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Índice

1. EXIGÊNCIAS FUNCIONAIS DAS EDIFICAÇÕES. ............................... 4

1.1 Exigências de segurança ......................................................................................... 4

1.2 Exigências de habitabilidade ................................................................................... 7

1.3 Exigências de economia ........................................................................................ 12

1.4 Regulamento geral das edificações urbanas ....................................................... 14

1.4.1 Disposições de natureza administrativa .............................................................................14

1.4.2 Condições gerais das edificações .......................................................................................15

1.4.3 Condições especiais relativas à salubridade .......................................................................17

1.4.4 Condições especiais relativas à estética das edificações ....................................................21

2. COMPORTAMENTO TERMO HIGROMÉTRICO DE EDIFÍCIOS .........22

2.1 Nota histórica .......................................................................................................... 22

2.2 Transmissão térmica .............................................................................................. 22

2.3 Condensação e permeabilidade ao vapor de água ............................................. 25

2.4 Conforto térmico ..................................................................................................... 34

2.5 Balanço energético ................................................................................................. 37

2.6 Regulamento das características de comportamento térmico dos edifícios ... 40

2.6.1 Índices e parâmetros de caracterização ..............................................................................42

2.6.1.1 Índices fundamentais .....................................................................................................42

2.6.1.2 Parâmetros térmicos adicionais .....................................................................................44

2.6.2 Verificação das exigências regulamentares ........................................................................52

2.6.2.1 Exclusão automática ......................................................................................................52

2.6.2.2 Verificação automática ..................................................................................................53

2.6.2.3 Verificação pelo método geral.......................................................................................54

1 Bom estudo...
Índice de tabelas

Tabela 1 – Resistência térmica superficial .............................................................................. 23

Tabela 2 – Escala do índice PMV ........................................................................................... 35

Tabela 3 – Classes de inércia térmica .................................................................................... 44

Tabela 4 – Factores solares de vários materiais ..................................................................... 46

Tabela 5 – Factores solares do vidro ...................................................................................... 47

Tabela 6 – Factores solares das protecções .......................................................................... 47

Tabela 7 – Classes de exposição ........................................................................................... 50

Tabela 8 – Taxas de renovação de ar..................................................................................... 50

Tabela 9 – Coeficientes de transmissão térmica máximos ..................................................... 52

Tabela 10 – Factor solar máximo ............................................................................................ 53

Tabela 11 – Coeficientes de transmissão térmica................................................................... 53

Tabela 12 – Factores solares máximos admissíveis ............................................................... 53

Tabela 18 - Produção de vapor e dióxido de carbono em combustão .................................... 89

Tabela 19 - Libertação de calor, produção de dióxido de carbono e vapor de água no


metabolismo humano ..................................................................................................... 89

Tabela 20 - Produção de vapor em actividades domésticas ................................................... 89

2 Bom estudo...
Índice de ilustrações

Ilustração 1 – Diagrama psicrométrico ................................................................................... 26

Ilustração 4 – Relação entre PMV e PPD ............................................................................... 36

Ilustração 5 – Balanço energético de Inverno......................................................................... 38

Ilustração 6 – Balanço energético de Verão ........................................................................... 38

Ilustração 7 – Exemplo de inércia térmica .............................................................................. 39

3 Bom estudo...
1. Exigências funcionais das edificações.

Antes de desenvolver o conceito de exigência funcional interessa abordar o conceito de


edificar pois é deste que derivam todas as exigências.

Pode dizer-se que edificar é resolver o problema posto pela satisfação das exigências dos
utentes no desempenho das funções para que o edifício é concebido. Neste sentido para
edificar várias questões se colocam: Qual o utente da edificação? Qual a função do edifício?
Qual o grau de satisfação aceitável? Que exigências se devem formular à construção do seu
conjunto e aos seus elementos em particular? Quais as soluções que satisfazem os requisitos
dentro dos limites económicos? E muitas outras.

Desta breve análise conclui-se que a solução de qualquer edificação tem que passar por um
estudo de todas estas vertentes e que por isso não é aceitável a solução do tipo receita.

Nesta abordagem analisar-se-á apenas o utente homem. O homem tem necessidades de


diversas ordens, que podem ser agrupadas em três grandes grupos: necessidades
fisiológicas, psicológicas e sócio-económicas.

As exigências funcionais podem definir-se como requisitos que determinadas necessidades


dos utentes põem à utilização do todo ou parte do edifício em que aqueles exercem funções
apropriadas. Sem se pretender uma enumeração exaustiva das exigências funcionais,
enumeram-se algumas, que se consideram mais importantes.

1.1 Exigências de segurança

O edifício deve assegurar a protecção da vida e da integridade física dos habitantes, perante
causas físicas ou mecânicas que a agridam ou ponham em risco. Além disso, a habitação
deve, pela sua própria construção e constituição, evitar a sensação de insegurança dos
utentes do edifício.

Segurança estrutural

Sob solicitações de ocorrência habitual

4 Bom estudo...
- Acções quase permanentes ou frequentes - Todos os elementos constituintes da
construção devem ser dimensionados de modo a suportarem todas as combinações de
acções a que a obra será sujeita, em condições normais de usos e serviço. Como acções,
consideram-se as solicitações de pesos próprios, as sobrecargas de utilização e as
solicitações climáticas típicas da região onde a construção se insere. A capacidade de
resistir a estas acções deverá ser majorada por um coeficiente de segurança adequado.

Sob solicitações de ocorrência excepcional

- Sismos fortes, furacões, etc. - As acções de carácter excepcional como as acções de


sismos ou de ventos ciclónicos, deverão ser ponderadas dentro de limites de probabilidade
de ocorrência, de modo a assegurar a resistência da construção e salvaguardar a vida dos
habitantes. Admite-se, no caso dos sismos, que a habitação possa sofrer danos graves e
mesmo ruir, mas o colapso não deve ocorrer antes da evacuação dos ocupantes, ou
impedir a mesma.

Sob solicitações de acidente

- Explosões, desmoronamentos, etc. - Todos os elementos da construção devem ser


dimensionados e executados a suportarem as solicitações decorrentes de acidentes no
uso corrente do espaço, como choques devido à queda de pessoas ou objectos e impulsos
de pessoas empurradas ou tombando em desequilíbrio sobre elementos divisórios do
espaço. Esta regra aplica-se nomeadamente a pavimentos, paredes internas e externas,
escadas, coberturas, fachadas ligeiras, janelas, portas, panos de peito, guardas de janelas,
varandas e galerias exteriores de acesso.

Segurança contra riscos de incêndio

No caso da eclosão e desenvolvimento de um incêndio, o edifício e os caminhos de ligação


ao exterior devem ser dispostos de maneira que permitam efectuar, em tempo útil, a
evacuação de todos os habitantes, sem pôr em risco a sua vida e integridade física, mesmo
que o efeito final seja a ruína da construção. Terão de ser tomados em conta os vários efeitos
do incêndio: a acção directa e propagação do fogo, gases tóxicos, fumos de opacidade
elevada e a situação de pânico criada pelos ocupantes. Não esquecer que as vias de acesso
ao edifício deverão permitir a circulação de viaturas de bombeiros e que o porte dos edifícios

5 Bom estudo...
deverá ser limitado à altura útil das escadas de bombeiros disponíveis nas corporações da
área.

- Contenção do incêndio de modo a que se possa realizar a evacuação dos utentes


- Estabilidade da construção e resistência à propagação do incêndio durante o tempo
necessário à evacuação
- Meios de redução do risco de pânico
- Meios de combate eficaz ao incêndio

Segurança na ocupação e uso

Acessos e circulação

- Os pisos dos edifícios e dos seus acessos devem ter constituição, forma e revestimentos
tais, que não provoquem acidentes na circulação de pessoas. Os revestimentos não
devem formar uma superfície escorregadia, mesmo quando molhados. Devem evitar-se os
ressaltos do pavimento de nível inferior aos dos degraus correntes, exceptuando os
ressaltos de soleiras das portas de entrada, de varandas ou de outras divisões confinadas,
através das quais não há circulação. Não deve haver elementos salientes do tecto ou das
paredes a nível correspondente ou inferior ao da altura dos habitantes, nem mesmo no
exterior, como palas, toldos, persianas projectáveis ou folhas de janela basculantes. Os
elementos divisórios envidraçados devem ser visivelmente assinalados para evitar
acidentes de obstrução e choque por falta de perceptibilidade. Todos os acessos à
habitação – escadas, entradas, galerias e patamares – devem dispor de iluminação,
comandada de pontos claramente visíveis. Quando existem ascensores, estes devem
estar preparados, em caso de avaria, de dispositivos que impeçam a queda dos mesmos,
e os comandos externos não devem possibilitar a abertura das portas quando o elevador
se encontra em piso diferente ou em manobra

Uso de equipamento

- Qualquer equipamento instalado na habitação ou nas zonas contíguas deve ser, em


condições normais, seguro no que respeita a riscos de explosão, electrocussão, libertação
de gases tóxicos ou qualquer outro acidente de funcionamento que faça perigar a
integridade física dos habitantes ou que danifique a construção. Caso, pela sua natureza, o

6 Bom estudo...
equipamento não possa garantir essas condições de segurança, deverá ser instalado em
local seguro e em recintos adequados, com a protecção necessária e a ele só deve ter
acesso pessoal de manutenção e manobra.

Protecção contra quedas de andares

- A altura dos peitoris dos vãos das janelas e das guardas de janelas baixas, de varandas,
de escadas, de galerias e de terraços, deve ser suficiente para impedir a queda acidental
das pessoas que nelas se debruçam. No caso das guardas descontínuas abertas para o
exterior, o espaçamento entre as peças que constituem a guarda não deve permitir a
passagem de pessoas, especialmente de crianças de pouca idade, nem devem ter uma
forma tal que convidem as crianças a trepar nelas e se debruçarem perigosamente. Os
elementos de vãos que abrem para o exterior devem ser de manobra fácil e segura, sem
exigir que as pessoas se debrucem em risco de queda. Também os estendais de roupa
fixados no exterior, devem ser instalados em posição facilmente acessível do interior.
Atendendo à circulação de pessoas no exterior do edifício, todos os elementos apostos à
construção – forros de fachada, cimalhas, guardas de varanda, grelhagem, palas de
sombreamento, peças de preenchimento dos vãos, etc. – sejam constituídos por materiais
resistentes e seguramente fixados, de modo a evitar que por fractura frágil, por
destacamento ou descolamento, venham a cair imprevistamente

Protecção contra intrusões

- Os elementos de construção da envolvente do edifício – paredes, coberturas, pavimentos,


janelas portas, etc. – devem conferir a protecção necessária contra a intrusão de pessoas,
animais ou objectos.

1.2 Exigências de habitabilidade

Através das quais se pretende garantir a realização das diferentes actividades sem qualquer
tipo de risco para a integridade do utente e com o nível de comodidade definido.

Realização das actividades

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A habitação deve dispor de espaços diferenciados e compartimentados para o exercício das
diversas funções de habitar. A forma e dimensões destes espaços e a sua localização relativa
são factores importantes de conforto. Além da disponibilidade de área, outros factores de
definição e de proporção dos espaços interessam ao conforto na ocupação.

Áreas disponíveis

Relação comprimento /largura

- No que respeita às proporções de espaço, o CIB recomenda, por razões de aspecto do


espaço visto, que nas salas, quartos e cozinha, a menor dimensão deve ser a de altura e
em divisões com menos de 20 m2, a relação entre comprimento e largura não deve
exceder 1,6.

Raio mínimo

- As instalações sanitárias e de banho devem ter dimensões apropriadas ao acesso e


manobra de cadeiras de rodas e ser providas de corrimãos de apoio para facilitar o seu
uso.

Pé-direito

Condições de higiene

Higiene pessoal

- Todas as habitações devem ser providas com instalações apropriadas para satisfazer as
necessidades fisiológicas e de higiene pessoal dos seus habitantes. Os equipamentos
mínimos são: bacias de retrete, com respectivo autoclismo e sifão; bidés com água quente
e fria; lavatórios com água quente e fria; banheiras e/ou chuveiros com água quente e fria
e eventualmente lava-mãos com água fria. O número de aparelhos deve ser relacionado
com o número de habitantes.

Abastecimento de águas

8 Bom estudo...
- As habitações devem dispor de abastecimento de água potável e normalmente todas as
saídas de água da habitação deverão ser de água potável. Se houver carências no
abastecimento de água potável, admite-se o uso de água não potável, desde que não seja
poluída ou insalubre, e só deve ser usada para descargas de limpeza de retretes e pias,
lavagem de roupa e rega.

Evacuação de águas residuais e outros detritos

- Todas as habitações devem dispor de canalizações de águas residuais domésticas –


higiene pessoal, lavagem de roupa e louça, limpeza da habitação, pias de retrete – de
modo a que não se produzam efeitos de acumulação e fermentação dos esgotos, com
riscos inerentes da disseminação de agentes patogénicos, da libertação de gases nocivos
e de odores incómodos. A evacuação das águas deve ser feita tão silenciosamente quanto
possível.

Pureza do ar ambiente

- A selecção correcta dos materiais de construção e das condições de renovação de ar


devem garantir que a qualidade de ar no interior da habitação seja continuamente própria.
Evitar a acumulação de gases perigosos para a saúde e evitar os maus cheiros.

Limpeza e desinfecção dos locais

- As habitações devem ter dispositivos próprios para a lavagem da loiça, preferencialmente


situados na cozinha e com acesso de água quente e fria e se possível, com câmaras de
retenção de detritos e gorduras. A lavagem e secagem de roupas deve ser feita num
espaço anexo à cozinha, devidamente arejado para a secagem natural da roupa. Estes
locais devem dispor de acabamentos que permitam a fácil limpeza e desinfecção sem
perigo de danificação rápida dos materiais de revestimento.

Estanquidade

- Ao ar, gases, poeiras e outros materiais


- À água

Conforto termo higrométrico

9 Bom estudo...
A definição do nível de exigências de equilíbrio termo higrométrico na habitação,
correspondente a condições de conforto, consiste na quantificação dos factores ambientais:
temperatura do ar, temperatura radiante do contorno, humidade relativa e a velocidade do
movimento do ar. Disposições internacionais aconselharam, para um país de clima europeu,
com vestuário comum na Europa e em áreas de habitação corrente, os seguintes valores
médios:

Condições de Verão Velocidade do ar Nula


Temperatura do ar e radiante do contorno 26,5 ºC
Humidade relativa 70 %
Temperatura efectiva 24 ºC
Condições de Inverno Velocidade do ar Nula
Temperatura do ar e radiante do contorno 20 ºC
Humidade relativa 60 %
Temperatura efectiva 20 ºC

No caso de casas de banho e de locais de permanência de crianças ou idosos e em


condições de Inverno, a temperatura do ar e radiante do contorno, bem como a temperatura
resultante seca deve aumentar para 22 ºC. A temperatura superficial dos pisos não deve ser
superior a 26 ºC.

- Temperatura
- Humidade
- Velocidade do ar
- Temperatura radiante de contorno
- Nível de actividade
- Resistência térmica do vestuário

Conforto acústico

O mau conforto acústico numa habitação poderá levar à perturbação da convivência do


próprio agregado familiar, bem como a conflitos nas relações com a vizinhança, ou desde o
incómodo importuno até ao trauma psíquico. A prevenção do desconforto acústico numa
habitação passa por algumas regras que deverão ser observadas em projecto e
complementadas com soluções específicas, para casos específicos. Algumas dessas regras
são: as plantas dos fogos devem ser organizadas de modo a afastar os locais de repouso dos
locais de trabalho; entre fogos adjacentes, deve evitar-se que haja contiguidade entre zonas

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de trabalho de um e zonas de repouso do outro; entre fogos sobrepostos, deverá dispor-se
em prumadas comuns os espaços de ocupação idêntica, nos vários andares; as dimensões,
geometria e acabamento das divisões, devem assegurar um tempo de reverberação não
superior a 1s.

- Nível sonoro do ruído ambiente


- Limitação dos ruídos de impacto
- Limitação dos ruídos devidos ao equipamento
- Limitação dos ruídos devidos ao tráfego
- Limitação dos ruídos de percussão

Conforto visual

Exige-se que a luz no interior de uma habitação seja estável, de boa qualidade, que o nível
de luminosidade deve ser adequado às actividades que se exercem, que esse nível não
ultrapasse valores susceptíveis de criar incomodidade e que se evitem contrastes de
luminosidade capazes de criar ofuscamento. Apresentam-se as recomendações do CIB:

Nível mínimo de iluminação

- Níveis de iluminação geral: o valor mínimo da iluminação ambiente 20 lux.; em salas e


quartos de criança 200 lux.; em escadas e circulações internas 150 lux.; em salas de
banho 100 lux.; em quartos 70 lux.. Níveis de iluminação de trabalhos específicos, sobre o
plano de trabalho: mesas, bancadas de cozinha, fogões, lava-loiças 200 lux.; leitura
intermitente 300 lux.; leitura prolongada, costura, estudos e sobre espelhos 500 lux.;
trabalho de tipo oficinal 300 lux..

Nível máximo de incomodidade

- Dado que a luz do sol tem uma intensidade média de 100 000 lux, os compartimentos
sujeitos à acção directa da luz solar podem atingir níveis de iluminação de muitas centenas
de lux, ou mesmo de milhares. Nesses casos, aconselham-se que os planos de trabalho
sejam mantidos ao abrigo da incidência directa da luz do sol. Quer em iluminação artificial,
quer em iluminação natural, quando a sua luminância for superior a 300 cd/m2, a fonte de

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iluminação deverá estar situada de modo que o seu ângulo de visão acima da horizontal
seja superior a 80º.

Estabilidade da luz e contrastes luminosos

- No caso de luz artificial, a luminância máxima instantânea da fonte luminosa, não exceder
em mais de 20% a sua luminância média. O índice de reprodução cromática da fonte
luminosa – média das percentagens de energia luminosa radiada nas 8 bandas espectrais
normalizadas internacionalmente – deve ser superior a 70%. As zonas simultaneamente
contidas no campo de visão, não devem ter luminâncias cuja relação de valores seja
superior a 30. No entanto, esta condição não é conseguida quando se olha para um janela
pelo interior, pois a relação entre as luminâncias do vidro e do caixilho, é frequentemente
superior a este valor.

Necessidades de obscurecimento

- Para efeitos de repouso e sono, os vãos de iluminação das divisões deverão ser dotados
de dispositivos que permitam o obscurecimento para valores do nível de iluminação
inferiores a 0,2 lux.

Aspecto

- Deve ser agradável e conservar-se no tempo


- Qualidade das superfícies
- Visão para o exterior

1.3 Exigências de economia

Condicionam todas as outras e por isso têm grande importância na definição dos níveis de
qualidade definidos. As exigências de economia deverão incidir na concepção e projecto, na
execução, na manutenção e conservação das construções.

Limitação do custo global

Na fase da execução, a exigência de economia é a da eficácia na condução e realização do


trabalho, fazendo apelo ao suporte do planeamento, da gestão e do controle. Poderá afirmar-

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se que a economia está subjacente a um conceito de durabilidade da construção. Assim, a
escolha de materiais baratos, mas de fraca qualidade, na fase de projecto, poderá levar
futuramente a custos adicionais que poderiam ser evitados se fossem usados materiais de
qualidade superior, na altura da execução. É frequente o caso do arrependimento por parte
dos donos de obra de terem optado pela minimização exagerada de custos na fase da
construção, fazendo por vezes a substituição de alguns materiais por outros de qualidade
superior numa fase tardia, acarretando custos e incómodos que poderiam ter sido evitados,
se estivessem mais bem informados desde o início.

- Custos iniciais
- Custos de manutenção
- Financiamento

Durabilidade

Embora para efeitos de cálculo de amortização do investimento seja corrente admitir um


prazo de 50 anos para a vida útil dos edifícios, é patente que os edifícios de construção
minimamente cuidada se podem manter válidos para além desse prazo mercê da sua
conservação normal e da substituição das partes da obra reconhecidamente perecíveis. A
título indicativo, referem-se os prazos mínimos de durabilidade para alguns elementos não
tradicionais de construção: Durabilidade ≥ 50 anos: construções com painéis pré-fabricados;
fachadas leves; divisórias leves; pavimentos não tradicionais; janelas e portas interiores;
instalações de esgotos domésticos. Durabilidade ≥ 20 anos: persianas. Durabilidade ≥ 10
anos: impermeabilizações de coberturas; mástiques para vedação de juntas.

- Conservação da qualidade
- Facilidades de manutenção

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1.4 Regulamento geral das edificações urbanas

Neste sub capítulo apenas se fará uma apresentação muito sumária dos artigos do
regulamento que nos parecem mais importantes. A presente abordagem não substitui a
consulta integral do regulamento.

1.4.1 Disposições de natureza administrativa

Artigo 1º - Âmbito do RGEU

Subordinar-se-ão às disposições do presente regulamento a execução de novas obras de


construção civil e a reconstrução, ampliação, alteração, reparação ou demolição das
edificações e obras existentes.

Artigo 2º - Licenças

A execução das obras e trabalhos a que alude o Artigo anterior não poderá ser levada a
efeito sem a prévia licença das câmaras municipais.

Esta licença poderá ser dispensada tratando-se de obras de pequena importância sob o
ponto de vista da salubridade, segurança ou estética.

Competirá também às Câmaras a fiscalização do cumprimento deste regulamento.

Artigo 4º - Responsabilidade do dono de obra

A concessão da licença e o exercício da fiscalização municipal não isentam o Dono-de-Obra


da responsabilidade pela condução dos trabalhos de acordo com as prescrições
regulamentares.

Artigo 7º - Início das obras

As obras não poderão começar sem que, caso seja necessário, a Câmara fixe o alinhamento
de acordo com o plano geral e forneça a cota de nível.

14 Bom estudo...
Artigo 7º - Licença de Utilização

A utilização de qualquer edificação nova, reconstruída, ampliada ou alterada carece de


licença municipal.

As câmaras só poderão conceder esta licença após a realização das vistorias.

Artigo 9º - Manutenção

As edificações existentes deverão ser reparadas e beneficiadas pelo menos uma vez em
cada período de 8 anos.

Artigo 10º - Manutenção “forçada”

As câmaras Municipais poderão obrigar à execução de obras que julguem necessárias para
corrigir eventuais más condições de salubridade, solidez ou segurança contra o risco de
incêndio.

As câmaras deverão ainda ordenar a demolição das construções que ofereçam perigo para a
saúde pública.

Artigo 11º - Expropriações

Poderão ser expropriadas as edificações que devam ser demolidas para a realização de
plano de urbanização aprovado.

1.4.2 Condições gerais das edificações

Artigo 15º - Generalidades

Todas as edificações deverão ser construídas de acordo com as normas da arte de bem
construir.

Artigo 18º - Estabilidade das fundações

As fundações dos edifícios serão estabelecidas sobre terrenos estáveis e firmes de forma a
suportarem as solicitações nas condições de utilização mais desfavoráveis.

15 Bom estudo...
Artigo 19º - Características das fundações

As características das fundações devem respeitar tensão admissível no terreno, assegurar


distribuição das cargas, etc..

Artigo 20º ao 22º - Fundações indirectas

Poderá ser necessário recorrer a fundações indirectas. Nestes casos é essencial um estudo
do terreno.

Artigo 23º - Paredes - generalidades

As paredes serão construídas tendo em vista as exigências de segurança, e de salubridade


(humidade, variações de temperatura e propagação de ruídos).

Artigo 31º - Casas de banho

As paredes das casas de banho, cozinhas e locais de lavagem serão revestidas até, pelo
menos, 1.5m de altura com material impermeável e facilmente lavável.

Artigo 40º - Pavimentos de pisos térreos

Os pavimentos de pisos térreos devem ser assentes sobre camadas impermeáveis e no caso
de serem de madeira deverão ter caixa de ar ventilada.

Artigo 43º - Coberturas de betão armado em terraços

Deverão utilizar-se materiais e processos de construção que assegurem a impermeabilidade


da cobertura e protejam a edificação das variações de temperatura exterior.

Artigo 44º - Algerozes

Os algerozes deverão estar preparados para impedir infiltrações nas paredes e


dimensionados de acordo com a cobertura da qual recebem as águas. Deve também estar
previsto o percurso das águas no caso de se verificar um entupimento de um tubo de queda a
jusante.

16 Bom estudo...
Artigo 45º - Comunicações verticais

As escadas de acesso dos edifícios devem ser seguras, amplas, bem iluminadas, ventiladas
e de cómoda utilização.

Artigo 46º - Características das escadas

São definidas as dimensões das escadas, nomeadamente, largura dos lanços, patamares,
espelhos e cobertores.

Artigo 50º - Necessidade de ascensores

Quando, nas edificações para habitação colectiva, a altura do último piso destinado a
habitação exceder 11.5m, é obrigatória a utilização de, no mínimo 2 ascensores.

Se a altura for inferior ao valor referido mas o edifício tiver mais de três pisos, deve prever-se
espaço para futura instalação de, no mínimo 1 ascensor.

1.4.3 Condições especiais relativas à salubridade

Artigo 59º - Altura máxima das edificações

45º

Artigo 65º - Altura entre pisos

A altura mínima, piso a piso, em edifícios de habitação é de 2.7m, não podendo o pé-direito
livre mínimo ser inferior a 2.4m.

Em vestíbulos, corredores, instalações sanitárias, despensas e arrecadações será admissível


que o pé-direito livre se reduza ao mínimo de 2.2m.

17 Bom estudo...
Para estabelecimentos comerciais será necessário um pé-direito livre mínimo de 3.0m.

Artigo 66º - Áreas mínimas dos compartimentos de habitação

Nº de compartimentos 2 3 4 5 6 7 8 >8
Tipo de Fogo T0 T1 T2 T3 T4 T5 T6 T>6

Áreas em metros quadrados


Quarto casal - 10,5 10,5 10,5 10,5 10,5 10,5 10,5
Quarto duplo - - 9 9 9 9 9 Restantes
Quarto duplo - - - 9 9 9 9 quarto s de 9m 2
Quarto duplo - - - - - 9 9 6,5
Quarto simples - - - - 6,5 6,5 6,5 6,5
Quarto simples - - - - - - 6,5 16
Sala 10 10 12 12 12 16 16 16
Cozinha 6 6 6 6 6 6 6 6
Supl. Área Obrigatório 6 4 6 8 8 8 10 (x+4)m 2
x = nº de quarto s

O nº de compartimentos referido não inclui vestíbulos, instalações sanitárias ou arrumos.

Artigo 67º - Áreas brutas dos fogos

Tipo de fogo

T0 T1 T2 T3 T4 T5 T6 T>6
Área bruta em m 2 35 52 72 91 105 122 134 1.6xAh

Área bruta: superfície total do fogo medida pelas faces exteriores e inclui varandas privativas
e a quota-parte que lhe corresponda nas circulações comuns do edifício.

Área útil: soma das áreas de todos os compartimentos da habitação, medida pelo perímetro
interior das paredes que limitam o fogo, descontando encalços até 30cm, paredes interiores,
divisórias e condutas.

Área habitável: soma das áreas dos compartimentos da habitação, excluindo vestíbulos,
instalações sanitárias e circulações interiores, medida pelo perímetro interior das paredes que
limitam o fogo, descontando encalços até 30cm, paredes interiores, divisórias e condutas.

Artigo 68º - Áreas das instalações sanitárias

Habitações T0, T1 e T2: 3.5m2

18 Bom estudo...
Habitações T3 e T4: 4.5m2 subdividida em 2 espaços com acesso independente. Nas
instalações subdivididas é obrigatório 1 banheira e 1 bidé num dos espaços e 1 bacia de
retrete, 1 bidé e 1 lavatório no outro.

Habitações T5 e T>6: 6.0m2 desdobrada em 2 espaços com acesso independente. Nas


instalações desdobradas é obrigatório 1 banheira, 1 bacia de retrete, 1 bidé e 1 lavatório num
dos espaços e 1 bacia de duche, 1 bacia de retrete e 1 lavatório no outro.

No artigo 69º são definidas as dimensões mínimas das instalações sanitárias.

Artigo 70º - Largura das comunicações horizontais

A largura dos corredores das habitações não deverá ser inferior a 1.10m.

Artigo 71º - Iluminação e ventilação dos compartimentos

A área total de vãos em contacto directo com o exterior por compartimento, não deverá ser
inferior a 1/10 da área do compartimento, com um mínimo de 1.08m2 medidos no tosco.

Artigo 72º - Ventilação transversal

Deverá ficar assegurada a ventilação transversal do conjunto de cada habitação, em regra


por meio de janelas dispostas em 2 fachadas opostas.

Artigo 73º - Janelas dos compartimentos

O afastamento entre a janela de um compartimento e qualquer muro ou fachada fronteiros -


medido na perpendicular ao plano da janela - deverá ser sempre superior a metade da altura
desse muro ou fachada, acima do nível desse compartimento, com um mínimo de 3m.

Artigo 77º - Caves destinadas à habitação

Só é permitida a construção de caves destinadas a habitação em casos excepcionais, em


que estejam garantidas boas condições de habitabilidade, devendo satisfazer ao seguinte: a
cave terá, pelo menos, uma parede exterior completamente desafogada a partir de 0.15m
abaixo do pavimento interior; todos os compartimentos habitáveis -nº1 do Artigo 66º- deverão
ser contíguos à fachada completamente desafogada; a cave deverá estar dotada de

19 Bom estudo...
disposições construtivas que a protejam de infiltrações; o escoamento dos esgotos deverá
ser por gravidade.

Artigo 79º - Sótãos e águas furtadas

Os sótãos e águas furtadas só poderão ser utilizados para fins de habitação quando
satisfaçam a todas as condições de salubridade previstas neste regulamento para os andares
de habitação. No entanto, os compartimentos poderão ter o pé-direito regulamentar apenas
em metade da sua área, não podendo porém em qualquer ponto afastado mais de 0.3m do
perímetro o pé-direito ser inferior a 2.0m; em todos os casos deverão ficar devidamente
asseguradas boas condições de isolamento térmico.

Artigo 80º - Acessos

As caves, sótãos e águas furtadas só poderão ter acesso pela escada principal ou por
elevador quando satisfaçam as condições mínimas de habitabilidade fixadas neste
regulamento.

Artigo 83º - Instalações sanitárias e esgotos, generalidades

Todas as edificações serão providas de instalações sanitárias adequadas ao destino e


utilização efectiva da construção e reconhecidamente salubres.

Artigo 87º - Ventilação das instalações sanitárias

As instalações sanitárias terão iluminação e renovação permanente de ar asseguradas


directamente ao exterior da construção.

A área total envidraçada do vão não deverá ser inferior a 0.54m2, devendo a parte de abrir ter
pelo menos 0.36m2; em casos especiais, poderá prescindir-se do disposto no nº anterior
desde que fique eficazmente assegurada a renovação constante e suficiente do ar, por
ventilação natural ou forçada; em caso algum será permitida a utilização de aparelhos e
combustão nas instalações sanitárias.

20 Bom estudo...
Artigo 88º ao 93º - Instalações sanitárias disposições construtivas

Todas as retretes serão providas de uma bacia munida de sifão e de um dispositivo para a
sua lavagem.

Os tubos de queda das águas pluviais serão independentes dos tubos de queda destinados
ao esgoto de dejectos e águas servidas.

Serão adoptadas todas as precauções tendentes a assegurar a ventilação das canalizações


de esgoto e a impedir o esvaziamento, mesmo temporário, dos sifões e a consequente
descontinuidade da vedação hidráulica.

1.4.4 Condições especiais relativas à estética das edificações

Artigo 121º - Generalidades

As construções em zonas urbanas ou rurais, deverão ser delineadas, executadas e mantidas


de forma que contribuam para dignificação e valorização estética do conjunto em que venham
a integrar-se.

Artigo 123º - Monumentos

Nas zonas de protecção dos monumentos nacionais e dos imóveis de interesse público não
podem as câmaras municipais autorizar qualquer obra de construção ou alteração de
edificações existentes sem prévia aprovação do projecto pelas entidades competentes.

21 Bom estudo...
2. Comportamento termo higrométrico de edifícios
2.1 Nota histórica

Ao longo de toda a sua evolução o Homem sempre soube tirar partido das condições
climáticas e naturais para obter melhores condições de conforto. Apresentam-se dois
exemplos: A) Cerca do ano 200 antes de Cristo, os romanos com a sua casa átrio
apresentavam um excelente exemplo de preocupação no aproveitamento da energia solar. O
sol de Inverno e de Verão é doseado através de aberturas e sombreadores devidamente
dimensionados [1]. B) Um outro exemplo são as casas igloo dos esquimós. A sua forma
mostra uma relação ideal entre o seu volume e a sua superfície circundante (calote esférica)
[1].

Mas a evolução sócio-económica conduziu ao aparecimento de novos processos


construtivos, muito diferentes dos processos tradicionais, e que não raras vezes desprezam a
contribuição dos recursos naturais e climáticos. Por outro lado, as exigências de conforto
aumentaram e os níveis de conforto exigido pelos utentes só puderam ser verificados pelo
aumento do consumo de energia convencional. O consumo de energia no sector residencial,
proveniente na sua maioria da queima do petróleo, aumentou de forma significativa.

A crise petrolífera de 1973 veio alertar, e de algum modo consciencializar, todo o mundo que
os recursos energéticos não são inesgotáveis e que os países deficitários na produção de
energia dependem inteiramente dos países produtores.

È neste contexto que surge a grande preocupação de limitar o consumo de energia,


nomeadamente no sector residencial. Os estudos de avaliação do comportamento térmico de
edifícios começam a surgir nos países industrializados. A nível nacional o estudo e avaliação
do comportamento térmico de edifícios tem vindo a tomar importância.

2.2 Transmissão térmica

Sempre que se estabelece uma diferença de temperatura, dá-se uma transferência de


energia sob a forma de calor, no sentido da temperatura mais elevada para a mais baixa.
Correntemente, admitem-se três processos distintos de transmissão de calor, que podem
ocorrer em simultâneo: Condução – o calor transmite-se por contacto entre as moléculas de

22 Bom estudo...
um corpo, ou de vários corpos contíguos. Contrariamente à convecção, não há
deslocamento de matéria; Convecção – passagem de calor de uma zona para outra de um
fluído, através de movimentos relativos das partículas que o formam. Quando este fluído
encontra um sólido há troca de calor entre o fluído e o sólido; Radiação – libertação de
energia calorífica sob a forma de ondas electromagnéticas, semelhantes à luz. Quanto mais
quente estiver um corpo, mais energia liberta.

Cada material pode caracterizar-se pela quantidade de calor que transmite por condução. A
esta propriedade característica de qualquer material, que depende do peso específico, da
porosidade, da humidade, da temperatura, etc., dá-se o nome de condutibilidade térmica.

A condutibilidade térmica de um material, λ [W/m.ºC] é o fluxo de calor que percorre 1m2 de


uma parede com 1m de espessura desse material, desde que a diferença de temperaturas,
entre as duas faces dessa parede, seja de 1ºC. E o fluxo de calor, φ [W] é a quantidade de
calor que passa através de uma determinada superfície por unidade de tempo.

A resistência térmica ao fluxo de calor é composta por diversas parcelas.

Resistência térmica superficial, 1/h [m2.ºC/W],

Resistência devida a uma fina camada de ar em repouso, junto às superfícies, em que a


transmissão de calor é efectuada por convecção e radiação.

Tabela 1 – Resistência térmica superficial

Resistência térmica
superficial
Sentido do fluxo de
Exterior Interior
calor Local não aquecido
1/he 1/hi
1/hj
Horizontal 0.04 0,13 0,13
Vertical ascendente 0,04 0,10 0,10
Vertical descendente 0,04 0,17 0,17

Resistência térmica de um elemento, RG

Para elementos compostos por uma ou mais camadas de materiais homogéneos:

23 Bom estudo...
n
e 1 1
RG = ∑ + + [m2.ºC/W]
i =1 λ hi he

e – espessura do material [m]

λ - condutibilidade térmica [W/m.ºC]

1
- Resistência térmica superficial interior [m2.ºC/W]
hi

1
- Resistência térmica superficial exterior [m2.ºC/W]
he

Condutância global ou coeficiente de transmissão térmica, UG

Para elementos compostos por uma ou mais camadas de materiais homogéneos:

1
UG = [W/m2.ºC]
RG

Para elementos ou materiais heterogéneos:

∑ K .S
i =1
i i
UG = n
[W/m2.ºC], sendo SI [m2] a área de elemento i com condutância KI
∑S i =1
i

[W/m2.ºC].

Fluxo de calor e diagrama de temperaturas

φ = UG (t i − t e ) [W] sabendo que o fluxo de calor é o mesmo ao longo de todas as


camadas atravessadas, então:

1
φ= (t i − t i+1 ) ⇔ t i+1 = t i − φ.Ri,i+1
Ri,i+1

24 Bom estudo...
2.3 Condensação e permeabilidade ao vapor de água

Sabe-se que o ar tem capacidade de armazenar água sob a forma de vapor. E quanto maior
for a sua temperatura, maior será a sua capacidade de armazenamento. Esta quantidade de
vapor de água contida no ar, designa-se por humidade absoluta do ar e exprime-se em g/kg
de ar seco, ou em g/m3. A quantidade de vapor de água não pode exceder um determinado valor
que se designa por ponto de saturação ou ponto de orvalho e depende da temperatura e
pressão atmosférica

Humidade relativa, H.R.

mv
H.R. = × 100
mvs [%]

mv – Massa de vapor de água contida no ar [kg/m3]

mvs – Massa de vapor de água de saturação [kg/m3]

Diagrama psicrométrico

Relação entre a temperatura, humidade relativa, pressão parcial de vapor e humidade


absoluta do ar.

Exemplos:

a) o ar com t = 20ºC e H.R.= 50% tem a mesma pressão parcial de vapor e humidade
absoluta, que o ar com t = 9,5ºC e H.R. = 100%;

b) condições ambientais t=20ºC e H.R.=50% => Habsoluta=7,5g/kg ar seco; Supondo que a


temperatura desce para t=9,5ºC => H.R. = 100% => ponto de saturação.

Fluxo de vapor, φV [g/m2.h]

Quantidade de vapor que passa através de uma determinada superfície por unidade de
tempo.

25 Bom estudo...
Coeficiente de permeabilidade ao vapor, π [kg/m.s.Pa]

Característica do material usado e depende do peso específico, da porosidade, da humidade,


da temperatura, etc.

Ilustração 1 – Diagrama psicrométrico

Resistência à difusão do vapor

Para elementos compostos por uma ou mais camadas de materiais homogéneos:

n
ei
RV = ∑
i=1 πi [m2.s.Pa/Kg]

e – Espessura do material [m]

π - Coeficiente de permeabilidade ao vapor [kg/m.s.Pa]

26 Bom estudo...
Permeância

Para elementos compostos por uma ou mais camadas de materiais homogéneos:

1
PV =
RV [kg/m2.s.Pa]

RV – Resistência à difusão do vapor do elemento [m2.s.Pa/Kg]

Para elementos ou materiais heterogéneos:

∑Pi=1
Vi .S i
PV = n

∑S i
i=1 [kg/m2.s.Pa]

Si [m2] a área de elemento i com permeância Pvi [kg/m2.s.Pa]

Fluxo de vapor e diagrama de pressões

φ V = PV (p i − p e ) [kg/m2.s]

Sabendo que o fluxo de vapor é o mesmo ao longo de todas as camadas atravessadas,


então:

1
φV = (p i − p i+1 ) ⇔ p i+1 = p i − φV .R V i,i+1
R V i,i+1
[Pa]

Exemplo de aplicação

Imagine uma alvenaria exterior de pedra de granito, de 40cm de espessura, não revestida.

a) Calcule o coeficiente de transmissão térmica.


b) Possuindo um conjunto de isolantes a seguir indicados, corrija a condutância pelo
paramento interior, de modo que ela resulte menor ou igual a 1W/(m2.ºC).
c) Desenhe o gráfico das temperaturas através da parede estudada na alínea
anterior, quando pretende um ambiente interior de 20ºC e no exterior estão 2ºC.

27 Bom estudo...
d) Em sequência das questões anteriores, se o ambiente interior tiver uma humidade
de 10grama de água por kg de ar seco, indique o que se passa no paramento
interior.
e) Trace o diagrama das pressões de vapor ao longo da parede, considerando que o
isolamento é poliestireno expandido moldado.
f) Trace o diagrama das pressões de saturação.
g) Comente os resultados obtidos nas alíneas e) e f).
h) Coloque uma folha de polietileno no paramento interior e trace o novo diagrama
das pressões de vapor ao longo da parede.

Dados: Rsi = 0.13m2.ºC/W; Rse = 0.04m2.ºC/W; λgranito= 3.00W/(m.ºC); πgranito = 0,62x10-12


kg/(m.s.Pa); πpoliestireno expandido moldado = 4x10-12 kg/(m.s.Pa); HRexterior = 40%; Pvfolha de

polietileno=1x1012 kg/(m2.s.Pa)

Condutibilidade térmica de materiais isolantes: Lã de rocha: 0.045W/(m.ºC);


Aglomerado negro de cortiça: 0.045W/(m.ºC); Poliestireno expandido moldado:
0.040W/(m.ºC); Poliestireno expandido extrudido: 0.035W/(m.ºC)

Resolução:

a)

Está-se na presença de um elemento de material homogéneo, então a resistência térmica é


determinada da seguinte forma:

1 n
e 1 0.40
RG = +∑ i + = 0.13 + + 0.04 = 0.303m 2 º C / W
hi i=1 λ i h e 3.00 , e a condutância ou o
coeficiente de transmissão térmica, o inverso da resistência:

1 1
UG = = = 3,30W / m 2 º C
R G 0.303 .

b)

28 Bom estudo...
1
UG ≤ 1 ⇔ ≤ 1 ⇔ RG ≥ 1
RG

1 n
e 1 e 0.40
+∑ i + ≥ 1 ⇔ 0.13 + isolante + + 0.04 ≥ 1 ⇔ e isolante ≥ 0.697 × λ isolante
h i i=1 λ i h e λ isolante 3.00

Isolante λ isolante [W/(m.ºC)] e isolante [m]

Lã de rocha 0.045 0.031


Aglomerado negro de cortiça 0.045 0.031
Poliestireno expandido moldado 0.040 0.028
Poliestireno expandido extrudido 0.035 0.024

c)

2
O fluxo φ = U G (t i − t e ) = 1 × (20 − 2 ) = 18W / m

A temperatura em cada um dos pontos da parede determina-se pela aplicação da expressão:


t i+1 = t i − φ.R i,i+1

Sendo:

t 1 = t i = 20º C , então,

t 2 = t 1 − φ.R 1,2 = 20 − 18 × 0.13 = 17.7º C ;

t 3 = t 2 − φ.R 2,3 = 17.7 − 18 × 0.697 = 5.2º C ;

0.40
t 4 = t 3 − φ.R 3,4 = 5.2 − 18 × = 2 .8 º C
3.00 ;

t 5 = t 4 − φ.R 4 ,5 = 2.8 − 18 × 0.04 = 2º C

29 Bom estudo...
Diagrama de temperaturas:

5 4 3 2 1

d)

tsaturação= 13.7ºC

Como a tsaturação é menor do que a t2 logo não há condensações superficiais.

e) e f)

A resistência ao vapor e a permeância determinam-se da seguinte forma::

30 Bom estudo...
n
ei 0.028 0.40
RV = ∑ = −12
+ −12
= 6,52 × 1011m2 .s.Pa / kg
i =1 πi 4 x10 0.62x10

1 1
PV = = 11
= 1.53x10−12 kg / m2 .s.Pa
R V 6.52 × 10

As pressões instaladas no ambiente interior e exterior são função da temperatura e humidade


relativa, ou da humidade absoluta. Essas pressões são determinadas no diagrama
psicrométrico:

Habsoluta = 10g/kg implica pi = 1600Pa

te = 2ºC e HR = 40% implica pe =300Pa

pi = 1600Pa

pe = 300Pa

Conhecidas as pressões instaladas no ambiente interior e exterior e a permeância determina-


se o fluxo de vapor:

φV = PV (pi − p e ) = 1.53 x10 −12 (1600 − 300 ) = 1.99 × 10 −9 kg / m2 .s

31 Bom estudo...
A pressão instalada em cada um dos pontos da parede determina-se pela aplicação da
expressão:

p i+1 = p i − φ V .R V i,i+1

Sabendo que pi = p2 = 1600Pa , então

0.028
p3 = p2 − φV .R V 2,3 = 1600 − 1.99 × 10− 9 = 1586Pa
4 x10−12

0.40
p 4 = p3 − φV .R V 3,4 = 1586 − 1.99 × 10− 9 = 302Pa ≈ 300Pa
0.62 x10−12

As pressões de saturação são dadas pelo diagrama psicrométrico, em função da temperatura


instalada em cada ponto e da humidade relativa 100%.

psaturação2(t = 17.7ºC) = 2100Pa

psaturação3(t = 5.2ºC) = 850Pa

psaturação4(t = 2.8ºC) = 750Pa

psaturação(t2) =

t2= 17.7ºC

32 Bom estudo...
Diagrama de pressões:

pressões de saturação
pressões instaladas

5 4 3 2 1

g)

Sempre que as pressões instaladas são maiores do que as pressões de saturação pode
concluir-se que existem condensações internas.

h)

n
ei 0.028 0.40 1
RV = ∑ = −12
+ −12
+ −12
= 1.65 × 1012 m2 .s.Pa / kg
i =1 πi 4 x10 0.62x10 1.0x10

1 1
PV = = 12
= 6.06x10−13 kg / m2 .s.Pa
R V 1.65 × 10

Conhecidas as pressões instaladas no ambiente interior e exterior e a permeância determina-


se o fluxo de vapor:

φV = PV (pi − p e ) = 6.06 x10 −13 (1600 − 300 ) = 7.88 × 10 −10 kg / m2 .s

A pressão instalada em cada um dos pontos da parede determina-se pela aplicação da


p i+1 = p i − φ V .R V i,i+1
expressão

Sabendo que pi = p2 = 1600Pa , então

1
p2 ' = p2 − φV .R V 2,3 = 1600 − 7.88 × 10−10 = 812Pa
1x10−12

33 Bom estudo...
0.028
p3 = p2 − φV .R V 2,3 = 812 − 7.88 × 10−10 = 806Pa
4 x10−12

0.40
p 4 = p3 − φV .R V 3,4 = 806 − 7.88 × 10−10 = 298Pa ≈ 300Pa
0.62 x10−12

Folha de polietileno

pressões de saturação
pressões instaladas

5 4 3 2 1

Como agora as pressões instaladas são sempre menores do que as de saturação já não
existem condensações internas.

2.4 Conforto termo higrométrico

A definição clara de conforto termo higrométrico em edifícios não é facilmente alcançável uma
vez que depende de factores subjectivos, obtidos através de sensações humanas que
diferem de pessoa para pessoa. Correntemente considera-se que um indivíduo está colocado
em condições de conforto termo higrométrico quando não experimenta qualquer desagrado
ou irritação de modo a distrai-lo das suas actividades de momento. A condição básica para
que tal se verifique é a de que o sistema termo regulador do organismo se encontre em
equilíbrio com o ambiente envolvente, obtendo-se um estado de neutralidade térmica.

A energia calorífica, resultante das somas das reacções químicas que ocorrem no corpo
humano – metabolismo – para o manter a uma temperatura constante de aproximadamente
36,5 ºC, depende do tipo e nível de actividade que o corpo humano desempenha. A unidade
de medida do metabolismo é o met e corresponde a 58 W/m2.

34 Bom estudo...
Esta troca de calor com o meio envolvente efectua-se por condução, convecção, radiação e
evaporação. Então o metabolismo será igual às trocas de calor por condução + convecção +
radiação + evaporação.

Os parâmetros ambientais como a temperatura do ar, temperatura radiante média, velocidade


do ar e humidade relativa do ar, e os parâmetros individuais como sendo o nível de actividade
e o tipo de vestuário, são condicionadores do estado de equilíbrio do sistema termo regulador
o organismo, ou seja do estado de neutralidade térmica.

É de salientar que as condições fisiológicas não são, por si só, suficientes para
caracterizarem a sensação térmica provocada pelo ambiente, admitindo-se ser ainda
necessário ter em conta factores de natureza psicológica e sociológica, tais como: sexo,
idade, estrato sócio-cultural, adaptação ecológica às regiões, etc..

Foram desenvolvidos vários índices térmicos por forma a estabelecerem as várias inter
relações entre os parâmetros atrás mencionados, e desta forma avaliar a sensação de
conforto térmico que um ocupante experimenta quando num determinado espaço. Utilizando
uma escala de sete termos de –3 a +3, representando o zero a neutralidade térmica o índice
PMV (Predict Mean Vote) permite calcular, a partir das condições ambientais, da actividade e
do tipo de vestuário, o valor médio esperado do voto dos indivíduos. A escala do índice PMV
apresenta-se na tabela 2. Com base numa análise estatística dos resultados da observação
correlacionou o PMV com a percentagem previsível de pessoas insatisfeitas PPD (Predicted
Percentage of Dissatisfied) nas condições referidas. A relação existente entre a Percentagem
Previsível de Insatisfeitos PPD e Voto Médio Previsível PMV é a que se representa na
ilustração 4.

Tabela 2 – Escala do índice PMV

Sensação térmica PMV


Frio -3
Fresco -2
Relativamente fresco -1
Óptimo ou neutral 0
Relativamente tépido 1
Tépido 2
Quente 3

35 Bom estudo...
100
78 78

25 25
PPD [%]

10 10 10

1
-2,5 -2 -1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5 2 2,5
PMV

Ilustração 2 – Relação entre PMV e PPD

A norma ISO 7730 recomenda para espaços onde se verifique ocupação humana, que o valor
de PPD seja inferior a 10 %, o que equivale a admitir valores de PMV compreendidos entre –
0,5 e +0,5.

Os parâmetros descritos dizem respeito ao conforto global do individuo, no entanto podem


ocorrer situações de desconforto localizado, mesmo com as condições globais óptimas. São
o caso da assimetria da temperatura radiante e das correntes de ar.

A norma ISO 7730 fixa algumas exigências de conforto para habitações e escritórios. Na
situação de Inverno para actividades leves e sedentárias, considerando um vestuário
correspondente a 1 Clo (vestuário usual):

- A temperatura deve situar-se entre 20 e 24ºC;


- A diferença de temperaturas na vertical entre 1,1 e 0,1m acima do pavimento deve
ser inferior a 3ºC;
- A temperatura superficial do pavimento deve situar-se entre os 19 e os 26ºC, com os
sistemas de aquecimento dos pavimentos dimensionados para os 29ºC;

36 Bom estudo...
- A assimetria da temperatura radiante de janelas ou de outras superfícies verticais
frias devem ser inferiores a 10ºC em relação a um plano vertical 0,6m acima do
pavimento;
- A assimetria da temperatura radiante proveniente de um tecto aquecido deve ser
inferior a 5ºC, em relação a um plano horizontal 0,6m abaixo do tecto;
- A humidade relativa do ar deve estar compreendida entre 30 e 70%.

Para a situação de Verão para actividades leves e sedentárias, considerando um vestuário


correspondente a 0,5 Clo (vestuário usual):

- A temperatura deve situar-se entre 23 e 25ºC;


- A diferença de temperaturas na vertical entre 1,1 e 0,1m acima do pavimento deve
ser inferior a 3ºC;
- A humidade relativa do ar deve estar compreendida entre 30 e 70%.

Os valores da temperatura do ar foram fixados admitindo que a velocidade do ar é baixa


(<0,2 m/s), o que, em geral, se verifica em edifícios em “funcionamento livre” em período de
Inverno. Em período de Verão essa velocidade poderá ser superior a fim de satisfazer o valor
limite da neutralidade térmica, nomeadamente em locais de actividade mais intensa –oficinas,
ginásios, etc. - não devendo contudo na generalidade dos usos em edifícios ultrapassar os
0,5 m/s.

2.5 Balanço energético

O conforto térmico depende de variados parâmetros como a temperatura do ar interior, a


velocidade do ar, a humidade relativa, o tipo de actividade exercida e o vestuário dos
ocupantes. De todos os parâmetros apresentados a temperatura do ar interior é aquele que
apresenta maior importância no nível de conforto térmico. Este parâmetro pode ser analisado
de duas formas, pela sua flutuação ao longo do tempo ou ainda pela temperatura média.

A temperatura média depende do balanço energético entre os ganhos e perdas para o


exterior. O balanço energético deve ser realizado tendo em conta que o espaço em estudo
deve funcionar como elemento central, delimitado por fronteiras através das quais contacta
com o exterior e, por essa razão, todas as trocas de calor e os fluxos de ar se dão através

37 Bom estudo...
delas. Verifica-se por isso que as fronteiras são elemento fundamental na térmica de
edifícios.

Na ilustração 5 apresenta-se o balanço energético para a estação de Inverno.

Ilustração 3 – Balanço energético de Inverno

As necessidades de energia de aquecimento podem ser reduzidas se se optarem algumas


estratégicas simples: aumentar o isolamento térmico da fronteira, o que se traduz em perdas
pela envolvente mais reduzidas; dispor envidraçados orientados a sul, ou seja, aumentar os
ganhos solares; controlar as trocas de ar com o exterior, reduzindo assim as perdas por
ventilação.

Na ilustração 6 apresenta-se o balanço energético para a estação de Verão.

Ilustração 4 – Balanço energético de Verão

Assim como no Inverno também no Verão as necessidades de energia, agora de


arrefecimento, podem ser reduzidas. É por isso importante que se tire partido do isolamento

38 Bom estudo...
térmico previsto para o Inverno, que se reduza a incidência de radiação solar através da
utilização de dispositivos de sombreamento e com a utilização de cores claras e que se
controle as trocas de ar com o exterior. Com estas medidas consegue-
consegue-se reduzir ao mínimo
os ganhos solares.

As flutuações das temperaturas em torno da média podem ter grande amplitude, sendo que o
ideal será que a amplitude seja mínima. Essa amplitude depende da quantidade de massa
presente, do modo como está distribuída e das propriedades térmicas dos materiais, ou seja
da inércia
ia térmica do espaço.

Pode-se
se definir inércia térmica como a propriedade do espaço que torna possível armazenar
o calor, gerindo-oo em função da temperatura do ar. Quanto maior for a inércia térmica menor
serão as flutuações da temperatura em torno do seu valor
valor médio, logo maior o conforto
térmico.

Num espaço de um edifício os elementos da envolvente são o somatório das componentes


de fronteira entre o espaço e o meio ambiente que o circunda. Serão as coberturas planas ou
inclinadas, as paredes de fachada, os envidraçados, as paredes de empena, os pavimentos e
os elementos estruturais envolvidos nestes elementos. A envolvente intervêm no balanço
energético a dois níveis: em termos geométricos, pois para o mesmo volume a forma conduz
a superfícies diferentes e quanto maior for a superfície maiores serão as perdas/ganhos; e
em termos de transferência de calor e aqui depende das características térmicas de cada
elemento da envolvente, da maior ou menor resistência térmica.

Ilustração 5 – Exemplo de inércia térmica

39 Bom estudo...
Os elementos opacos, coberturas, pavimentos e os panos de fachada e de empena
contribuem para os ganhos/perdas térmicas em função do seu grau de isolamento térmico e
ainda contribuem para a inércia térmica conforme a sua massa e localização do isolamento
térmico.

Os elementos translúcidos, envidraçados e clarabóias afectam a visibilidade e o contacto com


o exterior, a iluminação natural, os ganhos solares e contribuem significativamente para as
perdas térmicas no Inverno. A área de envidraçados deve, por isso, ser definida tendo em
conta, os ganhos solares úteis no Inverno e os ganhos solares nefastos no Verão, se
estiverem orientados a Sul, e caso estejam orientados a Norte, tendo em conta as perdas
térmicas durante o Inverno. A iluminação natural também deve ser um factor a considerar na
definição da área dos envidraçados.

2.6 Regulamento das características de comportamento térmico


dos edifícios

Estabelece as regras a observar no projecto de todos os edifícios de habitação e dos edifícios


de serviços sem sistemas de climatização centralizados de modo que:

As exigências de conforto térmico, seja ele de aquecimento ou de arrefecimento, e de


ventilação para garantia de qualidade do ar no interior dos edifícios, bem como as
necessidades de água quente sanitária, possam vir a ser satisfeitas sem dispêndio
excessivo de energia;

Sejam minimizadas as situações patológicas nos elementos de construção provocadas


pela ocorrência de condensações superficiais ou internas, com potencial impacte
negativo na durabilidade dos elementos de construção e na qualidade do ar interior.

O presente Regulamento aplica-se a cada uma das fracções autónomas de todos os novos
edifícios de habitação e de todos os novos edifícios de serviços sem sistemas de climatização
centralizados, independentemente de serem ou não, nos termos de legislação específica,
sujeitos a licenciamento ou autorização no território nacional.

40 Bom estudo...
Entende-se por fracção autónoma de um edifício cada uma das partes de um edifício dotadas
de contador individual de consumo de energia, separada do resto do edifício por uma barreira
física contínua, e cujo direito de propriedade ou fruição seja transmissível autonomamente.

Quando um grupo de edifícios tiver um único contador de energia, o presente Regulamento


aplica-se a cada um dos edifícios separadamente.

Nos edifícios com uma única fracção autónoma constituídos por corpos distintos, as
exigências do presente Regulamento devem ser verificadas por corpo.

O presente Regulamento também é aplicável às grandes intervenções de remodelação ou de


alteração na envolvente ou nas instalações de preparação de águas quentes sanitárias dos
edifícios de habitação e dos edifícios de serviços sem sistemas de climatização centralizados
já existentes, independentemente de serem ou não, nos termos de legislação específica,
sujeitos a licenciamento ou autorização no território nacional.

Por grande remodelação ou alteração entendem-se as intervenções na envolvente ou nas


instalações cujo custo seja superior a 25% do valor do edifício, calculado com base num valor
de referência Cref por metro quadrado e por tipologia de edifício definido anualmente em
portaria conjunta dos ministros responsáveis pelas áreas da economia, das obras públicas,
do ambiente, do ordenamento do território e habitação, publicada no mês de Outubro e válida
para o ano civil seguinte.

Estão ainda sujeitas ao presente Regulamento as ampliações de edifícios existentes,


exclusivamente na nova área construída, independentemente de carecerem ou não, nos
termos de legislação específica, de licenciamento ou autorização no território nacional.

As exigências do presente Regulamento aplicam-se, para cada uma das fracções autónomas
dos edifícios, aos espaços para os quais se requerem normalmente condições interiores de
conforto.

Excluem-se do âmbito de aplicação do presente Regulamento:

a) Os edifícios ou fracções autónomas destinados a serviços, a construir ou renovar que,


pelas suas características de utilização, se destinem a permanecer frequentemente abertos

41 Bom estudo...
ao contacto com o exterior e não sejam aquecidos nem climatizados;

b) Os edifícios utilizados como locais de culto e os edifícios para fins industriais, afectos ao
processo de produção, bem como garagens, armazéns, oficinas e edifícios agrícolas não
residenciais;

c) As intervenções de remodelação, recuperação e ampliação de edifícios em zonas


históricas ou em edifícios classificados, sempre que se verifiquem incompatibilidades com as
exigências deste Regulamento;

d) As infra-estruturas militares e os imóveis afectos ao sistema de informações ou a forças de


segurança que se encontrem sujeitos a regras de controlo e confidencialidade.

As incompatibilidades a que se refere a alínea c) do número anterior devem ser


convenientemente justificadas e aceites pela entidade licenciadora.

2.6.1 Índices e parâmetros de caracterização

Índices fundamentais

Necessidades nominais de aquecimento, representam a energia que num ano médio seria
necessário fornecer a um dado edifício para compensar o calor perdido através da
envolvente, quando o seu interior é mantido a uma temperatura de referência (20ºC).

Até à publicação da portaria referida no n.º 1 do artigo 5º, os valores limites das necessidades
nominais de energia útil para aquecimento (Ni) de uma fracção autónoma, em kWh/m2.ano,
são os seguintes:

 Para FF ≤ 0,5, Ni=4,5+0,0395 GD;


 Para 0,5 < FF ≤ 1, Ni=4,5+(0,021+0,037 FF) GD;
 Para 1 < FF ≤ 1,5, Ni=[4,5+(0,021+0,037 FF) GD](1,2–0,2 FF);
 Para FF > 1,5, Ni=4,05+0,068 85 GD.

Necessidades nominais de arrefecimento, representam a energia que num ano médio seria
necessário retirar a um dado edifício para compensar o calor ganho através da envolvente,
quando o seu interior é mantido a uma temperatura de referência (25ºC).

42 Bom estudo...
Até à publicação da portaria referida no n.º 1 do artigo 6.º, os valores limites das
necessidades nominais de energia útil para arrefecimento (Nv), são os seguintes:

 Zona V1 (norte), Nv=16 (kWh/m2.ano);


 Zona V1 (sul), Nv=22 (kWh/m2.ano);
 Zona V2 (norte), Nv=18 (kWh/m2.ano);
 Zona V2 (sul), Nv=32 (kWh/m2.ano);
 Zona V3 (norte), Nv=26 (kWh/m2.ano);
 Zona V3 (sul), Nv=32 (kWh/m2.ano);
 Açores, Nv=21 (kWh/m2.ano);
 Madeira, Nv=23 (kWh/m2.ano).

Como resultado dos tipos e eficiências dos equipamentos de produção de água quente
sanitária, bem como da utilização de formas de energias renováveis, cada fracção autónoma
não pode, sob condições e padrões de utilização nominais, exceder um valor máximo
admissível de necessidades nominais anuais de energia útil para produção de águas quentes
sanitárias (Na).

Até à publicação da portaria referida no n.º 1 do artigo 7.º, o limite máximo para os valores
das necessidades de energia para preparação das águas quentes sanitárias (Na) é o definido
pela equação seguinte:

 Na=0,081.MAQS.nd/Ap (kWh/m2.ano)

em que MAQS é o consumo médio de referência de AQS, nd o número anual de


dias de consumo de AQS e Ap a área útil de pavimento.

As necessidades nominais anuais globais (Ntc) de cada uma das fracções autónomas de um
edifício não podem exceder um valor máximo admissível de energia primária (Nt), definido em
termos de uma soma ponderada dos valores individuais máximos admissíveis definidos nos
artigos 5.º, 6.º e 7.º, convertidos para energia primária em função das formas de energia final
utilizadas para cada uso nessas fracções autónomas, definido pela equação seguinte:

 Nt=0,9(0,01 Ni+0,01 Nv+0,15 Na) (kgep/m2.ano)

43 Bom estudo...
Parâmetros térmicos adicionais

Coeficiente de transmissão térmica superficial da envolvente (U´s da envolvente). Já se


referiu este parâmetro num capítulo anterior.

Coeficientes de transmissão térmica lineares (Ψ’s da envolvente)

Estes coeficientes visam quantificar as perdas de calor através dos elementos em contacto
com o terreno e através das pontes térmicas lineares. Apresentam-se no regulamento vários
tipos de elementos em contacto com o terreno e pontes térmicas e os respectivos Ψ’s.

Classe de inércia térmica do edifício, caracteriza a capacidade de armazenamento de calor


que os espaços apresentam.

Tabela 3 – Classes de inércia térmica


Classe de inércia térmica Massa superficial útil / m2 da área de
pavimento [kg/m2]
Fraca It < 150
Média 150 ≤ It ≤ 400
Forte It > 400

Massa superficial útil / m2 da área de pavimento

It =
∑ M .S .r
i i i
[kg/m2]
Ap

Sendo:

- Si – Área do elemento de massa superficial útil Mi e factor de correcção devido ao


revestimento ri

- Mi – Massa superficial útil

o Elementos interiores (paredes e pavimentos divisórios)


 Mi = m
 Com o máximo de 300 kg/m2

44 Bom estudo...
o Elementos da envolvente exterior, não enterrados
 Mi = m/2 para elementos sem isolante
 Mi = m do lado interior do isolante
 Com o máximo de 150 kg/m2
o Elementos em contacto com o solo
 Mi = 150 kg/m2 para elementos sem isolante
 Mi = m do lado interior do isolante
 Com o máximo de 150 kg/m2

- ri - Factor de correcção devido ao revestimento

Resistência do revestimento Factor de correcção devido ao


Elemento construtivo
(R)[m2.ºC/W] revestimento (ri)
R ≤ 0,14 1
Envolvente interior ou
0,14 < R ≤ 0,30 0,5
exterior
R > 0,30 0
R > 0,14 numa das faces 0,75
Paredes interiores
R > 0,14 nas duas faces 0,5

Apresenta-se um exemplo de determinação da classe de inércia térmica de um edifício com


as seguintes características: pavimento e tecto em laje aligeirada com 260 kg/m2; paredes
exteriores de alvenaria dupla 0.15 + isolante + 0.11, rebocada (pano de 0.15 = 190 kg/m2 e
pano de 0.11 = 140 kg/m2); paredes enterradas em betão armado com isolante pelo interior

com 500 kg/m2; paredes interiores de alvenaria de 0.11 rebocada com 180 kg/m2; os
revestimentos são rebocos de ligantes hidráulicos.

Áreas [m2]

Pavimento Paredes Paredes Paredes


exteriores enterradas interiores
150 230 50 180

A determinação da classe de inércia deve ter em conta os valores das massa superficial útil
de cada um dos elementos. Esta determinação apresenta-se na tabela seguinte.

It =
∑M S ri i i
=
103600
= 691kg / m 2
Ap 150

45 Bom estudo...
Como It é superior a 400 kg/m2 o edifício pertence à classe de inércia térmica forte.

Factor de correcção
Mt Mi
Elemento devido ao revestimento Si [m2] Mi.Si.ri [kg]
[kg/m2] [kg/m2]
(ri)
Pavimento 260 130 1,00 150 19500
Tecto 260 130 1,00 150 19500
Paredes exteriores 330 140 1,00 230 32200
Paredes enterradas 500 0 1,00 50 0
Paredes interiores 180 180 1,00 180 32400
Σ Mi.Si.ri [kg] 103600

Factor solar dos envidraçados, quociente entre a energia que entra através do envidraçado
e a energia de radiação solar que nele incide.

Para envidraçados compostos por vidro e protecção o factor solar será determinado por:

g ⊥ ' ⋅g ⊥ v
g ⊥=
A

Sendo: g┴ - factor solar do vão envidraçado

g┴’ – factor solar do vão envidraçado com protecção solar e vidro incolor

g┴v – factor solar do envidraçado

A – 0,85 no caso de vidro simples; 0,75 para vidro duplo

Tabela 4 – Factores solares de vários materiais


Factor solar
Material
(g┴v)
Tijolo de vidro 0,57
Policarbonato (8mm) 0,80
Policarbonato (16mm) 0,70
Vidro incolor (4mm) 0,90
Vidro armado 0,55

46 Bom estudo...
Tabela 5 – Factores solares do vidro
Tipo Factor solar (g┴v)
Vidro Simples
Incolor(6mm) 0,85
Colorido na massa (5mm) 0,65
Colorido na massa (8mm) 0,55
Reflectante incolor (de 4 a 8mm) 0,60
Reflectante colorido na massa (4 e 5mm) 0,50
Vidro Duplo
Incolor + incolor (4 a 8mm + 5mm) 0,75
Colorido na massa + incolor (5mm + 4 a 8mm) 0,55
Reflectante incolor + incolor (6mm + 5mm) 0,52
Reflectante colorido na massa + incolor (6mm + 5mm) 0,35

Tabela 6 – Factores solares das protecções

Vidro simples incolor Vidro duplo incolor


g┴’
Cor da protecção Cor da protecção
Clara Média Escura Clara Média Escura
Protecções exteriores
Portada de madeira 0,04 0,07 0,09 0.03 0.05 0.06
Persiana de madeira 0,05 0,08 0,10 0,04 0,05 0,07
Persiana metálica ou plástica 0,07 0,10 0,13 0,04 0,07 0,09
Estore veneziano de madeira 0,11 0,08
Estore veneziano metálico 0,14 0,09
Estore de lona opaco 0,07 0,09 0,12 0,04 0,06 0,08
Estore de lona pouco transparente 0,14 0,17 0,19 0,10 0,12 0,14
Estore de lona muito transparente 0,21 0,23 0,25 0,16 0,18 0,20
Protecções interiores
Estores de laminas 0,45 0,56 0,65 0,47 0,59 0,69
Cortinas opacas 0,33 0,44 0,54 0,37 0,46 0,55
Cortinas ligeiramente transparentes 0,36 0,46 0,56 0,38 0,47 0,56
Cortinas transparentes 0,38 0,48 0,58 0,39 0,48 0,58
Cortinas muito transparentes 0,70 0,63
Portadas de madeira 0,30 0,40 0,50 0,35 0,46 0,58
Persianas de madeira 0,35 0,45 0,57 0,40 0,55 0,65
Protecções entre vidros
Estores venezianos, lâminas delgadas 0,28 0,34 0,40

47 Bom estudo...
Na estação de aquecimento para a determinação de g┴ considera-se que existe cortina
interior muito transparente, e na estação de arrefecimento o g┴ é determinado considerando
30% do envidraçado sem protecção e 70% com protecção 100% activa.

Factor de forma

O factor de forma é o quociente entre o somatório das áreas da envolvente exterior (Aext) e
interior (Aint) do edifício, afectada do coeficiente de redução de perdas térmicas para locais
não aquecidos (τ), ou fracção autónoma com exigências térmicas e o respectivo volume
interior (V) correspondente, conforme a fórmula seguinte:

∑A ext + ∑ (τ ⋅ A int )i
FF = i
V

Coeficiente de redução de perdas térmicas para locais não aquecidos (τ)

Ai/Au
Tipo de espaço não-útil
0a1 1 a 10 > 10
Circulação comum

Sem abertura directa para o exterior 0,6 0,3 0


Com abertura Área de aberturas permanentes /volume total < 0,05 m2/m3 0,8 0,5 0,1
permanente
para o exterior Área de aberturas permanentes /volume total . 0,05 m2/m3 0,9 0,7 0,3

Espaços comerciais 0,8 0,6 0,2


Edifícios adjacentes 0,6 0,6 0,6
Armazéns 0,95 0,7 0,3
Garagens

Privada 0,8 0,5 0,3


Colectiva 0,9 0,7 0,4
Pública 0,95 0,8 0,5
Varandas, marquises e similares 0,8 0,6 0,2
Coberturas sobre desvão não habitado (acessível ou não)
Desvão não ventilado 0,8 0,6 0,4

Desvão fracamente ventilado 0,9 0,7 0,5

Desvão fortemente ventilado 1 1 1

48 Bom estudo...
Taxa de renovação de ar (Rph)

Por razões de higiene e conforto dos ocupantes, é necessário que os edifícios sejam
ventilados em permanência por um caudal mínimo de ar. A metodologia de cálculo
preconizada no regulamento é baseada na presunção de que, efectivamente, o edifício, ou
fracção autónoma, tem características construtivas ou dispositivos apropriados para
garantirem, por ventilação natural ou mecânica, a taxa de renovação mínima necessária de
Rph = 0,6 h-1.

Ventilação Natural

Sempre que os edifícios estejam em conformidade com as disposições da norma NP 1037-1,


o que deve ser objecto de demonstração clara e inequívoca pelo responsável pela aplicação
do RCCTE, o valor de Rph a adoptar é de 0,6 h-1. Nomeadamente, as fachadas dos edifícios
devem dispor de dispositivos de admissão de ar auto-reguláveis, que garanta os caudais
nominais especificados nos compartimentos servidos para uma gama de pressões de 10 a
200 Pa, e portas exteriores ou para zonas não-úteis que disponham de vedação por borracha
ou equivalente em todo o seu perímetro. Nestes edifícios não pode haver quaisquer meios
mecânicos de insuflação ou de extracção de ar, nomeadamente extracção mecânica nas
instalações sanitárias.

No caso de o único dispositivo de ventilação mecânica presente no edifício ou fracção


autónoma ser o exaustor na cozinha, dado que este só funcionará, normalmente, durante
períodos curtos, considera-se que o edifício é ventilado naturalmente. Neste e nos restantes
casos de edifícios ventilados naturalmente, o valor de Rph é determinado de acordo com a
tabela 8, em função da tipologia do edifício, da sua exposição ao vento, e da permeabilidade
ao ar da sua envolvente. A qualificação da série de caixilharia utilizada deve ser comprovada
por ensaio, sem o que deve ser considerada "Sem Classificação".

Para efeitos de aplicação deste Regulamento o grau de exposição é definido conforme tabela
7:

49 Bom estudo...
Tabela 7 – Classes de exposição
Região A Região B
Altura acima do
Rugosidade Rugosidade
solo
I II III I II III
< 10 m Exp. 1 Exp. 2 Exp. 3 Exp. 1 Exp. 2 Exp. 3
10 m a 18 m Exp. 1 Exp. 2 Exp. 3 Exp. 2 Exp. 3 Exp. 4
18 m a 28 m Exp. 2 Exp. 3 Exp. 4 Exp. 2 Exp. 3 Exp. 4
>28 m Exp. 3 Exp. 4 Exp. 4 Exp. 3 Exp. 4 Exp. 4

 Região - A -Todo o território Nacional, excepto os locais pertencentes a B.


 Região - B - Região Autónoma dos Açores e da Madeira e as localidades situadas
numa faixa de 5 km de largura junto à costa e/ou de altitude superior a 600 m.
 Rugosidade I - Edifícios situados no interior de uma zona urbana.
 Rugosidade II. - Edifícios situados na periferia de uma zona urbana ou numa zona
rural.
 Rugosidade III - Edifícios situados em zonas muito expostas (sem obstáculos que
atenuem o vento).

Tabela 8 – Taxas de renovação de ar

Permeabilidade ao ar das caixilharias (de acordo com


EN 12207)
Edifícios
Dispositivos Sem
Classe de Classe 1 Classe 2 Classe 3 conformes
de admissão classificação
Exposição com NP
na fachada Caixa de Caixa de Caixa de Caixa de 1037-1
estore estore estore estore
sim não sim não sim não sim não
sim 0,90 0,80 0,85 0,75 0,80 0,70 0,75 0,65
Exp. 1
não 1,00 0,90 0,95 0,85 0,90 0,80 0,85 0,75
sim 0,95 0,85 0,90 0,80 0,85 0,75 0,80 0,70
Exp. 2
não 1,05 0,95 1,00 0,90 0,95 0,85 0,90 0,80
0,60
sim 1,00 0,90 0,95 0,85 0,90 0,80 0,85 0,75
Exp. 3
não 1,10 1,00 1,05 0,95 1,00 0,90 0,95 0,85
sim 1,05 0,95 1,00 0,90 0,95 0,85 0,90 0,80
Exp. 4
não 1,15 1,05 1,10 1,00 1,05 0,95 1,00 0,90

50 Bom estudo...
Quando as aberturas de ventilação para admissão de ar praticadas nas fachadas não forem
dimensionadas de forma a garantir que, para diferenças de pressão entre 20 Pa e 200 Pa, o
caudal não varie mais do que 1,5 vezes, os valores da tabela 8 devem ser agravados de 0,10.

Quando a área de vãos envidraçados for superior a 15% da área útil de pavimento, os valores
da tabela 8 devem ser agravados de 0,10.

Se todas as portas do edifício ou fracção autónoma forem bem vedadas por aplicação de
borrachas ou equivalente em todo o seu perímetro, os valores indicados na tabela 8 para
edifícios não conformes com a NP 1037-1 podem ser diminuídos de 0,05.

Ventilação Mecânica

Vf Vx
R ph = + , sendo:
V V

Vf – o maior dos dois valores de caudal correspondentes ao caudal insuflado Vins ou ao


caudal extraído do edifício Vev . Em sistemas de caudal variável, o caudal a considerar é o
caudal Vf médio diário.

Vx – é o caudal adicional correspondente a infiltrações devidas ao efeito do vento e ao efeito


de chaminé.

V – o volume útil interior da fracção autónoma.

Ventilação Mecânica

1
0,9
0,8
0,7
Vx / V [h-1]

0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6
(Vins-Vev) / V [h-1]

Exp1 Exp2 Exp3 e Exp 4

51 Bom estudo...
2.6.2 Verificação das exigências regulamentares

A verificação das exigências regulamentares deve passar sempre, em primeiro lugar por
verificar se a zona independente em estudo tem as características mínimas aceitáveis, ou
seja fazer a verificação da exclusão automática. Caso a zona independente em estudo não
verifique as características mínimas aceitáveis então é necessário proceder à alteração das
características da envolvente.

Feita esta verificação deve-se verificar o outro extremo, ou seja, deve-se verificar se a zona
independente em estudo tem características de tal forma boas que verifica automaticamente
o regulamento, sem haver necessidade de cálculos das necessidades nominais de
aquecimento e de arrefecimento.

Exclusão automática

Os coeficientes de transmissão térmica da envolvente opaca e o factor solar, dos vãos


envidraçados verticais não orientados a norte tem de ser inferiores aos indicados na tabela 9
e 10 respectivamente, caso contrário existe exclusão automática e as soluções da envolvente
tem de ser alteradas.

Tabela 9 – Coeficientes de transmissão térmica máximos


Zona climática
Elemento da envolvente
I1 I2 I3
Exteriores
Zonas opacas horizontais 1.25 1.00 0.90
Zonas opacas verticais 1.80 1.60 1.45
Interiores
Zonas opacas horizontais 1.65 1.30 1.20
Zonas opacas verticais 2.00 2.00 1.90

O coeficiente de transmissão térmica das pontes térmicas planas tem que ser menor do que
duas vezes o coeficiente de transmissão térmica da zona corrente.

52 Bom estudo...
Tabela 10 – Factor solar máximo
Zona climática
Classe de inércia térmica
V1 V2 V3
Fraca 0.15 0.15 0.10
Média 0.56 0.56 0.50
Forte 0.56 0.56 0.50

Verificação automática

A condição geral a comprovar para que possa haver verificação automática é que seja um
edifício de habitação unifamiliar, com área útil inferior a Amv, que até à publicação da portaria
se considera Amv = 50 m2 .

Para que se haja verificação automática é necessário, além da condição geral, que os
coeficientes de transmissão térmica da envolvente sejam iguais ou inferiores aos indicados
na tabela 11, que o edifício tenha cobertura de cor clara, a construção possua uma inércia
média ou forte, que a área dos vãos envidraçados ≤ 15% de Ap e que osãos envidraçados
com mais de 5% da área útil do espaço que servem, e não orientados no quadrante norte,
devem ter factor solar igual ou inferior aos apresentados na tabela 12.

Tabela 11 – Coeficientes de transmissão térmica


Zona climática
Elemento da envolvente
RA I1 I2 I3
Envidraçados 4,30 4,30 3,30 3,30
Exteriores
Zonas opacas horizontais 0,80 0,50 0,45 0,40
Zonas opacas verticais 1,40 0,70 0,60 0,50
Interiores
Zonas opacas horizontais 1,25 1,00 0,90 0,80
Zonas opacas verticais 2,00 1,40 1,20 1,00

Tabela 12 – Factores solares máximos admissíveis


V1 V2 V3
g┴ 0,25 0,20 0,15

53 Bom estudo...
Verificação pelo método geral

Caso as exigências regulamentares não se verifiquem automaticamente, então é necessário


fazer a verificação pelo método geral, ou seja é necessário contabilizar todas as perdas e
todos os ganhos da zona independente. Deste modo pode fazer-se a determinação da
energia necessária para aquecimento, para arrefecimento, para aquecimento de águas
sanitárias, da energia primária e comparar com os índices fundamentais.

Verificação das necessidades de aquecimento

As necessidades anuais de aquecimento do edifício são calculadas por:

Nic = (Q t + Q v − Q gu )/ A p

Sendo:

- Qt – perdas de calor através da envolvente durante a estação de aquecimento;


- Qv - perdas de calor resultantes da renovação de ar durante toda a estação de
aquecimento;
- Qgu - ganhos térmicos úteis durante toda a estação de aquecimento.

As perdas de calor por condução através da envolvente durante toda a estação de


aquecimento são calculadas por:

Q t = Q ext + Q ln a + Q pe + Q pt , sendo:

- Q ext = 0,024 ⋅ ∑ Ui ⋅ A i ⋅ GD , as perdas de calor pela envolvente exterior;


i

- Q ln a = 0,024 ⋅ ∑ Ui ⋅ A i ⋅ GD ⋅ τ , as perdas de calor pela envolvente interior;


i

- Q pe = 0,024 ⋅ ∑ Ψi ⋅ B i ⋅ GD , as perdas de calor pelas paredes e pavimentos em

contacto com o solo;


- Q pt = 0,024 ⋅ ∑ Ψi ⋅ Bi ⋅ GD , as perdas de calor pelas pontes térmicas lineares;

- GD = ∫ (t
w
i − t a )dw = ∫ δ( t i − t a )dw , com δ = 0 se ti < ta e δ = 1 se ti ≥ ta. Este
w

integral representa o parâmetro Grau-dia de aquecimento (GD). Parâmetro tabelado

54 Bom estudo...
no regulamento e dependente da região climática. Os valores especificados no
regulamento para os GD têm por base ti = 20ºC.

As perdas de calor resultantes da renovação de ar durante toda a estação de aquecimento


são calculadas por:

Q v = 0,024 ⋅ 0,34 ⋅ R ph ⋅ A p ⋅ Pp ⋅ GD

Os ganhos térmicos úteis durante toda a estação de aquecimento são calculadas por:

Q gu = η ⋅ (Q i + Q s ) , sendo:

1− γa
η= se γ ≠ 1
1 − γ a +1 Q + Qs
- , o factor de utilização de ganhos, com γ = i e
a Qt + Qv
η= se γ = 1
a +1

1,8 – inércia fraca


a= 2,6 – inércia média
4,2 – inércia forte

- Q i = qi ⋅ M ⋅ A p ⋅ 0,720 , os ganhos internos, com qi igual a:

Tipo de edifício qi [W / m2]


Residencial 4
Serviços do tipo: Escritórios, comércio, restauração, 7
consultórios, serviços de saúde com internamento, etc.
Hotéis 4
Outros edifícios com pequena carga de ocupação 2

 
- Q s = G sul ∑ X j ⋅ ∑ A snj  ⋅ M , os ganhos solares, com Xj (factor de orientação para
j  n 
as diferentes exposições) a tomar os seguintes valores:

Octantes Octantes Octantes


Octante N Octante S Horizontal
NE e NW EeW SE e SW
X 0,27 0,33 0,56 0,84 1 0,89

55 Bom estudo...
Gsul igual a:

Energia solar média incidente numa


Zona de superfície vertical orientada a Sul na
Inverno estação de aquecimento GSul
(kWh/m2.mês)
I1
Continente 108
Açores 70
Madeira 100
I2
Continente 93
Açores 50
Madeira 80
I3
Continente 90
Açores 50
Madeira 80

e A snj = A ⋅ Fs ⋅ Fg ⋅ Fw ⋅ g ⊥ , com:

- A – área total do vão envidraçado;


- Fs – factor de obstrução Fs = Fh ⋅ F0 ⋅ Ff , sendo Fh – factor de sombreamento pelo

horizonte, F0 – factor de sombreamento por elementos horizontais, Ff - factor de


sombreamento por elementos verticais;
- Fg – fracção envidraçada;

Fg
Tipo de caixilharia
Caixilho sem Caixilho com
quadrícula quadrícula
Janelas de alumínio ou aço 0,70 0,60

Janelas de madeira ou PVC 0,75 0,57

Fachadas-cortina de alumínio ou aço 0,90 --

- Fw - factor de correcção devido à variação das propriedades do vidro com o ângulo


de incidência da radiação solar, para as necessidades de aquecimento toma o valor
de 0,90;

56 Bom estudo...
- g┴ - factor solar do vão envidraçado para radiação incidente na perpendicular tendo
em conta eventuais dispositivos de protecção.
- Notas: O valor mínimo a adoptar para o produto Xj. Fh. F0. Ff é 0,27, que
corresponde à fracção média da radiação difusa; Caso não existam palas, para
contabilizar o efeito do contorno do vão, deve ser considerado o valor 0,90 para o
produto F0. Ff .

57 Bom estudo...
Verificação das necessidades de arrefecimento
a

Verificação das necessidades


dades de AQS

Verificação
ão das necessidades de energia primária
prim

2.7 Energia solar passiva

A primeira crise energética que


ue teve lugar no início da década de 70, provocada pelo sector
petrolífero, de que se dependia exclusivamente, serviu para nos alertar para o facto de as
fontes energéticas utilizadas até à data não serem inesgotáveis e da necessidade de prever
fontes de energia
nergia alternativas nomeadamente o aproveitamento da energia solar.

O Sol, por meio da radiação solar, fornece-nos,


fornece nos, em média, por ano, cerca de 1.5x1018 kWh,
aproximadamente 25000 vezes a quantidade de energia que é consumida por toda a
humanidade, no mesmo
mo período de tempo.

Ilustração 6 – Esquema representativo da radiação solar [1].

Da totalidade da radiação solar que chega à atmosfera, 15% são absorvidos por esta, 32%
são difundidos para o espaço celeste, 6% são reflectidos
reflectidos pela superfície terrestre e somente
47% é que são absorvidos pela Terra.

58 Bom estudo...
Toda esta energia absorvida acaba por ser enviada de novo para o espaço, sendo
completamente perdida. É esta parte que temos ao nosso dispor para aproveitar.

Esta energia que o Sol nos fornece e que atinge a superfície terrestre é variável e
dependente de diversos factores, nomeadamente, dos movimentos da Terra, da atmosfera
terrestre, da altura solar, assim como das restantes condições climáticas, como por exemplo,
humidade do ar e direcção e velocidade dos ventos.

Assim, se entende que a utilização da energia solar passiva, no âmbito da construção, tem
que se basear numa acção integrada de múltiplos factores, tais como localização e
orientação do edifício, forma e relação com os espaços adjacentes, tipos de vegetação
circundante, distribuição do espaço interior, etc.

Além disso, deve ser encarada como um contributo, benéfico e importante, nas necessidades
de energia de um edifício (no Inverno, por exemplo), mas também como um contributo,
nefasto, em determinadas circunstâncias e períodos (no Verão, por exemplo).

2.7.1 Condicionantes climáticas locais

A quantidade de energia que o Sol nos fornece varia geograficamente - é substancialmente


diferente no Equador ou no Pólo Norte - mas não só, faz variar as suas contribuições também
com o tempo – diferenças entre o Inverno e o Verão, e variações horárias durante o dia.

Desde o tempo de Galileu, que se sabe, a Terra anda à volta do Sol, descrevendo elipses,
sendo por isso a distância entre os dois astros variável ao longo do ano. Para o hemisfério
Norte, o solstício de Inverno e de Verão coincide com essa distância mínima e máxima
respectivamente, estando assim a Terra mais perto do Sol no Inverno do que no Verão.

Sabe-se que além da Terra girar à volta do Sol também gira sobre o seu próprio eixo, e que
essa rotação dura 24 horas, originando, os dias e as noites e a variação da insolação diária.

A declinação do Sol, condicionada pela latitude do local, faz variar a altura máxima deste, o
ângulo máximo de incidência na superfície terrestre ao longo do ano e a duração dos
períodos de insolação.

59 Bom estudo...
A energia dos raios solares ao atravessar a atmosfera terrestre, que é constituída por uma
massa gasosa, e que representa o último percurso destes antes de atingirem a superfície
terrestre, diminui tanto mais quanto maior for a densidade dessa massa gasosa e quanto
maior for a sua espessura. A temperatura do ar, o grau de poluição atmosférica, a
quantidade de vapor de água e a altitude do lugar são factores determinantes na
quantificação da energia solar disponível.

Ilustração 7 – Variação da radiação solar em função da nebulosidade do céu [1].

As condições climáticas locais são, deste modo, condicionantes na implementação de


qualquer sistema solar passivo, não se podendo projectar indistintamente para qualquer
ponto da superfície terrestre no que respeita a forma, materiais e orientações.

2.7.2 Condicionantes exteriores ao edifício

O comportamento de edifícios, numa perspectiva solar passiva, depende de um conjunto de


factores que devem ser integrados, de forma a se obter a optimização na utilização da
energia solar. Pode-se chamar a esta acção “Concepção Bio climática”. Apresenta-se de
seguida as fundamentais condicionantes exteriores ao edifício preconizadas por Francisco
Moita [1].

Localização

Os ganhos e as perdas térmicas que se obtêm em função da localização de um edifício estão


condicionados por diversos factores, tendo a topografia uma função preponderante nesse

60 Bom estudo...
balanço. Consoante o edifício é implantado num vale com correntes frias, num cume
desprotegido, numa planície ou numa encosta exposta a sul as perdas térmicas são distintas
sendo máximas na primeira situação e mínimas na última. No entanto não é por si só
suficiente ter em conta este factor.

A vegetação (a presença de árvores de folha caduca ou persistente, a sua posição em


relação ao edifício), presença de água (proximidade de rios, lagos ou mar), ventos
dominantes (a sua relação com a topografia, a presença de água e vegetação) podem
condicionar significativamente a integração térmica e climática do edifício.

Ilustração 8 – Influência dos factores topografia, vegetação e água nas perdas térmicas de um edifício [1].

Forma

A forma é um factor a considerar na concepção de edifícios pois, entre outras coisas, define a
sua envolvente exterior, por onde ocorrem as perdas térmicas. De modo a diminuir essas

61 Bom estudo...
perdas devem-se conceber edifícios compactos, com o mínimo de reentrâncias e saliências,
o que corresponde a minimizar a superfície exterior.

Ilustração 9 – Variação das perdas térmicas Q de um edifício em função do coeficiente de forma (Ae/V) [1].

Ilustração 10 – Para a mesma altura e mesmo índice de construção, o balanço térmico é optimizado em D, pois
o volume é maior e a área de zona verde mais compacta, conduzindo a amplitudes térmicas menores [1].

62 Bom estudo...
Orientação e afastamento

A orientação dos edifícios deve ir no sentido


sentido de orientar a Sul a fachada com maior extensão
e envidraçados, em oposição à orientada a Norte que deve ter a menor área possível de
envidraçados, e de preferência cega.

Isto deve-se
se ao facto de no Inverno os ganhos solares, contributo fundamental para melhorar
as condições térmicas do edifício, se obterem no quadrante Sul. É por isso necessário
garantir que a fachada a Sul, fique exposta à radiação solar. O afastamento entre corpos de
edifícios deve então ser definido em função da altura solar e da altura
altura dos edifícios.

Ilustração 11 – Os afastamentos entre edifícios em função da sua altura e da altura solar [1].

A distribuição dos espaços interiores do edifício deve ser realizada tendo em conta a sua
utilização e consequentes
entes necessidades térmicas. Assim, os anexos, garagens, escadas,
corredores, etc. devem ser situados junto à fachada Norte, enquanto as zonas principais (sala
por exemplo) devem situar-se
situar na ala Sul.

63 Bom estudo...
Ilustração 12 – Distribuição
uição dos espaços interiores em função da orientação [1].

Vegetação

Uma das características da vegetação é a capacidade de regularizar as condições climáticas


adversas. Essa capacidade pode ser optimizada mediante a escolha criteriosa do tipo e
densidade da sua folhagem, o ordenamento entre si e o posicionamento no espaço.

A título de exemplo teremos a vegetação de folha persistente e densa, uma excelente


barreira para os ventos, a vegetação de folha caduca, que permite a passagem dos raios
solares no Inverno
erno e evitando essa mesma passagem no Verão ou ainda as trepadeiras,
quando colocadas junto ás fachadas conduz a um melhoramento da resistência térmica
superficial exterior.

64 Bom estudo...
Ilustração 13 – Desenho esquemático das vantagens das trepadeiras [1].

2.7.3 Condicionantes do próprio edifício

Envolvente opaca exterior

Um isolante térmico é um produto que tem por objectivo diminuir a transferência de calor
através dos elementos onde está inserido, para isso terá de ter uma condutibilidade térmica
baixa. A NF P 75-101 define isolante térmico como produto destinado à construção cuja
resistência térmica é igual ou superior a 0.5m2.ºC/W e cuja condutibilidade térmica é menor
ou inferior a 0.065W.m/ºC [3].

É fundamental o tratamento de todas as partes da envolvente opaca do edifício, sejam elas,


pavimentos, vigas, pilares, paredes ou coberturas, com materiais isolantes térmicos.

65 Bom estudo...
Ilustração 14 – Representação esquemática dos gráficos de temperaturas em duas paredes de igual resistência
térmica, sem e com isolante [1].

Estes isolantes térmicos terão de satisfazer exigências distintas consoante a função que irão
exercer. Segundo Vasco Peixoto de Freitas e Manuel Pinto [3] essas exigências devem ser
definidas, relativamente às seguintes propriedades:

- resistência térmica;

- compressibilidade;

- estabilidade dimensional;

- comportamento à água;

- comportamento mecânico;

- permeabilidade ao vapor de água.

As exigências serão tanto mais elevadas quanto maior for o nível de qualidade térmica
desejado para o edifício.

As zonas com diferente isolamento térmico, e consequentemente diferente resistência


térmica em relação à zona corrente da envolvente, são normalmente denominadas por
pontes térmicas. Estas zonas surgem normalmente devido à utilização de materiais de
condutibilidade térmica diferente e nas ligações entre diferentes elementos construtivos (por
exemplo, ligações entre paredes e lajes, entre paredes e pilares, etc.).

A existência de pontes térmicas na envolvente do edifício provoca habitualmente consumo


excessivo de energia de aquecimento, e a ocorrência de patologias localizadas, como o

66 Bom estudo...
aparecimento de condensações superficiais, bolores, fungos, manchas e deterioração dos
revestimentos no paramento interior da envolvente exterior.

Ilustração 15 – Exemplo de uma ponte térmica [1].

As perdas de calor através das pontes térmicas tomam valores significativamente importantes
quando a zona corrente da envolvente é tratada com um material de isolamento térmico e as
de pontes térmicas não o são.

Envidraçados e dispositivos de protecção solar

Os envidraçado, durante o Inverno, estão sujeitos a ganhos solares directos, durante o


período de insolação, e a perdas térmicas importantes, sobretudo durante a noite, o que se
pretende é que esse balanço térmico seja positivo, sem que haja sobreaquecimento durante
o primeiro período.

As perdas térmicas pelos envidraçados dão-se por transmissão térmica, uma vez que a
condutibilidade térmica do vidro é bastante elevada, mas também por infiltração de ar frio
através das frinchas existentes nas caixilharias.

A condutibilidade térmica do vidro pode ser melhorada com o uso de vidro duplo ou triplo, ou
com a aplicação de dispositivos de ocultação e isolamento interiores ou exteriores, sejam
eles estores ou reposteiros, por exemplo. Outro aspecto a ponderar será o material dos
caixilhos, de preferência um material com condutibilidade térmica reduzida.

67 Bom estudo...
Ilustração 16 – Exemplificação esquemática das perdas térmicas de uma janela. Os valores de K referem-se
referem ao
período nocturno [1].

A infiltração do ar frio resulta de uma falta de calafetação das juntas e batentes, situação que
começa a ser encarada com outra atenção e já se vêem melhorias significativas
significativas nas
caixilharias correntemente aplicadas na nossa construção, é no entanto um factor a não
descorar.

Durante o verão, o sobreaquecimento do edifício, que resulta da exposição directa aos raios
solares através dos envidraçados, tem que ser evitado recorrendo
recorrendo a dispositivos de protecção
solar (isolamento e/ou sombreamento), interiores ou exteriores.

Nestes dispositivos, quando exteriores, da radiação incidente parte é reflectida e parte é


absorvida, desta uma parte é transmitida por convecção e radiação
radiação ao exterior e outra é
transmitida por condução através da protecção.

68 Bom estudo...
A eficiência destes dispositivos de protecção solar depende da sua cor, da ventilação do
espaço entre a protecção e o vidro, da sua resistência térmica, da sua continuidade e da
emissibilidade
ibilidade da sua face interna.

Nos dispositivos de protecção solar interiores existe uma considerável dissipação de calor por
convecção para o espaço entre o vidro e a protecção que será transmitido ao interior pelo
movimento do ar. São, por esta razão, menos
menos eficientes que os exteriores.

Ilustração 17 – Função dos sombreadores nos períodos de Inverno e verão [1].

Ventilação

Analisando a ventilação só em função do balanço térmico, concluir-se-ia


concluir ia que o ideal seria não
existir qualquer ventilação, pois a ventilação consiste na entrada no edifício de ar exterior,
normalmente frio, e saída de ar do interior, normalmente quente.

No ponto anterior preconiza-se


preconiza se a estanquidade das caixilharias, terão então que se prever
sistemas que permitam a ventilação geral e permanente, de preferência natural, do edifício.
Pois a ventilação de um edifício é fundamental não só por razões de conforto e higio-
higio
sanitárias como também por razões de condensações superficiais.

O critério de circulação de ar no interior dos edifícios deve compreender entradas de ar nos


compartimentos principais, passagens de ar dos compartimentos principais para os
compartimentos de serviço e saídas de ar nos compartimentos de serviço. [5]

69 Bom estudo...
2.7.4 Sistemas solares passivos

Importa deixar bem claro o que se entende por sistema solar passivo, é então aquele em que
toda a energia térmica é captada e transferida por meios naturais, ou seja, por radiação,
condução ou convecção natural, sem o recurso a meios externos auxiliares.

Admitem-se, no entanto, pequenas contribuições de energia exteriores, com vista a melhorar


a performance do sistema. Contudo é habitual admitir-se que estas contribuições não
excedam 2% da energia útil captada pelo sistema.

Os sistemas solares passivos dividem-se em três grandes grupos, são eles, os sistemas de
ganho directo, sistemas de ganho indirecto e estufas. Adiante veremos as características de
cada um deles.

Algumas das vantagens dos sistemas solares passivos, globalmente aceites, são as
seguintes [6]:

- com os sistemas solares passivos consegue-se captar uma parcela importante


da energia térmica para satisfazer as necessidades de aquecimento;

- os sistemas solares passivos envolvem tecnologias simples e materiais


correntes, pelo que podem ser aplicados à generalidade dos edifícios;

- os sistemas solares passivos podem ser aplicados às diversas zonas do planeta,


devendo ser adaptados à realidade existente.

Sistemas de ganho directo

Um sistema de ganho directo, como o próprio nome indica, consiste na captação da radiação
solar para o interior do edifício através dos envidraçados, preferencialmente expostos a sul.
Contudo não é suficiente que essa energia penetre no edifício, é também necessário
armazena-la, para que durante a noite seja libertada e assim diminua a amplitude térmica
interior.

70 Bom estudo...
Ilustração 18 – Representação esquemática de um sistema de ganho directo [1].

No ar esse armazenamento não é possível, pois a sua capacidade de absorção da energia


solar é quase nula. É por isso necessária a presença de materiais compactos, de massa
elevada e de grande capacidade de absorção da radiação nos elementos da envolvente do
compartimento. Estes elementos da envolvente conseguem-se
conseguem se habitualmente recorrendo a
betão ou tijolo maciço, de cor
c escura-mate.

A condutibilidade térmica dos envidraçados é bastante elevada comparada com os restantes


elementos da envolvente, é por isso necessário prever dispositivos de ocultação e isolamento
durante os períodos em que não há insolação, para que a energia
energia armazenada não se
dissipe rapidamente pelos mesmos envidraçados que foram responsáveis pela sua captação.

Os excessivos ganhos solares durante a estação quente representa um grande inconveniente


dos sistemas de ganho directo. O sobreaquecimento pode
pode ser evitado mediante a escolha
criteriosa das áreas de envidraçado e de elementos de ocultação e isolamento. Estes
elementos podem ser móveis (por exemplo, persianas) que são operados pelos ocupantes ou
fixos (por exemplo, palas) que são dimensionados tendo
tendo em conta a altura variável do Sol.

O dimensionamento dos envidraçados de um edifício deve ter em conta não só a radiação


solar como fonte de energia térmica, mas também como fonte de iluminação e ventilação
natural.

71 Bom estudo...
Ilustração 19 – Variação térmica diária função da relação entre a superfície acumuladora e a superfície de
envidraçado [1].

72 Bom estudo...
Ilustração 20 – Sombreadores solares para controlo da radiação solar [1].

Vantagens e inconvenientes

Das vantagens e inconvenientes dos sistemas de ganho directo destacam-se as seguintes:

Vantagens

- iluminação natural através dos envidraçados;

- acesso visual ao exterior;

- baixo preço (discutível devido ao uso de materiais com massas elevadas sem
razões estruturais);

- facilidade de implementação (uso de soluções construtivas correntes).

Inconvenientes

- armazenamento térmico por um período curto (a acumulação da energia térmica


na envolvente só é eficaz nas partes maciças até uma espessura de
aproximadamente 15cm, a inércia térmica é relativamente reduzida);

- grandes gradientes de temperatura (só uma pequena parcela da energia captada


é armazenada e utilizada em períodos nocturnos);

- excessivos ganhos de Verão;

- problemas de conforto térmico (devido a grandes variações de temperatura);

- problemas de conforto visual (por excesso de luminosidade);

73 Bom estudo...
- degradação dos materiais (devido à exposição directa dos raios solares,
nomeadamente os ultravioletas).

Sistemas de ganho indirecto

Um sistema de ganho indirecto pressupõe a existência


existência de uma parede colectora, construída
com materiais pesados (betão, pedra ou água), entre um elemento transparente,
normalmente vidro, e o espaço a aquecer, que deve ser exposta a Sul, pelas mesmas razões
do sistema anterior. A grande capacidade de calor
calor , produzido durante o período de
insolação, que a parede armazena e conduz para o paramento interior permite-lhe,
permite
posteriormente, libertar grande quantidade de energia e aquecer o compartimento por
convecção e radiação.

A capacidade de absorção da radiação


radiação solar, da parede colectora, pode ser potenciada
fazendo o revestimento da superfície exterior com pré-fabricados
pré fabricados que são fixos à parede com
colas, boas condutoras de calor, ou com tintas de cor escura-mate,
escura mate, consoante se trate de
superfície de captaçãoo selectiva ou não. A superfície de captação selectiva tem um
coeficiente de absorção da radiação solar superior ao coeficiente de emissão da radiação a
baixa temperatura.

Ilustração 21 – Representação esquemática de um sistema


sis de ganho indirecto [1].

74 Bom estudo...
O espaço de ar que existe entre o vidro e a parede colectora pode ter ou não ventilação para
o interior. Quando existe essa ventilação o sistema designa-se por parede de Trombe, que é
o nome do seu criador, e neste caso as trocas de calor também se dão por troca de ar entre
as duas zonas.

Ilustração 22 – Vários tipos de paredes de acumulação térmica. A) parede irradiante; B) parede com ventilação;
C) acumulação com contentores de água; D) combinação de contentores de água e alvenaria; E) enrocamento e
contentores (garrafas de água); F) enrocamento e sistema de ventilação dupla independente [1].

A ventilação consiste na realização de aberturas nas partes superiores e inferiores da parede,


por onde o ar quente do espaço de intermédio circula e aquece o compartimento por
convecção natural. Estas aberturas deverão ser equipadas com tampas que possibilitem a
regulação dos caudais de ventilação, ou seja, o aquecimento do compartimento.

No Verão este sistema pode conduzir a sobreaquecimentos elevados, devem por isso, ser
utilizados dispositivos de sombreamento. Todavia, as paredes colectoras com ventilação,
permitem a circulação do ar proveniente do interior, através do espaço intermédio para o
exterior, por meio de uma abertura na parte superior do vidro.

75 Bom estudo...
Ilustração 23 – Representação esquemática do funcionamento de uma parede com ventilação [1].

Os sistemas de ganho indirecto têm uma inércia térmica elevada, são por isso reguladores
das amplitudes térmicas interiores, permitindo a transferência da energia térmica captada
com desfasamentos que podem ir até às 8horas . Este desfasamento varia consoante o tipo
de parede (com ou sem ventilação, sólida ou liquida, maior ou menor espessura), diminui com
a ventilação e aumenta com a espessura.

Vantagens e inconvenientes

Das vantagens e inconvenientes dos sistemas de ganho indirecto destacam-se as seguintes:

Vantagens

- armazenamento térmico por um longo período (devido às massas elevadas dos


elementos construtivos);

- bom aquecimento nocturno (desfasamento na transmissão do calor captado


durante o período de insolação);

76 Bom estudo...
- possibilidade de arrefecimento na estação quente (nos sistemas com ventilação é
possível uma corrente termo sifão dirigida para o exterior);

- pequenas flutuações térmicas (tem uma inércia térmica elevada).

Inconvenientes

- inexistência de luz directa (necessidade de prever uma área de fachada superior


para instalar envidraçados afim de garantir iluminação natural);

- custo de construção elevado;

- necessidade de isolamento nocturno (afim de se diminuir as perdas térmicas por


transmissão directa);

- dependência de uma forte incidência solar (pode prejudicar a sua aplicação em


zonas com tendência para nebulosidade).

Estufas

São sistemas
stemas que combinam os princípios térmicos dos sistemas de ganho directo e
indirecto. De uma forma muito sucinta, podem descrever-se
descrever se como compartimentos com
fachadas e coberturas quase totalmente envidraçados, orientados a sul, tendo no interior
massas térmicas
rmicas elevadas para armazenamento do calor.

Ilustração 24 – Representação esquemática de uma estufa [1].

77 Bom estudo...
As grandes áreas de envidraçados permitem grande captação de ganhos directos, enquanto
que as grandes massa térmicas do interior, nomeadamente a parede contígua ao
compartimento que se pretende aquecer, permite a captação de ganhos indirectos.

O bom funcionamento de uma estufa baseia-se no compromisso entre a área de captação


solar e a massa de armazenamento térmico, sem o qual os sobreaquecimentos e elevados
gradientes térmicos serão uma constante.

Os processos de armazenamento térmico mais correntes em estufas são: paredes de


Trombe, contentores de água e massa de enrocamento.

Ilustração 25 – Diversos processos de construção de armazenamentos térmicos. A) a transmissão térmica


efectua-se por circulação do ar ou através da parede; B) e C) a presença de isolamento só permite a
transmissão térmica por circulação de ar; D) o aquecimento processa-se através de ganhos directos e circulação
de ar, os contentores de água ajudam a manter a temperatura a níveis mais constantes [1].

Ilustração 26 – Armazenamento térmico através de enrocamento em estufas [1].

Devem ser previstos dispositivos de ventilação e sombreamento, como nos dois sistemas
referidos anteriormente. No entanto, deve ainda considerar-se a possibilidade de isolar

78 Bom estudo...
completamente a estufa do edifício ou de a desactivar durante estação quente, pois se não,
será previsível o sobreaquecimento e os consequentes inconvenientes para os ocupantes.

Ilustração 27 – Representação esquemática de processos de isolamento nocturno e desactivação sazonal de


uma estufa [1].

Ilustração 28 – Exemplo de isolamento de uma estufa. A) isolamento amovível sazonalmente. B) isolamento


recolhível diariamente [1].

Vantagens e inconvenientes

Das vantagens e inconvenientes das estufas destacam-se as seguintes:

Vantagens

- redução das perdas térmicas por transmissão através da envolvente exterior do


espaço ocupado;

- baixo custo de construção (em algumas soluções construtivas);

- permite condições de habitabilidade bastante agradáveis, no interior da estufa,


durante alguns períodos do ano;

79 Bom estudo...
- adaptáveis a edifícios já existentes;

- permitir culturas que não seriam possíveis ao ar livre;

- facilmente combináveis com outros sistemas.

Inconvenientes

- não permite arrefecimento na estação quente;

- grandes gradientes térmicos no interior da estufa;

- período de armazenamento curto, com rápido arrefecimento nocturno no interior


da estufa;

- problemas de sobreaquecimento em climas quentes ou de forte insolação.

2.8 Humidade em edifícios adaptado de HENRIQUES, Fernando “Humidade em


paredes”, LNEC, 1994
2.8.1 Formas de manifestação da humidade

As formas de manifestação de humidade nas construções são diversas, no entanto é


relativamente consensual o agrupamento em 6 grupos ou tipos de humidade, são eles:
humidade de construção, humidade do terreno, humidade de precipitação, humidade de
condensação, humidade devida a fenómenos de higroscopicidade e humidade devida a
causas fortuitas.

Humidade de construção

Os materiais aplicados na construção, por um lado estão sujeitos à acção directa da chuva e
além disso grande parte deles usam água na sua confecção e ou aplicação.

O processo de eliminação da humidade de construção passa pela evaporação superficial


dividida em duas fases, primeiro a evaporação da água existente nos poros de maior
dimensão e só posteriormente a evaporação da água existente nos poros de menor dimensão

Este processo de evaporação provoca com frequência expansões ou destaques de alguns


materiais, além disso faz diminuir a temperatura superficial dos materiais conduzindo a
condensações. Devido ao teor de água nos materiais ser superior ao normal faz com que a

80 Bom estudo...
condutibilidade térmica dos materiais aumente, pois esta varia com o teor de humidade, o que
com frequentemente conduz ao aparecimento de manchas
m has de humidade ou condensações.

Estas anomalias cessam


essam ao fim de
d um período relativamente curto.

Humidade do terreno

O aparecimento de humidade na edificação, proveniente do terreno acontece quando existem


zonas das paredes em contacto com a água do solo,
solo, as paredes são compostas por materiais
com elevada capilaridade
capilaridad nas paredes e/ou as barreiras estanques nas paredes não existem
ou o seu posicionamento é deficiente.

Ilustração 29 – Influência da coerência do solo na humidade proveniente do terreno

A ascensão
ão de água nas paredes é função daa porometria dos materiais constituintes ( quanto
menor o diâmetro dos poros maior a altura teórica),
teórica) daa quantidade de água em contacto com
a parede e das
as condições de evaporação da água.
água

81 Bom estudo...
Ilustração 30 – Altura de ascensão em função das condições de evaporação

O processo de ascensão
scensão de água nas paredes passa, numa primeira fase, pela dissolução
d
dos sais existentes no terreno e nos materiais de construção,
construção seguida do transporte
ransporte através
da parede para níveis superiores,
superior , evaporação do solvente e concentração dos sais.
sais
Acontecem fenómenos de higroscopicidade. Esta concentração dos sais conduz à
colmatação dos poros e consequente redução
r da permeabilidade ao vapor.

Ilustração 31 - Águas freáticas vs. Águas superficiais

As anomalias provenientes da humidade do terreno fazem-se


se notar através de manchas
m de
humidade nas paredes junto ao solo com zonas erodidas na parte superior das manchas,
manchas da
formação
mação de eflorescências e criptoflorescências ou ainda com o aparecimento de manchas
m
de bolor ou vegetação parasitária.
parasitária

Humidade de precipitação

A ocorrência de chuva associada ao vento, à deficiente concepção e à eventual existência de


fissuração são a causa do aparecimento deste tipo de humidade.

O aumento do teor de água faz diminuir a temperatura superficial dos materiais conduzindo a
condensações e ao aparecimento de manchas de humidade de dimensões variáveis nos
paramentos interiores das paredes exteriores. Estas anomalias aparecem e desaparecem
em função da ocorrência de precipitação. Nas zonas que sofreram humedecimento surgem ,
não poucas vezes, bolores, eflorescências e criptoflorescências.

Humidade de condensação

82 Bom estudo...
A humidade de condensação subdivide-se
subdivide se em condensação superficial e condensação
interna.

O fenómeno da condensação superficial


superfic dá-se sempre que a temperatura
emperatura no paramento
interior é menor do que a temperatura de ponto de orvalho. Depende
Depende das condições
c de
ocupação, pois conduz à maior ou menor produção de vapor de água no interior do edifício,
da ventilação dos locais, do isolamento térmico dos elementos da envolvente exterior e da
temperatura do ambiente interior. Os modos de minorar o risco de ocorrência passa por
melhorar o isolamento térmico da envolvente exterior e/ou aumentar a temperatura do
ambiente interior; estas soluções conduzem a um aumento da
da temperatura do paramento
interior. Outra solução pode passar pela melhoria
melhoria da ventilação que conduz à diminuição da
humidade absoluta, logo à diminuição da temperatura de ponto de orvalho.

Ilustração 32 – Risco de ocorrência de condensações superficiais

Se a pressão de vapor instalada no interior dos elementos da envolvente for maior do que a
pressão de saturação, então dá-se
dá a condensação interna. A condensação
ondensação interna depende
das características
aracterísticas de isolamento térmico dos diferentes materiais,
materiais, pois estes condicionam
c as
temperaturas no interior, logo as pressões de saturação em cada ponto e das características
de permeabilidade ao vapor de água dos materiais, que condicionam
ndicionam as variações da pressão
parcial.

83 Bom estudo...
Humidade devida a fenómenos de higroscopicidade

Os sais higroscópicos têm a propriedade de absorver humidade do ar, dissolvendo-se quando


a HR apresenta valores entre 65 a 75%, voltando a cristalizar com considerável aumento de
volume, quando a HR desce. Devido a esta propriedade estes sais conduzem ao
humedecimento da superfície em que se encontram.

O processo de cristalização e o consequente aumento de volume dá origem a fenómenos de


degradação da parede, sob a forma de eflorescências e criptoflorescências na sua camada
de revestimento. Esta degradação da parede é tanto maior quanto maior for o número de
ciclos de dissolução-cristalização.

Humidade devida a causas fortuitas

Este tipo de humidade é geralmente de natureza pontual e decorre de defeitos de construção,


falhas de equipamentos, acidentes ou falta de manutenção.

2.8.2 Reparação de anomalias provocadas pela humidade

As soluções de reparação de anomalias provocadas pela humidade dependem das


anomalias existentes, do tipo de construção em que ocorrem e dos objectivos que se
pretendem atingir.

As intervenções de correcção das anomalias provocadas pela humidade podem ser


tipificadas em seis grandes grupos:

- eliminação das anomalias


- substituição dos elementos e materiais afectados
- ocultação das anomalias
- protecção contra os agentes agressivos
- eliminação das causas das anomalias
- reforço das características funcionais

Eliminação das anomalias

84 Bom estudo...
Este tipo de reparação de anomalias provocadas pela humidade apenas resolve os
problemas temporariamente, não constituindo de forma alguma uma solução definitiva.
Enquanto persistirem as causas, as anomalias continuarão a ocorrer.

Exemplos de medidas de eliminação das anomalias:

- Secagem das paredes humedecidas, através duma intensificação da respectiva


ventilação ou do aumento da temperatura ou da desumidificação dos ambientes com
que confinam;
- Remoção de eflorescências ou de bolores;
- Colagem ou fixação de revestimentos de paredes que se encontrem descolados.

Substituição de elementos ou materiais afectados

A substituição de elementos ou materiais afectados constitui um solução bastante


interessante quando estes se apresentam em estado cuja reparação seja difícil ou inviável.
Pode mesmo resolver definitivamente os problemas se forem adoptadas as precauções
necessárias aquando da realização dos trabalhos de substituição, nomeadamente a
eliminação das causas das anomalias ou se criarem protecções contra a acção dos agentes
agressivos.

Exemplos de substituição de elementos ou materiais afectados:

- Substituição total ou parcial de elementos de madeira que se encontrem


apodrecidos;
- Substituição de revestimentos de paredes desagregados devido à formação de
criptoflorescências;
- Substituição de paredes não-estruturais afectadas por problemas de humidade
ascendente do terreno ou que apresentem fortes concentrações de sais
higroscópicos.

Ocultação das anomalias

Na generalidade dos casos a ocultação das anomalias é uma solução bastante económica e
que consegue resolver definitivamente os problemas de humidade. Este tipo de intervenção

85 Bom estudo...
não actua directamente sobre as causas, pois elas persistem, mas para o utilizador o
problema deixa de estar aparente e por isso resolvido.

Exemplos de ocultação de anomalias:

- construção de panos de parede que ocultem as paredes afectadas;


- aplicação de revestimentos de parede desligados ou aderentes que recubram ou
disfarcem as anomalias.

Protecção contra os agentes agressivos

A protecção contra os agentes agressivos é um tipo de metodologia que, sem eliminar os


agentes causadores das anomalias, procura impedir a sua actuação directa sobre os
elementos construtivos.

Exemplos de protecção contra agentes agressivos:

- Impermeabilização dos paramentos exteriores de paredes enterradas sujeitas à


acção da humidade do terreno
- Corte e criação duma zona estanque em paredes com problemas de humidade
ascendente por capilaridade (introdução de resinas epoxídicas, telas betuminosas,
folhas de material plástico, chapas metálicas, etc.)
- Introdução, por acção da gravidade ou sob pressão, de produtos
impermeabilizantes, destinados a criarem uma zona estanque à ascensão da água
por capilaridade
- Impermeabilização dos paramentos exteriores das paredes sujeitas à acção de água
da chuva (criação de barreiras mecânicas ou aplicação de revestimentos pára-
chuva)
- Aplicação de barreiras pára-vapor nos paramentos interiores de paredes afectadas
por condensações internas

Eliminação das causas das anomalias

A eliminação das causas das anomalias, corta o mal pela raiz, e por isso constitui o tipo de
intervenção mais eficaz e completa. Em muitos casos, estas intervenções não são possíveis

86 Bom estudo...
realizar ou implicam trabalhos bastante complexos que devem ser devidamente ponderadas
na respectiva fase de concepção.

Exemplos de eliminação das causas das anomalias:

- Drenagem do terreno em situações de anomalias em paredes de pisos térreos e


enterrados provocadas por humidade do terreno
- Correcção das condições termo higrométricas em ambientes onde ocorram
condensações
- Reforço da ventilação dos espaços, o qual pode proporcionar a eliminação ou
diminuição da ocorrência de condensações

Reforço das características funcionais

O reforço das características funcionais dos elementos de construção visa corrigir situações
de inadequação desses elementos face às respectivas exigências funcionais. Estas
correcções podem eliminar, de forma directa ou indirecta, diversas anomalias imputáveis à
humidade.

Exemplos de reforço das características funcionais:

- Reforço do isolamento térmico das envolventes exteriores das construções, de que


resulta um decréscimo do risco de ocorrência de condensações
- Algumas das soluções utilizáveis para este fim permitem ainda melhorar a
resistência das paredes à acção da água da chuva

Intervenções vs. Anomalias provocadas pela humidade

A fase de concepção de qualquer tipo de solução de reparação deve ser devidamente


analisada, pois as soluções susceptíveis de serem utilizadas para a resolução duma dada
anomalia podem contribuir para solucionar ou agravar outras que eventualmente com ela
coexistam, dando origem, eventualmente, a anomalias mais graves do que as primeiras.

Exemplo:

87 Bom estudo...
Imagine-se uma parede que sofre conjuntamente a acção de infiltrações de água da chuva e
de ascensão de água do terreno, de forma a que toda a parede ao nível do rés-do-chão seja
afectada. Ao combater apenas as infiltrações de água da chuva, impermeabilizando o
paramento exterior da parede com um material que, além de ser impermeável à água, o fosse
também ao seu vapor, correr-se-ia o sério risco de ver aumentada a altura atingida pela
ascensão de água do terreno, que poderia em casos extremos superar o nível do piso
superior, e a possibilidade de ocorrência de condensações no interior da parede.

2.9 Ventilação natural de edifícios adaptado de VIEGAS, João C. “Ventilação

natural de edifícios de habitação” LNEC, 1995

A utilização corrente das habitações inclui actividades de que resultam substâncias poluentes
cuja remoção é necessária para a existência de um ambiente adequado à permanência dos
ocupantes. Essas substâncias, entre as quais se destacam o vapor de água, o dióxido de
carbono, o monóxido de carbono e odores, resultam principalmente da actividade fisiológica
humana, da combustão nos aparelhos termo domésticos e de actividades domésticas como a
preparação dos alimentos, a lavagem e secagem de loiça e de roupa e a utilização das
instalações sanitárias.

Para que o ambiente seja adequado quer à permanência das pessoas quer à realização das
diversas actividades, nomeadamente garantindo o comburente necessário à realização de
combustões completas, é necessário proceder à exaustão dos poluentes e à admissão de ar
limpo do exterior. No caso da ventilação natural estes objectivos são promovidos
simultaneamente pela diferença de pressão gerada por acção do vento entre as fachadas dos
edifícios e pela alteração da densidade do ar por acção da temperatura. O aquecimento do
interior dos edifícios, que decorre da actividade aí desenvolvida, dos ganhos solares através
dos vãos envidraçados e do funcionamento dos aparelhos de aquecimento, intensifica a
acção da ventilação e tem um papel fundamental em situações climáticas de Inverno.

A ventilação deve ser controlada de forma a não gerar correntes de ar incómodas para os
ocupantes e a não incrementar, desnecessariamente, as perdas energéticas nos meses em
que, por razões de conforto térmico, é necessário proceder ao aquecimento das habitações.

É levada em consideração a necessidade de conjugar a ventilação com a exaustão de fumos


e vapores e, em especial, dos produtos da combustão gerados nos aparelhos termo

88 Bom estudo...
domésticos de uso corrente nas cozinhas das habitações. São tidas ainda em conta as regras
a observar na construção de condutas de fumos que sirvam compartimentos com chaminés
de fogo aberto ou onde possam ser instalados aparelhos de aquecimento do tipo ligado que
utilizem combustíveis com produção significativa de gases na queima.

Tabela 13 - Produção de vapor e dióxido de carbono em combustão

Combustível Vapor de água Dióxido de carbono


[g/h por kW] [l/s por kW]

Gás Natural 150 0.027


GPL 130 0.033
Querosene 100 0.034
Coque 30 0.048
Antracite 10 0.048

Tabela 14 - Libertação de calor, produção de dióxido de carbono e vapor de água no metabolismo humano

Actividade Metabolismo Dióxido de Vapor de


[W] carbono [l/s] água [g/h]

Repouso 100 0.0040 40

Trabalho leve 160 a 320 0.0064 a 0.0128 50

Trabalho moderado 320 a 480 0.0128 a 0.0192 50

Trabalho pesado 480 a 650 0.0192 a 0.0260 50

Trabalho muito 650 a 800 0.0260 a 0.320 50


pesado
Tabela 15 - Produção de vapor em actividades domésticas

Actividade Vapor de água


[g/dia]
Cozinhar a electricidade 2000
Cozinhar a gás 3000
Lavagem de louça 400
Banho (por pessoa) 200
Lavagem de roupa 500
Secagem de roupa no interior 1500

89 Bom estudo...
2.9.1 Critérios de ventilação em edifícios de habitação multifamiliares

Para que a ventilação se possa dizer geral e permanente é necessário que haja uma
ventilação natural efectiva, o que implica prever aberturas através da envolvente do edifício,
dos limites internos dos diversos espaços e funcionando em permanência e cuja obstrução,
ainda que parcial, não é admissível. Estas aberturas poderão estar providas de dispositivos
de regulação que permitam o controlo das taxas de renovação de ar, mas em caso algum
poderão inibir a ventilação na totalidade. O facto de o efeito térmico estar essencialmente
limitado à estação fria obriga a considerar em separado a ventilação em situação de Inverno
(entendida como a fase em que ocorrem diferenças de temperatura entre o interior das
habitações e o exterior dos edifícios superiores a 8 ºC) e a ventilação em situação de verão
(situação em que não ocorre tal diferença de temperatura).

Habitações

A ventilação das habitações deve ser geral e permanente, mesmo nos períodos em que a
temperatura exterior obriga a manter as janelas fechadas.

Ventilação em situação de Inverno

A ventilação em situação de Inverno é realizada com a circulação ar promovida por acção do


gradiente térmico, podendo esta ser de dois tipos: ventilação conjunta de toda a habitação ou
ventilação separada de sectores da habitação.

Na ventilação conjunta de toda a habitação a circulação de ar deve ser realizada, de


preferência, dos compartimentos principais (quartos e salas) para os compartimentos de
serviço (cozinhas e instalações sanitárias).

90 Bom estudo...
Ilustração 33 - Ventilação conjunta de toda a habitação

Na ventilação separada de sectores da habitação para cada sector da habitação devem ser
previstas aberturas de ventilação (admissão e exaustão) independentes, sendo os sectores
compartimentados de forma a que não haja interferência entre os esquemas de ventilação
adoptados.

O caudal de ar em circulação deve garantir uma renovação de ar por hora nos


compartimentos principais e quatro nos compartimentos de serviço. Se os compartimentos de
serviço não estão a ser utilizados é aceitável que a renovação de ar seja reduzida para
metade do valor referido. Nas cozinhas o caudal de ar de ventilação não pode ser inferior ao
necessário para o bom funcionamento dos aparelhos termo domésticos.

91 Bom estudo...
Ilustração 34 - Ventilação separada de sectores da habitação

Ventilação em situação de Verão

Os compartimentos principais devem ter vãos nas paredes em comunicação directa com o
exterior, por forma serem arejados sobretudo por abertura das janelas.

As cozinhas devem possuir condutas de exaustão dos produtos da combustão do gás dos
aparelhos termo domésticos e pelo menos um vão em comunicação directa com o exterior.

As instalações sanitárias devem, preferencialmente, ter vãos em contacto directo com o


exterior. Caso por razões de optimização do espaço isso não seja possível, devem ser
servidas por condutas de exaustão com capacidade para escoar o caudal de ar adequado à
sua utilização.

Os vãos ou aberturas devem ser localizados em fachadas de orientação diferente de maneira


a permitir o aproveitamento da diferença de pressões provocada pela acção do vento.

92 Bom estudo...
Arrecadações

A ventilação das arrecadações deve ser conseguida com recurso a aberturas praticadas em
fachadas de orientação diferente, tirando partido das diferenças de pressão geradas pelo
vento, ou por condutas, quando as arrecadações não forem limitadas por paredes exteriores.

Pode ser aceitável a combinação de aberturas de admissão de ar praticadas em paredes de


fachada e aberturas de exaustão nas coberturas, tirando partido da depressão que pode aí
ser gerada pelo vento.

Ilustração 35 – Ventilação das arrecadações

Comunicações interiores

A ventilação das comunicações interiores deve ser compatível com a sua desenfumagem
passiva em caso de incêndio. Os meios de ventilação a adoptar dependem da altura de
referência do edifício. Quando forem utilizados sistemas de desenfumagem activos, a
ventilação em situação corrente também deve ser efectuada por meios mecânicos.

Em edifícios com altura menor ou igual a 9m, se não existirem portas de separação entre as
comunicações horizontais interiores e as escadas, a ventilação pode ser conjunta
abrangendo quer as comunicações horizontais quer as escadas e deve ser conseguida
através de aberturas de admissão de ar exterior nos extremos das comunicações horizontais
mais afastados das escadas e de aberturas permanentes no topo da caixa de escada.

93 Bom estudo...
Ilustração 36 – Ventilação conjunta de comunicações horizontais e escadas

Em edifícios com altura compreendida entre os 9 e os 28m as comunicações horizontais


comuns interiores são separadas
paradas das escadas interiores por porta de fecho automático então
a ventilação não pode ser realizada de forma conjunta.

Neste caso a ventilação das comunicações horizontais comuns pode ser realizada quer por
tiragem térmica ao longo de condutas colectivas
colectivas com ramais da altura de um piso - umas de
admissão de ar exterior, com entrada de ar situada ao nível da base do edifício, e outras de
exaustão com rejeição por abertura situada ao nível da cobertura, quer por arejamento,
através de aberturas permanentes.
permanentes. A ventilação das escadas interiores pode ser realizada
por arejamento, através de aberturas permanentes praticadas em cada piso ou por tiragem
térmica, através de aberturas permanentes situadas na base e no topo da caixa de escada.

Em edifícios com alturaa acima dos 28m mas não superior a 60m é admissível a utilização de
sistemas de ventilação natural em comunicações interiores quando estas são
ão separadas
entre si por uma câmara corta-fogo
fogo exterior,
exterior quando as comunicações horizontais interiores
conduzem a escadas
scadas exteriores e quando
uando as escadas interiores estão ligadas a
comunicações horizontais exteriores.
exteriores Nestes casos as técnicas de ventilação a utilizar são
idênticas às indicadas para edifícios com altura compreendida entre 9 e 28 m. Nas restantes
situações deve recorrer-se
se a ventilação mecânica.
mecânic

94 Bom estudo...
Ilustração 37 – Exemplo de ventilação separada das CHC’s e escadas

Espaços para serviços

A ventilação dos espaços para serviços deve ser realizada por arejamento através de
aberturas ou condutas que comuniquem com o exterior. Em alguns casos especiais é
admissível que a ventilação seja feita através de espaços adjacentes interiores, que deverão
ser devidamente ventilados.

Parques de estacionamento cobertos

Os parques de estacionamento cobertos devem ser ventilados com recurso a aberturas


praticadas em fachadas de orientação diferente tirando partido das diferenças de pressão
geradas pelo vento. O posicionamento destas aberturas deve ter em conta a direcção do
vento predominante para o local da construção. Pode ser aceitável a combinação de
aberturas de admissão de ar praticadas em paredes de fachada e aberturas de exaustão nas
coberturas, tirando partido da depressão que pode aí ser gerada pelo vento.

Os meios de ventilação natural a prever devem ser compatíveis com os sistemas de


ventilação em caso de incêndio.

95 Bom estudo...
A compartimentação no interior dos parques de estacionamento cobertos não pode
inviabilizar a ventilação, deve ter aberturas amplas, com orientação similar à das aberturas
praticadas nas fachadas, que possibilitem o varrimento desse espaço por acção do vento.

Se a ligação entre os pisos do parque de estacionamento e as escadas for protegida por


câmara corta-fogo esta deverá ter uma abertura permanente para o exterior de forma a
promover a diluição dos gases de escape dos motores de combustão. Se não for possível
praticar estas aberturas para o exterior deverá optar-se pelo recurso a ventilação mecânica
das câmaras corta-fogo.

2.9.2 Critérios de ventilação em edifícios de habitação uni familiares

A ventilação das habitações em edifícios de habitação uni familiares deve ser geral e
permanente durante os períodos em que a temperatura exterior obriga a manter as janelas
fechadas. Dada a pequena altura destes edifícios e a consequente dificuldade de gerar a
circulação de caudais de ar adequados por efeito de chaminé quando as diferenças de
temperatura entre o interior e o exterior são reduzidas, admite-se a possibilidade de os
compartimentos principais, em momentos de utilização mais intensa, serem ventilados por
abertura das janelas, mesmo em situação de Inverno.

Todas as recomendações existentes para edifício multifamiliares devem ser aplicadas a este
tipo de edifícios com as devidas alterações pois estes são na generalidade bastante mais
baixos.

96 Bom estudo...
3. Bibliografia

[1] – MOITA, Francisco – “Energia solar passiva 1” - DGE, INCM, Lisboa, 1988.

[2] – SILVA, J. Mendes da – “Sistemas solares passivos” – Curso de gestão de energia –


Gestores de PME(s), 1993.

[3] – FREITAS, Vasco Peixoto de; PINTO, Manuel – “Metodologia para definição exigencial
de isolantes térmicos” – Nota de informação técnica–NIT-001-LFC-1997, FEUP, 1997.

[4] – CORVACHO,M. Helena – “Pontes térmicas: importância da existência de um catálogo” –


6.as jornadas de construções civis – Humidade na construção, FEUP, Porto.

[5] – FREITAS, Vasco Peixoto de – “ Humidade e ventilação”.

[6] – FERNANDES, Oliveira; MALDONADO, Eduardo – “Tecnologias solares passivas e a


conservação de energia em edifícios” – Seminário sobre tecnologia das novas energias,
LNETI, 1984.

[7] - FERNANDES, Oliveira; MALDONADO, Eduardo (e outros) – “Características de


comportamento térmico dos edifícios – Manual de apoio à aplicação do RCCTE” – INEGI-
FEUP, DGE, Lisboa, 1990.

[8] – SOUSA, Augusto; SILVA, J. Mendes da (e outros) - “Manual de alvenaria de tijolo” -


APICER, CTCV, FCTUC, ME, DGI, PEDIP, 2000

[9] – ALVES, Sérgio; HIPÓLITI, Sousa – “Paredes exteriores de edifícios em pano simples”,
Lidel, 2003

[10] - Regulamento das características de comportamento térmico dos edifícios (RCCTE)

[11] - Regulamento geral das edificações urbanas (RGEU)

[12] – Regulamento de segurança contra incêndio em edifícios de habitação (RSCIEH)

[13] - HENRIQUES, Fernando “Humidade em paredes”, LNEC, 1994

[14] - VIEGAS, João C. “Ventilação natural de edifícios de habitação” LNEC, 1995

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