Você está na página 1de 4

Estudo de Caso – Iogurtes Funcionais no Supermercado

1 O mercado de iogurtes funcionais

Como relata Meza (2013, p. 128) os iogurtes funcionais estão cada vez mais ganhando
espaço na alimentação do consumidor, por ajudar no funcionamento intestinal, além de outras
funções benéficas a saúde. O crescimento de venda em volume dessa linha chegou a 12,7%
passando de 41,8 milhões no ano de 2011 para 47,1 milhões de quilos em 2012, sendo que, as
versões não funcionais cresceram 7,1%, passando de 200,7 milhões para 215,1 milhões de
quilos no período, em relação ao faturamento ocorreu o contrario, os funcionais não tiveram
tanto crescimento de receita como os iogurtes tradicionais.

Ainda de acordo com Meza (2013, p. 128) relata também que, isso ocorreu devido à
desvalorização do preço médio do quilo em 2012. O mercado cada vez mais competitivo, as
marcas concorrentes estão investindo mais nos funcionais. Resultando na queda nos preços e
aumento no consumo, apesar desse aumento, os funcionais não são populares, mas o iogurte
como um todo, vem crescendo o consumo cada vez mais por ano, principalmente o iogurte
liquido e de polpa de fruta são os mais consumidos, a venda dessa categoria cresceu 8% em
relação ao ano de 2011 para 2012. Em relação à quantidade vendida, foi de 258,6 milhões para
279,4 milhões de quilos em entre 2011 e 2012, isso demonstra que as vendas vêm crescendo a
cada ano.

2 Hipermercado Y

O Hipermercado Y está localizado no centro de Guarulhos há aproximadamente 15


anos, fazendo parte de uma grande Rede de Comércio Varejista. Só no ano passado o
Hipermercado Y vendeu mais de R$113.000.000 em produtos, tendo uma média de 4.000
clientes por dia circulando pela loja. Localizado em um ponto estratégico da cidade, com acesso
ao centro de Guarulhos e a Rodovia Presidente Dutra, é um dos comércios mais tradicionais da
cidade.

O Iogurte X é um iogurte destinado principalmente para manter o equilíbrio da flora


intestinal, ou seja, é um produto diferenciado, com um preço mais elevado. Dessa forma, não
pode ser tratado como os demais iogurtes, pois tem uma demanda específica por ele. O nosso
estudo dará foco ao Iogurte no tamanho 180 ml. Por ser um produto segmentado, destinado a
um público específico, ele não tem o mesmo apelo popular e nem o preço de outros iogurtes,
desta forma não se justifica um estoque alto do produto.
No Hipermercado Y, o gestor não segue a lei de “procura e oferta”, mesmo tendo as
ferramentas que demonstram que o seu estoque está alto e que a saída do produto está abaixo
do desejado. Tendo assim, perdas significativas do produto, uma vez que o produto não vende,
estão sempre com um estoque alto e datas próximas ao vencimento. Conforme tabela 1, no mês
de janeiro o Hipermercado Y contava com um estoque do Iogurte X de 180 ml da ordem de 159
unidades. Observando a entrada de 294 unidades e a venda de 242 unidades, podemos perceber
que o estoque já vem acumulado de meses anteriores. No mês de fevereiro o estoque em relação
a janeiro teve um crescimento da ordem de 55% enquanto a venda regrediu em 4,5%.

Comparando os meses de fevereiro e março o estoque que era de 246 unidades saltou
para 309 unidades, um aumento de 25,6%. Enquanto a venda passou de 231unidades para 343
unidades, um aumento de 48,5% nas vendas. Porém, mesmo com um aumento nas vendas do
mês de março, observamos que o estoque parado do produto na loja só aumentou durante estes
3 meses, passando de 159 unidades em janeiro para 309 unidades em março, ou seja, um
aumento de 94,3%.

O gestor se justifica, dizendo que o produto por ser segmentado, está em constante
promoção, ou seja, sempre há uma ação visando promover o produto junto ao público de forma
estratégica através de diversos meios de comunicação e sendo assim, é muito perigoso manter
o produto com um estoque enxuto, pois a qualquer momento o fabricante pode lançar uma nova
ação nos meios de comunicação e a loja não ter estoque suficiente para atender uma onda de
clientes seduzidos por esta ação. Porém, o que observamos é que para não perder totalmente o
produto, muitas vezes o gestor faz promoções do Iogurte X de 180 ml, anunciando que está
próximo ao vencimento e por isto está com um preço menor.

O grande desafio do gestor, pois no Hipermercado Y toda a previsão de estoque é feita


em cima de projeções, ou seja, o cálculo da venda de um produto é feito em cima da venda de
um período anterior, mais precisamente no caso do Hipermercado Y, do ano anterior, conforme
gráfico 1. Em cima disso, ainda é calculado um percentual de crescimento da venda do produto
baseado no crescimento da venda geral da loja.

O Problema é que o gestor está se pautando em uma previsão generalizada para justificar
a manutenção de seu estoque, ao invés de fazer uma análise mais detalhada, olhando caso a
caso com maior atenção. Junto a isso se verificou outro aspecto que pode estar influenciando
negativamente na gestão de estoque do Iogurte X de 180 ml, que é o tempo de ressuprimento
do produto no Hipermercado Y. Como podemos observar na tabela 2 o espaço entre a chegada
de um pedido e outro é muito grande, nos meses de janeiro e fevereiro tiveram 4 entradas deste
produto no Hipermercado Y, já no mês de março apenas 3 entradas. Isto acaba impactando no
estoque, uma vez que o gestor acaba aceitando a sugestão que é indicada pelo sistema, pois não
pode correr o risco de ficar sem o produto caso ocorra alguma eventualidade como uma oferta
de última hora, acarretando uma grande procura pelo produto ou até mesmo a falta do produto.

Foi possível observar que o Hipermercado Y conta com uma câmara refrigerada apenas
para iogurtes, conforme figura 1, porém devido ao alto estoque de determinados iogurtes, como
no caso do Iogurte X de 180 ml, nem sempre atitudes simples como o método PEPS (Primeiro
que Entra, Primeiro que Sai) são utilizados. Muitas vezes o produto que acaba de chegar ao
depósito é encaminhado para reposição da área de vendas, sem levar em conta o mesmo produto
que está estocado na câmara refrigerada, porém com um prazo menor de validade. Devido a
isto, muitos produtos que estão no estoque acabam sendo descartados, em função atingirem o
prazo de validade.

O gerenciamento de estoques pode trazer lucros ou perdas, o que às vezes pode passar
despercebido ou até mesmo trazer prejuízos enormes. O bom gerenciamento de estoque se faz
necessário, juntamente com a previsão de demanda para que a organização possa estar apta a
atender as exigências e necessidades do mercado e seus clientes, mantendo um estoque que
possa atender à demanda e que ao mesmo tempo lhe possibilite o menor custo em mantê-lo,
principalmente pelo produto em estudo ser de caráter perecível, e necessitar de um maior
cuidado em atender alguns requisitos primordiais, como por exemplo, seu prazo de validade.

Além disso, é necessário um maior acompanhamento para que seja identificada através
de históricos, a necessidade de mudança ou não nos estoques, como principalmente o momento
de reabastecê-lo e a quantidade necessária desse reabastecimento. Apontando também que o
tempo em que o produto permanece em estoque, e sua quantidade de compra sem levar em
consideração seu histórico de saída, aumentam o custo para a organização mantê-lo em estoque,
pois deve ser levado em consideração que as despesas com estoque parado em um mercado
cada vez mais competitivo não é saudável para nenhuma empresa.

Fonte: Extraído da pesquisa de Moia et al., intitulada Gestão de Estoques: estudo de caso de
produto perecível, 2013.

Você também pode gostar