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Tópicos Especiais de Direito

- Prof.ª Dra. Maria Celina Bodin de Moraes ensina que “ (...) se a normativa
constitucional  está no ápice de um ordenamento jurídico, os princípios nela presentes
se tornam, em conseqüência, as normas diretivas, ou normas-guia, para a reconstrução
do sistema do direito privado.”

O CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO

- Código Civil francês ou Código Napoleão, 1804, abriu o século das Codificações;
- Em sua trilha foram editados os Códigos Civis da Romênia, Itália, Portugal, Montenegro e
Espanha e Japão.
- Nos Estados Unidos o da Lousiania, no Canadá o de Quebec;
- Na América Latina o da  Bolívia, Chile, Uruguai, Argentina, Venezuela, Equador, Peru.

O CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO

- A Constituição Brasileira de 1824 mandava preparar “o quanto antes” o Código Civil e


Criminal “fundados nas  sólidas bases de justiça e equidade”;
- Muitas foram as tentativas para criar um Código Civil, até que em 1899, Campos Sales
escolheu Clóvis Beviláqua, da Faculdade de Direito do Recife, para a tarefa.

O CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO

- Em 1916 foi publicado o primeiro Código Civil brasileiro;


- Foi considerado um Código de alto valor jurídico, com grande contribuição do direito
francês (Código Napoleão) e alguma contribuição do direito alemão;
- Para os críticos foi considerado um código marcadamente tradicionalista, porque
fortemente inspirado nos princípios liberais da Revolução Francesa.

O CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO

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- Em 1961, Jânio Quadros determinou Orlando Gomes a elaboração de um novo Código


Civil;
- A iniciativa ficou paralisada durante a primeira fase do regime militar e foi  retomada em
1969, com a constituição de uma comissão coordenada por Miguel Reale.

O CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO

- Dessa comissão resultou o Anteprojeto publicado em 1974, aprovado pela Câmara dos
Deputados em 1984 e remetido ao Senado, retornando à Câmara somente em 1997;
- Em 10 de janeiro de 2002, a Lei 10.406 instituiu o novo Código Civil brasileiro, que entrou
em vigor em janeiro de 2003.

PRINCÍPIOS DO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO

- Três princípios considerados fundamentais no Código Civil de 2002 foram inspirados no c
ulturalismo
 de Miguel Reale:
- SOCIALIDADE
- ETICIDADE
- OPERACIONABILIDADE

CULTURALISMO

- Corrente do pensamento que aponta a cultura como paradigma central das ciências e da
filosofia;
- Na visão de Reale há uma função integrante do conhecimento, uma busca
incessante da relação entre o que é a realidade e o pensamento a respeito da própria
realidade;
- O homem modifica o mundo e se modifica, por isso constrói cultura;
- O direito é uma ciência social e cultural.

CULTURALISMO PARA REALE

- “A ação de um culturalista sobre a realidade tem conotação carregada de

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significado, pois quando ele tem a oportunidade de agir so


br
e os fatos, o faz tendo em vista a sua concepção de cultura.”
 (Martins-Costa;Branco)

CULTURALISMO PARA REALE

- “Não vivemos no mundo de maneira indiferente, sem rumos ou sem fins. Ao


contrário, a vida humana é sempre uma procura de valores. Viver é indiscutivelmente
optar diariamente, permanentemente, entre dois ou mais valores. A existência é uma
constante tomada de posição segundo valores. Se suprimirmos a idéia de valor,
perderemos a substância própria da existência humana.

PRINCÍPIOS ESSENCIAIS DO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO

PRINCÍPIOS DO CÓDIGO CIVIL 2002

- PRINCÍPIO DA SOCIALIDADE – Os valores coletivos prevalecem sobre os valores


individuais.
- O sentido social é um dos aspectos mais relevantes desse código, em
contraposição ao sentido individualista da legislação de 1.916;

PRINCÍPIOS DO CÓDIGO CIVIL 2002

- PRINCÍPIO DA ETICIDADE – O valor da pessoa humana é a fonte de todos os


demais valores.
- O novo Código confere maior poder ao juiz para encontrar a solução que seja mais
justa e eqüitativa, mesmo em situações já sacramentadas, como nos contratos, por
exemplo.

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PRINCÍPIOS DO CÓDIGO CIVIL 2002

- PRINCÍPIO DA OPERALIDADE :  o direito deve ser efetivado, aplicado, por isso o


Código procurou evitar tudo o que fosse de difícil aplicabilidade.

TEORIA GERAL DOS CONTRATOS NO CÓDIGO CIVIL 2002

TEORIA GERAL DOS CONTRATOS NO CC/2002

PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS QUE REGEM OS CONTRATOS NO CÓDIGO CIVIL DE 2002.

- Autonomia privada;
- Força obrigatória dos contratos;
- Relatividade dos efeitos contratuais;
- Boa-fé objetiva; e,
- Função social dos contratos.

AUTONOMIA PRIVADA

- “ (...) projeção, no direito, do personalismo ético, concepção axiológica da pessoa


como centro e destinatário da ordem jurídica privada, sem o que a pessoa humana,
embora formalmente revestida de titularidade jurídica, nada mais seria do que mero
instrumento a serviço da sociedade.” (Francisco Amaral)

AUTONOMIA PRIVADA

- “(...) o princípio da autonomia privada pode ser conceituado como sendo um


regramento básico, de ordem particular – mas influenciado por normas de ordem
pública-, pelo qual na formação dos contratos, além da vontade das partes, entram em
cena outros fatores: psicológicos, políticos, econômicos e sociais. Trata-se do direito
indeclinável da parte de regulamentar os seus próprios interesses, decorrente da
dignidade humana, mas que encontra limitações em normas de ordem pública,

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particularmente nos princípios contratuais.”(Flávio Tartucce)

FORÇA OBRIGATÓRIA DOS CONTRATOS

- Princípio que prevê que os contratos têm força de lei para as partes contratantes;
- Para os estudiosos da nova ordem contratual, ou seja, para os que estudam o direito civil
constitucional, esse princípio não é mais a regra geral, mas sim uma exceção;
- O princípio que vai atuar como regra é o da CONSERVAÇÃO DO CONTRATO, ainda
que tenham que ser feitas alterações para realinhar interesses das partes.

FORÇA OBRIGATÓRIA DOS CONTRATOS

- “(...) entende por conservação do contrato a sua manutenção e continuidade de


execução, observadas as regras de equidade, do equilí brio contratual, da boa-fé
objetiva e da função social do contrato.”(Nelson Nery Júnior);
- O contrato deve ser modificado todas as vezes em que for constatado desequilíbrio entre
as partes, mas deve ser mantido e respeitado pelos contratantes, com força o
br
igatória, desde que presentes os princípios da boa-fé e da função social dos contratos.

RELATIVIDADE DOS EFEITOS CONTRATUAIS.

- É o princípio pelo qual o negócio celebrado atinge somente as partes contratantes, não
prejudicando e nem beneficiando estranhos ao contrato;
- Esse princípio começa a ser relativizado com a definição de consumidor adotada pelo
CDC -  consumidor equiparado, ou seja, no âmbito da defesa do consumidor o terceiro, não
contratante, pode ser equiparado a consumidor e ser beneficiado pela proteção da lei especial
consumerista;
- Essa proteção acontece, principalmente, na inversão do ônus da prova, na interpretação
mais benéfica, e na responsabilidade objetiva.

RELATIVIDADE DOS EFEITOS CONTRATUAIS

- “A decisão orienta-se, de certo modo, em um sentido social que se vislumbra

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importante para fundar e explicar também o direito dos contratos, o qual é subjacente a
toda a temática dos terceiros e que, realmente, representa uma evolução no paradigma
do direito privado individualista, pautado na princípio da autonomia privada contratual.
Referenda a idéia de que o contrato não é um elemento estranho ao corpo social em que
cele br
ado e no qual se ambienta.”(
Luciano de Camargo Penteado)

BOA-FÉ OBJETIVA

- É um dever de conduta que todos devem praticar, agindo sempre com probidade,
honestidade, clareza de propósitos e transparência;
- Orlando Gomes entende que a boa-fé objetiva contempla a lealdade, a confiança e a col
aboração
 entre as partes contratantes.

BOA-FÉ OBJETIVA

- “Ao princípio da boa-fé empresta-se ainda um outro significado. Para traduzir o


interesse social de segurança das relações jurídicas, diz-se, como está expresso no
Código Civil alemão, que as partes devem agir com lealdade e confiança recíprocos.
Indo mais adiante, aventa-se a idéia de que entre o credor e o devedor é necessária
colaboração, um ajudando o outro na execução do contrato.”(Orlando Gomes,
Contratos)

FUNÇÃO SOCIAL.

- A idéia de função social surge na Constituição Federal de 88, com a expressão fun


ção social da propriedade
, consagrada no inciso XXIII do art. 5º que trata dos DIREITOS E GARANTIAS
FUNDAMENTAIS dos 
br
asileiros.

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FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO

- O artigo 421 do Código Civil brasileiro, determina que: A LIBERDADE DE


CONTRATAR SERÁ EXERCIDA EM RAZÃO E NOS LIMITES DA FUNÇÃO SOCIAL DO
CONTRATO.
- No CDC a função social dos contratos  está expressa logo no artigo primeiro, que
determina que o código estabelece normas de ordem pública e interesse social na
proteção ao consumidor.

FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO

- “A função social do contrato consiste em abordar a liberdade contratual em seus


reflexos so bre a sociedade (terceiros) e não apenas no campo das relações entre
as partes que estipulam (contratantes).”Humberto Theodoro Júnior.

FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO

- “A função social do contrato representa um mecanismo interventivo de diminuição


da desigualdade para, com isso, aumentar-se a liberdade real dos contratantes.”(Carlyle
Popp)

- “(...)o entender do direito subjetivo não só como poder, já que, nele incluídos, há
também deveres, dispostos para que o exercício do direito se conforme a uma finalidade
social. “(Ricardo Lorenzetti).

FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO

- Para Judith Martins-Costa, a concretização especificativa da função social não está


pré-constituída,  mas terá que ser construída pelo julgador a cada novo julgamento,
o que torna igualmente relevante o papel dos casos precedentes.

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FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO

- Lima Lopes adverte: (...) uma expressão como função social pode inspirar as


melhores intenções, mas ela só adquire realmente alguma eficácia se tivermos do
assunto uma perspectiva propriamente social. O grande perigo que vejo (...) 
é usarmos a expressão social para construir uma jurisprudência de consolidação dos
privilégios históricos da sociedade 
br
asileira.”

CONVITE A UMA HERMENÊUTICA CRÍTICA

- Para Reale, é insustentável uma teoria da interpretação cega para o mundo dos
valores e dos fins, ou alheia e indiferente à problemática filosófica, ou ainda, uma teoria
da interpretação que flutue ao sabor das ideologias.

TRIDIMENSIONALIDADE DO DIREITO E  HERMENÊUTICA JURÍDICA.

- O LEGISLADOR procura expressar objetivamente uma complexa relação de FATOS


e VALORES, destinada, em princípio, a atender a EXIGÊNCIAS SOCIAIS DE CERTEZA E
DE SEGURANÇA, dentro de um dado ambiente histórico-cultural;

TRIDIMENSIONALIDADE DO DIREITO E HERMENÊUTICA CRÍTICA

- O INTÉRPRETE visa COMPREENDER A NORMA, a fim de aplicar em sua plenitude


o SIGNIFICADO NELA OBJETIVADO, tendo presentes os fatos e valores dos quais a
mesma emana, assim como os fatos e valores supervenientes.

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TRIDIMENSIONALIDADE DO DIREITO E HERMENÊUTICA CRÍTICA

- A norma jurídica é sempre a versão ou a veste racional de um valor, ou ainda, UM


VALOR VISTO E RECONHECIDO COMO MOTIVO DETERMINANTE DE CONDUTA.

PARA CONCLUIR

UM EXERCÍCIO DE REFLEXÃO:

UM EXERCÍCIO DE REFLEXÃO

EXERCÍCIO

OUTRO CONVITE À REFLEXÃO

EXERCÍCIO

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