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Aula 03 – Direito Processual do Trabalho

1. Partes e Procuradores
a) Capacidade de ser parte e capacidade processual:
Está atrelada a ideia de personalidade civil, jurídica. A ideia de quem nasce com vida tem
personalidade jurídica e pode ser detentor de direitos e obrigações, por isso uma criança pode
ser parte em um processo.
No direito do trabalho: a CF diz que a partir dos 16 a pessoa pode trabalhar e a partir de 14 pode
ser aprendiz. Se o aprendiz não recebeu salário, ele poderá entrar com ação para cobrar, sendo
ele o autor da ação. Entretanto, ele precisa de um capaz para representá-lo no processo.
Portanto, com 14 anos a pessoa possui capacidade de ser parte, entretanto não possui capacidade
processual, a qual será obtida apenas com 18 anos (Art. 402, CLT). A capacidade de ser parte
está atrelada a aquisição de direitos e a processual à pratica de atos processuais. O representante
supre a incapacidade processual.
Art. 793, CLT: trata do ajuizamento de ações por quem é incapaz processualmente. O artigo
diz que os representantes podem suprir essa incapacidade, como pai, mãe, tutor e curador, bem
como o MP, sindicatos.

b) Capacidade postulatória:
Logo lembramos do advogado, por causa do art. 133 da CF que diz que o advogado é
indispensável para a administração da justiça. Portanto, em um primeiro momento, essa
capacidade postulatória é do advogado.
Entretanto, essa capacidade conta com diversos outros aspectos, como o habeas corpus, causas
em juizado especial e na justiça do trabalho, onde o advogado é dispensável.
Assim, como regra geral não precisa de advogado em processo do trabalho, pois o artigo 791
da CLT prevê o jus postulandi.
Mas em situações excepcionais o advogado é indispensável, conforme previsto na súmula 425
do TST, que traz 4 hipóteses onde o advogado é indispensável: 1. Mandado de segurança; 2.
Ação rescisória; 3. Ação cautelar; 4. Recursos para o TST (para o TRT não precisa de
advogado).
Assim, o jus postulandi está restrito ao primeiro grau de jurisdição e até os tribunais regionais.
Quanto ao dissídio coletivo, a assistência de advogado é facultativa.

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A reforma trabalhista, no art. 855-B da CLT, também restringiu o jus postulandi ao criar um
procedimento onde o advogado é indispensável, que é o procedimento de homologação de
acordo extrajudicial. O advogado não pode ser o mesmo para as duas partes.

Quando o advogado é contratado, é assinada a procuração ou mandato explícito ou expresso.


Entretanto, também existe a figura do mandato tácito ou apud acta (art. 791, §3º da CLT), o
que significa que não existe uma procuração assinada no processo, mas existe a comprovação
de que determinado advogado estava em audiência com a parte, assim, se o advogado consta
na ata, ele será considerado o advogado da parte. Assim, o apud acta surge com a inclusão do
nome do advogado na ata de audiência.
Acontece que, esse apud acta não confere todos os poderes, concedendo apenas os gerais, não
podendo realizar todos os atos processuais (súmula 383 do TST determina que o advogado
com mandato tácito pode recorrer, por ser ato normal). O advogado com mandato tácito não
pode substabelecer, apenas pode substabelecer o advogado com procuração expressa.

Regularização da representação em grau recursal: a súmula 383 do TST, em 2016, foi


completamente alterada. Antes da alteração, a súmula dizia que não era possível regularizar a
representação em grau recursal através da apresentação posterior da procuração, entretanto,
após o novo CPC, essa súmula determina que é possível a regularização de representação em
grau recursal.
Em caso de urgência, preclusão, prescrição ou decadência, o advogado pode interpor o recurso
e juntar a procuração após 5 dias, prorrogáveis por mais 5.
Se houver algum problema na procuração já acostada aos autos, o relator confere o prazo de 5
dias, prorrogáveis por mais 5, para que o advogado protocole nova procuração.

Honorários advocatícios de sucumbência: com a reforma, esse assunto sofreu uma profunda
transformação no sistema de condenação, portanto não se usa mais a súmula 219 do TST e sim
o artigo 791-A da CLT que tem um regulamento próprio bem parecido com o novo CPC.
Esse sistema é de mera sucumbência, ou seja, a parte perdedora pagará honorários para a parte
vencedora, isso simplesmente por ter perdido. Diferente do sistema anterior, que era a
assistência judicial gratuita, que só quem recebia honorários de sucumbência era o sindicato e
não os advogados particulares.

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No CPC os percentuais são de 10 a 20%, mas no processo do trabalho os honorários serão
fixados entre 5 e 15%.
O juiz utilizará como parâmetro para escolher esse percentual o disposto no §2º do art. 791 da
CLT, que são os mesmos critérios do CPC, como local da prestação do serviço, o tempo de
duração do processo, a complexidade, o zelo do profissional, então o juiz se valerá desses
critérios para definir, entre 5 e 15%, o percentual de honorários.

A reconvenção é uma forma de defesa prevista no art. 343 do NCPC, que é uma espécie de
contra-ataque, é quando o réu aproveita a ação do autor para estabelecer novos pedidos. É como
se o réu ajuíza uma ação dentro da outra, portanto aqui também cabe condenação de pagamento
de honorários.

Se o beneficiário da justiça gratuita for condenado, ele também será condenado ao pagamento
de honorários de sucumbência, entretanto ele faz jus a suspensão de até 2 anos dessa cobrança.
Se o beneficiário da justiça gratuita aparentar que teve uma melhora na condição financeira, o
advogado poderá cobrar dentro desse prazo de 2 anos. Acontece que, se ele não for cobrado por
dois anos, a obrigação será extinta.

Benefício da justiça gratuita x Assistência Judiciária Gratuita (art. 790, §3º da CLT):
Justiça gratuita é concedida para a parte que não tem condições financeiras de arcar com as
custas do processo. Quem recebe até 40% do limite dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social (INSS), sendo o equivalente a, aproximadamente, 2 salários mínimos.
Antes da reforma, a expressão 2 salários mínimos constava expressamente, entretanto, a
reforma modificou para os 40% do limite dos benefícios do RGPS. Na prática não mudou
muito, mas modificou a letra da lei.
O §4º diz que a parte pode receber mais de 40% e ainda assim ter justiça gratuita, como no caso
de uma pessoa que tem 8 filhos, por exemplo. E a parte comprova isso através da declaração e
hipossuficiência. Destaque-se que essa declaração apenas é necessária em caso de pessoa que
recebe mais do que os 40%.
Já a assistência judiciária gratuita é prestada pelo sindicato de acordo com a lei 5584/70.

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Preposto: a reforma modificou o entendimento do TST (súmula 377 está desatualizada),
anteriormente o preposto deveria ser empregado, mas agora o preposto não precisa ser
empregado, pode ser apenas uma pessoa que tem conhecimento dos fatos.

Atraso das partes em audiência (OJ n.º 245 SDI-1 do TST): quantos minutos a parte pode se
atrasar para a audiência? NENHUM! A parte não pode se atrasar por não ter previsão legal de
atraso. E a OJ diz exatamente isso, que as partes não podem se atrasar.

Atestado médico: as partes justificam a ausência por meio de atestado médico, e esse
instrumento é valido para evitar revelia e arquivamento. Entretanto, não é todo e qualquer
atestado que serve, tem que ser um atestado com informação específica de impossibilidade de
locomoção.

2. Atos e prazos processuais


Art. 770, CLT: fala sobre a prática dos atos processuais. Tem-se nos dias úteis, de 6 às 20hrs,
a realização dos atos processuais.
Entretanto, a audiência tem horário diferenciado, ela pode ser realizada em dias úteis, mas, de
acordo com o art. 813 da CLT, de 8 às 18hrs.
Exceções: existe um ato processual que pode ser realizado fora do horários, que é a penhora.
Esse ato processual é mais difícil de ser realizado, pois não conta com a complacência do
devedor, portanto a penhora pode ser realizada em qualquer momento, domingos, feriados, etc.
O único detalhe é que é necessária uma autorização expressa do juiz, conforme § único do 770.
Se for feita fora do horário e sem autorização expressa do juiz, a penhora será nula.

Art. 775 da CLT: A contagem dos prazos processuais foi alterada pela reforma trabalhista.
Antes da reforma, os prazos eram contados em dias corridos, fazendo com que sábados e
domingos fossem contados se estivessem no curso do prazo. Agora não, isso porque a reforma
trabalhista determinou que os prazos apenas serão contados em dias úteis (COM EXPEDIENTE
FORENSE), igual ao previsto no NCPC.
Súmula 262 do TST: ela trata do início da contagem do prazo quando a notificação é recebida
do sábado. Quando a notificação é recebida na sexta, o prazo começa na segunda, pois a sexta
é excluída por ser primeiro dia, pula o sábado e o domingo e começa na segunda se for dia útil.
Mas se for no sábado, será presumido que a notificação ocorreu em dia útil, então presume-se

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que a notificação foi recebida na segunda e, como o primeiro dia é excluído, o prazo começaria
a contar na terça. Se a segunda não for dia útil, a notificação seria, presumidamente, recebida
na terça, excluindo o primeiro dia e o prazo começaria na quarta.

Súmula 197 do TST: trata da sentença proferida na audiência, o que configura a intimação das
partes no próprio ato de sentenciar. Portanto, o prazo recursal começa a contar no primeiro dia
útil seguinte ao primeiro que é excluído.

Fazenda pública (DL 779/69): NÃO É APLICADO O CPC, isso porque o CPC é uma norma
genérica e esse DL é especifico sobre prerrogativas da fazenda pública no processo do trabalho.
No CPC tem prazo em dobro pra tudo e aqui não, aqui tem prazo em dobro para recorrer e
prazo em quádruplo para defesa.
Em caso de recurso, a parte terá o prazo de 8 dias para interpor Recurso Ordinário, enquanto a
fazenda pública terá 16 dias.
Em caso de defesa, a parte, antes da audiência, tem que ter 5 dias entre a notificação e a
audiência, enquanto a fazenda pública terá 20 dias.

Não aplicação do art. 229 do NCPC (OJ n.º 310 da SDI-1 do TST): o artigo 229 dobra o prazo
para litisconsortes que possuem advogados diferentes. Entretanto, no processo do trabalho o
TST determinou que não será dobrado o prazo, porque um dos princípios do processo do
trabalho é a celeridade.

Art. 218, §3º do NCPC - ausência de estipulação do prazo: em caso de dúvida sobre o prazo
deve ser consultada em lei, em primeiro lugar. Entretanto, o legislador às vezes confere ao juiz
a competência para fixar o prazo, como o de juntada de documento. Se o juiz determinar essa
juntada de documento e não fixar prazo, existe uma ausência de estipulação de prazo e a
resposta está no §3º do artigo 218 que determina que o prazo será automático de 5 dias.
Se o ato não for realizado dentro do prazo automático de 5 dias, existe a preclusão temporal
(por perda de prazo, art. 223 do NPCP).
Exceção: existe a possibilidade de justificar a perda do prazo por justa causa, como um acidente
grave. Nesse caso, se o juiz reconhecer, ele concede um novo prazo para a prática do ato
processual.
Preclusão é a perda da possibilidade de realização de um ato processual.

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