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RESUMO
· A mídia valoriza (alarmismo) as catástrofes, mesmo sendo processos naturais, tais como
terremoto, vulcanismo, etc. tratando-os como sobrenaturais;
· É preciso esclarecer que “a noção de acidente, catástrofe, castigo, etc. é de ordem sobretudo
humano-social” e que se tornam importantes para a sociedade quando “ameaçam áreas habitadas ou
de importância econômica”;
· Muitos destes problemas são agravados em função da falta de planejamento dos assentamentos
humanos – “supervalorização do planejamento econômico em detrimento do planejamento social”;
· A mídia deve perceber que ciência e a técnica já livraram a humanidade “da simples condição de
vítima da natureza”;
· Apesar de certos equívocos a mídia tem contribuído para divulgar a questão ambiental.
a) Ciências: faz parte de sua própria origem, dependendo do momento; difere da abordagem feita
pela mídia;
b) Artes: a natureza como inspiração dos artistas (contemplação); os artistas (engajados) passaram a
denunciar as agressões da sociedade contra a natureza; contribuem para a conscientização da
problemática ambiental.
c) Atividade política: atitude desprezível e demagógica; utiliza a temática ambiental com fins
eleitoreiros, sem conhecer profundamente a questão e sem ter compromisso real com a causa; não
há uma cobrança mais direta da sociedade; deve-se reconhecer os esforços de uns poucos políticos,
mas os “verdes” ainda são minoria.
· Meio Ambiente: descrição do quadro natural do planeta (relevo, clima, vegetação, hidrografia,
fauna e flora dissociados do homem ou de qualquer sociedade humana);
· Descrições detalhadas dos lugares - tentativa de sistematização - influência positivista;
·A Geografia é a única ciência que, desde sua formação se propôs a estudar a relação homem-meio;
Os fundadores da Geografia, Humboldt (naturalista) e Ritter (filósofo e historiador) objetivaram
compreender os diferentes lugares através das relações da natureza (aspectos físico-naturais) com os
homens (aspectos humano-sociais) desde o início;
· Biologia e Ecologia (com início nos anos 30), por exemplo, dissociaram o Homem da Natureza.
· RATZEL: produziu uma descrição dos lugares onde o natural e o humano se apresentavam
dissociados, e tentou explicar o determinismo dos lugares sobre os homens como forma de
escamotear a dominação cultural;
· LA BLACHE: opôs-se a Ratzel, mas também escamoteia a intenção de dominação dos povos
brancos sobre os demais; além da abordagem regional, acentua a separação entre elementos físico-
naturais e elementos humano-sociais das paisagens. Para ele, o meio físico era apenas um suporte
para o desenvolvimento dos grupos humanos.
· DE MARTONNE: discípulo de La Blache, aprofunda a abordagem dos elementos naturais das
paisagens e desenvolve o que ficou conhecido como geografia física. Esta passou a tratar da questão
ambiental; além disso, na sua obra máxima, o Tratado de Geografia Física, os sub-ramos da
geografia física estão separados como se fossem gavetas incomunicáveis entre si.
· No final do séc. XX, E. Reclus tenta produzir uma Geografia de cunho ambientalista, unindo a
militância política a uma pretensa ciência-ponte entre o homem e a natureza;
· Devido a força do positivismo, sua obra só foi editada nos anos 60 do séc. XX;
· Foi uma grande chance de aprofundamento na questão ambiental perdida pelos geógrafos, que não
souberam aproveitar a genialidade de Reclus;
· Polêmica: para os defensores da “Geografia Radical”, a geografia física (dissociando natureza e
sociedade) não era geografia (o autor considera esta postura absurda porque os radicais esquecem
que este conhecimento é produto de sua época, assim como a “Geografia Radical”).
· Nos anos 50, com o surgimento da nova geografia a geografia física se revitaliza com o
neopositivismo;
· A natureza recebe um tratamento modelístico-matemático, influenciado pela teoria dos sistemas;
· Anos 60: o geossistema de V Sotchava surge como abordagem metodológica, porém ainda
impregnado de positivismo. Avança ruma a abordagem ecossistêmica;
· A New Geography dos norte-americanos, desprezam/desconhecem a abordagem de Sotchava e
matematizam/quantificam a geografia, por influência da informática que surgia então;
· Os pioneiros da geografia que lançaram as bases do estudo do meio ambiente no Brasil: Aroldo de
Azevedo, Lysia Bernardes, Dora de A. Romariz e outros.
· Meio Ambiente: a natureza do planeta com todos os seus elementos componentes.
Análise de eventos que irão facilitar a compreensão do período dos anos 40/60: SEGUNDA
GUERRA MUNDIAL
A EXPLOSÃO DEMOGRÁFICA
· Os anos 60 e 70 foram marcados por uma alarmante explosão demográfica, principalmente nos
países de Terceiro Mundo;
· Causas: desenvolvimento da medicina e da farmacoterapia, aliadas com as disparidades regionais
na distribuição da renda;
· Este episódio serviu, entre outras coisas, para demonstrar que os recursos naturais são finitos;
· A partir desta constatação, muitos estudiosos passaram a calcular quanto milhões de seres
humanos o planeta poderia suportar, elaborando diretrizes e propostas para contornar a situação,
sem, no entanto, tratar da questão da distribuição da riqueza.
SECA/FOME/DESERTIFICAÇÃO NA ÁFRICA
· Anos 60 e 70 foram muito difíceis para a África, principalmente para os habitantes das bordas do
Saara (o Sahel): uma grande seca abateu-se sobre esta região;
· Além das implicações de ordem natural, deve-se observar o aumento da população humana e de
suas manadas pressionando fortemente o frágil ecossistema local;
· O problema africano serviu para denunciar o agravamento das condições de subdesenvolvimento e
pressão sobre o meio ambiente.
Marcaram os anos 50 e 60, ligados a ação dos jovens e dos estudantes e, por conseguinte,
preocupados com o meio ambiente. Dentre eles, destacam-se:
· Movimento hippie: marcou pela forma de contestação à sociedade eletrônica – a volta do homem
ao convívio com a natureza (alimentação natural, vida no campo); culto ao espírito em vez da
matéria;
· “Maio de 1968”:disseminou um ideal de liberdade e participação organizada entre os jovens;
democratizou o ensino superior, principalmente na França (no Brasil a ditadura embruteceu);
· Realização da Primeira Conferência Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
(Estocolmo – 1972) – primeira tentativa de equacionamento dos problemas ambientais (sinal de que
a questão ambiental era preocupante);
· A realização da Rio–92 foi uma demonstração clara do malogro da Conferência de Estocolmo: a
natureza estava sendo destruída num ritmo cada vez maior;
· A escolha do Rio de Janeiro: cenário social municipal e nacional degradados, conflito Norte/Sul
bastante evidente, ondas de seqüestros e epidemias além do tráfico de drogas na cidade quase
inviabilizam o encontro;
· A participação de alguns países foi lastimável, sendo os EUA o maior/pior exemplo (não assinou o
Acordo Internacional da Biodiversidade – Pres. George Bush, pai);
· Poucos avanços em relação a Estocolmo.
· Nos anos 60, 70 e 80, o marxismo trouxe um grande impulso ao estudo da sociedade, isto é,
fortaleceu a geografia humana em detrimento da geografia física;
· No entanto, preocupada com a ação do homem sobre o espaço à luz da relações sociais, a
geografia radical esqueceu/empobreceu o temário do meio ambiente.
· O autor que deixar claro que a geografia é uma das muitas ciências que aborda a questão
ambiental e que a compreensão desta problemática passa necessariamente por uma visão
interdisciplinar;
· Somente ações desenvolvidas com caráter holístico podem apresentar resultados satisfatórios à
problemática ambiental;
· Carlos W. P. Gonçalves chega a propor uma revisão do termo meio ambiente para ambiente ou
meio, apenas;
· Herbert de Sousa : a questão ambiental por vez esquece que o homem também faz parte do meio.
Para o sociólogo, ante de se falar de meio ambiente no Terceiro Mundo, é preciso resgatar um
mínimo de dignidade para a população, senão o discurso cai no vazio;
Postado por Assis Araujo às 23:40