11/03/2013
Por nossolar
Em
Para obter a resposta mais completa à pergunta acima formulada, é necessário que se recorra
ao O Livro dos Espíritos, que é o próprio delineamento, núcleo central e, ao mesmo tempo,
arcabouço geral da Doutrina Espírita.
Examinando este livro, em relação às demais obras de Kardec que completam a Codificação,
veremos que todas elas partem das bases de O Livro dos Espíritos. As ligações de conteúdo
entre esses livros, quais sejam, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Livro dos Médiuns, A
Gênese, O Céu e o Inferno, deixam perceber que a Codificação se apresenta como um todo
homogêneo e conseqüente.
Após 150 anos de sua publicação, O Livro dos Espíritos continua sendo tão sólido e atual como
nos primeiros dias, sem ter sido abalado pelo progresso tecnológico das ciências materiais do
mundo porque, como diz Kardec, o Espiritismo é uma doutrina progressista e aberta.
É Religião, porque tem o dom de unir os povos em um ideal de fraternidade, preconizado por
Jesus de Nazaré, permitido, dessa forma, que o homem se encontre com o próprio Criador. Diz
Kardec, “fora da caridade não há salvação.”
Espiritismo
A vasta literatura que atualmente nos é oferecida, mostra que a nossa época está muito
desenvolvida no campo da intelectualidade e do conhecimento geral.
Dentro deste contexto, a palavra Espiritismo, parece ter-se diluído no mar das verdades que há
muito esta Doutrina vem ensinando.
Embora ainda não seja de compreensão geral, já não se verifica o espanto de antigamente,
quando esclarecimentos espíritas são citados.
É interessante verificar que está acontecendo, exatamente, o que foi previsto por Kardec há
quase cento e cinqüenta anos.
Somente, a Doutrina Espírita, com sua função esclarecedora, consegue nos mostrar os
horizontes da vida espiritual.
Como roteiro seguro deste assunto, gostaríamos de lembrar o excelente livro “Voltei”,
psicografado por Francisco Cândido Xavier, e ditado pelo Espírito Irmão Jacob, onde
encontramos um relato muito claro da passagem para o Mundo Espiritual e os primeiros
momentos do Espírito no seu retorno à pátria verdadeira.
A Palingenesia que significa novo nascimento ou nascer de novo, é crença muito antiga, que
acompanha o homem desde que ele passou a adotar rituais religiosos. Acredita-se que foi na
Índia que primeiro se estabeleceu a idéia de Reencarnação, tornando-se dogma em todas as
religiões do antigo oriente.
No decurso da História, vamos encontrar Pitágoras no séc. VI a. C., trazendo para a Grécia os
conceitos que aprendera no Egito e na Pérsia. O sentido da reencarnação manteve-se na filosofia
grega através da doutrina de Sócrates e Platão. No mundo antigo, a reencarnação era tida como
realidade inquestionável e da qual não se duvidava. Kardec também diz (O Evangelho Segundo
o Espiritismo – cap. IV), que a reencarnação fazia parte dos dogmas judeus.
Jesus em várias ocasiões se referiu à reencarnação e seu diálogo com Nicodemos, não deixa
dúvida quanto à necessidade do homem renascer para dar cumprimento à lei de causa e efeito,
maravilhoso ditame da justiça Divina.
Depois da estadia do Mestre Jesus entre nós, durante certo tempo, permaneceu bem acesa a
verdade da reencarnação, mas, interesses religiosos e políticos, acabaram interferindo nessa
crença e confundindo muitas das questões bíblicas que tratavam do assunto.
Brasil e o Espiritismo
Em meados da década de 1860, a cidade de Salvador conheceu uma explosão espírita de que
não há paralelo no Brasil. As obras de Kardec, lidas em francês, eram discutidas
apaixonadamente nas classes mais cultas.Ӄ assim que Ubiratan Machado coloca em seu livro
Os Intelectuais e o Espiritismo como chegou ao nosso país a Doutrina Espírita. E continua sendo
apenas estudada pela Corte e como privilégio dos que conheciam o idioma francês. Mas foi em
1865 que realmente oficializou-se o Espiritismo com a fundação do 1º Centro Espírita de
conhecimento público, do país, sob a direção do Dr. Luiz Olímpio Teles de Menezes, na cidade
de Salvador, O Grupo Familiar do Espiritismo. No ano seguinte, Dr. Menezes publicou sua
tradução da Filosofia Espiritualista, uma seleção de trechos de O Livro dos Espíritos, de Allan
Kardec.
Ao mesmo tempo, em São Paulo, a Tipografia Literária editava outro livro do Codificador. “O
Espiritismo reduzido a sua mais simples expressão” , sem indicação de tradutor.
A primeira conseqüência do trabalho de Luís Olímpio era muito clara, o público que não conhecia
o francês começou a ler com bastante interesse a filosofia espírita.
A Segunda conseqüência foi a reação do clero, que começou a falar nos púlpitos sobre os
malefícios da nova doutrina e em seguida lançou uma Carta Pastoral, datada de 16 de junho,
mas só divulgada a 25 de julho de 1867. Essa Carta em forma de opúsculo acusava
violentamente o Espiritismo com inverdades, ocasionando uma série de debates entre Luiz
Olímpio e o padre Juliano José de Miranda.
No ano de 1875 a Livraria Garnier lançava a sua primeira tradução de uma obra de Allan Kardec
para o Brasil, O Livro dos Espíritos, pelo médico fluminense Dr. Joaquim Carlos Travassos; que
foi também o tradutor do O Céu e o Inferno e O Livro dos Médiuns.
Esses são apenas alguns dados extraídos da belíssima obra Os Intelectuais e o Espiritismo em
que podemos encontrar o início do movimento Espírita Brasileiro e a necessidade imperiosa dele
florescer no Brasil. Os espíritos de Bezerra de Menezes, Humberto de Campos e tantos outros
nos trazem mensagens sobre a necessidade de divulgação do Espiritismo no solo pátrio e
inclusive em outros países. A mensagem espírita representa a presença de Jesus entre nós,
quando afirmou que enviou o Consolador “para que fique eternamente convosco o Espírito da
Verdade, a quem o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece. Mas, vós o
conhecereis, porque ele ficará convosco e estará em vós. Mas o Consolador, que é o Espírito
Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de
tudo o que vos tenho dito.” (João, XIV: 15 a 17; 26)