Origem
A cana-de-açucar no mundo
A palavra que originou o nome açúcar é, provavelmente, 'grão', 'sarkar', em sânscrito. No
leste da Índia, o açúcar era chamado 'shekar', enquanto os povos árabes o conheciam como 'al
zucar', que se transformou no espanhol 'azucar', e daí, 'açúcar', em português. Na França, o açúcar é
chamado de 'sucre' e, na Alemanha, de 'zücker', daí o inglês 'sugar'.
Não se pode definir com precisão a época do surgimento da cana-de-açúcar no mundo,
tampouco dizer, com exatidão, seu berço geográfico. Alguns pesquisadores admitem que a cana-de-
açúcar tenha surgido primeiramente na Polinésia; outros arriscam a Papua Nova Guiné. Para esses
estudiosos, a primeira aparição da cana no mundo se deu há 6 mil anos. A maior parte dos
historiadores, porém, aceita a tese de surgimento da cana entre 10 e 12 mil anos atrás e data em
3.000 a.C. o caminho percorrido pela cana da Península Malaia e Indochina até a Baía de Bengala.
A origem asiática da planta é consensual. A cana foi introduzida na China por volta de 800 a.C. e o
açúcar cru já era produzido em 400 a.C. Porém, só a partir de 700 d.C. o produto começou a ser
comercializado.
A cana e o seu doce caldo foram mantidos em segredo, já que os povos distantes do
comércio entre os asiáticos pagavam altas somas em troca de produtos luxuosos. E o açúcar era um
deles. A comercialização do açúcar a partir de 700 enriqueceu os árabes e o produto da cana entrou
na lista de preciosidades a que os países ocidentais quase não tinham acesso. A cana continuou sua
viagem rumo ao Ocidente, passando pela África do Norte até alcançar o Marrocos. Depois, sul da
Espanha, por volta de 755, e à Sicília em 950. O primeiro registro da chegada do açúcar na
Inglaterra é de 1099 e, em 1150 a Espanha já investia em uma florescente indústria canavieira. Em
1319, um quilo de açúcar valia, aproximadamente, US$ 100. Isso manteve o status de artigo de luxo
atribuído ao produto da cana e, mais tarde, motivou o aproveitamento de colônias conquistadas para
a implantação de cultivares da cana-de-açúcar.
Em 1425, D. Henrique (Príncipe Português) mandou buscar na Sicília as primeiras mudas
de cana, que plantou na Ilha da Madeira. Começou, assim, a formação dos primeiros canaviais do
Atlântico, que chegaram às Canárias (1480), Cabo Verde (1490) e Açores.
No século XV, todo o açúcar produzido na Europa, era refinado em Veneza e isso anulava a
possibilidade de diminuição de custos de transporte. Mesmo com os plantios recentes das
metrópoles européias, o refino do açúcar ainda era um entrave.
No Novo Mundo , a primeira inserção da cana deveu-se a Cristóvão Colombo, levada em
sua segunda viagem marítima, em 1493, e plantada na República Dominicana, na ilha de La
Española, e no Haiti. Daí, a gramínea expandiu-se para Cuba (1516) e México (1520). O primeiro
engenho do continente foi instalado em La Española, em 1516.
A cana chegou ao Brasil por ordem do rei D. Manuel, introduzida na Capitania de São
Vicente pelo governador-geral Martim Afonso de Souza, em 1532, tornando-se a primeira atividade
agrícola do País. A cana também se adaptou bem ao clima e ao solo de massapé nordestino, com a
vantagem de contar com a produção mais próxima do mercado consumidor europeu.
Em 1600, as lavouras e indústrias da cana do Novo Mundo já haviam se tornado o
investimento mais lucrativo do globo e o Brasil tornou-se o maior produtor de açúcar do mundo.
Em 1613, o novo engenho de três cilindros foi implantado no Brasil, o que consolidou a posição de
liderança como produtor e a liderança comercial da metrópole.
A cultura da cana, foi introduzida na Louisiana, em 1751; no Havaí, em 1802; e na
Austrália, em 1823. Também foram criadas outras técnicas de extração, e a descoberta de mais uma
função para a cana, ou melhor, para o seu bagaço, em 1838, na Martinica, a produção de papel.
A cana-de-açucar no Brasil
As primeiras mudas chegaram em 1532, na expedição de Martim Afonso de Souza. Aqui, a
planta espalhou-se no solo fértil de massapê, com a ajuda do clima tropical quente e úmido e da
mão-de-obra escrava trazida da África. Era o início do primeiro ciclo econômico brasileiro, o 'Ciclo
da Cana-de-Açúcar'. A colônia enriqueceu Portugal e polvilhou o açúcar brasileiro - assim como
aquele produzido na América Central, por franceses, espanhóis e ingleses - em toda a Europa.
A capitania mais importante na época do ciclo da cana era a de Pernambuco, onde foi
implantado o primeiro centro açucareiro do Brasil. Depois a Capitania da Bahia de Todos os Santos,
e com o desmatamento da Mata Atlântica, os canaviais expandiram-se pela costa brasileira. Mas,
para que a cultura prosperasse, foi necessária a criação de engenhos: as 'fábricas' onde a cana virava
açúcar. Essas instalações sustentaram a economia açucareira brasileira até o desenvolvimento de
novas técnicas em colônias de países concorrentes. Os engenhos e vilas surgidos com a expansão do
cultivo de cana-de-açúcar foram responsáveis pelo desenvolvimento da produção, do comércio e da
cultura do Nordeste brasileiro.
Morfologia da cana-de-açúcar
Colmo: Se desenvolve á partir da gema do tolete de cana. Quando a cana é plantada, cada gema
pode formar um colmo primário. Colmos secundários chamados de "perfilhos" podem se formar a
partir as gemas subterrâneas do colmo primário. Além disso, perfilhos podem formar-se á partir das
gemas subterrâneas dos colmos secundários. O colmo é formado por nós e entrenós. O nó é onde a
folha está presa ao colmo e onde as gemas e a raiz primária são encontradas. Uma cicatriz da folha
pode ser encontrada no nó das folhas quando estas caem. O comprimento e o diâmetro dos nós e
entrenós variam muito de com as cultivares e as condições de cultivo.
As cores do colmo vistas nos entrenós dependem das cultivares de cana e das condições
ambientais. Por exemplo, a exposição dos entrenós ao sol pode resultar em uma alteração completa
de cor. A mesma cultivar cultivada em climas diferentes pode exibir cores diferentes.
Todas as cores do talo derivam de dois pigmentos básicos: a cor vermelha da antocianina e o verde
da clorofila. A proporção de concentração desses dois pigmentos produz cores de verde ao
vermelho púrpuro ao vermelho para quase preto. Colmos amarelos indicam uma relativa falta
desses pigmentos. A superfície dos entrenós, com a exceção do anel de crescimento, é mais ou
menos coberta por cera. A quantidade de cera depende da variedade.
O topo do colmo é relativamente baixo em sacarose e, portanto tem pouco valor industrial.
O 1/3 superior do colmo, porém, contém muitas gemas e um bom suprimento de nutrientes, o que o
torna valioso na propagação da cana (plantio). Dois tipos de rachaduras podem ser encontradas na
superfície do Colmo; rachaduras inofensivas com pequenas espirais, que são restritas a epiderme, e
rachaduras de crescimento que podem ser profundas e ocorrem ao longo de toda a extensão do
entrenó. Rachaduras de crescimento são prejudiciais pois permitem aumento de perda de água ,
exposição do colmo para microrganismos e insetos. Rachaduras de crescimento dependem da
variedade e condições de crescimento.
Folhas: A folha da cana-de-açúcar é dividida em duas partes: bainha e lâmina. A bainha, cobre
completamente o colmo, estendendo-se sobre pelo menos um entrenó completo. As folhas se
desenvolvem de forma alternada, nos nós, portanto formando duas fileiras em lados opostos. A
primeira folha de cima para baixo do colmo com aurículas bem visíveis é designada +1. Para baixo
elas recebem, sucessivamente, os números +2, e +3. Para cima, 0, -1, -2 etc. A folha com a aurícula
visível (+3) é a considerada adulta e usada em determinações (avaliação do estado nutricional;
índice de área foliar) A planta madura de cana de açúcar tem uma superfície foliar, em media, de
0,5 metros quadrado, nas folhas superiores. O número de folhas verdes por colmo é ao redor de
dez,(6 a 12) dependendo da variedade e condições de crescimento. O número de folhas é menor em
condições de déficit hídrico ou em temperaturas baixas. As folhas velhas ao receberem pouca
intensidade luminosa, tornam-se senescentes. As folhas verdes do topo são eretas, com o ápice
curvo, podendo as demais serem mais ou menos eretas. Bonnett (1998), ao relatou que em
temperaturas médias baixas, inferiores a 8 ºC, o desenvolvimento das folhas de alguns cultivares foi
prejudicado. Sinclair et al. (2004), ao estudar o efeito das temperaturas mínimas ideais para o
desenvolvimento das folhas, encontrou limites diferentes de temperatura para cada cultivar
avaliado, tendo observado que a temperatura base para desenvolvimento dos aparatos foliares
estaria em torno de 10 ºC, variando conforme o cultivar.
Raízes: As primeiras raízes formadas são as raízes do tolete, que emergem de banda de raiz
primárias acima da cicatriz da folha nos nós do tolete. Raízes do tolete podem emergir dentro de 24
horas após o plantio. Essas raízes são finas e com muitas ramificações, que sustentam a planta em
crescimento nas primeiras semanas depois da brotação. Raízes do broto são tipos secundários de
raízes, que emergem da base do novo colmo 5 - 7 dias após o plantio. Esta raízes são mais grossas
que as raízes do tolete e vão formar o sistema de raiz principal da planta. As raízes do tolete
continuam a crescer por um período de 6 - 15 dias após o plantio, a maioria desaparecendo aos 60 -
90 dias enquanto o sistema de raízes do broto desenvolve-se e apropria-se do suprimento de água e
nutrientes. Até a idade de três meses, as raízes do tolete contêm menos que 2% da massa seca da
raiz.
Brotação e Estabelecimento : A brotação vai do plantio até a completa brotação das gemas.
Conforme as condições do solo, a brotação começa de 7 a 10 dias após o plantio e geralmente dura
ao redor de 30-35 dias. A brotação da gema é influenciada por fatores externos e internos. Os
fatores externos são a umidade do solo, temperatura do solo e aeração. Os fatores internos são a
saúde da gema, a umidade do tolete, a redução do conteúdo de açúcar do tolete e o estado nutritivo
do tolete. A Temperatura ideal para a brotação é de 28 - 30o C. A temperatura básica para brotação
é ao redor de 12o C. Solo úmido e calor asseguram uma brotação rápida. Os resultados da brotação
resultam em uma respiração aumentada e assim uma boa aeração do solo é importante. Portanto,
solos porosos bem estruturados facilitam uma melhor brotação. Conforme as condições do solo,
considera-se que cerca de 60 por cento das brotações serão efetivamente estabelecidas.
Perfilhamento : O perfilhamento começa ao redor de 40 dias depois do plantio e pode durar até
120 dias. O perfilhamento proporciona ao cultivo o número de colmos necessários para uma boa
produção. Vários fatores tais como cultivar, luz, temperatura, irrigação (umidade do solo) e
adubação influenciam o perfilhamento. Luz é o mais importante fator externo que influencia o
perfilhamento. É de extrema importância ter a luminosidade adequada alcançando a base da planta
durante o período de perfilhamento. Temperatura ao redor de 30o C é considerada ideal para o
perfilhamento. Temperatura abaixo de 20o C retarda o perfilhamento. Perfilhos formados mais cedo
ajudam a produzir colmos mais grossos e mais pesados. Perfilhos formados mais tarde morrem ou
permanecem curtos ou imaturos. A população de perfilho máxima é alcançada ao redor de 90 - 120
dias depois do plantio. Ao redor de 150 - 180 dias, pelo menos 50 por cento dos brotos(perfilhos)
morrem e uma população estável é estabelecida.
Práticas de cultivo tais como espaçamento, tempo de fertirrigação, disponibilidade de água
e controle de plantas daninhas influenciam o perfilhamento. Embora 6 - 8 perfilhos são produzidos
de uma gema, no final somente 1.5 a 2 perfilhos por gema restam para formar colmos. O cultivo de
cana-soca produz muito mais e mais cedo o perfilhamento que um cultivo de cana-planta.
Crescimento dos Colmos : A fase de crescimento dos colmos começa a partir de 120 dias depois
do plantio e dura até 270 dias em um cultivo de 12 meses. Durante o período anterior , no
perfilhamento, ocorre uma estabilização. Do total de perfilhos produzidos somente 40 - 50%
sobrevivem até 150 dias para formar colmos. Essa é a fase mais importante do cultivo onde ocorre a
formação e alongamento do colmo e assim resultando na produção da cana. A produção foliar é
freqüente e rápida durante essa fase com IAF alcançando ao redor de 6 - 7. Sob condições
favoráveis, os colmos crescem rapidamente quase que de 4 - 5 entrenós por mês. Irrigação,
fertirrigação, calor, umidade e condições climáticas solares favorecem um melhor alongamento de
cana. Falta de umidade reduz a extensão dos entrenós. Uma temperatura ao redor de 30o C com uma
umidade ao redor de 80% é o ideal para esta fase.
Maturação: A fase de maturação em um cultivo de doze meses dura ao redor de três meses
começando de 270 - 360 dias. A síntese de açúcar e acumulo rápido de açúcar acontece durante essa
fase, e o crescimento vegetativo é reduzido. Conforme a maturação avança, açucares simples
(monossacarídeo, frutose e glicose) são convertidos na cana de açúcar(sacarose, um dissacarídeo).
A maturação da cana acontece de baixo para cima e assim a parte de baixo contém mais açúcar que
a porção de cima. Bastante luminosidade, céu limpo, noites frescas e dias quentes e clima seco são
altamente benéficos para a maturação.
Umidade relativa: Alta umidade (80 - 85%) favorece um alongamento de cana rápido durante o
período de crescimento. Um valor moderado de 45 - 65 % junto com um suprimento de água
limitado é favorável durante a fase de amadurecimento.
Luz Solar : A Cana-de-açúcar é uma planta que necessita muita luz solar. Ela se desenvolve bem
em áreas que recebem energia solar de 18 - 36 MJ/m2. Sendo uma planta C4, a cana de açúcar é
capaz de produzir altos índices de fotossintéticos e o processo mostra uma variação de alta
saturação em relação à luz. O perfilhamento é afetado por intensidade e duração do brilho do sol.
Alta intensidade de luz e longa duração promovem o perfilhamento enquanto dias curtos e nublados
diminuem. O crescimento do colmo aumenta quando a luz do dia está entre uma faixa de 10 - 14
horas. O aumento do índice de área da foliar é rápido durante o terceiro e quinto mês, e alcança seus
valores de pico durante a fase inicial de crescimento dos colmos.
Porém, a proporção de conversão de energia em termos de produção de matéria seca por unidade de
radiação interceptada mostrou uma resposta quadrática com porcentagem de intercessão de luz
indicando que a proporção de conversão de energia aumentou de forma linear até 50% da
intercessão de luz e acima desse nível; a proporção da conversão fotossintética da radiação solar é
reduzida
No cultivo de cana de açúcar, a cobertura superior de 6 folhas interceptam 70% da radiação
e a proporção fotossintética das folhas inferiores diminuiu devido ao sombreamento. Locais que tem
um período de crescimento curto beneficiam-se de um espaçamento mais próximo para interceptar
uma quantidade maior de radiação solar e produzir maiores resultados. Porém com uma estação de
crescimento longo o espaçamento maior é melhor para evitar sombreamento e mortalidade dos
perfilhos. Por sua vez a proporção de conversão de energia em termos de produção de matéria seca
por unidade de radiação interceptada mostrou uma resposta quadrática com a porcentagem de
intercessão de luz. Isto indica que a proporção de conversão de energia aumentou de forma linear
até 50% da intercessão de luz e acima desse nível; a proporção da conversão fotossintética da
radiação solar é reduzida. Algumas estimativas mostram que 80% da perda de água são associadas
com energia solar, 14% com vento e 6% com temperatura e umidade. Altas velocidades de vento
excedendo 60-km/hora são prejudiciais às canas em crescimento, uma vez que elas causam
acamamento e quebra da cana. Também, ventos aumentam a perda de umidade das plantas e assim
agravam os feitos de doenças de estresse de umidade.
Plantio da cana-de-açucar
Clima: O clima ideal é aquele que apresenta duas estações distintas, uma quente e úmida, para
proporcionar a germinação, perfilhamento e desenvolvimento vegetativo, seguido de outra fria e
seca, para promover a maturação e conseqüente acumulo de sacarose nos colmos.
Solo: Solos profundos, pesados, bem estruturados, férteis e com boa capacidade de retenção são os
ideais para a cana-de-açúcar que, devido à sua rusticidade, se desenvolve satisfatoriamente em solos
arenosos e menos férteis, como os de cerrado. Solos rasos, isto é, com camada impermeável
superficial ou mal drenados, não devem ser indicados para a cana-de-açúcar.
Para trabalhar com segurança em culturas semi-mecanizadas, que constituem a maioria das
nossas explorações, a declividade máxima deverá estar em torno de 12% ; declividade acima desse
limite apresentam restrições às práticas mecânicas. Para culturas mecanizadas, com adoção de
colheitadeiras automotrizes, o limite máximo de declividade cai para 8 a 10%. Tendo a cana um
sistema radicular profundo, um ciclo vegetativo econômico de 4,5 anos ou mais e uma intensa
mecanização que se processa durante esse preríodo, o preparo do solo deve ser profundo e
esmerado.
No preparo do solo, temos de considerar duas situações distintas:
– a cana vai ser implantada pela primeira vez;
– o terreno já se encontra ocupado com cana.
Quando a cana vai ser implantada pela primeira vez. Fazer uma aração profunda, com
bastante antecedência do plantio, visando à destruição, incorporação e decomposição dos restos
culturais existentes, seguida de gradagem, com o objetivo de completar a primeira operação. Se
constatada a existência de uma camada impermeável, seu rompimento é feito através de
subsolagem, que só é aconselhada quando a camada adensada se localizar a uma profundidade entre
20 e 50 cm da superfície e com solo seco. Nas vésperas do plantio, faz-se nova gradagem, visando
ao acabamento do preparo do terreno e à eliminação de ervas daninhas.
Se o terreno já se encontra ocupado com cana. O primeiro passo é a destruição da soqueira,
que deve ser realizada logo após a colheita. Essa operação pode ser feita por meio de aração rasa
(15-20 cm) nas linhas de cana, seguidas de gradagem ou através de gradagem pesada, enxada
rotativa ou uso de herbicida. Se confirmada a compactação do solo, a subsolagem torna-se
necessária. Nas vésperas do plantio procede-se a uma aração profunda (25-30 cm), por meio de
arado ou grade pesada. Seguem-se as gradagens necessárias, visando manter o terreno destorroado e
apto ao plantio.
Plantio Direto: Atualmente esta técnica esta sendo implementada na cultura da cana-de-açucar,
principalmente com máquinas plantadoras especiais.
Calagem: A aplicação de calcário é determinada pela análise química do solo, devendo ser
utilizado para elevar a saturação por bases a 60%. A época mais indicada para aplicação do calcário
vai desde o último corte da cana, durante a reforma do canavial, até antes da última gradagem de
preparo do terreno. Dentro desse período, quanto mais cedo executada maior será sua eficiência.
Adubação.
Adubação: Considera-se duas situações distintas, adubação para cana-planta e para cana-soca. Para
cana-planta, o fertilizante deverá ser aplicado no fundo do sulco de plantio, após a sua abertura, ou
por meio de adubadeiras conjugadas aos sulcadores em operação dupla. Para cana-planta aplicar
mais 30 a 60 kg/ha de N, em cobertura, durante o mês de abril; em solo arenoso dividir a cobertura,
aplicando metade do N em abril e a outra metade em setembro - outubro. Adubações pesadas de
K2O devem ser parceladas, colocando no sulco de plantio até 100 kg/ha e o restante juntamente com
o N em cobertura, durante o mês de abril.
Para cana-soca, a adubação deve ser feita durante os primeiros tratos culturais, em ambos os
lados da linha de cana; quando aplicada superficialmente, deve ser bem misturada com a terra ou
alocada até a profundidade de 15 cm.
Uso de Resíduos da Agroindústria Canavieira: Pode-se substituir a adubação química das socas
pela aplicação de vinhaça, cuja quantidade por hectare esta na dependência da composição química
da vinhaça e da necessidade da lavoura em nutrientes. Os sistemas básicos de aplicação são por
infiltração, por veículos e aspersão.
A torta de filtro (úmida) pode ser aplicada em área total (80-100 t/ha), em pré-plantio, no
sulco de plantio (15-30 t/ha) ou nas entrelinhas (40-50 t/ha). Metade do fósforo aí contido pode ser
deduzido da adubação fosfatada recomendada. (Boletim Técnico 100 IAC, 1996)
Plantio: Os colmos com idade de 10 a 12 meses são colocados no fundo do sulco, sempre cruzando
a ponta do colmo anterior com o pé do seguinte e picados, com podão, em toletes de
aproximadamente de três gemas. A densidade do plantio é em torno de 12 gemas por metro linear
de sulco, que, dependendo da variedade e do seu desenvolvimento vegetativo, corresponde a um
gasto de 7-10 toneladas por hectare. Os toletes são cobertos com uma camada de terra de 7 cm,
devendo ser ligeiramente compactada. Dependendo do tipo de solo e das condições climáticas
reinantes, pode haver uma variação na espessura dessa camada.
Produção da muda de cana para o plantio: Após, em média, quatro ou cinco cortes consecutivos,
a lavoura canavieira precisa ser renovada. A taxa de renovação está ao redor de 15 a 20% da área
total cultivada, exigindo grandes quantidades de mudas. A boa qualidade das mudas é o fator de
produção de mais baixo custo e que maior retorno econômico proporciona ao agricultor,
principalmente quando produzida por ele próprio.
Formação do viveiro de mudas: Ojetivos: Renovação do canavial (após 4º ou 5° corte); Sanidade
da lavoura ; Aumentar o número de cortes; Menor tempo de implantação do canavial; Método de
renovação de menor custo
–Tratamento térmico para raquitismo: Submeter o colmo à temperatura de 50,5°C por 2horas
–Extração das gemas Gemas + zona radicular, Tratamento para raquitismo em banho com fungicida
(10 a 15 min). Os brotadores devem ser de areia, com boa drenagem. Após brotação as mudas são
transferidas para saquinhos plásticos. A época de transplante é na fase de “esporão” com as folhas
fechadas. Realizar adubação nitrogenada na fase de produção da muda para acelerar o crescimento
–Viveiro multiplicador primário Os esporão são transferidos para este local, o espaçamento de 50 a
75 cm na linha. Após 20 dias se faz o plantio no viveiro multiplicador secundário. O material a ser
transferido para o campo é destacado da touceira, sem o uso de ferramentas, quebrando os colmos
manualmente. O colmo é plantado com a palha e os colmos.
Viveiro primário : Inicia-se a colheita dos colmos por meio de ferramentas (podão). Inicia-se
quando o viveiro multiplicador já atingiu o tamanho ideal dentro do planejamento da propriedade .
As mudas podem ir ainda para um viveiro secundário (1:2000)
Viveiro multiplicador secundário : Viveiro permanente para a multiplicação de mudas.
Tratos Culturais: Os tratos culturais na cana-planta limitam-se apenas ao controle das ervas
daninhas, adubação em cobertura e adoção de uma vigilância fitossanitária para controlar a
incidência do carvão. O período crítico da cultura, devido à concorrência de plantas daninhas, vai da
emergência aos 90 dias de idade. O controle mais eficiente é o químico, através da aplicação de
herbicidas em pré-emergência, logo após o plantio e em área total. Dependendo das condições de
aplicação, infestação e eficiência do herbicida, há necessidade de uma ou mais capinas mecânicas e
catação manual até o fechamento da lavoura. A partir dai a infestação é praticamente nula.
Instalada a cultura, após o surgimento do mato, procede-se seu controle mecanicamente,
com o emprego de cultivadores de disco ou de enxadas junto às entrelinhas, sendo complementado
com capina manual nas linhas de plantio, evitando, assim, o assoreamento do sulco. Essa operação é
repetida quantas vezes forem necessárias. As soqueiras exigem enleiramento do "paliço",
permeabilização do solo, controle das ervas daninhas, adubação e vigilância sanitária.
Após a colheita da cana, ficam no terreno restos de palha, folhas e pontas, cuja permanência
prejudica a nova brotação e dificulta os tratos culturais. A maneira de eliminar esse material (paliço)
seria a queima pelo fogo, porém essa prática não é indicada devido aos inconvenientes que ela
acarreta, como falhas na brotação futura, perdas de umidade e matéria orgânica do solo e quebra do
equilíbrio biológico. O enleiramento consiste no amontoamento em uma rua do "paliço" deixando
duas, quatro ou seis ruas livres, dependendo da quantidade desse material. É realizado por
enleiradeira, implemento leve com pouca exigência de potência.
Após a colheita da cana, o solo fica superficialmente compactado dificultando a penetração
de água, ar e fertilizantes. Pode-se usar implementos que realizam simultaneamente, operações de
escarificação, adubação, cultivo e preparo do terreno para receber a capina química. Normalmente,
essa prática, conhecida como operação tríplice, seguida do cultivo químico, é suficiente para manter
a soqueira no limpo. Devido ao rápido crescimento das soqueiras, o número de capinas exigidos é
menor que o da cana planta.
Operação de Corte mecanizada: Existem basicamente dois tipos: colhedoras para cana inteira,
com rendimento operacional médio em condições normais de 20 t/hora, e colhedoras para cana
picada (automotrizes), com rendimento de 15 a 20 t/hora.
Após o corte, a cana-de-açúcar deve ser transportada o mais rápido possível ao setor
industrial, por meio de caminhão ou carreta tracionada por trator.