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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO - OESTE –

UNICENTRO
SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS – DEAGRO
DEPARTAMENTO DE AGRONOMIA – DEAGRO

ERNANI GARCIA NETO


GUSTAVO MALAQUIAS CZARNIESKI
JESSICA VANESSA WOSNIAK CORRÊA
MARIEDA CAROLINE PROVIN
TAINARA MENEGASSI

ACOMPANHAMENTO DA CULTURA DA BATATA


(SOLANUM TUBEROSUM L.)
GUARAPUAVA-PR

GUARAPUAVA-PR
2016
1
ERNANI GARCIA NETO
GUSTAVO MALAQUIAS CZARNIESKI
JESSICA VANESSA WOSNIAK CORRÊA
MARIEDA CAROLINE PROVIN
TAINARA MENEGASSI

ACOMPANHAMENTO DA CULTURA DA BATATA


(SOLANUM TUBEROSUM L.)
GUARAPUAVA-PR

Trabalho a ser entregue ao Professor Ph.


D Jackson Kawakami na disciplina de Agricultura
I para obtenção de nota parcial semestral
referente ao sexto período do curso de
Agronomia pela Universidade Estadual de Centro
- Oeste – UNICENTRO.

GUARAPUAVA-PR
2016

2
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 4

2 LOCALIZAÇÃO DA PROPRIEDADE ................................................................ 5

3 CARACTERÍSTICAS DA PROPRIEDADE ....................................................... 6

4 HISTÓRICO DA ÁREA ..................................................................................... 7

5 VISITAS À PROPRIEDADE.............................................................................. 8

6 IMPLANTAÇÃO .............................................................................................. 11
6.1 Sistema de cultivo ........................................................................................... 11
6.2 Análise química do solo .................................................................................. 11
6.3 Preparo do solo .............................................................................................. 11
6.4 Calagem ......................................................................................................... 12
6.5 Adubação........................................................................................................ 13
6.6 Material propagativo ....................................................................................... 13
6.7 Plantio ............................................................................................................. 14

7 AMONTOA...................................................................................................... 16

8 MANEJO DE PLANTAS DANINHAS .............................................................. 18

9 MANEJO DE PRAGAS ................................................................................... 21

10 MANEJO DE DOENÇAS ................................................................................ 25

11 IRRIGAÇÃO.................................................................................................... 28

12 MÁQUINAS AGRÍCOLAS DA PROPRIEDADE .............................................. 29

13 COLHEITA E COMERCIALIZAÇÃO ............................................................... 31

14 ANÁLISE ECONÔMICA.................................................................................. 32

15 ANÁLISE CRÍTICA DA PROPRIEDADE ........................................................ 34

16 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 36

17 REFERÊNCIAS .............................................................................................. 37

18. ANEXO ........................................................................................................... 40

3
1 INTRODUÇÃO

A origem da batata (Solanum tuberosum L.) se deu nos Andes peruanos e


bolivianos onde existem relatos do cultivo dessa cultura a mais de 7000 anos. Pelo
mundo a Solanum tuberosum L. é conhecida de maneiras diferentes como, por
exemplo, araucano ou Poni no Chile, Iomy na Colômbia, Papa no Império Inca e na
Espanha, Patata na Itália, Irish Potato ou White Potato na região da Irlanda
(FILGUEIRA, 2007).
Quanto a taxonomia da batata, a mesma pertencente a família das
Solanaceas, de gênero Solanum, espécie Solanum tuberosum L.
Segundo a FAO no ano de 2013 a área plantada de batata no mundo foi de
19.337.071 hectares, gerando uma produção de 376.452.524 toneladas. No Brasil
no ano de 2013 a área plantada foi de 128.056 hectares produzindo 3.553.772
toneladas (FAO, 2015).
Batata tem um consumo per capita de 75-95 kg por pessoa ano, fazendo dela
o quarto alimento mais consumido no mundo (FONTES, 2005). Pode-se dizer então
que a batata é uma das principais fontes de alimento para o mundo, isso vem de
muito tempo, prova disso foi a Grande Fome Irlandesa no ano de 1850, pois na
região da Irlanda a população apresentava uma alimentação a base de batata, então
quando houve uma epidemia de Requeima da Batata causada pelo patógeno
Phytophthora infestans milhões de pessoas morreram de fome (Souza, 2001).
A explicação dessa importância alimentar da batata para o mundo se da na
sua eficiência nutricional, uma vez que os tubérculos são ricos em carboidratos,
vitamina C, ferro, fósforo, magnésio e potássio (PATIAS, 2008).
Em Guarapuava a batata na sua maioria é cultivada para mesa, mas já
existem alguns produtores destinando uma parte da sua produção para cultivares
voltadas para a indústria. De modo geral a cultura na região apresenta uma
excelente produtividade apresentando 35 t/ha em uma área plantada de 2.025
hectares, colocando o município como décimo maior produtor nacional (IBGE, 2015).
Isso se da ao fato dos produtores disporem de uma alta tecnologia em todos os
segmentos do cultivo, o solo da região ser rico em matéria orgânica, bem
intemperizado com uma alta capacidade de troca de cargas e também devidos a
fatores ligados ao clima, principalmente quando se trata de temperatura e
precipitação.
4
2 LOCALIZAÇÃO DA PROPRIEDADE

A área acompanhada fica localizada no município de Guarapuava –PR, e


possui as seguintes coordenadas geográficas 25°26'48.1"S 51°41'35.6"W.

Figura 1. Imagem aérea da área acompanhada. Fonte: GOOGLE MAPS, 2016.

5
3 CARACTERÍSTICAS DA PROPRIEDADE

A propriedade está a mil cento e cinquenta e sete (1.157) metros de altitude.


Segundo a classificação de Köppen se classifica como Cfb (Subtropical Úmido
Mesotérmico), apresenta um clima temperado propriamente dito, tem temperatura de
18° C no mês mais frio (mesotérmico), com verões frescos, em meses quentes a
temperatura média não passa de 22 ºC e estação seca indefinida (IAPAR, 2013).

Verifica-se declividade média de 8% com uma superfície ondulada e solo


típico de Latossolo Bruno Distroférrico, variando em consideração a drenagem,
podendo ser muito a bem drenados e profundos (SANTOS, 2006).

6
4 HISTÓRICO DA ÁREA

A área acompanhada é arrendada pelo produtor para o cultivo de batata,


tendo como área total de 36,3 hectares.

Nessa área continha anteriormente aveia, sucedida pela cultura da soja.


Nunca tendo sido cultivado solanáceas, assim podendo ser considerada área virgem
para batata.

7
5 VISITAS À PROPRIEDADE

Ao todo foram feitas 5 visitas a área do produtor, sendo elas dias 04 de outubro, 25
de outubro, 28 de outubro, 21 de novembro e 8 de janeiro.

Figura 2. Visita realizada pelo grupo no dia 21 de novembro de 2015.


Fonte: CZARNIESKI, 2015.

Na primeira visita já havia sido realizado o plantio das sementes, com isso foi
questionado sobre o plantio, visitado a área, o maquinário e perguntado sobre as
aplicações. A cultura estava no II estádio fenológico, segundo a Associação
Brasileira da Batata, é o intervalo entre a emergência e o desenvolvimento dos
estolões.

Na segunda visita foi acompanhada a aplicação de inseticida e fungicida


(Figura 3). A cultura estava estádio II, em elevado desenvolvimento vegetativo,
apresentando tuberização (Figura 4) (ABBA, 2014).

8
Figura 3. Visita realizada no dia 25 de outubro de 2015. Fonte: CZARNIESKI, 2015.

Figura 4. Visita realizada no dia 25 de outubro de 2015. Fonte: CZARNIESKI, 2015.


Na terceira visita foi realizado o levantamento de pragas, doenças e plantas
invasoras.

9
Figura 5. Levantamento de plantas daninhas e doenças. Fonte: CZARNIESKI, 2015.

Na quarta visita foi realizado novamente a amostragem das plantas daninhas,


uma vez que na terceira todas eram plântulas ainda, foi também nessa visita
realizado a contagem de quantas plantas por metro linear.

Na quinta visita foi possível acompanhar a colheita da cultura, observando


como é realiado o arranquio, a catação manual e a relação das pessoas contratadas
com o produtor.

Figura 6. Acompanhamento da colheita de batata realizada no dia 8 de janeiro de 2016.


Fonte: PROVIN, 2016.

10
6 IMPLANTAÇÃO

6.1 Sistema de cultivo

O sistema de cultivo utilizado pelo produtor, e pela maioria dos baticultores é


o sistema de plantio convencional. Nesse sistema, o solo é revolvido, através de
máquinas agrícolas, e tem como objetivo de minimizar possíveis compactações e
auxilia a incorporar corretivos e fertilizantes. Com o revolvimento, ocorre o controle
de plantas daninhas, pragas e doenças. Esse processo pode causar grandes
problemas como erosão hídrica.

6.2 Análise química do solo

Os solos do Brasil são em geral pobres em nutrientes, com pH em sua


maioria ácidos, além de apresentarem teores de elementos tóxicos elevados.
Portanto no Brasil práticas como calagem e adubação são indispensáveis para uma
boa produção, para que os níveis estejam dentro do recomendado para cada cultura
são feito análises químicas do solo (FREIRE, 2003).
A empresa que o produtor compra os produtos para aplicar na área já havia
encomendado uma análise para facilitar o serviço dos seus técnicos. A analise foi
feita no laboratório LABORSOLO, a amostra foi entregue para o laboratório no dia
06/05/2015 e o resultado ficou pronto uma semana depois. O objetivo da análise for
avaliar pH do solo e os teores de macro e micro nutrientes existentes na
propriedade. A amostragem foi coletada em uma camada de 0-20 cm, os resultados
obtidos foram utilizados para os cálculos apresentados no trabalho.

6.3 Preparo do solo

Tendo em vista o sistema de cultivo da batata, o preparo do solo se torna um


dos principais tratos culturais na produção de batata, pois, segundo Boller et al.
(2003), o preparo influencia os aspectos físicos, biológicos, sustentáveis e
produtivos do solo, sendo decisivo para a produtividade da cultura, já que esta
apresenta um alto grau de sensibilidade às condições do solo em todos os estádios
fenológicos.

11
Para preparar o solo, foram efetuadas duas gradagens (uma aradora e outra
niveladora), uma aração profunda de 30 cm e uma subsolagem.
No preparo do solo para o cultivo é realizado duas gradagens, sendo uma
com a grade aradora e a outra com a niveladora. Posteriormente é feito a aração,
subsolagem, a rotativa e então, a subsolada novamente pra finalizar.

6.4 Calagem

A maioria dos solos brasileiros são ácidos, principalmente pela presença dos
íons Hidrogênio e alumínio. Este processo se inicia pela intensa lixiviação dos
nutrientes do solo, pela retirada dos nutrientes catiônicos pelas culturas, como
cálcio, magnésio e potássio, e também pela utilização de fertilizantes ácidos
(Embrapa, 2005).

A calagem tem por objetivo eliminar a acidez do solo e fornecer ao solo cálcio
e magnésio para suprir as necessidades das plantas, como estimular o
desenvolvimento das raízes, e assim auxiliar a planta a tolerar a seca, aumentar a
disponibilidade de fósforo, diminuir a quantidade de alumínio e manganês (Embrapa,
2005).

Para se obter aumentos de produtividade a calagem é a prática mais viável e


econômica. Para que o calcário seja devidamente incorporado ao solo é importante
que seja feita no preparo do solo. Para se obter os valores da acidez do solo, é
necessária uma análise, que indica o PH, a acidez potencial do solo (H+ + Al+3) e o
valor de bases. Para realização dos cálculos da necessidade de calagem deve ser
levado em conta os 3 diferentes métodos utilizados no Brasil, sendo eles:
neutralização de alumínio: ES, GO, MG, PR e região do Cerrado. Solução tampão
SMP: RS e SC e saturação por bases: SP e PR (Embrapa, 2005).

(ܸ2 − ܸ1)
ܰ‫= ܥ‬ ܺܶ ‫ ݔ‬1
100

Onde:
• NC é necessidade de calagem;

12
• V2 é saturação de bases que se pretende atingir com a calagem, vária para
cada cultura;
• V1 é a saturação de bases da área;
• T é quantidade de cátions trocáveis existente, esse valor obteve-se a partir da
soma de bases trocáveis (SB) e dos teores de Hidrogênio e de Alumínio.
Segundo Lima et al. (1989) o V(%) para a batata é de 60% e na área o valor
encontrado foi de 58,03%, o calcário utilizado foi calcário dolomítico filler com PRNT
de 100%. Portanto a necessidade de calagem para a área é de 223 kg por hectare.
O produtor sem levar em consideração a análise de solo aplicou 2 toneladas por
hectare.

6.5 Adubação

Mesmo tendo em mão a análise química do solo (anexo 1) o produtor não a


utiliza para calcular o quanto de adubo irá aplicar na área, ele opta por repetir as
adubações do anos anteriores a qual é 4,54 t.ha-1 de adubo formulado NPK 4-14-8,
ou seja, 181,6 Kg de N.ha-1, 635,6 Kg de P2O5.ha-1 363,2 de kg de K2O.ha-1.

Essa formulação está um pouco acima da média da região que é 4 t.ha-1, mas
ao avaliar a produtividade ao longo dos anos do produtor, estimasse que a
adubação adotada vem sendo eficiente na área.

6.6 Material propagativo

O produtor sempre trabalhou com a cultivar Ágata e optou novamente por


essa cultivar na safra. É originaria da Europa obtida do cruzamento das cultivares
Bm 52.82 e Sirco, sendo hoje a cultivar mais plantada no Brasil (Embrapa, 2011).
Apresenta película amarela, lisa e brilhante com polpa amarela, possui ciclo de
desenvolvimento curto destacando-se pelo seu rendimento e aparência de
tubérculos (FONTES, 2005).
Mesmo sendo a cultivar mais plantada na região e no Brasil apresenta
algumas limitações quanto à suscetibilidade de doenças como, por exemplo,
requeima, pinta preta e ao vírus do enrolamento da folha.As sementes utilizadas são
do tipo 3 e estavam em G2 (segunda geração). E o produtor adquiriu as sementes
de um bataticultor da região.
13
6.7 Plantio

A cultura foi implantada no dia 09 de setembro e finalizada no dia 18 de


setembro de 2016.
A recomendação do espaçamento para o cultivo da batata é em torno de 25 a
40 cm entre plantas, e o espaçamento entre linhas de 70 a 80 cm segundo a
Embrapa. Porém, dependendo das condições do terreno e dos tubérculos pode-se
alterar o espaçamento utilizado. Sendo assim, o produtor optou por utilizar
espaçamento de 16 a 18 cm entre plantas e aproximadamente 80 cm entre linhas.
Desse modo, para conferir o espaçamento utilizado foi feito uma amostragem
em dez pontos aleatórios da lavoura. Utilizando uma fita métrica foi possível
quantificar o número de plantas por metro linear (figura 7). Como se pode visualizar
na tabela 4, a amostragem resultou em 5,7 plantas por metro linear-1 e de acordo
com o espaçamento usado pelo produtor seria 5,5 plantas por metro linear-1,
comparando os dados nota-se um adensamento de plantas não esperado pelo
produtor.

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Tabela 1. Número de plantas por metro linear quantificadas em diferentes pontos de
amostragem
Ponto Número de
plantas
1 5
2 5
3 6
4 6
5 6
6 6
7 6
8 5
9 6
10 6
Média 5,7
CV 8,47%

15
7 AMONTOA

A amontoa consiste em um deslocamento de terra das entrelinhas para a


base da planta, formando um camalheão de até 20 cm de altura (SALES, 2011).
Na propriedade esse manejo é realizado 30 dias após o plantio, com o auxílio
de uma enxada rotativa (Figura 7), o produtor mencionou que nesse período as
plantas já estão com uma altura que possibilita a realização da prática sem que a
mesma seja coberta por solo, após esse período o sistema radicular já está muito
desenvolvido podendo ser prejudicado pelo implemento.
Juntamente com a amontoa o produtor faz a aplicação de 200 g por hectare
de Regent 800 WG o qual tem Fipronil como ingrediente ativo, objetivando o controle
de pragas de solo.
A amontoa trás diversos benefícios para a cultura da batata, dentre eles o
afrouxamento da camada de solo próxima a planta para que os tubérculos não
encontrem barreiras para seu desenvolvimento, esse manejo também cobre as
rachaduras causadas pelo crescimento das raízes, evitando que algumas espécies
de artrópodes realizem a postura diretamente nas raízes (FURUMOTO, 2010 apud
SALES, 2011).

Segundo Martini et al. (1990) a amontoa também tem a finalidade de


aumentar o número de estolões, com isso aumentando o número de tubérculos, faz
também a planta tenha mais contato com o solo favorecendo o desenvolvimento das
raízes de reserva, além de ser um excelente manejo contra plantas daninhas.

A camada de solo extra adicionado ao pé da planta faz com que o tubérculo


não aflore nos períodos que antecedem a colheita, pois o contato com o sol os
tornam esverdeados pela formação de clorofila e o aumento nos teores de
glicoalcalóide solanina, além da mudança na coloração ocorre deformação no
formato e as características de polpa, fazendo que o mesmo seja descartado
(FILGUEIRA, 1999).

16
Figura 7. Enxada Rotativa. Fonte: CZARNIESKI, 2015

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8 MANEJO DE PLANTAS DANINHAS

O produtor se preocupa com a existência de propágulos de plantas invasoras


e a possibilidade de algum patógeno utilizá-las como hospedeiras. Com isso é
realizada uma dessecação em cobertura aos oito dias após o plantio com o
herbicida Sencor 480, esse herbicida é seletivo residual e pertence ao grupo das
triazinonas e pode ser aplicado em pré-emergência com formulação concentrada
com doses de 1,250 L.ha-1, também em pós-emergência em pequenas dosagens.
Foi realizado um levantamento de plantas daninhas 48 dias após o plantio,
utilizando um quadrado com 1m2 de diâmetro, o qual foi lançado aleatoriamente 10
vezes em toda a área. Em cada ponto foi realizada a contagem das plantas
invasoras, os dados obtidos estão disponíveis na tabela 5.
O levantamento foi realizando 18 dias após a amontoa (Tabela 5), devido a
isso foi encontrado poucas plantas daninhas e na sua maioria plântulas, dificultando
a identificação das mesmas (Figura 8). Foi encontrada apenas nas bordas plantas
invasoras mais desenvolvidas.

Figura 8. Plântulas. Fonte: CZARNIESKI, 2015

Como foi encontrado na área uma grande quantidade de plântulas e poucas


plantas invasoras desenvolvidas, optou-se por se fazer um segundo levantamento
(Tabelas 5 e 6).

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Tabela 2. Número de plantas daninhas encontradas na área.
Ponto Número de
plantas
1 3
2 0
3 2
4 0
5 0
6 3
7 4
8 0
9 0
10 0
Média 1,2

Tabela 3. Organização geral das espécies de plantas daninhas encontradas na área.


Guarapuava, 2015.
Total de 10 quadrados = 10 m² de área total

Na cultura da batata a competição com Plantas Daninhas pode reduzir a


produção de tubérculos de 6,4 a 65%, podem tornar os tubérculos menores, fazendo
com que haja alteração na sua densidade, atém de causar deformações,
depreciando seu valor de comercial (COSTA, 2008).
Para o controle de plantas daninhas na área, além do controle físico que é
realizado no momento da amontoa foi utilizado também o controle químico com o
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herbicida Sencor 480 de principio ativo metribuzim, com a dosagem de 1,250 L.ha-¹,
20 dias após o plantio. Segundo o produtor o período que as plantas daninhas
apresentam interferência fica entre 30 e 50 dias.
Foram encontradas quatro espécies de plantas daninhas na área (Tabela 6).
Nota-se que a planta daninha com maior densidade é o leiteiro (Euphorbia
heterophylla) com 1,33 plantas m-2,, seguido pelo papuã (Brachiaria plantaginea)
com densidade de 1,07 plantas m-2.
A alta densidade de leiteiro se da por não existirem produtos registrados
para o controle do mesmo em pós-emergência. Herbicidas a base de metribuzim
serem eficientes para o controle de plantas monocotiledôneas, mas para as plantas
dicotiledôneas eles não levam a morte, apenas atrasam o desenvolvimento e devido
essa planta daninha ser muito vigorosa a mesma consegue se desenvolver e
competir com a cultura. Para o papuã e azevém mesmo havendo controles
recomendados o produtor achou preferível não entrar com o controle por não achar
compensatório ao comparar com a perca que a planta invasora trouxe na produção
em anos interiores (Figura 9).
No preparo da área foi feito a dessecação total com o produto gramuxone
200 (paraquat) com a dose de 2,5 L.ha-1.

Figura 9. Leiteiro (Euphorbia heterophylla) e Papuã (Brachiaria plantaginea).


Fonte: MENEGASSI, 2015.

20
9 MANEJO DE PRAGAS

Para determinar o nível populacional e o nível de dano, foi realizada uma


amostragem na área acompanhada. O método de contagem foi o caminhamento
zigue-zague. Foram contados 10 pontos utilizando o pano de batida, medindo 1m de
comprimento e 0,5 de largura. O objetivo era quantificar lagartas e percevejos na
propriedade, além de tripes, afídeos, besouros e mosca-branca.

Figura 10: Insetos encontrados na amostragem, Percevejo e Vaquinha,


respectivamente. Fonte: CZARNIESKI, 2015

Como resultado, temos a incidência de percevejo (Euschistus heros) e


vaquinha (Diabrotica speciosa) em três pontos amostrados. Também pode-se
observar a incidência de mosca-branca na área. Como esperado, o número de
indivíduos era pequeno, ou inexistente, demonstrando que as populações de insetos
pragas estavam controladas, ou seja, estavam abaixo do nível de dano econômico.
O motivo foi a frequente aplicação de inseticidas que ocorria a cada 2 dias.

21
Tabela 4: Relação dos Insetos pragas, encontrados na amostragem em cultura de batata.
Guarapuava. 2015.
Número de
Ponto Inseto
indíduos
1 Euschistus heros 3
2 Euschistus heros 1
3 Euschistus heros 1
4 - -
5 - -
6 - -
7 - -
8 Diabrotica Speciosa 1
9 - -
10 - -

O percevejo marrom (Euschistus heros), comumente tem como planta


hospedeira principal a soja. Porém, pode atacar a batata em tempos de seca, ou na
entre safra. Talvez, o fato do aparecimento na cultura, seja o cultivo de lavoura
próxima.

Uma importante praga encontrada é a Diabrotica speciosa, conhecida por


vaquinha. Na fase larval recebe o nome de larva-alfinete, já na fase adulta, esse
inseto causa injúrias na folha, causando desfolha na planta, entretanto, é mais
prejudicial na fase larval, pois faz perfurações em estolões e tubérculos depreciando
seu valor comercial (SOUZA & SILVA, 2007). Como melhor forma de manejo, foi
feito a aplicação preventiva utilizando inseticida no sulco, antes do inicio do plantio.

Quanto à mosca-branca, não se tem grandes danos na cultura, porém, numa


população acima do normal, em algumas cutura pode causa o desenvolvimento da
fumagina, em alguns casos está associada à trasmissão do vírus Tomato yellow vein
streak virus (ToYVSV) e Potato leafroll virus (PLRV) (Lima & Lara, 2001; Souza–
Dias et al., 2005)

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Tabela 5: Relação de inseticidas utilizados na cultura da batata, Guarapuava - PR,
2015.
Nome
Comercial
Dose Total Data da
do Ingrediente ativo Nº aplicação
Aplicada Aplicado Aplicação
Produto

Lambda-cialotrina 29, 36, 59,


Karate 4 0,25 L ha-1 27,67L
(piretróide) 73 DAP
Lambda-cialotrina
Platinum (piretróide) + 26,34,43,50,
6 0,25 L ha-1 300 L
Neo iametoxam 75,80 DAP
(neonicotinóide)
Regente Plantio E 50
Fipronil (pirazol) 2 0,15 L ha-1 10,80L
800 WG DAP
Clorpirifós 23, 67,84 E
Sabre 4 2 L ha-1 72L
(organofosforado) 93 DAP
Furadan Metilcarbamato de
2 1 L ha-1 40 L 40, 56 DAP
100G benzofuranila
DAP: Dias após plantio.

-KARATE ZEON 50 CS (LAMBDA-CIALOTRINA): É um inseticida de contato e


ingestão, pertencente ao grupo piretróide. É utilizado para controle de Larva-
minadora (Lyriomyza huidobrensis). Produto liberado no estado do Paraná.

-PLATINUM NEO 50 CS (LAMBDA-CIALOTRINA): É um inseticida sistêmico e de


contato e ingestão, pertencente ao grupo neonicotinóide e piretróide. É utilizado para
controle de Pulgão (Myzus persicae) e Vaquinha (Diabrotica speciosa). Não exceder
a 3 aplicação. Produto com restrição de uso no Paraná.

-Regent® 800 WG (FIPRONIL): É um inseticida de contato e ingestão, pertencente


ao grupo pirazol. É utilizado para controle de Larva-alfinete (Diabrotica speciosa).
Produto liberado no estado do Paraná.

-SABRE (CLORPIRIFÓS): É um inseticida de contato e ingestão, pertencente ao


grupo organofosforadol. É utilizado para controle de Larva-alfinete (Diabrotica
speciosa), Vaquinha (Diabrotica speciosa - fase adulta) e Mosca-minadora
(Lyriomyza huidobrensis). Deve ser realizado no máximo 2 aplicações por ciclo da
cultura. Produto com restrição de uso no Paraná.

-FURADAN 100 G (CARBOFURANO): Inseticida e nematicida sistêmico do grupo


químico metilcarbamato de benzofuralina. É utilizado para controle de Pulgão
23
(Myzus persicae) e Vaquinha (Diabrotica speciosa), Traça (Phythorimaea operculla)
e Nematóide-das-galhas (Meloidogyne javanica). Liberado com restrição de uso no
Paraná.

24
10 MANEJO DE DOENÇAS

O manejo de doenças deve ocorrer de modo preventivo, pois o patógeno é


capaz de sobreviver em condições adversas. Uma das medidas realizadas pelo
produtor seria escolher a área sem histórico da doença, ou seja, a dita área, tem que
ter no mínimo 5 anos de carência a batata. Outra alternativa viável para controle,
seria a aplicação de produto químico fungicida, no sulco na semeadura.

Para a quantificação de incidência de doença na área, foi realizado o


levantamento amostral. O plano amostral seguiu os seguintes critérios: foi observado
10 pontos em modo zigue-zague, e então foi quantificada a incidência das doenças
sobre a lavoura. Foi encontrado, em dois pontos distintos, sintomas de requeima
(Phytophthora infestans) e canela preta (Pectobacterium spp), originadas por fungo
oomiceto e bacteria respectivamente.

A Phytophthora infestans, é um oomiceto que produz hifas esbranquiçadas


principalmente na parte abaxial da folha e no caule, em condições extremas, pode
apodrecer tubérculos, inviabilizando a produção. Além disso, deixa a planta sensível
a entradas de outros patógenos. Pode infeccionar a planta em até 4 dias, sob
condições favoráveis, no entanto, em condições desfavoráveis,o patógeno continua
vivo na lesão, podendo completar se ciclo, quando as condições ambientais forem
ideais (EMBRAPA, 2010). Acredita-se que o clima aliado com temperaturas amenas
e precipitação alta, favoreceu o desenvolvimento da requeima na baticultura.

A doença Canela preta é causada pelo patógeno bacterano Pectobacterium


spp, para seu desenvolvimento é necessário temperaturas maiores que 20 ºC, e
umidade relativa alta. Tem como principais sintomas o aparecimento de manchas
pretas na base da haste, que pode vir a causar o tombamento da planta.

25
Figura 11: Sintoma de Canela Preta (Pectobacterium spp) e Requeima
(Phytophthora infestans). Fonte: GARCIA NETO, 2015

Tabela 6: Produtos utilizados na cultura batata para o controle de doenças com suas
dosagens, número de aplicação e total aplicado na área. Guarapuava, 2015.
Nome do
Nº Dose Total Data da
Produto Ingrediente ativo
aplicaçoes aplicada aplicado aplicação
Comercial
Fluazinam
Frowncide 1 3 L ha-1 125 L Plantio
(fenilpiridinilamina)
26, 36 40,
Mancozebe
50,59, 66,
Dithane (alquilenobis(ditiocarb 11 3 kg ha-1 1198 Kg
70,76 e 83
amato))
DAP
Hidróxido de cobre 30, 34 e 59
Kocide 2 1 kg ha-1 40 kg
(inorgânico) DAP
Cimoxanil (acetamida)
34, 57, 63 e
+ mancozebe
Curathane 4 2,5 L ha-1 363 L 73
(alquilenobis(ditiocarb
DAP
amato))
0,150 Kg
Cantus Boscalida (anilida) 2 0,399 kg 50, 72 DAP
ha-1
Fluopicolide
(benzamida) +
Infinito Cloridrato de 1 1,5 L ha-1 54 L 22 DAP
propamocarbe
(carbamato
0,250 L
Score Triazol 2 9L 50, 72 DAP
ha-1
0,500
Completto Fenilpiridinilamina 1 18 L 46 DAP
L/ha

-FROWNCIDE 500 SC® (FLUAZINAM): É um fungicida/ Acaricida pertencente ao


grupo fenilpiridinilamina. É utilizado para controle de requeima (Phytophthora
infestans), Pinta-preta (Alternaria solani), Rizoctoniose (Rhizoctonia solani), Sarna-

26
comum (Streptomyces scabies) e Mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum). Produto
com restrição de uso no estado do Paraná.

-DITHANE® NT (MANCOZEBE): É um fungicida/ Acaricida pertencente ao grupo


ditiocarbamato. É utilizado para controle de requeima (Phytophthora infestans) e
Pinta-preta (Alternaria solani). Produto liberado para uso no estado do Paraná.

-KOCIDE (HIDRÓXIDO DE COBRE): Fungicida/Bactericida Cúprico com ação de


contato do Grupo Químico Inorgânico. É utilizado no controle de requeima
(Phytophthora infestans) e Pinta-preta (Alternaria solani). Produto com restrição de
uso no Paraná.

-CURATHANE® SC (CIMOXANIL): Fungicida protetor e sistêmico, pertence ao


grupo ditiocarbamato + Acetamida. É utilizado no controle de Requeima
(Phytophthora infestans). Produto liberado para uso no estado do Paraná.

-CANTUS® ( BOSCALIDA): É um Fungicida sistêmico do grupo químico anilida. É


utilizado para controle de Pinta-preta (Alternaria solani) e Mofo-branco (Sclerotinia
sclerotiorum). Produto liberado para uso no estado do Paraná.

-INFINITO (FLUOPICOLIDE): Fungicida sistêmico e translaminar dos grupos


Carbamato e Benzamida piridina. É utilizado para controle de requeima
(Phytophthora infestans). Produto liberado para uso no estado do Paraná.

-SCORE® (DIFENOCONAZOL): Fungicida sistêmico pertencente do grupo Triazól.


É utilizado para controle de Pinta-preta (Alternaria solani). Produto com restrição de
uso no estado do Paraná.

-COMPLETTO (FLUAZINAM): É um fungicida sistêmico local e de controle


pertencente ao grupo valinamida carbamato. É utilizado para controle de requeima
(Phytophthora infestans). Produto liberado para uso no estado do Paraná.

Ao todo foram realizadas 38 aplicações, dentre inseticidas e fungicidas, que


foram realizadas de maneira preventiva.

27
11 IRRIGAÇÃO

De acordo com o produtor a necessidade de irrigar a cultura era definida no


tato, dependendo da umidade do solo era tomada a decisão de realizar ou não a
irrigação. E também quanto ao período de seca fosse entre 10 a 15 dias ou quando
a previsão de chuva não fosse capaz de atingir o nível ideal da necessidade da
cultura, com isso utilizando o sistema de irrigação. Porém, como as chuvas foram
constantes durante o ciclo da batata no campo, não havendo a necessidade de
irrigar o produtor não utilizou do sistema de irrigação.
O método de irrigação utilizado pelo produtor é por aspersão, aonde o
sistema possui motobomba a diesel e Turbomaq 140 – 6R (Figura 9), sendo que a
mangueira possui comprimento Maximo de 400 m, com faixa de vazão de 91 150 m³
h–-¹.

Figura 9. Turbomaq 140 – 6R. Fonte: CZARNIESKI, 2015

28
12 MÁQUINAS AGRÍCOLAS DA PROPRIEDADE

Tabela 7: Máquinas e Implementos da Propriedade

UNIDADES PRODUTO MARCA ANO DE


FABRICAÇÃO
4 Trator TL75E New Holland 2008
1 Trator 6130J John Deere 2010
1 Trator 6405 John Deere 2008
1 Trator 7500 John Deere 2001
2 Trator 275 Massey Ferguson 2007
2 Plantadeiras Watanabe 2014
2 Aterradoras Rotativa Agricastro 2010
2 Arrancadeira Watanabe 2010
2 Pulverizadores 600 L Jacto 2014
1 Enxada Rotativa . Watanabe 2012
2 Subsoladores Civemassa 2012
2 Grades Aradoras Tatu 2010
9 Canhões de irrigação 140 Turbomaq® 2013
2 Motor de Irrigação Scania 2010

29
Figura 10. Trator New Holland® TL75E acoplado a um pulverizador Jacto® 600 L. Fonte:
CZARNIESKI, 2015.

Figura 11. Trator John Deere® 6130 J acoplado a uma grade aradora
Fonte: CZARNIESKI, 2015.

30
13 COLHEITA E COMERCIALIZAÇÃO

A cultura da batata finalizou seu ciclo dia 22 de Dezembro de 2015. Para


estabelecer padrão da cultura no período da maturação foi realizada a dessecação
da área, cerca de dez dias antes da colheita. Foi utilizado o herbicida gramoxone
pertencente ao grupo químico paraquat, utilizando a dosagem de 3 L. Ha-1. Esse
produto é usado pela maioria dos produtores da região.
Após esse período, é utilizado uma arrancadeira Watanabe®, que torna-os a
superfície. Com os tubérculos expostos, a catação é feita de manualmente. Esse
trabalho é realizado por pessoas terceirizadas, que são contratados por “turmeiros”.
São necessários aproximadamente 40 trabalhadoress por hectare ao dia.
Nesse processo, as batatas são colocadas em “sacos” grandes chamadas de
bags, que suporta até 1000 kg. O pagamento corresponde ao valor de R$ 17,00 por
Bag completo de batata colhido.
Após a colheita, os bags são colocados em caminhões, e transportado até o
lavador, para realizar a lavagem dos tubérculos. O processo de lavagem foi
terceirizado devido ao produtor não possui lavador próprio. Esse lavador está
localizado na Br 277 em Guarapuava - Pr. No lavador é realizada a divisão entre
batatas especiais e diversas. As batatas diversas são vendidas com preços a baixo
da média.
As batatas lavadas são comercializadas e transportadas para o Ceasa de São
Paulo. O produtor recebeu por saca de 50 Kg, o valor aproximando a R$ 85,00 a
saca.
O produtor teve 30.651 sacos vendidos resultando em R$ 2.605.335,00 na
venda dos tubérculos. Isso dá uma produtividade média de 42,219 ton/ha e uma
renda bruta de R$ 71.772,23 por hectare.

31
14 ANÁLISE ECONÔMICA

O produtor resolveu começar a plantar batata quando ouviu comentários


sobre a cultura ser muito rentável, então iniciou na atividade arrendando 1 alqueire e
hoje já é bataticultor há 14 anos. Atualmente esta arrendando 70 hectares, sendo a
área acompanhada de 36,3 hectares, durante os anos foi observada uma produção
de aproximadamente 850 sacas de 50 kg ha-¹. O produtor relatou que alguns anos
atrás esse valor de produção foi menor, devido a entraves climáticos, como a
temperatura do solo, que diminuíram a produtividade.

Na área acompanhada o produtor teve um custo por hectare de R$ 42.837,53.


Segundo ele explica-se esse valor ao fato do elevado volume de aplicações de
defensivos, gastos com a colheita e comercialização e beneficiamento.

Antes mesmo do cultivo já se tem gastos com o arrendamento de


aproximadamente R$ 3.305,78. Posteriormente, tem a compra da semente que foi
pago R$ 60,00 a caixa de sementes, sendo que uma caixa pesa em torno de 27 a 30
quilos e para cada hectare foi utilizado em média 91 caixas.
Para a adubação foi utilizado à formulação 4-14-8 com um custo de R$
980,00 por tonelada, ou seja, R$ 4.454,54 por hectare. O calcário utilizado pelo
produtor foi o filer dolomitico com um valor de R$ 107,00 a tonelada, gastando R$
260,00 por hectare.
Sobre a colheita o produtor gastou R$ 17,00 por bag colhido para trabalhador,
com os encargos em torno de R$ 4,00. Com isso foi gasto R$ 2.711,47 de mão de
obra por hectare incluindo os gastos com os funcionários fixos.
Após a colheita as batatas foram destinadas ao lavador, onde foi pago R$
15,00 para cada saco de 50 quilos. O produtor também gastou com o combustível
do maquinário que foi aproximadamente de R$ 2.996,90.

32
Tabela 10: Relaçao de custos da propriedade. Guarapuava, 2015.
Produto/Operação R$/ha R$/saca (%)
(A) Insumos 4.820,50 5,70 11,25299
Fertilizantes 285,50 0,33 0,666472
Defensivos 4.535,00 5,37 10,58652
(B) Sementes 5.454,54 6,45 12,7331
(C) Operações para preparo do solo 304,99 0,36 0,71197
Grade Aradora 12,27 0,01 0,028643
Subsolagem 140,00 0,16 0,326816
Arado 38,18 0,04 0,089128
Enxada Rotativa 76,36 0,09 0,178255
Plantio 38,18 0,04 0,089128
(D) Operações tratos culturais 4.796,18 5,68 11,19622
Adubação 4.454,54 5,27 10,39869
Calcário 232,40 0,27 0,542515
Amontoa 42,96 0,05 0,100286
Pulverização 66,28 0,07 0,154724
(E) Irrigação 0,00 0,00 0
(F) Operações colheita mecânica 2.697,21 3,19 6,296376
(G) Mão de obra 2.711,47 3,21 6,329664
(H) Custos Administrativos 191,00 0,22 0,445871
(I) Comercialização/ Beneficiamento 8.409,50 9,95 19,63116
(J) Arrendamento 3.305,78 3,91 7,717024
(K) Custos operacional 224,69 0,26 0,524517
TOTAL 42.837,53 28,9 100

No final da safra o produtor obteve um lucro de R$ 28.934,78 por hectare,


totalizando em R$1.050.332,66 na área total.

33
15 ANÁLISE CRÍTICA DA PROPRIEDADE

Durante esse período do acompanhamento do cultivo da batata, observou-se


inúmeros pontos positivos e negativos. Dentre os pontos positivos podemos citar a
experiência e o conhecimento do baticultor, apesar de não ser sua renda principal,
percebe-se o interesse em aperfeiçoar as técnicas de cultivo. Outro ponto observado
é a fitossanidade da área diante a pragas e doenças, em todas as visitas foi
observado baixo nível de dano a cultura, além disso, o produtor utiliza produtos
químicos liberados no Paraná para a cultura da batata.

O produtor possui boa estrutura contando com maquinários em bom estado


de uso, além disso, mantém todas as anotações de custos, aplicações de
agrotóxicos, época de plantio entre outras, isso facilita a posterior consulta, uma vez
que é necessário quantificar seu lucro ao fim da colheita.

Outro aspecto relevante foi à escolha das áreas para o plantio, todas estavam
isentas de patógenos que poderiam afetar a produtividade, e consequentemente
agregar baixo valor ao produto.

Entretanto, foram relatadas na área algumas limitações tais como, a falta de


manejo integrado de pragas, visto que em nenhuma ocasião o produtor realizou o
levantamento de pragas e doenças e tão pouco de plantas invasoras. Isso reduziria
os custos com controle químico na lavoura.

Na área foi visto alguns pontos de erosão laminar, evidenciando a falta de


manejo de conservação do solo, apesar de ser cultivado em nível, seria interessante
pensar em outra forma de conservação do solo.

Mesmo a produção de batata sendo considerada de alto custo e risco, o


produtor não realizou por iniciativa própria a análise de solo para saber os teores de
nutrientes e pH do solo, a revenda agrícola tem por tradição fazer analise química,
por esse motivo ele tinha a mesma em mãos, entretanto não levou em consideração
e aplicou a mais do que o necessário implicando em custos exagerado com a
adubação e correção de pH.

O produtor não possui um técnico responsável pela área, isso faz com que ele
perca dinheiro, uma vez que cada ano ele está em uma área nova e para todas ele
34
faz os mesmos manejos. O produtor consegue os receituários para adquirir
agroquímicos sem nenhum problema, isso com toda certeza agrega para que ele
não sinta necessidade de contratar um engenheiro agrônomo.

35
16 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho foi de grande importância para o aprendizado do grupo, uma vez


que abordou uma cultura muito complexa e uniu a teoria vista em aula com a prática
realizada pelo produtor, além de incentivar a pesquisa com o que diz respeito a
cultura.
Foi possível concluir que a cultura da batata ao comparar com as demais
grandes culturas difere em diversos pontos que vão do plantio até a
comercialização.
Para o correto manejo da batata é necessário muitas aplicações de
agroquímicos, principalmente para o controle de pragas e patógenos e uma grande
quantidade de fertilizantes. A colheita dessa cultura é feita em sua maioria semi-
mecanizada, demandando uma grande mão-de-obra. Após a retirada dos tubérculos
do campo é necessário lava-los e não podem ser armazenados, portanto exige uma
grande eficiência no período pós-colheita.
Contudo pode-se concluir que a bataticulutura é uma atividade de alto risco
para o produtor, que exige experiência, planejamento e maestria na execução, mas
quando manejada corretamente trás um excelente retorno financeiro mesmo em
pequenas áreas.

36
17 REFERÊNCIAS

BOLLER, W., DALLMEYER, A.U., KLEIN, V.A. Preparo do Solo, Plantio e Amontoa.
In: PEREIRA, A. da S.; DANIEL, J. O cultivo da batata na região sul do Brasil.
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FILHO, D S, Manejo integrado das principais doenças e de pragas da cultura da
batata, 2002. Disponível em < http://www.iapar.br/arquivos/File/zip_pdf/CT124.pdf>

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interferência de uma comunidade de plantas daninhas na cultura da batata.
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LIMA ACS; LARA FM. 2001. Mosca-branca (Bemisia tabaci): morfologia,


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LIMA, E.; COSTA, A.; PARRA, M. S.; CHAVES, J. C. D. 7 PAVAN, M.A.


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do Paraná. In: Manual Técnico do Sub-programa de Manejo e Conservação do
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cultura da batata, 2007. Disponível em <
http://www.abbabatatabrasileira.com.br/revista18_011.htm>

38
39
18. ANEXO

Figura 12. Análise de Solo da Área

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