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cálculo vetorial e tensorial - notas de aula 1

Prof. Roldão da Rocha - CMCC/UFABC

http : //professor.ufabc.edu.br/~ roldao.rocha

1 Integrais de Linha
Definição 1: Seja J = [a, b] um intervalo compacto de R. Uma função α ~ : J → Rn contínua em J é dita ser
uma trajetória (ou caminho) contínua(o) em Rn . Tal trajetória é suave se a derivada α ~ 0 existe e é contínua em
(a, b). A trajetória α
~ é dita ser suave por partes se existir uma partição finita [a, b] na qual α ~ é suave em cada
subintervalo da partição, ou seja, se C é a união de um número finito de curvas suaves C1 , C2 , . . . , Cn onde o
ponto inicial da curva Ci+1 é o ponto final da curva Ci . Então definimos a integral de f ao longo de C como a
soma das integrais de f ao longo de cada trecho suave de C:
Z Z Z Z
f (x, y)ds = f (x, y)ds + f (x, y)ds + · · · + f (x, y)ds
C C1 C2 Cn

Suponha que C seja suave por partes e considere uma partícula que se move ao longo de uma curva C sob
a ação de uma força f~. Se a curva é o gráfico
R de uma trajetória α
~ , por exemplo o trabalho realizado pela força
~ ~
f ao longo do caminho C é definido como C f · d~ α.
Mais geralmente, ao longo de um caminho C, que pode ser parametrizado por um parâmetro t ∈ [a, b], a
integral de linha de um campo vetorial f~ ao longo de C é definida como
Z Z b
f~ · d~
α= f~(~ ~ 0 (t) dt .
α(t)) · α
C a

Teorema Fundamental para integrais de linha: Seja C uma curva suave dada pela função vetorial
r(t), a ≤ t ≤ Rb. Seja f uma função diferenciável de duas ou três variáveis cujo vetor gradiente ∇f é contínuo
em f . Então C ∇f · dr = f (r(b)) − f (r(a)).
Prova:
Z Z Z b 
0 ∂f dx ∂f dy ∂f dz
∇f · dr = ∇f (r(t)) · r (t)dt = + +
C C a ∂x dt ∂y dt ∂z dt
Z b
d
= f (r(t))dt = f (r(b)) − f (r(a))  (1)
a dt
R R
Teorema 1: C F · dr é independente do caminho em D se e somente se C F · dr = 0 para todo caminho
fechado C em um domínio D.
Prova: Tome uma partição do caminho C R= C1 + CR2 , onde as Rcurvas C1 eR C2 começam R e terminam
respectivamente nos pontos A, B e B, A. Então C F · dr = C1 F · dr + C2 F · dr = C1 F · dr − −C2 F · dr = 0,
R
pois C1 e −C2 possuem mesmos pontos inicial e final. Reciprocamente, suponha que C F · dr = 0 sempre que
C for fechado em D. Tome quaisquer caminhos C1 e C2 do ponto A ao ponto B e defina C como sendo a curva
constituída por C1 seguida por −C2 . Então
Z Z Z Z Z
0= F · dr = F · dr + F · dr = F · dr − F · dr
C C1 −C2 C1 C2
R R
e portanto C1 F · dr = C2 F · dr. .
R
Teorema 2: Suponha que F seja um campo vetorial contínuo sobre uma região aberta conexa D. Se C F·dr
for independente do caminho em D, então F é um campo vetorial conservativo, ou seja, existe uma função f
tal que ∇f = F.
Teorema 3: Se F(x, y) = P (x, y)î + Q(x, y)ĵ é um campo vetorial conservativo, onde P e Q têm derivadas
∂Q
parciais de primeira ordem contínuas sobre um domínio D, então em D temos ∂P ∂y = ∂x .

1
∂f ∂f
Prova: Se F é conservativo, isso significa que F(x, y) = P (x, y)î + Q(x, y)ĵ = ∂x î + ∂y ĵ, portanto P (x, y) =
∂f ∂f ∂P ∂2f ∂2f ∂Q
∂x e Q(x, y) = ∂y . Então ∂y = ∂y∂x = ∂x∂y = ∂x . 

Teorema 4: Seja F(x, y) = P (x, y)î + Q(x, y)ĵ é um campo vetorial sobre uma região aberta e simplesmente
∂Q
conexa. Suponha que P e Q tenham derivadas parciais de primeira ordem contínuas e que ∂P ∂y = ∂x em D.
Então F é conservativo.
Teorema de Green: Seja C uma curva simples, fechada, contínua por partes, orientada positivamente, e
seja D a região delimitada por C. Se P e Q possuem derivadas parciais de pirmeira ordem contínuas sobre uma
região aberta que contém D, então
I Z Z  
∂Q ∂P
(P dx + Qdy) = − dA
C D ∂x ∂y

Lema 1: A mudança na energia cinética em qualquer intervalo de tempo é igual ao trabalho realizado por
~
f durante esse intervalo de tempo.
Prova: Seja r(t) a posição da partícula no tempo t, o trabalho realizado por f~ durante esse intervalo de
R r(b)
tempo [a, b] é r(a) f~ · dr. Da segunda lei de Newton temos f~[r(t)] = mr00 (t) = mv0 (t), onde v(t) denota a
velocidade da partícula no tempo t. Então
1d 1 d
f~[r(t)] · r0 (t) = f~[r(t)] · v(t) = mv0 (t) · v(t) = (v(t) · v(t)) = m (v 2 (t)).
2 dt 2 dt
Portanto Z r(b) Z b
1 1 1
f~ · dr = f~[r(t)] · r0 (t) = m(v 2 (t))|ba = mv 2 (b) − mv 2 (a) 
r(a) a 2 2 2

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