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BIBLIOGRAFIA: Carlos Roberto Gonçalves; Pablo Stolze; Flávio Tartuce; Código Civil
Comentado - Eduardo de Oliveira Leite
18/02/16
>>> R E V I S Ã O <<<
A B
PATRIMÔNIO
PARTICULAR
OBS: Meação ≠ Herança! São figuras de natureza jurídica distintas! Meação é um direito
que adiem do regime de bens em função do divórcio. Ela significa o direito a metade dos
bens compreendidos no patrimônio comum (aquestos). Já a herança é um direito que age
em razão do falecimento de alguém, ou seja, é o direito de participação no patrimônio
deixado por alguém.
A regra geral do regime de comunhão parcial é que os bens recebidos a título de herança
ou doação, em regra, não integram os aquestos. Para pertencer ao casal, é preciso
contemplar ambos expressamente!
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Lívia Pacheco
d. Participação final nos aquestos: quase não tem regras nem aplicação prática.
19/02/16
UNIDADE I
SUCESSÃO EM GERAL
- Em sentido amplo, sucessão (succedere) significa o "ato pelo qual uma pessoa
assume o ligar de outra, substituindo-a na titularidade de determinados
bens” (Gonçalves).
- Ninguém é obrigado a receber uma herança, pois pode ser feita a renúncia. Mas,
antigamente no Brasil, uma vez assumida, se houvesse dívidas deixadas pelo falecido,
o herdeiro passa a responder por essa dívida com o seu próprio patrimônio, o que
tornava a condição de herdeiro um risco. Essa situação porém foi alterada, pois
atualmente a herança é recebida À BENEFÍCIO DO INVENTÁRIO, o que significa que
os herdeiros não respondem pelas dívidas do falecido com o seu patrimônio pessoal,
mas sim apenas vão responder por débitos dentro a proporção que foi recebida por
herança.
Quando a pessoa falece, ocorre um fenômeno jurídico, no qual se deve dar algum destino
com o conjunto de direitos e deveres que ela deixou. Uma pessoa específica vai ficar
responsável pela administração, que é a inventariante! Ele apenas vai administrar, não
sendo o proprietário, pois entre os demais herdeiros será constituído um condomínio.
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Lívia Pacheco
25/02/16
26/02/16
Após esse tempo, os herdeiros fazem um pedido de sucessão provisória. Nessa fase,
serão conhecidos os herdeiros e os bens deixados pela pessoa, onde será feita uma
partilha, nos mesmos moldes da partilha normal. A diferença é que esses herdeiros não
terão a propriedade definitiva desses bens, tendo o uso e o gozo, mas não podendo
dispor nem modificar o bem, e qualquer coisa necessária neste sentido, apenas pode ser
feita mediante decisão judicial. A sucessão provisória dura 10 anos.
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Lívia Pacheco
Nos termos do art. 1829, CC, há 4 classes de herdeiros legítimos, sendo necessários e
facultativos. Quando uma pessoa falece, do seu patrimônio, 50% correspondem à legítima
e os outros 50% são disponíveis (a pessoa tem liberdade/autonomia, podendo entregar
para um amigo, ou um único filho por exemplo). Se essa pessoa possuir herdeiros
necessários, ele obrigatoriamente precisa respeitar a legítima, que será destinada aos
herdeiros necessários. Esse cálculo da legítima é feita no momento da abertura da
sucessão!
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Lívia Pacheco
UNIVERSAL é aquela em que os herdeiros têm direito a toda uma massa unitária
deixada pelo falecido, mesmo que esse patrimônio ainda não seja conhecido.
OBS: a sucessão legatária é dentro da testamentária.
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Lívia Pacheco
Ex: Paula é rica, não tem pais, filhos e é solteira. Porém, ela tem 3
sobrinhos e 2 irmãos . Basta a sua vontade para afastar o recebimento de
alguns deles. Se ela quiser deixar a herança para apenas 2 sobrinhos ela
pode! Não há qualquer irregularidade no testamento (tem que existir o
testamento!!) que fizer isso, pois ela apenas afastou a herança dos
colaterais. E se ela quiser deixar a herança para um amigo ou uma
instituição de caridade? Ela pode! Mas para tanto tem que haver a
realização de um testamento, pois se não houver testamento, esses
colaterais serão chamados pois estão na ordem da sucessão legítima.
—> COMORIENTES - ART. 8º CC - é uma ficção jurídica usada nas situações em que
não se pode determinar o momento da morte. Ex: pai e filho que falecem num acidente de
carro. Serão abertas duas sucessões diferentes, mas o filho não vai ocupar posição de
herdeiro do pai, nem o pai será considerado herdeiro do filho. Há importância de
verificação do momento da morte entre duas pessoas, pois a sucessão ocorre somente
quando for uma beneficiária ou herdeira da outra. Não há sucessão de patrimônio entre
os comorientes.
03/02/16
- ACEITAÇÃO: é o ato pelo qual o sucessor manifesta sua vontade de receber a herança
ou legado. É irretratável. (art. 1.812)
>> Espécies:
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Lívia Pacheco
Se o herdeiro possui um credor, esse credor tem um mecanismo de requerer ao juiz que o
herdeiro seja chamado a se manifestar acerca de aceitar ou não. Se o herdeiro não se
manifestar, surge a possibilidade de se presumir a aceitação. A lei ainda faz previsão, no
art. 1813, que quando o herdeiro renunciar a herança para prejudicar seus credores, os
credores, com autorização do juiz, podem aceita-la (não é aceitação presumida).
OBS: ACEITAÇÃO PELOS SUCESSORES (Art. 1809) - caso o herdeiro faleça antes de
aceitar a herança, seu herdeiro poderá fazê-lo:
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Lívia Pacheco
O caput faz menção à condição suspensiva. Sabe-se que a condição suspensiva não
cabe na sucessão legítima, mas isso pode haver no testamento. Ex: Paula deixa, em seu
testamento, um apartamento para João quando ele se formasse em medicina. Quando
Paula falece, Joao ainda não se formou em medicina. Se antes de Paula falecer, João
falecer e não se formar em medicina, não podem os herdeiros pedir a herança em seu
nome.
Ex: João (pai) faleceu primeiro. Mateus, filho de João, faleceu antes de manifestar ou não
sua aceitação da herança de João. Mateus tinha 3 filhos. Esses filhos, nessa hipótese,
podem manifestar a aceitação (ou não) da herança de João, no lugar de Mateus. Para
tanto, será necessário, primeiro, aceitar a herança de Mateus.
OBS: essa regra não tem nada a ver com o instituto da representação. Ex:
Se Mateus fosse pré-morto (quem morreu antes de quem está deferindo a
herança, que é o João), tivesse mais 2 irmãos, os seus 3 filhos seriam
chamado para receber a herança em seu nome, havendo, aqui, a
representação.
- OBSERVAÇÕES:
- §1º do art. 1808, CC - § 1o O herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los,
renunciando a herança; ou, aceitando-a, repudiá-los.
O herdeiro pode renunciar a parte que lhe cabe no testamento e aceitar a legítima
- RENÚNCIA: é um ato solene (nunca pode ser presumida, nem tácita), pelo qual o
herdeiro abdica à herança. Exige forma escrita, por instrumento público perante o
Tabelião ou o Juiz (art. 1806).
- Só pode ocorrer APÓS A MORTE do hereditando;
- Para renunciar, o herdeiro precisa possuir capacidade jurídica plena.
b) TRANSLATIVA: o herdeiro transfere para outra pessoa, podendo ser, por exemplo,
um outro irmão. A crítica doutrinária consiste no fato que para o herdeiro transferir
para alguém, ele tem que aceitar (e depois transferir). Para esses civilistas, o que
ocorre é semelhante a uma cessão. Nesse tipo, há incidência do imposto de
transmissão "inter vivos".
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Lívia Pacheco
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Lívia Pacheco
Ex: Se João, que morreu, apenas tem como filho Mateus, que tem 2 filhos. Se Mateus
renunciar, seus 2 filhos a receberão, pela ordem de herdeiros preferencias. Aqui é
herança por cabeça!
OBS: a herança pode ser herdada por direito próprio, quando se ocupa a classe
de herdeiro preferencial, também chamado de herdar “por cabeça”, ou por
representação, que significa que não se está ocupando a classe, mas há o
direito de representar esse herdeiro. Herdar por representação é herdar por
estirpe, o fato de estar representado o herdeiro me leva o direito de herdar o que
em tese caberia a ele.
OBS2: art. 1811 - quando uma classe deixa de existir, a outra será chamada para
herdar:
04/03/16
UNIDADE II
SUCESSÃO LEGÍTIMA (art. 1829, CC)
A legítima significa 50% do patrimônio de uma pessoa. Ela obrigatoriamente pertence aos
herdeiros legítimos necessários, e poderá pertencer aos herdeiros legítimos facultativos
("poderá" pois não há obrigatoriedade do recebimento pelos facultativos, que podem ser
afastados, sem qualquer ilegalidade).
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Lívia Pacheco
Esse são os herdeiros determinados pela lei. A ordem é preferencial e excludente! Isto
significa que uma classe exclui a outra subsequente. Dentro de cada classe existem
graus.
Quando se fala da concorrência do cônjuge com ascendente, ela sempre vai ocorrer. Já
em relação aos descendentes, ela nem sempre vai acontecer, mas apenas em
determinadas situações previstas na lei. Herdar concorrentemente é herdar junto, ou seja,
nem tudo será entregue ao descendente, pois uma parte será do cônjuge. Existem regras
que determinam qual a parte que será entregue a um e a outro.
Por fim, o inciso traz a seguinte ressalva: no caso do regime de comunhão parcial, se o
autor da herança tiver deixado bens particulares, há concorrência! Se não tiver
deixado, não há concorrência.
EX: Quando B falece, A, por direito de meação, retira 50% dos aquestos. Aqui,
deve-se analisar o seguinte: o B poderia ter apenas deixado bens comuns com o
outro cônjuge como patrimônio - sem bens particulares - o que levaria a um bis in
idem de A caso ele voltasse para concorrer com os descendentes pela herança
(que seria a outra parte dos aquestos). Porém, se o B deixou bens particulares, a
herança deixada por B não seria apenas formada pelos antigos aquestos (bens
comuns), pois há bens particulares, pelos quais o cônjuge herdará em
concorrência com os descendentes.
Quando não houver descendente nem ascendente, TUDO irá para o cônjuge(mesmo que
tenha irmão etc.)!
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Lívia Pacheco
Os colaterais também têm graus (igual nas outras classes). O colateral só existe a partir
do 2º grau (irmão) e vai até o quarto grau. Pode ocorrer um coincidência de graus entre
tio e sobrinho, sendo que nesse caso a lei prefere o sobrinho ao tio!
Ex: A e B são casados e, juntos, têm 2 filhos. Porém, A já tinha 2 filhos frutos de outro
casamento. O A morre. O regime de bens permite a concorrência. O art. não fala
especificamente sobre filiação híbrida, sendo que a solução será dada pela doutrina.
Vejamos as situações:
—> Se apenas houvesse filhos comuns: a herança seria por cabeça —> o cônjuge
ficaria com 1/3 e cada um dos filhos com 1/3 (cada um). Se fossem três filhos comuns, o
cônjuge ficariam com 1/4 da herança, e cada um dos filhos também com 1/4. A teoria
chama isso de RESERVA DA QUARTA PARTE, que apenas vai aparecer no momento da
filiação comum, mostrando-se necessária quando o casal tiver mais de 3 filhos! Isso
porque, se a divisão fosse feita por cabeça, cada um ficaria com 1/5 da herança, mas isso
não pode pela lei! Nesse caso, 25% da herança deve ficar com o cônjuge e os outros 75%
seriam divididos entre os 4 filhos!
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Lívia Pacheco
2ª corrente - não deve haver a reserva da quarta parte. A herança deve ser divida
por cabeça quando houver filhos híbridos, pelo fato de que o reconhecimento da
quarta parte é uma forma de prejudicar os filhos exclusivos. Essa é a corrente
majoritária! Não há reserva da quarta parte e a herança será por cabeça.
Ex: A e B são casados. Em comum têm 3 filhos e B tem 2 filhos exclusivos. Se o B morre,
segundos as correntes, ocorre o seguintes: i) pela primeira corrente, ao A caberia 1/4 da
herança e o restante seria dividido aos 5 filhos; ii) majoritária - todos receberiam a
herança por cabeça, ficando cada um com 1/6 da herança.
OBS: quando não há filhos em comum, sendo apenas filiação híbrida não cabe falar em
reserva da quarta parte!
O art. 1838, CC traz a hipótese de quando não há descendente nem ascendente, de moo
que tudo será herdado pelo cônjuge, em razão da ordem de preferência do art. 1829! Não
se trata de uma vontade de quem morreu, mas de uma determinação legal: Art. 1.838. Em
falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge
sobrevivente.
OBS: não confundir que aquelas regras de regime de comunhão (quando vai herdar
concorrentemente ou não) é apenas no caso de descendentes concorrendo com
ascendentes! Não sendo aplicadas em outras situações. A ressalvas apenas são devidas
na concorrência entre cônjuges e descendentes.
O art. 1839 traz a hipótese do chamamento dos colaterais na ordem de preferência para
herança: Art. 1.839. Se não houver cônjuge sobrevivente, nas condições estabelecidas no art.
1.830, serão chamados a suceder os colaterais até o quarto grau.
O art. 1840 traz uma ressalva importante: Art. 1.841. Concorrendo à herança do falecido
irmãos bilaterais com irmãos unilaterais, cada um destes herdará metade do que cada um
daqueles herdar.
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Lívia Pacheco
Sabe-se que o filho pode representar o pai, por exemplo, no recebimento da herança, de
forma que o recebimento será por estirpe.
Exemplo representação:
Do mesmo modo, a regra é que não cabe representação em linha colateral, mas a lei vai
fazer a ressalva! Porém, no que tange aos colaterais, a lei fez uma exceção, ao fazer
surgir entre os colaterais o direito de representação.
Ex: João tinha 2 irmãos, Pedro e Carlos. Carlos tem 2 filhos. Carlos morre (pré morto).
Logo depois, João morre: não tem ascendentes, não tem descendentes, nem cônjuge:
tem apenas um irmão (Pedro) e 2 sobrinhos (filhos de Carlos). Pela regra, o colateral mais
próximo é Pedro e ele herdaria, porém, ai entra a ressalva do 1840, na qual surge o
direito de representação para uso sobrinhos, no sentido que poderão representar o pai
(pré-morto) na herança do tio. Nesse caso, da herança de João, 1/2 iria para Pedro e 1/2
para os sobrinhos (cada um ficando com 25%).
Essa representação apenas será aplicável se quem morreu tiver irmãos. Se os irmãos
não existirem (pre mortos), tudo será passado aos sobrinhos.
Se no mesmo exemplo, o Carlos tivesse renunciado a herança de João, seus filhos não
teriam o direito de representa-lo. Mas se os filhos de Carlos tivessem renunciado sua
herança, eles poderiam representá-lo na herança de João. ATENÇÃO: Mesmo com a
renúncia de Carlos, seus filhos ainda poderiam herdar (na sorte) caso todos os irmãos
não pudessem herdar (por algum motivo), ai eles herdariam por cabeça (pois a classe de
cima deixou de existir). A classe toda tem que sumir por renuncia ou todos pré mortos! Só
vão herdar por direito prórpio caso a classe de cima toda deixar de existir por renuncia ou
pre morte) ou então por motivos diversos, mas não haja mais ninguém para suceder).
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Lívia Pacheco
O art. 1841 traz outra regra, quando há irmãos (colaterais), bilaterais e unilaterais:
“Concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais com irmãos unilaterais, cada um
destes herdará metade do que cada um daqueles herdar"
Ex: A e B (pais) são pré mortos. Em comum A e B têm 3 filhos (1, 2 e 3). B
tem 2 exclusivos (4 e 5). 1 falece. Por essa regra do 1841, se a herança de
1 fosse de 900 mil, o 2 e o 3 receberiam 300 mil cada! O 4 e o 5 recebiam
metade do que 2 e 3 receberam, ou seja, 150 mil cada.
Também há a regra do art. 1843, que traz a hipótese da não existência de irmãos, na qual
a preferencia será pelos sobrinhos ao invés dos tios: “Na falta de irmãos, herdarão os
filhos destes e, não os havendo, os tios”
Pelo §2º a regra se mantém, herdando por cabeça: "§ 2o Se concorrem filhos de irmãos
bilaterais com filhos de irmãos unilaterais, cada um destes herdará a metade do que herdar cada
um daqueles.”
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Lívia Pacheco
16/03/16
Quando se fala que uma pessoa é incapaz para herdar, tem-se uma pessoa que se
apresenta/é incluído como um herdeiro indigno ou deserdado. O herdeiro renunciante
não se enquadra aqui, de modo que é um ato voluntário do herdeiro (por vontade propor
se afasta a herança), tendo efeitos ex tunc e atingindo os herdeiros.
A saisine opera a transmissão ficttia, mas não confirma a condição de herdeiros, que
apenas será confirmada posteriormente: com sua aceitação e verificação da inexistência
de causa de indignidade ou deserdação.
Se for uma herança com um único herdeiro e esse incorreu em causa de indignidade,
também haveria legitimidade do MP.
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Lívia Pacheco
—> Os motivos nem sempre serão anterior à —> Os motivo serão sempre anteriores à
morte morte
—> Deve ser confirmada por sentença (art. —> Deve ser confirmada por sentença (art.
1815) 1965)
O art. 1814 disciplina as causas da indignidade! Algumas vão se confundir com as causas
da deserdação, mas há algumas que são exclusivas.
Mesma que a deserdação seja a vontade expressa do testador, ainda assim tem que se
verificar a ocorrência da hipótese de caso que ensejou a deserdação após a morte,
justamente por seu algo muito grave (afasta de uma garantia fundamental).
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Lívia Pacheco
Ex: Paula deserdou seu filho em testamento, pelo fato de ter tentado mata-
la. Esse testamento foi registrado. Os anos passaram e Paula mudou de
ideia. Ela fará um novo testamento, mudando as clausulas, o perdoando,
colocando que deseja que o filho participe da sucessão. Caso fosse uma
situação de indignidade, ou seja, o herdeiro tenha intentado contra a sua
vida, mas ela não a deserdou. Ela sabe que os outros filhos vão entrar com
a ação de indignidade. Paula, porém, perdoou o filho, fazendo um
testamento ou uma escritora pública na qual afirma que perdoou o filho
nesse ato de indignidade.
OBS2: nesse caso, a esfera cível tem poder para investigar os fatos, por exemplo
numa questão de homicídio. Assim, em tese, não há obrigatoriedade de se esperar
o trânsito em julgado da sentença criminal. Mas isso é bastante controverso.
Ex: No mesmo exemplo acima, imagine-se que x e y sejam menores de idade (ou
incapazes), mas receberam bens - 2 casas para cada- provenientes da sucessão
de A, na qual 2 foi excluido por indignidade (receberam por representação). Por
serem menores, não podem administrar os patrimônios que receberam. O 2, como
é indigno, também não poderá administra. Nesse caso, o juiz analisará a situação:
se o 2 tiver um companheiro (ascendente de x e y), ele será o responsável; caso
não haja esse ascendente, o juiz nomeará um curador para esse bem!
Art. 1.818. Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da herança será
admitido a suceder, se o ofendido o tiver expressamente reabilitado em testamento, ou em
outro ato autêntico.
Já vimos que as cláusulas do testamento posterior (mais recente) é que devem ser
cumpridas.
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Lívia Pacheco
Ex: O filho de Paula tentou envenena-la. Ela sabe que isso aconteceu e
passado um tempo ela faz um testamento que não o deserda, mas o
constitui como herdeiro de um legado (ex: um terreno). Pelo parágrafo
único, se Paula age dessa forma, o legislador entende que os demais
herdeiros terão o direito de afasta-lo da sucessão legítima, contudo ele
continuara recebendo o legado. Agora, se o testamento foi anterior ao fato
ocorrido (tentativa de envenenar), esse herdeiro pode ser afastado de toda
herança pelos demais herdeiros.
Em regra geral, não há a possibilidade do perdão tácito, tendo que ser expresso. Alguns
autores, porém, chama essa previsão do parágrafo único do art. 1818 de perdão tácito. A
crítica é que se assim fosse entendido, deveria ocorrer um perdão a toda herança e não
apenas ao legado. Não é esse o entendimento que prevalece.
(exercícios - importantes!)
31/03/16
Art. 1.973. Sobrevindo descendente sucessível ao testador, que não o tinha ou não
o conhecia quando testou, rompe-se o testamento em todas as suas disposições,
se esse descendente sobreviver ao testador.
Já vimos que aos herdeiros legítimos necessários, a legitima deve ser obrigatoriamente
respeitada! Se apenas houver herdeiros facultativos, a legitima não precisa ser
observada, podendo ultrapassar o valor ou então dispor de todo o patrimônio.
Ocorre que há hipóteses em que o testamento feito será rompido, conforme dispõe o CC.
Uma dessas situações é o art. 1973. Trata-se da hipótese de após a realização do
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Lívia Pacheco
Ex: Paula faz um testamento no ano 2000. Em 2002, seu filho nasce. Em 2003 ela morre.
O testamento foi rompido.
O art. 1974 faz menção ao não conhecimento de outros herdeiros necessários, sendo
ascendente ou cônjuge.
(confirmar a situação: pai fez o testamento tendo um filho. nasce outro filho. pai morre. o
testamento é válido ou não? pela regra será válido)
(prof disse que não vai cobrar rompimento na primeira prova, pois vai reforçar o assunto
na sucessão testamentária)
07/04/16
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Lívia Pacheco
Quando se trata de matéria sucessória, há uma divergência entre o art. 1790 e o art.
1829, CC:
Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro,
quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas
condições seguintes:
I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por
lei for atribuída ao filho;
II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade
do que couber a cada um daqueles;
III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da
herança;
IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.
Em nenhum momento até aqui vimos a questão do companheiro. Ocorre que o art. 1790
trata do companheiro. O enunciado do art. já traz um ponto diferenciado entre
companheiro e cônjuge. O cônjuge pode participar da sucessão de outro não apenas em
razão da meação, dos bens formados durante a união, mas como herdeiro necessário,
concorrendo inclusive com os decendentes, dependendo de outros fatores, como o
regime de bens, a existência ou não de descendentes etc. Já o companheiro tem direito
aos bens adquiridos onerosamente durante a convivência em união estável.
Pelo inciso II, tem-se que quando o cônjuge concorre com filhos exclusivos do autor da
herança, entende-se que não reserva da quarta parte e a herança é distribuída por
cabeça. O companheiro não terá esse mesmo beneficio, pois ele receberá a metade do
que couber ao descendente (filhos exclusivos do autos da herança).
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Lívia Pacheco
O inciso IV significa que o companheiro não concorre com os colaterais e que não tem
nenhum direito de preferência sobre nenhum colateral. Se quem faleceu tiver colateral até
4º grau vivo, será essa pessoa a contemplada. (dúvida: ele concorre ou não concorre e o
art. só fala da preferencia?)
Assim, a forma que a lei considerou o companheiro é totalmente diferente da forma que
ela contemplou o cônjuge, que é um herdeiro necessário! O tratamento do cônjuge é
muito mais "benéfico" do que ao companheiro, e isso é passível de muitas discussões,
pois a CF iguala a situação de companheiro e cônjuge. (tema do trabalho). Questionou-se
então se o art. 1790, ao colocar essa distinção sucessória, estaria ferindo a CF.
08/04/16
patrimoniais e não sua condição de herdeiro. Quando é gratuita, ela equivale a uma
doação, e quando onerosa tem equivalência a um contrato de compra e venda. A
importância disso é para situações como a essa: em que, se por ventura, algum irmão
decidir renunciar a herança e por direito de acrescer essa parte volta a integrar o
monte, se a cessão for antes dessa renúncia, a parte dele que irá acrescer apenas
pertencia ao herdeiro e não àquela que comprou direitos hereditários.
- A cessão não poderá contemplar bem determinado (§2º do art. 1793). Somente
após a partilha é que se pode alienar coisa individualizada.
Essa cessão de direitos (antes da efetiva partilha) é sempre um risco: Se a cessão for
feita de um bem específico e a pessoa (terceiro) aceita e celebra o negócio—> se ao final
o bem ficar com o herdeiro cedente, o negocio está válido. Se o bem não ficar com o
herdeiro cedente, o negocio não será eficaz. Não sendo eficaz. o terceiro irá perder o
bem, não surgindo para ele qualquer tipo de indenização/ perdas e danos (é diferente da
situação de compra e venda). Esse raciocínio é apenas válido para a cessão onerosa.
- O herdeiro que deseja ceder seus direitos hereditários, deverá primeiro oferece-lo
aos demais co-herdeiros (arts. 1794, 1795, 1791, p. único).
- Para o legatário não há o direito de preferência, pois este sucede a título singular,
recebendo um bem individualizada da herança, não gerando condomínio.
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Lívia Pacheco
- OBS: pessoas beneficiadas com um único legado - art. 1795 - Ocorre que no legado,
o falecido pode constituir legado de um único bem para mais de uma pessoa,
estabelecendo-se um condomínio entre esses legatários. Se um desses legatários
quiser ceder os seus direitos sobre esse bem, ele terá que respeitar o direito de
preferência do outro co-legatário.
Atenção: as regras de alienação (só onerosa) de bens imóveis ser válidas para a cessão
de direitos hereditários.
Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o
co-herdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública.
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Lívia Pacheco
§ 2o É ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito hereditário sobre
qualquer bem da herança considerado singularmente.
Situação em que o herdeiro cede um bem específico e ao final da partilha não fica com
ele — negócio ineficaz.
Esse parágrafo elucida a impossibilidade de cessão antes da partilha, pois todos são
condôminos.
Ex: Há 4 irmãos, dentre eles há Paula. Paula tem um problema de saúde e precisa fazer
um tratamento fora do Brasil. Ela não pode fazer a cessão dos direitos hereditários, nem
de bem do acervo pois ela não tem o bem especifico (não tem a propriedade). Ela pode,
porém, pedir uma autorização judicial. Normalmente, o juiz chamará outros os herdeiros
para se manifestarem, mas ele pode fazer isso de ofício sem ouvir ninguém. Outra
hipótese é quando todos os herdeiros concordarem, essa cessão será autorizada e
eficaz.
OBS: a cessão não precisa ser de todos os direitos, podendo ser de parte
dela, o que deve ficar especificado no contrato de cessão. Pode-se ceder
apenas um bem específico herdado, e se essa casa não ficar com a
pessoa que cedeu, essa pessoa a perderá - é um risco.
Art. 1.794. O co-herdeiro não poderá ceder a sua quota hereditária a pessoa
estranha à sucessão, se outro co-herdeiro a quiser, tanto por tanto.
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Lívia Pacheco
Parágrafo único. Sendo vários os co-herdeiros a exercer a preferência, entre eles
se distribuirá o quinhão cedido, na proporção das respectivas quotas hereditárias.
- Art. 1819:
Art. 1.819. Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo
notoriamente conhecido, os bens da herança, depois de arrecadados, ficarão sob
a guarda e administração de um curador, até a sua entrega ao sucessor
devidamente habilitado ou à declaração de sua vacância.
Se não houver nenhum interessado em receber a herança, ela será entregue ao Estado!
Como que esses bens serão entregue ao estado? Não é tão simples assim (não tem
ninguém para herdar, vai para o estado).
Se existir testamento, ele é suficiente para considerar uma pessoa como herdeiro apto a
receber o patrimônio.
- Herança jacente é aquela em que inexistem herdeiros com direito sobre ela, ou
quando todos os herdeiros tenham renunciado a herança.
33
Lívia Pacheco
A herança jacente, então, também pode ocorrer quando todos os herdeiros renunciaram e
não há mais ninguém para herdar!
Somente ao final desse procedimento é que a herança será considerada vacante e ser
entregue ao Estado.
- Vacante é a herança que não possui sucessores e os bens são entregues ao ente
público determinado pela lei.
—> JACÊNCIA:
O juiz, nessa fase, faz um levantamento dos bens existentes de determinada pessoa.
Encontrando os bens, será nomeado um curador, que será remunerado. Essa pessoa fica
na administração desses bens, com todos os direitos e deveres de curador (ex: os frutos
deverão ser depositados, prestação de contas).
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Lívia Pacheco
Após a arrecadação dos bens, são expedidos editais justamente para se tentar encontrar
possíveis herdeiros. Eles exigem que alguns prazos sejam respeitados para o
aparecimento de herdeiros. Não é um prazo ad eternum. Pelo CPC antigo era 30 dias - 60
dias - 90 dias.
14/04/16
29/04/16
UNIDADE III
SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
Quando uma pessoa falece, em tese considera-se que 50% de seu patrimônio compõe a
legítima e 50% compõe a parte disponível.
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Lívia Pacheco
Por isso que se estuda os institutos da renúncia (ato unilateral, manifestação de vontade),
da indignidade e da deserdação (hipóteses de exclusão - que o legislador compreende
como não compatíveis para pessoas da mesma família, sendo causas de exclusão), pois
essas são as únicas formas de se afastar os herdeiros legítimos necessários que teriam o
direito fundamental à herança. A lei permite que essas pessoas sejam privadas a exercer
esse direito fundamental de herança, podendo ser excluídos.
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Lívia Pacheco
Dentro do testamento, pode-se ter herdeiros universais e herdeiros legatários, que são
os herdeiros a título universal. Se pudéssemos classifica-los em um grande grupo, ambos
são herdeiros testamentários, pois são constituídos por meio de um testamento, mas
como a natureza jurídica da destinação/ da forma como irão receber os bens irão variar
em alguns elementos, é necessário fazer uma subdivisão.
Não é que o herdeiro legatário não seja testamentário, pois ele é, sendo constituído em
testamento! Porém, irá receber um bem específico e não a universalidade do patrimônio!
São formas distintas de recebimento da herança, o que faz toda diferenças, redução das
cláusulas testamentárias, pois há uma proteção maior ao legado, pela vontade do
testador ser entendida como clara e determinada!
Deve-se salientar que quando é necessário reduzir as cláusulas testamentárias, por ter o
testador extrapolado a parte disponível, primeiro se reduz as cláusulas referentes aos
herdeiros testamentários universais, para só depois reduzir as cláusulas legatárias.Só se
adentrará o legado se for necessário.
2. CARACTERÍSTICAS
a) ATO PERSONALÍSSIMO: ato que expressa a vontade do testador. Não é possível que
ele feito mediante procuração, mesmo que seja procuração específica para isso! A única
possibilidade é de que se for um testamento público pode-se ter alguém transcrevendo as
clausulas enquanto o testador as dita ou leva um “rascunho”. Nesse caso sempre é
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Lívia Pacheco
necessário ter testemunhas para confirmar o que foi dito. Isso não afasta ser um ato
personalíssimo.
b) NEGÓCIO JURÍDICO UNILATERAL: quando se faz o testamento não tem que ter a
concordância nem anuência de quem está sendo contemplado no testamento, e
nem dos herdeiros legítimos! A única coisa é que não se desrespeite a legítima! Óbvio
que ao ser aberto/conhecido, o contemplado terá o herdeiro o direito de se manifestar,
aceitando ou não, o que não desconfigura o ato como unilateral, pois a única
conseuqenua é que a clausula não será cumprida.
O fundamento para essa ilegalidade, com base no art. 426, é a vedação de contrato
sobre herança de pessoa viva, pois o primeiro pressuposto para ser o herdeiro de
alguém é estar vivo após a morte do hereditando. Assim, o pacto sucessório gera um
tipo de contrato/ajuste que ainda não morreu, não sendo considerado válido pela
legislação brasileira.
- recíproco: é quando se deixa algo num testamento desde que a outra faça alguma
coisa ou deixe alguma coisa para o testador. Ex: deixo meu apartamento da Praia da
Costa para Carol desde que ela deixe o apartamento de GP para mim (com o Romeu).
OBS: Para ser pacto sucessório, tem que existir um ajuste. Se for
mero ato de vontade, não configura. EX: o casal pode ir junto ao
cartório fazer seus testamentos e não necessariamente será
configurado pacto sucessório. É no caso concreto que se analisa.
Deve parecer que houve algum tipo de ajuste.
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Lívia Pacheco
podendo ainda ser esse filho que mora na Itália o supervisor dessa
gerência por outro herdeiro.
e) ATO REVOGÁVEL* (arts. 1969 e 1858): é um ato revogável em vida, pois pode-se
fazer quantos testamentos quiser! Como regra geral, tem-se que o mais novo deve
prevalecer, revogando o anterior. A pessoa pode fazer uma cláusula deixando isso claro:
“revogo o testamento anterior”. Se, porém, ele não faz isso, deve-se fazer uma análise
das cláusulas. Assim, considera-se válido o último testamento, sendo necessário algumas
observações
Ex: em 2010, Paula fez um testamento deixando um apartamento para Luisa, mas
em 2015 faz outro testamento deixando o mesmo apto para Gabriel —> aqui,
entende-se que houve uma revogação tácita, e que a vontade que deve prevalecer
é a mais recente, devendo o apto ser de Gabriel.
Se os testamentos não tiverem cláusulas que confrontam entre si, ambos serão
cumpridos (se não tiver escrito que o anterior foi revogado).
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Lívia Pacheco
Ex: se eu deixo um testamento com um um bem e esse bem foi modificado, —>
caducou! Paula deixa uma gargantilha de esmeralda para Fran em testamento em
2012. Se em 2013, Paula usa essa gargantilha para fazer um par de brinco —>
houve a caducidade do legado! (vamos ver isso mais pra frente).
Assim, a revogação do testamento pode ser explícita, mas também pode ser tácita.
Atenção: se a pessoa falece antes de titularizar o legado (antes da pessoa que deixou o
legado), os herdeiros não poderão receber. Isso porque NÃO TEM REPRESENTAÇÃO
na sucessão testamentária nem na legatária. Se a pessoa já estiver aceitado o legado
(antes da partilha - pois o legatário recebe antes), ai sim os seus herdeiros poderão
receber esse legado, pois integrará o patrimônio (legítima) na sua sucessão!
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Lívia Pacheco
f) ATO “CAUSA MORTIS”: É um ato que apenas produz efeitos após a morte, podendo
ser revogado a qualquer tempo. (ler junto com ato revogável)
13/05/16
3. DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS
Já vimos que o testamento é um documento escrito que traz a vontade do testador. Dai a
importância de se ter um testamento claro, com cláusulas objetivas, pois quem irá aplica-
lo e interpreta-lo é o magistrado. Se uma cláusula estiver muito confusa, poderá, inclusive
(em último caso), ser considerada inexistente.
3.1 REGRAS INTERPRETATIVAS: são usadas quando a cláusula for dúbia, não for clara.
Existem algumas dicas construídas pela teoria para ajudar o juiz nessa interpretação. Não
há hierarquia entre elas, nem obrigatoriedade de utiliza-las, pois elas são para facilitar:
mais inteligentes”. Isso deve ser pensado na forma mais ampla. Como não se consegue
apurar quem são os mais inteligentes (alguns podem alegar que a nota não é a melhor
forma de avaliação), deve-se dar os bens a todos os sobrinhos (isso seria a vontade mais
ampla).
2ª —> Utilizar significado comum das palavras: se o testamento tiver uma palavra
muito “culta”, com mais de um significado, deve-se optar pela sentido comum dessa
palavra.
3ª —> sentido mais próximo a razão testamentária: Havendo dubiedade, deve-se optar
pelo sentido que se mostre mais próximo da razão testamentária (art. 1899): é o caso de
constar no testamento a cláusula “Deixo o apartamento para que João entregue a Maria”.
O que mais se aproxima da vontade do indivíduo é que o apartamento seja de Maria, pois
é mais claro que o testador queria a beneficiar, e João figura mais como um
intermediador.
Art. 1902 —> Ex: “Deixo minhas finanças para os pobres” —> mas quais pobres? A
compreensão deve ser dos pobres relativos ao local de domicílio do testador ao tempo da
sua morte, salvo se manifestamente constar que tinha em mente beneficiar os de outra
localidade.
Parágrafo único —> tal previsão deriva do fato de que, em tese, as instituições
particulares que cuidam de pessoas pobres dispõem de menos recursos.
Art. 1904 —> Ex: “deixo meu patrimônio meus três irmãos: João, Maria e José” - não
houve determinação da fração de cada um para essa parte disponível. Não havendo tal
disposição, a parte disponível será partilhada em partes iguais, pois, em tese, isso se
aproxima mais da vontade do testador.
Art. 1905 —> Ex: “João, com relação a sua parte disponível, deixa 30% do patrimônio
para A, B e para os filhos de C (A, B e C são seus amigos). C tem três filhos: X, Y e Z.
Como será a divisão? Em 3 partes, pois se ele falou “filhos de C” ele se referiu a apenas
um grupo, um único destinatário da herança.
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Lívia Pacheco
Art. 1906 —> se sobrar algo da sucessão testamentária, essa sobra será direcionada
para a sucessão legítima.
Art. 1907 —> Ex: se X falece e não possui herdeiros legítimos necessários, apenas
facultativos, com patrimônio de R$ 170.000,00. No testamento, ele coloca que constitui
como herdeiros A, B, C e D, sendo que A deve receber 50 mil e B 20 mil. Assim, os outros
100 mil serão divididos igualmente entre C e D. Se, porém, houvesse herdeiros
necessários (dois filhos) e sua herança fosse de R$ 250 mil: 125 mil seriam da legítima,
indo para os filhos. Os outros 125 mil seriam parte disponível. Se, em testamento, ele
determinar que A fica com 10 mil e B com 20 mil, e apenas determinar que C e D serão
herdeiros, o restante (95 mil) deve ser dividido entre C e D, que ficarão com R$ 47.500
cada.
Art. 1908 —> Ex: a pessoa deixa para o sobrinho João o apartamento do RJ com todos
os acessórios que ali existem, com exceção do quadro do Portinari, que vale 600 mil
reais. Se essa ressalva não fosse falta, subentenderia que tudo que estava ali dentro
seria para João. Esse quadro voltará a integrar a legítima, sendo entregue aos herdeiros
necessários, mesmo estando antes considerado no valor correspondente ao patrimônio
disponível.
Art. 1898 - visa impedir que a pessoa designe um bem com o tempo exato para alguém
começar a exercer sua condição de herdeiro. O tempo não é considerado uma condição.
A condição é permitida no testamento (ex: deixo meu apartamento para Paula quando ela
terminar a faculdade de medicina), mas colocar um tempo não é considerada uma
condição. Ex: deixou um apartamento para Paula a partir de 20 de fev de 2018 —> é
ineficaz. Sendo ineficaz, esse bem retornará para a sucessão legítima.
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Lívia Pacheco
Art. 1897 —> "A nomeação de herdeiro, ou legatário, pode fazer-se pura e simplesmente, sob
condição, para certo fim ou modo, ou por certo motivo".
Art. 1900 —> Traz hipóteses de nulidade da cláusula testamentária. O inciso I faz
menção à vedação do testamento conjuntivo. Os incisos II e III fazem menção ao
favorecimento de pessoa incerta, quando não houver possibilidade de averiguação de
identidade, será nula. Já o inciso IV pode ser visto com o seguinte exemplo: “deixo um
legado para Fran, mas quem escolherá o bem será seu filho Pedro” —> é uma cláusula
nula pois não expressa a vontade do testador. O inciso V traz a situação de curador, tutor
etc.
OBS: fideicomisso: quer se beneficiar uma pessoa que ainda irá nascer. A
determinação é que alguém detenha a propriedade resolúvel do bem, até
que possa se cumprir a entrega efetiva do direito patrimonial para a criança
que vai nascer. Fora essa hipótese, a cláusula que determinar tempo é
desconsiderada pelo juiz
Art. 1903 —> "O erro na designação da pessoa do herdeiro, do legatário, ou da coisa legada
anula a disposição, salvo se, pelo contexto do testamento, por outros documentos, ou por fatos
inequívocos, se puder identificar a pessoa ou coisa a que o testador queria referir-se”.
Art. 1911 —> "A cláusula de inalienabilidade, imposta aos bens por ato de liberalidade, implica
impenhorabilidade e incomunicabilidade".
19/05/16
Essas regras estão nos arts. 1898, 1897, 1900, 1903. O primeiro deles coloca que não se
pode fazer um testamento determinando um prazo de início e final para o recebimento da
herança. Se ela existir, será ineficaz, e o bem volta para a legitima. Entende-se que o
direito à herança (mesmo testamentária) traz uma condição de herdeiro que é regulada
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Lívia Pacheco
pelas próprias regras do Estado, de forma que limitar esse momento em que o direito da
herança iria começar ou cessar, seria uma restrição muito grande na vida da pessoa,
como se fosse um ônus.
OBS2: e se a criança não nascer? Das duas uma, se não houver nenhuma
cláusula o bem será partilhado entre os herdeiros legítimos. Agora, pode
haver uma estipulação para esse bem ficar com o fideicomissário (acho
que o nome é esse, é quem administra o bem até que a pessoa nasça).
O art. 1900 traz que hipóteses em que as clausulas do testamento serão consideradas
nulas. Uma vez a cláusula sendo nula, o bem retorna para sucessão legítima.
Incisos:
I - tem relação com a vedação de pacto sucessório, pois não se admite convencionar
acerca da herança
III - o testamento é um ato personalíssimo, então não se pode ter um terceiro responsável
por indicar quem é a pessoa.
V - as pessoa elencadas são as que podem colocar em risco a certeza da vontade livre e
despedida do testador. Ex: o tabelião não pode ser beneficiado pelo testamento, tutor,
curador.
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Lívia Pacheco
O art. 1903 remonta a um erro substancial e essencial, como por exemplo indicar uma
pessoa que não existe. Se não for um erro desses moldes, a incerteza pode ser sanada, e
a parte pode vir a ser conhecida e identificada.
Ex1: deixo meu apartamento para Lucca, filho de minha grande amiga, pois ele é um
excelente arquiteto. —> é uma cláusula imprecisa. Se Lucca fizer o curso de direto, ele
não recebe o bem.
Ex2: deixo meu apartamento para Lucca, que é um excelente pianista —> não há a
motivação da entrega do apto pelo fato de Lucca ser um excelente pianista. A pessoa
apenas o adjetivou, não fazendo a vinculação.
Ex: se meu tio deixa, em testamento, um bem para mim gravado com essa
cláusula de inalienabilidade, ela é apenas válida para mim. Quando eu
morrer e o bem for entregue aos meus herdeiros, a cláusula deixa de
existir.
Ex: se gravo um bem como a cláusula de inalienabilidade, esse bem também não
pode ser penhorado nem comunicado com o cônjuge na formação dos aquestos.
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A mesma coisa com a cláusula de incomunicabilidade, que não pressupõe a outra duas.
O que o parágrafo único coloca é que se o bem gravado pela cláusula de inalienabilidade,
impenhorabilidade for objeto de desapropriação, a indenizado receber tem que ser
destinada a aquisição de um outro bem, sobre o qual deverá recair as restrições impostas
ao primeiro (que foi desapropriado).
Além dessa hipótese, o herdeiro com o bem gravado (inalienabilidade …) pode requerer
judicialmente a alienação deste, o que penas é possível por autorização judicial em
virtude de uma “justa causa” (ex: motivo de saúde), na qual também deverá ocorrer a
conversão em outros bens, sobre os quais também incidirão as restrições.( dúvida - a
conversão é o no valor que sobrar?)
Art. 1.848. Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode o
testador estabelecer cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de
incomunicabilidade, sobre os bens da legítima.
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Lívia Pacheco
Porém, algumas situações pode ocorrer na sucessão legítima, em que situações de justa
causa levam à imposição dessas cláusulas, a exemplo de um filho pródigo.
Mas nessas situações é possível se obter do juiz a invalidade dessa cláusula, ocorrendo a
conversão desses bens em outros bens. Num primeiro momento, então, deveria ocorrer a
subrogação.
Ex: num testamento é colocado que a empresa que ficara de herança aos meus filhos
devera ser vendida e eles deverão fundar uma casa de amparo a dependentes químicos
—> isso não pode ser determinado, até porque é um direito fundamental —> o que é
recebido de legitima não pode haver qualquer determinação em testamento.
o §2º traz disposição próxima ao que já vimos, pois se houver autorização judicial, pode-
se vender os bens, mesmo que eles sejam gravados pelas cláusulas restritivas.
20/05/16
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Lívia Pacheco
A primeira regra permissiva encontra-se no art. 1897 e trata da condição: "A nomeação de
herdeiro, ou legatário, pode fazer-se pura e simplesmente, sob condição, para certo fim ou
modo, ou por certo motivo”
Assim, é permitida uma cláusula que prevê uma condição! O que nã pode é um termo
futuro e certo, pois isso imprimiria uma ideia de prazo, mas a condição a um evento futuro
e incerto é permitida.
Ex: Deixo meu apartamento para Vitor desde que ele não compre outro
apartamento em 2 anos. —> é uma condição resolutiva, que não imputa um termo
para a pessoa ter o bem deixado na herança, por isso é permitida (se fosse uma
cláusula falando que ele apenas ficaria com o bem por 2 anos, ai não seria válida).
OBS1: a condição meramente potestativa é nula —-> art. 122: são aquelas
que se sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes. Ex: Deixo meu
apartamento para Carol desde que ela se case com Gabriel.
4. ENCARGO (modo)
O encargo pode ser imposto pelo testador beneficiando terceiro ou a ele próprio.
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Lívia Pacheco
Ele não suspende a aquisição nem o exercício do direito. Se for deixada uma herança
com um encargo, não se tem uma suspensão da condição de herdeiro até o cumprimento
desse encargo, pois ele não suspende a aquisição nem o exercício do direito à herança.
—> Encargo ilícito ou impossível (art. 1937): toda vez que houver um encargo ilícito e
impossível ele poderá invalidar todo o negocio jurídico e a cláusula não será cumprida. Se
esse encargo for de motivo determinante: anula-se a clausula, que não será cumprida.
Quando não for motivo determinante, entrega-se o bem pura e simplesmente, afastando-
se o encargo.
Para Caio Mario, a ineficácia da cláusula não é automática, pois alguém tem que
reivindicar isso. Se ninguém descobrir, a herança continuara valida.
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Lívia Pacheco
Esse prazo para reclamar dilui-se na ideia de se ter um prazo razoável para a pessoa
cumprir o encargo, de forma que o próprio testador pode fixar um prazo para o
cumprimento do encargo, contado do recebimento do bem. Outras cláusulas não trazem a
previsão de prazo, em que o magistrado deve determinar um prazo razoável para o seu
cumprimento, que vai depender do caso concreto. Se o juiz não fixar o prazo, os
herdeiros, como parte interessada, podem pedir que seja fixado um prazo para verificar o
cumprimento do encargo.
—> Justificativa da cláusula testamentária por “certo motivo” —> motivo falso (art.
140):
“Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão
determinante.”
Ex: pessoa deixa um bem para alguém, vinculando a entregue deste pelo
fato da pessoa ter salvado sua vida. Após as investigações, descobriu-se
que a pessoa não tinha o salvado —> nesse caso, se o motivo for falso, ele
vai afetar toda a cláusula, e ela será uma cláusula que contém um erro que
a torna nula.
02/06/16
5.1 Legado
5.1 INTRODUÇÃO: Como já vimos, os herdeiros podem ser a título universal e a título
singular, sendo que este é o legatário. Pode-se ter um herdeiro testamentário universal, a
exemplo de quando se deixa para determinada pessoa um bem específico. Legatário é
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Lívia Pacheco
aquele que recebe um bem determinado e específico, não havendo dúvidas sobre o bem
nem sobre a pessoa que o testador queria beneficiar. Trata-se de forma de disposição de
um bem determinado, individualizado.
Assim, no momento das cláusulas testamentárias, o legado é atingido por último, pois
tenta-se cumprir ao máximo a vontade do testador. (não é uma proteção absoluta)
—> O legatário não vai responder por dívidas da herança. Primeiro saldam-se as
dívidas com o patrimônio, inclusive com a legitima, resguardando-se o legado (para saldar
dívidas, primeiro busca-se nos herdeiros universais). Só em ultimo caso é que o legado é
atingido.
Ex: deixar R$ 500,00 para Gabriel é legado? Sim! Logo, o legado além de ser um bem
individualizado também é uma quantia específica.
Agora, com o herdeiro legítimo necessário, pelo princípio da saisine, com a morte/
abertura da sucessão, já há a transmissão do patrimônio de forma automática, já podendo
o herdeiro se valer da imissão na pose e de ações possessórias!
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Lívia Pacheco
Assim, a transmissão ocorre no momento da abertura, mas para ele ser imitido na posse
precisa ocorrer o cumprimento do legado.
O art. 1923 determina que a saisine, com a abertura da sucessão, já opera a transmissão
do patrimônio. Só que o legatário tem que ser imitido na posse, conforme coloca o §1º.
O §2º remonta ao exemplo de que a pessoa testadora deixa uma sala comercial para
alguém (legatário) com o contrato de locação para uma empresa, em que o frutos são
cabíveis ao legatário desde o momento em que a sucessão foi aberta. Mas se o legado
estiver sob uma condição suspensiva, ai os frutos apenas são devidos após o implemento
dessa condição suspensiva.
03/06/16
b) pagamento do legado: são de vários tipos, previstos nos arts. 1926 a 1937.
Quando o testador coloca o legado de forma alternativa, se ele não determinar quem fará
a escolha, a lei coloca que essa escolha cabe a quem fará a entrega do legado.
Por fim, tem-se a situação de se entregar para um filho um bem por meio de doação. No
inventário, há a fase da colação, em que os herdeiros que receberam algum bem em vida,
por meio de doação, são obrigados a apresentar tais bens. Se não for apresentado, os
demais herdeiros podem questionar isso, de forma que, a depender do valor e do caso
concreto, pode ser considerado adiantamento de herança. Isso está no art. 1935.
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Lívia Pacheco
O art. 1937 remonta a regra geral do acessório seguir o principal. A grande questão é a
diferenciação entre pertença e acessório.
A pertença não é considerada um acessório, não devendo, pela regra, seguir o principal,
pois ela agrega valor ao principal.
Ex: pessoa deixa um aparento todo mobiliado. Dentro dele há uma quadro
Portinari que vale R$ 300 mil. Se a pessoa não identificar a retirada do
quadro, entende-se que tudo que está dentro do apartamento vai junto.
Ex: Paula deixou uma pedra preciosa para alguém (legado). Mas antes da sua da morte,
após realizar o testamento, ela decidiu transformar essa pedra em uma gargantilha e um
par de brincos —> se essa modificação desconfigurar sua forma (colocada no
testamento), de forma de não mais lhe caber a denominação dada no testamento, ocorre
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Lívia Pacheco
Inciso II: "se o testador, por qualquer título, alienar no todo ou em parte a coisa legada;
nesse caso, caducará até onde ela deixou de pertencer ao testador";
Ex2: Paula tem um prédio com quatro apartamentos e faz um testamento deixando o
prédio todo para Vitor. Depois do testamento, ela vende dois apartamentos. O legado
caducará na proporção que deixou de ser do testador, pois o restante será entregue em
legado. Logo, Vitor apenas receberá os dois apartamentos. Se Paula tivesse vendido
tudo, caducaria todo o legado de Vitor e ele não receberia nada.
Inciso III: "se a coisa perecer ou for evicta, vivo ou morto o testador, sem culpa do
herdeiro ou legatário incumbido do seu cumprimento;”
Toda situação em que houver dolo ou culpa do herdeiro ou do legatário incumbido do seu
cumprimento, deverá ocorrer a indenização (regra do enriquecimento ilícito).
Mas sem dolo e sem culpa, esses legado pode caducar por perecer ou por ser evicto.
Ex2: O pai de Paula morreu e da sua herança, ela ficou com um apto em Vitória. No
testamento, Paula deixa esse apto para Delciane. Quando Paula morre, já esta tramitando
uma ação de evicção (podia estar tramitando ou não), em que o tio de Paula falava que
aquele apartamento era dele e não do pai de Paula, conseguindo provar isso no
processo. Nesse caso, o legado também caduca. —> evicção.
OBS: também poderia acontecer de o bem que Paula deixou não ser de
sua titularidade, o que também seria evicção.
Inciso IV - "se o legatário for excluído da sucessão, nos termos do art. 1.815";
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Lívia Pacheco
O legatário também pode ser excluído da sucessão, pois sobre ele também se aplicam as
regras de indignidade e deserdação. Ou então é feito um novo testamento com cláusula
contraditória, em que deve prevalecer a posterior.
09/06/16
Se porventura alguém nomeia um herdeiro e esse indivíduo não recebe o legado (por
algum motivo) —> o bem volta a integrar a legitima —> aqui também não há dúvidas.
Ex: Deixo a casa de GP para João e Maria. Se Joao morrer antes / for excluído da
sucessão, sua parte fica com Maria? Nem sempre! É preciso analisar questões
especifica!
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Lívia Pacheco
>> se o quinhão não estiver determinado, ai a parte do herdeiro que não recebe
acresce na parte do outro colegatário. O direito de acrescer ocorre entre eles próprios,
dentro da própria cláusula.
Risco de valorização se a coisa for “partida” ? A lei sempre tenta evitar a constituição
forçada de condomínio quando ele oferece algum tipo de risco, quando for possível, sem
desrespeitar a vontade da pessoa. Se existir algum tipo de bem que foi legado a mais de
duas pessoas e elas iriam exercer conjuntamente, como uma pequena empresa ou uma
máquina de produção de fraldas —> Paula deixou essa máquina em legado para seus 2
sobrinhos, que já ate estavam fazendo cursos de manuseio da maquina —> quando ela
morre, na abertura do testamento, um deles renuncia —> situação do art. 1942: mesmo
que tiver sido determinado o quinhão, a parte irá acrescer ao outro legatário, pois “o
objeto do legado não pode ser dividido sem risco de valorização”.
Ex: fazenda —> posso dividir e o direito de acrescer vai para os herdeiros legítimos.
Ex2: pedra preciosa —> não pode ser divida —> o herdeiro de acrescer se dá aos
herdeiros legítimos, mas não tem como dividir a pedra, criando uma situação de
condomínio forçado.
Quando há o direito de acrescer, não pode ter a quota determinada! Tenho que deixar um
bem para mais de uma pessoa, em que um renuncia ou é excluido, e assim essa parte irá
acrescer ao outro colegatário que está na mesma cláusula.
Cuidado! Também pode acontecer o direito de acrescer para os herdeiros legítimos, mas
essa expressão não é muito usada. Pois quando nua puder acrescer ao outro colegatário,
essa parte “volta para legítima”.
Se for possível dividir o bem, para se evitar o condomínio, o juiz vai fazer isso! Ex: uma
fazenda. E se não puder dividir o bem, como um apartamento, ai o juiz tem que criar um
condomínio. É isso o que a segunda parte do art. 1942 fala.
OBS: os herdeiros legítimos só vão entrar nessa historia, se houver quinhão determinado!
Se não houver determinação, fica entre eles, ai o direito de acrescer se dá entre eles. Ler
essa parte no Código Comentado do Eduardo Leite.
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Lívia Pacheco
OBS: art. 1944 —> sempre que não houver a possibilidade de ir para o co-
herdeiros, o bem retorna para a legítima.
O indivíduo, ao fazer a cláusula, já prevê a figura de alguém para receber o bem, caso o
herdeiro não queira.
Pode-se contemplar o herdeiro que vai nascer também com uma condição. Ex: deixo meu
apartamento para meu neto primogênito (que ainda não nasceu) quando ele se formar em
medicina. Se porventura o neto morrer antes que a condição se implementasse, a
propriedade do fiduciário se consolida no fiduciário.
Atenção ao art. 1955 que trata da renúncia do fideicomissário, em que a propriedade fica
com o fiduciário.
OBS: algumas doutrinas colocam que se a criança não nascer, esse bem
dica de forma definitiva com o fiduciário. Outras falam que o bem retorna à
legítima.
Ou então será uma sucessão proveniente da vontade da pessoa. Ex: Deixo um apto para
Carol, mas se ela não quiser, deverá ser para Delciane. Aqui, a vontade tem que ser
expressa!!
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Lívia Pacheco
Se a legitima for desrespeitada, será preciso retirar algo do testamento para equilibrar a
legítima.
Assim, a redução das cláusulas testamentárias é um mecanismo, que pode ser de ofício
ou a requerimento das partes, por meio do qual irá se reduzir na herança testamentária o
que for necessário para equilibrar a legítima!
Art. 1.968. Quando consistir em prédio divisível o legado sujeito a redução, far-se-á esta
dividindo-o proporcionalmente.
Se o valor do excesso do legado (o que ultrapassou da legítima) for maior que 1/4 do
valor do bem deixado, o legatário fica sem o bem (que vai para os herdeiros legítimos),
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Lívia Pacheco
mas pode pedir a esses herdeiros o direito de indenização no valor cabível na parte
disponível:
Ex: O legado era de R$ 200 mil e precisa reduzir R$ 80 mil para equilibrar a legitima. 80
mil é mais que 1/4 de 200 mil. O imóvel de R$ 200 mil fica com os herdeiros, mas o
legatário tem o direito de pedir aos herdeiros legítimos uma indenização no valor de R$
120 mil! (que era o valor que lhe cabia).
Se o valor da redução for menor que 1/4 do que ultrapassou a legítima, o bem deixado
fica com o legatário e ele tem que pagar aos legítimos o valor que ultrapassou:
Ex: se o que ultrapassou a legitima foi de R$ 30 mil, e o bem foi de R$ 200 mil. É menos
que 1/4, então o herdeiro legatário paga os 30 mil para os legítimos e fica com o bem.
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