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Quanto ao desconto dos valores a título de taxa de administração,

a jurisprudência pátria já consolidou o entendimento de que tal procedimento é


permitido, devendo o percentual do desconto ser estabelecido de acordo com a
razoabilidade e proporcionalidade. Nesse sentido:

RECURSO INOMINADO. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO.


CONSÓRCIO. CONTRATAÇÃO POSTERIOR A LEI
11.795/08. DESISTÊNCIA DO CONSORCIADO. DEDUÇÃO
DA TAXA DE ADMINISTRAÇÃO DE 25%. ABUSIVIDADE
NÃO EVIDENCIADA. PRECEDENTE DO STJ. RETENÇÃO
DOS VALORES PAGOS A TÍTULO DE CLÁUSULA PENAL
E TAXA DE ADESÃO. MULTA DE 10% EM BENEFÍCIO DO
GRUPO QUE VAI AFASTADA PELA ONEROSIDADE
EXCESSIVA. MESMA NATUREZA DA CLÁUSULA
PENAL. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA. 1.
Caso em que as partes firmaram contrato de consórcio após a
vigência da Lei 11.795/08. O demandante desistiu
imotivadamente do consórcio e requereu a restituição integral
dos valores pagos. 2. Cabível a restituição ao consorciado
desistente dos valores pagos, permitida a retenção da taxa de
administração, cláusula penal devidamente contratada (fl. 20,
item 16.7) e taxa de adesão, conforme entendimento firmado na
Súmula 15 das Turmas Recursais Cíveis. 3. A taxa de
administração pode ser fixada em patamar superior a 10%,
segundo o entendimento consolidado pela jurisprudencia do
STJ. Caso concreto em que se mantém a incidência do
percentual de 25%, como contratado. 4. Multa de 10% que se
mostra abusiva, uma vez que tem a mesma natureza da cláusula
penal, alterando apenas o beneficiário. Onerosidade evidenciada.
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO (TJ-RS - Recurso
Cível: 71005543921 RS, Relator: José Ricardo de Bem
Sanhudo, Data de Julgamento: 01/10/2015, Primeira Turma
Recursal Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia
05/10/2015)
Na hipótese vertente não há que se falar em enriquecimento sem
causa no estabelecimento do percentual de 20% a título de taxa de
administração, conforme demonstrado, e em consonância com as mais
recentes decisões jurisprudenciais. Assim, se mostra plenamente cabível o dito
desconto, quando da devolução dos valores a serem pagos.

De igual modo, restando previsto em contrato o desconto dos


valores pagos a título de seguro, não há que se falar em ilicitude, ou prática
abusiva. Nesse sentido:

RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE COBRANÇA.


CONSÓRCIO. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA DO
CONSORCIADO. RESTITUIÇÃO DAS PARCELAS PAGAS
COM DESCONTO. TAXA DE ADMINISTRAÇÃO, FUNDO
RESERVA E SEGURO. PREVISÃO CONTRATUAL.
APLICAÇÃO DA SÚMULA N. 15 DESTAS TURMAS
RECURSAIS. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA
MANTIDA. Conforme entendimento firmado e consolidado na
Súmula 15 destas Turmas Recursais Cíveis, cabíveis as
retenções a título de taxa de administração, fundo reserva e
seguro. Situação em que a administradora efetuou o pagamento
à autora, descontando os valores previstos contratualmente.
RECURSO DESPROVIDO. (Recurso Cível Nº 71005344536,
Segunda Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Ana
Cláudia Cachapuz Silva Raabe, Julgado em 18/03/2015).

Não há que se falar em incidência da cláusula penal , nem é devida


a retenção de fundo de reserva quando não demonstrado nos autos o prejuízo
causado ao grupo decorrente da desistência do consorciado, como tem
afirmado reiteradamente a jurisprudência pátria, conforme o seguinte julgado:

CONSUMIDOR. APELAÇÕES CÍVEIS. CONSÓRCIO.


DESISTÊNCIA. DEVOLUÇÃO. CLÁUSULA PENAL. NÃO
RETENÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE
MORA. 1. Ausente a comprovação sobre os danos
experimentados pelo consórcio em razão da retirada de um de
seus membros, mostra-se inviável a aplicação do instituto da
cláusula penal compensatória, pois o consumidor desistente só
se torna obrigado diante dessa prova, não havendo espaço para a
prefixação de prejuízos. 2. O marco inicial para a incidência da
correção monetária é a data de desembolso de cada prestação.
Precedentes. 3. Os juros de mora são devidos a partir do
trigésimo dia após o término do consórcio, porquanto somente
incorre em atraso caso ultrapassado o termo final de pagamento.
4. Recurso da ré parcialmente provido. Apelo da autora provido.
(TJ-DF - APC: 20150110530685, Relator: MARIO-ZAM
BELMIRO, Data de Julgamento: 09/12/2015, 2ª Turma Cível,
Data de Publicação: Publicado no DJE : 14/12/2015 . Pág.: 223)

Quanto aos juros moratórios, estes deverão incidir como


determinado no comando sentencial, a contar do trigésimo primeiro dia do
encerramento do grupo. Nesse sentido:

APELAÇÃO CÍVEL. CONSÓRCIO. DEVOLUÇÃO. JUROS


MORATÓRIOS. A incidência dos juros moratórios será a contar
do 31º (trigésimo primeiro) dia do encerramento do grupo,
depois de decorrido o prazo contratual para a administradora
efetuar a devida devolução. Precedentes deste Tribunal e do
STJ. APELO PROVIDO. (Apelação Cível Nº 70045027380,
Décima Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Vanderlei Teresinha Tremeia Kubiak, Julgado em
10/11/2011)

Quanto à correção monetária, esta deverá se dar pelo índice de


correção monetária, como disposto na sentença , sendo matéria pacificada no
âmbito jurisprudencial, conforme seguinte julgado:
CONSÓRCIO. DEVOLUCAO. CORREÇÃO
MONETÁRIA PELOS INDICES OFICIAIS. E PACIFICO O
ENTENDIMENTO DE QUE A DEVOLUCAO DAS
QUANTIAS PAGAS AO CONSORCIADO DESISTENTE
DEVA SER FEITA COM CORREÇÃO MONETÁRIA.
SUMULA N. 35 DO STJ. TODAVIA, A CORREÇÃO SE
FARA PELOS INDICES OFICIAIS, EIS SE TRATA DE
DEVOLVER QUANTIA E NAO DE APLICACAO
FINANCEIRA. DESCABIDA POIS A DEVOLUCAO
CORRIGIDA PELO VALOR DO BEM, QUE A TANTO
CORRESPONDERIA. APELO PARCIALMENTE PROVIDO.
(Apelação Cível Nº 192074789, Quinta Câmara Cível, Tribunal
de Alçada do RS, Relator: Jorge Alcibíades Perrone de Oliveira,
Julgado em 21/05/1992)

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