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Dicionário Popular

de

ECONOMIA
SOLIDÁRIA
Reitora
Nádina Aparecida Moreno

Vice-Reitora
Berenice Quinzani Jordão
Líria Maria Bettiol Lanza
Eliézer Ferreira Camargo
Luis Alberto Maccagnan
Marcílio Ronaldo Garcia

Dicionário Popular de Economia Solidária

Universidade Estadual de Londrina


Londrina
2014
DICIONÁRIO POPULAR DA ECONOMIA SOLIDÁRIA
Líria Maria Bettiol Lanza
Eliézer Ferreira Camargo
Luis Alberto Maccagnan
Marcílio Ronaldo Garcia
Universidade Estadual de Londrina
Londrina - PR - Brasil
Publicação Maio de 2014
Capa Patrícia Maria Alves (projeto gráfico),
Rafaela Molter Brazão (ilustração)
Edição e Projeto gráfico por Patrícia Maria Alves
Ilustrações por Rafaela Molter Brazão

Catalogação elaborada pela Divisão de Processos Técnicos da Biblioteca Central


da Universidade Estadual de Londrina

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

D546 Dicionário popular de economia solidária / Líria Maria


Bettiol Lanza...[et al.]. – Londrina : Universidade
Estadual de Londrina, 2014.

64 p. : il.

Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7846-258-1

1. Economia solidária – Dicionários. I. Lanza, Líria Maria


Bettiol.
CDU 334
A todos trabalhadores e trabalhadoras.
AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao Ministério da Educação (convênio n°002/2010


MEC/Sesu – PROEXT), pois sem ele essa obra não seria possível.
Agrademos a todos que se envolveram direta ou indiretamente
com produção desse dicionário. Com destaque para os estagiários
e técnicos da Incubadora. Muito obrigado!Agradecemos aos
revisores, que com sua valiosa colaboração nos orientaram.
Agrademos aos parceiros pelo constante apoio. Obrigado
PROVOPAR-LD! Obrigado Programa Municipal de Economia
Solidária! Obrigado Cáritas Arquidiocesana de Londrina!
Construir esse dicionário foi um desafi o enfrentado por quatro
sujeitos inspirados nos trabalhadores da Economia Solidária.
Por isso, agradecemos principalmente aos trabalhadores que
desenvolvem essa outra economia. Agradecemos um ao outro
nessa construção, pelo apoio mútuo, pela troca de conhecimentos,
pelo aprendizado em conjunto, pois, para essa equipe, Autogestão e
Solidariedade são mais do que palavras, são perspectivas.
“Existe um cooperativismo de elites e um cooperativismo pés-no-chão; um
cooperativismo legalizado, letrado e fi nanciado e um cooperativismo informal,
‘sem lei e sem documento’, não fi nanciado e mesmo reprimido. O cooperativis-
mo não está pois ‘imune’ à divisão da sociedade em classes”
Gilvando Sá Leitão Rios - ‘O que é cooperativismo’

“[...] os praticantes da economia solidária foram abrindo seus próprios


caminhos, pelo único método disponível no laboratório da história: o da
tentativa e erro.”
Paul Singer – ‘Introdução à Economia Solidária’
SUMÁRIO
Prefácio...............................................................................11
Siglário................................................................................12
Apresentação......................................................................13
Índice de Verbetes.............................................................14
Verbetes..............................................................................17
Referências Bibliográficas.................................................51
Sobre os autores.................................................................55
Sobre os revisores técnicos ..............................................57
Anexo de fotos...................................................................59
PREFÁCIO

Afinal, o que é essa tal Economia Solidária?

A primeira vista essa pergunta pode parecer difícil, mas não é. Basta
nos perguntarmos: o que nós que formamos os Empreendimentos
Solidários, temos de diferente das empresas que tem patrão?

Nós que trabalhamos com os princípios da Economia Solidária


entendemos que ela é construída não segundo as regras do
capitalismo vigente e sim da autogestão e solidariedade que faz com
o que o nosso empreendimento seja uma alternativa de geração de
trabalho e renda para as pessoas excluídas do Mercado de Trabalho.

Na prática essa alternativa nos dá a oportunidade que não


encontramos em outros lugares, a de contribuirmos com a melhoria
de vida das nossas famílias e, ainda, com o desenvolvimento local.

Assim, fazemos com que a nossa comunidade seja um local melhor


para cada um e para todos. Assumimos esse compromisso com o
retorno que se manifesta em um ambiente coletivo e justo.

São essas diferenças que vamos encontrar aqui nesse dicionário. E,


apesar de tudo que está aqui parecer ser muito evidente, seu teor
precisa ser revigorado e reafirmado todos os dias nos espaços que
frequentamos.

Porque, Economia Solidária não é só um jeito diferente de organizar


o trabalho, é um estilo de vida pelo qual vale a pena lutar.

Érica Salles Lino


Cooperada da Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis e Resíduos
Sólidos da Região Metropolitana de Londrina – Cooper Região

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SIGLÁRIO
EES Empreendimento Econômico Solidário
EAF Entidade de Apoio e Fomento
GP Gestores Públicos
FBES Fórum Brasileiro de Economia Solidária

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APRESENTAÇÃO

No decorrer do cotidiano de trabalho da Incubadora Técnológica de


Empreendimentos Econômicos Solidários - INTES/UEL, observou-
se que uma das principais dificuldades encontradas é a compreensão
de termos específicos que norteiam a teoria e prática da Economia
Solidária. Assim, também, como os da Economia Dominante.

Essa dificuldade foi encontrada em atividades com diversos sujeitos,


sejam eles trabalhadores de EES, Gestores Públicos ou membros de
Entidades de Apoio e Fomento. Entendemos que a compreensão
desses termos é de fundamental importância para se entender a
proposta da Economia Solidária.

Diante desse contexto, e para o enfrentamento dessa dificuldade, a


equipe da INTES elaborou um projeto que culminou na realização
desse Dicionário Popular de Economia Solidária.

Em momento algum tivemos a pretensão de esgotar as possibilidades


dos termos a serem abordados pelos praticantes da Economia
Solidária, mas buscamos proporcionar uma reflexão com cada
termo que julgamos ser de suma importância para compreensão
dessa outra economia.

Portanto, esse dicionário se destina a todos aqueles que se interessam


pela proposta e que venham a se interessar, mas também a todos os
que fazem essa outra economia acontecer.
Londrina, Maio 2014
Os Autores

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ÍNDICE DE
VERBETES Agroecologia.................................................................17
Associação.......................................................................18
Autogestão......................................................................18
Cidadania.........................................................................19
Consumo Solidário ......................................................20
Cooperação ....................................................................22
Cooperativa ....................................................................22
Cooperativismo .............................................................24
Crédito .............................................................................25
Custo..................................................................................25
Diversidade.....................................................................26
Economia..........................................................................28
Economia Dominante/Capitalista ..........................29
Economia Popular.........................................................30
Economia Solidária......................................................31
Empreendimento Econômico Solidário (Ees).......32
Entidade De Apoio E Fomento (Eaf) ......................33
Fomento............................................................................33

16 Dicionário Popular de Economia Solidária


ÍNDICE DE
VERBETES Fórum.................................................................................34
Fórum Brasileiro De ES(Fbes)....................................35
Incubadora De EES........................................................36
Mais-Valia........................................................................38
Marketing........................................................................38
Mercado...........................................................................39
Pesquisa De Mercado ..................................................40
Plano De Negócios........................................................41
Preço Justo......................................................................42
Produção Orgânica......................................................43
Redes De Colaboração Solidária............................44
Renda.................................................................................45
Retirada...........................................................................45
Sobra..................................................................................46
Solidariedade.................................................................47
Sustentabilidade...........................................................48
Trabalho..........................................................................49

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AGROECOLOGIA
A agroecologia propõe mudanças profundas nos sistemas
e nas formas de produção de alimentos. Na base dessa
mudança está um modo de pensar e agir, que busca produzir
de acordo com as leis e as dinâmicas que regem a natureza,
respeitando o que é economicamente viável, socialmente
justo e ambientalmente sustentável, ou seja, uma produção
utilizando a natureza e não a degradando. É uma proposta
que se opõe aos moldes mais conhecidos do agronegócio,
como o uso dos chamados venenos ou pesticidas nas
plantações. Propõe, portanto, novas formas de utilização
dos recursos naturais que devem se tornar estratégias e
tecnologias condizentes com essa maneira de produzir os
alimentos, levando em consideração a qualidade no processo
de produção, como a qualidade de vida de quem produz, ou
seja, o trabalhador.

Dicionário Popular de Economia Solidária 19


ASSOCIAÇÃO
É a palavra utilizada para determinar uma organização, que
não tem fins lucrativos, resultante da reunião, aceita por lei,
de uma ou mais pessoas em torno de interesses comuns.
Ao construir uma Associação as pessoas buscam melhores
condições de trabalho para concretizar seus objetivos. As
Associações são orientadas pelo princípio do associativismo
e regidas por leis específicas, descritas na Constituição
Federal (artigo 5o, XVII A XXI, e artigo 174, § 2o), assim
como, na Lei federal n° 10.406, de 10 de Janeiro de 2002, do
Novo Código Civil Brasileiro.

AUTOGESTÃO
Esse conceito foi criado pelos próprios trabalhadores com a
ideia de que eles mesmos tomariam conta de seu negócio e
de todo seu trabalho. Na autogestão não existe patrão, chefe
e nem empregado. Todos são responsáveis pelas decisões que
envolvem as etapas do trabalho: o que vai ser produzido, como
vai ser produzido e onde será comercializado. Assim como,
qual será o destino do dinheiro e como deverá ser partilhado
de forma justa entre os participantes. Isso quer dizer que
todos participam do funcionamento do empreendimento
desde as questões legais – como a elaboração do regimento
interno, como as questões do dia a dia, como, por exemplo, a
definição dos horários de trabalho.

Quando todos trabalhadores participam


e tomam decisões no empreendimento
acontece a autogestão.

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CIDADANIA
Para entendermos o que é cidadania precisamos primeiro falar
sobre o significado da palavra cidadão. Cidadão é a pessoa
que pertence a uma comunidade política nacional, ou seja,
a um Estado. Por isso todos nós somos cidadãos brasileiros.
Ser cidadão significa que cada um, individualmente, tem
direitos e deveres, definidos pelo Estado na forma de lei.
Assim, cidadania é entendida como todos nós participando
de maneira conjunta nas decisões da sociedade e até na
definição ou não de nossos direitos, dos rumos de nossa
comunidade ou bairro e de nosso país. Isso se dá através
da participação nas associações de moradores, movimentos
sociais, manifestações, conselhos, fóruns (ver verbete) e no
voto. Quanto mais participamos nesses espaços mais nos
aproximamos da cidadania. A cidadania deve ser entendida,
então, como o respeito e o uso de um conjunto de deveres e
direitos por todas as pessoas que pertencem a esse Estado.
Dessa maneira, a cidadania nos torna iguais perante a lei e
permite que tenhamos alguns direitos sociais. A cidadania
nunca está pronta, ela vai sendo construída pela participação
coletiva.

Dicionário Popular de Economia Solidária 21


CONSUMO SOLIDÁRIO
O consumo solidário é aquele praticado em função do
bem-viver coletivo, e não do individual. Busca favorecer
os trabalhadores que produziram um bem ou serviço,
a manutenção do equilíbrio da natureza e dos recursos
naturais. Trata-se, pois, de dar preferência para o consumo de
produtos e serviços produzidos de forma mais equilibrada,
como por exemplo, produtos da economia solidária (ver
verbete), ao invés de consumir produtos de empresas que
exploram os trabalhadores e degradam o Meio Ambiente.
O ato de consumir fortalece o produtor. Assim, ao escolher
produtos da economia solidaria o consumidor fortalece
essa outra economia e contribui para geração de trabalho e
renda, que possibilita condições dignas de vida. Assim como,
preserva o equilíbrio do meio ambiente e melhora o padrão
de renda de todos os que participam das redes solidárias
(ver verbete). Consumo Solidário é um modo de combater a
exclusão social e a degradação ambiental.

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COOPERAÇÃO
O homem sempre precisou da ajuda do outro para sobreviver.
A cooperação é uma maneira de agir e de se relacionar com
outras pessoas, tanto no trabalho como na vida comunitária e
familiar. A cooperação é um fator importante para o trabalho
no empreendimento por que ajuda as pessoas a encontrar
objetivos e interesses comuns. No trabalho faz com que os
participantes possam se ajudar nas dificuldades; compartilhar
conhecimentos e experiências para resolver as coisas do dia a
dia. O homem, ao agir em cooperação, respeita e valoriza as
capacidades de cada um e assim todos se veem como iguais.

COOPERATIVA
É uma forma de organização voluntária e coletiva de
cooperação e ajuda mútua, gerida de forma democratica
e participativa com a finalidade de melhorar a situação
econômica, social e cultural dos associados. No Brasil,
podemos encontrar as seguintes leis: Constituição da
República Federativa do Brasil (1988), e o Capítulo 1 –
Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – art. 5º,
item XVIII; Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971, que
Define a Política Nacional de Cooperativismo; Lei n° 9.867,
de 10 de novembro de 1999, que Dispõe sobre a criação e
o funcionamento de Cooperativas Sociais; Lei nº 12.690,
de 19 de julho de 2012, que Dispõe sobre a organização e
o funcionamento das Cooperativas de Trabalho. Elaborado
com a participação dos cooperados e com a finalidade de
atender às necessidades dos mesmos, o Estatuto Social da
Cooperativa pode ser definido como um conjunto de normas
que regem funções, atos e objetivos da cooperativa. Dentre
eles, os objetivos do empreendimento; os direitos e deveres
dos cooperados; as condições de inclusão e exclusão e número

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mínimo de sócios. Assim também, a destinação das sobras
Coopera- (ver verbete) financeiras ou os prejuízos; o direito de voto;
tiva o modo de administração e fiscalização; e, convocações das
(cont.) assembléias gerais. A Assembléia Geral é o momento mais
importante da cooperativa sendo obrigatória sua realização,
conforme estabelecido na legislação e no Estatuto Social e
quando será tomada toda e qualquer decisão de interesse dos
sócios. Além da responsabilidade coletiva que se expressa
pela reunião de todos, ou da maioria, nas discussões e nas
decisões da cooperativa. A reunião da Assembléia Geral dos
cooperados ocorre, nas seguintes ocasiões: Assembléia Geral
Ordinária: realizada obrigatoriamente uma vez por ano, onde
necessariamente decide-se sobre as prestações de contas
financeiras, planos de atividades, destinações de sobras,
eleição do Conselho de Administração e Fiscal, e qualquer
assunto de interesse dos cooperados. A Assembléia Geral
Extraordinária: realizada sempre que necessário e poderá
deliberar sobre qualquer assunto de interesse da cooperativa.
A cooperativa se diferencia das associações porque ela possui
um caráter econômico, pois tem a finalidade de colocar os
produtos ou serviços dos seus sócios no mercado de forma
que eles possam concorrer com outras empresas, podendo
assim gerar sobras financeiras para a cooperativa. Dentre
os ramos de Cooperativas, são conhecidas: as Cooperativas
Agropecuárias, onde ocorre a união de produtores rurais
que trabalham de forma solidária na realização das etapas
de produção; Cooperativas de Consumo, no qual acontece
a compra em comum de artigos de consumo para os
cooperados; Cooperativas de Crédito, que tem por finalidade
a assistência financeira por meio da geração de créditos para
seus cooperados; Cooperativas de Produção, o qual se dedica
a produção de bens e mercadorias; Cooperativas de Saúde,
destinadas a preservação e a saúde humana; Cooperativas de
Trabalho, formados por pessoas que contribui com bens ou
serviços para a execução de uma atividade.

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COOPERATIVISMO
É um ensinamento que surgiu no século XIX na Inglaterra.
No ano de 1844, um grupo de 28 tecelões, diante dos baixos
salários e desemprego, se reuniu para comprar produtos de
primeira necessidade, como alimentos, roupas, calçados, entre
outros. Eles formaram a primeira cooperativa (ver verbete) de
consumo, chamada Cooperativa de Rochdale. Eles criaram
regras para o seu funcionamento, que tornaram a base para os
princípios do cooperativismo, que são: Aceitação voluntária
e livre; Gestão democrática; Participação econômica dos
membros; Autonomia e independência; Educação, formação
e informação; Interesse pela comunidade. Depois disso,
a iniciativa se difundiu pelo mundo em diversos ramos de
cooperativas (ver verbete cooperativa). O cooperativismo
é fundamentado na reunião de pessoas buscando atender
as necessidades do grupo e não do lucro. Desta forma o
cooperativismo procura o desenvolvimento coletivo e não
individual.

26 Dicionário Popular de Economia Solidária


CRÉDITO
Crédito é um termo que expressa confiança em algo, ou
alguém. Confiança, esta que inspiram as boas qualidades
duma pessoa, sua boa fama. Significa, ainda, depositar fé,
ter crença. Sob o aspecto financeiro, significa emprestar
recursos para despesas ou investimentos (compra de bens e
equipamentos para a produção) afim de melhorar ou ampliar
as suas atividades. Existem diversas formas de crédito no
mercado (ver verbete), para um grupo ou empreendimento
solidário (ver verbete) existe o Microcrédito, que é a forma
de conceder empréstimos de pequeno valor, rapidamente
e sem burocracia, a juros baixos aos pequenos grupos
representados por seus membros, ou seja, pessoas físicas que
já possuem um negócio.

O crédito nos dá a “possibilidade de


realizar atividades econômicas sem
ter a quantia monetária necessária
no momento”.

CUSTO
O custo é a quantia de dinheiro gasta na produção de um
produto ou na prestação de um serviço. Ao estabelecer o
custo de produção, é possível determinar o preço de venda
para o público do produto ou serviço. Podemos dividí-lo em
Custos Variáveis - todos os gastos envolvidos na produção
ou prestação do serviço, como matérias-primas, água,
luz, transporte, entre outros - e Custos Fixos - os gastos
envolvidos na parte administrativa do empreendimento,
como internet, telefone, aluguel, entre outros.

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DIVERSIDADE
A palavra diversidade se refere a aquilo que não é único. As
sociedades são formadas por pessoas que possuem ideias, valores
e podem até viver de forma diferente da nossa ou do nosso
país. Isso não quer dizer que estejam errados, mas apenas que
são diferentes. Assim podemos falar em diversidade cultural,
religiosa, sexual entre outras formas de diversidade.
O Brasil é um país com uma grande diversidade cultural, porque
tem na sua formação a presença de muitos povos, como os
indígenas, africanos ou negros, europeus ou brancos e outros.
Em cada região brasileira, há diferentes maneiras do povo
expressar seus gostos, modos e suas origens quanto à comida,
danças, histórias e festas populares. A sociedade brasileira possui
uma diversidade religiosa, porque existem muitas religiões ou
expressões religiosas diferentes que são uma escolha da pessoa,
inclusive a de não ter religião. A idéia de que as pessoas são
livres para escolherem ou não uma religião nos leva a fortalecer
a sociedade democrática, igualitária e pacífica. Outra forma
de diversidade é a diversidade sexual. Assim como a religião, a
sexualidade é algo particular do ser humano e cada um pode
vivê-la da forma como deseja. O respeito à diversidade sexual
combate o preconceito e a discriminação das pessoas que não
tem a mesma orientação sexual.

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Dicionário Popular de Economia Solidária 29
ECONOMIA
Economia é um conjunto organizado de conhecimentos sobre
como a sociedade produz, distribui e consome mercadorias
e serviços. A Economia procura entender como os homens
buscam satisfazer suas necessidades básicas de existência,
que envolve a aquisição de alimentos, vestimentas e moradia.
Assim como necessidades de outros tipos de bens duráveis,
não-duráveis e supérfluos, como móveis, eletrônicos, entre
outros.
A Economia é importante para o Mercado (ver verbete), pois
oferece informações necessárias para o planejamento das
etapas do processo de produção, já que as questões como o
que produzir, quando produzir, a quantidade ideal e o público
que irá consumir são decisivos para o desenvolvimento de
todo e qualquer empreendimento.

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ECONOMIA DOMINATE/CAPITALISTA
A economia dominante/capitalista, também conhecida
como capitalismo, é um modo de produção e organização
da sociedade, que visa a troca de bens e serviços. Reúne três
elementos-chave:
1. A propriedade privada dos meios de produção. Por
exemplo, as máquinas, terra, matéria prima, tecnologias;
2. O Mercado Financeiro na troca de produtos visando o
lucro;
3. O Mercado de trabalho baseado na exploração da mão
de obra. A partir do contrato de trabalho, o proprietário
paga ao trabalhador um salário para que ele realize a
produção de uma mercadoria ou prestação de algum
serviço. O patrão tem seu lucro das vendas dos seus
produtos e da chamada Mais-Valia (ver verbete).
O capitalismo é entendido por grande parte da sociedade
como um sistema essencialmente econômico, mas é também
um conjunto de instituições político-econômicas, como as
igrejas, escolas, universidades, grandes empresas, que podem
determinar as relações sociais, culturais e éticas. Nessa
economia há valores como competição, individualismo,
dogmas e o pensamento comum que busca justificar a
sociedade como ela está, e que maneira isso dificulta o
surgimento de novas práticas de economia e organização
social.

Dicionário Popular de Economia Solidária 31


ECONOMIA POPULAR
Economia popular é uma forma diferente da economia
dominante/capitalista, porque ela é um conjunto de
atividades econômicas e sociais que os trabalhadores fazem
para viverem e não somente sobreviver. Na economia popular,
além da quantia de dinheiro que o trabalho oferece, também
é levada em conta outras questões, como a participação, a
solidariedade e o respeito entre homens e mulheres.
Quando somamos a palavra economia com a palavra popular,
queremos dizer que ela é uma estratégia dos trabalhadores
que estão desempregados e fora do mercado de trabalho.
Assim, a economia popular só acontece se for um desejo das
pessoas envolvidas, que passam pelas mesmas necessidades e
decidem juntas enfrentá-las.
Outra importante diferença entre economia capitalista
e a economia popular é que junto com a busca por renda,
os trabalhadores procuram melhorar as condições de
saúde, a escolaridade, moradia e também o coletivo onde
vivem e trabalham – bairros, vilas, comunidades rurais,
assentamentos, etc. Deste modo, são valorizados todos os
tipos de trabalho – desde quem cuida da casa; das crianças e
dos idosos, até quem ensina e instrui o grupo.

32 Dicionário Popular de Economia Solidária


ECONOMIA SOLIDÁRIA
Economia Solidária é um modo alternativo de produzir,
vender, comprar e trocar o que é preciso para viver. Sem
explorar ninguém, sem querer levar vantagem, sem destruir
o meio ambiente. Cooperando, fortalecendo o grupo, sem
patrão nem empregado, cada um pensa no bem de todos e no
seu próprio bem. prática regida pelos valores de igualdade,
autogestão, democracia, cooperação, solidariedade, respeito
à natureza, promoção da dignidade e valorização do trabalho
humano, tendo em vista um projeto de desenvolvimento
sustentável global e coletivo. E, como uma estratégia de
enfrentamento da exclusão social e da precarização do
trabalho. Assim, a Economia Solidaria combate à degradação
das condições de trabalho, renda e direitos dos trabalhadores
subjugados pelo Mercado. Esta outra economia propõe -
através de formas coletivas, justas e solidárias - gerar trabalho,
renda e melhorar as condições de vida das pessoas.

Dicionário Popular de Economia Solidária 33


EMPREENDIMENTO ECONÔMICO SOLIDÁRIO (EES)
Empreendimento Econômico Solidário (EES) é o nome que
damos as diferentes formas de organização econômica que
podem surgir para produzir algo, oferecer um tipo de serviço,
comercializar/vender um produto ou até mesmo para lidar
com o crédito (ver verbete).
Os EES podem ser pequenos grupos, cooperativas, associações,
empresas falidas e recuperadas pelos seus trabalhadores. São
diferentes das demais organizações econômicas capitalistas
por que têm como alicerce a autogestão (ver verbete). Há
mais de dois séculos, grupos de trabalhadores se unem de
forma participativa e comunitária para enfrentar a dura
realidade do trabalho no modo de produção capitalista. É essa
forma, participativa e comunitária, como fizeram e fazem os
EES funcionarem, que favoreceu tanto a sobrevivência das
pessoas como de suas famílias e, também, auxiliou as pessoas
a aprenderem muitas coisas, como dar sua opinião sobre
algo; ajudar a melhorar seu bairro, seu trabalho e os espaços
comunitários; valorizar a cultura e a tradição dos lugares e
das pessoas. Um EES deve ter uma atividade econômica e
outras atividades que promovam uma vida melhor e com
qualidade para seus membros. Sendo assim, é importante
lembrar que, em um EES, todos os seus trabalhadores, além
de sua força de trabalho (ver verbete), auxiliam com aquilo
que sabem ou tem mais facilidade para que todos possam
aprender, ter renda e cidadania.

34 Dicionário Popular de Economia Solidária


ENTIDADE DE APOIO E FOMENTO (EAF)
São as organizações que realizam diversas atividades de apoio
aos empreendimentos solidários. Entre essas atividades
estão as assessorias e capacitadores, que tem como objetivo
apoiar os empreendimentos solidários no seu processo de
formação e desenvolvimento. Entre as principais atividades
desenvolvidas pelas EAFs podemos destacar:
• Formação em Economia Solidária;
• Gestão administrativa e financeira;
• Marketing (ver verbete);
• Busca de pontos para comercialização;
• Elaboração de Plano de Negócios (ver verbete);
• Capacitação e/ou aperfeiçoamento para produção de
mercadorias e/ou prestação de serviços.

FOMENTO
O fomento é entendido como uma ação que Entidades de
Apoio (ver verbete) e o setor público - Municípios, Estados
ou Governo Federal (União) - podem realizar em parceria
com Empreendimentos Econômicos Solidários (EES),
para promover o crescimento dos grupos participantes e
das atividades desenvolvidas. Desta forma o fomento pode
vir através de oficinas, oferta de materiais, empréstimo
de equipamentos e disponibilização de locais para a
produção, auxílio financeiro e acompanhamento com equipe
especializada.

Dicionário Popular de Economia Solidária 35


FÓRUM
Os Fóruns são espaços para as pessoas se reunirem e
debaterem sobre um assunto. Geralmente é realizado um
encontro e colocado um problema, qualquer pessoa presente
pode falar sua opinião sobre o assunto discutido. Existem
diversos Fóruns sobre diversos assuntos. Todos podem
participar, mas em alguns casos, apenas alguns grupos de
pessoas podem votar.

36 Dicionário Popular de Economia Solidária


FÓRUM BRASILEIRO DE ECONOMIA SOLIDÁRIA
(FBES)
O FBES é um instrumento do movimento da Economia
Solidária. Ele está organizado em todo o Brasil, em Fóruns
Municipais, Regionais e Estaduais. Entre os que compõem
o Fórum estão: os Empreendimentos Econômicos Solidários
(EES) (ver verbete), das áreas urbanas e rurais; as Entidades
de Apoio e Fomento (EAF); e os Gestores Públicos (GP) que
são as pessoas responsáveis pela economia solidária no setor
público. O FBES é um espaço de diálogo e articulação desses
grupos que o compõem e fazem parte do movimento da
Economia Solidária , junto a outros movimentos sociais, se
insere em diversas lutas sociais para o desenvolvimento social
e econômico do país. O (FBES) busca fortalecer o movimento
a partir dos trabalhadores e reivindica ações públicas para o
desenvolvimento e fortalecimento da Economia Solidária.

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INCUBADORA DE EMPREENDIMENTOS
SOLIDÁRIOS
É uma entidade de apoio a empreendimentos que atuam
na perspectiva da Economia Solidária no âmbito da
capacitação técnica e formação política, desde os princípios
até a gestão dessa outra economia. É, também, um espaço
de formação profissional para alunos-estagiários e
pesquisadores. Caracteriza-se como um centro de tecnologia
que torna disponíveis os conhecimentos e os recursos
acumulados na universidade pública para gerar - por meio
do suporte à formação e desenvolvimento (incubação) de
empreendimentos solidários autogestionários - alternativas
de trabalho, renda e cidadania para indivíduos e grupos.

38 Dicionário Popular de Economia Solidária


Dicionário Popular de Economia Solidária 39
MAIS-VALIA
A mais-valia é entendida como o tempo de trabalho
não pago pelo empregador/patrão para seu empregado/
funcionário; a exploração do trabalho no capitalismo. Para
melhor entendimento veja o exemplo: suponhamos que um
funcionário leve 1 hora para fabricar uma camiseta. Nesse
período ele produz o suficiente para pagar todo o seu trabalho,
lembramos então que em média a jornada de trabalho dura
de 6 a 8 horas diárias. Assim ele permanece mais tempo no
seu local de trabalho produzindo mais de uma camiseta e
recebendo o equivalente à confecção de apenas uma. Então
em uma jornada de 6 horas seria produzida seis camisetas.
Conclui-se que ele trabalha 5 horas de graça, reduzindo o
custo do produto e aumentando os lucros do patrão.
A mais-valia é, portanto, o tempo de trabalho não pago
apropriado pelo capitalista/patrão.

MARKETING
Marketing é a ação de comprar e vender em um mercado
(ver verbete) e, também, um tipo de relação de troca que visa
satisfazer as necessidades dos consumidores e os interesses
dos produtores.
A utilização do marketing é essencial para qualquer negócio.
É uma importante ferramenta para o empreendimento, uma
vez que sua utilização permite e estabelece o desenvolvimento
do produto, o público alvo, o ponto de venda ideal para
sua comercialização, o preço a ser praticado, as formas de
divulgação, o atendimento ao consumidor e a avaliação dos
resultados obtidos com a venda do produto.

40 Dicionário Popular de Economia Solidária


MERCADO
Mercado é o local no qual os agentes econômicos - empresas,
governo e consumidores - compram e vendem seus produtos.
É a consequência direta da oferta e procura de bens de
consumo. Quando um produto possui oferta e procura,
podemos considerar que existe mercado.

Dicionário Popular de Economia Solidária 41


PESQUISA DE MERCADO
A pesquisa de mercado é uma ferramenta de orientação
para as decisões dos empreendimentos. São questionários
aplicados ao público em geral que buscam conhecer o perfil
das pessoas, analisando seus hábitos e consumo, preferências,
entre outros. Este questionário é desenvolvido pelos sócios
ou por assessoria de profissionais de marketing (ver verbete)
com a finalidade de definir as estratégias do empreendimento
através das respostas dadas pelos entrevistados. A pesquisa
de mercado possibilita aos sócios avaliarem seus potenciais
fornecedores e serve para direcionar as vendas do produto
no mercado (ver verbete), bem como seus possíveis
consumidores. As informações coletadas da pesquisa de
mercado ajudam a detectar novas tendências de produto,
consumo e avaliar a aceitação de seus produtos e serviços.

PLANO DE NEGÓCIOS
O plano de negócio é uma ferramenta estratégica que
direciona as expectativas do empreendimento, auxiliando na
tomada de decisões dos trabalhadores na sua organização.
Através das informações do plano de negócio, podemos
identificar as características do empreendimento como
uma descrição completa dos produtos e serviços que
deseja oferecer, o local de comercialização e da produção,
o perfil dos consumidores e a autogestão (ver verbete) do
empreendimento. Através dessas informações levantadas, é
elaborado um Plano de negócio a ser executado por todos
do empreendimento. Este plano deve conter: Análise de
Mercado, onde descreverá as atividades de marketing (ver
verbete), comercialização, promoções e de divulgação dos
produtos ou serviços, os planos de pagamentos, o estudo da

42 Dicionário Popular de Economia Solidária


concorrência e o relacionamento com fornecedores futuros;
Plano de Análise Financeira é o momento necessário para levantar
negócios os custos de produção, o investimento inicial, pagamento
(cont.) de impostos e demais custos e despesas operacionais;
Desta forma, podemos chegar ao preço justo (ver verbete)
do produto e aos cálculos de retorno do investimento no
empreendimento. É necessário, também, o desenvolvimento
de livros contábeis, obrigatório para todos os tipos de
empreendimentos, para demonstrar aos órgãos competentes
a natureza dos recursos financeiros e as obrigações a
serem pagas. O plano de negócios se faz necessário para o
desenvolvimento saudável de qualquer empreendimento.

Dicionário Popular de Economia Solidária 43


PREÇO JUSTO
Em uma sociedade moderna, as trocas de mercadorias
precisam ter um valor monetário (preço) que indica o que
podemos comprar e a quanto podemos vender nossos
produtos e um instrumento que possibilitem estas trocas
(dinheiro). O trabalhador indica o valor da sua mercadoria
que esta a venda, e ao receber a quantidade pedida, também
paga para comprar os bens e serviços, assim acontece à
interação econômica na sociedade. Quando falamos de
preço justo devemos pensar em ser justo PARA QUE e
PARA QUEM, quando determinamos os custos de produção
de cada produto, determinamos o valor que cada agente
econômico (governo, empreendimentos e trabalhadores)
que está envolvido na produção irá receber com a venda do
produto, ou seja, o preço consiste no montante de renda que
será disponibilizado para cada agente econômico. Diz-se
justo quando os preços cobrem todos os custos de produção
de uma mercadoria sem ter prejuízo e nem lucro para o
empreendimento, e sim a garantia de uma sobra (ver verbete).
A causa do lucro das empresas é devido ao valor do trabalho
que não foi pago aos trabalhadores ou pela exploração do
preço de mercado do produto, ou dependendo do tipo de
mercado que a empresa está inserida, como por exemplo,
uma empresa que é a única a ofertar um produto. O preço
de mercado é dado pela interação entre a oferta e demanda
do produto no mercado, se houver mais compradores do que
ofertantes, os produtos ficarão mais caros. Assim o preço de
mercado, tende a ser um pensamento individualista, valoriza
a concorrência e o “salve-se quem puder”, diferenciando da
proposta do preço justo.

44 Dicionário Popular de Economia Solidária


PRODUÇÃO ORGÂNICA
É a produção de alimentos e outros produtos vegetais e
animais (leite, queijo, carne) que não utiliza produtos químicos
sintéticos. Sendo assim, não faz uso de fertilizantes, pesticidas,
herbicidas e medicamentos químicos sintéticos, usando apenas
insumos biológicos ou estrato de plantas para suprir as funções
de fortalecimento e proteção. Não permite também o uso
de transgênicos que são organismos que receberam material
genético (genes) de outro organismo e muitas vezes até mesmo
de outra espécie,
A base da produção orgânica é o solo e suas características
química, física e biológicas e a manutenção dessas características,
buscando a chamada sustentabilidade (ver verbete). A utilização
de composteiras é um exemplo da forma que se substitui os
fertilizantes químicos, por adubos produzidos utilizando-se os
resíduos alimentares e vegetais decompostos.
Produtos de produção orgânica costumam receber um selo de
alguma chamada “certificadora” que atestam que o produtor
não utiliza estes químicos sintéticos e adota essas práticas mais
sustentáveis. Assim o consumidor pode reconhecer e diferenciar
o que é de produção orgânica, e o que é produção convencional.

Dicionário Popular de Economia Solidária 45


REDES DE COLABORAÇÃO SOLIDÁRIA
São as relações das iniciativas de Economia Solidária e/
ou dos empreendimentos econômicos solidários entre si,
com o objetivo de realizar a troca de informações, valores e
materiais. Essas formações possuem o objetivo de construir
cadeias produtivas para garantir o bem-viver de todos. A
participação dos membros de uma rede é livre e sempre
observando os princípios que orientam a Economia Solidária.
Alguns exemplos: Justa Trama; Rede Ecovida; Rede de Saúde
Mental e Economia Solidária - SP; Rede de Gestores de
Políticas Públicas de Economia Solidária; Rede Xique-xique.

46 Dicionário Popular de Economia Solidária


RENDA
O termo renda é compreendido como a soma dos valores
monetários (dinheiro) recebidos de toda e qualquer atividade
econômica, tais como os salários (trabalho), a aposentadoria,
a pensão, o recebimento de aluguel (terra), os lucros e juros
(capital). É considerado renda familiar se qualquer um dos
membros de uma família em um determinado período de
tempo, pode ser em um mês, ano ou período determinado
tiver recebido montantes em pagamento a uma atividade
remunerada. Na Economia Solidária a renda vem da retirada
(ver verbete) e de parcela da sobra (ver verbete).

RETIRADA
O trabalhador associado não tem salário, ele não é assalariado,
não é um empregado, ele é um sócio do empreendimento.
Para remunerar o trabalho em função da produção de
mercadorias e/ou de serviços realizados no empreendimento
é retirado um valor dos resultados, que constitui uma
retirada, em função da atividade produtiva e comercial que
o trabalhador participa.

Dicionário Popular de Economia Solidária 47


SOBRA
As sobras, assim como as perdas, são o resultado das atividades
do ano. As sobras ou as perdas devem ser distribuídas
conforme a participação de cada trabalhador com o EES.
Para isso, deve haver um registro de horas trabalhadas (EES
de produção) ou de mercadorias comercializadas (EES de
comercialização) por cada um para que a divisão das sobras
seja justa.

48 Dicionário Popular de Economia Solidária


SOLIDARIEDADE
A palavra solidariedade tem sido muito falada nos dias de
hoje e sempre tem um bom sentido: ajudar as pessoas. Mas
de onde e por que é preciso que nós, homens e mulheres, nos
ajudemos uns aos outros? Em 1841 a palavra solidariedade
foi usada pela primeira vez para dizer que nenhum de nós
pode viver e pensar somente em si, já que todos vivemos em
uma sociedade e o que um faz afeta o outro de alguma forma.
A solidariedade então, é esse compromisso que temos uns
com os outros porque somos iguais. A maioria das pessoas
acredita que ser “solidário com alguém” é somente dar
dinheiro, roupa, comida para aqueles que precisam, mas é
também ajudar as pessoas a melhorarem sua participação na
sociedade e isso pode ser feito de muitas formas: dando uma
informação; apoiando as pessoas para que voltem a estudar;
chamar outros para participar de algum grupo, se envolver
em alguma causa da sociedade e, principalmente, se sentir
responsável por elas.

Dicionário Popular de Economia Solidária 49


SUSTENTABILIDADE
O termo sustentabilidade está relacionado ao equilíbrio e
manutenção do Meio Ambiente; diz respeito à relação dos
homens e mulheres com a natureza. Os recursos naturais -
água, solo, ar, florestas - se transformaram em ferramenta
de trabalho para que os homens e mulheres pudessem ir
construindo e melhorando suas vidas ao longo da história
e por isso devem ser considerados “um bem de todos”. O
uso dos recursos naturais a serviço do homem em nossa
sociedade não é equilibrado e responsável e a natureza é
desrespeitada para levar ao lucro e ao desenvolvimento
econômico de alguns. Dessa relação desigual surge a palavra
sustentabilidade como uma necessidade urgente de produzir
e consumir respeitando a natureza. “Quem parte e guarda,
põe na mesa duas vezes”.

50 Dicionário Popular de Economia Solidária


TRABALHO
Basicamente o trabalho é considerado a forma pela qual o
homem se apropria dos recursos naturais por meio de suas
forças e faculdades físicas e mentais, para satisfazer suas
necessidades e para alcançar um determinado objetivo. O
trabalho é necessário para a realização de qualquer tarefa.
Seu exercício pode ser considerado como ocupação, ofício,
profissão, etc. Pode ser remunerado ou não. Na sociedade
capitalista na qual vivemos o trabalho passa a ser assalariado,
quando o homem necessita vender as suas faculdades físicas
e mentais em troca de um valor em dinheiro.

Dicionário Popular de Economia Solidária 51


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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sociados, São Paulo, 1992 [Coleção Polêmicas do nosso tempo].

Dicionário Popular de Economia Solidária 55


SOBRE OS AUTORES
Líria Maria Doutora em Serviço Social, professora na Universidade
Bettiol Lanza Estadual de Londrina – UEL no Departamento de
Serviço Social e no Programa de Pós-Graduação em
Serviço Social e Política Social. Pesquisadora na área
da saúde e economia solidária e colaboradora da
INTES desde 2010.
e-mail: liriabetttiol@uel.br

Eliézer Ferreira Graduando em Ciências Econômicas pela Universidade


Camargo Estadual de Londrina e Colaborador Extensionista
da Incubadora Tecnológica de Empreendimentos
Solidários da Universidade Estadual de Londrina
desde 2012.

Luis Alberto Graduado em Ciências Sociais e quartanista do


Maccagnan curso de Serviço Social na Universidade Estadual de
Londrina - UEL, Colaborador Extensionista da INTES
em 2012 e 2013.
e-mail: luizin36@hotmail.com

Marcílio Ronaldo Bacharel em Serviço Social pela Universidade


Garcia Estadual de Londrina e especialista em Gestão Pública
Municipal pela Universidade Estadual de Maringá.
Colaborador externo bolsista da Intes/UEL de 2011 a
2013. Atualmente é Coordenador de Projeto na área
de Economia Solidária no PROVOPAR-Londrina, que
é parceiro da Prefeitura de Londrina na execução do
Programa Municipal de Economia Solidária.
e-mail: marcilio_garcia@hotmail.com

Dicionário Popular de Economia Solidária 57


SOBRE OS REVISORES TÉCNICOS
Maria das Graças Doutora em Serviço Social com pesquisa em
de Gouvêa Movimentos Sociais e Educação popular. Profa. na
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
- UNESP, Campus de Franca/SP.
e-mail: xodogouvea@uol.com.br

Sandra Regina Mestre em Serviço Social e Política Social pela


Nishimura UEL; especialista em Temas Contemporâneos pelo
departamento de Serviço Social da UEL; integrante
da Coordenação Executiva da Rede de Gestores
de Políticas Públicas de Economia Solidária; ex-
coordenadora do Programa Municipal de Economia
Solidária da Prefeitura de Londrina.

Dicionário Popular de Economia Solidária 59


Afinal, o que é Economia Solidária? O que significa Mais-Valia? O que é
Marketing? E, como podemos definir o conceito de Trabalho e Preço
Justo? O entendimento destes termos para o desenvolvimento de uma
outra forma de economia - mais justa e solidária - se faz necessário e
imprescindível. Afinados a esse entendimento, a equipe da Incubadora
Tecnológica de Empreendimentos Solidários da Universidade Estadual de
Londrina - INTES/UEL - desenvolveu a pesquisa deste e outros mais concei-
tos que unidos viabilizaram a criação deste Dicionário Popular de Econo-
mia Solidária. Que em sua essência não pretende esgotar os termos e sim
lançar uma luz para estimular o debate e a discussão de novos entendi-
mentos sobre uma outra economia, cujo anseio é desenvolver um ambien-
te mais justo e solidário. Uma obra de imprescindível leitura para todos
que se interessam pela proposta e que venham a se interessar, mas
também a todos os que fazem essa outra economia acontecer.

Convênio nº 002/2010
MEC/SESU – PROEXT

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