2- Perigo
Condição física ou química que possui potencial para causar danos às pessoas, propriedades
ou ao meio ambiente
3-Risco
Medida de danos à vida humana, meio ambiente ou perda econômica resultante da
combinação entre a frequência de ocorrência e a magnitude das perdas ou danos
𝑹 = 𝒈(𝒇, 𝒔)
Onde:
• 𝑅 →Risco
• 𝑔( ) → Uma função de
• 𝑓 → frequência
• 𝑠 → severidade
4-Segurança
O conceito de segurança entra como uma forma de se prevenir perdas, ou seja, prevenir
acidentes. Uma vez identificados os perigos de uma planta química, é possível eliminá-los,
prevenindo acidentes.
[EQ 2018.2] Segurança P1 [prof Carlos André][por Rafael Ratier]
Estatísticas de Acidentes
Em plantas químicas, o número de acidentes é tão maior quanto menos complexo é o
equipamento que falha e causa o acidente. Em tubulações por exemplo, temos 29% dos
acidentes.
Nome Fórmula
Taxa de Frequência de 𝑛º 𝑑𝑒 𝑎𝑐𝑖𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 ∙ 106
𝑇𝐹𝐴 =
Acidentes (TFA) ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 − ℎ𝑜𝑚𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑒𝑥𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝑎𝑜 𝑟𝑖𝑠𝑐𝑜
Taxa de Frequência de
𝑛º 𝑑𝑒 𝑎𝑐𝑖𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 ∙ 106
acidentados com lesão 𝑇𝐹 =
com afastamento (TF) ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 − ℎ𝑜𝑚𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑒𝑥𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝑎𝑜 𝑟𝑖𝑠𝑐𝑜
O termo 106 em cada fórmula é meramente uma normatização, pois usamos esses indicadores
em milhões de horas-homem. FAR, por outro lado, é uma sigla em inglês que se baseia em
1000 empregados.
esse tipo de acidente (como perder um braço, por exemplo) para dias perdidos de acidentes
temporários (torcer o pé, por exemplo). Dias perdidos são os dias corridos de afastamento
temporário e dias debitados, dias perdidos por incapacidade permanente
Segurança Ocupacional
Acidentes ocorrem devido à →
Chamamos de acidente de trabalho aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da
empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou perda ou
redução, permanente ou temporária, da capacidade de trabalho. Consideramos ainda como
acidente de trabalho
• Doenças ocupacionais
• Ato de sabotagem, vandalismo
• Disputa relacionada ao trabalho
• Ato de imprudência, negligência ou imperícia de terceiro ou do próprio trabalhador
• Desabamento, inundação, incêndio
[EQ 2018.2] Segurança P1 [prof Carlos André][por Rafael Ratier]
o
• Caso 4 (Safe Work)
o Chamamos de Safe Work o ato de criar procedimentos específicos para todas
as coisas no local de trabalho, mesmo as menos frequentes como, por
exemplo, pintar um reator. Só por ser algo banal não quer dizer que não
precise de diretrizes de como fazer isso sem causar acidentes de trabalho.
[EQ 2018.2] Segurança P1 [prof Carlos André][por Rafael Ratier]
Acidentes Passados
O evento acidente pode ser dividido em três
categorias temporais: iniciação, propagação e
término. Para um dos três, existem formas de se
minimizar o problema. No caso de acidentes
passados, aprendendo com os erros, medidas nos
três níveis podem ser adotadas:
Evitar a Iniciação
• Solução adotada foi conectar o reator 4 diretamente no reator 6 com uso de reciclo
para atingir a conversão desejada
Acidente evitado
Acidente Passado
Torção e quebra da conexão temporária, causando dois pontos de vazamento (reatores 4 e 6).
Nesse acidente, mais de 30 ton de ciclohexano vazaram em menos de 1 minuto. O composto,
volátil, evaporou e uma grande nuvem de vapor se formou. Com ignição, a nuvem explodiu e
destruiu completamente a planta.
[EQ 2018.2] Segurança P1 [prof Carlos André][por Rafael Ratier]
Essa análise pode levar tempo, mas precisa ser pensada constantemente. É importante
considerar todos os cenários possíveis, de forma a:
A parte da aceitabilidade do risco é importante. É importante saber que o ideal não tem
espaço na vida prática do engenheiro. O ideal, por exemplo, em uma planta, é que nenhum
operador morra nunca intoxicado por inalação de gases que saem dos reatores. No entanto, se
a análise de risco diz que 1 operário morre a cada 1000 anos de operação, pra fins práticos,
consideraremos isso como um risco aceitável.
Importante frisar que a matriz é mais baseada em opiniões do que em estatísticas. Pra cada
cenário acidental, é recomendável considerar ele o mais perto possível de situações em
verde. Situações em amarelo ou vermelho requerem um estudo mais detalhados de modo a
minimizar os seus riscos. Forçar situações para cair em situações amarelas/vermelhas pode
custar caro para as empresas, dada a necessidade dos estudos, que não são baratos, ao
mesmo tempo que forçar as situações pro verde pode ser má fé. Exemplo:
Classe Descrição
Pequenos ferimentos nos trabalhadores - sem afastamento
Danos as instalações menores que o "valor base"
Pequeno impacto ambiental (não necessita remediação)
1 Perdas de produção menores que o "valor base"
Sem impacto para áreas externas a empresa
Não custa distúrbio a população
Não gera interesse da mídia
Lesões com afastamento nos trabalhadores
Danos a propriedades superando até 20 vezes o "valor base"
Moderado impacto ambiental (remediação em até uma semana)
2 Perda de produção de até 20 vezes o "valor base"
Pequeno distúrbio na população vizinha (odor, ruído)
Possível reação negativa da população
Possível interesse da mídia
Lesão permanente em trabalhadores, possível fatalidade
Danos a propriedades superando até 50 vezes o "valor base"
Significativo impacto ambiental (remediação em até 1 mês)
3 Perda de produção de até 50 vezes o "valor base"
Médio distúrbio na população vizinha (pode precisar de atendimento)
Reação negativa da população
Interesse da mídia local
Uma fatalidade ou até 4 empregados com lesão permanente
Danos a propriedades superando até 200 vezes o "valor base"
Severo impacto ambiental (remediação em até 6 meses)
Perda de produção de até 200 vezes o "valor base"
4
Significante distúrbio na população vizinha, danos as propriedades, lesões ou
doenças temporárias
Intensa reação negativa da população
Interesse da mídia nacional
Múltiplas fatalidades ou lesões permanentes
Danos a propriedades superando 200 vezes o "valor base"
Extenso impacto ambiental (remediação por mais de 6 meses)
Perda de produção superando 200 vezes o "valor base"
5
Severo distúrbio na população vizinha, danos a propriedades, fatalidades ou lesões
permanentes
Severa reação negativa da população ameaça a continuação das operações
Interesse da mídia internacional
O autor define "valor base" como sendo o valor segurado ou considerado aceitável pela
gerência. Note que a matriz apresentada é 4x4 e aqui temos 5 classes. Matrizes de risco não
precisam, necessariamente, ser 4x4 como a apresentada. Ainda segundo Nolan, podemos
classificar a frequência em 5 classes
[EQ 2018.2] Segurança P1 [prof Carlos André][por Rafael Ratier]
Classe Descrição
1 Frequência: nunca até 1 em 1.000.000
Não ocorre na vida útil do processo e não existe relato ou suspeita de já ter
ocorrido em alguns instante, em algum lugar (em qualquer empresa do mesmo
ramo).
2 Frequência: 1 em 1.000.000 anos até 1 em 10.000 anos
Eventos como esse são pouco prováveis de ocorrer, mas existe relato histórico de
já ter ocorrido em algum instante, em algum lugar (em qualquer empresa do
mesmo ramo).
3 Frequência: 1 em 10.000 anos até 1 em 1.000 anos
É possível ocorrer em algum local (em qualquer empresa do mesmo ramo) durante
a vida útil da planta
4 Frequência: 1 em 1.000 anos até 1 em 100 anos
É quase certo de ocorrer em algum local da empresa durante a vida útil da planta
(não necessariamente na planta em estudo).
5 Frequência: 1 em 100 anos ou mais
Já ocorreu em algum lugar da empresa, ou é provável de ocorrer na própria planta
em estudo
A classificação pra frequência e severidade que usaramos pra tabela 4x4 apresentada será:
[EQ 2018.2] Segurança P1 [prof Carlos André][por Rafael Ratier]
Um outro método para analisar e gerenciar o risco é adotar a prático dos 5 porquês. Os “5
Porquês” é uma técnica para encontrar a causa raiz de um defeito ou problema. É uma técnica
de análise que parte da premissa que após perguntar 5 vezes o porquê um problema está
acontecendo, sempre relacionado a causa anterior, será determinada a causa raiz do problema
ao invés da fonte de problemas.
Claro, isso é só um exemplo. Respostas poderiam ser bem diferentes em situações diferentes
ou mesmo na mesma situação. Nesse exemplo, chegamos a conclusão que a tubulação sofreu
vazamento porque não treinou o funcionário corretamente nos cuidados da mesma.
Agora, nos perguntemos: QUANDO UM RISCO É ACEITÁVEL? Uma forma de vermos isso é, ao
invés de usar a matriz de risco, fazer um gráfico:
Cada ponto do gráfico é uma soma de todos os riscos que um indivíduo ou um grupo de
indivíduos está exposto. Alguns pontos se conectam por ter o mesmo valor de risco, formando
curvas de isso-risco. Quanto mais alta a curva, maior o risco. Determinado ponto do gráfico
pode ser considerado como risco aceitável ou não se esse ponto estiver abaixo ou acima ,
respectivamente, da curva de isso-risco total da planta.
pessoas morrer. Agora, se quando ele acontecer, mais de 1000 pessoas morrerem, ai o risco
não é aceitável. E quando riscos não são aceitáveis, voltamos o fluxograma lógico apresentado
no início dessa parte da matéria
A região ALARP significa “As Low as Reasonably Praticable Risk”. É uma região duvidosa em
que deve-se obter outras informações para determinar um risco como aceitável ou não.
Geralmente nessa região, classificamos o risco aceitável somente quando para dado evento
em análise a redução do risco é impraticável ou praticável mas com custos desproporcionais
ao quanto o risco cai.
Por exemplo, caso o evento seja a explosão do tanque de mistura, se o risco cair nessa região e o tanque não puder ter nenhum
parâmetro alterado, então o risco é aceitável. Agora, imagine que o risco pode mudar sim, mas de outra forma: demitindo
funcionário. Com menos funcionário para operar o tanque, o N cai, saindo da região de ALARP e diminuindo o risco. Porém com
menos funcionário, a produtividade cai, tornando-se desvantajoso. O número de funcionários que precisariam ser demitidos para
reduzir esse risco não compensa. Então nesses exemplos, o risco é considerado aceitável.
Uma coisa interessante sobre essa curva é que ela é dinâmica. Com o tempo, instalações vão
ficando piores (corrosão etc) e, sem o devido cuidado, a frequência dos acidentes pode
aumentar, de forma que certo evento que anteriormente era qualificado como aceitável,
agora não seja mais. Ou ainda, a população ao redor de uma planta pode aumentar,
aumentando a severidade em caso de acidentes
O APP é uma análise preliminar, realizada antes de um estudo mais completo. Visa
selecionar os principais perigos e as principais áreas de risco de uma unidade.
Existem ainda as siglas APPP e APPS onde o último P significa “Procedimento” e o S significa
“Serviço”.
APPs não possuem modelos específicos, variando conforme desejar a empresa. O modo mais
comum tem essa cara por exemplo:
Perigo →
Condição física ou química que possui potencial para causar danos às pessoas, propriedades
ou ao meio ambiente.
• Dica do professor: Chame de “cenário acidental”. O que você vai escrever nessa coluna
não é bem a definição de perigo
• Exemplos: Vazamento, Transbordamento, Tombamento, Colisão Mecânica, etc.
Causas →
O que leva a condição potencial de perigo ocorrer.
• Dica do professor: Mantenha uma causa para cada cenário. Isso permite avaliar
melhor a frequência – embora eleve o número de cenários
• Exemplo: Corrosão localizada, má controle de válvulas, erro de operação e
manutenção, má instalação de peças, colisão mecânica, etc.
[EQ 2018.2] Segurança P1 [prof Carlos André][por Rafael Ratier]
Efeitos →
É o que acontece se uma das causas ocorrer de fato.
• Dica do professor: Mantenha um efeito por cenário. Isso permite avaliar melhor a
frequência e a severidade – embora eleve o número de cenários
• Exemplos: formação de poça e possibilidade de incêndio, perda de produto, explosão,
etc.
Modo de Detecção →
A forma pela qual determinado perigo pode ser identificado.
Que está analisando um risco para cada efeito-perigo ou poderíamos fazer 1 análise de risco
para cada efeito-causa-perigo, como no exemplo abaixo:
Recomendações →
Nessa parte, podem aparecer escrito, ao invés de "Recomendações", "Sugestões". Nesse caso,
para recomendações, a coluna vai demonstrar obrigatoriedades para se tornar o risco
aceitável. As recomendações podem ser imediatas ou de longo prazo, de forma que as
primeiras possam ser implementadas com urgência até que as definitivas estejam funcionais.
As sugestões, por sua vez, são em geral opcionais, e geralmente são observadas enquanto o
APP é elaborado. Ambas são identificadas como R1,R2, R3 ... e S1, S2, S3 ...
Nº →
Numera as hipóteses para referências futuras. O número de hipóteses é o número de linhas na
tabela feito menos 1 (que é a linha onde “Nº” está escrito né)
• Mais • Antes
o Acréscimo quantitativo no o Etapa de um processo
parâmetro de processo sequencial iniciada antes
• Menos do tempo
o Decréscimo quantitativo • Depois
no parâmetro de processo o Etapa de um processo
• Nenhum sequencial iniciada depois
o Negação da intenção de do tempo
projeto no parâmetro de • Outro
processo o Substituição do parâmetro
• Reverso • Também
o Parâmetro em sentido o Acréscimo qualitativo no
oposto parâmetro de processo
• Em parte
o Decréscimo qualitativo no
parâmetro de processo
[EQ 2018.2] Segurança P1 [prof Carlos André][por Rafael Ratier]
Certamente, para cada parâmetro escolhido, existe um conjunto de palavras chave que fazem
sentido:
Vazão em sentido oposto da intenção, logo o parâmetro vazão tem sentido físico com a palavra-chave Reverso. Temperatura em
sentido reverso não existe, logo essa palavra-chave não faz sentido pra temperatura, assim como Nenhuma temperatura também
não é possível. Reação é o único parâmetro que pode ter o “Outro” pois o parâmetro pode ser substituído por outra reação no
mesmo nó da planta ou outro componente do nó. Não tem como em um nó a vazão mudar. A vazão pode vir antes ou depois do
que deveria, pode ir pro sentido contrário, pode ser maior ou menor ou inexistente, mas não pode mudar pra outra vazão.
O HAZOP parte do princípio que todos os nós que antecedem o avaliado estejam operando
corretamente, evitando assim citar o mesmo evento mais de uma vez. Um exemplo de HAZOP:
[EQ 2018.2] Segurança P1 [prof Carlos André][por Rafael Ratier]
Recomendações típicas:
O HAZOP pode ser usado na fase de projeto, mas também é realizado periodicamente (ex: 10
anos) na planta. Alguns autores recomendam realizar um novo HAZOP após as modificações
terem sido implementas. As correções podem gerar problemas novos.
HAZOP não se aprende apenas nos livros, a prática é etapa fundamental. Após uma
metodologia longa e cansativa, gerar documentos formais é uma obrigação! Manter a
coerência entre os vários HAZOPs da empresa é importante. Ou pelo menos manter a
coerência entre unidades e plantas localizadas em um mesmo complexo.
Evitar o cansaço é fundamental. Melhor trabalhar 4 ou 5 horas por dia no estudo – e não 8
horas. Ao final de 8 horas pode-se “aceitar” apenas para seguir em frente, ou tentar simplificar
excessivamente os cenários levantados. A metodologia serve para tornar o processo mais
seguro, não para aumentar a produção. Manter o foco é fundamental.
[EQ 2018.2] Segurança P1 [prof Carlos André][por Rafael Ratier]
• Cuidado com cenários não críveis. Exemplo: falhas simultâneas. Será mesmo que é
crível que mais de um sensor falhe ao mesmo tempo?
• Malhas de controle não devem ser considerados como salvaguardas
• Jamais recomende "treinamento de operador" para uma operação que obviamente o
operador precisa ser treinado
• As recomendações devem focar em eliminação das causas e não na mitigação das
consequências do cenário. Devem ser claras, sucintas, bem definidas e precedidas de
verbo de ação
Análise LOPA
A Análise LOPA (Layers of Protection Analysis) é uma análise qualitativa que visualiza as
camadas de proteção. LOPA é um método objetivo, racional e reprodutível de avaliação de
risco e cenário comparando-o com critérios de tolerância a riscos para decidir se as barreiras
existentes são adequadas ou se são necessárias proteções adicionais.
O “Evento Topo” é o evento perigoso decorrente de perda de controle. Por causa do formato
bonitinho do fluxograma acima, ele ganha o nome de Bow Tie. LOPA pode ser visto como uma
extensão das análises de risco qualitativas. Por esse motivo, alguns APP tem uma coluna extra
para inserir essa análise. APR/APP e HAZOP analisam frequência e severidade
qualitativamente. LOPA, por sua vez, analisa frequência quantitativamente e severidade
qualitativamente
[EQ 2018.2] Segurança P1 [prof Carlos André][por Rafael Ratier]
Análise SIL
Em ingês, a análise SIL significa Safety Integrity Level. Pros BR, Análise do Nível de Integridade
de Segurança. Integridade de segurança é definida como: “A probabilidade de um sistema
relacionado com segurança desempenhar satisfatoriamente as funções requeridas em todas as
condições estabelecidas durante um determinado intervalo de tempo”. Portanto a análise SIL
é definida como a probabilidade de uma falha em determinada potência de anos.
A análise SIL é complementar à LOPA. Por exemplo, um operador pode ser uma barreira de
controle para determinado evento perigoso como, por exemplo, uma explosão. Esse operador,
humano, geralmente é classificado como SIL 1, ou seja, falha vez a cada 10 anos. Nesse caso, o
fator humano só entrará na LOPA caso ele tiver procedimento para agir e até 15 min para
atuar (ou seja, caso ele tenha condições de não errar ao atuar como barreira de controle). Ai
sim ele será SIL 1. Sensores também são bons exemplos de barreiras contra eventos perigosos
e que possuem SIL maior que a do humano.
𝑅(𝑡) = 𝑒 −𝜇𝑡
𝑃(𝑡) = 1 − 𝑅(𝑡) = 1 − 𝑒 −𝜇𝑡
Onde 𝑅(𝑡) é a confiabilidade e 𝑃(𝑡) é a probabilidade de falha, valores que mudam com o
tempo. Apesar de considerada constante, a quantidade de falhas pode não ser constante com
o tempo:
[EQ 2018.2] Segurança P1 [prof Carlos André][por Rafael Ratier]
Por exemplo, uma geladeira com garantia de 2 anos. Estatisticamente, quando a geladeira tem
1,5 a 2,5 anos, ela tem uma taxa de falha aproximadamente constante de 0,05 falhas por mês,
por exemplo. No entanto, a frequência de falhas aumenta quando a geladeira é velha, caindo
num ponto muito alto, pra esquerda, na curva acima. Por isso que garantias estendidas são
caras, porque no tempo extra da garantia a probabilidade de falha é maior.
Para entender o AQR precisamos analisar a lógica matemática para os equipamentos. Isso
porque um acidente decorre de uma cadeia de eventos (fatores contribuintes). Logo, a
probabilidade do acidente ocorrer está relacionada com a probabilidade de cada um dos
eventos, separadamente, também ocorrer.
[EQ 2018.2] Segurança P1 [prof Carlos André][por Rafael Ratier]
Usaremos a lógica “E” e “OU” para analisar a probabilidade de cada um dos eventos que levam
a um acidente ocorrer:
Usada
em
Lógica Equipa Exemplo Matemática
mentos
em
E Paralelo
OU Série
Em lógicas do tipo "ou", basta 1 de X equipamentos em série falhar para que o acidente
ocorra. Em lógicas do tipo "e", para que o acidente ocorra, é necessário que todos os
equipamentos em paralelo falhem. O exemplo em paralelo dado é um exemplo de sistema
redundante. A falha no controle de pressão não leva o reator a explodir se a válvula de alívio
estiver funcionando e/ou o disco de ruptura também. Portanto esses três equipamentos são
redundantes pois evitam o mesmo problema e só se todos falharem o acidente ocorrerá. É
importante que cada um deles seja independente, pois dependências físicas e funcionais, por
exemplo, reduzem a confiabilidade. Outra coisa importante sobre a lógica "e" é que os eventos
de falha não necessariamente começam no mesmo momento.
• De cima pra baixo → Partindo de um cenário acidental principal (evento topo), usa-se
a lógica “E” e a lógica “OU” para entender as causas do evento.
• De baixo pra cima → A partir de eventos falha, escala-se as consequências do mesmo
até obter um cenário acidental principal
Mesmo cenários e processos simples podem ter árvores gigantescas! Por isso mantenha o foco
na linha de investigação e coloque os cenários críveis
Evento topo é a explosão do vaso de pressão, logo esse é o cenário acidental principal que
queremos investigar. O que pode causar essa explosão? Respostas possíveis são:
Sobrepressão, Desgaste Estrutural, Colisão Mecânica e Sabotagem.
Colisão Mecânica dependendo da linha que a gente usar pode nem ser um cenário crível. Afinal, se estivermos falando do choque
de um caminhão com um vaso, não parece algo muito crível né? Cuidado que crível e possível são coisas diferentes. Com tanta
coisa que pode dar errado numa planta química um caminhão desgovernado é a coisa menos crível que tem.
Beleza, agora pra cada uma dessas causas, descemos na árvore pra ver o que gerou esse
evento. No exemplo acima só tem pra sobrepressão, então vamos falar dela. As causas da
sobrepressão levam a uma lógica “e”, porque os equipamentos que evitam esse
acontecimento estão em paralelo. Então pra sobrepressão ocorrer a válvula de alívio tem que
falhar, a malha de controle tem que falhar e o alarme de alta pressão tem que falhar. Se pelo
[EQ 2018.2] Segurança P1 [prof Carlos André][por Rafael Ratier]
menos um desses funcionar, a sobrepressão não ocorre. Já a falha da malha de controle pode
ocorrer se pelo menos um entre a falha do sensor, falha no controlador e falha na válvula
ocorrer, portanto segue uma lógica E.
Lógica E Lógica OU
• Tente definir bem o acidente (top event). Definições vagas vão criar árvores
gigantescas. Isso é especialmente importante em cenários do tipo “e se?”. Cenários
investigação de acidentes reais muitas vezes já começam bem definidos.
• Rastreie os acontecimentos que levaram ao acidente. Informe também fatores
externos eventualmente presentes.
• Defina fronteiras, até onde ir na Árvore e quais ramos devem ser abertos.
• Defina na árvore o status dos equipamentos (válvula: aberta ou fechada?; bomba:
ligada ou não, na vazão de projeto?). Garanta assim a compreensão da Árvore no
futuro.
• Por vezes pode ser interessante separar alarme de método de detecção do alarme. Por
exemplo, um alarme falha OU porque um sensor falhou ou porque o indicador (luz,
buzina, etc.) falhou.
Vamos analisar uma linha da árvore abaixo. Todas as linhas devem ser analisadas de formas
semelhantes. Saca só:
[EQ 2018.2] Segurança P1 [prof Carlos André][por Rafael Ratier]
Pra cima é sucesso, pra baixo é falha. Nessa linha, temos que o alarme de alta temperatura
não alertou o operador, logo a primeira barreira de segurança falhou. Porém, por algum outro
motivo, o operador percebeu a alta temperatura, logo a segunda barreira funcionou. Como ele
percebeu, foi tentar reiniciar o resfriamento, o que não deu certo, falhando então a terceira
barreira. Desesperado, como o restart do resfriamento não deu certo, ele desligou o reator, e
após desligar, a temperatura caiu, fazendo a última barreira ser um sucesso. Nessa sequência
de eventos, não houve cenário acidental e o reator foi desligado. Por isso escrevemos no
resultado o desligamento do reator
Algumas outras linhas as vezes não terão desdobramentos em algumas barreiras ou terão
desdobramentos um pouco sem sentido. Quando lemos árvores é preciso entendermos a
ausência dos desdobramentos e quando fazemos árvores, é importante evitarmos a
construção de desdobramentos sem sentido. Veja dois exemplos:
[EQ 2018.2] Segurança P1 [prof Carlos André][por Rafael Ratier]
Pensemos então. Se a falha da barreira B é de 0,01 falhas por demanda, temos então 1 falha a
cada 100 demandas, logo, 1% de falhas e 99% de sucesso. Por ano, o resfriamento dá pane
uma vez só. O evento inicial aconteceu, e logo existe 99% de chances nesse ano de esse evento
acontecer E o alarme avisar com sucesso o operador (sucesso da barreira B) e 1% de chances
de o alarme de alta temperatura não avisar o operador (falha da barreira B). Sendo assim, a
quantidade de ocorrências por ano das sequências:
Agora analisaremos a barreira D, que falha 0,25 vezes por demanda, ou seja, 25% das vezes.
Pulamos a C porque estamos considerando que a barreira B não falhou, então estamos
seguindo as partes mais altas do fluxograma. Como vimos, a quantidade de ocorrências de
evento inicial + sucesso da barreira B é de 0,99 ocorrências ao ano. Vamos ter então:
Agora sabemos o total de vezes ao ano que o processo sofre shutdown, ou seja, completa
parada. Podemos fazer isso também pros outros dois resultados, que são a continuação da
operação e o Runaway, que é quando o processo termina de forma insegura, gerando um
possível cenário acidental (note a diferente simbologia para os dois resultados que o processo
termina de forma segura e pro único que termina de forma insegura). Quando a quantidade de
[EQ 2018.2] Segurança P1 [prof Carlos André][por Rafael Ratier]
Runways por ano está alta, o processo se mostra como não muito seguro. Duas formas de
reduzir esse valor são:
Aumentar o caminho até o Runaway seria aumentar a sequência de falhas, que nada mais é
do que a sequência de letras (cada uma correspondendo a um evento) que levou até
determinado resultado. Por exemplo, o resultado Runaway aparece 3 vezes, uma com
sequência de falhas ADE, outro com ABDE e outro com ABCDE. Quanto mais letras nessas
sequências, menor o número de ocorrências ao ano.
Checklist
Lista de itens ou áreas que podem ocasionar problemas e precisam ser checados. A lista serve
para que o projetista, engenheiro ou operador não se esqueça de um determinado item que é
crítico para a segurança do processo. Plantas químicas tem check-lists com centenas de
milhares de itens. Melhor classificar por equipamento, tarefa ou função. O operador não deve
memorizar os passos ou itens a serem checados. Nem mesmo mudar a ordem destes. Deve
seguir a Check List. O Check List para cenários de resposta de emergência deve ser rápido,
objetivo e começar pelo que interessa.
Tipos de Checklist:
Aplicações: