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Tipos de crimes

Crimes comuns – Crimes em que o autor pode ser, em regra,


qualquer pessoa: Ex. art. 131, art. 203.
Crimes específicos – Crimes que só podem ser cometidos por
determinadas pessoas, às quais pertence uma certa qualidade ou
sobre as quais recai um dever especial: Ex. art. 227, art. 284, art. 375.
Específicos próprios ou puros – A qualidade do autor ou o
dever que sobre ele impende, fundamentam a responsabilidade:
Ex. art. 370.
Específicos impróprios ou impuros – A qualidade do autor ou
a qualidade que sobre ele impende não servem para fundamentar a
responsabilidade, mas unicamente para a agravar: Ex. art.378 e o art.
190 (agravamento do segundo).
Crimes de mão própria – São autores aqueles que levam a acção
através da sua própria pessoa, não através de outrem. Abrange
somente o autor material que se confunde com o autor mediato: Ex.
art. 165 e 166, art. 295.
Crimes de resultado – são crimes em que a sua consumação só se
verifica quando se verifica uma alteração externa espacio-
temporalmente distinta da conduta: Ex. art. 131, art. 143, art. 217.
Crimes de mera actividade – O tipo incriminador preenche-se através
de uma execução, de um determinado comportamento.
Crimes formais – Crimes para os quais, a obtenção do resultado é
indiferente para a obtenção da sua tipicidade.
Crimes materiais – Crimes para os quais a obtenção do resultado é
fundamental para a obtenção da sua tipicidade.
Crimes de dano – São crimes em que a realização do tipo
incriminador tem como consequência uma lesão efectiva do bem
jurídico: Ex. Homicídio, art. 131; Dano, art. 212; violação sexual. Art.
164; Injúria, art.181.
Crimes de perigo – A realização do tipo não pressupõe lesão, mas
antes se basta com a mera colocação em perigo do bem jurídico.
Perigo concreto – O perigo faz parte do tipo, isto é, o tipo só
se preenche quando o bem jurídico tenha efectivamente sido
posto em perigo: Ex. art. 138.

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Perigo abstracto – O perigo não é elemento do tipo, mas
simplesmente motivo da proibição: Ex. Condução em estado de
embriaguês, art.292; posse de arma proibida, art.275.
Crimes simples – Crimes em que está em causa um só bem jurídico.
Crimes complexos – Crimes em que estão em causa dois ou mais
bens jurídicos.
Crimes fundamentais – São os crimes em que o seu tipo incriminador
constitui o -------- denominado comum da forma delitiva.
Qualificados – O legislador acrescenta-lhes elementos
respeitantes à ilicitude ou/e à culpa, que agravam a pena.
Privilegiados – O legislador acrescenta-lhes elementos
respeitantes à ilicitude ou/e à culpa que atenuam a pena.
Crimes instantâneos – Quando a consumação do crime se traduza na
realização de um acto ou na produção de um evento cuja duração
seja instantânea: Ex. art.131, art. 203.
Crimes duradouros ou permanentes – Quando a consumação do
crime se prolonga no tempo, por vontade do autor.
Crimes de empreendimento – São também chamados crimes de
atentado e são aqueles em que se verifica uma equiparação típica
entre tentativa e resultado. Ex. art. 238, art. 308 a), 325, 327, 363 (para
estes crimes não é válida a atenuação especial da pena prevista para
a tentativa, nem o facto de haver desistência, art. 23/2 e art. 24).
Crimes qualificados pelo resultado – Nos termos do art. 18, são tipos
cuja pena aplicável é agravada em função de um evento ou resultado
que da realização do tipo fundamental derivou. Esta qualificação em
função do resultado tem de estar prevista na parte especial do CP,
sob pena de violar o preceito “nullum crimen, nula poena, sine lege” –
art. 145.

Princípio versari in re illicita ou princípio do crime agravado pelo


resultado – Quem pratica um ilícito, responde pelas consequências,
mesmo casuais que dele promanem.

Crime preterintencional ou agravado pelo resultado

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Formação do crime – Crime fundamental doloso, seguido de evento
mais grave não doloso (negligente), em que há um especial
agravamento da pena.
Condição para a formação deste crime – Nexo de
causalidade entre o 1º evento doloso e o 2º evento negligente; a
causalidade adequada está apta a verificar esta relação. Requer-se
também um nexo de culpa, sob a forma de negligência.
Evolução deste conceito
Passou também a considerar-se a seguinte formação: A formação do
crime inicia-se pelo crime fundamental (negligente ou doloso),
seguindo-se de um evento grave (negligente ou simplesmente
constituindo um simples estado de facto) e, em consequência um
especial agravamento da pena do crime fundamental.

Imputação objectiva do resultado à conduta

Primeiro degrau – a categoria da causalidade

Teoria sine qua non ( ou das condições equivalentes) – a premissa


básica desta teoria é a de que, causa de um resultado é toda a
condição, sem a qual o evento não teria tido lugar; segundo a
mesma todas as condições, que de alguma forma contribuíram para
que o resultado se tivesse produzido, são causais em relação a ele e
devem ser considerados equivalentes entre si, sendo apta qualquer
delas a produzir o resultado típico. Teria o juiz de suprimir
mentalmente cada uma delas, até atingir a condição sem a qual o
resultado não se tivesse produzido.

Segundo degrau – A causalidade jurídica sob a forma da adequação


(art. 10/1)

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Evoluindo a partir da conditio sine qua non, afastando diversas
condições naturais ou mesmo legais de verificação do resultado, foi
concebida a Teoria da adequação ou da causalidade adequada.
Esta teoria surge da necessidade de evitar injustiças derivadas da
aplicação da conditio sine qua non aos crimes agravados pelo
resultado.
Assim, não serão relevantes todas as condições, mas só aquelas que,
segundo as máximas da experiência e a normalidade do acontecer –
e, portanto, segundo o que é, em geral, previsível – são idóneas para
produzir o resultado; assim se deve interpretar o art. 10/1.
O legislador optou, em termos básicos, por empregar a teoria da
causalidade adequada à imputação objectiva do resultado ao evento.
A extracção da causa adequada realiza-se através de um juízo de
prognose póstuma; tal significa que o intérprete, o juiz, se deve
deslocar mentalmente para o passado, para o momento em que foi
praticada a conduta e ponderar, enquanto observador objectivo, se,
dadas as regras gerais da experiência e o normal acontecer dos
factos, a acção justificada teria como consequência a produção do
evento. Se entender que a produção do resultado era imprevisível ou
que, sendo previsível, era improvável ou de verificação rara, a
imputação não deverá ter lugar.
Ao juízo de prognose póstuma, devem ser levados em conta os
especiais conhecimentos do agente, bem como a figura do homem
médio; assim, a construção a efectuar pelo juiz deverá ser : “Era
previsível e provável, para o homem médio, colocado na posição do
agente e com os especiais conhecimentos do mesmo que a acção
levada a cabo por si era apta à produção do resultado típico?”

Esta teoria falha no que diz respeito à criação de riscos consideráveis


para os bens jurídicos e a mesma não solucionar os resultados,
surgindo, assim, a moderna teoria do risco.

Terceiro degrau – Conexão do risco

Segundo a teoria do risco, o resultado só deve ser imputado à


conduta, quando esta tenha criado, aumentado ou não diminuído

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um risco proibido para o bem jurídico protegido pelo tipo de ilícito e
esse risco se tenha materializado no resultado típico: ora, por outras
palavras, para esta teoria, a imputação está dependente de um duplo
factor:
1º - Que o agente tenha criado um risco não permitido, aumentado
ou não diminuído um risco já existente;
2º - Que esse risco tenha conduzido à produção do resultado
concreto.

Se tal não se verificar, a imputação é excluída.

Comportamentos lícitos alternativos

Nestes casos demonstra-se que o resultado típico teria sido,


seguramente, sensivelmente o mesmo, ainda que a conduta ilícita
não tivesse lugar.
Neste caso é desaconselhada a imputação objectiva, visto que não se
demonstra, como sustenta Roxin,que o agente criou um risco não
permitido, verificando-se que a conduta indevida tal como a conduta
lícita alternativa produziriam o resultado típico, pelo que a sua
aplicação violaria o princípio da igualdade.

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