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1 Gíria da língua inglesa que significa performance musical ao vivo. O termo foi adotado pelos punks
com o sentido de não haver estrelas e nem a dicotomia: palco x público.
2 Pequenas peças de metal, em forma de cone, geralmente cravadas em jaquetas, pulseiras e cintos.
Sua linguagem, seu modo de agir revelam, portanto, elementos de identificação
próprios. Um dos elementos mais importantes desses grupos é o fanzine3, um meio de
comunicação entre os punks, que são espécies de revistas artesanais com informações sobre
bandas, seus conteúdos, o cenário musical do gênero, entre outras. No caso das cidades
brasileiras, contém uma visão macro da situação social econômica e política do país com
algum tipo de conscientização. Punks que produzem esse material em Belém informaram que
no Brasil os fanzines receberam outra conotação, a partir dos punks anarquistas, e o nome
sofreu uma redução, passando a se chamar apenas ‘zine’.
Conclusão
O rock produzido no Pará tem leituras diversificadas, visto que a região amazônica é
permeada por uma cultura híbrida e uma sociedade com diversos problemas econômicos,
sociais, contradições políticas, dentre outros e o punk rock seria a vertente principal a
questionar esse caos local e global ao resgatar a força política do próprio rock fazendo dele
um instrumento de intervenção, fato constatado na performance e performatividade dos
integrantes de bandas .
Os músicos, portanto, assimilam elementos estrangeiros buscando adaptá-los ao seu
contexto local e, apesar de adotarem alguns desses elementos, muitos rejeitam a língua
inglesa, principalmente os da América Latina que optam por sua língua materna ou o
esperanto considerado uma língua de resistência em oposição à língua do colonizador. Sua
performance vai desde cantar/discursar em português a criar seus próprios zines, festivais e
eventos beneficentes; em alguns casos mesclam outras células rítmicas às composições, às
vezes regionais.
Apenas bandas antigas adotam o título punk, hoje o rock que mais se aproxima do
gênero é considerado hardcore, adotando-se a abreviatura ‘hc – expressão que significa algo
executado de forma dura e extrema – variando, por vezes, o gênero que dizem executar, com
nomes como fastcore, emocore, thrashcore, entre outros.
Referências Bibliográficas:
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