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A DIVERSIDADE DOS SUJEITOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Elionaldo Fernandes Julião 1

Hoje o Brasil possui vários instrumentos legais que fundamentam e


institucionalizam a Educação de Jovens e Adultos (EJA) no país como modalidade
básica de educação. Apesar de ainda vivenciarmos “uma diversidade de projetos, de
propostas, de programas resultantes do rompimento com a padronização que marcou a
educação de adultos a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional , Lei no
5.692/71”, “estamos em um período de transição, convivendo com antigas práticas
como a do ensino supletivo, marcado pelo aligeiramento do ensino, e uma nova
concepção de educação expressa pelo direito e por uma educação de qualidade”
(SOARES, 2002, p. 8).
Em relação à EJA, através da Declaração de Hamburgo (1997), cujos
documentos tem o Brasil como signatário, passamos a defender que

[...] a alfabetização, como o conhecimento básico, necessário a todos, num


mundo em transformação, é um direito humano fundamental. Em toda a
sociedade, a alfabetização é uma habilidade primordial em si mesma e um dos
pilares para o desenvolvimento de outras habilidades. [...] A alfabetização tem
também o papel de promover a participação em atividades sociais, econômicas,
políticas e culturais, além de ser um requisito básico para a educação continuada
durante a vida.

A Declaração, nos seus artigos 2° e 5°, afirma ainda que educar é promover um
direito, não um privilégio; que educar não se resume a um treinamento prático, mas sim
a destacar as dimensões sociais, profissionais e culturais da cidadania. Assim,

[...] os objetivos da educação de jovens e adultos, vistos como um processo de


longo prazo, desenvolvem a autonomia e o senso de responsabilidade das
pessoas e das comunidades, fortalecendo a capacidade de lidar com as
transformações que ocorrem na economia, na cultura e na sociedade; promovem
a coexistência, a tolerância e a participação criativa e crítica dos cidadãos em
suas comunidades, permitindo assim que as pessoas controlem os seus destinos e
enfrentem os desafios que se encontram à frente. É essencial que as abordagens
referentes à educação de adultos estejam baseadas no patrimônio cultural

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Professor Doutor do Instituto de Educação de Angra dos Reis e do Programa de Pós-graduação em
Educação da UFF; vice-coordenador do Observatório Jovem do Rio de Janeiro e do Núcleo de Estudos e
Documentação sobre Educação de Jovens e Adultos – Nedeja.
comum, nos valores e nas experiências anteriores de cada comunidade, e que
estimulem o engajamento ativo e as expressões dos cidadãos nas sociedades em
que vivem (MAEYER, 2006, pp. 20-21).

Nesse sentido, a educação de jovens e adultos não pode ser compreendida como
uma segunda chance de educação, tampouco a última oportunidade de se fazer parte da
comunidade de letrados (aqueles que estudaram e têm conhecimento). Passamos a
compreender então que a educação não pode ser considerada em momento algum como
um prêmio de consolação ou um tipo de educação reduzida, oferecida àqueles que, por
diversas razões (sociais, familiares ou políticas), não foram capazes de tê-la durante a
infância, pois não é uma educação pobre para pobres, mas sim um direito de todos.
Com o objetivo de apresentar algumas reflexões sobre as questões que envolvem
os sujeitos da EJA na atualidade, o presente artigo, fundamentado em alguns
documentos aprovados nos últimos anos no Brasil, visa contribuir com a discussão
sobre a diversidade desses sujeitos.

1. OS SUJEITOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

No Brasil, segundo dados divulgados, em 20122, pelo Instituto Brasileiro de


Geografia e Estatística (IBGE), 8,6% da população de 15 anos, ou mais, ainda é
analfabeta3; 8,1% dos jovens, entre 18 e 24 anos, frequentam o ensino fundamental;
34,2%, o ensino médio; e 51,3%, o ensino superior.
Embora os índices tenham tido melhora, ainda nos mantêm na incômoda marca
de sermos um dos países com a maior taxa de analfabetismo no mundo, à frente de
países com menores índices de desenvolvimento humano que o nosso. A taxa de
analfabetismo no Brasil em pessoas de 15 anos ou mais é de 8,6%, sendo: 8,8% do sexo
masculino; 8,4% do feminino; 6,5% com domicílio urbano; e 21,2% com domicílio
rural.

Taxas de Analfabetismo no Brasil por categoria

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Síntese de Indicadores Sociais divulgados pelo IBGE (2012).
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O agregado nacional reduziu em 31% a proporção de pessoas que não sabiam ler nem escrever,
passando de 12,1% em 2001 para 8,6% em 2011. A maior queda no índice de analfabetismo se deu entre
os jovens de 15 a 24 anos de idade, cuja taxa passou de 4,2% para 1,5% no período considerado. A
redução desse índice também foi alta entre as pessoas de 25 a 59 anos de idade (de 11,5% para 7,0%).
Esses resultados apontam para o progressivo envelhecimento do perfil do grupo mais afetado pelo
analfabetismo (Tabela 3.17). Contudo, isso não significa que a maioria dos analfabetos está nessa faixa
etária. Do total de analfabetos de 15 anos ou mais, 50,7% têm de 25 a 59 anos de idade, representando um
montante superior a 6,5 milhões de pessoas.

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Distribuídas por região, a maior taxa de analfabetismo do país está na Região
Nordeste, com 16,9%, seguida, respectivamente, pela Região Norte, com 10,2%;
Centro-Oeste, com 6,3%; Sul, com 4,9%; e Sudeste, com 4,8%.
Quanto à média de anos de estudo das pessoas de 15 anos ou mais de idade, a
média nacional saltou de 7 anos, em 2001, para 9,6, em 2011. A média da Região
Sudeste é a maior, alcançando 10,1 anos de média para jovens entre 18 e 24 anos. A
menor é a da Região Norte, com 8,7 anos, seguida pela da Região Nordeste com 8,8
anos. Já a média da Região Sul está em 10, enquanto a da Centro-Oeste está em 9,9.

2. QUESTÕES PARA NOSSAS REFLEXÕES

Durante muitos anos, quando se falava em educação para jovens e adultos,


imaginava-se estar falando de um grupo social homogêneo com características bio-
psicossociais bem distintas dos demais e definidas. Não se levava em consideração as
suas particularidades, especificidades, tampouco a sua diversidade: faixa etária; gênero;
etnia; credo religioso; ocupação profissional; orientação sexual; situação social; e se
privados ou não de liberdade.
Com os avanços instituídos na área nos últimos anos, principalmente no âmbito
do reconhecimento do direito humano fundamental em que se constitui a Educação em
seu papel na sociedade contemporânea, a necessidade de compreensão dessas
particularidades, para se levar em consideração as propostas político-pedagógicas, traz
como primordial a compreensão sobre os sujeitos da EJA. Cresce o número de estudos e
de discussões que visam, mergulhados nesse contexto, responder às seguintes questões:
quem são tais sujeitos? De onde vêm? Para onde vão? Qual a sua verdadeira
identidade? Quais são os seus reais interesses e expectativas?

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Na busca pela compreensão dos atuais sujeitos da EJA, passamos a identificar
que estamos falando de um campo muito diverso, com muitas particularidades,
especificidades e armadilhas. Hoje, principalmente, necessitamos compreender melhor
essa modalidade de ensino diante da diversidade do público. Compreendendo o conceito
diversidade, conforme o Dicionário Aurélio, como “diferença, dessemelhança,
dissimilitude; caráter do que, por determinado aspecto, não se identifica com algum
outro” (BRASIL, 2008), defendemos que, em sua amplitude, a diversidade deve ser
entendida como uma construção histórica, cultural, social e econômica das diferenças.

Assim como a diversidade, os processos e a luta pela inclusão na educação


básica representam mais do que a incorporação total ou parcial dos chamados
‘diferentes’ aos espaços e tempos escolares a eles negados historicamente. Eles
implicam posicionamento político, reorganização do trabalho na escola, do
tempo escolar e da formação de professores, o trato ético e democrático dos
alunos e seus familiares, novas alternativas para a condição docente e uma
postura democrática diante do diverso (BRASIL, 2008).

Nesse sentido, vivenciando cotidianamente as discussões sobre a implementação


de uma política de educação para jovens e adultos privados de liberdade, temos
comumente identificado uma fragmentação e constante divisão dos movimentos em prol
das suas particularidades e demandas. Hoje possuímos grupos que estudam e defendem
políticas não só para os quilombolas, grupos indígenas e afrodescendentes como
também para os privados de liberdade, os portadores de necessidades especiais e outros.
As suas conquistas acabam por ser fragmentadas, geralmente garantidas e defendidas
por interesses políticos seguindo uma demanda de governo, ou seja, poucas são as que
efetivamente se institucionalizam como políticas de Estado.
Não negamos a importância desses grupos na história dos movimentos sociais do
país, muito menos a importância de suas agendas e pleitos. Critica-se o sectarismo,
muitas vezes presente devido à inexistência de embasamento teórico, ao arrivismo de
alguns líderes e à falta de diálogo, tanto na construção de um referencial comum aos
grupos quanto nos seus desdobramentos.
Na Conferência Nacional de Educação Básica – realizada pelo Ministério da
Educação, em abril de 2008, com o objetivo de reunir pela primeira vez sociedade civil,
entidades de classe, profissionais e pais, em torno da discussão pela melhoria da
qualidade do ensino, a partir da construção de um Sistema Nacional Articulado de
Educação, foi proposta a rediscussão dos programas e das ações governamentais, a fim
de consolidar a educação como direito social, a democratização da gestão, o acesso e a

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garantia da permanência de crianças, jovens e adultos nas instituições de ensino
brasileiras, além de consolidar o respeito à diversidade. Reconheceu-se que, para tanto,
seria indispensável o enfrentamento de, pelo menos, quatro grandes desafios:
 promover a construção de um Sistema Nacional de Educação, responsável pela
institucionalização de uma orientação política comum e de um trabalho permanente
do Estado e da sociedade na garantia do direito à educação;
 indicar, para o conjunto das políticas educacionais implementadas de forma
articulada entre os sistemas de ensino, a garantia da democratização da gestão e da
qualidade social da educação básica, assim como as condições adequadas e
necessárias para o trabalho dos docentes e funcionários;
 definir parâmetros e diretrizes para a qualificação e valorização do professor, e o
direito do aluno à formação integral com qualidade; e
 propiciar condições para a definição de políticas educacionais que promovam a
inclusão social e o respeito à diversidade de forma articulada entre os sistemas de
ensino.
Na prática, o fórum representou um ringue de lutas, em que os delegados,
orientados pelos seus respectivos segmentos, buscavam a qualquer custo defender os
seus interesses, não enxergando muitas vezes os dos demais. A busca por uma política
que respeite a diversidade foi esquecida em detrimento de interesses particulares.
Embora existisse como eixo temático a Inclusão e Diversidade na Educação Básica,
todos, com poucas exceções, apresentaram discursos que contrariaram tal concepção,
deixando de defender uma orientação agregadora que valorizasse a luta pela
compreensão da inclusão e da diversidade.
Apesar disso, destacamos, no documento (BRASIL, 2008), os seguintes pontos
primordiais para a reflexão acerca das atuais discussões na área de EJA:
 O documento nos chama a atenção para o consenso na educação brasileira acerca da
necessidade da inclusão, sobretudo quando se observa o caráter excludente da
sociedade brasileira e suas repercussões na garantia dos direitos sociais e humanos,
porém, para compreender, agir e garantir a diversidade, são necessários:
além da sensibilidade e reconhecimento para desencadear ações concretas, são
necessários posicionamentos, práticas políticas e o entendimento da relação
entre inclusão, exclusão e diversidade, articulados a uma visão ampla de
educação e desenvolvimento sustentável; compreender que nem sempre a
discussão sobre a inclusão ‘social’ incorpora e pondera a complexidade da
diversidade na vida dos sujeitos sociais; que a política de inclusão que
contemple as diferenças vai além do aspecto social, trata-se de noção mais
ampla e politizada de inclusão que tem como eixo o direito ao trato democrático
e público da diversidade em contextos marcados pela desigualdade e exclusão
social; e que “as políticas educacionais devem se estruturar de forma a contribuir
na discussão da relação entre formação, diversidade, inclusão e qualidade social
da educação básica. (BRASIL, 2008)

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Nesse sentido, é fundamental problematizar questões como a contextualização
curricular a partir da diversidade regional; a educação indígena; a educação e
a afrodescendência; a educação no campo; a educação de pessoas com
deficiências, e altas habilidades; a educação de pessoas privadas de liberdade; a
educação e a diversidade sexual.
 Como desafios, o documento ainda destaca ser necessário:
desenvolver uma postura ética e de não hierarquização das diferenças e entender
que nenhum grupo humano e social é melhor do que outro. Na realidade, todos
são diferentes; [que] na educação básica exigem-se medidas políticas que
garantam a todos os grupos sociais, principalmente àqueles que se encontram
histórica e socialmente excluídos, o acesso a uma educação de qualidade
(BRASIL, 2008).

Assim, ao pensar em políticas públicas que concorram para a inclusão, de


forma concreta e radical, no contexto descrito, há que se garantir que tais
políticas: reconheçam o direito à diversidade, sem opor-se à luta pela
superação das desigualdades sociais; tenham clareza sobre a concepção de
educação que proporcione a inclusão de todos no processo educacional de
qualidade; (...) e que politizem as diferenças e as coloquem no cerne das lutas
pela afirmação dos direitos.
 Considera ainda que a cobrança hoje feita à educação, de inclusão e valorização da
diversidade, tem a ver com as estratégias por meio das quais os grupos humanos e
sociais considerados diferentes passaram a destacar politicamente as suas
singularidades e identidades, cobrando tratamento justo e igualitário,
desmistificando a ideia de inferioridade que paira sobre diferenças socialmente
construídas. Esses grupos questionam as políticas de inclusão, buscando superar a
visão assistencialista que ainda recai sobre elas.
 Chama-nos a atenção para o fato de que não é tarefa fácil trabalhar
pedagogicamente com a diversidade, sobretudo em um país como o Brasil, marcado
por uma profunda exclusão social. Um dos aspectos dessa exclusão – que nem
sempre é discutido no campo educacional – tem sido a negação das diferenças,
dando a elas um trato desigual.
 Para avançar na discussão, é necessário:
compreender que a luta pelo reconhecimento e o direito à diversidade não se
opõe à luta pela superação das desigualdades sociais. Pelo contrário, ela coloca
em questão a forma desigual pela qual as diferenças vêm sendo historicamente
tratadas na sociedade, na escola e nas políticas educacionais. Essa luta alerta,
ainda, para o fato de que, ao desconhecer a diversidade, pode-se incorrer no erro
de tratar as diferenças de forma discriminatória, aumentando ainda mais a

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desigualdade, que se propaga via conjugação de relações assimétricas de classe,
raça, gênero, idade e orientação sexual”; [... e que] “falar sobre diversidade e
diferença implica compreender e lidar com relações de poder. É importante
perceber como, nos diferentes contextos históricos, políticos, sociais e
culturais, algumas diferenças foram neutralizadas e inferiorizadas e
encaradas de forma desigual e discriminatória (grifo do autor) (BRASIL,
2008).
 Nessas condições, conclui o documento,
o poder público poderá indicar políticas que possibilitem: a implantação e
implementação de política de formação inicial e continuada de profissionais da
educação comprometida com o reconhecimento da diversidade, e com a
superação das desigualdades constatadas no interior do sistema de ensino,
visando à qualidade social da educação; as condições estruturais, de formação e
salariais aos profissionais da educação para que tornem o espaço escolar um
espaço sociocultural pleno de direitos, de aprendizagem e de respeito à
diversidade; reorganização do trabalho da escola, do tempo escolar e da
formação de professores e o trato ético e democrático dos alunos e seus
familiares, trazendo novas alternativas para a condição docente e uma postura
democrática diante do diverso; a implementação de novas formas de
organização e gestão para a educação de jovens e adultos, inclusive aqueles
em situação de privação de liberdade, para as escolas do campo, indígenas,
quilombolas, para os povos da floresta e para os estudantes com deficiência
e/ou altas habilidades/superdotação, afro-descendentes e diversidade de
gênero (grifo do autor) (BRASIL, 2008).

Refletindo sobre o que representa essa diversidade na sociedade contemporânea,


ressaltamos como primordiais, para a sua compreensão, a centralidade da reflexão sobre
as questões socioeconômicas, culturais e do mundo do trabalho; sobre as juventudes,
inclusive sobre os jovens em cumprimento de medidas socioeducativas e os internos
penitenciários; sobre a realidade dos afrodescendentes, dos indígenas e das mulheres na
sociedade contemporânea.
Contrariando as expectativas daqueles que coerentemente imaginam que
defenderemos uma proposta política de educação para o sistema penitenciário, instamos
que devemos ultrapassar os ditos regionalismos, individualismos e etnocentrismos,
políticos e identitários, e investir em uma proposta política de respeito à diversidade em
sua amplitude. Acreditamos que somente assim conseguiremos garantir o respeito à
diferença e à democracia, compreendendo e valorizando os direitos dos outros e os
nossos. Defendemos, sem sombra de dúvida, uma política de educação em espaços de
privação de liberdade que não esteja dissociada de uma política, sendo esta nacional ou
estadual, de educação de jovens e adultos.

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Destacamos ainda ser de extrema importância que invistamos e tomemos como
bandeira a discussão sobre a diversidade, já que a partir dela poderemos fundamentar as
nossas expectativas e necessidades, principalmente de forma agregadora, dialógica e
democrática.
Nessa direção, necessitamos que o poder público invista em políticas de Estado;
mobilize a comunidade acadêmica para pensar nos aspectos pedagógicos que envolvem
o tema; e, principalmente, que articule os programas governamentais já existentes,
viabilizando uma política social mais integrada.
No campo acadêmico, que as Universidades reconheçam e invistam em
pesquisas sobre o tema; que este seja incluído na grade curricular dos cursos de
Pedagogia e de licenciaturas; que mais debates sejam promovidos, instigando a
sociedade em geral sobre o tema; e que sejam implementados cursos de formação inicial
e continuada de forma a atender e dar conta da atual realidade.
Não podemos desconsiderar, no entanto, que já conseguimos algumas
conquistas: (1) dentro de uma política de governo, compreendendo a dimensão que
envolve o tema, a atual gestão federal criou, na estrutura do Ministério da Educação, a
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad)/Ministério da
Educação (MEC) – com o objetivo de estabelecer um norte político para tal discussão;
(2) deu-se a consolidação e a participação política dos Fóruns de EJA em todos os
estados da federação, promovendo uma discussão mais qualificada sobre o tema,
principalmente agregando os diversos atores sociais da área; (3) teve lugar a aprovação
do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação (Fundeb), que inclui (com ressalvas) a EJA nas discussões do
orçamento público; e (4) promoveu-se a regulamentação e a aprovação de Diretrizes
Curriculares Nacionais, como a da Educação das Relações Étnico-raciais e a do Ensino
de História e Cultura Afro-Brasileira e África, bem como a da EJA em espaços de
privação de liberdade.
Para ainda avançarmos na discussão, acreditamos que, conforme o Documento
Base da Conferência Nacional de Educação Básica, “é importante que
[compreendamos] que a luta pelo reconhecimento e o direito à diversidade não se opõe
à luta pela superação das desigualdades sociais”. Pelo contrário, ela coloca em xeque a
forma brutal pela qual as diferenças vêm sendo historicamente tratadas na sociedade, na
escola e, principalmente, nas políticas educacionais.

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Referências

ALFABETIZAÇÃO e Cidadania: revista de educação de jovens e adultos. Brasília:


RAAAB, UNESCO, Governo Japonês, 2006.

BRASIL. Conferência Nacional de Educação Básica (CONEB). Ministério da


Educação. Distrito Federal: 2008.

BRASIL. Conferência Nacional de Educação (CONAE). Ministério da Educação.


Distrito Federal: 2010.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDBEN. Lei n.º 9.394 de 20 de


dezembro de 1996.

CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Parecer CNE Nº 11/2000 - CEB -


Aprovado em: 10.5.2000. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de
Jovens e Adultos. CNE/Câmara de Educação Básica - UF: DF - Relator: Conselheiro
Carlos Roberto Jamil Cury.

CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Resolução CNE/CEB Nº 1, de 5 de julho


de 2000. Estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e
Adultos.

CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Resolução nº 3, de 15 de junho de 2010.


Institui Diretrizes Operacionais para a Educação de Jovens e Adultos nos aspectos
relativos à duração dos cursos e idade mínima para ingresso nos cursos de EJA; idade
mínima e certificação nos exames de EJA; e Educação de Jovens e Adultos
desenvolvida por meio da Educação a Distância.

FERREIRA, A. Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio. Rio de Janeiro: Nova


Fronteira, 2008.

PAIVA, Jane. Os sentidos do direito à educação para jovens e adultos. Petrópolis: DP et


al. Rio de Janeiro: FAPERJ, 2009.

SOARES, Leôncio. Educação de jovens e adultos. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

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