Você está na página 1de 1

"Quando encaramos sentimentos como personagens centrais na história do capitalismo e da

modernidade, a divisão convencional entre uma esfera pública desprovida de afetos e uma
esfera privada saturada deles começa a se dissolver, à medida que se evidencia que, ao longo
de todo o século XX, os homens e mulheres da classe média foram levados a se concentrar
intensamente em sua vida afetiva, tanto no trabalho quanto na família, usando técnicas
similares para trazer o eu e suas relações com os outros para o primeiro plano. Essa nova
cultura da afetividade não significa, como temem os críticos tocquevillianos, que nos
recolhamos ao interior da concha da vida privada; muito pelo contrário: o eu privado nunca foi
tão publicamente posto em ação e atrelado aos discursos e valores das esferas econômica e
política."

Eva Illouz IN O amor nos tempos do capitalismo

Você também pode gostar