determina um prazo mínimo
derão concorrer para outros cargos sem a necessidade de
de domicílio na circunscrição eleitoral em que se pretende
renunciar, desde que nos seis meses antes das eleições não
concorrer. Isso acaba gerando um obstáculo ao cidadão que
Noções de Direito Constitucional

tenham sucedido ou substituído o titular.


deseja alterar seu domicílio para se candidatar em uma outra
Outra inelegibilidade relativa é aquela que aparece por
motivo de casamento, parentesco ou afinidade. No território circunscrição, por exemplo.
de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos Por fim, cabe registro de que as inelegibilidades e as
ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente condições de elegibilidade são aferidas ao tempo do registro
da República, de governador de Estado ou Território, do da candidatura.
Distrito Federal, de prefeito ou de quem os haja substituído
dentro dos seis meses anteriores não poderão ser eleitos. Partidos Políticos
No caso de reeleição do cônjuge ou parente, não há esse
impedimento, ou seja, se o cônjuge ou parente já é titular de Os partidos políticos podem ser livremente criados,
mandato eletivo e está concorrendo ao mesmo cargo, não fundidos, incorporados ou extintos, desde que se resguarde:
haverá tal impedimento, que é denominado inelegibilidade • a soberania nacional;
reflexa. • o regime democrático;
Como consequência de estar restrita à jurisdição do chefe • o pluripartidarismo;
do Executivo, os parentes do prefeito não podem se eleger • os direitos fundamentais da pessoa humana.

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Existem alguns preceitos que devem ser observados prevê o princípio da anterioridade da lei eleitoral, o que foi reco‑
pelos partidos políticos. São eles: nhecido pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADI
• caráter nacional117; nº 3.685/DF–STF, em que se entendeu que o § 1º do art. 17
• proibição de recebimento de recursos financeiros de alterava profundamente o processo eleitoral em nosso País,
entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação razão pela qual somente deve incidir sobre as eleições que
a estes118; ocorram após um ano da sua inserção no texto constitucional.
• prestação de contas à Justiça Eleitoral119;
• funcionamento parlamentar de acordo com a lei120. Dispositivos Constitucionais
Os partidos políticos são dotados de autonomia no que TÍTULO II
tange à sua estrutura interna. Os estatutos, que devem ser Dos Direitos e Garantias Fundamentais
registrados no Tribunal Superior Eleitoral após a aquisição da .............................................................................................
personalidade civil, devem estabelecer normas de fidelidade CAPÍTULO V
e disciplina partidárias. Dos Partidos Políticos
O Supremo Tribunal Federal entende que a fidelidade
partidária emana da Constituição e impede que os candi‑ Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção
datos eleitos venham a migrar de partido. Entendeu‑se que de partidos políticos, resguardados a soberania nacional,
o caráter partidário é particularmente verificado no sistema o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fun‑
proporcional e que a mudança de partido quebra um voto damentais da pessoa humana e observados os seguintes
de confiança que é dado pelo cidadão‑eleitor e gera uma re‑ preceitos:
lação desequilibrada de forças no parlamento. Ressaltou‑se, I – caráter nacional;
na hipótese, que não se tratava de impor sanções como as II – proibição de recebimento de recursos financeiros
descritas no art. 55 da Constituição Federal, mas de reco‑ de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação
nhecer que não há direito subjetivo a manter‑se no cargo, a estes;
que, em essência, pertence ao partido. Considera‑se, assim, III – prestação de contas à Justiça Eleitoral;
a desfiliação ou a transferência injustificada um ato culposo IV – funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
incompatível com a função representativa do ideário político § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para
responsável pelo ingresso do parlamentar na sua função definir sua estrutura interna, organização e funcionamento
representativa. e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas co‑
Ainda em relação à fidelidade partidária, entendeu a Su‑ ligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre
prema Corte que o reconhecimento da fidelidade partidária as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou
não implicava atividade legiferante do Poder Judiciário, mas
municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de
sim conferir a máxima efetividade das normas constitucio‑
disciplina e fidelidade partidária.
nais. Asseverou‑se, ainda, que não haveria nulidade nos atos
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade
praticados pelos parlamentares tidos por infiéis, tendo em
jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no
vista a aplicação da teoria do agente estatal de fato.
Tribunal Superior Eleitoral.
Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo
§ 3º Os partidos políticos têm direito a recursos do
partidário e a horários gratuitos na televisão e no rádio.
fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na
É proibida a formação de partidos políticos de caráter
forma da lei.
paramilitar. Aliás, toda forma de associação é proibida de
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de
possuir tal caráter. Uma associação de caráter paramilitar é
organização paramilitar.
aquela que se caracteriza, por exemplo, pelo uso de unifor‑
mes, patentes e palavras de ordem com fins militares.
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
Verticalização
Da Organização Político‑Administrativa
A Emenda Constitucional nº 52, de 8 de março de 2006,
acabou com o instituto denominado verticalização, ou Os Estados, enquanto agrupamentos humanos, estabe‑
seja, a obrigação de que as coligações de âmbito nacional lecidos em um certo território e sob um Poder Soberano,
encontrassem paralelo nas coligações feitas no âmbito es‑ podem ser divididos em Unitários e Compostos. São Unitá‑
tadual, municipal e distrital. Essa regra, apesar de constituir rios os Estados em que há apenas um ente com capacidade
importante norma de moralização do sistema partidário, política no território, embora se admita sua descentralização
impedindo a utilização do partido para efeitos eleitorais que
Noções de Direito Constitucional

administrativa. Já os Estados Compostos são aqueles que


subvertessem as diferentes ideologias por eles defendidas, comportam mais de um ente político, distinguindo‑se entre
limitava a atuação dos partidos, o que levou o Congresso Federados e Confederados, em razão do grau de autonomia
Nacional a promulgar a EC nº 52/2006, com a intenção de dos entes que os integram.
que ela tivesse validade para as eleições que ocorreriam no As diferenças principais entre as ditas modalidades de
mesmo ano. Estados Compostos são as seguintes:
A tentativa de fazer com que a verticalização já se extinguis‑ • instrumento que perfaz o vínculo: a federação é
se no ano de 2006 feria o art. 16 da Constituição Federal, que formada por uma Constituição, enquanto a confederação é
formada por um tratado internacional;
117
Assunto cobrado na prova da FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico • (in)dissolubilidade do vínculo: enquanto na federação
Judiciário/Área Administrativa/2010.
118
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/TJ-DF/Técnico Judiciário/Área é vedado o direito de separação (secessão), este é plenamen‑
Administrativa/2013 e FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico Judici‑ te acolhido na confederação;
ário/Área Administrativa/2010.
119
Assunto cobrado na prova da FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico
• na federação, os entes abrem mão de sua soberania,
Judiciário/Área Administrativa/2010. ou seja, de sua independência interna e externa, em favor
120
Assunto cobrado na prova da FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico do poder central para, juntando‑se aos demais, cada um
Judiciário/Área Administrativa/2010.

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preservar parcela de seu poder sob a forma de autonomia. Já autonomia. Deve ser destacado que entre os Estados e a
na confe­deração, os entes que a constituem são soberanos. União não há hierarquia, um não é superior ao outro como
Destaca‑se que o poder autônomo, ao contrário do soberano, costuma‑se pensar na visão de um leigo, estando, portanto,
fica limitado a um outro poder superior, como ocorre no no mesmo nível jurídico. A autonomia pode ser caracterizada
Brasil, com os Municípios e os Estados‑membros em relação pelo poder de auto‑organização, autogoverno, autoadmi‑
à nossa República Federativa. nistração e autolegislação, da qual decorre a autonomia
A forma federativa de Estado tem sua origem nos EUA, tributária, financeira e orçamentária, todos definidos pela
com a Constituição de 1787. Visando ao fortalecimento Constituição.
contra as frequentes ofensivas britânicas, cada um dos – auto‑organização e autolegislação: atribuição que tem
treze Estados Norte‑Americanos cedeu sua soberania para o Estado‑membro de elaborar sua própria constituição e sua
um órgão central, responsável pela unificação, formando legislação, delineando os contornos da organização política,
os Estados Unidos da América, como forma de fortalecer‑se por exemplo, quando a constituição de um Estado‑membro
contra as frequentes ofensivas britânicas. Ou seja, passou‑se cria uma Secretaria de Industrialização definindo e estimu‑
de uma Confederação à Federação, em um movimento, lando polos industriais;
chamado pela doutrina, de centrípeto (por agregação), de – autogoverno: significa a atribuição à sociedade local
fora para dentro, em que os Estados cedem parcela de sua de eleger seus próprios representantes;
soberania. Em contraposição, denomina‑se o movimento – autoadministração: capacidade de organizar a forma
centrífugo quando o Estado principal transfere aos entes em que serão prestados seus serviços, instituindo seus órgãos
menores certo nível de autonomia. e repartições, ao tempo em que delimita as atribuições de
É nesse panorama, de Estados Federados, que se en‑ seus agentes públicos;
quadra a República Federativa do Brasil, em que, como dito, – autonomia financeira e orçamentária: os Estados‑mem‑
um ente federado principal guarda soberania, enquanto as bros possuem fontes de arrecadação próprias, as quais ga‑
unidades federadas são autônomas entre si, conforme as rantem sua manutenção, com a competência de elaborar leis
regras previstas constitucionalmente, inclusive quanto aos orçamentárias próprias, prevendo suas receitas e despesas.
limites de competência material e legislativa. • Municípios: a Constituição Federal de 1988, inovadora‑
Isso significa que as unidades federadas são autônomas, mente, considerou os Municípios como componentes da es‑
mas não soberanas, ou seja, possuem capacidade política trutura federativa. Os municípios, que antes faziam parte dos
(elaboração de suas próprias leis pelo Poder Legislativo Estados, passam a possuir autonomia política, administrativa
próprio) sem, contudo, terem independência. É a chamada e financeira, em moldes similares ao dos Estados‑membros.
descentralização política, com pluralidade de entes políticos. • Distrito Federal: antes considerado uma mera descen‑
Não quer dizer que há um ente hierarquicamente superior tralização territorial, a Constituição Federal de 1988 elevou‑o
em face dos demais, mas, simplesmente, repartição de à qualidade de pessoa política, integrante da federação,
competências, dentro dos limites traçados pela Constituição detentor de auto‑organização, autogoverno, autolegislação
Federal. e autoadministração, embora sofra certas limitações (como a
Esses entes autônomos são dotados de auto‑organização organização e manutenção, pela União, do Poder Judiciário,
e normatização própria, ou seja, Legislativo próprio e estru‑ do Ministério Público, das Polícias Civil e Militar, além do
tura organizacional do Poder Executivo. Corpo de Bombeiros Militar). A competência legislativa do
No Federalismo clássico, ou dual, a repartição do poder DF abrange as atribuídas aos Estados e Municípios: o Poder
é rigidamente dividida entre a União (Poder Central) e os Legislativo é exercido pela Câmara Legislativa (espécie de
Estados (Poder Regional). No Federalismo contemporâneo, mistura entre Câmara Municipal e Assembleia Legislativa);
ou cooperativo, as entidades federativas compartilham par‑ o Poder Executivo, pelo governador. O Poder Judiciário do
cela das respectivas competências. No Brasil, o federalismo DF, assim como do Ministério Público do Distrito Federal e
apresenta‑se de forma peculiar, posto ser tricotômico, ou dos Territórios, faz parte dos respectivos entes da União. Há
seja, engloba três unidades federativas: a União (Poder ainda a peculiaridade de não poder ser o Distrito Federal
Central), os Estados (Poder Regional), o Distrito Federal e dividido em municípios.
os Municípios (Poder local). • Territórios: são descentralizações administrativas
A República Federativa do Brasil, portanto, tem sua ligadas à União. Não são pessoas políticas, possuindo ape‑
organização político‑administrativa composta pela União, nas capacidade administrativa. Não integram a federação.
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo como A CF/1988 transformou os territórios até então existentes
capital federal Brasília. em Estados, à exceção de Fernando de Noronha, que foi
Segundo a CF, a capital federal não é um ente autônomo reincorporado a Pernambuco.
da Federação121. A Constituição Federal de 1988 admitiu a incorporação
Noções de Direito Constitucional

Pode‑se sistematizar os entes políticos da seguinte forma: entre estados, sua subdivisão ou até seu desmembramento
• União: pessoa jurídica de direito público, sob uma
para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou
perspectiva interna, relativa às demais unidades federadas,
Territórios Federais, dependendo, para tanto, de plebiscito
e uma visão externa, em face dos Estados estrangeiros. In‑
da população diretamente interessada, e de Lei Comple-
ternamente, a União não apresenta nenhuma hierarquia ou
mentar a ser elaborada pelo Congresso Nacional122.
vantagem com os demais entes federativos, com igualdade
A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento
de deveres e prerrogativas. No âmbito externo, a União re‑
de Municípios, por sua vez, são estabelecidos mediante lei
presenta a República Federativa do Brasil, como se fosse um
estadual, dentro do período determinado por lei comple‑
Estado unitário, já que o direito internacional não reconhece
mentar federal, dependendo de consulta prévia, mediante
a personalidade jurídica dos Estados‑membros e Municípios
plebiscito, à população diretamente interessada, após divul‑
naquele âmbito.
gação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e
• Estados federados: são pessoas jurídicas de direito
publicados na forma da lei.
público como regiões autônomas, sem soberania, mas mera
Assunto cobrado na prova da FCC/Assembleia Legislativa- SP/Agente Legislativo
122

Cespe/PRF/Agente Administrativo/Classe A/Padrão I/2012.


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de Serviços Técnicos e Administrativos/2010.

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A título de exemplo: no ano de 2010, realizou-se no aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de
Município de Porto Velho, em Rondônia, uma consulta interesse público127;
plebiscitária sobre a criação do Município de Extrema II – recusar fé aos documentos públicos128;
de Rondônia, na região então conhecida como Ponta do III – criar distinções entre brasileiros ou preferências
Abunã, que abrange quatro distritos da capital do Estado. entre si129.
O resultado do plebiscito foi favorável à criação do novo Da União
Município. Considerada a disciplina constitucional da ma-
téria, devem ter sido divulgados Estudos de Viabilidade A Constituição Federal de 1988 traz expressamente os
Municipal, apresentados e publicados na forma da lei, bens considerados da União, constantes no seu art. 20 e
antes da realização do plebiscito, devendo a criação ser seguintes. Destaca‑se, apenas a título ilustrativo, aqueles
feita por lei estadual, dentro do período determinado por que são considerados de maior relevância. Logo em seguida,
Lei Complementar Federal.123 transcreve‑se a literalidade do dispositivo:
A Constituição Federal de 1988 ao passo em que esta‑
beleceu a estrutura e funcionamento dos entes federados, a) as terras devolutas, que são aquelas indispensáveis
retirou‑lhes certa autonomia no que tange à vedação aos en‑ à defesa das fronteiras, das fortificações e constru‑
tes federados de estabelecerem cultos religiosos ou criarem ções militares, das vias federais, de comunicação e à
igrejas, subvencioná‑los, ou embaraçar‑lhes o funcionamen‑ preservação ambiental, definidas em lei;
to, ou ainda, manter relações de dependência ou qualquer b) os lagos, rios e quaisquer correntes de água em
tipo de aliança, salvo, na forma da lei, de colaboração de terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um
interesse público. Também proibiu o estabelecimento de Estado, sirvam de limites com outros países, ou se
distinções entre brasileiros ou preferências entre si. estendam a território estrangeiro ou dele provenham,
Em síntese: especificou, no âmbito orgânico da ad‑ bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
ministração pública brasileira, o princípio do Estado laico c) as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com
(leigo), em que o Estado não se confunde com a Igreja, e outros países; as praias marítimas;
ainda o princípio da igualdade ao se referir à indispensável d) o mar territorial130;
necessidade de tratamento isonômico entre brasileiros que e) terrenos de marinha e seus acrescidos;
se apresentem nas mesmas condições. f) potenciais de energia hidráulica;
g) recursos minerais, inclusive os do subsolo;
Dispositivos Constitucionais h) cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueo­
lógicos e pré‑históricos;
TÍTULO III i) terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
Da Organização do Estado
TÍTULO III
CAPÍTULO I Da Organização do Estado
Da Organização Político-Administrativa .............................................................................................
CAPÍTULO II
Art. 18. A organização político‑administrativa da Repú­ Da União
blica Federativa do Brasil compreende a União, os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos Art. 20. São bens da União:
termos desta Constituição124. I – os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem
§ 1º Brasília é a Capital Federal. a ser atribuídos;
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua II – as terras devolutas indispensáveis à defesa das frontei‑
criação, transformação em Estado ou reintegração ao ras, das fortificações e construções militares, das vias federais
Estado de origem serão reguladas em lei complementar125. de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;
§ 3º Os Estados podem incorporar‑se entre si, subdivi- III – os lagos, rios e quaisquer correntes de água em
dir‑se ou desmembrar‑se para se anexarem a outros, ou terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Es‑
formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante tado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam
aprovação da população diretamente interessada, através a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os
de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complemen- terrenos marginais e as praias fluviais;
tar126. IV – as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmem‑ outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as
bramento de Municípios, far‑se‑ão por lei estadual, dentro costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de
Noções de Direito Constitucional

do período determinado por Lei Complementar Federal, Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público
e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II;
populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos V – os recursos naturais da plataforma continental e da
Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados zona econômica exclusiva;
na forma da lei. VI – o mar territorial;
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Fede‑ VII – os terrenos de marinha e seus acrescidos;
ral e aos Municípios: VIII – os potenciais de energia hidráulica;
I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencio- IX – os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
ná‑los, embaraçar‑lhes o funcionamento ou manter com
eles ou seus representantes relações de dependência ou 127
Esaf/MF/Assistente Técnico/Administrativo/2012.
128
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/Ancine/Técnico Administra‑
tivo/2012 e Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secretaria Nacional de
123
FCC/TJRJ/Técnico de Atividade Judiciária/2012. Defesa Civil/2012.
124
Assunto cobrado na prova da Esaf/MF/Assistente Técnico/Administrativo/2012. 129
Esaf/MF/Assistente Técnico/Administrativo/2012.
125
Esaf/MF/Assistente Técnico/Administrativo/2012. 130
Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secretaria Nacional de Defesa Ci‑
126
Esaf/MF/Assistente Técnico/Administrativo/2012. vil/2012.

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X – as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueo‑ A competência material pode ser exclusiva ou comum,
lógicos e pré‑históricos; enquanto que a competência legislativa pode ser privativa,
XI – as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. concorrente, suplementar e residual.
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, A competência exclusiva está descrita no art. 21 da
ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da Constituição Federal de 1988 e pertence à União, sem ne‑
administração direta da União, participação no resultado da nhuma possibilidade de delegação para os Estados e para os
exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos Municípios. Ela é material ou administrativa. Caracteriza‑se
para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos por ser de grande vulto, de valor mais elevado (construção
minerais no respectivo território, plataforma continental, mar de rodovias federais, exploração de aeroportos etc.) ou ati‑
territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação vidades administrativas que exigem uniformidade em todo
financeira por essa exploração. o território brasileiro (emitir moeda, serviço postal etc.).
§ 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de A Constituição Federal também outorgou algumas com‑
largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como petências exclusivas a outros entes fe­derativos, por exemplo,
faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa a competência exclusiva dos Estados‑membros (art. 25, § 1º)
do território nacional, e sua ocupação e utilização serão e a competência exclusiva dos Municípios (art. 30, I, da CF).
reguladas em lei. Esse tipo de competência caracteriza‑se pela impossibilidade
de delegação, ou o exercício de competência suplementar
Competência ou complementar.
São competências exclusivas da União, ou seja, compe‑
A forma federativa de Estado tem como uma de suas tências materiais ou administrativas (art. 21 da CF):
principais características a repartição de competências entre
os entes federados que a compõem. Art. 21. Compete à União:
Pode‑se dizer que a competência é o conjunto de atribui‑ I – manter relações com Estados estrangeiros e par‑
ções traçadas pela Constituição que respaldam a autonomia ticipar de organizações internacionais;
da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. II – declarar a guerra e celebrar a paz;
A divisão da competência estabelece a repartição de III – assegurar a defesa nacional;
funções para que os entes federativos realizem as atribuições
IV – permitir, nos casos previstos em lei complemen‑
públicas de forma harmoniosa, com o objetivo de se alcançar
tar, que forças estrangeiras transitem pelo território
maior eficiência.
nacional ou nele permaneçam temporariamente;
A dificuldade que pode surgir é em relação ao critério de
V – decretar o estado de sítio, o estado de defesa e
repartição da competência, ou seja, qual o ente federativo
a intervenção federal;
tem exclusividade ou predominância na matéria. Tem‑se
como regra geral: se o interesse for predominantemente VI – autorizar e fiscalizar a produção e o comércio
nacional, cabe à União; se for estadual, ao Estado; se for de material bélico;
municipal, ao Município; o Distrito Federal, por sua vez, VII – emitir moeda;
acumula a competência estadual e municipal. Todos atuam VIII – administrar as reservas cambiais do País e
na conjugação de esforços para a realização do bem comum. fiscalizar as operações de natureza financeira, espe‑
Na verdade, o critério é essencialmente político, partin‑ cialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem
do‑se do pressuposto de que as matérias que necessitam de como as de seguros e de previdência privada;
maiores recursos financeiros ou de uniformidade legislativa IX – elaborar e executar planos nacionais e regionais
na federação devem ficar ao encargo da União. de ordenação do território e de desenvolvimento
A Constituição Federal de 1988, formalmente, tentou econômico e social;
implantar um federalismo cooperativo, segundo o qual X – manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
os entes federativos teriam atribuições, em certa medida XI – explorar, diretamente ou mediante autorização,
isonômica, construindo‑se a prestação eficiente de serviços concessão ou permissão, os serviços de telecomuni‑
públicos cada um na medida de suas atribuições políticas. cações, nos termos da lei, que disporá sobre a organi‑
Acontece, entretanto, que, na prática, o federalismo brasi‑ zação dos serviços, a criação de um órgão regulador
leiro é centrípeto, havendo uma concentração de funções e e outros aspectos institucionais;
prerrogativas a cargo da União. XII – explorar, diretamente ou mediante autorização,
A Constituição Federal estabeleceu sistema de reparti- concessão ou permissão:
ção de competências entre os entes político-administrativos a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e
que combina competências exclusivas, privativas e princi- imagens;
Noções de Direito Constitucional

piológicas com competências comuns e concorrentes, com b) os serviços e instalações de energia elétrica e o
vistas ao equilíbrio federativo.131 aproveitamento energético dos cursos de água, em
As competências constitucionais podem ser classificadas articulação com os Estados onde se situam os poten‑
como atividades administrativas (materiais), legislativas ciais hidroenergéticos;
(formais) e tributárias. As primeiras caracterizam‑se pela c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura
organização de serviços, na realização de uma obra, na aeroportuária;
proteção de um bem, entre outras atividades desenvolvidas d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário
pelo Poder Executivo. As segundas são caracte­rizadas pela entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou
confecção de normas que regulamentará um objeto espe‑ que transponham os limites de Estado ou Território;
cífico. A competência tributária, por sua vez, caracteriza‑se e) os serviços de transporte rodoviário interestadual
pela conjugação dos dois postulados: material, na medida em e internacional de passageiros;
que arrecada tributos e, ainda, legislativo, quando elabora f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
normas de fiscalização e arrecadação de tributos. XIII – organizar e manter o Poder Judiciário, o Minis‑
tério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a
Cespe/TJ-RO/Técnico Judiciário2012.
131 Defensoria Pública dos Territórios;

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XIV – organizar e manter a polícia civil, a polícia I – direito civil, comercial, penal, processual, elei‑
militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito toral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do
Federal, bem como prestar assistência financeira trabalho;
ao Distrito Federal para a execução de serviços II – desapropriação;
públicos, por meio de fundo próprio132; III – requisições civis e militares, em caso de iminente
XV – organizar e manter os serviços oficiais de esta‑ perigo e em tempo de guerra;
tística, geografia, geologia e cartografia de âmbito IV – águas, energia, informática, telecomunicações
nacional; e radiodifusão;
XVI – exercer a classificação, para efeito indicativo, V – serviço postal;
de diversões públicas e de programas de rádio e VI – sistema monetário e de medidas, títulos e ga‑
televisão; rantias dos metais;
XVII – conceder anistia; VII – política de crédito, câmbio, seguros e transfe‑
XVIII – planejar e promover a defesa permanente rência de valores;
contra as calamidades públicas, especialmente as VIII – comércio exterior e interestadual;
secas e as inundações133; IX – diretrizes da política nacional de transportes;
XIX – instituir sistema nacional de gerenciamento X – regime dos portos, navegação lacustre, fluvial,
de recursos hídricos e definir critérios de outorga de marítima, aérea e aeroespacial135;
direitos de seu uso; XI – trânsito e transporte;
XX – instituir diretrizes para o desenvolvimento XII – jazidas, minas, outros recursos minerais e me‑
urbano, inclusive habitação, saneamento básico e talurgia;
transportes urbanos; XIII – nacionalidade, cidadania e naturalização;
XXI – estabelecer princípios e diretrizes para o siste‑ XIV – populações indígenas;
ma nacional de viação; XV – emigração e imigração, entrada, extradição e
XXII – executar os serviços de polícia marítima, aero‑ expulsão de estrangeiros;
portuária e de fronteiras; XVI – organização do sistema nacional de emprego e
XXIII – explorar os serviços e instalações nucleares de condições para o exercício de profissões;
qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre XVII – organização judiciária, do Ministério Público
a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessa‑ do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria
mento, a industrialização e o comércio de minérios Pública dos Territórios, bem como organização ad‑
nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes ministrativa destes;
princípios e condições: XVIII – sistema estatístico, sistema cartográfico e de
a) toda atividade nuclear em território nacional so‑ geologia nacionais136;
mente será admitida para fins pacíficos e mediante XIX – sistemas de poupança, captação e garantia da
aprovação do Congresso Nacional; poupança popular;
b) sob regime de permissão, são autorizadas a co‑ XX – sistemas de consórcios e sorteios;
mercialização e a utilização de radioisótopos para XXI – normas gerais de organização, efetivos, mate‑
a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais; rial bélico, garantias, convocação e mobilização das
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produ‑ polícias militares e corpos de bombeiros militares;
ção, comercialização e utilização de radioisótopos de XXII – competência da polícia federal e das polícias
meia‑vida igual ou inferior a duas horas; rodoviária e ferroviária federais;
d) a responsabilidade civil por danos nucleares inde‑ XXIII – seguridade social;
pende da existência de culpa; XXIV – diretrizes e bases da educação nacional;
XXIV – organizar, manter e executar a inspeção do XXV – registros públicos;
trabalho; XXVI – atividades nucleares de qualquer natureza;
XXV – estabelecer as áreas e as condições para o XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em
exercício da atividade de garimpagem, em forma todas as modalidades, para as administrações pú‑
associativa134. blicas diretas, autárquicas e fundacionais da União,
Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o
Perceba‑se que o mais importante é entender que o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas
art. 21, anteriormente transcrito, trata de uma atividade e sociedades de economia mista, nos termos do
art. 173, § 1º, III; (Redação dada pela Emenda Cons-
material, ou seja, um fazer do Estado, no caso da União.
titucional nº 19, de 1998)
A competência privativa é a chamada legislativa, que
XXVIII – defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa
Noções de Direito Constitucional

pertence a um ente federativo, mas que pode ser delegada


marítima, defesa civil e mobilização nacional137;
a outro. As competências privativas estabelecidas no art. 22
XXIX – propaganda comercial.
da Constituição Federal pertencem à União, mas podem ser
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar
delegadas para os Estados‑membros e para o Distrito Federal,
os Estados a legislar sobre questões específicas das
por intermédio de Lei Complementar, a depender de sua con‑
matérias relacionadas neste artigo138.
veniência política em transferir as atribuições enumeradas
neste dispositivo a outro ente federado.
A competência comum consiste na competência mate‑
rial conferida aos entes federados: União, Estados, Distrito
Art. 22. Compete privativamente à União legislar
sobre: 135
Cespe/Câmara dos Deputados/Técnico Legislativo/Técnico em Radiologia/2012.
136
Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secretaria Nacional de Defesa Ci‑
vil/2012.
132
Assunto cobrado na prova da Esaf/ Ministério da Integração Nacional/Secretaria 137
Assunto cobrado na prova da Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secretaria
Nacional de Defesa Civil/2012. Nacional de Defesa Civil/2012.
133
Assunto cobrado nas seguintes provas: Esaf/Ministério da Integração Nacional/ 138
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/PRF/Agente Administrativo/
Secretaria Nacional de Defesa Civil/2012. Classe A/Padrão I/2012 e Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secretaria
134
FCC/Assembleia Legislativa-SP/Agente Técnico Legislativo/2010. Nacional de Defesa Civil/2012.

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Federal e Municípios. Refere‑se às atividades de prestação há uma omissão da União em produzir a legislação geral,
de um serviço, como a assistência à saúde, as medidas de possibilitando que os Estados possam elaborar normas
acesso à cultura, educação e ciência, entre outros. Consistem gerais e específicas acerca dos temas constantes do art. 24
em um fazer por parte do ente federativo. da Constituição Federal. Não é necessária uma delegação
expressa da União para se transmitir o poder de legislar de
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, forma suplementar, pois a simples ausência de norma geral
do Distrito Federal e dos Municípios: da União faz com que haja o imediato poder de confecção
I – zelar pela guarda da Constituição, das leis e das das normas pelos Estados‑membros.
instituições democráticas e conservar o patrimônio Na competência concorrente suplementar, voltando a
público; União a legislar sobre assuntos gerais, as normas produzidas
II – cuidar da saúde e assistência pública, da proteção pelos Estados que estiverem em colisão com as normas da
e garantia das pessoas portadoras de deficiência; União serão suspensas do ordenamento jurídico.
III – proteger os documentos, as obras e outros
bens de valor histórico, artístico e cultural, os mo‑ Atenção! Aqui se trata de suspensão da norma, e não de
numentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios revogação, o que implica retorno de eficácia da norma
arqueológicos; estadual anterior, se revogada a norma federal posterior.
IV – impedir a evasão, a destruição e a descaracte‑
A razão desse fato deve‑se ao federalismo, que impos‑
rização de obras de arte e de outros bens de valor
sibilita a União de revogar uma norma produzida pelo
histórico, artístico ou cultural;
outro ente federado. Note‑se que os Estados‑membros e
V – proporcionar os meios de acesso à cultura, à
o Distrito Federal não poderão produzir normas contrárias
educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à
à norma geral que foi elaborada pela União.
inovação; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 85/2015)
VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito
em qualquer de suas formas; Federal legislar concorrentemente sobre:
VII – preservar as florestas, a fauna e a flora139; I – direito tributário, financeiro, penitenciário140,
VIII – fomentar a produção agropecuária e organizar econômico e urbanístico;
o abastecimento alimentar; II – orçamento;
IX – promover programas de construção de mora‑ III – juntas comerciais;
dias e a melhoria das condições habitacionais e de IV – custas dos serviços forenses;
saneamento básico; V – produção e consumo;
X – combater as causas da pobreza e os fatores de VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservação da
marginalização, promovendo a integração social dos natureza, defesa do solo e dos recursos naturais,
setores desfavorecidos; proteção do meio ambiente e controle da poluição;
XI – registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões VII – proteção ao patrimônio histórico, cultural, ar‑
de direitos de pesquisa e exploração de recursos tístico, turístico e paisagístico;
hídricos e minerais em seus territórios; VIII – responsabilidade por dano ao meio ambiente,
XII – estabelecer e implantar política de educação
ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico,
para a segurança do trânsito.
estético, histórico, turístico e paisagístico;
Parágrafo único. Leis complementares fixarão nor‑
IX – educação, cultura141, ensino, desporto, ciência,
mas para a cooperação entre a União e os Estados,
tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação;
o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o
equilíbrio do desenvolvimento e do bem‑estar em (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85/2015)
âmbito nacional. X – criação, funcionamento e processo do juizado de
pequenas causas;
Por fim, a Constituição Federal estabelece a competência XI – procedimentos em matéria processual;
concorrente para legislar acerca das matérias enumeradas XII – previdência social, proteção e defesa da saúde;
no art. 24, entre as quais podem‑se destacar as matérias XIII – assistência jurídica e Defensoria pública142;
de direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico, XIV – proteção e integração social das pessoas por‑
urbanístico, orçamento, produção e consumo, entre outras. tadoras de deficiência;
Compete aos entes federados legislar sobre as referidas XV – proteção à infância e à juventude;
matérias, podendo‑se dizer que dois entes federativos atuam XVI – organização, garantias, direitos e deveres das
em um mesmo campo de incidência, normatizando a mesma polícias civis.
Noções de Direito Constitucional

matéria, mas com atribuições distintas. De fato, a União tem § 1º No âmbito da legislação concorrente, a competên‑
a competência para legislar normas gerais, enquanto que os cia da União limitar‑se‑á a estabelecer normas gerais.
Estados‑membros e Distrito Federal legislam sobre questões § 2º A competência da União para legislar sobre
específicas. É o chamado modelo vertical de competência. normas gerais não exclui a competência suplemen-
É importante destacar que a União não pode elaborar a tar dos Estados143.
norma geral de forma exaustiva, devendo deixar uma zona § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais,
para atuação das normas específicas, no sentido de que os os Estados exercerão a competência legislativa
Estados‑membros possam adequar as normas gerais às suas plena, para atender a suas pe­culiaridades144.
realidades regionais. 140
Assunto cobrado na prova do Cespe/CNJ/Técnico Judiciário/Área Administra‑
A norma específica pode ser complementar ou suple- tiva/2013.
mentar: complementar é quando os Estados‑membros ou o 141
Assunto cobrado na prova do Cespe/Ancine/Técnico Administrativo/2012.
Distrito Federal produzem normatizações para especificar a FCC/Assembleia Legislativa-SP/Agente Técnico Legislativo/2010.
142
143
FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico Judiciário/Área Administrati‑
legislação geral da União, enquanto é suplementar quando va/2010.
144
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 9ª Região (PR)/Técnico Ju‑
diciário/Área Administrativa/2013 e FCC/Assembleia Legislativa-SP/Agente
Assunto cobrado na prova do Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2013.
139
Técnico Legislativo/Direito/2010.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas lizado, na forma da lei, vedada a edição de medida
gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que provisória para a sua regulamentação145.
lhe for contrário. § 3º Os Estados poderão, mediante lei comple-
mentar146, instituir regiões metropolitanas, aglo-
Por fim, faz‑se referência à competência residual, merações urbanas e microrregiões, constituídas
que consiste, como regra geral, na permissão dada aos por agrupamentos de municípios limítrofes, para
Estados‑membros e ao DF de legislarem sobre todos os as‑ integrar a organização, o planejamento e a execução
suntos que não tenham sido vedados ou não especificados de funções públicas de interesse comum147.
pela Constituição Federal, em síntese, tudo aquilo que não Art. 26. Incluem‑se entre os bens dos Estados:
está discriminado após a enumeração de competência para I – as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes,
os entes federados. emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso,
Art. 25. Os Estados organizam‑se e regem‑se pelas na forma da lei, as decorrentes de obras da União148;
Constituições e leis que adotarem, observados os II – as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que esti‑
princípios desta Constituição. verem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio
§ 1º São reservadas aos Estados as competências da União, Municípios ou terceiros;
que não lhes sejam vedadas por esta Constituição. III – as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à
União;
Os municípios, como entes autônomos que são, mesmo IV – as terras devolutas não compreendidas entre
as da União.
inseridos geograficamente no âmbito dos Estados‑membros
têm, de forma geral, a competência referente a assuntos de
A organização político‑administrativa dos Estados‑mem‑
interesse local.
bros segue, por simetria, a estrutura da União, diferencian‑
do‑se em questões pontuais que a Constituição Federal faz
Art. 30. Compete aos Municípios: expressa menção, como no caso do número de deputados
I – legislar sobre assuntos de interesse local; que irão compor a Assembleia Legislativa. Vejamos o que
II – suplementar a legislação federal e a estadual no diz o caput do art. 27.
que couber;
III – instituir e arrecadar os tributos de sua compe‑ Art. 27. O número de Deputados à Assembleia Le-
tência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo gislativa corresponderá ao triplo da representação
da obrigatoriedade de prestar contas e publicar do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o
balancetes nos prazos fixados em lei; número de trinta e seis, será acrescido de tantos
IV – criar, organizar e suprimir distritos, observada a quantos forem os Deputados Federais acima de
legislação estadual; doze149.
V – organizar e prestar, diretamente ou sob regime
de concessão ou permissão, os serviços públicos de Por exemplo: um Estado com oito deputados federais terá
interesse local, incluído o de transporte coletivo, que vinte e quatro deputados estaduais. Com doze, terá trinta e
tem caráter essencial; seis deputados federais. Com vinte deputados federais, terá
VI – manter, com a cooperação técnica e financeira quarenta e quatro deputados estaduais (36 + 8).
da União e do Estado, programas de educação infantil O mandato dos deputados estaduais será de quatro anos,
e de ensino fundamental; aplicando, como dito, o paralelismo em relação à configu‑
VII – prestar, com a cooperação técnica e financeira ração no âmbito da União, respeitando o sistema eleitoral,
da União e do Estado, serviços de atendimento à a inviolabilidade, as imunidades, a remuneração, a perda
saúde da população; de mandato, a licença, os impedimentos e a incorporação
VIII – promover, no que couber, adequado ordena‑ às Forças Armadas.
mento territorial, mediante planejamento e controle
do uso, do parcelamento e da ocupação do solo Art. 27. O número de Deputados à Assembleia Le‑
urbano; gislativa corresponderá ao triplo da representação
IX – promover a proteção do patrimônio históri‑ do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o
co‑cultural local, observada a legislação e a ação número de trinta e seis, será acrescido de tantos
fiscalizadora federal e estadual. quantos forem os Deputados Federais acima de doze.
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados
Estaduais, aplicando‑sê‑lhes as regras desta Consti‑
Estados‑Membros
Noções de Direito Constitucional

tuição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imu‑


nidades, remuneração, perda de mandato, licença,
Os Estados‑membros podem ainda, como decorrência impedimentos e incorporação às Forças Armadas.
natural do federalismo adotado pela Constituição Fe­deral,
respeitados seus limites territoriais, estruturar sua organi‑
zação administrativa. A Constituição Federal faz referência
145
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário/Área Ad‑
expressa aos bens dos Estados‑membros. ministrativa/2010 e FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico Judiciário/
Área Administrativa/2010.
Art. 25. Os Estados organizam‑se e regem‑se pelas 146
Assunto cobrado na prova da FCC/MPPE/Técnico Ministerial/Área Administra‑
tiva/2012.
Constituições e leis que adotarem, observados os 147
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário/Área Administra‑
princípios desta Constituição. tiva/2010.
148
Assunto cobrado nas seguintes provas: Esaf/DNIT/Técnico Administrativo/2013,
§ 1º São reservadas aos Estados as competências FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2010 e FCC/Tribunal Re‑
que não lhes sejam vedadas por esta Constituição. gional Eleitoral do Acre/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2010.
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou 149
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário/Área Ad‑
ministrativa/2010 e FCC/Assembleia Legislativa-SP/Agente Técnico Legislativo/
mediante concessão, os serviços locais de gás cana- Direito/2010.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Os deputados estaduais recebem remuneração definida indireta, ressalvada a posse em virtude de concurso público
por meio de lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, sendo e observado o disposto no art. 38, I, IV e V.
denominada subsídio. Este tipo de remuneração é fixada em § 2º Os subsídios do Governador, do Vice‑Governador e
parcela única, extinguindo as gratificações, auxílios ou qual‑ dos Secretários de Estado serão fixados por lei de iniciativa da
quer outra parcela remuneratória, salvo os casos de verbas Assembleia Legislativa, observado o que dispõem os arts. 37,
indenizatórias, as quais não possuem natureza salarial, mas, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
de ressarcimento de despesas efetuadas, como, por exemplo,
o caso de indenização transporte, moradia etc. Municípios
Art. 39. [...] O Município é regido por lei orgânica, diferentemente
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato ele‑ dos Estados‑membros, que possuem Constituição Estadual.
tivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais Diz‑se lei orgânica porque o Estado‑federado brasileiro
e Municipais serão remunerados exclusivamente por é fragmentado em unidades federativas (União, Estados,
subsídio fixado em parcela única, vedado o acrés- Municípios e DF), restando apenas a competência relacio‑
cimo de qualquer gratificação, adicional, abono, nada ao interesse local, a ser disciplinado pelos Municípios,
prêmio, verba de representação ou outra espécie inclusive porque os mesmos devem obedecer, por simetria,
remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o dis‑ a estrutura organizacional da União e Estados‑membros.
posto no art. 37, X e XI. Os municípios contam com os Poderes Legislativo e Exe-
cutivo, com cargos para os quais há eleição, na qual votam
Importante destacar que a Emenda Constitucional seus eleitores, mas não com Poder Judiciário próprio152.
nº 50/2006 vedou o pagamento de parcela indenizatória em O prefeito, vice‑prefeito e vereadores são eleitos para
caso de convocação para sessão legislativa extraordinária.
mandatos de quatro anos, em pleito direto e simultâneo
Esse subsídio corresponde a 75% (setenta e cinco por
em todo o País.
cento) do subsídio estabelecido, em espécie, para os depu‑
O número de vereadores é proporcional à população do
tados federais.
município, observando‑se os limites fixados pela CF:
Dispositivos Constitucionais
Número de
População (em número de habitantes)
TÍTULO III vereadores
Da Organização do Estado Até 15.000 9
............................................................................................. Mais de 15.000 – até 30.000 11
CAPÍTULO III Mais de 30.000 – até 50.000 13
Dos Estados Federados
............................................................................................. Mais de 50.000 – até 80.000 15
Art. 27. O número de Deputados à Assembleia Legis‑ Mais de 80.000 – até 120.000 17
lativa corresponderá ao triplo da representação do Estado Mais de 120.000 – até 160.000 19
na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e
Mais de 160.000 – até 300.000 21
seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados
Federais acima de doze. Mais de 300.000 – até 450.000 23
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Esta‑ Mais de 450.000 – até 600.000 25
duais, aplicando‑ sê‑lhes as regras desta Constituição sobre Mais de 600.000 – até 750.000 27
sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração,
perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação Mais de 750.000 – até 900.000 29
às Forças Armadas. Mais de 900.000 – até 1.050.000 31
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por Mais de 1.050.000 – até 1.200.000 33
lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, na razão de, no
Mais de 1.200.000 – até 1.350.000 35
máximo, setenta e cinco por cento daquele estabelecido, em
espécie, para os Deputados Federais, observado o que dis‑ Mais de 1.350.000 – até 1.500.000 37
põem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. Mais de 1.500.000 – até 1.800.000 39
§ 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor sobre Mais de 1.800.000 – até 2.400.000 41
seu regimento interno, polícia e serviços administrativos de
sua secretaria, e prover os respectivos cargos150. Mais de 2.400.000 – até 3.000.000 43
§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo Mais de 3.000.000 – até 4.000.000 45
Noções de Direito Constitucional

legislativo estadual151. Mais de 4.000.000 – até 5.000.000 47


Art. 28. A eleição do Governador e do Vice‑Governador Mais de 5.000.000 – até 6.000.000 49
de Estado, para mandato de quatro anos, realizar‑se‑á no pri‑
meiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último Mais de 6.000.000 – até 7.000.000 51
domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano Mais de 7.000.000 – até 8.000.000 53
anterior ao do término do mandato de seus antecessores, e a Mais de 8.000.000 55
posse ocorrerá em primeiro de janeiro do ano subsequente,
observado, quanto ao mais, o disposto no art. 77. O prefeito, o vice‑prefeito e os vereadores recebem
§ 1º Perderá o mandato o Governador que assumir subsídio em parcela única fixado pela Câmara Municipal em
outro cargo ou função na administração pública direta ou cada legislatura para a subsequente, ou seja, em seu man‑
dato, o vereador não pode aumentar o próprio vencimento
150
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário/Área Ad‑ e de seus pares, mas apenas da próxima legislatura, que é
ministrativa/2010 e FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico Judiciário/
Área Administrativa/2010. de quatro anos.
151
Assunto cobrado na prova da FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico
Judiciário/Área Administrativa/2010. Cespe/TJ-DF/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2013.
152

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
A remuneração dos vereadores corresponde a até 75% e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais
(setenta e cinco por cento) do subsídio estabelecido para os de 80.000 (oitenta mil) habitantes e de até 120.000 (cento
deputados estaduais, devendo‑se observar os limites fixados e vinte mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional
na CF para os habitantes do Município. nº 58, de 2009)
O total da despesa com remuneração dos vereadores f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais
não poderá ultrapassar o montante de 5% (cinco por cento) de 120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até 160.000
da receita do Município153. (cento sessenta mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Cons-
Os vereadores possuem imunidade por suas opiniões, tituição Constitucional nº 58, de 2009)
palavras e votos no exercício do mandato e desde que sejam g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
proferidos na circunscrição do Município. 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até 300.000
(trezentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constitu-
Dispositivos Constitucionais cional nº 58, de 2009)
h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais
TÍTULO III de 300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000 (qua‑
Da Organização do Estado trocentos e cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela Emenda
............................................................................................. Constitucional nº 58, de 2009)
CAPÍTULO IV i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais
Dos Municípios de 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes e
de até 600.000 (seiscentos mil) habitantes; (Incluída pela
Art. 29. O Município reger‑se‑á por lei orgânica, votada Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e apro- j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais
vada por dois terços dos membros da Câmara Municipal154, de 600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até 750.000
que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos (setecentos cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela Emenda
nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e Constitucional nº 58, de 2009)
os seguintes preceitos: k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais
I – eleição do Prefeito, do Vice‑Prefeito e dos Verea­dores, de 750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e de até
para mandato de quatro anos, mediante pleito direto e 900.000 (novecentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda
simultâneo realizado em todo o País; Constitucional nº 58, de 2009)
II – eleição do Prefeito e do Vice‑Prefeito realizada no primei‑ l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
ro domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato 900.000 (novecentos mil) habitantes e de até 1.050.000 (um
dos que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso milhão e cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela Emenda
de Municípios com mais de duzentos mil eleitores; Constitucional nº 58, de 2009)
III – posse do Prefeito e do Vice‑Prefeito no dia 1º de m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais
janeiro do ano subsequente ao da eleição; de 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes e de até
IV – para a composição das Câmaras Municipais, será 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes; (Incluída
observado o limite máximo de: (Redação dada pela Emenda pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
Constitucional nº 58, de 2009)   (Produção de efeito) n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais
a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000 de 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes e de até
(quinze mil) habitantes155; (Redação dada pela Emenda 1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitan‑
Constitucional nº 58, de 2009) tes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de
15.000 (quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta mil) 1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes
habitantes; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº e de até 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes;
58, de 2009) (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais
Ex.: o Município “1” possui 10.000 habitantes; o Mu- de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes e
nicípio “2” possui 20.000 habitantes; o Município “3” possui de até 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes;
14.000 habitantes; e o Município “4” possui 25.000 habitan- (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
tes. De acordo com a Constituição Federal brasileira, para q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de
a composição das Câmaras Municipais, será observado o mais de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes
limite máximo de 11 Vereadores apenas para os Municípios e de até 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habi‑
“2” e “4”.156 tantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de
Noções de Direito Constitucional

c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de


mais de 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitan‑
30.000 (trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cinquenta
tes e de até 3.000.000 (três milhões) de habitantes; (Incluída
mil) habitantes157; (Redação dada pela Emenda Constitucio-
pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
nal nº 58, de 2009)
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de
d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de
50.000 (cinquenta mil) habitantes e de até 80.000 (oitenta mais de 3.000.000 (três milhões) de habitantes e de até
4.000.000 (quatro milhões) de habitantes; (Incluída pela
mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº
Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
58, de 2009)
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de
mais de 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de
153
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário/Área Administra‑ até 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes; (Incluída pela
tiva/2010. Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
154
FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2010.
155
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário/Área Administra‑ u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios
tiva/2010. de mais de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de
156
FCC/Ministério Público do Estado do Amapá/Técnico Ministerial/Auxiliar Ad‑
ministrativo/2012.
até 6.000.000 (seis milhões) de habitantes; (Incluída pela
157
FCC/MPPE/Técnico Ministerial/Área Administrativa/2012. Emenda Constitucional nº 58, de 2009)

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v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de I – 7% (sete por cento) para Municípios com população
mais de 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de até de até 100.000 (cem mil) habitantes; (Redação dada pela
7.000.000 (sete milhões) de habitantes; (Incluída pela Emen- Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
da Constitucional nº 58, de 2009) II – 6% (seis por cento) para Municípios com população
w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios de entre 100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil) habitantes;
mais de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de até (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
8.000.000 (oito milhões) de habitantes; e  (Incluída pela III – 5% (cinco por cento) para Municípios com população
Emenda Constitucional nº 58, de 2009) entre 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000 (quinhentos
x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mil) habitantes; (Redação dada pela Emenda Constitucional
mais de 8.000.000 (oito milhões) de habitantes. (Incluída nº 58, de 2009)
pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
IV – 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) para
V – subsídios do Prefeito, do Vice‑Prefeito e dos Secre‑
Municípios com população entre 500.001 (quinhentos mil e
tários Municipais fixados por lei de iniciativa da Câmara
Municipal, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, um) e 3.000.000 (três milhões) de habitantes; (Redação dada
150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
VI – o subsídio dos Vereadores será fixado pelas res‑ V – 4% (quatro por cento) para Municípios com popula‑
pectivas Câmaras Municipais em cada legislatura para a ção entre 3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000 (oito
subsequente, observado o que dispõe esta Constituição, milhões) de habitantes; (Redação dada pela Emenda Cons-
observados os critérios estabelecidos na respectiva Lei Or‑ titucional nº 58, de 2009)
gânica e os seguintes limites máximos: VI – 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para
a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio Municípios com população acima de 8.000.001 (oito milhões
máximo dos Vereadores corresponderá a vinte por cento e um) habitantes. (Redação dada pela Emenda Constitucio-
do subsídio dos Deputados Estaduais158; nal nº 58, de 2009)
b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil habi‑ § 1º A Câmara Municipal não gastará mais de setenta
tantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a por cento de sua receita com folha de pagamento, incluído
trinta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; o gasto com o subsídio de seus Vereadores.
c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil ha‑ § 2º Constitui crime de responsabilidade do Prefeito
bitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá Municipal:
a quarenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; I – efetuar repasse que supere os limites definidos neste
d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habi‑ artigo;
tantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a II – não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou
cinquenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
III – enviá‑lo a menor em relação à proporção fixada na
e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil
Lei Orçamentária.
habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponde‑
rá a sessenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; § 3º Constitui crime de responsabilidade do Presidente
f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, da Câmara Municipal o desrespeito ao § 1º deste artigo.
o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta Art. 30. Compete aos Municípios:
e cinco por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; I – legislar sobre assuntos de interesse local;
VII – o total da despesa com a remuneração dos Verea‑ II – suplementar a legislação federal e a estadual no que
dores não poderá ultrapassar o montante de cinco por cento couber;
da receita do Município; III – instituir e arrecadar os tributos de sua competência,
VIII – inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigato‑
palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição riedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos
do Município; fixados em lei;
IX – proibições e incompatibilidades, no exercício da IV – criar, organizar e suprimir distritos, observada a
vereança, similares, no que couber, ao disposto nesta legislação estadual;
Constituição para os membros do Congresso Nacional e V – organizar e prestar, diretamente ou sob regime de
na Constituição do respectivo Estado para os membros da concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse
Assembleia Legislativa; local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter
X – julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça; essencial;
XI – organização das funções legislativas e fiscalizadoras VI – manter, com a cooperação técnica e financeira da
da Câmara Municipal; União e do Estado, programas de educação infantil e de
Noções de Direito Constitucional

XII – cooperação das associações representativas no


ensino fundamental;
planejamento municipal;
VII – prestar, com a cooperação técnica e financeira da
XIII – iniciativa popular de projetos de lei de interesse
específico do Município, da cidade ou de bairros, através de União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da
manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado; população;
XIV – perda do mandato do Prefeito, nos termos do VIII – promover, no que couber, adequado ordenamento
art. 28, parágrafo único. territorial, mediante planejamento e controle do uso, do
Art. 29‑A. O total da despesa do Poder Legislativo Mu‑ parcelamento e da ocupação do solo urbano;
nicipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e excluídos IX – promover a proteção do patrimônio histórico‑cul‑
os gastos com inativos, não poderá ultrapassar os seguintes tural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora
percentuais, relativos ao somatório da receita tributária e das federal e estadual.
transferências previstas no § 5º do art. 153 e nos arts. 158 e Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo
159, efetivamente realizado no exercício anterior: Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo,
e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo
FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2010.
158 Municipal, na forma da lei.

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§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exer‑ É vedada a divisão do DF em municípios161, devendo‑se
cido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou estabelecer sua repartição em administrações regionais,
do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos por indicação do governador, que nomeará administradores
Municípios, onde houver. para as diferentes regiões, como no caso de Brasília e das
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente cidades-satélites.
sobre as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só
deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos mem‑ Dispositivos Constitucionais
bros da Câmara Municipal.
§ 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta TÍTULO III
dias, anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, Da Organização do Estado
para exame e apreciação, o qual poderá questionar‑lhes a .............................................................................................
legitimidade, nos termos da lei. CAPÍTULO V
§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos Do Distrito Federal e dos Territórios
de Contas Municipais.
Seção I
Distrito Federal Do Distrito Federal
Em alguns países, como no caso do Brasil e Estados Uni‑ Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em
dos da América, a sede do Estado Federal, conhecida como Municípios162, reger‑se‑á por lei orgânica, votada em dois
a Capital Federal, é estabelecida em um território à parte, turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por
desvinculado dos demais Estados‑membros.
dois terços da Câmara Legislativa163, que a promulgará,
A Constituição de 1988 instituiu Brasília como Capital Fe‑
atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição.
deral, estando inserida no Distrito Federal (DF). É importante
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências
destacar que o Distrito Federal não se confunde com Brasília,
pois aquele tem a natureza jurídica de entidade federativa legislativas reservadas aos Estados e Municípios.
com autonomia político‑administrativa, competências espe‑ § 2º A eleição do Governador e do Vice‑Governador,
cíficas, receitas, despesas e atribuições próprias, enquanto observadas as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais
que Brasília é a cidade conhecida como capital federal. coincidirá com a dos Governadores e Deputados Estaduais,
Mesmo não sendo estado nem município, o Distrito para mandato de igual duração164.
Federal (DF) possui autonomia, parcialmente tutelada § 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa
pela União.159 aplica‑se o disposto no art. 27.
O Distrito Federal (DF) é uma unidade‑federativa di- § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo
ferenciada das demais, pois absorve tanto a competência do Distrito Federal, das polícias civil e militar e do corpo de
legislativa dos Estados‑membros, como a dos Municípios160, bombeiros militar165.
possuindo as características principais de uma unidade‑fe‑
derada, quais sejam, autonomia política, auto‑organização, Territórios
autolegislação, autogoverno e autoadministração.
• autonomia política: tem seus próprios Parlamentares Os territórios são entidades que possuem natureza
e Chefe de Governo; jurídica de autarquias, ou seja, não possuem autonomia
• auto‑organização: tem sua estrutura organizacional política, administrativa e judiciária. São apenas pessoas
definida nos termos de sua Lei Orgânica, aprovada por jurídicas de natureza de direito público vinculadas à União.
2/3 dos votos e promulgada pela Câmara Legislativa, Não confundir território como mais uma espécie de enti-
respeitando a simetria constitucional; dade federativa.
• autolegislação: elaboração de leis próprias por meio O território assemelha‑se, por exemplo, a uma autarquia
da Câmara Legislativa, acumulando as competências como o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), ou mesmo
legislativas e tributárias conferidas pela CF aos Estados a uma Universidade Federal, que são autarquias (pessoas
e Municípios; jurídicas de direito público) vinculadas à União – entidades
• autogoverno e autoadministração: decisões políticas administrativas da União.
tomadas no âmbito do DF, com Poder Executivo próprio No Brasil, existiam os territórios de Roraima, Amapá e
exercido pelo governador do Distrito Federal. O Poder Fernando de Noronha. Os dois primeiros foram transforma‑
Legislativo é exercido por uma Câmara Legislativa dos em unidades federadas (Estados‑membros), enquanto
composta por deputados distritais. O Poder Judiciário é que o território de Fernando de Noronha foi reincorporado
Noções de Direito Constitucional

exercido por juízes aprovados em concurso de provas e


ao Estado de Pernambuco (ADCT, arts. 14 e 15).
títulos, com Tribunal de Justiça próprio (Distrito Federal
Assim é que, atualmente, não existem territórios no
e Territórios).
Brasil, nada impedindo a sua criação por meio de lei federal,
admitindo sua divisão em municípios, com representação
Importante destacar, por se tratar de uma exceção cobra‑
fixa de quatro deputados na Câmara dos Deputados.
da em concursos públicos, que compete à União organizar
e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público, a Polícia
Civil, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros do Distrito
Federal. 161
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/Assembleia Legislativa-SP/Agente
Técnico Legislativo/Direito/2010 e FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário/Área Admi‑
Apenas para fixar: o DF tem Lei Orgânica e Câmara nistrativa/2010.
Legislativa, enquanto os Estados‑membros são regidos por 162
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/Assembleia Legislativa-SP/Agente
Constituições Estaduais e Assembleia Legislativa. Técnico Legislativo/Direito/2010 e FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário/Área Admi‑
nistrativa/2010.
163
FCC/TRE-AM/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2010.
Cespe/TJ-DF/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2013.
159 164
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-AM/Técnico Judiciário/Área Adminis‑
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-AM/Técnico Judiciário/Área Adminis‑
160
trativa/2010.
trativa/2010. 165
FCC/TRE-AM/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2010.

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Dispositivos Constitucionais Essa distinção é chamada por Hely Lopes Meirelles de cri-
tério de subordinação à lei (o agente público somente pode
TÍTULO III fazer o que a lei determina) e critério de não contradição
Da Organização do Estado à lei (o particular pode fazer tudo o que a lei não proíbe).
.............................................................................................
CAPÍTULO V Cuidado! Pelo princípio da legalidade, a conduta do agente
Do Distrito Federal e dos Territórios público não precisa estar descrita totalmente na lei. É o
............................................................................................. que acontece nos atos discricionários, em que a lei confere
Seção II certa margem de liberdade de atuação, segundo um juízo
Dos Territórios de conveniência e oportunidade do agente público, obser-
vados os parâmetros fixados no ordenamento jurídico.
Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa Exemplo: quando o município concede permissão de uso
e judiciária dos Territórios. de bem público para que seja realizada uma festa de bairro.
§ 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municípios,
aos quais se aplicará, no que couber, o disposto no Capítulo
Caso o agente público venha a desrespeitar o princípio
IV deste Título.
da legalidade, estará sujeito à responsabilidade disciplinar
§ 2º As contas do Governo do Território serão submetidas
(administrativa), civil e criminal, conforme o caso.
ao Congresso Nacional, com parecer prévio do Tribunal de
A doutrina faz uma distinção decorrente do princípio
Contas da União.
§ 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil da legalidade.
habitantes, além do Governador nomeado na forma desta – princípio da legalidade em sentido estrito: nos termos
Constituição, haverá órgãos judiciários de primeira e segunda explicados acima;
instância, membros do Ministério Público e defensores pú‑ – princípio da reserva de lei: quando a Constituição
blicos federais; a lei disporá sobre as eleições para a Câmara faz referência à determinada matéria que venha a ser re­
Territorial e sua competência deliberativa. gulamentada por certa espécie legislativa, ou seja, o assunto
.............................................................................................. X deve ser tratado por meio de lei ordinária, ou que o tema
Y deve ser abordado por meio de lei complementar.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA • Impessoalidade: por este princípio, o agente público
deve conduzir suas atividades de forma genérica e abstrata,
A legislação brasileira ordenou a administração pública sem visar interesses pessoais próprios ou de terceiros. Ou
em direta e indireta. seja, a administração pública não pode agir com o intuito de
Administração pública direta: é formada pela União, beneficiar ou prejudicar pessoas ou grupos. A impessoalida‑
Estados-Membros, Distrito Federal e Municípios. de representa o interesse público, e a pessoalidade significa
Administração pública indireta: é formada pelas au‑ o interesse particular (subjetivo).
tarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de Nada impede, contudo, que em determinadas situa­
economia mista. ções o interesse público também represente um interesse
A administração pública direta corresponde à entidade particular, como ocorre, por exemplo, nos casos de contratos
política (unidade-federada) centralizada, já a administração entre particulares e administração pública para realização
pública indireta compõe-se das entidades descentralizadas. de uma obra. O que não pode acontecer, nesse exemplo, é
A Constituição Federal estabeleceu cinco princípios eleger uma empresa (particular) sem a licitação necessária
expressos (não significa que outros não existam) a serem – concorrência pública.
obedecidos pela administração pública. São eles: legalida-
de, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência Atenção! O fato de haver políticas públicas voltadas para
(L.I.M.P.E). o desenvolvimento de determinado setor econômico, ou
mesmo políticas públicas sociais direcionadas para certas
Atenção! Os concursos costumam trocar os princípios regiões, não significa, necessariamente, violação ao princípio
acima, como impessoalidade por isonomia. Mas é preciso da impessoalidade, pois se estiver em consonância com o
ficar atento, pois, embora possuam conceitos muito próxi‑ princípio da igualdade (isonomia) – tratar os iguais de forma
mos, às vezes, a questão exige a literalidade do dispositivo. igualitária e os desiguais de forma desigual na medida de sua
desigualdade – não haverá afronta à norma constitucional.
Vejamos o conceito de cada um:
Noções de Direito Constitucional

• Legalidade: a noção de legalidade para a administração


pública pode ser bem resumida na expressão usada pelo • Moralidade: o agente público deve atuar com hones‑
direito administrativo: o particular pode fazer tudo aquilo tidade, lealdade, retidão, integridade, boa-fé, norteando-se
que não estiver vedado em lei, enquanto a administração pelos princípios éticos e morais. A aplicação do princípio da
pública somente pode fazer o que determina o ordenamen‑ moralidade ao agente público deve ser revestida de boa
to jurídico. Isso não significa que os cidadãos não estejam administração (bom administrador), buscando as melhores
submetidos à imperatividade das normas, pelo contrário, condutas gerenciais.
ambos – Estado e sociedade – estão sob a sujeição da Cons‑ O princípio da moralidade administrativa, que deve
tituição e das leis infraconstitucionais. Contudo, o Estado tem reger a atuação do poder público, confere substância e dá
rigidamente controlada sua conduta de administrar, desde expressão a uma pauta de valores éticos sobre os quais
o Presidente da República até o mais modesto servidor. se funda a ordem jurídica do Estado. Nesse contexto, a
É uma forma de preservar o patrimônio público ao impor inobservância do referido princípio pode configurar impro-
procedimentos de atuação. bidade administrativa e acarretar, para o agente público, a
O agente público tem o poder-dever de agir conforme o suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública,
ordenamento jurídico. a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário,

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sem prejuízo da ação penal cabível, se sua conduta confi- Administração Pública indireta: Autarquias, Fundações,
gurar, também, a prática de ato tipificado como crime.166 Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista.
A moralidade na administração pública deve ser vista • Autarquias: segundo Maria Sylvia Di Pietro, é a pessoa
não só sobre o resultado, mas no procedimento realizado jurídica de direito público, criada por meio de lei, com aptidão
para alcançá-lo. de autoadministração, para o desempenho de serviço público
descentralizado, mediante controle administrativo exercido
• Publicidade: o agente público deve agir com transpa‑ nos limites da lei. Um exemplo é o Instituto Nacional do
rência, fazendo com que os administrados (cidadãos) tomem Seguro Social – INSS; ou o Instituto Nacional de Colonização
conhecimento (ciência/informação) dos atos praticados. e Reforma Agrária – INCRA.
Como exemplos, podem ser citados: o oferecimento de
certidões quando requeridas; a publicação dos contratos • Fundações: podem ser de direito privado ou de direito
celebrados pela administração pública na Imprensa Oficial, público. As fundações de direito privado são entes dotados
dentre outros meios. de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucra‑
Esse princípio representa uma forma de tornar possível tivos, com patrimônio próprio. Têm o intuito de desenvolver
a fiscalização dos atos (e contratos) públicos pela sociedade atividades em que não seja necessária a execução por órgão
e órgãos oficiais de controle, assim como uma forma de ou entidade de direito público. Como exemplo, temos a
se exigir da sociedade e do Estado o cumprimento dos co‑ Fundação Roberto Marinho. As fundações também podem
mandos administrativos, já que, após a publicidade, não há ostentar natureza jurídica de direito público, assemelhando‑
justificativa para alegação de desconhecimento da existência -se às autarquias. Um exemplo é a Fundação Universidade
de determinado ato administrativo. de Brasília.
Em curtas palavras, o dinheiro público é do povo, que tem
direito a saber o que está sendo feito com as verbas públicas. • Empresas públicas: possuem personalidade jurídica
de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclu‑
Atenção! O princípio da publicidade pode sofrer exceções, sivamente público. São criadas para exploração de atividade
considerando que os princípios, de uma maneira geral, não econômica ou prestação de serviço, em razão da necessária
são rígidos em sua aplicação. A doutrina aponta a situação intervenção do poder público, principalmente como forma
na qual o direito à informação sobre atos administrativos de fomentar determinado setor. Como exemplo, pode-se
pode acarretar insegurança nacional. Por isso, deve haver citar a Caixa Econômica Federal e a Empresa Brasileira de
uma ponderação de interesses: informação x segurança. Correios e Telégrafos.
Mas, a regra é de publicidade dos atos públicos.
• Sociedades de economia mista: assim como as empresas
• Eficiência: este princípio foi incorporado via emenda públicas, possuem personalidade jurídica de direito privado,
constitucional (EC nº 19/1998). Significa agilidade, sem tendo como objetivo a exploração de atividade econômica,
desperdício de dinheiro público, ao tempo em que venha sob a forma de sociedade anônima. Constitu­i-se por parte
atender ao interesse do bem comum. Deve ser visto como do capital público e parte do capital privado, ou seja, colabo‑
qualidade no serviço público, ou seja, celeridade com resul‑ ração do Estado e do particular. Pode-se citar como exemplo
tado satisfatório. a Petrobras (Petróleo Brasileiro S.A) e o Banco do Brasil S.A.
O administrador deve obter um bom resultado, com o
menor custo possível. Segundo a Constituição, somente por lei específica pode‑
rá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa
Observações: pública, de sociedade de economia mista e de fundação,
a) Os atos que venham a violar os princípios nortea­dores cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as
da administração pública podem caracterizar improbidade áreas de sua atuação.
administrativa. Importarão como penalidades: a suspen-
são dos direitos políticos, a perda da função pública, a
• Autarquia: lei específica cria a autarquia.
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário,
na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da • Empresas públicas, sociedade de economia mista
ação penal cabível. e fundação: lei específica autoriza a criação dessas
b) Os cidadãos, usuários dos serviços públicos, têm o entidades.
direito de reclamar indenização das pessoas jurídicas de
direito público e das de direito privado prestadoras de Depende de autorização legislativa, em cada caso, a
Noções de Direito Constitucional

serviços públicos, pelos danos que seus agentes, nessa criação de subsidiárias das entidades mencionadas ante‑
qualidade, causarem, assegurado o direito de regresso riormente, assim como a participação de qualquer delas em
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. empresa privada.
A Administração Pública direta e indireta, como regra,
Estrutura da Administração Pública deve fazer licitação para contratação de obras, serviços,
compras e alienações, que assegure igualdade de condições
Administração Pública direta: União, Estados-Mem­bros, a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam
Distrito Federal e Municípios. obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas
da proposta, nos termos da lei. A licitação exigirá somente
A Administração Pública direta foi objeto de estudo no a qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia
capítulo pertinente à organização político-administrativa. do cumprimento das obrigações.
A licitação corresponde ao processo de concorrência para
que a administração pública realize, de forma impessoal, a
Cespe/MPS/Agente Administrativo/2010.
166 contratação de obras, serviços, compras e alienações.

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A administração pública não pode se valer da publicidade em que se fazem imperiosas determinadas condições. Para
de seus atos, programas, obras, serviços e campanhas dos citar um exemplo: em um concurso público para o cargo de
órgãos públicos, constando nomes, símbolos ou imagens que mergulhador policial, seria praticamente inviável o ingresso
caracterizem promoção pessoal de autoridade e servidores de candidato com idade mais avançada. É por isso que os
públicos. A publicidade deve ter caráter educativo, informa‑ requisitos estipulados no edital do concurso público devem
tivo ou de orientação social. corresponder, diante da proporcionalidade, à natureza do
A Constituição prevê que a administração pública direta serviço a ser prestado.
e indireta venha a oferecer condições, re­gulamentadas por Destaca-se que é ilegal a reprovação em con­curso pú‑
lei, para a participação do usuário (cidadão), especialmente: blico com base em critério subjetivo, como pode ocorrer
• reclamações relativas à prestação de serviços públicos pelo exame psicotécnico, sem lei que preveja essa etapa de
em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendi‑ seleção, assim como seus critérios.
mento ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, A admissão para cargo sem concurso público, salvo as ex‑
da qualidade dos serviços; ceções constitucionais, implica a nulidade do ato e a punição
• acesso dos usuários a registros administrativos e às da autoridade responsável, nos termos da lei.
informações sobre atos de governo, observado o disposto A lei reserva percentual dos cargos e empregos públicos
no art. 5º, X e XXXIII; para as pessoas portadoras de deficiência e também define
• disciplina da representação contra o exercício negligen‑ os critérios de sua admissão.
te ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração
pública. Concurso Público e Prazo de Validade

SERVIDORES PÚBLICOS Será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual pe‑
ríodo. Durante esse prazo previsto no edital do concurso pú‑
Regime Jurídico blico, o candidato aprovado será convocado com prioridade
sobre novos concursados para assumir o cargo ou emprego
A denominação “servidores públicos” atende, de forma na carreira. A título de exemplo: órgão da administração
estrita, àqueles que se vinculam à administração pública por direta estadual realiza concurso público para o preenchi-
uma relação estatutária. As empresas públicas e as socie‑ mento de cinquenta cargos de seu quadro de pessoal, sendo
dades de economia mista, que se enquadram no conceito o prazo de validade do concurso de dois anos, prorrogável
de administração indireta, podem contratar por vínculo uma vez por igual período. Trinta candidatos são aprovados,
trabalhista aqueles que virão a cumprir suas funções, que mas apenas quinze são convocados para assumir os cargos
são denominados empregados públicos. nos dois primeiros anos. O concurso tem sua validade pror-
A Emenda Constitucional nº 19, de 1998, excluiu do art. rogada, mas, passado um ano, ninguém mais é convocado,
39 da Constituição Federal a previsão de regime jurídico único a despeito de ainda haver necessidade de preenchimento
de contratação, que era obrigatório para os entes da adminis‑ da totalidade das vagas remanescentes. Nessa hipótese,
tração direta, fundações e autarquias. Dessa forma, ficavam o órgão da administração poderá realizar novo concurso,
autorizados a contratar com base na Consolidação das Leis do para o preenchimento das vagas remanescentes, mesmo
Trabalho – CLT. Contudo, foi identificado um vício formal na durante o prazo de validade do concurso anterior, mas
emenda, que teria recebido votos favoráveis de número insu‑ deverá dar prioridade aos aprovados naquele, sobre novos
ficiente de parlamentares, inferior ao quórum constitucional concursados, para assumirem os cargos.167
(três quintos). Assim, o Supremo Tribunal Federal considerou, Apesar da natureza jurídica de Direito Privado, as em-
cautelarmente, inconstitucional a alteração do caput do art. presas públicas e as sociedades de economia mista precisam
39 da Constituição Federal, o que gerou o retorno da obriga‑ contratar os seus empregados por meio de concurso público168.
toriedade de contratação exclusivamente por meio do regime
jurídico único – no âmbito federal, é regulamentado pela Lei Cargos de Confiança e em Comissão
nº 8.112/1990.
Não se faz necessário o concurso público. Seus ocupan‑
Investidura na Administração Pública tes são demitidos conforme a vontade do administrador –
ad nutum. Entretanto, é de se ressaltar que esses cargos
Os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis devem estar limitados às funções de direção, chefia e asses‑
aos brasileiros e estrangeiros, nos termos da lei, depen‑ soramento. Há também um limite de cargos em comissão a
serem ocupados por servidores públicos efetivos, que será
Noções de Direito Constitucional

dendo, como regra, de aprovação em concurso público de


provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e indicado pela lei, assim como suas condições e percentuais
a complexidade do cargo ou emprego, salvo as nomeações mínimos para preenchimento.
para cargo em comissão declarado por lei como de livre • cargo de confiança: preenchidos por pessoas que já
nomeação e exoneração. são servidores públicos;
Portanto, é exceção à regra do concurso público o provi‑ • cargo em comissão: preenchidos por pessoas que não
mento para os cargos em comissão e de confiança, os quais fazem parte do serviço público.
podem ser de livre nomeação e exoneração, conforme o
interesse da administração pública. Direitos dos Servidores
O concurso público é a forma de consagração do princípio
da igualdade, pois oferece oportunidade, indistintamente, Além dos direitos já abordados, como a greve e a sindi‑
aos candidatos. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal calização, outros direitos, originalmente atribuídos a outros
entende que é possível fazer exigências específicas em certos trabalhadores, são estendidos aos servidores públicos.
concursos públicos em razão do cargo a ser ocupado, como FCC/TJRJ/Técnico de Atividade Judiciária/2012.
167

ocorre, por exemplo, nos concursos públicos para policial, Esaf/MF/Assistente Técnico-Administrativo/2012.
168

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Descrição resumida Texto constitucional Dispositivo
Salário mí­nimo salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a 7º, IV
suas necessidades vitais básicas e às de sua família como moradia, alimen‑
tação, edu­cação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência
social, com reajustes perió­dicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo
vedada sua vinculação para qualquer fim;
Salário mínimo aos que perce‑ garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remu‑ 7º, VII
bem remuneração variável neração variável;
Décimo-ter­ceiro décimo-terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da 7º, VIII
aposentadoria;
Remuneração superior para o remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; 7º, IX
trabalho noturno
Salário-fa­mília salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda 7º, XII
nos termos da lei;
Jornada de trabalho de oito duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta 7º, XIII
horas e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da
jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;
Repouso semanal remunerado repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; 7º, XV
Hora extra remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta 7º, XVI
por cento à do normal;
Férias gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do 7º, XVII
que o salário normal;
Licença à gestante licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração 7º, XVIII
de cento e vinte dias;
Licença-paternidade licença-paternidade, nos termos fixados em lei; 7º, XIX
Proteção do mercado de traba‑ proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos especí‑ 7º, XX
lho da mulher ficos, nos termos da lei;
Redução dos riscos redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, 7º, XXII
higiene e segurança;
Isonomia salarial proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de 7º, XXX
admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;

Estabilidade As três primeiras hipóteses de perda do cargo por servidor


estável podem ser encontradas no art. 41 da Constituição Fede‑
A estabilidade do servidor público garante que o ocupan‑ ral. A quarta hipótese encontra-se no art. 169 da Constituição
te somente perderá o cargo em quatro hipóteses: Federal e refere-se à necessidade de adequação das finanças
• sentença judicial transitada em julgado; do Estado aos percentuais previstos na Lei de Responsabilidade
• processo administrativo em que seja assegurada a Fiscal, podendo alcançar inclusive servidores já estáveis.
ampla defesa; Nesse caso, deverão ser reduzidos primeiramente 20%
• avaliação periódica de desempenho; dos cargos em comissão e os servidores não estáveis. Não
• adequação dos gastos públicos à lei complementar sendo o bastante para adequar os gastos aos limites estabele‑
que define o limite de gastos com o funcionalismo público cidos na lei complementar, deverão ser exonerados também
(art. 169, § 4º, da CF). os servidores já estáveis, sendo devida indenização corres‑
pondente a uma remuneração por ano de serviço prestado.
Outra hipótese de perda do cargo, não vinculada, nesse
O dispositivo estabelece, portanto, hipóteses de relati‑
caso, à estabilidade, foi inserida pela Emenda Constitucional
vização das regras de estabilidade. Essas regras, porém, não
nº 51/2006 e refere-se à possibilidade de o agente comunitá‑
podem ser estendidas àqueles agentes que sejam dotados de
Noções de Direito Constitucional

rio de saúde ou de combate às endemias perder o cargo caso


vitaliciedade. No caso da vitaliciedade, as hipóteses de perda
não cumpra os requisitos específicos para o seu exercício,
são as taxativamente estabelecidas no art. 95 e no art. 128. que serão previstos em lei.
O direito de a Administração Pública Federal punir seus O servidor público efetivo possui a prerrogativa da rein-
servidores prescreve em cinco anos em relação às infrações tegração. Se a demissão do servidor estável for invalidada
passíveis de demissão, cassação de aposentadoria ou dispo‑ por sentença judicial, esse servidor será reintegrado, sendo
nibilidade e destituição de cargo em comissão, contados a que o eventual ocupante da vaga, se também estável, será:
partir da data em que o fato tornou-se conhecido. • reconduzido ao cargo de origem, sem direito à inde‑
A estabilidade será alcançada após três anos de efeti- nização;
vo exercício169, sendo exigida, como condição obrigatória, • aproveitado em outro cargo; ou
a avaliação especial de desempenho por comissão instituída • posto em disponibilidade com remuneração propor‑
para essa finalidade. cional ao tempo de serviço.
Se o cargo público for extinto ou for declarada a sua
169
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/Ancine/Técnico Administrati‑
vo/2012 e Vunesp/TJ-SP/Escrevente Técnico Judiciário/2012.
desnecessidade, o servidor estável deve ficar em disponibi-

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lidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço, jeto de lei, devendo todos observar os limites estabelecidos
até seu adequado aproveitamento em outro cargo. Ex.: Bru- para os servidores do Executivo (art. 37, XII). A Constituição
no, servidor público federal, ocupou por exatos 5 anos um assegura revisão geral e anual, sempre na mesma data e sem
cargo na administração pública, até que foi aprovada uma distinção de índices da remuneração dos servidores públicos.
lei federal extinguindo o referido cargo. Nesse caso, Bruno Ao contrário da iniciativa privada, é vedada a vin­culação
ficará em disponibilidade com remuneração proporcional ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para
ao tempo de serviço.170 o efeito de remuneração de pessoal do serviço público, salvo,
em alguns casos, em que a própria Constituição faz vinculação
Livre Associação Sindical e Direito de Greve ou equiparação: é o que ocorre com os Ministros dos Tribunais
de Contas, que são equiparados aos Ministros do Superior
Aos servidores públicos civis é garantido o direito de Tribunal de Justiça, com a vinculação entre os subsídios dos
associarem-se às entidades de classe (sindicatos), assim Ministros do STF com os do STJ e demais magistrados.
como ocorre na iniciativa privada171. Os membros das Forças A Constituição Federal fixa um teto remuneratório para
Armadas, das Polícias Militares e do Corpo de Bombeiros o funcionalismo público, tendo como parâmetro limite o
Militar têm seus direitos associativos restringidos em razão subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
do grau de hierarquia e disciplina exigidas na carreira. É de Tribunal Federal. Nos Municípios, o teto, no âmbito do Poder
se destacar que o direito de greve dos servidores públicos Executivo, é o subsídio dos prefeitos. Nos Estados e no Distri‑
exige lei específica para sua regulamentação. Trata-se de to Federal, da mesma forma, no âmbito do Poder Executivo,
norma constitucional de eficácia limitada. o  subsídio mensal do governador, e  no âmbito do Poder
Legislativo, o teto é os subsídios dos deputados estaduais
Contratação por Tempo Determinado e distritais. No Poder Judiciário Estadual, o teto do subsídio
é o fixado para os desembargadores do Tribunal de Justiça
Essa é mais uma forma de exceção à regra do concurso (que corresponde a 90,25% do subsídio do Ministro do STF),
público, pois a contratação se faz independentemente desse sendo esse mesmo limite aplicado aos membros do Minis‑
processo. São dois os requisitos para contratação temporária: tério Público, aos procuradores e aos defensores públicos.
a) excepcional interesse público, de forma que não se possa
Teto Remuneratório
aguardar todo o processo de realização de um concurso público;
b) por tempo determinado; c) hipóteses expressamente
previstas em lei. Um exemplo é a contratação de médicos
UNIÃO

Executivo, Legislativo e Judiciário:


para sanar uma epidemia. Subsídio mensal em espécie, dos Ministros do STF.
Remuneração dos Servidores Públicos Executivo: o subsídio mensal do governador.
Legislativo: o subsídio mensal dos deputados estaduais
ESTADOS E DF

Pode ocorrer de duas formas: a) vencimento; e b) sub‑ ou distritais.


sídio. Judiciário: o subsídio dos desembargadores do Tribunal
• vencimentos: admite várias parcelas, como indeni‑ de Justiça, limitados a 90,25% dos subsídios dos Minis‑
zações, adicionais, gratificações, abonos, dentre outras, tros do STF; assim como aos membros do Ministério
acrescido do vencimento (vencimento + parcelas extras); Público, procuradores e defensores públicos.
• subsídios: é fixado em parcela única, vedado o acrés‑
MUNICÍPIOS

cimo de qualquer verba extra;


Já o salário é a remuneração paga aos empregados pú‑ Executivo e Legislativo:
blicos da administração pública direta e indireta regidos pela Subsídio do prefeito.
CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).
A remuneração ou subsídio, como veremos, deve levar
em consideração o grau de complexidade e responsabilida‑
de, suas peculiaridades, a natureza do cargo e os requisitos Observações:
• Todas as categorias devem observar a norma que esta‑
para ingresso.
belece o teto remuneratório previsto no art. 37, XI, CF: “[...]
A remuneração é irredutível, salvo exceções previstas na
não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos
própria Constituição172, como o caso de aumento na alíquota
Ministros do Supremo Tribunal Federal [...]”. Por isso que, no
do imposto de renda.
âmbito Estadual e Municipal, deve-se observar os subtetos.
Alguns cargos obrigatoriamente devem receber remunera‑ • É facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em
ção por subsídio, como os políticos, os juízes, os procuradores, seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições
Noções de Direito Constitucional

os promotores, os Ministros de Estado e os Secretários Esta‑ e Lei Orgânica, como limite único, o  subsídio mensal dos
duais e Municipais. Mas nada impede que outras carreiras desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado
também recebam por meio de subsídio, desde que haja a 90,25% do subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tri‑
previsão em lei específica. bunal Federal, não se aplicando aos subsídios dos deputados
Deve-se observar a legitimação para apresentar projetos estaduais e distritais e dos vereadores.
de lei que visem a fixar ou alterar vencimentos ou subsídios • Os salários dos empregados públicos das empresas pú‑
dos servidores públicos, como no caso do Poder Executivo, blicas e das sociedades de economia mista, assim como suas
em que se exige iniciativa privativa do Chefe do Poder Exe‑ subsidiárias, só estarão submetidas ao teto geral se essas
cutivo. Também deve-se atinar para a iniciativa privativa em pessoas jurídicas receberem recursos da União, dos Estados,
cada caso: Chefe do Executivo, Tribunais, Ministério Público do DF ou dos municípios para pagamento das despesas de
e Tribunais de Contas. Cada órgão remete ao legislativo pro‑ pessoal ou de custeio em geral (CF, art. 37, § 9º).
• Não serão computadas, para efeito dos limites remune‑
170
Cesgranrio/Bacen/Técnico/2010. ratórios citados, as parcelas de caráter indenizatório previstas
171
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/Anac/Técnico Administrati‑ em lei. A indenização considera-se como ressarcimento por
vo/2012 e Cespe/TRT 10ª Região (DF e TO)/Técnico Judiciário/2013.
172
Assunto cobrado na prova do Cespe/Anac/Técnico Administrativo/2012. dinheiro gasto pelo servidor.

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Acumulação de Cargos Públicos emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo
eletivo176, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a
É vedada a acumulação remunerada de cargos públi- norma do inciso anterior;
cos, exceto quando houver compatibilidade de horários, • em qualquer caso que exija o afastamento para o
e observando-se sempre o teto do funcionalismo público: exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será
• a de dois cargos de professor; contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção
• a de um cargo de professor com outro técnico ou por merecimento;
científico; • para efeito de benefício previdenciário, no caso de
• a de dois cargos ou empregos privativos de profissio- afastamento, os  valores serão determinados como se no
nais de saúde, com profissões regulamentadas173. exercício estivesse.

Ex.: Joaquim, servidor público federal, é médico, ocupa Aposentadoria dos Servidores Públicos
cargo privativo de profissional de saúde, com profissão
Os servidores titulares de cargos efetivos, incluí­dos os
regulamentada, tendo ingressado no serviço público por
de autarquias ou fundações, terão direito a um regime de
concurso há dez anos. Joaquim pretende prestar novo con-
previdência de caráter contributivo e solidário, observado o
curso público com o objetivo de cumular, de forma remune-
equilíbrio financeiro e atuarial. Apesar do caráter contribu‑
rada, dois cargos públicos. A Constituição Federal admite,
tivo do regime próprio de previdência, é cabível a aplicação
em situações excepcionais, a acumulação remunerada de
da penalidade de cassação de aposentadoria em virtude de
cargos públicos, desde que haja compatibilidade de horá-
faltas cometidas pelo servidor quando em atividade.
rios. No caso narrado, Joaquim somente poderá cumular
A aposentadoria pode ser concedida em três hipóteses:
se o segundo cargo público for privativo de profissional de
• por invalidez permanente. Nesse caso, os proventos
saúde, com profissão regulamentada.174
serão proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se
decorrer de acidente em serviço, moléstia profissional ou
É de se destacar que a acumulação de aposentadorias
doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei. Caso
somente é permitida nos cargos em que haja possibilidade
o servidor seja aposentado em virtude de doença ou moléstia
de acumulação na ativa.
não especificada na lei, os proventos serão proporcionais;
O Supremo Tribunal Federal entende que não pode haver
• compulsoriamente. Quando completar setenta anos de
acumulação de proventos com remuneração na atividade,
idade ou, nos termos de lei complementar, quando completar
quando os cargos efetivos de que decorrem ambas as remu‑
setenta e cinco anos de idade. Os proventos também serão
nerações não sejam acumuláveis na atividade.
proporcionais ao tempo de contribuição;
A proibição de acúmulo da remuneração estende-se
• voluntariamente. A aposentadoria voluntária poderá
a empregos e funções e abrange autarquias, fundações,
ser integral ou proporcional ao tempo de contribuição. An‑
empresas públicas, sociedades de economia mista, suas
tes de tratarmos, porém, dos requisitos para cada tipo de
subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indireta-
aposentadoria voluntária, vamos enumerar dois requisitos
mente, pelo poder público175.
genéricos, aplicáveis às duas formas de aposentadoria volun‑
tária. São requisitos genéricos: 10 anos no serviço público e
Política Remuneratória
5 anos no cargo em que se requer a aposentadoria. Vejamos
os requisitos específicos para a aposentadoria voluntária:
A política de remuneração dos servidores deverá, na
– integral: 60 anos de idade e 35 anos de contribuição
fixação dos padrões de vencimento e vantagens, observar:
para homens; ou 55 anos de idade e 30 anos de contribuição
• natureza, grau de responsabilidade e complexidade
para as mulheres;
da função;
– proporcional: 65 anos de idade, se homem; 60 anos,
• requisitos para investidura;
se mulher.
• peculiaridades dos cargos.
Os valores pagos a título de aposentadoria não podem
exceder a remuneração do cargo efetivo. Os  proventos de
O valor das remunerações e dos subsídios deve ser pu‑
aposentadoria serão equivalentes à base de cálculo da sua
blicado anualmente (princípio da publicidade).
contribuição previdenciária. Para aqueles servidores que não
Ademais, devem ser previstos cursos e programas de
ingressaram no serviço público antes da Emenda Constitucio‑
aperfeiçoamento dos servidores públicos, o  que deve ser
nal nº 41 de 2003, será aplicado o teto diferenciado das apo‑
requisito para promoção na carreira.
sentadorias, desde que instituída a previdência complementar
(art. 40, § 3º). Esse teto deve ser revisto de modo a preservar‑
Servidor Público e Mandato Eletivo
-lhe o seu valor real, equivalendo ao teto dos benefícios pagos
Noções de Direito Constitucional

aos beneficiários do regime geral de previdência.


O servidor público da administração direta, autárquica e
Os professores que se dedicam ao magistério terão uma
fundacional, no exercício do mandato eletivo, tem o seguinte
diminuição de cinco anos nos prazos específicos de conces‑
regimento:
são da aposentadoria voluntária integral. A Suprema Corte
• tratando-se de mandato eletivo federal, esta­dual ou
mudou o entendimento de que o professor que trabalha em
distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
cargos burocráticos dentro da Secretaria de Educação não
• investido no mandato de prefeito, será afastado do
faz jus ao referido benefício (Súmula nº 726/STF). A partir do
cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela
julgamento proferido na ADI nº 3.772, o STF decidiu que as
sua remuneração;
funções de direção, coordenação e assessoramento pedagó‑
• investido no mandato de vereador, havendo compati-
gico integram a carreira do magistério, desde que exercidos
bilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo,
em estabelecimentos de ensino básico, por professores de
carreira, excluídos os especialistas em educação, fazendo
173
Assunto cobrado na prova do Cespe/Ancine/Técnico Administrativo/2012.
174
FCC/TRT 9ª Região (PR)/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2013.
jus aqueles que as desempenham ao regime especial de
175
Assunto cobrado nas seguintes provas: Vunesp/TJ-SP/Escrevente Técnico
Judiciário/2013 e Cespe/TRE-BA/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2010. Assunto cobrado na prova da Esaf/MF/Assistente Técnico-Administrativo/2012.
176

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aposentadoria estabelecido nos arts. 40, § 4º, e 201, § 1º, Em qualquer caso, será preservado o direito adquirido
da Constituição Federal. dos servidores que já estavam em condições de se aposentar
O valor das pensões por morte corresponderá: à data das reformas. Não está incluído dentre o rol de direitos
• ao valor integral dos proventos do servidor falecido, adquiridos o regime jurídico aplicável aos já aposentados,
até o limite dos benefícios concedidos pelo regime que, por exemplo, não poderão arguir o disposto no art. 5º,
geral (art. 201) + 70 % do excedente (se houver) caso XXXVI, da CF, para se eximirem de recolher contribuição
já aposentado à época do óbito; previdenciária.
• ao valor integral da remuneração do servidor, até o As aposentadorias e pensões daqueles que exercem
limite dos benefícios concedidos pelo regime geral cargos em comissão será concedida pelo Regime Geral de
(art.  201) + 70 % do excedente (se houver) caso o Previdência Social (RGPS).
servidor esteja em atividade na data do óbito. Cabe lembrar que as regras do art. 40 da Constituição
Federal são de observância obrigatória aos Estados, o que
Vamos entender, demonstrando matematicamente, significa que será eivada de inconstitucionalidade uma nor‑
como isso ocorre. Imagine que o servidor ganhe R$ 13.000 ma estadual que disponha de modo diverso do disposto na
e o teto seja R$ 3.000. O excedente será R$ 10.000; 70 % do Carta Maior.
excedente será, então, 7.000, que, somados aos R$ 3.000 ini‑
ciais, referentes ao teto, totalizará uma pensão de R$ 10.000. Dispositivos Constitucionais
Antes da reforma da previdência de 2003, havia a pre‑
visão de que os proventos das aposentadorias e pensões TÍTULO III
seriam reajustados na mesma proporção e data da remu‑ Da Organização do Estado
neração dos servidores da ativa, incluindo reclassificações .............................................................................................
ou alteração dos cargos e quaisquer outras vantagens. Havia CAPÍTULO VII
uma vinculação, portanto, entre o valor das remunerações Da Administração Pública
e o valor das aposentadorias. Com a reforma, alterou-se o
§  8º do art.  40 para que se assegurasse o reajustamento Seção I
dos benefícios em caráter permanente apenas de modo a Disposições Gerais
preservar o seu valor real. Há, portanto, a possibilidade de se
reajustar de forma diferenciada os proventos dos ativos e dos Art. 37. A  administração pública direta e indireta de
inativos. Cabe ressaltar que esse reajuste pode ser veiculado qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
por medida provisória editada pelo Presidente da República. Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legali-
A partir da Emenda Constitucional nº 47/2005, podem ser dade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
privilegiados com regras especiais de aposentadoria, median‑ e, também, ao seguinte177:
te lei complementar, servidores portadores de deficiência, I – os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis
os que exercem atividades de risco e aqueles cujas atividades aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos
sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei178;
a saúde ou a integridade física. Outro benefício concedido II – a investidura em cargo ou emprego público depende
àqueles que possuem doença incapacitante consiste no di‑ de aprovação prévia em concurso público de provas ou
reito de pagar contribuição sobre aposentadoria ou pensão, de provas e títulos179, de acordo com a natureza e a com‑
imposição criada pela Emenda Constitucional nº 41/2003, plexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei,
que cabe apenas quando os proventos excederem o dobro ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado
do limite estabelecido para os benefícios do regime geral da em lei de livre nomeação e exoneração;
previdência social. III – o prazo de validade do concurso público será de até
Há a possibilidade de contagem recíproca das contribui‑ dois anos, prorrogável uma vez, por igual período;
ções pagas a instituições previdenciárias federais, estaduais IV – durante o prazo improrrogável previsto no edital
ou municipais. de convocação, aquele aprovado em concurso público de
Não poderá haver contagem fictícia de tempo. Um exem‑ provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade
plo muito comum que acontecia era o de leis que permitiam sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego,
a servidores públicos terem o tempo de licença-prêmio não na carreira180;
gozada em dobro ou em triplo, para efeitos de aposentadoria. V – as funções de confiança, exercidas exclusivamente
O Poder Executivo deve iniciar processo legislativo visan‑ por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em
do instituir regime de previdência complementar, formado comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira
por entidades fechadas de previdência, de natureza pública, nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em
Noções de Direito Constitucional

que oferecerão planos de benefícios na moda­lidade de con‑ lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e
tribuição definitiva, optativos aos servidores. assessoramento181;
Com a reforma da previdência (Emenda Constitucional VI – é garantido ao servidor público civil o direito à livre
nº 41/2003), começou a incidir contribuição previdenciária associação sindical;
sobre os proventos de aposentadoria e pensão que superem VII – o direito de greve será exercido nos termos e nos
o limite do Regime Geral da Previdência, o que era vedado limites definidos em lei específica;
pela ordem constitucional anterior.
O servidor que já tenha tempo para se aposentar volun‑
tariamente com proventos integrais, mas opte por continuar
177
Assunto cobrado nas seguintes provas: Vunesp/TJ-SP/Escrevente Técnico Judi‑
ciário/2013, Cespe/Anatel/Técnico Administrativo/2012 e Cespe/Anac/Técnico
trabalhando, terá um abono de permanência correspondente Administrativo/2012.
ao valor da contribuição previdenciária. 178
Assunto cobrado na prova da Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secretaria
Nacional de Defesa Civil/2012.
Por fim, a Emenda Constitucional nº 41/2003 trouxe a 179
Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secretaria Nacional de Defesa Ci‑
estipulação de que deve haver apenas um regime de previ‑ vil/2012.
dência social para as carreiras públicas, bem como a exis‑ 180
Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secretaria Nacional de Defesa Ci‑
vil/2012.
tência de uma única unidade gestora para cada ente estatal. 181
Vunesp/Tribunal de Justiça-SP/Escrevente Técnico Judiciário/2010.

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VIII – a lei reservará percentual dos cargos e empregos de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo
públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de
os critérios de sua admissão; sua atuação185;
IX – a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo XX – depende de autorização legislativa, em cada caso,
determinado para atender a necessidade temporária de a  criação de subsidiárias das entidades mencionadas no
excepcional interesse público; inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas
X – a remuneração dos servidores públicos e o subsídio em empresa privada;
de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados XXI – ressalvados os casos especificados na legislação,
ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa as obras, serviços, compras e alienações serão contratados
em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mediante processo de licitação pública que assegure igual‑
mesma data e sem distinção de índices; dade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas
XI – a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as
funções e empregos públicos da administração direta, autár‑ condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o  qual
quica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes somente permitirá as exigências de qualificação técnica e
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes obrigações.
políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remu‑ XXII – as administrações tributárias da União, dos Estados,
neratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas do Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao
as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não funcionamento do Estado, exercidas por servidores de carrei‑
poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Minis‑ ras específicas, terão recursos prioritários para a realização
tros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, de suas atividades e atuarão de forma integrada, inclusive
nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no com o compartilhamento de cadastros e de informações
Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito fiscais, na forma da lei ou convênio.
do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e § 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços
Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educa-
Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa tivo, informativo ou de orientação social, dela não podendo
inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem
mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos186.
Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite § 2º A não observância do disposto nos incisos II e III
aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade res‑
Defensores Públicos; ponsável, nos termos da lei.
XII – os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e § 3º A lei disciplinará as formas de participação do usu‑
do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos ário na administração pública direta e indireta, regulando
pelo Poder Executivo; especialmente:
XIII – é vedada a vinculação ou equiparação de quais- I  – as reclamações relativas à prestação dos serviços
quer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços
de pessoal do serviço público182; de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa
XIV – os acréscimos pecuniários percebidos por servidor e interna, da qualidade dos serviços;
público não serão computados nem acumulados para fins de II – o acesso dos usuários a registros administrativos e a
concessão de acréscimos ulteriores; informações sobre atos de governo, observado o disposto
XV – o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos no art. 5º, X e XXXIII;
e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto III  – a disciplina da representação contra o exercício
nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na
153, III, e 153, § 2º, I; administração pública.
XVI – é vedada a acumulação remunerada de cargos pú‑ § 4º Os atos de improbidade administrativa importa-
blicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, rão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função
observado em qualquer caso o disposto no inciso XI. pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao
a) a de dois cargos de professor183; erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou da ação penal cabível187.
científico; § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilí‑
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissio‑ citos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que
nais de saúde, com profissões regulamentadas; causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações
Noções de Direito Constitucional

XVII – a proibição de acumular estende-se a empregos e de ressarcimento.


funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e socieda‑ privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos
des controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público; danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a tercei‑
XVIII  – a administração fazendária e seus servidores ros, assegurado o direito de regresso contra o responsável
fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e juris- nos casos de dolo ou culpa.
dição, precedência sobre os demais setores administrativos, § 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao
na forma da lei184; ocupante de cargo ou emprego da administração direta e
XIX  – somente por lei específica poderá ser criada indireta que possibilite o acesso a informações privilegiadas.
autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira
dos órgãos e entidades da administração direta e indireta
182
Assunto cobrado na prova da Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secretaria
Nacional de Defesa Civil/2012. 185
Assunto cobrado na prova da Esaf/MF/Assistente Técnico-Administrativo/2012.
183
Assunto cobrado na prova da Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secretaria 186
Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secretaria Nacional de Defesa Ci‑
Nacional de Defesa Civil/2012. vil/2012.
184
Esaf/MF/Assistente Técnico-Administrativo/2012. 187
Esaf/MF/Assistente Técnico-Administrativo/2012.

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poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado en‑ dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos
tre seus administradores e o poder público, que tenha por cursos um dos requisitos para a promoção na carreira, fa‑
objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou cultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos
entidade, cabendo à lei dispor sobre: entre os entes federados.
I – o prazo de duração do contrato; § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público
II – os controles e critérios de avaliação de desempenho, o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII,
direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos dife‑
III – a remuneração do pessoal. renciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir.
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públi‑ § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo,
cas e às sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Munici‑
que receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito pais serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado
Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas de em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratifi‑
pessoal ou de custeio em geral. cação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso,
aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 o disposto no art. 37, X e XI.
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
com a remuneração de cargo, emprego ou função pública,
Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a
ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constitui‑
menor remuneração dos servidores públicos, obedecido, em
ção, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados qualquer caso, o disposto no art. 37, XI.
em lei de livre nomeação e exoneração. § 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciá­rio publi‑
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites re‑ carão anualmente os valores do subsídio e da remuneração
muneratórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, dos cargos e empregos públicos.
as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei. § 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentá‑
artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, rios provenientes da economia com despesas correntes em
em seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constitui‑ cada órgão, autarquia e fundação, para aplicação no desen‑
ções e Lei Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos volvimento de programas de qualidade e produtividade,
Desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado treinamento e desenvolvimento, modernização, reapare‑
a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do lhamento e racionalização do serviço público, inclusive sob
subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, a forma de adicional ou prêmio de produtividade.
não se aplicando o disposto neste parágrafo aos subsídios dos § 8º A remuneração dos servidores públicos organizados
Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores. em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.
Art. 38. Ao  servidor público da administração direta, Art. 40. Aos  servidores titulares de cargos efetivos da
autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo, União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
aplicam-se as seguintes disposições: incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime
I – tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante
distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função; contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos
II – investido no mandato de Prefeito, será afastado do e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preser‑
cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela vem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.
sua remuneração; § 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdên‑
III – investido no mandato de Vereador, havendo compa‑ cia de que trata este artigo serão aposentados, calcula­dos
tibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, os seus proventos a partir dos valores fixados na forma dos
§§ 3º e 17:
emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo
I – por invalidez permanente, sendo os proventos propor‑
eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a
cionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de
norma do inciso anterior; acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave,
IV – em qualquer caso que exija o afastamento para o contagiosa ou incurável, na forma da lei;
exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será II  – compulsoriamente, com proventos proporcionais
contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade,
por merecimento; ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei
V – para efeito de benefício previdenciário, no caso de complementar; (Redação dada pela Emenda Constitucional
afastamento, os  valores serão determinados como se no nº 88/2015)
exercício estivesse. III – voluntariamente, desde que cumprido tempo mí-
nimo de dez anos de efetivo exercício no serviço público e
Noções de Direito Constitucional

Seção II cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria,


Dos Servidores Públicos observadas as seguintes condições:
a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribui-
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu‑ ção, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta
nicípios instituirão conselho de política de administração e de contribuição, se mulher;
remuneração de pessoal, integrado por servidores designa‑ b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta
dos pelos respectivos Poderes. anos de idade, se mulher, com proventos proporcionais ao
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais tempo de contribuição188.
componentes do sistema remuneratório observará: § 2º Os proventos de aposentadoria e as pensões, por
I – a natureza, o grau de responsabilidade e a complexi‑ ocasião de sua concessão, não poderão exceder a remu‑
dade dos cargos componentes de cada carreira; neração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que
II – os requisitos para a investidura; se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a
III – as peculiaridades dos cargos. concessão da pensão.
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão
Assunto cobrado nas seguintes provas: Vunesp/TJ-SP/Escrevente Técnico Judici‑
188
escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento ário/2013 e Vunesp/Tribunal de Justiça-SP/Escrevente Técnico Judiciário/2010.

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§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por §  15. O  regime de previdência complementar de que
ocasião da sua concessão, serão consideradas as remunera‑ trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo
ções utilizadas como base para as contribuições do servidor Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus
aos regimes de previdência de que tratam este artigo e o parágrafos, no que couber, por intermédio de entidades
art. 201, na forma da lei. fechadas de previdência complementar, de natureza pública,
§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferen‑ que oferecerão aos respectivos participantes planos de be‑
ciados para a concessão de aposentadoria aos abrangidos nefícios somente na modalidade de contribuição definida.
pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos § 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção,
definidos em leis complementares, os casos de servidores: o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor
I – portadores de deficiência; que tiver ingressado no serviço público até a data da publi‑
II – que exerçam atividades de risco; cação do ato de instituição do correspondente regime de
III  – cujas atividades sejam exercidas sob condições previdência complementar.
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. § 17. Todos os valores de remuneração considerados para
§ 5º Os requisitos de idade e de tempo de contribuição o cálculo do benefício previsto no § 3º serão devidamente
serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no atualizados, na forma da lei.
§ 1º, III, a, para o professor que comprove exclusivamente § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de apo‑
tempo de efetivo exercício das funções de magistério na sentadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata
educação infantil e no ensino fundamental e médio. este artigo que superem o limite máximo estabelecido para
§  6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos os benefícios do regime geral de previdência social de que
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido para
percepção de mais de uma aposentadoria à conta do regime os servidores titulares de cargos efetivos.
de previdência previsto neste artigo. § 19. O servidor de que trata este artigo que tenha comple‑
§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão tado as exigências para aposentadoria voluntária estabelecidas
por morte, que será igual: no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em atividade fará
I – ao valor da totalidade dos proventos do servidor fa‑ jus a um abono de permanência equivalente ao valor da sua
lecido, até o limite máximo estabelecido para os benefícios contribuição previdenciária até completar as exigências para
do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, aposentadoria compulsória contidas no § 1º, II.
acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este §  20. Fica vedada a existência de mais de um regime
limite, caso aposentado à data do óbito; ou próprio de previdência social para os servidores titulares de
II – ao valor da totalidade da remuneração do servidor cargos efetivos, e de mais de uma unidade gestora do res‑
no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite pectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o disposto
máximo estabelecido para os benefícios do regime geral no art. 142, § 3º, X.
de previdência social de que trata o art. 201, acrescido de § 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá
setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso apenas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e de
em atividade na data do óbito. pensão que superem o dobro do limite máximo estabelecido
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para para os benefícios do regime geral de previdência social de
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, confor‑ que trata o art. 201 desta Constituição, quando o benefici‑
me critérios estabelecidos em lei. ário, na forma da lei, for portador de doença incapacitante.
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual ou muni‑ Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício
cipal será contado para efeito de aposentadoria e o tempo os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo
de serviço correspondente para efeito de disponibilidade. em virtude de concurso público.
§ 10. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
contagem de tempo de contribuição fictício. I – em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
§ 11. Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total II – mediante processo administrativo em que lhe seja
dos proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes assegurada ampla defesa;
da acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como III – mediante procedimento de avaliação periódica de
de outras atividades sujeitas a contribuição para o regime
desempenho, na forma de lei complementar, assegurada
geral de previdência social, e  ao montante resultante da
ampla defesa.
adição de proventos de inatividade com remuneração de
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do ser‑
cargo acumulável na forma desta Constituição, cargo em
vidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração,
da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem
e de cargo eletivo.
direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto
§ 12. Além do disposto neste artigo, o regime de pre‑
em disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo
vidência dos servidores públicos titulares de cargo efetivo
Noções de Direito Constitucional

de serviço.
observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados
para o regime geral de previdência social. § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade,
§ 13. Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo o servidor estável ficará em disponibilidade, com remune‑
em comissão declarado em lei de livre nomea­ção e exone- ração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado
ração bem como de outro cargo temporário ou de emprego aproveitamento em outro cargo.
público, aplica-se o regime geral de previdência social189. §  4º Como condição para a aquisição da estabilidade,
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu‑ é obrigatória a avaliação especial de desempenho por co‑
nicípios, desde que instituam regime de previdência com‑ missão instituída para essa finalidade.
plementar para os seus respectivos servidores titulares de [...]
cargo efetivo, poderão fixar, para o valor das aposentadorias
e pensões a serem concedidas pelo regime de que trata este ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
artigo, o limite máximo estabelecido para os benefícios do
regime geral de previdência social de que trata o art. 201. O sistema de Separação dos Poderes estabelece a tri‑
partição de Poderes: Poder Executivo, Poder Legislativo e
Funcab/MPE-RO/Técnico/Oficial de Diligências/2012.
189 Poder Judiciário.

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Alguns autores costumam não aceitar a divisão dos Pode‑ com força de lei, devendo submetê‑las de imediato
res, considerando que o Poder Político do Estado é uno e indi‑ ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda
visível. Entendem que a divisão seria das funções do Estado, Constitucional nº 32, de 2001);
entre órgãos diferentes e especializados, preferindo‑se falar Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de
em Função Executiva, Função Legislativa e Função Judiciária. seus membros ou dos membros do respectivo órgão
A Separação de Poderes é um sistema pensado por especial poderão os tribunais declarar a inconstitu‑
Montesquieu, que evita a concentração de forças na mão de cionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.
uma única pessoa ou instituição. Este sistema surgiu com o Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
escopo de derrubar os Estados Absolutistas, que consistiam I – processar e julgar o Presidente e o Vice‑Presidente
na concentração de poderes no Monarca, acabando por da República nos crimes de responsabilidade, bem
consagrar os Modelos Liberais de Estado. É um sistema que como os Ministros de Estado e os Comandantes da
privilegia os direitos individuais dos cidadãos. Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes
• Poder Legislativo (Função Legislativa): elaboração de da mesma natureza conexos com aqueles; (Redação
leis gerais e abstratas. dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 2/9/1999)
• Poder Executivo (Função Executiva): administração
do Estado. Cabe destacar, ainda, que o sistema de Separação de
• Poder Judiciário (Função Judiciária): aplicação da lei Poderes está consagrado no art. 2º da Constituição Fe­deral,
ao caso concreto nas disputas judiciais. ao estabelecer que os Poderes Executivo, Legislativo e Judi‑
ciário da União são independentes e harmônicos entre si.
A característica principal da Separação de Poderes está
no sistema de freios e contrapesos, ou seja, até mesmo para Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmô-
não se concentrar funções específicas em um único Poder, nicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
admite‑se que haja interferências recíprocas como forma de
controle de um Poder sobre o outro. Essa denominação de
freios e contrapesos vem do direito norte‑americano (checks Poder Executivo
and balances), significando que a separação de poderes não
é absoluta (rígida). No mesmo sentido, a função típica do Ao Poder Executivo compete a administração e gerencia‑
Poder Legislativo é legislar, do Poder Executivo, administrar mento do Estado, desenvolvendo as mais variadas políticas
e do Poder Judiciário, exercer a jurisdição. Contudo, cada um públicas – educação, saúde, habitação, saneamento, obras
dos poderes exerce, em pequena proporção, função que se- de infraestrutura – exercer atividade econômica, desenca‑
ria originariamente de outro. Isso ocorre para assegurar-se dear determinados projetos de lei, enfim, governar toda a
a própria autonomia institucional de cada poder e para que máquina estatal.
um poder exerça, em última instância, um controle sobre o O Poder Executivo, no âmbito federal, é exercido pelo
outro, evitando-se o arbítrio e o desmando.190 Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado.
Assim é que, por exemplo, o Poder Executivo pode exercer Na esfera estadual, é exercido pelo governador e na munici‑
a edição de medidas provisórias, mesmo considerando que a pal, pelo prefeito, com o auxílio de secretários.
função típica de legislar é do Poder Legislativo. Outro exemplo A Constituição faz referência ao tratar do Poder Executivo
é quando um tribunal vem a declarar a inconstitucionalidade ao Presidente da República (chefe do Poder Exe­cutivo), mas
de uma lei, excluindo‑a do mundo jurídico, fazendo nada mais em razão do princípio da simetria, estende‑se, como regra
que legislar negativamente, ao “revogar” determinada norma geral, aos chefes do Poder Executivo nos âmbitos estaduais
jurídica, função típica do Poder legislativo. e municipais.
Nesse sentido é que se fala em função típica e atípica.
Típica quando o órgão exerce suas atribuições específicas Dispositivo Constitucional
definidas pela Constituição e atípicas quando o órgão exerce
uma função que, em princípio, é de outro Poder. TÍTULO IV
Função típica é quando o Poder Legislativo elabora leis, Da Organização dos Poderes
gerais e abstratas, dotadas de impositividade a todos os .............................................................................................
cidadãos, ou quando o Judiciário julga os casos que lhes são CAPÍTULO II
apresentados, ou, ainda, quando o Executivo administra o Do Poder Executivo
Estado.
Função atípica é quando, por exemplo, o Judiciário, por Seção I
meio do Tribunal de Justiça, elabora o seu regimento interno.
Do Presidente e do Vice-Presidente da República
Ou quando o Presidente da República (Chefe do Executivo)
edita uma medida provisória. Ou, ainda, quando o Legislativo,
Noções de Direito Constitucional

Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da


por meio do Senado Federal, julga o Presidente da República
em crimes de responsabilidade – processo de impeachment, República, auxiliado pelos Ministros de Estado.
sob a presidência do Presidente do Supremo Tribunal Federal.
As situações de controle que um Poder pode exercer Processo Eleitoral do Presidente da República
sobre o outro não está ao livre dispor de cada um, mas
literalmente estipuladas no texto da Constituição Federal, A eleição do Presidente e do Vice‑Presidente da Repú‑
pois são consideradas como uma forma de exceção à regra blica realizar‑se‑á, simultaneamente, no primeiro domingo
da Separação dos Poderes. de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de
São exemplos extraídos da Constituição Federal os outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao
seguintes: do término do mandato presidencial vigente.
Será considerado eleito Presidente o candidato que,
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presiden‑ registrado por partido político, obtiver a maioria absoluta de
te da República poderá adotar medidas provisórias, votos, não computados os em branco e os nulos. A eleição
do Presidente da República importará a do Vice‑Presidente
Cespe/MPS/Agente Administrativo/2010.
190 com ele registrado.

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Importante lembrar que para assumir o cargo de Presi‑ mingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo
dente da República fazem‑se necessários alguns requisitos: de outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior
a) ser brasileiro nato (CF, art. 12, § 3º); b) estar em pleno ao do término do mandato presidencial vigente.
gozo de direitos políticos (CF, art. 14, § 3º); c) possuir mais § 1º A eleição do Presidente da República importará a
de trinta e cinco anos (CF, art. 14, § 3º, VI, a) do Vice‑Presidente com ele registrado.
A eleição poderá ocorrer em dois turnos. O segundo tur‑ § 2º Será considerado eleito Presidente o candidato que,
no só ocorrerá se nenhum candidato alcançar maioria absolu‑ registrado por partido político, obtiver a maioria absoluta de
ta na primeira votação, caso em que se fará nova eleição em votos, não computados os em branco e os nulos.
até vinte dias após a proclamação do resultado, concorrendo § 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na
os dois candidatos mais votados e considerando‑se eleito primeira votação, far‑se‑á nova eleição em até vinte dias após
aquele que obtiver a maioria dos votos válidos. a proclamação do resultado, concorrendo os dois candidatos
Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, mais votados e considerando‑se eleito aquele que obtiver a
desistência ou impedimento legal de candidato, convo- maioria dos votos válidos.
car‑se‑á, entre os remanescentes, o de maior votação191. Se § 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer
remanescer em segundo lugar mais de um candidato com a morte, desistência ou impedimento legal de candidato,
mesma votação, qualificar‑se‑á o mais idoso. convocar‑se‑á, dentre os remanescentes, o de maior votação.
O Presidente e o Vice‑Presidente da República tomarão § 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanes‑
posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o com- cer, em segundo lugar, mais de um candidato com a mesma
promisso de manter, defender e cumprir a Constituição, votação, qualificar‑se‑á o mais idoso.
observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, Art. 78. O Presidente e o Vice‑Presidente da República to‑
sustentar a união, a integridade e a independência do marão posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o
Brasil192. Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição,
o Presidente ou o Vice‑Presidente, salvo motivo de força observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro,
maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago. sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil.
Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada
e suceder‑lhe‑á, no caso de vaga, o Vice‑Presidente. para a posse, o Presidente ou o Vice‑Presidente, salvo mo‑
A função do Vice‑Presidente, além de outras atribuições tivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este será
que lhe forem conferidas por lei complementar, é auxiliar o declarado vago.
Presidente sempre que for por ele convocado para missões Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimen‑
especiais. to, e suceder‑ lhe‑á, no de vaga, o Vice‑Presidente.
A substituição do Presidente da República ou do Parágrafo único. O Vice‑Presidente da República, além de
Vice‑Presidente far‑se‑á, sucessivamente, pelo Presidente outras atribuições que lhe forem conferidas por lei comple‑
da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do mentar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado
Supremo Tribunal Federal para o exercício do cargo de para missões especiais.
Presidente da República193. Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do
Caso restem vagos os cargos de Presidente e Vice‑Presi‑ Vice‑Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão
dente da República, far‑se‑á eleição noventa dias depois de sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o
aberta a última vaga. Se essa vacância ocorrer nos últimos Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal
dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os e o do Supremo Tribunal Federal.
cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Con‑ Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice‑Presi‑
gresso Nacional, na forma da lei, para completar o período dente da República, far‑se‑á eleição noventa dias depois de
de seus antecessores. aberta a última vaga.
O mandato do Presidente da República é de quatro anos § 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do pe‑
e terá início em primeiro de janeiro do ano seguinte ao da ríodo presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita
sua eleição. trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional,
O Presidente e o Vice‑Presidente da República não po‑ na forma da lei.
derão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar‑se do § 2º Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar
País por período superior a quinze dias, sob pena de perda o período de seus antecessores.
do cargo.
Art. 82. O mandato do Presidente da República é de
quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do ano
Dispositivos Constitucionais seguinte ao da sua eleição.
Art. 83. O Presidente e o Vice‑Presidente da República
Noções de Direito Constitucional

TÍTULO IV não poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausen‑


Da Organização dos Poderes tar‑se do País por período superior a quinze dias, sob pena
............................................................................................. de perda do cargo.
CAPÍTULO II
Do Poder Executivo Atribuições do Presidente da República
Seção I As atribuições do Presidente da República estão traçadas
Do Presidente e do Vice-Presidente da República no texto constitucional (art. 84). Podem ser funções de chefe
............................................................................................. de Estado e chefe de Governo. A função de chefe de Estado
Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice‑Presidente da caracteriza‑se por exercer tarefas no âmbito externo, trava‑
República realizar‑se‑á, simultaneamente, no primeiro do‑ das com outros Estados (países), considerando a República
191
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-BA/Técnico Judiciário/Área Adminis‑
Fe­derativa do Brasil como Estado soberano. A função de
trativa/2010. chefe de Governo condiz com atividades no âmbito interno –
192
Assunto cobrado na prova da FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico basicamente são funções relacionadas à administração da
Judiciário/Área Administrativa/2010.
193
Assunto cobrado na prova do Cespe/Anac/Técnico Administrativo/2012. máquina pública.

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Entre as atribuições como Chefe de Governo, destaca‑se, X – decretar e executar a intervenção federal;
em razão da constante exigência em provas de concursos, XI – remeter mensagem e plano de governo ao Congresso
a faculdade de regulamentar. Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, ex‑
Trata‑se da forma pela qual o Chefe do Poder Executivo pondo a situação do País e solicitando as providências que
vem dotar de cumprimento uma determinada lei, expedindo julgar necessárias;
para tanto um decreto no sentido de imprimir maior nível XII – conceder indulto e comutar penas, com audiência,
de executoriedade. O decreto irá pormenorizar o conteúdo se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
da lei, explicando em maior detalhe, no intuito de facilitar XIII – exercer o comando supremo das Forças Armadas,
o processo de eficácia da lei, sem, contudo, obviamente, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Ae‑
contrariá‑la, sob pena de ilegalidade. ronáutica, promover seus oficiais‑generais e nomeá‑los para
Há uma exceção no texto constitucional que admite os cargos que lhes são privativos;
a edição de um decreto sem a existência de uma lei que XIV – nomear, após aprovação pelo Senado Fe­deral,
regulamente primariamente a matéria, chamado, por parte os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Su‑
da doutrina, de decreto autônomo. Trata‑se de autorização periores, os Governadores de Territórios, o Procurador‑Geral
ao Presidente da República para dispor, mediante decreto, da República, o presidente e os diretores do banco central e
sobre a organização e funcionamento da administração outros servidores, quando determinado em lei;
federal, quando não implicar aumento de despesa, nem XV – nomear, observado o disposto no art. 73, os Minis‑
criação ou extinção de órgãos. Também é possível extinguir tros do Tribunal de Contas da União;
funções ou cargos públicos, quando vagos. XVI – nomear os magistrados, nos casos previstos nesta
Constituição, e o Advogado‑Geral da União;
Ou seja, há duas possibilidades: XVII – nomear membros do Conselho da República, nos
• organização e funcionamento da administração federal termos do art. 89, VII;
(não pode haver aumento de despesa, nem criação ou XVIII – convocar e presidir o Conselho da República e o
extinção de órgãos públicos); Conselho de Defesa Nacional195;
XIX – declarar guerra, no caso de agressão estrangeira,
• extinguir funções ou cargos públicos, quando vagos.
autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por
ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas,
Cuidado! Como regra geral, a Constituição Federal não e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente,
admite o decreto autônomo, salvo nas duas hipóteses a mobilização nacional;
citadas. XX – celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do
Congresso Nacional;
XXI – conferir condecorações e distinções honoríficas;
Dispositivos Constitucionais XXII – permitir, nos casos previstos em lei com­plementar,
que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou
TÍTULO IV nele permaneçam temporariamente;
Da Organização dos Poderes XXIII – enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual,
............................................................................................. o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas
CAPÍTULO II de orçamento previstos nesta Constituição;
Do Poder Executivo XXIV – prestar, anualmente, ao Congresso Nacional,
............................................................................................. dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa,
Seção II as contas referentes ao exercício anterior;
Das Atribuições do Presidente da República XXV – prover e extinguir os cargos públicos federais, na
forma da lei;
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da XXVI – editar medidas provisórias com força de lei, nos
República: termos do art. 62;
I – nomear e exonerar os Ministros de Estado; XXVII – exercer outras atribuições previstas nesta Cons‑
II – exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a di‑ tituição.
reção superior da administração federal; Parágrafo único. O Presidente da República poderá de-
III – iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos legar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV,
previstos nesta Constituição; primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador‑Ge-
IV – sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem ral da República ou ao Advogado‑Geral da União, que ob-
como expedir decretos e regulamentos para sua fiel exe‑ servarão os limites traçados nas respectivas delegações196.
Noções de Direito Constitucional

cução;
V – vetar projetos de lei, total ou parcialmente194; Atribuições do Vice‑Presidente da República
VI – dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração fede‑ As funções do Vice‑Presidente, de acordo com Alexan‑
ral, quando não implicar aumento de despesa nem criação dre de Moraes, podem ser classificadas em próprias ou
ou extinção de órgãos públicos; impróprias. Funções próprias: substituição e sucessão do
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; Presidente da República, participação no Conselho da Repú‑
VII – manter relações com Estados estrangeiros e acre‑ blica, participação no Conselho de Defesa Nacional. Funções
ditar seus representantes diplomáticos; impróprias: auxílio ao Presidente em caso de convocação
VIII – celebrar tratados, convenções e atos internacionais, para missões especiais.
sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
IX – decretar o estado de defesa e o estado de sítio; FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico Judiciário/Área Administrati‑
195

va/2010.
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/Ancine/Técnico Administrati‑
196

Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-MS/Técnico Judiciário/Área Adminis‑


194
vo/2012 e FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico Judiciário/Área
trativa/2013. Administrativa/2010.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
TÍTULO IV A regra geral na Constituição é a transparência das votações no
Da Organização dos Poderes Parlamento, resguardando‑se a publicidade dos atos públicos,
............................................................................................. sendo exceção a previsão de voto secreto somente nos casos
CAPÍTULO II expressamente definidos no texto constitucional.
Do Poder Executivo Após esse período (primeira fase), sendo o caso de
............................................................................................. deliberação para se dar continuidade ao julgamento do
Seção I Presidente da República pelo Senado Federal (é necessário
Do Presidente e do Vice-Presidente da República obter 2/3 dos votos), fica o Presidente afastado de suas fun‑
............................................................................................. ções, por no máximo 180 dias. Em caso de não conclusão do
Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimen‑ julgado, este terá direito de ser restituído ao cargo. Não se
to, e suceder‑lhe‑á, no de vaga, o Vice‑Presidente. trata de sanção preliminar, mas apenas de medida cautelar
Parágrafo único. O Vice‑Presidente da República, além de no sentido de evitar que o Presidente da República utilize‑se
outras atribuições que lhe forem conferidas por lei comple‑ de expedientes que venham a tumultuar o andamento do
mentar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado processo de impeachment.
para missões especiais. A segunda fase é realizada pelo Senado Fe­deral, que
atuará como uma função julgadora. Serão convocados vários
Responsabilidade do Presidente da República parlamentares, dos mais diversos partidos, que participarão
do preparatório para julgamento pelo Plenário do Senado.
A Constituição brasileira não faz referência expressa ao A preparação constitui-se na oportunidade conferida ao Pre‑
vocábulo impeachment, de origem inglesa, com tradução de sidente da República para se defender (contraditório e ampla
“impedimento”, expressão também não utilizada no sentido defesa). O Presidente do Supremo Tribunal Federal é quem
aqui designado, preferindo chamar de “responsabilidade”. presidirá o julgamento pelo Senado Federal, com a função
A responsabilidade do Presidente da República ocorre de assegurar a aplicação do contraditório, ampla defesa e
com sua destituição do mandato, por ter praticado crime devido processo legal no julgamento, o que não significa que
de responsabilidade ou crime tipificado em lei penal. Em o Presidente do Supremo Tribunal Federal votará.
curtas palavras, trata‑se da perda do cargo do Chefe do Se o Senado julgar procedente, ou seja, pela condenação,
Poder Executivo. o Presidente do Supremo Tribunal Federal fará a proclamação
Os crimes de responsabilidade são as infrações praticadas do resultado do julgamento (também se exige um quorum
contra a Constituição (de forma geral, os crimes previstos de 2/3).
no art. 85), enquanto que a Lei nº 1.079/1950 estabelece O Presidente da República, na vigência de seu mandato,
situações mais específicas (tipos penais). Por sua vez, a res‑ não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercí‑
ponsabilidade do Presidente da República pelos crimes cio de suas funções. É uma responsabilidade relativa, porque
tipificados em lei penal é, simplesmente, a prática de crimes só exclui os atos estranhos ao exercício de suas funções.
comuns definidos no âmbito do direito penal (código penal A sanção nos crimes de responsabilidade corresponda:
+ legislação específica). a) perda do cargo; e b) inabilitação por oito anos para o
A doutrina debate se a natureza jurídica do impeachment exercício de função pública.
é penal ou política. A maioria dos autores sustenta que se Caso venha o Presidente da República a renunciar a
trata de natureza política, isso porque o processo de perda do seu mandato no cargo quando já instaurada a sessão de
cargo do Presidente da República somente pode ser realizado julgamento, isso não acarretará a extinção do processo de
após a aceitação pela Câmara dos Deputados, responsável impeachment. É uma forma de evitar que o Presidente venha
pelo juízo de admissibilidade. a burlar a condenação de inabilitação por oito anos para o
exercício da função pública. Esse foi o entendimento profe‑
Procedimento nos Crimes de Responsabilidade rido pelo Supremo Tribunal Federal no caso do ex‑presidente
A Lei nº 1.079/1950 estabelece o procedimento nos Fernando Collor de Mello.
crimes de responsabilidade, o qual se divide em duas fases:
acusação e julgamento. A primeira fase é feita pela Câmara Procedimento nos Crimes Comuns
dos Deputados, enquanto a segunda é realizada pelo Senado. Da mesma forma que nos crimes de responsabilidade,
O processo na Câmara dos Deputados se inicia a partir de a Câmara dos Deputados deliberará acerca do juízo de admis‑
notitia criminis (notícia do crime) por parte de um cidadão. sibilidade do Presidente da República, e posteriormente, em
Assim, é permitido a qualquer cidadão denunciar o Presi‑ caso positivo, será enviada a acusação ao Supremo Tribunal
dente da República ou Ministro de Estado por crime de res‑ Federal, o qual julgará o caso. Nos crimes comuns, o Supremo
ponsabilidade perante a Câmara dos Deputados. Quando a Tribunal Federal é o responsável pelo julgamento.
Noções de Direito Constitucional

legislação menciona “cidadão”, significa que os estrangeiros,


os que não podem votar e aqueles que tiverem, por qualquer Dispositivos Constitucionais
motivo, com seus direitos políticos perdidos ou suspensos
não podem apresentar a imputação penal. Percebe‑se que os TÍTULO IV
partidos políticos ou pessoas jurídicas não podem apresentar Da Organização dos Poderes
notitia criminis, no intuito de se evitar denúncias arbitrárias .............................................................................................
e abusivas, com mero interesse eleitoreiro. CAPÍTULO II
A Câmara dos Deputados irá receber a acusação pelo Do Poder Executivo
Presidente da Casa, que submeterá a uma comissão escolhida .............................................................................................
para discussão e votação, no sentido de decidir se é caso de Seção III
levar a Plenário ou não o juízo de admissibilidade (decidirá se a Da Responsabilidade do Presidente da República
acusação irá a julgamento pelo Senado). Ou seja, se o parecer
for negativo, será arquivada a notícia criminal, caso contrário, Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do
submete‑se ao Plenário a acusa­ção. É importante destacar Presidente da República que atentem contra a Constituição
que essa votação é aberta, sem possibilidade de voto secreto. Federal e, especialmente, contra:

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I – a existência da União; Art. 15. A denúncia só poderá ser recebida enquanto o
II – o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judi‑ denunciado não tiver, por qualquer motivo, deixado defini‑
ciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais tivamente o cargo.
das unidades da Federação; Art. 16. A denúncia assinada pelo denunciante e com a
III – o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; firma reconhecida, deve ser acompanhada dos documentos
IV – a segurança interna do País; que a comprovem, ou da declaração de impossibilidade de
V – a probidade na administração; apresentá‑los, com a indicação do local onde possam ser
VI – a lei orçamentária; encontrados, nos crimes de que haja prova testemunhal,
VII – o cumprimento das leis e das decisões judiciais. a denúncia deverá conter o rol das testemunhas, em número
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei espe‑
de cinco no mínimo.
cial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento.
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da
República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será Prerrogativas do Presidente da República
ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal
Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado As prerrogativas do Presidente da República não cons‑
Federal, nos crimes de responsabilidade. tituem privilégios, mas uma forma jurídica de se alcançar
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções: um grau maior de estabilidade ao mais alto cargo do Poder
I – nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia Executivo.
ou queixa‑crime pelo Supremo Tribunal Federal;
II – nos crimes de responsabilidade, após a instauração Dispositivos Constitucionais
do processo pelo Senado Federal.
§ 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, TÍTULO IV
o julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento Da Organização dos Poderes
do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do .............................................................................................
processo. CAPÍTULO II
§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, Do Poder Executivo
nas infrações comuns, o Presidente da República não estará .............................................................................................
sujeito a prisão. Seção III
§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu man‑ Da Responsabilidade do Presidente da República
dato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao .............................................................................................
exercício de suas funções. Art. 86. [...]
§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória,
Dispositivos da Lei nº 1.079/1950 nas infrações comuns, o Presidente da República não estará
sujeito a prisão.
Art. 1º São crimes de responsabilidade os que esta lei § 4º O Presidente da República, na vigência de seu man‑
especifica. dato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao
Art. 2º Os crimes definidos nesta lei, ainda quando exercício de suas funções.
simplesmente tentados, são passíveis da pena de perda do
.............................................................................................
cargo, com inabilitação, até cinco anos, para o exercício de
CAPÍTULO III
qualquer função pública, imposta pelo Senado Federal nos
processos contra o Presidente da República ou Ministros de Do Poder Judiciário
Estado, contra os Ministros do Supremo Tribunal Federal ou .............................................................................................
contra o Procurador Geral da República. Seção II
Art. 3º A imposição da pena referida no artigo anterior Do Supremo Tribunal Federal
não exclui o processo e julgamento do acusado por crime .............................................................................................
comum, na justiça ordinária, nos termos das leis de processo
penal. Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, preci‑
Art. 4º São crimes de responsabilidade os atos do Pre‑ puamente, a guarda da Constituição, cabendo‑lhe:
sidente da República que atentarem contra a Constituição I – processar e julgar, originariamente:
Federal, e, especialmente, contra: [...]
I – A existência da União: b) nas infrações penais comuns, o Presidente da Repúbli‑
II – O livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judi‑ ca, o Vice‑Presidente, os membros do Congresso Nacional,
Noções de Direito Constitucional

ciário e dos poderes constitucionais dos Estados; seus próprios Ministros e o Procurador‑Geral da República;
III – O exercício dos direitos políticos, individuais e sociais:
IV – A segurança interna do país: As prerrogativas elencadas na Constituição ao Presidente
V – A probidade na administração; da República não se estendem aos governadores dos esta‑
VI – A lei orçamentária;
dos e do Distrito Federal, pois, segundo a jurisprudência do
VII – A guarda e o legal emprego dos dinheiros públicos;
Supremo Tribunal Federal, foram conferidas ao Presidente
VIII – O cumprimento das decisões judiciárias (Consti‑
tuição, art. 89). da República como chefe de Estado e não como chefe de
[...] governo.
Art. 14. É permitido a qualquer cidadão denunciar o A única ressalva, feita pelo Supremo Tribunal Federal,
Presidente da República ou Ministro de Estado, por crime é quanto à imunidade formal, em que, para que possa ser
de responsabilidade, perante a Câmara dos Deputados197. processado o Governador por crimes cometidos durante o
exercício do mandato, deve haver licença prévia da Assem‑
bleia Legislativa (votos de 2/3), e desde que tenha previsão
Assunto cobrado na prova do Cespe/Câmara dos Deputados/Técnico Legislativo/
197

Técnico em Radiologia/2012. expressa nesse sentido na Constituição Estadual.

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Nos crimes comuns, enquanto o Presidente da República II – expedir instruções para a execução das leis, decretos
é julgado pelo Supremo Tribunal Federal, os governadores de e regulamentos;
estado e do Distrito Federal são julgados perante o Superior III – apresentar ao Presidente da República relatório
Tribunal de Justiça. anual de sua gestão no Ministério;
Dispositivos Constitucionais IV – praticar os atos pertinentes às atribuições que
lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da
TÍTULO IV República.
Da Organização dos Poderes Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de Mi‑
............................................................................................. nistérios e órgãos da administração pública.
CAPÍTULO III
Do Poder Judiciário É importante destacar uma função em especial: a de
............................................................................................. “referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da
Seção III República” na faculdade de regulamentar lei, conferindo fiel
Do Superior Tribunal De Justiça execução à lei. Isso significa que os decretos editados pelo
............................................................................................. Presidente da República devem vir acompanhados do refe‑
rendo do Ministro da respectiva Pasta Ministerial pertinente
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: à matéria tratada. Como exemplo o Decreto nº 6.445/2008
I – processar e julgar, originariamente: (dispõe sobre os efetivos do pessoal Militar do Exército, em
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados serviço ativo, a vigorar em 2008), em que assinam o Presi‑
e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, dente da República Luiz Inácio Lula da Silva e o Ministro de
os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados Estado Nelson Jobim.
e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas Os Ministros de Estado também podem cometer crimes
dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais de responsabilidade e crimes comuns, ambos julgados pelo
Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, Supremo Tribunal Federal, salvo os crimes de responsabilida‑
os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos de conexos aos cometidos pelo Presidente e Vice‑Presidente
Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem da República, os quais serão julgados pelo Senado Federal.
perante tribunais;
Dispositivos Constitucionais
Os governadores dos estados e do Distrito Fe­deral, em
regra, nos crimes de responsabilidade, são julgados pela TÍTULO IV
respectiva Assembleia Legislativa, ou mesmo por um Tribunal Da Organização dos Poderes
Especial, mas sempre havendo licença prévia da Assembleia
Legislativa. Esse Tribunal Especial ou o julgamento pela
CAPÍTULO I
própria Assembleia Legislativa deve estar previsto expres‑
Do Poder Legislativo
samente na Constituição do Estado.
.............................................................................................
Seção II
Ministros de Estado
Das Atribuições do Congresso Nacional
.............................................................................................
Os Ministros de Estado são auxiliares do Presidente
da República na função de governar198. São nomeados de
Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Fe­deral,
acordo com a livre vontade do Presidente da República (car‑
ou qualquer de suas Comissões, poderão convocar Ministro
go de livre nomeação e exoneração). São requisitos para o
de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente
exercício do cargo de Ministro de Estado ser brasileiro, maior
de vinte e um anos e em pleno gozo dos direitos políticos. subordinados à Presidência da República para prestarem,
As atribuições dos Ministros de Estado estão destacadas em pessoalmente, informações sobre assunto previamente de‑
negrito nos incisos do art. 87, logo abaixo. terminado, importando crime de responsabilidade a ausência
sem justificação adequada.
TÍTULO IV .............................................................................................
Da Organização dos Poderes Seção III
............................................................................................. Da Câmara dos Deputados
CAPÍTULO II
Do Poder Executivo Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Depu‑
Noções de Direito Constitucional

............................................................................................. tados:
Seção IV I – autorizar, por dois terços de seus membros, a instau‑
Dos Ministros de Estado ração de processo contra o Presidente e o Vice‑Presidente
da República e os Ministros de Estado;
Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre .............................................................................................
brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício dos Seção IV
direitos políticos. Do Senado Federal
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de
outras atribuições estabelecidas nesta Constituição e na lei: Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
I – exercer a orientação, coordenação e supervisão dos I – processar e julgar o Presidente e o Vice‑Presidente
órgãos e entidades da administração federal na área de sua da República nos crimes de responsabilidade, bem como
competência e referendar os atos e decretos assinados pelo os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do
Presidente da República; Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza
conexos com aqueles;
198
Assunto cobrado na prova da Cesgranrio/Bacen/Técnico/2010. .............................................................................................

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CAPÍTULO III III – o Presidente do Senado Federal;
Do Poder Judiciário IV – os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos
............................................................................................. Deputados;
Seção II V – os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal;
Do Supremo Tribunal Federal VI – o Ministro da Justiça;
............................................................................................. VII – seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, preci‑ cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente
puamente, a guarda da Constituição, cabendo‑lhe: da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos
I – processar e julgar, originariamente: pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três
[...] anos, vedada a recondução.
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de respon‑ Art. 90. Compete ao Conselho da República pronun‑
sabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da ciar‑se sobre:
Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto I – intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio;
no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tri‑ II – as questões relevantes para a estabilidade das insti‑
bunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática tuições democráticas.
de caráter permanente; § 1º O Presidente da República poderá convocar Ministro de
Estado para participar da reunião do Conselho, quando constar
Conselho da República e Conselho de Defesa Nacional da pauta questão relacionada com o respectivo Ministério.
§ 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do
O Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional Conselho da República.
têm a função de assessorar o Presidente da República na
tomada de decisões estratégicas, consideradas essenciais O Conselho de Defesa Nacional tem a função principal de
para o País. O Presidente da República é quem presidirá resguardar a soberania nacional e deliberar sobre questões
as reuniões do Conselho, tendo os pareceres emitidos por vinculadas a esse tema.
esses órgãos caráter meramente opinativo, não vinculando Participam do Conselho de Defesa Nacional:
o Presidente da República. • o Vice‑Presidente da República;
Participam do Conselho da República: • o Presidente da Câmara dos Deputados;
• o Vice‑Presidente da República; • o Presidente do Senado Federal;
• o Presidente da Câmara dos Deputados; • o Ministro da Justiça;
• o Presidente do Senado Federal; • o Ministro de Estado da Defesa;
• os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos • o Ministro das Relações Exteriores;
Deputados; • o Ministro do Planejamento;
• os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal; • os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aero‑
• o Ministro da Justiça; náutica.
• seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e
São atribuições do Conselho de Defesa Nacional:
cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente
• opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de
da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos
celebração da paz, nos termos desta Constituição;
pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três
• opinar sobre a decretação do estado de defesa, do
anos, vedada a recondução.
estado de sítio e da intervenção federal;
• propor os critérios e condições de utilização de áreas
A competência do Conselho da República cinge‑se no
indispensáveis à segurança do território nacional e opinar
pronunciamento sobre: sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira
• intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio; e nas relacionadas com a preservação e a exploração dos
• as questões relevantes para a estabilidade das institui‑ recursos naturais de qualquer tipo;
ções democráticas. • estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de
iniciativas necessárias para garantir a independência nacional
Dispositivos Constitucionais e a defesa do Estado democrático.

TÍTULO IV Dispositivos Constitucionais


Da Organização dos Poderes
............................................................................................. TÍTULO IV
Noções de Direito Constitucional

CAPÍTULO II Da Organização dos Poderes


Do Poder Executivo .............................................................................................
............................................................................................. CAPÍTULO II
Seção V Do Poder Executivo
Do Conselho da República e do .............................................................................................
Conselho de Defesa Nacional Seção V
Do Conselho da República e do
Subseção I Conselho de Defesa Nacional
Do Conselho da República .............................................................................................
Subseção II
Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de Do Conselho de Defesa Nacional
consulta do Presidente da República, e dele participam:
I – o Vice‑Presidente da República; Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de con‑
II – o Presidente da Câmara dos Deputados; sulta do Presidente da República nos assuntos relacionados

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com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático, • os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal
e dele participam como membros natos: e Territórios.
I – o Vice‑Presidente da República;
II – o Presidente da Câmara dos Deputados; O Poder Judiciário brasileiro existe no âmbito federal e
III – o Presidente do Senado Federal; estadual, utilizando‑se os municípios da justiça federal ou
IV – o Ministro da Justiça; estadual. Essa foi uma opção do constituinte, que não con‑
V – o Ministro de Estado da Defesa; cedeu aos Municípios um Judiciário próprio. Por isso, diz‑se
VI – o Ministro das Relações Exteriores; que a justiça brasileira é dualista.
VII – o Ministro do Planejamento.
VIII – os Comandantes da Marinha, do Exército e da Funções do Poder Judiciário
Aeronáutica.
§ 1º Compete ao Conselho de Defesa Nacional: Podem ser típicas e atípicas. Isso porque nem toda a
I – opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de atividade jurisdicional é exclusiva do Judiciário, ao passo
celebração da paz, nos termos desta Constituição; em que nem toda a atividade do Judiciário é jurisdicional.
II – opinar sobre a decretação do estado de defesa, do • função típica: atividade jurisdicional de julgar as de‑
estado de sítio e da intervenção federal; mandas que lhe são apresentadas;
III – propor os critérios e condições de utilização de áreas • função atípica: atividade de elaboração do Regimento
Interno de um Tribunal (função de legislar); atividade
indispensáveis à segurança do território nacional e opinar
do juiz de administrar a vara judiciária, coordenando
sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira
as atividades dos servidores (função executiva) etc.
e nas relacionadas com a preservação e a exploração dos
recursos naturais de qualquer tipo;
Por sua vez, é de se reconhecer atividade jurisdicional nos
IV – estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de
demais Poderes: a Câmara, ao ser responsável em examinar a
iniciativas necessárias a garantir a independência nacional e
procedência de acusação contra o Presidente, Vice‑Presiden‑
a defesa do Estado democrático. te e Ministros de Estado, esses últimos nos crimes conexos
§ 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do com os primeiros (art. 51, I, CF); o Senado, ao julgar crimes de
Conselho de Defesa Nacional. responsabilidade do Presidente, Vice‑Presidente, Ministros
do STF, Procurador‑Geral da República, Advogado‑Geral da
Observação: em relação ao estado de sítio, ao estado de União e Ministros de Estado e Comandantes da Marinha,
defesa e à intervenção federal deve haver parecer tanto Exército e Aeronáutica, esses últimos em crimes conexos
do Conselho da República como do Conselho de Defesa com os dois primeiros. (art. 52, I e II, da CF).
Nacional. Isso porque aquele analisará sob o ângulo da
defesa das instituições democráticas, enquanto esse últi‑
Classificação
mo fará sua observação sob o enfoque da preservação da
soberania nacional.
A doutrina clássica aponta a jurisdição como uma só. Ela
não é nem federal, nem estadual, como expressão do poder
Poder Judiciário estatal, que é uno, não comportando divisões. Entretanto,
essa divisão dogmática é racional como forma de melhor
O Poder Judiciário é um dos três Poderes que compõem estruturar e compreender.
São duas as esferas jurisdicionais: justiça comum e justiça
a República Federativa do Brasil, ao lado do Poder Executivo
especial. A justiça comum é dividida em justiça estadual e
e do Poder Legislativo. São poderes independentes e harmô‑
federal. Da justiça especial fazem parte: militar, eleitoral e
nicos, cada um com capacidade financeira e administrativa
trabalhista.
próprias. É a consagração do princípio da separação dos
• Justiça comum: justiça estadual e federal.
poderes, na qual se conferiu ao Poder Judiciário a função
• Justiça especial: justiça militar, eleitoral e trabalhista.
jurisdicional, ou seja, aplicação da lei aos conflitos de inte‑
resses submetidos a sua apreciação, com o intuito primordial Garantias do Poder Judiciário
de difundir a justiça, essencial para o Estado Democrático
de Direito. A Constituição Federal, no intuito de assegurar maior
São órgãos do Poder Judiciário: independência ao Poder Judiciário para que se estabeleça
Noções de Direito Constitucional

• o Supremo Tribunal Federal199; uma harmonia entres os poderes (Executivo, Legislativo e


• o Conselho Nacional de Justiça200; Judiciário), define algumas garantias aos Tribunais e aos
• o Superior Tribunal de Justiça; membros do Poder Judiciário, ao passo em que propõe algu‑
• os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; mas vedações. Esse modelo é imprescindível para o Estado
• os Tribunais e Juízes do Trabalho201; Democrático de Direito.
• os Tribunais e Juízes Eleitorais202; As garantias são divididas em institucionais e aos mem-
• os Tribunais e Juízes Militares203; bros do Poder Judiciário:
• garantias institucionais: resguardam a independência
199
Assunto cobrado na prova da Funcab/MPE-RO/Técnico/Oficial de Diligên‑
cias/2012. do Judiciário em relação aos demais Poderes.
200
Assunto cobrado na prova da Funcab/MPE-RO/Técnico/Oficial de Diligên‑ – autonomia funcional, administrativa e financeira –
cias/2012.
201
Vunesp/TJ-SP/Escrevente Técnico Judiciário/2013.
art. 99, CF.
202
Assunto cobrado na prova da Funcab/MPE-RO/Técnico/Oficial de Diligên‑ Os Tribunais possuem autonomia funcional. Isso significa
cias/2012. que eles têm a prerrogativa de apresentar projetos para
203
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/Anatel/Técnico Administrati‑
vo/2012, e Funcab/MPE-RO/Técnico/Oficial de Diligências/2012. estabelecer o número de juízes e desembargadores que

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irão compor o seu quadro funcional, assim como estabele‑ Dispositivos Constitucionais
cer a organização de secretarias, serviços auxiliares e dos
juízes que lhe forem vinculados, inclusive atividade corre‑ TÍTULO IV
cional, propor a criação de novas varas judiciárias, prover, Da Organização dos Poderes
por concurso público de provas, ou de provas e títulos, os .............................................................................................
cargos necessários à administração da Justiça, exceto os de CAPÍTULO III
confiança, entre outros. Do Poder Judiciário
Se, por acaso, for aprovado projeto de lei que permite
Seção I
ao Chefe do Executivo estabelecer, por exemplo, o número
Disposições Gerais
de desembargadores de um Tribunal de Justiça, essa norma
fatalmente será declarada inconstitucional por ofensa a Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
separação dos poderes, posto ser aquela matéria reservada I – o Supremo Tribunal Federal;
ao próprio Poder Judiciário. I‑A – o Conselho Nacional de Justiça;
É uma forma de os Tribunais administrarem seu próprio II – o Superior Tribunal de Justiça;
funcionamento, dentro de um parâmetro orçamentário pro‑ III – os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
posto pelos mesmos, tendo como limite a lei de diretrizes IV – os Tribunais e Juízes do Trabalho;
orçamentárias demarcada pela Constituição. V – os Tribunais e Juízes Eleitorais;
– modo de escolha dos dirigentes dos Tribunais: art. VI – os Tribunais e Juízes Militares;
96, I, a, da CF. VII – os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal
A autonomia funcional de um Tribunal só é alcançada e Territórios.
quando não há ingerências de outros Poderes, por isso é § 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de
imprescindível que os dirigentes sejam escolhidos dentro Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal.
do âmbito do próprio Poder Judiciário. § 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores
têm jurisdição em todo o território nacional.
• garantias aos membros: Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo
– vitaliciedade: somente decisão judicial transitada Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura,
em julgado faz com que o juiz venha a perder o cargo204. observados os seguintes princípios:
A vitaliciedade não é adquirida quando ingressa no cargo, I – ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz
mas após dois anos de exercício. Nesse período, antes de substituto, mediante concurso público de provas e títulos,
completar os dois anos, o juiz pode perder o cargo a depen‑ com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em
der de deliberação do Tribunal a que esteja vinculado. Isso todas as fases, exigindo‑se do bacharel em direito, no mí‑
não acontece com os magistrados de Tribunais Superiores, nimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo‑se, nas
que independem do transcurso do período, adquirindo a nomeações, à ordem de classificação;
vitaliciedade quando são empossados. II – promoção de entrância para entrância, alterna‑
– inamovibilidade: o juiz ingressa na carreira como juiz damente, por antiguidade e merecimento, atendidas as
substituto. A titularidade é adquirida com a promoção, seguintes normas:
e quando assim conquistada o juiz só poderá ser removido a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três
por iniciativa própria, nunca por iniciativa de outra auto‑ vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista de mereci‑
ridade, salvo no caso de decisão por maioria absoluta do mento;
respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, por b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de
exercício na respectiva entrância e integrar o juiz a primeira
interesse público, assegurada ampla defesa. Até para que
quinta parte da lista de antiguidade desta, salvo se não hou‑
haja promoção deve haver iniciativa do magistrado.
ver com tais requisitos quem aceite o lugar vago;
– irredutibilidade de subsídios: a irredutibilidade sig‑
c) aferição do merecimento conforme o desempenho e
nifica que não pode haver redução de “salário” (a Consti‑
pelos critérios objetivos de produtividade e presteza no
tuição estabelece que os magistrados serão remunerados
exercício da jurisdição e pela frequência e aproveitamento
por subsídios). Isso não impede que a remuneração venha
em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento;
a ser corroída pela inflação, nem mesmo a incidência de d) na apuração de antiguidade, o tribunal somente
tributos. poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado
– garantia de imparcialidade: o magistrado tem a garan‑
Noções de Direito Constitucional

de dois terços de seus membros, conforme procedimento


tia de ser imparcial, impedindo que outros intercedam em próprio, e assegurada ampla defesa, repetindo‑se a votação
seu trabalho. Na verdade, trata‑se não só de uma garantia, até fixar‑se a indicação;
mas de um dever do juiz de ser imparcial, ou seja, não se e) não será promovido o juiz que, injustificadamente,
deixar levar por influências externas ou psíquicas que possam retiver autos em seu poder além do prazo legal, não podendo
comprometer um julgamento justo. É por isso que é vedado devolvê‑los ao cartório sem o devido despacho ou decisão;
aos juízes ser filiado a atividades político‑partidárias, assim III – o acesso aos tribunais de segundo grau far‑se‑á por
como receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou par‑ antiguidade e merecimento, alternadamente, apurados na
ticipação em processo, bem como auxílios ou contribuições última ou única entrância205;
de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, salvo IV – previsão de cursos oficiais de preparação, aperfei‑
exceção prevista em lei. çoamento e promoção de magistrados, constituindo etapa
obrigatória do processo de vitaliciamento a participação em

Assunto cobrado na prova do Cespe/TJ-DF/Técnico Judiciário/Área Administra‑


204
FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico Judiciário/Área Administrati‑
205

tiva/2013. va/2010.

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curso oficial ou reconhecido por escola nacional de formação e Territórios será composto de membros, do Ministério
e aperfeiçoamento de magistrados; Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados
V – o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores cor‑ de notório saber jurídico e de repu­tação ilibada, com mais
responderá a noventa e cinco por cento do subsídio mensal de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em
fixado para os Ministros do Supremo Tribunal Federal e os lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas
subsídios dos demais magistrados serão fixados em lei e esca‑ classes.
lonados, em nível federal e estadual, conforme as respectivas Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal for‑
categorias da estrutura judiciária nacional, não podendo a mará lista tríplice, enviando‑a ao Poder Executivo, que, nos
diferença entre uma e outra ser superior a dez por cento ou vinte dias subsequentes, escolherá um de seus integrantes
inferior a cinco por cento, nem exceder a noventa e cinco para nomeação.
por cento do subsídio mensal dos Ministros dos Tribunais Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:
Superiores, obedecido, em qualquer caso, o disposto nos I – vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adqui‑
arts. 37, XI, e 39, § 4º; rida após dois anos de exercício, dependendo a perda do
VI – a aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz
dependentes observarão o disposto no art. 40; estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial
VII – o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo transitada em julgado;
autorização do tribunal206; II – inamovibilidade, salvo por motivo de interesse pú‑
VIII – o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria blico, na forma do art. 93, VIII;
do magistrado, por interesse público, fundar‑se‑á em decisão III – irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto
por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa; Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
VIII‑A – a remoção a pedido ou a permuta de magistra‑ I – exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou
dos de comarca de igual entrância atenderá, no que couber, função, salvo uma de magistério;
ao disposto nas alíneas a, b, c e e do inciso II; II – receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou
IX – todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judici‑ participação em processo;
ário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, III – dedicar‑se à atividade político‑partidária.
sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em IV – receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou
determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou pri‑
ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do vadas, ressalvadas as exceções previstas em lei;
direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique V – exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se
o interesse público à informação; afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do
X – as decisões administrativas dos tribunais serão mo- cargo por aposentadoria ou exoneração.
tivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas Art. 96. Compete privativamente:
pelo voto da maioria absoluta de seus membros207; I – aos tribunais:
XI – nos tribunais com número superior a vinte e cinco a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regi‑
julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com o mentos internos, com observância das normas de processo
mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a
o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais competência e o funcionamento dos respectivos órgãos
delegadas da competência do tribunal pleno, provendo‑se jurisdicionais e administrativos;
metade das vagas por antiguidade e a outra metade por b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos
eleição pelo tribunal pleno; juízos que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da
XII – a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo atividade correicional respectiva;
vedado férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos
grau, funcionando, nos dias em que não houver expediente de juiz de carreira da respectiva jurisdição;
forense normal, juízes em plantão permanente208; d) propor a criação de novas varas judiciárias;
XIII – o número de juízes na unidade jurisdicional será e) prover, por concurso público de provas, ou de provas
proporcional à efetiva demanda judicial e à respectiva po‑ e títulos, obedecido o disposto no art. 169, parágrafo único,
pulação; os cargos necessários à administração da Justiça, exceto os
XIV – os servidores receberão delegação para a prática de confiança assim definidos em lei;
Noções de Direito Constitucional

de atos de administração e atos de mero expediente sem f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus
caráter decisório209; membros e aos juízes e servidores que lhes forem imedia‑
XV – a distribuição de processos será imediata, em todos tamente vinculados;
os graus de jurisdição210. II – ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superio‑
Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais res e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo
Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal respectivo, observado o disposto no art. 169:
a) a alteração do número de membros dos tribunais
206
FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico Judiciário/Área Administrati‑ inferiores;
va/2010.
207
Assunto cobrado na prova da FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico
b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos
Judiciário/Área Administrativa/2010. seus serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vincu‑
208
FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico Judiciário/Área Administrati‑ lados, bem como a fixação do subsídio de seus membros e
va/2010.
209
FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico Judiciário/Área Administrati‑ dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores, onde houver;
va/2010. c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;
210
FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico Judiciário/Área Administrati‑
va/2010. d) a alteração da organização e da divisão judi­ciárias;

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III – aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de
do Distrito Federal e Territórios, bem como os membros do pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais
Ministério Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, abertos para este fim. (Redação dada pela Emenda Consti-
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral. tucional nº 62, de 2009)
Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus § 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem
membros ou dos membros do respectivo órgão especial aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proventos,
poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei pensões e suas complementações, benefícios previden­
ou ato normativo do Poder Público. ciários e indenizações por morte ou por invalidez, fundadas
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, em responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial
e os Estados criarão: transitada em julgado, e serão pagos com preferência sobre
I – juizados especiais, providos por juízes togados, ou todos os demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no §
togados e leigos, competentes para a conciliação, o julga‑ 2º deste artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucional
mento e a execução de causas cíveis de menor complexidade nº 62, de 2009)
e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os § 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares
procedimentos oral e sumariíssimo, permitidos, nas hipóte‑ tenham 60 (sessenta) anos de idade ou mais na data de ex‑
ses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos pedição do precatório, ou sejam portadores de doença grave,
por turmas de juízes de primeiro grau; definidos na forma da lei, serão pagos com preferência sobre
II – justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos todos os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo do
eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com mandato fixado em lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo,
de quatro anos e competência para, na forma da lei, celebrar admitido o fracionamento para essa finalidade, sendo que
casamentos, verificar, de ofício ou em face de impugnação o restante será pago na ordem cronológica de apresentação
apresentada, o processo de habilitação e exercer atribuições do precatório. (Redação dada pela Emenda Constitucional
conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras pre‑ nº 62, de 2009)
vistas na legislação. § 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à
§ 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados espe‑ expedição de precatórios não se aplica aos pagamentos de
ciais no âmbito da Justiça Federal. obrigações definidas em leis como de pequeno valor que
§ 2º As custas e emolumentos serão destinados ex‑ as Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença
clusivamente ao custeio dos serviços afetos às atividades judicial transitada em julgado. (Redação dada pela Emenda
específicas da Justiça. Constitucional nº 62, de 2009)
Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia § 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados,
administrativa e financeira. por leis próprias, valores distintos às entidades de direito
§ 1º Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentá‑ público, segundo as diferentes capacidades econômicas,
rias dentro dos limites estipulados conjuntamente com os sendo o mínimo igual ao valor do maior benefício do regime
demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias. geral de previdência social. (Redação dada pela Emenda
§ 2º O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros Constitucional nº 62, de 2009)
tribunais interessados, compete: § 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entida‑
I – no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo des de direito público, de verba necessária ao pagamento de
Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com a aprovação seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em julgado,
dos respectivos tribunais; constantes de precatórios judiciários apresentados até 1º
II – no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício
Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de Justiça, com a seguinte, quando terão seus valores atualizados moneta‑
aprovação dos respectivos tribunais. riamente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
§ 3º Se os órgãos referidos no § 2º não encaminharem 62, de 2009)
as respectivas propostas orçamentárias dentro do prazo § 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos
estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder serão consignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo
Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exequenda
orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária determinar o pagamento integral e autorizar, a requerimento
vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na do credor e exclusivamente para os casos de preterimento de
forma do § 1º deste artigo. seu direito de precedência ou de não alocação orçamentária
§ 4º Se as propostas orçamentárias de que trata este do valor necessário à satisfação do seu débito, o sequestro
Noções de Direito Constitucional

artigo forem encaminhadas em desacordo com os limites da quantia respectiva. (Redação dada pela Emenda Consti-
estipulados na forma do § 1º, o Poder Executivo procederá tucional nº 62, de 2009)
aos ajustes necessários para fins de consolidação da proposta § 7º O Presidente do Tribunal competente que, por
orçamentária anual. ato comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a
§ 5º Durante a execução orçamentária do exercício, liquidação regular de precatórios incorrerá em crime de
não poderá haver a realização de despesas ou a assunção responsabilidade e responderá, também, perante o Conselho
de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na Nacional de Justiça. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente au‑ 62, de 2009)
torizadas, mediante a abertura de créditos suplementares § 8º É vedada a expedição de precatórios complemen‑
ou especiais. tares ou suplementares de valor pago, bem como o fracio‑
Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Pú‑ namento, repartição ou quebra do valor da execução para
blicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude fins de enquadramento de parcela do total ao que dispõe o
de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem § 3º deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos 62, de 2009)

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§ 9º No momento da expedição dos precatórios, indepen‑ básica da caderneta de poupança, e, para fins de compen‑
dentemente de regulamentação, deles deverá ser abatido, sação da mora, incidirão juros simples no mesmo percentual
a título de compensação, valor correspondente aos débitos de juros incidentes sobre a caderneta de poupança, ficando
líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e constitu‑ excluída a incidência de juros compensatórios. (Incluído pela
ídos contra o credor original pela Fazenda Pública devedora, Emenda Constitucional nº 62, de 2009)
incluídas parcelas vincendas de parcelamentos, ressalvados § 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus
aqueles cuja execução esteja suspensa em virtude de con‑ créditos em precatórios a terceiros, independentemente da
testação administrativa ou judicial. (Incluído pela Emenda concordância do devedor, não se aplicando ao cessionário o
Constitucional nº 62, de 2009) disposto nos §§ 2º e 3º. (Incluído pela Emenda Constitucional
§ 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal nº 62, de 2009)
solicitará à Fazenda Pública devedora, para resposta em até § 14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos
30 (trinta) dias, sob pena de perda do direito de abatimento, após comunicação, por meio de petição protocolizada, ao
informação sobre os débitos que preencham as condições tribunal de origem e à entidade devedora. (Incluído pela
estabelecidas no § 9º, para os fins nele previstos. (Incluído Emenda Constitucional nº 62, de 2009)
pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009) § 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei com‑
§ 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em lei plementar a esta Constituição Federal poderá estabelecer
da entidade federativa devedora, a entrega de créditos em regime especial para pagamento de crédito de precatórios
precatórios para compra de imóveis públicos do respectivo de Estados, Distrito Fe­deral e Municípios, dispondo sobre
ente federado. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, vinculações à receita corrente líquida e forma e prazo de liqui‑
de 2009) dação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)
§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitu‑ § 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União
cional, a atualização de valores de requisitórios, após sua poderá assumir débitos, oriundos de precatórios, de Estados,
expedição, até o efetivo pagamento, independentemente de Distrito Federal e Municípios, refinanciando-os diretamente.
sua natureza, será feita pelo índice oficial de remuneração (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

Organograma do Poder Judiciário


Noções de Direito Constitucional

Supremo Tribunal Federal Floriano Peixoto nomeasse o médico Barata Ribeiro e os ge‑
nerais Inocêncio Galvão de Queiroz e Raymundo Ewerton de
Trata‑se de órgão de cúpula do Poder Judiciário brasileiro, Quadros.
sendo composto por onze Ministros, escolhidos entre cida‑ Os Ministros são escolhidos pelo Presidente da Repú-
dãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco e menos blica, devendo ainda obter a aprovação do Senado Federal,
de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico com o quorum de maioria absoluta, mediante resolução,
e reputação ilibada. com prévia sabatina pelos senadores211.
Percebe‑se que para ser Ministro do Supremo Tribunal Compete ao Supremo Tribunal Federal, guardião da Cons‑
Federal não se faz necessário o requisito de ser formado tituição, julgar as causas que diretamente atinjam normas
Bacharel em Direito, sendo suficientes os requisitos da idade (regras e princípios) inseridas no texto constitucional.
e do notável saber jurídico e reputação ilibada. Sob a vigên‑
cia da Constituição de 1891, na qual fazia exigência apenas
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário/Área Administra‑
211
do “notável saber”, sem o “jurídico”, o então presidente tiva/2010.

70 Este eBook foi adquirido por ANA PAULA TORQUATO DA COSTA - CPF: 628.848.913-15.
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Esta competência pode ser originária e recursal, aquela g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;
quando a ação for iniciada diretamente no Supremo Tribunal i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior
Federal, como no caso de ação direta de inconstitucionali‑ ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcio‑
dade (ADI), ação declaratória de constitucionalidade (ADC), nário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição
conflito de competência, entre tantas outras. Já a competên‑ do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à
cia recursal decorre de decisões proferidas nas instâncias or‑ mesma jurisdição em uma única instância;
dinárias, no caso os Tribunais de Justiça e Tribunais Regionais j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;
l) a reclamação para a preservação de sua competência
Federais (no âmbito da justiça comum), por exemplo, quando
e garantia da autoridade de suas decisões214;
houver afronta direta ao texto constitucional. m) a execução de sentença nas causas de sua compe‑
tência originária, facultada a delegação de atribuições para
Competência a prática de atos processuais;
n) a ação em que todos os membros da magistratura
TÍTULO IV sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela em que
Da Organização dos Poderes mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam
............................................................................................. impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados;
CAPÍTULO III o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal
Do Poder Judiciário de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores,
............................................................................................. ou entre estes e qualquer outro tribunal;
Seção II p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de
Do Supremo Tribunal Federal inconstitucionalidade;
q) o mandado de injunção, quando a elaboração da
norma regulamentadora for atribuição do Presidente da Re-
Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe‑se de onze
pública, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados,
Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legisla-
cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável tivas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais
saber jurídico e reputação ilibada. Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal215;
r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra
Ex.: as amigas Helena com 33 anos de idade, Sofia com o Conselho Nacional do Ministério Público;
39 anos de idade, Sara com 66 anos de idade e Débora II – julgar, em recurso ordinário:
com 62 anos são advogadas renomadas, de notável saber a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas
jurídico e reputação ilibada. De acordo com a Constituição data e o mandado de injunção decididos em única instância
Federal brasileira, poderão ser escolhidas para compor o pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;
Supremo Tribunal Federal apenas Sofia e Débora.212 b) o crime político216;
III – julgar, mediante recurso extraordinário, as causas
Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal decididas em única ou última instância, quando a decisão
serão nomeados pelo Presidente da República, depois de recorrida:
a) contrariar dispositivo desta Constituição217;
aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, preci‑ federal;
puamente, a guarda da Constituição, cabendo‑lhe: c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em
I – processar e julgar, originariamente: face desta Constituição.
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.
normativo federal ou estadual e a ação declaratória de § 1º A arguição de descumprimento de preceito funda‑
constitucionalidade de lei ou ato normativo federal213; mental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da Repúbli‑ Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.
ca, o Vice‑Presidente, os membros do Congresso Nacional, § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo
seus próprios Ministros e o Procurador‑Geral da República; Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconsti‑
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de respon‑ tucionalidade e nas ações declaratórias de constituciona‑
sabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da lidade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante,
Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à
no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tri‑ administração pública direta e indireta, nas esferas federal,
estadual e municipal.
bunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática
§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá de-
de caráter permanente; monstrar a repercussão geral das questões constitucionais
Noções de Direito Constitucional

d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal
referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e examine a admissão do recurso, somente podendo recu-
o habeas data contra atos do Presidente da República, das sá‑lo pela manifestação de dois terços de seus membros218.
Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstituciona‑
Tribunal de Contas da União, do Procurador‑Geral da Repú‑ lidade e a ação declaratória de constitucionalidade:
blica e do próprio Supremo Tribunal Federal; I – o Presidente da República;
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo interna‑ II – a Mesa do Senado Federal;
cional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território;
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, 214
Assunto cobrado na prova da FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico
a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive Judiciário/Área Administrativa/2010.
as respectivas entidades da administração indireta;
215
Assunto cobrado na prova da FCC/MPPE/Técnico Ministerial/Área Administra‑
tiva/2012.
216
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-BA/Técnico Judiciário/Área Adminis‑
212
FCC/Ministério Público do Estado do Amapá/Técnico Ministerial/Auxiliar Ad‑ trativa/2010.
ministrativo/2012. 217
Assunto cobrado na prova da Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secretaria
213
Assunto cobrado na prova da Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secretaria Nacional de Defesa Civil/2012.
Nacional de Defesa Civil/2012. 218
Cespe/Anatel/Técnico Administrativo/2012.

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III – a Mesa da Câmara dos Deputados; funcionais dos juízes, além de indicar políticas institucionais
IV – a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara de melhoria da atuação do Poder Judiciário220.
Legislativa do Distrito Federal; No mesmo sentido, o Conselho Nacional de Justiça é
V – o Governador de Estado ou do Distrito Federal; o órgão, sem competência jurisdicional, responsável pelo
VI – o Procurador‑Geral da República; controle administrativo do Poder Judiciário, podendo, in-
VII – o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do clusive, atuar de ofício, independentemente de provocação,
Brasil; para desconstituir atos administrativos ilegais praticados
VIII – partido político com representação no Congresso no âmbito do citado poder.221
Nacional;
IX – confederação sindical ou entidade de classe de
âmbito nacional. Cuidado! Não se trata de controlar as decisões pro­feridas
§ 1º O Procurador‑Geral da República deverá ser previa‑ pelos magistrados, pois eles possuem independência
mente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em todos funcional.
os processos de competência do Supremo Tribunal Federal.
§ 2º Declarada a inconstitucionalidade por omissão de O Conselho Nacional de Justiça tem a seguinte formação
medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada (15 membros):
ciência ao Poder competente para a adoção das providências I – Presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Fe‑
necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para deral;
fazê‑lo em trinta dias. II – um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado
§ 3º Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a pelo respectivo tribunal;
inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato nor‑ III – um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indi‑
mativo, citará, previamente, o Advogado‑Geral da União, cado pelo respectivo tribunal;
que defenderá o ato ou texto impugnado. IV – um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado
Art. 103‑A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício pelo Supremo Tribunal Federal;
ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus V – um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal
membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitu‑ Federal;
cional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na VI – um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo
imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais Superior Tribunal de Justiça;
órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta VII – um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de
e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem Justiça;
como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma VIII – um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado
estabelecida em lei. pelo Tribunal Superior do Trabalho;
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpreta‑ IX – um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior
ção e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais do Trabalho;
haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre X – um membro do Ministério Público da União, indicado
esses e a administração pública que acarrete grave insegu‑ pelo Procurador‑Geral da República;
rança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre XI – um membro do Ministério Público estadual, escolhi‑
questão idêntica. do pelo Procurador‑Geral da República dentre os nomes in‑
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, dicados pelo órgão competente de cada instituição estadual;
a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser XII – dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da
provocada por aqueles que podem propor a ação direta de Ordem dos Advogados do Brasil;
inconstitucionalidade. XIII – dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contra‑ ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro
riar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, cabe‑ pelo Senado Federal.
rá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando‑a
procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão Dispositivos Constitucionais
judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida
com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso. TÍTULO IV
Da Organização dos Poderes
Controle do Poder Judiciário .............................................................................................
CAPÍTULO III
A Constituição prevê uma forma de controle do Poder Do Poder Judiciário
Judiciário, assegurando a noção de freios e contrapesos .............................................................................................
entre os poderes. Este controle é pertinente à fiscalização Seção II
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial Do Supremo Tribunal Federal
Noções de Direito Constitucional

das unidades administrativas do Poder Judiciário, que deve .............................................................................................


ser realizada pelo Poder Legislativo, e por meio do Congresso
Nacional, com auxílio do Tribunal de Contas da União. Não Art. 103‑B. O Conselho Nacional de Justiça com­põe-se
se trata de um controle quanto à atuação do magistrado no de 15 (quinze) membros com mandato de 2 (dois) anos,
julgamento dos casos, pois não pode afetar propriamente a admitida 1 (uma) recondução, sendo: (Redação dada pela
atividade jurisdicional. EC nº 61, de 11/12/2009)
A Emenda Constitucional nº 45/2004 criou o Conselho I – o Presidente do Supremo Tribunal Federal; (Redação
Nacional de Justiça, que se trata de um novo órgão introdu‑ dada pela EC nº 61, de 11/12/2009)
zido na estrutura do Poder Judiciário, com sede na Capital I – um Ministro do Supremo Tribunal Federal, indicado
Federal, de natureza estritamente administrativa, ou seja, pelo respectivo tribunal;
sem poder jurisdicional219, com a finalidade de controle II – um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado
interno do Poder Judiciário. Tem o controle da atuação ad- pelo respectivo tribunal;
ministrativa e financeira do Poder Judiciário e dos deveres
220
Assunto cobrado na prova da Esaf/Ministério da Integração Nacional/Secretaria
Assunto cobrado na prova do Cespe/TJ-DF/Técnico Judiciário/Área Administra‑
219
Nacional de Defesa Civil/2012
tiva/2013. 221
Cespe/Anatel/Técnico Administrativo/2012.

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III – um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indi‑ no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar
cado pelo respectivo tribunal; mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser
IV – um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da
pelo Supremo Tribunal Federal; sessão legislativa.
V – um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal § 5º O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exercerá
Federal; a função de Ministro‑Corregedor e ficará excluído da dis‑
VI – um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo tribuição de processos no Tribunal, competindo‑lhe, além
Superior Tribunal de Justiça; das atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da
VII – um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Magistratura, as se­guintes:
Justiça; I – receber as reclamações e denúncias, de qualquer inte‑
VIII – um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado ressado, relativas aos magistrados e aos serviços judiciários;
pelo Tribunal Superior do Trabalho; II – exercer funções executivas do Conselho, de inspeção
IX – um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior e de correição geral;
do Trabalho; III – requisitar e designar magistrados, delegando‑lhes
X – um membro do Ministério Público da União, indicado atribuições, e requisitar servidores de juízos ou tribunais,
pelo Procurador‑Geral da República; inclusive nos Estados, Distrito Federal e Territórios.
XI – um membro do Ministério Público estadual, escolhi‑ § 6º Junto ao Conselho oficiarão o Procurador‑Geral da
do pelo Procurador‑Geral da República dentre os nomes in‑ República e o Presidente do Conselho Federal da Ordem dos
dicados pelo órgão competente de cada instituição estadual; Advogados do Brasil.
XII – dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da § 7º A União, inclusive no Distrito Federal e nos Territó‑
Ordem dos Advogados do Brasil; rios, criará ouvidorias de justiça, competentes para receber
XIII – dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação reclamações e denúncias de qualquer interessado contra
ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro membros ou órgãos do Poder Judiciário, ou contra seus
pelo Senado Federal. serviços auxiliares, representando diretamente ao Conselho
§ 1º O Conselho será presidido pelo Presidente do Supre‑ Nacional de Justiça.
mo Tribunal Federal e, nas suas ausências e impedimentos,
pelo Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal. (Redação Superior Tribunal de Justiça
dada pela EC nº 61, de 11/12/2009)
§ 2º Os demais membros do Conselho serão nomeados O Superior Tribunal de Justiça também é órgão do Poder
pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha Judiciário e foi criado para julgar os recursos em face das
pela maioria absoluta do Senado Federal. (Redação dada pela decisões proferidas no âmbito da justiça comum (Tribunal de
EC nº 61, de 11/12/2009) Justiça e Tribunal Regional Federal) referentes às questões de
§ 3º Não efetuadas, no prazo legal, as indicações previstas natureza infraconstitucional, concernentes às leis federais.
neste artigo, caberá a escolha ao Supremo Tribunal Federal. Tem a atribuição de conferir uniformidade de interpretação
§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação admi‑ acerca das leis federais.
nistrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento O Superior Tribunal de Justiça é composto de, no míni-
dos deveres funcionais dos juízes, cabendo‑lhe, além de mo, trinta e três Ministros nomeados pelo Presidente da
outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto República, dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e
da Magistratura: menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber
I – zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cum‑ jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha
primento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir pela maioria absoluta do Senado Federal222. É formado por:
atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou I – um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais
recomendar providências; e um terço dentre desembargadores dos Tribunais de Justiça,
II – zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal;
ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrati‑ II – um terço, em partes iguais, dentre advogados e mem‑
vos praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, bros do Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito Federal
podendo desconstituí‑los, revê‑los ou fixar prazo para que se e Territórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94.
adotem as providências necessárias ao exato cumprimento
da lei, sem prejuí­zo da competência do Tribunal de Contas Dispositivo Constitucional
da União;
III – receber e conhecer das reclamações contra membros TÍTULO IV
ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços Da Organização dos Poderes
auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços nota‑ .............................................................................................
riais e de registro que atuem por delegação do poder público CAPÍTULO III
Do Poder Judiciário
Noções de Direito Constitucional

ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e


correicional dos tribunais, podendo avocar processos discipli‑ .............................................................................................
nares em curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou Seção III
a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais Do Superior Tribunal de Justiça
ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas,
assegurada ampla defesa; Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe‑se de,
IV – representar ao Ministério Público, no caso de crime no mínimo, trinta e três Ministros.
contra a administração pública ou de abuso de autoridade; Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de
V – rever, de ofício ou mediante provocação, os processos Justiça serão nomeados pelo Presidente da República,
disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de
menos de um ano; sessenta e cinco anos223, de notável saber jurídico e repu­
VI – elaborar semestralmente relatório estatístico sobre
processos e sentenças prolatadas, por unidade da Federação, 222
Assunto cobrado nas seguintes provas: Funcab/MPE-RO/Técnico/Oficial de
nos diferentes órgãos do Poder Judiciário; Diligências/2012 e FCC/Ministério Público do Estado do Amapá/Técnico Mi‑
VII – elaborar relatório anual, propondo as providências nisterial/Auxiliar Administrativo/2012.
223
FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico Judiciário/Área Administrati‑
que julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário va/2010.

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tação ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria b) julgar válido ato de governo local contestado em face
absoluta do Senado Federal, sendo: de lei federal224;
I – um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe
e um terço dentre desembargadores dos Tribunais de Justiça, haja atribuído outro tribunal.
indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal; Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal
II – um terço, em partes iguais, dentre advogados e de Justiça:
membros do Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito I – a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento
Federal e Territórios, alternadamente, indicados na forma de Magistrados, cabendo‑lhe, dentre outras funções, re‑
do art. 94. gulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção
na carreira;
Competência II – o Conselho da Justiça Federal, cabendo‑lhe exercer,
na forma da lei, a supervisão administrativa e orçamentária
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão
I – processar e julgar, originariamente: central do sistema e com poderes correicionais, cujas deci‑
sões terão caráter vinculante.
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados
e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, Justiça Federal
os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados
e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas A Justiça Federal Comum é composta pelos Tribunais
dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Regionais Federais e pelos juízes federais. São cinco Tribu‑
Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, nais Regionais Federais. Cada Estado, assim como o Distrito
os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Federal, constitui uma seção judiciária, com sede na Capital
Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem e varas localizadas de acordo com a lei de organização judi‑
perante tribunais; ciária. Os juí­zes federais são membros da Justiça Federal de
b) os mandados de segurança e os habeas data contra primeira instância.
ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do
Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal; Dispositivos Constitucionais
c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for
qualquer das pessoas mencionadas na alínea a, ou quando o TÍTULO IV
coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado Da Organização dos Poderes
ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, .............................................................................................
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; CAPÍTULO III
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, Do Poder Judiciário
ressalvado o disposto no art. 102, I, o, bem como entre tri‑ .............................................................................................
bunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados Seção IV
a tribunais diversos; Dos Tribunais Regionais Federais e dos Juízes Federais
e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus
julgados; Art. 106. São órgãos da Justiça Federal:
f) a reclamação para a preservação de sua competência I – os Tribunais Regionais Federais;
e garantia da autoridade de suas decisões; II – os Juízes Federais.
g) os conflitos de atribuições entre autoridades ad‑ Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais compõem‑se
ministrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na
judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do respectiva região e nomeados pelo Presidente da República
Distrito Federal, ou entre as deste e da União; dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta
h) o mandado de injunção, quando a elaboração da e cinco anos, sendo:
norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade I – um quinto dentre advogados com mais de dez anos
ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, de efetiva atividade profissional e membros do Ministério
Público Federal com mais de dez anos de carreira;
excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal
II – os demais, mediante promoção de juízes federais
Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, com mais de cinco anos de exercício, por antiguidade e
da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal; merecimento, alternadamente.
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão § 1º A lei disciplinará a remoção ou a permuta de juízes
de exequatur às cartas rogatórias; dos Tribunais Regionais Federais e determinará sua jurisdi‑
II – julgar, em recurso ordinário: ção e sede.
a) os habeas corpus decididos em única ou última instân‑ § 2º Os Tribunais Regionais Federais instalarão a justiça
Noções de Direito Constitucional

cia pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos itinerante, com a realização de audiências e demais funções
Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respec‑
for denegatória; tiva jurisdição, servindo‑se de equipamentos públicos e
b) os mandados de segurança decididos em única instân‑ comunitários.
cia pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos § 3º Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar
Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim
a decisão; de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em
c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou todas as fases do processo.
organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município
ou pessoa residente ou domiciliada no País; Competência
III – julgar, em recurso especial, as causas decididas, em A competência da Justiça Federal é marcada por julgar
única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais as causas em que houver interesse da União ou de suas
ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territó‑ entidades descentralizadas, seja quando atuar como auto‑
rios, quando a decisão recorrida:
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 9ª Região (PR)/Técnico Judiciário/Área
224
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar‑lhes vigência; Administrativa/2013.

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ras, assistentes ou oponentes, com exceção das causas que VII – os habeas corpus, em matéria criminal de sua
versarem sobre falência, acidente do trabalho, relacionadas competência ou quando o constrangimento provier de
à Justiça Eleitoral e do Trabalho. autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a
Importante destacar que a Justiça Federal poderá assu‑ outra jurisdição;
mir a competência para julgar demandas que versem sobre VIII – os mandados de segurança e os habeas data contra
graves violações de direitos humanos previstos em tratados ato de autoridade federal, excetuados os casos de compe‑
internacionais dos quais o Brasil seja parte. O procedimento tência dos tribunais federais;
para deslocamento da competência para a Justiça Federal IX – os crimes cometidos a bordo de navios ou aerona-
inicia‑se após a verificação da omissão ou ineficácia dos ves, ressalvada a competência da Justiça Militar228;
órgãos da Justiça Estadual, quando o Procurador‑Geral da X – os crimes de ingresso ou permanência irregular de
República poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o exequatur,
Justiça, o referido incidente. e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas
referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à
Dispositivos Constitucionais naturalização;
XI – a disputa sobre direitos indígenas229.
TÍTULO IV § 1º As causas em que a União for autora serão aforadas
Da Organização dos Poderes na seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte.
............................................................................................. § 2º As causas intentadas contra a União poderão ser
CAPÍTULO III aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor,
Do Poder Judiciário naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem
............................................................................................. à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no
Seção IV Distrito Federal.
Dos Tribunais Regionais Federais e dos Juízes Federais § 3º Serão processadas e julgadas na justiça esta­dual, no
............................................................................................. foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: em que forem parte instituição de previdência social e segu‑
I – processar e julgar, originariamente: rado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluí­dos os federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir
da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns que outras causas sejam também processadas e julgadas
e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público pela justiça estadual.
da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; § 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de
seus ou dos juízes federais da região; jurisdição do juiz de primeiro grau.
c) os mandados de segurança e os habeas data contra § 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos huma‑
ato do próprio Tribunal ou de juiz federal; nos, o Procurador‑Geral da República, com a finalidade de
d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora for assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tra‑
juiz federal; tados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil
e) os conflitos de competência entre juízes federais vin‑ seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de
culados ao Tribunal; Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente
II – julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos de deslocamento de competência para a Justiça Federal.
juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da com‑ Art. 110. Cada Estado, bem como o Distrito Federal, cons‑
petência federal da área de sua jurisdição. tituirá uma seção judiciária que terá por sede a respectiva
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: Capital, e varas localizadas segundo o estabelecido em lei.
I – as causas em que a União, entidade autárquica ou Parágrafo único. Nos Territórios Federais, a jurisdição e as
empresa pública federal forem interessadas na condição de atribuições cometidas aos juízes federais caberão aos juízes
autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, da justiça local, na forma da lei.
as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e
à Justiça do Trabalho; Justiça do Trabalho
II – as causas entre Estado estrangeiro ou organismo
internacional e Município ou pessoa domiciliada ou resi‑ A Justiça do Trabalho é o órgão do Poder Judiciário in‑
dente no País; cumbido de apreciar as demandas referentes ao direito do
III – as causas fundadas em tratado ou contrato da União trabalho, como, por exemplo, reclamações trabalhistas em
com Estado estrangeiro ou organismo internacional225; que se pleiteiam horas extras, décimo terceiro salário, férias,
IV – os crimes políticos226 e as infrações penais praticadas entre outros direitos laborais. A Constituição utiliza a expres‑
em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de são “relações de trabalho” para denotar a competência da
suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas Justiça do Trabalho, abrangendo, inclusive, as controvérsias
Noções de Direito Constitucional

as contravenções e ressalvada a competência da Justiça trabalhistas dos entes da Administração Pública direta e
Militar e da Justiça Eleitoral; indireta, não se incluindo nessas situações as relações es‑
V – os crimes previstos em tratado ou convenção tatutárias da administração pública. Nesse sentido, só as
internacional, quando, iniciada a execução no País, o re- relações celetistas (decorrentes da Consolidação das Leis
sultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou do Trabalho – CLT) e não estatutárias serão julgadas pela
reciprocamente227; Justiça do Trabalho.
V‑A – as causas relativas a direitos humanos a que se São órgãos da Justiça do Trabalho:
refere o § 5º deste artigo; I – o Tribunal Superior do Trabalho;
VI – os crimes contra a organização do trabalho e, nos II – os Tribunais Regionais do Trabalho;
casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a III – Juízes do Trabalho.
ordem econômico‑financeira; O Tribunal Superior do Trabalho será composto de vinte
e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de
225
FCC/TRT 9ª Região (PR)/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2013. trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados
226
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-BA/Técnico Judiciário/Área Adminis‑
trativa/2010. FCC/TRT 9ª Região (PR)/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2013.
228
227
FCC/TRT 9ª Região (PR)/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2013. FCC/TRT 9ª Região (PR)/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2013.
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pelo Presidente da República após aprovação pela maioria de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema,
absoluta do Senado Federal, sendo: cujas decisões terão efeito vinculante.
I – um quinto dentre advogados com mais de dez anos Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, poden‑
de efetiva atividade profissional e membros do Ministério do, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí‑la
Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exer‑ aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal
cício, observado o disposto no art. 94; Regional do Trabalho.
II – os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Art. 113. A lei disporá sobre a constituição, investidura,
Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados jurisdição, competência, garantias e con­dições de exercício
pelo próprio Tribunal Superior. dos órgãos da Justiça do Trabalho.
Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem‑se de,
no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na Competência
respectiva região e nomeados pelo Presidente da República Em regra, abrange o julgamento de dissídios individuais
entre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e e coletivos, sendo aqueles compostos pelo trabalhador de
cinco anos, sendo: um lado e pela empresa de outro, enquanto que os dissídios
I – um quinto dentre advogados com mais de dez anos coletivos são demandas entre sindicato dos trabalhadores
de efetiva atividade profissional e membros do Ministério versus empresas/sindicatos econômicos de outro, ou seja,
Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exer‑ esses últimos objetivam solucionar interesse de uma cate‑
cício, observado o disposto no art. 94; goria determinada de trabalhadores.
II – os demais, mediante promoção de juízes do trabalho • dissídio individual: decisão de interesse direto de
por antiguidade e merecimento, alternadamente. um trabalhador específico – julgamento pelo juiz de
Destaca‑se na Constituição que os Tribunais Regionais primeira instância;
do Trabalho instalarão a justiça itinerante, com a realização • dissídio coletivo: sentença normativa que podem es‑
de audiências e demais funções de atividade jurisdicional, tabelecer novos direitos à determinada categoria de
trabalhadores – julgamento pelos Tribunais da Justiça
nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo‑se
do Trabalho (segunda instância).
de equipamentos públicos e comunitários. Destaca-se tam‑
bém que os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcio‑
nar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, Dispositivos Constitucionais
a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça
em todas as fases do processo. TÍTULO IV
Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida por Da Organização dos Poderes
um juiz singular. .............................................................................................
CAPÍTULO III
Do Poder Judiciário
Dispositivos Constitucionais .............................................................................................
Seção V
TÍTULO IV Dos Tribunais e Juízes do Trabalho
Da Organização dos Poderes .............................................................................................
............................................................................................. Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e
CAPÍTULO III julgar:
Do Poder Judiciário I – as ações oriundas da relação de trabalho, abrangi‑
............................................................................................. dos os entes de direito público externo e da administração
Seção V pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito
Dos Tribunais e Juízes do Trabalho Federal e dos Municípios;
II – as ações que envolvam exercício do direito de greve;
Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho: III – as ações sobre representação sindical, entre sindi‑
I – o Tribunal Superior do Trabalho; catos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e
II – os Tribunais Regionais do Trabalho; empregadores;
III – Juízes do Trabalho. IV – os mandados de segurança, habeas corpus e habeas
Art. 111‑A. O Tribunal Superior do Trabalho compor‑se‑á data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à
de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com sua jurisdição;
mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, V – os conflitos de competência entre órgãos com ju‑
nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela risdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o;
maioria absoluta do Senado Federal, sendo: VI – as ações de indenização por dano moral ou patrimo‑
I – um quinto dentre advogados com mais de dez anos nial, decorrentes da relação de trabalho;
de efetiva atividade profissional e membros do Ministério
Noções de Direito Constitucional

VII – as ações relativas às penalidades administrativas


Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exer‑ impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das
cício, observado o disposto no art. 94; relações de trabalho;
II – os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do VIII – a execução, de ofício, das contribuições sociais
Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais,
pelo próprio Tribunal Superior. decorrentes das sentenças que proferir;
§ 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Su‑ IX – outras controvérsias decorrentes da relação de tra‑
perior do Trabalho. balho, na forma da lei.
§ 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho: § 1º Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão
I – a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento eleger árbitros.
de Magistrados do Trabalho, cabendo‑lhe, dentre outras § 2º Recusando‑se qualquer das partes à negociação
funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum
promoção na carreira; acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, po‑
II – o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, caben‑ dendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas
do‑lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem
orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho como as convencionadas anteriormente.

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§ 3º Em caso de greve em atividade essencial, com pos‑ III – por nomeação, pelo Presidente da República,
sibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público de dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico
do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.
Justiça do Trabalho decidir o conflito. Os juízes estaduais acumulam as funções de juízes
Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho com‑ eleitorais.
põem‑se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando
possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente Dispositivos Constitucionais
da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos
de sessenta e cinco anos, sendo: TÍTULO IV
I – um quinto dentre advogados com mais de dez anos Da Organização dos Poderes
de efetiva atividade profissional e membros do Ministério .............................................................................................
Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exer‑ CAPÍTULO III
cício, observado o disposto no art. 94; Do Poder Judiciário
II – os demais, mediante promoção de juízes do trabalho .............................................................................................
por antiguidade e merecimento, alternadamente. Seção VI
§ 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a Dos Tribunais e Juízes Eleitorais
justiça itinerante, com a realização de audiências e demais
funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral:
respectiva jurisdição, servindo‑se de equipamentos públicos I – o Tribunal Superior Eleitoral;
e comunitários. II – os Tribunais Regionais Eleitorais;
§ 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcio‑ III – os Juízes Eleitorais;
nar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, IV – as Juntas Eleitorais.
a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor‑se‑á, no
em todas as fases do processo. mínimo, de sete membros, escolhidos:
Art. 116. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida I – mediante eleição, pelo voto secreto:
por um juiz singular. a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal
Federal;
Justiça Eleitoral b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal
de Justiça;
A Justiça Eleitoral tem por incumbência julgar as deman‑ II – por nomeação do Presidente da República, dois juízes
das relacionadas ao processo eleitoral, ao mesmo tempo em dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade
que estabelece, como função peculiar, atividades adminis‑ moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.
trativas, a qual coordena a totalidade dos procedimentos Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá
necessários para a realização da eleição. seu Presidente e o Vice‑Presidente dentre os Ministros do
São órgãos da Justiça Eleitoral: Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre
I – o Tribunal Superior Eleitoral; os Ministros do Superior Tribunal de Justiça.
II – os Tribunais Regionais Eleitorais; Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital
III – os Juízes Eleitorais; de cada Estado e no Distrito Federal.
IV – as Juntas Eleitorais. § 1º Os Tribunais Regionais Eleitorais compor‑se‑ão:
O Tribunal Superior Eleitoral compor‑se‑á, no mínimo, I – mediante eleição, pelo voto secreto:
de sete membros, escolhidos: a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal
I – mediante eleição, pelo voto secreto: de Justiça;
a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo
Federal; Tribunal de Justiça;
b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal II – de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na
de Justiça; Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo,
II – por nomeação do Presidente da República, dois de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal
juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e ido- Regional Federal respectivo;
neidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal230. III – por nomeação, pelo Presidente da República,
O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o de dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico
Vice‑Presidente dentre os Ministros do Supremo Tribunal e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.
Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do § 2º O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente
e o Vice‑Presidente dentre os desembargadores.
Noções de Direito Constitucional

Superior Tribunal de Justiça.


O Tribunal Regional Eleitoral será instalado em cada Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização
Estado e no Distrito Federal, elegendo seu Presidente e o e competência dos tribunais, dos juízes de direito e das
Vice‑Presidente dentre os desembargadores, compondo‑se: juntas eleitorais.
I – mediante eleição, pelo voto secreto: § 1º Os membros dos tribunais, os juízes de direito e os
a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal integrantes das juntas eleitorais, no exercício de suas fun‑
ções, e no que lhes for aplicável, gozarão de plenas garantias
de Justiça;
e serão inamovíveis.
b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo
§ 2º Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justi‑
Tribunal de Justiça;
ficado, servirão por dois anos, no mínimo, e nunca por mais
II – de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na
de dois biênios consecutivos, sendo os substitutos escolhidos
Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo,
na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em número igual
de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal
para cada categoria.
Regional Federal respectivo;
§ 3º São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-MS/Técnico Judiciário/Área Adminis‑
230 Eleitoral, salvo as que contrariarem esta Constituição e as
trativa/2013. denegatórias de habeas corpus ou mandado de segurança.

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§ 4º Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais so‑ Competência
mente caberá recurso quando: A Justiça Militar tem a competência para julgar os crimes
I – forem proferidas contra disposição expressa desta militares definidos em lei, que são elencados no Código
Constituição ou de lei; Penal Militar.
II – ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois Importante destacar que os civis podem ser julgados
ou mais tribunais eleitorais; no âmbito da Justiça Militar da União quando cometerem
III – versarem sobre inelegibilidade ou expedição de crimes tipificados como militares. Isso não ocorre no âmbito
diplomas nas eleições federais ou estaduais231; dos Estados, em que a Justiça Militar abrange somente o
IV – anularem diplomas ou decretarem a perda de man‑ julgamento dos policiais e bombeiros militares.
datos eletivos federais ou estaduais;
V – denegarem habeas corpus, mandado de segurança, Dispositivos Constitucionais
habeas data ou mandado de injunção.
Justiça Militar TÍTULO IV
Da Organização dos Poderes
A Justiça Militar foi criada para julgar os crimes militares .............................................................................................
definidos em lei. CAPÍTULO III
São órgãos da Justiça Militar definidos na Constituição: Do Poder Judiciário
I – o Superior Tribunal Militar; .............................................................................................
II – os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei. Seção VIII
O Superior Tribunal Militar compor‑se‑á de quinze Mi‑ Dos Tribunais e Juízes dos Estados
nistros vitalícios, nomeados pelo Presidente da República,
depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados
três dentre oficiais‑generais da Marinha, quatro dentre os princípios estabelecidos nesta Constituição.
oficiais‑generais do Exército, três dentre oficiais‑generais [...]
da Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado da § 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar
carreira, e cinco dentre civis. os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em
Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente da lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares,
República dentre brasileiros maiores de trinta e cinco anos, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil,
sendo: cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do
I – três dentre advogados de notório saber jurídico e posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.
conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade
profissional; Justiça Estadual
II – dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e
membros do Ministério Público da Justiça Militar. Os Estados‑membros possuem autonomia para organiza‑
rem seu Poder Judiciário próprio, competindo à organização
Dispositivos Constitucionais de sua estrutura, sempre atendendo aos limites traçados
pela Constituição Federal.
TÍTULO IV
Da Organização dos Poderes Competência
............................................................................................. A competência dos tribunais será definida na Consti‑
CAPÍTULO III tuição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de
Do Poder Judiciário iniciativa do Tribunal de Justiça.
............................................................................................. Em regra, a competência dos Tribunais de Justiça e dos
Seção VII Juízes Estaduais corresponde àquela que não for de atribui‑
Dos Tribunais e Juízes Militares
ção das justiças especializadas e justiça federal. Trata‑se de
competência residual, ou seja, o que sobrar será de compe‑
Art. 122. São órgãos da Justiça Militar:
I – o Superior Tribunal Militar; tência da Justiça Estadual.
II – os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei.
Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor‑se‑á de Dispositivos Constitucionais
quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente da Re‑
pública, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, TÍTULO IV
sendo três dentre oficiais‑generais da Marinha, quatro dentre Da Organização dos Poderes
oficiais‑generais do Exército, três dentre oficiais‑generais .............................................................................................
Noções de Direito Constitucional

da Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado da CAPÍTULO III


carreira, e cinco dentre civis. Do Poder Judiciário
Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos pelo .............................................................................................
Presidente da República dentre brasileiros maiores de trinta Seção VIII
e cinco anos, sendo: Dos Tribunais e Juízes dos Estados
I – três dentre advogados de notório saber jurídico e
conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados
profissional; os princípios estabelecidos nesta Constituição.
II – dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e § 1º A competência dos tribunais será definida na Cons‑
membros do Ministério Público da Justiça Militar. tituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de
Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar os iniciativa do Tribunal de Justiça.
crimes militares definidos em lei. § 2º Cabe aos Estados a instituição de representação de
Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o fun‑ inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais
cionamento e a competência da Justiça Militar. ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a
Cespe/TRE-BA/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2010.
231 atribuição da legitimação para agir a um único órgão.

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§ 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do tratado internacional que trata de direitos humanos, pelo
Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, em ordenamento jurídico brasileiro, na qual se questionava
primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de acerca do status em que era internalizado. Ou seja, se era
Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, adotado como lei complementar, lei ordinária ou emenda
ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efe‑ à constituição.
tivo militar seja superior a vinte mil integrantes. A partir dessa alteração constitucional, os  tratados e
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar convenções internacionais sobre direitos humanos que foram
os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros,
ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, serão equivalentes às emendas constitucionais.
cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do Ainda no referido art. 5º da Constituição foi incluído o
posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. texto do § 4º, no qual o Brasil se submete à jurisdição do
§ 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar pro‑ Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifes‑
cessar e julgar, singularmente, os crimes militares cometidos tado adesão.
contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares mili‑ No concernente à intervenção federal, o art. 36 sofreu
tares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presidência de alteração no inciso III, em que a decretação da intervenção
juiz de direito, processar e julgar os demais crimes militares. dependerá de provimento, pelo Supremo Tribunal Fe­deral,
§ 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar descen- de representação do Procurador-Geral da República, na
tralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de hipótese de assegurar a observância dos princípios consti‑
assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em tucionais sensíveis abaixo enumerados, e no caso de recusa
todas as fases do processo232. à execução de lei federal.
§ 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, São denominados pela doutrina de princípios consti‑
com a realização de audiências e demais funções da ati- tucionais sensíveis os seguintes princípios constitucionais:
vidade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva • forma republicana, sistema representativo e regime
democrático;
jurisdição, servindo‑se de equipamentos públicos e comu-
• direitos da pessoa humana;
nitários233.
• autonomia municipal;
Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal
• prestação de contas da administração pública, direta
de Justiça proporá a criação de varas especializadas, com
e indireta;
competência exclusiva para questões agrárias234.
• aplicação do mínimo exigido da receita resultante de
Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente
impostos estaduais, compreendida a receita proveniente de
prestação jurisdicional, o juiz far‑se‑á presente no local transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino
do litígio235. e nas ações e serviços públicos de saúde.

COMENTÁRIOS À EMENDA Estrutura (composição) do Poder Judiciário


CONSTITUCIONAL Nº 45/2004
No art.  52 da Constituição, por adequação à nova es‑
A Emenda Constitucional nº  45/2004 (8 de dezembro trutura do Poder Judiciário, foi criado o Conselho Nacional
de 2004), denominada Reforma do Poder Judiciário, trouxe de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público.
mudanças no funcionamento e estrutura desse Poder, par‑ O  referido artigo inseriu como competência do Senado
ticularmente: a) modificações na composição dos tribunais Federal processar e julgar, nos crimes de responsabilidade,
judiciais; b) regras dirigidas aos membros da magistratura; os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do
c) criação de um novo órgão dentro do Poder Judiciário, Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do
entre outras. Ministério Público, o  Procurador-Geral da República e o
Advogado-Geral da União.
Funcionamento (competência) do Poder O art. 92 da Constituição criou o Conselho Nacional de
Justiça como órgão do Poder Judiciário, nos seguintes termos:
Judiciário
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
Ao art. 5º da Constituição foi acrescentado mais um inciso I – o Supremo Tribunal Federal;
(LXXVIII), com o objetivo de imprimir maior celeridade aos I-A – o Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela
processos judiciais, considerando que, atualmente, a morosi‑ Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Noções de Direito Constitucional

dade na tramitação processual acarreta sérios comprometi‑ II – o Superior Tribunal de Justiça;
mentos do direito das partes em litígio. Assim está disposto: III – os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
Art. 5º [...] IV – os Tribunais e Juízes do Trabalho;
[...] V – os Tribunais e Juízes Eleitorais;
LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, VI – os Tribunais e Juízes Militares;
VII – os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito
são assegurados a razoável duração do processo e os
Federal e Territórios.
meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
[...]
No mesmo art. 5º da Constituição, foi acrescentado o
texto do §  3º, em que o legislador constituinte derivado O Conselho Nacional de Justiça é um novo órgão in‑
encerrou uma discussão doutrinária acerca da recepção de troduzido na estrutura do Poder Judiciário, com sede na
Capital Federal, de natureza estritamente administrativa,
232
FCC/TJRJ/Técnico de Atividade Judiciária/2012. ou seja, sem poder jurisdicional, com o objetivo de controle
233
FCC/TJRJ/Técnico de Atividade Judiciária/2012.
234
FCC/TJRJ/Técnico de Atividade Judiciária/2012.
interno do Poder Judiciário. Tem o controle da atuação ad-
235
FCC/TJRJ/Técnico de Atividade Judiciária/2012. ministrativa e financeira do Poder Judiciário e dos deveres

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funcionais dos juízes, além de indicar políticas institucionais Nos tribunais com número superior a vinte e cinco julga‑
de melhoria da atuação do Poder Judiciário. O controle não dores, poderá ser constituído órgão especial, com mínimo de
é sobre a atividade jurisdicional (independência funcional) onze e máximo de vinte e cinco membros, para o exercício
dos magistrados, pois não há controle ou interferência sobre das atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas
as decisões proferidas. da competência do tribunal pleno, provendo-se metade das
• Ingresso na carreira de magistrado: será o de juiz subs‑ vagas por antiguidade e a outra metade por eleição pelo
tituto, mediante concurso público de provas e títulos, com a tribunal pleno.
participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as A atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedadas
fases, exigindo-se do bacharel em Direito, no mínimo, três férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, fun‑
anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, cionando, nos dias em que não houver expediente forense
à ordem de classificação. normal, juízes em plantão permanente.
• Promoção na carreira de magistrado: ocorre de en‑ O número de juízes na unidade jurisdicional será propor‑
trância para entrância, alternadamente, por antiguidade e cional à efetiva demanda judicial e à respectiva população.
merecimento, atendidas as seguintes normas: Os servidores receberão delegação para a prática de atos
– é obrigatória a promoção do juiz que figure por três de administração e atos de mero expediente sem caráter
vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista de mereci‑ decisório.
mento; A distribuição de processos será imediata, em todos os
– a promoção por merecimento pressupõe dois anos de graus de jurisdição.
exercício na respectiva entrância e integrar o juiz a primeira
quinta parte da lista de antiguidade desta, salvo se não hou‑ Novas Vedações aos Magistrados
ver com tais requisitos quem aceite o lugar vago;
– aferição do merecimento conforme o desempenho Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou con‑
e pelos critérios objetivos de produtividade e presteza no tribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas,
exercício da jurisdição e pela frequên­cia e aproveitamento ressalvadas as exceções previstas em lei.
em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento;
Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afas‑
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
tou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo
– na apuração de antiguidade, o tribunal somente poderá
por aposentadoria ou exoneração. Trata-se da quarentena.
recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de dois
terços de seus membros, conforme procedimento próprio,
Inovações quanto à Autonomia Administrativa e
e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar‑
Financeira
-se a indicação; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004)
– não será promovido o juiz que, injustificadamente, re‑ Se os órgãos referidos no §  2º não encaminharem as
tiver autos em seu poder além do prazo legal, não podendo respectivas propostas orçamentárias dentro do prazo esta‑
devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão; belecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo
(Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) considerará, para fins de consolidação da proposta orçamen‑
tária anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente,
O acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por anti‑ ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do
guidade e merecimento, alternadamente, apurados na última § 1º deste artigo.
ou única entrância, havendo previsão de cursos oficiais de Se as propostas orçamentárias de que trata este artigo
preparação, aperfeiçoamento e promoção de magistrados, forem encaminhadas em desacordo com os limites estipu‑
constituindo etapa obrigatória do processo de vitaliciamento lados na forma do § 1º, o Poder Executivo procederá aos
a participação em curso oficial ou reconhecido por escola ajustes necessários para fins de consolidação da proposta
nacional de formação e aperfeiçoamento de magistrados. orçamentária anual.
Durante a execução orçamentária do exercício, não
Regramento Novo poderá haver a realização de despesas ou a assunção de
obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de
Segundo as alterações promovidas pela Emenda Cons‑ diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas,
titucional nº  45/2004, o  juiz titular residirá na respectiva mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais.
comarca, salvo autorização do tribunal.
O ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do Competência do Supremo Tribunal Federal
magistrado, por interesse público, fundar-se-á em decisão
Noções de Direito Constitucional

por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Em razão da criação do Conselho Nacional de Justiça e
Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa. do Conselho Nacional do Ministério Público, o art. 102 da
A remoção a pedido ou a permuta de magistrados de Constituição foi acrescentado da alínea r, do inciso I, em que
comarca de igual entrância atenderá, no que couber, ao dis‑ compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar,
posto nas alíneas a, b, c e e do inciso II. originariamente, as ações contra o Conselho Nacional de
Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público.
serão públicos, todas as decisões serão  fundamentadas, Ainda em relação à competência do Supremo Tribunal
sob pena de nulidade. A lei poderá limitar a presença, em Federal, houve acréscimo no referido art. 102, inciso III, d.
determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, Ao Supremo Tribunal Federal compete julgar, mediante re‑
ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do curso extraordinário, as causas decididas em única ou última
direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudicará instância, quando a decisão recorrida julgar válida lei local
o interesse público à informação. contestada em face de lei federal.
As decisões administrativas dos tribunais serão motiva‑ • Efeitos das decisões do Supremo Tribunal Fe­deral nas
das e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo ações diretas de inconstitucionalidade e ações diretas de
voto da maioria absoluta de seus membros. constitucionalidade.

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As decisões definitivas de mérito produzirão eficácia II – um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado
contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais pelo respectivo tribunal;
órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública direta III – um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indi‑
e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. cado pelo respectivo tribunal;
O efeito vinculante e a eficácia contra todos fazem com IV – um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado
que não só a Administração Pública, nos mais diversos pelo Supremo Tribunal Federal;
âmbitos, venha a seguir obrigatoriamente as decisões pro‑ V  – um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal
feridas pelo Supremo Tribunal Federal nas ações de controle Federal;
concentrado, mas também o próprio Judiciário, por meio VI – um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo
de seus magistrados, pretendendo uniformizar as decisões Superior Tribunal de Justiça;
no sentido de evitar decisões divergentes do mesmo Poder. VII – um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de
• Requisito para admissibilidade do recurso extraordiná- Justiça;
rio: o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das VIII – um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado
questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da pelo Tribunal Superior do Trabalho;
lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, IX – um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior
somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços do Trabalho;
de seus membros. X – um membro do Ministério Público da União, indicado
A repercussão geral é uma forma de estancar a enxurra‑ pelo Procurador-Geral da República;
da de processos que chegam ao Supremo Tribunal Federal, XI – um membro do Ministério Público estadual, escolhi‑
desde pequenas causas, como a de um furto de galinha, até do pelo Procurador-Geral da República dentre os nomes in‑
questões da mais relevante monta. Assim, com a repercussão
dicados pelo órgão competente de cada instituição estadual;
geral, pretende a Constituição fazer com que o Supremo
XII – dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da
Tribunal Federal aprecie apenas as questões mais relevantes,
Ordem dos Advogados do Brasil;
como, essencialmente, Corte Constitucional de Justiça.
XIII – dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação
• Legitimidade para proposição da ação direta de
inconstitucionalidade e da ação declaratória de constitu- ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro
cionalidade: a Emenda Constitucional nº  45/2004, nesse pelo Senado Federal.
tocante, apenas ajustou falha que a Constituição possuía,
acrescentando a legitimidade da Câmara Legislativa do Distri‑ • Regramento do Conselho Nacional de Justiça: o
to Federal (Mesa de Assembleia Legislativa) e o Governador Conselho será presidido pelo Ministro do Supremo Tribunal
do Distrito Federal (Governador de Estado). Federal, que votará em caso de empate, ficando excluído da
A Constituição acrescentou os arts. 103-A e 103-B. distribuição de processos naquele tribunal.
Os membros do Conselho serão nomeados pelo Presiden‑
• Súmula vinculante: o Supremo Tribunal Federal poderá, te da República, depois de aprovada a escolha pela maioria
de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços absoluta do Senado Federal.
dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria Não efetuadas no prazo legal as  indicações previstas
constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publica‑ neste artigo, caberá a escolha ao Supremo Tribunal Federal.
ção na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos • Competência do Conselho Nacional de Justiça: contro‑
demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública le da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e
direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo‑
bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma -lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas
estabelecida em lei. pelo Estatuto da Magistratura:
A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e I – zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cum‑
a eficácia de normas determinadas, acerca das quais houver primento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir
controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a atos regulamentares no âmbito de sua competência ou
Administração Pública que acarretar grave insegurança jurídica recomendar providências;
e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica. II – zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício
Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrati-
a  aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá vos praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário,
ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que
de inconstitucionalidade. se adotem as providências necessárias ao exato cumpri-
Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar mento da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de
a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá Contas da União236;
Noções de Direito Constitucional

reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a III – receber e conhecer das reclamações contra membros
procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços
judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços nota‑
com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso. riais e de registro que atuem por delegação do poder público
As atuais súmulas do Supremo Tribunal Fe­deral somente ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e
produzirão efeito vinculante após sua confirmação por dois correicional dos tribunais, podendo avocar processos discipli‑
terços de seus integrantes e publicação na imprensa oficial. nares em curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou
a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais
Conselho Nacional de Justiça ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas,
assegurada ampla defesa;
Compõe-se de quinze membros com mais de trinta e IV – representar ao Ministério Público, no caso de crime
cinco e menos de sessenta e seis anos de idade, com mandato
contra a administração pública ou de abuso de autoridade;
de dois anos, admitida uma recondução, sendo:
I – um Ministro do Supremo Tribunal Federal, indicado Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-BA/Técnico Judiciário/Área Adminis‑
236

pelo respectivo tribunal; trativa/2010.

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V – rever, de ofício ou mediante provocação, os proces- Tribunais Regionais Federais
sos disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados
há menos de um ano237; • Justiça itinerante: os Tribunais Regionais Federais ins‑
VI – elaborar semestralmente relatório estatístico sobre talarão a justiça itinerante, com a realização de audiên­cias e
processos e sentenças prolatadas, por unidade da Federação, demais funções da atividade jurisdicional, nos limites territo‑
nos diferentes órgãos do Poder Judiciário; riais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos
VII – elaborar relatório anual, propondo as providências públicos e comunitários.
que julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar des‑
no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar centralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a  fim
mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em
remetida ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da todas as fases do processo.
sessão legislativa. A justiça itinerante é uma forma de democratizar o aces‑
• Competência do Ministro do Superior Tribunal de so à justiça, considerando que grande parte da sociedade
Justiça: na função de Ministro-Corregedor, ficando excluído brasileira está às margens do Poder Judiciário.
da distribuição de processos no Tribunal, e exercerá, além • Competência dos Juízes Federais: processar e julgar
das atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da as causas relativas a direitos humanos. Nas hipóteses de
Magistratura, as seguintes: grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da
I – receber as reclamações e denúncias, de qualquer inte‑ República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de
ressado, relativas aos magistrados e aos serviços judiciários; obrigações decorrentes de tratados internacionais de direi‑
II – exercer funções executivas do Conselho, de inspeção tos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar,
e de correição geral; perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase
III – requisitar e designar magistrados, delegando-lhes do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de
atribuições, e  requisitar servidores de juízos ou tribunais, competência para a Justiça Federal.
inclusive nos Estados, Distrito Federal e Territórios. Assim, é possível que uma causa que esteja sendo julga‑
• Atuação junto ao Conselho Nacional de Justiça: ofi‑ da na justiça estadual seja deslocada para a justiça federal
ciarão o Procurador-Geral da República e o Presidente do quando se tratar de grave violação de direitos humanos.
Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.
• Ouvidorias de justiça: a União, inclusive no Distrito Tribunal Superior do Trabalho
Federal e nos Territórios, criará ouvidorias de justiça, com‑
petentes para receber reclamações e denúncias de qualquer O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte
interessado contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de
ou contra seus serviços auxiliares, representando diretamen‑ trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados
te ao Conselho Nacional de Justiça. pelo Presidente da República após aprovação pela maioria
absoluta do Senado Federal, sendo:
Superior Tribunal de Justiça I – um quinto dentre advogados com mais de dez anos
de efetiva atividade profissional e membros do Ministério
Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exer‑
A Emenda Constitucional nº 45/2004 inseriu a exigência
cício, observado o disposto no art. 94;
de que a aprovação pelo Senado Federal da escolha do Pre‑
II – os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do
sidente da República para Ministro do Superior Tribunal de
Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados
Justiça dependa de maioria absoluta.
pelo próprio Tribunal Superior.
• Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho:
• Competência do Superior Tribunal de Justiça
I – a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento
A Emenda Constitucional nº 45/2004 acrescentou nova
de Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras
competência ao Superior Tribunal de Justiça para processar e
funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e
julgar, originariamente, a homologação de sentenças estran‑
promoção na carreira;
geiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias. Antes, II – o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo‑
essa competência era do Supremo Tribunal Federal. É im‑ -lhe exercer, na forma da lei, a  supervisão administrativa,
portante esse detalhe, porque pode confundir o candidato. orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho
Ainda acrescentou, como competência do Superior Tribu‑ de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema,
nal de Justiça, o julgamento, em recurso especial, às causas cujas decisões terão efeito vinculante.
decididas em única ou última instância pelos Tribunais Re‑
gionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito
Noções de Direito Constitucional

Tribunais e Juízes do Trabalho


Federal e Territórios, quando a decisão recorrida julgar válido
ato de governo local contestado em face de lei federal. • Competência: a lei criará varas da Justiça do Trabalho,
• Funcionamento: funcionarão junto ao Superior Tribunal podendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição,
de Justiça: a) a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoa‑ atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo
mento de Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras funções, Tribunal Regional do Trabalho.
regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção É possível que uma causa relativa à Justiça do Trabalho
na carreira; b) o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe (justiça especial) seja julgada por juiz de direito da Justiça
exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa e orça‑ Estadual (justiça comum) quando não houver vara da Justiça
mentária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, do Trabalho, nos termos da lei, ressalvando que eventual
como órgão central do sistema e com poderes correicionais, recurso deve seguir para o Tribunal Regional do Trabalho.
cujas decisões terão caráter vinculante. A Emenda Constitucional nº 45/2004 trouxe profundas al‑
terações referentes à competência da Justiça do Trabalho, des‑
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-BA/Técnico Judiciário/Área Adminis‑
237
tacando-se que todas as ações oriundas das relações de traba-
trativa/2010. lho devem ser processadas e julgadas pela Justiça do Trabalho.

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Isso significa que abrange as relações empregatícias, como Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar
aquelas concernentes à prestação de serviços por profissio‑ descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim
nal autônomo, são exemplos: empregado de empresa que de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em
foi demitido e não recebeu todas as verbas trabalhistas a que todas as fases do processo.
tem direito; pintor que prestou o serviço a uma residência e
não recebeu conforme os termos do contrato. Tribunais e Juízes dos Estados
Restou assim disposto o art. 114 da Constituição Federal:
• Funcionamento: a lei estadual poderá criar, mediante
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar Estadual,
e julgar: constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos
I – as ações oriundas da relação de trabalho, abrangi‑ Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribu‑
dos os entes de direito público externo e da adminis‑ nal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados
tração pública direta e indireta da União, dos Estados, em que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes.
do Distrito Federal e dos Municípios; Compete à Justiça Militar Estadual processar e julgar
II – as ações que envolvam exercício do direito de os militares dos estados, nos crimes militares definidos em
greve; lei, e  as ações judiciais contra atos disciplinares militares,
III  – as ações sobre representação sindical, entre ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil,
sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do
sindicatos e empregadores; posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.
IV  – os mandados de segurança, habeas corpus e Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e
habeas data, quando o ato questionado envolver julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra
matéria sujeita à sua jurisdição; civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares,
V – os conflitos de competência entre órgãos com cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz
jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no de direito, processar e julgar os demais crimes militares.
art. 102, I, o; • Justiça itinerante: o Tribunal de Justiça poderá funcio‑
VI – as ações de indenização por dano moral ou pa‑ nar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais,
trimonial, decorrentes da relação de trabalho; a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça
VII – as ações relativas às penalidades administrativas em todas as fases do processo.
impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscali‑ O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com
zação das relações de trabalho; a realização de audiências e demais funções da atividade
VIII – a execução, de ofício, das contribuições sociais jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição,
previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos le‑ servindo-se de equipamentos públicos e comunitários .
gais, decorrentes das sentenças que proferir; • Conflito fundiário: o Tribunal de Justiça proporá a
IX – outras controvérsias decorrentes da relação de criação de varas especializadas, com competência exclusiva
trabalho, na forma da lei. para questões agrárias, para dirimir conflitos fundiários.
§ 1º Frustrada a negociação coletiva, as partes pode‑
rão eleger árbitros. Ministério Público
§ 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação
coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de • Proposta orçamentária: se o Ministério Público não
comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza encaminhar a respectiva proposta orçamentária dentro do
econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder
conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta
proteção ao trabalho, bem como as convencionadas orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária
anteriormente. vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na
§ 3º Em caso de greve em atividade essencial, com lei de diretrizes orçamentárias.
possibilidade de lesão do interesse público, o  Mi‑ Se a proposta orçamentária referida for encaminhada
nistério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio em desacordo com os limites estipulados na forma da lei de
coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo procederá aos
o conflito. ajustes necessários para fins de consolidação da proposta
orçamentária anual.
• Composição dos Tribunais Regionais do Trabalho: os Durante a execução orçamentária do exercício, não
Noções de Direito Constitucional

Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, poderá haver a realização de despesas ou a assunção de
sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região, obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de
e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas,
com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo: mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais.
I – um quinto dentre advogados com mais de dez anos • Garantias dos membros do Ministério Público: a ina‑
de efetiva atividade profissional e membros do Ministério movibilidade passou a ter um quorum mais flexível para ser
Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exer‑ quebrada, sendo pelo voto de maioria absoluta do órgão
cício, observado o disposto no art. 94; colegiado competente do Ministério Público, assegurando a
II – os demais, mediante promoção de juízes do trabalho ampla defesa. Anteriormente, o voto era de 2/3 dos membros
por antiguidade e merecimento, alternadamente. do órgão colegiado competente.
• Justiça itinerante: os Tribunais Regionais do Trabalho • Vedações dos membros do Ministério Público: a
instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências vedação de exercer atividade político-partidária não com‑
e demais funções de atividade jurisdicional, nos limites terri‑ porta mais a possibilidade de exceções definidas em lei.
toriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos Acrescentou-se ainda a vedação de receber, a qualquer título
públicos e comunitários. ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas,

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções IV – rever, de ofício ou mediante provocação, os proces‑
previstas em lei. sos disciplinares de membros do Ministério Público da União
É também novidade da Emenda Constitucional ou dos Estados julgados há menos de um ano;
nº 45/2004 a quarentena, que significa a vedação de exercer V – elaborar relatório anual, propondo as providências
a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou antes de que julgar necessárias, sobre a situação do Ministério Público
decorridos três anos do afastamento do cargo por aposen‑ no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar a
tadoria ou exoneração. mensagem prevista no art. 84, XI.
• Funções institucionais do Ministério Público: as O Conselho escolherá, em votação secreta, um cor­
funções do Ministério Público só podem ser exercidas por regedor nacional dentre os membros do Ministério
Público que o integram, sendo vedada a recondução. Com‑
integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da
petem-lhe, além das atribuições que lhe forem conferidas
respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição. pela lei, as seguintes:
• Ingresso na carreira: o ingresso na carreira do Ministé‑ I – receber reclamações e denúncias, de qualquer inte‑
rio Público far-se-á mediante concurso público de provas e ressado, relativas aos membros do Ministério Público e dos
títulos, assegurada a participação da Ordem dos Advogados seus serviços auxiliares;
do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel em Direi‑ II – exercer funções executivas do Conselho, de inspeção
to no mínimo três anos de atividade jurídica e observando-se, e correição geral;
nas nomeações, a ordem de classificação. III  – requisitar e designar membros do Ministério
Ao Ministério Público aplicam-se os princípios da Magis‑ Público, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores
tratura no que couber. de órgãos do Ministério Público.
No tocante à distribuição de processos no Ministério O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advo‑
Público, esta será imediata. gados do Brasil oficiará junto ao Conselho.
• Ouvidoria: leis da União e dos Estados criarão ouvi‑
Conselho Nacional do Ministério Público dorias do Ministério Público, competentes para receber
reclamações e denúncias de qualquer interessado contra
O Conselho Nacional do Ministério Público compõe-se membros ou órgãos do Ministério Público, inclusive contra
seus serviços auxiliares, representando diretamente ao
de quatorze membros nomeados pelo Presidente da Repú‑
Conselho Nacional do Ministério Público.
blica, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta
do Senado Federal, para um mandato de dois anos, admitida Defensoria Pública
uma recondução, sendo eles:
I – o Procurador-Geral da República, que o preside; Autonomia funcional, administrativa e a iniciativa de
II  – quatro membros do Ministério Público da União, sua proposta orçamentária: a Defensoria Pública possui
assegurada a representação de cada uma de suas carreiras; autonomia funcional administrativa, assim como a iniciativa
III – três membros do Ministério Público dos Estados; de proposta orçamentária, respeitando os limites da lei de
IV  – dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal diretrizes orçamentárias.
Federal e outro pelo Superior Tribunal de Justiça;
V – dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Tribunal de Alçada
Ordem dos Advogados do Brasil;
VI – dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação Ficam extintos os tribunais de alçada, onde houver, pas‑
ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro sando os seus membros a integrar os Tribunais de Justiça
pelo Senado Federal. dos respectivos Estados, respeitadas a antiguidade e classe
de origem.
Os membros do Conselho oriundos do Ministério Público
serão indicados pelos respectivos Ministérios Públicos, na
forma da lei. FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
• Competência: compete ao Conselho Nacional do
São funções essenciais à justiça: o Ministério Público,
Ministério Público o controle da atuação administrativa
a Advocacia Pública, a Advocacia (no âmbito privado) e a
e financeira do Ministério Público e do cumprimento dos
Defensoria Pública.
deveres funcionais de seus membros, cabendo-lhe:
I – zelar pela autonomia funcional e administrativa do
Ministério Público
Ministério Público, podendo expedir atos regulamentares
no âmbito de sua competência ou recomendar providências; O Ministério Público, por definição constitucional,
II – zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício é instituição permanente, essencial à função jurisdicional
Noções de Direito Constitucional

ou mediante provocação, a  legalidade dos atos adminis‑ do Estado, incumbindo‑lhe a defesa da ordem jurídica, do
trativos praticados por membros ou órgãos do Ministério regime democrático e dos interesses sociais e individuais
Público da União e dos Estados, podendo desconstituí-los, indisponíveis. É, portanto, uma instituição voltada para a
revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências defesa da sociedade e do Estado Democrático de Direito.
necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da O fortalecimento dessa instituição ocorreu com a Consti‑
competência dos Tribunais de Contas; tuição Federal de 1988, pois resguardou a importante missão
de defender os interesses sociais, fiscalizar o cumprimento da
III – receber e conhecer das reclamações contra membros
lei (função custus legis) e defender os interesses individuais
ou órgãos do Ministério Público da União ou dos Estados, indisponíveis.
inclusive contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da • Interesses sociais. Exemplo: combater a criminalidade,
competência disciplinar e correicional da instituição, poden‑ pois o Ministério Público, por meio de seu membro (Promo‑
do avocar processos disciplinares em curso, determinar a tor de Justiça ou Procurador da República), apresenta denún‑
remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios cia judicial; resguardar o patrimônio público contra desvios
ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar de verbas públicas; evitar danos ao meio ambiente por meio
outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa; de ação civil pública, entre tantas outras atribuições.

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• Fiscal da lei. Exemplo: quando o Ministério Público Observação: o art. 129 da CF enumera as funções do
é intimado para apresentar parecer sobre determinada Ministério Público, que, por sua vez, não são taxativas, ou
questão em processo judicial, como no caso de mandado seja, outras funções desempenhadas não estão expressas
de segurança.
no referido dispositivo.
• Defender interesses individuais indisponíveis. Exemplo:
defesa de menores e incapazes.
Garantias e Vedações Aplicadas aos Membros do
O Ministério Público não é um quarto Poder, embora Ministério Público
popularmente faça‑se menção como se assim o fosse, em
razão das muitas atribuições que lhe são confiadas pela As garantias conferidas pela Constituição aos membros
Constituição, desenvolvendo um relevante papel social. do Ministério Público são semelhantes às garantias atribuídas
Para o desempenho de suas funções, a Constituição asse‑ aos membros do Poder Judiciário:
gura a autonomia funcional e administrativa, delimitando os • vitaliciedade: após dois anos de cumprido o estágio
princípios institucionais do Ministério Público como sendo a probatório, o membro do Ministério Público somente pode
unidade, a indivisibilidade238 e a independência funcional239. perder o cargo por decisão judicial transitada em julgado;
• Unidade: os membros do Ministério Público fazem • inamovibilidade: os membros do Ministério Público
parte de um só órgão, sob o comando do Procurador‑Geral não podem ser transferidos compulsoriamente de seus car‑
da República (âmbito federal) e do Procurador‑Geral de gos, exceto se for em razão do interesse público, mediante
Justiça (âmbito estadual). decisão do órgão colegiado da instituição, por maioria ab‑
• Indivisibilidade: os membros do Ministério Público soluta dos votos, sendo assegurados o contraditório, ampla
atuam em nome da instituição. defesa e devido processo legal;
• Independência funcional: os membros do Ministério • irredutibilidade do subsídio: a remuneração dos mem‑
Público não estão subordinados à Chefia da instituição, bros do Ministério Público não podem sofrer reduções, salvo
estando apenas submetidos à lei e a sua consciência com se decorrer de inflação ou tributação.
seu dever funcional.
As vedações aos membros do Ministério Público são:
Estrutura do Ministério Público • receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto,
O Ministério Público tem como estrutura organizacional: honorários, percentagens ou custas processuais;
I – o Ministério Público da União, que compreende: • exercer a advocacia240;
a) o Ministério Público Federal; • participar de sociedade comercial, na forma da lei;
b) o Ministério Público do Trabalho; • exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra
c) o Ministério Público Militar; função pública, salvo uma de magistério241;
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; • exercer atividade político‑partidária242;
II – os Ministérios Públicos dos Estados.
A título de exemplo: dois irmãos são membros do Minis-
Atribuições do Ministério Público tério Público estadual desde 2006, em virtude de aprovação
em concurso público para ingresso na carreira. O mais velho,
O Ministério Público tem as seguintes funções, entre outras: no exercício da função, prestou concurso para professor efe-
I – promover, privativamente, a ação penal pública, na tivo de Universidade pública, em que logrou ser aprovado;
forma da lei; o mais novo, a seu turno, recebeu convite para filiar-se a
II – zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e partido político cuja principal bandeira é a defesa da ordem
dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados jurídica e do Estado Democrático de Direito. Consideradas
nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a as normas da Constituição da República aplicáveis ao caso,
sua garantia; o irmão mais velho poderá exercer cumulativamente as
III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para funções no Ministério Público e de magistério público, mas
a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente o mais novo não poderá filiar-se ao partido político.243
e de outros interesses difusos e coletivos; • receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou con‑
IV – promover a ação de inconstitucionalidade ou repre‑ tribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas,
sentação para fins de intervenção da União e dos Estados, ressalvadas as exceções previstas em lei;
nos casos previstos nesta Constituição; • exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se
V – defender judicialmente os direitos e interesses das afastou antes de decorridos três anos do afastamento do
populações indígenas; cargo por aposentadoria ou exoneração.
Noções de Direito Constitucional

VI – expedir notificações nos procedimentos administrativos


de sua competência, requisitando informações e documentos Observação: a doutrina majoritária classifica os membros
para instruí‑los, na forma da lei complementar respectiva; do Ministério Público (Promotor de Justiça e Pro­curador da
VII – exercer o controle externo da atividade policial, na República) de agentes políticos, excluindo‑se da qualificação
forma da lei complementar mencionada no artigo anterior; de servidor público em sentido estrito. Isso porque a Cons‑
VIII – requisitar diligências investigatórias e a instauração tituição possui normas específicas para o cargo, ao tempo
de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de em que reserva atribuições de alta relevância para o Estado
suas manifestações processuais; Democrático de Direito.
IX – exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde
que compatíveis com sua finalidade, sendo‑lhe vedada a repre‑
sentação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas. 240
FCC/TRT 9ª Região (PR)/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2013.
241
Assunto cobrado na prova da FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico
238
Assunto cobrado na prova da FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2010.
Judiciário/Área Administrativa/2010. 242
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-MS/Técnico Judiciário/Área Adminis‑
239
Assunto cobrado na prova da FCC/Ministério Público do Estado do Amapá/ trativa/2013.
Técnico Ministerial/Auxiliar Administrativo/2012. 243
FCC/TJRJ/Técnico de Atividade Judiciária/2012.

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Conselho Nacional do Ministério Público de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará,
para fins de consolidação da proposta orçamentária anual,
Da mesma forma que foi criado o Conselho Nacional os valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados
de Justiça ao Poder Judiciário, a Emenda Constitucional de acordo com os limites estipulados na forma do § 3º.
nº 45/2004 trouxe o Conselho Nacional de Justiça com a § 5º Se a proposta orçamentária de que trata este artigo
função primordial de controle da atividade administrativa for encaminhada em desacordo com os limites estipulados
e financeira do Ministério Público, assim como dos deveres na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá aos ajustes
funcionais dos seus membros. necessários para fins de consolidação da proposta orçamen‑
Não se trata de interferir na independência funcional dos tária anual.
membros, sendo vedada qualquer atividade que submeta o § 6º Durante a execução orçamentária do exercício, não
Promotor de Justiça ou Procurador da República a vontades poderá haver a realização de despesas ou a assunção de
políticas de autoridades ou da própria Chefia da instituição. obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de
A estrutura do Conselho Nacional do Ministério Público diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas,
tem sua composição formada por quatorze membros no‑
mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais.
meados pelo Presidente da República, depois de aprovada
Art. 128. O Ministério Público abrange:
a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, para um
I – o Ministério Público da União, que compreende:
mandato de dois anos, admitida uma recondução, sendo:
a) o Ministério Público Federal;
I – o Procurador‑Geral da República, que o preside;
b) o Ministério Público do Trabalho;
II – quatro membros do Ministério Público da União,
c) o Ministério Público Militar;
assegurada a representação de cada uma de suas carreiras;
III – três membros do Ministério Público dos Estados; d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;
IV – dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal II – os Ministérios Públicos dos Estados247.
Federal e outro pelo Superior Tribunal de Justiça; § 1º O Ministério Público da União tem por chefe o
V – dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Procurador‑Geral da República, nomeado pelo Presidente da
Ordem dos Advogados do Brasil244; República dentre integrantes da carreira, maiores de trinta
VI – dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação e cinco anos, após a aprovação de seu nome pela maioria
ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de
pelo Senado Federal. dois anos, permitida a recondução.
Ex.: Mario, Marcio, Marcos, Marcelo e Mateus, respec-
Observação: os membros do Conselho oriundos do Minis‑ tivamente, exercem os cargos de Senador da República,
tério Público serão indicados pelos respectivos Ministérios Deputado Federal, Presidente da República, Presidente do
Públicos, na forma da lei. Supremo Tribunal Federal e Presidente do Superior Tribunal
de Justiça. Segundo o art. 128, § 1º, da Constituição Federal,
Dispositivos Constitucionais o Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-
Geral da República, que deve ser nomeado por Marcos248.
TÍTULO IV
Da Organização dos Poderes § 2º A destituição do Procurador‑Geral da República, por
............................................................................................. iniciativa do Presidente da República, deverá ser precedida
CAPÍTULO IV de autorização da maioria absoluta do Senado Federal249.
Das Funções Essenciais à Justiça § 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito
Seção I Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre integrantes
Do Ministério Público da carreira, na forma da lei respectiva, para escolha de seu
Procurador‑Geral, que será nomeado pelo Chefe do Poder
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, Executivo, para mandato de dois anos, permitida uma re‑
essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo‑lhe condução.
a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos § 4º Os Procuradores‑Gerais nos Estados e no Distrito
interesses sociais e individuais indisponíveis. Federal e Territórios poderão ser destituídos por deliberação
§ 1º São princípios institucionais do Ministério Público a da maioria absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei
unidade, a indivisibilidade e a independência funcional245. complementar respectiva.
§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia § 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja
funcional e administrativa, podendo, observado o disposto iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores‑Gerais,
no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extin‑ estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de
Noções de Direito Constitucional

ção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo‑os por cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus
concurso público de provas ou de provas e títulos, a política membros:
remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre I – as seguintes garantias:
sua organização e funcionamento. a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não poden-
§ 3º O Ministério Público elaborará sua proposta do perder o cargo senão por sentença judicial transitada
orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de em julgado250;
diretrizes orçamentárias246. b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse pú-
§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva blico, mediante decisão do órgão colegiado competente do
proposta orçamentária dentro do prazo estabelecido na lei
247
Assunto cobrado na prova da Funcab/MPE-RO/Técnico/Oficial de Diligên‑
244
FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico Judiciário/Área Administrati‑ cias/2012.
va/2010. 248
FCC/MPPE/Técnico Ministerial/Área Administrativa/2012.
245
FCC/TRT 9ª Região (PR)/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2013. 249
Assunto cobrado na prova da FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/Técnico
246
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 9ª Região (PR)/Técnico Judici‑ Judiciário/Área Administrativa/2010.
ário/Área Administrativa/2013 e FCC/Ministério Público do Estado do Amapá/ 250
Assunto cobrado na prova da FCC/Ministério Público do Estado do Amapá/
Técnico Ministerial/Auxiliar Administrativo/2012. Técnico Ministerial/Auxiliar Administrativo/2012.

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Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto aos
membros, assegurada ampla defesa251; Tribunais de Contas aplicam‑se as disposições desta seção
c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, pertinentes a direitos, vedações e forma de investidura.
§ 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153, Art. 130‑A. O Conselho Nacional do Ministério Público
III, 153, § 2º, I; compõe‑se de quatorze membros nomeados pelo Presi-
II – as seguintes vedações: dente da República253, depois de aprovada a escolha pela
a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, maioria absoluta do Senado Federal, para um mandato de
honorários, percentagens ou custas processuais; dois anos, admitida uma recondução, sendo:
b) exercer a advocacia; I – o Procurador‑Geral da República, que o preside;
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; II – quatro membros do Ministério Público da União,
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra assegurada a representação de cada uma de suas carreiras;
função pública, salvo uma de magistério; III – três membros do Ministério Público dos Estados;
e) exercer atividade político‑partidária; IV – dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou con‑ Federal e outro pelo Superior Tribunal de Justiça;
tribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, V – dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da
ressalvadas as exceções previstas em lei. Ordem dos Advogados do Brasil;
§ 6º Aplica‑se aos membros do Ministério Público o VI – dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação
disposto no art. 95, parágrafo único, V. ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: pelo Senado Federal.
I – promover, privativamente, a ação penal pública, na § 1º Os membros do Conselho oriundos do Ministério
forma da lei; Público serão indicados pelos respectivos Ministérios Públi‑
II – zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e cos, na forma da lei.
dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados § 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério Público
nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a o controle da atuação administrativa e financeira do Minis‑
sua garantia; tério Público e do cumprimento dos deveres funcionais de
III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para seus membros, cabendo‑lhe:
a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente I – zelar pela autonomia funcional e administrativa do
e de outros interesses difusos e coletivos; Ministério Público, podendo expedir atos regulamentares,
IV – promover a ação de inconstitucionalidade ou repre‑ no âmbito de sua competência, ou recomendar providências;
sentação para fins de intervenção da União e dos Estados, II – zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de
nos casos previstos nesta Constituição; ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos admi­
V – defender judicialmente os direitos e interesses das nistrativos praticados por membros ou órgãos do Ministério
populações indígenas; Público da União e dos Estados, podendo desconstituí‑los,
VI – expedir notificações nos procedimentos adminis‑ revê‑los ou fixar prazo para que se adotem as providências
trativos de sua competência, requisitando informações e necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da
documentos para instruí‑los, na forma da lei complementar competência dos Tribunais de Contas;
respectiva; III – receber e conhecer das reclamações contra membros
VII – exercer o controle externo da atividade policial, na ou órgãos do Ministério Público da União ou dos Estados,
forma da lei complementar mencionada no artigo anterior; inclusive contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da
VIII – requisitar diligências investigatórias e a instauração competência disciplinar e correcional da instituição, podendo
de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de avocar processos disciplinares em curso, determinar a remo‑
suas manifestações processuais;
ção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou
IX – exercer outras funções que lhe forem conferidas,
proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras
desde que compatíveis com sua finalidade, sendo‑lhe vedada
sanções administrativas, assegurada ampla defesa;
a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades
IV – rever, de ofício ou mediante provocação, os proces‑
públicas.
sos disciplinares de membros do Ministério Público da União
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações
ou dos Estados julgados há menos de um ano;
civis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas
V – elaborar relatório anual, propondo as providências
mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição
que julgar necessárias sobre a situação do Ministério Público
e na lei.
no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar a
§ 2º As funções do Ministério Público só podem ser
mensagem prevista no art. 84, XI.
exercidas por integrantes da carreira, que deverão residir na
comarca da respectiva lotação, salvo autorização do chefe § 3º O Conselho escolherá, em votação secreta, um Cor‑
Noções de Direito Constitucional

da instituição. regedor nacional, dentre os membros do Ministério Público


§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far‑se‑á que o integram, vedada a recondução, competindo‑lhe, além
mediante concurso público de provas e títulos, assegurada das atribuições que lhe forem conferidas pela lei, as seguintes:
a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua I – receber reclamações e denúncias, de qualquer inte‑
realização, exigindo‑se do bacharel em direito, no mínimo, ressado, relativas aos membros do Ministério Público e dos
três anos de atividade jurídica e observando‑se, nas nome- seus serviços auxiliares;
ações, a ordem de classificação252. II – exercer funções executivas do Conselho, de inspeção
§ 4º Aplica‑se ao Ministério Público, no que couber, e correição geral;
o disposto no art. 93. III – requisitar e designar membros do Ministério Público,
§ 5º A distribuição de processos no Ministério Público delegando‑lhes atribuições, e requisitar servidores de órgãos
será imediata. do Ministério Público.
§ 4º O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos
251
Assunto cobrado na prova da FCC/Ministério Público do Estado do Amapá/ Advogados do Brasil oficiará junto ao Conselho.
Técnico Ministerial/Auxiliar Administrativo/2012.
252
Assunto cobrado na prova da FCC/Ministério Público do Estado do Amapá/ Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 9ª Região (PR)/Técnico Judiciário/Área
253

Técnico Ministerial/Auxiliar Administrativo/2012. Administrativa/2013.

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§ 5º Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias do funcionamento, as atividades de consultoria e assessora‑
Ministério Público, competentes para receber reclamações mento jurídico do Poder Executivo.
e denúncias de qualquer interessado contra membros ou § 1º A Advocacia‑Geral da União tem por chefe o Advo‑
órgãos do Ministério Público, inclusive contra seus serviços gado‑Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente da
auxiliares, representando diretamente ao Conselho Nacional República dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos,
do Ministério Público. de notável saber jurídico e reputação ilibada.
§ 2º O ingresso nas classes iniciais das carreiras da insti‑
Advocacia Pública tuição de que trata este artigo far‑se‑á mediante concurso
público de provas e títulos.
A Advocacia Pública compreende a função de consul‑ § 3º Na execução da dívida ativa de natureza tributária,
toria e assessoramento do Poder Executivo, incluindo‑se o a representação da União cabe à Procuradoria‑Geral da
âmbito Federal, Estadual e Municipal, no qual representará Fazenda Nacional, observado o disposto em lei.
os interesses em juízo e extrajudicialmente. Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Fe‑
• Federal: a Advocacia‑Geral da União; deral, organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá
• Estadual: Procuradoria‑Geral do Estado; de concurso público de provas e títulos, com a participação
• Municipal: Procuradoria‑Geral do Município. da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases,
exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica
A Advocacia‑Geral da União compreende os Advogados das respectivas unidades federadas.
Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste artigo
da União e os Procuradores da Fazenda Nacional. Os Advo‑
é assegurada estabilidade após três anos de efetivo exercí‑
gados da União exercem a função de consultoria e asses‑
cio, mediante avaliação de desempenho perante os órgãos
soramento da administração pública direta, envolvendo a
próprios, após relatório circunstanciado das corregedorias.
Presidência da República e os Ministérios. Os Procuradores
da Fazenda Nacional têm a atribuição de recuperação da
dívida ativa de natureza tributária, assim como a represen‑ Defensoria Pública
tação e consultoria da União nessa esfera. A Defensoria Pública é instituição com a missão de orientar
É de se destacar que a carreira de Procurador Federal e realizar a defesa em juízo, em qualquer grau, dos necessitados.
não está inserida na Advocacia‑Geral da União como parte O Estado tem o dever de prestar assistência jurídica gra‑
integrante, mas apenas vinculada por meio da Procurado‑ tuita às pessoas carentes, ou seja, quem não puder dispor de
ria‑Geral Federal. Entretanto, em razão da semelhança de recursos para custear um advogado particular sem privar‑se
atribuições, prerrogativas e vedações, em breve a Procurado‑ do indispensável para o seu sustento e de sua família.
ria‑Geral Federal será integrada à Advocacia‑Geral da União A Defensoria Pública abrange os dois níveis da fe­deração:
por uma questão de coerência jurídica. União e Estados‑membros.
O chefe da instituição é o Advogado‑Geral da União, Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas
cargo de livre nomeação do Presidente da República, sendo autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua
escolhido entre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de proposta orçamentária, dentro dos limites estabelecidos na
notável saber jurídico e reputação ilibada254. lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto
A Procuradoria‑Geral do Estado e a do Distrito Federal no art. 99, § 2º. Tal autonomia, nos termos da Emenda Cons‑
têm a atribuição de representar judicial e extrajudicialmente titucional nº 74/2013, foi estendida à Defensoria Pública da
os Estados‑membros, além da atividade de consultoria e União e à Defensoria Pública do Distrito Federal
assessoramento. O ingresso na carreira ocorre por meio de concurso
A chefia da Procuradoria‑Geral do Estado é feita pelo Pro‑ público de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a
curador‑Geral do Estado, de livre nomeação do Governador. garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da advo‑
A Constituição não faz menção expressa às Procura­dorias cacia fora das atribuições institucionais.
Municipais, embora por simetria, nos termos do modelo fe‑
deral adotado pelo Brasil, deve‑se reconhecer a mesma ideia Advocacia
de Procuradoria do Estado às Procuradorias de Municípios.
O Advogado assume a função de representar as partes
O ingresso na carreira da Advocacia Pública ocorre por
em juízo, assim como prestar consultoria acerca dos direitos
meio de concurso público de provas e títulos, com a parti‑ de que dispõem. A Advocacia deve ser entendida como um
cipação da Ordem dos Advogados do Brasil. A estabilidade dever a serviço da distribuição de justiça, considerando que
é adquirida após três anos de efetivo exercício, mediante é uma função essencial nesse mister.
avaliação de desempenho. Tem como prerrogativa a inviolabilidade por seus atos e
manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.
Dispositivos Constitucionais
Noções de Direito Constitucional

Dispositivos Constitucionais
TÍTULO IV
Da Organização dos Poderes TÍTULO IV
............................................................................................. Da Organização dos Poderes
CAPÍTULO IV .............................................................................................
Das Funções Essenciais à Justiça CAPÍTULO IV
............................................................................................. Das Funções Essenciais à Justiça
Seção II .............................................................................................
Da Advocacia Pública Seção III
Da Advocacia
Art. 131. A Advocacia‑Geral da União é a instituição que,
Art. 133. O advogado é indispensável à administração
diretamente ou através de órgão vinculado, representa a
da justiça255, sendo inviolável por seus atos e manifestações
União, judicial e extrajudicialmente, cabendo‑lhe, nos termos
no exercício da profissão, nos limites da lei.
da lei complementar que dispuser sobre sua organização e
Assunto cobrado na prova do Cespe/PRF/Agente Administrativo/2012.
254 255
Cespe/TJ-RO/Técnico Judiciário/2012.

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Seção IV reconhecidos no sistema jurídico brasileiro, é necessária
Da Defensoria Pública a aprovação de cada Casa do Congresso Nacional, em
dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, membros.
essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe,
como expressão e instrumento do regime democrático, (Cespe/DPU/Analista Técnico/Administrativo/2016) Em re‑
fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos lação aos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e à De‑
direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e fensoria Pública (DP), julgue os itens a seguir.
extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma 6. A responsabilidade do chefe de governo e a tempo‑
integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV
rariedade do seu mandato caracterizam, entre outros
do art. 5º desta Constituição Federal. (Redação dada pela
aspectos, a forma republicana de governo.
Emenda Constitucional nº 80, de 4/7/2014)
7. Do princípio institucional da unidade não decorre a ve‑
§ 1º Lei complementar organizará a Defensoria Pública
dação à existência de posições discordantes entre os
da União e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá
normas gerais para sua organização nos Estados, em cargos membros da DP, haja vista a independência funcional
de carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso a eles garantida.
público de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a 8. De forma subsidiária à atividade de fiscalização exercida
garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da advo‑ pelo Tribunal de Contas da União, pode o Congresso
cacia fora das atribuições institucionais. Nacional exercer função fiscalizatória sobre a União e
§ 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas sobre as entidades da administração direta e indireta.
autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua
proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na 9. (Cespe/DPU/Analista Técnico/Administrativo/2016) No
lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto caso de o presidente da República, na vigência do man‑
no art. 99, § 2º. dato, praticar crime comum não relacionado às funções
§ 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públicas do cargo, sua responsabilização perante o Supremo Tri‑
da União e do Distrito Federal. (Incluído pela Emenda Cons- bunal Federal estará condicionada à admissibilidade da
titucional nº 74, de 2013) acusação por dois terços dos membros da Câmara dos
§ 4º São princípios institucionais da Defensoria Pública Deputados.
a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional,
aplicando-se também, no que couber, o disposto no art. 93 (Cespe/DPU/Técnico em Assuntos Educacionais/2016) Acer‑
e no inciso II do art. 96 desta Constituição Federal. (Redação ca dos direitos e garantias fundamentais, de acordo com
dada pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014) o disposto na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue os
Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras discipli‑ próximos itens.
nadas nas Seções II e III deste Capítulo serão remunerados 10. A cláusula de reserva do possível refere-se à possibili‑
na forma do art. 39, § 4º. dade material de o poder público concretizar direitos
sociais e constitui, em regra, uma limitação válida à
Exercícios implementação total desses direitos.
11. Adotou-se como regra o critério sanguíneo para a de‑
(Cespe/INSS/Analista do Seguro Social/2016) Julgue o item finição da nacionalidade brasileira.
a seguir, que se refere aos direitos e garantias fundamentais 12. Admite-se, excepcionalmente, a cassação de direitos
previstos na CF e à administração pública. políticos na hipótese de condenação pela prática de
1. Recentemente, o transporte foi incluído no rol de di‑ improbidade administrativa.
reitos sociais previstos na CF, que já contemplavam, 13. A CF assegura a liberdade de pensamento, mas veda
entre outros, o direito à saúde, ao trabalho, à moradia o anonimato, uma vez que o conhecimento da autoria
e à previdência social, bem como a assistência aos de‑ torna possível a utilização do direito de resposta.
samparados. 14. A expressão da atividade intelectual, artística, científica
e de comunicação é livre, mas a lei pode prever casos
(Cespe/INSS/Analista do Seguro Social/2016) Com referência de censura ou de exigência de licença do poder público
à CF e às políticas de seguridade, julgue o item subsecutivo. para o seu exercício.
2. O artigo da CF que prevê os direitos sociais, em con‑
sonância com a Declaração Universal dos Direitos Hu‑
(Cespe/DPU/Técnico em Assuntos Educacionais/2016) Em
Noções de Direito Constitucional

manos, de 1948, ainda que represente uma conquista,


relação ao Poder Legislativo no Brasil, julgue os itens sub‑
deixou de contemplar o direito básico à moradia ao
sequentes.
cidadão brasileiro.
15. A imunidade material conferida aos parlamentares não
(Cespe/DPU/Analista Técnico/Administrativo/2016) À luz do alcança a área administrativa.
disposto na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue os itens 16. Compete exclusivamente ao Congresso Nacional resol‑
que se seguem, acerca dos direitos e garantias fundamentais, ver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos in‑
da nacionalidade e dos direitos políticos. ternacionais que acarretem encargos ou compromissos
3. O cancelamento da naturalização por meio de senten‑ gravosos ao patrimônio nacional.
ça judicial transitada em julgado acarreta a perda dos
direitos políticos. (Cespe/DPU/Técnico em Assuntos Educacionais/2016) A
4. O direito fundamental à vida também se manifesta por respeito do Poder Executivo, julgue o itens que se seguem.
meio da garantia de condições para uma existência digna. 17. No presidencialismo brasileiro, a chefia de Estado é
5. Para que direitos e garantias expressos em tratados in‑ exercida pelo presidente da República, enquanto a
ternacionais ratificados pelo Brasil sejam formalmente chefia de governo fica a cargo dos ministros de Estado.

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A respeito do Poder Judiciário e das funções essenciais à 29. Os direitos políticos poderão ser cassados na hipótese
justiça, julgue os itens a seguir. de condenação judicial transitada em julgado por ato
18. Os pagamentos devidos pelas fazendas públicas federal, de improbidade administrativa.
estadual e municipal, em virtude de sentença judicial,
são feitos por meio de precatórios. (Cespe/TCE-RN/Tecnologia da Informação/2015) No que
19. Os princípios institucionais da Defensoria Pública in‑ concerne à organização político-administrativa, julgue os
cluem a unidade, a indivisibilidade e a independência itens a seguir.
funcional. 30. Compete aos municípios criar, organizar e suprimir dis‑
tritos, desde que observada a legislação estadual.
(Cespe/TJ-DFT/Analista Judiciário/2015) Julgue os itens a 31. Por possuírem autonomia política, os territórios federais
seguir, a respeito dos direitos e garantias fundamentais. têm sua criação, transformação em estado ou reinte‑
20. O habeas data não é meio de solicitação e obtenção gração ao estado de origem dependente da aprovação,
de informações de terceiros, uma vez que tem como por plebiscito, da população diretamente interessada
objetivo assegurar o conhecimento de informações re‑ e da ratificação do Congresso Nacional.
lativas ao próprio impetrante. 32. São bens dos estados-membros da Federação as terras
21. Conforme o STF, a edição de norma regulamentadora tradicionalmente ocupadas pelos índios.
prejudica o mandado de injunção, salvo na hipótese de
(Cespe/TCE-RN/Tecnologia da Informação/2015) Em relação
o impetrante pretender ver sanada lacuna normativa
ao Poder Legislativo, julgue os itens a seguir.
do período anterior à edição da lei.
33. O indiciamento de deputados e senadores, no curso
22. O habeas data visa proteger a privacidade do indivíduo de inquérito policial, pode ser realizado pela polícia
contra o abuso no registro de dados pessoais falsos judiciária sem autorização prévia do STF.
ou equivocados, sendo, por isso, o meio apto para a 34. Considere que um deputado federal tenha encaminha‑
obtenção de vista de processo administrativo. do ao Ministério Público notícia-crime contra autorida‑
des judiciais e administrativas por suspeita de práticas
(Cespe/TJ-DFT/Analista Judiciário/2015) Julgue o item sub‑ ilícitas no âmbito de uma autarquia federal. Sob esse en‑
sequente, acerca das funções essenciais à justiça. foque, quanto à abrangência e à eficácia da imunidade
23. Escritório de advocacia de advogado investigado pode parlamentar material, este ato, ainda que não constitua
ser alvo de busca e apreensão por autoridade judicial, exercício estrito do mandato parlamentar, é tutelado
que deverá se ater aos documentos e provas que digam pela inviolabilidade parlamentar, pois guarda relação
respeito exclusivamente ao objeto da investigação judi‑ de pertinência com o poder de controle do Parlamento
cial, sob pena de ser declarada nula a apreensão de todo sobre a administração da União.
o material que extrapolar o âmbito da investigação.
(Cespe/TCE-RN/Tecnologia da Informação/2015) A respeito
(Cespe/TCE-RN/Assessor Jurídico/2015) Acerca da aplicabi‑ das competências do Poder Executivo e do Poder Judiciário,
lidade das normas constitucionais e dos direitos e garantias julgue o seguinte item.
fundamentais, julgue os itens seguinte à luz do entendimento 35. Na hipótese de vacância dos cargos de Presidente e de
do STF. Vice-Presidente da República, nos últimos dois anos
24. Lei estadual que estabeleça a vinculação do subsídio do período do mandato presidencial, será feita, pelo
dos deputados estaduais a percentual do subsídio dos Congresso Nacional, a eleição para os dois cargos, trinta
deputados federais será considerada constitucional. dias depois da última vaga.
25. Será constitucional lei estadual que estabeleça tra‑
mitação prioritária, na justiça estadual, de processos (Cespe/TCE-RN/Auditor/2015) Acerca da organização do
judiciais que tenham como parte mulheres vítimas de Estado brasileiro e da administração pública, julgue os se‑
violência doméstica. guintes itens.
36. Seria constitucional lei que considerasse falta funcional
(Cespe/TCE-RN/Administrador/2015) Com base nas dispo‑ de servidor público não estável a adesão a movimento
sições constitucionais e na jurisprudência do STF a respeito grevista, devido a eficácia limitada do dispositivo consti‑
dos servidores públicos, julgue os itens a seguir. tucional referente a greve de servidor público, segundo
26. Funções de confiança e cargos em comissão destinam‑ entendimento do STF.
-se a atribuições de direção, chefia e assessoramento. 37. O servidor ocupante exclusivamente de cargo em comis‑
Distinguem-se, entretanto, quanto aos requisitos de são declarado em lei de livre nomeação e exoneração,
está ligado ao regime geral de previdência social, mas,
seus ocupantes: a função de confiança é destinada,
ao servidor que ocupa cargo comissionado e cargo pú‑
Noções de Direito Constitucional

exclusivamente, a servidor de cargo efetivo; os cargos


blico efetivo na administração pública estadual simulta‑
em comissão podem ser desempenhados por agentes
neamente, aplica-se o regime próprio do ente público
públicos em caráter precário. a que está vinculado.
27. A investidura em cargo público depende de aprovação 38. No âmbito da competência legislativa concorrente, ine‑
prévia em concurso público de provas ou de provas e xistindo lei federal, os estados exercerão competência
títulos. A pontuação dos títulos, entretanto, deve servir legislativa plena, mas eventual promulgação de lei fe‑
como critério de classificação do candidato, mas não deral dispondo sobre normas gerais tem o efeito de
como fator de aprovação ou de reprovação. suspender a eficácia da legislação estadual sobre toda
28. Limite de idade fixado, exclusivamente, no edital do a matéria objeto da competência concorrente.
concurso público não supre a exigência constitucional 39. É motivo de intervenção de estado em município no
de que o requisito seja estabelecido em lei. seu território o não pagamento da dívida fundada, por
dois anos consecutivos, sem motivo de força maior.
(Cespe/TCE-RN/Tecnologia da Informação/2015) No que se
refere às disposições da Constituição Federal de 1988 (CF) No que se refere à organização dos poderes, ao controle de
acerca de direitos políticos, julgue o próximo item. constitucionalidade e às funções essenciais à justiça, julgue

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os itens a seguir, considerando entendimentos dos tribunais 49. No federalismo pátrio, é admitida a decretação de in‑
superiores. tervenção federal fundada em grave perturbação da or‑
40. Os atos do presidente da República que atentem contra dem pública em caso de ameaça de irrupção da ordem
a lei orçamentária são considerados crimes de respon‑ no âmbito de estado-membro, não se exigindo para tal
sabilidade, nos termos da CF, e devem ser julgados pelo fim que o transtorno da vida social seja efetivamente
Senado Federal. instalado e duradouro.
41. Aos membros do Ministério Público junto a tribunal de 50. Entre as características do Estado federal, inclui-se a
contas estadual aplicam-se os mesmos direitos, veda‑ possibilidade de formação de novos estados-membros
ções e formas de investidura dos promotores de justiça, e de modificação dos já existentes conforme as regras
uma vez que estão vinculados, em termos administra‑ estabelecidas na CF.
tivos, ao respectivo Ministério Público estadual.
42. Nos processos de concessão inicial de aposentadoria, (Cespe/AGU/Advogado/2015) A respeito das competências
reforma e pensão, em trâmite no Tribunal de Contas atribuídas aos estados-membros da Federação brasileira,
da União, são assegurados o contraditório e a ampla julgue os itens subsecutivos à luz da jurisprudência do STF.
defesa na apreciação da legalidade do ato, quando da 51. Seria constitucional norma instituída por lei estadual
decisão puder resultar situação jurídica desvantajosa exigindo depósito recursal como pressuposto para sua
ao interessado. interposição no âmbito dos juizados especiais cíveis do
estado, uma vez que esse tema está inserido entre as
(Cespe/Telebras/Advogado/2015) Julgue os itens subsequen‑ competências legislativas dos estados-membros acerca
tes, relativos à interpretação e aplicabilidade das normas de procedimento em matéria processual.
constitucionais, e aos direitos individuais. 52. Seria constitucional lei estadual que, fundada no dever
43. A limitação de direitos individuais, enquanto direitos de de proteção à saúde dos consumidores, criasse restri‑
hierarquia constitucional, deve se dar por expressa dis‑ ções ao comércio e ao transporte de produtos agríco‑
posição constitucional ou mediante lei promulgada com las importados no âmbito do território do respectivo
fundamento imediato na própria Constituição Federal. estado.
44. As normas constitucionais de eficácia contida têm 53. Situação hipotética: Determinada Constituição esta‑
aplicabilidade indireta e reduzida porque dependem dual condicionou a deflagração formal de processo
de norma ulterior para que possam incidir totalmente acusatório contra governador pela prática de crime de
sobre os interesses relativos a determinada matéria. responsabilidade a juízo político prévio da assembleia
legislativa local. Assertiva: Nessa situação, a norma es‑
(Cespe/AGU/Advogado/2015) Com base nas normas consti‑ tadual é compatível com o estabelecido pela CF quanto
tucionais e na jurisprudência do STF, julgue os itens seguintes. à competência legislativa dos estados-membros.
45. Situação hipotética: Servidor público, ocupante de
cargo efetivo na esfera federal, recebia vantagem de‑ (Cespe/AGU/Advogado/2015) Acerca de aspectos diversos
corrente do desempenho de função comissionada por
relacionados à atuação e às competências dos Poderes Exe‑
um período de dez anos. O servidor, após ter sido regu‑
cutivo, Legislativo e Judiciário, do presidente da República
larmente exonerado do cargo efetivo anterior, assumiu,
e da AGU, julgue os itens a seguir.
também na esfera federal, novo cargo público efetivo.
54. Caso um processo contra o presidente da República pela
Assertiva: Nessa situação, o servidor poderá continuar
prática de crime de responsabilidade fosse instaurado
recebendo a vantagem referente ao cargo anterior, de
pelo Senado Federal, não seria permitido o exercício
acordo com o princípio do direito adquirido.
46. Situação hipotética: Determinado estado e um dos seus do direito de defesa pelo presidente da República no
municípios estão sendo processados judicialmente em âmbito da Câmara dos Deputados.
razão de denúncias acerca da má qualidade do serviço 55. Compete à AGU a representação judicial e extrajudicial
de atendimento à saúde prestado à população em um da União, sendo que o poder de representação do ente
hospital do referido município. Assertiva: Nessa situa‑ federativo central pelo advogado da União decorre da
ção, o estado, em sua defesa, poderá alegar que, nesse lei e, portanto, dispensa o mandato.
caso específico, ele não deverá figurar no polo passivo
da demanda, já que a responsabilidade pela prestação (Cespe/STJ/Analista Judiciário/2015) No que concerne aos
adequada dos serviços de saúde à população é do mu‑ princípios fundamentais da República Federativa do Brasil e
nicípio, e, subsidiariamente, da União. aos direitos fundamentais, julgue os próximos itens.
47. Vice-governador de estado que não tenha sucedido ou 56. A garantia do mínimo existencial, que decorre da pro‑
substituído o governador durante o mandato não pre‑ teção constitucional à dignidade da pessoa humana,
cisará se desincompatibilizar do cargo atual no período restringe a invocação da reserva do possível como óbice
Noções de Direito Constitucional

de seis meses antes do pleito para concorrer a outro à concretização do acesso aos direitos sociais.
cargo eletivo. 57. A livre iniciativa é princípio que subordina as normas
de regulação do mercado e de defesa do consumidor.
(Cespe/AGU/Advogado/2015) No que se refere a ações cons‑ 58. O registro do sindicato no órgão competente é exigência
titucionais, julgue o item subsequente. constitucional que não se confunde com a autorização
48. De acordo com o atual entendimento do STF, a decisão estatal para a fundação da entidade.
proferida em mandado de injunção pode levar à con‑ 59. O princípio da unicidade, que veda a criação, na mesma
cretização da norma constitucional despida de plena base territorial, de mais de uma organização sindical
eficácia, no tocante ao exercício dos direitos e das liber‑ representativa de mesma categoria profissional, não
dades constitucionais e das prerrogativas relacionadas alcança entidades que, no âmbito de um mesmo mu‑
à nacionalidade, à soberania e à cidadania. nicípio, mas em bairros distintos, representem mesma
profissão.
(Cespe/AGU/Advogado/2015) Julgue os itens seguintes, que
se refere ao Estado federal, à Federação brasileira e à inter‑ (Cespe/STJ/Analista Judiciário/2015) Em relação aos agentes
venção federal. públicos, julgue o próximo item.

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60. Os servidores públicos gozam de todos os direitos so‑ 74. No caso de iminente perigo público, a autoridade compe‑
ciais previstos no texto constitucional para os trabalha‑ tente poderá usar de propriedade particular, assegurada
dores da iniciativa privada. ao proprietário indenização ulterior, se houver dano.
75. O estrangeiro condenado por autoridades estrangeiras
(Cespe/STJ/Analista Judiciário/2015) Acerca dos direitos hu‑ pela prática de crime político poderá ser extraditado do
manos, à luz da Constituição Federal de 1988 (CF), julgue os Brasil se houver reciprocidade do país solicitante.
itens subsequentes. 76. Aos que comprovem insuficiência de recursos é assegu‑
61. Para fins do direito à inviolabilidade do domicílio, o con‑ rada a gratuidade na prestação de assistência jurídica
ceito de casa não abrange locais nos quais são exercidas integral pelo Estado.
atividades de índole profissional, como consultórios e 77. Somente aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
escritórios. no país é assegurado o direito de petição em defesa de
62. A defesa, em espaços públicos, da legalização das drogas direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder.
foi considerada pelo STF como manifestação pública
compatível com o direito à liberdade de pensamento. (Cespe/PRF/Policial Rodoviário Federal/2013) A respeito da
63. O direito de reunião constitui instrumento viabilizador organização político-administrativa do Estado e da adminis‑
do exercício da liberdade de expressão e propicia a ativa tração pública, julgue os itens que se seguem.
participação da sociedade civil mediante exposição de 78. O Distrito Federal (DF) é ente federativo autônomo, pois
ideias, opiniões, propostas, críticas e reinvindicações. possui capacidade de auto-organização, autogoverno
64. A proteção do direito de imagem do indivíduo é autô‑ e autoadministração, sendo vedado subdividi-lo em
noma em relação à sua honra. municípios.
79. Conforme o STF, a responsabilidade civil das empresas
(Cespe/STJ/Analista Judiciário/2015) Ainda com relação aos prestadoras de serviço público é objetiva, mesmo em
direitos humanos, julgue os próximos itens à luz da CF. relação a terceiros não usuários do serviço público.
65. O habeas data não se presta à retificação das infor‑ 80. Os atos de improbidade administrativa importarão ao
mações constantes de bancos de dados de entidades agente a suspensão dos direitos políticos, a perda da
públicas. função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressar‑
66. As entidades associativas, se expressamente autoriza‑ cimento ao erário, na forma e gradação previstas em
das, possuem legitimidade para representar seus filia‑ lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
dos na esfera judicial. 81. Em se tratando de matéria para a qual se preveja a
67. Na hipótese de iminente perigo, o poder público compe‑ competência legislativa concorrente, a CF autoriza os
tente poderá requisitar o uso de propriedade particular, estados a exercerem a competência legislativa plena
estando assegurada ao proprietário a possibilidade de para atenderem a suas peculiaridades se inexistir lei
ser indenizado em caso de dano ao seu patrimônio. federal sobre normas gerais.
68. Como regra, não se admite a privação de liberdade de
locomoção em razão de dívidas. (Cespe/PRF/Policial Rodoviário Federal/2013) No que con‑
cerne ao Poder Executivo e ao Poder Judiciário, julgue os
(Cespe/PRF/Policial Rodoviário Federal/2013) No que se itens subsecutivos.
refere aos princípios fundamentais da Constituição Federal 82. Compete originariamente ao Superior Tribunal de Jus‑
de 1988 (CF) e à aplicabilidade das normas constitucionais, tiça (STJ) julgar o litígio entre Estado estrangeiro ou
julgue os itens a seguir. organismo internacional e a União, os estados ou o DF.
69. O mecanismo denominado sistema de freios e contrape‑ 83. Compete privativamente ao presidente da República
sos é aplicado, por exemplo, no caso da nomeação dos conceder indulto e comutar penas, ouvidos, se neces‑
ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), atribuição sário, os órgãos instituídos em lei.
do presidente da República e dependente da aprovação
pelo Senado Federal. (Cespe/PRF/Policial Rodoviário Federal/2013) Acerca dos
70. A liberdade de exercer qualquer trabalho, ofício ou pro‑ direitos de cidadania e do pluralismo jurídico, julgue o item
fissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei que se segue.
estabelecer, é um exemplo de norma constitucional de 84. Os direitos de cidadania são, no Estado democrático de
eficácia limitada. direito, todos aqueles relativos à dignidade do cidadão,
71. Decorre do princípio constitucional fundamental da in‑ como sujeito de prestações estatais, e à participação
dependência e harmonia entre os poderes a impossibi‑ ativa na vida social, política e econômica do Estado.
lidade de que um poder exerça função típica de outro,
não podendo, por exemplo, o Poder Judiciário exercer GABARITO
a função administrativa.
Noções de Direito Constitucional

72. No que se refere às relações internacionais, a República


1. c 15. e 29. e 43. c 57. e 71. e
Federativa do Brasil rege-se pelos princípios da igual‑
2. e 16. c 30. c 44. e 58. c 72. c
dade entre os Estados, da cooperação entre os povos
3. c 17. e 31. e 45. e 59. e 73. e
para o progresso da humanidade e da concessão de
4. c 18. c 32. e 46. e 60. e 74. c
asilo político, entre outros.
5. e 19. c 33. e 47. c 61. e 75. e
6. c 20. c 34. c 48. c 62. c 76. c
(Cespe/PRF/Policial Rodoviário Federal/2013) Julgue os itens
7. c 21. e 35. c 49. e 63. c 77. e
subsequentes, relativos aos direitos e garantias fundamentais
8. e 22. e 36. e 50. c 64. c 78. c
previstos na CF. 9. e 23. c 37. c 51. e 65. e 79. c
73. Consideram-se brasileiros naturalizados os nascidos no 10. c 24. e 38. e 52. e 66. c 80. c
estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde 11. e 25. e 39. c 53. c 67. c 81. c
que sejam registrados em repartição brasileira compe‑ 12. e 26. c 40. c 54. e 68. c 82. e
tente ou venham a residir na República Federativa do 13. c 27. c 41. e 55. c 69. c 83. c
Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida 14. e 28. c 42. e 56. c 70. e 84. c
a maioridade, pela nacionalidade brasileira.

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PRF

SUMÁRIO

Ética no Serviço Público


Ética e moral ......................................................................................................................................................................... 3

Ética, princípios e valores...................................................................................................................................................... 4

Ética e democracia:
exercício da cidadania ....................................................................................................................................................... 4

Ética e função pública ........................................................................................................................................................... 5

Ética no Setor Público


Decreto nº 1.171/ 1994 (Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal) ................. 5

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Ética no Serviço Público
Luis Guilherme Gomes Winther Neves

Introdução A única obrigação do homem é ser virtuoso, é de sua


natureza ser virtuoso e agir como homem. Infelizmente
Atualmente, na sociedade contemporânea, há um ques- um mal que tem aumentado é o de homens que não agem
tionamento muito grande sobre o que é essencial e o que é como homens.
secundário para o convívio social, levando a sociedade, por Os preceitos éticos de uma sociedade são baseados em
diversas vezes, a uma inversão de valores e sentimentos. seus valores, princípios, ideais e regras, que se consolidam
Embora esses questionamentos pareçam mais latentes durante a formação do caráter do ser humano em seu con-
em nossa época, na verdade eles nasceram no momento em vívio social. Essa formação de conceitos se baseia no senso
que o homem passou a viver em sociedade e, para tanto, comum, que é um juízo ou conceito comumente sentido por
começou a perceber a necessidade de “regras” que regula- toda uma ordem, um povo ou uma nação, da sociedade em
mentassem esse convívio. que esse homem está inserido.
Dentro desse mundo de normas e regras, para obter‑se Para melhor entendimento do que é senso comum,
o bom relacionamento social, destaca‑se sobremaneira a tomemos o seguinte: uma criança que adoece consegue
ética – objeto de nosso estudo. explicar para os seus pais que está se sentindo mal, mesmo
A ética é uma ciência de estudo da filosofia e, durante que racionalmente não saiba o significado do termo “mal”.
toda a história, vários pensadores se ocuparam de enten- Ela consegue dar a explicação porque tem a capacidade de
dê‑la, visando à melhoria nas relações sociais. As normas éti- “sentir” o que a palavra significa.
cas revelam a melhor forma de o homem agir durante o seu Quando falamos em ética como algo presente no homem,
relacionamento com a sociedade e em relação a si mesmo. não quer dizer que ele já nasce com a consciên­cia plena do
Sócrates, considerado o pai da filosofia, relaciona o agir que é bom ou mau. Essa consciência existe, mas se desen-
moral com a sabedoria, afirmando que só quem tem conheci- volve mediante o relacionamento com o meio social e com
mento pode ver com clareza o melhor modo de agir em cada o autodescobrimento.
situação. Assim como a teoria socrática, várias outras foram Nas palavras do intelectual baiano Divaldo Franco, “a
formuladas por meio da história, contribuindo de alguma consciência ética é a conquista da iluminação, da lucidez
forma para a melhoria do agir humano e, consequentemente, intelecto moral, do dever solidário e humano”.
para o convívio social. Para uma vida plena, é necessário recorrer à ética, à co-
Com o atual cenário político‑social que vivemos, perce- ragem para decifrar‑se, à confiança na própria vida, ao amor
be‑se que o estudo e aplicação de normas éticas se fazem como a maior manifestação do ser humano no grupo social,
cada vez mais frequentes e necessários ao desenvolvimento ao respeito por si e pelo outro e, principalmente, à verda-
do país. de, estando acima de quaisquer interpretações, ideias ou
opiniões.
Ética e Moral Moral
Ética O termo moral deriva do latim – mos –, e significa “cos-
tumes”. A moral é a “ferramenta” de trabalho da ética. Sem
Ética é a parte da filosofia que se ocupa do estudo do os juízos de valor aplicados pela moral, seria impossível
comportamento humano e investiga o sentido que o homem determinar se a ação do homem é boa ou má.
dá a suas ações para ser verdadeiramente feliz e alcançar, Moral é o conjunto de normas, livre e consciente, adota-
como diriam os gregos, o “Bem viver”. do, que visa organizar as relações das pessoas, tendo como
A ética faz parte do nosso dia a dia. Em todas as nossas base o bem e o mal, com vistas aos costumes sociais.
relações e atos, em algum grau, utilizamos nossos valores Apesar de serem semelhantes, e  por várias vezes se
éticos para nos auxiliar. confundirem, ética e moral são termos aplicados diferen-
Em um sentido mais amplo, a ética engloba um conjunto temente. Enquanto o primeiro trata o comportamento hu-
de regras e preceitos de ordem valorativa, que estão ligados mano como objeto de estudo e normatização, pro­curando
à prática do bem e da justiça, aprovando ou desaprovando a torná‑lo o mais abrangente possível, o segundo se ocupa de
ação dos homens de um grupo social ou de uma sociedade. atribuir um valor à ação. Esse valor tem como referências as
A palavra ética deriva do grego ethos, e significa “com- normas e conceitos do que vem a ser bem e mal baseados
portamento”. Heidegger dá ao termo ethos o significado de no senso comum.
“morada do ser”. A moral possui um caráter subjetivo, que faz com que
A ética pode ser dividida em duas partes: ética normativa ela seja influenciada por vários fatores, alterando, assim,
e metaética. A  primeira propõe os princípios da conduta os conceitos morais de um grupo para outro. Esses fatores
Ética no Serviço Público

correta, enquanto a segunda investiga o uso de conceitos podem ser sociais, históricos, geográficos etc.
como bem e mal, certo e errado etc. Observa‑se, então, que a moral é dinâmica, ou seja, ela
O estudo da ética demonstra que a consciência moral nos pode mudar seus juízos de valor de acordo com o contexto
inclina para o caminho da virtude, que seria uma qualidade em que esteja inserida.
própria da natureza humana. Logo, um homem para ser ético Aristóteles, em seu livro A Política, descreve que “os
precisa necessariamente ser virtuoso, ou seja, praticar o bem pais sempre parecerão antiquados para os seus filhos”. Essa
usando a liberdade com responsabilidade constantemente. afirmação demonstra que, na passagem de uma geração
Nesse aspecto, percebe‑se que “o agir” depende do ser. familiar para outra, os valores morais mudam radicalmente.
O lápis deve escrever, é de sua natureza escrever; a lâmpada Outro exemplo é o de que moradores de cidades praianas
deve iluminar, é  de sua natureza iluminar e ela deve agir achem perfeitamente normal e aceitável andar pelas ruas
dessa forma. vestidos apenas com trajes de banho, ao passo que mora-

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dores de cidades interioranas veem com estranheza esse valor e moralidade está muito longe de ser alcançado, pois as
comportamento. Essa mudança de comportamento e juízo diversidades culturais e sociais fazem com que o valor dado
de valor é provocada por um agente externo. a determinadas ações mude de acordo com o contexto em
O ato moral tem em sua estrutura dois importantes que está inserido.
aspectos: o normativo e o factual.
O ato normativo são as normas e imperativos que enun- Ética e democracia
ciam o “dever ser”. Ex.: cumpra suas obrigações, não minta,
não roube etc. O Brasil ainda caminha a passos lentos no que diz respeito
Os factuais são os atos humanos que se realizam efe- à ética, principalmente no cenário político que se revela a
tivamente, ou seja, é a aplicação da norma no dia a dia no cada dia, porém é inegável o fato de que realmente a mora-
convívio social. lidade tem avançado.
O ato moral tem sua complexidade na medida em que Vários fatores contribuíram para a formação desse
afeta não somente a pessoa que age, mas aqueles que a quadro caótico. Entre eles, os principais são os golpes de
cercam e a própria sociedade. Portanto, para que um ato seja estados – Golpe de 1930 e Golpe de 1964.
considerado moral, ou seja, bom, deve ser livre, consciente, Durante o período em que o país viveu uma ditadura mili-
intencional e solidário. tar e a democracia foi colocada de lado, tivemos a suspensão
Dessas características decorre a inserção da responsabili- do ensino de filosofia e, consequentemente, de ética, nas
dade, exigindo da pessoa que assuma as consequências por escolas e universidades. Aliados a isso tivemos os direitos
todos os seus atos, livre e conscientemente. políticos do cidadão suspensos, a  liberdade de expressão
Por todos os aspectos que podem influenciar os valo- caçada e o medo da repressão.
res do que vem a ser bom ou justo e, aliado a isso, devido Como consequência dessa série de medidas arbitrárias
à  diversificação de informações culturais que o mundo e autoritárias, nossos valores morais e sociais foram se per-
contemporâneo globalizado nos revela em uma velocidade dendo, levando a sociedade a uma “apatia” social, mantendo,
espantosa, a ética e a moral tornam-se cada vez mais impor- assim, os valores que o Estado queria impor ao povo.
tantes, exigindo que sua aplicabilidade se torne cada vez mais Nos dias atuais estamos presenciando uma “nova era” em
adequada ao contexto em que está inserida. nosso país no que tange à aplicabilidade das leis e da ética
no poder: os crimes de corrupção e de desvio de dinheiro
Ética: Princípios e Valores estão sendo mais investigados e a  polícia tem trabalhado
com mais liberdade de atuação em prol da moralidade e do
Princípios interesse público, o que tem levado os agentes públicos a
refletir mais sobre seus atos antes de cometê‑los.
Princípio é onde alguma coisa ou conhecimento se origi- Essa nova fase se deve principalmente à democracia im-
na. Também pode ser definido como conjunto de regras ou plantada como regime político com a Constituição de 1988.
código de (boa) conduta pelos quais alguém governa a sua Etimologicamente, o termo democracia vem do grego
vida e as suas ações. demokratía, em que demo significa povo e kratía, governo.
Fazendo uma análise minuciosa desses conceitos, Logo, a definição de democracia é “governo do povo”.
percebe‑se que os princípios que regem a nossa conduta em A democracia confere ao povo o poder de influenciar na
sociedade são aqueles conceitos ou regras que aprendemos administração do Estado. Por meio do voto, o povo é que
por meio do convívio, passados geração após geração. determina quem vai ocupar os cargos de direção do Estado.
Esses conhecimentos se originaram, em algum momento, Logo, insere-se nesse contexto a responsabilidade tanto do
no grupo social em que estão inseridos, convencionando‑se povo, que escolhe seus dirigentes, quanto dos escolhidos,
que sua aplicação é boa, sendo aceita pelo grupo. que deverão prestar contas de seus atos no poder.
Quando uma pessoa afirma que determinada ação fere A ética tem papel fundamental em todo esse processo,
seus princípios, ela está se referindo a um conceito, ou regra, regulamentando e exigindo dos governantes o comporta-
que foi originado em algum momento em sua vida ou na vida mento adequado à função pública que lhe foi confiada por
do grupo social em que está inserida. meio do voto, e conferindo ao povo as noções e os valores
necessários para o exercício de seus deveres e cobrança dos
Valores seus direitos.
É por meio dos valores éticos e morais – determinados
Nas mais diversas sociedades, independentemente do pela sociedade – que podemos perceber se os atos cometidos
nível cultural, econômico ou social em que estejam inseridas, pelos ocupantes de cargos públicos estão visando ao bem
os valores são fundamentais para se determinar quais são as comum ou ao interesse público.
pessoas que agem tendo por finalidade o bem.
O caráter dos seres, pelo qual são mais ou menos deseja- Exercício da Cidadania
dos ou estimados por uma pessoa ou grupo, é determinado
pelo valor de suas ações. Sua ação terá seu valor aumentado Todo cidadão tem direito a exercer a cidadania, isto é,
Ética no Serviço Público

na medida em que for desejada e copiada por mais pessoas seus direitos de cidadão; direitos esses que são garantidos
do grupo. constitucionalmente nos princípios fundamentais.
Todos os termos que servem para qualificar uma ação Exercer os direitos de cidadão, na verdade, está vincula-
ou o caráter de uma pessoa têm um peso “bom” e um peso do a exercer também os deveres de cidadão. Por exemplo,
“ruim”. Citam-se como exemplo os termos honesto e deso- uma pessoa que deixa de votar não pode cobrar nada do
nesto, generoso e egoísta, verdadeiro e falso. governante que está no poder, afinal ela se omitiu do dever
Os valores dão “peso” à ação ou caráter de uma pessoa de participar do processo de escolha dessa pessoa, e com
ou grupo. Esse peso pode ser bom ou ruim. Kant afirmava essa atitude abriu mão também dos seus direitos.
que toda ação considerada moralmente boa deveria ser Direitos e deveres andam juntos no que tange ao exer-
necessariamente universal, ou seja, ser boa em qualquer cício da cidadania. Não se pode conceber um direito sem
lugar e em qualquer tempo. Infelizmente o ideal kantiano de que antes este seja precedido de um dever a ser cumprido;

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
é uma via de mão dupla, seus direitos aumentam na mesma transformou sua imagem no estereótipo de um setor que não
proporção de seus deveres perante a sociedade. funciona, é muito burocrático e custa muito caro à população.
Constitucionalmente, os direitos garantidos, tanto indi- O cidadão, mesmo bem atendido por um servidor pú-
viduais quanto coletivos, sociais ou políticos, são precedidos blico, não consegue sustentar uma boa imagem do serviço
de responsabilidades que o cidadão deve ter perante a e do servidor, pois o que faz a imagem de uma empresa ou
sociedade. Por exemplo, a Constituição garante o direito à órgão parecer boa diante da população é  o atendimento
propriedade privada, mas exige‑se que o proprietário seja de seus funcionários, e por mais que os servidores sérios e
responsável pelos tributos que o exercício desse direito gera, responsáveis se esforcem, existe uma minoria que consegue
como o pagamento do IPTU. facilmente acabar com todos os esforços levados a cabo pelos
Exercer a cidadania, por consequência, é também ser bons funcionários.
probo, agir com ética assumindo a responsabilidade que Aliados a isso, têm-se, em nosso cenário político atual,
advém de seus deveres enquanto cidadão inserido no con- constantes denúncias de corrupção, lavagem de dinheiro,
vívio social. uso inadequado da máquina pública e muitos outros fatores
que vêm a contribuir de forma destrutiva para a imagem do
servidor e do serviço públicos.
Ética e função pública Esse conjunto caótico de fatores faz com que a opinião
pública, por diversas vezes, se posicione contra o setor e
Função pública é a competência, atribuição ou encargo os servidores públicos, levando em conta apenas aquilo
para o exercício de determinada função. Ressalta-se que que, infelizmente, é divulgado nos jornais, revista e redes
essa função não é livre, devendo, portanto, estar o seu de televisão.
exercício sujeito ao interesse público, da coletividade ou da Nesse ponto, a ética se insere de maneira determinante
Administração. Segundo Maria Sylvia Z. Di Pietro, função para contribuir e melhorar a qualidade do atendimento, inse-
“é o conjunto de atribuições às quais não corresponde um rindo no âmbito do poder público princípios e regras necessá-
cargo ou emprego”. rios ao bom andamento do serviço e ao respeito aos usuários.
No exercício das mais diversas funções públicas, os Os novos códigos de ética, além de regulamentarem a
servidores, além das normatizações vigentes nos órgãos e qualidade e o trato dispensados aos usuários e ao serviço
entidades públicas que regulamentam e determinam a forma público e de trazer punições para os que descumprem as suas
de agir dos agentes públicos, devem respeitar os valores normas, também têm a função de proteger a imagem e a
éticos e morais que a sociedade impõe para o convívio em honra do servidor que trabalha seguindo fielmente as regras
grupo. A não observação desses valores acarreta uma série neles contidos, contribuindo, assim, para uma melhoria na
de erros e problemas no atendimento ao público e aos usu- imagem do servidor e do órgão perante a população.
ários do serviço, o que contribui de forma significativa para
uma imagem negativa do órgão e do serviço. DECRETO Nº 1.171, DE 22 DE JUNHO DE
Um dos fundamentos que precisa ser compreendido é 1994
o de que o padrão ético dos servidores públicos no exercí-
cio de sua função pública advém de sua natureza, ou seja, Aprova o Código de Ética Pro-
do caráter público e de sua relação com o público. fissional do Servidor Público Civil
O servidor deve estar atento a esse padrão não apenas do Poder Executivo Federal.
no exercício de suas funções, mas 24 horas por dia durante
toda a sua vida. O caráter público do seu serviço deve-se O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: no uso das atribuições
incorporar à sua vida privada, a fim de que os valores morais que lhe confere o art.  84, incisos IV e VI, e  ainda tendo
e a boa-fé, amparados constitucionalmente como princípios em vista o disposto no art. 37 da Constituição, bem como
básicos e essenciais a uma vida equilibrada, se insiram e se- nos arts. 116 e 117 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de
jam uma constante em seu relacionamento com os colegas 1990, e nos arts. 10, 11 e 12 da Lei nº 8.429, de 2 de junho
e com os usuários do serviço. de 1992, decreta:
Os princípios constitucionais devem ser observados para
que a função pública se integre de forma indissociável ao Art. 1º Fica aprovado o Código de Ética Profissional do
direito. Esses princípios são: Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, que com
• Legalidade: todo ato administrativo deve seguir fiel- este baixa.
mente os meandros da lei. Art. 2º Os órgãos e entidades da Administração Pública
• Impessoalidade: aqui é aplicado como sinônimo de Federal direta e indireta implementarão, em sessenta dias,
igualdade: todos devem ser tratados de forma iguali- as providências necessárias à plena vigência do Código de
tária e respeitando o que a lei prevê. Ética, inclusive mediante a constituição da respectiva Comis-
• Moralidade: respeito ao padrão moral para não com- são de Ética, integrada por três servidores ou empregados
prometer os bons costumes da sociedade. titulares de cargo efetivo ou emprego permanente.
Parágrafo único. A  constituição da Comissão de Ética
Ética no Serviço Público

• Publicidade: refere-se à transparência de todo ato


público, salvo os casos previstos em lei. será comunicada à Secretaria da Administração Federal da
• Eficiência: ser o mais eficiente possível na utilização Presidência da República, com a indicação dos respectivos
dos meios que são postos a sua disposição para a membros titulares e suplentes.
execução do seu mister. Art. 3º Este decreto entra em vigor na data de sua pu-
blicação.
Ética no setor público Brasília, 22 de junho de 1994, 173º da Independência e
106º da República.
Durante as últimas décadas, o  setor público foi alvo,
por parte da mídia e de um senso comum vigente, de um ITAMAR FRANCO
processo deliberado de formação de uma caricatura, que Romildo Canhim

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ANEXO IV – A remuneração do servidor público é custeada pelos
tributos pagos direta ou indiretamente por todos, até por
Código de Ética Profissional do Servidor Público ele próprio, e  por isso se exige, como contrapartida, que
Civil do Poder Executivo Federal a moralidade administrativa se integre no Direito, como
elemento indissociável de sua aplicação e de sua finalidade,
CAPÍTULO I erigindo‑se, como consequência em fator de legalidade.
V – O trabalho desenvolvido pelo servidor público pe-
Seção I rante a comunidade deve ser entendido como acréscimo
Das Regras Deontológicas ao seu próprio bem‑estar, já que, como cidadão, integrante
da sociedade, o êxito desse trabalho pode ser considerado
Comentário: como seu maior patrimônio.
As regras deontológicas são aquelas que têm como fun-
damento os valores morais do grupo social em que estão Comentário:
inseridas. O servidor é, antes de tudo, um cidadão que se beneficia
com a adequada prestação do serviço e com a conservação
I – A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciên- do patrimônio público.
cia dos princípios morais são primados maiores que devem
nortear o servidor público, seja no exercício do cargo ou VI – A função pública deve ser tida como exercício pro-
função, ou fora dele, já que refletirá o exercício da vocação fissional e, portanto, se integra na vida particular de cada
do próprio poder estatal1. Seus atos, comportamentos e servidor público. Assim, os fatos e atos verificados na conduta
atitudes serão direcionados para a preservação da honra e do dia a dia em sua vida privada poderão acrescer ou diminuir
da tradição dos serviços públicos. o seu bom conceito na vida funcional.

Comentário: Comentário:
Note que o legislador fala da “eficácia” do servidor; ser O servidor deve levar uma vida reta e honesta. Os atos
eficaz não significa apenas fazer aquilo que deve ser feito, da sua vida particular, mesmo em gozo de férias, podem
mas, também, fazer aquilo que é correto. O servidor deve influenciar seu bom conceito e, com isso, colocar à prova
se omitir de fazer aquilo que não é correto. seus atos oficiais.
II – O servidor público não poderá jamais desprezar o VII – Salvo os casos de segurança nacional, investigações
elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir policiais ou interesse superior do Estado e da Administração
somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conve- Pública, a  serem preservados em processo previamente
niente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas declarado sigiloso, nos termos da lei, a  publicidade de
principalmente entre o honesto e o desonesto, consoante qualquer ato administrativo constitui requisito de eficácia
as regras contidas no art. 37, caput, e § 4º, da Constituição e moralidade, ensejando sua omissão comprometimento
Federal. ético contra o bem comum, imputável a quem a negar.5
Comentário: Comentário:
Aqui a lei mostra que o servidor que não despreza o Todo ato administrativo deve seguir o princípio da publi-
código e a moralidade não precisará tomar decisões que cidade, que pode-se observar com transparência no inciso
impliquem comprometimento de sua conduta. VII, disposto acima. Um bom exemplo no que se refere à
exceção citada nesse inciso foi o caso de o Governo Federal se
III – A moralidade da Administração Pública não se limita negar a divulgar as informações sobre os gastos dos cartões
à distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da corporativos, alegando para tanto o comprometimento da
idéia de que o fim é sempre o bem comum.2 O equilíbrio segurança nacional.
entre a legalidade e a finalidade, na conduta do servidor
público, é que poderá consolidar a moralidade do ato ad- VIII – Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não
ministrativo. pode omiti‑la ou falseá‑la, ainda que contrária aos interesses
da própria pessoa interessada ou da Administração Pública.
Comentário: Nenhum Estado pode crescer ou estabilizar‑se sobre o poder
Todo ato administrativo cometido por servidor tem por corruptivo do hábito do erro, da opressão, ou da mentira, que
finalidade o bem comum ou o interesse público. Além disso, sempre aniquilam até mesmo a dignidade humana quanto
deve-se observar, durante todo o processo, a exigência legal, mais a de uma Nação.
para que o ato tenha validade. IX  – A cortesia, a  boa vontade, o  cuidado e o tempo
Na moralidade administrativa, a conduta dos servidores dedicados ao serviço público caracterizam o esforço pela
públicos baseia-se nos valores subjacentes à atividade disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos
Ética no Serviço Público

estatal.3 direta ou indiretamente significa causar‑lhe dano moral. Da


A probidade administrativa é uma forma de moralidade, mesma forma, causar dano a qualquer bem pertencente ao
visto que ela consiste, entre outros aspectos, em servir patrimônio público, deteriorando‑o, por descuido ou má
honestamente a administração pública.4 vontade, não constitui apenas uma ofensa ao equipamento
e às instalações ou ao Estado, mas a todos os homens de boa
1
Assunto cobrado na prova do Cespe/Finep/Técnico/Administração/Apoio vontade que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas
Administrativo/2009. esperanças e seus esforços para construí‑los.
2
Assunto cobrado na prova do Cespe/Ministério da Ciência, Tecnologia e Ino-
vação/Assistente em Ciência e Tecnologia I/Apoio Administrativo/2012.
3
Cespe/Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação/ Assistente em Ciência e
Tecnologia I/Apoio Administrativo/2012.
4
Cespe/Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação/Assistente em Ciência e Assunto cobrado na prova do Cespe/Ministério da Ciência, Tecnologia e Ino-
5

Tecnologia I/Apoio Administrativo/2012. vação/Assistente em Ciência e Tecnologia I/Apoio Administrativo/2012.

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Comentário: situações procrastinatórias (demoradas) é dever do servidor,
Ser cortês, educado e ter boa vontade é obrigação de evitando, assim, o dano moral ao usuário.
qualquer pessoa que conviva no meio social. Em muitos c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a
casos, a falta de educação, quando atinge limites que de- integridade do seu caráter, escolhendo sempre, quando
notam também falta de respeito a outra pessoa, pode ser estiver diante de duas opções, a melhor e a mais vantajosa
caracterizada como crime e, para tanto, passível de reparação para o bem comum;
nos termos da lei. d) jamais retardar qualquer prestação de contas, con-
dição essencial da gestão dos bens, direitos e serviços da
X – Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de coletividade a seu cargo;
solução que compete ao setor em que exerça suas funções,
permitindo a formação de longas filas, ou qualquer outra Comentário:
espécie de atraso na prestação do serviço, não caracteriza
Seguem-se, aqui, o princípio da publicidade do ato
apenas atitude contra a ética ou ato de desumanidade, mas
administrativo e a transparência na prestação de contas do
principalmente grave dano moral aos usuários dos serviços
públicos. servidor a serviço da coletividade ou do bem comum.

Comentário: e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços,


O Código de Defesa do Consumidor também legisla sobre aperfeiçoando o processo de comunicação e contato com
o tempo de espera em filas, mas perceba que o Decreto nº o público;7
1.171/1994 é muito anterior ao código de defesa e já trata- f) ter consciência de que seu trabalho é regido por prin-
va desse problema, atribuindo a ele o crime de grave dano cípios éticos que se materializam na adequada prestação
moral ao usuário, sendo passível de processo e reparação dos serviços públicos;8
nos termos da lei. g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção,
respeitando a capacidade e as limitações individuais de to-
XI – O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens dos os usuários do serviço público, sem qualquer espécie de
legais de seus superiores, velando atentamente por seu preconceito ou distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor,
cumprimento, e, assim, evitando a conduta negligente. Os idade, religião, cunho político e posição social, abstendo‑se,
repetidos erros, o descaso e o acúmulo de desvios tornam‑se, dessa forma, de causar‑lhes dano moral;9
às vezes, difíceis de corrigir e caracterizam até mesmo im-
prudência no desempenho da função pública. Comentário:
XII – Toda ausência injustificada do servidor de seu local Ter respeito, tratar cuidadosamente os usuários do ser-
de trabalho é fator de desmoralização do serviço público, viço e aperfeiçoar o processo de comunicação são cuidados
o que quase sempre conduz à desordem nas relações hu- que precisam ser observados atentamente pelo servidor,
manas. visto que falta de respeito às limitações pode caracterizar
discriminação, o que, além de ser crime previsto em lei, é um
Comentário: ato de desumanidade e totalmente abominável.
Aqui se insere a eficácia do servidor: não obedecendo às
ordens ilegais de seus superiores – fazendo apenas aquilo h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor
que é correto ser feito –, nem se ausentando de seu local de de representar contra qualquer comprometimento indevido
trabalho, o que por si só prejudica o atendimento ao público, da estrutura em que se funda o Poder Estatal;10
velando, assim, pelos princípios que regem os atos oficiais i) resistir a todas as pressões de superiores hierárqui-
do serviço público. cos, de contratantes, interessados e outros que visem
obter quaisquer favores, benesses ou vantagens indevi-
XIII  – O servidor que trabalha em harmonia com a das em decorrência de ações morais, ilegais ou aéticas e
estrutura organizacional, respeitando seus colegas e cada denunciá‑las;11
concidadão, colabora e de todos pode receber colaboração,
pois sua atividade pública é a grande oportunidade para o Comentário:
crescimento e o engrandecimento da Nação.6 Respeitar a hierarquia é fundamental para o bom an-
damento do serviço em qualquer esfera. Porém, o servidor
Seção II tem a obrigação de denunciar qualquer ato ou fato contrário
Dos Principais Deveres do Servidor Público ao interesse público. Portanto, deve o servidor estar atento
às ordens de seus superiores, pois se estas forem ilegais
XIV – São deveres fundamentais do servidor público: sua obrigação é denunciar e exigir as providências cabíveis.
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função
ou emprego público de que seja titular; j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências
b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e específicas da defesa da vida e da segurança coletiva;
rendimento, pondo fim ou procurando prioritariamente l) ser assíduo e freqüente ao serviço, na certeza de que
Ética no Serviço Público

resolver situações procrastinatórias, principalmente diante sua ausência provoca danos ao trabalho ordenado, refletindo
de filas ou de qualquer outra espécie de atraso na prestação negativamente em todo o sistema;
dos serviços pelo setor em que exerça suas atribuições, com
o fim de evitar dano moral ao usuário; 7
Assunto cobrado na prova do Cespe/Ministério da Ciência, Tecnologia e Ino-
vação/Assistente em Ciência e Tecnologia I/Apoio Administrativo/2012.
Comentário: 8
Assunto cobrado na prova do Cespe/Finep/Técnico/Administração/Apoio
“Desempenhar a tempo” significa desempenhar em Administrativo/2009.
9
Cespe/Finep/Técnico/Administração/Apoio Administrativo/2009.
um prazo estritamente necessário ao serviço. Resolver as 10
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/Ministério da Ciência, Tecnologia
e Inovação/Assistente em Ciência e Tecnologia I/Apoio Administrativo/2012 e
Cespe/Finep/Técnico/Administração/Apoio Administrativo/2009.
Assunto cobrado na prova do Cespe/CNJ/Analista Judiciário/Área Administra-
6 11
Assunto cobrado na prova do Cespe/Ministério da Ciência, Tecnologia e Ino-
tiva/2013. vação/Assistente em Ciência e Tecnologia I/Apoio Administrativo/2012.

Este eBook foi adquirido por ANA PAULA TORQUATO DA COSTA - CPF: 628.848.913-15. 7
A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e Comentário:
qualquer ato ou fato contrário ao interesse público, exigindo Prejudicar deliberadamente a reputação de alguém
as providências cabíveis;12 pode ser caracterizado como crime de calúnia e difamação,
n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, passível de reparação nos termos da lei.
seguindo os métodos mais adequados à sua organização e
distribuição; c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, co-
o) participar dos movimentos e estudos que se relacio- nivente com erro ou infração a este Código de Ética ou ao
nem com a melhoria do exercício de suas funções, tendo Código de Ética de sua profissão;15
por escopo a realização do bem comum;13
p) apresentar‑se ao trabalho com vestimentas adequadas Comentário:
ao exercício da função; Ser conivente com qualquer espécie de infração ao có-
q) manter‑se atualizado com as instruções, as  normas digo é também uma infração, tão grave quanto a cometida
de serviço e a legislação pertinentes ao órgão onde exerce
pelo outro servidor.
suas funções;
Comentário: d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exer-
É dever do servidor estudar as normas e procedimentos cício regular de direito por qualquer pessoa, causando‑lhe
do serviço, a fim de prestar um atendimento adequado aos dano moral ou material;
usuários e seguir o que a lei determina com vistas ao prin- e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao
cípio da legalidade. seu alcance ou do seu conhecimento para atendimento do
seu mister;16
r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as
f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, ca-
instruções superiores, as  tarefas de seu cargo ou função,
prichos, paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram
tanto quanto possível, com critério, segurança e rapidez,
no trato com o público, com os jurisdicionados adminis-
mantendo tudo sempre em boa ordem.
s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por trativos ou com colegas hierarquicamente superiores ou
quem de direito; inferiores;17
t) exercer, com estrita moderação, as  prerrogativas
funcionais que lhe sejam atribuídas, abstendo‑se de fazê‑lo Comentário:
contrariamente aos legítimos interesses dos usuários do Atrasar o atendimento, por si só, já é uma falta contra o
serviço público e dos jurisdicionados administrativos; Código de Ética; usar artifícios para aumentar o atraso, além
u) abster‑se, de forma absoluta, de exercer sua função, de falta de caráter por parte do servidor, é mais uma falta
poder ou autoridade com finalidade estranha ao interesse grave passível de reparação. A falta de entendimento com
público, mesmo que observando as formalidades legais e colegas ou com usuários do serviço não pode atrapalhar o
não cometendo qualquer violação expressa à lei; bom andamento dentro do órgão.
Comentário: g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer
Observa-se, mais uma vez, a eficácia, que obriga o servi- tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão, do-
dor a abster‑se de exercer sua função em qualquer ato que ação ou vantagem de qualquer espécie, para si, familiares
não tenha por finalidade o interesse público.
ou qualquer pessoa, para o cumprimento da sua missão ou
para influenciar outro servidor para o mesmo fim;
v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua
classe sobre a existência deste Código de Ética, estimulando Comentário:
o seu integral cumprimento.14 Solicitar ajuda financeira para exercer obrigações pode
ser entendido como corrupção, punida nos termos da lei.
Seção III
Das Vedações ao Servidor Público h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva
encaminhar para providências;18
XV – É vedado ao servidor público;
a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tem- Comentário:
po, posição e influências, para obter qualquer favorecimento, Dependendo do documento alterado e da alteração,
para si ou para outrem; pode-se caracterizar uma série de penalidades, inclusive
estelionato ou falsificação.
Comentário:
Ressalta-se, aqui, o famoso jargão “você sabe com quem i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite
está falando?”. Usar da autoridade que o cargo lhe confere do atendimento em serviços públicos;19
em benefício próprio ou de terceiros é expressamente ve- j) desviar servidor público para atendimento a interesse
Ética no Serviço Público

dado ao servidor. particular;

b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros A título de exemplo: André e Beatriz são servidores pú-
servidores ou de cidadãos que deles dependam; blicos lotados no mesmo órgão público e André é o chefe

15
Cespe/Ministério Público do Estado do Piauí/Técnico Ministerial/Administrati-
12
Assunto cobrado na prova do Cespe/Ministério da Ciência e Tecnologia/Analista va/2012.
em Ciência e Tecnologia Pleno I/Gestão Administrativa/2012. 16
Cespe/Finep/Técnico/Administração/Apoio Administrativo/2009.
13
Assunto cobrado na prova do Cespe/Finep/Técnico/Administração/Apoio 17
Cespe/Finep/Técnico/Administração/Apoio Administrativo/2009.
Administrativo/2009. 18
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/INSS/ Perito Médico Previdenciá-
14
Assunto cobrado na prova do Cespe/Finep/Técnico/Administração/Apoio rio/2012 e Cespe/Finep/Técnico/Administração/Apoio Administrativo/2009.
Administrativo/2009. 19
Cespe/Finep/Técnico/Administração/Apoio Administrativo/2009.

8 Este eBook foi adquirido por ANA PAULA TORQUATO DA COSTA - CPF: 628.848.913-15.
A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
imediato de Beatriz. Sexta-feira, às 17 horas, horário de XVII – (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 1º/2/2007)
expediente de ambos, André, argumentando que passaria XVIII – À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos orga-
o fim de semana com seu filho, Carlos – que se encontrava nismos encarregados da execução do quadro de carreira dos
na casa da mãe, ex-esposa de André –, mandou Beatriz servidores, os registros sobre sua conduta Ética, para o efeito
buscá-lo, pois não queria correr o risco de se encontrar com de instruir e fundamentar promoções e para todos os demais
sua ex-esposa. Nessa situação, a atitude de André encontra procedimentos próprios da carreira do servidor público.
vedação no Decreto nº 1.171/1994.20 XIX – (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 1º/2/2007)
XX – (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 1º/2/2007)
l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente XXI – (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 1º/2/2007)
autorizado, qualquer documento, livro ou bem pertencente XXII – A pena aplicável ao servidor público pela Comis-
ao patrimônio público;21 são de Ética é a de censura e sua fundamentação constará
do respectivo parecer, assinado por todos os seus integran-
Comentário: tes, com ciência do faltoso.26
Não deve o servidor retirar nada de seu local de trabalho
sem a devida autorização, nem solicitar a algum subordinado
Comentário:
que resolva algum problema seu, a  fim de se evitar falta
Se a falta cometida por servidor for passível de penalida-
contra o Código.
de maior que a censura, deverá a Comissão de Ética encami-
m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no nhar cópia do processo à Comissão de Processo Disciplinar
âmbito interno de seu serviço, em benefício próprio, de para as providências cabíveis, não acarretando, com isso,
parentes, de amigos ou de terceiros;22 prejuízo ao processo na comissão de ética.

Comentário: XXIII – (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 1º/2/2007)


Um caso famoso que ilustra bem a alínea acima é o de um XXIV – Para fins de apuração do comprometimento ético,
presidente do Banco Central que divulgou uma informação entende‑se por servidor público todo aquele que, por força
sigilosa sobre o mercado financeiro, causando um enorme de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços
prejuízo a várias empresas e cofres públicos. Nesse caso, de natureza permanente, temporária ou excepcional, ainda
além de falta contra o código, também ocorreu o crime de que sem retribuição financeira, desde que ligado direta ou
prejuízo contra a ordem econômica. indiretamente a qualquer órgão do poder estatal, como as
autarquias, as fundações públicas, as entidades paraestatais,
n) apresentar‑se embriagado no serviço ou fora dele as empresas públicas e as sociedades de economia mista, ou
habitualmente;23 em qualquer setor onde prevaleça o interesse do Estado.
o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente
contra a moral, a  honestidade ou a dignidade da pessoa A título de exemplo: João, servidor público federal, é
humana; membro de Comissão de Ética de determinado órgão do
p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu Poder Executivo Federal e foi acusado do cometimento de
nome a empreendimentos de cunho duvidoso. infração de natureza ética. Nesta hipótese, a infração ética
será apurada pela Comissão de Ética Pública.27
Comentário:
O servidor pode ser sócio de empresa particular, desde XXV – (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 1º/2/2007)
que não exerça função de gerência nem pertença a nenhum
empreendimento de cunho duvidoso.
DECRETO nº 6.029, DE 1º DE FEVEREIRO
CAPÍTULO II DE 2007
Das Comissões de Ética
Institui Sistema de Gestão da
XVI – Em todos os órgãos e entidades da Administração Ética do Poder Executivo Federal,
Pública Federal direta, indireta autárquica e fundacional, e dá outras providências.
ou em qualquer órgão ou entidade que exerça atribuições
delegadas pelo poder público, deverá ser criada uma Co- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que
missão de Ética24, encarregada de orientar e aconselhar lhe confere o art.  84, inciso VI, alínea a, da Constituição,
sobre a ética profissional do servidor, no tratamento com decreta:
as pessoas e com o patrimônio público, competindo‑lhe
conhecer concretamente de imputação ou de procedimento Art. 1º Fica instituído o Sistema de Gestão da Ética do
Ética no Serviço Público

susceptível de censura.25 Poder Executivo Federal com a finalidade de promover ati-


vidades que dispõem sobre a conduta ética no âmbito do
20
Cespe/Ministério da Ciência e Tecnologia/2012.
21
Assunto cobrado na prova do Cespe/CNJ/ Analista Judiciário/Área Administra- Executivo Federal, competindo‑lhe:
tiva/2013. I – integrar os órgãos, programas e ações relacionadas
22
Cespe/Finep/Técnico/Administração/Apoio Administrativo/2009.
23
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/Ministério da Ciência, Tecnologia
com a ética pública;
e Inovação/Assistente em Ciência e Tecnologia I/Apoio Administrativo/2012 e II – contribuir para a implementação de políticas públi-
FCC/INSS/Perito Médico Previdenciário/2012.
24
Assunto cobrado na prova: Cespe/MPE-PI/Analista Ministerial/Administrati-
cas tendo a transparência e o acesso à informação como
va/2012.
25
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/MPE-PI/Técnico Ministerial/ Área 26
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/MPE-PI/Técnico Ministerial/
Administrativa/2012 e Cespe/Finep/Técnico/Administração/Apoio Administra- Administrativa/2012 e FCC/INSS/Perito Médico Previdenciário/2012.
tivo/2009. 27
FCC/INSS/Técnico do Seguro Social/2012.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
instrumentos fundamentais para o exercício de gestão da Art. 6º É dever do titular de entidade ou órgão da Admi-
ética pública;28 nistração Pública Federal, direta e indireta:
III – promover, com apoio dos segmentos pertinentes, I – assegurar as condições de trabalho para que as Co-
a compatibilização e interação de normas, procedimentos missões de Ética cumpram suas funções, inclusive para que
técnicos e de gestão relativos à ética pública; do exercício das atribuições de seus integrantes não lhes
IV – articular ações com vistas a estabelecer e efetivar resulte qualquer prejuízo ou dano;
procedimentos de incentivo e incremento ao desempenho II  – conduzir em seu âmbito a avaliação da gestão da
institucional na gestão da ética pública do Estado brasileiro. ética conforme processo coordenado pela Comissão de
Art. 2º Integram o Sistema de Gestão da Ética do Poder Ética Pública.
Executivo Federal: Art. 7º Compete às Comissões de Ética de que tratam os
I  – a Comissão de Ética Pública  – CEP, instituída pelo incisos II e III do art. 2º:
Decreto de 26 de maio de 1999; I – atuar como instância consultiva de dirigentes e servi-
II – as Comissões de Ética de que trata o Decreto nº 1.171, dores no âmbito de seu respectivo órgão ou entidade;
de 22 de junho de 1994; e II  – aplicar o Código de Ética Profissional do Servidor
III  – as demais Comissões de Ética e equivalentes nas Público Civil do Poder Executivo Federal, aprovado pelo
entidades e órgãos do Poder Executivo Federal. Decreto 1.171, de 1994, devendo:
Art.  3º A CEP será integrada por sete brasileiros que a) submeter à Comissão de Ética Pública propostas para
preencham os requisitos de idoneidade moral, reputação seu aperfeiçoamento;
ilibada e notória experiência em administração pública, b) dirimir dúvidas a respeito da interpretação de suas
designados pelo Presidente da República, para mandatos normas e deliberar sobre casos omissos;34
de três anos, não coincidentes, permitida uma única re- c) apurar, mediante denúncia ou de ofício, conduta em
condução.29 desacordo com as normas éticas pertinentes; e
§ 1º A atuação no âmbito da CEP não enseja qualquer d) recomendar, acompanhar e avaliar, no âmbito do órgão
remuneração para seus membros e os trabalhos nela desen- ou entidade a que estiver vinculada, o desenvolvimento de
volvidos são considerados prestação de relevante serviço ações objetivando a disseminação, capacitação e treinamen-
público. to sobre as normas de ética e disciplina;
§ 2º O Presidente terá o voto de qualidade nas delibe- III – representar a respectiva entidade ou órgão na Rede
rações da Comissão. de Ética do Poder Executivo Federal a que se refere o art. 9º; e
§ 3º Os mandatos dos primeiros membros serão de um, IV – supervisionar a observância do Código de Conduta
dois e três anos, estabelecidos no decreto de designação. da Alta Administração Federal e comunicar à CEP situações
Art. 4º À CEP compete: que possam configurar descumprimento de suas normas.
I – atuar como instância consultiva do Presidente da Re- §  1º Cada Comissão de Ética contará com uma Secre-
pública e Ministros de Estado em matéria de ética pública;30 taria‑Executiva, vinculada administrativamente à instância
II – administrar a aplicação do Código de Conduta da Alta máxima da entidade ou órgão, para cumprir plano de tra-
Administração Federal, devendo: balho por ela aprovado e prover o apoio técnico e material
a) submeter ao Presidente da República medidas para necessário ao cumprimento das suas atribuições.
seu aprimoramento; §  2º As Secretarias‑Executivas das Comissões de Ética
b) dirimir dúvidas a respeito de interpretação de suas serão chefiadas por servidor ou empregado do quadro
normas, deliberando sobre casos omissos31; permanente da entidade ou órgão, ocupante de cargo de
c) apurar, mediante denúncia, ou de ofício, condutas em direção compatível com sua estrutura, alocado sem aumento
desacordo com as normas nele previstas, quando praticadas de despesas.
pelas autoridades a ele submetidas; Art. 8º Compete às instâncias superiores dos órgãos e
III – dirimir dúvidas de interpretação sobre as normas do entidades do Poder Executivo Federal, abrangendo a admi-
Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder nistração direta e indireta:
Executivo Federal de que trata o Decreto nº 1.171, de 1994; I – observar e fazer observar as normas de ética e dis-
IV  – coordenar, avaliar e supervisionar o Sistema de ciplina;
Gestão da Ética Pública do Poder Executivo Federal;32 II – constituir Comissão de Ética;
V – aprovar o seu regimento interno; e III – garantir os recursos humanos, materiais e financeiros
VI – escolher o seu Presidente. para que a Comissão cumpra com suas atribuições; e
Parágrafo único. A CEP contará com uma Secretaria‑Exe- IV – atender com prioridade às solicitações da CEP.
cutiva, vinculada à Casa Civil da Presidência da República, Art. 9º Fica constituída a Rede de Ética do Poder Exe­
à qual competirá prestar o apoio técnico e administrativo cutivo Federal, integrada pelos representantes das Comissões
aos trabalhos da Comissão.33 de Ética de que tratam os incisos I, II e III do art. 2º, com o
Art. 5º Cada Comissão de Ética de que trata o Decreto objetivo de promover a cooperação técnica e a avaliação
Ética no Serviço Público

nº 1.171, de 1994, será integrada por três membros titulares em gestão da ética.
e três suplentes, escolhidos entre servidores e empregados Parágrafo único. Os  integrantes da Rede de Ética se
do seu quadro permanente, e  designados pelo dirigente reunirão sob a coordenação da Comissão de Ética Pública,
máximo da respectiva entidade ou órgão, para mandatos pelo menos uma vez por ano, em fórum específico, para
não coincidentes de três anos. avaliar o programa e as ações para a promoção da ética na
administração pública.
28
Cespe/Finep/Técnico/Administração/Apoio Administrativo/2009. Art. 10. Os trabalhos da CEP e das demais Comissões de
29
Cespe/Finep/Técnico/Administração/Apoio Administrativo/2009. Ética devem ser desenvolvidos com celeridade e observância
30
Cespe/Finep/Técnico/Administração/Apoio Administrativo/2009.
31
FCC/INSS/Perito Médico Previdenciário/2012. dos seguintes princípios:
32
Cespe/Finep/Técnico/Administração/Apoio Administrativo/2009.
33
Cespe/Finep/Técnico/Administração/Apoio Administrativo/2009. Cespe/Finep/Técnico/Administração/Apoio Administrativo/2009.
34

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I – proteção à honra e à imagem da pessoa investigada; §  2º Na hipótese de os autos estarem instruídos com
II – proteção à identidade do denunciante, que deverá documento acobertado por sigilo legal, o  acesso a esse
ser mantida sob reserva, se este assim o desejar; e tipo de documento somente será permitido a quem detiver
III – independência e imparcialidade dos seus membros igual direito perante o órgão ou entidade originariamente
na apuração dos fatos, com as garantias asseguradas neste encarregado da sua guarda.
Decreto. § 3º Para resguardar o sigilo de documentos que assim
Art. 11. Qualquer cidadão, agente público, pessoa ju- devam ser mantidos, as Comissões de Ética, depois de con-
rídica de direito privado, associação ou entidade de classe cluído o processo de investigação, providenciarão para que
poderá provocar a atuação da CEP ou de Comissão de Ética, tais documentos sejam desentranhados dos autos, lacrados
visando à apuração de infração ética imputada a agente e acautelados.
público, órgão ou setor específico de ente estatal.35 Art. 14. A qualquer pessoa que esteja sendo investigada é
Parágrafo único. Entende‑se por agente público, para os assegurado o direito de saber o que lhe está sendo imputado,
fins deste Decreto, todo aquele que, por força de lei, contrato de conhecer o teor da acusação e de ter vista dos autos, no
ou qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza perma- recinto das Comissões de Ética, mesmo que ainda não tenha
nente, temporária, excepcional ou eventual, ainda que sem sido notificada da existência do procedimento investigatório.
retribuição financeira, a órgão ou entidade da administração
pública federal, direta e indireta. A título de exemplo: Manoel, servidor público civil do
Art. 12. O processo de apuração de prática de ato em Poder Executivo Federal, está sendo investigado para apu-
desrespeito ao preceituado no Código de Conduta da Alta ração de eventual infração ética. Nos termos do Decreto nº
Administração Federal e no Código de Ética Profissional do 6.029/2007, Manoel tem o direito de saber o que lhe está
Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal será ins- sendo imputado, de conhecer o teor da acusação e de ter
taurado, de ofício ou em razão de denúncia fundamentada, vista dos autos, no recinto da Comissão de Ética, mesmo
respeitando‑se, sempre, as garantias do contraditório e da que ainda não tenha sido notificado da existência do pro-
ampla defesa, pela Comissão de Ética Pública ou Comissões cedimento investigatório37.
de Ética de que tratam o incisos II e III do art. 2º, conforme
o caso, que notificará o investigado para manifestar‑se, por Parágrafo único. O direito assegurado neste artigo inclui
escrito, no prazo de dez dias. o de obter cópia dos autos e de certidão do seu teor.
§ 1º O investigado poderá produzir prova documental Art. 15. Todo ato de posse, investidura em função pública
necessária à sua defesa. ou celebração de contrato de trabalho, dos agentes públicos
§  2º As Comissões de Ética poderão requisitar os do­ referidos no parágrafo único do art. 11, deverá ser acompa-
cumentos que entenderem necessários à instrução proba- nhado da prestação de compromisso solene de acatamento e
tória e, também, promover diligências e solicitar parecer observância das regras estabelecidas pelo Código de Conduta
de especialista. da Alta Administração Federal, pelo Código de Ética Profis-
§ 3º Na hipótese de serem juntados aos autos da inves- sional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal
tigação, após a manifestação referida no caput deste artigo, e pelo Código de Ética do órgão ou entidade, conforme o
novos elementos de prova, o investigado será notificado para caso.
nova manifestação, no prazo de dez dias. Parágrafo único. A posse em cargo ou função pública que
§ 4º Concluída a instrução processual, as Comissões de submeta a autoridade às normas do Código de Conduta da
Ética proferirão decisão conclusiva e fundamentada. Alta Administração Federal deve ser precedida de consulta
§  5º Se a conclusão for pela existência de falta ética, da autoridade à Comissão de Ética Pública acerca de situação
além das providências previstas no Código de Conduta da que possa suscitar conflito de interesses.
Alta Administração Federal e no Código de Ética Profissio- Art. 16. As Comissões de Ética não poderão escusar‑se de
nal do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, proferir decisão sobre matéria de sua competência alegando
as Comissões de Ética tomarão as seguintes providências, omissão do Código de Conduta da Alta Administração Fe-
no que couber: deral, do Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil
I – encaminhamento de sugestão de exoneração de car- do Poder Executivo Federal ou do Código de Ética do órgão
go ou função de confiança à autoridade hierarquicamente ou entidade, que, se existente, será suprida pela analogia
superior ou devolução ao órgão de origem, conforme o caso;
e invocação aos princípios da legalidade, impessoalidade,
II – encaminhamento, conforme o caso, para a Contro-
moralidade, publicidade e eficiência.
ladoria‑Geral da União ou unidade específica do Sistema de
§ 1º Havendo dúvida quanto à legalidade, a Comissão de
Correição do Poder Executivo Federal de que trata o Decreto
Ética competente deverá ouvir previamente a área jurídica
nº 5.480, de 30 de junho de 2005, para exame de eventuais
do órgão ou entidade.
transgressões disciplinares; e
§ 2º Cumpre à CEP responder a consultas sobre aspectos
III – recomendação de abertura de procedimento admi-
éticos que lhe forem dirigidas pelas demais Comissões de
Ética no Serviço Público

nistrativo, se a gravidade da conduta assim o exigir.


Ética e pelos órgãos e entidades que integram o Executivo
Art. 13. Será mantido com a chancela de “reservado”,
Federal, bem como pelos cidadãos e servidores que venham
até que esteja concluído, qualquer procedimento instau-
a ser indicados para ocupar cargo ou função abrangida pelo
rado para apuração de prática em desrespeito às normas
Código de Conduta da Alta Administração Federal.
éticas36.
Art.  17. As Comissões de Ética, sempre que consta-
§ 1º Concluída a investigação e após a deliberação da CEP
tarem a possível ocorrência de ilícitos penais, civis, de
ou da Comissão de Ética do órgão ou entidade, os autos do
improbidade administrativa ou de infração disciplinar,
procedimento deixarão de ser reservados.
encaminharão cópia dos autos às autoridades competentes
Cespe/Finep/Técnico/Administração/Apoio Administrativo/2009.
35

Assunto cobrado na prova: FCC/Perito Médico Previdenciário/2012.


36
FCC/INSS/Perito Médico Previdenciário/2012.
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para apuração de tais fatos, sem prejuízo das medidas de ÉTICA EMPRESARIAL
sua competência38.
Art. 18. As decisões das Comissões de Ética, na análise A ética empresarial pode ser entendida como um valor,
de qualquer fato ou ato submetido à sua apreciação ou por que constitui e que gera benefícios, da organização que
ela levantado, serão resumidas em ementa e, com a omissão assegura sua sobrevivência, sua reputação e, consequen-
dos nomes dos investigados, divulgadas no sítio do próprio temente, seus bons resultados. A  ética empresarial é “o
órgão, bem como remetidas à Comissão de Ética Pública.
comportamento da empresa – entidade lucrativa – quando
Art. 19. Os trabalhos nas Comissões de Ética de que tra-
ela age em conformidade com os princípios morais e as regras
tam os incisos II e III do art. 2º são considerados relevantes e
do bem proceder aceitas pela sociedade a qual está inserida.
têm prioridade sobre as atribuições próprias dos cargos dos
A ética das organizações é considerada um fator impor-
seus membros, quando estes não atuarem com exclusividade
tantíssimo para a sobrevivência das empresas, tanto das
na Comissão.
Art. 20. Os órgãos e entidades da Administração Públi- pequenas quanto das grandes.
ca Federal darão tratamento prioritário às solicitações de As organizações estão percebendo a necessidade de uti-
documentos necessários à instrução dos procedimentos de lizar a ética, para que o “público” tenha uma melhor imagem
investigação instaurados pelas Comissões de Ética. do seu slogan, que permitirá, ou não, um crescimento da
§ 1º Na hipótese de haver inobservância do dever fun- relação entre funcionários e clientes.
cional previsto no caput, a  Comissão de Ética adotará as Desse modo, é relevante ter consciência de que toda a
providências previstas no inciso III do § 5º do art. 12. sociedade vai se beneficiar por meio da ética aplicada dentro
§  2º As autoridades competentes não poderão alegar da empresa, bem como os clientes, os fornecedores, os só-
sigilo para deixar de prestar informação solicitada pelas cios, os funcionários, o governo. Se a empresa agir dentro dos
Comissões de Ética. padrões éticos, ela só tende a crescer, desde a sua estrutura
Art. 21. A infração de natureza ética cometida por mem- em si, como aqueles que a compõem.
bro de Comissão de Ética de que tratam os incisos II e III do
art. 2º será apurada pela Comissão de Ética Pública. Gestão Ética e Responsabilidade Social
Art. 22. A Comissão de Ética Pública manterá banco de
dados de sanções aplicadas pelas Comissões de Ética de
A gestão ética nas empresas vai além do “bem proceder”
que tratam os incisos II e III do art. 2º e de suas próprias
com relação aos negócios que tal empresa ou entidade
sanções, para fins de consulta pelos órgãos ou entidades da
lucrativa possam estar ligadas, o comportamento ético em-
administração pública federal, em casos de nomeação para
presarial também se relaciona com a responsabilidade social
cargo em comissão ou de alta relevância pública.
das empresas perante seus clientes e comunidade em geral.
Parágrafo único. O banco de dados referido neste artigo
engloba as sanções aplicadas a qualquer dos agentes públicos As empresas que apresentam a postura ética mantém
mencionados no parágrafo único do art. 11 deste Decreto. ações que visam o bem estar da comunidade e a preocupação
Art. 23. Os representantes das Comissões de Ética de que com o meio ambiente e com outras questões que donotam
tratam os incisos II e III do art. 2º atuarão como elementos de um comportamento social responsável.
ligação com a CEP, que disporá em Resolução própria sobre
as atividades que deverão desenvolver para o cumprimento Ética Profissional
desse mister.
Art. 24. As normas do Código de Conduta da Alta Admi- Muitos autores definem a ética profissional como sendo
nistração Federal, do Código de Ética Profissional do Servidor um conjunto de normas de conduta que deverão ser postas
Público Civil do Poder Executivo Federal e do Código de Ética em prática no exercício de qualquer profissão. Seria a ação
do órgão ou entidade aplicam‑se, no que couber, às auto- “reguladora” da ética agindo no desempenho das profissões,
ridades e agentes públicos neles referidos, mesmo quando trazendo uma uniformidade no agir moral dos profissionais
em gozo de licença. que desempenham uma mesma profissão e normatizando as
Art. 25. Ficam revogados os incisos XVII, XIX, XX, XXI, XXIII obrigações do profissional com relação aos seu semelhante.
e XXV do Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil A ética profissional estudaria e regularia o relacionamen-
do Poder Executivo Federal, aprovado pelo Decreto nº 1.171, to do profissional com sua clientela, visando a dignidade hu-
de 22 de junho de 1994, os arts. 2º e 3º do Decreto de 26
mana e a construção do bem‑estar no contexto sociocultural
de maio de 1999, que cria a Comissão de Ética Pública, e os
onde exerce sua profissão.
Decretos de 30 de agosto de 2000 e de 18 de maio de 2001,
Ela atinge todas as profissões e quando falamos de ética
que dispõem sobre a Comissão de Ética Pública.
profissional estamos nos referindo ao caráter normativo e
Art.  26. Este Decreto entra em vigor na data da sua
Ética no Serviço Público

até jurídico que regulamenta determinada profissão a partir


publicação.
de estatutos e códigos específicos.
Brasília, 1º de fevereiro de 2007; 186º da Independência
e 119º da República. Conflito de Interesses 

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Todas as vezes em que o exercício do cargo público puder
Dilma Rousseff ser impropriamente afetado por interesse privado do agente
público ou de pessoa a ele ligada por laços de compadrio,
parentesco ou negócio configura‑se uma situação que suscita
Assunto cobrado na prova do Cespe/Ministério da Ciência, Tecnologia e Ino-
38

vação/Assistente em Ciência e Tecnologia I/Apoio Administrativo/2012.


conflito de interesses.

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Situações de Risco 2. A  ocorrência de conflito de interesses independe
do recebimento de qualquer ganho ou retribuição pela
1. Atividades profissionais paralelas ao exercício da autoridade.
função pública: 3. A autoridade poderá prevenir a ocorrência de conflito
a) no próprio setor público; de interesses ao adotar, conforme o caso, uma ou mais das
a.1 participação em conselhos de empresas; seguintes providências:
a.2 docência; a) abrir mão da atividade ou licenciar‑se do cargo, en-
b) no setor privado; quanto perdurar a situação passível de suscitar conflito de
b.1 em empresas e sociedades com ou sem fins lucra- interesses;
tivos; b) alienar bens e direitos que integram o seu patrimônio
b.2 em ONGs; e cuja manutenção possa suscitar conflito de interesses;
b.3 prestação de consultoria. c) transferir a administração dos bens e direitos que
possam suscitar conflito de interesses a instituição financeira
ou a administradora de carteira de valores mobiliários auto-
2. Atividade político‑partidária e em entidades associa-
rizada a funcionar pelo Banco Central ou pela Comissão de
tivas diversas.
Valores Mobiliários, conforme o caso, mediante instrumento
contratual que contenha cláusula que vede a participação
3. Investimentos e outras relações de negócio, inclusive
da autoridade em qualquer decisão de investimento assim
participação em empresas.
como o seu prévio conhecimento de decisões da instituição
administradora quanto à gestão dos bens e direitos;
4. Exercício de atividades profissionais no setor privado d) na hipótese de conflito de interesses específico e tran-
após deixar o cargo:
sitório, comunicar sua ocorrência ao superior hierárquico ou
a) atuar para pessoa física ou jurídica com quem se aos demais membros de órgão colegiado de que faça parte a
relacionava institucionalmente em função do cargo público; autoridade, em se tratando de decisão coletiva, abstendo‑se
b) atuar em processo ou negócio que tenha sido objeto de votar ou participar da discussão do assunto;
de sua participação em função do cargo público que ocupou; e) divulgar publicamente sua agenda de compromissos,
c) representar interesse privado junto ao órgão público com identificação das atividades que não sejam decorrência
onde exerceu cargo ou com o qual tenha mantido relacio- do cargo ou função pública.
namento oficial direto e relevante.
4. A Comissão de Ética Pública deverá ser informada
pela autoridade e opinará, em cada caso concreto, sobre a
5. Relações de compadrio e parentesco. suficiência da medida adotada para prevenir situação que
possa suscitar conflito de interesses.
RESOLUÇÃO Nº 8, DE 25 DE SETEMBRO 5. A  participação de autoridade em conselhos de ad-
DE 2003 ministração e fiscal de empresa privada, da qual a União
seja acionista, somente será permitida quando resultar de
Identifica situações que susci- indicação institucional da autoridade pública competente.
tam conflito de interesses e dispõe Nestes casos, é‑lhe vedado participar de deliberação que
sobre o modo de preveni‑los. possa suscitar conflito de interesses com o Poder Público.
6. No trabalho voluntário em organizações do terceiro
A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, com o objetivo de setor, sem finalidade de lucro, também deverá ser observado
orientar as autoridades submetidas ao Código de Conduta da o disposto nesta Resolução.
Alta Administração Federal na identificação de situações que 7. As  consultas dirigidas à Comissão de Ética Pública
possam suscitar conflito de interesses, esclarece o seguinte: deverão estar acompanhadas dos elementos pertinentes à
1. Suscita conflito de interesses o exercício de ativida- legalidade da situação exposta.
de que:
a) em razão da sua natureza, seja incompatível com as Brasília, 25 de setembro de 2003
atribuições do cargo ou função pública da autoridade, como
tal considerada, inclusive, a atividade desenvolvida em áreas João Geraldo Piquet Carneiro
ou matérias afins à competência funcional; Presidente
b) viole o princípio da integral dedicação pelo ocupante
de cargo em comissão ou função de confiança, que exige a Medidas para Prevenir Conflitos
precedência das atribuições do cargo ou função pública sobre
quaisquer outras atividades; 1. Observar vedação para desenvolver certas atividades
Ética no Serviço Público

c) implique a prestação de serviços a pessoa física ou paralelas, em função do cargo público ocupado.
jurídica ou a manutenção de vínculo de negócio com pessoa 2. Limitação para fazer investimentos em ativos cujo
física ou jurídica que tenha interesse em decisão individual valor ou cotação possa ser afetado por decisão ou política
ou coletiva da autoridade; governamental a respeito da qual o agente público tenha
d) possa, pela sua natureza, implicar o uso de informação informações privilegiadas.
à qual a autoridade tenha acesso em razão do cargo e não 3. Transferir a gestão do patrimônio próprio para admi-
seja de conhecimento público; nistradores independentes.
e) possa transmitir à opinião pública dúvida a respeito 4. Declarar‑se impedido para participar do processo de-
da integridade, moralidade, clareza de posições e decoro cisório a respeito de matéria que envolva interesse pessoal
da autoridade. ou de pessoa ligada por laços de parentesco ou negócio.

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5. Quarentena: (Cespe/MPOG/Tecnologia da Informação/2015) Tendo como
a) restrições para atividades profissionais em função da referência as disposições do Código de Ética Profissional do
matéria; Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal (Decreto
b) restrições para atividades profissionais em função da nº 1.171/1994), julgue o próximo item.
área de atuação ou relacionamento mantido enquanto no 12. As competências da comissão de ética não incluem
cargo público. aplicar penalidade a servidor público que esteja na
condição de contratado temporariamente.
EXERCÍCIOS
(Cespe/Depen/Especialista/2015) No que se refere a ética e
(Cespe/Funpresp-Exe/Nível Superior/2016) Acerca da ética moral, julgue os itens subsecutivos.
e da função pública e da ética e da moral, julgue os itens 13. Uma equipe que pretende ver seus colaboradores ad-
que se segue. quirindo novos valores éticos deve considerar que a
1. O servidor está desobrigado de ter conhecimento das aprendizagem formal deve dar-se por meio das rela-
atualizações legais pertinentes ao órgão onde exerce ções humanas e não apenas pela chamada “natureza
suas funções. humana” preexistente.
2. Ainda que a função pública integre a vida particular de 14. As decisões tomadas por um servidor com base no có-
cada servidor, os fatos ocorridos no âmbito de sua vida digo de ética profissional do servidor público devem
privada não influenciam o seu bom conceito na vida ser pautadas na legalidade, moralidade, conveniência
funcional. e oportunidade, ao passo que aspectos subjetivos da
3. Os termos moral e ética têm sentidos distintos, embora personalidade dos indivíduos, como honestidade e
sejam frequente e erroneamente empregados como desonestidade e o bem e o mal, não são passíveis de
sinônimos. apreciação.
15. De acordo com o Decreto nº 1.171/1994, a moralidade
(Cespe/TJ-DFT/Analista Judiciário/2015) Com referência às da administração pública fundamenta-se na distinção
disposições inscritas no Código de Ética Profissional do Ser- entre o bem e o mal e na ideia de que o fim é sempre
viço Público, julgue os próximos itens. o bem comum, devendo a conduta do servidor público
4. No exercício do direito de greve, o servidor público está ater-se à busca do equilíbrio entre legalidade e finali-
desobrigado do dever de zelar pela defesa da vida e da dade.
segurança coletiva. 16. Situação Hipotética: Bruno, servidor público federal,
5. O registro sobre a conduta ética do servidor será forne- teve de cumprir suas atividades diárias após o horário
cido pela comissão de ética aos organismos encarrega- do expediente devido ao fato de ter se prontificado,
dos da execução do quadro de carreira, com o objetivo durante o dia, a auxiliar um colega de outro setor em
de instruir e fundamentar promoções. uma atividade de caráter emergencial. Assertiva: Nessa
situação, Bruno agiu em consonância com a conduta
(Cespe/TCE-RN/Administrador/2015) Com relação à ética e ética que se espera do servidor público, já que, ao ter
à moral, julgue os itens seguintes. auxiliado o colega e ainda ter finalizado suas atividades
6. A efetivação da cidadania e a consciência coletiva da diárias depois do expediente, ele fez mais do que sua
cidadania são indicadores do desenvolvimento moral função lhe exigia.
e ético de uma sociedade.
7. De acordo com a teoria contratualista, os conceitos éti- (Cespe/MPU/Analista do Ministério Público/2015) Con-
cos são extraídos das regras morais que possam condu-
siderando as disposições do Decreto nº 1.171/1994 e as
zir à perpetuação da sociedade, da paz e da harmonia
resoluções da Comissão de Ética Pública da Presidência da
do grupo social.
República (CEP), julgue os itens a seguir.
8. A ética é um conjunto de regras e preceitos de ordem
17. Em observância aos princípios da publicidade e da
valorativa e moral de um indivíduo, de um grupo social
transparência, as comissões de ética instituídas pelo
ou de uma sociedade.
Decreto nº 1.171/1994 deverão, a partir da instauração
(Cespe/TCE-RN/Administrador/2015) De acordo com o có- de procedimento para a apuração de infração ética, dar
digo de ética profissional do serviço público, julgue o item ampla publicidade aos expedientes adotados em todas
a seguir. as fases processuais.
9. A comissão de ética é encarregada de orientar e aconse- 18. Suponha que a CEP, após procedimento regulamentar,
lhar o servidor acerca das regras de conduta ético-pro- tenha apurado a prática de infração grave por determi-
fissional concernentes ao tratamento com as pessoas e nada autoridade. Nessa hipótese, é possível o encami-
com o patrimônio público. Além disso, cabe à referida nhamento de sugestão de exoneração dessa autoridade
comissão competência para exonerar o servidor que a autoridade hierarquicamente superior, não podendo
Ética no Serviço Público

desrespeitar essas normas. a penalidade ser aplicada diretamente pela CEP.


10. O servidor público deve privar-se do cumprimento de 19. É vedado ao servidor público, conforme o Decreto nº
função, poder ou autoridade que apresente finalidade 1.171/1994, retirar da repartição pública qualquer do-
estranha ao interesse público, salvo se observar as for- cumento pertencente ao patrimônio público, salvo se
malidades legais. estiver legalmente autorizado a fazê-lo.
20. Não atentará contra os deveres fundamentais do ser-
(Cespe/MEC/Nível Superior/2015) Consoante o Código de vidor público, previstos no Decreto nº 1.171/1994, o
Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executi- servidor público federal que, mesmo exercendo a sua
vo Federal (Decreto nº 1.171/1994), julgue o item seguinte. função com finalidade estranha ao interesse público,
11. A advertência e a suspensão estão entre as penas apli- atue em conformidade com as formalidades legais e
cáveis pelas Comissões de Ética ao servidor. não viole expressamente disposições de lei.

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(Cespe/TRE-GO/Analista Judiciário/2015) No que se refere à Gabarito
ética no serviço público, julgue o item a seguir.
21. Considere que um servidor público tenha deixado, sem 1. e 9. e 17. e 25. e
justo motivo, muitas pessoas à espera de solução que 2. e 10. e 18. c 26. e
compete ao setor em que exerça suas funções, o que re- 3. c 11. e 19. c 27. e
sultou na formação de longas filas e atraso na prestação 4. e 12. e 20. e 28. c
do serviço. Nessa situação, a atitude do servidor, além 5. c 13. c 21. c 29. e
de ter sido contra a ética, pode ser caracterizada como 6. c 14. c 22. c 30. c
de grave dano moral aos usuários do serviço público. 7. c 15. c 23. e
8. c 16. c 24. e
(Cespe/Polícia Federal/Agente de Polícia/2014) Julgue os
itens que segue, relativo à ética no serviço público.
22. Ocorrerá desvio ético na conduta de servidor público
que se recuse a utilizar um eficiente sistema de gestão
de almoxarifado, sob a alegação de maior confiabilidade
do seu controle manual de entrada e saída de materiais.
23. Se uma autoridade administrativa proibir o uso de ber-
mudas ou shorts nas dependências de determinada
repartição pública e essa vedação causar indignação
entre seus subordinados, constatar-se-ão, nessa hipó-
tese, indícios de desvio ético na conduta do gestor.

(Cespe/Antaq/Analista Administrativo/2014) Com relação ao


disposto no Código de Ética Profissional do Servidor Público
Civil do Poder Executivo Federal, julgue os próximos itens.
24. É dever do servidor público respeitar a hierarquia, não
podendo representar em hipótese alguma, contra qual-
quer comprometimento indevido da estrutura em que
se funda o poder estatal.
25. Ser assíduo e frequente ao serviço não é um dos prin-
cipais deveres do servidor público, caso este desempe-
nhe bem e a tempo as atribuições do cargo, função ou
emprego público de que seja titular.
26. A comissão de ética poderá aplicar ao servidor público
que descumprir dever ético pena de advertência e, no
caso de reincidência, censura ética, sendo necessário
parecer assinado pelo presidente da comissão.

(Cespe/PRF/Policial Rodoviário Federal/2013) A respeito da


ética no serviço público, julgue os itens subsequentes.
27. Considere que os usuários de determinado serviço pú-
blico tenham formado longas filas à espera de atendi-
mento por determinado servidor que, embora respon-
sável pelo setor, não viabilizou o atendimento. Nessa
situação, segundo dispõe a legislação de regência, a
atitude do servidor caracteriza conduta contrária à ética
e ato de desumanidade, mas não grave dano moral aos
usuários do serviço.
28. O elemento ético deve estar presente na conduta de
todo servidor público, que deve ser capaz de discernir o
que é honesto e desonesto no exercício de sua função.

(Cespe/PRF/Policial Rodoviário Federal/2013) No que se re-


fere aos deveres do servidor público, previstos no Código de
Ética no Serviço Público

Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo


Federal, julgue os próximos itens.
29. Os registros que consistiram em objeto de apuração e
aplicação de penalidade referentes à conduta ética do
servidor devem ficar arquivados junto à comissão de
ética e não podem ser fornecidos a outras unidades do
órgão a que se encontre vinculado o servidor.
30. Estará sujeito à penalidade de censura, a qual é aplicada
pela comissão de ética, mediante parecer assinado por
todos os seus integrantes, o servidor que violar algum
de seus deveres funcionais.

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PRF

SUMÁRIO

Noções de Direito Administrativo

Estado, governo e administração pública:


conceitos, elementos, poderes, natureza, fins e princípios....................................................................................3

Direito administrativo:
conceito, fontes e princípios................................................................................................................................... 9

Ato administrativo
Conceito, requisitos, atributos, classificação e espécies. Invalidação, anulação e Revogação. Prescrição...........15

Agentes administrativos
Investidura e exercício da função pública.............................................................................................................81
Direitos e deveres dos funcionários públicos; regimes jurídicos..........................................................................82
Processo administrativo: conceito, princípios, fases e modalidades....................................................................30
Lei nº 8.112/1990 e alterações............................................................................................................................. 83

Poderes da administração:
vinculado, discricionário, hierárquico, disciplinar e regulamentar.......................................................................43

Princípios básicos da administração


Responsabilidade civil da administração: evolução doutrinária e reparação do dano.........................................54
Enriquecimento ilícito e uso e abuso de poder ............................................................................................. 57/44
Improbidade administrativa: sanções penais e civis — Lei nº 8.429/1992 e Alterações......................................57

Serviços públicos:
conceito, classificação, regulamentação, formas e competência de prestação....................................................66

Organização administrativa
Administração direta e indireta, centralizada e descentralizada. Autarquias, fundações, empresas
públicas e sociedades de economia mista............................................................................................................69

Controle e responsabilização da administração


Controle administrativo. Controle judicial. Controle legislativo. Responsabilidade civil do Estado.....................77

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Noções de Direito Administrativo
Edgard Antônio Lemos Alves / Welma Maia / Maurício Nicácio

Edgard Antônio Lemos Alves / Welma Maia Povo É o componente humano do Estado, ou seja,
o conjunto de nacionais ligados por laços de
ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO tradição, idioma e crenças. É composto so‑
PÚBLICA mente de cidadãos que pertencem ao Estado,
estejam no país ou em território estrangeiro.
Considerações Gerais Diferente de população que é o conglomerado
de indivíduos estatisticamente considerados,
Antes de iniciarmos o estudo da Administração Pública, num dado momento, dentro do território,
faz-se necessário estabelecermos o conceito de Estado, sejam eles nacionais ou estrangeiros.
pois é nele que encontramos toda a concepção moderna de Território É a sua base física, onde se estabelece o povo
organização e funcionamento dos serviços públicos a serem e o limite de atuação jurisdicional do Estado.
prestados aos administrados. Governo É o elemento condutor do Estado, que detém e
Soberano exerce o poder supremo e absoluto emanado
Conceito de Estado do povo, de fazer leis e de obrigar o seu cumpri‑
mento. Dentro dos limites territoriais do Estado
O termo Estado vem do latim status, com o sentido “estar é poder superior a todos os demais, tanto dos
firme”. Já o seu conceito pode variar segundo o ângulo em indivíduos quanto dos grupos sociais, com rela‑
que é considerado. ção aos demais Estados, tem a significação de
Porém, encontrar um conceito de Estado que satisfaça independência, admitindo que haja outros pode‑
todas as correntes doutrinárias é absolutamente impossível, res iguais; porém, nenhum que lhe seja superior.
pois o Estado é um ente complexo, que pode ser abordado
sob diversos pontos de vista e, além disso, sendo extrema‑ Dessa forma, para fazer valer esse Poder de Império é
mente variável quanto à forma por sua própria natureza, que foram adotados, nos Estados de Direito, os denominados
haverá tantos pontos de partida quantos forem os ângulos Poderes de Estado.
de preferência dos observadores. E, em função do elemento
Visto pelo prisma positivista, Estado de Direito é aquele
ou do aspecto considerado primordial pelo estudioso, é que
este desenvolverá o seu conceito. Assim, por mais que os que se submete às leis por ele próprio criadas, voltadas para
autores se esforcem para chegar a um conceito objetivo, a promoção do interesse social. É aquele que prima pela de‑
haverá sempre um quantum de subjetividade, vale dizer, mocracia, zela pela moralidade pública e administrativa, pro‑
haverá sempre a possibilidade de uma grande variedade de move a Justiça, a segurança pública e o bem-estar coletivo.
conceitos. (DALLARI, 2006)
Seguem os conceitos mais usuais: Poderes ou Funções do Estado

Malberg “Comunidade de homens, fixada sobre Os Poderes ou Funções do Estado, na clássica tripartição
(Político) um território com poder de mando, ação de Montesquieu, são o Legislativo, o Executivo e o Judiciário,
e coerção”. independentes e harmônicos entre si e com suas funções
Jellinek “Corporação territorial dotada de um reciprocamente indelegáveis (art. 2º da CF).
(Jurídico) poder de mando originário”. Quando Montesquieu escreveu em seu livro O Espírito
Paolo Biscaretti “Pessoa jurídica territorial soberana”. das Leis as três funções básicas do Estado, ele individualizou
Di Ruffia cada uma delas, “para que não se possa abusar do poder”.
(Constitucional) Também conhecido como Checks and balances (sistemas de
freios e contrapesos), postulação norte‑americana.
Código Civil, “Pessoa jurídica de Direito Público Inter‑
art. 41 no”. Aqui o Estado como ente federativo Segundo ele,
(Legal) representa um compartimento interno do
Estado federativo brasileiro. Enquadra-se quando na mesma pessoa ou no mesmo corpo de
também como um conceito jurídico. magistratura o poder legislativo está reunido ao poder
executivo, não existe liberdade, pois pode‑se temer
Analisando os conceitos ora apresentados, nota-se que que o mesmo monarca ou o mesmo senado apenas
Noções de Direito Administrativo

ou se dá mais ênfase a um elemento concreto ligado à noção estabeleçam leis tirânicas para executá‑las tiranica‑
de força (Político e Jurídico) ou se realça a natureza jurídica mente. Não haverá também liberdade se o poder de
(Constitucional e Legal). julgar não tivesse separado do poder legislativo e do
Foi a partir da concepção da teoria da personalidade jurí‑ poder executivo. Se tivesse ligado ao poder legislativo,
dica do Estado (de Jellinek) como algo real e não fictício que o poder sobre a vida e a liberdade dos cidadãos seria
o interesse coletivo consagrou-se como um dos principais arbitrário, pois o juiz seria legislador. Se estivesse ligado
fundamentos do direito público.
ao poder executivo, o juiz poderia ter a força de um
Com essa consagração, tem-se que o Estado, no desem‑
penho da atividade administrativa, existe para realizar o opressor. Tudo estaria perdido se o mesmo homem
bem comum. ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou
do povo, exercesse esses três poderes: o de fazer leis,
Elementos do Estado o de executar as resoluções públicas e o de julgar os
crimes ou as divergências dos indivíduos.
O Estado é constituído de três elementos originários e
indissociáveis: Povo, Território e Governo Soberano, sendo Dessa forma, cada Poder tem a sua função precípua,
assim definidos: assim determinada:

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PODER FUNÇÃO • fiscalizar as operações de natureza financeira, em
especial as de crédito, câmbio, capitalização, seguros
Executivo Função administrativa, ou seja, conversão da
e previdência privada;
lei em ato individual e concreto.
• manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
Legislativo Função normativa, ou seja, elaboração da lei. • organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério
Judiciário Função jurisdicional, ou seja, aplicação coativa Público do Distrito Federal e dos Territórios e a De‑
da lei aos litigantes. fensoria Pública dos Territórios, bem como a Polícia
Civil, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar
Embora o ideal fosse a exclusividade de cada função para do Distrito Federal;
cada um dos Poderes, sabemos que isso não ocorre, uma vez • organizar e manter os serviços oficiais de estatística,
que todos os Poderes praticam atos administrativos, ainda geografia, geologia e cartografia;
que restritos à sua organização e ao seu funcionamento ou • organizar, manter e executar a inspeção do trabalho.
desempenham funções, que em caráter excepcional são
admitidos pela Constituição Federal, e que a rigor, seriam Cumpre ressaltar que essas competências são indelegá‑
de outro Poder, por exemplo, quando o Executivo expede veis, ou seja, cabem somente à União.
decretos e regulamentos (art. 84, IV), o Legislativo processa Por outro lado, existem competências que, apesar de
e julga o Presidente da República (art. 52, I) ou quando o serem exclusivas da União, podem ser outorgadas à uma
Judiciário elabora seu regimento interno (art. 96, I, a), de entidade integrante de sua Administração Indireta (uma
modo que o quadro acima adquire a seguinte forma: Autarquia, por exemplo) ou delegadas a terceiros (um con‑
cessionário, por exemplo) não integrantes de sua Adminis‑
FUNÇÃO tração. Entre estas, destacam-se as seguintes:
PODER FUNÇÕES RESIDUAIS • explorar, diretamente ou mediante autorização,
PRINCIPAL
concessão ou permissão, os serviços de radiodifusão
Executivo Administrar Legislar/Julgar
sonora, e de sons e imagens.
Legislativo Legislar Administrar/Julgar • explorar, diretamente ou mediante autorização,
Judiciário Julgar Administrar/Legislar concessão ou permissão, os serviços e instalações de
energia elétrica e o aproveitamento energético dos
cursos de água, em articulação com os Estados onde
Organização do Estado se situam os potenciais hidroenergéticos;
• explorar, diretamente ou mediante autorização, con‑
Apesar de ser matéria constitucional, veremos tão
cessão ou permissão, os serviços de navegação aérea,
somente como está organizado politicamente (art. 18, CF).
aeroespacial e a infraestrutura aeropor­tuária;
• explorar, diretamente ou mediante autorização, con‑
Entidades que Compõem o Estado Federal
cessão ou permissão, os serviços de transporte ferro‑
viário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras
A organização político‑administrativa do Brasil compreende nacionais, ou que transponham os limites de Estado
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos au‑ ou Território;
tônomos, cabendo à União exercer as prerrogativas de sobera‑ • explorar, diretamente ou mediante autorização, con‑
nia do Estado brasileiro no âmbito internacional (art. 18 da CF). cessão ou permissão, os serviços de transporte rodo‑
Por autonomia entende‑se que a entidade tem capaci‑ viário interestadual e internacional de passageiros;
dade de auto‑organização (pode criar seu próprio diploma • explorar, diretamente ou mediante autorização, con‑
constitutivo), autogoverno (organizar seu próprio governo e cessão ou permissão os portos marítimos, fluviais e
eleger seus dirigentes) e autoadministração (organizar seus lacustres.
próprios serviços).
Por soberania entende-se a capacidade de autodeter‑ Competências Privativas da União
minação; superioridade; não se submete a nenhuma outra
vontade; é ilimitada; não se admite poder superior no plano Cabe à União, privativamente, legislar sobre matérias
internacional, nem igual no plano interno. específicas, entre as quais destacam‑se as seguintes (art. 22
Quem detém a soberania é a República Federativa do da CF):
Brasil, a União apenas a representa. • Direito Civil, Comercial, Penal, Processual, Eleitoral,
Agrário, Marítimo, Aeronáutico, Espacial e do Trabalho;
Noções de Direito Administrativo

Competências Exclusivas da União • desapropriação;


• atividades nucleares de qualquer natureza;
Destacam‑se, dentre outras competências de caráter • água, energia (inclusive nuclear), informática, teleco‑
exclusivo da União, as seguintes (art. 21 da CF): municações e radiodifusão;
• manter relações com países estrangeiros; • comércio exterior e interestadual;
• a participação em organizações internacionais; • serviço postal;
• declarar guerra e celebrar a paz; • nacionalidade, cidadania, naturalização e direitos
• assegurar a defesa nacional; referentes aos estrangeiros;
• decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a • população indígena;
intervenção federal; • organização judiciária, do Ministério Público e da De‑
• autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de ma‑ fensoria Pública do Distrito Federal e Territórios, bem
terial bélico; como a organização administrativa destes;
• emitir moeda; • seguridade social;
• administrar as reservas cambiais do País; • diretrizes e bases da educação nacional;

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• normas gerais de licitação e contratação para a Ad‑ Competências do Distrito Federal
ministração Pública nas diversas esferas de governo e
empresas sob seu controle. Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legis‑
lativas reservadas aos Estados e Municípios, nos termos do
Competências Comuns da União, dos Estados, do art. 32, § 1º, da Constituição Federal.
Distrito Federal e dos Municípios
Competências dos Municípios
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
possuem competências comuns (concomitantes), que são Aos Municípios competem legislar (competência residual)
exercidas de modo que cada unidade restrinja‑se a um de‑ sobre assuntos de interesse local e ainda suplementar a
terminado espaço de atuação. legislação federal e estadual, no que couber (art. 30 da CF).
Dentre estas competências, destacam‑se as seguintes
(art. 23 da CF): Governo X Administração Pública
• zelar pela guarda da Constituição, das leis e das insti‑
tuições democráticas;
Um dos sentidos da palavra administrar é “governar”, por
• conservação do patrimônio público;
• saúde e assistência públicas; isso Administração e Governo muitas vezes se confundem,
• proteção dos bens de valor histórico, das paisagens até mesmo como sinônimos. Na verdade, são criações abs‑
naturais notáveis e dos sítios arqueológicos; tratas da Constituição e das leis, sendo assim definidos pela
• proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, doutrina (MEIRELLES, 2005):
à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação;
• proteção ao meio ambiente e controle da poluição; Governo É a expressão política de comando, de ini‑
• preservar a fauna e a flora; ciativa, de fixação de objetivos, do Estado e
• combate às causas da pobreza e da marginalização, da manutenção da ordem jurídica vigente.
promovendo a integração dos setores desfavorecidos. Administração É o instrumental de que dispõe o Estado
para pôr em prática as opções políticas
Competências Concorrentes
do governo.
O art. 24 da Constituição Federal possibilita à União,
aos Estados e ao Distrito Federal legislarem de forma con‑ O Governo ora se identifica com os Poderes e órgãos
corrente em matérias específicas, tais como: supremos do Estado, ora se apresenta nas funções originárias
• Direito Tributário, Financeiro, Penitenciário, Econômico desses Poderes e órgãos como manifestação da soberania.
e Urbanístico; Já a Administração Pública atua por intermédio de suas
• orçamento; entidades (pessoas jurídicas), de seus órgãos (centros de
• custas dos serviços forenses; competência/decisão) e de seus agentes (pessoas físicas
• produção e consumo; investidas em cargos e funções), gerindo o Estado, com vistas
• florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, na satisfação das necessidades coletivas.
proteção do meio ambiente e controle da poluição; Para ficar mais fácil diferenciá‑los, observe o quadro e o
• proteção do patrimônio histórico, cultural, artístico e que eles abrangem em seus três sentidos.
paisagístico;
• educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnolo‑ GOVERNO ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
gia, pesquisa, desenvolvimento e inovação;
• previdência social, proteção e defesa da saúde; Formal É o conjunto de É o conjunto de órgãos ins‑
• assistência jurídica e defensoria pública; Poderes e órgãos tituídos para a consecução
• proteção à infância e à juventude. constitucionais. dos objetivos do Governo.
Material É o conjunto de É o conjunto de funções/
Neste âmbito, a União limita‑se a estabelecer normas funções estatais atribuições, necessárias aos
gerais. Caso inexista norma geral, os Estados poderão exer‑ básicas. serviços públicos em geral,
cer a competência legislativa plena, para atender às suas a serem desempenhadas
peculiaridades. por órgãos ou entidades do
Estado.
Competências dos Estados Operacional Governar é con‑ Administrar é desempenhar;
duzir politicamen‑ regular, continua­m ente,
Os Estados têm a denominada competência remanescen‑ te os negócios e os  serviços do Estado em
Noções de Direito Administrativo

te ou residual, uma vez que a Carta Magna (§ 1º do art. 25) serviços públicos. benefício da coletividade.
dispõe que: “São reservados aos Estados as competências
que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.” Princípios Fundamentais da
Além da competência residual, encontramos algumas Administração Pública Federal
poucas hipóteses de competência enumerada dos Estados:
1) Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante
O planejamento, a  coordenação, a  descentralização,
concessão, os serviços locais de gás canalizado, na
forma da lei, vedada a edição de medida provisória a  delegação de competência e o controle surgiram por
para a sua regulamentação (§ 2º do art. 25). intermédio do Decreto‑Lei nº  200, de 25 de fevereiro de
2) Os Estados poderão, mediante lei complementar, ins‑ 1967, como princípios fundamentais a serem obedecidos
tituir regiões metropolitanas, aglomerações ur­banas pela Administração Pública Federal.
e microrregiões, constituídas por agrupamentos de De acordo com o saudoso administrativista Hely Lopes
municípios limítrofes, para integrar a organização, o Meirelles (2005, p. 735), esses princípios foram criados com
planejamento e a execução de funções públicas de a preocupação maior de diminuir o tamanho da máquina
interesse comum (§ 3º do art. 25). estatal e simplificar os procedimentos administrativos e,

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consequentemente, reduzir as despesas causadoras do de- programação aprovada pelo Presidente da República
ficit público. Como forma de obter esses fins, foram editados e ao orçamento‑programa, vedando‑se assunção de
decretos e leis, visando à extinção e privatização de órgãos compromissos financeiros em discordância com a
e de entidades da Administração Federal, instituindo nova programação financeira de desembolso.
sistemática monetária e tributária e reorganizando a Presi‑
dência da República e os Ministérios. Seguem visão geral de • Coordenação. Como forma de harmonizar a execução
cada um e suas finalidades. dos planos e programas de Governo ao que foi planejado,
• Planejamento. Com vistas a promover o desenvolvi‑ as atividades da Administração Federal serão submetidas à per‑
mento econômico‑social do país e a segurança nacional, manente coordenação. Quando órgãos estaduais e municipais
a  Administração Pública Federal, através de seus órgãos exercerem atividades idênticas, os órgãos fe­derais buscarão com
de planejamento, deverá estabelecer por meio de planos eles coordenar‑se. Com a coordenação evita‑se desperdício de
gerais de governo programas globais, setoriais e regionais de esforços e de investimentos na mesma área geográfica.
duração plurianual, do orçamento‑programa anual e da pro‑ Segundo Meirelles (2005), o princípio da coordenação
gramação financeira de desembolso, diretrizes e metas que foi tratado da seguinte maneira:
orientarão a ação governamental, cabendo a cada Ministro
de Estado orientar e dirigir a elaboração do programa setorial O princípio da coordenação visa entrosar as ativida‑
e regional correspondente a seu Ministério e ao Ministro de des da Administração, de modo a evitar a duplicidade
Estado, Chefe da Secretaria de Planejamento, auxiliar dire‑ de atuação, a dispersão de recursos, a divergência
tamente o Presidente da República na coordenação, revisão de soluções e outros males característicos da bu‑
e consolidação dos programas setoriais e regionais e na rocracia. Coordenar é, portanto, harmonizar todas
elaboração da programação geral do Governo. A aprovação as atividades da Administração, submetendo‑as ao
dos planos gerais, setoriais e regionais é de competência do que foi planejado e poupando‑a de desperdícios, em
Presidente da República. qualquer de suas modalidades.
Na obra Direito Administrativo Brasileiro, Hely Lopes De aplicação permanente, a coordenação impõe‑se a
Meirelles (2005) discorre acerca do assunto da seguinte todos os níveis da Administração, através das chefias
maneira: individuais, de reuniões de que participem as chefias
subordinadas e de comissões de coordenação em
A finalidade precípua da Administração é a promoção cada nível administrativo. Na Administração superior
do bem‑estar social, que a Constituição traduz na ela‑ a coordenação é, agora, da competência da Casa
boração e execução de planos nacionais e regionais Civil da Presidência da República (art. 2º da Lei nº
de ordenação do território e de desenvolvimento 10.683/2003). A  assistência direta e imediata ao
econômico e social (art. 21, IX). Presidente da República, especialmente na coorde‑
Bem‑estar social é o bem comum da coletividade, nação política e na condução do relacionamento do
expresso na satisfação de suas necessidades funda‑ Governo com o Congresso Nacional e com os partidos
mentais. Desenvolvimento é prosperidade. Prospe‑ políticos, assim como na interlocução com os Estados,
ridade econômica e social; prosperidade material e o Distrito Federal e os Municípios, passou a ser exerci‑
espiri­tual; prosperidade individual e coletiva; prospe‑ da pela Secretaria de Coordenação Política e Assuntos
ridade do Estado e de seus membros; prosperidade institucionais, conforme as alterações introduzidas na
global, enfim. Diante dessa rea­lidade, podemos Lei nº 10.683/2003 pela Lei nº 10.869/2004.
conceituar o desenvolvimento nacional como o Como corolário do princípio da coordenação, nenhum
permanente aprimoramento dos meios essenciais assunto poderá ser submetido à decisão presidencial
à sobrevivência dos indivíduos e do Estado, visando ou de qualquer autoridade administrativa compe‑
ao bem‑estar de todos e ao conforto de cada um na tente sem ter sido previamente coordenado, isto é,
comunidade em que vivemos. Assim, o  desenvol‑ sem ter passado pelo crivo de todos os setores nele
vimento nacional é obtido pelo aperfeiçoamento interessados, através de consultas e entendimentos
ininterrupto da ordem social, econômica e jurídica; que propiciem soluções integrais e em sincronia com
pela melhoria da educação; pelo aumento da riqueza a política geral e setorial do Governo.
pública e particular; pela preservação dos direitos A fim de evitar a duplicação de esforços e de inves‑
e garantias individuais; pelo aprimoramento das timentos na mesma área geográfica, admite‑se a
instituições; pela manutenção da ordem interna e coordenação até mesmo com órgãos da Adminis‑
pela afirmação da soberania nacional. Todavia, esses tração estadual e municipal que exerçam atividades
objetivos não podem ser deixados ao acaso e, para idênticas às dos federais, desde que seja inviável a
Noções de Direito Administrativo

sua consecução, necessitam da tranquilidade que delegação de atribuições àqueles órgãos. Com isso,
advém da segurança interna e externa. além de economizar recursos materiais e humanos,
Planejamento é o estudo e estabelecimento das faculta‑se aos Estados e Municípios a integração nos
diretrizes e metas que deverão orientar a ação planos governamentais, deles haurindo benefícios
governamental, através de um plano geral de gover‑ de interesse local.
no, de programas globais, setoriais e regionais de Em outras disposições do Estatuto da Reforma
duração plurianual, do orçamento‑programa anual preveem‑se medidas especiais de coordenação
e da programação financeira de desembolso, que nos campos da Ciência e da Tecnologia, da Política
são seus instrumentos básicos. Na elaboração do Nacional de Saúde, do Abastecimento Nacional, dos
plano geral, bem como na coordenação, revisão e Transportes e das Comunicações, abrangendo as
consolidação dos programas setoriais e regionais, atividades de todos os interessados nesses setores,
de competência dos Ministros de Estado nas res‑ inclusive particulares.
pectivas áreas de atuação, o Presidente da República
é assessorado pelo Conselho de Governo. Toda a • Descentralização. Conforme disposição prevista no
atividade da Administração Federal deve ajustar‑se à Decreto‑Lei nº 200/1967 (art. 10), a execução das atividades

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da Administração Federal deverá ser amplamente descen‑ a liberação dos recursos do fiel cumprimento dos
tralizada. A descentralização será feita dentro dos quadros programas e das cláusulas do ajuste.
da própria Administração Federal (é o que chamamos de A execução indireta das obras e serviços da Adminis‑
desconcentração); da Administração Federal para a das uni‑ tração, mediante contratos com particulares, pessoas
dades federadas, quando estejam devidamente aparelhadas físicas ou jurídicas, tem por finalidade aliviá‑la das
e mediante convênio; e, da Administração Federal para a tarefas executivas, garantindo, assim, a melhor reali‑
órbita privada, mediante contratos ou concessões. zação das suas atividades específicas (planejamento,
O princípio da descentralização, previsto no Estatuto da coordenação, supervisão e controle), bem como
Reforma Administrativa de 1967, foi tratado por Meirelles evitar o desmesurado crescimento da máquina admi‑
(2005) da seguinte forma: nistrativa. É estimulante e aconselhada sempre que,
na área de atuação do órgão interessado, a iniciativa
Descentralizar, em sentido comum, é  afastar do privada esteja suficientemente desenvolvida e capaci‑
centro; descentralizar, em sentido jurídico‑adminis‑ tada para executar o objeto do contrato, precedido de
trativo, é atribuir a outrem poderes da Administração. licitação, salvo nos casos de dispensa previstos em lei
O detentor dos poderes da Administração é o Estado, ou inexigibilidade por impossibilidade de competição
pessoa única, embora constituída dos vários órgãos entre contratantes (Lei nº 8.666/1993, arts. 24 a 26).
que integram sua estrutura. Despersonalizados, es‑
ses órgãos não agem em nome próprio, mas no do • Delegação de competência. De acordo com o Decre‑
Estado, de que são instrumentos indispensáveis ao to‑Lei nº 200 (art. 11), a delegação de competência será uti‑
exercício de suas funções e atividades típicas. A des‑ lizada como instrumento de descentralização administrativa,
centralização administrativa pressupõe, portanto, com o objetivo de assegurar maior rapidez e objetividade
a existência de uma pessoa, distinta da do Estado, às decisões, situando‑as na proximidade dos fatos, pessoas
a qual investida dos necessários poderes de admi‑ ou problemas a atender. O Decreto nº 83.937/1979, por
nistração, exercita atividade pública ou de utilidade sua vez, regulamentando o disposto no Decreto‑Lei nº 200,
pública. O ente descentralizado age por outorga do estabelece que a delegação de competência tem por objetivo
serviço ou atividade, ou por delegação de sua exe‑ acelerar a decisão dos assuntos de interesse público ou da
cução, mas sempre em nome próprio. própria Administração. Por meio da delegação a autoridade
Diversa da descentralização é a desconcentração delegante transfere atribuições a seus subordinados, median‑
administrativa, que significa repartição de funções te ato próprio indicando à autoridade delegada o objeto da
entre vários órgãos (despersonalizados) de uma delegação, e quando for o caso, o prazo de vigência, que, na
mesma Administração, sem quebra de hierarquia. Na omissão, ter‑se‑á por indeterminado. A Lei nº 9.784/1999, ao
descentralização a execução de atividades ou a pres‑ tratar da matéria, estabeleceu em seu artigo 13 os atos que
tação de serviços pelo Estado é indireta e mediata; não são passíveis de delegação: a) a edição de atos de caráter
na desconcentração é direta e imediata. normativo; b) a decisão de recursos administrativos; e c) as
Feitas essas considerações, verifica‑se que o legislador matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.
da Reforma Administrativa, após enquadrar na Admi‑ O princípio da delegação de competência foi tratado da
nistração indireta alguns entes descentralizados, [...], seguinte forma por Meirelles (2005):
propõe, sob o nome genérico de descentralização,
tomando o termo na sua acepção vulgar, um amplo A delegação de competência que o Decreto‑Lei
descongestionamento da Administração Federal, atra‑ nº 200/1967 (arts. 11 e 12) considera princípio autô‑
vés da desconcentração administrativa, da delegação nomo, melhor se situaria como forma de aplicação do
de execução de serviço e da execução direta. “princípio da descentralização”, pois é também simples
A desconcentração administrativa opera desde logo técnica de descongestionamento da Administração.
pela distinção entre os níveis de direção e execução. O art. 11 da Lei nº 9.784, de 29/1/1999, estabelece
No nível de direção situam‑se os serviços que, em que a competência é irrenunciável e se exerce pelos
cada órgão da Administração, integram sua estrutura órgãos administrativos a que foi atribuída como
central de direção, competindo‑lhe primordialmente própria, salvo os casos de delegação e avocação
as atividades relacionadas com o planejamento, a su‑ legalmente admitidos.
pervisão, a coordenação e o controle, bem como o Pela delegação de competência, o  Presidente da
estabelecimento de normas, critérios, programas e República, os Ministros de Estado e, em geral, as au‑
princípios a serem observados pelos órgãos enqua‑ toridades da Administração transferem atribuições
drados no nível de execução. A esses últimos cabem decisórias a seus subordinados, mediante ato próprio
Noções de Direito Administrativo

a tarefa de mera rotina, inclusive as de formalização que indique com a necessária clareza e conveniente
de atos administrativos e, em regra, de decisão de precisão a autoridade delegante, a delegada e o objeto
casos individuais, principalmente quando localizados da delegação. O princípio visa assegurar maior rapidez
na periferia da administração, e em maior contato e objetividade às decisões, situando‑as na proximidade
com os fatos e com os administrados. dos fatos, pessoas ou problemas a atender.
A delegação da prestação de serviço público ou de Considerando que os agentes públicos devem exercer
utilidade pública pode ser feita a particular – pessoa pessoalmente suas atribuições, a delegação de com‑
física ou jurídica  – que tenha condições para bem petência depende de norma que a autorize, expressa
realizá‑lo, sempre através de licitação, sob regime de ou implicitamente. As atribuições constitucionais do
concessão ou permissão (CF, art. 175). Esses serviços Presidente da República, por exemplo, só podem ser
também podem ser executados por pessoa adminis‑ delegadas nos casos expressamente previstos na
trativa, mediante convênio ou consórcio (CF, art. 23, Constituição (art. 84, parágrafo único).
parágrafo único). Os signatários dos convênios ficam Observamos, finalmente, que só é delegável a compe‑
sujeitos ao poder normativo, fiscalizador e controla‑ tência para a prática de atos e decisões administrati‑
dor dos órgãos federais competentes, dependendo vas, não o sendo para o exercício de atos de natureza

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política como são a proposta orçamentária, a sanção evidentemente superior ao risco decorrente da ine‑
e o veto. Também não se transfere por delegação o xistência de controle específico.
poder de tributar. [...]. Nesse sentido, o art. 13 da Lei A Administração Federal é constituída na forma de
nº 9.784/1999 estatui que não podem ser objeto de uma pirâmide, cujos componentes são mantidos
delegação a edição de atos de caráter normativo, no devido lugar pelo poder hierárquico e em cujo
a decisão de recursos administrativos e as matérias ápice coloca‑se o Presidente da República, ficando
de competência exclusiva do órgão ou autoridade. logo abaixo os Ministros de Estado, seus auxiliares
diretos. Assim, o Presidente da República é o Chefe
• Controle. De acordo com o Decreto‑Lei nº 200/1967 supremo, exercendo o poder hierárquico em toda
(art. 13), o controle das atividades da Administração Fe­deral sua plenitude, por isso que o Estatuto da Reforma
deverá ser exercido em todos os níveis e em todos os órgãos lhe confere expressamente o poder de, por motivo
(exceto os meramente formais e aqueles cujo custo seja supe‑ de relevante interesse público, avocar e decidir qual‑
rior ao risco), compreendendo particularmente: a) o controle, quer assunto na esfera da Administração Federal,
pela chefia competente, da execução dos programas e da o que faz dele o controlador máximo das atividades
observância das normas que governam a atividade específica administrativas.
do órgão controlado; b) o controle, pelos órgãos próprios de Os Ministros de Estado detêm o poder‑dever de
cada sistema, da observância das normas gerais que regulam supervisão sobre os órgãos da Administração direta
o exercício das atividades auxiliares; c) o controle da aplicação ou indireta enquadrados em suas respectivas áreas
dos dinheiros públicos e da guarda dos bens da União pelos de competência. Consoante dispõe o art. 17 da Lei
órgãos próprios do sistema de contabilidade e auditoria. nº 10.683/2003, compete à Controladoria‑Geral da
Para Meirelles (2005), o princípio do controle é analisado União assistir direta e imediatamente ao Presidente
da seguinte forma: da República, no desempenho de suas atribuições,
quanto aos assuntos e providências que, no âmbito
O controle das atividades administrativas no âmbito do Poder Executivo sejam atinentes à defesa do
interno da administração é, ao lado do comando, da patrimônio público, ao controle interno, à auditoria
coordenação e da correção, um dos meios pelos quais pública, às  atividades de ouvidoria‑geral e ao in‑
se exercita o poder hierárquico. Assim, o órgão supe‑ cremento da transparência da gestão no âmbito da
rior controla o inferior, fiscalizando o cumprimento da Administração Pública Federal.
lei e das instruções e a execução de suas atribuições,
bem como os atos e o rendimento de cada servidor. O art. 17 da Lei nº 10.683/2003 foi alterado pela Lei
Todavia, o princípio do controle estabelecido na lei da nº 11.204, de 2005, hoje tendo a seguinte redação:
Reforma Administrativa tem significado mais amplo,
uma vez que se constitui num dos três instrumentos Art.  17. À  Controladoria‑Geral da União compete
da supervisão ministerial, a que estão sujeitos todos assistir direta e imediatamente ao Presidente da Repú‑
os órgãos da Administração Federal, inclusive os en‑ blica no desempenho de suas atribuições quanto aos
tes descentralizados, normalmente não submetidos assuntos e providências que, no âmbito do Poder Exe‑
ao poder hierárquico das autoridades da Administra‑ cutivo, sejam atinentes à defesa do patrimônio público,
ção direta. Esse controle, que, quanto às entidades ao controle interno, à auditoria pública, à correição,
da Administração indireta, visa, em especial, à conse‑ à prevenção e ao combate à corrupção, às atividades
cução de seus objetivos e à eficiência de sua gestão, de ouvidoria e ao incremento da transparência da
é exercido de vários modos, [...], podendo chegar até gestão no âmbito da Administração Pública Federal.
a intervenção, ou seja, ao controle total.
No âmbito da Administração direta preveem‑se, es‑ ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
pecificamente, os controles de execução e observân‑
cia de normas específicas, de observância de normas Conceito
genéricas e de aplicação dos dinheiros públicos e
guarda e bens da União. Em sentido amplo, administrar é gerir interesses, segun‑
Em cada órgão, o controle da execução dos programas do a lei, a moral e a finalidade dos bens entregues à guarda
que lhe concernem e o da observância das normas que e conservação alheias. Se os bens e interesses geridos são
disciplinam suas atividades específicas são feitos pela individuais, realiza‑se administração particular; se forem da
chefia competente. Já, o controle do atendimento das coletividade, realizar‑se‑á a Administração Pública.
normas gerais reguladoras do exercício das atividades Administração Pública, portanto, é a gestão de bens e
Noções de Direito Administrativo

auxiliares, organizadas sob a forma de sistemas (pes‑ interesses qualificados da comunidade no âmbito federal,
soal, orçamento, estatística, administração financeira, estadual ou municipal, segundo os preceitos do Direito e da
contabilidade e auditoria e serviços gerais, além de ou‑ moral, visando ao bem comum (MEIRELLES, 2005).
tros, comuns a todos os órgãos da Administração, que, Para o doutrinador, a  locução Administração Pública
a juízo do Poder Exe­cutivo, necessitem de coordenação tanto designa pessoas e órgãos governamentais como a
central), é  realizado pelos órgãos de cada sistema. atividade administrativa em si.
Finalmente, o  controle da aplicação dos dinheiros Em sentido estrito, conforme ensina Di Pietro (2008),
públicos e da guarda dos bens da União compete ao a Administração Pública compreende:
órgão próprio do sistema de contabilidade e auditoria Em sentido subjetivo, formal ou orgânico: o conjunto
de cada Ministério. de órgãos e pessoas jurídicas que tenham a incumbência de
Estabelecidas as formas de controle das atividades executar as atividades (funções) administrativas.
administrativas devem ser suprimidos todos os Em sentido objetivo, material ou funcional: a própria
controles meramente formais, como determina, atividade administrativa (concreta e imediata) exercida pelo
acertadamente, o Decreto‑Lei nº 200/1967, que Estado (por seus órgãos e agentes) sob o regime de direito
prevê também a supressão daqueles cujo custo seja público, para a consecução dos interesses coletivos.

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A Administração Pública em sentido objetivo abrange o Características da Administração Pública
fomento, a polícia administrativa e o serviço público, sendo
assim definidos: • Exerce atividade politicamente neutra, normalmente
Fomento – Abrange a atividade administrativa de in‑ vinculada à lei ou norma.
centivo à iniciativa privada de utilidade pública, tais como
auxílios financeiros ou subvenções por conta dos orçamentos • Pratica atos administrativos (ou também conhecidos
públicos, financiamento sob condições especiais, favores fis‑ como de execução).
cais que estimulem atividades consideradas particularmente • É hierarquizada.
benéficas ao progresso material do país e desapropriações • Pratica atos com responsabilidade técnica e legal.
que favoreçam entidades privadas sem fins lucrativos, que • Possui caráter instrumental.
realizem atividades úteis à coletividade. • Tem poder de decisão tão somente na área de suas atri‑
Polícia Administrativa – Compreende toda atividade de buições e nos limites legais de sua competência executiva.
execução das chamadas limitações administrativas, que são
restrições impostas por lei ao exercício de direitos individu‑ Natureza e Fins da Administração
ais em benefício do interesse coletivo, tais como, ordens,
notificações, licenças, autorizações, fiscalização e sanções. Natureza da Administração Pública
Serviço Público – Compreende toda atividade que a
Administração Pública executa, direta ou indiretamente, É a de um múnus público para quem a exerce, isto é,
para satisfazer a necessidade coletiva, sob regime jurídico a de um encargo de guarda, defesa, conservação e aprimo‑
predominantemente público, abrangendo atividades que, ramento dos bens, serviços e interesses da coletividade,
por sua essencialidade ou relevância para a coletividade, impondo ao administrador público a obrigação de cumprir
foram assumidas pelo Estado, com ou sem exclusividade, fielmente os preceitos do Direito e da Moral administrativa
tais como o serviço postal, serviços de telecomunicações, que regem sua atuação, pois tais preceitos é que expressam
serviços e instalações de energia elétrica, serviços oficiais a vontade do titular, dos interesses administrativos (o povo)
de estatística, geografia, geologia e cartografia, serviços e condicionam os atos a serem praticados no desempenho
nucleares (art. 21 da CF). do múnus público que lhe foi confiado (Meirelles, 2005).
Alguns autores indicam a intervenção como quarta ati‑
vidade administrativa a ser exercida pelo Estado, outros já Fins da Administração Pública
a consideram como espécie de fomento. Vamos abordar o
aspecto geral dessa atividade. Resume‑se em um único objetivo: o bem comum da co‑
A intervenção compreende a regulamentação e fiscaliza‑ letividade administrada. O fim e não a sua própria vontade
ção da atividade econômica de natureza privada, bem como é a regra a ser observada pelo agente público no desem‑
a atuação direta do Estado no domínio econômico, o que penho da atividade administrativa, não podendo deixar
se dá normalmente por meio das empresas estatais (Em‑ de cumprir os deveres que a lei lhe impõe, nem renunciar
presas Públicas e Sociedades de Economia Mista). Quando total ou parcialmente ao poder (dever) que lhe foi atribuído.
o Estado atua por meio dessas entidades, segue as normas Ao descumprir ou renunciar tais poderes, comete ato ilícito.
de direito privado, conforme estabelece o art. 173, § 1º, II, No Direito Administrativo, configura o chamado desvio de
da Constituição Federal, porém com derrogações impostas finalidade, que pode ser atacado por meio de ação popular,
por normas de direito público, estabelecidas pela própria ação civil pública, entre outras.
Constituição, tais como a fiscalização pelo Estado de suas Ante o exposto, a Administração Pública abrange, pois,
atividades, a obrigatoriedade de licitação, a observância dos toda atividade superior de planejar, dirigir, comandar, como
princípios da administração pública, entre outras. também a atividade subordinada de executar.
Di Pietro (2008) não considera a intervenção como ati‑
vidade administrativa. A  autora considera como atividade Direito ADMINISTRATIVO:
ou função administrativa apenas aquela sujeita total ou NOÇÕES PRELIMINARES
predominantemente ao direito público. Para ela, quando
o Estado atua de forma direta no domínio econômico, não O estudo do Direito Administrativo parte, necessaria‑
constitui função administrativa, trata-se de atividade tipica‑ mente, da noção geral de Direito.
mente privada, que o Estado exerce em regime de monopólio
nos casos indicados na Constituição (art. 177) ou em regime Direito
de competição com o particular, conforme determine o
Noções de Direito Administrativo

interesse público ou por razões de segurança nacional (art. O Direito, objetivamente considerado, é um conjunto de
173). As demais atividades ou são, originalmente, próprias normas – regras e princípios – impostas coercitivamente pelo
do Estado ou foram por ele assumidas como suas, para aten‑ Estado para disciplinar a vida em sociedade, restringindo
der às necessidades coletivas; ele as exerce diretamente ou de certa forma a liberdade individual, porém garantindo o
transfere a terceiros o seu exercício, outorgando-lhes deter‑ bem‑estar coletivo.
minadas prerrogativas públicas necessárias a esse fim. E por Uma das características naturais do homem é a vida
fim ratificando, as atividades que o Estado exerce a título de gregária, isto é, o homem é um ser que vive em sociedade.
intervenção na ordem econômica não são assumidas pelo Vivendo em sociedade, pessoas tendem a entrar em conflito
Estado como atividade pública; ele a exerce conservando para predomínio de seus interesses pessoais. Daí surge a
sua condição de atividade de natureza privada, submetendo‑ necessidade das regras de Direito: para que não haja desor‑
-se, por isso mesmo, às normas de direito privado que não dem, mas harmonia.
forem expressamente derrogadas pela Constituição. Aqui a O Direito, portanto, mantém equilíbrio nas relações
Administração Pública sai de sua órbita natural de ação para humanas para que a sociedade se conserve e não pereça.
atuar no âmbito de atuação reservado preferencialmente à Por isso é que se costuma simbolizar o direito com uma
iniciativa privada. balança – que representa o equilíbrio – e uma espada que

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sustém a balança e que garante, pela força (ou sanção), fins. Também é insuficiente, uma vez que o Estado não se
o cumprimento das normas jurídicas. (MONTEIRO, 1954) utiliza só de princípios para reger a atividade administrativa.
O Direito foi tradicionalmente dividido em dois grandes
ramos: o Direito Público e o Direito Privado. Este último Critério Negativo ou Residual
regula as relações individuais, privadas, fazendo valer, em
regra, o princípio da autonomia da vontade. Temos como De acordo com este critério, o  Direito Administrativo
ramos do Direito Privado, o Direito Civil, o Direito Comercial tem por objeto as atividades desenvolvidas para a conse‑
e o Direito do Trabalho (Teoria dominante no Brasil). Já o cução dos fins estatais, excluídas a legislação e a jurisdição
Direito Público, subdividindo‑se em dois – interno e exter‑ ou somente esta.
no – regula, respectivamente, as relações do Estado com a Dada a dificuldade de se conceituar o que é o Direito
coletividade e suas relações com outros Estados. Como ramos Administrativo, ora pela insuficiência, ora pela limitação das
do Direito Público, temos o Direito Constitucional, o Direito definições, vejamos os conceitos mais utilizados:
Administrativo, o Direito Tributário, o Direito Internacional,
o Direito Financeiro, o Direito Penal e Processual (Penal, Civil Hely Lopes Meirelles
e Trabalhista), o Direito Eleitoral, entre outros. “Conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem
os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a
Conceito de Direito Administrativo realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados
pelo estado”. Utiliza o critério da Administração Pública.
Há vários critérios para se conceituar o Direito Adminis‑
trativo. Cada doutrinador, em busca de fornecer a conceitu‑ José Cretella Júnior
ação exata do Direito Administrativo, usa tais critérios para “É o ramo do Direito Público interno que regula a ativida‑
embasar o seu próprio conceito, seja combinando‑os, seja de e as relações jurídicas das pessoas públicas e a instituição
dando ênfase a um em especial. de meios e órgãos relativos à ação dessas pessoas”. Utiliza o
critério da atividade jurídica e social do Estado.
Critério do Poder Executivo
Maria Sylvia Z. Di Pietro
Resumia o estudo do Direito Administrativo ao estudo “É o ramo do Direito Público que tem por objeto os
dos atos do Poder Executivo, limitando-o, pois sabemos que órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que
o Poder Judiciário e o Poder Legislativo também exercem integram a Administração Pública, a atividade jurídica não
atividades administrativas. contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a
consecução de seus fins, de natureza pública”. Combina
Critério das Relações Jurídicas vários critérios, tais como o da atividade jurídica e social
do Estado, o  critério teleológico e o critério negativo ou
Pelo critério das relações jurídicas, o Direito Administra‑ residual.
tivo é o conjunto de regras jurídicas que disciplinam o rela‑
cionamento da Administração Pública com os administrados. Celso Antônio B. de Mello
Também não é suficiente, pois o Estado não se relaciona “É o ramo do Direito Público que disciplina a função
juridicamente apenas com seus administrados, relaciona-se administrativa e os órgãos que a exercem”. Utiliza o critério
também com seus agentes e com outros Estados. da atividade jurídica e social do Estado.
Critério da Atividade Jurídica e Social do Estado
Diógenes Gasparini
“É a sistematização de normas de direito (conjunto
Seus defensores definem o Direito Administrativo consi‑
harmônico de princípios jurídicos), destinadas a ordenar a
derando, de um lado, o tipo de atividade exercida (a atividade
estrutura e o pessoal (órgãos e agentes) e os atos e atividades
não contenciosa) e de outro, os órgãos que a regulam.
da Administração Pública, praticadas ou desempenhadas
Critério do Serviço Público enquanto Poder Público”. Utiliza o critério teleológico.

Seus defensores definiam o Direito Administrativo Objeto do Direito Administrativo


como sendo a disciplina jurídica que regulava a instituição,
a organização e o funcionamento dos serviços públicos e o Tamanha é a amplitude do Direito Administrativo que
Noções de Direito Administrativo

oferecimento aos administrados. Também é inadequado, somente podemos compreender seu objeto se analisarmos
visto que muitos serviços públicos, tais como os de utilidade a relação existente entre a Administração Pública e seus
pública, são prestados por meio de concessionários ou per‑ administrados, agentes e órgãos.
missionários, utilizando o regime jurídico de Direito Privado. Uma de suas vertentes tem como objeto o estudo dos
órgãos públicos administrativos do Estado, bem como a
Critério da Administração Pública estrutura, a organização e a regulamentação das atividades
e serviços públicos que serão prestados aos administrados.
Os autores que o adotaram diziam que o Direito Admi‑ Hoje, também abrange toda a matéria atinente à intervenção
nistrativo é o conjunto de princípios que regem a Adminis‑ do Estado no domínio econômico e na propriedade privada.
tração Pública.
Fontes do Direito Administrativo
Critério Teleológico ou Finalístico
Fonte, na concepção mais antiga e ainda em vigor, é o
O Direito Administrativo seria o sistema de princípios que lugar de onde nasce, provém, brota. No Direito Administra‑
regulam a atividade do Estado para o cumprimento de seus tivo, é a sua origem, a sua base fundamental.

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De acordo com a doutrina dominante, quatro são as súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial,
fontes do Direito Administrativo: a Lei, a Doutrina, a Juris‑ terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder
prudência e os Costumes. A  primeira fonte é primária ou Judiciário e à Administração Pública Direta e Indireta, nas
imediata. As demais são secundárias ou mediatas. esferas Federal, Estadual e Municipal.
Assim, a jurisprudência transformada em súmula vincu‑
Lei lante passará a ser fonte primária do Direito Administrativo.
Vale lembrar também que, diferentemente da doutrina,
Em sentido amplo, é a fonte primária do Direito Adminis‑ a jurisprudência não é universal; a jurisprudência estrangeira
trativo. É o conjunto de normas de conduta geral, impessoal não é fonte do Direito Administrativo, apesar de poder servir
e abstrata, que, impondo o seu poder normativo, traça os de inspiração.
limites de atuação dos indivíduos e do próprio Estado nas Por fim, diga‑se que, como forma de garantir o princípio
atividades administrativas. Abrange desde a Constituição até da segurança jurídica, a alteração jurisprudencial no âmbito
os regulamentos executivos. do Direito Administrativo não atinge situações já consolida‑
A lei como fonte principal do Direito Administrativo tem das: só vale para o futuro.
papel fundamental na aplicação do princípio da legalidade Nessa linha, prescreve o art.  2º, inciso XIII, parágrafo
previsto no art. 5º, II, da Constituição Federal, segundo o único, da Lei nº 9.784/1999, que é critério a ser observado
qual o cidadão pode praticar todos os atos não vedados pela na tramitação do processo administrativo
lei, diferentemente do Estado, que só pode agir dentro dos
parâmetros fixados expressamente na lei (entendida em suas a interpretação da norma administrativa da forma
várias espécies – Constituição, lei, medida provisória, lei com‑ que melhor garanta o atendimento do fim público a
que se dirige, vedada a aplicação retroativa de nova
plementar, lei delegada, tratado, portaria, regulamento, reso‑
interpretação.
lução, entre outras). Ressalte‑se que algumas dessas espécies
têm assegurada a apreciação pelo Poder Legislativo para sua
A adoção da súmula vinculante no nosso ordenamento
plena eficácia; outras, porém, constituem‑se em meros atos
jurídico contribuirá decisivamente para desafogar a máquina
unilaterais, originados de autoridades administrativas, seja
judiciária, uma que vez que facilitará e simplificará o julga‑
impondo condutas para os administrados, seja organizando mento de infinitos processos que possuam causas idênticas
internamente a estrutura da própria Administração. ou semelhantes.
A lei é fundamental na conduta do agente público. Atualmente, temos 53 Súmulas Vinculantes. A Súmula
Enquanto o parti­cular pode fazer tudo aquilo que a lei não Vinculante nº 30, todavia, encontra-se suspensa pelo Ple‑
proíbe, o agente público só pode praticar os atos determi‑ nário do STF.
nados por lei ou por ela permitidos.
São elas:
Doutrina
Súmula Vinculante nº 1
Formando o sistema teórico de princípios aplicáveis ao Ofende a garantia constitucional do ato jurídico perfei‑
Direito Positivo, é elemento construtivo do Direito Admi‑ to a decisão que, sem ponderar as circunstâncias do caso
nistrativo, pois emana de grandes estudiosos da matéria concreto, desconsidera a validez e a eficácia de acordo
que, fornecendo poderosos argumentos para sustentar constante de termo de adesão instituído pela Lei Comple‑
opiniões jurídicas ou servindo de base para a formação ou mentar nº 110/2001. (Data de Aprovação: Sessão Plenária
interpretação das leis, usufruem a condição de autoridade de 30/5/2007; Fonte de Publicação: DJe nº 31/2007, p. 1,
no assunto. em 6/6/2007, DJ de 6/6/2007, p. 1, DOU de 6/6/2007, p. 1)
A doutrina resulta de trabalho de pesquisas e elaboração
de estudos. Ressalte‑se que, por ser a doutrina universal, é Súmula Vinculante nº 2
possível recorrer tanto a doutrinadores brasileiros quanto a É inconstitucional a lei ou ato normativo estadual ou dis‑
estrangeiros para sua formação, sendo comum a lei incorpo‑ trital que disponha sobre sistemas de consórcios e sorteios,
rar em seu texto normas extraídas dessas doutrinas ou até inclusive bingos e loterias. (Data de Aprovação: Sessão Plená‑
mesmo contar com participação de algum doutrinador em ria de 30/5/2007; Fonte de Publicação: DJe nº 31/2007, p. 1,
sua elaboração. Como exemplo disso, temos Maria Sylvia em 6/6/2007, DJ de 6/6/2007, p. 1, DOU de 6/6/2007, p. 1)
Zanella Di Pietro, integrante da comissão de juristas que
Súmula Vinculante nº 3
elaborou o anteprojeto do qual resultou a Lei nº 9.784/1999,
Nos processos perante o Tribunal de Contas da União
que regula o processo administrativo no âmbito da Adminis‑
Noções de Direito Administrativo

asseguram‑se o contraditório e a ampla defesa quando da de‑


tração Pública Federal (Maria Sylvia Zanella Di Pietro, 21ª cisão puder resultar anulação ou revogação de ato adminis‑
edição, p. 80). trativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação
da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria,
Jurisprudência
reforma e pensão. (Data de Aprovação: Sessão Plenária de
30/5/2007; Fonte de Publicação: DJe nº 31/2007, p. 1, em
Traduz‑se na reiteração de decisões de órgãos judicantes 6/6/2007, DJ de 6/6/2007, p. 1, DOU de 6/6/2007, p. 1)
em um mesmo sentido, influenciando de forma relevante
a construção do Direito Administrativo. Mesmo não tendo Súmula Vinculante nº 4
caráter obrigatório, acaba por nortear os profissionais do Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário míni‑
Direito, bem como o cidadão, quanto à interpretação e mo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de
aplicação das leis. Cabe ressaltar que, com o advento da vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser subs‑
Súmula Vinculante (Lei nº 11.417/2006), o Supremo Tribunal tituído por decisão judicial. (Data de Aprovação: Sessão Plená‑
Federal poderá, de ofício ou por provocação, após reiteradas ria de 30/4/2008; Fonte de Publicação: DJe nº 83/2008, p. 1,
decisões sobre matéria constitucional, editar enunciado de em 9/5/2008, DOU de 9/5/2008, p. 1)

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Súmula Vinculante nº 5 Súmula Vinculante nº 13
A falta de defesa técnica por advogado no processo A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em
admi­nistrativo disciplinar não ofende a Constituição. (Data de linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau,
Aprovação: Sessão Plenária de 7/5/2008; Fonte de Publicação: inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mes‑
DJe nº 88/2008, p. 1, em 16/5/2008, DOU de 16/5/2008, p. 1) ma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou
assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de
Súmula Vinculante nº 6 confiança ou, ainda, de função gratificada na administração
Não viola a constituição o estabelecimento de remune‑ pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União,
ração inferior ao salário mínimo para as praças prestadoras dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compre‑
de serviço militar inicial. (Data de Aprovação: Sessão Plenária endido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a
de 7/5/2008; Fonte de Publicação: DJe nº 88/2008, p. 1, em Constituição Federal. (Data de Aprovação: Sessão Plenária
16/5/2008, DOU de 16/5/2008, p. 1) de 21/8/2008; Fonte de Publicação: DJe nº 162/2008, p. 1,
em 29/8/2008, DOU de 29/8/2008, p. 1)
Súmula Vinculante nº 7
A norma do § 3º do art. 192 da Constituição, revogada pela Súmula Vinculante nº 14
Emenda Constitucional nº 40/2003, que limitava a taxa de ju‑ É direito do defensor, no interesse do representado, ter
ros reais a 12% ao ano, tinha sua aplicação condicionada à edi‑ acesso amplo aos elementos de prova que, já documen‑
ção de Lei Complementar. (Data de Aprovação: Sessão Plená‑ tados em procedimento investigatório realizado por órgão
ria de 11/6/2008; Fonte de Publicação: DJe nº 112/2008, p. 1, com competência de polícia judiciária, digam respeito ao
em 20/6/2008, DOU de 20/6/2008, p. 1) exercício do direito de defesa. (Data de Aprovação: Sessão
Plenária de 2/2/2009; Fonte de Publicação: DJe nº 26/2009,
Súmula Vinculante nº 8 p. 1, em 9/2/2009, DOU de 9/2/2009, p. 1)
São inconstitucionais o parágrafo único do art.  5º
do Decreto‑Lei nº 1.569/1977 e os arts. 45 e 46 da Lei Súmula Vinculante nº 15
nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de O cálculo de gratificações e outras vantagens do servidor
crédito tributário. (Data de Aprovação: Sessão Plenária de público não incide sobre o abono utilizado para se atingir
o salário mínimo. (Data de Aprovação: Sessão Plenária de
12/6/2008; Fonte de Publicação: DJe nº 112/2008, p. 1, em
25/6/2009; Fonte de Publicação: DJe nº 121/2009, p. 1, em
20/6/2008, DOU de 20/6/2008, p. 1)
1/7/2009, DOU de 1º/7/2009, p. 1)
Súmula Vinculante nº 9
Súmula Vinculante nº 16
O disposto no art. 127 da Lei nº 7.210/1984 (Lei de Exe‑
Os art. 7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC nº 19/1998), da
cução Penal) foi recebido pela ordem constitucional vigente,
Constituição, referem‑se ao total da remuneração percebida
e não se lhe aplica o limite temporal previsto no caput do
pelo servidor público. (Data de Aprovação: Sessão Plenária
art. 58. (Data de Aprovação: Sessão Plenária de 12/6/2008; de 25/6/2009; Fonte de Publicação: DJe nº 121/2009, p. 1,
Fonte de Publicação: DJe nº 112/2008, p. 1, em 20/6/2008, em 1º/7/2009, DOU de 1º/7/2009, p. 1)
DOU de 20/6/2008, p. 1)
Súmula Vinculante nº 17
Súmula Vinculante nº 10 Durante o período previsto no § 1º do art. 100 da Consti‑
Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, art.  97) a tuição, não incidem juros de mora sobre os precatórios que
decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não nele sejam pagos. (Data de Aprovação: Sessão Plenária de
declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou 29/10/2009; Fonte de Publicação: DJe nº 210/2009, p. 1, em
ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no 10/11/2009. DOU de 10/11/2009, p. 1)
todo ou em parte. (Data de Aprovação; Sessão Plenária de
18/6/2008; Fonte de Publicação: DJe nº 117/2008, p. 1, em Súmula Vinculante nº 18
27/6/2008, DOU de 27/6/2008, p. 1) A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no
curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no
Súmula Vinculante nº 11 § 7º do art. 14 da Constituição Federal. (Data de Aprovação:
Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência Sessão Plenária de 29/10/2009; Fonte de Publicação: DJe
e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade nº 210/2009, p. 1, em 10/11/2009. DOU de 10/11/2009, p. 1)
física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros,
Noções de Direito Administrativo

justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de Súmula Vinculante nº 19


responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços pú‑
autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual blicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo
a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o art. 145, II,
Estado. (Data de Aprovação: Sessão Plenária de 13/8/2008; da Constituição Federal. (Data de Aprovação: Sessão Plenária
Fonte de Publicação: DJe nº 157/2008, p. 1, em 22/8/2008, de 29/10/2009; Fonte de Publicação: DJe nº 210/2009, p. 1,
DOU de 22/8/2008, p. 1) em 10/11/2009. DOU de 10/11/2009, p. 1)

Súmula Vinculante nº 12 Súmula Vinculante nº 20


A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públi‑ A Gratificação de Desempenho de Atividade Técnico‑Admi­
cas viola o disposto no art. 206, IV, da Constituição Federal. nistrativa – GDATA, instituída pela Lei nº 10.404/2002, deve
(Data de Aprovação: Sessão Plenária de 13/8/2008; Fonte ser deferida aos inativos nos valores correspondentes a 37,5
de Publicação: DJe nº 157/2008, p. 1, em 22/8/2008, DOU (trinta e sete vírgula cinco) pontos no período de fevereiro
de 22/8/2008, p. 1) a maio de 2002 e, nos termos do art. 5º, parágrafo único,

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da Lei nº 10.404/2002, no período de junho de 2002 até a nária de 18/12/2009. Fonte de Publicação: DJe nº 238, p. 1,
conclusão dos efeitos do último ciclo de avaliação a que se em 23/12/2009. DOU de 23/12/2009, p. 1.)
refere o art. 1º da Medida Provisória nº 198/2004, a partir da
qual passa a ser de 60 (sessenta) pontos. (Data de Aprovação: Súmula Vinculante nº 28
Sessão Plenária de 29/10/2009; Fonte de Publicação: DJe É inconstitucional a exigência de depósito prévio como
nº 210/2009, p. 1, em 10/11/2009. DOU de 10/11/2009, p. 1) requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pre‑
tenda discutir a exigibilidade de crédito tributário. (Data de
Súmula Vinculante nº 21 Aprovação: Sessão Plenária de 3/2/2010. Fonte de Publicação
É inconstitucional a exigência de depósito ou arrola- DJe nº 28, p. 1, em 17/2/2010. DOU de 17/2/2010, p. 1.)
mento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de
recurso administrativo1. (Data de Aprovação: Sessão Plenária Súmula Vinculante nº 29
de 29/10/2009; Fonte de Publicação: DJe nº 210/2009, p. 1, É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa,
em 10/11/2009. DOU de 10/11/2009, p. 1) de um ou mais elementos da base de cálculo própria de
determinado imposto, desde que não haja integral identi‑
Súmula Vinculante nº 22 dade entre uma base e outra. (Data de Aprovação: Sessão
A Justiça do Trabalho é competente para processar e Plenária de 3/2/2010. Fonte de Publicação: DJe nº 28, p. 1,
julgar as ações de indenização por danos morais e patri‑ em 17/2/2010. DOU de 17/2/2010, p. 1.)
moniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por
Súmula Vinculante nº 31
empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda
É inconstitucional a incidência do Imposto sobre
não possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando
Serviços de Qualquer Natureza – ISS sobre operações de
da promulgação da Emenda Constitucional nº  45/2004.
locação de bens móveis. (Data de Aprovação: Sessão Ple‑
(Data de Aprovação: Sessão Plenária de 2/12/2009; Fonte
nária de 4/2/2010. Fonte de Publicação: DJe nº 28, p. 1, em
de Publicação: DJe nº 232/2009, p. 1, em 11/12/2009. DOU
17/2/2010. DOU de 17/2/2010, p. 1.)
de 11/12/2009, p. 1)
Súmula Vinculante nº 32
Súmula Vinculante nº 23
O ICMS não incide sobre alienação de salvados de sinistro
A Justiça do Trabalho é competente para processar e pelas seguradoras. Data de Aprovação: Sessão Plenária de
julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício 16/2/2011. Fonte de Publicação: DJe nº 37 de 24/2/2011, p. 1.
do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada. DOU de 24/2/2011, p. 1.)
(Data de Aprovação: Sessão Plenária de 2/12/2009; Fonte
de Publicação: DJe nº 232/2009, p. 1, em 11/12/2009. DOU Súmula Vinculante nº 33
de 11/12/2009, p. 1) Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do
regime geral da previdência social sobre aposentadoria especial
Súmula Vinculante nº 24 de que trata o artigo 40, § 4º, inciso III, da Constituição Federal,
Se tipifica crime material contra a ordem tributária, até a edição de lei complementar específica. (Data de Aprovação:
previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/1990, antes Sessão Plenária de 9/4/2014. Fonte de Publicação: DJe nº 77, de
do lançamento definitivo do tributo. (Data de Aprovação: 24/4/2014, p. 1. DOU, de 24/4/2014, p. 1).
Sessão Plenária de 2/12/2009; Fonte de Publicação: DJe
nº 232/2009, p. 1, em 11/12/2009. DOU de 11/12/2009, p. 1) Súmula Vinculante nº 34
A Gratificação de Desempenho de Atividade de Segu‑
Súmula Vinculante nº 25 ridade Social e do Trabalho (gdasst), instituída pela Lei
É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que 10.483/2002, deve ser estendida aos inativos no valor cor‑
seja a modalidade do depósito. (Data de Aprovação: Sessão respondente a 60 (sessenta) pontos, desde o advento da Me‑
Plenária de 16/12/2009. Fonte de Publicação: DJe nº 238, p. 1, dida Provisória 198/2004, convertida na Lei nº 10.971/2004,
em 23/12/2009. DOU de 23/12/2009, p. 1.) quando tais inativos façam jus à paridade constitucional (ec
nº 20/1998, 41/2003 e 47/2005). (Data de Aprovação: Sessão
Súmula Vinculante nº 26 Plenária de 16/10/2014. Fonte de Publicação: dje nº 210 de
Para efeito de progressão de regime no cumprimento 24/10/2014, p. 1. dou de 24/10/2014, p. 1.)
de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da
execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Súmula Vinculante nº 35
A homologação da transação penal prevista no artigo
Noções de Direito Administrativo

Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar


se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e 76 da Lei nº 9.099/1995 não faz coisa julgada material e,
subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior,
de modo fundamentado, a realização de exame criminoló‑ possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da
gico. (Data de Aprovação: Sessão Plenária de 16/12/2009. persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou
Fonte de Publicação DJe nº 238, p. 1, em 23/12/2009. DOU requisição de inquérito policial. (Data de Aprovação: Sessão
de 23/12/2009, p. 1.) Plenária de 16/10/2014. Fonte de Publicação: dje nº 210,
de 24/10/2014, p. 1. dou de 24/10/2014, p. 1.)
Súmula Vinculante nº 27
Compete à Justiça estadual julgar causas entre con‑ Súmula Vinculante nº 36
sumidor e concessionária de serviço público de telefonia, Compete à justiça federal comum processar e julgar ci‑
quando a Anatel não seja litisconsorte passiva necessária, vil denunciado pelos crimes de falsificação e de uso de do­
assistente, nem opoente. (Data de Aprovação: Sessão Ple‑ cumento falso quando se tratar de falsificação da Caderneta
de Inscrição e Registro (cir) ou de Carteira de Habilitação
Cespe/Tribunal de Contas-RO/Procurador do Ministério Público/2010.
1 de Amador (cha), ainda que expedidas pela Marinha do

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Brasil. (Data de Aprovação: sessão Plenária de 16/10/2014. to são de competência legislativa privativa da União. (Data
Fonte de Publicação: dje nº 210, de 24/10/2014, p. 1. dou de Aprovação: Sessão Plenária de 9/4/2015).
de 24/10/2014, p. 1.
Súmula Vinculante nº 47
Súmula Vinculante nº 37 Os honorários advocatícios incluídos na condenação ou
Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legis‑ destacados do montante principal devido ao credor consubs‑
lativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o tanciam verba de natureza alimentar cuja satisfação ocorrerá
fundamento de isonomia. (Data de Aprovação: Sessão Ple‑ com a expedição de precatório ou requisição de pequeno va‑
nária de 16/10/2014. Fonte de Publicação: dje nº 210, de lor, observada ordem especial restrita aos créditos dessa na‑
24/10/2014, p. 2. dou de 24/10/2014, p. 1. tureza. (Data de Aprovação: Sessão Plenária de 27/5/2015).
Fonte de Publicação: DJe nº 104, de 2/6/2015, p. 1,
Súmula Vinculante nº 38 DOU de 2/6/2015, p. 1)
É competente o Município para fixar o horário de fun‑
cionamento de estabelecimento comercial. (Data de Apro‑ Súmula Vinculante nº 48
vação: Sessão Plenária de 11/3/2015. Fonte de Publicação: Na entrada de mercadoria importada do exterior, é legí‑
DJe nº 55 de 20/3/2015, p. 1. DOU de 20/3/2015, p. 1). tima a cobrança do ICMS por ocasião do desembaraço adu‑
aneiro. (Data de Aprovação: Sessão Plenária de 27/5/2015;
Súmula Vinculante nº 39 Fonte de Publicação: DJe nº 104, de 2/6/2015, p. 1, DOU de
Compete privativamente à União legislar sobre venci‑ 2/6/2015, p. 1)
mentos dos membros das polícias civil e militar e do Corpo
de Bombeiros Militar do Distrito Federal. (Data de Aprova‑ Súmula Vinculante nº 49
ção: Sessão Plenária de 11/3/2015. Fonte de Publicação: Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal
DJe nº 55, de 20/3/2015, p. 1. DOU de 20/3/2015, p. 1). que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do
mesmo ramo em determinada área. (Data de Aprovação:
Súmula Vinculante nº 40 Sessão Plenária de 17/6/2015; Fonte de Publicação: DJe nº
A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, 121, de 23/6/2015, p. 1, DOU de 23/6/2015, p. 1)
da Constituição Federal, só é exigível dos filiados ao sindi‑
cato respectivo. (Data de Aprovação: Sessão Plenária de Súmula Vinculante nº 50
11/3/2015. Fonte de Publicação: DJe nº 55, de 20/3/2015, Norma legal que altera o prazo de recolhimento de obriga‑
p. 1. DOU de 20/3/2015, p. 1). ção tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade. (Data
de Aprovação: Sessão Plenária de 17/6/2015; Fonte de Publica‑
Súmula Vinculante nº 41 ção: DJe nº 121, de 23/6/2015, p. 1, DOU de 23/6/2015, p. 1)
O serviço de iluminação pública não pode ser remune‑
rado mediante taxa. (Data de Aprovação: Sessão Plenária de Súmula Vinculante nº 51
11/3/2015. Fonte de Publicação: DJe nº 55, de 20/3/2015, O reajuste de 28,86%, concedido aos servidores milita‑
p. 2. DOU de 20/3/2015, p. 1). res pelas Leis nºs 8.622/1993 e 8.627/1993, estende-se aos
servidores civis do Poder Executivo, observadas as eventuais
Súmula Vinculante nº 42 compensações decorrentes dos reajustes diferenciados con‑
É inconstitucional a vinculação do reajuste de venci‑ cedidos pelos mesmos diplomas legais. (Data de Aprovação;
mentos de servidores estaduais ou municipais a índices fe‑ Sessão Plenária de 18/6/2015; Fonte de Publicação: DJe nº
derais de correção monetária. (Data de Aprovação: Sessão 121, de 23/6/2015, p, 1, DOU de 23/6/2015, p. 1)
Plenária de 11/3/2015. Fonte de Publicação: DJe nº 55, de
20/3/2015, p. 2. DOU de 20/3/2015, p. 2). Súmula Vinculante nº 52
Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao
Súmula Vinculante nº 43 IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas
É inconstitucional toda modalidade de provimento que pelo art. 150, VI, c, da Constituição Federal, desde que o valor
propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais
concurso público destinado ao seu provimento, em cargo entidades foram constituídas. (Data de Aprovação: Sessão
que não integra a carreira na qual anteriormente investido. Plenária de 18/6/2015; Fonte de Publicação: DJe nº 121, de
(Data de Aprovação: Sessão Plenária de 8/4/2015). 23/6/2015, p. 2, DOU de 23/6/2015, p. 2)
Noções de Direito Administrativo

Súmula Vinculante nº 44 Súmula Vinculante nº 53


Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a ha‑ A competência da Justiça do Trabalho prevista no art. 114,
bilitação de candidato a cargo público. (Data de Aprovação: VIII, da Constituição Federal alcança a execução de ofício das
Sessão Plenária de 8/4/2015). contribuições previdenciárias relativas ao objeto da conde‑
nação constante das sentenças que proferir e acordos por
Súmula Vinculante nº 45 ela homologados. (Data de Aprovação: Sessão Plenária de
A competência constitucional do Tribunal do Júri pre‑ 18/6/2015; Fonte de Publicação: DJe nº 121, de 23/6/2015,
valece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido p. 2, DOU de 23/6/2015, p. 2)
exclusivamente pela Constituição Estadual. (Data de Apro‑
vação: Sessão Plenária de 8/4/2015). Súmula Vinculante nº 54
A medida provisória não apreciada pelo congresso nacio‑
Súmula Vinculante nº 46 nal podia, até a Emenda Constitucional nº 32/2001, ser reedi‑
A definição dos crimes de responsabilidade e o estabe‑ tada dentro do seu prazo de eficácia de trinta dias, mantidos
lecimento das respectivas normas de processo e julgamen‑ os efeitos de lei desde a primeira edição. (Data de Aprovação:

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Sessão Plenária de 17/3/2016; Fonte de Publicação: DJe nº ATOS ADMINISTRATIVOS
54 de 28/3/2016, p. 1, DOU de 28/3/2016, p. 134.)
Introdução
Súmula Vinculante nº 55
O direito ao auxílio-alimentação não se estende aos Os atos administrativos são instrumentos por meio dos
servidores inativos. (Data de Aprovação: Sessão Plenária de quais se vale a Administração Pública para realizar a sua
17/3/2016. Fonte de Publicação: DJe nº 54 de 28/3/2016, função executiva. É por meio de atos administrativos que
p. 1. DOU de 28/3/2016, p. 134) ela se comunica com os seus administrados.
O estudo do ato administrativo parte da sua inserção na
Costumes Teoria Geral do Direito, com as distinções entre ato jurídico
e fato jurídico:
A regra é a legalidade, mas diante de situações em que
não exista norma jurídica para reger o caso concreto, o cos‑ Fato Jurídico É um acontecimento material involuntário
tume poderia ainda exercer influência. O costume não pode (pode ser ordinário: nascimento, morte, ou
ser acolhido se e quando contrário à lei, porém pode ser extraordinário: caso fortuito, força maior),
utilizado ante a sua omissão, como ocorre com a Analogia e que produz efeitos no mundo jurídico.
com os Princípios Gerais do Direito (art. 4º da LICC). Ato Jurídico É uma manifestação de vontade destinada
O costume pode ser admitido como fonte do Direito, a produzir efeitos jurídicos.
mas seu uso é restritivo. Somente na ausência de norma
escrita é que poderia ser admitido. No caso de divergência Essa distinção é transplantada para o Direito Adminis‑
entre normas costumeiras e a norma positivada, sempre trativo, colocando‑se, de um lado, o ato administrativo e,
prevalecerá esta última. do outro, o fato administrativo:
O costume acaba por funcionar como elemento informa‑
tivo da doutrina e, por conseguinte, da própria elaboração Fato Administrativo É o acontecimento material da Admi‑
da lei, não ganha muito espaço no Direito Administrativo por nistração, que produz consequências
prevalecer o princípio da legalidade, restando‑lhe apenas a jurídicas. No entanto, não traduz uma
condição de resumir‑se a mera praxe administrativa. manifestação de vontade voltada
para produção dessas consequências,
Outras fontes secundárias do Direito Administrativo na verdade tem sentido de ativida‑
de material no exercício da função
Regulamentos administrativos: Os regulamentos são administrativa, visando ao efeito de
atos administrativos, postos em vigência por Decreto, para ordem prática, como, por exemplo,
especificar os mandamentos da lei ou prover situações a construção de uma obra pública,
ainda não disciplinadas. Desta conceituação ressaltam os a desapropriação de bens privados,
caracteres marcantes do regulamento: é ato administrativo a apreensão de mercadorias.
Acrescente-se ainda que até fenô‑
(e não legislativo); ato explicativo ou supletivo da lei; ato hie‑
menos naturais, quando repercutem
rarquicamente inferior à lei; ato de eficácia externa. Existem
na esfera administrativa, constituem
leis que dependem de regulamento para serem executadas; fatos administrativos, como é o
outras, porém, que são autoexecutáveis. Qualquer delas caso, por exemplo, de um raio que
entretanto, pode ser regulamentada, com a só diferença de destrói um bem público ou de uma
que nas primeiras o regulamento é condição de sua aplicação, enchente que inutiliza equipamen‑
e nas segundas é ato facultativo do Executivo. tos pertencentes ao serviço público.
Por outro lado, se o fato administra‑
Estatutos: normalmente regulam relações juridicas de tivo não produz qualquer efeito jurí‑
determinadas pessoas com o Estado. dico no Direito Administrativo, ele é
chamado de fato da Administração.
Regimentos: atos internos referentes à organização de
órgãos colegiados. Podem existir nos três Poderes, em qual‑ Diferentemente do fato administrativo, o ato adminis‑
quer das pessoas políticas, e nas entidades da administração trativo caracteriza‑se como uma manifestação unilateral da
descentralizada. Administração, preordenada à produção de efeitos jurídicos,
Noções de Direito Administrativo

sendo o conceito mais usual o de Meirelles (2005, p. 149):


Instruções: atos normativos ou ordinatórios destinados
à orientação da própria Administração e subordinados hie‑ Conceito de Ato Administrativo – É a manifestação unilate‑
rárquicos, no cumprimento de lei ou outra norma jurídica e ral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa
ao desempenho das atribuições funcionais. qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar,
transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor
obrigação aos administrados ou a si própria.
Tratados internacionais: Tratado é todo acordo formal
e escrito, celebrado entre Estados e/ou organizações inter‑
nacionais, que busca produzir efeitos numa ordem jurídica Quando se diz que um ato administrativo é a manifesta‑
de direito internacional. No Brasil, os tratados e convenções ção unilateral de vontade da administração, diz‑se que ela
internacionais que versem sobre direitos humanos que está fazendo uso de suas prerrogativas de Poder Público,
forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, agindo com o poder de império de que dispõe em relação ao
em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos particular. Esse ponto é o que distingue o ato administrativo
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. do ato de direito privado praticado pela Administração.

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O ato de direito privado (Civil ou Comercial) praticado Estudaremos pormenorizadamente os cinco elementos
pela Administração não dá a ela a prerrogativa de superiori‑ ou requisitos apontados pela doutrina dominante.
dade em relação ao particular; ela se nivela com ele, abrindo
mão de sua supremacia de poder. Ocorre, por exemplo, A Competência
quando ela emite um cheque ou assina uma escritura pública
de compra e venda, sujeitando em tudo às normas do Direito É o poder que a lei outorga ao agente público para de‑
Privado, inclusive às regras que antecedem o negócio jurídico sempenho de suas funções. Constitui o primeiro requisito
almejado, tais como a autorização legislativa, avaliação, de validade do ato administrativo. Inicialmente, é necessário
licitação, entre outras. Por essa razão, a Administração não verificar se a lei atribuiu aquela competência para o agente.
pode alterar, revogar, anular, nem rescindir, unilateralmente, Não basta que o sujeito tenha capacidade, é necessário que
os  atos de direito privado; dependerá sempre da concor‑ tenha competência. A competência decorre sempre de lei.
dância da outra parte ou da via judicial cabível, que, neste Sendo um requisito de ordem pública, tem duas caracterís‑
caso, será o único privilégio que ainda lhe resta. As ações ticas básicas: é intransferível (não se transfere a outro órgão
correspondentes devem ser propostas no juízo privativo da por acordo entre as partes; fixada por lei deve ser rigida‑
Administração interessada, ou seja, o foro eleito para dirimir mente observada) e improrrogável (não se transmuda, ou
conflitos deverá ser sempre o da Administração. seja, um órgão que não é competente não poderá vir a sê‑lo
A prática de atos administrativos cabe normalmente superveniente). Entretanto, pode haver a delegação (atribuir
aos órgãos executivos, mas as autoridades judiciárias e as a outrem uma competência tida como própria) e a avocação
Mesas legislativas também os praticam quando, por exem‑ (chamar para si competência atribuída a subordinado) de
plo, ordenam seus serviços, dispõem sobre seus servidores competências, sendo, em regra, esses institutos resultantes
ou expedem instruções sobre matéria de sua competência da hierarquia. Nesse sentido, a competência administrativa,
privativa; sujeitos, portanto, a toda disciplina dos atos admi‑ sendo requisito de ordem pública, é intransferível e impror-
nistrativos praticados pela Administração Pública (requisitos, rogável pela vontade dos interessados. Pode, entretanto,
atributos, extinção etc.). ser delegada e avocada, desde que o permitam as normas
reguladoras da Administração4.
Elementos ou Requisitos do Ato Administrativo
Para Di Pietro (2008), a regra é a possibilidade de dele‑
Parte da doutrina emprega a expressão “elementos”; gação; a exceção é a impossibilidade, que só ocorre quando
outra parte, prefere utilizar a expressão “requisitos”. De uma se trata de competência outorgada com exclusividade a
forma ou de outra, o importante é sabermos que todos são determinado órgão. A autora cita os arts. 11, 12, 13 e 15 da
pressupostos necessários para a existência e validade de Lei nº 9.784/1999 para corroborar sua afirmação:
todo e qualquer ato administrativo.
A doutrina dominante aponta cinco elementos ou Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce
requisitos dos atos administrativos: competência, forma, pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como
finalidade, motivo e objeto2. Porém Celso Antônio Bandeira própria, salvo os casos de delegação e avocação
de Melo acrescenta outro, a causa. legalmente admitidos.
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular pode‑
Competência – Forma – Finalidade rão, se não houver impedimento legal, delegar parte
da sua competência a outros órgãos ou titulares,
São elementos ou requisitos sempre vinculados em ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente
qualquer ato administrativo, mesmo naqueles chamados subordinados, quando for conveniente, em razão de
discricionários3. Em relação a eles, a lei não oferece qualquer circunstâncias de índole técnica, social, econômica,
margem para a apreciação do Administrador, que está preso jurídica ou territorial.
ao seu conteúdo legal. Parágrafo único. O  disposto no caput deste artigo
Equivalem aos requisitos de validade do ato jurídico, no aplica-se à delegação de competência dos órgãos
Direito Civil: colegiados aos respectivos presidentes.
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer I – a edição de atos de caráter normativo;
agente capaz, objeto lícito possível, determinado ou II – a decisão de recursos administrativos;
determinável e forma prescrita ou não defesa em lei. III – as matérias de competência exclusiva do órgão
ou autoridade.
Motivo – Objeto
Noções de Direito Administrativo

Cabe ressaltar que o ato de delegação e a sua revogação


Esses requisitos podem vir predeterminados rigorosa‑ deverão ser publicados em meio oficial, conforme estabele‑
mente na lei ou não. Quando estão, ocorre o ato vinculado. cido no art. 14 do diploma em comento:
Quando, diferentemente, a lei confere uma margem de
liberdade ao Administrador no que tange a esses elementos, Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão
estamos diante do que chamamos de ato discricionário. ser publicados no meio oficial.
§  1º O ato de delegação especificará as matérias
Causa e poderes transferidos, os  limites da atuação do
delegado, a duração e os objetivos da delegação e o
É a relação de adequação entre o motivo e o conteúdo recurso cabível, podendo conter ressalva de exercício
do ato, em função da finalidade. da atribuição delegada.
§ 2º O ato de delegação é revogável a qualquer tempo
2
Fepese/Conselho Regional de Contabilidade de Santa Catarina/Fiscal/Auxiliar pela autoridade delegante.
Administrativo/2010.
3
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área
Administrativa/2010. FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área Administrativa/2010.
4

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§ 3º As decisões adotadas por delegação devem mencio‑ Por fim, observe o que o Decreto-Lei nº 200, de 25 de
nar explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão fevereiro de 1967, estabelece sobre a delegação de com‑
editadas pelo delegado. petência:
Art.  15. Será permitida, em caráter excepcional e
por motivos relevantes devidamente justificados, Art. 11. A delegação de competência será utilizada
a avocação temporária de competência atribuída a como instrumento de descentralização administra‑
órgão hierarquicamente inferior. tiva, com o objetivo de assegurar maior rapidez e
objetividade às decisões, situando-as na proximidade
Outros exemplos de modificação de competência dos fatos, pessoas ou problemas a atender.
Art.  12. É  facultado ao Presidente da República,
A delegação pode ser apreciada no art. 84, incisos VI, aos Ministros de Estado e, em geral, às autoridades
XII e XXV, da Constituição Federal, conforme disposto no da Administração Federal delegar competência para a
parágrafo único do texto constitucional. prática de atos administrativos, conforme se dispuser
em regulamento.
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da Parágrafo único. O ato de delegação indicará com pre‑
República: cisão a autoridade delegante, a autoridade delegada
[...] e as atribuições objeto de delegação.
VI – dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração Regulamentando os arts. 11 e 12 do Decreto-Lei nº 200,
federal, quando não implicar aumento de despesa de 25 de fevereiro de 1967, referente à delegação de com‑
nem criação ou extinção de órgãos públicos; petência, temos o Decreto nº 83.937, de 6 de setembro de
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando 1979, que assim dispõe:
vagos;
[...] Art.  1º A delegação de competência prevista nos
XII – conceder indulto e comutar penas, com audi‑ artigos 11 e 12 do Decreto-Lei nº 200, de 25 de fe‑
ência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; vereiro de 1967, terá por objetivo acelerar a decisão
[...] dos assuntos de interesse público ou da própria
XXV – prover e extinguir os cargos públicos federais, administração.
na forma da lei; Art.  2º O ato de delegação, que será expedido a
Parágrafo único. O Presidente da República poderá critério da autoridade delegante, indicará a autori‑
delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, dade delegada, as atribuições objeto da delegação
XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, e, quando for o caso, o prazo de Vigência, que, na
ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado‑ omissão, ter-se-á por indeterminado.
-Geral da União, que observarão os limites traçados Parágrafo único. A  delegação de competência não
nas respectivas delegações. envolve a perda, pelo delegante, dos corresponden‑
tes poderes, sendo-lhe facultado, quando entender
Como o parágrafo único só menciona esses três incisos, conveniente, exercê-los mediante avocação do caso,
sem prejuízo da validade da delegação.
pressupõe que os demais sejam indelegáveis.
Art. 3º A delegação poderá ser feita a autoridade não
Outro exemplo de delegação de competência está no
diretamente subordinada ao delegante.
art. 93, inciso XIV, da Constituição Federal, que assim estabelece:
Art. 4º A mudança do titular do cargo não acarreta a
cessação da delegação.
XIV  – os servidores receberão delegação para a Art.  5º Quando conveniente ao interesse da Ad‑
prática de atos de administração e atos de mero ministração, as  competências objeto de delegação
expediente sem caráter decisório. poderão ser incorporadas, em caráter permanente,
aos  regimentos ou normas internas dos órgãos e
Também temos modificação de competência no art. 103-B, entidades interessados.
§ 4º, inciso III, da Constituição, que admitiu a possibilidade Art. 6º O ato de delegar pressupõe a autoridade para
de avocação pelo Conselho Nacional de Justiça de proces‑ subdelegar, ficando revogadas as disposições em
sos disciplinares em curso instaurados contra membros do contrário constantes de decretos, regulamentos ou
Poder Judiciário: atos normativos em vigor no âmbito da Administra‑
ção Direta e Indireta.
§  4º Compete ao Conselho o controle da atuação Art. 7º Cabe ao Ministro Extraordinário para a Des‑
administrativa e financeira do Poder Judiciário e burocratização orientar e acompanhar as medidas
Noções de Direito Administrativo

do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, constantes deste Decreto, assim como dirimir as
cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe dúvidas suscitadas em sua execução.
forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
[...] Vícios Relativos ao Sujeito
III – receber e conhecer das reclamações contra mem‑
bros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra Partindo-se do pressuposto de que não basta que o
seus serviços auxiliares, serventias e órgãos presta‑ agente tenha capacidade e que é necessário que tenha
dores de serviços notariais e de registro que atuem competência, têm-se duas categorias de vícios: o de incom‑
por delegação do poder público ou oficializados, sem petência e o de incapacidade.
prejuízo da competência disciplinar e correicional dos O vício de incompetência está previsto no art. 2º, pará‑
tribunais, podendo avocar processos disciplinares em grafo único, a, da Lei nº 4.717/1965:
curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou
a aposentadoria com subsídios ou proventos propor‑ A incompetência fica caracterizada quando o ato
cionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções não se incluir nas atribuições legais do agente que
administrativas, assegurada ampla defesa; o praticou.

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Visto que a competência vem sempre definida em lei, O  art.  18 da Lei prevê expressamente aqueles que estão
será nulo o ato praticado por quem não seja detentor ou impedidos de atuar no processo:
pratique o ato exorbitando o uso dessas atribuições.
Os principais vícios quanto à competência são: Art. 18. É impedido de atuar em processo adminis‑
• Usurpação de função: ocorre quando a pessoa que trativo o servidor ou autoridade que:
pratica o ato não foi investida no cargo, emprego ou I – tenha interesse direto ou indireto na matéria;
função, ou seja, ela se apossa, por conta própria, II  – tenha participado ou venha a participar como
do exercício das atribuições de agente público, sem perito, testemunha ou representante, ou se tais
situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro
ter essa qualidade. O ato é considerado inexistente.
ou parente e afins até o terceiro grau;
É tipificado como crime no art. 328, CP.
III – esteja litigando judicial ou administrativamente
com o interessado ou respectivo cônjuge ou com‑
Usurpação de função pública panheiro.
Art. 328. Usurpar o exercício de função pública: Art.  19. A  autoridade ou servidor que incorrer em
Pena – detenção, de três meses a dois anos, e multa. impedimento deve comunicar o fato à autoridade
Parágrafo único. Se do fato o agente aufere vantagem: competente, abstendo-se de atuar.
Pena – reclusão, de dois a cinco anos, e multa. Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar
o impedimento constitui falta grave, para efeitos
• Função de fato: ocorre quando a pessoa que pratica o disciplinares.
ato está irregularmente investida no cargo, emprego
ou função, mas tem toda aparência de legalidade. Um Já a suspeição gera a presunção relativa de incapacidade,
exemplo claro ocorre quando um chefe substituto razão pela qual o vício fica sanado se não for arguido pelo
exerce funções além do prazo fixado. interessado no momento oportuno. O art. 20 também dispõe
• Excesso de poder: ocorre quando o agente ultrapassa expressamente sobre quem poderá ser arguida a suspeição:
os limites de sua competência, comete um plus. Ex.:
Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de autoridade
quando a autoridade policial excede no uso da força.
ou servidor que tenha amizade íntima ou inimizade
notória com algum dos interessados ou com os res‑
O excesso de poder constitui juntamente com o desvio de pectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins
poder ou desvio de finalidade espécies de abuso de poder. até o terceiro grau.
Tanto o excesso de poder como o desvio de finalidade
podem configurar crime de abuso de autoridade (art. 4º da A Forma
Lei nº 4.898/1965).
É o meio pelo qual se exterioriza o ato. Em regra,
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: exige‑se a forma escrita para a sua prática. Excepcional‑
[...] mente, admitem‑se as ordens verbais, gestos, apitos, sinais
h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa luminosos (como são feitos no trânsito)5.
natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou A forma como requisito de existência e validade do ato
desvio de poder ou sem competência legal. administrativo, se estabelecida em lei e não observada,
gera sua nulidade. Assim, sempre que a lei expressamente
Além dos vícios de incompetência, existem os de incapa‑ exigir determinada forma para que um ato administrativo
cidade, previstos no Código Civil, arts. 3º e 4º, e os previstos seja considerado válido, a inobservância dessa exigência
na Lei nº 9.784/1999, arts. 18 e 20. acarretará a nulidade do ato6.
A exigência da observância da forma é garantia dos ad‑
Art.  3º São absolutamente incapazes de exercer ministrados contra a arbitrariedade e fator de estabilidade
pessoalmente os atos da vida civil: e segurança nas relações jurídicas. Nesse sentido, temos
I – os menores de dezesseis anos; o disposto no inciso VIII, parágrafo único, art.  2º, da Lei
nº 9.784/1999, que assim estabelece:
II – os que, por enfermidade ou deficiência mental,
não tiverem o necessário discernimento para a prá‑
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão
tica desses atos; observados, entre outros, os critérios de:
III – os que, mesmo por causa transitória, não pude‑ [...]
rem exprimir sua vontade. VIII  – observância das formalidades essenciais à
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos, garantia dos direitos dos administrados;
ou à maneira de os exercer:
I – os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; Visando à proteção dos direitos dos administrados e
Noções de Direito Administrativo

II – os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os ao melhor cumprimento dos fins da Administração, a Lei
que, por deficiência mental, tenham o discernimento nº 9.784/1999 estabeleceu em seu art. 22:
reduzido;
III – os excepcionais, sem desenvolvimento mental Os atos do processo administrativo não dependem
completo; de forma determinada senão quando a lei expressa‑
IV – os pródigos. mente a exigir.
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regu‑
lada por legislação especial. Se o Administrador puder escolher a forma, haverá dis‑
cricionariedade, porém, em alguns casos, a forma escrita é
No que se refere aos vícios de incapacidade previstos particularizada e exige‑se um determinado tipo de forma
na Lei nº 9.784/1999, temos o impedimento e a suspeição. escrita para que o ato seja válido. Ocorre, por exemplo, no
O impedimento gera a presunção absoluta de incapaci‑ decreto de expropriação. O decreto é uma das formas que
dade, razão pela qual o agente público fica proibido de atuar
no processo, devendo obrigatoriamente comunicar o fato à 5
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto
– I/2010.
autoridade competente, sob pena de ser responsabilizado. 6
Cespe/TCU/AUFC/2010.

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deve revestir o ato do Chefe do Poder Executivo que declara A grande dificuldade com relação ao desvio de finalidade
a expropriação (a outra é a lei); qualquer outra forma tornará é a sua comprovação, pois o agente não declara sua verda‑
o ato nulo. deira intenção; ele procura ocultá-la para produzir enganosa
impressão de que o ato é legal. Por isso mesmo, o desvio
Vícios Relativos à Forma de finalidade comprova-se por meio de indícios, como, por
exemplo, a falta de motivo ou a discordância dos motivos
Como garantia do princípio da legalidade e da segurança com o ato praticado.
jurídica, a forma deve ser rigorosamente respeitada. Caso
não seja observada, estaremos diante de um ato ilegal, O Motivo
portanto nulo.
O vício de forma está previsto no art. 2º, parágrafo único,
São as razões de fato e de direito que levam à prática
b, da Lei nº 4.717/1965:
do ato. Pressuposto de fato corresponde ao conjunto de
O vício de forma consiste na omissão ou na obser‑ circunstâncias, de acontecimentos, de situações que levam
vância incompleta ou irregular de formalidades indis‑ a Administração a praticar o ato; o pressuposto de direito
pensáveis à existência ou seriedade do ato. é o dispositivo legal em que se baseia o ato. Em alguns
casos, esses motivos já estão traçados na lei, sem margem
A Finalidade de liberdade para o Administrador. Nesses casos, temos o
motivo vinculado. Em outros, a lei permite ao Administra‑
O ato deve alcançar a finalidade expressa ou implicita‑ dor certa margem de liberdade, sendo assim seu motivo é
mente prevista na norma que atribui competência ao agente discricionário.
para a sua prática, sendo o resultado que se busca alcançar Adquire relevância o aspecto de vinculação aos motivos
com a prática do ato. O Administrador não pode fugir da a partir da presunção de legitimidade, em que o particular
finalidade que a lei imprimiu ao ato, sob pena de nulidade interessado em invalidar o ato é que tem o ônus de provar
por desvio de finalidade7. a sua ilegalidade. É justamente a partir da demonstração da
Dessa forma, podemos falar em finalidade ou fim em inexistência dos motivos declinados para a prática do ato
dois sentidos diferentes: que se poderá conseguir a sua invalidação.
• Em sentido amplo: a finalidade sempre corresponde à A efetiva existência do motivo é sempre um requisito
consecução de um resultado de interesse público, ou para a validade do ato. Se o Administrador invoca deter‑
seja, o ato administrativo tem que ter sempre finali‑ minados motivos, a validade do ato fica subordinada à
dade pública. efetiva existência desses motivos invocados para a sua
• Em sentido estrito: a finalidade é o resultado específico prática. É a teoria dos motivos determinantes8. Em outras
que cada ato deve produzir, conforme definido na lei, palavras, se a Administração motiva o ato mesmo que a
ou seja, a finalidade do ato administrativo é sempre a lei não exija sua motivação, ele só será válido se os motivos
que decorre explícita ou implicitamente da lei. forem verdadeiros.
A finalidade não se confunde com nenhum outro Ressalte-se que motivo não se confunde com moti‑
elemento. Enquanto o objeto é o efeito jurídico ime‑ vação. O motivo é um fato, um dado real e objetivo que
diato que o ato produz (adquirir, transferir, extinguir), autoriza ou impõe a prática do ato9.
a finalidade é o efeito mediato (indireto). Já a motivação é a exposição dos motivos, ou seja, é a
Distingue do motivo, porque este antecede a prática do demonstração, por escrito, de que os pressupostos de fato
ato, correspondendo aos fatos, às circunstâncias, que
realmente existiram. O ato sem motivo é nulo; o ato sem
levaram a Administração a praticar o ato. Já a finalidade
motivação só será nulo se está for obrigatória10.
sucede a prática do ato, porque é justamente o que a
Administração quer alcançar com a sua edição. A Lei nº 9.784/1999, elevando a motivação à categoria
Tanto o motivo como a finalidade contribuem para a de princípio a ser obedecido pela Administração Pública
formação de vontade da Administração que diante de (art. 2º), tornou-a obrigatória:
certa situação de fato ou de direito (motivo) a autori‑
dade (sujeito competente) pratica certo ato (objeto) Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre
para alcançar determinado resultado (finalidade). outros, aos princípios da legalidade, finalidade, mo‑
tivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralida‑
Vícios Relativos à Finalidade de, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica,
interesse público e eficiência.
Visto que a finalidade pode ter duplo sentido (amplo
Noções de Direito Administrativo

e estrito), pode-se dizer que ocorre o desvio de finalidade E ainda foi mais além, determinou, em seu art. 50, quais
quando o agente pratica o ato com inobservância do interes‑ os atos administrativos que devem ser motivados.
se público ou com objetivo diverso daquele previsto explícita
ou implicitamente na lei. Art.  50. Os  atos administrativos deverão ser moti‑
Está previsto no art. 2º, parágrafo único, e, da Lei vados, com indicação dos fatos e dos fundamentos
nº 4.717/1965: jurídicos, quando:
I – neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
O desvio de finalidade se verifica quando o agente II  – imponham ou agravem deveres, encargos ou
pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, sanções;
explícita ou implicitamente, na regra de competência.
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário
7 8
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto
– Apoio Especializado – Medicina, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Tec‑ – I/2010.
nologia da Informação, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Fisioterapia, 9
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-MS/Técnico Judiciário/Área Adminis‑
Analista Judiciário – Apoio Especializado – Estatística, Analista Judiciário – Apoio trativa/2013.
Especializado – Medicina do Trabalho, Analista Judiciário – Apoio Especializado 10
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-MS/Técnico Judiciário/Área Adminis‑
– Enfermagem, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Psicologia/2010. trativa/2013.

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III – decidam processos administrativos de concurso O Objeto
ou seleção pública;
IV  – dispensem ou declarem a inexigibilidade de É o conteúdo do ato, ou seja, é o que ele prescreve ou dis‑
processo licitatório; põe. Nota-se que, neste requisito, a Administração manifesta
V – decidam recursos administrativos; seu poder e sua vontade ou atesta simplesmente situações
VI – decorram de reexame de ofício; preexistentes. Ele só existe quando produz efeito jurídico,
VII – deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre ou seja, quando em decorrência dele, nasce, extingue-se,
a questão ou discrepem de pareceres, laudos, pro‑ transforma-se um determinado direito. No chamado ato
postas e relatórios oficiais; vin­culado, o objeto já está predeterminado na lei (ex.: apo‑
VIII – importem anulação, revogação, suspensão ou sentadoria do servidor). Nos chamados atos discricionários,
convalidação de ato administrativo. há uma margem de liberdade do Administrador para pre‑
encher o conteúdo do ato (ex.: desapropriação – cabe ao
A Constituição Federal também vinculou as suas decisões Administrador escolher o bem, de acordo com os interesses
à regra da motivação: da Administração), por isso, o objeto pode ser discricionário.
Considerando-se constituir o ato administrativo em espé‑
Art. 93, IX, da CF: Todos os julgamentos dos órgãos cie do gênero ato jurídico, seu objeto também deve ser lícito
do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas (conforme a lei e a moral), possível (realizável no mundo dos
todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo fatos e do direito), determinado (quando o ato enuncia seu
a lei limitar a presença, em determinados atos, objeto de modo certo, definindo, por exemplo, seus destina‑
às próprias partes e a seus advogados, ou somente tários, seus efeitos etc.) ou pelo menos determinável (quando
a estes, em casos nos quais a preservação do direito adotar algum critério a ser observado subsequentemente,
à intimidade do interessado no sigilo não prejudique por exemplo: uma condição).
o interesse público à informação; O objeto do ato administrativo, como no direito privado,
também pode ser natural ou acidental. O objeto natural é
Art. 93, X, da CF: As decisões administrativas dos tri‑
o efeito que o ato produz, sem necessidade de expressa
bunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as
menção. Ele decorre da própria natureza do ato, tal como
disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta
definido na lei.
de seus membros;
Já o objeto acidental é o efeito jurídico que o ato produz
Entretanto, sabemos que em determinados casos a mo‑ em decorrência de cláusulas acessórias apostas ao ato pelo
tivação pode ser dispensada (art. 37, II, da CF, por exemplo), sujeito que o pratica, trazendo alguma alteração no objeto
restando então como exceções a esse princípio quando a lei natural. Refere-se ao termo, ao encargo ou modo e à condição:
assim a dispensar ou quando a natureza do ato for com ela • Pelo termo, indica-se o dia em que inicia ou termina a
incompatível. eficácia do ato.
• O modo ou encargo é um ônus imposto ao destinatário
Art.  37. A  administração pública direta e indireta do ato.
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, • A condição é a cláusula que subordina a eficácia do ato
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos a evento futuro e incerto. Pode ser suspensiva (quan‑
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, do suspende o início da eficácia do ato) ou resolutiva
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (quando verificada, faz cessar a produção de efeitos
[...] jurídicos do ato).
II  – a investidura em cargo ou emprego público
de­pende de aprovação prévia em concurso público Vícios Relativos ao Objeto
de provas ou de provas e títulos, de acordo com a
natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na São nulos os atos administrativos de conteúdo ou objeto
forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para ilícito, não sendo possível, portanto, sua convalidação11.
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação A ilicitude do objeto se configura quando ele está em
e exoneração; desacordo com as normas jurídicas pertinentes ou então
quando não corresponde ao interesse público que motivou
Vícios Relativos ao Motivo a declaração de vontade, motivo este que, se ilícito ou ine‑
xistente, comunicará o defeito à finalidade.
Para o ato administrativo, a inexistência de um motivo O vício relativo ao objeto está previsto no art. 2º, pará‑
atribuível à Administração ao cuidar do interesse público grafo único, c, da Lei nº 4.717/1965:
Noções de Direito Administrativo

configura vício insanável, pela inexistência exatamente de


interesse público que determine sua finalidade. Para alguns A ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado
doutrinadores, como Di Pietro (2008), além da hipótese de do ato importa em violação de lei, regulamento ou
inexistência, existe a falsidade do motivo, que da mesma for‑ outro ato normativo.
ma torna o ato nulo. A autora cita como exemplo o seguinte
caso: se a Administração pune um funcionário (servidor), mas O conceito acima não abrange todas as hipóteses possí‑
este não praticou qualquer infração, o motivo é inexistente, veis, pois, como visto acima, o objeto do ato administrativo
porém, se ele praticou infração diversa, o motivo é falso. corresponde ao do ato jurídico. Assim, haverá vício quando
O vício relativo ao motivo está previsto no art. 2º, pará‑ a declaração sobre o objeto for ilícita ou imoral, impossível,
grafo único, d, da Lei nº 4.717/1965: indeterminada ou indeterminável.
Obs.: Motivo e Objeto, nos chamados atos discricionários,
A inexistência dos motivos se verifica quando a ma‑ caracterizam o que denominamos de Mérito Administrativo.
téria de fato ou de direito, em que se fundamenta o
ato, é materialmente inexistente ou juridicamente
inadequada ao resultado obtido. Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto – II/2010.
11

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Mérito Administrativo XXXIV – são a todos assegurados, independentemen‑
te do pagamento de taxas:
Corresponde à esfera de discricionariedade reservada a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa
ao Administrador, ou seja, o mérito administrativo parte da de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder.
análise da valoração dos motivos e da escolha do objeto,
quando a Administração encontra-se devidamente autori‑ Decorridos o “prazo legal” e o “razoável”, caso o adminis‑
zada a decidir sobre a conveniência e a oportunidade do trado não obtenha êxito na via administrativa, não restará
ato administrativo. alternativa senão recorrer à via judicial adequada (mandado
Não pode o Poder Judiciário pretender substituir a dis‑ de segurança, mandado de injunção etc.).
cricionariedade do administrador pela discricionariedade Por fim, cabe ressaltar que, dependendo da natureza
do Juiz, pois a ele é vedado adentrar nesta área. Pode, no do silêncio ou omissão, o administrador omisso poderá ser
entanto, examinar os motivos invocados pelo Administrador responsabilizado administrativa, civil e penalmente.
para verificar se eles efetivamente existem. Ao Poder Judici‑
ário somente é facultado discutir a respeito da competência, Atributos e/ou Privilégios dos Atos Administrativos
da finalidade e da forma.
A palavra atributo significa qualidade própria, que, neste
O Silêncio no Direito Administrativo e seus Efeitos caso, são aquelas outorgadas pelo ordenamento jurídico ao
ato administrativo, como decorrência do princípio da supre‑
No direito privado, a aplicação normativa sobre o silêncio macia do interesse público sobre o privado.
encontra solução no art. 111 do Código Civil. De acordo com Essas qualidades não se apresentam em todos os atos
esse dispositivo, o silêncio, como regra, importa consen‑ administrativos, mas somente naqueles regidos pelo Direito
timento tácito, considerando os usos ou as circunstâncias Público e que tenham por finalidade condicionar ou restringir
normais. Só não valerá como anuência se a lei declarar a situação jurídica dos administrados ou impor obrigações.
indispensável a manifestação expressa.
Presunção de Legitimidade
Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as
circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for A presunção de legitimidade diz respeito à conformidade
necessária a declaração de vontade expressa. do ato com a lei. Decorre do princípio da legalidade, sendo,
portanto, legais e verdadeiros os fatos alegados (presunção
No Direito Administrativo, o silêncio administrativo não de veracidade). Essa presunção, porém, é relativa (juris tan-
constitui ato administrativo, eis que inexiste manifestação tum), pois cabe prova em contrário. É a inversão do ônus da
formal de vontade. É sim mero fato administrativo, o que não prova, cabendo ao particular demonstrar tal irregularidade.
impede a produção de efeitos no mundo jurídico. Ex.: Execução de Dívida Ativa – cabe ao particular o ônus de
Nesse sentido, é o ensinamento de Meirelles (2005, p. 114): provar que não deve ou que o valor está errado.
Um ato emanado do administrador goza de presunção
A omissão da Administração pode representar apro‑ de legitimidade, independentemente de lei que expresse
vação ou rejeição da pretensão do administrado, tudo atributo.12
dependendo do que dispuser a norma pertinente. Presume-se que os atos administrativos são legítimos,
visando assegurar a eficiência e a segurança nas atividades
Ocorre que a Administração pode ser omissa e não fazer do Poder Público, autorizando a execução imediata ou ope‑
qualquer referência sobre o efeito que produza tal silêncio. ratividade dos atos administrativos, ainda que haja arguição
Cumpre então distinguir, de um lado, a hipótese em que a de vício.
lei aponta a consequência da omissão e, de outro, aquela Em todo e qualquer ato administrativo pode-se observar
em que a lei não aponta quais os efeitos que decorrem de a presença da presunção de legitimidade13.
sua omissão. O ato administrativo ilegal praticado por agente adminis-
No primeiro caso, a lei pode indicar dois efeitos: trativo corrupto produz efeitos normalmente, pois traz em si
• o silêncio importa manifestação positiva (anuência o atributo da presunção, ainda que relativa, de legitimidade.14
tácita); ou A presunção de legitimidade é conferida ao ato até o
• o silêncio importa manifestação negativa (denegatória). momento em que for declarada sua nulidade.
Não obstante os atos administrativos gozarem desta presun‑
Quando o efeito retrata manifestação positiva, conside‑ ção, faz-se necessário que a Administração motive (indicação
ra‑se que a Administração pretendeu emitir vontade com dos pressupostos de fato e de direito que ensejaram a prática
caráter de anuência, de modo que o interessado decerto terá do ato) sempre o ato, para fins de controle de legalidade.
sua pretensão satisfeita. Por outro lado, quando a Adminis‑
Noções de Direito Administrativo

Autoexe­cutoriedade
tração emite manifestação com efeito denegatório, deve‑se
entender que ela contrariou o interesse do administrado,
É atributo do ato administrativo, entre outros, a
o que o habilita a postular a invalidação do ato, se julgar que
autoexecutoriedade.15
tem vício de legalidade.
É a possibilidade que tem a Administração de, por seus
No segundo caso, é o mais comum, a omissão pode
próprios meios, exigir o cumprimento das obrigações impostas
ocorrer também de duas maneiras:
aos administrados, independentemente de ordem judicial.
• com a ausência de manifestação volitiva no prazo
Não se confunde executoriedade com exigibilidade, pois
fixado na lei; ou
aquela é a possibilidade de exigir o cumprimento do ato,
• com a demora excessiva na prática do ato quando a lei independentemente da via judicial, enquanto exigibilidade
não estabeleceu prazo (considera‑se excessiva aquela pode ser feita por Ação Judicial ou não.
que foge dos padrões de razoabilidade).
12
Cespe/AE ES/Seger-ES/Administração/2013.
Nas duas situações o interessado faz jus a uma definição 13
FCC/Procuradoria Geral do Estado do Amazonas/Procurador do Estado de 3ª
por parte da Administração, valendo‑se, inclusive, do direito Classe/2010.
14
Cespe/TRE-MS/Analista Judiciário/Área Administrativa/2013.
de petição (art. 5º, XXXIV, da CF). 15
FCC/TRE-Acre/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2010.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Nos atos em que se vai envolver o patrimônio do admi‑ pago pelo administrado exige que a Administração promova
nistrado (cobrança de uma multa, por exemplo), a Adminis‑ a competente execução fiscal.
tração tem de se utilizar da via judicial, não podendo utilizar
a força pública pelos seus próprios meios. Tipicidade
Só é possível a autoexecutoriedade quando permitida por
lei ou para atender situações urgentes, como, por exemplo, É o atributo pelo qual o ato administrativo deve corres‑
a interdição de um prédio que ameaça desabar, entretanto, ponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas
o administrado não fica impossibilitado de recorrer ao Poder a produzir determinados resultados, ou seja, para cada
Judiciário para se insurgir contra o uso da autoexecutorieda‑ finalidade que a Administração pretende alcançar existe um
de. É possível, inclusive, que por meio de medidas preventi‑ ato definido em lei.
vas (Mandado de Segurança Preventivo, Ações Cautelares, Conforme ensina Di Pietro (2008), esse atributo repre‑
Antecipação de Tutela) venha o executado evitar que se senta uma garantia para o administrado, pois impede que
realize a autoexecutoriedade ou até mesmo após a prática a Administração pratique atos dotados de imperatividade e
do ato, o administrado pode ingressar em juízo pedindo a executoriedade, vinculando unilateralmente o particular sem
reconstituição do estado anterior, se for possível, inclusive, que haja previsão legal, e também fica afastada a possibili‑
as indenizações cabíveis. dade de ser praticado ato totalmente discricionário, pois a
Este requisito normalmente é verificável nos atos ad‑ lei, ao prever o ato, já define os limites em que a discricio‑
ministrativos decorrentes do poder de polícia, nos quais nariedade poderá ser exercida.
a Administração impõe coercitivamente seu cumprimento
independentemente de mandado judicial (interdição de Discricionariedade e Vinculação
atividades, inutilização de gêneros alimentícios).
Se do atributo da executoriedade do ato administrativo A discricionariedade e vinculação com que são expedi‑
resultar dano ao particular em razão de ilegitimidade ou abuso, dos os atos administrativos estão relacionadas diretamente
o Estado estará obrigado a indenizar o lesado, uma vez configu- com os poderes de que dispõe a Administração Pública para
rados a conduta danosa, o dano e o nexo causal.16 praticá-los.
Para o desempenho de suas funções, a Administração
Imperatividade dispõe de poderes para a prática de seus atos que lhe asse‑
guram posição de supremacia sobre o particular e sem os
É o atributo pelo qual os atos administrativos se im‑ quais não conseguiria atingir os seus fins. Esses poderes, no
põem a terceiros, independentemente de sua concordân‑ Estado Democrático de Direito como o nosso, têm como pos‑
cia17. É uma consequência da ascendência da Administração tulado básico o princípio da legalidade, sendo limitados pela
Pública sobre o particular, justificada pelo interesse público. lei, sob pena de ilegalidade por abusos ou arbitrariedades.
É o denominado poder extroverso da Administração, porém No entanto, esse regramento pode atingir os vários as‑
não existe em todos os atos administrativos, mas somente pectos de uma atividade determinada. Nesse caso, o poder
naqueles que impõem uma obrigação ao administrado, da Administração é vinculado, porque a lei não deixou opções
como, por exemplo, os que decorrem do poder de polícia, para a prática do ato, estabelecendo que diante de determina‑
do poder hierárquico, e  os que regulam condutas gerais dos requisitos a Administração deve agir de tal ou qual forma.
e abstratas18. Nos atos enunciativos (certidões, atestados, Em outras hipóteses, o regramento não atinge todos os
pareceres) e nos que conferem direitos aos administrados aspectos da atuação administrativa; a lei deixa certa margem
(licença, autorização, permissão) a imperatividade não existe. de liberdade de decisão diante do caso concreto, de tal
A imperatividade autoriza a produção imediata de seus modo que a autoridade poderá optar por uma dentre várias
efeitos até a declaração de possível invalidade, tornando soluções possíveis, todas válidas perante o direito. Nesses
obrigatória a sua observância pelo particular. casos, o poder da Administração é tido como discricionário;
a adoção de uma ou outra solução é feita segundo critérios
Exigibilidade de oportunidade, conveniência, justiça, equidade, próprios
da autoridade, pois não foram definidos pelo legislador.
É a possibilidade de a Administração, coercitivamente, Mesmo aí, entretanto, o  poder de ação administrativa,
exigir o cumprimento da obrigação imposta ao administrado, embora discricionário, não é totalmente livre, porque sob
utilizando‑se de meios indiretos, como, por exemplo, a multa, alguns aspectos a lei impõe limitações19.
para induzir o acatamento dos seus atos.
A exigibilidade permite que a Administração Pública Fonte e Âmbito de Aplicação da Discricionariedade
objetive o cumprimento efetivo da obrigação por ela esta‑
belecida, socorrendo-se ou não da interferência do Poder A fonte da discricionariedade é a própria lei. A discricio‑
Judiciário. nariedade só existe nos espaços deixados pela lei. Normal‑
Noções de Direito Administrativo

As determinações para que o particular construa muro no mente ocorre:


alinhamento da rua, apare árvores cujos galhos ameaçam a • de forma expressa: quando a lei confere à Adminis‑
segurança da rede elétrica ou a dissolução de passeatas com tração o seu uso. Como exemplo, temos a remoção ex
o fim de resguardar o interesse da coletividade são exemplos officio (de ofício). O servidor é removido pela Adminis‑
de atos que possuem esse atributo. Nesses casos, a Admi‑ tração e no interesse dela, para atender à conveniência
nistração não necessita da participação do Poder Judiciário do serviço (art. 36, I, da Lei nº 8.112/1990).
para seu cumprimento.
Outras vezes, contudo, a  Administração deve trilhar Art.  36. Remoção é o deslocamento do servidor,
procedimento previamente estabelecido na lei, que exige a pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro,
o trânsito pelo Judiciário. É o caso de um tributo que não com ou sem mudança de sede.
Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo,
16
Cespe/CNJ/Analista Judiciário/Área Judiciária/2013.
entende-se por modalidades de remoção:
17
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-RS/Técnico Judiciário/Área Administrativa/ I – de ofício, no interesse da Administração.
Analista Judiciário/Área Administrativa/2010.
18
Assunto cobrado na prova do Cespe/CNJ/Analista Judiciário/Área Judiciá‑ Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto – II/
19

ria/2013. 2010.

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• quando a lei é omissa: por não ser possível prever -se que não existe ato administrativo inteiramente discricio‑
todas as situações supervenientes no momento de sua nário. É também por isso que se diz que o ato vinculado é
promulgação, a autoridade deverá decidir de acordo analisado sob o aspecto da legalidade (de acordo com a lei)
com princípios extraídos do ordenamento jurídico. e que o ato discricionário pode ser analisado sob os aspectos
• quando a lei prevê determinada competência, mas da legalidade e do mérito (conveniência e oportunidade
não estabelece a conduta a ser adotada: ocorre, por diante do interesse público a atingir).
exemplo, no âmbito do poder de polícia onde a razoa‑
bilidade e a proporcionalidade devem ser observadas Limites da Discricionariedade e Controle pelo Poder
Judiciário
na aplicação das sanções.
A discricionariedade também encontra limites na própria
Por ser muito amplo o âmbito de incidência da discri‑
lei. O  legislador, ao definir determinado ato, intencional‑
cionariedade, cumpre, pois, analisarmos onde é possível mente deixa um espaço para livre decisão da Administração
localizá-la. Pública; legitimando previamente a sua opção, qualquer uma
O primeiro aspecto a ser observado concerne ao mo‑ delas será válida.
mento da prática do ato: se a lei nada estabelece a respeito, Como forma de fixar limites ao exercício do poder discri‑
a Administração escolhe o momento que lhe pareça mais cionário, algumas teorias têm sido adotadas de modo a am‑
adequado para atingir a consecução de determinado fim. pliar a possibilidade de sua apreciação pelo Poder Judiciário.
Como nem sempre é possível para o legislador fixar um Uma delas é a que se refere ao abuso de poder na espécie
momento preciso para a prática do ato, normalmente ele desvio de poder ou desvio de finalidade. O desvio de poder
estabelece um prazo para que a Administração adote deter‑ ou desvio de finalidade ocorre quando a autoridade usa do
minadas decisões, com ou sem sanções para o caso de seu poder discricionário para atingir fim diverso daquele que a lei
descumprimento. Ocorre, por exemplo, com o prazo de 15 fixou. Quando isso ocorre, fica o Poder Judiciário autorizado
dias de que dispõe o Executivo para vetar ou sancionar um a decretar a nulidade do ato, já que a Administração fez
projeto de lei aprovado pelo Legislativo; decorrido o prazo, uso indevido da discricionariedade, ao desviar-se dos fins
o silêncio do Executivo implica sua sanção (art. 66 da CF). de interesse público definidos na lei20.
A outra é a teoria dos motivos determinantes. Quando
Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação a Administração indica os motivos que a levaram a praticar
enviará o projeto de lei ao Presidente da República, o ato, este somente será válido se os motivos forem verda‑
que, aquiescendo, o sancionará. deiros. Para apreciar esse aspecto, o Poder Judiciário terá
§ 1º Se o Presidente da República considerar o proje‑ que examinar os motivos, ou seja, os pressupostos de fato
to, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário e as provas de sua ocorrência, para verificar se o motivo
ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, realmente existiu. Se não existiu ou se não for verdadeiro,
no prazo de quinze dias úteis, contados da data do anulará o ato.
O controle feito pelo Poder Judiciário ganha fundamental
recebimento, e  comunicará, dentro de quarenta
importância após a distinção entre atos discricionários e
e oito horas, ao  Presidente do Senado Federal os
atos vinculados.
motivos do veto. Nos atos vinculados, não existe restrição quanto aos
§ 2º O veto parcial somente abrangerá texto integral elementos que sofrem o chamado controle de legalidade,
de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea. visto que todos devem estar de acordo com a lei.
§ 3º Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Com relação aos atos discricionários, o  controle de
Presidente da República importará sanção. legalidade é possível, mas terá que respeitar a discriciona‑
riedade administrativa nos limites em que ela é assegurada
Outro aspecto a ser considerado diz respeito à escolha pela lei, ou seja, o Judiciário só pode apreciar os aspectos
entre agir e não agir. Se diante de certa situação a Admi‑ da legalidade e verificar se a Administração não ultrapassou
nistração está obrigada a adotar determinada providência, os limites da discricionariedade.
a atuação é vinculada; se ela tem possibilidade de escolher
entre atuar ou não, existe a discricionariedade. Como Classificação dos Atos Administrativos
exemplo de atuação vinculada, temos que a Administração
é obrigada a apurar e punir ilícitos administrativos, sob pena Quanto ao Alcance
de condescendência criminosa (art. 320 do Código Penal).
Atos Internos
Noções de Direito Administrativo

Condescendência criminosa São os destinados a produzir efeitos no recesso das


Art. 320. Deixar o funcionário, por indulgência, de repartições administrativas, e por isso mesmo incidem,
responsabilizar subordinado que cometeu infração no normalmente, sobre os órgãos e agentes da Administração
exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, que os expediram.
não levar o fato ao conhecimento da autoridade
competente: Atos Externos
Pena – detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. São todos aqueles que alcançam os administrados,
os contratantes e, em certos casos, os próprios servidores,
Referindo-se aos elementos ou requisitos dos atos provendo sobre seus direitos, obrigações, negócios ou condu‑
ta perante a Administração. Tais atos, pela sua destinação, só
admi­nistrativos, a discricionariedade abrange tão somente entram em vigor ou execução depois de divulgados pelo ór‑
o motivo e o objeto. A competência, a forma e a finalidade gão oficial, dado o interesse do público no seu conhecimento.
são sempre vinculadas, até mesmo nos atos discricionários.
A partir da ideia de que certos atos administrativos são
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto
20
sempre vinculados (competência, forma, finalidade), afirma‑ – II/2010.

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Quanto aos Destinatários entre as partes, pela evidente razão de que não se adquire
direito de ato ilegal.
Atos Gerais
Destinam‑se a pessoas indeterminadas, atingindo todos Ato Inexistente
aqueles que estiverem em uma determinada situa­ção. É o É o que apenas tem aparência de manifestação regular
caso do regulamento que estabelece normas para todos que da Administração, mas não chega a se aperfeiçoar como ato
estiverem no âmbito das regras ali previstas. Ex.: o edital de administrativo. É o que ocorre, por exemplo, com o “ato”
um concurso público.  praticado por um usurpador de função pública. Tais atos
equiparam‑se, em nosso Direito, aos atos nulos, sendo,
Atos Individuais
assim, irrelevante e sem interesse prático a distinção entre
Atingem uma situação determinada. Há um destinatário
certo, podendo ser mais de uma pessoa (pluralidade de nulidade e inexistência, porque ambas conduzem ao mesmo
destinatários). Ex.: a nomeação. resultado – a invalidade – e subordinam-se às mesmas regras
de invalidação. Ato inexistente ou ato nulo é ato ilegal.
Quanto ao Objeto
Quanto à Formação
Atos de Império
O Poder Público atua com supremacia sobre o admi‑ Atos Simples
nistrado, coercitiva e unilateralmente. Ex.: atos de polícia Resultam da manifestação de vontade de apenas um
(interdição de atividade, apreensão de bens). único órgão, sendo ele unipessoal ou colegiado. Ex.: nomea­
ção, exoneração, demissão de um servidor, despacho de
Atos de Gestão autoridade.
São aqueles em que o Poder Público se coloca em
situação de igualdade com o particular. Atos de gestão Atos Complexos
correspondem aos atos de direito privado que a Adminis‑ Resultam da manifestação de vontade de dois ou mais
tração Pública pratica. Ex.: locação de imóvel para funcionar órgãos, sejam singulares ou colegiados, cuja vontade soma-se
repartição pública. à outra para a prática de um único ato. Ex.: nomeação de
Ministro do STF depende da aprovação do Senado.
Atos de Expediente Os atos normativos editados conjuntamente por diversos
São todos aqueles que se destinam a dar andamento
órgãos da administração federal, como as portarias conjuntas
aos processos e papéis que tramitam nas repartições pú‑
ou instruções normativas conjuntas da Secretaria da Receita
blicas. São atos de rotina interna, sem caráter vinculante e
Federal do Brasil e da Procuradoria da Fazenda Nacional, são
sem forma especial, geralmente, praticados por servidores
subalternos, sem competência decisória. exemplos de ato administrativo complexo.23

Quanto ao Regramento Atos Compostos


São aqueles praticados por um órgão, mas que exigem a
Atos Vinculados aprovação de outro órgão. Um pratica o ato e o outro confir‑
São aqueles que possuem todos os seus requisitos ma. O ato só produz efeito depois de aprovado pelo último
pré‑determinados na lei, não oferecendo margem de esco‑ órgão. Geralmente, os atos que dependem de autorização
lha para apreciação do administrador21. Cabe a este somente ou homologação são compostos (um depende do outro).
verificar se esses requisitos estão em conformidade com a lei. Ex.: nomeação de um dos indicados em lista tríplice para
Se estiverem, o administrador estará obrigado a praticar o ato. Desembargador Federal.
Se faltar qualquer deles, o administrador não poderá praticar o
ato. Ex.: aposentadoria do servidor, nomea­ção de cargo efetivo.  Quanto à Exequibilidade
Atos Discricionários
Ato Perfeito
Existem dois requisitos (motivo e objeto) em que a
É aquele que reúne todos os elementos necessários à
lei oferece, na prática do ato, uma margem de opção ao
administrador, que irá fazer sua escolha de acordo com sua exequibilidade ou operatividade, apresentando‑se apto
as razões de conveniên­cia e oportunidade, mas sempre e disponível para produzir seus regulares efeitos.
visando ao interesse público.22
Ato Imperfeito
Quanto à Eficácia É aquele que se apresenta incompleto na sua formação
ou carente de um ato complementar para tornar‑se exequí‑
Noções de Direito Administrativo

Ato Válido vel e operante. Para se tornar perfeito, necessita de um ato


É o que provém de autoridade competente para prati‑ complementar que o torne operativo.
cá‑lo e contém todos os requisitos necessários à sua eficácia.
Ato Pendente
Ato Nulo É aquele que, embora perfeito, por reunir todos os
É o que nasce afetado de vício insanável por ausência ou elementos de sua formação, não produz seus efeitos, por
defeito substancial em seus elementos constitutivos ou no não verificado o termo ou a condição de que depende sua
procedimento formativo. Não produz qualquer efeito válido exequibilidade ou operatividade.

Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-Acre/Técnico Judiciário/Área Adminis‑


21 Ato Consumado
trativa/2010. É o que produziu todos os seus efeitos, tornando‑se, por
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário
22

– Apoio Especializado – Medicina, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Tec‑ isso mesmo, irretratável ou imodificável por lhe faltar objeto.
nologia da Informação, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Fisioterapia,
Analista Judiciário – Apoio Especializado – Estatística, Analista Judiciário – Apoio
Especializado – Medicina do Trabalho, Analista Judiciário – Apoio Especializado
– Enfermagem, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Psicologia/2010. Cespe/TRE-MS/Analista Judiciário/Área Judiciária/2013.
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24 Este eBook foi adquirido por ANA PAULA TORQUATO DA COSTA - CPF: 628.848.913-15.
A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Quanto ao Conteúdo Quanto ao Modo de Execução

Ato Constitutivo Ato Autoexecutório


É o que cria uma situação jurídica individual para seus des‑ É aquele que traz em si a possibilidade de ser exe­cutado
tinatários, em relação à Administração. Ex.: licença, nomeação, pela própria Administração, independentemente de ordem
sanção administrativa. judicial.

Ato Extintivo ou Desconstitutivo Ato não Autoexe­cutó­rio


É o que põe termo a situações jurídicas individuais, É o que depende de pronunciamento judicial para produ‑
como a cassação de autorização, a encampação de serviço ção de seus efeitos finais, tal como ocorre com a dívida fiscal,
de utilidade pública. cuja execução é feita pelo Judiciário, quando provocado pela
Administração interessada na sua efetivação.
Ato Declaratório
É o que visa preservar direitos, reconhecer situações Quanto ao Objetivo Visado pela Administração
preexistentes ou, mesmo, possibilitar seu exercício. São
exemplos dessa espécie a apostila de títulos de nomeação, Ato Principal
a expedição de certidões e demais atos fundados em situa‑ É o que encerra a manifestação de vontade final da
ções jurídicas anteriores. Administração. O ato principal pode resultar de um único
órgão (ato simples) ou da conjugação de vontades de mais
Ato Alienativo de um órgão (ato complexo) ou, ainda, de uma sucessão de
É o que opera a transferência de bens ou direitos de um atos intermediários (procedimento administrativo).
titular para outro. Ex.: venda de imóvel da Administração
para o particular. Ato Complementar
É o que aprova ou ratifica o ato principal, para dar‑lhe
Ato Modificativo exequibilidade. O ato complementar atua como requisito de
É o que tem por fim alterar situa­ções preexistentes, sem operatividade do ato principal, embora este se apresente
suprimir direitos ou obrigações, como ocorre com aqueles completo em sua formação desde a sua edição.
que alteram horários, percursos, locais de reunião e outras
situações anteriores estabelecidas pela Administração. Ato Inter­mediário
É o que concorre para a formação de um ato principal e
Ato Abdicativo final. Assim, em uma concorrência, são atos intermediários
É aquele pelo qual o titular abre mão de um direito. o edital, a habilitação e o julgamento das propostas, porque
A peculiaridade desse ato é seu caráter incondicionável e desta sucessão é que resulta o ato principal e final objetivado
irretratável. Desde que consumado, o ato é irreversível e pela Administração, que é a adjudicação da obra ou do ser‑
imodificável, como são as renúncias de qualquer tipo. viço ao melhor proponente. O ato intermediário é sempre
autônomo em relação aos demais e ao ato final, razão pela
Quanto à Retratabilidade qual pode ser impugnado e invalidado isoladamente (o que
não ocorre com o ato complementar), no decorrer do pro‑
Ato Irrevogável cedimento administrativo.
É aquele que se tornou insuscetível de revogação, por
ter produzido seus efeitos ou gerado direito subjetivo para Ato‑Con­dição
o beneficiário ou, ainda, por resultar de coisa julgada admi‑ É todo aquele que se antepõe a outro para permitir a sua
nistrativa. Neste último, cabe considerar que a coisa julgada realização. O ato‑condição destina‑se a remover um obstá‑
administrativa só o é para a Administração, uma vez que não culo à prática de certas atividades públicas ou particulares,
impede a reapreciação judicial do ato. para as quais se exige a satisfação prévia de determinados
requisitos. Assim, o concurso é ato‑condição da nomeação
Ato Revogável efetiva; a concorrência é ato‑condição dos contratos adminis‑
É aquele que a Administração, e somente ela, pode in‑ trativos. Como se vê, o ato‑condição é sempre um ato‑meio
validar, por motivos de conveniência, oportunidade. Nesses para a realização de um ato‑fim. A ausência do ato‑condição
atos devem ser respeitados todos os efeitos já produzidos, invalida o ato final, e essa nulidade pode ser declarada pela
Noções de Direito Administrativo

porque decorrem de manifestação válida da Administração. própria Administração ou pelo Judiciário, porque é matéria
A revogação só atua ex nunc. Em princípio, todo ato admi‑ de legalidade, indissociável da prática administrativa.
nistrativo é revogável até que se torne irretratável para a
Administração, quer por ter exaurido seus efeitos ou seus Ato de Jurisdição
recursos, quer por ter gerado direito subjetivo para o bene‑ É todo aquele que contém decisão sobre matéria contro‑
ficiário, interessado na sua manutenção. vertida. No âmbito da Administração, resulta, normalmente,
da revisão de ato do inferior pelo superior hierárquico ou
Ato Suspensível tribunal administrativo, mediante provocação do interessa‑
É aquele em que a Administração pode fazer cessar os do, ou de ofício. O ato administrativo de jurisdição, embora
seus efeitos, em determinadas circunstâncias ou por certo decisório, não se confunde com o ato judicial propriamente
tempo, embora mantendo o ato, para oportuna restauração dito (despacho, sentença, acórdão em ação e recurso), nem
de sua operatividade. Difere a suspensão da revogação, produz coisa julgada no sentido processual da expressão, mas
porque esta retira o ato do mundo jurídico, ao passo que quando proferido em instância final torna‑se imodificável
aquela susta, apenas, a sua exequibilidade. pela Administração.

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Espécies de Atos Administrativos Entre os atos ordinatórios merecem apreciação:

Atos Normativos Instruções


São ordens escritas e gerais a respeito do modo e forma
São aqueles que contêm um comando geral do Exe­cutivo, de execução de determinado serviço público, expedidas pelo
visando à correta aplicação da lei24; o objetivo imediato é superior hierárquico com o escopo de orientar os subalternos,
explicitar a norma legal a ser observada pela Administração no desempenho das atribuições que lhes estão apresentadas
e pelos administrados; estabelecem regras gerais e abstratas e assegurar a unidade de ação no organismo administrativo.
de conduta; têm a mesma normatividade da lei e a ela equi‑
param-se para fins de controle judicial; quando individualizam Circulares
situações e impõem encargos específicos a administrados, São ordens escritas, de caráter uniforme, expedidas a de‑
podem ser atacados e invalidados direta e imediatamente por terminados funcionários incumbidos de certo serviço, ou de
via judicial comum, ou por mandado de segurança. desempenho de certas atribuições em circunstâncias especiais.

Principais Atos Normativos Avisos


São atos emanados dos Ministros de Estado a respeito
Decretos de assuntos dedicados aos seus ministérios.
São atos administrativos da competência exclusiva dos
Chefes do Executivo, destinados a prover situações gerais Portarias
ou individuais, abstratamente previstas de modo expresso, São atos administrativos internos pelos quais os chefes
explícito ou implícito pela legislação. Como ato adminis‑ de órgão, repartições ou serviços expedem determinações
trativo, está sempre em situação inferior à lei, por isso não gerais ou especiais a seus subordinados, ou designam ser‑
pode contrariá‑la. vidores para função e cargos secundários.

Regulamentos Ordens de Serviço


São atos administrativos, postos em vigência por decreto, São determinações especiais dirigidas aos responsáveis
para especificar os mandamentos da lei ou prover situações por obra ou serviços públicos autorizando seu início, ou
ainda não disciplinadas por elas. Como ato inferior à lei, não contendo imposições de caráter administrativo, ou especi‑
pode contrariá‑la ou ir além do que ela permite. ficações técnicas sobre o modo e forma de sua realização.
Instruções Normativas Ofícios
São atos administrativos expedidos pelos Ministros de São comunicações escritas que as autoridades fazem
Estado para a execução das leis, decretos e regulamentos entre si, entre subalternos e superiores e entre Administra‑
(art. 87, parágrafo único, II, da CF). Podem ser utilizadas por ção e particulares.
outros órgãos superiores para o mesmo fim.
Despachos
Regimentos Os despachos podem ser:
São atos administrativos normativos de atuação interna • Administrativos: são decisões que as autoridades
que se destinam a reger o funcionamento de órgãos co‑ executivas proferem em papéis, requerimentos e
legiados e de corporações legislativas, por esse motivo só processos sujeitos à sua apreciação; ou
se dirigem aos que devem executar o serviço ou realizar a • Normativos: é aquele que, embora proferido indivi‑
atividade funcional regimentada. dualmente, a autoridade competente determina que
se aplique aos casos idênticos, passando a vigorar
Resoluções como norma interna da Administração para situa­ções
São atos administrativos normativos expedidos pelas análogas subsequentes.
altas autoridades do Executivo (exceto Presidente, pois este
só pode expedir decreto) ou pelos presidentes de tribunais, Atos Negociais
órgãos legislativos e colegiados administrativos, para admi‑
nistrar matéria de sua competência específica. São todos aqueles que contêm uma declaração de von‑
tade da Administração, apta a concretizar determinado ne‑
Deliberações gócio jurídico ou a deferir certa faculdade ao parti­cular, nas
São atos administrativos normativos ou decisórios, ema‑ condições impostas ou consentidas pelo Poder Público.26
nados de órgãos colegiados. Quando normativos, são atos Enquadram‑se nessa categoria os seguintes atos admi‑
Noções de Direito Administrativo

gerais; quando decisórios, atos individuais. Devem sempre nistrativos:


obediência ao regulamento e ao regimento que houver para
a organização e funcionamento do colegiado. Licença
É o ato administrativo vinculado e definitivo pelo qual o
Atos Ordinatórios Poder Público, verificando que o interessado atendeu todas
as exigências legais, faculta‑lhe o desempenho de atividades
São os que visam disciplinar o funcionamento da Admi‑ ou a realização de fatos materiais antes vedados ao particular.
nistração e a conduta funcional de seus agentes; emanam No mesmo sentido, a licença é ato administrativo editado
do poder hierárquico; só atuam no âmbito interno das no exercício de competência vinculada; preenchidos os
repartições e só alcançam os servidores hierarquizados à requisitos necessários a sua concessão, ela não poderá ser
chefia que os expediu.25 negada pela administração pública27. Ex.: o exercício de
uma profissão.
24
Assunto cobrado na prova do Fepese/Conselho Regional de Contabilidade de
Santa Catarina/Fiscal/Auxiliar Administrativo/2010. 26
Assunto cobrado na prova do Fepese/Conselho Regional de Contabilidade de
25
Assunto cobrado na prova do Fepese/Conselho Regional de Contabilidade de Santa Catarina/Fiscal/Auxiliar Administrativo/2010.
Santa Catarina/Fiscal/Auxiliar Administrativo/2010. 27
Cespe/DPE-TO/2013.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
A licença concedida ao administrado para o exercício de Atos Enunciativos
direito poderá ser revogada pela administração pública por
critério de conveniência e oportunidade.28 São todos aqueles em que a Administração se limita a
certificar ou atestar um fato, ou emitir uma opinião sobre
Autorização determinado assunto, sem se vincular ao seu enunciado.29
É o ato administrativo discricionário e precário pelo qual Entre os mais comuns, estão os seguintes:
o Poder Público torna possível ao pretendente a rea­lização
de certa atividade, serviço ou utilização de determinados Certidões
bens particulares ou públicos, de seu exclusivo ou predomi‑ São cópias ou fotocópias fiéis e autenticadas de atos ou
nante interesse, que a lei condiciona à aquiescência prévia fatos constantes no processo, livro ou documento que se
da Administração, tais como o uso especial de bem público, encontra nas repartições públicas; o fornecimento de certi‑
o porte de arma etc. dões é obrigação constitucional de toda repartição pública,
desde que requerida pelo interessado; devem ser expedidas
Permissão no prazo improrrogável de 15 dias, contados do registro do
É o ato administrativo, discricionário e precário, pelo qual pedido (Lei nº 9.051/1995).
o Poder Público faculta ao particular a execução de serviços
de interesse coletivo, ou o uso especial de bens públicos, Atestados
a título gratuito ou remunerado, nas condições estabelecidas São os atos pelos quais a Administração comprova um
pela Administração. fato ou uma situação de que tenha conhecimento por seus
órgãos competentes.
Aprovação
É o ato administrativo pelo qual o Poder Público verifica a
legalidade e o mérito de outro ato ou de situações e realiza‑ Pareceres
ções materiais de seus próprios órgãos, de outras entidades São manifestações de órgãos técnicos sobre assuntos
ou de particulares, dependentes de seu controle, e consente submetidos à sua consideração; tem caráter meramente
na sua execução ou manutenção. opinativo30. Podem ser:
a) Normativos: é aquele que, ao ser aprovado pela
Admissão autoridade competente, é convertido em norma de proce‑
É o ato administrativo vinculado pelo qual o Poder dimento interno; ou
Público, verificando a satisfação de todos os requisitos legais b) Técnicos: é o que provém de órgão ou agente espe‑
pelo particular, defere‑lhe determinada situação jurídica de cializado na matéria, não podendo ser contrariado por leigo
seu exclusivo ou predominante interesse, como ocorre no ou por superior hierárquico.
ingresso aos estabelecimentos de ensino mediante concurso
de habilitação. Apostilas
São atos enunciativos ou declaratórios de uma situa­ção
Visto anterior criada por lei. Equivale a uma averbação.
É o ato pelo qual o Poder Público controla outro ato da
própria Administração ou do administrado, aferindo sua Atos Punitivos
legitimidade formal para dar‑lhe exequibilidade.
São os que contêm uma sanção imposta pela Adminis‑
Homologação
tração àqueles que infringem disposições legais, regula‑
É o ato de controle pelo qual a autoridade superior
mentares ou ordinatórias dos bens e serviços públicos31.
examina a legalidade e a conveniência de ato anterior da
Visam punir e reprimir infrações administrativas ou condutas
própria Administração, de outra entidade, ou de particular,
irregulares dos servidores ou dos particulares, perante a
para dar‑lhe eficácia.
Administração. Exemplos:
Dispensa
É o ato que exime o particular do cumprimento de deter‑ Multa
minada obrigação até então exigida por lei. Ex.: a prestação É toda imposição pecuniária a que sujeita o administrado
do serviço militar. a título de compensação do dano presumido da infração; é
Noções de Direito Administrativo

de natureza objetiva e se torna devida in­dependentemente


Renúncia da ocorrência de culpa ou dolo do infrator.
É o ato pelo qual o Poder Público extingue unilateral­
mente um crédito ou um direito próprio, liberando definiti‑ Interdição de Atividade
vamente a pessoa obrigada perante a Administração. É o ato pelo qual a Administração veda a alguém a prática
de atos sujeitos ao seu controle ou que incidam sobre seus
Protocolo Administrativo bens; deve ser precedida de processo regular e do respectivo
É o ato pelo qual o Poder Público acerta com o particular auto, que possibilite defesa do interessado.
a realização de determinado empreendimento ou atividade
ou a abstenção de certa conduta, no interesse recíproco da
Administração e do administrado signatário do instrumento
protocolar.
29
Assunto cobrado na prova do Fepese/Conselho Regional de Contabilidade de
Santa Catarina/Fiscal/Auxiliar Administrativo/2010.
30
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto
– I/2010.
31
Assunto cobrado na prova do Fepese/Conselho Regional de Contabilidade de
Cespe/CNJ/Analista Judiciário/Área Administrativa/2013.
28
Santa Catarina/Fiscal/Auxiliar Administrativo/2010.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Destruição de Coisas ocorre que esses atos podem se tornar irrevogáveis
É o ato sumário da Administração pelo qual se inutilizam por circunstâncias supervenientes a sua emissão,
alimentos, substâncias, objetos ou instrumentos imprestáveis quando por exemplo geram direitos subjetivos para
ou nocivos ao consumo ou de uso proibido por lei. os destinatários.38
• meros atos administrativos39: pois seus efeitos decor‑
Desfazimento do Ato Administrativo – Cessação da rem de lei. Ex.: certidões, atestados, pareceres.
• atos integrantes de procedimento administrativo40:
Eficácia
pois a cada novo ato ocorre a preclusão do anterior.
A forma normal de extinção do ato administrativo é o
Anulação
esgotamento do seu conteúdo.
No entanto, existem vários casos de extinção do ato
É a extinção do ato administrativo por motivo de ilega‑
administrativo, entre eles:
lidade, feita pela Administração (autotutela) ou pelo Poder
Judiciário41, produzindo uma eficácia retroativa (ex tunc),
Revogação
pois deles não se originam direitos.42
Súmula nº 346, 1963/STF: “A Admi­nistração Pública pode
É o ato pelo qual a Administração extingue um ato admi‑
declarar a nulidade dos seus próprios atos.”
nistrativo revestido de legitimidade, em razão de interesse
A Lei nº 9.784/1999, em seu art. 53, estabelece que:
público, buscando o bem‑estar coletivo. Os efeitos da revo‑
gação operam a partir de sua edição (ex nunc), respeitando
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios
os já produzidos32, conforme Súmula nº 473, 1969/STF:
atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode
revogá‑los por motivo de conveniência ou oportuni‑
A Administração pode anular seus próprios atos,
dade, respeitados os direitos adquiridos.43
quando eivados de vícios que os tornam ilegais,
porque deles não se originam direitos; ou revogá‑los,
Aqui, a anulação não seria pelo princípio da autotutela
por motivo de conveniência ou oportunidade, respei‑
e sim pelo princípio da legalidade.
tados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos Admite-se a anulação de concurso público, pela própria ad-
os casos, a apreciação judicial. ministração, ante a ocorrência de vício insanável e ofensivo aos
princípios da igualdade, da competitividade, da moralidade,
A Lei nº 9.784/1999, em seu art. 53, estabelece que: da impessoalidade e da publicidade.44
Deve‑se ressaltar que em alguns casos, quando terceiros
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios de boa-fé são atingidos por atos nulos, a doutrina reconhece
atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode a possibilidade de preservação dos seus efeitos, de forma
revogá‑los por motivo de conveniência ou oportuni‑ a garantir a estabilidade das relações jurídicas (DI PIETRO,
dade, respeitados os direitos adquiridos. 2008). Um exemplo bastante claro é o do funcionário de fato
(alguém irregularmente investido no serviço público), que
Ademais, caso a Administração revogue várias autori- praticou atos que tenham atingido terceiro de boa-fé. Estes
zações de porte de arma, invocando como motivo o fato efeitos devem ser preservados. Por esse motivo, a aplicação
de um dos autorizados ter se envolvido em brigas, referida da Súmula nº  473/STF tem recebido temperamentos na
revogação só será válida em relação àquele que perpetrou jurisprudência, não sendo aplicável quando for possível a
a situação fática geradora do resultado do ato.33 convalidação ou, ainda, diante de situações consolidadas,
O poder de revogar, como em qualquer ato discricionário, que não trouxeram efetiva lesão para o interesse público.
encontra limites; portanto, não podem ser revogados: Nesse sentido:
• atos vinculados34: pois não existe margem para dis‑
cricionariedade nesses atos. Embora o princípio da legalidade imponha a anulação
• atos que exauriram seus efeitos35: se o ato já exauriu dos atos viciados, as  relações jurídicas hão de ter
seus efeitos não há que se falar em revogação, pois ela segurança e as situações constituídas há muito re‑
surte efeito a partir de sua edição. Assim, não podem ser querem a manutenção do ato. Segundo Miguel Reale,
revogados atos que exauriram os seus efeitos, pois a re‑ é possível a convalidação de atos administrativos ei‑
vogação supõe ato que ainda esteja produzindo efeitos, vados de nulidade que não firam legítimos interesses
como ocorre na autorização para porte de armas.36 de terceiros ou do Estado, quando da inexistência de
Noções de Direito Administrativo

• atos que geraram direitos adquiridos37: conforme dolo. É a sanatória excepcional do nulo em homena‑
Súmula nº 473/STF. gem à boa-fé. Ademais, há interesse público em se
Obs.: Os atos administrativos individuais são re- proteger a boa-fé e a confiança dos administrados,
vogáveis desde que seus efeitos se revelem incon-
venientes ou contrários ao interesse público, mas Soluções Concursos/Prefeitura Municipal de Mato Grosso-PB/Advogado/2010.
38
39
Assunto cobrado na prova da Esaf/AIET/DNIT/Ambiental/2013.
40
Assunto cobrado na prova da Esaf/AIET/DNIT/Ambiental/2013.
32
Assunto cobrado na prova da Cespe/Prefeitura Municipal de Boa Vista-RR/ 41
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRE-Acre/Técnico Judiciário/Área
Analista Municipal/Procurador Municipal/2010. Administrativa/2010 e FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário – Apoio Especia‑
33
FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área Administrativa/2010. lizado – Medicina, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Tecnologia da
34
Assunto cobrado na prova da Esaf/AIET/DNIT/Ambiental/2013. Informação, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Fisioterapia, Analista
35
Assunto cobrado na prova da Esaf/AIET/DNIT/Ambiental/2013. Judiciário – Apoio Especializado – Estatística, Analista Judiciário – Apoio Es‑
36
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário pecializado – Medicina do Trabalho, Analista Judiciário – Apoio Especializado
– Apoio Especializado – Medicina, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Tec‑ – Enfermagem, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Psicologia/2010.
nologia da Informação, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Fisioterapia, 42
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-Acre/Técnico Judiciário/Área Adminis‑
Analista Judiciário – Apoio Especializado – Estatística, Analista Judiciário – Apoio trativa/2010.
Especializado – Medicina do Trabalho, Analista Judiciário – Apoio Especializado 43
Assunto cobrado na prova da FCC/Tribunal de Contas-RO/Auditor/Substituto
– Enfermagem, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Psicologia/2010. de Conselheiro/2010.
37
Assunto cobrado na prova da Esaf/AIET/DNIT/Ambiental/2013. 44
Cespe/TJ CNJ/CNJ/Apoio Especializado/Programação de Sistemas/2013.

28 Este eBook foi adquirido por ANA PAULA TORQUATO DA COSTA - CPF: 628.848.913-15.
A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
garantindo-lhes a proteção da segurança jurídica, Cassação
que não pode ser atingida por ilações relativas a uma
suposta atuação de má-fé por parte do administrador. Ocorre em decorrência do descumprimento das condi‑
REO nº 1997.39.00.010815-2/PA-TRF. ções que deveriam ser atendidas pelo administrado para
continuar merecedor do desfrute. Ex.: alguém obteve uma
A título de exemplo: Simão, comerciante estabelecido na permissão para explorar um serviço público, porém des‑
capital do Estado, requereu, perante a autoridade competen-
cumpriu uma das condições para a prestação desse serviço.
te, licença para funcionamento de um novo estabelecimento.
Embora o interessado não preenchesse os requisitos fixados
na normatização aplicável, a Administração, levada a erro Caducidade
por falha cometida por funcionário no procedimento corres-
pondente, concedeu a licença. Posteriormente, constatado o É a cessação dos efeitos do ato em razão de uma lei su‑
equívoco, a Administração deverá anular o ato, produzindo a perveniente, com a qual esse ato é incompatível. Ex.: reti­rada
anulação efeitos retroativos à data em que foi emitido o ato da licença para dirigir, outorgada a menor de idade, em face
eivado de vício não passível de convalidação.45 da vigência de lei que impede o menor de dirigir.
Ainda em matéria de anulação, vale também lembrar,
a questão do prazo de que dispõe o poder público para anular Mera Retirada
seus atos. Em regra, pelo princípio da legalidade, a anulação
pode ser feita a qualquer momento, não existe prazo, entre‑ É a revogação de um ato administrativo que ainda não
tanto é possível que haja exceção à regra se devidamente começou a produzir efeitos. Não se confunde com a revo‑
previsto em norma, foi o que fez a Lei nº 9.784/1999, em gação propriamente dita, uma vez que não existem efeitos
seu art. 54, que diz o seguinte: a serem preservados. Ex.: Houve nomeação para cargo pú‑
blico e não houve posse. É retirado do mundo jurídico o ato
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos de nomeação para que outro seja nomeado e tome posse.
administrativos de que decorram efeitos favoráveis
para os destinatários decai em cinco anos, contados Conversão
da data em que foram praticados, salvo comprovada
má-fé.46 Aproveita‑se, com outro conteúdo, o ato que inicialmen‑
te foi considerado nulo. Ex.: Nomeação de alguém para cargo
Convalidação ou Sanatória público sem aprovação em concurso, mas poderá haver a
nomeação para cargo comissionado. A conversão dá ao ato a
A convalidação é o processo de que se vale a Administra‑ conotação que deveria ter tido no momento da sua criação.
ção para aproveitar atos administrativos que possuam vícios
Produz efeito ex tunc.
sanáveis, de forma a confirmá-los no todo ou em parte.47
É a prática de um ato posterior que vai conter todos os re‑
Contraposição ou Derrubada
quisitos de validade, inclusive, aquele que não foi observado
no ato anterior e determinar a sua retroatividade à data de
É a retirada de um ato pelo exercício de competência
vigência do ato tido como anulável. Os efeitos passam a con‑
tar da data do ato anterior (ex tunc); é editado um novo ato. diversa que gerou o ato anterior, mas cujos efeitos são con‑
Normalmente as leis que tratam de direito público silen‑ traposto aos daqueles. Ex.: exoneração de um servidor, que
ciam sobre o instituto da convalidação. Entretanto, indicando aniquila os efeitos do ato de nomeação.
avanço decorrente da jurisprudência, a Lei nº 9.784/1999,
em seu art. 55, assim se pronuncia: Renúncia

Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acar‑ Consiste na extinção dos efeitos do ato ante a rejeição
retarem lesão ao interesse público nem prejuí­zo a pelo beneficiário de uma situação jurídica favorável de que
terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis desfrutava em consequência daquele ato. Ex.: a renúncia
poderão ser convalidados pela própria Administração. a um cargo de Secretário de Estado, um beneficiário de
um título honorífico (se desinteressando, a ele renuncia).
O poder de convalidar também encontra limites, portanto Geralmente, não investe o beneficiário no direito de ser
não podem ser convalidados: indenizado.
• atos válidos ou inexistentes: não existe a possibilidade
de convalidar atos que não sejam inválidos ou que não Recusa
Noções de Direito Administrativo

existam no mundo jurídico;


• atos absolutamente nulos: não podem ser convali‑ Ao recusar o que o ato outorga, seu beneficiário o ex‑
dados atos que apresentem vícios insanáveis, como, tingue, dado que a aceitação era elemento necessário para
por exemplo, o ato comprovadamente praticado com que o ato pudesse produzir os efeitos para os quais estava
desvio de poder ou desvio de finalidade; preordenado. A recusa não se confunde com a renúncia, pois
• atos impugnados judicial ou administrativamente: não na recusa rejeita o que não se possui, na renúncia, rejeita
é possível inovar sobre situação jurídica contestada ou o que já se possui. Também não investe o beneficiário no
mesmo resistida; direito de ser indenizado.
• atos que geraram direito subjetivo ao beneficiá­rio,
entre outros. Prescrição Administrativa
45
FCC/AFR SP/Sefaz SP/Gestão Tributária/2013.
46
Assunto cobrado na prova do Cespe/CNJ/Analista Judiciário/Área Judiciá‑ A prescrição, instituto concebido para assegurar a es‑
ria/2013. tabilidade e segurança nas relações jurídicas, é, segundo a
47
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área
Administrativa/2010. doutrina administrativista, arrimada no entendimento dos

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processualistas, a  perda da ação judicial pelo decurso do Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o cré‑
prazo ou pelo abandono da causa durante o processo. dito tributário extingue‑se após 5 (cinco) anos, contados:
Importante destacar que a perda da ação judicial, neces‑ I – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que
sariamente não significa a perda do direito, que processual‑ o lançamento poderia ter sido efetuado;
mente damos o nome de decadência. II – da data em que se tornar definitiva a decisão que
houver anulado, por vício formal, o lançamento ante‑
Para melhor entendimento, cite‑se o exemplo dado por
riormente efetuado.
Celso Antonio Bandeira de Mello para ilustrar o instituto da Parágrafo único. O  direito a que se refere este artigo
prescrição: “Não tendo o devedor efetuado o pagamento extingue‑se definitivamente com o decurso do prazo
ao credor, este disporá de tempo “x” para acioná‑lo. Não nele previsto, contado da data em que tenha sido inicia‑
o fazendo dentro da dilação própria, prescreverá sua ação da a constituição do crédito tributário pela notificação,
para defender tal direito. Sem embargo, o direito não haverá ao  sujeito passivo, de qualquer medida preparatória
se extinguido, tanto que, se o devedor ulteriormente vier a indispensável ao lançamento.
pagá‑lo, não poderá mais tarde propor a ação de repetição Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário
do indébito”. prescreve em cinco anos, contados da data da sua
Administrativamente, portanto a prescrição pode ser, constituição definitiva.
entre outros, a  perda do prazo para recorrer da decisão
administrativa; a perda do prazo para a Administração re‑ Outro diploma legal que prevê a prescrição é a Lei
ver seus próprios atos, a perda do prazo para aplicação de nº 9.784/1999, que em seu artigo 54, assim dispôs:
penalidades administrativas. Já a decadência é a perda do
próprio direito em si, por não utilizá‑lo no prazo legal previsto Art. 54. O direito da Administração de anular os atos
administrativos de que decorram efeitos favoráveis para
para seu exercício, evento, este, que sucede quando a única
os destinatários decai em cinco anos, contados da data
forma de expressão do direito coincide conaturalmente com em que foram praticados, salvo comprovada má‑fé.
o direito de ação.
A distinção entre os institutos é importante porque, Como se vê, o prazo de cinco anos é uma constante nos
na prescrição o prazo pode ser suspenso ou interrompido, diplomas legais, caso em que, na falta de regra específica,
ao  passo que na decadência o prazo é fatal; não permite nada impede que este seja utilizado.
qualquer paralisação de sua fluência, uma vez iniciado. Importante, todavia destacar que, as ações destinadas
Pela suspensão da prescrição entende‑se a paralisação à obtenção de ressarcimento ao erário, são imprescritíveis
temporária da fluência do prazo prescricional, por força de (art. 37, § 5º, da CF).
fato ou ato a que a lei atribua tal efeito, o qual, uma vez ces‑
sada a causa suspensiva, recomeça a correr, computando‑se PROCESSO ADMINISTRATIVO: CONCEITO,
o período transcorrido antes da suspensão.
Pela interrupção da prescrição entende‑se a inutilização
PRINCÍPIOS, FASES E MODALIDADES
do lapso temporal prescritivo já transcorrido, de maneira a
recomeçar a contagem de seu prazo a partir do fato ou ato
Introdução
a que a lei reconheça tal efeito.
Normalmente, a Administração Pública, para registros de
Com relação à prescrição, temos algumas normas que
seus atos, controle da conduta de seus agentes e soluções
disciplinam a matéria no âmbito do Direito Administrativo.
de controvérsias dos administrados, utiliza-se de diversifica‑
O Decreto nº 20.910, de 6 de janeiro de 1932 (art. 1º), dos procedimentos, que recebem a denominação comum de
estabelece o prazo prescricional de 5 (cinco) anos – quin‑ processo administrativo. Não há como negar a importância
quenal, para as ações pessoais contra a Fazenda Pública, do processo administrativo em nossos dias. Ele se apresenta
contados da data que se originaram os atos ou fatos. Já como imperativo basilar do Estado Democrático de Direito
na via administrativa o decreto estabelece que o direito a no terreno da Administração Pública, principalmente quando
reclamação Administrativa, que não tiver prazo fixado em se têm em vista as múltiplas e crescentes ingerências do
disposição de lei para ser formulada, prescreve em um ano Poder Público na vida privada. Impõe-se, entretanto, distin‑
a contar da data do ato ou fato do qual a mesma se originar. guir e esclarecer, inicialmente a diferença entre processo e
Esse mesmo Decreto, em seu art. 6º prevê o prazo de procedimento para em seguida apreciarmos o processo ad‑
1 (um) ano para o exercício do direito de “reclamação ad‑ ministrativo, seus princípios, suas fases e suas modalidades.
ministrativa”, se outro não estiver previsto em lei especial.
O Decreto‑Lei nº 4.597, de 10 de agosto de 1942, por sua Processo e Procedimento
vez, estendeu a prescrição quinquenal para as autarquias,
Noções de Direito Administrativo

e deve‑se considerar que o mesmo vale para as Fundações Processo é o conjunto de atos coordenados para a ob‑
Públicas. tenção de decisão sobre uma controvérsia no âmbito judicial
A Lei nº 9.494, de 10 de setembro de 1997, também faz ou administrativo. Já o procedimento é o modo pelo qual
expressa menção ao prazo de cincos anos para a proposi‑ se realiza o processo, ou seja, o rito processual. O processo,
tura de ação objetivando indenização por danos causados portanto, pode realizar-ser por diferentes procedimentos, de
por pessoa jurídica de Direito Público ou de direito Privado acordo com a natureza da questão a decidir e os objetivos a
prestadora de serviços públicos. serem alcançados. Neste sentido, ensina Maria Sylvia Zanella
A Lei nº  4.717 de 29 de junho de 1965 (Lei de ação Di Pietro (Direito Administrativo, 21º edição, p. 589):
Popular), prescreve igualmente o prazo de cinco anos para
propor ação que vise a anulação ou a declaração de nulidade O procedimento é o conjunto de formalidades que
de atos lesivos ao patrimônio público. devem ser observadas para a prática de certos atos
Já para as ações prescricionais contra o administrado, administrativos; equivale a rito, a forma de proceder;
temos em matéria tributária os artigos 173 e 174, do CTN o procedimento se desenvolve dentro de um proces‑
(Lei nº 5.712/1966), que assim dispõe: so administrativo.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Assim, o processo administrativo se apresenta como uma administrativo a autoridade processante ou julgadora pode,
sucessão encadeada de atos, juridicamente ordenados, desti‑ até o julgamento final, conhecer de novas provas, ainda que
nados todos à obtenção de um resultado final, que consubs‑ produzidas em outro processo ou decorrentes de fatos su‑
tancia uma determinada decisão administrativa. pervenientes que comprovem as alegações em tela.
O procedimento é, pois, composto de um conjunto de Por fim, o princípio da garantia de defesa, está asse‑
atos, interligados e progressivamente ordenados em vista gurado no inciso LV do artigo 5º da Constituição Federal,
da produção de um resultado final. A observância do pro‑ juntamente com a obrigatoriedade do contraditório, como
cedimento na concatenação de atos legalmente previstos é decorrência do devido processo legal (art. 5º, inciso LIV). Por
imperiosa para a legalidade e legitimidade da decisão a ser garantia de defesa entende-se não só a observância do rito
tomada. Todos os atos da cadeia procedimental destinam-se adequado como a cientificação do processo ao interessado,
à preparação de um único ato, que consubstancia e manifesta a oportunidade para contestar a acusação, produzir prova
a vontade da Administração em determinada matéria. de seu direito, acompanhar os atos da instrução e utilizar-se
Dessa forma, podemos concluir que não há processo sem dos recursos cabíveis. A cientificação deve ser pessoal, sendo
procedimento, mas pode haver procedimentos administra‑ admitida a feita mediante publicação oficial (Diário Oficial)
tivos que não constituem processo, como o procedimento nas hipóteses em que a parte interessada estiver em lugar
da licitação e o do concurso. O que caracteriza, portanto, o incerto e não sabido (art. 26, §4º, da Lei nº 9.784/1999).
processo, é o ordenamento de atos para a solução de uma O processo administrativo sem oportunidade de defesa ou
controvérsia. O que tipifica o procedimento de um processo com a defesa cerceada é nulo, pois fere o princípio do devido
é o modo específico do ordenamento desses atos. processo legal.
O processo administrativo está disciplinado, atualmente,
no âmbito federal pela Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, Fases do Processo Administrativo
e será estudada adiante. Ela estabelece normas básicas sobre
o processo administrativo no âmbito da Administração Públi‑ De acordo com Hely, as fases comuns ao processo admi‑
ca Federal direta e indireta, visando à proteção dos direitos nistrativo propriamente dito, ou seja, todo aquele destinado
dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da a propiciar uma decisão sobre atos, fatos, situações e direitos
Administração. Os Estados e Municípios que queiram dispor controvertidos perante o órgão competente são cinco e se
sobre a matéria poderão promulgar suas próprias leis. desenvolvem nessa ordem: instauração, instrução, defesa
Note-se que, diversas dessas normas representam o que relatório e julgamento.
chamamos de “princípios do processo administrativo”, e que, A instauração é a apresentação escrita dos fatos e indi‑
na verdade, devem ser aplicadas em qualquer processo e cação do direito que ensejam o processo. Quando provém
não apenas em nível federal. da Administração deve consubstanciar-se em portaria, auto
de infração, representação ou despacho inicial da autoridade
competente. Quando provocada pelo administrado ou por
Princípios do Processo Administrativo
servidor, deve formalizar-se por requerimento (art. 6º da Lei

nº 9.784/1999) ou petição. Em qualquer hipótese, a peça
O processo administrativo, em regra, está sujeito a cinco
instauradora recebe autuação para o processamento regular
princípios de observância obrigatória, a saber: o da legalidade pela autoridade ou comissão processante. O essencial é que
objetiva, o da oficialidade, o do informalismo, o da verdade a peça inicial descreva os fatos com suficiente especificidade,
material e o da garantia de defesa. de modo a delimitar o objeto da controvérsia e a permitir
O princípio da legalidade objetiva exige que o processo a plenitude da defesa, pois o processo com instauração im‑
administrativo seja instaurado com base na lei e para preser‑ precisa quanto à qualificação do fato e sua ocorrência no
vá-la, caso contrário será nulo. Este princípio está previsto tempo e no espaço é nulo (art. 26, da Lei nº 9.784/1999).
nos incisos I e II, do artigo 2º da Lei nº 9.784/1999. A instrução é a fase de elucidação dos fatos, com a pro‑
Pelo princípio da oficialidade ou da impulsão oficial te‑ dução de provas da acusação no processo punitivo, ou de
mos que à Administração cabe a movimentação do processo complementação das iniciais no processo de controle ou ou‑
administrativo, ainda que instaurado por provocação do par‑ torga, provas, essas, que vão desde o depoimento da parte,
ticular. Uma vez iniciado passa a pertencer ao Poder Público, as inquirições de testemunhas, as inspeções pessoais, as pe‑
a quem compete seu impulsionamento, até a decisão final. ricias técnicas, até a juntada de documentos pertinentes. Nos
Este princípio está previsto no inciso XII, do artigo 2º da Lei processos punitivos as providências instrutórias competem
nº 9.784/1999. à autoridade ou comissão processante e nos demais cabem
Já o princípio do informalismo dispensa ritos sacramen‑ aos próprios interessados na decisão de seu objeto, mediante
apresentação direta das provas ou solicitação de sua produ‑
Noções de Direito Administrativo

tais e formas rígidas para o processo administrativo, prin‑


cipalmente para os atos a cargo do particular. Bastam as ção na forma regulamentar. Os defeitos da instrução, tal seja
formalidades estritamente necessárias à obtenção da certeza sua influência na apuração da verdade, podem conduzir à
jurídica e à segurança procedimental. Ressalte-se, entretan‑ anulação do processo ou do julgamento.
to, que quando a lei impõe uma forma ou uma formalidade, A defesa compreende a ciência da acusação, a vista dos
está deverá ser atendida, sob pena de nulidade do proce‑ autos na repartição, a oportunidade para oferecimento da
dimento. Este princípio está previsto no inciso VIII e IX, do contestação e provas, a inquirição de testemunhas, ou seja,
artigo 2º da Lei nº 9.784/1999. a observância do devido processo legal (art. 5º, LV, da Consti‑
O princípio da verdade material, também denominado tuição Federal), conforme visto acima quando falamos sobre
da liberdade na prova, autoriza a Administração a valer-se princípios. Ressalte-se que, como princípio universal nos Esta‑
de qualquer prova lícita de que a autoridade processante ou dos de Direito, o devido processo legal não admite postergação
julgadora tenha conhecimento, desde que a faça trasladar nem restrições na sua aplicação. Como já falamos, processo
para o processo. É a busca da verdade material em contraste administrativo sem ampla defesa ou com defesa cerceada é
nulo. Todavia, é obvio que a autoridade que presidir o processo
com a verdade formal. Enquanto nos processos judiciais o
poderá indeferir provas obtidas por meio ilícito, impertinentes,
juiz deve ater-se às provas constantes nos autos, no processo

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desnecessárias ou indicadas com intuito meramente prote‑ provocação do interessado ou por determinação interna da
latório, mas para tanto, deverá justificar objetivamente sua Administração, para receber a solução conveniente. Não tem
rejeição (art. 38, § 2º, da Lei nº 9.784/1999). procedimento próprio nem rito sacramental, seguindo pe‑
O relatório é a síntese do apurado no processo, feita por los canais rotineiros para informações, pareceres, despacho
quem o presidiu individualmente ou pela comissão proces‑ final da chefia competente e subsequente arquivamento.
sante, com apreciação das provas, fatos apurados, do direito Segundo o autor, esses expedientes, chamados indevidamen‑
debatido e proposta conclusiva para decisão da autoridade te de processo, não geram, alteram ou suprimem direitos
julgadora competente. É a peça informativa e opinativa, sem dos administrados, da Administração ou de seus servidores,
efeito vinculante para a Administração ou para os interessa‑ apenas encerram papéis, registram situações administrati‑
dos no processo. É por esse motivo que a autoridade julga‑ vas, recebem pareceres e despachos de tramitação ou me‑
dora pode divergir das conclusões e sugestões do relatório, ramente enunciativos de situações preexistentes, tal como
sem qualquer ofensa ao interesse público ou ao direito das nos pedidos de certidões, nas apresentações de documentos
partes, necessário, entretanto, que fundamente sua decisão para certos registros internos e outros da rotina burocrática.
em elementos existentes no processo ou na insuficiência de A tramitação desses processos é informal e irrelevante para
provas para uma decisão punitiva ou mesmo, deferimento a solução final, pelo quê as omissões ou desvios de rotina
ou indeferimento da pretensão postulada. não invalidam as providências objetivadas e as decisões neles
Por fim, o julgamento é a decisão proferida pela autori‑ proferidas não têm efeito vinculante para o interessado ou
dade ou órgão competente sobre o objeto do processo. Essa para a Administração, e por isso mesmo, em geral, são irre‑
decisão normalmente baseia-se nas conclusões do relatório, corríveis e não geram preclusão, pelo que admitem sempre
mas pode o julgador, conforme visto acima, não acatá-las. renovação do pedido e a modificação do despacho.
O essencial é que a decisão seja motivada com base na acu‑ Já o processo administrativo de outorga é todo aquele em
sação, na defesa e na prova, não sendo lícito à autoridade que se pleiteia algum direito ou situação individual perante
julgadora argumentar com fatos estranhos ao processo ou a Administração. Normalmente, tem rito especial, mas não
silenciar sobre as razões do acusado, por que isto equivale contraditório, salvo quando há imposição de terceiros ou im‑
a cerceamento de defesa e conduzirá à anulação do julga‑ pugnação da própria Administração. Em tais casos deve-se dar
oportunidade de defesa ao interessado, sob pena de nulidade
mento, que não é ato discricionário, mas vinculado ao devido
da decisão final. As decisões finais proferidas nesses processos
procedimento legal, pois, se o julgamento de processo ad‑
tornam-se vinculantes e irretratáveis pela Administração por‑
ministrativo fosse discricionário, não haveria necessidade de
que, normalmente, geram direito subjetivo para o beneficiário,
procedimento, justificando-se a decisão como ato isolado de
salvo quanto aos atos precários, que, por natureza, admitam
conveniência e oportunidade administrativa, alheio à prova
modificação ou supressão sumária a qualquer tempo. Nos
e refratário a qualquer defesa do interessado.
demais casos a decisão é definitiva e só modificável quando
Importante lembrar que o que se reconhece à autoridade
eivada de nulidade originária, ou por infringência das nor‑
julgadora é a liberdade na produção de prova e na escolha
mas legais no decorrer da execução ou, ainda, por interesse
e graduação das sanções aplicáveis quando a norma legal
público superveniente que justifique a revogação da outorga
consigna as penalidades sem indicar os ilícitos a que se des‑
com a devida indenização, que pode chegar ao caso de pré‑
tinam. Porém, jamais poderá a autoridade punir o impunível
via desapropriação. Em qualquer dessas hipóteses, porém, é
ou negar direito individual comprovado em processo admi‑
necessário oportunidade de defesa ao interessado antes da
nistrativo regular, ou desconstituir sumariamente situação anulação, cassação, alteração ou revogação da decisão ante‑
jurídica definitiva e subjetiva do administrado. rior. São exemplos desse tipo os processos de licenciamento
Note-se que, embora adstrito a certos atos, o processo de edificação, de registro de marcas e patentes, de pesquisa
administrativo não tem rigores rituais dos procedimentos e lavra de jazida, concessão e permissão, de isenção condi‑
judiciais, bastando que, dentro do princípio do informalismo, cionada de tributo e outros que consubstanciam pretensões
atenda às normas pertinentes do órgão processante e asse‑ de natureza negocial entre o particular e a Administração ou
gure defesa ao acusado. Sua tramitação é oficial e pública, abranjam atividades sujeitos a fiscalização do Poder Público.
como nos demais atos administrativos, só se justificando o O processo administrativo de controle é todo aquele em
sigilo nos casos previstos na Constituição Federal, como por que a Administração realiza verificações e declara situação,
exemplo, a segurança nacional. Daí o dever constitucional de direito ou conduta do administrado ou de servidor, com ca‑
serem fornecidas as certidões de suas peças, pareceres ou ráter vinculante para as partes. Tais processos, normalmente,
documentos, para a defesa de direitos ou esclarecimentos também têm rito próprio e, quando neles se deparam irregu‑
de situações de interesse pessoal (art. 5º, inciso XXXIV, b – laridades puníveis, exigem oportunidade de defesa ao inte‑
direito de petição).
Noções de Direito Administrativo

ressado, antes de seu encerramento, sob pena de invalidade


As fases acima, de um modo geral, devem ser atendidas do resultado da apuração. Ressalte-se, porém, que o processo
em todos os processos administrativos próprios, ou seja, na‑ de controle não se confunde com o processo punitivo. No
queles que visam à solução de litígio entre a Administração processo punitivo se apura a falta e se aplica a penalidade
e o administrado, sendo aplicáveis a todas as suas modali‑ cabível. No processo de controle apenas se verifica a situação
dades, como veremos a seguir. ou a conduta do agente e se proclama o resultado para efeitos
futuros. Nesses processos a decisão final é vinculante para
Modalidades de Processo Administrativo a administração e para o interessado, embora nem sempre
seja autoexecutável, pois depende da instauração de outro
Hely dividiu os processos administrativos em quatro processo administrativo de caráter punitivo ou disciplinar, ou
modalidades, a saber: processo de expediente, processo de mesmo de ação civil ou criminal, ou ainda, do pronunciamento
outorga, processo de controle e processo punitivo. executório de outro Poder, como no caso do julgamento de
O processo administrativo de expediente, segundo o contas pelo Legislativo, após a manifestação prévia do Tribunal
ilustre doutrinador, é denominação imprópria que se dá a de Contas competente, no respectivo processo administrativo
toda autuação que tramita pelas repartições públicas por de controle. São exemplos de processos administrativos de

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controle os de prestação de contas perante órgãos públicos, • a Administração Federal indireta (Autarquias, Funda‑
os de verificação de atividades sujeitas a fiscalização, o de ções, Empresas Públicas e Sociedades de Economia
lançamento tributário e o de consulta fiscal. Mista).
Por fim, o processo administrativo punitivo é todo aquele
promovido pela Administração para a imposição de pena‑ Art. 4º A Administração Federal compreende:
lidade por infração à lei, regulamento ou contrato. Esses I  – A Administração Direta, que se constitui dos
processos devem ser necessariamente contraditórios, com serviços integrados na estrutura administrativa da
oportunidade de defesa, observando-se o devido processo Presidência da República e dos Ministérios.
legal, sob pena de nulidade da sanção imposta. A sua ins‑ II  – A Administração Indireta, que compreende as
tauração deve basear-se em auto de infração, representação seguintes categorias de entidades, dotadas de per‑
ou peça equivalente, iniciando-se com a exposição minucio‑ sonalidade jurídica própria:
sa dos atos ou fatos ilegais ou administrativamente ilícitos a) Autarquias;
atribuídos ao indiciado e indicação da norma ou convenção b) Empresas Públicas;
infringida. O processo punitivo poderá ser realizado por um c) Sociedades de Economia Mista;
só representante da administração ou opor comissão de‑ d) Fundações Públicas.
signada para tanto. O essencial é que se desenvolva com
regularidade formal em todas as suas fases, para legitimar Por fim, a  lei foi cuidadosa em respeitar normas que
a sanção imposta. Nesses procedimentos são adotáveis, disciplinam processos específicos, dispondo que estas con‑
subsidiariamente os preceitos do processo penal comum, tinuarão a ser regidas por lei própria. A Lei nº 9.784/1999
quando não conflitantes com as normas administrativas per‑ será aplicada apenas subsidiariamente (art. 69).
tinentes. Atente-se que, embora a graduação das sanções
administrativas (advertência, suspensão, multa, embargo de Art.  69. Os  processos administrativos específicos
obra, destruição de coisa, interdição de atividades, entre continuarão a reger-se por lei própria, aplicando-se‑
-lhes apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei.
outras) seja discricionária, não é arbitrária e, por isso, deve
guardar correspondência e proporcionalidade com a infra‑
ção apurada no respectivo processo, além de estar expres‑ Processo X Procedimento
samente prevista em norma administrativa, pois não é dado
à administração aplicar penalidade não estabelecida em lei, Processo administrativo é o conjunto de atos coor‑
decreto ou contrato, como não o é sem o devido processo denados para a solução de uma controvérsia no âmbito
legal. Dessa forma, incluem-se nesta modalidade de processo administrativo.
Procedimento é o modo de realização do processo,
administrativo punitivo todos os procedimentos que visem
a forma de proceder; o rito processual.
à imposição de alguma sanção ao administrado, ao servidor
Os dois não se confundem, uma vez que pode haver
ou a quem eventualmente esteja vinculado à Administração
procedimento sem processo, mas nunca processo sem
por uma relação especial de hierarquia.
procedimento.
A seguir estudaremos a Lei nº 9.784/1999 que regula o
Nesse sentido, ensina Di Pietro (2008, p. 589):
processo administrativo no âmbito da Administração Pública
Federal. O procedimento é o conjunto de formalidades que
devem ser observadas para a prática de certos atos
PROCESSO ADMINISTRATIVO administrativos; equivale a rito, a forma de proceder;
LEI Nº 9.784/1999 o procedimento se desenvolve dentro de um proces‑
so administrativo.
Introdução
Diferenças Básicas entre Processo Judicial e
A Lei nº 9.784/1999 veio suprir a omissão antes sentida Processo Administrativo
no ordenamento jurídico, passando-se a ter regras, princípios
e critérios a serem observados nos processos administrativos PROCESSO PROCESSO
no âmbito da Administração Pública Federal. JUDICIAL ADMINISTRATIVO
Com propriedade, a lei estabelece suas finalidades,
É instaurado mediante pro‑ É instaurado mediante pro‑
quais sejam:
vocação das partes. vocação do interessado ou
• proteção dos direitos dos administrados;
de ofício, pela própria Ad‑
• melhor cumprimento dos fins da Administração.
ministração.
Noções de Direito Administrativo

A lei é de observância obrigatória para a Administração Estabelece-se uma relação Estabelece-se uma relação
Federal direta e indireta e aos órgãos dos Poderes Legislati‑ trilateral: partes (autor e réu) bilateral, pois a Administra‑
vo e Judiciário da União, quando no desempenho de função e o terceiro imparcial (o juiz). ção é parte interessada.
administrativa48. Por conseguinte, os Estados, o Distrito Fe‑ Em regra, é oneroso. Em regra é gratuito, exceto
deral e os Municípios podem editar leis específicas a respeito quando a lei o exigir.
da matéria. Caso não possuam, podem valer-se das normas Faz coisa julgada. Não faz coisa julgada. Podem
aqui previstas (analogia). ser revistos pelo Poder Judi‑
Segundo o Decreto-Lei nº 200, de 1967 (art. 4º), a Admi‑ ciário (art. 5º, XXXV).
nistração Pública Federal compreende:
• a Administração Federal direta: Presidência da Repú‑ Critérios a Serem Observados nos Processos
blica e Ministérios; e
Administrativos
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/TCU/Auditor Federal de Controle
48
A lei arrola, em seu art. 2º, alguns dos princípios a serem
Externo – AUFC/2010 e FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área Judiciária/
Analista Judiciário/Área Judiciária/Execução de Mandatos/2010. obedecidos pela Administração Pública, dispondo, em seu

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parágrafo único, sobre os critérios que devem ser observados – É assegurado a todos o acesso à informação e resguar‑
nos processos administrativos. dado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício
Ressalta-se que todos os critérios previstos no parágrafo profissional (art. 5º, XIV, da CF).
único do artigo em comento constituem princípios da Ad‑ – Informações de interesse particular ou coletivo quando
ministração Pública. Entre estes, alguns são princípios que imprescindíveis para a segurança da sociedade ou do
advêm da teoria geral do direito, mas comuns aos processos Estado (art. 5º, XXXIII, da CF).
administrativos. Identificaremos, pois, os princípios inseridos
em cada critério e devidas considerações. • Adequação entre Meios e Fins, Vedada a Imposição de
Obrigações, Restrições e Sanções em Medida Superior àque‑
Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre las Estritamente Necessárias ao Atendimento do Interesse
outros, aos princípios da legalidade, finalidade, mo‑ Público (Princípio da Razoabilidade e da Proporcionalidade)
tivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralida‑ Nos processos administrativos, a  Administração deve
de, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, observar a razoabilidade e a proporcionalidade, ou seja,
interesse público e eficiência. a adequação entre a penalidade a ser aplicada e o fim a ser
alcançado.
• Atuação Conforme a Lei e o Direito (Princípio da
Legalidade) • Indicação dos Pressupostos de Fato e de Direito que
Como princípio básico de toda atuação administrativa, Determinarem a Decisão (Princípio da Motivação)
é também de observância obrigatória no processo adminis‑ É a exposição ou a indicação por escrito dos fatos e fun‑
trativo. O  processo administrativo só pode ser instaurado damentos jurídicos que ensejaram a prática do ato. Os atos
com base na lei e para preservá-la, caso contrário será nulo. administrativos que devem ser motivados estão previstos
É também conhecido na doutrina como princípio da no art. 50.
legalidade objetiva ou da legalidade estrita.
• Observância das Formalidades Essenciais à Garantia
• Atendimento a Fins de Interesse Geral, Vedada a Re‑ dos Administrados (Princípio da Instrumentalidade das
núncia Total ou Parcial de Poderes ou Competências, Salvo Formas)
Autorização em Lei (Princípio da Finalidade ou Interesse Princípio advindo do processo civil e utilizado também
Público) no processo administrativo. Significa que, se a forma pres‑
Trata-se do princípio da supremacia do interesse público crita não for atendida, o ato é ilícito; constitui segurança nas
sobre o interesse privado, abordado na lei com o nome de relações entre a Administração e o administrado.
interesse público e finalidade. Toda atuação do administrador O art. 26 prevê que, para dar ciência de decisão ou para
destina-se a atender o interesse público; esta é a finalidade efetivar diligências, o interessado deve ser intimado (a forma
de toda e qualquer norma. a ser utilizada é a intimação).
Como decorrência do princípio da supremacia do interes‑
se público sobre o interesse privado tem-se a indisponibilida‑ • Adoção de Formas Simples, Suficientes para Pro‑
de do interesse público, segundo a qual a Administração não piciar Adequado Grau de Certeza, Segurança e Respeito
pode dispor desse interesse geral nem renunciar a poderes aos Direitos Adquiridos (Princípio do Informalismo e da
que a lei lhe deu a fim de cumpri-lo. Segurança Jurídica)
• Objetividade no Atendimento do Interesse Público, Os atos do processo administrativo não dependem de
Vedada a Promoção Pessoal de Agentes ou Autoridades forma determinada. Entende-se que, se a forma para o ato
(Princípio da Eficiência e da Impessoa­lidade) processual não estiver fixada em lei, o agente público com‑
O princípio da eficiência exige do administrador que petente poderá dispor sobre a forma mais oportuna e con‑
atue com perfeição, presteza e rendimento funcional. Já o veniente (desde que não prejudique o curso do processo).
princípio da impessoalidade impede que o administrador
pratique atos em seu interesse próprio. • Garantia dos Direitos à Comunicação, às Alegações
Finais, à Produção de Provas e à Interposição de Recur‑
• Atuação Segundo Padrões Éticos de Probidade, Decoro sos, nos Processos de que Possam Resultar Sanções e
e Boa-fé (Princípio da Moralidade) nas Situações de Litígios (Princípio da Ampla Defesa e do
A moralidade administrativa constitui pressuposto de Contraditório)
validade de todo ato da Administração. Impõe ao adminis‑ Na Lei nº 9.784/1999, temos estes princípios presentes
trador decidir não somente entre o legal e o ilegal, o justo e em vários dispositivos, tais como: o direito de ter ciência
Noções de Direito Administrativo

o injusto, mas principalmente entre o honesto e o desonesto. da tramitação dos processos administrativos; ter vistas dos
autos; obter cópias de documentos; conhecer decisões pro‑
• Divulgação Oficial dos Atos Administrativos, Res‑ feridas; formular alegações; apresentar documentos antes da
salvadas as Hipóteses de Sigilo Previstas na Constituição decisão final; fazer-se assistir facultativamente por advogado,
(Princípio da Publicidade) salvo quando a lei assim o exigir; entre outros.
Todos os atos do processo administrativo devem estar
abertos ao conhecimento dos interessados, salvo previsões • Proibição de Cobrança de Despesas Processuais,
constitucionais. Ressalvadas as Previstas em Lei (Princípio da Gratuidade)
Diferentemente dos atos dos processos judiciais, que,
Exceções ao princípio da publicidade em regra, são onerosos, os atos do processo administrativo
são gratuitos, salvo disposição legal.
– São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e
a imagem das pessoas, assegurado o direito a indeni‑ • Impulsão, de Ofício, do Processo Administrativo,
zação pelo dano material ou moral decorrente de sua sem Prejuízo da Atuação dos Interessados (Princípio da
violação (art. 5º, X, da CF). Oficialidade)

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
O processo administrativo pode ser instaurado de ofí‑ 2) identificação do requerente ou de quem este repre‑
cio, ou seja, por iniciativa da própria Administração, inde‑ sente;
pendente de provocação do interessado. Esse princípio se 3) local para receber comunicação;
aplica apenas aos processos administrativos. Nos processos 4) o pedido fundamentado;
judiciais, o Estado-Juiz deve ser provocado, para só depois 5) data e assinatura.
agir de ofício.
O que fazer se não houver competência legal específica
• Interpretação da Norma Administrativa da Forma que para dar início ao processo? Deverá ser iniciado perante a
Melhor Garanta o Atendimento do Fim Público a que se autoridade de menor grau hierárquico para decidir (art. 17).
Dirige, Vedada Aplicação Retroativa de Nova Interpretação Considera-se autoridade para efeitos dessa lei o servidor ou
(Princípio da Segurança Jurídica) agente público dotado de poder de decisão.
Como forma de garantir aos administrados um mínimo de É proibido, à Administração, recusar imotivadamente o
segurança em suas relações com a Administração, é vedada recebimento de documentos, devendo o servidor orientar
a aplicação retroativa de nova interpretação. o interessado quanto ao suprimento de eventuais falhas.
Assim dispõe o art. 5º, XXXVI, da CF: “A lei não prejudicará Os órgãos e entidades administrativos deverão elaborar
o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. modelos ou formulários padronizados para assuntos que
importem pretensões equivalentes.
Direitos do Administrado Considera-se órgão, para efeitos desta lei, a unidade de
atuação integrante da estrutura da Administração direta e da
Os administrados têm os seguintes direitos perante a estrutura da Administração indireta; e entidade, a unidade
Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam asse‑ de atuação dotada de personalidade jurídica.
gurados (art. 3º):
• ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores; Legitimidados para Atuar no Processo como
• ter facilitado o exercício de seus direitos e o cumpri‑ Interessados
mento de suas obrigações;
• ter ciência da tramitação dos processos administrativos São legitimados como interessados no processo (art. 9º):
em que tenha a condição de interessado; • titulares de direitos ou interesses individuais ou repre‑
• ter vista dos autos; sentantes;
• obter cópias de documentos; • terceiros que podem ser afetados pela decisão;
• conhecer decisões proferidas; • organizações e associações representativas (direitos
• formular alegações e apresentar documentos antes de coletivos);
decisão; • pessoas ou associações legalmente constituídas (direi‑
• faculdade de ser assistido por advogado, salvo quando tos difusos).
obrigatória a representação.
Para efeitos desta lei, são capazes os maiores de dezoito
Súmula Vinculante nº  5/STF: A falta de defesa anos, ressalvada previsão especial em ato normativo próprio
técnica por advogado no processo administrativo (art. 10).
disciplinar não ofende a Constituição49. (Data de
Aprovação: Sessão Plenária de 7/5/2008; Fonte de Competência
Publicação: DJe nº 88/2008, p. 1, em 16/5/2008, DOU
de 16/5/2008, p. 1.) Conceito: limite de atuação da autoridade, cujo exercício
só é lícito se obedecidos os seguintes requisitos:
Deveres do Administrado • se for praticado pelo sujeito previsto;
• sobre o território de sua jurisdição;
São deveres do Administrado perante a Administra‑ • em relação às matérias indicadas na norma;
ção, sem prejuízo de outros previstos em atos normativos • no momento adequado;
(art. 4º): • à vista de ocorrência dos fatos indicados na norma;
• atuar conforme a verdade, lealdade, urbanidade e • para atingir a finalidade que levou à outorga do poder.
boa-fé;
• não agir de modo temerário; A competência é irrenunciável (art. 11), ressalvados os
• prestar as informações solicitadas e colaborar para o casos de delegação e avocação, mediante ato publicado
esclarecimento dos fatos. oficialmente, constando (art. 14, § 1º):
Noções de Direito Administrativo

• as matérias e poderes transferidos;


• os limites de atuação do delegado;
Instauração do Processo
• a duração e os objetivos da delegação;
• o recurso cabível e eventual, ressalva que poderá advir
O processo administrativo pode iniciar-se (arts. 5º e 6º):
da atribuição delegada.
• de ofício: pela própria Administração.
• a pedido de interessado: qualquer pessoa que tiver
Delegar é atribuir a outrem competência tida como
ciência de irregularidades.
própria; avocação é chamar para si competência atribuída
a subordinado.
A solicitação pode ser:
Segundo a lei, pode haver delegação de competência
• oral; ou
de um órgão para outro ou entre seus titulares, mesmo que
• escrita: quando for escrita deve conter os seguintes
não haja subordinação hierárquica. Necessário se faz que
dados:
não haja impedimento legal, e desde que seja conveniente
1) a quem se dirige;
em razão de circunstâncias de índole técnica, social, eco‑
FCC/Defensoria Pública do Estado de São Paulo/Defensor Público/2010.
49 nômica, jurídica ou territorial, podendo tal delegação ser

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revogada a qualquer momento pela autoridade delegan‑ Se a intimação não for atendida, o  órgão competente
te50. As decisões adotadas por delegação devem mencionar poderá (se entender relevante) suprir de ofício a omissão,
explicitamente essa qualidade e considerar-se-ão editadas não se eximindo de proferir decisão (art. 39, parágrafo único).
pelo delegado.
Já a avocação somente será permitida em caráter excep‑ Meios:
cional, temporário e por motivos relevantes, devidamente • ciência no processo: quando ocorre nos próprios
justificados (art. 15). autos; normalmente na própria audiência;
• carta com AR (aviso de recebimento);
Atos que não podem ser Objeto de Delegação (Art. • telegrama; ou
13) • qualquer outro meio que assegure a certeza da ciência
do interessado.
• atos de caráter normativo;
• atos que decidam recursos administrativos; No caso de interessados indeterminados, desconhecidos
• atos de competência exclusiva do órgão ou autoridade. ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser feita por
meio de publicação oficial (art. 26, § 4º).
Impedimentos
Instrução do Processo
Estão impedidos de atuar no processo (art. 18):
• servidor ou autoridade que tenha interesse direto ou As instruções (atividades destinadas a averiguar e com‑
indireto na matéria; provar dados necessários à tomada de decisões) realizar‑
• servidor ou autoridade que tenha participado ou venha
-se-ão (art. 29):
a participar como perito, testemunha ou representan‑
• de ofício; ou
te, ou se tais situações ocorrem quanto ao cônjuge,
companheiro ou parente e afins até o terceiro grau; • o interessado propõe atuação probatória (juntar
• servidor ou autoridade que esteja litigando judicial ou documentos e pareceres, requerer diligências e perí‑
administrativamente com o interessado ou respectivo cias, bem como aduzir alegações referentes à matéria
cônjuge ou companheiro. objeto do processo).

Observação: O servidor tem o dever de comunicar o im‑ Quando dados, atuações ou documentos solicitados
pedimento, constituindo falta grave a sua omissão (art. 19). aos interessados forem necessários à apreciação de pe‑
dido formulado, o  não atendimento no prazo fixado pela
Suspeições Administração para a respectiva apresentação implicará o
arquivamento do processo (art. 40).
A autoridade ou servidor que tenha amizade íntima ou Quando a matéria do processo envolver assunto de inte‑
inimizade notória com algum dos interessados ou com os resse geral (art. 31), o órgão competente poderá (mediante
respectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins até o despacho motivado) abrir período de consulta pública (devi‑
terceiro grau podem ser declarados suspeitos; se isso acon‑ damente publicada nos meios oficiais) para manifestação de
tecer, não poderão atuar no processo (art. 20). terceiros, antes da decisão do pedido, se não houver prejuízo
para a parte interessada, ou, ainda, a critério da autoridade
Forma, Tempo e Lugar dos Atos Processuais competente, poderá ser realizada audiência pública (con‑
siste em debates sobre determinada matéria que tenham
• Não exige forma determinada (art. 22), salvo previsão comprovada relevância).
legal (princípio do informalismo). Quando for necessário ouvir órgão consultivo, o parecer
• Deverão preferencialmente realizar-se na sede do deverá ser emitido no prazo máximo de quinze dias, salvo
órgão, em dias úteis, no horário normal de funciona‑ norma especial ou comprovada necessidade de maior prazo.
mento das repartições, por escrito, em vernáculo, com Se o parecer for obrigatório e vinculante, e não for emitido no
data, local e assinatura da autoridade; reconhecimento
prazo fixado, o processo não terá seguimento até a respec‑
de firma só quando houver dúvida de autenticidade.
tiva apresentação, responsabilizando-se quem der causa ao
• Não havendo prazo específico para a prática dos atos,
este será de 5 dias; se devidamente justificado, o prazo atraso. Porém, se for obrigatório e não vinculante, e não for
pode ser dilatado até o dobro, ou seja, até 10 dias. emitido no prazo fixado, o processo poderá prosseguir e ser
decidido com sua dispensa, sem prejuízo da responsabilidade
Noções de Direito Administrativo

Comunicação dos Atos de quem se omitiu no atendimento (art. 42).

A comunicação dos atos é feita por meio de intimação São inadmissíveis no processo:
com antecedência mínima de 3 dias úteis; visa dar ciência • provas ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou pro‑
ao interessado de decisões ou efetivar diligências (arts. 26, telatórias (art. 38, §2º).
39, 41). Constituem, portanto, objeto de intimação os atos
do processo administrativo que imponham deveres, ônus, Obs.: Cabe aos interessados a prova dos fatos que alegar.
sanções ou restrições ao exercício de direitos e atividades e
os atos de outra natureza, de seu interesse (art. 28). Finalizada a instrução, o  interessado tem o prazo de
O desatendimento da intimação não importa o reco‑ 10 dias para manifestar-se, salvo se outro for estipulado
nhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito (art. 44).
pelo administrado. Administração Pública poderá motivadamente adotar
providências acauteladoras, em caso de risco iminente, sem
Assunto cobrado na prova da FCC/Procuradoria Geral do Estado do Amazonas/
50

Procurador do Estado de 3ª Classe/2010. a prévia manifestação do interessado (art. 45).

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Do Dever de Decidir • A Administração pode revogar seus próprios atos por
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados
• A Administração tem o dever de emitir decisão explícita os direitos adquiridos (art. 53).
em processos, solicitações e reclamações quando a
matéria for de sua competência (art. 48). A Convalidação
• Prazo: até 30 dias, se devidamente motivada, pode
ser prorrogada por igual período, ou seja, até 60 dias • É a prática de um novo ato pelo qual é suprido o vício
(art. 49). existente em um ato ilegal. Efeito: Ex tunc (retroage à
data em que o ato foi praticado, anulando-o).
Atos que Devem ser Motivados (Art. 50) • Os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão
ser convalidados pela própria Administração, desde
Os atos administrativos deverão ser motivados, com que fique evidenciado que não acarretam lesão ao
indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: interesse público nem prejuízo a terceiros (art. 55).
• atos que neguem, limitem ou afetem direitos ou inte‑
resses; Recursos Administrativos
• atos que imponham ou agravem deveres, encargos ou
sanções; • Cabimento: por razões de legalidade e de mérito
• atos que decidam processos administrativos de con‑ (art.  56), por meio de requerimento contendo os
curso ou seleção pública; fundamentos do pedido de reexame. O  interessado
• atos que dispensem ou declarem a inexigibilidade de pode juntar os documentos que julgar convenientes
processo licitatório; (art. 60).
• atos que decidam recursos administrativos;
• atos que decorram de reexame de ofício; Em regra, o recurso não tem efeito suspensivo (art. 61),
• atos que deixem de aplicar jurisprudência firmada porém, se houver justo receio de prejuízo de difícil ou incerta
sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, reparação decorrente da execução, a autoridade recorrida
propostas e relatórios oficiais; ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido,
• atos que importem anulação, revogação, suspensão dar efeito suspensivo ao recurso (art. 61, parágrafo único).
ou convalidação de ato administrativo.
• Tramitação: 03 instâncias administrativas, no máximo,
Desistência do Processo salvo disposição legal (art. 57). O que não as tornam
obrigatórias, uma vez que a penalidade pode ser
O interessado poderá desistir (total ou parcialmente) aplicada pela autoridade máxima do órgão, cabendo
do pedido formulado, mediante manifestação por escrito, a este apenas pedido de reconsideração; em caso de
ou, ainda, renunciar direitos disponíveis. Se houver vários negativa, caberá somente ao Poder Judiciário a sua
interessados, a desistência ou renúncia atinge somente quem revisão.
tenha formulado o pedido, e, conforme o caso, não prejudica
o curso do processo, se a Administração considerar que o Na via administrativa, esgotadas as instâncias, só será
interesse público assim o exige. possível o pedido de revisão de sanções, no caso de fatos
novos ou circunstâncias relevantes, suscetíveis de justificar
Extinção do Processo a inadequação da sanção aplicada. Nesse caso, o pedido de
revisão pode ser feito a qualquer tempo (art. 65).
O órgão competente poderá declarar extinto o processo Cabe ressaltar que do pedido de reconsideração e do
quando: recurso hierárquico cabe agravamento de sanção (art. 64,
• exaurida sua finalidade; ou parágrafo único), diferentemente do pedido de revisão,
• o objeto da decisão se tornar impossível, inútil ou que não poderá resultar agravamento de sanção (art.  65,
prejudicado por fato superveniente. parágrafo único).

Também extinguem o ato: • Hierarquia: o recurso será dirigido inicialmente à


autoridade que proferiu a decisão, a  qual, se não a
A Anulação reconsiderar no prazo de 5 dias, o encaminhará à au‑
toridade superior (art. 56, § 1º). Se o recorrente alegar
• É a extinção do ato administrativo por motivo de ile‑ que a decisão administrativa contraria enunciado de
galidade, feita pela Administração (autotutela) ou pelo súmula vinculante, caberá à autoridade prolatora da
Noções de Direito Administrativo

Poder Judiciário. Efeitos: Ex tunc (retroage à data em decisão impugnada, se não a reconsiderar, explicitar,
que o ato foi praticado, anulando-o). antes de encaminhar o recurso à autoridade superior,
• É dever da Administração Pública anular seus próprios as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da sú‑
atos, quando eivados de vício de legalidade (art. 53 e mula, conforme o caso (art. 56, § 1º).
Súmulas nºs 346 e 473 do STF).
• Prazo de decadência para a anulação: 5 anos, para atos • Legitimidade para interpor recurso administrativo
que decorram efeitos favoráveis para os destinatários. (art. 58):
Se houver má-fé: imprescritível. – os titulares de direitos e interesses que forem parte
no processo;
A Revogação – aqueles cujos direitos ou interesses forem indire‑
tamente afetados pela decisão recorrida;
• É a extinção de um ato administrativo legal e legítimo – as organizações e associações representativas no
em razão de conveniência e oportunidade. Efeitos: Ex tocante a direitos e interesses coletivos;
nunc (não retroage; seus efeitos são válidos a partir da – os cidadãos ou associações quanto a direitos ou
data em que foi praticado o ato). interesses difusos.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
• Situações em que o recurso não será conhecido quan‑ Considera-se autoridade para efeitos dessa lei o servidor
do interposto (art. 63): ou agente público dotado de poder de decisão.
– fora do prazo; Ademais, cumpre observar que, em processo adminis‑
– perante órgão incompetente; trativo disciplinar, a remoção de ofício de um servidor não
– por quem não seja legitimado; pode ser utilizada como forma de punição.51
– após exaurida a esfera administrativa.
Súmulas Aplicáveis
Obs.1: Se o recurso for interposto perante órgão incom‑
petente, será indicada ao recorrente a autoridade compe‑ Súmula nº 429
tente, sendo-lhe devolvido o prazo para recurso. A existência de recurso administrativo com efeito sus‑
pensivo não impede o uso do mandado de segurança contra
Obs.2: O não conhecimento do recurso pela Administra‑ omissão da autoridade. (Data de Aprovação: Sessão Plenária
ção não a impede de rever de ofício o ato ilegal, desde que de 1º/6/1964).
não ocorrida preclusão administrativa (art. 63, § 2º).
Súmula nº 430
Prazo para interposição: 10 dias, contados da data
 Pedido de reconsideração na via administrativa não in‑
de ciência ou divulgação oficial da decisão recorrida, terrompe o prazo para o mandado de segurança. (Data de
salvo disposição legal específica (art. 59). Aprovação: Sessão Plenária de 1º/6/1964).

Prazo para julgamento: máximo de 30 dias, contados


 Súmula Vinculante nº 3
do recebimento dos autos pelo órgão competente, se Nos processos perante o Tribunal de Contas da União
a lei não fixar prazo diferente (art. 59, § 1º). Poderá asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando
haver prorrogação por igual período, ante justificativa da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
explícita (art. 59, § 2º). administrativo que beneficie o interessado, excetuada a
apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de apo‑
Obs.1: O órgão competente para decidir o recurso poderá sentadoria, reforma e pensão. (Data de Aprovação: Sessão
confirmar, modificar, anular ou revogar (total ou parcialmen‑ Plenária de 30/5/2007).
te) a decisão recorrida (art. 64).
Súmula Vinculante nº 5
Obs.2: Caso ocorra agravamento de sanção, o recorrente A falta de defesa técnica por advogado no processo
será cientificado para que formule suas alegações antes da administrativo disciplinar não ofende a Constituição. (Data
decisão (art. 64, parágrafo único). de Aprovação: Sessão Plenária de 7/5/2008).

Obs.3: Se o recorrente alegar violação de enunciado de Lei nº 9.784, de 29 de Janeiro de 1999


súmula vinculante, o  órgão deverá explicitar as razões de
aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, e, se for aco‑ Regula o processo administra-
lhida pelo STF a reclamação fundada em sua violação, será tivo no âmbito da Administração
dada ciência à autoridade prolatora e ao órgão competente Pública Federal.
pelo julgamento do recurso, para que adéquem à futuras
decisões administrativas em casos semelhantes, sob pena de O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congres‑
responsabilização pessoal nas esferas cível, administrativa e so Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
penal (arts. 64-A e 64-B).
CAPÍTULO I
Prazos (Arts. 66 e 67) Das Disposições Gerais
• Começam a correr a partir da data da cientificação Art. 1º Esta Lei estabelece normas básicas sobre o pro‑
oficial. cesso administrativo no âmbito da Administração Federal
• Exclui-se da contagem o dia do começo e inclui-se o direta e indireta, visando, em especial, à  proteção dos
do vencimento. direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos
• Prorroga-se o prazo até o 1º dia útil seguinte, se o fins da Administração.
vencimento cair em dia em que não houver expediente § 1º Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos
ou este for encerrado antes da hora normal. dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no
Noções de Direito Administrativo

• Os prazos expressos em dias contam-se de modo desempenho de função administrativa.


contínuo. § 2º Para os fins desta Lei, consideram-se:
• Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de I – órgão – a unidade de atuação integrante da estrutura
data a data. Se no mês do vencimento não houver o da Administração direta e da estrutura da Administração
dia equivalente àquele do início do prazo, tem-se como indireta;
termo o último dia do mês. II – entidade – a unidade de atuação dotada de perso‑
nalidade jurídica;
Os prazos processuais não se suspendem, salvo motivo III – autoridade – o servidor ou agente público dotado
de força maior devidamente comprovado (art. 67). de poder de decisão.
Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre
Sanções (Art. 68) outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação,
razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla de‑
As sanções possuem natureza pecuniária ou obrigação de
fazer ou de não fazer e devem ser aplicadas pela autoridade Assunto cobrado na prova do Cespe/TCU/Auditor Federal de Controle Externo
51

competente. – AUFC/2010.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
fesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e CAPÍTULO IV
eficiência. Do Início do Processo
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão
observados, entre outros, os critérios de: Art. 5º O processo administrativo pode iniciar-se de ofício
I – atuação conforme a lei e o Direito; ou a pedido de interessado.
II – atendimento a fins de interesse geral, vedada a re‑ Art. 6º O requerimento inicial do interessado, salvo casos
núncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo em que for admitida solicitação oral, deve ser formulado por
autorização em lei; escrito e conter os seguintes dados:
III – objetividade no atendimento do interesse público, I – órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;
vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades; II  – identificação do interessado ou de quem o repre‑
IV  – atuação segundo padrões éticos de probidade, sente;
decoro e boa-fé; III – domicílio do requerente ou local para recebimento
V – divulgação oficial dos atos administrativos, ressalva‑ de comunicações;
das as hipóteses de sigilo previstas na Constituição; IV – formulação do pedido, com exposição dos fatos e
VI – adequação entre meios e fins, vedada a imposição de seus fundamentos;
de obrigações, restrições e sanções em medida superior V  – data e assinatura do requerente ou de seu repre‑
àquelas estritamente necessárias ao atendimento do inte‑ sentante.
resse público; Parágrafo único. É  vedada à Administração a recusa
VII – indicação dos pressupostos de fato e de direito que imotivada de recebimento de documentos, devendo o
determinarem a decisão; servidor orientar o interessado quanto ao suprimento de
VIII – observância das formalidades essenciais à garantia eventuais falhas.
dos direitos dos administrados; Art. 7º Os órgãos e entidades administrativas deverão
IX – adoção de formas simples, suficientes para propiciar elaborar modelos ou formulários padronizados para assuntos
adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos que importem pretensões equivalentes.
dos administrados; Art. 8º Quando os pedidos de uma pluralidade de interes‑
X – garantia dos direitos à comunicação, à apresentação sados tiverem conteúdo e fundamentos idênticos, poderão
de alegações finais, à produção de provas e à interposição ser formulados em um único requerimento, salvo preceito
de recursos, nos processos de que possam resultar sanções legal em contrário.
e nas situações de litígio;
XI  – proibição de cobrança de despesas processuais, CAPÍTULO V
ressalvadas as previstas em lei; Dos Interessados
XII – impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem
prejuízo da atuação dos interessados; Art. 9º São legitimados como interessados no processo
XIII – interpretação da norma administrativa da forma administrativo:
que melhor garanta o atendimento do fim público a que se I – pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titu‑
dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação. lares de direitos ou interesses individuais ou no exercício do
direito de representação;
CAPÍTULO II II  – aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm
Dos Direitos dos Administrados direitos ou interesses que possam ser afetados pela decisão
a ser adotada;
Art. 3º O administrado tem os seguintes direitos peran‑ III – as organizações e associações representativas, no
te a Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam tocante a direitos e interesses coletivos;
assegurados: IV – as pessoas ou as associações legalmente constituídas
I – ser tratado com respeito pelas autoridades e servi‑ quanto a direitos ou interesses difusos.
dores, que deverão facilitar o exercício de seus direitos e o Art. 10. São capazes, para fins de processo administrativo,
cumprimento de suas obrigações; os maiores de dezoito anos, ressalvada previsão especial em
II – ter ciência da tramitação dos processos administra‑ ato normativo próprio.
tivos em que tenha a condição de interessado, ter vista dos
autos, obter cópias de documentos neles contidos e conhecer CAPÍTULO VI
as decisões proferidas; Da Competência
III – formular alegações e apresentar documentos antes
Noções de Direito Administrativo

da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos
competente; órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo
IV  – fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, os casos de delegação e avocação legalmente admitidos.
salvo quando obrigatória a representação, por força de lei. Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão,
se não houver impedimento legal, delegar parte da sua
CAPÍTULO III competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes
Dos Deveres do Administrado não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for
conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica,
Art. 4º São deveres do administrado perante a Adminis‑ social, econômica, jurídica ou territorial.
tração, sem prejuízo de outros previstos em ato normativo: Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica‑
I – expor os fatos conforme a verdade; -se à delegação de competência dos órgãos colegiados aos
II – proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé; respectivos presidentes.
III – não agir de modo temerário; Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
IV – prestar as informações que lhe forem solicitadas e I – a edição de atos de caráter normativo;
colaborar para o esclarecimento dos fatos. II – a decisão de recursos administrativos;

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
III – as matérias de competência exclusiva do órgão ou Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário nor‑
autoridade. mal os atos já iniciados, cujo adiamento prejudique o curso
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser regular do procedimento ou cause dano ao interessado ou
publicados no meio oficial. à Administração.
§ 1º O ato de delegação especificará as matérias e pode‑ Art. 24. Inexistindo disposição específica, os  atos do
res transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração órgão ou autoridade responsável pelo processo e dos ad‑
e os objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo ministrados que dele participem devem ser praticados no
conter ressalva de exercício da atribuição delegada. prazo de cinco dias, salvo motivo de força maior.
§ 2º O ato de delegação é revogável a qualquer tempo Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser
pela autoridade delegante. dilatado até o dobro, mediante comprovada justificação.
§ 3º As decisões adotadas por delegação devem men‑ Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se preferen‑
cionar explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão cialmente na sede do órgão, cientificando-se o interessado
editadas pelo delegado. se outro for o local de realização.
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por
motivos relevantes devidamente justificados, a  avocação CAPÍTULO IX
temporária de competência atribuída a órgão hierarquica‑ Da Comunicação dos Atos
mente inferior.
Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divulga‑ Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o
rão publicamente os locais das respectivas sedes e, quando processo administrativo determinará a intimação do interes‑
conveniente, a unidade fundacional competente em matéria sado para ciência de decisão ou a efetivação de diligências.
de interesse especial. § 1º A intimação deverá conter:
Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o pro‑ I – identificação do intimado e nome do órgão ou enti‑
cesso administrativo deverá ser iniciado perante a autoridade dade administrativa;
de menor grau hierárquico para decidir. II – finalidade da intimação;
III – data, hora e local em que deve comparecer;
CAPÍTULO VII IV – se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou
Dos Impedimentos e da Suspeição fazer-se representar;
V – informação da continuidade do processo indepen‑
Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo dentemente do seu comparecimento;
o servidor ou autoridade que: VI – indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes.
I – tenha interesse direto ou indireto na matéria; § 2º A intimação observará a antecedência mínima de
II – tenha participado ou venha a participar como perito, três dias úteis quanto à data de comparecimento.
testemunha ou representante, ou se tais situações ocorrem §  3º A intimação pode ser efetuada por ciência no
quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o processo, por via postal com aviso de recebimento, por
terceiro grau; telegrama ou outro meio que assegure a certeza da ciência
III – esteja litigando judicial ou administrativamente com do interessado.
o interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro. §  4º No caso de interessados indeterminados, desco‑
Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impe‑ nhecidos ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser
dimento deve comunicar o fato à autoridade competente, efetuada por meio de publicação oficial.
abstendo-se de atuar. § 5º As intimações serão nulas quando feitas sem ob‑
Parágrafo único. A  omissão do dever de comunicar o servância das prescrições legais, mas o comparecimento do
impedimento constitui falta grave, para efeitos disciplinares. administrado supre sua falta ou irregularidade.
Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de autoridade ou Art. 27. O  desatendimento da intimação não importa
servidor que tenha amizade íntima ou inimizade notória com o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a
algum dos interessados ou com os respectivos cônjuges, direito pelo administrado.
companheiros, parentes e afins até o terceiro grau. Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será
Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição po‑ garantido direito de ampla defesa ao interessado.
derá ser objeto de recurso, sem efeito suspensivo. Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do pro‑
cesso que resultem para o interessado em imposição de
CAPÍTULO VIII deveres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos
Da Forma, Tempo e Lugar dos Atos do Processo e atividades e os atos de outra natureza, de seu interesse.
Noções de Direito Administrativo

Art. 22. Os atos do processo administrativo não depen‑ CAPÍTULO X


dem de forma determinada senão quando a lei expressa‑ Da Instrução
mente a exigir.
§ 1º Os atos do processo devem ser produzidos por es‑ Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar
crito, em vernáculo, com a data e o local de sua realização e e comprovar os dados necessários à tomada de decisão
a assinatura da autoridade responsável. realizam-se de ofício ou mediante impulsão do órgão respon‑
§ 2º Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma so‑ sável pelo processo, sem prejuízo do direito dos interessados
mente será exigido quando houver dúvida de autenticidade. de propor atuações probatórias.
§ 3º A autenticação de documentos exigidos em cópia § 1º O órgão competente para a instrução fará constar
poderá ser feita pelo órgão administrativo. dos autos os dados necessários à decisão do processo.
§  4º O processo deverá ter suas páginas numeradas §  2º Os atos de instrução que exijam a atuação dos
sequencialmente e rubricadas. interessados devem realizar-se do modo menos oneroso
Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias para estes.
úteis, no horário normal de funcionamento da repartição na Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo as
qual tramitar o processo. provas obtidas por meios ilícitos.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assunto § 1º Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser
de interesse geral, o órgão competente poderá, mediante emitido no prazo fixado, o processo não terá seguimento até
despacho motivado, abrir período de consulta pública para a respectiva apresentação, responsabilizando-se quem der
manifestação de terceiros, antes da decisão do pedido, se causa ao atraso.
não houver prejuízo para a parte interessada. § 2º Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar
§ 1º A abertura da consulta pública será objeto de divul‑ de ser emitido no prazo fixado, o processo poderá ter pros‑
gação pelos meios oficiais, a fim de que pessoas físicas ou seguimento e ser decidido com sua dispensa, sem prejuízo
jurídicas possam examinar os autos, fixando-se prazo para da responsabilidade de quem se omitiu no atendimento.
oferecimento de alegações escritas. Art. 43. Quando por disposição de ato normativo devam
§ 2º O comparecimento à consulta pública não confere, ser previamente obtidos laudos técnicos de órgãos adminis‑
por si, a condição de interessado do processo, mas confere trativos e estes não cumprirem o encargo no prazo assinala‑
o direito de obter da Administração resposta fundamentada, do, o órgão responsável pela instrução deverá solicitar laudo
que poderá ser comum a todas as alegações substancial‑ técnico de outro órgão dotado de qualificação e capacidade
mente iguais. técnica equivalentes.
Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autori‑ Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito
dade, diante da relevância da questão, poderá ser realizada de manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo se outro
audiência pública para debates sobre a matéria do processo. prazo for legalmente fixado.
Art. 33. Os  órgãos e entidades administrativas, em Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Públi‑
matéria relevante, poderão estabelecer outros meios de ca poderá motivadamente adotar providências acauteladoras
participação de administrados, diretamente ou por meio de sem a prévia manifestação do interessado.
organizações e associações legalmente reconhecidas. Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo
Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública e a obter certidões ou cópias reprográficas dos dados e
e de outros meios de participação de administrados deve‑ documentos que o integram, ressalvados os dados e docu‑
rão ser apresentados com a indicação do procedimento mentos de terceiros protegidos por sigilo ou pelo direito à
adotado. privacidade, à honra e à imagem.
Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, Art. 47. O órgão de instrução que não for competente
a audiência de outros órgãos ou entidades administrativas para emitir a decisão final elaborará relatório indicando
poderá ser realizada em reunião conjunta, com a participa‑ o pedido inicial, o conteúdo das fases do procedimento e
ção de titulares ou representantes dos órgãos competentes, formulará proposta de decisão, objetivamente justificada,
lavrando-se a respectiva ata, a ser juntada aos autos. encaminhando o processo à autoridade competente.
Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha
alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão compe‑ CAPÍTULO XI
tente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Do Dever de Decidir
Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e da‑
dos estão registrados em documentos existentes na própria Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente
Administração responsável pelo processo ou em outro órgão emitir decisão nos processos administrativos e sobre soli‑
administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, citações ou reclamações, em matéria de sua competência.
de ofício, a obtenção dos documentos ou das respectivas Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo,
cópias. a Administração tem o prazo de até trinta dias para decidir,
Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e an‑ salvo prorrogação por igual período expressamente motivada.
tes da tomada da decisão, juntar documentos e pareceres,
requerer diligências e perícias, bem como aduzir alegações
CAPÍTULO XII
referentes à matéria objeto do processo.
Da Motivação
§ 1º Os elementos probatórios deverão ser considerados
na motivação do relatório e da decisão.
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados,
§ 2º Somente poderão ser recusadas, mediante decisão
com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
fundamentada, as  provas propostas pelos interessados
I – neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou
protelatórias. II – imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
Art. 39. Quando for necessária a prestação de informa‑ III – decidam processos administrativos de concurso ou
ções ou a apresentação de provas pelos interessados ou seleção pública;
terceiros, serão expedidas intimações para esse fim, men‑ IV – dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo
cionando-se data, prazo, forma e condições de atendimento. licitatório;
Noções de Direito Administrativo

Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá V – decidam recursos administrativos;
o órgão competente, se entender relevante a matéria, suprir VI – decorram de reexame de ofício;
de ofício a omissão, não se eximindo de proferir a decisão. VII – deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a
Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos soli‑ questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e
citados ao interessado forem necessários à apreciação de relatórios oficiais;
pedido formulado, o não atendimento no prazo fixado pela VIII  – importem anulação, revogação, suspensão ou
Administração para a respectiva apresentação implicará convalidação de ato administrativo.
arquivamento do processo. § 1º A motivação deve ser explícita, clara e congruente,
Art. 41. Os  interessados serão intimados de prova ou podendo consistir em declaração de concordância com fun‑
diligência ordenada, com antecedência mínima de três dias damentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou
úteis, mencionando-se data, hora e local de realização. propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.
Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um § 2º Na solução de vários assuntos da mesma natureza,
órgão consultivo, o  parecer deverá ser emitido no prazo pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os funda‑
máximo de quinze dias, salvo norma especial ou comprovada mentos das decisões, desde que não prejudique direito ou
necessidade de maior prazo. garantia dos interessados.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
§ 3º A motivação das decisões de órgãos colegiados e Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo
comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata por três instâncias administrativas, salvo disposição legal
ou de termo escrito. diversa.
Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso admi‑
CAPÍTULO XIII nistrativo:
Da Desistência e Outros Casos de Extinção do Processo I – os titulares de direitos e interesses que forem parte
no processo;
Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação II – aqueles cujos direitos ou interesses forem indireta‑
escrita, desistir total ou parcialmente do pedido formulado mente afetados pela decisão recorrida;
ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis.52 III – as organizações e associações representativas, no
§ 1º Havendo vários interessados, a desistência ou re- tocante a direitos e interesses coletivos;
núncia atinge somente quem a tenha formulado.53 IV  – os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou
§ 2º A desistência ou renúncia do interessado, conforme interesses difusos.
o caso, não prejudica o prosseguimento do processo, se a Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o
Administração considerar que o interesse público assim o prazo para interposição de recurso administrativo, contado
a partir da ciência ou divulgação oficial da decisão recorrida.
exige.54
§ 1º Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso
Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto
administrativo deverá ser decidido no prazo máximo de
o processo quando exaurida sua finalidade ou o objeto da
trinta dias, a  partir do recebimento dos autos pelo órgão
decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato competente.
superveniente.55 § 2º O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá
ser prorrogado por igual período, ante justificativa explícita.
CAPÍTULO XIV Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimen‑
Da Anulação, Revogação e Convalidação to no qual o recorrente deverá expor os fundamentos do
pedido de reexame, podendo juntar os documentos que
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, julgar convenientes.
quando eivados de vício de legalidade, e  pode revogá-los Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados não tem efeito suspensivo.
os direitos adquiridos. Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de
Art. 54. O  direito da Administração de anular os atos difícil ou incerta reparação decorrente da execução, a au‑
administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os toridade recorrida ou a imediatamente superior poderá,
destinatários decai em cinco anos, contados da data em que de ofício ou a pedido, dar efeito suspensivo ao recurso.
foram praticados, salvo comprovada má-fé. Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para
§ 1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo dele conhecer deverá intimar os demais interessados para
de decadência contar-se-á da percepção do primeiro paga‑ que, no prazo de cinco dias úteis, apresentem alegações.
mento. Art. 63. O  recurso não será conhecido quando inter‑
§ 2º Considera-se exercício do direito de anular qualquer posto:
medida de autoridade administrativa que importe impugna‑ I – fora do prazo;
ção à validade do ato. II – perante órgão incompetente;
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem III – por quem não seja legitimado;
lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos IV – após exaurida a esfera administrativa.
que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalida‑ § 1º Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente
dos pela própria Administração. a autoridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo
para recurso.
CAPÍTULO XV §  2º O não conhecimento do recurso não impede a
Do Recurso Administrativo e da Revisão Administração de rever de ofício o ato ilegal, desde que
não ocorrida preclusão administrativa.
Art. 64. O  órgão competente para decidir o recurso
Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em
poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou
face de razões de legalidade e de mérito.
parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua
§ 1º O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a
competência.
decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste arti‑
o encaminhará à autoridade superior. go puder decorrer gravame à situação do recorrente, este
Noções de Direito Administrativo

§  2º Salvo exigência legal, a  interposição de recurso deverá ser cientificado para que formule suas alegações
administrativo independe de caução. antes da decisão.
§ 3º Se o recorrente alegar que a decisão administrativa Art. 64-A. Se o recorrente alegar violação de enunciado
contraria enunciado da súmula vinculante, caberá à autori‑ da súmula vinculante, o órgão competente para decidir o
dade prolatora da decisão impugnada, se não a reconsiderar, recurso explicitará as razões da aplicabilidade ou inapli‑
explicitar, antes de encaminhar o recurso à autoridade supe‑ cabilidade da súmula, conforme o caso. (Incluído pela Lei
rior, as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmu‑ nº 11.417, de 2006)
la, conforme o caso. (Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006). Art. 64-B. Acolhida pelo Supremo Tribunal Fe­deral a
reclamação fundada em violação de enunciado da súmula
52
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-RS/Técnico Judiciário/Área Administra‑ vinculante, dar-se-á ciência à autoridade prolatora e ao
tiva/Analista Judiciário/Área Administrativa/2010. órgão competente para o julgamento do recurso, que
53
FCC/TRE-RS/Técnico Judiciário/Área Administrativa/Analista Judiciário/Área
Administrativa/2010. deverão adequar as futuras decisões administrativas em
54
FCC/TRE-RS/Técnico Judiciário/Área Administrativa/Analista Judiciário/Área casos semelhantes, sob pena de responsabilização pessoal
Administrativa/2010.
55
FCC/TRE-RS/Técnico Judiciário/Área Administrativa/Analista Judiciário/Área
nas esferas cível, administrativa e penal. (Incluído pela Lei
Administrativa/2010. nº 11.417, de 2006)

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Art. 65. Os processos administrativos de que resultem § 4º (Vetado) (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009)
sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstân‑
cias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da Brasília, 29 de janeiro de 1999; 178º da Independência
sanção aplicada. e 111º da República.
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá
resultar agravamento da sanção. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Renan Calheiros
CAPÍTULO XVI Paulo Paiva
Dos Prazos

Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data


PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
da cientificação oficial, excluindo-se da contagem o dia do
começo e incluindo-se o do vencimento. Introdução
§ 1º Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia
útil seguinte se o vencimento cair em dia em que não houver Para realizar suas atividades, a Administração Pública
expediente ou este for encerrado antes da hora normal. detém prerrogativas ou poderes que permitem à autoridade
§ 2º Os prazos expressos em dias contam-se de modo remover os interesses particulares que se opõem ao interesse
contínuo. público. Os poderes e deveres do Administrador Público são
§  3º Os prazos fixados em meses ou anos contam-se os expressos em lei, os impostos pela moral administrativa
de data a data. Se no mês do vencimento não houver o dia e os exigidos pelo interesse da coletividade. Cada agente
equivalente àquele do início do prazo, tem-se como termo público é investido da necessária parcela de poder para o
o último dia do mês. desempenho de suas atribuições. Esse poder é para ser usado
Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente com‑ normalmente como atributo do cargo ou da função, e não
provado, os prazos processuais não se suspendem. como privilégio da pessoa que o exerce. É esse poder que
empresta autoridade ao agente público quando recebe da
CAPÍTULO XVII lei competência decisória e força para impor suas decisões
Das Sanções aos administrados.
Nessas condições, o poder de agir se converte no dever
Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade de agir. Assim, se no Direito Privado o poder de agir é uma
competente, terão natureza pecuniária ou consistirão em faculdade, no Direito Público é uma imposição, um dever
obrigação de fazer ou de não fazer, assegurado sempre o para o agente que o detém, pois não se admite a omissão
direito de defesa. da autoridade diante de situações que exijam sua atuação.

CAPÍTULO XVIII Poder-Dever de Agir


Das Disposições Finais
O poder do agente significa um dever diante da socie‑
Art. 69. Os processos administrativos específicos conti‑
dade. Só aquele que o detém está sempre na obrigação de
nuarão a reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes apenas
exercitá‑lo. Pelo princípio da indisponibilidade do interesse
subsidiariamente os preceitos desta Lei.
público podemos afirmar que ele é irrenunciável, consti‑
Art. 69-A. Terão prioridade na tramitação, em qualquer
órgão ou instância, os procedimentos administrativos em tuindo múnus público (encargo) para o agente, ou seja, ele
que figure como parte ou interessado: (Incluído pela Lei nº é obrigado a agir na defesa dos interesses coletivos.
12.008, de 2009) Corroborando tal afirmação, Meirelles (2005, p. 105)
I – pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) assim manifestou:
anos; (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009)
II – pessoa portadora de deficiência, física ou mental; Se para o particular o poder de agir é uma faculdade,
(Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009) para o administrador público é uma obrigação de
III – (Vetado); (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009) atuar, desde que se apresente o ensejo de exercitá‑lo
IV – pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose em benefício da comunidade. É que o Direito Pú‑
múltipla, neoplasia maligna, hanseníase, paralisia irreversível blico ajunta ao poder do administrador o dever de
e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, administrar.
Noções de Direito Administrativo

espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepato‑


patia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte Confirma tal posição Di Pietro (2008, p. 81):
deformante), contaminação por radiação, síndrome de imu‑
nodeficiência adquirida, ou outra doença grave, com base em Embora o vocábulo “poder” dê a impressão de que
conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença se trata de “faculdade” da Administração, na reali‑
tenha sido contraída após o início do processo. (Incluído pela dade trata‑se de “poder‑dever”, já que reconhecido
Lei nº 12.008, de 2009) ao poder público para que o exerça em benefício da
§ 1º A pessoa interessada na obtenção do benefício, jun‑ coletividade; os poderes são, pois, irrenunciáveis.
tando prova de sua condição, deverá requerê-lo à autoridade
administrativa competente, que determinará as providências A liberdade do administrador em deixar de praticar atos
a serem cumpridas. (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009) de sua competência é muito pouca ou nenhuma. Daí por
§ 2º Deferida a prioridade, os autos receberão identifica‑ que a omissão da autoridade ou o silêncio da administração,
ção própria que evidencie o regime de tramitação prioritária. quando deve agir ou manifestar‑se, pode gerar a responsabi‑
(Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009) lidade administrativa, civil e até penal para o agente omisso.
§ 3º (Vetado) (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009) Ainda referindo‑se aos poderes, Meirelles (2005) ensina:

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Aos poderes administrativos contrapõem alguns de‑ à função daquele que administra a coisa pública, denomina-se
veres, como a eficiência, a probidade e, uma vez que dever de prestar contas.56
a prestação de contas que o administrador não é pro‑ O agente deve prestar contas de todos os seus atos,
prietário e sim gestor dos negócios públicos, razão pela não só da gestão de dinheiros públicos (art. 70, CF) como
qual não constituir‑se mera faculdade, mas poder‑dever. de todos os atos de governo (arts. 49, IX, e 71, I, da CF) e
de administração (art. 5º, XXXIV, c, da CF). É da essência da
Basicamente, são três os principais deveres do adminis‑ gestão de bens, direitos e serviços alheios o dever de prestar
trador público: o dever de eficiência, o dever de probidade contas. Com a Administração Pública não poderia ser dife‑
e o dever de prestar contas. Vejamos: rente, trata‑se da prestação de contas sobre a gestão de um
patrimônio pertencente à coletividade.
Dever de Eficiência O dever de prestar contas alcança não só os administra‑
dores de entidades e órgãos públicos como, também enti‑
Cabe ao agente agir com a máxima eficiência funcional. dades paraestatais ou até mesmo particulares que recebam
O desempenho da atividade administrativa deve ser rápido e subvenções. A regra é universal: quem utilize, arrecade,
oferecido de forma que satisfaça o interesse do administrado. guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores
públicos deve prestar contas (art. 70, parágrafo único).
Reside na necessidade de se tornar cada vez mais qualitativa
De acordo com a Constituição Federal, essa prestação de
a atividade administrativa.
contas deve ser feita ao órgão legislativo de cada entidade
A eficiência inicialmente foi acolhida pelo ordenamento
estatal por meio do Tribunal de Contas competente, que
jurídico no Decreto-Lei nº 200/1967 ao submeter toda a ati‑
é o responsável pelo controle externo (no âmbito federal,
vidade administrativa da Administração Federal ao controle o controle é feito pelo Congresso Nacional com o auxílio
de resultado (arts. 13 e 25, V), ao fortalecer o sistema de do Tribunal de Contas da União), e ao sistema de controle
mérito (art. 25, VII), e ao sujeitar a Administração Indireta interno de cada poder.
à supervisão ministerial quanto à eficiência administrativa
(art. 26, III). Atualmente promovida a princípio, a eficiência Uso e Abuso do Poder
é de observância obrigatória em toda a Administração Direta
e Indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, Em um Estado democrático de Direito como o nosso, no
do Distrito Federal e dos Municípios (art. 37, caput, da CF). qual a Constituição Federal assim o declara em seu art. 1º,
O princípio da efi­ciência pressupõe o dever de bem adminis‑ impõe-se à Administração que somente atue nos estritos
trar, impondo ao administrador a obrigação de realizar suas limites da legalidade.
atribuições com rapidez, perfeição e rendimento. Nada justi‑ O uso de poderes administrativos tem por objetivo im‑
fica qualquer procrastinação, aliás, é justamente essa atitude pedir o arbítrio, a violência, as perseguições ou favoritismos
do agente público que pode levar o Estado a indenizar os governamentais, que são desnecessários para atingir a finali‑
prejuízos que o atraso possa vir a ocasionar ao administrado. dade do Estado e, por conseguinte da própria Administração,
Após a EC nº 19/1998, que adicionou a efi­ciência no texto sendo justamente por esse motivo que devem estar submeti‑
constitucional, vários dispositivos foram adicionados à Carta dos à lei e principalmente ao princípio da proporcionalidade.
Magna objetivando o seu cumprimento, tais como a razoável du‑ Nesse sentido, Gasparini (2006, p. 142) pronunciou-se:
ração do processo e os meios que garantem a celeridade de sua
tramitação (art. 5º, LXXVIII, da CF), a possibilidade de perda do Destarte, o  uso do poder só se legitima quando
cargo de servidor público estável que não seja eficiente (art. 41, normal, isto é, quando aplicado para a consecução
III, da CF), a promoção obrigatória de juízes por merecimento, de interesses públicos e na medida em que for ne‑
conforme o desempenho (art. 93, II, c, e III, da CF). cessário para satisfazer tais interesses.
Dever de Probidade O uso do poder é prerrogativa da autoridade, porém
deve guardar conformidade com o que a lei dispuser; não é
É dever do agente agir com honestidade e moralidade. incondicionado ou ilimitado.
Está constitucionalmente integrado na conduta do agente pú‑ O uso anormal do poder é o que caracteriza o abuso
blico como elemento necessário à legitimidade de seus atos. de poder; é a circunstância que torna ilegal, total (desvio
Esse dever impõe ao administrador o desempenho de de finalidade) ou parcialmente (excesso de poder), o  ato
suas atribuições pautadas em atitudes retas, leais, justas e administrativo, ou irregular sua execução (abuso de poder).
honestas, sob pena de ilegitimidade de suas ações. O abuso de poder ocorre na fase executória do ato ad‑
Para aqueles que praticam atos de improbidade, a Consti‑ ministrativo e diz respeito somente aos aspectos materiais
Noções de Direito Administrativo

tuição Federal prevê punições civis e político‑administrativas, de sua concretude.


sem prejuízo das sanções penais cabíveis (art. 37, § 4º). Ocorre o abuso de poder quando a autoridade, embora
A Lei nº 8.429/1992, que dispõe a respeito das sanções competente para a prática do ato, ultrapassa os limites de
aplicáveis a agentes públicos que cometem atos de impro‑ sua atribuição (excesso) ou se desvia das finalidades admi‑
bidade administrativa, classifica tais atos em três espécies: nistrativas (desvio).
os que importam enriquecimento ilícito (art. 9º), os que O abuso de poder, pela própria natureza do fato em si,
causam prejuízo ao erário (art. 10) e os que atentam contra configura-se como ilegalidade, por isso pode ser revisto tanto
os princípios da Administração Pública, sujeitando seus au‑ administrativa (direito de petição – art. 5º, XXXIV, a, da CF)
tores a penalidades previamente estabelecidas na própria lei quanto judicialmente (habeas data – art. 5º, LXXI, da CF e
(art. 12), além de outras previstas em legislação específica. Lei nº 9.507/1997; mandado de segurança – art. 5º, LXIX, da
CF e Lei nº 12.016/2009; ação popular – art. 5º, LXXIII, e Lei
Dever de Prestar Contas nº 4.717/1965; direito de representação nos casos de abuso
de autoridade – Lei nº 4.898/1965).
O dever do agente público que decorre diretamente do prin-
cípio da indisponibilidade do interesse público, sendo inerente Esaf/TSIET/DNIT/Estradas/2013.
56

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O uso do poder é lícito; o abuso, sempre ilícito. Daí por a) Por excesso de poder: quando a autoridade, embora
que todo ato abusivo é nulo, por excesso ou desvio de poder. competente para praticar o ato, vai além do permitido
O abuso de poder pode ocorrer de duas formas: (comete um plus) e exorbita no uso de suas faculdades
administrativas.
Excesso de Poder b) Por desvio de poder ou desvio de finalidade: quando a
autoridade, embora atuando nos limites de sua competência,
Ocorre quando a autoridade, embora competente para pratica o ato por motivos ou com fins diversos dos objetiva‑
praticar o ato, vai além do permitido e exorbita no uso de dos pela lei ou exigidos pelo interesse público.
suas faculdades administrativas. Essa conduta provoca a
ilegitimidade do ato de forma parcial ou total, incidindo Direito de Representação
sempre durante a execução do ato autorizado por lei. Pode
ser caracterizada pelo descumprimento frontal da lei (quan‑ Para exercer esse direito de representação, nos crimes de
do a autoridade age claramente além de sua competência) abuso de autoridade, o interessado representará mediante
ou quando contorna dissimuladamente as limitações da petição dirigida à autoridade (civil ou militar) superior que
lei (quando a autoridade se arroga poderes que não lhe tiver atribuição legal para apurar e aplicar a respectiva sanção
são atribuídos legalmente). Para Gasparini (2006, p. 145), ou ao órgão do Ministério Público que tiver competência para
o conceito de excesso de poder é o seguinte: iniciar o processo (art. 2º).
Há excesso de Poder quando o próprio conteúdo (o Condutas que Caracterizam Abuso de Autoridade
que o ato decide) vai além dos limites legais fixados.
O excesso amplia ou restringe o conteúdo. Segundo a Lei nº  4.898/1965 (arts.  3º e 4º), constitui
abuso de autoridade qualquer atentado:
Embora aparente semelhança com o vício conhecido por
“desvio de finalidade”, com ele não se confunde. No desvio a) à liberdade de locomoção;
de finalidade o ato administrativo é ilegal, portanto nulo. b) à inviolabilidade do domicílio;
No excesso de poder o ato praticado não é nulo por inteiro; c) ao sigilo da correspondência;
prevalece naquilo que não exceder. d) à liberdade de consciência e de crença;
O excesso de poder é uma forma de abuso que retira a e) ao livre exercício do culto religioso;
legitimidade da conduta do administrador, colocando-o na f) à liberdade de associação;
ilegalidade (art. 5º, LXIX, da CF) e até mesmo no crime de g) aos direitos e garantias legais assegurados ao
abuso de autoridade, quando incidir nas previsões penais exercício do voto;
da Lei nº 4.898/1965. h) ao direito de reunião;
i) à incolumidade física do indivíduo;
Desvio de Poder ou Desvio de Finalidade j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exer‑
cício profissional.
Verifica‑se esta espécie de abuso quando a autoridade, k) ordenar ou executar medida privativa da liberdade
embora atuando nos limites de sua competência, pratica o individual, sem as formalidades legais ou com abuso
ato por motivos ou com fins diversos dos objetivados pela de poder;
lei ou exigidos pelo interesse público. Constitui-se na vio‑ l) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a
lação ideológica da lei, pois busca fins não desejados pelo vexame ou a constrangimento não autorizado em lei;
legislador utilizando-se de meios ou motivos imorais para m) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz com‑
agir. Este ato é sempre consumado às escondidas ou se apre‑ petente a prisão ou detenção de qualquer pessoa;
senta disfarçado sob o manto da legalidade e do interesse n) deixar o juiz de ordenar o relaxamento de prisão
público. Pode-se citar como exemplo uma desapropriação ou detenção ilegal que lhe seja comunicada;
por utilidade pública visando atender interesses próprios ou o) levar à prisão e nela deter quem quer que se pro‑
a favorecer interesses parti­culares ou, ainda, como instru‑ ponha a prestar fiança, permitida em lei;
mento de vingança. Entre os elementos indiciários do desvio p) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial
de finalidade está a falta de motivo ou a discordância dos
carceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra
motivos com o ato praticado.
despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em
No desvio de finalidade o ato administrativo é ilegal, não
lei, quer quanto à espécie quer quanto ao seu valor;
há como aproveitá-lo, é nulo.
q) recusar o carcereiro ou agente de autoridade
É um vício que pode ser atacado por meio de ação po‑
policial recibo de importância recebida a título de
pular (art. 2º, parágrafo único, d e e, da Lei nº 4.717/1965),
Noções de Direito Administrativo

carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer


e  mandado de segurança (art.  5º, LXIX, da CF e Lei
outra despesa;
nº 12.016/2009), constituindo também abuso de autoridade
r) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa
(Lei nº 4.898/1965).
natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou
Abuso de Autoridade – Lei nº 4.898/1965 desvio de poder ou sem competência legal;
s) prolongar a execução de prisão temporária, de
A Lei nº 4.898/1965 regula o direito de representação e pena ou de medida de segurança, deixando de
o processo de responsabilidade administrativa, civil e penal, expedir em tempo oportuno ou de cumprir imedia‑
nos casos de abuso de autoridade. tamente ordem de liberdade.
Considera-se autoridade (art.  5º) para efeitos dessa
lei: “quem exerce cargo, emprego ou função pública, de Sanções
natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem
remuneração.” Segundo a lei, aquele que pratica abuso de autoridade
Cabe lembrar que o abuso de poder pode ocorrer de está sujeito à responsabilidade administrativa, civil e penal;
duas formas: autônoma ou cumulativamente (art. 6º).

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Sanção Administrativa (art. 6º, § 1º) Poder Vinculado
As sanções administrativas consistem em:
a) advertência; É aquele cujos requisitos (competência, forma, finalida‑
b) repreensão; de, motivo e objeto) estão previamente estabelecidos na
c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de lei. A norma legal condiciona a expedição do ato aos dados
cinco a cento e oitenta dias, com perda de vencimentos e constantes de seu texto. A administração fica sem liberdade
vantagens; para a expedição do ato. É a lei que regula o comportamento
d) destituição de função; a ser seguido. Ex.: aposentadoria compulsória aos 70 anos.
e) demissão; A atuação vinculada impõe ao administrador a obrigação
f) demissão, a bem do serviço público. de conduzir-se rigorosamente em conformidade com os
parâmetros legais, diferentemente do poder discricionário,
A pena deverá ser aplicada de acordo com a gravidade em que o administrador tem a prerrogativa de decidir qual
do abuso cometido. a conduta mais adequada à satisfação do interesse público.
Se todos os elementos do ato têm previsão legal, bastará
para o controle da legalidade. Havendo adequação entre os
Sanção Civil (art. 6º, § 2º)
seus elementos, o ato será válido; se não houver, haverá vício
A sanção civil será aplicada de acordo com a extensão
de legalidade passível de controle pela própria Administração
do dano. ou pelo Poder Judiciário.
O controle de legalidade feito pela própria Administração
Sanção Penal (art. 6º, § 3º) pode atingir todos os elementos/requisitos (competência,
A sanção penal será aplicada de acordo com as regras do forma, finalidade, motivo e objeto) do ato administrativo,
Código Penal e consistirá em: porém o controle de legalidade feito pelo Poder Judiciário
a) multa; abrange apenas os requisitos que são sempre vinculados
b) detenção; em todos os atos administrativos (competência, forma e
c) perda do cargo e inabilitação para o exercício de finalidade), inclusive naqueles que são discricionários.
qualquer outra função pública por prazo de até três anos
(quando a autoridade for policial-civil ou militar, poderá ser Poder Discricionário
cominada a pena autônoma ou acessória de não poder o
acusado exercer funções de natureza policial ou militar no É a faculdade conferida à autoridade administrativa para,
município da culpa, por prazo de um a cinco anos). diante de certa circunstância, optar entre várias soluções
possíveis por aquela que melhor atenda ao interesse público.
Poderes Administrativos Há um juízo de conveniência e oportunidade57. Ex.: pedido
de porte de armas (a Administração pode ou não deferir o
É o conjunto de prerrogativas conferidas aos agentes pedido após analisar o caso).
públicos que permitem ao Estado que alcance os seus fins. Acontece que, muitas vezes, a lei não é capaz de traçar
Os poderes administrativos nascem com a Administração todas as condutas de um agente público. Por mais que se
e constituem-se em instrumentos necessários para atingir a procure definir elementos que lhe restringem a atuação,
finalidade do Estado e, por conseguinte, da própria Adminis‑ é certo que, em algumas situações, a própria lei lhe oferece
tração, que é o bem comum. a oportunidade de avaliar a conveniência e oportunidade
Nesse sentido, ensina Hely Lopes Meirelles (2005, p. 116): dos atos que vai praticar na qualidade de administrador
dos interesses coletivos. É  justamente nessa prerrogativa
de valoração que se situa o poder discricionário. Conveni‑
Os poderes administrativos nascem com a Adminis‑
ência e oportunidade são os elementos nucleares do poder
tração e se apresentam diversificados segundo as
discricionário.
exigências do serviço público, o interesse da coleti‑ A conveniência indica em que condições vai se conduzir
vidade e os objetivos a que se dirigem. o agente; a oportunidade diz respeito ao momento em que
a atividade deve ser produzida, ressaltando-se que essa
Os poderes administrativos são inerentes à Administra‑ liberdade de escolha tem que se conformar com a finalida‑
ção de todas as entidades estatais (União, Estados, Distrito de, sob pena de não ter sido atingido seu objetivo, que é o
Federal e Municípios) na proporção e limites de suas com‑ interesse coletivo.
petências institucionais. Podem ser utilizados isoladamente A discricionariedade tanto pode concretizar-se no mo‑
ou em conjunto para a consecução do mesmo ato, como mento em que o ato é praticado, quanto a posteriori, no
ocorre, por exemplo, com o ato de polícia administrativa,
Noções de Direito Administrativo

momento em que a Administração decide por sua revoga‑


que normalmente é precedido de uma regulamentação ção58. Entretanto, não pode ser exercida arbitrariamente.
do Executivo (poder regulamentar), em que a autoridade É  necessário que haja adequação (razoabilidade) entre a
escalona e distribui as funções dos agentes fiscalizadores conduta escolhida pelo agente e a finalidade exigida pela
(poder hierárquico), concedendo-lhes atribuições vinculadas norma. Se a conduta escolhida não está de acordo com a
(poder vinculado) ou discricionárias (poder discricionário) finalidade da norma, ela é ilegítima e deve ser objeto de
para a imposição de sanções aos infratores (poder de polícia). controle judicial.
Nesse sentido, ensina Di Pietro (2008): Outro fator importante para se evitar o uso indevido da
discricionariedade é a verificação dos motivos inspiradores
Todos eles encerram prerrogativas da autoridade, da conduta. Se o agente não permite o exame dos fundamen‑
as  quais, por isso mesmo, só podem ser exercidas tos de fato ou de direito que basearam sua decisão, haverá,
nos limites da lei. no mínimo, fundada suspeita de má utilização do poder

Feitas essas considerações, agora vamos estudar os


57
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-RS/Analista Judiciário/Área Judiciá‑
ria/2010.
poderes administrativos um a um: 58
Cespe/AJ/CNJ/Analista Judiciário/Área Administrativa/2013.

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discricionário e de desvio de finalidade. Tanto a razoabilidade por meio da justiça penal. Ele só abrange as infrações re‑
quanto a verificação dos motivos constituem meios de evitar lacionadas com o serviço62. O poder de aplicar a pena é o
o uso indevido da discricionariedade, possibilitando a revisão poder‑dever, ou seja, o superior não pode ser condescenden‑
da conduta administrativa no âmbito da própria administra‑ te na punição, ele não pode deixar de punir. É considerada a
ção ou pelo Poder Judiciário. O que se veda ao Judiciário é condescendência, na punição, crime contra a Administração
apenas a aferição da conveniência e oportunidade firmados Pública (art. 320 do Código Penal).
em parâmetros legais; a ilegalidade sempre será passível de O poder disciplinar aplica-se aos servidores públicos
sua revisão (art. 5º, XXXV, da CF). hierarquicamente subordinados, bem como àqueles dota-
dos de autonomia funcional.63
Súmula nº 346, 1963/STF: A Administração Pública A doutrina aponta o poder disciplinar como discricio‑
pode declarar a nulidade dos seus próprios atos. nário, o que deve ser entendido em seus devidos termos.
A Administração não tem liberdade de escolha entre punir e
Súmula nº 473, 1969/STF: A Administração pode não punir, a discricionariedade está justamente na natureza
anular seus próprios atos, quando eivados de vícios e gravidade da penalidade a ser aplicada.
que os tornam ilegais, porque deles não se originam Por outro lado, no mesmo diploma legal, temos casos
direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência vinculados, afirmando expressamente os casos em que será
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, aplicada a penalidade de demissão:
e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. É certo que a discricionariedade existe, mas é limita‑
da, uma vez que nenhuma penalidade pode ser aplicada
Poder Hierárquico sem prévia apuração por meio de procedimento legal,
sem a devida motivação (art. 128, parágrafo único, da Lei
É o poder por meio do qual “os órgãos e respectivas nº 8.112/1990)64 e sem os meios que lhe assegurem o con‑
funções são escalonados numa relação de subordinação traditório e a ampla defesa (art. 5º, LV, da CF).65
e de crescente responsabilidade”59. Do poder hierárquico
decorrem faculdades para o superior, tais como: Poder Regulamentar (ou Normativo)
a) Dar ordens e fiscalizar seu cumprimento: dar ordens é
determinar, especificamente, aos subordinados os atos que É o poder conferido aos Chefes do Executivo para editar
devem praticar ou a conduta a ser seguida em caso concreto; decretos e regulamentos com a finalidade de oferecer fiel
fiscalizar é vigiar permanentemente os atos praticados pelos execução à lei, ou completá‑las, se for o caso66. Decorre de
subordinados, com o intuito de mantê-los dentro dos pa‑ disposição constitucional (art. 84, IV, CF/1988). Por viabilizar
drões legais regulamentares instituídos para cada atividade sua execução, ao poder regulamentar não cabe contrariar
administrativa. Impõe ao administrado obediência, sob pena a lei, sob pena se sofrer invalidação. Seu exercício somente
de responsabilização. pode dar‑se em conformidade com o conteúdo da lei e nos
b) Delegar e avocar atribuições e rever atos dos inferiores: limites que ela impuser.
delegar é conferir a outrem atribuições que originariamente No poder de chefiar a Administração, o poder de regu‑
competem ao delegante. As  delegações são admissíveis, lamentar a lei e suprir com normas próprias as omissões do
desde que expressamente prevista em lei. No âmbito admi‑ Legislativo (desde que esteja no âmbito de sua competência)
nistrativo, as delegações são frequentes e, como emanam faz‑se necessário, uma vez que a imprevisibilidade de certos
do poder hierárquico, não podem ser recusadas pelo subor‑ fatos e circunstâncias, que surgem, reclamam providências
dinado. Não podem ser objeto de delegação as atribuições imediatas da Administração, impondo aos Chefes do Executi‑
de caráter exclusivo do órgão ou da autoridade. (Art. 13, I, vo o poder de regulamentar, por meio de decreto, as normas
da Lei nº 9.784/1999). legislativas incompletas, ou de prover situações não previstas
Avocar é chamar a si funções originariamente atribuí­ pelo legislador, mas que ocorrem na prática administrativa.
das a um subordinado. Só pode ser adotada pelo superior Tal poder compreende a edição de decretos autônomos,
hierárquico e quando houver motivos relevantes para tal restringindo-se estes às hipóteses decorrentes de exercício
(art. 15 da Lei nº 9.784/1999).60 de competência própria, outorgada diretamente pela
Rever atos de inferiores é apreciá-los em todos os seus Constituição.67
elementos (competência, forma, finalidade, motivo, objeto), O regulamento é ato administrativo geral e normativo,
a fim de mantê-los ou invalidá-los, de ofício ou por provoca‑ expedido privativamente pelos Chefes do Executivo, por
ção do interessado. A revisão hierárquica é possível enquanto meio de decreto, com o fim de explicar o modo e forma
o ato não se tornou definitivo para a administração, ou não de execução da lei (regulamento de execução) ou prover
criou direito subjetivo para o interessado. situações não disciplinadas em lei (regulamento autônomo
Noções de Direito Administrativo

c) decidir conflitos de atribuições (choque de competência). ou independente).


Não existe hierarquia no judi­ciário e no legislativo em Na omissão da lei o regulamento supre a lacuna, até que
suas funções essenciais. A hierarquia é privativa da função o legislador a complete. Enquanto não fizer, o regulamento
executiva. tem plena validade, desde que não invada matéria reservada
à lei.
Poder Disciplinar Caso contrário, quando a lei trouxer a recomendação de
ser regulamentada, ela não será exequível antes da expedição
É o poder atribuído a autoridades administrativas, com
o objetivo de apurar e punir faltas funcionais61. O poder 62
FCC/TCE-SP/Auditor/2013.
63
FCC/Tribunal de Contas-RO/Auditor/Substituto de Conselheiro/2010.
disciplinar não se confunde com o poder punitivo do Estado 64
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto
– I/2010.
59
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-RS/Analista Judiciário/Área Judiciá‑ 65
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto
ria/2010. – I/2010.
60
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto 66
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TCE-SP/Auditor/2013 e FCC/TRE-RS/
– I/2010. Analista Judiciário/Área Judiciária/2010.
61
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-RS/Analista Judiciário/Área Judiciá‑ 67
FCC/Tribunal de Contas-RO/Procurador do Ministério Público Junto ao Tribunal
ria/2010. de Contas/2010.

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do decreto regulamentar. Caso a lei estabeleça prazo para pério é próprio e privativo do Poder Público. Nesse sentido,
a expedição da regulamentação, decorrido este sem a temos o disposto no art. 4º, III, da Lei nº 11.079, que regula
publicação do decreto, os destinatários da norma podem as denominadas parcerias público-privadas:
invocar seus preceitos e auferir todas as vantagens dela
decorrentes. Todavia, se o regulamento for imprescindível Art. 4º Na contratação de parceria público-privada
para a execução da lei, o beneficiário poderá utilizar‑se de serão observadas as seguintes diretrizes:
mandado de injunção para obter a norma regulamentadora [...]
(art. 5º, LXXI). III – indelegabilidade das funções de regulação, juris‑
Cabe ao Congresso Nacional sustar os atos normativos dicional, do exercício do poder de polícia e de outras
dos Chefes do Executivo que exorbitem do poder regula‑ atividades exclusivas do Estado.
mentar68 (art. 49, V, da CF).
Há também outros atos normativos que, editados por O que autoriza o Poder Público a condicionar ou res‑
outras autoridades administrativas, se caracterizam como tringir o exercício de direitos e a atividade dos parti­culares
inseridos no poder regulamentar. É o caso de instruções é a supremacia do interesse público sobre o interesse
normativas, resoluções, portarias, regimento, entre outros. particular; eis a sua finalidade (razão) e o seu fundamento.
Tais atos têm um círculo de aplicação mais restrito. A finalidade do poder de polícia é o interesse coletivo e o seu
fundamento está na supremacia geral que o Estado exerce
Poder de Polícia em seu território sobre todas as pessoas, bens e atividades,
supremacia que se revela nos mandamentos constitucionais
É o poder conferido à Administração para condicionar, e nas normas de ordem pública, que a cada passo opõem
restringir, frenar o exercício de direitos e atividades dos condicionamentos e restrições aos direitos individuais em
particulares em nome dos interesses da coletividade. Essa favor da coletividade, incumbindo ao Poder Público o seu
é uma definição construída pela doutrina. Existe, no entan‑ policiamento administrativo.
to, uma definição legal do poder de polícia que também
surge como fato gerador do gênero tributo, a taxa. Está Finalidade
prevista nos arts. 77 e 78, do Código Tributário Nacional (Lei A finalidade do poder de polícia é a proteção ao interesse
nº 5.172/1966), que assim dispõem: público no seu sentido mais amplo. Nesse interesse superior
da coletividade, entram não só os valores materiais como,
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, também, o patrimônio moral e espiritual do povo, expresso
pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbi‑ na tradição, nas instituições e nas aspirações nacionais da
to de suas respectivas atribuições, têm como fato maioria que sustenta o regime político adotado e consagra‑
gerador o exercício regular do poder de polícia, ou do na Constituição e na ordem jurídica vigente. Desde que
a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público ocorra um interesse púbico relevante, justifica-se o exercício
específico e divisível, prestado ao contribuinte ou do poder de polícia da Administração para a contenção de
posto à sua disposição. atividades particulares antissociais.
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da
administração pública que, limitando ou disciplinan‑ Condições de Validade
do direito, interesse ou liberdade, regula a prática As condições de validade do ato de polícia são as mes‑
de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse mas do ato administrativo comum: a competência, a finali‑
público concernente à segurança, à higiene, à ordem, dade e a forma, acrescidas da proporcionalidade da sanção
aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, e da legalidade dos meios empregados pela Administração.
ao exercício de atividades econômicas dependentes A competência, a finalidade e a forma são condições
de concessão ou autorização do Poder Público, à tran‑ gerais de eficácia de todo ato administrativo, a cujo gênero
quilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos pertence a espécie ato de polícia.
direitos individuais ou coletivos. A proporcionalidade entre a restrição imposta pela
Administração e o benefício social que se tem em vista
A competência para exercer o poder de polícia é, em prin‑ constitui requisito específico de validade do ato de polícia,
cípio, da pessoa federativa (arts. 21, 22, 25 e 30 da CF) à qual como também a correspondência entre a infração cometida
a Constituição Federal atribuiu o poder de regular a matéria e a sanção aplicada, quando se tratar de medida punitiva.
(poder de polícia originário), ou seja, os assuntos de interesse Sacrificar um direito ou uma liberdade do indivíduo sem
nacional ficam sujeitos a regulamentação e a policiamento vantagem para a coletiva invalida o fundamento social do
da União; as matérias de interesse regional sujeitam-se às ato de polícia, pela desproporcionalidade da medida. Des‑
normas e à polícia estadual; e os assuntos de interesse local proporcional também é o ato que aniquila a propriedade
Noções de Direito Administrativo

subordinam-se às normas e à polícia municipal. Aquelas ou a atividade a pretexto de condicionar o uso do bem ou
em que a competência for concorrente ensejam o exercício de regular a profissão.
conjunto do poder de polícia (art. 24 da CF). Já a legalidade dos meios empregados pela Administra‑
Por fim, o poder de polícia pode ser originário ou dele‑ ção é o último requisito para a validade do ato de polícia.
gado. O poder de polícia originário é, conforme visto acima, Na escolha do modo de efetivar as medidas de polícia, não
aquele exercido pelas pessoas federativas; nascem com se compreende o poder de utilizar meios ilegais para sua
elas. Já o poder de polícia delegado é aquele outorgado às consecução, embora lícito e legal o fim pretendido.
pessoas administrativas do Estado, integrantes da chamada
Administração Indireta. Cabe ressaltar que a doutrina, em Liberdades Públicas e Poder de Polícia
sua maioria, não admite a delegação do poder de polícia O exercício dos direitos individuais deve ser compatí‑
a pessoas da iniciativa privada, ainda que prestadores de vel com o bem estar-social ou com o próprio interesse da
serviços de titularidade do Estado, porque o poder de im‑ Administração Pública. Por vezes, os direitos individuais
encontram-se plenamente delineados na lei, outras vezes,
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho
68
cabe à Administração Pública, nos limites legais, reconhecê‑
Substituto – I/2010 e FCC/TRE-RS/Analista Judiciário/Área Judiciá­ria/2010. -los e aplicá-los ao caso concreto.

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Convém destacar, todavia, que cabe ao Poder Legislati‑ O objeto do poder de polícia administrativa é todo bem,
vo criar as limitações administrativas, porém sua aplicação direito ou atividade individual que possa afetar a coletividade
concreta compete à Administração Pública que determinará, ou pôr em risco a segurança nacional.69
segundo as circunstâncias. Alguns doutrinadores tentam atribuir como traço mar‑
Desse modo, a Administração Pública regulamenta as cante para a polícia administrativa atuar preventivamente e
leis e controla sua aplicação, por meio de ordens, licenças, para a polícia judiciária agir repressivamente. Essa afirmação,
autorizações e notificações, agindo de forma repressiva ou entretanto, não é absoluta, pois as duas podem agir das
preventiva. duas formas.
Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, há o poder Senão vejamos:
de polícia em sentido amplo, sendo uma atividade estatal, A polícia administrativa age preventivamente, quando,
abrangendo tanto os atos do Legislativo quanto do Executivo, por exemplo, visita um estabelecimento comercial e orienta
que condicionam a liberdade e a propriedade, se ajustando os comerciantes quanto à proibição de expor à venda produ‑
aos interesses coletivos, e o conceito de poder de polícia em tos impróprios para o consumo, mas na maioria das vezes a
sentido restrito, que compreende apenas atos do Poder Exe‑ vemos agindo repressivamente, geralmente motivada por
cutivo, sendo destinado a alcançar o mesmo fim de prevenir denúncia, pois quando chega ao estabelecimento já se depa‑
e obstar ao desenvolvimento de atividades particulares que ra com mercadorias sendo vendidas sem a higiene adequada,
contrastam com os interesses sociais, relacionando-se, assim, devendo então proceder à apreensão da mercadoria, à apli‑
unicamente com as intervenções quer gerais e abstratas, cação de multa e a interdição da atividade, chegando até
como os regulamentos, quer concretas e específicas, como mesmo a fechar o estabelecimento no caso de reincidência.
as autorizações, licenças e injunções. Já a polícia judiciária, em regra, age repressivamente,
investigando delitos cometidos e aplicando a devida sanção,
Principais Setores de Atuação da Polícia Administrativa mas também pode atuar preventivamente, por exemplo,
A polícia administrativa manifesta-se em diferentes se‑ quando faz policiamento de rotina em locais de risco,
tores: evitando‑se assim a prática de futuros crimes.
• Polícia de caça: destina-se à proteção da fauna ter‑ Provada a impropriedade da referida aplicação, procedere‑
restre. mos a uma diferenciação que não deixa margem para dúvidas:
• Polícia de pesca: destinada à proteção da fauna aquá‑
tica. Polícia Administrativa X Polícia Judiciária
• Polícia de divertimentos públicos: visando à defesa Atua sobre bens, direitos e X Atua sobre pessoas.
dos valores sociais suscetíveis de serem feridos por atividades.
espetáculos teatrais, cinematográficos. Direito Administrativo. X Direito Penal/Proces­
• Polícia de pesos e medidas: para a fiscalização dos sual112.
padrões de medida, em defesa da economia popular. Inicia e encerra sua atividade X Inicia na Administração
• Polícia de tráfego e trânsito: para garantia da ordem na Administração. e prepara a atuação dos
e segurança nas vias e rodovias, afetável por motivo órgãos jurisdicionais.
de circulação nelas. Ex.: qualquer setor onde as É privativa de corporações
• Polícia dos logradouros públicos: destinada à proteção normas de polícia se fazem especializadas (Polícia Civil
da tranquilidade pública. sentir: Polícia de trânsito, Po‑ e Militar).
• Polícia sanitária: voltada à defesa da saúde pública e lícia sanitária, Polícia de pesca,
incidente em vários campos, como a polícia de me‑ até a própria Polícia Militar.
dicamentos, das condições de higiene nas casas de 70
pasto, dos índices acústicos toleráveis.
• Polícia da atmosfera e das águas: para impedir suas Abrangência do Poder de Polícia
respectivas poluições. O seu âmbito de incidência é amplo. Pode‑se dizer que
• Polícia edilícia: relativa às edificações, entre outras. onde houver relevante interesse da coletividade, ou até mes‑
mo do Poder Público, há de haver o poder de polícia para dar
Note que todos os setores acima citados são apenas provimento a tais interesses. Ocorre, por exemplo, quando
exemplificativos, outros, portanto existem. O importante, atuar sobre o direito da livre manifestação do pensamento,
entretanto, é saber que todos esses campos estão marcados na intervenção da propriedade, no combate ao abuso do
pelas características aqui estudadas, referente ao pode de poder econômico, a esta ou aquela liberdade, entre outros.
polícia.
Limites do Poder de Polícia
Noções de Direito Administrativo

O exercício do poder de polícia encontra limites no pró‑


Polícia Administrativa X Polícia Judiciária prio princípio da legalidade, uma vez que o setor encarregado
O poder de polícia pode ser exercido de duas formas de exercer o poder deve ter regulamentação legal, embora
distintas: a polícia administrativa e a polícia judiciária. Antes os atos materiais e administrativos em sua maioria guardem
de traçar as diferenças entre cada um desses setores, cabe boa dose de discricionariedade.
ressaltar que ambos se enquadram no âmbito da função Outro aspecto, no que concerne aos limites do poder de
administrativa, ou seja, representam atividades de gestão polícia, diz respeito aos requisitos de validade: competência,
de interesses públicos. forma e finalidade, que são requisitos vinculados em todos os
A polícia administrativa é atividade da Administração atos administrativos e surgem como limites para o exercício
que se exaure em si mesma, ou seja, inicia e se completa no do poder de polícia. Quanto aos requisitos que podem ser
âmbito da função administrativa, e é executada por órgãos discricionários, motivo e objeto, deverão sempre atender ao
administrativos de caráter mais fiscalizador. O mesmo não princípio da proporcionalidade dos meios empregados, ou
ocorre com a polícia judiciária, que, embora seja atividade
administrativa, prepara a atuação da função jurisdicional e Cespe/CNJ/Analista Judiciário/Área Judiciária/2013.
69

Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área


70

é executada por órgãos de segurança. Administrativa/2010.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
seja, adequação e necessidade entre a restrição imposta e o Não existe ato de polícia facultativo para o particular,
benefício coletivo que será colhido com tal medida. todos eles admitem a coerção estatal para torná-los efetivos,
Alguns doutrinadores costumam indicar regras a serem e essa coerção também independe de autorização judicial.
observadas pela polícia administrativa, com o fim de não É a própria Administração que determina e faz executar
eliminar os direitos individuais: as medidas de força necessárias para a execução do ato ou
aplicação da penalidade administrativa resultante do exer‑
Necessidade O poder de polícia só deve ser adotado cício do poder de polícia. A coercibilidade do ato de polícia
justifica o emprego da força física quando houver oposição
para evitar ameaças reais ou prováveis
do infrator, mas não legaliza a violência desnecessária ou des‑
de perturbação ao interesse público.
proporcional à resistência, que em tal caso pode caracterizar
Proporcionalidade É a exigência de uma relação entre o excesso de poder e o abuso de autoridade nulificadores do
a limitação ao direito individual e o ato praticado e ensejadores das ações civis e criminais para
prejuízo a ser evitado. reparação do dano e punição dos culpados.
Eficácia A medida deve ser adequada para Há doutrinadores que sustentam outro atributo:
impedir o dano ao interesse público.
Atividade negativa – É atividade negativa no sentido de que
É por isso que os meios diretos de coação só devem ser sempre impõe uma abstenção ao particular; uma obrigação
utilizados quando não houver outro meio eficaz para alcançar de não fazer (BANDEIRA DE MELO, 2008, p.817).
o mesmo objetivo; se forem desproporcionais ou excessivos
deverão ser invalidados.
Meios de Atuação
Atributos do Poder de Polícia No exercício do poder de polícia, a Administração age,
O poder de polícia possui três atributos específicos e preventivamente, não só por meio de ordens e proibições,
inerentes ao seu exercício: mas, sobretudo, por meio de normas limitadoras e sancio‑
nadoras da conduta daqueles que utilizam bens ou exercem
Discricionariedade atividades que possam afetar a coletividade, estabelecendo
No poder de polícia, a discricionariedade traduz‑se na as denominadas limitações administrativas (obrigação de
opção legítima que a Administração Pública tem de escolher fazer, de não fazer, deixar fazer; suportar).
Para tanto, o  Poder Público edita leis e os órgãos
o melhor momento para agir, o meio de atuação necessário e
executivos expedem regulamentos e instruções fixando
a sanção que mais se enquadra para atingir o fim colimado.
as condições e requisitos para o uso da propriedade e o
Cabe ressaltar que o ato de polícia é, em princípio,
exercício das atividades que devam ser policiadas. Após as
discricionário, mas passará a ser vinculado se a norma
verificações necessárias, é outorgado o respectivo alvará de
legal que o rege estabelecer o modo e a forma de sua
licença ou autorização.
rea­lização71. Nesse caso, a autoridade só poderá praticá-lo
Os alvarás de licença ou autorização são denominados
validamente atendendo a todas as exigências da lei ou do
na doutrina de atos de consentimento da Administração
regulamento pertinente. Não se confunde discricionarie‑
(atos concretos), ou seja, representam a resposta positiva
dade com arbitrariedade. Discricionariedade é liberdade
da Administração Pública aos pedidos formulados pelos
de agir dentro dos limites legais; arbitrariedade é ação
indivíduos que tenham interesse em exercer determinada
fora ou excedente da lei, com abuso ou desvio de poder
atividade que dependa do referido consentimento para ser
(desvio de finalidade).
considerada legítima.
Convém, entretanto, estabelecermos a diferença entre
Autoexecutorie­dade
alvará de licença e alvará de autorização.
É prerrogativa que tem a Administração Pública de exe‑
O alvará de licença é ato vinculado e, como regra, defi‑
cutar o ato, por seus meios próprios, sem a necessidade de
nitivo. Consubstancia um direito subjetivo do requerente e
intervenção do Poder Judiciário. Com efeito, no uso desse
deve ser expedido desde que satisfeitas todas as exigências
poder, a Administração impõe diretamente as medidas ou
estabelecidas nas normas. Só pode ser anulado por ilegalida‑
sanções de polícia administrativa necessárias à contenção
de na sua expedição; revogado por interesse público super‑
antissocial que ela visa impedir72. Se o particular se sentir
veniente, devidamente justificado e mediante indenização
prejudicado em seus direitos, poderá reclamar, pela via
caso já iniciadas as obras; ou cassado por descumprimento
adequada, ao Judiciário, que intervirá oportunamente para
das normas legais na sua execução. Como exemplo, temos
a correção de eventual ilegalidade administrativa ou fixação
o alvará para construção; satisfeitas as normas edilícias,
da indenização que for cabível. A autoexecutoriedade auto‑
necessariamente deve ser expedido.
riza a prática do ato de polícia administrativa pela própria
Já o alvará de autorização constitui ato discricionário e
Noções de Direito Administrativo

administração, independentemente de mandado judicial.


precário. A Administração o concede por liberalidade e desde
A multa de trânsito é uma exceção à regra da autoexecu‑
que não haja impedimento legal para a sua expedição. Por
toriedade. Para ser executada, deverá aguardar o prazo para
sua vez, pode ser revogado a qualquer momento e sem in‑
a defesa de quem foi multado, e sua execução só poderá ser
denização. Como exemplo, temos o uso de um bem público,
efetivada pela via judicial.
a autorização para compra de arma de fogo e também para
o seu porte. (Art. 4º e 10 da Lei nº 10.826/2003).
Coercibilidade Além dos atos normativos e dos atos concretos (atos
Implica a imposição coativa das medidas ou decisões de consentimento), a  Administração pode manifestar-se
adotadas pela Administração ao administrado, admitindo o
por meio de atos de fiscalização. De nada adiantaria a ela
emprego da força – se houver oposição do infrator – dentro poder impor restrições aos indivíduos se não dispusesse de
dos limites da legalidade. mecanismos necessários à fiscalização de suas condutas.
71
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/ Essa fiscalização restringe-se à verificação da normalidade
Área Administrativa/2010 e FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área Admi‑ do uso do bem público ou da atividade policiada, ou seja,
nistrativa/201030. se a sua utilização ou realização condiz com estabelecido
72
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área
Administrativa/2010. no respectivo alvará. Caso se depare com irregularidade ou

50 Este eBook foi adquirido por ANA PAULA TORQUATO DA COSTA - CPF: 628.848.913-15.
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infringência legal, é inevitável que o agente fiscalizador im‑ Princípios Informativos ou Implícitos
ponha ao administrado alguma obrigação de fazer ou de não
fazer ou aplique-lhe uma sanção, que deverá ser formalizada Supremacia do Interesse Público sobre o Privado
por meio do respectivo auto de infração constando a sanção Indisponibilidade do Interesse Público
cabível para oportuna execução pela própria Administração,
Continuidade do Serviço Público
salvo nos casos de multa, que só poderá ser executada por
via judicial. Finalidade
Autotutela
Sanções Razoabilidade
Como sanções decorrentes de atos de fiscalização do Proporcionalidade
poder de polícia, temos a multa, a demolição de construção, Motivação
a interdição de atividade, a destruição de coisa, a inutilização
de bens privados, a cassação de patentes, a proibição de fa‑ Segurança Jurídica
bricar produtos e tudo o mais que houver de ser impedido em Hierarquia
defesa da moral, da saúde e da segurança pública, bem como Especialidade
da segurança nacional, ou seja, em benefício do interesse Controle ou Tutela
coletivo,desde que estabelecidos em lei ou regulamento. Probidade Administrativa
Essas sanções, por ser o ato de polícia autoexecutável,
são impostas e executadas pela própria Administração em O princípio da moralidade e o da eficiência estão expres-
procedimentos administrativos compatíveis com as exigên‑ samente previstos na CF, ao passo que o da proporcionalidade
cias do interesse público. constitui princípio implícito, não positivado no texto consti-
O que se requer é a legalidade da sanção e a proporcio‑ tucional.73
nalidade à infração cometida ou ao dano que a atividade
causa à coletividade ou ao próprio Estado. Princípios Constitucionais da Administração Pública
Na esfera federal a Lei nº 9.873/1999 (art. 1º), estabelece
Legalidade (art. 37, caput, da CF; art. 5º, II, da CF)
o prazo prescricional de cinco anos para a Administração
apurar infrações no exercício do poder de polícia: É princípio básico de todo Estado de Direito e também de
A prescrição também incide no procedimento administra‑ toda Administração Pública na execução de suas atividades.
tivo parado por mais de três anos, pendente de julgamento A atuação administrativa deve estar pautada na lei. A doutrina
ou despacho (§1º do art. 1º da Lei nº 9.873/1999). costuma usar a seguinte expressão: enquanto na atividade
Todavia, quando o fato constituir crime, a  prescrição particular tudo o que não está proibido é permitido, na Admi‑
reger-se-á pelo Código Penal (§2º do art. 1º da Lei nº nistração Pública é o inverso, ela só pode fazer o que a lei per‑
9.873/1999). mite, desse modo tudo o que não está permitido é proibido.
Por fim, importante saber que o disposto nessa lei não Se “ninguém será obrigado a fazer ou a deixar de fazer
se aplica a infrações de natureza funcional nem tributária. alguma coisa senão em virtude de lei”, o  agente público
(§ 5º do art. 1º da Lei nº 9.873/1999) atuan­do de acordo com ela estará cumprindo sua finalidade.
Caso contrário, desviando-se de sua finalidade cometerá
PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ato ilícito, expondo-se à responsabilização administrativa,
civil e criminal, conforme o caso.
Noções Gerais
Impessoalidade (art. 5º, caput, da CF; art. 37, § 1º, da CF)
Conforme ensina Diógenes Gasparini, princípios são
proposições que alicerçam ou embasam um sistema e lhe Significa que o administrador deve orientar‑se por crité‑
garantem a validade. Geralmente não estão hierarquizados rios objetivos, não devendo fazer distinções fundamentadas
nem positivados, mas devem ser observados em toda atua­ em critérios pessoais. Todos são iguais perante a lei. É em de‑
ção administrativa. corrência desse princípio que se criou o concurso e a licitação.
Corroborando o entendimento do ilustre doutrinador, tem‑ Cabe ressaltar também que os agentes públicos, no
-se a jurisprudência de Pretório Excelso, que assim acentuou: exercício de suas funções, não praticam atos em seu próprio
nome, mas no da Administração, por esse motivo se faz
Os princípios podem estar ou não explicitados em presente a restrição constitucional à publicidade dos atos
normas. Normalmente sequer constam de texto oficiais que caracterizem promoção pessoal.
regrado. Defluem no todo do ordenamento jurídico.
Noções de Direito Administrativo

Encontram-se ínsitos, implícitos no sistema, perme‑ Moralidade (art. 37, § 1º, da CF)


ando as diversas normas regedoras de determinada
matéria. O  só fato de um princípio não figurar no O administrador deve atuar com ética e moralidade, isto é,
texto constitucional não significa que nunca teve de acordo com a lei. Tendo em vista que tal princípio integra o
relevância de princípio (RE nº 160.381/SP). conceito de legalidade, decorre a conclusão de que ato imoral
é ato ilegal, e, portanto, sujeito ao controle do Poder Judiciário.
Princípios Constitucionais Explícitos que Regem a A moralidade veio para dar coe­rência ao nosso ordena‑
Administração Pública – art. 37, caput mento jurídico. Foi consagrada não só pela Constituição Fe‑
deral, mas também pela doutrina e jurisprudência, estando
L EGALIDADE intimamente ligada à probidade administrativa – “ao agente
I MPESSOALIDADE público não basta ser honesto e probo, tem que mostrar que
M ORALIDADE possui tal qualidade”. O que se exige (indisponibilidade do
interesse público) no presente Estado Democrático de Direito
P UBLICIDADE
E FICIÊNCIA
Cespe/Ibama/Analista Ambiental/2013.
73

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é a legalidade moral e ética, ou seja, a legalidade legítima da a qual só é dado fazer somente o que a lei determina ou
conduta administrativa, visando ao atendimento do interesse expressamente permite.
público e não à satis­fação pessoal do agente. A igualdade perante a lei costuma ser chamada de isono‑
Ademais, a CF confere aos particulares o poder de exigir, mia. Sempre foi, desde a antiguidade, associada à democracia,
por meio da ação popular, que a administração pública respeite como uma de suas características fundamentais, bem como
o princípio da moralidade.74 princípio interpretativo e limitação ao legislador. Mas a dife‑
renciação de tratamento às pessoas, em condições diferentes,
Publicidade (art. 5º, XXXIII, da CF; art. 37, § 3º, II, da CF; ou seja, o tratamento desigual dos casos desiguais, na medida
art. 11, IV, da Lei nº 8.429/1992) em que se desigualam, é exigência da própria conceituação
de Justiça. Isto se dá porque o princípio da igualdade, previsto
É requisito de eficácia e moralidade dos atos administra‑ da Constituição Federal, significa que, na verdade, todos são
tivos. Entretanto, não é requisito de forma, pois o ato para iguais, mas mesmas condições, pois não de pode, a título
estar formado basta ser legal, impessoal, moral e eficiente, de isonomia, ser-lhe dada abrangência com o fim de que se
para ser eficaz é que se faz necessária a sua publicação75. promova o nivelamento de desiguais. Ora se todos são iguais
Propicia ao Administrador a transparência em suas atuações perante a lei, nas mesmas condições, todos são iguais em
e possibilita aos administrados a defesa de seus direitos. idêntica situação, perante a Administração, executora da lei.
Constitui ato de improbidade administrativa que atenta Com efeito, todos têm o direito de, nas mesmas condições,
contra os Princípios da Administração Pública negar publici‑ ter as mesmas oportunidades e o mesmo tratamento pela
dade aos atos oficiais. Administração. Resultam deste princípio, por exemplo, a obri‑
gatoriedade de realização de concurso público para ingresso
Exceções ao princípio da publicidade: em cargo público efetivo, de licitação para as contratações ad‑
São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra ministrativas, da isonomia fiscal, da responsabilidade objetiva
do Estado por ato de seus agentes, entre outras.
e a imagem das pessoas, assegurado o direito a in‑
denização pelo dano material ou moral decorrente
de sua violação (Art. 5º, X da CF). Princípios Informativos da Administração Pública

É assegurado a todos o acesso à informação e res‑ Supremacia do Interesse Pú­blico


guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
exercício profissional (Art.5º, XIV). É a essência do regime jurídico administrativo. O poder
é dado para que a Administração o exerça, buscando fina‑
Informações de interesse particular ou coletivo quan‑ lidades de interesses gerais, por isso há de haver sempre a
do imprescindíveis para a segurança da sociedade ou sua prevalência. Pelo princípio da supremacia do interesse
do Estado (Art. 5º, XXXIII da CF). público, temos que os atos administrativos são presumidos
legítimos e, em regra, imperativos e autoexecutáveis.
Garantias contra a negativa injustificada: É por meio dele que houve uma ampliação das atividades
Habeas data (art.  5º, LXXII): tem cabimento quan­do assumidas pelo Estado para atender às necessidades coleti‑
a informação negada injustificadamente é personalíssima. vas, com a consequente ampliação do próprio conceito de
Mandado de segurança (art.  5º, LXIX): não sendo serviço público. Ocorreu o mesmo com o poder de polícia
prestada por meio de habeas data, é possível impetrar do Estado, que deixou de impor apenas obrigações negativas
mandado de segurança, para obter o direito líquido e certo (de não fazer), visando resguardar a ordem pública, e passou
à informação negada. a impor obrigações positivas, uma vez que ampliou o seu
campo de atuação (além da ordem pública agora também
Eficiência (art. 37, caput, da CF; art. 41, § 1º, III, da CF) a ordem econômica e social – arts. 173, § 4º, e 182 da CF),
condicionando o uso da propriedade ao bem-estar social,
Impõe ao agente público que realize suas atribuições com regulando e fiscalizando as atividades de forma a reprimir o
perfeição, presteza e rendimento funcional. abuso do poder econômico.
A eficiência é a capacidade de obtenção dos objetivos
Indisponibili­da­de do Interesse Público
fixados em razão dos meios disponíveis. A  eficiência está
vinculada aos princípios da legalidade, impessoalidade,
Conforme visto no princípio da supremacia do interesse
moralidade e publicidade, nunca acima deles; ela veio para
público, o poder é dado ao Administrador para que ele o
somar. A violação a qualquer um desses princípios implica
exerça. Portanto, não é lícito dispor desse interesse ou fazer
violação à eficiência, uma vez que será eficiente a Adminis­ prevalecer interesse próprio, uma vez que não possui sua
tração Pública que cumprir com excelência a lei e a moral, de
Noções de Direito Administrativo

titularidade, só mera guarda.


forma impessoal e pública. A eficiência também configura É justamente por não poder dispor desses interesses, cuja
meio de controle da própria Administração Pública, quando guarda lhe é atribuída por lei, que não poderá renunciá-los
exige avaliação periódica de desempenho funcional dos seus nem total, nem parcialmente, sob pena de responder pela
servidores (art. 41, § 1º, III, da CF). omissão. Constituem-se em poder-dever de agir. Assim,
a autoridade não pode deixar de punir, quando constatada
Igualdade ou Isonomia a prática de ilícito administrativo; não pode deixar de exercer
O princípio da igualdade é, também, um dos princípios o poder de polícia para coibir o exercício dos direitos indivi‑
das Ciências Jurídicas em geral, mas que para o Direito duais que estejam em conflito com o interesse coletivo; não
Público e em especial para o Direito Administrativo adqui‑ pode deixar de exercer os poderes decorrentes da hierarquia.
re coloração especial, dada a particular subordinação da Atualmente, esse princípio é citado no art. 2º, caput, da
Administração ao princípio da legalidade estrita, segundo Lei nº 9.784/1999 e especificado no parágrafo único, com a
seguinte exigência: “Atendimento a fins de interesse geral,
Cespe/TCU/AUFC/2010.
74
vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competên‑
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área
75

Judiciária e Execução de Mandatos/2010.


cias, salvo autorização em lei.”

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Continuidade dos Serviços Públicos conduta em critérios racionais, sensatos e coerentes, fun‑
damentados sempre no atendimento ao interesse público.
Este princípio está diretamente ligado ao serviço público O princípio da razoabilidade também foi preconizado
e destina‑se a atender necessidades sociais; portanto, não pela EC nº 45/2004, que acrescentou novo inciso no art. 5º
pode parar. Era com fundamento nesse princípio que nos da Constituição Federal, assegurando a todos, no âmbito
contratos administrativos não se permitia a invocação pelo judicial e administrativo, a razoável duração do processo.
particular da exceção do contrato não cumprido. Hoje,
a legislação já permite que o particular a invoque no caso de Proporcionalidade
suspensão de sua execução, por ordem escrita da adminis‑ É um desdobramento da razoabilidade. Adotando a
tração, por mais de 120 dias ou atraso superior a 90 dias dos medida necessária para atingir o interesse público almejado,
pagamentos devidos (art. 78, XIV e XV, da Lei nº 8.666/1993). o Administrador age com proporcionalidade, sendo vedada
a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida
Finalidade superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento
do interesse público.80
Toda atuação do administrador destina‑se a atender o
interesse público. É a Lei que vai indicar qual o interesse a Art. 2º, VI, da Lei nº 9.784/1999: Adequação entre
ser atingido pela Administração Pública. Daí se falar que o meios e fins, vedada a imposição de obrigações,
princípio da finalidade é inerente ao princípio da legalidade. restrições e sanções em medida superior àquelas
Se o administrador se desvia de tal finalidade, praticando estritamente necessárias ao atendimento do inte‑
ato diverso do previsto na regra de competência, comete ato resse público.
ilícito, o que em Direito Administrativo chamamos de abuso
de poder, podendo sofrer o controle popular, exercido por Motivação
meio de ação popular, além da correspondente ação civil
pública. É a exposição ou a indicação por escrito dos fatos e
fundamentos jurídicos que ensejaram a prática do ato.
Autotutela A regra geral é a motivação, para que a atuação ética do
administrador fique demonstrada, na exposição dos motivos,
A Administração tem o dever de zelar pela legalidade e e o administrado tenha garantida a ampla defesa e o con‑
eficiência dos seus próprios atos. É por isso que se reconhece traditório. Somente ficaria desobrigada nos casos em que a
à Administração o poder/dever de declarar a nulidade dos lei a dispensasse ou a natureza do ato praticado fosse, com
seus próprios atos, praticados em desacordo com a Lei. É, ela, incompatível.
ainda, em consequência da Autotutela que existe a possibi‑ A Lei nº 9.784/1999 determina, em seu art. 2º, parágrafo
lidade de a Administração revogar os atos administrativos único, VII, que: “A Administração Pública obedecerá, den‑
que não mais atendam às finalidades públicas (sejam ino‑ tre outros, ao princípio da motivação [...] com a indicação
portunos ou inconvenientes), embora legais.76 dos pressupostos de fato e de direito que determinarem
A capacidade da Administração Pública de poder sanar os
a decisão”. Já no art. 50, estabelece a obrigatoriedade de
seus atos irregulares ou de reexaminá-los à luz da conveniên-
cia e oportunidade, reconhecida nas Súmulas nº 346 e 473 do
motivação, com indicação dos fatos e fundamentos, quando:
Supremo Tribunal Federal, está em consonância direta com o • neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
princípio da autotutela.77 imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
• decidam processos administrativos de concurso ou
Súmula nº 346, 1963/STF: A Administração Pública seleção pública;
pode declarar a nulidade dos seus próprios atos. • dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo
licitatório;
Súmula nº 473, 1969/STF: A administração pode • decidam recursos administrativos; decorram de ree‑
anular seus próprios atos, quando eivados de vícios xame de ofício;
que os tornam ilegais, porque deles não se originam • deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a
direitos; ou revogá‑los, por motivo de conveniência questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiri- e relatórios oficiais;
dos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação • importem anulação, revogação, suspensão ou conva‑
judicial.78 lidação de ato administrativo.
Caso se verifique, durante a realização de um concurso Conforme o disposto acima, a motivação, em regra, se faz
público, a utilização, por candidatos, de métodos fraudu- obrigatória quando os atos afetam direitos ou interesses indi‑
Noções de Direito Administrativo

lentos para a obtenção das respostas corretas das provas, a


viduais. A lei se preocupa mais com os administrados do que
administração pública poderá anular o concurso embasada
diretamente no princípio da autotutela.79
com a própria Administração. Todavia, as hipóteses previstas
não necessariamente constituem rol taxativo, uma vez que
Razoabilidade podem surgir outras em que a motivação será obrigatória,
para fins de controle da legalidade. Como exemplo, temos
Os poderes concedidos à Administração devem ser exer‑ no art. 64-A, do mesmo diploma, a exigência de que o órgão
cidos na medida necessária ao atendimento do interesse competente para decidir recurso administrativo explicite as
coletivo, sem excessos, ou seja, adequação entre os fins e razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade de súmula vin‑
os meios (art. 2º, VI, da Lei nº 9.784/1999). culante, quando o recorrente alegar a sua violação.
A razoabilidade é um dos principais limites à discricio‑
nariedade, uma vez que o agente público deve pautar sua Art. 64-A da Lei nº 9.784/1999: Se o recorrente alegar
violação de enunciado da súmula vinculante, o órgão
76
Assunto cobrado na prova da FCC/TCE-SP/Auditor/2013.
77
FCC/Defensoria Pública do Estado de São Paulo/Defensor Público/2010.
78
Cespe/TCU/AUFC/2010. Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-Acre/Técnico Judiciário/Área Adminis‑
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Cespe/AE ES/Seger-ES/Direito/2013. trativa/2010.

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competente para decidir o recurso explicitará as ra‑ com o objetivo de garantir a observância de suas finalidades
zões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, institucionais.81
conforme o caso.
Probidade Administrativa
Motivação nas Decisões Proferidas pelo Poder Judiciário
A probidade administrativa está diretamente atrelada ao
princípio da legalidade e da moralidade administrativa. Pelo
Art. 93, IX, da CF: Todos os julgamentos dos órgãos
princípio da legalidade, o administrador deve atuar em confor‑
do Poder Judiciário serão públicos e fundamentadas midade com a lei. Pelo princípio da moralidade, o administrador
todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a deve atuar com ética e moralidade. Já a probidade administra‑
lei, se o interesse público o exigir, limitar em deter‑ tiva exige do administrador que atue, não só de acordo com a
minados atos às próprias partes e seus advogados, legalidade, a ética e a moral, mas com a honestidade.
ou somente a estes. A probidade administrativa recebeu tratamento consti‑
Art. 93, X, da CF: As decisões administrativas dos tri‑ tucional em vários dispositivos, tais como o art. 37, § 4º e
bunais serão motivadas, sendo as disciplinares toma‑ o art. 85, V, bem como em legislações infraconstitucionais.
das pelo voto da maioria absoluta de seus membros. Regulamentando o art. 37, § 4º, temos a Lei nº 8.429,
de 2 de junho de 1992, também conhecida como Lei de Im‑
Segurança Jurídica probidade Administrativa. Essa lei dispõe sobre as sanções
aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento
É um dos alicerces do Estado de Direito, está relacionada ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função
com a previsibilidade e a estabilidade das relações jurídicas, na Administração Pública.
de forma a garantir que a norma não retroagirá em situações A Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950, disciplina os crimes
já constituídas (art. 5º, XXXVI, da CF), sendo considerada de responsabilidade do Presidente da República. De acordo
válida somente a partir do momento em que foi adotada. com a norma, são crimes de responsabilidade do Presidente
Se o administrado teve reconhecido determinado di‑ da República atos que atentarem contra a Constituição Fede‑
reito com base em interpretação adotada uniformemente ral, e, especialmente, contra a probidade na Administração.
para todos, torna-se claro que houve boa-fé e esta deve Convém, entretanto, ressaltar que os atos eivados de
ser respeitada, inclusive quanto a seus efeitos que devem vícios de improbidade poderão sofrer invalidação pela
ser preservados. Entretanto, recomenda-se cautela em sua própria Administração, exercitando o poder de autotutela
aplicação para não impedir que a Administração anule seus como através do Poder Judiciário, quando devidamente
atos ilegais. provocado.
No Direito Administrativo, esse princípio foi inserido
na Lei nº 9.784/1999, art. 2º, parágrafo único, XIII, que diz: RESPONSABILIDADE CIVIL
EXTRACONTRATUAL DO ESTADO
Nos processos administrados, serão observados,
entre outros, o critério de: interpretação da norma Considerações Iniciais
administrativa da forma que melhor garanta o aten‑
dimento do fim público a que se dirige, sendo vedada A Responsabilidade Civil teve sua origem no âmbito do
a aplicação retroativa de nova interpretação. Direito Privado, em que a obrigação de indenizar derivava
de um contrato.
Hierarquia No Direito Administrativo chamamos de Responsabilida‑
de Civil Extracontratual, pois não decorre de um contrato.
Em consonância com o princípio da hierarquia, os órgãos A Responsabilidade Extracontratual que aqui se evidencia
da Administração Pública são estruturados de tal forma que importa no reparo que o Poder Público deverá oferecer ao
se cria uma relação de coordenação e subordinação entre uns lesado pelo dano que, voluntária ou involuntariamente,
e outros, cada qual com suas atribuições definidas na lei. (DI o tenha causado.
PIETRO,Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 22. ed. São
Paulo: Atlas, p. 70). Conceito
Especialidade A Responsabilidade Civil do Estado é a obrigação im‑
posta ao Poder Público para ressarcir os danos causados a
O princípio da especialidade está ligado diretamente à terceiros pelos seus agentes, quando no exercício de suas
Noções de Direito Administrativo

ideia de descentralização administrativa. Quando o Estado cria atribuições.82


pessoas jurídicas públicas administrativas – as autarquias, por
exemplo – como forma de descentralizar a prestação de serviços Evolução da Responsabilidade do Estado
públicos, com vistas à especialização de função, a lei cria a en‑
tidade, estabelece com precisão as finalidades que lhe incube, Irresponsabilidade do Estado
de tal modo que não cabe aos seus administradores afastar-se
dos objetivos definidos na lei. (DI PIETRO,Maria Sylvia. Direito Nos Governos absolutos prevalecia a irresponsabilidade
Administrativo. 22. ed. São Paulo: Atlas, p. 68) do Estado, uma vez que não era possível que o rei, represen‑
tante do Estado, pudesse lesar seus súditos. (The King can do
Controle ou tutela no Wrong – O rei não erra). Quanto aos seus agentes, estes
sim, poderiam ser responsabilizados pes­soalmente por atos
Para assegurar que as entidades da Administração Indireta ilícitos que viessem a cometer.
observem o Princípio da Especialidade, elaborou-se o Princípio
do Controle ou Tutela, em consonância com o qual a Adminis‑ 81
Assunto cobrado na prova da FCC/TCE-SP/Auditor/2013.
tração Pública Direta fiscaliza as atividades dos referidos entes, 82
Assunto cobrado na prova do Cespe/DPE-TO/2013.

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Teoria da Responsabilidade com Culpa requisitos: dano, conduta administrativa e nexo causal. Admite-
-se abrandamento ou mesmo exclusão da responsabilidade
Previam‑se dois tipos de atitudes, que poderiam distin‑ objetiva, se coexistirem atenuantes ou excludentes que atuem
guir em quais atos o rei poderia ser responsabilizado ou não. sobre o nexo de causalidade.84
Quando o Estado praticar atos de gestão em regime de Para configurar a responsabilidade civil do Estado, o agente
igualdade com os particulares, amparados, portanto, no público causador do prejuízo a terceiros deve ter agido na
direito privado estaria sujeito à responsabilidade civil, entre‑ qualidade de agente público, sendo irrelevante o fato de ele
atuar dentro, fora ou além de sua competência legal.85
tanto quando praticasse atos de império, ou seja, aqueles
pelos quais desempenha prerrogativa de manutenção da Exs.: Um servidor público, condutor de uma viatura
oficial, deu causa a acidente de trânsito com veículo de par-
ordem e do bem comum, bem como relacionados ao geren‑
ticular. Foram apurados danos materiais de grande vulto,
ciamento de seus bens e serviços, não haveria a possibilidade
equivalentes aos reparos promovidos no veículo particular e
de ser responsabilizado por tais atos.
às despesas médicas geradas pelo atendimento ao motorista
Diante da dificuldade em distinguir na prática tais situações,
particular. O condutor da viatura particular tem pretensão
adotou‑se a teoria civilista da culpa ou culpa administrativa.
indenizatória para ressarcimento dos danos materiais.
Nesse caso, o Estado responde sob a modalidade objetiva,
Teoria da Culpa Administrativa
presumindo-se a culpa do servidor, que poderá ser penalizado
também disciplinarmente na esfera administrativa.86
O Estado respondia pelos danos causados a terceiros,
Um agente público, pertencente aos quadros de uma
desde que houvesse culpa no serviço: inexistência do serviço,
empresa pública federal prestadora de serviço público, no
o serviço não foi prestado e causou prejuízo; o serviço foi
exercício de suas atribuições, veio a causar dano a terceiro
prestado de forma deficiente e causou prejuízo.
usuário do serviço em decorrência de conduta culposa
comissiva. Nesse caso, responderá pelo dano causado ao
Teoria do Risco Administrativo
terceiro a empresa pública federal, sendo a responsabi-
lidade civil de natureza objetiva por tratar-se de pessoa
O Estado indeniza independentemente de dolo ou culpa do
jurídica de direito privado prestadora de serviço público,
agente, porém, deve a vítima comprovar o nexo causal entre
assegurado o direito de regresso contra o responsável.87
a ação ou omissão do Estado e o dano sofrido. Admite exclu‑ Carlos, proprietário de um veículo licenciado na Capital do
dente ou atenuante de responsabilidade, por exemplo, culpa Estado de São Paulo, teve seu nome inscrito, indevidamente, no
da vítima, culpa concorrente, caso fortuito ou força maior.83 cadastro de devedores do Estado (“Cadin”), em face do suposto
não pagamento de IPVA. Constatou-se, subsequentemente,
Teoria do Risco Integral que o débito objeto do apontamento fora quitado tempesti-
vamente pelo contribuinte, decorrendo a inscrição no Cadin de
A teoria do risco integral é a modalidade extremada da um erro de digitação de dados incorrido pelo servidor respon-
teoria do risco administrativo. Por essa teoria o Estado teria sável pela alimentação do sistema de informações. Em razão
que indenizar os danos causados a terceiro, mesmo que não dessa circunstância, Carlos, que é consultor, sofreu prejuízos
os tivesse causado, não podendo alegar nenhuma excludente financeiros, entre os quais a impossibilidade de participar de
ou atenuante de responsabilidade. procedimento licitatório instaurado pela Administração para
Há doutrinadores, que não admitem a existência dessa contratação de serviços de consultoria, bem como o impedi-
teoria no nosso ordenamento jurídico, porém, a Constituição mento de obtenção de financiamento de projeto que estava
Federal, em seu art. 21, XXXIII, a, diz que: “a responsabilidade conduzindo pela Agência de Fomento do Estado, que dispunha
civil por danos nucleares independe da existência de culpa.” de linha de crédito com juros subsidiados, sendo obrigado a
tomar financiamento junto a instituição financeira privada
A Responsabilidade Civil do Estado na Constituição em condições mais onerosas. Diante da situação narrada, de
acordo com o disposto na Constituição Federal sobre a respon-
Federal de 1988 sabilidade civil do Estado, o Estado responde objetivamente
pelos prejuízos sofridos por Carlos, podendo exercer o direito de
Assim dispôs a Constituição Federal, em seu art. 37, § 6º: regresso em face do servidor, se comprovada conduta culposa
ou dolosa do mesmo.88
As pessoas jurídicas de direito público e as de direito Determinada professora da rede pública de ensino rece-
privado prestadoras de serviços públicos responderão beu ameaças de agressão por parte de um aluno e, mais de
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, cau‑ uma vez, alertou à direção da escola, que se manteve omissa.
sarem a terceiros, assegurado o direito de regresso Nessa situação hipotética, caso se consumem as agressões, a
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. indenização será devida pelo Estado, desde que presentes os
elementos que caracterizem a culpa.89
Noções de Direito Administrativo

Por meio desse dispositivo, com auxílio da jurisprudência e O ônus da prova não cabe à vítima e sim ao Estado, de‑
da doutrina, temos que o nosso ordenamento jurídico adotou vendo a vítima apenas provar o nexo de causalidade. Cabe
a Responsabilidade Civil Extracontratual do Estado, na modali‑ ação regressiva do Estado contra o agente, mas como sua
dade risco administrativo, segundo a qual o Estado responde responsabilidade é subjetiva, o Estado deverá comprovar sua
objetivamente pelos danos que seus agentes causarem a conduta dolosa ou culposa. A ação regressiva é uma ação
terceiros, independentemente de dolo ou culpa, bastando judicial de natureza civil que a Administração tem contra
apenas que se comprove o nexo de causalidade entre a ação o agente público ou o particular prestador de serviços pú-
ou omissão do Estado e o dano sofrido pelo administrado. blicos causador do dano a terceiros.90
No mesmo sentido, no ordenamento jurídico brasileiro, a
responsabilidade do poder público é objetiva, adotando-se a te- 84
Cespe/CNJ/Técnico Judiciário/Área Apoio Especializado/2013.
oria do risco administrativo, fundada na ideia de solidariedade 85
Cespe/TRE-MS/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2013.
86
FCC/Tribunal de Contas-RO/Auditor/Substituto de Conselheiro/2010.
social, na justa repartição dos ônus decorrentes da prestação 87
Cesgranrio/Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social/Advoga‑
dos serviços públicos, exigindo-se a presença dos seguintes do/2010.
88
FCC/AFR-SP/Sefaz SP/Gestão Tributária/2013.
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-MS/Técnico Judiciário/Área Adminis‑
83 89
Cespe/TRE-MS/Analista Judiciário/Área Administrativa/2013.
trativa/2013. 90
FCC/TRE-Acre/Analista Judiciário/Área Judiciária/2010.

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Excludentes ou Atenuantes da Responsabilidade A Reparação do Dano
Atos de Multidões A existência de dano indenizável, quantificado e detalha‑
do em sua expressão econômica é requisito indispensável
O Estado não responde civilmente pelos danos causados para a reparação do prejuízo decorrente da lesão que em‑
por atos praticados por agrupamentos de pessoas ou multi‑ penha a responsabilidade civil do Estado, ou seja, inexiste
dões, por se tratar de atos de terceiros que caracterizam uma obrigação se não puder ser identificado o dano, pois é exa‑
excludente de causalidade, salvo quando se verificar omissão tamente dele que resulta o dever de indenizar do Estado.
do poder público em garantir a integridade do patrimônio da‑ O dano indenizável deve decorrer de ato ou omissão,
nificado, hipótese em que a responsabilidade civil é subjetiva. atividades, coisas ou fatos imputáveis ao Estado (nexo de
causalidade), lícitos ou ilícitos, sem ocorrência de excludentes
Culpa Exclusiva da Vítima da responsabilidade, pois, caso contrário, embora existente,
o dano não será indenizável. Também não basta que o dano
Inexiste responsabilidade do Estado91. Ocorre, por seja certo e real, para que seja indenizável é necessário que
exemplo, quando uma pessoa, com o intuito de suicidar‑se, a ordem jurídica reconheça o direito lesado e o direito ao
se atira diante de veículo em movimento. Não tem como ela ressarcimento como direitos do indivíduo.
requerer indenização pelos prejuízos sofridos, uma vez que Indiscutível é, pois, que a indenização deve ser completa,
ela concorreu para que o evento acontecesse. devendo abranger o que a vítima perdeu (o dano efetivo,
ocorrido, emergente), o que despendeu (o que gastou) e o
Culpa Concorrente que deixou de ganhar em razão do evento danoso (lucros
cessantes), bem como honorários advocatícios, correção
O Estado e o lesado contribuem para o resultado danoso, monetária e juros de mora, se houver atraso no pagamento.
desse modo, a indenização do Estado deverá atingir apenas
o limite dos prejuízos que tenha causado, arcando o lesado Meios de Reparação do Dano e a Ação de Indenização
com o restante.
A reparação do dano causado pela Administração a
Caso Fortuito e Força Maior terceiros dá-se de duas formas: administrativa (amigável)
ou judicialmente.
Podem ocorrer também fatos imprevisíveis, que fogem • Administrativa – Se for proposta no âmbito adminis‑
ao controle do Estado e das pessoas, são o que a doutrina trativo, o lesado formulará reclamação administrativa
costuma chamar de caso fortuito e força maior. Há diver‑ com pedido indenizatório junto ao órgão competente
gência na doutrina com relação à caracterização de cada da pessoa jurídica civilmente responsável, formando
um, pois alguns entendem que caso fortuito são eventos assim o processo administrativo no qual os interessa‑
produzidos pela natureza (um terremoto ou uma inundação, dos se manifestarão, produzirão provas e chegarão a
por exemplo) e força maior como o acontecimento originário um resultado final sobre o pedido.
da vontade humana (por exemplo, no caso de uma greve), • Judicial  – Se não houver acordo, caberá ao lesado
e outros já falam que é exatamente o contrário, considerando propor a adequada ação de indenização perante a
a força maior os eventos produzidos pela natureza e caso Fazenda Pública. Esta será processada de acordo com
fortuito decorrente de ato humano. Nesses casos, como os preceitos comuns do Código de Processo Civil (Título
eram imprevisíveis e inevitáveis, inexiste a responsabilidade VIII) e paga na forma do art. 100 da Constituição Fede‑
do Estado. ral (precatórios). Se a ação de indenização for contra
a União, entidades autárquicas federais e empresas
Responsabilidade Civil do Estado por Atos públicas, a justiça competente para se propor a referida
Legislativos ação é a Justiça Federal (art. 109, I, da CF); se for pessoa
jurídica de Direito Privado, será competente a Justiça
Em regra, não acarretam a responsabilidade do Estado, Estadual ou, conforme o caso, deve ser examinado o
entretanto, podem surgir situações específicas que poderiam disposto na Lei de Organização Judiciária do local.
ensejá‑la, tal como leis inconstitucionais, que durante a sua
vigência e eficácia poderiam acarretar dano, ou leis de efeitos Para eximir-se do dever de indenizar, caberá à Fazenda
concretos, aquelas que atingem uma categoria de pessoas Pública comprovar que a vítima concorreu para o evento
ou número exíguo de pessoa. Nesses casos, o lesado pode danoso (dolo ou culpa). Enquanto não evidenciar a culpa‑
responsabilizar o Estado com o fim de obter a indenização bilidade da vítima, subsiste a responsabilidade objetiva da
Noções de Direito Administrativo

pelos prejuízos sofridos. Administração. Se, por outro lado, ficar comprovada a culpa
ou dolo exclusivo da vítima, ficará excluída a responsabi‑
Responsabilidade Civil do Estado por Atos lidade da Fazenda Pública; se restar comprovada a culpa
Jurisdicionais concorrente, o Estado arcará apenas no limite dos prejuízos
que tenha causado.
Em regra, a responsabilidade do Estado não se aplica aos
atos praticados pelo Poder Judiciário, porém, como garantia Prescrição
fundamental estabelecida no art. 5º, LXXV, temos que o Es‑
tado indenizará o condenado por erro judiciário, bem como O direito do lesado à reparação dos prejuízos tem natu‑
aquele que ficar preso além do tempo fixado na sentença. reza obrigacional e pessoal, portanto, como qualquer direito
Um caso notório ocorrido no Brasil quanto a erro judiciário subjetivo não pode ser objeto da inércia do seu titular, sob
foi o dos irmãos Naves em 1937. pena do surgimento da prescrição. A prescrição nada mais
é do que a perda do direito de ação.
A União, Estados, Distrito Federal e Municípios bem
Assunto cobrado na prova da FCC/Tribunal de Contas-RO/Procurador do Mi‑
91

nistério Público Junto ao Tribunal de Contas/2010. como suas Autarquias e Fundações Públicas, Empresas Pú‑

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blicas e Sociedades de Economia Mista gozam da prescrição ENRIQUECIMENTO ILÍCITO: SANÇÕES
quinquenal, ou seja, o prazo de cinco anos contados a partir PENAIS, CIVIS E ADMINISTRATIVA
do fato danoso.
O Decreto nº 20.910/1932, em seu art. 1º, estabelece Enriquecimento ilícito, no que tange a servidores públi‑
que: cos, é o que decorre da prática de crime contra a Adminis‑
tração definidos no título XI do Código Penal (Dos crimes
As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Mu‑ contra a Administração Pública).
nicípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação O enriquecimento ilícito sujeita o autor da infração a três
contra a Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, tipos de responsabilidade: a administrativa, a civil e a penal.
seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco A penalidade administrativa decorrente de enriqueci‑
anos contados da data do ato ou fato do qual se mento ilícito é a demissão, vez que o art. 132, inciso I, da
originarem. Lei nº 8.112/1990 dispõe que ela deve ser aplicada no caso
de crime contra a Administração Pública.
Já a Lei nº 9.494/1997, em seu art. 1º‑C, determina que: Fazendo correlação com o disposto no art. 312 do Código
Penal, o enriquecimento ilícito pode configurar o crime de
Prescreverá em cinco anos o direito de obter inde‑ peculato, senão vejamos:
nização dos danos causados por agentes de pessoas
jurídicas de direito público e de pessoas jurídicas Art. 312. Apropriar-se o funcionário público de di‑
de direito privado prestadoras de serviços públicos. nheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público
ou particular, de que tem a posse em razão do cargo,
O Direito de Regresso (ação regressiva)
ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena – reclusão, de dois a doze anos, e multa.
De acordo com o sistema constitucional da responsabili‑ § 1º Aplica-se a mesma pena, se o funcionário públi‑
dade objetiva do Estado, este indenizará o dano causado ao co, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou
particular, desde que seja configurado o nexo de causalidade bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído,
entre a ação ou omissão do Estado e o prejuízo sofrido pelo em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilida‑
administrado. de que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
Quando identificado o agente causador do dano, a par‑
te final do § 6º, art. 37, da CF assegura que, caso tenha o
Os arts. 91 e 92 do Código Penal, por sua vez, estabelecem
agente agido com dolo ou culpa, o Estado deve promover o
os efeitos genéricos e específicos da condenação. O disposto no
ressarcimento ao erário das despesas havidas com a men‑
art. 91, inciso I, refere-se à obrigação de reparar o dano causado
cionada indenização, intentando ação regressiva contra o
pelo crime (responsabilidade civil). O art. 92, inciso I, a, refere‑
responsável.
-se à perda do cargo, da função pública ou do mandato eletivo
A ação regressiva é, pois, medida judicial de rito ordinário
quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual
que propicia ao Estado reaver o que desembolsou à custa do
ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de
patrimônio do agente causador direto do dano, que agiu com
poder ou violação de dever para com a Administração Pública.
dolo ou culpa no desempenho de suas funções.
Dessa forma, pode-se concluir que o servidor pode res‑
A aplicação de tal medida pressupõe o trânsito em
ponder cumulativamente por sanções civis, penais e admi‑
julgado de sentença que condenou a Administração ao
nistrativas, sendo as mesmas independentes entre si.
pagamento da indenização, pois somente depois desse ato
Importante, também, ressaltar que o enriquecimento
consuma-se o efetivo prejuízo da Administração Pública, ou
ilícito configura ato de improbidade administrativa sujei‑
após esse pagamento, nos casos de acordo.
tando o autor da infração, além da responsabilidade penal,
Serão, portanto, requisitos para o ajuizamento da ação
administrativa e civil previstas nas legislações específicas, às
regressiva:
sanções político-administrativas e civis previstas no art. 12,
• a condenação da Administração Pública a indenizar;
inciso I, da Lei nº 8.429/1992, e que veremos a seguir, no
• o pagamento do valor da indenização;
decorrer do estudo da referida lei.
• a conduta lesiva, dolosa ou culposa, do agente causa‑
dor do dano.
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Desse modo, se não houver o pagamento, não há como LEI Nº 8.429/1992
justificar o pedido de regresso, mesmo que haja sentença
condenatória com trânsito em julgado e o agente tenha Introdução
agido com dolo ou culpa. O primeiro requisito pode até não
existir, quando, por exemplo, a satisfação do prejuízo tenha A Lei de Improbidade Administrativa nasceu do Projeto de
Noções de Direito Administrativo

ocorrido de forma amigável. Entretanto, os  dois últimos Lei nº 1.446, de 14 de agosto de 1991, enviado pelo Poder Exe‑
devem estar devidamente comprovados, fato que deverá cutivo ao Congresso Nacional através da Mensagem nº 406.
ser feito pelo Poder Público. A proposta legislativa tinha por finalidade combater a
Cabe ainda ressaltar que como ação civil destinada prática desenfreada e a impunidade dos atos de corrupção
a promover a reparação patrimonial, a  ação regressiva que tanto assolavam o País na época, definindo os casos que
transmite-se aos herdeiros e sucessores do servidor culpado constituíam enriquecimento ilícito e disciplinando o proce‑
e contra eles será executada até o limite do valor da herança dimento administrativo e judicial que deveria ser seguido
(Lei nº 8.112/1990, art. 122, § 3º). para apurar tais casos.
O direito de regresso no âmbito do direito privado en‑ O processo legislativo teve início na Câmara Federal (Casa
contra fundamento no art. 934 do Código Civil. Já o prazo Iniciadora, conforme disposição constitucional  – art.  64),
para proposição da competente ação regressiva é de três onde foi aprovado o Projeto de Lei e encaminhado ao Senado
anos nos termos do art. 206, § 3º, V, do mesmo diploma. Federal para revisão.
Já no âmbito do direito público, as ações de ressarcimen‑
to ao erário são imprescritíveis conforme disposto no art. 37, Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de
§ 5º, da Constituição Federal. iniciativa do Presidente da República, do Supremo

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Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão Atendendo ao mandamento constitucional, foi promul‑
início na Câmara dos Deputados. gada a Lei nº 8.429, em 2 de junho de 1992, definindo três
espécies de atos de improbidade, estabelecendo seus sujeitos
No Senado Federal sofreu emenda substitutiva e ne‑ ativos e passivos, bem como elencando as penalidades a serem
cessariamente voltou à Casa Iniciadora. A Câmara Federal, aplicadas àqueles que incorrerem nas condutas caracterizado‑
examinando o substitutivo, aprovou apenas alguns de seus ras dos atos de improbidade; além do procedimento adminis‑
dispositivos e remeteu-os em seguida à sanção presidencial, trativo e judicial para sua apuração, a Lei nº 8.429/1992, por
obedecendo ao disposto no art. 65 da Constituição Federal. sua vez, veio regulamentar o disposto na Constituição Federal,
classificando os atos de improbidade, os  sujeitos ativos e
Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será passivos, as penalidades cabíveis, bem como o procedimento
revisto pela outra, em um só turno de discussão e administrativo e judicial para sua apuração.
votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a Trata-se de lei que pune apenas condutas não com‑
Casa revisora o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar. patíveis com a probidade e a moralidade administrativa.
As sanções possuem natureza civil ou político-administrativa,
Alguns doutrinadores sustentam a tese de que a Lei
entretanto, serão julgadas pelo Poder Judiciário (não confun‑
nº 8.429/1992 já nasceu inconstitucional (vício de forma),
dir com o processo administrativo da Lei nº 8.112/1990, no
pois a Câmara Federal, após aprovar apenas alguns dos
dispositivos constantes do substitutivo do Senado Federal, qual quem processa e julga é a autoridade administrativa).
deveria a ele retornar para nova revisão. Podemos então conceituar o ato de improbidade ad‑
Este, porém, não é o entendimento proferido em acórdão na ministrativa como sendo todo aquele praticado por agente
ADI nº 2.182-6, de 31 de maio de 2000, onde foi negada a argui‑ público, que seja contrário às normas da moral e à lei, com
ção de inconstitucionalidade da referida lei por vício de forma. visível falta de honradez e de retidão de conduta em seu
Eis trecho do voto do relator Min. Maurício Corrêa: modo de agir perante a Administração Pública Direta, Indi‑
reta ou Fundacional e demais entidades protegidas pela lei.
De fato, aprovada a emenda substitutiva no Senado
Federal, tenho que pode a Câmara dos Deputados, re‑ Princípios Obrigatórios a Serem Observados pelos
tomando o projeto inicial, do qual se originou o substitu‑ Agentes Públicos
tivo, nele incorporar destaques da emenda substitutiva
da Casa Revisora, visto que cumprida a plena realização
do processo legislativo, com a manifestação de vontade Repetindo mandamento constitucional do art. 37, caput,
das duas Casas do Congresso Nacional. o art. 4º desta Lei dispõe que os agentes públicos de qual‑
Aproveitar partes do substitutivo e fazê-las inserir no quer nível ou hierarquia são obrigados a velar pela estrita
projeto de lei final constitui prerrogativa da Casa Inicia‑ observância dos seguintes princípios:
dora consoante está definido no artigo 190 do Regimen‑
to interno da Câmara dos Deputados, que transcrevo: Legalidade Subordina a atividade administrativa
à lei.
Art.  190. O  substitutivo da Câmara a projeto do
Senado será considerado como série de emendas e Impessoalidade O agente público administra para
votado em globo, exceto: todos, não podendo privilegiar nem
I – se qualquer Comissão, em seu parecer, se manifes‑ desmerecer ninguém em especial.
tar favoravelmente a uma ou mais emendas e contra‑ Moralidade Impõe ao agente público a observân‑
riamente a outra ou outras, caso em que a votação cia da lei de acordo com o interesse
se fará em grupos, segundo o sentido dos pareceres; público.
II – quando for aprovado requerimento para a vota‑ Publicidade Impõe aos agentes públicos trans‑
ção de qualquer emenda destacadamente. parência na gestão da coisa pública.
Parágrafo único. Proceder-se-á da mesma forma com
relação a substitutivo do Senado a projeto da Câmara. Eficiência Apesar de não figurar na “LIA”, é de
observância obrigatória para os agen‑
Em conclusão o que ocorreu foi o seguinte: o Senado tes públicos após a EC nº  19/1998.
Federal apresentou ao projeto originário da Câmara Fe­deral Impõe ao agente público a persecu‑
emenda substitutiva. Em consequência, não o rejeitou. Ape‑ ção do bem comum de forma eficaz,
nas o alterou. Voltando à Câmara, foi o substitutivo rejeitado, sempre em busca da qualidade.
mantida a redação originária, com os destaques da proposição A  eficiência, como princípio, evita
substitutiva que foram devidamente analisadas pelas Comis‑ desperdícios e garante maior renta‑
sões Técnicas respectivas. Cumprindo dessa forma, o  iter bilidade funcional.
Noções de Direito Administrativo

procedimental, o projeto subiu à sanção. Não há pois, a meu


ver, qualquer ofensa ao artigo 65 do Texto Fundamental. Elementos Necessários para Configurar o Ato de
Improbidade Administrativa
A Improbidade na Constituição Federal de 1988
Sujeito Ativo
O art. 37, § 4º, da Constituição Federal, dispõe que:
Podem ser sujeitos ativos nos atos de improbidade:
Os atos de improbidade administrativa importarão
a suspensão dos direitos políticos, a perda da função Agente público Todo aquele que exerce, ainda que
pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarci- transitoriamente ou sem remuneração,
mento ao erário, na forma e gradação previstas em por eleição, nomeação, designação,
lei, sem prejuízo da ação penal cabível.92 contratação ou qualquer outra forma de
investidura ou vínculo, mandato, cargo,
FCC/Tribunal de Contas-RO/Procurador do Ministério Público Junto ao Tribunal
92

de Contas/2010.
emprego ou função pública (art. 2º).

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Terceiros São aqueles que, não sendo agentes Elemento • Ação dolosa (comissiva ou omissiva).
públicos, na qualidade de coautores dos subjetivo
atos de improbidade administrativa, in‑ Pressupostos • Vantagem patrimonial indevida;
duzam ou concorram para sua prática ou exigíveis • Nexo de causalidade entre a vantagem
deles se beneficiem sob qualquer forma, patrimonial indevida e o exercício de
seja ela direta ou indireta (art. 3º). cargo, mandato, função ou atividade.
Sujeito Passivo Atos de Improbidade Administrativa que Importam
Enriquecimento Ilícito
Podem ser sujeitos passivos nos atos de improbidade A lei, ao elencar os atos de improbidade administrativa
(art. 1º): que importam enriquecimento ilícito, o faz de forma exem‑
plificativa, constituindo apenas parâmetro orientador para
Administração • Ministérios; aqueles que deverão interpretar e aferir a responsabilidade
Direta • Presidência da República. do agente público.
Administração • Autarquias; São atos de improbidade administrativa que importam
Indireta • Fundações Públicas; enriquecimento ilícito:
• Empresas Públicas; • receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel
• Sociedades de Economia Mista, de ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica,
qualquer dos Poderes da União, dos direta ou indireta, a título de comissão, percentagem,
Estados, do DF, dos Municípios. gratificação ou presente de quem tenha interesse, di‑
reto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado
Outras entida‑ • Empresa incorporada ao patrimônio por ação ou omissão decorrente das atribuições do
des público; agente público (art. 9º, I);93
• Entidade para cuja criação ou custeio • perceber vantagem econômica, direta ou indireta,
o erário haja concorrido ou concorra para facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem
com mais de 50% do patrimônio ou da móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas
receita anual; entidades referidas no art. 1º por preço superior ao
• Entidades que recebem subvenção, valor de mercado (art. 9º, II);
benefício ou incentivo (fiscal ou cre‑ • perceber vantagem econômica, direta ou indireta,
ditício) de Órgão Público. para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem
• Entidade para cuja criação ou custeio público ou o fornecimento de serviço por ente estatal
o erário haja concorrido ou concorra por preço inferior ao valor de mercado (art. 9º, III);
com menos de 50% do patrimônio ou • utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máqui‑
da receita anual (nesse caso, a sanção nas, equipamentos ou material de qualquer natureza,
patrimonial limita-se à repercussão do de propriedade ou à disposição de qualquer das enti‑
ilícito sobre a contribuição dos cofres dades mencionadas no art. 1º, bem como o trabalho
públicos). de servidores públicos, empregados ou terceiros
contratados por essas entidades (art. 9º, IV);
Ato Danoso Previsto como Improbidade
• receber vantagem econômica de qualquer natureza,
direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prá‑
Atos que importam enriquecimento ilícito. tica de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de
Atos que causam prejuízo ao erário. contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade
ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem (art. 9º, V);
Atos que atentam contra os princípios da Administração • receber vantagem econômica de qualquer natureza,
Pública. direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre
medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer
Classificação dos Atos de Improbidade outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida,
qualidade ou característica de mercadorias ou bens
A Lei nº  8.429/1992 classificou os atos de improbidade fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no
administrativa em três espécies: atos que importam enri‑ art. 1º (art. 9º, VI);
quecimento ilícito, atos que causam prejuízo ao erário e • adquirir, para si ou para outrem, no exercício de
atos que atentam contra os princípios da Administração Pública. mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de
Noções de Direito Administrativo

A seguir veremos cada uma das espécies e as penalidades qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à
aplicáveis aos agentes públicos que nelas incidam. evolução do patrimônio ou à renda do agente público
(art. 9º, VII);
Atos que Importam Enriquecimento Ilícito (art. 9º) • aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de
consultoria ou assessoramento para pessoa física ou
Constitui ato de improbidade administrativa que importa jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido
enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem pa‑ ou amparado por ação ou omissão decorrente das
trimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, atribuições do agente público, durante a atividade
função, emprego ou atividade nas entidades enquadradas (art. 9º, VIII);
como sujeito passivo. • perceber vantagem econômica para intermediar a
liberação ou aplicação de verba pública de qualquer
Elementos Formadores natureza (art. 9º, IX);
Além do sujeito ativo e do sujeito passivo, ainda são
necessários os seguintes elementos para caracterizar o
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área
93
enriquecimento ilícito: Administrativa/2010.

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receber vantagem econômica de qualquer natureza, Atos de Improbidade Administrativa que Causam Pre‑
direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, juízo ao Erário
providência ou declaração a que esteja obrigado A lei, ao elencar os atos de improbidade administrativa
(art. 9º, X); que causam prejuízo ao erário, também o faz de forma

incorporar, por qualquer forma, ao  seu patrimônio exemplificativa.
bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo São atos de improbidade administrativa que causam
patrimonial das entidades mencionadas no art.  1º prejuízo ao erário:
(art. 9º, XI); • facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incor‑

usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou va‑ poração ao patrimônio particular, de pessoa física ou
lores integrantes do acervo patrimonial das entidades jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes
mencionadas no art. 1º (art. 9º, XII). do acervo patrimonial das entidades mencionadas no
art. 1º desta lei (art. 10, I);
Penalidades (art. 12, I) • permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurí‑
O agente público recebe poderes para cumprir deveres dica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores
e não para se locupletar ou permitir que outro se locuplete. integrantes do acervo patrimonial das entidades
Como forma de assegurar o correto direcionamento das mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância
condutas dos agentes públicos a serviço do interesse público, das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis
a lei estabelece sanções para aquele que vier a cometer ato à espécie (art. 10, II);
de improbidade que importe enriquecimento ilícito. • doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente
Na aplicação das penalidades, o juiz deve levar em conta a despersonalizado, ainda que de fins educativos ou assis‑
extensão do dano causado, bem como o proveito patrimonial tências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio
obtido pelo agente público. de qualquer das entidades mencionadas no art.  1º
Independentemente das sanções previstas abaixo, que desta lei, sem observância das formalidades legais e
podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, o agente regulamentares aplicáveis à espécie (art. 10, III);
público também pode vir a ser responsabilizado penal, civil • permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação
e administrativamente conforme disposição prevista em de bem integrante do patrimônio de qualquer das
legislação específica. entidades referidas no art.  1º desta lei, ou ainda a
Sanções aplicáveis àqueles que praticam atos de impro‑ prestação de serviço por parte delas, por preço inferior
bidade que importa enriquecimento ilícito: ao de mercado (art. 10, IV);
• perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao • permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação
de bem ou serviço por preço superior ao de mercado
patrimônio;
(art. 10, V);
• ressarcimento integral do dano, quando houver;
• realizar operação financeira sem observância das
• perda da função pública;
normas legais e regulamentares ou aceitar garantia
• suspensão dos direitos políticos de 8 a 10 anos;
insuficiente ou inidônea (art. 10, VI);
• pagamento de multa civil de até 3 vezes o valor do
• conceder benefício administrativo ou fiscal sem a ob‑
acréscimo patrimonial;
servância das formalidades legais ou regulamentares
• proibição de contratar com o poder público pelo prazo
aplicáveis à espécie (art. 10, VII);
de 10 anos;
• frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo
• proibição de receber benefícios ou incentivos fiscais seletivo para celebração de parcerias com entidades
ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente
por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio (art. 10, VIII);
majoritário, pelo prazo de 10 anos.
• ordenar ou permitir a realização de despesas não
Atos que Causam Prejuízo ao Erário (art. 10) autorizadas em lei ou regulamento (art. 10, IX);
• agir negligentemente na arrecadação de tributo ou
Constitui ato de improbidade administrativa que causa renda, bem como no que diz respeito à conservação
lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, do patrimônio público (art. 10, X);
que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbara‑ • liberar verba pública sem a estrita observância das
tamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades normas pertinentes ou influir de qualquer forma para
enquadradas como sujeito passivo. a sua aplicação irregular (art. 10, XI);
• permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se
Elementos Formadores enriqueça ilicitamente (art. 10, XII);
• permitir que se utilize, em obra ou serviço particular,
Noções de Direito Administrativo

Além do sujeito ativo e do sujeito passivo, ainda são


necessários os seguintes elementos para caracterizar pre‑ veículos, máquinas, equipamentos ou material de
juízo ao erário: qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de
qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta
lei, bem como o trabalho de servidor público, empre‑
Elemento • Ação ou omissão (dolosa ou culposa). gados ou terceiros contratados por essas entidades
subjetivo (art. 10, XIII);
Pressuposto • Ocorrência de dano ao patrimônio público: • celebrar contrato ou outro instrumento que tenha
exigível perda patrimonial, desvio, apropriação, por objeto a prestação de serviços públicos por meio
malbarateamento ou dilapidação dos bens da gestão associada sem observar as formalidades
ou haveres das entidades previstas como previstas na lei (art. 10, XIV);
sujeitos passivos dos atos de improbidade. • celebrar contrato de rateio de consórcio público sem
• Nexo de causalidade entre a ocorrência do suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem
dano ao patrimônio público e o exercício observar as formalidades previstas na lei (art. 10, XV).
• facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a in‑
de cargo, mandato, função ou atividade.
corporação, ao patrimônio particular de pessoa física

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ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos Atos de Improbidade que Atentam contra os Princípios
transferidos pela administração pública a entidades da Administração Pública
privadas mediante celebração de parcerias, sem a A lei, ao elencar os atos de improbidade administrativa
observância das formalidades legais ou regulamentares que atentam contra os princípios da Administração Pública,
aplicáveis à espécie (art. 10, XVI); também o faz de forma exemplificativa.
• permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica São atos de improbidade administrativa que atentam
privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos contra os princípios da Administração Pública:
transferidos pela administração pública a entidade • praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamen‑
privada mediante celebração de parcerias, sem a ob‑ to ou diverso daquele previsto, na regra de competên‑
servância das formalidades legais ou regulamentares cia (art.11, I);
aplicáveis à espécie (art. 10, XVII); • retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de
• celebrar parcerias da administração pública com en‑ ofício (art.11, II);
tidades privadas sem a observância das formalidades • revelar fato ou circunstância de que tem ciência em
legais ou regulamentares aplicáveis à espécie (art. 10, razão das atribuições e que deva permanecer em se‑
XVIII); gredo (art.11, III);
• agir negligentemente na celebração, fiscalização e • negar publicidade aos atos oficiais (art.11, IV);
análise das prestações de contas de parcerias firmadas • frustrar a licitude de concurso público (art.11, V);
pela administração pública com entidades privadas • deixar de prestar contas quando esteja obrigado a
(art. 10, XIX); fazê-lo (art.11, VI);
• liberar recursos de parcerias firmadas pela administra‑ • revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de
ção pública com entidades privadas sem a estrita ob‑ terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de
servância das normas pertinentes ou influir de qualquer medida política ou econômica capaz de afetar o preço
forma para a sua aplicação irregular (art. 10, XX). de mercadoria, bem ou serviço (art.11, VII).
• descumprir as normas relativas à celebração, fiscaliza‑
Penalidades (art. 12, inciso II) ção e aprovação de contas de parcerias firmadas pela
Independentemente das sanções previstas abaixo, que administração pública com entidades privadas (art.11,
podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, o agente VIII).
público que comete ato de improbidade que causa prejuízo • deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessi‑
ao erário também pode vir a ser responsabilizado penal, bilidade previstos na legislação (art. 11, IX).
civil e administrativamente conforme disposição prevista
em legislação específica. Penalidades (art. 12, inciso III)
Para a aplicação das penalidades o juiz deve levar em Independentemente das sanções previstas abaixo, que
conta a extensão do dano causado, bem como o proveito podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, o agente
patrimonial obtido pelo agente público. público também pode vir a ser responsabilizado penal, civil
Sanções aplicáveis àqueles que causam prejuízo ao e administrativamente conforme disposição prevista em
erário: legislação específica.
• ressarcimento integral do dano; Na aplicação das penalidades, o juiz deve levar em conta
• perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao a extensão do dano causado pelo agente público.
patrimônio (somente se concorrer esta circunstância); Sanções aplicáveis àqueles que atentam contra os prin‑
• perda da função pública; cípios da Administração Pública:
• suspensão dos direitos políticos de 5 a 8 anos; • ressarcimento integral do dano, se houver;
• pagamento de multa civil de até 2 vezes o valor do dano; • perda da função pública;
• proibição de contratar com o poder público pelo prazo • suspensão dos direitos políticos de 3 a 5 anos;
de 5 anos;
• pagamento de multa civil de até 100 vezes o valor da
• proibição de receber benefícios ou incentivos fiscais
remuneração percebida pelo agente;
ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que
• proibição de contratar com o poder público pelo prazo
por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
de 3 anos;
majoritário, pelo prazo de 5 anos.
• proibição de receber benefícios ou incentivos fiscais
Atos que Atentam contra os Princípios da Administração ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que
Pública (art. 11) por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
majoritário, pelo prazo de 3 anos.
Constitui ato de improbidade administrativa que atenta
contra os princípios da administração pública qualquer ação Controle Patrimonial do Agente Público – Art. 13 e §§
Noções de Direito Administrativo

ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcia‑


lidade, legalidade e lealdade às instituições. Como forma de possibilitar o controle da evolução pa‑
trimonial do agente público pela Administração, a lei condi‑
Elementos Formadores cionou sua posse e exercício à apresentação de declaração
Além do sujeito ativo e do sujeito passivo, ainda são de bens e valores que compõem o seu patrimônio privado.
necessários os seguintes elementos para caracterizar a A declaração também será exigida na data em que o agente
violação de princípios: público deixar o cargo. Ambas devem ser arquivadas no
serviço de pessoal do órgão ou entidade. A apresentação da
declaração foi regulamentada pelo Decreto nº 5.483 de 30
Elemento Ação ou omissão (dolosa), que viole os
de junho de 2005 (vide legislação a seguir).
subjetivo deveres de honestidade, imparcialidade,
A declaração compreenderá imóveis, móveis, semo‑
legalidade e lealdade às instituições.
ventes, dinheiro, títulos, ações e qualquer outra espécie de
Pressuposto Nexo de causalidade entre o exercício bens e valores patrimoniais (excluindo apenas os objetos
exigível funcional e o desrespeito aos princípios da e utensílios de uso doméstico), localizados no país ou no
Administração Pública. exterior, podendo, quando for o caso, abranger os bens e

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
valores patrimoniais do cônjuge ou companheiro e filhos, Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorro‑
ou de outras pessoas que vivam sob a sua dependência gado por igual prazo, findo o qual cessarão os seus
econômica (Ex.: pai, mãe, irmão inválido, e outros). efeitos, ainda que não concluído o processo.
O agente público que se recusar a apresentar a declara‑
ção de bens no prazo determinado pela Administração ou a A ação principal (rito ordinário) será proposta pelo Mi‑
prestar falsa, será demitido a bem do serviço público. nistério Público ou pela pessoa jurídica interessada, em até
trinta dias da efetivação da medida cautelar, sendo vedada
O Procedimento Administrativo e o Processo a transação, acordo ou conciliação.
Judicial para Apuração de Ato de Improbidade Quando a ação principal for proposta pelo Ministério
Público, a  pessoa jurídica interessada poderá, a  juízo do
Qualquer pessoa poderá representar à autoridade respectivo representante legal ou dirigente, abster-se de
competente para que seja instaurado procedimento admi‑ contestar o pedido ou atuar ao lado do MP como litisconsor‑
nistrativo investigatório, com vistas a colher elementos que te, e desde que comprovadamente útil ao interesse público.
comprovem a prática de atos de improbidade. (Lei nº 4.717/1965, art. 6º, § 3º).
A representação poderá ser escrita ou reduzida a termo
e assinada. § 3º A pessoa jurídica de direito público ou de direito
Como forma de se evitar denúncias infundadas ou fal‑ privado, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá
sas, a lei estabeleceu alguns requisitos que deverão estar abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar
presentes na representação: ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao
1º) a qualificação do representante; interesse público, a juízo do respectivo representante
2º) as informações sobre o fato; legal ou dirigente.
3º) a sua autoria;
4º) a indicação das provas de que tenha conhecimento. Se a ação for proposta pela pessoa jurídica, o Ministério
Caso a autoridade administrativa rejeite a representação Público atuará, obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena
por não atender aos requisitos estabelecidos acima, deverá, de nulidade do processo.
em despacho, fundamentar a decisão. A rejeição pela auto‑ A ação judicial deverá ser instruída com os do­cumentos
ridade administrativa não impede o autor da denúncia de que fundamentaram a representação ou as razões funda‑
fazê-la diretamente ao Ministério Público. mentadas da impossibilidade de apresentação dessas provas.
Por outro lado, se forem atendidos os requisitos da Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará autuá‑
representação, a  autoridade determinará a apuração dos -la e ordenará a notificação do requerido para oferecer
fatos. Caso o denunciado seja servidor federal, a apuração manifestação por escrito dentro do prazo de quinze dias.
será processada de acordo com os arts.  148 a 182 da Lei O juiz tem o prazo de trinta dias para rejeitar a ação se
nº 8.112 de 11 de dezembro de 1990, se for servidor militar, estiver convencido da inexistência do ato de improbidade,
será processada de acordo com os respectivos regulamentos da improcedência da ação ou da inadequação da via eleita
disciplinares. (ação).
A comissão encarregada de dar andamento ao procedi‑ Recebida a petição inicial, o réu será citado para apre‑
mento administrativo deverá dar conhecimento ao Ministério sentar contestação. Da decisão que receber a petição inicial
Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas de que existe caberá agravo de instrumento.
um procedimento em curso, que visa apurar ato de impro‑ Em qualquer fase do processo, se o juiz reconhecer a
bidade administrativa. O Ministério Público e o Tribunal ou inadequação da ação de improbidade extinguirá a ação sem
Conselho de Contas, por sua vez, poderão, a requerimento, julgamento (resolução do mérito – art. 267 do CPC) do mérito.
designar um representante para acompanhar o referido
procedimento administrativo. Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de
Havendo fundados indícios de responsabilidade, a  lei, mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)
em seus arts. 7º e 16, estabeleceu a possibilidade de medida I – quando o juiz indeferir a petição inicial;
cautelar de indisponibilidade dos bens do indiciado, devendo II – quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano
a comissão processante, representar junto ao Ministério por negligência das partes;
Público ou à Procuradoria do órgão, para que requeira ao III – quando, por não promover os atos e diligências
juízo competente a decretação do sequestro dos bens do que lhe competir, o autor abandonar a causa por mais
agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou de 30 (trinta) dias;
causado dano ao erário. IV – quando se verificar a ausência de pressupostos
O pedido de sequestro poderá incluir a investigação, de constituição e de desenvolvimento válido e regular
o exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações do processo;
V – quando o juiz acolher a alegação de perempção,
Noções de Direito Administrativo

financeiras que por ventura o indiciado mantenha no exterior.


Vale acrescentar também que, para fins de instrução litispendência ou de coisa julgada;
processual, a autoridade judicial ou administrativa compe‑ VI – quando não concorrer qualquer das condições
tente poderá determinar o afastamento do agente público do da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade
exercício do cargo, emprego ou função. A Lei nº 8.112/1990 das partes e o interesse processual;
trata do assunto no art. 147, que assim dispõe: VII – pela convenção de arbitragem; (Redação dada
pela Lei nº 9.307, de 23/9/1996)
Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o VIII – quando o autor desistir da ação;
servidor não venha a influir na apuração da irre‑ IX – quando a ação for considerada intransmissível
gularidade, a autoridade instauradora do processo por disposição legal;
disciplinar poderá determinar o seu afastamento X – quando ocorrer confusão entre autor e réu;
do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessen‑ XI – nos demais casos prescritos neste Código.
ta) dias, sem prejuízo da remuneração.94
A sentença que julgar procedente a ação civil de repa‑
Assunto cobrado na prova da Cespe/Prefeitura Municipal de Boa Vista-RR/
94 ração de dano ou que decretar a perda dos bens havidos
Analista Municipal/Procurador Municipal/2010. ilicitamente, determinará o pagamento ou a reversão dos

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bens, conforme o caso, em favor da pessoa jurídica preju‑ CAPÍTULO I
dicada pelo Ilícito.95 Das Disposições Gerais
O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio
público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às comi- Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer
nações desta lei até o limite do valor da herança.96 agente público, servidor ou não, contra a administração direta,
A perda da função pública e a suspensão dos direitos indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos
políticos só se materializam com o trânsito em julgado da Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de
sentença condenatória (princípio da presunção de inocência, empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade
estabelecido no art. 5º, LVII, da CF). para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou con‑
corra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da
LVII – ninguém será considerado culpado até o trân‑ receita anual, serão punidos na forma desta lei.
sito em julgado de sentença penal condenatória. Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades
desta lei os atos de improbidade praticados contra o pa‑
Prescrição – Art. 23 trimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou
incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como
A lei prevê três hipóteses de prescrição: daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido
• Pelo inciso I, a prescrição ocorre cinco anos após o tér‑ ou concorra com menos de cinquenta por cento do patrimô‑
mino do exercício de mandato, de cargo em comissão nio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção
ou de função de confiança; patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos
• Para aqueles que exercem cargo ou emprego efeti‑ cofres públicos.
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta
vo, o inciso II estabelece que a prescrição ocorre no
lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou
mesmo prazo prescricional previsto em lei específica
sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, con‑
para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem
tratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo,
do serviço público. No caso da Lei nº  8.112/1990,
mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencio‑
o prazo prescricional para punir os servidores com a nadas no artigo anterior.
penalidade de demissão é de cinco anos, art. 142, I. Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que
couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza
Art. 142. A ação disciplinar prescreverá: ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se
I – em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.
com demissão, cassação de aposentadoria ou dispo‑ Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou hie‑
nibilidade e destituição de cargo em comissão; rarquia são obrigados a velar pela estrita observância dos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade e pu‑
Outro inciso, acrescentado pela Lei nº 13.019, de 2014 blicidade no trato dos assuntos que lhe são afetos.
prevê que as ações destinadas a levar a efeitos as sanções Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação
previstas na Lei de Improbidade podem ser propostas até ou omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro,
cinco anos da data da apresentação à administração pública dar-se-á o integral ressarcimento do dano.
da prestação de contas final pelas entidades referidas no Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o
parágrafo único do art. 1º dessa Lei. agente público ou terceiro beneficiário os bens ou valores
Por fim, cabe ressaltar que prescreve a propositura de acrescidos ao seu patrimônio.
ação destinada a apurar a responsabilização de agente pú‑ Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao
blico pela prática de atos de improbidade, contudo, as ações patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, cabe‑
para a obtenção de ressarcimento por dano causado ao rá a autoridade administrativa responsável pelo inquérito
erário público são imprescritíveis (art. 37, § 5º, da CF).97 representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade
dos bens do indiciado.
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o ca-
ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou put deste artigo recairá sobre bens que assegurem o integral
não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial
respectivas ações de ressarcimento. resultante do enriquecimento ilícito.
Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patri‑
Lei nº 8.429, de 2 de Junho de 1992 mônio público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às
cominações desta lei até o limite do valor da herança.
Dispõe sobre as sanções apli-
CAPÍTULO II
Noções de Direito Administrativo

cáveis aos agentes públicos nos


casos de enriquecimento ilícito no Dos Atos de Improbidade Administrativa
exercício de mandato, cargo, em-
prego ou função na administração Seção I
pública direta, indireta ou funda- Dos Atos de Improbidade Administrativa
cional e dá outras providências. que Importam Enriquecimento Ilícito

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congres‑ Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa im‑
so Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: portando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de
vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de
cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades
95
Assunto cobrado na prova do Vunesp/Ministério Público do Estado de São mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente:
Paulo/Analista de Promotoria I/Assistente Jurídico/2010. I – receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel
96
FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área Judiciária/Analista Judiciário/Área ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta
Judiciária/Execução de Mandatos/2010.
97
Assunto cobrado na prova da FCC/Procuradoria Geral do Estado do Amazonas/ ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação
Procurador do Estado de 3ª Classe/2010. ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto,

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que possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei,
decorrente das atribuições do agente público; sem observância das formalidades legais e regulamentares
II – perceber vantagem econômica, direta ou indireta, aplicáveis à espécie;
para facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem mó‑ IV – permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação
vel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades de bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades
referidas no art. 1° por preço superior ao valor de mercado; referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço
III – perceber vantagem econômica, direta ou indireta, por parte delas, por preço inferior ao de mercado;
para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem públi‑ V – permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação
co ou o fornecimento de serviço por ente estatal por preço de bem ou serviço por preço superior ao de mercado;
inferior ao valor de mercado; VI  – realizar operação financeira sem observância das
IV – utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, má‑ normas legais e regulamentares ou aceitar garantia insufi‑
quinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, ciente ou inidônea;
de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades VII  – conceder benefício administrativo ou fiscal sem
mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de a observância das formalidades legais ou regulamentares
servidores públicos, empregados ou terceiros contratados aplicáveis à espécie;
por essas entidades; VIII – frustrar a licitude de processo licitatório ou de pro‑
V – receber vantagem econômica de qualquer natureza, cesso seletivo para celebração de parcerias com entidades
direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente; (Redação
jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, dada pela Lei nº 13.019, de 2014)
de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar IX – ordenar ou permitir a realização de despesas não
promessa de tal vantagem; autorizadas em lei ou regulamento;
VI – receber vantagem econômica de qualquer natureza, X – agir negligentemente na arrecadação de tributo ou
direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição renda, bem como no que diz respeito à conservação do pa‑
ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou trimônio público;
sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica XI – liberar verba pública sem a estrita observância das
de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua
mencionadas no art. 1º desta lei; aplicação irregular;
VII – adquirir, para si ou para outrem, no exercício de XII – permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se
mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de qual‑ enriqueça ilicitamente;
quer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do XIII – permitir que se utilize, em obra ou serviço particular,
patrimônio ou à renda do agente público; veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer
VIII – aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das
consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o
que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado trabalho de servidor público, empregados ou terceiros con‑
por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente tratados por essas entidades.
público, durante a atividade; XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha
IX – perceber vantagem econômica para intermediar a li‑ por objeto a prestação de serviços públicos por meio da ges‑
beração ou aplicação de verba pública de qualquer natureza; tão associada sem observar as formalidades previstas na lei;
X – receber vantagem econômica de qualquer natureza, (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)
direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providên‑ XV  – celebrar contrato de rateio de consórcio público
cia ou declaração a que esteja obrigado; sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem ob‑
XI – incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio servar as formalidades previstas na lei. (Incluído pela Lei nº
bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo pa‑ 11.107, de 2005)
trimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei; XVI – facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a
XII – usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou incorporação, ao patrimônio particular de pessoa física ou
valores integrantes do acervo patrimonial das entidades jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos trans‑
mencionadas no art. 1° desta lei. feridos pela administração pública a entidades privadas
mediante celebração de parcerias, sem a observância das
Seção II formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
Dos Atos de Improbidade Administrativa (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014)
que Causam Prejuízo ao Erário XVII – permitir ou concorrer para que pessoa física ou ju‑
rídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que transferidos pela administração pública a entidade privada
causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou mediante celebração de parcerias, sem a observância das
Noções de Direito Administrativo

culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014)
entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente: XVIII – celebrar parcerias da administração pública com
I – facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incor‑ entidades privadas sem a observância das formalidades le‑
poração ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, gais ou regulamentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela
de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo Lei nº 13.019, de 2014)
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei; XIX – agir negligentemente na celebração, fiscalização e
II – permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídi‑ análise das prestações de contas de parcerias firmadas pela
ca privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes administração pública com entidades privadas; (Incluído pela
do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. Lei nº 13.019, de 2014)
1º desta lei, sem a observância das formalidades legais ou XX – liberar recursos de parcerias firmadas pela adminis‑
regulamentares aplicáveis à espécie; tração pública com entidades privadas sem a estrita obser‑
III – doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente vância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma
despersonalizado, ainda que de fins educativos ou assis‑ para a sua aplicação irregular. (Incluído pela Lei nº 13.019,
tências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de de 2014)

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XXI  – liberar recursos de parcerias firmadas pela ad‑ receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta
ministração pública com entidades privadas sem a estrita ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurí‑
observância das normas pertinentes ou influir de qualquer dica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos.
forma para a sua aplicação irregular. (Incluído pela Lei nº Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei
13.019, de 2014) o juiz levará em conta a extensão do dano causado, assim
como o proveito patrimonial obtido pelo agente.
Seção III
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam CAPÍTULO IV
Contra os Princípios da Administração Pública Da Declaração de Bens
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam
atenta contra os princípios da administração pública qual‑ condicionados à apresentação de declaração dos bens e va‑
quer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, lores que compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser
imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e no‑ arquivada no serviço de pessoal competente.
tadamente: § 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis, semo‑
I – praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamen‑ ventes, dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra espécie de
to ou diverso daquele previsto, na regra de competência; bens e valores patrimoniais, localizado no País ou no exterior,
II – retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato e, quando for o caso, abrangerá os bens e valores patrimo‑
de ofício; niais do cônjuge ou companheiro, dos filhos e de outras pes‑
III – revelar fato ou circunstância de que tem ciência em
soas que vivam sob a dependência econômica do declarante,
razão das atribuições e que deva permanecer em segredo;
excluídos apenas os objetos e utensílios de uso doméstico.
IV – negar publicidade aos atos oficiais;
V – frustrar a licitude de concurso público; § 2º A declaração de bens será anualmente atualizada
VI – deixar de prestar contas quando esteja obrigado a e na data em que o agente público deixar o exercício do
fazê-lo; mandato, cargo, emprego ou função.
VII – revelar ou permitir que chegue ao conhecimento § 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do
de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o
medida política ou econômica capaz de afetar o preço de agente público que se recusar a prestar declaração dos bens,
mercadoria, bem ou serviço. dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa.
VIII – descumprir as normas relativas à celebração, fis‑ § 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia
calização e aprovação de contas de parcerias firmadas pela da declaração anual de bens apresentada à Delegacia da
administração pública com entidades privadas. (Redação Receita Federal na conformidade da legislação do Imposto
dada pela Lei nº 13.019, de 2014) sobre a Renda e proventos de qualquer natureza, com as
IX – deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessi‑ necessárias atualizações, para suprir a exigência contida no
bilidade previstos na legislação. (Incluído pela Lei nº 13.146, caput e no § 2° deste artigo .
de 2015)
CAPÍTULO V
CAPÍTULO III Do Procedimento Administrativo
Das Penas e do Processo Judicial

Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autorida‑
e administrativas previstas na legislação específica, está o de administrativa competente para que seja instaurada inves‑
responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes tigação destinada a apurar a prática de ato de improbidade.
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulati‑ § 1º A representação, que será escrita ou reduzida a
vamente, de acordo com a gravidade do fato: (Redação dada termo e assinada, conterá a qualificação do representante,
pela Lei nº 12.120, de 2009) as informações sobre o fato e sua autoria e a indicação das
I  – na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores provas de que tenha conhecimento.
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral § 2º A autoridade administrativa rejeitará a representa‑
do dano, quando houver, perda da função pública, suspensão ção, em despacho fundamentado, se esta não contiver as
dos direitos políticos de oito a dez anos, pagamento de multa formalidades estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição
civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial e proi‑ não impede a representação ao Ministério Público, nos ter‑
bição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios mos do art. 22 desta lei.
ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, § 3º Atendidos os requisitos da representação, a autori‑
ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja
Noções de Direito Administrativo

dade determinará a imediata apuração dos fatos que, em se


sócio majoritário, pelo prazo de dez anos; tratando de servidores federais, será processada na forma
II  – na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do
prevista nos arts. 148 a 182 da Lei nº 8.112, de 11 de dezem‑
dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao
bro de 1990 e, em se tratando de servidor militar, de acordo
patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função
pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, com os respectivos regulamentos disciplinares.
pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao
e proibição de contratar com o Poder Público ou receber Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indi‑ existência de procedimento administrativo para apurar a
retamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da prática de ato de improbidade.
qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos; Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Con‑
III  – na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do selho de Contas poderá, a requerimento, designar repre‑
dano, se houver, perda da função pública, suspensão dos sentante para acompanhar o procedimento administrativo.
direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade,
civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida a comissão representará ao Ministério Público ou à procu‑
pelo agente e proibição de contratar com o Poder Público ou radoria do órgão para que requeira ao juízo competente a

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decretação do sequestro dos bens do agente ou terceiro CAPÍTULO VI
que tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao pa‑ Das Disposições Penais
trimônio público.
§ 1º O pedido de sequestro será processado de acordo Art. 19. Constitui crime a representação por ato de im‑
com o disposto nos arts. 822 e 825 do Código de Processo probidade contra agente público ou terceiro beneficiário,
Civil. quando o autor da denúncia o sabe inocente.
§ 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
o exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante
financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos está sujeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais,
da lei e dos tratados internacionais. morais ou à imagem que houver provocado.
Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos
proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica in‑ direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado
teressada, dentro de trinta dias da efetivação da medida da sentença condenatória.
cautelar. Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa
§ 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas competente poderá determinar o afastamento do agente
ações de que trata o caput.98 público do exercício do cargo, emprego ou função, sem pre‑
§ 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá
juízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária
as ações necessárias à complementação do ressarcimento
à instrução processual.
do patrimônio público.
§ 3o No caso de a ação principal ter sido proposta pelo Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei in‑
Ministério Público, aplica-se, no que couber, o disposto no § depende:
3o do art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965. (Redação I – da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público,
dada pela Lei nº 9.366, de 1996) salvo quanto à pena de ressarcimento; (Redação dada pela
§ 4º O Ministério Público, se não intervir no processo Lei nº 12.120, de 2009)
como parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob II – da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de
pena de nulidade. controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
§ 5o A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei, o
para todas as ações posteriormente intentadas que possuam Ministério Público, de ofício, a requerimento de autoridade
a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. (Incluído pela administrativa ou mediante representação formulada de
Medida provisória nº 2.180-35, de 2001) acordo com o disposto no art. 14, poderá requisitar a instau‑
§ 6o A ação será instruída com documentos ou justificação ração de inquérito policial ou procedimento administrativo.
que contenham indícios suficientes da existência do ato de
improbidade ou com razões fundamentadas da impossibilida‑ CAPÍTULO VII
de de apresentação de qualquer dessas provas, observada a Da Prescrição
legislação vigente, inclusive as disposições inscritas nos arts.
16 a 18 do Código de Processo Civil. (Incluído pela Medida Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções
Provisória nº 2.225-45, de 2001) previstas nesta lei podem ser propostas:
§ 7o Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará I – até cinco anos após o término do exercício de manda‑
autuá-la e ordenará a notificação do requerido, para ofere‑
to, de cargo em comissão ou de função de confiança;
cer manifestação por escrito, que poderá ser instruída com
documentos e justificações, dentro do prazo de quinze dias. II – dentro do prazo prescricional previsto em lei específica
(Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001) para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do servi‑
§ 8o Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta ço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego.
dias, em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se conven‑ III – até cinco anos da data da apresentação à adminis‑
cido da inexistência do ato de improbidade, da improcedên‑ tração pública da prestação de contas final pelas entidades
cia da ação ou da inadequação da via eleita. (Incluído pela referidas no parágrafo único do art. 1o desta Lei. (Incluído
Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001) pela Lei nº 13.019, de 2014)
§ 9o Recebida a petição inicial, será o réu citado para
apresentar contestação. (Incluído pela Medida Provisória nº CAPÍTULO VIII
2.225-45, de 2001) Das Disposições Finais
§ 10. Da decisão que receber a petição inicial, caberá
agravo de instrumento. (Incluído pela Medida Provisória nº Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
2.225-45, de 2001) Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de ju‑
Noções de Direito Administrativo

§ 11. Em qualquer fase do processo, reconhecida a inade‑ nho de 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais
quação da ação de improbidade, o juiz extinguirá o processo disposições em contrário.
sem julgamento do mérito. (Incluído pela Medida Provisória
nº 2.225-45, de 2001) Rio de Janeiro, 2 de junho de 1992; 171° da Independên‑
§ 12. Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas cia e 104° da República.
nos processos regidos por esta Lei o disposto no art. 221,
caput e § 1o, do Código de Processo Penal. (Incluído pela
FERNANDO COLLOR
Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)
Célio Borja
Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de repa‑
ração de dano ou decretar a perda dos bens havidos ilicitamente
determinará o pagamento ou a reversão dos bens, conforme o SERVIÇOS PÚBLICOS
caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.
O serviço público compreende uma das atividades que
A Medida Provisória nº 703, de 18 de dezembro de 2015, que havia revogado
98
a Administração Pública presta em seu sentido objetivo ou
esse parágrafo teve seu prazo de vigência encerrado no dia 29 de maio do
corrente ano. Restabelecendo-se, assim, o o texto anterior. material.

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Conceito e por prazo determinado. É formalizada por meio
de contrato (art. 2º, II, e 4º da Lei nº 8.987/1995).
É uma atividade do Estado ou de seus delegados visando – permissão: é a delegação, a título precário, me‑
à satisfação de necessidades essenciais ou secundárias da diante licitação, da prestação de serviços públicos,
coletividade ou do próprio Estado. feita pelo poder concedente à pessoa física ou
jurídica que demonstre capacidade para seu de‑
Características dos Serviços Públicos sempenho, por sua conta e risco. É formalizada por
meio de contrato de adesão (arts. 2º, IV, e 40 da Lei
Elemento Subjetivo nº 8.987/1995).
– autorização: é a delegação de serviços públicos
O serviço público é sempre incumbência do Estado de fácil execução, por meio de ato administrativo
(art. 175 da CF), sendo permitido ao Estado delegar de‑ precário e discricionário.
terminados serviços públicos, sempre por meio de lei e
de licitação, sob o regime de concessão ou permissão99. Princípios
Ex.: correios, telecomunicações e energia elétrica.
No mesmo sentido, considera-se serviço público toda ativi‑ A doutrina francesa elenca três princípios como sendo
dade exercida pelo Estado ou por seus delegados, sob regime comuns à generalidade dos serviços públicos: o da conti‑
total ou parcial de direito público, com vistas à satisfação de nuidade, o da mutabilidade e o da igualdade dos usuários.
necessidades essenciais e secundárias da coletividade.100

Elemento Formal Princípio da segundo esse princípio o serviço público


continuidade não pode parar. Esse princípio tem apli‑
O regime jurídico, a princípio, é de Direito Público. cação especial com relação aos contratos
Quando, porém, particulares prestam serviço em colabo‑ administrativos e ao exercício da função
ração com o Poder Público, o regime jurídico é híbrido, pública.
podendo prevalecer o Direito Público ou o Direito Privado, Princípio da autoriza mudanças no regime de execução
dependendo do que dispuser a lei101. Em ambos os casos, mutabilidade do serviço para adaptá-lo ao interesse
a responsabilidade do Estado é objetiva (art. 37, § 6º, CF). público, que é sempre variável no tempo.
Princípio da os usuários dos serviços públicos têm di‑
Elemento Material igualdade reito a prestação do serviço, sem qualquer
distinção de caráter pessoal.
O serviço público deve corresponder a uma atividade de
interesse público. Não basta que haja interesse público para No Brasil, Hely Lopes Meirelles elenca como princípios
caracterizar serviço público, é necessário que a lei atribua do serviço público os requisitos estabelecidos no art. 6º da
a atividade ao Estado, uma vez que particulares também Lei nº 8.987/1995.
podem exercer atividades de interesse geral. Para o autor, todo serviço público deve ser prestado da
forma adequada, satisfazendo às exigências estabelecidas na
Formas e Meios de Execução dos Serviços Públicos lei, nas normas e no respectivo contrato. Para que isso ocorra,
a lei criou alguns requisitos que devem ser observados. Fal‑
Centralização tando qualquer um deles, é dever da Administração intervir
para restabelecer seu regular funcionamento ou retomar sua
É a prestação ou a execução dos serviços, diretamente prestação. São, portanto, princípios dos serviços públicos:
pelo Estado, por meio de seus órgãos, em nome próprio e
sob sua inteira responsabilidade. Continuidade e Regularidade
Descentralização Impõe continuidade no serviço, não podendo sofrer
interrupções e em quantidade necessária para atender os
É a transferência, por lei, da execução do serviço ou da usuários.
titularidade do serviço para outra pessoa, quer de direito
público ou de direito privado. São meios de descentralização: Generalidade
• outorga: implica a transferência da própria titularidade
do serviço. Ocorre quando, por exemplo, a União cria Impõe o seu oferecimento igual para todos; sem discri‑
uma Autarquia e transfere para esta a titularidade e a minação.
execução de um serviço público. É sempre feita por lei
Noções de Direito Administrativo

e somente por outra lei pode ser mudada ou retirada. Atualidade


• delegação: implica a mera transferência da execução
do serviço. Realiza‑se por ato ou contrato administra‑ Exige a atualização do serviço, ou seja, a utilização de téc‑
tivo, por meio de: nicas modernas, que garantam a segurança, a conservação,
– concessão: é a delegação da prestação de servi‑ bem como a melhoria e a expansão do serviço.
ços públicos feita pelo poder concedente (União,
Estado, Distrito Federal ou Município), mediante Modicidade
licitação, na modalidade concorrência, à  pessoa
jurídica ou consórcio de empresas que evidencie Exige que os serviços sejam prestados mediante taxas
aptidão para seu desempenho, por sua conta e risco ou tarifas justas, razoáveis, de modo a equilibrar o benefício
recebido com o valor pago.
99
Assunto cobrado na prova da FCC/Tribunal de Contas-RO/Auditor/Substituto
de Conselheiro/2010. Cortesia
100
Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto – I/2010.
101
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto
– I/2010. Traduz‑se em oferecer bom tratamento para seus usuários.

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Remuneração subjetivo à fruição (não pode ser exigido). É dirigido à coleti‑
vidade em geral. Ex.: polícia, iluminação pública, calçamento.
Os serviços públicos podem ser remunerados por meio de:
Uti Singuli
Taxa Sempre que sua utilização pelo adminis‑ São aqueles mensuráveis, divisíveis, têm destinatário
(tributo) trado for compulsória, não importando ou usuário certo e determinado. Quando disponibilizados
se há ou não efetiva utilização. Ex.: coleta e atendidos os seus requisitos, geram direito subjetivo à
de lixo, esgoto. fruição. São remunerados por taxa ou tarifa. Ex.: o telefone,
Tarifa Sempre que sua utilização for fa­cultativa, a água e a energia elétrica domiciliares.
(preço público) ou seja, se assim desejarem a sua presta‑ Nesse sentido, os serviços que têm por finalidade a sa‑
ção. Ex.: telefonia, energia elétrica*, água. tisfação individual e direta das necessidades dos cidadãos,
como os de energia elétrica e gás, são exemplos de serviços
Classificação dos Serviços Públicos públicos uti singuli.104

De Utilidade Pública Competência para Prestação dos Serviços Públicos

São os que a Administração, reconhecendo sua co‑ O legislador utilizou‑se do critério da predominância do
modidade para os membros da coletividade, presta‑os interesse ao dispor no texto constitucional a qual ente da
diretamente ou aquiesce que terceiros (concessionários, Federação caberia a prestação do serviço público, ou seja,
permissionários e autorizatários) o façam, por sua conta e sendo o serviço de interesse nacional a competência para
risco, mediante remuneração dos usuários, mas nas condi‑ prestá‑lo é da União, se o interesse for de âmbito regional
ções regulamentadas e sob fiscalização do poder delegan‑ a competência será dos Estados‑membros, e no caso do
te102. Ex.: transporte coletivo, energia elétrica, gás, telefone. interesse predominante ser local a competência será dos
Municípios.
Próprios do Estado Como sabemos, todos os entes são autônomos, ou seja,
possuem o poder de organizar seus próprios serviços, de
São aqueles que se relacionam intimamente com as modo que as competências foram assim repartidas:
atribuições do Estado, são prestados diretamente por ele,
mantendo sua condição de titular e prestador do serviço, Competências da União
uma vez que são indelegáveis e intransferíveis103. Ex.: defesa
nacional, polícia, saúde pública. A competência da União em matéria de serviços públicos
abrange as que lhe são exclusivas (art. 21), as que lhe priva‑
Impróprios do Estado tivas (art. 22), as que lhe são comuns (art. 23), bem como,
as que lhe são concorrentes (art. 24).
São aqueles que não são inerentes às funções básicas do
Estado, mas satisfazem interesses comuns de seus membros, Competências Exclusivas da União
e, por isso, a Administração os presta remuneradamente, por São competências exclusivas (material ou administrativa)
seus órgãos ou entidades (Autarquias, Fundações Públicas, Em‑ da União as constantes no art. 21 da Constituição Federal.
presas Públicas e Sociedade de Economia Mista) ou delega sua A característica marcante com relação a essas competên‑
prestação (concessionários, permissionários ou autorizatários). cias é a sua indelegabilidade para outros entes federados.
Porém essa impossibilidade de delegação não quer dizer
Administrativo que será necessariamente a União quem exercerá por meio
de seus órgãos (Administração Direta) tal competência, uma
São os que a Administração executa para atender as suas vez que ela pode outorgar a titularidade dessas competências
necessidades internas ou preparar outros serviços que serão a uma entidade da Administração Indireta (uma Autarquia,
prestados ao público. por exemplo) ou delegar a terceiros não integrantes da Ad‑
Ex.: Imprensa oficial. ministração Pública (um concessionário).
Destacam‑se entre as competências exclusivas da União,
Industrial as seguintes:
• assegurar a defesa nacional;
São os que produzem renda para quem os presta. Por • emitir moeda;
consubstanciarem atividade econômica, somente podem ser • administrar as reservas cambiais do País;
explorados diretamente pelo Estado quando necessários aos • manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
Noções de Direito Administrativo

imperativos da segurança nacional ou por relevante interesse • explorar, mediante concessão ou permissão, os servi‑
público (são serviços impróprios do Estado). ços de telecomunicações;
• explorar, diretamente ou mediante autorização,
Uti Universi concessão ou permissão: os serviços de radiodifusão
sonora, e de sons e imagens; os serviços e instalações
São aqueles que não têm destinatário ou usuário determi‑ de energia elétrica e o aproveitamento energético dos
nado, é indivisível e não pode ser mensurado, por isso devem cursos de água, em articulação com os Estados onde
ser mantidos por imposto (tributo) e não tarifa. Não gera direito se situam os potenciais hidroenergéticos; a navegação
aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeroportuária;
102
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre
– I/2010.
103
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que trans‑
– I/2010. ponham os limites de Estado ou Território; os serviços
* Súmula Vinculante nº 41:
O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa. (Data
de Aprovação: Sessão Plenária de 11/3/2015.Fonte de Publicação: DJe nº 55, Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto
104

de 20/3/2015, p. 2. DOU de 20/3/2015, p. 1). – I/2010.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
de transporte rodoviário interestadual e internacional como suplementar a legislação federal e estadual, no que
de passageiros; os portos marítimos, fluviais e lacustres; couber; dentre elas destacam‑se as seguintes (art. 30):
• organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Pú‑ • instituir e arrecadar os tributos de sua competência,
blico do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria bem como aplicar suas rendas;
Pública dos Territórios; • organizar e prestar, diretamente ou sob regime de
• organizar e manter os serviços oficiais de estatística, concessão ou permissão, os serviços públicos de inte‑
geografia, geologia e cartografia; resse local, incluído o de transporte coletivo, que tem
• organizar, manter e executar a inspeção do trabalho; caráter essencial;
• exercer a classificação, para efeito indicativo, de diver‑ • prestar, com a cooperação técnica e financeira da
sões públicas e de programas de rádio e televisão; União e do Estado, serviços de atendimento à saúde
• planejar e promover a defesa permanente contra as da população;
calamidades públicas, especialmente as secas e as • promover, no que couber, adequado ordenamento
inundações; territorial, mediante planejamento e controle do uso,
• instituir sistema nacional de gerenciamento de recur‑ do parcelamento e da ocupação do solo urbano;
sos hídricos e definir critérios de outorga de direitos • promover a proteção do patrimônio histórico‑cultural
de seu uso. local, observada a legislação e a ação fiscalizadora
federal e estadual.
Competências Comuns
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios Competências do Distrito Federal
possuem competências comuns (concomitantes), que são
exercidas de modo que cada unidade restrinja‑se a um Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legis‑
determinado espaço de atuação; visam ao equilíbrio do lativas reservadas aos Estados e Municípios, nos termos do
desenvolvimento e ao bem‑estar em âmbito nacional. art. 32, § 1º, da Constituição Federal.
Dentre estas competências, destacam‑se as seguintes
(art. 23, da CF): Regulamentação dos Serviços Públicos
• conservação do patrimônio público;
• saúde e assistência pública; A regulamentação do serviço público caberá sempre ao
• proteção dos bens de valor histórico, das paisagens Poder Público, qualquer que seja a modalidade de sua prestação
naturais notáveis e dos sítios arqueológicos; aos usuários. O fato de tais serviços serem delegados a terceiros
• acesso à educação, à cultura e à ciência; não retira do Estado seu poder indeclinável de regulamentá-los.
• proteção ao meio ambiente e controle da poluição; Dessa forma, podemos enumerar os passos a serem seguidos
• preservar a fauna e a flora; na regulamentação dos serviços públicos da seguinte forma:
• combate às causas da pobreza e da marginalização, • A Constituição Federal discrimina as competências origi‑
promovendo a integração dos setores desfavore­cidos. nárias e genéricas das atividades de cada esfera do Poder
Público (art. 21).
Competências Concorrentes • A Lei nº 8.987/1995 disciplina as normas e condições
No âmbito da legislação concorrente (art. 24), foram gerais para a descentralização por meio de delegação,
atribuídas, dentre outras, as seguintes competências: pois se trata de uma lei federal.
• custas dos serviços forenses; • Lei específica (federal, estadual distrital e municipal)
• produção e consumo; autoriza a delegação e delimita sua amplitude.
• florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, • O regulamento estabelece as condições de execução do
proteção do meio ambiente e controle da poluição; serviço.
• proteção do patrimônio histórico, cultural, artístico e • E o contrato administrativo, nos casos de concessão e
paisagístico; permissão, consubstancia a delegação da execução ao
• educação, cultura, ensino e desporto; particular que venceu a licitação.
• previdência social, proteção e defesa da saúde;
• assistência jurídica e defensoria pública; Controle e Fiscalização dos Serviços Públicos
• proteção à infância e à juventude.
O controle e a fiscalização são feitos pelo Poder con‑
Neste âmbito, a União limita‑se a estabelecer normas cedente responsável pela delegação, porém a sua fiscali‑
gerais. Caso inexista norma geral, os estados poderão exer‑ zação pode contar com a ajuda dos usuários (art. 3º da Lei
cer a competência legislativa plena, para atender às suas nº 8.987/1995).
peculiaridades.
ORGANIZAÇÃO e ESTrUTURA DA
Noções de Direito Administrativo

Competências dos Estados ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA


Os Estados ficaram com as competências remanescentes Noções Gerais
(art. 25, § 1º), ou seja, por exclusão, pertencem aos Estados
todos os serviços públicos não reservados à União nem atri‑ O Estado desenvolve suas atividades administrativas por
buídos aos Municípios, e que sejam de interesse regional. si mesmo, podendo transferi-las a particulares e também criar
A única exceção feita com relação a essa distribuição de outras pessoas jurídicas, com personalidade jurídica de direito
competência diz respeito à exploração e distribuição dos público ou privado, para desempenhá-las.105
serviços de gás canalizado, que não podem ser atribuídos ao A expressão Administração Pública admite mais de um
Município (art. 25, § 2º); devem ser prestados diretamente sentido, agora vamos estudá‑la em seu sentido subjetivo, ou
pelo Estado. seja, os órgãos de que se vale o Estado para atingir os fins
desejados. Como o Estado atua por meio de órgãos, agentes
Competências dos Municípios e pessoas jurídicas, sua organização engloba três situações
fundamentais:
Os Municípios ficaram com a competência residual, ou
seja, aquelas afetas aos assuntos de interesse local, bem Cespe/TRE-MS/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2013.
105

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Centralização  – Na centralização, o Estado executa pelo princípio da simetria, temos a Governadoria do Esta‑
suas tarefas diretamente por meio dos órgãos e agentes do, os órgãos de Assessoria ao Governador e as Secretarias
administrativos que compõem sua estrutura funcional.106 Estaduais com seus órgãos internos. E na esfera municipal,
A chamada centralização desconcentrada é a atribuição temos as Prefeituras e seus órgãos de Assessoria ao Prefeito
administrativa cometida a uma única pessoa jurídica dividida e as Secretarias Municipais com seus órgãos internos.
internamente em diversos órgãos.107
Descentralização – Na descentralização, ele o faz indire‑ Estruturação em Órgãos
tamente por meio de outras pessoas jurídicas108. Pode ser
por meio de outorga ou delegação. Há outorga quando o Es‑ Necessariamente, a Administração Pública centralizada
tado cria uma entidade e a ela transfere, por lei, a titularidade deve utilizar‑se de uma estrutura interna, em que se dividem
e a execução de determinado serviço público. Há delegação, atribuições e poderes, de modo a permitir a efetiva prestação
quando o Estado transfere, por contrato (concessão ou con‑ de serviços e a materialização de sua função. A tal estrutura
sórcio público) ou ato unilateral (permissão ou autorização), interna damos o nome de órgãos.
unicamente a execução do serviço, para que o ente delegado
o preste à coletividade, em nome próprio e por sua conta e Conceito de Órgãos Públicos
risco, mas nas condições e sob o controle do Estado.
Desconcentração  – Na desconcentração temos uma São centros de competência despersonificados, criados
distribuição de competências no âmbito interno da própria por lei (art. 48, XI, da CF), instituídos para o desempenho
entidade encarregada de executar um ou mais serviços. de funções estatais, por meio de seus agentes, cuja atuação
Com os conceitos expostos, podemos traçar o seguinte é imputada à pessoa jurídica a que pertencem (Teoria do
quadro:
órgão).
A principal característica da teoria do órgão consiste no
princípio da imputação volitiva, ou seja, a vontade do órgão
público é imputada à pessoa jurídica que eles integram, en‑
tretanto, quando se tratar da chamada função de fato, se a
atividade provém de um órgão, é irrelevante que tenha sido
praticado por um agente que não tenha competência, basta
a aparência de investidura e o exercício pelo órgão para que
os efeitos da conduta sejam imputados à pessoa jurídica.

Classificação dos Órgãos Públicos


“A concentração, por outro lado, é uma técnica admi‑
nistrativa que promove a extinção de órgãos públicos. Veja a) Quanto à Posição Estatal
o exemplo de Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino para
caracterizar a concentração administrativa: “Pessoa jurídica Independentes
integrante da administração pública extingue órgãos antes São os órgãos originários da Constituição, e represen‑
existentes em sua estrutura, reunindo em um número menor tativos dos Poderes do Estado (Executivo, Legislativo e Ju‑
de unidade as respectivas competências. Imagine-se, como diciário). Não possuem qualquer subordinação hierárquica
exemplo, que a secretaria da fazenda de um município tivesse e seus agentes são denominados de Agentes Políticos. Ex.:
em sua estrutura superintendências, delegacias, agências e Congresso Nacional, Câmara dos Deputados, Presidência
postos de atendimento, cada um desses órgãos incumbidos de da República etc.
desempenhar específicas competências da referida secretaria.
Caso a administração pública municipal decidisse, em face de Autônomos
restrições orçamentárias, extinguir os postos de atendimento, São os órgãos localizados na cúpula da administração;
atribuindo às agências as competências que aqueles exerciam, tem autonomia administrativa, financeira e técnica. Carac‑
teria ocorrido concentração administrativa. Importante ressaltar terizam‑se como órgãos diretivos, com funções precípuas de
que tanto a concentração quanto a desconcentração podem ser planejamento, supervisão, coordenação e controle das ativi‑
utilizadas na administração direta e indireta. dades que constituem sua área de competência. Ex.: Minis‑
térios, Secretarias de Estado, Advocacia Geral da União etc.
Administração Pública Desconcentrada Centralizada
Direta Superiores
Noções de Direito Administrativo

São os que detêm poder de direção, controle, decisão e


É o conjunto de órgãos que integram as pessoas federati‑ comando de assuntos de sua competência específica, mas
vas, aos quais foi atribuída a competência para o exercício, de sempre sujeitos à subordinação e ao controle hierárquico
forma centralizada, das atividades administrativas do Estado. de uma chefia mais alta. Não gozam de autonomia adminis‑
Sua abrangência não se limita, somente, ao Executivo, ape‑ trativa nem financeira109. Ex.: Gabinetes, Secretarias Gerais,
sar de ser o incumbido da função administrativa em geral, Coordenadorias, Departamentos etc.
alcança também o Legislativo e o Judiciário, pois precisam
se organizar no desempenho de suas atividades típicas – Subalternos
normativa e jurisdicional. É composta na esfera Federal pela São órgãos subordinados hierarquicamente. Detêm reduzi‑
Presidência da República e Ministérios. Na esfera Estadual, do poder decisório, pois se destinam basicamente à realização
de serviços de rotina e tem predominantemente atribuições
106
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-MS/Técnico Judiciário/Área Adminis‑ de execução. Ex.: Portarias e seções de expediente.
trativa/2013.
107
Cespe/TRE-MS/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2013.
108
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-MS/Técnico Judiciário/Área Apoio
Especializado/2013. Assunto cobrado na prova da Esaf/TSIET/DNIT/Estradas/2013.
109

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b) Quanto à Estrutura Controle
Institucional: não há subordinação hierárquica da autar‑
Simples quia com o ente que a criou e sim vinculação, cabendo a este
São constituídos por um único centro de competência. apenas o controle finalístico (supervisão ministerial), que visa
O órgão simples constitui uma única unidade. Ex.: Portaria, mantê‑la no estrito cumprimento de suas finalidades (tutela).
Agência da Secretaria da Receita. Administrativo: controle interno ou autotutelar, ou seja,
poder de rever seus próprios atos.
Compostos Judicial: os atos praticados pelas Autarquias e por seus
São aqueles que reúnem, na sua estrutura, outros órgãos agentes são considerados atos administrativos, portanto,
menores, com função principal idêntica ou com funções estão sujeitos ao controle pelo Poder Judiciário.
auxiliares diversificadas. Ex.: Secretaria de Educação (esco‑ Financeiro: é feito pelo Congresso Nacional com auxílio
las – órgãos menores). do Tribunal de Contas da União (arts. 70 e 71 da CF).
c) Quanto à Atuação Funcional Regime de Pessoal
Em regra, é o estatutário, da Lei nº 8.112/1990.
Singulares
São aqueles que atuam e decidem por meio de um único Patrimônio
agente, que é seu chefe e representante. Pode ter vários As Autarquias possuem orçamento, patrimônio e receita
auxiliares, mas só um representante. Ex.: Presidência da próprios.
República (Presidente), Governadorias dos Estados, Prefei‑ O patrimônio das autarquias é formado inicialmente a
turas Municipais etc. partir da transferência de bens móveis e imóveis do ente
federado que as criou.113
Colegiados
O patrimônio das autarquias goza dos mesmos privilé-
São todos aqueles que atuam e decidem pela manifes‑
gios atribuídos aos bens públicos em geral, é imprescrití-
tação conjunta e majoritária da vontade de seus membros.
vel, não podendo ser adquirido mediante usucapião, bem
Ex.: Tribunal.
como não pode ser objeto de penhora a fim de garantir a
execução judicial.114
Administração Pública Desconcentrada
Descentralizada Indireta Foro Competente
Nos litígios comuns, sendo autoras, rés, assistentes ou
É o conjunto de entidades, criadas ou autorizadas por opoentes, o foro competente é a justiça federal, conforme
lei, que, vinculadas à respectiva Administração Direta, têm determina o art. 109, I, da CF.
o objetivo de desempenhar as atividades administrativas de
forma descentralizada. Em regra, abrange o Poder Executivo
Responsabilidade Civil
Federal, Estadual e Municipal. De acordo com o Decreto‑Lei
A Autarquia responde objetivamente pelos danos que
nº 200/1967, compreende as seguintes entidades: Autar‑
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, asse‑
quias, Fundações Públicas, Empresas Públicas e Sociedades
gurado o direito de regresso contra o responsável nos casos
de Economia Mista.
de dolo ou culpa (art. 37, § 6º, CF).
Autarquias
Privilégios
Imunidade tributária; prescrição quinquenal de suas
Conceito
As Autarquias são pessoas jurídicas de Direito Público, dívidas; prazo em quádruplo para contestar e em dobro para
integrantes da Administração Indireta, criadas por lei110 para recorrer; impenhorabilidade e imprescritibilidade de bens;
desempenhar funções que, despidas de caráter econômico, não estão sujeitas à falência.
sejam próprias e típicas do Estado.
As autarquias, pessoas administrativas que gozam de Exemplos
liberdade administrativa nos limites da lei que as criou, só Bacen, INSS, CVM, Incra, Ibama, Detran.
podem ser extintas por lei.111
Obs.: Os Conselhos Profissionais, além de possuírem
Objeto personalidade jurídica própria, são autarquias.115
As Autarquias destinam‑se à execução de serviços pú‑
Noções de Direito Administrativo

blicos de natureza administrativa. Por desempenharem ati‑ Agências Reguladoras


vidades típicas do Estado, a descentralização administrativa As Agências Reguladoras surgiram na Inglaterra, a partir
ocorre por meio de outorga. da criação pelo Parlamento, em 1834, de diversos órgãos
autônomos com a finalidade de aplicação e concretização
Autoadminis­tra­ção dos textos legais (MORAES, 2002, p. 22).
As Autarquias não possuem autonomia política para Posteriormente, em virtude da influência do direito
criar suas próprias normas, elas possuem apenas autonomia anglo‑saxão, os Estados Unidos criaram, em 1887, a Inters-
administrativa, ou seja, auto‑organização.112 tate Commerce Comission, órgão inicialmente destinado a
regular o transporte ferroviário.
110
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-RS/Técnico Judiciário/Área Administra‑
tiva/Analista Judiciário/Área Administrativa/2010. 113
Fepese/Conselho Regional de Contabilidade de Santa Catarina/Fiscal/Auxiliar
111
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto Administrativo/2010.
– II/2010. 114
Fepese/Conselho Regional de Contabilidade de Santa Catarina/Fiscal/Auxiliar
112
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/Prefeitura Municipal de Boa Administrativo/2010.
Vista-RR/Analista Municipal/Procurador Municipal/2010 e Fepese/Conselho Re‑ 115
Fepese/Conselho Regional de Contabilidade de Santa Catarina/Fiscal/Auxiliar
gional de Contabilidade de Santa Catarina/Fiscal/Auxiliar Administrativo/2010. Administrativo/2010.

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As agências reguladoras, porém, só passaram a intervir Dentro dessa função regulatória, podemos considerar a
fortemente no Direito Administrativo norte‑americano após existência de dois tipos de agências reguladoras no direito
a grande depressão (1929). No ápice da crise, já em 1933, brasileiro:
o Presidente americano Franklin Delano Roosevelt aprovou • As que exercem, com base em lei, típico poder de po‑
uma série de medidas político‑econômicas para restabelecer lícia, com a imposição de limitações administrativas,
a economia e assistir os prejudicados. Essas medidas ficaram previstas em lei, fiscalização, repressão; é o caso, por
conhecidas como New Deal (novo acordo). Como resultado exemplo, da Anvisa, ANS e ANA.
do New Deal, foram criadas, por meio de leis, várias agências • As que regulam e controlam atividades que constituem
federais destinadas a regular os vários setores da economia, objeto de concessão, permissão ou autorização de
cada qual com seus procedimentos decisórios. serviço público (teleco­municações, energia elétrica,
Diante disso, tornou‑se necessária a padronização desse transportes etc.) ou de concessão para exploração
sistema e, em 1946, foi editado o Administrative Procedure de bem público (petróleo e outras riquezas minerais,
Act (Lei de Procedimento Administrativo), estabelecendo‑se, rodovias etc.).
assim, procedimentos uniformes a serem adotados por todas
as agências, conferindo‑lhes maior legitimidade. As primeiras não são muito diferentes das autarquias
No Direito Administrativo brasileiro, diferentemente do comuns que nós conhecemos, tais como o Banco Central,
modelo norte‑americano, as agências reguladoras tiveram o  Cade, o  Conselho Monetário Nacional ou a Comissão
forte e decisiva influência francesa e, consequentemente, de Valores Mobiliários. Já as segundas é que constituem
incorporaram as ideias de centralização administrativa e novidade maior no Direito brasileiro, pelo papel que vêm de‑
forte hierarquia. No entanto, ao  adaptarmos as agências sempenhando, ao assumirem os poderes que, na concessão,
reguladoras ao Direito Administrativo brasileiro, devemos permissão ou autorização de serviços públicos, eram antes
levar em conta as diferentes características decorrentes de desempenhados pela própria Administração Pública Direta,
cada ordenamento jurídico. na qualidade de poder concedente.

Natureza As primeiras agências


No Brasil, as agências reguladoras foram constituí­das Em 1995, as Emendas Constitucionais nºs 8 e 9 previram
como autarquias de regime especial integrantes da ad‑ a criação de um órgão regulador para o setor de teleco‑
ministração indireta, vinculadas (não é subordinada) ao municações (art.  21, XI) e outro para o setor de petróleo
Ministério competente para tratar da respectiva ativida‑ (art. 177, § 2º, III), o que foi implementado pelas Leis nºs
de116. O regime especial vem definido nas respectivas leis 9.472/1997 e 9.478/1997, as quais instituíram respectiva‑
instituidoras e diz respeito, em regra, à  maior autonomia mente a Agência Nacional de Telecomunicações  – Anatel
em relação à Administração Direta; à estabilidade de seus e a Agência Nacional do Petróleo – ANP. Porém a primeira
dirigentes, garantida pelo exercício de mandato fixo, que agência reguladora brasileira tem origem infraconstitucional.
eles somente podem perder nas hipóteses expressamente Trata‑se da Agência Nacional de Energia Elétrica, instituída
prevista, afastada a possibilidade de exoneração ad nutum; pela Lei nº 9.427/1996.
ao caráter final das suas decisões que, a princípio, não são
passíveis de apreciação por outros órgãos ou entidades A desestatização do Estado
da Administração, exceto no que se refere à legalidade.117 Em 1997, foi instituído o Plano Nacional de desestati‑
Vistas por outro ângulo, foram criadas para realizar as tra‑ zação (Lei nº 9.491), com o objetivo estratégico de, entre
dicionais atribuições da Administração Direta, na qualidade outros fins, reduzir o déficit público e sanear as finanças
públicas, transferindo para a iniciativa privada atividades
de Poder Público concedente, nas concessões, permissões
indevidamente exploradas pelo setor público e permitindo,
e autorizações de serviços públicos. Derivam, pois da ideia
dessa forma, que a Administração Pública concentrasse seus
de descentralização administrativa (art.  10, Decreto‑Lei
esforços nas atividades em que a presença do Estado fosse
nº 200/1967) e têm como função a regulação das matérias
fundamental para a consecução das prioridades nacionais.
afetas a sua área de atuação e a permanente missão de fis‑
Com o afastamento do Estado da execução dessas ati‑
calizar a eficiência na prestação dos serviços públicos pelos
vidades, seria necessário que se instituíssem mais órgãos
concessionários, permissionários e autorizados.
reguladores. A partir daí, diversos órgãos da mesma natureza
Ou, ainda, em sentido amplo, agência reguladora no
foram criados por lei infraconstitucionais como é o caso da
Direito brasileiro seria qualquer órgão da Administração
Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, instituída
Direta ou entidade da Administração Indireta com a função
pela Lei nº 9.782/1999. Em 2000, as Leis nºs 9.661 e 9.984
de regular matéria específica que lhe está afeta. Se for enti‑ instituíram respectivamente a Agência Nacional de Saúde
dade da Administração indireta, está sujeita ao princípio da
Noções de Direito Administrativo

Suplementar – ANS e a Agência Nacional de Águas – ANA. Em


especialidade, significando que cada qual exerce e é espe‑ 2001, a Lei nº 10.233 criou a Agência Nacional de Transportes
cializada na matéria que lhe foi atribuída por lei. A regulação Terrestres – ANTT e a Agência Nacional de Transportes Aquá‑
engloba toda forma de organização da atividade econômica ticos – Antaq. No mesmo ano, a Medida Provisória nº 2.281
pelo Estado, seja a intervenção por meio da concessão de criou a Agência Nacional do Cinema – Ancine. Em 2005, a Lei
serviço público, seja pelo exercício do poder de polícia, ou nº 11.182, criou a Agência Nacional de Aviação Civil – Anac.
seja, o Estado está ordenando ou regulando a atividade eco‑
nômica tanto quando concede ao particular a prestação de Características
serviços públicos e regula sua utilização – impondo preços, As agências reguladoras distinguem‑se das demais au‑
quantidade produzida, qualidade – como quando edita regras tarquias porque suas leis instituidoras lhes outorgam certas
no exercício do poder de polícia administrativo. prerrogativas que não são encontráveis na maioria das enti‑
dades autárquicas comuns. Segundo alguns doutrinadores,
116
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto suas características podem envolver:
– II/2010. • Serem criadas por lei; a criação por lei é exigência que
117
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto
– II/2010. vem desde o Decreto‑Lei nº 6.016/1943, repetindo‑se

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no Decreto‑Lei nº  200/1967 e agora constando na ou deveriam resumir‑se às funções que o poder concedente
Constituição Federal, art. 37, XIX. exerce nesses tipos de contratos ou atos de delegação, ou seja:
• Serem dotadas de autonomia financeira, administrativa • regulamentar os serviços que constituem objeto da
e poderes normativos complementares à legislação delegação;
própria do setor. A autonomia financeira é assegurada • realizar o procedimento licitatório para escolha do
pela disponibilidade de recursos humanos e infraes‑ concessionário/ permissionário;
trutura material fixados em lei, além da previsão de • celebrar o contrato de concessão ou permissão ou
dotações consignadas no orçamento geral da União, praticar ato unilateral de outorga da autorização;
créditos especiais, transferências e repasses que lhe • definir o valor da tarifa e da sua revisão ou reajuste;
forem conferidos. A autonomia administrativa significa • controlar a execução dos serviços;
que, dada a personalidade jurídica própria, a autarquia • aplicar sanções;
contrata e administra em seu próprio nome, contrai • encampar;
obrigações e adquire direitos, mas dentro das regras do • decretar a caducidade;
ordenamento vigente; como exemplo, seus servidores • intervir;
devem ingressar no quadro funcional por meio de • fazer rescisão amigável;
concurso público. Com relação aos poderes normati‑ • fazer a reversão de bens ao término da concessão;
vos, não abrange o poder de regulamentar leis, suas • exercer o papel de ouvidor de denúncias e reclamações
normatizações deverão ser operacionais, no sentido dos usuários.
de regular a própria atividade da agência por meio de
normas de efeitos internos, e conceituar, interpretar ou Enfim, exercer todas as prerrogativas que a lei outorga
explicitar conceitos jurídicos indeterminados contidos ao Poder Púbico na concessão, permissão e autorização.
na lei, sem inovar na ordem jurídica. Por conceito jurídi‑
co indeterminado entende‑se aquele que permite mais Regime de pessoal
de uma interpretação, ou seja, mutável em função da O regime jurídico de pessoal é o da Lei nº 8.112/1990,
valoração que se proceda diante dos pressupostos da assim determinado pela Lei nº  10.871/2004, que dispõe
norma; geralmente seu sentido necessita de definição sobre a criação de carreiras e organização de cargos efe‑
por órgão técnico especializado. tivos das autarquias especiais denominadas Agências
O grau de autonomia da agência reguladora depende
Reguladoras.119
dos instrumentos específicos que a respectiva lei
instituidora estabeleça.118 Fundações Públicas
• Operam como instância administrativa final nos litígios
sobre matérias de sua competência. Isso significa que, Conceito
em princípio, não cabe recurso hierárquico de suas Com propriedade, Di Pietro (2008) define a Fundação
decisões, exceto quanto ao controle de legalidade. instituída (autorização legislativa) pelo Poder Público como:
• Possuírem direção colegiada, sendo os membros no‑
meados pelo Presidente da República, com aprovação o patrimônio, total ou parcialmente público, dotado
do Senado Federal (Lei nº 9.986/2000, art. 5º). de personalidade jurídica, de direito público ou
• Seus dirigentes possuírem mandato com prazo de privado, e destinado, por lei, ao desempenho de
duração determinado (Lei nº 9.986/2000, art. 8º). atividades do Estado na ordem social, com capaci‑
• Após cumprido o mandato, seus dirigentes ficarem im‑ dade de autoadministração e mediante o controle da
pedidos, por um prazo certo e determinado (quarente‑ Administração Pública, nos limites da lei.
na), de atuar no setor atribuído à agência, sob pena de
incidirem em crime de advocacia administrativa, sem Objeto
prejuízo das demais sanções cabíveis, administrativas As Fundações Públicas destinam‑se às atividades de cará‑
e civis (Lei nº 9.986/2000, art. 8º, § 4º). ter social, tais como, assistência social, assistência médica e
• Especialização técnica: refere‑se à especialização de hospitalar, educação e ensino, pesquisa e atividades culturais.
cada agência em relação à sua atribuição técnica. Este
grau de especialização técnica das agências, emprega‑
Autoadministração
do em suas decisões, fundamenta não só a criação da
As Fundações Públicas também não possuem autonomia
própria agência, como também boa parte do poder
política para criar suas próprias normas, elas possuem apenas
normativo a ela conferido. Na verdade, as  impede
autonomia administrativa, ou seja, auto‑organização.
de exercer atividades diversas daquelas para as quais
foram instituídas.
Controle
Noções de Direito Administrativo

• Sujeição a controle ou tutela: como nas autarquias


comuns, o controle feito pelo Ministério é um controle Institucional: não há subordinação hierárquica da
finalistico (supervisão ministerial), que visa mantê‑la Fundação Pública com o ente que a criou e sim vinculação,
no estrito cumprimento de suas finalidades (tutela). cabendo a este apenas o controle finalístico (supervisão
ministerial), que visa mantê‑la no estrito cumprimento de
É claro que sendo decorrentes de lei criadora, compatível suas finalidades (tutela).
com o ordenamento constitucional, as prerrogativas e auto‑ Administrativo: controle interno ou autotutelar, ou seja,
nomias podem variar de uma agência para outra. No entanto poder de rever seus próprios atos.
as suas atribuições encontram certo consenso na doutrina. Judicial: assim como nas Autar­quias, as Fundações Pú‑
blicas, também, sofrem o controle de legalidade feito pelo
Atribuições Poder Judiciário.
As atribuições das agências, no que diz respeito à conces‑ Financeiro: é feito pelo Congresso Nacional com auxílio
são, permissão e autorização de serviço público resumem‑se do Tribunal de Contas da União (arts. 70 e 71 da CF).

Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto


119

Esaf/TSIET/DNIT/Estradas/2013.
118
– II/2010.

Este eBook foi adquirido por ANA PAULA TORQUATO DA COSTA - CPF: 628.848.913-15. 73
A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Obs.: O MP é curador das Fundações. instituidora, nos moldes da iniciativa particular, é denominada
empresa pública.123
Regime de Pessoal
Em regra, é o estatutário, da Lei nº 8.112/1990. Objeto
As Empresas Públicas têm por objeto o desempenho
Patrimônio de atividades de caráter econômico ou de prestação de
As Fundações Públicas possuem orçamento, patrimônio serviços públicos.
e receita próprios.
Subsidiárias
Foro Competen­te A lei que autorizou a criação da Empresa Pública pode
O foro competente, assim como nas Autarquias, é a prever, desde logo, a possibilidade de posterior instituição
Justiça Federal. de subsidiárias. Caso contrário, será necessária nova lei au‑
torizando sua criação (art. 37, XX, CF). As subsidiárias serão
instituídas com o objetivo de se dedicar a um dos seguimen‑
Responsabilidade Civil
tos da entidade primária, sendo a subsidiária controlada pela
As Fundações Públicas, também, respondem objeti‑
primária, e ambas pelo Estado.
vamente pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra Controle
o responsável nos casos de dolo ou culpa (art. 37, § 6º, CF). Institucional: as empresas públicas não possuem subor‑
dinação hierárquica com o ente que as criou e sim vinculação,
Privilégios cabendo a este apenas o controle finalístico (supervisão
As Fundações Públicas gozam dos mesmos privilégios que ministerial), que visa mantê‑la no estrito cumprimento de
as Autarquias, ou seja, imunidade tributária, prazo em quá‑ suas finalidades (tutela).
druplo para contestar e em dobro para recorrer, prescrição Administrativo: controle interno ou autotutelar, ou seja,
quinquenal, seus bens são considerados bens públicos, não poder de rever seus próprios atos.
estão sujeitas à falência. Judicial: as empresas públicas sofrem o controle de
legalidade feito pelo Poder Judiciário.
Exemplos Financeiro: é feito pelo Congresso Nacional com auxílio
Ipea, IBGE, Fundação Nacional de Saúde, Funai, Enap, do Tribunal de Contas da União (arts. 70 e 71 da CF).
Caje.
Quadro Comparativo Regime de Pessoal
Submetem‑se ao regime trabalhista comum, previsto no
Autarquia Fundação Pública Decreto nº 5.452/1943 (Consolidação das Leis do Trabalho).
Criada por lei específica. Autorizada por lei específica. Patrimônio
Pessoa Jurídica de Direito Pessoa Jurídica de Direito As empresas públicas possuem orçamento, patrimônio
Público (SEMPRE). Público ou Privado. e receita próprios.
Exerce atividades típicas Exerce atividades atípicas.
do Estado. Foro Competente
O juízo competente nos litígios comuns é a Justiça Fe­
Possui natureza adminis‑ Possui natureza social (educa‑
deral, conforme determina o art. 109, I, da CF.
trativa. tiva, recreativa e assistencial).
Responsabilidade Civil
Obs.: As autarquias e as fundações públicas não são con‑ As empresas públicas que exercem atividade econômica
sideradas entidades políticas.120 estão isentas da responsabilidade civil decorrente do art. 37,
§ 6º, da CF. Dessa forma, os prejuízos que seus empregados
Empresa Pública causarem a terceiros deverão ser tratados pelo Código Civil.
Se forem prestadoras de serviços públicos, responderão
Conceito objetivamente por tais prejuízos.
As Empresas Públicas são pessoas jurídicas de Direito
Privilégios
Privado, integrantes da Administração Indireta, criadas por
As Empresas Públicas exploradoras de atividade econô‑
autorização legal121, sob qualquer forma (Ltda., S.A) e capital
mica não dispõem de qualquer privilégio fiscal não extensivo
exclusivamente público para que o Governo exerça atividades ao setor privado (art. 173, § 2º, da CF).
gerais ou prestação de serviços públicos.
Noções de Direito Administrativo

É admitida a participação de outras pessoas jurídicas de Exemplos


Direito Público Interno, bem como de entidades da Admi‑ ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos); CEF
nistração Indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal (Caixa Econômica Federal); Embrapa (Empresa Brasileira de
e dos Municípios, desde que a maioria do capital votante Pesquisa Agropecuária); Emater‑DF (Empresa de e Extensão
permaneça de propriedade da União (art. 5º, Decreto‑Lei Rural do Distrito Federal); Caesb (Companhia de Saneamento
nº 900/1969).122 Ambiental do Distrito Federal).
A pessoa jurídica de direito privado criada por autorização
legislativa específica, com capital formado unicamente por Sociedade de Economia Mista
recursos de pessoas de direito público interno ou de pessoas
de suas administrações indiretas, para realizar atividades Conceito
econômicas ou serviços públicos de interesse da administração Sociedades de Economia Mista são pessoas jurídicas de
Direito Privado, integrantes da Administração Indireta124,
120
Assunto cobrado na prova do Cespe/TCU/AUFC/2010.
121
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área
Judiciária/Analista Judiciário/Área Judiciária/Execução de Mandatos/2010. Cespe/Seger-ES/Direito/2013.
123
122
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área Assunto cobrado na prova do Cespe/CNJ/Técnico Judiciário/Área Administra‑
124

Judiciária/Analista Judiciário/Área Judiciária/Execução de Mandatos/2010. tiva/2013.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
criadas por autorização legal125, sob a forma de Sociedades Patrimônio
Anônimas, cujo controle acionário pertença ao Poder Público, As Sociedades de Economia Mista possuem orçamento,
tendo por objetivo, como regra, a exploração de atividades patrimônio e receita próprios.
de caráter econômico ou a prestação de serviços públicos, Respeitados os requisitos e trâmites legais, é possível
não exclusivos do Estado. ao Estado-membro desapropriar, mediante prévia e justa
Após a autorização de sua criação, promoverão a apro‑ indenização em dinheiro, imóvel não utilizado pertencente a
vação de seu estatuto, e o respectivo Registro, observando sociedade de economia mista federal exploradora de atividade
o que determina a Lei das Sociedades por Ações. econômica em sentido estrito.128
A título de exemplo, o Estado pretende descentralizar a
execução de atividade atualmente desempenhada no âmbito Foro Competente
da Administração direta, consistente nos serviços de ampliação O juízo competente nos litígios comuns é a Justiça Estadual.
e manutenção de hidrovia estadual, em face da especialidade
de tais serviços. Estudos realizados indicaram que será possível Súmula nº 517/STF: As Sociedades de Economia
a cobrança de outorga pela concessão, a particulares, do uso Mista só têm foro na justiça federal, quando a União
de portos fluviais que serão instalados na referida hidrovia, re- intervém como assistente ou opoente.129
cursos esses que serão destinados a garantir a autossuficiência
financeira da entidade a ser criada. Considerando os objetivos Súmula nº 556/STF: É competente a justiça comum
almejados, poderá ser instituída sociedade de economia mista, para julgar as causas em que é parte Sociedade de
caracterizada como pessoa jurídica de direito privado, subme- Economia Mista.
tida aos princípios aplicáveis à Administração pública, e cuja
criação é autorizada por lei.126 Responsabilidade Civil
Em face de convênio de delegação celebrado com a União, As Sociedades de Economia Mista que exercem atividade
o Estado obrigou-se a constituir entidade integrante de sua econômica, também, estão isentas da responsabilidade civil
Administração indireta para atuar como delegatária de serviço decorrente do art. 37, § 6º, da CF. Dessa forma, os prejuízos
público federal, tendo por objeto a exploração comercial do que seus empregados causarem a terceiros deverão ser
Porto de São Sebastião. Optou pela criação de uma sociedade tratados pelo Código Civil.
de economia mista. Essa opção afigura-se correta, salvo se a Se forem prestadoras de serviços públicos, responderão
delegação envolver, também, exercício de poder normativo objetivamente por tais prejuízos.
e sancionador, que não se coaduna com o regime de direito
privado da entidade.127 Privilégios
As Sociedades de Economia Mista exploradoras de ativi‑
Objeto dade econômica não dispõem de qualquer privilégio fiscal
As Sociedades de Economia Mista têm por objeto o não extensivo ao setor privado (art. 173, § 2º, da CF).
desempenho de atividades de caráter econômico ou a pres‑ Exemplos
tação de serviços, assim como as Empresas Públicas. Banco do Brasil; Banco da Amazônia; Petrobras; Banco
de Brasília.
Capital Social
O Capital social das Sociedades de Economia Mista é Quadro Comparativo130
formado pela composição de recursos públicos e privados, Empresa Pública Sociedade de
sendo que o controle acionário pertence ao Poder Público, Economia Mista
independentemente de serem exploradoras de atividades Pessoa jurídica de direito Pessoa jurídica de direito pri‑
econômicas ou prestadoras de serviços públicos. privado.85 vado.
Formação do capital social: Formação do capital social:
Controle 100% patrimônio público. capital social dividido entre o
Institucional: as Sociedades de Economia Mista não poder público e particula­res
possuem subordinação hierárquica com o ente que as criou (privado); com maioria do ca‑
e sim vinculação, cabendo a este apenas o controle finalís‑ pital votante (ações ordinárias)
tico (supervisão ministerial), que visa mantê‑la no estrito em poder do Estado.
cumprimento de suas finalidades (tutela). Forma de constituição: qual‑ Forma de constituição: somen‑
Administrativo: controle interno ou autotutelar, ou seja, quer forma. te S/A (Sociedade Anônima).86
poder de rever seus próprios atos. Tem seus feitos (processos) Tem seus feitos (processos)
Judicial: as Sociedades de Economia Mista sofrem o julgados pela Justiça Federal julgados pela Justiça Esta­dual,
(exceto trabalhistas / elei‑ mesmo se forem federais.
controle de legalidade feito pelo Poder Judiciário.
torais), no caso de Empresa
Noções de Direito Administrativo

Financeiro: é feito pelo Congresso Nacional com auxílio Pública Federal.


do Tribunal de Contas da União (arts. 70 e 71 da CF). Bens não podem ser penho‑ Bens podem ser penhorados
rados, se forem prestadoras ou executados (até o limite do
Regime de Pessoal de serviços públicos. particular).
Submetem‑se ao regime trabalhista comum, previsto no Prestação de serviços públi‑ Exploração de atividade econô‑
Decreto nº 5.452/1943 (Consolidação das Leis do Trabalho). cos ou atividades econômicas mica de utilidade pública.
de interesse do Estado, ou
Subsidiárias consideradas como conve‑
A lei que autorizou a criação da Sociedade de Economia nientes à coletividade.
Mista, também, pode prever desde logo a possibilidade de
posterior instituição de subsidiárias. 128
FCC/Procuradoria Geral do Estado do Amazonas/Procurador do Estado de 3ª
Classe/2010.
129
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho
125
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área Substituto – II/2010 e FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área Judiciária/
Judiciária/Analista Judiciário/Área Judiciária/Execução de Mandatos/2010. Analista Judiciário/Área Judiciária/Execução de Mandatos/2010.
126
FCC/AFR SP/Sefaz SP/Gestão Tributária/2013. 130
Assunto cobrado na prova do Cespe/CNJ/Analista Judiciário/Área Administra‑
127
FCC/TCE-SP/Auditor/2013. tiva/2013.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
131
Obs.: O pessoal das empresas públicas e das sociedades ENTIDADES POLÍTICAS E ADMINISTRATIVAS
de economia mista são considerados agentes públicos,
para os fins de incidência das sanções previstas na Lei de Entidade é pessoa jurídica, pública ou privada; órgão é
Improbidade Administrativa.132 elemento despersonalizado incumbido da realização das ativi‑
dades da entidade a que pertence, por meio de seus agentes.
O regime jurídico das empresas públicas e sociedades de Na organização política e administrativa brasileira, as en‑
economia mista que desempenham atividade econômica em tidades classificam-se em estatais, autárquicas, fundacionais,
sentido estrito estabelece que a remuneração de seus agentes
empresariais e paraestatais.
não está sujeita ao teto constitucional, a menos que a entidade
Entidades Estatais: são as pessoas jurídicas de direito
receba recursos orçamentários para pagamento de despesa de
pessoal ou de custeio em geral.133 público que integram a estrutura constitucional do Estado e
Nas empresas públicas e sociedades de economia mista, têm poderes políticos e administrativos, tais como a União,
os servidores ocupam empregos públicos, ao passo que, na os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Destas, a única
administração direta, há servidores titulares de cargos efetivos soberana é a União, as demais têm apenas autonomia polí‑
e ocupantes de empregos públicos.134 tica, administrativa e financeira.
Entidades Autárquicas: são pessoas jurídicas de Direito
Agências Executivas Público, de natureza meramente administrativa, criadas
As Agências Executivas, diferentemente das Agências por lei específica, para a realização de atividades, obras ou
Reguladoras, não têm por objetivo a regulamentação, serviços descentralizados da entidade estatal que as criou.
controle e fiscalização, mas sim a execução de atividades Funcionam e operam na forma estabelecida na lei instituido‑
administrativas. ra e nos termos de seu regulamento. Podem desempenhar
É apenas um qualificativo atribuído às autarquias e às atividades econômicas, educacionais, previdenciárias e
fundações da Administração Pública Federal, por iniciativa quaisquer outras outorgadas pela entidade estatal-matriz,
do Ministério supervisor ao qual está vinculada, que tive‑ mas sem a subordinação hierárquica, sujeitas apenas ao
rem com ele celebrado contrato de gestão e possuam plano controle finalístico de sua administração (conhecido como
estratégico de reestruturação e desenvolvimento institucional supervisão ministerial) e da conduta de seus dirigentes. Na
voltado para a melhoria da qualidade de sua gestão e para verdade, a autarquia é o próprio braço do Estado apesar de
a redução de custos (art. 51 da Lei nº 9.649/1998).135 pertencente à administração indireta.
O termo contrato de gestão tem sido utilizado tanto para Entidades Fundacionais: são pessoas jurídicas de Direito
designar acordos celebrados entre entidades públicas, como Público ou pessoas jurídicas de Direito Privado, devendo a lei
entidades privadas que atuam paralelamente ao Estado, mais definir as respectivas áreas de atuação, conforme disposto
especificamente às organizações sociais. no art. 37, inciso XIX, da Constituição Federal.
No âmbito da Administração Pública Federal foi criado
como uma das formas de materializar o princípio constitucio‑ Art. 37, inciso XIX: somente por lei específica poderá
nal da eficiência (art. 37, § 8º, da CF), garantindo a amplia‑ ser criada autarquia e autorizada a instituição de
ção da autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos empresa pública, de sociedade de economia mista
órgãos e entidades da Administração direta e indireta. Seu e de fundação, cabendo à lei complementar, neste
objeto é a fixação de metas de desem­penho para os órgãos último caso, definir as áreas de sua atuação;
e entidades. Nela, devem estar previstos, além das metas
a serem alcançadas, mecanismos de controle e critérios de Entidades Empresariais: são pessoas jurídicas de Direito
avaliação (controle de resultados), o prazo de sua duração, Privado, instituídas sob a forma de sociedade de economia
remuneração do pessoal, bem como direitos, obrigações e mista ou empresa pública, com a finalidade de prestar serviço
responsabilidades dos administradores. público que possa ser explorado no modelo empresarial,
No âmbito da Administração indireta ressalte-se que as ou de exercer atividade econômica de relevante interesse
autarquias e fundações que tenham um plano estratégico coletivo. Sua criação deve ser autorizada por lei específica,
de reestruturação e de desenvolvimento institucional em cabendo ao Poder Executivo as providências complementa‑
andamento e que celebrem contrato de gestão com o respec‑ res para sua instituição.
tivo Ministério supervisor, serão qualificadas como Agências Entidades Paraestatais: são pessoas jurídicas de Direito
Executivas (art. 51 da Lei nº 9.649/1998). Privado que, por lei, são autorizadas a prestar serviços ou
Fora do âmbito da Administração indireta, os contratos realizar atividades de interesse coletivo ou público, mas não
de gestão estão previstos como modalidade de ajuste a ser exclusivos do Estado. As entidades paraestatais são autôno‑
celebrado com instituições não governamentais passíveis de mas, administrativa e financeiramente, têm patrimônio e
serem qualificadas pelo Poder Executivo como Organizações operam em regime da iniciativa particular, na forma de seus
Noções de Direito Administrativo

Sociais, para fins de fomento. As Organizações Sociais são estatutos, ficando sujeitas apenas à supervisão do órgão da
necessariamente pessoas jurídicas de direito privado, sem entidade estatal a que se encontrem vinculadas, para o con‑
finalidade lucrativa, cujas atividades estão dirigidas ao ensi‑ trole de desempenho estatuário. São também denominadas
no, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, de “entes de cooperação” com o Estado. São espécies de
à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à entidades paraestatais os serviços sociais autônomos (Sesc,
saúde, atendidos aos requisitos previstos no art. 2º da Lei Sesi, Senai, Sebrae entre outros), as organizações sociais e as
nº 9.637/1998. Oscips (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público).

131
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-MS/Técnico Judiciário/Área Apoio
Entidades Paraestatais (Terceiro Setor)
Especializado/2013.
132
FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área Judiciária/Analista Judiciário/Área Integram o terceiro setor as pessoas jurídicas de direito
Judiciária/Execução de Mandatos/2010. privado, sem fins lucrativos, que exercem atividades de inter-
133
FCC/Procuradoria Geral do Estado do Amazonas/Procurador do Estado de 3ª esse público, não exclusivas de Estado, recebendo fomento do
Classe/2010.
134
Cespe/AE ES/Seger-ES/Direito/2013. Poder Público.136
135
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto
– II/2010. Esaf/AIET/DNIT/Ambiental/2013.
136

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
O terceiro setor coexiste com o primeiro setor, que é o conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às
próprio Estado e com o segundo setor, que é o mercado.137 atividades mencionadas acima (art. 3º da Lei nº 9.790/1999).
É composto por particulares, portanto, pessoa jurídica Para serem consideradas OSs ou OSCIPs, as instituições
de direito privado, que não integram a estrutura da Admi‑ não devem ter fins lucrativos, ou seja, não podem distribuir
nistração Pública, mas que com ela mantém, por razões entre os seus sócios, conselheiros, diretores, empregados ou
diversas e por meio de formas diferenciadas, parcerias com doadores, eventuais excedentes operacionais, dividendos,
o intuito de preservar o interesse público. São exemplos de bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio,
entidades paraestatais: auferidos mediante o exercício de suas atividades, os quais
devem ser aplicados integralmente na consecução de seu
Organizações Sociais138 objeto social.142
Diferentemente das organizações sociais, a parceria é
Após o Plano de desestatização do Estado em 1997, firmada por meio de termo de parceria, no qual deverão
o Governo, com a necessidade de ampliar a descentraliza‑ estar formalizados, de modo detalhado, os direitos e as
ção de serviços públicos, instituiu o Programa Nacional de obrigações dos pactuantes.
Publicização – PNP (Lei nº 9.637/1998), por meio do qual o
Poder Executivo poderia qualificar como organização social Súmulas Aplicáveis
pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas
atividades fossem dirigidas ao ensino, à pesquisa científica,
Súmula nº 516/STF: “O Serviço Social da Indústria – Sesi –
ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação
está sujeito à jurisdição da Justiça Estadual”.
do meio ambiente, à cultura e à saúde.
Súmula nº 517/STF: “As Sociedades de Economia Mista
A parceria é concretizada por meio de um contrato
só têm foro na justiça federal, quando a União intervém como
de gestão, no qual constam discriminadas as atribuições,
assistente ou opoente”.
responsabilidades e obrigações do Poder Público e da orga‑
Súmula nº 556/STF: “é competente a justiça comum
nização social, bem como os incentivos que essas pessoas
para julgar as causas em que é parte Sociedade de Economia
receberão do Estado para sua execução (recursos orça‑
mentários e bens públicos necessários ao cumprimento do Mista.”
contrato de gestão).
Na hipótese de decretação de indisponibilidade de bens CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
das Organizações Sociais ou de sequestro de bens dos diri- BRASILEIRA
gentes, o poder público será o depositário e gestor desses
bens até o término da ação.139 Conceito
Serviços Sociais Autônomos Ora aparece como o poder/dever de fiscalização e revi‑
são, ora aparece como a faculdade de vigilância, orientação
São todos aqueles instituídos por lei com personalidade e correção que um Poder, órgão, ou autoridade exerce sobre
jurídica de direito privado (possuem CNPJ), para ministrar a conduta funcional de outro.
assistência ou ensino a certas categorias sociais ou grupos Em razão da amplitude do conceito, inúmeros são os
profissionais, e que não tenham finalidade lucrativa; atuam critérios adotados pela doutrina para identificar as espécies
ao lado do Estado em caráter de cooperação, sendo mantidos de controle.
por dotações orçamentárias ou por contribuições parafiscais.
Exemplos: constituem basicamente o sistema S – Sesi,
Espécies de Controle
Sesc, Senai, Senac, Sebrae.
Quanto à Extensão do Controle
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público140

É outro qualificativo atribuído às pessoas jurídicas de Interno


direito privado, sem fins lucrativos, cujos objetivos sociais É todo aquele realizado pela entidade ou órgão respon‑
tenham pelo menos uma das seguintes finalidades: promoção sável pela atividade controlada, no âmbito de sua própria
da assistência social; promoção da cultura, defesa e conser‑ administração.
vação do patrimônio histórico e artístico; promoção gratuita
da educação; promoção gratuita da saúde; promoção da Externo
segurança alimentar e nutricional141; defesa, preservação Ocorre quando o órgão fiscalizador se situa em Admi‑
e conservação do meio ambiente e promoção do desenvol‑ nistração diversa daquela de onde a conduta administrativa
vimento sustentável; promoção do voluntariado; promoção se originou.
Noções de Direito Administrativo

do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza;


experimentação, não lucrativa, de novos modelos sociopro‑ Externo Popular
dutivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, É o que determina que as contas públicas fiquem durante
emprego e crédito; promoção de direitos estabelecidos, sessenta dias, anualmente, à disposição de qualquer contri‑
construção de novos direitos e assessoria jurídica gratuita de buinte, para exame e apreciação, podendo ser questionada
interesse suplementar; promoção da ética, da paz, da cidada‑ por meio de mandado de segurança ou ação popular.
nia, dos direitos humanos, da democracia e de outros valores
universais; estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecno‑ Quanto ao Momento em que se Efetua
logias alternativas, produção e divulgação de informações e
Prévio ou Preventivo
É o controle exercido antes de consumar‑se a conduta
137
Esaf/AIET/DNIT/Ambiental/2013.
138
Assunto cobrado na prova da Esaf/AIET/DNIT/Ambiental/2013.
administrativa, como ocorre, por exemplo, com aprovação
139
Vunesp/Ministério Público do Estado de São Paulo/Analista de Promotoria I/ prévia, por parte do Senado Federal, do Presidente e de
Assistente Jurídico/2010. Diretores do Banco Central.
140
Assunto cobrado na prova da Esaf/AIET/DNIT/Ambiental/2013.
141
Vunesp/Ministério Público do Estado de São Paulo/Analista de Promotoria I/
Assistente Jurídico/2010. Cespe/JF TRF5/TRF 5/2013.
142

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
A necessidade de obtenção de autorização do Senado Fed- da matéria à autoridade competente para decidir. Se
eral para que os estados possam contrair empréstimos externos for suspensivo, deve estar previsto em lei, pois, como
configura controle preventivo da administração pública.143 o próprio nome já diz, suspende os efeitos do ato até
a decisão do recurso, podendo ser atacado pelas vias
Concomitante judiciais somente se ocorrer omissão.
Acompanha a situação administrativa no momento em
que ela se verifica. É o que ocorre, por exemplo, com a fis‑ Nesse sentido:
calização de um contrato em andamento.
Súmula nº 429/STF: A existência de recurso administrativo
Posterior ou corretivo com efeito suspensivo não impede o uso do mandado de
Tem por objetivo a revisão de atos já praticados, para segurança contra omissão da autoridade.
corrigi‑los, desfazê‑los ou, somente, confirmá‑los. Abrange
• Direito de Petição – É o direito que toda pessoa tem, pe‑
atos como os de aprovação, homologação, anulação, revo‑ rante a autoridade administrativa competente, de defender
gação ou convalidação. seus direitos ou noticiar ilegalidade ou abuso de autoridade
pública (art. 5º, XXXIV, da CF). Dentro do direito de petição,
Quanto à Natureza do Controle
encontramos os seguintes recursos:
– Representação: constitui‑se em denúncia de irregu‑
Legalidade laridades feita perante a própria Administração, o Tri‑
É o que verifica a conformidade da conduta administrativa bunal de Contas ou outros órgãos de controle, como
com as normas legais que a regem. Vale dizer que a Admi‑ o Ministério, por exemplo. Quando for representação
nistração exercita‑o de ofício (controle interno) ou mediante por abuso de autoridade, aplica‑se o disposto na Lei
provocação (controle externo); o Legislativo só o efetiva nos nº 4.898/1995.
casos constitucionalmente previstos (art. 71 da CF); e o Judi‑ – Reclamação administrativa: oposição expressa a atos
ciário por meio da ação adequada. Por esse controle, o ato da Administração que afetem direitos ou interesses
ilegal e ilegítimo somente pode ser anulado, e não revogado. legítimos do interessado. Está prevista no Decreto
Mérito nº 20.910/1932. Caberá reclamação administrativa,
É o que se consuma pela verificação da conveniência e perante o Supremo Tribunal Federal, quando ato admi‑
da oportunidade da conduta administrativa. A competência nistrativo contrariar enunciado de súmula vinculante ou
para exercê‑lo é da Administração, e, em casos excepcionais, que indevidamente a aplicar. Se a reclamação for julgada
expressos na Constituição, ao Legislativo (art. 49, IX e X), mas procedente, anulará o ato administrativo e determinará
nunca ao Judiciário. que outro seja proferido com ou sem a aplicação da
súmula, conforme o caso (art. 103‑A da CF).
Quanto ao Órgão que o Exerce – Pedido de Reconsideração: solicitação de reexame
dirigida à mesma autoridade que praticou o ato.
No exercício de suas funções, a administração pública se – Recurso Hierárquico Próprio: por decorrer da hie‑
sujeita ao controle dos Poderes Legislativo e Judiciário, além rarquia, deve ser dirigido à autoridade ou instância
de exercer, ela mesma, o controle sobre os próprios atos.144 superior do mesmo órgão administrativo em que foi
praticado o ato (Lei nº 9.784/1999).
Controle Administrativo – Recurso Hierárquico Impróprio: dirigido à autoridade
É exercido pelo Executivo, mas também pode ser ou órgão estranho à repartição que expediu o ato
exercido pelos órgãos administrativos do Legislativo e do recorrido, mas com competência julgadora expres‑
Judiciário, sob os aspectos de legalidade e mérito, por sa148. Ocorre esse tipo de recurso impróprio no caso
iniciativa própria (autotutela) ou mediante provocação.145 da reclamação administrativa, proposta perante o
Supremo Tribunal Federal, pois é órgão diverso do
Meios de Controle qual a decisão foi emanada.
• Fiscalização Hierárquica – É a exercida pelos órgãos – Revisão: é o recurso de que se utiliza o servidor
superiores sobre os inferiores integrantes da mesma público, punido pela Administração, para reexame
Administração. É meio de controle inerente ao poder da decisão, em caso de surgirem fatos novos ou
hierárquico (autotutela).146 circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a
• Supervisão Ministerial  – Aplicável geralmente nas inadequação da sanção aplicada ou de demonstrar a
entidades de administração indireta vinculadas a sua inocência (art. 65 da Lei nº 9.784/1999 e art. 174
um Ministério (Decreto‑Lei nº 200/1967, art. 19). da Lei nº 8.112/1990).149
Observe‑se que supervisão não é a mesma coisa que
subordinação, trata‑se de controle finalístico (tutela). Prescrição Administrativa
Noções de Direito Administrativo

A tutela corresponde ao controle exercido pela Admin- Significa a perda do prazo, diferente da decadência, que
istração sobre entidade integrante da Administração é a perda do direito. Administrativamente, pode ser, entre
indireta, com o objetivo de garantir a observância de outros, a perda do prazo para recorrer da decisão adminis‑
suas finalidades institucionais.147 trativa; a perda do prazo para a Administração rever seus
• Recursos Administrativos  – São meios hábeis que próprios atos; a perda do prazo para aplicação de penalida‑
podem ser utilizados para provocar o reexame do ato des administrativas.
administrativo, pela própria Administração Pública. Em
regra, o efeito é devolutivo, ou seja, devolve o exame Coisa Julgada Administrativa
Significa apenas que a decisão se tornou irretratável
143
Cespe/TRE-MS/Analista Judiciário/Área Judiciária/2013. pela própria Administração, podendo ser revista pelo Poder
144
Cespe/TRE-MS/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2013. Judiciário.
145
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRE-RS/Analista Judiciário/Área
Judiciária/2010 e FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área Judiciária/Analista
Judiciário/Área Judiciária/Execução de Mandatos/2010. 148
Assunto cobrado na prova da FCC/Procuradoria Geral do Estado do Amazonas/
146
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-MS/Analista Judiciário/Área Adminis‑ Procurador do Estado de 3ª Classe/2010.
trativa/2013. 149
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-Acre/Técnico Judiciário/Área Adminis‑
147
FCC/TCE-SP/Auditor/2013. trativa/2010.

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Controle Legislativo instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas
É o exercido pelos órgãos legislativos ou por Comis‑ as nomeações para cargo de provimento em comissão,
sões Parlamentares sobre determinados atos do Poder bem como a das concessões de aposentadorias, refor‑
Executivo.150 mas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores
que não alterem o fundamento legal do ato concessório;
Meios de Controle IV  – realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos
• Controle Político – Tem por base a possibilidade de Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica
fiscalização sobre atos ligados à função administrativa ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza
e organizacional do Poder Executivo e do Poder Judi‑ contábil, financeira, orçamentária, operacional e pa‑
ciário. A instauração de CPIs, a oitiva de testemunhas trimonial, nas unidades administrativas dos Poderes
e indiciados, a competência do Congresso Nacional Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades
para sustar os atos do Poder Executivo que exorbitem referidas no inciso II;
do poder regulamentar ou dos limites de delegação V – fiscalizar as contas nacionais das empresas suprana‑
legislativa (art. 49, V, da CF) e outros procedimentos cionais de cujo capital social a União participe, de forma
apuratórios fazem parte do rol do controle político do direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;
Poder Legislativo (art. 58, § 3º, da CF). VI  – fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos
• Controle financeiro – É o controle exercido pelo Con‑ repassados pela União mediante convênio, acordo,
gresso Nacional, com o auxílio do Tribunal de Contas da ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado,
União, sobre os atos do Executivo e do Judiciário (controle ao Distrito Federal ou a Município;
externo) e sobre sua própria administração (controle VII  – prestar as informações solicitadas pelo Con‑
interno) no que se refere à gestão dos recursos públicos. gresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por
qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscali‑
Áreas fiscalizadas: contábil, financeira, orçamentária, zação contábil, financeira, orçamentária, operacional
operacional e patrimonial da União e das entidades da admi‑ e patrimonial e sobre resultados de auditorias e
nistração direta e indireta quanto à legalidade, legitimidade, inspeções realizadas;
economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de VIII – aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade
receitas (art. 70 da CF). de despesa ou irregularidade de contas, as sanções
previstas em lei, que estabelecerá, entre outras comi‑
Subvenções Valores repassados pelo Poder Público para subsídio e nações, multa proporcional ao dano causado ao erário;
incremento de atividades de interesse social, tais como
assistência social, hospitalar e educacional. IX – assinar prazo para que o órgão ou entidade adote
Renúncia de Por meio da renúncia fiscal (perdão de dívidas).
as providências necessárias ao exato cumprimento
receitas da lei, se verificada ilegalidade;
X  – sustar, se não atendido, a  execução do ato
Abrangência do Controle impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos
O controle abrange não só os Poderes Constitucionais, Deputados e ao Senado Federal;
mas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, XI – representar ao Poder competente sobre irregula­
que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinhei‑ ridades ou abusos apurados.
ro, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, §  1º No caso de contrato, o  ato de sustação será
ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza adotado diretamente pelo Congresso Nacional,
pecuniária (art. 70, parágrafo único, da CF). que solicitará, de imediato, ao  Poder Executivo as
medidas cabíveis.
As Atribuições dos Tribunais de Contas § 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no
No controle externo da administração financeira, orça‑ prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previs‑
mentária e da gestão fiscal é que se inserem as principais tas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.
atribuições dos nossos Tribunais de Contas, como órgãos in‑ § 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação
dependentes, mas auxiliares dos Legislativos e colaboradores de débito ou multa terão eficácia de título executivo.
dos Executivos. A Constituição Federal elencou, no art. 71, § 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional,
as atribuições dos Tribunais de Contas da União. São elas: trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.
Art.  71. O  controle externo, a  cargo do Congresso Salvo no tocante ao controle da gestão fiscal e na forma
Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de da Lei Complementar nº 101/2000, a atuação dos Tribunais
Contas da União, ao qual compete: de Contas deve ser a posteriori, não tendo apoio constitu‑
I  – apreciar as contas prestadas anualmente pelo cional qualquer controle prévio sobre atos ou contratos da
Noções de Direito Administrativo

Presidente da República, mediante parecer prévio Administração direta ou indireta, nem sobre a conduta de
que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar particulares que tenham gestão de bens ou valores públicos,
de seu recebimento; salvo as inspeções e auditorias in loco, que podem ser rea‑
II  – julgar as contas dos administradores e demais lizadas a qualquer tempo.
responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos As atividades dos Tribunais de Contas expressam-se
da administração direta e indireta, incluídas as funda‑ fundamentalmente em funções técnicas opinativas, verifi‑
ções e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder cadoras, assessoradoras e jurisdicionais administrativas, de‑
Público federal, e  as contas daqueles que derem sempenhadas simetricamente tanto pelo Tribunal de Contas
causa a perda, extravio ou outra irregula­ridade de da União quanto pelos Tribunais dos Estados-membros, do
que resulte prejuízo ao erário público; Distrito Federal e dos Municípios que os tiverem.
III  – apreciar, para fins de registro, a  legalidade dos
atos de admissão de pessoal, a  qualquer título, na
Controle Judicial
administração direta e indireta, incluídas as fundações
É o poder de fiscalização que o Judiciário exerce especifica‑
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área
150
mente sobre a atividade administrativa do Estado. Alcança, ba‑
Judiciária/Analista Judiciário/Área Judiciária/Execução de Mandatos/2010. sicamente, os atos administrativos do Exe­cutivo, mas também

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
examina os atos do Legislativo e do próprio Judiciário quando e os fundamentos políticos do ato, adentre seu conteúdo e
realiza atividade administrativa151. É vedado ao Judiciário apre‑ valore seus motivos. Necessário se faz, portanto, que não
ciar o mérito administrativo, restringe‑se apenas ao controle sejam excedidos os limites discricionários demarcados ao
da legalidade e da legitimidade do ato impugnado.152 órgão ou autoridade para a prática do ato.
O controle judicial da administração pública, no Brasil, é Atos Legislativos: os atos legislativos, ou seja, as  leis
realizado com base no sistema da unidade de jurisdição.153 propriamente ditas (normas em sentido formal e material),
Assim, apesar de a decisão executória da administração não ficam sujeitos à anulação judicial pelos meios proces‑
pública dispensar a intervenção prévia do Poder Judiciário, suais comuns, mas sim pela via especial da ação direta de
não há impedimento para que ocorra o controle judicial inconstitucionalidade bem como pela ação declaratória de
após a realização do ato.154 constitucionalidade, tanto para leis em tese como para atos
De acordo com a doutrina, os atos administrativos podem normativos.Somente pela via constitucional da represen‑
estar sujeitos a controle comum ou especial. tação de inconstitucionalidade (art. 102, I, a) e através do
processo especial estabelecido pela Lei nº 4.337, de 1º de
Atos sujeitos a controle comum junho de 1964, promovido pelas pessoas e órgãos indicados
Os atos sujeitos a controle judicial comum são os admi‑ (art. 103), é que o STF pode declarar a inconstitucionalidade
nistrativos em geral. No nosso sistema de jurisdição única da lei em tese ou de qualquer outros ato normativo.
consagrado pelo preceito constitucional de que não se pode Atos interna corporis: os atos interna corporis das Câ‑
excluir da apreciação do poder judiciário qualquer lesão maras também são vedados a revisto judicial comum, mas
ou ameaça a direito (art.  5, inciso XXXV), a  justiça tem a é preciso que se entenda em seu exato conceito e nos seus
faculdade de julgar todo ato de administração praticado por justos limites, o significado de tais atos. Em sentido técnico‑
agente de qualquer dos órgãos ou Poderes de Estado. Sua -jurídico, interna corporis não é tudo que provém do seio
limitação é apenas quanto ao objeto do controle, que há de da Câmara ou de suas deliberações. Interna corporis são só
ser unicamente a legalidade, sendo-lhe vedado pronunciar-se aquelas questões ou assuntos que entendem direta e imedia‑
sobre conveniência, oportunidade ou eficiência do ato em tamente com a economia interna da corporação legislativa,
exame, ou seja, sobre o mérito administrativo. com seus privilégios e com a formação ideológica da lei,
Atos sujeitos a controle especial que, por sua própria natureza, são reservados à exclusiva
Enquanto os atos administrativos em geral expõem-se à apreciação e deliberação do Plenário da Câmara. Tais são os
revisão comum da justiça, outros existem que, por sua ori‑ atos de escolha da Mesa (eleições internas), os de verificação
gem, fundamento, natureza ou objeto, ficam sujeitos a um de poderes e incompatibilidade de seus membros (cassação
controle especial do Poder Judiciário, e tais são os chamados de mandatos, concessão de licenças etc.) e os de utilização
atos políticos, os atos legislativos e os atos interna corporis. de suas prerrogativas institucionais (modo de funcionamento
Atos políticos: atos políticos são os que, praticados por da Câmara, elaboração de regimento, constituição de comis‑
agentes do Governo, no uso de competência constitucional, sões, organização de serviços auxiliares etc.) e a valoração
se fundam na ampla liberdade de apreciação da conveni‑ das votações.
ência ou oportunidade de sua realização, sem se aterem a Daí não podemos concluir que tais assuntos afastam, por
critérios jurídicos preestabelecidos. São atos governamentais si sós, a revisão judicial. O que o Poder Judiciário não pode é
por excelência, e não apenas de administração. São atos de substituir a deliberação da Câmara por um pronunciamento
condução dos negócios públicos, e  não simplesmente de judicial sobre o que é da exclusiva competência discricionária
execução de serviços públicos. Daí seu maior discriciona‑ do Plenário, da Mesa ou da Presidência. Mas pode confrontar
rismo e, consequentemente, as  maiores restrições para o sempre o ato praticado com as prescrições constitucionais,
controle judicial. Mas nem por isso afastam a apreciação da legais ou regimentais que estabeleçam condições, forma ou
justiça quando arguidos de lesivos a direito individual ou ao rito para seu cometimento.
patrimônio público.
Todos os poderes de Estado são autorizados constitucio‑ Meios de Controle
nalmente a praticar determinados atos, em determinadas • Ação Popular (art. 5º, LXXIII, CF)  – Objetiva a anu‑
circunstâncias, com fundamento político. Nesse sentido, lação ou a declaração de nulidade de atos lesivos
pratica ato político o Executivo quando veta um projeto de ao Patrimônio Público, à moralidade Administrativa,
lei, quando nomeia Ministro de Estado, quando concede ao Meio Ambiente, ao Patrimônio Histórico e Cultural.
indulto. O legislativo pratica-o quando rejeita veto, aprova A propositura cabe a qualquer cidadão (brasileiro) no
contas. O judiciário pratica-o quando propõe a criação de exercício de seus direitos políticos.
tribunais inferiores, quando escolhe advogado e membro • Ação Civil Pública (art. 129, III, CF – Lei nº 7.347/1985) –
do Ministério Público para compor o quinto constitucional. Visa proteger o patrimônio público e social, o meio am‑
Em todos esses exemplos são as conveniências do Estado biente e outros direitos difusos e coletivos; é ajuizada
que comandam o ato e infundem caráter político que o pelo Ministério Público.
Noções de Direito Administrativo

torna insuscetível de controle judicial quanto à valoração de • Habeas Corpus (art. 5º, LXVIII, CF  – Visa proteger
seus motivos. Nenhum ato do Poder Público deixará de ser o direito de locomoção. Sempre que alguém sofrer
examinado pelo poder judiciário quando arguida sua incons‑ (HC Repressivo) ou se achar ameaçado de sofrer (HC
titucionalidade ou for lesivo de direito subjetivo de alguém. Preventivo) violência ou coação em sua liberdade de
Não basta a simples alegação de que se trata de ato político locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
para tolher o controle judicial, pois será sempre necessário • Habeas Data (art. 5º, LXXII, CF) – Visa proteger o direi‑
que a própria justiça verifique a natureza do ato e suas conse‑ to a ter informações relativas à pessoa do impetrante,
quências perante o direito individual do postulante. O que se constante de registro ou banco de dados de entidades
nega ao Poder Judiciário é, depois de ter verificado a natureza governamentais ou de caráter público; serve também
para retificação de dados, quando não se prefira fazê‑lo
151
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto
– II/2010. por processo sigiloso, judicial ou administrativamente.
152
Assunto cobrado na prova do Cespe/Tribunal de Contas-RO/Procurador do A propositura da ação é gratuita. É uma ação persona‑
Ministério Público/2010. líssima.
153
Cespe/DPE-TO/2013.
154
Cespe/Prefeitura Municipal de Boa Vista-RR/Analista Municipal/Procurador • Mandado de Injunção (art. 5º, LXXI, CF) – Utilizado sem‑
Municipal/2010. pre que a falta de norma regulamentadora torne inviável

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o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das Ressaltar que o foco aqui será mais voltado para o servi‑
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e dor público em sentido estrito, que também é considerado
à cidadania. Qualquer pessoa (física ou jurídica) pode uma espécie de agente público.
impetrar, sempre por intermédio de um advogado. É importante ressaltar que os militares não serão objeto
• Mandado de Segurança Individual (art. 5º, LXIX, de estudo, pois possuem regimes próprios (a Emenda Cons‑
CF  – Lei nº 12.016/2009)  – Visa proteger direito lí‑ titucional nº 18 retirou deles a expressão “servidores”), e
quido e certo não amparado por HC ou HD, quando também os Empregados Públicos da Administração indireta,
o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for que atuam nas Sociedades de Economia Mista e nas Empre‑
autoridade, seja de que categoria for e sejam quais sas Públicas, pois são regidos pelo Decreto-Lei nº 5.452, de
forem as funções que exerça. 1943, ou seja, a Consolidação das Leis Trabalhistas  (CLT).
Líquido e Certo: o direito não suscita dúvidas, está
isento de obscuridades. Servidor Público
Qualquer pessoa física ou jurídica pode impetrar, mas
somente por intermédio de um advogado. Em sentido estrito, é todo aquele que mantém uma re‑
• Mandado de Segurança Coletivo (art. 5º, LXX, CF – lação jurídica de cunho permanente com o Estado, por meio
Lei nº 12.016/2009) – Instrumento que visa proteger de uma função pública. Ele Atua na prestação de serviços
direito líquido e certo de uma coletividade, quando o públicos para atender à função estatal e é regido por um
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for au‑ estatuto jurídico.
toridade, seja de que categoria for e sejam quais forem A administrativista Maria Sílvia Z. Di Pietro afirma que
as funções que exerça. Legitimidade para impetrar MS servidores públicos são: “as pessoas que prestam serviços,
Coletivo: Organização Sindical, entidade de classe ou com vínculo empregatício, à Administração Pública direta,
associação legalmente constituída e em funcionamen‑ autarquias e fundações públicas”.
to a pelo menos 1 ano, assim como partidos políticos
com representação no Congresso Nacional. Objetivo:
defesa do interesse dos seus membros ou associados.
O Servidor Público Estatutário
A Constituição Federal da República menciona os ser‑
Súmulas Aplicáveis vidores com cargo em comissão, o temporário e o concur‑
sado. Logo, estudaremos o servidor concursado que será
Súmula nº 266/STF: “Não cabe mandado de segurança detentor de cargo efetivo, regido por meio de um estatuto
contra lei em tese.” jurídico.
Súmula nº 267/STF: “Não cabe mandado de segurança Necessário se faz conceituar a expressão estatuto. Ele
contra ato judicial passível de recurso ou correição.” é uma das espécies de cuja característica é a de regular
Súmula nº 268/STF: “Não cabe mandado de segurança relações, no nosso caso, do servidor com a administração,
contra decisão judicial com trânsito em julgado.” tratando de seus direitos, deveres e responsabilidades.
Súmula nº 429/STF: “A existência de recurso administra‑ O servidor estatutário não promove um contrato com a
tivo com efeito suspensivo não impede o uso do mandado Administração Pública, seja federal ou estadual, pois não há
de segurança contra omissão da autoridade.” um acordo de vontades e, sim, a vontade da lei.
Súmula nº 430/STF: “Pedido de reconsideração na via
As entidades federativas podem criar seus próprios es‑
administrativa não interrompe o prazo para o mandado de
tatutos jurídicos inerentes aos seus servidores, mas em re‑
segurança.”
gra  têm como parâmetros a Lei Federal nº 8.112/1990, que
Súmula nº 2/STJ: “Não cabe habeas data se não houve re‑
trata dos servidores públicos federais.
cusa de informações por parte da autoridade administrativa.”
Segundo preceitua a referida lei, servidor é “a pessoa
legalmente investida em cargo público”.
Maurício Nicácio
Cargo Público
Agente Administrativo
O conceito de cargo público, segundo o Regime Jurídico
Segundo Marcelo Caetano (Manual de Direito Adminis- do Servidor Público Federal é “o conjunto de atribuições e
trativo, Volume II, 1999, p. 641), agente administrativo é o responsabilidades previstas na estrutura organizacional que
“indivíduo que por qualquer título exerça actividade ao ser‑ devem ser cometidas a um servidor”.
viço das pessoas colectivas de direito público, sob a direcção Ainda em relação aos cargos públicos, o candidato deve
Noções de Direito Administrativo

dos respectivos órgãos”. ter ciência do seguinte:


Ante o exposto, pelo ilustre administrativista, podemos • eles são acessíveis a todos os brasileiros;
dizer que é a pessoa física que tem a incumbência de pro‑ • devem ser criados por lei (decretos não podem criar
mover atividades conforme as atribuições dadas pela Admi‑ cargos);
nistração Pública. • têm que ter denominação própria;
• e devem ser pagos pelos cofres públicos, tanto para
A Função Pública cargo de provimento efevo, como também para os
cargos em comissão.
É a competência, ou seja, é uma atribuição ou um encargo
para que se possa exercer uma determinada função estatal. Enfim, o referido estatuto jurídico proíbe a prestação de
Mister se faz ressaltar, que esta função em comento deve serviços gratuitos, a não ser nos casos previstos em lei.
visar atingir o interesse público, ou melhor, atingir a coleti‑ Existem os cargos isolados e os de carreira. Segundo o
vidade em geral. A administrativista Maria Sylvia Zanella Di saudoso mestre Hely Lopes Meirelles, cargo isolado é o tipo
Pietro conceitua a “função Pública” como “um o conjunto de de cargo que não vem a ser escalonado em classes, tendo a
atribuições às quais não corresponde um cargo ou emprego”. natureza de ser único.

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O cargo de carreira vem a ser aquele, nas palavras do • fundo de garantia do tempo de serviço (FGTS);
mestre, que pode ser escalonado em classes, que é a junção • salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado,
de cargos da mesma da área (profissão). capaz de atender as suas necessidades vitais básicas e
às de sua família com moradia, alimentação, educação,
Requisitos para Investidura em Cargos Públicos saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdên‑
cia social, com reajustes periódicos que lhe preservem
Segundo o Estatuto do Servidor Público Federal deve-se o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para
comprovar: qualquer fim;
• a nacionalidade; • irredutibilidade do salário, salvo o disposto em con‑
• estar em gozo dos direitos políticos; venção ou acordo coletivo;
• estar em dia com as obrigações militares e eleitorais; • garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os
• o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo; que percebem remuneração variável;
• ter a idade mínima de dezoito anos; • décimo terceiro salário com base na remuneração in‑
• ter aptidão física e mental. tegral ou no valor da aposentadoria;
• remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
Urge ressaltar que as atribuições do cargo também po‑ • salário-família pago em razão do dependente do tra‑
dem trazer a necessidade de outros requisitos, desde que balhador de baixa renda nos termos da lei;
haja previsão em lei. • duração do trabalho normal não superior a oito ho‑
ras diárias e quarenta e quatro semanais, facultada
Concurso Público a compensação de horários e a redução da jornada,
mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;
Sabe-se que o concurso público é obrigatório para ad‑ • jornada de seis horas para o trabalho realizado em
missão de servidores detentores de cargo efetivo na Admi‑ turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação
nistração Pública. coletiva.
Um comando constitucional, afirma que o prazo de vali‑
dade dos concursos públicos será de até 2 (dois) anos, pror‑ A Constituição de 1988 também preceitua no seu art. 37,
rogável uma única vez por igual período. A data do início da caput, os princípios da administração, que são: legalidade,
contagem do prazo é da homologação. impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
Todos que atuam na Administração Pública, indepen‑
Da Posse dentemente da esfera que atuam, devem obedecer a estes
princípios.
A posse se configura pela assinatura do termo, que de‑ Logo é dever também de todo o empregado público
verão estar insertos: obedecer:
• as atribuições do cargo;
• os deveres inerentes ao servidor; A Legalidade: o agente público deve obedecer aos di‑
• as responsabilidades que cabem ao servidor; tames legais, e caso não cumpra a determinação do Cons‑
• os direitos relativos ao cargo ocupado. tituinte Originário de obedecer ao princípio da legalidade,
ele poderá ser responsabilizado nas esferas administrativa,
O termo de posse não poderá ser alterado unilateral‑ civil e penal.
mente, por qualquer das partes, ressalvados os atos de ofício
previstos em lei. A Impessoalidade: alguns administrativistas consideram
a “finalidade”. Este princípio obriga o agente público a atuar
Do Exercício sempre visando o interesse público e nunca atuar em seu pró‑
prio benefício, pois a Administração visa o interesse público.
É o efetivo desempenho das atribuições do cargo público
ou da função de confiança. A Moralidade: se o agente público atua de forma im‑
pessoal e busca o bem comum, ele está atuando conforme
Do Provimento a vontade do Constituinte, ou seja, estará dentro da “moral”,
que deve nortear todo o serviço público.
A lei preceitua as maneiras legais de preencher, comple‑ A Publicidade: a regra é que os atos administrativos de‑
tar, ou seja, “prover” os cargos que estão vagos. vam ser públicos, ou seja, devem ser divulgados, e assim ser
A única forma de provimento originário é a nomeação, do conhecimento de todos, pois a Administração Pública visa
Noções de Direito Administrativo

ou seja, sem a ocorrência desta não poderão ocorrer as de‑ o bem comum, logo não se pode permitir que a publicidade
mais. Ela será para cargo efetivo ou em comissão, inclusive seja pessoal (do agente público).
na condição de interino.
A Eficiência: este princípio não é oriundo do Constituinte
Direitos e Deveres dos Empregados Públicos Originário, sendo assim que vai inseri-lo no caput do art. 37
é o Constituinte Derivado.
Os direitos inerentes aos empregados públicos encon‑ Este princípio refere-se a atuação do agente público, que
tram respaldo na Constituição Federal de 1988, art. 7º, e deverá ser efetiva, buscando sempre a perfeição, concreti‑
na Consolidação das Leis do Trabalho. Sendo alguns deles: zando assim a função estatal, que não só é prestar o serviço
• relação de emprego protegida contra despedida ar‑ público, mas, sim, um bom serviço público.
bitrária ou sem justa causa, nos termos de lei com‑
plementar, que preverá indenização compensatória, Logo, ante o exposto, podemos perceber que o empre‑
dentre outros direitos; gado público também tem o dever de agir, de probidade e
• seguro-desemprego, em caso de desemprego involun‑ de eficiência, que estão presentes nos princípios do caput
tário; do art. 37 da CF/1988.

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REGIME JURÍDICO DO SERVIDOR PÚBLICO do processo legislativo não alteraram substancial‑
mente o sentido das proposições ao final aprovadas
FEDERAL (LEI nº 8.112/1990)
e de que não há direito adquirido à manutenção de
regime jurídico anterior. (ADI 2.135-MC, Rel. p/o ac.
Considerações Iniciais Min. Ellen Gracie, julgamento em 2/8/2007, Plenário,
DJE de 7/3/2008)
A Lei nº 8.112, que é uma lei federal, veio instituir em
1990 o Regime Jurídico Único (RJU), pois o seu texto origi‑ Das Disposições Preliminares, Provimento,
nal só previa servidores “dentro” da administração direta,
Vacância, Remoção, Redistribuição e Substituição
autárquica e fundacional federais.
Com o advento da Emenda Constitucional nº  19, em
Servidor
1998, o regime deixa de ser único e passa a ser considerado
É importante ter ciência do conceito de servidor público,
por alguns doutrinadores como administrativo, pois houve que segundo a Lei nº 8.112/1990, é “a pessoa legalmente
o permissivo de poderem conviver empregados públicos e investida em cargo público”.
servidores públicos na administração direta, autarquias e Nesse sentido, para os efeitos da Lei n° 8.112/1990, ser-
fundações públicas federais155. Porém, a referida emenda vidor público é o ocupante de cargo público, conceituação
sofreu um vício de forma e foi declarada inconstitucional que abrange os ocupantes de cargo em comissão e função
no art. 39 da Constituição Federal de 1988, logo o regime de confiança157.
voltou a ser único, ou seja, hoje só podem existir servidores Esse conceito perante a visão dos administrativistas
públicos na administração direta, autárquica e fundacional. não é amplo, pois os doutrinadores seguem conceitos mais
Apesar de, em decisão liminar, o Supremo Tribunal apurados e abrangentes (lato sensu) sobre o que vem a ser
Federal (STF) ter reconhecido a existência de vícios na o servidor, mas em concursos públicos, em relação às per‑
emenda constitucional que alterou o art. 39 da CF, e de ter guntas inerentes à Lei nº 8.112/1990, o candidato deve ter
restabelecido o regime jurídico único, foram mantidas as em mente o conceito legal.
contratações de agentes pelo regime trabalhista, por parte
da administração pública direta, autárquica e fundacional, Cargo Público
no período compreendido entre a promulgação desta Às vezes as bancas cobram o conceito de cargo público,
emenda constitucional e aquela decisão da Corte156. que segundo o Regime Jurídico do Servidor Público Federal
A decisão sobre a inconstitucionalidade pelo STF teve é “o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas
na estrutura organizacional que devem ser cometidas a
efeito não retroativo (ex nunc), logo a Lei nº  9.962/2000
um servidor”158.
ainda regulamenta os empregados na administração direta,
Ainda em relação aos cargos públicos, o candidato deve
autárquica e fundacional federais. ter ciência do seguinte:
• eles são acessíveis a todos os brasileiros;
JURISPRUDÊNCIA: • devem ser criados por lei (decretos não podem criar
A matéria votada em destaque na Câmara dos Depu‑ cargos);
tados no DVS 9 não foi aprovada em primeiro turno, • têm que ter denominação própria; e
pois obteve apenas 298 votos e não os 308 necessá‑ • devem ser pagos pelos cofres públicos, tanto para
rios. Manteve-se, assim, o então vigente caput do art. cargo de provimento efetivo, como também para os
39, que tratava do regime jurídico único, incompatível cargos em comissão.
com a figura do emprego público. O deslocamento do
texto do § 2º do art. 39, nos termos do substitutivo Enfim, a Lei nº 8.112/1990 proíbe a prestação de servi‑
aprovado, para o caput desse mesmo dispositivo ços gratuitos, a não ser nos casos previstos em lei159.
representou, assim, uma tentativa de superar a não É oportuno mencionar que o legislador da Lei
aprovação do DVS 9 e evitar a permanência do regime nº 8.112/1990 não definiu o que vem a ser “cargo de car‑
jurídico único previsto na redação original suprimida, reira” e “cargo isolado”, portanto, mister se faz buscar estes
circunstância que permitiu a implementação do con‑ conceitos na doutrina do Direito Administrativo.
trato de emprego público ainda que à revelia da regra Segundo o mestre Hely Lopes Meirelles, cargo isolado
constitucional que exige o quorum de três quintos é o tipo de cargo que não vem a ser escalonado em classes,
para aprovação de qualquer mudança constitucional. tendo a natureza de ser único.
Pedido de medida cautelar deferido, dessa forma, O cargo de carreira vem a ser aquele, nas palavras do
Noções de Direito Administrativo

quanto ao caput do art. 39 da CF, ressalvando-se, mestre, que pode ser escalonado em classes, que é a junção
em decorrência dos efeitos ex nunc da decisão, a de cargos da mesma da área (profissão).
subsistência, até o julgamento definitivo da ação,
da validade dos atos anteriormente praticados com Requisitos para investidura em cargos públicos
base em legislações eventualmente editadas durante Segundo o Estatuto do Servidor Público Federal deve-se
a vigência do dispositivo ora suspenso. [...] Vícios comprovar:
formais e materiais dos demais dispositivos constitu‑ • a nacionalidade;160
cionais impugnados, todos oriundos da EC 19/1998, • estar em gozo dos direitos políticos;
aparentemente inexistentes ante a constatação de • estar em dia com as obrigações militares e eleitorais;
que as mudanças de redação promovidas no curso
157
Cespe/TRE-RJ/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2012.
158
FCC/TST/Técnico Judiciário/Segurança Judiciária/2012.
155
Assunto cobrado na prova do Cespe/DPE-AL/Defensor Público de 1ª Clas‑ 159
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/TRE-PR/Analista Judiciário/
se/2009. Análise de Sistemas/2009 e Cespe/TRE-PR/Analista Judiciário/Médico/2009.
156
Assunto cobrado nas seguintes provas: Esaf/PFN/PGFN/2012 e Cespe/TEFC/ 160
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-RJ/Analista Judiciário/Administrativa/
TCU/Apoio Técnico e Administrativo/Técnica Administrativa/2012. Contabilidade/2012.

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• o nível de escolaridade exigido para o exercício do por candidatos não importa em nulidade do concurso
cargo;161 público se houver previsão no edital dessa modifica‑
• ter a idade mínima de dezoito anos;162 ção. [...] Não cabe ao Poder Judiciário, no controle
• ter aptidão física e mental.163 jurisdicional da legalidade, substituir-se à banca
examinadora do concurso público para reexaminar
Urge ressaltar que as atribuições do cargo também po‑ os critérios de correção das provas e o conteúdo
dem trazer a necessidade de outros requisitos, desde que das questões formuladas [...]. (MS 27.260, Rel. p/o
haja previsão em lei. ac. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 29/10/2009,
Das vagas para os portadores de deficiência Plenário, DJE de 26/3/2010.) Vide: MS 30.344-AgR,
A Constituição Federal de 1988, por meio do consti‑ Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 21/6/2011,
tuinte originário, deu um permissivo para que o legislador Segunda Turma, DJE de 1º/8/2011; RE 434.708, Rel.
Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 21/6/2005,
infraconstitucional trouxesse o percentual de vagas para os
Primeira Turma, DJ de 9/9/2005.
portadores de deficiência. A Lei nº 8. 112/1990 veio obe‑
decer este comando constitucional e preceitua que deverá O Supremo Tribunal Federal fixou entendimento no
ser de até 20 por cento164. sentido de que a eliminação do candidato de con‑
curso público que esteja respondendo a inquérito
Da situação do estrangeiro no serviço público federal ou ação penal, sem pena condenatória transitada em
A Constituição de 1988 também trouxe no seu corpo julgado, fere o princípio da presunção de inocência.
a possibilidade do estrangeiro poder prover cargos em (AI 741.101-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento
instituições de pesquisa tecnológicas e científicas, como em 28/4/2009, Segunda Turma, DJE de 29/5/2009)
professores, pesquisadores e também cientistas, mas re‑
Prazo de validade do concurso público
gulamentados por meio da Lei nº 8.112/1990165.
A Constituição não proíbe o acesso do estrangeiro, mas Sabe-se que o concurso público é obrigatório para ad-
ela restringe. missão de servidores na Administração Pública, podendo
deixar de ser exigido em algumas situações, citando-se
Observação: No Brasil, o cargo de diplomata não pode entre elas a contratação por tempo determinado, para
ser ocupado por um estrangeiro naturalizado brasileiro166. atender a necessidade temporária de excepcional interesse
público167.
JURISPRUDÊNCIA: A Lei nº 8.112/1990, por meio de comando constitucio‑
Nos termos da jurisprudência do STF, é cabível a in‑ nal, afirma que o prazo de validade dos concursos públicos
denização por danos materiais nos casos de demora será de até 2 (dois) anos, prorrogável uma única vez por
na nomeação de candidatos aprovados em concursos igual período. A data do início da contagem do prazo é da
públicos, quando o óbice imposto pela administra‑ homologação.
ção pública é declarado inconstitucional pelo Poder Súmulas sobre Concursos Públicos:
Judiciário. (RE 339.852-AgR, Rel. Min. Ayres Britto, É inconstitucional toda modalidade de provimento
julgamento em 26/4/2011, Segunda Turma, DJE de que propicie ao servidor investir-se, sem prévia
18/8/2011) aprovação em concurso público destinado ao seu
provimento, em cargo que não integra a carreira na
Não há violação aos princípios da isonomia e da qual anteriormente investido. (Súmula nº 685)
publicidade quando a divulgação das notas dos can‑
didatos em concurso público ocorre em sessão pú‑ É inconstitucional o veto não motivado à participação
blica, mesmo que em momento anterior ao previsto de candidato a concurso público. (Súmula nº 684)
no edital, ainda mais quando, como no caso, todos
A nomeação de funcionário sem concurso pode ser
forem informados de sua ocorrência. A inobservância
desfeita antes da posse. (Súmula nº 17)
de regra procedimental de divulgação de notas não
acarreta a nulidade de concurso público quando não
Funcionário nomeado por concurso tem direito à
demonstrado prejuízo aos concorrentes. (AO 1.395-
posse. (Súmula nº 16)
ED, Rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 24/6/2010,
Noções de Direito Administrativo

Plenário, DJE de 22/10/2010)


Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato
A modificação de gabarito preliminar, anulando aprovado tem direito à nomeação, quando o cargo
questões ou alterando a alternativa correta, em de‑ for preenchido sem observância da classificação.
corrência do julgamento de recursos apresentados (Súmula nº 15)

161
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-RJ/Técnico Judiciário/Área Adminis‑
Da Posse
trativa/2012. A posse se configura pela assinatura do termo, que de‑
162
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-RJ/Técnico Judiciário/Área Adminis‑ verão estar insertos:
trativa/2012.
163
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TST/Técnico Judiciário/Apoio • as atribuições do cargo;
Especializado/Programação/2012 e Coperve/UFSC/Secretário Executivo/2011. • os deveres inerentes ao servidor;
164
Assunto cobrado nas seguintes provas: Funrio/MJ/Administrador/2009 e FCC/ • as responsabilidades que cabem ao servidor;
TRT 4ª Região/Técnico Judiciário – Segurança/2011.
165
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/TRE-MS/Técnico Judiciário/ • os direitos relativos ao cargo ocupado.
Administrativa/Contabilidade/2013, Funrio/MPOG/Analista Técnico Adminis‑
trativo – Administraçao/2009 e Cespe/CNPq/Assistente 1/2011.
166
Assunto cobrado na prova do Cespe/MPS/Administrador/2010. Instituto Cidades/DPE-AM/Defensor Público/2011.
167

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A lei afirma que o termo de posse não poderá ser alterado Caso o servidor não cumpra o prazo supra ele será exo‑
unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados os atos nerado do cargo ou será tornado sem efeito o ato de sua
de ofício previstos em lei. designação para função de confiança176.
O servidor aprovado em concurso, segundo a juris‑ A título de exemplo: Rivaldo Batera prestou concurso
prudência, tem o direito subjetivo à nomeação, desde público e foi classificado em 1º lugar. Foi nomeado, passou
que tenha sido aprovado dentro do número de vagas do por inspeção médica, tomou posse e deixou decorrer in albis
certame168. o prazo para entrar em exercício. Nessa situação, Rivaldo
Ao ser nomeado, a publicidade será por meio de diário será exonerado177.
oficial e o servidor terá 30 dias para tomar posse169.
É salutar para o candidato, e  também para o candi‑ Do Provimento
dato já servidor, ter conhecimento que a lei trata de uma A lei preceitua as maneiras legais de preencher, com‑
exceção para o prazo da posse, ou seja, caso ele esteja pletar, ou seja, “prover” os cargos que estão vagos. Ela
em gozo de férias; licença para tratamento de saúde de enumera sete institutos. São eles: Nomeação, Promoção,
pessoa da família; licença para capacitação; licença para o Aproveitamento, Reintegração, Readaptação, Reversão e
a Recondução178.
serviço militar; participação em programa de treinamento
As bancas, em regra, cobram o que vem a ser cada for‑
regularmente instituído, conforme dispuser o regulamento;
ma de provimento, logo é salutar ter sempre em mente os
júri e outros serviços obrigatórios por lei; licenças gestante, conceitos de cada uma destas formas:
adotante e paternidade, para tratamento da própria saúde,
até o limite de vinte e quatro meses, cumulativo ao longo Nomeação
do tempo de serviço público prestado à União, em cargo
de provimento efetivo; por motivo de acidente em serviço JURISPRUDÊNCIA:
ou doença profissional;  para capacitação e finalmente Dentro do prazo de validade do concurso, a admi‑
por convocação para o serviço militar, o servidor terá o nistração poderá escolher o momento no qual se
prazo de 30 dias contados após o término destes eventos realizará a nomeação, mas não poderá dispor sobre
impeditivos e não necessariamente do ato de nomeação a própria nomeação, a qual, de acordo com o edital,
publicado no diário oficial. passa a constituir um direito do concursando apro‑
Observações importantes inerentes à posse. São elas: vado e, dessa forma, um dever imposto ao Poder
• Só poderá ocorrer a posse nos casos de provimento Público. Uma vez publicado o edital do concurso com
de cargo por nomeação170. número específico de vagas, o ato da administração
• Deverá declarar os bens e valores que constituem o que declara os candidatos aprovados no certame cria
um dever de nomeação para a própria administração
patrimônio.
e, portanto, um direito à nomeação titularizado pelo
• Declarar ter ou não ter exercício em outro cargo, candidato aprovado dentro desse número de vagas.
emprego ou função pública. [...] O dever de boa-fé da administração pública
• A posse dependerá de prévia inspeção médica ofi‑ exige o respeito incondicional às regras do edital,
cial171. inclusive quanto à previsão das vagas do concurso
• O servidor empossado já ocupa cargo público, ainda público. Isso igualmente decorre de um necessário e
que não tenha entrado em exercício172. incondicional respeito à segurança jurídica como prin‑
cípio do Estado de Direito. Tem-se, aqui, o princípio
Do Exercício da segurança jurídica como princípio de proteção à
É o efetivo desempenho das atribuições do cargo públi‑ confiança. Quando a administração torna público um
edital de concurso, convocando todos os cidadãos a
co ou da função de confiança173.
participarem de seleção para o preenchimento de
Após ocorrer a investidura no cargo com a posse, o ser‑ determinadas vagas no serviço público, ela impre‑
vidor terá o prazo de quinze dias para entrar em exercício174. terivelmente gera uma expectativa quanto ao seu
A título de exemplo: Deocleciano foi empossado como comportamento segundo as regras previstas nesse
servidor efetivo do cargo público “X”. De acordo com a Lei edital. Aqueles cidadãos que decidem se inscrever
nº 8.112/1990, Deocleciano terá o prazo de quinze dias para e participar do certame público depositam sua con‑
entrar em exercício, contados da data da posse175. fiança no Estado administrador, que deve atuar de
forma responsável quanto às normas do edital e ob‑
168
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-MS/Analista Judiciário/Área Judiciá‑ servar o princípio da segurança jurídica como guia de
comportamento. Isso quer dizer, em outros termos,
Noções de Direito Administrativo

ria/2013.
169
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRE-AP/Analista Judiciário – Con‑
tabilidade/2011, FCC/TRE-AM/Técnico Judiciário – Área Administrativa/2010,
que o comportamento da administração pública no
FCC/TRT 7ª Região/Técnico Judiciário – Administrativa/2009, FCC/TRE-PI/ decorrer do concurso público deve se pautar pela
Analista Judiciário/2009 e FCC/TRF 4ª Região/Técnico Judiciário – Área Admi‑ boa-fé, tanto no sentido objetivo quanto no aspecto
nistrativa/2010.
170
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRE-AM/Técnico Judiciário – Área subjetivo de respeito à confiança nela depositada
Administrativa/2010, FCC/TRE-PI/Analista Judiciário/2009 e FCC/TRF 4ª Região/ por todos os cidadãos. [...] Quando se afirma que a
Técnico Judiciário – Área Administrativa/2010. Administração Pública tem a obrigação de nomear os
171
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 7ª Região/Técnico Judiciário
– Administrativa/2009 e FCC/TRE-AM/Técnico Judiciário – Área Administrati‑
va/2010. 176
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/Bacen/Procurador/2009 e
172
Cespe/Seplag-Seapa/2009. Consulplan/TSE/fevereiro/2012.
173
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRF 4ª Região/Técnico Judiciário 177
Vunesp/TJ-SP/Juiz/2011.
– Área Administrativa/2010, Cespe/TRF 1º Região/Juiz Federal Substituto e 178
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/Anatel/Técnico Administrati‑
Unemat/SAD-MT/Delegado de Polícia/2010/2009. vo/2012, FCC/TST/Técnico Judiciário/Administrativa/2012, Esaf/MDIC/ACE/Gru‑
174
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 7ª Região/Técnico Judiciário po 1/2012, Cespe/TRE-RJ/Técnico Judiciário/Apoio Especializado/Operação de
– Administrativa/2009, FCC/TRE-PI/Analista Judiciário/2009, Cespe/TRF 1º Computador/2012, FCC/TRE-AM/Técnico Judiciário – Área Administrativa/2010,
Região/Juiz Federal Substituto/2009 e FCC/TRE-AM/Técnico Judiciário – Área FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul/Técnico Judiciário – Área
Administrativa/2010. Administrativa, Analista Judiciário – Área Administrativa/2010 e Funrio/MPOG/
175
FCC/TRE-AP/Técnico Judiciário – Área Administrativa/2011. Analista Técnico Administrativo – Administraçao/2009.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
aprovados dentro do número de vagas previsto no É a forma de provimento sempre originária, ou seja, sem
edital, deve-se levar em consideração a possibilida‑ a ocorrência desta não poderão ocorrer as demais. Ela será
de de situações excepcionalíssimas que justifiquem para cargo efetivo ou em comissão, inclusive na condição
soluções diferenciadas, devidamente motivadas de de interino.
acordo com o interesse público. Não se pode ignorar
que determinadas situações excepcionais podem Promoção
exigir a recusa da Administração Pública de nomear Quando um servidor “cresce” no mesmo cargo, ou seja,
novos servidores. Para justificar o excepcionalíssi‑ “sobe” um degrau no mesmo cargo, ocorrerá a promoção.
mo não cumprimento do dever de nomeação por A promoção decorre do desenvolvimento do servidor
parte da Administração Pública, é necessário que na carreira, mediante o cumprimento dos requisitos esta-
a situação justificadora seja dotada das seguintes belecidos pela lei179.
características: a) Superveniência: os eventuais fatos O legislador acreditou que o servidor ao ser promovido
ensejadores de uma situação excepcional devem ser “sobe um degrau” na carreira, ocorrendo assim a vacância
necessariamente posteriores à publicação do edital no “degrau” inferior, logo foi considerada como forma de
do certame público; b) Imprevisibilidade: a situação provimento e concomitantemente de vacância180.
deve ser determinada por circunstâncias extraordi‑
nárias, imprevisíveis à época da publicação do edital; JURISPRUDÊNCIA:
c) Gravidade: os acontecimentos extraordinários A Administração Pública, observados os limites dita‑
e imprevisíveis devem ser extremamente graves, dos pela CF, atua de modo discricionário ao instituir
implicando onerosidade excessiva, dificuldade ou o regime jurídico de seus agentes e ao elaborar novos
mesmo impossibilidade de cumprimento efetivo das planos de carreira, não podendo o servidor a ela
regras do edital; d) Necessidade: a solução drástica estatutariamente vinculado invocar direito adquirido
e excepcional de não cumprimento do dever de para reivindicar enquadramento diverso daquele de‑
nomeação deve ser extremamente necessária, de terminado pelo Poder Público, com fundamento em
forma que a administração somente pode adotar tal norma de caráter legal. (RE 116.683, Rel. Min. Celso
medida quando absolutamente não existirem outros de Mello, julgamento em 11/6/1991, Primeira Turma,
meios menos gravosos para lidar com a situação DJ de 13/3/1992) No mesmo sentido: AI 641.911-AgR,
excepcional e imprevisível. De toda forma, a recusa Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 8/9/2009,
de nomear candidato aprovado dentro do número Primeira Turma, DJE de 2/10/2009.
de vagas deve ser devidamente motivada e, dessa
Aproveitamento
forma, passível de controle pelo Poder Judiciário.
O aproveitamento, como forma de provimento, foi
[...] Esse entendimento, na medida em que atesta
recepcionado pela Constituição Federal vigente181.
a existência de um direito subjetivo à nomeação,
É o retorno do servidor que se encontrava em disponibi‑
reconhece e preserva da melhor forma a força nor‑
lidade. Para ocorrer a disponibilidade, a CF/1988 preceitua
mativa do princípio do concurso público, que vincula
no seu art. 41, que o servidor deverá ser estável (ter 3 anos
diretamente a administração. É preciso reconhecer
de efetivo exercício), ter o cargo extinto e com isto ficará
que a efetividade da exigência constitucional do con‑
em disponibilidade aguardando o seu aproveitamento em
curso público, como uma incomensurável conquista cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o an‑
da cidadania no Brasil, permanece condicionada teriormente ocupado.
à observância, pelo Poder Público, de normas de Podemos afirmar que o retorno do servidor a deter‑
organização e procedimento e, principalmente, de minado cargo, tendo em vista que o cargo que ocupava
garantias fundamentais que possibilitem o seu pleno foi extinto ou declarado desnecessário se dará a o provei‑
exercício pelos cidadãos. O reconhecimento de um tamento182.
direito subjetivo à nomeação deve passar a impor
limites à atuação da administração pública e dela Reintegração
exigir o estrito cumprimento das normas que regem É o retorno do servidor estável, demitido injustamente.
os certames, com especial observância dos deveres A título de exemplo: João, servidor público da Aneel,
de boa-fé e incondicional respeito à confiança dos teve sua demissão invalidada por decisão administrativa.
cidadãos. O princípio constitucional do concurso pú‑ Nessa situação, João deverá ser reintegrado ao cargo an‑
blico é fortalecido quando o Poder Público assegura teriormente ocupado183.
Armando, Técnico Judiciário do Tribunal Regional
Noções de Direito Administrativo

e observa as garantias fundamentais que viabilizam


a efetividade desse princípio. Ao lado das garantias Eleitoral do Amazonas (estável), foi reinvestido no cargo
de publicidade, isonomia, transparência, impessoali‑ anteriormente ocupado, diante da invalidação da sua
dade, entre outras, o direito à nomeação representa demissão por decisão administrativa, com ressarcimento
também uma garantia fundamental da plena efetivi‑ de todas as vantagens. Nos termos da Lei nº 8.112/1990,
dade do princípio do concurso público. (RE 598.099, ocorreu a reintegração184.
Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 10/8/2011, Convém ressaltar que o legislador não vislumbrou a
Plenário, DJE de 3/10/2011, com repercussão geral.) possibilidade de um servidor não estável vir a ser demitido
No mesmo sentido: RE 227.480, Rel. p/o ac. Min. injustamente, logo como seria a sua volta ao serviço público
Cármen Lúcia, julgamento em 16/9/2008, Primeira
Turma, DJE de 21/8/2009. Em sentido contrário: 179
Esaf/CGU/AFC/Administrativa/2012.
180
Assunto cobrado na prova: Consulplan/TSE/fevereiro/2012.
RE 290.346, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 181
Assunto cobrado na prova da Funiversa/Iphan/Auxiliar Institucional – Adminis‑
29/5/2001, Primeira Turma, DJ de 29/6/2001. Vide: trativo/2009.
182
Assunto cobrado na prova: Consulplan/TSE/fevereiro/2012.
MS 24.660, Rel. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia, julga‑ 183
Assunto cobrado na prova do Cespe/Aneel/Todos os Cargos/2010.
mento em 3/2/2011, Plenário, DJE de 23/9/2011. 184
FCC/TRE-AM/Técnico Judiciário – Área Administrativa/2010.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
federal? Acreditamos que ele retornaria, principalmente se • servidor não ter mais de 5 anos de aposentado;
um direito ou garantia constitucional fosse suprimido. Como • não ter 70 anos190;
houve esta “lacuna” da lei, ele deveria retornar por meio de • que haja cargo vago (percebe-se que o legislador
uma forma de provimento inominada. não permitiu nesta reversão o servidor ficar como
excedente)191;
Readaptação • que cabe ao servidor aposentado fazer o pedido de
É para o servidor que está incapacitado física ou men‑
reversão192.
talmente de exercer as atribuições inerentes ao seu cargo.
Após comprovação por junta médica, ele será readapta‑ A título de exemplo: um ex-Agente do Departamento
do com equivalência de vencimentos e atribuição do cargo de Polícia Federal, após ocupar esse cargo por trinta anos,
compatível. Podendo ficar como excedente, caso não haja aposentou-se voluntariamente em 2008, quando contava
cargo vago. 60 anos de idade. Nessa situação, havendo cargo vago e
Vamos imaginar um professor de uma escola técnica
interesse por parte da administração, há amparo legal para
federal, ou até de uma faculdade federal, que trabalhasse
eventual pedido de reversão desse servidor193.
em contato diário com o giz, e  este fosse nocivo à saúde
O retorno à atividade, a pedido do servidor público que
deste servidor público federal e a nocividade o incapacitas‑
se para as atividades inerentes ao seu cargo de professor. ocupava cargo efetivo, com estabilidade, aposentado vo-
A Administração Pública deveria aposentar precocemente luntariamente há menos de cinco anos, para ocupar cargo
este servidor? Ou tentar “alocá-lo” em outra seção, longe vago na Administração Pública, denomina-se reversão194.
do contato com o giz, com as atribuições do cargo compatí‑ Quanto à questão dos proventos e da nova remuneração
veis com a de um professor? Segundo princípios do direito após a sua reversão, a lei preceitua que o servidor aposenta‑
administrativo a segunda opção é a mais sensata. do revertido deixará de receber os proventos relativos à sua
Vamos mais longe, o  que aconteceria se o professor aposentadoria e passará a receber a remuneração inerente
readaptado chegasse a nova seção e não tivesse vaga? ao cargo que ocupava em atividade e somente terá os novos
O que iria acontecer como ele? O legislador fez a previsão proventos calculados, caso venha a se aposentar de novo,
de que ele exerceria as suas novas funções como excedente. com base nas regras atuais se permanecer pelo menos cinco
anos no cargo.
Reversão
O legislador de 1990 só fez alusão a uma reversão, mas
Recondução
em 2001 foi inserida no corpo da Lei nº 8.112/1990, uma
nova reversão, por questões de didática vamos chamá-las O art. da Lei nº 8.112/1990 que trata deste instituto é o
de reversão 1 e reversão 2. 29, que afirma que é o retorno do servidor estável ao cargo
anteriormente ocupado e decorrerá em razão da inabilitação
Reversão 1 em estágio probatório relativo a outro cargo e da reintegra‑
É o retorno do servidor aposentado por invalidez, quando ção do anterior ocupante.
cessa a causa incapacitante que deu origem à aposentadoria. A título de exemplo: Maria, que era servidora pública
Caso o seu cargo anterior já esteja ocupado, ele poderá estável de um TRE, foi demitida do seu cargo em decorrência
ficar como excedente. de um processo administrativo disciplinar, razão pela qual
A título de exemplo: Odair, servidor público federal, foi ajuizou ação judicial para impugnar o ato de demissão.
regularmente aposentado por invalidez, no ano de 2005, após O Poder Judiciário analisou a prova dos autos e proferiu
perícia médica. Decorridos dois anos de sua aposentadoria,
sentença que invalidou a demissão e determinou a rein-
Odair submeteu-se a uma nova perícia, oportunidade em que
tegração da servidora ao cargo anteriormente ocupado,
a junta médica oficial declarou insubsistentes os motivos da
aposentadoria. A forma de provimento dos cargos públicos com ressarcimento de todas as vantagens. Entretanto, logo
adequada para que Odair retorne à atividade é a reversão185. após a demissão de Maria, José, que também era servidor
No mesmo sentido, Clotilde, servidora pública civil estável, e que ocupava outro cargo passou a ocupar a vaga
federal, está aposentada por invalidez. Na última perícia dela. Na situação hipotética, José deveria ser reconduzido
realizada para avaliação das condições de sua saúde, uma ao cargo de origem195.
junta médica oficial declarou insubsistentes os motivos de Ao funcionário público federal estável aprovado em
sua aposentadoria determinando o retorno de Clotilde à novo concurso público, para outro órgão, mas não habi-
atividade. Neste caso, ocorreu a reversão186. litado no estágio probatório desse novo cargo aplica-se,
Logo, podemos afirmar que o restabelecimento, por para que retorne ao cargo por ele anteriormente ocupado,
Noções de Direito Administrativo

laudo médico de servidor aposentado por invalidez dará o instituto da recondução196.


a reversão187. Obs.: A exoneração de servidor público em consequên-
cia de inabilitação em estágio probatório não configura
Reversão 2
Por interesse da administração, neste caso deve-se punição197.
sempre observar:
• servidor aposentado voluntariamente188; 190
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-SP/Técnico Judiciário/Apoio Especiali‑
• servidor estável quando em atividade189; zado/Programação de Sistemas/2012.
191
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-SP/Técnico Judiciário/Apoio Especiali‑
zado/Programação de Sistemas/2012.
185
Cesgranrio/Bacen/Analista/2010. 192
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-SP/Técnico Judiciário/Apoio Especiali‑
186
FCC/TRE-AP/Analista Judiciário – Contabilidade/2011. zado/Programação de Sistemas/2012.
187
Assunto cobrado na prova: Consulplan/TSE/fevereiro/2012. 193
Assunto cobrado na prova da Movens/Ministério da Cultura/Analista Adminis‑
188
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRE-SP/Técnico Judiciário/Apoio trativo/2010.
Especializado/Programação de Sistemas/2012 e Cespe/Ibama/Técnico Admi‑ 194
FCC/TST/Analista Judiciário/Apoio Especializado/Taquigrafia/2012.
nistrativo/2012. 195
Cespe/TRE-MS/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2013.
189
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-SP/Técnico Judiciário/Apoio Especiali‑ 196
Cespe/TRE-MS/Técnico Judiciário/Área Administrativa/Contabilidade/2013.
zado/Programação de Sistemas/2012. 197
Cespe/PC-CE/Inspetor/2012.

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Logo será necessário o estudo das duas reconduções. Questão interessante é a que pertine ao prazo do estágio
probatório. O art. 20 da Lei nº 8.112/1990 preceitua sobre
JURISPRUDÊNCIA: estágio probatório e afirma que será de 24 meses199.
Se o servidor federal estável, submetido a estágio A questão sobre estágio sempre traz dúvidas e chega a
probatório em novo cargo público, desiste de exercer ser polêmica, mas vamos tentar dirimi-la:
a nova função, tem ele o direito a ser reconduzido A Constituição Federal em 5 de outubro de 1988 precei‑
ao cargo ocupado anteriormente no serviço público. tuava no seu corpo, ou seja, no art. 41, que a estabilidade do
Com esse entendimento, o Tribunal deferiu mandado servidor público seria adquirida após dois anos de efetivo
de segurança para assegurar ao impetrante, servidor exercício.
sujeito a estágio probatório no cargo de Escrivão da A Lei nº 8.112/1990 surge em dezembro de 1990 e seu
Polícia Federal, o retorno ao cargo de Policial Rodo‑ art. 20 preceituava que o estágio probatório para o servidor
viário Federal, observado, se for o caso, o disposto detentor de cargo efetivo seria de vinte e quatro meses,
no art. 29, parágrafo único da Lei nº 8.112/1990 onde eram avaliados a sua assiduidade, responsabilidade,
(“Encontrando-se provido o cargo de origem, o produtividade, capacidade de iniciativa e a sua disciplina.
servidor será aproveitado em outro, observado o Como se percebe, eram atos praticamente “casados”,
disposto no art. 30.”). Considerou-se que o art. 20, § a habilitação no estágio probatório e a aquisição da estabi‑
2º, da Lei nº 8.112/1990 (“O servidor não aprovado lidade. Nesta época não pairavam dúvidas.
no estágio probatório será exonerado ou, se estável, Porém, a  Constituição Federal de 1988 sofreu uma
reconduzido ao cargo anteriormente ocupado, ...”) alteração por meio da Emenda Constitucional nº 19, e o
autoriza a recondução do servidor estável na hipó‑ art. 41 modificaram a estabilidade para três anos de efetivo
tese de desistência voluntária deste em continuar o exercício200 e a Lei nº 8.112/1990 não sofre alteração e o
estágio probatório, reconhecendo ele próprio a sua estágio probatório permanece em vinte e quatro meses.
inadaptação no novo cargo. Precedente citado: MS A partir da referida Emenda Constitucional começam a
22.933-DF (DJU de 13/11/1998). MS 23.577-DF, rel. surgir celeumas.
Min. Carlos Velloso, 15/5/2002. (MS-23577). A Advocacia Geral da União, por volta de abril de 2004,
emite um parecer, por meio do Advogado Geral da União,
Recondução do Servidor Inabilitado no Estágio afirmando que o estágio probatório em toda Administração
Probatório Pública seria de três anos, fazendo com isto que os atos
administrativos voltassem novamente a ser praticamente
JURISPRUDÊNCIA: casados, como antes da Emenda Constitucional nº 19.
Estágio probatório. Funcionário estável da Imprensa Com isto ficou a indagação: o que tem mais “força”, um
Nacional admitido, por concurso público, ao cargo regulamento ou uma lei? Para resolver tal problema, este
de Agente de Polícia do Distrito Federal. Natureza, parecer do Advogado Geral da União foi levado à apreciação
inerente ao estágio, de complemento do processo do senhor Presidente da República que anuiu ao parecer e
seletivo, sendo, igualmente, sua finalidade a de mandou publicá-lo em Diário Oficial.
aferir a adaptabilidade do servidor ao desempenho Em razão de tal procedimento, o referido parecer passou
de suas novas funções. Consequente possibilidade, a ter força normativa, pois preencheu os requisitos da Lei
durante o seu curso, de desistência do estágio, com
Complementar nº 73, no seu art. 40, que afirma que todo
retorno ao cargo de origem (art. 20, § 2º, da Lei
parecer oriundo do Advogado Geral da União que for levado
nº 8.112/1990). Inocorrência de ofensa ao princípio
da autonomia das Unidades da Federação, por ser à apreciação do Presidente da República e essa publicação
mantida pela União a Polícia Civil do Distrito Federal em diário oficial vinculará toda Administração Pública.
(Constituição, art. 21, XIV). Mandado de segurança Tal problema, a princípio, estaria resolvido, porém alguns
deferido. (STF, MS 22933, DF, Tribunal Pleno, Relator servidores insatisfeitos com tal comando, porque alguns
Min. OCTAVIO GALLOTTI, Julgamento: 26/6/1998, DJ órgãos ou entidades não promoviam o servidor enquanto
DATA-13/11/1998 PP-00005)”. estivesse em estágio probatório. Logo, foram ajuizadas
ações pleiteando o estágio probatório por meio da Lei
Vamos imaginar um servidor público federal estável (a nº 8.112/1990, ou seja, vinte e quatro meses.
estabilidade é adquirida com 3 anos de efetivo exercício) do A questão sobredita, na época, foi apreciada pelo STJ e
Ministério da Cultura. Ele foi aprovado e nomeado para um ficou entendido que deveria ser cumprido o prazo do estágio
novo cargo em outro órgão ou entidade da Administração probatório de vinte e quatro meses. Tanto que o próprio
Noções de Direito Administrativo

Pública Federal. Os cargos não são acumuláveis (fogem a ex‑ tribunal passou a entender que os seus servidores deveriam
ceção prevista na CF/1988, art. 37, XVI). Este servidor deverá ter o estágio probatório segundo a Lei nº 8.112/1990. (O
declarar a vacância no seu órgão (Ministério da Cultura) e STF, TJDFT e o TCU passaram a ter tal entendimento para
irá para o novo órgão ou entidade. Caso ele não consiga ser seus servidores).
habilitado no estágio do novo cargo, ele será reconduzido ao Ante o exposto alguns órgãos tratavam o estágio proba‑
cargo de origem. Em suma, ele retornará para o Ministério tório segundo o parecer da Advocacia Geral da União e os
da Cultura, no cargo que anteriormente ocupava. tribunais acima segundo a Lei nº 8.112/1990.
A título de exemplo: Mélvio, Analista Judiciário, será Em abril de 2008, surge a Medida Provisória nº 431,
reintegrado no cargo anteriormente ocupado. Porém, esse que alterava o art.  20 da Lei nº  8.112/1990 para trinta e
cargo anterior já encontra-se provido e ocupado por Isabela, seis meses.
servidora pública estável. Nesse caso, entre outras hipó-
teses, Isabela será reconduzida ao cargo de origem, sem Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-AP/Técnico Judiciário – Área Adminis‑
199

direito a indenização, ou aproveitada em outro cargo198. trativa/2011.


Assunto cobrado nas seguintes provas: Exames/Prefeitura de Ingá-PB/Auditor
200

de Controle Interno/2011 e Fepese/MPE/Procurador Geral do Ministério


FCC/TRE-AL/Analista Judiciário – Administrativa/2010.
198
Público/2010.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Aparentemente a questão inerente ao estágio probatório Agora como resolver a questão em concursos quando
estava dirimida. Porém, na conversão da Medida Provisória tratar do estágio probatório? Afirmar de forma contundente
em Lei, o Congresso Nacional não permite a referida altera‑ é difícil ante a todo histórico inerente ao prazo do estágio
ção e o art. 20 voltou a ser de vinte e quatro meses. probatório, mas entendemos que se o comando da questão re‑
Em abril de 2009 o STJ, por meio do MS nº 12. 523-DF ferir ao texto expresso da Lei nº 8.112/1990 o candidato deve
Relator Ministro Felix Fischer, volta a apreciar a questão marcar o que pede a questão, ou seja, vinte e quatro meses.
inerente ao estágio probatório e decidiu que: E se pedir o entendimento jurisprudencial? O candidato
deve marcar três anos, igualando-se a estabilidade.
I  – estágio probatório é o período compreen­dido A indagação que fica é: se o examinador não se referir a
entre a nomeação e a aquisição de estabilidade no nada, nem a lei e nem a jurisprudência? Acredito que quais‑
serviço público, no qual são avaliadas a aptidão, quer das respostas poderiam responder a questão, pois com
a eficiência e a capacidade do servidor para o efetivo certeza muitos candidatos iriam interpor recursos.
exercício do cargo respectivo. Nesta situação, acredito que o candidato deve primeiro
II – Com efeito, o prazo do estágio probatório dos ser‑ avaliar o tipo de prova, ou seja, se o examinador está apenas
vidores públicos deve observar a alteração promovida copiando a lei para formular as questões, neste caso ele
pela Emenda Constitucional nº 19/1998 no art. 41 poderia estar cobrando o comando da Lei nº 8.112/1990,
que preceitua vinte e quatro meses.
da Constituição Federal, no tocante ao aumento do
Caso a prova contenha questões que exijam raciocínio
lapso temporal para a aquisição da estabilidade no
do candidato ou as questões sejam contextualizadas, onde
serviço público para 3 (três) anos, visto que, apesar
se percebe que o examinador quer ir além do “decoreba”
de institutos jurídicos distintos, encontram-se prag‑
da lei, a resposta plausível seria três anos, igualando-se a
maticamente ligados. estabilidade.
III – Destaque para a redação do art. 28 da Emenda Urge ressaltar que quaisquer das respostas iriam dar
Constitucional nº 19/1998, que vem a confirmar o ra‑ subsídios a recursos.
ciocínio de que a alteração do prazo para a aquisição Vamos às perguntas clássicas sobre a recondução:
da estabilidade repercutiu no prazo do estágio pro‑ A uma, se o cargo do servidor reconduzido estiver ex‑
batório, senão seria de todo desnecessária a menção tinto?
aos atuais servidores em estágio probatório; bastaria, – Este servidor seria colocado em disponibilidade, aguar‑
então, que se determinasse a aplicação do prazo de dando seu aproveitamento.
3 (três) anos aos novos servidores, sem qualquer A duas, se o servidor estável pedisse a sua recondução
explicitação, caso não houvesse conexão entre os por desistência do estágio probatório no novo cargo?
institutos da estabilidade e do estágio probatório... – A Lei nº  8.112/1990 não trouxe previsão sobre esta
[...] situação, porém o STF entende que ele tem direito a ser
reconduzido.
Logo, ante o exposto, o  STJ passou a entender que o E por fim, se o servidor não estável não conseguir ser
prazo do estágio probatório e a estabilidade se igualam201. habilitado no novo estágio?
O STF, por meio do AI n° 754802, de 7 de junho de 2011, – Ele será exonerado.
também passou a entender que deve ocorrer a aplicação do
prazo COMUM para o instituto da estabilidade e também do Da Reintegração do Anterior Ocupante
estágio probatório (Vide o Julgado): Para entendermos este tipo de recondução será melhor
por meio de uma situação hipotética.
STF Vamos imaginar que um servidor estável, cujo nome é
Processo: AI 754802 DF Azarildo, esteja ocupando um determinado cargo e a pessoa
Relator(a): Min. GILMAR MENDES que antes ocupava cargo de Azarildo tenha voltado, pois a sua
Julgamento: 07/06/2011 demissão foi injusta. O que vai acontecer com Azarildo? Ele
Órgão Julgador: Segunda Turma irá retornar ao seu cargo anterior, por meio da recondução.
Publicação: DJe-118 DIVULG 20/6/2011 PUBLIC Logo, quem será reconduzido é o servidor estável que ocupa
21/6/2011 EMENT VOL-02548-02PP-00357 o cargo do servidor reintegrado.
Parte(s): MIN. GILMAR MENDES
UNIÃO ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO Da Vacância
CHRISTINE PHILIPP STEINER E OUTRO(A/S) Este instituto aborda as maneiras de deixar um cargo
JOÃO BELMINO CHAVES vago, para que se possa ocorrer um futuro provimento.
Noções de Direito Administrativo

As formas estão expressas na Lei nº 8.112/1990:


Ementa
1. Embargos de declaração em agravo regimental em
Promoção
agravo de instrumento.
Se um Servidor Público Federal “cresce” dentro da sua
2. Vinculação entre o instituto da estabilidade,
carreira, ele hipoteticamente está subindo um “degrau”,
definida no art. 41 da Constituição Federal, e o do logo o legislador vislumbrou que o “degrau” que ele ocupava
estágio probatório. antes ficou vazio, gerando assim vacância202. Percebemos
3. Aplicação de prazo comum de três anos a ambos
os institutos. Cespe/Superior Tribunal Militar/Analista Judiciário – Apoio Especializado –
202

4. Precedentes. Arquitetura, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Economia, Técnico


Judiciário – Administrativa – Telecomunicações e Eletricidade, Analista Judiciário
5. Embargos de declaração acolhidos com efeitos – Apoio Especializado – Medicina – Geriatria, Analista Judiciário – Apoio Especia‑
infringentes. lizado – Revisor de Texto, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Psicologia,
Analista Judiciário – Apoio Especializado – Engenharia Mecânica, Analista
Judiciário – Apoio Especializado – Engenharia Civil, Analista Judiciário – Apoio
Especializado – Análise de Sistemas, Analista Judiciário – Apoio Especializado –
Assunto cobrado na prova do Cespe/TCE-ES/Procurador Especial de Con‑
201
Biblioteconomia, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Estatística, Analista
tas/2009. Judiciário – Apoio Especializado – Comunicação Social, Analista Judiciário –

Este eBook foi adquirido por ANA PAULA TORQUATO DA COSTA - CPF: 628.848.913-15. 89
A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
com isto que a promoção é forma concomitante de provi‑ de perita criminal com especialidade em medicina
mento e vacância. veterinária, como ocorre neste mandado de seguran‑
ça. A especialidade médica não pode ser confundida
Posse em Cargo Inacumulável sequer com a especialidade veterinária. Cada qual
guarda característica própria que as separam para
JURISPRUDÊNCIA: efeito da acumulação vedada pela Constituição da
Servidor público em situação de acumulação ilícita de República. (RE 248.248, Rel. Min. Menezes Direito,
cargos ou empregos pode se valer da oportunidade julgamento em 2/9/2008, Primeira Turma, DJE de
prevista no art. 133, § 5º, da Lei nº 8.112/1990 para 14/11/2008)
apresentar proposta de solução, comprovando o
JURISPRUDÊNCIA:
desfazimento dos vínculos, de forma a se enquadrar
Magistério. Acumulação de proventos de uma apo‑
nas hipóteses de cumulação lícita. Contudo, o art. sentadoria com duas remunerações. Retorno ao ser‑
133, § 5º, da Lei nº 8.112/1990 não autoriza que viço público por concurso público antes do advento
o servidor prolongue indefinidamente a situação da EC 20/1998. Possibilidade. É possível a acumulação
ilegal, esperando se valer do dispositivo legal para de proventos oriundos de uma aposentadoria com
caracterizar, como sendo de boa-fé, a proposta de duas remunerações quando o servidor foi aprovado
solução apresentada com atraso. No caso em exame, em concurso público antes do advento da EC 20.
os empregadores do impetrante, quando consultados O art. 11 da EC 20 convalidou o reingresso – até a data
a respeito do desfazimento dos vínculos – fato que da sua publicação – do inativo no serviço público, por
tinha sido informado pelo próprio impetrante ao INSS meio de concurso. A convalidação alcança os venci‑
–, informaram que estes não haviam sido desfeitos, mentos em duplicidade se os cargos são acumuláveis
tendo um deles sido inclusive renovado. Recurso or‑ na forma do disposto no art. 37, XVI, da Constituição
dinário a que se nega provimento. (RMS 26.929, Rel. do Brasil, vedada, todavia, a percepção de mais de
Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 19/10/2010, uma aposentadoria. (RE 489.776-AgR, Eros Grau,
Segunda Turma, DJE de 11/11/2010) julgamento em 17/6/2008, Segunda Turma, DJE de
1º/8/2008.) No mesmo sentido: RE 599.909-AgR,
A Constituição Federal de 1988, no seu art.  37, XVI, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 7/12/2010,
Segunda Turma, DJE de 1º/2/2011; AI 483.076-AgR‑
trata da acumulação legal e ela firma que o servidor pode
-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em
acumular dois cargos de professor, um técnico ou científico 16/11/2010, Segunda Turma, DJE de 1º/12/2010.
e mais outro de professor e, também dois privativos de
profissionais da área da saúde desde que a profissão esteja Para efeitos do disposto no art. 37, XVII, da Consti‑
regulamentada em lei203. Logo, caso o servidor não se enqua‑ tuição são sociedades de economia mista aquelas
dre nessas exceções estará na acumulação ilegal, portanto, – anônimas ou não – sob o controle da União, dos
deverá ser notificado para optar no prazo de dez dias, sendo Estados-membros, do Distrito Federal ou dos Mu‑
obrigatória a vacância em um dos cargos ou nos dois. nicípios, independentemente da circunstância de
terem sido ‘criadas por lei’. Configura-se a má-fé do
JURISPRUDÊNCIA: servidor que acumula cargos públicos de forma ilegal
Acumulação de emprego de atendente de telecomu‑ quando, embora devidamente notificado para optar
nicações de sociedade de economia mista, com cargo por um dos cargos, não o faz, consubstanciando, sua
público de magistério. Quando viável, em recurso omissão, disposição de persistir na prática do ilícito.
extraordinário, o reexame das atribuições daquele (RMS 24.249, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em
emprego (atividade de telefonista), correto, ainda 14/9/2004, Primeira Turma, DJ de 3/6/2005)
assim, o acórdão recorrido, no sentido de se revesti‑ A acumulação de proventos e vencimentos somente
rem elas de ‘características simples e repetitivas’, de é permitida quando se tratar de cargos, funções ou
modo a afastar-se a incidência do permissivo do art. empregos acumuláveis na atividade, na forma per‑
37, XVI, b, da Constituição. (AI 192.918-AgR, Rel. Min. mitida pela Constituição. CF, art. 37, XVI, XVII; art. 95,
Octavio Gallotti, julgamento em 3/6/1997, Primeira parágrafo único, I. Na vigência da Constituição de 1946,
Turma, DJ de 12/9/1997) art. 185, que continha norma igual a que está inscrita
no art. 37, XVI, CF/1988, a jurisprudência do Supremo
A Constituição Federal prevê a possibilidade da Tribunal Federal era no sentido da impossibilidade da
acumulação de cargos privativos de profissionais da acumulação de proventos com vencimentos, salvo se
saúde, em que se incluem os assistentes sociais. (RE os cargos de que decorrem essas remunerações fos‑
Noções de Direito Administrativo

553.670-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em sem acumuláveis. Precedentes do STF: RE 81.729-SP,
14/9/2010, Segunda Turma, DJE de 1º/10/2010) Vide: ERE 68.480, MS 19.902, RE 77.237-SP, RE 76.241-RJ.
AI 169.323-AgR, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento (RE 163.204, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em
em 18/6/1996, Segunda Turma, DJ de 14/11/1996. 9/11/2004, Plenário, DJ de 31/3/1995)

O art. 37, XVI, c, da CF autoriza a acumulação de dois Observação: Conforme entendimento do STJ, é vedada
cargos de médico, não sendo compatível interpre‑ a acumulação do cargo de Professor com o de Agente de
tação ampliativa para abrigar no conceito o cargo Polícia Civil, o qual não se caracteriza como cargo técnico204.

Apoio Especializado – Contabilidade, Analista Judiciário – Apoio Especializado Falecimento


– Arquivologia, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Engenharia Elétrica, Com a morte do servidor é fato que irá gerar vacância
Técnico Judiciário – Administrativa – Mecânica, Analista Judiciário – Apoio
Especializado – Administração, Analista Judiciário – Apoio Especializado – no cargo.
Restauração, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Enfermagem, Analista
Judiciário – Apoio Especializado – Medicina – Clínica Médica/2011.
203
Assunto cobrado nas seguintes provas: FMP-RS/TCE-RS/Auditor – Ciências
Econômicas/2011 e Fepese/MPE/Procurador Geral do Ministério Público/2010. Cespe/TCE-ES/Procurador Especial de Contas/2009.
204

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Exoneração consumado, entendeu, ainda, a Turma em afastá-la,
Existem várias maneiras de ocorrer a exoneração, como pois a lotação na cidade do Rio de Janeiro decorreu
já vimos. Poderá ser a pedido, caso o servidor não estável de decisão judicial provisória por força de tutela an‑
não seja habilitado no estágio probatório205; se o servidor tecipatória e tornar definitiva essa lotação, mesmo
não estável tenha seu cargo extinto; na hipótese da União com a declaração judicial de não cumprimento dos
ultrapassar o limite de despesas (LRF – Lei de Responsabili‑ requisitos legalmente previstos, permitiria consolidar
dade Fiscal) e venha a ser mal avaliado anualmente (segundo uma situação contrária à lei. Daí negou provimento
regulamentos) etc. ao recurso. Precedentes citados do STF: RE 587.260-
RN, DJe 23/10/2009; do STJ: REsp 616.831-SE, DJ
Readaptação 14/5/2007; REsp 674.783-CE, DJ 30/10/2006, e REsp
Caso o servidor sofra limitações físicas ou mentais e 674.679-PE, DJ 5/12/2005. REsp 1.189.485-RJ, Rel.
não possa exercer as funções do seu cargo, ele poderá ser Min. Eliana Calmon, julgado em 17/6/2010.
readaptado gerando assim vacância neste cargo.
É necessário ter em mente que a reversão não é forma Agora, caso o cônjuge tenha sido “afastado”, o cônjuge
de vacância, pois as bancas gostam de tentar confundir não deslocado, a princípio, terá direito a licença por afasta‑
o candidato afirmando que ela é forma concomitante de mento do cônjuge (art. 84, § 1º da Lei nº 8.112/1990).
provimento de vacância.
INFORMATIVO STJ Nº 0456
Aposentadoria LICENÇA. DESLOCAMENTO. CÔNJUGE. EXERCÍCIO
Também é fato, que a passagem do servidor para a ina‑ PROVISÓRIO.
tividade gera vacância. No caso, servidora da Justiça trabalhista lotada em
Porto Alegre formulou pedido administrativo para
Demissão
que lhe fosse concedida licença por motivo de des‑
É importante salientar que a demissão tem cunho puni‑
locamento de cônjuge (art. 84 da Lei nº 8.112/1990),
tivo, ou seja, disciplinar, conforme preceitua o art. 127 da
pois seu esposo foi aprovado em concurso público
Lei nº 8.112/1990 e a exoneração não tem cunho punitivo.
realizado em prefeitura no Estado do Rio de Janeiro,
tendo tomado posse em 16/7/1999. Solicitou, ainda,
Da Remoção, Redistribuição e Substituição que exercesse provisoriamente cargo compatível
Remoção com o seu, o que poderia se dar no TRT da 1ª Região,
Caso o servidor esteja lotado em um determinado órgão com sede no Rio de Janeiro. Indeferido o pedido,
ou entidade de um ente da federação e ele tenha que ir ajuizou ação ordinária. A Turma, entre outras ques‑
para outro Estado ou cidade, este deslocamento é chamado tões, entendeu que o pedido de concessão de licença
de remoção, que pode ser de ofício, a pedido, a critério da formulado na referida ação possui natureza distinta
Administração e ao seu pedido independente. da atinente ao instituto da remoção, previsto no art.
A remoção não é uma forma de provimento206. 36, parágrafo único, III, a, da Lei nº 8.112/1990. O
Questão interessante que está sendo cobrada pelas ban‑ pedido está embasado no art. 84 da mencionada lei
cas é aquela que menciona um casal de servidores, sendo e, uma vez preenchidos pelo servidor os requisitos
um deles deslocado da sede. O que poderá ocorrer com o ali previstos, não há espaço para juízo discricionário
cônjuge que não foi deslocado? da Administração, devendo a licença ser concedida,
Na situação do servidor ser removido no interesse da pois se trata de um direito do servidor, em que a
administração, o cônjuge que ficou terá o direito de ser remo‑ Administração não realiza juízo de conveniência e
vido a pedido independente do interesse da administração. oportunidade. Quanto ao exercício provisório em
Caso o cônjuge que foi deslocado for tomar posse em outro órgão, este é cabível, pois preenchidos todos
outro órgão ou entidade em localidade distinta da atual, os pressupostos para o seu deferimento. Sendo a
o cônjuge que ficou não terá o direito subjetivo, segundo o autora analista judiciária, poderá exercer seu mister
STJ, de ser removido. no TRT da 1ª Região. REsp 871.762-RS, Rel. Min.
Laurita Vaz, julgado em 16/11/2010.
INFORMATIVO STJ Nº 0439
REMOÇÃO. SERVIDOR PÚBLICO. Redistribuição
Trata-se da remoção de servidor público, ora recor‑ A remoção, como vimos, desloca o serviço e a redistri‑
rente, que tomou posse no cargo de auditor fiscal da buição irá gerar o deslocamento do cargo de provimento
Receita Federal com lotação em Foz do Iguaçu-PR e, efetivo ocupado ou vago para outro órgão ou entidade
posteriormente, casou-se com servidora pública do sempre do mesmo poder com autorização do Sistema de
Noções de Direito Administrativo

estado do Rio de Janeiro, a qual veio a engravidar. Na Pessoal Civil (Sipec)207.


origem, obteve antecipação de tutela que permitiu Na redistribuição, deve ser sempre observado o interesse
sua lotação provisória na cidade do Rio de Janeiro, há da administração, a equivalência remuneratória, atribuições,
quase dez anos. Diante disso, a Turma entendeu que responsabilidades, e complexidades do cargo compatíveis.
O legislador prevê que o servidor que não foi redistribuí­
a pretensão recursal não encontra respaldo no art. 36,
do ou colocado em disponibilidade, ficará sob a tutela do
III, a, da Lei nº 8.112/1990 nem na jurisprudência, uma
Sipec e poderá também ter exercício provisório em outro
vez que o recorrente já era servidor quando, volunta‑
órgão ou entidade208.
riamente, casou-se com a servidora estadual. Assim,
somente após o casamento, pleiteou a remoção, não
Substituição
havendo o deslocamento do cônjuge no interesse
Um servidor que possua funções de direção ou chefia
da Administração, logo não foi preenchido um dos
terá, a  princípio, seu substituto indicado em regimento
requisitos do referido artigo. Quanto à teoria do fato
Assunto cobrado na prova do Cespe/CNPq/Assistente 1/2011.
205
Assunto cobrado na prova do Cespe/OAB-Nacional/2009-1.
207

Assunto cobrado nas seguintes provas: Esaf/MF/ATA/2012, Cespe/TRE-RJ/


206
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 4ª Região/Técnico Judiciário – Seguran‑
208

Técnico Judiciário/Administrativa/2012 e Cespe/PC-CE/Inspetor/2012. ça/2011.

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interno. Caso este servidor tenha que ser substituído, o seu de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiên‑
substituto irá assumir automaticamente e cumulativamente cia de que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas
suas funções209. até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.
Ele fará jus à retribuição do substituído no prazo supe‑ § 3º As universidades e instituições de pesquisa científica
rior a 30 dias consecutivos e deverá optar pela remuneração e tecnológica federais poderão prover seus cargos com pro‑
de um deles durante o respectivo período210. fessores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com
O Cespe recentemente cobrou uma questão relativa as normas e os procedimentos desta Lei. (Incluído pela Lei
à substituição, porém, a  banca entendeu que o servidor nº 9.515, de 20/11/1997)
substituto tem direito a retribuição por chefia ou direção, Art. 6º O provimento dos cargos públicos far-se-á me-
ainda que o período seja inferior a 30 dias. O embasamento diante ato da autoridade competente de cada Poder212.
se deu por meio do Acórdão do Tribunal de Contas da União Art. 7º A investidura em cargo público ocorrerá com a
(TCU – Acórdão nº 3.275/2006). posse213.
Em suma, quando se desloca o servidor, trata-se de Art. 8º São formas de provimento de cargo público:
remoção; quando se desloca o cargo, será a redistribuição. I – nomeação;
II – promoção;
LEITURA DA LEI Nº 8.112/1990 III – (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
IV – (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
TÍTULO I V – readaptação;
VI – reversão;
CAPÍTULO ÚNICO VII – aproveitamento;
VIII – reintegração;
Das Disposições Preliminares
IX – recondução.
Art. 1º Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores
Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em re‑ Observação: Não são formas de provimento de cargo
gime especial, e das fundações públicas federais. público a ascensão e a transferência214.
Art. 2º  Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa Ademais, ascensão ou acesso é a forma de progres-
são pela qual o servidor é elevado de cargo situado
legalmente investida em cargo público.
na classe mais elevada de uma carreira para cargo
Art. 3º Cargo público é o conjunto de atribuições e res‑
da classe inicial de carreira diversa ou de carreira
ponsabilidades previstas na estrutura organizacional que
tida como complementar da anterior215.
devem ser cometidas a um servidor.
Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos
Seção II
os brasileiros, são criados por lei, com denominação própria
Da Nomeação
e vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento
em caráter efetivo ou em comissão211.
Art. 9º A nomeação far-se-á:
Art. 4º É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo
I – em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado
os casos previstos em lei. de provimento efetivo ou de carreira216;
II – em comissão, inclusive na condição de interino,
TÍTULO II para cargos de confiança vagos217. (Redação dada pela Lei
DO PROVIMENTO, VACÂNCIA, REMOÇÃO, nº 9.527, de 10/12/1997)
REDISTRIBUIÇÃO E SUBSTITUIÇÃO
A título de exemplo: Lupércio é servidor ocupante do
CAPÍTULO I cargo em comissão X. A autoridade administrativa
Do Provimento competente pretende nomeá-lo para ter exercício
interinamente, em outro cargo de confiança, o
Seção I cargo Y, sem prejuízo das atribuições do que atu-
Disposições Gerais almente ocupa. Esta hipótese é permitida pela Lei
nº 8.112/1990, mas Lupércio deverá optar pela
Art. 5º São requisitos básicos para investidura em cargo remuneração de um dos cargos durante o período
público: da interinidade.218
I – a nacionalidade brasileira;
II – o gozo dos direitos políticos; Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em co-
III – a quitação com as obrigações militares e eleitorais; missão ou de natureza especial poderá ser nomeado para
Noções de Direito Administrativo

IV – o nível de escolaridade exigido para o exercício do ter exercício, interinamente, em outro cargo de confiança,
cargo;
V – a idade mínima de dezoito anos; 212
FCC/TRE-AM/Analista Judiciário – Área Judiciária/2010.
VI – aptidão física e mental. 213
Assunto cobrado nas seguintes provas: Esaf/CGU/AFC/Área Administrati‑
§ 1º As atribuições do cargo podem justificar a exigência va/2012, Cespe/MEC/Agente Administrativo/2009, Fepese/MPE/Procurador
Geral do Ministério Público/2010 e FCC/TRF 4ª Região/Analista Judiciário – Área
de outros requisitos estabelecidos em lei. Administrativa/2010.
§ 2º Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o 214
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/CNPq/Assistente 1/2011, FCC/TRT 7ª
Região/Analista Judiciário – Execução de Mandados/2009, FCC/Tribunal Regional
direito de se inscrever em concurso público para provimento Eleitoral do Rio Grande do Sul/Técnico Judiciário – Área Administrativa, Analista
Judiciário – Área Administrativa/2010 e FCC/TRF 4ª Região/Técnico Judiciário – Área
209
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-BA/Analista Judiciário – Área Admi‑ Administrativa/2010.
nistrativa/2010. 215
Unemat/SAD-MT/Delegado de Polícia/2010.
210
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/CNJ/Analista Judiciário/Área 216
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRE-AM/Técnico Judiciário – Área
Administrativa/Contabilidade/2013 e Cespe/CNJ/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2010 e FCC/TRE-AM/Técnico Judiciário – Área Administrati‑
Administrativa/2013. va/2010.
211
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 7ª Região/Analista Judiciário 217
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-AP/Analista Judiciário – Contabilida‑
– Administrativa/2009 e Funrio/MPOG/Analista Técnico Administrativo – Ad‑ de/2011.
ministração/2009. 218
FCC/TRE-AP/Analista Judiciário – Área Administrativa/2011.

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sem prejuízo das atribuições do que atualmente ocupa, §  3º A posse poderá dar-se mediante procuração es‑
hipótese em que deverá optar pela remuneração de um pecífica227.
deles durante o período da interinidade219. (Redação dada § 4º Só haverá posse nos casos de provimento de car‑
pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) go por nomeação228. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo 10/12/1997)
isolado de provimento efetivo depende de prévia habi‑ § 5º No ato da posse, o servidor apresentará declaração
litação em concurso público de provas ou de provas e de bens e valores que constituem seu patrimônio e decla‑
títulos, obedecidos a ordem de classificação e o prazo de ração quanto ao exercício ou não de outro cargo, emprego
sua validade220.
ou função pública.
Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e
o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante pro- § 6º Será tornado sem efeito o ato de provimento se a
moção, serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes posse não ocorrer no prazo previsto no § 1º deste artigo.
do sistema de carreira na Administração Pública Federal e Art. 14. A posse em cargo público dependerá de prévia
seus regulamentos221. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de inspeção médica oficial229.
10/12/1997) Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele que for
julgado apto física e mentalmente para o exercício do cargo.
Seção III
Do Concurso Público JURISPRUDÊNCIA:
Concurso
Art. 11. O concurso será de provas ou de provas e títulos, Razoabilidade da exigência de altura mínima para
podendo ser realizado em duas etapas, conforme dispuse‑ ingresso na carreira de delegado de polícia, dada a
rem a lei e o regulamento do respectivo plano de carreira, natureza do cargo a ser exercido. Violação ao princí‑
condicionada a inscrição do candidato ao pagamento do pio da isonomia. Inexistência. (RE 140.889, Rel. para o
valor fixado no edital, quando indispensável ao seu custeio, ac. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 30/5/2000,
e ressalvadas as hipóteses de isenção nele expressamente Segunda Turma, DJ de 15/12/2000.)
previstas222. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
(Regulamento) Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições
Art. 12. O concurso público terá validade de até 2 (dois)
do cargo público ou da função de confiança. (Redação dada
anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por igual
pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
período223.
§ 1º O prazo de validade do concurso e as condições de § 1º É de quinze dias o prazo para o servidor empossado
sua realização serão fixados em edital, que será publicado em cargo público entrar em exercício, contados da data da
no Diário Oficial da União e em jornal diário de grande posse. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
circulação. § 2º O servidor será exonerado do cargo ou será tor‑
§  2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver nado sem efeito o ato de sua designação para função de
candidato aprovado em concurso anterior com prazo de confiança, se não entrar em exercício nos prazos previstos
validade não expirado224. (Vide o Decreto nº 6.944 de 21 de neste artigo, observado o disposto no art. 18230. (Redação
agosto de 2009, que dispõe sobre as normas gerais relativas dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
a concursos) § 3º À autoridade competente do órgão ou entidade para
onde for nomeado ou designado o servidor compete dar-lhe
Seção IV exercício. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
Da Posse e do Exercício § 4º O início do exercício de função de confiança coin‑
cidirá com a data de publicação do ato de designação,
Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo salvo quando o servidor estiver em licença ou afastado por
termo, no qual deverão constar as atribuições, os deveres,
qualquer outro motivo legal, hipótese em que recairá no
as responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo ocu‑
pado, que não poderão ser alterados unilateralmente, por primeiro dia útil após o término do impedimento, que não
qualquer das partes, ressalvados os atos de ofício previstos poderá exceder a trinta dias da publicação231. (Incluído pela
em lei. Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
§ 1º A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício
da publicação do ato de provimento225. (Redação dada pela do exercício serão registrados no assentamento individual
Lei nº 9.527, de 10/12/1997) do servidor232.
§ 2º Em se tratando de servidor, que esteja na data de Parágrafo único. Ao entrar em exercício, o servidor apre‑
publicação do ato de provimento, em licença prevista nos sentará ao órgão competente os elementos necessários ao
Noções de Direito Administrativo

incisos I, III e V do art. 81, ou afastado nas hipóteses dos seu assentamento individual.
incisos I, IV, VI, VIII, alíneas a, b, d, e e f, IX e X do art. 102, Art. 17. A promoção não interrompe o tempo de exer‑
o prazo será contado do término do impedimento226. (Re- cício, que é contado no novo posicionamento na carreira
dação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
227
Assunto cobrado nas seguintes provas: Esaf/CGU/AFC/Área Administrati‑
219
FCC/TRE-AM/Técnico Judiciário – Área Administrativa/2010. va/2012, Funiversa/Iphan/Auxiliar Institucional – Administrativo/2009 e FCC/
220
Assunto cobrado nas seguintes provas: FMP-RS/TCE-RS/Auditor – Ciências TRT 7ª Região/Técnico Judiciário – Administrativa/2009.
Econômicas/2011 e Fepese/MPE/Procurador Geral do Ministério Público/2010. 228
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRE-AM/Técnico Judiciário – Área
221
FCC/TRE-AM/Técnico Judiciário – Área Administrativa/2010. Administrativa/2010, FCC/TRE-PI/Analista Judiciário/2009 e FCC/TRF 4ª Região/
222
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/DPE-ES/Defensor Público/2009, Técnico Judiciário – Área Administrativa/2010.
PUC-PR/TJ-RO/Juiz Substituto/2011 e Exames/Prefeitura de Ingá-PB/Auditor de 229
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 7ª Região/Técnico Judiciário
Controle Interno/2011. – Administrativa/2009 e FCC/TRE-AM/Técnico Judiciário – Área Administrati‑
223
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 23ª Região/Analista Judiciário va/2010.
– Estatística/2011 e Funrio/MJ/Administrador/2009. 230
Assunto cobrado na prova da FCC/TST/Analista Judiciário/Apoio Especializado/
224
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 23ª Região/Analista Judiciário Contabilidade/2012.
– Estatística/2011 e Cespe/TCE-ES/Procurador Especial de Contas/2009. 231
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-PI/Analista Judiciário/2009.
225
Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012. 232
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRE-AP/Analista Judiciário – Con‑
226
Assunto cobrado na prova da Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012. tabilidade/2011 e FCC/TRE-AM/Técnico Judiciário – Área Administrativa/2010.

Este eBook foi adquirido por ANA PAULA TORQUATO DA COSTA - CPF: 628.848.913-15. 93
A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
a partir da data de publicação do ato que promover o ser‑ da turma, não pode ser dissociado do período de
vidor233. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) estágio probatório.
Art. 18. O  servidor que deva ter exercício em outro
município em razão de ter sido removido, redistribuído, I – assiduidade;
requisitado, cedido ou posto em exercício provisório terá, no II – disciplina;
mínimo, dez e, no máximo, trinta dias de prazo, contados da III – capacidade de iniciativa;
publicação do ato, para a retomada do efetivo desempenho IV – produtividade;
das atribuições do cargo, incluído nesse prazo o tempo ne‑ V – responsabilidade237.
cessário para o deslocamento para a nova sede. (Redação § 1º 4 (quatro) meses antes de findo o período do estágio
dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) probatório, será submetida à homologação da autoridade
competente a avaliação do desempenho do servidor, realiza‑
A título de exemplo: Helena, Analista Judiciária, da por comissão constituída para essa finalidade, de acordo
passou a ter exercício em outro Município em ra- com o que dispuser a lei ou o regulamento da respectiva
zão de ter sido removida. Nesse caso, contados da carreira ou cargo, sem prejuízo da continuidade de apuração
publicação do ato, o prazo para Helena retomar o dos fatores enumerados nos incisos I a V do caput deste
efetivo exercício das atribuições do cargo será, no artigo. (Redação dada pela Lei nº 11.784, de 2008)
mínimo, dez e, no máximo, trinta dias de prazo, § 2º O servidor não aprovado no estágio probatório será
podendo declinar do referido prazo234. exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anterior‑
mente ocupado, observado o disposto no parágrafo único
Pedro é servidor público federal, exercendo suas do art. 29.
funções na cidade de Campinas-SP, e é removido de § 3º O servidor em estágio probatório poderá exercer
ofício pela Autoridade Competente para a cidade quaisquer cargos de provimento em comissão ou funções
de Ribeirão Preto. Neste caso, Pedro, em razão de de direção, chefia ou assessoramento no órgão ou entidade
sua remoção, terá, no mínimo dez e, no máximo, 30 de lotação, e somente poderá ser cedido a outro órgão ou
dias de prazo, contados da publicação do ato, para entidade para ocupar cargos de Natureza Especial, cargos
a retomada do efetivo desempenho das atribuições de provimento em comissão do Grupo-Direção e Assessora‑
do cargo, incluído nesse prazo o tempo necessário mento Superiores – DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou equivalentes.
para o deslocamento para a nova sede235. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
§ 4º Ao servidor em estágio probatório somente pode‑
§ 1º Na hipótese de o servidor encontrar-se em licença rão ser concedidas as licenças e os afastamentos previstos
ou afastado legalmente, o prazo a que se refere este artigo nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afasta‑
será contado a partir do término do impedimento. (Parágrafo mento para participar de curso de formação decorrente de
renumerado e alterado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) aprovação em concurso para outro cargo na Administração
§ 2º É facultado ao servidor declinar dos prazos estabe‑ Pública Federal238. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
lecidos no caput. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) § 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as
Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de trabalho licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1º,
fixada em razão das atribuições pertinentes aos respectivos 86 e 96, bem assim na hipótese de participação em curso
cargos, respeitada a duração máxima do trabalho semanal de formação, e será retomado a partir do término do im‑
de quarenta horas e observados os limites mínimo e máxi‑ pedimento239. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
mo de seis horas e oito horas diárias, respectivamente236.
(Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17/12/1991) JURISPRUDÊNCIA:
§ 1º O ocupante de cargo em comissão ou função de con‑ NOMEAÇÃO DE SERVIDOR, EM ESTÁGIO PROBATÓ‑
fiança submete-se a regime de integral dedicação ao serviço, RIO, PARA CARGO DE CONFIANÇA.
observado o disposto no art. 120, podendo ser convocado I – A Constituição Federal não estabelece óbice à
sempre que houver interesse da Administração. (Redação nomeação de servidor – integrante de quadro de car‑
dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) reira técnica ou profissional e que esteja no período
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica a duração de do estágio probatório – para o exercício de funções
trabalho estabelecida em leis especiais. (Incluído pela Lei de confiança (cargo comissionado ou função gratifica‑
nº 8.270, de 17/12/1991) da). No entanto, nos termos do preconizado pela Lei
Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para Maior, artigo 37, I, norma infraconstitucional poderá
cargo de provimento efetivo ficará sujeito a estágio probató‑ estabelecer requisitos para o provimento destas fun‑
rio por período de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual ções de confiança, dentre os quais poderá figurar a
Noções de Direito Administrativo

a sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para exigência do cumprimento do estágio probatório. Na
o desempenho do cargo, observados os seguinte fatores: hipótese de não haver vedação de natureza legal, a
(Vide EMC nº 19) nomeação deste servidor – no curso do estágio pro‑
batório, para exercer funções de confiança – implicará
A Terceira Seção do STJ decidiu que com o advento a SUSPENSÃO do período probatório, que só voltará
da EC nº 19 de 1998, o prazo do estágio probatório a ser computado a partir do retorno do servidor ao
dos servidores públicos é de três anos. A mudança exercício do cargo efetivo. Neste caso, se o servidor
na Constituição Federal instituiu o prazo de três anos não for estável no serviço público, a suspensão do
para o alcance da estabilidade, o que, no entender estágio probatório implicará, necessariamente, a
suspensão da contagem do tempo de serviço para
233
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 7ª Região/Técnico Judiciário efeito da estabilidade funcional. Só após o cumpri‑
– Administrativa/2009 e FCC/TRF 4ª Região/Técnico Judiciário – Área Adminis‑
trativa/2010.
234
FCC/TRE-AL/Analista Judiciário – Contabilidade/2010. 237
Assunto cobrado na prova da Funrio/MJ/Administrador/2009.
235
FCC/TST/Técnico Judiciário/Área Administrativa/Segurança Judiciária/2012. 238
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-MS/Analista Judiciário/Área Judiciá‑
236
Assunto cobrado na prova da FCC/TRF 4ª Região/Técnico Judiciário – Área ria/2013.
Administrativa/2010. 239
Assunto cobrado na prova da Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012.

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mento integral do estágio probatório, onde a admi‑ § 1º Se julgado incapaz para o serviço público, o readap‑
nistrativa terá a oportunidade de aferir a sua aptidão tando será aposentado.
(assiduidade, idoneidade moral, eficiência etc.) para §  2º A readaptação será efetivada em cargo de atri‑
o exercício do cargo efetivo, é que o servidor poderá buições afins, respeitada a habilitação exigida, nível de
ser considerado estabilizado no serviço público. Sen‑ escolaridade e equivalência de vencimentos e, na hipótese
do, contudo, o servidor já detentor de estabilidade de inexistência de cargo vago, o servidor exercerá suas
funcional – em decorrência do exercício de cargo atribuições como excedente, até a ocorrência de vaga242.
efetivo anterior, no âmbito do mesmo Ente Estatal e (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
sem que tenha havido solução de continuidade entre
os dois provimentos efetivos – não haverá alteração Seção VIII
na sua estabilidade funcional, de sorte que apenas o Da Reversão
período probatório ficará suspenso. Ressalte-se, por (Regulamento Decreto nº 3.644, de 30/11/2000)
fim, que na hipótese de haver MANIFESTA CORRELA‑
ÇÃO entre as atribuições das funções de confiança Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor
e as atribuições do cargo efetivo do servidor, não aposentado: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-
há que se falar em suspensão do estágio probatório 45, de 4/9/2001)
nem da contagem do prazo para efeito de estabili‑ I – por invalidez, quando junta médica oficial declarar
dade funcional. II – Nos termos do artigo 19 do Ato insubsistentes os motivos da aposentadoria; ou (Incluído
das Disposições Constitucionais Transitórias (C.F.), é pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4/9/2001)
considerado estável no serviço público, só podendo II – no interesse da administração, desde que: (Incluído
ser demitido em razão de processo administrativo ou pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4/9/2001)
sentença judicial irrecorrível, o servidor que em 5 de a)  tenha solicitado a reversão; (Incluído pela Medida
outubro de 1988 (data da promulgação da Lei Maior) Provisória nº 2.225-45, de 4/9/2001)
contasse com pelo menos 5 (cinco) anos de tempo b) a aposentadoria tenha sido voluntária; (Incluído pela
de serviço público (TCE-PE, Decisão T.C.N: 0408/1996, Medida Provisória nº 2.225-45, de 4/9/2001)
ÓRGÃO JULGADO: FAC.DE FORM.DE PROFES.DE BELO c)  estável quando na atividade; (Incluído pela Medida
JARDIM-PRESIDENTE, Data Publicação: 11/4/1996) Provisória nº 2.225-45, de 4/9/2001)
d)  a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos
Seção V anteriores à solicitação; (Incluído pela Medida Provisória
Da Estabilidade nº 2.225-45, de 4/9/2001)
e)  haja cargo vago. (Incluído pela Medida Provisória
Art. 21. O  servidor habilitado em concurso público e nº 2.225-45, de 4/9/2001)
empossado em cargo de provimento efetivo adquirirá es‑ § 1º A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo
tabilidade no serviço público ao completar 2 (dois) anos de resultante de sua transformação. (Incluído pela Medida
efetivo exercício. (Prazo 3 anos – vide EMC nº 19) Provisória nº 2.225-45, de 4/9/2001)
Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo em virtude
de sentença judicial transitada em julgado ou de processo A título de exemplo: Benedita aposentou-se por
administrativo disciplinar no qual lhe seja assegurada invalidez. Entretanto, junta médica oficial julgou
ampla defesa240. insubsistente os motivos de sua aposentadoria.
Nesse caso, é certo que, dentre outras situações
Seção VI pertinentes, a reversão far-se-á no mesmo cargo ou
Da Transferência no cargo resultante de sua transformação243.

Art. 23. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) § 2º O tempo em que o servidor estiver em exercício será
considerado para concessão da aposentadoria. (Incluído pela
Seção VII Medida Provisória nº 2.225-45, de 4/9/2001)
Da Readaptação § 3º No caso do inciso I, encontrando-se provido o car‑
go, o  servidor exercerá suas atribuições como excedente,
Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em até a ocorrência de vaga. (Incluído pela Medida Provisória
cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis com nº 2.225-45, de 4/9/2001)
a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou § 4º O servidor que retornar à atividade por interesse da
mental verificada em inspeção médica241. administração perceberá, em substituição aos proventos da
Noções de Direito Administrativo

aposentadoria, a remuneração do cargo que voltar a exercer,


240
Assunto cobrado nas seguintes provas: Funrio/MPOG/Analista Técnico Adminis‑ inclusive com as vantagens de natureza pessoal que perce‑
trativo – Jurídico/2009, FCC/Defensoria Pública do Estado de São Paulo/Defen‑ bia anteriormente à aposentadoria. (Incluído pela Medida
sor Público/2010, Fepese/MPE/Procurador Geral do Ministério Público/2010,
Cespe/DPE-PI/Defensor Público/2009, OAB-MG/Exame de Ordem/2009.3, Provisória nº 2.225-45, de 4/9/2001)
Ieses/TJ-MA/Analista Judiciário – Direito/2011 e Fepese/MPE/Procurador Geral § 5º O servidor de que trata o inciso II somente terá os
do Ministério Público/2010. proventos calculados com base nas regras atuais se perma‑
241
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/TRF 1º Região/Juiz Federal
Substituto/2009, FMP-RS/TCE-RS/Auditor – Ciências Econômicas/2011, Cespe/ necer pelo menos cinco anos no cargo. (Incluído pela Medida
Superior Tribunal Militar/Analista Judiciário – Apoio Especializado – Arquite‑ Provisória nº 2.225-45, de 4/9/2001)
tura, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Economia, Técnico Judiciário
– Administrativa – Telecomunicações e Eletricidade, Analista Judiciário – Apoio
Especializado – Medicina – Geriatria, Analista Judiciário – Apoio Especializa‑ – Arquivologia, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Engenharia Elétrica,
do – Revisor de Texto, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Psicologia, Técnico Judiciário – Administrativa – Mecânica, Analista Judiciário – Apoio
Analista Judiciário – Apoio Especializado – Engenharia Mecânica, Analista Especializado – Administração, Analista Judiciário – Apoio Especializado –
Judiciário – Apoio Especializado – Engenharia Civil, Analista Judiciário – Apoio Restauração, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Enfermagem, Analista
Especializado – Análise de Sistemas, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Judiciário – Apoio Especializado – Medicina – Clínica Médica/2011 e Unemat/
Biblioteconomia, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Estatística, Analista SAD-MT/Delegado de Polícia/2010.
Judiciário – Apoio Especializado – Comunicação Social, Analista Judiciário – 242
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRF 1º Região/Juiz Federal Substituto/2009.
Apoio Especializado – Contabilidade, Analista Judiciário – Apoio Especializado 243
FCC/TRE-AL/Analista Judiciário – Judiciária/2010.

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§ 6º O Poder Executivo regulamentará o disposto neste do devido processo legal, do contraditório e da ampla
artigo. (Incluído pela Medida Provisória nº  2.225-45, de defesa. Incidência da Súmula nº 21 do STF. (RE 378.041,
4/9/2001) Rel. Min. Carlos Britto, julgamento em 21/9/2004,
Art. 26. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, Primeira Turma, DJ de 11/2/2005.) No mesmo sentido:
de 4/9/2001) AI 623.854-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento
Art. 27. Não poderá reverter o aposentado que já tiver em 25/8/2009, Primeira Turma, DJE de 23/10/2009.
completado 70 (setenta) anos de idade244. Vide: RE 223.904, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento
em 8/6/2004, Segunda Turma, DJ de 6/8/2004; RE
Seção IX 222.532, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em
Da Reintegração 8/8/2000, Primeira Turma, DJ de 1º/9/2000.

Art.  28. A  reintegração é a reinvestidura do servidor Art. 31. O  órgão Central do Sistema de Pessoal Civil
estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo determinará o imediato aproveitamento de servidor em
resultante de sua transformação, quando invalidada a disponibilidade em vaga que vier a ocorrer nos órgãos ou
sua demissão por decisão administrativa ou judicial, com entidades da Administração Pública Federal.
ressarcimento de todas as vantagens245. Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3º do art. 37,
§ 1º Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor fica‑ o servidor posto em disponibilidade poderá ser mantido sob
rá em disponibilidade, observado o disposto nos arts. 30 e 31. responsabilidade do órgão central do Sistema de Pessoal
§  2º Encontrando-se provido o cargo, o  seu eventual Civil da Administração Federal – Sipec, até o seu adequado
ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito aproveitamento em outro órgão ou entidade. (Parágrafo
à indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
posto em disponibilidade. Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e
cassada a disponibilidade se o servidor não entrar em exer‑
Seção X cício no prazo legal, salvo doença comprovada por junta
Da Recondução médica oficial.

Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao CAPÍTULO II


cargo anteriormente ocupado e decorrerá de: Da Vacância
I – inabilitação em estágio probatório relativo a outro
cargo; JURISPRUDÊNCIA:
II – reintegração do anterior ocupante246. Art. 122 da Lei Estadual nº 5.346, de 26/5/1992, do
Parágrafo  único. Encontrando-se provido o cargo de Estado de Alagoas. Preceito que permite a reinserção
origem, o servidor será aproveitado em outro, observado o no serviço público do policial militar licenciado. Des‑
disposto no art. 30. ligamento voluntário. Necessidade de novo concurso
para retorno do servidor à carreira militar. Violação
Seção XI do disposto nos arts. 5º, I; e 37, II, da CF. Não guarda
Da Disponibilidade e do Aproveitamento consonância com o texto da Constituição do Brasil o
preceito que dispõe sobre a possibilidade de ‘rein‑
Art. 30. O  retorno à atividade de servidor em dispo‑ clusão’ do servidor que se desligou voluntariamente
nibilidade far-se-á mediante aproveitamento obrigatório do serviço público. O fato de o militar licenciado ser
em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o considerado ‘adido especial’ não autoriza seu retorno à
anteriormente ocupado. Corporação. O licenciamento consubstancia autêntico
A título de exemplo: Miguel servidor público fede- desligamento do serviço público. O licenciado não
ral, ocupava o cargo de analista judiciário da área manterá mais qualquer vínculo com a administração.
administrativa, junto ao Tribunal Regional Eleito- O licenciamento voluntário não se confunde o retorno
ral. Atualmente encontra-se em disponibilidade. do militar reformado ao serviço em decorrência da ces‑
Entretanto será possível seu retorno à atividade, a sação da incapacidade que determinou sua reforma.
ser feita por aproveitamento obrigatório em cargo O regresso do ex-militar ao serviço público reclama
de atribuições e vencimentos compatíveis com o sua submissão a novo concurso público [art. 37, II, da
anteriormente ocupado247. CF/1988]. O entendimento diverso importaria flagran‑
te violação da isonomia [art. 5º, I, da CF/1988]. (ADI
Noções de Direito Administrativo

JURISPRUDÊNCIA:
2.620, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 29/11/2007,
O servidor público ocupante de cargo efetivo, ainda
Plenário, DJE de 16/5/2008)
que em estágio probatório, não pode ser exonerado
ad nutum, com base em decreto que declara a des‑
Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de:
necessidade do cargo, sob pena de ofensa à garantia
I – exoneração248;
II – demissão249;
244
Assunto cobrado na prova do Cespe/Seplag-Seapa/2009.
245
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/TRE-MS/Analista Judiciário/Área III – promoção250;
Judiciária/2013, Cespe/Câmara dos Deputados/Analista Legislativo/Arquite‑ IV – (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
to/2012, FCC/TRF 4ª Região/Técnico Judiciário – Área Administrativa/2010, V – (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
FCC/TRE-PI/Técnico Judiciário – Administrativa/2009 e FCC/TRF 4ª Região/
Analista Judiciário – Área Administrativa/2010.
246
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRE-AP/Técnico Judiciário – Área 248
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 4ª Região/Técnico Judiciário – Seguran‑
Administrativa/2011, Cespe/TRF 1º Região/Juiz Federal Substituto/2009, FCC/ ça/2011.
TRF 4ª Região/Técnico Judiciário – Área Administrativa/2010 e FCC/TRF 4ª 249
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 4ª Região/Técnico Judiciário – Seguran‑
Região/Analista Judiciário – Área Judiciária/2010 e Unemat/SAD-MT/Delegado ça/2011.
de Polícia/2010. 250
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-AP/Técnico Judiciário – Área Adminis‑
247
FCC/TRE-SP/Analista Judiciário/Área Administrativa/Contabilidade/2012. trativa/2011.

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VI – readaptação251; pelo órgão ou entidade em que aqueles estejam lotados261.
VII – aposentadoria252; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
VIII – posse em outro cargo inacumulável253;
IX – falecimento. Informativo nº 460 STJ.
Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido ESTÁGIO PROBATÓRIO. CONCURSO. REMOÇÃO.
do servidor, ou de ofício. A Turma negou provimento ao RMS, uma vez que o
Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á: art. 36, III, c, da Lei nº 8.112/1990 (com a redação
I  –  quando não satisfeitas as condições do estágio dada pela Lei nº 9.527/1997), que cuida da hipótese
probatório254; de remoção a pedido em processo seletivo, afirma ser
II – quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar do órgão de lotação do servidor a competência para
em exercício no prazo estabelecido. estabelecer normas próprias a fim de regulamentar os
Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e a dispensa concursos de remoção. No mesmo sentido, apregoa a
de função de confiança dar-se-á: (Redação dada pela Lei Resolução nº 387/2004 do Conselho da Justiça Federal
nº 9.527, de 10/12/1997) (CJF). Assim, não caberia ao Poder Judiciário examinar
I – a juízo da autoridade competente; a conveniência de edital de remoção que vedou a
II – a pedido do próprio servidor. participação de servidores em estágio probatório,
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) sob pena de invasão do campo de discricionariedade
conferido expressamente pela lei ao órgão de lotação
CAPÍTULO III do servidor. Ademais, no caso dos autos, a autoridade
Da Remoção e da Redistribuição impetrada esclareceu que o edital do concurso público
do qual participaram os impetrantes já estabelecia
Seção I que, se eles aceitassem a nomeação, deveriam per‑
Da Remoção manecer por três anos na localidade de ingresso no
cargo público. Precedente citado: RMS 22.055-RS, DJ
Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido 13/8/2007. RMS 23.428-RS, Rel. Min. Maria Thereza
ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro255, com ou sem de Assis Moura, julgado em 16/12/2010.
mudança de sede256.
Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, Seção II
entende-se por modalidades de remoção: (Redação dada Da Redistribuição
pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
I – de ofício, no interesse da Administração257; (Incluído Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de
pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) provimento efetivo, ocupado ou vago262 no âmbito do quadro
II – a pedido, a critério da Administração258; (Incluído geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo
pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) Poder263, com prévia apreciação do órgão central do Sipec,
III  – a pedido, para outra localidade, independente‑ observados os seguintes preceitos: (Redação dada pela Lei
mente do interesse da Administração259: (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
nº 9.527, de 10/12/1997) I  –  interesse da administração264; (Incluído pela Lei
a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também nº 9.527, de 10/12/1997)
servidor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da II  –  equivalência de vencimentos; (Incluído pela Lei
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nº 9.527, de 10/12/1997)
que foi deslocado no interesse da Administração260; (Incluído III – manutenção da essência das atribuições do cargo265;
pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro
ou dependente que viva às suas expensas e conste do seu
assentamento funcional, condicionada à comprovação por
261
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 14ª Região/Analista Judiciário – Área
Judiciária/2011.
junta médica oficial; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) 262
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/Tribunal Regional do Trabalho da 9ª
c) em virtude de processo seletivo promovido, na hi‑ Região/Analista Judiciário – Apoio Especializado – Medicina, Analista Judiciário
– Apoio Especializado – Tecnologia da Informação, Analista Judiciário – Apoio
pótese em que o número de interessados for superior ao Especializado – Fisioterapia, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Estatís‑
número de vagas, de acordo com normas preestabelecidas tica, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Medicina do Trabalho, Analista
Judiciário – Apoio Especializado – Enfermagem, Analista Judiciário – Apoio
Especializado – Psicologia/2010.
Noções de Direito Administrativo

251
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 4ª Região/Técnico Judiciário – 263
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/Tribunal Regional do Trabalho da 9ª
Segurança/2011 e FCC/TRE-AP/Técnico Judiciário – Área Administrativa/2011. Região/Analista Judiciário – Apoio Especializado – Medicina, Analista Judiciário
252
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-AP/Técnico Judiciário – Área Adminis‑ – Apoio Especializado – Tecnologia da Informação, Analista Judiciário – Apoio
trativa/2011. Especializado – Fisioterapia, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Estatís‑
253
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 4ª Região/Técnico Judiciário tica, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Medicina do Trabalho, Analista
– Segurança/2011 e FCC/TRF 4ª Região/Técnico Judiciário – Área Administra‑ Judiciário – Apoio Especializado – Enfermagem, Analista Judiciário – Apoio
tiva/2010. Especializado – Psicologia/2010.
254
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/MPS/Agente Administrativo/2010 264
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/Tribunal Regional do Trabalho da 9ª
e Cespe/MPS/Agente Administrativo/2010. Região/Analista Judiciário – Apoio Especializado – Medicina, Analista Judiciário
255
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 14ª Região/Analista Judiciário – Área – Apoio Especializado – Tecnologia da Informação, Analista Judiciário – Apoio
Judiciária/2011. Especializado – Fisioterapia, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Estatís‑
256
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 14ª Região/Analista Judiciário – Área tica, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Medicina do Trabalho, Analista
Judiciária/2011. Judiciário – Apoio Especializado – Enfermagem, Analista Judiciário – Apoio
257
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 14ª Região/Analista Judiciário – Especializado – Psicologia/2010.
Área Judiciária/2011 e Cespe/TRE-BA/Técnico Judiciário – Administrativa/2010. 265
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/Tribunal Regional do Trabalho da 9ª
258
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 14ª Região/Analista Judiciário – Região/Analista Judiciário – Apoio Especializado – Medicina, Analista Judiciário
Área Judiciária/2011 e Cespe/TRE-BA/Técnico Judiciário – Administrativa/2010. – Apoio Especializado – Tecnologia da Informação, Analista Judiciário – Apoio
259
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-BA/Técnico Judiciário – Administra‑ Especializado – Fisioterapia, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Estatís‑
tiva/2010. tica, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Medicina do Trabalho, Analista
260
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 14ª Região/Analista Judiciário – Área Judiciário – Apoio Especializado – Enfermagem, Analista Judiciário – Apoio
Judiciária/2011. Especializado – Psicologia/2010.

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IV  –  vinculação entre os graus de responsabilidade e (Cespe/STF/Técnico Judiciário/Questão 97/2008) O
complexidade das atividades; (Incluído pela Lei nº  9.527, servidor substituto fará jus à retribuição pelo exer‑
de 10/12/1997) cício do cargo ou função de direção ou chefia ou de
V  –  mesmo nível de escolaridade, especialidade ou cargo de natureza especial, nos casos de afastamen‑
habilitação profissional266; (Incluído pela Lei nº  9.527, de tos ou impedimentos legais do titular, superiores a
10/12/1997) trinta dias consecutivos, paga na proporção dos dias
VI – compatibilidade entre as atribuições do cargo e as de efetiva substituição, que excederem o referido
finalidades institucionais do órgão ou entidade. (Incluído pela período.
Lei nº 9.527, de 10/12/1997) Gabarito Preliminar: C
§ 1º A redistribuição ocorrerá ex officio para ajustamen‑ Gabarito Definitivo: E
to de lotação e da força de trabalho às necessidades dos Justificativa do Cespe para alteração: Alterado de C
serviços, inclusive nos casos de reorganização, extinção ou para E, pois, de acordo com a legislação vigente, que
criação de órgão ou entidade267. (Incluído pela Lei nº 9.527, atualiza a Lei nº 8.112/1990, a retribuição é devida
de 10/12/1997) a partir do primeiro dia de substituição do titular,
§  2º A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará mesmo quando essa não superar o prazo de trinta
mediante ato conjunto entre o órgão central do Sipec e os
dias. Salienta-se que o Tribunal de Contas da União
órgãos e entidades da Administração Pública Federal envol‑
em mais de uma oportunidade (TC-013.977/2000-2
vidos. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
e TC-000.399/2001-8) firmou a orientação de que a
§ 3º Nos casos de reorganização ou extinção de órgão
ou entidade, extinto o cargo ou declarada sua desnecessi‑ retribuição é devida a partir do primeiro dia de subs‑
dade no órgão ou entidade, o servidor estável que não for tituição do titular, mesmo quando essa não superar
redistribuído será colocado em disponibilidade, até seu o prazo de trinta dias, com fundamento no disposto
aproveitamento na forma dos arts. 30 e 31268. (Parágrafo no art. 38 da Lei nº 8.112/1990, com a redação dada
renumerado e alterado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) pela Lei nº 9.527/97, c/c Portaria TCU nº 266/2000.
§ 4º O servidor que não for redistribuído ou colocado em Cabe ressaltar, por fim, que o item não se entrou na
disponibilidade poderá ser mantido sob responsabilidade do seara de que a retribuição só seria devida a partir de
órgão central do Sipec, e ter exercício provisório, em outro tal ou qual dia.
órgão ou entidade, até seu adequado aproveitamento. (In- A prova supra foi aplicada em 6 de julho de 2008.
cluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) Em 28 de setembro de 2010 o STJ pronunciou-se
sobre o tema em tela e passou a ter o seguinte
CAPÍTULO IV entendimento:
Da Substituição RECURSO ESPECIAL Nº 548.340 – RN (2003/0095482-0)
EMENTA
Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou função ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. ART. 38, 2º,
de direção ou chefia e os ocupantes de cargo de Natureza DA LEI Nº 8.112/1990. SUBSTITUIÇAO DE TITULAR DE
Especial terão substitutos indicados no regimento interno FUNÇAO COMISSIONADA. PERÍODO INFERIOR A 30
ou, no caso de omissão, previamente designados pelo (TRINTA) DIAS. RETRIBUIÇAO INDEVIDA.
dirigente máximo do órgão ou entidade269. (Redação dada
pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) Art. 39. O disposto no artigo anterior aplica-se aos titu‑
§ 1º O substituto assumirá automática e cumulativamen‑ lares de unidades administrativas organizadas em nível de
te, sem prejuízo do cargo que ocupa, o exercício do cargo assessoria.
ou função de direção ou chefia e os de Natureza Especial, [...]
nos afastamentos, impedimentos legais ou regulamentares
do titular e na vacância do cargo, hipóteses em que deverá
optar pela remuneração de um deles durante o respectivo PRINCIPAIS DIREITOS E VANTAGENS DO
período. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL
§ 2º O substituto fará jus à retribuição pelo exercício do
cargo ou função de direção ou chefia ou de cargo de Natu‑ Serão tratados os principais institutos de Lei nº 8.112/1990
reza Especial, nos casos dos afastamentos ou impedimentos que trazem ao servidor tudo aquilo que ele pode usufruir
legais do titular, superiores a trinta dias consecutivos, paga como um servidor público federal.
na proporção dos dias de efetiva substituição, que excede‑
rem o referido período. (Redação dada pela Lei nº 9.527, Direitos
Noções de Direito Administrativo

de 10/12/1997)
Da Remuneração
Em face da substituição é salutar fazer a seguinte
explanação: Começaremos com um dos direitos chamado remunera‑
ção. Ela consiste no somatório do vencimento (é a retribui‑
266
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/Tribunal Regional do Trabalho da 9ª ção em pecúnia pelo exercício do cargo) mais as vantagens
Região/Analista Judiciário – Apoio Especializado – Medicina, Analista Judiciário pecuniárias permanentes previstas em lei270.
– Apoio Especializado – Tecnologia da Informação, Analista Judiciário – Apoio
Especializado – Fisioterapia, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Estatís‑ De forma bem simples, para melhor fixação, poderíamos
tica, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Medicina do Trabalho, Analista desenvolver uma hipotética “fórmula matemática”:
Judiciário – Apoio Especializado – Enfermagem, Analista Judiciário – Apoio
Especializado – Psicologia/2010 e FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Acre/ REMUNERAÇÃO = VENCIMENTO + VANTAGENS PERMA‑
Técnico Judiciário/Área Administrativa/2010. NENTES.
267
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 4ª Região/Técnico Judiciário – Seguran‑
ça/2011.
268
Assunto cobrado na prova do Ieses/TJ-MA/Analista Judiciário – Direito/2011. Assunto cobrado nas seguintes provas: Funiversa/Iphan/Auxiliar Institucional
270
269
FCC/TRE-SP/Técnico Judiciário/Apoio Especializado/Programação de Siste‑ – Administrativo/2009 e FCC/TRT 7ª Região/Analista Judiciário – Administrati‑
mas/2012. va/2009.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Sempre que falarmos em vantagens, interessante, para O servidor que for portador de deficiência terá direito
melhor fixação, a expressão G.A.I., que corresponde: a horário especial, independentemente de compensação
Gratificações; de horários277.
Adicionais;
Indenizações. Das Férias
Um dos direitos que, em regra, é  o mais “esperado”
O legislador em 2008, por meio da Lei nº 11.784 revo‑ pelo servidor:
gou o parágrafo único do art. 40 da Lei nº 8.112/1990, que • O servidor faz jus a trinta dias de férias, onde não
preceituava que o vencimento não poderia ser inferior ao se descontam as faltas ao serviço em dias de férias,
salário mínimo, logo, hoje ele poderá ser inferior, o que não diferenciando-se da Consolidação das Leis do Traba‑
pode ser inferior a é a remuneração. lho (CLT)278.
É preciso observar que o legislador trouxe em 1994 a Lei • As férias poderão ser divididas em até três etapas,
nº 8.852, que inseriu no corpo do Regime Jurídico do servidor a pedido do servidor e com a anuência da Adminis‑
os “vencimentos”. Porém, segundo alguns administrativistas, tração279.
“vencimentos” poderia ser sinônimo de remuneração, pois • As férias poderão ser acumuladas no máximo por
são institutos bem próximos, cujas diferenças são mínimas, dois períodos, em caso de necessidade de serviço,
logo quando falarmos em vencimentos poderemos entender salvo que existam hipóteses em legislação específi‑
que seria mais ou menos a mesma coisa que remuneração. ca280.
É fato que o servidor quando faltar ao serviço terá o dia • Para angariar o direito às férias o servidor deve cum‑
da falta descontado da sua remuneração, se a falta for jus‑ prir o primeiro período aquisitivo de doze meses.
tificada em razão de caso fortuito ou força maior poderão • A remuneração de férias deverá ser paga até dois
ser compensadas a critério do chefe imediato e computadas dias antes do seu início281.
como efetivo exercício271. • O legislador trouxe hipóteses de interrupção de férias,
O legislador “resguardou”, ou seja, “protegeu” a remu‑ sendo: em caso de calamidade pública; comoção in‑
neração de tal maneira que sobre ela não incidirá nenhum terna; prestar serviços para o Tribunal do Júri; serviço
desconto, salvo se for por meio de lei ou por ordem judi‑ militar ou eleitoral e por necessidade do serviço decla‑
cial, e  que ela não será objeto de arresto, sequestro ou rada pela autoridade máxima do órgão ou entidade.
penhora, salvo no caso de pensão alimentícia oriunda de
decisão judicial272.
Das Licenças
Caso a Administração venha “cobrar” (descontar) uma
As licenças são tratadas em vários momentos no corpo
reposição ou indenização, o servidor deverá ser antecipa‑
da Lei nº 8.112/1990, para tentarmos ser didáticos, vamos
damente avisado para que possa pagar no prazo de 30 dias,
trabalhá-las de forma “combinada”, ou seja, iremos fazer a
podendo ainda pedir o parcelamento.
junção dos artigos inerentes às licenças.
O legislador especificou que o valor de cada parcela
O art. 20, em seu parágrafo quarto, menciona quais as
não poderá ser inferior a dez por cento da remuneração,
licenças que o servidor em estágio probatório pode tirar e os
provento ou pensão.
Se um servidor for demitido, exonerado ou cassada a sua arts. 102 e 103 preceituam a contagem do tempo de serviço.
aposentadoria ou disponibilidade e encontrar-se em débito Então, vamos começar o estudo de cada uma das licenças
com o erário, ele terá o prazo de 60 dias para pagar e caso não que quase sempre são lembradas pelos examinadores, onde
cumpra esta obrigação, ocorrerá a inscrição em dívida ativa. o índice de erro dos candidatos é sempre considerável:

Das concessões Licença por motivo de doença de pessoa da família


É outro direito de suma importância, pois vem a permitir • O servidor em estágio probatório pode ter direito a
que o servidor possa praticar certo ato humanitário, praticar licença.
certo ato jurídico e venha a poder gozar de situações oriundas • Os entes familiares serão o cônjuge, pais, filhos, ou
de fatos jurídicos, computando-se como efetivo exercício os dependentes que constem dos assentamentos indi‑
dias das concessões: viduais do servidor.
• Servidor que for doar sangue terá um dia de conces‑ • Poderá ser concedida por até 60 dias consecutivos
são273; ou não, com remuneração282.
• Para alistamento eleitoral terá dois dias274; • Por até 90 dias consecutivos ou não, sem remunera‑
• Para casamento e falecimento de ente familiar terá ção283.
Noções de Direito Administrativo

oito dias275.
277
Assunto cobrado na prova da Movens/Ministério da Cultura/Agente Adminis‑
As concessões também abrangem a pessoa que estuda, trativo/2010.
278
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 23ª Região/Técnico Judiciário/
concedendo-se horário especial, quando comprovada a Área Administrativa/2011 e FCC/TRT 7ª Região/Técnico Judiciário – Adminis‑
incompatibilidade entre o horário de estudo com o da re‑ trativa/2009.
279
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 23ª Região/Técnico Judiciário/
partição, sempre por meio de compensação de horários276. Área Administrativa/2011 e FCC/TRT 7ª Região/Técnico Judiciário – Adminis‑
trativa/2009.
271
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-RJ/Técnico Judiciário/Área Adminis‑ 280
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 23ª Região/Técnico Judiciário/
trativa/2012. Área Administrativa/2011, FCC/TRT 7ª Região/Técnico Judiciário – Administrati‑
272
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-RJ/Técnico Judiciário/Área Adminis‑ va/2009, Cespe/MEC/Agente Administrativo/2009 e FCC/TRT 7ª Região/Técnico
trativa/2012. Judiciário – Administrativa/2009.
273
Assunto cobrado na prova da Esaf/Susep/Analista Técnico da Susep/2010. 281
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 23ª Região/Técnico Judiciário/Área
274
Assunto cobrado na prova da Esaf/Susep/Analista Técnico da Susep/2010. Administrativa/2011.
275
Assunto cobrado nas seguintes provas: Esaf/Susep/Analista Técnico da Su‑ 282
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 23ª Região/Analista Judiciário/Execução
sep/2010 e Esaf/Susep/Analista Técnico da Susep/2010. de Mandados/2011.
276
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/MEC/Agente Administrativo/2009 283
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 23ª Região/Analista Judiciário/Execução
e Movens/Ministério da Cultura/Agente Administrativo/2010. de Mandados/2011.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
• Ela poderá ser concedida a cada doze meses. décimo dia seguinte ao pleito, desde que esse período não
• O somatório dos dias com e sem remuneração chegará ultrapasse três meses284.
a cento e cinquenta dias.
• O tempo será contado para aposentadoria e disponi‑ Licença para Capacitação
bilidade no período com remuneração que exceder a Até dezembro de 1997, os servidores públicos federais
trinta dias em períodos de doze meses. tinham o direito a pleitear a licença prêmio por assiduidade,
porém a Lei nº 9.527/1997 revoga a referida licença e insere
Licença por motivo de afastamento do cônjuge a licença para capacitação.
Vamos imaginar um casal de servidores e que um deles Ela poderá ser concedida a cada cinco anos de efetivo
foi afastado ou deslocado para outro Estado, para o Exterior exercício e será remunerada por até três meses, mas o
ou para exercer um mandato eletivo. O servidor que ficou servidor será obrigado a participar de cursos de formação
poderá ter o direito à licença em razão ao afastamento do profissional285.
cônjuge, porém, o legislador determina que antes se deva O candidato não pode confundir a extinta licença
tentar o exercício provisório em órgão ou entidade da Admi­ prêmio com a capacitação e deve ter em mente que ela é
nistração Federal Direta, Autárquica ou Fundacional. Caso inacumulável.
não consiga este exercício, será concedida a referida licença
JURISPRUDÊNCIA:
sem remuneração e por prazo indeterminado.
Servidor público. Conversão de licença-prêmio não
Na omissão dos arts.  102 (contagem do tempo como
gozada em tempo de serviço. Direito adquirido antes
efetivo exercício) e 103 (contagem do tempo para aposen‑
da vigência da EC 20/1998. Conversão de licença‑
tadoria e disponibilidade), o tempo desta licença não será -prêmio em tempo de serviço: direito adquirido na
contado para nenhum efeito. forma da lei vigente ao tempo da reunião dos requi‑
sitos necessários para a conversão. (RE 394.661-AgR,
Licença para o Serviço Militar Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 20/9/2005,
Vamos imaginar uma das possíveis situações para esta Segunda Turma, DJ de 14/10/2005.) No mesmo senti‑
licença: do: RE 517.274-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento
Um jovem com dezoito anos, já alistado no serviço militar, em 20/10/2009, Segunda Turma, DJE de 13/11/2009;
prestou concurso público para um órgão federal. Foi nome‑ RE 411.545-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento
ado e apresentou-se para assinatura do termo de posse, em 26/5/2009, Primeira Turma, DJE de 1º/7/2009.
dentro dos trinta dias previstos em lei. Como já vimos, no
ato da posse ele tem que estar em dia com a situação militar. Licença para tratar de interesses particulares
Em face desta situação, você daria posse para ele? A resposta Poderá ser concedida ao servidor detentor de cargo
positiva se impõe, pois ele cumpriu a sua obrigação no que efetivo, mas desde que já esteja habilitado no estágio
pertine à situação militar com a apresentação do certificado probatório e será pelo prazo de até três anos consecutivos
do alistamento militar. e sem remuneração286.
No prazo de quinze dias ele entrou em exercício (marco Urge ressaltar que os arts. 102 e 103 são omissos em
inicial do estágio probatório), quando as forças armadas relação a contagem de tempo de serviço para esta licença,
chamarem o servidor para o serviço militar obrigatório, ele logo, legalmente, não será contado o tempo para nenhum
entrará de licença para o serviço militar. efeito no serviço público.
O tempo será contado como efetivo exercício e após o A administração poderá interrompê-la a qualquer tempo,
término da referida licença ele terá trinta dias não remune‑ desde que declare necessidade do serviço, cabendo também
rados para retornar ao órgão de origem. ao servidor poder interrompê-la.

Licença para Atividade Política Licença para mandato classista


O legislador obedecendo ao comando constitucional deu Todo servidor que queira desempenhar um mandato
direito ao servidor público federal de poder se candidatar a na direção ou representação de confederação, federação,
sindicato etc., terá direito a esta licença não remunerada,
mandatos eletivos, mesmo estando no estágio probatório.
onde o tempo será contado como efetivo exercício, salvo a
Esta licença iniciará no período das convenções partidá‑
sua promoção por merecimento. O prazo da licença poderá
rias e se estenderá até a véspera do registro da candidatura
ser de um mandato mais uma reeleição.
perante a justiça federal, mas durante este período o servidor
A Administração, para poder conceder a licença para
Noções de Direito Administrativo

não será remunerado. tratar de assuntos particulares, deverá aferir um número


A partir do registro da candidatura e até dez dias após de associados:
as eleições, o servidor terá direito à remuneração do cargo I – para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados,
efetivo, estando expresso em lei que será somente pelo 2 (dois) servidores;
período de três meses. II – para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000
O período remunerado será contado para aposentadoria (trinta mil) associados, 4 (quatro) servidores;
e disponibilidade. III – para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) asso‑
A título de exemplo: Carlos, servidor público federal há ciados, 8 (oito) servidores. (Lei nº 12.998/2014)
onze meses, pretende disputar eleições para uma vaga de
deputado federal. Para tanto, protocolou no órgão em que
está lotado um pedido de licença do cargo para o exercício
284
Cespe/TRE-MS/Analista Judiciário/Área Judiciária/2013.
285
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 23ª Região/Analista Judiciário/
de atividade política. Considerando essa situação hipotéti- Área Administrativa/2011, FCC/Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região/
ca, Carlos tem direito a licença com vencimentos integrais, Analista Judiciário/Área Administrativa/2010 e Movens/Ministério da Cultura/
Agente Administrativo/2010.
a partir do registro da candidatura na Justiça Eleitoral até o 286
FCC/TRT 23ª Região/Analista Judiciário/Execução de Mandados/2011.

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Dos Afastamentos mente com o exercício do cargo ou por meio de compensação
de horários. O afastamento será remunerado e o tempo será
Para servir a outro órgão ou entidade contado como efetivo exercício.
A Administração poderá ceder o servidor para exercício Requisitos temporais para Mestrado:
em outro órgão ou entidade da União, Estados, Municípios • Só poderá ser concedido para servidores detentores
e DF. de cargo efetivo no respectivo órgão ou entidade com
Vamos imaginar a seguinte hipótese: um servidor público pelo menos três anos, incluindo o período de estágio
Federal foi cedido ao Banco do Brasil (Sociedade de Eco‑ probatório292.
nomia Mista) ou para a Caixa Econômica Federal (Empresa • Não tenha se afastado para tratar de assuntos particu‑
Pública), e, por meio de instrumentos normativos, ele optou lares e nem ter se afastado por este artigo nos últimos
pela remuneração do cargo efetivo acrescida do percentual dois anos.
da retribuição do cargo em comissão, neste caso caberá
a entidade cessionária efetuar o reembolso das despesas Requisitos temporais para Doutorado:
realizadas pelo órgão ou entidade de origem. • Só poderá ser concedido para servidores detentores
de cargo efetivo no respectivo órgão ou entidade
Afastamento para exercício de mandato eletivo com pelo menos quatro anos, incluindo o período de
Se um servidor teve direito a uma licença para candi‑ estágio probatório.
datar-se a um cargo eletivo, ele também deve ter o direito, • Não tenha se afastado para tratar de assuntos par‑
mesmo no estágio probatório, a ser afastado para exercer ticulares, tiver tirado licença capacitação ou ter se
o mandato eletivo. afastado por este artigo nos últimos dois anos.
Deve observar:
• Para mandato federal, estadual ou distrital, ele sim‑ Requisitos para temporais para o Pós-Doutorado:
plesmente será afastado do cargo público. • Só poderá ser concedido para servidores detentores
• Para mandato de prefeito, ele será afastado do órgão de cargo efetivo no respectivo órgão ou entidade
público podendo escolher pela sua remuneração. a pelo menos quatro anos, incluindo o período de
• Para mandato de vereador, caso existam meios de estágio probatório.
compatibilizar horários, receberá as vantagens de seu • Não tenha se afastado para tratar de assuntos parti‑
cargo, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo. culares e nem se afastado por este artigo nos últimos
Caso não existam meios de compatibilizar horários, quatro anos.
ele deverá ser afastado do cargo público, podendo
escolher pela sua remuneração. Convém ressaltar que, neste afastamento, a obrigação
• O tempo de afastamento será contado como efetivo de indenizar assemelha-se à obrigação do afastamento para
exercício, salvo a sua promoção por merecimento. estudo ou omissão no exterior. Se o servidor não obtiver o
título da pós-graduação, ele terá obrigação de indenizar a
Afastamento para estudo ou missão no exterior Administração.
• O servidor estando em estágio probatório poderá
ter direito a esse afastamento, desde que seja au‑ Direito de Petição
torizado pelo Presidente da República, Presidente Todo servidor que se sentir lesado ou insatisfeito por
da Câmara, Presidente do Senado ou Presidente do determinado ato de superior poderá fazer o pedido de recon‑
STF287. sideração, que deverá ser dirigido à autoridade competente
• Ele poderá ficar até quatro anos remunerados, tendo (autoridade que praticou o “ato lesivo”) para decidi-lo e
seu tempo contado como efetivo exercício288. encaminhá-lo por intermédio da sua chefia imediata.
• O servidor só poderá ser afastado novamente para o O servidor terá o prazo de trinta dias para decidir se vai
exterior, tirar licença por interesse particular ou pedir querer pedir a reconsideração. Caso decida dentro deste
exoneração, sem a obrigação de indenizar, depois de prazo, o seu chefe imediato terá o prazo de cinco dias para
decorrido igual período que ficou no exterior289. despachar e a autoridade que julgar o pedido terá o prazo
• A carreira diplomática não é regida por este artigo290. de trinta dias para decidir.
A autoridade ao indeferir o pedido de consideração gera
Afastamento para servir em organismo internacional ao servidor o direito ao recurso administrativo.
que o Brasil participe ou coopere
O servidor, mesmo em estágio probatório, poderá ser JURISPRUDÊNCIA:
Noções de Direito Administrativo

afastado para organismo internacional que o Brasil partici‑ O STF fixou entendimento no sentido de que a lei
pe, porém será sem remuneração e o tempo será contado nova não pode revogar vantagem pessoal já incorpo‑
como efetivo exercício291. rada ao patrimônio do servidor sob pena de ofensa
ao direito adquirido. (AI 762.863-AgR, Rel. Min. Eros
Afastamento para participação em programa de pós‑ Grau, julgamento em 20/10/2009, Segunda Turma,
-graduação stricto sensu no Brasil DJE de 13/11/2009) Vide: RE 538.569-AgR, Rel. Min.
O legislador insere, em 2009, este tipo de afastamento, Cezar Peluso, julgamento em 3/2/2009, Segunda
permitindo que o servidor possa fazer mestrado, doutorado Turma, DJE de 13/3/2009.
ou pós-doutorado, desde que não possa ocorrer simultanea‑
Vantagens
287
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 1/Técnico Judiciário/Segurança/2011.
As vantagens são divididas em indenizações, gratificações
288
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 1/Técnico Judiciário/Segurança/2011. e adicionais.
289
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 1/Técnico Judiciário/Segurança/2011.
290
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 1/Técnico Judiciário/Segurança/2011.
291
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 1/Técnico Judiciário/Segurança/2011. Assunto cobrado na prova do Cespe/Bacen/Procurador/2009.
292

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Antes de iniciar o estudo de cada uma das vantagens, A lei afirma que o servidor que receber as diárias e a
mister se faz ressaltar que as indenizações não podem ser viagem venha a ser cancelada, será obrigado a restituir
incorporadas ao vencimento ou provento, mas as gratifica‑ integralmente as diárias no prazo de cinco dias.
ções ou os adicionais podem ser incorporadas, desde que
haja previsão em lei. Ex.: Antonia, servidora pública federal, recebeu
R$ 1.000,00 (um mil reais) a título de diárias. Entretanto,
Das Indenizações atendendo a ordens superiores, não houve necessidade de
afastar-se da sede. Nesse caso, no que se refere às diárias,
Ajuda de custo Antonia ficará obrigada a restituí-las, integralmente, no
Serve para compensar as despesas que o servidor, remo‑ prazo de cinco dias297.
vido de ofício no interesse da administração, tem em razão
da mudança de domicílio em caráter permanente. Este prazo também é exigido para o servidor que retorna
O valor pode chegar até três remunerações do servidor, de um deslocamento em caráter eventual antes do término
e, no caso de casal de servidores removidos nas mesmas previsto para a execução do serviço.
circunstâncias, a  ajuda de custo será destinada apenas a
um dos cônjuges. Ex.: Determinado servidor do Ministério da Educação
deslocou-se de Brasília até Belo Horizonte para participar de
Ex.: Uma servidora de determinado órgão federal auditoria em instituição de ensino superior sediada na capital
foi transferida de ofício de Brasília para Goiânia. mineira, tendo retornado no mesmo dia. Nessa situação, o
Seu marido é servidor administrativo do Ministério servidor fará jus à metade de uma diária298.
da Educação na capital federal. Nessa situação, ele
poderá exercer provisoriamente suas atribuições, Indenização de Transporte
por exemplo, na área administrativa da Defensoria Serve para custear as despesas inerentes às atribuições
Pública da União na capital goiana, ficando vedado externas do cargo do servidor.
ao casal o recebimento de dupla indenização a título
de ajuda de custo293. Auxílio-Moradia
O legislador insere na Lei nº  8.112/1990, em 2006,
O legislador afirma que não poderá ser concedida o auxílio-moradia, que será destinado ao cargo em comissão
a ajuda de custo ao servidor que se afastar do cargo ou (DAS 4, 5, 6, natureza especial e de Ministro ou equivalen‑
reassumi-lo em razão de mandato eletivo294. te) e a função de confiança poderem custear as despesas
realizadas com aluguel ou hospedagem299.
Ex.: Sérgio exerce o cargo de analista judiciário. Afastou‑ Algumas negativas para o recebimento do auxílio-moradia:
-se de seu cargo por ter sido eleito deputado federal. • caso exista imóvel funcional vago na nova sede;
Terminado o mandato eletivo, reassumiu suas funções de • caso o cônjuge ou companheiro ocupe imóvel funcional;
servidor público e está pleiteando ajuda de custo. Nesse • caso o servidor ou seu cônjuge tenha sido proprietário,
caso, não será concedida a ajuda de custo em ambas as comprador ou cessionário de imóvel na nova sede no
situações, tanto pelo afastamento como pela reassunção prazo de doze meses;
do cargo efetivo295. • caso a pessoa que resida com o servidor já esteja
Se por ventura um servidor que tenha recebido ajuda recebendo o auxílio;
de custo não se apresentar na nova sede no prazo de trinta • caso o servidor tenha residido na nova sede nos últi‑
dias, ele ficará obrigado a restituir a indenização. mos doze meses.

Obs.: Se, por exemplo, na semana passada, André foi Quanto ao valor do referido auxílio, ele não poderá ser
investido no cargo de delegado de polícia do Distrito Federal superior a vinte e cinco por cento da “remuneração” de
e foi inicialmente lotado em uma delegacia em Taguatinga‑ Ministro de Estado300.
-DF. Antes disso, ele exerceu, por quatro anos, cargo público
federal, de natureza técnica, no Supremo Tribunal Federal Das Gratificações
(STF), motivo pelo qual ele fixou residência no Plano Pi‑ A Lei nº 8.112/1990 só trata de duas gratificações que
loto, onde está localizado esse Tribunal. Nessa situação são: a gratificação natalina e a gratificação por encargo de
hipotética, o fato de André se mudar do Plano Piloto para curso ou concurso.
Taguatinga não lhe dará direito a ajuda de custo296.
Noções de Direito Administrativo

Gratificação Natalina
Das diárias É o chamado décimo terceiro do servidor público, cujo
São destinadas a custear as despesas extraordinárias valor poderá ser de uma remuneração.
que o servidor tem em razão da saída de sua sede em O servidor que entrar em exercício em um determinado
caráter eventual, como alimentação, a  sua locomoção e mês, e este possa ser computado como fração de 1/12, terá
hospedagem. que trabalhar quinze ou mais dias no referido mês.
Se por ventura um servidor se afastar de sua sede e O legislador garante ao servidor que esta gratificação
este deslocamento não exigir o pernoite, ele terá direito a deve ser paga até o dia vinte de dezembro.
meia diária.
297
FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário – Administrativa/2010.
293
Movens/Ministério da Cultura/Agente Administrativo/2010. 298
Assunto cobrado na prova da Movens/Ministério da Cultura/Agente Adminis‑
294
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 23ª Região/Analista Judiciário/Área trativo/2010.
Judiciária/2011. 299
Assunto cobrado na prova do Cespe/CNPq/Analista em Ciência e Tecnologia
295
FCC/TRE-AL/Analista Judiciário – Administrativa/2010. Júnior/2011.
296
FUNIVERSA/PC-DF/Delegado de Polícia/2009. 300
Assunto cobrado na seguinte prova: Cespe/Ibama/Técnico Administrativo/2012.

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Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso Vamos imaginar um servidor que tenha terminado a sua
jornada normal diária às 18:00 h e exista a necessidade de
Curso permanecer por mais uma hora e o valor da hora trabalhada
Hoje, se um servidor atuar como instrutor em cursos, seja de R$ 10,00 (dez reais).
ele poderá receber até 2,2%, por hora, do maior vencimento Qual o valor devido por ter trabalhado uma hora a mais?
básico pago pela Administração Pública, e se por ventura esta Ele receberia R$ 15,00 (quinze reais) pelo lapso temporal
atividade for desenvolvida durante o horário de expediente, das 18:00 até as 19:00 h.
haverá a necessidade da compensação de horários no prazo
de um ano. Noturno
Para fazer jus ao adicional noturno, o servidor deve exer‑
Concurso cer as atribuições do seu cargo no período compreendido
Se houver a necessidade do servidor ter que atuar em entre as 22:00 h até as 05:00 h da manhã do dia seguinte.
concursos, elaborando questões, atuando em bancas, jul‑ O valor será de 25% do valor da hora noturna. Cada hora será
gando recursos ou avaliando currículos, ele terá o mesmo contada de forma diferenciada, ou seja, não terá 60 minutos,
tratamento do servidor que atua em cursos como instrutor. e sim 52 minutos e 30 segundos.
O servidor atuando em concurso, na fiscalização ou O adicional de serviço extraordinário pode ser acumu‑
montagem receberá 1,2%, por hora, do maior vencimento lado com o noturno, mas para o cálculo do valor devido,
pago no serviço público, devendo também compensar o  adicional de serviço extraordinário deve ser calculado
horários se a atividade for realizada durante o horário de primeiro e “em cima” deste valor encontrado é que se deve
expediente. calcular o noturno.
Esta gratificação é paga por hora, limitando-se ao máximo Considere que Luísa tenha sido aprovada em concurso
de 120 horas anuais, podendo ser prorrogada, em situação público para o cargo de auditora da Receita Federal, tendo
excepcional, por mais 120 horas no mesmo ano. sido nomeada para assumir o cargo em outro estado da fe-
deração. Na hipótese de Luísa trabalhar horas extras, além
Dos Adicionais da jornada regular de trabalho, no período noturno, ela terá
direito ao acréscimo do adicional noturno que incidirá sobre
Serviço extraordinário a remuneração do adicional por serviço extraordinário301.
O servidor público federal tem uma carga horária diária
oscilando, em regra, entre seis e oito horas. Se o servidor Insalubridade
ultrapassar o número de horas diárias previstos, ele terá O servidor que venha exercer, de forma habitual as
atribuições inerentes ao seu cargo em locais insalubres, em
direito a este adicional, que corresponderá a 50% do valor
contato permanente com substâncias radioativas ou também
da sua hora de trabalho normal.
de natureza tóxica faz jus a um adicional sobre o vencimento
do cargo efetivo.
INFORMATIVO Nº 461 STJ
SERVIDOR PÚBLICO. ESCALA. TRABALHO. HORAS
Periculosidade
EXTRAS.
Será devido ao servidor cujas atribuições do cargo sejam
Os ora recorrentes aduzem, no recurso, que laboram
perigosas e possam até gerar risco de morte.
em regime de escala de 24 horas de trabalho por
Observações relativas aos adicionais de insalubridade e
72 horas de descanso e, assim, estariam cumprindo
periculosidade:
jornada superior a oito horas diárias e a 40 horas
• são inacumuláveis entre si;
semanais, o que levaria ao recebimento de horas • cessada a causa insalubre ou perigosa, cessará o
extras trabalhadas. A Turma, entre outras questões, recebimento do adicional302;
negou provimento ao recurso por entender que, nos • a servidora gestante será afastada das suas atribuições,
termos do art. 19 da Lei nº 8.112/1990, a jornada caso as exerça em local insalubre, perigoso ou penoso;
máxima de trabalho dos servidores públicos federais • os servidores que operam com raios X serão subme‑
é de 40 horas semanais. tidos a exames médicos semestrais e terão férias de
Assim, conforme jurisprudência deste Superior Tri‑ vinte dias a cada seis meses.
bunal, dividindo-se 40 (máximo de horas semanais)
por seis dias úteis e se multiplicando o resultado por Atividades Penosas
Noções de Direito Administrativo

30 (total de dias do mês) teríamos o total de 200 Será devido ao servidor que exerça suas funções em
horas mensais, valor que deve ser adotado como zonas de fronteira. Regulamentos podem estipular outras
parâmetro para o cômputo de eventuais horas extras. localidades cujas condições justifiquem.
No caso, os recorrentes trabalham sete dias no mês,
o que, multiplicado por 24 horas trabalhadas por Adicional de Férias
dia, chega-se ao valor de 168 horas trabalhadas no O servidor tem direito, independentemente de solicita‑
mês, ou seja, número inferior às 200 horas [...]. Pre‑ ção, quando entrar de férias, ao valor de 1/3 de sua remune‑
cedentes citados: REsp 1.086.944-SP, DJe 4/5/2009; ração. Urge ressaltar que caso o servidor esteja recebendo
REsp 419.558-PR, DJ 26/6/2006, e REsp 805.437-RS, uma retribuição por direção, chefia ou assessoramento, ela
DJe 20/4/2009. REsp 1.019.492-RS, Rel. Min. Maria será considerada no cálculo deste adicional.
Thereza de Assis Moura, julgado em 3/2/2011.

A lei preceitua que o máximo de horas diárias sujeitas Cespe/TRE-MS/Analista Judiciário/Área Judiciária/2013.
301

Assunto cobrado na prova da FCC/TST/Analista Judiciário/Apoio Especializado/


302

ao adicional será de duas horas. Análise de Sistemas/2012.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
JURISPRUDÊNCIA: Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo,
A norma legal, que concede a servidor inativo gra‑ acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabe‑
tificação de férias correspondente a um terço (1/3) lecidas em lei.
do valor da remuneração mensal, ofende o critério § 1º A remuneração do servidor investido em função ou
da razoabilidade que atua, enquanto projeção con‑ cargo em comissão será paga na forma prevista no art. 62.
cretizadora da cláusula do substantive due process of § 2º O servidor investido em cargo em comissão de órgão
law, como insuperável limitação ao poder normativo ou entidade diversa da de sua lotação receberá a remunera‑
do Estado. Incide o legislador comum em desvio ção de acordo com o estabelecido no § 1º do art. 93.
ético-jurídico, quando concede a agentes estatais § 3º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das van‑
determinada vantagem pecuniária cuja razão de ser tagens de caráter permanente, é irredutível303.
se revela absolutamente destituída de causa. (ADI § 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos de
1.158-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre
29/12/1994, Plenário, DJ de 26/5/1995) servidores dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de cará‑
ter individual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho.
§ 5º Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao
LEITURA DA LEI Nº 8.112/1990 salário mínimo. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008)
Art. 42. Nenhum servidor poderá perceber, mensalmen‑
TÍTULO III te, a título de remuneração, importância superior à soma
DOS DIREITOS E VANTAGENS dos valores percebidos como remuneração, em espécie,
a qualquer título, no âmbito dos respectivos Poderes, pelos
CAPÍTULO I Ministros de Estado, por membros do Congresso Nacional
Do Vencimento e da Remuneração e Ministros do Supremo Tribunal Federal.
Parágrafo único. Excluem-se do teto de remuneração as
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exer‑ vantagens previstas nos incisos II a VII do art. 61.
cício de cargo público, com valor fixado em lei. Art. 43. (Revogado pela Lei nº 9.624, de 2/4/1998) (Vide
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 11.784, de 2008) Lei nº 9.624, de 2/4/1998)
Art. 44. O servidor perderá:
JURISPRUDÊNCIAS:
CF/88, art. 7, IV – salário mínimo, fixado em lei, JURISPRUDÊNCIA:
nacionalmente unificado, capaz de atender a suas Ação direta de inconstitucionalidade. Reserva de
iniciativa. Aumento de remuneração de servidores.
necessidades vitais básicas e às de sua família com
Perdão por falta ao trabalho. Inconstitucionalidade.
moradia, alimentação, educação, saúde, lazer,
Lei 1.115/1988 do Estado de Santa Catarina. Projeto
vestuário, higiene, transporte e previdência social, de lei de iniciativa do governador emendado pela
com reajustes periódicos que lhe preservem o po‑ Assembleia Legislativa. Fere o art. 61, § 1º, II, a, da
der aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para CF de 1988 emenda parlamentar que disponha sobre
qualquer fim. aumento de remuneração de servidores públicos
estaduais. Precedentes. Ofende o art. 61, § 1º, II, c,
Os arts. 7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC 19/1998), da e o art. 2º da CF de 1988 emenda parlamentar que
Constituição, referem-se ao total da remuneração per‑ estabeleça perdão a servidores por falta ao trabalho.
cebida pelo servidor público. (Súmula Vinculante nº 16) Precedentes. Pedido julgado procedente. (ADI 13, Rel.
Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 17/9/2007,
CF/88, art. 7, VII, garantia de salário, nunca inferior ao Plenário, DJ de 28/9/2007)
mínimo, para os que percebem remuneração variável.
I – a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem
Constitucional. Serviço militar obrigatório. Soldo. motivo justificado304; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
Valor inferior ao salário mínimo. Violação aos arts. 1º, 10/12/1997)
III, 5º, caput, e 7º, IV, da CF. Inocorrência. Recurso II – a parcela de remuneração diária, proporcional aos
extraordinário desprovido. A CF não estendeu aos atrasos, ausências justificadas, ressalvadas as concessões de
militares a garantia de remuneração não inferior ao que trata o art. 97, e saídas antecipadas, salvo na hipótese
salário mínimo, como o fez para outras categorias de de compensação de horário, até o mês subsequente ao
trabalhadores. O regime a que submetem os militares da ocorrência, a ser estabelecida pela chefia imediata305.
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
não se confunde com aquele aplicável aos servidores
Parágrafo  único. As  faltas justificadas decorrentes de
Noções de Direito Administrativo

civis, visto que têm direitos, garantias, prerrogativas caso fortuito ou de força maior poderão ser compensadas a
e impedimentos próprios. Os cidadãos que pres‑ critério da chefia imediata, sendo assim consideradas como
tam serviço militar obrigatório exercem um múnus efetivo exercício. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
público relacionado com a defesa da soberania da
pátria. A obrigação do Estado quanto aos conscritos A título de exemplo: Eduardo, Técnico Judiciário do
limita-se a fornecer-lhes as condições materiais para Tribunal Regional Eleitoral teve duas faltas, poste-
a adequada prestação do serviço militar obrigatório riormente justificadas, durante o mês de dezembro
nas Forças Armadas. (RE 570.177, Rel. Ricardo Lewan‑ de 2009, em razão de enchentes provocadas por
dowski, julgamento em 30/4/2008, Plenário, DJE de
27/6/2008, com repercussão geral) No mesmo senti‑ 303
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/TRE-MS/Analista Judiciário/Área
do: RE 551.453, RE 551.608, RE 551.713, RE 551.778, Judiciária/2013, Cespe/CNJ/Analista Judiciário/Área Administrativa/Contabi‑
lidade/2013, FCC/TRT 7ª Região/Analista Judiciário – Administrativa/2009 e
RE 555.897, RE 556.233, RE 556.235, RE 557.542, RE Funrio/MPOG/Analista Técnico Administrativo – Jurídico/2009.
557.606, RE 557.717, RE 558.279, Rel. Min. Ricardo 304
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-BA/Técnico Judiciário – Administra‑
Lewandowski, julgamento em 30/4/2008, Plenário, tiva/2010.
305
Assunto cobrado na prova da PGM RR/Analista Municipal Procurador Municipal/
DJE de 27/6/2008. Cespe/2010.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
chuvas intensas. Nesse caso, é correto afirmar que não houve ilegalidade no ato da Administração. Prece‑
as faltas justificadas decorrentes de caso fortuito ou dentes citados: AgRg no Ag 756.226-RS, DJ 14/8/2006;
de força maior poderão ser compensadas a critério REsp 751.408-DF, DJ 7/11/2005, e RMS 19.980-RS, DJ
da chefia imediata, sendo assim consideradas como 7/11/2005. RMS 33.034-RS, Rel. Min. Arnaldo Esteves
efetivo exercício306. Lima, julgado em 15/2/2011.

Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial, § 3º Na hipótese de valores recebidos em decorrência
nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou provento. de cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipada ou
(Regulamento) a sentença que venha a ser revogada ou rescindida, serão
§ 1º Mediante autorização do servidor, poderá haver eles atualizados até a data da reposição. (Redação dada pela
consignação em folha de pagamento em favor de terceiros, Medida Provisória nº 2.225-45, de 4/9/2001)
a critério da administração e com reposição de custos, na Art. 47. O  servidor em débito com o erário, que for
forma definida em regulamento. (Redação dada pela Lei demitido, exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou
nº 13.172, de 2015) (Grifo nosso) disponibilidade cassada, terá o prazo de sessenta dias para
§ 2º O total de consignações facultativas de que trata quitar o débito308. (Redação dada pela Medida Provisória
o § 1º não excederá a 35% (trinta e cinco por cento) da re‑ nº 2.225-45, de 4/9/2001)
muneração mensal, sendo 5% (cinco por cento) reservados
exclusivamente para: (Redação dada pela Lei nº 13.172, de A título de exemplo: Um ex-servidor do Ministério da
2015) (Grifo nosso) Cultura foi demitido quando estava em débito com
I – a amortização de despesas contraídas por meio de o erário no valor de R$ 100.000,00. Nessa situação,
cartão de crédito; ou (Incluído pela Lei nº 13.172, de 2015) ele deverá devolver a quantia devida em 60 dias309.
II – a utilização com a finalidade de saque por meio do
cartão de crédito. (Incluído pela Lei nº 13.172, de 2015) Paulo, servidor público federal, requereu exone-
Art. 46. As reposições e indenizações ao erário, atuali‑
ração de seu cargo efetivo. O departamento de
zadas até 30 de junho de 1994, serão previamente comuni‑
recursos humanos do órgão, ao analisar a situação
cadas ao servidor ativo, aposentado ou ao pensionista, para
funcional do servidor a fim de preparar o ato exone-
pagamento, no prazo máximo de trinta dias, podendo ser
parceladas, a pedido do interessado. (Redação dada pela ratório, constatou que Paulo havia recebido, meses
Medida Provisória nº 2.225-45, de 4/9/2001) antes, uma gratificação em duplicidade. Constatado
§  1º O valor de cada parcela não poderá ser inferior o equívoco, Paulo foi notificado a devolver a verba
ao correspondente a dez por cento da remuneração, pro‑ recebida indevidamente. Com base na situação hi-
vento ou pensão307. (Redação dada pela Medida Provisória potética, caso Paulo não quite o débito em sessenta
nº 2.225-45, de 4/9/2001) dias, seu nome será inscrito em dívida ativa310.
§ 2º Quando o pagamento indevido houver ocorrido no
mês anterior ao do processamento da folha, a reposição será Parágrafo único. A não quitação do débito no prazo pre‑
feita imediatamente, em uma única parcela. (Redação dada visto implicará sua inscrição em dívida ativa. (Redação dada
pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4/9/2001) pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4/9/2001)
Art. 48. O vencimento, a remuneração e o provento
INFORMATIVO Nº 463 STJ. não serão objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto
SERVIDOR PÚBLICO. RECEBIMENTO INDEVIDO. RES‑ nos casos de prestação de alimentos resultante de decisão
TITUIÇÃO. judicial311.
É pacífico o entendimento deste Superior Tribunal
de que, diante da boa-fé no recebimento de valores CAPÍTULO II
pelo servidor público, é incabível a restituição do Das Vantagens
pagamento em decorrência de errônea interpretação
ou má aplicação da lei pela Administração. Art. 49. Além do vencimento, poderão ser pagas ao
Todavia, quando ela anula atos que produzem efeitos servidor as seguintes vantagens:
na esfera de interesses individuais, é necessária a I – indenizações;
prévia instauração de processo administrativo a fim II – gratificações;
de garantir a ampla defesa e o contraditório (art. 5º, III – adicionais312.
LV, da CF/1988 e art. 2º da Lei nº 9.784/1999). No caso § 1º As indenizações não se incorporam ao vencimento
dos autos, antes que os valores fossem pagos (gratifi‑ ou provento para qualquer efeito313.
cação de substituição), a Administração comunicou a § 2º As gratificações e os adicionais incorporam-se ao
existência de erro na geração da folha de pagamento e vencimento ou provento, nos casos e condições indicados
Noções de Direito Administrativo

a necessidade de restituição da quantia paga a maior. em lei314.


Dessa forma, os servidores não foram surpreendidos.
Portanto, não há que falar em boa-fé no recebimento 308
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 7ª Região/Analista Judiciário – Adminis‑
da verba em questão, tendo em vista que o erro foi trativa/2009.
309
Assunto cobrado na prova da Movens/Ministério da Cultura/Agente Adminis‑
constatado e comunicado pela Administração antes trativo/2010.
que o pagamento fosse efetivado e os valores passas‑ 310
Cespe/TRE-MS/Técnico Judiciário/Área Administrativa/Contabilidade/2013.
sem a integrar o patrimônio dos servidores. Ademais, 311
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 7ª Região/Analista Judiciário –
a decisão de efetuar descontos nos meses seguintes Administrativa/2009, Cespe/DPF/Agente/2009 e Funrio/MPOG/Analista Técnico
Administrativo – Administraçao/2009.
foi adotada com o objetivo de evitar atrasos no pa‑ 312
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/CNJ/Técnico Judiciário/Área
gamento do pessoal em decorrência de confecção Administrativa/2013 e FCC/TST/Analista Judiciário/Apoio Especializado/Con‑
tabilidade/2012.
de nova folha de pagamento. Assim, a Turma negou 313
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/CNJ/Técnico Judiciário/Área
provimento ao recurso por entender que, na espécie, Administrativa/2013 e FCC/TST/Analista Judiciário/Apoio Especializado/Con‑
tabilidade/2012.
FCC/TRE-AL/Técnico Judiciário – Administrativa/2010.
306 314
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/CNJ/Técnico Judiciário/Área
Assunto cobrado na prova da Funiversa/Iphan/Auxiliar Institucional – Adminis‑
307
Administrativa/2013 e FCC/TST/Analista Judiciário/Apoio Especializado/Con‑
trativo/2009. tabilidade/2012.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Art. 50. As vantagens pecuniárias não serão computa‑ e diárias destinadas a indenizar as parcelas de despesas
das, nem acumuladas, para efeito de concessão de quais‑ extraordinária com pousada, alimentação e locomoção
quer outros acréscimos pecuniários ulteriores, sob o mesmo urbana, conforme dispuser em regulamento320. (Redação
título ou idêntico fundamento315. dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)

Seção I A título de exemplo: Celso, servidor público federal em


Das Indenizações São Paulo, foi designado para prestar serviço no Rio
de Janeiro, com afastamento em caráter eventual. No
Art. 51. Constituem indenizações ao servidor: caso, o servidor terá despesas extraordinárias, entre
I – ajuda de custo; outras, com pousada. Esse deslocamento ocorre por
II – diárias; força de alteração de lotação. Assim, essas despesas
III – transporte. serão ressarcidas com a concessão de diárias321.
IV – auxílio-moradia. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
Art. 52. Os valores das indenizações estabelecidas nos §  1º A diária será concedida por dia de afastamento,
incisos I a III do art. 51, assim como as condições para a sua sendo devida pela metade quando o deslocamento não exigir
concessão, serão estabelecidos em regulamento. (Redação pernoite fora da sede, ou quando a União custear, por meio
dada pela Lei nº 11.355, de 2006) diverso, as  despesas extraordinárias cobertas por diárias.
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
Subseção I § 2º Nos casos em que o deslocamento da sede constituir
Da Ajuda de Custo exigência permanente do cargo, o servidor não fará jus a diárias.
§  3º Também não fará jus a diárias o servidor que se
Art. 53. A  ajuda de custo destina-se a compensar as deslocar dentro da mesma região metropolitana, aglome‑
despesas de instalação do servidor que, no interesse do ração urbana ou microrregião, constituídas por municípios
serviço, passar a ter exercício em nova sede, com mudança limítrofes e regularmente instituídas, ou em áreas de controle
de domicílio em caráter permanente, vedado o duplo pa- integrado mantidas com países limítrofes, cuja jurisdição e
gamento de indenização, a qualquer tempo, no caso de o competência dos órgãos, entidades e servidores brasileiros
cônjuge ou companheiro que detenha também a condição considera-se estendida, salvo se houver pernoite fora da
de servidor, vier a ter exercício na mesma sede316. (Redação sede, hipóteses em que as diárias pagas serão sempre as
dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) fixadas para os afastamentos dentro do território nacional.
§ 1º Correm por conta da administração as despesas de (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
transporte do servidor e de sua família, compreendendo Art. 59. O servidor que receber diárias e não se afastar
passagem, bagagem e bens pessoais. da sede, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las
§ 2º À família do servidor que falecer na nova sede são integralmente, no prazo de 5 (cinco) dias.
assegurados ajuda de custo e transporte para a localidade de Parágrafo  único. Na hipótese de o servidor retornar à
origem, dentro do prazo de 1 (um) ano, contado do óbito317. sede em prazo menor do que o previsto para o seu afasta‑
§ 3º Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses de mento, restituirá as diárias recebidas em excesso, no prazo
remoção previstas nos incisos II e III do parágrafo único do previsto no caput.
art. 36. (Redação dada pela Lei nº 12.998/2014) Subseção III
Art. 54. A ajuda de custo é calculada sobre a remune‑ Da Indenização de Transporte
ração do servidor, conforme se dispuser em regulamento,
não podendo exceder a importância correspondente a 3 Art. 60. Conceder-se-á indenização de transporte ao
(três) meses. servidor que realizar despesas com a utilização de meio
Art. 55. Não será concedida ajuda de custo ao servidor próprio de locomoção para a execução de serviços externos,
que se afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de por força das atribuições próprias do cargo, conforme se
mandato eletivo. dispuser em regulamento.
Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele que, Subseção IV
não sendo servidor da União, for nomeado para cargo em Do Auxílio-Moradia
comissão, com mudança de domicílio318. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
Parágrafo único. No afastamento previsto no inciso I do
art. 93, a ajuda de custo será paga pelo órgão cessionário, Art. 60-A. O auxílio-moradia consiste no ressarcimento
quando cabível. das despesas comprovadamente realizadas pelo servidor
Art. 57. O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda com aluguel de moradia ou com meio de hospedagem
de custo quando, injustificadamente, não se apresentar na administrado por empresa hoteleira, no prazo de um mês
Noções de Direito Administrativo

nova sede no prazo de 30 (trinta) dias319. após a comprovação da despesa pelo servidor. (Incluído
pela Lei nº 11.355, de 2006)
Subseção II Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor
Das Diárias se atendidos os seguintes requisitos: (Incluído pela Lei
Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da sede nº 11.355, de 2006)
I – não exista imóvel funcional disponível para uso pelo
em caráter eventual ou transitório para outro ponto do
servidor; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
território nacional ou para o exterior, fará jus a passagens
II – o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe
315
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/MPS/Agente Administrati‑ imóvel funcional; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
vo/2010, Cespe/CNPq/Assistente 1/2011 e FCC/TRT 23ª Região/Analista III  – o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não
Judiciário/Área Judiciária/2011 e Consulplan/TSE/fevereiro/2012. seja ou tenha sido proprietário, promitente comprador,
316
Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012.
317
Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012.
318
Assunto cobrado nas seguintes provas: Esaf/CGU/AFC/Área Administrati‑ 320
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-BA/Analista Judiciário – Área Admi‑
va/2012, Funiversa/Iphan/Auxiliar Institucional – Administrativo/2009 e nistrativa/2010.
Consulplan/TSE/fevereiro/2012. 321
FCC/TRE-SP/Técnico Judiciário/Apoio Especializado/Programação de Siste‑
319
Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012. mas/2012.

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cessionário ou promitente cessionário de imóvel no Mu‑ V – adicional pela prestação de serviço extraordinário;
nicípio aonde for exercer o cargo, incluída a hipótese de VI – adicional noturno;
lote edificado sem averbação de construção, nos doze VII – adicional de férias;
meses que antecederem a sua nomeação; (Incluído pela VIII – outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho.
Lei nº 11.355, de 2006) IX – gratificação por encargo de curso ou concurso. (In-
IV – nenhuma outra pessoa que resida com o servidor cluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
receba auxílio-moradia; (Incluído pela Lei nº  11.355, de
2006) Subseção I
V – o servidor tenha se mudado do local de residência Da Retribuição pelo Exercício de Função de Direção,
para ocupar cargo em comissão ou função de confiança do Chefia e Assessoramento
Grupo-Direção e Assessoramento Superiores – DAS, níveis (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
4, 5 e 6, de Natureza Especial, de Ministro de Estado ou
equivalentes; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) Art. 62. Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido
VI – o Município no qual assuma o cargo em comissão em função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de
ou função de confiança não se enquadre nas hipóteses do provimento em comissão ou de Natureza Especial é devi‑
art. 58, § 3º, em relação ao local de residência ou domicílio da retribuição pelo seu exercício. (Redação dada pela Lei
nº 9.527, de 10/12/1997)
do servidor; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remunera‑
VII – o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha
ção dos cargos em comissão de que trata o inciso II do art. 9º.
residido no Município, nos últimos doze meses, aonde
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
for exercer o cargo em comissão ou função de confiança, Art. 62-A. Fica transformada em Vantagem Pessoal Nomi‑
desconsiderando-se prazo inferior a sessenta dias dentro nalmente Identificada – VPNI a incorporação da retribuição
desse período; e (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) pelo exercício de função de direção, chefia ou assessoramento,
VIII – o deslocamento não tenha sido por força de alte‑ cargo de provimento em comissão ou de Natureza Especial a
ração de lotação ou nomeação para cargo efetivo; (Incluído que se referem os arts. 3º e 10 da Lei nº 8.911, de 11 de julho
pela Lei nº 11.355, de 2006) de 1994, e o art. 3º da Lei nº 9.624, de 2 de abril de 1998.
IX – o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4/9/2001)
de 2006. (Incluído pela Lei nº 11.490, de 2007) Parágrafo único. A VPNI de que trata o caput deste artigo
Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não será consi‑ somente estará sujeita às revisões gerais de remuneração dos
derado o prazo no qual o servidor estava ocupando outro servidores públicos federais. (Incluído pela Medida Provisória
cargo em comissão relacionado no inciso V. (Incluído pela nº 2.225-45, de 4/9/2001)
Lei nº 11.355, de 2006)
Art. 60-C. (Revogado pela Lei nº 12.998/2014) Subseção II
Art. 60-D. O valor mensal do auxílio-moradia é limitado Da Gratificação Natalina
a 25% (vinte e cinco por cento) do valor do cargo em comis‑
são, função comissionada ou cargo de Ministro de Estado Art. 63. A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um
ocupado. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008) doze avos)  da remuneração a que o servidor fizer jus no
§ 1º O valor do auxílio-moradia não poderá superar 25% mês de dezembro, por mês de exercício no respectivo ano.
(vinte e cinco por cento) da remuneração de Ministro de Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quin‑
Estado. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008) ze) dias será considerada como mês integral.
§  2º Independentemente do valor do cargo em co‑ Art. 64. A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do
missão ou função comissionada, fica garantido a todos os mês de dezembro de cada ano.
que preencherem os requisitos o ressarcimento até o valor Parágrafo único. (Vetado).
de R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais). (Incluído pela Lei Art. 65. O servidor exonerado perceberá sua gratificação
nº 11.784, de 2008) natalina, proporcionalmente aos meses de exercício, calculada
Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração, co- sobre a remuneração do mês da exoneração.
locação de imóvel funcional à disposição do servidor ou Art. 66. A gratificação natalina não será considerada para
aquisição de imóvel, o auxílio-moradia continuará sendo cálculo de qualquer vantagem pecuniária.
pago por um mês322. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
INFORMATIVO STJ nº 0449
HORA EXTRA. GRATIFICAÇÃO NATALINA. SERVIDORES
Seção II PÚBLICOS FEDERAIS.
Das Gratificações e Adicionais O adicional pela prestação de serviço extraordinário
Noções de Direito Administrativo

(hora extra) não integra a base de cálculo da gratifi‑


Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas cação natalina dos servidores públicos federais, pois
nesta Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes retri‑ não se enquadra no conceito de remuneração do
buições, gratificações e adicionais: (Redação dada pela Lei caput do art. 41 da Lei nº 8.112/1990. REsp 1.195.325-
nº 9.527, de 10/12/1997) MS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 28/9/2010.
I – retribuição pelo exercício de função de direção, che‑
fia e assessoramento; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de Subseção III
10/12/1997) Do Adicional por Tempo de Serviço
II – gratificação natalina;
III – (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de Art. 67. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
4/9/2001) 2001, respeitadas as situações constituídas até 8/3/1999)323
IV  – adicional pelo exercício de atividades insalubres,
perigosas ou penosas;
Assunto cobrado na prova da Cespe/Polícia Civil do Estado do Espírito Santo/
323

FCC/TRT 23ª Região/Analista Judiciário/Área Judiciária/2011.


322
Escrivão de Polícia/2011.

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Subseção IV Art. 74. Somente será permitido serviço extraordinário
Dos Adicionais de Insalubridade, para atender a situações excepcionais e temporárias, respei‑
Periculosidade ou Atividades Penosas tado o limite máximo de 2 (duas) horas por jornada.

Art. 68. Os servidores que trabalhem com habitualidade Subseção VI


em locais insalubres ou em contato permanente com subs‑ Do Adicional Noturno
tâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida, fazem jus a
um adicional sobre o vencimento do cargo efetivo. Art. 75. O serviço noturno, prestado em horário compre-
endido entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco)
JURISPRUDÊNCIA: horas do dia seguinte324, terá o valor-hora acrescido de 25%
Servidor público. Adicional de remuneração para as (vinte e cinco por cento), computando-se cada hora como
atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma cinquenta e dois minutos e trinta segundos.
da lei. Art. 7º, XXIII, da Constituição Federal. O art. 39, Parágrafo  único. Em se tratando de serviço extraordi‑
§ 2º, da Constituição Federal apenas estendeu aos ser‑ nário, o acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a
vidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito remuneração prevista no art. 73.
Federal e dos Municípios alguns dos direitos sociais por Subseção VII
meio de remissão, para não ser necessária a repetição Do Adicional de Férias
de seus enunciados, mas com isso não quis significar
que, quando algum deles dependesse de legislação Art. 76. Independentemente de solicitação, será pago ao
infraconstitucional para ter eficácia, essa seria, no servidor, por ocasião das férias, um adicional correspondente
âmbito federal, estadual ou municipal, a trabalhista. a 1/3 (um terço) da remuneração do período das férias.
Com efeito, por força da Carta Magna Federal, esses Parágrafo único. No caso de o servidor exercer função
direitos sociais integrarão necessariamente o regime de direção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo em
jurídico dos servidores públicos civis da União, dos comissão, a respectiva vantagem será considerada no cálculo
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mas, do adicional de que trata este artigo.
quando dependem de lei que os regulamente para
dar eficácia plena aos dispositivos constitucionais de Subseção VIII
que deles decorrem, essa legislação infraconstitucional Da Gratificação por Encargo de
terá de ser, conforme o âmbito a que pertence o servi‑ Curso ou Concurso
dor público, da competência dos mencionados entes (Incluída pela Lei nº 11.314 de 2006)
públicos que constituem a federação. (RE 169.173, Art. 76-A. A Gratificação por Encargo de Curso ou Concur‑
Rel. Min. Moreira Alves, julgamento em 10/5/1996, so é devida ao servidor que, em caráter eventual: (Incluído
Primeira Turma, DJ de 16/5/1997) pela Lei nº 11.314 de 2006) (Regulamento)
I – atuar como instrutor em curso de formação, de de‑
§ 1º O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubri‑ senvolvimento ou de treinamento regularmente instituído
dade e de periculosidade deverá optar por um deles. no âmbito da administração pública federal; (Incluído pela
§ 2º O direito ao adicional de insalubridade ou periculo‑ Lei nº 11.314 de 2006)
sidade cessa com a eliminação das condições ou dos riscos II  – participar de banca examinadora ou de comissão
que deram causa a sua concessão. para exames orais, para análise curricular, para correção de
Art. 69. Haverá permanente controle da atividade de provas discursivas, para elaboração de questões de provas
servidores em operações ou locais considerados penosos, ou para julgamento de recursos intentados por candidatos;
insalubres ou perigosos. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante será III – participar da logística de preparação e de realização
afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, das opera‑ de concurso público envolvendo atividades de planejamento,
ções e locais previstos neste artigo, exercendo suas atividades coordenação, supervisão, execução e avaliação de resultado,
em local salubre e em serviço não penoso e não perigoso. quando tais atividades não estiverem incluídas entre as suas
Art. 70. Na concessão dos adicionais de atividades peno‑ atribuições permanentes; (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
sas, de insalubridade e de periculosidade, serão observadas IV – participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de
as situações estabelecidas em legislação específica. exame vestibular ou de concurso público ou supervisionar
Art. 71. O adicional de atividade penosa será devido aos essas atividades. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
servidores em exercício em zonas de fronteira ou em loca‑ § 1º Os critérios de concessão e os limites da gratifica‑
lidades cujas condições de vida o justifiquem, nos termos, ção de que trata este artigo serão fixados em regulamento,
Noções de Direito Administrativo

condições e limites fixados em regulamento. observados os seguintes parâmetros: (Incluído pela Lei
Art. 72. Os locais de trabalho e os servidores que operam nº 11.314 de 2006)
com Raios X ou substâncias radioativas serão mantidos sob I – o valor da gratificação será calculado em horas, ob‑
controle permanente, de modo que as doses de radiação servadas a natureza e a complexidade da atividade exercida;
ionizante não ultrapassem o nível máximo previsto na le‑ (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
gislação própria. II – a retribuição não poderá ser superior ao equivalente
Parágrafo único. Os servidores a que se refere este artigo a 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais, ressalvada
serão submetidos a exames médicos a cada 6 (seis) meses. situação de excepcionalidade, devidamente justificada e
previamente aprovada pela autoridade máxima do órgão
Subseção V ou entidade, que poderá autorizar o acréscimo de até 120
Do Adicional por Serviço Extraordinário (cento e vinte) horas de trabalho anuais; (Incluído pela Lei
nº 11.314 de 2006)
Art. 73. O serviço extraordinário será remunerado com
acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em relação à hora
Cespe/TRE-RJ/Técnico Judiciário/Apoio Especializado/Operação de Computa‑
324
normal de trabalho. dor/2012.

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III – o valor máximo da hora trabalhada corresponderá o pagamento do terço constitucional independente
aos seguintes percentuais, incidentes sobre o maior venci‑ do exercício desse direito. A ausência de previsão
mento básico da administração pública federal: (Incluído pela legal não pode restringir o direito ao pagamento do
Lei nº 11.314 de 2006) terço constitucional aos servidores exonerados de
a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se cargos comissionados que não usufruíram férias. O
tratando de atividades previstas nos incisos I e II do caput não pagamento do terço constitucional àquele que
deste artigo; (Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007) não usufruiu o direito de férias é penalizá-lo duas
b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se vezes: primeiro por não ter se valido de seu direito
tratando de atividade prevista nos incisos III e IV do caput ao descanso, cuja finalidade é preservar a saúde física
deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007) e psíquica do trabalhador; segundo por vedar-lhe o
direito ao acréscimo financeiro que teria recebido
A título de exemplo: Mariana, servidora pública fe- se tivesse usufruído das férias no momento correto.
deral, participa de uma Comissão para a elaboração (RE 570.908, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em
de questões de provas, enquanto Lucas, também 16/9/09, Plenário, DJE de 12/3/10, com repercussão
servidor público federal, supervisiona a aplicação, geral.). No mesmo sentido: RE 588.937-AgR, Rel. Min.
fiscalização e avaliação de provas de concurso públi- Eros Grau, julgamento em 4/11/08, Segunda Turma,
co para provimento de cargos no âmbito do Tribunal DJE de 28/11/2008; RE 324.656-AgR, Rel. Min. Gilmar
Regional Eleitoral. Ambos os servidores têm direito Mendes, julgamento em 6/2/07, Segunda Turma,
à gratificação por encargo de concurso, sendo que o DJ de 2/3/2007; RE 324.880-AgR, Rel. Min. Carlos
valor máximo da hora trabalhada corresponderá a
Britto, julgamento em 24/5/2005, Primeira Turma,
valores incidentes sobre o maior vencimento básico
DJ de 10/3/06.
da Administração Pública Federal, respectivamente,
2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento) e 1,2%
§ 2º É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao
(um inteiro e dois décimos por cento)325.
serviço.
§ 2º A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso § 3º As férias poderão ser parceladas em até três etapas,
somente será paga se as atividades referidas nos incisos do desde que assim requeridas pelo servidor, e  no interesse
caput deste artigo forem exercidas sem prejuízo das atribui‑ da administração pública. (Incluído pela Lei nº  9.525, de
ções do cargo de que o servidor for titular, devendo ser objeto 10/12/1997)
de compensação de carga horária quando desempenhadas Art. 78. O pagamento da remuneração das férias será
durante a jornada de trabalho, na forma do § 4º do art. 98 efetuado até 2 (dois) dias antes do início do respectivo perío­
desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) do, observando-se o disposto no § 1º deste artigo. (Férias
§ 3º A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso de Ministro – Vide)
não se incorpora ao vencimento ou salário do servidor para § 1º e § 2º (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
qualquer efeito e não poderá ser utilizada como base de § 3º O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em co‑
cálculo para quaisquer outras vantagens, inclusive para fins missão, perceberá indenização relativa ao período das férias
de cálculo dos proventos da aposentadoria e das pensões326. a que tiver direito e ao incompleto, na proporção de um
(Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) doze avos por mês de efetivo exercício, ou fração superior
a quatorze dias327. (Incluído pela Lei nº 8.216, de 13/8/1991)
CAPÍTULO III § 4º A indenização será calculada com base na remune‑
Das Férias ração do mês em que for publicado o ato exoneratório. (In-
cluído pela Lei nº 8.216, de 13/8/1991)
Art. 77. O servidor fará jus a trinta dias de férias, que § 5º Em caso de parcelamento, o servidor receberá o va‑
podem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, no lor adicional previsto no inciso XVII do art. 7º da Constituição
caso de necessidade do serviço, ressalvadas as hipóteses Federal quando da utilização do primeiro período. (Incluído
em que haja legislação específica. (Redação dada pela Lei pela Lei nº 9.525, de 10/12/1997)
nº 9.525, de 10/12/1997) (Férias de Ministro – Vide) Art. 79. O servidor que opera direta e permanentemente
com Raios X ou substâncias radioativas gozará 20 (vinte) dias
JURISPRUDÊNCIA: consecutivos de férias, por semestre de atividade profissio‑
O Supremo Tribunal Federal, em sucessivos julga‑ nal, proibida em qualquer hipótese a acumulação.
mentos, firmou entendimento no sentido da não Parágrafo  único. (Revogado pela Lei nº  9.527, de
incidência de contribuição social sobre o adicional 10/12/1997)
de um terço (1/3), a que se refere o art. 7º, XVII, da Art. 80. As férias somente poderão ser interrompidas por
Constituição Federal. Precedentes. (RE 587.941-AgR,
Noções de Direito Administrativo

motivo de calamidade pública, comoção interna, convocação


Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 30/9/2008, para júri, serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade
Segunda Turma, DJE de 21/11/2008.) No mesmo
do serviço declarada pela autoridade máxima do órgão ou
sentido: AI 710.361-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia,
entidade. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
julgamento em 7/4/2009, Primeira Turma, DJE de
(Férias de Ministro – Vide)
8/5/2009.
Parágrafo  único. O  restante do período interrompido
§ 1º Para o primeiro período aquisitivo de férias serão será gozado de uma só vez, observado o disposto no art. 77.
exigidos 12 (doze) meses de exercício. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)

JURISPRUDÊNCIA: JURISPRUDÊNCIA:
O direito individual às férias é adquirido após o É pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido
período de doze meses trabalhados, sendo devido de que o servidor público aposentado tem direito
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 23ª Região/Técnico Judiciário/
327
325
FCC/TRE-SP/Analista Judiciário/Área Administrativa/Contabilidade/2012. Área Administrativa/2011 e FCC/TRT 7ª Região/Técnico Judiciário – Adminis‑
326
FCC/TRE-AL/Analista Judiciário – Judiciária/2010. trativa/2009.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
ao recebimento de indenização pelas férias não go‑ I  – por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não,
zadas, adquiridas ao tempo da atividade, sob pena mantida a remuneração do servidor; e  (Incluído pela Lei
de enriquecimento sem causa da administração. (RE nº 12.269, de 2010)
234.485-AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em II – por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem
2/8/2011, Primeira Turma, DJE de 19/9/2011) No remuneração331. (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)
mesmo sentido: RE 285.323-AgR, Rel. Min. Joaquim § 3º O início do interstício de 12 (doze) meses será con‑
Barbosa, julgamento em 4/10/2011, Segunda Turma, tado a partir da data do deferimento da primeira licença
DJE de 21/10/2011. concedida. (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)
§  4º A soma das licenças remuneradas e das licenças
CAPÍTULO IV não remuneradas, incluídas as respectivas prorrogações,
Das Licenças concedidas em um mesmo período de 12 (doze) meses,
observado o disposto no §  3º, não poderá ultrapassar os
Seção I limites estabelecidos nos incisos I e II do § 2º. (Incluído pela
Disposições Gerais Lei nº 12.269, de 2010)

Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença: Seção III


I – por motivo de doença em pessoa da família; Da Licença por Motivo de
II – por motivo de afastamento do cônjuge ou compa‑ Afastamento do Cônjuge
nheiro;
III – para o serviço militar; Art. 84. Poderá ser concedida licença ao servidor para
IV – para atividade política; acompanhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado
V – para capacitação; (Redação dada pela Lei nº 9.527, para outro ponto do território nacional, para o exterior ou
de 10/12/1997) para o exercício de mandato eletivo dos Poderes Executivo
VI – para tratar de interesses particulares; e Legislativo.
VII – para desempenho de mandato classista. §  1º A licença será por prazo indeterminado e sem
§ 1º A licença prevista no inciso I do caput deste artigo remuneração.332
bem como cada uma de suas prorrogações serão precedidas §  2º No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou
de exame por perícia médica oficial, observado o disposto no companheiro também seja servidor público, civil ou militar,
art. 204 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009) de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
§ 2º (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) Federal e dos Municípios, poderá haver exercício provisório
§ 3º É vedado o exercício de atividade remunerada du‑ em órgão ou entidade da Administração Federal direta,
rante o período da licença prevista no inciso I deste artigo. autárquica ou fundacional, desde que para o exercício de
Art. 82. A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias atividade compatível com o seu cargo. (Redação dada pela
do término de outra da mesma espécie será considerada Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
como prorrogação.
A título de exemplo: Silvia exerce o cargo de analis-
A título de exemplo: Suponha que um servidor esteve ta judiciário (área administrativa) há mais de dez
licenciado por quinze dias e, decorrido esse prazo, anos no Tribunal Regional Federal. Concorrendo a
solicitou outro afastamento da mesma espécie após eleições, foi eleita Deputada Federal. Seu marido
quarenta dias de seu retorno. Nesse caso, para fins Diógenes é técnico judiciário, área administrativa,
de cômputo, a segunda licença será considerada no Tribunal Regional Eleitoral. Ambos residem no
prorrogação da primeira328. Município de São Paulo. Nesse caso, poderá ser
concedida licença a Diógenes para acompanhar
Seção II Silvia que tomou posse junto à Câmara dos Depu-
Da Licença por Motivo de Doença tados em Brasília, Distrito Federal. Diante disso, a
em Pessoa da Família licença de Diógenes será por prazo indeterminado e
sem remuneração, facultado o exercício provisório
Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por em órgão da Administração Federal direta, desde
motivo de doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos que para o exercício de atividade compatível com
filhos, do padrasto ou madrasta329 e enteado, ou dependen‑ o seu cargo333.
te que viva a suas expensas e conste do seu assentamento
funcional, mediante comprovação por perícia médica oficial. INFORMATIVO STJ Nº 0456
Noções de Direito Administrativo

(Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009) LICENÇA. DESLOCAMENTO. CÔNJUGE. EXERCÍCIO
§  1º A licença somente será deferida se a assistência PROVISÓRIO.
direta do servidor for indispensável e não puder ser presta‑ No caso, servidora da Justiça trabalhista lotada em
da simultaneamente com o exercício do cargo ou mediante Porto Alegre formulou pedido administrativo para
compensação de horário, na forma do disposto no inciso II que lhe fosse concedida licença por motivo de des‑
do art. 44. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) locamento de cônjuge (art. 84 da Lei nº 8.112/1990),
§ 2º A licença de que trata o caput, incluídas as prorro‑ pois seu esposo foi aprovado em concurso público
gações, poderá ser concedida a cada período de doze meses realizado em prefeitura no Estado do Rio de Janeiro,
nas seguintes condições330: (Redação dada pela Lei nº 12.269, tendo tomado posse em 16/7/1999. Solicitou, ainda,
de 2010) que exercesse provisoriamente cargo compatível com
328
Cespe/TRE-RJ/Técnico Judiciário/Apoio Especializado/Programação de Siste‑
mas/2012. 331
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-RJ/Técnico Judiciário/Apoio Especia‑
329
Assunto cobrado na prova da FCC/Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região/ lizado/Operação de Computador/2012.
Analista Judiciário – Área Administrativa/2010. 332
Assunto cobrado na prova do FCC/Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região/
330
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-RJ/Técnico Judiciário/Apoio Especia‑ Analista Judiciário – Área Administrativa/2010.
lizado/Operação de Computador/2012. 333
FCC/TRE-SP/Analista Judiciário/Área Administrativa/2012.

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o seu, o que poderia se dar no TRT da 1ª Região, com Parágrafo único. Os períodos de licença de que trata o
sede no Rio de Janeiro. Indeferido o pedido, ajuizou caput não são acumuláveis. (Redação dada pela Lei nº 9.527,
ação ordinária. A  Turma, entre outras questões, de 10/12/1997)
entendeu que o pedido de concessão de licença Art. 88. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
formulado na referida ação possui natureza distinta Art. 89. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
da atinente ao instituto da remoção, previsto no Art. 90. (Vetado)
art. 36, parágrafo único, III, a, da Lei nº 8.112/1990.
O pedido está embasado no art. 84 da mencionada Seção VII
lei e, uma vez preenchidos pelo servidor os requisitos Da Licença para Tratar de Interesses Particulares
ali previstos, não há espaço para juízo discricionário
da Administração, devendo a licença ser concedida, Art. 91. A critério da Administração, poderão ser con‑
pois se trata de um direito do servidor, em que a cedidas ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde que
Administração não realiza juízo de conveniência e não esteja em estágio probatório, licenças para o trato de
oportunidade. Quanto ao exercício provisório em assuntos particulares pelo prazo de até três anos conse‑
outro órgão, este é cabível, pois preenchidos todos os cutivos, sem remuneração337. (Redação dada pela Medida
pressupostos para o seu deferimento. Sendo a autora Provisória nº 2.225-45, de 4/9/2001)
analista judiciária, poderá exercer seu mister no TRT Parágrafo  único. A  licença poderá ser interrompida,
da 1ª Região. REsp 871.762-RS, Rel. Min. Laurita Vaz, a qualquer tempo, a pedido do servidor ou no interesse do
julgado em 16/11/2010. serviço. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45,
de 4/9/2001)
Seção IV
Da Licença para o Serviço Militar A título de exemplo: Rogério, na qualidade de
servidor público federal, tem alguns problemas
Art. 85. Ao  servidor convocado para o serviço militar pessoais a serem resolvidos com urgência e outros
será concedida licença, na forma e condições previstas na a médio prazo. Diante disso, Rogério ingressou
legislação específica. com um pedido de licença para tratar de assuntos
Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor particulares. Nesse caso, a Administração poderá
terá até 30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir conceder a referida licença, desde que observe,
o exercício do cargo.334 dentre outros requisitos, ser o servidor ocupante
de cargo efetivo338.
Seção V
Da Licença para Atividade Política Seção VIII
Da Licença para o Desempenho
Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem remuneração, de Mandato Classista
durante o período que mediar entre a sua escolha em conven‑
ção partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem
registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral. remuneração339 para o desempenho de mandato em confe‑
§ 1º O servidor candidato a cargo eletivo na localidade deração, federação, associação de classe de âmbito nacional,
onde desempenha suas funções e que exerça cargo de di‑ sindicato representativo da categoria ou entidade fiscaliza‑
reção, chefia, assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dora da profissão ou, ainda, para participar de gerência ou
dele será afastado, a partir do dia imediato ao do registro administração em sociedade cooperativa constituída por
de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral, até o décimo servidores públicos para prestar serviços a seus membros,
dia seguinte ao do pleito.335 (Redação dada pela Lei nº 9.527, observado o disposto na alínea c do inciso VIII do art. 102
de 10/12/1997) desta Lei, conforme disposto em regulamento e observados
§ 2º A partir do registro da candidatura e até o décimo os seguintes limites: (Redação dada pela Lei nº 11.094, de
dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, as‑ 2005) (Regulamento)
segurados os vencimentos do cargo efetivo, somente pelo I – para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, 2
período de três meses.336 (Redação dada pela Lei nº 9.527, (dois) servidores; (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
de 10/12/1997) II – para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000
(trinta mil) associados, 4 (quatro) servidores; (Redação dada
Seção VI pela Lei nº 12.998, de 2014)
Da Licença‑Prêmio por Assiduidade III  – para entidades com mais de 30.000 (trinta mil)
Noções de Direito Administrativo

Da Licença para Capacitação associados, 8 (oito) servidores. (Redação dada pela Lei
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) nº 12.998, de 2014)
§ 1º Somente poderão ser licenciados os servidores elei‑
Art. 87. Após cada quinquênio de efetivo exercício, o ser‑
vidor poderá, no interesse da Administração, afastar‑se do tos para cargos de direção ou de representação nas referidas
exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, por entidades, desde que cadastradas no órgão competente.
até três meses, para participar de curso de capacitação pro‑ (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
fissional. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) § 2º A licença terá duração igual à do mandato, podendo
ser renovada, no caso de reeleição. (Redação dada pela Lei
nº 12.998, de 2014)
334
Funrio/MJ/Agente Administrativo/2009.
335
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TST/Analista Judiciário/Apoio Espe‑
cializado/Análise de Sistemas/2012 e FCC/TRT 23ª Região/Analista Judiciário/
Área Administrativa/2011. 337
Assunto cobrado na prova do Cespe/Ibama/Técnico Administrativo/2012.
336
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/TRE-RJ/Técnico Judiciário/Área 338
FCC/TRE-SP/Técnico Judiciário/Apoio Especializado/Programação de Siste‑
Administrativa/2012, FCC/TST/Analista Judiciário/Apoio Especializado/Análise mas/2012.
de Sistemas/2012 e FCC/TRT 23ª Região/Analista Judiciário/Execução de Man‑ 339
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-RJ/Técnico JudiciárioAdministrati‑
dados/2011. va/2012.

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CAPÍTULO V II – investido no mandato de Prefeito, será afastado do
Dos Afastamentos cargo, sendo‑lhe facultado optar pela sua remuneração340;
III – investido no mandato de vereador:
Seção I a)  havendo compatibilidade de horário, perceberá as
Do Afastamento para Servir a Outro Órgão ou Entidade vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do
cargo eletivo;
Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercício b) não havendo compatibilidade de horário, será afastado
em outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Es‑ do cargo, sendo‑lhe facultado optar pela sua remuneração.
§ 1º No caso de afastamento do cargo, o servidor contri‑
tados, ou do Distrito Federal e dos Municípios, nas seguintes
buirá para a seguridade social como se em exercício estivesse.
hipóteses: (Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17/12/1991) § 2º O servidor investido em mandato eletivo ou classista
(Regulamento) (Vide Decreto nº 4.493, de 3/12/2002) (Re- não poderá ser removido ou redistribuído de ofício para
gulamento) localidade diversa daquela onde exerce o mandato.
I – para exercício de cargo em comissão ou função de
confiança; (Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17/12/1991) Seção III
II – em casos previstos em leis específicas. (Redação dada Do Afastamento para Estudo
pela Lei nº 8.270, de 17/12/1991) ou Missão no Exterior
§ 1º Na hipótese do inciso I, sendo a cessão para órgãos
ou entidades dos Estados, do Distrito Federal ou dos Muni‑ Art. 95. O servidor não poderá ausentar‑se do País para
cípios, o ônus da remuneração será do órgão ou entidade estudo ou missão oficial, sem autorização do Presidente
cessionária, mantido o ônus para o cedente nos demais da República, Presidente dos Órgãos do Poder Legislativo
casos. (Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17/12/1991) e Presidente do Supremo Tribunal Federal341.
§ 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa pública § 1º A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda
ou sociedade de economia mista, nos termos das respectivas a missão ou estudo, somente decorrido igual período, será
normas, optar pela remuneração do cargo efetivo ou pela permitida nova ausência.
remuneração do cargo efetivo acrescida de percentual da retri‑ § 2º Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo
não será concedida exoneração ou licença para tratar de
buição do cargo em comissão, a entidade cessionária efetuará
interesse particular antes de decorrido período igual ao do
o reembolso das despesas realizadas pelo órgão ou entidade afastamento, ressalvada a hipótese de ressarcimento da
de origem. (Redação dada pela Lei nº 11.355, de 2006) despesa havida com seu afastamento.
§ 3º A cessão far‑se‑á mediante Portaria publicada no
Diário Oficial da União. (Redação dada pela Lei nº 8.270, A título de exemplo: Considere que determinada ser-
de 17/12/1991) vidora pública federal ocupante de cargo efetivo no
§  4º Mediante autorização expressa do Presidente da Superior Tribunal de Justiça pretenda cursar um mes-
República, o servidor do Poder Executivo poderá ter exercício trado, em sua área de atuação, em uma renomada
em outro órgão da Administração Federal direta que não universidade do exterior. A partir dessa situação, caso
tenha quadro próprio de pessoal, para fim determinado e seja beneficiada com o afastamento para estudo no
a prazo certo. (Incluído pela Lei nº 8.270, de 17/12/1991) exterior, a referida servidora não poderá ser exone-
§ 5º Aplica‑se à União, em se tratando de empregado rada antes de decorrido período igual ao que esteve
ou servidor por ela requisitado, as  disposições dos §§  1º afastada, ressalvada a hipótese de ressarcimento da
e 2º deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 10.470, de despesa havida com seu afastamento342.
25/6/2002)
§ 6º As cessões de empregados de empresa pública ou § 3º O disposto neste artigo não se aplica aos servidores
da carreira diplomática.
de sociedade de economia mista, que receba recursos de Te‑
§ 4º As hipóteses, condições e formas para a autorização
souro Nacional para o custeio total ou parcial da sua folha de de que trata este artigo, inclusive no que se refere à remu‑
pagamento de pessoal, independem das disposições contidas neração do servidor, serão disciplinadas em regulamento.
nos incisos I e II e §§ 1º e 2º deste artigo, ficando o exercício (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
do empregado cedido condicionado a autorização específica Art. 96. O afastamento de servidor para servir em or‑
do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, exceto ganismo internacional de que o Brasil participe ou com o
nos casos de ocupação de cargo em comissão ou função qual coopere dar‑se‑á com perda total da remuneração343.
gratificada. (Incluído pela Lei nº 10.470, de 25/6/2002) (Vide Decreto nº 3.456, de 2000)
§ 7º O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão,
com a finalidade de promover a composição da força de A título de exemplo: Alexandre, analista judiciário
Noções de Direito Administrativo

trabalho dos órgãos e entidades da Administração Pública (área judiciária), ausentou-se do Brasil, pelo período
Federal, poderá determinar a lotação ou o exercício de em‑ de 4 (quatro) anos, para a realização de um traba-
pregado ou servidor, independentemente da observância do lho científico de natureza jurídica em instituição de
constante no inciso I e nos §§ 1º e 2º deste artigo. (Incluído pela ensino superior na Inglaterra, com a regular auto-
Lei nº 10.470, de 25/6/2002) (Vide Decreto nº 5.375, de 2005) rização do Presidente do Supremo Tribunal Federal.
Referida situação diz respeito ao afastamento para
Seção II estudo no exterior344.
Do Afastamento para Exercício 340
Assunto cobrado nas seguintes provas: Fepese/MPE/Procurador Geral do
de Mandato Eletivo Ministério Público/2010 e Exames/Prefeitura de Ingá-PB/Auditor de Controle
Interno/2011.
Art. 94. Ao  servidor investido em mandato eletivo
341
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/TRE-RJ/Técnico Judiciário/Apoio
Especializado/Programação de Sistemas/2012 e Esaf/SRFB/ATRFB/2012.
aplicam‑se as seguintes disposições: 342
Cespe/TRE-MS/Técnico Judiciário/Área Administrativa/Contabilidade/2013.
I – tratando‑se de mandato federal, estadual ou distrital, 343
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-MS/Analista Judiciário/Área Judiciá‑
ria/2013.
ficará afastado do cargo; 344
FCC/TRE-SP/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2012.

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Seção IV II – pelo período comprovadamente necessário para alis‑
Do Afastamento para Participação em Programa de tamento ou recadastramento eleitoral, limitado, em qualquer
Pós‑Graduação Stricto Sensu no País caso, a dois dias; e (Redação dada pela Lei nº 12.998/2014)
(Incluída pela Lei nº 11.907, de 2009) III – por 8 (oito) dias consecutivos em razão de:
a) casamento;
Art. 96-A. O  servidor poderá, no interesse da Admi‑ b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta
nistração, e  desde que a participação não possa ocorrer ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela
simultaneamente com o exercício do cargo ou mediante e irmãos346.
compensação de horário, afastar‑se do exercício do cargo Art. 98. Será concedido horário especial ao servidor
efetivo, com a respectiva remuneração, para participar em estudante, quando comprovada a incompatibilidade entre o
programa de pós‑graduação stricto sensu em instituição de horário escolar e o da repartição, sem prejuízo do exercício
ensino superior no País. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) do cargo347.
§  1º Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade § 1º Para efeito do disposto neste artigo, será exigida a
definirá, em conformidade com a legislação vigente, os pro‑ compensação de horário no órgão ou entidade que tiver exer‑
gramas de capacitação e os critérios para participação em cício, respeitada a duração semanal do trabalho. (Parágrafo
programas de pós‑graduação no País, com ou sem afastamen‑ renumerado e alterado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
to do servidor, que serão avaliados por um comitê constituído § 2º Também será concedido horário especial ao servidor
para este fim. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) portador de deficiência, quando comprovada a necessidade
§  2º Os afastamentos para realização de programas por junta médica oficial, independentemente de compensa‑
de mestrado e doutorado somente serão concedidos aos ção de horário. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
servidores titulares de cargos efetivos no respectivo órgão § 3º As disposições do parágrafo anterior são extensivas
ou entidade há pelo menos 3 (três) anos para mestrado e 4 ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente portador
(quatro) anos para doutorado, incluído o período de estágio de deficiência física, exigindo‑se, porém, neste caso, com‑
probatório, que não tenham se afastado por licença para pensação de horário na forma do inciso II do art. 44. (Incluído
tratar de assuntos particulares para gozo de licença capa‑ pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
citação ou com fundamento neste artigo nos 2 (dois) anos § 4º Será igualmente concedido horário especial, vincula‑
anteriores à data da solicitação de afastamento. (Incluído do à compensação de horário a ser efetivada no prazo de até
pela Lei nº 11.907, de 2009) 1 (um) ano, ao servidor que desempenhe atividade prevista
§ 3º Os afastamentos para realização de programas de nos incisos I e II do caput do art. 76-A desta Lei. (Redação
pós‑doutorado somente serão concedidos aos servidores dada pela Lei nº 11.501, de 2007)
titulares de cargos efetivo no respectivo órgão ou entidade Art. 99. Ao servidor estudante que mudar de sede no
há pelo menos quatro anos, incluído o período de estágio interesse da administração é assegurada, na localidade da
probatório, e que não tenham se afastado por licença para nova residência ou na mais próxima, matrícula em instituição
tratar de assuntos particulares ou com fundamento neste de ensino congênere, em qualquer época, independente‑
artigo, nos quatro anos anteriores à data da solicitação de mente de vaga.
Parágrafo único. O disposto neste artigo estende‑se ao
afastamento. (Redação dada pela Lei nº 12.269, de 2010)
cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou enteados do servidor
§ 4º Os servidores beneficiados pelos afastamentos pre‑
que vivam na sua companhia, bem como aos menores sob
vistos nos §§ 1º, 2º e 3º deste artigo terão que permanecer
sua guarda, com autorização judicial.
no exercício de suas funções após o seu retorno por um
período igual ao do afastamento concedido. (Incluído pela
A título de exemplo: Considere que Lucas tenha
Lei nº 11.907, de 2009)
tomado posse no seu primeiro cargo efetivo no
§  5º Caso o servidor venha a solicitar exoneração do
serviço público federal e que esteja em exercício há
cargo ou aposentadoria, antes de cumprido o período de
seis meses. Caso Lucas esteja cursando faculdade
permanência previsto no § 4º deste artigo, deverá ressarcir o
e tenha de mudar de localidade no interesse da
órgão ou entidade, na forma do art. 47 da Lei nº 8.112, de 11
administração, ele terá direito a matrícula em ins-
de dezembro de 1990, dos gastos com seu aperfeiçoamento.
tituição de ensino congênere, em qualquer época,
(Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
independentemente de vaga348.
§ 6º Caso o servidor não obtenha o título ou grau que
justificou seu afastamento no período previsto, aplica‑se o CAPÍTULO VII
disposto no § 5º deste artigo, salvo na hipótese comprovada Do Tempo de Serviço
de força maior ou de caso fortuito, a critério do dirigente
Noções de Direito Administrativo

máximo do órgão ou entidade. (Incluído pela Lei nº 11.907, Art. 100. É contado para todos os efeitos o tempo de ser‑
de 2009) viço público federal, inclusive o prestado às Forças Armadas.
§ 7º Aplica‑se à participação em programa de pós‑gra‑ Art. 101. A apuração do tempo de serviço será feita em
duação no Exterior, autorizado nos termos do art. 95 desta dias, que serão convertidos em anos, considerado o ano
Lei, o disposto nos §§ 1º a 6º deste artigo. (Incluído pela Lei como de trezentos e sessenta e cinco dias.349
nº 11.907, de 2009) Parágrafo  único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de
10/12/1997)
CAPÍTULO VI Art. 102. Além das ausências ao serviço previstas no
Das Concessões art. 97, são considerados como de efetivo exercício os afas‑
tamentos em virtude de:
Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor ausen‑ I – férias;
tar‑se do serviço: (Redação dada pela Lei nº 12.998/2014)
I – por 1 (um) dia, para doação de sangue345; 346
Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012.
347
Assunto cobrado na prova: Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012.
348
Cespe/TRE-MS/Técnico Judiciário/Área Administrativa/Contabilidade/2013.
Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012.
345 349
FCC/TRF 4ª Região/Analista Judiciário – Execução de Mandados/2010.

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II – exercício de cargo em comissão ou equivalente, em V – o tempo de serviço em atividade privada, vinculada
órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, Mu‑ à Previdência Social;354
nicípios e Distrito Federal; VI – o tempo de serviço relativo a tiro de guerra;
III – exercício de cargo ou função de governo ou admi‑ VII – o tempo de licença para tratamento da própria saú‑
nistração, em qualquer parte do território nacional, por de que exceder o prazo a que se refere a alínea b do inciso
nomeação do Presidente da República; VIII do art. 102. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
IV – participação em programa de treinamento regular‑ § 1º O tempo em que o servidor esteve aposentado será
mente instituído ou em programa de pós‑graduação stricto contado apenas para nova aposentadoria.355
sensu no País, conforme dispuser o regulamento; (Redação § 2º Será contado em dobro o tempo de serviço prestado
dada pela Lei nº 11.907, de 2009) às Forças Armadas em operações de guerra.356
V – desempenho de mandato eletivo federal, estadual, § 3º É vedada a contagem cumulativa de tempo de ser‑
municipal ou do Distrito Federal, exceto para promoção por viço prestado concomitantemente em mais de um cargo ou
merecimento;350 função de órgão ou entidades dos Poderes da União, Estado,
VI – júri e outros serviços obrigatórios por lei; Distrito Federal e Município, autarquia, fundação pública,
VII – missão ou estudo no exterior, quando autorizado o sociedade de economia mista e empresa pública.
afastamento, conforme dispuser o regulamento; (Redação
dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) CAPÍTULO VIII
VIII – licença: Do Direito de Petição
a) à gestante, à adotante e à paternidade;
b) para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte JURISPRUDÊNCIA:
e quatro meses, cumulativo ao longo do tempo de serviço Direito à informação de atos estatais, neles embutida
público prestado à União, em cargo de provimento efetivo; a folha de pagamento de órgãos e entidades públicas.
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) [...] Caso em que a situação específica dos servido‑
c) para o desempenho de mandato classista ou partici‑ res públicos é regida pela 1ª parte do inciso XXXIII
pação de gerência ou administração em sociedade coopera‑ do art. 5º da Constituição. Sua remuneração bruta,
tiva constituída por servidores para prestar serviços a seus cargos e funções por eles titularizados, órgãos de sua
membros, exceto para efeito de promoção por merecimento; formal lotação, tudo é constitutivo de informação de
(Redação dada pela Lei nº 11.094, de 2005) interesse coletivo ou geral. Expondo‑se, portanto,
d) por motivo de acidente em serviço ou doença pro‑ a divulgação oficial. Sem que a intimidade deles, vida
fissional351; privada e segurança pessoal e familiar se encaixem
e) para capacitação, conforme dispuser o regulamento; nas exceções de que trata a parte derradeira do mes‑
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) mo dispositivo constitucional (inciso XXXIII do art. 5º),
f) por convocação para o serviço militar; pois o fato é que não estão em jogo nem a segurança
IX – deslocamento para a nova sede de que trata o art. 18; do Estado nem do conjunto da sociedade. Não cabe,
X – participação em competição desportiva nacional ou no caso, falar de intimidade ou de vida privada, pois
convocação para integrar representação desportiva nacional, os dados objeto da divulgação em causa dizem res‑
no País ou no exterior, conforme disposto em lei específica; peito a agentes públicos enquanto agentes públicos
A título de exemplo: Um jogador de futebol e servi- mesmos; ou, na linguagem da própria Constituição,
dor do Senado foi convocado pelo técnico da seleção agentes estatais agindo ‘nessa qualidade’ (§  6º do
brasileira de futebol para a disputa do mundial da art. 37). E quanto à segurança física ou corporal dos
África do Sul, devendo ficar à disposição da Confe- servidores, seja pessoal, seja familiarmente, claro que
deração Brasileira de Futebol pelo prazo de 60 dias. ela resultará um tanto ou quanto fragilizada com a
Nesse caso, o  prazo do eventual afastamento do divulgação nominalizada dos dados em debate, mas
servidor será considerado como de efetivo exercício é um tipo de risco pessoal e familiar que se atenua
no serviço público352. com a proibição de se revelar o endereço residencial,
o CPF e a CI de cada servidor. No mais, é o preço que
XI – afastamento para servir em organismo internacional se paga pela opção por uma carreira pública no seio
de que o Brasil participe ou com o qual coopere. (Incluído de um Estado republicano. [...] A negativa de pre‑
pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) valência do princípio da publicidade administrativa
Art. 103. Contar‑se‑á apenas para efeito de aposentado‑ implicaria, no caso, inadmissível situação de grave
ria e disponibilidade: lesão à ordem pública (SS 3.902-AgR‑segundo, Rel.
I  – o tempo de serviço público prestado aos Estados, Min. Ayres Britto, julgamento em 9/6/2011, Plenário,
DJE de 3/10/2011)
Noções de Direito Administrativo

Municípios e Distrito Federal;


II – a licença para tratamento de saúde de pessoal da
Art. 104. É assegurado ao servidor o direito de requerer
família do servidor, com remuneração, que exceder a 30
aos Poderes Públicos, em defesa de direito ou interesse
(trinta) dias em período de 12 (doze) meses. (Redação dada
legítimo.357
pela Lei nº 12.269, de 2010)
III  – a licença para atividade política353, no caso do Art. 105. O  requerimento será dirigido à autoridade
art. 86, § 2º; competente para decidi‑lo e encaminhado por intermé‑
IV – o tempo correspondente ao desempenho de man‑ dio daquela a que estiver imediatamente subordinado o
dato eletivo federal, estadual, municipal ou distrital, anterior requerente.358
ao ingresso no serviço público federal; 354
Assunto cobrado na prova da FCC/TRF 4ª Região/Analista Judiciário – Execução
de Mandados/2010.
350
FCC/TRF 4ª Região/Analista Judiciário – Execução de Mandados/2010. 355
FCC/TRF 4ª Região/Analista Judiciário – Execução de Mandados/2010.
351
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-MS/Técnico Judiciário/Área Adminis‑ 356
FCC/TRF 4ª Região/Analista Judiciário – Execução de Mandados/2010.
trativa/Contabilidade/2013. 357
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 7ª Região/Analista Judiciário – Judiciá‑
352
Movens/Ministério da Cultura/Agente Administrativo/2010. ria/2009.
353
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-RJ/Técnico Judiciário/Apoio Especia‑ 358
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 7ª Região/Técnico Judiciário – Adminis‑
lizado/Programação de Sistemas/2012. trativa/2009.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Art. 106. Cabe pedido de reconsideração à autoridade Art. 114. A administração deverá rever seus atos, a qual‑
que houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, quer tempo, quando eivados de ilegalidade.369
não podendo ser renovado.359 (Vide Lei nº 12.300, de 2010) Art. 115. São fatais e improrrogáveis os prazos estabele‑
Parágrafo único. O requerimento e o pedido de recon- cidos neste Capítulo, salvo motivo de força maior.
sideração de que tratam os artigos anteriores deverão ser
despachados no prazo de 5 (cinco) dias e decididos dentro
de 30 (trinta) dias.360
PRINCIPAIS BENEFÍCIOS DO SERVIDOR
Art. 107. Caberá recurso: (Vide Lei nº 12.300, de 2010) PÚBLICO FEDERAL
I – do indeferimento do pedido de reconsideração;361
II  – das decisões sobre os recursos sucessivamente Auxílio‑natalidade
interpostos.
§ 1º O recurso será dirigido à autoridade imediatamente A servidora que vier dar à luz terá direito ao recebimento
superior à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão, de um valor em pecúnia relativo ao menor vencimento pago
e, sucessivamente, em escala ascendente, às demais auto‑ no serviço público, mesmo na situação do natimorto.
ridades362. O servidor também terá direito a receber este benefício
§  2º O recurso será encaminhado por intermédio da no caso do nascimento de seu filho, se a sua esposa ou
autoridade a que estiver imediatamente subordinado o companheira não for servidora.
requerente.
No parto de gêmeos, ou seja, parto múltiplo, o filho pri‑
Art. 108. O  prazo para interposição de pedido de re‑
mogênito irá gerar o direito a 100% do auxílio e os demais
consideração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar
da publicação ou da ciência, pelo interessado, da decisão 50% cada um.
recorrida.363 (Vide Lei nº 12.300, de 2010)
Art. 109. O recurso poderá ser recebido com efeito Licença para tratamento de saúde
suspensivo, a juízo da autoridade competente.364 Caso o servidor venha sofrer uma enfermidade, e  a
Parágrafo único. Em caso de provimento do pedido de perícia médica acredite que ele não tenha condições tempo‑
reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão retroa‑ rariamente de exercer as atribuições inerentes ao seu cargo,
girão à data do ato impugnado. será concedida esta licença.
Deve‑se sempre atentar que, a princípio, este tipo de li‑
A título de exemplo: A Walter, como servidor público cença não prejudica o servidor em relação à contagem de seu
federal, é assegurado o direito de requerer do Poder tempo de serviço, porém o legislador afirma, no corpo da Lei
Público, em defesa de direito ou interesse legítimo. nº 8.112/1990, que o tempo será contado como efetivo exer‑
Diante disso, Walter deverá observar peculiaridades cício até o limite de vinte e quatro meses de licenças. Caso
do direito de petição, dentre outras, o fato de que o servidor ultrapasse este limite, o tempo de licença será
no caso do provimento do pedido de reconsidera- contado somente para aposentadoria e disponibilidade.
ção, os efeitos da decisão retroagirão à data do ato
impugnado365. Licença‑gestante
Quando a servidora estiver grávida, terá o direito a
Art. 110. O direito de requerer prescreve: esta licença, podendo ser iniciada a partir do primeiro dia
I – em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e
do nono mês de gestação, e, no caso de parto prematuro,
de cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou que
a licença terá início a partir do nascimento e seu prazo será
afetem interesse patrimonial e créditos resultantes das
relações de trabalho;366 de 120 dias.
II – em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo Em 2008, surge a Lei nº 11.770, regulamentada pelo
quando outro prazo for fixado em lei367. Decreto nº 6.690/2008, onde esta legislação “alienígena”
Parágrafo único. O prazo de prescrição será contado da permite a prorrogação por mais sessenta dias, desde que
data da publicação do ato impugnado ou da data da ciência seja requerida no prazo de trinta dias contados do início dos
pelo interessado, quando o ato não for publicado. cento e vinte dias da licença gestante.
Art. 111. O pedido de reconsideração e o recurso, quando Observações
cabíveis, interrompem a prescrição. • Urge ressaltar que, no caso de natimorto, decorridos
Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não podendo trinta dias de licença, a servidora passará por exames
ser relevada pela administração.368 médicos e, se estiver em condições, voltará a exercer
Art. 113. Para o exercício do direito de petição, é  as‑ as atribuições inerentes ao seu cargo.
Noções de Direito Administrativo

segurada vista do processo ou documento, na repartição, • No caso de aborto espontâneo, sempre por meio de
ao servidor ou a procurador por ele constituído. atestado médico oficial, a servidora terá direito a trinta
dias de repouso remunerado.
359
FCC/TRT 7ª Região/Analista Judiciário – Judiciária/2009. • Durante a jornada de trabalho a servidora tem direito
360
FCC/TRT 7ª Região/Analista Judiciário – Execução de Mandados/2009.
361
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 7ª Região/Analista Judiciário – Judiciá‑
a uma hora de descanso para amamentar o próprio
ria/2009. filho, que poderá ser divida em dois períodos de
362
Assunto cobrado na prova da Esaf/PGFN/PFN/2012. meia hora.
363
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 7ª Região/Analista Judiciá‑
rio – Judiciária/2009 e FCC/TRT 7ª Região/Analista Judiciário – Execução de
Mandados/2009. Licença‑paternidade
364
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 7ª Região/Analista Judiciário – Execução
de Mandados/2009. Quando nasce o filho de um servidor ou mesmo na ado‑
365
FCC/TRE-SP/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2012. ção, ele terá direito a cinco dias consecutivos.
366
Assunto cobrado na prova da Movens/Ministério da Cultura/Agente Adminis‑
trativo/2010.
367
Assunto cobrado na prova da Esaf/PGFN/PFN/2012.
368
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 7ª Região/Analista Judiciário – Execução Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 7ª Região/Analista Judiciário – Judi‑
369

de Mandados/2009. ciária/2009 e FCC/TRT 7ª Região/Analista Judiciário – Execução de Mandados/2009.

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Licença‑adotante (guarda judicial) A título de exemplo: Um cidadão, caminhando por
A servidora quando adota criança de até um ano terá uma rua, é atingido por um raio e morre. A prova técnica
direito a 90 dias de licença, porém a Lei nº 11.770/2008 evidencia que não houve conduta comissiva nem omissiva
permite a prorrogação por mais 45 dias. do Estado, que contribuísse para esse evento. Neste caso,
Se a criança adotada tiver mais de um ano serão conce‑ não estão presentes os pressupostos da responsabilidade
didos trinta dias que podem ser prorrogados, por meio da civil do Estado371.
Lei nº 11.770/2008, por mais quinze dias. As responsabilidades poderão ser acumuladas sendo
independentes entre si.372
Licença por acidente de serviço A responsabilidade administrativa será afastada na
O legislador não mencionou expressamente um prazo absolvição criminal, onde seja negada a existência do fato
determinado para esta licença, cabendo à autoridade médica (a infração não existiu) ou sua autoria (não foi o servidor
discriminar o número de dias. que praticou a infração).373
O acidente de serviço não se configura somente dentro No caso de absolvição criminal por falta de provas,
da repartição pública, podendo ser estendido ao percurso o servidor poderá responder administrativamente.374
da residência para o trabalho e vice‑versa. É  interessante
salientar que caso o servidor acidentado necessite de tra‑
tamento especializado, ele poderá ser tratado à custa da Penalidades
Administração Pública em instituição privada.
Para configurar acidente de serviço, deverá ser feita a O art. 127 da Lei nº 8.112/1990 enumera as penalidades
prova do acidente no prazo, a princípio, de dez dias. que o servidor pode sofrer, sendo: advertência, suspensão,
Caso a lesão oriunda do acidente de serviço não permita demissão, cassação da aposentadoria, cassação da disponi‑
de forma definitiva que ele exerça as atribuições do cargo, bilidade, destituição do cargo em comissão e destituição da
e seja de tal forma que ele não possa ser readaptado, caberá função comissionada.
aposentadoria por invalidez com proventos integrais.
Ver arts. 196 a 214 da Lei nº 8.112/1990. JURISPRUDÊNCIA:
Embora o Judiciário não possa substituir‑se à admi‑
o Regime Disciplinar e o Processo nistração na punição do servidor, pode determinar a
esta, em homenagem ao princípio da proporcionali‑
Administrativo Disciplinar dade, a aplicação de pena menos severa, compatível
com a falta cometida e a previsão legal. (RMS 24.901,
Regime Disciplinar Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 26/10/2004,
Primeira Turma, DJ de 11/2/2005.)
Responsabilidades
Observação: A exoneração não possui caráter punitivo.375
Para entendermos melhor as responsabilidades, vamos
tratá‑las por meio de uma situação hipotética.
Vamos imaginar que, ao  chegar a repartição pública Advertência
federal, um servidor perceba que um determinado bem da Para ser configurada esta penalidade deverá ser inicia‑
Administração tenha sumido. Qual seria o dever deste servi‑ da uma sindicância, e se após o julgamento o servidor for
dor? Segundo o art. 116 da Lei nº 8.112/1990, este servidor considerado “culpado”, a penalidade deverá ser inserida nos
deve comunicar o fato à autoridade superior. seus assentamentos individuais, não existindo advertência
A princípio, seria instaurada uma sindicância com o in‑ verbal e somente escrita.
tuito de investigar. O sindicante percebendo que o sumiço Quando a penalidade é inserta nos assentamentos,
do bem se deu em razão do crime de peculato (art. 312 do o servidor poderá cancelá‑la, caso não venha a reincidir pelo
Código Penal Brasileiro) praticado pelo servidor “X”, ocorrerá período de três anos. O  efeito deste cancelamento não é
a necessidade de abertura de um processo disciplinar surgin‑ retroativo, ou seja, tem efeito ex nunc.
do uma responsabilidade administrativa para o servidor “X”. As infrações que geram advertência têm previsão no
Como ocorreu um crime na repartição pública, o Minis‑ art. 117, I ao VIII e XIX (ver a lei).
tério Público deverá ter ciência, cabendo aí, possivelmente, O rol das infrações não é taxativo, os  regulamentos
uma responsabilidade penal para o referido servidor. podem trazer outras condutas passíveis de advertências.
Se, por ventura, durante o processo disciplinar e duran‑ As sobreditas infrações prescrevem em 180 dias.
te a ação penal, o bem não for devolvido à Administração, Necessário se faz ressaltar o que vem a ser a prescrição
Noções de Direito Administrativo

ocorrerá um dano e, sendo assim, o servidor deverá restituir administrativa. É a perda do poder de punir da administração
a Administração, ocorrendo uma obrigação de indenizar, ou em razão da passagem do tempo. O início desta contagem
seja, uma responsabilidade civil. será da ciência do fato e não necessariamente do fato.
Ante o exposto, percebemo s as três responsabilidades:
civil, penal e administrativa. Suspensão
• Penal – Decorrerá tanto por crime como também pela Esta punição, além de constar nos assentamentos
contravenção penal (ilícitos leves). individuais, também trará, a  princípio, consequências na
• Administrativa – Decorre de sindicância ou processo
disciplinar. 371
FCC/PGE‑RJ/Técnico Superior de Procuradoria/2009.
• Civil – Decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso 372
Assunto cobrado na prova da Defensoria Pública do Estado de São Paulo – FCC
ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a -FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS – DEFENSOR PÚBLICO, – 2010 – Questão 62.
terceiros.370
373
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cesgranrio/Casa da Moeda/Advoga‑
do/2009 e FCC/MPE‑AP/Técnico Ministerial/2009.
374
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/OAB‑Nacional/2009-1, Vunesp/
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE‑AM/Técnico Judiciário – Área Adminis‑
370
TJM‑SP/Escrevente Técnico Judiciário/2011 e Cespe/Secont‑ES/Auditor/2009.
trativa/2010. 375
Cespe/MPS/Administrador/2010.

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remuneração ou vencimento do servidor, sendo que ele não A título de exemplo: Crisela, servidora pública civil
exercerá as atribuições do seu cargo. federal efetiva, valeu‑se de seu cargo para lograr proveito
Em razão do silêncio dos arts.  102 e 103 da Lei pessoal em detrimento da dignidade da função pública.
nº 8.112/1990, que tratam da contagem do tempo de servi‑ Neste caso, a demissão incompatibiliza‑a para nova inves-
ço, os dias de suspensão não serão computados para nenhum tidura em cargo público federal, pelo prazo de 5 anos381.
efeito no serviço público federal. • atuar, como procurador ou intermediário, junto a
Existe a hipótese de o servidor ser suspenso e continuar a repartições públicas, salvo quando se tratar de be‑
exercer normalmente as atribuições inerentes ao seu cargo, nefícios previdenciários ou assistenciais de parentes
porém recebendo cinquenta por cento do vencimento ou até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro382.
remuneração em razão dos dias de suspensão, somente na
hipótese de conveniência para o serviço. Caso o servidor seja demitido por inassiduidade habi‑
O servidor está obrigado a realizar exames médicos de tual, abandono de cargo ou acumulação ilegal, será obri‑
tempos em tempos, porém se o servidor, injustificadamen‑ gatória a abertura de processo sumário.383
te, recusar‑se a fazer os exames, ele poderá ser suspenso A inassiduidade habitual configura‑se quando o servidor
por até 15 dias.376 Caso ele realize ou comprove os exames, faltar por 60 dias, interpoladamente, não justificados no
e ainda não terem findados os dias de suspensão, os demais período de doze meses.384
dias serão desconsiderados. A título de exemplo: Manoel, servidor público estável de
A título de exemplo: Determinado servidor público recu- uma fundação pública, faltou ao serviço por diversos dias
sou submeter-se à inspeção médica regularmente determi- sem qualquer justificativa, razão pela qual seu superior
nada pela autoridade competente. Instado a se explicar, não hierárquico determinou que o fato fosse apurado, com
apresentou qualquer justificativa pela recusa. A autoridade posterior aplicação da Lei nº 8.112/1990 no que se refere
competente pode, nos termos da Lei n° 8.112/1990, aplicar ao processo administrativo disciplinar. Uma comissão de
ao servidor suspensão de até 15 dias, cessando os efeitos sindicância, após regular processamento, ouvido o servidor,
da penalidade uma vez cumprida a determinação377. concluiu que as faltas de Manoel ao serviço eram habituais
O limite máximo imposto pelo legislador para os dias de e sem qualquer justificativa legal. Com base nessa situação
suspensão é de 90 dias. hipotética, a materialidade da infração de Manoel ficará
O cancelamento dos assentamentos individuais se dará caracterizada pela indicação dos dias de falta ao serviço
em cinco anos e a prescrição será de dois anos (da ciência sem justificativa, por período igual ou superior a sessenta
do fato). dias intercalados, num de prazo de doze meses385.
Não se incluem fins de semana, feriados e dias de ponto
Demissão facultativo, intercalados entre dias de ausência, para a
As infrações que geram demissão têm previsão no configuração da inassiduidade habitual386.
art. 132, que possui 13 incisos, sendo que o inciso treze nos
remete ao art. 117, dos incisos 9º ao 16. O abandono de cargos configura‑se quando o servidor
Ante o exposto, temos 19 infrações que podem gerar a faltar por mais de 30 dias consecutivos, não justificados e
demissão do servidor público. Alguns doutrinadores enten‑ intencionais. Aqui se percebe que existe um critério subjetivo
dem que o rol é taxativo. para a demissão do servido, que é a intencionalidade.
O art. 137, parágrafo único, traz condutas demissivas que Na acumulação ilegal, quando descoberta, o  servidor
proíbem o servidor público de retornar ao serviço público fe‑ deverá ser notificado para que possa optar no prazo de dez
deral. A doutrina majoritária e a jurisprudência entendem ser dias, caso não faça a escolha, será configurada a má‑fé e o
inconstitucional, pois fere o comando constitucional inserto servidor poderá ser demitido dos dois.
no art. 5º, XLVII, que impede a perpetuação de penalidades. Existem, como já vimos, outras formas de demissão
Infrações: que estarão presentes nos arts. 132 e 117, IX ao XVI, da Lei
• crimes contra a administração pública; nº 8.112/1990.
• improbidade administrativa;
• aplicação irregular de dinheiros públicos; JURISPRUDÊNCIA:
• lesão aos cofres públicos;378 Não pode prosperar, aqui, contra a demissão, a ale‑
• dilapidação do patrimônio nacional;379 gação de possuir o servidor mais de trinta e sete anos
• corrupção. de serviço público. A demissão, no caso, decorre da
apuração de ilícito disciplinar perpetrado pelo funcio‑
O mesmo artigo no seu caput preceitua duas infrações nário público, no exercício de suas funções. Não é, em
Noções de Direito Administrativo

disciplinares que geram demissão, porém o servidor não consequência, invocável o fato de já possuir tempo de
poderá retornar ao serviço público federal por cinco anos. serviço público suficiente à aposentadoria. A lei pre‑
Infrações: vê, inclusive, a pena de cassação da aposentadoria,
• valer‑se do cargo para lograr proveito pessoal ou aplicável ao servidor já inativo, se resultar apurado
de outrem, em detrimento da dignidade da função que praticou ilícito disciplinar grave, em atividade.
pública;380 (MS 21.948, Rel. Min. Néri da Silveira, julgamento
em 29/9/1994, Plenário, DJ de 7/12/1995.) No mes‑
376
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 7ª Região/Analista Judiciário –
Judiciária/2009, FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul/Analista 381
FCC/TRE‑AP/Analista Judiciário – Contabilidade/2011.
Judiciário – Área Judiciária/2010, FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande 382
Assunto cobrado nas seguintes provas: Esaf/CGU/AFC/Correição/2012 e FCC/
do Sul/Analista Judiciário – Área Judiciária/2010 e FCC/TRE‑PI/Técnico Judiciário – TRT 23ª Região/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2011.
Administrativa/2009. 383
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE‑BA/Analista Judiciário – Área Admi‑
377
FCC/TST/Analista Judiciário/Apoio Especializado/Taquigrafia/2012. nistrativa/2010.
378
Assunto cobrado na prova do Cespe/OAB‑Nacional/2009. 384
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 7ª Região/Técnico Judiciário –
379
Assunto cobrado na prova do Cespe/OAB‑Nacional/2009. Administrativa/2009 e FCC/TRE-AM/Analista Judiciário – Área Judiciária/2010.
380
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 14ª Região/Analista Judiciário – Execução 385
Cespe/TRE-MS/Analista Judiciário/Área Judiciária/2013.
de Mandados/2011. 386
Esaf/CGU/AFC/Correição/2012.

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mo sentido: RE 552.682-AgR, Rel. Min. Ayres Britto, JURISPRUDÊNCIA:
julgamento em 26/4/2011, Segunda Turma, DJE de Esta Corte firmou orientação no sentido da legitimi‑
18/8/2011; MS 23.299, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, dade de delegação a ministro de Estado da compe‑
julgamento em 6/3/2002, Plenário, DJ de 12/4/2002. tência do chefe do Executivo Federal para, nos termos
do art. 84, XXV, e parágrafo único, da CF, aplicar pena
Cassação da Aposentadoria de demissão a servidores públicos federais. [...] Le‑
Esta penalidade será aplicada caso o servidor em ati‑ gitimidade da delegação a secretários estaduais da
vidade pratique infração passível de demissão, e antes da competência do governador do Estado de Goiás para
abertura do processo, ele venha se aposentar [...] aplicar penalidade de demissão aos servidores
do Executivo, tendo em vista o princípio da simetria.
Cassação da Disponibilidade (RE 633.009-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
O procedimento é bem parecido com o da cassação da julgamento em 13/9/2011, Segunda Turma, DJE de
aposentadoria, ou seja, ela será aplicada quando o servidor 27/9/2011)
em atividade praticar qualquer infração passível de demissão
e antes da abertura do processo o cargo é extinto. • Penalidade de suspensão por mais de trinta dias e
até noventa dias: será aplicado pela autoridade hie‑
Destituição do Cargo em Comissão rarquicamente inferior àquelas que tenham poder de
É a sanção cabível ao servidor que exerce cargo em demissão.
comissão podendo ser aplicada nas infrações cabíveis de • Advertência e suspensão até trinta dias: cabe ao chefe
suspensão e demissão.387 da repartição e a outras autoridades previstas em
regimento ou regulamento.
Destituição da Função comissionada • A destituição do cargo em comissão: cabe a autoridade
O legislador é silente em relação a esta penalidade, que nomeou o servidor para o cargo em comissão.
pois ela somente é mencionada no art.  127, VI, da Lei
nº 8.112/1990. Processo Administrativo Disciplinar
Julgamento Sindicância
JURISPRUDÊNCIA: É fato que o legislador tratou a sindicância de forma
Não há ilegalidade na ampliação da acusação a ser‑ superficial, dando aos regulamentos poderes de ingerência
vidor público, se durante o processo administrativo nas sindicâncias.
forem apurados fatos novos que constituam infração A Lei nº 8.112/1990 preceitua o prazo da sindicância,
disciplinar. O  princípio do contraditório e da ampla
que será de até trinta dias, prorrogável por igual período,
defesa deve ser rigorosamente observado. É permitido
podendo chegar ao máximo de sessenta dias e, também,
ao agente administrativo, para complementar suas
menciona as penalidades que podem ser oriundas por meio
razões, encampar os termos de parecer exarado por
deste procedimento, sendo a advertência e a suspensão de
autoridade de menor hierarquia. A autoridade julga‑
até trinta dias.
dora não está vinculada às conclusões da comissão
Aberta a sindicância por meio de portaria, podemos
processante. Precedentes: (MS 23.201, Rel. a  Min.
esperar os seguintes resultados:
Ellen Gracie, DJ de 19/8/2005 e MS 21.280, Rel. o Min.
• arquivamento da sindicância;
Octavio Gallotti, DJ de 20-31992). Não houve, no pre‑
• aplicação da penalidade;
sente caso, ofensa ao art. 28 da Lei nº 9.784/1998, eis
• instauração do processo disciplinar.
que os ora recorrentes tiveram pleno conhecimento
da publicação oficial do ato que determinou suas
demissões em tempo hábil para utilizar os recursos Processo Disciplinar
administrativos cabíveis. Não há preceito legal que
imponha a intimação pessoal dos acusados, ou permita O processo disciplinar será composto por uma comissão
a impugnação do relatório da comissão processante, de três servidores estáveis, sendo que um deles será o seu
devendo os autos serem imediatamente remetidos à presidente.388
autoridade competente para julgamento (arts. 165 e Obedecendo aos princípios da Administração, o presiden‑
166 da Lei nº 8.112/1990). Precedente: (MS 23.268, te deverá ter cargo superior ou de mesmo nível, ou ter nível
Noções de Direito Administrativo

Rel. a Min. Ellen Gracie, DJ de 7/6/2002). (RMS 24.526, de escolaridade igual ou superior ao do indiciado.
Rel. Min Eros Grau, julgamento em 3/6/2008, Primeira A escolha do secretário caberá ao presidente do proces‑
Turma, DJE de 15/8/2008) so disciplinar, podendo a indicação recair em um de seus
membros.
O sindicante e o presidente do processo disciplinar não O prazo para o processo disciplinar será de até sessenta
aplicam penalidades ao servidor, e a lei deu competência às dias prorrogável por igual período, sendo o prazo máximo
seguintes autoridades: de cento e vinte dias389.
• Penalidade de demissão e cassação: cabe à autoridade As penalidades oriundas do processo disciplinarsão as
máxima de cada poder estendendo‑se também ao seguintes, segundo o art. 146:
Procurador Geral da República e aos Presidentes dos • suspensão por mais de trinta e até noventa dias;
Tribunais.

Cespe/TRF 1º Região/Juiz Federal Substituto/2009.


388

Assunto cobrado na prova do Cespe/Tribunal de Contas da União/Auditor


387
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-RJ/Analista Judiciário/Área Adminis‑
389

Federal de Controle Externo/AUFC/2010. trativa/Contabilidade/2012.

118 Este eBook foi adquirido por ANA PAULA TORQUATO DA COSTA - CPF: 628.848.913-15.
A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
A título de exemplo, analise a seguinte assertiva de pro‑ • um servidor envolvido, serão dez dias;
va: Uma servidora pertencente aos quadros de funda- • dois ou mais servidores envolvidos, serão vinte dias.
ção pública federal, após sindicância instaurada para
apuração de ilícito administrativo a ela imputado, foi Caso exista a necessidade de novas diligências, os prazos
penalizada com suspensão por quarenta e cinco dias. de defesa poderão ser dobrados.
Com base na Lei nº 8.112/1990, a aplicação da pena
disciplinar, na hipótese, afigura‑se incorreta, pois a JURISPRUDÊNCIA:
aplicação da pena de suspensão por mais de trinta dias Não há cerceamento de defesa quando servidor
pressupõe a instauração de processo disciplinar.390 público, intimado diversas vezes pessoalmente do
andamento do processo administrativo disciplinar
• demissão;
e da necessidade de arrolamento de testemunhas,
• cassação da aposentadoria;
• cassação da disponibilidade; permanece inerte, limitando‑se a alegar a existência
• destituição do cargo em comissão. de irregularidade na portaria que instaurou o feito.
(RMS 24.902-ED, Rel. Min. Eros Grau, julgamento
As fases do processo disciplinar são: em 9/2/2010, Segunda Turma, DJE de 26/3/2010.)
• instauração;
• inquérito administrativo, que será dividido em: ins‑ Observações importantes sobre as fases de processo
trução, defesa e relatório; disciplinar:
• julgamento, que será em vinte dias. • A regra é que a autoridade julgadora deve obedecer
ao relatório, salvo se ele for “suicida”, ou seja, se ele
Assim, observe a seguinte assertiva de prova: Determi- for ao contrário às provas dos autos.
nado servidor público federal foi acometido de doença que, • Se o servidor estiver atrapalhando o processo, de
por recomendação de seu médico particular, devidamente maneira tal que venha a influir na apuração, a auto‑
atestada, render-lhe-ia quatro dias de licença para trata- ridade instauradora do processo disciplinar poderá
mento da própria saúde. O referido servidor afastou-se de determinar o afastamento preventivo pelo prazo
suas atividades laborais sem, todavia, entregar à chefia de até sessenta dias prorrogável por igual período,
imediata o atestado médico para fins de homologação. porém com remuneração392.
Também não compareceu ao serviço médico do seu local
de trabalho durante o afastamento nem nos cinco dias
A título de exemplo: Vanda, analista judiciário (área
subsequentes a ele. Tendo em vista que o servidor não foi
periciado, nem sequer apresentou atestado médico para judiciária), ocupando cargo de direção, praticou gra-
que a licença médica pudesse ser formalizada, a chefia ve infração administrativa. Instaurado o processo
imediata efetuou o registro das faltas em sua folha de administrativo disciplinar e para que a servidora
controle de frequência. Ao final do mês, o referido servidor não influa na apuração da irregularidade, a auto-
fora descontado da remuneração correspondente aos dias ridade instauradora desse processo, dentre outras
faltosos. Considerando a legislação de pessoal em vigor e a providências, poderá determinar seu afastamento
recente jurisprudência do STJ, é descabida a instauração de do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta)
processo administrativo disciplinar quando não se colima dias, sem prejuízo da remuneração393.
a aplicação de sanção de qualquer natureza, mas o mero
desconto da remuneração pelos dias não trabalhados391. • Caso o servidor indiciado encontre‑se em lugar incerto
e não sabido será publicada a sua citação por meio de
O legislador, obedecendo ao comando constitucional edital em diário oficial e em jornal de grande circula‑
previsto no art. 5º, LV, menciona os seguintes prazos para ção. O prazo para exercer defesa será de quinze dias
defesa: a partir da última publicação do edital.
• Para defender um indiciado revel será designado pela
JURISPRUDÊNCIA: autoridade instauradora do processo, um defensor
A jurisprudência desta Corte tem‑se fixado no sentido dativo, que será um servidor detentor de cargo efe‑
de que a ausência de processo administrativo ou a
tivo superior ou igual ao do indiciado, ou ter nível de
inobservância aos princípios do contraditório e da
escolaridade igual ou superior.
ampla defesa tornam nulo o ato de demissão de ser‑
Noções de Direito Administrativo

• A Súmula Vinculante nº  5 (STF) autoriza que o


vidor público, seja ele civil ou militar, estável ou não.
(RE 513.585-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em servidor possa ser demitido sem defesa técnica
17/6/2008, Segunda Turma, DJE de 1º/8/2008) No (advogado)394.
mesmo sentido: RE 594.040-AgR, Rel. Min. Ricardo • É vedada a extensão da responsabilidade, de modo
Lewandowski, julgamento em 6/4/2010, Primeira genérico, quando não for possível a individualização
Turma, DJE de 23/4/2010; RE 562.602-AgR, Rel. Min. da responsabilidade395.
Ellen Gracie, julgamento em 24/11/2009, Segunda • Pode a comissão deixar de indiciar o acusado caso
Turma, DJE de 18/12/2009. Vide: RE 289.321, Rel. entenda, motivadamente, e com fundamento nas
Min. Marco Aurélio, julgamento em 2/12/2010, provas, pela ausência de materialidade disciplinar396.
Primeira Turma, DJE de 2/6/2011; RE 217.579-AgR,
Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 16/12/2004, 392
Assunto cobrado na prova do Cespe/MPE-TO/PJ/2012.
Primeira Turma, DJ de 4/3/2005.
393
FCC/TRE-SP/Técnico Judiciário/Apoio Especializado/Programação de Siste‑
mas/2012.
394
Assunto cobrado na prova da FGV/Sefaz-RJ/Analista de Controle Interno/2011.
Cesgranrio/Bacen/Analista/2010.
390 395
Esaf/CGU/AFC/Correição/2012.
Esaf/SRFB/AFRFB/2012.
391 396
Esaf/CGU/AFC/Correição/2012.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
• Descrito o fato na peça de indiciação, é vedado, à a) ao público em geral, prestando as informações reque‑
comissão, sugerir aplicação de penalidade quanto a ridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
fato não constante da indiciação397. b) à expedição de certidões requeridas para defesa de
• A defesa do indiciado em processo administrativo, direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal;
como ocorre no processo penal, se faz com relação c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
aos fatos que lhe são imputados, e não quanto a VI – levar as irregularidades de que tiver ciência em razão
enquadramento legal398. do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quan‑
• É vedada a extensão da responsabilidade, de modo do houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento
genérico, quando não for possível a individualização de outra autoridade competente para apuração; (Redação
da responsabilidade399. dada pela Lei nº 12.527, de 2011)
A título de exemplo: Determinado servidor público
Processo Sumário
federal presenciou a subtração de resmas de papel
Serve para apurar, como já foi estudado, as  infrações
por parte de funcionários terceirizados. Nessa situ‑
disciplinares passíveis de demissão, sendo a inassiduidade
ação, o servidor está obrigado a levar esse fato ao
habitual, abandono de cargo e acumulação ilegal. conhecimento da autoridade superior.404
• Sua composição será de dois servidores estáveis. Sérgio, servidor público federal, teve ciência de irre-
• Seu prazo será de até trinta dias prorrogável por até gularidades ocorridas no âmbito da Administração
mais quinze dias. Pública Federal, em razão do cargo que ocupa. Por
• As penalidades, ante o exposto, só podem ser a de‑ medo de retaliação, não relatou os fatos de que teve
missão e as cassações. conhecimento. Nos termos da Lei n° 8.112/1990,
Sérgio deveria ter levado os fatos ao conhecimento
São fases do Processo Sumário: da autoridade superior405.
• instauração;
• instrução sumária, que é composta da indiciação, VII – zelar pela economia do material e a conservação
defesa em cinco dias e relatório; do patrimônio público406;
• julgamento em cinco dias. VIII – guardar sigilo sobre assunto da repartição;407
IX  – manter conduta compatível com a moralidade
A Revisão administrativa;408
Poderá ocorrer a qualquer tempo, a  pedido do servi‑ X – ser assíduo e pontual ao serviço;
dor, de ofício, por qualquer pessoa da família, em caso de XI – tratar com urbanidade as pessoas409;
falecimento ou ausência e por meio de curador no caso de XII – representar contra ilegalidade, omissão ou abuso
incapacidade mental, desde que surjam fatos novos ou cir‑ de poder410.
cunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do servidor, Parágrafo único. A representação de que trata o inciso
ou mesmo a inadequação da penalidade aplicada. XII será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela
A revisão do Processo Administrativo Disciplinar, quan- autoridade superior àquela contra a qual é formulada,
do cabível, far-se-á por meio da constituição de comissão, assegurando‑se ao representando ampla defesa411.
nos mesmo moldes da comissão processante400.
A comissão composta para a revisão terá o prazo de ses‑ CAPÍTULO II
senta dias, e o julgamento caberá à autoridade que aplicou Das Proibições
a penalidade.
Urge ressaltar que da revisão do processo não pode Art. 117. Ao servidor é proibido: (Vide Medida Provisória
ocorrer agravamento da penalidade. nº 2.225-45, de 4/9/2001)
I  – ausentar‑se do serviço durante o expediente, sem
LEITURA DA LEI Nº 8.112/1990 prévia autorização do chefe imediato;412
II – retirar, sem prévia anuência da autoridade competen-
TÍTULO IV te, qualquer documento ou objeto da repartição;413
DO REGIME DISCIPLINAR III – recusar fé a documentos públicos;414
IV – opor resistência injustificada ao andamento de docu‑
CAPÍTULO I
mento e processo ou execução de serviço;
Dos Deveres
Noções de Direito Administrativo

404
Assunto cobrado na prova da Movens/Ministério da Cultura/Agente Adminis‑
Art. 116. São deveres do servidor: trativo/2010.
405
FCC/INSS/Técnico/2012.
I – exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;401 406
Cespe/TRE-RJ/Técnico Judiciário/Apoio Especializado/Operação de Computa‑
II – ser leal às instituições a que servir; dor/2012.
III – observar as normas legais e regulamentares;402
407
Esaf/Susep/Analista Técnico da Susep/2010.
408
Assunto cobrado nas seguintes provas: Coperve/UFSC/Auxiliar em Administra‑
IV – cumprir as ordens superiores, exceto quando ma‑ ção/Nível Fundamental/2011 e Esaf/Susep/Analista Técnico da Susep/2010.
nifestamente ilegais;403 409
Assunto cobrado na prova da FCC/INSS/PMP/2012.
410
Assunto cobrado nas seguintes provas: Esaf/MPOG/ATPS/Assistência So‑
V – atender com presteza: cial/2012 e Esaf/Susep/Analista Técnico da Susep/2010.
411
Assunto cobrado na prova da FCC/TST/Analista Judiciário/Apoio Especializado/
Taquigrafia/2012.
397
Esaf/CGU/AFC/Correição/2012. 412
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TST/Técnico Judiciário/Apoio
398
Esaf/CGU/AFC/Correição/2012. Especializado/Programação/2012 e Cespe/TRE‑BA/Técnico Judiciário – Admi‑
399
Esaf/CGU/AFC/Correição/2012. nistrativa/2010.
400
Esaf/CGU/AFC/Correição/2012. 413
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TST/Técnico Judiciário/Apoio
401
PUC‑PR/TJ‑RO/Juiz Substituto/2011. Especializado/Programação/2012 e Cespe/TRE‑BA/Analista Judiciário – Área
402
Assunto cobrado na prova do Coperve/UFSC/Auxiliar em Administração/Nível Administrativa/2010.
Fundamental/2011. 414
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 4ª Região/Técnico Judiciário –
403
Assunto cobrado na prova da Esaf/Susep/Analista Técnico da Susep/2010. Segurança/2011 e PUC‑PR/TJ‑RO/Juiz Substituto/2011.

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V – promover manifestação de apreço ou desapreço no XIX – recusar‑se a atualizar seus dados cadastrais quan‑
recinto da repartição;415 do solicitado425. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
VI – cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do
previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua caput deste artigo não se aplica nos seguintes casos: (Incluído
responsabilidade ou de seu subordinado; pela Lei nº 11.784, de 2008)
VII – coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem‑se I – participação nos conselhos de administração e fiscal
a associação profissional ou sindical, ou a partido político; de empresas ou entidades em que a União detenha, direta
VIII – manter sob sua chefia imediata, em cargo ou fun‑ ou indiretamente, participação no capital social ou em
ção de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o sociedade cooperativa constituída para prestar serviços a
segundo grau civil;416 seus membros;426 e (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008)
IX – valer‑se do cargo para lograr proveito pessoal ou de II – gozo de licença para o trato de interesses particu‑
outrem, em detrimento da dignidade da função pública; lares, na forma do art. 91 desta Lei, observada a legislação
X  – participar de gerência ou administração de socie- sobre conflito de interesses.427 (Incluído pela Lei nº 11.784,
dade privada, personificada ou não personificada, exercer de 2008)
o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou
comanditário;417 (Redação dada pela Lei nº 11.784, de 2008) CAPÍTULO III
Da Acumulação
A título de exemplo: Servidor público federal, lo-
calizado em autarquia federal, após responder a Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constituição,
processo administrativo disciplinar, por ser cotista de é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos.
Sociedade Comercial, sendo que a função de gerente
§  1º A proibição de acumular estende‑se a cargos,
era exercida por sua esposa, vem a ser demitido,
empregos e funções em autarquias, fundações públicas,
em face da participação no quadro societário de
empresas públicas, sociedades de economia mista da
sociedade privada comercial. Em face do narrado,
União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e
é  correto afirmar que a participação como cotista
em sociedade comercial não é vedada, em tese, dos Municípios.428
ao servidor público.418 § 2º A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica con‑
dicionada à comprovação da compatibilidade de horários.429
XI – atuar, como procurador ou intermediário, junto a §  3º Considera‑se acumulação proibida a percepção
repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios de vencimento de cargo ou emprego público efetivo com
previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que
grau, e de cônjuge ou companheiro419; decorram essas remunerações forem acumuláveis na ativi‑
XII – receber propina, comissão, presente ou vantagem dade430. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
de qualquer espécie, em razão de suas atribuições420; Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um
XIII – aceitar comissão, emprego ou pensão de estado cargo em comissão, exceto no caso previsto no parágrafo
estrangeiro;421 único do art.  9º, nem ser remunerado pela participação
XIV – praticar usura sob qualquer de suas formas; em órgão de deliberação coletiva431. (Redação dada pela
XV – proceder de forma desidiosa;422 Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
XVI – utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica
em serviços ou atividades particulares;423 à remuneração devida pela participação em conselhos de
XVII – cometer a outro servidor atribuições estranhas administração e fiscal das empresas públicas e sociedades
ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e de economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem
transitórias;424 como quaisquer empresas ou entidades em que a União,
XVIII – exercer quaisquer atividades que sejam incompa‑ direta ou indiretamente, detenha participação no capital
tíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário social, observado o que, a respeito, dispuser legislação es‑
de trabalho; pecífica. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45,
de 4/9/2001)
415
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TST/Técnico Judiciário/Apoio Es‑ Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que
pecializado/Programação/2012, Esaf/CGU/AFC/Administrativa/2012, Coperve/
UFSC/Auxiliar em Administração/Nível Fundamental/2011, FCC/TRT 4ª Região/ acumular licitamente dois cargos efetivos, quando investido
Técnico Judiciário – Segurança/2011 e FCC/TRT 7ª Região/Analista Judiciário – em cargo de provimento em comissão, ficará afastado de
Judiciária/2009.
416
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/TRE-MS/Analista Judiciário/Área ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese em que houver
compatibilidade de horário e local com o exercício de um
Noções de Direito Administrativo

Judiciária/2013, FCC/TST/Técnico Judiciário/Apoio Especializado/Programa‑


ção/2012 e FCC/TRT 4ª Região/Técnico Judiciário – Segurança/2011. deles, declarada pelas autoridades máximas dos órgãos ou
417
Assunto cobrado nas seguintes provas: Esaf/CGU/AFC/Correição/2012, Cespe/
TRE-RJ/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2012, FCC/TST/Técnico Judiciário/ entidades envolvidos432. (Redação dada pela Lei nº 9.527,
Apoio Especializado/Programação/2012, Cespe/TRE-RJ/Técnico Judiciário/Apoio de 10/12/1997)
Especializado/Programação de Sistemas/2012, FCC/TRF 4ª Região/Analista Judi‑
ciário – Área Administrativa/2010 e Consulplan/TSE/fevereiro/2012.
418
Funrio/PRF/Policial Rodoviário Federal/2009.
419
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-RJ/Técnico Judiciário/Apoio Especia‑ 425
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TST/Técnico Judiciário/Área Admi‑
lizado/Programação de Sistemas/2012. nistrativa/Segurança Judiciária/2012 e Consulplan/TSE/fevereiro/2012.
420
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE‑BA/Técnico Judiciário – Administra‑ 426
Assunto cobrado na prova do Cespe/CNPq/Assistente 1/2011.
tiva/2010. 427
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE‑BA/Analista Judiciário – Área Admi‑
421
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 4ª Região/Técnico Judiciário – nistrativa/2010.
Segurança/2011 e Consulplan/TSE/fevereiro/2012. 428
Assunto cobrado na prova de Exames/Prefeitura de Ingá-PB/Auditor de Controle
422
Assunto cobrado nas seguintes provas: PUC‑PR/TJ‑RO/Juiz Substituto/2011, Interno/2011.
Coperve/UFSC/Auxiliar em Administração/Nível Fundamental/2011, Cespe/ 429
Assunto cobrado na prova de Exames/Prefeitura de Ingá-PB/Auditor de Controle
MPS/Agente Administrativo/2010 e Cespe/MPS/Agente Administrativo/2010. Interno/2011.
423
Coperve/UFSC/Auxiliar em Administração/Nível Fundamental/2011. 430
Assunto cobrado na prova da Esaf/CGU/Correição/AFC/2012.
424
Assunto cobrado nas seguintes provas: PUC‑PR/TJ‑RO/Juiz Substituto/2011, 431
Assunto cobrado na prova da Esaf/PGFN/PFN/2012.
FCC/TRT 4ª Região/Técnico Judiciário – Segurança/2011 e PUC‑PR/TJ‑RO/Juiz 432
Assunto cobrado na prova da FCC/TST/Técnico Judiciário/Área Administrativa/
Substituto/2011. Segurança Judiciária/2012.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
CAPÍTULO IV por inexistência daquele fato ou de sua autoria, fica
Das Responsabilidades arredada também a responsabilidade administrativa,
exceto se verificada falta disciplinar residual sancio‑
Art. 121. O servidor responde civil, penal e administra- nável (outra irregularidade que constitua infração
tivamente pelo exercício irregular de suas atribuições433. administrativa) não abarcada pela sentença penal
Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo absolutória (Súmula nº 18-STF). No entanto, a Turma
ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao não conheceu do recurso em face do óbice da Súm.
erário ou a terceiros. n. 7-STJ. Precedentes citados: REsp 1.199.083-SP,
§ 1º A indenização de prejuízo dolosamente causado ao DJe 8/9/2010; MS 13.599-DF, DJe 28/5/2010, e Rcl
erário somente será liquidada na forma prevista no art. 46, 611-DF, DJ 4/2/2002. REsp 1.012.647-RJ, Rel. Min.
na falta de outros bens que assegurem a execução do débito Luiz Fux, julgado em 23/11/2010.
pela via judicial.
§  2º Tratando‑se de dano causado a terceiros, res‑ CAPÍTULO V
ponderá o servidor perante a Fazenda Pública, em ação Das Penalidades
regressiva434.
§ 3º A obrigação de reparar o dano estende‑se aos su‑ Art. 127. São penalidades disciplinares:
cessores e contra eles será executada, até o limite do valor I – advertência442;
da herança recebida435. II – suspensão443;
Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes e III – demissão;
contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade436. IV – cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
Art. 124. A responsabilidade civil‑administrativa resulta V – destituição de cargo em comissão444;
de ato omissivo ou comissivo praticado no desempenho do VI – destituição de função comissionada.
cargo ou função437. Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consi-
Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas po‑ deradas a natureza e a gravidade da infração cometida,
derão cumular‑se, sendo independentes entre si438. os danos que dela provierem para o serviço público, as cir-
cunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes
A título de exemplo: Se um servidor tiver sido ab‑ funcionais445.
solvido, na esfera criminal, pela prática de dano Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade men-
patrimonial à administração pública, essa decisão cionará sempre o fundamento legal e a causa da sanção
não influirá na esfera civil se ficar comprovada a disciplinar.446 (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
existência do dano e for constatada a imprudência, Art. 129. A  advertência será aplicada por escrito, nos
imperícia ou negligência do servidor, do que se deduz casos de violação de proibição constante do art. 117, incisos
que a instância criminal não obriga a instância civil439. I a VIII e XIX, e de inobservância de dever funcional previsto
em lei, regulamentação ou norma interna, que não justifique
Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor imposição de penalidade mais grave. (Redação dada pela Lei
será afastada no caso de absolvição criminal que negue a nº 9.527, de 10/12/1997)
existência do fato ou sua autoria440.
Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabi‑ A título de exemplo: De acordo com a Lei
lizado civil, penal ou administrativamente por dar ciência nº 8.112/1990, em regra, João, servidor público
à autoridade superior ou, quando houver suspeita de civil efetivo, que nunca praticou qualquer infração
envolvimento desta, a outra autoridade competente para administrativa, terá a penalidade de advertência
apuração de informação concernente à prática de crimes escrita aplicada se manter sob sua chefia imediata,
ou improbidade de que tenha conhecimento, ainda que em cargo ou função de confiança, cônjuge, compa-
em decorrência do exercício de cargo, emprego ou função nheiro ou parente até o segundo grau civil.447
pública441. (Incluído pela Lei nº 12.527, de 2011)
Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de rein‑
INFORMATIVO STJ nº 0457 cidência das faltas punidas com advertência e de violação
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. ABSOL‑ das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita
VIÇÃO PENAL. a penalidade de demissão, não podendo exceder de 90
Cinge-se a controvérsia à possibilidade de condenar (noventa) dias.448
servidor público na área administrativa, por infração § 1º Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o
disciplinar, após sua absolvição criminal pela impu‑ servidor que, injustificadamente, recusar‑se a ser submetido
Noções de Direito Administrativo

tação do mesmo fato. O entendimento do STJ é que, a inspeção médica determinada pela autoridade competen‑
afastada a responsabilidade criminal do servidor te, cessando os efeitos da penalidade uma vez cumprida a
determinação.
433
Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012. § 2º Quando houver conveniência para o serviço, a pe‑
434
Assunto cobrado nas seguintes provas: Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012 nalidade de suspensão poderá ser convertida em multa, na
e FCC/TST/Analista Judiciário/Apoio Especializado/Taquigrafia/2012. base de 50% (cinquenta por cento) por dia de vencimento
435
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/TRE-RJ/Técnico Judiciário/Apoio
Especializado/Operação de Computador/2012, Funrio/MPOG/Analista Técnico
Administrativo – Jurídico/2009 e FCC/TRE-PI/Analista Judiciário/2009. 442
Assunto cobrado na prova do Cespe/CNJ/Analista Judiciário/Área Administra‑
436
Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012. tiva/Contabilidade/2013.
437
Assunto cobrado nas seguintes provas: Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012 443
Assunto cobrado na prova do Cespe/CNJ/Analista Judiciário/Área Administra‑
e FCC/TRT 7ª Região/Analista Judiciário – Execução de Mandados/2009 e OAB‑ tiva/Contabilidade/2013.
-MG/Exame de Ordem/2009.3 444
Assunto cobrado na prova do Cespe/CNJ/Analista Judiciário/Área Administra‑
438
Assunto cobrado na prova da Esaf/SRFB/ATRFB/Geral/2012. tiva/Contabilidade/2013.
439
Cespe/TCU/TEFC/Apoio Técnico e Administrativo/Técnica Administrativa/2012. 445
FCC/TST/Analista Judiciário/Apoio Especializado/Análise de Sistemas/2012.
440
Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012. 446
FCC/TRE‑AM/Analista Judiciário – Área Administrativa/2010.
441
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/TRE-RJ/Analista Judiciário/Área 447
FCC/TRE‑AP/Analista Judiciário – Área Judiciária/2011.
Administrativa/Contabilidade/2012 e FCC/TST/Técnico Judiciário/Área Admi‑ 448
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/OAB‑Nacional/2009-1, Vunesp/
nistrativa/Segurança Judiciária/2012. TJM‑SP/Escrevente Técnico Judiciário/2011 e Cespe/SECONT‑ES/Auditor/2009.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
ou remuneração, ficando o servidor obrigado a permanecer transgressão objeto da apuração; (Incluído pela Lei nº 9.527,
em serviço. de 10/12/1997)
II – instrução sumária, que compreende indiciação, de‑
A título de exemplo: Joaquim, servidor público fe- fesa e relatório; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
deral, por exercer atividades particulares incompa- III  – julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de
tíveis com o horário de trabalho sofreu penalidade 10/12/1997)
disciplinar de sessenta dias de suspensão. Porém, §  1º A indicação da autoria de que trata o inciso I
por necessidade de força de trabalho e conveniência dar‑se‑á pelo nome e matrícula do servidor, e a materialida‑
para o serviço, essa penalidade pode ser convertida de pela descrição dos cargos, empregos ou funções públicas
em multa (pena pecuniária), com objetivo corretivo em situação de acumulação ilegal, dos órgãos ou entidades
na base de cinquenta por cento por dia de vencimen- de vinculação, das datas de ingresso, do horário de trabalho
to ou remuneração, ficando o servidor obrigado a e do correspondente regime jurídico456. (Redação dada pela
permanecer em serviço.449 Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
§ 2º A comissão lavrará, até três dias após a publicação
Art. 131. As penalidades de advertência e de suspensão do ato que a constituiu, termo de indiciação em que serão
terão seus registros cancelados, após o decurso de 3 (três) e transcritas as informações de que trata o parágrafo anterior,
5 (cinco) anos de efetivo exercício, respectivamente, se o bem como promoverá a citação pessoal do servidor indiciado,
ou por intermédio de sua chefia imediata, para, no prazo de
servidor não houver, nesse período, praticado nova infração
cinco dias, apresentar defesa escrita, assegurando‑se‑lhe
disciplinar450.
vista do processo na repartição, observado o disposto
Parágrafo  único. O cancelamento da penalidade não
nos arts. 163 e 164. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
surtirá efeitos retroativos451. 10/12/1997)
Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos: § 3º Apresentada a defesa, a comissão elaborará rela‑
I – crime contra a administração pública; tório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade
II – abandono de cargo452; do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos,
III – inassiduidade habitual453; opinará sobre a licitude da acumulação em exame, indicará
IV – improbidade administrativa; o respectivo dispositivo legal e remeterá o processo à au‑
V  – incontinência pública e conduta escandalosa, na toridade instauradora, para julgamento. (Incluído pela Lei
repartição454; nº 9.527, de 10/12/1997)
VI – insubordinação grave em serviço; § 4º No prazo de cinco dias, contados do recebimento
VII – ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, do processo, a  autoridade julgadora proferirá a sua deci‑
salvo em legítima defesa própria ou de outrem; são, aplicando‑se, quando for o caso, o disposto no § 3º do
VIII – aplicação irregular de dinheiros públicos; art. 167. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
IX – revelação de segredo do qual se apropriou em razão § 5º A opção pelo servidor até o último dia de prazo para
do cargo; defesa configurará sua boa‑fé, hipótese em que se converterá
X – lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio automaticamente em pedido de exoneração do outro cargo.
nacional; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
XI – corrupção; § 6º Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má‑fé,
XII – acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções aplicar‑se‑á a pena de demissão, destituição ou cassação de
públicas;455 aposentadoria ou disponibilidade em relação aos cargos, em‑
XIII – transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117. pregos ou funções públicas em regime de acumulação ilegal,
Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumulação hipótese em que os órgãos ou entidades de vinculação serão
ilegal de cargos, empregos ou funções públicas, a autoridade comunicados. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
a que se refere o art. 143 notificará o servidor, por intermé‑ § 7º O prazo para a conclusão do processo administrativo
dio de sua chefia imediata, para apresentar opção no prazo disciplinar submetido ao rito sumário não excederá trinta
improrrogável de dez dias, contados da data da ciência e, na dias, contados da data de publicação do ato que constituir
hipótese de omissão, adotará procedimento sumário para a comissão, admitida a sua prorrogação por até quinze
a sua apuração e regularização imediata, cujo processo ad‑ dias, quando as circunstâncias o exigirem.457 (Incluído pela
ministrativo disciplinar se desenvolverá nas seguintes fases: Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) § 8º O procedimento sumário rege‑se pelas disposições
I – instauração, com a publicação do ato que constituir deste artigo, observando‑se, no que lhe for aplicável, sub‑
a comissão, a  ser composta por dois servidores estáveis, sidiariamente, as disposições dos Títulos IV e V desta Lei.
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
Noções de Direito Administrativo

e simultaneamente indicar a autoria e a materialidade da


Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a disponibi‑
449
FCC/TRE‑AL/Analista Judiciário – Contabilidade/2010. lidade do inativo que houver praticado, na atividade, falta
450
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Rio punível com a demissão.458
Grande do Sul/Analista Judiciário/Área Judiciária/2010 e FCC/TRE-AM/Analista Art. 135. A destituição de cargo em comissão exercido
Judiciário – Área Administrativa/2010.
451
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/Tribunal Regional Eleitoral do Rio por não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos
Grande do Sul/Analista Judiciário – Área Judiciária/2010 e FCC/TRE-AM/Analista de infração sujeita às penalidades de suspensão e de de‑
Judiciário – Área Administrativa/2010. missão.459
452
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TST/Analista Judiciário/Apoio
Especializado/Contabilidade/2012 e FCC/TRE-AP/Técnico Judiciário – Área
Administrativa/2011. 456
Assunto cobrado na prova da Esaf/CGU/AFC/Correição/2012.
453
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TST/Analista Judiciário/Apoio 457
Assunto cobrado nas seguintes provas: MS/TRE‑SC/Analista Judiciário/2009 e
Especializado/Contabilidade/2012, FCC/TRT 7ª Região/Técnico Judiciário – FCC/TRT 7ª Região/Técnico Judiciário – Administrativa/2009.
Administrativa/2009 e FCC/TRE-AM/Analista Judiciário – Área Judiciária/2010 458
Assunto cobrado nas seguintes provas: FGV/Sefaz‑RJ/Analista de Controle
454
Assunto cobrado na prova da FCC/TST/Analista Judiciário/Apoio Especializado/ Interno/2011, FCC/TRT 7ª Região/Técnico Judiciário – Administrativa/2009 e
Contabilidade/2012. FCC/TRE‑AM/Analista Judiciário – Área Judiciária/2010.
455
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TST/Analista Judiciário/Apoio 459
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/TRE-RJ/Analista Judiciário/Área
Especializado/Contabilidade/2012 e FCC/TRE‑AP/Técnico Judiciário  – Área Administrativa/2012, FCC/TRT 7ª Região/Técnico Judiciário  – Administrati‑
Administrativa/2011. va/2009 e FCC/TRE‑AM/Analista Judiciário – Área Administrativa/2010.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata este III – pelo chefe da repartição e outras autoridades na for-
artigo, a  exoneração efetuada nos termos do art.  35 será ma dos respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos
convertida em destituição de cargo em comissão. de advertência ou de suspensão de até 30 (trinta) dias;463
Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em comis‑ IV – pela autoridade que houver feito a nomeação, quan‑
são, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, implica a do se tratar de destituição de cargo em comissão.
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
prejuízo da ação penal cabível. I – em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e
A título de exemplo: André é titular de cargo em destituição de cargo em comissão464;
comissão de natureza gerencial no Tribunal Regional II – em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;465
Eleitoral. Em razão de sua conduta inadequada foi III – em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência.466
responsabilizado por lesão aos cofres públicos. As- § 1º O prazo de prescrição começa a correr da data em
sim, André foi punido com a destituição do cargo em que o fato se tornou conhecido467.
comissão. Nesse caso, a penalidade aplicada implica §  2º Os prazos de prescrição previstos na lei penal
a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao aplicam‑se às infrações disciplinares capituladas também
erário, sem prejuízo da ação penal cabível460. como crime468.
§  3º A abertura de sindicância ou a instauração de
Art. 137. A  demissão ou a destituição de cargo em processo disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão
comissão, por infringência do art. 117, incisos IX e XI, in‑ final proferida por autoridade competente469.
compatibiliza o ex‑servidor para nova investidura em cargo § 4º Interrompido o curso da prescrição, o prazo come‑
público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos.461 çará a correr a partir do dia em que cessar a interrupção470.
Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público
federal o servidor que for demitido ou destituído do cargo em Observação.: Conforme o disposto na Lei nº 8.112/1990,
comissão por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI. a instauração de PAD interrompe a prescrição até a decisão
Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência final, a ser proferida pela autoridade competente; conforme
intencional do servidor ao serviço por mais de trinta dias entendimento do STF, não sendo o PAD concluído em cento
consecutivos.462 e quarenta dias, o prazo prescricional volta a ser contado
Art. 139. Entende‑se por inassiduidade habitual a falta em sua integralidade471.
ao serviço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpo‑
ladamente, durante o período de doze meses. TÍTULO V
Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou inas‑ DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
siduidade habitual, também será adotado o procedimento
sumário a que se refere o art. 133, observando‑se especial‑ CAPÍTULO I
mente que: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) Disposições Gerais
I – a indicação da materialidade dar‑se‑á: (Incluído pela
Lei nº 9.527, de 10/12/1997) Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularida‑
a)  na hipótese de abandono de cargo, pela indicação de no serviço público é obrigada a promover a sua apuração
precisa do período de ausência intencional do servidor ao imediata, mediante sindicância ou processo administrativo
serviço superior a trinta dias; (Incluído pela Lei nº 9.527, de disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa472.
10/12/1997) § 1º (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005)
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos § 2º (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005)
dias de falta ao serviço sem causa justificada, por período § 3º A apuração de que trata o caput, por solicitação da
igual ou superior a sessenta dias interpoladamente, durante autoridade a que se refere, poderá ser promovida por auto‑
o período de doze meses; (Incluído pela Lei nº 9.527, de ridade de órgão ou entidade diverso daquele em que tenha
10/12/1997) ocorrido a irregularidade, mediante competência específica
II – após a apresentação da defesa a comissão elaborará para tal finalidade, delegada em caráter permanente ou
relatório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade temporário pelo Presidente da República, pelos presidentes
do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos, das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e
indicará o respectivo dispositivo legal, opinará, na hipótese pelo Procurador‑Geral da República, no âmbito do respecti‑
de abandono de cargo, sobre a intencionalidade da ausência vo Poder, órgão ou entidade, preservadas as competências
ao serviço superior a trinta dias e remeterá o processo à para o julgamento que se seguir à apuração. (Incluído pela
autoridade instauradora para julgamento. (Incluído pela Lei Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
Noções de Direito Administrativo

nº 9.527, de 10/12/1997) Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão ob-


Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas: jeto de apuração, desde que contenham a identificação e o
I – pelo Presidente da República, pelos Presidentes das
Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo 463
FCC/TRE‑AM/Analista Judiciário – Área Judiciária/2010.
Procurador‑Geral da República, quando se tratar de demissão 464
Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012.
e cassação de aposentadoria ou disponibilidade de servidor
465
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRE‑AM/Técnico Judiciário – Área
Administrativa/2010, Cespe/TRF 1º Região/Juiz Federal Substituto/2009, FCC/
vinculado ao respectivo Poder, órgão, ou entidade; TRE‑AP/Analista Judiciário – Contabilidade/2011, FCC/TRE‑AM/Analista Judici‑
II – pelas autoridades administrativas de hierarquia ime‑ ário – Área Judiciária/2010 e Funrio/MPOG/Agente Administrativo/2009.
466
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/TRF 1º Região/Juiz Federal
diatamente inferior àquelas mencionadas no inciso anterior Substituto/2009 e FCC/TRE‑AM/Analista Judiciário – Área Judiciária/2010.
quando se tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias; 467
Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012.
468
Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012.
460
FCC/TRE-SP/Analista Judiciário/Área Judiciária/2012. 469
Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012.
461
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE‑AM/Analista Judiciário – Área Judiciá‑ 470
Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012.
ria/2010. 471
Cespe/AGU/Advogado/2012.
462
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 7ª Região/Técnico Judiciá‑ 472
Assunto cobrado nas seguintes provas: Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012
rio – Administrativa/2009 e FCC/TRT 14/Técnico Judiciário – Área Administra‑ e Cespe/TCU/TEFC/Apoio Técnico e Administrativo/Técnica Administrati‑
tiva/2011. va/2012.

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endereço do denunciante e sejam formuladas por escrito, II – inquérito administrativo, que compreende instrução,
confirmada a autenticidade473. defesa e relatório;
Parágrafo único. Quando o fato narrado não configurar III – julgamento.
evidente infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será Art. 152. O  prazo para a conclusão do processo disci‑
arquivada, por falta de objeto. plinar não excederá 60 (sessenta)  dias, contados da data
Art. 145. Da sindicância poderá resultar: de publicação do ato que constituir a comissão, admitida a
I – arquivamento do processo; sua prorrogação por igual prazo, quando as circunstâncias
II – aplicação de penalidade de advertência ou suspen- o exigirem.
são de até 30 (trinta) dias; § 1º Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo
III – instauração de processo disciplinar474. integral aos seus trabalhos, ficando seus membros dispensa‑
Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicância dos do ponto, até a entrega do relatório final.
não excederá 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por § 2º As reuniões da comissão serão registradas em atas
igual período, a critério da autoridade superior. que deverão detalhar as deliberações adotadas.
Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor
ensejar a imposição de penalidade de suspensão por mais de Seção I
30 (trinta) dias, de demissão, cassação de aposentadoria ou Do Inquérito
disponibilidade, ou destituição de cargo em comissão, será
obrigatória a instauração de processo disciplinar. Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao prin‑
cípio do contraditório, assegurada ao acusado ampla defesa,
CAPÍTULO II com a utilização dos meios e recursos admitidos em direito.
Do Afastamento Preventivo Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o processo
disciplinar, como peça informativa da instrução.
Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servidor Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sindicância
não venha a influir na apuração da irregularidade, a autori‑ concluir que a infração está capitulada como ilícito penal,
dade instauradora do processo disciplinar poderá determinar a autoridade competente encaminhará cópia dos autos ao
o seu afastamento do exercício do cargo, pelo prazo de até Ministério Público, independentemente da imediata instau‑
60 (sessenta) dias, sem prejuízo da remuneração. ração do processo disciplinar.
Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado
por igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda A título de exemplo: Encerrada uma sindicância, ins-
que não concluído o processo. taurada em razão do conhecimento de irregularidades
no serviço de um determinado setor do Tribunal Regional
CAPÍTULO III Eleitoral, o relatório conclui que a infração está capitulada
Do Processo Disciplinar como ilícito penal. Nesse caso, Marcelo, analista judiciário,
como autoridade competente, em conformidade com a Lei
Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento desti- nº 8.112/1990, encaminhará cópia dos autos ao Ministério
nado a apurar responsabilidade de servidor por infração Público, independentemente da imediata instauração do
praticada no exercício de suas atribuições, ou que tenha processo disciplinar.478
relação com as atribuições do cargo em que se encontre
investido475. Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promoverá
Art. 149. O  processo disciplinar será conduzido por a tomada de depoimentos, acareações, investigações e
comissão composta de três servidores estáveis designados diligências cabíveis, objetivando a coleta de prova, recor-
pela autoridade competente476, observado o disposto no § 3º rendo, quando necessário, a técnicos e peritos, de modo a
do art. 143, que indicará, dentre eles, o seu presidente, que permitir a completa elucidação dos fatos479.
deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo
nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do Observação: Não nulifica o processo disciplinar, por si só,
indiciado. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) o fato de colher-se o depoimento do acusado previamente
§ 1º A Comissão terá como secretário servidor designado ao de testemunha480.
pelo seu presidente, podendo a indicação recair em um de
seus membros. Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acom‑
§ 2º Não poderá participar de comissão de sindicância panhar o processo pessoalmente ou por intermédio de
ou de inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do acu‑ procurador, arrolar e reinquirir testemunhas, produzir provas
sado, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até e contraprovas e formular quesitos, quando se tratar de
o terceiro grau477. prova pericial.
Noções de Direito Administrativo

Art. 150. A  Comissão exercerá suas atividades com § 1º O presidente da comissão poderá denegar pedidos
independência e imparcialidade, assegurado o sigilo ne‑ considerados impertinentes, meramente protelatórios, ou de
cessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos.
administração. § 2º Será indeferido o pedido de prova pericial, quan-
Parágrafo único. As reuniões e as audiências das comis‑ do a comprovação do fato independer de conhecimento
sões terão caráter reservado. especial de perito481.
Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas se‑ Art. 157. As testemunhas serão intimadas a depor me-
guintes fases: diante mandado expedido pelo presidente da comissão,
I – instauração, com a publicação do ato que constituir devendo a segunda via, com o ciente do interessado, ser
a comissão; anexado aos autos482.
473
Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012. 478
FCC/TRE‑AL/Analista Judiciário – Administrativa/2010.
474
Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012. 479
Esaf/CGU/AFC/Correição/2012.
475
Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012. 480
Esaf/CGU/AFC/Correição/2012.
476
Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012. 481
Esaf/CGU/AFC/Correição/2012.
477
Esaf/CGU/AFC/Correição/2012. 482
Esaf/CGU/AFC/Correição/2012.

Este eBook foi adquirido por ANA PAULA TORQUATO DA COSTA - CPF: 628.848.913-15. 125
A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público, Art. 165. Apreciada a defesa, a  comissão elaborará
a expedição do mandado será imediatamente comunicada relatório minucioso, onde resumirá as peças principais dos
ao chefe da repartição onde serve, com a indicação do dia e autos e mencionará as provas em que se baseou para formar
hora marcados para inquirição. a sua convicção.
Art. 158. O  depoimento será prestado oralmente e
reduzido a termo, não sendo lícito à testemunha trazê‑lo Prova emprestada. Penal. Interceptação telefônica.
por escrito. Escuta ambiental. Autorização judicial e produção
§ 1º As testemunhas serão inquiridas separadamente. para fim de investigação criminal. Suspeita de delitos
§ 2º Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que cometidos por autoridades e agentes públicos. Dados
se infirmem, proceder‑se‑á à acareação entre os depoentes. obtidos em inquérito policial. Uso em procedimento
Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a co‑ administrativo disciplinar, contra outros servidores,
missão promoverá o interrogatório do acusado, observados cujos eventuais ilícitos administrativos teriam des‑
os procedimentos previstos nos arts. 157 e 158. pontado à colheita dessa prova. Admissibilidade.
§ 1º No caso de mais de um acusado, cada um deles será Resposta afirmativa a questão de ordem. Inteligên‑
ouvido separadamente, e sempre que divergirem em suas cia do art. 5º, XII, da CF e do art. 1º da Lei federal
declarações sobre fatos ou circunstâncias, será promovida 9.296/1996. [...] Dados obtidos em interceptação de
a acareação entre eles. comunicações telefônicas e em escutas ambientais,
§  2º O procurador do acusado poderá assistir ao in‑ judicialmente autorizadas para produção de prova
terrogatório, bem como à inquirição das testemunhas, em investigação criminal ou em instrução processual
sendo‑lhe vedado interferir nas perguntas e respostas, penal, podem ser usados em procedimento admi‑
nistrativo disciplinar, contra a mesma ou as mesmas
facultando‑se‑lhe, porém, reinquiri‑las, por intermédio do
pessoas em relação às quais foram colhidos, ou contra
presidente da comissão.
outros servidores cujos supostos ilícitos teriam des‑
Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sanidade mental
pontado à colheita dessa prova. (Inq. 2.424-QO‑QO,
do acusado, a comissão proporá à autoridade competente
Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 20/6/2007,
que ele seja submetido a exame por junta médica oficial, da
Plenário, DJ de 24/8/2007). No mesmo sentido: Inq
qual participe pelo menos um médico psiquiatra. 2.424-QO, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em
Parágrafo  único. O  incidente de sanidade mental será 25/4/2007, Plenário, DJ de 24/8/2007.
processado em auto apartado e apenso ao processo princi‑
pal, após a expedição do laudo pericial. § 1º O relatório será sempre conclusivo quanto à inocên‑
Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será formulada cia ou à responsabilidade do servidor.
a indiciação do servidor, com a especificação dos fatos a ele § 2º Reconhecida a responsabilidade do servidor, a co‑
imputados e das respectivas provas. missão indicará o dispositivo legal ou regulamentar transgre‑
§ 1º O indiciado será citado por mandado expedido pelo dido, bem como as circunstâncias agravantes ou atenuantes.
presidente da comissão para apresentar defesa escrita, no Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório da co‑
prazo de 10 (dez) dias, assegurando‑se‑lhe vista do processo missão, será remetido à autoridade que determinou a sua
na repartição. instauração, para julgamento.
§ 2º Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será co‑
mum e de 20 (vinte) dias. Seção II
§ 3º O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro, Do Julgamento
para diligências reputadas indispensáveis.
§ 4º No caso de recusa do indiciado em apor o ciente Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do re‑
na cópia da citação, o prazo para defesa contar‑se‑á da data cebimento do processo, a autoridade julgadora proferirá a
declarada, em termo próprio, pelo membro da comissão sua decisão.
que fez a citação, com a assinatura de (2) duas testemunhas. § 1º Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da
Art. 162. O  indiciado que mudar de residência fica autoridade instauradora do processo, este será encaminhado
obrigado a comunicar à comissão o lugar onde poderá ser à autoridade competente, que decidirá em igual prazo.
encontrado. §  2º Havendo mais de um indiciado e diversidade de
Art. 163. Achando‑se o indiciado em lugar incerto e não sanções, o julgamento caberá à autoridade competente para
sabido, será citado por edital, publicado no Diário Oficial a imposição da pena mais grave.
da União e em jornal de grande circulação na localidade do § 3º Se a penalidade prevista for a demissão ou cassação
último domicílio conhecido, para apresentar defesa. de aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento caberá
Noções de Direito Administrativo

Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo para às autoridades de que trata o inciso I do art. 141.
defesa será de 15 (quinze) dias a partir da última publicação § 4º Reconhecida pela comissão a inocência do servidor,
do edital. a autoridade instauradora do processo determinará o seu
Art. 164. Considerar‑se‑á revel o indiciado que, regular‑ arquivamento, salvo se flagrantemente contrária à prova dos
mente citado, não apresentar defesa no prazo legal. autos. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
§ 1º A revelia será declarada, por termo, nos autos do Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comissão,
processo e devolverá o prazo para a defesa. salvo quando contrário às provas dos autos.
§  2º Para defender o indiciado revel, a autoridade Parágrafo único. Quando o relatório da comissão con‑
instauradora do processo designará um servidor como trariar as provas dos autos, a autoridade julgadora poderá,
defensor dativo, que deverá ser ocupante de cargo efetivo motivadamente, agravar a penalidade proposta, abrandá‑la
superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade ou isentar o servidor de responsabilidade.
igual ou superior ao do indiciado.483 (Redação dada pela Lei Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insanável,
nº 9.527, de 10/12/1997) a autoridade que determinou a instauração do processo ou
outra de hierarquia superior declarará a sua nulidade, total
Assunto cobrado na prova da Funrio/MPOG/Agente Administrativo/2009.
483 ou parcial, e ordenará, no mesmo ato, a constituição de outra

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comissão para instauração de novo processo. (Redação dada Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20 (vin‑
pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) te) dias, contados do recebimento do processo, no curso do
§ 1º O julgamento fora do prazo legal não implica nuli‑ qual a autoridade julgadora poderá determinar diligências.
dade do processo. Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada
§ 2º A autoridade julgadora que der causa à prescrição sem efeito a penalidade aplicada, restabelecendo‑se todos
de que trata o art. 142, § 2º, será responsabilizada na forma os direitos do servidor, exceto em relação à destituição do
do Capítulo IV do Título IV. cargo em comissão, que será convertida em exoneração.
Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição, a auto‑ Parágrafo  único. Da revisão do processo não poderá
ridade julgadora determinará o registro do fato nos assen‑ resultar agravamento de penalidade.
tamentos individuais do servidor.
Art. 171. Quando a infração estiver capitulada como TÍTULO VI
crime, o  processo disciplinar será remetido ao Ministério Da Seguridade Social do Servidor
Público para instauração da ação penal, ficando trasladado
na repartição. CAPÍTULO I
Art. 172. O servidor que responder a processo disciplinar Disposições Gerais
só poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado volunta-
riamente, após a conclusão do processo e o cumprimento Art. 183. A União manterá Plano de Seguridade Social
da penalidade, acaso aplicada484. para o servidor e sua família.
Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de que trata o § 1º O servidor ocupante de cargo em comissão que não
parágrafo único, inciso I do art. 34, o ato será convertido em
seja, simultaneamente, ocupante de cargo ou emprego efeti‑
demissão, se for o caso.
vo na administração pública direta, autárquica e fundacional
Art. 173. Serão assegurados transporte e diárias:
não terá direito aos benefícios do Plano de Seguridade Social,
I – ao servidor convocado para prestar depoimento fora
com exceção da assistência à saúde. (Redação dada pela Lei
da sede de sua repartição, na condição de testemunha,
nº 10.667, de 14/5/2003)
denunciado ou indiciado;
II – aos membros da comissão e ao secretário, quando § 2º (Revogado pela Medida Provisória nº 689, de 2015)
obrigados a se deslocarem da sede dos trabalhos para a Produção de efeito
realização de missão essencial ao esclarecimento dos fatos. § 3º Será assegurada ao servidor licenciado ou afastado
sem remuneração a manutenção da vinculação ao regime
Seção III do Plano de Seguridade Social do Servidor Público, me‑
Da Revisão do Processo diante o recolhimento mensal da contribuição própria, no
mesmo percentual devido pelos servidores em atividade,
Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, a qual‑ acrescida do valor equivalente à contribuição da União, suas
quer tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos autarquias ou fundações, incidente sobre a remuneração
novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência total do cargo a que faz jus no exercício de suas atribuições,
do punido ou a inadequação da penalidade aplicada. computando-se, para esse efeito, inclusive, as vantagens
§ 1º Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimen‑ pessoais. (Redação dada pela Medida Provisória nº 689, de
to do servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer 2015) Produção de efeito
a revisão do processo. § 4º O recolhimento de que trata o § 3º deve ser efetu‑
§ 2º No caso de incapacidade mental do servidor, a revi‑ ado até o segundo dia útil após a data do pagamento das
são será requerida pelo respectivo curador. remunerações dos servidores públicos, aplicando-se os
Art. 175. No processo revisional, o ônus da prova cabe procedimentos de cobrança e execução dos tributos federais
ao requerente485. quando não recolhidas na data de vencimento. (Incluído pela
Art. 176. A simples alegação de injustiça da penalidade Lei nº 10.667, de 14/5/2003)
não constitui fundamento para a revisão, que requer ele‑ Art. 184. O Plano de Seguridade Social visa a dar cober-
mentos novos, ainda não apreciados no processo originário. tura aos riscos a que estão sujeitos o servidor e sua família,
Art. 177. O requerimento de revisão do processo será di‑ e  compreende um conjunto de benefícios e ações486 que
rigido ao Ministro de Estado ou autoridade equivalente, que, atendam às seguintes finalidades:
se autorizar a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do I  – garantir meios de subsistência nos eventos de do‑
órgão ou entidade onde se originou o processo disciplinar. ença, invalidez, velhice, acidente em serviço, inatividade,
Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade com‑ falecimento e reclusão;
petente providenciará a constituição de comissão, na forma II – proteção à maternidade, à adoção e à paternidade;
do art. 149. III – assistência à saúde.
Noções de Direito Administrativo

Art. 178. A  revisão correrá em apenso ao processo Parágrafo único. Os  benefícios serão concedidos nos
originário. termos e condições definidos em regulamento, observadas
Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá as disposições desta Lei.
dia e hora para a produção de provas e inquirição das tes‑ Art. 185. Os benefícios do Plano de Seguridade Social do
temunhas que arrolar. servidor compreendem:
Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para I – quanto ao servidor:
a conclusão dos trabalhos. a) aposentadoria487;
Art. 180. Aplicam‑se aos trabalhos da comissão reviso‑ b) auxílio-natalidade488;
ra, no que couber, as normas e procedimentos próprios da c) salário-família489;
comissão do processo disciplinar. d) licença para tratamento de saúde;
Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que aplicou
a penalidade, nos termos do art. 141. 486
Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012.
487
Assunto cobrado na prova da Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012.
FCC/TST/Analista Judiciário/Apoio Especializado/Análise de Sistemas/2012.
484 488
Assunto cobrado na prova da Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012.
Esaf/CGU/AFC/Correição/2012.
485 489
Assunto cobrado na prova da Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012.

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e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade490; Art. 187. A aposentadoria compulsória será automática,
f) licença por acidente em serviço491; e declarada por ato, com vigência a partir do dia imediato
g) assistência à saúde; àquele em que o servidor atingir a idade-limite de perma-
h) garantia de condições individuais e ambientais de nência no serviço ativo496.
trabalho satisfatórias; Art. 188. A  aposentadoria voluntária ou por invalidez
II – quanto ao dependente: vigorará a partir da data da publicação do respectivo ato.
a) pensão vitalícia e temporária492; §  1º A aposentadoria por invalidez será precedida de
b) auxílio-funeral493; licença para tratamento de saúde, por período não excedente
c) auxílio-reclusão494; a 24 (vinte e quatro) meses.
d) assistência à saúde495. §  2º Expirado o período de licença e não estando em
§  1º As aposentadorias e pensões serão concedidas e condições de reassumir o cargo ou de ser readaptado, o ser‑
mantidas pelos órgãos ou entidades aos quais se encontram vidor será aposentado.
vinculados os servidores, observado o disposto nos arts. 189 § 3º O lapso de tempo compreendido entre o término
e 224. da licença e a publicação do ato da aposentadoria será con‑
§ 2º O recebimento indevido de benefícios havidos por siderado como de prorrogação da licença.
fraude, dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário do total § 4º Para os fins do disposto no § 1º deste artigo, serão
auferido, sem prejuízo da ação penal cabível.
consideradas apenas as licenças motivadas pela enfermidade
ensejadora da invalidez ou doenças correlacionadas. (Incluído
CAPÍTULO II
Dos Benefícios pela Lei nº 11.907, de 2009)
§ 5º A critério da Administração, o servidor em licença
Seção I para tratamento de saúde ou aposentado por invalidez po‑
Da Aposentadoria derá ser convocado a qualquer momento, para avaliação das
condições que ensejaram o afastamento ou a aposentadoria.
Art. 186. O servidor será aposentado: (Vide art. 40 da (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
Constituição) Art. 189. O  provento da aposentadoria será calculado
I – por invalidez permanente, sendo os proventos inte‑ com observância do disposto no § 3º do art. 41, e revisto
grais quando decorrente de acidente em serviço, moléstia na mesma data e proporção, sempre que se modificar a
profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, espe‑ remuneração dos servidores em atividade.
cificada em lei, e proporcionais nos demais casos; Parágrafo único. São estendidos aos inativos quaisquer
II – compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com benefícios ou vantagens posteriormente concedidas aos
proventos proporcionais ao tempo de serviço; servidores em atividade, inclusive quando decorrentes de
III – voluntariamente: transformação ou reclassificação do cargo ou função em que
a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e aos se deu a aposentadoria.
30 (trinta) se mulher, com proventos integrais; Art. 190. O servidor aposentado com provento propor‑
b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções de cional ao tempo de serviço se acometido de qualquer das
magistério se professor, e 25 (vinte e cinco) se professora, moléstias especificadas no § 1º do art. 186 desta Lei e, por
com proventos integrais; esse motivo, for considerado inválido por junta médica oficial
c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25 passará a perceber provento integral, calculado com base no
(vinte e cinco) se mulher, com proventos proporcionais a fundamento legal de concessão da aposentadoria. (Redação
esse tempo; dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, Art. 191. Quando proporcional ao tempo de serviço,
e aos 60 (sessenta) se mulher, com proventos proporcionais o provento não será inferior a 1/3 (um terço) da remunera‑
ao tempo de serviço. ção da atividade.
§  1º Consideram-se doenças graves, contagiosas ou Art. 192. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
incuráveis, a que se refere o inciso I deste artigo, tubercu‑ Art. 193. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
lose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia Art. 194. Ao servidor aposentado será paga a gratificação
maligna, cegueira posterior ao ingresso no serviço público, natalina, até o dia vinte do mês de dezembro, em valor equi‑
hanseníase, cardiopatia grave, doença de Parkinson, para‑ valente ao respectivo provento, deduzido o adiantamento
lisia irreversível e incapacitante, espondiloartrose anqui‑ recebido.
losante, nefropatia grave, estados avançados do mal de Art. 195. Ao  ex-combatente que tenha efetivamente
Paget (osteíte deformante), Síndrome de Imunodeficiência participado de operações bélicas, durante a Segunda Guerra
Adquirida – AIDS, e outras que a lei indicar, com base na
Mundial, nos termos da Lei nº 5.315, de 12 de setembro de
medicina especializada.
1967, será concedida aposentadoria com provento integral,
Noções de Direito Administrativo

§ 2º Nos casos de exercício de atividades consideradas


insalubres ou perigosas, bem como nas hipóteses previstas aos 25 (vinte e cinco) anos de serviço efetivo.
no art. 71, a aposentadoria de que trata o inciso III, a e c,
observará o disposto em lei específica. Seção II
§ 3º Na hipótese do inciso I o servidor será submetido à Do Auxílio-Natalidade
junta médica oficial, que atestará a invalidez quando carac‑
terizada a incapacidade para o desempenho das atribuições Art. 196. O auxílio-natalidade é devido à servidora por
do cargo ou a impossibilidade de se aplicar o disposto no motivo de nascimento de filho, em quantia equivalente ao
art. 24. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) menor vencimento do serviço público, inclusive no caso de
natimorto.
490
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-RJ/Técnico Judiciário/Área Adminis‑
§ 1º Na hipótese de parto múltiplo, o valor será acrescido
trativa/2012. de 50% (cinqüenta por cento), por nascituro.
491
Assunto cobrado na prova da Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012. §  2º O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro
492
Assunto cobrado na prova da Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012.
493
Assunto cobrado na prova da Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012.
servidor público, quando a parturiente não for servidora.
494
Assunto cobrado na prova da Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012.
495
Assunto cobrado na prova da Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012. Esaf/CGU/AFC/Área Administrativa/2012.
496

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Seção III Art. 205. O atestado e o laudo da junta médica não se refe‑
Do Salário-Família rirão ao nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar
de lesões produzidas por acidente em serviço, doença profis‑
Art. 197. O salário-família é devido ao servidor ativo ou sional ou qualquer das doenças especificadas no art. 186, § 1º.
ao inativo, por dependente econômico. Art. 206. O servidor que apresentar indícios de lesões
Parágrafo único. Consideram-se dependentes econômi‑ orgânicas ou funcionais será submetido a inspeção médica.
cos para efeito de percepção do salário-família: Art. 206-A. O servidor será submetido a exames médicos
I – o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os en‑ periódicos, nos termos e condições definidos em regulamen‑
teados até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se estudante, até to. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) (Regulamento).
24 (vinte e quatro) anos ou, se inválido, de qualquer idade; Parágrafo único. Para os fins do disposto no caput,
II  – o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante a União e suas entidades autárquicas e fundacionais poderão:
autorização judicial, viver na companhia e às expensas do (Redação dada pela Lei nº 12.998/2014)
servidor, ou do inativo; I – prestar os exames médicos periódicos diretamente
III – a mãe e o pai sem economia própria. pelo órgão ou entidade a qual se encontra vinculado o ser‑
Art. 198. Não se configura a dependência econômica vidor; (Redação dada pela Lei nº 12.998/2014)
quando o beneficiário do salário-família perceber rendimen‑ II  – celebrar convênio ou instrumento de cooperação
to do trabalho ou de qualquer outra fonte, inclusive pensão ou parceria com os órgãos e entidades da administração
ou provento da aposentadoria, em valor igual ou superior direta, suas autarquias e fundações; (Redação dada pela
ao salário-mínimo. Lei nº 12.998/2014)
Art. 199. Quando o pai e mãe forem servidores públicos III  – celebrar convênios com operadoras de plano de
e viverem em comum, o salário-família será pago a um deles; assistência à saúde, organizadas na modalidade de autoges‑
quando separados, será pago a um e outro, de acordo com tão, que possuam autorização de funcionamento do órgão
a distribuição dos dependentes. regulador, na forma do art. 230; ou (Redação dada pela Lei
Parágrafo único. Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto, nº 12.998/2014)
a madrasta e, na falta destes, os representantes legais dos IV – prestar os exames médicos periódicos mediante con‑
incapazes. trato administrativo, observado o disposto na Lei no 8.666, de
Art. 200. O salário-família não está sujeito a qualquer 21 de junho de 1993, e demais normas pertinentes. (Redação
tributo, nem servirá de base para qualquer contribuição, dada pela Lei nº 12.998/2014)
inclusive para a Previdência Social. Seção V
Art. 201. O afastamento do cargo efetivo, sem remuneração, Da Licença à Gestante, à Adotante
não acarreta a suspensão do pagamento do salário-família. e da Licença-Paternidade
Seção IV Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante
Da Licença para Tratamento de Saúde por 120 (cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da
remuneração. (Vide Decreto nº 6.690, de 2008)
Art. 202. Será concedida ao servidor licença para trata‑ § 1º A licença poderá ter início no primeiro dia do nono
mento de saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia mês de gestação, salvo antecipação por prescrição médica.
médica, sem prejuízo da remuneração a que fizer jus. § 2º No caso de nascimento prematuro, a licença terá
Art. 203. A licença de que trata o art. 202 desta Lei será início a partir do parto.
concedida com base em perícia oficial. (Redação dada pela
§ 3º No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do
Lei nº 11.907, de 2009)
evento, a servidora será submetida a exame médico, e se
§  1º Sempre que necessário, a  inspeção médica será
julgada apta, reassumirá o exercício.
realizada na residência do servidor ou no estabelecimento
§ 4º No caso de aborto atestado por médico oficial, a ser‑
hospitalar onde se encontrar internado.
vidora terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado.
§ 2º Inexistindo médico no órgão ou entidade no local
Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o  ser‑
onde se encontra ou tenha exercício em caráter permanen‑
vidor terá direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias
te o servidor, e não se configurando as hipóteses previstas
consecutivos.
nos parágrafos do art.  230, será aceito atestado passado
por médico particular. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de Art. 209. Para amamentar o próprio filho, até a idade
10/12/1997) de seis meses, a servidora lactante terá direito, durante a
§ 3º No caso do § 2º deste artigo, o atestado somente jornada de trabalho, a uma hora de descanso, que poderá
produzirá efeitos depois de recepcionado pela unidade de ser parcelada em dois períodos de meia hora.
recursos humanos do órgão ou entidade. (Redação dada pela Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda ju‑
Noções de Direito Administrativo

Lei nº 11.907, de 2009) dicial de criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos
§ 4º A licença que exceder o prazo de 120 (cento e vinte) 90 (noventa) dias de licença remunerada. (Vide Decreto
dias no período de 12 (doze) meses a contar do primeiro dia nº 6.691, de 2008)
de afastamento será concedida mediante avaliação por junta Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial
médica oficial. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009) de criança com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que
§ 5º A perícia oficial para concessão da licença de que trata este artigo será de 30 (trinta) dias.
trata o caput deste artigo, bem como nos demais casos de Seção VI
perícia oficial previstos nesta Lei, será efetuada por cirur‑ Da Licença por Acidente em Serviço
giões-dentistas, nas hipóteses em que abranger o campo
de atuação da odontologia. (Incluído pela Lei nº  11.907, Art. 211. Será licenciado, com remuneração integral,
de 2009) o servidor acidentado em serviço.
Art. 204. A licença para tratamento de saúde inferior a 15 Art. 212. Configura acidente em serviço o dano físico
(quinze) dias, dentro de 1 (um) ano, poderá ser dispensada de ou mental sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata
perícia oficial, na forma definida em regulamento. (Redação ou imediatamente, com as atribuições do cargo exercido.
dada pela Lei nº 11.907, de 2009) Parágrafo único. Equipara-se ao acidente em serviço o dano:

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I – decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo Art. 218. Ocorrendo habilitação de vários titulares à
servidor no exercício do cargo; pensão, o seu valor será distribuído em partes iguais entre
II – sofrido no percurso da residência para o trabalho e os beneficiários habilitados. (Redação dada pela Lei nº
vice-versa. 13.135, de 2015)
Art. 213. O servidor acidentado em serviço que necessite § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
de tratamento especializado poderá ser tratado em institui‑ § 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
ção privada, à conta de recursos públicos. § 3º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
Parágrafo único. O tratamento recomendado por junta Art. 219. A pensão poderá ser requerida a qualquer
médica oficial constitui medida de exceção e somente será tempo, prescrevendo tão-somente as prestações exigíveis
admissível quando inexistirem meios e recursos adequados há mais de 5 (cinco) anos.
em instituição pública. Parágrafo único. Concedida a pensão, qualquer prova
Art. 214. A prova do acidente será feita no prazo de 10 posterior ou habilitação tardia que implique exclusão de
(dez) dias, prorrogável quando as circunstâncias o exigirem. beneficiário ou redução de pensão só produzirá efeitos a
partir da data em que for oferecida.
Seção VII Art. 220. Perde o direito à pensão por morte: (Redação
Da Pensão dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
I – após o trânsito em julgado, o beneficiário condenado
Art. 215. Por morte do servidor, os dependentes, nas pela prática de crime de que tenha dolosamente resultado
hipóteses legais, fazem jus à pensão a partir da data de óbito, a morte do servidor; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
observado o limite estabelecido no inciso XI do caput do art. II – o cônjuge, o companheiro ou a companheira se
37 da Constituição Federal e no art. 2º da Lei nº 10.887, de 18 comprovada, a qualquer tempo, simulação ou fraude no
de junho de 2004. (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) casamento ou na união estável, ou a formalização desses
Art. 216. (Revogado pela Medida Provisória nº 664, de com o fim exclusivo de constituir benefício previdenciário,
2014) (Vigência) (Revogado pela Lei nº 13.135, de 2015) apuradas em processo judicial no qual será assegurado o
Art. 217. São beneficiários das pensões: direito ao contraditório e à ampla defesa. (Incluído pela Lei
I – o cônjuge; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) nº 13.135, de 2015)
a) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) Art. 221. Será concedida pensão provisória por morte
b) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) presumida do servidor, nos seguintes casos:
c) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) I – declaração de ausência, pela autoridade judiciária
d) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) competente;
e) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) II – desaparecimento em desabamento, inundação,
II – o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou incêndio ou acidente não caracterizado como em serviço;
de fato, com percepção de pensão alimentícia estabelecida III – desaparecimento no desempenho das atribuições
judicialmente; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) do cargo ou em missão de segurança.
a) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de Parágrafo único. A pensão provisória será transformada
2015) em vitalícia ou temporária, conforme o caso, decorridos 5
b) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de (cinco) anos de sua vigência, ressalvado o eventual reapa‑
2015) recimento do servidor, hipótese em que o benefício será
c) Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) automaticamente cancelado.
d) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de Art. 222. Acarreta perda da qualidade de beneficiário:
2015) I – o seu falecimento;
III – o companheiro ou companheira que comprove II – a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer
união estável como entidade familiar; (Incluído pela Lei nº após a concessão da pensão ao cônjuge;
13.135, de 2015) III – a cessação da invalidez, em se tratando de benefici‑
IV – o filho de qualquer condição que atenda a um dos ário inválido, o afastamento da deficiência, em se tratando
seguintes requisitos: (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) de beneficiário com deficiência, ou o levantamento da
a) seja menor de 21 (vinte e um) anos; (Incluído pela Lei interdição, em se tratando de beneficiário com deficiência
nº 13.135, de 2015) intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente
b) seja inválido; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) incapaz, respeitados os períodos mínimos decorrentes da
c) (Vide Lei nº 13.135, de 2015) (Vigência) aplicação das alíneas a e b do inciso VII; (Redação dada pela
d) tenha deficiência intelectual ou mental, nos termos do Lei nº 13.135, de 2015)
regulamento; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) IV – o implemento da idade de 21 (vinte e um) anos, pelo
Noções de Direito Administrativo

V – a mãe e o pai que comprovem dependência econô‑ filho ou irmão; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
mica do servidor; e (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) V – a acumulação de pensão na forma do art. 225;
VI – o irmão de qualquer condição que comprove depen‑ VI – a renúncia expressa; e (Redação dada pela Lei nº
dência econômica do servidor e atenda a um dos requisitos 13.135, de 2015)
previstos no inciso IV. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) VII – em relação aos beneficiários de que tratam os inci‑
§ 1º A concessão de pensão aos beneficiários de que tra‑ sos I a III do caput do art. 217: (Incluído pela Lei nº 13.135,
tam os incisos I a IV do caput exclui os beneficiários referidos de 2015)
nos incisos V e VI. (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) a) o decurso de 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer
§ 2º A concessão de pensão aos beneficiários de que trata sem que o servidor tenha vertido 18 (dezoito) contribuições
o inciso V do caput exclui o beneficiário referido no inciso VI. mensais ou se o casamento ou a união estável tiverem sido
(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) iniciados em menos de 2 (dois) anos antes do óbito do ser‑
§ 3º O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho vidor; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
mediante declaração do servidor e desde que comprovada b) o decurso dos seguintes períodos, estabelecidos de
dependência econômica, na forma estabelecida em regula‑ acordo com a idade do pensionista na data de óbito do ser‑
mento. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) vidor, depois de vertidas 18 (dezoito) contribuições mensais

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e pelo menos 2 (dois) anos após o início do casamento ou da § 3º O auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e oito)
união estável: (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) horas, por meio de procedimento sumaríssimo, à pessoa da
1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de família que houver custeado o funeral.
idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) Art. 227. Se o funeral for custeado por terceiro, este será
2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) indenizado, observado o disposto no artigo anterior.
anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) Art. 228. Em caso de falecimento de servidor em serviço
3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e fora do local de trabalho, inclusive no exterior, as despesas de
nove) anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) transporte do corpo correrão à conta de recursos da União,
4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos autarquia ou fundação pública.
de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quaren‑ Seção IX
ta e três) anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) Do Auxílio-Reclusão
6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de
idade. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) Art. 229. À família do servidor ativo é devido o auxílio‑
§ 1º A critério da administração, o beneficiário de pensão -reclusão, nos seguintes valores:
cuja preservação seja motivada por invalidez, por incapaci‑ I – dois terços da remuneração, quando afastado por
dade ou por deficiência poderá ser convocado a qualquer motivo de prisão, em flagrante ou preventiva, determinada
momento para avaliação das referidas condições. (Incluído pela autoridade competente, enquanto perdurar a prisão;
pela Lei nº 13.135, de 2015) II – metade da remuneração, durante o afastamento, em
§ 2º Serão aplicados, conforme o caso, a regra contida virtude de condenação, por sentença definitiva, a pena que
no inciso III ou os prazos previstos na alínea b do inciso VII, não determine a perda de cargo.
ambos do caput, se o óbito do servidor decorrer de aciden‑ § 1º Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o ser‑
te de qualquer natureza ou de doença profissional ou do vidor terá direito à integralização da remuneração, desde
trabalho, independentemente do recolhimento de 18 (de‑ que absolvido.
zoito) contribuições mensais ou da comprovação de 2 (dois) § 2º O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir
anos de casamento ou de união estável. (Incluído pela Lei do dia imediato àquele em que o servidor for posto em
nº 13.135, de 2015) liberdade, ainda que condicional.
§ 3º Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos e des‑ § 3º Ressalvado o disposto neste artigo, o auxílio-reclusão
de que nesse período se verifique o incremento mínimo de será devido, nas mesmas condições da pensão por morte,
um ano inteiro na média nacional única, para ambos os sexos, aos dependentes do segurado recolhido à prisão. (Incluído
correspondente à expectativa de sobrevida da população bra‑ pela Lei nº 13.135, de 2015)
sileira ao nascer, poderão ser fixadas, em números inteiros,
novas idades para os fins previstos na alínea b do inciso VII CAPÍTULO III
do caput, em ato do Ministro de Estado do Planejamento, Da Assistência à Saúde
Orçamento e Gestão, limitado o acréscimo na comparação
com as idades anteriores ao referido incremento. (Incluído Art. 230. A  assistência à saúde do servidor, ativo ou
inativo, e de sua família compreende assistência médica,
pela Lei nº 13.135, de 2015)
hospitalar, odontológica, psicológica e farmacêutica, terá
§ 4º O tempo de contribuição a Regime Próprio de Pre‑
como diretriz básica o implemento de ações preventivas
vidência Social (RPPS) ou ao Regime Geral de Previdência
voltadas para a promoção da saúde e será prestada pelo
Social (RGPS) será considerado na contagem das 18 (dezoito)
Sistema Único de Saúde – SUS, diretamente pelo órgão ou
contribuições mensais referidas nas alíneas a e b do inciso
entidade ao qual estiver vinculado o servidor, ou mediante
VII do caput. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
convênio ou contrato, ou ainda na forma de auxílio, median‑
Art. 223. Por morte ou perda da qualidade de benefi‑
te ressarcimento parcial do valor despendido pelo servidor,
ciário, a respectiva cota reverterá para os cobeneficiários. ativo ou inativo, e seus dependentes ou pensionistas com
(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) planos ou seguros privados de assistência à saúde, na for‑
I  – (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de ma estabelecida em regulamento. (Redação dada pela Lei
2015) nº 11.302 de 2006)
II – (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de §  1º Nas hipóteses previstas nesta Lei em que seja
2015) exigida perícia, avaliação ou inspeção médica, na ausência
Art. 224. As pensões serão automaticamente atualizadas de médico ou junta médica oficial, para a sua realização o
na mesma data e na mesma proporção dos reajustes dos órgão ou entidade celebrará, preferencialmente, convênio
vencimentos dos servidores, aplicando-se o disposto no com unidades de atendimento do sistema público de saúde,
Noções de Direito Administrativo

parágrafo único do art. 189. entidades sem fins lucrativos declaradas de utilidade pública,
Art. 225. Ressalvado o direito de opção, é vedada a ou com o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS. (Incluído
percepção cumulativa de pensão deixada por mais de um pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
cônjuge ou companheiro ou companheira e de mais de 2 §  2º Na impossibilidade, devidamente justificada, da
(duas) pensões. (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) aplicação do disposto no parágrafo anterior, o órgão ou enti‑
dade promoverá a contratação da prestação de serviços por
Seção VIII pessoa jurídica, que constituirá junta médica especificamente
Do Auxílio-Funeral para esses fins, indicando os nomes e especialidades dos
seus integrantes, com a comprovação de suas habilitações
Art. 226. O auxílio-funeral é devido à família do servidor e de que não estejam respondendo a processo disciplinar
falecido na atividade ou aposentado, em valor equivalente junto à entidade fiscalizadora da profissão. (Incluído pela Lei
a um mês da remuneração ou provento. nº 9.527, de 10/12/1997)
§ 1º No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio será § 3º Para os fins do disposto no caput deste artigo, ficam
pago somente em razão do cargo de maior remuneração. a União e suas entidades autárquicas e fundacionais autori‑
§ 2º (Vetado). zadas a: (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)

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I – celebrar convênios exclusivamente para a prestação Art. 240. Ao servidor público civil é assegurado, nos ter‑
de serviços de assistência à saúde para os seus servidores mos da Constituição Federal, o direito à livre associação sin‑
ou empregados ativos, aposentados, pensionistas, bem dical e os seguintes direitos, entre outros, dela decorrentes:
como para seus respectivos grupos familiares definidos, a) de ser representado pelo sindicato, inclusive como
com entidades de autogestão por elas patrocinadas por substituto processual;
meio de instrumentos jurídicos efetivamente celebrados e b) de inamovibilidade do dirigente sindical, até um ano
publicados até 12 de fevereiro de 2006 e que possuam auto‑ após o final do mandato, exceto se a pedido;
rização de funcionamento do órgão regulador, sendo certo c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade sindi‑
que os convênios celebrados depois dessa data somente cal a que for filiado, o valor das mensalidades e contribuições
poderão sê-lo na forma da regulamentação específica sobre definidas em assembléia geral da categoria.
patrocínio de autogestões, a  ser publicada pelo mesmo d) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
órgão regulador, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias da e) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
vigência desta Lei, normas essas também aplicáveis aos Art. 241. Consideram-se da família do servidor, além
convênios existentes até 12 de fevereiro de 2006; (Incluído do cônjuge e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas
pela Lei nº 11.302 de 2006) expensas e constem do seu assentamento individual.
II  – contratar, mediante licitação, na forma da Lei nº Parágrafo único. Equipara-se ao cônjuge a companheira
8.666, de 21 de junho de 1993, operadoras de planos e ou companheiro, que comprove união estável como entidade
seguros privados de assistência à saúde que possuam auto‑ familiar.
rização de funcionamento do órgão regulador; (Incluído pela Art. 242. Para os fins desta Lei, considera-se sede o mu‑
Lei nº 11.302 de 2006) nicípio onde a repartição estiver instalada e onde o servidor
III – (Vetado) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) tiver exercício, em caráter permanente.
§ 4º (Vetado) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)
§  5º O valor do ressarcimento fica limitado ao total TÍTULO IX
despendido pelo servidor ou pensionista civil com plano
ou seguro privado de assistência à saúde. (Incluído pela Lei Capítulo Único
nº 11.302 de 2006) Das Disposições Transitórias e Finais

CAPÍTULO IV Art. 243. Ficam submetidos ao regime jurídico insti‑


Do Custeio tuído por esta Lei, na qualidade de servidores públicos,
os servidores dos Poderes da União, dos ex-Territórios, das
Art. 231. (Revogado pela Lei nº 9.783, de 28/1/1999) autarquias, inclusive as em regime especial, e das fundações
públicas, regidos pela Lei nº 1.711, de 28 de outubro de
TÍTULO VII 1952 – Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União,
ou pela Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo
Capítulo Único Decreto-Lei nº  5.452, de 1º de maio de 1943, exceto os
Da Contratação Temporária de contratados por prazo determinado, cujos contratos não
Excepcional Interesse Público poderão ser prorrogados após o vencimento do prazo de
prorrogação.
Art. 232. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9/12/1993) § 1º Os empregos ocupados pelos servidores incluídos
Art. 233. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9/12/1993) no regime instituído por esta Lei ficam transformados em
Art. 234. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9/12/1993) cargos, na data de sua publicação.
Art. 235. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9/12/1993) § 2º As funções de confiança exercidas por pessoas não
integrantes de tabela permanente do órgão ou entidade onde
TÍTULO VIII têm exercício ficam transformadas em cargos em comissão,
e mantidas enquanto não for implantado o plano de cargos
Capítulo Único dos órgãos ou entidades na forma da lei.
Das Disposições Gerais §  3º As Funções de Assessoramento Superior  – FAS,
exercidas por servidor integrante de quadro ou tabela de
Art. 236. O Dia do Servidor Público será comemorado a pessoal, ficam extintas na data da vigência desta Lei.
vinte e oito de outubro. § 4º (Vetado).
Art. 237. Poderão ser instituídos, no âmbito dos Poderes § 5º O regime jurídico desta Lei é extensivo aos serven‑
Executivo, Legislativo e Judiciário, os  seguintes incentivos tuários da Justiça, remunerados com recursos da União, no
funcionais, além daqueles já previstos nos respectivos planos que couber.
Noções de Direito Administrativo

de carreira: §  6º Os empregos dos servidores estrangeiros com


I  – prêmios pela apresentação de idéias, inventos ou estabilidade no serviço público, enquanto não adquirirem
trabalhos que favoreçam o aumento de produtividade e a a nacionalidade brasileira, passarão a integrar tabela em
redução dos custos operacionais; extinção, do respectivo órgão ou entidade, sem prejuízo
II – concessão de medalhas, diplomas de honra ao mérito, dos direitos inerentes aos planos de carreira aos quais se
condecoração e elogio. encontrem vinculados os empregos.
Art. 238. Os prazos previstos nesta Lei serão contados § 7º Os servidores públicos de que trata o caput deste
em dias corridos, excluindo-se o dia do começo e incluindo‑ artigo, não amparados pelo art. 19 do Ato das Disposições
-se o do vencimento, ficando prorrogado, para o primeiro Constitucionais Transitórias, poderão, no interesse da Ad‑
dia útil seguinte, o prazo vencido em dia em que não haja ministração e conforme critérios estabelecidos em regula‑
expediente. mento, ser exonerados mediante indenização de um mês de
Art. 239. Por motivo de crença religiosa ou de convicção remuneração por ano de efetivo exercício no serviço público
filosófica ou política, o servidor não poderá ser privado de federal. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997)
quaisquer dos seus direitos, sofrer discriminação em sua vida § 8º Para fins de incidência do imposto de renda na fonte
funcional, nem eximir-se do cumprimento de seus deveres. e na declaração de rendimentos, serão considerados como

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indenizações isentas os pagamentos efetuados a título de EXERCÍCIOS
indenização prevista no parágrafo anterior. (Incluído pela Lei
nº 9.527, de 10/12/1997) Conforme o Decreto nº 7.556/2011, o INSS é uma autarquia
§  9º Os cargos vagos em decorrência da aplicação do federal vinculada ao MPS e tem por finalidade promover
disposto no § 7º poderão ser extintos pelo Poder Executivo o reconhecimento de direito ao recebimento de benefícios
quando considerados desnecessários. (Incluído pela Lei administrados pela previdência social, assegurando agilidade
nº 9.527, de 10/12/1997) e comodidade aos seus usuários e ampliação do controle
Art. 244. Os adicionais por tempo de serviço, já conce‑ social.
didos aos servidores abrangidos por esta Lei, ficam transfor‑ (Cespe/INSS/Analista do Seguro Social/2016) Considerando
mados em anuênio. essa informação, julgue os itens seguintes, acerca da admi‑
Art. 245. A  licença especial disciplinada pelo art.  116 nistração direta e indireta.
da Lei nº 1.711, de 1952, ou por outro diploma legal, fica
1. Os institutos da desconcentração e da descentralização,
transformada em licença-prêmio por assiduidade, na forma
essenciais à organização e repartição de competências
prevista nos arts. 87 a 90.
da administração pública, podem ser exemplificados,
Art. 246. (Vetado).
Art. 247. Para efeito do disposto no Título VI desta Lei, respectivamente, pela relação entre o MPS e a União
haverá ajuste de contas com a Previdência Social, correspon‑ e pela vinculação entre o INSS e o MPS.
dente ao período de contribuição por parte dos servidores 2. O INSS integra a administração direta do governo fede‑
celetistas abrangidos pelo art. 243. (Redação dada pela Lei ral, uma vez que esse instituto é uma autarquia federal
nº 8.162, de 8/1/1991) vinculada ao MPS.
Art. 248. As pensões estatutárias, concedidas até a vigên‑
cia desta Lei, passam a ser mantidas pelo órgão ou entidade (Cespe/DPU/Todos os Cargos/2016) Tendo como referência
de origem do servidor. as normas do direito administrativo, julgue os próximos itens.
Art. 249. Até a edição da lei prevista no § 1º do art. 231, 3. Constitui manifestação do poder disciplinar da admi‑
os servidores abrangidos por esta Lei contribuirão na forma nistração pública a aplicação de sanção a sociedade
e nos percentuais atualmente estabelecidos para o servidor empresarial no âmbito de contrato administrativo.
civil da União conforme regulamento próprio. 4. A interdição de restaurante por autoridade administra‑
Art. 250. O  servidor que já tiver satisfeito ou vier a tiva de vigilância sanitária constitui exemplo de mani‑
satisfazer, dentro de 1 (um) ano, as condições necessárias festação do exercício do poder de polícia.
para a aposentadoria nos termos do inciso II do art. 184 do
antigo Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União, Lei (Cespe/DPU/Analista Técnico Administrativo/2016) Acerca
nº 1.711, de 28 de outubro de 1952, aposentar-se-á com a da organização administrativa da União, da organização e
vantagem prevista naquele dispositivo. (Mantido pelo Con- da responsabilidade civil do Estado, bem como do exercício
gresso Nacional) do poder de polícia administrativa, julgue os itens que se
Art. 251. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997) seguem.
Art. 252. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi‑ 5. Situação hipotética: Considere que uma pessoa jurídi‑
cação, com efeitos financeiros a partir do primeiro dia do ca de direito público tenha sido responsabilizada pelo
mês subsequente. dano causado a terceiros por um dos seus servidores
Art. 253. Ficam revogadas a Lei nº 1.711, de 28 de ou‑ públicos. Assertiva: Nessa situação, o direito de regres‑
tubro de 1952, e respectiva legislação complementar, bem so poderá ser exercido contra esse servidor ainda que
como as demais disposições em contrário. não seja comprovada a ocorrência de dolo ou culpa.
.............................................................................................. 6. A edição de ato normativo constitui exemplo do exer‑
cício do poder de polícia pela administração pública.
Notas sobre Seguridade: 7. A repartição do poder estatal em funções — legislativa,
executiva e jurisdicional — não descaracteriza a sua
1. Lei nº 10.667, de 14/5/2003. O art. 3º inclui os §§ 1º, unicidade e indivisibilidade.
2º, 3º e 4º ao art. 183 da Lei nº 8.112 de 1990 sobre
seguridade social para o servidor e sua família. Uma autarquia federal, desejando comprar um bem imóvel
2. Recurso Extraordinário nº 163.204-1995, de 9/11/1994. — não enquadrado nas hipóteses em que a licitação é dispen‑
Acumulação de proventos de aposentadoria e ven‑
sada, dispensável ou inexigível — com valor de contratação
cimentos somente é permitida quando se tratar de
estimado em R$ 50.000,00, efetuou licitação na modalidade
cargos, funções ou empregos acumuláveis na atividade,
concorrência.
na forma permitida pela Constituição.
Noções de Direito Administrativo

3. Decreto nº 6.690, de 11/12/2008. Institui o Programa (Cespe/DPU/Analista Técnico Administrativo/2016) Conside‑


de Prorrogação da Licença à Gestante e à Adotante, rando a situação descrita, julgue os itens a seguir, acerca da
estabelece os critérios de adesão ao Programa. organização administrativa da União, das licitações e con‑
4. Decreto nº 5.010, de 9/3/2004. Altera o caput do art. tratos administrativos e do disposto na Lei nº 8.112/1990.
1º do Decreto nº 4.978, de 2004 sobre assistência à 8. É prerrogativa da referida autarquia, que certamente foi
saúde do servidor. criada por meio de lei específica, a impenhorabilidade
5. Portaria Normativa nº 1, de 27/12/2007. Estabelece dos seus bens.
orientações aos órgãos e entidades do Sistema de 9. A classificação de determinado serviço público como
Pessoal Civil da Administração Federal - SIPEC sobre singular pressupõe a individualização de seus destina‑
a assistência à saúde suplementar do servidor ativo, tários, propiciando a medição da utilização individual
inativo, seus dependentes e pensionistas. direta do serviço público prestado.
6. Orientação Normativa nº 5, de 14/7/2008. Conver‑ 10. A efetiva prestação de um serviço público e a obriga‑
são do provento proporcional em integral em razão toriedade de procedimento licitatório prévio são ca‑
da superveniência de doenças graves, contagiosas ou racterísticas comuns ao regime de concessão e ao de
incuráveis. permissão de serviços públicos.

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(Cespe/DPU/Técnico em Assuntos Educacionais/2016) Em 24. É passível de revogação, por motivos de conveniência
relação à administração pública direta e indireta e às funções e oportunidade, o ato administrativo consistente em
administrativas, julgue os itens a seguir. emissão de certidão que ateste, em favor de um admi‑
11. A criação de autarquia federal depende de edição de nistrado, determinada situação fática.
lei complementar.
12. Cria-se empresa pública e autoriza-se seu imediato fun‑ (Cespe/TJDFT/Analista Judiciário/2015) Julgue os próximos
cionamento por meio de publicação de lei ordinária itens, em relação ao poder de polícia, à desapropriação e
específica. aos serviços públicos.
13. Em regra, as sociedades de economia mista devem re‑ 25. Com base no princípio da continuidade do serviço públi‑
alizar concurso público para contratar empregados. co, a extinção da concessão, nas hipóteses previstas em
14. A função administrativa é exclusiva do Poder Executivo, lei, autoriza a imediata assunção do serviço pelo poder
não sendo possível seu exercício pelos outros poderes concedente e a utilização de todos os bens reversíveis.
da República. 26. O STF entende ser constitucional a atribuição, pelo mu‑
15. A aplicação da lei pelo Poder Executivo, no exercício nicípio, do exercício do poder de polícia de trânsito a
da função administrativa, depende de provocação do guardas municipais, inclusive no que se refere à impo‑
interessado, sendo vedada a aplicação de ofício. sição de sanções administrativas legalmente previstas.
16. A administração pública em sentido formal, orgânico ou
(Cespe/TJDFT/Analista Judiciário/2015) A respeito das socie‑
subjetivo, compreende o conjunto de entidades, órgãos
dades de economia mista, da convalidação de atos adminis‑
e agentes públicos no exercício da função administrati‑
trativos, da concessão de serviços públicos e da desapropria‑
va. Em sentido objetivo, material ou funcional, abrange ção, julgue os itens a seguir.
um conjunto de funções ou atividades que objetivam 27. Admite-se que a União, no prazo da concessão de de‑
realizar o interesse público. terminado serviço público, retome o serviço por encam‑
pação, mediante lei autorizativa específica, após prévio
(Cespe/DPU/Técnico em Assuntos Educacionais/2016) No pagamento de indenização e por motivo de interesse
que se refere aos poderes da administração pública e aos público.
serviços públicos, julgue os itens subsecutivos. 28. A criação, pela União, de sociedade de economia mista
17. Os serviços públicos gerais são indivisíveis, sendo pres‑ depende de autorização legislativa. Autorizada, a socie‑
tados a toda a coletividade, sem destinatários determi‑ dade deverá assumir a forma de sociedade anônima, e
nados ou individualizados. a maioria de suas ações com direito a voto pertencerão
18. O poder de polícia, decorrente da supremacia geral do à União ou a entidade da administração indireta.
interesse público, permite que a administração pública 29. Situação hipotética: Poucos dias depois de determinado
condicione ou restrinja o exercício de atividades, o uso ato administrativo de autoridade competente ter con‑
e gozo de bens e direitos pelos particulares, em nome cedido licença e férias a servidor do TJDFT, verificou-se
do interesse público. que o servidor não tinha direito à licença. Novo ato foi,
19. Configura-se desvio de poder ou de finalidade quando então, praticado, retirando-se a concessão da licença e
o agente atua fora dos limites de suas atribuições, ou ratificando-se a concessão das férias. Assertiva: Nesse
seja, no caso de realizar ato administrativo não incluído caso, o ato posterior convalidou o anterior, por meio
no âmbito de sua competência. de ratificação.

(Cespe/DPU/Técnico em Assuntos Educacionais/2016) A res‑ (Cespe/TJDFT/Analista Judiciário/2015) No que diz respeito


peito da responsabilidade civil do Estado e das licitações, à rescisão de contrato administrativo, ao tombamento e à
julgue os itens subsequente. responsabilidade do Estado, julgue o próximo item.
20. Para a configuração da responsabilidade objetiva do 30. A teoria do risco administrativo se apresenta como fun‑
Estado, é necessária a demonstração de culpa ou dolo damento da responsabilidade objetiva do Estado.
do agente público.
21. A responsabilidade do Estado inclui o dever de indenizar (Cespe/TCE-RN/Tecnologia da Informação/2015) Acerca do
as vítimas quando de ação ou omissão, ainda que lícita, regime jurídico-administrativo, da organização administrativa
resultar-lhes danos. e dos dispositivos relacionados à licitação, julgue o item que
se segue.
31. As prerrogativas do poder público sobre os particulares,
(Cespe/TJDFT/Analista Judiciário/2015) Julgue o item a seguir
decorrentes da supremacia do interesse público, são
à luz da Lei de Improbidade Administrativa.
integralmente afastadas quando a administração, even‑
Noções de Direito Administrativo

22. Ao negar publicidade a ato oficial, o servidor público tualmente, se nivela, sob algum aspecto, a entidade sob
comete ato de improbidade administrativa, o que aten‑ regime de direito privado.
ta contra os princípios da administração pública. Para
tanto, torna-se irrelevante considerar se houve ação de (Cespe/TCE-RN/Inspetor/2015) No que se refere aos atos
caráter doloso ou culposo. administrativos, aos agentes públicos, aos poderes admi‑
nistrativos e ao disposto na Lei Complementar Estadual nº
(Cespe/TJDFT/Analista Judiciário/2015) A respeito da orga‑ 122/1994, julgue o item a seguir.
nização administrativa, dos atos administrativos e dos con‑ 32. Com base no princípio da supremacia do interesse públi‑
tratos e convênios administrativos, julgue os itens a seguir. co, a administração poderá, discricionariamente, negar
23. De acordo com a teoria da imputação, atualmente ado‑ a concessão de licença para o exercício de determinada
tada no ordenamento jurídico brasileiro, a manifesta‑ atividade, ainda que preenchidos os requisitos legais.
ção de vontade de pessoa jurídica dá-se por meio dos
órgãos públicos, ou seja, conforme essa teoria, quando (Cespe/TCE-RN/Inspetor/2015) Acerca do regime jurídico‑
o agente do órgão manifesta sua vontade, a atuação é -administrativo, da organização administrativa e dos dispo‑
atribuída ao Estado. sitivos relacionados à licitação, julgue o item que se segue.

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33. Situação hipotética: Foi constatado um superfatu‑ são formalizadas por contrato administrativo e não dis‑
ramento para a realização de concurso público para pensam licitação prévia.
a contratação de empregados de uma sociedade de 44. Classificam-se como indelegáveis aqueles serviços que
economia mista. Assertiva: Nessa situação, ainda que só podem ser prestados diretamente pelo estado, de
possuísse personalidade jurídica de direito privado, a que são exemplos os serviços de defesa nacional e se‑
referida sociedade estaria sujeita ao controle pelo res‑ gurança pública.
pectivo tribunal de contas.
(Cespe/TCE-RN/Administrador/2015) No que tange às orga‑
(Cespe/TCE-RN/Administrador/2015) Com base na Lei nº nizações sociais e aos serviços sociais autônomos, julgue os
8.429/1992, que trata de improbidade administrativa, jul‑ itens seguintes.
gue os próximos itens. 45. Embora não integrem a administração pública, os ser‑
34. O simples atraso na entrega das contas públicas, sem viços sociais autônomos, ou pessoas de cooperação
que exista intenção manifesta, não configura ato de governamental, são pessoas jurídicas de direito pú‑
improbidade que atenta contra os princípios da admi‑ blico que produzem benefícios para grupos sociais ou
nistração pública. categorias profissionais.
35. As sanções decorrentes de prática de atos de improbi‑ 46. A qualificação de uma entidade como organização social
dade administrativa podem ser aplicadas aos agentes resulta de critério discricionário do ministério compe‑
públicos e aos particulares. tente para supervisionar ou regular a área de atividade
36. As cominações da lei de improbidade administrativa correspondente ao objeto social.
alcançam os sucessores daquele que causar lesão ao
patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente. (Cespe/TCE-RN/Auditor/2015) Tendo em vista que, segundo
julgado do STJ, em avaliação de mandado de segurança, “não
(Cespe/TCE-RN/Assessor Jurídico/2015) A cerca dos consór‑ há ilegalidade na imediata execução de penalidade admi‑
cios públicos e da administração pública em sentido subjeti‑ nistrativa imposta em processo administrativo disciplinar a
vo, julgue os itens a seguir. servidor público, ainda que a decisão não tenha transitado
37. Existe a possibilidade de o consórcio público ser instituído em julgado administrativamente”, julgue o item subsequente,
com personalidade jurídica de direito privado, hipótese a respeito de atos administrativos e do controle da adminis‑
em que possuirá natureza jurídica de associação. tração pública.
47. A legalidade da imediata execução de penalidade ad‑
38. As pessoas físicas que espontaneamente assumem fun‑
ministrativa pauta-se no fato de que os atos adminis‑
ções públicas em situações de calamidade são conside‑
trativos funcionam como títulos executivos e gozam de
radas particulares em colaboração com o poder público
autoexecutoriedade, dispensando o trânsito em julgado
e integram a administração pública em sentido subjetivo.
da própria decisão administrativa, a menos que, excep‑
cionalmente, seja deferido efeito suspensivo a recurso.
(Cespe/TCE-RN/Assessor Jurídico/2015) No que se refere à
responsabilidade e ao controle da administração pública, Na análise de contas de determinado estado da Federação
julgue o item subsequente. no ano de 2012, o corpo técnico do tribunal de contas es‑
39. O controle da administração pública pela via da ação tadual (TCE) deparou-se com erro de cálculo de reajuste
popular autoriza a condenação do agente público a res‑ de precatório e outras possíveis irregularidades. O referido
sarcir valores ao erário quando, a despeito de falta de precatório foi reajustado de R$ 17 milhões, montante da
comprovação, for possível presumir lesão oriunda do dívida calculado em 1997, para R$ 165 milhões, em 2010. O
ato por aquele praticado. refazimento do cálculo foi determinado pelo presidente do
tribunal, mas o precatório não sofreu qualquer impugnação,
(Cespe/TCE-RN/Assessor Jurídico/2015) A respeito dos atos mesmo diante do reajuste de mais de 1.000%. Por fim, foi
administrativos em espécie e da intervenção do Estado na selado termo de compromisso judicial para o pagamento
propriedade privada, julgue os itens seguintes. parcelado de R$ 85 milhões, o que ainda representava um
40. O parecer é ato administrativo em espécie que, quan‑ reajuste superior a 500% do valor original. Ocorre que, se‑
do obrigatório, vincula a decisão a ser proferida pela gundo os cálculos realizados pelo TCE, o reajuste aplicado
autoridade competente. ao valor original alcançaria o montante de R$ 72 milhões em
41. De acordo com a jurisprudência dominante do Supremo lugar dos R$ 165 milhões apontados pelo setor de precatórios
Tribunal Federal, o parecer meramente opinativo não do respectivo tribunal de justiça. A situação foi levada para
atrai a responsabilidade de seu emitente por eventu‑ o pleno do referido TCE para análise e decisão.
Noções de Direito Administrativo

ais danos oriundos da decisão nele pautada, salvo se


houver dolo ou culpa grave. (Cespe/TCE-RN/Auditor/2015) De acordo com a situação
hipotética acima, julgue o seguinte item.
(Cespe/TCE-RN/Administrador/2015) Com relação aos atos 48. O TCE, nas suas ações de controle, não tem legitimi‑
administrativos, julgue o item subsecutivo. dade para suspender o pagamento, pois precatórios
42. Um ato administrativo praticado por pessoa que não decorrem de decisão judicial, e a sua suspensão pelo
tenha competência para tal não poderá ser convalidado, TCE ofenderia o princípio de separação dos poderes.
pois, assim como os vícios de motivo e objeto, o vício
de competência é insanável. (Cespe/TCE-RN/Auditor/2015) Com referência a improbidade
administrativa, julgue os itens que se seguem.
(Cespe/TCE-RN/Administrador/2015) Relativamente aos ser‑ 49. A condenação por improbidade administrativa em caso
viços públicos e à concessão e permissão de serviço público, de ilicitude em concurso público inclui o ressarcimento
julgue os itens subsecutivos. integral do dano causado pelo cancelamento do certame.
43. Tanto a concessão como a permissão de serviço público 50. Situação hipotética: Determinado servidor público,
têm a natureza de contrato de adesão; nesse sentido, técnico de informática, com o desejo de se destacar

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entre os demais colegas de setor, criou um novo sof- (Cespe/TCE-RN/Auditor/2015) Com relação a essa situação
tware para a proteção de dados de concurso público. hipotética, julgue o item que se segue, a respeito de terceiri‑
No entanto, como ele não detinha todos os conheci‑ zação, serviços públicos e responsabilidade da administração
mentos necessários para a realização de tal empreita‑ pública.
da, ocorreu vazamento de informações de provas por 55. Devido à inadimplência da contratada, a responsabilida‑
falha no funcionamento do referido software. Assertiva: de da administração será subsidiária se reconhecida sua
Nessa situação, a ação do servidor configurou ato de omissão, como contratante, na fiscalização da execução
improbidade administrativa porque frustrou a licitude do contrato — culpa in eligendo ou in vigilando.
de concurso público. 56. A qualificação de OSCIP, a exemplo da entidade em
questão, é destinada a pessoas jurídicas de direito pri‑
Em ação direta de inconstitucionalidade, a Procuradoria‑ vado com fins lucrativos, habilitando-as a receberem
-Geral da República (PGR) provocou o Supremo Tribunal delegação estatal para o desempenho de serviços so‑
Federal a declarar a inconstitucionalidade de artigo da Lei ciais não exclusivos do Estado mediante incentivo do
nº 8.906/1994 que dispunha sobre a possibilidade de os ser‑ poder público e fiscalização deste.
vidores da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – até aque‑
le momento considerados servidores públicos –, optarem (Cespe/Telebras/Advogado/2015) Considerando que a no‑
pelo regime celetista, assegurando-lhes uma compensação ção de responsabilidade civil remete à ideia de responder
de cinco vezes o valor da última remuneração quando da sua perante a ordem jurídica por fato precedente, julgue os itens
aposentadoria. A alegação da PGR foi de que o artigo feriria subsequentes a respeito da responsabilidade civil.
o princípio da moralidade administrativa, não se justifican‑ 57. A doutrina predominante entende que, na conduta co‑
do o pagamento de indenização, e de que a OAB, por ser missiva, a responsabilidade civil do Estado só se confi‑
autarquia, só poderia contratar mediante concurso público, gurará quando estiverem presentes os elementos que
sendo-lhe vedada, como ente da administração pública in‑ caracterizem a culpa.
direta, a contratação via CLT. 58. A necessidade de o lesado pela conduta estatal provar
a existência de culpa do agente é marca característica
(Cespe/TCE-RN/Auditor/2015) Acerca da informação acima, da responsabilidade objetiva.
julgue os itens seguintes. 59. Segundo a Lei nº 12.846/2013, as pessoas jurídicas se‑
51. Os conselhos profissionais, com exceção da OAB, têm rão responsabilizadas objetivamente, civil e administra‑
personalidade jurídica de direito privado, detêm poder tivamente, por ato lesivo praticado em seu interesse ou
de polícia e gozam de imunidade tributária.
benefício, seja este exclusivo ou não.
52. Por ter sido criada mediante lei específica, a OAB possui
60. Para se configurar a responsabilidade objetiva, são su‑
natureza de autarquia.
ficientes os três seguintes pressupostos: o fato admi‑
nistrativo, o dano específico e o nexo causal entre um
(Cespe/TCE-RN/Auditor/2015) A respeito de responsabilida‑
e outro.
de civil do Estado por danos, abuso de poder e má gestão de
serviços públicos, julgue os itens a seguir. 61. Na hipótese de dano causado pela omissão culposa do
53. Situação hipotética: Um ônibus de determinada con‑ Estado, a responsabilidade estatal e a indenização por
cessionária de serviço público envolveu-se em acidente este devida serão majoradas se o fato desencadeador
com vítima fatal, porém havia indícios de embriaguez desse dano for imprevisível.
da vítima, de que o condutor do ônibus atuara com
diligência no momento do acidente e de que, no mo‑ (Cespe/Telebras/Advogado/2015) Tendo em vista que as atri‑
mento do acidente, o veículo trafegava com velocidade buições do advogado de empresa estatal incluem a emissão
abaixo do máximo permitido na via. Assertiva: Nessa de pareceres jurídicos sobre matérias de sua competência,
situação, a empresa de ônibus não precisará indenizar julgue o próximo item, relativo a atos administrativos.
a família da pessoa que morreu no acidente, pois a 62. É exemplo de condição resolutiva de ato administrativo
pessoa jurídica de direito privado não responde com a ocorrência de evento preordenado a cessar sua apli‑
responsabilidade objetiva diante de danos causados a cabilidade.
terceiros não usuários de serviços públicos.
54. Haverá responsabilidade objetiva do Estado quando (Cespe/Telebras/Analista/Administrador/2015) Em alguns
seus agentes, ainda que fora do expediente do traba‑ estados e municípios brasileiros foi instituída restrição pe‑
lho, praticarem atos com excesso, utilizando-se de sua riódica de trânsito de veículos automotores, popularmente
condição funcional. conhecida como rodízio. Tendo como referência os poderes
Noções de Direito Administrativo

da administração pública, julgue os itens a seguir a respeito


Determinada organização da sociedade civil de interesse pú‑ desse assunto.
blico (OSCIP), escolhida pela prefeitura de certa cidade para 63. O estabelecimento da restrição de trânsito de veículos
a prestação de serviços em centro educacional, atrasou por automotores deve ser feito de forma criteriosa para
dois meses os salários de seus empregados. Desconfiados de evitar desvio de poder, o que ocorre quando a limitação
que as demais verbas trabalhistas não estavam sendo recolhi‑ é feita com base, por exemplo, exclusivamente no ano
das, os empregados consultaram a Caixa Econômica Federal de fabricação do veículo.
e o INSS e certificaram-se de que a organização não realizava 64. O rodízio de automóveis estabelecido pela administra‑
os depósitos havia vários meses. A OSCIP, alegando que os ção pública configura exercício do poder de polícia.
repasses da prefeitura não estavam sendo realizados, deu
aviso prévio aos empregados, mas não lhes pagou nenhuma (Cespe/Telebras/Analista/2015) Julgue os itens que se se‑
verba trabalhista. Em decorrência, a prefeitura foi chamada guem acerca de improbidade administrativa.
a se responsabilizar pelo pagamento das verbas, visto que, 65. No caso de ato de improbidade administrativa que traga
segundo a defesa dos empregados, teria negligenciado sua prejuízo ao erário, a responsabilidade do agente públi‑
função de fiscalização da OSCIP. co envolvido será objetiva se ficar comprovado que o

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agente era flagrantemente incompetente para praticar um semáforo com sinal vermelho e colidiu com um
o referido ato. veículo particular que trafegava pela contramão. As‑
66. A indisponibilidade de bens do agente indiciado por sertiva: Nessa situação, como o Brasil adota a teoria da
improbidade administrativa tem natureza preventiva responsabilidade objetiva, existirá a responsabilização
e, por isso, não se configura como sanção. indenizatória integral do Estado, visto que, na esfera
administrativa, a culpa concorrente elide apenas par‑
(Cespe/Telebras/Analista/2015) Julgue o próximo item acer‑ cialmente a responsabilização do servidor.
ca dos princípios administrativos e da responsabilidade dos
agentes públicos. (Cespe/AGU/Advogado/2015) Com relação ao controle da
67. A teoria do órgão, segundo a qual os atos e provimentos administração pública e à responsabilidade patrimonial do
administrativos praticados por determinado agente são Estado, julgue o seguinte item.
imputados ao órgão por ele integrado, é reflexo impor‑ 75. Em consonância com o entendimento do STF, os servi‑
tante do princípio da impessoalidade. ços sociais autônomos estão sujeitos ao controle fina‑
lístico do TCU no que se refere à aplicação de recursos
O titular do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação re‑ públicos recebidos.
digiu e submeteu à análise de sua consultoria jurídica minuta
de despacho pelo indeferimento de pedido da empresa Salus (Cespe/AGU/Advogado/2015) No tocante à responsabilidade
à habilitação em dada política pública governamental. A des‑ civil, julgue o item que se segue.
peito de não apresentar os fundamentos de fato e de direito 76. Conforme jurisprudência pacificada no STJ, em caso de
para o indeferimento, o despacho em questão invoca como conduta omissiva, a responsabilidade do Estado enseja
fundamento da negativa uma nota técnica produzida no re‑ a presença da culpa, consistente no descumprimento
ferido ministério, cuja conclusão exaure matéria coincidente do dever de impedir o evento danoso.
com aquele objeto do pedido da empresa Salus.
(Cespe/STJ/Analista Judiciário/2015) Julgue os itens seguin‑
(Cespe/AGU/Advogado/2015) A propósito dessa situação tes, acerca do controle exercido e sofrido pela administração
hipotética, julgue o item que se segue, relativo à forma dos pública.
atos administrativos. 77. A responsabilidade da administração pública decorrente
68. O ato em questão — indeferimento de pedido — deve de omissão resulta de seu dever de agir e da capacidade
ser prolatado sob a forma de resolução e não de des‑ de essa ação evitar o dano.
pacho. 78. A possibilidade de convocação, por qualquer das casas
69. Na hipótese considerada, a minuta do ato do ministro do Congresso Nacional, de titulares de órgãos subor‑
apresenta vício de forma em razão da obrigatoriedade dinados à Presidência da República ilustra o controle
de motivação dos atos administrativos que neguem político da administração pública, que abrange tanto
direitos aos interessados. aspectos de legalidade quanto de mérito.

Foi editada portaria ministerial que regulamentou, com fun‑ (Cespe/STJ/Analista Judiciário/2015) A respeito da licitação
e dos contratos administrativos, julgue o item subsecutivo.
damento direto no princípio constitucional da eficiência, a
79. A caducidade do contrato de concessão acarreta a re‑
concessão de gratificação de desempenho aos servidores de
versão ao poder concedente, mediante indenização ao
determinado ministério.
concessionário, de todos os bens necessários à conti‑
nuidade do serviço público.
(Cespe/AGU/Advogado/2015) Com referência a essa situação
hipotética e ao poder regulamentar, julgue os próximos itens.
(Cespe/STJ/Analista Judiciário/2015) A respeito da organiza‑
70. A portaria em questão poderá vir a ser sustada pelo
ção administrativa do Estado e do ato administrativo, julgue
Congresso Nacional, se essa casa entender que o mi‑ os itens a seguir.
nistro exorbitou de seu poder regulamentar. 80. O princípio da especialidade na administração indireta
71. As portarias são qualificadas como atos de regulamen‑ impõe a necessidade de que conste, na lei de criação
tação de segundo grau. da entidade, a atividade a ser exercida de modo des‑
72. Na hipótese considerada, a portaria não ofendeu o centralizado.
princípio da legalidade administrativa, tendo em vista 81. O simples fato de o poder público passar a deter a
o fenômeno da deslegalização com fundamento na CF. maioria do capital social de uma empresa privada a
transforma em sociedade de economia mista, indepen‑
(Cespe/AGU/Advogado/2015) Acerca dos serviços públicos dentemente de autorização legal.
Noções de Direito Administrativo

e dos bens públicos, julgue o item a seguir. 82. O atributo da tipicidade do ato administrativo impede
73. Situação hipotética: Durante a realização de obras re‑ que a administração pratique atos sem previsão legal.
sultantes de uma PPP firmada entre a União e deter‑ 83. Os efeitos prodrômicos do ato administrativo são efeitos
minada construtora, para a duplicação de uma rodovia atípicos que existem enquanto perdura a situação de
federal, parte do asfalto foi destruída por uma forte pendência na conclusão desse ato.
tempestade. Assertiva: Nessa situação, independen‑ 84. O prazo para anulação dos atos administrativos é de
temente de o referido problema ter decorrido de fato cinco anos, independentemente da boa-fé do admi‑
imprevisível, o Estado deverá solidarizar-se com os pre‑ nistrado que se tenha beneficiado com tais atos.
juízos sofridos pela empresa responsável pela obra.
(Cespe/STJ/Analista Judiciário/2015) No tocante aos poderes
(Cespe/AGU/Advogado/2015) Com relação ao controle da administrativos, julgue os seguintes itens.
administração pública e à responsabilidade patrimonial do 85. O fenômeno da deslegalização, também chamada de
Estado, julgue o seguinte item. delegificação, significa a retirada, pelo próprio legisla‑
74. Situação hipotética: Um veículo oficial da AGU, con‑ dor, de certas matérias do domínio da lei, passando-as
duzido por servidor desse órgão público, passou por para o domínio de regulamentos de hierarquia inferior.

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86. O poder de polícia dispõe de certa discricionariedade, 97. Não poderá ser objeto de delegação a decisão referen‑
haja vista o poder público ter liberdade para escolher, te a recurso administrativo interposto pelo PRF contra
por exemplo, quais atividades devem ser fiscalizadas decisão que lhe tiver aplicado penalidade em razão do
para que se proteja o interesse público. acidente.
87. O desvio de finalidade é uma espécie de abuso de poder 98. Ainda que seja absolvido por ausência de provas em
em que o agente público, apesar de agir dentro dos processo penal, o PRF poderá ser processado adminis‑
limites de sua competência, pratica determinado ato trativamente por eventual infração disciplinar cometida
com objetivo diverso daquele pautado pelo interesse em razão do acidente.
público.
88. A relação entre a administração direta e as entidades (Cespe/PRF/Policial Rodoviário Federal/2013) A respeito da
que integram a administração indireta pressupõe a exis‑ organização do Departamento de Polícia Rodoviária Federal
tência do poder hierárquico entre ambas. e da natureza dos atos praticados por seus agentes, julgue
os itens que se seguem.
(Cespe/STJ/Analista Judiciário/2015) Acerca do processo ad‑ 99. Praticado ato ilegal por agente da PRF, deve a adminis‑
ministrativo e da improbidade administrativa, julgue o item tração revogá-lo.
que se segue. 100. Por ser órgão do Ministério da Justiça, a PRF é órgão do
89. Os sucessores da pessoa que causar lesão ao patrimônio Poder Executivo, integrante da administração direta.
público ou enriquecer-se ilicitamente poderão sofrer 101. Os atos praticados pelos agentes públicos da PRF estão
as consequências das sanções patrimoniais previstas sujeitos ao controle contábil e financeiro do Tribunal de
na Lei de Improbidade Administrativa até o limite do Contas da União.
valor da herança.
(Cespe/PRF/Policial Rodoviário Federal/2013) No que con‑
(Cespe/MEC/Nível Superior/2015) Com base nas Leis nº cerne ao regime jurídico do servidor público federal, julgue
8.112/1990 e nº 8.429/1992, julgue o item a seguir. os próximos itens.
90. O servidor deve atualizar sua declaração de bens anu‑ 102. Anulado o ato de demissão, o servidor estável será
almente, bem como na data em que deixar o cargo. reintegrado ao cargo por ele ocupado anteriormente,
exceto se o cargo estiver ocupado, hipótese em que
(Cespe/MPOG/Analista Técnico Administrativo/2015) A Esco‑ ficará em disponibilidade até aproveitamento posterior
la Nacional de Administração Pública (ENAP) é uma entidade em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis.
dotada de personalidade jurídica de direito privado, vincu‑ 103 . O servidor público federal investido em mandato eletivo
lada ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão municipal somente será afastado do cargo se não hou‑
(MP), órgão integrante da estrutura administrativa da União. ver compatibilidade de horário, sendo-lhe facultado,
Considerando essas informações, julgue os próximos itens. em caso de afastamento, optar pela sua remuneração.
91. A criação da ENAP constitui típica descentralização de 104. Não é possível a aplicação de penalidade a servidor
competência por meio de delegação do serviço a um inativo, ainda que a infração funcional tenha sido pra‑
ente colaborador. ticada anteriormente à sua aposentadoria.
92. A criação de pessoa jurídica de direito privado integran‑
105. A nomeação para cargo de provimento efetivo será re‑
te da administração pública dá-se por meio da inscrição
alizada mediante prévia habilitação em concurso pú‑
de seus atos constitutivos no registro público compe‑
blico de provas ou de provas e títulos ou, em algumas
tente, desde que haja autorização legal.
situações excepcionais, por livre escolha da autoridade
93. Por meio da técnica denominada desconcentração, po‑
competente.
derá o presidente da República, utilizando-se de decre‑
106. Somente são considerados atos de improbidade ad‑
to, criar dois novos ministérios e repartir entre eles as
ministrativa aqueles que causem lesão ao patrimônio
competências do MP, desde que não haja aumento de
despesa. público ou importem enriquecimento ilícito.
94. João, agente administrativo de uma empresa estatal 107. A administração não pode estabelecer, unilateralmen‑
prestadora de serviço público, no exercício de suas fun‑ te, obrigações aos particulares, mas apenas aos seus
ções, causou prejuízo a terceiro, não usuário do serviço. servidores e aos concessionários, permissionários e
Nessa situação hipotética, o indivíduo prejudicado deve delegatários de serviços públicos.
provar a culpa de João para exigir da empresa estatal a
reparação dos danos que lhe foram causados. (Cespe/TJDFT/Analista Judiciário/2015) Com relação ao pro‑
cesso administrativo e à improbidade administrativa, julgue
(Cespe/MPOG/Analista Técnico Administrativo/2015) Em re‑ o item subsequente.
Noções de Direito Administrativo

lação ao controle administrativo, julgue o item subsequente. 108. Estará impedido de atuar em processo administrativo
95. O controle interno deriva do poder de autotutela que a instaurado pelo TJDFT o analista judiciário que estiver
administração tem sobre seus próprios atos e agentes. litigando judicialmente com primo do interessado no
processo.
Um PRF, ao desviar de um cachorro que surgiu inesperada‑
mente na pista em que ele trafegava com a viatura de polícia, (Cespe/TCE-RN/Auditor/2015) Uma empregada terceirizada
colidiu com veículo que trafegava em sentido contrário, o que acusou seu superior hierárquico, servidor de órgão público,
ocasionou a morte do condutor desse veículo. de que ele lhe teria tocado por trás e dado um beijo em sua
nuca. Com base nessa afirmação, abriu-se uma sindicância
(Cespe/PRF/Policial Rodoviário Federal/2013) Com base nes‑ investigativa para apurar o fato, mas a comissão sindicante
sa situação hipotética, julgue os itens a seguir. concluiu que a situação não se enquadrava em qualquer falha
96. Em razão da responsabilidade civil objetiva da adminis‑ funcional. Acerca dessa situação hipotética e de aspectos
tração, o PRF será obrigado a ressarcir os danos causa‑ diversos a ela correlatos, bem como de direitos e deveres e
dos à administração e a terceiros, independentemente responsabilização administrativa de agentes públicos, julgue
de ter agido com dolo ou culpa. o item a seguir.

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109. Ordinariamente, a sindicância é procedimento adminis‑ podendo a lei, em determinadas hipóteses, dispensar
trativo inquisitório e nela não cabe contraditório nem essa exigência.
ampla defesa, desde que não se converta em processo 121. Considere que, em um processo administrativo, um
disciplinar principal que fundamente a aplicação de pe‑ servidor público federal tenha requerido a concessão
nalidade de advertência ou de suspensão. de vantagem pessoal. Considere, ainda, que a admi‑
nistração tenha fixado prazo para que o interessado
(Cespe/Telebras/Advogado/2015) A respeito da regulação apresentasse os documentos necessários à análise do
dos processos administrativos no âmbito da administração pedido formulado e que esses documentos não tenham
pública federal, julgue os itens seguintes. sido entregues no prazo estipulado. Nessa situação, o
110. Segundo entendimento dos tribunais superiores, a subs‑ processo deverá ser arquivado.
tituição de juízo de valor de efeito suspensivo a recurso
administrativo, por se situar na esfera discricionária da (Cespe/TRE-GO/Analista Judiciário/Área Administrativa/2015)
autoridade administrativa competente, não é da alçada Durante a realização de escavações para a expansão de obra
do Poder Judiciário. de metrô, de responsabilidade do governo federal, ocorreu
111. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o prazo acidente que resultou na abertura de imensa cratera em área
para interposição de recurso administrativo, sem pre‑ residencial e consequente desmoronamento de um edifício
visão legal de prorrogação. com soterramento de veículos. Os particulares prejudicados
pretendem formular pedidos de ressarcimento junto à ad‑
(Cespe/STJ/Analista Judiciário/2015) Acerca do processo ministração pública. Considerando essa situação hipotética
administrativo e da improbidade administrativa, julgue os e as regras contidas na Lei nº 9.784/1999, julgue os itens
itens que se seguem. que se seguem.
112. O órgão público não pode delegar sua competência para 122. Os interessados deverão aguardar decisão administrati‑
a edição de atos normativos. va referente aos seus pedidos para, então, se insatisfei‑
113. Admite-se, em caráter excepcional, a avocação definiti‑ tos, buscarem a via judicial para a resolução da questão.
va de competência atribuída a órgão hierarquicamente 123. O prazo para a interposição de recurso administrativo
inferior. contra eventual decisão denegatória dos pedidos de
114. No processo administrativo, após o encerramento da ressarcimento é de 15 dias, contados a partir da data
fase de instrução probatória, o poder público tem prazo
da intimação do interessado.
de trinta dias para tomar a decisão, sendo possível a
124. Se não houver preceito legal em sentido contrário, os
prorrogação por igual período, desde que devidamente
pedidos dos interessados podem ser reunidos em um
motivada.
único requerimento, desde que tenham conteúdo e
115. Em regra, os recursos administrativos, quando inter‑
fundamentos idênticos.
postos pelos interessados, têm efeito suspensivo.

(Cespe/FUB/Administrador/2015) No que tange à improbi‑ (Cespe/TRE-GO/Analista Judiciário/Área Administrativa/2015)


dade administrativa e ao processo administrativo federal, Acerca dos atos administrativos e do processo administrativo
julgue o seguinte item. sob o regime da Lei nº 9.784/1999, julgue os itens a seguir.
116. O servidor que estiver litigando judicialmente com o 125. Conforme expressa disposição da Lei nº 9.784/1999, se
titular de algum direito em processo administrativo ocorrer equivocada interposição de recurso administra‑
ficará impedido de atuar no feito. tivo perante autoridade incompetente, será indicada
ao recorrente a autoridade competente e devolvido o
(Cespe/FUB/Administrador/2015) Com base na Lei Federal prazo recursal.
nº 8.429/1992 e na Lei Federal nº 9.784/1999, julgue o pró‑ 126. Conforme entendimento consolidado do Supremo Tri‑
ximo item. bunal Federal, a revogação de ato administrativo que
117. É obrigatório que os procedimentos administrativos já gerou efeitos concretos exige regular processo ad‑
que ocorrem no âmbito dos órgãos da administração ministrativo
direta e indireta dos poderes executivos da União, dos
estados, do DF e dos municípios sejam regulados pela (Cespe/Antaq/Nível Superior/2014) No que se refere ao con‑
Lei Federal nº 9.784/1999. trole da administração pública, à improbidade administrativa
e ao processo administrativo, julgue o item subsequente.
(Cespe/CGE-PI/Auditor/2015 – Adaptada) Julgue os itens se‑ 127. Cabe recurso, pela parte interessada, das decisões
guintes, referentes à disposição da Lei nº 9.784/1999 — Lei administrativas, dirigido à autoridade que ocupe grau
Noções de Direito Administrativo

do Processo Administrativo. hierárquico superior ao daquela que tenha proferido a


118. A edição de atos de caráter normativo e a decisão de decisão.
recursos administrativos não podem ser objetos de de‑
legação. (Cespe/Antaq/Especialista em Regulação – Economia/2014)
119. O processo administrativo poderá iniciar-se de ofício Com relação aos recursos de administração, ao controle da
ou em razão de requerimento do interessado. atividade financeira do Estado, à lei de improbidade admi‑
nistrativa e à prescrição administrativa, julgue o item sub‑
(Cespe/FUB/Nível Superior/2015) Com base no que dispõem secutivo.
a Lei nº 9.784/1999, o Estatuto e o Regimento Geral da UnB, 128. O recurso administrativo é uma forma de petição inade‑
julgue os itens que se seguem. quada para iniciar processos de interesses do adminis‑
120. Como decorrência dos princípios da legalidade e da trado, nos casos em que se requeira da administração
segurança jurídica, é correto afirmar que os proces‑ a concessão de direitos de natureza personalíssima.
sos administrativos regidos pela Lei nº 9.784/1999 de‑
vem, em regra, guardar estrita correspondência com (Cespe/Anatel/Analista Administrativo – Direito/2014) Cláu‑
as formas estabelecidas para cada espécie processual, dio requereu à Anatel a revogação de autorização para a

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instalação de antena de telefonia móvel na região em que e, no caso da devolução dos valores já pagos aos ser‑
mora, sob o argumento de que a área onde o equipamento vidores, esta dependerá de instauração de processo
será instalado é densamente povoada e a antena emite ra‑ administrativo, assegurados a ampla defesa e o con‑
diação nociva à saúde da população local. Considerando essa traditório.
situação hipotética, julgue os itens que se seguem.
129. A autoridade competente tem o dever de emitir deci‑ (Cespe/MEC/Analista Processual/2014) A respeito do pro‑
são, devidamente motivada, a respeito do requerimen‑ cesso administrativo, julgue os seguintes itens.
to de Cláudio, não sendo suficiente que a motivação 139. Embora estabelecido na legislação brasileira o dever
consista apenas de declaração de concordância com de a administração adotar formas mais simples para
parecer proferido pela área técnica da Anatel. instauração de processos administrativos, determina‑
130. Ainda que Cláudio desista do requerimento, a Anatel das informações são necessárias para o requerimento
pode, existindo interesse público, dar prosseguimento escrito inicial do interessado na abertura do processo
ao processo. administrativo, como, por exemplo, a obrigatoriedade
131. Caso seja negado o pedido de Cláudio, os demais mo‑ de indicação do domicílio do requerente ou do local
radores da localidade onde será instalada a antena são para recebimento de comunicações.
legitimados para apresentar recurso contra a decisão. 140. Um órgão administrativo somente em caráter excep‑
cional e temporário poderá avocar a competência de
(Cespe/ICMBio/Nível Superior/2014) Julgue o item que se outros órgãos, ainda que estes não lhe sejam hierar‑
segue, com base nas disposições da Lei nº 8.112/1990 e da quicamente subordinados.
Lei nº 9.784/1999.
132. Considere que, ao conferir o conteúdo de requerimento (Cespe/MEC/Nível Superior/2014) Com base na disciplina
apresentado por um cidadão ao ICMBio, o analista res‑ legal e na doutrina nacional acerca dos atos e processos ad‑
ponsável tenha recusado o recebimento do documento ministrativos, julgue os próximos itens.
por ausência de alguns dados. Nessa situação, é vedada 141. A motivação do ato administrativo deve ser explícita,
à administração a recusa imotivada do documento, ca‑ clara e congruente, não sendo suficiente a declaração
bendo ao servidor orientar o cidadão a suprir as falhas. de concordância com fundamentos de anteriores pa‑
receres, informações, decisões ou propostas.
(Cespe/TCDF/Analista Administrativo/Tecnologia da Informa‑ 142. O recurso administrativo, em regra, apresenta efeito
ção/2014) Com base nas disposições da Lei nº 8.429/1992 e devolutivo, admitindo, excepcionalmente, efeito sus‑
da Lei nº 9.784/1999, julgue o item a seguir. pensivo.
133. Nos processos administrativos, as intimações serão
nulas quando feitas sem observância das prescrições A Constituição Federal de 1988 (CF) acolheu a garantia do
legais, no entanto o comparecimento do administrado devido processo legal, de origem anglo-saxônica, asseguran‑
supre sua falta ou sua irregularidade. do que a atuação da administração pública seja realizada
mediante “um processo formal regular para que sejam atin‑
(Cespe/MEC/Analista Processual/2014) Com base no enten‑ gidas a liberdade e a propriedade de quem quer que seja
dimento jurisprudencial e na legislação federal que rege o e a necessidade de que a administração pública, antes de
processo administrativo, julgue os itens. tomar as decisões gravosas a um dado sujeito, ofereça-lhe
134. Na ausência de legislação local específica, os demais a possibilidade de contraditório e ampla defesa, no que se
entes da Federação devem aplicar as normas previstas inclui o direito a recorrer das decisões tomadas”.
na lei federal, que regula o processo administrativo no Celso Antônio B. Mello. Curso de direito administrativo. São Paulo:
âmbito da administração pública federal direta e indi‑ Malheiros, 2005, p. 103 (com adaptações).
reta.
135. De acordo com a lei do processo administrativo fede‑ (Cespe/Câmara dos Deputados/Analista Legislativo/2014)
ral, autoridade é qualquer servidor ou agente público Tendo o texto acima como referência inicial e considerando
dotado de poder de decisão. os múltiplos aspectos relacionados ao direito administrativo
136. É garantido ao administrado o direito de ter ciência da que ele suscita, julgue o seguinte item.
tramitação de processo administrativo em que tenha a 143. De acordo com a Lei nº 9.784/1999, que regula o pro‑
condição de interessado, podendo a intimação se dar cesso administrativo federal, é desnecessária a motiva‑
por via postal com aviso de recebimento, telegrama ou ção dos atos administrativos discricionários, entretanto,
qualquer outro meio que assegure a certeza da ciência uma vez expressa a motivação, a validade desses atos
Noções de Direito Administrativo

do interessado. fica vinculada aos motivos indicados como seu funda‑


137. Os princípios constitucionais da igualdade e da impesso‑ mento.
alidade impedem o tratamento prioritário no processo
administrativo no qual figure como parte ou interessada Servidor da Câmara dos Deputados formulou pedido admi‑
pessoa maior de sessenta anos de idade. nistrativo em novembro de 2013 requerendo a anulação de
ato administrativo de agosto de 2007, que lhe aplicou pena
(Cespe/MEC/Analista Processual/2014) O setor de gestão de suspensão de sessenta dias. Alegou cerceamento de de‑
de pessoas constatou que havia indevidamente incorpora‑ fesa devido à ausência de defesa por advogado no processo
do o pagamento de gratificações em favor de um grupo de originário. Sustentou, ainda, ilegalidade da oitiva de teste‑
servidores de determinado órgão público. As gratificações munhas adicionais, nomeadas pelo presidente da comissão
indevidas foram pagas nos últimos oito meses. Diante dessa de processo administrativo disciplinar. O presidente, então,
situação hipotética, julgue o item abaixo. nomeou advogado para acompanhar o trâmite do requeri‑
138. Conforme jurisprudência do STF, é lícita a imediata in‑ mento e defender, se necessário, os seus procedimentos. O
terrupção dos pagamentos das gratificações indevidas pedido de anulação da pena foi indeferido, sob o argumento

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de prescrição. O servidor foi comunicado da decisão, intima‑ tadual (TCE) deparou-se com erro de cálculo de reajuste
do a recolher custas e honorários advocatícios e informado de precatório e outras possíveis irregularidades. O referido
sobre a necessidade de depósito prévio como condição de precatório foi reajustado de R$ 17 milhões, montante da
admissibilidade de eventual recurso administrativo. dívida calculado em 1997, para R$ 165 milhões, em 2010. O
refazimento do cálculo foi determinado pelo presidente do
(Cespe/Câmara dos Deputados/Analista Legislativo/2014) tribunal, mas o precatório não sofreu qualquer impugnação,
Considerando a lei e a jurisprudência acerca de processos mesmo diante do reajuste de mais de 1.000%. Por fim, foi
administrativos, julgue os itens a seguir, a partir da situação selado termo de compromisso judicial para o pagamento
hipotética acima. parcelado de R$ 85 milhões, o que ainda representava um
144. Não se observa, na situação apresentada, violação a reajuste superior a 500% do valor original. Ocorre que, se‑
decisão do STF. gundo os cálculos realizados pelo TCE, o reajuste aplicado
145. Não há ilegalidade na conduta do presidente da comis‑ ao valor original alcançaria o montante de R$ 72 milhões em
são de nomear testemunhas de ofício para comprova‑ lugar dos R$ 165 milhões apontados pelo setor de precatórios
ção dos fatos apurados em processo administrativo. do respectivo tribunal de justiça. A situação foi levada para
146. Nesse caso, é inviável a aplicação do princípio da su‑ o pleno do referido TCE para análise e decisão.
cumbência.
147. O prejuízo à ampla defesa ficou caracterizado no pro‑ (Cespe/TCE-RN/Auditor/2015) De acordo com a situação
cesso originário, configurando assim nulidade absolu‑ hipotética acima, julgue o seguinte item.
ta, que é imprescritível e insanável; daí o equívoco da 154. Em caso de comprovação de irregularidades referentes
decisão administrativa ao sustentar prescrição. a parcelas já pagas e enriquecimento ilícito de agentes
públicos e terceiros, o presidente do TCE deverá reque‑
(Cespe/Funpresp-Exe/Nível Superior/2016) Com base no rer diretamente ao Poder Judiciário a indisponibilidade
disposto na Lei nº 8.429/1992 e na Constituição Federal de de bens dos envolvidos para assegurar o integral res‑
1988 (CF), julgue o item a seguir, a respeito da improbidade sarcimento do dano.
administrativa.
148. Os herdeiros daquele que causar lesão ao patrimônio (Cespe/Telebras/Analista/Administrador/2015) Julgue os itens
público estarão sujeitos às cominações legais até o li‑ que se seguem acerca de improbidade administrativa.
mite do valor da herança. 155. Como a lei de improbidade administrativa tem abran‑
gência nacional, não há nenhuma margem para o exer‑
(Cespe/TJDFT/Analista Judiciário/2015) Julgue o item a seguir cício da competência legislativa concorrente e comple‑
à luz da Lei de Improbidade Administrativa. mentar por parte de estado da Federação.
149. Considerando a interpretação conferida pelo Supremo 156. O enquadramento de ato como atentatório à probida‑
Tribunal Federal ao conceito de agentes públicos, todos de administrativa parte de uma concepção restrita da
os agentes políticos estão sujeitos às disposições da Lei legalidade, o que resultou em enumeração taxativa de
condutas no texto legal.
de Improbidade Administrativa.
(Cespe/AGU/Advogado/2015) Julgue o item a seguir, refe‑
(Cespe/TJDFT/Analista Judiciário/2015) Com relação ao pro‑
rente a agentes públicos.
cesso administrativo e à improbidade administrativa, julgue
157. Se determinado agente público responder ação de
o item subsequente.
improbidade administrativa por desvio de recursos
150. Ainda que não haja trânsito em julgado da sentença públicos, um eventual acordo ou uma eventual tran‑
condenatória em ação de improbidade administrativa sação entre as partes envolvidas no processo estarão
proposta contra servidor do TJDFT, a autoridade judi‑ condicionados ao ressarcimento integral dos recursos
cial ou administrativa competente poderá determinar públicos ao erário antes da sentença.
o afastamento do servidor do exercício da função, sem
prejuízo de sua remuneração, quando a medida se fizer (Cespe/STJ/Analista Judiciário/2015) Julgue o item seguin‑
necessária à instrução processual. te, acerca do controle exercido e sofrido pela administração
pública.
(Cespe/TCE-RN/Assessor Jurídico/2015) No que se refere à 158. Membros do Ministério Público não podem sofrer san‑
responsabilidade e ao controle da administração pública, ções por ato de improbidade administrativa em razão
julgue os itens subsequentes. de seu enquadramento como agentes políticos e de sua
151. Os membros do Ministério Público são alcançados pela vitaliciedade no cargo.
Lei de Improbidade Administrativa e podem sofrer a
Noções de Direito Administrativo

sanção de perda da função pública. (Cespe/STJ/Analista Judiciário/2015) Acerca do processo ad‑


152. A prática de ato de improbidade por particular prescin‑ ministrativo e da improbidade administrativa, julgue o item
de da participação de agente público para sua configu‑ que se segue.
ração. 159. A ação de improbidade administrativa só pode ser pro‑
posta pelo Ministério Público.
(Cespe/TCE-RN/Administrador/2015) Considerando as dis‑
posições da Lei de Improbidade Administrativa, julgue o (Cespe/FUB/Administrador/2015) No que tange à improbi‑
próximo item. dade administrativa e ao processo administrativo federal,
153. Os sujeitos ativos do ato de improbidade administrativa julgue o seguinte item.
restringem-se aos agentes públicos que concorram para 160. Em relação ao alcance subjetivo da improbidade admi‑
a prática da conduta de improbidade perpetrada contra nistrativa, verifica-se que os órgãos da administração
a administração ou a induzam. direta e indireta dos três poderes e de qualquer um dos
entes federados configuram-se como sujeitos passivos
Na análise de contas de determinado estado da Federação imediatos do ato caracterizado pela improbidade ad‑
no ano de 2012, o corpo técnico do tribunal de contas es‑ ministrativa.

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161. Em inquéritos que apurem crime de improbidade ad‑ (Cespe/Antaq/Especialista em Regulação/Economia/2014)
ministrativa, é vedado à autoridade administrativa res‑ Com relação aos recursos de administração, ao controle da
ponsável pelo inquérito decretar a indisponibilidade dos atividade financeira do Estado, à lei de improbidade admi‑
bens do indiciado, pois a presunção de inocência é um nistrativa e à prescrição administrativa, julgue os itens sub‑
direito constitucionalmente protegido secutivos.
170. O empresário que, na condição de contratado pela ad‑
(Cespe/FUB/Auditor/2015) A respeito do controle da admi‑ ministração pública, auferir vantagem patrimonial in‑
nistração pública, julgue o próximo item. devida por meio de fraude em licitação, comete crime
162. O particular tem legitimidade para figurar como sujeito previsto na lei de improbidade administrativa.
ativo de ato de improbidade administrativa, isolada e in‑ 171. O empresário que, na condição de contratado pela ad‑
dependentemente da participação de agentes públicos. ministração pública, auferir vantagem patrimonial in‑
163. A aplicação de sanções pela prática de ato de improbi‑ devida por meio de fraude em licitação, comete crime
dade administrativa prescinde da ocorrência de dano previsto na lei de improbidade administrativa
ao patrimônio público
(Cespe/TCDF/Analista Administrativo/2014) Com base nas
Maria, servidora pública federal estável, integrante de co‑ disposições da Lei nº 8.429/1992 e da Lei nº 9.784/1999,
missão de licitação de determinado órgão público do Poder julgue o item a seguir.
Executivo federal, recebeu diretamente, no exercício do 172. A legitimidade ativa para propor a ação de improbida‑
cargo, vantagem econômica indevida para que favorecesse de administrativa é sempre da pessoa jurídica que foi
determinada empresa em um procedimento licitatório. Após vítima do ato de improbidade, cabendo ao Ministério
o curso regular do processo administrativo disciplinar, con‑ Público intervir na demanda apenas na condição de
firmada a responsabilidade de Maria na prática delituosa, fiscal da lei.
foi aplicada a pena de demissão.
(Cespe/TCDF/Analista – Orçamento e Finanças/2014) Julgue
(Cespe/FUB/2015) Considerando essa situação hipotética, os itens seguintes, com base na Lei de Improbidade Admi‑
julgue o item a seguir, com base na legislação aplicável ao nistrativa.
caso. 173. Se autoridade administrativa considerar necessária à
164. A infração praticada por Maria caracteriza-se como ato instrução processual o afastamento do agente público
de improbidade administrativa que importa enriqueci‑ do exercício de seu cargo ou função durante a apuração
mento ilícito. de ato de improbidade administrativa, o pagamento da
remuneração desse agente será interrompido, devendo
ser restabelecido se afastado o risco de dano ao erário.
(Cespe/FUB/2015) Com base nas disposições contidas nas
174. A entrega de cópia da declaração anual de bens enviada
Leis nº 8.112/1990 e nº 8.429/1992, julgue o item subse‑
à Receita Federal supre a exigência de que o agente
quente.
público em exercício encaminhe, ao respectivo órgão ao
165. Suponha que determinado servidor público federal te‑
qual esteja prestando serviços, os dados e informações
nha permitido, de forma culposa, a realização de des‑
sobre o seu patrimônio e o de seus dependentes.
pesas não autorizadas em lei. Nessa hipótese, embora
tenha sido cometido ato de improbidade administrativa (Cespe/PRF/Policial Rodoviário Federal/2013) No que se re‑
que causou prejuízo ao erário, nos termos da lei, não fere ao regime jurídico administrativo, julgue os itens sub‑
se exige o ressarcimento integral do dano, haja vista a secutivos.
inexistência de dolo na conduta do servidor. 175. Somente são considerados atos de improbidade ad‑
ministrativa aqueles que causem lesão ao patrimônio
(Cespe/TRE-GO/Analista Judiciário/2015) Acerca de impro‑ público ou importem enriquecimento ilícito.
bidade administrativa e controle da administração pública,
julgue os itens a seguir. (Cespe/INSS/Analista do Seguro Social/2016) Com base no
166. Embora possa corresponder a crime definido em lei, o disposto no Decreto nº 6.029/2007 e na Lei nº 8.112/1990,
ato de improbidade administrativa, em si, não constitui julgue os itens subsequentes, que versam sobre direitos e
crime. deveres de servidores públicos.
167. A sanção de perda da função pública decorrente de 176. É proibido ao servidor público atuar como intermediário
sentença em ação de improbidade administrativa não junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de
tem natureza de sanção administrativa. benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes
até o segundo grau e de cônjuge ou companheiro.
Noções de Direito Administrativo

(Cespe/DPU/Defensor Público/2015) Em relação a impro‑ 177. Caso um procedimento instaurado por comissão de
bidade administrativa e responsabilidade civil do servidor ética receba a chancela de reservado, o investigado só
público federal, julgue o item subsequente. terá direito de saber o que lhe está sendo imputado,
168. O rol de condutas tipificadas como atos de improbidade de conhecer o teor da acusação e de ter vista dos autos
administrativa constante na Lei de Improbidade (Lei nº após a regular notificação para prestar esclarecimentos.
8.429/1992) é taxativo.
(Cespe/INSS/Técnico do Seguro Social/2016) Considerando
(Cespe/Antaq/Nível Superior/2014) No que se refere ao con‑ que determinado servidor público federal tenha sido re‑
trole da administração pública, à improbidade administrativa movido para outra sede, situada em outro município, para
e ao processo administrativo, julgue o item subsequente. acompanhar sua esposa, que também é servidora pública
169. Embora os particulares se sujeitem à Lei de Improbidade federal e foi removida no interesse da administração, julgue
Administrativa, não é possível o ajuizamento de ação os itens seguintes à luz do disposto na Lei nº 8.112/1990.
de improbidade administrativa exclusivamente contra 178. Ainda que o servidor e sua esposa sejam integrantes
particular, sem a presença de agente público no polo de órgãos pertencentes a poderes distintos da União,
passivo da demanda. a remoção do servidor poderia ser concedida.

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179. É correto inferir que houve interesse da administração 191. Somente nos casos previstos em lei poderá haver a
na remoção do servidor, pois esse é um dos requisitos prestação gratuita de serviços ao poder público.
para sua concessão. 192. Em face da garantia da estabilidade, o servidor público
180. A referida remoção pressupõe o deslocamento do cargo estável só perderá o cargo por força de decisão judicial.
ocupado pelo servidor para outro órgão ou entidade do
mesmo poder. (Cespe/DPU/Técnico em Assuntos Educacionais/2016) Com
181. O período de afastamento do servidor para o desloca‑ base nas disposições da Lei nº 8.112/1990, julgue os seguin‑
mento e para a retomada do exercício do cargo no novo tes itens.
município, observados os limites legais, é considerado 193. Situação hipotética: Cláudio, servidor público federal,
como de efetivo exercício. foi demitido após ter respondido a processo adminis‑
trativo pela suposta prática de ato de improbidade
(Cespe/INSS/Técnico do Seguro Social/2016) Julgue os itens administrativa. Inconformado, Cláudio ingressou com
subsecutivos conforme o disposto na Lei nº 8.112/1990. ação judicial e conseguiu anular a demissão, tendo sido
182. Como medida que contribui para a melhoria da quali‑ reinvestido no cargo. Assertiva: Nesse caso, a reinves‑
dade de vida do servidor público, é-lhe facultado optar tidura de Cláudio no cargo público se dará por meio da
pela acumulação de períodos de licença-capacitação, reversão.
caso não seja possível usufruí-los após cada período 194. O cargo público, definido como o conjunto de atribui‑
aquisitivo. ções e responsabilidades incumbidas ao servidor, é
183. Em conformidade com a Lei nº 8.112/1990, o servidor criado por lei para provimento em caráter efetivo ou
público poderá ser afastado do Brasil para missão oficial em comissão.
por tempo indeterminado. 195. Situação hipotética: Giorgio, de quarenta anos de ida‑
de, é cidadão italiano e não tem nacionalidade brasi‑
(Cespe/INSS/Técnico do Seguro Social/2016) Julgue o item leira. Foi aprovado, dentro do número de vagas, em
que se segue, acerca da administração pública. concurso público para prover cargo do professor de en‑
184. No cômputo do limite remuneratório (chamado de teto sino superior de determinada universidade federal, tem
constitucional), devem ser consideradas todas as par‑ o nível de escolaridade exigido para o cargo e aptidão
celas percebidas pelo agente público, incluídas as de física e mental. Assertiva: Nessa situação, por não ter
caráter indenizatório. a nacionalidade brasileira, Giorgio não poderá tomar
posse no referido cargo.
(Cespe/Funpresp-Exe/Especialista/2016) Com relação aos
convênios administrativos, aos agentes públicos e à respon‑
(Cespe/DPU/Técnico em Assuntos Educacionais/2016) Com
sabilidade civil do Estado, julgue o item a seguir.
base nas disposições da Lei nº 8.112/1990, julgue o seguinte
185. De acordo com a Lei nº 8.112/1990, tendo sofrido li‑
item.
mitação em sua capacidade física ou mental, verificada
196. Ascensão e reintegração são formas de provimento de
em inspeção médica, o servidor público estará sujeito
cargo público.
a readaptação, que consiste na investidura em outro
cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis
com as do cargo por ele anteriormente ocupado. (Cespe/DPU/Técnico em Assuntos Educacionais/2016) Ainda
com base no disposto na Lei nº 8.112/1990 e na Constituição
(Cespe/Funpresp-Exe/Especialista/2016) Com base na juris‑ Federal de 1988 (CF), julgue os próximos itens.
prudência majoritária e atual do STJ concernente à concessão 197. Servidor do Instituto Nacional do Seguro Social que
de serviços públicos, ao poder disciplinar e aos bens públicos, agir como procurador de seu cônjuge na obtenção de
julgue o item a seguir. benefício previdenciário violará proibição estabelecida
186. Será ilegal a execução de penalidade administrativa im‑ no regime disciplinar dos servidores públicos federais.
posta a servidor público em processo administrativo 198. É permitido o exercício de mais de um cargo em comis‑
disciplinar se a decisão ainda não tiver transitado em são, desde que seja na condição de interino.
julgado administrativamente, mesmo que o recurso 199. Com referência ao servidor público federal, a respon‑
pendente não possua efeito suspensivo. sabilidade administrativa e a penal são independentes
entre si, podendo cumular-se, salvo no caso de absol‑
(Cespe/DPU/Agente Administrativo/2016) Com base nas dis‑ vição criminal que negue a ocorrência do fato ou a sua
posições da Lei nº 8.112/1990, que trata do regime jurídico autoria.
dos servidores públicos federais, julgue os itens a seguir. 200. O servidor que for nomeado para cargo de provimento
Noções de Direito Administrativo

187. Além do vencimento, poderão ser pagos ao servidor efetivo será submetido, após entrar em exercício, a está‑
indenizações, gratificações e adicionais, vantagens que gio probatório de três anos, no qual será avaliado com
serão incorporadas ao seu vencimento. base na assiduidade, disciplina, capacidade de iniciativa,
188. Situação hipotética: Carlos trabalha em atividade con‑ produtividade e responsabilidade.
siderada insalubre e perigosa e faz jus ao recebimento
dos adicionais de insalubridade e de periculosidade. (Cespe/DPU/Todos os Cargos/2016) Ainda com base no dis‑
Assertiva: Nesse caso, Carlos deverá optar por um de‑ posto na Lei nº 8.112/1990 e na Constituição Federal de 1988
les, sendo-lhe vedado acumular os dois adicionais (CF), julgue os próximos itens.
189. O tempo de serviço público prestado a estado, a mu‑ 201. A inassiduidade habitual será apurada mediante pro‑
nicípio ou ao Distrito Federal será contado, para todos cedimento sumário, cabendo, nesse caso, a penalidade
os efeitos, no âmbito federal. de remoção ou de advertência.
190. Caso o servidor público tenha causado danos ao poder 202. Ao servidor público federal que tenha recebido certidão
público, a obrigação de reparar tais danos estende-se emitida por órgão público estadual para instruir pedido
aos seus sucessores e contra eles será executada, até administrativo é lícito exigir o reconhecimento de firma
o limite do valor da herança recebida. da autoridade estadual.

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Uma autarquia federal, desejando comprar um bem imóvel 213. As sanções penais, civis e administrativas são indepen‑
— não enquadrado nas hipóteses em que a licitação é dispen‑ dentes entre si, o que justifica a eventual responsabili‑
sada, dispensável ou inexigível — com valor de contratação zação civil e administrativa do servidor, mesmo quando
estimado em R$ 50.000,00, efetuou licitação na modalidade absolvido criminalmente pela ausência de autoria.
concorrência.
(Cespe/TJDFT/Técnico Administrativo/2016) Com base no
(Cespe/DPU/Analista Técnico Administrativo/2016) Conside‑ disposto na Lei n.º 8.112/1990, julgue os itens a seguir.
rando a situação descrita, julgue o item a seguir, acerca da 214. De acordo com o entendimento firmado pelo STF, ape‑
organização administrativa da União, das licitações e con‑ nas nos casos expressamente previstos em lei pode o
tratos administrativos e do disposto na Lei nº 8.112/1990. servidor aposentar-se com proventos integrais em razão
203. Servidor público efetivo da referida autarquia federal de doença grave ou incurável.
que, no curso do processo licitatório, recusasse fé a 215. Indivíduo aposentado em emprego público pelo regime
documento público regularmente apresentado por um oficial da previdência social pode tanto exercer função
dos licitantes não estaria sujeito a sanção administrativa pública em caráter temporário quanto ocupar cargo
prevista na Lei nº 8.112/1990, uma vez que servidores em comissão de livre nomeação, por não se configurar,
de autarquias submetem-se a regime jurídico próprio. nesses casos, acumulação de cargos públicos.

(Cespe/DPU/Analista Técnico Administrativo/2016) Em rela‑ (Cespe/TJDFT/Analista Judiciário/2015) Acerca das respon‑


ção aos serviços públicos e ao disposto na Lei nº 8.112/1990, sabilidades e penalidades do servidor público, julgue o item
julgue os itens seguintes. que se segue.
204. A investidura em cargo público em comissão ocorre 216. O servidor não efetivo que ocupe cargo em comissão
com a nomeação e independe de prévia habilitação será demitido do cargo nos casos de infração sujeita às
em concurso público. penalidades de suspensão e de demissão.
205. Os servidores contratados por tempo determinado para
atender à necessidade temporária de excepcional inte‑ (Cespe/TJDFT/Analista Judiciário/2015) A respeito dos ser‑
resse público e os empregados públicos classificam-se, vidores públicos e de improbidade administrativa, julgue o
em virtude da ausência de estabilidade, como servido‑ item seguinte.
res temporários. 217. Para o STJ, o candidato aprovado em concurso público,
206. Readaptação é a investidura do servidor em cargo de mas classificado fora do número de vagas previstas no
atribuições e responsabilidades compatíveis com a li‑ edital, tem direito subjetivo à nomeação se o candida‑
mitação em sua capacidade física ou mental, verificada to imediatamente anterior na ordem de classificação,
em inspeção médica, advinda após sua posse em cargo aprovado dentro do número de vagas e convocado, tiver
público. manifestado a sua desistência.
207. De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal, é válida a exigência de exame psicotécnico em (Cespe/TJDFT/Analista Judiciário/2015) Acerca das respon‑
concursos públicos desde que esteja a exigência previs‑ sabilidades e penalidades do servidor público, julgue o item
ta no edital do certame. que se segue.
208. A investidura em cargo público ocorre com a posse. 218. A aplicação da penalidade de demissão não poderá ser
delegada pelo presidente da República a ministro de
(Cespe/DPU/Analista Técnico Administrativo/2016) Com base Estado, sob pena de ineficácia do ato.
no disposto na Lei nº 8.112/1990, especificamente no que
concerne aos direitos, aos deveres e às responsabilidades (Cespe/TCE-RN/Inspetor/2015) No que se refere aos atos
dos servidores públicos civis, julgue o seguinte item. administrativos, aos agentes públicos, aos poderes admi‑
209. De acordo com o entendimento sumulado do Supre‑ nistrativos e ao disposto na Lei Complementar Estadual nº
mo Tribunal Federal, os servidores públicos não têm 122/1994, julgue os itens a seguir.
vencimentos irredutíveis, sendo essa prerrogativa dos 219. É vedada a imposição de quaisquer outros requisitos
membros do Poder Judiciário e dos que lhes são equi‑ ao acesso a cargos públicos que não os constantes na
parados. Constituição Federal de 1988.
210. O servidor em estágio probatório pode exercer quais‑ 220. Um agente público poderá ser responsabilizado por
quer cargos de provimento em comissão ou funções de abuso de poder ainda que atue em conformidade com
direção, chefia ou assessoramento no órgão ou entida‑ os limites legais e regulamentares de sua competência.
Noções de Direito Administrativo

de de lotação.
211. A servidora gestante tem garantido seu direito de afas‑ (Cespe/TCE-RN/Auditor/2015) Tendo em vista que, segundo
tamento das operações e locais considerados penosos, julgado do STJ, em avaliação de mandado de segurança, “não
insalubres ou perigosos durante os períodos da gesta‑ há ilegalidade na imediata execução de penalidade admi‑
ção e da lactação. nistrativa imposta em processo administrativo disciplinar a
servidor público, ainda que a decisão não tenha transitado
(Cespe/TJDFT/Técnico Judiciário/2016) De acordo com a lei em julgado administrativamente”, julgue o item subsequente,
que dispõe sobre o Regime Jurídico dos Servidores Públi‑ a respeito de atos administrativos e do controle da adminis‑
cos Civis da União, das autarquias e das fundações públicas tração pública.
federais, em especial o regime disciplinar, os deveres e as 221. Se, de processo administrativo disciplinar, resultar de‑
proibições, julgue os itens subsequentes. cisão de demissão, caberá pedido de reconsideração e
212. A conduta de atender ao público com presteza, embora recurso administrativo. O direito de recorrer adminis‑
não esteja expressamente inserida no rol dos deveres trativamente nesses casos prescreverá em até cento e
do servidor, é uma imposição ética e moral a qualquer vinte dias e o de ajuizar ação judicial questionando a
servidor público. legalidade do ato, em cinco anos.

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(Cespe/Telebras/Analista/Administrador/2015) Julgue o pró‑ 231. No que se refere ao exame psicotécnico, além de pre‑
ximo item acerca dos princípios administrativos e da respon‑ visão legal, são exigidos mais três requisitos para que
sabilidade dos agentes públicos. seja válida a sua exigência em certames públicos: ser
222. A absolvição de servidor público na esfera administrati‑ pautado em critérios objetivos e científicos, ser compa‑
va por negativa de autoria de fato que configure simul‑ tível com as atribuições normais do cargo e ser ofertado
taneamente falta disciplinar e crime repercute na esfera direito de recurso na via administrativa.
criminal para afastar a possibilidade de condenação.
(Cespe/MEC/Nível Superior/2015) Com base nas Leis nº
(Cespe/AGU/Advogado/2015) Julgue os itens a seguir, refe‑ 8.112/1990 e nº 8.429/1992, julgue os itens a seguir.
rente a agentes públicos. 232. Caso tenha sido afastado do exercício como medida
223. De acordo com o STF, embora exista a possibilidade de cautelar para ser evitada uma possível influência na
desconto pelos dias que não tenham sido trabalhados, apuração de uma irregularidade, o servidor investigado
será ilegal demitir servidor público em estágio proba‑ deixará de receber remuneração.
tório que tenha aderido a movimento paredista. 233. A acumulação lícita de um cargo efetivo com um cargo
224. Se, em uma operação da Polícia Federal, um agente comissionado é possível, desde que declarada a com‑
público for preso em flagrante devido ao recebimento patibilidade de horário e local do exercício de ambos
de propina, e se, em razão disso, houver ajuizamento os cargos.
de ação penal, um eventual processo administrativo
disciplinar deverá ser sobrestado até o trânsito em jul‑ (Cespe/MPOG/Técnico de Nível Superior/2015) Julgue o item
gado do processo criminal. subsequente, relativo a agente público.
234. Se tiver de contratar pessoal por tempo determinado
(Cespe/AGU/Advogado/2015) No que se refere à responsa‑ para prestar assistência em situações de calamidade pú‑
bilidade do parecerista pelas manifestações exaradas, julgue blica, a administração pública federal, estadual, distrital
o próximo item. ou municipal poderá fazê-lo mediante processo seletivo
225. Situação hipotética: Determinado ministério, com simplificado, pois estará caracterizada a necessidade
base em parecer opinativo emitido pela sua consulto‑ temporária de excepcional interesse público.
ria jurídica, decidiu adquirir alguns equipamentos de
informática. No entanto, durante o processo de compra (Cespe/MPOG/Técnico de Nível Superior/2015) Com relação
dos equipamentos, foi constatada, após correição, ile‑ aos institutos da promoção e da substituição e à responsabi‑
galidade consistente em superfaturamento dos preços lização do servidor, julgue os itens que se seguem.
dos referidos equipamentos. Assertiva: Nessa situação, 235. A promoção representa o deslocamento do servidor de
de acordo com o entendimento do STF, ainda que não uma classe inferior para outra classe superior dentro
seja comprovada a má-fé do advogado da União, ele da mesma carreira, razão por que não pode ser consi‑
será solidariamente responsável com a autoridade que derada forma de provimento.
produziu o ato final. 236. João, agente administrativo de uma empresa estatal
prestadora de serviço público, no exercício de suas
(Cespe/AGU/Advogado/2015) De acordo com o entendimen‑ funções, causou prejuízo a terceiro, não usuário do
to do STF, julgue o item seguinte, a respeito da administração serviço. Nessa situação hipotética, a prévia aprovação
pública e do servidor público. de João em concurso público foi condição necessária
226. Segundo o STF, por força do princípio da presunção da à sua contratação como empregado público, a não ser
inocência, a administração deve abster-se de registrar, que seu vínculo seja de natureza precária.
nos assentamentos funcionais do servidor público, fa‑
tos que não forem apurados devido à prescrição da (Cespe/TCU/Auditor Federal de Controle Externo/2015) No
pretensão punitiva administrativa antes da instauração que se refere a ato administrativo, agente público e princípios
do processo disciplinar. da administração pública, julgue o próximo item.
237. A exoneração dos ocupantes de cargos em comissão
(Cespe/STJ/Técnico Judiciário/Tecnologia da Informação/2015) deve ser motivada, respeitando-se o contraditório e a
Julgue os itens a seguir, referentes a institutos diversos do ampla defesa.
direito administrativo.
227. A recondução é o retorno do servidor estável ao cargo (Cespe/TCU/Auditor Federal de Controle Externo/2015) No
anteriormente ocupado em decorrência de inabilitação que se refere aos princípios e conceitos da administração
em estágio probatório relativo a outro cargo. pública e aos servidores públicos, julgue os itens.
228. A recondução é o retorno do servidor estável ao cargo 238. A vedação ao acúmulo remunerado de cargos, empre‑
anteriormente ocupado em decorrência de inabilitação gos ou funções públicas não se estende aos empregados
Noções de Direito Administrativo

em estágio probatório relativo a outro cargo. das sociedades de economia mista.


239. O prazo de validade de concurso público é de até dois
(Cespe/STJ/Analista Judiciário/2015) A respeito da organiza‑ anos, podendo ele ser prorrogado enquanto houver
ção administrativa do Estado e do ato administrativo, julgue candidatos aprovados no cadastro de reserva.
o item a seguir.
229. Os agentes putativos são aqueles que praticam e exe‑ (Cespe/FUB/Administrador/2015) Julgue os próximos itens,
cutam atos e atividades em situações de emergência e relativos ao regime dos servidores públicos federais.
em colaboração com o poder público como se fossem 240. Um servidor nomeado para cargo de provimento efetivo
agentes estatais. ficará sujeito a estágio probatório pelo período de vinte
e quatro meses.
(Cespe/STJ/Analista Judiciário/2015) Em relação aos agentes 241. É obrigatória a aprovação prévia em concurso para pro‑
públicos, julgue os próximos itens. vimento de quaisquer cargos ou empregos na admi‑
230. O diploma ou habilitação legal exigido para o exercício nistração direta ou indireta, ressalvadas as nomeações
do cargo deve ser apresentado pelo candidato no ato para cargos em confiança, declarados em lei como de
de inscrição do concurso público pleiteado. livre nomeação e exoneração.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
242. São formas de provimento de cargo público: nomea‑ 253. O servidor público federal investido em mandato eletivo
ção, promoção, readaptação, reversão, aproveitamento, municipal somente será afastado do cargo se não hou‑
reintegração e recondução. ver compatibilidade de horário, sendo-lhe facultado,
em caso de afastamento, optar pela sua remuneração.
Paulo foi aprovado em concurso para analista, que exigia 254. Não é possível a aplicação de penalidade a servidor
nível superior. Nomeado e empossado, Paulo passou a de‑ inativo, ainda que a infração funcional tenha sido pra‑
sempenhar suas funções com aparência de legalidade. Poste‑ ticada anteriormente à sua aposentadoria.
riormente, constatou-se que Paulo jamais havia colado grau 255. A nomeação para cargo de provimento efetivo será re‑
em instituição de ensino superior, detendo, como titulação alizada mediante prévia habilitação em concurso pú‑
máxima, o ensino médio. blico de provas ou de provas e títulos ou, em algumas
situações excepcionais, por livre escolha da autoridade
(Cespe/FUB/Auditor/2015) Considerando essa situação hi‑ competente.
potética, julgue o item seguinte.
243. Evidenciada a ausência de um dos requisitos para a GABARITO
investidura, Paulo deve ser demitido do cargo público
em que fora empossado.
1. C 52. E 103. E 154. E 205. E
2. E 53. E 104. E 155. E 206. C
(Cespe/FUB/Nível Superior/2015) De acordo com o Decreto
nº 1.171/1994 (Código de Ética Profissional do Servidor Pú‑ 3. C 54. C 105. E 156. E 207. E
blico Civil do Poder Executivo Federal) e com a Lei Federal 4. C 55. C 106. E 157. e 208. C
n.º 8.112/1990 (Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis 5. E 56. E 107. E 158. e 209. C
da União), julgue o item a seguir. 6. C 57. E 108. E 159. e 210. C
244. De acordo com a Lei Federal nº 8.112/1990, vencimen‑ 7. C 58. E 109. C 160. c 211. C
to e remuneração consistem na retribuição pecuniária 8. C 59. C 110. C 161. e 212. E
pelo exercício do cargo. 9. C 60. C 111. C 162. e 213. E
10. C 61. E 112. C 163. e 214. C
(Cespe/FUB/Tecnólogo/2015) A respeito de direitos, deveres 11. E 62. C 113. E  164. c 215. C
e responsabilidades dos servidores públicos civis, julgue os 12. E 63. C 114. C 165. e 216. E
itens seguintes. 13. C 64.C 115. E 166. c 217. C
245. É dever do servidor público civil da União zelar pela 14. E 65. E 116. C 167. c 218. E
economia do material e pela conservação do patrimô‑ 15. E 66. C 117. E 168. e 219. E
nio público. 16. C 67. C 118. C 169. c 220. C
246. No que se refere à responsabilidade do servidor públi‑ 17. C 68. E 119. C 170. e 221. E
co civil no tocante às sanções civis, penais e adminis‑ 18. C 69. E 120. E 171. e 222. E
trativas, estas não poderão cumular-se, mesmo sendo 19. E 70. C 121. C 172. e 223. C
independentes entre si. 20. E 71. C 122. E 173. e 224. E
247. Servidores públicos responderão pessoalmente por 21. C 72. E 123. E 174. c 225. E
danos causados a terceiros em decorrência de ato co‑ 22. E 73. C 124. C 175. e 226. C
missivo doloso praticado no desempenho do cargo. 23. C 74. E 125. C 176. C 227. C
24. E 75. C 126. C 177. E 228. C
25. C 76. E 127. E 178. C 229. E
(Cespe/FUB/Assistente em Administração/2015) Com re‑ 26. C 77. C 128. c 179. E 230. E
ferência às disposições do regime jurídico dos servidores 27. C 78. C 129. e 180. E 231. C
públicos civis da União (Lei nº 8.112/1990), julgue os itens 28. C 79. C 130. c 181. C 232. E
que se seguem. 29. E 80. C 131. c 182. E 233. C
248. Servidor público aposentado poderá ter a sua aposen‑ 30. C 81. E 132. c 183. E 234. C
tadoria cassada em função de condenação por infração 31. E 82. C 133. c 184. E 235. E
vinculada ao cargo público anteriormente ocupado. 32. E 83. C 134. c 185. C 236. C
249. Considere que determinado servidor público tenha 33. C 84. E 135. c 186. E 237. E
sido investido em novo cargo, compatível com as suas 34. C 85. C 136. c 187. E 238. E
limitações decorrentes de acidente de trânsito. Nessa 35. C 86. C 137. e 188. C 239. E
situação, é correto afirmar que o referido servidor está 36. C 87. C 138. e 189. E 240. E
em provimento originário. 37. C 88. E 139. c 190. C 241. E
Noções de Direito Administrativo

250. A remoção de servidor público pode ocorrer com ou 38. E 89. C 140. e 191. C 242. C
sem mudança de sede e, algumas vezes, pode se dar 39. E 90. C 141. e 192. E 243. E
independentemente do interesse da administração. 40. E 91. E 142. c 193. E 244. E
251. Se um servidor público estiver em estágio probatório, o 41. C 92. C 143. e 194. C 245. C
seu cargo não poderá ser extinto, já que isso resultaria 42. E 93. E 144. e 195. E 246. E
na perda da função pública desse servidor. 43. C 94. E 145. c 196. E 247. C
44. C 95. C 146. c 197. E 248. C
(Cespe/PRF/Policial Rodoviário Federal/2013) No que con‑ 45. E 96. E 147. e 198. C 249. E
cerne ao regime jurídico do servidor público federal, julgue 46. C 97. C 148. C 199. C 250. C
os próximos itens. 47. C 98. C 149. E 200. C 251. E
252. Anulado o ato de demissão, o servidor estável será 48. E 99. E 150. C 201. E 252. E
reintegrado ao cargo por ele ocupado anteriormente, 49. C 100. C 151. C 202. E 253. E
exceto se o cargo estiver ocupado, hipótese em que 50. E 101. C 152. E 203. E 254. E
ficará em disponibilidade até aproveitamento posterior 51. E 102. E 153. E 204. E 255. E
em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis.

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PRF

SUMÁRIO

Noções de Direito Penal

Aplicação da lei penal............................................................................................................................................................. 3


Princípios da legalidade e da anterioridade ..................................................................................................................... 12
A lei penal no tempo e no espaço..................................................................................................................................... 16
Tempo e lugar do crime..................................................................................................................................................... 15
Lei penal excepcional, especial e temporária.................................................................................................................... 12
Territorialidade e extraterritorialidade da lei penal ......................................................................................................... 16
Pena cumprida no estrangeiro ......................................................................................................................................... 18
Eficácia da sentença estrangeira....................................................................................................................................... 18
Contagem de prazo .......................................................................................................................................................... 19
Interpretação da lei penal; Analogia .................................................................................................................................. 8
Irretroatividade da lei penal ............................................................................................................................................... 9
Conflito aparente de normas penais .................................................................................................................................. 3

O fato típico e seus elementos ............................................................................................................................................ 20


Crime consumado e tentado ............................................................................................................................................ 29
Pena da tentativa ............................................................................................................................................................. 25
Concurso de crimes .......................................................................................................................................................... 53
Ilicitude e causas de exclusão............................................................................................................................................ 36
Excesso punível ................................................................................................................................................................ 39
Culpabilidade .................................................................................................................................................................... 41
Elementos e causas de exclusão....................................................................................................................................... 41

Imputabilidade penal........................................................................................................................................................... 39

Concurso de pessoas............................................................................................................................................................ 42

Crimes contra a pessoa......................................................................................................................................................... 73

Crimes contra o patrimônio.................................................................................................................................................. 91

Crimes contra a fé pública ................................................................................................................................................. 108

Crimes contra a administração pública ............................................................................................................................. 118

Lei nº 8.072/1990 (delitos hediondos)............................................................................................................................... 150

Disposições constitucionais aplicáveis ao direito penal........................................................................................................ 9

Crimes contra a Dignidade Sexual...................................................................................................................................... 144

Este eBook foi adquirido por ANA PAULA TORQUATO DA COSTA - CPF: 628.848.913-15.
A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Saulo Fontana / Raquel Mendes de Sá Ferreira /
Gladson Miranda

NOÇÕES DE DIREITO PENAL Quadro Esquemático


(introdução, conceito de Direito
PARTE GERAL PARTE ESPECIAL
Penal, fontes do Direito Penal, DO CÓDIGO PENAL DO CÓDIGO PENAL
conflito aparente de normas, Prevê regras de aplicação da lei pe- Prevê os crimes.
interpretação da lei penal, nal: traz as regras para aplicação da
legítima defesa, para o concurso de
princípios constitucionais e demais pessoas, as hipóteses de agravantes
princípios de Direito Penal, sujeito e ate­nuantes da pena etc.
do crime) Finalidade

Noções de Direito Penal A finalidade do Direito Penal é a proteção dos bens


jurídicos mais importantes e necessários para a própria
sobrevivência da sociedade. Para efetivar essa proteção,
Introdução
utilizam-se da cominação, aplicação e execução da pena,
embora a pena não seja a finalidade do Direito Penal, mas
O Direito é uma ciência e, como tal, visa estudar os apenas um instrumento de coerção de que se vale para a
costumes sociais. Ele acompanha a evolução da sociedade, proteção desses bens, valores e interesses mais significativos
procurando disciplinar a conduta do homem no meio social, da sociedade, logo, a criação de qualquer tipo penal incri-
elaborando normas de conduta a fim de que todos os que minador deve apontar com precisão o bem jurídico que por
vivem socializados tenham uma vida harmônica. O Direito intermédio dele pretende-se proteger (Rogério Greco).
Penal se distingue dos demais ramos do Direito, pois, en- Breve Histórico do Direito Penal
quanto estes procuram devolver a cada indivíduo o patri-
mônio jurídico lesionado, aquele procura punir o infrator, Vigoraram no Brasil as ordenações Afonsinas, Manue-
aplicando-lhe sanções impostas que, geralmente, redundam linas e Filipinas. Seguiu-se o Código Criminal do Império
em 1930, o Código Penal Republicano de 1890 e as Conso-
na perda de um direito. lidações das Leis Penais, de 1932. O estatuto em vigor é o
A própria sociedade impõe ao Estado o dever de se Código Penal de 1940, que foi instituído pelo Decreto-Lei
criarem regras, a fim de que sejam observadas por todos nº  2.848/1940, nos termos do art.  180, da Constituição
aqueles que vivem em sociedade para que o convívio so- de 1937, o  qual no decorrer dos anos sofreu várias mu-
cial não fique ao livre arbítrio dos seres humanos, o  que danças, sendo que as principais delas foram introduzidas
se faz então necessário que existam normas reguladoras pelas Leis nº 6.416/1977, nº 7.209/1984, nº 9.983/2000,
nº 10.028/2000 e nº 10.224/2001, dentre outras.
previamente estabelecidas, que visem coibir as ações não
desejadas, impondo aos que assim procederem, sanções Observações:
(punições). As ações, aqui, ditas indesejadas, nada mais são
que os ilícitos penais, ou seja, crimes, cabendo, pois, ao Es- I – o Código Penal de 1890, apesar dos defeitos apre-
tado, punir o infrator, aplicando-lhe a pena descrita ao tipo. sentados, trouxe avanços como a extinção da pena
O Direito Penal qualifica alguns comportamentos hu- de morte e a criação de um regime penitenciário
manos e os eleva ao status de infração penal, definindo convencional;
II – o atual Código Penal traz influências das escolas
seus agentes e estabelecendo as consequências jurídicas positivista e clássica;
correspondentes (Luiz Antônio de Souza). Em outras palavras, III – completando a legislação em matéria penal,
o  Direito Penal cuida de proteger diversos bens jurídicos, tivemos a Lei de Contravenções Penais de 1941 e o
importantes para a sociedade, definindo infrações penais Código penal Militar de 1944;
(crime ou contravenção) e cominando sanções a quem não IV – a parte geral do Código foi reformada pela Lei
os respeite (Leandro Cadenas Prado). O  CP é dividido em nº 7.209/1984. Porém a reforma não se estendeu à
parte especial, dessa forma, temos um Código Penal
duas partes: geral (arts. 1º ao 120) e especial (arts. 121 a
decorrente da Lei nº 7.209/1984 e a parte especial
361). A parte geral cuida das regras de aplicação da lei penal, de 1940.
os ensinamentos introdutórios do DP, aplicáveis a todas as
leis que tratam de matéria penal, ainda que fora do Código Algumas Definições Importantes
Noções de Direito Penal

Penal. Assim, estabelece regras temporárias e espaciais de


aplicação da lei penal brasileira, da conduta do agente, do As definições aqui apresentadas foram respaldadas na
concurso de pessoas, das agravantes e atenuantes, das ex- obra de Zélio Maia da Rocha e Luiz Carlos Bivar Corrêa Júnior.
cludentes de ilicitude, da inimputabilidade, além de referir-se Ilícito Civil
à ação penal, medidas de segurança e prazos prescricionais.
Já a parte especial cuida de estabelecer os diversos delitos Suas consequências restringem-se exclusivamente ao cam-
e suas penas respectivas, contendo também previsões de po do Direito Civil. Procura devolver a cada um o bem jurídico
isenção de pena (arts. 143, 181, 348, § 2º), de exclusão protegido que foi objeto de violação ou, quando isso não for
possível, promover o devido ressarcimento pelos prejuízos
de ilicitude (art.  128) e artigos meramente explicativos sofridos. A partir do momento que o credor busca contra o
(arts. 327, 337-D). devedor o ressarcimento de suas perdas decorrentes do ilícito

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ou de descumprimento de contrato, é que se está no campo jus accusationis, ou seja, o direito de vir a juízo e pleitear a
do ilícito civil. Como nem sempre é possível ao Direito Civil condenação de seu agressor, e não o direito de executar, por
coibir a prática do ilícito com a simples atitude de devolver si só a sentença condenatória (Greco). Em outras palavras,
ou reparar os prejuízos causados, nasce a necessidade de se poder-se-ia resumir o Direito Penal subjetivo como o direito
punir com penas diversas das elencadas no Direito Civil. Aí é de punir, também conhecido por jus puniendi.
que entra em ação a aplicação de normas distintas como as
elencadas na esfera penal, ou seja, aquele que cometeu um Conceito de Direito Penal
ilícito, como, por exemplo, um homicídio, deve ser punido com
a pena de reclusão, que varia de 6 a 20 anos. Direito Penal é o ramo do Direito Público encarregado de
definir as infrações penais (crimes e contravenções) e impor
Ilícito Penal penalidades (para os imputáveis: aqueles que são maiores e
capazes) ou medidas de segurança (para os semi-imputáveis
Visa punir o infrator da norma com uma sanção de cará- ou inimputáveis: doentes mentais), por intermédio do Estado
ter punitivo, preventivo e reeducativo. É punitivo quando se na busca da proteção pelos bens jurídicos tidos como funda-
pune um mal com um mal; preventivo quando se mostra às mentais (vida, honra, liberdade, patrimônio etc.).
demais pessoas na sociedade e ao próprio infrator que existe O Direito Penal pode então ser conceituado como o
uma sanção aplicável a determinada conduta; e reeducativo, conjunto de normas e regras jurídicas que regulam o poder
pois visa reintegrar o criminoso ao convívio social. punitivo do Estado, em face de atos humanos considerados
infrações penais (Luiz Antônio de Souza). As infrações penais
A mesma conduta do agente pode ter consequências civis
são divididas em crimes e contravenções e as sanções penais
e penais. Seria penal quando coubesse a ele uma punição
podem ser subdivididas em penas e medidas de segurança.
como prisão e civil, quando o criminoso além de ser privado
É um ramo do Direito que é, ao mesmo tempo, garantista
de sua liberdade de locomoção, tivesse de ressarcir os danos e punitivo, visto que esse garantismo não se dá apenas
materiais e morais sofridos pela família prejudicada, objeto contra atos humanos de violência, mas também contra
da ação delitiva do infrator. uma possível ingerência estatal. Deve-se salientar que nem
todas as normas ocupam um mesmo patamar dentro do
Objeto do Direito Penal ordenamento jurídico. Existem normas superiores e normas
inferiores. Há também uma norma que é superior a todas as
“Bem” é tudo aquilo que traz satisfação ao homem. demais (a Constituição Federal), conferindo-lhes legitimidade
É tudo que nos agrada. Aos bens que exigem a atuação do Di- e coesão dentro do ordenamento (Rogério Greco). A essa
reito chamamos de bens jurídicos. O Direito Penal, portanto, norma superior denominou-se Norma Fundamental. Luigi
mediante sanções, procura proteger os bens juridicamente Ferrajoli parte desse raciocínio para desenvolver seu modelo
protegidos como a vida, a liberdade etc. penal garantista, onde no Estado Constitucional de Direito
entende esse garantismo como o conjunto de vínculos e de
Quadro Esquemático regras racionais impostos a todos os poderes na tutela dos
direitos de todos. Finalizando, para o garantismo de Ferrajoli,
Ilícito Penal Ilícito Civil o juiz não é um mero aplicador da lei, um mero executor da
vontade do legislador ordinário. Ele é o guardião de nossos
Tutela os bens jurídicos mais Tutela os demais bens jurí- direitos fundamentais. O  garantismo penal fundamenta-
importantes para a sociedade. dicos da sociedade. -se em diversos axiomas, dentre eles podemos destacar: a
Em caso de violação de um Em caso de violação de um pena só poderá ser aplicada quando houver efetivamente a
bem jurídico, aplicação, em bem jurídico, aplicação, em prática de uma infração penal; a infração penal deve estar
regra, de uma pena. regra, de uma indenização. expressamente prevista em lei; somente as ações culpáveis
podem ser reprovadas (lembrando que tais condutas podem
Objeto Material se dar mediante ação do agente, ou omissão, quando pre-
visto em lei); o juiz que julga não pode ser responsável pela
É a coisa sobre a qual recai a ação do agente, podendo acusação; fica a cargo do acusador todo o ônus probatório,
tratar-se tanto de um bem material como de uma pessoa que não poderá ser transferido ao acusado pela prática de
no sentido corporal. determinada infração penal; deve ser assegurada ao acusado
Assim, observe a seguinte assertiva de prova: Felizberto a ampla defesa, com todos os recursos a ela inerentes.
procurou o Delegado de Polícia da sua cidade e acusou-se Enquanto os demais ramos do Direito procuram devolver
de um crime que não havia existido. Assim, pode-se afirmar a cada um o patrimônio jurídico lesionado, o Direito Penal
que não há objeto material, em face do crime praticado procura punir os responsáveis mediante sanções impostas
por Felizberto.1 que, em regra, redundam na perda de um Direito.
Direito Penal Objetivo e Direito Penal Subjetivo Quadro Esquemático
a) Objetivo: é o conjunto de leis vigentes no País, editadas
Noções de Direito Penal

pelo Estado, que define crimes e contravenções, bem como Direito Penal Outros ramos do Direito
todas as outras que cuidem de questões de natureza penal Tutela os bens jurídicos mais Tutela os demais bens ju-
(legítima defesa, estado de necessidade, concurso de pessoas). importantes. rídicos.
b) Subjetivo: é a possibilidade que tem o Estado de criar
Em caso de descumprimento Em caso de descumprimento
e fazer cumprir suas normas, executando as decisões conde-
da norma, ou seja, de lesionar da norma, ou seja, de lesio-
natórias proferidas pelo Judiciário, ou seja, é o próprio jus
o bem jurídico por ela prote- nar o bem jurídico por ela
puniendi. Observe que ainda que a ação penal seja privada,
gido: imposição de Pena. protegido: indenização.
o Estado não transfere seu jus puniendi ao particular, haja
vista que este detém tão somente o jus persequendi ou o
Obs.: bem jurídico – valores protegidos pela sociedade:
Funcab/PC-ES/Escrivão de Polícia/2013.
1 vida, patrimônio, liberdade, integridade física.

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Deve-se salientar, ainda, que o estudo do Direito que é descreve condutas que, se praticadas, levará o infrator a uma
pautado sob dois grandes pilares: Garantismo Penal e Direito condenação correspondente à pena prevista para aquela
Penal da lei e da ordem. Para o garantismo penal, segundo infração penal. No caso, por exemplo, do crime de homicí-
Luigi Ferrajoli, o Direito Penal deve ser interpretado a partir dio (art. 121, CP), o legislador não dispôs “é proibido matar
dos Direitos Fundamentais previstos na Constituição Federal, alguém”, mas descreveu a conduta: “matar alguém”. Diante
ou seja, o autor de um crime é um sujeito de direito e não dessa observação, Binding concluiu que, na verdade, quan-
um objeto para aplicação da pena. Diante disto, o juiz não é do o criminoso praticava a conduta descrita no núcleo do
um mero aplicador da lei, um mero executor da vontade do tipo (verbo), a rigor não infringia a lei, pelo contrário, ele se
legislador ordinário. Ele é o guardião de nossos direitos fun- amoldava perfeitamente ao tipo incriminador, ou seja, o que
damentais. O garantismo penal fundamenta-se em diversos ele infringia era a norma penal implicitamente contida na lei.
axiomas, dentre eles podemos destacar: a pena só poderá Logo, para a Teoria de Binding, a lei teria caráter descritivo
ser aplicada quando houver efetivamente a prática de uma da conduta proibida ou imposta, tendo a norma, por sua
infração penal; a infração penal deve estar expressamente vez, caráter proibitivo (Greco). São espécies/classificação
prevista em lei; somente as ações culpáveis podem ser de normas penais:
reprovadas, o juiz que julga não pode ser responsável pela
acusação; fica a cargo do acusador todo o ônus probatório, Norma penal incriminadora: são aquelas que definem
que não poderá ser transferido ao acusado pela prática de as infrações penais sob ameaça de pena (crime), que podem
determinada infração penal; deve ser assegurada ao acusa- ser proibitivas ou mandamentais. Enquanto a referida norma
do a ampla defesa, com todos os recursos a ela inerentes. faz a descrição detalhada e perfeita de uma conduta que
Em nosso Direito Penal Brasileiro podemos dar exemplos se procura proibir ou impor, tem-se o chamado preceito
de garantismo penal como as medidas despenalizadoras: primário (preceptum iuris); já quando individualiza a pena,
conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de cominando-a em abstrato, tem-se o chamado preceito
Direito, como, por exemplo, a entrega de cesta básica. secundário (sanctio iuris). Ex.: no art. 121, caput, do CP,
Já o Direito Penal da lei e da ordem, o aplicado nos o preceito primário é “Matar alguém”. Quanto ao preceito
Estados Unidos, ao  autor de um crime deve se aplicada secundário, tem-se, para o mesmo artigo, “Pena – reclusão,
as consequências previstas no ordenamento jurídico, com de 6 (seis) a 20 (vinte) anos”.
poucas flexibilizações. Assim verificamos os casos de prisões
perpétuas e penas de mortes. Modelo da Norma Penal Incriminadora – Todo tipo penal
vem previsto desta forma:
Fontes do Direito Penal Ex.: art. 121 do CP – Homicídio.
Fonte é o local de onde as coisas (normas) provêm. Em
matéria penal as fontes podem ser: material ou formal. Descrição da conduta (também cha- Matar alguém.
mado de preceito primário).
Material (fonte de produção): é o próprio Estado, a quem Descrição da pena (também chama- Pena de 6 a 20 anos.
compete a produção legislativa; do de preceito secundário).
Formal (fonte de conhecimento): a única fonte de cog-
nição ou de conhecimento do Direito Penal é a Lei. A fonte Norma penal não incriminadora: são aquelas que não
formal se subdivide em imediata (que é a própria lei em sen- estipulam tipos penais, ou seja, não estão prevendo um cri-
tido estrito) e mediata (que são os costumes e os princípios me, apenas complementam regras relativas ao Direito Penal,
gerais de Direito). Lembre-se que costume não pode criar esclarecendo ou explicando conceitos, sendo, portanto:
infração penal, nem pena e também não pode revogar lei • explicativas: como, por exemplo, no art. 327, CP, que
penal. Ele é utilizado praticamente para interpretar a norma traz a definição de funcionário público para efeitos
penal. Quanto aos princípios, eles ajudam a formar o raciocí- penais;
nio jurídico, tendo em vista que, por serem normas jurídicas • complementares: fornecem princípios gerais para a
de especial relevância, servem como vetores interpretativos aplicação da lei penal como, por exemplo, no art. 59,
para o operador do Direito (Luiz Antônio de Souza). CP, que prevê que o juiz para punir, deve levar em con-
sideração a culpabilidade, os antecedentes, a conduta
Norma Penal social, a personalidade do agente etc.;

Decorre do princípio constitucional (inciso II, art. 5º da Obs.: o art.  68 do CP traz as regras para a fixação da
CF) onde “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer pena  – é o chamado sistema trifásico  – , primeiro, o  juiz
alguma coisa senão em virtude de lei”. Assim só haverá cri- estabelece a pena-base, depois considera as circunstâncias
me se uma lei penal dispor que aquela conduta é um crime. atenuantes e agravantes e, por último, as causas de diminui-
Mesmo a conduta do agente sendo socialmente reprovável, ção e de aumento de pena; para estabelecer a pena-base – a
se não houver tipo penal incriminador proibindo-a, não primeira fase da fixação da pena  – o juiz deve seguir as
Noções de Direito Penal

poderá sofrer qualquer sanção ao praticá-la. As  normas diretrizes do art. 59 do CP – as circunstâncias judiciais – ,
penais são as proibições ou mandamentos inseridos na portanto, o art. 59 complementa o art. 68.
lei penal, que se constituem em espécie do gênero norma
jurídica e que têm seu cumprimento garantido pela sanção • permissivas justificantes: excluindo a antijuridicida-
nela prevista, contudo, nem todas as normas penais têm o de de algumas condutas, também ditas normas que
intuito de punir, ou seja, nem todas são incriminadoras. Elas trazem a prática de um crime mas que naquele caso
podem prever excludentes, formas de isenção de aplicação concreto não constituem uma infração penal como,
da pena, explicações etc. É bom salientar que existem ar- por exemplo, aquelas mencionadas nos arts. 23 a 25,
tigos do CP, na sua parte especial, em que o legislador usa CP, ou seja, legítima defesa, estado de necessidade,
um meio interessante para proibir determinadas condutas, estrito cumprimento de dever legal ou exercício regular
tendo em vista que ele, ao invés de estabelecer proibições, de um Direito;

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• permissivas exculpantes: isentam o agente de pena mas não traz a pena. Esta, para ser aplicada, requer que o
afastando a sua culpabilidade como, por exemplo, no órgão julgador recorra ao Código Penal para poder aplicar a
art. 26, caput, quando traz a inimputabilidade: me- pena ao caso concreto. Este é o clássico exemplo de norma
nor de idade, doente mental etc. Observe que nessa penal incompleta ou imperfeita.
situação, embora haja isenção de pena, permanece a Não confundir:
conduta praticada sendo típica e antijurídica.
Norma Penal em Branco Norma Penal Incompleta
Norma penal em branco: são aquelas que necessitam de
integração por outra norma para que se torne viável a sua O preceito primário (descri- O preceito secundário (des-
aplicação. Aqui, há a descrição da conduta proibida, contu- ção da conduta criminosa) crição da pena a ser aplica-
do, ela requer obrigatoriamente um complemento extraído precisa ser complementado da) é complementado por
de outro diploma para se tornar possível a sua aplicação. por outra lei (homogênia), outra lei.
As normas penais em branco recebem essa denominação decreto, portaria ou regula-
por deixarem “claro” que será preenchido por outra norma, mento (heterogênia).
de natureza penal ou não. A complementação pode ser:
a) homogênea ou em seu sentido amplo: decorre de lei. Conflito aparente de normas: dá-se quando houver duas
Ex.: o art. 237 do CP pune aquele que contrai casamento ou mais normas que, aparentemente, regulam o mesmo fato,
conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a mas, na verdade, apenas uma delas é que será aplicada. Não
nulidade absoluta. Todavia o CP não enumera tais impedi- se pode confundir com a antinomia, que “é a situação que
mentos, e sim o Código Civil em seu art. 1.521, I a VII; se verifica entre duas normas incompatíveis, pertencentes
b) heterogênea ou seu sentido estrito: decorre de por- ao mesmo ordenamento jurídico e tendo o mesmo âmbito
taria, decreto, regulamento, como, por exemplo, quando a de validade”. (Bobbio)
Lei nº 11.343/2006 cita o tráfico de substância entorpecente, Este mesmo autor sugere três critérios para solucionar
sem, contudo, definir o que é substância entorpecente. Tal a antinomia entre as normas: o critério cronológico (onde a
definição é encontrada em portaria da Agência Nacional
lei posterior revoga a anterior), o critério hierárquico (onde
de Vigilância Sanitária  – Anvisa, que é uma autarquia em
regime especial, vinculada ao Ministério da Saúde e criada a norma hierarquicamente superior prevalece sobre a norma
pela Lei nº 9.782/1999, o que não contraria o princípio da hierarquicamente inferior) e o critério da especialidade (onde
legalidade, tendo em vista que o tipo penal está previsto a lei especial afasta a aplicação da lei geral).
em lei, apenas o seu complemento é que está veiculado em
instrumento infralegal. Conflito Aparente de Antinomia
Normas
Obs.: para Greco, a norma penal em branco heterogênea, Um fato aparentemente Duas normas incompatíveis
por ser oriunda de outra fonte legislativa, que não a lei em pode ser regulado por duas no mesmo ordenamento
seu sentido estrito, feriria ao princípio da legalidade, por normas. Atenção apenas jurídico.
ofensa ao art. 22, I, da CF, tendo em vista ser competência aparentemente.
exclusiva da União legislar sobre Direito Penal, alegando a
falta de legitimidade da autoridade administrativa para am- Solução: aplicação dos prin- Solução: aplicação dos prin-
pliar e mesmo restringir o alcance da norma penal carecedora cípios da Especialidade, Sub- cípios cronológico, hierárqui-
de complementação. sidiariedade e Consunção. co e da especialidade.

Quadro Esquemático Princípios para Solucionar o Conflito Aparente de


Normas
Norma Penal em Branco Norma Penal em Branco
Especialidade: o caráter especial prevalece sobre o geral
Homogênea Heterogênea
(lex specialis derrogat lex generalis). A norma especial é
A descrição da conduta cri- A descrição da conduta cri- igual a norma geral, todavia contém algumas especialidades.
minosa precisa ser comple- minosa precisa ser com-
Vejamos o esquema abaixo:
mentada por outra lei. plementada por decretos,
portarias ou regulamentos.
Norma Geral Norma Especial
Norma penal incompleta ou imperfeita: ela não se O crime de homicídio é O crime de infanticídio é norma
confunde com a norma penal em branco, tendo em vista norma geral e dispõe: especial em relação ao crime de
que esta é formalmente deficiente em seu preceito primário “matar alguém”. homicídio e dispõe: “matar sob a
(descrição da conduta criminosa), precisando ser comple- influência do estado puerperal o
mentada por outras normas jurídicas, enquanto o preceito próprio filho durante o parto ou
secundário está plenamente justificado. Quanto à norma logo após”.
Noções de Direito Penal

penal incompleta ou imperfeita, ela é deficiente em seu


preceito secundário. Em outras palavras, na norma penal Assim, se estivermos diante do seguinte fato: uma mãe,
incompleta ou imperfeita, verifica-se a previsão do tipo sob o estado puerperal (espécie de depressão pós-parto),
penal, ou seja, o preceito primário da norma incriminadora,
matar o recém-nascido, aparentemente poderia haver dúvida
porém lhe falta a sanção, que está prevista em outra lei ou
a outro texto de lei. Ex.: o crime de uso de documento falso acerca de qual crime deveria ser aplicado, homicídio ou infan-
prevê em seu preceito primário: “Fazer uso de qualquer dos ticídio, todavia, com aplicação do princípio da especialidade
papéis falsificados ou alterados”, todavia no seu preceito verifica-se que o fato constitui-se um infanticídio.
secundário prevê: “Pena: aplicada ao crime de falsificação ou Outro exemplo seria o crime de contrabando, art. 334-A
adulteração. Outro exemplo é o crime de genocídio previsto do CP, norma geral, em relação ao crime de tráfico ilícito de
no art. 1º da Lei nº 2.889/1956, que traz a tipificação penal, entorpecentes, art. 33 da Lei nº 11.343/2006, Lei Especial.

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Subsidiariedade: as normas subsidiárias são aquelas que nele e matando-o. O crime de porte ilegal de arma,
têm relação com outras, mas que só têm aplicação enquanto fato anterior, menos grave é absorvido pelo crime de
não violado o bem jurídico tutelado pela norma principal. homicídio, fato posterior e mais grave, respondendo
Segundo Nelson Hungria, a norma subsidiária é considerada o autor apenas pelo crime de homicídio.
um “soldado de reserva”, ou seja, na ausência ou impossibi- • Postfactum não punível  – O fato posterior é menos
lidade de aplicação da norma principal mais grave, aplica-se grave e é absorvido pelo fato anterior, mais grave. Ex.:
a norma subsidiária menos grave (Lex primaria derrogat legi aquele que falsifica moeda (fato mais grave) e depois a
subsidiariae). Aqui, o tipo penal pode fazer menção quanto à introduz em circulação (fato menos grave), o agente só
subsidiariedade, como, por exemplo, no crime de perigo para irá responder pelo delito de moeda falsa, o agente furta
a vida ou saúde de outrem (art. 132 do CP), que menciona o relógio da vítima (fato mais grave) e depois o destrói
a pena e diz “desde que o fato não constitua crime mais (fato menos grave). O agente responderá apenas pelo
grave”. Pode também não fazer qualquer menção quanto crime de furto, ficando o crime de dano absorvido.
à subsidiariedade. Ocorre toda vez que determinado delito
for “elementar ou circunstância” de outro. Ex.: o constran- Deve-se ter atenção para não confundir crime progres-
gimento ilegal (art. 146 do CP) funciona como elementar do sivo com progressão criminosa.
crime de estupro (art. 213 do CP). Vejamos:

Norma Subsidiária Norma Específica Crime Progressivo Progressão Criminosa


(menos grave) (mais grave)
O agente, desde o início, O agente pretende inicial-
Descreve um grau menor Contém em sua conduta almeja a realização de um mente praticar um crime
de violação ao bem jurídi- a norma subsidiária, bem resultado mais grave. menos grave e, após sua
co. É parte do crime maior. como acresce a ela circuns- realização, resolve praticar
Ex.: crime de constrangi- tâncias mais gravosas. Ex.: uma nova infração mais gra-
mento ilegal (art. 146 do crime de estupro (art. 213 do ve (antefactum não punível)
CP) – “Constranger alguém, CP) – “Constranger alguém, ou o agente pretende ini-
mediante violência ou grave mediante violência ou grave cialmente praticar um crime
ameaça, ou depois de lhe ameaça, a  ter conjunção mais grave e, após sua reali-
haver reduzido, por qualquer carnal ou a praticar ou per- zação, resolve praticar uma
outro meio a capacidade de mitir que com ele se pratique nova infração menos grave
resistência, a não fazer o que outro ato libidinoso”. (postfactum não punível).
a lei permite, ou a não fazer Assim, o crime de estupro é
o que ela manda”. um constrangimento, toda- Também é de bom alvitre diferenciar os seguintes prin-
via voltado para fins sexuais. cípios:
Desta forma o agente res-
ponderá apenas pelo crime Princípio da Princípio da Princípio
de estupro e não por estupro Especialidade Subsidiariedade da Consunção
e constrangimento ilegal.
Há um único fato. Há um único fato. Há uma sequên-
Consunção ou Absorção: ocorre quando um fato mais A norma especial A norma subsidiá- cia de fatos. O fato
amplo e mais grave absorve o fato menos amplo e menos contém todos os ria é parte de um maior absorve o
grave (Fernando Capez). O seu estudo divide-se em: elementos da ge- crime maior. fato menor.
a) crime progressivo – O agente, desde o início, almeja ral mais algumas
a realização de um resultado mais grave e, para alcançá-lo, circunstâncias es-
pratica diversas lesões ao bem jurídico. Neste caso, o último pecializantes.
ato absorve todos os anteriores, respondendo o agente ape-
nas pelo resultado mais grave. Ex.: o agente deseja desde o Alternatividade: ocorre, normalmente, quando em
início matar a vítima e desfere vários golpes (lesões corporais) um tipo penal há a descrição de várias condutas. São os
até atingir seu intento, que é a morte. Neste caso, o autor chamados crimes de ação múltipla ou conteúdo variado ou
responderá apenas pelo crime de homicídio (fato mais gra- também plurinuclear, no qual o tipo penal prevê mais de
ve) ficando o crime de lesões corporais (fato menos grave) uma conduta em seus vários núcleos. Ex.: art.  122 do CP
absorvido pelo crime de homicídio. prevê três condutas: induzir, instigar ou auxiliar a prática
b) progressão criminosa – O agente pretende inicialmen- de suicídio. Note que, num mesmo contexto, se o agente
te praticar um crime menos grave e, após sua realização, apenas induzir a prática do suicídio (uma conduta), ou se
resolve praticar uma nova infração mais grave. Assim, induzir e instigar (duas condutas), ou ainda induzir, instigar
o último crime absorve todos os anteriores, respondendo ou auxiliar (três condutas), irá responder apenas por um
o agente apenas pelo resultado mais grave Ex.: no primeiro crime. O número de condutas praticadas influenciará apenas
momento o agente só queria lesionar a vítima, contudo, na na quantidade da pena a ser aplicada, ou seja, quanto maior
Noções de Direito Penal

sequência, resolve matá-la. Neste caso, o homicídio absorve o número, maior a pena.
as lesões corporais. O conflito aparente de normas poderia ser assim resu-
Ocorre ainda na progressão criminosa o antefactum não mido:
punível e no postfactum não punível. Ocorre o conflito quando duas ou mais normas incidem
• Antefactum não punível  – O fato anterior por ser efetivamente sobre a mesma ação, ou a mesma norma incide
menos grave é absorvido pelo fato posterior mais mais de uma vez, embora única a ação.
grave. É o caso do exemplo acima, onde o crime de Tem-se que:
lesão corporal é absorvido pelo crime de homicídio. • de acordo com o princípio da especialidade, a norma
Outro exemplo seria o cidadão que pretendendo matar especial exclui a norma geral;
seu inimigo, sem possuir porte de arma, sai de casa • pelo princípio da subsidiaridade, uma norma só será
e logo na esquina encontra seu desafeto, atirando aplicada se não for aplicada outra;

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• segundo o princípio da consumação, se uma conduta judiciários (como, por exemplo, as súmulas, que têm força
mostrar-se como etapa para a realização de outra vinculativa). Observe que tal interpretação deve ser feita
conduta, diz-se que a primeira foi consumida pela intra-autos (dentro do processo), pois se o órgão julgador
segunda, restando apenas a punibilidade da última; proferir palestras, a interpretação será doutrinária. Em outras
• o crime consumado absorve o crime tentado. O dano palavras, é  aquela emanada pelos tribunais, mediante os
absorve o perigo. julgamentos que realizam.

*Obs.: o princípio da alternatividade refere-se aos Quanto ao modo ou aos meios interpretativos
chamados crimes de ação múltipla, em que o mesmo tipo empregados
contém duas ou mais condutas, havendo, porém, punição
única. Quem instiga ao suicídio e também auxilia no suicídio a) literal (ou gramatical): somente é levado em conside-
comete um crime só, e não dois crimes. ração o sentido real e efetivo das palavras;
b) teleológica (ou lógica): os fins para os quais a norma
Interpretação e Integração da Lei Penal foi produzida são priorizados. O  intérprete busca sempre
alcançar a finalidade da lei, aquilo ao qual ela se destina
Interpretar é buscar o real alcance da norma, ou seja, regular, ou seja, decorre da conjunção metodológica do
buscar o seu real sentido. Dependendo do contexto, por mais raciocínio ao que busca a lei;
clara que ele seja, requer interpretação, sendo que a própria Pode-se afirmar que a interpretação teleológica busca a
conclusão sobre a clareza da norma advém de um exercício vontade ou intenção objetiva da lei, valendo-se dos elemen-
intelectual dito interpretação. Não se pode esquecer que tos ratio legis, sistemáticos, históricos, Direito Comparado
a missão primeira do juiz, como guardião da legalidade ou Extrapenal e Ciências Extrajurídicas.2
constitucional, antes de julgar os fatos, é julgar a própria lei c) sistemática (ou sistêmica): a interpretação dá-se olhan-
a ser aplicada, é julgar, enfim, a sua compatibilidade formal do para o todo, e não apenas para uma parte do dispositivo
e substancial com a Constituição, para, se entender lesiva à legal do sistema no qual ele está contido. Procura-se, num
Carta Magna, interpretá-la conforme o texto constitucional método dedutivo, concluir-se pela posição diante de todo o
ou, não sendo possível, deixar de aplicá-la, simplesmente, conteúdo do texto legal (sistema);
declarando-a inconstitucional (Greco). d) histórica: segundo Rogério Greco, o intérprete aqui
volta ao passado, ao tempo em que foi editado o diploma
* Obs.: se após o uso de todos os métodos interpreta- que se quer interpretar, buscando os fundamentos de sua
tivos, que serão mencionados, perdurar dúvida, deve-se criação, o momento pelo qual atravessava a sociedade, com
aplicar a solução mais favorável ao réu: princípio in dubio vistas a entender o motivo pelo qual houve a necessidade de
pro reo. Para que haja a condenação de qualquer pessoa modificação do ordenamento jurídico. Em outras palavras,
não se pode basear exclusivamente em indícios, suposições pode-se dizer que se analisa a norma em face do momento
ou probabilidades, a culpa deve ser sempre provada e nunca histórico em que foi produzida.
presumida, pois, se assim o for, ou seja, se não se puder im-
putar ao criminoso a culpabilidade pelo fato delituoso, deve Quanto aos resultados obtidos
ser ele absolvido. Ainda, segundo a doutrina, esse princípio
in dubio pro reo não é uma regra de interpretação, mas um a) declarativa: a lei diz exatamente o que o legislador
critério de valoração da prova. pretende, ou seja, o intérprete não amplia nem restringe o
alcance da lei, apenas declara sua vontade;
Espécies de Interpretação b) restritiva: as palavras da lei dizem mais do que seu
exato sentido e, por isso, é necessário reduzir o alcance de
Quanto ao sujeito que a realiza aplicação literal, sob pena de entrar em contradição com o
que quer a lei (José Carlos Gobbis Pagliuca);
a) autêntica (ou contextual): é realizada levando-se em c) extensiva: ocorre quando o texto legal não expressou
consideração o texto da lei, feita pelo próprio legislador (como, tudo o que pretendia, sendo necessária sua ampliação.
por exemplo, aquela prevista no art. 327 do CP, que traz a O exemplo clássico é quando o Código Penal proíbe a biga-
definição de funcionário público). É feita por quem elaborou mia, obviamente está proibindo também a poligamia.
a norma, ou seja, pelo Legislativo. A própria lei dá o limite em
que ela deve ser entendida, expresso no seu próprio texto. Interpretação Analógica
O exemplo clássico encontra-se quando ela define “casa”;
Nem sempre é possível ao legislador prever todas as
b) doutrinária: é realizada pelos estudiosos do Direito
situações possíveis, nesse caso, sem fugir ao princípio da
quando emitem suas opiniões pessoais sobre o significado
legalidade, busca o intérprete casos semelhantes, análogos,
de determinado instituto. É  aquela gerada pelos autores
similares, mas já descritos de forma abrangente na legisla-
e jurisconsultos (comunis opinio doctorum). Aqui poderia
ção penal. Exemplo disso pode ser aferido do art. 28, II, CP,
ser encaixada perfeitamente a exposição de motivos dos
que menciona o álcool ou substância de efeitos análogos,
Noções de Direito Penal

códigos, não podendo ser confundida tal exposição com a


contudo o termo pode ser entendido como qualquer uma
interpretação autêntica pelo fato de esta não ser votada pelo
apta a inebriar, entorpecer, estupefaciar etc. (Pagliuca)
Congresso Nacional e nem sancionada pelo Presidente da
Veja que interpretação analógica difere de analogia. Esta
República, não sendo, portanto, uma lei, já que as conclusões
é forma de integração da norma, enquanto que aquela é
e exposições levadas a efeito não podem ser consideradas
espécie de interpretação. Em outras palavras, a analogia é
interpretações autênticas, mas sim doutrinárias (elas não
o instituto de abranger fatos semelhantes, não previstos em
têm força vinculativa, mas tal entendimento pode constituir
lei, o que é vedado pelo Direito Penal. A interpretação ana-
regra, dependendo do doutrinador que tenha omitido sua
lógica, ao contrário, decorre da própria vontade e indicação
opinião sobre a referida norma);
da lei penal. Sendo assim, há duas espécies permitidas de
c) judicial (ou jurisprudencial): é realizada pelos aplica-
dores do Direito, ou seja, é fruto das decisões dos órgãos 2
Funcab/PC-ES/Escrivão de Polícia/2013.

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interpretação extensiva: a) a interpretação analógica intra do fato (princípio da anterioridade) e que a norma penal,
legem, ou seja, dentro da lei, em que o próprio texto legal que define o delito, deve fazê-lo de maneira precisa, do
indica a sua aplicação; b) a interpretação analógica in bonam contrário, a autoridade poderia, a pretexto de interpretar
partem, ou seja, a favor do réu. extensivamente a lei, transformar em crimes fatos não pre-
vistos no comando legal (princípio da tipicidade). O princípio
Integração da Lei Penal da reserva legal tem como fundamento o apego puro e ex-
clusivo ao positivismo jurídico. Ele complementa o princípio
A analogia não é meio de interpretação, mas forma de da legalidade afirmando que somente lei em seu sentido
integração ao sistema jurídico. Ela consiste em aplicar a uma estrito poderá definir crime, ou seja, medidas provisórias,
hipótese não prevista em lei a disposição legal a um caso portaria, regulamentos etc., não poderão prever condutas
semelhante. No Direito Penal é terminantemente proibida, criminosas. Também, não se admite a aplicação da analogia
em virtude do princípio da legalidade, jamais ela pode ser (aplicação da lei existente a um caso parecido em razão de
utilizada de modo a prejudicar o agente, seja ampliando o não haver expressa disposição legal para esse caso), devendo
rol de circunstâncias agravantes, seja ampliando o conteúdo ser aplicada a lei a cada caso concreto.
dos tipos penais incriminadores, a fim de abranger hipóteses
não previstas expressamente pelo legislador (é a chamada Obs.: a doutrina e a jurisprudência admitem a aplicação
analogia in malam partem, inadmissível no Brasil). Porém, da analogia desde que in bonam partem (em benefício do
a doutrina tem admitido a analogia in bonam partem, ou seja, réu).
aquela benéfica ao agente. A integração só pode ocorrer em
relação às normas penais não incriminadoras. O exemplo Irretroatividade da Lei Penal
clássico era a possibilidade de se excluir a punibilidade do
agente pela prática do crime de aborto decorrente de ges- XL – A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar
tação proveniente de atentado violento ao pudor, situação o réu.
esta perfeitamente possível quando ainda vigorava a lei que
previa o referido delito. Note que o ordenamento jurídico, em Baseada na anterioridade da lei penal proíbe-se que leis
si, apenas menciona a tal excludente, se a gravidez resulta de promulgadas posteriormente à prática da conduta sirvam
estupro. Mesmo sendo diferentes os crimes e a lei tratando, para incriminá-la. A Carta Magna acolheu o princípio, proi-
tão somente, do delito de estupro, por analogia, aplicava- bindo que a lei retroaja prejudicando o acusado, ao mesmo
-se a referida excludente. Frise-se que, com o advento da tempo em que determina a necessária retroação da lei mais
Lei nº 12.015/2009 (Dos crimes contra a dignidade sexual), favorável. Vê-se que as leis são editadas para serem aplicadas
o crime de atentado violento ao pudor, que era previsto no a situações posteriores a elas, logo, as normas incriminadoras
art. 214 do CP, foi revogado. não podem ter efeito para o passado, exceto se para favo-
Em linhas gerais, as leis penais devem ser interpretadas recerem o agente. Da mesma forma, as leis posteriores não
de forma declarativa estrita, ou até com preocupação restri- retroagem quando, mesmo sem incriminar, vêm prejudicar
tiva, mas nunca de forma ampliativa ou extensiva. a situação do agente.
A lei penal prevê textualmente duas espécies de retroa-
Princípios Constitucionais do Direito Penal ção da lei, que são: abolitio criminis e lex mitior.
Abolitio criminis (crime abolido): ocorre a descriminali-
Princípios são imperativos éticos extraídos do ordena- zação, ou seja, o que era ilícito agora deixou de sê-lo. Ex.:
mento jurídico. São normas estruturais do Direito Positivo, crime de sedução deixou de existir com o advento da Lei
que orientam a compreensão e aplicação do conjunto das nº 11.106/2005. Assim, todo aquele que seduzir mulher
normas jurídicas. Os  princípios constitucionais do Direito virgem entre 14 e 18 anos e com ela mantiver conjunção
Penal são normas, extraídas da Carta Magna, que dão fun- carnal aproveitando-se de sua inexperiência não mais terá
damento à construção do Direito Penal. Eles estão compre- praticado crime. Cumpre lembrar, entretanto, que o referido
endidos no seu art. 5º, dos quais se pode elencar: princípio aplica-se exclusivamente aos efeitos penais da lei,
• reserva legal ou legalidade; não sendo possível a sua aplicação no que se refere aos efei-
• irretroatividade da lei penal; tos de natureza civil, sendo esta, então, sempre retroativa.
• intranscendência ou responsabilidade pessoal; Assim, as consequências penais são:
• presunção de inocência; • Se o autor do delito estiver preso, deverá ser posto em
• individualização das penas. liberdade.
• Se houver inquérito ou processo, estes deverão ser
Reserva Legal ou Legalidade (sentido lato) trancados.
• Não será o autor considerado reincidente nem terá
XXXIX – Não há crime sem lei anterior que o defina, maus antecedentes.
nem pena sem prévia cominação legal. • Todavia os efeitos civis permanecem, qual seja, poderá
Noções de Direito Penal

ser pleiteada uma indenização.


Para a conduta do homem ser punível a título de crime,
é necessária a sua inclusão em delitos como o que acontece Por fim, a abolitio criminis é uma das causas de extinção
com a tipificação penal por intermédio da lei. É lícita, pois, da punibilidade.
e  não será punível qualquer conduta, mesmo que imoral Lex mitior (lei mais branda – melhor): ocorre quando a
ou injusta, que não se encontre definida em lei penal in- nova lei penal é mais favorável. A conduta do agente continua
criminadora. É considerada a mais importante garantia do sendo incriminada, mas ele é favorecido em decorrência de
cidadão contra possíveis abusos do Estado, pois só a lei pode previsão de uma pena mais branda ou de qualquer outra
estabelecer que condutas serão consideradas criminosas e vantagem que o beneficie. Deve-se salientar que o indivíduo
definirá as punições para cada crime. Saliente-se que a lei, aqui não ficaria com sua “ficha limpa”, apenas seria atribuí-
que define o crime e estabelece a pena, deve existir à data do a ele um benefício da lei, o abrandamento de sua pena.

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Intranscendência ou Responsabilidade Pessoal mo porque seria impossível tutelar todos os bens jurídicos
existentes no mundo do Direito (Luiz Antônio de Souza).
XLV – Nenhuma pena passará da pessoa do condena- c) Lesividade (ou ofensividade): para que haja crime,
do, podendo a obrigação de reparar o dano e a decre- é  necessário que haja lesão ou ameaça de lesão a bem
tação de perdimento de bens ser, nos termos da lei, jurídico tutelado. Assim, mesmo que a conduta seja con-
estendidos aos sucessores e contra eles executados, siderada imoral, aética ou meramente interna ao próprio
até o limite do patrimônio transferido (neste último autor só haverá crime se lesionar o bem jurídico tutelado
caso, é necessário que a vítima proponha a ação). pelo Direito Penal. Aqui, o objetivo é indicar quais condutas
não podem ser incriminadas. Ex.: não incriminação daquele
A compreensão literal desse princípio é simples, no sen- que não toma banho.
tido de que somente o condenado é que deve sofrer a repri- Constituem funções do princípio da lesividade, proibir
menda estatal, não podendo seus sucessores sofrer qualquer a incriminação de atitudes internas, de condutas que não
espécie de punição. Abre-se, na Constituição Federal, uma excedam a do próprio autor do fato, de simples estados e
única exceção quando se aplica a pena de perdimento de condições existenciais e de condutas moralmente desviadas
bens ou a reparação do dano em caso de morte do conde- que não afetem qualquer bem jurídico.3
nado, o que gera para os herdeiros a obrigação de reparar o d) Adequação social: é a teoria concebida por Hans
dano, atingindo-se o patrimônio deixado para eles. Assim, Welzel, a  qual significa que, apesar de uma conduta ser
os herdeiros apenas responderão com o valor da herança a enquadrada como crime, não será considerada típica se for
eles deixado. Atenção, se a pena aplicada ao condenado for socialmente adequada ou reconhecida de acordo com a or-
de multa, os herdeiros não responderão por ela. dem social da vida historicamente presente. Ela não se presta
a revogar tipos penais incriminadores, mas a adequá-los
Presunção de Inocência diante da sociedade. Ex.: furar a orelha, fazer uma tatuagem
são lesões corporais, todavia adequadas socialmente, não
LVII – Ninguém será considerado culpado senão sendo assim consideradas crimes.
após o trânsito em julgado da sentença penal con- e) Insignificância (ou bagatela): por esse princípio, deve
denatória. o Direito Penal procurar proteger a sociedade de crimes que
tenham gravidade razoável, evitando punir os chamados
Culpado será o réu somente após o trânsito em julgado crimes de bagatela (Leandro Cadenas Prado), como furtar
da sentença, que ocorrerá quando todas as instâncias ordi- um palito de fósforo. Não se trata de fomentar a prática de
nárias ou extraordinárias forem vencidas ou quando o réu crimes, mas a finalidade é a de ajustar a aplicação da lei penal
não utilizar o seu direito de recorrer no prazo legal. Observe aos casos que lhe são apresentados, evitando a proteção
que enquanto couber qualquer tipo de recurso, por mais de bens cuja inexpressividade, efetivamente, não merece
que existam indícios suficientes da autoria de um crime, não a atenção do legislador penal (Greco). Deste princípio,
há que se falar em culpado, vez que só existirá essa figura podem afirmar: ele exclui a tipicidade do fato4; deve haver
após o trânsito em julgado, embora, deve-se salientar que proporção entre a lesão praticada e a pena imposta; e, se a
a lei admite prisão antes da formação da culpa (exceção ao lesão não tem qualquer importância no meio social, deve a
princípio da presunção de inocência), é o caso da prisão em lei, igualmente, desprezá-la e não qualificá-la como crime,
flagrante delito, que se justifica por haver indícios suficientes por exemplo, a subtração de apenas uma folha de papel não
de autoria de um crime. deve caracterizar o crime de furto.
A existência de condenações criminais pretéritas impu-
Individualização das Penas tadas a um indivíduo impede a posterior aplicação do prin-
cípio da insignificância, consoante a jurisprudência do STF.5
XLVI – A lei regulará a individualização da pena e ado- f) Individualização da pena: a imposição da sanção penal
tará, entre outras, as seguintes: privação ou restrição para cada agente deve ser analisada e graduada individu-
de liberdade; perda de bens; multa; prestação social almente, ainda que todos respondam pelo mesmo crime.
alternativa; e suspensão ou interdição de direitos. Inicialmente, cabe ao legislador a previsão de penas para os
diversos crimes, punindo com mais rigor àquelas condutas
Como o Direito Penal visa à ressocialização do indivíduo, mais danosas. Cabe ao juiz a individualização da pena, levan-
são levadas em conta a personalidade e os antecedentes do do-se em conta as características de cada pessoa e cada fato
réu, para que a fixação da pena sirva tanto para evitar que em si, com a devida observância das características judiciais,
as demais pessoas cometam crimes, como para recuperar atenuantes, agravantes, causas de aumento ou diminuição
o indivíduo para o convívio em sociedade. Em razão disso, de pena, para que seja aplicada a sanção mais justa possível
as penas são individualizadas, de acordo com a natureza do (Prado). Segundo Greco, o primeiro momento da individu-
delito e as características pessoais do condenado. alização da pena dá-se quando da escolha das modalidades
Demais Princípios de Direito Penal de pena a serem aplicadas, as quais se encontram elencadas
no art. 5º, da CF, inciso XLVI: “a lei regulará a individualização
A seguir, serão destacados vários princípios vinculados da pena e adotará, entre outras, as seguintes: privação ou
ao Direito Penal de acordo com Rogério Greco: restrição da liberdade, perda de bens, multa, prestação social
a) Intervenção mínima: por esse princípio, o Direito alternativa e suspensão ou interdição de direitos”. A segun-
Noções de Direito Penal

Penal só deve atuar nos casos em que os demais ramos do da fase é a atribuição de uma pena a determinados crimes
Direito forem insuficientes para dar resposta efetiva à socie- de acordo com sua lesividade ao bem jurídico protegido,
dade, atuando, pois, como ultima ratio. Observe que este levando-se em consideração, também, a intenção do agente
princípio preza por limitar o legislador na criação de novos
(se agiu com dolo ou culpa). A essa fase dá-se o nome de co-
crimes, orientando-o também no sentido de descriminalizar
aquelas condutas que não são mais consideradas tão lesivas minação. A terceira fase é a denominada aplicação da pena,
à sociedade. Ex.: a descriminalização do adultério. na qual o juiz deve se atentar para as determinações contidas
b) Fragmentariedade: por força do princípio da interven- no art. 59 do CP, também chamadas circunstâncias judiciais,
ção mínima, o Direito Penal somente é chamado a tutelar 3
Cespe/DPE-TO/Defensor Público/2013.
as lesões de maior gravidade para os bens jurídicos, ou seja, 4
Assunto cobrado na prova do Cespe/DPE-TO/Defensor Público/2013.
apenas protege um fragmento dos interesses jurídicos, mes- 5
Cespe/DPE-TO/Defensor Público/2013.

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em que o juiz deve se atentar para a culpabilidade, para os tipificação penal apenas das leis formalmente consideradas,
antecedentes, para a conduta social, para a personalidade ou seja, que respeitam o procedimento legislativo próprio
do agente, para os motivos, para as circunstâncias e para as das leis ordinárias, incluídas aqui as leis complementares.
consequências do crime, bem como para o comportamento l) Anterioridade: em regra, um tipo penal só é aplicado
da vítima. A fixação da pena-base, de acordo com o critério aos fatos posteriores a sua vigência. Segundo essa premis-
trifásico determinado pelo art. 68 do CP deve se atentar para sa, é fundamental que exista primeiro a lei estabelecendo
as circunstâncias judiciais, para as circunstâncias atenuantes a conduta como criminosa e fixando a pena respectiva, ou
e agravantes e para as causas de diminuição e de aumento de seja, a lei deve existir anterior ao fato delituoso.
pena (no concurso de causa de aumento ou de diminuição m) Irretroatividade: decorre do princípio da anteriorida-
previstas na parte especial do CP, pode o juiz limitar-se a um de, ou seja, a lei penal não atinge fato pretérito, contudo,
só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, haverá retroatividade em benefício do agente. A lei penal
a causa que mais aumente ou diminua). Por fim ocorre tam- tem eficácia a partir de sua existência sendo vedada, como
bém a individualização na fase de execução penal, de acordo regra, a aplicação de forma retroativa, de forma a atingir con-
com o art. 5º, da Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal), dutas anteriores à lei. A exceção aqui mencionada limita-se
em que os condenados serão classificados, segundo os seus tão somente à esfera penal, não sendo aplicável sequer ao
antecedentes e personalidade, para orientar a individualiza- processo penal, a teor do art. 2º do CPP onde se estatui que
ção da execução penal. a lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo
g) Proporcionalidade: também chamado de razoabilida- da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.
de ou de proibição de excesso. Serve para graduar e impor n) Extratividade: em alguns casos, a lei penal, mesmo
as penas aos delitos, ou até mesmo para tornar irrelevante após sua revogação, continua regulando atos cometidos
penal determinado fato, observando-se certos limites ou
durante sua vigência (ultratividade da lei penal) ou retroage
parâmetros entre o fato ofensivo considerado típico e a
para alcançar acontecimentos anteriores a sua entrada em
respectiva sanção a ser imposta, ou seja, a pena deve ser
vigor (retroatividade da lei penal, quando mais benéfica ao
proporcional ao delito praticado (nocividade social).
agente).
h) Responsabilidade pessoal: princípio pelo qual ne-
nhuma pena poderá passar da pessoa do condenado. Ele o) Alteridade: por esse princípio, não é possível punir a
também pode ser denominado princípio da pessoalidade autolesão, não podendo o agente cometer crime contra si
ou da intranscendência da pena, onde somente a pessoa mesmo; somente é punível o comportamento que importa
do condenado é que terá que se submeter à sanção que lhe lesão ou ameaça a bem jurídico de terceiros (Luiz Antônio
foi aplicada pelo estado. de Souza).
i) Limitação das penas: segundo o que preceitua a p) Territorialidade: como regra, a lei penal brasileira só
Constituição Federal, não haverá penas de morte (salvo em é aplicada à infração penal cometida no território nacional;
caso de guerra declarada), de caráter perpétuo, de trabalhos q) Pavilhão ou bandeira: as embarcações e aeronaves
forçados, de banimento e cruéis. (públicas e a serviço do governo e as privadas, quando es-
j) Culpabilidade: é o juízo de censura, de reprovabilidade tão em alto-mar ou no espaço aéreo correspondente) são
que se faz sobre a conduta típica e ilícita do agente. Deste consideradas extensões do território brasileiro, estando
princípio surgem três subprincípios: o da personalidade, intimamente ligadas ao princípio da territorialidade.
quem impede de punir alguém por conduta que não realizou; r) Especialidade: segundo este princípio, sempre que
o da responsabilidade pelo fato, por que puni o caráter do duas leis puderem ser aplicadas a um mesmo caso, aplicar-
fato praticado e não o modo ou o caráter de ser do agente; -se-á a mais especial, afastando a lei genérica. É o que diz o
e o princípio do dolo e da culpa, ou seja, a  necessidade brocardo lex specialis derrogat generali. Ex.: o infanticídio
de buscar na conduta a vontade do agente ou a sua culpa, em relação ao homicídio.
opondo-se a qualquer responsabilidade objetiva puramente s) Non bis in idem: por este princípio, o mesmo agente
pelo resultado sem se pesquisar a causa (Pagliuca). Se não não pode ser punido duas vezes pelo mesmo fato, ou seja,
houver dolo ou culpa, não haverá conduta. Sem conduta não ninguém pode sofrer duas penas motivadas pelo mesmo
há fato típico. Sem fato típico não haverá crime. crime.
k) Legalidade: não há crime sem lei anterior que o de- t) Taxatividade: o tipo penal incriminador deve ser bem
fina nem pena sem cominação legal (nullum crimen, nulla definido e detalhado para não gerar qualquer dúvida quanto
poena sine praevia lege), é o que se estatui do art. 1º do ao seu alcance e aplicação. Evite expressões ambíguas, equí-
CP e também do art. 5º, inciso XXXIX da CF. A única fonte vocas e vagas de modo a ensejar diferentes entendimentos
do Direito Penal, segundo Nelson Hungria, é a norma legal. (Guilherme de Souza Nucci).
Entende-se lei em seu sentido estrito (Medida Provisória, u) Humanidade: não pode haver penas cruéis.6
Resoluções, Decretos, Costumes não podem tipificar cri-
mes). Do princípio da legalidade decorrem quatro funções:
proibir a retroatividade da lei penal, exceto quando mais Sujeitos do Crime
benéfica ao réu; proibição de criação de crimes e penas
Em uma conduta criminosa, necessariamente teremos o
Noções de Direito Penal

pelos costumes; proibição do emprego da analogia para


criar crimes, fundamentar ou agravar penas; proibição de polo ativo (quem pratica a conduta) e o polo passivo (aquele
incriminações vagas e indeterminadas, ou seja, é vedada a quem é dirigida a conduta incriminadora).
a criação de tipos que contenham conceitos vagos ou im-
precisos. Há diferença entre o princípio da legalidade e o Sujeito Ativo
princípio da reserva legal. Pelo princípio da legalidade seria
possível a adoção de quaisquer dos diplomas elencados no Como regra, seria apenas o ser humano, vez que a lei
art. 59 (lei ordinária, lei complementar, medida provisória, atribui a este a capacidade de delinquir. Em princípio, autor
decreto legislativo ou resoluções), ou leis materialmente de crime só poderia ser pessoa física, maior de 18 anos,
consideradas para tipificar crimes. Por outro lado, quando
se faz menção à reserva legal, limita-se a aceitação para a 6
Assunto cobrado na prova do Cespe/DPE-TO/Defensor Público/2013.

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que pratica a conduta descrita em lei. Por exceção, porém, (art. 139, CP). Por último, ninguém pode ser sujeito ativo e
pessoas jurídicas também podem responder penalmente passivo do crime ao mesmo tempo, vez que ninguém pode
quando praticarem crime contra o meio ambiente (Lei praticar crime contra si mesmo, é a aplicação dos princípios
nº 9.605/1998), as quais poderão ser responsabilizadas da alteridade e da transcendência, haja vista que, para que
administrativa, civil e penalmente, quando a infração é co- exista o crime, o agente deve violar ou ameaçar bem jurídico
metida por decisão de seu representante legal ou contratual, de terceiro, ultrapassando a sua esfera individual. Portanto,
ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício de sua autolesão não constitui crime, exceto se o agente o faz para
entidade, contudo, conforme se depreende da referida Lei, receber seguro, caso em que ele estará cometendo crime
a responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das contra a seguradora, que é pessoa jurídica, havendo violação
pessoas físicas autoras, coautoras ou partícipes do mesmo de bem jurídico de terceiro, daí à existência de crime contra
fato. As sanções penais aplicáveis às pessoas jurídicas são o patrimônio.
a multa, a restrição de direitos e a prestação de serviços à
comunidade. Sendo assim, pode-se afirmar que: Sintetizando o sujeito passivo, ter-se-ia:
a) formal: Estado, porque ele é o titular da lei incrimi-
Ativo: quem comete o crime, quem pratica a conduta nadora.
delituosa. O sujeito ativo pode praticar a conduta descrita b) material: é o que sofre a ação. Geralmente o ser
no tipo penal sendo, portanto, o  autor, ou concorrer de humano.
qualquer forma para a prática do crime, ou seja, o partíci-
pe. O sujeito ativo é, pois, tanto o executor direto como o APLICAÇÃO DA LEI PENAL
indireto. Havendo mais de um autor, diz-se que o crime foi (princípios da legalidade e da
praticado em coautoria, havendo mais de um partícipe, ter-
-se-á a coparticipação. Quando o legislador exige especial anterioridade, lei penal no tempo,
capacidade do sujeito ativo, tem-se o chamado crime pró- ultratividade da lei – excepcional
prio, como, por exemplo, no crime de infanticídio, em que o e temporária, tempo do crime,
sujeito ativo precisa ser mãe em estado puerperal da mesma territorialidade, lugar do crime,
forma que no crime de peculato exige-se que o seu sujeito
ativo seja funcionário público. Às vezes, o legislador exige
extraterritorialidade, pena
que o agente pratique pessoalmente a conduta delituosa. cumprida no estrangeiro, eficácia
É o chamado crime de mão própria ou também de atuação da sentença estrangeira, contagem
pessoal ou infungível, crime este que não admite coautoria, de prazo, frações não computáveis
mas pode haver participação, como, por exemplo, o crime de pena, legislação especial –
de autoaborto, que somente pode ser praticado pela ges-
tante. É, pois, sujeito ativo, em regra, o ser humano. Como imunidades)
exceção, a pessoa jurídica, conforme já mencionado na Lei
nº 9.605/1998, especificamente em seus art. 3º e 21 a 24. Aplicação da Lei Penal (arts. 1º a 12)

Sujeito Passivo O art. 1º do CP traz dois princípios: o da legalidade e o


da anterioridade. Conforme já visto, somente a lei em seu
O titular do bem jurídico lesionado ou ameaçado é o sentido estrito pode definir crimes e cominar penalidades.
sujeito passivo do crime. Geralmente, sendo ele ser humano, Ela deve nascer no Poder Legislativo, do contrário, não haverá
teremos o sujeito material; se for o Estado, teremos o sujeito crime, motivo pelo qual uma medida provisória, por exemplo,
formal. Pode-se, então, afirmar que: não poderia tipificar uma conduta delituosa, embora ela
tenha força de lei. Observe que por tratar de norma que não
é oriunda de uma representação popular, ela não é lei, uma
Passivo: é o titular do bem diretamente lesado pelo
vez que pode perder a eficácia, desde sua edição, se não for
delito, que é o sujeito material, ou o titular do direito de
convertida em lei no prazo de 60 (sessenta) dias, a partir de
punir, que é o Estado. Qualquer pessoa, seja física ou ju-
sua publicação (art. 62, § 3º, da CF, com a redação dada pela
rídica, incapaz (louco, recém-nascido), feto, estrangeiro,
EC nº 32/2001), motivo este que impede a referida norma
em situação irregular no país etc., pode ser sujeito passivo de dispor sobre matéria penal criando crimes e cominando
de crime. Os animais jamais poderão ser sujeitos passivos, penas. Quanto à anterioridade, visto foi que a lei que rege
mas apenas objetos do crime, tendo em vista que, se algum o ato deve existir à data do fato, haja vista que qualquer lei
crime é cometido contra um animal, o sujeito passivo será é editada para atos futuros e não para atos pretéritos, mo-
o seu dono ou, eventualmente, a coletividade. Existem tipos tivo pelo qual veda o ordenamento jurídico brasileiro toda
penais que possuem apenas um bem jurídico tutelado, como, espécie de retroatividade da lei, salvo quando para beneficiar
por exemplo, o crime de furto no qual se tutela apenas o o réu, entendendo ainda que a tal proibição não se aplica
patrimônio como bem jurídico. Existem outros tipos penais
Noções de Direito Penal

somente às penas, mas a qualquer norma de natureza pe-


que tutelam mais de um bem jurídico, como, por exemplo, nal, como, por exemplo, quando impedem ou acrescentam
o crime de roubo em que a tutela se estende à incolumidade requisitos para a progressão de regime (CAPEZ).
física, psíquica e ao patrimônio, ou, até mesmo, à vida, no Já o art. 2º do CP traz o princípio da irretroatividade. Faz-
caso de latrocínio. Logo, conclui-se que todos os titulares -se necessário enfatizar que o princípio da irretroatividade se
de bens jurídicos e violados ou ameaçados pelo crime são restringe às normas de caráter penal, já que a lei processual
considerados sujeitos passivos. O Estado pode figurar como não se submete a tal princípio. Segundo Luiz Flávio Gomes,
sujeito passivo formal ou material do crime, como, por a lei processual penal nova tem incidência imediata sobre
exemplo, no caso de crime de dano ao patrimônio público. todos os processos em andamento, pouco importando se o
Tanto a pessoa física como jurídica podem ser sujeito passivo crime foi cometido antes ou depois de sua entrada em vigor
de crimes, inclusive, nos crimes contra a honra, a difamação ou se a inovação é ou não mais benéfica.

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Vigência e Revogação da Lei Penal ficiar o réu; à segunda, denomina-se de ultratividade. Daí,
podem-se surgir os chamados conflitos intertemporais, que
Assim como as demais, a lei penal também começa a são resolvidos da seguinte forma: se alguém é processado
vigorar na data nela indicada, ou, na omissão, em 45 dias sob a vigência de uma lei e, quando do julgamento, surgir
após a publicação dentro do país, e em três meses no exterior. uma nova lei mais benéfica, esta será aplicada, perfazendo,
O espaço do tempo compreendido entre a publicação da lei então a retroatividade, por ser mais benéfica. Contudo, se a
e sua entrada em vigor denomina-se vacatio legis. lei mais nova, quando do julgamento, for mais gravosa, não
Não há revogação pelo simples desuso da lei. A  revo- será aplicada, haja vista sua gravidade, o que faz com que
gação total denomina-se ab-rogação. A  revogação parcial a lei anterior, a qual se encontra revogada pela atual, seja
denomina-se derrogação. A revogação é expressa quando a aplicada, já que o fato se deu quando ela ainda estava em
nova lei traz expressamente quais os textos da lei anterior vigor, sendo assim, aplicar-se-á a lei então revogada, que
serão revogados e será tácita quando regula inteiramente a nada mais é do que a ultratividade.
matéria de que tratava a lei anterior ou quando incompatível
com a referida lei. Extratividade Retroatividade Ultratividade
É a possibili- É a aplicação de uma É a aplicação de uma
A seguir, encontram-se breves conceitos extraídos da obra dade de apli- lei penal benéfica lei penal já revogada
de Rodolpho Priebe Pedde Junior. cação de uma a um fato ocorrido a um fato ocorrido
lei a situações antes do período da durante o período
Sanção: é o ato pelo qual o Chefe de Governo aprova e ocorridas fora sua vigência. Ex.: em de sua vigência. Ex.:
confirma uma lei. do âmbito de 15 de janeiro de 2007 em 15 de janeiro de
Promulgação: é o ato pelo qual se atesta a existência da lei sua vigência. “A” atira em “B” e 2007 “A” atira em “B”
e se determina a todos que a observem; tem a finalidade Divide-se em este morre. Na data e este morre. Na data
de conferir-lhe o caráter de autenticidade; dela deriva o retroatividade do fato a pena era de do fato a pena era de
cunho de executoriedade. e ultrativida- 25 anos. Todavia, em 16 anos. Todavia, em
Publicação: é o ato pelo qual se torna conhecida de todos, de. 15 de maio de 2010, 15 de maio de 2010,
impondo sua obrigatoriedade. nova lei vem preven- nova lei vem preven-
Revogação: é expressão genérica que traduz a ideia de do para o mesmo do para o mesmo
cessação da existência de regra obrigatória, em virtude crime a pena de 16 crime a pena de 25
de manifestação, nesse sentido, do poder competente; anos. Assim, deve ser anos. Assim deve ser
compreende: a derrogação (revogação parcial), quando aplicada a lei nova aplicada a lei antiga
cessa em parte a autoridade da lei; e a ab-rogação (re- mais benéfica, de- mais benéfica, de-
vogação total), quando se extingue totalmente; a revo-
vendo retroagir para vendo ultragir a ser
gação poder ser expressa (quando a lei, expressamente,
atingir fatos fora da aplicada mesmo es-
determina a cessação da vigência da norma anterior) ou
sua vigência. tando revogada.
tácita (quando o novo texto, embora de fora não expresse
é incompatível com o anterior ou regula inteiramente a Observe o esquema:
matéria precedente).
Q pratica atentado violento ao pudor, em 2000, e é condenado
Sinteticamente, tomando por base as definições acima, a cumprir 10 anos de reclusão, de acordo com a lei A.
bem como a Lei de Introdução ao Código Civil, poderíamos
assim definir:
a) vigência: na data prevista na lei;
A
a) na omissão: 10 anos
1) Brasil: 45 dias; (2000)
2) Exterior: três meses;
b) vacatio legis: espaço compreendido entre a publica- abolitio
não retroage

ção e a vigência da lei; criminis lex mitior

b) revogação:
c) expressa: informam-se os textos que serão revogados;
d) tácita: lei nova incompatível ou lei que regula o que há B B
extinção 6 anos
na anterior; (2004) (2004)
e) total: ab-rogação; B
15 anos
f) parcial: derrogação; (2004)
g) não há revogação pelo simples desuso da lei.
Noções de Direito Penal

Em 2004, surge a lei B, que


Em 2004, surge a lei B, reduz a pena do crime para 6
que extingue o crime. anos. Por ser benéfica ao réu,
Embora seja sabido que a revogação se dá com a morte Por ser benéfica ao réu, ela retroagirá e será aplicada,
da lei, o  próprio ordenamento jurídico brasileiro prevê a ela retroagirá e alcançará reduzindo a pena de 10 para 6
o réu, deixando-o livre.
possibilidade de uma determinada lei regular situações que anos e descontando o período
que já foi cumprido. Esse
ocorreram fora de seu período de vigência. Não se trata de re- desconto é chamado de
gra, mas de exceção, a qual recebe o nome de extratividade, detração penal .

que pode decorrer de situações passadas (antes da entrada


em vigor da lei) ou futura (quando a lei se aplica a situações Em 2004, surge a lei B, que eleva a pena do crime para 15
mesmo tendo sido revogadas). À  primeira, denomina-se anos. Como a lei não é benéfica ao réu, não será aplicada,
ou seja, não retroagirá.
retroatividade, que, conforme visto, só irá existir para bene-

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A título de exemplo: A Portaria nº 104/2011, do Gabinete Transcrevendo para a forma de quesito, poder-se-ia
do Ministério da Saúde, definiu a relação de doenças de notifi- questionar: de quem seria a competência para aplicação
cação compulsória em todo o território nacional. Joaquim, mé- da novatio legis in melius? Conforme Capez, se o processo
dico, ao tomar conhecimento de um paciente que estava com estiver em primeira instância, a  competência para aplicar
uma patologia descrita na referida normativa, por amizade a lei mais benéfica é do juiz de primeiro grau encarregado
ao mesmo, não comunicou a doença aos órgãos competentes, de prolatar a sentença. Se o processo estiver em grau de
motivo pelo qual, ao ser descoberto tal fato, foi processado recurso, a competência será do tribunal incumbido de julgar
criminalmente. Na hipótese de antes do julgamento, ser edi- o recurso. Após o trânsito em julgado, segundo os arts. 66, I,
tada nova normativa, retirando a referida patologia do rol de da Lei de Execuções Penais, art. 13 da Lei de Introdução ao
doenças de notificação compulsória, pode-se afirmar que deve Código de Processo Penal e, por fim, a Súmula nº 611 do STF,
incidir a retroatividade do abolitio criminis , considerando que a competência é do juiz da execução e não do tribunal revisor.
se alterou a matéria da proibição.7 Por fim, é bom salientar que não se deve admitir a aplicação
As hipóteses de lei posterior são: a abolitio criminis, da nova lei mais benéfica por meio de revisão criminal, uma
a novatio legis in melius, a novatio legis in pejus e a novatio vez que impediria o conhecimento da matéria pela instância
legis incriminadora. inferior, ferindo o princípio do duplo grau de jurisdição.
Questiona-se, ainda, a possibilidade de se aplicar a lex
Novatio legis Incriminadora mitior durante o período de vacatio legis. Embora a Doutrina
não seja pacífica neste ponto, a Jurisprudência já a admite,
A lei nova passa a considerar crime uma conduta que antes considerando que por trazer a nova lei dispositivos que
não era tida como tal. Ex.: homofobia passou a ser crime. Ela beneficiam o réu, é possível a sua aplicação pelo juiz ainda
não pode retroagir. Todos que praticaram condutas de homo- que não expirado o prazo da vacatio legis, sendo suficiente
fobia antes da entrada em vigor da lei não praticaram crime. que o texto da nova lei seja publicado.
Pode ser que a autoridade judiciária fique em dúvida de
Novatio legis in pejus (nova lei mais grave) que lei aplicar por não saber qual seria a mais benéfica para
o réu. Neste caso, ele poderia ouvir o réu, na presença de
Surge quando a nova lei passa a dar um tratamento mais seu defensor, e deles concluir o que seria mais benéfico. Em
gravoso ao crime. Ex.: uma lei nova prevê um aumento de outras palavras, quando o juiz ficar invencível acerca de qual
pena para o crime de homicídio. Ela não pode retroagir. lei aplicar ao réu, por não saber qual delas é a mais benéfica,
Este aumento de pena será aplicado apenas aos crimes de deverá ouvir o réu, pois é ele, obviamente, o melhor para
homicídio praticados a partir da vigência da lei que o previu. conhecer as disposições que lhe são benéficas.
Quanto à possibilidade de combinação de leis, a doutrina
Novatio legis in mellius (nova lei mais benéfica) diverge. Há combinação de leis quando se questiona a pos-
sibilidade de se aplicar uma parte de cada lei, com o fim de
Surge quando a nova lei passa a dar um tratamento mais favorecer o agente. Nesse sentido, já houve decisão do STF
benéfico ao crime. É retroativa, pois favorece o agente, já pela possibilidade de combinação de leis em benefício do réu
que, segundo o art. 2º, CP, qualquer lei posterior que benefi- (HC nº 69.033-5, rel. Min. Marco Aurélio, DJU de 13/3/1992, p.
cie o agente, deve ser aplicada aos fatos anteriores, ainda que 2925). Contudo, é de se ressaltar que a questão não é pacífica
decididos por sentença condenatória transitada em julgado. nem mesmo dentro do próprio STF. A Segunda Turma enten-
Existe, ainda, a possibilidade da lex intermedia (lei inter- deu pela possibilidade de combinação de leis no tempo para
mediária), aquela que ocorre quando é publicada mais de favorecer o réu (STF, HC nº 95.435, rel. Min. Cezar Peluzo, j.
uma lei entre o momento da prática do delito e o julgamento 21/10/2008); já a Primeira Turma da Egrégia Corte entendeu
do acusado. Aplica-se a lei mais benéfica, ainda que esta não pela impossibilidade, até mesmo para beneficiar o réu, sob o
seja a vigente ao tempo do crime ou por ocasião da prolação fundamento de que isto implicaria na criação de uma tercei-
da sentença. No caso de haver três leis, sendo a intermediária ra lei pelo judiciário (STF, RHC nº 94.802, rel. Min. Menezes
mais benéfica, ela retroagirá em relação à primeira, e será Direito, 1ª Turma, DJe 20/3/2009). Vê-se, pois, que a questão
ultra-ativa em relação à terceira. Decorre da sucessão de lei deve ser resolvida pelo Pleno do STF, entretanto, há uma leve
no tempo. Se a lei nova é mais benéfica será retroativa, caso tendência dos doutrinadores em admitir a combinação de leis
contrário, será ultra-ativa. penais no tempo quando em benefício do réu.
Quanto à fixação da lei aplicável ao tempo do crime nos
Competência para Aplicação da lex mitior casos de delitos continuados e permanentes, temos:

Quando uma lei nova, mais benéfica, ao agente surgir Crimes Permanentes e Continuados
durante a fase investigatória, o MP, ao receber os autos do
Crime permanente é aquele cuja execução se prolonga
inquérito, já deverá oferecer a denúncia com base no novo
no tempo. O agente, a cada instante, enquanto durar a
texto legal. Se a lei nova surge durante o curso da ação
permanência, está praticando ato de execução, é o caso do
penal, o juiz ou o tribunal poderão aplicar, imediatamente,
crime de sequestro.
a lex mitior. Se já houve o trânsito em julgado da sentença
Crime continuado é aquele que ocorre quando o agente,
na ação penal, caberá ao juiz da execução aplicar o novo
Noções de Direito Penal

mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou


regramento (art. 66, I, da Lei de execução penal). Contudo,
mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo,
deve ser observado que o juiz da execução só será compe-
lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem
tente para dar efetividade à nova lei caso as alterações no
os crimes subsequentes ser havidos como continuação do
processo não necessitarem de apreciação do mérito da ação
primeiro (art. 71, CP).
penal de conhecimento, ou seja, o juiz só poderá praticar
Havendo uma sucessão de leis enquanto esses delitos
tal ato quando as alterações do processo se resumirem a
estiverem em andamento, deve-se aplicar a última das leis
cálculos matemáticos. Do contrário, a competência será do
que surgir, ainda que mais gravosa ao acusado (Súmula
respectivo Tribunal, que deverá aplicar nova legislação em
nº  711 do STF: “a lei penal mais grave aplica-se ao crime
grau de recurso, via ação de revisão criminal.
continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é
Funcab/PC-ES/Escrivão de Polícia/2013.
7 anterior à cessação da continuidade ou da permanência”.).

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Sinteticamente, teríamos: 1. Teoria da atividade: considera-se praticado o crime
na hora da conduta, aplicando-se, por conseguinte, a lei que
Crime Permanente Crime Continuado vigora nesse momento.
2. Teoria do resultado: considera-se praticado o crime no
Ex.: se durante a prática de Ex.: durante três meses o momento do resultado, desprezando-se o momento da ação.
um sequestro surge uma lei agente desvia verbas públi- 3. Teoria da ubiquidade ou mista: o crime é considerado
mais severa aumentando a cas, todavia durante a prática tanto no momento da ação como no momento do resultado.
pena deste crime, será esta dos crimes de peculato surge
lei nova mais gravosa aplica- uma lei nova agravando a sua Prevalece no ordenamento jurídico pátrio a Teoria da
da a todo o fato. pena, esta nova lei, mesmo Atividade, não interessando o momento em que se produziu
mais gravosa, é  aplicada a o resultado. Nos crimes permanentes, quando o agente inicia
todo conjunto de crimes. a sua prática sob a vigência de uma lei, vindo a se prolongar
até a entrada em vigor de outra, deve-se, pois, ser-lhe apli-
Leis de Vigência Temporária cada a última, mesmo que seja a mais severa.
Quanto ao crime continuado, se a nova lei modifica de
Lei temporária: lei elaborada com expressa previsão de algum modo o tipo legal já existente, aplica-se a última lei.
sua vigência em um lapso temporal. O legislador, previamen- Se a nova lei deixa de considerar a conduta como crime,
te, fixa o seu período de duração. No próprio texto da lei já deverá retroagir aos textos executados antes de sua vigência.
se encontra a data de sua cessação. Se a lei penal for modificada durante o processo penal
Lei excepcional: lei criada com o fim específico de ou durante a execução da pena, prevalecerá a norma mais
atender a uma situação circunstancial e transitória, como, favorável ao réu, não importa se a anterior ou a posterior.
por exemplo, nos casos de guerra, calamidades etc. A lei irá Da mesma forma, se a lei nova deixar de considerar o fato
existir enquanto durar a anormalidade. como crime (abolitio criminis), será aplicada esta última, por
ser mais favorável ao réu.
Características: Frise-se, ainda, que nos casos de crime permanente (ex.:
a) autorrevogáveis: não necessitam de outra lei para sequestro) em que a consumação se prolonga pela própria
revogá-las, pois têm em seu próprio texto a data de sua vontade do agente, uma eventual lei posterior, ainda que
cessação ou duram enquanto a situação de calamidade se mais severa, será aplicável à conduta que ocorreu durante
perdurar. sua vigência. Semelhantemente, se quando do sequestro o
b) ultrativas: as ações ou omissões ao tempo da lei agente ainda não possuía 18 anos, mesmo assim retém-se
temporária ou excepcional serão punidas, mesmo que a lei a vítima que, após alcançar a maioridade, será penalmente
já esteja revogada. A lei será aplicada mesmo após cessada a responsável pelos atos que praticou a partir do dia em que
sua vigência; é o que se chama ultratividade. Essa é exceção completou os 18 anos, não respondendo pelos atos pratica-
à regra da retroatividade benéfica, uma vez que tal princípio dos anteriormente, pois era inimputável. Essa mesma regra
não é aplicável em casos de leis excepcionais ou temporárias. aplica-se ao crime continuado.
Isso se justifica, pois, se o agente soubesse, de antemão, De maneira resumida:
que após cessada a anormalidade ou findo o período de
vigência ele fosse ficar impune, tais leis não teriam sentido,
pois perderiam toda sua força intimidativa. A regra da aplicação da lei penal no tempo encontra-se
disposta no art.  4º do CP  – “Considera-se praticado o
Tempo do Crime crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro
seja o momento do resultado”. Assim adota-se a Teoria da
É o momento da ação ou omissão que tenha dado Atividade – princípio tempus regit actum: é o tempo que
causa ao resultado lesivo, não importando o momento do deve reger o ato, ou seja, é a lei que está em vigor no dia
resultado: Teoria da Atividade ou Ação – Princípio tempus em que o crime foi cometido, não importando a data do
regit actum (é o tempo que deve reger o ato, ou seja, é a resultado. Ex.: um menor com 17 anos e 11 meses atira
lei que está em vigor no dia em que o crime foi cometido)8. contra a sua namorada, que vem a falecer em decorrência
Em outras palavras, a principal consequência da teoria dos ferimentos dois meses depois. Segundo a Teoria da
adotada é quanto à imputabilidade do agente, já que a sua Atividade o menor não responderá pelo crime praticado,
capacidade de autodeterminação é aferida no momento em pois o momento do crime (ação) era menor de idade.
que o crime é praticado e não na data que o resultado venha Exceção: se o crime for permanente, por exemplo, o crime
a ocorrer. Diferentemente, ocorre na prescrição, já que nesse de sequestro, supondo que um menor de 17 anos e 11
sentido o CP adotou a teoria do resultado, já que o lapso meses priva a vítima de sua liberdade, a qual é libertada
prescricional começa a correr a partir da consumação e não somente após seis meses, neste caso ele responderá pelo
do dia em que se deu a ação delituosa (art. 111, I) (CAPEZ). crime de sequestro, haja vista que a ação do agente se
Há exceção, caso o crime seja permanente, haja vista prolonga no tempo, vindo ele a responder pelo delito por
que a ação do agente se prolonga no tempo, vindo ele a já ter completado a maioridade.
responder pelo delito por já ter completado a maioridade. Essa mesma regra aplica-se ao crime continuado.
Noções de Direito Penal

Surgindo conflito aparente de normas, já que somente Atenção! Em relação à prescrição, o CP adotou a Teoria do
uma delas é que poderá ser aplicada, mesmo havendo mais Resultado, já que o lapso prescricional começa a correr a partir
de uma regulando o mesmo fato, será ele solucionado pelos da consumação, e não do dia em que se deu a ação delituosa.
princípios da especialidade, subsidiariedade, consunção ou
alternatividade. Lugar do Crime
A fixação do instante em que ocorreu o crime é relevante Vigora a Teoria da Ubiquidade: é tanto o local do crime
para se poder aplicar a lei penal, para se determinar a me- da ação ou omissão que tenha dado causa ao resultado
noridade ou não do agente ao tempo da ação, entre outras. lesivo, quanto onde se produziu (crime consumado) ou
A doutrina destaca três teorias: deveria produzir-se (crime tentado) o resultado9. Como
Assunto cobrado na prova da FMP-RS/MPE-AC/Analista/2013.
8 9
Assunto cobrado na prova da Fepese/DPE-SC/Analista Técnico/2013.

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exemplo, poder-se-ia citar um estelionato praticado no Brasil aeronave brasileira no espaço aéreo correspondente ao
e consumado no Uruguai. Ambos os países são considerados alto-mar (TFR, RJTFR nº 51/46).
lugar do crime.
Exceção: nos casos de crimes conexos, cada crime deve Princípios Básicos referentes à Lei Penal no Espaço
ser julgado pelo país onde foi cometido, não se aplicando,
portanto, a referida teoria. A soberania é um dos fundamentos da República Fede-
Atenção! Não confundir com as regras previstas no rativa do Brasil assim como das demais nações, os quais são
Código de Processo Penal, em que o local competente para reconhecidos pelos tratados e convenções internacionais. E,
processar e julgar o crime será o local do resultado. como tal, cada país tem suas próprias leis, que são editadas
para serem aplicadas no seu espaço territorial. Cinco são os
Lei Penal no Espaço princípios que norteiam a aplicação da lei no espaço. São eles:
• Princípio da Territorialidade: por este princípio aplica-
Territorialidade -se a lei brasileira a todas as condutas praticadas no
Brasil ou cujo resultado venha a ocorrer no território
Prevê o CP que ao crime praticado em território nacional brasileiro. Em outras palavras, importa aos Estados
aplica-se a lei penal nacional. Todavia o CP vai mais além, aplicarem as suas leis aos crimes ocorridos dentro de
uma vez que a legislação brasileira adotou a Territorialidade seus territórios jurídicos, não importando a naciona-
Temperada ou Mitigada, em que será aplicada a lei penal lidade do criminoso ou a origem da vítima.
brasileira, em regra, ao crime cometido no território nacional. • Princípio da Nacionalidade (ou personalidade): aplica-
Porém, prevê a possibilidade de se aplicar a lei estrangeira, ex- -se a legislação penal de determinado Estado a todos
cepcionalmente, aos crimes aqui cometidos quando tratados os seus cidadãos, ainda que o crime tenha sido prati-
e convenções internacionais assim determinarem. Em outras cado fora de suas fronteiras. Nesse caso, mesmo que
palavras, pode-se afirmar que o Brasil adotou o princípio da um brasileiro tenha praticado crime fora do território
Territorialidade Mitigada ou Temperada, tendo em vista que brasileiro, onde de regra não seria aplicada a legislação
o Estado pode abrir mão de sua jurisdição em atendimento brasileira, poderá ser punido pelas leis pátrias pelo fato
a convenções, tratados e regras de Direito Internacional. Em de ser de nacionalidade brasileira.
síntese, território, aqui, compreende o espaço terrestre, flu- • Princípio da Defesa (ou real, ou proteção): aplica-se a
vial, marítimo e aéreo, onde o Brasil é soberano. Quantos aos lei de um determinado país aos crimes que ofendam
navios e aviões, estes são ditos públicos quando de guerra, ou seus bens jurídicos, pouco importando quem cometeu
em serviço militar, bem como os que estão a serviço oficial. o crime ou onde ele foi cometido. Aplica-se a lei do país
São privados quando mercantes ou de propriedade particular. a que pertença o bem jurídico lesionado, independen-
temente de onde tenha ocorrido o fato com o intuito
Extraterritorialidade de se ver preservados interesses básicos dos Estados.
• Princípio da Justiça Universal (ou Cosmopolita, ou Ju-
É a exceção para a lei penal no espaço, pois a regra, como risdição Mundial, ou Repressão Universal, ou da Uni-
já visto, é a territorialidade (território é todo espaço aéreo, versalidade do Direito de Punir): aplica-se a legislação
marítimo e terrestre em que um país é soberano), ou seja, penal de um Estado desde que o sujeito ativo ingresse
todos os crimes ocorridos no território brasileiro devem no seu território, pouco importando a nacionalidade
ser julgados aplicando-se a lei penal brasileira, e os crimes das pessoas envolvidas ou o local de prática do delito.
ocorridos fora do Brasil serão julgados pela lei estrangeira. Para esse princípio não interessa a nacionalidade do
Mas, existem crimes que, mesmo sendo praticados fora do agente, o bem jurídico lesionado, ou o local onde foi
Brasil, ficam sujeitos ao julgamento pela lei brasileira: é a praticada a conduta, sendo sempre aplicada a lei do
extraterritorialidade. local onde for encontrado o delinquente.
O princípio da universalidade, preconizado no artigo
Casos de territorialidade: 7º, II, a, do CP, não obsta a concessão da extradição
ao Estado no qual ocorreram as práticas delituosas.10
a) crimes ocorridos no Brasil ou nas suas extensões. A título de exemplo: O marinheiro Jonas matou seu
Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do colega de farda a bordo do navio-escola NE Brasil, da
território nacional: Marinha Brasileira, quando o navio estava em águas
• as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza sob soberania do Japão. Assim, a lei penal brasileira
pública (de guerra, em serviço militar) ou a serviço do será aplicada ao caso, em razão do princípio da justiça
governo brasileiro (serviço oficial – chefes de Estado universal.11
ou representantes diplomáticos) onde quer que se • Princípio da Representação (ou pavilhão ou da ban-
encontrem; deira): o autor da infração deve ser julgado pelas leis do
• as aeronaves e embarcações brasileiras, mercantes ou país em que a embarcação ou aeronave está registrada.
de propriedade privada, que se achem, respectivamen- Aplica-se a lei do Estado da bandeira do navio ou da
te, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar; aeronave privados, quando, no seu interior, houverem
ocorrido crimes no estrangeiro e lá não foram julgados.
Noções de Direito Penal

b) também é aplicável a lei brasileira aos crimes pratica-


dos a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de A legislação brasileira não adotou nenhum desses
propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no ter- princípios com exclusividade. Na realidade todos eles são
ritório nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, acolhidos por nosso Código Penal, que deu maior ênfase ao
e estas em porto ou mar territorial do Brasil. princípio da territorialidade, pelo qual a lei penal brasileira
é aplicada no território brasileiro, independentemente da
Obs.: os crimes cometidos a bordo de navios são da nacionalidade do autor e da vítima do delito. Como há ex-
competência da Justiça Federal (STJ, RHC nº 1.386, DJU de ceções a tal princípio, respaldadas nas convenções, tratados
9/1/1991, p. 18044). São também da competência da Justiça
Federal brasileira do Estado-Membro em cujo aeroporto Funcab/PC-ES/Delegado de Polícia/2013.
10

primeiro pousou o avião, os crimes cometidos a bordo de Funcab/PC-ES/Escrivão de Polícia/2013.


11

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e regras de Direito Internacional, além dos casos especiais utilizadas as dependências para a prática de crimes ou dar
de extraterritorialidade, diz-se que o Brasil adota a territo- abrigo a criminosos comuns, pois, se assim o for, cessa a in-
rialidade temperada. violabilidade. Outrossim, as sedes diplomáticas não são mais
consideradas extensões do território alienígena, pertencem
Imunidades ao Estado onde se encontra, embora seja também inviolável,
mas permite-se que sejam invadidas por autoridades locais
Quando se fala em imunidade, tem-se a falsa impressão em casos de urgência, como a ocorrência de algum acidente
de que seja tal palavra sinônima de impunidade, o  que grave; somente o Estado acreditante pode renunciar a imu-
não é verdade, uma vez que a própria Convenção de Viena nidade diplomática, nunca o próprio diplomata, uma vez
expressa a esse respeito, quanto aos diplomatas, demons- que ela pertence ao Estado e não ao indivíduo.12
trando que os mesmos devem ser processados pelos crimes
por eles cometidos nos seus Estados de origem, Convenção *Observações gerais quanto às imunidades consulares:
esta dita como a fonte das imunidades não só diplomáticas vale ressaltar que somente os funcionários consulares de
como consulares. carreira (o cônsul-geral, o cônsul, o vice-cônsul e o agente
A figura das imunidades não está relacionada à pessoa,
consular), no exercício de suas funções, gozam de tal imu-
mas, sim, ao cargo ocupado pelo agente. Gozam de imuni-
nidade, uma vez que ela não beneficia qualquer tipo de
dades os diplomatas e os parlamentares. Ei-las:
funcionário consular honorário, inclusive o cônsul honorário.
Atribui-se ainda tal imunidade aos empregados consulares,
Imunidades Diplomáticas
Os agentes estrangeiros que cometem crimes devem ser desde que estes façam parte do corpo técnico e adminis-
submetidos às leis de seu país, ficando, com isso, imunes trativo consulado, excluindo-se aqui da imunidade penal os
às leis do país em que tiverem cometido infração. Estão membros de sua família e os empregados pessoais tendo
excluídos os funcionários particulares daqueles que gozam em vista que eles não podem atuar no exercício da função,
de imunidades (tais como o cozinheiro, o  faxineiro, o  jar- apenas os funcionários e empregados consulares gozam de
dineiro etc. ainda que tenham a mesma nacionalidade), tal prerrogativa, mas desde que estejam no exercício de sua
porém incluem-se secretários de embaixadas, servidores função e tão somente nos limites geográficos do distrito
que ocupam cargos técnicos e administrativos das repre- consular, mas podem ser detidos ou presos preventivamente
sentações, bem como os seus respectivos familiares. São em casos de crimes graves por eles praticados, por ordem
ainda alcançados por tais imunidades os funcionários de judicial. O adido consular é a pessoa sem delegação de re-
organismos internacionais, como, por exemplo, a ONU, presentatividade e, portanto, não tem imunidade.
chefes de Estado estrangeiro, desde que estejam no Brasil,
assim como suas respectivas comitivas. Os representantes Imunidades Parlamentares
diplomáticos de governos estrangeiros gozam não só de Segundo o texto constitucional, a imunidade do congres-
imunidade penal (embora já se admita que sejam presos sista somente será suspensa em estado de sítio e desde que
em flagrante o diplomata que esteja envolvido em tráfico de por decisão de 2/3 dos membros da respectiva Casa, quan-
entorpecentes, em infrações aduaneiras e terrorismo, sem do referente a atos praticados fora do Congresso Nacional
qualquer autorização do Estado de origem, com o álibi de e incompatível com a efetivação da medida. A  finalidade
que tal atividade criminosa foge completamente à função precípua dessa prerrogativa é permitir ao congressista que,
de representação inerente à diplomacia), como tributária mesmo em época de conturbação social, expresse seu pen-
(exceto impostos indiretos incluídos no preço) e civil (exceto samento, vez que neste momento estaria manifestando o
no que diz respeito a Direito sucessório e ações referentes desejo do povo que representa. A imunidade parlamentar
à profissão liberal exercida pelo agente diplomático fora pode ser formal ou material.
das funções). Observe que a imunidade aqui mencionada a) Imunidade Formal: hoje temos a não imunidade como
abrange os diplomatas de carreira (desde o embaixador ao regra e, acaso deseje a casa respectiva conceder imunidade
terceiro-secretário) e todos os membros do quadro admi- ao seu componente deverá manifestar-se positivamente,
nistrativo e técnico (como tradutores, contabilistas etc.) da enquanto isso, o processo prossegue perante o STF.
sede diplomática, desde que recrutados no Estado de origem. b) Imunidade Material: o agente não responde por suas
Vê-se ainda que quando se tratar de familiares de diplomatas opiniões, palavras (aqueles que envolvem a opinião, como,
de carreira é bom salientar que tais pessoas só gozam de tal por exemplo, crimes contra a honra, apologia de crime e
prerrogativa quando habitarem com eles e viverem sob sua incitação ao crime, mas desde que não sejam estranhas a sua
dependência econômica; a imunidade descrita aqui atinge atividade como membro do Legislativo, na Casa do Congres-
ainda os familiares dos membros do quadro administrativo
so a que pertence, ou em missão oficial, por determinação
e técnico, os  funcionários das organizações mundiais (em
dela, pois, caso se faça externamente, não há que se falar
serviço), os chefes de Estado estrangeiro, e os diplomatas ad
em inviolabilidade) portanto, o congressista que, fazendo uso
hoc (pessoas nomeadas pelo Estado acreditante para uma
determinada função no Estado acreditado, como, por exem- de suas palavras vier a cometer a infração tipificada como
plo, acompanhar a posse de algum Presidente da República). injúria, não cometeria crime algum.
Noções de Direito Penal

*Observações gerais quanto às imunidades diplomáti- As imunidades aqui descritas estendem-se aos depu­tados
cas: por não poderem ser presos ou detidos, nem obrigados estaduais, que possuem as mesmas imunidades que os par-
a depor como testemunha (embora possam ser investigados lamentares federais, mas tais prerrogativas devem constar
pela polícia), gozam da inviolabilidade pessoal, mesmo que das Constituições Estaduais. Eles podem ser processados
em trânsito estejam, quer seja, desde o momento da saída sem autorização da Assembleia Legislativa do seu Estado,
de seu país de origem, para assumir a função no exterior, até em qualquer tipo de crime, inclusive federal ou eleitoral,
a sua volta; gozam ainda de independência, vez que agem mas o processo pode ser sustado pelo voto da maioria do
livremente em relação a tudo o que se refere a sua qualidade Parlamento, caso haja a provocação de algum partido polí-
de representantes de um Estado estrangeiro; gozam tam-
bém de inviolabilidade de habitação, desde que não sejam Assunto cobrado na prova do Cespe/PC-BA/Delegado de Polícia/2013.
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tico nela representado. Outrossim, caso cometam crimes da • contra a Administração Pública, por quem está a seu
competência da Justiça Federal, devem ser processados pelo serviço (princípio real, da defesa ou proteção);
TRF; se o delito for da esfera eleitoral, serão processados no • de genocídio, quando o agente for brasileiro ou do-
TRE, portanto é incabível o que previa a Constituição anterior miciliado no Brasil (princípio da justiça universal, que
quando determinava que a imunidade concedida a deputa- defende que o genocida onde quer que se encontre,
dos estaduais era restrita à Justiça do Estado. deverá ser punido com a lei do país respectivo; ou
Quanto aos vereadores, eles gozam de imunidade ab- princípio real, da defesa ou proteção, que defende
soluta, enquanto estiverem no exercício do seu mandato e que quando o genocídio atinja um bem brasileiro, a lei
na circunscrição de seu Município, mas não têm imunidade brasileira deverá ser aplicada).
processual e nem foro privilegiado, embora possuam direito
à prisão especial, de acordo com a Lei nº 3.181/1967. b) Condicionada: dependendo do concurso de algumas
“Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e pe- condições, os crimes:
nalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. • que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a
Os Deputados e Senadores desde a expedição do diploma reprimir (princípio da justiça universal);
serão submetidos a julgamento perante o STF. Desde a expe- • praticados por brasileiro (princípio da nacionalidade
dição do diploma, os membros do Congresso Nacional não ativa);
poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. • praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras,
Neste caso, os  autos serão remetidos dentro de 24 horas mercantes ou de propriedade privada, quando em
à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus território estrangeiro e aí não sejam julgados (princípio
membros, resolva sobre a prisão. A sustação do processo da representação).
suspende a prescrição, enquanto durar o mandato”. Não
pode o congressista abrir mão dessa imunidade, vez que a As condições que devem ser atendidas são:
imunidade pertence ao Parlamento e não ao congressista, de • entrar o agente no território nacional;
modo que é irrenunciável, por ser tal prerrogativa de caráter • ser o fato punível também no país em que foi praticado;
institucional, inerente ao Poder Legislativo, que só é confe- • estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei
rida ao parlamentar ratione numeris, em função do cargo e brasileira autoriza a extradição;
não do mandato que exerce, portanto, não se reconhece ao • não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não
congressista, em tema de imunidade parlamentar, a facul- ter aí cumprido a pena;
dade de a ela renunciar. Ressalte-se ainda que a imunidade • não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por
parlamentar não se estenda ao corréu sem essa prerrogativa. outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo
Outrossim, prevalece, ainda, no contexto das imunidades o a lei mais favorável.
sigilo parlamentar, que desobriga o congressista “a testemu-
nhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão Atendidas as condições supramencionadas, a lei brasileira
do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra
confiaram ou deles receberam informações”. Além disso, brasileiro fora do Brasil, se reunidas as condições previstas
os parlamentares devem ser ouvidos em lugar previamente no parágrafo anterior:
agendado com o juiz, quando forem testemunhas, não ca- • não foi pedida ou foi negada a extradição;
bendo qualquer tipo de condução coercitiva. • houve requisição do Ministro da Justiça.
Por fim, é relevante frisar que, quanto às imunidades di-
plomáticas e consulares, trata-se de exceção ao princípio da Observações
territorialidade, previsto em Convenção subscrita pelo Brasil,
concedendo aos diplomatas e cônsules isenção à jurisdição • Este item atenta-se para o chamado Princípio da Defesa
brasileira, motivo pelo qual somente podem ser processados ou da Personalidade Passiva.
criminalmente em seus países de origem; quanto às imunida- • É bom salientar que, quanto ao crime de tortura, a Lei
des parlamentares, cuida-se de exceção ao princípio da terri- nº 9.455/1997 prevê em seu art. 2º, que no que se re-
torialidade previsto na CF, possibilitando que o parlamentar, fere ao princípio da extraterritorialidade condicionada,
no exercício de seu mandato, por opiniões, palavras e voto, aplica-se a lei brasileira ainda que o crime não tenha
não possa ser criminal e civilmente responsabilizado. Permi- sido cometido em território nacional, sendo a vítima
te, ainda, que os processos criminais contra eles instaurados brasileira ou encontrando-se o agente em local sob
possam ser sustados pela Casa Legislativa correspondente. jurisdição brasileira.

Casos de Extraterritorialidade Eficácia da Sentença Estrangeira

a) Incondicionada: ainda que absolvido ou condenado no Toda sentença judicial é ato de soberania do Estado. Mas
estrangeiro, o agente será punido segundo a lei brasileira (se para garantir a maior eficiência possível ao combate das práti-
o agente já foi condenado no estrangeiro, deve-se observar cas de fatos criminosos, o Estado se vale, por exceção, de atos
o art. 8º do CP que traz: “a pena cumprida no estrangeiro
Noções de Direito Penal

de soberania de outros Estados aos quais atribuem certos e


atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando determinados efeitos. Para tanto, homologa a sentença penal
diversas, ou nela é computada, quando idênticas”) nos casos estrangeira, de modo a torná-la um verdadeiro título executi-
de crimes: vo nacional, ou independentemente de prévia homologação,
• contra a vida ou a liberdade do Presidente da República dá-lhe o caráter de fato juridicamente relevante, de acordo
(princípio real, da defesa ou proteção); com o art. 9º do CP (Greco). Segundo este artigo, a sentença
• contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Dis- estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na
trito Federal, de Estado, de Território, de Município, espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no
de empresa pública, sociedade de economia mista, Brasil para obrigar o condenado a reparar o dano, a restituir
autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público a coisa e a outros efeitos civis, sujeitando-o ainda a medida
(princípio real, da defesa ou proteção); de segurança, contudo a homologação depende de pedido

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da parte interessada e da existência de tratado de extradição Territorialidade
com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, Art. 5º Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de con-
ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça venções, tratados e regras de direito internacional,
(observe-se que o sujeito não pode ser preso, no Brasil, em ao crime cometido no território nacional.
razão de homologação de sentença estrangeira). §  1º Para os efeitos penais, consideram-se como
Como a execução da pena também é um ato de sobera- extensão do território nacional as embarcações e ae-
nia, os efeitos da sentença penal estrangeira são limitados ronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço
aqui no Brasil. Assim como as leis estrangeiras não são aplica- do governo brasileiro onde quer que se encontrem,
das no território nacional, aqui seus julgados não podem ser bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras,
executados, exceto quando a lei penal brasileira produzir as mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
mesmas consequências da lei estrangeira, aí se homologa a respectivamente, no espaço aéreo correspondente
sentença estrangeira, mas somente para consequências civis ou em alto-mar.
(reparação do dano, restituições) e aplicação de medidas de § 2º É também aplicável a lei brasileira aos crimes
segurança. A homologação aqui dita cabe ao STJ. praticados a bordo de aeronaves ou embarcações
A sentença estrangeira pode ser homologada no Brasil. estrangeiras de propriedade privada, achando-se
A homologação depende do pedido da parte interessada, aquelas em pouso no território nacional ou em voo
da existência de tratado de extradição com o país de cuja no espaço aéreo correspondente, e estas em porto
autoridade judiciária emanou a sentença ou de requisição ou mar territorial do Brasil.
do Ministro da Justiça.
Lugar do Crime
Contagem de Prazo Art. 6º Considera-se praticado o crime no lugar em
que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte,
Nos prazos processuais não se computa o dia do começo, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se
incluindo-se, porém, o do vencimento; já, segundo o art. 10 o resultado.
do CP, que não é prazo processual, mas penal, o dia do
começo inclui-se no cômputo do prazo, sendo contados os Extraterritorialidade
dias, os meses e os anos pelo calendário comum, contudo, Art. 7º Ficam sujeitos à lei brasileira, embora come-
segundo o art. 11 do CP, desprezam-se nas penas privativas tidos no estrangeiro:
de liberdade e nas restritivas de direito as frações de dia e, I – os crimes:
na pena de multa, as de “cruzeiro”. Em outras palavras, não a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da
importa a que horas do dia começou a correr o prazo, já República;
que se conta o dia todo para efeito de contagem de prazo. b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do
Assim, se alguém é preso por força de uma prisão temporária, Distrito Federal, de Estado, de Território, de Muni-
às 23h55min, os cinco minutos restantes já são considerados cípio, de empresa pública, sociedade de economia
como um dia inteiro. mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder
É de bom alvitre salientar que os prazos penais são fatais Público;
e improrrogáveis, mesmo que terminem em domingos e c) contra a administração pública, por quem está a
feriados (CAPEZ). seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
Artigos Pertinentes
domiciliado no Brasil;
II – os crimes:
Anterioridade da Lei
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou
Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina.
a reprimir;
Não há pena sem prévia cominação legal.
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasilei-
Lei Penal no Tempo
ras, mercantes ou de propriedade privada, quando
Art.  2º Ninguém pode ser punido por fato que lei
posterior deixa de considerar crime, cessando em em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
virtude dela a execução e os efeitos penais da sen- § 1º Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo
tença condenatória. a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado
Parágrafo único. A  lei posterior, que de qualquer no estrangeiro.
modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos ante- § 2º Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira
riores, ainda que decididos por sentença condena- depende do concurso das seguintes condições:
tória transitada em julgado.13 a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi
Lei Excepcional ou Temporária praticado;
Noções de Direito Penal

Art. 3º A lei excepcional ou temporária, embora c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a
decorrido o período de sua duração ou cessadas as lei brasileira autoriza a extradição;
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou
praticado durante sua vigência. não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou,
Tempo do Crime por outro motivo, não estar extinta a punibilidade,
Art. 4º Considera-se praticado o crime no momento segundo a lei mais favorável.
da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento § 3º A lei brasileira aplica-se também ao crime come-
do resultado. tido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil,
se, reunidas as condições previstas no parágrafo
Assunto cobrado na prova da FMP-RS/MPE-AC/Analista/2013.
13 anterior:

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a) não foi pedida ou foi negada a extradição; Deve-se considerar duas visões:
b) houve requisição do Ministro da Justiça. • bipartida: o crime é um fato típico e antijurídico;
• tripartida: o crime é um fato típico, antijurídico e
Pena Cumprida no Estrangeiro culpável.
Art. 8º A pena cumprida no estrangeiro atenua a
pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando A visão bipartida considera a culpabilidade um mero pressu-
diversas, ou nela é computada, quando idênticas. posto para aplicação da pena, por isso a exclui de seu conceito.
Já a visão tripartida inclui a culpabilidade em seu conceito.
Eficácia de Sentença Estrangeira Adotaremos, então, a  Teoria Tripartida, que é a mais
Art. 9º A sentença estrangeira, quando a aplicação aceita pela doutrina.
da lei brasileira produz na espécie as mesmas con- Conceito de crime a partir da Teoria Tripartida.
seqüências, pode ser homologada no Brasil para:
I – obrigar o condenado à reparação do dano, a res- Quadro Esquemático
tituições e a outros efeitos civis;
II – sujeitá-lo a medida de segurança. Antijurídico
Fato Típico Culpável
Parágrafo único. A homologação depende: (ilícito)
(Elementos) (Elementos)
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da (Excludentes)
parte interessada; Conduta. Estado de necessi- Imputabilidade.
c) para os outros efeitos, da existência de tratado de dade.
extradição com o país de cuja autoridade judiciária Resultado. Legítima defesa. Potencial consciência
emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de re- da ilicitude.
quisição do Ministro da Justiça. Nexo causal. Estrito cumprimen- Exigibilidade de condu-
to de dever legal. ta diversa.
Contagem de Prazo Tipicidade. Exercício regular de
Art. 10. O dia do começo inclui-se no cômputo do direito.
prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo
calendário comum. O fato típico é composto dos seguintes elementos: con-
duta (dolosa/culposa, omissiva/comissiva), resultado (para
Frações não Computáveis da Pena os crimes materiais – aqueles que dependem do resultado
Art. 11. Desprezam-se, nas penas privativas de liber- para se consumarem), nexo de causalidade (elo entre a
dade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, conduta e o resultado) e a tipicidade (formal – subsunção
na pena de multa, as frações de cruzeiro. do fato à norma; conglobante – que é a tipicidade formal
associada à tipicidade material, ou seja, leva-se em conside-
Legislação Especial ração o princípio da insignificância).
Art. 12. As regras gerais deste Código aplicam-se A ilicitude refere-se à relação de contrariedade ao orde-
aos fatos incriminados por lei especial, se esta não namento jurídico. Por exclusão, lícita será toda conduta em
dispuser de modo diverso. que o agente tiver atuado sobre o amparo das excludentes de
ilicitude previstas no Código Penal, a saber: legítima defesa,
estado de necessidade, estrito cumprimento de dever legal
e o exercício regular de direito. Ainda, segundo a doutrina,
Teoria Geral do Crime – INFRAÇÃO existe uma causa supralegal como excludente de ilicitude,
PENAL (conceito de crime, crime e que é o consentimento do ofendido, contudo, este requer
contravenção penal, elementos que o ofendido tenha capacidade para consentir, que o bem
sobre o qual recaia a conduta do agente seja disponível e
do crime: conduta (ação e que o consentimento tenha sido dado anteriormente ou
omissão), resultado, relação simultaneamente ao ato.
de causalidade, tipicidade; A culpabilidade, que é um juízo de reprovação pessoal
consumação e tentativa, desistência que se faz sobre a conduta do agente, para a teoria finalis-
ta, é composta dos seguintes elementos: a imputabilidade,
voluntária e arrependimento a potencial consciência da ilicitude do fato e a exigibilidade
eficaz, arrependimento posterior, de conduta diversa.
crime impossível, crime doloso e Objeto de um Crime
culposo, agravamento da pena pelo
resultado, erros, coação moral e Pode-se afirmar que o objeto é aquilo sobre o que incide
a conduta delituosa. Ele se divide em:
obediência hierárquica)
Noções de Direito Penal

a) jurídico: é o bem ou interesse protegido pela norma;


Exemplo: homicídio (vida) e furto (patrimônio).
O que é Crime? b) material: é a pessoa, coisa ou interesse sobre a qual
recai a conduta do agente.
a) Conceito material – Conduta humana que lesa ou
expõe a perigo bens jurídicos tutelados. Sintetizando, temos como um dos exemplos o crime de
b) Conceito formal – Conduta humana proibida por lei, furto, em que o objeto jurídico seria o patrimônio e o objeto
com cominação de pena. material seria a coisa furtada. Pode haver coincidência entre
c) Conceito analítico – Analisa cada um dos elementos esses objetos quando ocorre, por exemplo, o homicídio, pois
do crime, sem que com isso se queira fragmentá-lo, já que o o homem é objeto material e também o titular do objeto
crime é um todo unitário e indivisível. jurídico lesionado, ou seja, a vida. A regra é que inexistindo

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objeto material, surge o crime impossível. Contudo, pode Finalmente, quanto às penas previstas para as contra-
haver crime sem objeto material, nos casos de ato obsceno venções penais, o art. 5º da LCP traz prisão simples e multa,
ou falso testemunho, por exemplo. que poderão ser aplicadas isoladas ou cumulativamente.
A prisão simples é aquela cumprida, sem rigor penitenciário,
Diferença entre Crime e Contravenção Penal em cadeia pública, no regime semiaberto ou aberto, ficando
o preso separado dos condenados a pena de detenção ou
Contravenção reclusão, penas estas aplicadas aos praticantes de crime e
não de contravenção.
É um crime anão, um pequeno crime no sentido de
ferir patrimônio jurídico de menor reprovabilidade ante a Diferenças básicas entre Crime e Contravenção
sociedade. Em suma, definido apenas como um crime anão.
Para Nélson Hungria, as contravenções, por serem infrações Crime Contravenção
menos graves que os crimes, ofendem bens jurídicos não tão 1. Pune as condutas mais 1. Pune as condutas menos
importantes quanto os protegidos ao se tipificar um crime. graves. graves.
As contravenções penais são infração de menor potencial 2. Punido com pena de reclu- 2. Punida apenas com pena
ofensivo (suas penas isoladamente não excedem a dois anos), são ou pena de detenção, de prisão simples ou multa.
portanto, são da competência dos Juizados Especiais. Elas são podendo haver a multa 3. Tem caráter preventivo,
infrações de ação penal pública incondicionada (não neces- cumulativa ou alternativa. visando à lei das contraven-
sitam de representação como condição de procedibilidade 3. Tem caráter repressivo, ções penais a coibir condu-
para a propositura da ação penal). situando o direito somente tas conscientes que possam
O Brasil adotou o sistema dicotômico, sendo que as infra- após a ocorrência do dano trazer prejuízo a alguém.
ções penais se classificam em crimes (ou delitos) e contraven- a alguém. 4. Só é cabível a Ação Penal
ções. Nos crimes ocorre uma lesão ou um perigo concreto/ 4. São possíveis todos os tipos Pública Incondicionada.
objetivo, ou seja, a probabilidade de ocorrência de uma lesão, de ações penais. 5. Cometido no exterior, não
nas contravenções penais há apenas um perigo subjetivo, ou 5. Cometido no exterior pode pode ser punido no Brasil.
seja, aquele abstrato, mera representação mental. ser punido no Brasil. 6. A tentativa não é punida.
As contravenções penais não admitem tentativa. É o que 6. É punível a tentativa. 7. Limite máximo de cumpri-
se depreende do art. 4º da LCP (Lei de Contravenções Pe- 7. Limite máximo de cumpri- mento da pena: 5 anos.
nais). O legislador adotou esse critério por política criminal, mento da pena: 30 anos. 8. S e g u e o r i t o d a L e i
em virtude da pequena potencialidade lesiva da tentativa 8. Segue qualquer rito proces- nº 9.099/1995, Lei do Jui-
de contravenção. sual. zado Especial Criminal,
O art. 7º da LCP traz: pois trata-se de conduta de
menor potencial ofensivo.
verifica-se a reincidência quando o agente pratica
uma contravenção depois de passar em julgado a Classificação dos Crimes
sentença que tenha condenado, no Brasil ou no
estrangeiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, por 1. Crime comissivo: resulta de um agir, de um fazer por
motivo de contravenção. parte do agente, que alcança o resultado mediante uma
ação positiva.
No que se refere à conversão da pena de multa (caso não 2. Crime omissivo: nasce de um não agir por parte do
fosse paga) em prisão simples, a legislação atual já não mais agente, quando era seu dever agir. Independe de qualquer re-
permite, embora fosse esse o teor do art. 9º da LCP. Contudo, sultado. É um típico crime de mera conduta. Em consequên­
foi ele revogado pela Lei nº 9.268/1996. O referido artigo cia, não se admitem a tentativa e a coautoria.
trazia que a multa era convertida em prisão simples, de acor- 3. Crime comissivo por omissão (omissivo impróprio):
do com o que dispõe o Código Penal sobre a conversão de ocorre a omissão do agente que, por disposição legal, tem
multa em detenção. Todavia, a lei aqui mencionada, alterou o dever de se manifestar em determinadas situações, e sua
a redação do art. 51 do CP estabelecendo que, “transitada omissão concorre para a ocorrência de uma ação criminosa.
em julgado a sentença penal condenatória, a  multa será
Exemplo clássico é quando a mãe abandona o próprio filho
convertida em dívida de valor, aplicando-se-lhe as normas da
recém-nascido, provocando-lhe a morte. Essa classificação
legislação relativa à dívida da Fazenda Pública, inclusive no
que concerne às causas interruptivas e suspensivas da pres- só é admitida nos crimes materiais (crimes de resultado),
crição”. Resumindo, hoje não existe mais no CP a conversão entretanto eles admitem a tentativa, mas não admitem a
de multa em detenção e, reflexamente, também não mais coautoria, sendo possível a participação.
existe a citada conversão para prisão simples no caso das 4. Crime material: é aquele em que a lei prevê a condu-
contravenções penais. É o que ensina Vítor E. Rios Gonçalves. ta e o respectivo resultado. Exemplo: furto.
Traz, também, o art. 8º da LCP: 5. Crime formal: para a sua caracterização, exige-se ape-
nas a ação, independentemente do resultado pretendido ser
no caso de ignorância ou de errada compreensão da ou não alcançado. Exemplo: crime de extorsão. Como regra,
Noções de Direito Penal

lei, quando escusáveis (aquele em que qualquer pes- esta modalidade não admite tentativa, só ocorrendo quando
soa comum incorreria, nas mesmas circunstâncias), verificada a possibilidade de fracionamento da conduta.
a pena pode deixar de ser aplicada. 6. Crime de mera conduta: caracteriza-se com a simples
Há entendimento de que este artigo foi revogado desde 1984 conduta do agente que não deseja qualquer resultado.
com a reforma do CP, que trouxe o erro de proibição, se ine- Exemplo: crime de violação de domicílio. Em outras palavras,
vitável, como causa de exclusão da culpabilidade, devendo o é aquele em que o tipo penal somente prevê a conduta e com a
réu ser absolvido. Como o referido artigo faz alusão a crime, sua prática ocorre a consumação. Não há previsão de um resul-
que é infração mais grave que contravenção, seria injusto tado naturalístico. A consumação se dá com a ação prevista na
que nas contravenções, infrações de menor gravidade, não norma. Ex.: porte ilegal de arma; violação de domicílio. Esses
se aplicasse o referido princípio. crimes não admitem tentativa e nem concurso de agentes.

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7. Crime geral: pode ser praticado por qualquer pessoa, Ressalte-se que o delito de latrocínio é crime hediondo e é
não exigindo condição ou situação de seu agente. Exemplo: julgado por juízes singulares, por não se tratar de crime doloso
furto. contra a vida, mas de crime contra o patrimônio.
8. Crime especial ou próprio: para a sua existência é ne- 14. Crimes permanentes: o delito tem sua consumação
cessário que o agente detenha alguma condição específica, por todo o tempo em que o bem jurídico tutelado está sendo
sem a qual inexiste o crime. Exemplo: a condição de funcio- atacado, vindo a prolongar-se no tempo. Exemplo: crime de
nário público para a prática do crime de corrupção passiva. cárcere privado.
9. Crime de mão própria: essa espécie de crime poderá 15. Crime continuado: é a prática reiterada da mesma
ser praticada por qualquer pessoa, desde que o faça dire- conduta típica considerada dentro de um lapso temporal que
tamente, sendo incabível a autoria imediata. É impossível a caracterize a homogeneidade da conduta. O agente pratica
coautoria, podendo haver, porém, a participação. vários crimes, mas, por uma ficção jurídica, será punido
A título de exemplo: Túlio, em razão de seu casamento considerando-se uma só ação com a pena aumentada de
com Maria, declarou no cartório de registro de pessoas um sexto a dois terços.
naturais que era divorciado, sendo o matrimônio com Maria 16. Crime plurissubjetivo: exige-se o concurso de pes-
consumado. Entretanto, Túlio era casado com Claudia, mas soas, ou seja, somente poderá ser praticado por duas ou
estavam separados de fato há muitos anos. Serviram como mais pessoas. Exemplo: formação de quadrilha.
testemunhas Joana e Paulo, primos de Túlio, que tinham 17. Crime hediondo: são insuscetíveis de fiança, anistia,
conhecimento do casamento e da separação de fato deste graça e indulto, mas admitem liberdade provisória, devendo
com Claudia. Assim pode-se afirmar que se trata de crime ainda a pena ser cumprida inicialmente em regime fechado,
próprio, sendo coautores Joana e Paulo, primos de Túlio.14 podendo, entretanto, haver progressão de regime após o
10. Crime preterdoloso ou preterintencional: em linhas cumprimento de 2/5 da pena (se o réu é primário) ou 3/5
gerais, são os crimes qualificados pelo resultado. O agente (no caso de reincidência). É bom ressaltar ainda que para tais
não pretende o resultado que alcança; entretanto, por culpa, crimes, a prisão temporária terá duração de 30 (trinta) dias,
produz resultado além do desejado. É necessária a vontade prorrogáveis uma vez, por igual período, no caso de extrema
(dolo). Exemplo: lesões corporais seguidas de morte. necessidade. São hediondos os crimes:
Poderia ser assim também dissertado: é o crime no qual • homicídio simples, quando praticado em atividade
o resultado lesivo vai além daquele pretendido pelo agente. típica de grupo de extermínio, ainda que praticado por
Este visa a um determinado ato lesivo, mas o resultado ex- um só agente;
cede o desejado. Há dolo no antecedente (conduta inicial) • homicídio qualificado;
e culpa no consequente (resultado final). Há um resultado • latrocínio;
agravador culposo após a conduta típica dolosa. • extorsão qualificada pela morte;
11. Crimes qualificados pelo resultado: segundo Rogério • extorsão mediante sequestro e na forma qualificada;
Greco, o  crime será qualificado pelo resultado quando o • estupro;
agente atua com dolo na conduta e dolo quanto ao resultado • estupro de vulnerável;
do qualificador, ou dolo na conduta e culpa no que diz respei- • epidemia resultando em morte;
to ao resultado qualificador (que é o crime preterdoloso). No • falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de
crime qualificado pelo resultado existe dolo e dolo ou dolo produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais;
e culpa, daí, pode-se afirmar que todo crime preterdoloso é • genocídio.
qualificado pelo resultado, mas nem todo crime qualificado
pelo resultado é preterdoloso. Caracteriza dolo e dolo a con- 18. Crimes putativos: quando o agente supõe estar pra-
duta descrita como lesão corporal qualificada pela perda ou ticando uma conduta delituosa e, na realidade, os seus atos
inutilização de membro e dolo e culpa na conduta descrita não caracterizam crime. Há erro, blefe.
como lesão corporal qualificada pelo resultado do aborto. 19. Crimes comuns: são aqueles que podem ser pratica-
O crime será, ainda, qualificado pelo resultado quando hou- dos por qualquer pessoa.
ver culpa e culpa, como, por exemplo, causar lesão corporal 20. Crimes próprios: para que existam, é necessário que
a terceiro acidentalmente, que devido a elas, correr à vítima o agente detenha uma condição especial, como ser mãe em
risco de morte, ocorrendo a forma culposa tanto no tipo infanticídio, ou funcionário público em crimes de peculato,
quanto no seu resultado, ou culpa e dolo, como, por exemplo, corrupção passiva etc.
no caso de o agente causar lesões corporais a terceiros sem 21. Crimes de perigo: são crimes que se consumam com
intenção, mas, propositalmente, deixar de prestar socorro. a mera possibilidade de dano, basta que haja exposição do
12. Crime simples: é aquele que apresenta apenas um bem a perigo de dano, como no caso do crime de periclitação
tipo penal, como no homicídio. da vida ou saúde de outrem. O perigo pode ser concreto,
13. Crime complexo: dá-se quando a conduta é tipificada quando o próprio tipo exige a existência de uma situação
pela fusão de mais de um tipo legal. São também chamados de perigo efetivo, ou abstrato, em que a situação de perigo
pluriofensivos por lesarem ou exporem a perigo de lesão mais é somente presumida, como no caso do crime de quadrilha,
de um bem jurídico tutelado. Exemplo: latrocínio (roubo e em que o agente será punido, mesmo que o bando não tenha
homicídio). Em outras palavras, é aquele no qual há a fusão cometido um ilícito sequer.
de dois ou mais tipos penais. O crime complexo tutela mais de 22. Crimes de dano: para que existam é necessário que
um bem jurídico. O crime complexo pode existir, também, no haja efetiva lesão ao bem jurídico protegido pela norma,
Noções de Direito Penal

caso em que um tipo serve como circunstância qualificadora como no caso de homicídio.
de outro. Exemplificam a fusão de dois ou mais tipos penais o 23. Crime instantâneo: é aquele em que o seu momento
crime de extorsão mediante sequestro (em que se conjuga o consumativo se dá num instante determinado, como no
crime de extorsão e o crime de sequestro, que são dois tipos homicídio.
penais distintos), o roubo (que une o crime de furto ao crime 24. Crimes instantâneos de efeitos permanentes: são
de violência corporal e/ou ao constrangimento ilegal, que tam- aqueles que se consumam em um dado instante, mas os seus
bém são tipos penais distintos). Exemplifica o segundo caso, ou efeitos são permanentes, como no homicídio.
seja, quando um tipo serve como circunstância qualificadora 25. Crime principal: ele existe independentemente de
de outro o latrocínio (em que o homicídio qualifica o roubo). outro, como no furto.
26. Crime acessório: é aquele que depende de outro para
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14 existir, como o crime de receptação.

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27. Crime progressivo: é aquele em que agente quer O Brasil adotou o sistema dicotômico, sendo que as infra-
atingir um resultado mais grave, mas, para atingi-lo, vai ções penais se classificam em crimes (ou delitos) e contraven-
praticando várias e sucessivas ações delituosas até atingir o ções. Nos crimes ocorre uma lesão ou um perigo concreto/
seu intento, como no caso daquele que vai lesionando seu objetivo, ou seja, a probabilidade de ocorrência de uma lesão,
desafeto gradativamente até levá-lo à morte. Note que neste nas contravenções penais há apenas um perigo subjetivo, ou
caso ele só irá responder por homicídio, já que este crime seja, aquele abstrato, mera representação mental.
absorve o de lesões corporais (princípio da consunção). Para se atingir um ilícito penal, o agente normalmente
28. Progressão criminosa: diferentemente do crime pro- perfaz alguns caminhos a fim de obter uma meta delineada.
gressivo, nesse o agente busca atingir um resultado e o atinge, A esse caminho dá-se o nome de iter criminis, que, nada mais
sendo que, após conseguir realizar o seu intento, resolve é do que o caminho percorrido pelo agente para a obtenção
violar outro bem jurídico protegido pela norma, produzindo do resultado delituoso. O iter criminis é composto das se-
um crime ainda mais grave, como querer lesionar alguém e, guintes fases: cogitação, preparação, execução, consumação
após atingir esse objetivo, resolve matar a vítima. Observe que, e exaurimento.
mesmo tendo praticado dois delitos, irá o agente responder Pois bem, vamos voltar ao conceito de crime e passar a
apenas pelo mais grave (princípio da consunção), no caso, por estudá-lo de forma pormenorizada, que é a chamada Teoria
homicídio. O que diferencia a progressão criminosa do crime Geral do Crime.
progressivo é que neste caso há um só crime; já, naquele, há Lembrando o conceito de crime, segundo a teoria tri-
dois crimes, daí ser chamado de progressão criminosa. Em partida:
outras palavras, no crime progressivo existe apenas o crime
fim, embora, para alcançá-lo, o agente tivesse que percorrer Fato Típico Antijurídico (Ilícito) Culpável
um caminho que violasse bens jurídicos tutelados pelo orde- (Elementos) (Excludentes) (Elementos)
namento jurídico. Já na progressão criminosa, o agente pratica
mais de um crime, querendo violar o ordenamento jurídico e, Conduta. Estado de necessidade. Imputabilidade.
não satisfeito, procura realizar outro delito, atingindo um outro Resultado. Legítima defesa. Potencial consciên-
bem jurídico tutelado e mais grave que o primeiro. cia da ilicitude.
29. Crime falho: é o mesmo que tentativa perfeita ou Nexo causal. Estrito cumprimento Exigibilidade de
acabada, em que o agente esgota toda sua capacidade ofen- de dever legal. conduta diversa.
siva, mas que não produz nenhum resultado naturalístico.
30. Crime exaurido: é o crime em que o agente o con- Tipicidade. Exercício regular de
suma e, logo após, vem a agredir o mesmo bem jurídico, Direito.
lesionando-o, contudo, não representa irrelevante penal,
como no caso de furtar um celular de alguém e, logo após, Elementos ou Requisitos do Fato Típico
destruí-lo. Nessa situação, o agente só responderá pelo furto.
31. Crime unissubsistente: é aquele em que, com um Conduta: é a ação ou omissão, consciente e voluntária,
único ato, ele se perfaz, como no caso da injúria verbal. manifestada no mundo exterior, dirigida a uma finalidade.
32. Crime plurissubsistente: é aquele em que, para se (CAPEZ).
consumar, depende da realização de mais de um ato, como O conceito de conduta evoluiu durante os séculos atra-
no estelionato. vessando várias teorias quais sejam: Teoria Naturalista ou
33. Crime vago: é aquele em que o seu sujeito passivo Causal ou Clássica, Teoria NeoKantista ou Causal-Valorativa
é a coletividade, por não ter personalidade jurídica, como ou Neoclássica, Teoria Finalista, Teoria Social da Ação, Teoria
o ato obsceno. Funcional e Teoria Constitucionalista do Delito (elaborada
34. Crime multitudinário: é aquele cometido por tumul- por Luiz Flávio Gomes).
to, como o linchamento.
35. Crime de opinião: é aquele decorrente do abuso de a) Teoria Naturalista ou Causal ou Clássica
liberdade de expressão, como o crime de injúria. • Concebida no século XIX, por Liszt e Beling, perdurou
36. Crime de ação múltipla ou de conteúdo variado: até o século XX, com a chegada do finalismo.
é aquele em que o próprio tipo já o descreve de várias • O momento histórico era o fim do absolutismo monár-
modalidades de realização, como no caso de induzimento, quico e domínio do positivismo, em que havia forte
instigação ou auxílio ao suicídio. influência das ciências físicas e naturais.
37. Crime habitual: é todo aquele que só pode se con- • A sociedade vinha de um histórico em que o Estado
sumar se houver habitualidade na conduta. era submetido ao império de uma pessoa e agora com
38. Crime de ímpeto: é aquele cometido por um mo- o positivismo passou ao império da lei.
mento de impulsividade. • Neste contexto político nasceu a Teoria Naturalista,
39. Crime funcional: é aquele em que o sujeito ativo é em que pouco havia para se interpretar a norma. A lei
funcionário público. era para ser cumprida. Portanto crime era aquilo que
o legislador dizia sê-lo e ponto final.
Infração Penal (arts. 13 a 22) • O conceito de fato típico era o resultado de uma sim-
ples comparação objetiva com o que fora praticado,
Infração penal significa ofensa real ou potencial a um com o que se encontra descrito em lei. Não havia
Noções de Direito Penal

bem jurídico, levando-se em consideração os elementos nenhuma apreciação subjetiva.


subjetivos do tipo, a ilicitude e a culpabilidade.15 • Segundo essa teoria, o conceito de conduta é a ação
Em linhas gerais, infração penal se refere a crime, o qual ou omissão voluntária e consciente que exterioriza
pode ser conceituado sob dois aspectos: o material e o movimentos corpóreos. Ela é meramente neutra, ou
formal ou analítico. No material, o crime se relaciona a um seja, sem qualquer valoração, não se analisando neste
comportamento humano voluntário ou descuidado, que lesa momento a finalidade do agente.
ou expõe a perigo bens jurídicos colocando a coletividade • O crime estava dividido em dois momentos: Parte
ou sociedade em desarmonia. Sob o aspecto formal ou ana-
Objetiva, ou também chamada de externa (era o
lítico, o crime seria todo fato que subsumiria a uma norma
preestabelecida num ordenamento jurídico. chamado injusto penal formado pelo fato típico e anti-
juridicidade) e a Parte Subjetiva ou também chamada
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15 de interna (culpabilidade).

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• O fato típico era oco, sem valoração. A conduta era a -normativa. A culpabilidade passou a ser formada de
exteriorização de movimentos corpóreos que causava imputabilidade, dolo normativo (vontade, consciência
um resultado. O fato típico era meramente descritivo. de praticar elementos do tipo e consciência da ilicitude
Para um fato ser típico somente interessava quem real e atual) e exigibilidade de conduta diversa. Assim,
tinha causado o resultado e se este resultado estava os elementos normativos são: consciência da ilicitude
previsto em lei. Se um suicida pulasse em frente a um no dolo e a exigibilidade de conduta diversa.
carro e morresse, o motorista teria praticado um fato • O erro de tipo continua sendo tratado como causa de
típico. Na parte subjetiva do crime é que se discutiria excludente da culpabilidade. Da mesma forma a inim-
se houve intenção de matar ou não. putabilidade, o erro de proibição e a inexigibilidade de
• A ilicitude era objetiva, traduzida como a contrariedade conduta diversa.
ao Direito. Não havia a necessidade que o agente esti- • Nesta fase há uma teoria unitária do erro, pois tanto o
vesse atuando com consciência da causa de exclusão erro de tipo como o erro de proibição excluem o dolo
de ilicitude. Era definida por exclusão: todo fato típico que aqui é normativo, pois contém a consciência da
que não fosse acobertado por uma causa de exclusão ilicitude.
de ilicitude era um fato ilícito. Estávamos diante do • Assim, segundo a Teoria Neoclássica, descobriu-se que
injusto penal. o tipo penal continha elementos objetivos, normativos
• Assim, a ação era desgarrada de qualquer finalidade. e subjetivos, todavia não se transportou o dolo e a
Se havia uma modificação no mundo exterior por culpa da culpabilidade para o fato típico.
obra da conduta, havia nexo de causalidade. Se este
fato estivesse tipificado em lei havia fato típico. Se a c) Teoria Finalista
conduta não estivesse amparada por uma causa de • Reação a Teoria Naturalista. Preconizada por Welzel,
excludente de ilicitude, estávamos diante da parte no final de 1920 e início de 1930.
objetiva completa de um crime. • Welzel parte do pressuposto que o delito não poderia
• A culpabilidade era psicológica, formada apenas: pela ser mais qualificado a partir de um simples desvalor
finalidade do agente (dolo e a culpa) e a imputabi- do resultado, sendo primeiro um desvalor da conduta.
lidade. Assim a ausência de dolo ou culpa excluía a Segundo exemplo de Fernando Capez, matar alguém
do ponto de vista objetivo, configura sempre a mesma
culpabilidade. O dolo era natural, formado de: vontade
ação. Todavia matar alguém para vingar o estupro da
e consciência de praticar os elementos do tipo.
filha é diferente de matar por dinheiro. A diferença está
Assim, a culpabilidade era concebida como o vínculo
no desvalor da ação, já que o resultado em ambos os
psicológico que une o autor ao fato.16
casos foi o mesmo: a morte.
• O erro de tipo excluía o dolo, sendo tratado como causa
• Assim dependendo de elemento subjetivo do agente,
de excludente de culpabilidade. ou seja, a sua finalidade mudará a qualificação jurídica
• Nesta fase a concepção bipartida de crime era incabí- do crime. Portanto o dolo e a culpa estão na própria
vel, uma vez que não se pode admitir um delito sem conduta. Com a mera observação externa não se pode
dolo ou culpa. Como estes elementos se encontravam concluir qual crime foi praticado. Ex.: um médico apal-
na culpabilidade, esta necessariamente deveria ser pa um a mulher despida. Sem a análise da finalidade
elemento do crime. Assim a teoria adotada era a Tri- não é possível saber se estamos diante do tipo penal
partida. de atentado violento ao pudor ou de um simples exa-
me, fato atípico. Da mesma forma em atropelamento,
b) Teoria Neokantista ou Causal-Valorativa ou Neoclássica não se sabe se decorreu de uma imprudência ou da
• É uma reação a teoria clássica, pois afirma que o vontade de matar.
tipo penal não é somente descritivo de uma conduta • A conduta, portanto é conceituada como a ação ou
reprovável. A definição de crime como composto de omissão voluntária, voltada a uma finalidade do agente.
elementos puramente objetivo (fato típico e ilícito) e • O dolo e a culpa saem da culpabilidade e passam a
elemento subjetivo (culpabilidade) é questionado. integrar a conduta. O dolo deixa de ser normativo e
• Em 1915, Mezger afirma que alguns tipos penais eram volta a ser natural, composto de vontade e consciência
compostos além de componentes objetivos, de subjeti- de praticar os elementos do tipo.
vos (“para si ou para outrem”, “com o intuito de” etc.) e • A ilicitude continua sendo a contrariedade ao Direito.
normativos (“ato obsceno”, “documento”, “coisa alheia”). Constitui um desvalor sobre o fato típico. Em princípio
• A conduta não era neutra, como afirma os causalistas, todo fato típico é ilícito. A tipicidade é ratio cognoscendi
e sim expressava uma valoração. da ilicitude, ou seja, é critério indicador da ilicitude.
• Mezger afirma que na análise do revogado tipo penal O fato típico somente não será ilícito se o agente atuar
da rapto para fins libidinosos (“raptar + mulher honesta sob o abrigo de uma causa de excludente de ilicitude
+ com fim libidinoso”) era impossível uma mera com- (legítima defesa, estado de necessidade, estrito cum-
paração externa do fato concreto com a norma. Há a primento do dever legal e exercício regular do Direito).
necessidade de um outro tipo de análise. • A culpabilidade é a reprovação social da conduta do
Noções de Direito Penal

• Assim concluiu-se que o tipo penal não era composto agente. O dolo e a culpa deixam de ser seus elementos
somente de elementos objetivos, mas havia a presença e passam a integrar a conduta. A culpabilidade passa
de elementos normativos e subjetivos. a ser normativa pura composta de: imputabilidade,
• A ilicitude não era puramente formal. Nasce o tipo do potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de
injusto: a tipicidade perde sua autonomia e é inserida conduta diversa.
na antijuridicidade (ratio essendi). • O erro de tipo passa a excluir o fato típico e o erro de proi-
• Frank, em relação à culpabilidade, em 1907, descobriu bição a culpabilidade. Excluem também a culpabilidade,
a existência de elementos normativos. Assim a culpabi- a imputabilidade e a inexigibilidade de conduta diversa.
lidade deixa de ser psicológica e passa a ser psicológico- • O atual Código Penal Brasileiro adotou a teoria finalista
da ação. Em seu art. 18, I e II, expressamente reconhece
UEG/PC-GO/Delegado de Polícia/2013.
16 que um crime é doloso ou culposo, desconhecendo a

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nossa legislação a existência de um crime em que não deve compelir o legislador a retirar a norma do
haja dolo ou culpa. ordenamento jurídico.
• O art. 20, caput, do CP, afirma que o erro incidente c) O termo “relevância social” é extremamente vasto,
sobre os elementos do tipo exclui o dolo, o que de- podendo abarcar fenômenos diversos.
monstra que este último pertence ao fato típico. d) O nosso ordenamento jurídico prevê para diversas
• Críticas: há três hipóteses em que o CP não é finalista: situações o estrito cumprimento do dever legal e o
a) Crime impossível: o CP adotou a Teoria Objetiva exercício regular do Direito.
temperada. Se houver absoluta ineficácia do meio e) Concentra enorme subjetivismo nas mãos do julga-
ou do objeto, o fato será atípico. Todavia segundo dor, o que gera uma enorme insegurança e contraria
a teoria finalista a ação dirigida a uma finalidade o princípio da taxatividade.
(ex.: matar alguém) deve ser punida. Welzel adotou f) Conclui-se, portanto, que a Teoria Social da Ação
a Teoria Subjetiva, encontrada no CP Alemão, pois pretendeu ir além da Teoria Finalista, todavia ao
se alguém tenta matar um cadáver responderá pelo privilegiar o resultado socialmente relevante, regre-
crime tentado. diu a Teoria Causalista, pois enfatizou o desvalor do
b) A pena da tentativa: o CP adotou a Teoria Objetiva, resultado deixando de lado o desvalor da ação.
em que a pena da tentativa é menor que a pena do
crime consumado. Segundo a Teoria Finalista de e) Teoria Funcional
Welzel, a teoria a ser adotada deveria ser a Subje- • Não se trata de uma Teoria da Conduta, e sim, de uma
tiva, uma vez que se deve prestigiar o desvalor da análise de toda a Teoria Geral do Crime. Tal teoria tenta
ação de não o desvalor do resultado. O Código Penal explicar o Direito Penal a partir de suas funções. Há
Militar Brasileiro adotou em relação a tentativa a duas concepções em relação a essa teoria: segundo
Teoria Subjetiva. Roxin e segundo Jakobs.
c) Concurso de pessoas: o CP adotou a Teoria Restritiva • Com Roxin, em 1970, nasce o funcionalismo teleoló-
em que o mandante é considerado partícipe. Para gico, que analisa a Teoria Geral do Crime não a partir
Welzel a teoria a ser adotada é a Teoria do Domínio da dogmática e do tecnicismo jurídico, e sim, a partir
Final do Fato. de políticas criminais.
• O Estado deve, em primeiro lugar, estabelecer qual
d) Teoria Social da Ação a sua estratégia de política criminal, tendo em vista
• Preconizada por Hans-Heinrich Jescheck, afirma aceitar
a defesa da sociedade, o desenvolvimento pacífico e
a Teoria Finalista da Ação, todavia acrescentado a ela
harmônico entre os cidadãos e a aplicação da justiça
a visão do impacto social da conduta praticada.
ao caso concreto. A subsunção formal do fato concreto
• Para Jescheck, um fato quando for considerado por
e a norma pouco valem aos fins de Direito Penal.
uma sociedade como normal, correto e justo, não
• A conduta para essa teoria não pode ser entendida
poderá ao mesmo tempo ser enquadrado como um
somente em sua concepção finalista, mas inserida
fato típico.
• Assim, para Jescheck, a conduta é toda ação ou omis- dentro de um contexto social. Se o Direito Penal tem
são com a finalidade de causar um resultado típico a função de proteger bens jurídicos, somente haverá
socialmente relevante. Tal pensamento foi por ele crime quando tais valores forem lesados ou expostos
denominado de Teoria da Adequação Social. a lesão.
• Para esta teoria, todo fato típico possui uma elementar • Assim, Roxin passa a considerar a Teoria Geral do Crime
implícita, não escrita, que consiste na repercussão do a partir de dois aspectos: a separação da causação
dano na coletividade. Se a conduta for socialmente da imputação e aplicação da política criminal como
aceita, não há que se falar em fato típico. norteadora do conceito de crime.
• Atenção: não confundir adequação social com princípio • CRIME = FATO TÍPICO + ILÍCITO + RESPONSABILIDADE
da insignificância: este o fato é atípico porque o bem (CULPABILIDADE e NECESSIDADE CONCRETA DA PENA).
jurídico tutelado sofreu uma lesividade ínfima na ade- • É a aplicação do princípio da insignificância.
quação social a conduta é atípica porque a sociedade • Com Jakobs, em 1984, nasce o funcionalismo-sistêmi-
deixou de considerá-la injusta. co, em que afirma que o Direito Penal não existe para
• Portanto, para a Teoria Social da Ação, somente será simples proteção do bem jurídico. Sua função é cuidar
crime aquelas condutas voluntárias que produzam re- da vigência da norma e da estabilidade do Direito
sultados típicos de relevância social. As ações humanas Penal. Não se deve preocupar-se com o conteúdo da
que não produzirem um dano socialmente relevante norma, mas, sim, com o seu cumprimento, de forma a
e se mostrarem ajustadas à vida social num determi- manter a estabilidade do sistema. Assim, o crime não
nado momento histórico não podem ser consideradas tem a finalidade de proteção a bens jurídicos, e sim,
crimes. conservar o sistema e a norma. Aquele que descumpre
• Jescheck exemplifica a sua teoria: ferimentos produzi- a norma e pratica um crime desestabiliza o sistema e
Noções de Direito Penal

dos em uma luta entre profissionais do boxe. A conduta deve ser retirado dele. A finalidade da pena é exercitar
a despeito de ser voluntária e finalística produz um a confiança despertada pela norma, não havendo que
resultado típico e aceito socialmente. Assim, conclui se falar em aspecto retributivo. É o chamado Direito
que se trata de um fato atípico. Penal do Inimigo.
• Críticas
a) Mutação de critérios de justo e injusto na evolução f) Teoria Constitucionalista do Delito (Luiz Flávio Gomes)
dos costumes. • Luiz Flávio Gomes, baseado em Munhoz Conde e Silva
b) O nosso ordenamento jurídico no art. 2º da LICC Sanches (doutrinadores espanhóis) constrói um con-
afirma que o costume, ainda que contrário à lei, não ceito analítico tripartite. Ele chama o crime de injusto
a revoga. Da mesma forma, não é dado ao julgador punível. Para ele, a Teoria Geral do Crime, ou melhor,
revogar regras editadas pelo legislador. O desuso do injusto punível consiste em:

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• INJUSTO PUNÍVEL = FATO TÍPICO + ILÍCITO + PUNIBILI- Crimes Omissivos Crimes Omissivos
DADE ABSTRATA. Próprios Impróprios
• Fato típico é: conduta, resultado, nexo causal e tipicida-
Omissão prevista no tipo Omissão não prevista no
de penal. A TIPICIDADE PENAL = TIPICIDADE FORMAL
penal. tipo penal.
+ TIPICIDADE MATERIAL. A tipicidade formal é a ade-
quação do fato a lei. A tipicidade material é: Existência Agente não tem o dever Agente tem o dever jurídico
de um resultado jurídico (lesão ou perigo de lesão ao jurídico de agir. de agir.
bem jurídico); Imputação objetiva da conduta (criação Crime de mera Conduta. Crime Material.
de um incremento de um risco proibido penalmente Não cabe tentativa nem Comporta tentativa. Não com-
relevante); Imputação objetiva do resultado (cone- concurso de agentes. porta concurso de agentes.
xão direta com o risco criado e esteja o resultado no
âmbito de proteção da norma); Imputação subjetiva 3) Consciente e Voluntária: possibilidade, ainda que
(dolo e culpa e outros eventuais requisitos subjetivos mínima de escolha consciente.
especiais). • Haverá vontade: atos impulsivos (emoção e paixão),
• Ilicitude: é a contrariedade da conduta com o ordena- atos automáticos, atos de inimputáveis, coação moral
mento jurídico. irresistível (há conduta o que não há é culpabilidade),
• Punibilidade abstrata: existência de um fato formal- atos instintivos.
mente ameaçado por uma pena. • Não haverá vontade: atos inconscientes (sedado, hip-
• A culpabilidade está fora do Direito Penal. É o juízo de notizado, sonâmbulos), atos reflexos (susto), atos de
reprovação do agente. É o elo entre o delito e a pena. caso fortuito, força maior e coação física.
Passemos a analisar cada uma das partes do conceito 4) Manifestado no mundo exterior: ao Direito, só importa
de conduta: “é a ação ou omissão, consciente e voluntária, o que é externado. O pensamento ou a mera vontade não
manifestada no mundo exterior, dirigida a uma finalidade”. configuram crime.
(CAPEZ).
5) Dirigida a uma finalidade: segundo a Teoria Finalista
da Ação, adotada por nosso Código Penal, o dolo e a culpa
1) Ação: comportamento positivo. Toda ação no Direito
encontram-se na conduta.
Penal deve ser revestida de dolo ou culpa.
2) Omissão: o comportamento negativo pode gerar duas
Resultado: é a modificação do mundo exterior decor-
hipóteses de crime:
• Crime omissivo próprio: inexiste o dever jurídico de agir. rente de um comportamento, ou seja, é onde se chegou
Assim para a omissão ter relevância causal com o resul- devido à conduta delituosa. A Teoria Naturalística classifica
tado deve haver um tipo incriminador descrevendo a os crimes em:
omissão. Ex.: crime de omissão de socorro, art. 135 CP. • Crimes materiais: é aquele que o tipo penal prevê
• Crimes omissivos impróprios (omissivos impúrios, conduta e resultado e o crime se consuma com a ocor-
espúrios ou comissivos por omissão): o agente possui rência do resultado. Ex.: homicídio (a conduta é matar
o dever jurídico de agir previsto em uma norma e se e o resultado é a morte. O crime somente se consuma
omite. Há uma norma dizendo o que deve ser feito, com o resultado morte).
criando uma relação causal. Omitindo-se, responderá • Crime formal: é aquele que o tipo penal prevê conduta
pelo resultado ocorrido. O art. 13 § 2º descreve quem e resultado e o crime se consuma com a ocorrência da
são as pessoas que possuem o dever jurídico de agir: conduta. Ex.: extorsão mediante sequestro. São tam-
a) Dever legal: quando houver determinação especí- bém chamados de crimes incongruentes (a conduta é
fica em lei, ex.: pai, mãe, policial, bombeiro – mãe a privação da liberdade, o resultado é a obtenção do
deixa de amamentar o filho e este morre. resgate. Assim, com a privação da liberdade o crime
b) Dever do garantidor: quando o omitente assumiu já se consuma, independentemente da obtenção do
por qualquer modo a obrigação de agir, podendo ser resgate, sendo este chamado exaurimento do crime).
obrigação contratual ou extracontratual. Ex.: olha • Crime de mera conduta: é aquele que o tipo penal
meu filho para mim que eu vou dar um mergulho, somente prevê a conduta e com a sua prática ocorre
e a pessoa se distrai e a criança morre afogada. a consumação. Não há previsão de um resultado natu-
c) Dever por ingerência da norma: com o seu compor- ralístico. Ex.: porte ilegal de arma (a conduta é portar
tamento anterior criou o risco. Ex.: “A” joga “B” na arma sem possuir a permissão para tanto. O crime não
piscina e não procura salvá-lo, vindo “B” a falecer. prevê resultado, consumando-se, assim, com o simples
porte de arma ilegal).
Nos três exemplos, a mãe, o desconhecido e o “A” têm
o dever jurídico de agir, e se omitiram, respondendo, então, Nexo de causalidade: assim como no resultado, o nexo
pelo resultado ocorrido, qual seja a morte, e, portanto, pelo causal só pode ser verificado nos crimes materiais. É a re-
crime de homicídio, e não pelo crime de omissão de socorro. lação objetiva de causa e efeito existente entre a conduta
Noções de Direito Penal

Para finalizar o entendimento, observe o exemplo a se- e o resultado naturalístico, averiguando-se se a conduta foi
guir: Maria está passeando no parque e avista uma criança se a causadora do resultado. A sua verificação atende apenas
afogando, e nada faz, vindo a criança a morrer. Como Maria as leis da física, mais especificamente da causa e efeito. Por
não está relacionada entre as pessoas que têm o dever jurí- esta razão a sua aferição independe de qualquer apreciação
dico de agir, responderá pelo crime de omissão de socorro jurídica, da verificação de dolo ou culpa. Ex.: motorista diri-
qualificado pela morte, classificado como crime omissivo gindo prudentemente atropela pedestre que atravessa a rua
próprio. Todavia, se um bombeiro avista uma criança se sem olhar. Mesmo sem atuar com dolo ou culpa o motorista
afogando, e nada faz, vindo a criança a morrer, como há o deu causa ao resultado. A teoria adotada pelo nosso CP é a
dever jurídico de agir, responderá o bombeiro pelo resultado Teoria da Equivalência dos Antecedentes Causais: segundo
ocorrido, ou seja, pelo crime de homicídio, classificado aqui essa teoria, toda e qualquer conduta que de algum modo,
como crime omissivo impróprio. ainda que minimamente tiver causado o resultado, será

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causa. É também conhecida como a Teoria da conditio sine material. Ao somatório de tais tipicidades, dá-se o nome de
qua non. Temos como espécies de causas: dependentes: é tipicidade conglobante.
aquela que se origina na conduta e independentes: é aquela
que foge ao desdobramento causal da conduta, produzindo Tipicidade conglobante = Tipicidade formal + Tipicidade
por si só o resultado. As causas ou concausas absolutamente material.
independentes e as causas relativamente independentes • Tipicidade formal: verifica-se se a conduta praticada
constituem limitações ao alcance da teoria da equivalência amolda-se a um tipo penal.
das condições.17 Quanto às causas independentes podemos • Tipicidade material: verifica-se se a conduta praticada
classificá-las em: ofende a bens considerados relevantes para a legisla-
ção penal.
a) Causas absolutamente independentes podem ser
(exemplos segundo Capez): Ex.: “A” subtrai uma caneta de “B”. A conduta de sub-
• Preexistente: existe antes da conduta ser praticada trair um patrimônio alheio amolda-se ao crime de fur-
e atua independentemente de seu cometimento de to, portanto, temos a tipicidade formal. Todavia, a sub-
maneira que com ou sem ação o resultado ocorreria. tração de uma caneta, lesiona de forma insignificante
Ex.: A aguarda B sair de casa para atirar nele. A atira o patrimônio alheio, aplicando-se, assim, o princípio
e B morre. Causa da morte envenenamento ocorrido da insignificância. Portanto, temos no exemplo acima
anteriormente. B estava com depressão e tomou ve- a tipicidade formal, mas não a material, e então, não
neno. há que se falar em tipicidade conglobante, tendo em
• Concomitante: não tem qualquer relação com a con- vista que esta é a somatória daquela.
duta e produzem o resultado independentemente
desta, no entanto por coincidência, atuam no mesmo O tipo penal passa por três momentos distintos: no
momento. Ex.: no momento que A atira em B, B está primeiro, procura-se, tão somente, verificar se a conduta
sofrendo um infarto. Causa mortis: infarto. praticada pelo agente encontra-se descrita na norma penal;
• Superveniente: atuam após a conduta. Ex.: A queren- no segundo, procura-se verificar se a conduta praticada pelo
do matar B coloca veneno em seu copo. B toma e sai agente tem comportamento ilícito, ou seja, procura-se veri-
para trabalhar. Antes que o veneno faça efeito, B ao ficar se o caráter da conduta tem indício de antijuridicidade
atravessar a rua é atropelado por um ônibus. Causa (tipo como ratio cognoscendi – tipo como razão indiciária
mortis: atropelamento. da ilicitude); no terceiro, há uma fusão entre a tipicidade e
a antijuridicidade, ou seja, não existe fato típico se a con-
Consequências: rompe o nexo causal e o agente somente duta praticada pelo agente é permitida pelo ordenamento
responde pelos atos até então praticados. Nos três exem- jurídico. Sendo assim, quem atua de forma típica também
plos, A não deu causa à morte de B, portanto responde por atua antijuridicamente, enquanto não houver uma causa
homicídio tentado. de exclusão do injusto. Havendo causa justificativa, elas
atingem não só a tipicidade da conduta, mas, também,
b) Causas Relativamente Independentes a antijuridicidade. No terceiro momento o tipo passa a ser
São elas: a razão de ser da ilicitude (ratio assendi). Em decorrência
• Preexistente: atuam antes da conduta. Ex.: A desfere da ratio assendi surge a teoria dos elementos negativos do
uma facada no braço de B, com o intuito de lesionar, tipo, ou seja, sempre que a conduta do agente não é ilícita
todavia B é hemofílica e vem a falecer em face da não existe o próprio fato típico, tendo em vista que a anti-
conduta somada à contribuição de seu peculiar estado juridicidade integra o tipo penal e a existência de causas de
fisiológico. justificação faz desaparecer a tipicidade. Em outras palavras,
• Concomitante: A atira na vítima que, com o susto, sofre os pressupostos das causas de justificação nada mais são do
um ataque cardíaco e morre. O tiro provocou o susto que elementos negativos do tipo, os quais, quando faltarem,
e, indiretamente, a morte. A  causa da morte fora a tornam-se possível fazer um juízo definitivo sobre a antiju-
parada cardíaca. ridicidade do fato. Os elementos negativos do tipo são as
• Superveniente: A colide no carro de B, causando-lhe causas de justificação, uma vez que eles integram o tipo e só
lesões. No caminho do hospital, a ambulância capota permitem que ele opere quando ausentes no caso concreto
e B morre. (Greco). Partindo-se do pressuposto de que se deve estudar
Obs.: em relação às causas relativamente indepen- a conduta típica concomitantemente com as suas causas jus-
dentes, preexistentes e concomitantes, não rompem o tificativas, surge a Teoria Finalista de Welzel afirmando que
nexo causal , respondendo o autor pelo resultado ocor- uma ação só pode ser convertida em um delito, se presentes
rido: Homicídio Consumado. Na causa superveniente, a tipicidade, a antijuridicidade e a culpabilidade, sendo que
se ela estiver na linha de desdobramento físico da ação cada elemento seguinte deve pressupor o antecedente. Para
(choque anafilático), responderá pelo crime na forma a Teoria dos Elementos Negativos do Tipo, ou o fato é típico
consumada, caso contrário, se não estiver na linha de e antijurídico, ou não é nenhuma coisa e nem outra. A partir
desdobramento (ambulância capotar), responderá do instante em que o agente realiza uma conduta típica sem
pelo crime ocorrido em sua forma tentada.
Noções de Direito Penal

nenhuma justificativa, faz surgir a ideia do injusto (injusto


penal ou injusto típico), que é a terceira fase da análise do
Tipicidade: em linhas gerais, a tipicidade nada mais é do delito. Enquanto os adeptos da Teoria dos Elementos Nega-
que a perfeita subsunção da conduta praticada pelo agente a tivos do tipo afirmam que a tipicidade e a antijuridicidade
um tipo penal incriminador. Em outras palavras, procura-se compõem a mesma fase do delito e a culpabilidade compõe a
verificar se a conduta do agente se amolda a alguma descri- segunda fase do crime, para a concepção tripartite bem como
ção trazida pela lei penal. Se a conduta é contrária à norma para a Teoria da Ratio Cognoscendi (ou Teoria Indiciária),
penal, ou seja, antinormativa, ter-se-á a chamada tipicidade
que é a que tem preferência da maioria dos doutrinadores,
formal. Se a conduta ofender a bens considerados relevan-
haveria três fases do crime: a tipicidade, a antijuridicidade
tes para a legislação penal, ter-se-á a chamada tipicidade
e a culpabilidade, esta sendo entendida como injusto típico
Cespe/PC-BA/Delegado de Polícia/2013.
17 ou injusto penal.

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Em síntese, o  modelo clássico do finalismo de Hanz Para o Código Penal, ninguém pode ser punido por um
Welzel não se afasta da Teoria Indiciária, pelo contrário, fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosa-
prevalece em detrimento da Teoria dos Elementos Negativos mente, exceto se tal modalidade vier prevista em lei admitin-
do Tipo, uma vez que a tipicidade opera como um desvalor do a punição na forma culposa. Em outras palavras, a regra
provisório, que deve ser configurado ou descartado mediante é que todo crime é doloso, só podendo haver punição por
a comprovação de causas de justificação, em que o tipo nada crime culposo se houver previsão expressa em lei, ou seja,
mais é do que a razão indiciária da ilicitude (Greco). a culpa é exceção.
Em outras palavras, a  tipicidade poderia ser definida Partindo dessas premissas, sinteticamente, dois seriam
como a subsunção do fato à norma. É a integral correspon- os tipos de dolo:
dência do fato praticado com a conduta prevista no tipo a) direto (determinado): o agente quer, efetivamente,
penal. É a relação entre o fato e a descrição legal. Segundo cometer a conduta descrita no tipo penal incriminador, livre
Zaffaroni, o tipo penal é um instrumento legal, logicamente e conscientemente. Aqui, se adotada a Teoria da Vontade.
necessário e de natureza predominantemente descritiva, Exemplo: A atira em B, porque quer matá-lo.
que tem por função a individualização de condutas humanas b) indireto (indeterminado): divide-se em:
penalmente relevantes. 1) dolo eventual: embora o agente atue sem a vontade
A tipicidade conglobante seria a tipicidade formal asso- de efetivamente causar o resultado danoso, assumiu o risco
ciada à tipicidade material. de fazê-lo19. Aqui, encontra-se o dolo eventual, aquele em
Tipicidade formal (ou tipicidade legal) seria a subsunção que o agente assume o risco e antevê o resultado, mas tem
do fato à norma penal, ou seja, seria o ato antinormativo; já a dúvida quanto a sua efetivação. Adota-se a Teoria do Assen-
tipicidade material deve se atentar para a relevância do bem timento (ou Consentimento). Exemplo: A quer tirar um racha
jurídico lesado do caso concreto, a fim de que se aplique o com B e acaba por atropelar e matar C. A vontade de A era
princípio da insignificância. tirar um racha, mas assumiu o risco de atropelar e matar C.
O tipo penal pode ser básico ou derivado. Básico será 2) dolo alternativo: o agente dirige a sua ação a resultado
o tipo descrito na conduta proibida ou imposta pela lei incerto, não lhe importando qual venha ser o alcançado.
penal. Ex.: homicídio simples. Derivado são as descrições Exemplo: o agente atira para matar ou ferir a vítima.
complementares por circunstâncias que podem aumentar
ou diminuir a pena prevista para o tipo básico. Ex.: homicídio Crime Culposo
privilegiado, homicídio qualificado etc.
Também é relevante mencionar as chamadas elemen- Também dito quando não há intenção. No delito culposo,
tares do crime. Segundo Greco, elementares são figuras a conduta do agente é dirigida, em regra, a um fim lícito.
essenciais da conduta tipificada, sem as quais podem ocorrer Enquanto que no delito doloso, pune-se o agente pela ação
duas formas de atipicidade: absoluta ou relativa. A absoluta impulsionada para uma finalidade ilícita, no culposo, visto ser
ocorre quando, pela falta da elementar, o fato se torna um a finalidade geralmente lícita, pune-se o agente pelos meios
indiferente penal. Ex.: furtar coisa própria, pensando ser de empregados, já que desatendeu à obrigação objetiva de cui-
outrem. Neste caso o agente não pratica furto, por lhe faltar dado para não lesar a bens jurídicos de terceiros (Greco).
a elementar “coisa alheia móvel”, prevista no tipo. A relativa Já Mirabete define delito culposo como a conduta humana
passa a existir quando, pela ausência da elementar ocorre voluntária que produz resultado antijurídico não querido,
desclassificação do fato para uma outra figura típica. Ex.: mãe mas previsível, e  excepcionalmente previsto, que podia,
que mata o próprio filho, logo após o parto, sem estar sob com a devida atenção, ser evitado. Os crimes culposos, por
influência do estado puerperal. Nessa situação, ela não irá sua natureza, são considerados tipos penais abertos, tendo
responder por infanticídio, mas, por homicídio. em vista que o texto não traz uma definição precisa que se
Em síntese, a atipicidade absoluta é um indiferente pe- adéque à conduta do agente ao modelo abstrato previsto
nal, enquanto que a atipicidade relativa é a desclassificação na lei. Aqui, a ação típica não está determinada legalmente,
do crime. contudo, não fere o princípio da legalidade, pois, impossível
é que a lei possa descrever com exatidão todos os compor-
Crime Doloso tamentos negligentes suscetíveis de se realizar.
No Direito Penal não existem compensação e nem
O dolo é a vontade livre e consciente de realizar a conduta presunção de culpas. O primeiro caso ocorre quando dois
prevista no tipo penal incriminador. Nos termos do CP, a carac- agentes, agindo de forma culposa, causam danos recíprocos,
terização de uma conduta dolosa prescinde da consciência ou
neste caso, cada agente responderá por sua conduta culposa,
do conhecimento da antijuridicidade dessa conduta e requer
independentemente da conduta do outro. No segundo caso,
apenas a presença dos elementos que compõem o tipo obje-
a culpa do agente deve ser sempre provada e nunca presu-
tivo.18 No Brasil, duas teorias são adotadas para explicá-lo: a
mida, tendo em vista o princípio da presunção de inocência.
Teoria da Vontade, que define o dolo direto, ou seja, aquele
Parte da doutrina tradicional e da jurisprudência brasi-
em que o agente quer levar a efeito a conduta prevista no tipo
leira admite coautoria em crime culposo. Quanto à partici-
incriminador; e a Teoria do Assentimento (ou consentimento),
pação, a doutrina é praticamente unânime: não é possível
que define o dolo eventual, ou seja, aquele em que o agente
nos crimes culposos. A verdade é que a culpa (como infração
não quer diretamente o resultado, mas o aceita de antemão.
Noções de Direito Penal

Aqui, atua com dolo aquele que, antevendo como possível o do dever de cuidado ou como criação de um risco proibido
resultado lesivo com a prática de uma conduta, mesmo não relevante) é pessoal. Doutrinariamente, portanto, também
o querendo de forma direta, não se importa com a sua ocor- não é sustentável a possibilidade de coautoria em crime
rência, assumindo o risco de vir a produzi-lo. culposo. Cada um responde pela sua culpa, pela sua parcela
Também chamado intencional, o dolo é a vontade livre de contribuição para o risco criado. A jurisprudência admite
e consciente de realizar a conduta prevista no tipo penal coautoria em crime culposo, mas tecnicamente não deveria
incriminador. Para Welzel, o dolo possui dois momentos, ser assim, mesmo porque a coautoria exige uma concordân-
sendo um intelectual (o sujeito decide o que quer) e um cia subjetiva entre os agentes (Luiz Flávio Gomes).
volitivo (o sujeito decide fazer o que queria).
Cespe/TC-DF/Procurador/2013.
18
Vunesp/PC-SP/Papiloscopista Policial/2013.
19

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Observações b) negligência: deixar de praticar um ato que deveria
Faz-se mister ressaltar que a punição por dolo é a regra, ter sido praticado. Falta o comportamento esperado do
mas admite-se sanção por culpa. É caso excepcional, uma vez agente (conduta negativa, uma omissão). É considerada uma
que ela só é admissível quando a lei textualmente a prevê. inércia psíquica. Ex.: esquecer arma municiada em local de
fácil acesso;
Vários são os elementos que compõem o delito culposo. c) imperícia (falta de conhecimento técnico): prática de
São eles: um ato sem a devida aptidão, seja ela momentânea ou não.
• conduta humana voluntária, seja ela comissiva ou Há, nesse ato praticado, imprudência e negligência. Exemplo:
omissiva (geralmente dirigida a uma finalidade lícita); médico-cirurgião que comete um erro médico durante uma
• inobservância de um dever objetivo de cuidado (de- cirurgia. Observe que a imperícia está ligada a uma atividade
corrente de imprudência, negligencia ou imperícia,
profissional do agente.
causando, por consequência, danos a bens de terceiros);
• resultado lesivo não querido nem assumido pelo
agente (é necessário que cause resultado naturalís- Diferença entre Dolo Eventual e Culpa Consciente
tico, ou seja, alteração no mundo exterior para que
seja penalmente relevante)20; Em ambos os casos, o agente é capaz de prever o resultado
• nexo de causalidade (o resultado só será imputado ao lesivo. No dolo eventual, o agente não queria diretamente o
agente se a sua conduta lhe tiver dado causa); resultado, mas assume o risco de vir a produzi-lo. Ele não se
• previsibilidade (previsível é o resultado quando puder importa que o resultado ocorra. A ele é indiferente. Já na cul-
ser mentalmente antecipado por normal diligência do pa consciente, o agente espera sinceramente que não ocorra
agente). Observe que se o agente não puder prever o resultado. Na culpa consciente há superconfiança; no dolo
aquilo que é previsível, tem-se a culpa inconsciente, eventual, indiferença. Havendo dúvida na ocorrência de um ou
visto que, no caso da culpa consciente, o agente é capaz outro, deve-se optar pelo culposo (Princípio do in dubio pro reo).
de prever que o resultado possa ocorrer, mas acredita
sinceramente que não ocorrerá. A Doutrina divide a Culpa Imprópria
previsibilidade em objetiva e subjetiva. A objetiva É aquela em que o agente por erro de tipo inescusável
se refere a saber se é possível a uma pessoa comum (evitável) supõe estar diante de uma causa excludente de
prever o resultado naturalístico, pois, caso não seja licitude. Em virtude de erro evitável pelas circunstâncias,
possível, ou seja, se qualquer homem comum agisse o agente dá causa dolosamente a um resultado, mas res-
da mesma forma, não poderia ser imputado ao agente ponde como se tivesse praticado um delito culposo. É  a
o resultado. Já na previsibilidade subjetiva não se faz
chamada descriminante putativa prevista no art. 20, § 1º,
a substituição pelo homem médio. O que se analisa
do CP, em que traz que não há isenção de pena quando o
são as condições pessoais, particulares às quais estava
submetido o agente ao tempo da conduta realizada, erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
ou seja, consideram-se as limitações e experiências A culpa imprópria ocorre sob a forma de descriminante pu-
pessoais do agente no caso concreto (Greco); tativa, como, por exemplo, a legítima defesa putativa, que
• tipicidade (deve haver previsão legal expressa para tal constitui erro de tipo permissivo. A culpa imprópria também
modalidade de infração). pode ser chamada culpa por assimilação, por extensão ou
por equiparação, onde o agente age com dolo, quando o
Os crimes culposos decorrem de três fatores: erro é vencível, respondendo por um crime culposo. Parte
a) imprudência (ação descuidada): prática de ato que da Doutrina entende que se o ato é doloso, mas o crime é
não deveria ter ocorrido. É o desprezo pela conduta normal culposo, seria uma exceção no cabimento de tentativa em
(conduta positiva sem os devidos cuidados, que causa resul- crime culposo, contudo, o entendimento majoritário é que
tado lesivo previsível ao agente). É exteriorizada em um fazer. não se admite tentativa para os delitos culposos, tendo em
Exemplo: dirigir em alta velocidade. Outro exemplo: João, que vista que o primeiro elemento da tentativa é o dolo, àquele
nunca usou uma arma de fogo, manuseia uma e acaba por definido como a vontade livre e consciente de querer praticar
dispará-la, matando José, que a tudo assistia ao seu lado. infração penal. Como nos crimes culposos o agente não tem
Ao fazer isso, pratica uma conduta culposa imprudente.21 em sua conduta um fim ilícito, não cabe tentativa.

Dolo Direito Dolo Eventual Culpa Inconsciente Culpa Consciente


O agente prevê o resul- O agente prevê o resultado O agente possui previsibilidade, todavia O agente tem previsão do resul-
tado e quer o resultado. e assume o risco de produ- diante do caso concreto há ausência de tado, mas em momento algum
zir o resultado. previsão e o agente em nenhum mo- aceita a produção do resultado.
mento quis produzir o resultado.

Crime Consumado • execução: o bem jurídico tutelado começa a ser atin-


gido ou exposto a perigo. Coloca-se em prática aquilo
Consumado é quando nele se reúnem todos os elemen- que se programou;
tos de sua definição legal. Iter criminis é o caminho percorrido • consumação: é a realização de todos os atos contidos
Noções de Direito Penal

pelo crime desde sua idealização até sua consumação. Cinco no tipo penal. Normalmente o agente atinge o resul-
são as fases do iter criminis: tado a que se quis chegar.
• cogitação (cogitatio ): é a fase interna ao agente. São • exaurimento: é quando se esgota plenamente o delito.
os pensamentos, as maquinações;
• preparação (atos preparatórios): é munir-se de ape- Obs.: o exaurimento, de acordo com a doutrina domi-
trechos, ou seja, é a escolha dos meios utilizáveis na nante, é  fase do iter criminis, embora, para muitos, não
produção do resultado; se enquadra, haja vista a possibilidade da consumação do
2021

Assunto cobrado na prova do Cespe/CNJ/Analista Judiciário/Área Judiciária/2013.


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UEG/PC-GO/Escrivão de Polícia Civil/2013.


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crime sem o seu exaurimento, fato verificado nos crimes ratórios, a execução, a consumação e o exaurimento), como,
formais, como, por exemplo, o crime de extorsão, que se por exemplo, a ameaça verbal, que se consuma quando o
consuma mesmo que o autor não receba a vantagem inde- agente a profere e a vítima toma conhecimento da promessa
vida. O recebimento da vantagem indevida, aqui menciona- de um mau futuro, injusto e grave); omissivos próprios (pois
do, seria mero exaurimento. Só há se falar em iter criminis a omissão por si só configura o crime. Ex.: omissão de so-
quando se tratar de delito doloso, não existindo quando a corro); habituais próprios (pois só vai se configurar quando
conduta do agente for culposa. determinada conduta é reiterada pelo agente com habitu-
alidade. Ex.: rufianismo, uma vez que os atos isolados são
Em princípio, não há punição para a preparação. Excepcio- penalmente irrelevantes); contravenções penais (pois, por
nalmente, haverá se se tratar de formação de quadrilha ou crime se tratarem de delitos ditos menores, deixa de ser relevante
independente. Observe que a cogitação e preparação são fases para o Direito Penal a mera tentativa); permanentes na forma
internas de realização do crime e, como regra, são irrelevantes omissiva (pois não há iter criminis possível de diferenciar a
para Direito Penal, exceto quando o CP tipifica a simples cogita- preparação da execução. Ex.: carcereiro que recebe um alvará
ção e preparação como infrações de per si, autônomas, ou seja, de soltura e decide não dar cumprimento, deixando preso o
não se trata de mero ato preparatório, mas de crime autônomo. beneficiado. Aqui ele comete o crime de cárcere privado na
Ex.: incitação ao crime; quadrilha ou bando etc. modalidade omissiva, sem possibilidade de fracionamento);
condicionados (pois, para que se concretizem, submetem-
Obs.: vale ressaltar que a cogitação jamais poderá ser ob- -se à superveniência de uma condição. Ex.: o crime de
jeto de repreensão penal (cogitationis poenam nemo patitur). induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio, que somente
se configurará se houver lesão grave ou morte da vítima).
Crime Tentado É de bom alvitre distinguir tentativa, de crime impossível.
Saliente-se que o CP adotou a Teoria Objetiva Moderada ou
Crime tentado é aquele que, iniciada a execução, não se Temperada pela qual só há crime impossível se a ineficácia do
consuma por motivos alheios à vontade do agente, também meio e a impropriedade do objeto forem absolutas; por isso,
denominado de tentativa idônea. O agente tem noção do que se forem relativas haverá crime tentado, como no caso de
quer, inicia sua prática a fim de obter o resultado típico, mas alguém que faz uso de revólver e projéteis verdadeiros que,
não consegue por algum fato alheio. entretanto, não detonam por estarem velhos; aqui, a inefi-
Como regra, a pena para o crime tentado é a mesma do cácia do meio é acidental e existe tentativa de homicídio.
crime consumado reduzida de um a dois terços. É salutar também relacionar a tentativa com o crime com-
plexo. É sabido que este se origina da fusão de dois ou mais tipos
A tentativa pode ser: penais. Também pode ocorrer quando um tipo penal funciona
• perfeita ou acabada: também conhecida como crime como qualificadora de outro. Em outras palavras, pode-se afir-
falho. Dá-se quando o agente pratica todos os atos
mar que no crime complexo a norma penal tutela dois ou mais
executórios, mas não se consuma o crime por questões
bens jurídicos. Ex.: extorsão mediante sequestro, o qual surge
alheias à sua vontade. Observe que aqui ele esgota
da fusão do “sequestro” e da “extorsão” e, portanto, tutela
toda sua capacidade ofensiva, porém o crime não se
o patrimônio e a liberdade individual. Outro exemplo seria o
consuma. Ex.: desferir todos os tiros de que dispõe
latrocínio, que é um roubo qualificado pelo resultado morte e,
contra a vítima, mas esta não vem a óbito;
assim, atinge também dois bens jurídicos, o patrimônio e a vida.
• imperfeita ou inacabada: ocorre quando não são
Sendo assim, embora exista o questionamento, vê-se,
praticados todos os atos executórios, que são inter-
aqui, que é perfeitamente possível a existência da tentativa
rompidos, geralmente por circunstâncias externas. Ex.:
em crime complexo.
o agente inicia atos de execução do crime de estupro,
mas, quando chega a polícia, ele empreende fuga; Sinteticamente, tentado é o crime em que, iniciada a exe-
• branca ou incruenta: a vítima sequer é atingida, não cução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade
sofrendo qualquer dano. Não resulta nenhum tipo do agente. Veja a seguir quadros esquemáticos que tradu-
de lesão na vítima. Ela pode ser verificada tanto na zem, na sua essência, uma sutil diferença entre um crime
tentativa perfeita quanto na imperfeita; tentado e um consumado, mesmo tendo sido o resultado
• cruenta: a vítima é atingida, mas não da forma que almejado alcançado com a conduta delituosa.
pretendia o agente. Ex.: o agente, com animus necandi
(vontade de matar), dispara vários tiros, não mata a tentativa de
vítima, mas lhe causa lesões. Também se verifica na homicídio homicídio
tentativa perfeita e imperfeita;
• inidônea: também denominada crime impossível.
Verifica-se quando iniciada a execução, o crime jamais
se consumaria por ineficácia absoluta do meio (como
A B
usando arma desmuniciada para matar alguém) ou
por absoluta impropriedade do objeto (como tentando
Noções de Direito Penal

matar uma pessoa que já se encontra morta, fato este


desconhecido pelo agente).

Segundo o Mestre Guilherme de Souza Nucci, os crimes


que não admitem tentativas , dentre outros, são: os culposos
(pois o resultado é sempre involuntário); os preterdolosos C
(pois o resultado não advém de dolo. Ex.: lesão corporal
seguida de morte, vez que deve haver dolo no antecedente A e B, desconhecidos, atiram
e culpa no consequente); unissubsistentes (pois são consti- em C, mas o tiro que matou
tuídos de ato único, não admitindo iter criminis – fases pelas C foi o de A
quais o crime passa, quais sejam: a cogitação, os atos prepa-

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quado ou inidôneo para alcançar o resultado criminoso) ou
tentativa de tentativa de por absoluta impropriedade do objeto (o objeto material do
homicídio homicídio
crime é absolutamente impróprio para que o ilícito se consu-
me), é impossível consumar-se o crime. Ineficácia absoluta
A B do meio pode ser exemplificada quando se tenta ceifar a
vida de alguém, utilizando-se de uma arma desmuniciada,
enquanto que absoluta impropriedade do objeto pode se
dar quando se tenta matar alguém que já está morto, sendo
tal circunstância desconhecida pelo agente, ou mulher que
ingere pílulas abortivas, pensando estar grávida, quando na
verdade não está.
C Em outras palavras, quando não existe a possibilidade
de o crime se consumar devido à ineficácia absoluta do
meio ou à absoluta impropriedade do objeto tem-se o
A e B, desconhecidos, atiram em C, mas não
crime impossível. Aqui, o agente não responde sequer pela
é possível provar de onde saiu o tiro que
matou C. Sendo assim, leva-se em tentativa. Veja que a ineficácia ou a impropriedade devem
consideração oo princípio
princípiodo
doin
indubio
dubiopro
proreu.
reu. ser absolutas para que o agente não seja punido, pois, se
relativas, haverá tentativa.
Nessa situação, não há que se falar em tentativa, já que a
conduta é considerada atípica.
a) ineficácia absoluta do meio: meio é tudo aquilo uti-
homicídio homicídio lizado pelo agente capaz de ajudá-lo a produzir o resultado
por ele pretendido. Ineficaz é aquele meio em que o agente
jamais conseguiria com a sua utilização atingir o seu intento.
A B Usar arma desmuniciada, quebrada ou de brinquedo para
praticar homicídio, acreditando que ela esteja em perfeito
funcionamento; ministrar açúcar no lugar do veneno para
praticar homicídio, acreditando ser, por exemplo, arsênico.
b) absoluta impropriedade do objeto (o objeto material
não existe ou até existe, mas não está no local do delito): ob-
jeto é tudo aquilo contra o qual recaia a conduta do agente.
C Impropriedade absoluta do objeto se refere à impossibili-
dade de se lesar o bem jurídico tendo em vista que ele não
A e B, conhecidos, atiram em C, após existe ou cuja lesão já se exauriu de forma absoluta. Matar
combinarem o crime. Nesse caso, há o o morto (tentar contra a vida de alguém que já está morto
concurso de pessoas, logo todos os acreditando que a pessoa esteja viva); usar pílula abortiva
participantes respondem pelo mesmo crime. acreditando que está grávida, quando na verdade não está.
Obs.: o Código Penal adotou a Teoria Objetiva Temperada
(os atos praticados pelo agente, só são puníveis se os meios
e os objetos são relativamente eficazes), pois, se a ineficácia
Elementos da Tentativa: for absoluta, será crime impossível. Se relativa, será tentativa.
Segundo a Súmula nº 145 do STF, “não há crime, quando
a) conduta dolosa; a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua
b) prática de atos de execução; consumação”. Flagrante preparado é aquele em que o agen-
c) não consumação por circunstâncias alheias à vontade te é induzido a praticar uma conduta delituosa, ou seja, se
do agente (por interrupção dos atos executórios ou, mesmo não houvesse a ação do agente preparador (isca), não haveria
tendo sido utilizados todos os meios disponíveis, não ocorreu o crime, pois, se o agente não tiver qualquer possibilidade
o resultado pretendido). de chegar à consumação do delito, o crime será impossível.
Por fim, o crime impossível se difere do delito putativo.
Consequência da Tentativa No crime impossível, a  conduta do agente é descrita em
algum tipo penal, mas o resultado não ocorre por ineficácia
Aplica-se a mesma pena do crime consumado, reduzida absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto.
de 1/3 a 2/3.
Já no delito putativo, a conduta não é descrita em qualquer
Exceção: para o crime previsto no art. 352 do CP, em que
tipo penal, tendo em vista que o agente acredita está prati-
Noções de Direito Penal

a simples tentativa de fuga do indivíduo preso ou submetido


à medida de segurança faz com que a pena seja aplicada cando o crime, quando na verdade não está, por atipicidade
integralmente. Crime este em que a simples prática da ten- da conduta, ou seja, o delito putativo é considerado apenas
tativa é punida com as mesmas penas do crime consumado. um indiferente penal, como, por exemplo, vender chá pen-
É a chamada adequação típica de subordinação mediata ou sando ser maconha.
indireta.
Desistência Voluntária
Crime Impossível (tentativa inidônea ou quase-crime)
Também é conhecida por tentativa abandonada ou qua-
Segundo a legislação, não se pune a tentativa quando, lificada (ou ponte de ouro). O agente desiste voluntariamente
por ineficácia absoluta do meio (quando totalmente inade- de prosseguir na execução. Ele não esgota sua capacidade

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ofensiva. Exemplo: o agente ministra veneno à vítima, mas, diferencia da desistência voluntária reside no momento em
quando esta vai ingerir, ele mesmo impede que ela sequer que o agente interrompe a conduta que era direcionada
venha a fazer uso de tal substância, interrompendo, assim para a produção do ilícito penal. Enquanto na desistência
sua ação delituosa. A  desistência é voluntária, mas não voluntária, o processo de execução do crime está em curso,
precisa ser espontânea. O legislador não exige que a ideia no arrependimento eficaz a execução do crime já foi encer-
da desistência parta espontaneamente do agente, basta rada. Dessa forma, o agente só irá responder pelos atos já
que ele no momento em que interrompe a ação seja dono praticados, mas nunca pelo crime fim, na sua forma tentada.
de sua vontade. Ocorre inação do agente após o início da Em suma, havendo desistência voluntária ou arrependimento
execução do crime. Só pode ocorrer onde aconteceria a ten- eficaz, não se fala em tentativa. Pode-se concluir do referido
tativa imperfeita. O agente só responde pelos atos até então instituto (arrependimento eficaz): o agente impede que o
praticados. A desistência voluntária ocorre quando o agente resultado se produza. Ele esgota sua capacidade ofensiva;
já ingressou na fase dos atos de execução de um crime. se, no exemplo apresentado, a vítima sobreviver, o agente
O objetivo do instituto é impedir que o agente responda pela pode responder por lesão corporal ou periclitação da vida e
tentativa, portanto, quando se fala em o agente responder da saúde. Se a vítima não sobreviver, o agente responderá
somente pelos atos já praticados, não se está falando de por homicídio, mesmo prestando socorro; o arrependimento
tentativa, tanto é, que se a conduta antecedente, por si só, deve ser voluntário, não necessitando ser espontâneo. Deve
não configurar crime, o agente por nada responderá. A de- ser eficaz, pois, sendo ineficaz, poderá haver mera atenuante.
sistência voluntária se diferencia da tentativa, pois, nesta, Trata-se de uma ação que ocorre após iniciada a execução
o agente quer prosseguir na ação, mas não pode, enquanto e esgotados todos os seus meios. Só pode ocorrer onde
naquela, o agente pode prosseguir na ação, mas não quer. aconteceria a tentativa perfeita (ou crime falho).
Segundo entendimento majoritário, a natureza jurídica da Segundo Capez, para o item “arrependimento eficaz”,
desistência voluntária, é que se trata de causa que conduz deve-se observar:
à atipicidade do fato. • voluntariedade, mas não espontaneidade;
Segundo o ordenamento jurídico, o agente que volun- • deve ser eficaz. Se ineficaz, atenuante do art. 65, III, b
tariamente desiste de prosseguir na execução (interrompe do CP;
o processo de execução que iniciara por medo, decepção • trata-se de uma ação, depois que iniciada a execução
ou remorso) só responde pelos atos já praticados, se estes e esgotado todos os meios de execução;
• só pode ocorrer onde aconteceria a tentativa perfeita
constituírem crime. Ex.: A põe veneno na xícara de café que B
ou crime falho;
está utilizando. Porém, quando B vai tomar o café, A detém-
• responde pelos atos até então praticados.
-se abandonando a empreitada. Neste caso ele pode vir a
não responder por nada, já que a conduta, em tese, não
constituiria crime. Seria também exemplo de desistência Situação
Conduta Atitude Responde por
voluntária alguém que, visando a seu desafeto em parte vital da Vítima
do corpo (cabeça, tórax), desfecha-lhe um tiro que apenas Veneno Socorro Volun- Salvação Atos praticados
o fere levemente, e deixa de fazer novos disparos, embora tário
dispondo de outras munições em sua arma. Neste caso, Veneno Socorro Volun- Morte Homicídio
o agente iria responder apenas pelos atos já praticados, ou tário
seja, por lesões corporais leves.
Veneno Socorro Involun- Salvação Tentativa de Ho-
Segundo Capez, para o item “desistência voluntária”,
tário micídio
deve-se observar:
• voluntariedade, mas não se exige espontaneidade. Veneno Socorro Involun- Morte Homicídio
• inação do agente após o início da execução do crime. tário
• só pode ocorrer onde aconteceria a tentativa imper-
feita.
Obs.1: no caso de concurso de pessoas, ainda que um
• responde pelos atos até então praticados.
só deles desista voluntariamente ou se arrependa, os insti-
tutos da desistência voluntária ou do arrependimento eficaz
Arrependimento Eficaz
se aplicam a todos os envolvidos, desde que o crime não
ocorra. O mesmo se aplica ao arrependimento posterior.
Segundo o CP, só responde pelos atos já praticados o Observe que neste caso (arrependimento posterior) o crime
agente que impede que o resultado se produza, depois de já ocorreu.
realizados todos os atos necessários à consumação. Ex.:
semelhante à conduta descrita no exemplo da desistência Obs.2: tanto na desistência voluntária quanto no arre-
voluntária, mencionada anteriormente, porém, A  deixa B pendimento eficaz o  agente não responde por tentativa,
tomar o café envenenado, mas, de imediato, ele o socorre e mas pelos atos já praticados. Somente poderá responder
B, por essa atitude, vem a se salvar. Ressalte-se que se mesmo por tentativa no caso do arrependimento eficaz, quando o
assim B viesse a falecer, teria havido o arrependimento, mas, socorro for involuntário.
Noções de Direito Penal

por não ter sido eficaz, responderia A por homicídio doloso.


Frise-se, ainda, que, se a paralisação se deveu a ações Arrependimento Posterior
externas, não há que se falar em desistência voluntária
ou arrependimento eficaz, mas em tentativa, que é puní- Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à
vel. O  arrependimento eficaz, assim como a desistência pessoa (como no crime de furto, por exemplo), reparado o
voluntária, possui como natureza jurídica, para a maior dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia
parte da doutrina, causa que conduz à atipicidade do fato. ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será redu-
Este instituto ocorre quando o agente, após esgotar todos zida de um a dois terços. Note-se que alguns examinadores
os meios de que dispunha para chegar à consumação do trazem capciosamente a expressão “antes do oferecimento
crime, arrepende-se e atua em sentido contrário, evitando da denúncia”, o  que tornaria a questão errada, já que tal
a produção do resultado inicialmente pretendido. O que o momento é atribuição do Ministério Público e o primeiro

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do magistrado. Ainda é de bom alvitre salientar que o texto, • reparação do dano ou restituição da coisa;
quanto ao arrependimento posterior, é bem claro quando • voluntariedade do agente;
aduz somente crimes praticados sem violência ou grave • até o recebimento da denúncia – sendo após, trata-se
ameaça à pessoa, portanto, para alguns crimes como roubo de atenuante genérica (art. 65, III, b do CP).
e extorsão, não há que se falar em arrependimento posterior.
O arrependimento posterior diferencia-se da desistência Erros no Direito Penal
voluntária e do arrependimento eficaz, pois, quando se fala em
arrependimento posterior, o resultado do delito já foi atingido. É a falsa ideia que se tem de fato ou circunstância.
A natureza jurídica do arrependimento posterior é ser causa de Na Legislação Penal brasileira, dois tipos de erros são
diminuição de pena. Tal instituto tem por objetivo beneficiar mencionados: o erro de tipo e o erro de proibição.
o infrator para que ele, em contrapartida, venha a reparar o
dano ou a restituir a coisa, beneficiando, também, a vítima. Erro de Tipo
O referido instituto cabe para qualquer crime que não exista
como elementar do tipo a violência ou a grave ameaça contra Há determinados crimes que trazem em sua conduta
a pessoa. Haverá, pois, arrependimento posterior: típica elementos constitutivos de sua estrutura que muitas
• somente para crimes em que não há emprego de vezes são mal compreendidos, fazendo com que o agente
violência ou grave ameaça à pessoa; pratique atos que julga serem ilícitos quando, na verdade,
• o agente deve reparar o dano ou restituir a coisa não o são. O  agente se engana sobre o fato, pensa estar
totalmente antes do recebimento da denúncia ou fazendo uma coisa e está fazendo outra. Exemplo: quem,
da queixa. Se depois, haverá apenas uma atenuante juntamente com servidor público, subtrai bem que estava
genérica (art. 65, III, b, CP); sob a guarda deste, sem, entretanto, saber a qualidade de
servidor de seu comparsa, não responderá por peculato, mas,
• o ato deve ser voluntário por parte do agente. Não
sim, apenas por furto. Uma outra situação poderia se dar no
necessita ser espontâneo;
caso de uma pessoa atirar em outra pensando se tratar de
• a pena será reduzida de 1/3 a 2/3;
um boneco de cera. O erro de tipo exclui o dolo, mas permite
• é um instituto que concede uma premiação àquele a punição por crime culposo.
que ainda, em tempo, se arrepende da conduta típica No erro de tipo, o agente acredita que sua conduta não
praticada. seja crime, supondo que a lei permita praticá-lo. Esse erro
exclui o dolo, mas permite punição na modalidade culposa.
Se o delito foi praticado em concurso de agentes, mas Em outras palavras, o erro de tipo pode ser traduzido como
apenas um deles resolveu restituir a coisa ou reparar o dano, a falsa percepção da realidade. O  erro de tipo pode ser
antes do recebimento da denúncia ou queixa, por ato volun- essencial ou acidental. A título de exemplo: João, ao sair
tário, o benefício da diminuição de pena se estenderá a todos do mercado, pega uma bicicleta idêntica à sua, que havia
os concorrentes do crime, porém, a reparação deve ser total estacionado do lado de fora do estabelecimento, e deixa o
e não parcial. Entretanto, se houver uma conjugação com o local conduzindo-a. Ao fazer isso, incide em erro de tipo.22
conformismo da vítima, poderá ser reconhecido o instituto
do arrependimento posterior. Essencial
O arrependimento posterior se difere do arrependimento
eficaz. Enquanto neste, o resultado do crime foi evitado, na- Incide sobre elementares, circunstâncias e pressupostos
quele, o resultado já foi produzido. Ainda, no arrependimento fáticos de uma justificante. A falsa percepção impede que
posterior, haverá diminuição de pena sob a condição de não ter o sujeito compreenda a natureza criminosa do fato. Ele se
sido praticado o ilícito penal com violência ou grave ameaça subdivide em:
à pessoa, enquanto que no arrependimento eficaz não existe a) Erro invencível, inevitável, escusável ou inculpável:
tal restrição. Por fim, no arrependimento posterior, há uma aquele que não poderia ser evitado por normal exigência, ou
redução obrigatória de pena, enquanto que no arrependi- seja, qualquer pessoa naquela situação incidiria no mesmo
mento eficaz, o agente só responde pelos atos já praticados. erro. Ele exclui o dolo e a culpa e o agente não responde
Não se pode também confundir os efeitos produzidos por crime algum23. Exemplo: matar um homem, numa ca-
pelo arrependimento posterior com os benefícios da repa- çada a animais, em local escuro, pensando tratar-se de um
ração dos danos previstos na Lei nº 9.099/1995, que trata animal feroz, desde que fique comprovado que o erro jamais
dos juizados especiais criminais. Neste, não importa se o poderia ser evitado.
crime foi cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, b) Erro vencível, evitável ou inescusável: aquele que po-
pois, havendo a reparação dos danos, haverá extinção da deria ser evitado, ou seja, uma outra pessoa, naquela situação,
punibilidade (art. 107, V, CP), enquanto que no arrependi- não incidiria no mesmo erro. Exclui o dolo, mas não a culpa,
mento posterior, além de o crime não poder ser praticado respondendo o agente culposamente pelo crime, se previs-
com violência ou grave ameaça à pessoa, não haverá ex- to em lei como ilícito penal24. Devem-se verificar, portanto,
tinção da punibilidade, apenas causa de redução de pena. as modalidades de negligência e imprudência, por tratar-se
Por fim, a causa de extinção da punibilidade prevista na Lei de crime culposo. Exemplo: na mesma situação hipotética
descrita no item anterior, contudo, seria o caso de o erro poder
Noções de Direito Penal

nº 9.099/1995, aplica-se aos crimes de ação penal privada


ou de ação penal pública condicionada à representação, ser evitado, já que houve imprudência por parte do agente.
exigência esta não relacionada ao arrependimento posterior. Acidental
Segundo Fernando Capez, o Arrependimento Posterior
é instituto que concede uma premiação àquele que ainda O erro acidental ou secundário refere-se a circunstâncias
em tempo se arrepende da conduta típica praticada. Tem situadas à margem da descrição do crime. Incide sobre da-
por Natureza jurídica uma causa de diminuição de pena. dos secundários do tipo penal, não impedindo que o sujeito
Estende-se aos coautores e partícipes. compreenda o caráter ilícito da conduta.
Requisitos:
• crimes cometidos sem violência ou grave ameaça a UEG/PC-GO/Escrivão de Polícia Civil/2013.
22
23
Assunto cobrado na prova do Cespe/PC-BA/Delegado de Polícia/2013.
pessoa; 24
Assunto cobrado na prova do Cespe/PC-BA/Delegado de Polícia/2013.

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a) Erro sobre o objeto (error in objecto): é o objeto É isento de pena quem, por erro plenamente justi-
material de um crime. Não exclui a tipicidade nem a pena. ficado pelas circunstâncias, supõe situação de fato
O  agente imagina que sua conduta esteja recaindo sobre que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há
determinada coisa, mas, na verdade, está recaindo sobre isenção de pena quando o erro deriva culpa e o fato
outra. Exemplo: furtar açúcar pensando ser sal, ou furtar é punível como crime culposo.
uma lata de verniz pensando tratar-se de tinta, fato que não
altera a figura típica do furto. Na descriminante putativa por erro de tipo ou erro de
tipo permissivo, não há uma perfeita noção da realidade.
b) Erro sobre a pessoa (error in persona): é o erro na
O  agente imagina situação de fato totalmente divorciada
representação mental do agente. Não exclui a tipicidade da realidade na qual está configurada a hipótese em que ele
nem a pena. O agente atinge pessoa diversa, pensando estar pode agir acobertado por uma causa de exclusão de ilicitude.
atingindo aquela por ele pretendida. Irá responder levando- Ex.: A está em sua residência, à noite, quando um parente
-se em consideração todas as qualidades da pessoa contra seu, brincalhão, surge a sua frente disfarçado de assaltante.
quem o agente queria efetivamente atingir. Ex.: matar B, Imaginando uma situação de fato, na qual se apresenta uma
pensando tratar-se de A, fato que não altera a figura típica agressão iminente, o agente dispara, pensando estar agindo
do homicídio. Com isso, se o agente desejava matar um velho em legítima defesa. Consequência: se inevitável exclui o dolo
e vem a atingir pessoa diversa sem essa condição, ser-lhe-á e a culpa, e o agente não responde por crime algum. Se evi-
agravada a pena. tável, excluirá o dolo, mas o agente responderá pelo crime a
c) Erro na execução (aberratio ictus): o agente não se título de culpa, se prevista tal modalidade como crime.
confunde quanto à pessoa que pretende atingir, mas realiza No delito putativo (ou imaginário), o agente acredita que
o crime de forma desastrada. Não exclui a tipicidade do está cometendo um crime, quando, na verdade, sua conduta
fato. O agente atinge pessoa diversa da pretendida por erro é um irrelevante penal. Se o delito é putativo por erro de tipo,
de pontaria. Se o resultado for único (unidade simples), o crime é impossível, em face da absoluta impropriedade do
objeto, como no caso daquele que atira numa pessoa para
ou seja, o agente só atinge terceiro inocente, ao invés de
matá-la, sem saber que ela já estava morta.
atingir a vítima pretendida, responde pelo mesmo modo
que no erro sobre a pessoa, contudo, se o resultado for Erro de Proibição
duplo (unidade complexa), ou seja, o agente atinge tanto a
pessoa visada quanto a um terceiro inocente, aplicar-se-á a Nessa modalidade, o agente não se engana sobre o fato
pena do concurso formal, impondo-se a pena do crime mais que pratica, mas pensa erroneamente que o mesmo é lícito.
grave, aumentando-se de 1/6 até a metade. Se houver dolo Aqui, não se desconhece a lei, ao contrário, o agente acha que
eventual em relação ao terceiro inocente, aplica-se a regra a conhece, mas o faz erroneamente. É a interpretação leiga
do concurso formal impróprio ou imperfeito, onde as penas da lei. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta
serão somadas. de pena; se evitável, poderá diminuí-la de 1/6 a 1/3. Tal erro
d) Resultado diverso do pretendido (aberratio criminis): não exclui o dolo nem o crime, pode excluir a culpabilidade
pune-se o agente a título de culpa pelo resultado diverso do e, em consequência, a pena. Exemplo: A subtrai algo de B,
pretendido. O agente atinge espécie de crime diferente da seu devedor, a título de cobrança forçada, pensando ser tal
que pretendia. Exemplificaria a conduta do agente que des- atitude lícita.
fere uma pedrada em um veículo tentando danificá-lo, mas, O erro de proibição, como regra, é excludente da cul-
acaba por atingir uma pessoa, ao invés de danificar o veículo. pabilidade. Ele pode se contrapor a um dos elementos da
As mesmas consequências previstas para o erro na execução, culpabilidade, a saber, a potencial consciência da ilicitude,
que se refere à possibilidade de que tem o agente de co-
quanto ao resultado simples ou duplo, são aplicadas. Aqui,
nhecer o caráter injusto do fato. Ele também é chamado de
o erro leva à lesão de um bem ou interesse diverso daquele erro sobre a ilicitude do fato. O agente age supondo que sua
que o agente procurava atingir. Pelo resultado não desejado conduta está de acordo com a lei. O desconhecimento da lei
o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime é inescusável, não se pode alegar a ignorância da lei dizendo
culposo. Se ocorrer também o resultado pretendido, aplica- que não a conhece.
-se a regra do concurso formal. Aqui, o agente acha que conhece a lei, mas o faz erro-
e) erro sobre o nexo causal (aberratio causae): dá-se neamente.
quando o agente, imaginando já ter consumado um crime, As consequências são:
realiza nova conduta, acreditando tratar-se, tão somente, de a) inevitável: isenta de pena o autor;
um mero exaurimento e, com esta atitude, é que, de fato, faz b) evitável: poderá a pena ser reduzida de 1/6 a 1/3.
consumar o crime. Esse erro pode ser também chamado de Exemplo: contrair novas núpcias sem estar divorciado, mas
dolo geral ou erro sucessivo. Não há exclusão do crime se o apenas separado judicialmente.
resultado desejado vier a ocorrer por uma outra coisa, dire-
tamente relacionada com a ação desenvolvida pelo agente. Descriminantes Putativas por Erro de Proibição
Luiz Flávio Gomes exemplifica a modalidade com a conduta
do agente que, depois de estrangular a vítima, crendo que Erro de proibição indireto ou descriminante putativa por
erro de proibição – o erro incide sobre os limites normativos
Noções de Direito Penal

ela está morta, enforca-a para simular um suicídio; todavia,


de uma excludente ou sobre a existência da justificante não
fica comprovado que a vítima na verdade morreu em razão reconhecida em lei. Aqui, diferentemente da descriminante
do enforcamento. Consequência: o agente irá responder por putativa por erro de tipo, há uma perfeita noção da realidade.
um só homicídio doloso consumado. Ex.: um senhor de idade é esbofeteado por um jovem e supõe
poder matá-lo em legítima defesa. Imagina, por erro, a exis-
Descriminantes Putativas por Erro de Tipo tência de uma causa de exclusão de ilicitude que, na verdade,
não existe. Consequência: as mesmas do erro de proibição.
As excludentes do crime são decorrentes de situações No delito putativo (ou imaginário), o agente acredita que
reais (legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal, está praticando uma conduta delituosa, quando, de fato, não
exercício regular de direito e estado de necessidade). Con- está. Se o delito é putativo por erro de proibição, não há
forme o CP: crime, haja vista que a conduta do agente é perfeitamente

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normal, embora para ele seja ilícita. É o caso, por exemplo, Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o
do pugilista que nocauteia seu opositor, vindo este a experi- resultado não teria ocorrido.
mentar lesões graves. Para o nocauteador, ele praticou crime,
quando, na verdade, não o fez. Superveniência de causa independente
§  1º A superveniência de causa relativamente in-
Coação Moral Irresistível e Obediência Hierárquica dependente exclui a imputação quando, por si só,
produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto,
A coação irresistível trata-se de coação moral, pois a coa- imputam-se a quem os praticou.
ção física é excludente da conduta e, portanto, da tipicidade
do fato, já que o indivíduo, por si só, não agiria. Nessa coação Relevância da omissão
geralmente figuram três pessoas, vez que é constituída por §  2º A omissão é penalmente relevante quando o
ameaça feita ao agente, dirigida a um bem jurídico seu ou de omitente devia e podia agir para evitar o resultado.
terceiro. Essas pessoas são o coator (quem dirige a ameaça), O dever de agir incumbe a quem:
o coacto (ou coagido, que sofre a ameaça) e a vítima (que a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou
suporta a ação criminosa). Permite-se que a própria vítima vigilância;
aja como coatora (quando a própria vítima ameaça o agente, b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de
obrigando-o a matá-la). Essa coação deve ser irresistível, ou impedir o resultado;
seja, não se poderia exigir do agente que, naquelas circuns- c) com seu comportamento anterior, criou o risco da
tâncias, agisse de forma diversa. Se a coação for resistível o ocorrência do resultado.
agente responde, mas pode ter sua pena atenuada. A coação Art. 14. Diz-se o crime:
moral irresistível é uma hipótese de autoria mediata, em Crime consumado
que o autor da coação detém o domínio do fato e comete I  – consumado, quando nele se reúnem todos os
o fato punível por meio de outra pessoa.25 A título de exem- elementos de sua definição legal; 
plo: Joaquim, mediante um soco desferido contra o rosto
da frágil Maria, obrigou-a a assinar um cheque no valor Tentativa
de R$ 5.000,00, utilizando-o para saldar uma dívida em II – tentado, quando, iniciada a execução, não se con-
um comércio, sabendo que não existia tal importância no suma por circunstâncias alheias à vontade do agente;
banco. O cheque foi depositado e devolvido. Assim, Maria
não praticou crime, pois estava sob coação moral irresistí- Pena de tentativa
vel26. Já na obediência hierárquica, como o próprio nome diz, Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, pune-
deve haver uma relação de hierarquia calcada em normas de -se a tentativa com a pena correspondente ao crime
Direito Público, vez que não há que se falar em obediência consumado, diminuída de um a dois terços.
hierárquica quando se tratar de natureza religiosa, familiar,
associativa etc. A ordem proferida aqui deve ser ilegal, pois, Desistência voluntária e arrependimento eficaz
se fosse lícita, tratar-se-ia de estrito cumprimento de dever Art. 15. O agente que, voluntariamente, desiste de
legal, que é causa excludente da antijuridicidade, porém tal prosseguir na execução ou impede que o resultado
ilicitude não pode ser explícita, pois se for clara a ilegalidade se produza, só responde pelos atos já praticados.
da ordem, o subordinado pode e deve se negar a cumpri-
-la. Caso o agente tema por reprimenda, e cumpra a ordem Arrependimento posterior
mesmo sabendo de sua ilicitude, agiria sob coação moral, Art. 16. Nos crimes cometidos sem violência ou grave
e não por obediência hierárquica. Porém, caso ele pratique ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a
o fato acreditando na legalidade da ordem, incidiria em coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa,
erro de proibição. É necessária a dúvida sobre a legalidade, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida
não podendo o subordinado recusar-se a cumpri-la, porém, de um a dois terços.
quando do cumprimento, o agente não pode ultrapassar
os limites da ordem proferida, caso contrário, responderá Crime impossível
o agente pelo excesso. A obediência hierárquica é causa Art. 17. Não se pune a tentativa quando, por ineficá-
excludente de culpabilidade. Somente será punido o autor cia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade
da ordem, devendo ser a ordem não manifestamente ilegal do objeto, é impossível consumar-se o crime.
e desde que haja subordinação hierárquica. Art. 18. Diz-se o crime:
Tanto a coação moral irresistível quanto a obediência
hierárquica são causas de exclusão da culpabilidade. Elas se Crime doloso
contrapõem a um dos elementos da culpabilidade, a saber, I – doloso, quando o agente quis o resultado ou
a exigibilidade de conduta diversa. Se o fato é cometido sob assumiu o risco de produzi-lo;
coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível Crime culposo
o autor da coação ou da ordem. II – culposo, quando o agente deu causa ao resultado
Assim, na coação moral irresistível, só responde pelo por imprudência, negligência ou imperícia;
crime o coator, o coato não. Na obediência hierárquica, só Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, nin-
guém pode ser punido por fato previsto como crime,
Noções de Direito Penal

responde pelo crime o superior hierárquico (na qualidade de


autor mediato) que deu a ordem não manifestamente ilegal senão quando o pratica dolosamente.
(ordem aparentemente legal). Agravação pelo resultado
Art. 19. Pelo resultado que agrava especialmente a
Artigos Pertinentes pena, só responde o agente que o houver causado
ao menos culposamente.
Relação de causalidade
Art. 13. O resultado, de que depende a existência do Erro sobre elementos do tipo
crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Art. 20. O erro sobre elemento constitutivo do tipo
legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição
Cespe/TC-DF/Procurador/2013.
25

Funcab/PC-ES/Escrivão de Polícia/2013.
26 por crime culposo, se previsto em lei.

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Descriminantes putativas consentimento do paciente ou de seu representante legal,
§ 1º É isento de pena quem, por erro plenamente se justificada por iminente perigo de morte, ou na coação
justificado pelas circunstâncias, supõe situação de exercida para impedir suicídio). Existem ainda outras causas
fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não que, embora não constem no rol do art. 23, nem estejam
há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e expressamente previstas na lei penal, constituem causas
o fato é punível como crime culposo. justificantes, também chamadas de causas supralegais de
exclusão de ilicitude, tal como o consentimento do ofendido.
Erro determinado por terceiro
§ 2º Responde pelo crime o terceiro que determina Estado de Necessidade
o erro.
Conforme preceitua o art. 24 do CP,
Erro sobre a pessoa
§ 3º O erro quanto à pessoa contra a qual o crime considera-se em estado de necessidade quem pra-
é praticado não isenta de pena. Não se consideram, tica o fato para salvar-se de perigo atual, que não
neste caso, as  condições ou qualidades da vítima, provocou por sua vontade, nem podia de outro
senão as da pessoa contra quem o agente queria modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifí-
praticar o crime. cio, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.27

Erro sobre a ilicitude do fato Está amparado pela referida excludente, por exemplo,
Art.  21. O  desconhecimento da lei é inescusável. aquele que se encontra na iminência de ser atacado por um
O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta bravo cão e vem a matá-lo.
de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto Ressalte-se que existem profissões que, por sua própria
a um terço. natureza, possuem riscos que são previamente assumidos
Parágrafo único. Considera-se evitável o erro se o pelas pessoas que as ocupam, tais como: polícia, segurança,
agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude salva-vidas etc. Tais profissionais, geralmente, não podem
do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, alegar a excludente do estado de necessidade, é o que se
ter ou atingir essa consciência. aduz do art. 24, § 1º que diz: “não pode alegar estado de
necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo”.
Coação irresistível e obediência hierárquica Contudo, essa regra não é absoluta, já que não é razoável
Art. 22. Se o fato é cometido sob coação irresistível ou exigir que o agente se comporte de maneira heroica, agindo
em estrita obediência a ordem, não manifestamente em situações que coloquem suas vidas ou integridade em
ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor risco acima do normal para a atividade que executam.
da coação ou da ordem. Conforme ensina Nucci, o dever legal é o resultante de
lei, considerada esta em seu sentido lato. Entretanto, deve-
EXCLUDENTES DE ANTIJURIDICIDADE -se ampliar o sentido da expressão para também abranger o
dever jurídico, aquele que advém de outras relações previstas
Causas de Exclusão da Antijuridicidade – Ilicitude no ordenamento jurídico, como o contrato de trabalho ou
mesmo a promessa feita pelo garantidor de uma situação
ou Crime (Arts. 23 a 25) qualquer. Assim, de fato, a abnegação em face do perigo só
é exigível quando corresponde a um especial dever jurídico.
Ilicitude é a contrariedade entre a conduta e o ordena- Por isso, tem o dever de enfrentar o perigo tanto o policial
mento jurídico em que a conduta típica também se torna (dever advindo de lei), quanto o segurança particular con-
ilícita. Em regra, o fato típico também é ilícito, exceto quando tratado para a proteção do seu empregador (dever jurídico
ocorrer alguma causa que lhe retire a ilicitude. Essas causas advindo do contrato de trabalho), mas, nas duas situações,
podem estar previstas em lei, sendo chamadas de legais, não se exige dos referidos agentes atos de heroísmo ou ab-
ou, podem decorrer de aplicações analógicas ante a falta dicação de direitos fundamentais, a pretexto de sacrificarem
de previsão legal, sendo chamadas de supralegais. As causas suas próprias vidas em detrimento de outrem.
legais de exclusão de ilicitude estão previstas no art. 23 do Há duas teorias que definem o estado de necessidade: a
CP, a saber: estado de necessidade, legítima defesa, estrito Unitária, que defende que o estado de necessidade é sem-
cumprimento de dever legal e exercício regular de direito. pre causa de exclusão de ilicitude; e a Diferenciadora, que
A antijuridicidade consiste na falta de autorização da ação defende que só haverá a excludente de ilicitude, se o bem
típica. As causas de exclusão da antijuricidade reconhecem- sacrificado for de valoração inferior ao salvo, haja vista que
-se em regra pela expressão “não há crime”. O excesso no se for de igual valor, só haverá exclusão da culpabilidade e
exercício da justificativa pode ser punido a título de dolo não da ilicitude. O Código Penal adotou a teoria unitária, que
ou de culpa. tem como natureza jurídica ser o estado de necessidade que
Conforme Rogério Greco, as  causas de exclusão de sempre causa excludente de ilicitude, ou seja, o estado de ne-
ilicitude são também denominadas causas de exclusão da cessidade é sempre justificante e não meramente exculpante.
antijuridicidade, justificativas ou descriminantes. São elas São requisitos para que haja a referida excludente:
condições especiais em que o agente atua que impedem que • que o perigo ao qual esteja submetido o agente deva
elas venham a ser antijurídicas. O art. 23, CP, prevê quatro
Noções de Direito Penal

ser atual. Embora a lei fale somente no perigo atual,


formas de exclusão de ilicitude: “o estado de necessidade, a doutrina admite o perigo iminente;
a legítima defesa, o estrito cumprimento de dever legal e o • que o perigo não tenha sido provocado pela vontade
exercício regular de direito”. Contudo, esse rol não é taxativo, do agente (dolosamente);
existindo causas de exclusão da ilicitude também na parte • que não haja como evitar de outro modo (inevitabilida-
especial do Código Penal, como no art. 128 (o aborto provo- de da lesão ao perigo de outrem). Em outras palavras,
cado por médico, quando não há outro meio de salvar a vida só se admite o sacrifício do bem, quando não há uma
da gestante e aquele em que a gravidez foi decorrente de outra forma de se evitar;
estupro e o aborto foi precedido de consentimento da ges- • que o perigo deva ameaçar direito próprio ou alheio.
tante, ou, quando incapaz, de seu representante legal) e no O direito aqui mencionado se refere a qualquer bem
art. 146, § 3º (em que não constitui o constrangimento ilegal
as seguintes condutas: intervenção médica ou cirúrgica, sem Assunto cobrado na prova da Vunesp/PC-SP/Papiloscopista Policial/2013.
27

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jurídico como a vida, a integridade física, o patrimônio Ele deve escolher dentre os meios colocados a sua
etc., contudo tal bem deve estar protegido pelo ordena- disposição aquele necessário, tão somente, capaz de
mento jurídico. Conforme exemplifica Capez, o conde- conter a agressão. Ocorrendo imoderação, o agente
nado a morte não poderia alegar estado de necessidade responderá pelo excesso.
contra o carrasco no momento da execução; • que a agressão seja humana e injusta (observe que ani-
• que não se exija sacrifício por parte do agente em mal não agride, ataca. Sendo assim, contra animal não
decorrência da situação (razoabilidade do sacrifício); configura legítima defesa, mas pode configurar estado
aqui, o CP não estipula que o bem sacrificado deva ser de necessidade). Em outras palavras, contra animais
de menor valor que o bem protegido, todavia, quando ou coisas caracteriza-se estado de necessidade e não
houver desproporção nessa relação, ou seja, falta de de legítima defesa. Pode haver legítima defesa contra
razoabilidade, o agente responderá pelo crime com di- animais, se estes forem usados por um ser humano
minuição de pena de 1/3 a 2/3. A falta de razoabilidade como uma arma, ou seja, caso sejam atiçados pelo ser
não exclui a ilicitude, já que se trata de uma faculdade humano para que venham a atacar alguém, do contrá-
do juiz e não de um direito do réu; rio, tal excludente não estará caracterizada. No que se
• que haja por parte do agente conhecimento da situa- refere à agressão injusta, ela nada mais é do que aquela
ção justificante. Na verdade, refere-se a um elemento contrária ao ordenamento jurídico, portanto, ilícita.
subjetivo do estado de necessidade, haja vista que • que a agressão seja atual ou iminente. Sendo passada
mesmo tendo sido reconhecidos todos os requisitos ou futura, não haverá legítima defesa.
da referida excludente, o seu desconhecimento pelo • que a agressão seja invocada na defesa de direito pró-
agente não lhe dá o direito de alegar o estado de ne- prio ou alheio. Todo e qualquer direito é abrangido pela
cessidade, já que a sua vontade talvez não fosse a de justificativa, não se distinguindo entre bens pessoais
salvar alguém, mas a de causar um crime que não deu ou patrimoniais, pertencentes ao próprio defendente
certo. ou a terceiro. A reação deve ser moderada e os meios
realmente necessários.
Formas de estado de necessidade: • que o agente tenha conhecimento da situação justifi-
a) próprio (defende direito próprio) ou de terceiros cante – o agente deve conhecer que está agindo em
tal situação.
(defende direito de terceiros);
b) agressivo (o agente se volta contra bem de terceiros)
A título de exemplo: O policial militar Efigênio estava
ou defensivo (o agente se volta contra bem do agressor);
efetuando uma ronda, quando se deparou com dois elemen-
c) real (a situação de perigo é real) ou putativo (a situa­ tos que se agrediam, um deles já bastante ferido. Solicitou
ção de perigo é irreal) . Sendo putativo, não há a extinção que parassem de brigar, mas eles não o atenderam. Apesar
da antijuridicidade, apenas da culpabilidade e, por conse­ do PM portar um bastão, que seria suficiente para contê-
quência, da pena. -los, efetuou um disparo com sua arma de fogo para o ar,
haja vista o local não ser habitado. Entretanto, o agressor
Segundo Capez, o Estado de Necessidade possui os que estava em vantagem não se intimidou e partiu em sua
seguintes requisitos: direção para agredi-lo, ocasião em que Efigênio efetuou
• Perigo atual: é aquele que está ocorrendo no exato um disparo contra o agressor, causando-lhe lesões, que o
momento. levaram a permanecer durante trinta e cinco dias em coma.
• Perigo deve ameaçar direito próprio ou de terceiro. Pode-se, então, afirmar que o policial militar Efigênio não
• Perigo não causado voluntariamente pelo agente  – praticou crime, pois obrou nos estritos limites da legítima
dolosamente. defesa.28
• Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo.­ Obs.: não existe legítima defesa recíproca, nem contra
• Inevitabilidade da lesão ao perigo de outrem. agressão futura, nem contra aquela que já cessou.
• Razoabilidade do sacrifício: o CP não estipula que o
bem sacrificado deva ser de menor valor que o bem Obs.: quanto aos quesitos desafio e provocação, deve-se
protegido, todavia quando houver desproporção nes- ter em mente:
ta relação, ou seja, falta de razoabilidade, o  agente a) desafio: quem aceita desafio para uma luta, não pode
responderá pelo crime com diminuição de 1/3 a 2/3. alegar legítima defesa, porque o duelo não é aceito pela lei
A falta de razoabilidade não exclui a ilicitude. brasileira;
• Conhecimento da situação justificante. b) provocação: só pode alegar legítima defesa aquele
que foi provocado.
Legítima Defesa
Formas de legítima defesa:
O instituto da legítima defesa tem por fundamento per- a) Legítima defesa putativa: é a errônea suposição da
mitir que uma pessoa se defenda de uma agressão atual ou existência de uma legítima defesa por erro de tipo ou de
iminente, quando não houver outro meio, haja vista que o proibição ou hipótese de legítima defesa não prevista no
Estado não teria, naquelas circunstâncias, como oferecer ao ordenamento jurídico. Ocorre quando há erro, blefe. Não há
agredido a devida proteção, já que não há presença estatal a extinção da antijuridicidade, mas da culpabilidade.
Noções de Direito Penal

em todos os lugares e momentos. Outrossim, deve-se en- b) Legítima defesa sucessiva: conforme ensina Greco,
tender como natureza jurídica da legítima que ela é sempre ocorre quando se repele o excesso na legítima defesa29.
causa de exclusão da ilicitude. A agressão praticada pelo agente, embora inicialmente
São requisitos da referida excludente: legítima, transforma-se em agressão injusta quando incidiu
• que os meios utilizados na repulsa sejam moderados no excesso. Nessa hipótese, o revide caracteriza a legítima
e necessários (meios necessários são aqueles menos defesa sucessiva. Em outras palavras, é a repulsa contra o
lesivos colocados à disposição do agente no momento excesso, pois quem pratica a agressão não pode alegar a
que ele sofre lesão, para fazê-la cessar). A utilização do legítima defesa em seu favor, somente em relação ao excesso.
meio desnecessário caracteriza o excesso doloso ou
culposo, que é punível. Meios moderados são aqueles
Funcab/PC-ES/Delegado de Polícia/2013.
28
dentro do limite razoável para conter as agressões. Assunto cobrado na prova da Funcab/PC-ES/Escrivão de Polícia/2013.
29

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c) Legítima defesa subjetiva: o agente está inicialmente Quando se fala em estrito cumprimento do dever legal,
em uma situação de legítima defesa, todavia não percebe deve-se ter em mente que o agente aqui deve agir em nome
que a agressão cessou e continua a se defender, imaginando da lei e não da ética, moral ou religião. Apesar de praticar
ainda estar sofrendo agressões, transformando-se em um uma conduta típica, quem age em estrito cumprimento de
ataque. É o erro de tipo permissivo. um dever que lhe é imposto pela lei não pratica crime, mas
poderá vir a responder pelos excessos que vier a cometer.
Outro ponto relevante é que não existe legítima defesa Não pode ser invocado nos delitos praticados na modalida-
da honra conjugal na conduta do cônjuge traído agredir o de culposa. Quando se fala em dever legal, fala-se naquele
cônjuge traidor ou o(a) amante deste(a), ou ambos, pois decorrente de lei, decreto, entre outros. A estrita obediência
a honra que foi atingida não é a do cônjuge traído, mas a se refere aos limites impostos pelo próprio dever, já que se
daquele que traiu, podendo ser reconhecido em favor do houver excesso, haverá punição para o autor, ou seja, o ex-
primeiro apenas a atenuante da violenta emoção ou do re- cesso após a prática da conduta será caracterizado como
levante valor moral. Os direitos passíveis de lesão ou ameaça doloso ou culposo, que também é punível. Sendo assim,
são protegidos pela legislação penal brasileira, não fazendo pode-se exemplificar a referida excludente pela conduta
o Código Penal distinção expressa entre os direitos passíveis de um policial, que no estrito cumprimento do dever legal,
de proteção pelo instituto da legítima defesa, além do que provoca lesões no indivíduo que, logo após receber voz
o CP admite a legítima defesa da honra, mas não a da honra de prisão, continua sua ação fugitiva. Poder-se-ia figurar
conjugal, neste sentido. É possível como na repulsa a calú- também, como exemplo, a conduta do policial que efetua
nia, a injúria e a difamação, por exemplo. Mas, em relação legalmente uma prisão em flagrante.
à honra conjugal, não se fala na referida excludente. Senão,
vejamos: é entendimento doutrinário e social, por consequ- Exercício Regular de Direito
ência segue as decisões dos Tribunais: “Não age em legítima
defesa da honra quem, em razão de traição por adultério, Caracteriza-se pela utilização de um direito ou faculdade
mata o respectivo amante [...]”. (TJ-SC  – ACr 01.000885-
que pode decorrer da lei, de um fim social ou dos costumes,
3 – 1ª C.Crim. – Rel. Des. Solon Deça Neves – J. 12/6/2001).
dando ao agente a permissão para que pratique condutas
“Hodiernamente, afigura-se inconcebível a tese da legítima
dentro dos limites estabelecidos e com finalidades diversas.
defesa da honra, eis que não se pode admitir que a honra,
bem em tese juridicamente protegido pela excludente de Quem não atender às regras impostas por normas regula-
ilicitude, possa se sobrepujar à vida, bem supremo do ser mentares deve ser punido.
humano”. (TJ-MG – ACr 000.270.179-5/00 – 2ª C.Crim. – Rel. O exercício regular de direito é a prática de um fato
Des. Reynaldo Ximenes Carneiro – J. 9/5/2002). típico pelo agente autorizado por um direito, entendido
em sentido amplo, ou seja, abrangendo todas as formas de
*Obs.: pode haver coexistência entre estado de neces- direito subjetivo, penal ou extrapenal (CAPEZ). Também, por
sidade e legítima defesa. Um bom exemplo seria aquele em qualquer excesso, poderá o agente receber punição, já que
que “A”, para se defender legitimamente de “B”, pega a arma faz desaparecer a excludente. São exemplos de exercício
de “C” sem a sua autorização. (CAPEZ) regular de direito: corretivo aplicado pelos pais aos filhos;
lesões provocadas no adversário durante uma luta de boxe,
Segundo Fernando Capez, a  legítima defesa possui os desde que as regras sejam obedecidas; incisão realizada
seguintes requisitos: por médico.
• Agressão atual ou iminente: a agressão deve estar Questiona-se, ainda, se é possível haver estupro entre
acontecendo ou prestes a acontecer. marido e mulher, ou se há amparo pelo exercício regular
• Agressão injusta: é a contrária ao ordenamento jurídico. de direito. Ora, embora a conjunção carnal seja débito con-
• Direito próprio ou de terceiro. jugal, não justifica o ato de se constranger a companheira,
• Repulsa com meios necessários: são os meios menos obrigando-a ao ato sexual, pois não há se falar em exercício
lesivos colocados à disposição do agente no momento regular de direito, mas de uma irregularidade desse exercício,
em que ele sofre a lesão, para fazê-la cessar. A utili- o que tipifica a conduta criminosa. Reforçando a possibili-
zação do meio desnecessário caracteriza o excesso dade de crime sexual entre cônjuges, a Lei nº 11.106/2005,
doloso, culposo. em seu art.  226, II, prevê que se o agente é ascendente,
• Uso moderado de tais meios: é o emprego do meio padrasto, madrasta, irmão, cônjuge, companheiro, tutor ou
necessário dentro do limite razoável para conter as curador, preceptor ou empregador da vítima ou se assumiu,
agressões. Ocorrendo imoderação, responderá pelo por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou
excesso. vigilância, a  pena será majorada de metade, bem como
• Conhecimento da situação justificante: o agente deve a Lei nº  11.340/2006, em seu art.  7º, III, etiquetou esse
conhecer que está agindo em tal situação. comportamento como violência doméstica e familiar conta
a mulher (Cunha).
Estrito Cumprimento do Dever Legal Quanto aos ofendículos (ofensáculos), que são os apa-
ratos para defesa de uma propriedade (como cacos de vidro
É a prática de um fato típico por força do cumprimento ou cercas elétricas sobre muros, ponta de lança em portão,
de um dever legal. Estrito cumprimento refere-se à prática animais etc.), por exemplo, a doutrina não é unânime. Há
Noções de Direito Penal

da conduta típica dentro dos limites de seu dever legal. Aqui quem defenda que se trata de exercício regular de direito
também o agente deve ter conhecimento da justificante. A no momento de sua instalação e não de seu funcionamento,
título de exemplo: O oficial de justiça que, acompanhando que é sempre futuro; há outros que defendem tratar-se de
o cumprimento de uma ordem judicial de busca e apreen- legítima defesa preordenada já que ele é colocado em uma
são pela polícia, diante da recusa do morador em facultar propriedade para funcionar no momento em que esse local
a entrada na residência, determina o arrombamento da é invadido contra a vontade do morador, portanto serve
porta pelos agentes policiais, atua em estrito cumprimento como defesa necessária contra injusta agressão. Há uma
do dever legal.30 O excesso, no início da conduta, chama-se terceira corrente que defende ser exercício regular de direito
excesso na causa e não há excludente de ilicitude, e sim, enquanto ali predispostos e que sejam facilmente perceptí-
abuso de autoridade ou outro delito. veis, contudo, a partir do momento em que tal aparato entra
UEG/PC-GO/Escrivão de Polícia Civil/2013.
30 em ação para defender a propriedade de alguém, passa a

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existir a legítima defesa preordenada. Sendo uma ou outra, Esquematicamente, tem-se como causas excludentes da
trata-se de excludente de ilicitude, portanto, qualquer ex- antijuridicidade:
cesso, seja ele doloso ou culposo, fará com que o instalador
do ofendículo venha a responder pelo ilícito causado. Isso
Parte Geral Parte Especial
significa que, no caso de cerca eletrificada, a intenção tem
de ser apenas a de repelir o invasor, logo o ofendículo deve do Código do Código
ser razoável e moderado (obedecendo às normas técnicas), 1. estado de neces- 1. ofensa irrogada em juízo na dis-
devendo o agente tomar certas precauções na utilização sidade. cussão da causa (art. 142, I, CP).
desses instrumentos, sob pena de responder pelos resultados 2. legítima defesa. 2. aborto para salvar a vida da
advindos caso coloque em perigo inocentes. gestante ou quando a gravidez é
Finalmente, assim como as demais excludentes de ilicitu- resultante de estupro.
de, o agente deve ter conhecimento da situação justificante. 3. estrito cumprimen­ 3. violação de domicílio quando um
to de dever legal. crime é praticado, ou para prestar so-
Consentimento do Ofendido corro ou por ordem judicial (art. 150,
§ 3º, II, CP c/c art. 5º da CF).
Embora não esteja expressamente previsto na legislação 4. exercício regular 4. coação visando a impedir a prática
penal como causa excludente de ilicitude, trata-se, na ver- de direito. de suicídio.
dade, de uma causa supralegal de excludente da antijuridi-
cidade. Contudo, sendo reconhecida a referida excludente Observe que a parte geral do CP traz as causas legais de
apenas para bens disponíveis (patrimoniais), nunca para bens exclusão de ilicitude (ou antijuridicidade). Já na parte especial
indisponíveis (vida, integridade física), já que se esta fosse
reconhecida pelo ordenamento jurídico brasileiro, admitir- do mesmo ordenamento jurídico, veem-se algumas causas
-se-ia a eutanásia. supralegais de exclusão da ilicitude.
Ilicitude é a relação de contrariedade que se estabelece
entre o fato típico e o ordenamento jurídico. Existem previ- Artigos Pertinentes
sões de excludentes de ilicitude (ou tipos permissivos) ex-
pressos na parte especial do Código Penal. São eles: o aborto Exclusão de ilicitude
para salvar a vida da gestante ou quando a gravidez resulta de Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato:
estupro (art. 128, I e II, CP); a injúria e a difamação, quando a I – em estado de necessidade;
ofensa é irrogada em juízo na discussão da causa, na opinião II – em legítima defesa;
desfavorável da crítica artística, literária ou científica e no III – em estrito cumprimento de dever legal ou no
conceito emitido por funcionário público em informação exercício regular de direito.
prestada no desempenho de suas funções (art. 142, I, II e III,
CP); o constrangimento ilegal se é feita à intervenção médica
Excesso punível
ou cirúrgica sem o consentimento do paciente, ou de seu
representante legal, se justificada por iminente perigo de Parágrafo único. O  agente, em qualquer das hipó-
vida, e na coação exercida para impedir suicídio (art. 146, teses deste artigo, responderá pelo excesso doloso
§ 3º, I e II, CP); e na violação de domicílio, quando um crime ou culposo.
está sendo ali cometido (art. 150, § 3º, II, CP).
Em síntese, conforme ensina Vinícius Paulo Mesquita, Estado de necessidade
o  consentimento do ofendido funciona como uma causa Art. 24. Considera-se em estado de necessidade
legal de exclusão da tipicidade e como causa supralegal de quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que
exclusão da ilicitude. Porém, para que possamos falar em não provocou por sua vontade, nem podia de outro
consentimento do ofendido deve ser o aquiescente penal- modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício,
mente capaz e o bem jurídico em questão deve estar no rol nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
dos bens disponíveis. § 1º Não pode alegar estado de necessidade quem
Para que o consentimento do ofendido possa ser consi- tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
derado como excludente, é necessário, segundo Francisco
§  2º Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do
de Assis Toledo:
• que o ofendido tenha manifestado a sua aquiescência direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de
livremente, sem coação, fraude ou vício da vontade; um a dois terços.
• que o ofendido, no momento da aquiescência, esteja
em condições de compreender o significado e as con- Legítima defesa
sequências de sua decisão, possuindo, pois, capacidade Art. 25. Entende-se em legítima defesa quem, usan-
para tanto; do moderadamente dos meios necessários, repele
• que o bem jurídico lesado e exposto se situe na esfera injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou
da disponibilidade do aquiescente; de outrem.
• que o fato típico realizado se identifique com o que
foi revisto e se constitua em objeto de consentimento
IMPUTABILIDADE PENAL
Noções de Direito Penal

pelo ofendido. A título de exemplo: Geraldino permitiu


seu encarceramento pelo patologista André, para se
submeter a uma experiência científica. Ao terminar Imputabilidade Penal (arts. 26 a 28)
o período da experiência, Geraldino procurou a de-
legacia de polícia da circunscrição de sua residência, Para a Teoria da Imputabilidade Moral (ou do livre ar-
alegando que fora vítima de crime, em face do seu bítrio), o homem é um ser inteligente e livre, que possui a
encarceramento. Do relato apresentado, conclui-se capacidade de poder escolher entre o bem e o mal, o certo
que não há crime, pois o consentimento do ofendido e o errado, podendo, pois, vir a ser responsabilizado pelos
excluiu a ilicitude.31 atos ilícitos que vier a praticar. Imputável é, pois, aquele
que tem aptidão para ser culpável, já que ele sabe o que
Funcab/PC-ES/Delegado de Polícia/2013.
31 faz e age de acordo com esse entendimento. Sendo assim,

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a imputabilidade penal seria um elemento ou pressuposto Consequência: medida de segurança. Todavia, “se não era
da culpabilidade, haja vista que o agente deve saber que sua inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato” –
conduta pode gerar consequências. será a pena diminuída de 1/3 a 2/3. A aferição da menori-
Segundo o ordenamento jurídico brasileiro, imputar é dade dá-se pelo sistema exclusivamente biológico (não se
atribuir a alguém a responsabilidade pelos atos praticados. questiona se o agente era ou não capaz de entendimento
O  agente deve ter capacidade de se autodeterminar, ou ou de se autodeterminar).
seja, deve ele agir sabendo que sua conduta pode lhe gerar b) menor de idade – menor de 18 anos. O sistema de
consequências. Se no momento da ação ou omissão que aferição é o biológico (causa gerada em lei). A consequência
tenha dado causa ao resultado lesivo o agente é inteira- será a aplicação de medida socioeducativa;
mente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de c) embriaguez completa proveniente de caso fortuito
determinar-se segundo este entendimento, deverá ficar (inesperado, imprevisível) ou força maior (forçado por tercei-
isento de pena. Contudo, sendo o agente parcialmente capaz, ros), também chamada de embriaguez acidental. Aqui, o sis-
não haverá exclusão da imputabilidade, mas apenas redução tema de aferição é biopsicológico e tem por consequência a
da pena imposta de um a dois terços. Ao agente inimputá- absolvição. Todavia, se incompleta, sendo que o agente não
vel ou semi-imputável, aplica-se medida de segurança e, possuía a plena capacidade de entendimento, a pena será
não necessariamente, pena. Observe que ao inimputável reduzida de 1/3 a 2/3.
cabe medida de segurança; já, ao semi-imputável, ou seja, Obs.: inclui-se como causa de exclusão da imputabilidade
aquele que teve parte de sua capacidade de entendimento a embriaguez patológica.
prejudicada em razão de alguma doença mental ou de um
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, cabe o Não extinguem a imputabilidade:
redutor de pena de um a dois terços, contudo o juiz poderá a) emoção (estado afetivo, violento, repentino ou de
curta duração) ou paixão (crônica e duradoura: amor, ódio,
optar por aplicar a medida de segurança a ele no lugar da
ciúmes). Nesses casos, pode haver a redução da pena;
pena, já que não pode aplicar as duas ao mesmo tempo.
b) embriaguez voluntária ou culposa – Embriaguez não
Sinteticamente, teríamos:
acidental. Voluntária é aquela em que o agente quis se em-
a) a incapacidade é plena: haverá absolvição (isenção de briagar ou aceitou o risco de se embriagar. Culposa é aquela
pena) e aplicação de medida de segurança ao inimputável; em que o agente se embriagou imprudentemente – excedeu-
b) a incapacidade é relativa: haverá redução de pena de -se. Em outras palavras, a embriaguez que poderá excluir a
1/3 a 2/3 ou apenas medida de segurança. imputabilidade e, por consequência, isentar o autor de pena
é a embriaguez acidental e não a voluntária ou culposa, já
Faz-se mister frisar que para que os doentes mentais que, se o agente tem a intenção de embriagar-se ou, mesmo
sejam considerados inimputáveis, deverão ter ao tempo que não a tenha, mas podia decidir em fazê-lo ou não, não
da ação ou omissão, incapacidade plena de compreender poderá ter reconhecida a excludente da imputabilidade,
a ilicitude da sua conduta, senão serão responsabilizados tendo em vista que possuía livre-arbítrio naquele momento.
pelo resultado lesivo por eles causados, e tal incapacidade, Há uma outra forma de embriaguez em que o agente
para que seja provada, requer exames específicos (como se embriaga ou se entorpece com o fito de praticar crime,
psicológicos e psiquiátricos). é a chamada actio liberae in causa, ou ação livre quando da
Sistemas ou critério de aferição da inimputabilidade: conduta. Diferentemente da embriaguez voluntária, em que
a) biológico (ou etiológico): segundo essa corrente, toda o agente se embriaga por que assim pretendeu, mas não
anomalia psíquica é causa de inimputabilidade. Não se leva para praticar crime, aqui, ele tem esse propósito. A doutrina
em conta se a perturbação retirou do agente a inteligência denominou tal tipo de embriaguez como preordenada, que,
ou vontade quando do cometimento do fato. Uma vez com- além de não reduzir a pena imposta ao autor, irá exasperá-
provada a anomalia, o agente não pode ser responsabilizado -la. É a agravante genérica prevista no art. 61, II, “l”, do CP).
por sua conduta. Por fim, vale frisar que a inimputabilidade tem o condão
b) psicológico: para essa corrente são verificadas so- de excluir a culpabilidade.
mente as condições psíquicas do autor no momento do
fato, desconsiderando se naquele instante o agente possuía Artigos Pertinentes
algum distúrbio psíquico, que, uma vez verificado, deve ser
considerado causa de inimputabilidade, não podendo ser Inimputáveis
responsabilizado pelos atos praticados. Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou re-
c) biopsicológico (ou biopsicológico normativo ou misto):
tardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteira-
é o produto da combinação entre os dois primeiros. Para essa
mente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou
corrente, verifica-se, nesta ordem:
de determinar-se de acordo com esse entendimento.
• se o agente é doente mental ou possui desenvolvimen-
to mental incompleto ou retardado; Redução de pena
• se o agente era capaz de entender o caráter ilícito do
Noções de Direito Penal

Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a


fato. dois terços, se o agente, em virtude de perturbação
de saúde mental ou por desenvolvimento mental
Extinguem a imputabilidade: incompleto ou retardado não era inteiramente capaz
a) doença mental (esquizofrenia, psicopatia, epilepsia de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
etc.) ou desenvolvimento mental incompleto, (índio não -se de acordo com esse entendimento.
civilizado ou não adaptado à sociedade, surdo-mudo que
não tenha capacidade de entendimento) ou retardado Menores de dezoito anos
(imbecil, idiota, oligofrênico ou demente, ou com déficit de Art. 27. Os menores de 18 (dezoito) anos são pe-
inteligência). O sistema de aferição é biopsicológico (causa nalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas
geradora prevista em lei, causa presente na época do fato). estabelecidas na legislação especial.

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Emoção e paixão superior, sabendo de sua ilegalidade, ambos responderão
Art. 28. Não excluem a imputabilidade penal: pela conduta caso não o saiba, somente o superior hierár-
I – a emoção ou a paixão; quico irá responder pelo ato praticado, ficando afastada a
culpabilidade do agente subordinado.
Embriaguez A culpabilidade, portanto, refere-se a juízo de censura,
II – a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool de reprovabilidade, que se faz sobre a conduta típica e anti-
ou substância de efeitos análogos. jurídica do agente, podendo-se exigir do agente que ele se
§ 1º É isento de pena o agente que, por embriaguez comporte de maneira diversa em algumas circunstâncias,
completa, proveniente de caso fortuito ou força que, não o fazendo, poderá vir a ser responsabilizado crimi-
maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteira- nalmente. Não havendo a culpabilidade, a conduta continua
mente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou típica e antijurídica, mas, por faltar o pressuposto para
de determinar-se de acordo com esse entendimento. aplicação da pena, o agente não poderá ser punido por suas
§ 2º A pena pode ser reduzida de um a dois terços, atitudes. São elementos da culpabilidade a imputabilidade
se o agente, por embriaguez, proveniente de caso (capacidade de se autodeterminar), potencial consciência
fortuito ou força maior, não possuía, ao  tempo da da ilicitude do fato e exigibilidade de conduta diversa. Por
ação ou da omissão, a plena capacidade de entender consequência, são causas que excluem a culpabilidade, den-
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo tre outras: a) a inimputabilidade: que se apura por doença
com esse entendimento. mental, desenvolvimento mental incompleto ou retardado,
embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força
CULPABILIDADE maior; b) não potencial consciência da ilicitude do fato:
que é o erro de proibição inevitável; c) inexigibilidade de
A culpabilidade está associada à censurabilidade ou conduta diversa: que se verifica na coação moral irresistível
reprovabilidade. Portanto, se a conduta do agente é re- e na obediência hierárquica. Há, ainda, outras causas de
provável, também será culpável, ou seja, a  culpabilidade exclusão da culpabilidade como a legítima defesa putativa.
consiste num juízo de desvalor da conduta. Os  requisitos As definições, outrora apresentadas, no que se refere
da culpabilidade são imputabilidade, potencial consciên- aos elementos normativos da culpabilidade são trazidas
cia da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa, sendo pelo finalismo de Welzel, contudo, em relação a potencial
que imputabilidade se refere a poder se atribuir a alguém consciência sobre a ilicitude do fato, que é um desses ele-
responsabilidade por seus atos. No momento da ação ou mentos, faz-se mister frisar que o dolo e a culpa migram da
omissão que tenha dado causa ao resultado lesivo, o agen- culpabilidade para o fato típico, mais especificamente para a
te deve ser plenamente capaz de entender o caráter ilícito conduta do agente. O dolo passou a ser elemento normativo
do fato ou de determinar-se segundo esse entendimento, na culpabilidade (potencial consciência da ilicitude). Quando
caso contrário, ficará isento de pena. Portanto, a imputabi- se fala em potencial consciência da ilicitude, não significa que
lidade tem a ver com a menoridade penal (idade inferior a o agente deva efetivamente saber que sua conduta incorre
18 anos), com a doença mental (como a esquizofrenia) ou em ilícito penal, mas, basta que ele tenha a possibilidade
desenvolvimento mental incompleto (aqui se inclui o índio de, no caso concreto, alcançar esse conhecimento, que de-
não civilizado e o surdo-mudo que não possui capacidade de verá ser responsabilizado penalmente, caso pratique algum
se autodeterminar) ou retardado (o imbecil, o idiota) e com ilícito. Aqui, procura-se verificar se nas condições em que se
a embriaguez completa proveniente de caso fortuito (algo encontrava o agente tinha ele condições de compreender
inesperado, imprevisível) ou força maior (quando, por exem- que o fato que pratica é ilícito. Assim, o erro sobre a ilicitude
plo, forçado por terceiros). Em todos esses casos o agente do fato não é visto no erro de tipo, mas na culpabilidade.
é dito inimputável; por potencial consciência da ilicitude Conforme já visto, para a teoria finalista de Welzel, a cul-
ou da antijuridicidade deve-se entender como aquela não pabilidade possui três elementos normativos: a imputabili-
necessariamente efetiva, bastando que seja potencial, ou dade, que é a possibilidade de se atribuir ou imputar o fato
seja, se o agente, com algum esforço ou cuidado, poderia típico e ilícito ao agente; a potencial consciência da ilicitude,
saber que o fato é ilícito, portanto, verifica-se se ele tinha
que é verificar se nas condições em que se encontrava o
capacidade de se autodeterminar. A potencial consciência
agente tinha ele condições de compreender que o fato que
da ilicitude, portanto, se refere à possibilidade de que tem
praticava era ilícito; e exigibilidade de conduta diversa, que
o agente de conhecer o caráter injusto do fato. Trata-se do
chamado erro de proibição, ou também erro sobre a ilici- é a possibilidade que tinha o agente de, no momento da ação
tude do fato, aquele que faz com que o agente não saiba ou omissão, agir de acordo com o Direito, considerando-se a
que pratica um ato ilícito, excluindo assim a consciência da sua particular condição de pessoa humana. Para isso, levam-
ilicitude de sua ação ou omissão. Se no momento em que -se em consideração as características subjetivas do agente,
realizava a conduta não a sabia proibida, exclui a culpabilida- como sua instrução, inteligência, situação econômica etc.
de, desde que inevitável ou escusável. Todavia, se evitável ou (Greco).
inescusável, terá pena reduzida de 1/6 a 1/3; por fim, tem-se Quanto à coação irresistível e a obediência hierárquica,
Noções de Direito Penal

a exigibilidade de conduta diversa, a qual se refere ao fato foi visto que ambas se referem a causas de exclusão da culpa-
de se saber se, naquelas circunstâncias, seria exigível que o bilidade e não da ilicitude, por faltar um dos seus elementos
agente agisse de forma diversa, pois, se, nas circunstâncias, normativos, quer seja, a exigibilidade de conduta diversa.
era impossível ao agente agir de outra forma, não haveria Mas é bom frisar que a coação irresistível, aqui mencionada,
pena para ele. Este item se refere à coação moral irresistí- refere-se somente a coação moral, pois, se a coação for física,
vel e à obediência hierárquica, quer seja, à  obediência a não será causa de exclusão da culpabilidade, como a primeira
ordem não manifestamente ilegal (aquela aparentemente o é, mas será causa de atipicidade da conduta.
legal) de superior hierárquico, tornando viciada a vontade Desta forma, o Código Penal adotou a Teoria Normativa
do subordinado e afastando a exigência de conduta diversa. Limitada. Todavia, verifiquemos a evolução histórica da
Observe que se o subordinado cumpre ordem ilegal de seu culpabilidade.

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Teoria Psicológica Teoria Psicológica-normativa
1. Sistema causalista. 1. Sistema neokantista.
2. Elementos: imputabilidade, dolo natural (vontade e 2. Elementos: imputabilidade, dolo normativo (vontade,
consciência). consciência, consciência da ilicitude), exigibilidade de
3. Erro de tipo e erro de proibição excluíam a culpabilidade. conduta diversa).
3. Erro de tipo e erro de proibição excluem a culpabilidade.
Teoria Normativa Pura Teoria Normativa Limitada
1. Sistema finalista. 1. Sistema finalista.
2. Elementos: imputabilidade, potencial consciência da ili- 2. Elementos: imputabilidade, potencial consciência da ili-
citude, exigibilidade de conduta diversa. citude, exigibilidade de conduta diversa.
3. Erro de tipo: erra sobre as elementares ou as circunstân- 3. Erro de tipo: sobre elementares ou circunstância ou
cias de um tipo penal. Se invencível exclui o dolo e culpa, pressupostos fáticos de uma causa justificante. (descri-
se vencível exclui a culpa. minante putativa por erro de tipo ou erro de tipo permis-
Paradigma: previsibilidade objetiva. sivo. Ex.: atira no primo pensando ser um assaltante).
4. Erro de proibição: direito (não conhece a proibição) indi- 4. Erro de proibição: Direito (não conhece a proibição, ex.:
reto (todo erro que recai sobre excludente ou dirimente). holandês fumando maconha ou conhece e interpreta
Se invencível exclui a culpabilidade, se vencível, diminui- mal, ex.: mãe “transportando droga para a delegacia) e
ção de pena. indireto ou descriminante putativa por erro de proibição
Paradigma: previsibilidade subjetiva. (erro sobre os limites normativos de uma excludente ou
Obs.: erro de tipo incide sobre situação fática. Erro de proi- sobre a existência da justificante, ex.: matar mulher trai-
bição, limites autorizadores da norma. Toda espécie de des- dora por legítima defesa da honra).
criminante putativa é erro de proibição. Obs.: no erro de proibição indireto, tem perfeita noção da
situação fática, mas aprecia erroneamente os limites da
norma. O agente não sabe que está praticando um crime.

Em síntese, são causas excludentes da culpabilidade: a ação moral irresistível e a legítima defesa putativa. Já os itens
inimputabilidade (menoridade, doença mental ou desenvolvi- “estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento
mento mental incompleto ou retardado e a embriaguez com- do dever legal, exercício regular de direito e consentimento
pleta proveniente de caso fortuito ou força maior), o erro de do ofendido” (neste caso, quando o bem é disponível), não
proibição (quando inevitável), a obediência hierárquica, a co- excluem a culpabilidade, mas a antijuridicidade (ou ilicitude).

Culpabilidade (Elementos) Excludentes da Culpabilidade


Imputabilidade: pode se atribuir a alguém res- Inimputabilidade (menor de idade, doente mental e embriaguez completa
ponsabilidade por seus atos. e acidental).
Potencial Consciência da Ilicitude: o agente, com Erro de Proibição: faz com que o agente não saiba que pratica um ato
algum esforço ou cuidado, poderia saber que o ilícito, excluindo assim a consciência da ilicitude de sua ação ou omissão.
fato é ilícito, portanto, verifica-se que ele tinha Se no momento em que realizava a conduta não a sabia proibida, exclui
capacidade de se autodeterminar. Basta ser a culpabilidade, desde que inevitável ou escusável. Todavia, se evitável
potencial, não necessitando ser total. ou inescusável, terá pena reduzida de 1/6 a 1/3.
Exigibilidade de Conduta Diversa: naquelas cir- Obediência Hierárquica (obediência a ordem não manifestamente ilegal –
cunstâncias, seria exigível que o agente agisse aquela aparentemente legal – de superior hierárquico, tornando viciada
de forma diversa e não praticasse um crime. a vontade do subordinado e afastando a exigência de conduta diversa;
todavia se o subordinado tiver conhecimento da ilegalidade também
responde pelo crime praticado) e Coação Moral Irresistível (se a coação
for irresistível somente o coator responderá pelo crime praticado pelo
coato, todavia se resistível, ambos respondem pela prática do crime, sendo
aplicada uma atenuante ao coagido, art. 65, II, c, do CP).

CONCURSO DE PESSOAS A teoria adotada, a Monista, se respaldada no art. 29


do CP, a qual traz que todos os que concorrem para o crime
Concurso de Pessoas (arts. 29 a 31) incidem nas mesmas penas a este cominadas, na medida de
sua culpabilidade32. Em outras palavras, ainda que o crime
Há concurso de pessoas quando dois ou mais indivíduos seja praticado por diversas pessoas, ele permanece único e
concorrem para a prática de um mesmo crime. Pode também indivisível. Contudo, a própria lei admite que haja punições
Noções de Direito Penal

ser chamado de concurso de agentes ou codelinquência. diferenciadas conforme a participação dos agentes, ou seja,
Ao definir o concurso de agentes, o CP adotou a Teoria pune-se de forma diferente a participação em determina-
Monista ou Unitária, segundo a qual o autor é aquele que das situações, diferenciando-se a autoria da participação,
realiza a conduta principal descrita no tipo penal e o partícipe aproximando-se, portanto, da Teoria Dualista. Sendo assim,
é aquele que, embora não realize a conduta descrita no há quem defenda que o Brasil adotou a Teoria Monista “mi-
tipo penal, concorre para a sua realização. Para essa teoria, tigada”, temperada ou matizada para definir o concurso de
havendo concurso de pessoas há um só crime. A Reforma pessoas em práticas delituosas.
Penal de 1984 adotou a Teoria Monista, equiparando auto-
res e partícipes, ou seja, todos os concorrentes incidem nas
mesmas penas, mas na medida de sua culpabilidade. Assunto cobrado na prova da Fepese/DPE-SC/Analista Técnico/2013.
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ESQUEMA nº 1 – TEORIA MONISTA: afirma que todos que os diferencia é que na coautoria várias pessoas têm o
concorrerem para prática de um crime, responderão em domínio do fato. Coautor é quem possui qualidades
regra pelo mesmo crime. específicas do autor capaz de decidir a respeito do
fato por tomar parte também na execução do delito,
Ex.: A, B, C e D resolvem fazer um assalto e se organizam embora não se exija que todos os concorrentes prati-
da seguinte forma: quem a conduta descrita no núcleo do tipo.
• A – fica vigiando a casa do lado de fora.
• B – entra na casa e passa subtrair os bens no andar de cima. Restando patente a divisão de tarefas entre os corréus,
• C – entra na casa e passa a subtrair os bens no andar de não há que se falar em conduta estanque do partícipe, tam-
baixo. bém chamada de participação de menos importância, mas
• D – é o motorista que fica no carro para dar fuga. numa efetiva colaboração de todos os envolvidos. A conduta
Assim, segundo a Teoria Monista adotada pelo CP, todos daquele que não realizou o verbo núcleo do tipo, mas par-
(A, B, C, D e E) irão responder pelo crime de furto, apesar ticipou efetivamente da execução do crime é considerada
de apenas B e C terem realizado a subtração. A diferença funcional ou parcial, sendo assim, aquele que age como “ba-
estará na quantidade de pena que será aplicada a cada tedor”, transportando os comparsas e aguardando-os para
um, onde hipoteticamente, B e C receberão pena maior. fuga, responde como coautor e não apenas como partícipe
do crime. Em outras palavras, realizou conduta considerada
Quanto à definição de autoria e participação, o CP adotou imprescindível à consecução do evento, mesmo não tendo
praticado qualquer elemento objetivo do tipo, participando
a Teoria Restritiva, onde autor é somente aquele que pratica
da execução do crime sem realizar o verbo núcleo do tipo.
a conduta descrita no núcleo do tipo penal e o partícipe é Ao adotar, como regra, a Teoria Monista quanto à nature-
aquele que, de alguma forma, auxilia o autor, mas sem rea- za do concurso de pessoas, quis o legislador reconhecer que
lizar a conduta narrada pelo tipo penal. todos os que contribuem para a prática do delito cometem
o mesmo crime, não importa se eles se enquadram como
ESQUEMA nº 2 – TEORIA RESTRITIVA: define quem é autor coautores ou partícipes da prática delituosa.
e partícipe. Autor é aquele que pratica a conduta descrita Infere-se, ainda, da legislação brasileira, que se algum dos
no núcleo do tipo penal, ou seja, aquele que subtrai, mata, concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á
constrange alguém, falsifica; partícipe é aquele que, de aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até a me-
alguma forma, auxilia o autor, mas sem realizar a conduta tade na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.
narrada pelo tipo penal. Aprovar a prática de um crime, ou estar de acordo com
ele, mas sem nenhuma participação, não constitui ilícito
Novamente analisando o exemplo acima: A, B, C, e D re- penal. Por outro lado, porém, é crime fazer publicamente
solvem fazer um assalto e se organizam da seguinte forma: apologia de fato criminoso ou de autor de crime, embora,
• A – fica vigiando a casa do lado de fora. isoladamente, não há que se falar em concurso de agentes
• B – entra na casa e passa subtrair os bens no andar de cima. em práticas delituosas.
• C – entra na casa e passa a subtrair os bens no andar de Por fim, saliente-se que, na aplicação da lei penal, o caráter
baixo. é pessoal, mas proporcional à culpa. Sendo assim, segundo a
• D – é o motorista que fica no carro para dar fuga. teoria adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro, ao definir
Já verificamos que segundo a Teoria Monista todos responde- que todos os que contribuem para a prática do delito cometem
rão pelo mesmo crime, ou seja, furto. Agora segundo a Teoria o mesmo crime, não havendo distinção quanto ao enquadra-
Restritiva, autor é somente que pratica a conduta típica, ou mento típico entre o autor e o partícipe, engessaria a tipificação,
seja, no exemplo acima aqueles que efetuaram a subtração. por exemplo, do crime de corrupção ativa, já que o funcionário
Assim autores serão B e C. Já A e D, auxiliaram a prática crimi- público não comete o mesmo crime do particular que lhe ofe-
nosa, sem diretamente executá-la, ou seja, serão os partícipes. rece a vantagem indevida, mas crime de corrupção passiva, se
vier a receber a tal vantagem, motivo pelo qual a teoria adotada
Agora vamos incrementar este exemplo acrescendo mais não pode vista apenas na literalidade de seu texto.
Requisitos do concurso de pessoas:
uma personagem, E, que planejou todo o assalto, é o man-
• pluralidade de comportamentos – no mínimo duas
dante, e fica em casa aguardando o cometimento do assalto. condutas;
Segundo a Teoria Restritiva, por ele executar a conduta típica, • nexo de causalidade – todas as condutas devem ter
ele será um partícipe. Isto pode causar espanto, todavia, de- contribuído para a ocorrência do resultado;
vemos lembrar que segundo a Teoria Monista ele responderá • vínculo (liame) subjetivo – há vontade de cada agente
também pelo crime de furto, tendo a sua penalidade aplicada de contribuir para a produção do resultado. Não haven-
conforme sua influência para prática criminosa. do concursos de vontades, desaparecerá o concurso
Todavia, há uma parte da doutrina que discorda do po- de agentes, surgindo a autoria colateral. Aqui, todos
sicionamento acima apontado e para, então complementar buscam o mesmo resultado;
a Teoria Restritiva, surge a Teoria do Domínio do Fato, em • identidade de infrações – a infração é a mesma para
lições de Hanz Welzel. Para ela: todos os concorrentes. Todos respondem solidaria-
• Autor é o senhor do fato, ou seja, é aquele que possui mente pela ação, apurando-se o grau de participação.
Noções de Direito Penal

o domínio final do fato, haja vista que aquele que re- O crime é o mesmo.
aliza a conduta descrita no tipo penal tem o poder de
decidir se vai até o fim com o plano criminoso. Aqui, Teorias, sobre a Autoria, Aplicadas à Legislação Penal
surge a divisão de tarefas, onde o agente, além de Brasileira
ter o poder de decisão sobre o fato último, possui a Teoria Restritiva: segundo essa teoria, autor é somente
capacidade de cumprir ou não a parcela do delito que aquele que pratica a conduta descrita no tipo penal.
lhe foi atribuída. Sendo assim, o autor possui o manejo Teoria do Domínio do Fato: segundo ela, autor é todo
dos fatos e o leva a sua realização. aquele que detém o controle final da produção do resultado,
• Partícipe é aquele que simplesmente colabora, sem possuindo, assim, o domínio completo de todas as ações até
poderes decisórios, a respeito da consumação do fato. a eclosão do evento pretendido. Não importa se ele realizou o
Para essa teoria, coautor é o mesmo que autor. O que núcleo do tipo (CAPEZ).

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Embora o CP tenha adotado a Teoria Restritiva, por ela c) Participação: dá ideia de situação acessória. O partí-
não tratar de forma satisfatória as hipóteses do mandante e cipe colabora para a consumação, mas não se encontra em
do autor intelectual, surge a Teoria do Domínio do Fato para condições de influir no resultado. É aquele que participa
complementar a primeira, afirmando que o mandante e o autor indiretamente do crime. Para a Teoria Restritiva, é aquele
intelectual são autores, e não partícipes do delito, uma vez que que concorre para o crime sem praticar os elementos do tipo,
a Teoria Restritiva diz que, por eles não praticarem os elementos ou seja, induzindo, instigando e auxiliando. Para a Teoria do
do tipo, não são considerados autores, mas, sim, partícipes. Domínio do Fato, partícipe é quem, sem domínio próprio do
fato, ocasiona ou, de qualquer forma, promove, como figura
Formas no Concurso de Agentes lateral do acontecimento real, o seu cometimento. É todo
aquele cujo comportamento na cena criminosa não reste
a) Autor: é aquele que pratica diretamente a ação ou tem, imprescindível à consecução do evento.
sob seu absoluto domínio, o total comando da ação, mesmo
que outros sejam os executores. Ele participa diretamente da Formas de participação: a participação pode apresentar-
conduta delitiva. Para a Teoria Restritiva, é aquele que pratica os -se de duas formas:
elementos do tipo. Já para a Teoria do Domínio do Fato, o autor • Moral: instigando ou induzindo ao cometimento da
é aquele que detém o controle final do fato, dominando toda a prática delituosa. Não é necessário ato executório,
realização delituosa, com plenos poderes para decidir sobre sua bastando o apoio moral.
prática, interrupção ou circunstâncias. Não importa se o agente • Material: fornecimento de materiais que contribuem
pratica ou não o verbo descrito no tipo penal, pois, o que a lei para a prática do delito.
exige, é o controle de todos os atos, desde o início da execução
até a produção do resultado. Por essa razão, o mandante, em- Atente-se para o fato: se A e B matam alguém, ou seja,
bora não realize o núcleo da ação típica, deve ser considerado se B amarra ou segura a pessoa enquanto A atira nela, A e B
autor, uma vez que detém o controle final do fato até a sua serão coautores do crime. É errôneo dizer aqui que A foi o
consumação, determinando a prática delitiva. autor e B o coautor. Só existiria autor, nesse caso, se A atirasse
na pessoa e fosse apenas auxiliado por B, que lhe forneceu a
Formas de autoria: arma ou o instigou para que efetuasse os disparos.
• Autor executor: é aquele que, materialmente, realiza
a conduta típica prevista no texto legal. Autoria colateral
• Autor intelectual: é aquele que idealiza e dirige a ação
por meio de terceiros sobre quem tem absoluto con- Ela não se confunde com o concurso de pessoas, já que
trole, podendo, inclusive, determinar a continuação ou um dos requisitos do concurso de agentes é a existência do
paralisação da conduta. A título de exemplo: Cleverson, vínculo psicológico entre os envolvidos, ou seja, o liame de
vulgarmente conhecido como “Pão com Ovo”, antigo vontades. Na autoria colateral, não há tal vínculo entre os
traficante de drogas ilícitas, continuou a dar as ordens agentes. Esta ocorre quando duas pessoas procuram dar
a sua quadrilha, mesmo estando encarcerado em um causa a um determinado resultado, convergindo suas con-
presídio de segurança máxima. Logo, “Pão com Ovo” dutas para tanto, sem estarem unidas pelo liame subjetivo.
deve responder como autor intelectual do crime de Os agentes desconhecem cada um a conduta do outro, mas
tráfico de drogas, mesmo não praticando atos de realizam atos convergentes à produção do evento a que todos
execução deste crime.33 visam, mas que ocorre em face do comportamento de um só
• Autor mediato: é aquele que de forma consciente e deles. A título de exemplo: Dois veículos chocaram-se em
deliberada faz atuar por ele o outro cuja conduta não um cruzamento. Em razão da colisão, um dos motoristas
reúne todos os requisitos para ser punível. Normal- fraturou um braço, o que o impossibilitou de trabalhar por
mente faz uso de um inimputável ou usa de coação seis meses. O outro motorista teve uma luxação no joelho
moral irresistível para que terceiros pratique a conduta direito. O fato foi apurado pela delegacia local, restando
descrita no tipo penal. cabalmente provado que os motoristas de ambos os carros
concorreram para a colisão, pois um, em face da ausência
b) Coautoria: é a união de vontades de diversas pessoas de manutenção, estava sem freio, e o outro havia avançado
para alcançar o mesmo resultado. Na coautoria, ocorre a o sinal e estava em velocidade acima da permitida. Assim,
divisão dos atos que tendem à execução de ação delituosa. conclui-se que se trata de hipótese de autoria colateral.35
É quem executa, juntamente com outras pessoas que tenham A autoria colateral pode ser classificada, então, em dois tipos:
o mesmo objetivo, a ação ou omissão que tipifica o delito. • autoria colateral certa: ocorre quando é possível iden-
Para a Teoria Restritiva, o coautor é aquele que pratica os tificar qual dos agentes deu causa ao resultado;
elementos do tipo ou parte dele (divisão de tarefas). Para • autoria colateral incerta: ocorre quando não é possível
a Teoria do Domínio do Fato, é aquele que, possuindo o saber qual dos indivíduos produziu o resultado.
domínio do fato, divide tarefas, auxiliando o autor. Existem
duas espécies de coautoria: a coautoria propriamente dita, Obs.: não se confunde autoria colateral incerta com
ou seja, há uma divisão de tarefas em sede de tipo em que autoria desconhecida. Na primeira, sabem-se quem são os
o coautor realiza tarefas tidas como essenciais ao crime; autores do crime, apenas não se sabe, ao certo, qual deles
a coautoria funcional, ou seja, aquela cuja conduta reste deu causa ao resultado. Na autoria desconhecida, os autores
imprescindível à consecução do evento, mesmo que não é que não são conhecidos, não se podendo imputar os fatos
Noções de Direito Penal

tenha praticado qualquer elemento objetivo do tipo. A título a qualquer pessoa.


de exemplo: Sílvio e Mário, por determinação de Valmeia, Comunicação de circunstâncias
prima de Sílvio, tomaram vários eletrodomésticos da casa
de Joaquina, que havia saído para trabalhar. Após a divisão Segundo o CP, não se comunicam as circunstâncias e as
em partes iguais, Valmeia, por necessitar para utilização condições de caráter pessoal (motivos ou relações com a
em sua casa, comprou de Sílvio e Mário os eletrodomésticos vítima, estado civil etc.) dos agentes, salvo quando elemen-
que lhes couberam na divisão. Logo, pode-se afirmar que tares do crime (dados que constam do tipo). É necessário que
Valmeia, Sílvio e Mário são coautores do crime de furto.34 o coautor ou partícipe tenha conhecimento da elementar,
para que se comunique.
Funcab/PC-ES/Delegado de Polícia/2013.
33

Funcab/PC-ES/Delegado de Polícia/2013.
34
Funcab/PC-ES/Delegado de Polícia/2013.
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Observe que, para se comunicarem, segundo essa redação, Artigos Pertinentes
as circunstâncias pessoais devem ser elementares do crime.
Elementar é um componente essencial do tipo penal, sem o Regras comuns às penas privativas de liberdade
qual desaparecerá o crime. Exemplificaria a expressão o cri- Art. 29. Quem, de qualquer modo, concorre para o
me de peculato, em que a condição de funcionário público é crime incide nas penas a este cominadas, na medida
elementar do delito. Ora, não existindo a figura do funcionário de sua culpabilidade.
público, que é elementar do crime de peculato, não existe o § 1º Se a participação for de menor importância,
delito. As elementares, não importa se subjetiva (de caráter a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.
pessoal) ou objetiva (de caráter não pessoal), sempre se co- §  2º Se algum dos concorrentes quis participar de
municam. Já as circunstâncias, que são dados acessórios agre- crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste;
gados ao tipo penal, cuja função é precípua de influir na pena, essa pena será aumentada até metade, na hipótese
se de caráter pessoal (subjetiva), jamais irão se comunicar no de ter sido previsível o resultado mais grave.
concurso de agentes, e as de caráter não pessoal (objetiva),
só se comunicarão aos demais envolvidos se eles delas tiver Circunstâncias incomunicáveis
conhecimento. Exemplo disso seria no crime de furto praticado Art.  30. Não se comunicam as circunstâncias e as
condições de caráter pessoal, salvo quando elemen-
durante o repouso noturno. Ora, se a conduta dos agentes se
tares do crime.
der em período diurno, o delito de furto continuará existindo,
só não se aplicando, no caso, o agravante de ter sido praticado Casos de impunibilidade
durante o período de repouso noturno. Art. 31. O ajuste, a determinação ou instigação e o
Em face do exposto, visto foi que elementar é componente auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não
essencial do crime e circunstância é mero acessório do ilícito são puníveis, se o crime não chega, pelo menos,
penal , motivo pelo qual o texto do CP se contradiz ao mencio- a ser tentado.
nar circunstância elementar. Esta se refere às qualificadoras,
que são circunstâncias comuns, que, por sua vez, não têm o Síntese Esquemática sobre a Teoria Geral do Crime
condão de eliminar o crime, apenas de passá-lo de sua forma
qualificada para a forma simples, seguindo, então, a orientação Crime: definição de crime sob o aspecto analítico, ou seja,
para as circunstâncias. Estas podem ser objetivas e se referem aquele que o conceitua sob o prisma jurídico, estudando seus
aos aspectos do crime, como tempo, lugar, modo de execução, elementos estruturais.
meios empregados, qualidades do objeto, da vítima etc. Elas
se referem ao fato em si, e não ao agente; já as circunstâncias Fato Típico Antijurídico (ilícito) Culpável
subjetivas se referem ao agente, e não ao fato, como reincidên- (Elementos) (Excludentes) (Elementos)
cia, antecedentes, conduta social, personalidade etc. (CAPEZ) Conduta Estado de necessidade Imputabilidade
Resultado Legítima defesa Potencial consciência
Observações gerais sobre o concurso de agentes da ilicitude
Nexo causal Estrito cumprimento de Exigibilidade de condu-
1 – Pode haver coautoria em crime culposo, como no caso dever legal ta diversa
de dois médicos imperitos realizando juntos uma operação. Tipicidade Exercício regular de direito
2 – Entende a doutrina que no crime culposo não pode
haver partícipe, uma vez que a colaboração consciente para Culpabilidade: juízo de reprovação.
o resultado só existe no crime doloso.
3 – Não é possível a coautoria em crime omissivo. Na Elementos Excludentes
confluência de duas ou mais omissões, cada um responderá, Imputabilidade Inimputabilidade (arts. 26,
isoladamente, pela sua própria omissão.
27 e 28, § 1º)
4 – O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio,
salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis se Potencial consciência da Erro de proibição
o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. ilicitude
5 – No crime de extorsão mediante sequestro, o coautor
Exigibilidade de conduta Coação moral irresistível e
que denunciar o fato à autoridade, facilitando a libertação
do sequestrado, terá a pena reduzida de um a dois terços. diversa obediência hierárquica

Excludentes Diversas

Ilicitude Culpabilidade Tipicidade Punibilidade


Estado de necessidade Inimputabilidade (todas as causas) Coação física irresistível Morte do agente
Legítima defesa Erro de proibição inevitável Princípio da insignificância Anistia, graça e indulto
Estrito cumprimento de dever legal Coação moral irresistível Erro de tipo escusável Prescrição, decadência e perempção
Exercício regular de direito Obediência hierárquica Abolitio criminis (retroatividade da lei
que não mais considera o fato criminoso)
Noções de Direito Penal

* Consentimento do ofendido (para Estado de necessidade putativo Renúncia e perdão


bens disponíveis)
* Ofensa irrogada em juízo na dis- Legítima defesa putativa Retratação do agente
cussão da causa
* Aborto terapêutico e aborto Perdão judicial
sentimental
* Violação de domicílio nos casos
previstos na CF
* Coação visando a impedir a prá-
tica de suicídio

(*) São causas supralegais de exclusão de ilicitude.

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AÇÃO PENAL E APLICAÇÃO DAS PENAS Público. Dá-se pela relevância do bem jurídico atingido e pe-
los reflexos que poderão ser causados no mundo exterior, não
dependendo, pois, o seu exercício da vontade de terceiros e
Ação Penal (arts. 100 a 106 do CP) nem da própria vítima. Será proposta, independentemente
de qualquer condição, desde que preenchidos os requisitos
Conceitos iniciais legais. São exemplos de crimes de ação penal pública incon-
dicionada: roubo, homicídio, extorsão, peculato etc.
Procedimento: é a sequência a que os atos processuais Condicionada: embora aqui também o Estado seja o
devem obedecer, os quais estão previamente descritos em titular da ação penal, sua propositura depende de vonta-
lei. Em outras palavras, os procedimentos nada mais são do de do ofendido ou de seu representante legal. Em outras
que ritos processuais. palavras, o Estado permanece como titular da ação penal,
Ação: é o direito da parte de agir em juízo, ou seja, de mas transfere o exercício desta ação ao particular. Para ser
se invocar a tutela jurisdicional do Estado, a fim de que se proposta, depende de uma manifestação do ofendido de
aplique o Direito Material ao caso concreto. Para a doutrina, vir seu algoz punido. Essa vontade será expressa por um
tem como características ser um direito subjetivo público, termo chamado de “representação”, que, nada mais é do
autônomo, instrumental e relativamente abstrato. que uma condição de procedibilidade para a propositura
Processo: conjunto de atos praticados que visa a fazer da ação, sem a qual ela não poderá ser iniciada. Ela pode
valer e aplicar a real vontade da lei. Em outras palavras, é a ser dirigida ao delegado, ao juiz ou ao MP, por escrito ou
materialização do procedimento. Na prática, refere-se à verbalmente, sendo que, neste caso, será reduzida a termo.
atividade jurisdicional realizada por um Juiz de Direito que Normalmente, cabe ao ofendido ou seu representante legal
busca aplicar a lei abstrata ao caso concreto. manifestar a sua intenção de ver o autor da infração sendo
Processo penal: forma de operacionalização do direito processado e julgado pelo ato cometido, mas esse direito
material, no caso, o penal. Material, neste sentido, porque pode ser exercido por procurador com poderes especiais.
define as infrações penais e suas respectivas penas. Visa a Esse direito de representação também poderá ser transferido
compor as lides de natureza penal, por meio da aplicação para os sucessores (cônjuge, ascendente, descendente ou
do Direito Penal objetivo. irmão) do ofendido, no caso de seu falecimento ou de sua
ausência judicial declarada. São exemplos de crimes de ação
Condições gerais da ação: penal pública condicionada à representação: ameaça, lesão
• possibilidade jurídica do pedido: refere-se à existência corporal leve, lesão corporal culposa etc. (desde que não se
de algum direito protegido pela norma, que possa ser trate de casos de violência doméstica ou familiar contra a
objeto de apreciação judicial; mulher). Em casos específicos, a ação penal pública condi-
• legítimo interesse: significa que o postulante só deve cionada poderá ser iniciada mediante “requisição” (também
exigir a ação estatal para satisfazer interesse que seja condição objetiva de procedibilidade para a propositura da
legítimo, evitando que o autor recorra à autotutela, ação penal) do Ministro da Justiça, que é a pessoa legitimada
quando a parte contrária se nega a satisfazer o direito para propor a ação penal nos seguintes casos:
alegado ou quando exige que determinados direitos – crimes contra a honra praticados contra o presidente
só possam ser exercidos mediante prévia declaração da República ou contra chefe de Estado estrangeiro;
judicial, como, por exemplo, na ação penal condena- – crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora
tória; do Brasil.
• justa causa: refere-se à necessidade de se ter suporte
probatório mínimo para o ajuizamento da ação penal; Observações: 1ª) embora não exista prazo decadencial
• legitimação para agir: também chamada de ad cau- para se fazer a requisição, deve-se observar se o crime já não
sam, refere-se à titularidade de alguém poder ingressar está prescrito; 2ª) uma vez feita a requisição, ela será irretra-
com a ação, ou seja, requer que o agente postulante tável, ou seja, o Ministro da Justiça não pode mais voltar atrás
tenha, de fato, legitimidade para agir dentro dos dita- e se retratar; 3ª) a requisição feita pelo Ministro da Justiça
mes legais. não obriga o Ministério Público a oferecer a denúncia; 4ª) a
representação só poderá ser retratada até o oferecimento
A legitimação poderá ser: (e não recebimento) da denúncia; 5ª) a jurisprudência vem
admitindo a retratação da retratação, desde que se faça
• ordinária: aquela em que o MP é o detentor da ação;
antes do oferecimento da denúncia e que ocorra dentro do
• extraordinária: aquela em que o próprio ofendido é o prazo decadencial de 6 meses, contados do conhecimento
titular da ação.
da autoria do crime.
Classificação da Ação Penal Privada
Noções de Direito Penal

Pública Embora continue cabendo ao Estado o jus puniendi (direito


de punir), ao particular é transferida a iniciativa da ação penal,
É aquela que se inicia por “denúncia” do Ministério uma vez que o interesse é exclusivo dele. Neste caso, há a
Público, já que ele é o dominus litis da ação penal pública, chamada substituição processual, tendo em vista que este
ou seja, o dono da ação. O Estado é o soberano para movi- tipo de ação, de iniciativa privada, inicia-se por “queixa” (ou
mentar a ação por meio do Ministério Público. A ação penal queixa-crime), elaborada pela vítima ou por seu representante
pública pode ser: legal, os quais são representados por profissional legalmente
habilitado – advogado. A ação penal privada pode ser:
Incondicionada (ou plena): é a regra. Aqui, o Estado é o • Exclusiva (ou genérica, ou comum, ou principal, ou
titular do direito de ação, sendo representado pelo Ministério propriamente dita): é aquela de iniciativa exclusiva

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da vítima ou de seu representante legal, podendo os • divisibilidade: pode o MP denunciar apenas um dos
seus sucessores iniciarem ou darem continuidade ao corréus, aguardando que se reúnam provas contra os
processo nos casos de falecimento da vítima ou de demais. Depois disso, eles poderiam ser denunciados.
sua ausência declarada por decisão judicial. Como A denúncia poderia ser, inclusive, aditada;
regra, são exemplos de crimes de ação penal privada • intranscendência: a acusação é pessoal e não pode
exclusiva: calúnia, difamação, injúria, dano etc. passar da pessoa do acusado, ou seja, somente ele
• Personalíssima: é aquela que só poderá ser proposta poderá responder pela infração penal que realmente
pelo próprio ofendido, não havendo transmissão cometeu, não podendo a acusação transcender para
aos seus sucessores no caso de falecimento e nem outra pessoa.
a possibilidade de o representante legal exercê-la.
O Código Penal só traz um crime sujeito a este tipo Privada:
de ação: o induzimento a erro essencial e ocultação • oportunidade/conveniência: o ofendido tem a facul-
de impedimento (art. 236, CP). Obs.: previa também dade, e  não a obrigatoriedade de promover a ação
o crime de adultério (art. 240 do CP), mas o referido penal. Dá-se a liberdade à vítima ou ofendido de julgar
artigo foi revogado pela Lei nº 11.106/2005; a conveniência ou não da propositura da ação penal
• Subsidiária da Pública (ou Supletiva): ocorre quando privada. Há total discricionariedade para ela decidir se
da inércia do Ministério Público. Este, por omissão processa ou não o autor da infração;
injustificada, não oferece a denúncia no prazo legal, • disponibilidade/desistibilidade: a vítima tem a facul-
ou seja, em 5 dias (quando o réu estiver preso), ou dade de poder desistir de uma ação já proposta, ou
em 15 dias (quando o réu estiver solto). Neste caso, mesmo de abandoná-la, perdoando o acusado. Em
o próprio ofendido, por intermédio de seu advogado, outras palavras, poderá desistir da demanda, demons-
ingressa com a ação penal privada subsidiária da trando que não mais lhe interessa permanecer como
pública. É a chamada queixa substitutiva da denúncia parte na lide;
• indivisibilidade: a queixa deve incluir todos os ofenso-
ou queixa subsidiária ou supletiva. Neste caso, o MP
res, de modo que, havendo mais de um autor na infra-
acompanha todos os atos realizados e, se por algum
ção, a vítima, se vier a oferecer a ação, deverá propô-la
motivo, verificar que houve negligência por parte do
contra todos, tendo em vista que, se renunciar contra
querelante poderá retomar a ação como parte prin-
um deles, estará renunciando contra todos os outros;
cipal, podendo, inclusive, aditar a queixa, repudiá-la
• intranscendência: somente poderá ser parte no feito
e oferecer denúncia substitutiva. Obs.: 1ª) a regra é aquele que tenha cometido o delito, sendo que sua
que o prazo decadencial, de 6 meses, inicia-se com responsabilidade penal jamais poderá passar para
conhecimento da autoria. Mas, na ação penal privada terceiros;
subsidiária da pública, o prazo decadencial, também • legalidade: a ação penal privada, assim como a pública,
de 6 meses, começa a contar a partir do momento deve observar os ditames da lei.
em que se finda o prazo que o MP tem para ofertar
a denúncia; 2ª) a doutrina e a jurisprudência vêm en- Requisitos da denúncia e da queixa:
tendendo que o MP não pode, na ação penal privada • exposição do fato criminoso com todas as suas circuns-
exclusiva, aditar a queixa para incluir fato ou pessoa tâncias;
nova, pelo fato de não ser ele o titular da ação penal • qualificação do acusado ou sinais pelos quais se possa
privada, mas o ofendido. Contudo, isso não prevalece identificá-lo;
na ação penal privada subsidiária da pública, que, por • classificação do crime;
ser originariamente pública, as atribuições do MP são • o rol de testemunhas, quando necessário;
mais amplas, razão pela qual vêm admitindo que o adi- • endereçamento correto da denúncia ou da queixa;
tamento inclua pessoa ou fato novo que não tenham • pedido de condenação, ainda que implícito;
sido apontados pelo querelante. • assinatura daquele que elaborou a denúncia ou a
queixa.
Princípios inerentes à ação penal:
Causas para rejeição da denúncia ou queixa:
Pública: • quando for manifestamente inepta (quando as acusa-
• obrigatoriedade: uma vez comprovada a materialida- ções não são descritas de maneira precisa e completa,
de e a autoria da infração penal, não sendo caso de impedindo o exercício da ampla defesa por parte do
arquivamento do inquérito, o  MP estará obrigado a réu);
oferecer a denúncia; • quando faltar pressuposto processual ou condição
• oficialidade: cabe ao Estado promover a ação penal, para o exercício da ação penal;
sendo este representado por um órgão oficial, o MP; • quando faltar justa causa para o exercício da ação
• legalidade: em toda ação penal deve-se prezar por penal.
Noções de Direito Penal

observar os ditames impostos pela lei;


• indisponibilidade/indesistibilidade: uma vez iniciada Prescrição, Decadência e Perempção
a ação, não poderá o MP dela desistir, bem como não
pode desistir do recurso por ele interposto, nem renun- • Prescrição: ocorre quando o Estado perde o direito de
ciar ou abandonar a ação e nem conceder o perdão, punir o criminoso, por não ter exercido esse direito no
o que não impede que o MP requeira a absolvição do prazo legal. A prescrição pode ser verificada tanto aos
acusado, caso convencido de sua inocência; crimes sujeitos à ação penal pública quanto àqueles
• oficiosidade: só existe este princípio na ação penal públi- sujeitos à ação penal privada, exceto para os crimes
ca incondicionada, tendo em vista que ela é a única que de racismo e ação de grupos armados contra a ordem
pode ser iniciada de ofício pelo MP, independentemente constitucional e o estado democrático, haja vista haver
da vontade da vítima ou de seu representante legal; preceitos constitucionais nesse sentido.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
• Decadência: embora se refira à perda do direito de se Artigos Pertinentes
iniciar a ação, em razão do seu não exercício no prazo
legal, ela só será verificada nos crimes de ação penal Ação pública e de iniciativa privada
pública condicionada à representação e nos crimes de Art. 100. A ação penal é pública, salvo quando a lei
ação penal privada. Esse prazo, normalmente, é de 6 expressamente a declara privativa do ofendido.
meses contados do conhecimento da autoria do cri- §  1º A ação pública é promovida pelo Ministério
me, sem que a vítima tenha manifestado o desejo de Público, dependendo, quando a lei o exige, de repre-
processar o seu agressor. sentação do ofendido ou de requisição do Ministro
• Perempção: é a perda do direito de prosseguir na ação da Justiça.
penal privada em razão de inércia ou negligência pro- § 2º A ação de iniciativa privada é promovida median-
cessual. Ela só se aplica à ação penal privada, exceto te queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade
se for subsidiária da pública, pois, neste caso, o MP para representá-lo.
irá retomar a ação como parte principal. A ação será § 3º A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos
crimes de ação pública, se o Ministério Público não
perempta nos seguintes casos: a) quando, iniciada
oferece denúncia no prazo legal.
esta, o querelante deixar de promover o andamento
§ 4º No caso de morte do ofendido ou de ter sido
do processo durante 30 dias seguidos; b) quando,
declarado ausente por decisão judicial, o direito de
falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapaci-
oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao
dade, não comparecendo em juízo, para prosseguir cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
no processo, dentro do prazo de 60 dias, qualquer de
seus sucessores (cônjuge, ascendente, descendente ou A ação penal no crime complexo
irmão); c) quando o querelante deixar de comparecer, Art. 101. Quando a lei considera como elemento ou
injustificadamente, a qualquer ato do processo a que circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos,
deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de constituem crimes, cabe ação pública em relação
condenação nas alegações finais; d) quando, sendo o àquele, desde que, em relação a qualquer destes, se
querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar deva proceder por iniciativa do Ministério Público.
sucessor.
Obs.: A prescrição, a decadência e a perempção, de Irretratabilidade da representação
acordo com o art. 107 do CP, são causas de extinção Art. 102. A representação será irretratável depois de
da punibilidade do agente. oferecida a denúncia.

Renúncia e Perdão Decadência do direito de queixa ou de represen-


tação
• Renúncia: antecede a propositura da ação penal, ou Art.  103. Salvo disposição expressa em contrário,
seja, só existe enquanto não for oferecida a queixa; é o ofendido decai do direito de queixa ou de repre-
ato unilateral, uma vez que não precisa ser aceito pelo sentação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis)
querelado para produzir efeitos; pode ser expressa (há meses, contado do dia em que veio a saber quem
manifestação expressa do ofendido no sentido de não é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100
querer iniciar a ação penal) ou tácita (ocorre quando deste Código, do dia em que se esgota o prazo para
o ofendido pratica qualquer ato incompatível com oferecimento da denúncia.
o direito de queixa, dando a entender que ele está
renunciando a este direito); é causa de extinção da Renúncia expressa ou tácita do direito de queixa
punibilidade; em regra, só existe na ação penal privada Art. 104. O direito de queixa não pode ser exercido
quando renunciado expressa ou tacitamente.
(exceto na subsidiária da pública); pode ser escrita ou
Parágrafo único. Importa renúncia tácita ao direito
verbal; pode ser concedida mediante procuração com
de queixa a prática de ato incompatível com a von-
poderes especiais; se concedida a um dos querelados
tade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de
a todos se estenderá. receber o ofendido a indenização do dano causado
• Perdão: é ato posterior à ação penal, ou seja, só existe pelo crime.
após o oferecimento da queixa; é ato bilateral, uma vez
que precisa ser aceito pelo querelado para produzir Perdão do ofendido
efeitos (desde que ocorra antes do trânsito em julgado Art. 105. O perdão do ofendido, nos crimes em que
da sentença); pode ser expresso ou tácito; a aceitação somente se procede mediante queixa, obsta ao
do perdão também poderá ser expressa ou tácita (de- prosseguimento da ação. 
pois de concedido o perdão, o querelado tem 3 dias Art. 106. O perdão, no processo ou fora dele, expresso
Noções de Direito Penal

para dizer se o aceita ou não. Se ele vier a silenciar, este ou tácito:


silêncio importa aceitação). Já a recusa do perdão só I – se concedido a qualquer dos querelados, a todos
poderá ser expressa, uma vez que, se o querelado se aproveita;
calar, é sinal de que o aceitou; é causa de extinção da II – se concedido por um dos ofendidos, não prejudica
punibilidade; em regra, só existe na ação penal privada o direito dos outros;
(exceto na subsidiária da pública); pode ser escrita ou III – se o querelado o recusa, não produz efeito. 
verbal; pode ser concedida mediante procuração com § 1º Perdão tácito é o que resulta da prática de ato
poderes especiais; se concedida a um dos querelados, incompatível com a vontade de prosseguir na ação.
a todos se estenderá, contudo, só produzirá efeitos em § 2º Não é admissível o perdão depois que passa em
relação àquele que o aceitar. julgado a sentença condenatória.

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EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE Anistia, Graça ou Indulto

Extinção da Punibilidade (arts. 107 a 120) Em quaisquer das situações aqui apresentadas, há,
por parte do Estado, a renúncia ao direito de punir. Essas
A punibilidade deve ser entendida como o poder/dever formas estão elencadas no Código Penal e se originam das
do Estado de aplicar sanção àqueles que infringiram as nor- indulgências ou clemências soberanas, que eram oriundas
mas contidas no ordenamento jurídico do próprio Estado, já da boa vontade dos reis. Embora hoje elas componham o
que a punibilidade não é requisito do crime, mas consequên- ordenamento jurídico brasileiro, elas não se aplicam a todos
cia jurídica deste. Sendo assim, quando o Estado não puder os crimes e nem a todos os criminosos, já que, por exemplo,
aplicar a devida reprimenda por alguma causa impeditiva do não cabem para os crimes hediondos. Resumidamente, elas
seu jus puniendi, haverá extinção da punibilidade do agente. poderiam assim ser tratadas:
Em outras palavras, muitas vezes o Estado perde o direito
de punir o infrator, por lapso temporal, por exemplo, ou, em Anistia:
razões de política criminal, às vezes deixa de punir o autor • pode ser concedida antes ou depois da sentença;
do ilícito, concedendo-lhe o perdão judicial, como exemplo. • tem abrangência, em especial, entre os crimes políticos;
Não se trata de simples causa de extinção de pena, como • tem efeitos ex tunc, ou seja, retroativo, que retira
ocorre, por exemplo, no crime de peculato culposo, quando consequências de alguns crimes praticados e promo-
o agente repara o dano ou restitui a coisa antes da sentença ve o seu esquecimento jurídico. Em outras palavras,
irrecorrível, mas da perda do direito do Estado de exercer uma vez concedida, faz cessar todos os efeitos penais,
o jus puniendi. Cabe ao juiz, em qualquer fase do processo, como a reincidência, exceto os civis, que continuam.
se reconhecer extinta a punibilidade, declará-la de ofício, ou Portanto, o réu volta a ser primário;
mediante requerimento de qualquer das partes, extinguindo • a concessão é competência privativa do Congresso
a punibilidade. Nacional (CN), mediante lei federal, com sanção do
No sistema penal brasileiro, há causas pessoais que
Presidente da República (PR);
excluem e extinguem totalmente a punibilidade e, igual-
• refere-se a fatos, e não a pessoas; contudo, atinge a
mente, causas pessoais de exclusão e extinção parcial da
punibilidade.36 todos os que os cometeram;
De acordo com o art. 107 do CP, são causas de extinção • pode-se dar, parcialmente, uma vez que algum re-
da punibilidade: quisito deve ser preenchido como, por exemplo, ser
réu primário (só os que se encontram nessa situação
Morte do Agente seriam beneficiados);
• não pode ser revogada depois de concedida para não
Decorre do princípio da Intranscendência, que diz que a prejudicar os anistiados;
pena não pode passar da pessoa do condenado. Para que o • não se aplica aos crimes hediondos e nem aos equipa-
juiz venha a declarar extinta a punibilidade, é necessário que rados, como o tráfico de entorpecentes e drogas afins,
lhe chegue às mãos cópia da certidão de óbito e da oitiva do a prática de tortura e o terrorismo.
Ministério Público. Outrossim, tendo sido o crime praticado
em concurso de agentes, o reconhecimento da extinção da Obs.: em síntese, teríamos: a anistia exclui o crime,
punibilidade só se aplica ao falecido, já que se trata de causa apagando a infração penal. É dada por lei, abrangendo fatos,
personalíssima que não se comunicam aos demais integrantes e não pessoas. Pode vir antes ou depois da sentença. Rescin-
do crime. Com a morte do agente, extingue-se a sua punibi- de a condenação, ainda que transitada em julgado. Afasta a
lidade e, por consequência, cessam todos os efeitos penais reincidência. Pode ser recusada, se condicionada, uma vez
da sentença condenatória. Se o óbito se der após o trânsito que o réu pode não concordar com a condução. Aplica-se,
em julgado, não há impedimento algum ao direito de punir, em regra, a crimes políticos. Não abrange os direitos civis.
mas outros efeitos, como a extinção da pena, além do que,
permite-se que se execute no juízo cível. Questiona-se se com Graça:
a morte do agente há extinção também da pena de multa. • clemência (ou perdão) de caráter individual;
Ora, de acordo com a Carta Magna (art. 5º, XLV), a pena de • pode ser chamada de indulto individual;
pena não pode passar da pessoa do condenado (Princípio • é concedida pelo Presidente da República, de ofício ou
da Intranscendência), sendo assim, não resta dúvida de que mediante requerimento:
ela não pode ser cobrada dos herdeiros do morto. Por fim, • do condenado;
saliente-se que há discussão no sentido de se fazer apresentar • de qualquer do povo;
ao juiz uma certidão de óbito falsa do agente para que ele
• do Ministério Público (MP);
se exima de qualquer tipo de punição. Embora não esteja
• do Conselho Penitenciário;
pacificada em nossa doutrina, sendo apresentada certidão
de óbito falsa e havendo sentença transitada em julgado • da autoridade administrativa responsável pelo estabe-
extinguindo a punibilidade do agente, duas vertentes devem lecimento onde a pena é cumprida.
ser observadas: 1ª) há quem defenda que só resta ao Estado • só pode ser concedida depois do trânsito em julgado,
processar os autores da falsidade, uma vez que o ordenamento uma vez aos efeitos executórios da condenação;
Noções de Direito Penal

jurídico brasileiro não admite a revisão pro societate; 2ª) há a • há incidência dos diversos efeitos condenatórios,
contrapartida, ou seja, quem defenda que o processo poderá inclusive a reincidência;
ser reaberto, pois não se fez coisa julgada em sentido estrito • embora a competência seja do Presidente da Repúbli-
e o fato, por se fundar em ato juridicamente inexistente, não ca, mediante decreto, este poderá delegar:
pode produzir qualquer efeito. Esse parece ser o posiciona- • aos Ministros de Estado;
mento dominante. De qualquer forma, pela morte do agente, • ao Advogado-Geral da União;
poderá haver extinção da punibilidade a qualquer momento • ao Procurador-Geral da República.
processual ou durante a execução, e não se comunicam aos • alguns requisitos para concessão:
demais envolvidos no delito. – réu primário;
– cumprimento de parte da pena;
Cespe/TC-DF/Procurador/2013.
36 – boa conduta social;

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• obtenção de ocupação lícita. Observe que todos os efeitos penais cessam em face da
• não faz desaparecer o delito, podendo ser concedido abolitio criminis, mas os efeitos civis continuam.
de forma parcial: atenuação da pena por meio de
redução, substituição ou cancelamento de penas Prescrição, Decadência ou Perempção
eventualmente impostas.
• pode ser concedida, parcialmente, diminuindo a pena Prescrição
ou comutando por outra de menor gravidade.
• se concedia parcialmente, poderá ser recusada, uma É a perda do direito de punir por parte do Estado pelo
vez que poderá agravar a situação do réu; decurso de tempo.
• se concedida integralmente, não poderá ser recusada Não cabe prescrição para os seguintes crimes:
• não se aplica aos crimes hediondos e nem aos equipa- • racismo;
rados, como o tráfico de entorpecentes e drogas afins, • ação de grupos armados, civis ou militares, contra a
a prática de tortura e o terrorismo. ordem constitucional e o Estado democrático (art. 5º,
XLII e XLIV, da CF).
Indulto:
• clemência de caráter coletivo; Se ocorrer antes do trânsito em julgado, não há que se
• incide sobre determinados grupos de condenados; falar em reincidência se o agente vier a praticar novos delitos.
• é competência do PR, que poderá delegar aos ministros Se for posterior ao trânsito em julgado, a sentença con-
de Estado, ao Procurador-Geral da República (PGR) e denatória permanece produzindo os seus efeitos, inclusive
ao Advogado-Geral da União (AGU); quanto à reincidência, porém o Estado fica impedido de punir
• não faz desaparecer o delito, podendo ser concedido o sujeito (PRADO );
de forma parcial: atenuação da pena por meio de
redução, substituição ou cancelamento de penas Há dois tipos de prescrição:
eventualmente impostas;
• alguns requisitos para concessão: a) prescrição da pretensão punitiva: é a prescrição
• réu primário; que ocorre antes do trânsito em julgado da sentença penal
• cumprimento de parte da pena; condenatória, impedindo que a ação se inicie ou continue.
• boa conduta social; O prazo prescricional começa a correr, antes do trânsito em
• ocupação lícita; julgado da sentença, da seguinte forma:
• não há necessidade de requerimento por parte do • se o crime se consumou: a partir desse dia;
grupo interessado; • se o crime foi tentado: a partir do dia em que cessou
• só pode ser concedida depois do trânsito em julgado, a atividade criminosa;
uma vez aos efeitos executórios da condenação; • se o crime é permanente: a partir do dia em que cessou
• há incidência dos diversos efeitos condenatórios, a permanência;
inclusive a reincidência; • nos crimes de bigamia e nos crimes de falsificação ou
• não faz desaparecer o delito, podendo ser concedido alteração de assentamento do registro civil: a partir da
de forma parcial: atenuação da pena por meio de data em que o fato se tornou conhecido.
redução, substituição ou cancelamento de penas
eventualmente impostas; Uma vez reconhecida a prescrição, cessam todos os
• pode ser concedida parcialmente, diminuindo a pena efeitos penais. Cada crime tem o seu prazo prescricional,
ou comutando por outra de menor gravidade. que será verificado na pena máxima em abstrato para cada
• se concedia parcialmente, poderá ser recusada, uma tipo penal. Sendo assim, o prazo será quantificado a partir
vez que poderá agravar a situação do réu; da tabela a seguir:
• se concedida integralmente, não poderá ser recusada;
• não se aplica aos crimes hediondos e nem aos equi- Pena (em anos) Prescrição (em anos)
parados, como o tráfico de entorpecentes e drogas Menos de 1 3
afins, a prática de tortura e o terrorismo. De 1 até 2 4
Mais de 2 até 4 8
Obs.: sinteticamente, teríamos: o indulto exclui apenas Mais de 4 até 8 12
a punibilidade, e não o crime. Pressupõe, em regra, conde- Mais de 8 até 12 16
nação com trânsito em julgado. Compete ao Presidente da Mais de 12 20
República, abrangendo grupo de sentenciados. Não afasta a
reincidência se já houver sentença com trânsito em julgado. Como regra, não se computam no momento da quanti-
ficação as agravantes ou atenuantes genéricas, exceto se o
Retroatividade da lei criminoso era menor de 21 anos ou maior de 70 anos. Não
se pode confundir com as causas de aumento ou diminuição
Refere-se à abolitio criminis, que não considera mais o de pena, já que essas são consideradas nos cálculos da pena
Noções de Direito Penal

fato como criminoso, uma vez que extinto foi o tipo penal. máxima em abstrato.
Caberá a quem declarar extinta a punibilidade? A prescrição pode ser suspensa ou interrompida.
• se o processo tiver em andamento – ao juiz de primeiro A suspensão poderá se dar, por exemplo, se o agente ainda
grau; cumpre pena no estrangeiro; já a interrupção poderá se dar,
• se o processo estiver em grau de recurso – ao tribunal por exemplo, pelo recebimento da denúncia ou queixa, pela
incumbido de julgar esse recurso; sentença condenatória recorrível etc. Se suspensa, o prazo
• se já houve o trânsito em julgado – ao juízo da execu- recomeça a correr pelo remanescente. Se houve interrupção,
ção, conforme Súmula nº 611 do STF, para não violar o recomeça a correr pelo total do prazo.
princípio do duplo grau de jurisdição, uma vez que, se
fosse feito pelo Tribunal, por meio de revisão criminal, b) prescrição da pretensão executória: é a prescrição
haveria a violação a tal princípio. que ocorre após o trânsito em julgado da sentença. Aqui,

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a prescrição não se computa pelo prazo da pena máxima Perdão
em abstrato, uma vez que já houve a fixação da pena. Neste
caso, irá se verificar se houve ou não prescrição, que só afe- • Trata-se de uma forma de desistência da ação penal
tará a pena principal, mas não irá atingir os demais efeitos privada, já que o ofendido ou seu representante legal
não quis dar prosseguimento a ela, embora ela já
da condenação. Aqui também pode haver suspensão ou
tivesse sido iniciada.
interrupção. Haverá suspensão da prescrição depois de pas- • É procedimento posterior à propositura da ação penal.
sada em julgado a sentença condenatória durante o tempo • Só cabe para crimes de ação privada, já que não se
em que o condenado está preso por outro motivo. Haverá admite nas ações penais privadas subsidiárias.
interrupção pela reincidência ou pelo início ou continuação • Pode ser proposta depois de iniciada a ação desde que
do cumprimento da pena. não tenha havido o trânsito em julgado.
• Ato bilateral, uma vez que depende de aceitação do
Decadência querelado para produzir efeitos.
• Pode ser expresso ou tácito.
É a perda do direito de queixa, nas ações penais privadas,
ou de representação, nas ações penais públicas condiciona- Retratação do Agente
das. A perda do prazo de iniciar a ação não é do Estado, mas Retratar é voltar atrás e retirar o que foi dito. É o desmen-
do ofendido ou de seu representante legal. tido público promovido pelo ofensor em favor do ofendido
Esquematicamente, teríamos: e deve ser feito antes da sentença. Exemplos: calúnia e
• o prazo, normalmente, é de 6 meses, a contar do dia difamação. Observe que nos crimes contra a honra não se
em que o ofendido ou seu representante legal tem admite retração para o crime de injúria, uma vez que a lei
conhecimento da autoria do crime; só menciona os dois primeiros.
• o prazo decadencial é fatal, não podendo ser prorro- O agente pode se retratar até a sentença de primeira
gado, suspenso ou interrompido; instância do processo em que ocorreu o falso. Se o crime for
• deve ser declarado de ofício pelo juiz; da competência do júri, até a sentença condenatória, e não
• no caso de requisição do Ministro da Justiça, não se até a sentença de pronúncia. A retratação é pessoal e não
aplica o prazo decadencial, uma vez que poderá ser se comunica aos demais ofensores (CAPEZ ).
feita a qualquer tempo, exceto se a punibilidade já foi Em relação à Lei de Imprensa (art. 26 da Lei nº 5.250/1967),
a retratação somente operará seus efeitos se oferecida antes
declarada extinta por outros motivos;
do recebimento da denúncia ou queixa.
• nos casos de crime permanente, o  prazo se iniciará
após o fim da permanência, podendo, inclusive, extra- Perdão Judicial
polar os 6 meses, já que a ação se prolonga no tempo;
• nos casos de crime continuado, o prazo será contado Por haver alguma situação excepcional, o juiz poderá dei-
independentemente para cada crime. xar de aplicar a pena, mas somente nos casos especificados
em lei. Exemplo: homicídio culposo, em situações em que
Perempção: as consequências da infração atingirem o próprio agente de
• atinge exclusivamente a ação penal privada; forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
• decorre da inércia do querelante de seu direito de Sendo reconhecido o perdão judicial, todos os crimes pra-
continuar no processo, como, por exemplo, quando ele ticados no mesmo contexto serão atingidos por essa causa
de extinção da punibilidade.
deixa de promover o andamento do processo durante
A sentença que concede perdão judicial não será consi-
trinta dias consecutivos ou deixa de comparecer a atos
derada para efeitos de reincidência, permanecendo o sujeito,
do processo aos quais deveria estar presente. que praticar nova infração, como primário.
A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória
Renúncia do direito de queixa ou perdão aceito da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito
condenatório.37
Assim como na decadência, perempção e prescrição, Obs.: sinteticamente, poderíamos dizer que o perdão
por terem sido tratados mais detalhadamente no capítulo judicial extingue a punibilidade, embora tendo sido configu-
concernente às ações penais, apenas breves comentários rado o crime. Exclui o efeito da reincidência e não pode ser
estão sendo feitos em relação a tais itens. recusado. É um favor dado pela lei, devendo ser concedido
pelo juiz, sempre que preenchidos os requisitos legais.
Renúncia do Direito de Queixa
Artigos Pertinentes
• Trata-se de uma forma de desistência da ação penal, já Extinção da punibilidade
que precede a propositura da queixa. Em outras pala- Art. 107. Extingue-se a punibilidade:
vras, o ofendido ou seu representante legal abdica-se I – pela morte do agente;
Noções de Direito Penal

de promover a ação penal privada. II – pela anistia, graça ou indulto;


• Antecede a propositura da ação. III – pela retroatividade de lei que não mais considera
• Cabe para os crimes de ação privada apenas, já que não o fato como criminoso;
se aplica aos crimes de ação pena privada subsidiária. IV – pela prescrição, decadência ou perempção;
• Ato unilateral, já que independe de aceitação do que- V – pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão
aceito, nos crimes de ação privada;
relado para produzir efeitos.
VI – pela retratação do agente, nos casos em que a
• Pode ser expressa (datada e assinada pelo querelante lei a admite;
ou representante legal ou procurador com poderes es- VII – (Revogado);
peciais) ou tácita (quando se pratica algo incompatível
com o direito de queixa). UEG/PC-GO/Delegado de Polícia/2013.
37

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VIII – (Revogado); II – do dia em que se interrompe a execução, salvo
IX – pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. quando o tempo da interrupção deva computar-se
Art. 108. A extinção da punibilidade de crime que é na pena.
pressuposto, elemento constitutivo ou circunstân-
cia agravante de outro não se estende a este. Nos Prescrição no caso de evasão do condenado ou de
crimes conexos, a extinção da punibilidade de um revogação do livramento condicional
deles não impede, quanto aos outros, a agravação Art. 113. No caso de evadir-se o condenado ou de
da pena resultante da conexão.38 revogar-se o livramento condicional, a prescrição é
Prescrição antes de transitar em julgado a sentença regulada pelo tempo que resta da pena.
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado
a sentença final, salvo o disposto no § 1º do art. 110 Prescrição da multa
deste Código, regula-se pelo máximo da pena priva- Art. 114. A prescrição da pena de multa ocorrerá:
tiva de liberdade cominada ao crime, verificando-se: I  – em 2 (dois) anos, quando a multa for a única
I – em vinte anos, se o máximo da pena é superior cominada ou aplicada;
a doze; II – no mesmo prazo estabelecido para prescrição
II – em dezesseis anos, se o máximo da pena é supe- da pena privativa de liberdade, quando a multa for
rior a oito anos e não excede a doze; alternativa ou cumulativamente cominada ou cumu-
III – em doze anos, se o máximo da pena é superior lativamente aplicada.
a quatro anos e não excede a oito;
IV – em oito anos, se o máximo da pena é superior a Redução dos prazos de prescrição
dois anos e não excede a quatro; Art. 115. São reduzidos de metade os prazos de
V – em quatro anos, se o máximo da pena é igual a prescrição quando o criminoso era, ao tempo do
um ano ou, sendo superior, não excede a dois; crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data
VI – em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior da sentença, maior de 70 (setenta) anos.
a 1 (um) ano.
Prescrição das penas restritivas de direito Causas impeditivas da prescrição
Parágrafo único. Aplicam-se às penas restritivas de Art. 116. Antes de passar em julgado a sentença final,
direito os mesmos prazos previstos para as privativas a prescrição não corre:
de liberdade. I – enquanto não resolvida, em outro processo, ques-
tão de que dependa o reconhecimento da existência
Prescrição depois de transitar em julgado sentença do crime;
final condenatória II – enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.
Art. 110. A prescrição depois de transitar em julgado Parágrafo único. Depois de passada em julgado a
a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada sentença condenatória, a prescrição não corre du-
e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, rante o tempo em que o condenado está preso por
os quais se aumentam de um terço, se o condenado
outro motivo.
é reincidente.
§ 1º A prescrição, depois da sentença condenatória
com trânsito em julgado para a acusação ou depois de Causas interruptivas da prescrição
improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, Art. 117. O curso da prescrição interrompe-se:
não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo I – pelo recebimento da denúncia ou da queixa;
inicial data anterior à da denúncia ou queixa. II – pela pronúncia; 
III – pela decisão confirmatória da pronúncia;
Termo inicial da prescrição antes de transitar em IV – pela publicação da sentença ou acórdão conde-
julgado a sentença final natórios recorríveis;
Art. 111. A prescrição, antes de transitar em julgado V – pelo início ou continuação do cumprimento da
a sentença final, começa a correr: pena;
I – do dia em que o crime se consumou;  VI – pela reincidência.
II  – no caso de tentativa, do dia em que cessou a § 1º Excetuados os casos dos incisos V e VI deste
atividade criminosa; artigo, a  interrupção da prescrição produz efeitos
III – nos crimes permanentes, do dia em que cessou relativamente a todos os autores do crime. Nos
a permanência;
crimes conexos, que sejam objeto do mesmo pro-
IV – nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração
de assentamento do registro civil, da data em que o cesso, estende-se aos demais a interrupção relativa
fato se tornou conhecido; a qualquer deles.
V – nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e § 2º Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do
adolescentes, previstos neste Código ou em legislação inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr,
especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) novamente, do dia da interrupção.
Noções de Direito Penal

anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a Art.  118. As  penas mais leves prescrevem com as
ação penal. (Redação dada pela Lei nº 12.650, de 2012) mais graves.

Termo inicial da prescrição após a sentença conde- Reabilitação


natória irrecorrível Art. 119. No caso de concurso de crimes, a extinção
Art. 112. No caso do art. 110 deste Código, a prescri- da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um,
ção começa a correr:  isoladamente.
I – do dia em que transita em julgado a sentença conde-
natória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão Perdão judicial
condicional da pena ou o livramento condicional;
Art.  120. A  sentença que conceder perdão judicial
Cespe/CNJ/Analista Judiciário/Área Judiciária/2013.
38 não será considerada para efeitos de reincidência.

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CONCURSO DE CRIMES aumentada também de um sexto até metade. Entretanto,
como exceção, poderá haver aplicação cumulativa das penas,
O concurso de crimes surgirá quando mais de uma infra- se da ação ou omissão dolosa, os crimes praticados resultam
ção penal for praticada, independentemente do quantitativo de desígnios autônomos.
de agentes nele envolvidos. O certo é que jamais a pena referente ao concurso formal
Procura o legislador verificar qual ou quais penas devem poderá exceder a que seria cabível ao concurso material.
ser aplicadas ao autor dos ilícitos. Para tanto, algumas defini- O concurso formal também pode ser homogêneo ou
ções trazidas pelo Código Penal devem ser observadas, como heterogêneo, conforme a natureza do delito. Entretanto,
a do concurso material e a do concurso formal de crimes e diferentemente do concurso material, a  distinção é rele-
também a do crime continuado. vante, já que a própria legislação traz soluções diversas no
Antes de se fazer alusão às formas aqui expressas, vale instante em que a pena será aplicada. Sendo homogêneo,
lembrar que, em qualquer dessas situações, o juiz deverá o juiz aplicará uma das penas e a aumentará de um sexto até
aplicar, isoladamente, a pena correspondente a cada infração metade. Sendo heterogêneo, o juiz escolherá a mais grave
penal praticada e, após, aplicar as regras correspondentes das penas e a aumentará também de um sexto até metade.
àqueles concursos (GRECO). O concurso formal pode ser próprio (perfeito) ou impró-
No que se refere ao item prescrição, traz a legislação que prio (imperfeito), distinção esta que depende da intenção do
no caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade agente ao iniciar sua conduta. Se sua conduta inicial é cul-
deve incidir sobre a pena de cada crime, isoladamente. posa e os resultados advindos dela são atribuídos ao agente
Assim, o juiz deverá observar as penas por ele aplicadas e também culposamente, ou, se a conduta inicial é dolosa e os
verificar o prazo prescricional corresponde a cada uma das resultados advindos dela lhe são imputados culposamente,
infrações praticadas. dir-se-á que o concurso formal foi próprio. Entretanto, se
Retomando, pois, as situações de concursos de crimes, o agente atua dolosamente, como desígnios autônomos,
têm-se: querendo produzir diversos resultados com sua conduta
inicial, ter-se-á o concurso formal impróprio.
Concurso Material (ou Real) de Crimes As consequências do concurso formal próprio é que será
aplicada a pena somente do crime mais grave, aumentada
É material quando mais de uma ação ou omissão é pra- de um sexto até metade. Sendo formal impróprio, aplica-
ticada gerando dois ou mais crimes, sejam idênticos ou não, -se a pena de cada crime em concurso material, uma vez
culminando na responsabilização do agente que tais ilícitos que houve, por parte do agente, desígnios autônomos.
tiver praticado. Ressalte-se que em relação às penas aplicadas, neste caso,
As consequências previstas em lei, nessa situação, são a não houve diferença entre esta e a do concurso material,
aplicação cumulativa das penas privativas de liberdade em mas a diferença tênue está tão somente na quantidade de
que o agente haja incorrido. ações praticadas pelo agente.
Uma vez verificado o concurso material de crimes, deve Já que se trata de regra, o concurso formal próprio de
o juiz encontrar a pena correspondente de cada crime crimes pode ser assim resumido:
praticado pelo agente e, concluído o cálculo, haverá o so- • decorre de uma só ação que resulta dois ou mais crimes;
matório de todas elas a fim de que se possa aplicar a pena • aplica-se a pena mais grave, acrescida sempre de um
ao condenado. Observe que, se houver penas de reclusão sexto até metade. Se for de igual gravidade, aplica-se
e detenção concomitante, aplica-se primeiro a pena mais uma só delas, aumentada também de um sexto até
grave, no caso, a reclusão. metade.
O concurso material poderá ser homogêneo ou hete-
rogêneo, ou seja, de naturezas iguais ou distintas, respec- Ele pode ser:
tivamente. Essa diferença no concurso material não tem • homogêneo: crimes de mesma natureza. Exemplo:
nenhuma relevância. calúnia e injúria;
O concurso material de crimes poderia ser assim resu- • heterogêneo: crimes de naturezas diversas. Exemplo:
mido: dano e lesão corporal.
• é aquele em que há duas ou mais ações que geram
dois ou mais crimes; Crime continuado
• as penas correspondentes a cada crime são somadas.
Há, ainda, o concurso de crimes nos chamados delitos
Ele pode ser: continuados, quando o agente, mediante mais de uma ação
• homogêneo: crimes de mesma natureza. Exemplo: ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie
furto e receptação; e, pelas condições de tempo, lugar, modo de execução e
• heterogêneo: crimes de naturezas diversas. Exemplo: outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos
roubo (patrimônio) e estupro (dignidade sexual). como continuação do primeiro, é o que traz o art. 71 do CP.
Uma vez comprovada a continuidade delitiva aqui expres-
Noções de Direito Penal

Concurso Formal (ou Ideal) de Crimes sa, a pena a ser aplicada é a de um só crime, se idênticas, ou
a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de
Em razão de política criminal, criou-se o concurso formal um sexto a dois terços, exceto se forem praticados crimes
de crimes a fim de favorecer o agente que, com uma única dolosos contra vítimas diferentes, cometidos com violência
ação, provocou dois ou mais crimes. O que o diferencia do ou grave ameaça à pessoa, ocasião em que uma só das pe-
concurso material é tão somente a quantidade de atos prati- nas será aplicada, se idênticas, ou a mais grave, se diversas,
cados pelo agente, já que aqui há apenas um enquanto que aumentadas, em qualquer caso, até o triplo.
naquele há duas ou mais ações sendo praticadas pelo agente. A teoria adotada no Brasil quanto à natureza jurídica
As consequências previstas são a aplicação da pena do crime continuado é a da ficção jurídica, que considera
mais grave, caso haja, acrescida de um sexto à metade ou fictamente as diversas ações praticadas pelo agente como
aplicação de somente uma delas, se de igual gravidade, um único delito.

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Artigos Pertinentes • Regime inicial será o semiaberto se pena aplicada ao
criminoso for maior de 4 anos, e não superior a 8 anos.
Concurso material • Regime inicial será o aberto se a pena aplicada ao
Art. 69. Quando o agente, mediante mais de uma criminoso for 4 anos ou menos.
ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idên- • Se o réu for reincidente, a lei diz que, independente-
ticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas mente da pena o início de cumprimento da pena, será
privativas de liberdade em que haja incorrido. No o regime fechado. Todavia, a Súmula nº 269 do STJ diz
caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão que o juiz poderá fixar semiaberto se a pena aplicada
e de detenção, executa-se primeiro aquela. ao reincidente não for superior a 4 anos.
§ 1º Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver • Da mesma forma, o juiz poderá, se as circunstâncias
sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspen- judiciais do art. 59 do CP forem desfavoráveis, impor
sa, por um dos crimes, para os demais será incabível a o cumprimento da pena em regime inicial fechado,
substituição de que trata o art. 44 deste Código. independentemente da quantidade da pena.
§  2º Quando forem aplicadas penas restritivas de
direitos, o condenado cumprirá simultaneamente Pena da Detenção
as que forem compatíveis entre si e sucessivamente
as demais.
• Regime inicial será o semiaberto se a pena aplicada ao
Concurso formal criminoso for superior a 4 anos.
Art. 70. Quando o agente, mediante uma só ação ou • Regime inicial será o aberto se a pena aplicada ao
omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou criminoso for igual ou inferior a 4 anos.
não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis • Se o réu for reincidente, o regime inicial será o semia-
ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, berto.
em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas • Da mesma forma, o juiz poderá, se as circunstâncias
aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação judiciais do art. 59 do CP forem desfavoráveis, impor
ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resul- o cumprimento da pena em regime inicial semiaberto,
tam de desígnios autônomos, consoante o disposto independentemente da quantidade da pena.
no artigo anterior.
Parágrafo único. Não poderá a pena exceder a que Pena de Prisão Simples
seria cabível pela regra do art. 69 deste Código.
Não existe regime inicial fechado, devendo a pena ser
Crime continuado cumprida no regime semiaberto ou aberto, em estabele-
Art. 71. Quando o agente, mediante mais de uma cimento especial ou seção especial de prisão comum, sem
ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da rigor penitenciário. A lei não admite o regime fechado nem
mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, em caso de regressão e somente se aplica em relação às
maneira de execução e outras semelhantes, devem contravenções penais.
os subsequentes ser havidos como continuação do
primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, Regras do Regime Fechado
se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada,
em qualquer caso, de um sexto a dois terços. • Exame criminológico – No início do cumprimento da
Parágrafo único. Nos crimes dolosos, contra vítimas pena, o condenado será submetido, obrigatoriamente,
diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça ao exame criminológico de classificação para individu-
à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, alização da execução.
os antecedentes, a conduta social e a personalidade
do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, • Trabalho interno
aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, – Está obrigado ao trabalho na medida de suas aptidões
ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas e capacidades. Será durante o dia. A recusa ocasionará
as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 falta grave.
deste Código. – O preso provisório não está obrigado a trabalhar.
– Tem finalidade educativa e produtiva.
DAS PENAS – Os maiores de 60 (sessenta) anos poderão solicitar ocu-
pação adequada à sua idade. Os doentes ou deficientes
As Penas: as penas previstas em nosso CP são: privati- físicos somente exercerão atividades apropriadas ao
vas de liberdade, restritiva de direito e multa. Passemos a seu estado.
estudar cada uma separadamente. – O trabalho poderá ser gerenciado por fundação ou
empresa pública, com autonomia administrativa, e terá
Da pena privativa e liberdade por objetivo a formação profissional do condenado.
• Subdividem-se nas seguintes espécies: Reclusão, De- – Os órgãos da Administração direta ou indireta da União,
Noções de Direito Penal

tenção e Prisão simples. estados, territórios, Distrito Federal e dos municípios


• Quanto aos regimes, dividem-se em: Fechado, Semia- adquirirão, com dispensa de concorrência pública,
berto e Aberto. os bens ou produtos do trabalho prisional, sempre que
não for possível ou recomendável realizar-se a venda
Obs.: o regime inicial de cumprimento da pena é esta- a particulares.
belecido pelo juiz na sentença. – Todas as importâncias arrecadadas com as vendas
reverterão em favor da fundação ou empresa pública
Pena de Reclusão a que alude o artigo anterior ou, na sua falta, do esta-
belecimento penal.
• Regime inicial será o fechado se pena aplicada ao – É remunerado, não podendo ser inferior a ¾ do salário
criminoso for superior a 8 anos. mínimo.

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– O produto da remuneração pelo trabalho deverá Regras do Regime Semiaberto
atender: à indenização dos danos causados pelo
crime, desde que determinados judicialmente e não • Exame criminológico: será facultativo.
reparados por outros meios; à assistência à família; • Trabalho interno e externo: idem às regras aplicadas
a pequenas despesas pessoais; ao ressarcimento ao ao regime fechado.
Estado das despesas realizadas com a manutenção do • Permissão de saída: idem ao regime fechado.
condenado, em proporção a ser fixada e sem prejuízo • Saída temporária: os condenados que cumprem pena
da destinação prevista nas letras anteriores. Ressalva- em regime semiaberto poderão obter autorização para
das outras aplicações legais, será depositada a parte saída temporária do estabelecimento, sem vigilância
restante para constituição do pecúlio, em Caderneta direta, nos seguintes casos: visita à família; frequência
de Poupança, que será entregue ao condenado quando a curso supletivo profissionalizante, bem como de
posto em liberdade. instrução do 2º grau ou superior, na Comarca do Juízo
– As tarefas executadas como prestação de serviço à
da Execução; participação em atividades que concor-
comunidade não serão remuneradas.
ram para o retorno ao convívio social. A autorização
– Não segue as regras da CLT, todavia tem direito aos
será concedida por ato motivado do Juiz da execução,
benefícios da Previdência social.
ouvidos o Ministério Público e a administração pe-
– A jornada não será inferior a 6 horas nem superior
a 8 horas, com descansos nos domingos e feriados. nitenciária e dependerá da satisfação dos seguintes
Os serviços de manutenção e conservação do estabe- requisitos: comportamento adequado; cumprimento
lecimento penal poderão ser em horário especial. mínimo de 1/6 (um sexto) da pena, se o condenado
– A cada 3 dias de trabalho, terá descontado um dia de for primário, e 1/4 (um quarto), se reincidente; com-
pena. Todavia, se praticar falta grave, o preso perderá patibilidade do benefício com os objetivos da pena.
o direito a todo o tempo remido. A autorização será concedida por prazo não superior a
– Se já estava trabalhando e sofrer acidente do trabalho 7 (sete) dias, podendo ser renovada por mais 4 (quatro)
e ficar impossibilitado de prosseguir, será beneficiado vezes durante o ano. Quando se tratar de frequência
pela remição. a curso profissionalizante, de instrução de 2º grau ou
– Os governos federal, estadual e municipal poderão superior, o tempo de saída será o necessário para o
celebrar convênio com a iniciativa privada, para im- cumprimento das atividades discentes. O  benefício
plantação de oficinas de trabalho referentes a setores será automaticamente revogado quando o condenado
de apoio dos presídios. praticar fato definido como crime doloso, for punido
por falta grave, desatender as condições impostas na
• Trabalho externo autorização ou revelar baixo grau de aproveitamento
– Somente em serviços ou obras públicas, desde que to- do curso. A recuperação do direito à saída temporária
madas as cautelas contra fuga e em favor da disciplina dependerá da absolvição no processo penal, do can-
(para o preso em regime fechado). celamento da punição disciplinar ou da demonstração
– O limite máximo é de 10% do total dos empregados do merecimento do condenado.
na obra. • Local de cumprimento: colônia agrícola industrial ou
– Requisitos para o trabalho externo: responsabilidade similar. O condenado poderá ser alojado em compar-
e cumprimento de 1/6 da pena, prévio exame crimi- timento coletivo, observada a seleção adequada de
nológico e autorização do diretor do estabelecimento presos e o limite de capacidade máxima que atenda
prisional. os objetivos da individualização da pena.
– Revogar-se-á a autorização de trabalho externo ao
preso que vier a praticar fato definido como crime, se Saída Temporária
for punido por falta grave, ou tiver comportamento
contrário aos requisitos estabelecidos neste artigo A alteração da Lei nº 12.258/2010 reza que “A ausência
– Caberá ao órgão da administração, à  entidade ou à de vigilância direta não impede a utilização de equipamento
empresa empreiteira a remuneração desse trabalho. de monitoração eletrônica pelo condenado, quando assim
– A prestação de trabalho à entidade privada depende
determinar o juiz da execução”.
do consentimento expresso do preso.
Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao bene-
– Permissão de saída – Condenados e presos provisórios:
ficiário as seguintes condições, entre outras que entender
falecimento ou doença grave do cônjuge, companhei-
ra, ascendente, descendente ou irmão; necessidade compatíveis com as circunstâncias do caso e a situação
de tratamento médico. A permissão de saída será pessoal do condenado:
concedida pelo diretor do estabelecimento em que • fornecimento do endereço onde reside a família a ser
se encontra o preso. A permanência do preso fora do visitada ou onde poderá ser encontrado durante o gozo
estabelecimento terá a duração necessária à finalidade do benefício;
• recolhimento à residência visitada, no período noturno;
Noções de Direito Penal

da saída.
– Local de cumprimento – Penitenciária (reclusão e • proibição de frequentar bares, casas noturnas e esta-
regime fechado). Será para presos provisórios e con- belecimentos congêneres.
denados, bem como para o regime disciplinar diferen-
ciado. O condenado será alojado em cela individual, Quando se tratar de frequência a curso profissionalizan-
que conterá dormitório, aparelho sanitário e lavatório, te, de instrução de ensino médio ou superior, o tempo de
com área mínima de 6 m². Deverá ser localizada em saída será o necessário para o cumprimento das atividades
local afastado do centro urbano, a distância que não discentes.
restrinja a visitação. A penitenciária de mulheres po- Nos demais casos, as autorizações de saída somente
derá ser dotada de seção para gestante e parturiente poderão ser concedidas com prazo mínimo de 45 (quarenta
e creche. e cinco) dias de intervalo entre uma e outra.

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Regras do Regime Aberto Estará igualmente sujeito ao regime disciplinar diferen-
ciado o preso provisório ou o condenado sob o qual recaiam
• Exame criminológico: não necessário. fundadas suspeitas de envolvimento ou participação,
• Requisitos: o ingresso do condenado em regime aberto a qualquer título, em organizações criminosas, quadrilha
supõe a aceitação de seu programa e das condições ou bando.
impostas pelo Juiz. Somente poderá ingressar no re- A autorização para a inclusão do preso em regime disci-
gime aberto o condenado que: estiver trabalhando ou plinar dependerá de requerimento circunstanciado elabo-
comprovar a possibilidade de fazê-lo imediatamente, rado pelo diretor do estabelecimento ou outra autoridade
apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo resultado administrativa.
dos exames a que foi submetido, fundados indícios de A decisão judicial sobre inclusão de preso em regime
que se ajustará, com autodisciplina e senso de respon- disciplinar será precedida de manifestação do Ministério Pú-
sabilidade, ao novo regime. Poderão ser dispensadas blico e da defesa e prolatada no prazo máximo de quinze dias.
do trabalho as pessoas referidas no art. 117 desta Lei
(regime aberto em residência). Fixação do Regime
• O Juiz poderá estabelecer condições especiais para a
concessão de regime aberto, sem prejuízo das seguin- O Juiz, na sentença, estabelecerá o regime no qual o
tes condições gerais e obrigatórias permanecerem no condenado iniciará o cumprimento da pena privativa de
local que for designado, durante o repouso e nos dias liberdade, observado o disposto no art. 33 e seus parágrafos
de folga; sair para o trabalho e retornar, nos horários do Código Penal.
fixados; não se ausentar da cidade em que reside, sem Se a sentença for omissa quanto ao regime inicial, a dú-
autorização judicial comparecer a Juízo, para informar vida deve ser resolvida em prol do regime mais benéfico,
e justificar as suas atividades, quando for determinado. desde que juridicamente cabível.
• O Juiz poderá modificar as condições estabelecidas,
de ofício, a  requerimento do Ministério Público, da Do Juízo da Execução
autoridade administrativa ou do condenado, desde
que as circunstâncias assim o recomendem. A execução penal competirá ao Juiz indicado na lei local
• Local de cumprimento: casa do Albergado destina- de organização judiciária e, na sua ausência, ao da sentença.
-se ao cumprimento de pena privativa de liberdade,
em regime aberto, e da pena de limitação de fim de Progressão de Regime
semana. O prédio deverá situar-se em centro urbano,
separado dos demais estabelecimentos, e caracterizar- A pena privativa de liberdade será executada em forma
-se pela ausência de obstáculos físicos contra a fuga. progressiva com a transferência para regime menos rigoroso,
Em cada região haverá, pelo menos, uma Casa do a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido
Albergado, a qual deverá conter, além dos aposentos ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
para acomodar os presos, local adequado para cursos bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor
e palestras. O estabelecimento terá instalações para os do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a
serviços de fiscalização e orientação dos condenados. progressão.
• A legislação local poderá estabelecer normas comple- A decisão será sempre motivada e precedida de mani-
mentares para o cumprimento da pena privativa de festação do Ministério Público e do defensor.
liberdade em regime aberto. A cada nova progressão, exige-se o requisito temporal,
• Prisão-albergue domiciliar: somente se admitirá o ou seja, um novo cumprimento de 1/6 da pena, porém
recolhimento do beneficiário de regime aberto em referente ao restante da pena, e  não à pena inicialmente
residência particular quando se tratar de: condenado fixada na sentença.
maior de 70 (setenta) anos; condenado acometido de Todavia, o art. 112 da LEP, § 2º, exige para a progressão de
doença grave; condenada com filho menor ou deficiente regime o mesmo procedimento do livramento condicional,
físico ou mental; condenada gestante. Atenção: a ine- ou seja, prévio parecer do Conselho Penitenciário.
xistência de vaga em casa de albergado o STJ entende Na Lei nº 8.072/1990, o novo posicionamento permite a
que é autorizada a prisão domiciliar. progressão de regime para crimes hediondos e assemelha-
dos, onde já houve alteração expressa no texto legal. Assim,
a Súmula nº 698 do STF deverá ser cancelada.
Regime Disciplinar Diferenciado Nos crimes praticados contra a Administração Pública,
a  progressão de regime ficará condicionada à reparação
A prática de fato prevista como crime doloso constitui dos danos causados ao Erário ou à devolução do produto
falta grave e, quando ocasiona subversão da ordem ou dis- do crime.
ciplina internas, sujeita o preso provisório, ou condenado, Na LEP, não é permitida a progressão por salto, ou seja,
sem prejuízo da sanção penal, ao  regime disciplinar dife- a passagem direta do regime fechado para o regime aberto.
Noções de Direito Penal

renciado, com as seguintes características: duração máxima É obrigatória a passagem pelo regime intermediário. Só há
de trezentos e sessenta dias, sem prejuízo de repetição da um caso em que a jurisprudência permite a progressão por
sanção por nova falta grave de mesma espécie, até o limite de salto: quando o condenado já cumpriu 1/6 da pena em re-
um sexto da pena aplicada; recolhimento em cela individual; gime fechado, não conseguiu a passagem para o semiaberto
visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, por falta de vaga, permanece mais 1/6 no regime fechado,
com duração de duas horas; o preso terá direito à saída da que acaba por ser entendido como se estivesse no semia-
cela por 2 horas diárias para banho de sol. berto, e, terminando esse prazo, vai direto para o aberto.
O regime disciplinar diferenciado também poderá abrigar O preso provisório – segundo a Súmula nº 716 do STF:
presos provisórios ou condenados, nacionais ou estrangeiros, “Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena
que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do ou a aplicação de regime menos severo nela determinada,
estabelecimento penal ou da sociedade. antes do trânsito em julgado da sentença condenatória.”

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Regressão de Regime As faltas disciplinares classificam-se em leves, médias e
graves. A legislação local especificará as leves e médias, bem
É a volta do condenado ao regime mais rigoroso, por ter assim as respectivas sanções.
descumprido as condições impostas para ingresso e perma- Pune-se a tentativa com a sanção correspondente à falta
nência no regime mais brando. consumada.
Embora a lei vede a progressão de regime por salto,
é perfeitamente possível a regressão por salto, podendo Das Sanções
o condenado passar diretamente do regime aberto para
o fechado. Constituem sanções disciplinares: advertência verbal;
Do mesmo modo, a despeito de a pena de detenção repreensão; suspensão ou restrição de direitos (art. 41,
não comportar regime inicialmente fechado, ocorrendo a parágrafo único, da Lei de Execuções Penais – 7.210/1984);
regressão, o condenado poderá ser transferido para aquele isolamento na própria cela, ou em local adequado, nos esta-
regime. belecimentos que possuam alojamento coletivo, observado
o disposto no art. 88 desta Lei. Podem ser aplicadas por ato
Hipóteses: prática de fato definido como crime doloso,
motivado do diretor do estabelecimento. Inclusão no regime
(se crime culposo ou contravenção penal, a regressão ficará
disciplinar diferenciado, só podendo ser aplicada por prévio
a critério do juiz da execução), devendo ser previamente despacho fundamentado do juiz.
ouvido o condenado; prática de faltas graves: incitar ou Na aplicação das sanções disciplinares, levar-se-ão em
participar de movimento para subverter a ordem ou a disci- conta a natureza, os  motivos, as  circunstâncias e as con-
plina, fugir; possuir, indevidamente, instrumento capaz de sequências do fato, bem como a pessoa do faltoso e seu
ofender a integridade física de outrem; provocar acidente tempo de prisão.
de trabalho; descumprir, no regime aberto, as condições Nas faltas graves, aplicam-se as sanções de suspensão ou
impostas; inobservar os deveres previstos nos incisos II e restrição de direitos; isolamento na própria cela ou em local
V do art. 39 da Lei de Execuções Penais – 7.210/1984; tiver adequado e inclusão no regime disciplinar diferenciado, bem
em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de como a regressão de regime quando cabível.
rádio ou similar, que permita a comunicação com outros O isolamento, a suspensão e a restrição de direitos não
presos ou com o ambiente externo. O disposto neste artigo poderão exceder a trinta dias, ressalvada a hipótese do
aplica-se, no que couber, ao preso provisório. Comete falta regime disciplinar diferenciado.
grave o condenado à pena restritiva de direitos que: des- O isolamento será sempre comunicado ao Juiz da exe-
cumprir, injustificadamente, a  restrição imposta; retardar, cução.
injustificadamente, o cumprimento da obrigação imposta;
inobservar os deveres previstos nos incisos II e V do art. 39 Do Procedimento Disciplinar
da Lei de Execuções Penais – 7.210/1984, sofre condena-
ção, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da Praticada a falta disciplinar, deverá ser instaurado o
pena em execução, torne incabível o regime (art. 111 da procedimento para sua apuração, conforme regulamento,
Lei de Execuções Penais – 7.210/1984); frustrar o fim da assegurado o direito de defesa. A decisão será motivada.
execução no caso de estar em regime aberto, por exemplo, A autoridade administrativa poderá decretar o isolamen-
quando o condenado assume uma conduta que demonstre to preventivo do faltoso pelo prazo de até dez dias.
incompatibilidade com o regime aberto, como abandonar A inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado, no
o emprego; não pagamento de multa cumulativa, no caso interesse da disciplina e da averiguação do fato, dependerá
de regime aberto. de despacho do juiz competente.
O tempo de isolamento ou inclusão preventiva no regi-
me disciplinar diferenciado será computado no período de
Das Disciplinas cumprimento da sanção disciplinar.
A disciplina consiste na colaboração com a ordem, na
Das Recompensas
obediência às determinações das autoridades e seus agentes
e no desempenho do trabalho. Estão sujeitos à disciplina o As recompensas têm em vista o bom comportamento
condenado à pena privativa de liberdade ou restritiva de reconhecido em favor do condenado, de sua colaboração
direitos e o preso provisório. Não haverá falta nem sanção com a disciplina e de sua dedicação ao trabalho.
disciplinar sem expressa e anterior previsão legal ou regu- São recompensas: o elogio; a concessão de regalias. A le-
lamentar. gislação local e os regulamentos estabelecerão a natureza e
As sanções não poderão colocar em perigo a integridade a forma de concessão de regalias.
física e moral do condenado. É vedado o emprego de cela
escura, bem como são vedadas as sanções coletivas. Da Remição
O condenado ou denunciado, no início da execução da
pena ou da prisão, será cientificado das normas disciplinares. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou
Noções de Direito Penal

O poder disciplinar, na execução da pena privativa de semiaberto poderá remir, pelo trabalho, parte do tempo de
liberdade, será exercido pela autoridade administrativa execução da pena.
conforme as disposições regulamentares. A contagem do tempo para o fim deste artigo será feita
Na execução das penas restritivas de direitos, o poder à razão de um dia de pena por três de trabalho.
disciplinar será exercido pela autoridade administrativa a O preso impossibilitado de prosseguir no trabalho, por
que estiver sujeito o condenado. acidente, continuará a beneficiar-se com a remição.
Nas faltas graves, a autoridade representará ao Juiz da A remição será declarada pelo Juiz da execução, ouvido
execução para os fins dos arts. 118, inciso I, 125, 127, 181, o Ministério Público.
§ 1º, d, e § 2º, da Lei de Execuções Penais – 7.210/1984 O condenado que for punido por falta grave perderá o
(praticar fato definido como crime doloso, perda do tempo direito ao tempo remido, começando o novo período a partir
remido). da data da infração disciplinar.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
O tempo remido será computado para a concessão de nalizante. Assim, será perfeitamente possível a implemen-
livramento condicional e indulto. tação efetiva do estudo no interior do sistema carcerário
A autoridade administrativa encaminhará, mensalmente, brasileiro. Faltará, no entanto, vontade política para tanto.
ao Juízo da execução, cópia do registro de todos os conde-
nados que estejam trabalhando e dos dias de trabalho de Identificação Genética
cada um deles.
Ao condenado dar-se-á relação de seus dias remidos. A Lei nº 12.654/2012 estabelece a identificação genética
Constitui o crime do art. 299 do Código Penal declarar ou para os condenados por crime praticado com violência contra
atestar, falsamente, prestação de serviço para fim de instruir pessoa ou considerado hediondo.
pedido de remição. Assim, o art. 9º-A da Lei de Execução Penal (LEP), confor-
De acordo com o art. 126, § 1º, da Lei de Execução Penal me o novo texto, os condenados por crime praticado dolo-
– LEP (Lei nº 7.210/1984), alterado pela Lei nº 12.433/2011, samente com violência de natureza grave contra pessoa ou
a contagem de prazo, para fins de remição, será feito da considerado hediondo serão submetidos obrigatoriamente
seguinte maneira: à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA
a) 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência (ácido desoxirribonucleico) por técnica adequada e indolor. A
escolar (atividade de ensino fundamental, médio, inclusive autoridade policial, federal ou estadual poderá requerer ao
profissionalizante, ou superior, ou, ainda, de requalificação juiz competente, no caso de inquérito instaurado, o acesso
profissional), divididas, no mínimo, em 3 (três) dias; ao banco de dados de identificação de perfil genético.
b) 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho,
cuja jornada deverá ser de 6 (seis) a 8 (oito) horas diárias. Das Penas Restritivas de Direito
O estudo, nos termos do art. 126, § 2º, da LEP, já com as As penas restritivas de direitos são:
alterações promovidas pelo diploma legal acima referido, I – prestação pecuniária;
poderá ser desenvolvido de forma presencial ou por meto- II – perda de bens e valores;
dologia de ensino a distância (telepresencial), sendo de rigor III – prestação de serviço à comunidade ou a entidades
a certificação pelas autoridades educacionais competentes públicas;
dos cursos frequentados. V – interdição temporária de direitos;
É perfeitamente possível a cumulação do trabalho e do V – limitação de fim de semana.
estudo do preso para fins de remição (ex.: trabalho na parte
da manhã e estudo à noite). Nesse caso, a cada 3 (três) dias Regras de Aplicação: as penas restritivas de direitos são
trabalhados e de estudo, será o condenado recompensado autônomas e substituem as privativas de liberdade, ou seja,
com o abatimento de 2 (dois) dias de pena. após o juiz condenar o réu em sentença, aplicando-lhe uma
Ainda, deve-se registrar que o preso impossibilitado, por pena privativa de liberdade, preenchidos os requisitos legais,
acidente, de prosseguir no trabalho ou nos estudos, conti- poderá haver a substituição desta pena privativa de liberdade
nuará a beneficiar-se com a remição (art. 126, § 4º, da LEP). em restritiva de direito. Vejamos os requisitos:
Ao preso que, durante o cumprimento da pena, concluir I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a
o ensino fundamental, médio ou superior, desde que haja quatro anos e o crime não for cometido com violência ou
certificado expedido pelo órgão competente, terá acrescido grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada,
1/3 (um terço) às horas de estudo que serão utilizadas para se o crime for culposo (Atenção: se o crime for doloso, deverá
a remição (art.126, § 6º, da LEP). ser observada a quantidade da pena, ou seja, até quatro
Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um anos, se o crime for culposo, não há quantificação de pena);
terço) do tempo remido, recomeçando a contagem a partir II – o réu não for reincidente em crime doloso;
da data da infração disciplinar (art. 127, da LEP). A regra em III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
comento foi introduzida em nossa legislação especial (LEP) personalidade do condenado, bem como os motivos e as cir-
pela Lei nº 12.433/2011, motivo pelo qual resta revogada, cunstâncias, indicarem que essa substituição seja suficiente.
ainda que tacitamente, a Súmula Vinculante nº 9, do STF, que Verificados os requisitos para se efetivar a substituição
de uma pena privativa de liberdade em restritiva de direito,
assim dispõe: “O disposto no artigo 127 da Lei nº 7.210/1984
passemos a analisar as formas possíveis de substituição:
foi recebido pela ordem constitucional vigente e não se lhe
• na condenação igual ou inferior a um ano, a substitui-
aplica o limite temporal previsto no caput do artigo 58”.
ção pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva
Em suma, a Súmula em questão produzia o seguinte
de direitos;
efeito: a prática de falta grave pelo condenado acarretava a
• se superior a um ano, a pena privativa de liberdade
perda de todos os dias remidos. Porém, como visto, com a pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos
alteração da redação do precitado art. 127, da LEP, perdeu e multa ou por duas restritivas de direitos;
o sentido o enunciado, devendo-se aplicar a novel regula- • se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar
mentação da matéria. a substituição, desde que, em face de condenação
A remição, até o advento da Lei nº 12.433/2011, que, anterior, a medida seja socialmente recomendável e
como dito, alterou sobremaneira o instituto em comento,
Noções de Direito Penal

a reincidência não se tenha operado em virtude da


somente era admissível aos condenados aos regimes fechado prática do mesmo crime.
e semiaberto, visto que o trabalho é requisito indispensável
à progressão ao regime aberto. Atenção:
No entanto, com a admissão do estudo como fato gerador 1) Em caso de descumprimento – A pena restritiva de
da remição, aos condenados que estejam cumprindo pena direitos converte-se em privativa de liberdade quando
em regime aberto, também será possível o aproveitamento ocorrer o descumprimento injustificado da restrição
do benefício, desde que estudem. imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a
Finalmente, cabe-nos registrar que a Lei nº 12.245/2010 executar, será deduzido o tempo cumprido da pena
determinou a instalação de salas de aula nos estabelecimen- restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de
tos penais, destinadas a cursos do ensino básico e profissio- trinta dias de detenção ou reclusão.

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2) Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade cará, a qualquer tempo, a ausência ou falta disciplinar do
por outro crime – O juiz da execução penal decidirá condenado.
sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la, se for Da Interdição Temporária de Direitos – As penas de
possível, ao condenado que cumprir a pena substitu- interdição temporária de direitos são: proibição do exercício
tiva anterior. de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato
eletivo; proibição do exercício de profissão, atividade ou
Características das penas restritivas de direito: ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou
Da Prestação Pecuniária – A prestação pecuniária consis- autorização do poder público; suspensão de autorização ou
te no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes de habilitação para dirigir veículo e proibição de frequentar
ou a entidade pública ou privada com destinação social, de determinados lugares. Caberá ao Juiz da execução comunicar
importância fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo à autoridade competente a pena aplicada, determinada a
nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários míni- intimação do condenado.
mos. O valor pago será deduzido do montante de eventual
condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os Da Pena de Multa
beneficiários. Todavia, se houver aceitação do beneficiário,
a prestação pecuniária pode consistir em prestação de outra É uma das modalidades de penas a ser aplicada ao cri-
natureza. minoso. É realizada mediante pagamento em dinheiro ao
Da Perda de Bens e Valores – A perda de bens e valores Fundo Penitenciário.
pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada a legis- O valor da multa é fixado pelo juiz na sentença. No Brasil,
lação especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, adota-se o sistema de dias-multa em que são verificadas
e seu valor terá como teto – o que for maior – o montante três etapas: encontrar o número de dias-multa, encontrar
do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou o valor de cada dia multa, multiplicar o valor do número de
por terceiro, em consequência da prática do crime. dias-multa pelo valor de cada um deles. O dias-multa será de
Da Prestação de Serviços à Comunidade – A prestação no mínimo 10 dias e no máximo 360 dias. O valor da multa
de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicá-
não poderá ser inferior a 1/30 do salário mínimo mensal
vel às condenações superiores a seis meses de privação da
vigente na época dos fatos, nem superior a 5x esse salário.
liberdade e consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao
O juiz ao fixar o valor da pena deve atender, principalmente
condenado. A prestação de serviço à comunidade dar-se-á
a situação econômica do réu, podendo seu valor ser aumen-
em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e
tado até o triplo se o juiz considerar que é ineficaz, embora
outros estabelecimentos congêneres, em programas comu-
aplicada ao máximo. O valor da multa será atualizado pelos
nitários ou estatais. As tarefas serão atribuídas conforme as
índices monetários.
aptidões do condenado, devendo ser cumpridas à razão de
O procedimento para a execução da pena de multa
uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo
a não prejudicar a jornada normal de trabalho. Se a pena está disciplinado nos arts. 164 a 170 da Lei de Execuções
substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado Penais. Entretanto, em face da modificação do art. 51 do CP,
cumprir a pena substitutiva em menor tempo, nunca inferior mantém-se o entendimento predominante de que deve ser
à metade da pena privativa de liberdade fixada. Caberá ao considerada dívida de valor, passível de execução conforme
Juiz da execução: designar a entidade ou programa comunitá- as regras da Lei nº 6.830/1980 (Lei de Execuções Fiscais),
rio ou estatal, devidamente credenciado ou convencionado, sendo competente o juízo da Vara Cível.
junto ao qual o condenado deverá trabalhar gratuitamente, Procedimento será a extração de certidão da sentença
de acordo com as suas aptidões; determinar a intimação do condenatória após o trânsito em julgado formando autos
condenado, cientificando-o da entidade, dias e horário em apartados, nos quais se fará a execução. O MP irá requerer a
que deverá cumprir a pena; alterar a forma de execução, citação do condenando para dentro de 10 dias pagar a multa
a fim de ajustá-la às modificações ocorridas na jornada de ou nomear bens a penhora.
trabalho. Decorrido o prazo sem pagamento ou nomeação de bens,
O trabalho terá a duração de oito horas semanais e será o escrivão extrairá nova certidão e remeterá à Procuradoria
realizado aos sábados, domingos e feriados, ou em dias úteis, da Fiscal o Estado a qual se encarregará de promover a exe-
de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho, cução fiscal da pena de multa.
nos horários estabelecidos pelo Juiz. A execução terá início Sobrevindo doença mental acarretará a suspensão da
a partir da data do primeiro comparecimento. A entidade execução de multa, todavia prescrição continua correndo.
beneficiada com a prestação de serviços encaminhará,
mensalmente, ao Juiz da execução, relatório circunstanciado Dos Estabelecimentos Penais
das atividades do condenado, bem como, a qualquer tempo,
comunicação sobre ausência ou falta disciplinar. Os estabelecimentos penais destinam-se ao condenado,
Da Limitação de Fim de Semana – A limitação de fim de ao submetido à medida de segurança, ao preso provisório
semana consiste da obrigação de permanecer, aos sábados e e ao egresso.
Noções de Direito Penal

domingos, por cinco horas diárias, em casa de albergado ou A mulher e o maior de sessenta anos, separadamente,
outro estabelecimento adequado. Durante a permanência, serão recolhidos a estabelecimento próprio e adequado à
poderão ser ministrados ao condenado cursos e palestras sua condição pessoal. “§ 2º O mesmo conjunto arquitetôni-
ou atribuídas atividades educativas. co poderá abrigar estabelecimentos de destinação diversa
A execução terá início a partir da data do primeiro com- desde que devidamente isolados.”
parecimento. O estabelecimento penal, conforme a sua natureza,
Nos casos de violência doméstica contra a mulher, o juiz deverá contar em suas dependências com áreas e serviços
poderá determinar o comparecimento obrigatório do agres- destinados a dar assistência, educação, trabalho, recreação
sor a programas de recuperação e reeducação. e prática esportiva.
O estabelecimento designado encaminhará, mensal- Haverá instalação destinada a estágio de estudantes
mente, ao Juiz da execução, relatório, bem assim comuni- universitários.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Os estabelecimentos penais destinados a mulheres • Em cada região haverá, pelo menos, uma Casa do
serão dotados de berçário, onde as condenadas possam Albergado, a qual deverá conter, além dos aposentos
amamentar seus filhos. para acomodar os presos, local adequado para cursos
O preso provisório ficará separado do condenado por e palestras. O estabelecimento terá instalações para os
sentença transitada em julgado; da mesma forma, o preso serviços de fiscalização e orientação dos condenados.
primário cumprirá pena em seção distinta daquela reservada
para os reincidentes. Do Centro de Observação. No Centro de Observação,
O preso que, ao  tempo do fato, era funcionário da realizar-se-ão os exames gerais e o criminológico, cujos
Administração da Justiça Criminal ficará em dependência resultados serão encaminhados à Comissão Técnica de Clas-
separada. sificação. “Parágrafo único. No Centro poderão ser realizadas
O estabelecimento penal deverá ter lotação compatível pesquisas criminológicas.”
com a sua estrutura e finalidade. O Conselho Nacional de • O Centro de Observação será instalado em unidade
Política Criminal e Penitenciária determinará o limite má- autônoma ou em anexo a estabelecimento penal.
ximo de capacidade do estabelecimento, atendendo a sua • Os exames poderão ser realizados pela Comissão Técni-
natureza e peculiaridades. ca de Classificação, na falta do Centro de Observação.
As penas privativas de liberdade aplicadas pela Justiça
de uma Unidade Federativa podem ser executadas em outra Do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico. O
unidade, em estabelecimento local ou da União. Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico destina-se
A União Federal poderá construir estabelecimento aos inimputáveis e semi-imputáveis referidos no art. 26 e seu
penal em local distante da condenação para recolher os parágrafo único do Código Penal. Parágrafo único. Aplica-se
condenados, quando a medida se justifique no interesse ao hospital, no que couber, o disposto no parágrafo único
da segurança pública ou do próprio condenado. Conforme do art. 88 desta Lei.
a natureza do estabelecimento, nele poderão trabalhar os • O exame psiquiátrico e os demais exames necessários ao
liberados ou egressos que se dediquem a obras públicas ou
tratamento são obrigatórios para todos os internados.
ao aproveitamento de terras ociosas.
• O tratamento ambulatorial, previsto no art. 97, segun-
Caberá ao juiz competente, a  requerimento da auto-
da parte, do Código Penal, será realizado no Hospital
ridade administrativa, definir o estabelecimento prisional
de Custódia e Tratamento Psiquiátrico ou em outro
adequado para abrigar o preso provisório ou condenado, em
local com dependência médica adequada.
atenção ao regime e aos requisitos estabelecidos.
Da Penitenciária. A penitenciária destina-se ao condena-
do à pena de reclusão, em regime fechado. A União Federal, Da Cadeia Pública. A cadeia pública destina-se ao reco-
os estados, o Distrito Federal e os territórios poderão cons- lhimento de presos provisórios.
truir penitenciárias destinadas, exclusivamente, aos presos • Cada comarca terá pelo menos uma cadeia pública
provisórios e condenados que estejam em regime fechado, a fim de resguardar o interesse da Administração da
sujeitos ao regime disciplinar diferenciado, nos termos do Justiça Criminal e a permanência do preso em local
art. 52 da Lei de Execuções Penais. próximo ao seu meio social e familiar.
• O condenado será alojado em cela individual, que • O estabelecimento de que trata este Capítulo será
conterá dormitório, aparelho sanitário e lavatório. instalado próximo de centro urbano, observando-se na
• São requisitos básicos da unidade celular: a) salubrida- construção as exigências mínimas referidas no art. 88
de do ambiente pela concorrência dos fatores de aera- e seu parágrafo único desta Lei.
ção, insolação e condicionamento térmico adequado
à existência humana; b) área mínima de 6,00 m2 (seis Da Suspensão Condicional da Pena – É um direito público
metros quadrados). subjetivo do réu de ter a execução da pena suspensa quando
• Além dos requisitos referidos no artigo anterior, a peni- preenchidos os requisitos legais. A  sua finalidade é evitar
tenciária de mulheres poderá ser dotada de seção para o cumprimento da pena por parte de alguns condenados
gestante e parturiente e de creche com a finalidade de frente à superlotação do sistema carcerário brasileiro, sendo,
assistir ao menor desamparado cuja responsável esteja portanto, política criminal. Também é conhecido pela sua
presa. abreviatura Sursis.
• A penitenciária de homens será construída, em local Atenção: não confundir a suspensão condicional da pena
afastado do centro urbano, a distância que não res- prevista no Código Penal com a suspensão condicional do
trinja a visitação. processo prevista na Lei nº 9.099/1995:

Da Colônia Agrícola, Industrial ou Similar. A  Colônia Suspensão condicional Suspensão condicional do pro-
Agrícola, Industrial ou Similar destina-se ao cumprimento da pena cesso
da pena em regime semiaberto.
• O condenado poderá ser alojado em compartimento Prevista no Código Penal Prevista na Lei nº 9.099/1995 –
coletivo, observados os requisitos da alínea a do pará- Juizado Especial Criminal
Noções de Direito Penal

grafo único do art. 88 desta Lei. São também requisitos Já houve um processo e Inicia-se o processo com o
básicos das dependências coletivas: a) a seleção ade- uma sentença. O que se oferecimento da denúncia pelo
quada dos presos; b) o limite de capacidade máxima suspende é o cumprimen- Ministério Público e então se
que atenda aos objetivos de individualização da pena. to da pena suspende o trâmite processual

Da Casa do Albergado. A Casa do Albergado destina-se A pena privativa de liberdade, uma vez aplicada na sen-
ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime tença pelo juiz, poderá ser suspensa a sua execução, desde
aberto, e da pena de limitação de fim de semana. que preenchidos os seguintes requisitos, quais sejam:
• O prédio deverá situar-se em centro urbano, separado 1) A execução da pena privativa de liberdade, não su-
dos demais estabelecimentos, e caracterizar-se pela perior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a
ausência de obstáculos físicos contra a fuga. 4 (quatro) anos, desde que:

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I – o condenado não seja reincidente em crime doloso (é Revogação do Sursis: Ela pode ser:
cabível no caso de condenação anterior em pena de multa
e após, em crime doloso, do mesmo modo quando ocorrer a) Obrigatória
transação pena ou suspensão condicional do processo). • Durante o período de prova, o sentenciado é conde-
II – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e nado, irrecorrivelmente, por crime doloso;
personalidade do agente, bem como os motivos e as circuns- • Frustra, embora solvente, a  execução de pena de
tâncias, autorizem a concessão do benefício; multa;
III – Não seja indicada ou cabível a substituição prevista • Frustra a prestação de serviço à comunidade ou à
no art. 44 deste Código (penas restritivas de direito) limitação de final de semana.
Obs.: primeiro verifica-se a possibilidade de substituição
da pena privativa de liberdade em restritiva de direito. Em b) Facultativa
não sendo possível, então, passe-se a aplicação da suspensão • Descumpre as regras de proibição de frequentar cer-
condicional da pena, desde que preenchido os requisitos tos lugares, proibição de se ausentar da comarca em
legais. que reside sem autorização do juiz, comparecimento
2) A execução da pena privativa de liberdade, não mensal obrigatório perante o juiz para justificar suas
atividades;
superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a
• Durante o período de prova, é condenado, irrecorri-
seis anos, desde que:
velmente, por crime culposo e contravenção penal;
I – o condenado seja maior de setenta anos de idade;
• Descumpre qualquer das condições impostas pelo juiz.
II – ou razões de saúde justifiquem a suspensão.

Período de Prova – É o período em que a execução


Cassação do Sursis
da pena privativa de liberdade encontra-se suspensa e o
Quando o condenado não comparece na audiência ad-
condenado, em liberdade, cumpre algumas condições a ele
moestatória, momento no qual lhe é comunicado o benefício
imposta. Tais são as condições: que lhe será aplicado e as condições a que tem que cumprir,
a) Legais – No primeiro ano do prazo, deverá o condenado o prazo de seu período de prova, bem como as consequências
prestar serviços à comunidade ou submeter-se à limitação em caso de descumprimento.
de fim de semana. Se o condenado houver reparado o dano, Quando ocorre um recurso da sentença que aplicou o
salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do sursis e o Tribunal revoga a decisão de 1º grau reformando
art. 59 do Código Penal lhe forem inteiramente favoráveis, a sentença.
o juiz poderá substituir as exigências anteriores pelas seguin-
tes condições, aplicadas cumulativamente: a) proibição de Prorrogação do Período de Prova – Prorroga-se o período
frequentar determinados lugares; b) proibição de ausentar-se de prova quando o réu está sendo processado por crime
da comarca onde reside, sem autorização do juiz; c) compa- doloso, culposo ou contravenção penal. Tal prorrogação
recimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para será até julgamento definitivo. Durante a prorrogação, não
informar e justificar suas atividades. subsistem as condições impostas. Tal é a regra, tendo em
b) Judiciais – São aquelas impostas, pelo juiz, nas senten- vista que a revogação somente ocorrerá com o trânsito em
ças diversas das estabelecidas na lei, desde que adequadas julgado. Assim, deve-se aguardar a decisão do julgamento
ao fato e à situação pessoal do condenado. para verificar se houve uma absolvição e então ser prosseguir
na aplicação do suris ou se houve uma condenação, e sendo
Classificação dos Sursis em crime doloso, a revogação do sursis torna-se obrigatória,
se culposo ou contravenção penal, facultativa.
a) Etário – É aquele em que o condenado é maior de Findo o prazo do período de provas sem ter havido
70 anos à data da sentença. Neste caso, o sursis poderá ser nenhuma revogação, considera-se extinta a pena privativa
concedido desde que a pena não exceda a 4 anos, mais os de liberdade.
demais requisitos previsto em lei . O período de prova será no
mínimo de 4 e no máximo de 6 anos, todavia não se aplicam Do Livramento Condicional
as condições legais acima descritas.
b) Humanitário – É aquele que, por razões de saúde, in- Trata-se de um incidente aplicado na fase de execução da
dependentemente de sua idade, tem direito ao sursis, desde pena privativa de liberdade que consiste na antecipação de
que a pena não exceda a 4 anos, mais os demais previsto em liberdade do condenado, desde que preenchido os requisitos
lei. O período de prova será de no mínimo de 4 e no máximo legais, devendo o condenado cumprir certas regras. É um
de 6 anos, todavia não se aplicam as condições legais acima direito público subjetivo.
São os requisitos:
descritas. Deve ser aplicado aos casos de doentes terminais.
a) Estar cumprindo pena privativa de liberdade igual ou
c) Simples – Basta apenas o preenchimento dos requi-
superior a 2 anos;39
sitos legais. Período de prova de 2 a 4 anos. O primeiro ano
Noções de Direito Penal

b) Ter reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;


do período de prova fica sujeito à prestação de serviço à
c) Cumprimento de:
comunidade ou à limitação de final de semana. • 1/3 da pena se não for reincidente e tiver bons ante-
d) Especial – Igual ao sursis simples. A diferença está se cedentes;
o réu reparar o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, não • 1/2 se for se reincidente em crime doloso;
mais ficará sujeito à prestação de serviço à comunidade ou • entre 1/3 e 1/2 se tiver maus antecedentes, mas não
limitação de final de semana e sim ficará sujeito cumulati- for reincidente;
vamente: proibição de frequentar certos lugares, proibição • 2/3 se for crime hediondo, vedado se reincidente
de se ausentar da comarca onde reside sem autorização do específico.
juiz, comparecimento mensal obrigatório perante o juiz para
justificar suas atividades. Assunto cobrado na prova da Fepese/DPE-SC/Analista Técnico/2013.
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Obs.: as penas que correspondem às infrações diversas Suspensão do Livramento Condicional
devem ser somadas para concessão do benefício.
a) Quando cometido crime durante a vigência do benefí-
d) Comportamento carcerário satisfatório; cio, o livramento é suspenso, decreta-se a prisão e ouve-se o
e) Bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; Conselho Penitenciário e o MP. A revogação fica submetida
f) Aptidão para prover a própria subsistência mediante à decisão final43. O STJ afirma a necessidade de defesa do
trabalho honesto sentenciado antes da suspensão do benefício.
g) Nos crimes dolosos cometidos com violência ou grave b) Nas hipóteses de descumprimento das obrigações
ameaça à pessoa, o benefício fica sujeito à verificação da constantes na sentença – o art. 145 da LEP não admite tal
cessação da periculosidade do agente40. suspensão.

Condições a Serem Cumpridas – Uma vez preenchidos Extinção da Pena


os requisitos legais, o condenado, ao fazer jus à concessão
do benefício do livramento condicional, deverá cumprir as a) Art. 90 do CP – Cumprida as condições sem nenhum
seguintes condições: motivo para revogação, a pena será declara extinta.
b) Art.  89 do CP  – O juiz não poderá declarar extinta
Obrigatórias a pena enquanto não transitar em julgado a sentença em
a) Proibição de ausentar-se da comarca sem autorização processo a que responde o liberado por crime cometido
do juiz. na vigência do livramento. Assim, o período de prova será
b) Comparecimento periódico do juiz para justificar suas prorrogado até a decisão final para saber se o livramento
atividades. condicional será ou não revogado. Se o crime foi praticado
c) Obter ocupação lícita dentro do prazo razoável. antes da concessão do livramento, não há que se falar em
prorrogação do período de prova, uma vez que este fato não
Facultativas
invalida o tempo em que o condenado esteve em livramento
a) Não mudar de residência sem comunicar o juiz.
condicional.
b) Recolher-se à habitação em hora marcada
c) Não frequentar determinados locais
Da Medida de Segurança
Judiciais – Nada impede que o juiz coloque novas con-
dições. O termo Sanção penal é gênero que tem como espécies:
Revogação do Livramento Condicional – São causas que pena e medida de segurança. Aquele que pratica um fato
revogam a concessão do benefício: típico ilícito e culpável surge como consequência a pena. To-
a) Obrigatória  – Condenação irrecorrível por crime a davia, ao que pratica um injusto penal, ou seja, um fato típico
pena privativa de liberdade por crime praticado antes do be- e ilícito, mas não culpável por ser inimputável decorrente de
nefício, condenação irrecorrível por crime a pena privativa doença mental, aplica-se, em regra, medida de segurança.
de liberdade por crime praticado durante do benefício.41 A pena tem por finalidade reprovar e prevenir a prática
b) Facultativa  – Condenação irrecorrível por crime ou da infração penal. Já a medida de segurança tem a finalidade
contravenção a pena não privativa de liberdade: pena res- exclusiva de prevenção, no sentido de evitar que o autor de
tritiva de direito ou pena de multa e descumprimento das uma infração penal que tenha demonstrado periculosidade
condições impostas. volte a delinquir, bem como tratá-lo ou ainda curá-lo.
Obs.: na revogação facultativa, o juiz poderá: revogar O CP adotou o sistema Vicariante, ou seja, ou se aplica
o benefício; advertir novamente o condenado; alterar as à pena, ou se aplica à medida de segurança. No Brasil, não
condições impostas acrescentando outras.42 vigora o sistema Duplo Binário em que há a possibilidade de
se aplicar pena e medida de segurança.
A medida de segurança é aplicada aos inimputáveis: “o
Efeitos da Revogação do Livramento Condicional
agente que por doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto era ao tempo da ação ou omissão inteiramente
a) Por crime praticado durante o benefício: não se des-
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou determinar-se
conta o tempo em que o sentenciado esteve solto e deve
de acordo com esse entendimento.” O inimputável pratica
cumprir, integralmente, a sua pena, somente podendo obter
um fato típico e ilícito, mas é inculpável. Na verdade, ele
novo benefício em relação à nova condenação. Não poderá
pratica um injusto penal. Deverá ser absolvido, mas sua
somar o tempo que deverá cumprir com a nova pena, resul-
absolvição é chamada de imprópria porque lhe é aplicado
tante de outro delito para obter novo benefício.
uma medida de segurança. A periculosidade, que é a poten-
b) Por crime anterior ao benefício: é descontado o tempo
cialidade para praticar ações lesivas, é presumida, bastando
em que o sentenciado esteve solto, devendo cumprir preso
o laudo apontar a perturbação mental para que a medida de
apenas o tempo que falta para completar o período de prova.
segurança seja imposta.
Além disso, terá direito de somar o que resta da pena com a
Já o semi-inimputável poderá receber a pena reduzida
nova condenação, calculando o livramento sobre este total.
Noções de Direito Penal

1/3 a 2/3 ou medida de segurança. Para tanto, deve-se veri-


c) Por descumprimento das condições impostas: não é
ficar se o agente em virtude da perturbação de saúde mental
descontado o tempo em que esteve solto e não pode obter
ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado
novo livramento em relação a essa pena, um vê que traiu a
não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do
confiança do juízo.
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Obs.: é inadmissível a revogação do livramento condi-
Aqui, a periculosidade não é presumida. Mesmo o laudo
cional sem prévia oitiva do condenado para então exercer o
apontando a perturbação mental deverá ser investigado no
seu direito de ampla defesa e contraditório.
caso concreto se é caso de pena ou de medida de segurança.
Assim, poderá haver uma sentença condenatória com dimi-
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Assunto cobrado na prova da Fepese/DPE-SC/Analista Técnico/2013.
41
Assunto cobrado na prova da Fepese/DPE-SC/Analista Técnico/2013.
42
Assunto cobrado na prova da Fepese/DPE-SC/Analista Técnico/2013. Assunto cobrado na prova da Fepese/DPE-SC/Analista Técnico/2013.
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nuição de pena ou uma sentença absolutória imprópria com a incidir todas as regras das medida de segurança (art. 97 e
aplicação de medida de segurança. SS do CP e 171 e SS da LEP).
b) STJ – A medida de segurança convertida não poderá
São espécies de medida de segurança: ultrapassar o tempo de duração do restante da pena, de
a) Detentiva: modo que, encerrado o prazo de duração da pena e ainda
• internação em hospital de custódia e tratamento psi- persistindo a necessidade de tratamento, deverá o conde-
quiátrico (art. 97 CP). nado ser encaminhado ao juízo cível nos termos do art. 682,
• obrigatória quando a pena imposta é de reclusão, não § 2º do CPP.
podendo aplicar a medida restritiva Obs.: a nova lei de drogas deixa a critério do juiz a ava-
• por tempo indeterminado, perdurando enquanto não liação quando a necessidade ou não de internação, inde-
for averiguado, mediante perícia médica, a cessação pendentemente da natureza da pena privativa de liberdade.
da periculosidade. Assim, não se aplica a regra do art. 97 do CP.
• na falta de vaga, o  tratamento poderá ocorrer em Não há a previsão de execução progressiva, ou seja,
hospital comum ou particular, mas nunca em cadeia a passagem da medida de segurança da internação para o
pública. tratamento ambulatorial.
b) Restritiva:
• tratamento ambulatorial (art. 97 do CP). Dosimetria da Pena (Esquema baseado na obra de
• quando a pena imposta é de detenção, sendo facul- Fernando Capez)
tativa. Se o juiz achar mais conveniente a internação
em hospital de custódia, assim poderá fazê-lo, mesmo Art. 68 do CP – A pena-base será fixada atendendo-se
sendo crime apenado com detenção. ao critério do art. 59 do CP; em seguida serão consi-
• será por prazo indeterminado até a constatação da deradas as circunstâncias atenuantes e agravantes;
cessação de periculosidade. por último, as causas de diminuição e de aumento.
• § 4º do art. 97 afirma que o juiz poderá, em qualquer
fase do tratamento ambulatorial, determinar a inter- Regras para Aplicação da Pena pelo Juiz
nação do agente se essa medida for necessária para
fins curativos. O contrário não é possível ocorrer. 1) O juiz fixará a pena-base baseado nos critérios do
art. 59 do CP.
Obs.: Greco afirma que poderá o juiz, em qualquer das 2) Verificação da presença de circunstâncias atenuantes
penas previstas, optar pelo tratamento mais adequado ao e agravantes.
inimputável. 3) Verificação de causa de aumento e diminuição da pena.
Obs.: há quem fale em uma quarta fase, a substituição da
Procedimento de aplicação da medida de segurança: pena privativa de liberdade em restritiva de direito.
a) O juiz, na sentença, irá fixar o prazo mínimo de inter-
nação, que poderá ser de 1 a 3 anos. Atenção: o juiz deverá fundamentar cada etapa da
b) Cumprido esse prazo, será realizado o primeiro exame dosimetria da pena, garantindo ao réu o amplo direito do
de cessação de periculosidade. exercício da defesa.
c) Segundo a LEP, esse exame poderá ser determinado
pelo juiz a qualquer momento. Primeira Fase – Art. 59 do Cp
d) Constatada a presença de periculosidade, será reno-
vado todo ano o exame até sua melhora. a) O juiz analisará livremente as circunstâncias elencadas
e) Constatada a sua melhora, será posto em liberdade no art. 59 para a escolha da pena abstrada a ser aplicada.
(desinternação) e acompanhado por 1 ano. Nesse prazo, se (Ex.: homicídio, pena reclusão de 6 a 20 anos. O juiz, por
não praticar atos que demonstrem a sua periculosidade, meio das circunstancias do art. 59, escolherá se vai aplicar
estará revogada a medida de segurança. Se praticar, retoma a pena 6, 8, 10, 12 ou 20 anos).
a aplicação da medida de segurança. b) Para se aplicar a pena-base, deverá se verificar se o
f) Transitada em julgado a sentença, expede-se a guia de fato praticado se enquadra na forma simples do tipo penal ou
internamento ou tratamento. em sua modalidade qualificada. (Ex.: roubo simples, art. 157,
g) Ciência obrigatória ao MP da expedição da guia. caput, ou latrocínio, 157, § 2º, do CP). A forma simples do
h) O diretor do estabelecimento de cumprimento da crime é chamada de tipo fundamental. Já a qualificadora
medida de segurança, até um mês antes de expirar o prazo estão sediadas em parágrafos dos tipos incriminadores,
mínimo, remeterá ao juiz um minucioso relatório para auxiliar tipo derivado.
o julgamento da revogação ou não da medida de segurança. c) O início da dosagem da pena parte sempre do limite
i) O relatório será instruído com laudo psiquiátrico, pois mínimo da pena em abstrato.
aquele não supre a este. d) As circunstâncias previstas no art. 59 estão previstas
j) Juiz decide. Caberá agravo, com efeito suspensivo. de forma exaustiva.
Noções de Direito Penal

Não há possibilidade de aplicação de medida de segu- e) O juiz fará uma análise discricionária das circunstâncias
rança em caráter provisório. e terá liberdade de escolha da pena a ser aplicada.
É possível a conversão da pena em medida de segurança f) Segundo a Súmula nº 231 do STJ, nessa primeira fase
durante a execução da pena privativa de liberdade quando de fixação da pena, o juiz jamais poderá fixar a pena-base
sobrevenha doença mental ao condenado, devendo o juiz de abaixo de seu mínimo previsto abstratamente, bem como
ofício ou a requerimento do MP ou da autoridade adminis- acima de seu máximo legal.
trativa realizar a conversão. Efetivada a conversão, discute-se
por quanto tempo deverá perdurar, pelo restante da pena pri- As circunstâncias judiciais são:
vativa de liberdade a cumprir, ou por tempo indeterminado. Culpabilidade  – Crítica ao nome, pois culpabilidade,
a) Capez – Por tempo indeterminado, fazendo um exame conforme a teoria adotada, poderá ser, segundo a tripartida,
de cessação de periculosidade, anualmente, pois passarão elemento do crime, e segundo a bipartida, pressuposto de

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aplicação da pena. Assim, o que o legislador quis dizer a não justificando os mesmos. Deve-se ressaltar quando o
respeito dessa circunstância seria “o grau de culpabilidade”, comportamento da vítima for circunstância atenuante (“in-
pois todos os culpáveis serão puníveis, mas aqueles que justa provocação da vítima”, art. 65, III, c, última parte do
tiverem um grau maior de culpabilidade receberão, por CP) ou causa de diminuição (art. 121, § 1º, segunda parte e
justiça, uma apenação mais severa. Assim, o grau de culpa art. 129, § 4º, do CP), não será ela considerada na primeira
e a intensidade do dolo importam na quantidade da pena fase da dosimetria da pena.
será atribuída ao acusado.
Antecedentes – São os fatos da vida pregressa do agente Segunda Fase – Circunstâncias agravantes e
no que diz respeito ao seu histórico criminal; inquéritos po- atenuantes
liciais e processos penais. Todavia, a polêmica consiste em
saber qual a amplitude do termo “antecedentes”: Circunstâncias – Greco: são dados periféricos que gravi-
a) 1ª corrente – Anteriores envolvimentos em inquéritos tam ao redor da figura típica e tem por finalidade diminuir
policiais, processos criminais. Considera-se, ainda que em ou aumentar a pena aplicada ao sentenciado. Por permane-
caso de absolvição por insuficiência de provas (art. 386, VI, do cerem ao lado da definição típica, as circunstâncias em nada
CPP) e inquéritos policiais arquivados, também configuram interferem na definição jurídica da infração penal. As ele-
maus antecedentes. mentares, ao contrário, são dados essenciais indispensáveis
b) 2ª corrente  – Antecedentes é a vida pregressa do à definição da figura típica, sem os quais o fato poderá ser
agente que não configura reincidência, em virtude do considerado atípico (atipicidade absoluta) ou se transformará
princípio da presunção de inocência. Assim, somente as em outro crime (atipicidade relativa).
condenações anteriores com trânsito em julgado que não O CP não apresenta um quantum para fins de atenuação
sirvam para forjar reincidência é que poderão ser conside- ou agravamento da pena, diferentemente do que ocorre com
radas maus antecedentes, jamais inquéritos ou ações em as causas de aumento e diminuição.
andamento. (Ex.: sentenciado que possui três condenações A atenuação ou o agravamento deverá respeitar os limi-
transitadas em julgado, todavia o fato que praticou ocorreu tes mínimos e máximos da pena em abstrato.
antes destes trânsitos em julgado. Será considerado para Segundo Bitencourt, pelo princípio da razoabilidade,
maus antecedentes e não reincidência, da mesma forma se ante a ausência de determinação legal para a quantidade
o fato praticado ocorreu após 5 anos do trânsito em julgado, de agravamento e atenuação previstos em lei, estas deverão
não será mais reincidência, pois a mesma terá prescrito, mas ser fixadas em 1/6, média de agravamentos e atenuações da
será maus antecedentes). parte especial do CP.
Obs. 1: transação penal e suspensão condicional do Agravantes Genéricas – Estão previstas no art. 61 do CP:
processo não geram maus antecedentes (art. 76, § § 4º e sempre agravam a pena, não podendo o juiz deixá-las de
6º, e art. 89 da Lei nº 9.099/1990). levar em consideração. A enumeração é taxativa. Todavia,
Obs. 2: a prova de maus antecedentes será realizado por se qualificarem ou forem elementares do tipo penal, não
certidão do cartório, art. 155 do CPP, não bastando para isto serão aplicadas. São as hipóteses legais:
a folha de antecedentes criminais. 1) Reincidência  – prática de um crime após ter sido
Conduta Social – Enquanto os antecedentes se restrin- condenado por crime anterior com sentença transitada em
gem aos envolvimentos criminais do agente, a conduta social julgado. Tem como termo inicial:
tem alcance mais amplo, referindo-se a sua atividade do a) se a pena foi cumprida: contagem de 5 anos, inicia-se
trabalho, familiar e social ou qualquer outro comportamento na data em que o agente termina o cumprimento da pena;
em sociedade. b) se a pena foi extinta: inicia-se a contagem dos 5 anos
Personalidade do Agente – Não se trata de um conceito da data da extinção em que a pena realmente ocorreu;
jurídico, mas, sim, da psicologia e da psiquiatria. Relaciona-se c) se houve aplicação de sursis ou de livramento condi-
ao nível de periculosidade e irritabilidade, bem como a in- cional: termo inicial da contagem é a data da audiência de
tensidade de violência, brutalidade, ausência de sentimento advertência.
humanitário, de arrependimento dentre outros. Obs.: crimes que não induzem reincidência: crime mi-
Motivos do Crime – As razões que antecederam e le- litar próprio e crimes políticos44. Se condenado por crime e
varam o agente a praticar o crime. Influenciará na pena a apenado com multa, haverá reincidência.
maior ou menor aceitação da motivação que levou o agente A transação penal e suspensão condicional do processo
a praticar o crime, por exemplo, praticou por piedade ou por não geram reincidência.
ruindade. Atenção: caso o motivo configure qualificadora, Em caso de reincidência, fixada a pena em patamar
agravante ou atenuante, causa de aumento ou diminuição, inferior a 4 (quatro) anos, o condenado poderá iniciar o
não poderá ser considerada circunstância judicial, evitando cumprimento da pena em regime semiaberto, desde que
o bis in idem. as circunstâncias judiciais o recomendem.45
Circunstâncias e Consequências do Crime – As circuns- Reincidência específica significa o mesmo tipo incrimina-
tâncias dizem respeito à prática do crime, são elementos aci- dor (furto/furto; lesão/lesão). Na lei dos crimes hediondos,
dentais que não participam da estrutura de cada crime, mas é  a prática de qualquer crime hediondo. Já a reincidente
Noções de Direito Penal

que influem na quantidade punitiva. São elas: duração do em crime doloso significa a prática de crime doloso, e após
delito, que pode demonstrar maior ou menor determinação outro crime doloso.
do criminoso, local do crime, que indica maior periculosidade Por fim, a terminologia primário retrata aquele que não
do agente, tempo de preparação. As consequências dizem é reincidente. Já a primariedade técnica é aquele que possui
respeito à extensão do dano produzido pelo delito, por várias condenações anteriores, mas não é considerado rein-
exemplo, morte de um pai de família, atropelamento que cidente, porque não praticou nenhum delito após ter sido
deixa uma pessoa paralítica, como também o exaurimento condenado definitivamente.
do crime nas condutas em que ele é cabível. 3) Motivo fútil  – Sem significância, sem importância.
Comportamento da Vítima – No direito penal, não há Quanto à ausência de motivos, a jurisprudência diverge se
a compensação de penas, todavia, por vezes, a vítima, com
Assunto cobrado na prova do Cespe/TC-DF/Procurador/2013.
44
seu comportamento, faz nascer o ato criminoso, embora UEG/PC-GO/Delegado de Polícia/2013.
45

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é o caso de motivo fútil. O ciúme não é motivo fútil, pois 19) Executar o crime ou dele participar em razão de
se origina da paixão, um forte motivo para praticar crimes. pagar ou promessa de recompensa – Pune-se o criminoso
4) Motivo torpe – Motivo repugnante, ofensivo à mora- mercenário, não necessitando do efetivo recebimento da
lidade média da sociedade. A vingança não é motivo torpe recompensa. Não se aplica essa agravante aos crimes contra
para jurisprudência. o patrimônio, uma vez que esse delito visa à obtenção de
5) Finalidade de facilitar ou assegurar a execução, ocul- vantagem econômica.
tação, impunidade ou vantagem de outro crime – Quando
há conexão entre os crimes (teleológica: para assegurar a Atenuantes Genéricas – art. 65 do CP: obrigatória a
execução de outro crime; consequencial: quando praticado atenuação da pena, nunca poderá ir aquém do mínimo legal
em consequência de outro visando a garantir a impunidade, (Súmula nº 231 do STJ). Possui no art. 66 do CP as atenuan-
ocultação ou vantagem de outro crime). tes inomindas, as quais muito embora não previstas em lei,
6) Traição, emboscada, dissimulação ou qualquer ou- podem ser aplicadas.
tro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do 1) Ser o agente menor de 21 anos na data do fato – A
ofendido – Traição – quebra de prévia confiança; embosca- lei diz que a prova se faz mediante certidão de nascimento.
da – tocaia; dissimulação – disfarce; qualquer outro meio Todavia, a jurisprudência tem admitido prova por meio do
que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido  – RG ou outro documento hábil, Súmula nº 74 do STJ. É irrele-
formulação genérica, cujo significado se extrai por meio de vante, se houve emancipação civil, tal efeito não repercute
interpretação analógica. na esfera penal.
7) Emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou ou- 2) Ser o agente maior de 70 anos na data da sentença –
tro meio insidioso ou cruel, ou que possa resultar perigo Data da publicação.
comum  – Veneno: substância tóxica; fogo: combustão ou 3) Desconhecimento da lei – Não isenta de pena, ape-
qualquer outro meio que provoque queimadura; explosivo: nas atenua (todavia o erro sobre a ilicitude do fato exclui a
substância inflamável; tortura: sofrimento físico e moral culpabilidade.
desnecessário; meio insidioso: formulação genérica, meio 4) Motivo de relevante valor moral ou social – Valor
que se inicia sem se perceber e somente se percebe quando moral é interesse individual, valor social é interesse coletivo.
está em grau avançado (ministração de veneno sem que a 5) Ter o agente procurado, por sua espontânea vontade
vítima perceba); meio cruel: outra fórmula geral, onde se e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar
aumenta o sofrimento ou revela uma brutalidade intensa as consequências  – No arrependimento eficaz, o  agente
(várias facadas); resultar perigo comum: fórmula genérica, consegue evitar o resultado, aqui, o resultado já ocorreu.
por exemplo, disparo de arma de fogo em praça pública. 6) Reparação do dano até o julgamento – Deve ser o
8) Contra ascendente, descendente, cônjuge e irmão – julgamento de primeiro grau. Se reparar o dano até o rece-
CADI. O  parentesco pode ser natural ou civil. Inclui-se a bimento da denúncia e o crime for sem violência ou grave
união estável. Em caso de separação da fato ou judicial, não ameaça contra a pessoa, será arrependimento posterior.
prevalece a agravante. 7) Praticar o crime sob coação moral resistível, obedi-
9) Com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de ência de autoridade superior, ou sob influência de violenta
relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade – emoção provocada por ato injusto da vítima – Coação
Abuso de autoridade está relacionado às relações privadas, irresistível e obediência à ordem não manifestamente ilegal
e não públicas, por exemplo, tutores. Coabitação é debaixo exclui a culpabilidade. O domínio de violenta emoção pode
do mesmo teto. ser causa de diminuição de pena no homicídio e na lesão
10) Com abuso de poder ou violação de dever inerente corporal (mais o requisito “logo após”).
a cargo, ofício, ministério ou função (o crime de concussão 8) Confissão espontânea do crime perante a autorida-
já tem essa situação como elementar, não se aplicando essa de – Pode ser judicial ou extrajudicial. Deve ocorrer quando
qualificadora). a autoria ainda não é conhecida. Se concedida e depois de
11) Contra maior de 60 anos, enfermo ou mulher grá- negada, não incidirá a atenuante, bem como a confissão em
vida. segunda instância.
12) Quando o ofendido estava sob proteção da auto- 9) Praticar o crime sob a influência de multidão e tu-
ridade. multo, se não o provocou.
13) Em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou As atenuantes inominadas  – Não estão especificadas
qualquer calamidade pública ou desgraça particular do em lei, podendo ser anteriores ou posteriores ao crime. Ex.:
ofendido – Pune-se o sadismo e oportunismo. praticar o crime em virtude de longo desemprego, moléstia
14) Em caso de embriaguez preordenada – O agente se grave na família ou própria.
embriaga para cometer crimes.
As agravantes genéricas previstas no art. 62 do CP estão Terceira Fase – Causas de aumento e diminuição de
relacionadas ao de concurso de pessoas. pena
15) Promover ou organizar a cooperação no crime – É
o autor intelectual do crime. São de aplicação obrigatória e podem aumentar a pena
Noções de Direito Penal

16) Dirigir a atividade dos demais  – Quem fiscaliza a além do máximo e diminuir aquém do mínimo. Estão previstas
execução do crime. na Parte Geral do CP – causa de diminuição: tentativa (art. 14),
17) Induzir ou coagir outrem à execução do crime – Co- arrependimento posterior (art. 16), erro de proibição evitável
agir fisicamente ou moralmente. A agravante incidirá quer (art. 21), semi-imputabilidade (art. 26, parágrafo único); causa
a coação seja irresistível, quer não. Induzir é dar uma ideia. de aumento: concurso formal (art. 70), crime continuado e na
18) Instigar ou determinar a cometer crime alguém que parte especial do CP – furto privilegiado, homicídio privilegiado.
esteja sob a sua autoridade ou não seja punível em virtude No conflito entre agravantes e atenuantes  – No fato
de condição ou qualidade pessoal – Instigar é reforçar ideia concreto, poderá haver 3 agravantes e duas atenuantes.
já existente. Determinar é ordenar. Deve haver uma relação Como resolver? Subtrai-se 3 agravantes das duas atenuantes
de subordinação qualquer que seja. Não punível: menor, e sobra uma agravante e agrava-se a pena? Não. O art. 67 do
insanidade mental. CP e a jurisprudência trazem as repostas. São preponderantes

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segundo o art. 67 os motivos do crime, a personalidade do b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior
agente e a reincidência (caráter subjetivo). Jurisprudência a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o
afirma que a mais importante é a menoridade. princípio, cumpri-la em regime semiaberto;
Já no conflito entre circunstâncias judiciais preponderam c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou
as de caráter subjetivo: personalidade do agente, motivos inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la
do crime e antecedentes. em regime aberto.
No concurso entre agravantes genéricas e qualificadoras, § 3º A determinação do regime inicial de cumprimento
por exemplo: homicídio triplamente qualificado (motivo tor- da pena far-se-á com observância dos critérios previstos no
pe, emprego de veneno e recurso que impossibilite a defesa art. 59 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
do ofendido), a primeira serve para qualificar o crime, na 11/7/1984)
primeira fase, fixando a pena base. As duas outras: § 4º O condenado por crime contra a administração
1º corrente – As demais qualificadoras assumem a função pública terá a progressão de regime do cumprimento da
de circunstâncias judiciais, influindo na pena-base. pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à
2º corrente – As demais qualificadoras funcionam como devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos
agravantes genéricas na segunda fase de fixação da pena legais. (Incluído pela Lei nº 10.763, de 12/11/2003)
No concurso entre causa de aumento de pena na Parte
Geral e na Parte Especial, aplicam-se ambos os aumentos, Regras do regime fechado
primeiro o da parte específica e após e sobre o valor já au- Art. 34. O condenado será submetido, no início do cum-
mentado, a outra causa de aumento agora da parte geral. primento da pena, a exame criminológico de classificação
No que tange ao concurso entre causa de diminuição para individualização da execução. (Redação dada pela Lei
de pena na Parte Geral e na Parte Especial, aplica-se a regra nº 7.209, de 11/7/1984)
acima exposta. §  1º O condenado fica sujeito a trabalho no período
Se houver concurso de causa de diminuição prevista na diurno e a isolamento durante o repouso noturno. (Redação
parte especial, segundo o art. 68 do CP, o juiz poderá optar dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
pela causa que mais diminua ou aumente a pena, aplicar § 2º O trabalho será em comum dentro do estabeleci-
somente ela. Ex.: art. 226, CP – concurso de agentes, sendo mento, na conformidade das aptidões ou ocupações anterio-
um deles ascendente, cometem um estupro. res do condenado, desde que compatíveis com a execução
Obs.: nas hipóteses de concurso entre causas de aumento da pena.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
e diminuição da parte especial, o juiz poderá aplicar todas, § 3º O trabalho externo é admissível, no regime fecha-
mas sempre a partir da pena-base. do, em serviços ou obras públicas. (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11/7/1984)
Legislação Regras do regime semiaberto
Art. 35. Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput,
DAS PENAS
ao condenado que inicie o cumprimento da pena em regime
semiaberto. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
CAPÍTULO I § 1º O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante
Das Espécies de Pena o período diurno, em colônia agrícola, industrial ou estabeleci-
mento similar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
Art. 32. As penas são: (Redação dada pela Lei nº 7.209, § 2º O trabalho externo é admissível, bem como a frequ-
de 11/7/1984) ência a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de
I – privativas de liberdade; segundo grau ou superior. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
II – restritivas de direitos; de 11/7/1984)
III – de multa.
Regras do regime aberto
Seção I Art. 36. O regime aberto baseia-se na autodisciplina e
Das Penas Privativas de Liberdade senso de responsabilidade do condenado. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
Reclusão e detenção §  1º O condenado deverá, fora do estabelecimento e
Art. 33. A pena de reclusão deve ser cumprida em regime sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer outra
fechado, semiaberto ou aberto. A de detenção, em regime atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o
semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência período noturno e nos dias de folga. (Redação dada pela Lei
a regime fechado. (Redação dada pela Lei nº  7.209, de nº 7.209, de 11/7/1984)
11/7/1984) § 2º O condenado será transferido do regime aberto, se
§ 1º Considera-se: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de praticar fato definido como crime doloso, se frustrar os fins da
11/7/1984) execução ou se, podendo, não pagar a multa cumulativamen-
a) regime fechado a execução da pena em estabeleci- te aplicada. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
mento de segurança máxima ou média;
Noções de Direito Penal

b) regime semiaberto a execução da pena em colônia Regime especial


agrícola, industrial ou estabelecimento similar; Art. 37. As mulheres cumprem pena em estabelecimento
c) regime aberto a execução da pena em casa de alber- próprio, observando-se os deveres e direitos inerentes à sua
gado ou estabelecimento adequado. condição pessoal, bem como, no que couber, o disposto neste
§ 2º As penas privativas de liberdade deverão ser executa- Capítulo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
das em forma progressiva, segundo o mérito do condenado,
observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses Direitos do preso
de transferência a regime mais rigoroso: (Redação dada pela Art. 38. O preso conserva todos os direitos não atingidos
Lei nº 7.209, de 11/7/1984) pela perda da liberdade, impondo-se a todas as autoridades
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá o respeito à sua integridade física e moral. (Redação dada
começar a cumpri-la em regime fechado; pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)

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Trabalho do preso § 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a substitui-
Art. 39. O trabalho do preso será sempre remunerado, ção pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de di-
sendo-lhe garantidos os benefícios da Previdência Social. reitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por
duas restritivas de direitos. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
Legislação especial § 3º Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar
Art. 40. A legislação especial regulará a matéria prevista a substituição, desde que, em face de condenação anterior,
nos arts. 38 e 39 deste Código, bem como especificará os a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não
deveres e direitos do preso, os critérios para revogação e se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime.
transferência dos regimes e estabelecerá as infrações disci- (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
plinares e correspondentes sanções. (Redação dada pela Lei § 4º A pena restritiva de direitos converte-se em privativa
nº 7.209, de 11/7/1984) de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado
da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liber-
Superveniência de doença mental dade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena
Art. 41. O condenado a quem sobrevém doença men- restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias
tal deve ser recolhido a hospital de custódia e tratamento de detenção ou reclusão. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento adequado. § 5º Sobrevindo condenação a pena privativa de liberda-
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) de, por outro crime, o juiz da execução penal decidirá sobre
a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao
Detração condenado cumprir a pena substitutiva anterior. (Incluído
Art. 42. Computam-se, na pena privativa de liberdade e pela Lei nº 9.714, de 1998)
na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Conversão das penas restritivas de direitos
Brasil ou no estrangeiro, o  de prisão administrativa e o de Art. 45. Na aplicação da substituição prevista no artigo
internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no anterior, proceder-se-á na forma deste e dos arts. 46, 47 e
artigo anterior. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) 48. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
§ 1º A prestação pecuniária consiste no pagamento em
Obs.: Segundo entendimento consolidado do Superior dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública
Tribunal de Justiça, em tema de aplicação e execução da ou privada com destinação social, de importância fixada
pena admite-se a aplicação do benefício da detração pe- pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior
nal em processos distintos, desde que o delito pelo qual o a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos47. O valor pago
sentenciado cumpre pena tenha sido cometido antes da será deduzido do montante de eventual condenação em ação
segregação cautelar.46 de reparação civil, se coincidentes os beneficiários. (Incluído
pela Lei nº 9.714, de 1998)
Seção II § 2º No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do
Das Penas Restritivas de Direitos beneficiário, a prestação pecuniária pode consistir em pres-
tação de outra natureza. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
Penas restritivas de direitos § 3º A perda de bens e valores pertencentes aos conde-
Art.  43. As  penas restritivas de direitos são: (Redação nados dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em favor do
dada pela Lei nº 9.714, de 1998) Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto – o
I – prestação pecuniária; (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) que for maior – o montante do prejuízo causado ou do pro-
II – perda de bens e valores; (Incluído pela Lei nº 9.714, vento obtido pelo agente ou por terceiro, em consequência
de 1998) da prática do crime. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
III – (Vetado) (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) § 4º (Vetado) (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
IV – prestação de serviço à comunidade ou a entidades
públicas; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984, renume- Prestação de serviços à comunidade ou a entidades
rado com alteração pela Lei nº 9.714, de 25/11/1998) públicas
V – interdição temporária de direitos; (Incluído pela Lei Art.  46. A  prestação de serviços à comunidade ou a
nº 7.209, de 11/7/1984, renumerado com alteração pela Lei entidades públicas é aplicável às condenações superiores
nº 9.714, de 25/11/1998) a seis meses de privação da liberdade. (Redação dada pela
VI  – limitação de fim de semana. (Incluído pela Lei Lei nº 9.714, de 1998)
nº 7.209, de 11/7/1984 , renumerado com alteração pela § 1º A prestação de serviços à comunidade ou a entida-
Lei nº 9.714, de 25/11/1998) des públicas consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas condenado. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
e substituem as privativas de liberdade, quando: (Redação § 2º A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em
dada pela Lei nº 9.714, de 1998) entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros
I  – aplicada pena privativa de liberdade não superior estabelecimentos congêneres, em programas comunitários
a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou estatais. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena § 3º As tarefas a que se refere o § 1º serão atribuídas
Noções de Direito Penal

aplicada, se o crime for culposo; (Redação dada pela Lei conforme as aptidões do condenado, devendo ser cumpridas
nº 9.714, de 1998) à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas
II – o réu não for reincidente em crime doloso; (Redação de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho.
dada pela Lei nº 9.714, de 1998) (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e § 4º Se a pena substituída for superior a um ano, é facul-
a personalidade do condenado, bem como os motivos e as tado ao condenado cumprir a pena substitutiva em menor
circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficien- tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa
te. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) de liberdade fixada. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
§ 1º (Vetado) (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)

UEG/PC-GO/Delegado de Polícia/2013.
46
Cespe/CNJ/Analista Judiciário/Área Judiciária/2013.
47

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Interdição temporária de direitos (Redação dada pela suspensivas da prescrição. (Redação dada pela Lei nº 9.268,
Lei nº 7.209, de 11/7/1984) de 1º/4/1996)
Art. 47. As penas de interdição temporária de direitos § 1º e § 2º (Revogado pela Lei nº 9.268, de 1º/4/1996)
são: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
I – proibição do exercício de cargo, função ou atividade Suspensão da execução da multa
pública, bem como de mandato eletivo; (Redação dada pela Art.  52. É suspensa a execução da pena de multa, se
Lei nº 7.209, de 11/7/1984) sobrevém ao condenado doença mental. (Redação dada
II  – proibição do exercício de profissão, atividade ou pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
ofício que dependam de habilitação especial, de licença
ou autorização do poder público; (Redação dada pela Lei CAPÍTULO II
nº 7.209, de 11/7/1984) Da Cominação das Penas
III – suspensão de autorização ou de habilitação para di-
rigir veículo; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) Penas privativas de liberdade
IV – proibição de frequentar determinados lugares; (In- Art. 53. As penas privativas de liberdade têm seus limites
cluído pela Lei nº 9.714, de 1998) estabelecidos na sanção correspondente a cada tipo legal
V – proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou de crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
exame públicos. (Incluído pela Lei nº 12.550, de 2011)
Penas restritivas de direitos
Limitação de fim de semana Art. 54. As penas restritivas de direitos são aplicáveis,
Art. 48. A limitação de fim de semana consiste na obri- independentemente de cominação na parte especial, em
gação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) substituição à pena privativa de liberdade, fixada em quanti-
horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimen- dade inferior a 1 (um) ano, ou nos crimes culposos. (Redação
to adequado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
Parágrafo único. Durante a permanência poderão ser minis- Art. 55. As penas restritivas de direitos referidas nos in-
trados ao condenado cursos e palestras ou atribuídas atividades cisos III, IV, V e VI do art. 43 terão a mesma duração da pena
educativas. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) privativa de liberdade substituída, ressalvado o disposto no
§ 4º do art. 46. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
Seção III Art. 56. As penas de interdição, previstas nos incisos I
Da Pena de Multa e II do art. 47 deste Código, aplicam-se para todo o crime
cometido no exercício de profissão, atividade, ofício, cargo ou
Multa função, sempre que houver violação dos deveres que lhes são
Art. 49. A pena de multa consiste no pagamento ao fundo inerentes. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em Art. 57. A pena de interdição, prevista no inciso III do
dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de art. 47 deste Código, aplica-se aos crimes culposos de trân-
360 (trezentos e sessenta) dias-multa. (Redação dada pela sito. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
§ 1º O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não poden- Pena de multa
do ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo men- Art. 58. A multa, prevista em cada tipo legal de crime, tem
sal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes os limites fixados no art. 49 e seus parágrafos deste Código.
esse salário. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
§ 2º O valor da multa será atualizado, quando da exe- Parágrafo único. A multa prevista no parágrafo único do
cução, pelos índices de correção monetária. (Redação dada art. 44 e no § 2º do art. 60 deste Código aplica-se indepen-
pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) dentemente de cominação na parte especial. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
Pagamento da multa
Art. 50. A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias CAPÍTULO III
depois de transitada em julgado a sentença. A requerimento Da Aplicação da Pena
do condenado e conforme as circunstâncias, o  juiz pode
permitir que o pagamento se realize em parcelas mensais. Fixação da pena
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) Art. 59. O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antece-
§  1º A cobrança da multa pode efetuar-se mediante dentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos mo-
desconto no vencimento ou salário do condenado quando: tivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja
a) aplicada isoladamente; necessário e suficiente para reprovação e prevenção do cri-
b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de me: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
direitos; I – as penas aplicáveis dentre as cominadas; (Redação
c) concedida a suspensão condicional da pena. dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
§  2º O desconto não deve incidir sobre os recursos II – a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites
Noções de Direito Penal

indispensáveis ao sustento do condenado e de sua família. previstos; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) III – o regime inicial de cumprimento da pena privativa de
liberdade; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
Conversão da Multa e revogação (Redação dada pela IV – a substituição da pena privativa da liberdade apli-
Lei nº 7.209, de 11/7/1984) cada, por outra espécie de pena, se cabível. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
Modo de conversão.
Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, Critérios especiais da pena de multa
a multa será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes Art. 60. Na fixação da pena de multa o juiz deve atender,
as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda principalmente, à situação econômica do réu. (Redação dada
Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)

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§ 1º A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz Reincidência
considerar que, em virtude da situação econômica do réu, Art. 63. Verifica-se a reincidência quando o agente co-
é ineficaz, embora aplicada no máximo. (Redação dada pela mete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença
Lei nº 7.209, de 11/7/1984) que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime
anterior. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
Multa substitutiva Art. 64. Para efeito de reincidência: (Redação dada pela
§ 2º A pena privativa de liberdade aplicada, não superior Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
a 6 (seis) meses, pode ser substituída pela de multa, obser- I – não prevalece a condenação anterior, se entre a data
vados os critérios dos incisos II e III do art. 44 deste Código. do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos,
computado o período de prova da suspensão ou do livra-
Circunstâncias agravantes
mento condicional, se não ocorrer revogação; (Redação dada
Art. 61. São circunstâncias que sempre agravam a pena, pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
quando não constituem ou qualificam o crime: (Redação II – não se consideram os crimes militares próprios e
dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) políticos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
I – a reincidência; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11/7/1984) Circunstâncias atenuantes
II – ter o agente cometido o crime: (Redação dada pela Art. 65. São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
Lei nº 7.209, de 11/7/1984) (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
a) por motivo fútil ou torpe; I – ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do
b) para facilitar ou assegurar a execução, a  ocultação, fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença;
a impunidade ou vantagem de outro crime; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou II – o desconhecimento da lei; (Redação dada pela Lei
outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa nº 7.209, de 11/7/1984)
do ofendido; III – ter o agente: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura 11/7/1984)
ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar a) cometido o crime por motivo de relevante valor social
perigo comum; ou moral;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; b) procurado, por sua espontânea vontade e com efici-
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de ência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as con-
relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou sequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;
com violência contra a mulher na forma da lei específica; c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou
(Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto
cargo, ofício, ministério ou profissão; da vítima;
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou d) confessado espontaneamente, perante a autoridade,
mulher grávida; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) a autoria do crime;
e) cometido o crime sob a influência de multidão em
Nesse sentido, considere que Marcos, penalmente im- tumulto, se não o provocou.
putável, subtraia de seu genitor de sessenta e oito anos de Art.  66. A pena poderá ser ainda atenuada em razão
idade, um relógio de alto valor. Nessa situação, o autor não de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime,
pode beneficiar-se da escusa penal absolutória, em razão embora não prevista expressamente em lei. (Redação dada
da idade da vítima.48 pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)

i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes
autoridade; Art. 67. No concurso de agravantes e atenuantes, a pena
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias
qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam
ofendido; dos motivos determinantes do crime, da personalidade do
l) em estado de embriaguez preordenada. agente e da reincidência. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11/7/1984)
Agravantes no caso de concurso de pessoas
Art. 62. A pena será ainda agravada em relação ao agente Cálculo da pena
que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) Art. 68. A pena-base será fixada atendendo-se ao critério
I – promove, ou organiza a cooperação no crime ou diri- do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as
ge a atividade dos demais agentes; (Redação dada pela Lei circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as cau-
nº 7.209, de 11/7/1984) sas de diminuição e de aumento. (Redação dada pela Lei
II – coage ou induz outrem à execução material do crime; nº 7.209, de 11/7/1984)
Noções de Direito Penal

(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) Parágrafo único. No concurso de causas de aumento ou
III – instiga ou determina a cometer o crime alguém sujei- de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-
to à sua autoridade ou não punível em virtude de condição -se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo,
ou qualidade pessoal; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de todavia, a causa que mais aumente ou diminua. (Redação
11/7/1984) dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
IV – executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou
promessa de recompensa. (Redação dada pela Lei nº 7.209, Concurso material
de 11/7/1984) Art. 69. Quando o agente, mediante mais de uma ação
ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não,
aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade
Cespe/PC-BA/Delegado de Polícia/2013.
48 em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de

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penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. § 1º Quando o agente for condenado a penas privativas
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) de liberdade cuja soma seja superior a 30 (trinta) anos,
§ 1º Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo
sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
um dos crimes, para os demais será incabível a substituição § 2º Sobrevindo condenação por fato posterior ao início
de que trata o art. 44 deste Código. (Redação dada pela Lei do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, despre-
nº 7.209, de 11/7/1984) zando-se, para esse fim, o  período de pena já cumprido.
§ 2º Quando forem aplicadas penas restritivas de direi- (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
tos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem
compatíveis entre si e sucessivamente as demais. (Redação Concurso de infrações
dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) Art. 76. No concurso de infrações, executar-se-á primei-
ramente a pena mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
Concurso formal de 11/7/1984)
Art.  70. Quando o agente, mediante uma só ação ou
omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica- CAPÍTULO IV
-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente Da Suspensão Condicional da Pena
uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto
até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamen-
Requisitos da suspensão da pena
te, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes
resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no Art. 77. A execução da pena privativa de liberdade, não
artigo anterior. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a
Parágrafo único. Não poderá a pena exceder a que seria 4 (quatro) anos, desde que: (Redação dada pela Lei nº 7.209,
cabível pela regra do art. 69 deste Código. (Redação dada de 11/7/1984)
pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) I – o condenado não seja reincidente em crime doloso;
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
Crime continuado II – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social
Art. 71. Quando o agente, mediante mais de uma ação e personalidade do agente, bem como os motivos e as cir-
ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie cunstâncias autorizem a concessão do benefício; (Redação
e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos III – Não seja indicada ou cabível a substituição prevista
como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um no art. 44 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, de 11/7/1984)
aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. § 1º A condenação anterior a pena de multa não impede
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) a concessão do benefício.(Redação dada pela Lei nº 7.209,
Parágrafo único. Nos crimes dolosos, contra vítimas dife- de 11/7/1984)
rentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, § 2º A execução da pena privativa de liberdade, não
poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro
a conduta social e a personalidade do agente, bem como os a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta
motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão.
crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 Art.  78. Durante o prazo da suspensão, o condenado
deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) ficará sujeito à observação e ao cumprimento das condições
estabelecidas pelo juiz. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
Multas no concurso de crimes 11/7/1984)
Art. 72. No concurso de crimes, as penas de multa são §  1º No primeiro ano do prazo, deverá o condenado
aplicadas distinta e integralmente. (Redação dada pela Lei prestar serviços à comunidade (art. 46) ou submeter-se à
nº 7.209, de 11/7/1984) limitação de fim de semana (art. 48). (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
Erro na execução §  2º Se o condenado houver reparado o dano, salvo
Art. 73. Quando, por acidente ou erro no uso dos meios impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59
de execução, o  agente, ao  invés de atingir a pessoa que
deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá
pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como
substituir a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes
se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se
condições, aplicadas cumulativamente: (Redação dada pela
ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser
também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, Lei nº 9.268, de 1º/4/1996)
aplica-se a regra do art. 70 deste Código. (Redação dada pela a) proibição de frequentar determinados lugares; (Reda-
Lei nº 7.209, de 11/7/1984) ção dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside,
Resultado diverso do pretendido sem autorização do juiz; (Redação dada pela Lei nº 7.209,
Noções de Direito Penal

Art. 74. Fora dos casos do artigo anterior, quando, por de 11/7/1984)


acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensal-
diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato mente, para informar e justificar suas atividades. (Redação
é previsto como crime culposo; se ocorre também o resul- dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
tado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. Art. 79. A sentença poderá especificar outras condições
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas
ao fato e à situação pessoal do condenado. (Redação dada
Limite das penas pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de Art. 80. A suspensão não se estende às penas restritivas
liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) anos. (Redação de direitos nem à multa. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) de 11/7/1984)

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Revogação obrigatória Especificações das condições
Art. 81. A suspensão será revogada se, no curso do prazo, Art. 85. A sentença especificará as condições a que fica
o beneficiário: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) subordinado o livramento. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
I  – é condenado, em sentença irrecorrível, por crime de 11/7/1984)
doloso; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
II  – frustra, embora solvente, a  execução de pena de Revogação do livramento
multa ou não efetua, sem motivo justificado, a reparação Art.  86. Revoga-se o livramento, se o liberado vem a
do dano; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) ser condenado a pena privativa de liberdade, em sentença
III – descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Códi- irrecorrível: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
go. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) I – por crime cometido durante a vigência do benefício;
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
Revogação facultativa II – por crime anterior, observado o disposto no art. 84
§ 1º A suspensão poderá ser revogada se o condenado deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
descumpre qualquer outra condição imposta ou é irrecorri-
velmente condenado, por crime culposo ou por contraven- Revogação facultativa
ção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos. Art. 87. O juiz poderá, também, revogar o livramento,
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações
Prorrogação do período de prova constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado,
§ 2º Se o beneficiário está sendo processado por outro por crime ou contravenção, a pena que não seja privativa de
crime ou contravenção, considera-se prorrogado o prazo da liberdade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
suspensão até o julgamento definitivo. (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11/7/1984) Efeitos da revogação
§ 3º Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés Art. 88. Revogado o livramento, não poderá ser nova-
de decretá-la, prorrogar o período de prova até o máximo, mente concedido, e, salvo quando a revogação resulta de
se este não foi o fixado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, condenação por outro crime anterior àquele benefício,
de 11/7/1984) não se desconta na pena o tempo em que esteve solto o
condenado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
Cumprimento das condições
Art. 82. Expirado o prazo sem que tenha havido revoga- Extinção
ção, considera-se extinta a pena privativa de liberdade. (Re- Art. 89. O juiz não poderá declarar extinta a pena, en-
dação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) quanto não passar em julgado a sentença em processo a
que responde o liberado, por crime cometido na vigência do
CAPÍTULO V livramento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
Do Livramento Condicional Art. 90. Se até o seu término o livramento não é revo-
gado, considera-se extinta a pena privativa de liberdade.
Requisitos do livramento condicional (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
Art. 83. O juiz poderá conceder livramento condicional
ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior CAPÍTULO VI
a 2 (dois) anos, desde que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, Dos Efeitos da Condenação
de 11/7/1984)
I – cumprida mais de um terço da pena se o condenado Efeitos genéricos e específicos
não for reincidente em crime doloso e tiver bons anteceden- Art. 91. São efeitos da condenação: (Redação dada pela
tes; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
II – cumprida mais da metade se o condenado for rein-
I – tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado
cidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei nº 7.209,
pelo crime49; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
de 11/7/1984)
II – a perda em favor da União, ressalvado o direito do
III – comprovado comportamento satisfatório durante a
lesado ou de terceiro de boa-fé50: (Redação dada pela Lei
execução da pena, bom desempenho no trabalho que lhe
nº 7.209, de 11/7/1984)
foi atribuído e aptidão para prover à própria subsistência
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam
mediante trabalho honesto; (Redação dada pela Lei nº 7.209,
em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção
de 11/7/1984)
constitua fato ilícito51;
IV  – tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de
fazê-lo, o dano causado pela infração; (Redação dada pela b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor
Lei nº 7.209, de 11/7/1984) que constitua proveito auferido pelo agente com a prática
V – cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de do fato criminoso52.
condenação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico § 1º Poderá ser decretada a perda de bens ou valores
ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o equivalentes ao produto ou proveito do crime quando estes
apenado não for reincidente específico em crimes dessa não forem encontrados ou quando se localizarem no exterior.
Noções de Direito Penal

natureza. (Incluído pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990) (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
Parágrafo único. Para o condenado por crime doloso, come- § 2º Na hipótese do § 1°, as medidas assecuratórias pre-
tido com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do vistas na legislação processual poderão abranger bens ou va-
livramento ficará também subordinada à constatação de con- lores equivalentes do investigado ou acusado para posterior
dições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará decretação de perda. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
a delinquir. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) Art. 92. São também efeitos da condenação: (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
Soma de penas
Art. 84. As penas que correspondem a infrações diversas 49
Assunto cobrado na prova da Vunesp/Cetesb/Advogado/2013.
50
Assunto cobrado na prova da Vunesp/Cetesb/Advogado/2013.
devem somar-se para efeito do livramento. (Redação dada 51
Assunto cobrado na prova da Vunesp/Cetesb/Advogado/2013.
pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) 52
Assunto cobrado na prova da Vunesp/Cetesb/Advogado/2013.

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I – a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: II – sujeição a tratamento ambulatorial. (Redação dada
(Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º/4/1996) pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por Parágrafo único. Extinta a punibilidade, não se impõe
tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados medida de segurança nem subsiste a que tenha sido imposta.
com abuso de poder ou violação de dever para com a Admi- (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
nistração Pública53; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º/4/1996)
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por Imposição da medida de segurança para inimputável
tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. (Incluído Art. 97. Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua
pela Lei nº 9.268, de 1º/4/1996) internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for
II – a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento
ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, ambulatorial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
cometidos contra filho, tutelado ou curatelado; (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) Prazo
III – a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado § 1º A internação, ou tratamento ambulatorial, será por
como meio para a prática de crime doloso. (Redação dada tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averi-
pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) guada, mediante perícia médica, a cessação de periculosi-
Parágrafo único. Os efeitos de que trata este artigo não dade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos.
são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
sentença54. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
Perícia médica
CAPÍTULO VII § 2º A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo
Da Reabilitação mínimo fixado e deverá ser repetida de ano em ano, ou a
qualquer tempo, se o determinar o juiz da execução. (Reda-
Reabilitação ção dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
Art. 93. A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas
em sentença definitiva, assegurando ao condenado o sigilo Desinternação ou liberação condicional
dos registros sobre o seu processo e condenação. (Redação § 3º A desinternação, ou a liberação, será sempre con-
dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) dicional devendo ser restabelecida a situação anterior se o
Parágrafo único. A reabilitação poderá, também, atingir os agente, antes do decurso de 1 (um) ano, pratica fato indica-
efeitos da condenação, previstos no art. 92 deste Código, vedada tivo de persistência de sua periculosidade. (Redação dada
reintegração na situação anterior, nos casos dos incisos I e II do pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
mesmo artigo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) §  4º Em qualquer fase do tratamento ambulatorial,
Art. 94. A reabilitação poderá ser requerida, decorridos poderá o juiz determinar a internação do agente, se essa
2 (dois) anos do dia em que for extinta, de qualquer modo, providência for necessária para fins curativos. (Redação dada
a pena ou terminar sua execução, computando-se o período pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
de prova da suspensão e o do livramento condicional, se não
sobrevier revogação, desde que o condenado: (Redação dada Substituição da pena por medida de segurança para o
pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) semi-imputável
I – tenha tido domicílio no País no prazo acima referido; Art. 98. Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) Código e necessitando o condenado de especial tratamento
II – tenha dado, durante esse tempo, demonstração efe- curativo, a pena privativa de liberdade pode ser substituída pela
tiva e constante de bom comportamento público e privado; internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) (um) a 3 (três) anos, nos termos do artigo anterior e respectivos
III – tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou §§ 1º a 4º. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
demonstre a absoluta impossibilidade de o fazer, até o dia
do pedido, ou exiba documento que comprove a renúncia Direitos do internado
da vítima ou novação da dívida. (Redação dada pela Lei Art. 99. O internado será recolhido a estabelecimento
nº 7.209, de 11/7/1984) dotado de características hospitalares e será submetido a
Parágrafo único. Negada a reabilitação, poderá ser tratamento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
requerida, a qualquer tempo, desde que o pedido seja ins-
truído com novos elementos comprobatórios dos requisitos REFERÊNCIAS
necessários. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
Art. 95. A reabilitação será revogada, de ofício ou a reque- Capez, Fernando. Curso de Direito Penal: Parte Geral. Sa-
rimento do Ministério Público, se o reabilitado for condenado, raiva, ed. 15, vol. I, 2011.
como reincidente, por decisão definitiva, a pena que não seja
de multa. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) Gomes, Luiz Flávio. Direito Penal: Parte Geral. Revista dos
Tribunais, vol. 7.
TÍTULO VI
Noções de Direito Penal

DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA Greco, Rogério. Curso de Direito Penal: Parte Geral. Impe-
tus, ed. 13, vol. I, 2011.
Espécies de medidas de segurança
Art. 96. As medidas de segurança são: (Redação dada Jesus, Damásio de. Direito Penal: Parte geral. Saraiva, ed. 32,
pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) 2011.
I – Internação em hospital de custódia e tratamento
psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequa- Mirabete, Júlio Fabbrini. Manual de Direito Penal. Atlas,
do; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) ed. 8, vol. I.

Vunesp/Cetesb/Advogado/2013.
53 Nucci, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado.
Assunto cobrado na prova da Vunesp/Cetesb/Advogado/2013.
54 Revista dos Tribunais, ed. 10º, 2010.

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DOS CRIMES CONTRA A PESSOA ralístico para a sua consumação), de forma livre (pode ser
praticado de qualquer maneira, não existindo no tipo penal
O seu estudo subdivide-se em: dos crimes contra a vida, uma forma previsão), comissivo (por ação) ou omissivo (por
das lesões corporais, da periclitação da vida e da saúde, da omissão), instantâneo de efeitos permanentes (a consuma-
rixa e dos crimes contra a honra. ção ocorre em um dano momento, ou seja, com a morte,
porém este efeito, a morte, se prolonga no tempo), de dano
(há efetiva lesão ao bem jurídico protegido pela norma),
Dos Crimes Contra a Vida  unissubjetivo (pode ser praticado por apenas uma pessoa),
plurissubsistente (para se consumar, depende da realização
Quando praticado de forma dolosa, são julgados perante
de mais de um ato), admite tentativa, monoofensivo (atinge
o Tribunal do Júri. Abarcam:
apenas um objeto jurídico).
• Homicídio doloso (o homicídio culposo não será jul- 10) Homicídio simples é crime hediondo? Somente se
gado perante o Tribunal do Júri); praticado em grupo de extermínio.
• Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio;
• Infanticídio; Homicídio privilegiado 
• Aborto.
Art. 121. [...]
Homicídio § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo
de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio
Consiste na conduta de “Matar alguém”. Ele se classifi- de violenta emoção, logo em seguida a injusta provo-
ca em: homicídio simples, homicídio privilegiado, homicídio cação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um
qualificado e homicídio culposo. sexto a um terço.

Homicídio simples Também consiste em matar alguém, todavia tal homicídio


decorre de algumas circunstâncias, tais como: por motivo de
Art. 121. Matar alguém. relevante valor moral, por motivo de relevante valor social ou
Pena – reclusão de 6 a 20 anos. sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima. Desta formam o autor responde pelo
1) Classificação: dos crimes contra a vida. Julgamento: crime, contudo, com uma diminuição de pena.
Tribunal do Júri.
2) Conceito: matar alguém. 1) Natureza jurídica ­­­­­­­­­­­­­­­­­­do crime de homicídio privilegiado:­­­
3) Objeto jurídico (bem jurídico tutelado, protegido, por causa de diminuição de pena de 1/6 a 1/3.
aquele tipo penal): vida humana extrauterina (a morte de 2) A redução de pena é obrigatória ou facultativa? Obriga-
uma vida intrauterina será aborto). tória. Estando presentes tais circunstâncias o juiz é obrigado
4) Objeto material (coisa sobre a qual recai a ação do a reduzir a pena.
agente): vida humana.
5) Sujeito ativo: qualquer pessoa. Portanto, crime comum, Hipóteses
ou seja, aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa. a) Motivo de relevante valor moral  – Significa matar
6) Sujeito passivo: ­­­­qualquer pessoa. alguém motivado por um sentimento individual, que por
7) Consumação: morte, que para o direito penal ocorre muitos é considerado morte, por exemplo, a eutanásia, em
com o encerramento das atividades encefálicas. Portanto, que o agente por piedade desliga os aparelhos de um parente
crime material, pois necessita do resultado naturalístico para que encontra-se em um estado vegetativo. Será um homi-
a sua consumação. cídio, todavia com a aplicação de uma diminuição de pena.
8) Cabe tentativa. b) Motivo de relevante valor social  – Significa matar
alguém motivado por um interesse coletivo, por um anseio
Qual a diferença entre o crime de tentativa de homicídio, social, por exemplo, matar um traidor da pátria.
em que a vítima ao receber um tiro na perna fica ferida, ou c) Sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a
seja, com lesões corporais, do crime de lesão corporal con- injusta provocação da vítima – O agente deve ter ser sido pro-
sumado? É o dolo, vejamos o esquema abaixo: vocado injustamente pela vítima, o que o deixou dominado
por uma violenta emoção que o levou a matá-la. Exemplo:
Tentativa de Homicídio Crime de Lesão Corporal pai encontra o estuprador de sua filha e mata-o.
Todavia, não confundir:
Consumado
• Domínio  – O agente deve estar dominado de uma
“A” querendo matar “B” “A” querendo lesionar “B” violenta emoção e não apenas sob a influência de uma
(portanto, dolo de matar) (portanto, dolo de lesionar) violente emoção. Estar dominado significa estar total-
atirou. todavia, a bala atingiu atirou em sua perna. Assim, mente controlado pela emoção, sem indícios de razão.
a perna de “B” causando “A” responderá pelo crime Desta forma, estará dentro da norma do homicídio
lesões corporais, e não vindo de lesão corporal consu- privilegiado. Agora, se ele estiver apenas influenciado
Noções de Direito Penal

“B” a falecer. Assim, como a mado. por uma violenta emoção é porque há ainda indícios
intenção de “A” era matar, de razão, assim, estaremos diante de um homicídio
apesar da morte não ter simples com a aplicação da atenuante genérica prevista
ocorrido por circunstâncias no art. 65, inciso III, alínea c do Código Penal.
alheia à vontade do agente, • Emoção – Atenção, o legislador usou o termo emoção
“A” responderá por tentativa e não paixão, tendo em vista que a emoção é algo
de homicídio e não por lesão passageiro e a paixão, algo duradouro. Assim, há o
corporal consumada. homicídio privilegiado quando estamos diante de um
descontrole momentâneo e não duradouro. Portanto,
9) Classificação: crime comum (pode ser praticado por matar por ciúmes não será homicídio privilegiado, pois
qualquer pessoa), material (necessita do resultado natu- este não é um sentimento repentino e sim prolongado.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
• Logo em seguida – Não pode haver um lapso temporal – Sufocação – Objeto que impede a entrada do ar.
muito grande entre momento da provocação e o ho- Pano ou travesseiro no nariz, boca;
micídio. No momento do crime o agente ainda deve – Afogamento – Submersão em meio líquido;
estar dominado de violente emoção. – Soterramento – Submersão em meio sólido;
• Injusta provocação – Xingamento, flagrante adultério. – Imprensamento – Peso na região do diafragma;
Todavia, se houver uma injusta agressão, estaremos – Uso de gás asfixiante;
diante de legítima defesa. – Confinamento – Reduto fechado sem circulação
de ar.
Atenção! Observe que todas as causas privilegiadoras • Meio insidioso – Armadilha ou fraude para atingir a
são de caráter subjetivo, porque estão ligadas a motiva- vítima sem que ela perceba, por exemplo, sabotagem
ção do crime e conforme a aplicação do art. 30 do Código de freio.
Penal não se comunicam aos coautores e partícipes que • Qualquer meio que possa ocasionar perigo comum –
tenham atuado por outros motivos. Assim, no exemplo Meio utilizado para causar a morte da vítima e tenha
do pai que mata o estuprador da filha, supondo que um potencialidade de causar risco de vida para inúmeras
amigo do pai ao ver a cena, não sabendo que se tratava de outras pessoas, por exemplo, desabamento, corte
um estuprador, ajude o amigo o matá-lo. O pai responderá de luz em hospital. Se for fogo ou explosivo, será a
qualificadora de fogo e explosivo.
por homicídio privilegiado e o seu amigo por homicídio.
• Tortura ou qualquer outro meio cruel  – Sujeitar a
vítima a graves e inúteis sofrimento físico e mental.
3) Existe homicídio privilegiado hediondo? Não. Ex.: apedrejamento, pisoteamento, choque elétrico,
mutilações.
Homicídio qualificado

Art. 121. [...] Atenção! Qual a diferença entre o crime de homicídio


§ 2º Se o homicídio é cometido: qualificado pela tortura e o crime de tortura qualificado
I – mediante paga ou promessa de recompensa ou pela morte? Novamente afirmados que é o dolo. Vejamos:
por outro motivo torpe; Homicídio Qualificado Crime de Tortura
II – por motivo fútil; pela Tortura Qualificado pela Morte
III  – com o emprego de veneno, fogo, explosivo,
asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou Aqui o agente tem o dolo de Aqui o agente tem o dolo de
que posso resultar perigo comum; matar e usa a tortura como torturar e a título de culpa
IV – à traição, de emboscada, ou mediante dissimula- meio. a vítima acaba vir a falecer.
ção ou outro recurso que dificulte ou torne impossível
a defesa do ofendido; c) Quanto ao modo de execução
V – para assegurar a execução, a ocultação, a impu- • Traição – A vítima tem uma prévia confiança no autor
nidade ou vantagem de outro crime. de crime, nunca imaginando que ele a mataria.
Pena – reclusão de 12 a 30 anos. • Emboscada – Tocaia.
• Dissimulação – Usa-se de um disfarce para cometer
1) O homicídio qualificado é crime hediondo? Sim. o crime.
2) Passemos a estudar todas as qualificadoras. Vamos • Qualquer outro recurso que dificulte ou torne impos-
dividi-las por grupo: sível a defesa da vítima. Ex.: atirar pelas costas, matar
a) Quanto ao motivo quem está dormindo.
• Mediante paga ou promessa de recompensa – Homi- d) Por conexão – O tempo entre o dois crimes é irrelevante.
cídio mercenário. O mandante paga para o executor • Teleológica – Mata-se para assegurar a execução
cometer o crime ou o executor comete o crime de outro crime. Ex.: mata o marido para estuprar a
mediante a promessa de uma recompensa. Ambos esposa. Este homicídio será qualificado.
• Consequencial – Mata para assegurar a ocultação,
respondem pelo crime. A recompensa não necessita
impunidade ou vantagem de outro crime. Ex.: mata
ser apenas econômica, podendo ser uma promessa testemunha que presenciou o crime, ou matar o
de emprego, um casamento etc. É um crime de con- comparsa para ficar com toda a vantagem do crime.
curso necessário, pois pressupõe o envolvimento de
no mínimo duas pessoas. Obs.: a premeditação não é qualificadora.
• Motivo torpe – Repugnante. Ex.: matar os pais para
ficar com a herança. e) É possível homicídio privilegiado qualificado? Sim,
• Motivo fútil  – Insignificante. Ex.: matar alguém em desde que as qualificadoras sejam objetivas, uma vez que
uma briga de trânsito. todas as causas privilegiadoras são subjetivas. Assim, as qua-
b) Quanto aos meios empregados lificadoras podem ser classificadas:
• Veneno – Substância química introduzida no organis- • Qualificadoras objetivas – Quanto aos meios empre-
mo que pode causar a morte. Deve ser introduzida gados e quanto ao modo de execução;
Noções de Direito Penal

sem que a vítima perceba. Se esta perceber considera- • Qualificadoras subjetivas – Quanto ao motivo e por
-se homicídio qualificado pelo meio cruel. conexão.
• Fogo ou explosivo – O crime de dano qualificado fica
absorvido, art. 163, II do CP, princípio da subsidiarie- Dessa maneira, para montar a figura do homicídio privile-
dade expresso. giado qualificado deve-se unir as qualificadoras objetivas
• Asfixia – Impedimento da função respiratória. Poderá com as causas privilegiadoras (que são todas subjetivas).
ser: Ex.: matar o estupra da filha (sob domínio de violenta
– Esganadura – Mãos e pés no pescoço do agente; emoção – causa privilegiadora) mediante uma emboscada
– Estrangulamento – Fios, arames, cordas no pescoço (qualificadora objetiva).
do agente;
– Enforcamento – O próprio peso da vítima; f) Homicídio qualificado privilegiado é hediondo? Não.

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Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) Perdão judicial. Somente é aplicado ao homicídio culposo:
a) quando o sofrimento percebido pelo próprio agente
Art. 121. [...] em face de sua conduta culposa for tão grande que torna a
§ 2º Se o homicídio é cometido: aplicação da pena insignificante;
VI – contra a mulher por razões da condição de sexo b) aplica-se no momento da sentença;
feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) c) natureza jurídica – causa de extinção da punibilidade.
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts.
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do Obs. 1: “A” e “B” agem imprudentemente e matam o filho
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança de “A”. Somente A receberá o perdão judicial.
Pública, no exercício da função ou em decorrência Obs. 2: “A” imprudentemente causa a morte de seu filho
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou paren- e do colega dele. A  doutrina e a jurisprudência divergem
te consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa acerca do cabimento de perdão em relação a ambos ou
condição: H (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
somente em relação ao filho.
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
§ 2º-A Considera-se que há razões de condição de Obs.: com a regra prevista no art. 121, § 6º:
sexo feminino quando o crime envolve: (Incluído pela
Lei nº 13.104, de 2015) § 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a
I – violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei metade se o crime for praticado por milícia privada,
nº 13.104, de 2015) sob o pretexto de prestação de serviço de segurança,
II – menosprezo ou discriminação à condição de mu- ou por grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº
lher. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 12.720, de 2012)
Homicídio culposo Obs.: com a nova regra prevista no art. 121, § 7º:
Art. 121. [...] § 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um
§ 3º Se o homicídio é culposo: terço) até a metade se o crime for praticado: (Incluído
Pena – detenção, de um a três anos. pela Lei nº 13.104, de 2015)
I – durante a gestação ou nos 3 (três) meses poste-
Dar causa ao resultado morte por imprudência, negli- riores ao parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
gência e imperícia. II – contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior
De maneira diferente ao homicídio doloso o agente não de 60 (sessenta) anos ou com deficiência; (Incluído
quer a produção do resultado morte, apenas pratica a conduta pela Lei nº 13.104, de 2015)
de forma desastrosa de forma a alcançar o resultado, morte. III – na presença de descendente ou de ascendente
1) Matar alguém por imprudência – Ação descuidada. da vítima. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
Ex.: limpar a arma em local público, vindo esta a disparar.
2) Matar alguém por negligência – Ausência de uma Induzimento, Auxílio ou Instigação ao Suicídio
precaução. Ex.: deixar uma arma ao alcance de crianças.
3) Matar por imperícia – Falta de aptidão para o exercício
de uma função. Ex.: erro médico. Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou
prestar-lhe auxílio para que o faça:
Pena – reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se
Atenção! Não existe compensação de culpas. Se o consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentati-
agente e a vítima agiram culposamente para a ocorrência va de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave
do crime, a responsabilidade de um não exclui a do outro.
1) A doutrina chama o presente crime de participação
Causa de aumento de pena em suicídio.
2) Conduta: a lei não pune quem tenta se suicidar e sim
Art. 121. [...] quem:
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de a) induz: dar a ideia;
1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância b) instiga: reforçar a ideia já existente;
de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o c) auxilia materialmente, por exemplo, quer empresta
agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, uma arma para quem manifestou a vontade de se suicidar.
não procura diminuir as consequências do seu ato, 3) Objeto jurídico (bem jurídico tutelado, protegido, por
ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso aquele tipo penal): vida humana.
o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) 4) Objeto material (coisa sobre a qual recai a ação do
se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 agente): vida humana.
(quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. 5) Sujeito ativo: qualquer pessoa. É crime comum.
§ 5º Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá 6) Sujeito passivo: qualquer pessoa determinada ou
deixar de aplicar a pena, se as consequências da in- determinável, bem como que tenha capacidade de enten-
fração atingirem o próprio agente de forma tão grave dimento e resistência. A  conduta deve ser dirigida a uma
que a sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pessoa ou grupo de pessoas determinados. Assim, autores de
pela Lei nº 6.416, de 24/5/1977) livros ou de letras de música que instigam ao suicídio, e tendo
Noções de Direito Penal

alguém que efetivamente influenciado por tais ideias vem a


Homicídio doloso tem Homicídio culposo tem como se matar, tais autores não respondem por este crime, pois
como causa de aumento causa de aumento de pena: 1/3. ao escreverem suas letras e obras acabaram por atingirem
de pena: 1/3. Quando praticado: uma gama indeterminada de pessoas.
Quando praticado contra • Inobservância de regra téc- 7) Consumação: com a ocorrência da morte ou da lesão
menor de 14 anos e maior nica de profissão ou ofício. grave. Este crime possui uma característica peculiar, pois não há
de 60 anos. • Deixar de prestar socorro. tentativa. Vejamos, ou o agente induz, instiga ou auxilia alguém
• Não procura diminuir as a se matar e esta pessoa efetivamente morre ou fica com uma
consequências de seus atos. lesão grave e o crime encontra-se efetivamente consumado, ou
• Foge para evitar prisão em a vítima apenas fica com lesões leves é o fato é atípico, hipótese
flagrante. do crime tentado. Esta foi uma opção do legislador.

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8) Casos clássicos: Ambos respondem pelo A mãe responde por infanti-
• várias pessoas fazem roleta-russa, uns estimulando crime de infanticídio. cídio e o pai por homicídio.
os outros, os  sobreviventes respondem pelo crime
do artigo 122; 5) Sujeito passivo: próprio filho recém-nascido. Deve ser
• se duas pessoas fazem pacto de morte e uma delas apenas o recém-nascido porque o tipo penal fala em “durante
se mata e a outra desiste, a sobrevivente responderá o parto ou logo após”. Assim:
pelo crime previsto no artigo 122;
• se duas pessoas decidem morrer conjuntamente e se
trancam em um compartimento fechado e uma delas Mãe sob a influência do Mãe sob a influência do
liga o gás, mas apenas a outra morre, haverá homicídio estado puerperal mata seu estado puerperal mata seu
por parte daquela que ligou o gás. próprio filho recém-nascido. próprio filho recém-nascido
9) Causa de aumento de pena: e o outro filho de 5 anos.
• se o crime é praticado por motivos egoísticos. Ex.: ob- Responderá por infanticídio. Em relação ao recém-nasci-
tenção de vantagem econômica com a morte da vítima; do responderá pelo crime de
• a vítima é menor de idade, 18 anos; infanticídio. Já em relação ao
• se a vítima tem diminuída a sua capacidade de resis- filho de 5 anos responderá
tência – está bêbado ou em depressão. pelo crime de homicídio.

Atenção! Se a vítima não tiver nenhuma capacidade de 6) Consumação: morte. É crime material.
resistência (ex.: débil mental) o crime será de homicídio.
Obs.: somente haverá o crime de infanticídio se este foi
10) Classificação: crime comum (pode ser praticado por praticado por influência do estado puerperal. Do contrário,
qualquer pessoa); material (necessita do resultado naturalísti- não diagnosticado por perícia médica o estado de puerpério,
co para a sua consumação); de forma livre (pode ser praticado estaremos diante do crime de homicídio.
de qualquer maneira, não existindo no tipo penal uma forma
previsão); comissivo (por ação); instantâneo (a consumação 7) Não confundir os crimes abaixo:
ocorre em um dano momento); de dano (há efetiva lesão ao
bem jurídico protegido pela norma); unissubjetivo (pode ser Infanticídio – Art. 123 do CP Abandono de recém-nas-
praticado por apenas uma pessoa), não admite tentativa; • Conduta – Matar, sob a in- cido – Art. 134, § 2º do CP
monoofensivo (atinge apenas um objeto jurídico). fluência do estado puerpe- • Conduta  – Expor ou
ral, o próprio filho, durante abandonar recém-nas-
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um o parto ou logo após. cido, para ocultar de-
terço) até a metade se o crime for praticado: (Incluído • O dolo é de matar e se sonra própria.
pela Lei nº 13.104, de 2015) pratica sob a influência do • O dolo é de abandonar
I – durante a gestação ou nos 3 (três) meses poste- estado puerperal. o recém-nascido devido
riores ao parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) a vergonha acerca da
II – contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior gestação.
de 60 (sessenta) anos ou com deficiência; (Incluído
pela Lei nº 13.104, de 2015) Obs.: se o dolo for de matar
III – na presença de descendente ou de ascendente mediante abandono do
da vítima. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) recém-nascido, se a mãe
estiver sob o estado puer-
Infanticídio peral será infanticídio, se
não será homicídio.
Art. 123. Matar, sob a influência do estado puerperal,
o próprio filho, durante o parto ou logo após. Aborto
Pena – detenção de 2 a 6 anos.
Art. 124. Provocar aborto em si mesma ou consentir
1) Conduta: matar + influência do estado puerperal + pró- que outrem lho provoque.
prio filho + durante o parto ou logo após. Trata-se de um tipo de Pena – detenção de 1 a 3 anos.
homicídio, mas o legislador entendeu que por se tratar de uma Art. 125. Provocar aborto sem o consentimento da
pena mais branda. É a aplicação do princípio da especialidade. gestante.
2) Objeto jurídico (bem jurídico tutelado, protegido, por
Pena – reclusão de 3 a 10 anos.
aquele tipo penal): vida humana extrauterina (a morte de
uma vida intrauterina será aborto). Art. 126. Provocar aborto com o consentimento da
3) Objeto material (coisa sobre a qual recai a ação do gestante.
agente): vida humana. Pena – reclusão de 1 a 4 anos.
4) Sujeito ativa: mãe no estado puerperal. É crime próprio, Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior,
pois somente pode ser praticado por este sujeito ativo. Agora se a gestante não é maior de 14 anos ou é alienada
em relação ao concurso de pessoas: deve-se verificar se o coau- ou débil mental, ou se o consentimento é obtido
mediante fraude, grave ameaça ou violência.
Noções de Direito Penal

tor conhece a elementar “sob a influência do estado puerperal”.


Art. 127. As penas cominadas nos artigos anteriores
são aumentadas de 1/3, se, em consequência do
Mãe sob a influência do Mãe sob a influência do es- aborto ou dos meios empregados para provocá-lo,
estado puerperal juntamen- tado puerperal juntamente a  gestante sofre lesão corporal de natureza grave;
te com o pai (concurso de com o pai (concurso de pes- são duplicadas, se, por destas causas, lhe sobrevém
pessoas), que sabe do estado soas), que não sabe do esta- a morte.
de saúde de sua mulher (co- do de saúde de sua mulher Art. 128. Não se pune o aborto praticado por médico:
nhece a elementar do tipo (não conhece a elementar do I – se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
penal “sob a influência do tipo penal “sob a influência II  – se a gravidez resulta de estupro e o aborto é
estado puerperal”) matam do estado puerperal”) ma- precedido de consentimento da gestante ou quando
o filho recém-nascido. tam o filho recém-nascido. incapaz, de seu representante legal.

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1) Conceito de aborto: interrupção da gravidez com o consentimento dela responderá pelo crime previsto
consequente morte do feto. no art. 126 do CP: “Aborto provocado com o consen-
2) Início da gravidez: há uma divergência em relação ao timento da gestante”.
início da vida, parte entende que ocorre com a fecundação e
parte entende que ocorre com a nidação, que é a implantação Resumo
do óvulo já fecundado no útero.
Gestante consente que terceiro pratique aborto nela, es-
3) Objeto jurídico: tutela-se a vida intrauteirna, ou seja,
tando diante de uma coautoria:
a vida do feto.
4) Objeto material: também será a vida do feto. • Gestante – Responderá pelo crime previsto no art. 124
do CP.
• Terceiro – Responderá pelo crime previsto no art. 126
Atenção! Para configurar o crime de aborto a conduta deve do CP.
ser praticada enquanto o feto encontra-se no ventre da
gestante, independentemente se é expelido ou não com O sujeito passivo será o feto e a consumação ocorrerá
vida, pois conforme a Teoria Geral do Crime, o crime ocorre com morte deste.
no momento da ação ou omissão, independentemente do
momento de resultado criminoso. Assim, vejamos: b) Aborto provocado com o consentimento da gestan-
a) são praticadas manobras abortivas enquanto o feto te – art. 126 do CP.
encontra-se no ventre da gestante e ali mesmo ele vem a Neste caso, como já colocado o sujeito ativo do crime
óbito – configura-se o crime de aborto; é o terceiro que pratica o aborto com o consentimento da
gestante. Ela, responderá pelo crime previsto no artigo 124
b) são praticadas manobras abortivas enquanto o feto do Código Penal. O sujeito passivo será o feto e a consuma-
encontra-se no ventre da gestante, todavia ele é expelido ção ocorrerá com morte deste.
com vida e logo após vem a óbito – configura-se o crime
de aborto porque a conduta foi praticada quando o feto c) Aborto provocado por terceiro sem o consentimento
encontrava-se no ventre materno; da gestante – art. 125 do CP.
c) são praticadas manobras abortivas enquanto o feto Aqui estamos diante de uma situação diversa. O crime
encontra-se no ventre da gestante, todavia o feto é expelido ocorrerá nas seguintes situações:
com vida, vindo a sobreviver. Logo em seguida ele é asfi- • Terceiro pratica aborto na gestante sem o consenti-
xiado – configura-se o crime de homicídio, pois a conduta mento desta;
foi praticada quando o feto encontrava-se fora do ventre • Terceiro pratica aborto na gestante e esta lhe dá um
da gestante. consentimento, todavia, este não pode ser conside-
Assim: rado válido por que:
• Conduta praticada com o feto dentro do ventre da ges- I – a gestante não é maior de 14 anos;
tante – aborto. II – a gestante é alienada ou débil mental;
• Conduta praticada com o feto fora do ventre da gestan- III – o consentimento da gestante foi obtido mediante
te – homicídio. fraude, grave ameaça ou violência.
Assim o sujeito ativo deste crime será o terceiro que pra-
5) Consumação: com a morte do feto. É crime material. tica o aborto nestas condições descritas acima. O sujeito pas-
6) Tentativa: se são realizadas manobras abortivas e o sivo será o feto e a consumação ocorrerá com morte deste.
feto é expelido com vida e sobrevive.
7) Espécies: Atenção! O art.127 prevê uma causa de aumento de pena
a) Autoaborto e consentimento para o aborto – art. 124
de 1/3 a ser aplicada apenas ao terceiro que pratica aborto
do CP.
na gestante, com ou sem o consentimento dela, nos casos
em que em consequência do aborto ou dos meios empre-
• 1ª parte: “Autoaborto” é o aborto praticado pela pró-
gados para provocá-lo a gestante sofre lesão corporal de
pria gestante em si mesma. Tem como sujeito ativo a
natureza grave ou a pena é duplicada se sobrevém a morte
gestante e o sujeito passivo o feto. Consuma-se com
a morte do feto. Destaca-se que qualquer pessoa que da gestante. Algumas considerações:
auxilie a gestante nesta conduta será considerada • A pena somente é aplicada ao terceiro que pratica o
partícipe deste crime, pois é considerado crime de aborto com ou sem o consentimento da gestante, não
mão-própria o qual não admite coautoria. se aplicando a gestante, tendo em vista que o direito
• 2ª parte: “Consentir que terceiro lhe pratique o penal não pune a autolesão.
aborto” – ocorre quando a gestante consente que • Somente se aplica o aumento de pena de 1/3 se sobre-
uma terceira pessoa pratique o aborto nela. Nesta vier a gestante lesão corporal grave ou gravíssima. Se
situação, vemos uma coautoria, pois os sujeitos ati- a lesão for leve a causa de aumento de pena não será
vos deste crime serão tanto o terceiro que pratica as aplicada.
manobras abortivas quanto a gestante que lhe deu o • Se a gestante vier a falecer, a pena será duplicada.
Noções de Direito Penal

consentimento para tal prática. Todavia, aqui temos


uma exceção à Teria Monista adotada pelo Código Pe- Obs.: trata-se de crimes preterdolosos, ou seja, onde
nal, a qual prevê que “todos os que concorrem para o houve o dolo na prática do aborto e culpa no resul-
crime, respondem pelo mesmo crime”. Se não estivés- tado lesão grave ou morte da gestante. Se o terceiro
semos diante de uma exceção prevista pelo legislador, quis praticar o aborto e após quis lesionar ou matar a
tanto a gestante como o terceiro responderiam por gestante, o terceiro responderá pelo crime de aborto e
este crime previsto no art. 124 do CP. Porém, estamos lesão corporal grave ou homicídio.
diante da Exceção Pluralista à Teria Monista, porque
o próprio legislador previu que a gestante neste caso • Se mesmo que o crime de aborto não tenha se consuma-
responderá pelo crime descrito no art. 124 do CP e o do, mas a gestante tenha sofrido lesão grave ou morte,
terceiro que pratica manobras abortivas nela e com a aumento de pena será aplicado.

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d) Aborto legal – art. 128 do CP: causa especial de ex- Lesão corporal seguida de morte
clusão de ilicitude. § 3º Se resultar morte e as circunstâncias evidencia-
rem que o agente não quis o resultado, nem assumiu
• Aborto necessário: médico + não há outro meio para o risco de produzi-lo.
salvar a vida da gestante.
Não é necessário que o risco que a gestante sofre Diminuição de pena
seja atual, apenas deve ficar comprovado que o pros- Pena – reclusão de 4 a 12 anos.
seguimento da gravidez irá gerar risco de vida para § 4º Se o agente comete o crime impelido por motivo
a gestante. Deve ser praticado por médico, mas em de relevante valor social ou moral ou sob o domínio
um caso de emergência extrema em que não se pode de violenta emoção, logo em seguida a injusta pro-
esperar a chegada e de um médico, o aborto poderá vocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um
ser praticado por uma enfermeira. sexto a um terço.
• Aborto sentimental: médico + consentimento da
gestante ou seu representante lega se incapaz + crime Substituição da pena
de estupro. § 5º O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda
Neste caso, somente pode ser praticado por médico, substituir a pena de detenção pela de multa:
pois não há situação de emergência. Se cometido I  – se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo
pela própria gestante ou por uma enfermeira, estas anterior;
responderão pelo crime de aborto. Não é necessário II – se as lesões são recíprocas.
que haja uma condenação pelo crime de estupro, ape-
nas que o médico tenha prova da existência do crime. Lesão corporal culposa
§ 6º Se a lesão é culposa:
Atenção! Não há em nossa legislação a previsão de aborto Pena – detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano.
para casos em que durante os exames pré-natais verifique-
-se que o feto padece de alguma anomalia, mal formação Aumento de pena
ou doença grave. Nestes casos, a interrupção da vida será § 7º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer
considerada aborto. Aguarda-se o julgamento do STF acerca qualquer das hipóteses dos §§ 4º e 6º do art. 121 des-
dos fetos anencéfalos. te Código. (Redação dada pela Lei nº 12.720, de 2012)
§ 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do
Algumas Situações Peculiares: art. 121.
1) O agente quer o aborto e quer a morte da gestante:
responderá pelo crime de aborto e homicídio. Violência doméstica
2) O agente quer matar a mulher e sabe que ela está §  9º Se a lesão for praticada contra ascendente,
grávida, caso o feto também morra – responderá pelo crime descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou
de homicídio e aborto em dolo eventual, pois assumiu o risco com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda,
deste crime ao matar mulher. prevalecendo-se o agente das relações domésticas,
3) O agente quer matar a mulher e não sabe que ela de coabitação ou de hospitalidade:
está grávida e o feto vem a óbito – responderá apenas pelo Pena – detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
crime de homicídio. § 10. Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo,
se as circunstâncias são as indicadas no § 9º deste
Das Lesões Corporais artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).
§ 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será
Código Penal aumentada de um terço se o crime for cometido
contra pessoa portadora de deficiência.
Art.129. Ofender a integridade corporal ou a saúde § 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou
de outrem. agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
Pena – detenção de 3 meses a 1 ano. Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função
Lesão corporal de natureza grave ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, com-
§ 1º Se resultar: panheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau,
I – incapacidade para as ocupações a habituais, por em razão dessa condição, a pena é aumentada de um
mais de 30 dias; a dois terços. (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
II – perigo de vida;
III – debilidade permanente de membro, sentido ou 1) Conceito de lesão corporal: ofender a integridade
função; física ou a saúde de outrem. Abrange tanto a ofensas ao
Noções de Direito Penal

IV – aceleração de parto. corpo como ao funcionamento de órgãos. Assim, incluem


Pena – reclusão de 1 a 5 anos. a causação de hematomas, provocação de vômitos, convul-
§ 2º Se resultar: sões, desmaios.
I – incapacidade permanente para o trabalho; 2) Objeto jurídico: a incolumidade da pessoa em sua
II – enfermidade incurável; integridade física ou psíquica.
III  – perda ou inutilização de membro, sentido ou 3) Objeto material: o físico e o psíquico da vítima.
função; 4) Sujeito ativo: qualquer pessoa. É crime comum.
IV – deformidade permanente; 5) Sujeito passivo: qualquer pessoa.
V – aborto. 6) Consumação: com a ocorrência da lesão a integridade
Pena – reclusão de 2 a 8 anos. física ou psíquica da vítima.

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7) Espécies: Passemos a estudar cada uma das espécies.
a) Lesão corporal dolosa, ela pode ser classificada em: a) Lesão Corporal Leve:
• Leve – art. 129, caput; Conceito – Prevista no caput do art. 129 do CP, o seu
• Grave – art. 129, § 1º; conceito é retirado por exclusão, ou seja, será lesão corpo-
ral leve aquela que não for nem grave nem gravíssima. Da
• Gravíssima – art. 129, § 2º;
mesma maneira, ela não se confunde com a contravenção
• Seguida de morte – art. 129, § 3º. de vias de fato nem com o crime de injúria real. Portanto,
b) Lesão corporal culposa – art. 129, § 6º. é necessário não confundir os conceitos. Vejamos o quadro:

Lesão Leve Contravenção de Vias de Fato Injúria Real


Conceito previsto no art. 129 do CP. Conceito previsto no art.  21 da Lei Conceito previsto no art.  140, §  2º do CP,
É tido como por exclusão, não sendo de Contravenções Penais e consiste consiste na violência empregada com o fim
a lesão nem grave nem a gravíssima. em uma violência que é empregada, de humilhar a vítima. Exemplo: uma bofetada
todavia não causa qualquer dano ao leve na cara em público.
corpo da vítima. Exemplo seria um
empurrão.

Atenção! Com a Lei nº 9.099/1995, a lesão corporal leve passou a ser processada através da ação penal pública condi-
cionada à representação da vítima ou de seu representante legal (art. 88 da Lei nº 9.099/1995). As demais formas de lesões
corporais permanecem sendo processadas por meio de ação penal pública incondicionada.

Passemos a analisar as lesões corporais graves e gravíssimas:

Lesão Corporal Grave – Prevista no art. 129, § 1º, do CP. Lesão Corporal Gravíssima – Prevista no art. 129, § 2º, do CP.
I) Resultar incapacidade para ocupações habituais por mais I) Resultar incapacidade permanente para o trabalho
de 30 dias Aqui as agressões causaram incapacidade permanente e
Para o delito estar configurado é necessário que a vítima, não temporária para o trabalho, não se referindo às demais
devidos as lesões sofridas fique incapacitada para desenvol- atividades.
ver as suas atividades habituais. É necessária a realização de
exame de corpo de delito. Deve-se destacar que atividades
habituais são as condutas rotineiras da vítima como andar,
trabalhar, praticar esportes, não sendo, portanto, apenas o
trabalho. Da mesma forma, se a vítima conseguir desenvolver
suas atividades rotineiras e não as fizer apenas por vergonha
das lesões, não se tratará de lesão corporal grave e sim de
lesão corporal leve.
II) Resultar perigo de vida II) Resultar enfermidade incurável
Se a vítima em decorrência da lesão estiver correndo risco Das agressões surge uma enfermidade incurável, por exem-
de morte. Exemplo: em decorrência das lesões sofridas plo, atingido o pâncreas, diminui-se a produção de insulina
houve grande perda de sangue. Necessário se faz o exame e a vítima torna-se diabética.
de corpo de delito.
III) Resultar debilidade permanente de membro, sentido III) Perda ou inutilização de membro, sentido ou função
e função Muito semelhante ao item ao lado, todavia enquanto no inci-
Debilidade consiste na redução ou enfraquecimento da ca- so IV do § 1º do art. 129 fala-se em redução permanente, aqui
pacidade de funcionamento. Ela deve ser permanente para falamos em perda ou inutilização total de membros, sentidos
então estar configurada a lesão corporal grave. ou função. Exemplo: mutilação de um braço, amputação de
Membros – São braços e pernas. uma perna, perda da visão, incapacidade reprodutora.
Sentido – Olfato, visão, audição, paladar e tato.
Função – Digestiva, reprodutora, respiratória.
Assim, para se configurar o crime de lesão corporal grave a
agressão deve reduzir de forma permanente a capacidade
de membros, sentidos e função, por exemplo: diminuir os
movimentos de um braço, o paladar, o sistema circulatório.
IV) Aceleração do parto IV) Resultar aborto
Das agressões sofridas decorrer um parto prematuro. Só é Neste caso o aborto não foi praticado intencionalmente,
Noções de Direito Penal

aplicado quando o feto nasce com vida, pois se ocorrer o ele decorreu das agressões. É crime preterdoloso em que
aborto o crime será de lesão corporal gravíssima. o agente tem o dolo de praticar lesões corporais na vítima
que está gestante e por culpa acaba por cometer o aborto.
O agente deve saber que a vítima está grávida. Se o agente
tiver a intenção de também causar o aborto, não responderá
pelo crime de lesão corporal gravíssima e sim pelo crime de
aborto.
V) Resultar deformidade permanente
Se das agressões advir um dano estético como queimaduras
ou cicatrizes. O dano estético deve ser permanente.

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b) Lesão Corporal Seguida de Morte corporais em outrem, mesmo em momento algum tendo
É aquela prevista no art.  129, §  3º, do CP em que se pretendido alcançar este resultado.
verifica a presença do dolo na lesão corporal, todavia Diferentemente da lesão corporal dolosa, a culposa não
em decorrência desta acaba por advir uma morte cul- possui a classificação em graus de leve, grave ou gravíssima.
posa. O  agressor quis causar lesões corporais na vítima, A pena será aumentada de 1/3 nas seguintes situações –
todavia em nenhum momento quis a ocorrência de sua quando praticado com:
morte, nem tampouco assumiu o risco para que esta • inobservância de regra técnica de profissão ou ofício;
ocorresse. É um crime preterdoloso e assim, não admitem • deixar de prestar socorro;
tentativa. • não procura diminuir as consequências de seus atos;
Qual a diferença entre o crime de homicídio e de lesão • foge para evitar prisão em flagrante.
corporal seguida de morte, tendo em vista que nos dois casos Da mesma forma do homicídio culposo, na lesão corporal
teremos um cadáver estendido ao chão? culposa é cabível o perdão judicial. Relembrando:

– Perdão judicial:
Crime de Homicídio Crime de Lesão Corporal • quando o sofrimento percebido pelo próprio agente
seguida de Morte em face de sua conduta culposa for tão grande que torna a
Aqui o dolo é de matar. Aqui o dolo é de lesionar aplicação da pena insignificante;
Ex.: A atira em B com vonta- e por culpa (negligência, • aplica-se no momento da sentença;
de de matar e B morre. imprudência ou imperícia) a • natureza jurídica – causa de extinção da punibilidade.
vítima vem a morrer.
Ex.: A querendo lesionar B e) Violência Doméstica – Se a lesão corporal leve for
começa a espancá-lo, toda- praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge
via B acaba por morrer dos ou companheiro ou ainda prevalecendo-se o agente da
ferimentos. relação doméstica de coabitação e hospitalidade a pena
c) Lesão Corporal Privilegiada será de detenção de 6 meses a 1 ano.
Requisitos – Muito se assemelha ao crime de homicídio Todavia, se esta lesão for grave ou gravíssima ou seguida
privilegiado: se o agente comete o crime impelido por motivo de morte e for praticada contra estas mesmas pessoas a
de relevante valor social ou relevante valor moral ou sob pena será de 1/3.
o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta Da mesma forma, se quaisquer das pessoas elencadas
provocação da vítima (neste item se aplicam os mesmo acima forem portadoras de deficiência física, a  pena será
comentários atribuídos ao crime de homicídio privilegiado). aumentada de 1/3.
Consequências – O juiz pode reduzir a pena de um sex-
to a um terço. Da mesma forma, poderá, ainda o juiz, não Da Periclitação da Vida e da Saúde
sendo graves as lesões, substituir a pena de detenção pela
de multa, tanto no caso de lesão corporal privilegiada como Perigo de Contágio Venéreo – art. 130 do CP e Perigo
de lesões recíprocas. de Contágio de Moléstia Grave – art. 131 do CP
d) Lesão Corporal Culposa
Conceito – Quando o agente por praticar uma conduta Devido à proximidade destes dois crimes passemos a
imprudente, negligente ou imperita acaba por causar lesões estudá-los de forma comparativa:

Crime de Perigo de Contágio Venéreo – Art. 130 do CP Crime de Perigo de Contágio de Moléstia Grave – Art. 131 do CP
Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que
libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve está contaminado, ato capaz de produzir o contágio:
saber que está contaminado: Pena – reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.
Pena – detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa.
§ 1º Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Objeto jurídico: incolumidade física. Objeto jurídico: incolumidade física.
Sujeito ativo: qualquer pessoa contaminada com uma doença Sujeito ativo: qualquer pessoa contaminada com uma moléstia
venérea. grave.
Obs.: doença venérea é aquela sexualmente transmissível. Obs.: moléstia grave é qualquer doença que provoca séria per-
turbação da saúde, pouco importando se curável ou não, todavia
deve ser transmissível.
Sujeito passivo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: qualquer pessoa.
Noções de Direito Penal

Modo de execução do crime: mediante ato sexual ou qualquer Modo de execução do crime: qualquer meio como aperto de
ato libidinoso. É um crime de ação vinculada, em que o legislador mão, beijo, abraço, injeção, talheres.
prevê a forma em que o delito é praticado. Atenção! Se estivermos diante de uma doença venérea, sendo
ela grave e desde que ela não tenha sido transmitida através de
um ato sexual ou ato libidinoso, estaremos diante do presente
delito e não do crime previsto no art. 130 do CP.
O autor do delito sabe que é portador da doença (dolo direto) O autor de delito sabe da doença a qual é portador (dolo direto).
ou deveria saber (modalidade culposa). O tipo penal não traz a previsão de sua prática na modalidade
culposa. Assim, se por descuido pessoal o autor não sabe que
estar infectado com uma moléstia grave e por isso não toma os
devidos cuidados, não haverá crime.

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Será processada mediante ação penal pública condicionada a Será processada mediante ação penal pública incondicionada.
representação.
Consumação: ocorre com a prática do ato sexual ou do ato Consumação: com a prática do ato capaz de transmitir a molés-
libidinoso independentemente de haver contaminação. É crime tia grave, independentemente de haver contaminação. É crime
formal. formal.
Atenção! Dolo presente neste crime é classificado como dolo de Atenção! Aqui o dolo é de dano, pois o tipo penal prevê a con-
perigo, tendo em vista que o tipo penal afirma que a conduta duta de “praticar ato com o fim de transmitir moléstia grave”.
delituosa é “expor alguém a contágio de doença venérea”, não Neste caso a intenção do agente é o contágio da doença e não
sendo necessário a contaminação ou a morte da vítima. A sim- a simples exposição a uma situação de perigo.
ples exposição já cria uma situação de perigo.
§ 1º Se a intenção do agente é transmitir a doença”. Neste caso
a pena do crime é maior devido a presença do dolo de dano,
bem como o agente deve saber que está contaminado com uma
doença venérea.

Perigo para Vida ou Saúde de Outrem dano efetivo a alguém. A simples exposição já configura o
presente crime. É o chamado dolo de perigo.
Código Penal 5) Consumação: com a prática do ato que faz gerar a
situação de perigo.
Art. 132. Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo 6) Ação nuclear: a exposição a perigo pode ser praticada
direto e iminente: através de uma ação, por exemplo, agredir motorista de
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, se ônibus colocando em risco a vida de todos os passageiros,
o fato não constitui crime mais grave. ou por omissivo, patrão não concede aparelhos de segurança
Parágrafo único. A  pena é aumentada de 1/6 (um aos empregados.
sexto) a 1/3 (um terço) se a exposição da vida ou da 7) A conduta deve ser praticada em relação a pessoas
saúde de outrem a perigo decorre do transporte de determinadas.
pessoas para a prestação de serviços em estabele- 8) O perigo deve ser concreto.
9) Previsão expressão do princípio da subsidiariedade –
cimentos de qualquer natureza, em desacordo com
somente haverá o presente crime se o fato não constituir
as normas legais.
um delito mais grave.
1) Objeto jurídico: vida ou saúde de outrem. Abandono de Incapaz – art. 133 e Abandono de
2) Sujeito ativo: qualquer pessoa. Recém-Nascido – art. 134
3) Sujeito passivo: qualquer pessoa.
4) Elemento subjetivo: o crime consiste em expor alguém Passemos a estudar estes crimes de forma comparativa.
a uma situação de perigo, não necessitando que ocorra um Vejamos:

Abandono de Incapaz – Art. 133 do CP Abandono de Recém-Nascido – Art. 134 do CP


Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guardar, vi- Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra
gilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de própria:
defender-se dos riscos resultantes do abandono: Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos. § 1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
§ 1º Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave: Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos. § 2º Se resulta a morte:
§ 2º Se resulta a morte: Pena – detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.

Aumento de pena
§ 3º As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um
terço:
I – se o abandono ocorre em lugar ermo;
II – se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão,
tutor ou curador da vítima.
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.
Objeto jurídico: a vida e saúde do incapaz. Objeto jurídico: a vida e a saúde do recém-nascido.
Noções de Direito Penal

Sujeito ativo: pessoa que tenha o dever de zelar pelo in- Sujeito ativo: somente pode ser praticado pela mãe ou pelo
capaz, pois o tem sob o seu cuidado, vigilância, guarda ou pai para esconder uma gravidez indesejada.
autoridade.
Obs.: não havendo esta relação de assistência entre as partes
o crime poderá ser eventualmente de omissão de socorro,
art. 135 do CP.
Sujeito passivo: a pessoa que esta subordinada ao sujeito Sujeito passivo: o recém-nascido.
ativo.
Elemento subjetivo: dolo de abandonar, dolo de perigo Elemento subjetivo: dolo de abandonar, dolo de perigo
concreto. concreto.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Consumação: com o abandono a vítima sofre uma situação Consumação: quando o recém-nascido é abandonado.
de perigo concreto.
Forma qualificada (preterdolo): se do abandono resultar Forma qualificada (preterdolo): se do abandono resultar
lesão corporal grave ou a morte. lesão corporal grave ou a morte.
Haverá dolo de abandonar e culpa no resultado lesão grave Haverá dolo de abandonar e culpa no resultado lesão grave
ou morte. ou morte.
Aumento de pena de 1/3 se o abandono:
• ocorrer em lugar ermo (desabitado);
• o agente for ascendente, descendente, cônjuge, irmão
tutor e curador;
• vítima maior de 60 anos.

Crime de Omissão de Socorro são – responderá pelo crime de omissão de socorro


qualificado.
Código Penal • O agente tem dolo de omitir socorro e a vítima vem
Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando a falecer em decorrência desta omissão – responderá
possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abando- pelo crime de omissão de socorro qualificado.
nada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, • O agente tem dolo de matar, atira na vítima e estando
ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não esta ainda com vida, nega o socorro, vindo, então,
pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: a  vítima a falecer  – responderá apenas pelo crime
Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. de homicídio, sendo o crime de omissão de socorro
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se absorvido por se tratar de post factum impunível.
da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, • O agente comete um crime de homicídio culposo e
e triplicada, se resulta a morte. não presta socorro à vítima – responderá pelo crime
de homicídio culposo com causa de aumento de pena
1) Conduta: consiste em deixar de prestar socorro a (art. 121, § 4º do CP).
quem necessite.
2) Objeto jurídico: dever de assistência e solidariedade 8) Consumação: momento da omissão do socorro.
entre os homens. 9) Omissão de socorro no trânsito:
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa. a) aquele que age culposamente na direção de veículo
4) Sujeito passivo: as pessoas enumeradas na lei: automotor e causar lesões corporais e não socorre a vítima:
• criança abandonada; responderá pelo crime previsto no art. 303, parágrafo único,
• criança extraviada – perdida (perigo abstrato); III, do CTB (Lei nº 9.503/1997);
• pessoa inválida ao desamparo; b) aquele que se envolve em acidente automobilístico,
• pessoa ferida ao desamparo; todavia sem ter agido culposamente e causou lesão e não
• pessoa em grave e eminente perigo (perigo concreto). socorreu a vítima: responderá pelo crime previsto no art. 304
do CTB;
5) Elemento subjetivo: dolo de perigo. c) qualquer outra pessoa envolvida no acidente ou que
6) Elemento objetivo: o crime pode ser praticado de presencia o acidente e não presta socorro – responderá pelo
duas maneiras: crime previsto no art.135 do CTB.
a) falta de assistência imediata – Quando o agente pode
prestar o socorro pessoalmente, sem colocar em risco a sua Exemplo: A dirigindo o seu carro de forma imprudente vem
própria vida e mesma assim se omite; a bater no B, que com a pancada sobe na calçada e atropela
b) falta de assistência mediata – Quando o agente corre C que está no ponto de ônibus. D, pedestre, que também
risco em prestar socorro à vítima pessoalmente deve este está no ponto de ônibus não sofre nenhum ferimento.
solicitar ajuda imediatamente à autoridade pública. Tanto A, como B, como D não prestam socorro a C. Assim:
Obs.: o pedido de ajuda deve ser imediato. • A por estar dirigindo um veículo automotor de forma
imprudente, sua omissão de socorro está prevista no
Atenção! Havendo possibilidade de prestação de socorro Código de Trânsito – art. 303, parágrafo único, III do CTB.
pessoalmente ante a ausência de risco pessoal, o agente • B por estar dirigindo um veículo automotor, mesmo sem
assim deve proceder, pois não se trata de opção do agente, ter dado causa a ele, contribuiu para a ocorrência das
pois se tem condições de socorrer pessoalmente e não o faz, lesões, sua omissão de socorro está prevista no Código
responde pelo crime de omissão de socorro, ainda que peça de Trânsito – art. 304 do CTB.
auxílio imediato a autoridade competente. • D por ser um pedestre que a tudo presencia e nada faz,
responderá pelo crime de omissão de socorro previsto
no Código Penal – art. 135.
Noções de Direito Penal

7) Crime de omissão de socorro qualificadora: trata-se


de crime preterdoloso:
• se da omissão de socorro ocorrer lesão corporal na 10) Não confundir crimes omissivos próprios com crimes
vítima a pena é aumentada de ½; omissivos impróprios.
• se da omissão de socorro ocorrer a morte da vítima
a pena é triplicada. a) Crime omissivo próprio – Inexiste o dever jurídico
de agir. Assim para a omissão ter relevância causal com o
Todavia, não se deve confundir: resultado deve haver um tipo incriminador descrevendo a
omissão. Ex.: crime de omissão de socorro, art. 135 CP.
• O agente tem dolo de omitir socorro e a vítima vem b) Crimes omissivos impróprios (omissivos impuros, es-
a sofre lesão corporal em decorrência desta omis- púrios ou comissivos por omissão) – O agente possui o dever

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jurídico de agir previsto em uma norma e se omite. Há uma quer abusando de meios de correção ou disciplina:
norma dizendo o que deve ser feito, criando uma relação Pena – detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano,
causal. Omitindo-se, responderá pelo resultado ocorrido. ou multa.
O art. 13, § 2º descreve quem são as pessoas que possuem § 1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
o dever jurídico de agir: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
• Dever legal – Quando houver determinação específica § 2º Se resulta a morte:
em lei, ex.: pai, mãe, policial, bombeiro, mãe deixa de ama- Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
mentar o filho e este morre. § 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é
• Dever do garantidor – Quando o omitente assumiu por praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.
qualquer modo a obrigação de agir, podendo ser obrigação
contratual ou extracontratual. Ex.: olha meu filho para mim 1) Conduta: o crime prevê a situação de o agente, o qual
que eu vou dar um mergulho, e a pessoa se distrai e a criança tem um dever de cuidado em relação à vítima, acaba por
morre afogada. expor a perigo a vida desta, trazendo o tipo penal as formas
• Dever por ingerência da norma – Com o seu compor- desta exposição.
tamento anterior criou o risco. Ex.: “A” joga “B” na piscina e 2) Sujeito ativo: trata-se de crime próprio, pois o tipo
não procura salvá-lo, vindo “B” a falecer. penal descreve a existência de uma relação jurídica de subor-
dinação entre o autor da infração penal e a vítima: tal como
Nos três exemplos, a mãe, o desconhecido e o “A” têm de guarda, vigilância ou autoridade para fim de educação,
o dever jurídico de agir e se omitiram, respondendo então ensino, tratamento ou custódia o sobre a vítima. Ex.: pais,
pelo resultado ocorrido, qual seja, a morte, e, portanto, pelo tutores, carcereiro, professores, enfermeiros etc.
crime de homicídio, e não pelo crime de omissão de socorro. 3) Sujeito passivo: as pessoas subordinadas ao sujeito
Para finalizar o entendimento observe o exemplo a se- ativo.
guir: Maria está passeando no parque e avista uma criança se 4) Assim, o tipo penal prevê em seu texto a forma pela
afogando e nada faz, vindo a criança a morrer. Como Maria qual o sujeito ativo irá “expor a perigo de vida ou a saúde...”
não está relacionada dentre as pessoas que têm o dever ju- do sujeito passivo, sendo, portanto, classificado como um cri-
rídico de agir, responderá pelo crime de omissão de socorro me de ação vinculada. Desta forma, o sujeito ativo deve agir:
qualificado pela morte, classificado como crime omissivo • privando à vítima de alimentação;
próprio. Todavia, se um bombeiro avista um a criança se • privando à vítima de cuidados indispensáveis (trata-
afogando e nada faz, vindo a criança a morrer, como há o mento médico, agasalho);
dever jurídico de agir, responderá o bombeiro pelo resultado • ocasionando trabalho excessivo ou inadequado à vítima;
ocorrido, ou seja, pelo crime de homicídio, classificado aqui • abusando dos meios de disciplina e correção.
como crime omissivo impróprio.
5) Consumação: no momento da produção do perigo,
Condicionamento de atendimento médico-hospitalar sendo classificado como crime formal. É cabível a tentativa
emergencial nas figuras comissivas.
6) Crime de maus-tratos qualificado:
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória • Se dos maus-tratos resultar lesão corporal ou morte.
ou qualquer garantia, bem como o preenchimento
prévio de formulários administrativos, como condição 7) Causa de aumento de pena: a pena será aumentada
para o atendimento médico-hospitalar emergencial: de 1/3 se o crime for praticado contra menor de 14 anos.
(Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012) E se for contra um idoso? Tal conduta está previsto no es-
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e tatuto do idoso.
multa. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012)
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se Atenção! Não confundir o crime de maus-tratos com
da negativa de atendimento resulta lesão corporal o crime de tortura: se o meio empregado é muito intenso,
de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte. estará configurado o crime de tortura. A intensidade do sofri-
(Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012) mento físico e mental sentido pela vítima é o que diferencia
este crime do crime de maus-tratos.
1) Conduta: exigir garantia para atendimento médico-
-hospitalar em caso de emergência, bem como preenchi- Diferença entre:
mento prévio de formulário.
2) Sujeito ativo: pessoa responsável pelo primeiro aten- Crime de Maus-Tratos – Perigo para a Vida ou Saú-
dimento emergencial. Art. 136 do CP de de Outrem – Art. 132
3) Sujeito passsivo: qualquer pessoa. do CP.
4) Consumação: com a exigência. É crime formal. 1) Crime de ação vinculado, 1) Crime de ação livre, po-
5) A pena é aumentada de metade se da omissão re- pois o legislador prevê as dendo ser praticado de qual-
Noções de Direito Penal

sultar lesão corporal grave, e triplicada se resultar morte. formas de sua prática. quer forma.
2) Sujeitos ativo e passivo 2) Sujeitos ativo e passivo
Maus-Tratos previstos no tipo penal  – indeterminados.
crime próprio.
Código Penal
Da Rixa
Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa
sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim Código Penal
de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer
privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, Art.  137. Participar de rixa, salvo para separar os
quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, contendores:

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Pena – detenção, de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, Exceção da verdade
ou multa. § 3º Admite-se a prova da verdade, salvo: (Acrescen-
Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão corporal tado pela Lei nº 8.069, 13/7/1990)
de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participa- I – se, constituindo o fato imputado crime de ação
ção na rixa, a pena de detenção, de 6 (seis) meses a privada, o  ofendido não foi condenado por sen-
2 (dois) anos. tença irrecorrível; (Acrescentado pela Lei nº 8.069,
13/7/1990)
1) Conduta: participar de rixa salva para separar os II  – se o fato é imputado a qualquer das pessoas
contentores. indicadas no inciso I do art. 141; (Acrescentado pela
Lei nº 8.069, 13/7/1990)
Obs.: rixa é um tumulto, uma luta desordenada onde III – se do crime imputado, embora de ação pública,
não se sabe quem está agredindo a quem. Assim, quando o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
tratar-se de grupos rivais se enfrentando não há que se falar
rixa, pois as pessoas são identificáveis, respondendo cada 1) Conduta: imputar falsamente a alguém fato definido
qual pelas lesões corporais praticadas. como crime.
Ex.: João diz que Maria matou seu pai, todavia João sabe
2) Sujeito ativo: qualquer pessoa. Todavia, devem ser que quem matou seu pai foi Antônia.
várias pessoas, pois uma única pessoa jamais conseguirá
praticar este crime. Assim classifica-se como crime de con- Obs. 1: no crime de calúnia imputa-se fato criminoso
curso necessário. falso. Esta falsidade pode ser do fato criminoso (o crime não
3) Sujeito passivo: qualquer pessoa, desde que sejam várias. ocorreu) ou pode ser quanto à autoria (o crime ocorreu, mas
não foi aquela pessoa que cometeu).
Atenção 1! Não há crime na conduta de quem quer
separar os agressores.
Obs. 2: quando falamos em fato, significa a descrição de
uma situação, como no exemplo acima: “Maria matou meu
4) Consumação: com as múltiplas agressões.
pai”. Se apenas o agente disser “Maria, a assassina”, será o
5) Rixa qualificada: se das agressões advir lesão grave
crime de injúria, que trata-se de um xingamento, pois não
ou morte.
há a descrição de um fato.
Atenção 2! Todos os envolvidos na rixa responderão pelo
crime na sua forma qualificada, se do tumulto ocorrido, al- Obs. 3: se o agente pensa que o que diz não é falso,
gum dos participantes vier a sofrer uma lesão grave ou morte, ou seja, que a imputação é verdadeira há erro de tipo que
independentemente de terem sido os responsáveis por tais exclui o dolo.
resultados. Até mesmo a vítima das lesões graves responderá
por rixa qualificada. Todavia devemos considerar que: 2) Sujeito ativo: qualquer pessoa.
• se identificado o autor da lesão grave ou morte, este 3) Sujeito passivo: qualquer pessoa.
responderá pelo crime de lesão corporal grave ou 4) Consumação: no momento que a imputação chega aos
homicídio, bem como pelo crime de rixa. Os demais ouvidos de terceira pessoa. Trata-se de ofensa a honra obje-
participantes responderão pelo crime de rixa; tiva. É crime formal independe da ocorrência do resultado,
• se alguém participou do crime de rixa e saiu antes ou seja, do sujeito passivo se sentir ofendido.
de ocorrer uma lesão grave ou morte, responderá 5) Tentativa: é possível sua ocorrência apenas na forma
pelo crime de rixa qualificada, pois a sua participação escrita. Ex.: alguém escreve uma carta com a descrição de
contribuiu para ocorrência de tais resultados. fatos criminosos inverídicos e esta é lida por uma autoridade
• se alguém ingressou nas múltiplas agressões após a pública antes de chegar a seu destinatário.
ocorrência do resultado lesão grave ou morte, res- 6) O § 1º prevê que nas mesmas penas incorre quem
ponderá apenas pelo crime de rixa simples. propala (relata verbalmente) ou divulga (relata por qualquer
outro meio) sabendo falsa imputação. É o crime do fofo-
Dos Crimes Contra a Honra queiro – aquele que espalhou o crime do caput. Todavia, aqui
só cabe o dolo direto, ele tem que saber que a imputação
Conceito de honra: atributos morais, físicos e intelectuais é falsa.
de uma pessoa. Ela pode ser: 7) O § 2º prevê a punição do crime de calúnia contra os
• Honra objetiva: é o que os outros pensam de você. mortos. Mas atenção, o sujeito passivo neste caso não é o
• Honra subjetiva: sentimento que cada um tem a res- morto e sim seus familiares.
peito de seus próprios atributos. Autoestima. 8) Exceção da verdade: é um instituto previsto pelo
legislador como um meio de defesa. Só existe o crime de
Noções de Direito Penal

Calúnia calúnia se a imputação criminosa feita a outrem é falsa, se


Código Penal ela for verdadeira será fato atípico. A falsidade da imputação
é presunção relativa. Assim se o ofendido ingressa com uma
Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente ação criminal, é  possível ao ofensor alegar a exceção da
fato definido como crime: verdade provando que sua imputação é verdadeira. Ficando
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, provado que o fato imputado como crime é verdadeiro,
e multa. ocorrerá atipicidade do crime de calúnia, uma vez que a
§ 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a “falsidade” integra a descrição do crime.
imputação, a propala ou divulga. Assim no exemplo acima em que João alegou que Maria
§ 2º É punível a calúnia contra os mortos. matou seu pai, tendo Maria entrado com uma ação criminal

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de calúnia contra João, este poderá utilizar-se da exceção Injúria
da verdade, ou seja, tentar provar que realmente foi Maria
que matou seu pai. Se isto ficar comprovado, João não pra- Código Penal
ticou o crime de calunia, pois, o fato criminoso imputado é
verdadeiro. Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade
ou o decoro:
Atenção! A regra no crime de calúnia é caber a exceção Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
da verdade. Todavia, o  legislador optou por apresentar § 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena:
algumas hipóteses em que não será possível a utilização da I – quando o ofendido, de forma reprovável, provocou
exceção da verdade: diretamente a injúria;
a) fato imputado como crime de ação privada, o ofendido II – no caso de retorsão imediata, que consista em
outra injúria.
não foi condenado por sentença irrecorrível, pois se o ofensor
§ 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato,
quiser provar que sua ofensa é verdadeira estará passando
que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se
por cima da vítima real do crime e tocando em assunto que considerem aviltantes:
ela quis evitar; Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano,
b) se o fato é imputado ao Presidente da República ou e multa, além da pena correspondente à violência.
Chefe de governo estrangeiro; § 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos
c) se o ofendido foi absolvido pelo crime tanto em Ação referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a con-
Penal Pública, como em Ação Penal Privada em sentença dição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:
irrecorrível. Pena – reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.

Difamação 1) Conduta: é o xingamento, atribuição de qualidade


negativa. Ex.: assassino, ladrão, bêbado, safado, burro, im-
Código Penal becil, entre outros.
Obs. 1: não há descrição de nenhum fato como na calúnia
Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofen- e na difamação, apenas trata-se um xingamento.
sivo à sua reputação:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, 2) Sujeito ativo: qualquer pessoa.
e multa. 3) Sujeito passivo: qualquer pessoa.
4) Consumação: trata-se de crime contra a honra subje-
Exceção da verdade tiva e somente se consuma quando o fato chega ao conhe-
Parágrafo único. A exceção da verdade somente se cimento da vítima. Crime Formal.
admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa 5) Tentativa: é possível na forma escrita.
é relativa ao exercício de suas funções.” 6) Não cabe exceção da verdade, pois não há a impu-
tação de fato.
1) Conduta: imputar a alguém um fato ofensivo que não
seja crime. Obs. 2: na queixa-crime ou denúncia é necessário trans-
Ex.: Douglas sempre vai trabalhar embriagado. crever as palavras injuriosas sob pena de inépcia.

Obs. 1: na difamação é a imputação de um FATO DESON- 7) Injúria qualificada: se a injúria consiste na utilização
de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem,
ROSO, em que não importa se é verdadeiro ou falso, pois
pessoa idosa ou portadora de deficiência. Ex.: xingar a pessoa
será crime. Não se confunde com o crime de calúnia que é
de manco, velho caduco, negrinho.
um fato criminoso falso.
Obs. 3: não confundir com o crime de racismo previsto
Obs. 2: quando falamos em fato, significa a descrição de na Lei nº 7.716/1989. Estas são manifestações preconcei-
uma situação, como no exemplo acima: “Douglas sempre vai tuosas generalizadas ou a prática de algum tipo de segre-
trabalhar embriagado”. Se o que for dito tratar-se de “Dou- gação. Ex.: todo índio é safado e preguiçoso, ou neste clube
glas, bêbado”, o crime será de injúria, pois é um xingamento é proibida a entrada de negros ou deficientes.
e não a descrição de um fato.
Obs. 4: o crime de injúria qualificada visa pessoas deter-
Obs. 3: se o fato imputado for contravenção penal tam- minadas e não trata de segregações.
bém será difamação. 8) A lei prevê ao crime de injúria a possibilidade de apli-
2) Sujeito ativo: qualquer pessoa. cação do perdão judicial, no qual o juiz deixará de aplicar a
3) Sujeito passivo: qualquer pessoa. pena ao ofensor quando:
a) o ofendido de forma reprovável provocou diretamente
4) Consumação: quando terceira pessoa fica sabendo da
Noções de Direito Penal

(face a face) a injúria;


imputação. Crime formal. b) no caso de retorsão (revide, tão logo é ofendida a
5) Tentativa: somente possível por escrito. vítima também ofende).
6) Exceção da verdade: A regra é não caber exceção 9) Injúria real: se a injúria consiste em violência ou vias
da verdade no crime de difamação, já que na difamação é de fato. Ex.: tapa na cara, empurrão com o fim de humilhar,
indiferente que a imputação seja falsa ou verdadeira. levantar a saia, rasgar a roupa.
7) Hipótese de cabimento da exceção da verdade: a) se 10) Se ocorrer alguma lesão corporal o agente responderá
o fato é imputado a funcionário público e diz respeito ao pelo crime de injúria real + o crime de lesão corporal (que
exercício de suas funções. Assim se ofensor provar que é poderá ser leve, grave ou gravíssima).
verdadeira a imputação ocorrerá excludente específica de 11) Se ocorrer apenas vias de fato o agente responderá
ilicitude, já que a falsidade não integra o tipo penal. somente pelo crime de injúria real.

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Quadro Esquemático

Calúnia – Art. 138 do CP Difamação – Art. 139 do CP Injúria – Art. 140 do CP


Conduta: imputar falsamente a alguém fato definido Conduta: imputar a alguém um fato ofen- Conduta: é o xingamento, atribuição de qua-
como crime. sivo que não seja crime. lidade negativa.
No crime de calúnia imputa-se fato criminoso falso, Na difamação é a imputação de um fato Não há descrição de nenhum fato como na
que significa a descrição de uma situação. desonroso, em que não importa se é calúnia e na difamação, apenas trata-se um
verdadeiro ou falso, pois será crime. Não xingamento.
se confunde com o crime de calúnia que
é um fato criminoso falso.
Ex.: João diz que Maria matou seu pai, todavia João Ex.: Douglas sempre vai trabalhar em- Ex.: Maria assassina, Douglas bêbado.
sabe que quem matou seu pai foi Antônia. briagado.
Consumação: no momento que a imputação chega Consumação: quando terceira pessoa fica Consumação: Trata-se de crime contra a honra
aos ouvidos de terceira pessoa. Trata-se de ofensa a sabendo da imputação. Trata-se de ofensa subjetiva e somente se consuma quando o fato
honra objetiva. a honra objetiva. chega ao conhecimento da vítima.
A regra no crime de calúnia é caber a exceção da A regra é não caber exceção da verdade Não cabe exceção da verdade, pois não há a
verdade. no crime de difamação. imputação de fato.
Hipóteses em que não será possível a utilização da Hipótese de cabimento da exceção da Injúria qualificada: se a injúria consiste na
exceção da verdade: verdade: se o fato é imputado a funcio- utilização de elementos referentes a raça,
1) fato imputado como crime de ação privada, o ofen- nário público e diz respeito ao exercício cor, etnia, religião, origem, pessoa idosa ou
dido não foi condenado por sentença irrecorrível, pois de suas funções. Assim se ofensor provar portadora de deficiência. Ex.: xingar a pessoa
se o ofensor quiser provar que sua ofensa é verdadeira que é verdadeira a imputação ocorrerá de manco, velho caduco, negrinho.
estará passando por cima da vítima real do crime e excludente específica de ilicitude, já
tocando em assunto que ela quis evitar; que a falsidade não integra o tipo penal.
2) se o fato é imputado ao Presidente da República ou
Chefe de governo estrangeiro;
3) se o ofendido foi absolvido pelo crime tanto em
Ação Penal Pública, como em Ação Penal Privada em
sentença irrecorrível.
Injúria real: se a injúria consiste em violência ou
vias de fato. Ex.: tapa na cara, empurrão com o
fim de humilhar, levantar a saia, rasgar a roupa.

Disposições comuns Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha


praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de
Art. 141. As penas cominadas neste Capítulo meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se
aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em
é cometido: que se praticou a ofensa. (Incluído pela Lei nº 13.188,
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de 2015)
de governo estrangeiro; Art. 144. Se, de referências, alusões ou frases, se
II - contra funcionário público, em razão de suas infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga
funções; ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as
facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da dá satisfatórias, responde pela ofensa.
injúria. Art. 145. Nos crimes previstos neste Capítulo somen-
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou te se procede mediante queixa, salvo quando, no caso
portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
(Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003) Parágrafo único. Procede-se mediante requisição
Parágrafo único. Se o crime é cometido mediante do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput
paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena do art. 141 deste Código, e mediante representação
em dobro. do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo,
bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código.
Exclusão do crime (Redação dada pela Lei nº 12.033. de 2009)
Art. 142. Não constituem injúria ou difamação pu-
nível: Considerações Gerais acerca dos Crimes Contra a
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, Honra
pela parte ou por seu procurador;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística Tais considerações abaixo descritas, aplicam-se a todos
ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de os crimes contra a honra: calúnia, difamação e injúria.
injuriar ou difamar; 1) Sujeito ativo: apresentamos em relação aos três
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário
Noções de Direito Penal

crimes como sendo qualquer pessoa o seu sujeito ativo.


público, em apreciação ou informação que preste no Todavia, há exceções:
cumprimento de dever do ofício. a) Imunidade parlamentar: segundo o art. 53 da CF,
Parágrafo único. Nos casos dos ns. I e III, responde os  deputados e senadores são invioláveis em palavras
pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publi- quando no exercício do mandato. Assim, se um deputado
cidade. quando estiver discursando na Tribuna do Congresso Nacio-
nal e disser, por exemplo, “Vossa Excelência é um corrupto,
Retratação desonesto, que desviou o dinheiro público para compra de
Art. 143. O querelado que, antes da sentença, se Fazendas”, não estará praticando o crime de calúnia, nem
retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica difamação, nem injúria. Porém, se este mesmo parlamentar
isento de pena. estiver na reunião de condomínio de seu prédio e ofender a

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um vizinho, não estará no exercício de suas funções e assim e) a retratação independe de aceitação da vítima;
praticará os crimes contra a honra. f) a retratação somente será aplicada em relação aos
b) Vereadores: da mesma forma o art. 29, VIII da CF prevê crimes de calúnia e difamação.
que os vereadores também possuem a mesma inviolabilidade
dos parlamentares, todavia, além de terem que estar no exer- 7) Pedido de Explicação: está previsto no art. 144 do CP
cício de suas funções, devem também estar na circunscrição e trata-se de meio utilizado pelo ofendido para obter escla-
do seu município. Assim, se um vereador vai até uma rádio recimento acerca das palavras proferidas pelo ofensor, para
da cidade vizinha discursar e ali pronunciar palavras contra a então decidir se irá ou não ingressar com uma ação criminal.
honra de alguém, apesar de estar no exercício de suas funções, São os requisitos legais:
estará fora de sua circunscrição e praticará, então, um crime. a) o pedido de explicação é facultativo;
c) Advogado: segundo a Lei nº 8.906/1994 (Estatuto da b) deve ser realizado antes do oferecimento da denúncia
OAB), os advogados possuem imunidade, não praticando injúria ou queixa-crime;
e difamação no exercício regular de suas atividades, sem preju- c) é utilizada quando a vítima fica com dúvida acerca de
ízo das sanções aplicáveis pela OAB. Assim, em uma audiência ter sido ofendida;
se o advogado disser: “Excelência, está mulher se prostitui, não d) o Juiz receberá o pedido, notificará o autor da imputa-
cuida de seus filhos, é preguiçosa, descuidada, não pode ficar ção para se explicar. Com ou sem resposta do ofensor, o Juiz
com a guarda das crianças”, não terá praticado crime algum. No entregará os autos ao requerente, não julgando o pedido
entanto, se disser: “Esta mulher trafica drogas” e este fato for de explicação;
inverídico, o advogado terá praticado o crime de calúnia, pois e) o pedido de explicação não interrompe o prazo de-
a sua imunidade não alcança tal ilícito penal. cadencial para queixa crime, mas torna o juízo prevento.
8) Ação Penal:
2) Sujeito passivo: pode ser qualquer pessoa – desonra- a) Regra: os crimes contra a honra serão processados
do, doente mental, menor de idade, pessoa jurídica (somente mediante Ação Penal Privada.
em relação ao crime de calúnia no que tange a crimes am- b) Exceção:
bientais; todavia em relação ao crime de difamação e injúria
• será processada mediante Ação Penal Púbica Condicio-
não há a possibilidade de sua prática, pois a pessoa jurídica
nada a Requisição do Ministro da Justiça – quando a ofensa
não possui honra subjetiva) e o morto (tendo em vista que
for praticada contra o Presidente da República ou Chefe de
o sujeito passivo será a família).
Governo Estrangeiro;
3) O consentimento da vítima exclui o crime porque a
honra é um bem disponível. Se a pessoa aceita o fato que • será processada mediante Ação Penal Pública Condi-
lhe é imposto ou o xingamento, não haverá crime. cionada a Representação da vítima ou seu representante
4) Causas de aumento de pena, 1/3 (art.141): aplicam-se legal – quando a ofensa for praticada contra o funcionário
a todos os crimes: público no exercício de suas funções e no caso de injúria real
a) contra o Presidente da República ou Chefe de Governo quando a lesão corporal for de natureza leve;
estrangeiro (se a calúnia ou difamação contra o Presidente • será processada mediante Ação Penal Pública Incondi-
tiver motivação política e lesão real ou potencial a bens cionada no caso de injúria real e a lesão corporal for grave
inerentes à Segurança Nacional, haverá crime contra a Se- ou gravíssima.
gurança Nacional – Lei nº 7.170/1983);
b) contra funcionário público em razão de suas funções, des- Dos Crimes Contra a Liberdade Individual
de que aja nexo de causalidade da ofensa com a função exercida;
c) na presença de várias pessoas que facilite a divulgação Constrangimento Ilegal
(mínimo de três pessoas. Não se computa coautores e os que
não podem entender os fatos); Código Penal
d) contra maior de 60 anos ou portador de deficiência, exce-
to no caso de injúria, pois como vimos será injúria qualificada; Art. 146. Constranger alguém, mediante violência ou
e) será em dobro se o crime é cometido mediante paga grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por
ou promessa de recompensa.
qualquer outro meio, a capacidade de resistência,
a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela
5) Causas especiais de exclusão da antijuridicidade: não
não manda:
constituem injúria ou difamação:
a) ofensa ocorrida em juízo na discussão da causa pela Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano,
parte ou seu procurador (advogado é aplicado o estatuto da ou multa.
OAB. A ofensa tem nexo com a causa. Ofensa contra o juiz
não se aplica tal excludente); Aumento de pena
b) opinião desfavorável da crítica literária, artística e §  1º As penas aplicam-se cumulativamente e em
científica; dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem
c) conceito desfavorável emitido por funcionário público mais de três pessoas, ou há emprego de armas.
em cumprimento de dever de ofício. § 2º Além das penas cominadas, aplicam-se as cor-
Noções de Direito Penal

respondentes à violência.
6) Retratação: retirar o que foi dito. O  ofensor tem a § 3º Não se compreendem na disposição deste artigo:
possibilidade de se retratar desde que preenchido os re- I – a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consen-
quisitos abaixo: timento do paciente ou de seu representante legal,
a) a retratação deve ocorrer antes da sentença; se justificada por iminente perigo de vida;
b) a retratação de ser total e incondicional; II – a coação exercida para impedir suicídio.
c) a retratação causará a extinção da punibilidade
(art. 107, VI ); 1) Conduta: constranger alguém mediante violência ou
d) por se tratar de circunstância subjetiva, a retratação grave ameaça ou reduzindo a sua capacidade de resistência
não se comunicando com os demais coauotres, somente a não fazer o que a lei permite ou fazer aquilo que ela não
será aplicada àquele que se retratou; manda.

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Obs.: constranger – obrigar, coagir. O crime pode ser Crime de Constrangimento Crime de Ameaça
praticado de duas maneiras: Ilegal
a) obrigar a vítima a fazer algo, por exemplo, obrigar a
Conduta: constranger al- Conduta: ameaçar alguém
vítima a ir a um local em que ela não deseja. guém mediante violência ou de causa mal grave ou in-
b) obrigar a vítima a deixar de fazer algo, exemplo, obriga grave ameaça ou reduzindo justo.
a vítima a deixar de ir prestar um concurso público. a sua capacidade de resis-
tência a não fazer o que a lei
2) Objeto jurídico: a liberdade de agir do cidadão, dentro permite ou fazer aquilo que
dos limites da lei. ela não manda.
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Sujeito ativo/Sujeito passi- Sujeito ativo/Sujeito passi-
4) Sujeito passivo: qualquer pessoa.
vo: qualquer pessoa. vo: qualquer pessoa.
5) Modo de execução do crime: mediante violência, grave
ameaça ou reduzindo a capacidade de resistência da vítima. Consumação: quando a ví- Consumação: quando a
6) Consumação: quando a vítima toma a atitude preten- tima toma a atitude preten- vítima toma conhecimento
dida pelo agente. É crime material. dida pelo agente. É  crime da ameaça, independen-
7) Crime subsidiário: na existência de um delito mais material. temente de se sentir ame-
grave, como, por exemplo, roubo, extorsão, estupro, o crime drontada. É crime formal.
de constrangimento ilegal ficará afastado. Crime subsidiário: na exis- Crime subsidiário: na exis-
8) Causa de aumento de pena do crime de constrangi- tência de um delito mais tência de um delito mais
mento ilegal: grave, como, por exemplo, grave, como, por exemplo,
a) praticado por mais de três pessoas, ou seja, há a ne- roubo, extorsão, estupro, roubo, extorsão, estupro,
cessidade de serem pelo menos quatro pessoas; o crime de constrangimento o crime de constrangimento
b) emprego de armas, abrange tanto as armas próprias ilegal ficará afastado. ilegal ficará afastado.
(arma de fogo,faca, punhal) quanto as armas impróprias
(navalha, faca de cozinha). Sequestro ou Cárcere Privado
9) Excludente de ilicitude: não irá configurar o crime de
constrangimento ilegal: Código Penal
a) a intervenção médico cirúrgica sem o consentimento
do paciente ou de seu representante legal, se houver imi- Art. 148. Privar alguém de sua liberdade, mediante
nente perigo de vida; sequestro ou cárcere privado:
b) coação para evitar o suicídio. Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 1º A pena é de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos:
Ameaça I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge
ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta)
Código Penal anos;
II – se o crime é praticado mediante internação da
Art.  147. Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou vítima em casa de saúde ou hospital;
gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar- III  – se a privação da liberdade dura mais de 15
-lhe mal injusto e grave: (quinze) dias;
Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (de-
Parágrafo único. Somente se procede mediante zoito) anos;
representação. V – se o crime é praticado com fins libidinosos.
§  2º Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos
1) Conduta: ameaçar alguém de causa mal grave ou ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico
injusto. ou moral:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos
Obs: ameaçar – Intimidar alguém por meio de palavras,
1) Conduta: privar alguém de sua liberdade.
gestos, escrita. A ameaça deve ser grave (de morte, lesões) e
injusta (não acolhida pela lei). Assim, se houver a ameaça de
Obs.: não confundir o crime de sequestro (privar alguém
processar judicialmente alguém que está lhe devendo uma
de sua liberdade) com o crime de extorsão mediante se-
quantia em dinheiro, não será crime de ameaça, pois esta questro (privar alguém de sua liberdade no intuito de obter
conduta é prevista em lei, e, portanto, justa. um resgate).
A doutrina coloca, ainda, que a ameaça deve ser veros- Exemplo de crime de sequestro: privar uma filha de sua
símil (plausível de acontecer) e iminente. liberdade trancafiando-a no porão de casa por anos. Não
há que se falar em extorsão mediante sequestro, pois em
2) Objeto jurídico: a liberdade e tranquilidade das pessoas.
Noções de Direito Penal

nenhum momento houve a requisição de resgate.


3) Sujeito ativo: qualquer pessoa.
4) Sujeito passivo: qualquer pessoa. 2) Objeto jurídico: a liberdade de ir e vir do cidadão.
5) Consumação: quando a vítima toma conhecimento 3) Sujeito ativo: qualquer pessoa.
da ameaça, independentemente de se sentir amedrontada. 4) Sujeito passivo: qualquer pessoa.
É crime formal. 5) Consumação: com a privação de liberdade. Trata-se de
6) Crime subsidiário: na existência de um delito mais crime permanente, ou seja, aquele em que a consumação
grave, como por exemplo, roubo, extorsão, estupro, o crime se prolonga no tempo. Se uma pessoa encontra-se privada
de constrangimento ilegal ficará afastado. de sua liberdade por anos, a consumação do crime estará
A principal diferença entre o crime de constrangimento acontecendo a todo momento, e quando descoberto caberá
ilegal e ameaça consiste no momento consumativo: prisão em flagrante.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
6) Causas de aumento de pena do crime de sequestro: 8) Crime de redução a condição análoga de escravo
• Se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge, qualificado:
companheiro ou maior de 60 anos. a) se cometido contra criança ou adolescente;
• Se o crime é praticado mediante internação da vítima. b) por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião
• Se a privação da liberdade dura mais de 15 dias. ou origem.
• Se o crime é praticado contra menor de 18 anos.
• Se o crime é praticado com fins libidinosos. Violação de Domicílio

Obs. 2: se efetivamente ocorrer um estupro, o agente Código Penal


responderá pelo crime de sequestro e estupro.
Art. 150. Entrar ou permanecer, clandestina ou
7) Crime de sequestro qualificado: se do sequestro astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou
resultar grave sofrimento físico ou mental. tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas
dependências:
Redução a Condição Análoga de Escravo Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.
§ 1º Se o crime é cometido durante a noite, ou em
lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de
Código Penal
arma, ou por duas ou mais pessoas:
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de
além da pena correspondente à violência.
escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou
§ 2º Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é co-
a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições
metido por funcionário público, fora dos casos legais,
degradantes de trabalho, quer restringindo, por ou com inobservância das formalidades estabelecidas
qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida em lei, ou com abuso do poder.
contraída com o empregador ou preposto: § 3º Não constitui crime a entrada ou permanência
Pena – reclusão, de dois a oito anos, e multa, além em casa alheia ou em suas dependências:
da pena correspondente à violência. I – durante o dia, com observância das formalidades
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: legais, para efetuar prisão ou outra diligência;
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por II – a qualquer hora do dia ou da noite, quando al-
parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local gum crime está sendo ali praticado ou na iminência
de trabalho; de o ser.
II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho § 4º A expressão “casa” compreende:
ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do I – qualquer compartimento habitado;
trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. II – aposento ocupado de habitação coletiva;
§ 2º A pena é aumentada de metade, se o crime é III  – compartimento não aberto ao público, onde
cometido: alguém exerce profissão ou atividade.
I – contra criança ou adolescente; § 5º Não se compreendem na expressão “casa”:
II  – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, I – hospedaria, estalagem ou qualquer outra habita-
religião ou origem. ção coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do
nº II do parágrafo anterior;
1) Conduta: reduzir alguém a condição análoga à de es- II – taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
cravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada
exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de tra- 1) Conduta: entrar ou permanecer clandestinamente,
balho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção astuciosamente ou contra a vontade expressa ou tácita de
em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto. quem de direito, em casa alheia ou suas dependências.

Obs.: “Reduzir alguém a condição análoga à de escravo” – Obs.: algumas considerações:


sujeitar uma pessoa ao poder de outra. a) entrar em casa alheia – ingressar sem autorização;
b) permanecer em casa alheia – o ingresso foi autoriza-
2) Objeto jurídico: liberdade do cidadão. do pelo morador, todavia em dado momento solicitou-se a
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa. retirada do agente e ele permaneceu.
4) Sujeito passivo: qualquer pessoa.
5) Modo de execução do crime: é um crime classificado 2) Sujeito ativo: qualquer pessoa.
como de ação vinculada, pois o tipo penal prevê as forma pelas 3) Sujeito passivo: morador. A lei diz “de quem de direi-
quais irá se reduzir alguém a condição análoga à de escravo: to”. Assim inclui proprietário, locatário, possuidor.
a) submetendo a trabalhos forçados; 4) Conceito de casa para o crime de violação de domicílio:
b) submetendo a jornada exaustiva; a) qualquer compartimento habitado e suas adjacências
c) sujeitando a condições degradantes de trabalho; (quintal, garagem, jardim);
Noções de Direito Penal

d) restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em b) aposento ocupado de habitação coletiva (quarto de
razão de dívida contraída com o empregador ou preposto. hotel);
6) Consumação: quando o agente efetivamente reduz c) compartimento não aberto ao público, onde alguém
alguém a condição análoga de escravo. É crime material. exerce profissão ou atividade (consultório médio, escritório
7) Figuras equiparadas: também considera-se crime de de advocacia, parte interna de uma oficina).
redução a condição análoga de escravo: 5) Modo de execução do crime: o ingresso ou perma-
a) cerceiar o uso de qualquer meio de transporte por par- nência em casa alheia deve ocorrer:
te do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho; a) clandestinamente – sem a percepção do morador;
b) manter vigilância ostensiva no local de trabalho ou se b) astuciosamente – com emprego de fraude;
apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, c) contra a vontade expressa ou tácita de quem de di-
com o fim de retê-lo no local de trabalho. reito – expressa é a verbalizada; tácita é a comportamental.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
6) Consumação: quando a vítima entra ou permanece em parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir correspon-
sem autorização em casa alheia. dência, ou revelar a estranho seu conteúdo.
7) Crime de violação de domicílio qualificada:
• Se praticado durante a noite – ausência de luz solar; Obs.: trata-se de um tipo misto alternativa, pois em
• Lugar ermo – desabitado; um único tipo penal há a previsão de 4 condutas – desviar
• Com violência contra a pessoa ou coisa; (dá rumo diverso), sonegar (esconder), subtrair (furtar) ou
• Emprego de arma – tanto arma própria (faca, punhal, suprimir (destruir) correspondência comercial, abusando da
revolver), como arma imprópria (faca de cozinha, condição de sócio ou empregado.
navalha);
• Por duas ou mais pessoas. 2) Objeto jurídico: inviolabilidade das correspondências.
8) Causa de aumento de pena: se praticado por funcio- 3) Objeto material: a correspondência comercial.
nário público. 4) Sujeito ativo: é crime próprio e somente pode ser
9) Excludente de ilicitude: não haverá crime de violação praticado pelo sócio ou empregado do estabelecimento
de domicílio quando praticado nas seguintes condições: comercial ou industrial.
• durante o dia com observância das formalidades 5) Sujeito passivo: o estabelecimento comercial ou
industrial.
legais;
6) Consumação: com o desvio, sonegação, subtração ou
• a qualquer hora do dia ou da noite: com autorização
supressão de correspondência comercial.
do morador, em caso de flagrante delito, em caso de
desastre e para prestar socorro a alguém. Divulgação de Segredo
Violação de Correspondência Código Penal
Código Penal Art. 153. Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo
de documento particular ou de correspondência con-
Art.  151. Devassar indevidamente o conteúdo de
fidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja
correspondência fechada, dirigida a outrem:
divulgação possa produzir dano a outrem:
Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
§ 1º-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilo-
Sonegação ou destruição de correspondência
sas ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou
§ 1º Na mesma pena incorre: não nos sistemas de informações ou banco de dados
I  – quem se apossa indevidamente de correspon- da Administração Pública:
dência alheia, embora não fechada e, no todo ou em Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
parte, a sonega ou destrói; § 1º Somente se procede mediante representação.
Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica § 2º Quando resultar prejuízo para a Administração
ou telefônica Pública, a ação penal será.
II – quem indevidamente divulga, transmite a outrem
ou utiliza abusivamente comunicação telegráfica 1) Conduta: divulgar conteúdo de documento particular
ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação ou correspondência confidencial cuja divulgação possa pro-
telefônica entre outras pessoas; duzir dano a outrem.
III – quem impede a comunicação ou a conversação
referidas no número anterior; Obs.: é necessário que a informação seja vinculada
IV  – quem instala ou utiliza estação ou aparelho através de documento particular ou de correspondência
radioelétrico, sem observância de disposição legal. confidencial.
§ 2º As penas aumentam-se de metade, se há dano
para outrem. 2) Objeto jurídico: inviolabilidade de segredo.
§ 3º Se o agente comete o crime, com abuso de 3) Sujeito ativo: destinatário da correspondência.
função em serviço postal, telegráfico, radioelétrico 4) Sujeito passivo: a pessoa que pode sofrer o dano com
ou telefônico: a divulgação do segredo.
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos. 5) Consumação: quando o segredo é divulgado para um
§ 4º Somente se procede mediante representação, número indeterminado de pessoas, sendo desnecessário
salvo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º. que alguém sofra efetivamente um prejuízo. É crime formal.
6) O crime deve ser praticado “sem justa causa”, ou seja,
Obs.: este artigo foi tacitamente revogado pelo art. 40 o  segredo deve ser divulgado sem que exista um motivo
da Lei nº 6.538/1978. razoável para tal conduta.
Correspondência Comercial Violação do Segredo Profissional
Código Penal Código Penal
Noções de Direito Penal

Art. 152. Abusar da condição de sócio ou empregado Art. 154. Revelar alguém, sem justa causa, segredo,
de estabelecimento comercial ou industrial para, de que tem ciência em razão de função, ministério,
no todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir
suprimir corre spondência, ourevelar a estranho dano a outrem:
seu conteúdo: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano,
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. ou multa.
Parágrafo único.  Somente se procede mediante Parágrafo único. Somente se procede mediante
representação. representação.
1) Conduta: abusar da condição de sócio ou empregado Art.  154-A. Invadir dispositivo informático alheio,
de estabelecimento comercial ou industrial para, no todo ou conectado ou não à rede de computadores, mediante

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violação indevida de mecanismo de segurança e com DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou infor-
mações sem autorização expressa ou tácita do titular
do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter
Furto
vantagem ilícita: (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, Código Penal
e multa. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
§ 1º Na mesma pena incorre quem produz, oferece, Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa
distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa alheia móvel:
de computador com o intuito de permitir a prática Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
da conduta definida no caput. (Incluído pela Lei § 1º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é
nº 12.737, de 2012) praticado durante o repouso noturno.
§ 2º Aumenta‑se a pena de um sexto a um terço se § 2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno va-
da invasão resulta prejuízo econômico. (Incluído pela lor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de
Lei nº 12.737, de 2012)
reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois
§ 3º Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo
de comunicações eletrônicas privadas, segredos terços, ou aplicar somente a pena de multa.
comerciais ou industriais, informações sigilosas, § 3º Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou
assim definidas em lei, ou o controle remoto não qualquer outra que tenha valor econômico.
autorizado do dispositivo invadido: (Incluído pela Lei
nº 12.737, de 2012) Furto Qualificado
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, § 4º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos,
e multa, se a conduta não constitui crime mais grave. e multa, se o crime é cometido:
(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) I – com destruição ou rompimento de obstáculo à
§ 4º Na hipótese do § 3o, aumenta‑se a pena de um a subtração da coisa;
dois terços se houver divulgação, comercialização ou II  – com abuso de confiança, ou mediante fraude,
transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados escalada ou destreza;
ou informações obtidos. (Incluído pela Lei nº 12.737,
III – com emprego de chave falsa;
de 2012)
§ 5º Aumenta‑se a pena de um terço à metade IV – mediante concurso de duas ou mais pessoas.
se o crime for praticado contra: (Incluído pela Lei § 5º A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos,
nº 12.737, de 2012) se a subtração for de veículo automotor que venha a
I – Presidente da República, governadores e prefeitos; ser transportado para outro Estado ou para o exterior
(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
II – Presidente do Supremo Tribunal Federal; (Incluído 1) Conceito: subtrair para si ou para outrem, coisa alheia
pela Lei nº 12.737, de 2012) móvel.
III – Presidente da Câmara dos Deputados, do Sena-
do Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, da Obs.: passemos a analisar cada elemento do tipo penal:
Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara a) Subtrair – pode ser praticado de duas formas:
Municipal; ou (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) • Lançar mão de bem, tirando-o do poder de alguém,
IV – dirigente máximo da administração direta e
ex.: O agente entre em uma loja, furtando uma blusa
indireta federal, estadual, municipal ou do Distrito
Federal. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) sem ninguém perceber.
• Quando a vítima entrega o bem na mão do agente,
Ação penal (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) mas não autoriza a sua retirada. Ex.: a vendedora
Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, so- entrega a blusa na mão do agente para este provar,
mente se procede mediante representação, salvo se quando ela se distrai ele sai da loja levando a blusa
o crime é cometido contra a administração pública sem pagar. Aqui é o caso em que o agente tem a
direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União, posse vigiada do bem. Não confundir com crime de
Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra em- apropriação indébita, que estudaremos logo a frente,
presas concessionárias de serviços públicos. (Incluído onde o agente tem a posse desvigiada do bem.
pela Lei nº 12.737, de 2012)
b) Coisa móvel – que pode ser removido. Não se utiliza a
1) Conduta: revelar segredo que tem ciência em razão de
função, ministério, ofício ou profissão, o qual possa produzir classificação de bens móveis e imóveis do Código Civil, pois se
dano a outrem. Ex.: advogado, médico, padre que revelam um bem classificado como imóvel para o Direito Civil puder
informações obtidas no exercício de suas atividades. ser removido, ele será objeto material do crime de furto.
2) Objeto jurídico: inviolabilidade de segredo. • Da mesma forma os semoventes e os animais quando
3) Sujeito ativo: são os confidentes das informações obti- tiverem dono podem ser objeto de furto.
Noções de Direito Penal

das através de suas funções, ministérios, ofícios ou profissões. • O artigo 155 parágrafo 3º equipara à coisa móvel a
4) Sujeito passivo: quem sofre com o dano da divulgação energia com valor econômico. Assim pode ser objeto
do segredo. de furto a energia elétrica, a TV a cabo, a internet, bem
5) Consumação: no momento que o segredo chega a como a energia genética, que é o caso de sêmen de
terceiros, mesmo que não cause dano a vítima. animais.
6) Se o agente tomar conhecimento do segredo em
razão da função pública o crime será de Violação de Sigilo • O ser humano não poderá ser objeto de furto pois
Profissional, art. 325 do CP. não é coisa, tratando-se pois do crime de sequestro.
7) O crime deve ser praticado “sem justa causa”, ou seja, • Cadáver poderá ser objeto de furto se pertencer a
o  segredo deve ser divulgado sem que exista um motivo um museu ou universidade, do contrário será o crime
razoável para tal conduta. previsto no artigo 211 do CP.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
c) Coisa alheia – que tem dono. Assim: Obs.: verifica-se que se o crime de furto for praticado
• Res nullius (coisa que nunca teve dono) e res derelicta durante o repouso noturno a pena será aumentada de 1/3.
(coisa abandonada)  – não são objetos do crime de Todavia, o que é repouso noturno? Este não se confunde
furto. com noite, que é ausência de luz solar. O repouso noturno é
• Res despereticta (coisa perdida) – se a coisa está per- verificado quando determinada localidade dorme, momento
dida é porque tem dono, podendo tratar-se de crime em que o patrimônio fica mais vulnerável, e, portanto, mais
de furto, se a coisa foi encontrada em local privado, fácil de ser subtraído. Assim, por vezes em uma capital,
ou crime de apropriação de coisa achada, art. 169, às 20h30min já é noite, mas não podemos dizer que aquela
parágrafo único, II do CP, se encontrada em local cidade está tranquila, pois na verdade deve estar ainda en-
público. frentando alguns congestionamentos.

d) Para si ou para outrem – a subtração da coisa alheia 8) Furto privilegiado: se o criminoso é primário, e é de
móvel deve ter o fim de assenhoramente definitivo, ou seja, pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena
não há a intenção de devolver. Assim aqui surge a figura do de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços,
furto de uso: ou aplicar somente a pena de multa.

Furto de uso – quando o agente desde o início tem in- Obs.: são requisitos para aplicação do furto privilegiado:
tenção de usar momentaneamente a coisa alheia móvel e a a) Primariedade do criminoso – Primário é o não reinci-
devolvê-la, bem como restitui o bem que utilizou de forma dente, ou seja, aquele que após o trânsito em julgado de uma
imediata e integral. Ex.: o agente pega a bicicleta de seu sentença condenatória não praticou mais nenhum crime.
vizinho, sem autorização deste para ir ao trabalho e logo b) Coisa de pequeno valor – Segundo a jurisprudência é
após o final do expediente a restitui sem nenhum dano. Não aquela cujo valor não excede a um salário mínimo.
haverá crime de furto.
Atenção: Não confundir “coisa de pequeno valor” com
2) Objetivo jurídico: patrimônio. “coisa de valor insignificante”. A primeira trata-se de furto
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa. privilegiado se conjugado com o fato do criminoso ser pri-
4) Sujeito passivo: qualquer pessoa física ou jurídica. mário. A segundo é a aplicação do princípio da insignificância
5) Consumação e tentativa: há três teorias para explicar que torna o fato atípico, como, por exemplo, furtar uma
o momento consumativo do crime de furto: caneta comum.
a) Teoria da Apphreensio  – Para o crime de furto se
consumar basta que o agente tocar na coisa e removê-la. 9) Furto qualificado: o crime de furto será qualificado
Não aplicada. quando se verificar:
b) Teoria da Ablacio – Para o crime de furto se consumar a) Destruição ou rompimento de obstáculo – O obstáculo
há a necessidade de que o agente retire o bem da esfera de a ser destruído ou rompido deve ser diverso da coisa a ser
disponibilidade da vítima e obtenha a posse mansa e pacífica
subtraída, por exemplo, destrói-se uma janela, porta, trinco,
deste. Esta teoria foi aplicada por muitos anos em nosso
cadeado para adentrar em uma casa e furtar. A destruição
Direito Penal. Desta forma se, por exemplo, A subtraísse
deve ocorrer para viabilizar a prática do crime de furto, fi-
a bolsa de B e saísse correndo, e B também corresse atrás
cando desta forma absorvido o crime de dano. Se, todavia,
para recuperar o seu bem, o crime de furto somente estaria
primeiramente o agente furtar e depois de consumado este
consumado quando A conseguisse despistar B, estando então
crime destruir ou romper algum obstáculo, o crime de dano
com a posse da bolsa de forma mansa e pacífica. Entretanto,
ocorrerá.
se B em perseguição conseguisse recuperar a sua bolsa, sem
b) Com abuso de confiança  – A vítima possui prévia
que A tivesse conseguido lograr com a posse mansa e pacífica
confiança no agente, de forma a deixar seu patrimônio
desta, estaríamos diante do crime de tentativa de furto.
vulnerável. Ex.: amizade, parentesco, relações profissionais.
c) Teoria da Amotio – É a teoria aplicada em nosso
c) Mediante fraude – É a utilização de um meio enganoso
Direito Penal. O crime de furto consuma-se com a retirada
do bem da esfera de disponibilidade da vítima, sem haver para iludir a vítima e efetivar a subtração. Ex.: disfarce de
a necessidade da posse mansa e pacífica do bem. Desta agente de inspeção da dengue para adentrar na residência
forma seguindo o mesmo exemplo: A subtrai a bolsa de B da vítima.
e sai correndo. B, vítima, sai em perseguição e retoma sua d) Escalada – Ingresso anormal em determinado local,
bolsa sem que A tenha conseguido a posse mansa e pacífica por exemplo, transpor muito, janelas, cavar túneis.
deste bem. A, segundo esta teoria responderá pelo crime de e) Destreza – Boa habilidade com as mãos, onde a vítima
furto consumado. não percebe que está sendo subtraída. Ex.: batedores de
carteira.
Vejamos o entendimento dos Tribunais Superiores: se- f) Com emprego de chave falsa – Instrumento utilizado
para abrir ou fechar. Ex.: gazua, mixa, grampo, arame.
Noções de Direito Penal

gundo o entendimento do STF e do STJ, para a consumação


do furto, basta a posse, ainda que momentânea, é desneces- g) Mediante concurso de duas ou mais pessoas – Para
sária a posse tranquila do bem subtraído por parte do agente, computar o número de duas ou mais pessoas inclui-se os
ou a sua retirada da esfera de vigilância da vítima, bastando inimputáveis, bem como agente não identificável.
a posse do objeto material por curto tempo. h) Subtração de veículo automotor que venha se trans-
porta para o exterior ou para outro Estado – Já deve haver
6) Tentativa: quando o agente não consegue, por o dolo em retirar o veículo do Estado. Todavia, se o agente
circunstâncias alheias a sua vontade, a  posse, ainda que for detido antes de conseguir chegar a outro Estado ou País
momentânea, da coisa. responderá pelo crime de furto simples e não tentativa de
7) Furto noturno: a pena aumenta-se de um terço, se o furto qualificado. Só restará configurado o presente crime
crime é praticado durante o repouso noturno. se a apreensão ocorrer próximo da divisa.

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Furto de Coisa Comum Atenção: se o agente dá sonífero para vítima para
aproveitar e realizar a subtração é roubo. Se a vítima toma
Código Penal o sonífero e o agente se aproveita dessa situação é furto.

Art. 156. Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, Obs.: uso de arma de brinquedo e abordagem à vítima
para si ou para outrem, a  quem legitimamente a de surpresa gritando que se trata de um assalto mesmo não
detém, a coisa comum: mostrando qualquer arma configura violência ou grave ame-
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, aça, tratando-se, portanto, de crime de roubo e não de furto.
ou multa.
§ 1º Somente se procede mediante representação. 2) Objeto jurídico: patrimônio e liberdade. Trata-se de
§  2º Não é punível a subtração de coisa comum um crime complexo, pois atine mais de um bem jurídico.
fungível, cujo valor não excede a quota a que tem 3) Objeto material: a coisa alheia subtraída.
direito o agente. 4) Sujeito ativo: qualquer pessoa, menos o proprietário.
É crime comum é possível a coautoria, por exemplo, A segura
1) Aplica-se tudo relativo ao crime de furto simples, salvo a vítima e B subtrai. É concurso de agentes porque ambos
em relação ao sujeito ativo, que, no presente crime somente cometeram parte executória do crime: violência e subtração.
poderá ser praticado por condômino, co-herdeiro ou sócio, Houve divisão de tarefas.
tratando-se, pois de crime próprio. 5) Sujeito passivo: proprietário, possuidor e detentor
2) Se a coisa comum for fungível (pode ser substituído da coisa, bem como qualquer outra pessoa que seja vítima
por outra) e não exceder a quota a que o sujeito ativo tem da violência ou grave ameaça, por exemplo, A ameaça B e C
direito, não haverá crime. com uma arma com o fim de subtrair o carro que pertence
a B. Assim, B é vítima do patrimônio e da violência e C é
Roubo vítima da violência.
6) Consumação: mesmas teorias aplicadas ao furto. Se-
Código Penal gundo entendimento do STF e do STJ, para a consumação do
roubo é desnecessária a posse tranquila do bem subtraído
Art.  157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou por parte do agente, bastando a posse do objeto material por
para outrem, mediante grave ameaça ou violência curto período de tempo, não precisa tirar a coisa da esfera
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, de vigilância da coisa (STJ, HC nº 25.489, EREsp. nº 235.205).
reduzido à impossibilidade de resistência: Ocorre a tentativa quando o agente não consegue, por
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, circunstâncias alheias a sua vontade, a  posse, ainda que
e multa. momentânea, da coisa. Também está consumado o roubo
§ 1º Na mesma pena incorre quem, logo depois de quando o agente se desfaz da coisa subtraída ou a mesma
subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa se extravia na fuga, não a recuperando a vítima, ou quando,
ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do havendo concurso de agentes, um deles consegue empre-
crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. ender fuga na posse do bem.
§ 2º A pena aumenta-se de um terço até metade: 7) Crime de roubo e princípio da insignificância: é inad-
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego
missível a sua aplicação, pois ainda que ínfimo o valor da
de arma;
coisa, não afetando o bem jurídico patrimônio, a violência
II – se há o concurso de duas ou mais pessoas;
e a grave ameaça permanecem.
III  – se a vítima está em serviço de transporte de
8) Concurso de crimes: segundo Victor Eduardo Rios
valores e o agente conhece tal circunstância;
IV  – se a subtração for de veículo automotor que Gonçalves:
venha a ser transportado para outro • Grave ameaça concomitantemente contra duas pes-
Estado ou para o exterior; soas, mas subtrai objeto de apenas uma: crime de
V – se o agente mantém a vítima em seu poder, res- roubo único, um patrimônio foi lesado e houve duas
tringindo sua liberdade. vítimas.
§  3º Se da violência resulta lesão corporal grave, • Mesmo contexto fático emprega violência contra duas
a pena é de reclusão, de 7 (sete) a 15 (quinze) anos, pessoas ou mais e subtrai o objeto de todas, crime
além da multa; se resulta morte, a reclusão é de 20 de roubo em concurso formal (na verdade são dois
(vinte) a 30 (trinta) anos, sem prejuízo da multa. roubos). Ex.: assalto em ônibus.
• Grave ameaça contra uma só pessoa, mas subtrai
1) Conceito: possui os mesmos requisitos do furto: bens de pessoas distintas que estão com essa pes-
• Subtração; soa, crime formal, desde que o agente saiba que os
• Coisa alheia móvel (objeto material); bens pertencem a pessoas distintas, para se evitar a
• Para si ou para outrem (com o fim de assenhoramento responsabilidade objetiva, por exemplo, leva dinheiro
definitivo – elemento subjetivo); do caixa do banco e o relógio do funcionário.
Noções de Direito Penal

• Todavia, para efetuar a subtração deve haver emprego


de uma das seguintes formas de execução: Roubo Impróprio

a) Violência – vis absoluta. É o emprego de desforço físico Código Penal


que deve ser praticada sempre contra a pessoa. Ex.: Tapas,
socos, violentos empurrões ou trombadas, todavia se forem Art. 157. [...]
leves não será o crime de roubo. § 1º Na mesma pena incorre quem, logo depois de
b) Grave ameaça – vis relativa promessa de mal grave subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa
e iminente. ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade
c) Qualquer outro meio que reduza á vitima à impossi- do crime ou a detenção da coisa para si ou para ter-
bilidade de resistência – Ex.: sonífero. ceiro. (Grifo nosso)

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Atenção! O Roubo Impróprio não admite a terceira hipó- Arma de brinquedo – É crime de roubo e não de furto, pois
tese de execução: “de qualquer modo reduza a capacidade a utilização da arma representa grave ameaça. Todavia,
da vítima”, somente podendo ser praticado por violência não se aplica a causa de aumento de pena, pois arma de
ou grave ameaça. brinquedo não é arma e sim brinquedo.
Assim o roubo impróprio será praticado da seguinte Deve haver a comprovação que a pessoa estava arma-
forma: da e comprovar que a mesma foi usada para intimidar a
a) o agente subtrai a coisa alheia móvel; vítima. Assim, falar que está armado (simulação de arma) e
b) após estar na posse do bem; não mostrá-la, estando ou não realmente armado e a vítima
c) emprega violência ou grave ameaça; não a vê, configura grave ameaça do caput, sem o aumento
d) com o fim de garantir a impunidade ou a detenção da de pena, pois do contrário seria bis in idem.
coisa para si ou para terceiro. Arma desmuniciada, não aumenta a pena, pois não
causa perigo a mais, mas se der uma coronhada com esta
Enquanto que no roubo próprio (art. 157, caput) a vio- arma haverá aumento de pena. O aumento de pena deve
lência ou grave ameaça são empregadas antes ou durante ser algo a mais, que aumente o perigo.
a subtração, no roubo impróprio o agente inicialmente pra- Se em concurso de agentes, apenas um dos coautores
tica um furto, e, já tendo se apoderado do bem, emprega utiliza arma de fogo, este aumento de pena comunica com
violência ou grave ameaça para garantir a impunidade da os demais, pois trata-se de circunstância objetiva.
subtração ou assegurar a detenção do bem.
b) Se há o concurso de duas ou mais pessoas – Exige-
1) Consumação e tentativa: consuma-se no exato mo- -se no mínimo duas pessoas. Agente inimputável ou não
mento em que é empregada a violência ou grave ameaça, identificado também computa para o número de duas ou
mesmo que o agente não consiga garantir a impunidade ou mais pessoas, qualificando o crime. Não é necessário que
assegurar a posse dos objetos subtraídos. Consequentemen- mais de um agente esteja no local do fato para qualificar
o crime, bastando a comprovação da divisão de tarefas do
te, não admite tentativa, pois ou se pratica a violência e o
concurso de pessoas.
crime estará consumado ou será furto.
c) Se a vítima está em serviço de transporte de valores
Resumo e o agente conhece tal circunstância – Abrange qualquer
transporte de valores, como roubo a carro-forte, a office-boy
Roubo Próprio Roubo Impróprio que carrega valores para depósito em banco, todavia o autor
O agente utiliza de violência, O agente subtrai a coisa deve saber que tais pessoas estão transportando valores.
grave ameaça ou qualquer alheia móvel
outro meio que reduza á Após estar na posse do bem d) Se a subtração for de veículo automotor que venha
vitima à impossibilidade de a ser transportado para outro estado ou para o exterior –
resistência Dolo de transportar para fora. Igual comentário do furto
qualificado.
Para subtrair a coisa alheia Emprega violência ou grave
móvel ameaça
e) Se o agente mantém a vítima em seu poder, restrin-
Consumação: com a retirada Com o fim de garantir a im- gindo sua liberdade – O inciso utiliza a expressão “restrição
do bem da esfera de disponi- punidade ou a detenção da de liberdade” e não “privação de liberdade”. Quando a
bilidade da vítima. coisa para si ou para terceiro. vítima deve permanecer por um período prolongado com
Consumação: com o em- o agente, ou seja, um tempo maior que o necessário para
prego da violência ou grave a execução do crime de roubo, ocorrerá a prática do crime
ameaça. de roubo em concurso material com o crime de sequestro.
Deve haver subtração. A vítima passa o cartão no caixa
Causa de Aumento de Pena – A pena do crime de roubo eletrônico e o SA retira o $. Houve subtração.
será aumentada de um terço até metade nos seguintes casos Se ele quer a senha para subtrair será extorsão mediante
(art. 157, § 2º): sequestro, porque aqui o agente exige que a vítima faça algo.
a) Se a violência ou ameaça é exercida com emprego Se a privação da liberdade ocorre após a subtração, há
de arma – A causa de aumento de pena está relacionada concurso de crimes (roubo e sequestro).
ao uso de arma que é um meio executório do crime com
grande poder intimidatório. Todavia para esta majoração Obs.: tais causas de aumento de pena são aplicadas tanto
de pena considera-se arma todo e qualquer objeto com ao roubo próprio como ao impróprio.
potencial vulnerante. Assim é possível abarcar tanto arma
própria ou imprópria (revólver, faca, garrafa, barra de ferro, Roubo Qualificado
gás de pimenta etc.).
Noções de Direito Penal

Código Penal
Para a aplicação do aumento de pena não basta que o Art. 157. [...]
agente apenas porte a arma, sendo necessária a sua utiliza- §  3º Se da violência resulta lesão corporal grave,
ção ostensiva e intimidadora. a pena é de reclusão, de 7 a 15 anos, e multa; se
A Súmula nº 174 do STJ (que estabelecia que “no crime de resulta morte, a reclusão é de 20 a 30 anos, e multa.
roubo, a intimidação feita com arma de brinquedo autoriza (Grifo nosso)
o aumento de pena”) foi revogada (STJ, REsp. nº 213.054);
arma de brinquedo apenas configura violência ou grave O crime de roubo pode ser qualificado tanto com a
ameaça, sendo, portanto, crime de roubo e não de furto, ocorrência de lesão corporal grave como pela morte. O que
todavia não é causa de aumento de pena. se tem é o chamado crime qualificado pelo resultado. Há

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dolo no ato de roubar e pode haver culpa ou dolo no ato 4) Dá-se o nome de latrocínio ao roubo qualificado pelo
de causar lesão corporal grave ou a morte. Assim, não se resultado morte.
trata necessariamente de um crime preterdoloso.
5) O latrocínio, consumado ou tentado, é crime hediondo
Roubo Qualificado: (art. 1º, II, da Lei nº 8.072/1990).

Dolo de roubar + culpa ou Dolo de roubar + culpa ou 6) Consumação do crime de roubo qualificado: com a
ocorrência da lesão grave ou morte, independentemente do
dolo nas lesões corporais dolo na morte causada à
agente conseguir efetuar a subtração do bem pretendido:
causadas na vítima (estas vítima (estas decorrentes da
a) o agente subtrai o bem e a vítima não morre – latro-
decorrentes da violência violência utilizada no crime
cínio tentado;
utilizada no crime de roubo). de roubo). Também chama-
b) o agente subtrai o bem e a vítima morre – latrocínio
do de latrocínio. consumado;
c) o agente não subtrai o bem e a vítima não morre –
1) Tais qualificadoras são aplicadas tanto ao roubo pró-
latrocínio tentado;
prio como ao impróprio. d) o agente não subtrai o bem e a vítima morre – latro-
cínio consumado;
2) Lesões corporais graves são aquelas descritas no e) o agente subtrai o bem e a vítima não fica com lesão
art.  129, §§  1º e 2º. Assim, segundo a classificação da corporal grave – roubo qualificado tentado;
doutrina, engloba tanto as lesões corporais graves como as f) o agente subtrai o bem e a vítima fica com lesão cor-
gravíssimas. Já a lesão corporal leve é absorvida pelo roubo, poral grave – roubo qualificado consumado;
pois trata-se de uma elementar, qual seja a violência. g) o agente não subtrai o bem e a vítima não fica com
lesão corporal grave – roubo qualificado tentado;
Atenção! Somente haverá o crime de roubo qualificado h) o agente não subtrai o bem e a vítima fica com lesão
se as lesões corporais graves ou a morte decorrerem da corporal grave – roubo qualificado consumado.
violência exercida para a prática do crime de roubo. Se estas
decorrerem da grave ameaça exercida para a execução do Obs.: assim deve-se verificar se ocorreu o resultado lesão
crime de roubo estaremos diante do concurso formal entre grave ou morte para o crime estar consumado, não devendo
roubo e lesão corporal ou homicídio. Assim: se ater a subtração ocorreu ou não.

Se da violência exercida para Se da grave ameaça exercida Extorsão


a prática do crime de roubo para a prática do crime de
ocorrer lesão corporal grave roubo ocorrer lesão corpo- Código Penal
na vítima ou a sua morte, ral grave na vítima ou a sua
estaremos diante do crime morte, estaremos diante Art. 158. Constranger alguém, mediante violência ou
de roubo qualificado (que no concurso formal entre roubo grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para
caso de ocorrer o resultado e lesão corporal ou homicí- outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar
que se faça ou deixar fazer alguma coisa:
morte também denomina-se dio. Ex.: A querendo subtrair
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos,
latrocínio). Ex.: A querendo o carro de B ameaça-o com
e multa.
subtrair o carro de B atirou uma arma de fogo. B, com
§ 1º Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas,
neste que veio a falecer em o susto sai correndo e é
ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um
decorrência dos ferimentos. atropelado. terço até metade.
§ 2º Aplica-se à extorsão praticada mediante violência
3) A violência empregada para o crime de roubo que vem
o disposto no § 3º do artigo anterior.
a causar lesões graves ou a morte da vítima deve observar § 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da
alguns requisitos: (conforme exposição de Victor Eduardo liberdade da vítima, e  essa condição é necessária
Rios Gonçalves – Sinopse Jurídica) para a obtenção da vantagem econômica, a  pena
a) A violência deve ser empregada no mesmo contexto é de reclusão, de 6 (seis) a12 (doze) anos, além da
fático do roubo. Ex.: três meses depois o agente encontra multa; se resulta lesão corporal grave ou morte,
a vítima e a mata com medo de ser reconhecido. Não será aplicam-se as penas previstas no art.  159, §§  2º e
latrocínio; 3º, respectivamente.
b) Nexo causal entre a morte e a subtração: violência
foi empregada durante e em razão do roubo. Mata inimigo O crime decorre de o agente constranger a vítima me-
durante o roubo que avista do outro lado da rua. Não será diante violência ou grave ameaça com o intuito de obter uma
latrocínio; vantagem econômica indevida através da prática de uma
c) Respeitados os requisitos acima, haverá latrocínio conduta ou de uma omissão da vítima. Passemos a analisar
Noções de Direito Penal

qualquer que seja a morte: tanto da vítima como de quem as elementares deste tipo penal:
a acompanhava, como também do segurança do estabele- • Constranger significa obrigar, coagir alguém.
cimento comercial que está sendo roubado, do policial que • O meio executório do crime, ou seja, de se realizar o
tenta evitar o roubo. constrangimento é mediante violência (física) ou grave
ameaça (moral).
Obs.1: a lesão grave ou morte de coautor ou partícipe • Após constrangida a vítima deve: fazer algo (entregar
não qualifica o roubo. dinheiro ou bem móvel ou imóvel, comprar alguma
coisa para o agente), tolerar que se faça (permitir que
Obs.2: mata-se a vítima e após a morte surge a ideia de o agente rasgue um contrato ou título de crédito) ou
subtrair seus pertences, será crime de homicídio em concurso deixar de fazer alguma coisa (não ingressar com ação
material com o crime de furto. de execução ou cobrança).

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• Sempre no intuito de se obter uma vantagem econô- Causa de Aumento de Pena
mica (porque estamos nos crime contra o patrimônio)
indevida (injusta, pois se for devida, haverá o crime Código Penal
de exercício arbitrário das próprias razões).
Art. 158. [...]
1) Objetividade jurídica: o patrimônio, a liberdade indi- § 1º Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas,
vidual e a integridade física (em caso de violência). ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um
2) Sujeito ativo: qualquer pessoa. terço até metade. (Grifo nosso)
3) Sujeito passivo: qualquer pessoa sofra a violência ou
prejuízo patrimonial. 1) Por duas ou mais pessoas: prevalece o entendimento
4) Tipo subjetivo: o dolo. Exige o elemento subjetivo do de que é indispensável a presença de pelo menos duas
tipo, consistente na vontade de obter indevida vantagem pessoas quando da execução do delito, diferente do furto e
econômica, para si ou para outrem. do roubo, porque o 157, § 2º, I do CP, que fala em concurso
5) Consumação e tentativa: consuma-se no instante em de duas ou mais pessoas.
que a vítima, após sofrer a violência ou grave ameaça, toma 2) Com emprego de arma: a causa de aumento de pena
a atitude que o agente deseja, ainda que este não consiga está relacionada ao uso de arma que é um meio executório
obter qualquer vantagem econômica. É crime formal. (Sú- do crime com grande poder intimidatório. Contudo, para
mula nº 96 do STJ). A obtenção da vantagem econômica é esta majoração de pena considera-se arma todo e qualquer
mero exaurimento do crime. Ocorre a tentativa quando a objeto com potencial vulnerante. Assim é possível abarcar
vítima, apesar da violência ou grave ameaça, não se submete tanto arma própria ou imprópria (revólver, faca, garrafa, barra
à vontade do agente. de ferro, gás de pimenta etc.). Para a aplicação do aumento
6) Ação penal: pública incondicionada. de pena não basta que o agente apenas porte a arma, sendo
7) O crime de extorsão difere-se do crime de roubo: se necessária a sua utilização ostensiva e intimidadora.
o bem for subtraído o crime será sempre de roubo. Agora
se a vítima entrega o bem, mediante violência ou grave Extorsão Qualificada
ameaça, para o agente, o crime poderá ser tanto de roubo
como de extorsão. Será extorsão quando a colaboração da Código Penal
vítima é imprescindível para que o agente obtenha o que
visa. Agora se a entrega era prescindível, ou seja, mesmo se Art. 158. [...]
a vítima não entregasse havia a possibilidade de subtração § 2º Aplica-se à extorsão praticada mediante violência
será o crime de roubo. o disposto no art. 157, § 3º do CP.

Roubo Extorsão 1) As qualificadoras somente se aplicam quando a extor-


O comportamento da víti- O comportamento da vítima são é cometida com emprego de violência.
ma é dispensável. Mesmo é indispensável. Se a vítima 2) São seguidas as mesmas regras já estudadas no roubo
se a vítima não colaborar, não colaborar não é possível qualificado.
o agente conseguirá subtrair executar a subtração do 3) Somente a extorsão qualificada pela morte, con-
o bem. Ex.: A aponta arma bem. Ex.: A querendo a se- sumada ou tentada, é crime hediondo (art. 1º, III, da Lei
para B exigindo que este lhe nha do banco de B, ameaça- nº 8.072/1990).
entregue a sua carteira. Se B -o com uma arma de fogo.
não quiser colaborar entre- Se B não lhe disser qual é Extorsão Mediante Sequestro
gando a carteira é possível a senha, A não tem como
que A a subtrai-a. Será crime subtraí-la. Será crime de Código Penal
de roubo. extorsão.
Art.  159. Sequestrar pessoa com o fim de obter,
8) O crime de extorsão se difere do estelionato: na para si ou para outrem, qualquer vantagem, como
hipótese em que a vítima é obrigada a entregar algo para o condição ou preço do resgate. A pena é de 8 a 15
agente, assemelha-se ao crime de estelionato já que neste é anos de reclusão.
também a própria vítima quem entrega os seus pertences ao
sujeito ativo da infração. No estelionato, entretanto, ela quer O crime consiste em privar alguém de sua liberdade
efetivamente entregar o objeto, uma vez que foi induzida ou como fim de se obter resgate. Abrange o cárcere privado
mantida em fraude. Na extorsão a vítima desapoja-se de seu (quando a vítima é colocada em recinto fechado, havendo
patrimônio contra a sua vontade já que o faz em decorrência maior restrição da liberdade).
de ter sofrido violência ou grave ameaça. Não se deve confundir com o crime de sequestro ou
cárcere privado previsto no art. 148 do CP, que apesar de tam-
Extorsão Estelionato bém consistir no fato de privar alguém de sua liberdade, não
Noções de Direito Penal

A vítima entrega o bem por- A vítima entrega o bem por- tem a visão patrimonial, qual seja, da obtenção do resgate.
que está sofrendo violência que foi ludibriada por uma
ou grave ameaça. fraude. Extorsão mediante Sequestro ou cárcere
sequestro privado
Obs.: Sequestro Relâmpago? Há duas formas de seques- Privar alguém de sua liber- Privar alguém de sua li-
tro relâmpago: a vítima, mediante violência ou grave ameaça, dade para obter um resgate. berdade. Crime contra a
retira o dinheiro do caixa eletrônico, e o assaltante subtrai o Crime contra o patrimônio. restrição de liberdade.
dinheiro. Neste caso é o crime de roubo. Se a vítima entre-
ga o cartão e diz a senha será crime de extorsão, porque o 1) Objetividade jurídica: o patrimônio e a liberdade
assaltante que retira o dinheiro. individual.

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2) Sujeito ativo: qualquer pessoa. Para a prática do crime deve-se verificar a presença de
3) Sujeito passivo: qualquer pessoa, podendo ser tanto três requisitos:
a que sofre a privação da liberdade ou a lesão patrimonial a) Exigência (crime formal) ou recebimento (crime ma-
através do pagamento do resgate. terial) de documento que possa dar causa a processo penal
4) Consumação e tentativa: é crime formal e permanen- contra a vítima ou terceiro;
te. Consuma-se com o sequestro ou cárcere privado, por b) Intenção do agente em garantir ameaçadoramente o
tempo juridicamente relevante, independentemente da pagamento da dívida;
obtenção da vantagem pretendida. O pagamento do resgate c) Abuso da situação de necessidade financeira do su-
é mero exaurimento do crime. Quando a vítima se liberta jeito passivo (deve saber que a vítima está em momento
ou é liberada pelo próprio agente, por insucesso da exigên- de dificuldade).
cia, o crime já está consumado. Ocorre a tentativa quando,
iniciada a execução do crime, os agentes não conseguem Exemplo: ocorrência de simulação de um corpo de delito
arrebatar a vítima, não conseguiu sequestrar. de uma infração penal, preenchimento de cheque sem fundo,
5) Ação penal: pública incondicionada. assinatura em duplicata simulada, ou qualquer outra coisa
capaz de dar início ao um processo criminal.
6) A extorsão mediante sequestro, consumada ou
tentada, simples e nas suas formas qualificadas, é crime
Os demais itens assemelham-se ao crime de extorsão.
hediondo (art. 1º, IV, da Lei nº 8.072/1990).
7) A privação de liberdade de animal de estimação ou de Da Alteração de Limites
raça, mesmo que tenha por finalidade a obtenção de resgate,
caracteriza crime de extorsão. Código Penal
Extorsão Mediante Sequestro Qualificado: Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou
1) se o sequestro dura mais de 24 horas; qualquer outro sinal indicativo de linha divisória,
2) se o sequestrado é menor de 18 anos ou maior de para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa
60 anos; imóvel alheia:
3) se o crime é cometido por bando ou quadrilha; Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, e multa.
4) se do fato resulta lesão corporal de natureza grave; § 1º Na mesma pena incorre quem:
5) se do fato resulta morte. Usurpação de águas
I  – desvia ou represa, em proveito próprio ou de
Obs.: nas duas últimas hipóteses a lei diz “se do fato” outrem, águas alheias;
e não “da violência” resultar lesão grave ou morte, não ha- Esbulho possessório
vendo necessidade de que a lesão grave ou morte decorram II – invade, com violência a pessoa ou grave ameaça,
de violência, bastando que decorram do sequestro. Todavia, ou mediante concurso de mais de duas pessoas,
em ambas as hipóteses, o resultado qualificador deve recair terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho
sobre a pessoa sequestrada. Se os sequestradores matam possessório.
o segurança da vítima ou a pessoa que estava efetuando o § 2º Se o agente usa de violência, incorre também
pagamento do resgate, há concurso material com homicídio na pena a esta cominada.
qualificado. Trata-se de duas hipóteses de crime qualificado § 3º Se a propriedade é particular, e não há emprego
pelo resultado. O resultado qualificador pode advir de dolo de violência, somente se procede mediante queixa.
ou culpa.
1) Conduta: suprimir (retirar) ou deslocar (mover) ta-
Delação Premiada pume, marco ou qualquer outro sinal indicativo de linha
divisória com o fim de apropriar-se de coisa alheia móvel.
2) Objeto jurídico: visa a resguardar a posse a proprie-
Código Penal
dade de bens imóveis.
3) Sujeito ativo: o vizinho do imóvel alterado. É crime
Art. 159. Se o crime é cometido em concurso, o con-
próprio.
corrente que o denunciar à autoridade, facilitando
4) Sujeito passivo: o proprietário do imóvel que teve sua
a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida propriedade invadida.
de um a dois terços. 5) Consumação: com a supressão ou deslocamento do
marco, ainda que o agente não atinja a sua finalidade de
1) Para que seja aplicada a causa de diminuição de apropriar-se do imóvel alheio. É crime formal.
pena, a delação tem que ser eficaz (facilitar a libertação
do sequestrado). Usurpação de Águas
2) É causa obrigatória de diminuição.
3) O quantum da diminuição leva em conta a maior ou Código Penal
Noções de Direito Penal

menor colaboração para libertação da vítima.


Art. 161. [...]
Extorsão Indireta § 1º [...]
I – na mesma pena incorre quem desvia ou represa,
Código Penal em proveito próprio ou de outrem, águas alheias.

Art. 160. Exigir ou receber, como garantia de dívida, 1) Conduta: desviar ou represar em proveito próprio
abusando da situação de alguém, documento que águas alheias.
pode das causa a procedimento criminal contra a 2) Objeto jurídico: resguardar as águas públicas ou par-
vítima ou contra terceiro. ticulares que passem por um determinado local.
Pena – reclusão de 1 a 3 anos e multa. 3) Sujeito ativo: qualquer pessoa.

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4) Sujeito passivo: a vítima que sofre o dano em decor- Dano Qualificado
rência do desvio das águas. Parágrafo único. Se o crime é cometido:
5) Consumação: no momento em que a agente desvia I – com violência à pessoa ou grave ameaça;
ou represa as águas alheias, independentemente de obter II – com emprego de substância inflamável ou explo-
proveito próprio. siva, se o fato não constitui crime mais grave;
III – contra o patrimônio da União, Estado, Municí-
Esbulho Possessório pio, empresa concessionária de serviços públicos ou
sociedade de economia mista;
Código Penal IV – por motivo egoístico ou com prejuízo conside-
rável para a vítima:
Art. 161. [...] Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos,
§ 1º [...] e multa, além da pena correspondente à violência.
II – na mesma pena incorre quem invade, com violên-
cia a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso 1) Conduta: destruir (eliminar, destituir), inutilizar (retirar
de mais de duas pessoas, terreno ou edifício alheio, a sua finalidade) ou deteriorar (danificar) coisa alheia. Ex.:
para o fim de esbulho possessório. destruir em carro, matar um animal, arrebentar uma fiação
elétrica.
1) Conduta: invadir mediante violência ou grave ame-
aça exercida contra a pessoa, bem como em concurso de Obs.: o ato de pichar monumentos urbanos configura o
mais de duas pessoas, terreno alheio com o fim de esbulho crime previsto no art. 65, caput da Lei n º 9.605/1998. Toda-
possessório. via, se o monumento ou coisa for tombado será o parágrafo
único do art. 65 da Lei nº 69.605/1998.
Obs.: Esbulho Possessório – desejo de excluir a posse de
quem a exerce para passar exercê-la. 2) Objeto jurídico: propriedade alheia.
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa, salvo o proprietário
2) Meio executório: deve-se invadir terreno alheio me- da coisa danificada.
diante violência ou grave ameaça, bem como em concurso 4) Sujeito passivo: o proprietário da coisa.
de mais de duas pessoas, ou seja, deve haver ao menos três 5) Consumação: com a destruição, inutilização ou dete-
pessoas. riorização da coisa.
3) Objeto jurídico: proteção da posse alheia. 6) Para que o crime de dano exista é necessário que a
4) Sujeito ativo: qualquer pessoa salvo o possuidor do destruição, inutilização ou deteriorização da coisa seja um fim
terreno. em si mesmo. Se, todavia constituir um meio para prática de
5) Sujeito passivo: o proprietário ou possuidor do ter- um crime mais grave, como, por exemplo, crime de furto com
reno invadido. destruição de obstáculo, o crime de dano restará absorvido.
6) Consumação: no momento da invasão.
7) Se no momento da invasão o agente causar lesões Crime de Dano Qualificado – O crime será qualificado
corporais, ainda que leves responderá por ambos os crimes. quando cometido com:
8) Se a propriedade é particular, e não há emprego de • Violência à pessoa ou grave ameaça – A violência ou
violência, somente se procede mediante queixa. grave ameaça devem constituir meio para execução
do crime de dano. Se praticadas após a deteriorização
Supressão ou Alteração de Marca em Animais da coisa o agente responderá pelo crime de dano e
por lesões corporais ou ameaça. Da mesma forma a
Código Penal violência pode ser praticada contra o próprio dono do
objeto danificado como contra terceiros.
Art.  162. Suprimir ou alterar, indevidamente, em • Com o emprego de substância inflamável ou explosi-
gado ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo va, se o fato não constituir crime mais grave – É uma
de propriedade: qualificadora expressamente subsidiária.
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, • Contra o patrimônio da União, Estado, Município,
e multa. empresa concessionária de serviço público ou socie-
dade de economia mista – Embora não haja a menção
1) Conduta: suprimir (retirar) ou alterar (modificar), expressa em relação a empresa pública, autarquias
indevidamente, marca ou sinal indicativo de propriedade e fundações instituídas pelo poder público, estas
em gado ou rebanho alheio. integram, ainda que parcialmente, o patrimônio da
2) Objeto jurídico: propriedade e posse de animais União, Estados e Municípios.
semoventes. • Por motivo egoístico ou com prejuízo considerável
3) Sujeito ativo: qualquer pessoa. para vítima – No caso deste inciso somente se pro-
4) Sujeito passivo: dono do animal. cessa mediante queixa-crime.
No

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