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SECRETARIA: Confere.
(Toca o telefone)
SECRETARIA: Peça ao anjo 653 que espere. O Patrão esta conferindo o balanço.
PATRÃO: Diga que não é possível, e dê ordem para não ligarem novamente até segunda ordem.
SECRETÁRIA : O Patrão manda dizer que não é possível e pede para que não liguem novamente, até segunda ordem.
PATRÃO: Precisamos acabar com esse excesso de democracia aqui dentro, todo mundo se acha no direito de uma
audiência comigo, em qualquer lugar e a qualquer momento.
PATRÃO: Mas não é possível continuar assim, por qualquer coisa eles vem a mim! Quando o mundo ainda existia era um
inferno!
PATRÃO: Além de termos que fazer essa liquidação forçada? Também demitirei todo o Departamento de Contabilidade!
Não faço bem?
PATRÃO: Obrigado.
SECRETÁRIA: Continuamos?
SECRETÁRIA: Confere.
PATRÃO: Filial 79. Cento e vinte mil, trezentos e trinta e cinco almas.
SECRETÁRIA: Filial 79. Cento e vinte mil, trezentos e quarenta almas. O erro é dessa filial.
VOZ: Alô.
PATRÃO: Anjo 653, vejo-me obrigado a retorná-lo para sua antiga função de anjo da guarda.
ANJO: Não! O senhor não pode fazer isso! Não tenho vocação para anjo da guarda!
PATRÃO: E nem para anjo fiscal. Sua filial deixou de entregar cinco almas, sabe onde estão?
ANJO: Não compareceram ao Juízo Final. Vim perguntá-lo o que devo fazer, estou morta de tanto andar a procurá-los!
PATRÃO: E mesmo se os encontrasse, como poderia impor-lhes respeito? Ainda mais sem asas!
PATRÃO: A lei prevê o comparecimento de todos os mortais no dia do Juízo, mas não prevê qualquer conseqüência pro
caso de isso não acontecer! Em todo caso senhorita, faça-nos o favor de consultar o Código de Penalidades. Isso só pode
ser resultado de péssima atuação nesse ultimo mundo! Gente pouco habilidosa e menos honesta ainda, esquecendo-se
sempre da ética.
PATRÂO: É, mas o Patrão era em quem eles menos pensavam. Esse segundo mundo foi um desastre!
ANJO: O senhor podia ter forjado um acidente, como da primeira vez, com a tal inundação.
PATRÃO: Não, esse segundo mundo nem segurado estava! E então senhorita?
PATRÃO: Eu já esperava.
ANJO: Mas o que faremos agora? Não há meios de fazê-los comparecer contra vontade.
SECRETÁRIA: O Departamento Jurídico está reunido, quer que mande interromper a reunião?
ANJO: A vontade senhor. Pois então, enfim sós, há seiscentos anos espero por esse momento! (MÚSICA ROMANTICA)
ANJO: Sei! Há seiscentos anos ele está em toda parte! Obstinadamente se interpõe entre nós, procurando me afastar de
você!
SECRETÁRIA: É vergonhoso atribuir procedimento tão mesquinho ao Patrão! Lembre-se: o Patrão age certo por meios
ilícitos!
ANJO: Já, mas sabes que não sou muito chegada a remédios, e que eles não fazem mais efeito contigo por perto, tudo
por causa dessa paixão que me consome há seiscentos anos!
ANJO: Tenho uma licença prêmio a receber, e estava pensando em convidá-la para gozarmos juntos dela.
SECRETÁRIA: Por que me toma anjo 653? Saiba que sou uma das onze mil virgens!
SECRETÁRIA: Graças a igualdade de direitos conquistadas pelas mulheres em relação aos homens, quase todas as onze
mil virgens foram empregadas.
PATRÃO: E pra que tanta inocência? Aqui esse desperdício, lá embaixo, completo racionamento. Por isso tivemos que
fechar as portas!
PATRÃO: Nada, os juristas nada resolveram. Com esse déficit de cinco almas não podemos encerrar o balanço!
SECRETÁRIA: Se o Patrão me permite lembrar, na penúltima liquidação forçada deixou-se um casal de cada espécie.
PATRÃO: Um grande erro! Só sei que é preciso acabar o mundo por inteiro e começar do zero, não se pode aproveitar
nada!
ANJO: Nesse caso, acho que não há outra alternativa se não acabar com o mundo novamente.
PATRÃO: Um contrassenso!
ANJO: O mundo se acabou e cinco almas permaneceram dentro dele. É uma contradição.
PATRÃO: No próximo mundo que eu criar, ninguém mais terá esse desrespeito, por isso devemos legalizar a situação
agora mesmo.
PATRÃO: Imediatamente.
ANJO: E suponhamos que elas se recusem a comparecer, não posso trazê-las a força!
PATRÃO: Não te interessa, trate de cumprir sua missão, e se falhar mais uma vez...
SECRETÁRIA: Senhor.
2º ATO
(SOM DE VENTANIA)
(O Negro entra apavorado, passos incertos, olha em torno, fisionomia angustiada. Lança um olhar para o céu. Ouve-se o
som das trombetas. Assustado o negro foge. Segundos após entra o Ladrão)
Rei: Olá
Rei: As trombetas chamaram para o Juízo Final, todos os mortais devem comparecer para serem julgados.
Ladrão: Vossa majestade então se atrasou, e isso não fica bem para um rei.
Rei: Como se acaba com o mundo assim? Sem mais nem menos, sem nos consultar, sem qualquer explicação a nós,
seus donos?
Rei: Um desrespeito à propriedade privada. Nunca um rei foi deposto de maneira tão estúpida!
Rei: Exatamente! Estava participando de uma cerimônia tradicional, quando de repente, (PUFF) , aconteceu aquilo.
Ladrão: Sim, tão de repente que não deu tempo nem do Juiz ler minha sentença de absolvição por desvio de verbas.
Ladrão: Ah claro, onde já se viu ladrão que se preze, se entregar sem uma perseguição básica? Está ficando louco?
Rei: Não fale assim comigo! Mas você disse de desvio de verbas, o que significa que não era um simples ladrãozinho de
rua.
Ladrão: Claro que não! Eu fiz carreira! Fiquei famoso por ser “honesto”, e fui subindo cada vez mais, até ser entregado por
aquele bando de invejosos que não chegaram ao meu nível!
Rei: É, pelo jeito as coisas não estão muito boas para o seu lado.
Ladrão: E como foi. Se soubesse que o mundo iria acabar, não teria gastado tanto dinheiro com aquela sentença de
absolvição!
Ladrão: Você bateu a cabeça mesmo não foi? Quando era criança, me vestiram de anjo, e não era nada disso.
(Entra a prostituta)
Prostituta: Que vão fazer de mim? Não podem castigar a mim pelo que fiz, não sabia o que estava fazendo! E se
soubesse que viria aqui, não teria feito nada disso!
Prostituta: Como eu podia resistir se não sabia? Se não tinha certeza de nada... sei que estou cheia de lama, imersa em
culpa, mas ninguém me ajudou! Apenas me jogaram de um lado para outro como um objeto! Não podem me castigar por
isso!
Ladrão: Estão certos o mundo se acabou, deve-se acabar com os vícios, dos outros.
Prostituta: Que vão fazer comigo? Não acham que não é justo?
Ladrão: Claro que não é justo, uma pena que nossa opinião não lhe vá ajudar.
Prostituta: Ah, que ótimo! Estou me lamentando para dois inúteis! Afinal, quem são vocês?
Rei: Já não importa... Mas o meu império se expandia por vários continentes, meu domínio se exercia por milhões de
criaturas.
Prostituta: E o senhor?
Ladrão: Ele é muito orgulhoso para dizer, e eu, cínico demais para admitir.
Ladrão: Ele espera uma carruagem com quatro cavalos brancos para levá-lo, eu apenas espero um guarda mau
humorado, mas provavelmente não teremos nada disso.
Prostituta: Talvez dupliquem nossa pena por tanta rebeldia! Não há duvidas de que seremos punidos, e eu, ainda mais!
Ladrão: Convencimento seu, não creio que o castigo de nenhum de nós é pior que o dele.
Rei: Que bonito trabalho fizeram acabando com o mundo, eu um rei, entre um ladrão, e uma prostituta.
Prostituta: O senhor, que foi um rei, deve ter alguma ideia do que vão fazer conosco, certo?
Rei: Eu resistirei.
Ladrão: Há uma esperança, quem sabe não fomos esquecidos? De mim pelo menos.
Ladrão: É, se pegaram os arquivos da polícia, estou ferrado! Mas será que acabaram com o mundo e não acabaram com
a policia?
Prostituta: Vejam, vem alguém!
Ladrão: Visivelmente.
Rei: Imagino...
Sra Honesta: Não, isso foi porque o mundo acabou tão de repente... Nós estávamos na melhor parte do jogo.
Sra Honesta: E o hotel, o quarto, a cama, tudo havia desaparecido. Quer dizer... Mas o que é que os senhores estão
imaginando? Quem pensam que eu sou?
Sra Honesta: Meu marido era gerente de um banco, ele não podia jogar, fazia hora extra todas as quintas feiras por isso
eu saia pra jogar, era ele que mandava, ficava com pena de me deixar sozinha, mandava que eu saísse pra me distrair.
Sra Honesta: Ah, mas não foi por isso que não compareci ao juízo.
Sra Honesta: Era uma humilhação! Uma fila enorme, maior que a do ingresso do Jorge e Matheus!
Sra Honesta: Ora, e o que pensa que sou? Sou uma Senhora Honesta, uma senhora de posição, não posso entrar numa
fila com minha cozinheira!
Rei: Completamente.
Ladrão: Acho que deveria ter duas filhas: senhoras honestas, senhoras desonestas...
Sra Honesta: O mais importante seria a separação de classes! Como posso eu me misturar com essa gentinha?
Rei: Muito menos eu, que fui rei, devo ficar entre essas criaturas.
Anjo: Ei! Vocês aí! Parados! 1,2,3,4 e 5, é estão todos aqui! Será que vou ter que correr mais atrás de vocês? Tenho
andado que nem é vida! Logo agora que estou sem condução?
Prostituta: Eu sabia que viriam nos buscar! Vamos todos ser castigados!
Anjo: Isso de castigar não é comigo, minha missão é levá-los até o juízo, todos serão julgados! E não posso falhar.
Anjo: Já falei que minha missão é apenas levá-los até lá, não consegue entender? Ande logo, vamos!
Anjo: Porque o mundo acabou, e vocês estão fazendo hora aqui! Andem logo!
Prostituta: Eu não tenho a mínima chance de absolvição, como posso? Não tenho culpa, sei disso, mas também sei que
vou ser castigada!
Anjo: Se não tem culpa, será absolvida, a justiça final é a justiça completa.
Prostituta: Não me venha com isso! A justiça sempre está contra os fracos.
Ladrão: Sim, se não formos perdoados, exigimos um mundo novo especialmente para nós. Se quiser até vou lá negociar
com o Patrão.
Prostituta: E agora?
Ladrão: Agora é esperar. Creio que não deve demorar muito, aqui não deve haver burocracia.
Patrão: Não estou insultando. Estou apenas lendo a sua folha de serviço.
Ladrão: O senhor deve ter se equivocado. Eu roubei, é verdade, fiz demagogia, mas nunca matei ninguém.
Ladrão: Bem, não é a mesma coisa. E, se fiz isso... bem, foi porque não sabia que vinha me encontrar com o senhor um
dia. O senhor compreende... a gente não pode adivinhar. Se o senhor tivesse me avisado que pretendia acabar com o
mundo, eu não teria feito nada do que fiz. A culpa foi sua. Eu até que fui um bom rapaz, temente a Deus... Pensei até em
ser padre!
Patrão: Verdade?
Ladrão: Juro! Mas porque o senhor não fala também com os outros? Eles são piores do que eu.
Ladrão: Líder? O senhor sabe que eu nuca fui líder de coisa nenhuma. Sou apenas um oportunista. È claro que alguém
precisava tomar a frente do movimento. E isso é bom para o senhor. Eu estou sempre disposto a fazer concessões... Aqui
entre nós eles são fáceis de manobrar... Posso levá-los para onde quiser. Naturalmente que as concessões precisam ser
mútuas... Eu posso mudar de partido, desde que o senhor me ofereça alguma vantagem.
Ladrão: O senhor é intransigente. Eu não estou impondo nada. Estou apenas querendo fazer um acordo. Não me diga que
o senhor não vai querer fazer acordo de espécie alguma. Que pretende castigar-me por todos os erros, todos os crimes
que cometi. Isso seria cruel. E não seria justo. Eu vivi num mundo foi feito pelo senhor! Disseram-me também que bastava
arrepender-me de tudo na hora da morte, para ser perdoado. Juro que estou arrependido. Mas com certeza era tudo
mentira. Fui enganado, miseravelmente. O senhor tem que levar isso em consideração. Eu fui iludido. Não sou réu, sou
vitima. Que é isso? Que está fazendo?
3º ATO
(Voz do Patrão)
(MÚSICA DO PARANGOLÉ)
Patrão: 653!
Patrão: Anjo 653, pelo que parece você não está levando muito a sério a sua tarefa neste novo mundo.
Anjo: Como não? Pois não tenho feito outra coisa se não preocupar-me com a nova filial.
Anjo: O senhor compreende, depois que o senhor dissolveu a guarda, a profissão ficou muito desmoralizada. Não
encontro Ninguém que queira ser anjo da guarda. Com muito custo, eu consegui contratar quatro e estou esperando o
quinto. Tive que buscar até no coro dos anjos onde ninguém tem a menor experiência com almas. Mas ensinarei a eles
como ser um bom anjo da guarda.
Patrão: Tome cuidado 653! Olhe a responsabilidade da filial é inteiramente sua! Aliás, ai vem um anjo, deve ser um
candidato, vou me retirar, mas muito cuidado 653!
Anjo: Aproxime-se
Anjo: Isso deve mudar, uma das principais características dos anjos da guarda é não recear coisa alguma. Não se pode
ter escrúpulos ou qualquer vergonha nesse trabalho! Deve perder também essa inocência e candura.
Anjo da Guarda: Acredito que não devo, afinal, a candura e a inocência são virtudes mais que essenciais para um anjo.
Anjo: E como pretende impedir seu protegido de ser pego nos braços da amante se for inocente?
Anjo: Sim, mas no outro mundo, seria necessário. Espero que perca isso tudo logo, não se lembra do anjo 1001?
Anjo da Guarda: Sim, o anjo da Cleópatra. Aquela moça que se suicidou com duas cobrinhas.
Anjo: Sim, nos seios. Ele fechou os olhos na hora. Ficou com vergonha.
Anjo da Guarda: Bom, vou fazer meu melhor nesse novo mundo. Mal posso esperar para descer para o novo mundo.
Anjo: Ansioso?
Anjo: Ah, que maravilha! Pressão alta, vertigens, daltonismo... No outro mundo você estaria perdida! Você é a maior
negação profissional que já vi!
Anjo de Guarda: O que isso significa? Por favor, eu preciso desse emprego!
4º ATO
Sra Honesta: Nesse novo mundo eu me sinto tão sozinha e com fome.. Preciso de alguém que me dê carinho, atenção,
que cuide de mim, que me alimente...
Sra Honesta: Eles são inúteis, realmente não me interessam! Eu precisava de um homem forte, trabalhador, responsável..
Ah você sabe do que uma mulher precisa não é?!
Ladrão: Apenas cumprimentá-lo, não o tenho visto, por acaso esteve caçando?
Ladrão: Mas amigo, será que não podíamos dividir? Amanhã pretendo sair para caçar e...
Negro: Não.
Negro: Não.
Rei: São pedras preciosas! Ouro! Diamantes! Vê, fica muito bem com ela!
Rei: Que posso lhe dar em troca então? Posso ser de grande ajuda.
Rei: Você está sempre trabalhando, a deixa sozinha, eu poderia cuidar dela, afinal, ele é perigoso, capaz de tudo!
Prostituta: Claro, ela é honesta, mas não acho que seja muito confiável.
Sra Honesta: Que está fazendo aqui? Ela não sabe que você é meu, que deve manter distância?
Prostituta: Fique com seu lindo negro, não me faz falta alguma. Queria outra coisa.
Negro: Sim
Negro: Aham.
Prostituta: Nervosismo.
Rei: Ah, mas você podia... ele está dormindo, e deve ter um sono profundo... você deveria estar acostumado a essas
coisas, afinal fazia parte da sua profissão, ou você não é um bandido?
Rei: Começo a pensar que queria apenas se valorizar aos nossos olhos.
(O Ladrão aproxima-se do Negro, e em um movimento cauteloso, o assassina com um punhal e fere-o repetidas vezes)
Ladrão: Que foi? Por que essa cara? Nunca viram um homem matar? É a primeira vez aqui, mas no outro mundo era
completamente normal. Ou não se lembram?
Prostituta: Como não lembrar? Uma vez um homem foi esfaqueado na minha frente, ele chorava feito uma criança,
sangrando sem parar, minutos depois de estar em meus braços... Mas não era tão horrível!
Ladrão: Mas vossa majestade, que foi rei, participou de guerras e comandou exércitos, foi causador da morte de milhares!
Agora está com medinho por ter sido testemunha de um assassinato?
Prostituta: Ele não era mau! Trabalhava, caçava, sustentava a mulher... E você o matou!
Ladrão: Sim, claro. Ele acabaria por nos escravizar, isso sim!
Ladrão: De quem? Da Sra Honesta? Que ela pode fazer contra mim?
Rei: Nada...
Ladrão: E não sendo ela, não há nada a temer.
Prostituta: Vejam!
Ladrão: O anjo!
Anjo: Salve!
Anjo: Olá
Anjo: Sim, o Patrão preferiu criar outro mundo do que ter que perdoá-los e desmoralizar o estabelecimento, mas eu estou
aqui, para comunicar o resultado da minha missão.
Anjo: Claro que não. Bom, o resultado dessa teimosia toda de vocês foi essa, além de me fazer perder a licença prêmio.
Anjo: Absoluta!
Ladrão: Devem ser como os funcionários públicos, só vem pra assinar o ponto.
Anjo: Mesmo com a desmoralização da guarda em tempos anteriores, agora foi toda reformada e moralizada.
Ladrão: Mas eu pensei que para ser anjo da guarda se precisasse ser a honestidade e pureza em pessoa, digo, anjo!
Anjo: Não, só exigem atestado de ideologia. Mas enfim, aonde estão os outros? Só tenho meia hora aqui, vim ver como
estão.
Ladrão: A Sra Honesta deve estar passeando, ela gosta muito de passear.
Anjo: E o negro?
Anjo:Graças a um tal de Freud fomos proibidos de dormir! Esse cretino saiu espalhando por ai que sonhos são realizações
de desejos!
Anjo: E como...
Ladrão: Mas a senhora não deve se preocupar com isso, deve tomar cuidado para não expirar o prazo.
Anjo: Ainda tenho certo tempo, queria aproveitar para ver os outros dois.
Prostituta: Não sabemos para onde a Sra Honesta foi, e é melhor não acordar o negro, ele fica furioso quando o acorda!
Anjo: Voava, mas me doía as costelas, então comprei um helicóptero que não sou trouxa!
Anjo: Ainda tenho alguns minutos, mas se o negro acordasse antes disso...
Rei: Ele está cansado, tem trabalhado muito. Nada é tão respeitável quanto o sono de uma pessoa.
Anjo: O Patrão vai ficar muito decepcionado! Este deveria ser um mundo bom!
Ladrão: E como poderia? O mundo se torna o que seus habitantes são, e nós não podemos ser bons! Por acaso ele não
sabe o que faz?
Ladrão: Mas ele não viu que não podemos continuar sendo o que somos?
Rei: Como poderia? O seu Patrão que tem obrigação de criar mundos, eu não.
Anjo: Mas vossa majestade não realizou seu grande sonho de dominar todos os continentes?
Sra Honesta: Ele nos dizia que precisávamos lavrar a terra... fazer brotar nova vida...
(barulho martelo)
Secretária: Confere.