CO-MORBIDADES NA
DEPRESSAO MAIOR COM ENFASE
NOS TRANSTORNOS DE ANSIEDADE
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A orientagao neo-kraepliniana dos mo-
delos mais utilizados atualmente para o
diagnéstico e a classificagaio dos transtor-
nos mentais, especialmente 0 DSM-IV-TR
(APA, 2000) e a CID-10 (WHO, 1991), da
suporte 4 abordagem multidiagnéstica na
classificago dos quadros sindrémicos na
psiquiatria clinica.
Os achados de estudos epidemiolégi-
cos norte-americanos, como o Epidemiolo-
gical Catchment Area Study (ECA) (Robins;
Locke; Regier, 1991) e o National Comorbi-
dity Survey (NCS) (Kessler et al., 1996)/
NCS-R (Kessler et al., 2003), apontam a
co-morbidade de dois ou mais diagnésti-
cos psiquiatricos como uma situacdo mais
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morbidades séo de especial destaque: os transtornos de ansiedade, os transtonos relaciona.
dos ao abuso de substincias e, com evidéncias crescentes, os transtornos da alimentag
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$60, pois ha implicagdes terapéuticas importantes que podem afetar o curso desse transtorno.
As evidéncias sobre o tratamento de co-morbidades sao escassas na lite
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Gisele Gus Manfro
Giovanni Abrahdo Salum Junior
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comum do que a presenca de apenas um
transtorno mental. De acordo com esses
autores, cerca de 50 a 60% (NCS-ECA) dos
norte-americanos apresentam, pelo menos,
dois diagndsticos de transtornos psiquid-
tricos.
A co-morbidade da depresséo com
transtornos do Fixo | é particularmente pre-
valente com transtornos de ansiedade,
transtomno por uso de substdncias e trans-
tornos da alimentagio, mas também ocor-
Te no curso de outros transtornos psiquié-
tricos, como esquizofrenia, déficit de aten-
¢40/hiperatividade e deméncia, com impli-
cages na avaliagdo, no manejo e no prog-
néstico dos pacientes com esses transtor-124__Locerdo & Cat.
nos. A relagdo entre transtornos da perso-
nalidade e depressio € complexa, especial-
‘mente pelas difculdades metodolégicas en-
contradas nos estudos que avaliam 0 assun-
to. A depressio também é prevalente em
doengas clinicas, podendo ser sintoma de
‘uma doenga clinica nio-diagnosticada 0
‘conseqiiéncia de mais um fator de risco.
Esta breve revisio tera como foco as.
principais co-morbidades psiquidtricas da
epressio maior. Os objerivos sao diseutir
a classificagio diagnéstica em contraponto.
‘com os aspectos psicopatoldgicos comuns;
apresentar os dados dos principais estudos
epidemioldgicos sobre o tema e avaliar as
implicagbes que essa situagio acarrera na
pratica clinica, com énfase nos transtornos
de ansiedade.
DEFINIGAO.
A classificaglo de individuos doentes
fem grupos, bem como os acordos ou as de
finigdes quanto aos critérios ou limites dos
grupos, chamada nosologia. A atribuicio
de um nome a cada entidade mérbida no-
saligien échamada nosogrfe,sendo are.
nio desses nomes uma nomenclatura de
doengas (Last, 1996). Doenga, segundo 0
conceito tradicional da medicina, pressup6e
causa definida, patogénese, apresentagdo
clinica bem-descrita, assim como curso e
desfecho previsiveis (Sartorius etal, 1996).
‘Apesar de, na psiquiatria, existirem
vrias nosografias, as entidades nosolégicas
representadas por elas so definidas por
‘um agrupamento sistematico de sintomas
critérios que nao representam, necessa
rlamente, como jé discuido, qualquer subs-
trato de psicopatologia, causas e curso co
‘muns, que seriam necessérios para a defi
nigio de doenca.
essa maneira, embora de uma for-
‘ma simplista, pode se definir co-morbidade
apenas como a presenca de duas ou mais
‘condigdes clinicas, devendo-se ter em men:
te que, segundo os crtérios diagnésticos
atuais, uma co-morbidade nao representa,
necessariamente, das doengas ocorrendo
Juntas. Uma co-morbidade pode represen-
tar uma tinica doenga cujas manifestagBes
clinicas foram consideradas em separado
pelo sistema de classificagio diagnésica,
Pode caracterizarsindromes eyossntomas
Alinicos se sobrepsem ou, ainda, pode des-
creversindromes que dvidem fatores eto-
1égicos ou de risco eomuns
‘Apresenca de miltipios diagndstics,
estimulada pela abordagem corrente dos
‘quadtos psiquitrics com sua orientago
descritivo-fenomenolégica, tem a grande
vantagem de servr, supostamente,adiver-
s0s modelos tebricos de mente e psicopa-
tologia, permitindo comparagées e forne-
cendo eritérios objetivos para a pesquisa
com pacientes psiquidtricos. No entanto,
no tema intengao de representa, em sua
categorias diagnésticas seus especificar
dloces, a psicopatologia subjacente & apre-
sentacio clinica. Abase genética ds tans
tormos psiqudtrios, bem como seus modi-
ficadores ao longo da vida (rlagio paren
tal traumas, vivéncias, ete), que represen-
tam o ambiente, provavelmente apresen
tam caracteristicas que ndo so especificas
ddessascategorias diagndsticas, mas, sim,