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12 de junho de 2010

OS ESTADOS UNIDOS E A ASCENSÃO

DE NOVOS PÓLOS: OS BRICS

CHINA

Prof. Marco Cepik

Apoio institucional:

Apoio logístico:
Projeto ͞Relações Internacionais para Educadores͟ ʹ 12 de junho de 2010
OS ESTADOS UNIDOS E A ASCENSÃO DE NOVOS PÓLOS: OS BRICS ʹ CHINA

A ASCENSÃO DA CHINA NO SISTEMA INTERNACIONAL

Por Gihad Soares e Carlos Gorito1

A China, este gigante país situado a milhares de quilômetros de nós, está diariamente dentre
as notícias da mídia nacional e internacional. As matérias variam desde indicadores de
crescimento econômico, investimentos em infraestrutura na África, disputas comerciais com
os Estados Unidos, mediação de negociações com a Coreia do Norte, entre outros. Para serem
melhor compreendidas, estas informações devem ser complementadas por uma análise mais
profunda do que é a China, em toda sua pujança. Seus aspectos políticos, históricos,
econômicos e sociais são a chave para esse entendimento. Essa é a proposta desta seção, em
que se buscará não só analisar o que a China representa hoje, mas também o que este país
pode vir a representar para o Brasil.

CHINA: UM BREVE PERFIL

A civilização chinesa foi uma das primeiras a se formarem no decorrer da História e


desenvolveu uma cultura muito característica. A fim de compreender o que é a China hoje e
como se está dando sua nova ascensão internacional, precisamos saber um pouco sobre seus
pilares, suas características e os desafios a serem enfrentados por ela.

A República Popular da China (RPC, cuja capital é Pequim, ou Beijing) é um país

situado no leste da Ásia, que ocupa uma área de 9,6 milhões de quilômetros quadrados (ver
Figura 1), sendo o terceiro maior do mundo em extensão territorial, mantendo fronteiras com
quatorze outros Estados.

Aproximadamente 1,3 bilhão de pessoas habitam o território chinês. É a maior população do


mundo. Devido a especificidades de geografia,

1 Estudantes de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul


(UFRGS).

Fig. 1: China

Fonte: Folha Online.

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OS ESTADOS UNIDOS E A ASCENSÃO DE NOVOS PÓLOS: OS BRICS ʹ CHINA

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evolução histórico-social e expansão territorial, há uma enorme disparidade de densidade
populacional entre as regiões leste (costeira e populosa) e oeste (interiorana e esparsamente
povoada) do país. 91% dos chineses são da etnia Han; os cerca de cem milhões restantes
incluem 56 outros grupos étnicos reconhecidos pelo governo central, o qual lhes concede
significativa autonomia política.

O chinês mandarim, de escrita simplificada, é a língua dominante, mas coexiste com uma série
de dialetos regionais e línguas de minorias étnicas. As principais religiões da China são o
budismo e o taoísmo, e existem grupos expressivos de muçulmanos, especialmente entre
minorias étnicas, e de cristãos.

O país é governado pelo Partido Comunista Chinês (PCC), que tem o poder garantido
constitucionalmente. Outros oito pequenos partidos, regulados pelo PCC, compartilham o
Poder Legislativo. O sistema eleitoral nacional é indireto, partindo do nível distrital até o nível
nacional, e os chefes do executivo são determinados pelos próprios membros do PCC.

História e formação

O embrião da China atual surgiu nos vales dos rios Amarelo e Azul. Acredita-se que a primeira
dinastia chinesa foi a Xia (em aproximadamente 2200 a.C.). Os Shang dominaram a região em
1750 a.C., e foram sucedidos pelos Zhou, em 1100 a.C. Os dois períodos seguintes (Período das
Primaveras e Outonos e dos Estados Guerreiros) foram determinados por guerras cada vez
mais longas e sangrentas entre os reinos chineses. Foi nessa época que surgiram três grandes
correntes de pensamento que determinariam a cultura chinesa: o taoísmo, o confucionismo e
o legalismo. Enquanto as duas primeiras disseminaram princípios de compaixão, humildade e
virtude, o legalismo fixava que os homens são maus, e são necessárias medidas rígidas para
controlá-los. O confucionismo também cria que o rei era o filho do Paraíso, com direitos totais
de governar.

Em 221 a.C., a China foi unificada pelo reino de Qin. A nova dinastia Qin durou pouco, ruindo
em vista de uma revolução. A dinastia seguinte, Han, estendeu-se por quatro séculos (206 a.C.
- 220) e pode ser considerada a ͞era de ouro͟ da história chinesa, tornando eficiente a coleta
de impostos e pautando a burocracia em princípios do confucionismo. Houve enorme avanço
tecnológico, a exemplo da criação da porcelana e do papel. A expansão Han permitiu o início
da famosa Rota da Seda2, a oeste, e estabeleceu relações de vassalagem3 com reinos
periféricos.

2 Série de rotas comerciais marítimas e terrestres que conectavam o Oriente e a Europa. O


trecho mais

comumente denominado Rota da Seda, contudo, é um percurso que atravessa o noroeste


chinês.

3 Relação social em que um indivíduo ʹ vassalo ʹ oferece fidelidade e sua força de trabalho em
troca de

abrigo e subsistência por parte de seu superior ʹ suserano. Aplicada ao contexto internacional
da Ásia
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Essa grande China, no entanto, foi acometida pela corrupção, pela superpopulação e por
invasões ao norte, e se desintegrou, dando fim à era Han. O período seguinte, de 220 a 589, foi
marcado por derramamento de sangue e desunião, mas apresentou avanços tecnológicos
(invenção da pólvora) e a penetração do budismo, originado na Índia, pelo território chinês.

A dinastia Sui, do norte, unificou novamente a China em 589. Todavia, foi de curta duração,
sendo sucedida pela dinastia Tang em 618. A era Tang foi um novo pico na história chinesa,
com o enraizamento do budismo, numa variação própria da China, nas bases da sociedade. O
sistema de mandarinato ʹ funcionários públicos selecionados por concurso ʹ foi criado nessa
época, e seria importantíssimo para a manutenção da unidade chinesa através do
fortalecimento do governo central. A era Tang se encerra em 907. Uma dinastia duradoura,
Song, viria em 960, após um período de rápidas sucessões no poder.

Com a dinastia Song no poder unificado da China, houve um desenvolvimento inédito das
cidades chinesas. O crescimento do comércio ligou a costa e o interior, e esboçou uma
economia de mercado absolutamente inexistente na Europa à época.

A tecnologia agrícola, associada ao fluxo de arroz advindo do Vietnã, chegou ao topo nesta era.
Para Samir Amin (1973), essa suficiência na agricultura e o excedente de mão-de-obra agrícola
(em contraste com a escassez dela, na Europa) são apontados como causas pelas quais o
capitalismo não se desenvolveu na China antes que no Ocidente.

A pressão dos invasores do norte, que já havia provocado a mudança da capital da dinastia
Song para o sul, acabou por desfazê-la para dar lugar a uma dinastia mongol, Yuan, em 1279. O
governo de ocupação mongol pode ser caracterizado por contatos freqüentes com o Ocidente;
a convocação de oficiais e burocratas era feita entre mongóis e outras populações não-
chinesas (do Oriente Médio, por exemplo). Foi conservada a maior parte das instituições
chinesas, embora os próprios chineses ficassem de fora delas.

Os chineses retornaram ao poder sob a dinastia Ming. Tanto o Grande Canal como a Muralha
da China, obras iniciadas muitas dinastias atrás, foram terminados ou aperfeiçoados pelos
Ming. Também foi sob o império Ming que os chineses organizaram expedições marítimas pelo
Oceano Índico, até a costa leste africana, quase um século antes de Cristóvão Colombo ou
Vasco da Gama. Essas viagens foram encerradas em 1433, devido à desaprovação de setores
conservadores do império, e à necessidade de concentrar esforços financeiros na defesa do
norte, pressionado pelos mongóis. Em seqüência, houve um processo de fechamento da China
em si mesma, no antigo modelo agrário.

Oriental à época, significa basicamente a aceitação, por parte dos outros Estados, da
superioridade da

China.

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Fonte: Wikimedia Commons.

Fig. 2: Macau

Em 1644, os manchus, etnia não-chinesa, dominaram a China e fundaram a dinastia Qing. Sua
administração era radicalmente baseada nos princípios chineses, conservando o mandarinato
e suas instituições burocráticas. Mesmo assim, não havia igualdade de direitos entre chineses
e manchus, casamentos entre as duas populações não eram permitidos, e a ocupação da
Manchúria por chineses era vetada.

A defesa do país contra invasores era extremamente rigorosa: os Qing conquistaram a


Mongólia, o Tibete e Taiwan, e tinham repulsa a contatos com o Ocidente (lembrando que os
Estados-nação europeus já estavam em franco desenvolvimento). No entanto, fechar-se para
os comerciantes e missionários europeus apresentou-se como não sendo a melhor forma de
lidar com o problema, e inicia-se, ainda na dinastia Qing, uma era de submissão e
desmantelamento da China.

Embora os chineses tenham doado, na dinastia Ming, o porto de Macau (ver

Figura 2) para Portugal, sua reação às tentativas de estabelecer relações comerciais por parte
dos europeus foram negativas. De qualquer forma, o comércio com o Ocidente começou,
seguindo parâmetros tradicionais chineses. As potências ocidentais tinham muito interesse no
chá e na seda da China, enquanto esta pouco ou nada desejava dentre os produtos de
exportação europeus e norte-americanos.

O governo britânico foi o primeiro a pensar numa maneira de reverter o déficit comercial4 que
tinha com a China. Sua solução foi introduzir o algodão, produto de sua colônia na Ásia
meridional, a Índia, e o ópio. O comércio deste era ilegal no Império, mas essa restrição foi
burlada pela busca de lucro dos novos mercadores chineses e pela corrupção da burocracia.
Quando o governo chinês finalmente agiu contra o comércio da droga, provocou uma guerra
com a Inglaterra, a primeira Guerra do Ópio, que exacerbou sua desvantagem militar em
relação às potências ocidentais.

A derrota chinesa na primeira Guerra do Ópio foi estabelecida no Tratado de Nanquim de


1842, que determinou a abertura de mais portos chineses ao comércio exterior, a diminuição
das tarifas para produtos britânicos e a cessão de Hong Kong à Grã-Bretanha. O tratado foi
seguido de mais incursões e conflitos com os estrangeiros, além da abertura de mais portos
para o comércio externo.

O caos político, fomentado por rebeliões populares, intervenções estrangeiras explícitas e


problemas sociais, foi acompanhado de tentativas fracassadas de fortalecimento e de
reformas na burocracia. Em 1911, foi proclamada a República da

4 Situação em que as importações de um país superam suas exportações.


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China, através de uma revolução encabeçada pelo líder Sun Yat-sen, pondo fim a quatro

milênios de reinos e impérios.


A nova república chinesa, fraca como estava, alinhou-se com os Aliados na Primeira Guerra
Mundial. O Tratado de Versalhes, que deu fim à guerra, descumpriu a promessa de devolver a
área de influência alemã na China aos próprios chineses, dando- a para os japoneses. Esse fato
gerou inúmeros protestos em Pequim em 1919, que acabou intensificando o nacionalismo no
povo chinês.

Sun Yat-sen, até sua morte em 1925 iniciou a unificação efetiva do país, em detrimento dos
caudilhos regionais, contando com o apoio dos comunistas e do regime soviético. Foi Chiang
Kai-shek quem se tornou o novo chefe do Partido Nacionalista (chamado Kuomintang) e
continuou a unificação nacional. Entretanto, rompeu com os comunistas, promovendo o
Massacre de Xangai,5 em 1927.

A partir de 1927, uma guerra civil se instalou no país entre o Partido Comunista e o
Kuomintang, com interrupções apenas quando da luta contra a ocupação japonesa (e na
Segunda Guerra Mundial). Devido à perseguição dos nacionalistas de Chiang Kai- shek, os
comunistas fugiram e espalharam-se pelo campo, realizando a Longa Marcha6, de 1934 a
1936.

Após anos de luta, o Kuomintang - abalado por corrupção, endividamento e desorganização ʹ


abre uma fresta para o avanço dos comunistas que estavam instalados no norte e nordeste do
país em acampamentos guerrilheiros. A proclamação da

República Popular da China (1949), encabeçada pelo líder revolucionário Mao Tsé- Tung, tão
logo foi reconhecida pela União Soviética. Gradativamente, outros países, sobretudo do bloco
socialista, reconheceram o regime, enquanto os aliados dos Estados Unidos reconheciam o
domínio de jure da República da China ʹ isto é, o governo estabelecido pelos nacionalistas em
Taipei, na ilha de Taiwan (ver Figura 3), após a derrota para os comunistas na porção
continental.

Em 1953, é colocado em prática o primeiro plano qüinqüenal da China, com inspirações no


modelo econômico soviético7. A União Soviética, aliás, foi o principal parceiro do governo
comunista chinês em seu início. Em 1958, Mao decide acelerar o

5 Episódio em que centenas de comunistas, trabalhadores e estudantes foram mortos em


Xangai e outras

cidades do país, em ações promovidas por frações direitistas do Kuomintang.

6 Processo histórico em que os comunistas chineses se disseminaram pelo interior do país, e


percorreram

12 mil quilômetros de norte a sul, conquistando os postos locais.

7 Modelo de planejamento da produção e dos investimentos nacionais, executado na União


Soviética até

seu colapso em 1991.

Fig. 3: Taiwan
Fonte: Folha Online.

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desenvolvimento econômico e a implementação do socialismo com o Grande Passo Adiante.


Essa política centrava-se na coletivização da agricultura e na dispensa de mão- de-obra para o
trabalho industrial. Provou ser um fracasso ao provocar a pior fome não causada por
condições naturais da história da Humanidade.

Desde 1949, quando firmada a aliança sino-soviética, a relação sino-soviética gradativamente


se enfraqueceu, dado as ideológicas na maneira de manejar o comunismo e a revolução.Em
1969 a relação é rompida com um conflito no extremo leste da fronteira entre os dois países.

Desde o fracasso do Grande Salto Adiante, reformas foram feitas na economia chinesa e
levaram a uma suposta suavização ideológica da população e do Partido Comunista. Em reação
a isso, Mao Tsé-Tung lança a Revolução Cultural em 1966. Sob a bandeira da nova revolução, o
líder remobilizou a população contra a liderança comunista de então, formando as famosas
Guardas Vermelhas de universitários e estudantes. Ocorreram vários ataques a nomes do
Partido Comunista, o qual se desmantelou quase por completo, concentrando poder nas mãos
de Mao e instaurando o caos no país. A partir de 1969, houve a reestruturação do partido, com
o surgimento de correntes moderadas lideradas por Zhou Enlai, em oposição ao radicalismo
maoísta. O processo de renovação partidária ocorreu até 1976, com a morte de Mao. Em
1977, Deng Xiaoping, líder político exonerado duas vezes sob o governo de Mao, foi restituído
em seus postos governamentais e viria a determinar todo o futuro da China, em especial sua
economia, a partir das reformas que promoveria.

A CHINA DE HOJE: PANORAMA INTERNO, CARACTERÍSTICAS E DESAFIOS

IMEDIATOS

Em trinta anos, a China se transformou radicalmente, passando de uma economia socialista de


planejamento centralizado e isolamento internacional, a uma economia mista altamente
competitiva no plano global, suprida por fatores produtivos abundantes. Entre 1982 e 2000, o
Produto Interno Bruto (PIB) chinês quadruplicou. Hoje, é o terceiro maior do mundo, atrás
apenas dos Estados Unidos e da União Europeia.8

O pontapé inicial da transformação econômica do país foi dado pelas reformas


modernizadoras de Deng Xiaoping, centradas na agricultura, indústria, defesa nacional e
ciência & tecnologia. As primeiras modificações concentraram-se na esfera agrícola, com o fim
da coletivização no campo e a criação de propriedades familiares, ainda que sejam
formalmente consideradas de propriedade estatal. O país se abriu para o comércio
  
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11 As taxas de crescimento de 2008 e 2009 foram de, respectivamente, 9,0 e 8,7%. Essa queda
percentual

ocorreu em vista da crise econômica mundial iniciada no fim de 2007.

12 Fuga de capitais é a retirada de dinheiro aplicado em fundos quaisquer (títulos públicos, por
exemplo)

em vista da incerteza quanto à rentabilidade futura desses fundos.

13 Dados retirados dorepo rt de 2009 para a China, pela companhia Jane͛s Information Group.

14 ͞Mina inunda e deixa 123 trabalhadores presos na China͟, Folha Online

<http://www1.folha.uol.com.br/folha/videocasts/ult10038u713664.shtml>
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consumo nacional de petróleo (ver Figura 4), que já é o segundo maior do mundo15, cresce
com rapidez, refletindo-se no aumento vertiginoso das importações, como mostra o gráfico
abaixo.

Fig. 4: Importações chinesas de petróleo, em US$ milhões

Fonte: International Trade Statistics 2009, WTO

Essa tendência não se limita ao petróleo, mas sim se estende para outras

commodities16 como produtos químicos e materiais plásticos.17 Diante disso, o governo

central tem dado ênfase ao desenvolvimento de fontes energéticas alternativas ao

carvão, tais como hidrelétricas, usinas de gás natural e de fissão nuclear.18

Além da crescente demanda por recursos naturais, outro problema enfrentado para a gestão
político-econômica da China reside nos seus recursos hídricos. A sobre- exploração, por meio,
por exemplo, da construção desenfreada de usinas hidrelétricas nos cursos de rios, tem
causado escassez e dificuldades de distribuição nas cidades e no campo. Dois terços das
cidades chinesas não têm garantia de fornecimento constante de água no decorrer do ano. O
fenômeno da desertificação de terras aráveis se tem intensificado de ano em ano ʹ o que pode
vir a danificar severamente a capacidade produtiva agrícola dos únicos 15% de terras chinesas
que são próprias ao cultivo.19 Ademais, a poluição de águas subterrâneas pela chuva ácida, e
dos rios pelos dejetos industriais, agrava toda a questão.

15 Op. cit.

16 Termo utilizado para fazer referência a produtos em seu estado bruto (matérias-primas) ou
com baixo

valor agregado (de processamento industrial simples).

17 O comércio entre Brasil e China é fortemente determinado por essa tendência. No ano de
2009, segundo

dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, 46% das exportações


brasileiras

são compostas de minérios (ferro, manganês, petróleo, zinco, etc.)

18 Jane͛s (2009).

19 Op. cit.

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No plano social, indicadores mostram o inegável avanço do desenvolvimento chinês nas


últimas décadas. Dados do PNUD20 demonstram uma elevação do Índice de Desenvolvimento
Humano21 da China de 0,530 para 0,777 no período 1975-2005. Em 1978, adotou-se na China
a política do filho único, que restringe o número de filhos por casal através de multas e
condicionamento de direitos sociais à obediência da política. Desde 1978, então, o número de
pessoas abaixo do nível de pobreza determinado nacionalmente caiu de 250 milhões para
14,79 milhões em 2007. A população urbana, no mesmo período, saltou de 17,92% para
44,94%. No entanto, essa crescente urbanização deixa clara uma característica do
desenvolvimento chinês: com a expansão do crescimento econômico pelas províncias costeiras
e orientais, iniciou-se um processo intenso de êxodo rural. O campo chinês tem se
desenvolvido a passos muito mais vagarosos, e as desigualdades regionais avançam, com a
concentração desenvolvimentista nas cidades e com as migrações de mão-de-obra para os
centros urbanos. Essa massa populacional desprendida da terra passou a formar um exército
de mão-de-obra barata que, embora auxilie o setor industrial, representa uma ameaça à
ordem nacional.

Ademais, o aumento do desemprego urbano real, aliado à persistência do sistema

hukou (um sistema tradicional de registro de habitantes em seus locais e atividades de

origem, que restringe o acesso dos migrantes rural-urbanos a serviços básicos), vem gerando
descontentamento, com o potencial de provocar crises políticas. Já no campo, a constante
desapropriação pelo governo de terras ocupadas por famílias para ͞projetos de
desenvolvimento͟, como fábricas e represas, revolta os camponeses, já perplexos com os
efeitos reais da poluição sobre suas colheitas e a percepção de corrupção local desvelada.

De uma maneira ou de outra, o esforço do governo chinês para expandir a economia e


distribuir a prosperidade obtida para seu povo acaba por trazer o equilíbrio nos casos
específicos de protestos por melhores condições estruturais de vida.

Quanto aosre gion al is mos, todavia, o panorama muda. A estratégia do PCC é focada no
incentivo a migrações de chineses Han para as áreas sensíveis, a fim de 1) realizar um processo
de assimilação cultural das minorias étnicas; 2) promover a construção de infraestrutura de
transportes para maior integração dessas regiões com o restante do país; e 3) conceder
autonomia política relativa às regiões, dentro das instâncias representativas do governo
central.

O caso mais latente de regionalismo em território chinês é o Tibete (ver Figura 5), cujo
movimento separatista é reconhecido internacionalmente ʹ sobretudo sob a figura do líder
espiritual Dalai Lama, cujo governo-em-exílio localiza-se na Índia.

20 Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. China Human Development Report.
2007-2008:
Basic Public Services Benefitting 1.3 Billion People. PNUD, Pequim.

21 Indicador numérico gerado por índices de dezenas de parâmetros distintos, agrupados em


riqueza,

educação e expectativa de vida, que classificam a qualidade de vida da população de um país


ou lugar.
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Hong Kong também apresenta movimentos reivindicativos por democracia completa e


abandono da política de ͞uma nação, dois sistemas͟ implementada pelo PCC, mas não
representa uma ameaça imediata à unidade nacional.

Xinjiang (ver Figura 6), a região mais a noroeste da China, é um foco de tensão étnica entre a
população uigur, de origem turca centro-asiática, e os chineses Han. Os últimos atritos
ocorreram em 2009, quando protestos inicialmente pacíficos dos uigures resultaram em
combates violentos com a população Han.

No curto prazo, a gestão política chinesa trabalha constantemente sob o espectro de


superaquecimento econômico. Nos médio e longo prazos, surgirão novas provocações, como
os impactos da ͞política do filho único͟ sobre a população economicamente ativa e os
crescentes gastos com seguridade social, dado o envelhecimento demográfico. Enfim, numa
nação de dimensões continentais, a manutenção da unidade constitui sempre uma árdua
tarefa.

China e sua inserção no sistema internacional


Logo após a Revolução Comunista de 1949, a República Popular da China estabeleceu-se como
um país comprometido com a propagação da revolução para o restante do planeta. Para isso,
contava com a tutela da União Soviética, sua maior aliada. Todavia, nos anos 60, exacerbaram-
se as divergências doutrinárias existentes entre chineses e soviéticos há alguns anos, o que
levou ao rompimento de relações entre as duas maiores nações comunistas do mundo ʹ e até
a uma guerra de fronteira em 1969. A perda do apoio político soviético lançou a China num
esforço unilateral de afirmação internacional, principalmente no bloco socialista.

Desde as Quatro Modernizações22, com a mudança no padrão de desenvolvimento para um


baseado no crescimento econômico sustentado, a política externa chinesa tem sofrido
alterações básicas. Percebeu-se a necessidade de um

22 Nos campos da agricultura, indústria, defesa nacional e ciência & tecnologia.

Fig. 5: Tibete

Fonte: Folha Online.

Fig. 6: Xinjiang

Fonte: Universidade do Havaí.

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ambiente internacional estável e pacífico, para assim eliminar preocupações imediatas de


segurança e dar cabo do projeto desenvolvimentista. Esse fundamento político molda um
comportamento de cooperação e tentativa de construção de uma imagem internacional
positiva por parte da China, a fim de convencer tanto os países vizinhos quanto as potências
globais de que não há ameaças no fortalecimento interno chinês; em outras palavras,
implementa-se a política da ͞ascensão pacífica͟.23

Certamente, uma das áreas em que a ascensão pacífica mais se manifesta é na diplomacia
comercial. Já que uma enorme parcela da prosperidade da economia chinesa se deve à
dinamização do seu setor externo, torna-se imprescindível proteger os canais de investimento
estrangeiro e de comércio exterior. Para tanto, a República Popular da China adota uma
política de negociação flexível, livre de teor ideológico ou doutrinário e de baixíssimas
exigências políticas de seus parceiros comerciais. A obtenção de fornecedores de combustíveis
fósseis para a geração de energia é provavelmente a prioridade da China nessa área, em vista
do crescimento de sua demanda energética.
Ao mesmo tempo, a importação de energia é o ponto mais sensível de sua política comercial.
Pelo fato de os mercados energéticos mundiais estarem atualmente dominados pelos Estados
Unidos e seus aliados mais próximos, a China satisfaz suas necessidades energéticas por meio
de acordos bilaterais com países vistos com restrições pela comunidade internacional, tais
como Irã, Sudão e Myanmar.24 Isso evidentemente gera atritos diplomáticos, com a previsão
de agravamento futuro. O relacionamento da China com esses países muitas vezes se estende
à área militar, pela venda de material bélico ʹ mais um motivo para a reprovação da ͞baixa
seletividade política͟ dos negócios chineses.

Nos últimos anos, a China tem contribuído sensivelmente para o progresso de organismos e
mecanismos de integração e cooperação internacional. A resposta chinesa à crise financeira
asiática de 1997, com a articulação política com a ASEAN25 e a recusa de desvalorizar o
renminbi26 para estimular suas exportações, estimulou a integração regional do Sudeste da
Ásia. A entrada da China na Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2001, foi
extremamente benéfica para a economia chinesa e, em muitos aspectos, para a economia
global.

A Organização de Cooperação de Shanghai (OCS), por sua vez, tendo objetivos de coordenação
militar contra o terrorismo e em prol da estabilidade na Ásia Central, demonstra outra faceta,
ainda ambígua e moderada, da política externa chinesa: a promoção da multipolaridade.
Juntamente com a Rússia e quatro repúblicas centro-

23 Termo usado pela primeira vez por Zheng Bijian, alto membro do PCC, em um encontro do
Fórum Boao

para a Ásia, em 2003.

24 São países que, grosso modo, não possuem governo democrático e são acusados de
violações nos direitos

humanos.

25 Organização internacional composta de dez países do Sudeste Asiático, que tem como
objetivo

coordenar o desenvolvimento econômico e as questões de segurança da região.

26M oed a n ac i on a l chi n es a.


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asiáticas, a China promove a articulação estratégica em uma região que, nos últimos anos, tem
visto crescer a quantidade de tropas, a influência e a ação concreta dos Estados Unidos da
América.

Simultaneamente, a China tenta manter sua política silenciosa e amigável no plano


internacional, pela conformidade e obediência a organismos internacionais característicos da
ordem estabelecida (ONU, OMC, FMI, etc.), e advoga pela ascensão de novos pólos de poder
no denominado Terceiro Mundo.

Os países que circundam a China, bem como as potências globais, enxergam-na de acordo com
a evolução histórica conjunta pela qual passaram. Japão, Índia e principalmente o Sudeste
Asiático temem a restauração de um sistema regional hierárquico baseado na centralidade
chinesa, o que de certa forma lhes tiraria a soberania e seria uma ameaça à segurança
nacional. Talvez por isso o foco da política externa de Hu Jintao, atual presidente chinês, esteja
nas questões regionais e periféricas. Procura-se estabelecer relações sólidas com os países do
sudeste asiático, o que se expressa pelas iniciativas de integração dos últimos anos e pelo
apaziguamento de disputas territoriais no Mar da China Meridional pelas ilhas Spratly (ver
Figura 7) e outras.

Nesse contexto, Índia e China reconhecem-se como potenciais rivais pela dianteira política
asiática, dadas suas populações, recursos naturais e taxas de crescimento de magnitudes
similares. Na alta época da Guerra Fria, as duas mantinham relações hostis, ocorrendo
inclusive uma guerra de fronteira em 1962. Pequim sempre apoiou o Paquistão e seu
programa militarista anti-indiano. Contudo, na década de 1990, intensificou-se um processo de
reaproximação entre os dois países, com acordos de segurança e operações militares
conjuntas. Entretanto, a melhoria das relações entre China e vizinhos da Índia ainda causa
temor a esta, a qual tem de administrar o desejo de Washington de criar, em Nova Déli, um
contraponto político-diplomático à ascensão de Pequim.

As relações sino-japonesas, indissociáveis do legado histórico da Guerra Sino- Japonesa27 e da


II Guerra Mundial, e acompanhadas de perto pela opinião pública chinesa, são pautadas na
desconfiança. Japão e China são parceiros comerciais vitais um para o outro, e seu comércio é
mais ou menos balanceado. Todavia, já ocorrem disputas

27 Em 1931, o Japão inicia sua invasão da China pela Manchúria, ao norte. Em 1937, atritos
pontuais entre

as forças chinesas e japonesas se transformaram numa guerra total, que acabaria somente em
1945.

Fig. 7: Mar da China Meridional e Ilhas

Spratly

Fonte: Spartly.com

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por fontes energéticas, a exemplo do redirecionamento de um projeto russo de gasoduto da
China para o Japão. Para alguns analistas, a ascensão chinesa ameaça a posição japonesa de
potência regional asiática.28 A resposta japonesa é estreitar sua aliança militar com os Estados
Unidos, com a possível construção de uma barreira contra mísseis balísticos em parceria com
os EUA.

A Rússia, desde o rompimento de suas relações com a China em 1969, ainda no período
soviético, manteve-se afastada. Em 1992, assinou-se uma declaração de restauração de
relações amigáveis entre os dois Estados, após a demarcação de quase toda a fronteira russo-
chinesa. Moscou é um dos principais fornecedoros de material bélico para a China, sobretudo
desde o embargo da União Européia em vista do Massacre na Praça da Paz Celestial (1989)29.
Há coordenação militar no escopo da Organização de Cooperação de Shanghai30, e relações
comerciais de energia. Ao mesmo tempo em que Pequim e Moscou cooperam pelo
contraponto aos Estados Unidos e contra a disseminação do fundamentalismo islâmico na Ásia
Central, cada lado estuda minuciosamente a aproximação do outro em relação a Washington.
Em suma, existe aí uma relação incerta, baseada quase puramente em alguns objetivos
comuns.

Os Estados Unidos da América mantêm hoje uma relação vital e indissociável com a China.
Pequim depende dos investimentos e do consumo norte-americano, enquanto Washington
encontra na China um fornecedor de bens manufaturados a baixo custo. As crescentes
reservas chinesas de moedas estrangeiras fortes, sobretudo o dólar, são usadas para comprar
títulos da dívida pública do Tesouro americano, e assim sustentam os gastos governamentais.
Dessa forma, a China encontra uma forma de manter o renminbi desvalorizado, estimulando
suas exportações.31 Esse sistema relacional gera um déficit comercial gigantesco do lado
norte-americano, e estimula acusações de manipulação econômica e concorrência desleal
contra a China.

Em 2009, após o impacto da crise econômica mundial de 2008, emergiu na mídia internacional
um conceito que circula em círculos acadêmicos norte-americanos desde 2006. Trata-se de um
͞G2͟ composto por Washington e Pequim, cuja coordenação passaria a balizar aeconomia
mundial. Essa proposta vem em uma época em que o G832 se mostra obsoleto e o G2033
diverso demais para reagir de forma eficaz aos desafios

28 Em 2005, Taro Aso, então Ministro dos Assuntos Exteriores do Japão, afirmou que ͞a China
é um país

vizinho com armas nucleares, e seus gastos militares estão aumentando há 17 anos. Ela está
começando a

apresentar-se como uma ameaça considerável.͟

29 Episódio em que protestos pró-democracia foram sufocados por forças militares, o que
resultou em

aproximadamente três mil mortos.


30 Ver material de apoio ͞Os Estados Unidos e a ascensão de novos pólos: os BRICs ʹ Rússia͟,
de 29 de

maio de 2010.

31 Quando um país gasta suas reservas de moeda forte, a moeda nacional fica mais barata em
relação às

moedas fortes, e isso barateia as exportações.

32 Grupo das sete nações mais ricas do mundo (Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França,
Alemanha,

Itália e Japão) mais a Rússia, para coordenação política e econômica.

33 Grupo que reúne os 19 países com as maiores economias do mundo mais a União Europeia,
para

articulação do debate financeiro e econômico mundial.

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econômicos internacionais. No entanto, a ideia não consegue conquistar apoio da China, já


que assumir abertamente a liderança mundial vai contra a defesa chinesa do multilateralismo,
além de desagradar países como Japão e Rússia. No entanto, a mera existência detal conceito
demonstra a crescente coordenação de ação política a nível global entre China e Estados
Unidos, e o reconhecimento do peso de Pequim no cenário internacional.

O fortalecimento político da China no âmbito regional e no sistema internacional provoca


preocupações intensas em Washington. Pequim já expressou diversas vezes o seu desejo de
um mundo multipolar, embora sua política externa siga linhas pragmáticas e moderadas. O
ponto mais sensível da relação EUA-China é a questão de Taiwan: Pequim considera a ilha
como uma província dissidente e um assunto político interno. Ademais, o governo da RPC
reserva-se o direito de resposta militar a uma declaração oficial de independência por parte de
Taipei. Os Estados Unidos, por meio do ͞Taiwan Relations Act͟34, assumem que qualquer
tentativa de violação da soberania de Taiwan será tratada pelo governo estadunidense como
uma ameaça à sua segurança nacional. Isso obviamente restringe e torna mais delicadas as
ações de Pequim, e complica o triângulo político Washington-Taipei-Pequim. Além disso, a
presença norte-americana em bases na Ásia Central35 é reprovada pela China, mas acaba por
deter o avanço do terrorismo e fundamentalismo pela fronteira oeste chinesa, o que poderia
incitar o movimento pelo separatismo da região autônoma de Xinjiang.
A despeito dos receios mútuos, as relações sino-americanas devem manter-se estáveis. As
pressões estadunidenses para valorizar a moeda chinesa podem mostrar-se
contraproducentes para a economia americana, pois isso se fará com a venda de títulos da
enorme dívida pública do Tesouro americano. Dificilmente a prosperidade e a profundidade
das relações econômicas entre China e Estados Unidos serão rompidas severamente por
fricção estratégica, a não ser que esta se intensifique de maneira inédita.

CHINA E BRASIL: GIGANTES DESCONHECIDOS

O Brasil e a República Popular da China estabeleceram relações diplomáticas em 15 de agosto


de 1974. Evidentemente, uma relação informal já se estabelecera antes desse ano, podendo-
se traçar um histórico desde uma época de desconhecimento mútuo, no século XIX. Desde
então, vem se construindo uma sólida parceria político-

34 Ato legislativo aprovado pelo Congresso dos Estados Unidos em 1979, em vista do
reconhecimento da

República Popular da China em detrimento da República da China (Taiwan). Esse ato firmava o
comprometimento norte-americano com Taiwan, mesmo com o fim de relações diplomáticas
formais entre eles.

35 Há duas bases, uma no Quirguistão e outra no Uzbequistão.

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econômica entre os dois megaestados, condizente com os objetivos externos de ambos

no sistema internacional.

Durante a Guerra Fria, sobretudo suas primeiras décadas, Brasil e China consideravam-se
países distantes, em contextos regionais radicalmente distintos, e pouco sabiam um do outro.
Em 1952, o governo brasileiro abre uma embaixada em Taipei, capital da República da China
(Taiwan). Além do não-reconhecimento político do regime da região continental, o
intercâmbio econômico era perto do inexistente. Só no governo de Jânio Quadros (1961), sob
seu projeto de Política Externa Independente (PEI), seria enviada uma missão econômica
oficial à China, com a participação do vice- presidente João Goulart.36 Mesmo depois da
adoção de linhas de política externa que almejavam a independência internacional, os esforços
do Brasil não eram fortemente direcionados à Ásia, mas sim à África e ao Oriente Médio.
Ademais, o maior parceiro econômico do Brasil na Ásia era o Japão.
A partir de 19746 se7 8indo o e9 e :plo dos Estados Unidos6 houve a aproximaç ;o política entre
Brasília e Pe <uim, em detrimento de Taipei. Ela foi respaldada por semelhanças na política
externa desses países, nas questões da busca pela autonomia internacional, ênfase na
soberania nacional e na inte7ridade territorial, e oposiç ;o à ͞diplomacia dos direitos
=
humanos 37 dos norte-americanos. Em outras palavras, o novo perfil de atuaç ;o internacional
do Brasil, com realce para a causa dos países subdesenvolvidos e para a cooperaç ;o Sul-Sul,
era le7itimado pelos laços sino- brasileiros.

A década de 90 assistiria a uma real intensificaç ;o dos laços entre China e Brasil, com o
florescimento do interc >mbio comercial, inserido num contexto de priorizaç ;o da Ásia na
política externa brasileira, tanto estraté7ica quanto comercial. O intenso crescimento
econômico chinês passa a ser auxiliado pela exportaç ;o brasileira de matérias-primas e
insumos básicos, enquanto o Brasil se interessa cada vez mais pelo promissor mercado de
consumo chinês e pelo acesso à tecnologia de ponta. A possível formaç ;o da Área de Livre
Comércio das Américas (ALCA) gerou ares de desconfiança para os interesses comerciais
chineses e asiáticos em geral, estimulando o aumento das relações do Brasil, naç ;o que
desempenha um papel-chave para o panorama latino- americano.

China e Brasil adotam posturas similares em relaç ;o a diversos temas de política internacional.
A obediência às regras dos organismos internacionais mais importantes lhes confere
legitimidade para defender questões de primazia para os países emergentes, sem promover
grandes rompimentos nas suas relações com países

36 Quando do Golpe Militar de 1º de abril de 1964, João Goulart encontrava-se exatamente


em missão

oficial à Republica Popular da China.

37 Linha de política externa adotada pelos Estados Unidos sob o governo de Jimmy Carter
(1977-1981),

que, através do discurso da universalidade dos direitos humanos, legitimava exigências norte-
americanas

junto a governos de outros países.

=
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?
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desenvolvidos, sobretudo Estados Unidos. Contudo, os objetivos de política externa da China


limitam o escopo de suas ações segundo os próprios princípios de ascensão pacífica. Portanto,
o papel de liderança internacional que o Brasil vem tentando construir nos últimos anos não é
seguido lado a lado pelo comportamento chinês, o qual se concentra em assuntos regionais e
numa resistência ao engajamento aberto em tópicos controversos. No tema do programa
nuclear do Irã, por exemplo, em pauta nas discussões internacionais, viu-se a China responder
cautelosamente, enquanto o Brasil estendia seus serviços para conversas diretas com o
governo iraniano.

Enquanto a dinamização da cooperação sino-brasileira em medicina, farmácia, engenharia de


satélites, biotecnologia, informática e outros campos acompanha a coordenação de ações
políticas (OMC, ONU, BRIC), é necessário avaliar cuidadosamente a mudança no perfil das
relações econômicas entre China e Brasil. A China, em 2009, ultrapassou os Estados Unidos
como maior parceiro comercial do Brasil, mas o inverso está longe de ocorrer. Adicionalmente,
o sistema de troca de matérias-primas por manufaturados pode não indicar uma relação
característica de Sul-Sul, mas de Norte-Sul. Os principais produtos brasileiros exportados para
a China são minerais (ferro, petróleo, manganês, cobre) e produtos agrícolas (soja, açúcar),
enquanto a China vende para o Brasil produtos de tecnologia intensivaʹ monitores, circuitos,
microprocessadores, maquinário, etc.38 Portanto, há desafios a serem resolvidos, e custos
ainda despercebidos a serem subtraídos de benefícios.
A
CONCLUS O

É impossível ignorar as mudanças pelas quais está passando a China e seu papel no sistema
internacional. O crescimento sem precedentes de sua economia não é o único processo que
deve ser analisado; o aumento de suas capacidades militares nos últimos anos, seu estilo
próprio de negociação em fóruns e discussões internacionais e sua importância no comércio
internacional são apenas alguns dos novos aspectos a serem levados em consideração em
qualquer análise que rompe com a superfície do que sabemos acerca da China. Ademais, além
de mudar em si mesma, a China muda nos olhos de outros países. A emergência do dragão
chinês é percebida de maneiras diferentes pelos mais diversos países B seus vizinhos, os Estados
Unidos, o Brasil, etc.

No entanto, a trajetória do desenvolvimento chinês não é simples como pode parecer. A


manutenção da estabilidade política interna, a racionalização de seus recursos naturais, seu
sistema econômico ainda na transição do planejamento central para o livre mercado e a
reforma de sua infraestrutura para acompanhar o crescimento

38 Dados da balança comercial brasileira com a China podem ser obtidos no sítio do Ministério
do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, emww w.mdi c.g o v.b r.


C
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econômico são desafios crônicos enfrentados pelos formuladores de políticas públicas da


China. Visto que o equilíbrio interno é imprescindível para atingir os objetivos de política
internacional, o Partido Comunista Chinês hoje lida com um delicado balanço de questões
internas e problemas externos (segurança na Ásia Central, o impasse na Península da Coreia,
os contenciosos de fronteira com a Índia, a coordenação econômica com os Estados Unidos)
para dar cabo de suas metas para o futuro. Resta-nos aguardar saber por que meios a China
fará a manutenção de sua ascensão internacional, até onde esse processo pode chegar e quais
serão as implicações para o Brasil dessa redistribuição de poder no sistema internacional a
favor de Pequim.

LEITURAS COMPLEMENTARES39

Leitura obrigatória

PAUTASSO, Diego. O lugar da China no comércio exterior brasileiro. 19 jan. 2010.

Disponível em <http://meridiano47.info/>.

BRUSSI, Antônio José Escobar. A pacífica ascensão da China: perspectivas positivas para o

futuro? Revista Brasileira de Política Internacional. Volume 51, número 1, Brasília, 2008.

Leitura complementar

PINTO, Paulo Antônio Pereira. China: a ascensão pacífica da Ásia Oriental. Revista

Brasileira de Política Internacional. Volume 48, número 2, Brasília, 2005.

Ministério das Relações Exteriores. Temas Políticos e Relações Bilaterais: China.

Disponível

em:

http://www.itamaraty.gov.br/temas/temas-politicos-e-relacoes-

bilaterais/asia-e-oceania/china/pdf.
D
QUESTÕES PARA DISCUSS O
1. Em que medida a centralidade histórica chinesa influencia em sua projeção

internacional?
2. A China pode ainda ser considerada um país socialista?
3. Há um limite real para o crescimento chinês?
4. A China é uma ameaça ou uma oportunidade para o Brasil?
5. A quem interessa mais a formação de um G2, aos Estados Unidos ou à China?
F
39 Disponível no site do Projeto ͞Relações Internacionais para Professores :

http://www.cursoripe.blogspot.com/.

F
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G
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LINKS ÚTEIS

1. China Radio International (CRI). Notícias da China, versão em português.


Disponível em:h t t p: //por t ugue s e .c r i.c n/.

2. Embaixada da República Popular da China no Brasil.

Disponível em:http: //br.chi na-em bass y.org/ por/.

FILMES

O último imperador (1987), de Bernardo Bertolucci.

Trailer emhttp: //ww w.youtu be .co m/w atc h? v=Pt Frc V jV J BI (em inglês)

Pequim 1908 - Um menino de três anos torna-se o Imperador da China, Pu Yi. Três anos
depois, a China passa a ser uma República, ele é forçado a abdicar e mais de três mil anos de
domínio imperial chegam ao fim. A única pessoa que parece não compreender é o imperador
de três anos de idade. À medida em que cresce, Pu Yi é tratado como um Deus. Mas aos
dezoito anos é expulso da Cidade Proibida por um guerreiro republicano. Ajudado por seu
amigo e preceptor ele foge e se abriga na legação japonesa. Depois de um bom período de boa
vida, ele é convidado pelos japoneses a ser o Imperador da Manchúria. Pu Yi permanece no
trono até ser capturado pelos russos, sendo então extraditado e entregue com prisioneiro à
República Popular da China, permanecendo encarcerado por 10 anos. A história do último
imperador da China é um conto de intriga, traição, guerra e desastre nacional. É também a
história pessoal de um dos mais extraordinários e antigos heróis dos tempos modernos.

Desejo e perigo (2007), de Ang Lee.

Trailer emhttp: //ww w.youtu be .co m/w atc h? v=f e CM r Z 5p qo 8

Xangai, 1942. A ocupação japonesa nesta cidade chinesa durante a Segunda Guerra Mundial
continua em vigor. Wong foi deixada para trás por seu pai, que fugiu para a Inglaterra. Como
caloura na Universidade, ela conheceu o colega estudante Kuang Yu Min, que iniciou um
drama social para apoiar o patriotismo. Como a mais nova dama da trupe do teatro, Wong
percebeu que tinha encontrado o seu chamado, capaz de agitar e inspirar o públicoʹ e Kuang.
Ele juntou-se a um seleto grupo de estudantes para levar a cabo um plano radical e ambicioso
para assassinar um alto colaborador japonês, o senhor Yee. Cada estudante tem um papel no
jogo; Wong será a Senhora Mak, que ganhará a confiança de Yee sendo amiga de sua esposa
(Joan Chen) e, então, levará o homem a ter um caso extraconjugal. Wong se transforma
completamente, por dentro e por fora, e o cenário procede como planejado ʹ até uma virada
fatal inesperada que a estimula a fugir.

Balzac e a costureira chinesa (2002), de Sijie Dai.


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Trailer emhttp: //ww w.youtu be .co m/w atc h? v=g A c9CF uw A 7Q (em espanhol)

Luo e Ma são dois jovens e cultos universitários de classe média na China pré- revolucionária.
Quando os comunistas chegam ao poder, eles são capturados e mandados para um campo de
reeducação, um lugar no qual intelectuais são ensinados por camponeses a plantar, colher e
produzir alimentos. Enquanto trabalham, fortalecem sua amizade. É nessa aldeia que eles
conhecem uma bela e jovem costureira analfabeta. Numa época em que a literatura ocidental
é considerada um crime, os dois irão ensinar a moça a ler, apresentando-lhe os melhores
escritores ocidentais, entre eles, Honoré Balzac. Juntos, o trio vai quebrar regras e esconder
livros proibidos, além de descobrir o amor, que é o que pode ruir essa perfeita amizade.

LEITURAS SUGERIDAS

LEONARD, Mark. O que a China pensa? São Paulo: Larousse, 2008.

BECARD, Danielly. O Brasil e a República Popular da China. Brasília: Funag, 2008.


Disponível em http://www.funag.gov.br/biblioteca-
digital/pdfs_livros/lancamentos/pdf_o-brasil-e-a-republica-popular-da-china

BIBLIOGRAFIA

History of China. University of Maryland. Disponível em:http: //www -

chaos.umd.edu/history/ Acesso em: 28 de abril de 2010.

OLIVEIRA, Henrique Altemani de. Brasil-China: trinta anos de uma parceria

estratégica.Revista Brasileira de Política Internacional, vol. 47, no. 1, Brasília, 2004.

JANE͛S INFORMATION GROUP.Chi na. Jane͛s Information Group, 2009. Disponível em

www.janes.com.

UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAM. China Human Development Report.


2007-2008: Basic Public Services Benefitting 1.3 Billion People. Pequim: PNUD,

2008.

AMIN, Samir.Le developpement inegal; essai sur les formations sociales du

capitalisme peripherique. Paris: Les Editions de minuit, 1973.

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