Você está na página 1de 5

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

CRKM
Nº 70079915245 (Nº CNJ: 0356736-28.2018.8.21.7000)
2018/CÍVEL

APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE


CIVIL. AÇÃO DECLARATÓRIA C/C
INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS E
MATERIAIS. DÍVIDA COMPROVADA.
LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ MANTIDA.
A parte ré demonstrou documentalmente a
existência de relação jurídica entre as partes,
convalidando a anotação restritiva de crédito
em nome da autora.
Estando evidenciada a tentativa de alterar a
verdade dos fatos, resta mantida a condenação
em litigância de má-fé.
Sentença mantida.
Ação improcedente.

RECURSO DESPROVIDO.

APELAÇÃO CÍVEL DÉCIMA CÂMARA CÍVEL

Nº 70079915245 (Nº CNJ: 0356736- COMARCA DE PORTO ALEGRE


28.2018.8.21.7000)

FRANCIELE DE FATIMA BAUMGART APELANTE

CRISDU (ROMANCE) MODA INTIMA APELADO


LTDA

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.

Acordam os Desembargadores integrantes da Décima


Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em negar
provimento ao recurso.

Custas na forma da lei.

Participaram do julgamento, além da signatária, os


eminentes Senhores DES. JORGE ALBERTO SCHREINER PESTANA
(PRESIDENTE) E DES. MARCELO CEZAR MÜLLER.

Porto Alegre, 28 de março de 2019.


1
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

CRKM
Nº 70079915245 (Nº CNJ: 0356736-28.2018.8.21.7000)
2018/CÍVEL

DESA. CATARINA RITA KRIEGER MARTINS,


Relatora.

R E L AT Ó R I O

DESA. CATARINA RITA KRIEGER MARTINS (RELATORA)

Objeto. Recurso de Apelação Cível interposto por


FRANCIELE DE FÁTIMA BAUMGART nos autos da Ação Declaratória de
Inexigibilidade de Dívida por Inexistência de Negócio Jurídico, Exibição de
Documentos pela Parte Ré Acerca da Alegada Dívida c/c Danos Morais e
Materiais em Decorrência do Registro Ilícito ajuizada em desfavor de
CRISDU MODA ÍNTIMA LTDA. – CRISDU MODA ROMANCE.

Decisão recorrida. A sentença recorrida foi proferida pelo


Dr. Oyama Assis Brasil de Moraes, Juiz de Direito da 7ª Vara Cível do Foro
Central da Comarca de Porto Alegre, nos seguintes termos (fls. 229/231):

Diante do exposto, JULGO IMPROCEDENTE esta


AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE
DÍVIDA POR INEXISTÊNCIA DE NEGÓCIO JURÍDICO,
EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS E INDENIZAÇÃO POR
DANO MORAL proposta por FRANCIELE DE FÁTIMA
BAUMGART contra CRISDU MODA ÍNTIMA LTDA.,
revogo a tutela antecipada concedida e
condeno a autora ao pagamento de multa por
litigância de má-fé, em favor do demandado, de 5%
sobre o valor atualizado da causa.
Sucumbente arcará a autora com as custas do
processo e honorários advocatícios do procurador da
ré que arbitro em 10% sobre o valor atualizado da
causa, considerando os ditames do art. 85, § 2º, do
CPC. Suspendo a cobrança de tais verbas, pois litiga
sob o pálio da gratuidade judiciária e enquanto
perdurar tal benefício.
Publique-se.
Registre-se.
Intimem-se.
2
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

CRKM
Nº 70079915245 (Nº CNJ: 0356736-28.2018.8.21.7000)
2018/CÍVEL

Razões Recursais. A parte autora, ora apelante, em


síntese, sustenta que a condenação por litigância de má-fé deve ser
afastada, porquanto não alterou a versão dos fatos, somente adequou-os
a fim de contribuir para a compreensão do Magistrado. Aduz que, se não
tivesse sido aplicada a pena de confissão, não haveria provas a embasar
a improcedência da demanda. Requer o provimento do recurso (fls.
240/245).

Contrarrazões. Foram apresentadas contrarrazões pela


demandada (fls. 247/251).

Registro que foi observado o disposto nos artigos 931 e 934,


ambos do CPC, tendo em vista a adoção do sistema informatizado.

É o relatório.

VOTOS

DESA. CATARINA RITA KRIEGER MARTINS (RELATORA)

Recebo o recurso, porque próprio, tempestivo, dispensado de


preparo em razão de a autora litigar amparada pelo benefício da AJG, e
de acordo com os demais requisitos de admissibilidade.

Cuida-se de Ação Declaratória de Inexigibilidade de Dívida


por Inexistência de Negócio Jurídico, Exibição de Documentos c/c Danos
Morais e Materiais em Decorrência do Registro Ilícito, com os pedidos
julgados improcedentes, em que a parte autora recorre postulando o
afastamento da condenação por litigância de má-fé.

No mérito, adianto que não merece ser provido o


apelo.

A parte autora ajuizou ação postulando indenização por dano


moral, sob argumento de que tivera seu nome cadastrado indevidamente
em órgãos de proteção ao crédito, rechaçando relação jurídica com a
empresa demandada.

3
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

CRKM
Nº 70079915245 (Nº CNJ: 0356736-28.2018.8.21.7000)
2018/CÍVEL

Entretanto, na instrução do feito, a ré juntou aos autos nota


promissória assinada pela parte autora (fl. 77), inerente à relação jurídica
mantida, sendo que tal assinatura foi inclusive confirmada pela
demandante (item 3.1 da fl. 91).

Outrossim, em razão do não comparecimento da parte


autora em duas audiências de instrução aprazadas, foi-lhe
aplicada a pena de confissão (fl. 227).

A sentença reconheceu como comprovada a relação jurídica,


julgando improcedente a demanda. Além disso, aplicou penalidade de
litigância de má-fé à autora pela tentativa de alterar a verdade dos fatos.

É inequívoco que a autora contratou com a ré e, estando


inadimplente, justifica-se o cadastro de seu nome em órgãos de proteção
ao crédito, tratando-se de exercício regular de direito.

Restou comprovado nos autos, mediante juntada da nota


promissória assinada pela demandante, a legalidade da relação
contratual, bem como da dívida objeto da presente ação.

Alias, tratando-se de Nota promissória, título não causal,


mostra-se desnecessária a discussão acerca de eventual relação jurídica
subjacente.

Dessa forma, ante o reconhecimento de regularidade no


procedimento adotado pela ré, impositiva a improcedência da demanda.

Quanto à litigância de má-fé, a condenação imposta na


sentença deve ser mantida, pois restou evidente a tentativa de alteração
da verdade dos fatos.

A autora foi categórica ao afirmar que inexistia relação


contratual com a ré:

“Neste sentido, a requerente impugna veemente a


dívida então consignada visto que jamais firmou
qualquer espécie de negócio jurídico com o
requerido [...]” (fl. 03).

4
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

CRKM
Nº 70079915245 (Nº CNJ: 0356736-28.2018.8.21.7000)
2018/CÍVEL

Entretanto, restou comprovado nos autos que a parte autora


assinou nota promissória referente ao débito negativado no rol de
inadimplentes, caracterizando, assim, a existência de relação contratual
preexistente.

Logo, impositiva a confirmação da sentença, no tópico


recorrido.

Em face da atuação em fase recursal, fixo honorários


advocatícios inerentes à fase recursal em favor dos procuradores da ré
em 2% sobre o valor da causa, de acordo com a previsão legal do art. 85,
§ 11, do CPC.

DISPOSITIVO.

Isso posto, nego provimento ao recurso.

É o voto.

DES. JORGE ALBERTO SCHREINER PESTANA (PRESIDENTE) - De


acordo com o(a) Relator(a).

DES. MARCELO CEZAR MÜLLER - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. JORGE ALBERTO SCHREINER PESTANA - Presidente - Apelação


Cível nº 70079915245, Comarca de Porto Alegre: "NEGARAM
PROVIMENTO AO RECURSO. UNÂNIME."

Julgador(a) de 1º Grau: OYAMA ASSIS BRASIL DE MORAES

Você também pode gostar