Você está na página 1de 5

AO ILMO (A). SR (A).

GERENTE EXECUTIVO DA AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL DE


XXXX/UF

NB 87/xxx.xxx.xxx-x

XXXX, inscrita no CPF sob o nº xxx.xxx.xxx-xx,


devidamente representada por sua curadora, Sra. XXXX, ambas
residentes e domiciliadas em XXXX/UF, vem, por meio de seus
procuradores, apresentar pedido de revisão do ato de
indeferimento do benefício, com fulcro no art. 561 da IN nº
77/2015, pelos fundamentos a seguir expostos:

A Requerente, no dia 09 de agosto de 2016, elaborou requerimento de benefício de


prestação continuada à pessoa com deficiência.
1
Sucede que o benefício foi indeferimento pelo não cumprimento das exigências
formuladas pelo INSS, quais sejam, a apresentação de RG, CPF e CTPS de XXXX (irmão da
Requerente).

Ocorre que a Segurada, por desconhecimento, acreditou que o benefício pleitado já


havia sido indeferido. Releve-se, V. Senhoria, que a Requerente não estava assistida por
advogado, de forma que deixou de cumprir as exigências solicitadas por ignorância.

Com efeito, após o indeferimento do pedido de concessão de benefício assistencial, a


Segurada apresentou pedido de reabertura do processo administrativo, a fim de que o
benefício seja revisto. Destaque-se que, a teor do disposto no art. 543, § 1º, da Instrução
Normativa 77/2015, a constatação da intempestividade não impede a revisão de
ofício pelo INSS quando incorreta a decisão administrativa!

Portanto, pertinente a análise das razões em apreço pelos V. Conselheiros, a fim de


conceder o benefício que é DIREITO da Requerente.
1. DO CUMPRIMENTO DAS EXIGÊNCIAS

Inicialmente, impende referir que a Segurada aporta ao presente requerimento os


documentos solicitados pelo INSS na fl. XX do processo administrativo, quais sejam:

1) Carteira de identidade do Sr. XXXX, irmão da Requerente;


2) Título de eleitor do Sr. XXXX;
3) Carteira de trabalho do Sr. XXXX.

2. DO REQUISITO SOCIOECONÔMICO

O sistema de proteção aos benefícios assistenciais é bem mais sensível do que os de


benefícios previdenciários, pois visa justamente dar o amparo fundamental, para que uma
pessoa possa existir naquele corpo social, buscar sua autorrealização e, se não for possível
deixar, pelo menos ter diminuída sua situação de total marginalização social.1

A Constituição Federal de 1988 é clara ao garantir prestações assistenciais, protegendo,


principalmente, à família, à infância, à adolescência e à velhice. Além disso, a Carta Política 2

contempla situações inesperadas, como o desemprego e a invalidez.

Nesse contexto, foi editada a Lei nº 8.742/93 a qual versa sobre a organização da
Assistência Social e, em seu art. 2º, inciso I, alínea ‘e’, garante o benefício mensal de 1 (um)
salário-mínimo à pessoa com deficiência que comprove não possuir meios de prover a própria
manutenção ou de tê-la provida por sua família.

Para fins regulamentares, é verificada, como renda, a renda mensal, a soma dos
rendimentos brutos auferidos mensalmente pelos membros da família composta por salários,
proventos, pensões, pensões alimentícias, benefícios da previdência pública ou privada,
seguro-desemprego, comissões, pró-labore, outros rendimentos do trabalho não assalariado,
rendimentos do mercado informal ou autônomo, rendimento auferidos do patrimônio, Renda

1 BITTENCOURT, A. L. M. B. Manual dos Benefícios por Incapacidade Laboral e Deficiência. Curitiba:


Alteridade, 2016. p. 22.
Mensal Vitalícia e Benefício de Prestação Continuada, ressalvados os casos de benefício
assistencial ou previdenciário com o valor de um salário mínimo.2

A fim de melhor ilustrar o presente caso, veja-se abaixo a composição do grupo familiar:

XXXX (23 anos), sua genitora, XXXX (60 anos – idosa), e seu irmão, XXXX
Família:
(25 anos), num total de 3 pessoas.

Renda: Salário mínimo regional auferido pelo Sr. XXXX como pedreiro.

Aliado a isso, atente-se para o fato de que a família reside na Vila XXXX, isto é, zona
de marginalizada no município de XXXX/UF. A esse respeito, perceba-se:

1) [NOTÍCIAS PERTINENTES]

Observe-se, inclusive, que a referida localidade tem sido alvo de estudos, a fim de
promover melhorias para a comunidade. Nesse aspecto, veja-se:
3
[ESTUDO SOCIAL PERTINENTE]

Não bastasse, perceba-se também o baixo nível de instrução escolar da Segurada, a qual
possui ensino fundamental incompleto. Outrossim, saliente-se que o grupo familiar não possui
casa própria, residindo em imóvel cedido.

3. DA DEFICIÊNCIA
A deficiência de longo prazo da Segurada é incontroversa, sobretudo porque os
atestados colacionados aos autos demonstram que a Sra. XXXX é portadora de retardo
mental grave (CID 10 F72) e esquizofrenia (CID 10 F20).
Destarte, prudente considerar que as patologias que acometem a Requerente
demandam cuidado contínuo por parte de sua genitora, Sra. XXXX, bem como exigem gastos
com medicamentos, tratamentos e alimentação especial, onerando o já reduzido orçamento
familiar.

2 Ibid. p. 283.
Logo, tem-se comprovado o preenchimento de todos os requisitos atinentes ao
benefício postulado, eis que, não somente a Requerente apresenta deficiência (nos termos da
legislação inerente à matéria), como também vive em estado de risco e vulnerabilidade social,
tornando imperativa a concessão do benefício em apreço.

DA REAFIRMAÇÃO DA DER PARA DATA POSTERIOR AO REQUERIMENTO


ADMINISTRATIVO EM CASO DE NECESSIDADE

Na remota eventualidade de não serem preenchidos todos os requisitos, desde já


requer seja reafirmada a DER para o momento em que a Segurada adquirir direito ao benefício
assistencial pleiteado, concedendo-se o benefício a partir da data da aquisição do direito, nos
termos do art. 690 da IN 77/2015:

Art. 690. Se durante a análise do requerimento for verificado que na DER o


segurado não satisfazia os requisitos para o reconhecimento do direito, mas
que os implementou em momento posterior, deverá o servidor informar
ao interessado sobre a possibilidade de reafirmação da DER, exigindo-se
para sua efetivação a expressa concordância por escrito.
Parágrafo único. O disposto no caput aplica-se a todas as situações que
resultem em benefício mais vantajoso ao interessado. 4

Por fim, cumpridos todos os requisitos exigidos em lei, a Segurada adquiriu o direito ao
benefício assistencial à pessoa portadora de deficiência, tornando-se imperiosa a sua
concessão, devendo o INSS CONCEDER O MELHOR BENEFÍCIO A QUE FIZER JUS, com fulcro na
IN 77/2015:

Art. 687. O INSS deve conceder o melhor benefício a que o segurado fizer
jus, cabendo ao servidor orientar nesse sentido.

ISSO POSTO, REQUER:

a) O recebimento do presente recurso;

b) A reabertura do processo administrativo nº 87/xxx.xxx.xxx-x e a sua devida


revisão;

c) A produção de todos os meios de prova em direito admitidos, em especial pericial,


documental e testemunhal;
d) Seja reconhecido o preenchimento dos requisitos insculpidos em lei, em especial o
requisito socioeconômico, conforme fundamentação retro;

e) O provimento do pedido de revisão para a concessão do BENEFÍCIO DE


PRESTAÇÃO CONTINUADA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL À PESSOA COM
DEFICIÊNCIA, a partir da data do agendamento do requerimento administrativo
(xx/xx/xxxx);

f) Caso não seja verificado o preenchimento dos requisitos na DER, requer a sua
reafirmação para a data em que a Segurada preencheu os requisitos do benefício,
com fulcro no art. 690 da Instrução Normativa INSS/PRES nº 77/2015.

Nestes Termos;
Pede Deferimento.

Local, data.

5
Advogado
OAB/UF nº

Você também pode gostar