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EB70-MC-10.

212

MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
COMANDO DE OPERAÇÕES TERRESTRES

Manual de Campanha

OPERAÇÕES ESPECIAIS

a
3 Edição
2017
MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
COMANDO DE OPERAÇÕES TERRESTRES

Manual de Campanha

OPERAÇÕES ESPECIAIS

a
3 Edição
2017
o
PORTARIA N 110-COTER, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2017

Aprova o Manual de Campanha EB70-MC-10.212


a
Operações Especiais, 3 Edição, 2017, e dá outras
providências.

O COMANDANTE DE OPERAÇÕES TERRESTRES, no uso da


atribuição que lhe confere o inciso III do art. 11 do Regulamento do Comando
de Operações Terrestres (EB10-R-06.001), aprovado pela Portaria do
Comandante do Exército nº 691, de 14 de julho de 2014, e de acordo com o
que estabelece o inciso II do art. 16 das INSTRUÇÕES GERAIS PARA O
SISTEMA DE DOUTRINA MILITAR TERRESTRE – SIDOMT (EB10-IG-
a
01.005), 5 Edição, aprovadas pela Portaria do Comandante do Exército nº
1.550, de 8 de novembro de 2017, resolve:

o
Art. 1 Aprovar o Manual de Campanha EB70-MC-10.212 Operações
a
Especiais, 3 Edição, 2017, que com esta baixa.

o
Art. 2 Determinar que esta Portaria entre em vigor na data de sua
publicação.

o
Art. 3 Revogar o Manual de Campanha EB20-MC-10.212 Operações
a
Especiais, 2 Edição, 2014, aprovado pela Portaria nº 011-EME, de 29 de
janeiro de 2014.

Gen Ex PAULO HUMBERTO CESAR DE OLIVEIRA


Comandante de Operações Terrestres

(Publicado no Boletim do Exército nº 52, de 29 de dezembro de 2017)


As sugestões para o aperfeiçoamento desta publicação, relacionadas aos
conceitos e/ou à forma, devem ser remetidas para o e-mail
portal.cdoutex@coter.eb.mil.br ou registradas no site do Centro de Doutrina do
Exército http://www.cdoutex.eb.mil.br/index.php/fale-conosco

A tabela a seguir apresenta uma forma de relatar as sugestões dos leitores.

Manual Item Redação Atual Redação Sugerida Observação/Comentário


FOLHA REGISTRO DE MODIFICAÇÕES (FRM)

NÚMERO DE PÁGINAS
ATO DE APROVAÇÃO DATA
ORDEM AFETADAS
ÍNDICE DE ASSUNTOS
Pag
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO
1.1 Finalidade ................................................................................................... 1-1
1.2 Considerações Iniciais................................................................................ 1-1
1.3 Aplicação..................................................................................................... 1-1
1.4 Conceitos Básicos...................................................................................... 1-2

CAPÍTULO II – O AMBIENTE OPERACIONAL E AS OPERAÇÕES ESPECIAIS

2.1 Considerações Gerais................................................................................ 2-1


2.2 O Ambiente Operacional e sua Influência nas Operações Especiais...... 2-2
2.3 Contexto Estratégico das Operações Especiais....................................... 2-3
2.4 Operações Especiais no Preparo do Ambiente Operacional................... 2-4

CAPÍTULO III – FUNDAMENTOS DAS OPERAÇÕES ESPECIAIS

3.1 Considerações Gerais................................................................................ 3-1


3.2 Princípios das Operações Especiais......................................................... 3-1
3.3 Características das Operações Especiais................................................. 3-2
3.4 Fatores de Êxito das Operações Especiais............................................... 3-3
3.5 Axiomas das Forças de Operações Especiais.......................................... 3-4
3.6 Capacidades das Forças de Operações Especiais.................................. 3-4
3.7 Tipos de Operações Especiais.................................................................. 3-5
CAPÍTULO IV – ORGANIZAÇÃO E EMPREGO DAS FORÇAS DE
OPERAÇÕES ESPECIAIS

4.1 Considerações Gerais................................................................................ 4-1


4.2 Estrutura Organizacional das Forças de Operações Especiais............... 4-1
4.3 Integração entre as Operações Especiais e as Convencionais............... 4-4
4.4 Critérios para Emprego de Forças de Operações Especiais.................... 4-5
4.5 O Emprego das Forças de Operações Especiais..................................... 4-7
4.6 Operações com Emprego de Forças de Operações Especiais............... 4-7
4.7 Planejamento das Operações Especiais................................................... 4-19
4.8 Preparação das Operações Especiais...................................................... 4-21
4.9 Condução das Operações Especiais......................................................... 4-22
CAPÍTULO V – PECULIARIDADES DAS FUNÇÕES DE COMBATE NAS
OPERAÇÕES ESPECIAIS
5.1 Considerações Gerais............................................................................. 5-1
5.2 Movimento e Manobra............................................................................. 5-1
5.3 Comando e Controle................................................................................ 5-11
5.4 Inteligência............................................................................................... 5-14
5.5 Fogos........................................................................................................ 5-19
5.6 Proteção................................................................................................... 5-20
5.7 Logística................................................................................................... 5-21

ANEXO A – SISTEMÁTICA DE EMPREGO DAS FORÇAS DE OPERAÇÕES


ESPECIAIS DO EXÉRCITO NAS SITUAÇÕES DE GUERRA E DE NÃO
GUERRA
ANEXO B – PLANO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS (MODELO)
ANEXO C – SÍMBOLOS UTILIZADOS NAS OPERAÇÕES ESPECIAIS DO
EXÉRCITO
GLOSSÁRIO
REFERÊNCIAS
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CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

1.1 FINALIDADE

1.1.1 Este manual de campanha (MC) apresenta a doutrina das Operações


Especiais (Op Esp), abordando o seu planejamento, a sua preparação, a sua
execução e a sua avaliação.

1.1.2 Orienta as Forças de Operações Especiais (F Op Esp) no seu emprego


no Território Nacional e/ou no exterior, no contexto das Operações no Amplo
Espectro dos Conflitos.

1.2 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1.2.1 O presente manual tem o propósito de difundir o conhecimento relativo às


Operações Especiais a todos os militares do Exército Brasileiro (EB) e ao
público específico a que se destina. Confere o entendimento amplo e comum
sobre o assunto, a unidade de pensamento e a coerência das informações,
respeitando a cultura organizacional de cada um dos vetores militares ou civis
participantes das operações desencadeadas no amplo espectro dos conflitos,
abrangendo as situações de guerra e de não guerra.

1.2.2 A elaboração deste manual teve como referência documentos de


natureza semelhante, produzidos na esfera do Ministério da Defesa (MD) e das
Forças Singulares (FS), e busca harmonizar e alinhar os procedimentos a
serem adotados no âmbito do EB com os praticados nas demais Forças
Armadas (FA), sem perder de vista as especificidades da Força Terrestre (F
Ter).

1.3 APLICAÇÃO

1.3.1 Esta publicação estabelece a doutrina de Op Esp, visando a orientar o


preparo e o emprego das F Op Esp do Exército e a integração com forças
militares e agências civis, em operações singulares, conjuntas, combinadas
e/ou multinacionais, em ambiente interagências. Proporciona ferramentas ao
exercício da autoridade pelos comandantes militares dos elementos de
emprego da F Ter e das F Op Esp e, ainda, subsídios para a elaboração
adequada dos seus planos.

1.3.2 O presente manual de concepção doutrinária orienta a elaboração de


outras publicações doutrinárias nos demais níveis do Sistema de Doutrina
Militar Terrestre (SIDOMT). Em caso de conflito entre os fundamentos e
preceitos constantes nesta publicação e as diretrizes de autoridades de níveis
de decisão superiores, incluindo os comandantes dos elementos da F Ter, em
1-1
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função das circunstâncias especiais do ambiente operacional, o planejamento e


condução das Op Esp devem sofrer as devidas adaptações ou ajustes.

1.3.3 As Op Esp se caracterizam por diferenciada flexibilidade doutrinária, de


modo que os fundamentos contidos neste manual devem ser contextualizados
nos diferentes cenários e situações nas quais serão utilizadas as F Op Esp,
uma vez que o rígido apego a conceitos formais pode se tornar um óbice para
o emprego adequado dessas forças. A doutrina básica relacionada às Op Esp
oferece uma indicação de como agir, e não um conjunto de regras fixas.
Orienta “como pensar”, e não “o que pensar”.

1.3.4 Os comandantes de F Op Esp que operam como parte de um comando


militar multinacional (aliança ou coalizão) devem seguir a doutrina multinacional
e os procedimentos, quando aplicáveis e pertinentes, em consonância com a
DMT, a doutrina conjunta das FA brasileiras, ratificados pelo MD e diplomas
legais brasileiros.

1.4 CONCEITOS BÁSICOS

1.4.1 As abreviaturas, siglas, termos e definições utilizados estão inseridos no


glossário da presente publicação.

1.4.2 No contexto deste manual, são considerados conceitos básicos


apresentados a seguir.

1.4.2.1 Operações Especiais (Op Esp): operações conduzidas por forças


militares especialmente organizadas, treinadas e equipadas, em ambientes
hostis, negados ou politicamente sensíveis, visando a atingir objetivos militares,
políticos, psicossociais e/ou econômicos, empregando capacitações militares
específicas não encontradas nas forças convencionais. Podem ser conduzidas
de forma singular, conjunta ou combinada, normalmente em ambiente
interagências, em qualquer parte do espectro dos conflitos.

1.4.2.2 Força(s) de Operações Especiais (F Op Esp): são forças destinadas


à execução das Operações Especiais: frações de Forças Especiais, Comandos
e os seus apoios que possuem habilitações e especializações para operar em
ambientes hostis, negados ou politicamente sensíveis. As F Op Esp, em termos
gerais, podem ser caracterizadas por serem tropas de altíssimo desempenho
que realizam missões especiais baseadas em suas capacidades específicas.
Também são consideradas F Op Esp as tropas especiais análogas das demais
Forças Singulares.

1.4.2.3 Forças Convencionais (F Convl): são aquelas destinadas à execução


das operações militares convencionais (singulares, conjuntas ou combinadas).
Compreendem, de modo geral, as frações, as subunidades (SU) e as unidades
(U) das Armas, Quadro e Serviço, assim como as grandes unidades (GU) e os
grandes comandos operativos (G Cmdo Op) da F Ter.

1-2
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CAPÍTULO II

O AMBIENTE OPERACIONAL E AS OPERAÇÕES ESPECIAIS

2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

2.1.1 O ambiente operacional é volátil (Fig 2-1), incerto, complexo e de alto


risco, configurando uma dinâmica de difícil interpretação e controle. Nesse
cenário, muitas situações de conflito são caracterizadas por sua longa duração,
natureza crônica, baixa intensidade e impacto difuso.

Fig 2-1 – Caracterização do ambiente operacional

2.1.2 Nesse contexto, os conflitos classificados como irregulares assimétricos


apresentam as seguintes características principais:
a) sensibilidades geopolíticas;
b) achatamento dos níveis decisórios;
c) dificuldade de definição de linhas de contato entre os beligerantes;
d) preponderância de guerras de coalizão;

2-1
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e) ameaças irregulares;
f) tendência de os confrontos se prolongarem no tempo;
g) restrição de recursos;
h) presença da mídia instantânea no espaço de batalha;
i) valorização das questões humanitárias e do meio ambiente;
j) baixa aceitação junto à opinião pública (nacional e internacional) do emprego
da força;
k) ênfase na defesa de minorias;
l) presença de Organizações Não Governamentais (ONG) nos conflitos;
m) utilização da informação como arma, afetando diretamente o poder de
combate dos beligerantes;
n) consciência de que forças militares não solucionam as causas da guerra;
o) relevância do papel da população no destino dos conflitos;
p) prevalência dos combates urbanos com a presença de civis, contra civis e
em defesa de civis;
q) dificuldade de caracterizar o oponente no seio da população;
r) situações em rápida evolução;
s) envolvimento de todas as capacidades de governo na prevenção de
ameaças, no gerenciamento de crises e/ou na solução de conflitos armados; e
t) fragilização das fronteiras geográficas devido aos meios cibernéticos,
informacionais e sociais.

2.2 O AMBIENTE OPERACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NAS OPERAÇÕES


ESPECIAIS

2.2.1 As Op Esp têm adquirido importância crescente no ambiente operacional


contemporâneo. A influência das condicionantes políticas, econômicas,
científico-tecnológicas e psicossociais no Espaço de Batalha tem levado as Op
Esp a ocuparem um progressivo protagonismo para o êxito das operações.

2.2.2 A avaliação detalhada do ambiente operacional deve abranger, além dos


aspectos tipicamente militares, todas as condições e circunstâncias que afetam
o emprego de forças militares e influem no curso das operações. Os
comandantes e seus estados-maiores (EM) devem levar em conta não só os
esforços para o domínio da dimensão física (área ou região), onde os meios
tradicionais de manobra e apoios são desdobrados, mas também as
condicionantes das dimensões informacional e humana presentes no Teatro de
Operações (TO)/Área de Operações (A Op).

2.2.3 A complexidade do ambiente operacional contemporâneo exige o


esclarecimento da dinâmica de interação entre os fatores militares e os não
militares, a fim de permitir a antevisão dos prováveis resultados da participação
de forças militares no TO/A Op.

2.2.4 As F Op Esp têm uma extensa abragência de emprego nas operações


desencadeadas no amplo espectro dos conflitos – por meio de ações de

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reduzidos danos colaterais e baixa visibilidade – especialmente por possuírem


capacidade de realizar ações rápidas e precisas, a fim de interditar ou
neutralizar alvos de interesse, resgatar reféns, recuperar material especial,
dentre outras. O emprego das F Op Esp tem se destacado pela capacidade de
influenciar públicos-alvo no TO/A Op.

2.2.5 As ações de baixa visibilidade das Op Esp, visando ao entendimento do


ambiente operacional, particularmente quanto às condições locais e culturais
do TO/A Op, são as mais adequadas. Tal medida permite uma compreensão
mais realista do ambiente operacional e com baixo custo em vidas humanas,
propiciando maior aceitação por parte das sociedades contemporâneas.

2.2.6 As F Op Esp são continuamente empregadas para avaliar ameaças


emergentes e participar de atividades e operações destinadas a eliminar ou
mitigar ameaças. O seu emprego depende, normalmente, do resultado a ser
alcançado, da determinação de risco aceitável, das oportunidades potenciais
criadas pela sua utilização e do papel da população local do TO/A Op.

2.2.7 No ambiente operacional contemporâneo, a compreensão da dimensão


humana é um dos principais fatores de êxito. Em razão disso, são requeridas
das F Op Esp capacidades específicas relacionadas à aptidão para o trabalho
em meio a populações diversificadas. Tal característica exige a seleção de
militares para a preparação destes em habilidades específicas, que requerem a
competência de compreensão e aptidão para o trabalho com os diversos atores
presentes no TO/A Op.

2.2.8 As Considerações Civis e o entendimento abrangente de fatores


socioculturais e psicossociais são a chave para a compreensão da população
local da área de operações. Nesse aspecto, as F Op Esp são particularmente
capazes de prestar o assessoramento especializado aos comandantes e EM
dos elementos da F Ter, bem como de contribuir para a preparação das forças
convencionais, capacitando-as a operar em melhores condições e de forma
mais efetiva junto à população local de um TO/A Op. As forças de operações
especiais são particularmente aptas para conquistar e manter o apoio da
população local.

2.3 CONTEXTO ESTRATÉGICO DAS OPERAÇÕES ESPECIAIS

2.3.1 Da análise do ambiente operacional contemporâneo, no qual forças


convencionais e irregulares, combatentes e população civil, destruição física e
guerra de informação estão cerradamente interligados, é possível delinear o
contexto estratégico para a realização das Op Esp.

2.3.2 O contexto estratégico contemporâneo exige que os Estados estejam


preparados para empregar uma diversificada combinação de vetores militares e
civis na prevenção de ameaças, no gerenciamento de crises e/ou na solução
de conflitos, a fim de enfrentar desafios tais como:
a) instabilidade dos Estados;
b) desrespeito a normas internacionais;
2-3
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c) existência de redes extremistas transnacionais organizadas e violentas; e


d) proliferação de armas de destruição em massa e de avançadas tecnologias.
2.3.3 O contexto estratégico para o emprego de F Op Esp é determinado por
vários fatores, dentre os quais se destacam: a política nacional, os requisitos
diplomáticos, o ambiente operacional e a natureza das ameaças.
2.3.4 As F Op Esp devem ser empregadas visando, sobretudo, às suas
possíveis contribuições nos níveis político e estratégico. A definição de
objetivos operacionais e táticos deve ser rigidamente orientada pelas metas
estratégicas.

2.3.5 As missões realizadas por F Op Esp são, via de regra, de caráter sigiloso,
tanto no seu planejamento quanto na sua execução. Podem ser realizadas no
contexto de prevenção de ameaças, de gerenciamento de crises e/ou de
solução de conflitos armados. Podem ser “limitadas no tempo” ou de “longo
prazo” e efetivadas por campanhas conjuntas com operações militares de vulto.
As forças de operações especiais podem atuar de maneira:
a) ostensiva;
b) coberta; e
c) sigilosa.
2.3.5.1 Ostensiva: quando, após a sua execução ser tornada pública, o que
deverá ocorrer somente se a operação for bem-sucedida, nenhuma medida é
tomada para ocultar a operação ou sua autoria.
2.3.5.2 Coberta: operações em que, após a sua execução ser tornada pública,
são adotadas medidas adicionais de contrainteligência (CI) destinadas a
manter em sigilo a sua autoria.

2.3.5.3 Sigilosa: operações em que se procura ocultar a autoria da ação, além


de negar a própria existência delas.

2.4 OPERAÇÕES ESPECIAIS NO PREPARO DO AMBIENTE


OPERACIONAL
2.4.1 A ação de preparar o ambiente operacional envolve um conjunto de
iniciativas, predominantemente não militares, orientadas para a:
a) identificação de potenciais riscos e fontes de instabilidade;
b) redução de antagonismos e erradicação de ameaças em sua origem; e
c) interrupção da cadeia de eventos que pode levar ao agravamento de uma
crise ou à deflagração de um conflito.
2.4.2 As ações que contribuem para o preparo do ambiente operacional são
aquelas que facilitam as operações militares futuras ou o atingimento dos
objetivos estratégicos, particularmente as que promovem a relação com os
principais líderes sociais, políticos e militares.
2.4.3 Para preparar o ambiente operacional, as F Op Esp devem dispor de
ampla compreensão do TO/A Op, incluindo a influência de atores civis e as
capacidades de forças amigas e de oponentes ou potenciais adversários.

2-4
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2.4.4 Em um primeiro momento, as F Op Esp podem ser empregadas em


operações de Reconhecimento, em ambientes hostis, negados, ou
politicamente sensíveis, contribuindo com os esforços de obtenção de dados e
verificação de informações de importância estratégica ou operacional, mesmo
antes da ativação do TO/A Op.

2.4.5 As F Op Esp devem ser empregadas por meio de uma cadeia de


comando simples e clara, para atingir objetivos críticos e de valor significativo,
e planejadas detalhadamente, apoiando-se em informações precisas e
atualizadas, buscando-se o sigilo e a segurança durante o planejamento e a
execução das operações.

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CAPÍTULO III

FUNDAMENTOS DAS OPERAÇÕES ESPECIAIS

3.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

3.1.1 As Operações Especiais proporcionam opções no nível estratégico e


alternativas operacionais ao Comandante Operacional do TO/A Op.

3.1.2 Podem ser dirigidas contra centros de gravidade (CG) de forças


oponentes em um confronto direto ou, indiretamente, destinadas a estruturar,
prover, instruir, desenvolver e dirigir o apoio local, a fim de contribuir para a
consecução de objetivos políticos ou estratégicos de longo prazo.

3.2 PRINCÍPIOS DAS OPERAÇÕES ESPECIAIS

3.2.1 As Op Esp, normalmente, exigem abordagens “não ortodoxas”, sem


negar os princípios de guerra tradicionais. Em vez de negá-los, as Op Esp
aplicam esses princípios com enfoque diferente na sua combinação ou na
importância relativa de cada um. Em determinadas missões ou tarefas, a
surpresa alcançada por meio da rapidez, da ousadia, do sigilo e da
dissimulação, aliada a novas táticas, técnicas e procedimentos (TTP), pode ser
muito mais efetiva do que as táticas convencionais.

3.2.2 Além dos princípios e preceitos operacionais comuns que fundamentam


as operações conjuntas, baseados nos diversificados desafios do ambiente
operacional contemporâneo, destacam-se dois preceitos, em função de sua
aplicabilidade nas operações especiais:
a) assegurar a liberdade de ação; e
b) manter a flexibilidade operativa e organizacional.
3.2.3 Os princípios das operações especiais estão relacionados à condução de
ações discretas, precisas e intrínsecas às capacidades das F Op Esp de
operarem em pequenas frações com relativa independência ou por meio do
apoio de forças e/ou de populações locais, em ambientes hostis, negados ou
politicamente sensíveis, para atingir o estado final desejado (EFD) e alcançar
objetivos nacionais de interesse.
3.2.4 A aplicação desses princípios possibilita o emprego das F Op Esp em
uma ampla gama de missões e tarefas, muitas vezes de alto risco e baixa
visibilidade. As Op Esp desencadeadas de forma eficiente e progressiva
reforçam a credibilidade e a legitimidade das ações, a serem buscadas junto à
população da área onde são conduzidas as operações (TO/A Op) e junto à
opinião pública internacional.

3-1
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3.2.5 Os princípios intrínsecos das Op Esp cuja aplicação concorre para o êxito
no planejamento e na condução dessas operações são apresentados a seguir.

3.2.5.1 Adaptabilidade – adequação às constantes evoluções da situação e


mudanças no ambiente operacional.

3.2.5.2 Flexibilidade – emprego com o mínimo de rigidez preestabelecida, o


que possibilita sua adequação às especificidades de cada situação de
emprego, em que os módulos de combate possam ter suas estruturas e meios
(pessoal e material) ajustados, com oportunidade, para fazer frente às
mudanças que surjam durante uma operação.

3.2.5.3 Integração – interação com os diversos atores em presença no TO/A


Op, como as forças militares e as agências civis, sincronizando suas ações de
forma a gerar efeitos sinérgicos orientados pelo EFD.

3.2.5.4 Modularidade – condição de, a partir de uma estrutura básica mínima,


receber módulos que ampliem seu poder de combate ou lhe agreguem
capacidades. Ela faculta aos comandantes que a empregam a adoção de
estruturas de combate “sob medida” para cada situação de emprego.

3.2.5.5 Objetivo – compreensão clara das tarefas e missões definidas, de


modo que cada integrante dessas forças se mantenha focado no objetivo da
missão e assegure, particularmente nas operações prolongadas, o
compromisso de atingimento do EFD.

3.2.5.6 Restrição – atuação em ambiente com restrições que visam a limitar os


danos colaterais e a evitar o uso desnecessário ou desproporcional da força.

3.2.5.7 Seletividade – dirigida para objetivos, segundo uma criteriosa


priorização de alvos. Deve-se evitar, ao máximo, atribuir missões e tarefas que
possam ser cumpridas por forças convencionais.

3.3 CARACTERÍSTICAS DAS OPERAÇÕES ESPECIAIS

3.3.1 Normalmente, as Op Esp diferem de outros tipos de operações pelo grau


de risco físico e político, pelas TTP utilizadas, pelas formas de emprego e pela
relativa independência da sustentação das F Op Esp empregadas. Com
frequência, apresentam as seguintes características:
a) alto risco;
b) baixa visibilidade;
c) elevado grau de precisão; e
d) dificuldade de coordenação e apoio.
3.3.1.1 Alto risco – as considerações político-militares frequentemente
condicionam as Op Esp, pois, além de considerável risco físico, quase sempre
envolvem elevado potencial de risco político e estratégico.

3-2
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3.3.1.2 Baixa visibilidade – as Op Esp possuem assinatura mínima (baixo


perfil), sendo operações discretas. Por essa característica, as Op Esp
contribuem para a prevenção de ameaças, para o gerenciamento de crises e
para a solução de conflitos armados.

3.3.1.3 Elevado grau de precisão – as Op Esp são realizadas por efetivos


reduzidos, altamente especializados, para minimizar danos e efeitos colaterais.
Normalmente, neutralizam alvos sem atingir os seus componentes vitais,
preservando-os. O êxito depende da eficiência tática e técnica de pequenas
frações, criteriosamente selecionadas e adestradas para alcançar os objetivos
estratégicos e/ou operacionais delineados.

3.3.1.4 Dificuldade de coordenação e apoio – as Op Esp exigem


planejamento, capacitação específica de forças e execução diferenciada em
relação ao apoio logístico e de comando e controle. Por serem desencadeadas
em ambientes hostis, negados ou politicamente sensíveis, exigem, ainda,
complexa coordenação de fogos, do uso do espaço aéreo e do espectro
cibernético/eletromagnético.

3.4 FATORES DE ÊXITO DAS OPERAÇÕES ESPECIAIS

3.4.1 A permanência das F Op Esp em ambientes hostis, negados ou


politicamente sensíveis deve se limitar ao tempo necessário ao cumprimento
da tarefa a ser executada.

3.4.2 O emprego de F Op Esp e forças convencionais, aliado à alocação de


recursos, deve obedecer a um criterioso levantamento das necessidades, de
acordo com o exame de situação e com os fatores operacionais. Os
Comandantes e planejadores militares devem identificar as situações que
podem exigir o emprego dessas forças.

3.4.3 As F Op Esp devem dispor de autonomia na execução das tarefas e


missões atribuídas, facultando aos comandantes as adaptações requeridas nas
operações em curso, de acordo com a evolução da situação. As circunstâncias
de contingência nas tarefas atribuídas às F Op Esp devem ser levadas em
consideração por ocasião da elaboração de planos, ordens e diretrizes.

3.4.4 Os fatores de êxito para as operações especiais são:


a) decisão de emprego de mais alto nível;
b) necessidade de adequada estrutura de comando e controle;
c) acesso aos mais altos níveis de Inteligência;
d) disponibilidade de recursos e meios (pessoal e material);
e) tarefas operacionalmente viáveis, atribuídas às F Op Esp;
f) ações dirigidas contra alvos de alto valor;
g) planejamento e preparação integrados;
h) apoio de inteligência oportuno, ágil e preciso;

3-3
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i) integração e complementaridade às operações convencionais; e


j) logística adequada, incluindo apoio à infiltração e à exfiltração.

3.5 AXIOMAS DAS FORÇAS DE OPERAÇÕES ESPECIAIS


3.5.1 Axiomas são verdades inquestionáveis, sobre os quais são construídas
ou consolidadas teorias ou estruturas, com vistas à consecução de objetivos
predeterminados.

3.5.2 Nesse sentido, e no contexto das missões das forças de operações


especiais, os seus axiomas são explicitados na Fig 3-1.

Fig 3-1 – Axiomas das Forças de Operações Especiais

3.6 CAPACIDADES DAS FORÇAS DE OPERAÇÕES ESPECIAIS

3.6.1 As F Op Esp têm um papel significativo no êxito de grande parcela das


operações desencadeadas no amplo espectro dos conflitos.

3.6.2 As especificidades das Op Esp exigem condicionantes fora do padrão


tradicional dos elementos de emprego da F Ter. Portanto, no emprego das F
Op Esp, os comandantes e EM devem preservar essas forças, evitando o seu
emprego quando as forças convencionais estão disponíveis e aptas para a
execução de determinadas tarefas.

3.6.3 As F Op Esp possuem as seguintes capacidades, que serão requeridas


em Operações Singulares, Conjuntas e Combinadas, com maior ou menor
intensidade, de acordo com as peculiaridades do ambiente operacional e a
natureza da missão:
a) assessorar os Comandos Operacionais, as Forças Componentes e os
Grandes Comandos Operativos da F Ter;

3-4
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b) oferecer respostas ágeis e flexíveis em ambientes em constante mutação;


c) infiltrar-se em ambientes hostis, negados ou politicamente sensíveis por
meios terrestres, aéreos ou aquáticos;
d) constituir-se em multiplicador de forças, por meio da ação de organizar,
desenvolver, equipar, instruir e dirigir forças regulares e irregulares locais
dentro do TO/A Op.
e) agregar operações psicológicas às ações de combate;
f) atuar de forma ostensiva, coberta ou sigilosa; e
g) aplicar de forma precisa e eficaz o poder de combate, com o maior controle
de danos possível e redução de efeitos colaterais.

3.7 TIPOS DE OPERAÇÕES ESPECIAIS

3.7.1 Os tipos de Op Esp são os seguintes: ação direta, ação indireta e


reconhecimento especial.

3.7.2 Nem sempre é possível uma clara distinção entre os tipos de Op Esp,
pois eles constituem atividades interdependentes e complementares, que
podem ser conduzidas, ao mesmo tempo, por uma ou mais F Op Esp.

3.7.3 A ação direta, a ação indireta e o reconhecimento especial representam


os pilares das missões das forças de operações especiais do Exército
Brasileiro. Os conflitos com características eminentemente irregulares
demandam largo emprego de F Op Esp na garantia da lei e da ordem, na
prevenção e combate ao terrorismo e nas ações sob a égide de organismos
internacionais.

3.7.4 AÇÃO DIRETA

3.7.4.1 Ação direta é uma ação ofensiva de pequena envergadura e de curta


duração, realizada por tropa capacitada, de valor e constituição variáveis, por
meio de uma infiltração terrestre, aérea e/ou aquática, contra alvos de valor
significativo, localizados em ambientes hostis, negados ou politicamente
sensíveis. É uma operação cumprida exclusivamente por F Op Esp,
particularmente tropas de Comandos. Podem ser conduzidas de forma
autônoma ou em apoio a operações militares convencionais.

3.7.4.2 As ações diretas diferem das ações convencionais pelo nível de risco
físico, pelo risco político-estratégico, pelas técnicas operativas, bem como pelo
grau de precisão e uso seletivo da força para alcançar objetivos específicos.
Possuem baixa visibilidade e reduzido efeito colateral. No Exército Brasileiro,
são também chamadas de Ações de Comandos.

3.7.4.3 As ações diretas possuem elevado grau de precisão e podem ser


definidas pelas seguintes ações táticas, dentre outras: destruir, interditar,

3-5
EB70-MC-10.212

neutralizar (capturar ou eliminar seletivamente), resgatar (pessoal ou material),


retomar, conquistar e/ou ocupar, identificar a localização de alvos para a
condução de fogos, conduzir fogos terrestres, aéreos e/ou navais (utilizando
munições guiadas com precisão), realizar emboscadas, realizar assalto direto e
realizar sabotagem.

3.7.4.4 As ações diretas têm potencial para degradar significativamente o poder


de combate oponente. Necessitam ser apoiadas e devem ser sincronizadas
com outras ações no Teatro de Operações. Podem ser concebidas para apoiar
e/ou complementar operações das demais F Cte, como, por exemplo, na
conquista da superioridade aérea, atingindo alvos terrestres que depreciem o
sistema de defesa aeroespacial do inimigo.

3.7.5 AÇÃO INDIRETA

3.7.5.1 Consiste na organização, desenvolvimento, equipagem, instrução,


direção e/ou assessoramento de forças irregulares, regulares, auxiliares e de
atores estatais e não estatais, para a consecução de objetivos políticos,
econômicos, psicossociais e/ou militares em situação de guerra e de não
guerra. As ações indiretas são realizadas por integrantes das forças especiais.

3.7.5.2 Constituem-se em alternativa viável em todo o espectro dos conflitos.


Podem incluir, por exemplo, esforços de apoio ao desenvolvimento local,
fomento à cooperação civil-militar, mobilização de lideranças, estruturação de
redes de informantes e treinamento de forças convencionais e/ou auxiliares.

3.7.5.3 Nas situações de guerra, as ações indiretas orientam-se pela condução


da guerra irregular (GI).

3.7.5.4 Guerra irregular é todo conflito armado conduzido por uma força que
não dispõe de organização militar formal e, sobretudo, de legitimidade jurídico-
institucional. É a guerra travada por uma força não regular. São consideradas
formas de GI nesse contexto: a guerra de guerrilha; a subversão; a sabotagem;
o terrorismo; e a fuga e evasão.

3.7.5.5 A GI é caracterizada por ações de baixa visibilidade, conduzidas em


áreas hostis, negadas ou politicamente sensíveis, por meio da organização,
desenvolvimento, expansão, instrução, direção e emprego em combate de
forças irregulares locais (força subterrânea, força de guerrilha e força de
sustentação), a fim de contribuir com a consecução de objetivos políticos,
estratégicos, operacionais e táticos em médio e longo prazo.

3.7.5.6 Os Destacamentos Operacionais de Forças Especiais (DOFEsp) são as


frações aptas para a realização do planejamento, preparação e execução de
operações de guerra irregular.

3-6
EB70-MC-10.212

3.7.5.7 Em um TO/A Op, o envolvimento com forças irregulares locais destina-


se a complementar, apoiar ou ampliar as operações militares em curso.

3.7.5.8 As ações indiretas são utilizadas também para influenciar a população


local de determinado TO/A Op e, normalmente, para apoiar um movimento de
resistência ou de insurgência. Nesse contexto, a análise das considerações
civis assume importância fundamental para o êxito das Op Esp.

3.7.5.9 Nas ações indiretas, as forças especiais são capazes de estabelecer e


cultivar laços de confiança com atores diversos – a despeito de barreiras
culturais – a fim de convergir esforços para a consecução dos objetivos da
operação, seja apoiando, seja evitando uma confrontação militar.

3.7.6 RECONHECIMENTO ESPECIAL

3.7.6.1 É a operação realizada por forças de operações especiais, em áreas


hostis, negadas ou politicamente sensíveis, com o propósito de obter, confirmar
ou atualizar dados e conhecimentos de importância estratégica, operacional ou,
eventualmente, tática, fundamentais para o planejamento e para a condução de
operações militares, empregando capacidades normalmente não encontradas
em forças convencionais.

3.7.6.2 As operações de reconhecimento especial são normalmente definidas


pela execução das seguintes ações táticas, dentre outras: localizar,
reconhecer, avaliar, monitorar e realizar vigilância e levantamento estratégico
de área (LEA) do mais alto escalão em presença.

3.7.6.3 A despeito da possível existência de sofisticados sensores de longo


alcance e de plataformas aéreas não tripuladas no teatro de operações,
algumas informações só podem ser obtidas por meio da observação visual
direta ou pelo uso de outros métodos de busca na área do alvo.

3.7.6.4 As operações de reconhecimento especial possibilitam a busca de


dados e informações necessários para a produção do conhecimento sobre o
qual se fundamenta o planejamento militar, nos níveis estratégico e
operacional, desde o tempo de paz ou, quando iminente ou caracterizado o
conflito, mesmo antes da ativação de um TO/A Op.

3.7.6.5 Essas operações buscam ampliar a consciência situacional dos


escalões em proveito dos quais são realizadas, complementando os
reconhecimentos e as ações de vigilância realizadas por tropas convencionais.

3.7.6.6 Nesse contexto, as operações de reconhecimento especial cooperam


com o Sistema de Inteligência do Exército, complementando e/ou apoiando os
esforços realizados por outras fontes (humanas, de sinais, de imagens e

3-7
EB70-MC-10.212

cibernéticas). Deste modo, favorecem a integração entre elas, o que é


essencial ao processo decisório do Comando Operacional do TO/A Op.

3.7.6.7 A aptidão para operar em ambientes hostis, negados ou politicamente


sensíveis, com relativa independência de apoio amigo e com elevado grau de
descentralização, permite às F Op Esp ampliarem a variedade de meios
empregados nos esforços de busca.

3.7.6.8 As ações de reconhecimento especial, normalmente, visam à obtenção


e/ou à confirmação de informações sobre:
a) capacidades, intenções e/ou atividades de um oponente real ou potencial;
b) sistemas de comando e controle, de defesa aeroespacial, estruturas
estratégicas, instalações militares, armas especiais ou outros alvos de
interesse do oponente;
c) aspectos fisiográficos e/ou dados meteorológicos de um TO/A Op ou
determinada área de interesse;
d) aquisição de alvos e avaliação de danos;
e) avaliação de ambientes químicos, biológicos, radiológicos e nucleares
residuais, ou de riscos ambientais em áreas negadas; e
f) situação em uma determinada região, antes da intervenção de forças
convencionais.

3.7.6.9 Os Destacamentos Operacionais de Forças Especiais são as frações


mais aptas para a realização do planejamento, preparação e execução de
operações de reconhecimento especial. Entretanto, os Destacamentos de
Reconhecimento e Caçadores (DRC), orgânicos de tropas de Comandos,
também podem executar operações de reconhecimento especial, de forma
limitada, e normalmente em apoio à realização de ações diretas futuras por
parte de Destacamentos de Ações de Comandos.

3.7.6.10 As operações de reconhecimento especial realizadas no Território


Nacional e/ou em áreas sob o controle de forças amigas nas situações de
“guerra” ou de “não guerra” são usualmente denominadas operações de
reconhecimento e avaliação de área.

3.7.6.11 Tais operações ensejam a máxima interação com os habitantes locais,


principal fonte de dados sobre a área de operações. Nesse sentido, operações
psicológicas podem ser planejadas e conduzidas com o propósito de conquistar
ou ampliar o apoio da população nativa, auxiliando os trabalhos de coleta e
busca de dados.

3.7.6.12 Em Território Nacional e/ou em áreas sob o controle de forças amigas,


Eqp Op de forças especiais poderão ser reforçadas por forças convencionais
como equipes táticas de operações psicológicas, equipes encarregadas de
realizar ações cívico-sociais (ACISO), dentre outras equipes de especialistas.

3-8
EB70-MC-10.212

3.7.6.13 As operações de reconhecimento e avaliação de área podem ser


conduzidas de forma ostensiva. Embora realizadas de forma aparente,
algumas ações podem requerer o uso da técnica de estória-cobertura (EC) com
o propósito de ocultar a presença de F Op Esp na região. Nesses casos, as
Eqp Op atuam, nominalmente, como forças convencionais.

3-9
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CAPÍTULO IV

ORGANIZAÇÃO E EMPREGO DAS FORÇAS DE OPERAÇÕES ESPECIAIS

4.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

4.1.1 O conhecimento das Operações Especiais (Op Esp) pelas autoridades


em geral, pelos comandantes militares e pelos estados-maiores é importante
para o êxito das operações militares. Esse conhecimento não deve ficar restrito
aos membros das forças de operações especiais.

4.1.2 Os elementos de emprego da F Ter, particularmente as estruturas que


têm a responsabilidade de planejar e conduzir as Op Esp, tendem a se
organizar com base nas capacidades requeridas para fazer frente a ameaças
concretas ou potenciais, ou ainda para prevenir ameaças difusas, tornando
essas estruturas mais aptas a operar no amplo espectro dos conflitos.

4.1.3 As Op Esp exigem uma estrutura de comando centralizada, ágil e


simples. Níveis de planejamento em excesso diminuem a capacidade de
resposta oportuna e o tempo disponível de planejamento e preparação para as
operações, o que compromete a segurança e o cumprimento das missões
atribuídas.

4.2 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DAS FORÇAS DE OPERAÇÕES


ESPECIAIS

4.2.1 As missões executadas por F Op Esp devem apoiar a campanha do


maior comando em presença no TO/A Op, de forma autônoma ou em
integração com forças convencionais, em operações singulares, conjuntas,
combinadas ou multinacionais, normalmente no ambiente interagências. Para
isso, necessitam de estrutura peculiar e flexível, capaz de atender às
demandas com presteza e com pouco tempo de adaptação.

4.2.2 FORÇA CONJUNTA DE OPERAÇÕES ESPECIAIS

4.2.2.1 Nas operações conjuntas, normalmente, constitui-se uma Força


Conjunta de Operações Especiais (F Cj Op Esp), no mesmo nível das demais
Forças Componentes (F Cte), o que permite atender às demandas de Op Esp
do Comando Operacional Conjunto (C Op Cj), a fim de contribuir para a
consecução de objetivos nos níveis operacional e estratégico. Permite, ainda,
potencializar as capacidades das F Op Esp das Forças Singulares, sem alterar
as suas especificidades e destinações precípuas (Fig 4-1).
4-1
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Fig 4-1 – Enquadramento da F Cj Op Esp no Comando Operacional Conjunto

4.2.2.2 A estrutura de uma F Cj Op Esp é semelhante à de qualquer elemento


de emprego, por se constituir em uma F Cte. No entanto, diferencia-se
especialmente pela heterogeneidade dos processos de emprego e pelas
peculiaridades técnico-profissionais das suas forças subordinadas, avultando a
importância da coordenação e da integração das ações planejadas.

4.2.2.3 O Cmt F Cj Op Esp, na condução de operações especiais conjuntas


(Op Esp Cj), sincroniza as ações terrestres, navais e aéreas para alcançar os
objetivos operacionais e estratégicos.

4.2.3 FORÇA-TAREFA CONJUNTA DE OPERAÇÕES ESPECIAIS

4.2.3.1 A diferença básica entre a FT Cj Op Esp e a F Cj Op Esp está no tempo


de estruturação. Enquanto a FT Cj Op Esp é estruturada por um período de
tempo determinado para cumprir missões e tarefas previamente estabelecidas,
a F Cj Op Esp é concebida para atender a todas as fases de uma campanha
militar.

4.2.3.2 Quando a situação tática exigir, poderá ser estruturada uma FT Cj Op


Esp para apoiar uma ação específica ou uma fase da manobra das demais F
Cte, cedendo-lhes F Op Esp ou FT(Cj) Op Esp, sob o controle operativo da F
Cte apoiada. As F Cte poderão contar com equipes de ligação (Eqp Lig) ou
oficiais de ligação (O Lig) de Op Esp em seus respectivos estados-maiores
(EM).

4.2.4 FORÇA-TAREFA DE OPERAÇÕES ESPECIAIS

- A organização e a finalidade dessa força são similares às da FT Cj Op Esp.


Porém, ela é formada somente com forças de operações especiais do Exército.

4-2
EB70-MC-10.212

4.2.5 DESDOBRAMENTO DA ESTRUTURA DE COMANDO E APOIO NAS


OPERAÇÕES ESPECIAIS

4.2.5.1 Base de Operações Especiais (BOE)

4.2.5.1.1 A BOE é a estrutura de comando e apoio das Op Esp (Fig 4-2)


estabelecida por uma F(FT) (Cj) Op Esp e compreende o complexo de
instalações, pessoal e material para dar suporte ao planejamento, à
preparação, à sustentação e à avaliação contínua das operações.

4.2.5.1.2 A BOE é instalada, normalmente, em região próxima ao Posto de


Comando (PC) do Comando Operacional Conjunto ou do Comando Operativo
(Cmdo Op) em proveito do qual a F(FT)(Cj) Op Esp está sendo empregada.

4.2.5.1.3 A partir da BOE, o Cmt F(FT) (Cj) Op Esp orienta, coordena e controla
o emprego de seus elementos subordinados, provendo-lhes o apoio necessário
ao cumprimento da missão. A instalação da BOE deve obedecer a requisitos
de segurança como dispersão das instalações, afastamento de potenciais alvos
e facilidade de ocultação.

4.2.5.1.4 Normalmente, a BOE é desdobrada em centros urbanos que


proporcionem apoio para exploração da infraestrutura logística, de tecnologia
da informação e comunicações (TIC), bases aéreas, dentre outras facilidades.
Entretanto, a BOE deve possuir meios (pessoal e material) e recursos para ser
desdobrada, em situações excepcionais, em áreas longínquas e carentes de
infraestruturas preexistentes.

4.2.5.1.5 A BOE congrega as atividades relacionadas ao comando e controle


(C²), ao apoio à infiltração/exfiltração, à Inteligência, à coordenação de fogos, à
proteção, ao apoio de operação de informação (Op Info), à logística, ao
assessoramento jurídico, dentre outras. Para tanto, a sua constituição
compreende (Fig 4-2):
a) Centro de coordenação de operações (C C Op);
b) Centro de apoio às operações especiais (C Ap Op Esp); e
c) Infraestrutura de comando e apoio.

4-3
EB70-MC-10.212

Fig 4-2 – Desdobramento da Base de Operações Especiais (BOE)

4.2.5.1.6 Por vezes, as distâncias físicas, associadas às características do


ambiente operacional, à natureza da missão e às limitações dos meios
disponíveis podem levar ao comprometimento do pleno exercício do comando
e controle e das atividades de apoio às Op Esp. Nessas situações, o Cmt F(FT)
Op Esp pode optar pelo desdobramento de Base(s) de Coordenação
Avançada(s) (BCA).

4.2.5.1.7 Além da BOE, a F(FT) Cj Op Esp deve ter a capacidade para


desdobrar até duas BCA para atender a toda a campanha militar, a uma fase
específica da manobra ou apenas a uma operação. Semelhante à BOE, uma
BCA se organiza em:
a) Centro de Coordenação de Operações (CC Op);
b) Módulo de Apoio às Operações Especiais; e
c) Infraestrutura de Comando e Apoio.

4.3 INTEGRAÇÃO ENTRE AS OPERAÇÕES ESPECIAIS E AS


CONVENCIONAIS
4.3.1 A integração entre as operações especiais e as convencionais contribui
para o êxito da campanha militar e, sobretudo, para a consecução dos
objetivos políticos e estratégicos de longo prazo.

4.3.2 A habilidade para integrar, de forma efetiva, as Op Esp às convencionais


constitui uma competência da qual nenhum comandante nas operações

4-4
EB70-MC-10.212

desencadeadas no amplo espectro dos conflitos pode prescindir. A integração


entre essas operações tem por objetivos principais:
a) promover a sinergia das ações;
b) eliminar a duplicidade ou a ambiguidade de esforços;
c) garantir o melhor uso dos meios (pessoal e material) e recursos disponíveis;
d) reduzir os riscos de fratricídio;
e) evitar interrupções desnecessárias no curso das operações;
f) otimizar o emprego das fontes humanas de inteligência;
g) aumentar o ritmo da campanha militar, assegurando a unidade de esforços
entre ambas as forças; e
h) multiplicar forças, ampliando o poder de combate.
4.3.3 As F Op Esp desempenham, quando empregadas adequadamente e em
sincronização com outros vetores (militares e civis) em presença, um papel
fundamental nas operações desencadeadas no amplo espectro dos conflitos.
São multiplicadores do poder de combate e proporcionam aos comandantes
que as enquadram a capacidade de agregar iniciativa nas ações, aumentar sua
flexibilidade de emprego e ampliar a consciência situacional, particularmente
em ambientes hostis, negados e/ou politicamente sensíveis.
4.3.4 As F Op Esp podem apoiar uma operação convencional, assim como
forças convencionais podem atuar em proveito das Op Esp. Em termos gerais,
a integração entre F Op Esp e forças convencionais se dá por meio do(a):
a) conhecimento mútuo das capacidades das forças;
b) definição da estrutura e relações de comando;
c) compartilhamento sistêmico de informações e conhecimentos;
d) integração dos planejamentos no mais alto nível;
e) estabelecimento de ligações para coordenações nos diferentes níveis;
f) coordenação logística, de fogos, do uso do espaço aéreo e do espectro
eletromagnético;
g) adoção de medidas complementares de coordenação e controle, a fim de
atender à manobra dos elementos de combate;
h) realização de reuniões periódicas de coordenação; e
i) homogeneidade na conduta ética a ser dispensada à população local da área
de operações, alcançada por meio do estabelecimento de regras de
engajamento.
4.3.5 As coordenações no nível tático decorrentes de uma eventual
sobreposição de forças numa mesma área de operações assumem importância
destacada. O emprego de F Op Esp na Área de Responsabilidade (A Rspnl) ou
Zona de Ação (Z Aç) de forças convencionais impõe a necessidade de
implementar medidas adicionais de coordenação, incluindo o estabelecimento
de ligações diretas entre os elementos de combate.

4.4 CRITÉRIOS PARA EMPREGO DE FORÇAS DE OPERAÇÕES


ESPECIAIS

4.4.1 O emprego de F Op Esp deve ser criteriosamente estudado, para a


obtenção de resultados positivos nas operações e para a preservação das

4-5
EB70-MC-10.212

tropas que as executam. Nesse sentido, para que operações especiais sejam
realizadas adequadamente, seu emprego deve atender aos seguintes critérios
(Tab 4-1):
a) as operações executadas por F Op Esp devem apoiar a campanha do maior
escalão em presença no TO/A Op;
b) as F Op Esp não devem ser utilizadas como substitutas de outras forças.
Devem ser empregadas em missões que exijam capacidades e habilidades que
só elas possuem;
c) os comandantes e seus EM devem considerar em seus planejamentos as
vulnerabilidades das F Op Esp. Como exemplo, tais forças não estão
estruturadas para a fricção com forças convencionais fortemente armadas e
móveis;
d) os recursos e meios devem ser compatíveis e estar disponíveis para o
planejamento, a preparação e a execução das missões das F Op Esp; e
e) o resultado esperado da missão deve justificar os riscos. Os comandantes
devem reconhecer que as F Op Esp são de dífícil formação e limitadas em
número e recursos.

PRINCÍPIOS DAS
CRITÉRIOS PARA EMPREGO
OPERAÇÕES ESPECIAIS

Ação Direta, Ação Indireta, Reconhecimento


O QUÊ?
Especial,

Quando as alternativas não militares, por si


mesmas, forem incapazes ou insuficientes para a
ADAPTABILIDADE solução negociada da crise ou conflito e, ao
mesmo tempo, as alternativas militares
FLEXIBILIDADE convencionais se mostrem:
QUANDO? - inexequíveis, em virtude da exiguidade de
prazos ou carência de meios; e/ou
INTEGRAÇÃO
- inapropriadas, em face do emprego
desproporcional da força, liberdade de ação ou
MODULARIDADE
dos riscos políticos que envolvam a ação militar.

OBJETIVO - Inexistência de forças convencionais com


capacitação necessária e aptas a cumprir a tarefa.
RESTRIÇÃO QUEM? - Qual a F Op Esp mais apta e que reúne
melhores condições para o cumprimento da
SELETIVIDADE tarefa.

- Onde o emprego de forças convencionais não


ofereça resultados efetivos.
ONDE? - Estejam fora do alcance das forças
convencionais – além da área de influência
(geralmente caracterizada pela falta de apoio de
fogo de armas orgânicas ao escalão considerado).

4-6
EB70-MC-10.212

- Com elevado grau de precisão, a fim de


minimizar os efeitos colaterais.
COMO? - Com baixa visibilidade (ostensiva, sigilosa ou
coberta), de maneira que só os resultados de suas
ações se façam notar.
- De forma indireta, por meio da população local
- Evitar a escalada da crise ou a conflagração de
PARA conflitos.
QUÊ? - Poupar o emprego de forças convencionais em
operações militares de grande envergadura.
Tab 4-1 – Critérios para emprego das F Op Esp

4.5 O EMPREGO DAS FORÇAS DE OPERAÇÕES ESPECIAIS

4.5.1 As F Op Esp são empregadas no contexto das operações combinadas,


conjuntas e/ou singulares terrestres, normalmente em ambiente interagências,
em cooperação ou coordenação com os demais instrumentos do Poder
Nacional, para prevenir ameaças, gerenciar crises e/ou solucionar conflitos.

4.5.2 As Op Esp são executadas em toda a gama das operações militares, em


situação de guerra e de não guerra. No entanto, tais operações são mais
eficazes se empregadas na prevenção e neutralização de ameaças e para
evitar a escalada de crises. Por isso, seu emprego deve ocorrer,
prioritariamente, antes da conflagração dos conflitos.

4.5.3 As Op Esp podem ser conduzidas, também, para evitar ou retardar a


ativação ou o emprego de uma força convencional conjunta com grandes
efetivos, assim como para ganhar tempo, proporcionando aos níveis decisórios
superiores a exploração de alternativas.

4.6 OPERAÇÕES COM EMPREGO DE FORÇAS DE OPERAÇÕES


ESPECIAIS

4.6.1 Além das operações especiais (ação direta, ação indireta e


reconhecimento especial) as F Op Esp são empregadas em diversos tipos de
operações, quando estas demandarem capacidades específicas dessas tropas,
de acordo com o apresentado a seguir (Fig 4-3).

4-7
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Fig 4-3 – Operações com emprego de F Op Esp

4.6.2 OPERAÇÃO CONTRA FORÇAS IRREGULARES

4.6.2.1 Operação contra Forças Irregulares (Op C F Irreg) é o conjunto


abrangente de esforços integrados (civis e militares) desencadeados para
derrotar forças irregulares (F Irreg), nacionais ou estrangeiras, dentro ou fora
do Território Nacional. Normalmente, nessa operação os elementos da F Ter
devem executar suas ações com as finalidades de:
a) contribuir com as forças conjuntas para derrotar ou neutralizar militarmente
as F Irreg, permitindo iniciar ou retomar o funcionamento do Estado em áreas
contestadas ou que estejam controladas por tais forças; e
b) proporcionar assistência ao governo local no TO/A Op, em Território
Nacional ou em outra nação, para torná-lo autossustentável, por meio de ações
que possibilitem a construção de ambiente favorável à conquista e manutenção
da confiança e apoio da população local.
4.6.2.2 Nas Op Esp desencadeadas no amplo espectro dos conflitos, as Op C
F Irreg podem ser fundamentais para ampliar ou complementar as operações
básicas (Ofensivas, Defensivas, Coop e Coor com Ag). As F Op Esp e os
elementos convencionais da F Ter podem ser empregados:
a) como Força Expedicionária, no combate a F Irreg estrangeiras cujas
atividades comprometam a soberania, a integridade territorial, a ordem
internacional ou a estabilidade regional, para cumprir compromissos assumidos

4-8
EB70-MC-10.212

sob a égide de organismos internacionais ou salvaguardar interesses


brasileiros no exterior; e
b) no combate a F Irreg ou grupos insurgentes que se desenvolvam no
Território Nacional ou que utilizem ou tencionem utilizar, de forma ostensiva ou
velada, parte do Território Nacional em apoio às suas atividades, com ou sem o
apoio externo.
4.6.2.3 A Operação contra Forças Irregulares deve ter como ponto focal a
conquista do apoio da população local do TO/A Op, que também será objetivo
das F Irreg.
4.6.2.4 Contrainsurgência

4.6.2.4.1 Esta operação está no contexto da Op C F Irreg. As insurgências


podem ser motivadas por razões político-ideológicas, étnicas, religiosas e/ou
econômicas. As reivindicações e metas podem abranger a mera interrupção de
políticas governamentais, a derrubada do poder constituído ou a completa
redefinição da ordem política e social vigente.
4.6.2.4.2 Uma insurgência pode ou não contar com apoio externo oriundo de
atores estatais e/ou não estatais. Dentre as formas de apoio, destacam-se:
a) alinhamento ideológico e disseminação do proselitismo insurgente;
b) apoio político;
c) assistência financeira;
d) auxílio militar, incluindo assessoria técnica, treinamento e provisão de
equipamentos, armas e munições;
e) concessão de uso do território para treinamento e homizio;
f) apoio operacional a ações específicas; e
g) envolvimento direto em ações armadas e operações de combate.
4.6.2.4.3 A legitimidade do Estado e o apoio da população constituem os
pilares da contrainsurgência. Para que obtenha êxito, o Estado deve
necessariamente formular políticas públicas integradas, calcadas em
empreendimentos destinados a atender às demandas políticas, econômicas e
sociais da população local, a fim de enfraquecer as teses que sustentam o
discurso extremista e o apelo dos insurgentes à luta armada.
4.6.2.4.4 Na contrainsurgência, as Op Intlg, as Op Info e as Op Esp devem ser
conduzidas antes, durante e após o desdobramento de tropas. Avulta de
importância a integração entre as forças convencionais e as F Op Esp. Em
termos práticos, esta assertiva se traduz no emprego de:
a) F Op Esp com o propósito de complementar o adestramento de forças
convencionais;
b) oficiais e/ou Eqp Lig Op Esp junto aos Comandos de forças convencionais; e
c) forças compostas por F Op Esp e forças convencionais.
4.6.2.4.5 As forças convencionais contribuem com os esforços de obtenção de
dados/informações e de conquista do apoio da população na área conflituosa.
Suas principais ações são constituídas de operações tipo polícia e de controle
da população, como patrulhamento ostensivo e controle de vias públicas, com
vistas a proporcionar segurança aos moradores locais e isolar as F Irreg.

4-9
EB70-MC-10.212

4.6.2.4.6 As F Op Esp podem ser empregadas contra grupos insurgentes em


qualquer fase das operações contra F Irreg. Combinam suas capacidades com
o propósito de realizar ações em proveito de uma campanha de
Contrainsurgência. Normalmente, são atribuídas às F Op Esp nessas
operações, dentre outras, as seguintes missões e tarefas:
a) avaliar a área conflagrada;
b) localizar e monitorar:
- rotas logísticas e pontos de entrada de suprimentos;
- campos de treinamento;
- áreas de reunião;
- bases de guerrilha;
- locais de homizio; e
- áreas de refúgio.
c) neutralizar (capturar ou eliminar seletivamente) líderes insurgentes, grupos
de guerrilha, células terroristas e seus apoios civis;
d) interditar campos de treinamento, rotas logísticas e bases de guerrilha;
e) organizar, equipar, instruir, orientar e controlar forças civis locais na
condução de operações contra F Irreg oponentes;
f) fornecer treinamento e assistência militar a forças convencionais, órgão de
segurança pública (OSP) e outras F Op Esp; e
g) apoiar os esforços de desmobilização e reintegração de ex-integrantes e
remanescentes das F Irreg, após o término das hostilidades.
4.6.2.4.7 A partir de um adequado apoio da população e de inteligência, as
ações de combate das F Op Esp poderão ser conduzidas com maior precisão e
eficácia, reduzindo os efeitos colaterais que as tornariam contraproducentes. A
seleção de alvos deve obedecer à seguinte prioridade:
a
a) 1 – alvos do sistema logístico, incluindo interdição do apoio externo;
a
b) 2 – alvos de valor psicológico, incluindo as lideranças; e
a
c) 3 – F Irreg, com eliminação seletiva de alvos, neutralização de grupos armados
e/ou captura de seus apoios civis.
4.6.2.4.8 Em uma campanha de contrainsurgência, caracterizada, sobretudo,
pela grande heterogeneidade e complexidade do ambiente operacional,
especial atenção deve ser dispensada à sincronização, coordenação e/ou
integração de ações de agências atuantes no interior da área de operações
com as operações militares (ação unificada). Faz-se necessário o emprego de
FT Op Esp flexíveis e adaptáveis por concepção.
4.6.2.4.9 As F Op Esp devem ser empregadas no interior da área conflagrada.
Entretanto, algumas ações de interdição do apoio externo podem transcender à
delimitação geográfica oficialmente estabelecida para a condução das
operações militares.

4.6.2.4.10 As equipes de especialistas civis, em princípio, possuem caráter


multidisciplinar e têm por objetivos: prestar assessoramento quanto aos
aspectos psicossociais, econômicos e políticos da área de operações; e apoiar
a elaboração e a implementação de projetos de sustentabilidade e
desenvolvimento local.

4-10
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4.6.2.4.11 Os esforços para mobilização do apoio local podem incluir a


estruturação de grupos de autodefesa (GAD).

4.6.3 PREVENÇÃO E COMBATE AO TERRORISMO

4.6.3.1 O terrorismo é a forma de ação que consiste no emprego da violência


física ou psicológica, de forma premeditada, por indivíduos ou grupos, apoiados
ou não por Estados, com o intuito de coagir um governo, uma autoridade, um
indivíduo, um grupo ou mesmo toda a população a adotar determinado
comportamento. É motivado e organizado por razões políticas, ideológicas,
econômicas, ambientais, religiosas ou psicossociais.

4.6.3.2 A prevenção (antiterrorismo) constitui as ações para a proteção


caracterizada pela presença ostensiva ou não, de caráter ativo ou passivo, com
a principal finalidade de dissuadir possíveis ameaças. O combate
(contraterrorismo) engloba as medidas ofensivas de caráter repressivo, a fim
de dissuadir, antecipar, impedir ou limitar seus efeitos e responder às ações
terroristas.

4.6.3.3 As F Op Esp possuem a capacidade de realizar operações de


prevenção e combate ao terrorismo (OPCT) em ambientes negados ou
politicamente sensíveis às forças convencionais e/ou policiais, por intermédio
de operações de baixa visibilidade, algumas das quais são apresentadas a
seguir.

4.6.3.3.1 Operações de inteligência, eminentemente proativas, para buscar,


coletar e explorar, de imediato, informações sobre as organizações terroristas,
no tocante a suas principais motivações, TTP, pessoal (sobretudo as
lideranças), bens, recursos financeiros e atividades recentes e atuais. Tais
operações podem ser realizadas de forma ostensiva, coberta ou sigilosa,
complementando os elementos essenciais de inteligência (EEI) e outras
necessidades de inteligência (ONI) recebidos do escalão superior e de outras
agências.

4.6.3.3.2 Ataques físicos a infraestruturas críticas e redes cibernéticas, a fim de


executar ações preventivas contra as organizações terroristas. O objetivo é
destruir, desorganizar, neutralizar ou desarmar tais organizações antes que
estas possam atacar alvos de interesse nacional e/ou de nações aliadas.

4.6.3.3.3 Resgate de reféns, captura e/ou recuperação de materiais sensíveis


sob controle terrorista. Nessas missões, é essencial garantir a segurança das
pessoas e impedir a destruição do material.

4.6.3.3.4 Ações não letais, visando a neutralizar motivações ideológicas


geradoras do terrorismo. Dentre essas ações, destacam-se as operações
psicológicas, a cooperação civil-militar (CIMIC) e os assuntos civis.

4.6.3.4 O contraterrorismo subdivide-se nas vertentes que se seguem:


a) proativa – esforços de caráter eminentemente ofensivo e repressivo,
despendidos por Agências de Inteligência (AI) e forças de segurança estatais

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especializadas com o propósito deliberado de impedir a consecução de um


ataque terrorista, antecipando-se ao ato hostil; e
b) reativa – esforços de caráter eminentemente ofensivo e repressivo,
despendidos por AI e forças de segurança estatais especializadas com o
propósito explícito de responder a um ato terrorista.
4.6.3.5 Embora os esforços anti e contraterrorismo sejam interdependentes e
complementares, em termos gerais, consideram-se:
a) as medidas de antiterrorismo prioritárias em relação às de contraterrorismo;
e
b) as ações de contraterrorismo proativo prioritárias em relação às de
contraterrorismo reativo.
4.6.3.6 Uma eventual ameaça terrorista ao Estado brasileiro pode se inserir em
diferentes contextos, abaixo discriminados:
a) uso do Território Nacional para atividades de apoio, como recrutamento,
difusão ideológica, locais de homizio, rotas seguras de trânsito para outros
países, aquisição de insumos, captação de recursos e associação com
atividades criminosas para o financiamento de organizações terroristas;
b) planejamento de atentados e execução de ataques contra outros países,
lançados a partir do território brasileiro;
c) ataques contra alvos estrangeiros localizados no Território Nacional ou que
se encontrem em trânsito pelo país;
d) cidadãos brasileiros ou funcionários do Estado que se encontrem fora do
país e se tornem vítimas do terrorismo internacional; e
e) ataques dirigidos contra o próprio Estado brasileiro ou a sociedade nacional,
no Brasil ou no exterior.
4.6.3.7 O papel das F Op Esp é disponibilizar capacidade de contraterrorismo
em apoio às operações da Força Terrestre ou de um Comando Operacional
ativado, para a execução de medidas ofensivas em adição aos esforços
regionais e globais de prevenção e combate ao terrorismo.
4.6.3.8 Diante da possibilidade, ainda que remota, da iminência ou
concretização de um atentado terrorista, impõe-se a ativação de um gabinete
de crise. Em princípio, esse gabinete será chefiado por autoridade (militar ou
civil) designada como Chefe do Centro de Coordenação de Operação (CC Op)
por diploma legal.

4.6.3.9 Nesses casos, o estudo dos Fatores Operacionais, aliado ao exame de


situação, orientará a necessidade do CC Op dispor de um Centro de
Coordenação Tático Integrado (CCTI). Quando houver mais de 01 (um) CCTI
em âmbito nacional responsável pelas vertentes antiterrorismo,
contraterrorismo e administração das consequências poderá ser ativado um
Centro de Coordenação e Prevenção de Combate ao Terrorismo (CCPCT).

4.6.3.10 O CCPCT/CCTI destina-se a:


a) coordenar, controlar e sincronizar os esforços interagências relacionados às
ações de contraterrorismo;
b) confeccionar planos específicos;

4-12
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c) integrar as frações de Op Esp, militares e policiais, sobretudo os grupos de


intervenção, constituídos por equipes de caçadores, equipes táticas e unidades
aéreas diretamente envolvidas nas ações de contraterrorismo;
d) coordenar e sincronizar o emprego das F Op Esp em OPCT (proativo e/ou
reativo);
e) estabelecer procedimentos, estruturas, protocolos de comunicação e redes
de C²; e
f) prestar assessoramento específico relacionado às medidas e aos
procedimentos anti e contraterroristas.
4.6.3.11 Cabe ressaltar que o CCPCT/CCTI, quando ativado, não é um órgão
de execução, mas uma estrutura instituída para coordenação e integração de
todos os vetores de Op Esp em presença. O comandante/coordenador do
CCPCT/CCTI poderá desempenhar as funções de coordenador das ações
contraterrorismo (CACT) ou assessorar o mesmo quanto ao emprego da FT Cj
Op Esp.
4.6.4 ASSISTÊNCIA MILITAR

4.6.4.1 É o conjunto de ações destinadas à assessoria, à instrução, à formação


ou à direção de forças militares ou de segurança em questões específicas. As
ações de assistência militar fortalecem as relações de amizade do País com
outras nações aliadas, beneficiando os interesses nacionais.

4.6.4.2 Tais atividades se desenvolvem com base em acordos ou tratados


bilaterais/multilaterais e configuram-se como instrumento multiplicador de
forças no contexto da dissuasão.

4.6.4.3 Esse tipo de ação vale-se da capacidade das F Op Esp, particularmente


das Forças Especiais, de organizar, desenvolver, instruir e dirigir forças
regulares e irregulares dentro do TO/ A Op.

4.6.5 OPERAÇÃO DE BUSCA, COMBATE E SALVAMENTO

4.6.5.1 A operação de busca, combate e salvamento (BCS) consiste no


emprego de todos os meios disponíveis para localizar e socorrer aeronaves
abatidas ou acidentadas, navios, materiais e instalações diversas, avariadas ou
sinistradas, no mar ou em terra e, também, socorrer suas tripulações ou
pessoas em perigo.

4.6.5.2 A BCS visa a detectar, identificar, localizar e recuperar pessoal em


ambientes hostis, negados ou politicamente sensíveis do TO/A Op, por meio de
equipes de resgate especializadas, nas situações de conflito armado,
estabelecendo um local que esteja dentro do alcance de forças amigas para a
extração.

4.6.5.3 A recuperação de pessoal, no contexto da BCS, pode ser considerada a


soma de esforços militares, diplomáticos e civis para preparar e executar a
recuperação e a reintegração de pessoal, antes de se tornarem detidos ou
capturados. Os elementos da F Ter, em particular as F Op Esp, possuem

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habilidades e capacidades específicas para cumprirem tais tarefas e têm a


possibilidade de executá-las de forma unilateral, conjunta e/ou com o apoio de
forças locais.

4.6.5.4 A realização de operações não convencionais de recuperação de


pessoal por F Op Esp do Exército difere das operações convencionais pelo
grau de risco político, técnicas operacionais e dependência de inteligência
militar detalhada e de apoio nativo.

4.6.5.5 Essas forças podem operar em áreas hostis ou negadas onde a


capacidade de BCS seja inviável, inacessível ou onde não exista a
possibilidade de extração de pessoas isoladas das forças amigas, como pilotos
de aeronaves abatidas, por exemplo. Nesse caso, a extração pode ser
realizada por meio das Redes de Auxílio à Fuga e Evasão (RAFE)/Linha de
Auxílio à Fuga e Evasão (LAFE), por exemplo.

4.6.5.6 A adoção de um plano abortivo de exfiltração, a dispersão da tropa ou a


existência de extraviados obrigam os remanescentes das F Op Esp a
realizarem uma evasão, caracterizada pela perda da capacidade de agir
taticamente como fração constituída. A evasão classifica-se em:
a) Apoiada – aquela que conta com o apoio de redes de auxílio à fuga e
evasão (RAFE) e linha de auxílio à fuga e evasão (LAFE), cujo funcionamento
compete a F Irreg amigas; e
b) Não apoiada – aquela que não conta com o apoio de RAFE/LAFE.
4.6.5.7 Em virtude dos riscos que apresenta, a evasão constitui-se no último
recurso a ser utilizado por F Op Esp com o intuito de permitir o regresso, em
segurança, de seus remanescentes às linhas amigas.
4.6.6 OPERAÇÃO DE PAZ

4.6.6.1 A capacidade de agir isoladamente e em pequenos grupos, em


ambientes hostis, negados ou politicamente sensíveis, aliada à característica
de baixa visibilidade das F Op Esp, torna tais forças especialmente adequadas
para emprego em qualquer tipo de operação de paz. São particularmente aptas
para o planejamento e realização de operações de reconhecimento especial,
fornecendo oportunamente ao contingente militar informações relevantes,
mesmo antes do emprego da força.

4.6.6.2 De acordo com o manual das Nações Unidas que trata do emprego de
F Op Esp em Operação de Paz, fica estabelecido que poderá ser empregado
até o valor Unidade de F Op Esp em proveito da ONU. Desse modo, em virtude
de suas capacidades específicas, as F Op Esp passam a constituir uma
ferramenta importante para o emprego neste tipo de operação.

4.6.7 DEFESA QUÍMICA, BIOLÓGICA, RADIOLÓGICA E NUCLEAR (DQBRN)

4.6.7.1 A DQBRN compreende as ações relacionadas ao reconhecimento, à


detecção e à identificação de agentes químicos, biológicos, radiológicos e

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nucleares, bem como à descontaminação de pessoal e de material expostos a


tais agentes.

4.6.7.2 Para operar em ambiente contaminado por agentes QBRN, as F Op


Esp devem possuir equipamentos de proteção individual, conhecimento básico
sobre o assunto e materiais destinados a localizar e acompanhar o nível de
contaminação.

4.6.7.3 As F Op Esp poderão executar ações diretas em ambientes hostis,


negados ou politicamente sensíveis visando a interromper, neutralizar ou
destruir ameaças QBRN antes de poderem ser utilizadas contra as forças
amigas, assim como realizar operações psicológicas para dissuadir potenciais
adversários a utilizar agentes QBRN.

4.6.7.4 As tropas especializadas em DQBRN poderão realizar as seguintes


ações em proveito das F Op Esp:
a) proporcionar treinamento específico às F Op Esp;
b) prestar assessoramento relativo à DQBRN e ao uso de agentes menos
letais;
c) assessorar no planejamento da segurança QBRN nas áreas de interesse
das F Op Esp;
d) realizar a análise das possibilidades QBRN do oponente, a fim de identificar
as vulnerabilidades das F Op Esp;
e) fornecer o alerta antecipado e informar o nível da ameaça QBRN;
f) executar o reconhecimento e a vigilância QBRN;
g) realizar a detecção, coleta de amostras, identificação e monitoramento de
agentes QBRN;
h) conduzir a descontaminação dos integrantes das F Op Esp;
i) realizar a neutralização e a desativação de dispositivos de dispersão
radiológicos; e
j) realizar o gerenciamento do dano QBRN.
4.6.8 EVACUAÇÃO DE NÃO COMBATENTES (ENC)
4.6.8.1 Operação conduzida pelo Ministério da Defesa (MD), por solicitação do
Ministério das Relações Exteriores (MRE), para evacuação de não
combatentes, preferencialmente brasileiros, impossibilitados de prover
adequadamente sua autodefesa, fora do território nacional, de seus locais no
país anfitrião para um local de destino seguro (LDS).

4.6.8.2 A ENC, usualmente, envolve a penetração não profunda de uma força,


ocupação temporária de um objetivo e uma retirada planejada após o
cumprimento da missão.

4.6.8.3 Neste contexto, as F Op Esp contribuem para colocar em segurança os


cidadãos brasileiros ou de outra nacionalidade vivendo em um país afetado por
uma crise interna ou conflito armado, caracterizado como ambiente hostil,
negado e/ou politicamente sensível.

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4.6.9 APOIO ÀS OPERAÇÕES CONVENCIONAIS

4.6.9.1 São ações ou operações em apoio às operações convencionais, como


parte de uma operação militar. As F Op Esp podem apoiar as tropas
convencionais em todo o espectro dos conflitos, desde a prevenção de
ameaças e/ou o gerenciamento de crises até o conflito armado.

4.6.9.2 O apoio típico de F Op Esp às operações convencionais inclui,


particularmente, as ações de reconhecimento especial, as ações diretas, as
ações indiretas e a realização de operações psicológicas (Op Psc).

4.6.10 AJUDA HUMANITÁRIA

4.6.10.1 Nas operações de ajuda humanitária, as F Op Esp podem ser


empregadas fornecendo informações antes e durante a realização das
operações e analisando os seus impactos.

4.6.10.2 Em operações de emergência, as F Op Esp podem maximizar os


recursos disponíveis, por meio de preparação específica de vetores (civis e
militares) e dos meios de que dispõem.

4.6.11 COOPERAÇÃO CIVIL-MILITAR (CIMIC)

4.6.11.1 A CIMIC (sigla em inglês de civil-military cooperation) é traduzida pelo


conjunto de atividades referentes ao relacionamento do comandante e dos
demais componentes de uma organização ou força militar com as autoridades
civis e a população da área ou território, sob a responsabilidade ou jurisdição
do comandante desta organização ou força.

4.6.11.2 Em algumas situações, as F Op Esp (principalmente as forças


especiais) podem auxiliar no desempenho das atividades e funções de
responsabilidade do governo local, estabelecendo e mantendo a relação entre
as forças de segurança, entidades, ONG, agências governamentais e
organizações internacionais, autoridades civis e populações e instituições
locais do TO/A Op.

4.6.12 OPERAÇÕES DE INFORMAÇÃO

4.6.12.1 As Op Esp devem ser planejadas e executadas considerando as


possíveis ações não letais sobre os diferentes públicos-alvo (Pub A). As F Op
Esp normalmente agregam valor psicológico às ações letais, explorando-o nas
operações. Para tanto, especialistas em Operações de Informação (Op Info)
devem se valer das F Op Esp, particularmente em dois momentos distintos:
a) antes (planejamento e preparação) e durante a execução, explorando, direta
ou indiretamente, as ações táticas das F Op Esp; e
b) após a execução, explorando, nos níveis político e estratégico, o êxito
alcançado na ação tática.

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4.6.12.2 As Op Info, em coordenação com as Op Esp, contribuem


significativamente para preparar o ambiente operacional, colaborando para o
atingimento dos objetivos da campanha. O papel das F Op Esp e o elevado
ritmo operativo dessas forças têm aumentado a necessidade de um melhor e
mais abrangente apoio de Op Info às Op Esp. Quando devidamente integradas
e sincronizadas, contribuem para preservar os meios (pessoal e material) e os
recursos, além de reduzir os riscos, contribuindo para o êxito das missões e
tarefas atribuídas às F Op Esp.
4.6.12.3 As Op Info podem, ainda, incrementar significativamente o
cumprimento das missões e tarefas das F Op Esp por meio de atividades
táticas específicas e coordenadas. No contexto de uma ação direta, por
exemplo, os planejadores de EM podem desencadear operações de
dissimulação (Op Dsml) para proteger o propósito, o horário e o local de uma
Op Esp a ser realizada, enquanto as Op Psc condicionam o oponente,
enfraquecendo o seu moral e/ou motivando a sua percepção de inevitabilidade
da derrota.

4.6.12.4 No exemplo supramencionado, os elementos de guerra eletrônica


(GE) e de defesa cibernética (Def Ciber) podem isolar os sistemas de comando
e controle (C²) do oponente, dificultando a sua possibilidade de reforço,
enquanto ações de Op Psc restringem a interferência de civis na área do
objetivo e dissimulações desorientam o conhecimento da situação ou
prejudicam a reação do adversário. Após as Op Esp, as Op Info podem ser
executadas para explorar o êxito da missão e para aumentar o apoio popular
aos objetivos da ação, reduzindo a liberdade de ação do oponente.

4.6.12.5 Para aumentar o nível de integração entre as Op Info e as Op Esp, os


comandantes devem incluir as tarefas e missões das Op Info na matriz de
sincronização das F Op Esp com o mesmo nível de especificação e ênfase
atribuídos às funções de combate. Para tal, é necessário um representante de
Op Info para a integração e sincronização com todos os vetores envolvidos.
Dentre os principais fatores de êxito nesse apoio, destacam-se:
a) definir as necessidades operativas específicas das Op Info e obter pessoal
especializado para preencher tais necessidades; e
b) estabelecer uma estrutura de Op Info no CC Op da F(FT) (Cj) Op Esp e
definir procedimentos operativos padrão (POP) para coordenar o apoio das Op
Info.

4.6.13 OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS

4.6.13.1 Operações psicológicas consistem em procedimentos técnico-


especializados, aplicados de forma sistematizada, de modo a influenciar
públicos-alvo (Pub A) a manifestarem comportamentos desejáveis, com o
intuito final de apoiar a conquista de objetivos estabelecidos. Podem ser
realizadas no contexto das Op Info, como uma capacidade relacionada à
informação (CRI), ou de forma independente.

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4.6.13.2 O espectro de emprego das operações psicológicas é amplo e


abrange os níveis tático, operacional, estratégico e político. São conduzidas
não apenas em função das operações especiais, mas também nas operações
básicas e complementares, seja em tempo de paz, de crise ou de conflito.

4.6.13.3 Na área de operações especiais (ou área operacional de guerra


irregular) em particular, os operadores de forças especiais são especificamente
habilitados a planejar, preparar e executar as Op Psc, em caráter limitado, em
prol de suas ações, influenciando significativamente as percepções, decisões e
o comportamento de diversos atores presentes.

4.6.13.4 De forma geral, o objetivo (seja militar, político, econômico ou


psicossocial) pode ser relevante em termos do efeito psicológico. Os
comandantes não podem olhar apenas os aspectos físicos de um objetivo sem
levar em conta as populações atingidas ou público-alvo do TO/A Op. Essa
mudança afeta todas as forças que se utilizam da dimensão informacional do
ambiente operacional, o que aumenta a relevância das Op Psc.

4.6.13.5 É importante não confundir o impacto psicológico involuntário com os


efeitos psicológicos planejados, como parte das Op Psc. Embora todas as
atividades militares possam ter algum grau de impacto psicológico, nem todas
elas são consideradas Op Psc.

4.6.13.6 Um aspecto importante das Op Psc é o papel dos especialistas de Op


Psc e elementos de forças especiais, que têm a responsabilidade de
assessorar comandantes militares e/ou lideranças civis sobre o potencial
impacto das mensagens e ações sobre Pub A de interesse.

4.6.13.7 As Op Psc integradas a outras CRI por meio das Op Info são
realizadas em todos os níveis de planejamento e condução das operações
militares (estratégico, operacional e tático) para contribuir com o atingimento do
estado final. Poderão, também, ser usadas como parte de atividades em
ambiente interagências com outros instrumentos do Poder Nacional para atingir
objetivos nacionais. Nas Op Esp, são tarefas relacionadas às Op Psc as que se
seguem:
a) analisar Pub A, a mídia e os fatores psicológicos presentes no ambiente
operacional;
b) alcançar os objetivos psicológicos em Pub A específicos;
c) apoiar outras agências nas atividades de informar e influenciar;
d) conduzir atividades de apoio a autoridades civis e de informação;
e) apoiar a neutralização de informações do adversário;
f) fornecer um importante efeito não letal sob o C² do oponente, sincronizado
por meio das Op Info e funções de combate;
g) contribuir com a dissimulação tática; e
h) assessorar forças amigas na geração de capacidades de Op Psc.
4.6.14 OPERAÇÃO DE INTELIGÊNCIA
4.6.14.1 As F Op Esp podem contribuir para compor o quadro de situação na
campanha, favorecendo a consciência situacional dos atores envolvidos,
realizando o trabalho de Inteligência Militar. O fato de os elementos forças
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especiais atuarem na retaguarda do inimigo, em áreas hostis, negadas ou


politicamente sensíveis, poderá contribuir para o esforço de busca. Ademais,
estas tropas poderão auxiliar no monitoriamento de região de interesse para
inteligência (RIPI) de valor estratégico.

4.7 PLANEJAMENTO DAS OPERAÇÕES ESPECIAIS

4.7.1 O planejamento das Op Esp terá início o mais cedo possível,


preferencialmente tão logo seja detectada a necessidade de atuação das F Op
Esp na prevenção de ameaças, no gerenciamento de crises ou na solução de
conflitos. Porém, prosseguirá de forma contínua, em todas as fases da
operação.

4.7.2 Numa provável situação de guerra, as Op Esp poderão ser empregadas


logo após a expedição do plano estratégico de emprego conjunto das forças
armadas, para a preparação do ambiente operacional ou para a busca de
conhecimento sobre o campo de batalha.

4.7.3 A partir da diretriz presidencial ou diploma legal correspondente, as F Op


Esp, as forças convencionais e os demais instrumentos do Poder Nacional
envolvidos devem buscar o compartilhamento de informações julgadas úteis, o
planejamento colaborativo, o aproveitamento otimizado de suas capacidades e
a coordenação e sincronização das ações. A busca da unidade de esforços é
normalmente mais complexa do que a integração em um planejamento
singular.

4.7.4 De maneira geral, o planejamento nas Op Esp deve obedecer às


seguintes premissas:
a) direção centralizada, a fim de racionalizar as capacidades e os meios
(pessoal e material) de todos os vetores (militares e civis), em particular das F
Op Esp envolvidas;
b) coordenação e integração de esforços, desde o início, em razão das
próprias características das Op Esp que possibilitem a participação ampla e
integrada das forças militares e agências civis envolvidas;
c) execução descentralizada e coordenada para possibilitar ações
simultâneas e adequadas nos variados campos de atuação, aplicando as
capacidades das F Op Esp coerentes com as exigências de cada situação;
d) emprego adequado e oportuno dos meios (pessoal e material) das F Op
Esp, possibilitando com oportunidade o cumprimento das tarefas e missões,
evitando, com efetividade e menores custos, a redundância nas ações, a
dispersão de recursos e a divergência de soluções; e
e) elaboração de um Plano Integrado flexível, respeitando os princípios, as
características e os fatores de êxito das Op Esp.
4.7.5 Por ocasião da atribuição de uma missão ou tarefa às F Op Esp, devem
ser respondidas as seguintes questões:
a) se a missão é apropriada às F Op Esp;
b) se a missão apoia a campanha do maior escalão em presença no TO/A Op;

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c) se a missão é operativamente viável e exequível;


d) se os recursos e meios (pessoal e material) necessários para o cumprimento
da missão estão disponíveis; e
e) se o resultado esperado da missão justifica os riscos.

4.7.6 O planejamento das operações especiais deve ser precedido pela análise
dos seus princípios e características, dos axiomas e das capacidades e das
premissas para emprego das F Op Esp. De modo geral, o planejamento de
emprego dessas forças, com as adaptações julgadas necessárias, de acordo
com as especificidades das tarefas e missões a serem cumpridas, obedece às
seguintes fases e passos (Tab 4-2):

FASES PASSOS

- Contribuir com análise da missão e o planejamento.


- Identificar o problema militar relacionado particularmente às Op
Esp. Estudá-lo e contribuir na formulação das linhas de ação
(LA).
Exame de Situação
- Planejar as Op Esp no contexto da prevenção de ameaças, do
gerenciamento da crise ou da solução do conflito armado.
- Planejar as tarefas e missões impostas, relacionadas às Op
Esp.
Elaboração de Planos e - Elaborar o Plano de Operações Especiais com os seus
Ordens apêndices de acordo com as F Op Esp e recursos disponíveis.
- Realizar a preparação das F Op Esp e demais vetores (militares
Preparação, Avaliação e civis) envolvidos.
Contínua da Operação - Avaliar continuamente as Op Esp, em coordenação com todos
Planejada os vetores (militares e civis) envolvidos, por meio da estrutura de
Op Esp.
Tab 4-2 – Fases do planejamento de emprego das F Op Esp

4.7.6.1 Exame de Situação

4.7.6.1.1 Realizar a análise da missão, do seguinte modo:


a) analisar o propósito preliminar e o escopo das ações, procurando identificar
as premissas básicas da decisão política e contidas nas diretrizes estratégicas;
b) identificar as principais tarefas a serem cumpridas na prevenção de
ameaças, no gerenciamento de crises ou na solução de conflitos; e
c) delinear os objetivos e as tarefas necessários para atingir o EFD.
4.7.6.1.2 Prospectar a identificação dos problemas relevantes que poderão
emergir da operação, estabelecendo os procedimentos e soluções cabíveis,
com a devida atribuição de responsabilidades – planejamento de
contingências.
4.7.6.2 Elaboração de Planos e Ordens

4.7.6.2.1 Formular o modo de lidar com a prevenção de ameaças, o


gerenciamento da crise ou a solução do conflito, buscando:

4-20
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a) desenvolver o conceito da operação;


b) estabelecer os objetivos para todas as suas capacidades, alinhando-os com
EFD; e
c) estruturar a F (FT) (Cj) Op Esp, com a composição necessária ao
cumprimento das tarefas definidas pelos níveis político e estratégico.
4.7.6.2.2 Conceber o modo de atender às tarefas impostas – o EM F (FT) (Cj)
Op Esp realiza o planejamento detalhado das Op Esp no contexto da
prevenção de ameaças, do gerenciamento da crise ou da solução do conflito
armado por etapas, submetendo-o de imediato à apreciação dos níveis de
planejamento superiores.
4.7.6.3 Preparação e Avaliação Contínua da Operação Planejada

4.7.6.3.1 Essa fase do planejamento implica as seguintes ações:


a) realizar a preparação dos vetores de Op Esp envolvidos; e
b) controlar as Op Esp, em coordenação com todos os vetores militares e civis
envolvidos e com o escalão superior enquadrante.
4.7.6.4 O método de planejamento integrado nas Op Esp geralmente abrange
as seguintes etapas:
a) circulação formal de documentos para todos os vetores de Op Esp
envolvidos e demais participantes (civis e militares), para apreciação e
apresentação de sugestões;
b) estreita ligação e troca de informações, incluindo os dados de Inteligência;
c) reuniões formais, informais, gerais e setoriais de representantes dos vetores
de Op Esp e participantes (civis e militares), como forma de ampliar o
entendimento sobre objetivos das Op e os procedimentos que devem ser
adotados; e
d) rápida disseminação dos conhecimentos essenciais e das decisões.

4.8 PREPARAÇÃO DAS OPERAÇÕES ESPECIAIS


4.8.1 A cooperação e a colaboração são de fundamental importância e devem
ser perseguidas na rotina diária das F Op Esp em relação às demais forças
singulares, OSP e agências civis.

4.8.2 A aproximação dos integrantes das organizações e o desenvolvimento de


uma sistemática validada pela prática comum constituem requisitos essenciais
para o treinamento e a consequente capacitação das partes envolvidas.

4.8.3 Para o vetor militar, em particular as F Op Esp, a capacitação das forças


para conduzir ações táticas tem o seu foco na ampliação do grau de
conhecimento da situação por parte dos seus integrantes, visando à
manutenção da iniciativa, de acordo com as regras de engajamento e limites
impostos pela tarefa a ser cumprida.

4.8.4 A preparação da tropa de forma a desenvolver o respeito pelos costumes,


cultura e modo de vida da população local do TO/A Op é de fundamental
importância para o cumprimento de tarefas desencadeadas por F Op Esp. Em
um cenário politicamente sensível, por exemplo, uma violação impensada de lei

4-21
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ou costume local pode repercutir desfavoravelmente e prejudicar seriamente a


operação.

4.8.5 A preparação das F Op Esp deve observar as peculiaridades dos


diferentes cenários e ambientes e as condicionantes a seguir discriminadas:
a) planejamento de emprego (hipóteses de emprego) das Forças Armadas
(FA), consignadas na estratégia militar de defesa (E Mi D) e na concepção
estratégica do Exército;
b) necessidade de adestramento contínuo, mantendo tropas em condições de
emprego permanente;
c) adestramento nos diferentes ambientes com características especiais (selva,
pantanal, caatinga e montanha) do país, como também no âmbito regional e de
continentes prováveis de desdobramento em missões internacionais;
d) preparo e emprego sinérgico e integrado entre as frações que compõem as
F Op Esp e, sempre que possível, com as congêneres das demais forças
singulares;
e) capacitação para atuar em operações conjuntas com as demais forças
singulares e de forma combinada com países aliados no âmbito regional e
extracontinental; e
f) planejamento detalhado, contemplando as necessidades logísticas e
administrativas.

4.9 CONDUÇÃO DAS OPERAÇÕES ESPECIAIS

4.9.1 A metodologia de condução das Op Esp nas ações diretas propugna pela
baixa visibilidade e reduzido efeito colateral. Já nas ações indiretas, a
condução visa a contribuir para o atingimento de objetivos políticos ou
estratégicos de longo prazo. Por outro lado, a condução nas Op de
reconhecimento especial busca contribuir para o sistema de inteligência
estratégico.

4.9.2 A condução de Op Esp pode sofrer modificações nas diretrizes e


objetivos que partem de níveis de decisão superiores. Essas modificações
podem ser motivadas pela evolução do quadro político. Nesse contexto, o
adequado acompanhamento da execução das ações planejadas somente será
possível mediante a previsão de um efetivo processo de controle e avaliação.
Tal processo deve ser iniciado por ocasião do planejamento e condução de
uma Op Esp.

4.9.3 As F Op Esp possuem capacidade de desenvolver um preciso


entendimento do ambiente operacional. Tal entendimento não se restringe
apenas aos aspectos tipicamente militares, mas considera todo o conjunto de
condições e circunstâncias que afetam o emprego de forças militares e que
influem no curso das operações.

4.9.4 A avaliação, juntamente com a capacidade de alteração do ambiente


operacional que as F Op Esp possuem, envolve ainda um conjunto de
iniciativas orientadas para a identificação de potenciais riscos e fontes perenes

4-22
EB70-MC-10.212

de instabilidade. Assim, essas iniciativas contribuem para a redução de


antagonismos e a erradicação de ameaças em sua origem e, ainda, colaboram
para a interrupção da cadeia de eventos que pode levar ao agravamento de
uma crise ou à deflagração de um conflito.

4.9.5 A avaliação contínua das Op Esp contribui, significativamente, para o


redirecionamento da preparação, para a retificação/ratificação de rumos na
execução das operações correntes e para a elaboração de planos futuros.
Colabora, ainda, para o atingimento do estado final desejado (EFD).

4-23
EB70-MC-10.212

CAPÍTULO V

PECULIARIDADES DAS FUNÇÕES DE COMBATE NAS OPERAÇÕES


ESPECIAIS

5.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

5.1.1 As operações especiais distinguem-se das operações convencionais por


suas peculiaridades e também pela forma de apoio que lhes é prestado nas
diversas atividades, tarefas e missões relacionadas às funções de combate
com a finalidade de:
a) auxiliar na inserção, permanência e extração das F Op Esp de ambientes
hostis, negados ou politicamente sensíveis;
b) maximizar o poder de combate das F Op Esp;
c) otimizar o comando e o controle das ações;
d) reduzir os riscos inerentes às Op Esp; e
e) manter, restaurar ou ampliar a capacidade de durar na ação das F Op Esp.
5.1.2 As formas de apoio às operações especiais (Ap Op Esp) dividem-se em:
a) Apoio Comum – apoio prestado por elementos convencionais de apoio ao
combate (Ap Cmb) e de apoio logístico (Ap Log) do escalão enquadrante às F
Op Esp; e
b) Apoio Específico – apoio prestado por frações de Apoio às operações
especiais, especificamente capacitadas para prover o Ap Op Esp.

5.1.3 O Ap Op Esp se baseia em estruturas flexíveis, ajustadas às exigências


de cada missão ou tarefa a ser cumprida, e é balizado pelos princípios e
características das Op Esp. Para tanto, as F Op Esp e seus apoios devem
dispor de estruturas modulares capazes de:
a) prover a sustentação das F Op Esp infiltradas em ambientes hostis, negados
ou politicamente sensíveis; e
b) incorporar elementos de apoio não orgânicos.
5.1.4 Além disso, o Ap Op Esp deve explorar o uso de diferentes sistemas
preexistentes, tais como: o de inteligência, vigilância, reconhecimento e
aquisição de alvos (IVRA); o de apoio de fogo; e o de coordenação do espaço
aéreo.
5.2 MOVIMENTO E MANOBRA

5.2.1 O movimento e manobra (Mvt Man), nas Op Esp, é o conjunto de


atividades, tarefas e sistemas inter-relacionados, empregados para deslocar as
F Op Esp de modo a posicioná-las em situação de vantagem em relação às
ameaças.

5-1
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5.2.2 As Op Esp, normalmente, compreendem a condução de ações indiretas


de mais longo prazo ou a realização de ações diretas contra alvos
compensadores, visando ao isolamento do campo de batalha e ao colapso das
linhas inimigas da retaguarda para a frente, dentre outros objetivos. As
peculiaridades relacionadas ao Mvt Man nas Op Esp estão vinculadas
especialmente à inserção e extração das F Op Esp de ambientes hostis,
negados ou politicamente sensíveis (Fig 5-1).

Fig 5-1 – Inserção e extração de F Op Esp de ambientes hostis, negados ou politicamente sensíveis

5.2.3 INSERÇÃO DE F Op Esp

5.2.3.1 A inserção é a operação de introdução de F Op Esp em ambientes


hostis, negados ou politicamente sensíveis e, normalmente, demanda a
coordenação com forças convencionais, incluindo o emprego de meios
(pessoal e material) das demais Forças Singulares (FS).

5.2.3.2 A infiltração de F Op Esp é a técnica de movimento realizada de forma


sigilosa com a finalidade de concentrar meios (pessoal e material) em
ambientes hostis, negados ou politicamente sensíveis, visando à execução de
uma Op Esp.

5.2.3.3 Por meio de uma infiltração, busca-se desdobrar uma F Op Esp à


retaguarda de uma posição inimiga, executando-se um deslocamento
dissimulado, a fim de cumprir uma missão que contribua diretamente para o
êxito da manobra do escalão que enquadra a força que se infiltra.

5.2.3.4 Para fins metodológicos e funcionais, considera-se infiltrado o Dst ou


Eqp Op desdobrado(a) em ambiente hostil, negado ou politicamente sensível.

5-2
EB70-MC-10.212

A fim de manter rigorosamente o sigilo de todas as etapas de planejamento e


condução das Op Esp, as medidas e os procedimentos de contrainteligência
devem ser rigosamente observados.

5.2.3.5 O início e o término da infiltração são marcados, respectivamente, pelo


abandono da área de isolamento e pela chegada do elemento infiltrado ao
ponto de infiltração. Normalmente, a mensagem de infiltração, tão logo seja
possível, é enviada à BOE ou BCA pelas F Op Esp infiltradas, observadas as
condições de segurança.

5.2.3.6 O processo pelo qual uma F Op Esp realiza o movimento furtivo em


torno de posições de forças oponentes denomina-se deslocamento tático
terrestre. Esse deslocamento varia de acordo a situação tática. Em alguns
casos, pode ocorrer na realização de uma ação direta a coincidência do ponto
de infiltração com o ponto de reunião próximo ao objetivo (PRPO). Neste caso,
não ocorrerá o movimento tático terrestre.

5.2.3.7 O desdobramento de F Op Esp para cumprir missões e tarefas no


interior de áreas sob o controle de forças amigas não se caracteriza como
infiltração, mas sim como meros deslocamentos na área de operações. Nesse
contexto, embora não ocorram coordenações complexas e planejamento
minucioso de contingências, as F Op Esp adotam procedimentos de
contrainteligência.

5.2.3.8 O judicioso emprego de meios (pessoal e material) e a adequada


adoção de técnicas de infiltração conferem às F Op Esp capacidades de atuar
em ambientes hostis, negados ou politicamente sensíveis. Essas técnicas são
aplicadas às missões e tarefas atribuídas às F Op Esp em áreas localizadas,
normalmente, além da área de influência das forças amigas.

5.2.3.9 As F Op Esp têm a capacidade de se infiltrar empregando os seguintes


processos básicos de infiltração:
a) por via terrestre;
b) por via aérea;
c) por via aquática (marítima e/ou fluvial);
d) de forma mista; e
f) por ultrapassagem do inimigo.
5.2.3.10 Infiltração por Via Terrestre
5.2.3.10.1 A infiltração terrestre pode ser classificada em quatro tipos:
motorizada, com emprego de animais, por deslocamento a pé ou combinada.

5.2.3.10.2 O uso da infiltração terrestre torna-se mais apropriado quando:


a) não existirem limites de responsabilidade;
b) parte do limite entre as forças amigas e o ambiente hostil ou negado estiver
inadequadamente protegido;
c) as linhas das forças oponentes se encontrarem distendidas ou os limites da
A Rspnl/Z Aç estejam indefinidos; ou

5-3
EB70-MC-10.212

d) um TO/A Op cobrir extensas dimensões com vazios demográficos e carência


de meios de vigilância.
5.2.3.10.3 No planejamento de uma Op Esp, a determinação dos prazos
destinados à infiltração terrestre, além das condições de tempo e espaço, deve
considerar:
a) os períodos de luminosidade mais apropriados à progressão;
b) a adoção de medidas e procedimentos de segurança nos altos, nos
deslocamentos e na transposição de pontos críticos; e
c) eventuais contingências.
5.2.3.11 Infiltração por Via Aérea
5.2.3.11.1 O emprego de vetores aéreos é, normalmente, o processo básico de
infiltração de F Op Esp mais rápido e eficiente. Os meios (pessoal e material)
podem ser transportados pelo ar ou lançados por paraquedas. Esses vetores
proporcionam às F Op Esp grande mobilidade, facultando-lhes a possibilidade
de atuar com rapidez em qualquer parte do TO/A Op.

5.2.3.11.2 A fim de salvaguardar o sigilo das Op Esp, as infiltrações aéreas


devem ocorrer, preferencialmente, em períodos de escuridão, exigindo
tripulações adestradas para tal e aeronaves capazes de realizar o voo com
equipamento de visão noturna.

5.2.3.11.3 O plano de infiltração aérea deve conter as seguintes prescrições:


a) rotas de voo;
b) prazos estimados para atingir as linhas de controle;
c) procedimentos de bordo;
d) descrição da zona de lançamento (ZL), zona de pouso de helicópteros
(ZPH), local de aterragem (Loc Ater);
e) locais de reorganização com prazos e condutas correspondentes; e
f) as hipóteses de acionamento de outros planos.
5.2.3.11.4 Os tipos de infiltração aérea das F Op Esp são:
a) aeroterrestre;
b) aeromóvel (helitransportada);
c) aerotransportada; e
d) combinada.
5.2.3.11.5 A definição do tipo de infiltração decorre da análise dos seguintes
fatores:
a) disponibilidade de meios aéreos, incluindo o adestramento das tripulações;
b) possibilidades e limitações do sistema de defesa aeroespacial inimigo;
c) existência de zonas de lançamento, zonas de pouso ou locais de aterragem;
d) possibilidades táticas e técnicas da F Op Esp (nível de adestramento);
e) condições meteorológicas;
f) peso e volume do material a ser transportado; e
g) distância do objetivo.
5.2.3.11.6 Infiltração Aeroterrestre

5-4
EB70-MC-10.212

- A infiltração aeroterreste é aquela que emprega equipamentos e técnicas de


lançamento por paraquedas. Pode ocorrer das seguintes formas: por
lançamento semiautomático ou por salto livre operacional (SLOp).

5.2.3.11.7 Infiltração Aeromóvel


- A infiltração aeromóvel (Infl Amv) ou helitransportada emprega aeronaves de
asa rotativa. Devido à versatilidade dos helicópteros e à flexibilidade de
emprego militar, a Infl Amv oferece vantagens significativas, se comparada às
demais técnicas e processos de infiltração (por via aérea, terrestre ou aquátil).

5.2.3.11.8 Infiltração Aerotransportada


a) A infiltração aerotransportada (Infl Aetrnp) emprega aeronaves de asa fixa,
efetuando-se o desembarque da tropa após o pouso da Anv em local(is)
previamente selecionado(s) (zona ou pista de pouso). O pouso da Anv
distingue a Infl Aetrnp do lançamento aeroterrestre.
b) Quanto ao pouso da aeronave, uma Infl Aetrnp pode ser realizada das
seguintes formas:
- pouso de máximo esforço: aterrisagem na qual, em virtude das dimensões da
pista e das características técnico-operacionais da Anv empregada, torna-se
necessário taxiar para decolar novamente, aumentando o tempo de exposição
no solo, o que a torna mais vulnerável e acarreta maiores riscos; e
- pouso de assalto: aterrissagem na qual a Anv reinicia sua decolagem
imediatamente após o desembarque da tropa, sem a necessidade de taxiar.
Pressupõe a existência de aeródromos ou zonas de pouso com pistas
compatíveis com a aeronave empregada.
5.2.3.12 Infiltração por Via Aquática
5.2.3.12.1 A infiltração por via aquática se classifica quanto aos seguintes
critérios:
a) dimensão física: marítima, fluvial ou combinada;
b) profundidade: de superfície, subaquática ou combinada; e
c) modalidade: por nave-base de superfície (ou nave-mãe), por submarino, por
pequenas embarcações militares ou regionais, a nado ou combinada.
5.2.3.12.2 As possibilidades de emprego da infiltração subaquática sem o
auxílio de minissubmarinos ou outros veículos submersíveis são restritas. Elas
dependem do nível de adestramento exigido, da capacidade de carga a ser
transportada, da distância a ser percorrida, das condições ambientais (como
temperatura da água e fluxo das marés, por exemplo) e da velocidade de
deslocamento (quase sempre inferior à velocidade da corrente).
5.2.3.12.3 Contudo, em situações específicas, com reduzida necessidade de
transporte de carga, em curtas distâncias, com elevada possibilidade de
detecção do inimigo e em condições ambientais favoráveis (particularmente em
enseadas e baías), a infiltração subaquática pode se tornar uma valiosa técnica
de infiltração.

5.2.3.12.4 O plano de infiltração por via aquática deve conter as rotas de


navegação, os tempos estimados para atingir os pontos de controle, os locais
de desembarque aquático (ponto de transbordo) e terrestre, com os prazos

5-5
EB70-MC-10.212

correspondentes, os procedimentos a bordo e na água (compatíveis com as


necessidades táticas) e as hipóteses de acionamento de outros planos.

5.2.3.12.5 Infiltração por Nave-Base de Superfície


- Uma infiltração por nave-base de superfície pode ser realizada em
embarcações fluviais do EB, em belonaves da Marinha do Brasil (MB) ou
descaracterizada em embarcações regionais.

5.2.3.12.6 Infiltração por Submarino


- A infiltração por submarino é a que proporciona maior sigilo, porém requer
treinamento específico. Exige, ainda, a combinação com outra modalidade de
infiltração aquática, a fim de permitir a abordagem do local de desembarque.

5.2.3.13 Infiltração Mista

5.2.3.13.1 A infiltração mista é aquela que combina mais de um processo de


infiltração, tornando-se a mais usual, em virtude da profundidade das Op Esp,
da multiplicidade de meios empregados, da versatilidade das F Op Esp e da
necessidade do sigilo.

5.2.3.13.2 O ponto de mudança do processo de infiltração é o local exato no


terreno, previamente selecionado, que caracteriza a mudança do processo de
infiltração. É o momento de maior vulnerabilidade, devendo as F Op Esp se
reorganizarem antes de prosseguir em sua infiltração. São considerados
pontos de mudança do processo de infiltração:
a) pontos de embarque ou desembarque de viaturas;
b) zonas de lançamento;
c) locais de reorganização;
d) locais de aterragem;
e) ZPH; e
f) zonas de pouso e pontos de abordagem ou desembarque em margens de
rios ou praias.
5.2.3.14 Infiltração por Ultrapassagem do Inimigo
5.2.3.14.1 Processo de infiltração que, aproveitando a manobra ofensiva de
forças oponentes, permite posicionar F Op Esp à retaguarda dessas forças.
Este processo de infiltração requer que as F Op Esp se mantenham
homiziadas em meio à população local ou em redutos previamente
selecionados, em áreas sob o controle de forças amigas ou em zonas
desmilitarizadas.

5.2.3.14.2 Com o avanço territorial das tropas inimigas, as F Op Esp são


ultrapassadas sem serem notadas, ocupando posição vantajosa no interior do
dispositivo do oponente. As áreas de homizio devem ser desprovidas de valor
tático, ser de difícil acesso e possuir abundância de cobertas e abrigos,
proporcionando facilidade de camuflagem. As F Op Esp infiltradas devem
contar com apoio adequado ao tempo de internação na área de homizio.

5-6
EB70-MC-10.212

5.2.3.14.3 Este processo de infiltração revela-se apropriado frente a um


oponente incontestavelmente superior ou quando se busca atingir objetivos
pouco profundos. Medidas de coordenação e controle devem ser
criteriosamente estabelecidas junto às forças convencionais que realizam o
movimento retrógrado. Particular atenção deve ser dispensada às medidas de
coordenação de fogos.

5.2.4 EXTRAÇÃO DE F Op Esp

5.2.4.1 Extração é a retirada de F Op Esp de ambientes hostis, negados ou


politicamente sensíveis e, normalmente, demanda a coordenação com forças
convencionais, incluindo o emprego de meios (pessoal e material) das demais
Forças Singulares.

5.2.4.2 A exfiltração é a técnica de movimento realizada preferencialmente de


modo sigiloso, com a finalidade de retirar pessoal e material de ambientes
hostis, negados, ou politicamente sensíveis. Para fins metodológicos e
funcionais, considera-se exfiltrado o Dst/ Eqp Op retirado(a) de tais ambientes.

5.2.4.3 A exemplo da infiltração, a adoção das técnicas de exfiltração é comum


às missões e tarefas atribuídas às F Op Esp em ambientes hostis, negados ou
politicamente sensíveis. Assim sendo, serão explorados os fundamentos de
emprego dessas técnicas utilizadaspelas F Op Esp, após o cumprimento de
missões cujos objetivos estejam localizados além da área de influência de
forças amigas.

5.2.4.4 A exfiltração pode ser realizada por via terrestre, por via aérea, por via
aquática ou pela combinação de processos, concretizando-se quando do
retorno em segurança das F Op Esp às linhas amigas. Assemelha-se em vários
aspectos à infiltração, particularmente no que diz respeito às técnicas
empregadas, à metodologia de planejamento e execução e ao grau de sigilo
necessário. Em muitos casos, a principal distinção entre infiltração e exfiltração
é decorrente da quebra de sigilo na ação no objetivo, fazendo com que as F Op
Esp tenham a sua presença identificada pelo oponente.

5.2.4.5 Toda ação de infiltração exige um plano de exfiltração. O planejamento


e execução de uma exfiltração são análogos à metodologia aplicada às
infiltrações.

5.2.4.6 Processos e Técnicas de Exfiltração

5.2.4.6.1 Exfiltração por Via Terrestre


- A exfiltração por via terrestre apresenta as mesmas modalidades e
características de uma infiltração dessa natureza. Suas particularidades recaem na
necessidade de medidas preestabelecidas de coordenação e controle entre as F
Op Esp e as forças convencionais que as acolherão.
5.2.4.6.2 Exfiltração por Via Aérea

5-7
EB70-MC-10.212

- Pode ser realizada por helitransporte (aeromóvel), por aerotransporte ou pela


combinação de ambas. Especial atenção deve ser dispensada às medidas de
coordenação e aos procedimentos de segurança estabelecidos entre a tropa
infiltrada e a(s) aeronave(s) envolvida(s) na operação.

5.2.4.6.3 Exfiltração por Via Aquática


a) Quanto à dimensão física, pode ser classificada como: marítima, fluvial ou
combinada.
b) Quanto à profundidade, normalmente, são empregadas técnicas de
superfície. Excepcionalmente, admite-se o emprego de técnicas subaquáticas
com o recurso do mergulho autônomo ou de combate.
c) Quanto à modalidade, pode ser realizada por nave-base de superfície, por
submarino, por pequenas embarcações, a nado, ou combinada. As
condicionantes que determinam a escolha da modalidade mais apropriada são
as mesmas de uma infiltração.
d) A exfiltração por via aquática também pressupõe a existência de medidas
adicionais de coordenação e procedimentos de segurança, a fim de permitir a
correta identificação, aproximação e acolhimento do pessoal a bordo das
embarcações.
5.2.4.6.4 Exfiltração Mista
- É a mais usual, pois combina mais de um processo de exfiltração. Consiste,
normalmente, em um deslocamento tático terrestre, a partir de área próxima ao
objetivo, seguido de uma exfiltração por via aérea ou por via aquátil.

5.2.4.7 Ponto de Exfiltração

5.2.4.7.1 O ponto de exfiltração (Pt Exfl) é o local no terreno, previamente


definido durante o planejamento, onde as F Op Esp embarcam nos meios
principais de exfiltração (viaturas, embarcações ou aeronaves), a fim de
abandonar o ambiente hostil, negado ou politicamente sensível. Sua
localização pode coincidir com a do ponto de reunião depois do objetivo
(PRDO), bem próximo à área do objetivo ou a uma distância que imponha às F
Op Esp um deslocamento tático terrestre para atingi-lo.

5.2.4.7.2 O planejamento de uma Op Esp exige a definição de Pt Exfl principal,


alternativos e de emergência.

5.2.4.7.3 O ponto de exfiltração principal (Pt Exfl Pcp) encontra-se localizado


sobre o itinerário de exfiltração principal. Corresponde à execução de acordo
com o que foi planejado prioritariamente.

5.2.4.7.4 Os pontos de exfiltração alternativos (Pt Exfl Alt) têm por finalidade
atender a um plano de exfiltração alternativo. Dessa forma, encontram-se
localizados sobre os itinerários alternativos. Se os meios principais de
exfiltração (viaturas, embarcações ou aeronaves) não forem alertados com
oportunidade acerca da adoção de um plano alternativo, seguirão,

5-8
EB70-MC-10.212

imediatamente, para um ponto de exfiltração alternativo predefinido, após


abortar o Pt Exfl Pcp que estiver desguarnecido.

5.2.4.7.5 Se a tentativa de utilização do Pt Exfl Alt também fracassar, os meios


principais de exfiltração retornam às linhas amigas. Mantendo-se interrompidas
as comunicações com o elemento infiltrado, após um período de tempo
preestabelecido, uma última tentativa será levada a efeito no ponto de
exfiltração de emergência.

5.2.4.8 Corredor de Exfiltração

5.2.4.8.1 O corredor de exfiltração é uma medida de coordenação e controle


balizada por acidentes nítidos no terreno, a fim de facilitar sua identificação por
qualquer integrante da F Op Esp infiltrada. É estabelecido com o propósito de
definir a faixa do terreno que abrange todos os itinerários de exfiltração,
principal(is) ou alternativos, terrestre(s), aéreo(s) ou aquático(s). Os seus
limites devem ser rigorosamente respeitados.

5.2.4.8.2 O estabelecimento do corredor de exfiltração tem por objetivo limitar a


área geográfica por onde as F Op Esp realizam sua exfiltração, permitindo ao
comando enquadrante coordenar o seu movimento tático com o emprego de
outros meios ou forças em presença no TO/A Op, particularmente
estabelecendo medidas restritivas ao sistema de apoio de fogo (terrestre, aéreo
e naval), a fim de evitar o fratricídio.

5.2.4.8.3 Em situações de emergência, o corredor de exfiltração permite


orientar o escalão superior na execução de missões de BCS de feridos e
remanescentes de F Op Esp e/ou membros de tripulações abatidas.

5.2.4.8.4 São considerados exemplos de situações de emergência: acidentes


de aeronaves, naufrágios, encontro prematuro com forças oponentes que
resultem na dispersão das F Op Esp, adoção de planos abortivos e perda
definitiva de contato com o elemento de emprego infiltrado.

5.2.4.8.5 A exfiltração corresponde, necessariamente, a um movimento tático


ordenado, ou seja, pressupõe a manutenção da capacidade operativa das F Op
Esp infiltradas em oferecer respostas táticas como fração constituída. A
incapacidade de realizá-la e a gravidade da situação podem levar à adoção de
um plano abortivo.

5.2.5 APOIO À INFILTRAÇÃO E À EXFILTRAÇÃO

5.2.5.1 O apoio à infiltração e à exfiltração (Ap Infl e Exfl) é a forma de apoio


que compreende um conjunto de ações interdependentes destinado a permitir
a inserção e, posteriormente, a extração de F Op Esp de ambientes hostis,
negados ou politicamente sensíveis, com sigilo e segurança. Para tanto, as
atividades de Ap Infl e Exfl exigem o emprego de TTP específicas, pessoal
especializado e material apropriado.
5-9
EB70-MC-10.212

5.2.5.2 O planejamento e condução do Ap Infl e Exfl compete aos comandantes


de diferentes níveis das frações das F Op Esp em coordenação com as tropas
de apoio. Embora seja considerada uma forma de apoio específico,
normalmente se desenvolve em conjunto com o apoio comum proporcionado
por unidades aéreas e/ou navais.

5.2.5.3 Concepção do Apoio à Infiltração e à Exfiltração

5.2.5.3.1 Em termos práticos, o Ap Infl e Exfl se faz por meio da cessão de


material, da cessão de meios (material e pessoal) e da execução efetiva do
transporte.

5.2.5.3.2 A cessão de material constitui a forma mais elementar de apoio.


Limita-se ao fornecimento de materiais às F Op Esp e, normalmente, restringe-
se a embarcações de pequeno porte, equipamentos para o Lç Aet ou infiltração
por via aquática, viaturas operacionais e acessórios de navegação e
segurança.

5.2.5.3.3 A cessão de meios (material e pessoal) compreende, além do


fornecimento de materiais, a realização de trabalhos técnicos por profissionais
especializados. O apoio de pessoal abrange equipes de dobragem,
manutenção de paraquedas e suprimento pelo ar (Eq DOMPSA), equipes de
precursores paraquedistas (Eq Prec Pqdt), mestres de oxigênio (M Ox),
equipes de saúde, pilotos de embarcações de pequeno porte, motoristas,
mecânicos de viatura, dentre outros. É a forma de apoio mais usual e pode
incluir o desenvolvimento das seguintes atividades:
a) assessoramento técnico às F Op Esp, para a Infl e Exfl, nas fases de
planejamento e preparação;
b) acompanhamento de condições meteorológicas;
c) estabelecimento das ligações e realização de coordenações junto às
unidades aéreas e/ou navais diretamente envolvidas na inserção e extração de
F Op Esp;
d) operação de zonas de embarque em toda sua plenitude, incluindo o
planejamento e a execução do carregamento de material e embarque de
pessoal;
e) operação de aeródromos sem serviço fixo de comunicações e controle de
tráfego aéreo;
f) balizamento de ZL, zonas de pouso (aeronaves de asa fixa ou rotativa) e/ou
Loc Ater;
g) preparação de aeronaves de asa rotativa para o emprego de técnicas de
desembarque por cordas;
h) lançamento de bordo; e
i) auxílio de bordo ao salto livre operacional (SLOp) a grande altitude.
5.2.5.3.4 A forma mais complexa de Ap Infl e Exfl envolve a execução efetiva
do transporte, restringindo-se ao terrestre (com o emprego de viaturas
operacionais) e ao aquaviário (com o emprego de embarcações de pequeno
porte em águas rasas), nos ambientes marítimo e/ou fluvial.

5-10
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5.3 COMANDO E CONTROLE


2
5.3.1 O comando e controle (C ) nas Op Esp é o conjunto de atividades, tarefas
e sistemas inter-relacionados que permite aos comandantes o exercício da
autoridade e a direção das ações. Essa função mescla a arte do comando com
a ciência do controle. Inclui também os atuadores não cinéticos abrangidos
pelas operações de informação.
2
5.3.2 O exercício do C nas Op Esp possui uma série de peculiaridades,
decorrentes das várias formas de organização e emprego das forças que
interagem (F Op Esp, forças convencionais e agências civis), particularmente
no tocante à rapidez no processamento das informações e em relação ao sigilo
das ações.
2
5.3.3 Assim sendo, a concepção do C nas Op Esp deve considerar, além dos
princípios, características, fatores de êxito e critérios operativos das Op Esp,
dentre outros, os seguintes aspectos:
a) grande dispersão geográfica das F Op Esp desdobradas no TO/A Op;
b) emprego descentralizado de frações com efetivos reduzidos, operando
infiltradas, normalmente por longos períodos de tempo com o mínimo de
direção e apoio;
c) desdobramento de F Op Esp em ambientes hostis, negados ou politicamente
sensíveis, normalmente carentes de infraestrutura logística e de comunicações
preexistentes;
d) uso de módulos de combate flexíveis e adaptáveis, que apresentam
mobilidade estratégica e elevada capacidade de pronta resposta;
e) limitada capacidade de transporte de carga das F Op Esp;
f) emprego em diversificados ambientes operacionais;
g) ênfase em operações conjuntas, requerendo interoperabilidade dos
equipamentos a serem empregados;
h) emprego integrado com elementos de inteligência, GE, cibernética, Op Psc,
unidades de aviação e vetores aeroespaciais;
i) atuação integrada às forças locais da área de operações na guerra irregular;
j) necessidade preponderante de sigilo, realçando a importância dos recursos e
rotinas de segurança e de contrainteligência;
k) emprego de F Op Esp de forma ostensiva, sigilosa e/ou coberta; e
l) riscos político e estratégico inerentes às missões e tarefas atribuídas às F Op
Esp, exigindo, por vezes, supervisão de nível nacional.
2
5.3.4 A efetividade do C nas Op Esp tem a sua importância destacada na
sincronização das diversificadas e simultâneas ações das F Op Esp e demais
vetores (forças convencionais e agências civis) envolvidos, e em resposta a
situações de emergência, em que exista risco iminente de neutralização
(eliminação ou captura) das F Op Esp infiltradas.
5.3.5 Nas Op Esp, em função da atuação das F Op Esp de forma
descentralizada e dos breves engajamentos táticos, as oportunidades devem

5-11
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ser hábil e prontamente exploradas. Parte-se do pressuposto de que as F Op


Esp – sobretudo aquelas em contato com o oponente – sejam mais aptas a
identificar e explorar as oportunidades surgidas durante o combate. Portanto, o
2
sistema de C nas Op Esp deve primar pela flexibilidade, permitindo aos
comandantes das frações agir com liberdade de ação e iniciativa, bem como
decidir com oportunidade segundo a sua própria avaliação. Para tanto, as
premissas abaixo relacionadas devem ser observadas:
a) proporcionar a redução dos ciclos decisórios, delegando responsabilidades
aos escalões subordinados e permitindo-lhes agir com iniciativa e oportunidade
em face das situações inéditas e inopinadas;
b) oferecer respostas ágeis e flexíveis. O controle excessivo, decorrente do
2
mau uso das ferramentas de C , torna-se incompatível com esse pressuposto;
e
2
c) o incremento tecnológico dos sistemas de C não pode contribuir para o
cerceamento da iniciativa e da liberdade de ação nos escalões subordinados.
5.3.6 NÍVEIS DE COMANDO E CONTROLE NAS OPERAÇÕES ESPECIAIS
5.3.6.1 A estrutura organizacional das F Op Esp apresenta uma configuração
de comando verticalmente hierarquizada. Entretanto, a natureza peculiar das
Op Esp requer acentuada flexibilidade e adaptabilidade na definição e
subordinação das F Op Esp a serem empregadas. Nas Op Esp, consideram-se
2
os níveis de C explicitados (Fig 5-2), definidos para atender todo o período de
emprego das F Op Esp ou variar de acordo com as fases.
a) Nível 1 (direto) – requerido em função da importância do alvo, da
sensibilidade política da área de operações e/ou do nível de risco político
inerente à missão. Subordina diretamente a fração empregada ao mais alto
nível de comando das Op Esp.
b) Nível 2 (escalonado) – mais usual, respeita os diferentes níveis da cadeia
de comando.
c) Nível 3 (de acompanhamento) – visa a atender um determinado escalão
que recebeu, sob seu controle operativo, as F Op Esp.
d) Nível 4 (autônomo) – situação transitória que visa a atender uma
2
contingência específica até que sejam redefinidos níveis de C mais
adequados.

5-12
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2
Fig 5-2 – Níveis de comando e controle (C ) aplicáveis às Op Esp

2
5.3.7 ÁREAS TECNOLÓGICAS DE C NECESSÁRIAS ÀS Op Esp

5.3.7.1 As áreas tecnológicas necessárias para o desenvolvimento da


2
arquitetura de C nas Op Esp são:
a) comunicações integradas – chaveamento digital de alta velocidade e
técnicas de rede que suportem comunicações integradas e sistemas
interoperacionais robustos;
b) gerenciamento de informações em “tempo real” e difusão – software de
tradução de máquina e agentes inteligentes para a obtenção e recuperação de
dados; e
c) sistema de apoio à decisão – tecnologia de sistemas inteligentes para
apoio à decisão em “tempo real”.
5.3.7.2 A capacidade de obter e difundir informações, associada a um sistema
2
de C eficaz e bem equilibrado em suas dimensões (humana, organizacional e
técnica), permite reduzir o tempo entre o sensoriamento de ameaças, o
processamento das informações e a atuação com a aplicação do poder de
combate.
5.3.7.3 A tecnologia da informação e comunicações (TIC) sintetiza a dimensão
2
técnica do sistema de C e deve proporcionar rapidez, confiabilidade e
segurança na transmissão de dados/informações e decisões de comando.
2
Deve possibilitar o C efetivo, além de proporcionar ligações eficientes a todos
2
os escalões. O sistema de C nas Op Esp se apoia em uma estrutura de TIC
dotada das seguintes características técnicas:
a) confiabilidade – oferecer acesso e funcionamento em tempo integral,
operando com eficiência sob condições meteorológicas adversas, em

5-13
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diversificados ambientes operacionais, atendendo às distâncias físicas e à


dispersão inerentes ao desdobramento das F Op Esp;
b) estabilidade – operar com eficiência constante a despeito de variações
externas;
c) flexibilidade – dispor de formas alternativas e recursos variáveis para
oferecer os mesmos serviços, evitando a dependência de um único meio;
2
d) interoperabilidade – ser compatível com os sistemas de C empregados
nas Op Cj/Cbn em ambiente Interagências;
e) fácil gerenciamento – dispor de suporte técnico e processos internos de
controle e manutenção capazes de assegurar o funcionamento pleno do
sistema, evitando sua interrupção temporária (total ou parcial);
f) segurança – proporcionar segurança tanto no espectro eletromagnético
quanto no espaço cibernético;
g) mobilidade – possuir estrutura modular capaz de atender ao rápido
desdobramento de tropa de acordo com as ameaças e hipóteses de emprego;
e
h) recurso de dados/imagem em tempo real – proporcionar a transmissão e
o compartilhamento de dados e imagens, em tempo real, mesmo em condições
de visibilidade restrita.
2
5.3.7.4 Normalmente, a arquitetura básica de C , nas Op Esp, compreende
redes internas das F Op Esp, de Inteligência, externas de apoio de fogo
(abrangendo meios terrestres, aéreos e navais) e de comando de forças
convencionais (singulares e/ou conjuntas).
5.4 INTELIGÊNCIA

5.4.1 A inteligência (Intlg) nas Op Esp visa a assegurar a compreensão sobre o


ambiente operacional, as ameaças (atuais e potenciais), os oponentes, o
terreno e as considerações civis. Com base nas diretrizes do comandante,
executa as tarefas associadas à inteligência, vigilância, reconhecimento e
aquisição de alvos (IVRA).

5.4.2 O planejamento de Inteligência nas Op Esp compreende, normalmente, o


levantamento das necessidades de inteligência (NI), reconhecimentos no TO/A
Op (quando viáveis), o levantamento de vulnerabilidades e uma análise de
risco pormenorizada.

5.4.3 A inteligência permeia todas as fases das Op Esp. A integração bem-


sucedida deve estar calcada num sólido conhecimento mútuo das capacidades
das forças militares (convencionais e de operações especiais) e agências civis
envolvidas, em particular no que se refere aos seus respectivos sistemas de
IVRA.

5.4.4 A atualização de cenário, normalmente conduzida pela Agência de


Inteligência (AI) do Comando Operacional em que atuarão as F Op Esp, aliada
à execução de briefings, ao repasse do repertório de conhecimentos
necessários (RCN) e ao exame de situação de inteligência, é de fundamental
importância para o êxito no planejamento e condução das Op Esp.

5-14
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5.4.5 As estruturas de inteligência nas Op Esp devem satisfazer as exigências


do comandante nos aspectos relacionados ao planejamento, à direção, à
coordenação e ao apoio em inteligência e contrainteligência. Como os ativos
dessas estruturas raramente são suficientes, dependem significativamente de
estruturas de níveis de planejamento superiores.

5.4.6 O apoio de Inteligência prestado às Op Esp pode variar amplamente,


devido às mudanças impostas às tarefas e missões cumpridas por F Op Esp.
As seguintes variáveis podem afetar esse apoio:
a) ambientes hostis, negados ou politicamente sensíveis;
b) tipo de operação convencional: multinacional, combinada, conjunta ou
singular;
c) composição das F Op Esp;
d) tipo de Op Esp;
e) duração da missão; e
2
f) elementos de C e estruturas de apoio de inteligência disponíveis.
5.4.7 Nas Op Esp os comandantes devem usar o ciclo de inteligência
(obtenção – produção – difusão – orientação) (Fig 5-3) para fornecer
informações precisas, detalhadas e em tempo oportuno, a fim de proporcionar
apoio às F Op Esp. Consiste em interligar as estruturas do Sistema de
Inteligência desde o nível estratégico até o nível tático.

Fig 5-3 – Ciclo de inteligência

5-15
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5.4.8 No nível estratégico, o apoio de inteligência é proporcionado pelos


membros do sistema de Inteligência, que constituem importantes fontes para
as F Op Esp. Os sensores do referido nível têm profundidade e amplitude de
cobertura que lhes permitem abranger áreas negadas ou hostis, onde
normalmente operam tais forças, fornecendo informações críticas fundamentais
para o planejamento e condução das Op Esp.

5.4.9 Normalmente, as F Op Esp confiam no apoio de inteligência de nível


estratégico e político para cobrir as áreas de interesse no início de uma crise
ou em situações de contingência, por exemplo, quando tais forças são as
primeiras ou as únicas empregadas em áreas com elevadas instabililidades
políticas.

5.4.10 A troca de informações entre as forças militares (convencionais e de


operações especiais) e agências civis é importante para que ocorra uma efetiva
integração das Op Esp às demais operações e ações em curso. A troca de
conhecimentos pelos integrantes do Sistema de Inteligência é de execução
complexa, diante da natural dificuldade na obtenção de laços de confiança
entre os diversos vetores envolvidos no planejamento, preparação, execução e
contínua avaliação das operações.

5.4.11 Em contrapartida, a “necessidade de conhecer” deve ser observada, de


maneira que somente as informações necessárias ao desempenho das
atividades de cada vetor (militar ou civil) sejam compartilhadas, preservando-se
os dados que não lhe sejam afetos.

5.4.12 As Op Esp são dependentes de inteligência precisa, detalhada e


oportuna. O apoio de inteligência de nível operacional é de fundamental
importância para o êxito das missões e tarefas atribuídas às F Op Esp, em
função da necessidade de dispor de informações vitais para o planejamento de
ações altamente sensíveis. Pode, em algumas ocasiões, requerer quase em
tempo real difusão no nível da fração de F Op Esp empregada. Por exemplo, a
entrada em uma instalação, durante uma operação de evacuação “não
permissiva” de não combatentes, requer informações sobre a estrutura física
da edificação e localizações precisas dos reféns ou de pessoas a serem
resgatadas.

5.4.13 As F Op Esp são usuárias de inteligência e também a produzem. Atuam


como fonte de obtenção de dados/informações em ambientes hostis, negados
ou politicamente sensíveis, atendendo às necessidades de inteligência (NI) do
maior escalão em presença. Tais forças, devido às suas capacitações
especializadas, podem produzir inteligência vital de fontes humanas para o
processo decisório dos mais elevados níveis.

5-16
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5.4.14 Durante a execução das Op Esp, a manutenção do apoio de inteligência


permite, nas missões de reconhecimento especial, por exemplo, reorientar os
esforços de busca de acordo com a evolução da situação. Proporciona, ainda,
maior segurança às F Op Esp, na medida em que as mantém atualizadas
quanto às atividades recentes e atuais do oponente no TO/A Op. Dessa forma,
estabelece-se uma relação mutuamente proveitosa entre as F Op Esp e o
sistema de Inteligência (Fig 5-4).

Fig 5-4 – Relação entre o Sistema de Inteligência e as F Op Esp

5.4.15 CRITÉRIOS DE INTELIGÊNCIA

5.4.15.1 Nas Ações Diretas, nas Operações de Reconhecimento Especial e


no Contraterrorismo

5.4.15.1.1 As ações diretas, as operações de reconhecimento especial e o


contraterrorismo aplicam força militar diretamente sobre um alvo para cumprir
uma tarefa ou para obter dados/informações críticas. Em função disso,
geralmente requerem constantes atualizações dos dados de inteligência. Via
de regra, necessitam ainda da adoção de medidas específicas para proteger as
fontes vitais para as operações especiais.

5.4.15.1.2 A inteligência geoespacial atualizada do alvo é uma importante


ferramenta para o planejamento e condução das Op Esp. Durante todas as
fases das Op Esp, as F Op Esp dependem de informações detalhadas,
precisas e oportunas, aliadas à inteligência altamente perecível relacionada à
situação. Tais forças também requerem, normalmente, em tempo real, alertas
oportunos sobre as ameaças que possam constituir óbices ao cumprimento da
missão e para assegurar a adequada proteção às frações empregadas.

5-17
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5.4.15.1.3 Para o êxito no cumprimento da missão ou tarefa atribuída às F Op


Esp, faz-se necessário um “pacote de inteligência” sobre o alvo, normalmente
preparado por estruturas de inteligência de nível estratégico, incluindo AI civis,
em coordenação com o Comando (operacional ou tático) responsável pelo
planejamento e condução das operações. Os dados/informações necessários
são adquiridos por meio de diversas fontes de inteligência disponíveis e,
geralmente, contêm o seguinte:
a) descrição do alvo;
b) aspectos fisiográficos (clima, geografia, hidrografia, vegetação, dentre
outros) e condições meteorológicas da área do objetivo;
c) aspectos políticos, informacionais, psicossociais e científico-tecnológicos da
A Op;
d) ameaças, incluindo o dispositivo, composição, valor, atividades recentes e
atuais, e peculiaridades (DICOVAP) das forças oponentes (convencionais, de
Op Esp e Irreg), bem como de quaisquer atores que coloquem em perigo as F
Op Esp empregadas e/ou que comprometam o cumprimento da missão ou
tarefa;
e) rotas de infiltração e exfiltração; e
f) principais componentes do alvo, incluindo as linhas de comunicação.
5.4.15.1.4 O planejamento e a preparação que antecedem a infiltração dos Dst
Op/Eqp Op para a realização de operações de reconhecimento especial
requerem um minucioso aporte de dados/informações visando a:
a) identificar e gerenciar os riscos inerentes à missão, ampliando as
perspectivas de êxito, compreendendo as informações relativas às forças
oponentes, ao terreno e às condições meteorológicas;
b) orientar corretamente os esforços de obtenção, abrangendo os
dados/informações específicos do alvo; e
c) permitir o judicioso emprego dos meios (pessoal e material) disponíveis,
integrando todas as fontes empenhadas no esforço de obtenção de
dados/informações.
5.4.15.1.5 Os planejadores de EM devem estar cientes de que o emprego de F
Op Esp nas operações de reconhecimento especial destina-se a
complementar, ampliar e apoiar os esforços de obtenção de dados/informações
das demais fontes de inteligência. Portanto, a questão central apoia-se na
habilidade de combinar, em toda sua plenitude, as capacidades dos meios
disponíveis.
5.4.15.2 Nas Ações Indiretas
5.4.15.2.1 A atividade de inteligência requerida para apoiar as ações indiretas
é, normalmente, menos perecível do que a necessária a ações diretas, pois tais
ações demandam tempo e proporcionam resultados por meio da condução de
operações permanentes e/ou sistemáticas de médio ou longo prazo.
5.4.15.2.2 O apoio de inteligência, nesse contexto, encontra-se embasado no
trabalho com a população local da região, tornando a análise das
considerações civis do TO/A Op de fundamental importância para o êxito das
tarefas e missões atribuídas às F Op Esp. A ênfase não está em alvo(s)

5-18
EB70-MC-10.212

específico(s). Ao contrário, concentra-se no estudo dos fatores operacionais,


particularmente o fator psicossocial, o político e o econômico do TO/A Op.
5.4.15.2.3 As Op Esp realizadas no contexto das operações contra F Irreg, por
exemplo, exigem informações detalhadas sobre grupos insurgentes, bem como
a respeito de sua organização, localização, motivações e capacidades. Além
disso, as informações devem abranger os prováveis anseios da população
local e as ações de governo em curso.
5.4.15.2.4 O planejamento e a condução de Op Psc requerem acesso à
inteligência correlata às CRI, particularmente para medir o desempenho e a
eficácia das ações. Os requisitos de inteligência necessários nessas operações
são frequentemente “não tradicionais” – meios de comunicação e publicidade
locais, rede mundial de computadores, as motivações e percepções da
população local, dentre outros.

5.4.15.2.5 Há que se considerar os fatores culturais no levantamento


estratégico de área (LEA), pois oferecem aos comandantes e às F Op Esp
informações úteis relacionadas aos aspectos sociológicos, psicológicos e
políticos, bem como vinculadas a valiosos dados demográficos.

5.4.15.2.6 Nas ações indiretas, o estudo de área aliado à efetiva gestão da


informação auxilia no monitoramento das ações correntes, no planejamento de
operações futuras e, ainda, proporciona uma compreensão global do ambiente
operacional.

5.5 FOGOS

5.5.1 Os fogos nas Op Esp são o conjunto de atividades, tarefas e sistemas


inter-relacionados que permitem o emprego coletivo e coordenado de fogos
cinéticos, orgânicos das F Op Esp, de elementos de emprego da F Ter e
conjuntos (aéreos e navais), das demais Forças Singulares, integrados pelos
processos de planejamento e coordenação de fogos.

5.5.2 O emprego exitoso de fogos no TO/A Op requer a integração de todas as


capacidades militares disponíveis para alcançar objetivos estratégicos,
operacionais e táticos. Todas as forças militares (convencionais e de Op Esp)
devem sincronizar uma variedade de fogos cinéticos em tempo, espaço e
finalidade, a fim de aumentar a eficácia, minimizar as oportunidades de
fratricídio e maximizar os efeitos letais.

5.5.3 A análise do oponente em relação à missão, objetivos e recursos


disponíveis torna-se fundamental, pois identifica e nomeia vulnerabilidades
críticas que, se exploradas, contribuirão para alcançar os efeitos desejados por
meio de destruição, interdição, degradação, neutralização e/ou exploração do
adversário ou recursos a sua disposição.

5.5.4 A avaliação das vulnerabilidades críticas do oponente e a aplicação das


capacidades das F Op Esp em pontos decisivos (PD) são, normalmente, a
5-19
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essência do emprego dessas forças. O foco do planejamento e coordenação


de fogos nas Op Esp é atender a F Op Esp que cumprirá a missão ou tarefa.

5.5.5 A eficaz integração de fogos nas Op Esp só é possível por meio da


seleção e priorização das metas estabelecidas, por ocasião da fase de
planejamento, e de um sincronizado direcionamento de fogos, na execução das
operações, levando em consideração os requisitos operativos e as
capacidades disponíveis.

5.5.6 As capacidades relacionadas aos fogos disponíveis nas F Op Esp


incluem um conjunto de ações letais que podem, quando devidamente
aplicadas, otimizar os recursos e meios a sua disposição. Nesse contexto, a
análise das considerações a respeito de aspectos políticos, militares,
econômicos, informacionais e dos efeitos psicológicos sobre as capacidades do
oponente, o moral e a base de apoio popular indicam a(s) forma(s) direta e/ou
indireta de emprego e definem a força a ser aplicada.

5.5.7 A maximização dos efeitos letais dos fogos e ações não letais é vital para
reduzir o risco e a dependência de fogos orgânicos em um ambiente conjunto.
A designação de equipe(s) de ligação de coordenação de fogos das F Op Esp
junto à célula de operações do CCOp do Comando Operacional proporciona a
capacidade de planejar, coordenar, sincronizar e executar fogos letais e ações
menos letais.

5.5.8 As F Op Esp possuem a capacidade de condução do fogo aéreo, por


meio do emprego do guia áereo avançado (GAA), do fogo naval e do fogo de
artilharia sobre alvos de valor estratégico. Além de reportar os resultados dos
fogos realizados quanto a sua eficácia.

5.6 PROTEÇÃO

5.6.1 A proteção relacionada às Op Esp compreende o conjunto de atividades,


tarefas e sistemas inter-relacionados empregados na preservação das F Op
Esp, permitindo que os comandantes disponham do máximo poder de combate
para emprego. As tarefas permitem identificar, prevenir e mitigar ameaças às
frações empregadas e aos meios vitais para as Op Esp, de modo a preservar o
poder de combate, a liberdade de ação e as populações locais.

5.6.2 RECUPERAÇÃO DE PESSOAL

5.6.2.1 A recuperação de pessoal pode ser executada no contexto da operação


de busca, combate e salvamento. As F Op Esp possuem capacidades
específicas para realizá-la de forma autônoma, conjunta e/ou com o apoio de
forças locais do TO/A Op.

5.6.2.2 As F Op Esp podem ser infiltradas em um território hostil, negado ou


politicamente sensível, por exemplo, no contexto de operações BCS conjuntas,

5-20
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estabelecendo um local que esteja dentro do alcance de forças amigas para a


extração.

5.6.2.3 As F Op Esp poderão, ainda, responsabilizar-se pela autorrecuperação


em apoio às suas próprias Op Esp, de acordo com as capacidades e funções
orgânicas e em conformidade com os requisitos estabelecidos pelo
comandante. Tais forças devem realizar o planejamento de recuperação como
parte inerente de cada missão ou tarefa, incluindo extrações de emergência.
Esses planejamentos podem ser facilitados por meio de POP das frações que
são integrados ao planejamento da extração.

5.6.2.4 As Op Esp de recuperação de pessoal por F Op Esp diferem das


operações de recuperação convencionais quanto ao grau de risco político, às
técnicas operativas e à dependência de inteligência do nível operacional e de
apoio local do TO/A Op.

5.6.3 CONCEPÇÃO DA PROTEÇÃO QBRN E CONTRA ARTEFATOS


EXPLOSIVOS PROPORCIONADA ÀS F Op Esp

5.6.3.1 Um evento QBRN, combinado ou não com a detonação de artefatos


explosivos, começa com a identificação de ameaças, perigos e
vulnerabilidades. As F Op Esp podem prevenir, interromper e/ou evitar ações
hostis QBRN, particularmente executadas por atores não estatais, desde que
acompanhadas ou instruídas por especialista.

5.6.3.2 No caso da prevenção e da contraproliferação não serem exitosas, a


tarefa de DQBRN deve ser transferida para equipes especializadas, o que
requer rapidez na resposta e na alocação de meios (pessoal e material).

5.6.3.3 Tal medida deve ser acompanhada pelo desenvolvimento de um


processo integrado de planejamento e condução das ações para garantir um
eficiente fluxo de informações, bem como a coordenação dos recursos
disponíveis para as medidas de proteção e de descontaminação.

5.7 LOGÍSTICA

5.7.1 A logística relacionada às Op Esp compreende um conjunto de


atividades, tarefas e sistemas inter-relacionados para prover apoio e serviços
de modo a assegurar a liberdade de ação e proporcionar amplitude de alcance
e de duração às operações desencadeadas por F Op Esp. Abrange o apoio ao
material, apoio ao pessoal e apoio de saúde, e é destinada a sustentar a
capacidade de durar na ação das frações das F Op Esp.

5.7.2 As F Op Esp são concebidas e capacitadas para operar, com o mínimo


de direção e apoio, por longo período de tempo, em ambientes hostis, negados
ou politicamente sensíveis. As atividades logísticas nas Op Esp, a partir do
início da infiltração das frações, são bastante restritas, caracterizando-se como
uma das maiores limitações das F Op Esp.
5-21
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5.7.3 A Logística proporcionada às F Op Esp é revestida de aspectos


peculiares em virtude do alto risco físico e político das ações, da sensibilidade
das áreas hostis e negadas em que atuam em grande amplitude de
desdobramento das frações, da descentralização das ações e da complexidade
de procedimentos técnicos (Fig 5-5). Ressalta-se que o apoio logístico nas Op
Esp se integra à cadeia logística desdobrada pelo Comando Operacional
Conjunto em proveito das F Cte de um do TO/A Op.

5.7.4 O apoio logístico às Op Esp caracteriza-se pelos seguintes aspectos:


a) centralização do apoio logístico específico;
b) adoção de técnicas e procedimentos logísticos especiais, capazes de
assegurar presteza e efetividade do apoio;
c) disponibilidade permanente de pessoal habilitado;
d) estreita ligação com as estruturas logísticas das F Op Esp congêneres e das
demais F Cte em presença; e
e) necessidade de rigor e presteza acima dos padrões normais nos
procedimentos logísticos.

Fig 5-5 – Desdobramento do apoio logístico às F Op Esp

5.7.5 No TO/A Op, as atividades logísticas relacionadas às Op Esp interagem


com a cadeia logística integrada. Por sua vez, na zona do interior (ZI), esse
apoio é prestado pela estrutura logística da F Ter existente e/ou empresas civis
contratadas ou mobilizadas, realizando as seguintes formas de apoio: apoio ao
conjunto e apoio direto.

5-22
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5.7.6 O emprego de F Op Esp se vale dos tipos de suprimento (Tab 5-1),


abaixo discriminados:

Tipos de Suprimento
- Suprimento de todas as classes para uso imediato
da fração.
De acompanhamento - É infiltrado juntamente com a fração das F Op
Esp, assegurando sua provisão por um
determinado período de tempo.
- Atividade previamente planejada, com o propósito
de atender às necessidades de reposição dos
níveis de suprimento, caracterizando, dessa forma,
Automático uma rotina de fornecimento.
- Compreende, inicialmente, o suprimento não
conduzido pela fração das F Op Esp.
- Suprimento eventual de qualquer classe, fornecido
A pedido mediante pedido a catálogo, a fim de atender a uma
necessidade inopinada.
- Suprimento destinado a atender uma situação de
emergência. Pode ser pré-posicionado, conduzido
De emergência individualmente ou lançado por paraquedas.
- Composto, sobretudo, por itens das classes I, V, VII
e VIII (itens críticos).
Tab 5-1 – Tipos de suprimentos

5.7.6.1 O uso de processos alternativos (não militares) de suprimento por


vezes representa a forma mais simples e segura para atender às necessidades
das F Op Esp infiltradas, particularmente nas missões de longa duração.

5.7.7 O apoio de saúde prestado às F Op Esp fundamenta-se na conformidade


com os planos táticos, a proximidade do elemento apoiado, a continuidade e o
controle. Deve estar sincronizado com os planejamentos táticos e manter
estreita ligação, por meio de um canal técnico, com os recursos de saúde
operativa da F Ter, das demais FA e das agências civis desdobradas ou
existentes na área de responsabilidade de um C Op (Fig 5-6).

5-23
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Fig 5-6 – Movimento de evacuação de F Op Esp

5-24
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ANEXO A

SISTEMÁTICA DE EMPREGO DAS FORÇAS DE OPERAÇÕES ESPECIAIS


DO EXÉRCITO NAS SITUAÇÕES DE GUERRA E DE NÃO GUERRA

1. A SISTEMÁTICA DE EMPREGO EM SITUAÇÃO DE GUERRA

A-1
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2. A SISTEMÁTICA DE EMPREGO NA SITUAÇÃO DE NÃO GUERRA

A-2
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Notas:
(1) A Presidência da República tem, como um de seus órgãos de
assessoramento imediato ao Presidente da República, o Conselho de
Governo; e, como órgãos de consulta do Presidente da República, o
Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional.

(2) O Conselho de Governo é órgão de assessoramento imediato ao


Presidente da República na formulação de diretrizes da ação governamental,
sendo convocado pelo Presidente da República e secretariado por um de
seus membros, por ele designado. Divide-se em dois níveis de atuação: o
Conselho de Governo, presidido pelo Presidente da República ou, por sua
determinação, pelo Ministro de Estado Chefe da Casa Civil, sendo integrado
pelos Ministros de Estado e pelo titular do Gabinete Pessoal do Presidente
da República; e as Câmaras do Conselho de Governo, com a finalidade de
formular políticas públicas setoriais cujo escopo ultrapasse as competências
de um único Ministério.

(3) A Câmara de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDEN) do


Conselho de Governo tem as seguintes finalidades: formular políticas
públicas e diretrizes de matérias relacionadas com a área das Relações
Exteriores e Defesa Nacional do Governo Federal; aprovar, promover a
articulação e acompanhar a implementação dos programas e ações
estabelecidos, no âmbito de ações cujo escopo ultrapasse a competência de
um único Ministério, inclusive aquelas pertinentes à cooperação internacional
em assuntos de segurança e defesa, integração fronteiriça, populações
indígenas, direitos humanos, operações de paz, narcotráfico e a outros
delitos de configuração internacional, imigração, atividade de inteligência,
segurança de estruturas estratégicas, incluindo serviços, e segurança da
informação. Cabe ainda à CREDEN o permanente acompanhamento e
estudo de questões e fatos relevantes, com potencial de risco à estabilidade
institucional, para prover informações ao Presidente da República. A
CREDEN será integrada pelos seguintes Ministros de Estado: o Chefe do
Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, que a
presidirá; o Chefe da Casa Civil da Presidência da República; os Ministros da
Justiça, da Defesa, das Relações Exteriores, do Planejamento, Orçamento e
Gestão, do Meio Ambiente; além do Ministro da Ciência, Tecnologia e
Inovação. São convidados para participar das reuniões, em caráter
permanente, os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. O
Ministro de Estado Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da
Presidência da República poderá convidar para participar das reuniões
representantes de outros órgãos da administração pública federal, estadual e
municipal e de entidades privadas, inclusive organizações não
governamentais, cuja participação, em razão de matéria constante da pauta
da reunião, seja justificável.

(4) O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente


da República, a quem cabe a sua convocação. O Conselho é presidido pelo
Presidente da República e dele participam o Vice-Presidente da República, o

A-3
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Presidente da Câmara dos Deputados, o Presidente do Senado Federal, os


líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados, os líderes da
maioria e da minoria no Senado Federal, o Ministro da Justiça e seis
cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo
dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado
Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de
três anos, vedada a recondução. Compete ao Conselho da República
pronunciar-se sobre intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio e
as questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas. O
Presidente da República poderá convocar Ministro de Estado para participar
da reunião do Conselho, quando constar da pauta questão relacionada com
o respectivo Ministério. O Conselho da República poderá requisitar de órgãos
e entidades públicas as informações e estudos que se fizerem necessários
ao exercício de suas atribuições. O Conselho da República tem como
Secretário Executivo o Chefe da Casa Civil.

(5) O Conselho de Defesa Nacional é órgão superior de consulta do


Presidente da República nos assuntos relacionados com a soberania
nacional e a defesa do Estado democrático. O Conselho é presidido pelo
Presidente da República, a quem cabe a sua convocação, e dele participam
como membros natos o Vice-Presidente da República, o Presidente da
Câmara dos Deputados, o Presidente do Senado Federal, o Ministro da
Justiça, o Ministro de Estado da Defesa, o Ministro das Relações Exteriores,
o Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão e os Comandantes da
Marinha, do Exército e da Aeronáutica. Compete ao Conselho de Defesa
Nacional: opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebração da
paz, nos termos da Constituição Federal; opinar sobre a decretação do
estado de defesa, do estado de sítio e da intervenção federal; propor os
critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança do
Território Nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de
fronteira e nas relacionadas com a preservação e a exploração dos recursos
naturais de qualquer tipo; e estudar, propor e acompanhar o
desenvolvimento de iniciativas necessárias a garantir a independência
nacional e a defesa do Estado democrático. O Presidente da República
poderá designar membros eventuais para as reuniões do Conselho de
Defesa Nacional, conforme a matéria a ser apreciada. O Conselho de Defesa
Nacional poderá contar com órgãos complementares necessários ao
desempenho de sua competência constitucional. Cabe ao Gabinete de
Segurança Institucional da Presidência da República executar as atividades
permanentes necessárias ao exercício da competência do Conselho de
Defesa Nacional. Para o trato de problemas específicos da competência do
Conselho de Defesa Nacional, poderão ser instituídos, junto ao Gabinete de
Segurança Institucional da Presidência da República, grupos e comissões
especiais, integrados por representantes de órgãos e entidades,
pertencentes ou não à Administração Pública Federal. O Conselho de
Defesa Nacional tem como Secretário Executivo o Chefe do Gabinete de
Segurança Institucional.

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(6) O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República


(GSI/PR) é órgão essencial da Presidência da República. Compete ao
GSI/PR: assistir direta e imediatamente ao Presidente da República no
desempenho de suas atribuições; prevenir a ocorrência e articular o
gerenciamento de crises, em caso de grave e iminente ameaça à
estabilidade institucional; realizar o assessoramento pessoal em
assuntos militares e de segurança, coordenar as atividades de inteligência
federal e de segurança da informação; e zelar, assegurado o exercício do
poder de polícia, pela segurança pessoal do Chefe de Estado, do Vice-
Presidente da República e respectivos familiares, dos titulares dos órgãos
essenciais da Presidência da República e de outras autoridades ou
personalidades quando determinado pelo Presidente da República, bem
como pela segurança dos palácios presidenciais e das residências do
Presidente e do Vice-Presidente da República. Compete ainda ao Gabinete
de Segurança Institucional executar as atividades permanentes, técnicas e
de apoio administrativo, necessárias ao exercício da competência do
Conselho de Defesa Nacional, exercer as atividades de Secretaria Executiva
da CREDEN, do Conselho de Governo, e exercer as atividades de Órgão
Central do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro (SIPRON).

(7) Conselho Militar de Defesa tem como função assessorar o Presidente


da República (Comandante Supremo das Forças Armadas) no que concerne
ao emprego de meios militares e o Ministro de Estado da Defesa no que
concerne aos demais assuntos pertinentes à área militar. O Conselho Militar
de Defesa é composto pelos Comandantes da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica, e pelo Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas.
No assessoramento ao Presidente da República, o Ministro de Estado da
Defesa integrará o Conselho Militar de Defesa, na condição de seu
presidente.

(8) O Presidente da República, à vista de solicitação de Governador de


Estado ou do Distrito Federal, poderá, por iniciativa própria, determinar o
emprego das Forças Armadas para a garantia da lei e da ordem após
esgotados os instrumentos destinados à preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do patrimônio. Este emprego ocorre quando,
em determinado momento, forem eles formalmente reconhecidos pelo
respectivo Chefe do Poder Executivo Federal ou Estadual como
indisponíveis, inexistentes ou insuficientes ao desempenho regular de sua
missão constitucional.

(9) O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) poderá requisitar as Forças


Armadas para o cumprimento da lei, de suas próprias decisões ou das
decisões dos Tribunais Regionais que o solicitarem, e para garantir a
votação e a apuração.

(10) Os Ministérios do Governo podem solicitar ao Presidente da República


o emprego das Forças Armadas, como atribuição subsidiária, para cooperar

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para o desenvolvimento nacional, incluindo campanhas institucionais de


utilidade pública ou de interesse social.

(11) As Forças Armadas podem, como atribuição subsidiária, cooperar com


a Defesa Civil. A Política Nacional de Defesa Civil define o Sistema
Nacional de Defesa Civil (SINDEC), que está vinculado ao Ministério da
Integração Nacional. O SINDEC tem a seguinte estrutura:
- Órgão Superior: Conselho Nacional de Defesa Civil (CONDEC),
responsável pela formulação e deliberação de políticas e diretrizes do
Sistema, sendo formado por representantes dos Ministérios e de órgãos da
Administração Pública Federal.
- Órgão Central: Secretaria Nacional de Defesa Civil, responsável pela
articulação, coordenação e supervisão técnica do Sistema.
- Órgãos Regionais: as Coordenadorias Regionais de Defesa Civil
(CORDEC), ou órgãos correspondentes, localizadas nas cinco
macrorregiões geográficas do Brasil e responsáveis pela articulação e
coordenação do Sistema em nível regional.
- Órgãos Estaduais: Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil
(CEDEC) ou órgãos correspondentes, Coordenadoria de Defesa Civil do
Distrito Federal ou órgão correspondente, inclusive as suas regionais,
responsáveis pela articulação e coordenação do Sistema em nível estadual.
- Órgãos Municipais: Coordenadorias Municipais de Defesa Civil
(COMDEC) ou órgãos correspondentes e Núcleos Comunitários de Defesa
Civil (NUDEC), ou entidades correspondentes, responsáveis pela articulação
e coordenação do Sistema em nível municipal.

(12) Por vezes, a atuação destas organizações permeia também os níveis


estratégico e político.

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B-2
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GLOSSÁRIO
PARTE I – ABREVIATURAS E SIGLAS

A
Abreviaturas/Siglas Significado
A Op Área de Operações
A Rspnl Área de Responsabilidade
ACISO Ação Cívico-Social
AI Agência de Inteligência
AOFESP Área Operacional de Forças Especiais
AOGI Área Operacional de Guerra Irregular
A Op Esp Área de Operações Especiais
Ap Infl e Exfl Apoio à Infiltração e Exfiltração
Ass Civ Assuntos Civis

B
Abreviaturas/Siglas Significado
Ba Log Cj Base Logística Conjunta
BAC Batalhão de Ações de Comandos
BApOpEsp Batalhão de Apoio às Operações Especiais
BCA Base de Coordenação Avançada
BFEsp Batalhão de Forças Especiais
BLT Base Logística Terrestre
BOBAC Base de Operações do Batalhão de Ações de
BOBF Esp Base de Operações do Batalhão de Forças
BOE Base de Operações Especiais
BSC Busca e Salvamento em Combate

C
Abreviaturas/Siglas Significado
Coordenador das Ações Contraterrorismo
CACT
(Contraterroristas)
C Ap Op Esp Centro de Apoio às Operações Especiais
2 Comando e Controle
C
2 Célula (Centro) de Comando e Controle
CC
2 Centro de Comando e Controle do Comando
CC COp Operacional

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2 Centro de Comando e Controle do Ministério da


CC MD Defesa

CCOp Centro de Coordenação de Operações


CCPCT Centro de Coordenação de Prevenção e
CCTI Centro de Coordenação Tático Integrado
CEA Controle do Espaço Aéreo
CG Centro de Gravidade
CIMIC (Sigla em inglês) Cooperação Civil-Militar
CI Op Esp Centro de Instrução de Operações Especiais
Cmdo Op Comando Operativo
Com Soc Comunicação Social
C Log Célula Logística
C Op Célula (Centro) de Operações

Abreviaturas/Siglas Significado
C Op Cj Comando Operacional Conjunto
C Op Esp Comando de Operações Especiais
Criticabilidade, Recuperabilidade,
CRAVER Acessibilidade, Vulnerabilidade, Efeitos e
Reconhecibilidade
CRI Capacidade Relacionada à Informação

D
Abreviaturas/Siglas S
DAC Destacamento de Ações de Comandos
DAI Destacamento de Ação Imediata
DCT Destacamento Contraterror (Contraterrorismo)
DEI Dispositivos Explosivos Improvisados
Def Ciber Defesa Cibernética
DICA Direito Internacional dos Conflitos Armados
Dispositivo, Composição, Valor, Atividades
DICOVAP Recentes e Atuais e Peculiaridades (do inimigo)
DIH Direito Internacional Humanitário
DOFEsp Destacamento Operacional de Forças
DOpEsp Destacamento de Operações Especiais
DQBRN Defesa Química, Biológica, Radiológica e

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Destacamento de Reconhecimento e
DRC
Caçadores

E
Abreviaturas/Siglas Significado
E Mi D Estratégia Militar de Defesa
EC Estória de Cobertura
EFD Estado Final Desejado
ENC Evacuação de Não Combatentes
Eqp Lig Op Esp Equipe de Ligação de Operações Especiais
Eqp Op Equipe Operacional
Eqp Prec FE Equipe Precursora de Forças Especiais
Etta Mi D Estrutura Militar de Defesa
Exfl Exfiltração

F
Abreviaturas/Siglas Significado
F Convl Força Convencional
F Cte Força Componente
F Irreg Força Irregular
FAE Força de Atuação Estratégica
F Cj Op Esp Força Conjunta de Operações Especiais
F Op Esp Força de Operações Especiais
FT Cj Op Esp Força-Tarefa Conjunta de Operações Especiais
FT Op Esp Força-Tarefa de Operações Especiais
G
Abreviaturas/Siglas Significado
GAD Grupo de Autodefesa
GE Guerra Eletrônica
Geoinfo Geoinformação
GI Guerra Irregular

I
Abreviaturas/Siglas Significado
Infl Infiltração
Infl Amv Infiltração Aeromóvel
Infl Aetrnp infiltração Aerotransportada
Infrt C Ap Infraestrutura de Comando e Apoio

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Intlg Inteligência
Inteligência, Vigilância, Reconhecimento e
IVRA Aquisição de Alvos

L
Abreviaturas/Siglas Significado
L Aç Linha de Ação
LAFE Linha de Auxílio à Fuga e Evasão
LEA Levantamento Estratégico de Área
Loc Ater Local de Aterragem

N
Abreviaturas/Siglas Significado
NI Necessidade de Inteligência

O
Abreviaturas/Siglas Significado
O Lig Oficial de Ligação
OCT Operações de Contraterrorismo (Contraterror)
ONG Organização Não Governamental
Op Dsml Operações de Dissimulação
Op Psc Operação Psicológica
OSP Órgão de Segurança Pública

P
Abreviaturas/Siglas Significado
PD Ponto Decisivo
Político, Militar, Econômico, Social, Informação,
PMESII-AT Infraestrutura, Ambiente Físico e Tempo
PO Posto de Observação
POP Procedimento Operativo Padrão
PRDO Ponto de Reunião Depois do Objetivo
PRPO Ponto de Reunião Próximo ao Objetivo
Pt Exfl Alt Ponto de Exfiltração Alternativo
Pt Exfl Pcp Ponto de Exfiltração Principal

Q
Abreviaturas/Siglas Significado
QBRN Químico, Biológico, Radiológico e Nuclear

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R
Abreviaturas/Siglas Significado
RAFE Rede de Auxílio à Fuga e Evasão
RCN Repertório de Conhecimentos Necessários

S
Abreviaturas/Siglas Significado
SARP Sistemas de Aeronaves Remotamente
SILog Sistema de Informação Logística
SLOp Salto Livre Operacional

T
Abreviaturas/Siglas Significado
TIC Tecnologia da Informação e Comunicações
TO Teatro de Operações
TTP Técnicas, Táticas e Procedimentos

Z
Abreviaturas/Siglas Significado
Z Aç Zona de Ação
ZI Zona do Interior
ZL Zona de Lançamento
ZP Zona de Pouso
ZPH Zona de Pouso de Helicópteros

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PARTE II – TERMOS E DEFINIÇÕES

Agente Perpetrador – Organizações militantes ou criminosas, qualificadas ou


não como terroristas.

Ameaça – Qualquer conjunção de atores, entidades ou forças com intenção e


capacidade de realizar ação hostil contra o país e seus interesses nacionais,
com possibilidades de, por intermédio da exploração de deficiências, causar
danos ou comprometer a sociedade nacional (a população e seus valores
materiais e culturais) e seu patrimônio (território, instalações, áreas sob
jurisdição nacional e o conjunto das informações de seu interesse). Também
podem ocorrer sob a forma de eventos não intencionais (naturais ou
provocados pelo ser humano).

Antiterrorismo – Conjunto de atividades e medidas defensivas de caráter


eminentemente preventivo, destinado a dissuadir indivíduos ou grupos
(nacionais, estrangeiros ou transnacionais) que têm a intenção de empregar
táticas, técnicas e procedimentos típicos de organizações terroristas,
independentemente de suas possíveis motivações ou orientações ideológicas.
Destinado também a identificar ameaças terroristas reais ou potenciais e
impedir a realização de atos de terror.

Área de Isolamento – Complexo de instalações destinado à preparação de


frações de F Op Esp para o cumprimento de uma missão específica. Na área
de isolamento, preponderam as medidas relacionadas ao sigilo e
procedimentos de contrainteligência. Normalmente estará localizada na BOE
ou BCA.

Área de Operações Especiais – Área geográfica dentro da qual serão


desdobradas F Op Esp com o propósito de cumprir missões específicas,
excetuando-se as operações de Guerra Irregular. Constitui tão somente uma
medida de coordenação e controle. Ao contrário de uma Zona de Ação, seu
traçado não pressupõe a responsabilidade exclusiva pelas operações
conduzidas em seu interior. Suas dimensões podem variar, assim como seus
limites são flexíveis e permeáveis. Todavia, qualquer ação realizada em uma A
Op Esp, sobretudo a aplicação de fogos, exige um meticuloso trabalho de
coordenação.

Área Operacional de Guerra Irregular – Área geográfica dentro da qual serão


conduzidas operações de Guerra Irregular, por meio do emprego de Forças
Irregulares nativas assistidas por Destacamento Operacional de Forças
Especiais. Ao contrário de uma Zona de Ação, seu traçado não pressupõe a
responsabilidade exclusiva pelas operações conduzidas em seu interior. Suas
dimensões podem variar, assim como seus limites são flexíveis e permeáveis.

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Todavia, qualquer ação realizada em uma AOGI, sobretudo a aplicação de


fogos, exige um meticuloso trabalho de coordenação.

Arma de Destruição em Massa – Arma dotada de um elevado potencial de


destruição e que pode ser empregada de forma a destruir um grande número
de pessoas, as infraestruturas ou recursos de qualquer espécie.

Base de Operações do Batalhão de Forças Especiais (BOBFEsp) –


Estrutura do BFEsp estabelecida em operações e desdobrada pela Companhia
de Comando e Apoio (CCAp) que congrega as tarefas relacionadas ao
2
comando e controle (C ), ao apoio à infiltração e exfiltração e ao apoio
logístico.

Busca – Atividade sigilosa voltada para a obtenção de dados não disponíveis e


protegidos por medidas de segurança estabelecidas por quem os detém. Exige,
para sua execução, pessoal especializado e emprego de técnicas operacionais.

Coleta – Procedimento por meio do qual o analista obtém e reúne


conhecimentos sem necessidade de uma busca. Resulta da consulta direta aos
arquivos do próprio órgão de inteligência e a outras fontes que ele tenha
acesso. Enquanto a atividade de busca diz respeito à obtenção do dado
negado ou protegido, a coleta se refere à consulta a fontes abertas.

Comando de Área – Estrutura de comando que congrega o DOFEsp infiltrado


e as lideranças políticas e militares das F Irreg locais. Sua finalidade é
proporcionar controle centralizado e coordenação de todas as atividades de
Guerra Irregular no interior da AOGI. Sua organização varia de acordo com:
aspectos de ordem cultural; a situação tática (especialmente as condições de
segurança); o valor e o grau de autonomia das F Irreg; e a dinâmica das
relações de poder entre os líderes locais.

Comandos – F Op Esp vocacionada para a execução de Ações Diretas. Tropa


permanentemente adestrada e altamente qualificada a operar em ambientes
hostis e/ou negados contraindicados ao emprego de forças convencionais.

Conhecimento de Inteligência – Resultado do processamento de dados e/ou


conhecimentos anteriores, utilizando metodologia específica da Atividade de
Inteligência Militar, visando à avaliação ou ao estabelecimento de conclusões
sobre fatos ou situações.

Contraterrorismo – Conjunto de atividades e medidas ofensivas de caráter


eminentemente repressivo, destinado a dissuadir indivíduos ou grupos
(nacionais, estrangeiros ou transnacionais) que têm a intenção de empregar
táticas, técnicas e procedimentos típicos de organizações terroristas,
independentemente de suas possíveis motivações ou orientações ideológicas.
Destinado também a impedir a realização de atos de terror; e a responder a

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atos criminosos perpetrados por indivíduos ou grupos que empreguem táticas,


técnicas e procedimentos típicos de organizações terroristas.
Contraterrorismo Proativo – Esforços de caráter eminentemente ofensivo e
repressivo, despendidos por agências de inteligência e forças de segurança
estatais com o propósito deliberado de impedir a consecução de um ataque
terrorista, antecipando-se ao ato hostil.

Contraterrorismo Reativo – Esforços de caráter eminentemente ofensivo e


repressivo, despendidos por AI e forças de segurança estatais com o propósito
explícito de responder a um ato de terror.

Cooperação Civil-Militar –Função militar de ligação entre o comandante de


uma força militar e as organizações civis com presença ativa em um ambiente
operacional. Compreende ações não estritamente militares realizadas em
proveito dos civis. Tem por finalidade a participação dos militares na realização
dos objetivos civis do plano de operações em todos os domínios, mas
especialmente nos culturais, econômicos, sociais, de segurança pública e de
proteção civil.

Dimensão Informacional – Conjunto de indivíduos, organizações e sistemas


que são utilizados para coletar, processar, disseminar, ou agir sobre a
informação. Incluem tomadores de decisão, indivíduos e organizações. Os
recursos incluem os materiais e sistemas utilizados para obter, analisar, aplicar
ou divulgar informações. Os decisores e sistemas automatizados utilizam essa
dimensão para observar, orientar, decidir e agir de acordo com as informações,
sendo, portanto, o principal ambiente de tomada de decisão.

Força Irregular – Braço armado de organizações militantes que recorrem à


guerra irregular para alcançar seus objetivos políticos, econômicos ou
psicossociais, e que possuem um espectro de atuação que transcende os
limites do campo militar. Não há um padrão organizacional rígido que defina a
estrutura, a composição e a articulação de uma força irregular. De um modo
geral, é composta por três segmentos: força de guerrilha; força subterrânea; e
força de sustentação.

Força Oponente – Pessoas, grupos de pessoas ou organizações cuja atuação


comprometa o pleno funcionamento do estado democrático de direito e a paz
social.

Grupos de Autodefesa – Organizações paramilitares treinadas para atuarem


na defesa de suas localidades e na segurança de pontos sensíveis.

Guerra Irregular – Conflito armado executado por forças não regulares ou por
forças regulares empregadas fora dos padrões normais da guerra regular,
contra um governo estabelecido ou um poder de ocupação, com o emprego de
ações típicas da guerra de guerrilhas. Divide-se em: guerra insurrecional,
guerra revolucionária e guerra de resistência.

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Infiltração – Técnica de movimento realizada de modo sigiloso com a


finalidade de concentrar pessoal e material em áreas hostis ou negadas,
visando à realização de operações especiais. A infiltração realizada por F Op
Esp difere da forma de manobra ofensiva na qual se procura desdobrar uma
força convencional à retaguarda de uma posição inimiga por meio de um
deslocamento dissimulado.

Insurgência – Uso intensivo das práticas de Guerra Irregular por um grupo


radical ou movimento extremista que recorre à luta armada para a consecução
de seus objetivos.

LAFE – Dispositivo montado em território ocupado pelo inimigo que visa dar
condições ao evasor de chegar às linhas amigas. Interliga várias RAFE.

Público-Alvo – É o segmento social que compartilha determinadas


características e para o qual serão direcionados os esforços motivadores das
operações psicológicas.

RAFE – Dispositivo montado em território ocupado pelo inimigo para acolher o


fugitivo amigo e conduzi-lo até uma LAFE.

Reintegração – Conjunto de atividades e iniciativas, nos níveis tático e


operacional, destinado a incorporar, de forma pacífica, os remanescentes das F
Irreg à sociedade local. Ocorre quando, terminadas as hostilidades, indivíduos
ou grupos de ex-combatentes depõem as armas e retornam às suas
comunidades, encontrando uma forma legal e produtiva de inserção social.
Para que tenha êxito, a reintegração deve vincular-se ao desenvolvimento
econômico de longo prazo e a programas sociais voltados para as
comunidades locais. As aptidões individuais, a vocação natural e as
necessidades da população determinam quais programas devem contribuir
para o desenvolvimento de uma economia local sustentável.

Restos de Guerra – Munições e explosivos desviados ou abandonados por


uma força armada (FA) e utilizados por forças irregulares e/ou terroristas.

Sabotagem – Qualquer ação sub-reptícia, ativa ou passiva, direta ou indireta,


destinada a perturbar, interferir, causar dano a, destruir ou comprometer o
funcionamento normal de diferentes sistemas nos campos político, econômico,
científico-tecnológico, psicossocial e militar.

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REFERÊNCIAS

BLOOM, Bradley. Operações de informações em apoio às operações


especiais. Military Review, Fort Leavenworth, p.61-65, 4 trim. 2004.

BRASIL. Decreto nº 3.018, de 6 de abril de 1999. Promulga a Convenção


p a r a Prevenir e Punir os Atos de Terrorismo Configurados em Delitos contra
as Pessoas e a Extorsão Conexa, quando Tiverem Eles Transcendência
Internacional.

BRASIL. Decreto nº 4.394, de 26 de setembro de 2002. Promulga a


C o n v e n ç ã o Internacional sobre a Supressão de Atentados Terroristas com
Bombas.

BRASIL. Decreto nº 5.640, de 26 de dezembro de 2005. Promulga a


Convenç ão Internacional para a Supressão do Financiamento do Terrorismo.

BRASIL. Lei nº 9.883, de 7 de dezembro de 1999. Institui o Sistema Brasileiro


de Inteligência.

BRASIL. Lei nº 10.744, de 9 de outubro de 2003. Dispõe sobre a assunção,


pela União, de responsabilidades civis perante terceiros no caso de atentados
terroristas, atos de guerra ou eventos correlatos, contra aeronaves de matrícula
brasileira operadas por empresas brasileiras de transporte aéreo público,
excluídas as empresas de táxi aéreo.

BRASIL. Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999. Dispõe sobre as


normas gerais para a organização, o preparo e o emprego das Forças
Armadas.

BRASIL. Lei Complementar nº 117, de 2 de setembro de 2004. Altera a LC


97/99.

BRASIL. Lei Complementar nº 136, de 25 de agosto de 2010. Altera a LC


97/99.

BRASIL. Presidência da República. Portaria nº 22/GSIPR, de 09 de junho de


2009. Cria o Núcleo do Centro de Coordenação das Atividades de Prevenção e
Combate ao Terrorismo (CPCT).

BRASIL. Presidência da República. Gabinete de Segurança Institucional. A


Segurança Institucional. Palestra ministrada no Seminário de Operações
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BRASIL. Exército. Estado-Maior. Instruções Gerais para as Publicações


Padronizadas do Exército. EB10-IG-01.002. 1. ed. Brasília, DF: Estado-Maior
do Exército, 2011.

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BRASIL. Exército. Estado-Maior. Abreviaturas, Símbolos e Convenções
Cartográficas. C 21-30. Brasília, DF: Estado-Maior do Exército, 2002.

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BRASIL. Ministério da Defesa. Glossário das Forças Armadas. MD35-G-01.


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BRASIL. Ministério da Defesa. Operações Interagências. MD33-M-12. 1. ed.


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Convenções Cartográficas das Forças Armadas. MD33-M-02. 3. ed.
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Conflitos Armados (DICA) nas Forças Armadas. MD34-M-03. 1. ed. Brasília,
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PINHEIRO, Alvaro de Souza. Operacionalizando o comando e controle no


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P-12
COMANDO DE OPERAÇÕES TERRESTRES
CENTRO DE DOUTRINA DO EXÉRCITO
Brasília, DF, 29 de dezembro de 2017
www.cdoutex.eb.mil.br

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