Você está na página 1de 4

FACULDADES SOUZA MARQUES

CURSO: ENGENHARIA CIVIL – 5º PERÍODO


DISCIPLINA: CONSTRUÇÃO CIVIL
PROFa: Daki Bianchessi

NOTAS DE AULA DO ASSUNTO: PREPARO DO TERRENO

 Para que a obra tenha início, devem ser tomadas algumas providências em relação ao terreno,
tais como:
o Limpeza do local da obra
 Segundo AZEREDO (1977) a limpeza do terreno é necessária para maior
facilidade de trabalho no levantamento plani-altimétrico, permitindo obter-se um
retrato fiel de todos os acidentes do terreno, assim como para os serviços de
reconhecimento do subsolo (sondagens). Para se fazer a limpeza do terreno pode-
se carpir, roçar ou destocar, de acordo com o que exige a vegetação. Carpir
quando a vegetação é rasteira e com pequenos arbustos, usando para tal,
unicamente, a enxada. Deve-se juntar o mato após a carpa, removê-lo ou queimá-
lo em um canto do lote. Roçar quando além da vegetação rasteira houver árvores
de pequeno porte, que poderão ser cortadas com a foice. Destocar quando houver
árvores de grande porte, necessitando desgalhar, cortar ou serrar o tronco e
remover a parte da raiz. Esse serviço pode ser feito com máquina de grande porte
ou manualmente com machado, serrote e enxadão.
 Deve ser retirada vegetação nos locais de trabalho (principalmente mato), desde
que permitida pelos órgãos de fiscalização, bem como realização de demolições e
remoção de entulhos (ou espalhamento dos entulhos em áreas a serem aterradas).
 Em geral as árvores precisam de autorização para serem retiradas. Normalmente
em obras que exigem retirada de muitas árvores, os órgãos de fiscalização
ambiental vão até o local, marcam as árvores que não serão retiradas e
catalogam, para que numa 2ª vistoria, seja constatado que elas não foram
retiradas.
o Verificação de áreas alagadas, ou mesmo áreas que se encontram em cota inferior à
cota do meio fio (áreas com potencial de alagamento)
 Isto pode ser verificado no levantamento planialtimétrico, se houver, mas deve
ser conferido no local. Estas áreas devem receber algum tipo de tratamento, seja
sob a forma de drenagem, ou na forma de aterros.
o Verificação de áreas com solos moles
 Muitas vezes há locais com maior concentração de solos moles em camadas
superficiais. Este é um fator problemático para acesso de caminhões, que podem
atolar com facilidade.
 Caso seja imprescindível o acesso de caminhões por estes locais, deve-se realizar
espalhamento de pedra de mão (ou brita 3 / brita 4), criando um leito sobre o qual
os veículos terão acesso.
o Providência de água para consumo
 Deve-se tomar as providências para que haja o fornecimento de água no local da
obra. Caso não haja ponto de abastecimento da concessionária no local, o ideal é
que se peça uma ligação provisória. Como a ligação nem sempre é imediata, é
importante fazer o pedido com cerca de 30 dias antes do início das obras, para se
evitar atrasos por este motivo.
 Também é importante se informar com vizinhos sobre a confiabilidade do
fornecimento (se normalmente há interrupções no fornecimento, etc.), pois isto
pode ser um fator de paralisação das obras. No caso de haver irregularidade no

1
fornecimento, recomenda-se montar um sistema de reservatórios para ao menos 1
ou 2 dias de consumo;
 O padrão de utilização da água para concretos e argamassas é o padrão de
potabilidade, de forma que a utilização de água de poços não é recomendada.
Entretanto, pode-se contratar uma análise da água do subsolo por empresa
especializada, que pode também fornecer os parâmetros necessários para as
correções químicas, se for o caso. Ressalta-se que, caso se opte pelas correções
químicas da água do subsolo esta deve ser feita também por empresa
especializada, normalmente através de uma mini-estação de tratamento de água
no local, e controlada periodicamente.
 A melhor opção, no caso de não se dispor de fornecimento de água de
concessionária e nem de um padrão adequado de água do subsolo, é a
contratação de água proveniente de carros-pipa, apesar de seu custo um pouco
mais elevado. Neste caso, a principal providência é montar um sistema de
reservatórios de grande capacidade (no mínimo 10mil litros), para ser enchido
periodicamente pelo caminhão.
 No caso de se adquirir água de caminhões-pipa, para saber a quantidade de água
a ser comprada e a cada quantos dias deverá ser feita a entrega, devemos estimar
não só o consumo dos funcionários, como também o consumo da obra.
o Ligação de esgoto
 Deverá ser verificada necessidade de apresentação de pedido de ligação
provisória de esgoto com a concessionária local. O ideal é fazer a ligação no
local onde será feita a ligação definitiva, para não se furar o manilhamento da
rede pública em 2 locais distintos.
 Basicamente só existem 3 possibilidades em relação ao sistema de esgotos:
 O logradouro possui sistema do tipo “separador absoluto”. Neste caso a
rua possui uma galeria de águas pluviais e um coletor público separado,
onde é jogado o esgoto “in natura”, que deveria ser encaminhado para
uma estação de tratamento coletiva;
 O logradouro possui apenas galeria de águas pluviais. Neste caso o
esgoto deverá sofrer tratamento dentro do terreno do cliente
(normalmente através de um sistema do tipo fossa-filtro), e poderá ser
jogado na galeria de águas pluviais após o tratamento. A função deste
sistema é reduzir a um valor tolerável a carga orgânica presente no esgoto
doméstico (cujo indicador é a DBO – Demanda Bioquimica de
Oxigênio), de forma a não poluir os cursos d’água. O sistema fossa-filtro
pode ser provisório ou definitivo. No caso de ser provisório, deve-se
limpar os dejetos e aterrar o sistema ao fim da obra;
 O logradouro não possui nem coletor público nem galeria de águas
pluviais. Neste caso, após o sistema de tratamento do tipo fossa-filtro, é
construído um sumidouro para que o efluente percole no solo. Há também
outras possibilidades como o emprego de valas de infiltração, cujo
detalhamento não faz parte do escopo deste curso. Ambos também podem
possuir caráter provisório ou definitivo, cabendo as mesmas providências
mencionadas no item anterior.
 Mais um cuidado deve ser tomado em relação ao emprego de poços, pois pode
haver contaminação da água do lençol por vazamentos no sistema de esgoto e/ou
infiltração do efluente que sai do sumidouro. Alguns autores recomendam
respeitar a distância mínima de 15m entre um poço e um sumidouro, o que nem
sempre se consegue.
o Providência de instalações elétricas provisórias
 Também deve ser solicitada instalação elétrica para o local, se não houver;

2
 Pode ser solicitada a instalação definitiva, desde que se disponha dos dados de
projeto necessários para esta solicitação.
o Nivelamento do terreno nas áreas de trabalho
 Nos locais onde serão implementados os barracões de obra e as áreas de trabalho,
deve ser feito nivelamento do terreno. Normalmente este nivelamento é
executado de forma independente do movimento de terras da obra em si, que será
feito oportunamente.
o Construção de barracão de guarda
 Conforme BORGES (2009) a providência seguinte será a construção de barracão
para guarda de materiais e abrigo, se for o caso, dos operários residentes
(alojamento).
 O padrão de construção e a verba utilizada para a construção do barracao
dependem do valor da obra e do tempo previsto para sua utilização,
recomendando-se o uso de blocos de concreto no caso de alojamentos, para
evitar maiores danos no caso de incêndios.
 Caso seja apenas depósito de materiais, pode-se utilizar compensados de 9mm e
estrutura de madeira (perna 3”x3”), mas a segurança contra arrombamentos não é
grande, além do fato de que as intempéries desgastam este material com
facilidade.
 A cobertura poderá ser com madeiramentto de pernas 3”x3”, preferencialmente
tratadas para ação de cupins, e telhas onduladas em fibro-cimento.
 A forma mais conveniente é a retangular com largura de 2,50m no máximo, para
evitar complexidade no madeiramento do telhado. O comprimento deverá variar
com o vulto da obra, sendo no mínimo 6,00m para que possam armazenar as
barras de tubos galvanizados, PVC, etc.
 O telhado deverá ser preferenciamente de uma só água, e normalmente 3
operários conseguem erguer e cobrir o barracão em 3 dias.
 O piso do barracão é feito com uma camada de concreto magro (150kg de
cimento por m3) na espessura de 6-7cm, podendo, para melhorar o aspecto, ser
feito recobrimento com argamassa de cimento-areia no traço 1:3 com 2cm de
espessura.
o Fechamento da obra e segurança
 Outra providência a ser tomada antes do início da obra é o fechamento de todo o
perímetro do terreno, podendo ser feito de forma provisória ou definitiva. Ele
tem a função de evitar a entrada de pessoas não autorizadas e de melhorar a
segurança do local das obras.
 A forma provisória consiste no fechamento lateral com estrutura de perna 3”x3”
e compensados pregados nesta estrutura (ou telhas trapezoidais).
 A forma definitiva consiste em construir o muro definitivo da edificação,
normalmente laterais e fundos, podendo ser empregada solução mista.
 É importante projetar os acessos para caminhões, com um portão de 3-4m de
largura.
 BORGES (2009) menciona que é conveniente, para melhorar o aspecto da obra,
que se pinte o tapume com cal ou com tinta látex de 2ª linha.
 Para aumentar o nível de segurança, pode-se contratar uma empresa de vigilância
ou, de forma simplificada, um vigia noturno. Pode-se também implementar
sistema de monitoramento à distância, para se acompanhar on line o que está
acontecendo no canteiro.
o Construção do canteiro de serviços
 O canteiro de serviços consiste na área onde serão realizadas as operações de
obra, tais como preparação de argamassas, de concreto, barracões de amarração
de ferros, de confecção de formas, silos para armazenamento de agregados, etc.

3
 O local para o canteiro de serviços deve ser escolhido atendendo tanto quanto
possível as seguintes condições:
 Local onde possa permanecer até o final da obra sem atrapalhar os
trabalhos;
 Proximidade do ponto de água;
 Espaços livres laterais para a descarga dos caminhões de areia e de pedra;
 Proximidade das diversas partes entre si.
o Construção do gabarito
 O gabarito é um cercado de madeira que circunda toda a área da edificação a ser
construída, sobre o qual são realizadas as marcações da obra.
 É construído com pernas 3”x3” na vertical (a cada metro ou 1,5m), travadas por
tábuas ou sarrafos, onde são batidos os pregos de marcação (a operação de
locação da obra será abordada de forma detalhada adiante).
o Placas de obra
 Conforme BORGES (2009) deve-se colocar uma placa com o nome do
engenheiro responsável, número de sua carteira do CREA, endereço comercial e
telefone para contato.
 A placa no padrão da prefeitura local também é necessária, informando o número
do alvará (licença de obras), se for o caso. Na prefeitura do Rio de Janeiro não se
exige licença de obras para reformas sem acréscimo de área construída.
 A ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) da execução da obra também
deve ser colocada em local visível, bem como o alvará.

REFERÊNCIAS
 AZEREDO, Hélio Alves de. O edifício até sua cobertura. São Paulo: Edgard Blücher,
1977.
 BORGES, Alberto de Campos. Prática das pequenas construções. V2. Editora Blücher,
2009.
 HIRSCHFELD, Henrique. Construção civil fundamental: modernas tecnologias. 2ª Ed..
São Paulo: Atlas 2005.
 VIGORELLI, R. Manual prático do construtor e mestre de obras. Curitiba: Hemus S.A.,
2000.

Você também pode gostar