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Transferência de Massa
Fevereiro 2000
Indice
Transferência de Massa .............................1
M1 Equações fundamentais para transferência de massa..................................1
Lei de Fick...................................................................................................................1
Coeficiente de difusão ................................................................................................2
Movimento do fluido ....................................................................................................4
Fluxo em relação a referencial absoluto.....................................................................5
Balanço de massa a espécies individuais .................................................................5
M2 Analogia entre problemas de transferência de massa e de calor ................6
Analogia entre equações de transferência de massa e de calor............................... 7
Problemas de difusão.................................................................................................8
onde os valores das propriedades são especificados nas unidades indicadas na tabela M1.
Os valores de ε i/k para algumas espécies também se encontram indicado na tabela M2,
enquanto o integral de colisão em função do parâmetro introduzido na equação M5 é indicado
na tabela M3. O integral de colisão introduz implicitamente uma dependência da temperatura
que é preciso ter em conta.
Como a soma das fracções molares das espécies que constituem a mistura é unitária e N=ρV
o primeiro membro deverá ser nulo. Como o gradiente da concentração de uma espécie é
simétrico do outro, os coeficiente de difusão de massa devem ser iguais Dij = Dji. No caso de
se considerar misturas de mais componentes obtem-se uma relação entre os coeficiente de
difusão de massa entre todos os pares de espécies[4], compatível com a formula de Wilke
(Equação M4).
Balanço de massa a espécies individuais
O balanço de massa para cada espécie pode ser definido considerando um elemento
infinitesimal de volume e a variação do fluxo mássico em cada direcção. Para um problema
unidimensional em coordenadas cartesianas:
∂ρi ∂ ∂m i
+ (ρvm i − ρD im ) = M ''' i (M 11)
∂t ∂x ∂x
onde M ' ' ' i representa a fonte de massa da espécie i resultante por exemplo de reacções
químicas. A presença de fontes de massa para espécies não implica necessariamente a
existência de fontes de massa globais. No caso de estas existirem têm de ser consideradas na
equação da continuidade que resulta da soma de todas os balanços às espécies que constituem
a mistura.
∂ρ ∂
+ ( ρv ) = M ' ' ' (M 12)
∂t ∂x
No caso de não existirem fontes de massa globais i.e. ∑ M ' ' ' i = M ' ' ' = 0 a equação M11
pode então escrever-se na forma:
∂m i ∂m i ∂ ∂m i
ρ( +v )= ( ρD im ) + M '''i (M 14)
∂t ∂x ∂x ∂x
A forma completa do balanço de massa pode ser encontrada em [3,4]. Os balanços de massa
unidimensionais em coordenadas cilíndricas e esféricas são expressos por:
∂m i ∂m i 1 ∂ ∂ mi
ρ( +v )= (ρD im r ) + M ' ' 'i (M 15)
∂t ∂r r ∂r ∂r
∂mi ∂m 1 ∂ ∂m i
ρ( + v i ) = 2 (ρDim r 2 ) + M'''i (M 16)
∂t ∂r r ∂ r ∂ r
No caso de ρ e Dim serem considerados constantes podem-se retirar da derivada
simplificando a equação. A semelhança entre as equações apresentadas e as equações de
transferência de calor são evidentes.
Em termos de concentrações molares as equações M11 e M14 podem ser escritas como:
∂ ∂ ∂ ∂X i
(CXi ) + (CUX i ) = (CDim ) + N''' i (M 17)
∂t ∂x ∂x ∂x
∂X i ∂X i ∂ ∂X i
C +U = (CD im ) + N ''' i (M 18)
∂t ∂x ∂x ∂x
M2 Analogia entre problemas de transferência de massa e de calor
Nesta secção analisam-se as semelhanças e analogias entre as equações de balanço de massa
para uma determinada espécie química e a equação de balanço de energia considerada para o
estudo de transmissão de calor. Seguidamente analisam-se alguns problemas de transferência
de massa cuja formulação conduz a equações análogas às consideradas para problemas de
transmissão de calor. A analogia por vezes não é completa devido ao movimento associado à
transferência de massa que pode ser desprezável. O uso destas aproximações é analisado.
N'i' = −k1C0i = h m C∞ (
i − Ci
0
) (M 28)
Sh = m = fç (Re, Sc)
h X
(M 32)
Dim
Nos problemas com transferência de massa por convecção pretende-se contabilizar o fluxo de
uma espécie na direcção perpendicular ao escoamento principal quer seja interior ou exterior
numa camada limite. Para a transferência de calor utilizou-se a lei de Fourier para contabilizar
o fluxo de calor na parede considerando que a componente de velocidade na direcção
que permite, por uma análise de ordens de grandeza, verificar que a velocidade na linha central
varia inversamente com a distância com a dimensão transversal ou com a distância axial, já que
estas duas são proporcionais. Desta análise pode então concluir-se que para o caso do jacto
cilíndrico a viscosidade turbulenta é constante.
K1 / 2
ν T ∝ xu c ∝ x ∝K( Cons tan te ) (M 39)
D
O facto da viscosidade turbulenta para o jacto cilíndrico ser constante e independente da
coordenada axial e radial, permite obter uma solução para o perfil de velocidade em
condições de semelhança na forma [5]:
−2
γ 3 1 2 K1 2 η2
u = 0 1+ (M 40)
2 π x 4
onde γ0 é uma constante empírica com o valor 15.2 e η= γ0 (r/x) é a coordenada radial
adimensional definida para os perfis de semelhança. Em alternativa à solução teórica
apresentada é usual correlacionar o perfil de velocidade em função da coordenada transversal
por uma função exponencial na forma:
r 2
u = u c exp − (M 41)
b
onde b é uma dimensão característica radial que aumenta com a distância axial como já se
referiu. Com base em resultados experimentais verifica-se:
b = (0.107+ 0.003) x (M41a)
Tendo em consideração este valor e a equação M38, pode-se rescrever o perfil de velocidade
na forma:
K1 2 r
2
u = 7 .46
exp − 9 .35 (M 42)
x x
em função da distância axial desde a origem virtual do jacto.
O valor dos parâmetros b para estas últimas equações são superiores ao valor para a
quantidade de movimento, como resultado do maior valor dos coeficientes de difusão térmica
e de massa. Para o caso da distribuição de temperatura obtém-se bT /b=1.19, podendo
considerar-se o mesmo valor para a distribuição de concentração molar.
( )
i dy [kmol/ms ]
Q m = Cu ∫−∞∞ Xi − X∞ (M 47)
sendo igual ao caudal injectado por unidade de comprimento. A escala da diferença entre a
fracção molar na esteira e a infinito Xi-Xiºº pode ser estimada a partir de:
Qm Qm
X i − X∞
i ∝ ∝ (M 48)
CuD t C D ef ux
θ=
(
exp − η2 4 ) (M 51)
2 π
e substituindo na equação M49 permite definir a distribuição de fracção molar:
X i − Xi∞ =
(
Qm exp − y 2 u 4 Def x ) (M 52)
2C Def ux π
O problema de dispersão de massa a partir de uma fonte pontual pode ser caracterizado de
uma forma equivalente utilizando a equação para coordenadas cilíndricas:
∂X i Def ∂ ∂X i
u = (r ) (M 53)
∂x r ∂r ∂r
A escala radial tem a mesma ordem de grandeza que para o caso plano. A equação de
conservação do caudal para o caso cilíndrico escreve-se como:
X i − X i∞ =
(
Q m exp − r 2 u 4 D ef x ) (M 57)
4 π CD ef x
em função das fracções molares junto à superfície do líquido e no topo da coluna. Tendo em
atenção o valor da constante C1=N/ΧDVG podemos também escrever a fracção molar em
função do caudal evaporado como:
X V = 1 − (1 − X V0 ) exp ( Nx / CD VG ) (M 63)
O fluxo mássico evaporado pode ser calculado a partir desta equação para x=L em função
das fracções molares em x=0 e x=L ou directamente do balanço de massa:
dX V 1 CD VG 1 − X VL
N = − CD VG = CD VG C1 =
ln
(M 64)
dx 1 − X V L 1 − X V0
O argumento do logarítmo pode ser rescrito como 1+B com B=(XV0-XVL)/(1-XV0) que
representa uma grandeza (‘driving force’) responsável pela massa evaporada. A solução do
problema em termos molares é exacta se considerarmos a pressão e temperatura uniformes ao
longo da altura da coluna e a mistura de gas e vapor como gas perfeito. Nessas condições a
massa específica varia ao longo da altura, sendo no entanto razoável considerá-la como
constante quando a fracção molar do vapor é pequena.
DVG 1 − m VL
G =ρ ln (M 65)
L 1 − m V0
Esta equação pode também ser integrada considerando como condições fronteira a
temperatura para x=0 e x=L permitindo obter:
T − T0 (
exp Gc pV x k − 1 )
=
(
TL − T0 exp Gc pV L k − 1 ) (M 67)
[ ]0
L
1 L x
ln Gc pV (T − T0 ) − Q0 = (M 71)
Gc pV k 0
conduz a:
Gc pV L Gc pV ( TL − T0 ) − Q 0
= ln (M 72)
k −Q0
Substituindo nesta equação o fluxo de calor para a superfície permite obter:
k c pV (TL − T0 )
G= ln 1 + (M 73)
c pV L h fg
sendo o argumento do logaritmo na forma (1+B). Nesta expressão pode-se substituir o
conjunto k/cpV por ρα sendo estas as propriedades da mistura se considerarmos o transporte
convectivo com o calor específico da mistura. A expressão obtida é muito semelhante ao
resultado obtido da análise de transferência de massa com a forma:
ρ D VG m V 0 − m VL
G= ln 1 +
(M 74)
L 1 − m V0
Em ambas as equações o fluxo mássico é determinado por ‘driving forces’ referentes ao
processo de transferência de masa e de calor. Eliminando o fluxo mássico entre as duas
expressões obtêm-se uma equação relacionando os dois parâmetros B através de:
k
m − m VL c pV (TL − T0 ) c pV ρD VG
1 + V 0 = 1 + (M 75)
1 − m V0 h fg
sendo o expoente um número adimensional equivalente ao número de Lewis que compara a
transferência de calor com a transferência de massa. Para gases o número de Lewis é de
ordem de grandeza da unidade donde as ‘driving forces’ têm valores equivalentes. A equação
acima permite relacionar a fracção mássica de vapor na superfície do líquido com a
temperatura do líquido. No caso de se usar o fluxo em termos molares podemos também
escrever uma equação semelhante à anterior com o mesmo expoente. Para além das equações
apresentadas a fracção mássica ou molar relaciona-se com a temperatura do líquido através
da curva de saturação do líquido. A solução das duas equações pode ser representada
esquematicamente num gráfico representando a fracção molar ou mássica em função da
temperatura.
Temperatura
TL=T0 de Ebulição
XVL
T0
Figura M3 – Solução gráfica da equação M75 e intersecção com a curva de mudança de fase.
A partir desta figura é possível analisar casos limites em que o processo é controlado
principalmente por transferência de massa ou de calor. Para o caso da temperatura TL ser
maior que a temperatura de ebulição, a temperatura do líquido tende para a temperatura de
ebulição e a fracção molar ou mássica fica próxima da unidade. Neste caso a expressão para
a transferência de massa fica indefinida e é mais conveniente utilizar a expressão da
transferência de calor. No caso da temperatura TL ser próxima de T0 as variações das
fracções molar ou mássica também são baixas. Para este caso podemos calcular o valor do
caudal evaporado da transferência de massa usando mV0 ou XV0 igual aos valores de
saturação para a temperatura TL.
O problema apresentado para a evaporação em coluna pode também ser formulado e
apresentado para o caso de evaporação de gotas. Neste caso o calor para promover a
vaporização provem do gás sendo também a taxa de evaporação expressa em função de
parâmetros de transferência de calor e de massa. Para este caso a taxa de evaporação é
calculada respectivamente por:
ρ D VG m V0 − m V∞
G= ln 1 +
(M 76)
r0 1 − m V0
k cpV( T∞ − T0 )
G= ln 1 + (M 77)
cpVr0 h fg
em função do raio da gota e das propriedades numa posição afastada das gotas. Para o caso
das gotas o cálculo do tempo de evaporação pode ser realizado integrando este fluxo em
função do raio da gota permitindo calcular o tempo de vaporização respectivamente por:
ρ Liq D 20
t Vap = (M 79)
m − m V∞
8ρ D VG ln 1 + V 0
1 − m V∞
em função da massa específica do líquido e do diâmetro inicial das gotas.
Convecção natural
Para problemas de convecção natural a análise pode ser complexa no caso do movimento do
fluido ser provocado simultaneamente por variações de temperatura e de composição. A
análise da camada limite laminar com convecção natural é efectuada a partir da equação de
balanço de quantidade de movimento na direcção vertical escrito na forma:
∂v ∂v ∂ 2v g
u +v =ν + (ρ ∞ − ρ ) (M 80)
∂x ∂y ∂x 2 ρ
Quando se efectuou o estudo de transmissão de
calor considerou–se a variação de massa específica
proporcional à diferença de temperatura utilizando o
coeficiente de expansão térmica β definido como a
variação da massa específica com a temperatura.
Para quantificar a variação de massa específica
associada a gradientes de concentração pode-se de
igual modo definir o coeficiente de expansão devido à
variação da concentração.
1 ∂ρ
β C i = − (M 81)
ρ ∂ C i P
gβ Ci (Ci0 − Ci∞ ) y 3
Ra my = (M 83)
νDim
Normalmente o movimento do fluido é provocado principalmente pelas variações de massa
específica devidas a variações de temperatura. Uma situação de interesse prático que
interessa considerar para convecção natural corresponde às plumas formadas numa zona
afastada de chaminés onde a contribuição da quantidade de movimento inicial é pequena
comparada com a impulsão térmica.
Referências
[1] Heat Transfer-A Basic Approach, M.N. Ozizik, McGraw Hill, 1985.
[2] Chemical Engineers Handbook, R.H. Perry and C.H. Chilton, 6th Ed., McGraw Hill,
1984.
[3] Fundamentals of Heat and Mass Transfer, F.P. Incropera and D.P. De Witt, John Wiley &
Sons, 1990.
[4] Transport Phenomena, R.B. Bird, W.E. Stewart and E.N. Lightfoot, John Wiley & Sons,
1960.
[5] Convection Heat Transfer, A. Bejan, John Wiley & Sons, 1984.