EMPREENDEDOR
AULA 1
CONTEXTUALIZANDO
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ser analogamente considerados uma caminhada, na qual se percebem um
começo, um caminho e um destino, havendo em seu caminhar diferentes
desafios, riscos e decisões.
A seguir, serão apresentados os diferentes focos e tipos de ações
empreendedoras, de modo que o ato de empreender assuma diferentes feições,
dependendo como, onde e por que se empreende.
Posteriormente, discutiremos a relação entre a sorte, a criatividade e a
ação empreendedora, buscando entender melhor como se processa o desafio
de obter resultados mediante o esforço empreendedor. Isso nos remeterá ao
CHA empreendedor; não à bebida quente e saborosa, mas às Capacidades, às
Habilidades e às Atitudes (CHA) do empreendedor.
Para finalizar, descreveremos quais elementos podem ser considerados
as bases do empreendedor; ou seja, se o empreendedor tem um perfil, é preciso
que se entenda quais são as características desse perfil, pois serão essas
características que descreverão quem é esse tipo de pessoa que comumente é
chamada de empreendedor. Também há muito mais: são indicados exercícios
que propiciam melhor fixação do conteúdo aqui descrito. Bom estudo!
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Figura 1 – Conceitos de empreendedorismo
Essa diversidade de definições é útil, pois nos faz analisar esse fenômeno
da ação humana de modo mais amplo. No entanto, mesmo com todas essas
vertentes, há elementos presentes nas diferentes definições que se repetem.
Podemos dizer que empreender é todo esforço que se refere a uma
pessoa que busca uma mudança, ao desejo de se querer sair de uma situação
para outra. Empreender, portanto, tem forte relação com as palavras decidir e
agir.
Decidir, porque empreender depende do momento e do contexto em que
o empreendedor percebe um caminho o qual deseja percorrer, vê que se trata
de uma ação que vale a pena, e acredita que ela não só é possível como
desejada. Daí a decisão de ir em busca de sua realização. Por tal razão, os
dicionários colocam decidir fazer algo ou cismar como sinônimos de
empreender, além de relacionar essa palavra com tentar, experimentar,
resolver executar. Conclui-se que o começo da caminhada empreendedora
está na decisão de percorrer certo caminho em busca do alvo percebido, e isso
só acontece quando a pessoa se mostra efetivamente disposta a participar desse
processo de mudança.
É importante considerar que a decisão de empreender está altamente
relacionada à situação política, econômica, cultural e social do meio em que o
empreendedor pretende interferir. Mesmo considerando que o
empreendedorismo tem suas raízes na própria origem do homem – já que foi
mediante sua ação que todas as transformações da humanidade aconteceram –
, o empreendedor ganhou relevância no final do feudalismo, ampliando seu papel
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e sua importância a contar da Revolução Industrial, e depois com todas as
transformações dos séculos XX e XXI.
Cabe aqui analisar o empreendedorismo na realidade brasileira, e, para
isso, analisaremos o quadro que se segue:
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volume de geração de capital, por sociedade brasileira uma das mais
conta da indústria. industrializadas do mundo, mas com
uma das piores distribuições de
renda entre todos os países do
globo.
Essa abordagem é muito rica, pois nos mostra que temos uma herança
empreendedora nem sempre favorável, na qual influências históricas de ordem
cultural, política, religiosa e social fizeram com que nosso espírito
empreendedor sofresse muito em seu crescimento e sua evolução. O
importante é ver que, mesmo com todas essas limitações, o empreendedor
brasileiro tem atuado de forma dinâmica e transformadora.
Podemos perceber que a verdadeira ação empreendedora é formada pela
percepção e pelo desejo de ação, seguida de um trabalho de mobilização de
recursos e de cálculo de riscos que orienta e viabiliza a realização da mudança
desejada. Esse trabalho é permeado por desafios de ordem pessoal,
interpessoal, técnica e gerencial, sendo realizado mediante recursos de ordem
física, humana, material, financeira e tecnológica, trabalhados de forma
planejada, ordenada, negociada e voltada para a minimização dos riscos e erros.
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remete a boas sensações e nos motiva a seguir, significa que vivemos a
felicidade. Sabendo disso, torna-se muito mais coerente pensar em enfrentar
caminhadas empreendedoras, pois percebemos que esse caminhar é o que nos
dá a saúde pessoal que nos faz levantar todo dia em busca de novas realizações.
Nessa percepção, podemos inferir que empreender é o combustível para nossa
felicidade.
2.1 Então, só é feliz quem monta o próprio negócio?
Aí reside um dos grandes enganos relacionados ao empreendedorismo.
Empreender é fazer acontecer e, portanto, criar a própria empresa
empreendendo é apenas uma das maneiras possíveis de empreender. Há várias
outras maneiras de empreender. Tudo que possa acontecer dentro do caminhar
em busca de realizações são formas de se empreender.
Dentre essas formas, destacam-se:
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Figura 3 – Perfil das pessoas que empreendem por necessidade e/ou
oportunidade
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Importante notar que não comparamos o inteligente com o não inteligente
ou o mais provido com o menos provido. Destacam-se a postura do
empreendedor perante o mundo, sua complexidade, seus desafios e suas
demandas. A maneira de ser e de agir do aquele um é a mais coerente com a
realidade do século XXI, pois, em um mundo competitivo, globalizado,
tecnológico e altamente dinâmico, pessoas acomodadas, medrosas e pouco
ativas tendem a colher menores frutos, já que o contexto complexo premia quem
melhor o percebe, age sobre ele e se orienta pela criatividade e inovação em
busca da superação.
Ser um empreendedor, portanto, é agir a cada dia com a confiança e a
determinação de que se aprende sempre, de que cada passo é uma forma de
evolução, mesmo que seja um passo mal dado. Mesmo sem estar pronto,
começa-se a caminhar e se torna melhor a cada dia, tal qual fazemos quando
aprendemos a andar de bicicleta: perdemos o equilíbrio a cada segundo em
busca da obtenção do próprio equilíbrio, e cada movimento de compensação do
desequilíbrio traz o novo equilíbrio, que gera novo desequilíbrio e nova ação de
equilíbrio; assim se segue pedalando, aprendendo a se equilibrar, mesmo em
estradas não pavimentadas, desconhecidas, perigosas ou fora de nosso
caminho desejado.
Veja bem: não estamos falando dos deliciosos líquidos que tomamos
quentes ou gelados, mas, sim, da sigla que, em administração, significa a soma
das capacidades (saber), habilidades (saber fazer) e atitudes (saber fazer
acontecer) de uma pessoa.
Há, com certeza, uma formação sistêmica desses elementos na
identificação e formato do empreendedor. Como é que um empreendedor pode
querer agir sobre um mercado sem o saber a respeito desse mercado? A partir
desse saber, ele agrega análises, reflexões e metodologias que lhe permitiram
identificar como agir sobre aquele mercado; ou seja, ele lançará mão de
habilidades que lhe darão a condição de saber o que fazer nesse mercado. Por
fim, sabendo o que fazer e planejando isso, ele precisa agir tornando esse plano
de interferência no mercado algo real e dentro do esperado. Aqui se fala de saber
fazer acontecer o que havia se estabelecido em seu planejamento.
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Desse modo, podemos seguir em várias frentes nas quais se percebe
essa relação das capacidades com as habilidades e atitudes. Um empreendedor
precisa ter determinação e energia, mas não pode perder o controle ou se deixar
levar pelo sentimento, comprometendo sua visão e sua necessidade de ação
sobre os problemas. Esse controle dos sentimentos demanda um
autoconhecimento (saber), que o remete à reflexão (saber fazer) em momentos
de crise, evitando que reações intempestivas e inadequadas minem a efetividade
de suas ações (saber fazer acontecer). Observando desafios como o de
implantar processos sinérgicos, definir e colocar em condições de uso uma
estrutura tecnológica ou desenvolver ações na qual dissemina valores, ética e
moral, podemos ver que há essa estreita e importante relação entre
capacidades, habilidades e atitudes. Falhas nessa rede podem representar
fracassos, más decisões ou mesmo ações desastrosas.
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na verdade, o desafio passa pelo exercício de um triplo e dinâmico papel a ser
desenvolvido:
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dará conta dos desafios, mantendo sua autoestima em bom grau. Como nada é
feito sozinho em termos de empreendedorismo, é extremamente importante que
o empreendedor saiba motivar, não somente a si mesmo, mas também todos os
demais envolvidos nas ações empreendedoras. Ele precisa não esmorecer
perante os problemas e surpresas desagradáveis, pois sabe que nem tudo
acontece conforme planejado e que o inesperado está sempre à espreita nas
ações empreendedoras, desejando achar uma brecha para se manifestar. Deve
se organizar no sentido de saber planejar e também de manter suas informações
e ações bem claras, feitas da melhor forma possível e dentro dos custos e
qualidades esperadas.
Com a especificidade, a complexidade e os desafios das ações
empreendedoras, outras características ganham magnitude e passam a ser
relevantes em termos de estarem presentes no empreendedor. Questões como
bom relacionamento interpessoal, empatia, liderança, competência técnica, ética
e outras sempre são úteis e desejadas, porém muitas delas estão embutidas nas
características listadas anteriormente. O importante é perceber quais as
demandas advindas da realização do sonho e se preparar o máximo possível
para dar conta delas com o melhor nível possível de efetividade. Novamente, o
lema de eterno aprendiz se realça na vida do empreendedor.
Essa lista de características, contudo, não deve nos levar a crer que
somente depois de se atingir um certo grau de competência nessas
características é que se poderá partir para a ação empreendedora. Não se trata
disso. Aqui é importante saber quais elementos circulam nas veias dos
empreendedores e, a partir disso, tratar da cobertura das lacunas, ou seja,
buscar o aperfeiçoamento nessas direções, dando maior prioridade às que se
apresentam mais limitadas, para depois seguir para as demais, não de modo
sequêncial, mas sim sistêmico. A cada dia, deve se olhar essas características
e buscar degraus a serem subidos na busca da obtenção do patamar adequado
para se tornar um empreendedor de alto impacto e realização.
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
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<http://www.anegepe.org.br/edicoesanteriores/maringa/EMP2000-01.pdf>.
Acesso em: 19 dez. 2017.
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