Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Mariana
Dezembro de 2011
OBJETIVOS
Para o decorrer deste trabalho, podemos elencar alguns objetivos que irão reger
o decorrer desta pesquisa. Primeiramente, buscaremos identificar como o cinema
Hollywoodiano reproduziu nas suas produções, o conflito informal entre Estados
Unidos e União Soviética ocorrido durante a Guerra Fria. Após essa etapa, pretendemos
identificar como foi veiculada nessas obras, uma ideologia negativa sobre o Comunismo
e sobre a União Soviética.
Federico Fellini
2
desses objetivos, criava-se assim, na população o imaginário de que a construção
nacional era algo acessível a todos os elementos da sociedade e que a para um bom
funcionamento nacional era necessário que governo e população dialogassem em
sintonia uns com os outros.
Esse conflito teve início após o término da Segunda Guerra Mundial. Tendo
como principais nações os Estados Unidos da América e a União Soviética, a disputa
pelas zonas de influências e pela defesa dos modos econômicos que cada nação
defendia, dividiu o globo terrestre em duas partes, cada uma com as suas devidas
características. Saído da Segunda Guerra Mundial com as suas reservas econômicas
bastante favoráveis e na qualidade de principal investidor econômico para a
reestruturação europeia, o governo dos Estados Unidos da América viu na União
Soviética na expansão do Comunismo pela Europa, inimigos ao modelo econômico que
praticava. Entretanto, o que os americanos não levaram em consideração foi o fato de
que a União Soviética, apesar de pertencer aos aliados na Segunda Guerra Mundial, saiu
do conflito com importantes baixas, tanto econômicas quanto sociais. Os Soviéticos não
tinham condição para uma disputa, uma vez que os problemas internos impediam outro
conflito bélico. Os norte-americanos, com esse pavor sem motivos ao comunismo,
tentaram por inúmeros meios conter o avanço dessa corrente na tentativa de
desestabilizar o governo de Moscou. Essas medidas não se restringiram somente ao
contexto internacional, uma vez que o solo norte-americano também serviria de palco
para essa “partida de xadrez” entre capitalistas e comunistas.
3
1991, não houve sequer nenhum disparo de armamento ou nenhuma declaração formal
de guerra entre as duas nações. Essa casualidade, segundo alguns estudiosos, se deve ao
fato das duas grandes potências terem desenvolvido em seu arsenal militar, ogivas
nucleares que, se detonadas, fatalmente comprometeriam a vida no planeta afetando não
só o lado inimigo. Entretanto, se o temor gerado por essa ameaça nuclear não permitiu o
conflito direto entre os dois países no campo bélico, o embate se daria nos demais
setores da sociedade. Teremos a disputas nos setores econômicos, políticos, sociais,
culturais e até mesmo no campo esportivo quando houve o boicote da delegação
americana aos Jogos Olímpicos do ano de 1980. Nesta ocasião, os americanos se
recusaram a mandar os seus atletas para as disputas a serem realizadas em Moscou. Esse
gesto, visto com maus olhos pela comunidade internacional, foi repetido quatro anos
depois pelos soviéticos e os demais países da Cortina de Ferro que se recusaram a
disputar as modalidades olímpicas em Los Angeles.
Essa disputa também se fez sentir no campo das ideias. Veremos que no período
posterior a Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano irá disseminar
mensagens negativas sobre o comunismo à sociedade norte-americana. Uma verdadeira
onda histérica e psicótica quanto a essa corrente de pensamento será criada dentro do
país, visando como uma verdadeira obrigação ao “bom americano” combater a “ameaça
vermelha” que partia de Moscou. Pregando a luta contra o Comunismo, teremos por
parte do governo norte-americano uma verdadeira “caça as bruxas” dentro de seu
próprio território. Na tentativa de frear o crescimento da esquerda dentro dos Estados
Unidos da América, liberdades foram caçadas, discursos foram forjados e ideias foram
sendo construídas com o intuito de eliminar qualquer possibilidade de associação dos
americanos ao comunismo ou com a esquerda democrática. Segundo Sean Purdy:
Essa onda de pânico e temor frente ao comunismo irá tomar conta da sociedade.
O país que sempre fôra conhecido como a “Terra da Liberdade” viveu os seus piores
dias, já que o medo da “ameaça vermelha”, imaginário criado pelo governo norte-
1
KARNAL, Leandro. PURDY, Sean. FERNANDES, Luiz Estevam de Oliveira. e MORAIS, Marcus
Vinícius de. História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo: Contexto, 2007. p:230
4
americano e a dúvida haviam sido semeados na população, uma vez que a Casa Branca
afirmava que a ameaça comunista poderia estar instalada na vizinhança “morando ao
lado”, ou frequentando os demais lugares da sociedade.
2
ANSART, Pierre. Ideologias, conflitos e Poder. Rio de Janeiro: Zahar editores, 1978: p.84
5
Seja de ordem nacional ou internacional, saberemos como ela tratou os elementos
concordantes e discordantes de suas ideias e conceitos. Como diz Marc Ferro:
QUADRO TEÓRICO
6
“Corpo de ideias que ajudam a legitimar
um poder político dominante.”5
“Comunicação sistematicamente
distorcida.” 7
Dessa forma, podemos ver que uma ideologia pode definida como uma
construção equivocada sobre algum tema. Tal construção se dá a partir do momento em
que os governantes nacionais, temendo a desestruturação da nação e objetivando o
controle da sociedade submetem a população a algum princípio ou ordem. Contudo,
para que essa construção ideológica consiga atingir os fins planejados, é necessário um
eficiente meio de propagação dessas ideias. É nesse contexto que os meios de
comunicação ganharão importância. Será através deles que as construções ideológicas
gestadas pelos dirigentes nacionais penetrarão na população. Os veículos de propaganda
atuarão assim, como objeto de conexão entre governo e povo. Com isso, faltará
unicamente a adesão do público às ideias formadas já que segundo Edward Shils, “toda
ideologia requer a adesão do público”9. Essa adesão será o elo da “corrente público-
governo”, onde as ações vindas por parte do Estado ganharão significação pela
população. A partir disso, como diz Pierre Ansart, “o receptor adere às mensagens por
pura convicção”10.
O contexto social também se fará importante porque será nele que os líderes irão
se basear para a caracterização das suas ações. A utilização do contexto social, que uma
população está inserida, seja ele bom ou ruim, será utilizada também como ferramenta
para controle da sociedade. Exemplo disso, podemos citar o modo como Hitler ao
difundir a sua propaganda nazista, utilizou-se do frágil contexto social enfrentado pelos
alemães no período posterior a Primeira Guerra Mundial. A fragilidade emocional da
população, facilita o controle uma vez que a população vê em seus líderes os “grandes
protetores” dos bens nacionais e do povo.
5
Ibidem
6
Ibidem
7
Ibidem
8
Ibidem
9
SHILS, Edward. The Concept and function of Ideology. 1968 IN: EAGLETON, Terry. Ideologia - uma
introdução. São Paulo: Boitempo, 1997: p.17
10
ANSART, Pierre. Ideologias, conflitos e Poder. Rio de Janeiro: Zahar editores, 1978: p. 83
7
Assim, podemos concluir que para a construção de uma ideologia, seja ela certa
ou errada, é necessário que hajam alguns fatores que garantirão a sustentação desse
pensamento: Governo Central, meios de comunicação de massa e apoio da população e
contexto social.
HIPÓTESES
8
TIPOLOGIA DAS FONTES
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
9
e que irão trazer alguma referência ao conflito informal entre Estados Unidos da
América e União Soviética, sejam elas no segmento tecnológico, econômico, militar ou
social, buscando identificar os objetos que irão transmitir alguma mensagem ideológica
que enalteça o bloco capitalista frente ao bloco comunista, seja ela demonstrada de
forma explícita ou não.
Por se tratar de um longo conflito indireto, tendo durado mais de quatro décadas,
criou-se como obstáculo para a pesquisa a incapacidade em analisar todos os filmes que
foram produzidos pela empresa norte-americana de cinema neste período. Assim
optamos por três critérios para selecionar os filmes que pretendemos discutir.
Primeiramente, iremos trabalhar com os filmes dos gêneros de ação, guerra, e
espionagem, uma vez que estes foram os elementos mais presentes no período da
Guerra Fria. Outro critério que pretendemos observar, e em nossa opinião um dos mais
importantes, optaremos por selecionar os filmes que tiveram incentivos financeiros e
fiscais por parte do governo norte-americano.
O terceiro ponto de escolha das obras estudadas será o nível de receptividade
gerada no público. Fazendo uso do número de espectadores poderemos mensurar se as
ideias propostas nas películas atingiram uma grande parte da população ou se não
conseguiram conquistar o público da época.
Para tal empreitada, deveremos estar atentos aos diversos elementos que fazem
parte de uma obra fílmica e que em grande parte das vezes, passam despercebidas, não
por ignorância ou por descaso, mas por falta de conhecimento das variadas teorias e dos
conceitos que gravitam em torno da confecção de uma obra cinematográfica. A
discussão de roteiro, enquadramento de cenas, trilha sonora, deverão ser estudados para
que consigamos identificar as cenas que transmitem algum valor ideológico. Assim,
como diz Marc Ferro:
“um procedimento aparentemente utilizado para
exprimir duração, ou ainda uma outra figura (de
estilo) transcrevendo um deslocamento de
espaço, etc., pode, sem intenção do cineasta,
revelar zonas ideológicas e sociais.”14
Enfim, o modo como iremos proceder deverá ser de forma analítica às obras
cinematográficas. Deveremos observar como as produções cinematográficas dialogaram
14
FERRO, Marc. Cinema e História. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992: p.16
10
com o público de época criando, ou na maioria das vezes sustentando, ideias que foram
criadas pelo governo da Casa Branca.
BIBLIOGRAFIA
ANSART, Pierre. Ideologias, conflitos e poder. Rio de Janeiro: Zahar editores, 1978.
11