Instituto de Pesquisa de
Relações Internacionais
Centro de História e
Documentação Diplomática
História Diplomática | 1
Volume I
Brasília – 2013
Direitos de publicação reservados à
Fundação Alexandre de Gusmão
Ministério das Relações Exteriores
Esplanada dos Ministérios, Bloco H
Anexo II, Térreo
70170-900 Brasília–DF
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Equipe Técnica:
Eliane Miranda Paiva
Fernanda Antunes Siqueira
Gabriela Del Rio de Rezende
Guilherme Lucas Rodrigues Monteiro
Jessé Nóbrega Cardoso
Vanusa dos Santos Silva
Projeto Gráfico:
Daniela Barbosa
Programação Visual e Diagramação:
Gráfica e Editora Ideal
Mapa da primeira capa:
Elaborado sob a orientação de Alexandre de Gusmão, o chamado “Mapa das Cortes”,
de 1749, serviu de base para as negociações do Tratado de Madri.
Mapa da segunda capa:
Mapa-múndi confeccionado pelo veneziano Jeronimo Marini em 1512, o primeiro
em que aparece o nome do Brasil. Tem a curiosidade de mostrar os países emergentes
por cima.
P418
Pensamento diplomático brasileiro : formuladores e agentes da política externa
(1750-1950) / José Vicente de Sá Pimentel (organizador). – Brasília : FUNAG, 2013.
3 v.
ISBN 978-85-7631-462-2
CDD 327.2
Parte I
CONCEPÇÕES FUNDADORAS DO PENSAMENTO
DIPLOMÁTICO
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Paulo Roberto de Almeida
Pensamento Diplomático Brasileiro
16
Pensamento diplomático brasileiro: Introdução metodológica às
ideias e ações de alguns dos seus representantes
17
Paulo Roberto de Almeida
Pensamento Diplomático Brasileiro
Pensamento
O que representa o conceito, no contexto dos estudos de
história das ideias ou dos ensaios de historiografia intelectual?
Trata-se de uma categoria abstrata, algo como um ajuntamento
de contribuições voluntárias para algum clube metafísico, ou
um conjunto preciso de estudos sobre propostas concretas de
ação que, ao longo do tempo, guiaram a condução da diplomacia
nacional? Seria ele mais apropriado a uma monografia acadêmica,
ou poderia ele contentar-se com uma compilação de ensaios
individuais, seguindo estilos e metodologias diversos como os aqui
apresentados?
O campo da história das ideias tem sido pouco trabalhado no
Brasil. Existem, obviamente, alguns bons exemplos de histórias
setoriais, algumas por sinal excelentes; podem ser aqui registrados,
ainda que de maneira perfunctória, ensaios sintéticos de ideias
políticas (Nelson Saldanha, João de Scantimburgo, Nelson
Barreto, por exemplo), filosóficas (magnificamente sintetizadas
por Antonio Paim e Ricardo Velez-Rodriguez, depois do esforço
pioneiro de João Cruz Costa), ou até mesmo econômicas (ainda
que sob a forma sumária de entrevistas e coletâneas de trabalhos
de alguns mestres). Mas são reconhecidamente parcos os esforços
de síntese desde uma perspectiva global e comparativa, embora
não tenham faltado tentativas meritórias nesse sentido.
O exemplo que mais se aproxima do conceito aqui privilegiado
é a obra em vários volumes do crítico literário Wilson Martins,
que, numa série em sete tomos – História da Inteligência Brasileira –
abordou o crescimento da produção intelectual brasileira desde o
início da nacionalidade até meados do século XX. O pensamento
nacional encontra-se ali representado por escolas e figuras
luminares de nossa cultura, que Martins correlaciona com as ideias
dominantes em cada época, buscando enfatizar, com seu estilo
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Pensamento diplomático brasileiro: Introdução metodológica às
ideias e ações de alguns dos seus representantes
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Paulo Roberto de Almeida
Pensamento Diplomático Brasileiro
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Pensamento diplomático brasileiro: Introdução metodológica às
ideias e ações de alguns dos seus representantes
Diplomático
Metodologicamente, não existem dúvidas quanto ao termo,
em sua acepção política ou funcional. A diplomacia é, justamente, a
arte das palavras e toda ela é feita em torno de ideias, de conceitos,
de argumentos, que depois vão se materializar em acordos
bilaterais, em tratados multilaterais, em declarações universais,
que se pretendem guias para a ação dos Estados no plano externo
e para as relações de cooperação, ou até de conflito, entre eles.
O argumento central desta obra aponta, entretanto, para o
embasamento ou a vinculação da diplomacia com algum tipo de
pensamento que possa ser considerado como especificamente
brasileiro.
A questão envolve muitos matizes, e não é possível respondê-
-la em abstrato. O caráter de ser, ou do ser diplomático, se refere
aos atores ou aos atos, em si? Em outros termos, ele deriva da
qualidade dos agentes, ou da natureza da ação? E sendo ação, seria
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Paulo Roberto de Almeida
Pensamento Diplomático Brasileiro
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ideias e ações de alguns dos seus representantes
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Pensamento diplomático brasileiro: Introdução metodológica às
ideias e ações de alguns dos seus representantes
Brasileiro
Finalmente, o termo qualificativo de naturalidade ou de
nacionalidade. Uma vez que o substantivo e o seu primeiro adjetivo,
diplomático, são seguidos do aditivo “brasileiro”, significaria
isto que o pensamento diplomático é especificamente do Brasil?
Certamente, para os agentes, ou atores, não exatamente para o
pensamento. Todos concordam, por exemplo, que a diplomacia
brasileira sempre se guiou por certo valores e princípios desde
longo tempo presentes nos discursos e tomadas de posição oficiais:
respeito absoluto às normas do direito internacional, solução
pacífica de controvérsias, não ingerência nos assuntos internos
dos demais países, defesa intransigente da soberania nacional,
cooperação bilateral e multilateral em prol do desenvolvimento
harmônico de todos os povos, mas o que haveria de exclusivamente
brasileiro em todos esses elementos, comumente partilhados por
tantos Estados?
Alexandre de Gusmão, quem dá início a esta série de
personagens, era um agente diplomático da Coroa portuguesa
atuando em defesa dos interesses da metrópole, num contexto em
que os territórios que ele brilhantemente incorporou ao “corpo da
pátria” eram “pedaços” de uma América portuguesa que começou
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ideias e ações de alguns dos seus representantes
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ideias e ações de alguns dos seus representantes
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ideias e ações de alguns dos seus representantes
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ideias e ações de alguns dos seus representantes
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ideias e ações de alguns dos seus representantes
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Parte I
Concepções fundadoras do
pensamento diplomático
Introdução à política externa
e às concepções diplomáticas
do período imperial
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Amado Luiz Cervo
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Introdução à política externa e às concepções
diplomáticas do período imperial
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Amado Luiz Cervo
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Introdução à política externa e às concepções
diplomáticas do período imperial
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Amado Luiz Cervo
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Introdução à política externa e às concepções
diplomáticas do período imperial
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Amado Luiz Cervo
Pensamento Diplomático Brasileiro
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Introdução à política externa e às concepções
diplomáticas do período imperial
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Alexandre de Gusmão
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Alexandre de Gusmão: o estadista que
desenhou o mapa do Brasil
O desconhecido revelado
Em 1942, o historiador Affonso d’Escragnole Taunay assim se
referia ao nosso personagem:
O que sobre Alexandre de Gusmão existe, fragmentário e
sobretudo deficiente, apenas representa parcela do estudo
definitivo que, mais anos menos anos, se há de fazer deste
brasileiro imortal, figura de primeira plana de nossos
fastos (p. 21).
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Synesio Sampaio Goes Filho
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Synesio Sampaio Goes Filho
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Traços biográficos
Nascido na “vila de Santos”, como então se dizia, em 1695,
era de uma família conhecida localmente, mas de poucas posses,
sendo seu pai, Francisco Lourenço Rodrigues, cirurgião-mor do
presídio local. Entre doze irmãos, três tomaram o sobrenome do
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Alexandre de Gusmão: o estadista que
desenhou o mapa do Brasil
Ideias produtivas
Para se fazer um acordo que dividisse todo um continente
era necessário preparar-se tecnicamente, pois era muito pobre
o cabedal de conhecimentos geográficos que as nações ibéricas,
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Synesio Sampaio Goes Filho
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As negociações de Madri
Pouco antes da metade do século, com Alexandre ativo nos
centros decisórios, Portugal encontrava-se, pois, preparado para
negociar com a Espanha. Capistrano de Abreu (1963, p. 196) é
claro quanto à premência de um acordo de fronteiras:
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Synesio Sampaio Goes Filho
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das Missões; o Rio Grande do Sul acabava, pois, numa frágil ponta
e tinha apenas a metade de seu território atual (que praticamente
é o de Madri).
Limites do Brasil
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Madri (1750) - - - -- - - - - - - - - -
Santo IIdefonso (1777) ________
Atual -------------------------------------
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Referências bibliográficas
Abreu, João Capistrano de. Capítulos de História Colonial 1500-
-1800 e Os caminhos antigos e o povoamento do Brasil. Brasília,
Editora UnB, 1963.
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Alexandre de Gusmão: o estadista que
desenhou o mapa do Brasil
Rio Branco, José Maria da Silva Paranhos Jr., Barão do. Obras.
Brasília, FUNAG, 10 vol., 2012.
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José Bonifácio
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José Bonifácio
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brasileira
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João Alfredo dos Anjos
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2 Textos de referência para os temas relacionados são: Representação à Assembleia Geral Constituinte
sobre a Escravatura; Apontamentos para a civilização dos índios; Lembranças e apontamentos do
Governo Provisório da Província de São Paulo para os seus Deputados; Memória sobre a necessidade
e utilidades do plantio de novos bosques em Portugal, publicados nos volumes organizados por Jorge
Caldeira (José Bonifácio de Andrada e Silva. São Paulo: Ed. 34, 2002) e Miriam Dolhnikoff (Projetos para
o Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1998).
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José Bonifácio: o patriarca da diplomacia brasileira
3 Sobre a formação de José Bonifácio e sua ascensão política, ver Dolhnikoff, Miriam. José Bonifácio.
São Paulo, Companhia das Letras, 2012.
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5 A dissolução da Assembleia é classificada como “coup d´État” na Réfutation des calomnies relatives
aux affaires du Brésil, redigida pelos Andrada. Ver Obras Científicas, Políticas e Sociais, II, p. 387-446.
6 Ver p. 101 para avaliação sobre a guerra anglo-francesa e a estratégia britânica.
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8 Daquele ano de 1821 também a publicação dos Estatutos para a Sociedade Econômica da Província
de São Paulo (Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1821), que pode ser consultado na Seção de
Manuscritos da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, 5,1,39.
9 Entrevista n´O Tamoio, de terça-feira, 2 de setembro de 1823, em Obras Científicas, Políticas e Sociais,
II, p. 381-386. Ele era chamado Velho do Rocio ou Rossio, alusão ao nome da Praça no Rio de Janeiro
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João Alfredo dos Anjos
Pensamento Diplomático Brasileiro
onde vivia. Segundo Hobsbawm (1977, p. 77), o “burguês liberal clássico de 1789 (e o liberal de 1789-
-1848) não era um democrata, mas sim um devoto do constitucionalismo, um Estado secular com
liberdades civis e garantias para a empresa privada e um governo de contribuintes e proprietários”.
10 Arquivo Histórico do Itamaraty, Leis, Decretos e Portarias, 321-1-1. Castro, Flávio Mendes de Oliveira.
História da Organização do Ministério das Relações Exteriores, Brasília: Editora UnB, 1983, p. 16-22.
Segundo Fernando Figueira de Mello, na dissertação A Longa Duração da Política: Diplomacia e
Escravidão na Vida de José Bonifácio, UFRJ-PPGIS, 2005, p. 153, “[...] foi José Bonifácio quem primeiro
se empenhou pela estruturação administrativa de uma repartição governamental brasileira com
responsabilidade por assuntos diplomáticos e internacionais”.
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11 Ver o caso do “índio” Inocêncio Gonçalves de Abreu, que recebeu “40 a 50 espingardas com as
competentes munições” para formar “uma artilharia de atiradores (sic)”. Obra política de José Bonifácio,
I, p. 414-415. Para as medidas econômicas, Fundo Sérgio Buarque de Holanda, Unicamp, doc. 1696 ou
Obra política de José Bonifácio, I, p. 166-168, 261 e 369, por exemplo.
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12 Como indica João Paulo Pimenta, Estado e Nação no fim dos Impérios Ibéricos no Prata (1808-1828).
São Paulo: Hucitec; Fapesp, 2002 p. 178, Obes foi o advogado de defesa de duas escravas acusadas
de assassinar a sua senhora, em Montevidéu, em 1821. A peça de defesa que apresentou ao tribunal
“constitui-se em verdadeiro manifesto contrário à escravidão africana, considerada uma instituição
selvagem e degradante”. Ver a Gazeta do Rio de Janeiro, suplemento à edição de 3/12/1822, na
Coleção da Biblioteca Nacional, acervo digital (www.bn.br). Bonifácio incluiu Obes entre os primeiros
agraciados pela Ordem do Cruzeiro no grau de Oficial, o mesmo do Barão da Laguna. Diário da
Assembléia Geral Constituinte e Legislativa do Império do Brasil, II, p. 689.
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13 Na Gazeta do Rio de Janeiro, de 10/12/1822, encontram-se diversos ofícios mandados publicar por
Bonifácio nos quais se trata da aclamação de D. Pedro “Imperador do Brasil e do Estado Cisplatino”
ou “Imperador Constitucional do Brasil e do Estado Cisplatino”. Ver a Gazeta do Rio de Janeiro,
Biblioteca Nacional, acervo digital (www.bn.br). Bomfim, Manoel, O Brasil Nação, Rio de Janeiro:
Topbooks, 1996, p. 73-74, nota 22, p. 596. Diário da Assembléia Geral Constituinte e Legislativa do
Império do Brasil, II, p. 689.
14 Bernardino Rivadavia foi Presidente da Argentina entre 8 de fevereiro de 1826 e 7 de julho de 1827.
Ver Floria, Carlos Alberto; Belsunce, César A. García. Historia de los argentinos, I, p. 467-471.
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15 Segundo Raul Adalberto de Campos, em suas Relações Diplomáticas do Brasil, Rio de Janeiro:
Tipografia do Jornal do Comércio, de Rodrigues & Cia, 1913, p. 134 e 135, García estivera no Brasil
como “agente confidencial, desde 1815 até junho de 1820”, depois Enviado Extraordinário e Ministro
Plenipotenciário, a 7 de maio de 1827, quando “veio tratar da paz, sob a mediação do Governo
britânico” e assinou o Tratado de Paz de 24 de maio de 1827, “pelo qual as Províncias Unidas do Rio
da Prata renunciavam sua pretensão sobre o território da Província Cisplatina”, não ratificado pelo
Governo de Buenos Aires (Floria; Belsunce, 1992, p. 452, 478 e 479).
16 Os Tratados de 1810 incluíam um Tratado de Comércio e Navegação e um Tratado de Paz e
Amizade, ambos com data de 19 de fevereiro de 1810. Em 18 de outubro de 1810, por decreto,
as mercadorias britânicas transportadas por embarcações portuguesas também passaram a
pagar 15% ad valorem. A alíquota cobrada das mercadorias portuguesas se igualou à cobrada das
mercadorias britânicas em 1818. Ver Lima, Manuel de Oliveira. D. João VI no Brasil, Rio de Janeiro:
Topbooks, 1996, p. 255, 256 e 265.
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João Alfredo dos Anjos
Pensamento Diplomático Brasileiro
17 Uma das vitórias da Grã-Bretanha no Congresso de Viena havia sido exatamente o fato de ter
deixado de fora das deliberações das potências vitoriosas as questões envolvendo o direito do
mar. (Kissinger, 1973, p. 33 e 34). Nicolson (1946, passim) define “maritime rights”, à p. 282, como
“a phrase employed by Great Britain to designate what other countries called freedom of the seas.
The British contention was that a belligerent had the right to visit and search neutral vessels on
the high seas. The opposed contention was that neutrality carried exemption from interference
on the principle of ‘free ships, free goods’. Britain claimed that if this principle were admitted no
naval blockade would prove effective since any blockaded country could import goods in neutral
bottoms. The others said that to extend British maritime supremacy to the point of interference
with legitimate neutral commerce was against the Law of Nations”.
18 O tema é objeto de extensa bibliografia especializada e a sua discussão em minúcia não caberia
nos limites deste artigo. Destaca-se o estudo de Leslie Bethell, A Abolição do Comércio Brasileiro de
Escravos: a Grã-Bretanha, o Brasil e a questão do comércio de escravos (1808-1869). Brasília: Senado
Federal, 2002. Além dele e com caráter mais geral, há o volume de Robin Blackburn, A queda do
Escravismo Colonial, 1776-1848. Rio de Janeiro: Record, 2002. Nele o autor passa em revista os mais
importantes estudos sobre o tema. Concorda-se, em linha geral, com a tese que aponta para os
interesses econômicos e estratégico-militares da campanha britânica contra o tráfico escravo, para
além dos justificados elementos humanistas e filantrópicos.
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19 “Em teoria, estes empréstimos deviam ter rendido aos investidores 7 a 9% de juros, quando, na
verdade, em 1831, rendiam uma média de apenas 3,1%”. Em Fodor, Giorgio. The boom that never
was? Latin american loans in London 1822-1825, Discussion paper n° 5. Trento: Università degli Studi
di Trento, 2002, p. 22 e 23. Registre-se que o Brasil do Primeiro Reinado não se encontrava entre
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João Alfredo dos Anjos
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as nações inadimplentes. Sobre o tema, ver Bulmer-Thomas, Victor. The Economic History of Latin
America since Independence.Cambridge: Cambridge University Press, 2003.
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Considerações finais
O pensamento andradino expressou-se em duas dimensões:
uma prática, da ação do homem público; outra intelectual, a do
pensador e formulador de um projeto para a Nação brasileira.
Como primeiro-ministro de fato, desde janeiro de 1822 a julho de
1823, Bonifácio foi o responsável pela preparação do Brasil para
assumir a sua condição de Estado soberano. Como chanceler, foi
o responsável pela autonomia operacional da Secretaria de Estado
dos Negócios Estrangeiros e pela elaboração da primeira Política
Externa do Brasil independente.
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Referências bibliográficas
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João Alfredo dos Anjos
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Fodor, Giorgio. The boom that never was? Latin american loans in
London 1822-1825, Discussion paper n° 5. Trento: Università degli
Studi di Trento, 2002.
______. The relations of Brazil with the United States. New York:
American Association for International Conciliation, 1913.
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Souza
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(Visconde do Uruguai): a construção
dos instrumentos da diplomacia brasileira
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Gabriela Nunes Ferreira
Pensamento Diplomático Brasileiro
1 A única biografia de fôlego existente sobre o visconde de Uruguai foi escrita pelo seu bisneto, José
Antônio Soares de Souza, A Vida do Visconde do Uruguai (São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1944).
Sobre o Visconde do Uruguai, ver também: Ilmar Mattos, “O lavrador e o construtor: o Visconde do
Uruguai e a construção do Estado imperial”. E também José Murilo de Carvalho, “Entre a autoridade
e a liberdade”. In: José Murilo de Carvalho, Visconde do Uruguai.
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a construção dos instrumentos da diplomacia brasileira
Da neutralidade à intervenção
A política seguida pelo governo imperial a partir de 1850 sob
a condução de Paulino José Soares de Souza, cujo objetivo mais
imediato era derrubar Rosas e seus aliados, representou uma
2 Ver discurso de Paulino de Souza de 15 de julho de 1850 em: CARVALHO (2002). p. 537-572.
3 Carta citada em Souza (1950).
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5 Em sua carta de 13 de junho de 1851 ao presidente do Paraguai, Paulino também listava esses
objetivos de mais longo prazo do governo imperial.
6 Sobre a relação do Brasil com esses países, durante todo o período imperial, ver de Luís Cláudio V. G.
Santos, O Império e as Repúblicas do Pacífico: as relações do Brasil com Chile, Bolívia, Peru, Equador e
Colômbia (1822-1889).
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Paulino José Soares de Souza (Visconde do Uruguai):
a construção dos instrumentos da diplomacia brasileira
7 Tau Golin (2004, vol. 2) examina com cuidado as circunstâncias que levaram à assinatura desse
tratado, suas modificações posteriores e os trabalhos de demarcação decorrentes.
8 Sobre o Tratado de Limites, diz o historiador uruguaio Júlio César Vignale (1946, p. 130): “O Império
aparentava defender-nos de Rosas, quando em realidade o que esperava era arrebatar-nos outra
porção de território, como assim o conseguiu mediante os iníquos tratados de 1851!”. Por outro
lado, houve no Brasil, após a assinatura do tratado, quem o condenasse por ser prejudicial ao
Império. A adoção do critério do uti possidetis na demarcação de limites entre os dois países
suscitou mesmo intensa polêmica, notadamente no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Ver: Golin (2004), vol. 2, cap. 5.
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Pensamento Diplomático Brasileiro
9 Os cinco tratados de 12 de outubro de 1851 estão anexados ao Relatório de 1852 apresentado pelo
ministro dos Negócios Estrangeiros à Assembleia Geral (Anexo F).
10 Cf. RIO BRANCO (1940). Mais tarde, em abril de 1852, Paranhos seria nomeado ministro residente na
República Oriental do Uruguai, onde permaneceria até dezembro do ano seguinte.
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12 Esse status quo, como observa Doratioto (2002, p. 44), se caracterizava por um desequilíbrio favorável
ao Brasil no Prata. Significava, na verdade, a hegemonia brasileira na região.
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14 Cf. Flávio Mendes de Oliveira Castro, História da Organização do Ministério das Relações Exteriores.
Livro 1, cap. 7.
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Referências bibliográficas
CARVALHO, José Murilo de (org.). Visconde do Uruguai. Coleção
Formadores do Brasil. São Paulo: Editora 34, 2002.
15 Como observa Miguel Gustavo de Paiva Torres (2011, p. 176): “No decreto número 941, de 20 de
março de 1852, que fixou o número e categoria das Missões Diplomáticas brasileiras, ficou evidenciada
a prioridade conferida por Paulino à vizinhança Americana”.
154
Paulino José Soares de Souza (Visconde do Uruguai):
a construção dos instrumentos da diplomacia brasileira
155
Gabriela Nunes Ferreira
Pensamento Diplomático Brasileiro
156
Duarte da Ponte
Ribeiro
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Duarte da Ponte Ribeiro: definindo o
território da monarquia
Introdução
Duarte da Ponte Ribeiro (1795-1878) foi, certamente, a
melhor síntese de homem de ação e intelectual da diplomacia
brasileira do período imperial. Sua carreira começou tardiamente,
após os trinta anos de idade, tendo ele tido até aquele momento
um exitoso percurso como médico, ofício que havia abraçado
desde a adolescência. Iniciou suas atividades na diplomacia em
1826, com a tentativa frustrada de ser acreditado como cônsul
na corte espanhola – o que teria significado o reconhecimento da
independência brasileira, decisão que àquela altura o governo de
Madri não considerava conveniente. De 1829 a 1832 foi o primeiro
representante diplomático do Brasil em Lima, tendo depois disso
servido como encarregado de negócios no México, de 1834 a 1835.
Em 1836, foi outra vez nomeado encarregado de negócios
no Peru e, nessa ocasião, também na Bolívia. Os dois países,
aliás, logo após a chegada de Ponte Ribeiro à Bolívia, no início de
1837, uniram-se em uma confederação que acabou por ter vida
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Luís Cláudio Villafañe G. Santos
Pensamento Diplomático Brasileiro
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Duarte da Ponte Ribeiro: definindo o território da monarquia
por isso, uma escolha lógica para chefiar a Missão Especial nas
Repúblicas do Pacífico e Venezuela, em 1851; certamente a mais
importante iniciativa da diplomacia imperial dirigida aos países
da costa ocidental da América do Sul. Ponte Ribeiro assinou com
o Peru, em outubro de 1851, a Convenção Especial de Comércio,
Navegação Fluvial, Extradição e Limites, que foi ratificada por
ambos os países e tornou-se um modelo fundamental para as
posteriores negociações de limites e navegação do Brasil com os
demais vizinhos.
De volta ao Rio de Janeiro, em fins de 1852, foi posto em
disponibilidade ativa com o cargo de ministro plenipotenciário,
em reconhecimento a seus “longos e bons serviços na carreira
diplomática” (Ministério dos Negócios Estrangeiros,
1853, p. 5). Ponte Ribeiro não reassumiu a 3ª Seção, mas continuou
prestando assessoria aos sucessivos ministros. Terminava sua
carreira como representante diplomático, explorador e cronista
dos diversos países em que serviu. A partir daí, consolidou, no
entanto, sua fama como o mais renomado estudioso dos limites
brasileiros (que já tinha sido esboçada em suas passagens pela
3ª Seção da chancelaria).
Castilhos Goycochêa consagrou Duarte da Ponte Ribeiro como
o “fronteiro-mor do Império”. Esse autor (1942, p. 20) assinalou que:
A maior e a melhor parte dos trabalhos de Duarte da Ponte
Ribeiro foi feita depois da aposentadoria, em 1853. [...]
Enquanto até aquela data só havia redigido 45 das célebres
Memórias, cada qual importando em verdadeiro tratado
sobre o assunto que explorou, de 1853 a 1876 deu forma
escrita a 140 outras Memórias. Isso sem contar as que, em
1884, foram doadas por sua viúva ao governo1.
1 O acervo doado pela baronesa da Ponte Ribeiro foi objeto de catálogo organizado por Isa Adonias e
publicado, em 1984, pelo Ministério das Relações Exteriores.
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2 Cezar (2005) refere-se, naturalmente, ao livro de 1976 de Yves Lacoste, La Géographie ça sert d’abord
à faire la guerre.
3 Ver, entre outros, o livro de Magnoli (1997), “O Corpo da Pátria”, que analisa em detalhe a construção
do discurso sobre a territorialidade brasileira.
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Duarte da Ponte Ribeiro: definindo o território da monarquia
O fronteiro-mor
É de se destacar a importância decisiva da atuação de Duarte
da Ponte Ribeiro na fixação do uti possidetis como doutrina para as
discussões de limites do Brasil com seus vizinhos. Na negociação do
Tratado de 1841 com o Peru, o diplomata atuou, inicialmente, sem
uma orientação precisa do Rio de Janeiro e, depois, contrariando
instruções expressas de seus superiores. Na opinião de Soares de
Souza (1952, p. 116):
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7 A discussão mereceu um número da Revista (3ª Série, número 12, 4º trimestre de 1853) inteiramente
a ela dedicado. Disponível no site da Revista do IHGB: <http://www.ihgb.org.br/rihgb.php?s=19>,
Tomo XVI (1853), p. 385-560. Acesso em 11/03/2013.
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Duarte da Ponte Ribeiro: definindo o território da monarquia
Conclusão
Do ponto de vista do pensamento brasileiro sobre relações
internacionais, a questão do território foi, talvez, o tema mais
importante para a diplomacia do Império e das décadas iniciais do
período republicano. A estruturação dos argumentos genéricos,
a construção de uma narrativa detalhada e consistente e a
sustentação de cada caso específico, de cada trecho singular das
fronteiras, com dados empíricos, documentos e mapas foi, além de
um esforço negociador de primeira ordem, uma tarefa intelectual
monumental.
A importância dessa obra, de pensadores e de negociadores,
muitas vezes confundidos na mesma pessoa, como nos casos de
Rio Branco e de Duarte da Ponte Ribeiro, foi ressaltada em texto
recente do embaixador Synésio S. Goes Filho (2012, p. 649), que
comparou as versões historiográficas sobre limites correntes no
Brasil e em seus vizinhos:
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Pensamento Diplomático Brasileiro
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Duarte da Ponte Ribeiro: definindo o território da monarquia
Referências bibliográficas
ADONIAS, Isa. O Acervo de Documentos do Barão da Ponte Ribeiro:
livros, manuscritos e mapas – centenário de sua incorporação aos
arquivos do Ministério das Relações Exteriores. Rio de Janeiro: MRE,
1984.
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Francisco Adolfo de
Varnhagen
Arno Wehling
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Francisco Adolfo de Varnhagen (Visconde de Porto Seguro):
pensamento diplomático
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Arno Wehling
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Francisco Adolfo de Varnhagen (Visconde de Porto Seguro):
pensamento diplomático
2 WEHLING, Arno. Introdução, in Varnhagen – Missão nas Repúblicas do Pacífico: 1863 a 1867. Rio de
Janeiro, FUNAG, 2005, vol. I, p. 7ss.
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Pensamento Diplomático Brasileiro
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Francisco Adolfo de Varnhagen (Visconde de Porto Seguro):
pensamento diplomático
201
Arno Wehling
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3 WEHLING, Arno. Estado, História, Memória: Varnhagen e a construção da identidade nacional, Rio de
Janeiro, Nova Fronteira, 1999, p. 83ss.
202
Francisco Adolfo de Varnhagen (Visconde de Porto Seguro):
pensamento diplomático
4 VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. Correspondência Ativa, edição coligida e anotada por Clado
Ribeiro Lessa, Rio de Janeiro, INL, 1961, p. 275.
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Francisco Adolfo de Varnhagen (Visconde de Porto Seguro):
pensamento diplomático
Fronteiras e americanismo
Uma das questões em aberto na diplomacia brasileira de
meados do século XIX era a da delimitação das fronteiras com os
diversos países limítrofes. Além de questões que se desenrolavam
nas áreas fronteiriças mais densamente povoadas, como as
confinantes com o Uruguai, o Paraguai e as Províncias Unidas
do Rio da Prata, havia também dificuldades com o Peru, devido
a problemas entre comerciantes brasileiros e peruanos na região
amazônica. Este aspecto cresce de vulto ao lembrarmos que estava
em jogo a abertura da navegação do rio Amazonas, objeto de
intensa polêmica no Brasil na década de 1860. Pelo lado peruano o
assunto estava resolvido, quando da chegada de Varnhagen a Lima,
em 1863, por uma recente lei que permitia aos navios estrangeiros
a navegação dos rios da Amazônia peruana em igualdade de
condições com os nacionais.
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6 VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. Memória sobre os trabalhos que se podem consultar nas
negociações de limites do Império, com algumas lembranças para a demarcação destes, Biblioteca
Nacional, Seção de Manuscritos, I, 4,4, 112.
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9 LESSA, Clado Ribeiro. Vida e obra de Varnhagen, Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro,
vol. 225, out-dez 1954, p. 141.
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O Direito de Asilo
No início de sua estada em Viena Varnhagen escreveu
um pequeno texto em francês, L’asile dans les ambassades. Em
correspondência ao imperador, de 9 de março de 1870, deu notícia
do trabalho, iniciado alguns anos antes em Lima, informando que
o estava adiantando após interromper a revisão da História Geral
do Brasil. A 20 de junho ao mesmo interlocutor informava que o
trabalho estava pronto e o remetera a seu amigo Ferdinand Denis,
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20 Os dois aspectos constam também do verbete sobre o direito de asilo do dicionário dirigido por
Maurice Bock.
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Francisco Adolfo de Varnhagen (Visconde de Porto Seguro):
pensamento diplomático
Referências bibliográficas
Bock, Maurice (dir). Dictionnaire de Politique. Paris: O. Lorenz, vol. I,
1863.
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Honório Hermeto
Carneiro Leão
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Honório Hermeto Carneiro Leão
Pensamento Diplomático Brasileiro
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Honório Hermeto Carneiro Leão
(Marquês de Paraná): diplomacia e
poder no Prata
1 O presente texto incorpora elementos constantes de alguns ensaios anteriores do autor, entre os
quais: O Brasil e a Argentina: uma aproximação Histórica na Construção do Mercosul (Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro, 1998); A Missão Carneiro Leão no Prata: A Guerra contra Rosas. In:
O Marquês de Paraná. Brasília: FUNAG, 2004; Da Colônia ao Reino Unido e à Independência: A Inserção
Internacional do Brasil (Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, 2008).
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diplomacia e poder no Prata
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Luiz Felipe de Seixas Corrêa
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O contexto histórico
O principal elemento do processo que no período colonial
conduziu à construção territorial do Brasil foi um impulso
de expansão, devidamente seguido por eficazes políticas de
consolidação. Expansão e consolidação se sucedem historicamente
num processo dialético de contraposição sui generis na formação
histórica brasileira, obrigando o país a desenvolver sucessivamente
no plano externo políticas ativas de revisão e mudança, de um
lado e, de outro, de conservadorismo e status quo. O resultado é
que o Brasil acabou inserindo-se no mundo de maneira isolada.
Em expansão, decerto. Mas contido em sua própria vizinhança.
Isolado numa relação fechada com uma Potência colonial exausta,
no espaço geográfico marginal e periférico da América do Sul, por
onde raramente se cruzaram linhas de interesses estratégicos das
Grandes Potências.
Desde a sua formação, o Brasil teve de lidar com antagonismos
externos, herdados de sua singularidade lusitana na América
do Sul: um território relativamente pequeno, circunscrito por
um tratado de limites, Tordesilhas, inaplicável na prática; sem
riquezas metálicas aparentes; colonizado por um país desprovido
de excedentes de poder; rodeado por unidades hispânicas ricas
em ouro e prata, governadas por uma potência colonial bem mais
poderosa e mais integrada no concerto europeu.
Em 1530, a expedição de Martim Affonso de Souza pelo
litoral sul deixou, no que hoje é a cidade uruguaia de Maldonado,
um marco de propriedade lusitano. Em resposta, os castelhanos
sentiram-se compelidos a guarnecer o estuário do Prata fundando,
em 1536, o porto que viria a se transformar na grande cidade de
Buenos Aires. Hélio Vianna (1994, p. 255), com razão, observa
em sua História do Brasil terem sido estas as “bases para futuras
pendências internacionais, entre portugueses e espanhóis, como
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Honório Hermeto Carneiro Leão (Marquês de Paraná):
diplomacia e poder no Prata
Em 1827, asseverava:
Esta Guerra [na Cisplatina] [...] ainda continua e
continuará enquanto a Província Cisplatina, que é
nossa, não estiver livre [dos] invasores e Buenos Aires
não reconhecer a independência da nação brasileira e a
integridade do Império com a incorporação da Cisplatina,
que livre e espontaneamente quis fazer parte deste mesmo
Império.
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Luiz Felipe de Seixas Corrêa
Pensamento Diplomático Brasileiro
Referências bibliográficas
ALBERDI, Juan Bautista. Escritos Póstumos. Quilmes, ARG:
Universidad Nacional, 1998 apud SEIXAS CORRÊA, L. F. O Marquês
de Paraná, Brasília: FUNAG, 2004.
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Honório Hermeto Carneiro Leão (Marquês de Paraná):
diplomacia e poder no Prata
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Pensamento Diplomático Brasileiro
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Visconde do Rio
Branco
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Francisco Doratioto
Pensamento Diplomático Brasileiro
Referências bibliográficas
ALMEIDA, Paulo Roberto de. Formação da diplomacia econômica no
Brasil: as relações econômicas internacionais no Império. 2ª ed. São
Paulo: SENAC; Brasília: FUNAG, 2001.
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Francisco Doratioto
Pensamento Diplomático Brasileiro
298
O Visconde do Rio Branco:
soberania, diplomacia e força
RIO BRANCO, José Maria da Silva Paranhos Júnior, Barão de. José
Maria da Silva Paranhos, visconde do Rio Branco in Obras do Barão
do Rio Branco. Brasília: FUNAG, 2012, coleção Obras do Barão do
Rio Branco, v. VII (Biografias), p. 149-286.
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Joaquim Tomás do
Amaral
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Joaquim Tomás do Amaral
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Joaquim Tomás do Amaral
(Visconde de Cabo Frio): o pensamento
gestor
Introdução
Joaquim Tomás do Amaral, Visconde de Cabo Frio, ocupou
o posto de diretor-geral da Secretaria de Estado dos Negócios
Estrangeiros, depois Ministério das Relações Exteriores, entre
1865 e 1907, ano de sua morte. Manteve-se no exercício da função,
portanto, por mais de quatro décadas e apesar da mudança do
regime político em 1889, a transição da Monarquia à República.
Uma das primeiras questões que vem à mente do estudioso
consiste em indagar: como os serviços de um alto funcionário de
Estado tenham sido requisitados tanto pelo imperador D. Pedro II
quanto pelos presidentes Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto,
que o erradicaram do poder?
A literatura especializada produziu imagens controversas do
Visconde. Foi chamado de “arquivo vivo”, em razão do domínio que
exercia sobre a documentação diplomática brasileira e estrangeira,
necessária à instrução de qualquer decisão na área das relações
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Amado Luiz Cervo
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Joaquim Tomás do Amaral (Visconde de Cabo Frio):
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Amado Luiz Cervo
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Conclusão
Joaquim Tomás do Amaral, Visconde de Cabo Frio, foi
objeto de apreciação pouco valorativa por parte de estudiosos
de sua atuação diplomática. Visto, em geral, como conservador
depositário das tradições da diplomacia imperial, teria prolongado
no Ministério das Relações Exteriores da República a força do
passado, por modo obstrutor da mudança de estratégias da ação
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Joaquim Tomás do Amaral (Visconde de Cabo Frio):
o pensamento gestor
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Amado Luiz Cervo
Pensamento Diplomático Brasileiro
Referências bibliográficas
BUENO, Clodoaldo. A República e sua política exterior (1889-1902).
São Paulo: Unesp, 1995.
328
Joaquim Tomás do Amaral (Visconde de Cabo Frio):
o pensamento gestor
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história
diplomática
Instituto de Pesquisa de
Relações Internacionais
Centro de História e
Documentação Diplomática
História Diplomática | 1
Volume II
Brasília – 2013
Direitos de publicação reservados à
Fundação Alexandre de Gusmão
Ministério das Relações Exteriores
Esplanada dos Ministérios, Bloco H
Anexo II, Térreo
70170-900 Brasília–DF
Telefones: (61) 2030-6033/6034
Fax: (61) 2030-9125
Site: www.funag.gov.br
E-mail: funag@itamaraty.gov.br
Equipe Técnica:
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Fernanda Antunes Siqueira
Gabriela Del Rio de Rezende
Guilherme Lucas Rodrigues Monteiro
Jessé Nóbrega Cardoso
Vanusa dos Santos Silva
Projeto Gráfico:
Daniela Barbosa
Programação Visual e Diagramação:
Gráfica e Editora Ideal
Mapa da primeira capa:
Elaborado sob a orientação de Alexandre de Gusmão, o chamado “Mapa das Cortes”,
de 1749, serviu de base para as negociações do Tratado de Madri.
Mapa da segunda capa:
Mapa-múndi confeccionado pelo veneziano Jeronimo Marini em 1512, o primeiro
em que aparece o nome do Brasil. Tem a curiosidade de mostrar os países emergentes
por cima.
P418
Pensamento diplomático brasileiro : formuladores e agentes da política externa
(1750-1950) / José Vicente de Sá Pimentel (organizador). – Brasília : FUNAG, 2013.
3 v.
ISBN 978-85-7631-462-2
CDD 327.2
Parte II
A POLÍTICA EXTERNA DA PRIMEIRA REPÚBLICA
Rubens Ricupero
333
Rubens Ricupero
Pensamento Diplomático Brasileiro
334
A Política Externa da Primeira República (1889-1930)
335
Rubens Ricupero
Pensamento Diplomático Brasileiro
336
A Política Externa da Primeira República (1889-1930)
337
Rubens Ricupero
Pensamento Diplomático Brasileiro
338
A Política Externa da Primeira República (1889-1930)
339
Rubens Ricupero
Pensamento Diplomático Brasileiro
340
A Política Externa da Primeira República (1889-1930)
341
Rubens Ricupero
Pensamento Diplomático Brasileiro
342
A Política Externa da Primeira República (1889-1930)
343
Rubens Ricupero
Pensamento Diplomático Brasileiro
344
A Política Externa da Primeira República (1889-1930)
345
Rubens Ricupero
Pensamento Diplomático Brasileiro
346
A Política Externa da Primeira República (1889-1930)
347
Rubens Ricupero
Pensamento Diplomático Brasileiro
348
A Política Externa da Primeira República (1889-1930)
349
Rubens Ricupero
Pensamento Diplomático Brasileiro
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A Política Externa da Primeira República (1889-1930)
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Angela Alonso1
1 Este texto se vale de materiais e argumentos presentes em meu livro Joaquim Nabuco: os Salões e
as Ruas, Companhia das Letras, 2007, sobretudo do último capítulo, e de meu artigo L´americaniste
depassé in Cunha, Diogo (Ed). Intelectuels et politique au Brésil – 19ème siècle (no prelo).
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foi nessa condição de membro da elite social, pela via dos salões
aristocráticos. Deslumbrou-o a Inglaterra e nela os modos e
relações do ministro brasileiro em Londres, o Barão de Penedo,
em cuja casa conheceu a nata política e intelectual local (NABUCO,
1900, p. 121ss).
Não foi nessa Inglaterra tão admirada que Nabuco estreou
nas lidas diplomáticas. Sua posição social, filho do líder político
José Thomaz Nabuco de Araújo, facultou-lhe acesso à dupla
carreira (pois nenhuma das duas era independente no Império)
de diplomata e de político. Havia uma hierarquia entre as duas,
sendo os postos diplomáticos pontos de espera por postos políticos.
A apreciação social como a apreciação pessoal de Nabuco era de que
a posição diplomática seria inferior em prestígio e poder à política,
que foi o que primeiro e sempre almejou.
Nabuco era, contudo, filho de um Liberal e chegava à
maioridade em tempos de governo Conservador. Os cargos
políticos, preenchidos por indicação, estavam ocupados pelos
adversários. Restava pleitear, manejando as relações na sociedade
de Corte, um posto na diplomacia. Nabuco buscou, via o pai,
posição à sombra de Penedo. Todavia, muitos outros membros
da elite social, igualmente alijados de cargos políticos, avançavam
pleitos semelhantes, o que tornava os cargos diplomáticos
disputadíssimos. Nabuco perdeu o posto na Legação em Londres,
mas virou adido de legação nos Estados Unidos. De 1876 a 1878,
viveria lá, em seu primeiro emprego. Com a tolerância do ministro
do Brasil, Antonio Pedro de Carvalho Borges, acabou fixando
residência em Nova York, de onde enviava seus despachos.
Esta primeira experiência norte-americana não foi das
mais marcantes. Seus talentos não desabrocharam, viveu em
atividade modorrenta e entusiasmo baixo. Seu deslumbramento
pela sociedade aristocrática não encontrou onde se expandir
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Joaquim Nabuco: diplomata americanista
Interregno
Na década de 1880, Nabuco brilhou como líder da campanha
pela abolição da escravidão. Mergulhou na política, tomado
intelectual e emocionalmente pela causa. A carreira de oposicionista
foi cheia de idas e vindas. Viu-se, ao longo da década, várias vezes
2 Estão referidas como CI as cartas inéditas de Joaquim Nabuco depositadas no arquivo da Fundação
Joaquim Nabuco – Fundaj, no Recife.
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Antiamericanismo
Ao fim da campanha abolicionista, quando boa parte de seus
correligionários prosseguiu na campanha-irmã, a republicana,
Nabuco se insulou num pequeno grupo de monarquistas, que
vislumbrava a possibilidade de prosseguir com as reformas sociais
sob a monarquia. Quando a República se impôs, em 1889, muitos
monarquistas a aceitaram como fato consumado. Nabuco ficou
dentre os que resistiram ao novo regime. Essa condição de opositor
fez com que passasse uma década afastado do serviço público,
tanto da política de estado quanto da diplomacia. Contudo, nesse
período emitiu opiniões sobre política externa nos panfletos e
livros que escreveu.
Nos primeiros anos do novo regime, Nabuco redigiu vários
textos de defesa do antigo regime e ataque à República, nos
quais recorria à comparação com os demais países do continente.
Sobretudo denunciava a emulação republicana das instituições
norte-americanas e equiparava o novo regime brasileiro, por
seus defeitos, à América Espanhola. Esse antiamericanismo
comparece em Por que continuo a ser Monarquista, carta aberta a
Fernando Mendes, diretor do Diário do Comércio, de 7 de setembro
de 1890, dirigido à América Espanhola, que aparece associada a
um par pernicioso, caudilhismo e ditadura militar: “A República,
nos países latinos americanos, é um governo no qual é essencial
desistir da liberdade para obter a ordem” (NABUCO, 1890b,
p. 14). Em Agradecimento aos Pernambucanos, do ano seguinte, o
antiamericanismo fica mais geral e mais patente, como “plagiarismo
Americano” (Nabuco, 1891, p. 15), em relação aos Estados Unidos
e visão negativa da América do Sul: “Eu lastimo a atitude suicida
da atual geração, arrastada por uma alucinação verbal, a de uma
palavra – república, desacreditada perante o mundo inteiro quando
acompanha o qualificativo – Sul-Americana” (NABUCO, 1891, p. 4,
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3 Para análise mais demorada dos dois livros, veja-se Alonso, 2009.
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De volta à diplomacia
Durante os anos 1890, Nabuco fez a política ao seu alcance,
como um dos articuladores do Partido Monarquista. Mas a morte
de D. Pedro II, em 1891, e o desfecho da Revolta da Armada,
abatida pelo governo de Floriano Peixoto em 1894, reduziram a
à legação americana de que a revolta tinha por fim a restauração da monarquia” (Nabuco,
1896, p. 230-1).
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6 Adiante trabalhariam consigo Raul Rio Branco, Aníbal Veloso Rabelo e cartógrafo Henri Trope, além
de um tradutor e taquígrafo e digitador.
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7 “Ao contrário de você eu não serviria para a pasta, por ser, como você diz, reformador (político,
entenda-se). Minha entrada exigiria minha inteira aceitação do atual regime constitucional, o que
não posso fazer. Não falo da República, mas do modo por que ela está organizada” (Carta de Joaquim
Nabuco a Rio Branco, 30/7/1902 CP – Nabuco 1949).
8 “[...] tivemos o Rio Branco e eu uma discussão quase acrimoniosa [...] sobre a tal questão da Legação
da Itália, que ele não se resigna a me ver renunciar. A atitude dele coage-me extraordinariamente e
se eu pudesse demitia-me de tudo [...]”. (Carta de Joaquim Nabuco a Evelina Nabuco, 14/9/1902
CI – Fundaj).
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mas pouca de Rio Branco, apesar de seus pedidos por carta. Entre
fevereiro de 1903 o trabalho começou a vir a público. Frontières du
Brésil et de la Guyane Anglaise. Le droit du Brésil, a primeira memória,
continha cinco volumes entre texto principal e anexos. A réplica dos
argumentos ingleses saiu em três volumes em agosto do mesmo
ano, sob o título La Prétention Anglaise; Notes sur la partie historique
du Premier Mémorie Anglais; La Preuve Cartographique. Em fevereiro
de 1904 saiu a última parte, os quatro volumes de tréplica: La
Construction des Mémoires Anglais; Histoire de la Zone constestée
selon le Contre-Mémoire Anglais; Reproduction des documents
anglais suivis de brèves observations; Exposé final. O trabalho todo
se alicerçava nos mesmos argumentos, sobretudo na doutrina do
uti possidetis, já usada no Segundo Reinado e mobilizada por Rio
Branco em contenciosos anteriores. Nabuco tentava demonstrar
a anterioridade brasileira no uso do território disputado, para o
que se valia de documentos, como registros de viajantes e tratados
internacionais, como de conjecturas historiográficas. Texto eivado
de citações, caudaloso, que não lembrava seu próprio estilo e nem
o de Rio Branco9.
As memórias seguiram, com seu autor, para Roma, já que
o rei Victor Emanuel, da Itália, era o árbitro da disputa. Nabuco
pôs lá em prática a “minha campanha”: vários eventos sociais, ao
longo de 1904, por meio dos quais tentou persuadir a corte italiana
da supremacia dos argumentos brasileiros vis-à-vis os ingleses.
Porém, tanto o argumento do uti possidetis quanto sua diplomacia
social fracassaram. A 14 de junho recebeu o veredito contrário.
O monarca italiano definiu a divisão do território em litígio a partir
do divisor de águas, o que dava três quintos aos ingleses, o que
a Inglaterra oferecera ao Brasil em 1891. Além disso, os ingleses
ganharam acesso à bacia do Amazonas.
9 Álvaro Lins (1995) nota que Rio Branco tinha por tática produzir peças mais secas, objetivas,
privilegiando a clareza e visando não cansar os juízes.
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Embaixador pan-americanista
Ainda quando servia na Inglaterra, Nabuco foi mudando
de opinião sobre o cenário internacional. Sua admiração juvenil
sem peias pelos ingleses foi declinando, em parte por causa
do expansionismo inglês na África e Ásia, como também em
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Pan-americanismo político
O americanismo enfático de Nabuco encontrava oposição
nos meios brasileiros. As dificuldades de transformar seu projeto
de alinhamento com os Estados Unidos em política revelaram-se
todas em dois episódios: a conferência pan-americana no Brasil,
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16 Para além disso, “The conference, in terms of concrete policy development, was of little importance”
(Dennison, 2006, p. 169).
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17 “Sabe que eu serei nomeado para a Haia” (Carta de Joaquim Nabuco a Evelina Nabuco,
25/6/1906CP – Nabuco 1949).
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18 “Mil vezes não termos ido à Haia do que sairmos de lá com a nossa inteligência abalada com os
Estados Unidos [...]” (Carta de Joaquim Nabuco a Graça Aranha, 2/9/1907, CP – Nabuco, 1949).
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Pan-americanismo cultural
Os últimos anos de Nabuco foram de perda de influência.
Incapaz de definir a linha dominante da política externa brasileira,
preso nos Estados Unidos, sem poder fazer a política americanista
como gostaria, envelhecido e doente, esperava aposentadoria ou
mudança de ministro. Mas, apesar de mais uma troca de presidente,
permanecia Rio Branco. Então, se a definição da linha política da
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Referências bibliográficas
ALENCAR, José Almino & SANTOS, Ana Maria Pessoa dos (1999).
Meu Caro Rui, meu Caro Nabuco. Rio de Janeiro, Casa de Rui Barbosa.
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LINS, Alvaro (1995). Rio Branco (Biografia). São Paulo: Ed. Alfa-
-Omega.
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NABUCO, Joaquim (1909). “Mr. Root and peace: speech at the dinner
given by the Peace Society of New York in honor of Mr. Root on February
26”. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br>.
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TOPIK, Steven (1996). Trade and Gunboats. The United States and
Brazil in the Age of Empire, Stanford, Stanford University Press.
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A política territorial
O pragmatismo realista de Paranhos o conduziu a abordar
cada problema fronteiriço na sua especificidade própria, sem se
prender por princípios absolutos. No primeiro e maior desafio
que enfrentou, a questão do Acre (1903), não hesitou em romper
(palavras dele) com a interpretação invariável do governo brasileiro
durante 35 anos no Império e na República. No último de seus
atos limítrofes, a retificação da fronteira com o Uruguai (1909),
tomou a iniciativa de abandonar um tabu que favorecia o Brasil:
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2 A opinião de Joaquim Nabuco figura em carta transcrita por Costa, 1968, p. 107.
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4 Artigo O Brasil, os Estados Unidos e o Monroismo, assinado com o pseudônimo de J. Penn no “Jornal
do Comércio” (15/5/1906) apud LINS, 1945, v. 2, 491.
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a fundação da política exterior da República
Referências bibliográficas
Burns, E. Bradford. The Unwritten Alliance Rio-Branco and
Brazilian-American Relations. New York: Columbia University
Press, 1966.
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Franco
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da estratégia de política externa
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1 O autor deseja agradecer a cooperação amigável e valiosa prestada pelo Dr. Paulo Roberto de
Almeida no preparo deste ensaio.
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4 Ibid., p. 885.
5 Ibid., p. 898.
6 Sobre a política externa daquela época, ver Eugênio Vargas Garcia, Entre América e Europa.
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estratégia de política externa
13 Melo Franco, Brazil’s Declaration of Principles [...] April 21st 1923 (Rio de Janeiro, 1923), 3,5; Afonso
Arinos, Estadista, III, p. 1148-1151. O autor agradece a gentileza do Dr. Paulo Roberto de Almeida em
lhe fornecer esta referência.
14 Afrânio de Melo Franco a Pacheco, 20 abril 1923, AHI; Leitão de Carvalho, Memórias, p. 89.
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15 Afonso Arinos, Estadista, III, p. 1158-1159; Robert A. Potash, Army and Politics in Argentina, p. 8.
16 Afonso Arinos, Estadista, III, p. 1173.
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estratégia de política externa
17 Leitura indispensável sobre o esforço do Brasil para conseguir um posto permanente no Conselho da
Liga é Eugênio Vargas Garcia, O Brasil e a Liga das Nações, 1919-1926.
18 Afonso Arinos, Estadista, III, p. 1178-1179, 1215-1221; Afrânio de Melo Franco a Ana Leopoldina de
Melo Franco, 7 fev. 1925, Arquivo Virgílio de Melo Franco (doravante VMF).
19 Afonso Arinos, Estadista, III, p. 1173, 1175.
20 Afrânio de Melo Franco a Pacheco, 9/9/1925, AHI.
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Pensamento Diplomático Brasileiro
21 Afrânio de Melo Franco a Pacheco, 19/3/1925, Arquivo Afrânio de Melo Franco (doravante AMF).
Sir Robert Vansittart, chefe do Departamento Americano do Foreign Office naquela época,
indiretamente dava razão a Melo Franco, lembrando que os diplomatas britânicos desprezavam a
América Latina. Vansittart; citado em Stanley E. Hilton, “Latin America and Western Europe, 1880-
-1945”, p. 5.
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estratégia de política externa
22 Afrânio de Melo Franco a Pacheco (para Bernardes), 15/2/1926, Afonso Arinos, Estadista, III, p. 1239;
Afrânio de Melo Franco a Pacheco, 20/2, 28/2/1926, AHI.
23 Bernardes a Afrânio de Melo Franco, 5/3/1926; Pacheco a Afrânio de Melo Franco, 7, 9, 11 março
1926, AHI.
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24 Afrânio de Melo Franco a Afrânio de Melo Franco Filho, 26 março 1926, Arquivo Afrânio de Melo
Franco Filho (doravante AMFF), particular, Rio de Janeiro; Afrânio de Melo Franco a Bernardes,
12 março 1926, Afonso Arinos, Estadista, III, p. 1243.
25 Afrânio de Melo Franco a Pacheco, 17/3/1926, AMF; Afonso Arinos, Estadista, III, p. 1246.
26 Embaixador britânico (Buenos Aires) ao Foreign Office, 24/3, 3/5/1926, Records of the Foreign office
(doravante RFO); Afonso Arinos, Estadista, III, p. 1266-1271.
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Afrânio de Melo Franco: a consolidação da
estratégia de política externa
Chanceler da Revolução
A Revolução de 1930, que pôs fim à República Velha, foi o
grande divisor de águas da História do Brasil, inaugurando uma
era de centralização político-administrativa e rápidas mudanças
econômico-sociais. Além de sua comprovada habilidade e
experiência no setor diplomático, Melo Franco gozava de imenso
prestígio no meio “revolucionário” por ter sido o principal elemento
na negociação da aliança política entre Minas Gerais e Rio Grande
do Sul, que resultara no lançamento da candidatura oposicionista
27 Afrânio de Melo Franco a Otávio Mangabeira, 10/5, 23/2/1927, Arquivo Otávio Mangabeira,
particular, Rio de Janeiro; Afrânio de Melo Franco a Melo Franco Filho, 28/6/1926, 9/10/1927, AMFF;
Afrânio de Melo Franco a Austen Chamberlain, 26/2/1927, AMF; Afrânio de Melo Franco a Pacheco,
4/2/1929, Arquivo Felix Pacheco, particular, Rio de Janeiro.
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Pensamento Diplomático Brasileiro
28 João Neves da Fontoura, Memórias, p. 51; Afonso Arinos, Estadista, III, p. 1305-1355; Oswaldo Aranha
a Afonso Arinos, 30/6/1955, Arquivo Oswaldo Aranha (doravante OA); Getúlio Vargas a Afrânio de
Melo Franco, 14/12/1931, Arquivo Getúlio Vargas (doravante GV). Sobre a Revolução de 1930, ver
Stanley E. Hilton, Oswaldo Aranha, e Luiz Aranha Corrêa do Lago, Oswaldo Aranha.
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estratégia de política externa
29 Oswaldo Aranha a Afonso Arinos, 30/6/1955, OA; Afrânio de Melo Franco a Caio de Melo Franco e
Afrânio de Melo Franco Filho, 8/12/1930, 1/2/1931; Afrânio de Melo Franco a Caio de Melo Franco,
29/3/1931, VMF.
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Pensamento Diplomático Brasileiro
30 Afrânio de Melo Franco (Genebra) a Melo Franco Filho, 5/1/1925; Afrânio de Melo Franco a Zaide
e Jaime Chermont, 11/12/1930; Afrânio de Melo Franco a Afrânio de Melo Franco Filho, 2/12/1930,
AMFF. Segundo um levantamento feito pelo secretário-geral do Itamaraty, 63% dos funcionários não
estavam em seus postos quando Melo Franco assumiu a pasta. Afonso Arinos, Estadista, III, p. 1374.
31 Gregório da Fonseca (Casa Civil da Presidência da República) a Melo Franco, 11/11, 12/11, 3/12,
8/12/1930, AHI 292/2/2.
32 Afrânio de Melo Franco a Zaide e Jaime Chermont, 8/12/1930, VMF.
33 Afrânio de Melo Franco a Vargas, 4/12/1930, Arquivo Presidência da República (doravante PR);
Afrânio de Melo Franco a Caio de Melo Franco, 12/1, 29/3/1931, VMF; ministro da Fazenda a Afrânio
de Melo Franco, 10/4/1931, AMF.
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Afrânio de Melo Franco: a consolidação da
estratégia de política externa
34 Afrânio de Melo Franco a Vargas, 24/11/1931, PR; Afonso Arinos, Estadista, III, p. 1374-1375; Emb.
William Seeds (Rio de Janeiro) ao Foreign Office, 11/8/1931, RFO 371, W9794/8838/98.
35 Afrânio de Melo Franco a Aranha, 22 fev. 1935, OA. O texto do decreto-lei encontra-se em Ministério
das Relações Exteriores (doravante MRE), Relatório apresentado ao Chefe do Governo Provisório [...]
1931, II, Anexo C, 25-32. Para análise cuidadosa da reforma, ver Flávio Mendes de Oliveira Castro, Dois
Séculos de História da Organização do Itamaraty, p. 315-321. Caberia ao chanceler Oswaldo Aranha
completar a fusão total dos quadros.
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36 Afrânio de Melo Franco a Vargas, 19/1/1931, PR; Afrânio de Melo Franco a Caio de Melo Franco, 16/2,
1/2/1931, VMF; MRE, Relatório [ . . . ] 1931, I, xiv-xv.
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estratégia de política externa
37 Para uma análise cuidadosa, baseada em uma extraordinária riqueza de fontes, da atuação do
Itamaraty face à crise do Chaco durante o período de Melo Franco, ver Francisco Doratioto, Relações
Brasil-Paraguai, p. 387-408.
38 MRE à Legação Brasileira (La Paz), 11/4/1932, AHI.
39 Afonso Arinos, Estadista, III, p. 1384-1406; Hugh Gibson ao Departamento de Estado, set. 1933, United
States, Department of State, Foreign Relations of the United States [doravante FRUS], Diplomatic
Papers, 1933, V; Doratioto, Relações Brasil-Paraguai, p. 404.
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40 Hilton, “Brazil and the Post-Versailles World”, p. 357-358, e Hilton, “Vargas and Brazilian Economic
Development, 1930-1945”, p. 769; Legação do Paraguai ao MRE, 17/1/1934, AHI. Doratioto, Relações
Brasil-Paraguai, capítulos 4 e 5, oferece uma discussão pormenorizada das tentativas feitas pelo Brasil
para estreitar as relações com o Paraguai antes de 1930.
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estratégia de política externa
41 Sérgio Corrêa da Costa, A diplomacia brasileira na questão de Letícia; Afrânio de Melo Franco a Vargas,
10/3/1933, PR.
42 Afonso Arinos, Estadista, III, p. 1448-1463.
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43 Afrânio de Melo Franco a Hipólito Irigoyen, [?] abril 1928, Afonso Arinos, Estadista, III, p. 1297; Afrânio
de Melo Franco à Embaixada do Brasil (Buenos Aires), 11/6/1931, AHI; Afrânio de Melo Franco ao
embaixador João F. de Assis Brasil, 25/1/1933, AAMF.
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Afrânio de Melo Franco: a consolidação da
estratégia de política externa
44 Afrânio de Melo Franco a Caio de Melo Franco, 1/10/1933, VMF; MRE, Circular N. 741, 28/12/1932,
“A Versão Oficial, Parte VI,”, p. 74-81; Afrânio de Melo Franco a Orlando Leite Ribeiro (Buenos Aires),
17/10/1932, GV; Getúlio Vargas, Diário, vol. I, p. 243.
45 Almirante José Maria do Penido (Escola de Guerra Naval) ao ministro da Marinha, 2/12/1930; Afrânio
de Melo Franco a Penido, 3/12/1930; Afrânio de Melo Franco a Edwin Morgan, 4/12/1930, AHI.
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Stanley Hilton
Pensamento Diplomático Brasileiro
46 Afrânio de Melo Franco a Hildebrando Acioy, 10/4/1933, Arquivo Hildebrando Acioly (doravante HA;
Hugh Gibson a J. Phillip Groves, 25/9/1933, Caixa 46, Coleção Hugh Gibson (doravante HG), Hoover
Institute, Stanford University, EUA ; João F. Assis Brasil, relatório, 9/6/1933, AHI; Gibson ao Depto. de
Estado, 21/8/1933, FRUS, 1933, V, 13, 18;Stanley E. Hilton, Brazil and the Great Powers, 1930-1939, p. 50.
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Afrânio de Melo Franco: a consolidação da
estratégia de política externa
47 Afrânio de Melo Franco a Afonso Arinos, 19/4/1932, AAMF; vice-almirante Augusto C. De Sousa
e Silva a Afrânio de Melo Franco, 7/1/1931, AMF; general Augusto Tasso Fragosos ao ministro da
Guerra, 29/10/1931; chefe, Estado-Maior da Armada, ao ministro da Marinha, 6/11/1931, Arquivo
José Carlos de Macedo Soares (doravante JCMS); ministro da Marinha a Afrânio de Melo Franco,
24/11/1931; Afrânio de Melo Franco ao embaixador Raul Regis de Oliveira (Londres), 25/11/1931;
Afrânio de Melo Franco à Embaixada Brasileira (Washington), 28/11/1931, AHI; Hilton, Brazil and the
Great Powers, p. 113-114.
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Stanley Hilton
Pensamento Diplomático Brasileiro
48 Afonso Arinos, Estadista, III, p. 1397-1405; Embaixador dos EE.UU. (Rio) ao Departamento de Estado,
26/7/1933, FRUS, 1933, V, p. 350; Foreign Office, memorando, 29/11/1933, RFO 371/16515. Um oficial
do Foreign Office chegaria a atribuir ao Itamaraty o propósito de querer sabotar a atuação da Liga na
América do Sul. Robert Craigie, memorando, 22/1/1934, RFO 371/17441.
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Afrânio de Melo Franco: a consolidação da
estratégia de política externa
49 Stanley E. Hilton, Rebelião Vermelha, capítulo 5; Hilton, Brazil and the Soviet Challenge, 1917-1947,
cap. 2. Para as restrições sobre imigração, ver MRE, Circular Reservado N. 637, 10/10/1931, “A Versão
Oficial”, p. 39-40. Sobre as atividades comunistas no Brasil e as de Luís Carlos Prestes na União
Soviética, ver também Paulo Sérgio Pinheiro, Estratégias da Ilusão.
50 Stanley E. Hilton, A Guerra Civil Brasileira, p. 223-229.
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Stanley Hilton
Pensamento Diplomático Brasileiro
51 Afonso Arinos, Estadista, III, p. 1503-1507; Afrânio de Melo Franco a Hildebrando Acioly, 30/12/1933,
HA; Afrânio de Melo Franco a Vargas, 10/1/1934, GV.
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Afrânio de Melo Franco: a consolidação da
estratégia de política externa
52 Afonso Arinos, Estadista, III, p. 1466-1484; Seeds ao Foreign Office, 19/1/1934, RFO 371/17485; Gibson
ao Departamento de Estado, 29/1/1934; Cordell Hull a Gibson, 4/4/1934; Gibson ao Departamento
de Estado, 1/6/1934, FRUS, 1934, IV, p. 321, 332, 360.
53 Afonso Arinos, Estadista, III, p. 1512-1513; Afrânio de Melo Franco a Caio de Melo Franco, 18/10/1935,
VMF; Gibson ao subsecretário de Estado Sumner Welles, 27/9/1934, HG.
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Stanley Hilton
Pensamento Diplomático Brasileiro
54 Afrânio de Melo Franco a Melo Franco Filho, 7/9/1935, 18/9/1938, 5/10/1938, AMFF; Afrânio de Melo
Franco a Caio de Melo Franco, 5/10/1938, VMF. Melo Franco.
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Afrânio de Melo Franco: a consolidação da
estratégia de política externa
55 Afrânio de Melo Franco (Lima) a Aranha, 20/12, 22/121938, AHI; Rosalina Coelho Lisboa Miller a
Aranha, s.d., OA; Cordell Hull, Memoirs, I, p. 605; Afonso Arinos, Estadista, III, p. 1569-1587.
56 Afrânio de Melo Franco a Melo Franco Filho, 8/2/1939, AMFF; Afrânio de Melo Franco a Acioly,
13/5/1939, HA.
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Pensamento Diplomático Brasileiro
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estratégia de política externa
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Pensamento Diplomático Brasileiro
60 Ver, por exemplo, os telegramas a Vargas enviados pelos presidentes da Bolívia, do Peru, e da
Venezuela, PR. Ver também Afonso Arinos, Estadista, III, p. 1623-1624.
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estratégia de política externa