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LIÇÃO 10

O SISTEMA DE SACRIFICIOS
Dc. Edson Amorim

Introdução
Ao estudarmos a respeito do tabernáculo percebemos que Deus em sua imensa
sabedoria providenciou tanto um lugar de adoração como, também, uma ordem de
pessoas com a incumbência de administrar o culto do povo israelita. Porém, esses dois
elementos (Lugar-Tabernáculo e Oficiantes-Levitas e sacerdotes) não eram suficientes
em si mesmos. Isso, porque era requerido a participação ativa do povo na celebração
cultica, para isso era necessário que eles empenhassem seus recursos bem como suas
vidas nas demonstrações de sua lealdade e fidelidade a Deus. Daí a necessidade das
oferendas trazidas pelo povo ao altar e ministradas ao Senhor através do trabalho dos
sacerdotes.
Quando conhecemos o sistema sacrificial do Antigo Pacto podemos estabelecer
um paralelo entre o modo como Israel cultuava a Deus no passado e o plano redentor
executado por Cristo Jesus. Nessa aula estaremos tratando a respeito do significado e
forma como eram oferecidos os diversos tipos de sacrifício e ofertas conforme
encontramos em Levítico 1-6. Veremos que perdão e reconciliação são os grandes temas
destes rituais, aliás propor reconciliação e perdão de pecados era uma das razões da
existência do Tabernáculo. É fato que hoje não precisamos de um Tabernáculo para nos
reconciliar com Deus ou para recebermos perdão pelos nossos pecados, mas somente o
arrependimento e a fé no filho de Deus.
Prezados professores esta é uma ótima oportunidade de refletir o real valor do
sacrifício de Cristo com seus alunos, não deixe de incentivar uma espiritualidade viva
com eles sabendo que não foi com prata nem ouro que fomos resgatados, mas com o
precioso sangue do Filho de Deus.

Origem e sacrifícios nos tempos antigos


Em relação à origem dos sacrifícios, existem duas opiniões: 1) que eles têm sua
origem nos homens, e que Israel apenas reorganizou e adaptou os costumes de outras
religiões, quando inaugurou o sistema sacrificial; e 2) que os sacrifícios foram instituídos
por Adão e seus descendentes em resposta a uma revelação de Deus.1
A primeira opinião está arraigada em propostas antropológicas recentes. A mais
antiga abordagem ao estudo do sacrifício como um fenômeno religioso normalmente
estava baseada em conceitos do séc. 19 sobre o progresso cultural.2 Já a segunda opinião
está situada na observação da palavra de Deus e nesse aspecto é possível que o primeiro

1
PFEIFFER, Charles F. VOS, Howard F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2009. p.1723
2
TENNEY, MERRIL C (Org.). Enciclopédia da Bíblia – Volume 5: Q-Z. São Paulo: Cultura Cristã, 2008.
p.320
ato sacrificial em Gênesis tenha ocorrido quando Deus vestiu Adão e Eva com peles para
cobrir sua nudez (Gn 3.21). Todavia é necessário notar que processos e sistemas
sacrificiais sempre foram utilizados ao longo da história da humanidade. Podemos
encontrar sistemas extremamente complexos em diversas culturas como da Mesopotâmia,
Norte da Síria e Anotólia, Ugarite e Fenícia, além do mundo Helênico.3

Sacrifícios no Antigo Testamento


Nas palavras do pastor Elienai Cabral o sistema de sacrifícios adotado por Israel,
antes de ser uma ideia de Moisés, foi ordenado por Deus e colocado na mente e no coração
da nação israelita.4 Podemos encontrar os sacrifícios presentes no tempo de Caim e Abel
(Gn 4.3,4)e na idade Patriarcal (Gn 15.9-11; 31.54; 46.1). A lei estabeleceu, com certas
particularidades, os sacrifícios e ofertas, que os judeus deviam efetuar. As coisas
oferecidas eram tomadas tanto do reino animal como vegetal. Nesse sentido, os livros de
Levítico, Números e Deuteronômio eram as principais compilações das regras que regiam
a prática e o ato de sacrificar.
Nós podemos encontrar na páginas veterotestamentárias cinco tipos ou classes de
ofertas (sacrifícios) e cada um deles estava ligado a um momento espiritual do ofertante
e a uma finalidade específica, além disso cada uma deles apontavam tipologicamente para
o sacrifício supremo, que foi o sacrifício de Cristo (Rm 5.8-10).

 O Holocausto (Lv 1.1,2)


Segundo Andrade (2018) só viremos a entender plenamente a obra da salvação,
em Jesus Cristo, se nos voltarmos com devoção e temor à teologia do holocausto, o
principal sacrifício levítico. Quando o ofertante apresentava essa oferta ao Senhor,
encenava ele, de maneira vívida e dramática, a História Sagrada. Uma interface perfeita
com João 3.16; sublime teologia. Quem melhor compreendeu a sua doutrina foi o autor
da Epístola aos Hebreus. Inspirado pelo Espírito Santo, ele divisou, nos animais
oferecidos periodicamente a Jeová, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.5
A palavra holocausto vem de “Olah”, no hebraico, que significa “subir ao alto”
sendo uma referência tanto à fumaça da oferta queimada, em si, como à devoção e a
entrega amorosa dessa mesma oferta ao subir à presença de Deus (Lv 1.9). Isso, também,
pode representar a nossa consagração a Deus através do sacrifício expiatório de Cristo. O
holocausto era o mais importante sacrifício do culto hebreu (Lv 1.1-3). Consistindo no
oferecimento de aves e animais limpos, requeria a queima total da vítima; era pleno e
incondicional (Lv 1.9).
O sentido mais profundo da palavra “sacrifício” é dádiva, ou seja, um presente
oferecido por amor a Deus. O holocausto era um sacrifício voluntário.6 Nesse aspecto
3
Para maiores informações a respeito do sistema sacrificial dessas culturas consulte: TENNEY, MERRIL C
(Org.). Enciclopédia da Bíblia – Volume 5: Q-Z. São Paulo: Cultura Cristã, 2008. pp.321-326
4
CABRAL, Elienai. O Tabernáculo – Símbolos da Obra Redentora de Cristo. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.
p.121
5
ANDRADE, Claudionor. Adoração, Santidade e Serviço – Os princípios de Deus para a sua Igreja em
Levítivo. Rio de Janeiro: CPAD, 2018. p.98
6
MALGO, Wim. Jesus nos cinco sacrifícios do Antigo Testamento. Porto Alegre: Chamada, 1993. p.7
podemos entender que primeiramente Deus não que nada forçado, podemos ver isso nas
ofertas para a construção do tabernáculo (Êx 25.1,2). A oferta era de um macho sem
defeito (Lv 1.3), demonstrando em 2° lugar que para Deus deve ser oferecido somente o
melhor. Tal oferta deveria ser totalmente queimada (Lv 1.9) isso demonstra em 3° lugar
entrega total. O holocausto não tinha um caráter especificamente para perdão de pecados,
mas antes para a consagração ao Senhor. Todavia, o ato de derramar sangue e ser
aspergido pelo sacerdote (v.5,11 e 15) lembrava o perdão e a expiação pelos pecados.
Maia (2008) nos oferece um panorama detalhado com lições pertinentes quanto a
tipologia dos elementos e ritual do holocausto e a perspectiva da vida cristã as quais
transcrevo abaixo.
 Macho sem mancha. O homem Jesus, o filho de deus, era perfeito na sua
vida em tudo. Jesus cumpriu a vontade do seu Pai na sua por amor dele.
Jesus fez uma vida tão perfeita e glorificadora que a bíblia diz: “que pelo
espírito se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus”.
 Oferta voluntária: Esta oferta foi trazida pelo povo de Deus
voluntariamente. Para salvar o homem do seu pecado, era necessário para
fazer uma expiação que tirasse o seu pecado. Só podia ser feito por Deus
mesmo, e na forma de homem. Para fazer isto era necessário que Deus se
fizesse carne e habitasse no mundo e morresse...
 O sacerdote pôs os pedaços do sacrifício em ordem sobre a lenha que
estava no fogo em cima do altar (vs.7,8,12). Isto quer dizer que o sacrifício
foi cortado em pedaços e foram colocados sobre a lenha e o fogo segundo
os detalhes ordenados por Deus. Isto simboliza que todos os detalhes da
morte de Cristo foram ordenados e predestinados desde a eternidade pelo
Pai.
 O sacrifício foi esfolado. Isto significa tirar a pele, cortar e descobrindo a
carne no interior. Mostra que Jesus era puro não somente no exterior, mas
também no interior.
 Lavaram a fressura (entranhas) e as pernas do sacrifício com água (vs 9e
13). A água fala da palavra de Deus, a fressura do seu interior (motivos,
desejos, vontade e coração) e as pernas sua maneira de viver e andar. Jesus
guardou sempre perfeitamente a palavra de Deus no seu coração e no seu
andar (Jo 8.29).7
A perspectiva apresentada demonstra uma ótica que demonstra que os detalhes do
holocausto apontam para o sacrifício de Cristo.
Há ainda outras implicações teológicas referentes ao holocausto, a saber:
1. A consciência do pecado humano. Quando um crente hebreu propunha-
se a oferecer um holocausto ao Senhor, a primeira coisa que lhe vinha ao
coração era a sua própria culpabilidade (Sl 51.5). Ele sabia que, em Adão,
todos haviam pecado; ninguém seria tido por inocente diante de Deus. Até
mesmo o recém-nascido, apesar de ainda não ter a experiência do pecado,
já carregava, em si, a essência da ofensa adâmica (Rm 3.23; 5.12).

7
NETO, Francisco Maia. Pentateuco. Fortaleza: 2008. pp.93,94
2. A consciência da justiça divina. Já diante do altar, esse mesmo crente
sabia que, confrontado pela justiça de Deus, merecia apenas uma coisa: a
morte; o salário mais adequado ao pecado adâmico. Nesse impasse, a
pergunta vinha-lhe à mente: “Como aplacar um Deus irado?”. Se, por um
lado, ele sabia que Deus é justo, por outro, não ignorava que a justiça
divina jamais deixava de vir acompanhada por um amor que,
incompreensivelmente, se dá. Por essa razão, apresentava ao Senhor a
vítima do holocausto, como a rogar-lhe: “Nele, perdoa-me”. E, pela fé, era
não apenas perdoado, mas justificado imediatamente.
3. A consciência da propiciação diante de Deus. O que o crente hebreu
mais ansiava era tornar-se propício a Deus. Todavia, ninguém poderia
fazê-lo por si só, a não ser por meio de um intermediário, que fosse visto
pelo justíssimo Deus como alguém igualmente justo, santo, inocente e
eficaz como salvador; o próprio Filho de Deus.8
Resumo
OFERTA PROPÓSITO SIGNIFICADO CRISTO
Holocausto (Lv Expiar os pecados Mostrava devoção A morte de Jesus
1— voluntário) em geral. a Deus. foi o perfeito
Sacrifício.

 A oferta de manjares (Lv 2)


A oferta de manjares ou oferta de cereais tipifica Cristo em Seu viver humano. A
fina flor de farinha, o elemento principal da oferta de cereais, significa a humanidade de
Cristo, que é fina, perfeita, tenra, equilibrada, e adequada de toda maneira, sem qualquer
excesso ou deficiência. A fina flor de farinha da oferta de manjares era produzida a partir
do trigo que tinha passado por muitos processos, que significam os vários sofrimentos de
Cristo que O fez “um homem de dores”. Era desprezado e o mais rejeitado entre os
homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens
escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso. Isaías 53:3.
A oferta de manjares fala da humanidade pura e perfeita de nosso bendito Senhor,
e é um tema que requer a atenção de todo o verdadeiro filho de Deus. Existe, contudo,
uma consideração que devemos apreciar de uma forma fundamental, que é a doutrina da
humanidade de Cristo. Sabem por quê? Porque satanás tem procurado diligentemente,
desde o princípio, induzir as pessoas em erro a este respeito. Quase todos os erros
principais que se têm introduzido na igreja, revelam o propósito satânico de minar a
verdade quanto à Pessoa de Cristo. No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus,
e o Verbo era Deus. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de
verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai. João 1:1 e 14
Todas as ofertas de manjares eram oferecidas e queimadas sobre o altar,
significando que Cristo em Sua humanidade oferecida a Deus, como alimento, passou por
meio do fogo testador. O fogo em Levítico 2 significa o Deus consumidor, não para
julgamento, mas para aceitação. O consumir da oferta de manjares pelo fogo significa que

8
ANDRADE. Op. Cit., pp.102,103
Deus aceitou Cristo como Seu alimento de cheiro suave. O preparo da oferta de cereais
em um forno, em uma assadeira, ou em uma frigideira, significa diferentes tipos de
sofrimentos experienciados por Cristo em Sua humanidade. Na oferta de manjares, o
azeite e a fina flor de farinha são mesclados e não podem ser separados.
Consequentemente, comer a fina flor de farinha é comer o azeite. A figura em Levítico 2
indica fortemente que a maneira de sermos nutridos com a humanidade de Cristo, e,
portanto experienciá-lO em Seu viver humano é pelo Espírito (Azeite). Eu sou o pão vivo
que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela
vida do mundo é a minha carne. João 6:51.
Além disso, temos outros elementos presentes nessa oferta, a saber: Incenso que
representa um, oferta de cheiro suave. Sal com seu caráter preservador, não deveria ter
fermento, o fermento simboliza o pecado e a corrupção, nem deveria conter mel.
Resumo
OFERTA PROPÓSITO SIGNIFICADO CRISTO
Oferta de Manjares Demonstrar honra e Reconhecia que Cristo foi o homem
(Lv 2— voluntário) respeito a Deus em todos pertencemos perfeito, que deu-se
adoração. a Deus. a si mesmo a Deus
e aos outros.

 Sacrifício pacífico (Lv 3)


Essencialmente, a oferta de paz é uma oferta de gratidão e, também, um modo
especial de estabelecer comunhão com Deus. Nesse sacrifício, tanto o sacerdote como o
ofertante podiam comer da carne do animal imolado. A oferta significava, literalmente,
“um presente oferecido a Deus”, denotando, assim, que o ofertante está em comunhão
com Deus e está feliz. O ofertante imolava o animal, tirava as porções especiais e
separave-es do sangue e da gordura. Toda a obra de Cristo no Calvário em relação à paz
com Deus é expressa na oferta de paz (Cl 1.20).
Resumo
OFERTA PROPÓSITO SIGNIFICADO CRISTO
Sacrifício Pacifico Expressar gratidão Simbolizava paz e Cristo é o único
(Lv 3 —voluntário) a Deus.. comunhão com caminho para se ter
Deus comunhão com
Deus.

 Sacrifício de pecado (Lv 4)


A oferta pelo pecado, como aparece registradas em Levítico 4, refere-se às
infrações relacionadas com a quebra de um mandamento. Essas ofertas aconteciam para
que as pessoas alcançassem o perdão após ter cometido um pecado. O texto apresenta
quatro classes de pessoas infratoras e para cada uma dessas classes era recomendado um
tipo de animal: para o sacerdote ou povo (coletivo) um novilho; para um príncipe, um
bode, e para qualquer outro tipo de pessoa, uma cabra ou cordeira. O pecado do sacerdote,
de acordo com indicações do texto tinha o mesmo peso do pecado de toda congregação,
ou seja, representava metade da situação o que denotava a responsabilidade de um líder
diante do povo. Outra informação que o texto traz é que parte desse sacrifício era comido
pelo ministro que fazia a queima. Daí a expressão: “o sacerdote comia do pecado do
povo”.9
Resumo
OFERTA PROPÓSITO SIGNIFICADO CRISTO
Oferta pelo pecado Pagar pelo pecado Restabelecia a A morte de Cristo
(Lv 4 — exigida) cometido, comunhão do restaura o nosso
involuntariamente, pecador com Deus; relacionamento
por ignorância, mostrava a com Deus.
negligência ou gravidade do
imprudência. pecado.

 Sacrifício pela culpa do pecado (Lv 5)


O homem fez-se pecador, e o pecado entranhou em sua natureza humana (Rm 3.23). O
ser humano herdou de Adão a natureza pecaminosa e não tem como escapar da pena do
pecado, a não ser por uma intervenção divina. Foi o que Deus fez quando enviou seu filho
unigênito para fazer-se homem e, por esse modo, identificar-se conosco, pagando a pena
do pecado por todos os homens, mediante sua obra expiatória e substitutiva.
Diferentemente das ofertas voluntárias essa oferta é obrigatória e requer um representante
legal...
Era um tipo de oferta indicada para a condição geral do pecador diante de Deus, que havia
praticado pecados não intencionais, ou de maneira involuntária.10
Essa oferta, de acordo com a lista apresentada em Levítico 5, era realizada para conquistar
o perdão dos seguintes pecados: Blasfêmia (v.1); toque em coisas imundas (v.7); o
juramento precipitado (v.4); o sacrilégio ou profanação de coisas sagradas (vs. 15 e 16) e
o desconhecimento do mandamento (v.17). Para esse tipo de perdão a oferta deveria ser
fêmea de gado miúdo, uma cordeira ou uma cabra (v.6), duas rolas ou dois pombinhos
(v.7) ou então um pouco de farinha (v.11). Essa variação ocorria de acordo com a posse
das pessoas para que todos tivessem condições de fazer sacrifício.11
Resumo
OFERTA PROPÓSITO SIGNIFICADO CRISTO
Oferta pela culpa Pagar pelos Provia A morte de Cristo
(Lv 5 — exigida) pecados cometidos compensações para anula as
contra Deus e as as partes lesadas. conseqüências
pessoas. Um mortais do pecado..
sacrifício era feito
para Deus, e a
pessoa prejudicada

9
SUANA, Samuel. Pentateuco: Os fundamentos éticos e religiosos de Israel no Antigo
Testamento. Pindamonhagaba: IBAD, 2006. p.147
10
CABRAL. Op.Cit., p.127
11
SUANA. Op.Cit., pp.147-148
era restituída.

Por que existem tantas regras detalhadas para cada oferta? O propósito de Deus
era ensinar ao seu povo um estilo cie vida totalmente novo, purificando-os das inúmeras
práticas pagãs que tinham aprendido no Egito e restaurando a verdadeira adoração para
si. Os rígidos detalhes impediam Israel de voltar ao antigo modo de vida. Além disso,
cada lei desenha um quadro da seriedade do pecado e da grande misericórdia de Deus em
perdoar os pecadores.12

O Dia do Yom Kippur


O Yom Kippur era conhecido como o dia da Expiação Nacional ou como “o Dia
do Perdão”. Realizado no sétimo mês (Tisri) do calendário religioso judaico (Fig. 01).
Logo após a festa de ano novo. Essa celebração, ao contrario das demais festas, não era
marcada pela alegria, mas sim pelo quebrantamento.

Fig.01 – Calendário Judaico


Neste dia, o sumo sacerdote tinha a tarefa especial de fazer um ritual de expiação
coletiva, apresentando toda nação ao Senhor. Após ministrar em seu favor imolando um
novilho, separava as suas carnes queimando-as no fogo do altar. Posteriormente, tomava
o sangue do novilho e tingia as quatro pontas do altar de sacrifícios em substituição de
Arão e seus filhos. Após lavar-se na Pia de Cobre ele vestia as vestimentas

12
Bíblia de Estudos Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004. p.141
exclusivamente preparadas para ele e ministrava com o incensário intercedendo e pedindo
perdão pelos seus pecados.
Depois de sacrificar o bode expiatório, o sumo sacerdote tomava o seu sangue e
adentrava o Lugar Santíssimo para fazer expiação pelos pecados do povo. Chegando
diante da Arca e o Propiciatório, o sumo sacerdote aspergia o sangue nas quatro pontas
da Arca. Não havendo nenhuma rejeição da parte de Deus, ou seja, se a oferta pelo pecado
fosse aceita, o povo podia glorificar ao Senhor depois viam o sumo sacerdote sair do
interior do tabernáculo.13
Em Hebreus Cristo nos é apresentado como o Sumo Sacerdote (Hb 9.11) que
entrou de uma vez por todas no Santo dos Santos e através do seu próprio sangue fez
expiação pelos nossos pecados obtendo a nossa redenção (Hb 9.12).

Conclusão
O Sistema sacrificial tinha por finalidade, a expiação dos pecados do povo hebreu,
bem como sua consagração e agradecimentos a Deus. Todavia, hoje sabemos que muito
mais que isso esse sistema apontava para o plano de redenção eterna apresentado por
Deus desde a eternidade e executado através da vida, morte e ressurreição de nosso
Senhor Jesus Cristo que foi imolado como cordeiro como oferta pelos nossos pecados e
não somente os nossos, mas pelo pecado de todo o mundo (2 Co 5.21; 1 Pe 2.24;3.18)

13
CABRAL. Op.Cit., p.131

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