Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
LEITURAS DE DIREITO
POR OCASIÃO DOS CURSOS DE
APERFEIÇOAMENTO DE MAGISTRADOS
(2013-2014)
Natal 2014
ESCOLA DA MAGISTRATURA DO RIO GRANDE DO NORTE
MOSSORÓ NATAL
Av. Dix-Sept Rosado, 56 Av. Promotor Manoel Alves Pessoa
Centro – Mossoró/RN - Brasil Neto, 1000 - Candelária – Natal/RN
CEP 59.611-050 Brasil — CEP 59.065-555
www.mossoro.esmarn.tjrn.jus.br www.esmarn.tjrn.jus.br
DIRETORIA
DIRETOR
Desembargador Expedito Ferreira de Souza
VICE-DIRETOR
Desembargador Virgílio Fernandes de Macêdo Junior
COORDENADORA ADMINISTRATIVA
Juíza Ticiana Maria Delgado Nobre
COORDENADOR DE ENSINO
Juiz Ricardo Tinoco de Goés
CONSELHEIROS PEDAGÓGICOS
Juiz Fábio Wellington Ataíde Alves
Juíza Sandra Simões de Souza Dantas Elali
ALBA PAULO DE AZEVEDO
CORNÉLIO ALVES DE AZEVEDO NETO
KEITY MARA FERREIRA DE SOUZA E SABOYA
MARCO BRUNO MIRANDA CLEMENTINO
SANDRA SIMÕES DE SOUZA DANTAS ELALI
VIRGÍNIA DE FÁTIMA MARQUES BEZERRA
LEITURAS DE DIREITO
POR OCASIÃO DOS CURSOS DE
APERFEIÇOAMENTO DE MAGISTRADOS
(2013-2014)
Natal 2014
© Copyright by ESMARN
Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida, desde que citada a fonte.
L784
Livro digital.
ISBN (digital):
RN/ESMARN/BDJGC CDU 34
A QUESTÃO DA REINCIDÊNCIA
Keity Mara Ferreira de Souza e Saboya ........................................................................27
7
PROCESSUAL PENAL: JUNTADA TARDIA DE LAUDO PERICIAL
E A RELATIVIZAÇÃO DA NULIDADE ABSOLUTA
RESUMO: Não é de hoje que o controvertido tema das nulidades processuais exsurge no
Processo Penal Brasileiro, notadamente em decorrência de inexistir na doutrina uma classi-
ficação correta ou incorreta quanto ao tema, além de haver muitas classificações, de modo
que a matéria finda sendo resolvida pelos Tribunais. A presente análise de caso concreto faz
abordagem acerca de precedente do Supremo Tribunal Federal (STF) enfrentando a ques-
tão da juntada tardia de laudo definitivo de exame toxicológico, em momento posterior
à sentença absolutória. Objetiva-se demonstrar o fenômeno da relativização das nulida-
des processuais, em mudança de paradigma da jurisprudência pátria, ao se entender que
nulidades tidas classicamente por absolutas, para serem reconhecidas, passaram a exigir a
comprovação do prejuízo a uma das partes. Ratifica-se o enfraquecimento da dicotomia da
nulidade absoluta e nulidade relativa, além de uma necessária atuação saneadora de prote-
ção dos direitos fundamentais do acusado, de ofício, pelo juiz, quando preciso for para a
efetiva tutela da liberdade.
1 PRECEDENTE
1 Mestre em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Professora de Direito Proces-
sual Penal na Escola da Magistratura do Rio Grande do Norte (ESMARN). Juíza de Direito do Poder Judiciário
do Rio Grande do Norte.
9
PROCESSUAL PENAL: JUNTADA TARDIA DE LAUDO
ALBA PAULO DE AZEVEDO
PERICIAL E A RELATIVIZAÇÃO DA NULIDADE ABSOLUTA
10
PROCESSUAL PENAL: JUNTADA TARDIA DE LAUDO
ALBA PAULO DE AZEVEDO
PERICIAL E A RELATIVIZAÇÃO DA NULIDADE ABSOLUTA
2 ANÁLISE DISCURSIVA
11
PROCESSUAL PENAL: JUNTADA TARDIA DE LAUDO
ALBA PAULO DE AZEVEDO
PERICIAL E A RELATIVIZAÇÃO DA NULIDADE ABSOLUTA
12
PROCESSUAL PENAL: JUNTADA TARDIA DE LAUDO
ALBA PAULO DE AZEVEDO
PERICIAL E A RELATIVIZAÇÃO DA NULIDADE ABSOLUTA
interesses das partes e/ou ao regular exercício da jurisdição (art. 563, CPP)”
(OLIVEIRA, 2008, p. 665).
A rigor, não há na doutrina uma classificação correta ou incorreta
quanto às nulidades, sobretudo em face das múltiplas classificações que difi-
cultam a compreensão do assunto. Entretanto, ainda que passível de críticas,
a mais recomendada à realidade brasileira diante das dificuldades e impreci-
sões em torno da matéria (TAVORA; ALENCAR, 2010, p. 955), é a clássica
elaborada por Grinover, Scarence e Gomes Filho (2011, p. 20-21).
a) Atos inexistentes: a desconformidade com o modelo legal é tão
intensa que se chega a falar em inexistência do ato. São verdadeiros “não atos”
processuais porque não se cogita de invalidação, pois a inexistência cons-
titui um problema que antecede a qualquer consideração sobre a validade.
Exemplos: a falta de investidura legal, a sentença que falte a parte disposi-
tiva, a sentença apócrifa, que a jurisprudência ora considera ato nulo, ora
considera ato inexistente.
b) Nulidade: é a sanção passível de ser aplicada em face do defeito do
ato (desvios de forma), possibilitando que se retire do ato a aptidão de pro-
duzir efeitos. As nulidades distinguem-se em absoluta e relativa.
I- Nulidade absoluta: ocorre quando a gravidade do ato viciado é
flagrante e manifesto o prejuízo que sua permanência acarreta para a efe-
tividade do contraditório ou para a justiça da decisão, porquanto o vício
atinge o próprio interesse público, daí a razão pela qual, uma vez perce-
bida a irregularidade, o próprio juiz, de ofício, deve decretar a invalidade.
Exemplos: a falta de capacidade processual ou postulatória não suprida no
tempo oportuno, o processo instaurado perante juiz impedido ou absolu-
tamente incompetente.
II – Nulidade relativa: o legislador facultou à parte prejudicada pedir
ou não a invalidação do ato irregularmente praticado, subordinando o reco-
nhecimento do vício à efetiva demonstração do prejuízo sofrido. Exemplos:
o processo instaurado perante juiz suspeito ou relativamente incompetente,
a intimação do advogado, que se realiza por publicação, da qual não conste
o nome do réu.
13
PROCESSUAL PENAL: JUNTADA TARDIA DE LAUDO
ALBA PAULO DE AZEVEDO
PERICIAL E A RELATIVIZAÇÃO DA NULIDADE ABSOLUTA
14
PROCESSUAL PENAL: JUNTADA TARDIA DE LAUDO
ALBA PAULO DE AZEVEDO
PERICIAL E A RELATIVIZAÇÃO DA NULIDADE ABSOLUTA
15
PROCESSUAL PENAL: JUNTADA TARDIA DE LAUDO
ALBA PAULO DE AZEVEDO
PERICIAL E A RELATIVIZAÇÃO DA NULIDADE ABSOLUTA
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. 20. ed. São Paulo: Saraiva,
2013.
17
PROCESSUAL PENAL: JUNTADA TARDIA DE LAUDO
ALBA PAULO DE AZEVEDO
PERICIAL E A RELATIVIZAÇÃO DA NULIDADE ABSOLUTA
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. 10. ed. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2008.
18
A IMPORTÂNCIA DA CÂMARA TÉCNICA PARA A
DECISÃO JUDICIAL NAS DEMANDAS DA SAÚDE
RESUMO: O presente paper busca, após uma abordagem conceitual e histórica sobre os
direitos sociais, em especial a saúde, ressaltar a similitude entre o instituto do amicus curiae
e as Câmaras Técnicas da Saúde ou Núcleos de Apoio Técnicos, propostos pelo Conse-
lho Nacional de Justiça como instrumentos de aperfeiçoamento da tutela jurisdicional nas
demandas relativas ao direito à saúde. Além disso, pretende-se demonstrar a importância
de medidas deste jaez para a superação da atual problemática da judicialização da saúde e
para a manutenção da harmônica interação entre os Poderes da República, sugerindo, por
fim, sem pretender esgotar a matéria, uma composição teoricamente ideal dos núcleos de
apoio aos Magistrados, nesta área que atualmente desafia e sobrecarrega todo o Judiciário.
1 Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte, titular da 5ª Vara Criminal da Comarca
de Mossoró e, por designação, da Vara Única da Comarca de Portalegre/RN.
2 Ao pé da letra, laissez-faire, em francês, significa “deixe fazer”. A expressão se refere à política de um governo de
não controlar a economia ou as empresas e deixar que as coisas se resolvam sozinhas, sem interferência. O princípio
foi teorizado pelos franceses no século XVIII e muito defendido pelo famoso economista escocês Adam Smith
(1723-1790). Da área da economia, a expressão passou ao uso geral, sem tradução das palavras francesas para o
inglês, indicando uma atitude de deixar as coisas tomarem seu próprio caminho, sem interferir nas atividades ou
no comportamento de outras pessoas, nem tentar influenciá-las.
19
A IMPORTÂNCIA DA CÂMARA TÉCNICA PARA A
CORNÉLIO ALVES DE AZEVEDO NETO
DECISÃO JUDICIAL NAS DEMANDAS DA SAÚDE
3 Segundo Paulo Gilberto Leivas, os direitos sociais são [...] direitos a ações positivas fáticas, que, se o indivíduo
tivesse condições financeiras e encontrasse no mercado oferta suficiente, poderia obtê-las de particulares; porém,
na ausência destas condições e, considerando a importância destas prestações, cuja outorga ou não-outorga não
pode permanecer nas mãos da simples maioria parlamentar, podem ser dirigidas contra o Estado por força de
disposição constitucional (LEIVAS, 2006. p. 89).
20
A IMPORTÂNCIA DA CÂMARA TÉCNICA PARA A
CORNÉLIO ALVES DE AZEVEDO NETO
DECISÃO JUDICIAL NAS DEMANDAS DA SAÚDE
21
A IMPORTÂNCIA DA CÂMARA TÉCNICA PARA A
CORNÉLIO ALVES DE AZEVEDO NETO
DECISÃO JUDICIAL NAS DEMANDAS DA SAÚDE
22
A IMPORTÂNCIA DA CÂMARA TÉCNICA PARA A
CORNÉLIO ALVES DE AZEVEDO NETO
DECISÃO JUDICIAL NAS DEMANDAS DA SAÚDE
4 Permanece até os dias de hoje a definição de amicus curiae dada pelo Min. Celso de Mello, na ADIn nº 748 AgR/
RS, em 18 de novembro de 1994 (BRASIL, 1994).
23
A IMPORTÂNCIA DA CÂMARA TÉCNICA PARA A
CORNÉLIO ALVES DE AZEVEDO NETO
DECISÃO JUDICIAL NAS DEMANDAS DA SAÚDE
REFERÊNCIAS
24
A IMPORTÂNCIA DA CÂMARA TÉCNICA PARA A
CORNÉLIO ALVES DE AZEVEDO NETO
DECISÃO JUDICIAL NAS DEMANDAS DA SAÚDE
25
A QUESTÃO DA REINCIDÊNCIA
RESUMO: Com a virada paradigmática após a Segunda Grande Guerra, o Estado (re)toma
seu papel na concretização de direitos, estabelecendo novos marcos em termos de valores
jurídicos. Alinhado a essas mudanças, o Estado Democrático de Direito tem por finalidade
a garantia dos direitos fundamentais dos cidadãos, concretizados principalmente pela força
normativa da Constituição. Neste contexto, o presente trabalho tem por objetivo a análise
da decisão proferida no Recurso Extraordinário nº 453.000 do Supremo Tribunal Federal,
que reconheceu a constitucionalidade da aplicação da reincidência como agravante da pena
em processos criminais. Sob esse viés, questionar-se-á se a referida decisão reflete o prin-
cípio da individualização da pena e da culpabilidade, utilizando-se, para tanto, conceitos
doutrinários e os novos aspectos da hermenêutica e aplicação do direito.
1 Doutora em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Mestre e Bacharel em Direito pela
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Foi pesquisadora visitante na Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG), no Max-Planck-Institut für ausländisches und internationales Strafrech (MPI) e na Uni-
versidad de Castilla-La Mancha (UCLM), nestes com bolsas do MPI e CAPES (PDEE). Professora adjunta de
Direito Penal e Direito Processual Penal na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Juíza de
Direito do Poder Judiciário do Rio Grande do Norte.
2 Para Bauman, a sociedade dos tempos atuais desmonta a realidade herdada, sem perspectiva de nenhuma per-
manência. Por isso sugere “a metáfora da liquidez para caracterizar o estado [hodierno] da sociedade moderna,
que, como os líquidos, se caracteriza por uma incapacidade de manter a forma”. “Nossas instituições, quadros de
referência, estilos de vida, crenças e convicções mudam antes que tenham tempo de se solidificar em costumes,
hábitos e verdades auto-evidentes”. Disponível em: <http://www.fronteirasdopensamento.com.br/portal/entrev-
istas/a-sociedade-liquida-entrevista-com-zygmunt-bauman>. Acesso em: 13 ago. 2011. Ainda sobre o assunto:
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Tradução de Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
27
A QUESTÃO DA REINCIDÊNCIA KEITY MARA FERREIRA DE SOUZA E SABOYA
28
KEITY MARA FERREIRA DE SOUZA E SABOYA A QUESTÃO DA REINCIDÊNCIA
3 Ainda como diz Barroso, “a ideia de constitucionalização do Direito aqui explorada está associada a um efeito
expansivo das normas constitucionais, cujo conteúdo material e axiológico se irradia, com força normativa, por
todo o sistema jurídico. Os valores, os fins públicos e os comportamentos contemplados nos princípios e regras
da Constituição passam a condicionar a validade e o sentido de todas as normas do direito infraconstitucional.
Como intuitivo, a constitucionalização repercute sobre a atuação dos três Poderes, inclusive e notadamente nas
suas relações com os particulares”. (BARROSO, 2005). Também sobre a matéria, ver Binenbojm (2006, p. 26-ss).
29
A QUESTÃO DA REINCIDÊNCIA KEITY MARA FERREIRA DE SOUZA E SABOYA
30
KEITY MARA FERREIRA DE SOUZA E SABOYA A QUESTÃO DA REINCIDÊNCIA
4 “HABEAS CORPUS. DOSIMETRIA DA PENA. [...] A valoração da reincidência, na segunda fase do processo
judicial de dosimetria da pena, por si só, não configura bis in idem. De parelha com o mandamento constitucio-
nal de individualização da reprimenda penal (inciso XLVI do art. 5º da CF), tal agravante genérica repreende por
modo mais gravoso aquele que optou por continuar delinquindo” (BRASIL, 2010). No mesmo sentido: BRA-
SIL (2008).
5 “HABEAS CORPUS. [...]. OBRIGATORIEDADE DA CONSIDERAÇÃO DA CIRCUNSTÂNCIA AGRA-
VANTE DA REINCIDÊNCIA. RECONHECIMENTO DE MAIOR REPROVABILIDADE DA CONDUTA
DE QUEM REITERA NA PRÁTICA INFRACIONAL. PRECEDENTES. [...]. A tese de que a reincidência
acarreta dupla penalização pelo mesmo fato não encontra respaldo na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal
e desta Corte, porquanto é uníssono o entendimento de que a aplicação da agravante no momento da individu-
alização da pena, não importa em bis in idem, mas apenas reconhece maior reprovabilidade à conduta de quem
reitera a prática infracional, após o trânsito em julgado de sentença condenatória anterior” (BRASIL, 2011).
6 Instrumento processual inserido na Constituição Federal de 1988, cujo objetivo é possibilitar que o Supremo Tri-
bunal Federal selecione os Recursos Extraordinários que irá analisar, de acordo com critérios de relevância jurídica,
política, social ou econômica. Uma vez constatada a existência de repercussão geral, o STF analisa o mérito da
questão e a decisão proveniente dessa análise será aplicada posteriormente pelas instâncias inferiores, em casos
idênticos (BRASIL. 2013a).
7 “É constitucional a aplicação da reincidência como agravante da pena em processos criminais (CP, art. 61, I).
Essa a conclusão do Plenário ao desprover recurso extraordinário em que alegado que o instituto configuraria bis
in idem, bem como ofenderia os princípios da proporcionalidade e da individualização da pena. Registrou-se que
as repercussões legais da reincidência seriam múltiplas, não restritas ao agravamento da pena” (BRASIL, 2013c).
31
A QUESTÃO DA REINCIDÊNCIA KEITY MARA FERREIRA DE SOUZA E SABOYA
A despeito do acórdão desse julgamento ainda não ter sido publicado (RE
453.000/RS), por já fundada em tal precedente, traz-se à colação a decisão profe-
rida no HC 93815/RS, da relatoria do Ministro Gilmar Mendes, assim ementada:
32
KEITY MARA FERREIRA DE SOUZA E SABOYA A QUESTÃO DA REINCIDÊNCIA
8 Ainda sobre o tema, interessante a seguinte a crítica: “A interpretação conforme a constituição desempenha uma
função de sutil legitimação da centralização da tarefa interpretativa – não só da constituição, mas de todas as leis
– nas mãos do Supremo Tribunal Federal. […]. Basta que o Supremo Tribunal Federal dê o nome de interpre-
tação conforme a constituição a qualquer esclarecimento de significado de qualquer termo de qualquer dispositivo
legal, na forma como já vista acima, para que qualquer interpretação divergente, ainda que seja também no sen-
tido de manter a constitucionalidade de uma lei, torne-se impossível. Com isso, o Supremo Tribunal Federal não
somente desempenha sua função de guardião da constituição de forma cada vez mais centralizada, como passa a
ter a possibilidade quase que ilimitada de excluir qualquer ‘desobediência’ interpretativa por parte de quase todos
os órgãos estatais. Para tanto, a interpretação conforme a constituição cai como uma luva” (SILVA, 2013).
33
A QUESTÃO DA REINCIDÊNCIA KEITY MARA FERREIRA DE SOUZA E SABOYA
9 A culpabilidade não fundamenta a necessidade de pena, mas tão somente limita sua admissibilidade, reconhe-
cendo Roxin que, apesar de seu conceito ser controvertido, não há como renunciar a ele, por representar as balizas
da pena. E, por culpabilidade, entende Roxin, como citado acima, que seria a capacidade de autocondução de
impulsos psíquicos e a resultante dirigibilidade normativa de um sujeito em determinada situação. Desse modo,
atua culposamente quem dolosa ou imprudentemente realiza um injusto jurídico-penal, em que pese na con-
creta situação de decisão poder atuar de maneira diversa. Essa seria a culpabilidade de fundamentação da pena,
informando a culpabilidade de medida da pena a gradação desses fatores, além do grau da lesão ao bem jurídico,
a atitude interna do sujeito ante o fato, dentre outras circunstâncias. (ROXIN, 1986, p. 681-688).
34
KEITY MARA FERREIRA DE SOUZA E SABOYA A QUESTÃO DA REINCIDÊNCIA
10 Presunção de pleno e absoluto direito, que não admite ser refutada ou não admite prova em contrário.
35
A QUESTÃO DA REINCIDÊNCIA KEITY MARA FERREIRA DE SOUZA E SABOYA
REFERÊNCIAS
36
KEITY MARA FERREIRA DE SOUZA E SABOYA A QUESTÃO DA REINCIDÊNCIA
37
A QUESTÃO DA REINCIDÊNCIA KEITY MARA FERREIRA DE SOUZA E SABOYA
38
A QUESTÃO DA (IN)DEPENDÊNCIA DAS
INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVA E PENAL
RESUMO: O presente paper tem por objetivo a análise da suposta (in)dependência das
instâncias administrativa e penal, no que se refere à vinculação do exame administrativo na
apuração criminal. Partindo-se do conceito de que o direito penal e o direito administra-
tivo sancionador são extensões do ius puniendi estatal, proceder-se-á ao exame de reflexões
invocadas no julgamento do Habeas Corpus 245.916/RJ (STJ), que considerou a decisão
administrativa como critério decisivo para a subsunção de referido evento penal. Sob esse
viés, questionar-se-á se a decisão administrativa, acerca da licitude de determinada hipó-
tese, tem o condão de interferir na criminalização, ou não, desse mesmo recorte de fato,
quando em exame judicial, utilizando-se, para tanto, da aplicação de princípios basilares
do direito penal e de conceitos doutrinários sobre o assunto invocado.
1 INTRODUÇÃO
39
A QUESTÃO DA (IN)DEPENDÊNCIA DAS
KEITY MARA FERREIRA DE SOUZA E SABOYA
INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVA E PENAL
2 CASO JULGADO
40
A QUESTÃO DA (IN)DEPENDÊNCIA DAS
KEITY MARA FERREIRA DE SOUZA E SABOYA
INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVA E PENAL
De acordo com o que consta de tais autos, foi imputa aos pacientes
a prática do tipo incriminador previsto no art. 4º da Lei n.º 7.492/1986
(BRASIL, 1986), porque, enquanto representantes do Banco Meridional
S.A., realizaram, no ano de 1999, operações lesivas ao patrimônio da insti-
tuição, de modo a configurar, segundo a peça acusatória, hipótese de gestão
fraudulenta.
E para a relatora do caso, a regularidade das condutas imputadas aos
pacientes por parte da Comissão de Valores Mobiliários, Receita Federal e,
ainda, pelo Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional, implicou
no reconhecimento de que os fatos descritos na denúncia não caracteriza-
vam nenhum tipo de ilegalidade diante das normas que regem o mercado
financeiro. Desse modo não se haveria de admitir o enquadramento deles
no tipo penal do art. 4º da Lei n.º 7.492/1986.
3 OS ACERTOS E DESACERTOS
41
A QUESTÃO DA (IN)DEPENDÊNCIA DAS
KEITY MARA FERREIRA DE SOUZA E SABOYA
INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVA E PENAL
2 “A identidade essencial entre o delito administrativo e o delito penal é atestada pelo próprio fato histórico, aliás
reconhecido por GOLDSCHMIDT, de que existem poucos delitos penais que não tenham passado pelo estádio
do delito administrativo” (HUNGRIA, 1995, p. 17).
42
A QUESTÃO DA (IN)DEPENDÊNCIA DAS
KEITY MARA FERREIRA DE SOUZA E SABOYA
INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVA E PENAL
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
3 Roxin (2007, p. 71), Ainda sobre o assunto, bastante esclarecedor são os seguintes trechos do julgado examinado:
“[...] sempre tenho em mente os ensinamentos do Mestre Alberto Silva Franco: [...] como adverte Antonio Gar-
cía-Pablos de Molina (Idem, p. 558⁄559), o Direito Penal não pode ser a prima ratio, nem a unica ratio para fazer
face às tensões sociais: "é a ultima ratio, não a solução ao problema do crime, como sucede com qualquer técnica
de intervenção traumática, de efeitos irreversíveis; cabe apenas a ela recorrer em casos de estrita necessidade, para
defender os bens juridicamente fundamentais, dos ataques mais graves e somente quando não ofereçam garantia
de êxito as demais estratégias de natureza não penal". O princípio da intervenção mínima encontra expressão em
duas perspectivas diversas: o princípio da fragmentariedade e o princípio da subsidiariedade. […] Já o princípio
da subsidiariedade põe em destaque o fato de que o Direito Penal não é único controle social formal dotado de
recursos coativos, embora seja o que disponha, nessa matéria, dos instrumentos mais enérgicos e traumáticos. A
gravidade intrínseca desse instrumental, posto à disposição do Direito Penal, recomenda, no entanto, que só se
faça dele uso quando não tenham tido êxito os meios coativos menos gravosos, de natureza não penal. "A cirurgia
penal, por seus efeitos traumáticos e irreversíveis - por sua nocividade intrínseca - só pode ser prescrita in extremis,
isto é, quando não se dispõe de outras possíveis técnicas de intervenção ou estas resultam ineficazes como ultima
ratio. O princípio da subsidiariedade expressa, portanto, uma exigência elementar: a necessidade de hierarquizar,
otimizar e racionalizar os meios disponíveis para responder ao problema criminal adequada e eficazmente. Uma
autêntica exigência de economia social que optará sempre a favor do tipo de intervenção menos lesiva ou limitativa
dos direitos individuais dado que o Direito Penal é o último recurso de uma sã política social" (Antonio Garcia-
-Pablos de Molina, Idem, p. 563). O princípio da subsidiariedade limita, portanto, o ius puniendi na medida em
que só autoriza a intervenção penal se não houver outro tipo de […] de intervenção estatal […] menos custosa
aos direitos individuais (FRANCO, 2007, p. 49)”. (BRASIL, 2013).
43
A QUESTÃO DA (IN)DEPENDÊNCIA DAS
KEITY MARA FERREIRA DE SOUZA E SABOYA
INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVA E PENAL
REFERÊNCIAS
44
A QUESTÃO DA (IN)DEPENDÊNCIA DAS
KEITY MARA FERREIRA DE SOUZA E SABOYA
INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVA E PENAL
45
A SEGUNDA INSTÂNCIA HOSPITALAR, A JURISMEDICINA, A
CÂMARA TÉCNICA E O COMPROMISSO COM A SAÚDE
RESUMO: O presente paper tem por objetivo analisar as câmaras técnicas instituídas, com
base na Recomendação nº 31/2009 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), para auxí-
lio do juiz no processamento de demandas relacionadas ao direito à saúde, em particular
quanto à respectiva composição. Demonstra-se, no texto, a importância na implementa-
ção dessas câmaras técnicas em face da interdisciplinaridade exigida na cognição realizada
nos processos que tratam do direito à saúde, advertindo-se para os riscos de que demandas
dessa espécie sejam tratadas de forma massificada. Conclui-se que não existe óbice jurídico
ou ético-profissional a que essas câmaras técnicas sejam compostas por profissionais cedi-
dos aos tribunais pelas secretarias de saúde estaduais e, portanto, vinculados ao Sistema
Único de Saúde (SUS).
1 Doutor em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco. Mestre em Direito pela Universidade Federal do
Rio Grande do Norte. Professor Adjunto da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Diretor do Núcleo
da Escola da Magistratura Federal no Rio Grande do Norte. Juiz Federal da 6ª Vara da Seção Judiciária do Rio
Grande do Norte .
47
A SEGUNDA INSTÂNCIA HOSPITALAR, A JURISMEDICINA,
MARCO BRUNO MIRANDA CLEMENTINO
A CÂMARA TÉCNICA E O COMPROMISSO COM A SAÚDE
48
A SEGUNDA INSTÂNCIA HOSPITALAR, A JURISMEDICINA,
MARCO BRUNO MIRANDA CLEMENTINO
A CÂMARA TÉCNICA E O COMPROMISSO COM A SAÚDE
49
A SEGUNDA INSTÂNCIA HOSPITALAR, A JURISMEDICINA,
MARCO BRUNO MIRANDA CLEMENTINO
A CÂMARA TÉCNICA E O COMPROMISSO COM A SAÚDE
50
A SEGUNDA INSTÂNCIA HOSPITALAR, A JURISMEDICINA,
MARCO BRUNO MIRANDA CLEMENTINO
A CÂMARA TÉCNICA E O COMPROMISSO COM A SAÚDE
51
A SEGUNDA INSTÂNCIA HOSPITALAR, A JURISMEDICINA,
MARCO BRUNO MIRANDA CLEMENTINO
A CÂMARA TÉCNICA E O COMPROMISSO COM A SAÚDE
qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade pro-
fissional” (BRASIL, 2009).
No que se refere, ainda, ao profissional farmacêutico, embora não
tão enfático quanto à autonomia, também o Código de Ética da Profissão
Farmacêutica (Resolução CFF 417/2004) assim estabelece o rigoroso com-
promisso com a saúde do paciente:
53
A SEGUNDA INSTÂNCIA HOSPITALAR, A JURISMEDICINA,
MARCO BRUNO MIRANDA CLEMENTINO
A CÂMARA TÉCNICA E O COMPROMISSO COM A SAÚDE
54
A SEGUNDA INSTÂNCIA HOSPITALAR, A JURISMEDICINA,
MARCO BRUNO MIRANDA CLEMENTINO
A CÂMARA TÉCNICA E O COMPROMISSO COM A SAÚDE
REFERÊNCIAS
55
A SEGUNDA INSTÂNCIA HOSPITALAR, A JURISMEDICINA,
MARCO BRUNO MIRANDA CLEMENTINO
A CÂMARA TÉCNICA E O COMPROMISSO COM A SAÚDE
56
A SEGUNDA INSTÂNCIA HOSPITALAR, A JURISMEDICINA,
MARCO BRUNO MIRANDA CLEMENTINO
A CÂMARA TÉCNICA E O COMPROMISSO COM A SAÚDE
57
A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA EM CRIMES
FISCAIS PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: UM ESTUDO DE CASO
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1 MBA em Poder Judiciário pela Fundação Getúlio Vargas/Escola da Magistratura do Rio Grande do Norte. Espe-
cialista em Direito Processual Civil e Penal pela Universidade Potiguar/Escola da Magistratura do Rio Grande do
Norte. Professora de Técnicas de Sentenças Criminais na Escola da Magistratura do Rio Grande do Norte. Foi
membro do Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Rio Grande do Norte e da Primeira Turma Recursal dos
Juizados Especiais Cíveis e Criminais – Natal/RN. Juíza de Direito do Poder Judiciário do Estado do Rio Grande
do Norte.
59
A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA EM CRIMES
SANDRA SIMÕES DE SOUZA DANTAS ELALI
FISCAIS PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: UM ESTUDO DE CASO
60
A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA EM CRIMES
SANDRA SIMÕES DE SOUZA DANTAS ELALI
FISCAIS PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: UM ESTUDO DE CASO
61
A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA EM CRIMES
SANDRA SIMÕES DE SOUZA DANTAS ELALI
FISCAIS PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: UM ESTUDO DE CASO
2 REGRAS E PRINCÍPIOS
62
A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA EM CRIMES
SANDRA SIMÕES DE SOUZA DANTAS ELALI
FISCAIS PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: UM ESTUDO DE CASO
63
A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA EM CRIMES
SANDRA SIMÕES DE SOUZA DANTAS ELALI
FISCAIS PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: UM ESTUDO DE CASO
64
A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA EM CRIMES
SANDRA SIMÕES DE SOUZA DANTAS ELALI
FISCAIS PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: UM ESTUDO DE CASO
65
A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA EM CRIMES
SANDRA SIMÕES DE SOUZA DANTAS ELALI
FISCAIS PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: UM ESTUDO DE CASO
66
A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA EM CRIMES
SANDRA SIMÕES DE SOUZA DANTAS ELALI
FISCAIS PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: UM ESTUDO DE CASO
67
A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA EM CRIMES
SANDRA SIMÕES DE SOUZA DANTAS ELALI
FISCAIS PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: UM ESTUDO DE CASO
68
A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA EM CRIMES
SANDRA SIMÕES DE SOUZA DANTAS ELALI
FISCAIS PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: UM ESTUDO DE CASO
vância do bem que está sendo objeto de proteção, para que se analise se a
conduta do agente se amolda com perfeição ao tipo penal. Devem ser con-
siderados, portanto, à luz do espírito do legislador, os prejuízos relevantes
que o comportamento incriminado possa causar à ordem jurídica e social,
merecendo a proteção do Direito Penal.
No caso em análise o Supremo Tribunal Federal adotou a melhor deci-
são, evidenciando-se que, com efeito, a conduta em questão é irrelevante
para a administração e se impõe a aplicação do princípio da insignificância.
É que o art. 20 da Lei nº 10.522/02 determina o arquivamento das exe-
cuções fiscais cujo valor consolidado for igual ou inferior a R$10.000,00. E é
inadmissível que a conduta seja irrelevante para a Administração Fazendária
e não para o direito penal, já que o Estado, vinculado pelo princípio de sua
intervenção mínima em direito penal, somente deve ocupar-se das condu-
tas que acarretem grave violação ao bem jurídico tutelado (BRASIL, 2002).
Dessa forma, em caso de acusação de descaminho, a relevância penal
da conduta deverá ser investigada a partir das diretrizes do referido art. 20
da Lei nº 10.522/2002 (BRASIL, 2002).
Há de se aplicar, na hipótese, o princípio da insignificância penal,
segundo o qual para que haja a incidência da norma incriminadora não
basta a mera adequação formal do fato empírico ao tipo, sendo necessário
que esse fato empírico se contraponha, em substância, à conduta normati-
vamente tipificada.
É preciso que o agente passivo experimente efetivo desfalque em seu
patrimônio, com real prejuízo material, de forma diversa do caso em aná-
lise, em que a supressão de um tributo com reduzido valor pecuniário sequer
justifica a respectiva execução fiscal.
Em sendo o montante dos impostos, supostamente devidos pelo acu-
sado, inferior ao mínimo legalmente estabelecido para a execução fiscal e
não constando da denúncia a referência a outros débitos em seu desfavor,
em possível continuidade delitiva, verifica-se hipótese de ausência de justa
causa para a ação penal, diante da inexistência de lesão ao bem jurídico
penalmente tutelado.
69
A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA EM CRIMES
SANDRA SIMÕES DE SOUZA DANTAS ELALI
FISCAIS PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: UM ESTUDO DE CASO
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
70
A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA EM CRIMES
SANDRA SIMÕES DE SOUZA DANTAS ELALI
FISCAIS PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: UM ESTUDO DE CASO
71
A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA EM CRIMES
SANDRA SIMÕES DE SOUZA DANTAS ELALI
FISCAIS PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: UM ESTUDO DE CASO
CAPEZ, Fernando. Direito Penal: Parte Geral. São Paulo: Saraiva, 2004.
72
A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA EM CRIMES
SANDRA SIMÕES DE SOUZA DANTAS ELALI
FISCAIS PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: UM ESTUDO DE CASO
73
A JUDICIALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE: SOLUÇÃO
DE COMPROMISSO RUMO ÀS CORES DA VIDA.
RESUMO: O presente trabalho apresenta uma visão diferenciada dos conflitos acerca dos
planos de saúde e de alguns tratamentos específicos. O direito à saúde constitui decorrên-
cia do princípio da dignidade da pessoa humana. Aborda-se o advento da Lei 12.401, de
28 de abril de 2011, com um enfoque de solidariedade na promoção, proteção e recupera-
ção da saúde. Verifica-se que o questionado ativismo judicial tem justificativa atualmente
na inabilidade do gestor público de atuar de forma eficiente no combate e na promoção
das medidas necessárias ao suprimento da necessidade dos pacientes, por meio de políticas
públicas. Para evitar o ativismo, faz-se necessária a aplicação eficaz das inovações trazidas
pela Lei 12.4012/2011, sobretudo a garantia de terapêutica integral, novos procedimen-
tos de incorporação e exclusão, pelo SUS, de novos medicamentos e prazo máximo de 180
dias para os conflitos decorrentes do fornecimento de medicamentos e serviços de saúde.
Dentro da experiência que o exercício da judicatura permite, faz-se sugestões à tomada de
algumas medidas, entre elas a adoção, como no país vizinho, a Argentina, de regulamen-
tação da produção pública de medicamentos e vacinas, visando tornar mais acessíveis os
custos em benefício da população e promover o desenho e a fabricação destes insumos em
laboratórios estatais.
1 INTRODUÇÃO
1 Graduada em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte em 1987. Especialista em “Direito e
Cidadania”, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte em 2000. Especialista em “Derechos Sociales,
Ambientales y Económicos”, por la Facultad de Derecho de la Universidad de Buenos Aires, Argentina em 2008.
Mestranda em Magistratura por la Facultad de Derecho de la Universidad de Buenos Aires, Argentina. Juíza de
Direito do Poder Judiciário do Rio Grande do Norte desde 1990. Durante os 24 anos dedicados à Magistratura,
foi Titular durante 13 anos da 8ª Vara Cível não Especializada da Comarca de Natal e há 1 ano é Titular da 6ª
Vara de Família, também da Comarca de Natal.
75
A JUDICIALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE:
VIRGÍNIA DE FÁTIMA MARQUES BEZERRA
SOLUÇÃO DE COMPROMISSO RUMO ÀS CORES DA VIDA
76
A JUDICIALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE:
VIRGÍNIA DE FÁTIMA MARQUES BEZERRA
SOLUÇÃO DE COMPROMISSO RUMO ÀS CORES DA VIDA
77
A JUDICIALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE:
VIRGÍNIA DE FÁTIMA MARQUES BEZERRA
SOLUÇÃO DE COMPROMISSO RUMO ÀS CORES DA VIDA
78
A JUDICIALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE:
VIRGÍNIA DE FÁTIMA MARQUES BEZERRA
SOLUÇÃO DE COMPROMISSO RUMO ÀS CORES DA VIDA
2 No mesmo sentido: AI 550.530-AgR, rel. min. Joaquim Barbosa, julgamento em 26-6-2012, Segunda Turma,
DJE de 16-8-2012; RE 368.564, Rel. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgamento em 13-4-2011, Primeira Turma,
DJE de 10-8-2011; STA 175-AgR, Rel. Min. Presidente Gilmar Mendes, julgamento em 17-3-2010, Plenário,
DJE de 30-4-2010. Vide: AI 734.487-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 3-8-2010, Segunda Turma,
DJE de 20-8-2010.
79
A JUDICIALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE:
VIRGÍNIA DE FÁTIMA MARQUES BEZERRA
SOLUÇÃO DE COMPROMISSO RUMO ÀS CORES DA VIDA
80
A JUDICIALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE:
VIRGÍNIA DE FÁTIMA MARQUES BEZERRA
SOLUÇÃO DE COMPROMISSO RUMO ÀS CORES DA VIDA
81
A JUDICIALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE:
VIRGÍNIA DE FÁTIMA MARQUES BEZERRA
SOLUÇÃO DE COMPROMISSO RUMO ÀS CORES DA VIDA
Não se pode negar que o Juiz participa da política, inclusive das políti-
cas públicas de saúde, porque desempenha um papel considerado adequado
para assumir a intervenção ao partilhar os valores e interesses dos grupos e
dos indivíduos que, diante dele, reivindicam direitos e prestações negados
ou bloqueados pelos “decisores político-representativos”, na expressão cunhada
por Canotilho (2000).
Enquanto continuam as discussões acadêmicas, os problemas sur-
gem e reclamam soluções, nascendo uma instância de equação que mescla
várias tendências.
Ora, o Poder Judiciário não pode (e nem deve) furtar-se de julgar e
apresentar soluções aos casos que lhe são trazidos pela sociedade. É o que
decorre do princípio da inafastabilidade da jurisdição consagrado no artigo
5º, inciso XXXV, da Carta Magna, ou seja, de que o Poder Judiciário não
pode deixar de decidir sobre a lesão ou ameaça a direito (BRASIL, 1988).
E, de fato, não há como negar a existência de lesão a direito de cará-
ter constitucional quando o Estado é omisso em prestar os serviços e meios
necessários à efetivação do direito à saúde dos cidadãos.
Todavia, observa-se a necessidade de adequação dos comandos deci-
sórios aos demais aspectos que a lei define e considera suficientes em termos
de prestações sociais, aliado à razoabilidade que obedece aos requisitos eco-
nômicos e financeiros.
Foi nesse contexto que o legislador pátrio editou a Lei nº 12.401/2011,
para dispor sobre a assistência terapêutica e a incorporação de tecnologia em
saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS.
As principais inovações trazidas pela referida Lei nº 12.4012/2011
consistiram: a) na definição de assistência terapêutica integral (art. 19-M);
b) de protocolo clínico e diretriz terapêutica (art. 19-‘N); c) as especifica-
ções a serem abordadas nos protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas, de
modo que estejam atualizadas (art. 19-O); d) os critérios e procedimentos
para incorporação, exclusão pelo SUS de novos medicamentos, procedimen-
tos e produtos (art. 19-P); e) a competência para as alterações e criação da
Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS (art. 19-Q); f )
definição do processo administrativo a ser observado, com a aplicação da
82
A JUDICIALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE:
VIRGÍNIA DE FÁTIMA MARQUES BEZERRA
SOLUÇÃO DE COMPROMISSO RUMO ÀS CORES DA VIDA
Lei nº 9.784 e prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias, prorrogável por
90 (noventa) dias (art. 19-R); e, por fim, g) casos de vedações de ressarci-
mento e reembolso (art. 19-T) (BRASIL, 2011).
O estabelecimento de critérios de avaliação para a inclusão ou exclu-
são de medicamentos ou produtos das listas do SUS foi uma das alterações
que mais deu ensejo a debates jurídicos, mormente quanto ao critério de
“custo-efetividade”, conforme se observa nos arts. 19-O, parágrafo único e
art. 19-Q, § 2º:
83
A JUDICIALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE:
VIRGÍNIA DE FÁTIMA MARQUES BEZERRA
SOLUÇÃO DE COMPROMISSO RUMO ÀS CORES DA VIDA
84
A JUDICIALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE:
VIRGÍNIA DE FÁTIMA MARQUES BEZERRA
SOLUÇÃO DE COMPROMISSO RUMO ÀS CORES DA VIDA
85
A JUDICIALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE:
VIRGÍNIA DE FÁTIMA MARQUES BEZERRA
SOLUÇÃO DE COMPROMISSO RUMO ÀS CORES DA VIDA
86
A JUDICIALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE:
VIRGÍNIA DE FÁTIMA MARQUES BEZERRA
SOLUÇÃO DE COMPROMISSO RUMO ÀS CORES DA VIDA
4 CASO CONCRETO
87
A JUDICIALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE:
VIRGÍNIA DE FÁTIMA MARQUES BEZERRA
SOLUÇÃO DE COMPROMISSO RUMO ÀS CORES DA VIDA
88
A JUDICIALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE:
VIRGÍNIA DE FÁTIMA MARQUES BEZERRA
SOLUÇÃO DE COMPROMISSO RUMO ÀS CORES DA VIDA
5 CONCLUSÕES
89
A JUDICIALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE:
VIRGÍNIA DE FÁTIMA MARQUES BEZERRA
SOLUÇÃO DE COMPROMISSO RUMO ÀS CORES DA VIDA
90
A JUDICIALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE:
VIRGÍNIA DE FÁTIMA MARQUES BEZERRA
SOLUÇÃO DE COMPROMISSO RUMO ÀS CORES DA VIDA
91
A JUDICIALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE:
VIRGÍNIA DE FÁTIMA MARQUES BEZERRA
SOLUÇÃO DE COMPROMISSO RUMO ÀS CORES DA VIDA
REFERÊNCIAS
92
A JUDICIALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE:
VIRGÍNIA DE FÁTIMA MARQUES BEZERRA
SOLUÇÃO DE COMPROMISSO RUMO ÀS CORES DA VIDA
93
A JUDICIALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE:
VIRGÍNIA DE FÁTIMA MARQUES BEZERRA
SOLUÇÃO DE COMPROMISSO RUMO ÀS CORES DA VIDA
94
A JUDICIALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE:
VIRGÍNIA DE FÁTIMA MARQUES BEZERRA
SOLUÇÃO DE COMPROMISSO RUMO ÀS CORES DA VIDA
Nr. do Processo
0515128-61.2011.4.05.8400S
Autor
RAPHAEL MARINHO CARVALHO
Data da Validação
11/12/2011 17:36:20
Réu
Município de Natal e outros
SENTENÇA
I – RELATÓRIO
Trata-se de ação proposta por RAPHAEL MARINHO CARVALHO,
com pedido de tutela antecipada, contra a UNIÃO, ESTADO DO RIO
GRANDE DO NORTE e do MUNICÍPIO DO NATAL, requerendo o
fornecimento de medicamento não disponibilizado pelos entes réus e indis-
pensável ao tratamento da patologia que o acomete.
II – FUNDAMENTAÇÃO
95
A JUDICIALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE:
VIRGÍNIA DE FÁTIMA MARQUES BEZERRA
SOLUÇÃO DE COMPROMISSO RUMO ÀS CORES DA VIDA
96
A JUDICIALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE:
VIRGÍNIA DE FÁTIMA MARQUES BEZERRA
SOLUÇÃO DE COMPROMISSO RUMO ÀS CORES DA VIDA
Com efeito, não poderia a Lei Maior dispor diferentemente, haja vista
que o direito à saúde é expressão do direito fundamental à dignidade humana
e deve ser prestado, como expresso no texto constitucional, de forma igua-
litária a todas as pessoas.
No mesmo diapasão, dispõe a Lei nº 8.080/90:
“Art. 2º. A saúde é um direito fundamental do ser humano,
devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao
seu pleno exercício.
§ 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na for-
mulação e execução de políticas econômicas e sociais que
visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos
e no estabelecimento de condições que assegurem acesso
universal e igualitário à ações e aos serviços para a sua
promoção, proteção e recuperação.”
A jurisprudência pátria tem expressamente entendido, a partir do
precedente do STJ no RESP nº 212346/RJ, que acolheu pedido de for-
necimento de medicamento formulado contra o Estado, o dever público
constitucional à integralidade da cobertura e o acesso universal e igualitá-
rio. “O Sistema Único de Saúde pressupõe a integralidade da assistência,
de forma individual ou coletiva, para atender cada caso em todos os níveis
de complexidade, razão pela qual, comprovada a necessidade do medica-
mento para a garantia da vida da paciente, devera ser ele fornecido” (RESP
1999/0039005-9, 2ª Turma, rel. Min. Franciulli Netto, j. Em 09/10/2001,
DJ de 04/02/2002, p. 321, LEXSTJ vol. 153, p. 00171, RJADCOAS vol.
34, p. 71. in. Simone Barbisan Fortes. Direito da Seguridade Social. 2005,
p. 321). Acentue se tratar de procedimento clínico à custa do SUS.
Destarte, a não inclusão de determinado medicamento no Compo-
nente Especializado da Assistência Farmacêutica ou outro programa no
âmbito do SUS, em lista prévia, constitui-se em mera formalidade que
não pode, por si só, obstaculizar o fornecimento gratuito de medicamento
necessário para o tratamento da saúde de portador de moléstia grave com-
provada nos autos (STJ – REsp n. 684646/RS. 1ª Turma, Rel. Min. Luiz
97
A JUDICIALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE:
VIRGÍNIA DE FÁTIMA MARQUES BEZERRA
SOLUÇÃO DE COMPROMISSO RUMO ÀS CORES DA VIDA
98
A JUDICIALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE:
VIRGÍNIA DE FÁTIMA MARQUES BEZERRA
SOLUÇÃO DE COMPROMISSO RUMO ÀS CORES DA VIDA
99
A JUDICIALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE:
VIRGÍNIA DE FÁTIMA MARQUES BEZERRA
SOLUÇÃO DE COMPROMISSO RUMO ÀS CORES DA VIDA
100
A JUDICIALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE:
VIRGÍNIA DE FÁTIMA MARQUES BEZERRA
SOLUÇÃO DE COMPROMISSO RUMO ÀS CORES DA VIDA
101
A JUDICIALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE:
VIRGÍNIA DE FÁTIMA MARQUES BEZERRA
SOLUÇÃO DE COMPROMISSO RUMO ÀS CORES DA VIDA
III – DISPOSITIVO
MARCO BRUNO MIRANDA CLEMENTINO
Juiz Federal Titular da 3ª Vara/RN.
102
A JUDICIALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE:
VIRGÍNIA DE FÁTIMA MARQUES BEZERRA
SOLUÇÃO DE COMPROMISSO RUMO ÀS CORES DA VIDA
Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
MENSAGEM DE VETO
VIGÊNCIA
103
A JUDICIALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE:
VIRGÍNIA DE FÁTIMA MARQUES BEZERRA
SOLUÇÃO DE COMPROMISSO RUMO ÀS CORES DA VIDA
104
A JUDICIALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE:
VIRGÍNIA DE FÁTIMA MARQUES BEZERRA
SOLUÇÃO DE COMPROMISSO RUMO ÀS CORES DA VIDA
105
A JUDICIALIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE:
VIRGÍNIA DE FÁTIMA MARQUES BEZERRA
SOLUÇÃO DE COMPROMISSO RUMO ÀS CORES DA VIDA
DILMA ROUSSEFF
Guido Mantega
Alexandre Rocha Santos Padilha
Este texto não substitui o publicado no DOU de 29.4.2011
106
Rua Promotor Manoel Alves Pessoa Neto,
1000 - Candelária | CEP 59065-555
Telefax: (84) 3215-1866
E-mail: esmarn@esmarn.tjrn.jus.br
www.esmarn.tjrn.jus.br